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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA INSTITUTO DE QUÍMICA Jéssica Priscila do Nascimento Santana Extração e Caracterização do material proteico e lipídico da microalga Monoraphidium sp. visando uma perspectiva biorrefinária Natal/RN 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · microalga Monoraphidium sp. visando uma perspectiva biorrefinária / Jéssica Priscila do Nascimento Santana. - Natal, RN,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

INSTITUTO DE QUÍMICA

Jéssica Priscila do Nascimento Santana

Extração e Caracterização do material proteico e lipídico da microalga

Monoraphidium sp. visando uma perspectiva biorrefinária

Natal/RN

2016

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Jéssica Priscila do Nascimento Santana

Extração e Caracterização do material proteico e lipídico da microalga

Monoraphidium sp. visando uma perspectiva biorrefinária

Monografia submetida ao Instituto de Química, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Química. Orientador: Profª Drª Marta Costa

Natal/RN 2016

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Catalogação da Publicação na Fonte Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Instituto de Química - IQ

Santana, Jéssica Priscila do Nascimento.

Extração e caracterização do material proteico e lipídico da

microalga Monoraphidium sp. visando uma perspectiva

biorrefinária / Jéssica Priscila do Nascimento Santana. -

Natal, RN, 2016.

43 f: il.

Orientador: Profª Drª Marta Costa.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Instituto de

Química.

1. Química orgânica - Monografia. 2. Extração (Química) -

Microalgas - Monografia. 3. Biomassa - Monografia. 4. Lipídios

- Extração - Monografia. 5. Proteínas - Extração - Monografia.

I. Costa, Marta. II. Título.

CDU 547(02)

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Jéssica Priscila do Nascimento Santana

Extração e Caracterização do material proteico e lipídico da microalga

Monoraphidium sp. visando uma perspectiva biorrefinária

Aprovada em:___/___/___

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________ Profª Drª Marta Costa (Orientadora)

Instituto de Química – UFRN

_____________________________________________ Ms Anderson Fernandes Gomes (Examinador)

Instituto de Química – UFRN

_____________________________________________ Suzan Ialy Gomes de Medeiros (Examinadora)

Instituto de Química – UFRN

Monografia submetida ao Instituto de Química, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para a obtenção do titulo de Bacharel em Química, na Área de concentração em Química Orgânica.

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Dedico este trabalho primeiramente a Deus

que iluminou о meu caminho durante esta

caminhada e aos meus pais, por sua

capacidade de acreditar em mim е investir

em mim. Mãe, sеυ cuidado е dedicação fоі

que deram, em alguns momentos, а

esperança pаrа seguir. Pai, sυа presença

significou segurança е certeza de qυе não

estou sozinha nessa caminhada.

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“Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem-sucedidos.”

(Provérbios 16:3)

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AGRADECIMENTOS

Quero, primeiramente, agradecer a Deus por toda força, por ter me

amparado durante todos esses anos de graduação, sem Ele, de fato, eu não

estaria aqui.

Quero agradecer aos meus amados pais Agna Vânia e Luiz Júnior e

meus amados avós maternos Maria e Antônio que me deram total apoio e

suporte quando decidi cursar Química Bacharelado. Pelas palavras de carinho

e força, pelas orações de encorajamento e por acreditar e confiar em mim. Amo

muito vocês!

Ao meu querido e amado primo João Paulo Varela que sempre esteve

comigo em toda a minha vida e na minha graduação não foi diferente.

Ao meu grande amigo da graduação que com certeza levarei para toda a

minha vida, Alisson Cliford.

Às melhores amigas que a graduação me deu: Deusielly Avelar, Sheeza

Duarte, Anne Natália, Taiannie Soriano, Raphaella Cabral e Blênda Nagyla. Por

todas as noites acordadas estudando, por cada lágrima, de alegria e tristeza,

por todas as brincadeiras e por todas as horas que passamos juntas. Quero

leva-las para sempre comigo!

À Deusielly Avelar por sempre estar ao meu lado e me amparar nos

momentos em que mais precisei, quero leva-la sempre comigo!

À Sheeza Duarte por ser uma amiga muito especial e querida e me fazer

rir nas horas em que precisava de um ombro amigo, quero leva-la sempre

comigo!

À minha professora e orientadora Marta Costa por todo conhecimento

que me passou e, principalmente, pela oportunidade cedida para ser voluntária

em seu laboratório. Muito obrigada professora!

Aos meus companheiros de laboratório: Anderson Gomes, Victor Reis e

Carlos A. Kramer, por tornar os dias de trabalho mais divertido.

Quero agradecer especialmente a Rusceli Diego, que desde que

comecei minha experiência em orgânica, sempre me deu apoio e me ajudou

bastante, você faz parte desta conquista também!

A professora Renata Mendonça por ter me iniciado na pesquisa e ter me

acompanhado nos primeiros anos de graduação.

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Ao meu querido professor Jones de Andrade, que sempre me ajudou e

me propôs a incrível oportunidade de ver em pratica a termodinâmica.

Enfim, a todos aqueles que me ajudaram direta ou indiretamente, que de

alguma forma me auxiliaram na realização deste trabalho, o meu muito

obrigada!

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RESUMO

Microalgas têm sido de grande interesse para a produção de

biocombustíveis na última década. Recentemente, o desenvolvimento e o foco

foram alterados no sentido de utilizar microalgas nos alimentos, tanto para

seres humanos quanto para animais, bem como no setor farmacêutico e

químico. Dessa forma, o processo biorrefinário visa o emprego total da matéria

prima, neste caso, a biomassa microalgal, sem deixar rejeitos no meio

ambiente. Microalgas contêm quantidades elevadas de lípidos, proteinas e

hidratos de carbono, os quais todos podem ser utilizados para diferentes

mercados. Um dos usos dos lípidos é como materia prima para a produção de

biocombustíveis. As proteinas purificadas podem ser utilizadas na alimentação,

saúde e mercado de produtos químicos. O presente trabalho avalia as

características do ML (material lipídico) e MP (material proteico) a partir da

extração da biomassa microalgal Monoraphidium sp. com a ajuda dos métodos

espectroscópicos, Uv-vís (ultravioleta e vísivel) e FTIR (Espectroscopia na

Região do Infravermelho com transformada de Fourier), foi possível obter a

confirmação da extração desses metabolitos primários.

Palavras-chave: Material lipídico. Material proteico. Monoraphidium sp..

Biorrefinaria

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1a –

Diferentes tipos de algas, Phaeophyceae.......................... 15

Figura 1b –

Diferentes tipos de algas, Rhodophyceae.......................... 15

Figura 1c –

Diferentes tipos de algas, Chlorophyceae.......................... 15

Figura 2 –

Microalga Monoraphidium sp.............................................. 18

Figura 3 –

Fluxograma de obtenção do material lipídico e proteico.... 26

Figura 4 –

Extração do ML da biomassa microalgal.......................... 27

Figura 5 –

Liofilizador ENTERPRISE I................................................. 28

Figura 6 –

Gráfico da concentração de proteina pela Absorbância..... 30

Figura 7a –

Extração 2h do ML em banho ultrassônico......................... 32

Figura 7b –

Extração 4h do ML em banho ultrassônico......................... 32

Figura 7c –

Extração 6h do ML em banho ultrassônico......................... 32

Figura 8 –

Espectros das extrações do ML em diferentes tempos...... 34

Figura 9a –

Espectro UV-Vis da extração com tempo de 2 horas......... 35

Figura 9b –

Espectro UV-Vis da extração com tempo de 4 horas......... 35

Figura 9c –

Espectro UV-Vis da extração com tempo de 6 horas......... 35

Figura 10 –

Quantificação do MP pelo método de Bradford (1976)...... 36

Figura 11 –

Espectro de infravermelho da extração 4 horas do ML a partir da biomassa residual do MP............................

38

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição geral de diferentes algas.......................................

16

Tabela 2 - Conteúdo lipídico, biomassa residual (BR) e a variância referente aos processos extrativos realizados com a biomassa da microalga, assim como, aspectos físicos dos extratos Monoraphidium sp. em diferentes tempos...................

31

Tabela 3 - Conteúdo lipídico, biomassa residual (BR) e a variância referente aos processos extrativos realizados com a biomassa residual após a extração da proteína, assim como, aspectos físicos dos extratos Monoraphidium sp. em um tempo de 4 horas.......................................................................

37

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LISTA DE ABREVIATURAS

ML – Material lipídico

MP – Material Proteico

BR – Biomassa residual

BRMP – Biomassa residual do material proteico

MLBRMP – Material lipídico da biomassa residual do material proteico

FTIR – Fourier Transformer Infrared Spectroscopy – Espectroscopia na

Região do Infravermelho com transformada de Fourier

UV-Vís – Ultravioleta/Visível

BSA – Albumina Sérica Bovina

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SUMÁRIO

1.

INTRODUÇÃO.................................................................................. 15

1.1

ALGAS.............................................................................................. 15

1.1.1

Microalgas....................................................................................... 16

1.1.2

O gênero Monoraphidium............................................................... 17

1.2

BIORREFINARIAS............................................................................ 18

1.3

POTENCIAL ENERGÉTICO............................................................. 19

1.4

PROTEÍNAS...................................................................................... 19

1.5

LIPÍDIOS........................................................................................... 20

1.6 MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE METABÓLITOS PRIMÁRIOS........

21

1.7 TÉCNICAS ESPECTROSCOPICAS.................................................

22

1.7.1 Espectroscopia na Região de Infravermelho Médio....................

23

1.7.2 Espectroscopia na Região do Uv-Vís............................................

23

2.

OBJETIVOS........................................................................................ 24

2.1

OBJETIVOS GERAIS......................................................................... 24

2.2

OBJETIVOS ESPECIFICOS............................................................... 24

3. METODOLOGIA.................................................................................

25

3.1 OBTENCAO E TIPO DE MICROALGA...............................................

25

3.2 EXTRACAO DO ML DA MICROALGA...............................................

27

3.3 EXTRACAO DO MP DA MICROALGA...............................................

27

3.4 EXTRAÇÃO DO ML PROVENIENTE DA BIOMASSA RESIDUAL PÓS-EXTRAÇÃO DO MATERIAL PROTEICO (MLBRMP)................

28

3.5 TRATAMENTOS ESTATISTICO DOS DADOS E CALCULO DO TEOR LIPIDICO EXTRAIDO...................................................................................

28

3.6

CARACTERIZACAO ESPECTROSCOPICA POR UV-VIS..........................

28

3.7 CARACTERIZAÇÃO ESPECTROSCÓPICA POR FTIR....................

29

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3.8

QUANTIFICAÇÃO DO MP DA MICROALGA..................................... 29

4.

RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 31

4.1 EXTRAÇÕES DO MATERIAL LIPÍDICO DA MICROALGA................

31

4.2 CARACTERIZAÇÕES ESPECTROSCÓPICAS DO ML MICROALGAL.....................................................................................

33

4.2.1 Caracterização por FTIR...................................................................

33

4.2.2 Caracterização por UV-vís...............................................................

34

4.3 QUANTIFICAÇÃO DO MP MICROALGAL.........................................

36

4.4 EXTRAÇÃO DO ML DA BRMP...........................................................

37

4.4.1 Caracterização do MLBRMP............................................................

37

5. CONCLUSÃO.....................................................................................

39

6.

REFERÊNCIA..................................................................................... 40

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1– INTRODUÇÃO

1.1- ALGAS

As algas são organismos unicelulares, microscópicos e fotossintéticos

normalmente encontrados em sistemas aquáticos e marinhos frescos. Estes

organismos consomem três componentes principais: a luz solar, o dióxido de

carbono e água para produzir quantidades significativas de metabólitos

primários (GHASEMI et al., 2012).

As algas podem ser classificadas em macroalgas (filamentosa) e

microalgas (fitoplâncton). As macroalgas, também conhecida como algas, são

divididas em três categorias principais com base na pigmentação. Estes são

Phaeophyceae (algas marrons), Rhodophyceae (algas marinhas vermelhas) e

Chlorophyceae (algas verdes). Igualmente, as microalgas são organismos

unicelulares divididos em quatro classes. Estes são Bacillariophyceae

(diatomáceas), Chlorophyceae (algas verdes), Cianophyceae (algas azuis) e

Chrysophyceae (algas douradas), como indicada na Figura 1. Além disso,

dependendo da espécie e condições de cultivo empregadas podem possuem

alto teor de óleo, em torno de 76,5% (DEMIRBAS, 2010; LI et al, 2014).

Figura 1: Diferentes tipos de algas. a) Phaeophyceae b) Rhodophyceae c) Chlorophyceae

Fonte:a)http://portphillipmarinelife.net.au/species/11137,2016;b)http://cfb.unh.edu/phycokey/Ch

oices/Rhodophyceae/ Macroreds/AHNFELTIA/Ahnfeltia_image_page.htm

,2016;c)https://www.landcareresearch.co.nz /resources /identification /algae/identification-

guide/interpretation/ indicator-taxa/natural-wetlands/nitella,2016

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A Tabela 1 mostra a composição de algumas biomassas de algas, que

são geralmente constituídas de lipídios, carboidratos e proteinas.

Tabela 1: composição geral de diferentes algas

Alga Proteinas Carboidratos

Lipídios

Chorella vulgaris 51-58 12-17

14-22

Chorella pyrenoidosa 57 26

2

Euglema gracilis 39-61 14-18

14-20

Scenedesmus obliquus 50-56 10-17

12-14

Fonte: Autor, 2016

1.1.1- Microalgas

As microalgas são organismos procariontes ou eucariontes,

fotossintéticos, que crescem rapidamente e vivem em condições adversas

devido à sua estrutura unicelular ou multicelular simples envolvendo enorme

diversidade de formas e funções ecológicas, sendo também aproveitadas em

atividades econômicas. De forma geral, apresentam elevadas taxas de

crescimento, condição que proporciona alta produção de biomassa em

intervalos de tempo curtos. A produtividade de sistemas algaceos é superior a

de quaisquer culturas agrícolas conhecidas. Dessa forma, diversas espécies

são cultivadas para produzir substâncias específicas e de alto valor agregado,

tais como, ácidos graxos, ácidos aminados e pigmentos fotossintetizantes (LI et

al.,2008; PULZ E GROSS, 2004).

Muitas microalgas são potencialmente úteis para produção em grande

escala, entretanto, a escolha de espécies envolve questões diversas, tais como

a velocidade de crescimento. Essas variáveis são influenciadas por alguns

fatores como o meio de cultura utilizado, período de cultivo, a intensidade

luminosa, a temperatura, a salinidade e o foto período. Nesse sentido, existe

uma demanda por pesquisas prospectivas de fisiologia e composição química

de microalgas para identificar espécies úteis à aplicações comerciais (BROWN

et al., 1997).

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Atualmente, muitos estudos estão sendo conduzidos sobre a utilização

de microalgas em tratamento de águas residuais e para a produção de

biocombustíveis.

A biomassa microalgal apresenta uma composição química heterogênea

que favorece sua aplicação como matéria prima biorrefinária através de

processamento sustentável visando reaproveitar e agregar valor aos

subprodutos decorrentes da produção de biocombustíveis. Entre os

subprodutos que podem ser gerados e aproveitados está a biomassa residual

rica em material proteico bruto (mais de 30% da biomassa seca). Além disso,

estima-se que 100 milhões de toneladas de proteínas serão adicionalmente

produzidas a partir de biomassa da indústria de biocombustível (CHISTI, 2007;

SKJANES et al., 2007 TRIVEDI et al., 2015).

1.1.2- O gênero Monoraphidium.

O gênero Monoraphidium pertence à família das Selenastraceae, algas de

água doce com taxonomia incerta. Geralmente possuem formato alongado, em

linha reta ou curva, e se reproduzem exclusivamente por auto esporulação. O

teor lipídico pode chegar a 56%, dependendo eventualmente das condições de

cultivo empregadas. A biomassa microalga da espécie Monoraphidium sp. tem

mostrado resultados relevantes em processos de biossorção visando a

recuperação de metais pesados e o decorrente tratamento de efluentes nas

industrias (YU et al., 2012; PALMIERI, GARCIA e MELNIKOV, 2000).

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Figura 2: Microalga Monoraphidium sp.

Fonte: Osti, et al. 2010

O cultivo da biomassa microalgal apresenta versatilidade em relação à

utilização de água, podendo ser cultivada em ambiente aquático doce ou

salgado e também em efluentes de águas residuais impróprias para o consumo

humano (HARUM, JASON e CHERRINGTON, 2011).

1.2- BIORREFINARIAS

A diversificação energética, tendo em vista impulsionar o uso de fontes

renováveis, passou a ser algo essencial para o desenvolvimento sustentável.

Portanto, a procura por recursos limpos que permitam assegurar as

necessidades energéticas futuras constitui um dos maiores desafios da

atualidade. O emprego da biomassa para produção de biocombustível é uma

alternativa válida para minimizar impactos ambientais, dependência econômica

e energética do petróleo (CHEN et al., 2011; DEMIRBAS, 2010)

Biorrefinária é um processo industrial, onde a biomassa é convertida em

uma gama de compostos bioquímicos, materiais e produtos energéticos. O

processamento biorrefinário baseia-se na utilização da biomassa de forma

abrangente, visando o aproveitamento completo da matéria prima, sendo o

objetivo minimizar a geração de resíduos (ZHU, 2015; ZHU et al., 2014).

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O cultivo de biomassa a partir das microalgas é considerado como uma

forma de superar nossa dependência atual dos combustíveis fósseis, tais como

os rendimentos elevados da área em comparação com outras culturas, alta do

petróleo conteúdos em algumas cepas, as taxas de consumo de água baixa, e

a possibilidade de produção de microalgas em terras inférteis. Estas vantagens

têm atraído várias empresas petrolíferas, a investir nesta área. Além de que,

um estudo recente indicou que a produção de biocombustíveis de microalgas

está relativamente perto de ser uma economia viável, dada a evolução

esperada em ambas as condições de mercado e tecnologia de produção

(MASCARELLI, 2009; STEPHENS et al., 2010).

1.3- POTENCIAL ENERGÉTICO

Energia é visto como uma linha de base para o desenvolvimento econômico

e social, uma vez que melhora os padrões de vida e status sociais. Entretanto,

o número de atividades humanas e o amplo uso de combustíveis fósseis para o

transporte, fabricação e geração de energia tem contribuído significativamente

para a emissão de gases de efeito estufa e outros poluentes nocivos,

resultando em mudanças climáticas indesejadas no mundo (JAKHRANI, 2012;

CHEN et al. 2011; BATAN, 2010).

Microalgas foram inicialmente exploradas pela sua capacidade de acumular

proteínas e, ao longo do tempo, o interesse por essa biomassa tomou um novo

rumo especialmente durante as duas últimas décadas com o aumento da

demanda por esse tipo de energia. Essa biomassa provou ser uma importante

fonte de metabolitos primários. Assim, muitos dos estudos concentraram-se na

extração de lipídios e de proteínas, negligenciando o potencial de microalgas

para produzir esses e outros componentes de alto valor (FOLEY, 2011).

1.4- PROTEÍNAS

Proteínas são originadas a partir de cadeias longas de aminoácidos,

macromoléculas biológicas que possuem em sua estrutura ligações peptídicas.

Considerando-se que elas não são pigmentos de microalgas por isso são

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pouco valorizados, com exceção da alimentação humana e animal

(SOLOMONS, 2012; BECKER, 2004; SPOLAORE et al., 2006).

Por ser composta de diferentes aminoácidos, consequentemente a

qualidade nutricional de uma proteína é determinada basicamente pelo teor,

proporção e a disponibilidade de seus aminoácidos (BECKER, 2004).

A maioria dos dados publicados na literatura sobre as concentrações de

proteínas em microalgas são baseados em estimativas das proteínas brutas,

comumente usado na alimentação humana e animal. A qualidade nutricional de

uma proteína é determinada basicamente pelo teor, proporção e da

disponibilidade de seus aminoácidos (RADAKOVITS et al, 2010).

As proteinas purificadas podem ser usadas no mercado de produtos

químicos de alimentos, rações, saúde (RADAKOVITS et al., 2010).

1.5- LIPÍDIOS

São compostos de origem biológica que possuem solubilidade em

solventes apolares, porém existem lipídios de cadeias polares que são

solubilizados em solventes polares. O nome lipídio vem da palavra grega lipos,

que significa gordura e diferentemente das proteinas e carboidratos, os lipídios

são definidos através de seu isolamento e não pela sua estrutura. A extração

de lipídios com solvente apolar é muito comum, mas apenas uma parte da

fração de lipídio total é obtida. Como existem também lipídios de cadeias

polares ao se usar a extração com solventes apolares esses lipídios polares

não são extraídos (SOLOMONS, 2012).

Muitos ácidos carboxílicos são encontrados como ésteres de glicerol e

triacilgliceróis. A composição lipídica microalgal inclui ácidos graxos saturados

e insaturados com 12 a 22 átomos de carbono, alguns deles da família ω-3 e

ω-6 e que podem ser convertidos principalmente em biodiesel. Vale ainda

ressaltar, que o ambiente, os nutrientes empregados e as fases do cultivo

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podem afetar a composição dos ácidos graxos (MATA, 2010; GOUVEIA,

OLIVEIRA, 2009).

1.6- MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE METABÓLITOS PRIMÁRIOS

O processo de extração de biomassa microalgal (seca ou úmida), bem

como sua eficácia, representa um importante avanço na obtenção desses

metabolitos. Por isso, é essencial encontrar um método eficaz para aumentar o

rendimento de extração de uma maneira geral (LEE et al, 2010; MERCER E

ARMENTA, 2011).

Vários métodos já têm sido utilizados para este fim, a maioria deles são

assistidas com solvente, tal como, extração de Soxhlet com n-hexano, o

método Bligh e Dyer que consiste em uma mistura de solventes

clorofórmio/metanol e extração de fluido supercrítico com CO2 ou metanol

(RANJAN, A. PATIL, C. MOHOLKAR, V., 2010; HALIM et al., 2012; BLIGH E

DYER, 1959; ANDRICH et al., 2005; PATIL et al., 2010).

No entanto, existem outros processos que não são necessários a

assistência de solvente. Utilizam moinhos de esferas, prensagem, enzima,

pirólise, ultrassom e micro-ondas, campo elétrico pulsado e de liquefação

hidrotermal (RICHMOND, 2004; SANDER E MURTHY, 2009; DU et al., 2011;

BROWN, DUAN E SAVAGE, 2010).

Estudos recentes tentam desenvolver estratégias de extrações de lipídios e

proteínas que sejam eficazes quanto ao rompimento da parede celular através

da associação de solventes e técnicas de perturbação (BALASUBRAMANIAN,

YEN DOAN e OBBARD, 2013; CHENG et al., 2011;. HALIM et al., 2012;

ULKER D. et al., 2014).

Assim, a composição química de microalgas, as suas características

morfológicas e estruturais também influenciam a eficiência de solubilização de

proteina. Algumas proteinas são difíceis de solubilizar por causa da sua

natureza hidrofóbica, ou devido à presença de uma ligação dissulfeto entre

moléculas de proteinas que induzem a diminuição da solubilidade da proteína.

A solubilidade proteica pode ser melhorada em meio alcalino. No entanto, no

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caso de tratamento alcalino, a atenção deve ser dada para evitar saponificação

de lipídios intracelulares (SHEN et al., 2008).

A essa resistência da célula microalgal, tal como a natureza química do

material a ser extraído, são alguns dos aspectos que reagem à seleção de

método a ser empregado (CRAVOTTO et al., 2008).

De acordo com a literatura existem alguns tipos de determinação de

proteínas. O método Lowry e o método de Bradford são efetuados por

espectrofotometria, sendo o método de Lowry utilizado para detectar proteína

através da reação catalisada por cobre e fenol de Folin. Essa reação química

detecta ligações peptídicas e também é sensível a alguns aminoácidos tais

como tirosina e triptofano (LEGLER et al., 1985).

No método de Bradford, o corante azul brilhante (Coomassie Brilliant Blue)

está ligado à proteína, principalmente por resíduos de arginina e para um grau

inferior em histidina, lisina, tirosina, triptofano e resíduos de fenilalanina. A

ligação entre os aminoácidos e o corante é atribuída as forças de Van der

Waals e as interações hidrofóbicas (COMPTON E JONES, 1985).

1.7- TÉCNICAS ESPECTROSCÓPICAS

As técnicas espectroscópicas englobam diferentes faixas no espectro

eletromagnético, tais regiões podem possibilitar relevantes informações

relacionadas às estruturas de moléculas orgânicas, devido as diferentes

alterações quânticas. O FT-IR também pode ser utilizado para as

determinações de conteúdo lipídico e proteico em microalgas (SKOOG et al.,

2009; LV et al., 2010).

1.7.1- Espectroscopia na Região de Infravermelho Médio

A região do infravermelho médio (400-4000 cm-1) e mais utilizada para

identificação de grupos funcionais orgânicos. Assim, quando as moléculas são

submetidas a radiação na faixa do infravermelho, se excitam para atingir um

estado de maior energia. Neste caso, o processo de absorção refere-se às

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frequências de radiação equivalentes às frequências vibracionais naturais da

molécula analisada, e a energia absorvida aumenta a amplitude dos

movimentos vibracionais das ligações na molécula. No entanto, apenas

moléculas com ligações que possuem um momento dipolo variante em função

do tempo, decorrente de movimentos vibracionais ou rotacionais são capazes

de absorver energia na região do infravermelho (PAVIA, et al., 2010).

Aminoácidos existem como zwitterions (sais internos) e exibem

espectros que são combinações de carboxilatos e sais de amônia primária.

Apresentam estiramento NH3+, como uma banda muito larga, dobramento N−H

(assimétrico/ simétrico) e estiramento COO- (assimétrico/ simétrico) (PAVIA, et

al 2010).

1.7.2- Espectroscopia na Região do Uv-Vís

A espectroscopia no ultravioleta visível (UV-Vís) abrange a região de

190 – 800 nm, sendo esta faixa de pouca utilidade na elucidação estrutural.

Porém, combinadas a informações cedidas pelos espectros de infravermelho

podem gerar informações valiosas. No caso, da espectroscopia no UV-Vís, as

transições que resultam em absorção de radiação eletromagnética nesta região

do espectro ocorrem entre níveis de energia eletrônicos Quando uma molecula

absorve energia, um eletron e promovido de um orbital ocupado para um orbital

desocupado de maior energia. Em geral, a transição mais provável e do orbital

ocupado de maior energia para o orbital desocupado de menor energia. As

transições mais viáveis nessa região do espectro são do tipo 𝜋 → 𝜋* e 𝑛 → 𝜋*

por envolverem um conteúdo menor de energia. Contudo, e possível observar

bandas de absorção referentes a pigmentos (ricos em sistemas π), assim

como, a presença de ligações duplas conjugadas na composição química

analisada. (PAVIA, et al 2010).

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2 – OBJETIVOS

2.1- OBJETIVO GERAL:

Avaliar a possiblidade de maximizar o uso da biomassa microalgal da

espécie Monoraphidium sp. em uma perspectiva biorrefinária, a partir da

extração e caracterização de seu material lipídico e proteico.

2.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Extrair o material proteico presente na biomassa microalgal úmida, em

meio alcalino, empregando vias mecânicas para rompimento celular;

Liofilizar a biomassa microalgal;

Extrair o material lipídico hexanico utilizando sonicação para rompimento

celular;

Caracterizar os extratos proteico e lipídico por FTIR;

Quantificar o material proteico utilizando o método de Bradford;

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3 – METODOLOGIA

Neste tópico serão apresentados os métodos equipamentos e reagentes

utilizados para a extração do ML e MP e suas respectivas caracterizações.

Nessa metodologia foram utilizados os seguintes equipamentos:

Ultrassom UNIQUE, modelo ultracleaner 1400;

Centrifuga REFRIGERATED CETRIFUGE EXCELSA 4, modelo

280 R;

Liofilizador de marca - ENTERPRISE I, utilizando o gás N2;

Espectrofotômetro UV-Vis NIR;

Espectrofotômetro JASCO, modelo FTIR- 4200;

Tris-HCl com concentração de 1M e pH 7,5;

Software Graphpad prism versão 5.03;

n-hexano grau P.A

Diclorometano grau P.A

O reagente Coomassie Brilliant Blue

Espectrofotômetro de micro placas da empresa BioTek,

3.1- OBTENCAO E TIPO DE MICROALGA

As amostras da Monoraphidium sp. foram cedidas pelo projeto de

pesquisa: “Implementação de uma planta piloto para produção de biomassa de

microalgas, visando a obtenção de biodiesel”, parceria Petrobras/CENPES-

UFRN a amostra usada foi cultivada na fazenda Samiza, localizada na Cidade

de Extremoz /RN, Brasil.

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ML: Material Lipídico

MP: Material Proteico

MLBR: Material Lipídico resultante biomassa residual do MP

Figura 3: Fluxograma de obtenção do material lipídico e proteico

Extração ML

Caracterização por

FTIR e UV-Vís

Caracterização por Bradford e UV-Vís

Caracterização por FTIR

Microalga Monoraphidium sp.

Trituração

Peneiração 80 mesh Extração MP Extração MLBR

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3.2- EXTRACAO DO ML DA MICROALGA

A biomassa seca foi triturada com auxílio de um almofariz e pistilo e

homogeneizada pela passagem numa peneira de 80 mesh. A extração do ML

foi realizada com um sistema de rompimento celular, empregando-se 500 mg

de biomassa, 150 mL de n-hexano e 3 intervalos de tempo (2, 4, e 6 horas).

Figura 4: Extração do ML a partir da biomassa microalgal.

Fonte: AUTOR, 2016

Neste caso a extração foi feita através do banho ultrassônico em um

determinado tempo submetendo o material aos efeitos da cavitação causada

por um banho de ultrassom. Posteriormente, filtrou-se a fração lipídica e fez-se

a remoção do solvente usando um rotaevaporador a temperatura de 60°C para

obtenção do material lipídico puro.

3.3- EXTRACAO DO MP DA MICROALGA

800 mg de biomassa seca foi utilizada para a extração do MP. O tampão

extrator foi o Tris-HCl com concentração de 1M e pH 7,5, sendo utilizado em

torno de 5 mL para 800 mg de biomassa. Posteriormente, a mistura resultante

foi sonicada por 10 min em um ultrassom UNIQUE, modelo ultracleaner 1400, e

em seguida centrifugada sob-refrigeração durante 10 min a 5000 rpm e 5 °C

em uma centrifuga REFRIGERATED CETRIFUGE EXCELSA 4, modelo 280 R.

O sobrenadante (MP) foi recolhido para posterior quantificação e a biomassa

residual (BRMP) liofilizada e armazenada a -20 °C.

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3.4 – EXTRAÇÃO DO ML PROVENIENTE DA BIOMASSA RESIDUAL PÓS-

EXTRAÇÃO DO MATERIAL PROTEICO (MLBRMP)

A biomassa resultante do processo de extração do MP foi inicialmente

seca em um liofilizador de marca - ENTERPRISE I, utilizando o gás N2, como é

mostrado na Figura 5. A amostra depois seca foi submetida à extração do ML

de acordo com método descrito no tópico 3.2.

Figura 5: Liofilizador ENTERPRISE I

Fonte: AUTOR, 2016

3.5- TRATAMENTOS ESTATISTICO DOS DADOS E CALCULO DO TEOR

LIPIDICO EXTRAIDO

As análises foram realizadas em duplicata e determinou-se a média e o

desvio padrão das medidas. Os dados estatísticos foram tratados no software

Graphpad prism versão 5.03, utilizando um teste ANOVA.

3.6- CARACTERIZACAO ESPECTROSCOPICA POR UV-VIS.

A caracterização espectroscópica na região do UV-Vís foi realizada em

um espectrofotômetro UV-Vis NIR, através da dissolução de aproximadamente

0,05 mg de ML em 3 mL do solvente que foi usado como extrator. Este mesmo

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solvente foi usado como branco na análise. Foi realizada varredura na faixa de

200 a 800 nm, com intervalos de 1 nm e medidas de absorbância de 0 -1 A.

3.7- CARACTERIZAÇÃO ESPECTROSCÓPICA POR FTIR

A preparação prévia da amostra consiste na dissolução do material lipídico

em diclorometano e deposição dessa solução sobre um disco de KBr, que são

mantidas em repouso ate a total evaporação do solvente e decorrente

formação de um filme fino sobre a pastilha. A análise por FTIR foi realizada em

um espectrofotômetro JASCO, modelo FTIR- 4200, faixa espectral de 600 –

4000 cm-1, com resolução máxima 0,5 cm-1 e 32 varreduras.

Quando uma molécula absorve energia, um elétron é promovido de um

orbital ocupado para um orbital desocupado de maior energia. Para as

moléculas, a absorção no UV acontece, em geral, em uma ampla faixa de

comprimentos de onda, pois, as moléculas possuem muitos modos excitados

de vibração e de rotação. Compostos altamente coloridos devem conter um

sistema conjugado de cadeia longa, que seria exatamente o caso dos lipídios,

pois possuem uma cadeia longa alifática.

Dessa forma, o uso desse tipo de técnica tem como finalidade observar a

presença principalmente de pigmentos contidos nos extratos hexanicos.

3.8 – QUANTIFICAÇÃO DO MP DA MICROALGA

As diferenças entre os ensaios de Lowry e Bradford pode ser esperado

porque esses procedimentos usam princípios diferentes. O ensaio de Lowry

detecta proteínas através da redução do reagente Fenol de Folin catalisada por

cobre. Esta reação detecta ligações peptídicas, mas é também altamente

sensível aos aminoácidos específicos, tais como tirosina e triptofano (Legler et

al., 1985). No ensaio de Bradford, o corante Coomassie Brilliant Blue está

vinculado por uma proteína, principalmente por resíduos de arginina (Compton

e Jones, 1985). Este método é baseado na interação entre o corante BG-250 e

macromoléculas de proteínas que contém aminoácidos de cadeias laterais

básicas ou aromáticas. No pH de reação, a interação entre a proteína de alto

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peso molecular e o corante BG-250 provoca o deslocamento do equilíbrio do

corante para a forma aniônica, que absorve fortemente em 595 nm

A concentração proteica foi determinada utilizando o sobrenadante da

amostra e empregando o método descrito por Bradford (1976). Esse método é

colorimétrico e tem como determinar a presença ou não de proteínas na

amostra a partir da mudança de coloração. O reagente Coomassie Brilliant

Blue, presente no reagente de Bradford, se torna azul ao se ligar à arginina e

aminoácidos aromáticos das proteínas. utilizando-se um espectrofotômetro de

micro placas, podemos estimar a concentração de proteínas. Para essa

determinação foi utilizado albumina sérica bovina (BSA) como padrão. A

concentração de proteína (mg/mL) foi determinada pela equação da reta obtida

pela seguinte curva padrão representada na Figura 6:

Figura 6: Gráfico da concentração de proteina pela Absorbância.

Onde: y é absorbância e x a concentração do MP expressa em mg/mL.

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4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo serão discutidos os resultados referentes às extrações do

material lipídico (ML) e material proteico (MP) da microalga Monoraphidium sp.

além disso, dados espectroscópicos serão incluídos para confirmar a extração

dos metabólitos primários microalgais, assim como, para verificar possíveis

modificações estruturais dos constituintes dos extratos durante os processos

extração. A empregabilidade da BRMP (biomassa residual da extração do

material proteico) foi avaliada tendo como base o ML presente na amostra após

o processo extrativo.

4.1 – EXTRAÇÕES DO ML DA MICROALGA

As análises foram realizadas em duplicata e determinou-se a média e o

desvio padrão das medidas. O teste ANOVA de fator único apresentou um

valor de F= 416,3438>Fcrítico= 9,5520, portanto o fator tempo possui influência

significativa sobre o ML extraído. Comentar que quanto maior o valor de F mais

significativo é o parâmetro estudado sobre material lipídico extraído.

A Tabela 2 mostra os diferentes tempos submetidos na extração do ML

e BR, seus respectivos rendimentos e coloração (Figura 8).

Tabela 2: Conteúdo lipídico, biomassa residual (BR) e a variância referente aos processos extrativos realizados com a biomassa da microalga, assim como, aspectos físicos dos extratos Monoraphidium sp. em diferentes tempos.

Fonte: Autor, 2016

A análise das médias do ML extraído permite observar que entre o

intervalo de 2 – 6 horas implica que o tempo tem significativa importância.

Quanto maior o tempo submetido à extração da biomassa maior será a

quantidade de ML extraído, pois a eficiência do rompimento celular utilizado

banho ultrassônico melhorado, ocorrendo dessa forma uma melhor extração do

ML. As extrações de 4 horas e 6 horas apresentaram valores de rendimento

próximos, dessa forma, relacionando o custo benéfico, o melhor tempo para a

Tempo (h) ML (%) BR (%) 𝜎2 Cor

2 10,50 + 0,763 72,8 0,583 Amarelo

4 27,61 + 0,764 63,4 0,551 Laranja

6 33,71 + 0,976 66,6 0,953 Laranja

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extração seria de 4 horas. A Figura 8 mostra o aspecto do ML nos diferentes

tempos de extração.

O rendimento da BR da microalga Monoraphidium se mostrou bastante

promissor, pois essa BR poderá ser aplicada em diversas partes da indústria

biorrefinária. O uso de microalgas para a produção de biocombustíveis é uma

alternativa válida para diminuir os impactos ambientais causados pelos

combustíveis não fosseis. Essa produção de biocombustíveis a partir de

microalgas baseia-se primeiramente na produção de biomassa com elevadas

produtividades. Dessa forma, a BR torna-se uma matéria prima biorrefinária,

visando a importância do reaproveitamento completo dessa matéria prima.

Figura 7: a) Extração 2h do ML em banho ultrassônico. b) Extração 4h do ML em banho ultrassônico.

c) Extração 6h do ML em banho ultrassônico

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4.2 CARACTERIZAÇÕES ESPECTROSCÓPICAS DO ML MICROALGAL 4.2.1- Caracterização por FTIR

Alguns lipídios são compostos principalmente por cadeias alifáticas de

ácidos graxos (ésteres), outros possuem cadeias polares caracterizando outro

tipo de classificação. Esses compostos possuem características marcantes no

espectro de infravermelho, como a banda C=O bastante intensa que aparece

entre 1750 e 1735 cm-1 característico de éster. Nos espectros do ML da Figura

8 mostra essa banda bem intensa em 1745 cm-1, caracterizando que ocorreu a

extração de um composto com o grupo carboxila presente em sua estrutura.

Outra banda bastante intensa aparece entre 1153 cm-1 referentes ao

estiramento C−O presente nos ésteres. Apesar de alguns grupos de carbonila

de ésteres aparecem nas mesmas regiões que alguns grupos cetonas, mas

essas podem ser eliminadas ao se observar esse estiramento C−O intenso e

largo. Pode-se observar um estiramento C−H referente a carbono sp3 bastante

intenso localizado em 2919 cm-1 mostrando a confirmação da presença de uma

cadeia carbônica alifática.

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Figura 8: espectros das extrações do ML em diferentes tempos.

Existem duas grandes diferenças observadas nesses espectros de

diferentes tempos de extrações. No espectro de extração de 2h aparece uma

banda larga e intensa após 3400 cm-1, essa banda pode ser atribuída a uma

ligação O−H bastante intensa, isso pode ocorrer devido o tempo entre a

estocagem e a analise do material, ocorrendo então a presença de umidade.

Outra diferença importante observada nesses espectros é a presença de

uma banda fraca em aproximadamente 1620 cm-1 que está caracterizada pela

conjugação de ligações C=C. Esse estiramento só aparece no espectro de 4h

e 6h de extração.

4.2.2 – Caracterização por UV-vís

A espectroscopia do ultravioleta e visível (UV-vís), as transições que

resultam em absorção de energia eletromagnética nessa região do espectro

ocorrem em níveis de energia eletrônicos. Os principais pigmentos

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carotenoides (majoritariamente) e clorofila (esporadicamente). (PAVIA, et al.

2010)

Figura 9: a) Espectro UV-Vis da extração com tempo de 2 horas. b) Espectro UV-Vis da extração com tempo de 4 horas. c) Espectro UV-Vis da extração com tempo de 6 horas.

Como pode ser observado nos espectros da Figura 9, aparecem duas

bandas de absorções entre 250 e 360 nm. Uma dessas bandas indica

geralmente uma transição 𝑛 → 𝜋* em comprimentos de ondas maiores

(aproximadamente em 300 nm) e outra transição, neste caso, 𝜋 → 𝜋* em

comprimentos de onda menores (aproximadamente 250 nm). Esses tipos de

absorções entre 200-250 nm geralmente são atribuídas à presença de

insaturações C=C. Ratificando a presença de compostos com características

de ligações duplas.

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4.3 - QUANTIFICAÇÃO DO MP MICROALGAL

Como um resultado, a reatividade de qualquer dos ensaios para uma

determinada proteína irá ser uma função da composição da proteína e a

afinidade de se ligar ao corante. Como é observada na Figura 10 quanto mais

azul a amostra estiver mais quantidades de MP existem, dessa forma,

mostrando a presença de proteínas naquela amostra.

A concentração proteica para microalga Monoraphidium sp. foi de 0,765

+ 0,0123 mg/mL, essa concentração está aceitável. De acordo com a literatura

a concentração de proteína detectada pelo método escolhido para a

quantificação, Bradford, é entre 0,14 e 0,97. Assim sendo, a concentração

encontrada no ensaio de Bradford dentro dos padrões existentes na literatura.

Figura 10: Quantificação do MP pelo método de Bradford (1976)

Fonte: Autor, 2016

A biomassa microalgas está progressivamente sendo utilizada como

fonte de energia renovável pela sua gama de compostos energéticos.

Produzido industrialmente pelo seu alto teor lipídico, mas também pelo alto teor

de proteína utilizada tanto na área de biocombustíveis quanto na área

alimentícia (BECKER, 2007; LUBITZ, 196; SEYFABADI, et al, 2011).

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4.4- EXTRAÇÃO DO ML DA BRMP

A Tabela 3 mostra os resultados da extração do ML após a extração do

MP. A BR do MP foi submetida ao mesmo método descrito no item 3.2, dessa

forma os resultados obtidos para essa extração estão descritos abaixo.

Tabela 3: Conteúdo lipídico, biomassa residual (BR) e a variância referente aos processos extrativos realizados com a biomassa residual após a extração da proteína, assim como, aspectos físicos dos extratos Monoraphidium sp. em um tempo de 4 horas.

Tempo (h) ML (%) BR (%)

4 21,82 62,76

O tempo de extração de 4 horas em solvente hexano e banho

ultrassônico, não se mostrou muito promissor para a extração do ML após a

extração do MP. Pois como se pode observar o rendimento total do ML foi

muito baixo comparado com o rendimento do ML sendo extraído antes da

extração do MP. Isso pode ser característico, pois para se obter um resultado

eficaz da extração do MP deve-se utilizar um meio alcalino, dessa forma não

pode evitar a saponificação dos lipídios intracelulares.

4.4.1 Caracterização do MLBRMP

Figura 11: Espectro de infravermelho da extração 4 horas do ML a partir da biomassa residual do MP

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Comparando o espectro da Figura 11 com a Figura 8 houve um

deslocamento da carbonila, antes essa carbonila estava em 1745 cm-1, na

Figura 11 esse estiramento C=O está localizado em 1720 cm-1 caracterizando

um sal de ácido carboxílico. Esse tipo de molécula apresenta um estiramento

O−H com uma banda muito larga entre 3116 e 3664 cm-1 como é mostrado no

espectro da Figura 11. Também aparece um estiramento em 1377 cm-1,

caraterístico de um estiramento C−O.

Devido a biomassa dessa extração já ter sofrido uma mudança no pH

quando se extraiu o MP, essa mudança de meio acarretou a saponificação do

material lipídico ácido intracelular, transformando-o em um sal derivado de

acido carboxílico. Por esse motivo, o rendimento total do ML foi diminuído e

não apenas o ML que não foi saponificado, extraído.

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5 – CONCLUSÃO

As microalgas mostram-se como fontes promissoras para a extração de

lipídios e proteínas, uma vez que apresentam um rápido crescimento e

necessitam de menores áreas de cultivos, além de consumir grandes

quantidades de gás carbônico.

O método de extração empregado para a microalga Monoraphidium sp.

se mostrou muito promissor, pois conseguiu o rompimento da parede celular

microalgal e extrair o ML e o MP. Através das análises por UV-Vis associado

aos espectros de infravermelho, observa-se que o extrato por hexano remove

constituintes de menores comprimentos de onda, predominantemente

triglicerídeos.

O ML extraído da biomassa residual após a extração do MP mostrou um

perfil espectroscópico diferente do ML extraído da biomassa virgem. Dessa

forma, esse material foi saponificado e transformado em um sal de acido

carboxílico diferente do que queria ser obtido. Porem o acido carboxílico é um

dos constituintes principais da biomassa microalga, podendo obter possíveis

valores energéticos.

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6 – REFERÊNCIAS

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