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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES CURSO DE LICENCIATURA EM DANÇA NAYAMA KEILA DA SILVA BALÉ CLÁSSICO PARA CRIANÇAS: Avaliação e intervenção no desenvolvimento motor. NATAL - RN 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ... · Avaliação e intervenção no desenvolvimento motor. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

CURSO DE LICENCIATURA EM DANÇA

NAYAMA KEILA DA SILVA

BALÉ CLÁSSICO PARA CRIANÇAS:

Avaliação e intervenção no desenvolvimento motor.

NATAL - RN

2013

NAYAMA KEILA DA SILVA

BALÉ CLÁSSICO PARA CRIANÇAS:

Avaliação e intervenção no desenvolvimento motor.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Dança da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Dança. Orientador: Prof. Drª Maria de Lurdes Barros da Paixão.

NATAL - RN

2013

NAYAMA KEILA DA SILVA

BALÉ CLÁSSICO PARA CRIANÇAS:

Avaliação e intervenção no desenvolvimento motor.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Dança da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Dança. Orientador: Prof. Drª Maria de Lurdes Barros da Paixão.

Aprovado e 10 de dezembro de 2013.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________

Prof. Drª Maria de Lurdes Barros da Paixão.

UFRN

______________________________________________

Prof. Dr. Marcos Bragato.

UFRN

______________________________________________

Prof. Ms. Thábata Marques Liparotti.

UFS

Ao Autor da vida por ter me escolhido desde o ventre para

ganhar as nações através da dança.

A minha mãe pelo exemplo constante de determinação.

A minha irmã Nayara por me acompanhar no dueto proporcionado pela dança.

AGRADECIMENTOS

Para um balão decolar, é necessário que se cumpram algumas etapas. A

decolagem começa com o processo de inflagem de ar frio com um motor ventilador.

Inicia-se, em seguida, o aquecimento com maçaricos até que o balão fique em

posição adequada para voar. Esses maçaricos estão presos a um painel de controle

de onde o piloto pode controlar a direção do balão. Porém, para ter a decolagem e o

pouso tranquilos, o balão precisa passar pela mão de profissionais que verifiquem o

seu desempenho constantemente.

Muitas pessoas descrevem a experiência de voar em um balão como uma

das atividades mais serenas e agradáveis que já experimentaram. Essas são

algumas das sensações que a dança me proporciona, por isso coloco-me no lugar

desse balão.

Assim como o piloto liga o motor ventilador para dar início ao processo de

inflagem, Deus, o meu Piloto, concedeu-me o primeiro impulso, soprando em minhas

narinas o fôlego da vida, impulsionando-me a decolar.

No meu painel de controle estão inseridos as melhores pessoas – minha mãe,

irmãs, primos e tios – que nunca se negaram a estar comigo bailando pelo ar,

conduzindo-me a novos horizontes. A minha mais sincera gratidão a vocês!

Posso afirmar ainda que há profissionais que também podem controlar o

balão, conduzindo-me pelos melhores ares: são os professores, mestres e doutores

que contribuíram, e ainda contribuem, em minha formação. Agradeço aos

professores de balé clássico que me inspiraram na escolha da profissão. Agradeço

em especial a Maria Cardoso por confiar em meu trabalho e permitir a minha

contribuição no desenvolvimento técnico de seus alunos.

Agradeço aos professores do âmbito acadêmico também, pois, embarcaram

no balão e sempre estiveram dispostos em me auxiliar. Destaco também, a família

Liparotti, os primeiros que acreditaram academicamente em mim, indicando-me

sempre os melhores caminhos a seguir.

Agradeço ainda a minha orientadora, a Prof.ª Dr.ª Maria de Lurdes Paixão,

que aceitou maquinar o balão durante a viagem do Trabalho de Conclusão de

Curso, direcionando-me tanto nos ares “limpos” quando tudo pareceu estar claro aos

meus olhos durante o processo da escrita, quanto nos ares “turbulentos”. Mesmo

quando eu não conseguia enxergar o melhor caminho, esteve presente “limpando a

área” e auxiliando-me na jornada.

Mas um balão só tem graça se trouxer alguém voando dentro dele. Posso

dizer, então, que o Piloto escolheu algumas pessoas para voarem junto comigo. São

eles, os amigos, aqueles que alegram a viagem, tornando a paisagem mais bela,

encorajando-me a não desistir do destino final. A todos devo minha gratidão, tanto

os de perto quanto os de longe, que, mesmo distantes sempre estão presentes em

meu balão.

Dentre eles estão as minhas irmãs na fé, que compreenderam minha recusa

aos convites para sair, e, ainda assim, creio que sempre intercedem por mim. Seria

injusto citar os nomes, mas não posso deixar de agradecer especialmente a Lucilla

Rodrigues e Luciana Sena por me auxiliarem na reta final desse trabalho; Luciana

Rodrigues, Sharlene Santos, Larissa Alves e Ana Alice Belém por estarem sempre

perto e disponíveis em me ajudar quando preciso.

Agradeço também aos Ministérios NazaDance e NazaKids da Igreja do

Nazareno de Lagoa Nova – Natal/RN, pois, mesmo com a correria da semana,

passando as madrugadas estudando, o sábado chegava com a presença de vocês,

renovando minhas forças com cada abraço, beijo, sorriso e palavras recebidas.

A todos a minha gratidão e o meu pedido que permaneçam em minha vida,

pois cada um contribuiu de maneira significativa no voo desse balão.

Particularmente belo é o ser humano em movimento. A

exatidão coordenativa dos movimentos, a proporcionalidade

dos esforços, a dinâmica dos ritmos, o jogo das velocidades e

outros tipos de ações motoras racionais, geram sensações

estéticas, prazer e satisfação. (Matweyew e Novikow,1982).

RESUMO

O balé clássico é uma atividade corporal que não se configura apenas como uma

forma de expressão artística. De acordo com as teorias desenvolvimentistas, sua

prática envolve o processo de ensino aprendizagem das habilidades motoras

básicas do indivíduo, possibilitando o aprimoramento destas e ainda a ampliação do

repertório motor infantil. Estudos realizados na Escola de Ballet Maria Cardoso

fornecem uma nova perspectiva ao ensino da técnica clássica para crianças em

diferentes níveis de aprendizagens motoras. O presente trabalho tem, portanto, o

objetivo de relacionar a prática do balé clássico com o comportamento motor infantil,

proporcionando uma reflexão sobre a importância do professor da técnica de dança

clássica ter o conhecimento das etapas do desenvolvimento motor em que os alunos

se encontram. Nessa perspectiva, as aulas de balé clássico podem se tornar mais

significativas e eficazes, proporcionando aos profissionais da área condições de

planejar suas aulas de acordo com o perfil motor das crianças.

Palavras chaves: Dança, Balé Clássico, Testes Motores, Desenvolvimento Motor

Infantil.

MOTOR DEVELOPMENT:

Ability and application classes in Classical Ballet for children.

ABSTRACT

The traditional bodily activity known as Classical Ballet is not only a form of artistic

expression. According to developmental theories, the practice of ballet comprises the

process of teaching and learning. They suggest that this activity can work on the

improvement of individual basic skills, expanding the motor development. Studies at

the School of Ballet Maria Cardoso provided a new approach to teaching the

classical technic of ballet to children at different levels of motor development

learning. Likewise, this study aims to relate the practice of classical ballet to the Child

Motor Development, thinking on the need for the teacher of Classical Ballet to know

about the stages of motor development in which students are. Through this

perspective, Classical Ballet lessons can become much more significant and

effective, making possible to professionals plan their lessons according to the level of

the children’s motor development.

Keywords: Dance, Classical Ballet, Motor Tests, Child Motor Development.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – As fases do desenvolvimento motor..................................................... 16

FIGURA 2 – Enchendo a ampulheta com “areia”...................................................... 18

FIGURA 3 – Elevé..................................................................................................... 22

FIGURA 4 – Piqué en avante.................................................................................... 23

FIGURA 5 – Sequencia de aula trabalhando o esquema corporal........................... 24

FIGURA 6 – Sequencia que explora diferentes direções espaciais.......................... 26

FIGURA 7 – Utilização de objetos rítmicos durante a prática do balé clássico......... 28

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 12

2 DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO............................................................ 14

3 DANÇA E O DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES MOTORAS................. 19

3.1 HABILIDADES MOTORAS INERENTES AO BALÉ CLÁSSICO........................ 20

3.2 ESTUDOS REALIZADOS NA ESCOLA DE BALÉ MARIA CARDOSO.............. 30

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 34

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 36

ANEXO...................................................................................................................... 38

12

1 INTRODUÇÃO

É importante compreender como ocorre o desenvolvimento motor da criança

e quais as características inerentes de cada fase desse desenvolvimento. A partir

dessa compreensão, os profissionais que trabalham com crianças podem adequar

seus métodos de trabalho, observando prováveis inadequações comportamentais.

Existem algumas teorias relacionadas ao desenvolvimento motor das crianças que

analisam as respostas a determinados fatores, o grau de influência da genética em

seu comportamento, assim como as interferências do meio em sua conduta.

Gallahue e Ozmun (2005) e Fonseca (2008), por exemplo, definem o

desenvolvimento motor como alterações progressivas do comportamento motor no

decorrer do ciclo da vida, proporcionadas pela interação entre as exigências das

tarefas a serem cumpridas no dia a dia e o ambiente social em que está inserido o

individuo. Portanto, nesse processo de mudanças, o corpo e a mente estão em

constantes transformações.

De acordo com Agostini (2010), após o nascimento, o Sistema Nervoso

Central (SNC) ainda não está totalmente desenvolvido, a criança percebe o mundo

pelos órgãos dos sentidos – tato, visão, olfato, audição e paladar – e desse modo,

age sobre ele. Suas interações com o meio podem ser modificadas de acordo com

as suas necessidades, mediante as tais, a criança se adapta. Assim sendo, o SNC

se mantém em constante evolução. Agostini (2010) afirma ainda que a criança

apresenta um padrão característico de desenvolvimento. De acordo com os

estímulos vivenciados a partir da sua interação com o meio, esse processo de

aprendizagem possibilita à criança o acesso a novas experiências e o

desenvolvimento dos aspectos físicos, motores, sociais e intelectuais.

A criança pode adquirir domínio corporal explorando as possibilidades de

movimento por meio das brincadeiras e práticas corporais diversas. É necessário,

portanto, que ela se desenvolva em um ambiente que propicie seu aprendizado.

Segundo Gallahue e Ozmun (2005), a dança é uma das atividades físicas

educacionais e seu aprendizado pode desenvolver as habilidades motoras. Sendo o

balé clássico considerado uma técnica de dança secular, sua prática vai além da

aquisição de parâmetros técnicos ideais. Trata-se, também, de um trabalho corporal

13

que desenvolve habilidades rítmicas, criativas, motoras e expressivas, contribuindo,

assim, para um melhor desenvolvimento infantil.

O interesse por esse estudo levou-me ao ingresso no Grupo de pesquisa:

Estudos da vida; homem, natureza e sociedade – CNPq (Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico) – Linha de pesquisa: Atividade Física e

Saúde, coordenado pelo Prof. Dr. João Roberto Liparotti do Departamento de

Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. O

referido projeto de pesquisa investiga os indicadores da aptidão física relacionados à

saúde em crianças e jovens. O estudo da idade das habilidades motoras em relação

à idade cronológica tem sido utilizado como parâmetro para análise e a qualificação

das intervenções pedagógicas futuras nas aulas de balé clássico para crianças,

aplicando-se a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) proposta por Rosa Neto

(2002). A EDM verifica a adequação da idade motora em relação à idade

cronológica a partir de seis habilidades distintas, a saber: Motricidade Global,

Motricidade Fina, Equilíbrio, Esquema Corporal/ Lateralidade, Organização Espacial

e Organização Temporal, a ser conceituado no desenvolvimento do trabalho.

O resultado positivo das avaliações motoras, aplicado ao ensino do balé

clássico para crianças com níveis de aprendizagens diferenciadas na Escola de

Ballet Maria Cardoso, reverberou no interesse de estudo e registro dessas

experiências no presente Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em

Dança da UFRN. O objetivo central deste trabalho é relacionar a prática do balé

clássico com o desenvolvimento motor infantil, proporcionando uma reflexão sobre a

importância do professor da técnica de dança clássica ter o conhecimento das

etapas do desenvolvimento motor em que os alunos se encontram. Nessa

perspectiva, a relação ensino-aprendizagem nas aulas de balé clássico para

crianças pode ser mais significativa e eficaz, proporcionando aos profissionais da

área condições para planejar suas aulas de acordo com o perfil motor das crianças.

A metodologia adotada neste trabalho é a teoria desenvolvimentista,

norteado pelo método dedutivo de formulação teórica. O referencial teórico-

metodológico traz autores como Flinchum (1981) Burns e Macdonald. (1999), Rosa

Neto (2002), Gallahue e Ozmun (2005), Fonseca (2008), dentre outros autores para

ratificar as ideias apresentadas. Segundo Gallahue e Ozmun (2005), o método

14

dedutivo integra fatos existentes e responde por evidências empíricas, se relaciona

com o conteúdo da teoria, além de apresentar formulações de hipóteses.

No presente estudo, a hipótese levantada é a de que se o professor de balé

clássico tem o conhecimento acerca da idade motora em que se encontram seus

alunos, então a prática do balé clássico pode proporcionar o desenvolvimento de

habilidades motoras, adequando a idade motora da criança à idade cronológica.

Os estudos desenvolvidos na Escola de Ballet Maria Cardoso são de caráter

exploratório, de campo, descritivo, e longitudinal, e apresentará dados empíricos dos

estudos realizados em três anos, sobre habilidades motoras necessárias a vida

humana que podem ser desenvolvidos durante infância com a prática do balé

clássico.

A partir dos estudos realizados, acredita-se que o ensino da dança clássica

relacionado ao desenvolvimento motor infantil pode proporcionar uma reflexão sobre

a importância do professor de balé clássico adquirir conhecimento sobre as etapas

do desenvolvimento motor em que os alunos se encontram, observando e

respeitando os seus diferentes níveis de aprendizagem motora.

2 DESENVOLVIMENTO MOTOR HUMANO

Após o nascimento, o Sistema Nervoso Central (SNC) ainda não está totalmente desenvolvido. Percebemos o mundo pelo sentido e agimos sobre ele, criando uma interação que se modifica no decorrer do seu desenvolvimento. Deste modo, por meio de sua relação com o meio, o SNC se mantém em constante evolução. (AGOSTINI, 2010, p.152)

A criança passa por variadas fases em seu desenvolvimento motor. É

importante compreender as características específicas de cada fase, pois, desse

modo, os profissionais podem adequar seus métodos de trabalho a partir da

observação de possíveis inadequações comportamentais. Existem algumas teorias

relacionadas ao desenvolvimento motor das crianças, essas analisam as respostas

a determinados fatores, o grau de influência da genética em seu comportamento,

assim como as interferências do ambiente social em sua conduta.

Gallahue e Ozmun (2005) trouxeram para o Brasil seus conceitos e ideias

pela primeira vez em 1988, os quais foram bem aceitos pelos profissionais de

diferentes áreas, tais como Educação, Esporte, Saúde, Artes, dentre outras. Esses

conceitos esclareceram questões fundamentais sobre o Desenvolvimento Motor

15

Humano, desde a concepção à idade adulta. Tais autores apresentaram os fatores

cognitivos e afetivos básicos que influenciam as fases ao longo da vida.

De acordo com as ideias desses autores, a aprendizagem motora1 está

relacionada ao desenvolvimento biológico e também aos estímulos e experiências

adquiridas no cotidiano. Compreende-se que esse processo de aprendizagem com o

meio possibilita o acesso da criança a novas experiências corporais e o seu

desenvolvimento nos aspectos físicos, motores, sociais e intelectuais.

Em concordância com as ideias de Gallahue e Ozmun (2005), Fonseca

(2008) também define o desenvolvimento motor como alterações progressivas do

comportamento motor2 no decorrer do ciclo da vida, proporcionadas pela interação

entre as exigências da tarefa e o ambiente em que vive. Portanto, nesse processo

de mudanças o corpo e a mente estão em constantes transformações.

Não obstante, Vigiliano et. al. (1998) afirma que um bom desenvolvimento

motor interfere futuramente nas áreas sociais, intelectuais e culturais da criança. Em

contrapartida, um inadequado desenvolvimento motor acarreta dificuldade motora e

esta pode provocar na criança o desenvolvimento de comportamentos de fuga e

exclusão em relação à realização de determinadas atividades. Ela, então, se auto

exclui do ambiente que não domina e, como consequência, deixa de realizar ou

realizará com pouca frequência determinadas atividades.

Tratando-se da infância, segundo Gallahue e Ozmun (2005), o

desenvolvimento humano é dividido por fases iniciadas após o nascimento. Essas

fases são subdivididas em estágios onde as habilidades devem ser desenvolvidas

para o benefício humano.

1 Aprendizagem motora – Corresponde ao processo de mudanças que ocorre no comportamento motor,

resultado de prática ou experiência passada.

2 Comportamento motor – Termo que inclui áreas de estudos complementares, compreendidas pelo

aprendizado, controle e desenvolvimento motores.

16

Figura 1. As fases do desenvolvimento motor.

Fonte: Gallahue e Ozmun, 2005 p. 57.

Os autores citados no parágrafo acima conceituaram o desenvolvimento

motor usando a ampulheta heurística (FIG. 1) para representar o processo

denominado fase-estágio descontínua e sobreposta. Esta é dividida em quatro

fases: Motora Reflexiva, Motora Rudimentar, Motora Fundamental e Motora

Especializada. Ressaltam ainda que, apesar da existência das faixas etárias

aproximadas, isto não significa que todas as crianças integrantes de uma fase ou

estágio possuem a capacidade de realizar os mesmos movimentos, sejam eles

manipulativos, locomotores ou estabilizadores, pois a velocidade de progressão é

variável para cada indivíduo.

Conforme a figura 1, a dança está presente na Fase Motora Especializada,

considerada, nos estudos em questão, uma atividade motora complexa. A fase

motora especializada está dividida em três estágios, a saber:

17

1. Estágio de transição: esse contém os mesmos elementos que os movimentos

fundamentais, porém, acentuam-se o controle e a precisão na execução dos

movimentos. Nesse estágio as crianças aprendem como treinar para obter

melhor desempenho na habilidade.

2. Estágio de aplicação: durante esse estágio, o indivíduo torna-se mais

consciente de suas habilidades e limitações. Começam a definir ou evitar a

participação em práticas corporais específicas, tanto em ambientes

competitivos quanto lúdico recreativos. Quando define uma atividade

específica, a ênfase está em aprimorar a proficiência.

3. Estágio de utilização permanente: é caracterizado pelo uso do repertório de

movimentos adquiridos pelo indivíduo por toda vida. Nesse estágio as

crianças geralmente definem alguma atividade para se dedicar regularmente,

tanto em situações competitivas, lúdico recreativo ou do dia a dia. Assim

sendo, a dança pode ser a escolha de algumas crianças.

Ao se tratar de habilidades de movimentos especializados, refere-se à

associação dos movimentos maduros e refinados e de movimentos complexos e

específicos adaptados para as exigências de uma atividade cotidiana,

principalmente, de uma prática específica de dança como o balé clássico. Burns e

MacDonald (1999) acrescentam que, pela influência sofrida em seu meio, cada

criança apresenta seu padrão característico de desenvolvimento motor. Durante os

primeiros anos de vida, os progressos em relação ao desenvolvimento motor

costumam obedecer a uma sequência ordenada, mas existe considerável

variabilidade individual.

Nesse contexto, para Gallahue e Ozmun (2005) o conceito de

desenvolvimento motor se fundamenta no que denominam de “recheio da vida”, que

seria a “areia” entrando na ampulheta por dois recipientes que influenciam no

processo de desenvolvimento: a hereditariedade e o ambiente. O recipiente

hereditário possui uma quantidade fixa de areia, pois, no momento da concepção,

nossa estrutura genética é determinada. O recipiente ambiental, entretanto, não é

limitado, ou seja, a areia entrará de acordo com os estímulos encontrados no meio

em que vive (FIG. 2).

18

Não importa realmente se a ampulheta está preenchida com areia hereditária ou com areia ambiental. O que importa é que de alguma forma a areia entra na ampulheta e que esse “recheio da vida” seja produto tanto da hereditariedade como do ambiente. (GALLAHUE e OZMUN, 2005, p.64 e 65).

Figura 2. Enchendo a ampulheta com “areia”.

Fonte: Gallahue e Ozmun, 2005 p.65.

Com base na figura 2, o domínio corporal pode ser adquirido pela criança pelo

do meio em que vive. Para isso, é necessário que ela se desenvolva em um

ambiente que propicie seu aprendizado, explorando as possibilidades de movimento

por meio das brincadeiras e demais práticas corporais específicas. Acredita-se

também que os educadores ou profissionais que trabalham com crianças podem

influenciar no desempenho positivo das habilidades motoras. Propõe-se, portanto,

que estes profissionais tenham conhecimento sobre o desenvolvimento motor da

19

criança, pois tais conhecimentos podem auxiliá-los a identificar as características

individuais delas, respeitando a fase motora em que se encontram.

3 DANÇA E O DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES MOTORAS

Sabe-se que a dança é uma forma de arte cênica especializada que agrega

em sua prática os aspectos cognitivos, motores e educativos, contribuindo, nessa

perspectiva, para formação integral do indivíduo. Tal atividade também pode vir a

ser facilitadora na aquisição e na melhoria da consciência e imagem corporal,

percepção cinestésico espaço-temporal e propriocepção do corpo, tanto nas

atividades cotidianas quanto nas práticas corporais específicas.

Todo movimento coordenado é rítmico e envolve a sequencia temporal de

eventos e a sincronização de ações. Conforme citado anteriormente pelos autores

da teoria desenvolvimentista Gallahue e Ozmun (2005), a dança encontra-se na

Fase Motora Especializada. Durante a sua prática, exige-se dos dançarinos e/ou

bailarinos maturidade motora que lhes permita condições de acessar

constantemente os movimentos com consciência dos elementos constitutivos da

dança em seus aspectos técnicos e estéticos e em suas variáveis como: nível de

esforço, tempo, ritmo, fluência, entre outras. O corpo, durante a dança, se move em

diferentes níveis, direções espaciais com variação de dinâmica e ritmo. Reunidos,

esses elementos oferecem ao corpo condições de elaborar formas plásticas em seu

espaço, o que corresponde à cinesfera pessoal e individual do indivíduo. Permitem

ainda a relação com outros corpos e demais elementos no espaço cênico da dança

(cinesfera coletiva3).

Desse modo, acredita-se que a dança favorece o desenvolvimento motor na

medida em que o corpo, através de técnicas e estéticas específicas, pode comunicar

emoções, ideias, atitudes e sentimentos. Segundo Santos (1997), tal atividade

também é considerada complexa, pois relaciona fatores biológicos, psicológicos,

sociológicos, históricos, estéticos, morais, políticos e geográficos. O ensino e

3 Cinesfera coletiva - Pode ser entendida como o espaço individual do corpo e suas relações os corpos no

espaço. Tradução nossa.

20

aprendizagem da dança, portanto, possibilita o desenvolvimento de todos esses

aspectos.

Dentro dessa concepção, encontram-se várias linguagens de dança e os seus

benefícios, cada qual com uma definição conceitual baseada em vários critérios.

Têm-se como exemplos: Dança Popular, Dança Contemporânea ou Moderna,

Dança Clássica, Dança à Caráter, Dança Educativa, Dança para Crianças, dentre

outras.

Por meio deste estudo, acredita-se que a dança clássica, por sua vez, pode

contribuir para a compreensão e reflexão dos movimentos na dança, se relacionada

à área de estudo de desenvolvimento motor. Nessa perspectiva, os conteúdos das

aulas de balé clássico para crianças podem ser ofertados respeitando-se as

singularidades e diferenças quanto à maturidade motora de cada criança. A partir

desse conhecimento, os professores podem criar estratégias de ensino da técnica

clássica baseada no planejamento e adequação das aulas de balé em conformidade

com o estágio motor das crianças envolvidas no processo. Isto pode significar o

estabelecimento de uma perspectiva de ensino aprendizagem na dança mais

significativa e estimuladora, tanto para quem ensina quanto para quem aprende.

3.1 HABILIDADES MOTORAS INERENTES AO BALÉ CLÁSSICO

As escolas de formação em balé clássico geralmente começam a receber

crianças a partir dos 3 anos de idade, pois as mães desejam desde cedo ver as suas

filhas vestidas de bailarinas. Independente dos desejos de suas mães, recomenda-

se que a técnica clássica seja aplicada para crianças a partir dos 8 anos de idade.

As aulas de balé clássico para crianças de 3 a 7 anos devem servir de apoio para

que, apenas mais tarde, a técnica clássica propriamente dita seja introduzida.

Nesse período, considera-se importante que nas aulas, as habilidades motoras

rudimentares e fundamentais sejam desenvolvidas, pois, de acordo com Gallahue e

Ozmun (2005), somente a partir dos 8 anos as habilidades motoras especializadas

devem começar a ser aplicadas.

Infelizmente não é desse modo que muitos profissionais da área de dança

atuam. Em nome de um progresso técnico mais rápido, objetivando apenas a

eficiência e rendimento, tende-se a queimar etapas importantes do desenvolvimento

21

motor da criança. Segundo Damásio (2000), as consequências desses

procedimentos podem comprometer o desenvolvimento da expressividade e da

criatividade da criança, tendo em vista que importantes coordenações de base não

foram consideradas como caminho para a construção da dança.

Agostini (2010) afirma que o aprendizado da técnica clássica na atualidade,

além de ser considerado como arte, pode proporcionar uma evolução na preparação

física de maneira geral. O objetivo é mostrar que, por meio dessa preparação, pode-

se possibilitar o desenvolvimento de capacidades físicas na busca do

aprimoramento técnico, considerando o desenvolvimento motor das crianças,

independente dos níveis técnicos em que se encontram.

O balé aplicado para crianças nas escolas de dança, portanto, não deve

resumir-se somente à aquisição da técnica ou relacionar a sua prática a uma mera

atividade de cunho competitivo4. Porém, deve contribuir para o aprimoramento das

habilidades básicas e de padrões fundamentais do movimento com o objetivo de

possibilitar às crianças o desenvolvimento das potencialidades humanas e sua

relação efetiva e afetiva com o mundo. Isto é fundamental, pois se sabe que nem

todas as crianças que fazem aula de balé se tornam bailarinas profissionais.

É preciso entender que cada criança tem um padrão característico de

desenvolvimento motor. Isso significa que dentro da sala de aula podem haver

alunos com a mesma idade, porém em níveis de aprendizagem e desenvolvimento

motor diferentes.

A arte da dança em todas as suas dimensões, mas principalmente no ambiente educativo, deve levar em conta a diferença entre um bailarino ou bailarina que dança movendo seu próprio corpo e a responsabilidade do professor e da professora de dança em fazer mover os corpos de alunos e alunas. (VARGAS, 2009, p. 36)

Parece claro afirmar que ensinar o balé clássico para crianças requer muita

responsabilidade. Há-se de convir que, conforme ressalta Vargas (2009), para tal

ação, é importante o conhecimento desse corpo que vai ser trabalhado, de seu

desenvolvimento motor e da didática adequada a cada criança, mesmo em uma

única turma.

4 Atividade de cunho competitivo – Refere-se aos festivais de dança.

22

Nessa perspectiva, é correto afirmar que o professor não deve ser apenas um

instrutor de passos previamente estruturados, afinal, a técnica clássica já é

sistematizada. O professor de balé clássico devidamente preparado saberá ministrar

as suas aulas com a finalidade de possibilitar o desenvolvimento das seguintes

habilidades motoras da criança: equilíbrio, esquema corporal, lateralidade,

organização espacial e organização temporal. Embora em uma aula prevaleça o

objetivo de possibilitar o desenvolvimento de uma ou outra habilidade, todas elas

poderão ser desenvolvidas no decorrer das aulas de balé clássico.

Alguns autores vêm definindo equilíbrio, dentre eles Flinchum (1981), que o

considera como a capacidade da criança de manter o controle do corpo utilizando

um ou ambos os lados, simultaneamente e alternadamente. Segundo Gallahue e

Ozmun (2005), equilíbrio é a habilidade de sustentar a postura do corpo e mantê-la

inalterada quando colocado em várias posições. O equilíbrio é fundamental para

toda ação do ser humano e pode ser influenciado por estímulos visuais, táteis,

cinestésicos e vestibulares. Assim sendo, pode-se compreender que um indivíduo

sem o equilíbrio adequado poderá apresentar dificuldades na locomoção e na

estabilidade já que todo movimento parte de um desequilíbrio para um equilíbrio

corporal, por isso a importância de trabalhar essa habilidade desde a infância.

O balé clássico necessita do equilíbrio estático, dinâmico e recuperado. De

acordo com Gallague e Ozmun (2005), o equilíbrio estático refere-se ao

posicionamento do corpo em estado imóvel. Pode-se citar como exemplo do

equilíbrio estático o movimento elevé5, conforme a imagem a seguir.

Figura 3. Elevé.

Fonte: Acervo da Escola de Ballet Maria Cardoso (2011).

5 Elevé – Termo francês utilizado nas aulas de balé clássico. Significa elevar, ou seja, subir na meia ponta.

23

O equilíbrio dinâmico faz referência à capacidade de manter o equilíbrio de

um ponto a outro. Nas aulas de balé clássico, um exemplo de equilíbrio dinâmico

pode ser o piqué en avant6, conforme a figura 4.

Figura 4. Piqué en avant.

Fonte: Acervo da Escola de Ballet Maria Cardoso (2011).

O equilíbrio classificado como recuperado, consiste na capacidade readquirir

abruptamente o equilíbrio após um movimento, como exemplo o tour en lair7. Nesse

viés, a técnica clássica pode contribuir para o desenvolvimento da referida

habilidade.

Esquema corporal é outra habilidade motora que pode ser desenvolvida nas

aulas de balé clássico. Para Gallahue e Ozmun (2005), o termo refere-se à

habilidade de diferenciar com exatidão as partes do corpo e como ele age sobre o

meio. Nesse entendimento, o esquema corporal é dividido em três áreas. A primeira

é o conhecimento das partes do corpo, pois além da criança ser capaz de localizá-

las com precisão (propriocepção), ela conseguirá identificar em outras pessoas

(exteroceptivos). A segunda é o conhecimento da capacidade corporal, ou seja, a

criança reconhece e desempenha movimentos específicos com cada parte. A

6 Piqué - Termo francês utilizado nas aulas de balé clássico. Significa pousar a ponta ou meia ponta á frente.

7 Tour en lair - Termo francês utilizado nas aulas de balé clássico. É um giro saltado, ou seja, o bailarino salta ao

mesmo tempo em que realiza um giro em volta do próprio corpo.

24

terceira consiste no conhecimento de como fazer as partes do corpo se

movimentarem eficientemente, reorganizando-as para um ato motor particular.

Fonseca (2008, p. 569), por sua vez, definiu “esquema corporal” como “um

processo psicológico originado nos dados sensoriais que são enviados e fornecidos

pelas estruturas neuromotoras ao córtex parietal”. Afirma ainda que a organização

do esquema corporal implica na relação dos dados proprioceptivos com os dados

exteroceptivos, ou seja, é a organização das sensações relativas do próprio corpo

em associação com os dados do mundo exterior.

Nas aulas de balé clássico, é natural realizar os movimentos em frente do

espelho. No entanto, a mesmas sequencia de movimentos podem ser executados

em círculos ou em duplas por exemplo. Desse modo, as crianças identificaram que

quando colocadas uma de frente a outra, a direção do lado direito ou esquerdo do

seu corpo será o contrária ao da colega, conforme a figura 5.

Figura 5. Sequencia de aula trabalhando o esquema corporal.

Fonte: Acervo da Escola de Ballet Maria Cardoso (2013).

Pode-se considerar então, que a referida habilidade é fundamental para o

desenvolvimento da criança, uma vez que, a partir da organização do esquema

corporal, ela desenvolverá diversas possibilidades de ação corporal. Nesse caso,

25

como uma prática corporal específica, o balé clássico pode contribuir para o

desenvolvimento da habilidade em questão na criança.

A organização de um corpo no espaço só é possível após o reconhecimento

dele próprio, as suas partes, o que ele pode fazer e como fazer para as suas partes

se movimentarem eficientemente. De acordo com Gallahue e Ozmun (2005), a

organização espacial é uma habilidade importante, pois na vida cotidiana utilizamos

os dados sensoriais e perceptivos relacionados ao espaço que nos rodeia, no

entanto, modifica-se com a idade e pode ser aprimorado de acordo com as

experiências corporais.

Rosa Neto (2002, p. 21) afirma que “a noção de espaço é ambivalente, pois

ao mesmo tempo é concreta e abstrata, finita e infinita”. Concreta por envolver o

espaço do corpo que nos é acessível; abstrata por se referir ao espaço que nos

cerca, que pode ser finito enquanto nos é familiar ou infinito quando se estende ao

universo, por exemplo. Em razão disso, Gallahue e Ozmun (2005) ressaltam que as

crianças devem, primeiro, aprender a orientar-se de forma subjetiva no espaço.

Oferecer às crianças oportunidades para o desenvolvimento da percepção espacial,

portanto, é responsabilidade dos profissionais que trabalham com as mesmas. Por

isso tais autores sugerem que o método seja baseado na teoria desenvolvimentista.

Não é possível, todavia, ensinar a criança noções de espaço se este não for

vivido e experimentado por ela. Entende-se, então, que a aprendizagem do balé

clássico deve ser diferenciada nessa fase, uma vez que, se o ensino estiver

apoiado na pedagogia do modelo 8, não serão levados em conta os diferentes

estágios motores pelos quais passa a criança.

A habilidade de se organizar no espaço, por sua vez, depende da orientação

espacial solicitada, por isso devem ser desenvolvidos durante a infância os

conceitos de esquerda e direita, alto e baixo, dentro e fora, trás e frente. O professor

de balé clássico deve explorar, nas atividades propostas, o conhecimento do corpo

acerca das relações espaciais para que, mais tarde, as crianças possam ser

8 Pedagogia do modelo - Corresponde ao trabalho educacional desenvolvido em sala de aula, o qual os alunos

repetem e imitam as ações do professor.

26

capazes de elaborar movimentos mais complexos e significativos para a sua

corporalidade, conforme a figura 6.

Figura 6. Sequencia que explora diferentes direções espaciais.

Fonte: Acervo da Escola de Ballet Maria Cardoso (2013).

Acredita-se, desse modo, que sendo o balé clássico uma prática corporal que

utiliza direções espaciais como frente, trás, lado direito e esquerdo, além de

diagonais, a aula de balé clássico pode proporcionar à criança o aperfeiçoamento da

organização espacial através das aulas.

Segundo Gallahue e Ozmun (2005), a lateralidade está inter-relacionada à

organização espacial, pois ambas são aspectos do desenvolvimento perceptivo-

motor e auxiliam as crianças a entenderem as dimensões do corpo quanto a sua

localização e direção espacial.

Uma criança que tenha desenvolvido adequadamente o conceito de lateralidade não necessita basear-se em indicações externas para determinar a direção. Ela não precisa, por exemplo, ter um laço de fita amarrado ao pulso para lembrar qual lado é direito ou esquerdo. (GALLAHUE e OZMUN, 2005, p.316).

Fonseca (2008) define lateralidade como domínio funcional neurofisiológico

bem estabelecido e integrado de um lado do corpo sobre o outro, ou seja, é a

preferência da utilização de uma das partes simétricas do corpo, tais como olho,

mão, ouvido e perna.

27

Sobre a questão supracitada, Cavallo (2006) afirma que a maioria das

pessoas é destra, possuindo maior habilidade com o lado direto do corpo. As que

apresentam mais facilidade com o lado esquerdo são chamadas de canhotas.

Existem ainda as pessoas ambidestras, que possuem a mesma habilidade para

ambos os lados do corpo.

Normalmente a lateralidade se define aos 7 anos, idade na qual, provavelmente, ela já saberá distinguir as partes esquerda e direita do seu corpo. A consciência da lateralidade e da discriminação de direita e esquerda nos auxilia a perceber os movimentos do corpo no espaço. As crianças que a partir dessa idade apresentam uma lateralidade não definida ou cruzada, certamente apresentarão dificuldade escolar e nas aulas de balé. (CAVALLO, 2006, p. 80).

Portanto, é correto afirmar que, a lateralidade é desenvolvida na infância e

que atividades corporais e motoras como o balé clássico podem ser consideradas

ações educativas fundamentais para possibilitar às crianças as melhores condições

para desenvolver a lateralidade, pois realiza exercícios para ambos os lados,

respeitando os seus fatores genéticos e ambientais.

Por fim, outra habilidade fundamental que pode ser desenvolvida através da

prática do balé clássico é a organização temporal, pois segundo Gallahue e Ozmun

(2005) tal habilidade relaciona-se à aquisição de uma estrutura temporal adequada a

cada criança.

Para Rosa Neto (2002), o conceito temporal envolve o transcurso do tempo a

partir das mudanças e sucessões progressivas. Para o autor, o tempo possui dois

componentes: a ordem e a duração. A ordem define a sucessão de fatos, de modo

contínuo, obedecendo a uma ordem física irreversível. A duração, por sua vez,

permite a variação do intervalo que separa dois pontos, ou seja, o princípio e o fim

de um acontecimento.

Tudo o que fazemos possui um elemento de tempo. Há um ponto inicial e um ponto final e, não importa quão mínimo, há um período de tempo mensurável entre esses dois pontos. É importante que as crianças aprendam como funcionar eficientemente nessa dimensão temporal. (GALLAHUE e OZMUN, 2005, p. 317).

É certo que crianças podem apresentar atraso motor na específica habilidade,

no entanto, a técnica clássica permite ao praticante a aquisição de ritmo. Gallahue e

Ozmun (2005, p. 317) citam que “a movimentação com várias formas de

28

acompanhamento musical, variando de tambores a seleção instrumental contribui

para a percepção temporal”.

Figura 7. Utilização de objetos rítmicos durante a prática do balé clássico.

Fonte: Acervo da Escola de Ballet Maria Cardoso (2011).

A organização temporal é uma habilidade que está constantemente presente

nas aulas de balé clássico, pois a técnica exige do bailarino a execução de

movimentos no compasso da música. No entanto, o desenvolvimento da

organização temporal pode ser intensificado com a utilização de objetos rítmicos

juntamente com a técnica, conforme a figura 7.

Pode-se concluir, portanto, que o professor de balé clássico consciente da

importância do desenvolvimento das habilidades motoras junto ao trabalho técnico

corporal, poderá identificar alunos que estejam com atrasos motores, ou seja, com a

idade motora inferior à idade cronológica. A criança está em constante

desenvolvimento motor, se o déficit da idade motora inferior à idade cronológica não

for identificado e corrigido durante a infância, a criança poderá ter o seu

desenvolvimento integral comprometido.

29

Dessa forma, cabe indagar: como o professor de dança pode identificar

atrasos motores em uma turma de balé clássico?

Existem diversos testes motores. Gallahue o Ozmun (2005), por exemplo,

apresentam em seu livro “Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês,

crianças, adolescentes e adultos”, diversos desses testes motores, tais como

Instrumento de Avaliação de Padrões Motores fundamentais, Teste de

Desenvolvimento Motor Rudimentar, Bateria de Avalição Motora para Crianças,

dentre outros. Existe ainda uma bateria de testes desenvolvida pelo Prof. Dr.

Francisco Rosa Neto, neurologista brasileiro do desenvolvimento humano com

reconhecimento nacional e internacional no campo da psicomotricidade.

Esses testes propostos por Rosa Neto estão presentes em seu livro “Manual

de Avaliação Motora”, e foi o resultado da investigação realizada em seu mestrado,

doutorado e nas práticas clínicas diárias. O autor afirma que este manual é

multidisciplinar por ser capaz de auxiliar diversos profissionais que trabalham na

área do desenvolvimento humano, como pediatras, fisioterapeutas, psicólogos,

terapeutas ocupacionais e professores por exemplo.

A revisão de literatura no âmbito do balé clássico indica estudos realizados

com a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) propostos por Rosa Neto (2002).

Tais estudos cientificamente comprovados utilizam este Manual de Avaliação Motora

visando identificar crianças que apresentaram atrasos motores.

A Escola de Ballet Maria Cardoso pode ser considerada um exemplo de

Academia de Dança que possui profissionais de dança estudiosos na área do

desenvolvimento motor. Tais profissionais melhoram e aprimoram o trabalho técnico-

estético e artístico-criativo no ensino da dança clássica para crianças. Este trabalho

vem sendo desenvolvido a cerca de três anos, a partir da aplicação da bateria de

testes motores proposta por Rosa Neto (2002). Este estudo é composto por três

etapas: avaliação, intervenção e reavaliação.

A avaliação é a aplicação da bateria de testes nas crianças da escola. Em

seguida, realiza-se a intervenção de acordo com os índices de inadequações,

intensificando os exercícios durante a prática, além de utilizar instrumentos que não

30

fazem parte da técnica, porém, pode contribuir para a adequação da idade motora à

idade cronológica. Após um período de aproximadamente três meses, repete-se o

teste para averiguar se as crianças conseguiram zerar com o índice de

inadequações.

Como já foi mencionado, não basta somente identificar se as crianças

apresentam inadequação da idade motora em relação à idade cronológica, sendo

necessário, porém, proporcionar a adequação do estágio motor da criança ao

aprendizado da dança clássica. Estudos realizados na Escola de Ballet Maria

Cardoso comprovam que após a identificação dos alunos com atrasos motores,

cabe aos profissionais de dança da escola realizar em suas aulas as intervenções

necessárias à resolução dos problemas detectados relativos ao atraso motor das

crianças, com vistas ao planejamento e intensificação dos exercícios e demais

atividades propostas, relacionadas às habilidades motoras encontradas em atraso

após os testes da EDM.

Seguindo essa proposta, os testes EDM são aplicados nos alunos da Escola

de Ballet Maria Cardoso periodicamente com o objetivo de acompanhar o

desenvolvimento motor de cada criança nas aulas de balé clássico.

3.2 ESTUDOS REALIZADOS NA ESCOLA DE BALLET MARIA CARDOSO

Em 2010, LIPAROTTI, T. M. et al. realizou um estudo intitulado “Avaliação

Motora em Crianças Praticantes de Balé Clássico na Cidade de Natal-RN-Brasil”

com uma amostra de 35 crianças do sexo feminino da Escola de Ballet Maria

Cardoso. O objetivo foi analisar as habilidades motoras das crianças praticantes da

técnica de dança clássica. Foi utilizada a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM)

proposta por Rosa Neto (2002), que propõe uma bateria de testes que envolvem

seis habilidades: esquema corporal e rapidez, linguagem e organização temporal,

equilíbrio, motricidade fina, motricidade global e organização espacial. O resultado

encontrado nas seis habilidades foi em média 82% de adequação na relação idade

motora e idade cronológica.

Em 2011, SILVA, Nayama Keila realizou o “Estudo da avaliação motora em

crianças praticantes de balé clássico”. Composto por três etapas – avaliação,

31

intervenção, e reavaliação – o objetivo do estudo foi realizar a comparação do

resultado das avaliações e reavaliações motoras realizadas em uma amostra de 24

crianças do sexo feminino entre 3 e 11 anos de idade da Escola de Ballet Maria

Cardoso. Utilizando-se novamente a EDM proposta por Rosa Neto (2002), 50% da

amostra apresentou atraso nas seis habilidades. Este resultado despertou a

necessidade do início de intervenções nas atividades propostas pelos professores,

com duração em média de três meses, a fim de reduzir esse atraso identificado.

Após a reavaliação, constatou-se que houve uma melhoria em 8% das habilidades

em que foram encontradas com déficits. Nessa perspectiva, considera-se que o

tempo das intervenções não tenha sido suficiente para atingir a adequação da

relação da idade motora à idade cronológica. Nesse sentido, pode-se concluir que,

embora as participantes tenham apresentado uma evolução, ainda á necessidade de

continuar com as intervenções e com as avaliações periódicas.

Ainda em 2011, foram realizados estudos individuais para cada habilidade. No

estudo “Comparativo da organização espacial em crianças praticantes de balé

clássico”, SILVA, Nayama Keila (2011), tratou da relação que ocorre entre o corpo e

o espaço de crianças praticantes de balé clássico com o objetivo de verificar a

adequação da idade motora em relação à idade cronológica da amostra

selecionada. O estudo é composto por três etapas: avaliação, intervenção, e

reavaliação, a partir da amostra final de 24 crianças do sexo feminino, entre 3 e 11

anos de idade. Foi utilizada mais uma vez a Escala de Desenvolvimento Motor

(EDM) proposta por Rosa Neto (2002). As alunas da Escola de Ballet Maria

Cardoso, da avaliação para a reavaliação, apresentaram uma melhora de 13% na

habilidade organização espacial a partir das intervenções realizadas pelos

professores nas atividades propostas a essa amostra de alunas. Contudo, talvez o

tempo dedicado às intervenções ainda não tenha sido suficiente para zerar com o

índice de atraso. Nesse sentido, pode-se concluir que, embora as participantes

tenham apresentado uma evolução, ainda á necessidade de continuar com as

intervenções.

No estudo “Motricidade global em crianças que praticam balé clássico em

Natal”, SILVA, Nayara Kênia (2011) teve o objetivo de comparar, após a intervenção,

o grau de adequação da idade motora em relação à idade cronológica na

motricidade global das crianças que praticam balé na Escola de Ballet Maria

32

Cardoso. A intervenção, com duração média de três meses (vinte quatro sessões

com ênfase em exercícios na habilidade em questão), consistiu na proposição de

exercícios (em média dois por semana) nas sessões de balé clássico, alongamento

e baby-class. Após o reteste, constatou-se que dos 10% das crianças que

evidenciaram atrasos na motricidade global na primeira avaliação, 33% obtiveram

melhora após as atividades intervencionistas. Os demais 67% mantiveram seus

resultados da primeira para a segunda avaliação. Além dessas observações,

percebeu-se que, dos 90% das crianças que já apresentavam adequação da idade

motora em relação à cronológica na motricidade global, 48% obtiveram melhora.

Após a observação e comparação dos resultados obtidos após os testes, constatou-

se que a maioria das praticantes de balé apresentou uma melhora

no desenvolvimento motor em relação à motricidade global. Serão necessárias

novas intervenções (maior quantidade ou mais tempo) na motricidade global com o

intuito de auxiliar as crianças que evidenciaram algum atraso motor.

Outro estudo realizado em 2011, intitulado como “Estudo comparativo do

equilíbrio em crianças praticantes de balé clássico da cidade de Natal/RN”,

realizado novamente pela autora SILVA, Nayama Keila (2011), tratou da

importância de continuidade às intervenções nas habilidades em atrasos e nas

avaliações periódicas. O objetivo do trabalho foi verificar a idade motora em relação

à idade cronológica em uma amostra composta por 24 crianças do sexo feminino,

entre 3 e 11 anos de idade comparando os resultados da reavaliação três meses

após a primeira avaliação. Para tanto, utilizou-me mais uma vez a Escala de

Desenvolvimento Motor (EDM) proposta por Rosa Neto (2002). Na primeira

avaliação, 21% das crianças apresentaram atraso no equilíbrio. Em seguida houve

a intervenção dos profissionais da área por aproximadamente três meses (24

sessões semanais e 24 exercícios específicos em média). Após a temporada de

intervenções aplicou-se o reteste e verificou-se que o índice de adequação ao

desenvolvimento do equilíbrio aumentou de 79% para 88%.

Por fim, em 2011 foi realizado o estudo denominado “Organização temporal

em crianças praticantes de balé/ Natal-RN” por SILVA, Nayara Kenia et al. Tal

estudo teve o objetivo de comparar o grau de adequação da idade motora em

relação à idade cronológica na organização temporal das crianças que praticam balé

33

na Escola de Ballet Maria Cardoso após o desenvolvimento de atividades

intervencionistas. Esse estudo também foi constituído de três etapas – avaliação,

intervenção e reavaliação - das quais participaram uma amostra de 24 crianças.

Para realização das avaliações foi utilizada a EDM e os seus resultados

apresentaram maior índice de adequação (96%). O componente rítmico é uma das

habilidades inerente à dança, o que pode ter sido o causador do alto resultado de

adequação das alunas nesta habilidade motora. Os outros 4%, porém, apresentaram

inadequação, e, por isso, sugere-se maior tempo de intervenção e/ou maior

quantidade de exercícios para possibilitar a tais crianças o desenvolvimento dessa

habilidade motora.

“Estudo de caso da habilidade equilíbrio de criança praticante de balé clássico

em Natal/ RN”, foi outro estudo realizado por SILVA, Nayama Keila (2012) e tratou

do estudo de caso de uma criança do sexo feminino de 10 anos, cursando o 5° ano

escolar, frequente nas aulas de Educação Física em todo período, com 4 anos de

prática na técnica clássica e participante desde 2010 das avaliações motoras. O

estudo foi exploratório, descritivo, longitudinal, de campo e comparativo, constituído

por três etapas: três avaliações, intervenções e duas reavaliações. Utilizando-se a

Escala de Desenvolvimento Motor proposta por Rosa Neto (2002), a análise

evidenciou que, em 2010, a criança estava com a idade cronológica em 96 meses,

e, em 2011 com 108 meses. Na análise da habilidade equilíbrio, porém, a criança

apresentou a idade motora de 72 meses. Na reavaliação de 2012, constatou-se que

a aluna bailarina conseguiu adequar sua idade motora à idade cronológica,

avançando de 72 meses para 120 meses. Pode-se concluir, portanto, que as

intervenções por meio da técnica clássica contribuíram para o progresso da

habilidade equilíbrio e, consequentemente, o ajuste da idade motora à cronológica.

Sugere-se, então, manter a periodicidade das reavaliações, sendo possível

diagnosticar possíveis atrasos e propor novas intervenções.

De acordo com os resultados dos estudos citados, pode-se afirmar que a

aplicação periódica de testes de aptidão motora é importante para se obter um

diagnóstico individualizado da etapa do desenvolvimento motor em que se

encontram as crianças. Desse modo, o professor de balé clássico poderá

acompanhar o desenvolvimento motor dos seus alunos, considerando-se as etapas

de desenvolvimento motor em que cada criança se encontra.

34

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento motor é um processo de mudanças no comportamento

humano que envolve tanto a maturação do sistema nervoso central quanto à

interação com o ambiente e os estímulos a que a criança está exposta durante o seu

desenvolvimento. Assim, inevitavelmente, tanto as modificações internas quanto as

experiências interferem no desenvolvimento da dimensão motora do ser humano.

Para isso, quanto maior a diversidade de movimentos que a criança realiza, mais

rico será o seu repertório motor.

Por a dança ser um dos meios que contribuem para o desenvolvimento motor,

ela vem sendo incluída no cotidiano da infância. Devido aos métodos e técnicas

utilizados, as crianças têm a possibilidade de aprender pelas experiências do próprio

corpo, além de expressarem sentimentos e pensamentos através de formas

diferentes de comunicação corporal. O balé clássico é uma atividade específica de

dança que, quando trabalhado no intuito de possibilitar uma melhora no

desenvolvimento do indivíduo, prioriza uma educação motora consciente, que busca

normalizar ou melhorar o comportamento motor da criança, respeitando o seu limite

e a fase de desenvolvimento motor em que se encontra.

Necessário se faz esclarecer ainda que o presente trabalho adotou os termos

“aulas de balé clássico” e “técnica clássica” por considerar que, no âmbito das

questões aqui propostas e investigadas, compreende-se que “aulas de balé clássico”

englobam aspectos artísticos, técnicos, estéticos e didático-pedagógicos, os quais

favorecem os estudos sobre o desenvolvimento motor da criança. O termo “técnica

clássica” foi utilizado para especificar a sua utilização referente aos níveis de

exigência de execução e virtuosismo da técnica em crianças com idade cronológica

superior a 8 anos. Na verdade, recomenda-se que a técnica de balé clássico

propriamente dita só seja ensinada e exigida às crianças que se encontram na fase

motora especializada.

Cada criança apresenta seu padrão característico de desenvolvimento motor,

visto que essas características sofrem a influência constante do que se passa entre

ela e o ambiente. Dessa forma, às vezes as crianças apresentam alguma dificuldade

na realização das tarefas cotidianas, e, sob a perspectiva do senso comum, tendem

35

a ser chamadas de “descoordenadas”, fazendo com que se refugiem dessa

determinada atividade e até mesmo deixem de realizá-la. Para evitar situações como

essa, a preparação e controle com testes de aptidão física relacionada à saúde por

parte de profissionais que trabalham com o referido público, devem ser mais

valorizados e aliados aos testes de aptidão motora adequada à faixa etária de cada

indivíduo.

O controle e análise da idade motora em relação à idade cronológica das

crianças que praticam balé clássico possibilitará aos profissionais envolvidos um

melhor diagnóstico de cada criança, oferecendo aos mesmos um cunho mais

sistemático no ato do planejamento das aulas, mais estruturado na hora da tomada

de decisões sobre o ensino e aplicação do balé clássico. O controle de variáveis

motoras permitirá também uma autoanálise dos profissionais e das condições de

aprendizado que proporciona aos alunos.

Contudo, convém ressaltar que o presente trabalho, não tem o objetivo de

apresentar um modelo de aula a ser seguido pelos professores de balé clássico, no

entanto, discorre sobre a importância do profissional da técnica clássica ter o

conhecimento do desenvolvimento motor de seus alunos, e assim poder planejar as

aulas de acordo com o perfil motor de cada turma.

Para finalizar, pode-se refletir sobre a importância da aplicação de testes para

análise das habilidades motoras das crianças em fase de desenvolvimento. Assim,

sugere-se que avaliações e testes semelhantes sejam implantados e mantidos

dentro das escolas de balé clássico, de modo que possam dar suporte ao

aprendizado técnico, à programação pedagógica e, principalmente, ao

desenvolvimento corporal saudável das crianças, evitando lesões e mesmo

frustrações no decorrer do seu aprendizado. Sugere-se ainda, que outros estudos

sejam realizados a fim de encontrar mais dados que possam subsidiar a área da

dança, especificamente o balé clássico, como benefício para o desenvolvimento

motor e integral da criança.

36

REFERÊNCIAS

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37

SILVA, Nayama Keila et al. Estudo comparativo da Organização Espacial em Crianças praticantes de Balé Clássico. In: 63° REUNIÃO ANUAL DA SBPC, 2011, Goiânia/GO. Resumo em anais de congresso. Goiânia: SBPC, 2011. SILVA, Nayama Keila; LIPAROTTI, João Roberto. Estudo comparativo da Avaliação Motora em Crianças praticantes de Balé Clássico. In: XXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFRN, Natal/RN, 2011. Resumo em anais de congresso. Natal: CIC, 2011. SILVA, Nayama Keila; LIPAROTTI, João Roberto. Estudo comparativo do Equilíbrio em crianças praticantes de Balé Clássico da cidade de Natal/RN-BR. In: VIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE, Gramado/RS, 2011. Resumo em anais de congresso. Gramado: CBAFS 2011. SILVA, Nayama Keila; LIPAROTTI, João Roberto. Estudo de caso da habilidade Equilíbrio de criança praticante de Balé Clássico em Natal/RN-BR. In: VI CONGRESSO BRASILEIRO DE COMPORTAMENTO MOTOR, São Paulo/SP. Resumo em anais de congresso. São Paulo: CBCM, 2012. SILVA, Nayara Kênia; LIPAROTTI, João Roberto. Motricidade Global em Crianças praticantes de Balé Clássico em Natal-RN. In: XXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFRN, Natal/ RN, 2011. Resumo em anais de congresso. Natal: CIC 2011. SILVA, Nayara Kênia; LIPAROTTI, João Roberto. Organização Temporal em Crianças praticantes de Balé/Natal-RN. In: 34º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE, São Paulo/SP, 2011. Resumo em anais de congresso. São Paulo: SELAFISCS, 2011. VARGAS, L. A. M. de. Escola em Dança: Movimento, expressão e Arte. Porto Alegre: Mediação, 2009. VIGILIANO, A. P. et al. A importância em estimular as fases do desenvolvimento motor normal de 0 a 18 meses. Revista Fisioterapia em Movimento. Curitiba: Universitária Champagnat, v. 10, n. 2. outubro/1997 – março/1998. Disponível em http://www.youblisher.com/p/220710-Revista-FisioBrasil-Ed105/. Acesso em: 25 de out. 2013.

38

ANEXOS

ANEXO A – Intervenções realizadas na escola de Ballet Maria Cardoso.

Exemplo 1: Utilização da prancha de madeira quadrada de propriocepção

para a intervenção na habilidade equilíbrio.

Fonte: Acervo da Escola de Ballet Maria Cardoso (2012).

Exemplo 2: Utilização de uma trave de 10 cm de altura com 2mt de

comprimento nos níveis espaciais alto, médio e baixo e nas direções frente, trás e

lado, para a intervenção na habilidade equilíbrio.

Fonte: Acervo da Escola de Ballet Maria Cardoso (2012).

39

Exemplo 3: Utilização de bastões de madeira de 10 cm para a intervenção na

habilidade organização temporal.

Fonte: Acervo da Escola de Ballet Maria Cardoso (2012).

Exemplo 4: Intensificação de exercícios com equilíbrio e direções espaciais.

Fonte: Acervo da Escola de Ballet Maria Cardoso (2012).