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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA MESTRADO COM ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM ODONTOLOGIA RAFAELA ALBUQUERQUE MELO EFEITO DE TERAPIAS CONSERVADORAS NA DEPRESSÃO E DOR EM PACIENTES COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO NATAL/RN 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ... · e por todo o apoio não somente no mestrado, mas na vida e por sempre torcerem por mim; ... 4.5.3 Escala Hospitalar de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

MESTRADO COM ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM ODONTOLOGIA

RAFAELA ALBUQUERQUE MELO

EFEITO DE TERAPIAS CONSERVADORAS NA DEPRESSÃO E DOR EM

PACIENTES COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR: ENSAIO

CLÍNICO RANDOMIZADO

NATAL/RN

2017

RAFAELA ALBUQUERQUE MELO

EFEITO DE TERAPIAS CONSERVADORAS NA DEPRESSÃO E DOR EM

PACIENTES COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR: ENSAIO

CLÍNICO RANDOMIZADO

NATAL/RN

2017

Dissertação apresentada ao programa de

Pós-Graduação em Saúde Coletiva da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte como um dos requisitos para a

obtenção do título de Mestre em Saúde

Coletiva com concentração em

Odontologia.

Orientador: Prof. Dr. Gustavo Augusto

Seabra Barbosa

RAFAELA ALBUQUERQUE MELO

EFEITO DE TERAPIAS CONSERVADORAS NA DEPRESSÃO E DOR EM

PACIENTES COM DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR: ENSAIO

CLÍNICO RANDOMIZADO

Dissertação apresentada ao programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, com área de

concentração em Odontologia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como

parte integrante dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva.

Aprovada em / / .

___________________________________________________

Profa. Dra. Fabíola Pessôa Pereira Leite

Universidade Federal de Juiz de Fora

___________________________________________________

Profa. Dra. Érika Oliveira de Almeida

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

___________________________________________________

Prof. Dr. Gustavo Augusto Seabra Barbosa

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Orientador

NATAL/RN

2017

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família que sempre me incentivou em todas as

minhas escolhas, especialmente à minha mãe e à minha irmã que nunca mediram esforços

para que eu buscasse meus sonhos e ao meu pai pelo seu amor que ultrapassa as barreiras

da vida. Também dedico à minha cachorrinha que é a minha companheira de todas as

horas e esteve sempre presente em todos os momentos de crescimento pessoal e

profissional.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo dom da vida e por me permitir a cada dia poder acordar

com saúde e lutar pelos meus objetivos, bem como por colocar pessoas maravilhosas ao

meu redor;

À minha mãe Irianne e à minha irmã Mariana por serem a minha maior fortaleza

e por todo o apoio não somente no mestrado, mas na vida e por sempre torcerem por mim;

Ao meu pai Rafael (in memoriam) por ter me mostrado o caminho dos estudos

para ser alguém na vida, sempre guiado pelos princípios da ética e honestidade;

Aos professores Érika Almeida e Eduardo Seabra por toda paciência e

sabedoria na condução o CIADE, bem como por me inspirarem a buscar sempre o

conhecimento, bem como por todos os esclarecimentos e ajuda no atendimento dos

pacientes e na realização dessa pesquisa;

Ao meu orientado, professor Gustavo Seabra, por exercer com maestria seu dom

de professor, por todo conhecimento transmitido, sempre muito convicto de seus

posicionamentos. A sua paciência e dedicação ao que faz motiva qualquer aluno a querer

sempre aprender. Levarei comigo esse exemplo de professor e de um ser humano íntegro;

À Camila, por toda ajuda desde o aprendizado nos RDCs, na confecção do banco

de dados, na análise estatística da pesquisa e por sempre ser disponível para ajudar no que

fosse preciso para que tudo desse certo, mesmo tendo muitas atividades a fazer, sendo

sempre muito prestativa;

Às meninas do mestrado, Fernanda, Andressa, Renata, Evellynn e Gerlayne

por toda a amizade e por estarem sempre presentes, seja compartilhando as angustias, seja

comemorando as conquistas, além de serem grandes companheiras nessa árdua e

gratificante jornada; e às meninas do CIADE, Micaella, Ana Louise e Myla por toda a

amizade e ajuda nos atendimentos, nas triagens e na condução da pesquisa, sempre muito

solidárias com todos;

A seu Edson¸ Cristina e Neide, por toda a ajuda e paciência durante os

atendimentos nas clínicas e ao final delas;

Aos pacientes que participaram da pesquisa, sem os quais nada disso seria

possível. Serei eternamente grata a cada um que confiou na pesquisa e contribuiu com a

sua realização;

“A sabedoria não nos é

dada. É preciso descobri-la por nós mesmos,

depois de uma viagem que ninguém nos pode

poupar ou fazer por nós. ”

Marcel Proust

RESUMO

Introdução: A Disfunção Temporomandibular (DTM) é uma condição de etiologia

multifatorial que afeta o sistema estomatognático, possuindo dentre os fatores

contribuintes ao seu desenvolvimento, aspectos biopsicossociais. Assim, a sua conduta

terapêutica inicial deve ser multidisciplinar, com tratamentos conservadores e reversíveis.

Objetivo: Avaliar o efeito da placa oclusal (PO), aconselhamento (AC) e placa com

aconselhamento (PAC) sobre dor e sintomas de depressão em pacientes com DTM após

30 dias de terapia. Métodos: Sesssenta pacientes diagnosticados com DTM por meio do

RDC/TMD (Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders) foram

alocados em três grupos de tratamento (21 no PAC, 22 no PO e 17 no AC). Os

participantes responderam aos questionários BDI (Inventário da depressão de Beck) e

HADS (Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão) com relação à depressão e à Escala

Visual Analógica (EVA) quanto à dor e foram novamente submetidos ao RDC/TMD após

a terapia, com 30 (trinta) dias de tratamento. Os dados obtidos foram analisados por meio

do programa SPSS (Statistical Package for the Social Science) 22.0 com o teste Split Plot

ANOVA, com nível de confiança de 95%. Resultados: Houve uma redução significativa

nos parâmetros depressivos pelo BDI (p=0,002) e HADS (p=0,008) e também da

sintomatologia dolorosa (p=0,001) após 30 dias de tratamento em todos os grupos

analisados. Todavia, não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos

de tratamento nos parâmetros depressivos, seja pelo BDI (p=0,315) ou HADS (p=0,843)

e na dor (p=0,267), mostrando que nenhum grupo terapêutico foi superior em relação aos

demais na redução dos parâmetros analisados. Conclusão: Dentro das limitações do

estudo, pode-se concluir que, em curto prazo, os tratamentos de placa oclusal e

aconselhamento, individualmente ou em associação, foram efetivos na redução da

sintomatologia dolorosa e dos aspectos depressivos. Todavia, nenhum grupo terapêutico

foi superior ao outro na redução dos parâmetros observados.

Palavras-chaves: Transtornos da Articulação Temporomandibular; Depressão; Dor.

ABSTRACT

Introduction: Temporomandibular Dysfunction (TMD) is a condition of multifactorial

etiology that affects the stomatognathic system, possessing, among the factors

contributing to its development, biopsychosocial aspects. Thus, their initial therapeutic

management should be multidisciplinary, with conservative and reversible treatments.

Objective: To evaluate the effect of occlusal plaque (PO), counseling (CA) and plaque

with counseling (PAC) on pain and depression symptoms in patients with TMD after 30

days of therapy. Methods: Sixty patients diagnosed with TMD through RDC / TMD

(Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders) were allocated into

three treatment groups (21 in PAC, 22 in OP and 17 in CA). Participants responded to the

BDI (Beck Depression Inventory) and HADS (Hospital Anxiety and Depression Scale)

questionnaires regarding depression and the Visual Analogue Scale (VAS) for pain and

were re-submitted to RDC / TMD after therapy, With 30 (thirty) days of treatment. The

data were analyzed using SPSS (Statistical Package for the Social Science) 22.0 with the

Split Plot ANOVA test, with a confidence level of 95%. Results: There was a significant

reduction in the depressive parameters by BDI (p = 0.002) and HADS (p = 0.008) and

also pain symptoms (p = 0.001) after 30 days of treatment in all groups analyzed.

However, there was no statistically significant difference between the treatment groups

in the depressive parameters, either by BDI (p = 0,315) or HADS (p = 0.843) and pain (p

= 0.267), showing that no therapeutic group was superior to In the reduction of the

analyzed parameters. Conclusion: Within the limitations of the study, it can be concluded

that, in a short time, occlusal plaque treatments and counseling, individually or in

combination, were effective in reducing pain symptoms and depressive aspects. However,

no therapeutic group was superior to the other in reducing the observed parameters.

Keywords: Temporomandibular Joint Disorders; Depression; Pain.

LISTA DE ABREVIAÇÃO

AC- Aconselhamento

ATM – Articulação Temporomandibular

ASA – Articulador Semi-Ajustável

BDI- Inventário da Depressão de Beck

DTM – Disfunção Temporomandibular

ECCRC – Ensaio clínico controlado randomizado cego

EVA- Escala Visual Analógica

HADS- Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão

PAC – Placa com aconselhamento

PO – Placa oclusal

RC – Relação Cêntrica

RDC/TMV- Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders

UFRN- Universidade Federal do Rio Grande do Norte

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 11

2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................... 13

2.1 DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR.......................................... 13

2.2 DTM E DEPRESSÃO........................................................................... 14

2.3 CRITÉRIO DE DIGNÓSTICO EM PESQUISA PARA DTM............. 15

2.4 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA DEPRESSÃO................... 16

2.4.1 Inventário da Depressão de Beck....................................................... 16

2.4.2 Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão.................................... 17

2.5 MODALIDADES TERAPÊUTICAS.................................................... 18

2.5.1 Placa Oclusal........................................................................................ 18

2.5.2 Aconselhamento................................................................................... 19

3 OBJETIVO E HIPÓTESES................................................................ 21

3.1 OBJETIVO GERAL.............................................................................. 21

3.2 OBJETIVO ESPECÍFICOS................................................................... 21

3.3 HIPÓTESES ESPERADAS................................................................... 21

4 METODOLOGIA................................................................................ 22

4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS................................................................ 22

4.2 TIPO DE ESTUDO................................................................................ 22

4.3 POPULAÇÃO........................................................................................ 22

4.4 AMOSTRA............................................................................................ 22

4.4.1 Critérios de seleção da amostra.......................................................... 24

4.4.1.1 Critérios de inclusão............................................................................... 24

4.4.1.2 Critérios de exclusão.............................................................................. 24

4.4.2 Cálculo amostral.................................................................................. 24

4.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS....................................... 22

4.5.1 Critério Diagnóstico em Pesquisa para DTM.................................... 25

4.5.2 Inventário da depressão de Beck........................................................ 25

4.5.3 Escala Hospitalar de ansiedade e depressão...................................... 25

4.5.4 Escala Visual Analógica....................................................................... 26

4.6 GRUPOS DE TRATAMENTO............................................................. 26

4.6.1 Placa Oclusal........................................................................................ 26

4.6.2 Aconselhamento................................................................................... 27

4.6.3 Placa e aconselhamento....................................................................... 27

4.7 ANÁLISE DOS DADOS....................................................................... 28

4.8 VARIÁVEIS ESTUDADAS................................................................. 28

5 RESULTADOS..................................................................................... 31

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA................................................ 31

5.2 AVALIAÇÃO DA DEPRESSÃO X TIPO DE TRATAMENTO......... 31

5.2.1 Inventário da depressão de Beck........................................................ 31

5.2.2 Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão.................................... 33

5.3 AVALIAÇÃO DA DOR X TIPO DE TRATAMENTO....................... 35

6 DISCUSSÃO......................................................................................... 37

7 CONCLUSÃO...................................................................................... 41

REFERÊNCIAS................................................................................... 42

ANEXOS............................................................................................... 47

ANEXO I – PARECER CEP-HOUL............................................. 47

ANEXO II – TCLE........................................................................ 54

ANEXO III – RDC/TMD.............................................................. 58

ANEXO IV – BDI.......................................................................... 60

ANEXO V – HADS....................................................................... 62

ANEXO VI – EVA........................................................................ 63

ANEXO VII – CARTILHA DE ACONSELHAMENTO............. 64

11

1 INTRODUÇÃO

A disfunção temporomandibular (DTM) é uma condição que acomete o sistema

estomatognático, afetando os músculos mastigatórios, a articulação temporomandibular

(ATM) e estruturas associadas (SCRIVANI, 2008; RENER-SITAR, 2016). Atinge cerca

de duas vezes mais o sexo feminino e normalmente acomete indivíduos entre 20 e 40 anos

de idade (LIU, 2013; GAUER, 2015). É considerada uma das principais causas de dor de

origem não dentária na região orofacial (CONTI, 2012) e estima-se que 20% da

população seja afetada, mas apenas 10% a 20% deles procuram tratamento

(MEDLICOTT e HARRIS, 2006).

A DTM representa um importante problema de saúde pública (RENER-SITAR,

2016) e possui etiologia multifatorial, podendo ser desencadeada por fatores biológicos,

ambientais, sociais, emocionais e cognitivos (RESENDE, 2013; GAUER, 2015). Além

disso, requer uma compreensão biopsicossocial, tendo em vista a interferência que

promove na qualidade de vida dos pacientes afetados (CONTI, 2012). Assim, há,

possivelmente, uma interação mútua entre a dor e a depressão e, por isso, os sintomas da

depressão devem ser considerados no diagnóstico, prevenção e tratamento da DTM

(BERGER, 2015).

Possui sinais e sintomas clínicos como dor na cabeça e na face, ruídos articulares

e limitação de movimentos dos maxilares (CONTI, 2012; GAUER, 2015; RENER-

SITAR, 2016). Normalmente, apresenta-se por meio de dor miofascial, desarranjos

articulares e osteoartrite (GAUER, 2015). Inclui também zumbidos, dores de cabeça e no

pescoço, podendo ser de sintomatologia leve e autolimitante ou desenvolver-se de

maneira crônica e persistente com envolvimento comportamental e psicossocial, havendo

necessidade de uma abordagem interdisciplinar (SCRIVANI, 2008).

O método de diagnóstico considerado padrão-ouro é realizado por meio do

Critério Diagnóstico de Pesquisa para as Disfunções Temporomandibulares (RDC/TMD)

que categoriza o tipo de DTM presente no indivíduo (FREIRE, 2014). É importante

também considerar a história e o exame físico do paciente e complementarmente a

utilização de exames de imagem (LIU, 2013). Deve ser feito o diagnóstico diferencial

com outras doenças, entre as quais cáries dentárias, sinusite maxilar, ulcerações bucais e

traumas (GAUER, 2015).

12

O tratamento com relação à DTM pode variar dependendo do diagnóstico e da

severidade da disfunção. Mas, independentemente do caso deve haver uma conduta

multidisciplinar com dentistas especialistas em DTM, cirurgiões, fisioterapeutas,

médicos, psicólogos e psiquiatras, quando for necessário. A progressão do tratamento

deve ocorrer apenas quando houver falhas nas modalidades mais conservadoras. A

conduta para a DTM envolve uma série terapias conservadoras, como as placas oclusais,

a terapia física, aconselhamento e farmacoterapia, e tratamentos permanentes por meio

da reabilitação oral e cirurgia (PORTERO, 2009).

A placa oclusal é normalmente considerada como a primeira escolha na conduta

da DTM por ser uma modalidade reversível, conservadora, de baixo custo e de fácil

confecção (NISHMOR, 2014). É amplamente utilizada no tratamento de pacientes com

instabilidade oclusal que apresentam DTM (LIMA, 2016). Pode ser utilizada para várias

alterações da Articulação Temporomandibular (ATM), dor miofascial, bruxismo e

desequilíbrio oclusal (CANDIRLI, 2016).

As intervenções cognitivo-comportamentais mostram-se como uma opção eficaz

para a DTM e apresentam bom custo-benefício (STOWE, 2007). O enfoque de

autocuidado abrange uma educação extensiva sobre a patologia e a garantia de seu curso

benigno (FREITAS, 2013). Assim, o aconselhamento é considerado como uma

modalidade importante no controle dos sintomas comuns a todos os casos de DTM e

busca uma aproximação entre o profissional e o paciente, levando a um retorno positivo

decorrente da confiança estabelecida (CUNHA, 2006).

Tendo em vista que os estudos buscam analisar a dor e os aspectos depressivos

em pacientes com DTM, mas dificilmente avaliam a eficiência dos diferentes tratamentos

na sua conduta, torna-se essencial a compreensão de como as terapias de placa oclusal e

de aconselhamento, seja individualmente ou em associação, interferem na Disfunção

Temporomandibular (DTM) quanto aos aspectos depressivos e à sintomatologia dolorosa

a fim de entender melhor o efeito dos diferentes tratamentos nessa patologia.

13

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR

A ATM é uma estrutura formada pela fossa mandibular do osso temporal e côndilo

mandibular que possui os músculos mastigatórios como os responsáveis pelos seus

movimentos (CONTI, 2012; RESENDE, 2013; GAUER, 2015). Pode ser acometida por

doenças inflamatórias, traumáticas e infecciosas, sendo a Disfunção Temporomandibular

(DTM) o distúrbio mais comum que atinge a ATM e o aparelho mastigatório

(SCRIVANI, 2008).

A DTM é uma condição que acomete o sistema estomatognático, afetando os

músculos mastigatórios, principalmente o masséter, temporal e pterigoideos, a ATM e

estruturas associadas (SCRIVANI, 2008; PRIEBE, 2015; RENER-SITAR, 2016). Essa

disfunção é um processo complexo e multifatorial que possui fatores iniciadores,

predisponentes e perpetuantes responsáveis pela diminuição do limiar fisiológico e

estrutural do paciente (RESENDE, 2013).

É um distúrbio que acomete cerca de duas vezes mais o sexo feminino do que o

masculino e normalmente atinge indivíduos entre 20 e 40 anos de idade (LIU, 2013;

GAUER, 2015). É considerada uma das principais causas de dor de origem não dentária

na região orofacial (CONTI, 2012) e estima-se que 20% da população seja afetada, mas

apenas 10% a 20% deles procuram tratamento (MEDLICOTT e HARRIS, 2006). Alguns

estudos apontam que cerca de 50% a 75% das pessoas em cada população apresentam

pelo menos um sinal de DTM durante a vida (LAJNERT, 2010).

É considerada, após a dor lombar crônica, como a condição de dor

musculoesquelética mais prevalente e representa um importante problema de saúde

pública (RENER-SITAR, 2016). Possui etiologia multifatorial, podendo ser

desencadeada por fatores biológicos, ambientais, sociais, emocionais e cognitivos

(RESENDE, 2013; GAUER, 2015). A quantidade de pacientes com DTM vem

aumentando de forma contínua, possivelmente em decorrência do estresse psicológico

existente (PRIEBE, 2015).

A DTM Possui sinais e sintomas clínicos como dor orofacial, ruídos articulares e

limitação de movimentos dos maxilares (CONTI, 2012; GAUER, 2015; RODRIGUES,

14

2015; RENER-SITAR, 2016). Os pacientes com DTM geralmente apresentam sinais e

sintomas que se sobrepõem (RENER-SITAR, 2016) e normalmente possuem fatores

associados como dor de cabeça, fibromialgia e doenças psiquiátricas e se apresentam,

geralmente, por meio de dor miofascial, desarranjos articulares, osteoartrite e distúrbios

autoimunes (GAUER,2015).

Os sinais e sintomas incluem também zumbidos, dores de cabeça e no pescoço,

podendo ser de sintomatologia leve e autolimitante ou desenvolver-se de maneira crônica

e persistente com envolvimento comportamental e psicossocial, havendo necessidade de

uma abordagem interdisciplinar (SCRIVANI, 2008). Apesar da variedade de sintomas, a

dor é o sintoma mais frequentemente observado (TOSATO, 2016). Os ruídos articulares,

como estalido e crepitação, podem acometer pacientes com a disfunção, mas também

indivíduos assintomáticos (GAUER, 2015).

O diagnóstico pode ser feito por meio do Critério Diagnóstico de Pesquisa para as

Disfunções Temporomandibulares (RDC/TMD) que categoriza o tipo de DTM presente

no paciente (FREIRE, 2014). É importante também considerar a história e o exame físico

do indivíduo e complementarmente a utilização de exames de imagem (LIU, 2013). O

tratamento envolve uma série terapias conservadoras, como as placas oclusais, terapia

física, aconselhamento e farmacoterapia, e tratamentos permanentes por meio da

reabilitação oral e cirurgia (PORTERO, 2009).

2.2 DTM E DEPRESSÃO

Presume-se que os fatores emocionais, como depressão e ansiedade,

desempenham um papel importante na DTM (OLIVEIRA, 2015). Sendo assim, é

necessária uma compreensão biopsicossocial, tendo em vista também a interferência que

a DTM promove na qualidade de vida dos pacientes afetados (CONTI, 2012).

O limiar doloroso do indivíduo é alterado pelo estresse, ansiedade e depressão que

exacerbam a frequência, intensidade e duração de hábitos parafuncionais os quais

promovem hiperatividade muscular, sobrecarga na articulação e uma maior morbidade

do paciente, interferindo negativamente na saúde e qualidade de vida dos indivíduos

(RESENDE, 2013).

15

Predisposição, iniciação e perpetuação da DTM, assim como a percepção da dor

podem estar relacionados a fatores psicológicos (GRILLO, 2015). Esses fatores podem

favorecer a etiologia da DTM, principalmente de sintomas que possam se relacionar a

situações de estresse emocional que possam provocar uma excitabilidade dos músculos

da cabeça e pescoço (RODRIGUES, 2015). Assim, os pacientes com DTM que sofrem

de depressão e ansiedade apresentam um risco aumentado de sentir dor articular e

muscular (FURQUIM, 2015).

A sintomatologia dolorosa causada pela DTM também faz os pacientes mais

predispostos a desenvolver distúrbios afetivos, como a depressão (NUNES, 2014).

Inclusive, as condições psicológicas podem ser consideradas como justificativa por

alguns pacientes não conseguirem respostas ao tratamento convencional (LAJNERT,

2010). Por isso, é de fundamental importância o estudo de fatores psicológicos, como a

depressão, bem como da sintomatologia dolorosa nos pacientes com DTM.

2.3 CRITÉRIO DE DIAGNÓSTICO EM PESQUISA PARA DISFUNÇÃO

TEMPOROMANDIBULAR (RDC/TMD)

Desde a sua publicação em 1992, o Critério de Diagnóstico em Pesquisa para

Disfunção Temporomandibular (RDC/TMD) foi o protocolo de diagnóstico mais

utilizado para a pesquisa de DTM em todo o mundo (DWORKIN, 2010; SCHIFFMAN,

2014). Diferenças anteriores entre os protocolos clínicos usados para diagnóstico de DTM

foram, possivelmente, responsáveis pela variação dos resultados obtidos, mas com a

introdução do RDC/TMD esperou-se uma maior consistência pelo uso de um instrumento

padronizado (MANFREDINI, 2011).

Esse critério de diagnóstico surgiu pela necessidade de se ter pesquisas clínicas

com um método padronizado para exame, diagnóstico e classificação e que permitisse a

replicação da pesquisa sobre as formas mais frequentes de distúrbios

temporomandibulares (CHAVES, 2008; DWORKIN, 2010). Os principais requisitos para

o RDC/TMD foram baseados em evidências, devendo ter revisões e avaliações de forma

continuada a fim de possui confiabilidade, validade e utilidade clínica (DWORKIN,

2010).

16

O RDC/TMD possui dois eixos, o Eixo I que consiste em uma avaliação física por

meio de dados confiáveis e critérios diagnósticos bem operacionalizados e o Eixo II que

contempla uma avaliação dos aspectos psicossociais (CHAVES, 2008; SCHIFFMAN,

2014). É considerada uma das classificações diagnósticas mais utilizada e com níveis de

confiabilidade aceitáveis que possui tradução em 18 (dezoito) idiomas, entre eles o

português (CHAVES, 2008).

De acordo com o eixo I, o diagnóstico é segmentado em 3 (três) grupos, sendo que

o grupo I engloba diagnósticos musculares, como a dor miofascial e a dor miofascial com

limitação de abertura; o grupo II associa-se aos deslocamentos de disco, como o

deslocamento de disco com redução, deslocamento de disco sem redução e com limitação

de abertura e o deslocamento de disco sem redução e sem limitação de abertura; e o grupo

III relaciona-se a artralgia, osteoartrite e osteoartrose. Esse sistema não tem hierarquia e

possibilita mais de um diagnóstico para cada pessoa (CHAVES, 2008).

2.4 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA DEPRESSÃO

2.4.1 Inventário da Depressão de Beck (BDI)

O Inventário da Depressão de Beck (BDI) foi introduzido por Aaron Beck em

1972 para rastreio rápido da depressão (ESKELINEN e OLLONEN, 2011). É um

questionário de autoavaliação de sintomas depressivos que tem passado por revisões

posteriores para uma maior adequação (OLIVEIRA, 2012). Possivelmente, é a medida de

autoavaliação da depressão mais usada não somente na pesquisa, como também na clínica

(GORESTEIN, 1998) e tem sido utilizado em todo o mundo (OLIVEIRA, 2012).

Esse questionário é usado para avaliar a gravidade da depressão em populações

normais e psiquiátricas e foi desenvolvido após observações clínicas dos sintomas que

acometem mais frequentemente pacientes deprimidos e menos frequentemente pacientes

não deprimidos. Existe também uma versão mais curta do BDI, disponível para uso

primário, com sete itens autorrelatados, sendo cada um referente a um sintoma depressivo

nas duas semanas anteriores (JACKSON-KOKU, 2016).

Apesar de ter sido criado inicialmente para ser feito por entrevistadores treinados,

esse questionário é comumente autoadministrado. Consiste em vinte e um itens, em que

a intensidade de cada um varia de zero à três, sendo o zero se referindo à ausência de

17

sintomas e o três aos sintomas mais graves. Após o somatório, a pontuação pode chegar

à sessenta e três, sendo os valores mais altos os referentes a uma maior gravidade dos

sintomas (JACKSON-KOKU, 2016).Os itens do BDI abordam sintomas referentes a

tristeza, pessimismo, sensação de culpa, de fracasso e de punição, falta de satisfação,

auto-depreciação, autoacusações, ideias suicidas, crises de choro, inibição para o

trabalho, distúrbio do sono, fadiga, irritabilidade, retração social, indecisão, distorção da

imagem corporal, perda de apetite e de peso e diminuição de libido

(GORENSTEIN,1998).

O BDI foi traduzido para vários idiomas (JACKSON-KOKU, 2016) e estudos

confirmaram a validade da versão em português desse questionário (GORENSTEIN,

1998). As propriedades psicométricas desse instrumento têm sido bastante estudadas nos

indivíduos com dor crônica (POOLE, 2009), mostrando-se com uma boa validade na

detecção da depressão nos indivíduos que possuem dor crônica (LEE, 2008).

2.4.2 Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS)

A Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) foi criada em 1983 por

Zigmond e Snaith para identificar possíveis casos de ansiedade e/ou depressão (FARO,

2015). Foi desenvolvida para disponibilizar um instrumento prático a fim de identificar e

quantificar essas duas formas mais frequentes de alterações psicológicas. No início era

utilizada em pacientes de hospitais psiquiátricos clínicos e posteriormente foi ampliada

para pacientes não hospitalizados, com ou sem alguma doença (BJELLAND, 2002;

SNAITH, 2003; FALAVIGNA, 2012).

Esse questionário tem sido considerado conveniente na autoavaliação da

ansiedade e depressão e apresenta boa sensibilidade e especificidade (MYKLETUN,

2001). O HADS é um instrumento confiável e tem se mostrado como uma medida válida

para a análise desses parâmetros psicológicos (ZIGMOND, 1983). Entretanto, alguns

cuidados devem ser observados, como a necessidade do paciente ser alfabetizado e capaz

de ler adequadamente o questionário, pois alguns analfabetos sentem-se envergonhados

e respondem as questões de maneira aleatória (SNAITH, 2003).

O HADS é um questionário traduzido e validado para o português (FALAVIGNA,

2012) e possui 14 (quatorze) questões, sendo 7 (sete) relacionadas à ansiedade e 7 (sete)

18

à depressão. Cada questão possui 4 (quatro) opções de respostas que variam de 0 (zero) a

3 (três) pontos, sendo a pontuação máxima de 21 (vinte e um) pontos para cada aspecto

analisado (FARO, 2015). Uma pontuação total igual ou maior do que 8 (oito) em qualquer

uma das escalas sugere a presença de transtorno depressivo ou de ansiedade

(FALAVIGNA, 2012).

2.5 MODALIDADES TERAPÊUTICAS

2.5.1 Placa Oclusal

Desde 1901 a placa oclusal tem sido utilizada para tratamento da Disfunção

Temporomandibular (DTM). Esse dispositivo também é denominado placa de mordida,

placa noturna, placa de bruxismo, placa miorrelaxante ou placa estabilizadora de

Michigan (NISHMOR, 2014). É utilizado para várias alterações da Articulação

Temporomandibular (ATM), dor miofascial, bruxismo e desequilíbrio oclusal

(CANDIRLI, 2016).

A placa oclusal é amplamente utilizada no tratamento de pacientes com

instabilidade oclusal que apresentam DTM (LIMA, 2016). Entre os seus benefícios, estão

a indução temporária de um posicionamento articular mais estável, a promoção de uma

oclusão funcional adequada que favorece ao melhor funcionamento muscular, proteção

dos dentes e estruturas de suporte de forças excessivas (PORTERO, 2009) e alívio da

sintomatologia dolorosa (NISHMOR, 2014).

Esse dispositivo é frequentemente considerado como a primeira escolha na

conduta da DTM por ser uma modalidade reversível, conservadora, de baixo custo e de

fácil confecção (NISHMOR, 2014). É tido como uma superfície artificial removível que

pode ser utilizada para diagnóstico ou tratamento, interferindo na relação da mandíbula

com a maxila (ALQUTAIBI, 2015).

As placas funcionam como desprogramadores da mandíbula a fim de restabelecer

as condições maxilomandibulares ideais, aliviando a dor e restaurando a função. Apesar

disso, alguns pesquisadores acreditam que sua ação pode ser decorrente de seu efeito

placebo na conduta de alguns casos de DTM (ALQUTAIBI, 2015). O conhecimento do

Cirurgião-Dentista dos distúrbios da ATM, duração do tratamento, tipo de placa e ajuste

oclusal pode interferir no sucesso do tratamento (CANDIRLI, 2016).

19

É considerada um aparelho removível, sendo produzida a partir de resina acrílica,

e pode ser confeccionada na arcada superior ou na inferior, devendo cobrir a oclusal e

incisal dos dentes, devendo permitir contatos simultâneos, bilaterais e estáveis.

Confeccionada com o auxílio de um articulador, o modelo de gesso superior deve ser

montado com auxílio do arco facial e o modelo inferior com um registro em cera 7. O

ajuste da placa deve remover os contatos prematuros mais fortes, devendo permanecer

adaptada, estável e com retenção na posição de relação cêntrica (RC) (NISHMOR, 2014).

2.5.2 Aconselhamento

O aconselhamento é um tratamento que consiste na explicação da etiologia, da

situação atual e de novos hábitos do paciente e tem sido relatado nas pesquisas como

tendo resultados positivos no controle da sintomatologia dolorosa, seja isoladamente ou

em conjunto com outras terapias (MARTINS, 2016). Essa forma terapêutica tem se

mostrado eficaz na diminuição da gravidade dos sintomas e na ansiedade dos indivíduos

e não deve se limitar a declarações gerais, mas ser focada para os aspectos específicos

dos pacientes (NAYAK, 2016).

De qualquer forma, o aconselhamento não necessita de um conhecimento

aprofundado do domínio psicológico e estratégias de tratamento, como psicoterapias, e

por isso pode ser realizado por qualquer profiissional da saúde (FREITAS, 2013). Pode

ser conduzida por profissionais que tenham conhecimento da prevenção e eliminação dos

fatores responsáveis pela etiologia da DTM (DUTRA, 2016). Então, esse enfoque de

autocuidado engloba uma educação extensiva sobre a patologia e a garantia de seu curso

benigno (FREITAS, 2013).

As intervenções cognitivo-comportamentais representam uma opção eficaz para a

DTM e de bom custo-benefício, principalmente quando realizadas na fase aguda da

disfunção (STOWE, 2007). O aconselhamento é considerado como uma modalidade

importante no controle dos sintomas comuns a todos os casos de DTM e busca uma

aproximação entre o profissional e o paciente, levando a um retorno positivo decorrente

da confiança estabelecida (CUNHA, 2006).

Consiste na explicação da patologia da dor e disfunção no indivíduo em particular,

dos cofatores relacionados, das características e flutuações dos sintomas, na

conscientização do paciente quanto as suas responsabilidades no tratamento, na avaliação

dos objetivos e prognóstico do paciente (NAYAK, 2016). Além disso, tem sido abordado

20

aspectos relacionados à mudança de comportamento, postura do sono, orientações sobre

alimentação, diminuição de hábitos orais nocivos e de movimentos mandibulares

excessivos (DUTRA, 2016).

21

3 OBJETIVOS E HIPÓTESES

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o efeito das terapias com placa oclusal, aconselhamento e da associação

entre ambas sobre a dor e depressão em pacientes com DTM.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Comparar os resultados obtidos entre os grupos de tratamento e entre os tempos

analisados quanto aos aspectos depressivos;

• Comparar os resultados obtidos entre os grupos de tratamento e entre os tempos

analisados quanto à sintomatologia dolorosa.

3.3 HIPÓTESES ESPERADAS

H1 – A dor e a depressão serão reduzidas após a terapia com placa oclusal em pacientes

com DTM;

H2 – A dor e a depressão serão reduzidas após a terapia com aconselhamento em pacientes

com DTM;

H3 – O tratamento com a placa oclusal associada ao aconselhamento será mais efetivo

sobre dor e a depressão em pacientes com DTM que a utilização dos tratamentos isolados.

22

4 METODOLOGIA

4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Este trabalho faz parte de um amplo estudo submetido à apreciação do comitê de

ética em pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP-UFRN), com

parecer de número 1.442.401 (ANEXO I). Além disso, todos os participantes da pesquisa

assinaram o Termo de Consentimento livre e esclarecido, que possui informações

referentes à pesquisa (ANEXO II).

4.2 TIPO DE ESTUDO

Este estudo consistiu em um ensaio clínico controlado randomizado cego

(ECCRC) cadastrado na plataforma REBEC (Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos),

cuja amostra foi obtida por conveniência.

4.3 POPULAÇÃO

O estudo foi realizado no CIADE (Centro Integrado de Atendimento a Portadores

de Disfunção do Aparelho Estomatognático) do Departamento de Odontologia (DOD) da

Universidade Federal do Rio Grade do Norte (UFRN), no período compreendido entre

março de 2016 e junho de 2017.

4.4 AMOSTRA

Inicialmente foram triados 230 (duzentos e trinta) pacientes, dos quais 155 (cento

e cinquenta e cinco) foram excluídos por não preencherem os critérios de inclusão ou se

enquadrarem em algum critério de exclusão da pesquisa. Dos pacientes que preencheram

os critérios, 14 (catorze) desistiram de participar da pesquisa e 1 (um) veio a óbito. Assim,

60 (sessenta) pacientes permaneceram nos grupos de tratamento, sendo 21 (vinte e um)

tratados por meio da placa associada ao aconselhamento, 17 (dezessete) tratados apenas

com aconselhamento e 22 (vinte e dois) apenas com placa oclusal (Fluxograma 1).

23

Os pacientes foram diagnosticados com DTM por meio do eixo I do RDC/TMD

(Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders, ANEXO III), e foram

avaliados quanto aos aspectos depressivos e sintomatologia dolorosa antes de iniciar a

terapia (Baseline) e com 1 (um) mês de tratamento.

Fluxograma 1. Quantidade de pacientes triados, excluídos e alocados nos grupos.

Legenda: PO (Placa Oclusal); AC (Aconselhamento).

Pacientes

triados (n= 230)

PO + AC

(n= 25)

PO

(n=25)

AC

(n= 25)

PO + AC

(n= 21)

AC

(n= 17)

PO

(n= 22)

155 pacientes foram excluídos por não se

enquadrarem nos critérios da pesquisa

14 desistências e

1 óbito n=4 n=3 n=8

24

4.4.1 Critérios de seleção da amostra

4.4.1.1 Critérios de inclusão

o Pacientes com diagnóstico positivo de DTM obtido por meio do eixo I do

RDC/TMD;

o Aqueles que fizeram último tratamento para DTM com intervalo mínimo de 3

(três) meses;

o Indivíduos com relato de dor na região orofacial nos últimos 3 (três) meses.

4.4.1.2 Critérios de exclusão

o Indivíduos com comprometimento da capacidade cognitiva, que se mostrem

incapazes de entender as perguntas dos questionários;

o Os que apresentem história de trauma na cabeça que se relacione com a etiologia

da dor orofacial e que possa confundir o diagnóstico de DTM;

o Aqueles com cefaleias ou desordens intracranianas;

o Indivíduos que fizeram uso de medicações nos 3 últimos meses que interfiram

na qualidade do sono como relaxantes musculares, anticonvulsivantes,

antidepressivos e ansiolíticos;

o Pacientes que usem medicação para tratamento de DTM ou dores musculares;

o Aqueles que possuam outras causas de dor orofacial como cárie, doenças

periodontais, neuropatias e fibromialgia.

4.4.2 Cálculo Amostral

Foi realizado o cálculo amostral inverso por meio do programa OpenEpi (versão

3.0), com intervalo de confiança de 95%, observando-se que o poder da amostra

analisada chegou a 86,12% para a variável dor. Além disso, observou-se que amostra

tem o poder de detectar a diferença mínima entre os grupos de 1,82; 3,05 e 2,37 com

relação à dor, ao BDI e ao HADS, respectivamente.

25

4.5 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Foram utilizados 4 (quatro) instrumentos de coleta de dados, sendo dois

relacionados à depressão, o BDI (Inventário da Depressão de Beck) e o HADS (Escala

Hospitalar de Ansiedade e Depressão), um associado à escala de dor, EVA (Escala Visual

Analógica), e um de diagnóstico da DTM, o RDC/TMD (Research Diagnostic Criteria

for Temporomandibular Disorders).

Os voluntários responderam as questões de próprio punho quando alfabetizados

ou com auxílio do examinador após a leitura de cada item sem que houvesse interferência

nas respostas. Os examinador que realizou o exame de diagnóstico não sabia qual o grupo

de tratamento pertencia o paciente, pois realizou apenas o RDC/TMD, sendo outro

pesquisador responsável pelo tratamento do paciente.

4.5.1 Critério Diagnóstico em Pesquisa para DTM

Esse estudo utilizou o Eixo I do RDC/TMD (ANEXO III) que forneceu

diagnóstico quanto à presença ou ausência de DTM e quanto ao grupo diagnóstico da

disfunção, podendo ser classificado no grupo I (relaciona-se à DTM muscular), grupo II

(relaciona-se à DTM articular tipo deslocamento de disco) e grupo III (outras condições,

tais quais artralgia, osteoartrite e osteoartrose). Esse exame contemplou palpações

musculares e articulares, análise da amplitude de movimento e ausculta articular, além

das perguntas sobre sintomatologia dolorosa. Foi utilizada a versão do formulário

traduzido para o português e publicada por Pereira et al (2004).

4.5.2 Inventário da Depressão de Beck (BDI)

O BDI (ANEXO IV) é formado por 21 afirmações com 4 opções de resposta,

sobre a maneira como o paciente tem se sentido na última semana. O escore final foi

obtido através da soma dos números dos itens selecionados pelos pacientes. O escore final

pode variar de 0 a 63, em que o nível mínimo de depressão corresponde aos escores de 0

a 11, o nível leve de 12 a 19, nível moderado de 20 a 35 e nível grave de 36 a 63.

4.5.3 Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS)

O HADS (ANEXO V) é um questionário formado por 14 itens (7 de ansiedade

e 7 de depressão) com quatro opções de resposta, em que o paciente respondeu como

ele tem se sentido durante a última semana. O resultado final se deu a partir da

somatória dos resultados para as questões sobre ansiedade e depressão separadamente.

26

O paciente foi classificado em normal (0-7), depressão/ansiedade leve (8-10),

depressão/ansiedade moderada (11-14), depressão/ansiedade severa (10-21).

4.5.4 Escala Visual Analógica (EVA)

Para a avaliação da intensidade da sintomatologia dolorosa foi utilizada a

Escala visual analógica (EVA) (ANEXO VI), instrumento em que o paciente assinala

a intensidade de sua dor naquele momento. Consiste em uma linha graduada de 0 a 10,

sendo 0 significando ausência total de dor enquanto 10 evidencia o nível de dor máxima

suportável pelo paciente.

4.6 GRUPOS DE TRATAMENTO

4.6.1 Placa oclusal

As placas oclusais foram de acordo com a técnica descrita por Okeson (2013).

Inicialmente foi realizada a moldagem dos arcos superior e inferior com hidrocolóide

irreversível (Alginato, Hydrogum; Zhermack) e moldeiras de estoque (Tecnodent

Indústria e Comércio). Em seguida, os modelos foram confeccionados em gesso especial

tipo IV (Durone, Dentsply Indústria e Comércio LTDA) após desinfecção do molde com

hipoclorito de sódio 1% (Asfer Indústria química LTDA).

A obtenção da relação espacial da posição da maxila em relação à base do crânio

foi feita com o arco facial para a montagem do modelo superior em articulador semi-

ajustável (ASA) da Mondial 4000 S (Bio-Art Equipamentos Odontológicos). As relações

maxilo-mandibulares foram obtidas em relação cêntrica (RC) por meio do “jig de Lúcia”,

confeccionado em resina acrílica vermelha duralay, englobando os incisivos centrais nas

superfícies vestibular, palatina e parte do palato e pela cera nº 7 (Asfer Indústria Química

LTDA). Dessa forma, o modelo inferior foi montado com pino incisal em zero, mantendo-

se o paralelismo entre os ramos superior e inferior do articulador.

As placas oclusais foram fabricadas pelo mesmo laboratório, utilizando-se resina

acrílica termopolimerizável (Clássico Artigos Odontológicos Clássico LTDA) e cobriram

completamente a oclusal e incisal dos dentes. Além disso, as placas possuíam espessura

aproximada de 2 mm de altura, com superfície plana, lisa e polida, seguindo-se a curva

da oclusão.

27

Na consulta para a instalação da placa foram observados a dimensão vertical do

paciente, adaptação, estabilidade e aspectos fonéticos com a utilização da placa.

Posteriormente, foram realizados os ajustes oclusais necessários com papel carbono

(AccuFilm II, Parkell) e pontas para peça reta, maxicut e minicut de carboneto de

tungstênio (PM – Labordental), a fim de se conseguir contatos oclusais bilaterais,

simultâneos e de mesma intensidade nos dentes posteriores durante o fechamento

mandibular, e desoclusão dos dentes posteriores durante a guia anterior e canino nos

movimentos de protrusão e lateralidade, respectivamente.

Ao fim, o paciente recebeu orientações sobre o uso, cuidados de higienização e

acondicionamento da placa. O primeiro retorno aconteceu 15 (quinze) dias após a

instalação, a fim de verificar a adaptação da placa e fazer os ajustes, caso necessários.

4.6.2 Aconselhamento

O aconselhamento dos grupos selecionados foi realizado por meio da orientação

verbal e escrita feita pelos pesquisadores diretamente aos pacientes, assim como da

entrega de uma cartilha contendo orientações necessárias para evitar a sobrecarga

muscular e articular, permitir o relaxamento do paciente e melhorar sua qualidade de vida

(ANEXO VII).

As orientações foram relacionadas à modificação da dieta, abertura de boca,

relaxamento dos músculos mastigatórios, postura, sono e atividade física. Houve um

controle 15 (quinze) dias após as orientações serem dadas, a fim de averiguar o seu

cumprimento, bem como de reforçar tópicos importantes.

4.6.3 Placa e aconselhamento

Os pacientes tratados com placa associada ao aconselhamento se submeteram às

mesmas etapas descritas ao grupo tratado com placa oclusal individualmente,

combinado com as mesmas orientações recebidas pelo grupo tratado com

aconselhamento. Houve reforço do aconselhamento e ajuste da placa com 15 (quinze)

dias contados da instalação do dispositivo e das orientações dadas.

28

4.7 ANÁLISE DOS DADOS

A análise estatística foi realizada por meio do programa Statistical Package for

the Social Science (SPSS) 22.0. Inicialmente, foi realizada a análise descritiva dos

dados com valores absolutos, frequências, medidas de tendência central e

variabilidade. Foi utilizado o Split Plot ANOVA com nível de confiança de 95% para

a análise entre grupos e entre os tempos analisados.

4.8 VARIÁVEIS ESTUDADAS

Na Tabela 1 estão descritas as variáveis estudadas de acordo com o tipo, a classificação,

a descrição e a categoria utilizadas.

Tabela 1. Descrição das variáveis utilizadas.

Variável Tipo Classificação Descrição Categoria

Sexo Independente Categórica

nominal

mutuamente

exclusiva

Características

estruturais e

funcionais do

indivíduo

Masculino ou

feminino

Idade Independente Quantitativa

discreta

Tempo de

vida decorrido

desde o

nascimento

até certa data

Números

inteiros

contados em

anos

Situação

profissional

(Ocupação)

Independente Categórica

nominal

mutuamente

exclusiva

Circunstância

de estado

profissional

Estudante;

Empregado;

Estudante e

empregado;

Desempregado;

Do lar;

aposentado;

outros

29

Fumante Independente Categórica

nominal

mutuamente

exclusiva

Pessoa que

fuma

Sim ou Não

Nível de

depressão –

BDI

Dependente Categórica

ordinal

Nível de

distúrbio

mental

depressivo

Mínimo (0-11);

Leve (12-19);

Moderado (20-

35); Grave (36-

63)

Nível de

depressão-

HADS

Dependente Categórica

ordinal

Nível de

distúrbio

mental

depressivo

Normal (0-7);

Leve (8-10);

Moderada (11-

14); Severa (15-

21)

Sintomatologia

dolorosa

Dependente Quantitativa

discreta

Experiência

sensitiva

desagradável

Escala numérica

com variação de

0 (zero) a 10

(dez)

Grupo

Diagnóstico de

DTM

Dependente Categórica

nominal

exaustiva

Research

Diagnostic

Criteria for

Temporo-

mandibular

Disorders

Grupo I; Grupo

II, Grupo III

Grupo I/DTM

muscular

Dependente Categórica

nominal

exaustiva

DTM

muscular

Presença de Dor

miofascial; Dor

miofascial com

limitação de

abertura; sem

diagnóstico

30

Grupo II/

DTM articular

(disco)

Dependente Categórica

nominal

exaustiva

DTM articular Deslocamento

do Disco com

Redução; Sem

Redução e sem

limitação de

abertura; Sem

Redução e com

limitação de

abertura; Sem

Diagnóstico

Grupo III/

DTM articular

(degenerativa)

Dependente Categórica

nominal

exaustiva

DTM articular

(degenerativa)

Artralgia;

Osteoartrite;

Osteoartrose

31

5 RESULTADOS

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A faixa etária dos participantes da pesquisa variou de 18 (dezoito) a 61 (sessenta

e um) anos de idade, com a média de 29,53 (±10,55). Do total de pacientes, houve uma

predominância do sexo feminino em 78,3% (n=47) da amostra com relação ao sexo

masculino. Além disso, 100% (n=60) dos pacientes não eram fumantes.Com relação à

ocupação, cerca de 33,9% (n=20) dos participantes estavam empregados, 28,8% (n=17)

eram apenas estudantes, 18,6% (n=11) eram estudantes e empregados simultaneamente,

10,2% (n=6) estavam desempregados, 8,5% (n=5) dos participantes eram “do lar” e 1

(um) paciente não respondeu.

Com relação ao diagnóstico e tipo de DTM, antes de iniciar as terapias havia uma

predominância de diagnóstico positivo simultaneamente para os três grupos do

RDC/TMD (GI, GII e GIII) em 45% (n=27) da amostra. Após 1 (um) mês de tratamento,

este número caiu para 24,1% (n=14). Também se observou que 8,6% (n=5) dos

participantes não apresentaram qualquer diagnóstico para a DTM após 1 (um) mês de

terapia (Tabela 2).

Tabela 2. Disposição dos diagnósticos de DTM de acordo com os diferentes tempos analisados.

Tempo

Diagnósticos da DTM pelo RDC/TMD

Total GI GII GIII G I e

II

G I e

III

G II e

III

G I, II

e III

Sem

diagnóstico

Baseline

6,7%

(n=4)

5,0%

(n=3)

0%

(n=0)

13,3%

(n=8)

28,3%

(n=17)

1,7%

(n=1)

45%

(n=27)

0%

(n=0)

100%

(n=60)

30 dias

6,9%

(n=4)

12,1%

(n=7)

6,9%

(n=4)

15,5%

(n=9)

17,2%

(n=10)

8,6%

(n=5)

24,1%

(n=14)

8,6%

(n=5)

100%

(n=58) Legenda: G= grupo de diagnóstico obtido pelo RDC/TMD.

5.2 AVALIAÇÃO DA DEPRESSÃO X TIPO DE TRATAMENTO

5.2.1 Inventário da Depressão de Beck (BDI)

Com relação ao período inicial (baseline), observou-se que a média dos valores

do BDI estavam bem próximos entre os participantes do grupo PAC (9,00 ±6,24), os do

grupo PO (8,09 ±5,37) e os do grupo AC (9,00 ±6,68), estando todos no nível mínimo de

depressão (Tabela 3). Após 30 dias de terapia, observou-se que todas as médias

32

diminuíram para todos os grupos, PAC (6,28 ± 6,83), PO (6,31 ± 5,36) e AC (8,29 ±

5,70). Essa diferença das médias entre o baseline e o período de 1 mês foi estatisticamente

significativa (p=0,002). Assim, houve uma redução nos valores indicativos de depressão

com 30 (trinta) dias de tratamento nos três grupos, sendo 16,2% dessa diminuição

atribuída ao próprio tempo de tratamento (eta=0,162) (Tabela 3). Ao analisar os grupos

no período baseline e com 30 (trinta) dias de tratamento, observa-se uma redução nos

valores de depressão de cada grupo. Sendo que não houve diferença estatisticamente

significativa entre os grupos ao longo do tempo (p=0,315). Assim, ao comparar os

diferentes grupos nos dois períodos analisados, observa-se que não houve diferença

considerável entre os grupos na melhoria da depressão. Essa comparação pode ser

visualizada no gráfico 1.

Tabela 3. Comparação dos valores de depressão obtidos pelo Inventário de depressão de Beck

(BDI) entre os grupos e em relação a diferentes tempos.

Fonte: a Autora, 2017 (Natal/RN).

Tempo Grupo de

tratamento

n Média Desvio

Padrão

Entre grupos Ao longo do tempo

p Eta

parcial

quadrado

p Eta

parcial

quadrado

Baseline

Placa +

Aconselhamento

21 9,00 6,24

Placa 22 8,09 5,37

Aconselhamento 17 9,00 6,68

Total 60 8,67 5,98

0,315

0,040

0,002

0,162

30 dias

Placa +

Aconselhamento

21 6,28 6,83

Placa 22 6,31 5,36

Aconselhamento 17 8,29 5,70

Total 60 6,86 5,97

33

Gráfico 1. Perfis médios de respostas ao tratamento segundo BDI (Natal/RN).

5.2.2 Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão

Com relação ao baseline, novamente observou-se que a média dos valores do

HADS estavam bem próximos entre os participantes do grupo PAC (6,57 ±3,48), do

grupo PO (6,53 ±4,35) e do grupo AC (6,47 ±3,42). Após 30 (trinta) dias da terapia,

observou-se que as médias diminuíram para todos os grupos, PAC (5,57 ±2,63), o grupo

PO (5,05 ±4,00) e o grupo AC (5,53 ±3,13). Essa redução das médias entre o baseline e

o período de 30 dias foi estatisticamente significativa (p=0,008), com tamanho de efeito

de 12,7% atribuído ao próprio tempo de tratamento (eta=0,127). Do total de pacientes, 5

(cinco) não responderem a esse questionário (Tabela 4).

Ao analisar os grupos no período baseline e com 30 (trinta) dias de tratamento,

observa-se uma redução nos valores de depressão de cada grupo. Sendo que não houve

diferença estatisticamente significativa entre os grupos ao longo do tempo (p=0,843).

Essa comparação pode ser visualizada no gráfico 2, em que se observa as médias

marginais estimadas de cada grupo de tratamento nos dois tempos analisados.

34

Tabela 4. Comparação dos valores de depressão obtidos pela Escala Hospitalar de Ansiedade e

Depressão (HADS) entre os grupos e em relação a diferentes tempos.

Fonte: a autora, 2017 (Natal/RN).

Gráfico 2. Perfis médios de respostas ao tratamento segundo HADS (Natal/RN).

Tempo Grupo de

tratamento

n Média Desvio

Padrão

Entre grupos Ao longo do tempo

p Eta

parcial

quadrado

p Eta

parcial

quadrado

Baseline

Placa +

Aconselhamento

21 6,57 3,48

Placa 19 6,53 4,35

Aconselhamento 15 6,47 3,42

Total 55 6,53 3,72

0,843

0,007

0,008

0,127

30 dias

Placa +

Aconselhamento

21 5,57 2,63

Placa 19 5,05 4,00

Aconselhamento 15 5,53 3,13

Total 55 5,38 3,24

35

5.3 AVALIAÇÃO DA DOR X TIPO DE TRATAMENTO

Considerando-se os valores da escala de dor, com relação ao baseline, as médias

obtidas pela EVA apresentaram-se diferentes para o grupo PAC (4,19 ±2,97), o grupo PO

(3,62 ±3,20) e o grupo AC (5,15 ±2,85). Após 30 dias de terapia, observou-se redução

nas médias de todos os grupos: PAC (2,80 ±2,87), PO (1,75 ±1,43) e AC (4,76 ±3,16), e

essa redução foi estatisticamente significativa (p=0,001), sendo 20,1% dessa redução

explicada pelo tempo de tratamento (eta= 0,201) (Tabela 5).

Ao analisar os grupos no período baseline e com 30 (trinta) dias de tratamento,

observa-se uma redução nos parâmetros de dor de cada grupo. Sendo que não houve

diferença estatisticamente significativa entre os grupos ao longo do tempo (p=0,267).

Assim, observa-se que não houve diferença significativa entre os grupos na melhoria da

dor, pois todos reduziram a dor, mas não houve nenhum grupo superior aos demais. Essa

comparação pode ser visualizada no gráfico 3, em que se observa as médias marginais

estimadas de cada grupo de tratamento nos dois tempos analisados.

Gráfico 3. Perfis médios de respostas ao tratamento de acordo com a escala visual

analógica (EVA) (Natal/RN).

36

Tabela 5. Comparação da sintomatologia dolorosa obtida pela Escala Visual Analógica

(EVA) entre os grupos e em relação a diferentes tempos.

Fonte: a Autora, 2017 (Natal/RN).

Tempo Grupo de

tratamento

n Média Desvio

Padrão

Entre grupos Ao longo do tempo

P Eta

parcial

quadrado

P Eta

parcial

quadrado

Baseline

Placa +

Aconselhamento

21 4,19 2,97

Placa 16 3,62 3,20

Aconselhamento 13 5,15 2,85

Total 50 4,26 3,01

0,267

0,055

0,001

0,201

30 dias

Placa +

Aconselhamento

21 2,80 2,87

Placa 16 1,75 1,43

Aconselhamento 13 4,76 3,16

Total 50 2,98 2,79

37

6 DISCUSSÃO

O presente trabalho buscou avaliar a dor e depressão em pacientes com DTM

tratados com placa oclusal e aconselhamento, individualmente e em associação, após 30

dias de tratamento, por meio da EVA e dos questionários HADS e BDI.

A maioria dos participantes era composta por mulheres, representando 78,3%

(n=47) da amostra, com média de idade de 29,53 (±10,55). Esses resultados estão

próximos aos achados de OLIVEIRA et al (2008) que observaram uma predominância

do sexo feminino em 93% da amostra, com uma idade média de 44,6 anos. Esses achados

reafirmam a predominância da DTM no sexo feminino e em adultos jovens, conforme

referido na literatura científica ( LIU, 2013; GAUER, 2015).

Com relação à ocupação, o presente estudo observou uma predominância de

pacientes empregados em 33,9% dos casos, seguido de 28,8% de estudantes e de 18,6%

sendo estudantes e empregados simultaneamente, ou seja, 81,3% dos participantes da

pesquisa possuíam alguma ocupação relacionada ao estudo e trabalho. Esses achados

corroboram o estudo de REITER et al (2015) que ao analisarem 207 pacientes com DTM,

encontraram uma predominância de indivíduos empregados em 63,4% dos casos. Isso

reforça a necessidade da realização de estudos que busquem uma maior compreensão

dessa relação entre a ocupação e DTM.

Duas das hipóteses esperadas do estudo eram que a dor e a depressão seriam

reduzidas após a terapia com placa oclusal (H1) e o aconselhamento (H2) em pacientes

com DTM. Estas hipóteses foram aceitas, tendo em vista que os resultados mostraram

uma redução significativa da dor (p=0,001) e dos parâmetros depressivos, com o BDI

(p=0,002) e com o HADS (p=0,008), tanto com os tratamentos de placa oclusal, quanto

de aconselhamento, individualmente ou em associação, após 30 dias do tratamento

Em relação à dor, DOEPEL et al (2011) também observaram uma redução na

intensidade e frequência da dor de cabeça e a dor miofascial no grupo tratado com placa

oclusal e no grupo tratado com o front platô após 10 (dez) semanas, após 6 (seis) meses

e após 12 (doze) meses de tratamento. Da mesma forma, NILSSON et al (2011) ao

investigarem a eficácia da placa oclusal em pacientes com dor decorrente da DTM

38

observaram que aos 6 (seis) meses, 72% dos pacientes relataram estar muito melhor, sem

os sintomas; sendo que aos 12 (doze) meses, 70% relataram melhora nos sintomas. No

presente estudo, apesar de não terem sido avaliados outros tempos, também observou-se

essa diminuição após o primeiro mês de tratamento.

O presente estudo observou que os tratamentos utilizados reduziram

significativamente os parâmetros depressivos, na análise com o BDI (p=0,002) e com o

HADS (p=0,008), com 30 dias de tratamento. Isso reforça a necessidade de se estudar os

aspectos depressivos em pacientes com dor, como observado no estudo de LEE et al

(2008) em que os pacientes que apresentavam depressão e dor crônica mostraram

menores resultados de tratamento e maiores deficiências físicas do que os pacientes que

não possuíam depressão.

De acordo com MILES et al (2001), mesmo que haja uma complexidade na

natureza da relação entre dor crônica e depressão, pode haver uma superposição entre os

sintomas depressivos e os problemas relacionados à dor. POOLE et al (2009) observaram

em seu estudo que dos 26 indivíduos deprimidos, 25 acharam que essa situação era

decorrente da sintomatologia dolorosa. Apesar dessa possível sobreposição entre esses

desconfortos, o estudo de LEE et al (2008) mostrou que o BDI tem boa validade para

detectar depressão em pacientes com dor crônica.

O presente estudo utilizou-se do BDI e HADS para avaliar os aspectos depressivos

dos pacientes com DTM. De acordo com GORESTEIN et al (1998), o BDI possui alta

consistência interna na versão em português, apresentando um padrão de resposta similar

ao conseguido com a versão original. Seus achados são favoráveis à validade da versão

em português do BDI em amostras clínicas e também em populações não-clínicas. O

HADS tem apresentado bons resultados para sensibilidade e especificidade

(HERRMANN 1997; BJELLAND et al 2002). Além disso, FALAVIGNA et al (2012)

compararam esse questionário ao BDI, considerado o padrão-ouro para triagem da

depressão, e observaram uma forte correlação entre eles, mostrando que o HADS é uma

boa opção para rastrear a depressão e sua gravidade durante o pré-operatório de cirurgia

de coluna vertebral. No presente estudo, os resultados mostraram-se semelhantes para

ambos os questionários.

TOLEDO et al (2008) avaliaram a presença e gravidade de DTM e o grau de

depressão por meio do índice Fonseca e o eixo II do RDC/TMD, respectivamente, e

39

puderam observar que a depressão pode ser considerada como um dos fatores

contribuintes para a DTM. SCHMIDT et al (2015) ao utilizarem-se diferentes

questionários (BDI, BAI, LIS-D e YSQ-S2), perceberam a presença de mais sintomas

relacionados à ansiedade e à depressão no grupo com DTM do que o que não tinha a

disfunção. MINGHELLI et al (2011) ao analisar 306 alunos utilizando-se do Questionário

Anamnésico de Fonseca e o HADS, observou uma associação significativa a DTM com

os níveis de ansiedade e depressão. Como visto na literatura, muitos estudos tentam

relacionar a DTM com sintomas depressivos, entretanto, poucos estudam o efeito das

diferentes terapias sobre tais sintomas. Desta forma, sugere-se mais estudos para avaliar

se as terapias para DTM influenciam nos sintomas depressivos dos pacientes.

Uma terceira hipótese esperada do estudo era que o tratamento com a placa oclusal

associada ao aconselhamento seria mais efetivo sobre dor e a depressão em pacientes com

DTM que a utilização dos tratamentos isolados. Porém, essa hipótese foi rejeitada, tendo

em vista que não houve diferença significativa entre os grupos com relação aos

parâmetros dolorosos (p=0,267), nem depressivos, seja com o BDI (p=0,315), seja com

o HADS (p=0,843).

Esses achados foram diferentes do estudo de MICHELOTTI et al (2012) que ao

comparar o efeito da educação com o da placa oclusal para o tratamento da dor miofascial,

observaram que a educação foi ligeiramente mais eficaz do que o dispositivo oclusal no

tratamento da dor miofascial. Entretanto. CONTI et al (2012) encontraram resultados

semelhantes ao presente estudo, ao analisar três grupos de tratamento, sendo o primeiro

submetido ao dispositivo oclusal associado ao aconselhamento, o segundo ao

aconselhamento associado à inibição nociceptiva trigeminal e o terceiro submetido

apenas ao aconselhamento. Ao término, os autores observaram melhora na sintomatologia

dolorosa para todos os grupos após um período de três meses.

Semelhante ao presente trabalho, COSTA et al (2015) analisaram 60 pacientes

diagnosticados com Dor Miofascial pelo RDC/TMD, em que um grupo foi tratado apenas

com aconselhamento e o outro com aconselhamento associado à placa oclusal, para

avaliar o efeito da placa oclusal como um tratamento adicional nos aspectos psicológicos

em pacientes com Disfunção Temporomandibular. As avaliações foram feitas no

baseline, com dois e seis meses após o tratamento e os autores observaram que estratégias

minimamente invasivas podem fornecer uma melhora nos parâmetros psicológicos dos

pacientes com DTM, e que a utilização de placa oclusal parece acelerar esse efeito.

40

Os achados no presente trabalho também corroboram com o estudo de NIEMELÄ

et al (2012) que analisou 80 pacientes, sendo 39 no grupo tratado com dispositivo oclusal,

exercícios e aconselhamento e 41 no grupo tratado com aconselhamento e instruções para

exercícios dos músculos mastigatórios. Nesse estudo, foram avaliados os achados clínicos

para a DTM e a intensidade de dor pela EVA no início e após um mês de tratamento. Os

autores observaram que não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos

nos parâmetros analisados, evidenciando que o tratamento com placa oclusal, associada

ao aconselhamento e exercícios musculares mastigatórios não tem benefício adicional do

que o tratamento com aconselhamento e instruções de exercícios sozinhos nesse curto

intervalo de tempo.

PFICER et al (2017) realizaram uma meta-análise sobre os efeitos a curto e longo

prazos da placa de estabilização oclusal em pacientes com DTM, por meio de ensaios

clínicos randomizados que comparassem a placa com outros tratamentos, entre os quais

fisioterapia, aconselhamento e ausência de terapia. Assim, observaram que em curto

prazo a placa mostrou efeito geral positivo na redução da dor (p = 0,01) e intensidade da

dor (p = 0,02). Os autores também observaram que cinco estudos com 290 participantes

analisaram o efeito da placa na depressão, mostrando que não houve diferença

significativa entre os grupos (p = 0.63), assim como observado no presente estudo.

O presente trabalho possui algumas limitações, como o curto tempo de análise do

tratamento (apesar de ser objetivo do estudo), tendo em vista que é importante um

acompanhamento a longo prazo a fim de avaliar se com um tempo maior, a diferença

entre as terapias seria significativamente perceptível. Além disso, apesar do cálculo da

amostra ter dado um poder acima de 80%, sugere-se novos estudos com amostras maiores

para uma melhor validação externa dos resultados. Dessa forma, faz-se importante a

realização de novos estudos que busquem analisar outras modalidades terapêuticas,

inclusive com um maior tempo de acompanhamento.

41

7 CONCLUSÃO

Dentro das limitações do estudo, pode-se concluir que a utilização de tratamentos

conservadores em curto prazo, como a placa oclusal e aconselhamento, aplicados

individualmente ou em associação, foram efetivos na redução da sintomatologia dolorosa

e dos aspectos depressivos. Todavia, nenhum grupo terapêutico foi superior ao outro na

redução dos parâmetros analisados.

42

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47

ANEXO I

PARECER CEP-HUOL

48

49

50

51

52

53

54

ANEXO II

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa: Efeitos funcionais, psicossociais e

relacionados ao sono de diferentes terapias em DTM: ensaio clínico randomizado, que tem como

pesquisador responsável Erika Oliveira de Almeida.

Esta pesquisa pretende avaliar os efeitos funcionais, físicos, psicológicos e

relacionados ao sono e a qualidade de vida em pacientes diagnosticados com DTM quanto a

diferentes terapias: uso de placa oclusal, aconselhamento e fisioterapia e medicação.

O motivo que nos leva a fazer este estudo sobre disfunção temporomandibular (DTM) e

diferentes formas de tratamento é comparar as terapias com aconselhamento, placa interoclusal,

fisioterapia, placa interoclusal associada ao aconselhamento e fisioterapia associada ao

aconselhamento na eficácia no manejo da dor, melhoria dos fatores psicológicos, qualidade de

vida, redução dos distúrbios do sono e recuperação da função do paciente diagnosticado com

DTM. O aconselhamento e a fisioterapia são terapias de baixo custo, que podem ser utilizadas

amplamente pela sua possível eficácia no tratamento das DTM, podendo ser facilmente

conduzidas pelos dentistas e estudantes de odontologia, permitindo uma auto-gestão pelo

próprio paciente.

Caso você decida participar, você deverá responder a seis questionários para análise de

aspectos psicológicos, qualidade do sono e qualidade de vida: para a análise da ansiedade, será

utilizado o Índice de Ansiedade Traço-Estado (IDATE); o Índice de Qualidade do Sono de

Pittsburgh (PSQI); para a análise qualidade de vida (WHOQOL); para a análise da depressão, o

Inventário de Depressão de Beck (IDB); para avaliar a influência da saúde bucal na qualidade de

vida dos indivíduos (OHIP 14). Para o diagnóstico da DTM, você deverá se submeter a aplicação

55

do RDC-TMD. Para o tratamento da DTM, você deverá se submeter a modalidade de tratamento

em que for sorteado, podendo ser: Grupo AC: aconselhamento; Grupo MD: medicação; Grupo

FT: fisioterapia; Grupo PO: uso de placa oclusal; Grupo MD + AC: medicação associada com

aconselhamento; Grupo FT+ AC: uso de fisioterapia associada ao aconselhamento; Grupo PO +

AC: uso de placa oclusal associada com aconselhamento; Grupo BO: uso da toxina botulínica.

Esses questionários irão indicar sinais de que você apresenta uma pré-disposição à DTM, à

ansiedade, à depressão, e a classificação de sua qualidade de vida e a alterações no sono

isoladamente ou em conjunto e a presença de DTM já instalada. Os tratamentos propostos visam

a redução da dor, diminuam os distúrbios do sono, melhorem os fatores psicológicos, qualidade

de vida e reestabelecimento da função. Para responder os questionários O paciente não terá

gastos ao participar da pesquisa e precisará de, no máximo, 20 a 30 minutos para respondê-los

os questionários iniciais. Poderá haver a necessidades de gravação de voz e/ou imagem.

No primeiro contato com o paciente, será realizado um exame clínico completo,

composto pelo exame físico e a anamnese detalhada do paciente; seguido pelo preenchimento

dos índices citados acima. A partir do segundo contato com o paciente, serão iniciadas as

sessões de tratamento. Durante a realização dos questionários e tratamento da DTM a previsão

de riscos é mínima, ou seja, o risco que você corre é semelhante àquele sentido num exame

físico ou psicológico de rotina.

Pode acontecer um desconforto durante o exame físico realizado no RDC-TMD em

pacientes que apresentam DTM pois consiste em um exame de palpação com aplicação de força

nos músculos da mastigação e na articulação; durante alguns procedimentos para a realização

da placa oclusal; e na realização de exercícios fisioterápicos que serão minimizado a interrupção

da aplicação da força a partir do momento em que o paciente expressar as primeiras reações à

dor além de atendimento clínico com realização de procedimentos para tratamento da DTM. Você

terá como benefício à oportunidade de conhecer a DTM, uma disfunção tão pouco divulgada e

com poucos profissionais especialistas em sua cidade e receber o tratamento para o seu

problema.

Em caso de algum problema que você possa ter, relacionado com a pesquisa, você terá

direito a assistência gratuita no CIADE (Centro Integrado de Atendimento a portadores de

Disfunção do aparelho Estomatognático), no departamento de odontologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, cujo responsável será a Erika Oliveira de Almeida.

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para Erika

Oliveira de Almeida através do email [email protected].

Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer

fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em

congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe

identificar.

56

Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local

seguro e por um período de 5 anos.

Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo

pesquisador e reembolsado para você.

Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será

indenizado.

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética

em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o

pesquisador responsável Erika Oliveira de Almeida.

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão

coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará

para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa

Efeitos funcionais, psico-sociais e relacionados ao sono de diferentes terapias em DTM: ensaio

clínico randomizado, e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos

e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar.

Natal, ____ de_________________de_______.

_____________________________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

Declaração do pesquisador responsável

Impressão

datiloscópica do

participante

57

Como pesquisador responsável pelo estudo Efeitos funcionais, psico-sociais e

relacionados ao sono de diferentes terapias em DTM: ensaio clínico randomizado, declaro que

assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e

direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como manter

sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei

infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de

Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

Natal, ____ de_________________de_______.

_____________________________________________________

Erika Oliveira de Almeida

58

ANEXO III

RDC/TMD (RESEARCH DIAGNOSTIC CRITERIA FOR

TEMPOROMANDIBULAR DISORDERS)

59

60

ANEXO IV

INVENTÁRIO DA DEPRESSÃO DE BECK (BDI)

61

62

ANEXO V

ESCALA HOSPITALAR DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO (HADS)

HADS

Paciente: ______________________________________________________________ Idade: _______________

Gênero: ( ) Masc. ( ) Fem. Estado Civil: ( ) Solteiro(a) ( ) Casado(a) ( ) Divorciado(a) ( ) Viúvo(a)

Nível de escolaridade: ( ) sem escolaridade ( ) Fundamental ( ) Médio ( ) Superior ( ) Pós-graduação

Situação profissional: ( ) Estudante ( ) Empregado ( ) Desempregado ( ) Do lar

Se empregado, qual profissão:__________________________________________________________________

0 a 7 – Normal Total A:___________ (____________________)

8 a 10 – Leve Total D:___________ (____________________)

11 a 14 –Moderada

15 a 21 – Severa

63

ANEXO VI

ESCALA VISUAL ANALÓGICA (EVA)

64

ANEXO VII

CARTILHA DE ACONSELHAMENTO

65