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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA Variáveis relacionadas ao processo de adesão a um programa de prevenção de quedas em idosos cadastrados na Estratégia de Saúde da Família HELOISA MARIA JÁCOME DE SOUSA BRITTO Natal 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE ... · 2017-11-04 · Programa de Pós-graduação em Fisioterapia para obtenção do título

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Variáveis relacionadas ao processo de adesão a um programa de prevenção de

quedas em idosos cadastrados na Estratégia de Saúde da Família

HELOISA MARIA JÁCOME DE SOUSA BRITTO

Natal

2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Variáveis relacionadas ao processo de adesão a um programa de prevenção de

quedas em idosos cadastrados na Estratégia de Saúde da Família

HELOISA MARIA JÁCOME DE SOUSA BRITTO

Natal

2012

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Rio Grande do Norte -

Programa de Pós-graduação em

Fisioterapia para obtenção do título de

mestre.

Orientador: Profº. Dr. Túlio Oliveira de

Souza

iv

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia:

Jamilson Simões Brasileiro

v

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Variáveis relacionadas ao processo de adesão a um programa de prevenção de

quedas em idosos cadastrados na Estratégia de Saúde da Família

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Túlio Oliveira de Souza - Presidente - UFRN

Prof. Dr. Ricardo Oliveira Guerra - UFRN

Prof. Dr. Kátia Suely Queiroz Silva Ribeiro - UFPB

Aprovada em 21/12/2012

vi

Dedicatória

Às duas mulheres mais importantes da minha

vida: minha mãe Lúcia, que com toda a sua coragem e

força me ensinou a lutar pelos sonhos, a fim de

alcançar meus objetivos e minha vó Heloisa, mulher a

frente de seu tempo, exemplo, e que muito me

estimulou a estudar.

vii

Agradecimentos

Primeiramente, agradeço a Deus pelo dom da vida, e pelo dom de vivê-la!

Aos meus familiares, pelo apoio, de perto ou de longe... Principalmente à minha mãe

e aos meus irmãos. Vocês são meu alicerce, meu ponto de apoio, minha fortaleza e

minha inspiração. Amo vocês!

Ao meu melhor amigo, meu conselheiro e cumplice, por todos os momentos de

apoio e suporte, e por me roubar quando não queria sair de frente do computador,

permitindo que suspirasse para retomar o trabalho. Obrigada Mozinho, você faz os

meus dias melhores. Amo você!

Aos meus amigos, que sempre emanam energia positiva, torcem e vibram com as

conquistas. Que possibilitam inúmeros momentos alegres e de descontração,

fundamentais para recarregar a bateria. Em especial Manga, Joana, Bruna, Kaly,

Deby, Denizes, July, Jeane, Ingrides, Rafa, Gaby, Angels, Di.

Aos meus colegas de mestrado, por todos os momentos vividos e sentimentos

compartilhados. Torço muito por vocês!

A Jackson, meu IC, obrigada pela disponibilidade em todos os momentos

solicitados. Você tem um futurão pela frente. Acredite nisso!

A todos os brilhantes professores desse departamento, que desde a graduação me

ensinaram a magia da academia e da fisioterapia. Em especial ao professor Ricardo

Guerra por toda a disponibilidade e ajuda com a estatística.

Ao meu orientador, professor Túlio, que nestes dois anos de trabalho me conduziu

em uma nova área do conhecimento, soube me acalmar nos momentos de angústia,

indicar o caminho quando necessário e até solicitar que eu descansasse nos

momentos de trabalho intenso. E principalmente, por tornar-se um grande amigo,

com conselhos e orientações acadêmicas e profissionais. Muito obrigada!

viii

Aos professores Ricardo Guerra e Kátia Ribeiro por compor a minha banca de

defesa da dissertação do mestrado, e por todas as sugestões e orientações dadas

na ocasião.

Aos funcionários do departamento de fisioterapia, em especial a Patrícia Campos,

exemplo de profissional dedicado e competente.

A toda a equipe da UBS FC II, que me acolheu durante quase um ano de coleta de

dados, em especial aos ACS que se dispuseram integralmente e, independente de

sol ou chuva, participaram da minha pesquisa. Sem vocês não teria conseguido!

Aos quase 300 vovôs e vovós que tive contato direto. A participação de vocês nesta

pesquisa pôde concretizar o projeto idealizado e me permitiu muito aprendizado.

Obrigada!

ix

Sumário

Deticatória............................................................................................................ v

Agradecimentos................................................................................................... vi

Listas.................................................................................................................... viii

Resumo................................................................................................................ xii

Abstract................................................................................................................ xiii

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 1

1.1 Justificativa..................................................................................................... 6

1.2 Objetivos........................................................................................................ 7

1.2.1 Objetivo geral........................................................................................... 7

1.2.2 Objetivos específicos................................................................................. 7

2 MATERIAIS E MÉTODO............................................................................... 8

2.1 Delineamento do estudo................................................................................ 9

2.2 Contexto......................................................................................................... 9

2.3 Tamanho do estudo e participantes............................................................... 10

2.4 Variáveis do estudo........................................................................................ 11

2.5 Fontes de dados............................................................................................. 12

2.5.1 Instrumentos de medida............................................................................ 12

2.5.1.1 Ficha de avaliação................................................................................... 12

2.5.1.2 Entrevista semiestruturada...................................................................... 17

2.5.2 Procedimentos para coleta de dados........................................................ 18

2.6 Análise Estatística.......................................................................................... 21

2.7 Aspectos éticos da pesquisa.......................................................................... 22

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 23

3.1 Artigo a ser encaminhado à revista “Age and Angeing” ................................ 25

3.2 Artigo a ser encaminhado à revista “Saúde e Sociedade”............................. 40

4 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................ 57

5 REFERÊNCIAS................................................................................................. 59

APÊNDICES......................................................................................................... 68

x

Lista de Abreviaturas

AVD Atividades de Vida Diária

ACS Agentes Comunitário de Saúde

DSC Discurso do Sujeito Coletivo

DP Desvio Padrão

EEB Escala de Equilíbrio de Berg

ESF Estratégia de Saúde da Família

FES-I Escala Internacional de Eficácia de Quedas

IAP Idosos que Aderiram ao Programa

IC Ideias Centrais

IMC Índice de Massa Corpórea

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia

INAP Idosos que Não Aderiram ao Programa

MEEM Mini Exame do Estado Mental

NASF Núcleo de Assistência a Saúde da Família

PNSI Política Nacional de Saúde do Idoso

PT População Total

SPSS Statistical Pacckage for the Social Sciences

SUS Sistema Único de Saúde

TUG Timed Up and Go test

UBS Unidade Básica de Saúde

xi

Lista de Figuras

Figura 1- Unidade Básica de Saúde Felipe Camarão II............................................10

Figura 2- Procedimentos de avaliação......................................................................20

Figura 3- Fluxograma do estudo................................................................................30

xii

Lista de Tabelas

Tabela 1: Caracterização da população, diferença entre grupos e análise

bivariada.....................................................................................................................33

Tabela 2: Modelo final de análise multivariada........................................................34

xiii

Resumo

Introdução: Quedas entre idosos é um problema de saúde pública, por isso faz-se

necessário ações preventivas, no entanto a adesão é o maior problema enfrentado

por pesquisadores e profissionais de saúde que trabalham com programas de

prevenção de quedas. Objetivo: Averiguar as variáveis relacionadas ao processo de

adesão a um programa de prevenção de quedas em idosos cadastrados em uma

Unidade Básica de Saúde (UBS). Métodos: Foi realizado um estudo observacional

analítico de corte transversal. Todos os idosos cadastrados em uma UBS e com

capacidade de deambulação independente foram convidados a participar de um

programa de prevenção de quedas. Os Idosos que Aderiram ao Programa (IAP)

foram avaliados na UBS; já os Idosos que Não Aderiram ao Programa (INAP) foram

identificados e avaliados em domicílio. A avaliação para ambos os grupos foi

realizada por meio de uma ficha de avaliação contendo dados pessoais e clínicos,

escalas e medidas para avaliar o estado cognitivo, equilíbrio, mobilidade, medo de

cair, força de preensão manual. Os dados foram analisados no software SPSS 20.0.

Além desta avaliação, os INAP foram submetidos a uma entrevista semiestruturada,

na qual foi utilizada a abordagem qualitativa embasada na figura do Discurso do

Sujeito Coletivo. Resultados: Participaram deste estudo 222 idosos, 111 IAP e 111

INAP, maioria com idade entre 70 e 79 anos (48,2%), do gênero feminino (68,5%),

casados (52,3%) e não alfabetizados (47,7%). Consolidaram-se como fatores de

proteção à adesão, piores índices de prática de atividade física (p=0,001), equilíbrio

(p=0,010) e cognição (p=0,007). A entrevista dos INAP identificou dois temas: “Local

para execução de programas de prevenção de quedas” e “Relação entre a UBS e o

cuidado em saúde do idoso”, que verificaram que os idosos não aderiram por

impossibilidade de ir ao local de intervenção; e não mencionaram que programas de

atenção primária estão relacionados ao cuidado em saúde do idoso. Conclusões:

Os idosos que não aderiram ao programa diferem dos idosos que aderiram quanto a

piores índices de cognição, equilíbrio e prática de atividade física, o que pressupõe

maior risco de queda; e estiveram impossibilitados de participar do programa de

prevenção de quedas por ser cuidador e apresentar dificuldade de deslocamento.

Palavras-chave: idosos, quedas, prevenção, atenção primária à saúde.

xiv

Abstract

Introduction: Falls among older adults is a public health problem, therefore it is

necessary preventive actions, however the adherence is the major problem faced by

practitioners and researchers working on falls prevention programs. Objective: To

evaluate the variables related to the adherence to falls prevention programs among

the elderly enrolled in a Basic Health Unit (BHU). Methods: Was performed an

observational cross-sectional analytical study. All elderly registered in a BHU and

able to ambulate independently were invited to participate in a falls prevent program.

The Elderly who Adhered to the Program (EAP) were evaluated at BHU; and the

Elderly Not Adhered to the Program (ENAP) were identified and assessed at home.

The assessment for both groups was performed using an evaluation form containing

personal data, measures and clinical scales to assess cognitive status, balance,

mobility, fear of falling, handgrip strength. Data were analyzed with SPSS 20.0. In

addition to this assessment, the ENAP underwent a semi structured interview, in

which we used the qualitative approach based on the figure of the Collective Subject

Discourse. Results: The study included 222 elderly, 111 EAP and 111ENAP, most

aged between 70 and 79 years (48.2%), female (68.5%), married (52.3%) and

illiterate (47.7%). Consolidated as protective factors for adherence, worst rates of

physical activity (p = 0.001), balance (p = 0.010) and cognition (p = 0.007). The

interview of ENAP identified two themes: "Local implementation of programs for the

prevention of falls" and "Relationship between BHU and the elderly health care," and

found that the elderly who did not adhere were unable to displace and did not

mention that primary care programs are related to health care in elderly.

Conclusions: Elderly who do not adhere to the program differ from elderly who

adhere as worst indices of cognition, balance and physical activity which implies

greater risk of falling; and they were unable to participate in falls prevention program

and by to be caregiver and showed displacement difficult.

Keywords: elderly, falls, prevention, primary health care

1 INTRODUÇÃO

2

O envelhecimento é um processo fisiológico, no qual há declínio metabólico e

funcional do organismo1. Esse processo pode vir acompanhado de diversas

condições crônicas2, o que torna o idoso mais suscetível a eventos incapacitantes,

como a queda3,4.

A queda é definida como um evento não intencional que tem como resultado a

mudança de posição do indivíduo para um nível mais baixo em relação à sua

posição inicial, o número de quedas é crescente e o risco aumenta de acordo com o

avanço da idade5.

Queda em idosos representa um dos maiores temores em geriatria6, e é

encarada como uma síndrome geriátrica7. As repercussões oriundas da queda

incidem em âmbito pessoal e familiar e podem ser originadas de lesões físicas, e

agravos psicológicos. A maioria das quedas provoca lesões leves, mas 5% dos

idosos que caem precisam de hospitalização, principalmente devido a fraturas8,9.

Destas, as mais comuns são as fraturas em fêmur, úmero, rádio distal, vertebrais, e

costelas10. Todavia, a fratura de fêmur atinge 1% dos acometimentos11.

A complicação mais frequente de queda em idosos é a síndrome pós-queda

caracterizada por medo de cair, perda de autoconfiança na capacidade de realizar

atividades de vida diária e marcha, bem como restrição ao leito ou à cadeira, o que

gera descondicionamento físico e isolamento social6,12,13. As consequências, física e

psicológica, de queda em idosos refletem em alterações de mobilidade e podem,

também, aumentar o risco de morte14-16.

Cerca de 30% a 60% dos idosos residentes em comunidades caem

anualmente e destes, 13% tornam-se caidores recorrentes17-19. O que repercute

também na economia devido à utilização de recursos e ocupação de leitos

hospitalares. Em 2009, foi contabilizado um gasto de R$ 57,6 milhões em

internações hospitalares de idosos por fratura de fêmur proximal pós-queda20. Em

Natal/RN, esse valor chega a R$ 12.537,00 por paciente21.

Nessa conjuntura, pode-se entender a ocorrência de quedas em idosos como

um problema de saúde pública, colocando em evidência a necessidade de

3

estratégias preventivas. Por isso, o Ministério da Saúde já trata essa questão com

destaque: para o biênio 2010-2011, foi estabelecida a redução em 2% na taxa de

internação hospitalar de pessoas idosas por fratura de fêmur proximal22.

Na mesma perspectiva, a Política Nacional de Saúde do Idoso (PNSI), prevê

que cabe às equipes inseridas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) a

identificação de situações de risco mais comuns que o idoso está exposto, bem

como a elaboração de estratégias para o enfrentamento das mesmas23.

Dentre as habilidades e atribuições da equipe de atenção primária de saúde,

ressalta-se o desenvolvimento de ações tanto de caráter coletivo quanto individual,

ambas destinadas à manutenção da máxima independência, funcionalidade e

autonomia do idoso, além da fomentação à participação da comunidade nas práticas

de educação em saúde24.

No âmbito da prevenção de quedas, algumas intervenções podem ser

inseridas na perspectiva da atenção primária a fim de reduzir os fatores de risco.

Tais como minimizar os perigos ambientais/ domiciliares; rever o uso de medicações

psicotrópicas e da polimedicação; minimizar os distúrbios do equilíbrio e da marcha

e aumentar a força muscular através de atividades individuais ou coletivas25-27.

Estão sendo desenvolvidos alguns programas voltados à comunidade, que

incluem informações educativas por meio de filmes, manuais e livros, doação de

dispositivos auxiliares para a marcha, avaliação de riscos domiciliares, além da

prática de exercícios físicos28. Programas que incluem abordagens variadas como

essas, reduzem de 6% a 33% as lesões relacionadas a quedas29. E intervenções

realizadas apenas com exercícios físicos abrangendo o treino de equilíbrio e

marcha, fortalecimento e flexibilidade muscular, apresentam grande potencial para

melhorar a capacidade físico-funcional30,31, e reduzem o índice de queda em 25%

após a intervenção32.

Apesar das evidências dos programas descritos, a incidência de quedas ainda

é alta. Entre os idosos, acima de 60 anos, as quedas ocupam o terceiro lugar na

mortalidade por causas externas e em relação à morbidade, são responsáveis pelo

4

primeiro lugar (56,1%) das internações33 Em Natal/RN, o maior hospital em

urgência/emergência registrou 2.175 atendimentos por queda da própria altura, entre

janeiro e setembro de 201234.

Tendo em vista que eficácia remete aos resultados desejados de

experimentos e efetividade à capacidade de se promover resultados pretendidos na

comunidade35, pode-se pensar que os programas de prevenção de quedas são

cuidados em saúde eficazes e pouco efetivos, uma vez que as intervenções

apresentam bons resultados, mas as taxas de quedas continuam altas. Isso induz a

necessidade de avaliar esse cuidado em saúde.

Segundo Donabidean (1988)36, para avaliar o cuidado em saúde é necessário

analisar informações detalhadas sobre a estrutura, os processos e os resultados no

contexto em que ocorre o cuidado.

A) A estrutura refere-se às características mais estáveis dos serviços, e

considera os recursos humanos, físicos e financeiros, bem como os arranjos

organizacionais e os mecanismos de financiamento destes recursos. Embora

a estrutura seja fundamental para garantir a qualidade da assistência, a

avaliação pautada somente nesse componente oferece pouca informação

sobre a qualidade da assistência36.

B) A avaliação do processo consiste em conhecer, supervisionar e

garantir a qualidade do processo de prestação de serviços de acordo com

padrões de excelência técnica, e pode ser decomposta em três dimensões:

dimensão técnica (avaliação a partir dos critérios e das normas profissionais);

dimensão de relações interpessoais (interação psicológica e social que existe

entre os clientes e os produtores de cuidados); e dimensão organizacional

(acessibilidade aos serviços, à extensão de cobertura dos serviços oferecidos

e a continuidade dos cuidados)37.

C) A avaliação do resultado investiga se os resultados observados

correspondem aos esperados, isto é, se o objetivo da intervenção foi atingido

e se houve mudança no estado da saúde da população. Também poderiam

5

ser considerados como resultados das mudanças relacionadas com

conhecimentos, comportamentos e a satisfação do usuário decorrente do

cuidado prestado38.

A avaliação da qualidade do cuidado depende da análise de ambos

componentes explicitados, no entanto há necessidade de um quarto componente

atuante para que o cuidado se dê de forma adequada. Donabidean36 menciona que

o próprio paciente e sua família devem carregar algumas das responsabilidades

para o sucesso ou falha do cuidado. Desse modo, a adesão pode ser encarada

como um aspecto inerente à qualidade do cuidado em saúde.

As intervenções só podem ser efetivas se as taxas de participação forem

elevadas39, ou seja, a efetividade das intervenções também depende da adesão.

Além disso, preditores de adesão podem fornecer informações importantes para os

profissionais e pesquisadores, dado que a adesão do sujeito é a barreira mais

comumente relatada na intervenção de prevenção de quedas bem-sucedida39.

Profissionais de atenção primária referem que a participação nos programas

de promoção à saúde existentes na UBS se dá, geralmente, pelos idosos mais

proativos, os que custumeiramente são mais acessíveis às intervenções de saúde.

Em contrapartida, os idosos mais reclusos e que menos aceitam participar das

intervenções existentes apresentam maiores prejuízos em sua saúde40.

Então, existem características inerentes aos idosos que não aderem às

intervenções propostas pela UBS? Quais variáveis estão relacionadas ao processo

de adesão a programas de promoção à saúde em nível de atenção primária?

Intervenções como assistir palestras, fazer modificações ambientais para

segurança em casa, vestir roupas de proteção de quadril ou usar dispositivos

auxiliares para andar, são pouco aceitos pelos idosos, pois para eles, tais propostas

aparecem como anuncio a transição para a velhice e dependência41. Isso é ilustrado

pelo depoimento de idosas que mesmo após lesão por queda recusaram-se a usar o

protetor de quadril, pois afirmaram não estar em risco, e ainda sugeriram que os

protetores seriam mais adequados para idosas mais idosas42.

6

Em contrapartida, programas baseados em atividade física parecem ser mais

bem aceitos pelos idosos, pois eles referem que os benefícios trazidos por essa

intervenção podem melhorar a autoconfiança em seu equilíbrio ao invés de provocar

ansiedade sobre os riscos de queda43, além disso, promovem benefícios no âmbito

social, como fazer novos amigos e promover a fuga do isolamento social44. Discute-

se, também, que os cuidados preventivos pouco aceitos pelos idosos podem ser

substituídos por atividades que melhoram o condicionamento físico, o equilíbrio e a

mobilidade45.

Além do tipo de intervenção, o conhecimento e informação sobre os serviços

de prevenção de quedas são fundamentais para incentivar a adesão44. E mais, a

percepção de uma intervenção culturalmente apropriada, com auxílio de

interventores comunitários, também estimula a participação dos idosos e promove

grande adesão aos programas46.

Abordagens nessa perspectiva possivelmente serão capazes de ampliar as

oportunidades de envolvimento da comunidade, bem como desenvolver estratégias

para alcance de idosos que não foram atingidos. Pois é plausível que sejam esses,

os idosos que mais carecem de intervenções para que diminua o número de

caidores na população.

1.1 Justificativa

O idoso pode apresentar maior risco de cair em detrimento às consequências

do processo de envelhecimento. Além do mais, a queda em idosos pode causar

sérios danos à saúde, bem como prejuízos socioeconômicos a sua família e

sociedade. Por isso faz-se necessário programas de prevenção de quedas.

Apesar das políticas públicas no Brasil incentivarem tais programas, o número

de idosos caidores ainda é alto. O que gera a necessidade de avaliar os fatores

relacionados à baixa efetividade deste cuidado em saúde.

Sendo o próprio paciente e sua família, também responsáveis pelo sucesso

7

do cuidado, a adesão aos programas é encarada como um aspecto inerente à

qualidade e efetividade desse cuidado em saúde. Entender os fatores relacionados à

adesão é crucial para apoiar os idosos a se beneficiar das intervenções, aumentar

as taxas de captação e permitir que os profissionais de saúde possam prestar

serviços mais apropriados.

Portanto, esta pesquisa poderá verificar se os idosos que não aderem diferem

dos idosos que aderem, e proporcionar subsídios para a elaboração de estratégias

coletivas e/ou individuais que possam ser executadas no âmbito da atenção primária

à saúde, a fim de reduzir a ocorrência de quedas em idosos e suas consequências.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Averiguar as variáveis relacionadas ao processo de adesão a um programa

de prevenção de quedas em idosos cadastrados na Estratégia de Saúde da Família

(ESF).

1.2.2 Objetivos Específicos

Caracterizar o perfil clínico e demográfico dos participantes estudados;

Comparar o risco de queda entre os idosos que aderem ou não ao programa

de prevenção de quedas;

Analisar a performance física dentre os grupos estudados;

Confrontar a taxa de quedas e o medo de cair entre os idosos que aderem ou

não ao programa;

Identificar os motivos que levam alguns idosos a não aderir ao programa de

prevenção de quedas;

Identificar a relação entre a UBS e o idoso que não adere.

8

2 MATERIAIS E MÉTODO

9

2.1 Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo observacional analítico de corte transversal, com

abordagem qualitativa complementar.

2.2 Contexto

Este estudo compõe uma linha de estudo que analisa o risco de quedas, bem

como estratégias para redução das taxas de queda entre idosos cadastrados em

uma ESF. A ESF é a principal estratégia de atenção primária à saúde no Sistema

Único de Saúde – SUS. Atualmente existem 32.970 ESF espalhadas pelo Brasil47,

que assistem mais de cem milhões de pessoas48.

Em março de 2011 foi iniciada a primeira etapa deste estudo, na qual foi

efetivado um ensaio clínico randomizado e controlado com o objetivo de avaliar os

efeitos de um programa com exercícios supervisionados e não supervisionados em

fatores de risco de queda em idosos49. Logo em seguida, foi dado início a segunda

etapa, caracterizada pela avaliação dos idosos que não aderiram ao programa

descrito.

O presente estudo transcorreu na UBS Felipe Camarão II (Figura A) que está

localizada no bairro Felipe Camarão, na Rua Santa Cristina, S/N na cidade de Natal-

RN. Trata-se de um bairro de classe econômica baixa, situado na zona oeste do

município, compreendendo 663,40ha de área territorial e uma população que

abrange aproximadamente 50.997 habitantes que representam 6,37% da população

da cidade, tornando o bairro o terceiro mais populoso de Natal50.

Nesta UBS estão inseridas quatro equipes ampliadas da ESF que prestam

assistência a aproximadamente 4000 famílias, incidindo sobre cerca de 15.000

moradores. Cada equipe deveria ser composta por 1 médico, 1 enfermeira, 2

técnicos de enfermagem, 6 Agentes Comunitários de Saúde (ACS), 1 dentista e 1

auxiliar de consultório dentário51. No entanto há, atualmente, um desfalque em uma

das equipes, com a falta do médico e de dois ACS. Para melhor suporte desta UBS,

10

o Núcleo de Assistência a Saúde da Família (NASF) da zona oeste funciona com

seis profissionais, dentre eles psicólogo, educador físico, farmacêutico, nutricionista,

assistente social e dois fisioterapeutas.

Figura 1 - Unidade Básica de Saúde Felipe Camarão II

De maneira dinâmica, as equipes multiprofissionais desenvolvem ações de

promoção da saúde, proteção e recuperação de doenças e agravos mais frequentes,

com vistas à manutenção da saúde da população adstrita à unidade, inclusive dos

idosos. No entanto, não há programa de prevenção de quedas, sendo o programa

descrito neste estudo, uma parceria entre a equipe de saúde e pesquisadores do

Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

2.3 Tamanho do estudo e participantes

Este é estudo populacional, que analisou a população idosa adstrita a UBS

Felipe Camarão II, o que equivale à área de abrangência de quatro equipes da ESF,

responsáveis pela assistência a 747 idosos.

11

A população alvo foi constituída por todos os idosos cadastrados nesta UBS.

Para a seleção da população do estudo a pesquisadora „A‟ ponderou com a equipe

de saúde e confrontou as informações com os prontuários de todos os idosos a fim

de selecioná-los de acordo com os critérios de elegibilidade.

Foram selecionados os idosos com 60 anos ou mais; independentes para

realização das atividades básicas de vida diária e para deambulação (sem auxílio de

dispositivos auxiliares ou de outra pessoa); sem patologia musculoesquelética ou

outras, em crise ou fase aguda, que venha a causar dificuldade na execução dos

testes propostos para a avaliação; sem deficiência auditiva ou visual grave, que

dificulte a avaliação; e capazes de entender e responder aos comandos verbais

discorridos durante a avaliação.

Foram excluídos os idosos que recusaram-se a participar da pesquisa, que

não foram convidados pelos ACS, que não foram encontrados, ou que apresentaram

outros prejuízos que impossibilitassem a avaliação, tais como pé torto congênito e

hemiparesia.

Os critérios de elegibilidade descritos foram imprescindíveis para viabilizar a

execução do ensaio clínico transcorrido na primeira etapa deste estudo, e

possivelmente, os resultados só poderão ser expressos para a população idosa mais

vulnerável aos fatores extrínsecos de risco de queda, ou seja, os idosos mais

independentes e com capacidade de deambulação em vias públicas.

2.4 Variáveis do estudo

As variáveis independentes desse estudo foram organizadas em cinco blocos

distintos:

1) Variáveis sócias- demográficas: idade, gênero, estado civil, escolaridade

e ocupação atual;

12

2) Variáveis relacionadas à saúde: índice de massa corpórea, enfermidades

referidas, uso referido de medicações e prática de atividade física referida

por pelo menos duas vezes/ semana;

3) Variáveis relacionadas à performance física: equilíbrio funcional estático e

dinâmico, avaliado pela Escala de Equilíbrio de Berg, mobilidade

funcional, medido pelo Timed Up and Go test, e força de preensão

manual, aferida pelo dinamômetro manual Jamar;

4) Variável cognitiva, referente ao Mini Exame do Estado Mental;

5) Outras variáveis relacionadas a quedas: quantidade de quedas no último

ano e a auto-eficácia para quedas, medida pela Escala Internacional de

Eficácia de Quedas Brasil.

A variável dependente é a adesão ao programa de prevenção de quedas

proposto.

2.5 Fontes de dados

2.5.1 Instrumentos de medida

2.5.1.1 Ficha de avaliação

Com o objetivo de padronizar os procedimentos semiotécnicos, foi utilizada

uma ficha de avaliação (APÊNDICE A) para toda a população do estudo, que

constou de questões acerca de dados sócio- demográficos (nome, idade, gênero,

data de nascimento, endereço, nível de escolaridade, ocupação), medidas

antropométricas (peso, altura e índice de massa corpórea), presença de estados

patológicos agudos ou crônicos, cuidados com a saúde (uso de medicamentos e

prática de atividade física), análise no estado cognitivo, medidas da performance

física (equilíbrio, mobilidade funcional e força de preensão manual), além do

histórico de quedas e medo de cair.

13

A) Medidas antropométricas

A altura foi mensurada por meio de uma fita métrica posicionada em uma

parede do local de avaliação, com os indivíduos descalços, em posição ereta, com

pés e calcanhares unidos e encostados na parede, braços estendidos ao longo do

corpo e respiração normal.

O peso foi aferido utilizando-se uma balança digital, com dimensões de 30 cm

x 30 cm. A balança foi previamente calibrada e aferida pelo Instituto Nacional de

Metrologia (INMETRO). Para a pesagem foi solicitado aos idosos que subissem na

balança com os pés descalços e vestidos com roupas leves.

O Índice de Massa Corporal (IMC) foi determinado pela divisão do peso pela

altura ao quadrado (peso/(altura)²). Esta medida pode ser utilizada como indicador

de adiposidade em idosos52. Assim, pôde-se classificar o estado nutricional53 dos

idosos avaliados como baixo peso, para o IMC inferior a 22 Kg/m2; eutrofia para IMC

entre 22 e 27 Kg/m2, ou sobrepeso para IMC superior a 27 Kg/m2.

B) Mini Exame do Estado Mental

A avaliação das funções cognitivas foi realizada através do Mini Exame do

Estado Mental (MEEM). Trata-se de um instrumento validado transculturalmente

para a população brasileira, sendo considerada a medida geriátrica de análise de

déficit cognitivo mais utilizada mundialmente, tanto nas pesquisas quanto na prática

clínica54.

O MEEM é de fácil e rápida aplicação. É composto por questões práticas

agrupadas em sete categorias, cada uma delas planejada com o objetivo de avaliar

funções cognitivas específicas como a orientação temporal e espacial, memória

imediata e tardia, atenção e cálculo, linguagem e capacidade construtiva visual. O

escore pode variar de 0 pontos, indicando maior grau de comprometimento

cognitivo, até o máximo de 30 pontos que corresponde a melhor capacidade

cognitiva55.

14

Uma vez que o teste sofre influência do nível de escolaridade, valores de

referência foram propostos com o objetivo de identificar sujeitos com possíveis

déficits cognitivos: 20 pontos para analfabetos; 25 pontos para indivíduos com 1 a 4

anos de escolaridade; 26 pontos para aqueles entre 5 a 8 anos de escolaridade; 28

pontos para os casos de 9 a 11 anos de escolaridade; e 29 pontos para indivíduos

com escolaridade superior a 11 anos56.

C) Escala de Equilíbrio de Berg

A Escala de Equilíbrio de Berg (EEB) é um instrumento amplamente utilizado

para avaliar o equilíbrio funcional estático e dinâmico de idosos. É de baixo custo,

fácil e rápida aplicação, e apresenta boa confiabilidade intra e inter-observadores57.

Neste estudo foi utilizada a versão brasileira traduzida e adaptada por Myamoto e

colaboradores58.

A EEB é composta por 14 tarefas representativas das atividades de vida

diária como, sentar, levantar, inclinar-se para frente, virar-se e olhar para trás, pegar

um objeto no chão, entre outras. Cada item da escala é composto por cinco

alternativas cujos escores variam de 0 a 4 pontos, sendo 0 indicativo de

incapacidade de realizar a tarefa e 4 indicativo da capacidade de executá-la. A

pontuação total pode variar de 0 a 56 pontos, sendo que o maior valor representa

um melhor desempenho no teste e, portanto, melhor equilíbrio58. Um escore igual ou

superior a 45 pontos na EEB tem maior precisão na identificação dos idosos da

comunidade com risco de queda59,60.

D) Timed Up and Go Test

O Timed Up and Go Test (TUG) é um teste utilizado para avaliar a mobilidade

funcional do indivíduo através da análise do equilíbrio sentado, transferências de

sentado para de pé, estabilidade na deambulação e mudança do curso da marcha

sem a utilização de estratégias compensatórias61.

O teste quantifica em segundos a mobilidade funcional através do tempo que

o indivíduo leva para realizar a tarefa, isto é, em quantos segundos o voluntário

15

levanta de uma cadeira com encosto e apoio para os braços, percorre 3 metros, vira,

volta rumo à cadeira e senta novamente62.

No início do teste, o idoso foi posicionado sentado com as costas apoiadas no

encosto da cadeira e ao final, deveria encostar-se novamente. O voluntário recebeu

o comando “vá” para realizar o teste e o tempo foi cronometrado a partir da voz do

comando, até o momento em que ele sentou e apoiou novamente as costas na

cadeira.

Entre adultos saudáveis, o tempo médio para a realização do teste é de 10

segundos, sendo que os idosos que executam o TUG em tempo inferior a 20

segundos são considerados independentes nas atividades de vida diária e

apresentam velocidade de marcha suficiente para se locomover na comunidade, e

aqueles que completam a tarefa em um tempo maior que 13,5 segundos

apresentam maior risco de quedas63.

E) Força de preensão manual

A força de preensão manual foi medida por meio de um dinamômetro manual

hidráulico do tipo JAMAR, modelo NC 701/42 – North Coast, um instrumento padrão

para medir força de preensão palmar tanto na prática clínica quanto em pesquisa.

O teste é de fácil aplicação e os valores obtidos por esse equipamento estão

relacionados à força muscular corporal total, pois apresenta correlação com a força

de flexão do cotovelo, força de extensão da perna e do tronco além de ser um bom

preditor de incapacidade. O instrumento é válido e confiável para medição da força

muscular, com índices de confiabilidade intra e inter-examinadores de 0.94 e 0.87,

respectivamente64.

Para a realização da medida, foram seguidas as recomendações da

Sociedade Americana de Terapeutas da Mão (American Society of Hand Therapists-

ASHT): indivíduo sentado em uma cadeira com encosto reto e sem suporte para os

braços, ombro aduzido e neutralmente rodado, cotovelo fletido a 90º, antebraço em

posição neutra e punho entre 0º a 30º de extensão e 0º e 15º de desvio ulnar; e

então o indivíduo foi orientado a executar a máxima força com a mão dominante e

16

mantê-la por 6 segundos. O registro das medidas foi apresentado em quilograma/

força (Kgf) e obtido pela média entre três testes. Valores de preensão palmar abaixo

de 22 Kgf para homens e 12 Kgf para mulheres foram considerados como risco para

quedas recorrentes em idosos da comunidade65.

F) Escala Internacional de Eficácia de Quedas Brasil (FES- I)

A Escala Internacional de Eficácia de Quedas Brasil avalia o medo de cair

através de perguntas que analisam o quanto o indivíduo está preocupado com a

possibilidade de sofrer uma queda se realizasse determinadas tarefas. Trata-se de

um instrumento fundamentado em excelentes propriedades psicométricas para a

população brasileira, que foi validado e adaptado a partir Falls Efficacy Scale –

International (FES-I)66.

O medo de cair é avaliado em 16 atividades diárias distintas, cujos valores

variam de 16 pontos para pessoas sem qualquer preocupação em cair a 64 pontos

para aqueles com preocupação extrema67.

O registro da pontuação conseguida pela FES-I foi feito a partir da aplicação

do questionário. Para tal, o idoso foi orientado a imaginar-se executando as

atividades propostas pela escala e então mencionar o nível de preocupação em cair:

nenhum pouco preocupado, um pouco preocupado, muito preocupado ou

extremamente preocupado.

G) Histórico de Quedas

O histórico de quedas foi registrado por meio do questionamento sobre o

número de quedas que o idoso sofreu nos últimos 12 meses. Trata-se de uma

avaliação retroativa, na qual o avaliado deve lembra-se da quantidade de quedas

sofridas no ultimo ano: se nenhuma queda, uma queda, ou duas ou mais quedas.

Esse questionário ainda remete ao(s) episódio(s), uma vez que o voluntário

deve responder qual o local da queda, qual foi a circunstancia da queda, se houve

necessidade de ajuda para levantar, se houve lesão, dentre outras.

17

Como se trata de um dado retroativo é possível que tenha ocorrido o viés de

memória. Para minimizar o efeito desse viés não foi estipulado tempo limite para

resposta, e sempre que possível solicitado auxílio dos familiares.

2.5.1.2- Entrevista Semiestruturada

Foi realizada uma entrevista semiestruturada (APÊNDICE B), exclusivamente

para os voluntários que não aderiram à intervenção proposta, a fim de verificar os

motivos que influenciaram o processo de adesão ao programa de prevenção de

quedas, bem como a relação entre os idosos entrevistados e a UBS que estão

vinculados.

A entrevista foi registrada por um gravador de voz (Huawei G3610), as

gravações foram salvas nos formatos amr e mp3, transcritas e analisadas. Após a

leitura exaustiva, as falas foram organizadas tendo como base algumas figuras

metodológicas da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo, elaborado por Lefèvre e

Lefèvre (2000)68:

Expressões-Chave: transcrições literais de parte dos depoimentos, permitindo

o resgate do que é essencial no conteúdo discursivo dos segmentos em que

se divide o depoimento;

Ideias Centrais (IC): afirmações que traduzem o essencial do conteúdo

discursivo explicitado pelos sujeitos em seus depoimentos;

Discurso do Sujeito Coletivo (DSC): agrupamento das convergências

existentes entre as expressões-chave, reconstrução dos fragmentos de

discursos individuais, e discursos-síntese necessários, para expressar um

dado pensar sobre o fenômeno.

Ressalta-se que esses discursos, construídos com vários depoimentos

reunidos num só discurso-síntese, serão apresentados como se o grupo falasse na

primeira pessoa do singular.

18

2.5.2 Procedimentos para coleta de dados

Após a seleção, os idosos que se enquadraram nos critérios de elegibilidade

tiveram seus nomes registrados. Em seguida a pesquisadora „A‟ solicitou que os

ACS convidassem os idosos selecionados, por meio de um convite verbal, a

participar de um programa de prevenção de quedas49. Então os idosos foram

instruídos a comparecer a UBS, em data e horário pré-estabelecidos. Os idosos que

não compareceram foram novamente convidados, dessa vez em horário de sua

preferência. Essa etapa teve a duração de três meses.

Os idosos que compareceram a UBS foram avaliados. A avaliação foi

executada exclusivamente pela pesquisadora „B‟. Após a avaliação os voluntários

que atingiram escore na EEB ≤ 5269,70 foram convidados a participar do ensaio

clínico49 que investigou os efeitos de um programa de exercício supervisionado e

não supervisionado em idosos com risco de queda.

Na segunda etapa, os idosos que não aderiram ao programa proposto foram

identificados e nova estratégia de recrutamento foi estabelecida. Foi apropriado que

os idosos faltosos fossem avaliados em seus domicílios. Dessa forma, a

pesquisadora „B‟ e os ACS se deslocaram até a residência dos idosos identificados

para a avaliação domiciliar. Caso o idoso não estivesse em casa, nova visita era

agendada. Assim, os idosos não encontrados receberam, no mínimo, duas visitas

em horários distintos.

Depois de ser identificado e encontrado, o idoso foi convidado a participar da

avaliação domiciliar. Caso aceitasse, era explicado o objetivo da pesquisa e iniciada

a coleta de dados. Ao fim da avaliação, todos os idosos receberam orientações e

uma cartilha educativa com estratégias para evitar quedas (APENDICE C). Essa

etapa também teve a duração de três meses.

Todo o material necessário para a avaliação domiciliar foi levado para a casa

dos voluntários, isso permitiu que as mesmas avaliações executadas na UBS

pudessem ser reproduzidas em domicílio, conforme ilustra a Figura B. Além dos

19

testes reproduzidos, uma entrevista semiestruturada foi adicionada exclusivamente

aos idosos avaliados em domicílio.

Desse modo, esse estudo foi constituído por dois grupos distintos. O primeiro

formado por Idosos que Aderiram ao Programa de prevenção de quedas - IAP

(primeira etapa do estudo) e o segundo, por Idosos que Não Aderiram ao Programa

de prevenção de quedas - INAP (segunda etapa do estudo).

Antes de iniciar os procedimentos de avaliação, foram realizados estudos-

piloto para treinamento da pesquisadora „B‟ e adequações metodológicas dos

instrumentos de medidas. Dentre as adequações destaca-se a remoção do teste de

velocidade da marcha71, uma vez que para sua execução é necessário 8 metros de

chão livre, e como alguns domicílios visitados não dispunham deste espaço, a

execução tornou-se inviável.

20

Abreviações: UBS, Unidade Básica de Saúde; EEB, Escala de Equilíbrio de Berg.

Figura 2- Procedimentos de avaliação

Avaliação na UBS: EEB, item 08

(alcançar a frente com o braço estendido)

Avaliação domiciliar: EEB, item 08

(alcançar a frente com o braço estendido)

Avaliação na UBS: Força de preensão

manual

Avaliação domiciliar: Força de preensão

manual

Avaliação domiciliar: EEB, item 12

(tocar banquinho)

Avaliação na UBS: EEB, item 12

(tocar banquinho)

21

2.6 Análise estatística

Os dados foram armazenados, processados e analisados através do

programa estatístico SPSS (Statistical Pacckage for the Social Sciences), versão

20.0, adotando-se o nível de significância de 5%. Os procedimentos estatísticos

constaram de análise descritiva, análise bivariada e análise multivariada.

A análise descritiva foi realizada usando as medidas de distribuição central

considerando as variáveis de interesse, a fim de caracterizar a amostra. Frequência

absoluta e relativa foi utilizada para as variáveis categóricas sócio-demográficas,

relacionadas à saúde e histórico de quedas. E média e desvio-padrão para as

variáveis numéricas relacionadas à performance física, cognição e preocupação em

cair.

A diferença entre grupos para as variáveis categóricas foi realizada pelo teste

qui-quadrado. Para as variáveis numérica, primeiro foi observada a normalidade

através do teste Komogorov-Sminorv. As variáveis BBS, preensão manual, MEEM e

FES-I apresentaram distribuição normal e, portanto foi aplicado o teste T de Student

para amostras independentes. Já a variável TUG, apresentou distribuição não

normal, e por isso foi rodado o teste Mann-Whitney.

A análise bivariada foi feita com o propósito de identificar possível associação

entre as variáveis independentes que são as condições sócio-demográficas,

relacionadas à saúde, cognitivas, de performance física e relacionadas à quedas,

com a variável dependente, a adesão. Partindo-se dos resultados nessa etapa,

seguiu-se com a análise multivariada mediante regressão logística binária, incluindo

as variáveis com potencial fator de associação para a não adesão ao programa

proposto.

22

2.7 Aspectos éticos da pesquisa

Antes de iniciar o estudo, este trabalho foi submetido e aprovado pelo Comitê

de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob o

parecer de n° 353/2011. A direção e equipe de saúde da UBS consentiram a

realização deste estudo no que abrange apoio dos ACS, avaliação dos idosos

cadastrados e uso da estrutura física.

Todos os participantes receberam esclarecimentos e informações acerca dos

objetivos do estudo e dos procedimentos aos quais seriam submetidos e assinaram

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE D). Foi respeitado o

anonimato e a autonomia dos participantes bem como a privacidade e

confidencialidade dos dados pessoais como rege a Resolução 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde.

23

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

24

Os resultados e discussão deste estudo estão dispostos em dois artigos,

conforme determinado pelo Programa de Pós Graduação em Fisioterapia da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte:

Artigo 01: “Fatores associados a não adesão a um programa de prevenção

de quedas em idosos de um centro urbano do nordeste brasileiro”. O artigo

será formatado e submetido à revista “Age and Ageing” de acordo com as

normas de publicação (http://www.oxfordjournals.org/our_journals/ageing/

forauthors/ index.html).

Artigo 02: “Programa de prevenção de quedas em uma Unidade Básica de

Saúde: discurso do idoso que não adere”. O artigo será formatado e

submetido à revista “Saúde e Sociedade”, de acordo com as normas de

publicação (http://www.scielo.br/revistas/sausoc/pinstruc.htm).

25

3.1 Artigo a ser encaminhado à revista “Age and Ageing”

Fatores associados a não adesão a um programa de prevenção a

quedas em idosos de um centro urbano do nordeste brasileiro

Heloisa M. J. S. Britto1, Roberta K. M. Santos1, Túlio O. Souza2

1 Programa de Pós Graduação em Fisioterapia – PPGFis da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte – UFRN, Natal/RN – Brasil.

2 Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte –

UFRN, Natal/RN – Brasil.

Endereço para correspondência: Departamento de Fisioterapia/ UFRN. Avenida

Senador Salgado Filho, 3000 - Lagoa Nova. CEP: 59078-970. Natal/ RN – Brasil.

E-mail para correspondência: [email protected]

26

Resumo

Objetivo: Averiguar as variáveis relacionadas ao processo de adesão a um

programa de prevenção de quedas.

Métodos: Estudo populacional observacional analítico de corte transversal.

Participaram pessoas com 60 anos ou mais vinculadas a um programa de atenção

primária em saúde. Foram avaliados aspectos sócio- demográficos, relacionados à

saúde, estado cognitivo, equilíbrio funcional, mobilidade funcional, força de preensão

manual, preocupação em cair e histórico de quedas em idosos que aderiram (IAP) e

não aderiram a um programa (INAP) de prevenção de quedas.

Resultados: Foram avaliados 222 idosos (111 IAP e 111 INAP), maioria com idade

entre 70 e 79 anos (48,2%), do gênero feminino (68,5%). Após a regressão logística

multivariada, verificou-se que não praticar atividade física (OR=0,20; p=0,001) e

apresentar piores escores relacionados ao equilíbrio funcional (OR=0,92; p=0,010) e

ao estado cognitivo (OR=0,91; p=0,007) são fatores de proteção para a adesão à

intervenção de prevenção de quedas.

Conclusão: Os idosos que não aderiram ao programa de prevenção de quedas

diferem dos idosos que aderiram; e apresentam piores índices de atividade física,

equilíbrio funcional e cognição, o que pressupõe maior risco de queda.

Palavras-chave: idosos, quedas, prevenção, atenção primária em saúde.

27

Introdução

Quedas são comuns entre idosos e podem resultar em significativas lesões

(1). Cerca de 35% dos idosos residentes na comunidade caem pelo menos uma vez

ao ano (2). E cabe às equipes de saúde que atuam na Estratégia de Saúde da

Família- ESF a identificação de situações de risco mais comuns que o idoso está

exposto, bem como a elaboração de estratégias para o enfrentamento das mesmas

(3). A ESF é a principal estratégia de atenção primária à saúde no Sistema Único de

Saúde- SUS. Atualmente existem 32.970 ESF espalhadas pelo Brasil (4), que

assistem mais de cem milhões de pessoas (5).

No âmbito da prevenção de quedas, já são desenvolvidas intervenções com

evidencias favoráveis à redução de quedas em idosos e seus agravos (6,7), as quais

podem ser inseridas como intervenções de atenção primária à saúde. No entanto, as

quedas ainda ocupam o terceiro lugar na mortalidade por causas externas e o

primeiro lugar em internações hospitalares (8). Isso remete à necessidade de avaliar

aspectos relacionados à baixa efetividade dos programas, bem como a participação

dos pacientes e seus familiares, pois eles devem se responsabilizar pelo sucesso ou

fracasso do cuidado (9). Desse modo, a adesão pode ser encarada como um

aspecto inerente à qualidade do cuidado em saúde.

Preditores de adesão podem fornecer informações importantes para os

profissionais e pesquisadores, dado que a adesão do sujeito é a barreira mais

relatada na intervenção de prevenção de quedas bem-sucedida (10). Nesta

perspectiva, é plausível questionar se existem variáveis inerentes aos idosos que

não aderem às intervenções existentes. Desse modo, o objetivo deste estudo foi

averiguar as variáveis associadas ao processo de adesão a um programa de

prevenção de quedas, realizado com idosos vinculados à ESF.

Métodos

Delineamento do estudo e participantes

Este estudo faz parte de um projeto maior e foi dividido em duas etapas. A

primeira avaliou os efeitos de um programa de prevenção de quedas com foco em

28

exercícios supervisionados e não supervisionados (11) e a segunda analisou as

variáveis relacionadas à adesão a esse programa. Para a execução da segunda

etapa foi desenvolvido um estudo populacional observacional analítico de corte

transversal, que transcorreu em uma Unidade Básica de Saúde- UBS, onde estão

inseridas quatro equipes de atenção primária à saúde, localizada na cidade de

Natal/RN/Brasil, e analisou todos os idosos adstritos à referida UBS.

Mas, para a seleção da população do estudo a pesquisadora „A‟ selecionou

os idosos com 60 anos ou mais; independentes para realização das Atividades de

Vida Diária- AVD e para deambulação; sem patologia musculoesquelética ou outras,

em crise ou fase aguda, que venha a causar dificuldade na execução dos testes

propostos para a avaliação; sem deficiência auditiva ou visual grave; e capazes de

entender e responder aos comandos verbais discorridos durante a avaliação. Foram

excluídos os idosos que se recusaram a participar da pesquisa, que não foram

encontrados ou não foram convidados pelos Agentes Comunitários de Saúde- ACS;

bem como os idosos que apresentaram outros prejuízos que impossibilitassem a

avaliação, tais como pé torto congênito e hemiparesia.

Os critérios de elegibilidade descritos foram delimitados a partir da

perspectiva de inclusão em um programa de prevenção de quedas (11) transcorrido

na primeira etapa deste estudo, assim os resultados poderão ser estritos à

população idosa mais independente e com capacidade de deambular em vias

públicas. Este trabalho teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte com parecer n°353/2011.

Procedimentos de medida

Os idosos selecionados foram convidados por ACS, para participar de um

programa de prevenção de quedas (11), de modo que comparecessem a UBS em

data e horário pré-estabelecidos. Os idosos que não apresentaram-se receberam

um segundo convite para comparecer em horário de sua preferência. Todos os

idosos que se apresentaram foram avaliados exclusivamente pela pesquisadora „B‟.

29

Na segunda etapa, os idosos que não aderiram ao programa realizado na

UBS foram identificados e nova estratégia de recrutamento foi estabelecida, de

modo que a pesquisadora „B‟ e os ACS se deslocaram até a residência dos idosos

para a avaliação domiciliar. Foram realizadas pelo menos duas visitas em horários

distintos para cada idoso não encontrado. Depois de encontrado, o idoso foi

convidado a participar, em domicílio, de avaliação idêntica à realizada na UBS. Ao

fim da avaliação todos os idosos receberam orientações e uma cartilha educativa

com estratégias para evitar quedas.

Esse estudo foi formado por dois grupos distintos: um referente aos Idosos

que Aderiram ao Programa de prevenção de quedas – IAP e o outro aos Idosos que

Não Aderiram ao Programa de prevenção de quedas - INAP.

Instrumentos de medida

Foi utilizada uma ficha de avaliação contendo variáveis sócio demográficas

(idade, gênero, estado civil, nível de escolaridade), relacionadas à saúde (patologias

auto referidas, uso referido de medicamentos, prática de atividade física referida,

índice de massa corpórea), performance física (Escala de Equilíbrio de Berg- EEB,

Timed Up and Go test- TUG e força de preensão manual), cognitiva (Mini Exame do

Estado Mental- MEEM) e relacionada à quedas (Escala Internacional de Eficácia de

Quedas- FES-I e histórico de quedas).

A EEB é um instrumento amplamente utilizado para avaliar o equilíbrio

funcional de idosos e apresenta boa confiabilidade intra e inter-observadores (12),

quanto maior a pontuação na escala, melhor o equilíbrio. O TUG quantifica em

segundos a mobilidade funcional através de uma tarefa específica (13). Os idosos

que executam o TUG em tempo maior que 13,5 segundos apresentam maior risco

de quedas (14). A força de preensão manual foi medida através de um dinamômetro

manual hidráulico (JAMAR), instrumento válido e com bons índices de confiabilidade

(15), que está relacionado à força muscular corporal total. O MEEM é uma medida

geriátrica que analisa o déficit cognitivo, sua pontuação varia de 0 a 30, e quanto

maior a pontuação, melhor capacidade cognitiva (16). A FES-I avalia a auto-eficácia

para quedas por meio de perguntas que analisam o quanto o indivíduo está

30

preocupado com a possibilidade de sofrer uma queda se realizasse determinada

tarefa (17). Já o histórico de quedas é o registro retroativo da quantidade de quedas

sofridas no último ano. Para minimizar o efeito do viés de memória não foi estipulado

tempo limite para resposta, e sempre que possível solicitado auxílio dos familiares.

Análise Estatística

A diferença entre grupos foi realizada pelo teste Qui-quadrado para as

variáveis categóricas, pelo teste T de Student para as variáveis numéricas com

distribuição normal (BBS, preensão manual, MEEM e FES-I) e pelo teste Mann-

Whitney para variáveis com distribuição não normal (TUG). A análise bivariada foi

feita com o propósito de identificar possível associação entre as variáveis

independentes (sócio-demográficas, cognitiva, relacionadas à saúde, performance

física e à quedas) e a variável dependente (adesão). A análise multivariada foi

realizada mediante Regressão Logística Binária. Foi adotado o nível de significância

de 5% e todos os dados foram analisados usando o SPSS 20.0.

Resultados

A população alvo deste estudo foi composta por 747 idosos vinculados a um

programa de atenção primária à saúde. No entanto somente 464 idosos se

enquadraram nos critérios de elegibilidade, e foram convidados a participar do

programa de prevenção de quedas. Destes, apenas 113 idosos aderiram e foram

avaliados na UBS, mas dois voluntários foram excluídos, um apresentando

hemiparesia e o outro pé torto congênito. Desse modo, foram analisados os dados

de 111 IAP.

Dentre os INAP, 200 não foram avaliados por diversos motivos, dentre eles:

mudança de domicílio, falecimento, internamento hospitalar e recusa em participar.

Dessa forma, 170 idosos foram avaliados, mas 1 voluntário foi excluído por déficit de

mobilidade e 39 porque não foram convidados pelos ACS à participar da primeira

etapa do estudo (programa de prevenção de quedas). Assim, foram analisados os

dados de 111 INAP (Figura 1).

31

Figura 3 – Fluxograma do estudo

Total de idosos cadastrados na UBS

(n=747)

Não selecionados após análise de

registros em prontuário e

consulta à equipe de saúde (n=283)

Idosos convidados para

programa de prevenção de

quedas (n=464)

Visita domiciliar para avaliação

Idosos que Aderiram ao Programa de

prevenção de quedas - IAP (n=113)

Duas Exclusões

Idosos que Não Aderiram ao Programa

de prevenção de quedas - INAP (n=351)

Motivos:

Não encontrados

Não aceitou participar

Falecidos

Não enquadrados nos critérios de elegibilidade

Outros

Idosos avaliados

(n=151)

Idosos não avaliados

(n=200)

População do Estudo: 222 idosos

111 IAP participaram do estudo

Quarenta Exclusões

111 INAP participaram do estudo

32

Na população estudada, observou-se uma maior prevalência de idosos com

idade entre 70 e 79 anos (48,2%), do gênero feminino (68,5%), casados (52,3%) e

não alfabetizados (47,7%), essas características não diferiram entre os grupos. No

que tange patologias auto referidas, 46,8% dos IAP e 56,8% dos INAP referiram

apresentar comorbidades (p= 0,310), sendo a Hipertensão Arterial Sistêmica a mais

prevalente. Quanto aos cuidados com a saúde, 68,9% dos idosos referiram fazer

uso de medicação contínua diariamente; em contrapartida, apenas 12,2% dos

idosos referiram praticar atividade física pelo menos duas vezes por semana.

Quanto ao registro de quedas no último ano foi verificado que os INAP apresentaram

mais quedas recorrentes (35,1%) se comparado aos IAP, no entanto não houve

diferença entre os grupos. A caracterização da população está exposta na Tabela 1.

A regressão logística bivariada entre a variável dependente e as variáveis

independentes, revelou que não aderir ao programa de prevenção de quedas está

associado com presença de cardiopatias (p= 0,037), prática de atividade física (p=

0,010), pior escore de equilíbrio funcional- EEB (p= 0,030), mobilidade funcional-

TUG (p=0,043), força de preensão manual (p= 0,032), cognição- MEEM (p= 0,025) e

preocupação em cair- FES-I (p=0,014). Conforme está demonstrado na Tabela 1.

No entanto, após a análise multivariada ajustada pelas demais variáveis,

observou-se que se consolidaram como fatores associados a não adesão ao

programa de prevenção de quedas, praticar atividade física (p=0,001), essa tendo

como categoria de referencia ser praticante de atividade física; bem como piores

escores de equilíbrio (EEB: p=0,010) e cognição (MEEM: p=0,007). As três

associações agem como fator de proteção à adesão. Estas associações estão

expostas na Tabela 2.

33

Tabela 1: Caracterização da população, diferença entre grupos e análise bivariada

Variáveis Análise Descritiva Análise Bivariada

PTE IAP INAP p - valor OR bruta (IC 95%) p – valor

Gênero, n (%)

Masculino 69 (31.1) 37 (33.3) 32 (28.8)

---

Feminino 152 (68.5) 74 (66.7) 78 (70.3) 0.480

1.18(0.67-2.08) 0.564

Idade, n (%)

60-69 anos 92 (41.4) 49 (44.1) 43 (38.7)

---

70-79 anos 107 (48.2) 53 (47.7) 54 (48.6)

1.16 (0.66-2.02) 0.600

80 anos ou mais 23 (10.4) 9 (8.1) 14 (12.6) 0.475

1.77 (0.69-4.50) 0.229

Estado civil, n (%)

Solteiros 26 (11.7) 12 (10.8) 14 (12.6)

---

Casados 116 (52.3) 61 (55) 55 (49.5)

0.77 (0.32-1.81) 0.718

Separados/Divorciados/ Viúvos 80 (36) 38 (34.2) 42 (5.4) 0.717

0.94 (0.39-2.30) 0.947

Escolaridade, n (%)

Não alfabetizado 106 (47.7) 51 (45.9) 55 (49.5)

---

Ensino Fundamental incompleto 106 (47.7) 56 (50.5) 50 (45)

0.82 (0.48-1.41) 0.492

Ensino Fundamental completo 2 (0.9) 2 (1.8) 0 (0)

0.00 (0.00-0.00) 0.999

Ensino Médio incompleto 3 (1.4) 2 (1.8) 1 (0.9)

0.46 (0.41-5.26) 0.535

Ensino Médio completo 3 (1.4) 0 (0) 3 (2.7)

149 (0.00-) 0.999

Ensino Superior 2 (0.9) 0 (0) 2 (1.8) 0.166

149 (0.00-) 0.999

Índice de Massa Corporal (IMC), n (%)

Baixo peso (IMC < 22Kg/m2) 33 (14.9) 13 (11.7) 20 (18.0)

---

Eutrofia (IMC entre 22 e 27Kg/m2) 95 (42.8) 48 (43.2) 47 (42.3)

0.62 (0.27-1.39) 0.250

Sobrepeso (IMC > 27kg/m2) 93 (49.0) 49 (44.1) 44 (39.6) 0.798

0.58 (0.26-1.31) 0.192

Patologias referidas, n (%)*

Hipertensão Arterial Sistêmica 148 (66.7) 71 (64.0) 77 (69.4) 0.393

1.27 (0.72-2.23) 0.393

Diabetes Mellitus 55 (24.8) 24 (21.6) 31 (27.9) 0.276

1.40 (0.76-2.59) 0.278

Doenças ósteo-articulares 123 (55.4) 57 (51.4) 66 (59.5) 0.224

1.38 (0.81-2.36) 0.225

Cardiopatias 31 (14.0) 10 (9.0) 21 (18.9) 0.032

2.35 (1.05-5.27) 0.037

Outras doenças 50 (22.5) 27 (24.3) 23 (20.7) 0.520

0.81 (0.43-1.52) 0.521

Referiu não ter patologias 27 (12.2) 14 (12.6) 13 (11.7) 0.310 0.76 (0.33-1.77) 0.535

Presença de comorbidades 115 (51.8) 52 (46.8) 63 (56.8) 0.310 1.30 (0.56-3.02) 0.535

Cuidados com a saúde, n (%)

Pratica de atividade física** 27 (12.2) 7 (6.3) 20 (18) 0.008

0,30 (0,12-0,75) 0.010

Uso de medicação psicotrópica* 18 (8.1) 11 (9.9) 7 (6.3) 0.325

0.61 (0.22-1.64) 0.329

Uso de duas ou mais medicações* 102 (45.9) 42 (37.8) 60 (54.1) 0.002

1.43 (0.84-2.43) 0.180

EEB, média (DP) 51.5 (4.8) 52.2(4.7) 51 (4.3) 0.023

0.92 (0.86-0.99) 0.030

TUG, média (DP) 14.3(5.2) 13.5(3.3) 14.8 (6.5) 0.565

1.06 (1.00-1.12) 0.043

Preensão Manual (Kg/força), média (DP) 20.4(7.7) 21.7(7.8) 19.1 (7.5) 0.029

0.96 (0.92-0.99) 0.032

MEEM, média (DP) 20.8(4.4) 21.5(4.6) 20.4 (3.9) 0.022

0.92 (0.87-0.99) 0.025

FES-I, média (DP) 29.2(10.4) 27.4(9.7) 30.9(10.8) 0.013

1.03 (1.00-1.06) 0.014

Histórico de quedas, n (%)

nenhuma queda no último ano 95 (42.8) 50 (45) 45 (40.5)

---

1 queda no último ano 61 (27.5) 34 (30.6) 27 (24.3)

0.88 (0.46-1.68) 0.704

2 ou mais quedas no último ano 66 (29.7) 27 (24.3) 39 (35.1) 0.253 1.60 (0.85-3.02) 0.144

Abreviação: PTE, população total do estudo; IAP, idosos que aderiram ao programa de prevenção de quedas; INAP, idosos que não aderiram ao programa de prevenção de quedas; EEB, Escala de Equilíbrio de Berg; TUG, Timed Up and Go test; MEEM, Mini Exame do Estado Mental; FES-I, Escala Internacional de Eficácia de Quedas Brasil. * categoria de referencia: não referir a patologia; ** categoria de referencia: referir o cuidado em saúde

34

Tabela 2: Modelo final de análise multivariada

Variáveis OR ajustada IC (95%) p – valor

Prática de atividade física* 0,20 0,08 - 0,53 0,001

EEB 0,92 0,86 - 0,98 0,010

MEEM 0,91 0,85 - 0,97 0,007

Abreviações: EEB, Escala de Equilíbrio de Berg; MEEM, Mini Exame do Estado Mental. *categoria de referencia: praticar atividade física

Discussão

A não adesão é o problema mais comum enfrentado por profissionais que

trabalham com programas de prevenção de quedas (11). É possível que apenas a

metade dos idosos residentes na comunidade participe de intervenções de

prevenção de quedas (18). A fim de proporcionar maiores taxas de adesão aos

programas existentes, foram traçadas estratégias, que abrangem desde o auxílio de

interventores comunitários (19) até uso de videoconferência (20), no entanto ainda

não foram identificadas quais variáveis estão relacionadas ao processo de adesão.

Este estudo verificou que não há diferença entre variáveis sócio-demográficas

e histórico de quedas para os idosos que aderem ou não a um programa de

prevenção de quedas, no entanto, piores escores de equilíbrio, mobilidade,

cognição, força, prática de atividade física, preocupação em cair e presença de

cardiopatias, estão associados com o processo de adesão. Esse achado corrobora

com Souza (2012), que notou na fala de profissionais de saúde que os idosos

menos propensos à adesão apresentam mais complicações de saúde (21).

Aminzadeh (2000) identificou que as características dos idosos podem

influenciar a adesão, sendo que piores condições de saúde física e cognitiva estão

associadas a menores taxas de adesão a programas de atenção primária em saúde

porque tais características afetam negativamente a capacidade individual de decisão

(22). Essa é uma possível explicação para a associação encontrada entre a adesão

e piores índices de prática de atividade física, equilíbrio e cognição, ambos

funcionando como fatores de proteção à adesão.

Além disso, sedentarismo, déficit de equilíbrio e de cognição podem aumentar

o risco de queda entre idosos. Não praticar atividade física leva a diminuição da

35

performance, força, controle do equilíbrio e consequentemente, aumento do risco de

quedas (2,23). Já o déficit de equilíbrio, por si só, é importante fator de risco para

quedas (24). A EEB utilizada para avaliar o equilíbrio funcional, considera que para

cada ponto a menos entre escores de 54 a 46, há aumento de 6-8% de chances de

cair (25). Semelhante à EEB, o MEEM, instrumento utilizado neste estudo para

avaliar a cognição, foi associado com lesões graves relacionadas a quedas entre

idosos da comunidade (26). Então, sendo o equilíbrio também regulado pela

cognição, e o comprometimento cognitivo também associado ao aumento do risco

de quedas em idosos da comunidade (26), é provável que os idosos que não

aderiram ao programa apresentam mais risco de queda.

Tendo em vista que exercício físico pode minimizar os efeitos fisiológicos do

envelhecimento, limitar a progressão de doenças e condições incapacitantes (27),

bem como diminuir o risco de queda (28), teria sido adequado que INAP tivessem

participado da intervenção proposta referente à primeira etapa desse estudo.

Além disso, como os resultados sugerem que os idosos que não aderiram

apresentam mais risco de cair, é plausível que as equipes de saúde devem voltar

sua atenção à busca ativa (29), ou seja, manter uma postura proativa frente ao risco

de quedas dos idosos que não aderem, de modo que programas de prevenção de

quedas também estejam voltados para a população que carece do serviço, mas não

é assistida pelas intervenções.

O programa de prevenção de quedas, referente à primeira etapa deste estudo

(11) foi realizado apenas com os idosos que responderam ao convite dos ACS e

aderiram à intervenção, no entanto, os idosos que não aderiram apresentaram mais

risco de cair. É possível que outros ensaios clínicos que, assim como esse,

trabalham na perspectiva do convite-adesão para seleção da amostra, também

deixem de avaliar e atender a amostra mais apropriada para a intervenção.

Como esse estudo não avaliou os idosos com mais agravos à saúde e déficit

de locomoção, os resultados só poderão ser expressos para idosos independentes.

Mas, parte importante dos idosos vinculados à UBS que não foi selecionada,

36

também precisa de atenção especial das equipes de saúde e de pesquisas, uma vez

que apresentam mais complicações e dependência.

Conclusão

Os idosos que não aderiram ao programa de prevenção de quedas diferem

dos idosos que aderiram; e apresentam piores índices de atividade física, equilíbrio

funcional e cognição, o que pressupõe maior risco de queda.

Pontos Chave

A adesão é o problema mais comum aos programas de prevenção de

quedas.

Não praticar atividade física e apresentar piores escores nas escalas de

equilíbrio- EEB e cognição- MEEM funciona como fator de proteção à adesão.

É plausível que os idosos que não aderem apresentem mais risco de queda.

As equipes de atenção primária à saúde devem priorizar a busca ativa aos

idosos que não aderem, pois talvez sejam esses os idosos que mais carecem de

programas de prevenção de quedas.

Conflitos de Interesse

Sem conflitos de interesse

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40

3.2 Artigo a ser encaminhado à revista “Saúde e Sociedade”.

Prevenção de quedas em uma Unidade Básica de Saúde:

A fala do sujeito que não adere

Heloisa Maria Jácome de Sousa Britto

Fisioterapeuta, Estudante de mestrado em Fisioterapia pelo Programa de Pós

Graduação em Fisioterapia (PPGFis) da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (UFRN).

Email: [email protected]

Jackson Cláudio C. Lima

Estudante de graduação em Fisioterapia pela Universidade Federal do Rio Grande

do Norte (UFRN).

Email: [email protected]

Túlio Oliveira Souza

Fisioterapeuta. Professor Doutor do Departamento de Fisioterapia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Endereço: Departamento de Fisioterapia/ UFRN. Avenida Senador Salgado Filho,

3000 - Lagoa Nova. CEP: 59078-970. Natal/ RN – Brasil.

Email: [email protected]

41

Resumo

Queda entre idosos é considerada um problema de saúde pública, por isso se

faz necessária a existência de programas de prevenção de quedas, no entanto a

adesão é o problema mais comum enfrentado por profissionais que trabalham nesta

perspectiva. Esse trabalho teve como objetivo identificar os motivos que levam o

idoso a não aderir a um programa de prevenção de quedas. Como referencial

metodológico foi utilizada a abordagem qualitativa embasada na figura do Discurso

do Sujeito Coletivo. Os dados foram coletados na área de atuação de uma UBS da

cidade do Natal/RN, por meio de uma ficha de avaliação e entrevista

semiestruturada aplicados a 111 idosos. A análise dos dados permitiu identificar dois

temas: “Local para execução de programas de prevenção de quedas” e “Relação

entre a UBS e o cuidado em saúde do idoso”. Os idosos referiram não aderir ao

programa de prevenção de quedas porque são cuidadores de terceiros e estavam

impossibilitados de deslocarem-se por sentir dor ou medo de cair. Além disso, os

idosos não mencionaram que os programas de prevenção de doença/ promoção de

saúde estão relacionados ao cuidado em saúde. A partir desses achados sugere-se

que uma avaliação criteriosa sobre o local de intervenção e sobre a percepção do

idoso em relação à intervenção, poderá aumentar a taxa de adesão aos programas

de prevenção de quedas.

Palavras-chave: idoso, queda, prevenção, atenção básica à saúde.

42

Introdução

A Política Nacional de Saúde do Idoso prevê que cabe às equipes inseridas

nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) a identificação de situações de risco mais

comuns que o idoso está exposto, bem como a elaboração de estratégias para o

enfrentamento das mesmas (Brasil, 1999). Tendo em vista que 30% dos idosos

caem pelo menos uma vez ao ano e, 13% destes tornam-se caidores recorrentes

(Ekezie e col., 2011), estão sendo desenvolvidos programas de prevenção de

quedas voltadas à comunidade, que incluem informações educativas por meio de

filmes, manuais e livros, doação de dispositivos auxiliares para a marcha, avaliação

de riscos domiciliares, e prática de exercícios físicos (Alves Júnior e Paula, 2008),

que podem ser incluídas nas ações de UBS.

Os programas de prevenção de quedas indicam redução do índice de queda

em 25% após a intervenção (Gillespie e col., 2009). No entanto, as quedas ocupam

o terceiro lugar na mortalidade por causas externas e o primeiro lugar em

hospitalização e morbidade entre os idosos (Ricci e col., 2010). Neste contexto, faz-

se necessário avaliar variáveis relacionadas à baixa efetividade deste cuidado em

saúde.

Segundo Donabidean (1988), a avaliação do cuidado em saúde é relacionada

a informações detalhadas sobre as relações causais entre a estrutura, os processos,

e os resultados do atendimento. No entanto, o desempenho do próprio usuário e de

sua família representa grande responsabilidade para o sucesso ou falha do cuidado

(Donabidean, 1988). Desse modo, a adesão passa a ser encarada como um aspecto

inerente à qualidade do cuidado, e é a barreira mais relatada na intervenção de

prevenção de quedas bem-sucedida (Fortinsky e col., 2004).

Tendo em vista a relevância de programas de prevenção de quedas, bem

como a importância da adesão aos programas existentes, faz-se necessário ouvir os

idosos que não aderem. Nesta perspectiva, foi desenvolvido um estudo qualitativo

com o objetivo de identificar, no discurso do idoso, os motivos da não adesão a um

programa de prevenção de quedas, desenvolvido em uma UBS.

43

Métodos

Este estudo faz parte de um projeto maior que analisa o risco de quedas, bem

como estratégias para redução das taxas de quedas entre idosos cadastrados na

Estratégia de Saúde da Família (ESF) e transcorreu em uma Unidade Básica de

Saúde (UBS) localizada em um bairro periférico de Natal/RN. Trata-se de um estudo

exploratório-descritivo com abordagem qualitativa que analisou a população idosa

adstrita à referida UBS e reflete sob 747 idosos. A população alvo refere-se a 464

idosos que se enquadraram nos critérios de elegibilidade e foram convidados pelos

Agentes Comunitários de Saúde (ACS) a participar de um programa de prevenção

de quedas com foco em exercícios supervisionados e não supervisionados (Santos

e Souza, 2012). No entanto a população deste estudo foi constituída por 111 Idosos

que Não Aderiram ao Programa de prevenção de quedas (INAP).

Foram selecionados idosos com 60 anos ou mais, independentes para

realização das atividades básicas de vida diária e para deambulação, sem patologia

musculoesquelética em crise ou fase aguda, capazes de entender e responder aos

comandos verbais discorridos durante a avaliação. Foram excluídos os idosos que

recusaram-se a participar da pesquisa, que não foram encontrados ou que não

receberam o convite dos ACS, bem como idosos com outros prejuízos de

mobilidade. Os critérios de elegibilidade descritos foram imprescindíveis para

viabilizar o ensaio clínico.

Para a avaliação dos INAP, a pesquisadora e os ACS se deslocaram até o

domicílio de cada idoso. Se o idoso não estivesse em casa, nova visita era

agendada, de modo que cada idoso não encontrado recebeu, no mínimo, duas

visitas em horários distintos. Depois de ser identificado e encontrado, o idoso foi

convidado a participar da pesquisa, e caso aceitasse, era dado início a avaliação. Ao

fim da avaliação todos os idosos receberam orientações e uma cartilha educativa

com estratégias para evitar quedas.

Para a coleta de dados foi utilizada uma ficha de avaliação e uma entrevista-

semiestruturada. A ficha de avaliação foi utilizada para caracterizar a amostra e

apresentava dados pessoais, patologias auto-referidas e históricas de quedas. A

44

entrevista semiestruturada composta por quatro perguntas-chave teve o objetivo de

verificar os motivos que influenciaram a não adesão ao programa de prevenção de

quedas, bem como a relação entre os idosos entrevistados e a UBS que estão

vinculados. As respostas foram registradas por um gravador de voz (Huawei G3610)

e as gravações foram salvas nos formatos amr e mp3, em seguida foram transcritas

e analisadas. Após a leitura, os dados foram organizados tendo como base algumas

figuras metodológicas da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), elaborado

por Lefèvre e Lefèvre (2000).

Foram identificadas as Expressões-Chave, que constituem as transcrições

literais de parte dos depoimentos, permitindo o resgate do que é essencial no

conteúdo discursivo dos segmentos em que se divide o depoimento; as Ideias

Centrais (IC), que são afirmações que traduzem o essencial do conteúdo discursivo

explicitado pelos sujeitos em seus depoimentos; e por fim, foi construído o DSC, a

partir do agrupamento das convergências existentes entre as expressões-chave,

reconstrução dos fragmentos de discursos individuais, e discursos-síntese

necessários para expressar um dado pensar sobre o fenômeno. Ressalta-se que

esses discursos construídos com vários depoimentos reunidos num só discurso-

síntese, serão apresentados como se o grupo falasse na primeira pessoa do

singular.

Este trabalho foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob o parecer de n° 353/2011. Todos

os participantes receberam esclarecimentos e informações acerca dos objetivos e

procedimentos, e em seguida assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido.

Resultados e Discussão

Neste estudo os ACS foram responsáveis por convidar os idosos a participar

do programa de prevenção de quedas porque são profissionais de extrema

importância para o funcionamento da UBS, e mantém boa relação interpessoal com

a comunidade (Lima e col., 2010). No entanto, apesar dessa estratégia de

recrutamento, 111 idosos não aderiram ao programa proposto, por isso compuseram

45

a população deste estudo e foram entrevistados em seus domicílios. Segundo

Fortinsky e colaboradores (2004), a não adesão é o problema mais comum

enfrentado por profissionais que trabalham com programas de prevenção de

quedas. O que pode ser devido a fatores como a incompatibilidade entre as

exigências dos programas e a capacidade dos participantes, ou entre o formato do

programa e a preferencia do participante (Dorresteijn e col., 2012).

Dentre os INAP, 48,6% estavam na faixa etária compreendida entre 70 e 79

anos, sendo 70,3% do sexo feminino e 49,5% casados. Quanto à escolaridade,

49,5% referiu nunca ter ido à escola, e atualmente 72,1% sobrevive por meio de

pensão ou aposentadoria. Ao ser questionado sobre patologias, 56,8% referiu

comorbidades, sendo a hipertensão arterial sistêmica a mais prevalente (69,4%),

seguida de doenças osteoarticulares (59,5%). Quanto ao histórico de quedas, 24,3%

referiu ter sofrido uma queda no último ano e 35,1% referiu ter sofrido quedas

recorrentes.

O discurso do sujeito coletivo

TEMA A: Local para execução de programas de prevenção de quedas

A temática sobre o local de preferencia para execução de um programa de

prevenção de quedas se refere aos aspectos que levaram o idoso a não aderir ao

programa devido o local de execução. Este tema é formado por duas ideias centrais:

“ser cuidador impede de sair de casa” e “dificuldade de deslocamento”.

IC1 – Ser cuidador impede de sair de casa

Expressões-chave: não posso deixar ela aqui sozinha; tenho que cuidar dela; eu

ajudo ela em tudo.

Algumas idosas entrevistadas referiram grande dificuldade em sair de casa

porque são cuidadoras de familiares com algum grau de dependência: filho (a)

deficiente, neto (a) ou em sua maioria pai/ mãe, neste último caso o idoso é cuidador

de outro idoso.

46

DSC 1: Eu não fui pra não sair pra lá, porque você sabe como é minha

luta, não posso deixar ela (filha deficiente) aqui sozinha... luto com a

minha mãe, ela tem 95 anos e eu tenho que cuidar dela, então não

posso sair... eu não posso sair sem ela... porque eu tenho medo de

deixar ela só, ela pode ir ao banheiro, pode cair, eu estando aqui eu

ajudo ela em tudo.

Os idosos entrevistados precisam cuidar de seus familiares com condições

crônicas de saúde e dependência física, e gerenciam o cuidado sem ajuda de um

familiar mais jovem, ou funcionário pago. Karsch (2003) encontrou que em 98% dos

casos predominam os cuidadores familiares, sendo que 59% dos cuidadores estão

acima de 50 anos e 41% acima de 60 anos.

Tendo em vista a perda progressiva de capacidades, e o agravamento das

doenças crônicas, o cuidador termina por assumir encargos que vão muito além de

suas possibilidades técnicas e emocionais. Essa assistência toma forma de ajuda

nas tarefas domésticas, asseio, companhia, apoio afetivo, cuidados com a

medicação, transporte e acompanhamento a diversos lugares, ou seja, o cuidador se

responsabiliza sozinho por todos os cuidados (Vieira e col., 2012).

Devido à exaustiva rotina dos cuidadores, existe correlação significativa entre

a qualidade de vida do cuidador e a situação funcional do paciente (Bocchi, 2004).

Em alguns casos, enquanto a pessoa com incapacidade ou dependência é bem

cuidada, o cuidador aparenta descuidar de si mesmo, e informa problemas de saúde

e/ou cansaço como consequência do serviço diário. Semelhante ao nosso estudo,

Rodrigues e colaboradores (2006), observaram que, na maioria das vezes, a

incapacidade do idoso cuidado reflete diretamente no cuidador, pois este é requerido

a estar sempre presente e disponível para suprir a necessidade ou incapacidade do

outro.

É comum ao papel de cuidador, pouco tempo para o cuidado com a sua

própria saúde. Isso foi demonstrado nesta entrevista, uma vez que o idoso-cuidador,

mesmo apresentando quedas recorrentes, ausenta-se do programa de prevenção

para dar continuidade ao cuidado de outrem. Além disso, sendo o cuidar de pessoas

47

idosas estressante e com consequências emocionais, físicas, interpessoais e

ocupacionais (Brogna,1996), à medida que o cuidador idoso vai adquirindo

incapacidades, apresenta, cada vez mais, dificuldade para cuidar de si mesmo e do

outro.

IC2 – A dificuldade de deslocamento impede a adesão

Expressões-chave: sinto dor nas pernas; não ando só; tenho medo de cair.

Os entrevistados referiram não participar da intervenção proposta por sentir

dores nas pernas e medo de cair, e completaram afirmando que apenas saem de

casa quando é muito necessário:

DSC 2: É melhor fazer aqui (referindo-se a sua casa) porque eu sinto

dor nas pernas, não posso andar para longe... as vezes eu tenho

dificuldade pra sair, agora mesmo não posso ir pra canto nenhum com

essas dores nas pernas. (...) eu só saio de casa pra ir ao médico ou

então pra capela, têm dias que eu não saio porque quando me

encontro andando, só falto cair... se eu andar eu caio, sofro tanta

queda... tenho medo de cair. (...) A doutora vem me consultar em casa,

pra ir tenho que pagar carro, e não tenho condições de estar pagando,

por isso acho melhor ser aqui em casa.

A perda de mobilidade articular, diminuição de sensibilidade dos órgãos

sensoriais e alterações osteo-mio-articulares são aspectos característicos da marcha

de idosos (Serrão e Amadio, 1993). Mas, fatores como perda de amplitude de

movimento, declínio da função vestibular, cognição, dor e medo de cair, também

contribuem para as alterações de marcha e mobilidade em idosos (Callisaya e col.,

2009).

Os critérios de elegibilidade deste estudo restringiu a avaliação aos idosos

que não estavam em crise, ou fase aguda de doença osteoarticular ou outra que

impedisse a deambulação, de modo que todos eram capazes de deambular. Mesmo

assim 29 idosos referiram não aderir ao programa de prevenção de quedas devido à

dificuldade de deslocamento por dor ou medo de cair.

48

A sintomatologia de doenças osteoarticulares, como a dor de joelho por

osteoartrite, promovem incapacidades em atividades funcionais relacionadas à flexo-

extenção de joelho e à descarga de peso na articulação (Alexandre e col., 2008).

Cerca de 11% dos idosos apresentam dor ao caminhar (Jinks e col., 2007), o que

restringe a mobilidade principalmente quando a dor está exacerbada, e impede o

idoso de realizar atividades sociais rotineiras, aumentando o risco de isolamento

social (Maly e Krupa, 2007). Já o medo de cair, em consequência a uma queda

prévia, prejudica a mobilidade devido à ansiedade e insegurança para deambulação,

e em consequência, também apresenta desvantagem em relação à integração social

(Vu e col., 2004).

O Tema A acenou para a impossibilidade dos idosos saírem de casa, uns

porque são cuidadores, e outros por dificuldade de deslocamento. Ambos os

aspectos reportam a necessidade de atendimento domiciliar, devido à

impossibilidade de ir à UBS. Desse modo, intervenções domiciliares podem ser

fundamentais para agregar mais idosos aos programas de prevenção de quedas.

Sjo¨sten e colaboradores (2007) demonstraram que o programa de prevenção de

quedas realizado em domicílio é uma estratégia viável; e Santos e Souza (2012)

constataram que um programa com foco em exercício não supervisionado pode ser

encaixado na perspectiva da ESF.

TEMA B – Relação entre a UBS e o cuidado em saúde do idoso

O segundo tema engloba a percepção do entrevistado em relação à UBS,

bem como a atuação da UBS para com a saúde dos idosos. Este tema congrega

duas ideias centrais: “a falta de médicos e de medicações como aspecto do cuidado

mais referido pelos idosos” e “a falha na estrutura prejudica o trabalho da equipe de

saúde”.

IC3 – A falta de médicos e de medicações como aspecto do cuidado mais referido

pelos idosos

Expressões-chave: não tem médico; não tem remédio; nem adianta ir me consultar;

a obrigação do doente é ter o remédio para tomar.

49

Ao ser questionado o que a UBS poderia fazer para melhorar a saúde do

idoso, a maioria dos entrevistados referiram que a ausência de médicos e falta de

medicações são pontos cruciais para a ida à UBS e consequente manutenção da

saúde do idoso.

DSC 3: Eu nunca mais me consultei porque não tem médico, só tem

uma médica e mesmo assim fazendo favor uma vez por semana, ai

quando eu chego lá não tem mais ficha... fica difícil, a gente com 60-70

anos, ter que ficar pra lá e pra cá de madrugada... passar até sete

horas e num tirar ficha... por isso não frequento o posto. (...) A gente

vai para o posto e não tem remédio, ai nem adianta ir me consultar... a

gente vai pegar um remédio de pressão e não tem, um remédio pra dor

nos ossos e não tem... do meu salário tiro o meu sustento e sustento

esse outro, tem mês que não dá pra comprar o remédio... a gente que

é diabético, só falta morrer a míngua. (...) A obrigação do doente é ter o

remédio pra tomar!

A Organização Mundial de Saúde definiu como principais fatores

determinantes do envelhecimento ativo e saudável os serviços de saúde, focados

dentre outros aspectos, na promoção de saúde, prevenção de doenças, livre acesso

a serviços de atenção básica; e nos determinantes comportamentais, com indicação

para adoção de estilos de vida saudável e o não uso medicamentos, visando

estender a longevidade e melhorar a qualidade de vida dos idosos (WHO, 2002). No

entanto, o DSC 3 refere apenas o uso de medicamentos como cuidado em saúde,

sem ressaltar em nenhum momento a importância de atividades preventivas

inerentes às ESF, como palestras educativas, intervenção relacionada à prática de

atividade física e laser, ou o programa de prevenção de quedas proposto.

A idade é uma variável preditora do uso de medicamentos (Bardel e col.,

2000). Em decorrência das complicações oriundas das doenças crônico-

degenerativas, os pacientes idosos são os principais consumidores de

medicamentos, sendo que 80% tomam, no mínimo, um medicamento por dia; e

utilizam mais medicamentos que qualquer outro grupo etário (Teixeira e Lefrève,

50

2001; Romano e col., 2002). A população que depende exclusivamente do SUS e

recebe sua medicação através da UBS, preocupa-se com períodos em que o

fornecimento é irregular, pois falta medicação na UBS e os recursos financeiros para

comprar os medicamentos são escassos (Vasconcelos e col., 2005).

Apesar do uso de medicação ser uma característica própria dessa faixa

etária, é necessário que os idosos saibam que essa não é a única forma de cuidado

em saúde, e que outros profissionais inseridos na equipe de saúde são importantes

para melhorar a qualidade do cuidado. Segundo Assis e colaboradores (2004), a

incorporação da promoção à saúde nos programas para idosos supõe uma

abordagem crítica da prevenção e da educação em saúde e pode ser vista como um

processo social em curso, complexo, e que vem sendo estimulado em nível

internacional por fóruns e documentos institucionais.

IC4 – A falha na estrutura prejudica o trabalho da equipe de saúde

Expressões-chave: falta muita coisa ali, não tem nem papel pra fazer a receita, tinha

que ter uma boa prefeita interessada, condições de trabalhar não têm.

Ainda, quando questionado o que a UBS poderia fazer para melhorar a saúde

dos idosos, os entrevistados explicaram que a UBS está passando por um período

crítico, no qual falta material para trabalho, e reconhecem que isso prejudica o

trabalho dos profissionais da ESF. Os idosos ainda referiram que se faz necessário

uma gestão municipal atuante e que priorize o investimento em saúde pública para

que a UBS atue de forma satisfatória.

DSC 4: Vou ser sincera, falta muita coisa ali... quando a pessoa chega

na UBS não é atendido, não tem nem papel pra fazer a receita... já

ontem fui pegar uma ficha pro remédio, mas não tinha receita pro meu

remédio de dormir... fui tirar a pressão e não tinha aparelho. Não

adianta ter uma sala com pessoas capacitadas e não dar condições ao

trabalho. Ali a gente não faz um exame de sangue, um exame de

fezes, um exame de nada e por enquanto não está marcando nada.

(...) O posto pode fazer muita coisa, mas quando as pessoas ajudam,

51

porque se o povo do governo não ajuda, o povo do posto não pode

fazer nada... tinha que ter uma boa administração, tinha que ter uma

boa prefeita interessada, que pegue verba suficiente... o médico do

posto trabalha pra ganhar o dinheiro deles, porque condições de

trabalhar não tem!

Para Donabedian (1990), a qualidade na atenção à saúde pode ser definida

como o grau em que se utilizam os meios mais desejáveis para alcançar melhoras

na saúde. Sendo que a tríade estrutura, processo e resultado, reflete exatamente a

essência da qualidade da atenção à saúde e contribui para corrigir o curso do

programa ou projeto ainda em andamento.

A estrutura refere-se às características mais estáveis dos serviços, e

considera os recursos humanos, físicos e financeiros, bem como os arranjos

organizacionais e os mecanismos de financiamento destes recursos (Donabedian,

1988). Os idosos entrevistados explicaram que a precária instalação física, os

escassos recursos materiais e poucos profissionais disponíveis impossibilitam o bom

funcionamento da UBS e prejudica serviço prestado.

Costa e colaboradores (2009), em seu estudo sobre a avaliação da qualidade

do cuidado de gestantes verificou que falhas estruturais interferem na realização das

atividades assistenciais e educativas, afetando as ações de saúde. Destacou

também que o investimento em recursos humanos, atributos de participação

comunitária, intersetorialidade, e mecanismo de referência e contra-referência

devem ser prioridades.

A estrutura do cuidado e a gestão em saúde devem ser ajustadas para a

manutenção da qualidade do serviço. Sendo esse ajuste, ação inerente ao processo

de construção do SUS. Ao perceber falhas estruturais e de gestão, a comunidade

deve fazer uso do controle social para identificar as fragilidades e lançar mão de

estratégias para a resolutividade.

O Tema B destacou que, apesar da existência de intervenções relacionadas à

assistência em atenção básica, nenhum idoso referiu programas de prevenção de

52

doenças/ promoção de saúde quando questionado sobre a relação entre a UBS e o

cuidado em saúde do idoso. Talvez, o foco direcionado a importância do uso e da

falta de medicamentos, bem como das falhas estruturais vivenciados pela UBS,

tenha camuflado a importância das ações de atenção básica para a saúde e bem

estar dos idosos.

Considerações Finais

Este estudo posiciona-se não apenas como coleta de informações sobre a

percepção dos idosos que não aderiram ao um programa de quedas, busca-se de

outra forma assumir o pressuposto de que o idoso é sujeito do processo de

prevenção e a sua percepção assume o papel de objeto de representação do real.

Os idosos entrevistados referiam impossibilidade de ir ao local de intervenção por

ser cuidador ou apresentar dificuldade de deslocamento, o que concerne à

necessidade de atendimento domiciliar; e não mencionaram que os programas de

prevenção de doenças/ promoção de saúde estão relacionados ao cuidado em

saúde do idoso.

Desse modo, dois cuidados devem ser tomados para estimular a participação

de idosos a programas de prevenção de quedas. Primeiro trata de estabelecer

espaços de fala para todos os sujeitos do processo, como espaço de reflexão e ação

a partir dos qual se constrói o cuidado. Segundo considerar a realidade do sujeito,

se o idoso poderá participar de uma atividade externa, ou seja, fora de sua

residência e/ou analisar a viabilidade de executar tal intervenção em domicílio.

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57

4 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

58

Os resultados desse estudo sugerem que os idosos que não aderem a um

programa de prevenção de quedas são diferentes dos idosos que aderem e

apresentam mais risco de cair, uma vez que baixos escores de cognição (por meio

do MEEM), equilíbrio funcional (através da EEB), e prática auto referida de atividade

física foram consolidadas como fatores de proteção à adesão; além disso, os idosos

não compareceram ao local de intervenção porque são cuidadores e apresentam

dificuldade de deslocamento devido à dor ou medo de cair.

Nesta perspectiva, as equipes inseridas em UBS precisam priorizar a busca

ativa aos idosos que não aderem aos programas e apresentam risco de cair, bem

como avaliar se o idoso poderá participar de uma atividade externa ou se há

viabilidade de executá-la em domicílio, e também considerar a percepção dele em

relação à intervenção e informá-lo a respeito dos objetivos e perspectivas do

programa. Tais cuidados poderão estimular a participação e aumentar a taxa de

adesão dos idosos que não aderem aos programas de prevenção de quedas.

O aumento da taxa de participação a programas de prevenção de quedas

contribuirão para a diminuição das taxas de morbimortalidade de idosos

relacionadas a quedas. Para uma investigação criteriosa, faz-se necessário um

estudo multicêntrico que investigue a resolutividade das recomendações sugeridas

por este estudo.

59

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Campinas, 2007.

APÊNDICES

APÊNDICE A- Ficha de avaliação

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

I. DADOS PESSOAIS:

Nome:..................................................................................................................... Indivíduo nº:........................................................ Sexo: F ( ) M ( ) Data.de.nascimento:..../..../.... Idade:...................................................... Endereço:................................................................................................................ Telefones.para.contato:........................................./................................................ Estado.Civil:......................................Escolaridade:................................................ Profissão:.................................................................Ocupação:..............................

II. MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS:

Altura(cm)..............................................................................Peso(kg):.................. IMC (peso/(altura)²:................................................................................................

III. DADOS CLÍNICOS: Presença de patologias ( ) Hipertensão Arterial Sistêmica ( ) Doenças Respiratórias ( ) Diabetes Melitus ( ) Doenças Reumáticas ( ) Distúrbios Neurológicos ( ) Doenças Cardíacas ( ) Distúrbio Ortopédicos ( ) Distúrbios auditivos Corrigido ( )Sim ( )Não ( ) Distúrbios visuais Corrigido ( ) Sim ( )Não ( ) Outras:............................................................................................................. Necessita de ajuda para execução de AVDs: ( ) Sim ( ) Não Que.atividade (s):......................................................................................... Faz uso de dispositivos de auxílio à marcha: ( ) Sim ( ) Não Qual:....................................................................................................................... Faz uso de medicação contínua: ( ) Sim ( ) Não Quais:...................................................................................................................... Sinais Vitais: P.A.:...............................................FC:.............................................FR:.................

IV. MINI EXAME DO ESTADO MENTAL

Funções cognitivas Pontos Escores

Orientação temporal 1. Qual é o(a) Dia? . Mês?

. Ano?

. Dia da semana?

. Hora?

1

1

1

1

1

Orientação espacial 2. Onde estamos Local (cômodo)?

Local (prédio)?

Bairro ou rua próxima?

Cidade?

Estado?

1

1

1

1

1

Memória imediata

3. Eu vou dizer 3 palavras (carro, vaso e tijolo) e você irá repeti-las a

seguir. Dê um ponto para cada palavra repetida acertadamente na 1ª

vez, embora possa repeti-las até 3 vezes para aprendizado, se houver

erros. Use palavras não relacionadas.

3

Cálculo

4. Subtração de setes seriadamente. Considere um ponto para cada

resultado correto. Se houver erro, corrija-o e prossiga. Considere

correto se o examinado espontaneamente se auto-corrigir.

5

Evocação das palavras

5. Pergunte quais as palavras que o sujeito acabara de repetir. 1 ponto

para cada.

3

Linguagem

6. Aponte para um lápis e um relógio. Nomeie os objetos mostrados.

7. Faça o paciente repetir “Nem aqui, nem ali, nem lá”. 8. Faça o paciente seguir um comando de três estágios: “Pegue este papel com a mão direita. Dobre-o ao meio. Coloque-o papel no chão”. 9. Mostre a frase - FECHE OS OLHOS – e faça ele obedecer o comando. 10. Faça o paciente escrever uma frase de sua própria autoria (Deve se compreender o significado. Ignore erros de ortografia ao marcar o ponto).

2

1

3

1

1

Capacidade construtiva visual

11. Faça o paciente copiar o desenho o melhor possível. Estabeleça

um ponto se houver 2 pentágonos interseccionados (10 ângulos)

formando uma figura de quatro lados ou com dois ângulos.

1

Total 30

V. ESCALA DE EQUILÍBRIO DE BERG (EEB)

1. De sentado para de pé. Instrução: Por favor, levante-se e tente não usar suas mãos como apoio.

Graduação: Favor marcar a menor categoria que se aplicar

(4) consegue ficar de pé, sem ajuda das mãos e estabiliza-se sozinho.

(3) fica de pé sozinho usando a ajuda das mãos.

(2) fica de pé usando as mãos após inúmeras tentativas.

(1) necessita de ajuda mínima para ficar de pé ou estabilizar-se.

(0) necessita de ajuda máxima ou moderada para ficar de pé.

2. De pé sem apoio.

Instrução: Fique de pé por dois minutos sem segurar-se.

Graduação: Favor marcar a menor categoria que se aplicar

(4) Fica de pé com segurança por dois minutos.

(3) Fica de pé por dois minutos com supervisão.

(2) Fica de pé por 30 segundos sem apoio.

(1) Faz inúmeras tentativas para ficar de pé por 30 segundos sem apoio.

(0) Incapaz de ficar 30 seg. de pé sem apoio.

OBS.: Se o indivíduo é capaz de ficar de pé por 2 minutos com segurança, pontue a

categoria máxima para sentado sem apoio. Siga para mudança de posição de pé para

sentado.

3. Sentado sem apoio dos pés no chão.

Instrução: Sentar-se com os braços cruzados por 2 minutos.

Graduação: Favor marcar a menor categoria que se aplicar

(4) senta-se com segurança e firmeza por 2 minutos.

(3) senta-se por 2 minutos sob supervisão.

(2) senta-se por 30 segundos.

(1) senta-se por 10 segundos.

(0) incapaz de sentar-se por 10 segundos sem apoio.

4. De pé para sentado.

Instrução: Por favor, sente-se.

Graduação: Favor marcar a menor categoria que se aplicar

(4) Senta-se com segurança com o uso mínimo das mãos.

(3) Controla a descida com o uso das mãos.

(2) Usa a parte posterior da perna contra a cadeira para controlar a descida.

(1) Senta-se independentemente, mas desce de forma descontrolada.

(0) necessita de ajuda para sentar-se.

5. Transferências.

Instrução: Por favor, vá da cadeira para a cama e de volta para a cadeira

novamente. Em uma direção, um assento com descanso de braço e na outra direção

um assento sem descanso de braço.

Graduação: Favor marcar a menor categoria que se aplicar

(4) Transfere-se cuidadosamente, apenas com uso mínimo das mãos.

(3) Transfere-se cuidadosamente e necessita do uso das mãos.

(2) Transfere-se com pistas verbais e /ou supervisão.

(1) necessita de uma pessoa para ajuda.

(0) Necessita de duas pessoas para ajuda ou supervisão para segurança.

6. Em pé, sem apoio e olhos fechados.

Instrução: Feche seus olhos e fique imóvel por 10 segundos.

Graduação: Favor marcar a menor categoria que se aplicar

(4) Fica de pé por 10 segundos com segurança.

(3) Fica de pé por 10 segundos com supervisão.

(2) Fica de pé por 3 segundos.

(1) Incapaz de ficar em pé por 3 segundos, mas se mantém imóvel.

(0) Necessita de ajuda para evitar queda.

7. De pé sem apoio com os pés juntos.

Instrução: Coloque os pés unidos e fique de pé sem se apoiar.

Graduação: Favor marcar a menor categoria que se aplicar

(4) Coloca os pés unidos independentemente e fica 1 minuto Com segurança.

(3) Coloca os pés unidos independentemente e fica 1 minuto Com supervisão.

(2) Coloca os pés unidos independentemente, mas incapaz de mantê-los por 30

segundos.

(1) Necessita de ajuda para chegar à posição, mas capaz de mantê-la por 15

segundos. com pés unidos.

(0) Necessita de ajuda para chegar à posição e incapaz de mantê-la por 15 segundos.

Os itens seguintes serão realizados enquanto o indivíduo estiver de pé sem apoio.

8. Alcançar à frente com os braços estendidos.

Instrução: Eleve os braços até 90. Alongue seus dedos e vá à frente o máximo que

conseguir (o examinador deverá colocar uma régua no final das pontas dos dedos

quando os braços estão a 90. Os dedos não deverão tocar a régua enquanto estiver

alcançando à frente. A medida tomada é a distância à frente que os dedos alcançam

quando o indivíduo está no seu máximo de inclinação à frente).

Graduação: Favor marcar a menor categoria que se aplicar

(4) Alcança à frente com segurança > 10 polegadas (25,4 cm).

(3) Alcança à frente com segurança > 5 polegadas (12,7 cm).

(2) Alcança à frente com segurança > 2 polegadas (5,08 cm).

(1) Alcança à frente, mas necessita de supervisão.

(0) Necessita de ajuda para evitar queda.

9. Pegar um objeto do chão.

Instrução: Pegue este sapato ou chinelo que está em frente dos seus pés.

Graduação: Favor marcar a menor categoria que se aplicar

(4) Pega o sapato com facilidade e segurança.

(3) Pega o sapato, mas necessita de supervisão.

(2) Incapaz de pegar o sapato, mas alcança 1-2 polegadas (2,54-5,05 cm) do sapato e

mantém o equilíbrio independentemente.

(1) Incapaz de pegar e necessita de supervisão enquanto está tentando.

(0) Incapaz de tentar / necessita de supervisão para evitar queda.

10. Virando-se para olhar para trás/ sobre ombros direito e esquerdo.

Instrução: Vire-se para olhar para trás sobre o ombro esquerdo. Repita agora para o

direito.

Graduação: Favor marcar a menor categoria que se aplicar

(4) Olha para trás dos dois lados com boa transferência de peso.

(3) Olha para trás por somente um lado, o outro lado mostra uma menor transferência

de peso.

(2) Vira-se para o lado somente, mas mantém o equilíbrio.

(1) Necessita de supervisão quando se vira.

(0) Necessita de supervisão para evitar queda.

11. Virar 360.

Instruções: Vire-se completamente ao redor si mesmo fazendo um círculo completo.

Pausa. Agora vire-se num círculo completo para a outra direção.

Graduação: Favor marcar a menor categoria que se aplicar

(4) Vira 360 com segurança em menos que 4 segundos para cada lado.

(3) Vira 360 com segurança para somente um lado em menos de 4 segundos.

(2) Vira 360 com segurança, mas lentamente.

(1) Necessita de supervisão próxima ou dicas verbais

(0) Necessita de ajuda enquanto está virando.

Transferência Dinâmica de peso enquanto está de pé e sem apoio.

12. Tocando um banquinho.

Instruções: Coloque cada pé, alternadamente, sobre o banquinho. Continue até que

cada pé tenha tocado o banquinho por 4 vezes.

Graduação: Favor marcar a menor categoria que se aplicar

(4) Capaz de ficar, independentemente, e com segurança e completar 8 toques em 20

segundos .

(3) Capaz de ficar, independentemente, e completar 8 toques em mais de 20 segundos.

(2) Capaz de completar 4 toques sem ajuda e com supervisão.

(1) Capaz de completar mais que 2 toques e necessita de um ajuda mínima.

(0) Necessita de ajuda para evitar queda/ incapaz de tentar.

13. Permanecer de pé sem apoio com um pé à frente.

Instrução: (demonstre ao sujeito) Coloque um pé diretamente a frente do outro. Se

sentir que não pode posicionar seu pé diretamente a frente do outro, tente dar um

passo adiante, longe o suficiente para que o calcanhar do pé da frente fique em

frente dos dedos do outro pé.

Graduação: Favor marcar a menor categoria que se aplicar

(4) capaz de posicionar o pé bem à frente independentemente e permanecer por 30

segundos.

(3) capaz de posicionar o pé adiante do outro independentemente e permanecer por 30

segundos.

(2) capaz de dar um pequeno passo independentemente e permanecer por 30

segundos.

(1) precisa de ajuda para dar o passo, mas pode permanecer por 15 segundos.

(0) perde o equilíbrio quando dá um passo ou fica de pé.

14. Ficar sobre uma perna.

Instrução: fique de pé sobre uma só perna o máximo de tempo que conseguir sem

se segurar.

Graduação: Favor marcar a menor categoria que se aplicar

(4) capaz de elevar a perna independentemente e permanecer por mais do que 10

segundos.

(3) capaz de elevar a perna independentemente e permanecer de 5 – 10 segundos.

(2) capaz de elevar a perna independentemente e permanecer por um período maior

ou igual a 3 segundos.

(1) tenta levantar a perna; incapaz de manter 3 segundos, mas continua de pé

independentemente.

(0) incapaz de tentar ou precisa de assistência para prevenir uma queda.

ESCORE TOTAL: _________/ 56 pontos.

VI. TIMED UP and GO TEST Instrução: sujeito sentado em uma cadeira de aproximadamente 45 cm de

altura, com apoio de braços, com as costas apoiadas, usando seus calçados usuais e /ou dispositivos de auxílio à marcha. Após o comando “vá”, deve levantar-se da cadeira e andar um percurso linear de 3m, com passos seguros, retornar em direção à cadeira e sentar-se novamente.

Tempo gasto na tarefa: _____s.

VII. TESTE DE APOIO UNIPODAL Instrução: Voluntário de pé com os pés paralelos mantendo uma base de

10 cm de distância entre os calcâneos, braços ao longo do corpo e olhar fixado em um ponto em forma de “X” que estará posicionado na altura dos olhos e à distância de 1 metro. Levantar a perna direita e depois a esquerda, sem alterar a base de suporte e sem tocar a perna de apoio. Deve-se tentar permanecer sobre a perna de apoio até completar o máximo de 30 segundos.

MID MIE

1ª. Tentativa

2ª. Tentativa

3ª. Tentativa

Maior tempo

VIII. TESTE DE FORÇA DE PREENSÃO MANUAL

Instrução: Voluntário sentado em uma cadeira com encosto reto e sem suporte

para os braços, ombro aduzido e neutralmente rodado, cotovelo fletido a 90º, antebraço

em posição neutra, punho entre 0 a 30º de extensão e 0º e 15º de desvio ulnar. Após o

comando “vá”, o indivíduo deverá executar a máxima força e mantê-la por 6 segundos.

O registro das medidas será obtido pela média entre 3 testes.

1ª medida:_______(Kgf)

2ª medida:_______(Kgf)

3ª medida:_______(Kgf)

Média:__________(Kgf)

IX. FALLS EFFICACY SCALE INTERNACIONAL-BRASIL (FES-I -

BRASIL)

Nem um

pouco

preocupado

1

Um pouco

preocupa

do

2

Muito

preocupado

3

Extremamen

te

preocupado

4

1 Limpando a casa (ex:passar

pano, aspirar ou tirar a poeira).

1

2

3

4

2 Vestindo ou tirando a

roupa.

1 2 3 4

3 Preparando refeições

simples.

1 2 3 4

4 Toando banho . 1 2 3 4

Agora nós gostaríamos de fazer algumas perguntas sobre qual é sua preocupação

a respeito da possibilidade de cair. Por favor, responda imaginando como você

normalmente faz a atividade. Se você atualmente não faz a atividade (por ex.

alguém vai às compras para você), responda de maneira a mostrar como você se

sentiria em relação a quedas se você tivesse que fazer essa atividade. Para cada

uma das seguintes atividades, por favor marque o quadradinho que mais se

aproxima com sua opinião sobre o quão preocupado você fica com a possibilidade

de cair, se você fizesse esta atividade.

5 Indo às compras. 1 2 3 4

6 Sentando ou levantando de uma

cadeira.

1 2 3 4

7 Subindo ou descendo

escadas.

1 2 3 4

8 Caminhando pela

vizinhança.

1 2 3 4

9 Pegando algo acima de sua

cabeça ou do chão.

1 2 3 4

10 Ir atender o telefone antes que

pare de tocar.

1 2 3 4

11 Andando sobre

superfície escorregadia

(ex: chão molhado).

1 2 3 4

12 Visitando um amigo ou

parente

1 2 3 4

13 Andando em lugares

cheios de gente.

1 2 3 4

14 Caminhando sobre superfície

irregular

(com pedras, esburacada).

1 2 3 4

15 Subindo ou descendo uma

ladeira.

1 2 3 4

16 Indo a uma atividade

social (ex: ato religioso,

reunião de família ou

encontro no clube).

1 2 3 4

X. HISTÓRICO DE QUEDAS

1. Sofreu queda (s) no último ano?

( ) nenhuma queda ( ) 1 queda ( ) 2 ou mais quedas 2. Local da queda:

( ) em casa ( ) fora de casa 3. Necessitou de ajuda para levantar?

( ) sim ( ) não 4. A queda resultou em lesão?

( ) sim ( ) não Qual?______________________ 5. Restringiu suas atividades habituais por causa da queda?

( ) sim ( ) não Qual (is)?___________________ 6. Caso tenha restringindo, o fez por que motivo?

( ) medo ( ) dor ( ) dificuldade de andar ( ) outros _____ 7. Qual o mecanismo da queda?

( ) caiu para um dos lados ( ) caiu para trás ( ) caiu para frente ( ) caiu de joelhos

8. Qual foi a circunstância?

( ) tropeçou ( ) escorregou ( ) desmaiou ( ) perdeu o equilíbrio ( ) fraqueza súbita ( ) escurecimento da visão ( ) perda de atenção ( ) dor/ local:__________________ ( ) tontura ou vertigem ( ) outros ____________________

9. Alterou ou aumentou alguma medicação?

( ) sim/ qual? _____________________ ( ) não 10. Quase queda?

( ) sim ( ) não

APÊNCIDE B- Entrevista semiestruturada

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Entrevista Semiestruturada:

1- Você lembra que foi convidado a participar de um programa de prevenção de

quedas com a fisioterapia na UBS? Porque você não compareceu?

2- Você aceitaria participar de um programa de prevenção de quedas em casa?

3- Você prefere participar de programas de promoção à saúde em casa ou na UBS?

Por quê?

4- Em sua opinião como a UBS deveria atuar na atenção a saúde da pessoa idosa?

APÊNDICE C- Cartilha educativa para prevenção de quedas (FRENTE)

APÊNDICE C- Cartilha educativa para prevenção de quedas (VERSO)

APÊNDICE D- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TÍTULO DA PESQUISA: EFEITO DE UM PROGRAMA DE INTERVENÇÃO COM

EXERCÍCIOS SUPERVISIONADOS E NÃO SUPERVISIONADOS NO RISCO DE QUEDA

EM IDOSOS RESIDENTES NA COMUNIDADE

Investigadores: Prof. Dr. Túlio Oliveira de Souza Fst. Heloisa Maria Jácome de Sousa Britto

Estamos convidando você a participar desta pesquisa que tem o objetivo inicial de

analisar os efeitos de um programa de intervenção com exercícios supervisionados e não

supervisionados nos riscos de quedas em idosos residentes na comunidade. Além disso,

esta pesquisa confrontará as características físico-funcionais de dois grupos experimentais,

(1) os idosos que aceitaram o convite inicial e (2) os idosos que não aceitaram o convite

inicial para participar do programa de exercícios supervisionados e não-supervisionados.

Esta pesquisa será realizada no bairro Felipe Camarão, município Natal/RN. Não será

cobrado pagamento pela sua participação que deve ser feita de forma voluntária, de modo

que você poderá desistir a qualquer momento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou

penalidade.

Serão realizadas uma entrevista e uma avaliação. Inicialmente você será

entrevistado com questões simples de uma entrevista semi-estruturada previamente

elaborada. Está entrevista será gravada através de um gravador digital. Em seguida você

será submetido a uma avaliação fisioterapêutica que constará da análise do equilíbrio

estático (equilíbrio parado) e dinâmico (equilíbrio em movimento) e força de preensão

manual (feita através do movimento de apertar com uma das mãos um equipamento que

mede força). A realização dessa avaliação será feita através da análise do seu desempenho

na execução de atividades simples e que se assemelham aquelas do seu dia- a- dia como

sentar, levantar, inclinar-se para frente, virar-se e olhar para trás, pegar um objeto no chão,

caminhar, subir degraus, segurar um objeto com as mãos entre outras. Todos os

procedimentos realizados nessas avaliações são de rápida e fácil aplicação e não causam

dores ou desconfortos que possam comprometer sua saúde. Além disso, serão realizados

com a máxima segurança para minimizar as possibilidades de riscos.

Possíveis Desconfortos e Riscos: Se houver alguma intercorrência ou você sentir

desconforto durante a realização dos procedimentos de avaliação, os mesmos serão

interrompidos respeitando o seu limite. Qualquer tipo de prejuízo, que por ventura, venha a

ocorrer durante a realização dos procedimentos da pesquisa, será de total responsabilidade

dos pesquisadores, de maneira que caso haja necessidade de indenização, esta será feita

pela instituição e pelos pesquisadores da pesquisa e em caso de necessidade de

ressarcimento, este será feito pelos pesquisadores.

Possíveis Benefícios: Conhecer o atual estado dos fatores de risco de quedas poderá ser

importante na prevenção de quedas, e caso esteja em risco de queda comprovado pela

avaliação, você poderá participar de um grupo de exercício não supervisionado em

domicílio.

Contato em caso de dúvida: Caso você tenha alguma dúvida sobre este estudo ou se

houver algum problema relacionado à pesquisa, poderá entrar em contato com a pessoas

responsáveis pelo estudo, nos telefones: (84) 8801-1994 ou (84) 9128-0703 ou (84) 9946-

5055. Dúvidas a respeito dos procedimentos éticos dessa pesquisa poderão ser

questionadas com Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN no endereço Praça do Campus,

Campus Universitário, Natal / RN, CEP: 59078 – 970 ou pelo telefone (84) 3215 – 3135.

Consentimento Livre e Esclarecido:

Eu,________________________________________________, declaro estar ciente e

informado(a) sobre os procedimentos que serão realizados na pesquisa intitulada “Efeito de

um programa de intervenção com exercícios supervisionados e não supervisionados

no risco de queda em idosos residentes na comunidade”, conforme descritos acima, e

aceito participar voluntariamente da mesma, autorizando a divulgação dos resultados e

imagens do estudo.

Data: ___/___/___

Assinatura do voluntário: ______________________________________________

Pesquisador:

Nome: Heloisa Maria Jácome de Sousa Britto Endereço: R: Walter Duarte Pereira, 1524, bl.18, apto.302, Flamboyant‟s, Capim Macio.Natal/RN. Telefone: (84) 8808-1994. e-mail: [email protected] Assinatura:_________________________________________________________

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte: Endereço: Praça do Campus, Campus Universitário, CEP 1666 – Natal / RN - CEP: 59078-970. Telefone: (84) 3215 – 3135. E-mail: [email protected]