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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA Síntese, caracterização e avaliação da atividade catalítica de compósitos de nióbio/argila em reações de oxidação Marcella Jordanna Silva Montoril Araújo Dissertação de Mestrado Natal/RN, julho de 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ... · atividade fotocatalítica removendo 98% da cor do corante alaranjado de metila em ... Figura 5.14– Espectro de absorbância

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE CINCIAS EXATAS E DA TERRA

    INSTITUTO DE QUMICAPROGRAMA DE PS-GRADUAO EM QUMICA

    Sntese, caracterizao e avaliao da atividade cataltica de compsitos denibio/argila em reaes de oxidao

    Marcella Jordanna Silva Montoril ArajoDissertao de MestradoNatal/RN, julho de 2016

  • Marcella Jordanna Silva Montoril Arajo

    SNTESE, CARACTERIZAO E AVALIAO DA ATIVIDADE

    CATALTICA DE COMPSITOS DE NIBIO/ARGILA EM REAES

    DE OXIDAO.

    Dissertao apresentada ao programa de Ps-graduao em Qumica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obteno do grau de Mestre em Qumica. Orientadora: Profa. Dra. Ana Paula de Melo Alves Guedes

    Natal

    2016

  • Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

    Catalogao de Publicao na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Instituto de Qumica - IQ

    Arajo, Marcella Jordanna Silva Montoril. Sntese, caracterizao e avaliao da atividade cataltica

    de compsitos de nibio/argila em reaes de oxidao / Marcella

    Jordanna Silva Montoril Arajo. - 2016.

    87 f.: il.

    Dissertao (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande

    do Norte, Instituto de Qumica, Programa de Ps-graduao em

    Qumica, Natal, 2016.

    Orientador: Prof Dr. Ana Paula de Melo Alves Guedes.

    1. Catlise - Dissertao. 2. Oxidao fotocataltica -

    Dissertao. 3. Compsitos - Oxihidrxido de Nibio -

    Dissertao. 4. Vermiculita - Dissertao. 5. Bentonita -

    Dissertao. 6. Oxidao - Dissertao. I. Guedes, Ana Paula de

    Melo Alves. II. Ttulo.

    RN/UF/BS-IQ CDU 544.47(043.3)

  • Para a minha me, Snia Maria, por todo amor.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus pela fora me dada nos momentos difceis

    Agradeo ao grupo de pesquisa Catlise e Petroqumica pela troca de conhecimento

    e pelos momentos de descontrao.

    Agradeo aos meus companheiros Luana Mrcia e Joo Leonardo nas ajudas

    incontveis nesses anos, seja nos experimentos ou nas disciplinas avanadas.

    Agradeo minha orientadora Professora Dr Ana Paula pelos ensinamentos,

    oportunidades, pacincia e confiana para a realizao desde trabalho.

    Agradeo a CAPES pela bolsa concedida para realizao deste trabalho.

    Agradeo aos professores da banca de qualificao e de defesa pelas contribuies

    para melhoraria deste trabalho.

    Agradeo aos funcionrios do PPGQ Cristovam e Higino pela ajuda nos aspectos

    burocrticos.

    Agradeo ao tcnico do Instituto de Qumica Joadir.

    Agradeo Franciel e aos laboratrios LABPEMOL e MATERIAS pelas analises

    realizadas.

    Agradeo a Isabel e Janiele pelos almoos e lanches divertidos nesses dois anos.

    Agradeo aos meus amigos Liane Alves e Gilberto de Lima por todos os momentos

    vividos desde a graduao em qumica at aqui.

    Agradeo as eternas veteranas Evelyne e Lorena pela amizade eterna.

    Agradeo a Margarida Dias, Almir Felix e Helder Viana por toda ajuda, apoio e

    incentivo tornando possvel este trabalho.

    Agradeo ao meu irmo Rodrigo atravs dele que conheci a Academia.

    Agradeo a Anderson Viana, por sempre ter me dado a sua mo sem ter pedido

    nada em troca.

    Agradeo aos meus pais, Snia e Marcelo, por toda a dedicao e incentivo a minha

    educao.

  • RESUMO

    A indstria txtil gera um grande volume de efluentes que, muitas vezes, so

    descartados no meio ambiente sem estarem devidamente tratados. Esses efluentes

    so formados de molculas orgnicas e caracterizam-se por apresentar cor, que

    alteram as propriedades da gua deixando-a imprpria para o consumo. Para o

    tratamento desses efluentes, a utilizao de processos catalticos heterogneos de

    custo baixo pode ser vantajoso. As argilas vm sendo bastante estudadas como

    suportes catalticos em razo de sua abundncia na crosta terrestre e seu baixo

    custo. Portanto, neste trabalho as argilas vermiculita e bentonita foram usadas como

    suporte para o catalisador oxihidrxido de nibio e pelo mtodo de deposio-

    precipitao foram obtidos compsitos formados por esses materiais. Os compsitos

    Nb/argila foram caracterizados e as principais tcnicas mostraram que ocorreu uma

    modificao em cada argila. Os resultados de difratrometria de raios X (DRX)

    indicaram que ocorreu uma diminuio da intensidade da reflexo e um

    deslocamento do pico principal de ambas as argilas quando o oxihidrxido de nibio

    adicionado na estrutura. As anlises de espectroscopia na regio do infravermelho

    mostram bandas de adsoro de ambos os materiais nos compsitos Nb/argila,

    dando a indicativa de que o compsito foi realmente formado. As imagens de

    microscopia eletrnica de varredura tambm confirmaram essa modificao de

    estrutura. Foram realizados testes de oxidao e oxidao fotocataltica com os

    compsitos obtidos e o teste de oxidao fotocataltica foi o que apresentou

    melhores resultados, pois o compsito de vermiculita (Nb/V0) apresentou uma maior

    atividade fotocataltica removendo 98% da cor do corante alaranjado de metila em

    90 minutos de reao enquanto que o material compsito de bentonita (Nb/B0)

    removeu apenas 63% durante o mesmo tempo de reao. Essa atividade devido o

    compsito Nb/V0 ter apresentado um menor valor de band gap (3,08eV) que o

    compsito Nb/B0 (3,33eV).

    Palavras-chave: Compsito; vermiculita; bentonita; oxidao fotocataltica;

    oxihidrxido de nibio; POA.

  • ABSTRACT

    The textile industry produces a large volume of waste that often is discarded into the

    environment without being properly treated. These effluents are made of organic

    molecules and are characterized by their color that alter the properties of water which

    leave it unfit for consumption. For the treatment of these effluents, the use of

    heterogeneous catalytic processes of low cost can be advantageous. Clays have

    been widely studied as catalyst supports because of their abundance in the Earth's

    crust and its low cost. Therefore, in this study the clays vermiculite and bentonite

    were used as support for the catalyst oxyhydroxide niobium and by the method of

    deposition-precipitation it was obtained composites formed from these materials. The

    composite Nb/clay were characterized and the main techniques showed that was

    changes in each clay. The results X-ray diffractometer (XRD) showed that there was

    a decrease in reflection intensity and a shift of the main peak of both clays when

    oxyhydroxide niobium is added to the structure. The spectroscopic analyzes show

    infrared adsorption bands of in both materials composite Nb/clay which indicates that

    the composite was actually formed. The scanning electron microscopy images also

    confirmed that structure modification. Oxidation and photocatalytic oxidation tests

    were performed with the obtained composite and photocatalytic oxidation test

    showed the best results, because the vermiculite composite (Nb/V0) showed higher

    photocatalytic activity by removing 98% of the color orange dye methyl in 90 minutes

    of reaction while the composite material of bentonite (Nb/B0) removed only 63% over

    the same reaction time. This activity is due to the composite Nb/V0 have presented a

    smaller value of band gap (3,08eV) than the composite Nb/B0 (3,33eV).

    Keywords: composite; vermiculite; bentonite; photocatalytic oxidation; niobium

    oxyhydroxide; AOP.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 3.1 Representao de uma folha tetradrica (a) e uma folha

    octadrica (b); representao da estrutura cristalina 1:1 (c) e 2:1

    (d) de argilominerais........................................................................

    18

    Figura 3.2 Estrutura cristalina do argilomineral montmorillonita....................... 20

    Figura 3.3 Estrutura cristalina do argilomineral vermiculita.............................. 22

    Figura 3.4 Esquema ilustrativo da partcula de um semicondutor. BC

    banda de conduo; BV - banda de valncia..................................

    28

    Figura 3.5 Molcula do alaranjado de metila.................................................... 30

    Figura 3.6 Intermedirios formados pela quebra da ligao azo do corante

    AM...................................................................................................

    30

    Figura 4.1 Fluxograma (a) e representao (b) do sistema para modificao

    da argila com NbO2OH....................................................................

    33

    Figura 4.2 Ilustrao de como os testes de oxidao fotocataltica foram

    realizados........................................................................................

    37

    Figura 5.1 Difratograma de raios-X do compsito Nb/B0, da argila B0 e do

    NbO2OH. (M- montmorillonita, Q- quartzo, D- dolomita e C-

    calcita).............................................................................................

    40

    Figura 5.2 Difratograma de raios-X do compsito Nb/V0, da argila V0 e do

    NbO2OH. (V- vermiculita B- biotita, H- hidrobiotita e Q- quartzo)....

    41

    Figura 5.3 Espectro de infravermelho dos materiais NbO2OH, B0 e Nb/B0..... 43

    Figura 5.4 Ampliao do nmero de onda de 4000 a 2400cm-1 do compsito

    Nb/B0...............................................................................................

    44

    Figura 5.5 Espectro de infravermelho dos materiais NbO2OH, V0 e

    Nb/V0...............................................................................................

    45

    Figura 5.6 Ampliao do nmero de onda de 4000 a 2400cm-1 do compsito

    Nb/V0 e dos compsitos Nb/B0 e Nb/V0.........................................

    46

    Figura 5.7 micrografias da argila bentonita (a) e (b) e do compsito Nb/B0

    (c) e (d)............................................................................................

    49

    Figura 5.8 Espectroscopia de energia dispersiva pontual do compsito

    Nb/B0...............................................................................................

    50

    Figura 5.9 Micrografia do compsito Nb/B0 e mapeamento de Nb (cor

    branca) e silcio (cor amarela).........................................................

    51

  • Figura 5.10 Micrografias da argila vermiculita (a) e (b) e do compsito Nb/V0

    (c) e (d)............................................................................................

    52

    Figura 5.11 Espectroscopia de energia dispersiva pontual do compsito

    Nb/V0...............................................................................................

    53

    Figura 5.12 Micrografia do compsito Nb/V0 e mapeamento de Nb (cor

    branca) e silcio (cor amarela).........................................................

    54

    Figura 5.13 Grficos do coeficiente de absoro em funo da energia

    fornecida para a excitao eletrnica e seus respectivos valores

    de band gap para os materiais B0 e Nb/B0.....................................

    55

    Figura 5.14 Espectro de absorbncia de UV-Vis RD do suporte V0 e

    compsito Nb/V0.............................................................................

    55

    Figura 5.15 Grficos do coeficiente de absoro em funo da energia

    fornecida para a excitao eletrnica e seus respectivos valores

    de band gap para os materiais V0 e Nb/V0.....................................

    56

    Figura 5.16 Espectro de absorbncia de UV-Vis RD do suporte V0 e

    compsito Nb/V0.............................................................................

    57

    Figura 5.17 Isotermas de adsoro/dessoro de N2 das amostras B0,

    Nb/B0, V0 e Nb/V0..........................................................................

    58

    Figura 5.18 Grficos de porcentagem de remoo de cor do alaranjado de

    metila na oxidao com adio de H2O2 de 100 (a) 300 (b) e

    de 500 (c)....................................................................................

    60

    Figura 5.19 Esquema da formao do grupo peroxo na superfcie dos

    compsitos e do radical superoxo...................................................

    61

    Figura 5.20 Espectros da oxidao do Alaranjado de metila com 500 de

    H2O2 para os suportes B0 e V0, os compsitos Nb/B0 e Nb/V0 e

    o NbO2OH........................................................................................

    63

    Figura 5.21 Grficos de porcentagem de remoo de cor do alaranjado de

    metila na oxidao fotocataltica com adio de H2O2 de 100

    (a) 300 (b) e de 500 (c)............................................................

    64

    Figura 5.22 Espectros da oxidao fotocataltica do Alaranjado de metila com

    500 de H2O2 para os suportes B0 e V0, os compsitos Nb/B0 e

    Nb/V0 e o NbO2OH..........................................................................

    67

    Figura 5.23 Grficos de cintica de primeira ordem para os matria B0, V0,

  • NbO2OH, Nb/B0 e Nb/V0 na adio de H2O2 de 100 (a) 300

    (b) e de 500 (c)............................................................................

    68

    ANEXO 1 Atribuio e posio das bandas do espectro de infravermelho do

    NbO2OH...........................................................................................

    81

    ANEXO 2 Grfico do coeficiente de absoro em funo da energia

    fornecida para a excitao eletrnica e seu respectivo valor de

    band gap para o catalisador NbO2OH.............................................

    81

    ANEXO 3 Espectros da oxidao do Alaranjado de metila com 100 de

    H2O2 para os suportes B0 e V0, os compsitos Nb/B0 e Nb/V0 e

    o NbO2OH........................................................................................

    82

    ANEXO 4 Espectros da oxidao do Alaranjado de metila com 300 de

    H2O2 para os suportes B0 e V0, os compsitos Nb/B0 e Nb/V0 e

    o NbO2OH........................................................................................

    83

    ANEXO 5 Espectros da oxidao fotocataltica do Alaranjado de metila com

    100 de H2O2 para os suportes B0 e V0, os compsitos Nb/B0 e

    Nb/V0 e o NbO2OH..........................................................................

    84

    ANEXO 6 Espectros da oxidao fotocataltica do Alaranjado de metila com

    300 de H2O2 para os suportes B0 e V0, os compsitos Nb/B0 e

    Nb/V0 e o NbO2OH..........................................................................

    85

    ANEXO 7 Grficos de cintica de segunda ordem para os matria B0, V0,

    NbO2OH, Nb/B0 e Nb/V0 na adio de H2O2 de(a) 500 , (b) 300

    e (c) 100 ...................................................................................

    86

    ANEXO 8 Grficos de cintica de ordem zero para os matria B0, V0,

    NbO2OH, Nb/B0 e Nb/V0 na adio de H2O2 de(a) 500 , (b) 300

    e (c) 100 ...................................................................................

    87

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 3.1 Capacidade de troca catinica (CTC) de argilominerais............... 19

    Tabela 3.2 Sistemas de Processos Oxidativos Avanados............................ 26

    Tabela 4.1 Reagentes utilizados na sntese do NbO2OH............................... 32

    Tabela 4.2 Reagentes utilizados nos testes catalticos................................... 35

    Tabela 5.1 Atribuio e posio das bandas do espectro de infravermelho

    do compsito Nb/B0.....................................................................

    44

    Tabela 5.2 Atribuio e posio das bandas do espectro de infravermelho

    do compsito Nb/V0......................................................................

    47

    Tabela 5.3 Dados da composio qumica do oxihidrxido de nibio, da

    bentonita, vermiculita e dos compsitos Nb/B0 e Nb/V0...............

    48

    Tabela 5.4 Valores de rea especfica (BET) para as amostras B0, V0,

    Nb/B0 e Nb/V0...............................................................................

    59

    Tabela 5.5 Resumo da porcentagem de remoo para cada material nos

    testes de oxidao.........................................................................

    62

    Tabela 5.6 Resumo da porcentagem de remoo para cada material nos

    testes de oxidao fotocataltica...................................................

    66

    Tabela 5.7 Valores do coeficiente de correlao e da constante de

    velocidade para o modelo cintico de primeira ordem nos testes

    de oxidao fotocataltica..............................................................

    69

    Tabela 5.8 Valores do coeficiente de correlao e da constante de

    velocidade para o modelo cintico de segunda ordem nos testes

    de oxidao fotocataltica..............................................................

    70

    Tabela 5.9 Valores do coeficiente de correlao e da constante de

    velocidade para o modelo cintico de ordem zero nos testes de

    oxidao fotocataltica..................................................................

    71

  • LISTA DE SIGLAS

    AM Alaranjado de metila

    B0 Bentonita

    BC Banda de conduo

    BV Banda de valncia

    CTAB Cetyl trimethylammonium bromide

    CTC Capacidade de troca catinica

    DRX Difratrometria de raios X

    EDS Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios X

    FRX Fluorescncia de raios X

    FTIR Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier

    IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry

    MEV Microscopia eletrnica de varredura

    Nb/B0 Oxihidrxido de nibio/Bentonita

    Nb/V0 Oxihidrxido de nibio/Vermiculita

    NbO2OH Oxihidrxido de nibio

    POA Processos oxidativos avanados

    UV Ultravioleta

    UV-Vis Ultravioleta Visvel

    UV-Vis RD Espectroscopia de UV-Vis por Refletncia Difusa

    V0 Vermiculita

    https://en.wikipedia.org/wiki/Cetyl_trimethylammonium_bromide

  • SUMRIO

    1 INTRODUO.......................................................................................... 14

    2 OBJETIVOS............................................................................................. 16

    2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................... 16

    2.2 OBJETIVO ESPECFICO......................................................................... 16

    3 REFERENCIAL TERICO....................................................................... 17

    3.1 ARGILAS.................................................................................................. 17

    3.1.1 Bentonita................................................................................................. 20

    3.1.2 Vermiculita............................................................................................... 21

    3.1.3 Argila como suporte de catalisador...................................................... 23

    3.2 NIBIO..................................................................................................... 23

    3.2.1 Oxihidrxido de nibio........................................................................... 24

    3.3 PROCESSOS OXIDATIVOS AVANADOS............................................. 25

    3.3.1 Fotocatlise............................................................................................. 27

    3.4 CORANTES.............................................................................................. 29

    4 MATERIAIS E MTODOS........................................................................ 32

    4.1 SNTESE DO OXIHIDRXIDO DE NIBIO (NbO2OH)........................... 32

    4.2 MODIFICAES DAS ARGILAS COM OXIHIDRXIDO DE NIBIO

    (NbO2OH).................................................................................................

    32

    4.3 TCNICAS DE CARACTERIZAO DOS MATERIAIS.......................... 34

    4.4 TESTES CATALTICOS .......................................................................... 35

    4.4.1 Teste de oxidao................................................................................... 35

    4.4.2 Teste fotocataltico................................................................................. 36

    4.4.3 Estudo cintico....................................................................................... 37

    5 RESULTADOS E DISCUSSO............................................................... 39

    5.1 CARACTERIZAO DOS COMPSITOS.............................................. 39

    5.1.1 Difratrometria de raios x dos compsitos............................................ 39

    5.1.2 Caracterizao dos compsitos por FTIR............................................ 42

    5.1.3 Estudo de composio qumica e morfologia..................................... 47

    5.1.4 Espectroscopia de UV-Vis por Refletncia Difusa (UV-Vis RD)......... 54

    5.1.5 Isotermas de adsoro/dessoro de N2.............................................. 57

    5.2 ESTUDO CATALTICO............................................................................. 59

  • 5.2.1 Estudo de oxidao................................................................................ 59

    5.2.2 Estudo de oxidao fotocataltica......................................................... 64

    5.3 ESTUDO CINTICO................................................................................. 68

    6 CONCLUSO........................................................................................... 72

    7 REFERNCIAS........................................................................................ 74

    8 ANEXOS................................................................................................... 81

  • 14

    1. INTRODUO

    A contaminao de guas ainda um dos grandes problemas na atual

    sociedade, principalmente devido ao crescimento populacional que por necessidade

    acaba levando o aumento de atividades industriais. Dentro deste contexto, o setor

    de indstrias txteis destaca-se, pois gera grandes volumes de efluentes que, muitas

    vezes, so descartados no meio ambiente sem estarem devidamente tratados.

    Os efluentes txteis contm elevada quantidade de corantes e caracterizam-se

    por apresentar cor. Esses efluentes so formados por uma grande variedade de

    substncias orgnicas que so perigosas para o meio ambiente. Esses compostos

    possuem uma grande quantidade de espcies com efeitos txicos, dentre eles a

    classe dos corantes azos so os mais perigosos, pois tm um longo tempo de

    degradao e so resistentes a tratamentos biolgicos. Alm de alterar as

    propriedades da gua e deixa-la imprpria para consumo, esses corantes e seus

    subprodutos podem ser cancergenos.

    Na busca de tratamentos para esses poluentes a utilizao de processos

    catalticos para a obteno de produtos menos prejudiciais ao meio ambiente e

    formas para reduzir os poluentes gerados por meio de procedimentos industriais,

    cresce o nmero de pesquisas relacionadas ao desenvolvimento de novos

    catalisadores heterogneos. Esse tipo de catalisador vantajoso, principalmente,

    por ser separado e reutilizado facilmente, mas, sua obteno pode apresentar um

    custo elevado, inviabilizando, seu uso nas indstrias.

    Atualmente, para se ter catalisadores heterogneos viveis economicamente,

    materiais naturais, como as argilas, so utilizados. Elas apresentam uma boa

    atividade cataltica devido algumas de suas propriedades como: estrutura cristalina e

    a rea especfica relativamente alta, alm disso, so encontradas em abundncia na

    natureza. O Brasil possui uma grande quantidade de reservas para extrao de

    argilas, o estado da Paraba o maior produtor de argila bentonita e o segundo

    maior produtor de argila vermiculita no Brasil com cerca de 66% (SILVA, 2014) e 8%

    (PAULA, 2014) das produes, respectivamente. Isso faz com que haja necessidade

    de mais estudos cientficos voltados para esse tipo de material, por isso, neste

    trabalho as argilas bentonita e vermiculita, foram escolhidas para serem aplicadas

    como suportes catalticos.

  • 15

    As argilas bentonita e vermiculita fazem partem do grupo de filossilicatos de

    estrutura cristalina 2:1 que tem uma folha octadrica formada de alumnio e oxignio

    combinada duas folhas tetradricas de silcio e oxignio. A bentonita formada por

    alterao de cinzas vulcnicas, tem como argilomineral predominante em sua

    estrutura a montmorillonita que formada de silicato de alumnio, magnsio, sdio e

    clcio. A argila vermiculita possui o argilomineral de mesmo nome predominante em

    sua estrutura, sendo formada por silicatos hidratados de formato lamelar contendo

    magnsio, alumnio e ferro (SANTOS, 1989;).

    Catalisadores suportados contendo argilas mostram-se promissores na catlise

    oxidativa e fotocatlise, sendo geralmente a fase ativa, xidos de ferro, titnio e

    xido de vandio. Entretanto, recentemente, compostos com espcie ativa de nibio

    esto aparecendo como candidatos a substiturem esses xidos, devido suas

    propriedades como: elevada acidez, seletividade, estabilidade e propriedades redox.

    A fase ativa de nibio utilizada nesse trabalho o oxihidrxido de nibio que

    apresenta estabilidade, seletividade, insolvel em gua e apresenta uma energia

    de band gap prxima do xido de titnio (TiO2) o que o torna eficiente em reaes de

    oxidao e fotocatlise. Por outro lado, alm das suas propriedades, o interesse de

    aplicar o oxihidrxido de nibio neste trabalho, tambm veio devido o Brasil ser o

    maior produtor de nibio do mundo (91%), possuindo cerca de 98 % das reservas

    explorveis de nibio(GIBSON; KELEBEK;AGHAMIRIAN, 2015).

    Com base no contexto, o propsito desta dissertao sintetizar o catalisador

    oxihidrxido de nibio/argila, usando dois tipos de argilas (vermiculita e bentonita), a

    fim de investigar a influncia do suporte na sua atividade cataltica. Nos testes

    catalticos, os processos oxidativos avanados (POA), sero usados atravs de

    reaes de oxidao e oxidao fotocataltica para a remoo da cor do corante

    alaranjado de metila.

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Intemperismohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Cinza_vulc%C3%A2nica

  • 16

    2. OBJETIVO

    2.1. OBJETIVO GERAL

    O objetivo geral sintetizar compsitos oxihidrxido de nibio/argila e avaliar a

    influncia do suporte na eficincia do catalisador e fotocatalisador usando o corante

    alaranjado de metila como molcula modelo.

    2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    Os objetivos especficos foram:

    Obteno e caracterizao os compsitos oxihidrxido de nibio/vermiculita e

    oxihidrxido de nibio/bentonita, atravs do mtodo de precipitao-deposio;

    Testar os compsitos obtidos na oxidao e oxidao fotocataltica na remoo de

    cor do corante alaranjado de metila para avaliar a influncia do suporte;

    Aplicar o modelo cintico de Langmuir-Hinshelwood para os resultados obtidos na

    oxidao fotocataltica.

  • 17

    3. FUNDAMENTAO TERICA

    3.1. ARGILA.

    Argila um material natural de textura terrosa, de granulometria fina, que

    geralmente quando umedecida com gua adquire plasticidade e suas partculas so

    caracterizadas por possurem dimetro inferior a 2. As argilas so constitudas

    essencialmente por argilominerais que podem ser encontrados com diferentes tipos

    de minerais como calcita, feldspato, quartzo e material orgnico. (SANTOS, 1989;

    TEXEIRA-NETO et al 2009). Os argilominerais so silicatos hidratados que

    apresentam uma estrutura em camadas, e essas camadas so constitudas por

    folhas ou lamelas contnuas formadas por tetraedros de silcio ou alumnio e

    oxignio e folhas formadas por octaedros de alumnio (magnsio ou ferro) e oxignio

    e hidroxilas com cantos compartilhados (NEUMANN et al 2000). Cada tetraedro

    compartilha trs de seus cantos com tetraedros vizinhos, resultando em uma frmula

    estrutural de (Si2O5)n para a folha (Figura 3.1 (a)). Do mesmo modo, as folhas

    octadricas so compostas por ctions Al+3 ligados a nions O-2 e OH-, resultando

    em uma frmula qumica AlO(OH)2 (Figura 3.1 (b)) ( TEXEIRA-NETO et al 2009).

    Os argilominerais so classificados em grupos com base nas semelhanas da

    estrutura cristalina e em composio qumica. A estrutura cristalina classificada em

    dois grupos estruturas 1:1 e estruturas 2:1 de acordo com a maneira com que as

    folhas tetradricas e octadricas se arranjam. A ligao entre as folhas cristalinas

    tetradricas e octadricas feita quando cada tetraedro Si-O na folha tetradrica

    compartilha um oxignio com um octaedro Al-O/OH da folha octadrica. A estrutura

    1:1 formada por uma folha tetradrica uma folha octadrica (Figura 3.1 (c)) e

    esto os grupos da caulinita, das serpentinas e dos argilominerais frricos e a

    estrutura 2:1 formada por duas folhas tetradricas e entre as duas folhas

    tetradrica uma folha octadrica (Figura 3.1 (d)) onde esto as micas, esmectitas,

    vermiculitas, cloritas e paligorsquita (COELHO; SANTOS, 2007; TEXEIRA-NETO et

    al 2009).

    Uma importante caraterstica dos silicatos de estrutura cristalina 2:1 a

    substituio isomrfica que pode ocorrer nas folhas tetradricas e octadricas. A

    substituio do Si4+ por Al3+ nas folhas tetradricas, junto com substituio do Al3+

  • 18

    pelo Mg2+, Fe2+ ou outros ctions nas folhas octadricas. Esta substituio

    isomrfica conduz a uma deficincia de carga positiva, que compensada pela

    presena de cargas trocveis, resultando uma camada (folha) carregada

    negativamente (ROUQUEROL et al 2013). A diferena na carga das camadas e a

    natureza dos ctions interlamelares resultam em diferentes propriedades qumicas e

    fsicas, como inchamento e estabilidade trmica (KLOPROGGE, 1998).

    Figura 3.1 representao de uma folha tetradrica (a) e uma folha octadrica (b); representao da

    estrutura cristalina 1:1 (c) e 2:1 (d) de argilominerais.

    Fonte: Adaptado de Coelho e Santos (2007)

    As argilas esto sendo bastante estudadas nos ltimos anos devido a serem

    um material natural, de abundncia e baixo custo. Elas apresentam uma grande

    versatilidade, pois podem ser aplicadas como adsorventes, catalisadores, como

    suportes de catalisadores, na sua forma natural ou com modificaes qumicas.

    Apresentam propriedades como: capacidade de troca catinica, porosidade e

    hidratao.

    A capacidade de troca catinica (CTC) est relacionada quantidade de

    ctions que um argilomineral ou argila pode adsorver ou trocar (SANTOS, 1989). Ela

    resultado do desequilbrio de cargas resultante das substituies isomrficas que

    ocorre nas folhas da argila. A troca pode ocorrer com a concentrao dos ons

  • 19

    trocveis, com a concentrao dos ons que podem ser adsorvidos pelo

    argilomineral, com sua hidratao e com o tamanho dos ons (SANTOS, 1989).

    A capacidade de troca catinica varia com o tipo de argilomineral

    predominante na argila e ela pode ser expressa em meq/100 g (milequivalente por

    100 g de solo), onde 1 meq/100 g = 10 mmolc/kg = 1 cmolc/kg. A Tabela 3.1 resume

    alguns valores de CTC de alguns argilominerais. A CTC uma importante

    propriedade das argilas, pois possvel modifica-las quimicamente pela troca de

    ctions (TEXEIRA-NETO et al 2009).

    Tabela 3.1 Capacidade de troca catinica (CTC) de argilominerais.

    Argilomineral CTC (meq/100 g de argila)

    Caulinita 3 15

    Ilita 10 40

    Clorita 10 40

    Montmorillonita 80 200

    Vermiculita 100 - 150

    Fonte: Adaptado de Aguiar e Novaes (2002)

    A porosidade das argilas no se restringe somente ao espao entre as

    camadas, mas tambm est relacionada com a organizao das partculas formadas

    a partir das lamelas e ainda, aos poros formados pela organizao das camadas.

    Praticamente todos os filossilicatos tem estrutura porosa (BERGAYE; LAGALY,

    2013). Devido esta propriedade, as argilas acabam tendo importncia na catlise,

    adsoro, entre outras aplicaes.

    A argila hidratada quando entra em contado com gua. A gua adsorvida

    no espao interlamelar e a distncia entre uma camada e outra da argila aumenta.

    Essa propriedade de inchar em gua depende do tipo de ction de troca presente e

    da densidade de carga da camada. Os ctions monovalentes (Na+, K+) fazem com

    que a argila inche mais do que ctions di, tri e tetravalentes, sendo que, conforme

    aumenta a carga do ction, diminui a capacidade de inchamento da argila. As

    esmectitas e as vermiculitas, devido s suas densidades de carga, so as argilas

    que mais incham em gua (BERGAYE; LAGALY, 2013; VARMA, 2002).

  • 20

    3.1.1 Bentonita.

    A argila Bentonita contm a montmorillonita como argilomineral predominante

    em sua estrutura e que pertence ao grupo das esmectitas e tem como frmula geral

    [(Na,Ca)0,3[(Al,Mg)2Si4O10](OH)2nH2O]. Faz parte do grupo dos argilominerais de

    estrutura cristalina 2:1 e possui estrutura formada por duas folhas tetradricas de

    slica (Si-O) com uma folha central octadrica de alumina, que so unidas entre si

    por tomos de oxignio que so comuns em ambas as folhas. Entre as folhas

    encontram-se ctions de compensao Na+ e Ca+2 (ction trocveis) derivados de

    substituies isomrficas como, por exemplo, Si+4 por Al+3 na camada tetradrica e

    Al+3 por Mg+2 na camada octadrica(LOPES; PENHA, 2011; ROSSETTO et al 2009).

    A representao de sua estrutura mostrada na Figura 3.2.

    Figura 3.2 Estrutura cristalina do argilomineral montmorillonita.

    Fonte: Rosseto (2007)

    O termo Bentonita, foi aplicado a um tipo de argila plstica e coloidal de uma

    rocha descoberta em Fort Benton, Wyoming-EUA. A bentonita possui uma estrutura

    cristalina, tendo caracterstica de um mineral formado pela desvitrificao de um

    material gneo e vtreo, frequentemente cinzas vulcnicas. A argila bentonita

    apresenta partculas finas, uma alta capacidade de troca catinica, que varia de 70 a

    130 meq/100g, e uma rea superficial relativamente alta e pode ser caracterizada

    baseada na capacidade de inchamento quando na presena de gua. Quando o

  • 21

    sdio (Na+) o on trocvel a argila apresenta uma alta capacidade de inchamento e

    quando tem o clcio (Ca2+) como on trocvel a presenta uma menor capacidade de

    inchamento, desta forma sendo classificada como sdica ou clcica. (LUZ; LINS,

    2005).

    As principais utilizaes da argila bentonita so: na indstria petroqumica

    como componente de fluidos para perfurao de poos de petrleo; na indstria civil

    na produo de aglomerante de areias de moldagem, descorantes de leos

    vegetais, minerais e animais, composio de cimento, agente plastificante para

    produtos cermicos entre outros (LIMA; NEVES, 2012). Os principais depsitos de

    bentonita que esto em operao no Brasil esto localizados nos estados da

    Paraba e Bahia. A Paraba destaca-se como principal produtor dessa matria-prima

    e, atualmente o a principal produo se concentrada no municpio de Boa Vista.

    3.1.2 Vermiculita.

    A vermiculita um silicato hidratado de formato lamelar contendo quantidades

    variveis de magnsio, alumnio e ferro que tem frmula geral [(Mg,Fe)3

    [Si,Al)4O10](OH)24H2O]. O nome vermiculita derivado do latim vermiculus que

    significa pequeno verme, devido ao fato desse material se expandir quando

    aquecido e durante o processo suas partculas movimenta-se de forma semelhante

    a dos vermes (UGARTE;SAMPAIO;FRANA, 2005).

    Assim como a montmorillonita, faz parte do grupo dos argilominerais que tem

    estrutura cristalina do tipo 2:1 duas folhas de tetraedros de silcio tetracoordenado e

    uma folha de octaedros de alumnio hexacoordenado entre elas. A argila vermiculita

    tem o argilomineral vermiculita predominante em sua estrutura e apresenta

    molculas de gua entre suas lamelas que favorece a obteno de espaamentos

    basais da ordem de 14. As folhas octadricas e tetradricas so constitudas por

    ons oxignio e ons hidroxila, ao redor de pequenos ctions, principalmente Si+4 e

    Al+3 nos grupos tetradricos, e Al+3 ou Mg+2 nos grupos octadricos (SANTOS, 1989;

    UGARTE; SAMPAIO; FRANA, 2005). A Figura 3.3 mostra um esquema da

    estrutura cristalina da vermiculita.

  • 22

    Figura 3.3 Estrutura cristalina do argilomineral vermiculita.

    Fonte: Peralta (2009)

    Existem dois tipos de vermiculita a dioctadrica e a trioctadrica que diferem

    dependendo do tipo de ction presente na folha octadrica. Quando o ction

    predominante Mg+2 e todas as posies octadricas so preenchidas a vermiculita

    do tipo trioctadrica e quando o ction predominante Al+3 e duas das trs

    posies octadricas so preenchidas a vermiculita do tipo dioctadrica. As

    vermiculitas trioctadricas so conhecidas como macrovermiculitas por serem

    encontradas na forma de grandes placas, por outro lado, as vermiculitas

    dioctadricas so encontradas em pequenas dimenses na ordem de micrometros

    em argilas e solos e so conhecidas como microvermiculitas (PERALTA, 2009).

    A vermiculita pode ser derivada da biotita, flogopita e outros minerais pelo

    processo de intemperismo ou alteraes hidrotrmicas de baixa temperatura e isso

    faz com que ela apresente minerais interestratificados em sua estrutura (UGARTE;

    SAMPAIO;FRANA, 2005). uma argila utilizada em diversas aplicaes como na

    construo civil como isolante trmico e acstico de pares e agregados leves para

    concreto, na agricultura para germinao de sementes e condicionador de solos

    cidos e argilosos e na indstria da adsoro de leos, pesticidas e metais pesados.

    No Brasil h depsitos e jazidas de vermiculita nos estados da Paraba, Gois e

    Piau.

  • 23

    3.1.3 Argilas como suportes de catalisadores.

    Na dcada de 1980 a 1990, houve um grande aumento na utilizao de

    reagentes e catalisadores suportados. As vantagens desta abordagem incluem baixo

    custo, alta reatividade e a facilidade para purificao dos produtos da reao j que

    formado um sistema heterogneo (BERGAYE; LAGALY, 2013).

    Suporte de catalisador um material que constitui a maior parte do

    catalisador e que serve de base para o constituinte ativo e que pode ou no

    apresentar atividade cataltica. Propriedades como rea especfica relativamente

    alta, estrutura cristalina e composio qumica adequada, dentre outras, permite que

    os stios ativos sejam expostos na maior rea possvel e consequentemente

    aumentar a atividade do catalisador (SANTOS, 1992). Essas propriedades fazem

    com que as argilas sejam apropriadas para o uso como suportes, principalmente por

    sua estrutura cristalina e sua porosidade que podem ser alteradas de forma

    controlada atravs de tratamentos qumicos, obtendo-se assim materiais mais

    apropriados para o uso como catalisadores. (SANTOS, 1992; BERGAYE; LAGALY,

    2013).

    3.2 NIBIO.

    O Nibio um slido metlico com estrutura cbica de corpo centrado, macio,

    dctil e de elevado ponto de fuso. uma metal de transio que esta no grupo 5, 5

    perodo da tabela peridica e possui nmero atmico 41 e massa atmica 92,096 u.

    Foi descoberto por Charles Hatchett em 1801 que na poca chamou-o de colmbio

    e posteriormente foi chamado de nibio que na mitologia grega a filha do rei

    Tntalo. Em 1950 a IUPAC, Unio Internacional de Qumica Pura e Aplicada,

    aprovou o nome Nibio como oficial (SOUSA; FERNANDES;GUERRA, 2013;

    LOPES et al 2015).

    Na sua forma pura, o nibio um metal cinzento com o ponto de fuso de

    2468C e uma densidade de 8,57g/cm3. Ele possui cinco classes de compostos

    (fosfato, sulfetos, carbetos, nitratos e xidos) e apresenta estados de oxidao de +5

    a -1, sendo o estado de oxidao +5 o mais estvel (GIBSON; KELEBEK;

    AGHAMIRIAN, 2015; LOPES et al 2015).

  • 24

    No inicio de 1930 o nibio passou a ser utilizado em processos corrosivos em

    aos inoxidveis. Mais de 80% da produo mundial de nibio usado como um

    elemento de liga de ferro e ao. O restante encontra aplicao como um

    componente em superligas utilizadas na indstria espacial e nuclear, e compostos

    de nibio (GIBSON; KELEBEK; AGHAMIRIAN, 2015). Com os avanos tecnolgicos

    foi ampliada a aplicao do nibio em nanomateriais, dispositivos opticoeletrnicos,

    revestimento e como catalisadores.

    O nibio no encontrado em estado livre e sim em conjunto com o mineral

    tntalo, (Fe, Mn)M2O6 (M= Nb ou Ta). Este mineral conhecido como columbita ou

    tntalo, dependendo de qual metal predominante (NOWAK; ZIOLEK, 1999). Antes

    de 1962, a produo mundial de nibio foi atribuda quase inteiramente para a

    Nigria (PERRAULT E MANKER, 1981 apud GIBSON; KELEBEK;AGHAMIRIAN,

    2015 ). Atualmente, 98% das reservas mundiais de nibio esto no Brasil, seguido

    pelo Canad e a Austrlia com 1,5% e 0,5%, respectivamente. O Brasil tambm o

    maior produtor de nibio do mundo, produzindo 91%, toda esta produo esta

    concentrada no estado de Minas Gerais e no estado de Gois (GIBSON;

    KELEBEK;AGHAMIRIAN, 2015).

    3.2.1 Oxihidrxido de nibio.

    O oxihidrxido de nibio, NbO2OH, possui propriedades fsicas e qumicas

    que o torna promissor na catlise, fotoeletroqumca, entre outros. Pode ser formado

    a partir da hidrlise de um complexo de nibio solvel em gua que gera um

    precipitado branco insolvel em meio aquoso e com elevada acidez (BATISTA,

    2014; LEITE et al 2006; LOPES et al 2015). O NbO2OH um material que apresenta

    estrutura amorfa (ESTEVES et al 2008) e dependendo da temperatura na sua

    formao pode apresentar uma estrutura cristalina (BATISTA, 2014).

    Os compostos de nibio apresentam propriedades importantes para um bom

    adsorvente, catalisador e suporte de catalisador devido a apresentar estabilidade,

    seletividade, ser de fcil preparao e ter uma alta acidez (TANABE, 2003; ZIOLEK,

    2003). Tem sido observado em estudos recentes que o oxihidrxido de nibio

    apresenta uma alta atividade cataltica em reaes de oxidao para a degradao

    de compostos orgnicos (HEITAMANN et al 2016, OLIVEIRA; SILVA; PEREIRA

  • 25

    2015), para estudos de dessulfurao de leo (OLIVEIRA et al 2014) para

    seletividade de compostos orgnicos (CHAGAS et al 2013) dentre outros.

    No trabalho de Oliveira; Silva; Pereira, 2015 eles sintetizam um compsito de

    oxihidrxido de nibio/xido de titnio e obtiveram um menor valor de energia de

    band gap que o xido de titnio ou do oxihidrxido de nibio sozinhos, que uma

    propriedade importante na fotocatlise, ento testaram a atividade deste compsito

    na oxidao fotocataltica para a degradao do corante azul de metileno e

    obtiveram resultados que ocorreu a remoo de at 80% da cor do corante em 120

    minutos de reao.

    O trabalho de Chagas et al 2013 mostrou que o oxihidrxido de nibio

    apresentou seletividade em reaes de compostos orgnicos. Ele modificou a

    superfcie do oxihidrxido de nibio com um agente tensoativo (Cetyl

    trimethylammonium bromide CTAB) e testou sua atividade na oxidao do ciclo

    hexeno na presena de perxido de hidrognio. Ele observou que o NbO2OH

    modificado com CTAB apresenta uma seletividade de 60%, utilizando 200 de

    perxido de hidrognio, com 65% de converso para a formao das espcies de

    epxido.

    Com o objetivo de estudar a eficincia de catalisadores heterogneos,

    especificamente do oxihidrxido de nibio suportado em argila, os processos

    oxidativos avanados (POA) um mtodo utilizado na remoo de poluentes

    orgnicos. Os POA sero discutidos no tpico seguinte.

    3.3 PROCESSOS OXIDATIVOS AVANADOS (POA).

    Entre os novos processos de descontaminao ambiental que esto sendo

    desenvolvidos os Processos Oxidativos Avanados (POA) vm atraindo grande

    interesse por serem mais sustentveis a longo prazo (NOGUEIRA; JARDIM, 1998).

    So diversas a quantidade de estudos na literatura que trabalham com diferentes

    tipos de efluentes, como os de indstria txteis e farmacuticas que utilizam os POA.

    (TSOUKLERIS et al 2007; BELVER; BEDIA; RODRIGUEZ, 2015).

    Os POA so baseados principalmente na formao de radicais hidroxilas

    (OH). Esse radical apresenta um alto poder oxidante (E=2,8V) que podem reagir

    com compostos orgnicos promovendo sua total oxidao para compostos incuos

    como sais inorgnicos, CO2 e gua, e se caso ocorra uma oxidao parcial pode ser

    https://en.wikipedia.org/wiki/Cetyl_trimethylammonium_bromidehttps://en.wikipedia.org/wiki/Cetyl_trimethylammonium_bromide

  • 26

    tratada com outros processos (NOGUEIRA; JARDIM, 1998; ANDREOZZI et al 1999).

    A oxidao de compostos orgnicos pelo radical hidroxila ocorre a partir de trs

    reaes: transferncia que eltron (1), abstrao de prtons (2) e adio radicalar

    (3) (ANDREOZZI et al 1999).

    (1) OH + RX OH- + RX

    (2) OH + RH H2O + R

    (3) OH + PhX PhXOH.

    Esses radicais podem ser gerados utilizando agente oxidantes com O3 e

    H2O2, com radiao UV e com semicondutores/catalisadores (TiO2 e outros). Os

    processos oxidativos avanados podem ser divididos em sistemas homogneos e

    heterogneos com geraes de radicais com irradiao ultravioleta ou sem

    irradiao ultravioleta como traz a Tabela 3.2 (ANDREOZZI et al 1999; HUANG;

    DONG; TANG, 1993).

    Nos sistemas homogneos no existe a presena de catalisados na forma

    slida a degradao do poluente orgnico pode ser feita por dois mecanismos

    diferentes: fotlise direta com ultravioleta (UV) e gerao de radicais hidroxilas. A

    fotlise direta baseada na luz ser a nica fonte capaz de destruir o poluente,

    geralmente tem uma eficincia mais baixa, comparando com a gerao de radicais

    hidroxilas que tem um alto poder oxidante na oxidao desses compostos.

    Tabela 3.2 Sistemas de Processos Oxidativos Avanados.

    Sistema Homogneo Sistema Heterogneo

    Com Irradiao Sem irradiao Com Irradiao Sem irradiao

    O3/UV H2O2/O2 Semicondutor/UV Catalisador/ H2O2

    H2O2/UV O3/OH- Semicondutor/H2O2/UV

    UV H2O2/Fe2+

    H2O2/O2/UV

    H2O2/Fe2+/UV

    Fonte: Adaptado de Huang; Dong; Tang (1993).

    Outro sistema resumido na Tabela 3.2, a gerao de radicais hidroxilas

    utilizando Fe2+/Fe3+ bastante utilizado e chamado de processos do tipo Fenton

    (H2O2/Fe2+) e do tipo Foto- Fenton (H2O2/Fe

    2+/UV). Esses processos so baseados

  • 27

    em mecanismos de reaes que geram radicais hidroxilas a partir da reao de

    perxido de hidrognio com stios ativos de ferro presente no sistema.

    Os stios de Fe3+ reagem com o H2O2 provocando a reduo do Fe3+ para

    Fe2+, em seguida o Fe2+ formado tambm reage com H2O2 ocorrendo a formao

    dos radicais hidroxilas (OH), que so os responsveis pela oxidao de compostos

    orgnicos presentes em efluentes (HUANG; DONG; TANG, 1993), como demostrado

    nas equaes abaixo.

    3+ + 22 2+ + 2+

    +

    2+ + 22 3+ + +

    Dentre os sistemas de gerao de radicais hidroxilas citados este trabalho

    estudar o sistema heterogneo, com nfase no sistema Semicondutor/H2O2/UV que

    est descrito na prxima seo.

    3.3.1 Fotocatlise.

    A fotocatlise heterognea tem seus primeiros estudos na dcada de setenta

    quando pesquisas em clulas fotoeletroqumicas comearam a ser desenvolvidas

    com o objetivo de produzir combustvel a partir de materiais baratos, visando a

    transformar energia solar em energia qumica. A aplicao da fotocatlise na

    descontaminao foi estudada pela primeira vez nos trabalhos de Pruden e Ollis,

    onde constataram a total mineralizao de clorofrmio e tricloroetileno para ons

    inorgnicos durante a irradiao de luz em suspenso de TiO2. Desde ento, a

    fotocatlise heterognea vem sendo estudada como mtodo de destruio de

    poluentes (GOGETE; PANDIT, 2004; NOGUEIRA; JARDIM, 1998).

    A fotocatlise heterognea baseada na ativao de um semicondutor por

    luz solar ou artificial, visando a gerao de stios oxidantes e redutores em sua

    superfcie. Um semicondutor caracterizado por apresentar banda de valncia (BV)

    e bandas de conduo (BC), onde a banda de valncia a de menor energia e a

    banda de conduo a de maior energia. A diferena de energia que separam as

    duas bandas definida como energia de band gap. Quando um fton () de

    energia superior a energia de band gap incide sobre a partcula do semicondutor e

  • 28

    absorvido pela mesma, um eltron da banda de valncia promovido para banda de

    conduo gerando simultaneamente uma lacuna ou buraco (+) na banda de

    valncia e de um excesso de eltrons na banda de conduo (ANDREOZZI et al

    1999; ZIOLLI; JARDIM, 1998; FREIRE et al, 2000), como ilustrado na Figura 3.4.

    Figura 3.4 Esquema ilustrativo da partcula de um semicondutor. BC - banda de conduo; BV -

    banda de valncia.

    Fonte: Adaptado de Nogueira e Jardim (1998)

    Essa excitao eletrnica leva a formao do par eltron/ +, o qual pode

    interagir com o meio por meio de diferentes vias reacionais para promover a

    remoo do poluente pela gerao de radicais hidroxilas. As lacunas ou buracos

    (+) apresentam potencial suficientemente positivo para gerar radicais a partir de

    molculas de gua do meio (NOGUEIRA; JARDIM, 1998).

    Estudos tm demostrado que o mecanismo de degradao no se da

    exclusivamente por meios de radicais hidroxilas, mas tambm atravs de outras

    espcies radicalares que so derivadas do oxignio (2,2

    , etc.) formados pela

    captura de eltrons fotogeradores (WONG et al 1995).

    Um dos aspectos da fotocatlise heterognea a possibilidade de utilizar a

    radiao solar para ativar o semicondutor. Muitos trabalhos tm demonstrado ser

    possvel a completa degradao de contaminantes orgnicos como fenol,

    hidrocarbonetos clorados, clorofenis, inseticidas, corantes e outros na presena de

    TiO2 iluminado com radiao solar (NOGUEIRA; JARDIM, 1998). Um semicondutor

  • 29

    empregado como catalisador no processo de fotocatlise heterognea, com o

    objetivo de degradar compostos orgnicos deve ser quimicamente e biologicamente

    inerte, estvel na condio aplicada, de fcil produo e uso (NOGUEIRA; JARDIM,

    1998).

    3.4 CORANTES.

    Os corantes sintticos so bastante utilizados na indstria txtil, grfica,

    alimentos, couro, fotogrfica e como aditivos em derivados de petrleo. Cerca de

    10.000 diferentes tipos de corantes e pigmentos so usados industrialmente e o

    setor txtil se destaca, devido a seu grande parque industrial gerar grandes volumes

    de efluentes, os quais, quando no corretamente tratados, podem causar problemas

    de contaminao ambiental. Estima-se que cerca de 15% da produo mundial de

    corantes perdida para o meio-ambiente durante a sntese, processamento ou

    aplicao desses corantes. Os efluentes txteis caracterizam-se por serem

    altamente coloridos, devido a presena de corantes que no se fixam na fibra

    durante o processo de tingimento (SPADARO; GOLD; RENGANATHAN, 1992;

    KUNZ et al 2002).

    A poluio da gua com os corantes causa, alm da poluio visual,

    alteraes em ciclos biolgicos afetando os mecanismos fotossintticos. Estudos

    tem mostrado que alguns tipos de corantes podem ser carcinognicos ou

    mutagnicos (KOUK, 1992).

    A molcula do corante divindade em duas partes: o grupo cromforo e a

    estrutura responsvel pela fixao do corante a fibra. Dentre os grupos do

    cromforo, os corantes mais utilizados atualmente no mundo, cerca de 60%, esto

    os azo corantes que se caracterizam por apresentarem um ou mais grupamentos

    N=N ligados a anis aromticos (KUNZ et al 2002), a Figura 3.5 ilustra a molcula

    do corante alaranjado de metila que faz parte do grupo dos azo corantes. Essa

    classe de corante txica e difcil de ser degradada (HONG; GU, 2010).

    Mtodos como coagulao, adsoro em carvo ativado e processos

    biolgicos so bastante utilizados para o tratamento de efluentes contendo corantes,

    entretanto eles apresentam deficincia. As indstrias txteis, em geral, usam a

    precipitao-coagulao, seguido de tratamento biolgico via sistema de lodos

    ativados, o que permite a remoo de aproximadamente 80% do corante.

  • 30

    Infelizmente este processo apresenta um problema relacionado com o acmulo de

    lodo, uma vez que o teor de corantes adsorvido bastante alta e acaba impedido o

    reaproveitamento do lodo (KUNZ et al 2002). Novos mtodos vm sendo estudado

    para a degradao ou imobilizao dos corantes em efluentes, tais como os

    processos oxidativos avanados (POA), que tm sido desenvolvidos para que os

    tratamentos sejam mais efetivos e econmicos.

    Figura 3.5 Molcula do alaranjado de metila

    Fonte: Arajo (2016)

    A oxidao de corantes azo ocorre geralmente pelo ataque de radicais

    hidroxilas, a ligao azo do corante a primeira a ser quebrada (GUETTAI; AMAR,

    2005). A oxidao da ligao azo do AM conduz a formao de espcies N,N

    dimetil-4-nitroanilina (A) e Nitrobezenosulfanato (B), que so intermedirios do

    processo de degradao (MOUSSA et al, 2007). De acordo com Huang; Dong; Tang

    (1993) os POA podem mineralizar (CO2 e gua, sais inorganicos) os poluentes

    orgnicos em gua. A Figura 3.5 ilustra os intermedirios formados na oxidao.

    Figura 3.5 Intermedirios formados pela quebra da ligao azo do corante AM.

    Fonte: Arajo (2016)

    Tendo como base o referencial terico visto, o oxihidrxido de nibio foi

    suportado nas argilas bentonita e vermiculita utilizando o mtodo de precipitao-

  • 31

    deposio. Para testar a eficincia dos compsitos obtidos foi realizado testes de

    oxidao e oxidao fotocataltica para a oxidao da molcula de alaranjado de

    metila.

  • 32

    4. MATERIAIS E MTODOS

    As argilas modificadas com oxihidrxido de nibio (NbO2OH) foram

    preparadas a partir do mtodo de precipitao-deposio. As argilas utilizadas neste

    trabalho foram a vermiculita (V0) e bentonita (B0), a primeira vinda da cidade de

    Santa Luzia, Paraba, Brasil e a segunda fornecida pela empresa Sigma Aldrich. Os

    reagentes utilizados na sntese do NbO2OH esto presentes na Tabela 4.1.

    Tabela 4.1 Reagentes utilizados na sntese do NbO2OH.

    Reagente Frmula Molecular Marca

    Sal de Nibio NH4[NbO(C2O4)2(H2O)]3H2O CBMM

    Hidrxido de sdio NaOH VETEC

    Fonte: Arajo (2016)

    4.1 SNTESE DO OXIHIDRXIDO DE NIBIO (NbO2OH)

    O NbO2OH foi preparado com solues do sal NH4[NbO(C2O4)2(H2O)].3H2O e

    NaOH com concentraes molares de 0,05 mol/L e 1 mol/L, respectivamente. A

    soluo de NaOH foi adicionada lentamente, gota a gota, na mistura de 100 mL da

    soluo do sal de nibio at pH prximo de 7 com temperatura de 65C e sob

    agitao constante de 300 rpm para precipitao do NbO2OH. Aps a precipitao, o

    precipitado foi deixado em repouso na estufa por 72 h a 70C. Aps s 72 h, o

    precipitado foi lavado com gua destilada usando filtrao a vcuo e deixado na

    estufa por mais 24 h para secar.

    4.2 MODIFICAES DAS ARGILAS COM OXIHIDRXIDO DE NIBIO (NbO2OH)

    Para o preparo do catalisador nas argilas foi utilizado o mtodo de

    precipitao-deposio (SCHMAL, 2011), no qual utiliza um suporte no estado

    slido, no caso deste trabalho a argila, que adicionado a uma soluo precipitante,

    o sal NH4[NbO(C2O4)2(H2O)]3H2O, para precipitar o NbO2OH. A superfcie do

    suporte atua como agente de nucleao para que a precipitao ocorra

    preferencialmente em cima do suporte.

  • 33

    Foram utilizadas solues do sal NH4[NbO(C2O4)2(H2O)]3H2O e NaOH com

    concentraes molares de 0,05 mol/L e 1 mol/L, respectivamente. A soluo de

    NaOH foi adicionada lentamente, gota a gota, na mistura de 100 mL da soluo do

    sal de nibio com 2 g de argila (vermiculita, V0, ou bentonita, B0) at pH prximo de

    7 com temperatura de 65C e sob agitao constante de 300 rpm para precipitao

    do NbO2OH na superfcie da argila. Aps a precipitao, o precipitado foi deixado

    em repouso na estufa por 72h a 70C. Aps as 72h o precipitado foi lavado com

    gua destilada usando filtrao a vcuo e deixado na estufa por mais 24h para

    secar. O slido obtido foi nomeado de Nb/V0 quando usado argila vermiculita e de

    Nb/B0 quando usado argila bentonita. A Figura 4.1 mostra o fluxograma e o

    sistema utilizado para as snteses.

    Figura 4.1 Fluxograma (a) e representao (b) do sistema para modificao da argila com NbO2OH.

    Fonte: Arajo (2016)

  • 34

    4.3 TCNICAS DE CARACTERIZAO DOS MATERIAIS

    Os materiais obtidos a partir da modificao com o oxihidrxido de nibio

    foram caracterizados atravs das seguintes condies e tcnicas:

    Difrao de Raios X (DRX): As amostras foram analisadas em um aparelho

    BRUKER modelo D2 PHASER utilizando radiao de Cu ( = 1,52), com varredura

    na faixa de 2 de 2 a 70 graus, com passo de 0,02 e abertura da fenda de 0,15,

    corrente de 10 mA e voltagem de 30 Kv, utilizando um detector Lynxeyer. Os

    espaamentos basais das amostras foram calculados atravs da Lei de Bragg

    (Equao 4.1), sendo um nmero inteiro, o comprimento de onda da radiao

    incidente (Cu), a distancia entre os planos e o ngulo de incidncia.

    = 2 Equao 4.1.

    Espectroscopia de adsoro do Infravermelho com transformada de Fourier

    (FTIR): As amostras foram analisadas em um aparelho da SHIMADZU modelo

    IRAFFINITY-1. A faixa de anlise realizada foi de 400 a 4000 cm-1, com resoluo de

    4 cm-1 e uma varredura de 30 scans.

    Microscopia eletrnica de varredura (MEV): As microscopias foram obtidas de um

    microscpio eletrnico de varredura da HITACHI de modelo TM-3000 e com

    capacidade mxima de ampliao de 15 a 3000X.

    Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios-X (EDS): As anlises foram

    obtidas em um Espectrmetro de energia dispersiva da OXFORD INSTRUMENTS

    de modelo SWIFTED-3000 acoplado a um microscpio eletrnico de varredura da

    HITACHI modelo TM-3000.

    Fluorescncia de Raios-X (FRX): As anlises foram realizadas por um aparelho da

    SHIMADZU de modelo EDX- 720HS.

  • 35

    Isotermas de adsoro/dessoro de N2: As anlises foram realizadas em um

    aparelho da MICROMERITICS de modelo ASAP 2020. As amostras foram

    desgaseificadas durante 4h a 90. As reas especficas foram obtidas pelo mtodo

    BET.

    Espectroscopia de UV-Vis por refletncia difusa (UV-Vis RD):As anlises foram

    realizadas em um equipamento Cary 500 scan na faixa de 200 a 600 nm e foi

    utilizado sulfato de brio como padro de reflexo. O calculo de energia de band gap

    (Eg), foi calculado a partir da Equao 2, sendo o coeficiente de absoro () e

    energia incidente ().

    =()

    12

    Equao 4.2.

    4.4 TESTES CATALTICOS

    Foram realizados testes de oxidao e oxidao fotocataltica para avaliar a

    atividade dos materiais NbO2OH, Nb/B0 e Nb/V0 na remoo de cor do corante

    alaranjado de metila (AM). Os reagentes utilizados na realizao dos testes

    catalticos esto na Tabela 4.2.

    Tabela 4.2 Reagentes utilizados nos testes catalticos.

    Reagente Frmula Molecular Marca

    Alaranjado de Metila C15H15N3O2 MERCK

    Perxido de Hidrognio H2O2 VETEC

    Fonte: Arajo (2016)

    4.4.1 Teste de oxidao

    Os testes de oxidao foram realizados em um recipiente de vidro com

    formato cncavo, nele foram adicionados 50 mL de soluo aquosa de alaranjado de

    metila (30 ppm e PH=4,4), 100 , 300 , 500 de H2O2 mais o catalisador. Antes

    da adio foi perxido de hidrognio, os slidos ficaram 30 min em contato com a

    soluo de AM. A quantidade de NbO2OH foi fixada em 25 mg e com os resultados

    de FRX variamos a quantidade dos materiais modificados para que eles ficassem

  • 36

    com a mesma quantidade em massa de NbO2OH. As medidas foram feitas de 60 e

    60 minutos durante 300 minutos e para acompanhar a remoo de cor do AM foram

    feitas medidas em um espectrofotmetro SHIMADZU modelo UV-1650PC usando o

    = 463 do AM. A porcentagem de remoo de cor foi calcula a partir da

    Equao 4.3.

    % =()

    100 Equao 4.3.

    4.4.2 Teste de oxidao fotocataltica

    Os testes de oxidao fotocataltica foram realizados em um recipiente de

    vidro com formato cncavo, nele foi adicionado 50mL de uma soluo aquosa de

    alaranjado de metila (30 ppm e PH=4,4) com 100 , 300 , 500 de H2O2 mais o

    catalisador, e tampado com uma placa de Petri. A quantidade de NbO2OH foi fixada

    em 25 mg e com os resultados de FRX variamos a quantidade dos materiais

    modificados para que eles ficassem com a mesma quantidade de NbO2OH. Antes da

    adio foi perxido de hidrognio, os slidos ficaram 30 min em contato com a

    soluo de AM. Os testes foram feitos com radiao solar como fonte de energia

    com ndice de UV entre 10 e 11 segundo a Diviso de Satlites e Sistemas

    Ambientais (DAS) e temperatura de 38C com variao de 1C, e as medidas

    foram feitas de 30 e 30 min durante 240 min, para acompanhar a degradao de cor

    do corante foram feitas medidas em um espectrofotmetro SHIMADZU modelo UV-

    1650PC usando o = 463 do AM. A porcentagem de remoo de cor para

    esse teste tambm foi calculada a partir da Equao 4.3. A Figura 4.2 ilustra como

    os testes de oxidao fotocataltica foram realizados.

  • 37

    Figura 4.2 Ilustrao de como os testes de oxidao fotocataltica foram realizados.

    Fonte: Arajo (2016)

    4.4.3 Estudo Cintico

    O estudo cintico foi realizado utilizando o modelo cintico de Langmuir-

    Hinshelwood que comumente usado para processos de catlise heterognea. A

    expresso que explica esse modelo

    =

    =

    1+ Equao 4.4.

    O termo representa a velocidade de inicial da reao em funo da concentrao

    do corante, a constante de velocidade, K a constante de equilbrio e C a

    concentrao do corante (KUMAR, K. V; PORKODI, K.; ROCHA. F., 2008):

    A Equao 4 pode ser expressada em funo da concentrao inicial ,C0, ou

    em termos da concentrao no tempo, Ce, do corante:

    0 =0

    1+0 Equao 4.5

    0 =

    1+ Equao 4.6.

    Os Parmetros kr e K so funes de C0 e Ce e podem ser expressadas

    pela linearizao da equao (5) ou (6):

  • 38

    1

    0=

    1

    +

    1

    0

    Integrando a Equao 4 as constantes kr e K podem ser calculadas admitindo que C

    = C0 em t=0 e C =C em t=t:

    ln (0

    ) + (0 ) = Equao 4.7

    Se o termo 1 a Equao 4 reduzida a:

    = Equao 4.8

    Integrando a Equao 8 e admitindo que C=C0 em t=0 e C=C em t=t o expresso

    matemtica do modelo cintico de Langmuir-Hinshelwood reduzida cintica de

    primeira ordem (KUMAR, K. V; PORKODI, K.; ROCHA. F., 2008):

    (

    0) = 1 Equao 4.9.

    Com a Equao 9 foi plotado o grfico de ln(C0/C) versus t que gerou uma

    reta linear e em seguida encontrar o valor da constante de velocidade de primeira

    ordem, K1 (min-1).

  • 39

    5. RESULTADOS E DISCUSSES

    Neste captulo da dissertao sero apresentados os resultados e discusses

    dos compsitos obtidos a partir do mtodo de deposio-precipitao, que foi

    dividido em dois estudos:

    I) caracterizao do compsito Nb/B0 e Nb/V0;

    II) estudo da atividade cataltica dos compsitos.

    No estudo I, quando necessrio, as caracterizaes dos materiais

    percussores B0 e V0 sero apresentados para comparao. No estudo II a avalio

    da influncia do suporte na atividade nas reaes de oxidao e oxidao

    fotocataltica.

    5.1 CARACTERIZAES DO COMPSITO

    5.1.1 Difratometria de raios X dos compsitos.

    Na Figura 5.1 est apresentando os difratogramas obtidos do suporte B0, do

    compsito Nb/B0 e do NbO2OH. Os resultados mostraram que a B0 contm os

    padres referentes do argilomineral montmorillonita (2= 6,10; 2= 28,23 e 2=

    19,76), confirmando sua predominncia na fase desta argila (ZHANG et al,2015;

    SAHIM, KAYA e SAKA, 2015.). O difratograma tambm indicou a presena de

    impurezas como quartzo (2= 26,61 e 2= 21,93), calcita (2= 62,02) e dolomita

    (2= 34,93) (SAHIM, KAYA e SAKA, 2015; MASINDI e GITARI, 2015).

    Os resultados do difratograma do compsito Nb/B0 mostrou que

    ocorreu uma diminuio da intensidade da reflexo do pico principal quando o

    NbO2OH foi adicionado na argila e que houve um deslocamento do ngulo de

    difrao de 2= 6,10 para 2=7,3 e por consequncia a diminuio do

    espaamento basal, como mostra a Figura 5.1. Fazendo o clculo do espaamento

    basal utilizando a Lei de Bragg, Equao 4.1, para o pico principal da argila B0 foi

    obtido o espaamento basal de 14,53 e para o compsito Nb/B0 um espaamento

    basal de 12,13 . O difratograma do NbO2OH mostrou que no aparecem picos

    definidos, indicando que ele apresenta uma estrutura amorfa (ESTEVES et al 2008;

    BERTOLINI et al, 2005).

  • 40

    Figura 5.1 Difratograma de raios-X do compsito Nb/B0, da argila B0 e do NbO2OH. (M-

    montmorillonita, Q- quartzo, D- dolomita e C- calcita).

    5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 700

    200

    400

    6000

    200

    400

    600

    0

    50

    100

    150

    200

    M

    2/graus

    Nb/B0

    M

    M

    Q

    M

    Inte

    nsid

    ade

    (u.a

    .) B0M

    Q D C

    NbO2OH

    Fonte: Arajo (2016)

    Para o compsito Nb/B0 o difratograma no mostrou nem um padro

    referente ao material NbO2OH justamente por ele apresentar uma estrutura amorfa,

    ento para visualizar sua estrutura nas argilas modificadas foi utilizado a tcnica de

    espectroscopia de adsoro na regio do infravermelho.

    O difratograma do suporte V0 apresentado na Figura 5.2 mostrou a reflexo

    do plano principal d(001) do argilomineral vermiculita em 2= 6,0 que resultou no

    espaamento basal de 14,7 e que caracteriza que a argila possui uma estrutura

    lamelar formada pelo empilhamento de lamelas. Mais reflexes de vermiculita so

    observadas em 2= 11,85, 2= 17,86 e 2= 19,25 (SANTOS et al 2016). A

    vermiculita tambm formada por diversos minerais como clorita, biotita, piroxenita,

  • 41

    flopita, talco e outros argilominerais (UGARTE; SAMPAIO; FRANA, 2005). A uma

    reflexo caracterstica da biotita em 2= 24. Segundo o relatrio tcnico do CETEM

    a Vermiculita de Santa Luzia (PB) tm em sua estrutura camadas mistas

    interestratificadas, o suporte em estudo mostrou reflexo em 2= 7,0 e 2= 10,5

    do mineral interestratificado do tipo hidrobiotita que formado de vermiculita/biotita,

    a hidrobiotita tambm foi identificada em trabalhos de Santos et al 2016 e Sis e

    Uysal, 2014. A reflexo em 2= 30,1 impureza de quartzo.

    Figura 5.2 Difratograma de raios-X do compsito Nb/V0, da argila V0 e do NbO2OH. (V- vermiculita

    B- biotita, H- hidrobiotita e Q- quartzo).

    5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    0

    1000

    2000

    3000

    0

    50

    100

    150

    200

    2/graus

    Nb/V0V

    V

    VV

    Inte

    nsid

    ade

    (u.a

    .) V0V

    H

    B Q

    NbO2OH

    Fonte: Arajo (2016)

    Assim como para compsito Nb/B0 o difratograma do compsito Nb/V0

    mostrou que ocorreu uma diminuio na intensidade das reflexes quando o

    Oxihidrxido de nibio foi adicionado e que ocorreu um deslocamento para um

    ngulo de difrao maior, 2= 8,71, e por consequncia a diminuio do

  • 42

    espaamento basal de 14,7 para 10,2 , mostrado na Figura 5.2. O trabalho de

    Batista (2014) indicou que o compsito oxihidrxido de nibio/vermiculita tem o

    espaamento basal de 10 , logo o compsito estudado neste trabalho est de

    acordo com dados da literatura.

    Como o DRX do NbO2OH no mostrou picos definidos, indicando que o

    material apresenta uma estrutura amorfa, o difratograma do compsito Nb/V0 assim

    como do Nb/B0 no mostrou nem uma reflexo do material, justamente por ele

    apresentar a estrutura amorfa, ento para visualizar a estrutura do NbO2OH nas

    argilas modificadas foi necessrio fazer a anlise na tcnica de espectroscopia de

    adsoro na regio do infravermelho.

    5.1.2 Caracterizao dos compsitos por infravermelho por transformada de

    Fourier (FTIR).

    Na Figura 5.3 est apresentando o espectro de infravermelho do suporte B0

    com as principais bandas de absoro destacadas. A banda em 3634 cm-1

    referente ao estiramento vibracional do grupo OH da montmorillonita, que o

    argilomineral predominante na fase da argila bentonita, e as bandas em 3430 cm-1 e

    1639 cm-1 so referentes ao estiramento vibracional do grupo OH e a deformao H-

    O-H da gua adsorvida. A banda 1044 cm-1 o estiramento vibracional do grupo Si-

    O (EREN e AFSIN, 2008). As bandas que correspondem s deformaes Al-Al-OH,

    Al-Fe-OH e Al-Mg-OH so observadas, respectivamente, em 919, 888 e 847 cm-1. A

    banda 621 cm-1 atribuda ao acoplamento Al-O e Si-O vibracional fora do plano e

    as bandas de adsoro 520 e 466 cm-1 correspondem respectivamente s

    deformaes Al-O-Si e Si-O-Si. A banda que est acentuada em 797 cm-1 indica a

    presena de quartzo na argila, o que corrobora com os resultados de DRX da argila.

    (ZHIRONG,UDDIN e ZHANXUE,2011 ; MA et al, 2016).

    No espectro do infravermelho do compsito Nb/B0, apresentado ainda na

    Figura 5.3, observa-se o aparecimento de novas bandas que so referentes ao

    material NbO2OH e a diminuio na intensidade das bandas referentes a argila

    bentonita. De acordo com Heitmann et al (2016) e Esteves et al (2008) uma banda

    caracterstica do oxidohidrxido de nibio a banda 3146 cm-1 que atribuda ao

    estiramento do grupo OH do Nb-OH do prprio material (a Figura 5.4 mostra a

    ampliao do nmero de onda de 4000 a 2400 cm-1 para melhor visualizao da

  • 43

    banda 3146 cm-1 do compsito Nb/B0). As bandas nas posies 1403 cm-1 e 1324

    cm-1 so referentes a impureza deixada do sal complexo usado na sntese do

    NbO2OH (ESTEVES et al 2008; CAVALCANTE et al 2015).

    Figura 5.3 Espectro de infravermelho dos materiais NbO2OH, B0 e Nb/B0.

    4000 3600 3200 2800 2400 2000 1600 1200 800 400

    621

    466

    520

    1044

    Tra

    nsm

    it

    ncia

    (%

    )

    Nmero de onda (cm-1)

    3634 3430 3146

    1639

    14031324

    1044 520466

    621919797

    Nb/B0

    B0

    NbO2OH

    3634 34301634

    919

    888

    797

    Fonte: Arajo (2016)

    No espectro do material NbO2OH, Figura 5.3, observado uma banda em 505

    cm-1 que atribudo as vibraes angulares Nb-O-Nb (ESTEVES et al 2008), porm

    ela no observada no material Nb/B0, provavelmente, devido ao efeito de

    sobreposio pois o suporte B0 apresentar bandas na mesma regio que o material

    e com intensidades maiores. Ainda no oxihidrxido de nibio, h bandas em 884 cm-

    1 e 585 cm-1 que podem estar atribudas a estrutura amorfa do material tambm

    (ESTEVES et al 2008) corroborando com os resultados de DRX. O Anexo 2 est a

    Tabela com as principais bandas de absoro do NbO2OH.

  • 44

    Figura 5.4 Ampliao do nmero de onda de 4000 a 2400cm-1

    do compsito Nb/B0.

    4000 3600 3200 2800 2400

    Tra

    nsm

    it

    ncia

    (%

    )

    Nmero de onda (cm-1)

    Fonte: Arajo (2016)

    A Tabela 5.1 sumariza as principais bandas de absoro do material compsito

    Nb/B0.

    Tabela 5.1 Atribuio e posio das bandas do espectro de infravermelho do compsito Nb/B0.

    Atribuio das bandas do espectro de infravermelho do compsito Nb/B0

    Posio

    (Nmero de onda cm-1

    )

    Atribuio

    3634 Estiramento do grupo OH estrutural

    3430 Estiramento do grupo OH da gua

    3146 Estiramento do grupo OH do Nb-OH

    1639 Deformao H-O-H da gua

    1403 Impureza do sal complexo

    1324 Impureza do sal complexo

    1044 Estiramento do grupo Si-O

    919 Deformao Al-Al-OH

    797 Estiramento Si-O do quartzo

    621 Acoplamento Al-O e Si-O fora do plano

    520 Deformao Al-O-Si

    466 Deformao Si-O-Si

    Fonte: Arajo (2016)

  • 45

    O espectro de infravermelho do suporte V0 antes da modificao com

    NbO2OH est mostrado na Figura 5.5. As bandas caractersticas da argila

    vermiculita esto na posio 3444 cm-1 e em 1644 cm-1 que so, respectivamente,

    referentes ao estiramento e a deformao do grupo OH da gua adsorvida no

    material. A banda intensa na posio 1002 cm-1 pode ser atribuda ao estiramento de

    Si-O-Si e Si-O-Al. (ALVES et al 2007). Na posio 678 cm-1 a banda refere-se

    deformao Al-O e na posio 458 cm-1 refere-se deformao Si-O-Si. (SANTOS

    et al 2016a e SANTOS et al 2015b).

    Figura 5.5 Espectro de infravermelho dos materiais NbO2OH, V0 e Nb/V0.

    4000 3600 3200 2800 2400 2000 1600 1200 800 400

    1002

    Tra

    nsm

    it

    ncia

    (%

    )

    Nmero de onda (cm-1)

    NbO2OH

    V0

    Nb/V0

    318434431644

    1002 458

    1425678

    3443

    1644678

    458

    Fonte: Arajo (2016)

    Na Figura 5.5 est apresentado o espectro de infravermelho do compsito

    Nb/V0, novamente do suporte V0 e do NbO2OH para comparao. Assim como no

    compsito Nb/B0, tambm possvel observar o aparecimento de novas bandas no

    compsito Nb/V0. Como j reportado na literatura a banda na posio 3184 cm-1

    caracterstica do oxihidrxido de nibio e se refere ao estiramento do grupo OH do

    Nb-OH (a Figura 5.6 mostra a ampliao do nmero de onda de 4000 a 2400 cm-1

  • 46

    para melhor visualizao da banda 3184 cm-1 do compsito Nb/V0). J a banda na

    posio 1425 cm-1 referente impureza do sal complexo utilizado para a sntese

    do NbO2OH. (ESTEVES et al 2008; CAVALCANTE et al 2015).

    Como j mencionado o material NbO2OH apresenta uma banda na posio

    505 cm-1 que atribudo as vibraes angulares Nb-O-Nb (Esteves et al 2008),

    porm ela tambm no observada no material Nb/V0 devido ao efeito de

    sobreposio pois o suporte V0 apresentar bandas na mesma regio que o material.

    Ainda no oxihidrxido de nibio, h bandas em 884 e 585 cm-1 que podem estar

    atribudas a estrutura amorfa do material (Esteves et al 2008) corroborando com os

    resultados de DRX.

    Figura 5.6 - Ampliao do nmero de onda de 4000 a 2400cm-1

    do compsito Nb/V0.

    4000 3600 3200 2800 2400

    Tra

    nsm

    it

    ncia

    (%

    )

    Nmero de onda (cm-1)

    Fonte: Arajo (2016)

    A Tabela 5.2 sumariza a atribuio das bandas principais do material

    compsito Nb/V0.

  • 47

    Tabela 5.2 Atribuio e posio das bandas do espectro de infravermelho do compsito Nb/V0.

    Atribuio das bandas do espectro de infravermelho do compsito Nb/B0

    Posio

    (Nmero de onda cm-1

    )

    Atribuio

    3443 Estiramento do grupo OH estrutural

    3184 Estiramento do grupo OH do Nb-OH

    1644 Deformao do grupo OH da gua

    1425 Impureza do sal complexo

    1002 Estiramento dos grupos Si-O-Si e Si-O-Al

    678 Deformao Al-O-Si

    458 Deformao Si-O-Si

    Fonte: Arajo (2016)

    5.1.3 Estudo de composio qumica e morfologia.

    A Tabela 5.3 mostra os resultados de composio qumica para cada material

    que foram obtidos pela anlise de FRX. Os dados mostraram que a porcentagem de

    massa de cada xido presente no material B0 diminuiu no compsito Nb/B0, esta

    diminuio ocorreu justamente pelo aparecimento de nibio, 38,95%, confirmando a

    adio do oxihidrxido de nibio no compsito. Alm disso, notvel a presena de

    sdio, 4,80%, no material NbO2OH e um aumento de sdio de 0,82% para 7,37% no

    compsito Nb/B0, ele resultante do agente de precipitao NaOH utilizado na

    sntese, que provavelmente no foi totalmente removido durante o processo de

    lavagem.

    Os dados mostraram (Tabela 5.3) o mesmo comportamento do Nb/B0 para o

    Nb/V0, ou seja, a porcentagem de massa de cada xido presente no material V0

    diminuiu no compsito Nb/V0, esta diminuio ocorreu justamente pelo

    aparecimento do nibio, 43,05%, confirmando a adio do NbO2OH no compsito

    Nb/V0 e diferenciando apenas na quantidade de sdio que no houve aumento da

    V0 para o compsito Nb/V0, que provavelmente o sdio pode ter sido removido

    durante o processo de lavagem.

  • 48

    Tabela 5.3 Dados da composio qumica do oxihidrxido de nibio, da bentonita, vermiculita e dos

    compsitos Nb/B0 e Nb/V0.

    Composio Qumica (% massa)

    Amostra SiO2 Al2O3 MgO Fe2O3 Na2O K2O NbO CaO TiO2

    NbO2OH - - - - 4,80 - 95,20 - -

    B0 53,81 20,70 2,41 18,74 0,82 0,51 - 2,56 0,45

    Nb/B0 35,14 12,49 1,09 3,18 7,37 0,31 38,95 1,28 0,19

    V0 32,24 12,34 18,09 29,00 1,64 3,53 - 0,63 2,53

    Nb/V0 22,40 6,95 10,81 11,24 1,23 2,51 43,05 0,48 1,33

    Fonte: Arajo (2016)

    Analisando as micrografias do material B0 e do compsito Nb/B0, observa-se

    que, o material B0 apresentado na Figura 5.7 (a) e (b), apresenta uma morfologia

    lamelar (ROSSETO et al 2009). Ao comparar as imagens do material B0 e do

    compsito Nb/B0, na Figura 5.7 (c) e (d), pode-se observar que o material Nb/B0

    continua com a morfologia lamelar, corroborando com os resultados de DRX, e com

    a presena de aglomerados na superfcie das lamelas, aps a adio do

    oxihidrxido de nibio.

  • 49

    Figura 5.7 micrografias da argila bentonita (a) e (b) e do compsito Nb/B0 (c) e (d).

    Fonte: Arajo (2016)

    A anlise de EDS pontual foi realizada, Figura 5.8, para confirmar se esse

    aglomerado na superfcie da lamela o oxihidrxido de nibio, nela possvel

    observar a micrografia da amostra e a porcentagem em massa de cada elemento

    presente no compsito. Neste ponto do material observa-se a presena dos

    elementos presentes na argila e mais 24,44% de nibio dando a indicativa que o

    NbO2OH realmente foi adicionado na argila Bentonita formando assim o compsito

    Nb/B0.

    (a) (b)

    (c) (d)

  • 50

    Figura 5.8 Espectroscopia de energia dispersiva pontual do compsito Nb/B0.

    Fonte: Arajo (2016)

    A anlise de mapeamento foi realizada para compsito Nb/B0 para verificar a

    distribuio homognea dos elementos nibio, depois da adio do oxihidrxido de

    nibio, e silcio que o elemento predominante na estrutura da argila. A Figura 5.9

    apresenta a imagem de MEV e de mapeamento do Nb (cor branca) e Si (cor

    amarela). Para o compsito Nb/B0 quantidade de nibio detectada est bastante

    homognea, podendo ento confirmar uma boa disperso do oxihidrxido de nibio

    no suporte.

  • 51

    Figura 5.9 Micrografia do compsito Nb/B0 e mapeamento de Nb (cor branca) e silcio (cor

    amarela).

    Fonte: Arajo (2016)

    Os resultados obtidos por MEV do suporte V0 e do compsito Nb/V0 esto

    apresentados na Figura 5.10. Para a vermiculita, V0, observa-se uma estrutura

    lamelar bem definida com diferentes tamanhos de partcula que caracterstica da

    argila vermiculita. A micrografia do compsito Nb/V0 Figura 5.10 (c) e (d) mostrou

    que o suporte continua com uma estrutura lamelar, como mostra o resultado de

    DRX, e que ao redor das lamelas a uma formao de aglomerados com partculas

    de forma e tamanhos irregulares que so resultantes da adio do oxihidrxido de

    nibio no suporte V0.

  • 52

    Figura 5.10 Micrografias da argila vermiculita (a) e (b) e do compsito Nb/V0 (c) e (d).

    Fonte: Arajo (2016)

    Foi realizada tambm a anlise de EDS pontual para o compsito Nb/V0 e

    nela possvel observar a micrografia e a porcentagem em massa de cada

    elemento presente na estrutura do compsito, Figura 5.11. No ponto em que foi

    realizada a medida observa-se a presena de 30,46% de nibio podendo confirmar

    que o NbO2OH realmente foi adicionado no suporte V0 formando o compsito

    Nb/V0.

    (a) (b)

    (c) (d)

  • 53

    Figura 5.11 Espectroscopia de energia dispersiva pontual do compsito Nb/V0

    Fonte: Arajo (2016)

    Assim como para o compsito Nb/B0 o mapeamento tambm foi realizado para

    o compsito Nb/V0 para analisar se a uma distribuio homognea do nibio no

    suporte depois da adio do oxihidrxido de nibio. Na Figura 5.12 est o

    mapeamento do Si (cor amarela) e Nb (cor branca), que mostra que as partculas de

    nibio detectadas tambm esto bastante homogneas, o que confirma uma boa

    disperso do NbO2OH no suporte V0.

  • 54

    Figura 5.12 Micrografia do compsito Nb/V0 e mapeamento de Nb (cor branca) e silcio (cor

    amarela).

    Fonte: Arajo (2016)

    5.1.4 Espectroscopia de UV-Vis por refletncia difusa (UV-Vis RD).

    Com a anlise de UV-vis por refletncia difusa foi obtido os dados de valores

    de energia de band gap que a energia mnima necessria para excitar o eltron da

    banda de valncia para a banda de conduo de um semicondutor. A Figura 5.13

    est apresentado o grfico de coeficiente de absoro em funo da energia

    fornecida e os valores de bang gap para o material B0 e o compsito Nb/B0.

    Observa-se que o valor do band gap para o material B0 de 3,64eV e para o

    compsito Nb/B0 de 3,33eV, que caiu provavelmente devido a adio do NbO2OH,

    que apresenta um band gap de 3,21eV (grfico est em Anexo 1). Segundo SUIB

    (2013) e NOGUEIRA E JARDIM (1998) semicondutores apresentam valores de band

  • 55

    gap entre 1 e 3,8eV, ou seja, os slidos B0 e Nb/B0 se enquadram com os valores

    encontrados na literatura.

    Figura 5.13 Grficos do coeficiente de absoro em funo da energia fornecida para a excitao

    eletrnica e seus respectivos valores de band gap para os materiais B0 e Nb/B0.

    1 2 3 4 5 6

    0

    60

    120

    180

    240

    (ah)2

    Energia (eV)

    B0

    Eg = 3,64 eV

    1 2 3 4 5 6

    0

    60

    120

    180

    240

    (ah)2

    Energia (eV)

    Nb/B0

    Eg = 3,33 eV

    Fonte: Arajo (2016)

    Os espectros de UV-Vis RD do suporte B0 e do compsito Nb/B0 so

    mostrados na Figura 14.

    Figura 14 Espectro de absorbncia de UV-Vis RD do suporte V0 e compsito Nb/V0.

    200 300 400 500 600 700 800

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    Ab

    so

    rb

    ncia

    Comprimento de onda (nm)

    B0

    235

    252

    200 300 400 500 600 700 800

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    Ab

    so

    rb

    ncia

    Comprimento de onda (nm)

    Nb/B0

    Fonte: Arajo (2016)

    O espectro da argila bentonita determinado pelo Fe3+ octadrico. Esta argila

    apresenta bandas de transio em 235 nm e 252 nm que so caracteristicamente do

    argilomineral montmorillonita e ambas as bandas so atribudas ao Fe3+ octadrico

  • 56

    (KARICKHOFF; BAILEY 1973). No espectro do compsito Nb/B0 apresentou bandas

    semelhantes a seus materiais percussores, porm com intensidades menores e um

    pequeno deslocamento das bandas do Fe+3 octadrico devido a adio do NbO2OH

    na estrutura do suporte B0.

    A Figura 5.15 mostra o grfico de coeficiente de absoro em funo da

    energia fornecida e os valores de band gap para a Vermiculita, V0, e para o

    compsito Nb/V0. Para o suporte V0 o valor de band gap obtido foi de 3,04 eV e

    para o compsito Nb/V0 foi de 3,08 eV. Diferente do compsito Nb/B0, o band gap

    do compsito Nb/V0 no mudou significativamente comparado com o seu suporte,

    este comportamento pode ser atribudo ao prprio suporte V0 que apresenta uma

    menor energia para a formao do par eltron/buraco do que o material NbO2OH,

    como mostra os grficos. Ambos os materiais tambm apresentam valores de band

    gap que esto de acordo SUIB (2013) e NOGUEIRA E JARDIM (1998) para

    materiais semicondutores.

    Figura 5.15 Grficos do coeficiente de absoro em funo da energia fornecida para a excitao

    eletrnica e seus respectivos valores de band gap para os materiais V0 e Nb/V0.

    1 2 3 4 5 6

    0

    60

    120

    180

    240

    (ah)2

    Energia (eV)

    V0

    Eg = 3,04 eV

    1 2 3 4 5 6

    0

    60

    120

    180

    240

    (ah)2

    Energia (eV)

    Nb/V0

    Eg = 3,08 eV

    Fonte: Arajo (2016)

    Os espectros de absorbncia de UV-Vis RD do suporte V0 e do compsito

    Nb/V0 so mostrados na Figura 16. O espectro da vermiculita determinado pelo

    Fe+3 tetradrico e octadrico. As bandas prximas de 237 nm e 265 nm so

    atribudas ao Fe+3 tetradrico e octadrico, respectivamente, presente no material.

    As bandas 367 nm, 417 nm e 484 nm so atribudos ao grupamento do xido de

  • 57

    ferro (Fe2O3) do prprio material (STAWINSKI et al 2016; KARICKHOFF; BAILEY,

    1973). No espectro do compsito Nb/V0 apresentou bandas semelhantes a seus

    materiais percussores, porm com intensidades menores e um pequeno

    deslocamento das bandas do Fe+3 (tetradrico e octadrico) e do grupamento do

    xido de ferro devido a adio do NbO2OH na estrutura do material V0.

    Figura 5.16 Espectro de