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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA INDISCIPLINA ESCOLAR NOS DIAS ATUAIS: UMA REFLEXÃO SOBRE A PROBLEMÁTICA E A DIMENSÃO PREVENTIVA. ANA PAULA DA SILVA NATAL-RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA

INDISCIPLINA ESCOLAR NOS DIAS ATUAIS: UMA REFLEXÃO SOBRE A

PROBLEMÁTICA E A DIMENSÃO PREVENTIVA.

ANA PAULA DA SILVA

NATAL-RN

2016

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ANA PAULA DA SILVA

INDISCIPLINA ESCOLAR NOS DIAS ATUAIS: UMA REFLEXÃO SOBRE A

PROBLEMÁTICA E A DIMENSÃO PREVENTIVA.

Artigo Científico apresentado ao

Curso de Pedagogia, na modalidade

a distância, do Centro de Educação,

da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como requisito

parcial para obtenção do título de

Licenciatura em Pedagogia, sob a

orientação do professor Ms.

Christomyslley Romeiro da Silva.

NATAL-RN

2016

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INDISCIPLINA ESCOLAR NOS DIAS ATUAIS: UMA REFLEXÃO SOBRE A

PROBLEMÁTICA E A DIMENSÃO PREVENTIVA.

Por

ANA PAULA DA SILVA

Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia, na modalidade a distância, do Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Ms. Christomyslley Romeiro da Silva (Orientador)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________

Ms. Pedro Isaac Ximenes Lopes

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________

Ms. Marcos Torres Carneiro

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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RESUMO

Este artigo aborda uma das maiores dificuldades debatidas e questionadas pelos educadores atuante em sala de aula nos dias de hoje, que é a indisciplina escolar. Um desafio difícil de lidar por apresentar inúmeros fatores que o acarreta. Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo analisar as questões relacionadas à indisciplina, mostrando o campo conceitual, conhecendo um pouco das características da indisciplina escolar, fazendo uma breve investigação das suas causas e possíveis estruturas. Destacando aspectos importantes que vem contribuindo para a maior incidência desse problema nas escolas, como, a mudança da sociedade, a falta de limites, o desconhecimento das regras, desestrutura familiar, entre outros. O artigo tem como fundamentação teórica Aquino (1996), Vasconcellos (2009), Amado (2001), Werneck (2009), entre outros. Por fim, faz o encaminhamento visando algumas considerações preventivas em nível de escola, mostrando a importância do dialogo e do trabalho em parceria (família e escola), e como a escola pode intervir para mediar a problemática aqui apresentada.

Palavra chave: Indisciplina, família e escola.

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ABSTRACT

This article discusses one of the greatest difficulties debated and questioned by educators

active in the classroom these days, which is the school indiscipline. A difficult challenge of

dealing to present numerous factors that entails. In this sense, this article aims to analyze the

questions related to indiscipline, showing the conceptual field, knowing a little of school

indiscipline characteristics, making a brief investigation of its causes and possible structures.

Highlighting important aspects that has contributed to the increased incidence of this problem in

schools, such as the change of society, lack of boundaries, lack of rules, family disorders,

among others. The article is theoretical foundation Aquino (1996), Vasconcellos (2009) Beloved

(2001), Werneck (2009), among others. Finally, does the forwarding order some preventive

considerations in school level, showing the importance of dialogue and partnership work (family

and school), and how the school can intervene to mediate the issue presented here.

Keyword: Indiscipline, family the school.

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INTRODUÇÃO

Nos dias atuais a indisciplina é assunto cada vez mais frequente entre

os educadores e quando ela torna-se um fato excessivo em sala os

professores e a escola precisam analisar e refletir sobre esse problema, que

tem sido bem mais presente nas escolas, seja ela pública ou privada. Essa

problemática está sendo detectado cada vez mais precoce e com um grau de

violência cada vez mais alto, e isso é muito preocupante. Atendendo essas

preocupações, o presente artigo tem como analisar as questões relacionadas à

indisciplina, mostrando o campo conceitual, conhecendo um pouco das

características da indisciplina escolar, fazendo uma breve investigação das

suas causas e possíveis estruturas.

A metodologia utilizada neste trabalho foi pesquisas bibliográficas, com

intuito de refletir e analisar as problemáticas da indisciplina no contexto escolar,

bem como, fazer considerações preventivas e como a escola pode e deve

interferir e assim, resolver essas situações de conflito. Este artigo teve como

fundamentação teórica Aquino (1996), Vasconcellos (2009), Amado (2001),

Werneck (2009), entre outros.

Na obra foi desenvolvido cinco tópicos, foram eles: conceito de

indisciplina, as características da indisciplina hoje, as causas e possíveis

estruturas da indisciplina, considerações da prevenção da indisciplina e

consideração da intervenção da escola. O primeiro tópico inicia-se

conceituando a palavra indisciplina, o que ela significa segundo os teóricos e o

que representa no contexto escolar. No segundo tópico será debatido o que

caracteriza a indisciplina nos dias de hoje. No terceiro discutiremos as causas e

possíveis estruturas da indisciplina, pois são vários fatores que constitui essa

problemática. No quarto tópico serão abordadas as considerações sobre a

prevenção da indisciplina na escola, o que pode ser feito para que esse

problema não venha prejudicar o andamento da escola e o processo de

aprendizagem na sala de aula, e o quinto tópico serão discutidas as

considerações sobre a intervenção da escola, como a mesma pode intervir

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para detectar e mediar os conflitos, supervisionando a atuação do professor e

da equipe escolar.

Nas pesquisas feitas para a elaboração desse trabalho, constatou-se

que o problema da indisciplina vem sendo um dos maiores obstáculos

enfrentados pelos educadores que atuam em sala de aula, este problema

torna-se cada vez mais constante e aparece cada vez mais cedo, pois, são

vários fatores que desencadeiam a indisciplina no ambiente escolar, como a

falta de limite, a desestrutura familiar, a postura do professor entre outros.

O artigo não pretende apresentar soluções definitivas, pois, os fatores

relacionados à situação são complexos e incertos. Não existe uma formula de

como agir e sanar o problema, ainda há muito que ser pesquisado e discutido.

Entretanto esta obra pretende mudar a concepção dos que atuam na sala de

aula e na gestão quanto aos conceitos da indisciplina escolar e a forma de lidar

com o problema, compreendendo que é preciso um trabalho pedagógico em

conjunto com gestores, alunos, família e sociedade.

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Conceituando indisciplina.

Quando pensamos em indisciplina, geralmente pensamos nos alunos

bagunçando, brigando e o professor se desgastando tentando dar aula sem

consegui êxito. A indisciplina é uma questão sempre discutida no âmbito

escolar e que essa sempre gera muita polêmica, as causas podem ser

inúmeras e dificilmente chega-se a uma conclusão sobre sua origem ou de um

modo correto de combatê-la. Embora o fenômeno da indisciplina seja um velho

conhecido de todos, sua relevância teórica não é tão nítida. (Aquino. 1996. p.

40)

Vamos então começar analisando a palavra disciplina que tem a mesma

origem da palavra “discípulo”, que significa “aquele que segue”, que, segundo

(Carvalho 1996) é o aprendiz que se submete as regras do que pretende

aprender ou a autoridade do mestre que o inicia em uma arte ou área do

conhecimento. Portanto a palavra indisciplina significa um comportamento

oposto, de acordo com o dicionário léxico: dicionário de português online,

“indisciplina significa ausência de disciplina, ação ou declaração oposta às

regras ou aos preceitos estipulados, bagunça desordem ou desorganização”.

Dessa forma podemos dizer que disciplinado é aquele individuo que obedece

as regras impostas sem questionamentos e indisciplinado é aquele que não se

submete as regras. A indisciplina poderia ser tratada como um problema

comportamental, porem esse conceito não deve ser considerado e precisa ser

examinado.

[...] O conceito de indisciplina apenas como problema de comportamento precisa ser superado e assim devemos considerar outras dimensões além da comportamental, para englobar os diversos aspectos psicossociais envolvidos nesse fenômeno. (Garcia, 1999, p. 102)

Colocando as definições acima no meio escolar a indisciplina pode ser

vista como ato de desobediência, discordâncias, desatenção por parte do aluno

na hora das atividades ou quando o professor está falando ou explicando o

conteúdo, já que uma das regras da sala é sempre manter o silencio e a

ordem, ou seja, um local devidamente sob controle do professor, o mesmo

pode compreender que o aluno indisciplina é aquele sem limites, mal educado,

bagunceiro, muitas vezes rotulando o aluno sem saber a origem de tal

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comportamento. A indisciplina é tratada como um comportamento contrário a

disciplina, ”como um comportamento inadequado, um sinal de rebeldia,

intransigência e desacato, traduzido na falta de educação ou de respeito pelas

autoridades, na bagunça ou agitação motora” (REGO, 1996, p. 85 apud

BASSOS, 2010).

Segundo Aquino apud Sheila Cristina “o conceito de indisciplina, como

toda ação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se

relaciona com um conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da

história, entre diferentes culturas, numa mesma sociedade”. Diante desse

conceito percebe-se que os alunos não são iguais, cada um tem seu estilo de

vida, seus valores, culturas diferentes e esses valores, essas culturas mudam

com o passar dos anos. Essa diversidade reflete no comportamento do aluno

na escola, pois são universos diferentes se relacionando num mesmo

ambiente.

Há algumas décadas a indisciplina escolar era tratada de outra forma e

não chegava a ser vista como um assunto importante e polêmico, pois,

segundo Aquino, a disciplina era imposta de forma autoritária, com ameaças e

castigos. “Os alunos eram punidos de forma rígida. As regras disciplinares se

caracterizavam principalmente pela determinação e fiscalização do corpo e da

fala. O silencio nas aulas deveria ser total e, fora delas, contido. A disciplina era

imposta de forma autoritária, a base de ameaças, castigos, medo e coação. As

atitudes contrárias a essas recomendações eram consideradas grandes

indisciplinas, e tratada com total rigor”. (BASSOS, 2010, p.97).

Os alunos e professores agiam de forma diferente dos dias atuais,

devido o contexto histórico da época, hoje vivenciamos outra realidade, o aluno

mudou e tem outro comportamento para com o professor, pois, a família e a

sociedade também mudaram, mas, muitas escolas e professores ainda

persistem em continuar usando as estratégias de décadas passadas, por isso:

Alguém afirmou que se conseguíssemos, numa suposta maquina do tempo, trazer nos dias de hoje um cirurgião e um professor que viveram a dois séculos, o primeiro ficaria imobilizado e maravilhado com os avanços em sua profissão, pois encontraria um ambiente de trabalho totalmente

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modificado, o segundo, por sua vez, certamente conseguiria desenvolver suas atividades sem maiores problemas, afinal o ambiente que encontraria seria muito semelhante ao do seu tempo. (KALINKE, 1999, P. 16).

Nessa perspectiva percebe-se que tudo mudou menos o ambiente

escolar e o modo de atuação dos docentes, é como se não conseguissem

acompanhar a evolução do sociocultural, econômica e histórica que os

rodeiam, então, fica possível afirma que a indisciplina dos alunos hoje se deve

a rejeição desses à escola, que foi idealizada para um tipo discente e está

recebendo outro. Esse novo aluno que a escola está recebendo não condiz

com a ideologia do século passado que a maioria das escolas ainda prega.

Portanto, é preciso conhecer quais as características da indisciplina nos dias

atuais, suas causas, prevenção e rever o papel da escola quanto à interversão,

podendo assim, ser capaz de mudar esse cenário crítico que as escolas estão

enfrentando com a indisciplina.

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Características da indisciplina hoje

A indisciplina vem adquirindo uma grande visibilidade no contexto

escolar de algumas décadas pra cá, pois houve uma enorme mudança no que

se refere o comportamento dos alunos. A escola de hoje também mudou, tem

uma nova politica e uma nova forma de gestão. No que diz respeito à escola,

(Aquino apud Adriana Rocha, 1996, p.43) afirma que em uma “suposta

educação de antigamente”, as relações escolares era permeada por medo,

coação e até mesmo uma subserviência, o que demostra que essas relações

determinada em termo de medo e subordinação.

A indisciplina escolar não tem as mesmas características de décadas

passadas, pois, vem se modificando ao logo dos anos. Há alguns anos o

professor usava da sua autoridade para manter o controle na sala e,

conseguia. hoje os alunos, são inquietos, mexem o tempo todo com os

colegas, rir, fazem algazarras, ou então se distrai, parece que nem está na

presente e isso de certa forma inviabiliza o trabalho do professor em sala.

Querem ser é o centro das atenções e são. Agora a indisciplina escolar vem

ganhando mais visibilidade devido a grande quantidade alunos na sala, o

espaço muitas vezes limitado, sem ventilação, com estruturas físicas precárias,

o que não é de admirar que,

a expansão da escolaridade obrigatória e a consequente multiplicação e concentração dos alunos em espaços que por vezes, malos comportam e se considerarmos a própria evolução das sociedades ocidentais, com seus desequilíbrios sociais econômicos e suas crises de valores e autoridade que não podem deixar de se refletir na escola (ESTRELA, 2002. p. 28).

Hoje na educação é prioridade quantidade e não qualidade, e essa

concentração de alunos geram insatisfação e um desconforto, tanto na sala,

como na escola e dessa forma o discente costuma se comportar de maneira

inadequada na escola, mas, isso não lhe dar o direito fazer o que quer no

ambiente escolar, sem ter o devido respeito às regras, professores,

funcionários e colegas. O discente precisa entender que ele é o centro do

processo da aprendizagem e não o centro das atenções. Esse comportamento

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chamativo costuma ser dotado por crianças e adolescentes que não têm

limites, que os pais realizam todas suas vontades ou pode ser o contrario,

podem ser indivíduos que não tem atenção nenhuma por parte dos mesmos.

Essa é uma das características da indisciplina a falta de limites e problema com

a desestrutura familiar.

O professor fica desmotivado, apreensivo quando percebe que a

situação fugiu do seu controle e os alunos descumprem todas as regras

estabelecidas pelo mesmo e pela escola. Infelizmente hoje vivemos numa

sociedade que os pais sentem muita dificuldade em colocar limite em seus

filhos, nem tão pouco regras, sendo assim, as crianças e adolescentes

desconhecem o que é ter disciplina e chega ao ambiente escolar agindo da

mesma forma que costuma agir em casa. Vasconcellos diz que:

É muito comum ouvirmos dos professores a queixa de que os pais não estabelecem limites, não educam seus filhos com princípios básicos como saber se comportar respeitar os outros, saber esperar sua vez, etc. (Vasconcellos 2009, p. 240).

De acordo com Amado, os fatores relacionados à indisciplina escolar

são de ordem social, familiar, pessoal e escolar, que consistem em:

Fatores de ordem social e politico: interesses, valores e vivencias de classes divergentes e opostas, racismo, xenofobia, desemprego, pobreza. Fatores de ordem familiar: valores familiares deferentes dos valores da escola, disfuncionamento do agregado familiar, demissão da função socializadora. Fatores institucionais formais: espaços, horário, currículos e ethos desajustados aos interesses e ritmos dos alunos. Fatores institucionais informais: interação e lideranças no interior do grupo-turma que criam um clima de conflito e de oposição às exigências da escola e certos professores. Fatores pedagógicos: método e competências de ensino, regras e inconsistência na sua aplicação, estilo de relação desadequados. Fatores pessoais do professor: valores, crenças, estilo de autoridade, expectativas negativas relativamente aos alunos. Fatores pessoais dos alunos: interesse, adaptação, desenvolvimento cognitivo e moral, hábitos de trabalho, história de vida e carreira acadêmica, autoconceito, idade, sexo, problemas patogênicos. (AMADO, 2001, p. 42).

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Esses fatores citados pelo autor podem caracterizar a indisciplina

escolar e exteriorizar a complexidade que a temática apresenta. É

extremamente importante observar e detectar os fatores que contribui para que

a indisciplina aconteça na sala de aula, sendo que, nessa perspectiva quando

falamos de indisciplina, não falamos de um mesmo fenômeno, mas de uma

diversidade de fenômenos por detrás de um a mesma designação (AMADO,

1999, p. 25).

A indisciplina pode surgir acompanhada da violência, sendo assim,

capaz de afetar a relação do professor-aluno e aluno-alunos, causando

desconforto e prejudicando todo o funcionamento escolar. O nível de violência

além de afetar todos que fazem parte da escola, tornam os discentes meros

reféns de uma situação que o mesmo ainda desconhece, tem dificuldade para

sana-lo e pouca autonomia para resolver certos acontecimentos.

Além de perder muito tempo na sala de aula com a indisciplina, os

professores se sentem desgastados com esse clima de tensão gerado pelos

constantes conflitos e desordem no ambiente escolar, muitos perdem a

autoestima, a vontade de permanecer na profissão e muitas vezes adotam uma

posição de conformismo e comodismo que pode ser observada quando os

mesmos afirmam que o problema de indisciplina sempre existiu e sempre vai

existir. (ESTRELA, 1992; VASCONCELLOS, 2000). Apesar de a escola ter

adotado novas politicas e um novo tipo de gestão essas não vem dando o

suporte necessário para que os educadores mudem sua postura diante dessa

problemática, as características da indisciplina escolar se modificam a cada

dia, junto com as transformações que ocorrem na sociedade, mediante os

fatores o professor precisa acompanhar essas mudanças.

[...] No Brasil, as mudanças educacionais têm sido de papel, ocorrem na “lei”. Mas lá na sala de aula, o professor não recebe treinamento de que necessita para efetivar com segurança o novo modelo [...] ZAGURY, 2006, p. 45.

A indisciplina escolar tem suas características identificadas em diversos

fatores aqui já mencionados por alguns autores, como a ausência de limites, a

mudança na família e na sociedade, professor sem preparo para lhe dar com a

situação, enfim, uma serie de motivos que configuram a falta de disciplina na

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escola. Então, se faz necessário conhecer suas origens, para que, a escola e

os principalmente os professores, pois, são eles que lidam com o problema

real, encontrem caminhos para reverter essa problemática.

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Causas e possíveis estruturas da indisciplina

As causas da indisciplina na escola podem ser vistas de diversos

ângulos e atribuída a diversos fatores. A sociedade vem passando por uma

grande mudança, as pessoas adotaram um modo de vida mais aberto,

democrático, liberal, onde os valores e o respeito pelo outro já não são os

mesmos de décadas atrás. A sociedade de hoje menospreza a boa

convivência, o cumprimento das regras, o respeito com o próximo e destorce

os valores, desse modo, influencia o aluno a se comportar de forma, muitas

vezes, erronia e inconveniente, contrariando as normas da escola.

(WERNECK, 2009)

Essas influências podem se dar por intermédio das mídias, do

consumismo desenfreado, e desenvolvimento acelerado das crianças. _Que

querem se tornar logo adultas. Enfim, uma gama de situações que influem

diretamente no contexto escolar e aumenta cada vez mais a indisciplina na sala

de aula. Essa falta de disciplina pode ser externa ou interna. Causas externas à

escola: está relacionada ao ambiente familiar, a influência das mídias,

violência. Causas internas, ou seja, problemas encontrados no interior da

escola: relação professor e aluno, modo de relacionamento humano, as

condições de ensino aprendizagem, adaptação. AQUINO (1996). Como já foi

citado no referente texto a indisciplina escolar não apresenta uma única causa

ou apenas um fator, mas, uma série questões De acordo com Aquino, “de

ambos os modos, a indisciplina apresenta-se como sintoma de relação

descontinuas e conflitantes entre o espaço escolar e as outras instituições

sociais” (Aquino, 1996, p.48).

As crianças de hoje apresentam um comportamento diferente e esse

vem se modificando a cada dia, talvez pelas mudanças sociais e culturais que

nosso país passa, o que se sabe é que a indisciplina é evidenciada cada vez

mais cedo, desde inicio da infância. Os primeiros sinais aparecem logo na

Educação Infantil, a essas crianças que fazem parte da pré-escola esse fato da

indisciplina esta relacionado diretamente a falta de limites, maneira que os pais

as educam e os meios de comunicações, em especial a TV. Pois para

Vygotsky (1996) “a criança é reconhecida como um ser pensante, capaz de

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vincular sua ação à representação de mundo que constitui sua cultura, sendo a

escola um espaço e um tempo onde esse processo é vivenciado, onde o

processo de ensino-aprendizagem envolve diretamente a interação do sujeito”.

Percebe-se então, que a falta de limites está diretamente ligada à

problemática da indisciplina na educação infantil, mas é preciso está atendo e

não destorcer essa problemática, pois, crianças do ensino infantil normalmente

são inquietas e ativas, e se expressam através do movimento.

Ao movimenta-se as crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso significativo de gesto e posturas corporais. O movimento humano, portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo e do espaço: constitui-se em uma linguagem que permitem às crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo. (RCNEI, Vol. 3, p. 15).

Portanto, na Educação infantil é importante o professor ter um olhar mais

cauteloso quando for relacionar à ação dos pequenos a indisciplina, além de se

expressarem através o movimento, as mesmas costuma imitar e reproduzir

aquilo que ver, assiste e vivencia.

As crianças tende a observar, de inicio, as ações mais simples e mais próximas a sua compreensão, especialmente aquelas apresentadas por gestos ou cenas atrativas ou por pessoas de seu circulo afetivo. A imitação é uma das capacidades humanas que auxiliam as crianças a construírem um processo de diferenciação dos outros e consequentemente sua identidade. (RCNEI, Vol.2, p. 21).

Por outro lado há crianças que passam por conflitos familiares,

problemas psicológicos ou neurológicos, e, essas costumam apresentar

mudanças de comportamento que logo se refleti na escola, podendo apesentar

agressividade, agitação, desinteresse, sendo que, a criança que apresenta

esses tais comportamentos também não pode se classificada como uma

indisciplinada. Entretanto, crianças têm pais permissíveis, que realizam todas

suas vontades, geralmente tendem a querer agir da mesma forma na escola,

não conseguem respeitar regras, nem ninguém, pois não conhece limites, só a

liberdade de fazer tudo em seu tempo e sua hora. A liberdade sem limite é tão

negada quanto à liberdade asfixiada ou castrada (Freire, 1996, p. 168). Essas

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crianças merecem atenção para que não se tornem adolescentes e adultos

indisciplinados, problemáticos e frustrados.

Entre tantos fatores que podem causar a indisciplina na escola, como a

desestrutura familiar, a influência dos meios de comunicações, a falta de limites

entre outras, podemos destacar a violência como à causa mais preocupante,

pois ela está muito presente na vida das crianças adolescentes de hoje,

começando no ambiente familiar, desenhos, games, TV, estendendo-se a

escola. A violência na instituição escolar é a forma mais extrema da indisciplina

e mais preocupante, ela pode começar como uma violência verbal, que às

vezes nem é dada a real atenção, como o bulling, por exemplo, chegando à

violência física. Esses fatos podem ocorrer entre alunos, mas, há casos que

também envolvem os professores. A violência, portanto, prolifera dentro de

falta de cultura, de uma falta de amor e de respeito pelas pessoas.

(WERNECK, 2009).

Essa temática da indisciplina pode implicar diretamente na

aprendizagem, pois, os alunos indisciplinados acabam se prejudicando e

afetando os colegas que tem o interesse em participar da aula e aprender. Por

isso é preciso identificar as causas dos problemas para tentar sana-los, pois, a

violência e os conflitos sempre vão existir em sala de aula, que é um ambiente

social onde o individuo precisa aprender a conviver com as diferença, para

assim viver em sociedade. Daí a importância para as escolas, além do trabalho

de ensinar, ando a atacar com vigor a raiz da violência, enfrentando a

realidade. (WERNWCK, 2019).

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Considerações sobre prevenção da indisciplina

Sendo discutidas as características e causas da indisciplina

escolar, abordaremos neste tópico as ações preventivas, sabe-se que a

problemática da indisciplina escola vem se agravando de tal forma que todos,

encontram-se meio perdidos, sem saber o que fazer e a família, professores,

gestores não sabem como agir diante desse problema, que está longe de uma

solução imediata, pois, suas causas são muitas e complexas. (AMADO, 2001).

Então, apresenta-se algumas considerações sobre a prevenção da

indisciplina escolar, partiremos do pressuposto que a primeira forma de tentar

combater o problema é conhecendo a sua origem do mesmo, em seguida, a

escola e o professor precisa esta preparado para lhe dar com essa

problemática que cada dia torna-se mais presente e não tendo como fugir dela.

Vasconcelos (1995, p. 17) ressalta que “o desafio, é construir uma teoria que

efetivamente possa ajudar a enfrentar o problema”. Será um caminho a ser

trilhado com muitas dificuldades, mas, a gestão escolar pode desenvolver uma

proposta disciplinar com base pedagógica junto com os alunos e a comunidade

que a escola esta inserida, essa proposta deve incluir orientações, regras e

procedimentos. Pois, “a gestão escolar que se busca, aponta uma perspectiva

de superação centrada no dialogo sobre os problemas que emergem no

contexto escolar” (FLEURY, 1996). Sendo assim, a inclusão do aluno nesse

processo pode dar autenticidade a essa proposta, pois, os estudantes e a

comunidade terão participação ativa na construção de procedimento e desse

modo, não será uma proposta imposta pela escola. A participação dos alunos é

um elemento importante, pois favorece o sentimento de presença e implica no

exercício de algum grau de poder sobre as disposições coletivas, base na

criação de um senso de responsabilidade e um elemento de motivação.

(D’ANTOLLA, 1989b, apud GARCIA, 1999, p. 105).

Na Educação Infantil essa proposta pode ser feita com as crianças como

um combinado, pois é nesse ambiente que ela vai vivenciar pela primeira vez a

experiência de conviver em sociedade, a lidar com as diferença, as regras

coletivas, e assim compreender que nesse ambiente ela terá limites e que não

poderá fazer tudo que deseja. Piaget (1994) diz que a questão do limite está

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relacionada ao desenvolvimento moral da criança, sendo que este depende

das relações sociais vivenciadas pelas crianças. Portanto pressupõe-se que na

Educação Infantil, torne-se possível construir junto com as crianças, regras,

para que compreendam que é preciso ter limites, e que o ambiente escolar é

diferente da sua casa. Embora as relações sociais influenciem muito para

formação da criança e dependendo do meio em que ela faça parte, seu

comportamento e suas atitudes sejam contrários das regras criadas na

instituição. Porem essa questão dos limites pode ser compreendido como um

processo de construção da criança, como já foi citado Piaget (1994) esse

processo nada mais é que senão o desenvolvimento moral da criança. Por

outro lado, o professor não pode ser permissível ai tudo que a criança queira só

porque ela esta no processo de desenvolvimento e acha que por sim só e com

o tempo ela vai aprender e fazer agir de acordo com as regras da escola, [...]

Na educação, é necessário repetir a saciedade e, quando a criança fizer

alguma coisa que mereça repreensão, ela deve sentir que perderá por outro

lado, como medida corretiva e pedagogicamente adequada à idade e ao

desenvolvimento psicológico da criança. (WERNECK, 2009. P. 31,32).

Outro modo preventivo contra a indisciplina pode ser a criação de um

espaço para que os alunos possam falar o que pensam trocar ideias e dialogar

com a equipe gestora ou mesmo com os professores, pode ser de grande valia

para prevenir os presentes e futuros problemas com a indisciplina. É preciso

que a escola consiga detectar o problema de indisciplina o quanto antes para

que o mesmo não se torne um transtorno mais grave para ambos. O professor

deve saber lidar com as problemáticas da indisciplina e ter autonomia para

resolver, pois são comportamentos que já faz parte do dia a dia, como, barulho

na sala, bulling, falta de atenção, etc., entretanto quando a indisciplina toma

proporções mais fortes e acontece à agressão verbal ou física e a presença da

violência começa a ser uma constante é hora de o professor procurar ajuda e

buscar parcerias com o gestor e a equipe pedagógica para juntos resolver o

problema. O professor não pode ficar sozinho nessa hora.

Trabalhar e lidar com a problemática da indisciplina não é tarefa fácil

para equipe escolar, principalmente para o professor que tem que lidar

diretamente e constantemente com esse problema, sendo que nos dia atuais o

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professor perde muito tempo em sala tentando controlar essa situação,

sobrando menos tempo para o processo de ensino e aprendizagem. Os

docentes no Brasil perde cerca de 19,8% do tempo em aula para mante a

ordem, ou seja, lutando contra a indisciplina e pedindo calma. Essa informação

faz parte da pesquisa internacional sobre ensino e aprendizagem (Talis, na

sigla em inglês) divulgada pela OCDE em 25 de junho de 2014 (Organização

para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Prevenir a indisciplina na sala pode ser tarefa difícil mais não é

impossível, ela nunca vai está ausente, mas, pode ser amenizada e controlada,

com estratégias elaboradas para evitar que e a mesma se estabeleça e vire

uma constante na sala. Sabemos que existem várias formas do aluno

manifestar uma atitude ou um comportamento disciplinar, sendo que, o pior

deles é a violência e o vandalismo, uma questão seria e que vem se estalando

em nossas escolas cada vez mais cedo. As crianças precisam se vacinar

contra a violência como ressalta (WERNECK 2009). Ele destaca ainda que:

As escolas que não vacinam as crianças contra a violência estão treinando monstrinhos e, não formando cidadãos. E não custaria muito fazer evitar isso: bastaria assistir com as crianças um filme de pica-pau e, depois, questionar os comportamentos, se adequado ou não aos valores que a escola prega. (WERNECK, 2009. p. 24).

É interessante que a escola desenvolva algum projeto relacionado ao

assunto da indisciplina e envolva os alunos e a família para debater esse

problema, principalmente quando a escola já apresenta casos de violência. Se

a escola não tem uma pessoa preparada para tratar o assunto, peça ajuda a

um profissional que domine o tema. O ideal seria que a escola tivesse dentro

do seu quadro, o profissional especializado na aera para auxiliar o supervisor

pedagógico, o gestor, os professores, os alunos e suas famílias, sobretudo

aquele alunos com problemas disciplinares mais sérios. Com o a criação de um

projeto que abordasse essa temática, seria possível incentivar a troca de

dialogo, analisar as regras, o comportamento do outro, podendo assim evitar

situações de indisciplina. Fazendo o aluno a refletir suas atitudes e as dos

colegas, mostrando a eles a importância das regras para viver em sociedade e

que pra ser inserido na mesma o indivíduo precisa respeita-las, pois todo

ambiente tem suas normas.

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Um modo preventivo para a questão da indisciplina é a importância de

se trabalhar o respeito, enfatizando que eles não são obrigados a gostar das

regras, dos professores, dos colegas, mas é preciso respeitar as diferenças, o

seu semelhante, o ambiente escolar. O professor precisa saber lidar com tudo

isso, sempre respeitando o aluno, pois assim, poderá exigir respeito, pois,

Ter respeito com os alunos é uma das necessidades da postura de um professor consciente. Deve exigir respeito dos alunos para com os colegas e para consigo. O professor na pode exigir que o aluno goste dele ou dos colegas, mas o respeito ele pode exigir. No caso de ser desrespeitado,

estabelecer os limites. (VASCONCELOS, 2004, p. 93).

Se o respeito for trabalhado no ambiente escolar e modo reflexivo,

levando aluno sempre a pensar e repensar nas suas atitudes e para com o

outro, o comportamento e a conduta negativas pode mudar. O professor pode

utilizar desse principio como base para prevenir o surgimento da indisciplina

em sala.

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Considerações sobre intervenção na escola

Qual a postura da escola em relação à indisciplina dos alunos? Como

enfrentar esse problema? Não é tarefa simples, implica em muito trabalho para

encontrar um caminho e mediar às situações de conflito. A sociedade vem

sofrendo muitas mudanças, consequentemente a família também, hoje é

comum famílias desestruturadas, pais que não tem tempo para filhos porque

trabalham demais, pais que tentam suprir sua ausência fazendo tudo que o

filho deseja, enfim, uma variável de situações que refletem diretamente na

escola assim, a sociedade e a família acabam atribuindo a escola o papel

educar. A escola não se responsabilizar por uma função que não é sua.

Percebemos muitas famílias desestruturada, desorientada, com hierarquia de valores invertida em relação à escola, transferindo responsabilidades suas para escola [...] a família não esta cumprindo sua tarefa de fazer a iniciação civilizatória: estabelecer limites, desenvolver hábitos básicos, (VASCONCELOS, 1995, p.22).

A escola precisa trabalhar em conjunto com a sociedade e

principalmente a família, pois ela sozinha não pode ser responsável por tudo,

ela não tem o poder de transformar sozinha, precisa de apoio de todos para

desenvolver um bom trabalho e resolver as situações de indisciplinas. Hoje as

escolas vivenciam democracia partindo da sua gestão que na sua maioria é

democrática, entretanto não se deve confundir essa emancipação com o fato

de que na escola tudo pode.

Celso Antunes (2002, p. 19) diz que: “Na maior parte das escolas não é

diferente, a indisciplina emana de três focos: a escola e sua estrutura, o

professor e sua conduta e o aluno e sua bagunça”. A maioria das escolas

publica tem sua estrutura física sucateada, com péssima aparência, um

ambiente deficiente as expectativas dos alunos, sem nada de atrativo para o

mesmo. Quanto à conduta do professor, sabe-se que o mesmo costuma ter

uma carga horaria exaustiva, não está preparado para lidar com essa falta de

disciplina, muitas vezes de forma violenta, e, não tem ajuda dentro do ambiente

escolar. E o aluno bagunça o próprio nome já diz um aluno desposto a

contrariar as regras e simplesmente bagunçar.

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A escola precisa saber tratar esses focos com firmeza e juntos encontrar

caminhos que possam diluir essa problemática. A equipe gestora tem que ser

atuante e buscar intervir nas situações conflitantes. O professor também tem

papel importante para amenizar a situação de indisciplina na sala, a sua

postura e seu preparo é primordial para lidar com os alunos indisciplinados,

pois um dos principais problemas da indisciplina escolar pode está relacionada

com essa falta de preparo do professor que não encontra-se preparado para

mediar essa nova realidade que já faz parte do cotidiano de nossas escolas.

Escolas com estruturas frágeis e arcaicas é o professor que tem que se

capacitar e mudar a sua pratica, ser mais flexível, inovador e pesquisador. A

escola e professor sistematizar e contextualizar o problema da indisciplina com

a realidade do discente, fazendo o mesmo perceber a importância desses

conhecimentos pra vida.

O trabalho da escola tem uma repercussão muito maior, pois não se trata simplesmente de transmitir determinado conteúdo socialmente acumulados pela humanidade: trata-se, além disso, de inserir o sujeito no processo civilizatório, bem como na sua necessária transformação tendo em vista o bem comum (VASCOCELLOS, 1995, p.33).

Abordamos o fato da maioria das escolas publicas de nosso país não

oferecer estrutura física adequada para aos alunos, sala quentes, sem

equipamentos, e com isso, começa a surgir o desinteresse a desvalorização

pelo ambiente e descontentamento do mesmo, causando a indisciplina. E nas

escolas particulares? Porque ocorre o mesmo problema? Deve-se ao fato das

mudanças de relacionamento entre escola e família nos dias de hoje, que

transformou a escola em empresa e tratam os alunos como cliente, e com esse

comportamento exigem da escola um tratamento comercial e individualista.

Como destaca WERNECK, 2009:

A vida nas escolas mudou e o relacionamento entre as escolas e famílias mudou mais ainda. Depois que transforma a visão da escola em empresa e chamar os alunos de clientes, as relações foram definidas em contratos, cujos litígios são resolvidos na justiça. (WERNECK, 2009, p. 50).

Desse modo a escola perde a autonomia de intervir e agir nos caso de

indisciplina, pois a família é quem, quase sempre, dar a palavra final, sentindo-

se no direito de permitir que seu filho faça o que quiser por está ele pagando.

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Assim como na escola publica a escola particular conta com a presença de

famílias desestruturadas, pais que não tempo para seus filhos e ainda tem

aqueles que repassam conceito de valores inadequados para o mesmo. O ideal

seria a família ver a escola como parceira, que contribui para desenvolvimento

social e intelectual de seus filhos e não como um mercado que compra-se o

quiser. Pois WERNECK, 2009, compara essa situação dizendo que cada uma

tem o seu papel, ele diz que:

Uma coisa e a família ser colaboradora da escola: uma coisa é escola trabalhar, tanto nos empreendimentos públicos, quanto particulares, em consonância. Isso seria o ideal. Outra coisa é a família querer interferir na filosofia da escola e não aceitar os métodos usados pela escola. (WERNECK, 2009, p. 50).

Portanto, a escola deve esta conectada com as famílias e juntos

estabelecerem um vinculo de confiança e parceria para que ambos sejam

contemplados com o sucesso, se a escola não tiver autonomia para interferir

quando necessário e a família não colaborar com esse processo, será difícil

encontrar caminhos para sanar a indisciplina. A gestão escolar deve também

apoiar seu professor e caminhar sempre junto com ele, procurando sempre a

capacitação para que o mesmo aperfeiçoe e reflita sobre sua pratica, pois

existem casos de indisciplina que o professor sozinho não consegue

diagnosticar nem lidar com a situação, como por exemplo, a violência dentro e

fora da escola, problemas relacionado ao déficit de aprendizagem e atenção, o

bulling, entre outras, são problemas que ultrapassam a área de atuação do

professor e o mesmo sentirá a necessidade de outros profissionais

especializados para obter orientações especificas. Segundo Guimarães (1999)

é preciso ter ”uma visão abrangente, integrada e dialética, dos diferentes

fatores que atuam na formação do comportamento e do desenvolvimento

individua” (p.95).

O professor além de rever seus conceitos, sua postura, sua pratica e as

metodologias utilizadas em suas aulas ele tem que está aberto às inovações,

ao dialogo com toda equipe da escola, com a família e a comunidade para

assim poder intervir no caso de indisciplina, pois desse modo estará mais

seguro para mediar as situações e transformar o ambiente escolar em um

espaço propicio a transformação e a aprendizagem. E qualquer professor pode

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ser interventor dessas situações, independente da disciplina que lecione ou da

serie que atue, pois segundo WERNECK, (2009) “Os professores de qualquer

disciplina podem ajudar aos alunos [...] se isso não for feito, o professor não é

um educador, simplesmente se posiciona um “piloto de livro didático” e não

como uma gente de transformação“.

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Considerações finais

Diante do trabalho apresentado foi possível concluir que a indisciplina

escolar é um problema que sempre existiu, mas, vem sendo questão cada vez

mais frequente, complexa e difícil de ser resolvida. Percebemos que são

diversos fatores que contribui para que a indisciplina se instale nas escolas, e

cada vez mais precoce.

Pois a sociedade mudou e a família também, os pais têm menos tempo

pra seus filhos e atribui toda a responsabilidade de educar a escola, colocar

limites nas crianças vem sendo tarefa cada vez mais difícil para a família,

sendo assim, a mesma não consegue estabelecer regras e isso acaba

repercutindo diretamente na escola. Infelizmente a escola fica com essa difícil

missão, pois, quando a indisciplina aparece cabe a ela arrumar meio de

amenizar os problemas dentro da sala de aula, mediando à situação em muitos

casos sozinha, pois, a família nem sempre está disposta a fazer a sua parte.

A escola quase sempre reconhece as características da indisciplina e as

suas causas, mas nem sempre pode solucionar o problema, pois precisa ter a

família como colaboradora, para juntos entrar um caminho, entretanto, a escola

estão tendo a sua autonomia retirada pela família, principalmente nas escolas

privadas, onde os pais tratam a instituição como um estabelecimento

comercial, onde ele opta por aquilo que lhe convém.

Foi possível analisar que além da parceria que a escola deve ter com a

família, das causas aqui já citadas e identificadas no presente artigo, percebe-

se também que o professor pode ser uma peça importante para mediar a

indisciplina na sala de aula, pois, ele está mais perto do problema e é quem

sofre as consequências quando tem uma turma ou alunos indisciplinados.

Muitas vezes os educadores encontram-se sozinhos para lidar com essa

situação, que pode ser catastróficas quando não sanadas, pois pode

comprometer o aprendizado da turma toda, surgir casos de violência que fuja

do seu controle, enfim, o professor pode enfrentar uma gama de situações para

o qual o mesmo ainda não encontra-se preparado.

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Conclui-se que a escola precisa está preparada para lidar com a

indisciplina, juntamente com todos que compões a instituição, fazendo sempre

uma parceria com a família, buscando sempre mediar os conflitos, criando um

espaço onde todos possam debater sobre o tema a escola precisa ainda rever

seus conceitos e atualiza-se, pois vivemos em uma sociedade que se

transforma todo dias e como escola precisou acompanha-la. Com a

participação da família e da comunidade elaborar uma proposta disciplinar com

deveres, direitos e regras, pode ser um ponto de partida. Outro ponto

interessante é a gestão intervir nas diversas situações, ajudar o professor, não

deixando ele sozinho, sempre o preparando para lidar com a indisciplina,

através de formações continuadas e condições digna de trabalho, embora

essas condições de trabalho nem sempre dependam da gestão escolar. Porem

cabe à gestão favorecer um ambiente de trabalho propicio para o

desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem.

Para finalizar, esse artigo não tem o proposito de oferecer a solução

definitiva para o problema da indisciplina escolar e sim, refletir sobre o assunto,

indicando caminhos que pode amenizar essa problemática, pois a questão da

indisciplina escolar ainda requer muitas discussões e continua sendo um

grande desafio para escola e toda a sociedade.

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