139
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA FRANCIANNE MEDEIROS AMORIM PAPEL DAS CÉLULAS B E DOS ANTICORPOS NA PATOGÊNESE DA HANSENÍASE E DAS REAÇÕES HANSÊNICAS NATAL 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA

FRANCIANNE MEDEIROS AMORIM

PAPEL DAS CÉLULAS B E DOS ANTICORPOS NA PATOGÊNESE DA HANSENÍASE E DAS REAÇÕES

HANSÊNICAS

NATAL

2017

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

FRANCIANNE MEDEIROS AMORIM

PAPEL DAS CÉLULAS B E DOS ANTICORPOS NA PATOGÊNESE DA HANSENÍASE E DAS REAÇÕES

HANSÊNICAS

Tese apresentada ao Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Bioquímica. Orientadora: Profa. Dra. Selma Maria Bezerra Jeronimo Co-orientadora: Profa. Dra. Kathryn Margaret Dupnik

NATAL

2017

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - ­Centro de Biociências - CB

Amorim, Francianne Medeiros.

Papel das células B e dos anticorpos na patogênese da

hanseníase e das reações hansênicas / Francianne Medeiros Amorim. - Natal, 2017.

138 f.: il.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-graduação em

Bioquímica. Orientadora: Profa. Dra. Selma Maria Bezerra Jeronimo.

Coorientadora: Profa. Dra. Kathryn Margaret Dupnik.

1. Eritema nodoso hansênico - Tese. 2. Imunoglobulinas -

Tese. 3. Reação reversa - Tese. 4. Plasmoblastos - Tese. I. Jeronimo, Selma Maria Bezerra. II. Dupnik, Kathryn Margaret.

III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 616-002.73

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN
Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

Aos meus pais, José Hilton Matias de Amorim e

Marta Fransinetti de Medeiros Amorim

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

AGRADECIMENTOS

A Deus. Aos meus pais, por serem sempre meu exemplo, meu referencial de honestidade, de determinação e dedicação a todas as coisas que se propõem a fazer. Em frente a muitas dificuldades, sempre colocaram a minha educação/ formação como prioridade. A John, por ter estado ao meu lado em todos os momentos ao longo desta trajetória e ser sempre um apoio para ajudar a seguir em frente. À professora Selma Jeronimo, pela oportunidade e confiança que recebi para fazer parte do laboratório e dar continuidade à linha de pesquisa da hanseníase. Foi desde o início um grande desafio, com uma mudança de área, mas, sem dúvida, foi um período de muito aprendizado. Se cansativo em alguns momentos, nunca deixou de ser um trabalho prazeroso. Sou e sempre serei eternamente grata por todas as oportunidades, por cada ensinamento. É uma pessoa pela qual tenho grande admiração. À Kathryn Dupnik, por ter participado diretamente desse trabalho desde o início, me ajudou muito desde a escrita do próprio projeto do doutorado, mas também com as discussões sobre hanseníase e imunologia e com a própria pesquisa. Aos professores membros da banca de defesa, por terem aceitado o convite e por todas as sugestões/críticas que ajudaram a melhorar o nosso trabalho. A Maurício Nobre, uma pessoa e um médico admirável. Com certeza, foi alguém com o qual aprendi muito e que sempre se dispôs a ajudar quando precisei. Admirável seu comprometimento não apenas com a parte clínica da medicina, mas também com a pesquisa. Aos professores Leonardo Capistrano e Wilton Queiroz, por todas as discussões e ajuda com as análises estatísticas. A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, Joanna, João Neto, Núbia, Carol, Flávio, Virgínia, Cláudio, Daniella, Eliana, Washington e Tatiana. Agradeço especialmente àqueles que se tornaram meus amigos ao longo do tempo, os quais me apoiaram e ajudaram em diversos momentos e, sem dúvida, tornaram esses anos de doutorado mais leves e mais divertidos. Aos alunos de iniciação científica da “Equipe Hansen”: Alesson, Larissa e Anny. Obrigada pela ajuda e pelo trabalho, verdadeiramente em equipe, nos mais diversos momentos (incluindo sábados, domingos e feriados, quando necessário). Agradeço também a Andressa, muito presente no início do doutorado. À Ilka e Eliene, por todo auxílio com o material do laboratório, sempre contribuindo para que tivessemos um bom ambiente de trabalho.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

À Margarita, sempre prestativa quando solicitada, seja na secretaria da pós-graduação ou na secretaria do IMT-RN. A Leonardo Pinheiro, por ter sido sempre solicito às necessidades do laboratório e dos nossos experimentos. Aos professores que fizeram parte da banca de qualificação: Adriana Uchoa, Marcos Costa e Maurício Nobre. Agradeço pela cuidadosa revisão do texto. Sem dúvida, todas as discussões e sugestões foram de grande valia para melhoria do nosso trabalho. A todos os professores do programa de Pós-Graduação em Bioquímica da UFRN pelo aprendizado nas mais diversas áreas. A equipe de técnicos de enfermagem da dermatologia do Hospital Giselda Trigueiro que trabalhou diretamente conosco no projeto de pesquisa da hanseníase: Marlene, Lindalva e Suzete. A todos os pacientes de hanseníase e comunicantes que aceitaram participar da nossa pesquisa. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), à Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Norte (FAPERN) e ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Doenças Tropicais (INCT-DT) pelo apoio financeiro.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

RESUMO

A hanseníase é uma doença de evolução espectral causada pelo Mycobacterium leprae. Pacientes podem apresentar desde lesões únicas, com pequena carga bacilar (paucibacilares - PB) a lesões disseminadas e alta carga bacteriana (multibacilares - MB). Os primeiros apresentam uma forte resposta imune celular e os últimos uma resposta predominantemente humoral. O Brasil é o segundo país em número de casos, com áreas hiperendêmicas em diversos estados, incluindo o Rio Grande do Norte. A alta morbidade da doença está, em parte, relacionada a ocorrência de reações hansênicas: a reação reversa (RR) e o eritema nodoso hansênico (ENH). Essas ocorrem predominantemente em pacientes MB. Nosso objetivo foi determinar o papel de células B e de anticorpos na patogênese da hanseníase e das reações hansênicas. Para isto, o trabalho foi subdividido em dois estudos: 1. Determinação do perfil de anticorpos específicos utilizando os antígenos recombinantes LID-1 e LID-NDO ao longo do espectro clínico da hanseníase e em comunicantes; 2. Análise de alterações envolvidas na regulação da produção de anticorpos em células B de pessoas com diferentes formas clínicas. Neste último foram avaliadas: a frequência de diferentes subpopulações de células B, a expressão de CD32 e CD21 nestas células, subclasses de imunoglobulinas presentes no sangue, complexos imunes (IC) e proteínas envolvidas na via clássica de ativação do sistema complemento. No estudo 1, observou-se um aumento na quantidade de anticorpos específicos ao longo do espectro clínico da doença e este foi correlacionado com o índice baciloscópico. Além disso, foi verificado que mais de 82% dos comunicantes haviam sido expostos à infecção pelo M. leprae. Esse achado mostra que a quantificação de anticorpos específicos pode ser utilizada para estimar o risco para o desenvolvimento de hanseníase. No estudo 2, observou-se que a exacerbada resposta imune humoral de e pessoas com MB está associada a alterações numéricas e funcionais em células B, com aumento na frequência de plasmoblastos e reduzida expressão de CD32 nestes. Pessoas com hanseníase MB apresentaram maior concentração de IgG1 e imunocomplexos (IC) no sangue periférico quando comparados a PB. Pessoas com hanseníase MB que desenvolveram ENH (durante ou após a poliquimioterapia) já apresentavam, ao diagnóstico níveis mais elevados de IgM, IgG1, anticorpos específicos e IC quando comparados àqueles que não desenvolveram reação. Durante o ENH há uma expansão na população de plasmoblastos, contudo há diminuição na concentração destas imunoglobulinas no sangue. Indivíduos com níveis elevados de anticorpo anti-LID-NDO, ao diagnóstico, apresentaram um risco até 20 vezes maior de desenvolverem reação. Nossos resultados mostram que o uso de antígenos recombinantes em testes sorológicos pode contribuir para um diagnóstico mais rápido da doença, levando a diminuição da transmissão de M. leprae. Além disso, verificamos que a exacerbada resposta imune humoral de pacientes MB pode ser, em parte, explicada por alterações em células B. A quantificação de anticorpos anti-M. leprae e das subclasses IgM e IgG1 ao diagnóstico da hanseníase pode contribuir para identifcar indivíduos em risco de desenvolverem reação. Do ponto de vista clínico, esse é um dado importante pois pode direcionar intervenções terapêuticas futuras. Palavras-chave: Plasmoblastos. Imunoglobulinas. Reação reversa. Eritema nodoso hansênico.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

ABSTRACT

Leprosy is a spectral disease caused by Mycobacterium leprae infection. Subjects can present single lesions with a reduced number of bacilli (paucibacillary - PB), but also disseminated lesions and a high bacterial load (multibacillary - MB). The former present a strong cellular immune response and the latter have a predominantly humoral response. Brazil is the second country in number of cases, with hyperendemic areas in several states, including Rio Grande do Norte. Disease’s high morbidity is directly associated with the occurrence of leprosy reactions: reversal reaction (RR) and erythema nodosum leprosum (ENL). These reactions occur predominantly in MB patients. Our aim was to determine the role of B cells and antibodies in the pathogenesis of leprosy and its immune reactions. For this, the work was subdivided in two studies: 1. Determination of the profile of specific antibodies to the recombinant antigens LID-1 and LID-NDO according to the clinical spectrum of the disease and in household contacts. 2. Analysis of changes involved in the regulation of antibody production in B cells of patients with different clinical forms of leprosy. For this latter, the frequency of different B cell subpopulations, the expression of CD32 and CD21 in these cells, subclasses of immunoglobulins present in the blood, immune complexes (IC) and proteins involved in the classical pathway of complement activation were evaluated. In the study 1, it was observed a gradual increase in the level of specific antibodies along with the clinical spectrum of the disease, and this increase was correlated with the bacterial index. More than 82% of the household contacts recruited in the study had been previously exposed to M. leprae infection, with a potential risk of developing leprosy. This finding shows that the quantification of specific antibodies in the blood can be used to define groups at risk for leprosy development. MB subjects presented an exacerbated humoral immune response that was associated with numerical and functional alterations in B cells, with increased frequency of plasmoblast and reduced expression of CD32 in these cells. MB patients presented higher concentrations of IgG1 and IC in the blood when compared to PB. MB patients that developed ENL (during or after multidrug therapy) presented increased levels of IgM, IgG1, specific antibodies, and IC in the blood, when compared to those that did not develop reactions. During ENL, there is an expansion in the plasmoblast population, however a decrease in the concentration of these immunoglobulins in the blood. Patients with elevated levels of anti-LID-NDO antibody at diagnosis presented a 20-fold increased risk of developing reactions. Our results show that the use of recombinant antigens in serological tests can contribute to an early diagnosis, decreasing the risk of M. leprae transmission. The exacerbated humoral immune response of MB patients may be explained, at least in part, by changes in B cells. The quantification of anti-M. leprae antibodies and IgM and IgG1 subclasses at leprosy diagnosis may contribute to identify individuals at risk of developing reaction. Clinically, this is an important data since it can direct future therapeutic interventions. Key-words: Plasmoblasts. Immunoglobulins. Reversal reaction. Erythema nodosum leprosum.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Espectro clínico da hanseníase segundo a classificação proposta

por Ridley e Jopling. 23

Figura 2 Distribuição global dos casos novos de hanseníase registrados em

2015. 25

Figura 3 Algumas das proteínas envolvidas na cascata de sinalização

iniciada pelo receptor de células B (BCR), incluindo moléculas de

superfície e fatores de transcrição nuclear.

37

Figura 4 Divisão do trabalho em dois estudos para análise do papel de

células B e anticorpos na patogênese da hanseníase e das

reações hansênicas.

45

Figura 5 População envolvida no estudo sorológico para detecção de

anticorpos específicos para o Mycobacterium leprae anti-LID-1 e

anti-LID-NDO.

46

Figura 6 Análise comparativa entre os níveis de anticorpos específicos para

o M. leprae entre controles endêmicos, comunicantes e casos de

hanseníase.

51

Figura 7 Aumento linear nos níveis de anticorpos específicos ao longo do

espectro clínico da hanseníase.

52

Figura 8 Curva ROC comparando a capacidade do LID-1 e do LID-NDO

para identificação de casos multibacilares em uma população

endêmica (A) e entre uma população de risco (B).

54

Figura 9 Gráfico de dispersão para os níveis de anticorpos específicos e

resultado para uso combinado dos ensaios com LID-1 e LID-NDO. 55

Figura 10 Correlação entre os resultados obtidos no ELISA com o LID-1(A)

e com o LID-NDO (B) e o índice baciloscópico dos pacientes. 55

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

Figura 11 Gráfico de densidade representando a distribuição das amostras

de acordo com os níveis de anticorpos para LID-1 (A) e LID-NDO

(B).

56

Figura 12 Probabilidade estimada de acordo com os níveis de anticorpo de

um comunicante exposto a infecção pelo M. leprae vir a

desenvolver hanseníase.

58

Figura 13 Indivíduos recrutados nos estudos transversal e longitudinal para

análise do perfil de células B e imunoglobulinas.

60

Figura 14 Determinação das subpopulações de células B. 62

Figura 15 Frequência de células B no sangue periférico durante a

hanseníase.

68

Figura 16 Frequência de diferentes subpopulações de células B no sangue

periférico durante a hanseníase.

69

Figura 17 Expressão de CD32 em diferentes subpopulações de células B

presentes no sangue periférico durante a hanseníase.

70

Figura 18 Expressão de CD21 em diferentes subpopulações de células B

presentes no sangue periférico durante a hanseníase.

71

Figura 19 Perfis médios de expressão das moléculas de receptores (CD32 e

CD21) segundo os fenótipos (HHC, PB e MB) no conjunto de

células B avaliadas.

72

Figura 20 Distribuição dos indivíduos segundo as componentes principais 1

(PC1) e 2 (PC2) da análise geral envolvendo a expressão dos

receptores CD32 e CD21 nos diferentes tipos de células B.

73

Figura 21 Concentração de IgG1 (A), IgG2 (B) e complexos imunes ligados

a C3d (CIC-C3d)(C) no sangue de comunicantes e pacientes com

hanseníase.

74

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

Figura 22 Perfis médios das imunoglobulinas e anticorpo específico anti-LID-

NDO no sangue segundo os fenótipos (HHC, PB e MB).

75

Figura 23 Distribuição dos indivíduos segundo as componentes principais 1

(PC1) e 2 (PC2) da análise envolvendo as diferentes subclasses

de imunoglobulinas e o anticorpo específico anti-LID-NDO.

76

Figura 24 Diagrama dos indivíduos segundo a primeira variável canônica dos

receptores versus a primeira variável canônica das

imunoglobulinas (Y=-4,0827E-8 + 0,7374*X).

77

Figura 25 Concentração de C1q (A), C2 (B) e C4 (C) no sangue de

comunicantes e casos de hanseníase.

79

Figura 26 Frequência de diferentes subpopulações de células B no sangue

periférico antes e durante a manifestação das reações hansênicas.

80

Figura 27 Expressão de CD32 em diferentes subpopulações de células B

presentes no sangue periférico antes e durante a manifestação

das reações hansênicas.

81

Figura 28 Expressão de CD21 em diferentes subpopulações de células B

presentes no sangue periférico antes e durante a manifestação

das reações hansênicas.

82

Figura 29 Concentração de IgM (A), IgG1 (B) e complexos imunes ligados a

C3d (CIC-C3d)(C) no sangue periférico antes e durante a

manifestação das reações hansênicas.

84

Figura 30 Concentração de C1q (A), C2 (B) e C4 (C) no sangue periférico

antes e durante a manifestação das reações hansênicas.

86

Figura 31 Quantidade de anticorpos específicos anti-M. leprae presente no

sangue periférico antes e durante a manifestação das reações

hansênicas (A), índice baciloscópico ao diagnóstico dos indivíduos

envolvidos no estudo longitudinal (B) e correlação entre a

87

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

densidade óptica (OD) e o índice baciloscópico ao diagnóstico dos

casos envolvidos no estudo longitudinal (C).

Figura 32 Esquema geral mostrando a evolução de indivíduos após a

exposição ao Mycobacterium leprae e os principais achados sobre

as diferenças na resposta imune celular e humoral entre pacientes

paucibacilares e multibacilares.

101

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Caracterização da população avaliada nos ensaios sorológicos

com LID-1 e LID-NDO. 50

Tabela 2 Comparação entre os valores de densidade óptica obtidos com o

LID-1 e com o LID-NDO para as diferentes formas clínicas de

hanseníase.

52

Tabela 3 Parâmetros estimados pela curva ROC considerando três

diferentes aplicabilidades para os ensaios utilizando LID-1 e LID-

NDO.

53

Tabela 4 Incidência de hanseníase observada no estudo longitudinal com

comunicantes de acordo com a sorologia anti-LID-1 e anti-LID-

NDO apresentada.

57

Tabela 5 Classificação dos comunicantes em grupos de risco de acordo

com os níveis de anticorpo anti-M. leprae e taxa de incidência

estimada pelo modelo linear generalizado.

59

Tabela 6 Características gerais dos grupos estudados na caracterização

do perfil de células B e imunoglobulinas.

66

Tabela 7

Concentração das diferentes classes e subclasses de

imunoglobulinas no sangue de comunicantes e casos de

hanseníase.

75

Tabela 8 Matriz de classificação construída segundo análise discriminante

stepwise forward utilizando os conjuntos de variáveis expressão

dos receptores CD32 e CD21 em células B e o conjunto de

variáveis imunoglobulinas.

77

Tabela 9 Variáveis que entraram no modelo de análise discriminante

stepwise forward utilizando os conjuntos de variáveis expressão

dos receptores CD32 e CD21 em células B e o conjunto de

78

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

variáveis imunoglobulinas e o poder discriminante de cada

variável no modelo.

Tabela 10 Concentração das diferentes classes e subclasses de

imunoglobulinas no sangue de casos de hanseníase antes e

durante a manifestação das reações hansênicas

84

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APC Célula apresentadora de antígenos

AUC Área sob a curva

BB Borderline-borderline

BCG Bacilo Calmette-Guérin

BL Borderline-lepromatosa

BT Borderline-tuberculóide

BSA Albumina bovina sérica

CBA Cytometric Bead Array

CD Cluster of diferentiation

CMSP Células mononucleares do sangue periférico

CR2 Receptor do complemento 2

DAG Diacilglicerol

EC Controles endêmicos

ENH Eritema nodoso hansênico

FcγRIIB Receptor IIB da porção Fc de imunoglobulina G

Hemonorte Hemocentro do Rio Grande do Norte

HHC Comunicantes

IB Índice baciloscópico

IC Complexos imunes

IDRI Infectious Disease Research Institute

IFN Interferon

Ig Imunoglobulina

IL Interleucina

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

iNOS Óxido nítrico sintase induzida

IP3 Inositol trifosfato

ITAM Immunoreceptor Tyrosine-based Activation Motif

ITIM Immunoreceptor Tyrosine-based Inhibitory Motif

LES Lúpus eritematoso sistêmico

LID-1 Leprosy IDRI diagnostic-1

LID-NDO LID-1 ligado ao dissacarídio natural do PGL-I por uma ligação octil

LL Lepromatosa-lepromatosa

MAPK Proteína quinase ativada por mitógeno

MB Multibacilares

MCP-1 Proteína quimioatraente de monócitos -1

MHC Complexo principal de histocompatibilidade

PB Paucibacilares

PBS Tampão fosfato salino

PBST Tampão fosfato salino contendo Tween

PCA Principal Component Analysis

PCR Reação em cadeia da polimerase

pi.hat Probabilidade estimada

PIP2 Fosfatidilinositol-4,5-bifosfato

PI3K Fosfatidilinositol 3-quinase

PKC Proteína quinase C

PLCγ2 Fosfolipase C γ2

PRR Receptores de reconhecimento de padrão

PQT Poliquimioterapia

PGL-I Glicolipídio fenólico-I

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

ROC Receiver Operating Characteristic

RPM Rotações por minuto

RR Reação reversa

SC Sistema complemento

SESAP Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte

SHIP1 SH-2 containing inositol 5' polyphosphatase 1

SHP1 Src homology region 2 domain-containing phosphatase-1

SLEDAI Systemic Lupus Erythematosus Disease Activity Index

Th Linfócito T auxiliar

TT Tuberculóide

OD Densidade óptica

OMS Organização Mundial de Saúde

ORF Open Reading Frame

TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido

TGF-β Fator de crescimento tumoral-β

TMB Tetrametilbenzidina

TNF-α Fator de necrose tumoral alfa

TLR Receptor do tipo Toll

VDR Receptor de vitamina D

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 20

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................................................. 20

1.2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 21

1.2.1 Infecção pelo Mycobacterium leprae ................................................................21 1.2.2 Formas clínicas da hanseníase ..........................................................................22 1.2.3 Epidemiologia da hanseníase .............................................................................24 1.2.4 Diagnóstico da hanseníase .................................................................................26

1.2.4.1 Diagnóstico clínico e laboratorial .......................................................................26 1.2.4.2 Análise sorológica como ferramenta auxiliar no diagnóstico...........................28

1.2.5 Tratamento da hanseníase ..................................................................................30 1.2.6 Imunologia da hanseníase ..................................................................................30

1.2.6.1 Resposta imune ao longo do espectro clínico ..................................................30 1.2.6.2 Reações hansênicas ...........................................................................................32

1.2.7 Regulação da ativação de células B e seu envolvimento na patogênese de doenças mediadas por anticorpos ...................................................................................36 1.2.8 Ativação e respostas inflamatórias induzidas pelo sistema complemento em doenças mediadas por anticorpos .............................................................................39

1.3 JUSTIFICATIVA..................................................................................................... 42

2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 44

2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 44

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 44

3. DESENHO GERAL DO TRABALHO ................................................................. 45

4. MATERIAL E MÉTODOS (ESTUDO 1) .............................................................. 45

4.1 DESENHO DO ESTUDO E POPULAÇÃO RECRUTADA ...................................... 45

4.2 QUANTIFICAÇÃO DE ANTICORPOS ESPECÍFICOS PARA O MYCOBACTERIUM

LEPRAE ............................................................................................................................. 47

4.3 ANÁLISES ESTATÍSTICAS ................................................................................... 47

4.4 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS.................................................................................. 49

5. RESULTADOS (ESTUDO 1) .............................................................................. 50

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ESTUDADA ............................................. 50

5.2 NÍVEIS DE ANTICORPOS ANTI-LID-1 E ANTI-LID-NDO ...................................... 50

5.3 ANÁLISE DOS ENSAIOS IMUNOENZIMÁTICOS COM LID-1 E LID-NDO COMO

FERRAMENTA DIAGNÓSTICA ....................................................................................... 53

5.4 SOROLOGIA ANTI-LID-1 E ANTI-LID-NDO PARA DETECÇÃO DE INFECÇÕES

ASSINTOMÁTICAS ENTRE COMUNICANTES ............................................................... 56

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

5.5 ESTUDO LONGITUDINAL PARA PREDIZER O DESENVOLVIMENTO DE

HANSENÍASE ENTRE COMUNICANTES........................................................................ 57

6. MATERIAL E MÉTODOS (ESTUDO 2) .............................................................. 60

6.1 DESENHO DO ESTUDO E INDIVÍDUOS RECRUTADOS .................................... 60

6.2 OBTENÇÃO DE CÉLULAS MONONUCLEARES DO SANGUE PERIFÉRICO

(CMSP) ............................................................................................................................ 61

6.3 MARCAÇÃO DAS CÉLULAS E CITOMETRIA DE FLUXO .................................... 61

6.4 OBTENÇÃO E ARMAZENAMENTO DO SORO .................................................... 63

6.5 QUANTIFICAÇÃO DAS SUBCLASSES DE IMUNOGLOBULINAS ....................... 63

6.6 DETECÇÃO DE ANTICORPOS ESPECÍFICOS PARA O MYCOBACTERIUM

LEPRAE.................................................................................................................................63

6.7 QUANTIFICAÇÃO DE COMPLEXOS IMUNES E PROTEÍNAS DO

COMPLEMENTO.............................................................................................................. 64

6.8 ANÁLISES ESTATÍSTICAS ................................................................................... 64

6.9 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS.................................................................................. 65

7. RESULTADOS (ESTUDO 2) .............................................................................. 66

7.1 CARACTERIZAÇÃO DOS GRUPOS ..................................................................... 66

7.2 PERFIL DE CÉLULAS B NO SANGUE PERIFÉRICO DE PACIENTES COM

HANSENÍASE .................................................................................................................. 67

7.3 FREQUÊNCIA DE CD32B (FCΓRIIB) E CD21 (CR2) EM CÉLULAS B DE

PACIENTES COM HANSENÍASE .................................................................................... 70

7.4 DISTRIBUIÇÃO DE SUBCLASSES DE IMUNOGLOBULINAS E COMPLEXOS

IMUNES NO SANGUE PERIFÉRICOS DE PACIENTES COM HANSENÍASE ................ 73

7.5 QUANTIFICAÇÃO DE PROTEÍNAS ENVOLVIDAS NA VIA CLÁSSICA DE

ATIVAÇÃO DO SISTEMA COMPLEMENTO NO SANGUE DE PACIENTES COM

HANSENÍASE .................................................................................................................. 78

7.6 PERFIL DE CÉLULAS B E EXPRESSÃO DE CD32B (FCΓRIIB) E CD21 (CR2) NOS

EPISÓDIOS REACIONAIS HANSÊNICOS ...................................................................... 79

7.7 PERFIL DE IMUNOGLOBULINAS E CONCENTRAÇÃO DE COMPLEXOS IMUNES

NO SANGUE DURANTE OS EPISÓDIOS REACIONAIS HANSÊNICOS ........................ 83

7.8 QUANTIFICAÇÃO DE PROTEÍNAS DA VIA CLÁSSICA DE ATIVAÇÃO DO

SISTEMA COMPLEMENTO NO SANGUE DURANTE OS EPISÓDIOS REACIONAIS

HANSÊNICOS ................................................................................................................. 85

7.9 ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE ANTICORPOS ESPECÍFICOS E SEU VALOR

PREDITIVO SOBRE O DESENVOLVIMENTO FUTURO DE REAÇÕES HANSÊNICAS . 86

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

8. DISCUSSÃO ...................................................................................................... 89

9. CONCLUSÕES ................................................................................................ 102

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 103

APÊNDICE 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) UTILIZADO NO ESTUDO. ...................................................................................... 114

APÊNDICE 2 – ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA PLOS NEGLECTED TROPICAL DISEASES COM OS DADOS OBTIDOS NO ESTUDO 1. ..................................... 115

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

20

1. INTRODUÇÃO 1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa de natureza crônica que afeta

atualmente mais de 174 mil pessoas em todo o mundo (WHO, 2016). O Brasil está entre os

países com o maior número de casos, atrás apenas da Índia, tendo registrado 26.395

casos novos de hanseníase em 2015, o que mostra que esta doença representa ainda

um importante problema de saúde pública no país (WHO, 2016). No estado do Rio

Grande do Norte são registrados anualmente cerca de 250 casos novos (BRASIL,

2015). A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu como meta para a

eliminação eventual da hanseníase diminuir para menos de 1 caso da doença para

cada 10.000 habitantes (WHO, 2016; RODRIGUES; LOCKWOOD, 2011). Em

análises mais generalizadas, esse número foi atingido em diversos países e em

algumas regiões brasileiras, incluindo o estado do Rio Grande do Norte (RN). No

entanto, ainda existem áreas hiperendêmicas no RN, como o município de Mossoró

(MOURA et al., 2013; NOBRE et al., 2015; QUEIROZ et al., 2010), onde permanece

a transmissão ativa de M. leprae.

A hanseníase é uma doença espectral na qual os pacientes podem apresentar

desde lesões únicas e com pequena carga bacilar, os chamados paucibacilares (uma

a cinco lesões), a múltiplas lesões disseminadas por todo o corpo e alta carga

bacteriana, os chamados multibacilares (mais que cinco lesões) (BRITTON;

LOCKWOOD, 2004; WALKER; LOCKWOOD, 2006).

A hanseníase é uma doença altamente incapacitante, apesar de apresentar

uma baixa mortalidade. Entre os principais agravantes da doença, e que contribui

significativamente para o estabelecimento de incapacidades físicas, está a ocorrência

dos episódios reacionais ou reações hansênicas. Existem dois tipos distintos de

reações: a reação reversa (RR) ou reação do tipo 1 e o eritema nodoso hansênico

(ENH) ou reação do tipo 2 (KAHAWITA; LOCKWOOD, 2008; WALKER; LOCKWOOD,

2008). Essas reações são respostas imunes mediadas pelo hospedeiro, cujos fatores

etiológicos não são completamente estabelecidos. No entanto, já se conhece diversos

fatores de risco para ambos os tipos de reação (BRITO et al., 2008; MOTTA et al.,

2012). Elas ocorrem em 30 a 50% dos pacientes, predominantemente nos

multibacilares (HUNGRIA et al., 2016; SCOLLARD et al., 2006).

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

21

Diagnóstico e tratamento precoce ainda representam as principais medidas

para o controle da hanseníase, evitando a disseminação do bacilo, bem como

prevenindo ou minimizando o estabelecimento das incapacidades físicas. No entanto,

não há atualmente nenhum teste ouro para o diagnóstico da doença e este muitas

vezes baseia-se apenas na análise clínica dos pacientes. Em lugares onde não há

médicos especializados na área, o diagnóstico com frequência ocorre de forma tardia

(DEPS et al., 2006a; HENRY et al., 2016).

A hanseníase é uma doença complexa, há fatores genéticos e ambientais

envolvidos na sua suscetibilidade, bem como no desenvolvimento das reações

patológicas (ALCAÏS et al., 2005; BLEHARSKI et al., 2003; MIRA, 2006; SAUER et

al., 2015). Os pacientes multibacilares apresentam uma resposta imune celular

incapaz de conter a proliferação do bacilo, no entanto apresentam uma exacerbada

resposta imune humoral e altos títulos de anticorpos específicos anti-Mycobacterium

leprae, agente etiológico da doença (MOURA et al., 2014, 2008). Trabalho recente do

nosso grupo demonstrou que há vários genes diferencialmente expressos em cada

tipo de reação, no entanto alguns genes envolvidos na imunidade humoral foram

altamente expressos tanto na RR quanto no ENH, entre os quais receptores de

imunoglobulinas e proteínas da via clássica de ativação do sistema complemento

(DUPNIK et al., 2014). Tais dados sinalizam para uma participação de anticorpos na

patogênese das reações, sendo esta, portanto, uma área que precisa ser melhor

investigada.

1.2 REVISÃO DA LITERATURA

1.2.1 Infecção pelo Mycobacterium leprae

O M. leprae é um bacilo álcool-ácido resistente, gram-positivo e parasita

intracelular obrigatório, apresentando tropismo por macrófagos e células de Schwann

no sistema nervoso periférico (BRITTON; LOCKWOOD, 2004). Após prolongada e

não tratada infecção, processos inflamatórios crônicos podem levar a danos

neurológicos, causando anestesia e paralisia muscular. No entanto, ainda não é

completamente esclarecido a neuropatia.

Sabe-se que as células de Schwann são capazes de processar e apresentar

antígenos via complexo principal de histocompatibilidade (MHC-II) a linfócitos T CD4+

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

22

e a inflamação induzida por estes poderia contribuir para a destruição das células de

Schwann e demielinização dos nervos periféricos (SPIERINGS et al., 2000, 2001). No

entanto, estudo mais recente mostra que o M. leprae pode induzir a produção de

citocinas pró-inflamatórias pela própria célula de Schwann através da via de

sinalização do TNF-α (ANDRADE et al., 2016).

Comumente, indivíduos que apresentam uma forte resposta imune celular são

aqueles que apresentam maiores danos neurológicos, enquanto que nos indivíduos

com predomínio de reposta imune humoral estes danos aparecem apenas

tardiamente (BRITTON; LOCKWOOD, 2004).

Apesar de ainda não terem sido definidas todas as possíveis formas de

transmissão do M. leprae, acredita-se que a via área seja, se não a única, a mais

importante forma de disseminação do bacilo (SCOLLARD et al., 2006). A transmissão

só ocorreria a partir do contato prolongado com indivíduos com alta carga bacilar, pois

estes seriam capazes de eliminar bacilos em aerossóis. Amostras de swab nasal

coletadas destes indivíduos mostram a presença do DNA do M. leprae na mucosa,

bem como em contatos que residem com o caso, os chamados comunicantes

intradomiciliares (ARAUJO et al., 2016; JOB et al., 2008). No entanto, quando

comunicantes foram avaliados após dois meses do início do tratamento do caso de

hanseníase, estes não mais apresentaram resultados positivos (JOB et al., 2008).

O M. leprae apresenta uma cinética de crescimento lenta e por isso o período

de incubação da doença costuma ser longo. Os humanos representam o principal

reservatório do bacilo, no entanto algumas espécies de animais silvestres já foram

também identificadas como reservatórios, incluindo tatus (DOMOZYCH et al., 2016;

WALSH; MEYERS; BINFORD, 1986). Contudo, a relevância destes na transmissão

para humanos ainda não está bem definida.

1.2.2 Formas clínicas da hanseníase

A análise do M. leprae isolado em diferentes regiões geográficas do mundo

demonstrou que esse organismo apresenta uma pequena variabilidade genética

(MONOT et al., 2009). Contribui para isso, o fato de menos da metade do genoma de

3.27 Mb do M. leprae ser formado por genes funcionais, com um grande percentual

de pseudogenes (GARNIER et al., 2001). Esse dado, aliado a estudos genéticos e

imunológicos do hospedeiro, sugere que fatores inerentes a este são os principais

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

23

determinantes na evolução clínica após a infecção (BOCHUD et al., 2008; KANG;

LEE; CHAE, 2002; MIRA, 2006; ROY et al., 1999). A maior parte dos indivíduos

apresenta resistência natural ao bacilo, sendo estimado que mais de 95% dos

infectados não desenvolvam nenhuma manifestação clínica da doença (SCOLLARD

et al., 2006).

Entre os indivíduos sintomáticos, a hanseníase pode apresentar um amplo

espectro de manifestações. Em 1966, com base na análise clínica, histopatológica e

imunológica dos pacientes, Ridley e Jopling propuseram uma classificação da doença

em cinco diferentes formas clínicas (Figura 1) (RIDLEY; JOPLING, 1966).

Figura 1 - Espectro clínico da hanseníase segundo a classificação proposta por Ridley e Jopling. Pacientes com a forma clínica tuberculóide (TT) apresentam uma forte resposta imune celular em detrimento de uma fraca resposta imune humoral, o que resulta em um pequeno número de bacilo nas lesões. Nas lesões destes pacientes predominam citocinas associadas ao perfil Th1 de linfócitos T auxiliares, como IFN-γ e TNF-α. Por outro lado, pacientes com a forma polar lepromatosa (LL) apresentam uma fraca resposta imune celular e forte resposta imune humoral, está não é capaz de controlar a proliferação do bacilo o que resulta em alta carga bacilar nas lesões. Nas lesões destes pacientes predominam citocinas associadas ao perfil Th2, como IL-4. Pacientes com formas clínicas intermediárias podem ser: borderline-tuberculóide (BT), borderline-borderline (BB) e borderline-lepromatoso (BL). Fonte: Modificado de MISCH et al. 2010 e SUZUKI et al. 2012.

Em um dos extremos, pacientes com a forma tuberculóide (TT) apresentam

lesões únicas, hipo-pigmentadas e anestésicas. A biópsia destas mostra a formação

de granulomas bem delimitados, formados por células epitelóides, células gigantes

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

24

multinucleadas, macrófagos contendo poucos ou nenhum bacilo, e linfócitos em sua

periferia (RIDLEY; JOPLING, 1966). No outro extremo, pacientes com a forma

lepromatosa (LL) apresentam uma forte resposta imune humoral, com grande

produção de anticorpos específicos anti-M. leprae, mas uma fraca resposta imune

celular. Esses pacientes apresentam um grande número de lesões e a análise

histopatológicas da biópsia destas mostra a ausência de granuloma bem definido,

com presença de células esponjosas repletas de bacilos e um infiltrado linfocítico

desorganizado (RIDLEY; JOPLING, 1966). Em geral, pacientes com a forma

tuberculóide podem apresentar danos neurológicos de rápida progressão, já os

indivíduos lepromatosos apresentam complicações a longo prazo (BRITTON;

LOCKWOOD, 2004).

Entre os pólos tuberculóide e lepromatoso, existem as chamadas formas

borderline: borderline-tuberculóide, borderline-borderline e a borderline-lepromatosa.

Essas formam um continuo entre os pólos tuberculóide e lepromatoso, onde há um

gradual aumento da resposta imune humoral em detrimento de uma diminuição da

resposta imune celular (RIDLEY; JOPLING, 1966). As formas intermediárias

representam a maior parte dos casos de hanseníase.

Para fins terapêuticos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs uma

classificação, mais generalizada, dos pacientes em dois grupos: paucibacilares,

quando apresentam até cinco lesões e/ou um único tronco nervoso afetado, e

multibacilares, quando apresentam mais de cinco lesões e/ou mais de um tronco

nervoso afetado (WHO, 1982).

1.2.3 Epidemiologia da hanseníase

Na década de 90 foi estipulado como meta pela OMS a eliminação global da

hanseníase até o ano 2000. O objetivo era diminuir a prevalência da doença,

reduzindo para menos de 1 caso de hanseníase a cada 10 mil habitantes. Essa meta

foi alcança a nível global, no entanto ainda existem áreas hiperendêmicas. A cada ano

ainda são registrados mais de 200 mil novos casos da doença em todo o mundo

(Figura 2). Segundo a OMS, em 2015, entre 136 países avaliados, apenas três

reportaram mais de 10 mil novos casos de hanseníase: Índia (127.326 casos), Brasil

(26.395 casos) e Indonésia (17.202 casos) (WHO, 2016). Recente análise de

predição, baseada nas estratégias de controle atuais existente em cada um desses

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

25

países, indica que a incidência da hanseníase deve ser reduzida até 2020 para 6,2,

6,1 e 3,3 casos para cada 100 mil habitantes, respectivamente (BLOK; VLAS;

RICHARDUS, 2015). No entanto, segundo o citado trabalho, áreas hiperendêmicas

existentes nestes países devem permanecer com índices elevados por um tempo

mais prolongado.

No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, há uma distribuição

heterogênea dos casos. Em 2015, o coeficiente geral de detecção foi de 14,07

casos/100 mil habitantes e as regiões com maior prevalência da hanseníase foram as

regiões Centro-Oeste (3,49 casos/10.000 habitantes), Norte (2 casos/10.000

habitantes) e Nordeste (1,58 casos/10.000 habitantes), respectivamente (BRASIL,

2015). O estado com menor coeficiente geral de detecção foi o Rio Grande do Sul

(1,08 casos/100 mil habitantes) e o que apresentou maior coeficiente foi o Mato

Grosso (93 casos/100 mil habitantes). No país há um predomínio de formas

multibacilares (68,9% dos casos) e um maior acometimento de indivíduos do sexo

masculino (55,8% dos casos) (BRASIL, 2015). Corroborando esse dado, estudo

recente mostrou que, a incidência de hanseníase multibacilar no Brasil é maior não

apenas entre homens, mas também entre indivíduos com maior idade (acima dos 59

anos) e com aumento progressivo nessa icidência entre 2003 e 2013 (NOBRE et al.,

2017).

Figura 2 – Distribuição global dos casos novos de hanseníase registrados em 2015. Fonte: WHO, 2016.

Recente meta-análise, realizada com dados do Ministério da Saúde de 2006 a

2009, mostra uma variabilidade na razão homem/mulher segundo a forma clínica da

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

26

hanseníase. Para indivíduos com a forma polar tuberculóide há uma razão próxima a

1, já quando considerados os indivíduos com a forma clínica lepromatosa há um

predomínio de homens, e essa razão se torna maior quanto maior a faixa etária

avaliada (GUERRA-SILVEIRA; ABAD-FRANCH, 2013).

Um dado preocupante é que 7,5% dos casos diagnosticados no Brasil em 2015

apresentavam grau II de incapacidade, o que significa a presença de algum

comprometimento neuro-motor irreversível (BRASIL, 2015). Além disso, significa

também a ocorrência de diagnósticos tardios.

Entre os estados do Nordeste, o Rio Grande do Norte foi o que registrou o

menor número de casos em 2015 (269 casos) apresentando também o menor

coeficiente de detecção (7,81 casos/100 mil habitantes) (BRASIL, 2015). Contudo, o

estado é marcado por concentrar a maior parte dos casos em alguns poucos

municípios e estes por sua vez apresentam altos coeficientes de detecção (MOURA

et al., 2013; NOBRE et al., 2015; QUEIROZ et al., 2010). A semelhança do que ocorre

a nível nacional, há um predomínio de casos MB no estado (61%) (BRASIL, 2015).

Quanto a distribuição entre os sexos, 51,3% dos casos ocorrem em indivíduos do sexo

masculino (BRASIL, 2015). Entre 2001 e 2013, 40 município no estado apresentaram

coeficiente de detecção maior que 10 casos/100 mil habitantes, sendo, portanto,

considerados de alta endemicidade, segundo critérios do Ministério da Saúde.

Mossoró e Natal são os dois municípios com maior número de casos no estado, sendo

o primeiro considerado hiperendêmico (45,4 casos/100 mil habitantes) e o segundo

de média endemicidade (6,1 casos/100 mil habitantes) (NOBRE et al., 2015).

1.2.4 Diagnóstico da hanseníase

1.2.4.1 Diagnóstico clínico e laboratorial

Atualmente, o diagnóstico da hanseníase permanece sendo essencialmente

clínico. Neste, são avaliados: a presença de manchas esbranquiçadas ou placas

avermelhadas com perda de sensibilidade (térmica, dolorosa e/ou tátil) e o

espessamento de nervos periféricos (BRASIL, 2002).

Há algumas ferramentas que podem auxiliar no diagnóstico e na classificação

dos pacientes, como a baciloscopia e a análise histopatológica da biópsia de lesões.

A baciloscopia é um método que possibilita a quantificação de bacilos a partir de

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

27

esfregaços dérmicos, podendo ser usada tanto ao diagnóstico quanto posteriormente

para avaliar a evolução do tratamento (SCOLLARD et al., 2006). O índice

baciloscópico é calculado a partir do número de bacilos quantificados por campo

microscópico avaliado e é expresso em escala logarítmica (BRASIL, 2010). Esta

escala varia entre 0 e 6, onde 0 indica que não foi observado nenhum bacilo após

análise de 100 campos e 6 indica a presença de mais de 1000 bacilos em média por

campo examinado. Em geral, o raspado dérmico é feito em quatro áreas distintintas

do corpo e a partir destas calcula-se o índice baciloscópico médio (BRASIL, 2010). Já

a biópsia possibilita uma melhor diferenciação entre as formas clínicas da hanseníase.

Para pacientes TT e BT, observa-se a formação de granuloma, o envolvimento de

nervos cutâneos e poucos ou nenhum bacilo visível. Já nos pacientes do pólo

lepromatoso, bacilos podem ser facilmente identificados no infiltrado inflamatório pela

coloração Fite-Faraco, sendo em alguns casos possível visualizar o M. leprae no

interior de nervos (RIDLEY; JOPLING, 1966).

Tanto a baciloscopia quanto a análise histopatológica das lesões são exames

auxiliares importantes, no entanto a coleta de material é um procedimento invasivo e

doloroso para os pacientes, ambos dependem de profissional capacitado e com

experiência para análise e obtenção de resultados confiáveis (BANERJEE et al.,

2011). Além disso, apesar da alta especificidade, ambos os exames apresentam baixa

sensibilidade (BANERJEE et al., 2011; LYON et al., 2008). Esses são fatores que

podem limitar programas de grande escala que visem o controle e a eliminação

completa da doença enquanto problema de saúde pública.

Em recente estudo exploratório foi constatado que fatores como a ausência de

esclarecimento dos pacientes sobre a doença, o estigma social associado a mesma,

bem como erros no diagnóstico são determinantes para a ocorrência de diagnósticos

tardios no Brasil (HENRY et al., 2016). Neste citado trabalho entre os 122 pacientes

recrutados em três diferentes centros de referência no Brasil, 42,6% dos indivíduos

relataram ter recebido algum diagnóstico errado antes da confirmação da hanseníase.

Há casos no Brasil cujo diagnóstico chega a ser feito com mais de 10 anos de atraso

(DEPS et al., 2006a).

Neste contexto, é importante buscar ferramentas alternativas que possam

auxiliar o diagnóstico precoce da doença e início da poliquimoterapia (PQT),

interrompendo assim o ciclo de transmissão da doença, bem como diminuindo a

incidência de incapacidades físicas (SPENCER et al., 2012).

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

28

1.2.4.2 Análise sorológica como ferramenta auxiliar no diagnóstico

Atualmente, não há teste sorológico disponível para o diagnóstico laboratorial

da hanseníase. No entanto, tem se investigado o potencial de alguns antígenos do M.

leprae para avaliar a resposta de anticorpos nas diferentes formas clínicas da doença

(BÜHRER-SÉKULA, 2008; DUTHIE et al., 2007, 2010; MOURA et al., 2014; WEN et

al., 2014).

O glicolipídio fenólico-I (PGL-I) foi um dos primeiros antígenos específicos do

M. leprae a ser isolado e caracterizado (HUNTER; BRENNAN, 1981). Foi proposto

que o PGL-I está envolvido na interação de M. leprae com a laminina-2 de células de

Schwann, o que sugere um papel para este na interação bacilo-nervos periféricos

(SCOLLARD et al., 2006).

Estudos com o PGL-I mostram que pacientes multibacilares formam grande

quantidade de imunoglobulinas do tipo IgM específicas e essa quantidade é reduzida

de acordo com a carga bacilar dos indivíduos (BÜHRER-SÉKULA et al., 2003;

MOURA et al., 2008). No entanto, a sensibilidade deste antígeno, mesmo para

detecção de casos MB, apresenta grande variabilidade a depender da região

geográfica avaliada e do tipo de ensaio (ELISA ou teste rápido) (MOURA et al., 2008).

Diferenças geográficas podem ser justificadas por diferenças genéticas da população,

bem como pela exposição a diferentes patógenos.

O teste rápido MLFlow consiste em um ensaio imunocromatográfico semi-

quantitativo a partir do qual será possível detectar a ausência ou presença de

anticorpos IgM anti-PGL-I no sangue ou soro (BÜHRER-SÉKULA et al., 2003). O

dispositivo apresenta duas áreas de análise, uma representa o controle interno do

teste (detecção de IgM inespecífica) e a outra a leitura para anticorpos IgM específicos

anti-PGL-I. Os resultados positivos serão classificados de acordo com a intensidade

da banda formada em relação ao controle (entre 1+ e 4+) (BÜHRER-SÉKULA et al.,

2003).

Em revisão sistemática da literatura envolvendo o uso do PGL-I para detecção

dos casos de hanseníase, foi observado que a sensibilidade no ELISA para detecção

de casos MB variou de 51,2% a 96%; para casos PB, de 6,9 a 34% (MOURA et al.,

2008). Já com o teste rápido MLFLow a sensibilidade apresentada variou de 83,2 a

97,4% para casos MB e para os PB de 29,6 a 40% (MOURA et al., 2008). Neste

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

29

sentido, outros antígenos vêm sendo testados no intuito de aumentar a sensibilidade

para a detecção de casos ao longo do espectro clínico da doença. As diferenças

metodológicas podem explicar o aumento na sensibilidade do MLFlow em

comparação ao ELISA para a detecção de casos, sendo esta acompanhanda também

por um aumento no percentual de comunicantes com sorologia positiva (MOURA et

al., 2008).

Os sequenciamentos dos genomas do M. leprae e do M. tuberculosis trouxeram

novas possibilidades de pesquisa na área de ferramentas para diagnóstico. A partir

de análises de bioinformática, puderam ser identificadas sequências no genoma do

M. leprae com código de leitura aberto (ORF), sem homologia no genoma de outras

micobactérias, e a partir dessas alguns antígenos hipotéticos passaram a ser testados

in vitro (DUTHIE et al., 2008; GELUK; DUTHIE; SPENCER, 2011; SAMPAIO et al.,

2011).

ML0405 e ML2331 são proteínas recombinantes que foram testadas com um

grande painel de soros de pacientes com hanseníase oriundos de diferentes regiões

geográficas (Filipinas, Brasil e Japão), tendo apresentado resultados bastantes

promissores na detecção de casos MB (DUTHIE et al., 2007; REECE et al., 2006). A

partir dessas duas proteínas foi construída e avaliada uma proteína de fusão,

denominada Leprosy IDRI diagnostic-1 (LID-1). Esta proteína manteve a capacidade

diagnóstica de suas precursoras, tendo apresentado em alguns estudos resultados

ainda melhores (DUTHIE et al., 2007, 2008, 2011). Além disso, foi observado com

este antígeno, em estudo prospectivo, que meses antes do aparecimento de sinais

clínicos de hanseníase alguns indivíduos já mostravam sorologia positiva (DUTHIE et

al., 2007).

Objetivando aumentar a sensibilidade do teste para detecção de casos PB e

MB, o LID-1 e o PGL-I foram combinados sinteticamente formando o LID-NDO. Este

novo antígeno vem apresentando maior sensibilidade que seus constituintes (DUTHIE

et al., 2014; FABRI et al., 2015). No entanto, já foi observado que a sensibilidade de

testes sorológicos pode variar dependendo da origem geográfica das amostras, sendo

por esta razão importante avaliar o perfil de resposta a um determinado antígeno em

diferentes populações (DUTHIE et al., 2014).

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

30

1.2.5 Tratamento da hanseníase

O atual tratamento para a hanseníase baseia-se em PQT. Esta foi introduzida

na década de 80 como alternativa ao crescente número de casos resistentes ao

tratamento com dapsona iniciado na década de 50 (WHO, 1982).

Existem dois regimes de tratamento que serão indicados de acordo com a

forma clínica dos indivíduos: paucibacilares ou multibacilares (WHO, 1982). Para os

indivíduos PB são recomendadas seis doses mensais de rifampicina 600mg e

dapsona 100 mg diariamente (em até 9 meses de tratamento). Já para os MB,

recomenda-se doze doses mensais de rifampicina 600 mg e clofazimina 300 mg e

doses diárias de dapsona 100 mg e clofazimina 50 mg (em até 18 meses) (WHO,

1998).

A rifampicina é uma droga com alta atividade bactericida, enquanto a dapsona

e a clofazimina exercem uma atividade predominantemente bacteriostática

(LEGENDRE; MUZNY; SWIATLO, 2012). A atividade microbicida da rifampicina é

atribuída a sua ligação de forma irreversível a RNA polimerase da bactéria

(LEGENDRE; MUZNY; SWIATLO, 2012). A dapsona inibe a dihidropteroato sintase o

que resulta na inibição da síntese de ácido fólico (LEGENDRE; MUZNY; SWIATLO,

2012). O mecanismo de ação da clofazimina é menos esclarecido, no entanto

acredita-se que, ao menos em parte, sua ação bacteriosátitica se deva a ligação ao

DNA bacteriano (LEGENDRE; MUZNY; SWIATLO, 2012).

A PQT possibilitou que houvesse uma grande diminuição da prevalência da

doença em todo o mundo (RODRIGUES; LOCKWOOD, 2011). No entanto, a mesma

está associada a uma alta incidência de efeitos colaterais, especialmente em

consequência ao uso da dapsona (DUPNIK et al., 2013; GOULART; ARBEX;

CARNEIRO, 2002).

1.2.6 Imunologia da hanseníase

1.2.6.1 Resposta imune ao longo do espectro clínico

Macrófagos são uma das células hospedeiras do M. leprae e podem atuar tanto

como células apresentadoras de antígenos (APCs) quanto na produção de citocinas.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

31

Assim como para outros patógenos intracelulares, a eliminação do M. leprae depende

da atividade microbicida dos macrófagos. Esta atividade pode ser atribuída à

produção de espécies reativas de oxigênio, promovida pelo complexo da NADPH

oxidase, e espécies reativas de nitrogênio, principalmente óxido nítrico (WYNN;

CHAWLA; POLLARD, 2013). Estudos imunohistoquímicos mostram uma maior

expressão da óxido nítrico sintase induzida (iNOS) nas lesões de pacientes com a

forma TT da hanseníase quando comparados a pacientes LL (KHANOLKAR-YOUNG;

SNOWDON; LOCKWOOD, 1998).

Estudo comparativo da expressão gênica em biópsias de pacientes TT e LL

mostram a indução de vias microbicidas associadas ao metabolismo da vitamina D

nos primeiros, e a indução de genes envolvidos em vias fagocíticas e metabolismo

lipídico nos últimos (MONTOYA et al., 2009). Foi demonstrado ainda, por

imunohistoquímica, a co-localização de CD209 (um receptor do tipo scavenger) em

macrófagos (CD163+) contendo M. leprae e acúmulo de lipídios nas lesões de

pacientes LL. Nesse trabalho, os autores propõem que o aumento da capacidade

fagocítica dos macrófagos pode comprometer sua atividade microbicida, impedindo-

os de controlar a infecção pelo M. leprae (MONTOYA et al., 2009).

Polimorfismos genéticos no receptor de vitamina D (VDR) já foram associados

com as formas tuberculóide e lepromatosa da hanseníase (ROY et al., 1999). O VDR

é um receptor intracelular para metabólitos da vitamina D e que está envolvido na

ativação de monócitos, influenciando a ativação de linfócitos T auxiliares (CD4+) e T

citotóxicos (CD8+) (ROY et al., 1999).

A ativação de receptores do tipo Toll (TLR), como TLR2 e TLR4, por micro-

organismos leva à indução do fator de transcrição NFκB, o qual por usa vez está

associado a ativação de diversos genes envolvidos na resposta inflamatória, como IL-

2, IL-12, o fator de necrose tumoral-α (TNF-α) e interferon-γ (IFN-γ). Mutação no gene

que codifica para o TLR2 já foi associada a forma lepromatosa da hanseníase (KANG;

CHAE, 2001). Estudo funcional demonstrou que esta mutação resulta em uma menor

produção de IL-12 por macrófagos em resposta a estímulos com M. leprae (KANG;

LEE; CHAE, 2002). Foi observado em pacientes TT que, após estímulo do TLR2, há

indução de macrófagos DC-SIGN+ e células dendríticas CD1+. No entanto, em

pacientes LL ocorreu a indução apenas dos primeiros. Este aspecto pode contribuir

para a falha na resposta imune adaptativa em pacientes LL (KRUTZIK et al., 2005).

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

32

Há diferenças no perfil de linfócitos T CD4+ e T CD8+ de acordo com o espectro

clínico da doença. Foi observado por Modlin et al. (1988) que em pacientes TT há um

predomínio de células T CD4+ com fenótipo predominantemente de memória, em

detrimento de células T CD8+. Já em pacientes com a forma LL, há predomínio de

linfócitos T CD8+ com características supressoras, e suas células T CD4+ apresentam

um fenótipo predominantemente naïve (MODLIN et al., 1988). Estudos mais recente

mostram ainda um predomínio de células T regulatórias (CD4+CD25+FOXP3+) no

sangue de pacientes com a forma lepromatosa da hanseníase quando comparados a

pacientes com a forma tuberculóide (BOBOSHA et al., 2014; KUMAR et al., 2014;

SAINI; RAMESH; NATH, 2014). Nos citados trabalhos, foi observado que estas

células T regulatórias obtidas de pacientes LL exibiam atividade imunossupressora in

vitro.

Análises iniciais já mostravam um padrão diferenciado de citocinas entre as

lesões de indivíduos com as formas polares tuberculóide e lepromatosa da

hanseníase (YAMAMURA et al., 1991). Dados mais recentes corroboram tais

achados, mostrando uma maior expressão de citocinas do tipo I, como a IL-7 e a IL-

15, em pacientes com a forma tuberculóide, e de citocinas do tipo II, como a IL-4, a

IL-5, a IL-10 e o fator de crescimento tumoral (TGF)-β, em pacientes lepromatosos

(BLEHARSKI et al., 2003). Nesses últimos tem se observado ainda um aumento na

expressão de diversos genes associados a células B e à resposta imune humoral

(BLEHARSKI et al., 2003; OCHOA et al., 2010). Ensaios utilizando sangue total de

pacientes PB e MB mostram que após estímulo com antígenos recombinantes do M.

leprae, há indução da secreção de IFN-γ, IL-2 e IL-12 nos primeiros e de IL-4, IL-5 e

IL-6 nos últimos (SAMPAIO et al., 2012).

1.2.6.2 Reações hansênicas

As reações hansênicas são respostas inflamatórias exacerbadas, que podem

ocorrer juntamente com o diagnóstico da hanseníase, durante a PQT específica para

a doença ou até mesmo meses ou anos após a conclusão do tratamento (MOTTA et

al., 2012; SOUSA et al., 2012), no entanto o mais comum é que se observe o

desenvolvimento destes episódios durante os três primeiros meses da PQT. As

reações hansênicas representam a principal complicação da doença e requerem

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

33

tratamento imediato para prevenção de danos neurais irreversíveis, incapacidades

motoras e deformidades (MASTRANGELO et al., 2008).

Os eventos reacionais são classificados em: reação reversa ou eritema nodoso

hansênico. A primeira é observada em aproximadamente um terço dos pacientes com

as formas borderlines (BT, BB ou BL). Já a segunda é observada em 50% dos

pacientes com a forma polar LL e em aproximadamente 10% dos pacientes com a

forma BL (WALKER; LOCKWOOD, 2006).

Embora saiba-se que diversos mecanismos da resposta imune inata e

adaptativa organizados contra o M. leprae devem estar envolvidos no

desenvolvimento dos episódios reacionais, os reais fatores responsáveis pelos

mesmos ainda não são completamente conhecidos.

A RR, também considerada como uma reação de hipersensibilidade do tipo IV,

está associada a um aumento da resposta imune mediada por células contra os

antígenos do M. leprae, o que aumenta a eliminação dos bacilos, contudo leva a uma

exacerbação do processo patológico (WALKER et al., 2008; WALKER; LOCKWOOD,

2006). Análises imunohistoquímicas das lesões reacionais mostram um infiltrado

celular composto principalmente por linfócitos T CD3+, predominantemente CD4+, e

monócitos/macrófagos identificados pela marcação CD163 (MARZANO et al., 2012).

Observa-se também um aumento na frequência de células T CD4+ produtoras de IFN-

γ e TNF-α nas lesões da pele e nos nervos, o que resulta em edemas e no doloroso

processo inflamatório (KHANOLKAR-YOUNG et al., 1995; LITTLE et al., 2001).

Contudo, a expressão de outras citocinas, como a IL-1β, IL-2 e IL-12, e quimiocinas,

como a proteína quimiotática de monócitos-1 (MCP-1), também está aumentada em

pacientes com este quadro clínico (KIRKALDY et al., 2003; MISCH et al., 2010).

Teles et al. (2013) mostram que enquanto em pacientes com a forma TT ou

com RR há um aumento na expressão de genes de resposta ao IFN-γ, como genes

envolvidos na atividade microbicida induzida pela vitamina D, em pacientes com forma

clínica LL há um aumento na expressão de genes de resposta ao IFN-β, como o da

IL-10.

O ENH, diferentemente da RR, caracteriza-se por um processo inflamatório

mais sistêmico, o qual acredita-se que seja em resposta a deposição extravascular de

complexos imunes (IC). Como este tipo de reação ocorre em pacientes com as formas

clínicas BL e LL, é possível que o grande número de antígenos e anticorpos

circulantes contribuam para a formação destes IC. Nestes pacientes observa-se a

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

34

ativação do sistema complemento e a presença de infiltrados neutrofílicos nas lesões

(WEMANBU et al., 1969; WALKER; LOCKWOOD, 2006), no entanto alguns indivíduos

também apresentam um aumento no número de neutrófilos circulantes (LEE et al.,

2010). É característico deste episódio reacional a presença de elevados níveis séricos

TNF-α, assim como nas lesões (IYER et al., 2007b). Contudo, outras citocinas, como

IL-2, IL-4, IL-5, IL-6 e IL-10, também têm a expressão aumentada durante este tipo de

reação (MISCH et al., 2010).

Analisando-se os níveis séricos de anticorpos IgM anti-PGL-I em pacientes com

RR, com ENH, sem reação e em controles saudáveis foi observado que há uma

quantidade significativamente maior destes anticorpos em indivíduos com ENH

quando comparados a controles endêmicos, contudo não foram observadas

diferenças entre pacientes com RR e pacientes sem reação (BT, BB, BL) ou entre

pacientes com ENH e pacientes BL ou LL sem reação (IYER et al., 2007b). Marzano

et al. (2011) relatam que após avaliarem níveis séricos de anticorpos IgM e IgG anti-

PGL-I em pacientes durante a RR, os resultados encontrados foram negativos,

corroborando as diferenças já observadas entre os dois tipos de episódios reacionais.

Andersson et al. (2005) mostram que apesar de haver correlação entre alguns

parâmetros da resposta imunológica avaliados no sangue e nas lesões, é importante

para o estudo destes episódios reacionais, avaliar conjuntamente estes diferentes

tecidos. Neste citado trabalho, por exemplo, foi observado que após o tratamento das

reações e melhora clínica dos pacientes, o padrão de algumas citocinas inflamatórias

foi modificado nas lesões, contudo permaneceu inalterado por um determinado tempo

no sangue.

Diversos fatores de risco relacionados ao hospedeiro foram associados ao

desenvolvimento das reações hansênicas. Alguns dos fatores de risco já associados

a RR em diferentes estudos incluem: idade elevada (RANQUE et al., 2007), o período

pós-parto, hanseníase com graus de incapacidade 1 ou 2 (KAMATH et al., 2014), a

ocorrência de lesões em três ou mais áreas do corpo (VAN BRAKEL; KHAWAS, 1994)

e o uso de tratamento anti-retroviral em pacientes HIV+ (SARNO et al., 2008).

No caso das reações do tipo ENH, foram considerados fatores de risco: a

ocorrência das formas clínicas LL e BL, altos índices baciloscópicos e a ocorrência de

gravidez e lactação (KUMAR; DOGRA; KAUR, 2004; POCATERRA et al., 2006;

VOOREND; POST, 2013). Outros fatores menos estabelecidos para a reação ENH

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

35

incluem: infecções intercorrentes, vacinação e estresse (MOTTA et al., 2012;

VOOREND; POST, 2013; KAMATH et al., 2014).

Em estudo longitudinal com duração de dois anos, realizado no Nepal, com

pacientes borderline, foi observado que a ocorrência de RR foi maior entre aqueles

que apresentavam, ao diagnóstico, sorologia anti-PGL-I positiva (ROCHE;

THEUVENET; BRITTON, 1991). Corroborando esses dados, em estudo mais recente,

envolvendo um total de 440 indivíduos com hanseníase, foi observado que entre

aqueles com sorologia anti-PGL-I positiva ou PCR positiva para o DNA do M. leprae

ao diagnóstico, foi mais frequente a ocorrência de reações (ANTUNES et al., 2013).

Além disso, também foi mais frequente a ocorrência de reações entre aqueles que ao

término do tratamento permaneceram com resultados positivos na sorologia e na PCR

(ANTUNES et al., 2013). Dados semelhantes foram observados em um outro estudo,

o qual mostrou que pacientes com sorologia anti-PGL-I positiva ao término da PQT

apresentavam um risco 10,4 vezes maior de desenvolverem reação posteriormente

(BRITO et al., 2008).

Em recente coorte, envolvendo 753 pacientes com hanseníase, recrutados em

dois centros de referência no Brasil, observou-se que 55,5% destes desenvolveram

algum tipo de reação após o diagnóstico. Essa manifestação clínica foi mais frequente

entre indivíduos com índices baciloscópicos positivos antes do início da PQT. No

entanto, não foram observadas diferenças quanto a sorologia anti-PGL-I ao

diagnóstico, na forma de teste rápido, entre indivíduos que desenvolveram RR ou ENH

ao longo da PQT ou depois e aqueles que não desenvolveram reação (HUNGRIA et

al., 2016). No citado trabalho, o teste rápido demonstrou baixa sensibilidade e

especificidade para predizer o desenvolvimento de reações durante a coorte.

O tratamento para a RR baseia-se no uso de corticóides para redução do

processo inflamatório, geralmente prednisona (0,5-1 mg/kg/dia). Esta dose pode ser

aumentada ou diminuída de acordo com a evolução de cada caso, podendo por vezes

durar meses ou anos (KAMATH et al., 2014). Para o ENH, o principal tratamento

recomendado é o uso oral de talidomida (100-200 mg/dia). Possíveis mecanismos de

ação para essa droga no ENH incluem: inibição da produção de TNF-α, indução da

produção de IL-2 e inibição do recrutamento de neutrófilos (KAMATH et al., 2014;

SAMPAIO et al., 2002). Devido à teratogenicidade, a talidomida não pode ser utilizada

por gestantes ou mulheres em idade fértil sem que seu uso seja feito

concomitantemente ao de anticoncepcionais (ITO; ANDO; HANDA, 2011).

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

36

1.2.7 Regulação da ativação de células B e seu envolvimento na

patogênese de doenças mediadas por anticorpos

Além de linfócitos T e macrófagos, células B também estão presentes no

infiltrado inflamatório observado nas lesões de pacientes com hanseníase (IYER et

al., 2007a). No entanto, o papel destas células e dos anticorpos por elas produzidos

ainda não é bem compreendido na doença. Estudo comparativo, envolvendo a análise

da expressão gênica na lesão de pacientes com as formas polares TT e LL, mostra

um aumento na expressão de genes envolvidos na regulação funcional de células B

e na resposta imune humoral em pacientes LL e sugere um papel para células B e

imunoglobulinas na infecção por M. leprae (OCHOA et al., 2010).

O desenvolvimento inicial das células B ocorre na medula óssea. Após este

processo, as células B migram para a periferia na forma de células B transitórias

imaturas e de vida-curta (CARSETTI; ROSADO; WARDMANN, 2004). No baço, essas

células podem se diferenciar em células B maduras e de longa duração. Após

exposição a antígenos específicos, células B naïve passam por um processo de

diferenciação em células B de memória ou plasmócitos. Estes últimos serão os

responsáveis pela produção e secreção de anticorpos.

Por imunohistoquímica, foi observada uma maior frequência de plasmócitos

(CD138+), bem como maior expressão de IgM, nas lesões de pacientes LL quando

comparados a pacientes TT, nos quais estes eram escassos (OCHOA et al., 2010).

Análises in vitro mostraram que esse aumento na produção de IgM em pacientes LL

pode se induzido por IL-5, na presença de linfócitos T (OCHOA et al., 2010).

Durante a reposta imune, células B podem ser ativadas por micro-organismos,

através do receptor de células B (BCR), o qual é antígeno-específico, ou através de

receptores de reconhecimento de padrão (PRRs), os quais reconhecem determinadas

classes de moléculas comuns a diversos micro-organismos (NOTHELFER;

SANSONETTI; PHALIPON, 2015).

A ativação das células B é um processo complexo e que envolve diferentes

proteínas (NIIRO; CLARK, 2002). Em síntese, a agregação de componentes do

complexo BCR resulta na ativação de tirosinoquinases, como Lyn, que fosforilam

resíduos de tirosina no motivo ITAM (Immunoreceptor Tyrosine-based Activation

Motif) das moléculas sinalizadoras Igα e Igβ (Figura 3). A partir dessa fosforilação

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

37

ocorre o recrutamento e ativação da proteína SyK, uma tirosinoquinase citosólica, que

tem papel central para a inicialização de diversas vias de sinalização (como a da

proteína quinase ativada por mitógeno-MAPK, PKC e PLCγ2). A ativação de PLCγ2

resulta na formação de inositol trifosfato (IP3) e diacilglicerol (DAG) a partir do

fosfatidilinositol-4,5-bisfosfato (PIP2). O DAG leva a ativação de PKC e o IP3 à

abertura de canais de Ca2+ no retículo endoplasmático. Estas vias de sinalização irão

subsequentemente regular a proliferação celular, produção de anticorpos e outros

processos celulares nas células B (NIIRO; CLARK, 2002). Várias outras proteínas,

embora sem função enzimática, participam da cascata de ativação das células B como

proteínas adaptadoras, entre estas a proteína transmembrana CD19 (utilizada como

marcador para a definição de populações de células B). O CD19 pode mediar a ação

da fosfatidilinositol 3-quinase (PI3K) sobre o PIP2.

Figura 3 - Algumas das proteínas envolvidas na cascata de sinalização iniciada pelo receptor de células B (BCR), incluindo moléculas de superfície e fatores de transcrição nuclear. Fonte: Modificado de NIIRO; CLARK, 2002.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

38

Existem várias moléculas expressas na superfície das células B que podem

regular tanto negativamente quanto positivamente a ativação destas a partir do BCR,

como o receptor de imunoglobulina G FγRIIB (CD32b) e o receptor do complemento

2 (CR2), também conhecido como CD21. Tanto o CD32b quanto o CD21 estão

envolvidos na ligação de complexos imunes.

O CD32b é um receptor de IgG de baixa afinidade e quando co-ativado

juntamente com o BCR leva a geração de sinais que bloqueiam a ativação da célula

B mediada por antígeno, incluindo a hidrólise de fosfatidilinositol, a ativação de p21 e

a mobilização de cálcio (HIPPEN et al., 1997; MUTA et al., 1994). Este receptor

apresenta em sua porção citoplasmáticas motivos ITIM (immunoreceptor tyrosine-

based inhibitory motif) que promovem o recrutamento de fosfatases como a proteína

tirosinofosfatase com domínio SH2 (SHP1) e a fosfatase do polifosfato de inositol 5’

(SHIP1). A proteína SHIP1 hidrolisa o fosfatidilinositol 3,4,5-trifosfato, componente da

sinalização do BCR. CD32b pode também mediar inibição via defosforilação de CD19.

Em humanos, a expressão alterada destes receptores na superfície de células

B já foi observada em algumas doenças autoimunes mediadas por anticorpo, como a

artrite reumatóide e o lúpus eritematoso sistêmico (LES) (GERGELY et al., 2007;

ISAÁK et al., 2008). Além disso, alguns polimorfismos no gene que codifica para este

receptor foram observados com maior frequência em indivíduos com LES, estando

possivelmente contribuindo para a suscetibilidade a doença (KONO et al., 2005;

KYOGOKU et al., 2002). Entre estes polimorfismos, foi observada uma mutação que

resulta em substituição do aminoácido 232 da proteína (isoleucina por uma treonina).

Estudos funcionais mostraram que esta substituição pode levar a uma menor

associação do receptor a rafts lipídicos, prejudicando desta forma sua interação com

outras moléculas sinalizadoras (KONO et al., 2005). A organização nos rafts lipídicos

parece ser um elemento essencial para a propagação da sinalização iniciada pelo

BCR uma vez que muitos dos componentes envolvidos na cascata são recrutados

para este local após ligação do BCR (PIERCE, 2002).

Em estudo recente, utilizando células mononucleares isoladas do sangue

periférico, foi observado que a ligação cruzada entre CD32b e CD19 resulta em uma

potente inibição da resposta de células B em resposta a uma variedade de estímulos,

tanto em indivíduos saudáveis quanto em pacientes com artrite reumatoide (KARNELL

et al., 2016). Entre estas, resultou na inibição da diferenciação em plasmócitos a partir

de células B primárias.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

39

A glicoproteína CD21 é o principal receptor do complemento capaz de

amplificar a resposta imune mediada pelas células B. Quando co-ativado juntamente

com o BCR, CD21 leva a diminuição do limiar de ativação das células B, estimulando

a proliferação, diferenciação e produção de anticorpos (DUNKELBERGER; SONG,

2010). Este receptor pode ser ativado por produtos da cascata de ativação do

complemento iC3b, C3d e C3dg. A co-ativação BCR-CD21 pode ser mediada por

complexos imunes ligados a fragmentos de C3. O CD21 forma um complexo co-

receptor em células B, juntamente com CD81 e CD19.

O primeiro trabalho a demonstrar in vivo a importância da expressão de

receptores do complemento em células B para a resposta imune humoral foi realizado

em camundongos. Neste trabalho foi observado que animais deficientes em C3, mas

não em C5 ou C6, apresentaram deficiência na produção de anticorpos (CROIX et al.,

1996). O CD21 apresenta um pequeno domínio citoplasmático e observações feitas

em modelos murinos sugerem que a interação com CD19 é essencial para promover

as alterações celulares desencadeadas por CD21 (BARRINGTON et al., 2009;

DEPOIL et al., 2008; LYUBCHENKO et al., 2005).

Em humanos, foi observado que mutações deletérias no gene que codifica para

CD21 resultaram em uma resposta deficiente de células B, com deficiência na troca

de classes de imunoglobulinas em células B de memória e hipogamaglobulinemia

(THIEL et al., 2012). Em pacientes com artrite reumatóide observou-se uma redução

na expressão de CD21 em células B (CD19+) quando comparado a indivíduos

saudáveis (PROKOPEC et al., 2010). No entanto, não houve correlação entre o status

da doença, ativo ou inativo, e a expressão deste receptor. Resultados similares foram

observados em pacientes com LES (ISAÁK et al., 2008).

1.2.8 Ativação e respostas inflamatórias induzidas pelo sistema

complemento em doenças mediadas por anticorpos

O sistema complemento (SC) envolve mais de 30 proteínas, presentes no soro

ou como receptores de superfície celular (DUNKELBERGER; SONG, 2010). A

cascata proteolítica do SC é invariavelmente ativada em indivíduos com infecções. No

entanto, esta ativação pode contribuir não apenas para a eliminação dos agentes

infecciosos, como também pode causar danos a partir da sua deposição nos tecidos

e superfícies celulares (BORSCHUKOVA et al., 2012).

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

40

A ativação do complemento pode ocorrer por diferentes vias e essa ativação,

por sua vez, poderá promover o recrutamento de leucócitos, ativação de linfócitos T e

B, opsonização e fagocitose de micro-organismos, solubilização e eliminação dos

complexos imunes, entre outras funções (MORGAN; HARRIS, 2015).

Entre as vias de ativação do complemento, a clássica é a única na qual há a

participação de IC. O C1q é o primeiro componente desta via, estando envolvido tanto

na remoção de células apoptóticas quanto na remoção de complexos imunes (IC)

(KARSTEN; KOHL, 2012). Ele inicia a ativação da via clássica através da ligação ao

domínio Cγ2 da molécula de IgG em IC, desencadeando, posteriormente, uma

cascata proteolítica que cliva as proteínas C4 e C2, resultando na formação do

complexo C3 convertase (C4bC2a), opsoninas e anafilotoxinas. C3 é a mais

abundante entre as proteínas do complemento, participando em todas as três

cascatas e exercendo diferentes funções, entre as quais aumento da resposta imune

humoral ao contribuir para ativação de células B (interação entre iC3b e C3dg com

CR2) (MORGAN; HARRIS, 2015).

No lupus eritematoso sistêmico (LES) doença na qual a grande produção de IC

e a deposição destes em diferentes órgãos associa-se aos agravos do processo

patológico, foram observados níveis séricos mais baixos de C1q em pacientes com

maior agravo da doença (avaliado pelo índice SLEDAI) (TAN et al., 2013). Acredita-

se que a deficiência em proteínas envolvidas na iniciação da via clássica de ativação

do complemento (C1q, C4 e C2) poderia contribuir para o acúmulo dos IC nos tecidos

de pacientes com LES (STURFELT; TRUEDSSON, 2012). Neste sentido, o sistema

complemento atuaria de forma paradoxal na doença, por um lado a deposição e

ativação contribuiria para a amplificação de processos inflamatórios e,

consequentemente danos teciduais, por outro o uso de seus componentes ou

deficiência na síntese de suas proteínas levaria ao acúmulo de IC em determinados

tecidos.

Em recente estudo, polimorfismo no gene que codifica para C1q foi associado

a um maior risco de desenvolver artrite reumatóide, outra doença autoimune também

mediada por complexos imunes (TROUW et al., 2013). Neste citado trabalho, foi

observado, em indivíduos saudáveis, que tal polimorfismo resultava em níveis séricos

aumentados de C1q.

O SC pode ser importante não apenas na resposta imune inata à micro-

organismos e para a eliminação de complexos imunes, como também pode influenciar

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

41

diretamente a resposta imune adaptativa. Já foi observado que o C1q pode, por

exemplo, diminuir a produção de IL-1β, TNF-α e IL-12 e aumentar a produção de IL-

10 por monócitos-macrófagos (FRASER et al., 2009; WAGGONER et al., 2005),

citocinas importantes na resposta imunológica ao M. leprae.

Estudos mais antigos já revelavam um papel para o SC na patogênese da

hanseníase, contudo muitos aspectos ainda necessitam de maior esclarecimento. Já

foi visto, por exemplo, que o SC pode ser ativado no soro de pacientes com a doença

quando incubados na presença de IC circulantes isolados destes pacientes (TYAGI et

al., 1990). Alguns trabalhos sugerem que, na hanseníase, o SC seja importante tanto

para a eliminação de IC quanto para a eliminação do próprio bacilo. Em estudo

realizado por Gomes et al. (2008), avaliando os níveis séricos das proteínas C3, C4 e

fB em pacientes com diferentes formas clínicas de hanseníase, foram observados

níveis reduzidos de C4 no soro de pacientes lepromatosos, quando comparados a

indivíduos saudáveis. Segundo os autores isto poderia sugerir uma possível ativação

da via clássica do complemento nas lesões desses pacientes, levando ao consumo

do C4 presente no soro. No entanto, o número de indivíduos avaliados no citado

trabalho foi relativamente pequeno.

Lahiri et al. (2008) observaram que o M. leprae apenas foi capaz de induzir a

ativação do SC, quando a integridade celular deste havia sido perdida, enquanto que

o micro-organismo intacto não era capaz de ativa-lo. Esta observação é coerente com

a hipótese de que a grande liberação de antígenos do bacilo durante a

poliquimioterapia contribuiria para o desenvolvimento de reações.

Sehgal et al. (1989) mostraram que em pacientes com ENH havia um

decréscimo na concentração de C3 e fB e aumento de C3d, indicando uma possível

ativação da via alternativa do complemento nestes pacientes. Contudo, não

observaram alterações em proteínas envolvidas especificamente na ativação da via

clássica. Contrariamente ao estudo de Seghal et al. (1989), foi observado por De

Messias et al. (1993) que pacientes LL, com deficiência em C4b, consequentemente

maior favorecimento quanto a deposição de ICs nos tecidos, teriam maiores chances

de desenvolverem ENH.

Em recente trabalho do nosso grupo, foi verificado o aumento na expressão de

genes envolvidos na cascata de ativação do sistema complemento em células

mononucleares do sangue periférico (CMSP) tanto em pacientes com RR quanto com

ENH. Além disso, observou-se aumento na deposição de C1q nas lesões de pacientes

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

42

com ambos os tipos de reação quando comparados a indivíduos com mesmas formas

clínicas de hanseníase porém sem reação (DUPNIK et al., 2014).

1.3 JUSTIFICATIVA

Atualmente, dois dos principais fatores limitantes ao controle da hanseníase

são: diagnóstico precoce e prevenção do estabelecimento de incapacidades, sendo

este último fortemente associado à ocorrência das reações hansênicas.

A busca por novas ferramentas para uso no diagnóstico da hanseníase, as

quais apresentem maior sensibilidade que os testes já avaliados em pesquisas

anteriores e boa especificidade, faz-se de extrema importância para o controle da

doença. Ferramentas laboratoriais de uso diagnóstico podem possibilitar a detecção

e o tratamento precoce de casos novos, especialmente em áreas, onde haja limitação

de médicos especialistas na doença, evitando assim que indivíduos infectados não-

tratados continuem a disseminar bacilos na população. Apesar das limitações

observadas em estudos sorológicos anteriores, uma vez que estes servem

prioritariamente para a detecção de casos MB, sabe-se que os indivíduos com essa

forma clínica são a real fonte de disseminação da infecção. Portanto, a detecção

desses casos pode contribuir significativamente para diminuir a incidência da doença

em áreas endêmicas. Os antígenos recombinantes LID-1 e LID-NDO têm mostrado

resultados promissores tanto com aumento na sensibilidade para detecção de casos,

quanto para a detecção precoce da doença entre comunicantes antes mesmo do

surgimento de lesões (observação feita em estudo usando o LID-1).

Considerando a clara diferença entre indivíduos PB e MB quanto à resposta

imunológica observada frente à infecção pelo M. leprae e indícios, a partir de estudos

do nosso grupo e outros, de que a exacerbada resposta imune humoral observada

nestes últimos pode contribuir para o desenvolvimento das reações hansênicas,

consideramos a importância de se conhecer melhor o papel de células B e dos

anticorpos produzidos por estas na patogênese da doença. É bastante escasso o

número de trabalhos na área, alguns poucos estudos são, principalmente, da década

de 90. Algumas características em comum observadas nas reações hansênicas e em

doenças autoimunes sugerem que mecanismos similares podem estar contribuindo

para a patogênese dos episódios reacionais.

Atualmente, a busca por biomarcadores que possam predizer o

desenvolvimento de reação é uma das áreas de maior relevância clínica para a

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

43

pesquisa em hanseníase, uma vez que estas estão fortemente associadas ao alto

índice de morbidade da doença. Além disso, como os episódios reacionais podem ser

recorrentes, o uso prolongado de corticosteróides pode levar a diversos efeitos

colaterais. Nosso estudo teve como objetivo determinar se os anticorpos produzidos

em grande quantidade por indivíduos MB poderiam influenciar na patogênese das

reações hansênicas, além de avaliar possíveis mecanismos envolvidos na

desregulação da produção de anticorpos nesses indivíduos. Além disso, buscamos

identificar se haveria alterações imunológicas já presentes no diagnóstico que

pudessem estar associadas ao desenvolvimento de reações posteriormente, servindo

como marcadores de risco.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

44

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

- Avaliar o papel de células B e anticorpos na patogênese da hanseníase e

das reações hansênicas.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Determinar os níveis de anticorpos específicos ao longo do espectro

clínico da hanseníase utilizando os antígenos recombinantes LID-1 e

LID-NDO;

2. Avaliar a taxa de infecção por Mycobacterium leprae entre comunicantes

de casos de hanseníase;

3. Verificar se anticorpos específicos podem ser utilizados para predizer o

desenvolvimento da hanseníase em comunicantes;

4. Avaliar se alterações numéricas e funcionais das células B podem estar

associadas a evolução clínica da hanseníase ou ao desenvolvimento de

reações hansênicas;

5. Quantificar as subclasses de imunoglobulinas e complexos imunes no

sangue periférico dos pacientes com hanseníase, com ou sem reações.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

45

3. DESENHO GERAL DO TRABALHO

Este trabalho foi dividido em dois estudos (Figura 4). O primeiro buscou avaliar

o perfil de anticorpos específicos em casos de hanseníase com diferentes formas

clínicas, comparando dois novos antígenos recombinates LID-1 e LID-NDO, assim

como em comunicantes. Já o segundo buscou avaliar alterações numéricas e

funcionais em células B que pudessem refletir as diferenças na resposta imune

humoral observada entre pacientes PB e MB e se estas poderiam estar associadas

ao desenvolvimento de reações.

Figura 4 – Divisão do trabalho em dois estudos para análise do papel de células B e anticorpos na patogênese da hanseníase e das reações hansênicas.

4. MATERIAL E MÉTODOS (ESTUDO 1) 4.1 DESENHO DO ESTUDO E POPULAÇÃO RECRUTADA

Inicialmente, para avaliar e quantificar a presença de anticorpos específicos

anti-LID-1 e anti-LID-NDO em pacientes com diferentes formas clínicas de hanseníase

Papel das células B e dos anticorpos na patogênese da hanseníase e das reações hansênicas

Estudo 1

Perfil de anticorpos específicos na doença e em comunicantes

Estudo 2

Perfil de células B e subclasses de imunoglobulinas na doença e

nas reações

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

46

e detectar infecções assintomáticas, foram utilizadas amostras de soro de casos e de

comunicantes recrutados em diferentes áreas do Estado do Rio Grande do Norte.

Um total de 98 casos de hanseníase ao diagnóstico e sem sinais de episódios

reacionais foram recrutados, entre 2005 e 2014, em dois centros de referências do

Estado do Rio Grande do Norte (Brasil): o Hospital Rafael Fernandes, localizado no

município de Mossoró, e o Hospital Giselda Trigueiro, localizado no município de Natal

(Figura 5). Os casos de hanseníase foram classificados como PB ou MB, de acordo

com os critérios padrões estabelecidos pela OMS (NORMAN; JOSEPH; RICHARD,

2004). Um subgrupo destes pacientes (n=50), para os quais foram realizadas biópsia

das lesões, foram classificados de acordo com as cinco formas clínicas de Ridley e

Jopling.

Figura 5 - População envolvida no estudo sorológico para detecção de anticorpos específicos para o Mycobacterium leprae anti-LID-1 e anti-LID-NDO.

Os comunicantes de casos de hanseníase (HHC) foram recrutados como

descrito em Moura et al. (2013). Um total de 365 comunicantes de casos multibacilares

(n=167) e paucibacilares (n= 183) foram recrutados em visitas domiciliares. Amostras

de soro de indivíduos moradores da área endêmica, mas sem histórico de contato

com casos de hanseníase foram utilizados como controles endêmicos (EC, n=98).

Estudo transversal

Controles endêmicos (n=98) Comunicantes (n=365)

Estudo longitudinal: coorte de 7-10 anos (n=332)

Não desenvolveu hanseníase (n=320)

Desenvolveu hanseníase (n=12)

Casos de hanseníase (n=98)

Paucibacilares (n=32)

Multibacilares (n=66)

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

47

Estes controles eram doadores do banco de sangue do Estado do Rio Grande do

Norte (Hemonorte) e moradores de diferentes municípios.

Entre os comunicantes recrutados, um subgrupo (n= 332) morador da região

hiperendêmica de Mossoró (recrutados entre 2006 e 2008) foi seguido por 7-10 anos

(Figura 5). Nesta coorte, através da análise do banco de dados da Secretaria de

Saúde do Estado do Rio Grande do Norte (SESAP), foram identificados quais

tornaram-se caso neste intervalo de tempo.

4.2 QUANTIFICAÇÃO DE ANTICORPOS ESPECÍFICOS PARA O

Mycobacterium leprae

A detecção de anticorpos anti-M.leprae foi realizada através de ensaio

imunoenzimático, seguindo protocolo previamente estabelecido (DUTHIE et al.,

2014). Brevemente, placas de 96 poços Polysorp® Nunc (Thermo Fisher Scientific,

NY, USA) foram cobertas com 1 μg/mL dos antígenos recombinantes LID-1 e LID1-

NDO ou placebo. Após incubação overnight a 4 ºC, foi realizado o bloqueio com PBS-

Tween (PBST) contendo 1% de albumina bovina sérica (BSA) (Sigma-Aldrich, St.

Louis, MO, USA) por 1 hora, a temperatura ambiente. Amostras de soros diluídas em

PBST contendo 0,1% de BSA (1:200) foram adicionadas em duplicata. Após

incubação por 2 horas, a temperatura ambiente, os poços foram lavados e então

adicionando o conjugado anticorpo-peroxidase (anti-IgG-HRP e anti-IgM-HRP)

(Rockland Immunochemicals, Gilbertsville, PA, USA). Após 1 hora de incubação a

temperatura ambiente, as placas foram novamente lavadas e então adicionado o

substrato da peroxidase, a tetrametilbenzidina (TMB) (Kirkegaard and Perry

Laboratories, Gaithersburg, MD, USA). Após 15 minutos, a reação foi parada pela

adição de ácido sulfúrico 1 N e leitura da absorbância realizada imediatamente,

utilizando o comprimento de onda de 450 nm. A densidade óptica (OD) final de cada

amostra, para cada um dos antígenos, foi obtida após a subtração da OD obtida com

o placebo. Além disso, foram utilizadas duas amostras como controle em cada placa

no intuito de normalizar todos os dados para a variação inter-placas. 4.3 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

48

Foi utilizada a análise de variância (ANOVA) seguida do pós-teste de Tukey

para avaliar a diferença média entre os grupos, assumindo que os valores de

densidade óptica apresentam distribuição normal. O ponto de corte usado para os

cálculos de sensibilidade e especificidade foram calculados com base na curva ROC

(Receiver Operating Characteristic). Para definição dos pontos de corte, foram

considerados três diferentes cenários: 1. diagnóstico da hanseníase multibacilar na

população geral; 2. diagnóstico da hanseníase multibacilar em uma população de

risco, ou seja, comunicantes; 3. detecção de infecções assintomáticas pelo M. leprae

na população. Os resultados obtidos com o LID-1 e o LID-NDO foram comparados

através da área definida pela curva ROC (AUC) com o teste DeLong. Os dados do

estudo longitudinal foram utilizados para determinar se seria possível predizer o

desenvolvimento de doença de acordo com os níveis de anticorpos presentes em

comunicantes, utilizou-se a fórmula apresentada abaixo em um modelo de regressão

logística (modelo linear generalizado) (Family binomial) seguido da função predict.glm.

Para essa análise, foram incluídos apenas os moradores da região hiperendêmica de

Mossoró (332 comunicantes e 50 casos de hanseníase, sendo 8 PB e 42 MB). O

modelo teve como variável resposta o fenótipo (caso vs HHC) e como variável

preditiva a OD. O modelo estima a chance (=odds) do indivíduo se tornar caso com

base no valor de OD apresentado na sorologia. A segunda fórmula apresentada

abaixo serve para transformar chance em probabilidade.

1. log ( = ) = 0 + 1

2. . ℎ =

pi.hat: probabilidade do indivíduo ser caso; betas: coeficientes da regressão, onde beta 0: intercepto (representa a chance de ser caso, quando a OD=0; esse coeficiente não tem interpretabilidade) e beta 1: mudança na chance de ser caso quando há aumento em uma unidade de OD; e: função exponencial natural (tem como base o número de Euler ~ 2,7).

Adicionalmente, foram realizadas regressões logísticas múltiplas para ajustar

sexo e idade, no entanto nenhum efeito confundidor foi observado. Todas as análises

foram realizadas com o programa R, assumindo nível de significância p ≤ 0,05.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

49

4.4 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

O protocolo para este estudo foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP-UFRN 145/05) e pelo Comitê

Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP/CNS/ Ministério da Saúde, Brasília), cujo

protocolo é o CAAE 0006.0.051.000-6. Todos os participantes ou seus guardiães

legais foram informados sobre o objetivo do estudo e assinaram termo de

consentimento livre e esclarecido (TCLE) antes da coleta das amostras.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

50

5. RESULTADOS (ESTUDO 1) 5.1 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ESTUDADA

Os dados epidemiológicos referentes aos diferentes grupos estão

representados na Tabela 1. A média de idade dos casos de hanseníase foi de 45,6

anos, maior quando comparada à média dos controles endêmicos (33,8 anos) e

comunicantes (32,7 anos). Quanto ao sexo, 52% dos casos eram do sexo masculino,

similar ao observado para o grupo de controles endêmicos (51,5%). Já entre os

comunicantes, houve predomínio de indivíduos do sexo feminino (60,4%). Entre os

casos de hanseníase, houve um predomínio de formas multibacilares (67,3%). A

maior parte dos indivíduos eram residentes dos municípios de Natal e Mossoró. Tabela 1 - Caracterização da população avaliada nos ensaios sorológicos com LID-1 e LID-NDO. Variável Controle

endêmico (n=98)

Comunicante (n=365)

Caso (n=98)

p-valor

Idade, anos 33,8 (±11) 32,7 (±20) 45,6 (±16) <0,001b,c Sexo, n (%) Masculino 50 (51,5) 144 (39,6) 51 (52,0) <0,05a,c Feminino 47 (48,5) 221 (60,4) 47 (48,0) Município de residência Natal 62 (64,6) 12 (3,3) 13 (13,3)

<0,001a,b,c Mossoró 0 (0) 332 (90,9) 50 (51,0) Outros 34 (35,4) 21 (5,8) 35 (35,7) Casos, n (%)

PB - - 32 (32,7) - MB - - 66 (67,3) Comunicante de caso

PB - 183 (52,3) - - MB - 167 (47,7) - A idade está representada com a media (± desvio padrão). Sexo e idade foram comparados através do teste chi-quadrado e teste de Tukey, respectivamente. PB: paucibacilar; MB: multibacilar; a controle endêmico vs comunicante; b controle endêmico vs caso; c comunicante vs caso.

5.2 NÍVEIS DE ANTICORPOS ANTI-LID-1 E ANTI-LID-NDO

O perfil de anticorpos específicos para o M. leprae foi avaliado entre casos,

comunicantes e controles endêmicos (Figura 6). A quantidade de anticorpos variou de

acordo com a classificação operacional dos casos (PB ou MB). Para ambos os

antígenos avaliados, pacientes MB apresentaram os mais elevados níveis de

anticorpo quando comparados aos demais grupos (Figura 6A e B). Por sua vez,

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

51

pacientes paucibacilares apresentaram baixos níveis de anticorpo, comparáveis ao

apresentado por controles endêmicos e comunicantes. Pacientes com a forma PB

apresentaram em média OD mais elevada que a apresentada pelos controles

endêmicos, quando o LID-NDO foi utilizado (Figura 6B). No entanto, os comunicantes

de casos MB apresentaram níveis mais elevados de anticorpo quando comparados a

aqueles comunicantes de casos PB, mas esta diferença só foi significativa quando o

antígeno utilizado foi o LID-NDO (Figura 6B).

Figura 6 - Análise comparativa entre os níveis de anticorpos específicos para o M. leprae entre controles endêmicos, comunicantes e casos de hanseníase. A densidade óptica (OD) para cada amostra foi obtida após subtrair o valor da OD obtida com o placebo. A) Resultados com o LID-1. B) Resultados com o LID-NDO. EC= controle endêmico; HHC_PB: comunicantes de casos paucibacilares; HHC_MB comunicantes de caso multibacilares; PB: paucibacilares; MB: multibacilares.

Pacientes MB apresentaram uma grande variabilidade quanto aos níveis de

anticorpos específicos detectados no soro, está diferença pôde ser melhor observada

quando os estes foram agrupados segundo a classificação de Ridley e Jopling (Figura

7A e B). Após aplicação de modelo polinomial, foi observado um aumento linear ao

longo do espectro clínico da doença a partir do polo TT ao LL, com os dois antígenos

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

52

avaliados. As comparações para o LID-1 e o LID-NDO entre as diferentes formas

clínicas estão apresentadas na Tabela 2. Houve um aumento médio de 0,299 na OD

relativa aos anticorpos anti-LID-1 à medida que se mudou de forma clínica, a partir do

grupo TT até o grupo LL (p < 0,001) (Figura 7A). Já para o LID-NDO, este aumento

médio foi de 0,319 na OD (p < 0,001) (Figura 7B).

Figura 7 - Aumento linear nos níveis de anticorpos específicos ao longo do espectro clínico da hanseníase. Soro de pacientes com hanseníase caracterizados com TT (tuberculóide), BT (borderline-tuberculóide), BB (borderline-borderline), BL (borderline-lepromatoso) ou LL (lepromatoso) foram analisados contra os antígenos LID-1 (A) e LID-NDO (B). A linha tracejada em vermelho representa um aumento na OD média de 0,299 e 0,319 para o LID-1 e LID-NDO, respectivamente, à medida que se muda de forma clínica a partir do grupoTT até o grupo LL (slope) (p < 0,001).

Tabela 2 - Comparação entre os valores de densidade óptica obtidos com o LID-1 e com o LID-NDO para as diferentes formas clínicas de hanseníase. LID-1 LID-NDO Grupos Diferença média Valor de p* Diferença média Valor de p*

BT-TT 0,353 0,008 0,310 0,059 BB-TT 0,297 0,297 0,443 0,082 BL-TT 1,116 < 0,001 1,235 < 0,001 LL-TT 1,087 < 0,001 1,084 < 0,001 BB-BT -0,056 0,996 0,133 0,939 BL-BT 0,763 < 0,001 0,925 < 0,001 LL-BT 0,735 < 0,001 0,774 < 0,001 BL-BB 0,819 < 0,001 0,792 0,001 LL-BB 0,790 < 0,001 0,641 0,013 LL-BL -0,028 1 -0,151 0,858

* valores de p ajustados para múltiplas comparações (teste de Tukey)

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

53

5.3 ANÁLISE DOS ENSAIOS IMUNOENZIMÁTICOS COM LID-1 E LID-NDO COMO FERRAMENTA DIAGNÓSTICA

Para comparar a aplicabilidade dos dois antígenos e determinar o melhor ponto

de corte para identificação de amostras positivas, os resultados obtidos com estes

foram comparados através da curva receiver operating characteristic (ROC) (Tabela

3 e Figura 8). As análises consideraram três diferentes aplicabilidades para o ELISA:

(1) diagnóstico da hanseníase MB na população geral; (2) diagnóstico da hanseníase

MB em uma população de risco, ou seja, comunicantes; e (3) detecção de infecções

assintomáticas pelo M. leprae na população. A sensibilidade do ELISA para detecção

de casos MB na população endêmica foi de 89% para o LID-1 e de 95% para o LID-

NDO; a especificidade foi de 95% para o LID-1 e 88% para o LID-NDO,

respectivamente.

Tabela 3 – Parâmetros estimados pela curva ROC considerando três diferentes aplicabilidades para os ensaios utilizando LID-1 e LID-NDO.

LID-1 LID-NDO Cenário Comparação Corte Sens Esp Corte Sens Esp

1. Detectar caso MB na população endêmica

EC vs MB 0,276 0,894 0,959 0,332 0,954 0,876

2. Detectar casos MB em uma população de risco (comunicantes)

HHC vs MB 0,423 0,803 0,874 0,688 0,712 0,819

3. Identificar infecções assintomáticas na população geral

EC vs HHC 0,156 0,816 0,806 0,288 0,871 0,827

Sen: sensibilidade; Esp: especificidade; EC: controle endêmico; HHC: comunicante; MB: multibacilar.

As curvas ROC usadas para comparar a aplicabilidade do LID-1 e do LID-NDO

para detecção de casos MB na população geral e em uma população de alto risco

estão representadas nas Figuras 8A e B, respectivamente. A área sob a curva (AUC)

foi de 0,913 para o LID-1 e de 0,943 para o LID-NDO, sem diferença estatística entre

os dois antígenos (p=0,1796) quanto ao uso para a identificação de casos MB na

população geral (Figura 8A). Para a identificação de casos MB entre comunicantes a

performance dos antígenos também foi similar (p=0,2861) (Figura 8B).

Na Figura 9, através de um gráfico de dispersão, estão representadas as

densidades ópticas médias obtidas com cada amostra para o LID-1 e LID-NDO, bem

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

54

como os valores dos pontos de corte calculados de acordo com os cenários 1

(diagnóstico de casos MB na população geral) e 2 (diagnóstico MB em uma população

de risco) descritos na metodologia. Apesar da forte correlação entre os níveis de

anticorpos para LID-1 e LID-NDO (r=0,84; p˂0,001), foi observado que alguns

pacientes PB com resultados negativos para LID-1 foram positivos com o LID-NDO.

No entanto, todos os pacientes PB positivos com LID-1 foram também positivos com

o LID-NDO. Considerando o cenário1, a sensibilidade usando os dois antígenos seria

de 95% e a especificidade de 88%, resultado este similar ao observado com o uso do

LID-1 ou LID-NDO apenas. No entanto, considerando o cenário 2, a sensibilidade

realizando os dois ensaios seria de 85% e a especificidade de 91%, o que seria maior

que a observada com o uso isolado de um teste ou outro.

Figura 8 – Curva ROC comparando a capacidade do LID-1 e do LID-NDO para identificação de casos multibacilares em uma população endêmica (A) e entre uma população de risco (B). Um total de 98 EC (controles endêmicos) e 365 HHC (comunicantes) foram utilizados nas análises juntamente com 66 casos multibacilares. Não houve diferença estatística entre os dois antígenos como demostrando pela área sob a curva (AUC).

Foi observada uma forte correlação positiva entre os níveis de anticorpos anti-

LID-1 (r=0,84; p˂0,001) e anti-LID-NDO (r=0,82; p˂0,001) e o índice baciloscópico (IB)

dos pacientes (Figura 10A e B). No entanto, o ELISA com os antígenos recombinantes

apresentou maior sensibilidade que o exame baciloscópico. Entre os 50 casos

avaliados, a baciloscopia foi negativa em 28 (ou seja, IB = 0). Por outro lado, o ELISA

com o LID-NDO identificou 5/20 e 5/8 entre os casos PB e MB, respectivamente. Estes

dados mostram que na análise realizada a sensibilidade da baciloscopia para detectar

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

55

hanseníase per se foi igual a 44% (22/50), aumentando para 64% (32/50) no ensaio

com o LID-NDO.

Figura 9 – Gráfico de dispersão para os níveis de anticorpos específicos e resultado para uso combinado dos ensaios com LID-1 e LID-NDO. Cada amostra pode ser distinguida por um ponto individual. O coeficiente de correlação de Pearson foi r =0,84 (p˂0,001). As linhas tracejadas representam o ponto de corte para o diagnóstico de casos MB na população geral (linha mais escura) e em uma população de risco (linha mais clara). A sensibilidade e a especificidade realizando simultaneamente os dois testes para a primeira condição seria (0+59+4)/66= 0,951 e 86/98 = 0,878, respectivamente. Para a segunda condição, a sensibilidade seria (3+44+9)/66= 0,848 e 336/365 = 0,908, respectivamente. MB: multibacilar; PB: paucibacilar; EC: controle endêmico; HHC: comunicante.

Figura 10 – Correlação entre os resultados obtidos no ELISA com o LID-1(A) e com o LID-NDO (B) e o índice baciloscópico dos pacientes. O índice baciloscópico das amostras varia entre 0 e 6. Cada amostra é distinguida por um ponto individual. Uma forte correlação positiva foi observada entre os

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

56

ensaios com o LID-1 (r=0,84; p˂0,001) e o LID-NDO (r=0,82; p˂0,001) e o IB dos pacientes. As linhas tracejadas representam o ponto de corte estabelecido para o cenário 1 (0,276 para o LID-1 e 0,332 para o LID-NDO). PB: paucibacilar; MB: multibacilar.

5.4 SOROLOGIA ANTI-LID-1 E ANTI-LID-NDO PARA DETECÇÃO DE

INFECÇÕES ASSINTOMÁTICAS ENTRE COMUNICANTES

É bem documentado que comunicantes de casos de hanseníase apresentam

um risco mais elevado de serem expostos a infecção pelo M. leprae e desenvolverem

a doença. Por esta razão, considerando a distribuição de anticorpos específicos,

estabelecemos um ponto de corte para definir aqueles HHC expostos à infecção e

outro ponto de corte para definir aqueles com sorologia similar à apresentada por

casos MB (Tabela 3). Independentemente do antígeno utilizado, foi observado que a

maior parte dos comunicantes recrutados no estudo tinham sido previamente

expostos a infecção (tracejado a) (Figura 11A e B): com o LID-1 o percentual

observado foi de 82,2% e com o LID-NDO esse percentual foi de 87,1%. Também foi

observado que alguns comunicantes apresentaram sorologia bastante elevada, sendo

comparável à de pacientes MB (tracejado b) (Figura 11A e B). Considerando este

ponto de corte definido pelo cenário 2, verificamos que 11,9% dos HHC apresentaram

sorologia positiva compatível com a de casos MB com o uso do LID-1 e 17,8% com o

uso do LID-NDO.

Figura 11 – Gráfico de densidade representando a distribuição das amostras de acordo com os níveis de anticorpos para LID-1 (A) e LID-NDO (B). Pontos de corte usado para definir comunicantes expostos a infecção pelo M. leprae (tracejado a) e aqueles com sorologia compatível com casos multibacilares de hanseníase (tracejado b). EC: controle endêmico; HHC: comunicante; PB: caso paucibacilar; MB: caso multibacilar.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

57

5.5 ESTUDO LONGITUDINAL PARA PREDIZER O DESENVOLVIMENTO DE

HANSENÍASE ENTRE COMUNICANTES

Para determinar se os níveis de anticorpos apresentados por comunicantes

poderia ser usado para predizer o risco de desenvolver doença, 332 HHC foram

seguidos em uma coorte de ao menos 7 anos. Entre estes, foi verificado que 12 (3,6%)

desenvolveram hanseníase durante o seguimento, de acordo com dados da

Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte (Tabela 4). O diagnóstico de

hanseníase ocorreu em uma média de 31 (3-79) meses após o recrutamento para o

estudo. Entre os HHC que desenvolveram hanseníase, 25% (3/12) já apresentavam

sorologia positiva para o LID-1 e 33,3% (4/12) para o LID-NDO à época do

recrutamento. Este percentual de positividade foi quase o dobro do observado quando

considerado todos os HHC recrutados no estudo (LID-1=11,9% e LID-NDO=17,8%).

Entre os HHC que desenvolveram doença durante a coorte, 50% apresentaram

a forma MB (6/12). Ao comparar-se as OD médias dos HHC que apresentaram doença

(LID-1 OD= 0,480 e LID-NDO OD= 0,879) com às OD daqueles que não apresentaram

(LID-1 OD= 0,267 e LID-NDO OD= 0,492) foi observada uma diferença significativa

(p=0,01 com o LID-1 e p=0,003 com o LID-NDO). Considerando a incidência da

doença no grupo com sorologia positiva e a incidência no grupo com sorologia

negativa, o risco relativo (RR) calculado para o desenvolvimento de doença foi 2,3 e

2,2 vezes maior entre aqueles que apresentavam sorologia positiva para o LID-1 e

para o LID-NDO, respectivamente (Tabela 4).

Tabela 4 – Incidência de hanseníase observada no estudo longitudinal com comunicantes de acordo com a sorologia anti-LID-1 e anti-LID-NDO apresentada. Sorologia Desenvolveu hanseníase Total RR

Não Sim LID-1 (n, %) Positiva 38 (92,7%) 3 (7,3%) 41 2,35 Negativa 282 (96,9%) 9 (3,1%) 291 LID-NDO (n, %) Positiva 57 (93,4%) 4 (6,6%) 61 2,20 Negativa 263 (97%) 8 (3%) 271 Total (n) 320 12 332

RR: risco relativo.

As Figuras 12A e B mostram a probabilidade estimada/ predita (pi. hat) em

função dos valores de OD obtidos no ELISA para LID-1 e LID-NDO, respectivamente.

Considerando a probabilidade média entre todos os comunicantes, foi projetado a

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

58

incidência de doença em 8,3% de acordo com os dados obtidos com o LID-1 (Figura

12A) e de 10,4% de acordo com os dados obtidos com o LID-NDO (Figura 12B). Os

pontos de corte calculados com base nos cenários 2 (diagnóstico de casos MB em

uma população de risco) e 3 (detecção de infecções assintomáticas na população

geral) foram usados para agrupar os indivíduos segundo o risco (BR: baixo risco; MR:

moderado risco; AR: alto risco).

Figura 12 – Probabilidade estimada de acordo com os níveis de anticorpo de um comunicante exposto a infecção pelo M. leprae vir a desenvolver hanseníase. Um total de 332 comunicantes, moradores da área hiperendêmica de Mossoró (Rio Grande do Norte - Brasil) foram analisados com base nos níveis de anticorpo para o LD-1 (A) e LID-NDO (B). Triângulo azuis e vermelhos representam comunicantes que posteriormente, durante a coorte, desenvolveram hanseníase em sua forma paucibacilar ou multibacilar, respectivamente. Os pontos de corte definidos de acordo com os cenários 2 e 3 (linhas pontilhadas) foram utilizados para grupar os indivíduos em categorias de risco (BR: baixo risco; MR: moderado risco; AR: alto risco).

A taxa de incidência para cada grupo, de acordo com o antígeno utilizado, é

mostrada na Tabela 5. O risco relativo, calculado com base no grupo BR, de indivíduos

pertencentes ao grupo AR desenvolverem doença foi ao menos 7,7 vezes maior.

Interessantemente, foi observado que entre os comunicantes que desenvolveram

doença durante a coorte nenhum deles foi classificado no grupo de baixo risco (Figura

12A e B).

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

59

Tabela 5 – Classificação dos comunicantes em grupos de risco de acordo com os níveis de anticorpo anti-M. leprae e taxa de incidência estimada pelo modelo linear generalizado. LID-1 LID-NDO

Grupos Taxa de incidência estimada

RR Taxa de incidência estimada

RR

BR 2,1% 1,0 3,2% 1,0 MR 5,9% 2,8 8% 2,5 AR 30,2% 14,1 24,6% 7,7 Total 8,3% - 10,4% -

RR: risco relativo; BR: baixo risco; MR: moderado risco; AR: alto risco.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

60

6. MATERIAL E MÉTODOS (ESTUDO 2) 6.1 DESENHO DO ESTUDO E INDIVÍDUOS RECRUTADOS

O estudo 2 teve um desenho transversal e um outro longitudinal (Figura 13).

Todos os participantes foram recrutados em um dos dois centros de referência para o

tratamento da hanseníase localizados no município de Natal (Rio Grande do Norte,

Brasil): Hospital Giselda Trigueiro e Hospital Universitário Onofre Lopes.

Figura 13 – Indivíduos recrutados nos estudos transversal e longitudinal para análise do perfil de células B e imunoglobulinas. HHC: comunicante de caso de hanseníase; PB: paucibacilar; MB: multibacilar; RR: reação reversa; ENH: eritema nodoso hansênico.

No estudo transversal foram recrutados ao todo 96 indivíduos ao diagnóstico

da hanseníase (antes do início da poliquimioterapia) e sem a presença de reações

imunes (45 PB e 51 MB), 64 pacientes com reação hansênica (35 RR e 29 ENH) e 14

comunicantes. Foram excluídos do estudo indivíduos com menos de 18 anos de idade

ou aqueles que haviam realizado tratamento com corticosteróides ou talidomida nos

últimos 7 dias ou 30 dias antes da coleta de sangue, respectivamente. Optou-se por

recrutar especificamente comunicantes de casos MB pois estes indivíduos

apresentavam maior chance de terem sido expostos à infecção pelo M. leprae, no

entanto não apresentavam a doença, uma vez que todos passaram por avaliação

Estudo transversal

HHC(n= 14)

PB(n=45)

MB (n=51)

Estudo longitudinal (2 anos) (n= 46)

Não desenvolveram reação (n= 21)

Desenvolveram RR (n=16)

Desenvolveram ENH (n=9)

MB com episódio agudo de RR (n=35)

MB com episódio agudo de ENH (n=29)

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

61

dermatológica à época do recrutamento. Todos os comunicantes foram recrutados até

dezembro de 2014 e nenhum deles foi diagnosticado com hanseníase até dezembro

de 2016 (segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte).

O estudo transversal incluiu o seguimento dos casos novos de hanseníase por

um período mínimo de 2 anos, no qual foi avaliado o desenvolvimento ou não de

reações hansênicas (n= 46). Foram excluídos desse estudo pacientes que foram

transferidos para continuar o tratamento da hanseníase em centros de saúde

localizados em outros municípios, razão pela qual não seria possível acompanhar o

desenvolvimento de reações. Além disso, foram excluídos pacientes que

apresentaram posteriormente tanto RR quanto ENH ou apenas quadros de neurite

isolada.

6.2 OBTENÇÃO DE CÉLULAS MONONUCLEARES DO SANGUE

PERIFÉRICO (CMSP)

CMSP foram obtidas a partir do sangue coletado e armazenado em tubo

heparinizado. Após a coleta, em condições estéreis, o sangue obtido foi diluído em

solução salina isotônica (1:1). A mistura sangue-salina foi adicionada a tubos FALCON

de 50 mL contendo Ficoll-Paque Plus (GE Healthcare Life Sciences, Pittsburgh, PA)

e então centrifugada a 1200 rpm durante 40 minutos, a temperatura ambiente. Após

centrifugação, as células foram obtidas e então lavadas por três vezes com solução

salina (1800 rpm, 10 minutos). Posteriormente, foi realizada a quantificação das

células em câmera de Neubauer, com auxílio de microscopia óptica comum. A

concentração da solução foi então ajustada para 107 células/mL.

6.3 MARCAÇÃO DAS CÉLULAS E CITOMETRIA DE FLUXO

Os painéis de anticorpos usados para definir as diferentes populações de

células B foram desenhados de acordo com o proposto pelo Human Immunology

Project (MAECKER, 2012). Os anticorpos foram obtidos da BD PharmigenTM (San

Diego, CA, USA), a menos que especificado a seguir. Um total de 250 mil CMSP foram

incubadas a 4 ºC, durante 15 minutos, ao abrigo da luz, com um dos seguintes painéis:

1) anti-CD19-FITC (clone HIB19, eBioscience, San Diego, CA, USA), anti-CD27-PE

(clone M-T271), anti-CD38-PE-Cy5 (clone HIT2), anti-CD24-PE-Cy7 (clone ML5), anti-

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

62

CD20-APC (clone 2H7) e anti-CD3-APC-Cy7 (clone SK7); 2) anti-CD32-FITC (clone

3D3), anti-CD27-PE (clone M-T271), anti-CD21-PECy5 (clone B-ly4), anti-CD19-PE-

Cy7 (clone SJ25C1), anti-CD20-APC (clone 2H7) e anti-CD3-APC-Cy7 (clone SK7).

Um total de 50 mil eventos foram adquiridos dentro da população de linfócitos,

utilizando o FACS-Canto II flow cytometer (Becton Dickson, Franklin Lakes, NJ, USA)

e o programa FACSDiva versão 6.1.2 (Becton Dickson). Os dados coletados foram

analisados com o programa FlowJo versão 10.0.7 (TreeStar, Ashland, OR). Para a

análise, linfócitos foram selecionados de acordo com o tamanho e granulosidade e,

posteriormente, as células B foram selecionadas de acordo com a marcação com anti-

CD19 (Figura 14). Dentro da população de células B (CD19+), foram avaliadas

diferentes subpopulações, assim como o percentual de células expressando CD32 e

CD21. Controles de isotipo foram utilizados em todos os experimentos (IgG1-FITC,

eBioscience; IgG1-PE, eBioscience; IgG1-PERCP, Becton Dickson).

Figura 14 – Determinação das subpopulações de células B. Os linfócitos foram selecionados de acordo com o tamanho e granulosidade (FSC x SSC) e, posteriormente, as células B foram selecionadas de acordo com a marcação com anti-CD19. Dentro de população de células B (CD19+), foram avaliadas:

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

63

células B transitórias (CD19+CD24highCD38high), células B naïve (CD19+CD27-CD20+), células B de memória (CD19+CD27+CD20+) e plasmoblastos (CD19+CD27+CD20-).

6.4 OBTENÇÃO E ARMAZENAMENTO DO SORO Para obtenção do soro, o sangue coletado e armazenado em tubos sem

anticoagulantes foi centrifugado a 4º C, por 10 minutos, a 2000 rpm. Alíquotas foram

obtidas e armazenadas a -20 ºC.

6.5 QUANTIFICAÇÃO DAS SUBCLASSES DE IMUNOGLOBULINAS

A quantificação de IgG2, IgG3, IgG4, IgM, IgA e IgE foi feita a partir do soro

armazenado a -20 ºC. Esta quantificação foi realizada utilizando a técnica de CBA

(Cytometric Bead Array), de acordo com protocolo especificado pelo fabricante

(Becton Dickson, San Diego, CA, USA). Os dados foram adquiridos com o FACS-

Canto II flow cytometer (Becton Dickson, Franklin Lakes, NJ, USA) e utilizando o

programa FACSDiva versão 6.1.2 (Becton Dickson). A análise dos resultados foi feita

com o programa FCAP ArrayTM versão 3.0 (Becton Dickson). Para quantificação de

IgG1, não disponível através de CBA, foi utilizado o ensaio imunoenzimático (ELISA),

realizado de acordo com especificações do fabricante (Affymetrix eBioscience,

Vienna, Austria). A concentração de IgG1 em cada amostra foi determinada a partir

de uma curva padrão, por análise de regressão não-linear feita com o programa

GraphPad Prism versão 5.0 para Windows (San Diego, CA, USA).

6.6 DETECÇÃO DE ANTICORPOS ESPECÍFICOS PARA O Mycobacterium

leprae

Para quantificação de anticorpos específicos para o M. leprae foi utilizado o

ELISA com o antígeno recombinante LID-NDO. Esse antígeno foi produzido e cedido

pelo Dr. Steven G. Reed (Infectious Disease Research Institute, Seatle, USA). A

metodologia utilizada foi de acordo com protocolo previamente estabelecido (AMORIM

et al., 2016; DUTHIE et al., 2014). Cada amostra foi avaliada em duplicada e a

densidade óptica obtida com o LID-NDO foi subtraída daquela obtida utilizando-se o

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

64

placebo. Duas amostras controles foram incluídas em cada placa para normalização

dos dados e ajustes para variações entre placas realizadas em dias distintos.

6.7 QUANTIFICAÇÃO DE COMPLEXOS IMUNES E PROTEÍNAS DO

COMPLEMENTO

Complexos imunes ligados a C3d (CIC-C3d) e as proteínas da via clássica de

ativação do complemento C1q, C2 e C4 foram quantificadas a partir do soro

armazenado a -20 ºC. Para quantificação, foi utilizado o ensaio imunoenzimático,

seguindo protocolo especificado pelo fabricante (Abcam, Cambridge, UK). A

concentração dos complexos imunes e das proteínas em cada amostra foi

determinada a partir de uma curva padrão por análise de regressão não-linear feita

com o programa GraphPad Prism versão 5.0 para Windows.

6.8 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Para análise comparativa entre comunicantes, casos paucibacilares e

multibacilares foi utilizada a análise de variância (ANOVA) ou o teste Kruskal-Wallis,

seguidos dos pós testes de Dunnett’s ou Dunn’s, para dados paramétricos e não-

paramétricos, respectivamente. Os mesmos testes foram utilizados para comparar, no

estudo longitudinal, o grupo de pacientes MB que não desenvolveu reação e aqueles

que desenvolveram RR ou ENH. Para análises comparativas envolvendo apenas dois

grupos foram utilizados os testes t de Student e o teste de Mann-Whitney, a depender

da distribuição dos dados, se paramétricos ou não paramétricos, respectivamente.

Análises de correlação simples foram realizadas através dos testes de correlação de

Pearson (dados paramétricos) ou de Spearman (dados não-paramétricos).

Para análises multivariadas, incluindo a expressão dos receptores em células

B e a quantificação de imunoglobulinas no sangue, foram realizadas: análise de perfil

(avaliando as hipóteses de paralelismo e coincidência); análises de componentes

principais (PCA); correlações canônicas (para comparação entre as PC1 de dois

conjuntos distintos de variáveis) e análise discriminante. Os dois conjuntos de

variáveis incluídos nas análises foram: 1) Seis variáveis resposta definidas em três

grupos de células (células B totais, células B de memória e plasmoblatos) e dois

receptores (CD32 e CD21); 2) Oito variáveis resposta representando as diferentes

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

65

classes de imunoglobulinas e o anticorpo específico anti-LID-NDO. Nas análises de

perfis, nos casos em que o paralelismo foi rejeitado, foi feita uma ANOVA univariada

para cada receptor e aplicado o teste de comparações múltiplas LSD Fisher. Na

análise de componentes principais, as duas primeiras componentes de cada conjunto

foram extraídas e a partir destas realizado uma MANOVA, seguida de ANOVA

univariada, nos casos onde ocorreu diferença significativa entre os perfis das

componentes. Para avaliar uma possível correlação existente entre os dois conjuntos

de variáveis foi feita uma análise de correlação canônica. Essa análise determina se

alguma correlação linear do conjunto dos receptores apresenta relação com alguma

correlação linear do conjunto avaliado de imunoglobulinas. Por fim, utilizando os dois

conjuntos de variáveis (n=14) foi realizada uma análise discriminante stepwise

forward. Essa análise avaliou o poder de classificação dos indivíduos em seus

respectivos grupos com base em variáveis selecionadas entre as 14. Os resultados

das análises multivariadas foram ilustrados através de gráficos de perfis e diagramas

de dispersão. Para cada variável, foram estimadas as médias e os desvios-padrão.

Para análise do valor preditivo da sorologia anti-LID-NDO para o

desenvolvimento de reações foi utilizado o modelo de regressão logística binomial, no

qual foi considerado como variável resposta o densenvolvimento de reação, como

variável preditora a densidade óptica das amostras e como co-variáveis sexo e idade.

Com base no modelo foi calculada a razão de chance (odds ratio).

Nas análises foram utilizados os programas: Excel 2013 (Microsoft), GraphPad

Prism (versão 5.0 para Windows), R (versão 3.2.2) e Statistica (versão 7.0, StatSoft

1984-2004). Valores de p ≤ 0,05 foram considerados significativos.

6.9 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

O protocolo utilizado neste estudo foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP-UFRN) e pelo Comitê Nacional

de Ética em Pesquisa (CONEP/CNS/ Ministério da saúde, Brasília), cujo protocolo é

o CAAE 0042.0.051.051-09. Todos os participantes foram informados sobre o objetivo

do estudo e assinaram termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) antes da

coleta das amostras.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

66

7. RESULTADOS (ESTUDO 2)

7.1 CARACTERIZAÇÃO DOS GRUPOS

Para o estudo envolvendo as células B foram incluídos 14 comunicantes de

casos multibacilares, 54 casos de hanseníase (24 PB e 30 MB) e 16 pacientes com

reação hansênica (9 RR e 7 ENH). Para as outras análises, amostras adicionais foram

utilizadas. As características dos indivíduos ao recrutamento estão presentes na

Tabela 6. Não houve diferença estatística entre a média de idade dos diferentes

grupos (p = 0,0734). A proporção entre homens e mulheres foi significativamente

diferente apenas entre PB e MB (p= 0,0274) os quais apresentaram 42,2% e 64,7%

de homens, respectivamente.

Tabela 6 – Características gerais dos grupos estudados na caracterização do perfil de células B e imunoglobulinas.

Variável HHC (n=14)

PB (n=45)

MB (n =51)

MB com RR (n= 35)

MB com ENH (n =29)

p-valor

Idade, anos 42,9 (± 19,8)

44,9 (± 16,3)

52,1 (± 14,9)

51,8 (± 15,0)

45,6 (± 18.3)

0,0734a

Sexo, n (%) Masculino 5 (35,7) 19 (42,2)b 33(64,7)b 21 (63,6) 19 (65,5) 0,0274b Feminino 9 (64,3) 26 (57,8) 18 (35,3) 12 (36,4) 10 (34,5) Forma clínica de R-J, n

TT - 34 0 0 0 - BT - 8 10 6 0 - BB - 0 14 16 0 - BL - 0 15 11 10 - LL - 0 8 0 16 - ND - 3 4 2 3 - Situação na PQT, n Antes - 45 51 14 3 - Durante - 0 0 15 9 - Após - 0 0 6 17 - Sorologia positiva anti- M. leprae, n (%)

3 (21,4) 8 (17,8) 36 (70,6) 27 (77,1) 21 (72,4) -

A idade está representada como a média (± desvio padrão). HHC: comunicantes; PB: paucibacilares; MB: multibacilares; RR reação reversa; ENH: eritema nodoso hansênico; R-J: Ridley e Jopling; TT: tuberculóide; BT: borderline-tuberculóide; BB: borderline-borderline; BL: borderline-lepromatoso; LL: lepromatoso; ND: paciente com biópsia não realizada e, portanto, sem a forma clínica de Ridley e Jopling definida; PQT: poliquimioterapia; a: análise da variância (ANOVA); b: chi-quadrado e teste exato de Fisher.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

67

De acordo com a classificação de Ridley e Jopling, a maior parte dos PB

apresentaram a forma clínica TT (34/42), enquanto para os MB a maior parte

apresentava a forma clínica BL (15/47). Considerando os indivíduos recrutados

durante a manifestação aguda dos episódios reacionais, a maior parte dos indivíduos

recrutados com RR apresentou a reação antes da PQT (40%) ou durante a PQT

(42,8%). Por outro lado, entre os indivíduos recrutados com ENH a maior parte já

havia concluído a PQT (58,6%). A análise sorológica dos participantes mostrou que

21,7% dos comunicantes (HHC) apresentavam sorologia positiva para o M. leprae, no

entanto todos foram examinados por dermatologista experiente na área e não

apresentavam nenhum sinal clínico de hanseníase. Além disso, estes foram

recrutados em 2014 e até dezembro de 2016 não haviam desenvolvido doença. Entre

os casos paucibacilares, apenas cerca de 18% apresentaram sorologia positiva. Por

outro lado, a maior parte dos MB apresentaram resposta positiva, independentemente

da presença ou não de reação hansênica (Tabela 6).

7.2 PERFIL DE CÉLULAS B NO SANGUE PERIFÉRICO DE PACIENTES

COM HANSENÍASE

Inicialmente, foi determinada a frequência de células B totais (CD19+) dentro

da população de linfócitos circulantes no sangue periférico. Foi observado que

pacientes com a forma MB da hanseníase apresentaram uma maior frequência de

células B (11,3%, p= 0,0028) quando comparados a comunicantes (8,4%) e a

pacientes PB (7,7%) (Figura 15A). Considerando a classificação de Ridley e Jopling,

foi verificado que esta diferença foi ainda mais evidente quando pacientes com a forma

polar TT (7,8%) são comparados a pacientes com a forma polar LL (13,4%, p = 0,0262)

(Figura 15B). Embora fraca, houve uma correlação positiva entre a frequência de

células B no sangue periférico e o índice baciloscópico dos indivíduos (r= 0,2478, p=

0,0447) (Figura 15C).

Posteriormente, buscou-se avaliar a frequência de diferentes subpopulações

de células B presentes no sangue periférico. Células B transitórias

(CD19+CD24highCD38high) são as primeiras células B a migrarem da medula óssea e

a se diferenciarem. Quando a frequência desta população foi avaliada entre PB, MB

e o grupo controle (comunicantes) nenhuma diferença foi observada (Figura 16A).

Quanto à população de células B naïve (CD19+CD27-CD20+), verifou-se uma redução

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

68

na frequência destas células em indivíduos PB (68,1%) em relação ao grupo controle

HHC (76,2%, p = 0,0355) (Figura 16B). Avaliando-se as células B de memória

(CD19+CD27+CD20+), verificou-se uma maior frequência destas no sangue de

pacientes PB (28,4%) quando comparados aos comunicantes (21%) e aos MB

(20,5%), contudo esta diferença não foi estatisticamente significativa (Figura 16C). Por

outro lado, quando avaliada a frequência de plasmoblastos (CD19+CD27+CD20-), foi

observado que indivíduos MB (7,4%) apresentaram um percentual significativamente

maior que indivíduos com a forma PB (5,6%, p= 0,0318) (Figura 16D). Esta diferença

foi ainda mais evidente quando comparados indivíduos com as formas polares TT

(5,9%) e LL (8,6%, p = 0,0342) (Figura 16E).

Figura 15 – Frequência de células B no sangue periférico durante a hanseníase. Frequência de células B (CD19+) no sangue periférico de pacientes de comunicantes e casos hanseníase (A). Frequência de células B no sangue periférico de pacientes classificados de acordo com as formas clínicas de Ridley e Jopling (B). Correlação de Pearson entre percentual de células B no sangue periférico e o índice baciloscópico dos pacientes (C). Sendo * p ≤ 0,05; **, p ˂ 0,01. As barras horizontais representam os valores médios e as barras verticais o erro padrão da média. HHC: comunicante; PB: paucibacilar; MB: multibacilar; TT: tuberculóide; BT: borderline-tuberculóide; BB: borderline-borderline; BL: borderline-lepromatoso; LL: lepromatoso;

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

69

Figura 16 – Frequência de diferentes subpopulações de células B no sangue periférico durante a hanseníase. Frequência de células B transitórias (CD19+CD24highCD38high) (A), células B naïve (CD19+CD27-CD20+) (B), células B de memória (CD19+CD27+CD20+) (C) e plasmoblastos (CD19+CD27+CD20-) (D) no sangue periférico de comunicantes e casos hanseníase. Frequência de plasmoblastos no sangue periférico de pacientes classificados de acordo com as formas clínicas de Ridley e Jopling (E). Sendo * p ≤ 0,05. As barras horizontais representam os valores médios e as barras verticais o erro padrão da média. HHC: comunicante; PB: paucibacilar; MB: multibacilar; TT: tuberculóide; BT: borderline-tuberculóide; BB: borderline-borderline; BL: borderline-lepromatoso; LL: lepromatoso.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

70

7.3 FREQUÊNCIA DE CD32B (FCγRIIB) E CD21 (CR2) EM CÉLULAS B DE

PACIENTES COM HANSENÍASE

Considerando que CD32 e CD21 estão diretamente envolvidos na regulação

da sinalização de células B, modulando a ativação destas e a produção de anticorpos,

buscamos avaliar a expressão destes nas diferentes populações de células B

presentes no sangue periférico.

Observou-se que pacientes MB apresentaram um reduzido percentual de CD32

nas células B quando comparados aos comunicantes (88,4% vs 93,5%, p = 0,03)

(Figura 17A). Quando os pacientes foram analisados segundo a classificação de

Ridley e Jopling, observou-se uma clara diferença quanto o percentual de CD32 nas

células B de indivíduos TT (91,9%) e LL (85,2%, p = 0,0196) (Figura 17B).

Figura 17 – Expressão de CD32 em diferentes subpopulações de células B presentes no sangue periférico durante a hanseníase. Expressão de CD32 na população total de células B (CD19+) em comunicantes e pacientes com hanseníase agrupados segundo a classificação operacional (A) e segundo as formas clínicas de Ridley e Jopling (B). Expressão de CD32 em células B de memória (CD19+CD27+CD20+) (C) e plasmoblastos (CD19+CD27+CD20-) (D) em comunicantes e pacientes com hanseníase. Sendo * p ≤ 0,05; **, p ˂ 0,01. As barras horizontais representam os valores médios e as

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

71

barras verticais o erro padrão da média. HHC: comunicante; PB: paucibacilar; MB: multibacilar; TT: tuberculóide; BT: borderline-tuberculóide; BB: borderline-borderline; BL: borderline-lepromatoso; LL: lepromatoso.

Avaliando a expressão de CD32 dentro das subpopulações de células B,

verificou-se que não houve diferença quanto a expressão deste nas células de

memória dos diferentes grupos (Figura 17C). No entanto, houve uma reduzida

expressão de CD32 em plasmoblastos de pacientes MB (77,4%, p= 0,0082) quando

comparados a comunicantes (87,5%) e paucibacilares (83,9%) (Figure 17D). Quanto

a CD21, não foram observadas diferenças quanto a expressão deste entre os grupos

para nenhuma das populações de células B avaliadas (Figura 18).

Figura 18 – Expressão de CD21 em diferentes subpopulações de células B presentes no sangue periférico durante a hanseníase. Expressão de CD21 na população total de células B (CD19+) em comunicantes e pacientes com hanseníase agrupados segundo a classificação operacional (A) e segundo as formas clínicas de Ridley e Jopling (B). Expressão de CD21 em células B de memória (CD19+CD27+ CD20+) (C) e plasmoblastos (CD19+CD27+CD20-) (D) em comunicantes e pacientes com hanseníase. As barras horizontais representam os valores médios e as barras verticais o erro padrão da média. HHC: comunicante; PB: paucibacilar; MB: multibacilar; TT: tuberculóide; BT: borderline-tuberculóide; BB: borderline-borderline; BL: borderline-lepromatoso; LL: lepromatoso.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

72

Na análise de perfil dos receptores os resultados de interesse foram o efeito

principal do fenótipo (HHC, PB e MB) e as interações dos fatores-resposta (tipo de

célula B e expressão dos receptores CD32 e CD21) com o fenótipo. Na análise dos

perfis dos receptores em células B em geral, verificou-se há um efeito do fenótipo

(HHC, PB, MB) sobre a expressão dos receptores (p=0,0001, perfis não paralelos)

(Figura 19). Uma vez rejeitada a hipótese de paralelismo, foi feita uma análise

univariada para a expressão de cada molécula. O teste de comparação múltipla LSD

de Fisher mostrou que quanto à expressão de CD32 em células B em geral, o grupo

MB difere do grupo PB (p=0,0334) e do grupo HHC (p=0,0109). Quanto a CD21, não

houve diferença entre os perfis (Figura 19).

PB MB HHC

CD32 CD21

MOLECULA

76

78

80

82

84

86

88

90

92

94

96

98

100

% N

os ti

pos

celu

lare

s

Figura 19 - Perfis médios de expressão das moléculas de receptores (CD32 e CD21) segundo os fenótipos (HHC, PB e MB) no conjunto de células B avaliadas. Os perfis foram não paralelos (p=0,00017), o que indica que há um efeito dos fenótipos sobre a expressão dos receptores em células B. As barras verticais representam intervalos de confiança de 95%. HHC: comunicantes; PB: paucibacilares; MB: multibacilares.

Na análise das componentes principias (PCA) para os receptores (%CD32 e

%CD21 nos diferentes tipos de células B), foi observado que as primeiras duas

componentes explicavam 71,39% da variação total para os seis grupos avaliados,

sendo, portanto, suficientes para representá-los. A PC1 representa um índice geral

dos receptores e a PC2 faz um contraste entre %CD21 vs %CD32, de modo que um

indivíduo com escore positivo apresenta maior nível de expressão de CD21 em suas

células B em relação a expressão de CD32. Por outro lado, indivíduos com escores

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

73

negativos seriam aqueles com menor expressão de CD21 em relação a CD32. Um

teste MANOVA tendo como resposta as duas componentes mostrou perfis de

componentes principais diferentes (Lambda Wilks=0,8214; p=0,0129). Em vista dessa

diferença, uma análise de ANOVA para cada componente mostrou pelo teste de

comparações múltiplas LSD de Fisher que para PC1, MB é diferente de HHC

(p=0,0395) e para PC2, MB difere de HHC (p=0,0254) e de PB (p=0,0125) (Figura 20).

Uma vez que a PC2 indica um contraponto ente CD21 e CD32, escore altos e positivos

observados na maior parte dos indivíduos MB indicam um aumento na expressão de

CD21 em relação a CD32 nestes indivíduos (observar que na Figura 20 o quadrante

superior direito agrupa predominantemente indivíduos MB e que nos quadrantes

inferiores há poucos indivíduos MB).

PBPB MB

MB

PB

MB

PB

PB

MB

PB

PB

MB

MB

MB PB

MB

MB

MB

PB

MB

MBMB

MB MBPB

MB

PB

MB

HHCHHC

HHC

HHC

HHC

HHC

PB

MB

PB

MB

PB

PB

MB

MB

PBPB

MB

PB

PB

PBPB

HHC

HHCHHC

HHC

HHC

HHC

HHC

HHC

MB

MB

MB MBMB

PB

MBPB MB MBPB

-6 -4 -2 0 2 4 6 8 10

PC 1: 46.23%

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

PC

2: 2

5.16

%

Figura 20 – Distribuição dos indivíduos segundo as componentes principais 1 (PC1) e 2 (PC2) da análise geral envolvendo a expressão dos receptores CD32 e CD21 nos diferentes tipos de células B. HHC: comunicantes; PB: paucibacilares; MB: multibacilares.

7.4 DISTRIBUIÇÃO DE SUBCLASSES DE IMUNOGLOBULINAS E

COMPLEXOS IMUNES NO SANGUE PERIFÉRICOS DE PACIENTES

COM HANSENÍASE

A Tabela 6 mostra a concentração das diferentes classes e subclasses de

imunoglobulinas no sangue de comunicantes e pacientes com hanseníase. Foi

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

74

observado que há um aumento na concentração de IgG1 em pacientes MB (842,8

mg/dL) quando comparados a PB (697,3 mg/dL, p= 0,0289) (Figure 21A, Tabela 7).

Este aumento em IgG1 foi correlacionado com o índice baciloscópico dos pacientes

(r=0,4245; p=0,0031). Durante a doença, seja em sua forma PB (426,2 mg/dL) ou MB

(413,8 mg/dL), verificou-se uma redução na concentração de IgG2 no sangue quando

comparados aos comunicantes (690,2 mg/dL p= 0,0196) (Figura 21B, Tabela 7).

Nenhuma outra diferença foi observada quanto aos níveis de IgG3, IgG4, IgM, IgA e

IgE (Tabela 7).

Figura 21 – Concentração de IgG1 (A), IgG2 (B) e complexos imunes ligados a C3d (CIC-C3d)(C) no sangue de comunicantes e pacientes com hanseníase. Sendo * p ≤ 0,05; **, p ˂ 0,01. As barras horizontais representam os valores médios e as barras verticais o erro padrão da média. HHC: comunicante; PB: paucibacilar; MB: multibacilar.

Posteriormente, a quantificação de complexos imunes ligados a C3d mostrou

um aumento na concentração destes no sangue de pacientes MB (748,6 μg/Eq/mL,

p= 0,0107) quando comparados a comunicantes (512 μg/Eq/mL) e PB (434 μg/Eq/mL)

(Figura 21C). Considerando as formas clínicas de Ridley e Jopling, essa diferença foi

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

75

mais claramente observada quando comprados indivíduos com as formas polares TT

(438,3 μg/Eq/mL) e LL (1015 μg/Eq/mL, p= 0,0163).

Tabela 7 – Concentração das diferentes classes e subclasses de imunoglobulinas no sangue de comunicantes e casos de hanseníase. Imunoglobulina HHC PB MB p-valor IgM (mg/dL) 168,7 ± 22,4 113,7 ± 10,4 136,1 ± 15,5 0,0733 IgG1 (mg/dL) 727,7 ± 90,5 697,3 ± 47,8a 830,1 ± 43a 0,0428 IgG2 (mg/dL) 690,2 ± 168,5a,b 426,2 ± 61,2a 413,7 ± 73b 0,0176 IgG3 (mg/dL) 134,8 ± 40,7 128,7± 27,2 169,6 ± 46,4 0,9501 IgG4 (mg/dL) 96,1± 55,5 75,02 ± 19,7 81 ± 19,9 0,8854 IgA (mg/dL) 433,3 ± 102,7 346,8 ± 27 378,6 ± 27,9 0,6604 IgE (ng/mL) 117,4 ± 30 230 ± 54,9 194,9 ± 24,1 0,2260

HHC: comunicantes; PB: paucibacilares; MB: multibacilares. A concentração das diferentes imunoglobulinas está representada como média ± erro padrão da média. As letras representam diferenças estatísticas entre os grupos (p ≤ 0,05).

Na análise dos perfis das diferentes classes de imunoglobulinas e de anticorpos

específicos (anti-LID-NDO) concluiu-se que estes são paralelos (p=0,2500) e

coincidentes entre os três grupos avaliados (HHC, PB e MB) e não existe efeito

principal do fenótipo (p=0,3809) (Figura 22).

PB MB HHC

IgM

(mg/

dL)

IgG

1(m

g/dL

)

IgG

2 (m

g/dL

)

IgG

3 (m

g/dL

)

IgG

4 (m

g/dL

)

IgA

(mg/

dL)

IgE

(ng/

mL)

anti-

LID

-ND

O (O

D)-400

-200

0

200

400

600

800

1000

1200

Res

post

a m

édia

Figura 22 - Perfis médios das imunoglobulinas e anticorpo específico anti-LID-NDO no sangue segundo os fenótipos (HHC, PB e MB). Os perfis são paralelos e coincidentes (p=0,2500) indicando que não há um efeito do fenótipo sobre as variáveis. As barras verticais representam intervalos de confiança de 95%. HHC: comunicantes; PB: paucibacilares; MB: multibacilares.

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

76

A análise de componentes principais do conjunto de imunoglobulinas mostrou

que as duas primeiras componentes explicavam apenas 42% da variação total (Figura

23). A análise MANOVA mostrou diferença entre os perfis de componentes principais

(Lambda Wilks=0,8480; p=0,0381). A ANOVA seguida do teste de múltiplas

comparações LSD de Fisher mostrou que a PC1 foi diferente entre MB e PB

(p=0,0203).

PBPB

MB

MB

PB

MB

PB

PBMB

PBPB

MB

MBMB

PBMB

MB

MB

PB

MB

MB

MB MBPB

MB

PB

MB

HHC

HHCHHC

HHC

HHC

PB

MB

PB

MB

PB

MB

MBHHC

HHC

HHC

HHC

HHC

HHC

HHC

HHCPB

MB

MB

MB

MB

MB

MB

MB

PB

PB

PB

PB

PB

PB

PB

MB

MB

MB

-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8

PC 1: 25.38%

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

PC

2: 1

6.97

%

Figura 23 – Distribuição dos indivíduos segundo as componentes principais 1 (PC1) e 2 (PC2) da análise envolvendo as diferentes subclasses de imunoglobulinas e o anticorpo específico anti-LID-NDO. HHC: comunicantes; PB: paucibacilares; MB: multibacilares.

Na análise de correlação canônica verificou-se que existe uma forte correlação

(r=0,7377; p=0,06215) entre a expressão dos receptores nas células B e a

concentração de imunoglobulinas no sangue, sendo cada conjunto de variáveis

representado por sua primeira variável canônica. A Figura 24 ilustra esta correlação.

Observar, na Figura 24, que os dois indivíduos com mais alto escore em ambas as

análises são indivíduos MB, já entre os três indivíduos com mais baixos escores estão

dois HHC e um PB.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

77

-3 -2 -1 0 1 2 3 4

Receptores

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

Imun

oglo

bulin

as

Figura 24 – Diagrama dos indivíduos segundo a primeira variável canônica dos receptores versus a primeira variável canônica das imunoglobulinas (Y=-4,0827E-8 + 0,7374*X). Os dois indivíduos com mais alto escore em ambas as análises, são indivíduos MB, enquanto os três indivíduos com mais baixos escores são HHC (n=2) e PB (n=1).

Considerando os conjuntos de variáveis expressão dos receptores CD32 e

CD21 em células B e o conjunto de variáveis imunoglobulinas, o que totaliza 14

variáveis, foi observado através de análise discriminante stepwise forward que

utilizando 10 destas variáveis é possível construir uma regra de classificação dos

indivíduos em seus respectivos grupos (HHC, PB e MB), com uma probabilidade total

de acertos de 91,8% (Tabela 8). Observar na Tabela 9 as variáveis que entraram no

modelo de discriminação, ordenadas segundo a contribuição de cada uma para o

modelo (poder discriminante).

Tabela 8 – Matriz de classificação construída segundo análise discriminante stepwise forward utilizando os conjuntos de variáveis expressão dos receptores CD32 e CD21 em células B e o conjunto de variáveis imunoglobulinas. Grupo Percentual de

acerto Grupo predito Total

PB MB HHC PB 92,86 13 0 1 14 MB 90,91 1 20 1 22 HHC 92,31 1 0 12 13 Total 91,84 15 20 14 49

HHC: comunicantes; PB: paucibacilares; MB: multibacilares.

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

78

Tabela 9 – Variáveis que entraram no modelo de análise discriminante stepwise forward utilizando os conjuntos de variáveis expressão dos receptores CD32 e CD21 em células B e o conjunto de variáveis imunoglobulinas e o poder discriminante de cada variável no modelo. Variáveis preditoras Wilks & apos Valor de p Anti-LID-NDO 0,3065 < 0,0001 IgE 0,2388 0,0050 % CD32 em plasmoblastos 0,2295 0,0105 % CD21 em plasmoblastos 0,2287 0,0112 % CD32 em células B de memória 0,2123 0,0445 % CD32 em células B 0,2088 0,0601 IgG2 0,2006 0,1271 % CD21 em células B 0,2002 0,1310 IgG4 0,1995 0,1300 IgG3 0,1917 0,2937

HHC: comunicantes; PB: paucibacilares; MB: multibacilares.

7.5 QUANTIFICAÇÃO DE PROTEÍNAS ENVOLVIDAS NA VIA CLÁSSICA DE

ATIVAÇÃO DO SISTEMA COMPLEMENTO NO SANGUE DE PACIENTES

COM HANSENÍASE

As proteínas C1q, C2 e C4 estão envolvidas na cascata de ativação do sistema

complemento mediada por complexos imunes. Quando quantificadas no soro, não foi

observada nenhuma diferença na concentração de C1q (HHC= 373 μg/mL, PB= 350,6

μg/mL, MB= 307,5 μg/mL; p= 0,4389) ou C4 (HHC= 471,8 μg/mL, PB= 511,6 μg/mL,

MB= 520,1 μg/mL; p= 0,8516) entre os diferentes grupos estudados (Figura 25A e C).

No entanto, foi observado um significativo aumento na concentração de C2 no soro

de pacientes MB (48,1 μg/mL) quando comparada a observada em pacientes PB (40,3

μg/mL, p = 0,0248) (Figura 25B).

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

79

Figura 25 – Concentração de C1q (A), C2 (B) e C4 (C) no sangue de comunicantes e casos de hanseníase. Sendo **, p ˂ 0,01. As barras horizontais representam os valores médios e as barras verticais o erro padrão da média. HHC: comunicante; PB: paucibacilar; MB: multibacilar.

7.6 PERFIL DE CÉLULAS B E EXPRESSÃO DE CD32B (FCγRIIB) E CD21

(CR2) NOS EPISÓDIOS REACIONAIS HANSÊNICOS

Para entender melhor possíveis alterações associadas a manifestação das

reações hansênicas, buscamos fatores que possam desencadear os episódios

reacionais (estudo longitudinal) e fatores envolvidos na manifestação aguda destes

(estudo transversal). Para o primeiro caso, foi comparado o perfil de células B em

indivíduos MB ao diagnóstico da hanseníase em três diferentes grupos: 1. MB que

durante a coorte não apresentaram nenhum tipo de reação; 2. MB que desenvolveram

RR durante a coorte; 3. MB que desenvolveram ENH. Posteriormente, foram

comparados pacientes que iriam desenvolver alguma das duas formas de reação com

pacientes com apresentação aguda da mesma (RR ou ENH).

Entre as diferentes subpopulações de células B avaliadas, não foi observada

nenhuma alteração que pudesse ser considerada como preditiva para aqueles que

desenvolveriam reação, RR ou ENH (Figura 26). No entanto, foi observado que

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

80

durante o ENH agudo (13,8%) há um significativo aumento na frequência de

plasmoblastos no sangue periférico quando comparados a pacientes MB antes do

desenvolvimento de ENH (ao diagnóstico da hanseníase) (8,01%, p= 0,0497) e a

pacientes com RR aguda (7,94%, p = 0,0103) (Figura 26D).

Figura 26 – Frequência de diferentes subpopulações de células B no sangue periférico antes e durante a manifestação das reações hansênicas. Frequência de células B totais (CD19+) (A), células B transitórias (CD19+CD24highCD38high) (B), células B naïve (CD19+CD27-CD20+) (C), células B de memória (CD19+CD27+CD20+) (D) e plasmoblastos (CD19+CD27+CD20-) (E). Considerando o estudo

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

81

longitudinal, as comparações foram feitas entre indivíduos MB recrutados ao diagnóstico da hanseníase e que não desenvolveram subsequentemente reação (Reação -/-) e aqueles que desenvolveram posteriormente reação reversa (RR -/+) ou eritema nodos hansênico (ENH -/+) (representados na cor cinza). Com os dados do estudo transversal, foram comparados os casos MB que desenvolveriam reação e aqueles com reação aguda (RR+ ou ENH+) (dados representados na cor preta). Sendo * p ≤ 0,05. As barras horizontais representam os valores médios e as barras verticais o erro padrão da média.

Não foi observada nenhuma diferença quanto a frequência de CD32 nas

populações de células B entre os diferentes grupos considerados (Figura 27).

Figura 27 – Expressão de CD32 em diferentes subpopulações de células B presentes no sangue periférico antes e durante a manifestação das reações hansênicas. Frequência de CD32 em células B totais (A), células B de memória (B) e plasmoblastos (C). Considerando o estudo longitudinal, as comparações foram feitas entre indivíduos MB recrutados ao diagnóstico da hanseníase e que não desenvolveram subsequentemente reação (Reação -/-) e aqueles que desenvolveram posteriormente reação reversa (RR -/+) ou eritema nodos hansênico (ENH -/+) (representados na cor cinza). Com os dados do estudo transversal, foram comparados os casos MB que desenvolveriam reação e aqueles com reação aguda (RR+ ou ENH+) (dados representados na cor preta). As barras horizontais representam os valores médios e as barras verticais o erro padrão da média.

Quanto a CD21, foi observado que durante a manifestação aguda do ENH

(80,4%) há uma diminuição na frequência de CD21 na população de células B quando

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

82

comparado ao observado em pacientes MB antes do desenvolvimento do ENH (ao

diagnóstico da hanseníase) (90,6%, p= 0,0129) (Figura 28A). Quando avaliada a

expressão de CD21 nas diferentes populações de células B, verificou-se que esta

diminuição foi especificamente na população de plasmoblastos (71,5% vs 89,9%,

respectivamente; p= 0,0481) (Figura 28C). Durante a manifestação aguda da RR

(82,39%) também foi observada uma diminuição na frequência de CD21 em células B

em comparação ao grupo de pacientes MB que desenvolveriam posteriormente

RR(90,7%), no entanto esta diferença não chegou a ser significativa (p=0,0587)

(Figura 28A).

Figura 28 – Expressão de CD21 em diferentes subpopulações de células B presentes no sangue periférico antes e durante a manifestação das reações hansênicas. Frequência de CD21 em células B totais (A), células B de memória (B) e plasmoblastos (C). Considerando o estudo longitudinal, as comparações foram feitas entre indivíduos MB recrutados ao diagnóstico da hanseníase e que não desenvolveram subsequentemente reação (Reação -/-) e aqueles que desenvolveram posteriormente reação reversa (RR -/+) ou eritema nodos hansênico (ENH -/+) (representados na cor cinza). Com os dados do estudo transversal, foram comparados os casos MB que desenvolveriam reação e aqueles com reação aguda (RR+ ou ENH+) (dados representados na cor preta). Sendo * p ≤ 0,05. As barras horizontais representam os valores médios e as barras verticais o erro padrão da média.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

83

A análise multivariada de perfil usando o conjunto expressão dos receptores

CD32 e CD21 em células B em geral mostrou, considerando os cinco grupos avaliados

(Reação -/-; RR -/+; RR+; ENH -/+ e ENH+), que os perfis não foram paralelos (p=

0,0147), indicando um efeito do fenótipo grupo sobre a expressão dos receptores em

células B. No entanto a análise MANOVA, considerando todos as seis variáveis

(expressão dos receptores CD32 e CD21 em três grupos de células B, cada), não

mostrou nenhuma diferença significativa. Possivelmente, uma limitação na análise foi

o pequeno tamanho amostral de alguns grupos.

7.7 PERFIL DE IMUNOGLOBULINAS E CONCENTRAÇÃO DE COMPLEXOS

IMUNES NO SANGUE DURANTE OS EPISÓDIOS REACIONAIS

HANSÊNICOS

Quanto às subclasses de imunoglobulinas, foi observado que pacientes MB que

vão evoluir com o desenvolvimento de ENH já apresentam níveis mais elevados de

IgM (278,3 mg/dL, p=0,0005) (Tabela 8, Figura 29A) e IgG1 (1059 mg/dL, p=0,02117)

(Tabela 8, Figura 29B) no momento do diagnóstico da hanseníase quando

comparados àqueles que não desenvolvem nenhum tipo de reação (IgM= 76,15

mg/dL; IgG1= 766,2 mg/dL) ou àqueles que desenvolvem RR (IgM= 128,7 mg/dL;

IgG1= 767,3 mg/dL). Paralelo a esta observação, foi verificado que estes mesmos

pacientes já apresentavam níveis mais elevados de complexos imunes no sangue

(1213 μg/Eq/mL, p=0,0195) (Tabela 10, Figura 29C) quando comparados àqueles que

não desenvolveram nenhum tipo de reação (491,6 μg/Eq/mL).

Não foram observadas alterações no perfil de imunoglobulinas e complexos

imunes durante a manifestação aguda da reação reversa. No entanto, durante o ENH

foi observado que há uma diminuição nos níveis séricos de IgM (157,2 mg/dL;

p=0,0161) e IgG1 (868,9 mg/dL, p=0,0413) (Tabela 10, Figuras 29A e B). Para as

demais imunoglobulinas avaliadas não foram observadas diferenças entre os grupos.

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

84

Tabela 10 – Concentração das diferentes classes e subclasses de imunoglobulinas no sangue de casos de hanseníase antes e durante a manifestação das reações hansênicas. Imunoglobulina

Reação -/- RR -/+ RR+ ENH -/+ ENH +

IgM (mg/dL) 69,53 ± 8,6ª 128,7 ± 19,3b 141,9 ± 17,9 278,3 ±37,2ª,b,c 157,2 ± 22,6c IgG1 (mg/dL) 786 ± 79,1a 767,3 ± 62,4b 807,9 ±103,7 1059 ± 45ª,b,c 868,9 ± 97,9c IgG2 (mg/dL) 273,3 ± 31,1 422,8 ± 66,8 354,7 ±43,1 719,7 ± 334,5 452,5 ± 63,3 IgG3 (mg/dL) 106,9 ± 61,5 276 ±101,8 610 ± 307,3 104,3 ±20,8 412,7 ± 155,6 IgG4 (mg/dL) 61,82 ± 61,5 154,4 ± 67,7 430,8 ± 266 79,96 ± 32,6 400,9 ± 137,6 IgA (mg/dL) 308,3 ±38,1 386,9 ±37,6 365,1 ±31,4 511,6 ± 77,7 458,3 ± 50,1 IgE (ng/mL) 151,6 ± 25,7 190,5 ± 48,8 193,2 ± 49,4 242,3 ± 47,1 229 ± 37

Reação-/-: indivíduo MB que não desenvolveu reação durante a coorte; RR -/+: indivíduo MB que desenvolveu RR na coorte; RR+: indivíduo com RR aguda; ENH -/+: indivíduo MB que desenvolveu ENH na coorte; ENH+: indivíduo com ENH agudo. A concentração das diferentes imunoglobulinas está representada como média ± erro padrão da média. As letras representam diferenças estatísticas entre os grupos (p ≤ 0,05).

Figura 29 – Concentração de IgM (A), IgG1 (B) e complexos imunes ligados a C3d (CIC-C3d)(C) no sangue periférico antes e durante a manifestação das reações hansênicas. Considerando o estudo longitudinal, as comparações foram feitas entre indivíduos MB recrutados ao diagnóstico da hanseníase e que não desenvolveram subsequentemente reação (Reação -/-) e aqueles que desenvolveram posteriormente reação reversa (RR -/+) ou eritema nodos hansênico (ENH -/+) (representados na cor cinza). Com os dados do estudo transversal, foram comparados os casos MB que desenvolveriam reação e aqueles com reação aguda (RR+ ou ENH+) (dados representados na cor preta). Sendo * p ≤ 0,05; ***, p ˂ 0,001. As barras horizontais representam os valores médios e as barras verticais o erro padrão da média.

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

85

A análise multivariada de perfis usando o conjunto das diferentes subclasses

de imunoglobulinas, considerando os cinco grupos avaliados (Reação -/-; RR -/+;

RR+; ENH -/+ e ENH+), mostrou que os perfis entre os grupos foram paralelos e

coincidentes (p=0,7123), indicando que não houve efeito do fenótipo grupo sobre os

perfis de imunoglobulinas.

7.8 QUANTIFICAÇÃO DE PROTEÍNAS DA VIA CLÁSSICA DE ATIVAÇÃO DO

SISTEMA COMPLEMENTO NO SANGUE DURANTE OS EPISÓDIOS

REACIONAIS HANSÊNICOS

C1q, C2 e C4 foram também quantificadas no soro dos pacientes antes e

durante a manifestação das reações hansênicas. Não houve diferença na

concentração de C1q ou C2 entre os diferentes grupos avaliados (Figura 30A e B).

Para C2, verificou-se um discreto aumento nos níveis médios durante o ENH agudo

(54,8 μg/mL) quando comparado ao apresentado por pacientes MB ao diagnóstico

(antes da manifestação de ENH) (46 μg/mL), no entanto este não foi significativo

(p=0,2878) (Figura 30B). Por outro lado, houve significativa alteração na concentração

de C4. Foi observado que pacientes MB que desenvolveriam RR (441,5 μg/mL) ou

ENH (383 μg/mL) apresentaram redução na concentração de C4 no sangue quando

comparados àqueles MB que não desenvolveriam reação (688,4 μg/mL, p= 0,0004)

(Figura 30C). Já durante a manifestação da reação aguda, tanto para a RR (844,7

μg/mL) quanto para o ENH (920 μg/mL), houve um significativo aumento na

concentração de C4 quando comprados a pacientes MB antes do desenvolvimento de

RR (p< 0,0001) e antes do desenvolvimento de ENH (p=0,0018), respectivamente

(Figura 30C).

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

86

Figura 30 – Concentração de C1q (A), C2 (B) e C4 (C) no sangue periférico antes e durante a manifestação das reações hansênicas. Considerando o estudo longitudinal, as comparações foram feitas entre indivíduos MB recrutados ao diagnóstico da hanseníase e que não desenvolveram subsequentemente reação (Reação -/-) e aqueles que desenvolveram posteriormente reação reversa (RR -/+) ou eritema nodos hansênico (ENH -/+) (representados na cor cinza). Com os dados do estudo transversal, foram comparados os casos MB que desenvolveriam reação e aqueles com reação aguda (RR+ ou ENH+) (dados representados na cor preta). Sendo **, p ˂ 0,01; ****, p ˂ 0,0001. As barras horizontais representam os valores médios e as barras verticais o erro padrão da média.

7.9 ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE ANTICORPOS ESPECÍFICOS E SEU

VALOR PREDITIVO SOBRE O DESENVOLVIMENTO FUTURO DE

REAÇÕES HANSÊNICAS

Após verificar altas concentrações de IgM e IgG1, possivelmente contribuindo

para a formação dos complexos imunes observada em pacientes MB que vão evoluir

com a manifestação de ENH, quando comparados àqueles que não desenvolvem

nenhum tipo de reação, buscamos avaliar se haveria um aumento nos níveis de

anticorpos específicos anti-M.leprae. Os resultados obtidos mostraram que pacientes

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

87

MB que vão desenvolver ENH já apresentam uma quantidade significativamente maior

(OD média = 0,9246) de anticorpo específico ao diagnóstico da hanseníase quando

comparado àqueles MB que não desenvolvem reação (OD média = 0,5975, p=

0,0220) (Figura 31A).

Pacientes que desenvolveram ENH durante o estudo longitudinal

apresentavam índice baciloscópico médio mais elevado (IB= 3,85; p˂0,001) que

aquele apresentado por pacientes que não desenvolveram reação (IB= 0,67) ou

aqueles que desenvolveram RR (IB= 0,85) (Figura 31B). Os resultados de OD obtidos

para os pacientes envolvidos no estudo longitudinal foram positivamente

correlacionados ao índice baciloscópico apresentado por estes (r= 0,6459; p˂0,0001)

(Figura 31C).

Figura 31 – Quantidade de anticorpos específicos anti-M. leprae presente no sangue periférico antes e durante a manifestação das reações hansênicas (A), índice baciloscópico ao diagnóstico dos indivíduos envolvidos no estudo longitudinal (B) e correlação entre a densidade óptica (OD) e o índice baciloscópico ao diagnóstico dos casos envolvidos no estudo longitudinal (C). Considerando o estudo longitudinal, as comparações foram feitas entre indivíduos MB recrutados ao diagnóstico da hanseníase e que não desenvolveram subsequentemente reação (Reação -/-) e aqueles que desenvolveram posteriormente reação reversa (RR -/+) ou eritema nodos hansênico (ENH -/+) (representados na cor

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

88

cinza). Com os dados do estudo transversal, foram comparados os casos MB que desenvolveriam reação e aqueles com reação aguda (RR+ ou ENH+) (dados representados na cor preta). Sendo * p ≤ 0,05; ***, p ˂ 0,001; ****, p ˂ 0,0001. As barras horizontais representam os valores médios e as barras verticais o erro padrão da média.

Considerando os indivíduos envolvidos na análise longitudinal, verificou-se que

variáveis sexo (β=0,2907; p=0,5120) e idade (β=0,0028; p=0,8290) não influenciaram

no efeito observado: desenvolvimento ou não de reação. Subdividindo os indivíduos

que apresentaram reação em RR e ENH foi verificado que também não houve

associação com sexo (χ2 = 0,622; p=0,430) ou idade (p=0,604).

Utilizando modelo de regressão logística binomial, considerando como variável

resposta o desenvolvimento de reação e como variável preditora os valores de OD

obtidos no ELISA anti-LID-NDO e como co-variáves sexo e idade, concluiu-se que os

níveis de anticorpos específicos anti-LID-NDO têm valor preditivo significativo

(p=0,0150). A análise mostrou que indivíduos com níveis basais de anticorpo,

aumentando em uma unidade o resultado da OD, aumentariam em 20 vezes o risco

de desenvolverem reação (Odds ratio = 20,08).

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

89

8. DISCUSSÃO

Apesar da significativa redução na prevalência mundial da hanseníase, desde

a introdução da poliquimioterapia, ainda existem áreas cuja detecção de casos novos

permanece elevada (RODRIGUES; LOCKWOOD, 2011; WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2016). Além disso, estudos onde foram realizadas a busca ativa de

casos novos indicam que a real prevalência da doença é muitas vezes subestimada

(BARRETO et al., 2014; MOET et al., 2008a; MOURA et al., 2013).

Em 2015 foram registrados 26.395 casos novos de hanseníase no Brasil, entre

os quais 269 foram notificados no Rio Grande do Norte. O estado, apesar de

apresentar um reduzido número de casos quando comprado a outros estados

vizinhos, como Paraíba e Ceará, apresenta em seu território uma distribuição bastante

heterogênea de casos, com algumas áreas consideradas de alta endemicidade e

outras hiperendêmicas (BRASIL, 2016; NOBRE et al., 2015; QUEIROZ et al., 2010).

Nessas áreas, a estratégia de busca ativa levou a identificação de novos casos de

hanseníase, além de pessoas com risco de doença (MOURA et al., 2013).

O diagnóstico atual da hanseníase ainda é essencialmente clínico. Exames

como a baciloscopia e a análise histopatológicas das lesões podem ajudar na

classificação das formas clinicas, no entanto estes apresentam limitada sensibilidade,

não estão sempre disponíveis nos centros de saúde, além disso são procedimentos

invasivos, que demandam tempo e profissionais especializados para sua análise

(BANERJEE et al., 2011). Todos esses fatores podem limitar seu uso em programas

de controle de larga escala que visem a completa eliminação da doença.

Neste contexto, muitos estudos têm mostrado que testes sorológicos podem

contribuir para um diagnóstico precoce da hanseníase, em alguns casos antes mesmo

do aparecimento de sinais clínicos (BAZAN-FURINI et al., 2011; DUTHIE et al., 2007;

GELUK; DUTHIE; SPENCER, 2011). O rápido diagnóstico e tratamento dos casos são

essenciais tanto para prevenir o desenvolvimento de incapacidades quanto para evitar

a disseminação de bacilos a partir de casos multibacilares não tratados (JOB et al.,

2008). No presente estudo foi avaliado o uso de dois novos antígenos recombinantes

como teste sorológico para detecção da infecção por M. leprae em casos e

comunicantes: a proteína de fusão LID-1 e o conjugado glicoproteico LID-NDO.

Utilizando ensaios imunoenzimáticos, determinamos a presença de anticorpos

específicos para o M. leprae ao longo do espectro clínico da doença.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

90

Nossos dados mostraram que os antígenos recombinantes LID-1 e LID-NDO

apresentaram alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico da hanseníase,

assim como para identificar infecções assintomáticas. Observamos que o LID-1

apresentou uma sensibilidade 89% para detecção de casos MB, já com o LID-NDO

está sensibilidade foi de 95%. No entanto, segundo a análise da curva ROC, a qual

considera dados de sensibilidade e especificidade, não foram observadas diferenças

significativas entre os dois antígenos. O primeiro trabalho publicado com o LID-NDO

comparou os resultados obtidos com este aos de seus precussores, LID-1 e NDO, em

duas populações distintas, Filipinas e Colombia (DUTHIE et al., 2014). Dois aspectos

interessantes foram observados: diferenças na sensibilidade do teste de acordo com

a população avaliada e o ganho de sensibilidade com o LID-NDO em comparação a

seus precussores. Com a população das Filipinas, foi observado que o LID-NDO

apresentou sensibilidade de 98,9% para detecção de casos MB enquanto que a do

LID-1 foi de 94,8%. Já com a população colombiana, a sensibilidade apresentada pelo

LID-NDO foi 78%, enquanto para o LID-1 foi 54%.

Observou-se no presente estudo uma elevada produção de anticorpos

específicos em pacientes MB quando comparados a PB. Isto está de acordo com o

esperado e observado em outros estudos sorológicos, envolvendo outros antígenos

e/ou populações de outras áreas geográficas (BÜHRER-SÉKULA et al., 2003; FABRI

et al., 2015; LOBATO et al., 2011; MOURA et al., 2014; WEN et al., 2014).

Ao contrário do observado para o grupo de casos PB, verificamos uma resposta

mais heterogênea quanto a produção de anticorpos nos indivíduos MB. Sabe-se que

apesar da classificação operacional ser bastante útil na definição do esquema

terapêutico dos pacientes com hanseníase, ela apresenta limitações quando

comparada a classificação de Ridley e Jopling (JÚNIOR et al., 2016). Esta última

apresenta direta relação com a resposta imunológica dos pacientes (RIDLEY;

JOPLING, 1966). Enquanto pacientes paucibacilares podem ser classificados apenas

como TT ou BT, segundo a classificação de Ridley e Jopling, os multibacilares podem

ser BT, BB, BL e LL, o que poderia justificar uma maior heterogeneidade na resposta

observada.

De acordo com o esperado, quando os pacientes foram estratificados de

acordo com as formas clínicas de Ridley e Jopling, observou-se um aumento gradativo

na quantidade de anticorpos específicos presente no soro à medida que estes foram

analisados a partir do pólo tuberculóide em direção ao pólo lepromatoso

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

91

(independentemente do antígeno utilizado). A análise histopatológica da lesão é

necessária para a classificação dos pacientes segundo a forma clínica de Ridley e

Jopling e como esta não é feita em todos centros de saúde, nem todos os casos novos

recrutados no estudo foram incluídos nesta análise (n=50/98).

Em geral os estudos mostram uma correlação positiva entre a quantidade de

anticorpos específicos e o índice baciloscópico dos pacientes (CARDOSO et al., 2013;

FABRI et al., 2015). Em nossa análise observamos uma forte correlação entre os

níveis de anticorpos anti-LID-1 e anti-LID-NDO e o índice baciloscópico dos pacientes.

Estes dados confirmam que a resposta de anticorpos pode refletir de maneira próxima

o nível de infecção do indivíduo, sendo, no entanto, um método mais simples e menos

invasivo, quando comparado a baciloscopia, para estimar a carga bacteriana. Um

aspecto importante observado em nosso estudo foi que o ELISA utilizando LID-NDO

foi ainda mais sensível que a baciloscopia para a detecção de casos PB. No entanto,

sabe-se que a baciloscopia é um exame altamente específico e sendo positivo, o

indivíduo será considerado como caso e tratado com a PQT. Desta forma, os ensaios

sorológicos poderiam ser utilizados em conjunto com a baciloscopia, contribuindo para

uma maior acurácia no diagnóstico da hanseníase, especialmente em áreas onde não

é possível realizar a análise histopatológica das lesões.

Devido ao compartilhamento ambiental, com possível aumento de exposição,

sabe-se que comunicantes de casos de hanseníase representam um grupo de maior

risco para o desenvolvimento da doença. Esse fato é ainda mais evidente quando o

caso índice apresenta a forma MB (DEPS et al., 2006b; FINE et al., 1997; GOULART

et al., 2008). Nossos dados corroboram essa observação uma vez que observamos

uma maior quantidade de anticorpos específicos em comunicantes de casos MB

quando comparada a observada em comunicantes de casos paucibacilares. De

acordo com estudo longitudinal, com duração de cinco anos, realizado por Goulart et

al. (2008), comunicantes de casos MB apresentam um risco 2,3 vezes maior de

desenvolverem hanseníase quando comparado a comunicantes de casos PB. Neste

citado estudo, o risco foi ainda maior (3,8 vezes) para comunicantes de pacientes com

a forma polar LL. Estes dados estão de acordo com a observação feita de que

comunicantes de casos de hanseníase com índice baciloscópico maior que três

apresentam um risco de 4 a 8 vezes maior de desenvolverem doença quando

comparados a comunicantes de casos com índice baciloscópico igual a zero (SALES

et al., 2011).

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

92

Interessantemente, observamos que comunicantes de casos MB apresentaram

ainda níveis mais elevados de anticorpo que os próprios casos PB. Dados

semelhantes a este também foram observados com o LID-1 e o LID-NDO em uma

outra população no Brasil (FABRI et al., 2015). Uma possível explicação para isto é

que enquanto indivíduos PB montam uma forte resposta imune celular para controlar

a replicação bacteriana, esta resposta pode suprimir a resposta humoral nestes

indivíduos, resultando em uma baixa produção de anticorpos (BAKKER et al., 2006;

MOURA et al., 2008). Por outro lado, como demonstrado em nosso estudo

longitudinal, comunicantes de casos MB podem desenvolver uma resposta com

anticorpos após infecção e subsequentemente resolver a infecção ou desenvolver a

doença. Na infecção por Leishmania infantum, a qual também resulta em uma doença

de natureza espectral, há uma correlação inversa entre a resposta de anticorpos e a

resposta imune celular (MILES et al., 2005).

Surpreendentemente, nossos dados indicam que grande parte dos

comunicantes recrutados tinham sido previamente expostos à infecção pelo M. leprae

(mais de 82%). Este alto percentual, embora não esperado, pode ser justificado pelo

fato de que a maior parte do HHC envolvidos no estudo eram moradores da região

hiperendêmica de Mossoró (NOBRE et al., 2015). Considerando o ponto de corte

usado para definir comunicantes com o diagnóstico compatível com o de hanseníase

MB, observamos uma soropositividade de 11,9% para o LID-1 e 17,8% para o LID-

NDO. Percentual semelhante (18,1%) foi observado em estudo envolvendo 320

comunicantes no qual foi avaliada a soropositividade ao PGL-I em uma outra área

geográfica (BAZAN-FURINI et al., 2011).

Nossos dados, ao mostrarem um alto percentual de infecções assintomáticas

entre comunicantes, incluindo alguns com níveis de anticorpos compatíveis com o

apresentado por casos MB, enfatizam o potencial risco da doença se expandir na área,

tornando-se um problema de sáude pública ainda maior. Sabe-se que a maioria dos

indivíduos expostos à infecção pelo M. leprae irá organizar uma reposta imune capaz

de debelar a infecção e não apresentarão manifestações clínicas (SCOLLARD et al.,

2006). No entanto, especialmente em áreas hiperendêmicas, é essencial desenvolver

estratégias para controlar a infecção pelo M. leprae. Até o presente, não se sabe ao

certo a contribuição de indivíduos saudáveis com infecção subclínica na disseminação

da infecção para outras pessoas.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

93

Entre as estratégias de controle para a hanseníase propostas pelo Ministério

da Saúde estão: intervenção terapêutica com a PQT após o diagnóstico de casos

novos, o exame de comunicantes e a vacinação com a BCG para todos os

comunicantes de casos novos, desde que não apresentem sinais clínicos de

hanseníase (BRASIL, 2002). A vacinação com a BCG, tanto a neonatal quanto a

aplicada em comunicantes de casos de hanseníase (segunda dose para aqueles que

receberam a vacinação na infância), tem mostrado um efeito protetor quanto ao

desenvolvimento da doença (GOULART et al., 2008; SALES et al., 2011). No entanto,

sua eficácia é bastante variável (20-90%) de acordo com a população estudada,

segundo recente revisão da literatura (RICHARDUS; OSKAM, 2015)

Embora ainda não tenha sido descrito com o LID-NDO, já foi observada a

aplicabilidade da sorologia utilizando o LID-1 na detecção de casos de hanseníase até

um ano antes do aparecimento das primeiras lesões (DUTHIE et al., 2007). Em nosso

estudo longitudinal, entre os 332 comunicantes recrutados entre 2006 e 2008, na

região hiperendêmica de Mossoró, 3,6% desenvolveram hanseníase posteriormente.

Interessantemente, alguns desses comunicantes já apresentavam resposta positiva

de anticorpo anti-LID-1 e/ou LID-NDO anos antes do aparecimento dos sinais clínicos

de doença. Estes dados sugerem que a sorologia com estes antígenos poderia ser

utilizada como forma de aumentar a vigilância sobre indivíduos expostos à infecção,

o que consequentemente levaria a um diagnóstico precoce de casos novos.

Um aspecto importante é que embora a vacinação de comunicantes com BCG

tenha mostrado um efeito protetor para este grupo de indivíduos na maior parte dos

trabalhos encontrados na literatura, foi observado também que em algumas situações

houve uma incidência maior de casos novos entre comunicantes vacinados com a

BCG após o diagnóstico do caso índice, quando comparados a indivíduos não

vacinados (RICHARDUS et al., 2015). Neste citado trabalho, foi observado que 21

comunicantes desenvolveram hanseníase paucibacilar no intervalo de 3 a 11

semanas após a vacinação com a BCG. Resultados semelhantes já haviam sido

descrito em outros estudos, no entanto o intervalo entre a vacinação e a manifestação

clínica da hanseníase havia sido maior (ARAUJO et al., 2015; DÜPPRE et al., 2008).

É sugerido que o estímulo imunológico causado pela vacinação poderia levar a uma

ativação da resposta imune celular contra o M. leprae já presente nesses indivíduos,

fazendo com que estes progredissem de uma infecção assintomática/subclínica para

a forma sintomática. Se esta hipótese for comprovada, a análise sorológica de

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

94

comunicantes, previamente a vacinação com a BCG, poderia ser uma forma de guiar

intervenções terapêuticas posteriores. Desde a década de 60 que alguns estudos

buscam avaliar o efeito da quimioprofilaxia em comunicantes, no entanto ainda não

se chegou a um consenso sobre o real valor de tal procedimento para o controle da

hanseníase em áreas endêmicas. Em estudo clínico randomizado duplo-cego,

realizado em Bangladesh, envolvendo 21.711 comunicantes, foi observada uma

redução de 57% na incidência de casos de hanseníase no grupo de comunicantes

que receberam uma dose única de rifampicina após o diagnóstico do caso índice

quando comparado ao grupo de comunicantes que receberam um placebo. No

entanto, esta diferença entre os grupos só foi observada nos dois primeiros anos de

seguimento (MOET et al., 2008b).

Utilizando modelo estatístico, estimamos em nosso estudo que a probabilidade

de um comunicante, apresentando sorologia positiva para o M. leprae, vir a

desenvolver hanseníase, baseado nos dados obtidos com o LID-1 e com o LID-NDO

seria de 8,3% e 10,4%, respectivamente. No entanto, em nossa coorte observamos

que um percentual bem menor dos comunicantes desenvolveu de fato a doença

(3,6%). Esta diferença, entre o modelo estatístico e o observado na coorte, pode ser

explicada pelo fato de não terem sido realizadas buscas ativas de casos na área

durante o período do estudo. Existem trabalhos mostrando que a real incidência da

hanseníase em uma determinada área pode ser muito maior quando são realizadas

buscas ativas de casos novos (MOET et al., 2008a; MOURA et al., 2013).

Em nossas análises, de acordo com a quantidade de anticorpos específicos

apresentada pelos comunicantes, estes foram divididos em três grupos de acordo com

o risco de desenvolver hanseníase. Foi interessante observar que todos os

comunicantes que desenvolveram a doença, durante a coorte, estavam classificados

no grupo de risco moderado ou no de alto risco. Este dado reforça ainda mais

importância da realização de estudos sorológicos em populações consideradas sob

risco (no caso, os comunicantes) em regiões endêmicas.

Em síntese, verificamos que o ELISA com ambos os antígenos recombinantes

LID-1 e LID-NDO podem representar ferramentas importantes para auxiliar no

diagnóstico da hanseníase, podendo, até mesmo, serem usados para estimar a carga

bacilar dos pacientes de uma forma menos invasiva que baciloscopia. Em um pais

endêmico como o Brasil é essencial que novas técnicas auxiliares se tornem

disponíveis para o controle da doença em estados e municípios. Testes sorológicos

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

95

são simples e podem trazer rapidez para a detecção de infecções assintomáticas. Ao

determinar indivíduos infectados e estimar o risco de desenvolver doença entre

comunicantes, tratamentos profiláticos podem ser planejados para grupos de risco no

intuito de reduzir a incidência da hanseníase. Sabe-se, no entanto, que para a

implementação de novas mediadas de controle, como a quimioprofilaxia, essas

precisam ser bem avaliada quanto ao seu custo-benefício antes de serem adotadas.

Tendo caracterizado o perfil de anticorpos específicos ao longo do espectro

clínico da hanseníase e em comunicantes, buscamos compreender se estes poderiam

estar diretamente envolvidos no processo patológico das reações hansênicas, uma

vez que estas se manifestam predominantemente em indivíduos MB. Para isto,

buscamos avaliar o perfil de células B e a expressão de receptores associados a

regulação da produção de anticorpos por estas células em pacientes com diferentes

formas clínicas hanseníase e durante a manifestação das reações hansênicas.

É bem documentado na literatura e foi também o observado em nosso estudo

que pacientes MB apresentam uma forte resposta imune humoral quando comparados

a pacientes PB, os primeiros apresentando uma elevada produção de anticorpos

quando comparados aos últimos (AMORIM et al., 2016; BÜHRER-SÉKULA, 2008;

BÜHRER-SÉKULA et al., 2003; DUTHIE et al., 2007; SPENCER et al., 2012). No

entanto, os fatores determinantes destes diferentes fenótipos não são bem

compreendidos.

Apesar da presença de células B já ter sido previamente demonstrada no

infiltrado inflamatório presente nas lesões de pacientes com hanseníase (IYER et al.,

2007a), o papel destas células na patogênese da doença não foi ainda investigado.

No presente trabalho, a análise do sangue periférico de pacientes com diferentes

formas clínicas da doença e de comunicantes mostrou uma clara diferença entre estes

grupos quanto a composição de células B. Foi observado um aumento na frequência

de células B totais no sangue de pacientes MB quando comparados a comunicantes

e casos paucibacilares. Quando os pacientes foram divididos segundo a classificação

de Ridley e Jopling, observou-se que esta diferença é ainda mais evidente quando se

compara indivíduos do pólo tuberculóide e indivíduos do pólo lepromatoso.

Interessantemente, observou-se que há uma correlação positiva entre o percentual de

células B no sangue periférico e o índice baciloscópico dos pacientes. No entanto,

esta foi apenas uma fraca correlação, o que demonstra que outros fatores devem

também estar envolvidos.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

96

A caracterização das subpopulações de células B no sangue mostrou que o

aumento observado em pacientes MB foi especificamente devido ao aumento no

número de plasmoblastos. Esta diferença foi ainda mais pronunciada quando

indivíduos TT foram comparados a LL. Nenhuma diferença foi observada quanto as

populações de células B transitórias, naïve e memória. Foi previamente observado em

pacientes com LES que há também um aumento no número de plasmoblastos no

sangue periférico quando comparados ao grupo controle e este aumento foi

correlacionado com atividade da doença (JACOBI et al., 2010). No entanto, similar ao

observado em nosso trabalho, não foi observada diferença na frequência de células

B transitórias e de memória.

De acordo com os dados apresentados, a exacerbada resposta imune humoral

de pacientes MB pode ser ao menos em parte resultados do aumento no número de

plasmoblastos. No entanto, é também possível que alterações na intensidade de

síntese dos anticorpos possa contribuir para o fenótipo observado em pacientes MB.

Por esta razão, decidimos investigar um pouco da fisiologia destas células analisando

a expressão de CD32 e CD21.

Observamos que há uma diminuição na frequência de CD32 em plasmoblastos

de pacientes MB quando comparados a comunicantes e a PB. Existem três diferentes

isoformas de CD32, mas apenas uma delas é expressa em células B, a CD32b

(NIMMERJAHN; RAVETCH, 2008). Este receptor contém um motivo ITIM, o qual está

envolvido na regulação negativa da via de sinalização do BCR (ONO et al., 1996). Por

esta razão, a reduzida expressão deste observada em células B de pacientes MB

poderia estar contribuindo para o aumento na produção de anticorpos uma vez que

estas fossem estimuladas a partir do seu BCR. Em estudo realizado com doadores de

sangue saudáveis foi observado que a cascata de sinalização desencadeada por

CD32 não apenas regula negativamente a produção de anticorpos, mas também

funções de células B que são independentes de anticorpos, como a produção de

citocinas e ativação de células T CD4+ (KARNELL et al., 2016).

Alguns estudos mostram que a regulação negativa promovida pelo CD32 em

células B está envolvida na patogênese de algumas doenças autoimunes (ISAÁK et

al., 2008; KONO et al., 2005; KYOGOKU et al., 2002; PROKOPEC et al., 2010).

Durante o LES foi observado que a expressão de CD32b foi reduzida em células B de

memória e plasmócitos (SU et al., 2017). Embora em nossas análises não tenhamos

observados diferenças na expressão de CD21 nos diferentes tipos de células B

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

97

quando avaliada isoladamente, a análise de componentes principais mostrou que

indivíduos MB apresentam uma maior diferença na razão entre CD21 e CD32, ou seja,

um aumento da expressão de CD21 em detrimento da expressão de CD32 em células

B em geral quando comparado aos comunicantes e casos PB, o que poderia contribuir

significativamente para a maior produção de anticorpos por estas células quando

estimuladas, justificando, ao menos em parte, a diferença entre esses grupos quanto

à produção de anticorpos.

A quantificação das diferentes subclasses de imunoglobulinas mostrou que há

um aumento da concentração de IgG1 no sangue em pacientes MB quando

comparados aos PB e este aumento foi correlacionado com o índice baciloscópico

dos pacientes. Resultados similares foram observados por outros autores (HUSSAIN;

KIFAYET; CHIANG, 1995; KIFAYET et al., 1996). Entre as diferentes subclasses de

imunoglobulinas, IgG1 é a que apresenta maior capacidade de indução da regulação

negativa mediada por CD32b (NIMMERJAHN; RAVETCH, 2008). Adicionalmente, ela

representa um importante mediador da resposta inflamatória. A mudança de classe

para IgG1 é geralmente induzida por antígenos proteicos (VIDARSSON; DEKKERS;

RISPENS, 2014).

Paralelamente ao aumento nos níveis de IgG1, observamos uma alta

concentração de complexos imunes no sangue de paciente MB quando comparados

aos PB. Independentemente da forma clínica de hanseníase, observou-se durante a

doença uma redução nos níveis de IgG2 quando comparado ao grupo controle

(comunicantes). Já foi descrito por outros uma menor concentração de IgG2 no

sangue de pacientes LL quando comparado ao observado em controles endêmicos,

no entanto esta diferença não foi significativa (KIFAYET et al., 1996).

As reações imunes hansênicas representam o principal agravo durante o curso

clínico da hanseníase e está fortemente associada à morbidade e estabelecimento de

incapacidades, afetando predominantemente indivíduos com a forma MB (WALKER;

LOCKWOOD, 2006). Em recente trabalho do nosso grupo realizamos a análise

comparativa do transcriptoma de pacientes durante a manifestação aguda das

reações hansênicas. Nossos dados mostraram que algumas vias foram induzidas

tanto na RR quanto no ENH e entre estas estavam vias envolvidas na resposta imune

humoral (DUPNIK et al., 2014). Considerando os cenários apresentados, criamos a

hipótese de que os anticorpos, presentes em níveis mais elevado em pacientes MB,

poderiam ter um papel na patogênese de ambos os tipos de reação.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

98

Em nosso estudo foi observado que aqueles indivíduos MB que irão apresentar

ENH durante ou após a PQT já apresentavam, ao diagnóstico da hanseníase, níveis

aumentados de IgM, IgG1 e complexos imunes no soro quando comparados àqueles

que não desenvolveriam reação ou aqueles que desenvolveriam RR. Paralelo a esta

observação, verificamos que estes pacientes apresentavam também níveis elevados

de anticorpo específicos para o M. leprae, verificado através do ensaio sorológico com

o LID-NDO. Esta maior quantidade de anticorpos específicos foi correlacionada com

índice baciloscópico apresentado pelo paciente ao diagnóstico. Estes dados sugerem

que alterações fisiológicas já presentes no diagnóstico da hanseníase podem ser

determinantes para o desenvolvimento do ENH. A análise de regressão logística

binomial mostrou que a realização da sorologia com o LID-NDO antes do início do

tratamento pode servir como indicador de risco para o desenvolvimento de reação.

Durante o ENH agudo foi observado um aumento no número de plasmoblastos

circulantes quando comparados a pacientes MB ao diagnóstico e que desenvolveriam

ENH posteriormente. Não houve nenhuma diferença quanto a expressão de CD32.

No entanto, foi observada uma redução na expressão de CD21 em plasmoblastos.

Considerando este cenário, no qual há uma reduzida expressão basal de CD32 em

células B de pacientes MB e redução de CD21 durante o ENH, uma possível

explicação seria que esta redução na expressão de CD21 poderia atuar como

mecanismo regulatório, uma forma de controlar a exacerbada resposta imune humoral

no sangue. Estes dados são consistentes com a reduzida quantidade de IgM, IgG1 e

complexos imunes no sangue observada durante o ENH agudo. No entanto, para

complexos imunes esta redução não foi estatisticamente significativa. Já foi observado

por outros uma redução de IgG1 no sangue, assim como de IgG3, durante o ENH

agudo (HUSSAIN; KIFAYET; CHIANG, 1995). Outra possível explicação, para a

redução de células B CD21+ no sangue, seria a migração seletiva destas para outros

tecidos onde elas seriam responsáveis pela produção de anticorpos e deposição de

complexos imunes. Em estudo anterior do nosso grupo, verificamos, por

imunohistoquímica, aumento na expressão de CD21 em lesões de pacientes com

ENH quando comparados a pacientes com mesmas formas clínicas da hanseníase

porém sem reação (DUPNIK et al., 2014).

Sabe-que complexos imunes participam da ativação da via clássica do

complemento e esta, por sua vez, pode mediar diversos processos inflamatórios,

incluindo quimiotaxia e ativação celular (DUNKELBERGER; SONG, 2010). Por esta

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

99

razão, quantificamos no sangue periférico C1q, C2 e C4, proteínas envolvidas no

início desta cascata. Observamos em nossas análises que indivíduos MB

apresentaram níveis basais de C2 mais elevados quando comparados aos

observados em comunicantes e pacientes PB. Foi observada uma clara alteração na

concentração de C4 antes do desenvolvimento da RR ou do ENH e durante as

manifestações agudas dos episódios reacionais. Pacientes MB que desenvolveriam

reação (RR ou ENH) durante ou após a PQT, apresentaram ao diagnóstico da

hanseníase níveis mais baixos de C4 no sangue quando comparados àqueles que

não desenvolveriam nenhum tipo de reação. Por outro lado, durante a manifestação

aguda da RR e do ENH foi observado um aumento significativo na concentração de

C4 no sangue quando comparado a pacientes MB antes do desenvolvimento de

reação.

Já foi observado um aumento na expressão gênica e da proteína C1q em

pacientes com tuberculose ativa quando comparados a pacientes com tuberculose

latente ou controles saudáveis (CAI et al., 2014). Este aumento na expressão de C1q

foi relacionado à apresentação de baciloscopia positiva, e observou-se uma redução

nessa expressão com a quimioterapia, o que sugere um possível envolvimento de C1q

no processo patológico da tuberculose. Na hanseníase, o transcriptoma de pacientes

com reação, feito a partir de células mononucleares do sangue periférico, mostrou um

aumento na expressão de alguns componentes da via clássica de ativação do

complemento, incluindo C1q, em ambos os tipos de reação (DUPNIK et al., 2014). Foi

também observado, neste citado trabalho, aumento da deposição de C1q nas lesões

de pacientes com RR e ENH quando comparado ao observado em pacientes sem

reação (DUPNIK et al., 2014). No entanto, em nossa análise não observamos

aumento na concentração de C1q no sangue, mas isto poderia ser explicado por uma

rápida deposição desta proteína nos tecidos após sua síntese. Talvez uma deposição

mais lenta de C4, quando comparada a de C1q, explique o porquê dos níveis elevados

detectados no sangue. A deposição de C1q pode ocorrer com IgG1, IgG2 e IgG3, no

entanto IgG1 e IgG3 são as mais eficientes nessa função (AUGENER et al., 1971;

IRANI et al., 2015). Em nossas análises, IgG1 foi a subclasse de IgG que estava

aumentada no soro de pacientes MB. Em estudo citado anteriormente, realizado com

pacientes com tuberculose, foi observado que embora tenha ocorrido um aumento na

expressão de C1q tanto no sangue periférico quanto no sítio primário da infecção

(líquido pleural), o nível de expressão foi muito mais elevado neste último (CAI et al.,

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

100

2014). Esta observação indica que embora possa haver correlação entre dados

obtidos do sangue e do sítio da infecção, existem diferenças importantes entre estes.

Em síntese, nossos dados indicam que a exacerbada resposta imune humoral

observada em pacientes multibacilares pode ser, ao menos em parte, consequência

do aumento no número de células B, especificamente de plasmoblastos. Além disso,

a menor expressão do CD32b e aumento da razão entre a expressão de CD21/CD32

na superfície das células B de pacientes MB pode favorecer um aumento na produção

de anticorpos por estas células, quando estimuladas. Pacientes que irão evolui com o

desenvolvimento de ENH já apresentam ao diagnóstico da hanseníase altos níveis de

IgM, IgG1 e anticorpos específicos para o M. leprae. Além disso, durante o ENH

agudo, a deposição de complexos imunes na derme pode ser responsável pela

diminuição dos níveis de IgM e IgG1 no sangue. Todos estes eventos podem contribuir

para a ativação do sistema complemento e para o processo inflamatório sistêmico

observado durante o ENH (Figura 32).

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

101

Figura 32 – Esquema geral mostrando a evolução de indivíduos após a exposição ao Mycobacterium leprae e os principais achados sobre as diferenças na resposta imune celular e humoral entre pacientes paucibacilares e multibacilares. Além disso, estão representadas alterações que podem ser preditivas no desenvolvimento de reação e algumas alterações observadas no ENH agudo. PB: paucibacilar; MB: multibacilar; RR: reação reversa; ENH: eritema nodoso hansênico; IC: complexos imunes.

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

102

9. CONCLUSÕES

1. Os antígenos LID-1 e LID-NDO apresentam alta sensibilidade para

diagnóstico de hanseníase multibacilar;

2. Há um aumento gradativo na quantidade de anticorpos específicos anti-

LID-1 e anti-LID-NDO ao longo do espectro clínico da hanseníase;

3. A maior parte dos comunicantes avaliados no estudo havia sido

previamente exposta à infecção pelo M. leprae;

4. Níveis de anticorpos anti M. leprae podem ser usados para identificar

pessoas sob risco de desenvolver hanseníase entre comunicantes;

5. Alterações numéricas e funcionais em células B, como aumento no

número de plasmoblastos e reduzida expressão de CD32b, estão

envolvidas na exacerba resposta imune humoral em pacientes

multibacilares;

6. Pacientes multibacilares apresentam aumento de IgG1 e complexos

imunes no sangue periférico;

7. Durante a manifestação aguda do eritema nodoso hansênico há uma

expansão da população de plasmoblastos no sangue periférico e

redução nos níveis de IgM e IgG1;

8. Níveis elevados de IgM, IgG1, anticorpos anti M. leprae e complexos

imunes no soro são preditivos de desenvolvimento de eritema nodoso

hansênico.

9. Indivíduos multibacilares com altos níveis de anticorpos anti M. leprae

ao diagnóstico apresentaram um risco 20 vezes maior de

desenvolverem reação.

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

103

REFERÊNCIAS

ALCAÏS, A. et al. Genetic dissection of immunity in leprosy. Current Opinion in Immunology, v. 17, n. 1, p. 44–48, 2005.

AMORIM, F. M. et al. Identifying Leprosy and Those at Risk of Developing Leprosy by Detection of Antibodies against LID-1 and LID-NDO. PLoS Neglected Tropical Diseases, v. 10, n. 9, p. 1–17, 2016.

ANDERSSON, A. K. et al. Effects of Prednisolone Treatment on Cytokine Expression in Patients with Leprosy Type 1 Reactions Effects of Prednisolone Treatment on Cytokine Expression in Patients with Leprosy Type 1 Reactions. Infection and Immunity, v. 73, n. 6, p. 3725–3733, 2005.

ANDRADE, P. R. et al. Inflammatory cytokines are involved in focal demyelination in leprosy neuritis. Journal of Neuropathology and Experimental Neurology, v. 75, n. 3, p. 272–283, 2016.

ANTUNES, D. E. et al. Identification of clinical, epidemiological and laboratory risk factors for leprosy reactions during and after multidrug therapy. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 108, n. 7, p. 901–908, 2013.

ARAUJO, S. et al. Risk-benefit assessment of Bacillus Calmette-Guérin vaccination, anti-phenolic glycolipid I serology, and Mitsuda test response: 10-year follow-up of household contacts of leprosy patients. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 48, n. 6, p. 739–745, 2015.

ARAUJO, S. et al. Molecular Evidence for the Aerial Route of Infection of Mycobacterium leprae and the Role of Asymptomatic Carriers in the Persistence of Leprosy. Clinical Infectious Diseases, v. 63, n. 11, p. 1412–1420, 2016.

AUGENER, W. et al. The reaction of monomeric and aggregated immunoglobulins with CI. Immunochemistry, v. 8, p. 1011–1020, 1971.

BAKKER, M. I. et al. Risk factors for developing leprosy – a population-based cohort study in Indonesia. Leprosy Review, v. 77, p. 48–61, 2006.

BANERJEE, S. et al. Diagnosing leprosy: revisiting the role of the slit-skin smear with critical analysis of the applicability of polymerase chain reaction in diagnosis. International Journal of Dermatology, v. 50, n. 12, p. 1522–1527, 2011.

BARRETO, J. G. et al. Spatial Analysis Spotlighting Early Childhood Leprosy Transmission in a Hyperendemic Municipality of the Brazilian Amazon Region. PLoS Neglected Tropical Diseases, v. 8, n. 2, 2014.

BARRINGTON, R. A. et al. Uncoupling CD21 and CD19 of the B-cell coreceptor. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v. 106, n. 34, p. 14490–5, 2009.

BAZAN-FURINI, R. et al. Early detection of leprosy by examination of household

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

104

contacts, determination of serum anti-PGL-1 antibodies and consanguinity. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 106, n. 5, p. 536–540, 2011.

BLEHARSKI, J. R. et al. Use of genetic profiling in leprosy to discriminate clinical forms of the disease. Science (New York, N.Y.), v. 301, n. 5639, p. 1527–1530, 2003.

BLOK, D. J.; VLAS, S. J. DE; RICHARDUS, J. H. Global elimination of leprosy by 2020 : are we. Parasites & Vectors, v. 8, n. 548, p. 1–9, 2015.

BOBOSHA, K. et al. T-Cell Regulation in Lepromatous Leprosy. PLoS Neglected Tropical Diseases, v. 8, n. 4, p. 2–10, 2014.

BOCHUD, P. et al. Toll-Like Receptor 2 (TLR2) Polymorphisms Are Associated with Reversal Reaction in Leprosy. The Journal of Infectious Diseases, v. 197, n. 2, p. 253–261, 2008.

BORSCHUKOVA, O. et al. Complement fragment C3d is colocalized within the lipid rafts of T cells and promotes cytokine production. Lupus, v. 21, n. 12, p. 1294–1304, 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas Públicas. Departamento de Atenção Básica. Guia para o controle da hanseníase, 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de procedimentos técnicos: baciloscopia em hanseníase, 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Secretaria de Vigilância à Saúde. Casos novos de hanseníase por estados e regiões, Brasil, 2015. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/705-secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-z/hanseniase/11298-situacao-epidemiologica-dados>. Acesso em: 10 jan 2017.

BRITO, M. D. F. D. M. et al. Association between leprosy reactions after treatment and bacterial load evaluated using anti PGL-I serology and bacilloscopy. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 41 Suppl 2, n. Suplemento II, p. 67–72, 2008.

BRITTON, W. J.; LOCKWOOD, D. N. J. Leprosy. Lancet, v. 363, n. 9416, p. 1209–1219, 2004.

BÜHRER-SÉKULA, S. et al. Simple and fast lateral flow test for classification of leprosy patients and identification of contacts with high risk of developing leprosy. Journal of Clinical Microbiology, v. 41, n. 5, p. 1991–1995, 2003.

BÜHRER-SÉKULA, S. PGL-I leprosy serology. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 41, n.2, p. 3–5, 2008.

CAI, Y. et al. Increased complement C1q level marks active disease in human tuberculosis. PLOS ONE, v. 9, n. 3, 2014.

CARDOSO, L. P. et al. Development of a quantitative rapid diagnostic test for

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

105

multibacillary leprosy using smart phone technology. BMC infectious diseases, v. 13, n. 1, p. 497, 2013.

CARSETTI, R.; ROSADO, M. M.; WARDMANN, H. Peripheral development of B cells in mouse and man. Immunological reviews, v. 197, p. 179–191, 2004.

CROIX, D. A et al. Antibody response to a T-dependent antigen requires B cell expression of complement receptors. The Journal of Experimental Medicine, v. 183, n. 4, p. 1857–1864, 1996.

DE MESSIAS, I. J. et al. Association of C4B deficiency (C4B*Q0) with erythema nodosum in leprosy. Clinical and Experimental Immunology, v. 92, n. 2, p. 284–7, 1993.

DEPOIL, D. et al. CD19 is essential for B cell activation by promoting B cell receptor-antigen microcluster formation in response to membrane-bound ligand. Nature immunology, v. 9, n. 1, p. 63–72, 2008.

DEPS, P. D. et al. Delay in the diagnosis of leprosy in the Metropolitan Region of Vito. Leprosy review, v. 90, n. 77, p. 41–47, 2006a.

DEPS, P. D. et al. Characteristics of known leprosy contact in a high endemic area in Brazil. Leprosy review, v. 77, n. 1, p. 34–40, 2006b.

DOMOZYCH, R. et al. Increasing incidence of leprosy and transmission from armadillos in Central Florida : A case series. JAAD Case Reports, v. 2, n. 3, p. 189–192, 2016.

DUNKELBERGER, J. R.; SONG, W.-C. Complement and its role in innate and adaptive immune responses. Cell research, v. 20, n. 1, p. 34–50, 2010.

DUPNIK, K. M. et al. Intolerance to leprosy multi-drug therapy: more common in women? Leprosy Review, v. 84, n. 3, p. 209–218, 2013.

DUPNIK, K. M. et al. Transcriptional Changes That Characterize the Immune Reactions of Leprosy. Journal of Infectious Diseases, v. 211, 2014.

DÜPPRE, N. C. et al. Effectiveness of BCG vaccination among leprosy contacts: a cohort study. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v. 102, n. 7, p. 631–638, 2008.

DUTHIE, M. S. et al. Use of protein antigens for early serological diagnosis of leprosy. Clinical and Vaccine Immunology, v. 14, n. 11, p. 1400–1408, 2007.

DUTHIE, M. S. et al. Selection of antigens and development of prototype tests for point-of-care leprosy diagnosis. Clinical and Vaccine Immunology, v. 15, n. 10, p. 1590–1597, 2008.

DUTHIE, M. S. et al. Rational design and evaluation of a multiepitope chimeric fusion protein with the potential for leprosy diagnosis. Clinical and Vaccine Immunology, v. 17, n. 2, p. 298–303, 2010.

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

106

DUTHIE, M. S. et al. Specific IgG antibody responses may be used to monitor leprosy treatment efficacy and as recurrence prognostic markers. European Journal of Clinical Microbiology and Infectious Diseases, v. 30, n. 10, p. 1257–1265, 2011.

DUTHIE, M. S. et al. A rapid ELISA for the diagnosis of MB leprosy based on complementary detection of antibodies against a novel protein-glycolipid conjugate. Diagnostic Microbiology and Infectious Disease, v. 79, n. 2, p. 233–239, 2014.

FABRI, A. D. C. O. C. et al. Antigen-specific assessment of the immunological status of various groups in a leprosy endemic region. BMC Infectious Diseases, v. 15, n. 1, p. 1–9, 2015.

FINE, P. E. et al. Household and dwelling contact as risk factors for leprosy in northern Malawi. American Journal of Epidemiology, v. 146, n. 1, p. 91–102, 1997.

FRASER, D. A et al. C1q differentially modulates phagocytosis and cytokine responses during ingestion of apoptotic cells by human monocytes, macrophages, and dendritic cells. Journal of immunology (Baltimore, Md. : 1950), v. 183, n. 10, p. 6175–6185, 2009.

GARNIER, T. et al. Massive gene decay in the leprosy bacillus. Nature, v. 409, p. 1007–1011, 2001.

GELUK, A.; DUTHIE, M. S.; SPENCER, J. S. Postgenomic Mycobacterium leprae antigens for cellular and serological diagnosis of M. leprae exposure, infection and leprosy disease. Leprosy review, v. 82, n. 4, p. 402–21, 2011.

GERGELY, P. et al. Altered expression of Fcgamma and complement receptors on B cells in systemic lupus erythematosus. Annals of the New York Academy of Sciences, v. 1108, p. 183–192, 2007.

GOMES, G. I. et al. The functional state of the complement system in leprosy. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 78, n. 4, p. 605–610, 2008.

GOULART, I. M. B. et al. Risk and protective factors for leprosy development determined by epidemiological surveillance of household contacts. Clinical and Vaccine Immunology, v. 15, n. 1, p. 101–105, 2008.

GOULART, M.; ARBEX, G. L.; CARNEIRO, M. H. Efeitos adversos da poliquimioterapia em pacientes com hanseníase : um levantamento de cinco anos em um Centro de Saúde da Universidade Federal de Uberlândia Adverse effects of multidrug therapy in leprosy patients : a five-year survey at a Health Center. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 35, n. 5, p. 453–460, 2002.

GUERRA-SILVEIRA, F.; ABAD-FRANCH, F. Sex Bias in Infectious Disease Epidemiology: Patterns and Processes. PLoS ONE, v. 8, n. 4, 2013.

HENRY, M. et al. Factors Contributing to the Delay in Diagnosis and Continued Transmission of Leprosy in Brazil – An Explorative , Quantitative , Questionnaire Based Study. PLoS Neglected Tropical Diseases, v. 10, n. 3, p. 1–12, 2016.

HIPPEN, K. L. et al. FcγRIIB1 Inhibition of BCR-Mediated Phosphoinositide Hydrolysis

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

107

and Ca2+ Mobilization Is Integrated by CD19 Dephosphorylation. Immunity, v. 7, p. 49–58, 1997.

HUNGRIA, E. M. et al. Can baseline ML Flow test results predict leprosy reactions ? An investigation in a cohort of patients enrolled in the uniform multidrug therapy clinical trial for leprosy patients in Brazil. Infectious Diseases of Poverty, p. 1–10, 2016.

HUNTER, S. W.; BRENNAN, P. J. A novel phenolic glycolipid from Mycobacterium leprae possibly involved in immunogenicity and pathogenicity. Journal of Bacteriology, v. 147, n. 3, p. 728–735, 1981.

HUSSAIN, R.; KIFAYET, A.; CHIANG, T. J. Immunoglobulin G1 (IgG1) and IgG3 Antibodies Are Markers of Progressive Disease in Leprosy. Infection and Immunity, v. 63, n. 2, p. 410–415, 1995.

IRANI, V. et al. Molecular properties of human IgG subclasses and their implications for designing therapeutic monoclonal antibodies against infectious diseases. Molecular Immunology, v. 67, n. 2, p. 171–182, 2015.

ISAÁK, A. et al. Physiological up-regulation of inhibitory receptors Fc gamma RII and CR1 on memory B cells is lacking in SLE patients. International immunology, v. 20, n. 2, p. 185–192, 2008.

ITO, T.; ANDO, H.; HANDA, H. Teratogenic effects of thalidomide: molecular mechanisms. Cellular and molecular life Science, v. 68, n. 9, p. 1569–1579, 2011.

IYER, A. M. et al. Leprosy-specific B-cells within cellular infiltrates in active leprosy lesions. Human Pathology, v. 38, n. 7, p. 1065–1073, 2007a.

IYER, A. et al. Serum levels of interferon-γ, tumour necrosis factor-α, soluble interleukin-6R and soluble cell activation markers for monitoring response to treatment of leprosy reactions. Clinical and Experimental Immunology, v. 150, n. 2, p. 210–216, 2007b.

JACOBI, A M. et al. HLA-DRhigh/CD27high plasmablasts indicate active disease in patients with systemic lupus erythematosus. Annals of the rheumatic diseases, v. 69, n. 1, p. 305–308, 2010.

JOB, C. K. et al. Transmission of leprosy: A study of skin and nasal secretions of household contacts of leprosy patients using PCR. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 78, n. 3, p. 518–521, 2008.

JÚNIOR, I. A. R. et al. Leprosy classification methods: a comparative study in a referral center in Brazil. International journal of infectious diseases, v. 45, p. 118–122, 2016.

KAHAWITA, I. P.; LOCKWOOD, D. N. J. Towards understanding the pathology of erythema nodosum leprosum. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v. 102, n. 4, p. 329–337, 2008.

KAMATH, S. et al. Recognizing and managing the immunologic reactions in leprosy. Journal of the American Academy of Dermatology, v. 71, n. 4, p. 795–803, 2014.

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

108

KANG, T. J.; CHAE, G. T. Detection of Toll-like receptor 2 (TLR2) mutation in the lepromatous leprosy patients. FEMS Immunology and Medical Microbiology, v. 31, n. 1, p. 53–58, 2001.

KANG, T. J.; LEE, S. B.; CHAE, G. T. A polymorphism in the toll-like receptor 2 is associated with IL-12 production from monocyte in lepromatous leprosy. Cytokine, v. 20, n. 2, p. 56–62, 2002.

KARNELL, J. L. et al. CD19 and CD32b Differentially Regulate Human B Cell Responsiveness. The Journal of Immunology, n. 192, p. 1480–1490, 2016.

KHANOLKAR-YOUNG, S. et al. Tumour necrosis factor-alpha (TNF-alpha) synthesis is associated with the skin and peripheral nerve pathology of leprosy reversal reactions. Clinical and Experimental immunology, v. 99, n. 2, p. 196–202, 1995.

KHANOLKAR-YOUNG, S.; SNOWDON, D.; LOCKWOOD, D. N. Immunocytochemical localization of inducible nitric oxide synthase and transforming growth factor-beta (TGF-beta) in leprosy lesions. Clinical and Experimental immunology, v. 113, n. 3, p. 438–442, 1998.

KIFAYET, A et al. Erythema nodosum leprosum is associated with up-regulation of polyclonal IgG1 antibody synthesis . Clinical and Experimental immunology , v. 106, n. 0009–9104, p. 447–453, 1996.

KIRKALDY, A A et al. Expression of CC and CXC chemokines and chemokine receptors in human. Clinical and Experimental Immunology, n. Il, 2003.

KONO, H. et al. FcgammaRIIB Ile232Thr transmembrane polymorphism associated with human systemic lupus erythematosus decreases affinity to lipid rafts and attenuates inhibitory effects on B cell receptor signaling. Human molecular genetics, v. 14, n. 19, p. 2881–92, 2005.

KRUTZIK, S. R. et al. TLR activation triggers the rapid differentiation of monocytes into macrophages and dendritic cells. Nature medicine, v. 11, n. 6, p. 653–660, 2005.

KUMAR, S. et al. FoxP3 provides competitive fitness to CD4+CD25+ T cells in leprosy patients via transcriptional regulation. European Journal of Immunology, v. 44, n. 2, p. 431–439, 2014.

KYOGOKU, C. et al. Fcgamma receptor gene polymorphisms in Japanese patients with systemic lupus erythematosus: contribution of FCGR2B to genetic susceptibility. Arthritis and rheumatism, v. 46, n. 5, p. 1242–54, 2002.

LAHIRI, R. et al. Activation of complement by Mycobacterium leprae requires disruption of the bacilli.Leprosy review, 2008.

LEE, D. J. et al. Integrated pathways for neutrophil recruitment and inflammation in leprosy. The Journal of infectious diseases, v. 201, n. 4, p. 558–569, 2010.

LEGENDRE, D. P.; MUZNY, C. A.; SWIATLO, E. Hansen’s disease (Leprosy): Current and future pharmacotherapy and treatment of disease-related immunologic reactions. Pharmacotherapy, v. 32, n. 1, p. 27–37, 2012.

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

109

LITTLE, D. et al. Immunohistochemical analysis of cellular infiltrate and gamma interferon, interleukin-12, and inducible nitric oxide synthase expression in leprosy type 1 (reversal) reactions before and during prednisolone treatment. Infection and Immunity, v. 69, n. 5, p. 3413–3417, 2001.

LOBATO, J. et al. Comparison of three immunological tests for leprosy diagnosis and detection of subclinical infection. Leprosy review, v. 82, n. 4, p. 389–401, 2011.

LYON, S. et al. A comparison of ML Flow serology and slit skin smears to assess the bacterial load in newly diagnosed leprosy patients in Brazil. Leprosy review, v. 79, n. 2, p. 162–170, 2008.

LYUBCHENKO, T. et al. Coligation of the B cell receptor with complement receptor type 2 (CR2/CD21) using its natural ligand C3dg: activation without engagement of an inhibitory signaling pathway. Journal of immunology (Baltimore, Md. : 1950), v. 174, n. 6, p. 3264–3272, 2005.

MAECKER, H. T. Standardizing immunophenotyping for the Human Immunology. Nature Reviews Immunology, v. 12, n. 3, p. 191–200, 2012.

MARZANO, A. V et al. Facial reversal reaction : A dermatological emergency. The Journal of Dermatology, v. 39, n. 2, p. 203–205, 2012.

MASTRANGELO, G. et al. How to prevent immunological reactions in leprosy patients and interrupt transmission of Mycobacterium leprae to healthy subjects: Two hypotheses. Medical Hypotheses, v. 71, n. 4, p. 551–563, 2008.

MILES, S. A. et al. A role for IgG immune complexes during infection with the intracellular pathogen Leishmania. The Journal of Experimental Medicine, v. 201, n. 5, p. 747–54, 2005.

MIRA, M. T. Genetic host resistance and susceptibility to leprosy. Microbes and Infection, v. 8, n. 4, p. 1124–1131, 2006.

MISCH, E. A. et al. Leprosy and the Human Genome. Microbiology and Molecular Biology Reviews, v. 74, n. 4, p. 589–620, 2010.

MODLIN, R. L. et al. Learning from Lesions: Patterns of Tissue Inflammation in Leprosy. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v. 85, n. 4, p. 1213–1217, 1988.

MOET, F. J. et al. The prevalence of previously undiagnosed leprosy in the general population of northwest Bangladesh. PLoS Neglected Tropical Diseases, v. 2, n. 2, p. 1–4, 2008a.

MOET, F. J. et al. Effectiveness of single dose rifampicin in preventing leprosy in close contacts of patients with newly diagnosed leprosy: cluster randomised controlled trial. BMJ (Clinical research ed.), v. 336, n. 7647, p. 761–764, 2008b.

MONOT, M. et al. Comparative genomic and phylogeographic analysis of Mycobacterium leprae. Nature genetics, v. 41, n. 12, p. 1282–1289, 2009.

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

110

MONTOYA, D. et al. Divergence of Macrophage Phagocytic and Antimicrobial Programs in Leprosy. Cell Host and Microbe, v. 6, n. 4, p. 343–353, 2009.

MORGAN, B. P.; HARRIS, C. L. Complement, a target for therapy in inflammatory and degenerative diseases. Nature reviews. Drug discovery, v. 14, n. 12, p. 857–877, 2015.

MOTTA, A. C. F. et al. Leprosy reactions: coinfections as a possible risk factor. Clinics (São Paulo, Brazil), v. 67, n. 10, p. 1145–8, 2012.

MOURA, M. L. N. et al. Active Surveillance of Hansen’s Disease (Leprosy): Importance for Case Finding among Extra-domiciliary Contacts. PLoS Neglected Tropical Diseases, v. 7, n. 3, p. 1–7, 2013.

MOURA, R. S. et al. Evaluation of a rapid serological test for leprosy classification using human serum albumin as the antigen carrier. Journal of Immunological Methods, v. 412, p. 35–41, 2014.

MOURA, R. S. DE et al. Sorologia da hanseníase utilizando PGL-I: Revisão sistemática. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 41, n. SUPPL. 2, p. 11–18, 2008.

MUTA, T. et al. A 13-amino-acid motif in the cytoplasmic domain of Fc gamma RIIB modulates B-cell receptor signalling. Nature, v. 368, n. 6466, p. 70–73, 1994.

NIIRO, H.; CLARK, E. A. Regulation of B-cell fate by antigen-receptor signals. Nature Reviews Immunology, v. 2, n. 12, p. 945–956, 2002.

NIMMERJAHN, F.; RAVETCH, J. V. Fcgamma receptors as regulators of immune responses. Nature Reviews Immunology, v. 8, n. 1, p. 34–47, 2008.

NOBRE, M. L. et al. Human migration , railways and the geographic distribution of leprosy in Rio Grande do Norte State – Brazil. Leprosy review, v. 86, p. 335–344, 2015.

NOBRE, M. L. et al. Multibacillary leprosy by population groups in Brazil: Lessons from an observational study. PLOS Neglected Tropical Diseases, v. 11, n. 2, p. e0005364, 2017.

NORMAN, G.; JOSEPH, G.; RICHARD, J. Validity of the WHO operational classification and value of other clinical signs in the classification of leprosy. International Journal of Leprosy and Other Mycobacterial Diseases, v. 72, n. 3, p. 278–283, 2004.

NOTHELFER, K.; SANSONETTI, P. J.; PHALIPON, A. Pathogen manipulation of B cells: the best defence is a good offence. Nature reviews. Microbiology, v. 13, n. 3, p. 173–184, 2015.

OCHOA, M. T. et al. A role for interleukin-5 in promoting increased immunoglobulin M at the site of disease in leprosy. Immunology, v. 131, n. 3, p. 405–414, 2010.

ONO, M. et al. Role of inositol phosphatase SHIP in negative regulation of immune

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

111

system by FcyRIIB. Nature, v. 383, p. 263–266, 1996.

PIERCE, S. K. LIPID RAFTS AND B-CELL ACTIVATION. Nature immunology, v. 2, n. February, p. 96–105, 2002.

PROKOPEC, K. E. et al. Down regulation of Fc and complement receptors on B cells in rheumatoid arthritis. Clinical Immunology, v. 137, n. 3, p. 322–329, 2010.

QUEIROZ, J. W. et al. Geographic information systems and applied spatial statistics are efficient tools to study Hansen’s disease (leprosy) and to determine areas of greater risk of disease. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 82, n. 2, p. 306–314, 2010.

RANQUE, B. et al. Age is an important risk factor for onset and sequelae of reversal reactions in Vietnamese patients with leprosy. Clinical infectious diseases : an official publication of the Infectious Diseases Society of America, v. 44, n. 1, p. 33–40, 2007.

REECE, S. T. et al. ML0405 and ML2331 are antigens of Mycobacterium leprae with potential for diagnosis of leprosy. Clinical and Vaccine Immunology, v. 13, n. 3, p. 333–340, 2006.

RICHARDUS, J. H.; OSKAM, L. Protecting people against leprosy: Chemoprophylaxis and immunoprophylaxis. Clinics in Dermatology, v. 33, n. 1, p. 19–25, 2015.

RICHARDUS, R. A. et al. Clinical manifestations of leprosy after BCG vaccination: An observational study in Bangladesh. Vaccine, v. 33, n. 13, p. 1562–1567, 2015.

RIDLEY, D. S.; JOPLING, W. H. Classification of leprosy according to immunity. A five-group system. International Journal of Leprosy and Other Mycobacterial Diseases , v. 34, n. 3, p. 255–273, 1966.

ROCHE, P. W.; THEUVENET, W. J.; BRITTON, W. J. Risk factors for type-1 reactions in borderline leprosy patients. The Lancet, v. 338, n. 8768, p. 654–657, 1991.

RODRIGUES, L. C.; LOCKWOOD, D. N. J. Leprosy now: Epidemiology, progress, challenges, and research gaps. The Lancet Infectious Diseases, v. 11, n. 6, p. 464–470, 2011.

ROY, S. et al. Association of vitamin D receptor genotype with leprosy type. The Journal of Infectious Diseases, v. 179, n. 1, p. 187–91, 1999.

SAINI, C.; RAMESH, V.; NATH, I. Increase in TGF-β Secreting CD4+CD25+ FOXP3+ T Regulatory Cells in Anergic Lepromatous Leprosy Patients. PLoS Neglected Tropical Diseases, v. 8, n. 1, p. 23, 2014.

SALES, A. M. et al. Leprosy among patient contacts: A multilevel study of risk factors. PLoS Neglected Tropical Diseases, v. 5, n. 3, p. 1–6, 2011.

SAMPAIO, E. P. et al. Management of erythema nodosum leprosum by thalidomide: Thalidomide analogues inhibit M. leprae-induced TNF-α production in vitro. Biomedicine and Pharmacotherapy, v. 56, n. 1, p. 13–19, 2002.

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

112

SAMPAIO, L. H. et al. Immunologically reactive M. leprae antigens with relevance to diagnosis and vaccine development. BMC infectious diseases, v. 11, n. 1, p. 26, 2011.

SAMPAIO, L. H. et al. Evaluation of various cytokines elicited during antigen-specific recall as potential risk indicators for the differential development of leprosy. European Journal of Clinical Microbiology and Infectious Diseases, v. 31, n. 7, p. 1443–1451, 2012.

SAUER, M. E. D. et al. Genetics of leprosy: Expected and unexpected developments and perspectives. Clinics in Dermatology, v. 33, n. 1, p. 99–107, 2015.

SCOLLARD, D. M. et al. The continuing challenges of leprosy. Clinical Microbiology Reviews, v. 19, n. 2, p. 338–381, 2006.

SEHGAL, V. N.; SHARMA, V.; SHARMA, V. K. Comprehensive evaluation of complement components in the course of type I (Lepra) and type II (ENL) reactions. International Journal of Dermatology, v. 28, n. 1, p. 32–35, 1989.

SOUSA, A. L. M. et al. Genetic and immunological evidence implicates interleukin 6 as a susceptibility gene for leprosy type 2 reaction. Journal of Infectious Diseases, v. 205, n. 9, p. 1417–1424, 2012.

SPENCER, J. S. et al. Identification of serological biomarkers of infection, disease progression and treatment efficacy for leprosy. Memorias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 107, n. SUPPL.1, p. 79–89, 2012.

SPIERINGS, E. et al. Novel mechanisms in the immunopathogenesis of leprosy nerve damage: The role of schwann cells, T cells and Mycobacterium leprae. Immunology and Cell Biology, v. 78, n. 4, p. 349–355, 2000.

SPIERINGS, E. et al. Mycobacterium leprae-specific, HLA class II-restricted killing of human Schwann cells by CD4+ Th1 cells: a novel immunopathogenic mechanism of nerve damage in leprosy. The Journal of Immunology, v. 166, n. 10, p. 5883–5888, 2001.

STURFELT, G.; TRUEDSSON, L. Complement in the immunopathogenesis of rheumatic disease. Nature Reviews Rheumatology, v. 8, n. 8, p. 458–468, 2012.

SU, K. et al. Dysregulation in Systemic Lupus Erythematosus 1. The Journal of Immunology, n. 178, p. 3272–3280, 2017.

TELES, R. M. B. et al. Type I Interferon Suppresses Type II Interferon – Triggered Human Anti- Mycobacterial Responses. Science Express, v. 1448, n. February, p. 1–7, 2013.

THIEL, J. et al. Genetic CD21 deficiency is associated with hypogammaglobulinemia. Journal of Allergy and Clinical Immunology, v. 129, n. 3, 2012.

TROUW, L. A. et al. Genetic variants in the region of the C1q genes are associated with rheumatoid arthritis. Clinical and Experimental Immunology, v. 173, n. 1, p. 76–83, 2013.

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

113

TYAGI, P. et al. Activation of complement by circulating immune complexes isolated from leprosy patients. International journal of leprosy and other mycobacterial diseases, v. 58, n. 1, p. 31–38, 1990.

VIDARSSON, G.; DEKKERS, G.; RISPENS, T. IgG subclasses and allotypes : from structure to effector functions. Frontiers in Immunology, v. 5, p. 1–17, 2014.

WAGGONER, S. N. et al. gC1q receptor ligation selectively down-regulates human IL-12 production through activation of the phosphoinositide 3-kinase pathway. Journal of Immunology (Baltimore, Md. : 1950), v. 175, n. 7, p. 4706–4714, 2005.

WALKER, S. L. et al. Development and validation of a severity scale for leprosy type 1 reactions. PLoS Neglected Tropical Diseases, v. 2, n. 12, 2008.

WALKER, S. L.; LOCKWOOD, D. N. J. The clinical and immunological features of leprosy. British Medical Bulletin, v. 77–78, n. 1, p. 103–121, 2006.

WALKER, S. L.; LOCKWOOD, D. N. J. Leprosy type 1 (reversal) reactions and their management. Leprosy review, v. 79, n. 4, p. 372–386, 2008.

WALSH, G. P.; MEYERS, W. M.; BINFORD, C. H. Naturally Acquired Banded Armadillo : I 975-i Leprosy in the Nine- A Decade of Experience. Journal of Leukocyte Biology, v. 656, n. 5, p. 645–656, 1986.

WEMAMBU, S. N. C.; TURKU, J. L. Erythema Nodosum Leprosum: a Clinical Manifestation of the Arthus Phenomenon. The Lancet, p. 933–935, 1967.

WEN, Y. et al. Evaluation of Novel Tools to Facilitate the Detection and Characterization of Leprosy Patients in China. BioMed Research International, v. 2014, n. 371828, 2014.

WHO. Chemotherapy of Leprosy for Control ProgrammesWorld Health Organization, 1982. Disponível em: <http://apps.who.int/iris/handle/10665/38984>. Acesso em: 10 jan 2017.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Weekly epidemiological record. Relevé épidémiologique hebdomadaire. n. 35, p. 405–420, 2016.

WYNN, T. A; CHAWLA, A.; POLLARD, J. W. Macrophage biology in development, homeostasis and disease. Nature, v. 496, n. 7446, p. 445–55, 2013.

YAMAMURA, M. et al. Defining protective responses to pathogens: cytokine profiles in leprosy lesions. Science (New York, N.Y.), v. 254, n. 5029, p. 277–279, 1991.

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

114

APÊNDICE 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) utilizado no estudo.

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

Versão 3_CAAE - 0042.0.051.051-09 – INCT_ DT: MARCADORES GENÉTICOS E IMUNOLÓGICOS NA HANSENÍASE_CASO 1 DE 2

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Biociências

Universidade Federal da Bahia Serviço de Imunologia

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (2)

Título do Projeto: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS EM DOENÇAS TROPICAIS: MARCADORES GENÉTICOS E IMUNOLÓGICOS NA HANSENÍASE

Pesquisadores: Selma M.B. Jerônimo, Paulo Roberto Machado, Edgar M. Carvalho, Pedro Bezerra da Trindade Neto, Shirley Moreira, Márcia C.S. Dias, Goretti Fernandes de Oliveira, Lúcio Leopoldino de Medeiros, Kaliane Fernandes Vale, Sérgio R. F. Araújo, Kathryn Dupnik, Mauricio L. Nobre

.I. Esclarecimentos

Estamos convidando você para participar, como voluntário, de uma pesquisa sobre hanseníase. Com essa pesquisa nós queremos aprender porque somente algumas pessoas quando contaminadas com o germe que causa esta doença a desenvolve.. Para isto, vamos realizar um estudo que usa DNA e outros componentes do sangue. O DNA é uma substância encontrada dentro das nossas células, herdada dos nossos pais e transmitidas por nós aos nossos filhos. Iremos estudar “pedacinhos” do DNA que na linguagem científica se chama de genes, que podem estar relacionados com a capacidade (sensibilidade) ou não (resistência) de desenvolver doenças.

Esta pesquisa será feita em colaboração com a Universidade Federal da Bahia. Nesta pesquisa nós iremos realizar um estudo comparativo entre famílias oriundas da Bahia e do Rio Grande do Norte, com o objetivo de identificar formas de melhor prevenir esta doença. Caso você aceite participar do estudo você será submetido a uma consulta médica e deverá permitir a realização de coleta de sangue. Solicitamos permissão para revisar o seu prontuário que está no posto de saúde ou hospital onde você está ou foi tratado para hanseníase. Para alguns participantes que têm formas clínicas da hanseníase com maior risco de desenvolver complicações, denominadas cientificamente reações reversa ou eritema nodoso, solicitamos permissão para contatar mensalmente, por telefone, para saber sobre a resposta ao tratamento e a presença de alguma dessas complicações.

Você também deverá responder um questionário a respeito da sua saúde. Quando você estiver respondendo esse questionário se alguma pergunta lhe causar constrangimento você poderá deixar de respondê-la.

Vamos, a seguir, explicar a você o motivo da coleta do material e os riscos e desconfortos dos procedimentos.

Coleta de sangue serão coletados 10ml de sangue (mais ou menos uma colher de sopa) para a realização dos estudos genéticos e um adicional de 15 ml para aquelas pessoas que participarão dos estudos referentes a resposta de defesa. O sangue será coletado com material estéril e descartável. Uma segunda amostra de sangue (aproximadamente 15 ml) será coletada para aqueles que tiverem complicações como reações reversa ou eritema nodoso. Os riscos e desconfortos deste procedimento são pequenos e poderá ser desmaio, sangramento, manchas arroxeadas ou infecção no local da coleta. Iremos minimizar estes riscos com os cuidados: limpeza no local da coleta usando-se álcool e pressionando este local, por alguns minutos, após a retirada da agulha. Com a parte líquida do sangue (soro ou plasma), iremos determinar se voce foi contaminado com o germe que causa hanseníase; exames laboratoriais, como hemograma, avaliação da função do fígado e exposição a germes que causam hepatites e a e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) serão realizados. O exame para detectar o vírus HIV só será feito se você autorizar. Das células, que é a parte figurada do sangue, iremos isolar o DNA e RNA e estudar seu sistema de defesa, a sua imunidade.

Se for preciso, você poderá ser submetido a uma biópsia de pele. Este exame pode ser doloroso. Esta coleta será feita por um médico especializado e ele deverá usar um anestésico local. Parte do material coletado será usado para avaliação do estágio atual da sua doença.

Iremos também registrar o local da sua residência. Para isto iremos utilizar um aparelho chamado GPS. Este aparelho captura sinais de satélites presentes na atmosfera e permite com precisão localizar um ponto na superfície da Terra. O objetivo deste procedimento é identificar na sua cidade áreas onde ocorrem com mais freqüência casos de doença. Isto permitirá direcionar medidas de intervenção que podem facilitar o controle da hanseníase.

Sua participação é importante para a nossa pesquisa. Ao responder os questionários você estará contribuindo com informações que nos permitirão mapear áreas onde existe hanseníase no Rio Grande do Norte. Enfim,

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

Versão 3_CAAE - 0042.0.051.051-09 – INCT_ DT: MARCADORES GENÉTICOS E IMUNOLÓGICOS NA HANSENÍASE_CASO 2 DE 2

sua participação nesta pesquisa contribuirá para que uma melhor compreensão sobre a hanseníase. Mas, se você decidir não participar nesta pesquisa o tratamento para hanseníase ou outra doença que for diagnosticada em você não será diferente, além do que, você poderá retirar seu consentimento a qualquer momento da pesquisa, sem que essa desistência traga qualquer prejuízo a você ou sua família.

Garantimos que os resultados dos seus exames serão mantidos em sigilo e privacidade onde somente pesquisadores deste estudo, terão acesso. Cada indivíduo e todas as amostras coletadas serão identificados por código de barra. Não haverá disponibilização de seus resultados para terceiros (seguradora, empregadores, etc). Se qualquer relatório ou publicação resultar deste estudo, seu nome não será revelado. Porém, caso você deseje poderá receber os resultados de todos os seus exames.

Assumimos o compromisso de que o material coletado será usado apenas para o que foi esclarecido aqui. Pedimos sua permissão para guardar (armazenar) o restante do DNA, do soro e do plasma coletados nessa pesquisa, no Laboratório de Imunogenética, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Este material será guardado em tubos identificados por um código durante um período de 5 anos. Qualquer outro estudo que venhamos a desenvolver e que usará informação sobre sua doença ou material do seu sangue será primeiramente submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN, à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), e solicitada sua autorização. Lembramos que você poderá remover sua permissão para o armazenamento do material em qualquer época, sem qualquer prejuízo para você.

Sua participação nesta pesquisa é voluntária e por quatro anos. Você não será pago por participar desta pesquisa, mas será ressarcido (reembolsado) por qualquer gasto decorrente da mesma e será indenizado por qualquer dano também comprovadamente decorrente de sua participação nesta pesquisa.

Se você tem, ou tiver, alguma dúvida sobre os esclarecimentos feitos aqui, riscos, benefícios, seus direitos ou qualquer outra dúvida a respeito desta pesquisa entrar em contato com a Dra Selma Jeronimo, ou outro membro da equipe, pelo telefone 84-3215-3428, no Departamento de Bioquímica da UFRN ou por correio eletrônico ([email protected]).

Este projeto foi avaliado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP/CNS/Ministério da Saúde, Brasília). O Comitê de Ética da Universidade Federal do Rio Grande do Norte fica localizado no Campus Universitário (84-3215-3135). O número do protocolo de pesquisa é CAAE 0042.0.051.051-09.

2. Consentimento Livre

Concordo em participar voluntariamente do estudo “INCT-DOENÇAS TROPICAIS: MARCADORES GENÉTICOS E IMUNOLÓGICOS NA HANSENÍASE”. Fui devidamente esclarecido (a) quanto ao material que será coletado, os testes que farei e o questionário que responderei. Entendi todos os riscos e desconfortos que

poderei ter, assim como, os benefícios para mim e para a comunidade que este estudo poderá trazer.

Autorizo ou não os pesquisadores o seguinte: Sim Não

pesquisar o vírus HIV no meu sangue

usar parte do material da biópsia de pele

armazenar o restante do meu DNA, soro e plasma no Laboratório de Imunogenética da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Por fim, quanto aos resultados dos meus exames manifesto o desejo de:

Receber todos os resultados Não receber os resultado

_________________________________________________DATA ______/_______/_______

Assinatura do Participante

__________________________________________________DATA ______/_______/_______

Assinatura do Pesquisador Responsável

Page 119: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

115

APÊNDICE 2 – Artigo publicado na revista Plos Neglected Tropical Diseases com os dados obtidos no estudo 1.

Page 120: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

RESEARCH ARTICLE

Identifying Leprosy and Those at Risk ofDeveloping Leprosy by Detection ofAntibodies against LID-1 and LID-NDOFrancianne M. Amorim1, Maurício L. Nobre1,2,3, Leonardo C. Ferreira1, LarissaS. Nascimento1, Alesson M. Miranda1, Glória R. G. Monteiro1, Kathryn M. Dupnik4,Malcolm S. Duthie5, Steven G. Reed5, Selma M. B. Jeronimo1,6*

1 Department of Biochemistry, Bioscience Center, and Institute of Tropical Medicine of Rio Grande do Norte,Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio Grande do Norte, Brazil, 2 Post-graduate Programin Tropical Medicine, Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz, Rio de Janeiro, Brazil, 3 Hospital Giselda Trigueiro,Rio Grande do Norte Health Secretariat, Natal, Rio Grande do Norte, Brazil, 4 Center for Global Health, WeillCornell Medical College, New York, New York, United States of America, 5 Infectious Disease ResearchInstitute, Seattle, Washington, United States of America, 6 Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia deDoenças Tropicais (INCT-DT), Salvador, Bahia, Brazil

* [email protected]

AbstractLeprosy is caused byMycobacterium leprae infection and remains a major public health

problem in many areas of the world. Challenges to its timely diagnosis result in delay in

treatment, which is usually associated with severe disability. Although phenolic glycolipid

(PGL)-I has been reported as auxiliary diagnostic tool, currently there is no serological

assay routinely used in leprosy diagnosis. The aim of this study was to evaluate the effec-

tiveness of two related reagents, LID-1 and LID-NDO, for the detection ofM. leprae infec-

tion. Sera from 98 leprosy patients, 365 household contacts (HHC) and 98 endemic

controls from Rio Grande do Norte, Brazil, were evaluated. A subgroup of the HHC living in

a hyperendemic area was followed for 7–10 years. Antigen-specific antibody responses

were highest in multibacillary (MB) at the lepromatous pole (LL/BL) and lowest in paucibacil-

lary (PB) at the tuberculoid pole (TT/BT). A positive correlation for both anti-LID-1 and anti-

LID-NDO antibodies was found with bacterial burden (LID-1, r = 0.84, p<0.001; LID-NDO, r

= 0.82, p<0.001), with higher sensitivity than bacilloscopy. According to Receiver OperatingCurve, LID-1 and LID-NDO performed similarly. The sensitivity for MB cases was 89% for

LID-1 and 95% for LID-NDO; the specificity was 96% for LID-1 and 88% for LID-NDO. Of

the 332 HHC that were followed, 12 (3.6%) were diagnosed with leprosy in a median time of

31 (3–79) months after recruitment. A linear generalized model using LID-1 or LID-NDO as

a predictor estimated that 8.3% and 10.4% of the HHC would become a leprosy case,

respectively. Together, our findings support a role for the LID-1 and LID-NDO antigens in

diagnosing MB leprosy and identifying people at greater risk of developing clinical disease.

These assays have the potential to improve the diagnostic capacity at local health centers

and aid development of strategies for the eventual control and elimination of leprosy from

endemic areas.

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 1 / 17

a11111

OPEN ACCESS

Citation: Amorim FM, Nobre ML, Ferreira LC,Nascimento LS, Miranda AM, Monteiro GRG, et al.(2016) Identifying Leprosy and Those at Risk ofDeveloping Leprosy by Detection of Antibodiesagainst LID-1 and LID-NDO. PLoS Negl Trop Dis10(9): e0004934. doi:10.1371/journal.pntd.0004934

Editor: Pamela L. C. Small, University of Tennessee,UNITED STATES

Received: March 30, 2016

Accepted: July 29, 2016

Published: September 22, 2016

Copyright: © 2016 Amorim et al. This is an openaccess article distributed under the terms of theCreative Commons Attribution License, which permitsunrestricted use, distribution, and reproduction in anymedium, provided the original author and source arecredited.

Data Availability Statement: All relevant data arewithin the paper and its Supporting Information files.

Funding: This work was supported by a grant fromthe Conselho Nacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico (Instituto Nacional de Ciênciae Tecnologia de Doenças Tropicais and 401545/2013-6). FMA received a fellowship from Fundaçãode Amparo a Pesquisa do Rio Grande do Norte(FAPERN). The funders had no role in the studydesign, data collection and analysis, decision topublish or preparation of the manuscript.

Page 121: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

Author Summary

Despite the substantial decrease in its prevalence, leprosy continues to be a worldwidechallenge. Early diagnosis and treatment are important to interrupt transmission. Cur-rently, there is no gold standard for the diagnosis of leprosy. Bacilloscopy and histopathol-ogy studies are complementary exams that provide high specificity but low sensitivity. It istherefore important to seek alternative tools to achieve rapid and accurate diagnosis. Thestate of Rio Grande do Norte, in Brazil, has municipalities’ that are considered hyperen-demic for leprosy, such as Mossoró, the one included in this study. This city presented anaverage of new case detection rate (NCDR) of 45.4/100.000 inhabitants per year from 2001to 2013, much higher than Brazil’s NCDR, which is currently 15.3. Here, we show that theutility of the recombinant antigens LID-1 and LID-NDO to diagnose MB patients anddetect asymptomaticM. leprae infection. In addition, we showed that antibody levels wererelated to the clinical form of leprosy as well as to the bacillary load. Interestingly, weobserved that serum levels of LID-1/LID-NDO antibodies can be used to predict leprosydevelopment among HHC. The assays have the potential to eventually be implemented aspoint of care at local health centers.

IntroductionLeprosy is caused byMycobacterium leprae infection and, despite the availability of free, effec-tive multidrug therapy (MDT), it remains a major public health problem. Leprosy is the leadingworldwide cause of non-traumatic peripheral neuropathy. Challenges to timely diagnosis resultin delay in treatment, which leads to severe disability [1]. Of importance, one third of the lep-rosy cases develop immunopathologic reactions, which tend to be an additional cause of dis-ability [2–4]. India and Brazil are the two countries with the largest number of cases [5].

Infection withM. leprae can evolve into a wide range of outcomes, from asymptomatic infec-tion to disseminated disease. Presentation of clinical leprosy is also on a spectrum, varyingbetween tuberculoid and lepromatous poles [6]. The tuberculoid pole (TT) is characterized byfew, well-defined, hypopigmented, hypoesthetic lesions. Histopathologic analysis of lesions ofTT patients usually has few or no bacilli [7]. In contrast, patients at the lepromatous pole (LL)present with numerous skin lesions, infiltration of skin and sometimes internal organs. Histol-ogy reveals foamy macrophages containing large numbers of bacilli within a disorganized lym-phocytic infiltrate. Between these two poles, there are intermediate clinical forms as borderline-tuberculoid (BT), borderline-borderline (BB) and borderline-lepromatous (BL) [6]. People withTT leprosy present a strong Th1 cell mediated immune response and are usually seronegativefor anti-M. leprae antibodies, while people with LL leprosy skew toward a Th2 pole and astrong antibody-mediated responses that do not control bacilli replication and are usually sero-positive [8;9].

The diagnosis of leprosy is based on clinical examination, bacilloscopy and histopathology.Although, bacilloscopy and histopathology provide a high specificity, they have low sensitivity[10]. These tests also present technical and practical limitations because of their invasivenature, required materials, and need for specific technical expertise. The World Health Organi-zation (WHO) developed a simpler classification to be applied in areas that lack the ability tocarry on histopathological studies. Under WHO guidelines, patients are classified as pauciba-cillary (PB) when presenting with up to five lesions, and as multibacillary (MB) if they presentwith more than five lesions [11–13]. It is important to seek alternative and practical tools that

Diagnosis ofMycobacterium leprae Infection by Serological Assays

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 2 / 17

Competing Interests: I have read the journal's policyand the authors of this manuscript have the followinginterests: IDRI (SGR and MSD) has provided antigento companies for fabrication of rapid testes. All otherauthors have declared that they have no conflict ofinterest.

Page 122: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

can help to achieve the earliest possible diagnosis and therapy to interrupt both disease devel-opment andM. leprae transmission.

Serological tests can be used following finger-prick blood collection to evaluate antibodyresponses toM. leprae specific antigens. Phenolic glycolipid (PGL)-I has been used as the anti-gen [14–16]. Patients who have multibacillary leprosy produce large amounts of IgM directedtowards PGL-I. The magnitude of anti-PGL-I IgM correlates well with the bacillary load [17].Serologic responses are also detected against many proteins. The recombinant protein antigensML0405 and ML2331 have exhibited high sensitivity for the detection of leprosy removethroughout the clinical spectrum when tested against large panels of sera from many differentgeographic regions (Philippines, Brazil and Japan) [18–20]. A fusion protein, LID-1 (leprosyIDRI diagnostic-1) was developed by fusing theml0405 andml2331 genes to produce a singlechimeric protein with a better sensitivity than the original proteins alone [21;22]. Recently,LID-1 and PGL-I epitopes were conjugated to form LID-NDO. Prospective studies usingLID-NDO showed high sensitivity and specificity [23].

The sensitivity of serological tests for leprosy varies depending on the geographic origin ofthe sera; therefore, response profile to a particular antigen needs to be evaluated in diverse pop-ulations [24]. As such, the primary objective of this study was to evaluate the ability of LID-1and LID-NDO to discriminate the different clinical forms of leprosy in the state of Rio Grandedo Norte, Brazil. We also evaluated whether positive responses against these antigens couldprovide a predictive value for leprosy development in household contacts of clinically identifiedleprosy cases.

Methods

Study design and populationInitially, to evaluate the ability of LID-1 and LID-NDO to detect the different clinical forms ofleprosy and asymptomatic infection, we used samples collected at diagnosis and householdcontacts from different areas in the State of Rio Grande do Norte (Fig 1).

A total of 98 cases of leprosy were recruited from two leprosy referral centers in the stateof Rio Grande do Norte, Brazil, between 2005–2014. Patients were recruited at HospitalRafael Fernandes, Mossoró, and Hospital Giselda Trigueiro, Natal. According to the State ofRio Grande do Norte Health Secretariat database, Mossoró and Natal are the two municipali-ties with the largest number of leprosy cases in the state of Rio Grande do Norte [25;26].Cases of leprosy were diagnosed as PB or MB by standard criteria and blood samples werecollected prior to the initiation of MDT [11]. A subgroup of those patients (n = 50) whichthere were available biopsy results were characterized in accordance to Ridley and Joplingclassifications [6].

Healthy household contacts (HHC) were recruited, as described in Moura et al (2013) [27].Serum samples of these HHC were studied to assess the utility of serological assays to predictdisease development. A total of 365 household contacts were clinically screened for leprosy, ofwhom 183 were contacts of PB and 167 were MB contacts. Serum samples from people residingin the endemic area, but with no history of contact with a leprosy case was used as endemiccontrol (EC, n = 98). Epidemiological data for the groups are presented in Table 1. The meanage of leprosy cases was 45.6 years, 52% were female and 67.3% of the cases were MB. A sub-group of the HHC (n = 332) living in the hyperendemic area of Mossoró (recruited from 2006to 2008) were followed for 7–10 years (Fig 1). In this cohort, through the analysis of RioGrande do Norte leprosy database, it was identified those HHC that became a leprosy case inthis interval of time.

Diagnosis ofMycobacterium leprae Infection by Serological Assays

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 3 / 17

Page 123: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

Fig 1. Population from Rio Grande do Norte-Brazil tested for LID-1 and LID-NDO. Analysis of LID-1 and LID-NDO ELISA asdiagnostic tools to identify leprosy patients, to detect asymptomatic infection and to predict leprosy development.

doi:10.1371/journal.pntd.0004934.g001

Table 1. Characterization of the study population.

Variable EC (n = 98) HHC (n = 365) Leprosy (n = 98) p-value

Age, years 33.8 (±11) 32.7 (±20) 45.6 (±16) <0.001b,c

Sex, n (%)

Male 50 (51.5) 144 (39.6) 51 (52.0) <0.05a,c

Female 47 (48.5) 221 (60.4) 47 (48.0)

City

Natal 62 (64.6) 12 (3.3) 13 (13.3) <0.001a,b,c

Mossoró 0 (0) 332 (90.9) 50 (51.0)

Others 34 (35.4) 21 (5.8) 35 (35.7)

Cases, n (%)

PB - - 32 (32.7) -

MB - - 66 (67.3)

Household contacts from

PB - 183 (52.3) - -

MB - 167 (47.7) -

Age shown as mean (±sd). Sex and age were compared through chi-squared and Tukey’s test, respectively. (EC: endemic control; HHC: household

contacts of leprosy patients; PB: paucibacillary; MB: multibacillary).a EC vs HHC.b EC vs Leprosy.c HHC vs Leprosy.

doi:10.1371/journal.pntd.0004934.t001

Diagnosis ofMycobacterium leprae Infection by Serological Assays

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 4 / 17

Page 124: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

Antibody detectionAntibodies to LID-1 and LID-NDO were detected by enzyme linked immunoassay (ELISA),following previously established protocol [28]. The optical density (OD) for each sample inantigen-specific ELISA was obtained after subtracting the OD reading obtained in the placeboplate. Two control samples were included in each plate to normalize the overall data andaccount for inter-plate variations.

Ethical considerationsThe protocol was assessed and approved by the Universidade Federal do Rio Grande do NorteEthical Committee (CEP-UFRN) and by the Brazilian National Ethical Committee (CONEP/CNS/ Ministério da Saúde, Brasília). All participants or their legal guardians signed informedconsent forms prior to sample collection.

Statistical analysesWe used analysis of variance (ANOVA) with the post-hoc Tukey’s test to evaluate mean differ-ences between groups, assuming that OD values were normally distributed. The cut-offs usedfor sensitivity and specificity calculations were based on optimized OD thresholds generatedby Receiver Operating Characteristic (ROC) analysis, assuming three different scenarios forthe use of the antigens, which included: 1. The diagnose of multibacillary leprosy in a generalendemic population; 2. The diagnose of multibacillary in a high risk population and 3. To iden-tify asymptomaticM. leprae infected subjects. The diagnostic performances of LID-1 andLID-NDO tests were assessed by comparison of the Area Under the Curve (AUC) withDeLong’s test. We used the longitudinal setting (Fig 1) to estimate the predicted probability ofa household contact (HHC) to develop leprosy, through simple logistic regression model usingOD values as predictor variable. Additionally, we ran multiple logistic regression adjusting forage and sex, but no confounding effects were detected. All statistical analyses were performedin R, assuming a significance level of 0.05.

Results

Anti-LID-1 and LID-NDO antibody levelsWe evaluated the specific antibody profile toM. leprae antigens for leprosy cases, householdcontacts and endemic controls (Fig 1). The magnitude of the antibody responses varied accord-ing to the operational classification of patients (as either PB or MB), (Fig 2). For both antigens,MB patients presented higher levels of antibodies compared to all other groups (Fig 2A and2B). PB patients presented low levels of antibodies, which was not different from those pre-sented by EC or HHC of PB patients. As expected, HHC of MB patients presented a mean ODhigher than that observed in HHC of PB patients, although this difference was only significantwhen LID-NDO was used (Fig 2B). MB patients showed a great variability in the levels of spe-cific antibodies, which was readily apparent when samples were stratified by Ridley and Joplingclassification (Fig 3A). By applying a polynomial model, we detected a linear increase of anti-body levels across the spectrum from TT to LL, for both LID-1 and LID-NDO (Fig 3A and 3B).The comparison of LID-1 and LID-NDO mean OD between the different clinical forms of lep-rosy is presented in S1 and S2 Tables, respectively. There was an increment of 0.299 on theLID-1 mean from TT to LL poles (p< 0.001) (Fig 3A). For LID-NDO, this increment was of0.319 (p<0.001) (Fig 3B).

Diagnosis ofMycobacterium leprae Infection by Serological Assays

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 5 / 17

Page 125: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

LID-1 and LID-NDO ELISA as diagnostic toolsTo compare the ability of the two recombinant antigens to diagnose MB leprosy in ELISAassay and to establish a threshold for positive responses we compared data in both a 2x2 table

Fig 2. Comparison of specific antibody responses among endemic controls, household contacts andleprosy cases. The optical density (OD) for each sample in antigen-specific ELISA was obtained aftersubtracting the OD reading obtained with a placebo. A) LID-1 results. B) LID-NDO results. (EC: endemiccontrol; HHC_PB: household contacts of paucibacillary patients; HHC_MB: household contacts ofmultibacillary patients; PB: paucibacillary; MB: multibacillary).

doi:10.1371/journal.pntd.0004934.g002

Diagnosis ofMycobacterium leprae Infection by Serological Assays

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 6 / 17

Page 126: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

which had the mean OD of the endemic control plus three times the standard deviation wasused (S3 Table) and the ROC curve (Table 2 and Fig 4). The use of a 2x2 table showed thatdespite a high specificity obtained for both antigens, a relatively low sensitivity was found, espe-cially when considering PB cases (either PB alone or combined with MB) (S3 Table). Therefore,

Fig 3. Linear increase of antibody levels across the leprosy spectrum. Sera from leprosy patientscharacterized as TT (tuberculoid), BT (borderline-tuberculoid), BB (borderline-borderline), BL (borderline-lepromatous) or LL (lepromatous) were analyzed for antibodies against LID-1 and LID-NDO. A) The slope ofthe fitted line (red) suggests an increment of 0.299 on the LID-1 mean, as group moves from TT to LL poles(p<0.001). B) The slope of the fitted line (red) suggests an increment of 0.319 on the LID-NDOmean, asgroup moves from TT to LL poles (p<0.001).

doi:10.1371/journal.pntd.0004934.g003

Diagnosis ofMycobacterium leprae Infection by Serological Assays

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 7 / 17

Page 127: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

we used ROC curves to determine the optimal threshold for identification of positive samplesto compare the performance of the two recombinant antigens. Our analysis considered threedifferent applicability for the ELISA to: 1. To diagnose MB cases in a general endemic popula-tion; 2. To diagnose MB cases in a high risk population (e.g. household contacts); and 3. Toidentify asymptomatic-infected individuals (Table 2). The sensitivity of ELISA to diagnose MBcases in the endemic population was 89% for LID-1 and 95% for LID-NDO; the specificity was96% for LID-1 and 88% for LID-NDO.

The ROC curves used to compare the ability of LID-1 and LID-NDO ELISA to detect MBpatients in either the general population or a high-risk population are presented in Fig 4. TheAUC was 0.913 for LID-1 and 0.943 for LID-NDO, with no significant difference between thetwo antigens (p = 0.1796) to identify MB cases among the general population (Fig 4A). Toidentify MB cases among HHC, the antigens performance was also similar (p = 0.2861) (Fig4B).

The scatter plot in Fig 5 represents the mean OD obtained for each sample with LID-1 andLID-NDO and the cut-offs obtained considering the scenarios 1 and 2. Despite the strong cor-relation between the levels of anti-LID-1 and anti-LID-NDO (r = 0.84, p<0.001), we observedthat some PB patients were negative for LID-1 and positive for LID-NDO. However, all PBpatients that were positive for LID-1 were also positive for LID-NDO. Considering scenario 1,the net sensitivity (95%) and net specificity (88%) were similar to those observed with the useof LID-1 or LID-NDO alone. However, considering the scenario 2 the net sensitivity (85%)and specificity (91%) were higher than those observed with the use of only one of the tests.

We observed strong positive correlations for both anti-LID-1 (r = 0.84, p<0.001) and anti-LID-NDO (r = 0.82, p<0.001) ELISA data with the bacterial index of leprosy cases (Fig 6A and6B). However, the ELISA presented with a higher sensitivity than bacilloscopy exam. Among atotal of 50 leprosy patients examined, bacilloscopy was negative in 28 cases (i.e. BacterialIndex = 0). In contrast, LID-NDO ELISA identified 5/20 and 5/8 of these PB and MB cases,respectively. These numbers yield a sensitivity to diagnose leprosy per se equal to 44% (22/50)for bacilloscopy but increased to 64% (32/50) for LID-NDO ELISA.

LID-1 and LID-NDO serology to detect asymptomatic infection amonghousehold contactsIt is well documented that HHC of a leprosy case are at higher risk of being exposed toM.leprae and, consequently, of developing leprosy than the general population. We therefore,considered the distribution of specific antibodies levels, establishing a cut-off to define thoseHHC exposed toM. leprae and a cut-off to determine those HHC that presented positiveresponses equivalent to MB leprosy case. Irrespective of the antigen used, it is apparent thatmost of the HHC that was recruited in our study were previously exposed toM. leprae infection(Fig 7A and 7B). We also observed that some of the HHC presented high antibody levels, withOD similar to those measured in sera fromMB patients (Fig 7A and 7B).

Table 2. Parameters estimated through ROC analysis with regard to three distinct scenarios.

LID-1 LID-NDO

Scenario Comparison Cut-off Sens Spec Cut-off Sens Spec

1. Detect MB cases in a general endemic population EC vs MB 0.276 0.894 0.959 0.332 0.954 0.876

2. Detect MB cases in a high risk population (e.g. household contacts) HHC vs MB 0.423 0.803 0.874 0.688 0.712 0.819

3. Identify asymptomatic-infected individuals EC vs HHC 0.156 0.816 0.806 0.288 0.871 0.827

Sen: sensitivity; Spec: specificity.

doi:10.1371/journal.pntd.0004934.t002

Diagnosis ofMycobacterium leprae Infection by Serological Assays

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 8 / 17

Page 128: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

Fig 4. Receiver Operating Characteristic (ROC) curves comparing the ability of LID-1 and LID-NDO toidentify MB in endemic general population (A) and in a high-risk population (B). A total of 98 endemiccontrols (A) and 365 household contacts (B) were used in the analysis along with 66 MB cases. There was nosignificant difference between the two tests as demonstrated by the area under the curve (AUC).

doi:10.1371/journal.pntd.0004934.g004

Diagnosis ofMycobacterium leprae Infection by Serological Assays

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 9 / 17

Page 129: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

Longitudinal study to predict the development of leprosyTo determine if antigen-specific antibody responses could predict disease development, we fol-lowed 332 HHC fromMossoró for a minimum of 7 years. Among those HHC, 12 (3.6%) devel-oped leprosy, as reported to the Minister of Health. The diagnosis of leprosy among theseHHC occurred at a median of 31 (3–79) months after their recruitment into the study. Amongthe HHC that developed disease, at the time of recruitment 25% (3/12) presented detectableantibody responses against LID-1 and 33.3% (4/12) had responses against LID-NDO. Thesepositivity percentages were approximately twice the percentages observed for all HHCrecruited in the study (LID-1 = 11.9% and LID-NDO = 17.8%). It was observed that 50% (6/12) of the HHC that developed leprosy presented as MB. Interestingly, when we compared themean OD of HHC that developed disease (LID-1 OD = 0.480 and LID-NDO OD = 0.879)against the mean OD of HHC that did not develop disease (LID-1 OD = 0.267 and LID-NDOOD = 0.492) a significant difference was observed between these groups (p = 0.01 for LID-1and p = 0.003 for LID-NDO).

Fig 5. Scatter plot for specific antibody levels and simultaneous tests results. Each sample is distinguishedby an individual marker. The Pearson’s coefficient correlation was r = 0.84 (p<0.001). Dashed lines represent cut-offs to diagnose MB cases according to scenarios 1 (darkest lines) and 2 (lightest lines). See Table 2. Netsensitivity for scenario 1 = (0+59+4)/66 = 0.951. Net specificity for scenario 1 = 86/98 = 0.878. Net sensitivity forscenario 2 = (3+44+9)/66 = 0.848. Net specificity for scenario 2 = 336/365 = 0.908. (MB: multibacillary; PB:paucibacillary; EC: endemic control; HHC: household contacts).

doi:10.1371/journal.pntd.0004934.g005

Diagnosis ofMycobacterium leprae Infection by Serological Assays

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 10 / 17

Page 130: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

In order to evaluate the ability of the serological test to predict disease, we modeled the logodds of the individual being a MB as function of LID-1 and LID-NDO OD values. The pre-dicted probabilities were then calculated from the fitted logit model, as

log oddsðYi ¼ MBÞ ¼ b0 þ b1ODi

pi:hat ¼ eb0 þ b1ODi

1þ eb0 þ b1ODið1Þ

For this analysis, we included household contacts (n = 332) and leprosy cases (n = 50,encompassing 8 PB and 42 MB) from the hyperendemic region of Mossoró. Fig 8A and 8Bshow the predicted probabilities (pi.hat) as a function of LID-1 and LID-NDO values, respec-tively. By computing the mean probability among all contacts, we projected a new case detec-tion rate (i.e. incidence) of 8.3% based on LID-1 ELISA (Fig 8A) and 10.4% with LID-NDOELISA (Fig 8B). The cut-off values for scenarios 2 (to diagnose MB cases in a high-risk popula-tion) and 3 (to identify asymptomatic-exposed individuals) were used to group individuals byrisk (LR: low risk; MR: moderate risk; HR: high risk). The incidence rate for each group accord-ing to the antigen tested is in Table 3. The relative risk (RR) using LR as reference of a HHCclassified as HR to develop disease was at least 7.7 times greater than those classified as LR.Interestingly, no HHC that developed leprosy in the longitudinal analysis was on the LR group(Fig 8A and 8B).

DiscussionDespite the significant decrease in the global prevalence of leprosy, since the introduction ofMDT, there are still many regions where the detection of new leprosy cases remains high [29].Overall, active case finding studies indicate that the true prevalence of leprosy is still probablygrossly underestimated. Diagnostic limitations hinder large-scale control programs aimed atthe eventual elimination of this disease. In this sense, studies have shown that serologic testsmay contribute to early diagnosis, even before the appearance of lesions [18;30;31]. In this

Fig 6. Correlation between ELISA results with bacilli index (BI). Responses against LID-1 (A) and LID-NDO (B) are plotted against the BI(0–6) of leprosy patients. Each sample is distinguished by an individual marker. Strong positive correlations were observed for both anti-LID-1antibodies (r = 0.84, p<0.001) and anti-LID-NDO (r = 0.82, p<0.001) with the bacterial index. Dashed line represents the cut-off for scenario 1(0.276 for LID-1 and 0.332 for LID-NDO).

doi:10.1371/journal.pntd.0004934.g006

Diagnosis ofMycobacterium leprae Infection by Serological Assays

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 11 / 17

Page 131: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

study, we evaluated the presence of antibodies against the recombinant fusion protein LID-1and the glycoprotein conjugate LID-NDO, in groups of individuals with leprosy or with pro-longed exposure toM. leprae. Our data indicate that ELISA detecting antibodies against LID-1and LID-NDO had high sensitivity and specificity to aid the diagnosis of leprosy and to identifypeople with asymptomaticM. leprae infection prior to lesion development.

Fig 7. Cut-offs used to define HHC individuals exposed toM. leprae infection (A) and HHC positive forMB diagnosis (B). Data distribution according to specific antibodies levels. (EC: endemic control; HHC:household contacts; PB: paucibacillary; MB: multibacillary).

doi:10.1371/journal.pntd.0004934.g007

Diagnosis ofMycobacterium leprae Infection by Serological Assays

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 12 / 17

Page 132: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

Fig 8. Probability estimates (pi.hat) of asymptomatic infected HHC developing leprosy according toantibody levels. A total of 332 household contacts living in the hyperendemic area of Mossoró, Rio Grandedo Norte, Brazil, were analyzed based on anti-LID-1 (A) and anti-LID-NDO (B) antibody levels. Blue and redtriangles represent contacts that developed PB and MB leprosy, respectively. The cut-off values for scenarios2 and 3 (dashed lines) were used to group individuals by risk (LR: low risk; MR: moderate risk; HR: high risk).

doi:10.1371/journal.pntd.0004934.g008

Diagnosis ofMycobacterium leprae Infection by Serological Assays

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 13 / 17

Page 133: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

We observed the highest antibody responses in MB with the clinical forms LL/BL and themagnitude of response declined throughout the clinical spectrum, with the lowest valuesobserved in TT patients. Accordingly, the titers of specific antibodies correlated positively withbacillary indexes of patients [23;32]. These data confirm that these serum antibody responsescan closely reflect infection levels and indicate that this could be a simpler, less invasive tech-nique than skin slit smears to estimateM. leprae bacterial burden. Importantly, the serologicaltests were more sensitivity than bacilloscopy. Thus, these tests can certainly contribute to theaccurate leprosy diagnosis, especially in areas where histopathological exams are not available.

Due to a shared environment, and likely an increased exposure, it is recognized that HHCrepresent a higher risk group for the development of leprosy. This is especially true when con-tact is with a heavily infected MB case [33–35]. As indicated by circulating antibody levels, ourstudy suggests that a large proportion of the HHC evaluated were likely to have been previouslyexposed toM. leprae infection. This was expected since the participants were recruited in ahyperendemic area of Rio Grande do Norte [26]. We found that HHC of MB cases had, onaverage, higher levels of anti-LID-NDO than HHC of PB cases. Interestingly, HHC of MBpatients also presented with higher level of antibodies than PB patients. This finding is inaccordance with the results obtained for LID-1 and LID-NDO in another population in Brazil[23]. A possible explanation for this is that PB leprosy case mount an effective cellular immuneresponse to control bacterial replication, and, consequently, mitigating antibody responses[8;9]. On the other hand, as our longitudinal study indicates, household contacts of MBpatients may develop an antibody response, while either resolving infection or the possibility ofsubsequently developing clinical disease. In Leishmania infantum infection which can alsohave a spectrum of outcomes asM. leprae, an inverse correlation between antibody and cellularimmune responses was observed [36].

Study of the seropositivity rates against PGL-I in Minas Gerais, Brazil, detected responsesamong HHC at a rate of 10.4% [34]. In our analysis, considering the cut-off used to defineHHC positive for MB diagnosis, we found that seropositivity rates among the HHC of 11.9%and 17.8% for LID-1 and LID-NDO, respectively. This is a relatively high percentage, likelyrelated to the high endemicity within the area from where this population was recruited [27].In fact, when we considered the cut-off based on EC, the majority of HHC recruited into ourstudy presented with antibody levels indicative of asymptomaticM. leprae infection, emphasiz-ing the potential for leprosy to emerge and become a greater problem in the region.

Most people exposed toM. leprae develop a protective immune response and do not developleprosy [37]. However, especially in hyperendemic areas, it is critical to develop strategies tocontrol the transmission ofM. leprae. Although not yet formally shown for LID-NDO, a previ-ous study showed the application of LID-1 for the detection of cases up to a year before the rec-ognition of lesions [18]. In our longitudinal study, among the 332 HHC recruited between2006 and 2008 in the hyperendemic area of Mossoró, 3.6% were reported as developing leprosy

Table 3. HHC groups of risk based on antibody levels.

Group based on antibody levels LID-1 LID-NDO

Incidence rate RR Incidence rate RR

LR 0.021 1.0 0.032 1.0

MR 0.059 2.8 0.080 2.5

HR 0.302 14.1 0.246 7.7

Overall 0.083 - 0.104 -

RR: relative risk.

doi:10.1371/journal.pntd.0004934.t003

Diagnosis ofMycobacterium leprae Infection by Serological Assays

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 14 / 17

Page 134: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

at a later date. Interestingly, some of these HHC presented with positive serum antibodyresponses against LID-1 and/or LID-NDO years before the onset of clinical signs of leprosy.This suggests that LID-1 or LID-NDO could be used as a tool for early identification ofM.leprae-infected individuals to increase vigilance to expedite the diagnosis of leprosy.

We compared the results obtained in our cohort with a model to predict leprosy develop-ment for HHC based on antibody levels. The probability of a HHC with positive serology todevelop leprosy was 8.3% for LID-1 or 10.4% for LID-NDO. The difference between the valueestimated by the model and the one observed in the cohort (3.6%) may arise due to passivecase detection in the area, since studies show that the actual incidence of the disease can bemuch higher during active case finding [27;38]. Taken together, at a minimum, this indicatesthat these antigens could have helped in monitoring these individuals to provide the early diag-nosis of new cases.

According to the levels of specific antibodies presented by HHC, we were able to definethree groups based on risk of developing leprosy. Interestingly, when we investigated ourcohort for HHC who developed leprosy we observed that they arose from the moderate andhigh risk groups, but not from the low risk. This reinforces the importance of conducting sero-logical surveys in populations considered at risk (i.e. HHC) in endemic regions.

In summary, our data indicate that both LID-1 and LID-NDO ELISA represent importanttools for the diagnosis of leprosy. Our data also indicate that these ELISA can be used to esti-mate the bacterial load of patients. In a leprosy endemic country like Brazil it is essential thatnew auxiliary techniques become available for disease control in various states and municipali-ties. Serological tests that do not require significant labor and can detect asymptomaticM.leprae infection may contribute to the control and eradication of leprosy.

Supporting InformationS1 Table. Comparison of LID-1 OD results between the leprosy spectrum.(PDF)

S2 Table. Comparison of LID-NDO OD results between the leprosy spectrum.(PDF)

S3 Table. ELISA tests sensitivity and specificity for leprosy diagnosis considering the meanOD of the endemic control plus three standard deviation.(PDF)

S1 Checklist. STARD checklist.(DOCX)

AcknowledgmentsThe authors thank the participants and care teams at Giselda Trigueiro Hospital in Natal (Bra-zil) and Centro Clínico Professor Vingt-Un Rosado, Bom Jardim, Mossoró (Brazil).

Author Contributions

Conceptualization: FMA LCF SMBJ.

Data curation: FMA.

Formal analysis: LCF KMD FMA SMBJ.

Funding acquisition: SMBJ.

Diagnosis ofMycobacterium leprae Infection by Serological Assays

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 15 / 17

Page 135: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

Investigation: FMA GRGM LSN AMM.

Methodology: FMA LCF MLNMSD SGR SMBJ.

Project administration: SMBJ.

Resources: SGRMSD SMBJ.

Supervision: SMBJ.

Visualization: FMA LCF.

Writing – original draft: FMA.

Writing – review & editing: FMAMLN LCF LSN AMMGRGM KMDMSD SGR SMBJ.

References1. Sampaio LH, Stefani MM, Oliveira RM, Sousa AL, Ireton GC, Reed SG, et al. Immunologically reactive

M. leprae antigens with relevance to diagnosis and vaccine development. BMC Infect Dis 2011; 11:26.doi: 10.1186/1471-2334-11-26 PMID: 21269435

2. Saunderson P, Gebre S, Byass P. Reversal reactions in the skin lesions of AMFES patients: incidenceand risk factors. Lepr Rev 2000 Sep; 71(3):309–17. PMID: 11105489

3. Kamath S, Vaccaro SA, Rea TH,OchoaMT. Recognizing andmanaging the immunologic reactions in lep-rosy. J Am Acad Dermatol 2014Oct; 71(4):795–803. doi: 10.1016/j.jaad.2014.03.034 PMID: 24767732

4. Shen J, Liu M, Zhou M, Wengzhong L. Occurrence and management of leprosy reaction in China in2005. Lepr Rev 2009 Jun; 80(2):164–9. PMID: 19743620

5. Scollard DM, Martelli CM, Stefani MM, Maroja MF, Villahermosa L, Pardillo F, et al. Risk factors for lep-rosy reactions in three endemic countries. Am J Trop Med Hyg 2015 Jan; 92(1):108–14. doi: 10.4269/ajtmh.13-0221 PMID: 25448239

6. Ridley DS, Jopling WH. Classification of leprosy according to immunity. A five-group system. Int J LeprOther Mycobact Dis 1966 Jul; 34(3):255–73. PMID: 5950347

7. Wang H, Maeda Y, Fukutomi Y, Makino M. An in vitro model of Mycobacterium leprae induced granu-loma formation. BMC Infect Dis 2013; 13:279. doi: 10.1186/1471-2334-13-279 PMID: 23782413

8. Bakker MI, Hatta M, Kwenang A, Van MP, Faber WR, Klatser PR, et al. Risk factors for developing lep-rosy—a population-based cohort study in Indonesia. Lepr Rev 2006 Mar; 77(1):48–61. PMID:16715690

9. Moura RS, Calado KL, Oliveira ML, Buhrer-Sekula S. Leprosy serology using PGL-I: a systematicreview. Rev Soc Bras Med Trop 2008; 41 Suppl 2:11–8. PMID: 19618069

10. Cavalcanti AA, Lucena-Silva N, Montarroyos UR, Albuquerque PM. Concordance between expectedand observed bacilloscopy results of clinical forms of leprosy: a 6-year retrospective study in Recife,State of Pernambuco, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop 2012 Oct; 45(5):616–9. PMID: 23152346

11. Norman G, Joseph G, Richard J. Validity of theWHO operational classification and value of other clini-cal signs in the classification of leprosy. Int J Lepr Other Mycobact Dis 2004 Sep; 72(3):278–83. PMID:15485284

12. Reed NK, Van Brakel WH, Reed DS. Progress of impairment scores following commencement of che-motherapy in multibacillary leprosy patients. Int J Lepr Other Mycobact Dis 1997 Sep; 65(3):328–36.PMID: 9401485

13. Rodrigues IA Junior, Gresta LT, Noviello ML, Cartelle CT, Lyon S, Arantes RM. Leprosy classificationmethods: a comparative study in a referral center in Brazil. Int J Infect Dis 2016 Apr; 45:118–22. doi: 10.1016/j.ijid.2016.02.018 PMID: 26928327

14. Brennan PJ, BarrowWW. Evidence for species-specific lipid antigens in Mycobacterium leprae. Int JLepr Other Mycobact Dis 1980 Dec; 48(4):382–7. PMID: 7009448

15. Hunter SW, Fujiwara T, Brennan PJ. Structure and antigenicity of the major specific glycolipid antigenof Mycobacterium leprae. J Biol Chem 1982 Dec 25; 257(24):15072–8. PMID: 6184369

16. Hunter SW, Brennan PJ. A novel phenolic glycolipid fromMycobacterium leprae possibly involved inimmunogenicity and pathogenicity. J Bacteriol 1981 Sep; 147(3):728–35. PMID: 7024248

17. Buhrer-Sekula S, van BS, Oskam L, Lecco R, Madeira ES, Dutra MA, et al. The relation between sero-prevalence of antibodies against phenolic glycolipid-I among school children and leprosy endemicity inBrazil. Rev Soc Bras Med Trop 2008; 41 Suppl 2:81–8. PMID: 19618082

Diagnosis ofMycobacterium leprae Infection by Serological Assays

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 16 / 17

Page 136: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

18. Duthie MS, GotoW, Ireton GC, Reece ST, Cardoso LP, Martelli CM, et al. Use of protein antigens forearly serological diagnosis of leprosy. Clin Vaccine Immunol 2007 Nov; 14(11):1400–8. PMID: 17898185

19. Duthie MS, Hay MN, Rada EM, Convit J, Ito L, Oyafuso LK, et al. Specific IgG antibody responses maybe used to monitor leprosy treatment efficacy and as recurrence prognostic markers. Eur J Clin Micro-biol Infect Dis 2011 Oct; 30(10):1257–65. doi: 10.1007/s10096-011-1221-2 PMID: 21544695

20. de Oliveira DT, Bezerra MM, de Almeida JA, Duthie M, Reed S, de Jesus AR. Neurological disability inleprosy: incidence and gender association in Sergipe, Brazil. Geospat Health 2012 Sep; 6(3):S125–S129. PMID: 23032278

21. Rada E, Duthie MS, Reed SG, Aranzazu N, Convit J. Serologic follow-up of IgG responses againstrecombinant mycobacterial proteins ML0405, ML2331 and LID-1 in a leprosy hyperendemic area inVenezuela. Mem Inst Oswaldo Cruz 2012 Dec; 107 Suppl 1:90–4. PMID: 23283459

22. Qiong-Hua P, Zhong-Yi Z, Jun Y, YanW, Lian-Chao Y, Huan-Ying L, et al. Early Revelation of Leprosyin China by Sequential Antibody Analyses with LID-1 and PGL-I. J Trop Med 2013; 2013:352689. doi:10.1155/2013/352689 PMID: 23431316

23. da Conceicao Oliveira Coelho Fabri, Carvalho AP, Araujo S, Goulart LR, de Mattos AM, Teixeira HC,et al. Antigen-specific assessment of the immunological status of various groups in a leprosy endemicregion. BMC Infect Dis 2015; 15:218. doi: 10.1186/s12879-015-0962-4 PMID: 26021317

24. Duthie MS, Balagon MF, Maghanoy A, Orcullo FM, Cang M, Dias RF, et al. Rapid quantitative serologi-cal test for detection of infection with Mycobacterium leprae, the causative agent of leprosy. J ClinMicrobiol 2014 Feb; 52(2):613–9. doi: 10.1128/JCM.02085-13 PMID: 24478496

25. Queiroz JW, Dias GH, Nobre ML, De Sousa Dias MC, Araujo SF, Barbosa JD, et al. Geographic infor-mation systems and applied spatial statistics are efficient tools to study Hansen's disease (leprosy) andto determine areas of greater risk of disease. Am J Trop Med Hyg 2010 Feb; 82(2):306–14. doi: 10.4269/ajtmh.2010.08-0675 PMID: 20134009

26. Nobre ML, Dupnik KM, Nobre PJ, Freitas De SouzaMC, Duppre NC, Sarno EN, et al. Humanmigration,railways and the geographic distribution of leprosy in Rio Grande do Norte State—Brazil. Lepr Rev2015 Dec; 86(4):335–44. PMID: 26964429

27. Moura ML, Dupnik KM, Sampaio GA, Nobrega PF, Jeronimo AK, do Nascimento-Filho JM, et al. Activesurveillance of Hansen's Disease (leprosy): importance for case finding among extra-domiciliary con-tacts. PLoS Negl Trop Dis 2013; 7(3):e2093. doi: 10.1371/journal.pntd.0002093 PMID: 23516645

28. Duthie MS, Raychaudhuri R, Tutterrow YL, Misquith A, Bowman J, Casey A, et al. A rapid ELISA for thediagnosis of MB leprosy based on complementary detection of antibodies against a novel protein-glyco-lipid conjugate. Diagn Microbiol Infect Dis 2014 Feb 24.

29. Rodrigues LC, Lockwood DN. Leprosy now: epidemiology, progress, challenges, and research gaps.Lancet Infect Dis 2011 Jun; 11(6):464–70. doi: 10.1016/S1473-3099(11)70006-8 PMID: 21616456

30. Spencer JS, Duthie MS, Geluk A, Balagon MF, Kim HJ, Wheat WH, et al. Identification of serologicalbiomarkers of infection, disease progression and treatment efficacy for leprosy. Mem Inst OswaldoCruz 2012 Dec; 107 Suppl 1:79–89. PMID: 23283458

31. Geluk A, Klein MR, Franken KL, van Meijgaarden KE, Wieles B, Pereira KC, et al. Postgenomicapproach to identify novel Mycobacterium leprae antigens with potential to improve immunodiagnosisof infection. Infect Immun 2005 Sep; 73(9):5636–44. PMID: 16113281

32. Paula Vaz CL, Dias RF, Freitas AA, Hungria EM, Oliveira RM, Collovati M, et al. Development of aquantitative rapid diagnostic test for multibacillary leprosy using smart phone technology. BMC InfectDis 2013; 13:497. doi: 10.1186/1471-2334-13-497 PMID: 24152601

33. Deps PD, Guedes BV, Bucker FJ, Andreatta MK, Marcari RS, Rodrigues LC. Characteristics of knownleprosy contact in a high endemic area in Brazil. Lepr Rev 2006 Mar; 77(1):34–40. PMID: 16715688

34. Goulart IM, Bernardes Souza DO, Marques CR, Pimenta VL, Goncalves MA, Goulart LR. Risk and pro-tective factors for leprosy development determined by epidemiological surveillance of household con-tacts. Clin Vaccine Immunol 2008 Jan; 15(1):101–5. PMID: 17989339

35. Fine PE, Sterne JA, Ponnighaus JM, Bliss L, Saui J, Chihana A, et al. Household and dwelling contact asrisk factors for leprosy in northern Malawi. Am J Epidemiol 1997 Jul 1; 146(1):91–102. PMID: 9215227

36. Miles SA, Conrad SM, Alves RG, Jeronimo SM, Mosser DM. A role for IgG immune complexes duringinfection with the intracellular pathogen Leishmania. J Exp Med 2005 Mar 7; 201(5):747–54. PMID:15753208

37. Scollard DM, Adams LB, Gillis TP, Krahenbuhl JL, Truman RW,Williams DL. The continuing chal-lenges of leprosy. Clin Microbiol Rev 2006 Apr; 19(2):338–81. PMID: 16614253

38. Moet FJ, Schuring RP, Pahan D, Oskam L, Richardus JH. The prevalence of previously undiagnosedleprosy in the general population of northwest bangladesh. PLoS Negl Trop Dis 2008; 2(2):e198. doi:10.1371/journal.pntd.0000198 PMID: 18301731

Diagnosis ofMycobacterium leprae Infection by Serological Assays

PLOS Neglected Tropical Diseases | DOI:10.1371/journal.pntd.0004934 September 22, 2016 17 / 17

Page 137: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

S1 Table. Comparison of LID-1 OD results between the leprosy spectrum.

Groups Mean difference Adjusted p-value*

BT-TT 0.353 0.008

BB-TT 0.297 0.297

BL-TT 1.116 < 0.001

LL-TT 1.087 < 0.001

BB-BT -0.056 0.996

BL-BT 0.763 < 0.001

LL-BT 0.735 < 0.001

BL-BB 0.819 < 0.001

LL-BB 0.790 < 0.001

LL-BL -0.028 1

* p-values adjusted for multiple comparisons (Tukey’s test)

Page 138: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

S2 Table. Comparison of LID-NDO OD results between the leprosy spectrum.

Groups Mean difference Adjusted p-value*

BT-TT 0.310 0.059

BB-TT 0.443 0.082

BL-TT 1.235 < 0.001

LL-TT 1.084 < 0.001

BB-BT 0.133 0.939

BL-BT 0.925 < 0.001

LL-BT 0.774 < 0.001

BL-BB 0.792 0.001

LL-BB 0.641 0.013

LL-BL -0.151 0.858

* p-values adjusted for multiple comparisons (Tukey’s test)

Page 139: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A todos os colegas do Laboratório de Imunogenética: Glória, Freire, Paulo, Ingryd, ... graduação ou na secretaria do IMT -RN

S3 Table. ELISA tests sensitivity and specificity for leprosy diagnosis considering the mean OD the endemic control + 3 standard deviations

Test EC PB MB PB/MB

n Specificity n Sensitivity n Sensitivity n Sensitivity

LID-1

Negative 97 99% (97/98)

27 16% (5/32)

8 88% (58/66)

35 64% (63/98)

Positive# 1 5 58 63

Total 98 32 66 98

LID-NDO

Negative 96 98% (96/98)

30 6% (2/32)

23 65% (43/66)

53 46% (45/98)

Positive# 2 2 43 45

Total 98 32 66 98

# Individuals were defined as positive if OD value > cut-off. Cut-off = mean + 3xSD, calculated using OD values for endemic control group (EC).