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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE ARTES
BACHARELADO EM DESIGN
BÁRBARA STÉPHANE CANALES DAVIM
O DESIGNER NA DISCUSSÃO DA HETEROGENEIDADE DO
ENVELHECIMENTO HUMANO: ESTUDO DE CASO DO REDESIGN
DE MARCA COM PARTICIPAÇÃO DE IDOSOS
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II
NATAL, RN
2017
BÁRBARA STEPHANE CANALES DAVIM
O DESIGNER NA DISCUSSÃO DA HETEROGENEIDADE DO
ENVELHECIMENTO HUMANO: ESTUDO DE CASO DO REDESIGN
DE MARCA COM PARTICIPAÇÃO DE IDOSOS
Parte manuscrita do Projeto de Graduação da
aluna Bárbara Stéphane Canales Davim,
apresentado ao Departamento de Artes do Centro
de Ciências Humanas, Letras e Artes da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito parcial para obtenção do
bacharelado de Design.
Orientador: Prof. Dr. José Guilherme Santa Rosa
NATAL, RN
2017
1
BÁRBARA STÉPHANE CANALES DAVIM
O DESIGNER NA DISCUSSÃO DA HETEROGENEIDADE
DO ENVELHECIMENTO HUMANO:
Estudo de caso do redesign de marca com participação de idosos
Trabalho de conclusão de curso de graduação
apresentado ao curso de Bacharelado em Design
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
para obtenção do título de bacharel em Design.
Aprovado em: _____ / _____ / _____
BANCA EXAMINADORA
________________________________________ Prof. Dr. José Guilherme Santa Rosa
Orientador Universidade Federal do Rio Grande do Norte
________________________________________ Prof. Dr. Rodrigo Naumann Boeufleur
Membro Universidade Federal do Rio Grande do Norte
________________________________________ Prof. Me. Ivana dos Santos de Lima e Souza Costa
Membro Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2
AGRADECIMENTOS
Agradeço imensamente a minha mãe, minha família e amigos pelo amor e
apoio que me motivam cada vez mais na busca pelo conhecimento e realização de
metas. A meu orientador Prof. Dr. José Guilherme Santa Rosa pela constante
inspiração e incentivo à carreira acadêmica. Ao grupo Cotinha Vila que abriu suas
portas e braços para o meu trabalho e carinho. A todos que, direta e indiretamente,
fizeram parte da minha formação. E finalmente a todas as pessoas grandes, acima
de 60 anos, que muito me inspiram na vida e pesquisa, meu muito obrigada.
3
RESUMO
O envelhecimento traz consigo novas demandas, exigindo maior estudo e atuação
de diversos segmentos a fim de atender o público idoso. Para isso, é essencial
compreender a heterogeneidade como experiência individual e experiência coletiva
únicas e construídas durante todo o ciclo de vida, que se acentua à medida que as
pessoas envelhecem. O designer, por sua natureza social e multidisciplinar, pode
contribuir junto ao usuário idoso na construção de novos significados. Para o estudo,
foi desenvolvido o redesign de uma marca de grupo de idosos com a participação
dos próprios membros através de ferramentas do design participativo como painel
interativo, diferencial semântico, pesquisa semiestruturada e oficina de desenho. Foi
constatado uma grande diferença, com a inserção do usuário idoso no processo,
tanto na receptividade, conceituação, padrão estético e principalmente, no alcance
do usuário em se reconhecer e se identificar na marca. Espera-se que, com esse
estudo exploratório, estudantes e profissionais sejam incentivados a pesquisar e
trabalhar para e com os idosos.
Palavras-chave: Idoso. Design. Envelhecimento. Heterogeneidade. Redesign.
4
ABSTRACT
Ageing brings with itself new demands, requiring more study and activities from
various segments to assist the elderly public. For that, it’s essential to comprehend
the heterogeneity as an unique individual and collective experiences built during
one’s lifetime, which accentuates as they get older. The designer, due their social
and multidisciplinary nature, can help together with the elderly user to build new
meanings. For the following study, an a group of elderly people’s logo has been
redesign with the participation of its own members by the use of tools from
participatory design such as interactive panel, semantic differential scale,
semistructured interviews and drawing workshop. A big difference was seen by the
inclusion of the elderly user in the process, as much as on receptivity,
conceptualization, aesthetic patterns e most importantly, in how much the user
recognized and identified themselves on the new logo. Hopefully, with this
exploratory study, students and professionals might be encouraged to research and
work more for and with the elderly.
Keywords: Elderly. Design. Ageing. Heterogeneity. Redesign.
5
LISTA DE SIGLAS
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e Caribe.
CNDI - Conselho Nacional dos Direitos do Idoso.
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
CRI - Centro de Referência do Idoso.
ESF - Estratégia Saúde da Família.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
MEC - Ministério da Educação.
NASF - Núcleo de Apoio da Saúde da Família.
SBGG - Comissão Econômica para a América Latina e Caribe.
SDH - Secretaria de Direitos Humanos.
TJDFT - Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios.
UNFPA - Fundo de População das Nações Unidas.
6
SUMÁRIO
1.
1.1.
1.2.
2.
2.1
2.2
2.2.1
3.
3.1
3.1.1
3.1.2
3.2.
4.
5.
6.
INTRODUÇÃO…………….……………………………………………..
Justificativa……………………………………………………………...
Objetivos…………………………………………………………………
DESENVOLVIMENTO…………………………………….…………….
Design e o envelhecimento…………………………………………..
Qualidade de vida no envelhecimento………....…....……………..
Gênero no envelhecimento……………….…………………………….
GRUPO DE IDOSOS COTINHA VILA…………………...…...………
Redesign da Marca………………………..………………………….....
Processo Corporativo..……………………………………………….....
Processo Participativo…………………………………………………..
Comparativo de marcas………………...……………………………….
CONSIDERAÇÕES FINAIS……….…………………..…….…...........
REFERÊNCIAS……………………………………………………….....
ANEXOS…………………………………………………………………..
07
11
13
14
19
28
30
34
36
37
42
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57
59
68
7
1. INTRODUÇÃO
O indivíduo possivelmente viverá mais tempo enquanto idoso do que o tempo
que viveu como criança. Como ilustra a figura 1, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE, o brasileiro vive, em média, 15,5 anos como idoso
(60 anos ou mais) em contraste com os 12 anos sendo criança e, se viver acima da
expectativa de vida brasileira, é possível superar até a soma do tempo que viveu
enquanto adolescente.
Figura 01: Diagrama de duração de cada fase de vida.
Fonte: Acervo pessoal adaptado do IBGE. 2017.
Cada grupo e até mesmo cada indivíduo possui sua própria percepção do
envelhecimento, incluindo uma distinção em relação ao “eu velho” e o “outro velho”.
Enquanto um reflexo do processo da modernidade, a particularidade de cada
indivíduo é destacada e o envelhecer assume várias percepções positivas, neutras,
negativas, com variações entre gerações, lugares e culturas.
O conhecido termo “terceira idade” foi primeiro utilizado na França para as
pessoas que se aposentaram. A infância é a primeira idade, improdutiva mas capaz
de produzir mais tarde; a vida adulta, a segunda produtiva e por fim a terceira idade,
“improdutiva” por não poder retribuir da mesma maneira à sociedade. Tal termo e
8
outros eufemismos como “melhor idade”, “idade madura” dentre outras, funcionam
como máscaras para disfarçar ou suavizar a velhice. Mas como Neri e Freire (2000)
afirmam, se reconhecermos as várias realidades e o processo do envelhecimento,
não precisamos negar ou temer algo natural.
A experiência de envelhecimento é particular a cada indivíduo graças à
influência genética, escolhas e estilo de vida dentre outros fatores (Nagel, 2012), o
que explicita novas necessidades como autonomia, mobilidade, acesso a
informações, serviços, segurança e saúde preventiva (Secretaria de Direitos
Humanos - SDH, 2012).
A fim de atender essas necessidades, foram criados instrumentos legais para
amparo da população idosa como o estatuto do idoso, contendo leis de proteção a
indivíduos acima de 60 anos (aprovação em 2003). Sancionado no mesmo ano, o
estatuto abrange as seguintes áreas: saúde, transporte coletivo, casos de violência e
abandono, habilitação, trabalho, entidades de atendimento e lazer, cultura e esporte.
Entretanto, autores como Scortegagna e Oliveira (2010) afirmam que muitas das
diretrizes e políticas públicas em relação ao idoso permanecem no âmbito de
assistência ou de compensação. Mas por que isso? Por que não estamos atendendo
aos nossos idosos e, por consequências nós mesmos, no futuro?
As autoras supracitadas destacam os preconceitos e discriminação
vivenciada por idosos, pelos mesmos serem vistos como improdutivos e incapazes
de aprendizagem. Esta problemática acaba prejudicando as relações afetivas,
influenciando diretamente a qualidade de vida e, muitas vezes, levando o idoso ao
isolamento. Nesse contexto social, o idoso torna-se desmotivado e pode perder sua
identidade, sendo levado a inatividade, autocrítica e outras questões. (Scortegagna,
Oliveira, 2010).
É possível compreender como exercer influências nessa problemática a partir
da análise da hierarquia das necessidades publicada por Maslow em 1943, teoria
que justifica que toda ação humana é motivada por uma ou mais necessidades,
contendo cinco principais grupos das mesmas: fisiológicas, de segurança, sociais,
de estima e de auto-realização. Como mostra a figura 2, podemos nos questionar se
quando atendemos o idoso estamos focando tão somente na base da pirâmide?
9
Figura 02 - Pirâmide de Maslow.
Fonte: Adaptado de Maslow. 2017.
A pirâmide de Maslow é internamente classificada entre D-Needs
(necessidades de deficiência) que correspondem aos três andares da base, e
B-Needs (necessidades de crescimento) que é a categoria para as duas camadas do
topo da pirâmide e correspondem à necessidade de ser reconhecido pelas próprias
qualidades, ter o respeito dos grupos dos quais faz parte (estima) e auto-realização.
Essas necessidades são comuns a todas as fases da vida humana, mas aparentam
ser especialmente ignoradas uma vez que se alcança a fase idosa, quando ocorre
parcial ou completa exclusão pela sociedade, familiares, amigos e os próprios pares.
Uma vez que há a possibilidade de vivermos mais tempo enquanto idosos por que é
que ao alcançar os 60 anos, não é dada a devida atenção às necessidades das
camadas superiores da pirâmide de Maslow?
Pereira (2014) defende vermos a vida após os 60 anos como mais uma fase,
uma extensão de vida a qual todos querem produzir, contribuir e conviver em
sociedade. Uma vez que as pessoas envelhecem, perdem-se amigos e os círculos
sociais diminuem ficando, muitas vezes, reduzidos a familiares. Mas isso não faz
parte da regra, nem devemos considerar como algo inerente à essa fase. Pode e
10
deve dar-se continuidade e ampliação à criação de vínculos sociais no
envelhecimento.
Através do Design, pelo caráter interdisciplinar e responsabilidade social
como compromisso em relação à sociedade em geral, há o potencial de agregar um
novo viés teórico para análise desse processo de envelhecimento na sociedade
moderna e orientar contribuições para o atendimento das diferentes necessidades
do envelhecer. Este presente projeto visa explorar a forma como o Design pode
contribuir na discussão, presente em muitas áreas envolvidas na gerontologia,
acerca da heterogeneidade do idoso e de como incluir esse idoso único e de opinião
no redesign de uma marca para um grupo de idosos.
11
1.1 Justificativa
Segundo Simões (2016), idosos compõem cerca de 10% da população atual
brasileira e projeta-se que essa porcentagem deve triplicar para cerca de 29,3% até
2050. De acordo com o livro “Brasil, uma visão geográfica e ambiental do século
XXI” (2016) em 2030 estima-se que a população idosa (cerca de 18%) supere a
infantil (17,6%) como indicado na figura 3. Por mais que esteja evidenciando-se esse
processo de transição populacional, a estrutura de saúde e econômica não está
adequada para uma eventual maioria idosa e isso, segundo o relatório citado acima,
trará consequência negativas para a qualidade de vida da população.
Figura 03 - Pirâmides etárias comparativas da população brasileira em 2017 e 2030.
Fonte: www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao. 2017
De acordo com o relatório elaborado pela Comissão Econômica para a
América Latina e o Caribe - CEPAL (2014), esse processo alinhado às atuais
políticas fiscais deve forçar o governo a repensar apoio fiscal para o idoso seja pela
diminuição dos seus benefícios, seja pelo aumento do valor de impostos para
mantê-los. Esse estudo também reforça a urgência do planejamento em
implementação de novas medidas a serem tomadas pelos desafios da transição
populacional em várias escalas da sociedade.
12
A velhice pode ser considerada por alguns como aumento de custos,
especialmente no que concerne à saúde, mas, por outro lado, deve se considerar os
recursos investidos em idosos como um retorno pelo tempo e esforço contribuídos
pelos mesmos, enquanto parcela economicamente ativa, formal ou informal. Braga
(2014) destaca ainda uma força de consumo da faixa etária idosa, de renda
considerável, que não foi contemplada em sua totalidade para desenvolvimento de
serviços e produtos com grande potencial.
Essas são algumas questões que o envelhecimento revela para a sociedade
que reforçadas pelo fenômeno da modernização, evidenciam uma heterogeneização
das condições e estilo de vida individuais do idoso de acordo com Mollenkopf (2004).
Com isso, fatores como comunicação e mobilidade tornaram-se ainda mais
importantes e se impedimentos físicos ou sensoriais ocorrem, a vida ativa e
participação na sociedade podem ser seriamente comprometidas, bem como
resoluções de questões diárias.
Há estudos empíricos voltados para o idoso. Porém reforça-se a necessidade
de complementá-los através do viés teórico. Isso acontece porque a interação
completa de envelhecimento e tecnologia, segundo Mollenkopf (2004), carece de
uma visão integral, uma vez que estão em constantes mudanças na sociedade e,
como Kepes (2010) alerta, o fato de tanto nos preocupamos com o material e as
conquistas tecnológicas faz com que nos esquecemos do idoso produtivo, ativo, feliz
e desenvolvido.
13
1.2. Objetivos
O objetivo geral deste estudo é sensibilizar o público e o designer para a
análise das necessidades, especificidades e anseios do idoso e incluí-lo na
proposição de soluções no âmbito gráfico.
Nesse contexto, os objetivos específicos são:
(1) estudar a heterogeneidade do envelhecimento humano;
(2) identificar formas do designer se inserir em contextos mais próximos ao
idoso;
(3) desenvolver uma marca para um grupo de idosos com a participação dos
membros;
(4) incentivar, com resultados obtidos, processos de criação que incluam o
idoso.
14
2. DESENVOLVIMENTO
Considerando o aumento na expectativa de vida e as mudanças de papel do
envelhecimento, é imperativo discutir o que é ser idoso. Como Camarano (2013)
afirma, o “idoso” é vinculado a características biológicas associadas à incapacidade
física, cognitiva ou mental. Porém o “idoso”, mais que isso, tem significação em
várias esferas sociais como família, relacionamentos e trabalho. A partir de certa
idade, ganha-se o “status idoso”. No entanto, isso não implica necessariamente
que todos os maiores de 60 anos compartilhem das características associadas à
velhice e acabam por recusar essa classificação. Assim, a sociedade cria moldes
associados ao idoso e coage de diferentes maneiras para que o “idoso” assuma
essas funções, independente das suas características individuais por não entender
exatamente o processo de envelhecimento e o que significa ser idoso.
Por outro lado, em políticas públicas há de se considerar a população idosa
como um grupo populacional específico, para assim reconhecer a necessidade de
ações propostas específicas com resultados diferentes de outros grupos etários,
visando reduzir as diferenças nas capacidades, pois é possível identificar
beneficiários para focalizar recursos e conceder direitos (CAMARANO, 2013).
Assim, há mais um questionamento a ser feito: estamos considerando o idoso
- indivíduo e o idoso - população justamente? Compreendemos as necessidades e
anseios dessas duas facetas?
Goldstein e Siqueira (2000) definem a heterogeneidade como as
experiências individuais únicas e construídas durante todo o ciclo de vida que,
inclusive, se acentuam à medida que as pessoas envelhecem. Os idosos não são
todos iguais, eles são muito diferentes entre si. E essa diversidade se refere ao
gênero, etnia, classe social, dentre outras posições que o indivíduo e os grupos de
idade ocupam na sociedade.
A diversidade da heterogeneidade pode ser entendida também pela ótica
dualidade de idoso - indivíduo e idoso - população, uma vez que até mesmos
grupos de idosos possuem suas particularidades únicas até mesmo pelas condições
de estarem reunidos seja em um asilo, um grupo de lazer ou outra situação.
15
O envelhecimento populacional é uma tendência mundial. Segundo o relatório
do Fundo de População das Nações Unidas - UNFPA (2012), 1 em cada 9 pessoas
no mundo tem 60 anos ou mais. De acordo com o mesmo relatório, esse processo
se deve a uma melhoria na nutrição, condições sanitárias, avanços na medicina,
saúde, ensino e bem estar econômico. Apesar de globalmente as mulheres serem a
maioria, deve-se entender que as relações de gênero afetam todo o curso de vida,
incluindo o envelhecimento, no que concerne recursos e oportunidades.
Segundo o relatório supracitado, há discriminações em que o gênero feminino
está mais vulnerável, como menor acesso ao trabalho e atendimento à saúde,
remuneração diferenciada, falta de direito sobre propriedades e heranças, bem como
renda básica e previdência social. Ou seja, dentro do grande grupo idoso já há a
diferença de gênero cuja problemática é estudada e contemplada nas outras fases
da vida e estende-se à velhice, logo também deve ser considerada como fator
relevante. Já o gênero masculino após aposentadoria tende a ficar mais vulnerável
pela fragilidade dos laços sociais e sujeitos à abuso financeiro considerado, segundo
o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios - TJDFT, qualquer prática que
visa à apropriação ilícita do patrimônio de um idoso e pode ser realizada por
familiares, profissionais e instituições. Essas e outras diferenças relacionadas à
relação de gênero demandam importantes implicações para políticas e programas
públicos, o que só reforça a urgência de rever o idoso como um grupo multifacetado
e complexo com questões específicas de cada subgrupo.
Um dos pontos mais importantes na consideração do idoso no mesmo
relatório é que a garantia de renda, sistema de pensão e aposentadoria são vistos
como parte da independência econômica e redução da pobreza na velhice. No
mundo, 47% dos idosos e 23,8% das idosas participam da força de trabalho. Se
parte do imaginário popular diz que o idoso não trabalha nem pode contribuir mais,
vemos que há uma parcela considerável deles ainda economicamente ativa. Idosos
trabalham, mas será que lhe são proporcionados ambientes e condições de trabalho
dignas?
O ponto da saúde é defendido pelo relatório da UNFPA (2012) como um fator
central a ser considerado pela sociedade em resposta ao envelhecimento, tendo
16
então que garantir políticas de promoção de estilos de vida saudáveis, tecnologia
assistiva, pesquisa médica e cuidados de reabilitação que permitem maiores
oportunidades e menores custos para os idosos. Mais de 46% das pessoas idosas
no mundo possuem algum tipo de incapacitação, ou seja, mais de 250 milhões de
idosos apresentam incapacitação moderada a grave a partir dos 60 anos. Será que
estamos contemplando essas incapacitações, enquanto sociedade, quando
consideramos e oferecemos os vários cenários (lar, trabalho, lazer, transporte entre
outros) para o idoso no nosso dia a dia?
Destaca-se ainda, pela UNFPA (2012), a necessidade por mais e melhores
ambientes de estimulação, com direito a desenvolvimento e uso de tecnologia
assistiva promovendo envelhecimento adequado, mesmo com a diminuição de
mobilidade e capacidade sensoriais, pois assim se permite a independência,
facilita-se os contatos sociais mantendo-os como membros ativos da sociedade e,
por fim, dá-se um avanço para um degrau superior na pirâmide de Maslow.
O Brasil também está em processo de envelhecimento e, como Camarano
(2013) evidencia, a população idosa é vista predominantemente como um grupo
homogêneo com necessidades especiais, especialmente nas políticas públicas. Ou
seja, um grupo que vive a última fase da vida em fragilidade econômica, de saúde e
socialmente de acordo com o estereótipo. Porém, deveríamos considerar que um
idoso aos 60 anos é diferente de um idoso aos 80 anos, por exemplo. Esses 20 anos
implicam em muitas mudanças em outras fases de vida. Por que durante a velhice,
essas necessidades, vontades, particularidades e mudanças são ignoradas?
Durante seu período histórico brasileiro, houve marcos legais pertinentes à
transição populacional como:
- 1994: Criação da Política Nacional do Idoso (Lei 8.842).
- Anos 90: Estabelecimento de programas de benefícios ampliados pelo
Programa Bolsa Família em 2004, com uma cobertura social que atendia, à época, 8
de cada 10 pessoas idosas no Brasil.
- 2002: Criação do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso - CNDI (a partir
de diretrizes do Plano de Ação internacional para o Envelhecimento).
17
- 2003: elaboração do Estatuto do Idoso em 2003, sobre os direitos das
pessoas com 60 anos ou mais.
- 2004: I Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência contra a Pessoa
Idosa.
- 2006 - 2011: Criação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e
Brasil recebe três Conferências Nacionais de Direitos da Pessoa Idosa.
- 2007: II Plano de Ação para o Enfrentamento da Violência contra a Pessoa
Idosa.
Apesar de muitos avanços em relação a marcos legais, a Sociedade
Brasileira de Geriatria e Gerontologia - SBGG (2014) afirma que os direitos e
necessidades dos idosos ainda não são plenamente atendidos, salientando que “Os
profissionais da saúde tem olhar fragmentado do idoso e não foram capacitados
para atendê-lo de maneira integral.” A Estratégia Saúde da Família - ESF e os
Núcleos de Apoios da Saúde da Família - NASF, são insuficientes para atender a
parcela da população, bem como há deficiência na quantidade de profissionais,
estrutura física e rede de exames complementares para atender a saúde dos idosos,
fazendo com que o atendimento demore e muitas vezes acaba por agravar o quadro
clínico.
Se profissionais que deveriam estar sendo preparados e ter apoio estrutural,
financeiro e social para atender aos nossos idosos não estão capacitados, reforça-se
então nossa obrigação social e moral de rever todo nosso sistema, enquanto
sociedade, para o envelhecimento.
Atualmente em debate também está a sustentabilidade do sistema
previdenciário, que segundo a UNFPA (2012) é um dos grandes desafios
especialmente para países em desenvolvimento como o Brasil, porque grande parte
da força de trabalho é informal. Embora pensão e aposentadoria façam significativa
diferença no bem estar das pessoas idosas, especialmente quando é a principal
fonte de renda no caso brasileiro segundo Secretaria de Direitos Humanos (2012)
em época de crise a pensão pode constituir-se como a principal fonte de renda
beneficiando famílias inteiras.
18
Do ponto de vista financeiro, algo que deveria ser desfrutado pelo idoso para
ter maior facilidade em vivenciar sua velhice acaba sendo destinado a outros fins.
Pergunta-se então se isso não acaba virando uma âncora de culpa e
responsabilidade ao idoso, ao invés de oportunidade para satisfazer suas próprias
vontades?
Atualmente, é discutida ainda mais fortemente a questão previdenciária pela
proposta de reforma a ser votada, que se aprovada, será um retrocesso em direitos,
já precários, para o idoso. Uma vez que aumenta a idade mínima para se aposentar,
demanda maior tempo de trabalho sem permitir descontinuidade o que dificilmente
proporcionará integralidade da pensão ao beneficiado por conta da idade
compulsória para aposentadoria. Iguala ainda a idade de aposentadoria entre
homens e mulheres, desconsiderando a falta de equidade em salário e
oportunidades previstas para a mulher durante sua vida, bem como prevê maior
tempo de trabalho proporcional à expectativa de vida. Ou seja, propõe trabalhar mais
porque se vive mais sem proporcionar qualquer amparo.
Goldstein e Siqueira (2000) defendem que a necessidade da aposentadoria
de idosos e o empobrecimento na velhice obrigam muitos indivíduos a procurarem o
mercado de trabalho informal. Somadas às baixas aposentadorias e/ou exclusão do
idoso pelo mercado de trabalho formal, demanda-se por parte do Estado ou da
sociedade civil maior assistência social. Essas razões agregadas ao preconceito
social, rápidas mudanças econômicas e tecnológicas e a falta de treinamento fazem
com que os trabalhadores mais velhos tenham maior dificuldade no acesso ao
mercado de trabalho e na manutenção de emprego.
Goldstein e Siqueira (2000) chegam a afirmar que a aposentadoria é
necessária a fim de permitir maior espaço no mercado de trabalho para jovens, uma
declaração forte e agravante de conflitos intergeracionais que muito ocorre na
sociedade. Mas será que deveríamos tratar a questão como uma faixa etária versus
a outra?
A fragilidade econômica, associada a idosos, justifica direitos como
meia-entrada e não aumento de cobrança por planos de saúde a partir dos 60 anos.
Porém estudos indicam que esses benefícios, a fim de compensarem os idosos,
19
acabam impondo custos adicionais para a sociedade. Logo, a implementação de
políticas sem a definição explícita de fontes pagadoras acaba inviabilizando essa
implementação ou criando conflitos entre diferentes gerações. (CAMARANO, 2013).
Isso pode, inclusive, isentar o cidadão mediano da sua responsabilidade social com
o idoso, no sentido em que entende um benefício como privilégio para o idoso e
sente-se penalizado por isso. Visto também pelo caso de vagas reservadas ao
idoso, seja em assentos no transporte público ou em estacionamento, que pode
levar a consideração de que o idoso “já tem seu espaço”, logo não há necessidade
nem maior cobrança em agir a favor deste.
Segundo Goldstein e Siqueira (2000), muitos idosos têm dificuldade em se
adaptar à vida pós-trabalho pois ainda associa-se a aposentadoria ao binômio
ócio-lazer. Da mesma forma, há a falta de hábito do brasileiro em relação a
prestação de serviços comunitários a instituições e à comunidade, o que acaba por
não valorizar e desperdiçar capacidades e potencialidades dos idosos. Quantas
mentes e talentos se desgastam em casa quando poderíamos estar compartilhando
conhecimentos?
Camarano (2013) afirma que no caso do Brasil é necessário um processo de
desenvolvimento econômico e social com patamar econômico mínimo na base, para
manutenção dos direitos humanos e equidade dentre grupos etários na divisão de
recursos, direitos e responsabilidades sociais. Idosos são alvos de uma isenção de
responsabilidade de instituições que deveriam ser responsáveis pelos mesmos, uma
vez que inconsistentemente alternam entre acolhê-los ou culpá-los de problemas
encontrados em sistemas públicos de saúde e previdência. Se incidirmos nosso
olhar especialmente na transição populacional, as necessidades que o
envelhecimento traz apenas empilham-se às necessidades básicas não garantidas
como educação, saúde e segurança para a sociedade.
2.1. Design e o envelhecimento
O Design é classificado de acordo com o Ministério da Educação - MEC e no
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPQ, como uma
20
ciência social aplicada, e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior - CAPES, Design encontra-se com Arquitetura e Urbanismo. De
acordo com Gomes, Stamato e Santos (2015), o fato de Design ser considerado
uma ciência social destaca sua natureza multidisciplinar, pois os conhecimentos
necessários, que impactam a vida humana estão atrelados a outras áreas e essa
possível expansão permite não só a competitividade industrial, mas as melhorias e
soluções nas áreas de saúde, educação, meio ambiente e segurança.
Afirmado por Lobach (2000) e reafirmado por Moura et al. (2015) é importante
a formação teórica do designer para análise e reflexão dos problemas, uma vez que
permite ideias para facilitar a aplicação e complexidade do design e análise dos
resultados. Reforçado por Laville e Dionne (1999, apud MOURA et al., 2015), o
pesquisador pode oferecer significativa contribuição para a sociedade dado que
influencia e é influenciado pelo meio contemporâneo, adquirindo assim uma grande
responsabilidade social.
Gero em grego significa envelhecimento. Áreas que estudam o
envelhecimento nas esferas biológica, psicológicas e sociais se enquadram na
ciência da Gerontologia. Para o seguinte estudo, propõe-se uma dessas áreas
contempladas ser o Design para então o profissional dispor de um foco único e
exclusivo a esse público multifacetado e discutir de que formas pode-se auxiliar nas
questões aqui expostas.
Frascara (2011, apud PEREIRA, 2014) propõe a classificação de quatro tipos
de design: Design inconsequente; Design para auxiliar a vida, Design para facilitar a
vida e Design para melhorar a vida. Esse último, como Pereira (2014) defende, pode
ser adaptado para o caso do envelhecimento. O Design pode facilitar e possibilitar
atividades para saúde e bem estar, mas também para aspectos além do físico como
o espiritual, social, cultural e demais esferas relevantes para a qualidade de vida e
envelhecimento saudável e ativo do idoso. Nisso, Design torna-se uma ferramenta
de criação e pesquisa em tecnologias assistivas que ajudam a promover autonomia
e inclusão social segundo Gomes, Stamato e Santos (2015).
Acessibilidade, compreendido em muitos projetos de design como aquilo
que é acessível ou de fácil acesso, inteligível e compreendido por várias pessoas
21
independente de sua condição física, sensorial, cognitiva ou de trabalho. Graças à
ausência ou redução de barreiras, a acessibilidade exige que se considere aspectos
relacionados ao ambiente e ao estado físico, sensorial ou motor das pessoas para
que não dificultem ou impeçam o acesso (MIRANDA e ZISSOU, 2009).
Porém, Sassaki (2010) elabora ainda que acessibilidade se estenda a seis
dimensões: acessibilidade arquitetônica; acessibilidade comunicacional;
acessibilidade metodológica; instrumental; programática; e atitudinal (a serem
elaboradas no decorrer do relatório).
Com o potencial das diversas esferas até então citadas, mais que um
profissional a ser consultado pontualmente, o designer pode abranger além da
ergonomia, como pontuado por Mont’Alvão e Damazio (2008), a promoção de
experiências prazerosas, a individualização e a customização de produtos e serviços
para o idoso.
Sassaki (2010) define Autonomia como o domínio no ambiente físico e social,
podendo preservar sua privacidade e dignidade. A autonomia é o resultado da
prontidão físico-social pessoal, bem como do ambiente físico-social. Muitas vezes
descreve-se e justifica-se projetos que auxiliem na autonomia do usuário, às vezes
em se locomover melhor ou não precisar de ajuda externa para realizar alguma
ação. Porém, algo que muitas vezes - enquanto designers - não consideramos, é se
também proporcionamos independência.
Independência, por sua vez, é descrita pelo autor supracitado como a
capacidade de decidir sem depender de outras pessoas. Isso implica a quantidade e
qualidade de informações das quais se dispõe, bem como a prontidão em tomar
decisões. Isso, curiosamente, inclui decidir pedir ajuda para realizar algo.
Será que estamos considerando que projetar para o idoso não requer que ele
faça tudo sozinho, mas que tenha opções diversas para realizar qualquer atividade
que queira e seja amparado para isso? Muitas vezes consideramos um espaço
planejado para idoso tentando precaver possíveis acidentes. Não seria um ambiente
realmente planejado se o idoso tivesse não tão somente autonomia, mas
independência em viver nesse espaço, inclusive sair dele para não se restringir tão
somente ao lar?
22
Além disso, outro problema encontrado é a imagem homogênea do idoso,
muitas vezes associada ao frágil, doente e altamente dependente. Pereira (2014)
questiona se nas fases iniciais da vida se constrói a identidade das pessoas e
posteriormente quando essa identidade é sedimentada, as pessoas agem de acordo
com suas vontades e interesses. Porém ao chegar na velhice, não só se espera mas
forçam o indivíduo a se adequar a imagem homogênea de “velho”.
O modelo médico da deficiência, publicado por Westmacott em 1996 e
levantado em questão por Sassaki (2010), sustenta ideologicamente a integração
social. Defende-se a adaptação das pessoas com deficiências (podendo ser
análogo à imagem do idoso com limitações físicas devido à idade) para então
adequá-las de volta à sociedade.
Essa ideia soa familiar quando se procura, projetos e trabalhos de design
para idosos, e muitas vezes encontram-se relacionados à ergonomia de objetos e do
espaço físico. Adequações para que os idosos tentem se integrar a sociedade. Por
focar-se tão somente nessa rota? O designer estaria garantindo então a autonomia e
a independência do idoso?
Pereira (2014) utiliza o conceito de representação social publicado por
Moscovici em 1961 explicando que em um sistema de representação, o que se
encontra no núcleo central - tema associado primariamente a alguma ideia -
influencia o sistema periférico - temas relacionados à ideia principal.
Figura 04: Representação Social do Idoso com a doença como tema central.
Fonte: Adaptado de Pereira. 2014.
23
No caso do idoso, o tema central, até mesmo em sistema de buscas online
parece ser “doença”. Inclusive as primeiras palavras-chaves relacionadas a idoso
são sobre doenças, como mostra a figura 5. Logo, o que se encontra no sistema
periférico se refere a dispositivos assistivos, remédios e demais sistemas associados
a limitação da doença, que se assemelha à ideia do modelo médico de deficiência e
à integração do idoso.
Figura 05: Captura de tela das primeiras buscas em imagem sob a palavra
“idoso”.
Fonte: Acervo Pessoal. 2017.
Há de se rever a ideia central da representação social do idoso para que
então tenhamos diferentes ideias periféricas e, possivelmente encontremos novas
necessidades que inspirem novos projetos.
Porém, o que procura-se trazer em questão para o designer discutir, participar
e liderar não é a integração, mas a inclusão do idoso. Inclusão, definida por Sassaki
(2010), como a modificação da sociedade que é pré-requisito para qualquer pessoa
desenvolver e exercer sua cidadania. Portanto não devemos nos conformar com
projetos que se resumem a adequar o idoso à sociedade mas, enquanto designers e
cidadãos, projeta para adequarmos ao idoso.
O designer deve ajudar no processo de adaptação social para incluir o idoso
no sistema, bem como fazer com que ele assuma os papéis que quiser na
sociedade. Esse processo bilateral consiste no idoso e na sociedade equacionando
24
problemas, pensando juntos sobre soluções e na equiparação de oportunidades
(SASSAKI, 2010).
A integração do idoso consiste em uma ideia agora vista como ultrapassada,
resumindo a participação do Design pelo utilitarismo. No entanto, não há mais como
reduzir o Design apenas a isso. Se um produto ou serviço torna-se útil, o usuário
deseja que seja “usável”. Sendo usável, naturalmente esse usuário deseja que seja
prazeroso, como descrito pela hierarquia de necessidades do consumidor de
Jordan (2000) segundo figura 6. Assim sendo, é debatido, estudado e contemplado
em projetos e metodologias para diversos públicos. Por que não considerá-lo
também para o público idoso? A partir da hierarquia de Jordan e da pirâmide de
Maslow, podemos ver que muitos projetos de design para o idoso ainda se
concentram muito na base quando poderíamos almejar mais.
Figura 06: Hierarquia das Necessidades do Consumidor e o Conforto.
Fonte: Adaptado de Jordan (2000).
O usuário idoso, quando é contemplado, parece ter de contentar-se com
produtos e serviços assistivos ou apenas compensativos. Se em muitos processos
projetuais de design para o idoso a ergonomia ainda não é amplamente
contemplada, quando deve-se esperar que hedonomia seja cogitada como parte
integrante do processo?
25
Entende-se segundo Hancock (2008, p. 27 apud MONT’ALVÃO, 2005),
Hedonomia como a busca do prazer na relação com sistemas, e a mesma
diferencia-se da ergonomia no limiar da usabilidade e satisfação.
Atendendo ao funcional e usável, o caso de muitos projetos de design
destinados aos idosos, o objetivo torna-se atender a necessidades psicológicas e
sociológicas do usuário como pertencer, alcançar, ser competente e independente
dentro de um sistema. Assim considera-se o idoso como usuário complexo e
proporciona uma visão diferente da ideia central de sua representação social.
Observando a figura 6 com a adaptação da pirâmide de Maslow às
hierarquias de Ergonomia e Hedonomia, há uma direção para se seguir no
atendimento das necessidades e compreende-se a hedonomia como diferencial para
o atendimento de degraus superiores. Uma vez que o idoso não está satisfeito
porque não está sendo atendido, o designer também não deve considerar
satisfatório.
Figura 07: Hierarquia da Ergonomia e Hedonomia a partir da concepção de Maslow.
Fonte: Adaptado de Jordan.
Uma das particularidades da modernidade é, atualmente, a individualidade de
emoções, experiências e expressões de afetividade. Para Niemeyer (2008) é apenas
26
natural que o design esteja vinculado a emoções, seja como resultado ou reação à
complexidade dessa nova ordem.
A prática social do design deve ser adaptável e sensível às mudanças de
tarefas, interesses, comunicações e emoções.
Acreditando nessa adaptabilidade e reforçado neste relatório, o designer para,
projetar além de produtos ou espaços, deve solucionar problemas de diálogo e
inclusão do idoso com o outro e com seu redor. Proporcionando soluções que
permitam o indivíduo avançar na pirâmide de necessidades.
O idoso, além de ter as limitações físicas que vem com as questões
biológicas do envelhecimento, se vê forçado a limitar-se socialmente por conta
dessa representação social corrompida. Pereira (2014) cita um estudo feito em
Harvard, publicado em 2008, e outro por um gerontólogo, publicado em 2011, que
comprovam uma melhoria na saúde a partir da inclusão social, atenção familiar e
atividades esportivas, dentre outros. Quanto mais envolvido socialmente o idoso
está, menores as chances de desenvolver alguma doença.
Então se a socialização íntegra do idoso traz benefícios, inclusive físicos, não
é lógico, em virtude das limitações biológicas, isolá-lo porque isso irá piorar seu
quadro. Podemos considerar então que o isolamento do idoso pode muitas vezes
ser imposição da sociedade de um papel que não lhe pertence.
Quanto a isso, o designer pode auxiliar ao proporcionar espaços virtuais e
físicos para sua socialização. Inclusive de acordo com vários estudos listados por
Morrell, Mayhorn e Echt (2004), pessoas acima de 60 anos podem ser bem
entusiásticas sobre tecnologia e apresentar melhorias positivas diante de
treinamento e adaptação.
Logo, muitas ideias primariamente associadas ao idoso não passam de
suposições baseadas em uma ideia pré-concebida sobre o envelhecimento. Como
destacam Scortegagna e Oliveira (2010) muitos idosos são considerados
improdutivos e sem capacidade de aprender, seus conhecimentos e experiências
não tem significado.
Entretanto, há de se considerar que embora sejam muitas as mudanças
durante o tempo de vida de uma pessoa, alguém com mais de 60 anos é quem
27
pessoalmente testemunhou como as coisas eram antes e durante essas mudanças
e essa percepção de mundo é preciosa, pois muitos já não tem acesso a ela.
Então, para o designer não cair nessas suposições, de acordo com Pereira
(2014), deve projetar produtos e serviços considerando-se como um idoso e
contemplando o impacto das interações desses projetos na vida dos maiores de 60
anos.
E quando o Design é contemplado para questões como acessibilidade,
pensa-se no acesso físico a ambientes e espaços que se resume a apenas uma das
dimensões de acessibilidade. Sassaki (2010) descreve mais dimensões que podem
ser contempladas para a autonomia do idoso:
● Acessibilidade Arquitetônica: o designer pode participar ativamente na
ausência ou diminuição de barreiras ambientais e físicas no interior e entorno
de espaços inclusive há direcionamentos pelo Centro de Referência do Idoso
- CRI e ABNT;
● Acessibilidade Comunicacional: o designer pode ajudar a diminuir ou até
mesmo eliminar barreiras de comunicação interpessoal, comunicação escrita
e comunicação virtual através da elaboração de interfaces, dispositivos e até
mesmo projetos como é o caso de estudantes brasileiros conversando com
idosos americanos a fim de melhorar as capacidades linguísticas e fazer
companhia um ao outro;
● Acessibilidade Metodológica: o designer pode auxiliar na melhoria ou
criação de métodos, técnicas ou processos que podem auxiliar na autonomia;
● Acessibilidade Atitudinal: o designer, através das outras acessibilidades ou
até mesmo enquanto mídia, pode auxiliar na redução de preconceitos,
estigmas, estereótipos e discriminações.
● Acessibilidade Programática: o designer pode auxiliar a reduzir ou eliminar
barreiras embutidas em políticas privadas e públicas, através de ferramentas
de implementação e manutenção, como as escadas de gestão.
28
2.2. Qualidade de vida no envelhecimento
Freire (2003) define um envelhecimento bem sucedido como uma adaptação
geral do indivíduo às mudanças e desafios do corpo, mente e ambiente. Ramos et
al. (1993) por sua vez definem como a busca do equilíbrio entre todos os fatores que
envolvem o envelhecimento, especialmente a funcionalidade do idoso. Ou seja, um
idoso pode possuir várias complicações crônicas, mas ainda ser considerado
saudável e manter sua funcionalidade.
De maneira parecida, Erbolato (2001) defende que não se deve estimular um
“corpo jovem”, em padrões estéticos e físicos, mas um corpo saudável e funcional.
Isso pode ser feito através de programas preventivos para o idoso melhorar as
alterações decorrentes do envelhecimento como perda de massa muscular,
alteração no tecido ósseo e aumento de tecido gorduroso. Somado a isso, Freire
(2000) afirma que medidas preventivas como nutrição equilibrada, exercícios físicos,
condições ambientais adequadas e disposição pessoal ajudam a lidar com
dificuldades inerentes ao envelhecimento.
Embora dependa muito do indivíduo, sua vivência e suas características
hereditárias, Neri (2000) reforça que um envelhecimento ativo não depende tão
somente do idoso, mas do idoso e o seu contexto, as condições e acessibilidade que
a sociedade oferece para o indivíduo expressar seu potencial. O designer então
possui espaço para investigar e contribuir na valorização do usuário através de
aperfeiçoamento ou criação de novos produtos.
E isso interessa a várias esferas, de acordo com Neri e Freire (2000). No caso
do Estado, é de interesse comum que idosos sejam saudáveis porque o oposto
significa custos que o mesmo não está preparado a contabilizar. A medicina
cotidiana e participa ativamente através dos avanços farmacológicos, clínicos,
cirúrgicos e estéticos para idosos. A ciência persegue constantemente conhecimento
sobre o envelhecimento pela ótica de várias áreas, dentre elas o design.
Starling (1999 apud MOSER, 2008) afirma que culturalmente subestimamos
capacidades físicas e psicológicas do idoso, quando o privamos o mesmo
socialmente. Perde-se assim a expressão e ação únicas do idoso que tem em sua
29
história pessoal uma riqueza única. Esta expressão única é uma das forças motrizes
para o seguinte estudo na consideração e aproximação do idoso ao processo
criativo de redesign de marca.
Freire (2000) reforça que os desafios no envelhecimento podem ser
biológicos, mentais, autoconceituais, interpessoais ou socioeconômicos e adaptar-se
a eles pode ocorrer no âmbito:
a) emocional, no sentido das habilidades do indivíduo para lidar com eventos;
b) cognitiva, em relação à capacidade para resolução de problemas;
c) comportamental, no sentido do desempenho da competência social.
Erbolato (2011) descreve que idosos não estão mais em fase de desenvolver
identidade nem de integrar-se ao meio, mas sim de conservar-se íntegros, logo
parecem ser mais seletivos com pessoas que confirmem sua auto-imagem. O que
justifica a maioria dos programas dedicados a idosos serem quase exclusivamente a
mesma faixa etária, porque facilita uma percepção de auto-imagem positiva graças a
comparações favoráveis.
Vitta (2000) indica que entre idosos, principalmente os doentes, há uma
redução na satisfação de vida, auto-estima e autonomia, bem como quadros de
depressão, ansiedade e solidão. Segundo Neri (2014), emoções do momento são
influenciadas por eventos cotidianos enquanto os traços genéticos influenciam as
emoções de médio a longo prazo. A autora citada destaca que na velhice é possível
uma maior expressão de sentimentos positivos e negativos em ambientes estáveis,
porém em situações inseguras prevalecem emoções negativas e demandas
imediatas. Reforçado pelo estudo de Macuco et al. (2013), idosos que vivem em
contextos e situações de maior vulnerabilidade social têm maior probabilidade de
viver eventos de vida negativos, sofrerem de maior estresse cotidiano e situações
fora de seu controle, o que potencializa os efeitos de fragilidade e suas associações
com doenças.
Em busca de uma boa qualidade de velhice, Vitta (2000) defende
investimentos na saúde física e psicológica como atividades físicas e sociais que
podem diminuir estresse e aumentar a resistência a certas doenças. Idosos ativos
tendem a ser mais independentes, autônomos e sadios, com uma forte relação entre
30
saúde, bem estar, crença de autoeficácia e a capacidade do indivíduo de
protagonizar sobre o ambiente e sobre si.
O supracitado autor ainda defende que educação é um dos meios para se
superar as dificuldades impostas aos idosos, pois permite que adquiram novos
conhecimentos e oportunidades para uma melhoria na qualidade de vida e no
bem-estar físico e emocional. Dificuldades estas, no Brasil, como as sucessivas
crises e carências para a população idosa, pensões insuficientes e a falta de acesso
a serviços necessários para uma vida digna.
É necessário que o designer considere o idoso e os vários fatores que
influenciam o seu redor, até mesmo para maior receptividade do usuário a possíveis
mudanças. Como Freire (2000) afirma “A velhice satisfatória não é apenas uma
qualidade da pessoa, mas o resultado da interação do indivíduo em transformação
vivendo numa sociedade também em transformação.”
2.2.1 Gênero e o envelhecimento
Goldstein e Siqueira (2000) definem diversas fontes que influenciam na
diversidade e heterogeneidade na velhice como gênero, família, trabalho e gerações.
E as questões estruturais e as relações de poder que atravessam essas gerações
agem diretamente nas possibilidades de expressão da heterogeneidade no processo
de envelhecimento.
Muitos pesquisadores se interessam por categorias como classe, raça e
gênero, segundo Scott (1995), por envolver o pesquisador na narrativa dos
oprimidos e na análise do sentido e natureza da opressão, afinal desigualdades de
poder estão organizadas, no mínimo, nesses três eixos.
Durante experiências prévias da autora no testemunho de espaços e grupos
dedicados a idosos, considerou-se que muitos dos idosos limitavam-se a participar
de atividades, por não se identificarem com a natureza da atividade. Por exemplo,
em alguns casos homens idosos terem receio de algumas atividades consideradas
“coisas de mulher”, o que despertou interesse para o estudo em questão no eixo
gênero no envelhecimento.
31
Scott (1995) entende gênero também como constituinte de relações sociais e,
de acordo com Machado e Merkle (2010), torna-se um eixo para analisar a relação
de design com a cultura material.
As questões de gênero influenciam nas diferenças entre idosos e idosas,
graças à influência de variáveis ao longo da vida que podem ser desvantajosos para
o idoso ou a idosa, dependendo de que parâmetro se analisa.
De acordo com o World Health Organization (2007), políticas para idosos de
ambos os gêneros devem contemplar saúde e cuidados, participação social e
seguridade social, os pilares das políticas do envelhecimento ativo.
As diferenças de gênero consideram o que parece ser mais comum em
relação a comportamento de homens ou mulheres sofrendo influência cultural.
Avaliando do parâmetro emocional, Neri (2014) reitera a associação aos homens da
inibição de emoções, de abordagens diretas de problemas e maior liberdade em
expressar raiva e sentimentos negativos. Das mulheres, por outro lado, se espera
queixas físicas e emocionais, maior compreensão e pedido de ajuda a pessoas
externas. Dessa maneira, as mulheres se beneficiam de um maior contato com as
próprias emoções enquanto o fato de que os homens não se envolvem tanto
intimamente os prejudica, especialmente ao envelhecer.
Sommerhalder e Nogueira (2000) reiteram que mulheres historicamente eram
detentoras do papel central na estrutura familiar. Logo, mudanças no papel da
mulher influenciaram toda uma rede de relações interfamiliares. Uma vez que família
era especialmente pertencente à esfera feminina, pelos papéis de esposa e mãe, a
mulher assumia também toda a responsabilidade social familiar.
Segundo estudos apontados por Neri (2014), a fragilidade que tanto se
associa aos idosos predomina em mulheres devido ao acúmulo de déficits durante a
vida e vulnerabilidade por perdas fisiológicas relacionadas ao envelhecimento. A
soma de condições de dependência física e pobreza torna as mulheres mais
vulneráveis à negligência, ao abandono, aos abusos e maus tratos. Embora as
mulheres tenham maior expectativa de vida, as idosas são mais afetadas por
doenças crônicas não transmissíveis e incapacidades.
32
A supracitada autora destaca fatores que favorecem homens idosos como
maior probabilidade de serem cuidados por cônjuge ou filhas; status geralmente
mais alto que o das mulheres; níveis de renda e escolaridade mais altos e menor
rejeição social por perda de qualidades físicas associados à juventude. Em
contraste, as mulheres idosas tendem a se favorecer através da maior participação
social, de mais relações de intimidade e da dedicação ao auto cuidado.
Goldstein e Siqueira (2000) chamam a atenção para o engajamento
masculino na esfera pública e identificação com o trabalho, que contribuem no
desligamento de homens do auto desenvolvimento e da família, o que pode
favorecer para isolamento social e um envelhecimento de menor qualidade após a
aposentadoria. Também devido aos papéis tradicionais de patriarca e provedor,
muitos homens tendem a se afastar mais que as mulheres na velhice.
As supracitadas autoras também destacam a sobrecarga, a dupla jornada de
trabalho e o envelhecimento das cuidadoras como fatores que contribuem para a
institucionalização de idosos, que também afeta na qualidade de vida de mulheres
ao envelhecer.
Muito se associa a velhice com solidão e, de fato, muitas perdas tendem a
ocorrer. Segundo Capitanini (2000), com a diminuição na produtividade dentro e fora
de casa, viuvez, crescimento dos filhos e até mesmo imposições da sociedade, o
idoso acaba sendo reconhecido como incapaz. Mas tais perdas não caracterizam
solidão como exclusividade do envelhecimento. Esse sofrimento tende a ser
momentâneo, uma vez que a maioria das pessoas consegue reorganizar-se diante
da perda. Isso porque muitas vezes, na velhice, ganha-se uma capacidade de
adaptação e renúncia que são essenciais para a resiliência diante de perdas.
Segundo esse contexto, a supracitada autora defende que mulheres tendem a
suportam melhor as perdas, talvez pelo fato de muitas terem forte ligação com filhos
e familiares em geral, pela maior facilidade em criar e manter amizades, por
características gerais de personalidade e pela capacidade de superar obstáculos.
Observando o envelhecimento através da ótica do gênero, é importante
destacar o fenômeno da feminização da velhice. Salgado (2002) explica que o
fenômeno ocorre pela proporção maior de idosas, as mesmas vivem em média sete
33
anos a mais que homens e uma proporção maior de viúvas do que de qualquer outra
faixa etária. Mulheres em idade avançada então tornam-se chefes de família, mas
ainda em situações de dependência familiar, de amigos ou de sistemas de serviços.
Essa questão demográfica cria demandas específicas na área de saúde e de
cuidados, junto a políticas públicas e famílias.
Apesar das idosas serem maioria, muitas ainda vêem a si mesmas em
desvantagem e em maior estado de fragilidade do que os homens. Pinquart e
Sorensen (2001, apud SALGADO, 2002) destacam cinco razões para o bem estar
subjetivo das idosas ser menor:
- Alta taxa de morbidade e necessidade de maiores cuidados;
- Maior probabilidade de enviuvar (pelo fato de muitas mulheres se
casarem com homens mais velhos, o que propicia uma maior chance
de sobreviverem aos maridos em longevidade bem como chances
maiores de homens viúvos voltarem a se casar do que viúvas);
- Historicamente menos recursos materiais como oportunidades de
trabalho instáveis, menor aposentadoria e maior pobreza.
- Maior demonstração de sentimentos negativos mais frequentemente.
- Menor auto estima pela desvalorização de atratividade da mulher com
a idade.
Embora muito da literatura ajude a compreender globalmente o começo das
relações de gênero na velhice; Sobieszczyk, Knodel e Chayovan (2002) destacam
que para melhor entender o impacto do gênero no bem estar e na vida de idosos,
pesquisadores devem aprofundar-se além das suposições universais como
desigualdade de gênero e desvantagem estrutural das mulheres, para estudar
contextos locais de mulheres e homens acima de 60 anos.
Pensando assim, a autora procurou aproximar-se de um grupo de idosos para
entender o contexto específico daqueles presentes, proporcionando assim uma
solução gráfica adequada aos participantes envolvidos. No design existem meios
que servem de guias para a criação dos projetos. E sendo o designer um dos
profissionais envolvidos na produção de artefatos e serviços, de acordo com
Machado e Merkle (2010), é o primeiro a gerar significados para os produtos através
34
de vivências próprias. Envolvendo-se em uma dinâmica social na criação do produto,
agrega implicações além da forma ou função remetendo significado a diferentes
contextos culturais.
3. GRUPO DE IDOSOS COTINHA VILA
Para uma perspectiva prática de como o designer pode ser agente em ações
junto ao idoso em um contexto local, a autora deste trabalho foi autorizada a atuar
como consultora do projeto de reestruturação de um grupo de idosos (anexo 01).
Sob a responsabilidade de uma empresa privada, Cotinha Vila é um grupo de
idosos formado há 17 anos e consiste em uma iniciativa privada para atividades
culturais e de lazer para idosos, clientes de serviços oferecidos pela empresa. Para
o projeto foi criada uma equipe interna associada ao corporativo da empresa, onde
se realiza reuniões e visitas sobre o progresso.
Atualmente o projeto possui cerca de 50 idosos, que frequentam o espaço
localizado na Zona Norte de Natal - RN. Os idosos não são cadastrados e
frequentam o espaço quase semanalmente há vários anos. A responsável pelo
projeto é uma senhora de 70 anos, irmã dos diretores da empresa.
Segundo Neri (2010), devido à queda nas taxas de natalidade, aumento do
trabalho feminino e urbanização, há menor disponibilidade familiar para cuidar de
idosos. Devido a isso, há uma maior necessidade e procura por grupos e instituições
para atividades de lazer e socialização de idosos, como o projeto Cotinha Vila.
Um dos desafios, contemplados na reestruturação do grupo, é uma nova
programação com atividades fixas e pontuais, de interesse para todos seus
participantes. Então, para melhor conhecer os participantes, foi realizada uma
pesquisa estruturada com duas pessoas que entrevistaram os idosos no próprio
ambiente do grupo simultaneamente às atividades que estavam acontecendo no dia.
O questionário (Anexo 02) consistia em perguntas relacionadas a um cadastramento
dos participantes como nome, idade, endereço, telefone de contato e perguntas
relacionadas ao grupo que ajudariam a entender melhor a situação.
Muitos dos participantes residem em Natal, mas moram longe da sede do
grupo. Ou seja, realizavam grande deslocamento para os encontros semanais e ao
35
longos dos anos muitos deixaram de ir. Embora os que ainda frequentam relatem
que o fazem pelo carinho que tem ao grupo e especialmente pelas responsáveis do
projeto, Dona A. e S.
Muitos frequentam o grupo desde sua fundação, há 17 anos, e tem um
carinho quase maternal com a responsáveis Dona A. e S., esta última atendendo as
necessidades do grupo como uma administradora geral. Embora haja queixa da falta
de atividades, a presença dos participantes continua constante e por conta dos
esforços e trabalhos de Dona A. e S.
Mesmo quando questionados sobre o que poderia ser melhorado no grupo, os
idosos apenas elogiaram tudo. É importante entender que avaliações positivas
tendem a prevalecer na velhice quando comparamos com avaliações de jovens, por
exemplo. Segundo Diener e Suh (1997, apud NERI, 2014) isso ocorre por terem se
adaptado às aspirações e metas da situação atual com os recursos disponíveis. Ou
seja, isso em muito concorda com frases como “pra mim tá bom, meu filho”, que se
escuta de idosos próximos no dia-a-dia.
Isso não significa que o idoso não tenha do que se queixar, mas que talvez
não saiba ou entenda que há espaço para melhorias. É importante reforçarmos essa
abertura para que o idoso possa expressar e agir adequadamente com suas
emoções e sentimentos. Já que, segundo Neri (2007), depressão, incapacidade e
dor são fortes influenciadores no bem estar subjetivo, reduzindo a motivação,
autocuidado, adesão a tratamentos de saúde, atividade e participação social.
A maioria dos participantes do grupo é do sexo feminino. Muitas são viúvas e
participam do grupo por recomendação da mãe ou amiga. A minoria masculina que
participa do grupo veio acompanhando as esposas, similar ao cenário retratado pela
literatura gerontóloga acerca do gênero na velhice.
Para o projeto, era importante entender quais atividades os participantes
gostariam ou teriam interesse em participar, e embora o grupo ainda esteja defasado
de atividades fixas de lazer, a maioria feminina é quem desfruta das atividades
disponíveis. Os homens limitam-se a jogos de tabuleiro. Quando eles foram
questionados se teriam interesse em outras atividades focadas só neles ou
compartilhadas com as demais participantes do grupo, os entrevistados não se
36
mostraram particularmente interessados, o que foi reforçado através da linguagem
corporal e verbal de garantirem que os jogos (como dominó e baralho) eram o
suficiente.
As outras atividades já oferecidas no grupo eram ligadas a pintura, dança ou
costura, atividades essas tradicionalmente associadas ao sexo feminino. Acredita-se
que por estereótipo de gênero, os homens tenham maior relutância em encontrar
atividades de recreação na velhice. E pelo cenário local ser no âmbito conservador e
machista, segundo Neri (2014) homens em geral são inibidos quanto a demonstrar e
expressar emoções e até menos em questões de intimidade, visto que os homens
isolam-se do resto do grupo para jogar até o fim do período.
3.1 Redesign da Marca
Sousa (2012) reforça que, mais que ser um técnico que executa as ordens de
profissionais de comunicação, o designer pode ser uma peça central no processo de
conceptualização de marca.
Como parte da reestruturação do grupo Cotinha Vila, por pedido da empresa
responsável, se propõe um redesign da marca como um ponto inicial, ao ver da
empresa, para uma repaginação do grupo tanto em estrutura como em imagem. Por
questões de tempo e viabilidade, não foi possível um diagnóstico de demais
problemas na área de atuação do design que pudessem ser contempladas além do
redesign da marca.
A marca deve concretizar a missão do grupo, simbolizando algo que os
idosos se identifiquem e pelo qual sintam-se representados. A identidade do criador
da marca vigente é desconhecida e não sofreu quaisquer alterações pelos últimos
17 anos. É composta por figuras estilizadas-humanas dando mãos em movimento
inclinado. Abaixo encontra-se o nome do grupo e o título de “clube da melhor idade”
em fonte serifada não identificada. As cores presentes na marca parecem terem sido
escolhidas arbitrariamente, talvez na tentativa de colorir a marca e oferecer uma
informalidade.
37
Figura 08: Logo Cotinha Vila
Fonte: Departamento de Marketing - Grupo Vila.
O redesign da marca foi realizado de duas maneiras:
1. Processo corporativo de curta duração, como parte do projeto de
reestruturação do grupo;
2. Adaptação da metodologia proposta por Archer (1984) com a participação
dos idosos participantes do grupo, uma iniciativa da autora para aproximá-los do
processo.
Ao fim, os resultados são comparados e analisados em semelhanças e
diferenças bem como avaliados em atendimento dos requisitos definidos no
processo de concepção.
3.1.1 Processo Corporativo
Como Iniciativa da empresa responsável, foi solicitado um redesign da marca.
As ferramentas escolhidas para a concepção foram:
Briefing simples: lista desenvolvida para melhor compreender e atender ao
que o cliente procura e necessita. As perguntas consistiam de: objetivo, público-alvo,
palavras-chave, prazo, estilo geral e objeções.
Painel inspirativo: ferramenta de visualização para norteamento de
conceitos estéticos a se seguir. Como apontado por Burdek (2006), as imagens
ajudam a evitar dúvida sobre significados de palavras, enquanto os painéis
tornam-se ferramentas para criação e mediação.
38
MESCRAI: técnica de lista de verificação que incentiva modificações em
projetos e ideias. Segundo Baxter (2008), MESCRAI corresponde a sigla de
‘Modifique (aumente, diminua), Elimine, Substitua, Combine, Rearranje, Adapte,
Inverta’.
Após discussão com a superior imediata do departamento de Marketing,
responsável pela criação e atualização de materiais, e o gestor do departamento de
Recursos Humanos, responsável pelo processo de reestruturação do grupo, o
seguinte briefing (figura 09) foi desenvolvido.
Figura 09: Briefing do redesign da marca Cotinha Vila
Fonte: Acervo pessoal. 2017.
A empresa possui várias marcas sob o guarda-chuva da empresa sede, cada
um com sua identidade e posicionamento bem definidos, embora tenham
similaridades estéticas como iconografia baseada na natureza, indicado na Figura
10.
Figura 10: Marcas utilizadas na empresa responsável pelo Cotinha Vila.
39
Fonte: Departamento de Marketing - Grupo Vila.
O painel inspirativo foi baseado em marcas de instituições similares para
melhor compreensão de como o segmento se apresenta ao mercado e se
assemelha às intenções da empresa com a marca. Observou-se a recorrente tema
de símbolos relacionados à natureza como folhas e árvores e de tons menos
brilhantes.
Figura 11: Marcas de instituições similares para inspiração.
Fonte: pinterest.com
As marcas da empresa também utilizam-se de iconografia remetente à
natureza como flores e árvores, assim como a cor verde sempre presente na paleta
principal. Foram desenvolvidas três opções iniciais de fonte cursiva pelo caráter mais
humano e informal dado ao título, como mostra a figura 12.
40
Opção A: Fonte Sweet Pea com a letra L modificada através de lettering e subtítulo
Gotham Light pela leveza da fonte geométrica. A folha curva como um elemento
natural, que simboliza o grupo e seus participantes vivendo uma fase natural de suas
vidas. Paleta consistente de tons verdes, do amarelo ao azul. Paleta de cores mais
amplas pelo gradiente do símbolo.
Opção B: Título em Branboll Felt regular e negrito, subtítulo em Gotham Light
complementado por um triângulo em cima dos cantos superior e inferior,
representando ampulheta - um ícone de tempo. Paleta de cores reduzida.
Opção C: Título em Autumn in November com o subtítulo em Gotham Light.
Ausência de símbolos e paleta igual à opção anterior.
Figura 12: Opções iniciais de logo
Fonte: Acervo Pessoal. 2017.
Durante a rodada de edições, utilizou-se da técnica de MESCRAI, o M para
aumento da folha em relação ao título permitindo um espaço negativo cíclico mais
41
harmônico com a letra “A” do primeiro nome e a letra “V” do segundo nome. O C
para combinar o símbolo da folha da opção A com a fonte Autumn in November da
opção C. E A na adaptação com lettering para melhor legibilidade da letra “O” de
Cotinha e maior peso para Gotham medium para melhor legibilidade do subtítulo.
Figura 13: Logo aprovada pela empresa do Cotinha Vila
Fonte: Acervo Pessoal. 2017.
Esta última marca, tendo sido a aprovada pelos superiores envolvidos, fez
com que a demanda fosse considerada encerrada e outras pautas voltaram à
prioridade. Em nenhum momento a marca foi considerada por quaisquer
participantes ou responsáveis do grupo a qual se destina.
42
3.1.2 Processo Participativo
Acreditando no principal objetivo da discussão sobre envelhecimento em se
considerar o idoso no processo de criação, questionou-se o porquê de não haver o
envolvimento dos participantes do Cotinha Vila na concepção do redesign da marca
para eles. Para isso, além da coleta de informações técnicas, era necessário o
envolvimento e a participação ativa dos idosos, uma vez que a motivação está
relacionada a uma razão político-sociológica, descrito por Santa Rosa e Moraes
(2012) como a oportunidade do usuário de influenciar decisões, nesse caso, do seu
espaço de lazer. Essa necessidade relaciona-se aos preceitos do Design
Participativo, uma abordagem na qual usuários atuam como coprojetistas, segundo
os supracitados autores, no intuito de melhorar o processo e aumentar o nível de
aceitação pelo usuários dentre outras vantagens logo algumas ferramentas do
Design Participativo foram adaptadas e simplificadas para serem utilizadas durante a
metodologia.
Considerou-se, então, para o processo uma adaptação simplificada da
metodologia de Archer (1984), mais voltada às etapas criativas. Segundo Silva et. al.
(2017), Archer não enxergava o processo criativo como algo mecânico e
metodologias como tal tinham a ambição de melhorar a prática do design no sentido
filosófico e social. (figura 14).
43
Figura 14: As principais fases da metodologia de Archer (1984)
Fonte: A autora, adaptado de Lacerda (2012).
Fase Analítica: Coleta de dados para o problema principal, alguns já
evidenciados no processo anterior e através de visitas in loco. Foi desenvolvido um
novo briefing a partir de uma pesquisa semi-estruturada.
Fase Criativa: fase em que a participação do idoso teve maior impacto na
geração de ideias. Foram utilizadas as seguintes técnicas:
- Diferencial Semântico: Definido por Osgood e Suci (1952, apud
SOUZA, 2015) como uma técnica para medir o posicionamento de
indivíduos em relação aos conceitos de escalas bipolares e
proporcionar uma avaliação qualitativa e objetiva da relação do idosos
com a marca. A técnica original consiste numa escala de sete pontos
em que cada ponta possui um binômio antagônico, mas para facilitar a
compreensão e a aplicação da técnica, nesse caso, foi simplificado
apenas para os binômios e possíveis meios termos.
- Oficina de desenho: técnica para expressão visual e verbal dos idosos
sobre possíveis soluções visuais para o redesign.
- Seleção final das opções de marca pelos participantes.
Fase Executiva: Na metodologia original, esse era o momento em que são
definidas as especificações e os materiais junto aos fornecedores para a execução
44
dos projetos. No caso, essa fase vai se resumir na execução e entrega de camisetas
com o novo logo aplicado para todos os participantes do grupo ao final do ano.
A pesquisa semi-estruturada foi elaborada para reconhecer quais os objetivos
e expectativas dos idosos em relação à marca. A ferramenta se manteve simples e
de rápida interação através da mediação da autora porque muitos dos idosos do
grupo possuem dificuldade para ler ou escrever ou sentem-se tímidos diante de
entrevistas formais. Por isso, a dinâmica foi realizada como uma conversa em grupo,
em clima informal, e os idosos já familiarizados com a autora graças a encontros
passados. As perguntas-guia para a conversa foram:
● O que o Cotinha Vila lhe lembra;
● Você se sente representado por essa marca;
● O que você gostaria em uma nova marca;
Sobre o que o significado de Cotinha Vila para eles, palavras escolhidas
foram: Aconchegante, Alegria, Bons amigos, Família, Conforto e Diversão. A maioria
se sente representada pela marca atual, pois ela representa “união”, especialmente
pela figuras humanóides de mãos dadas, assim como as cores representam a
“alegria”.
Um importante ponto levantado é o subtítulo que acompanha o nome do
grupo, na atual logo é “clube da melhor idade”, o que a maioria estava de acordo e
sentia-se representada. Uma minoria expressou porém, que discorda do termo, por
não acreditar que a velhice seja a “melhor idade”, especialmente pelo desrespeito
que sentem diariamente vindo de outras pessoas. Sugestões surgiram então como o
“clube da felicidade”, “clube da alegria” ou “idade feliz”. Alguns manifestaram que
dependem “da cara” de uma nova marca para realmente se posicionarem. A partir
das respostas foi possível a formulação de um novo briefing conforme figura Figura
15.
45
Figura 15: Briefing do redesign da marca Cotinha Vila a partir da resposta
dos participantes.
Fonte: Acervo pessoal. 2017.
Para a aplicação do diferencial semântico, a autora selecionou 16
características bipolares que pudessem abranger um espectro amplo o suficiente
para que os idosos escolhessem de acordo com a sua relação com a atual marca.
Uma das dificuldades da técnicas é justamente a seleção das palavras (no caso,
imagens) que tornam a interpretação mais clara para os participantes e permitem a
autora uma interpretação mais qualitativa da impressão dos participantes. Foram
escolhidas imagens correspondentes para cada característica impressa e mostrada,
um par por vez, para os idosos escolherem em uma dinâmica conjunta.Os binômios
foram:
● Simples - complicado;
● Quente - frio;
● Sério - divertido;
● Feminino - masculino;
● Colorido - preto e branco;
46
● Adulto - infantil;
● Geométrico - orgânico;
● Moderno - antigo.
Figura 16: Painel composto das imagens representativas dos binômios.
Fonte: Google.com.
Para essa dinâmica, vinte idosos estavam presentes e foram muito receptivos
à dinâmica. As respostas do grupo aos binômios que melhor representavam sua
percepção da marca atual é indicado pelos círculos azuis, na figura 17. Uma das
respostas mais interessantes ocorreu durante a apresentação do binômio
“feminino-masculino”, em que unanimemente o grupo escolheu “unissex”, esta opção
sequer oferecida pela autora durante a dinâmica.
47
Figura 17: Diagrama dos binômios escolhidos durante a dinâmica.
Fonte: Acervo pessoal. 2017.
Na semana seguinte, foram oferecidos materiais (lápis de cor, canetas
hidrográficas e giz de cera) para que os idosos desenhassem suas ideias para uma
nova marca. A fim de auxiliar na visualização de ideias e conceitos, foram
desenvolvidos previamente dois painéis inspirativos a partir das respostas da Fase
Analítica. O primeiro, indicado pela figura 18, remonta logos de lares e grupos de
idosos, alguns que trabalham ideias similares ditas pelo participantes.
Figura 18: Painel inspirativo de logos de grupos similares
Fonte: Pinterest.com.
48
O segundo painel, figura 19, composto por imagens relacionadas aos termos
que os próprios participantes associavam ao grupo como alegria, jovialidade e união.
Figura 19: Painel inspirativo de imagens de idosos.
Fonte: google.com.
Para melhor assimilação do conceito de redesenhar uma logo, foi anunciado
que a partir do redesign colaborativo, a primeira aplicação prática da nova marca
seria em uma camiseta que todos receberiam na celebração de final de ano do
grupo. Essa aplicação foi especialmente pensada como um retorno à imensa
colaboração dos idosos no andamento da pesquisa. Sabe-se que em muitos
contextos, pesquisadores tem tempo e recursos limitados para compartilhar com
grupos e muitas vezes isso torna-se uma experiência muito curta, mecanizada e
impessoal. Portanto foi importante a aproximação prévia da autora com o grupo,
assim como a genuína troca de conhecimentos e experiências e o fato de terem algo
físico para guardar ao final do processo.
Assim como as dinâmicas anteriores, os idosos presentes se mostraram bem
receptivos para participar como podiam. Alguns, inclusive, se oferecendo para
descrever verbalmente suas ideias pela incapacidade de desenhar por questões
físicas.
49
Figura 20: Idosos desenhando na dinâmica.
Fonte: Acervo pessoal. 2017.
Compreendendo que uma das finalidades da logo era uma estampa de
camiseta, dois temas recorrentes nos 20 desenhos recebidos (18 desenhados por
mulheres e 2 por homens) são de natureza (representados por uma flor, árvore ou
50
similar) e união (representados por figuras humanóides de mãos dadas). Foi
solicitado aos participantes para assinarem seus nomes como uma maneira de
incentivar a autoria, auto reconhecimento e orgulho de sua individualidade através
do desenho. Alguns dos desenhos recebidos possuíam assinatura de duplas que se
juntaram em colaboração ao desenvolvimento do desenho, muitas vezes porque
uma pessoa da dupla tinha problemas de coordenação motora ou algo similar.
Figura 21: Desenhos dos participantes para a nova marca Cotinha Vila.
51
Fonte: Acervo pessoal. 2017
A partir de um maior repertório da percepção verbal e visual dos participantes
do grupo em relação à identidade do grupo e a marca, foram feitos estudos (figura
22) até desenvolver-se quatro opções a serem apresentadas impressas a eles para
votação.
Figura 22: Estudos para símbolos da nova logo.
Fonte: Acervo pessoal. 2017.
52
Opção 1: Título em Sweet Pea, subtítulo em Helvetica Light. Vetor das mãos
adaptado de Eliricon (The Nounproject) e vetor das luzes adaptado de Abdo (The
Noun Project). As mãos foram escolhidas pela familiaridade dos idosos com a
representação humana, segundo três luzes representativas da alegria e
espiritualidade do grupo. Paleta limitada ao amarelo e dois tons de laranja pela
energia e clareza das cores. Mudança do subtítulo para “clube da alegria”, retirando
a associação constante à idade que o antigo título possuía.
Figura 23: Opção 1 de logo do Cotinha Vila.
Fonte: Acervo pessoal. 2017.
Opção 2: Título em Milkshake, subtítulo em Helvetica Light. Durante o processo,
notou-se grande apego emocional às figuras humanóides de mãos dadas, para isso
foi adaptador do vetor de Peter van Driel (The Noun Project) com pessoas dando as
mãos ao alto em um movimento mais energético e positivo.
Figura 24: Opção 2 de logo do Cotinha Vila.
Fonte: Acervo pessoal. 2017.
53
Opção 3: Título em Trendsetter, subtítulo em Helvetica Light. Ainda relacionado a
mãos dadas, porém no formato de coração a partir do aperto, adaptado do vetor
Icondots (The Noun Project).
Figura 25: Opção 3 de logo do Cotinha Vila.
Fonte: Acervo pessoal. 2017.
Opção 4: Título em Buttercup Sample, subtítulo em Helvetica Light. Há um
sentimento de pertencimento, lar e família dos participantes com o grupo e partir da
ideia desenvolveu-se modificando o vetor de casa de Mirko Guarnier (The Noun
Project), com um coração na base representativo do amor de cada participante, a
base do clube ao qual pertencem.
Figura 26: Opção 4 de logo do Cotinha Vila.
Fonte: Acervo pessoal. 2017.
54
Por votação unânime, a opção 1 foi selecionada. Surpreendentemente, a
escolha se deu pela interpretação dos participantes do desenho. Segundo uma das
idosas, “você representou a gente com as mãos, né minha filha, e a gente tá
segurando Cotinha Vila (mãe de Dona A.), Dona A. (responsável pelo grupo) e S.
(administradora) que são as luzes das nossas vidas”. Tal identificação e
ressignificação da logo excedeu às expectativas de desenvolver uma marca em
conjunto ao permitir uma identificação imediata dos participantes com o novo
símbolo.
Figura 26: Nova logo Cotinha Vila com paleta de cores e tipografia.
Fonte: Acervo pessoal. 2017.
A partir da escolha, foi realizada uma nova dinâmica com binômios para a
percepção dos idosos com a nova marca. Como indica a figura 27, os resultados
foram muito similares à percepção da antiga marca, o que foi interpretado como
positivo pelo fato de os idosos ainda se identificavam com muitos pontos.
55
Figura 27: Binômio da nova marca Cotinha Vila
Fonte: Acervo Pessoal. 2017.
O ponto “infantil” escolhido no binômio infantil-adulto foi o único diferente por
conta da explicação dos idosos de que o desenho tinha um “ar de criança”, mas isso
foi recebido positivamente pelo grupo porque não era uma associação direta com a
idade dos participantes. Assim como, agora há a possibilidade de uma conexão
entre diferentes gerações, uma vez que a logo pode ser bem recebida e quem sabe
vestida por filhos, netos entre outros dos idosos não se restringindo tão somente ao
membros.
3.2. Comparativo de marcas
Após a escolha da nova marca Cotinha Vila, foi apresentado ao grupo a
marca desenvolvida pelo processo corporativo. O grupo não mostraram-se negativos
à marca corporativa (figura 28), mas não se reconhecem instantaneamente como
com a marca desenvolvida por eles. “As mãozinhas é a gente, minha filha” como um
dos participantes dizia enquanto a corporativa parecia sério demais para a energia
que o grupo exalava.
Houve a tentativa de realizar o teste do diferencial semântico em relação a
logo corporativa, porém os idosos se recusaram por estarem já tão apegados com a
56
logo escolhida por eles que não viram a necessidade de analisar algo que não se
identificavam, logo há essa ausência para a comparação da percepção deles através
da ferramenta entre as duas logos.
Figura 28: Logos Corporativo e Participativa do Cotinha Vila
Fonte: Acervo pessoal. 2017.
As duas marcas, por si, atenderam as demandas exigidas em sua concepção,
especialmente descrito pelo briefing. Mas uma notória diferença de concepção e
estética envolvida que reforça mais uma vez, a importância do usuário próximo ao
processo de criação e significação.
A empresa também recebeu muito bem a nova logo desenvolvida através do
processo participativo, especialmente pela recepção e engajamento dos idosos. A
mesma financiou o desenvolvimentos das camisetas com a nova logo para serem
entregues aos participantes, assim como irá agregar a logo do processo participativo
aos futuros materiais desenvolvidos para o Cotinha Vila.
57
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento do presente estudo levantou questões sociais pertinentes
no aprofundamento da discussão acerca do design e o envelhecimento humano no
mundo e no Brasil de como a representação social do idoso revolve em torno da
doença e da incapacidade, o status de fragilidade que lhe é designado nas esferas
econômica, política, dentre outras e a falta de responsabilidade da população e
autoridades com o idoso no que concerne direitos básicos. E um dos meios para
efetivamente discutir e começar o planejamento e a execução em torno dessa
problemática é reconhecer a heterogeneidade do idoso e sua experiência. O
designer, pode assumir responsabilidades na contribuição para autonomia,
independência e inclusão social. A partir de um viés teórico com olhar diferenciado, o
designer pode contribuir com diagnósticos, intervenções e resoluções de problemas
projetando produtos e serviços que consideram as dimensões de acessibilidade e
atendem, através da ergonomia e hedonomia, as necessidades do usuário idoso.
Reforça-se a importância da discussão pela transição demográfica ser um
fenômeno atual em vários países, incluindo o Brasil, que não está preparado ainda
para atender as necessidades básicas da população muito menos as demandas
específicas que acompanham o envelhecimento humano.
Ressalta-se também que o primeiro passo para atender a alguém é ouvi-lo, o
que caracterizou tão fortemente a força por trás do estudo justamente pela abertura
para a palavra e a participação do idoso como agente ativo para resolução dos
próprios problemas. Foi importante ressaltar a diferença conceitual e estética nos
subprodutos gráficos do estudo, com a simples diferença do envolvimento do
usuário-final. E como a consideração pelo usuário foi importante para a
concretização de representação e geração de significado pelo mesmo. Passos esses
importantes para se avançar na pirâmide de necessidades de Maslow.
Com a conclusão do estudo, houve um sentimento de satisfação em poder
atender, não tão somente a resolução de um Trabalho de Conclusão de Curso, mas
58
algo criado pelos próprios membros do grupo e que continuará com eles, inspirando
assim a continuidade da discussão através do projeto de mestrado em Gerontologia
na cidade de São Paulo que a autora irá atender.
Por fim, reforçou-se a importância de não só uma aproximação do designer,
mas uma sensibilização do mesmo e do público, com o usuário idoso, inspiração e
centro da nossa pesquisa, bem como demais áreas envolvidas no estudo do
envelhecimento. No papel de pesquisadores devemos compreender o envelhecer,
segundo Freire e Sommerhalder (2000), como um presente de alta tecnologia,
corrida contra o tempo, produção e renovação de conhecimentos.
59
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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67
5. ANEXOS
ANEXO A - Autorização para Consultoria ao Grupo Cotinha Vila
ANEXO B - FICHA DE CADASTRAMENTO
COTINHA VILA Nome: __________________________________________________________________
Data de nascimento: ____ / ____ / _______
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Endereço: _________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Bairro: _______________________________ Cidade:__________________________
Telefone:__________________________
Outro contato:_____________________ Parentesco: _____________________________
Ocupação: ________________________________________________________________
Como ficou sabendo do Cotinha Vila? ________________________________________
Há quanto tempo participa dos encontros do Cotinha Vila? _______________________
_________________________________________________________________________
Participa com que frequência?
( ) Sempre ( ) Frequentemente ( ) Às vezes ( ) Raramente
Atividades que têm interesse:
( ) Oficina de dança ( ) Palestras ( ) Mutirão de saúde e beleza
( ) Oficina de pintura ( ) Jogos Educativos ( ) Passeios
( ) Oficina de música ( ) Culinária ( ) Outro:____________________
Sugestões/Críticas: __________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
ANEXO C - DESENHOS DOS MEMBROS DO COTINHA VILA
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