158
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA MESTRADO EM GEOGRAFIA DISTRIBUIÇÃO SOCIOESPACIAL DOS FATORES DINÂMICOS DA POPULAÇÃO NA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL THIAGO TITO DE ARAÚJO NATAL RN 2008

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

  • Upload
    vokien

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTECENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIAMESTRADO EM GEOGRAFIA

DISTRIBUIÇÃO SOCIOESPACIAL DOS FATORES DINÂMICOS DAPOPULAÇÃO NA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL

THIAGO TITO DE ARAÚJO

NATAL RN2008

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA MESTRADO EM GEOGRAFIA

DISTRIBUIÇÃO SOCIOESPACIAL DOS FATORES DINÂMICOS DA POPULAÇÃO NA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL

THIAGO TITO DE ARAÚJO

NATAL-RN 2008

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

THIAGO TITO DE ARAÚJO

DISTRIBUIÇÃO SOCIOESPACIAL DOS FATORES DINÂMICOS DA POPULAÇÃO NA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de mestre em Geografia no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientador: Flávio Henrique M. de Araújo Freire

NATAL-RN 2008

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Catalogação da Publicação na Fonte UFRN

Araújo, Thiago Tito de. Distribuição socioespacial dos fatores dinâmicos da população na Região Metropolitana de Natal / Thiago Tito de Araújo. - Natal, RN, 2008. 156 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Flávio Henrique M. de Araújo Freire

Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia.

1. Região Metropolitana de Natal – Dissertação. 2. Tipologia Socioespacial - Dissertação. 3. Dinâmicas demográficas– Dissertação. 4. Geografia I. Freire, Flávio Henrique M. de Araújo. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/CCHLA CDU 911 A663d

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

DISTRIBUIÇÃO SOCIOESPACIAL DOS FATORES DINÂMICOS DA POPULAÇÃO NA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL

THIAGO TITO DE ARAÚJO

FOLHA DE APROVAÇÃO

Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do título de mestre no Curso de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Membros da Banca Examinadora:

_______________________________________________________Professor Dr. Flávio Henrique M. de Araújo Freire (UFRN)

Presidente da Banca

______________________________________________________Professor Dr. Ademir Araújo da Costa (UFRN)

Examinador

______________________________________________________Professor Dr. Weber Soares (UFMG)

Examinador

______________________________________________________Professora Dra. Maria do Livramento Miranda Clementino (UFRN)

Suplente

Natal, _______de _____________de 2008.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

A Deus, ao santuário da Virgem dos Pobres.Aos meus familiares e aos meus companheiros de todas as horas.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

AGRADECIMENTOS

Inicialmente, gostaríamos de agradecer a Deus, a Senhora Sant’Ana,

padroeira de todos os caicoenses e ao Santuário da Virgem dos Pobres

(Maceió – AL), onde uma prece foi feita, ouvida e atendida.

Agradeço a meu pai, Sebastião Tito de Araújo, meu grande ídolo e

incentivador. A minha mãe, Faustina Araújo, por suas cobranças necessárias e

por sua preocupação infinita. A minha irmã, Thaísia Kássia de Araújo, por

sempre me dá ouvidos, aos meus lamentos e alegrias, nas intermináveis

madrugadas. E ao meu irmão, Francisco de Assis Araújo e seus filhos, pela

imensurável acolhida em Natal.

Agradeço ao senhor professor Renato de Medeiros Rocha, grande

amigo e incentivador acadêmico, por abrir meus olhos para importância da pós-

graduação.

Agradeço também, ao meu orientador e amigo, Flávio Henrique M. de

Araújo Freire, por sua paciência, compreensão e, principalmente, por seu

companheirismo. E a professora Maria do Livramento M. Clementino, por

acreditar e investir no meu crescimento acadêmico.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

“A sabedoria não nos é dada. É preciso descobri-la por nós mesmos, depois de uma viagem que ninguém nos pode poupar ou fazer por nós”.

Marcel Proust

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

RESUMO

A Região Metropolitana de Natal, como as demais regiões metropolitanas

brasileiras, foi marcada pela intensa e acelerada urbanização do país ocorrida

somente na segunda metade do século XX, coincidindo com o processo de

consolidação da indústria do país, resultando em sérios problemas sociais

urbanos, como o aumento das favelas, a falta de infra-estrutura e o aumento da

violência presente nos centros urbanos. Ao adentramos a realidade da Região

Metropolitana, aferimos os impactos da reestruturação produtiva, no contexto

da globalização, analisando de que forma os aspectos socioeconômicos

influenciam os fatores dinâmicos da população, cuja configuração mostrou-se

contraditória de acordo com a classe social ocupada. Nesse sentido,

estudamos a configuração demográfica da Região Metropolitana de Natal,

analisando sua distribuição espacial e suas diferenças sociodemográficas a luz

da construção de uma tipologia socioespacial, que recorta o espaço

metropolitano em áreas homogêneas.

Palavras-Chave: Região Metropolitana de Natal, Tipologia Socioespacial,

Dinâmica Demográfica.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

ABSTRACT

The Metropolitan Region of Natal, like other metropolitan regions in Brazil, was

marked by intense and rapid urbanization of the country occurred only in the

second half of the twentieth century, coinciding with the process of consolidation

of the industry in the country, resulting in serious urban social problems, such

as the increase in slums, lack of infrastructure and this increase in violence in

urban centers. When enters the reality of the metropolitan region, assessing the

impacts of restructuring productive in the context of globalization, analyzing how

the socio-economic factors influencing the dynamic of the population, whose

configuration was shown to be contradictory according to social class busy.

Accordingly, we studied the demographic configuration of the Metropolitan

Region of Natal, analyzing their spatial distribution and their socio-demographic

differences in light of building a type socio-space, which cuts the metropolitan

space in homogeneous areas.

Key-Words: Metropolitan Region of Natal, Type Socio-space, Demographic

Dynamics.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS

1 Capim Macio .............................................................................................................. 47

2 Petrópoles................................................................................................................... 48

3 Tirol.............................................................................................................................. 48

4 Candelária .................................................................................................................. 48

5 Ponta Negra ............................................................................................................... 50

6 Lagoa Nova ................................................................................................................ 50

7 Nova descoberta ........................................................................................................ 50

8 Barro Vermelho........................................................................................................... 51

9 Lagoa Seca................................................................................................................. 52

10 Alecrim....................................................................................................................... 52

11 Neópolis..................................................................................................................... 52

12 Pitimbú....................................................................................................................... 53

13 Paranamirim – Centro............................................................................................... 53

14 Potengi...................................................................................................................... 54

15 Barrio Nordeste......................................................................................................... 54

16 Quintas...................................................................................................................... 55

17 Dix Sexpt Rosado...................................................................................................... 55

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

18 Nazaré....................................................................................................................... 55

19 Cidade da Esperança................................................................................................ 56

20 Santos Reis............................................................................................................... 57

21 Praia do Meio............................................................................................................ 57

22 Areia Preta................................................................................................................. 57

23 Mãe Luiza.................................................................................................................. 58

24 Cidade Alta................................................................................................................ 58

25 Ribeira....................................................................................................................... 58

26 Rocas........................................................................................................................ 59

27 Agreg Parque Industrial............................................................................................. 59

28 Parnamirim C.L.B.I.................................................................................................... 59

29 Parnamirim –Pirangi.................................................................................................. 60

30 Macaíba – Zona Urbana............................................................................................ 61

31 Agreg. Distrito S. Gonçalo do Amarante................................................................... 61

32 Salinas....................................................................................................................... 62

33 Igapó.......................................................................................................................... 62

34 N. Senhora da Apresentação.................................................................................... 62

35 Lagoa Azul................................................................................................................. 63

36 Pajuçara.................................................................................................................... 63

37 Redinha..................................................................................................................... 63

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

38 Bom Pastor.................................................................................................... 64

39 Felipe Camarão............................................................................................. 64

40 Guarapes....................................................................................................... 64

41 Planalto......................................................................................................... 65

42 Parnamirim –Distrito Industrial....................................................................... 65

43 Parnamirim Área Comercial.......................................................................... 65

44 Ceará-Mirim................................................................................................... 66

45 Nízia Floresta................................................................................................ 67

46 S. José do Mipimbú...................................................................................... 67

47 Monte Alegre................................................................................................ 68

48 Extremoz...................................................................................................... 68

49 Distrito de S. Gonçalo.................................................................................... 68

50 Ceará-Mirim................................................................................................... 70

51 Macaíba........................................................................................................ 70

GRÁFICO:

1 Taxa de Fecundidade Total. do Brasil, 1940 a 2000...........................................79

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

LISTA DE TABELAS

1 Nordeste: Taxa de Fecundidade Total - 1991 / 2000...................................... 81

2 RM/NATAL: Percentual da população rural por município - 1991 / 2000....... 83

3 RM/NATAL: Taxa de Urbanização - 1991 / 2000............................................ 84

4 RM/NATAL: Taxa de Fecundidade Total - 1991 / 2000.................................. 86

5 RM/NATAL: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - 1991/2000...... 88

6 Nordeste: Esperança de Vida ao Nascer - 1991 / 2000.................................. 100

7 Nordeste: Mortalidade até um ano de idade - 1991 / 2000............................. 101

8 Nordeste: Mortalidade até cinco anos de idade - 1991 / 2000........................ 102

9 Nordeste:Índice de Desenvolvimento Humano - 1991 / 2000........................ 104

10 Esperança de Vida ao Nascer – RM de Natal – 1991 / 2000.......................... 105

11 RM/NATAL: Mortalidade até um ano de idade - 1991 / 2000......................... 107

12 RM/NATAL: Mortalidade até cinco anos de idade - 1991 / 2000.................... 108

13 Pessoas de 5 anos ou mais de idade que tinham o NE c/ origem, por

Regiões de Destino - Período 1986/1991........................................................... 118

14 Pessoas de 5 anos ou mais de idade que tinham o Nordeste c/ origem, por

Regiões de Destino – Período 1995 – 2000........................................................ 119

15 Entradas, saídas e saldos migratórios, de migrantes de data fixa s/ a região

Nordeste – Períodos 1986 – 1991 e 1995 – 2000 ................................... 121

16 Rio Grande do Norte: Migrantes de Data fixa s/ o local de origem – 2000 .... 123

17 RM/NATAL: População Residente de Anos e Mais e Imigrantes de Data

Fixa – 2000 ......................................................................................................... 126

18 População Residente de 5 Anos e Mais e Imigrantes de Data Fixa segundo

a sua origem – Região Metropolitana de Natal – 2000 ....................................... 128

19 RM/NATAL: População residente de 15 Anos e mais que trabalha ou

estuda e pessoas que realizaram movimento pendular – 2000 .......................... 130

20 RM/NATAL: Imigrantes de Data Fixa tendo como origem Natal – 2000 ........ 131

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

LISTA DE MAPAS

1 Áreas de Expansão Demográfica – RM de Natal – 2000 .................................... 43

2 Tipologia Socioespacial – RM de Natal – 2000 ................................................. 46

3 Taxa de Fecundidade Total segundo as tipologias socioespaciais da Região Metropolitana de Natal – 2000 ............................................................................... 93

4 Probabilidade de morte até 5 anos segundo as tipologias socioespaciais da Região Metropolitana de Natal – 2000..................................................................... 111

5 Percentual de Imigrantes de Data Fixa com origem em outro município do Rio Grande do Norte, exceto da Região Metropolitana - Região Metropolitana de Natal – 2000............................................................................................................. 135

6 Percentual de Imigrantes de Data Fixa com origem em outro município de fora do Rio Grande do Norte e de outros países - Região Metropolitana de Natal – 2000 ...................................................................................................................... 136

7 Percentual de Imigrantes de Data Fixa com origem a Região Metropolitana de Natal - Região Metropolitana de Natal – 2000........................................................................................................................... 137

8 Percentual de pessoa que realizam movimento pendular em direção ao Pólo Metropolitano - Região Metropolitana de Natal – 2000............................................ 140

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

LISTA DE SIGLAS

AED’S - Áreas de Expansão Demográfica

AREAP - Áreas de Ponderação da Amostra

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEC - Instituto de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Norte

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IDH - M - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social

IPEA - Instituto de Pesquisa e Estatística Aplicada

MME -Ministério de Minas e Energia

NAPP- Núcleo Avançado de Políticas Públicas

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

RN – Rio Grande do Norte

RM – Região Metropolitana

SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo

SPSS - Software Statistics Program Sciences Social

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 16

1 - Contexto histórico, teórico e metodológico ............................................ 23

1. 1 - Organização espacial de uma tipologia socioespacial ........................ 37

1. 2 – Descrição da distribuição territorial dos tipos socioespaciais........... 47

2 - relação das tipologias socioespaciais com a dinâmica demográfica.... 73

2.1 Tipologias Socioespaciais e a Fecundidade................................ 73

2.2 Tipologias Socioespaciais e a Mortalidade................................... 94

112 2.3 Tipologias Socioespaciais e a Mobilidade ...................................

Considerações Finais .................................................................................................... 141

Bibliografia ..................................................................................................................... 149

Anexo............................................................................................................................. 156

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 16Metropolitana de Natal

INTRODUÇÃO

Na década de 1970, o elevado crescimento da economia brasileira,

ocorrido de forma espacialmente concentrado, fez “explodir” as metrópoles

nacionais e ensejou a metropolização de outros importantes centros urbanos.

As regiões metropolitanas brasileiras foram criadas por lei, aprovada no

Congresso Nacional (1973), que as definiu como um conjunto de municípios

contíguos e integrados socioeconomicamente a uma cidade central, com

serviços públicos e infra-estrutura comum, que deveriam ser reconhecidas pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Contudo, foi a partir da Constituição Federal de 1988, que a instituição

das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, por meio

de lei complementar, passaram a ser da responsabilidade do próprio Estado,

constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para compor a

organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse

comum.

Quanto ao processo de formação da Região Metropolitana de Natal,

segundo documento formulado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística Aplicada

(IPEA) de 2002, o processo de transbordamento de Natal com municípios

vizinhos tornou-se evidente e, por duas vezes o Governo do Estado tentou

institucionalizar uma região metropolitana e implementar um projeto de

desenvolvimento integrado, entre os municípios de Natal, Parnamirim,

Macaíba, São Gonçalo do Amarante e Extremoz, sem, contudo, obter sucesso

em sua implementação.

16

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 17Metropolitana de Natal

Novas tentativas foram realizadas em 1977, com o Plano de

Desenvolvimento Regional e Urbano da Grande Natal, elaborado pelo

urbanista Luiz Forte Neto, juntamente com Instituto de Desenvolvimento

Econômico do Rio Grande do Norte (IDEC); e em 1988, com Plano de

Estruturação do Aglomerado Urbano de Natal, elaborado pelo escritório Jaime

Lerner de planejamento urbano em conjunto com o IDEC.

De fato, só com o agravamento dos problemas comuns aos municípios

que compõem a Região Metropolitana, é que o governo do estado promulgou

em 04 de janeiro de 1994, a Lei Complementar n° 119/94, que institui a

regionalização do estado, prevendo, dentre outras, a criação da Região

Metropolitana de Natal.

Dessa forma, em 1997 ocorreu o processo de formalização político-

administrativa da Região Metropolitana de Natal, que teve sua criação

regulamentada pela Lei Complementar n°152, baseada nos argumentos de

“expansão urbana acelerada, demanda por serviços e necessidade de

investimentos em parceria” (LEI COMPELTENTAR Nº 152; Art. 1). Neste

primeiro momento, seis municípios passaram a compor a Região

Metropolitana: Natal, configurando-se como município pólo, Parnamirim, São

Gonçalo do Amarante, Macaíba, Ceará - Mirim e Extremoz. Contudo, a partir

da Lei Complementar n° 221 de 2002 é que a Região Metropolitana de Natal

passou a ter em sua configuração, a presença de mais dois municípios,

incorporando São José de Mipibú e Nísia Floresta. Recentemente a partir da

Lei n° 315 de 2005 houve a incorporação a Região Metropolitana o município

de Monte Alegre.

17

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 18Metropolitana de Natal

Como se percebe tanto a Região Metropolitana de Natal, como as

demais regiões metropolitanas brasileiras, foram marcadas pela intensa e

acelerada urbanização do país, ocorrida somente na segunda metade do

século XX, coincidindo com o processo de consolidação da indústria do país.

De fato, tal realidade resultou em sérios problemas sociais e urbanos, como o

aumento das favelas, a falta de infra-estrutura e o aumento da violência

presente nos centros urbanos.

Sendo assim, ao adentrar a realidade da Região Metropolitana de Natal,

tem-se como objetivo principal, analisar de que forma os aspectos

socioeconômicos influenciam os fatores dinâmicos da população, cuja

configuração pode ser contraditória de acordo com a classe social ocupada.

Estudos realizados sobre o tema indicam que o processo de mudanças

associado à globalização da economia e à reestruturação produtiva tende a

intensificar diferenciações e desigualdades sociodemográficas nas cidades,

contudo surge a indagação de como esse processo de diferenciação espacial

está configurado na Região Metropolitana de Natal e se há realmente uma co-

relação entre o tipo de área ocupada e seu perfil demográfico.

Segundo Corrêa (1990), a cidade tem-se constituído, ao longo da

história, no principal local das lutas sociais. A organização espacial acaba

sendo apresentada de forma desigual, caracterizada por uma complexa divisão

técnica e social do espaço, associada a uma enorme diferença nas condições

de vida dos diversos grupos sociais da cidade.

Corrêa (1990) defende que:

A grande cidade capitalista é o lugar privilegiado de ocorrência de uma série de processos sociais, entre os quais a

18

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 19Metropolitana de Natal

acumulação de capital e a reprodução social básica. Estes processos criam funções e formas espaciais, ou seja, criam atividades e suas materializações, cuja distribuição espacial constitui a própria organização espacial da população. (CORRÊA, 1990; p. 61).

Os impactos gerados pela globalização sobre as grandes e médias

cidades têm evidenciado na produção do espaço o aumento da segregação

residencial. Observa-se, nas grandes e médias cidades brasileiras a

disseminação do acesso desigual a serviços e equipamentos que configuram o

bem-estar da população, ampliando as diferenças socioocupacionais e

demográficas existentes no espaço urbano.

Segundo Corrêa (1989), o espaço urbano da cidade capitalista se

apresenta como o conjunto de diferentes usos da terra justapostos entre si. De

acordo com os usos da terra torna-se possível definir distintas áreas

residenciais, em termos de forma e conteúdo social.

A cidade encontra-se fortemente dividida em áreas residenciais

segregadas, as quais representam papel ponderável no processo de

reprodução das relações sociais, refletindo a complexa estrutura social de

classes, ou seja, o espaço da cidade além de ser reflexo da sociedade, torna-

se também condicionante dessa sociedade.

A tendência de distribuição da população no espaço, em grupos sociais

homogêneos, e a desigualdade socioespacial da organização territorial da

Região Metropolitana, ensejaram a justificativa deste trabalho. Nesse sentido,

para que seja possível estudar a configuração demográfica da Região

Metropolitana de Natal, tornou-se necessário analisar a distribuição espacial da

população e seus diferenciais sociodemográficos através da construção de

19

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 20Metropolitana de Natal

uma tipologia socioespacial1, a qual recorta o espaço metropolitano em áreas

homogêneas.

Segundo Damiani (2004), na análise geográfica da população, a

demografia, além de contribuir nos procedimentos de quantificação dos dados

brutos de população, definiu material estatístico de cunho mais qualitativo, que

teria auxiliado a geografia na caracterização econômica, e no esclarecimento

de tensões decorrentes das questões econômicas, no interior de marcos

espaciais específicos.

O emprego de índices como o de fecundidade, de mortalidade e as

diversas análises sobre os fluxos migratórios, conferiram à demografia notável

rigor científico. Sua aplicação poderá possibilitar a análise em quantidade e

qualidade da dinâmica populacional da Região Metropolitana de Natal, além de

determinar alguns dos componentes que estão na estrutura de suas condições

socioeconômicas.

Para tanto, do ponto de vista demográfico, aborda-se a população da

Região Metropolitana de Natal, segundo dois critérios principais. Primeiro,

através de uma abordagem histórica, tentando com isso, perceber a evolução

dos fenômenos demográficos ao longo do tempo. Segundo, consiste na

abordagem analítica e socioeconômica, que seja capaz de oferecer

esclarecimentos a dispor da evolução demográfica da Região Metropolitana e

sua influência sofrida, principalmente, por fatores históricos e socioeconômicos.

1A construção da tipologia socioespacial foi desenvolvida no âmbito do projeto de pesquisa, “O Mapa Social da Região Metropolitana de Natal: Desigualdade Social e Governança Urbana, apoiado pela UFRN/FAPERN/CNPq – Pronex, que tem sua metodologia, no que condiz a construção das categorias socioocupacionais e as tipologias socioespacial, creditada a pesquisa desenvolvida em conjunto pela Rede Metrópoles, capitaneada pelo IPPUR/UFRJ, que agrega vários núcleos de Estudos Metropolitanos em todo o Brasil, inclusive no Rio Grande do Norte. Metodologia essa, elaborada em colaboração com Edmond Preteceille do CSU – Centre National de la Recherche Scientifique e Luciana Corrêa do Lago do IPPUR/UFRJ.

20

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 21Metropolitana de Natal

Também se faz necessário um “passeio” sobre o conceito de região,

com previsão cuidadosa de não se encontrar limitado ao conceito de

regionalização, feita durante o contexto da Nova Geografia, onde

fundamentado no positivismo lógico, define a região como “um conjunto de

lugares onde as diferenças internas entre esses lugares são menores que

existentes entre eles e qualquer elemento de outro conjunto de lugares”

(CORRÊA, 1990; p. 32), se opondo àquelas associadas aos paradigmas do

determinismo ambiental e do possibilismo.

A proposta desse trabalho é utilizar esse conceito e o estudo da

organização espacial da população no espaço metropolitano, como facilitador

do desenvolvimento da análise, supondo o diferente acesso ao espaço

metropolitano por meio da população, busca-se através das análises

“ultrapassar” as técnicas estatísticas, usadas para formação das áreas

homogêneas, enquanto tipo socioespacial.

Empregar o estudo de organização espacial, atrelado ao de segregação

residencial, é alimentar as análises através da tendência de agrupamento no

espaço de grupos sociais homogêneos, também resultado da desigualdade

socioespacial, expressando-se na organização do território da cidade.

Segundo afirmação de Corrêa (1989), a segregação residencial, pode

ser vista como um meio de reprodução social, e nesse sentido o espaço social

age como um elemento condicionador sobre a sociedade.

Portanto, para a construção de uma tipologia socioespacial, partiu-se de

três variáveis: ocupação, instrução e renda, com o fim de identificar a

distribuição da população segundo sua classe social, o que permitirá inferir

21

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 22Metropolitana de Natal

sobre os diferenciais demográficos presentes na Região Metropolitana de

Natal.

Uma vez que, por meio da análise demográfica, medida através de

componentes da variação e mudança populacional como natalidade

(fecundidade), mortalidade e mobilidade, pode-se inferir se a estrutura

socioespacial influencia ou não a condição de vida da população. Nota-se que

apesar desses componentes poderem ser traduzidos em fórmulas, codificados

em quantidade, é necessário situá-los no interior de sua relação com outros

fenômenos sociais que podem explicá-los dado as suas causas determinantes

ou condicionantes sociais.

Busca-se particularmente, analisar de que forma os aspectos

socioeconômicos afetam nos fatores dinâmicos da população, cuja

configuração pode apresentar diferenciações de acordo com a classe social

ocupada. Em outras palavras, é objetivo desse trabalho analisar à luz de uma

tipologia socioespacial o desigual acesso perante diferentes níveis de classes

sociais, dada à segregação residencial, sua relação nos determinantes do

dinamismo demográfico como a fecundidade, mortalidade e a mobilidade.

22

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 23Metropolitana de Natal

1 CONTEXTO HISTÓRICO, TEÓRICO E METODOLÓGICO

Localizada no litoral oriental do Rio Grande do Norte, a Região

Metropolitana de Natal ocupa uma área de pouco mais de 2.500 km2, a qual

representa cerca de 5% do território estadual. Entretanto, segundo o censo

demográfico de 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), a Região Metropolitana concentra cerca de 39,5% da

população do Estado, representando perto de 1 milhão de pessoas residindo

nessa área.

Esses números chamam mais atenção, quando visualizamos que

Natal, capital do estado e cidade pólo da Região Metropolitana, segundo o

Censo Demográfico de 2000, representa sozinha, cerca de 25% da população

do Estado e aproximadamente 65% da população da Região Metropolitana, ou

seja, em torno de 712 mil habitantes.

Contudo, o interesse em conhecer e atuar sobre a Região

Metropolitana de Natal, não se restringe ao fato dela concentrar uma parcela

crescente da população do Rio Grande do Norte, mas também, por ser o lugar

onde os investimentos de capital são os maiores do Estado, além de

representar também, um conjunto de diferentes usos da terra justapostos entre

si e congregar populações em diferentes níveis de desenvolvimento em relação

às características sociodemográficas.

É importante lembrar, que o conceito de região metropolitana foi

introduzido no Brasil, apenas a partir da década de 1970, compartilhando da

idéia de que uma região metropolitana “é um aglomerado urbano composto por

23

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 24Metropolitana de Natal

vários municípios autônomos, mas integrados física e funcionalmente,

formando uma mancha urbana praticamente continua” (BRAGA & CARVALHO,

2004; p, 18).

Braga e Carvalho (2004) defendem que, inicialmente, o conceito de

metrópole está ligado a etimologia da palavra, que em grego significa cidade-

mãe e estava associado com o de cidades-satélite. Assim como as cidades,

atualmente o conceito abriga várias configurações espaciais bastante distintas,

mas talvez a essência esteja ligada à primazia de uma cidade em relação às

outras, geralmente conurbadas ou como no caso da Região Metropolitana de

Natal, sofrendo um transbordamento proveniente da cidade pólo. Nessa

perspectiva, os problemas da metrópole devem ser pensados e solucionados

através de uma política integrada, de maneira democrática, tanto em termos

sociais, como econômicos, isto é, embasada numa justa distribuição dos bônus

e ônus do processo de desenvolvimento2.

De fato, segundo Santos (1998), o conceito de metropolização

corresponde à macro-urbanização e, apenas as aglomerações urbanas com

mais de um milhão de habitantes deveriam merecer tal denominação.

Entretanto, até a Constituição de 1988, as Regiões Metropolitanas

eram criadas através do Governo Federal. Só a partir de então, os próprios

estados puderam criar suas regiões metropolitanas seguindo normas próprias.

2 Cabe ressaltar, que de acordo com Braga e Carvalho (2004), o processo de integração física e funcional de várias cidades é chamado de conurbação, ou seja, haveria um crescimento recíproco das cidades ao ponto da mancha urbana apresentasse praticamente contínua. Entretanto, o que podemos perceber ao analisarmos a realidade demonstrada pela Região Metropolitana de Natal, é que ela possui uma cidade Pólo (Natal), que exerce forte influência econômica, especialmente a seus municípios vizinhos (limítrofes), causando um transbordamento de suas atividades econômicas em suas direções.

24

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 25Metropolitana de Natal

De acordo com Miranda (1999), no caso da região metropolitana norte-

rio-grandense, os primeiros estudos sobre o desenvolvimento urbano e regional

da região datam de 1977 quando, o então governador do estado, solicitou ao

escritório de arquitetura Luiz Forte Netto, de Santa Catarina, pareceres sobre a

expansão urbana de Natal, voltada, especialmente à conurbação com os

municípios adjacentes.

Segundo Aquino (2006), O plano desenvolvido pelo referido escritório,

elaborou sete hipóteses para estruturação da organização espacial da Região

Metropolitana de Natal. Dessa forma o governo, em face das conclusões,

implantou um distrito industrial na Zona Norte de Natal. Contudo, enfatiza a

autora, o crescimento urbano foi desordenado e, onze anos depois, o Governo

do Estado convidou o Escritório Jaime Lerner para apresentar novas propostas

de ajuste ao crescimento.

Aquino (2006) ainda ressalta que essas duas ações promovidas pelo

Governo do Estado do Rio Grande do Norte, não impossibilitaram o

desordenado e acelerado processo de transbordamento de Natal para os

municípios vizinhos e seus conseqüentes problemas.

Muito embora o conceito de região metropolitana vá além da mera

definição legal, a formação da Região Metropolitana de Natal foi legalmente

construída a partir de janeiro de 1994, tendo uma última inclusão de município

em dezembro de 2005, contando com a participação de Natal, Parnamirim, São

Gonçalo do Amarante, Macaíba, Ceará - Mirim, Extremoz, Nísia Floresta, São

José do Mipibú e por fim, Monte Alegre.

25

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 26Metropolitana de Natal

No entanto, independentemente do processo de formação da Região

Metropolitana de Natal, percebe-se que o crescente processo de urbanização3

verificado na região trouxe em seu contexto, um visível processo de

segregação espacial, a qual é notória a alocação da população segundo,

principalmente, sua condição socioeconômica.

Segundo Préteceille (2004), o conceito de segregação espacial surge,

primeiramente, através das idéias difundidas pela Escola de Chicago de R.

Park e Burgess (1925), geralmente, considerada como tendo constituído o

nascimento da sociologia urbana enquanto disciplina científica. Esses autores

salientam que através de uma consulta rápida à literatura sociológica é

possível perceber que a maioria dos trabalhos publicados sobre segregação

trata das diferenças étnico-sociais ou socioeconômicas como questões amplas

na diferenciação dos espaços urbanos.

Corrêa (1989) acrescenta que o conceito de segregação espacial,

surgido através da Escola de Chicago, é definido como sendo uma

concentração de tipos de população dentro de um dado território. O autor

salienta ainda, que o conceito de “áreas sociais”, definido por Shevky e Bell

(apud Corrêa, 1989), como sendo áreas marcadas pela tendência a

uniformidade da população, é baseada em termos de três conjuntos de

características: status socioeconômico (renda, status ocupacional, instrução

etc.), característica escolhida para construção dos tipos socioespaciais nesse

3 Consideramos nesse trabalho o conceito demográfico de urbanização adotado por Davis (1977, apud Braga e Carvalho, 2004), que é o aumento do percentual da população urbana em relação à total. Assim sendo, pode-se dizer que uma sociedade está se urbanizando na medida em que o crescimento da população urbana é maior do que a população rural. Outra acepção do termo urbanização, apontada pelos autores, e também adotadas por arquitetos e urbanistas, é o da implantação de equipamentos e benfeitorias urbanas no espaço. Portanto, construir escolas, pavimentar ruas e implantar rede de esgoto é urbanizar o espaço.

26

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 27Metropolitana de Natal

trabalho; urbanização (mulheres na força de trabalho, fase do ciclo de vida,

isto é, solteiros, casais jovens com filhos pequenos etc.) e etnia.

Segundo Corrêa, a uniformidade de tais características origina áreas

sociais, isto é, bairros homogêneos, segregados, como por exemplo, bairros

populares com modestas residências, de empregados do setor terciário

residindo em edifícios de apartamentos, de diretores de empresa em suas

residências suntuosas etc.4

Préteceille (2004) ressalta, que no caso brasileiro, a maioria dos

trabalhos sobre segregação diz respeito, sobretudo às diferenças

socioeconômicas e pouco sobre as diferenças étnico-raciais. Isso significa dizer

que a segregação é sobretudo analisada nos estudos sobre as cidades

brasileiras pela focalização sobre as categorias mais pobres de um lado, e os

mais ricos do outro, mas raramente, sem que a localização residencial das

categorias intermediárias seja considerada de modo sistemático.

Entretanto, de acordo com a opinião exposta por Ribeiro (2000), o

termo segregação espacial trata-se de uma categoria de análise que contém

sempre duas dimensões: (i) conceitual, relacionada com os princípios teóricos

adotados para explicar a organização socioterritorial; (ii) prática, relacionada

com as concepções normativas da sociedade fundadas em princípios de

igualdade.

O autor identifica o conceito de segregação espacial, através de duas

concepções: a primeira concebe a segregação como diferença de localização

de um grupo em relação aos outros grupos. Esta se trataria de uma concepção

4 Trechos adaptados do livro de CORRÊA, R.L. O Espaço Urbano. São Paulo, 1989. O autor também sugere consultar os trabalhos de Mackenzie, Shevky e Bell, em Coletânea organizada por THEODORSON, G. A.

27

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 28Metropolitana de Natal

clássica, cujo fundamento é a explicação ecológica da sociedade,

estabelecendo a contraposição de distância social à idéia de mistura, considera

como a forma de organização social.

A segunda concepção apresentada por Ribeiro (2000), “a segregação

designa as desigualdades sociais expressas como organização do território da

cidade” (RIBEIRO, 2000; p. 18). O espaço urbano contém um conjunto de

recursos importantes à reprodução das categorias sociais, na forma de bens

materiais simbólicos, mas a sua distribuição reflete as chances desiguais de

acesso.

Ainda segundo Ribeiro (2000), duas abordagens teóricas

fundamentaram essa concepção, uma de inspiração marxista, a qual explica a

segregação como decorrência das desigualdades de classes da sociedade;

enquanto a outra abordagem, de inspiração weberiana, que explica a

segregação como o resultado das desigualdades da distribuição desigual do

prestígio, da honra social e do poder.

No entanto, as duas abordagens convergem em um sentido, a

segregação é a espacialização da estratificação da sociedade e, conseqüência,

sendo compreendida como decorrência de lógicas coletivas cujo fundamento

são as relações sociais. De acordo com Ribeiro (2000), o princípio normativo

que organiza essa concepção é:

... o da justiça distributiva, já que a disposição dos grupos sociais no território e a distribuição dos equipamentos e serviços na cidade geram uma desigualdade de bem-estar social, em razão das lutas entre as categorias pela apropriação dos recursos materializados na cidade (RIBEIRO, 2000; p. 19).

28

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 29Metropolitana de Natal

Acrescenta também que, a aplicação da concepção de espaço social de

Pierre Bourdieu (2001), à análise da estrutura urbana permite unificar estas

duas concepções de segregação. Com efeito, a ocupação do espaço da cidade

resulta dos princípios de estruturação do espaço social.

Cada princípio representa uma forma de hierarquia do poder:

econômico, social e simbólico. A noção de distância social “coagulada” das

distâncias físicas é entendida como manifestação dos poderes das classes

sociais em se apropriarem da cidade como recursos.

Ribeiro (2000) sugere que a segregação residencial é produto de lógicas

individuais, isto é, efeito de suas escolhas, já que essa forma de organização

ideal estabelece que a distância espacial expressa a existência de distâncias

sociais entre os grupos existentes na sociedade. De tal forma que, estimularia

os indivíduos a se agruparem dado a sua afinidade, seja ela, racial, étnica ou

por posição e de certa forma através desse agrupamento, conseguirem se

resguardarem dos “efeitos fragmentadores da personalidade, gerados pelas

aglomerações e da vida na cidade” (RIBEIRO, 2000; p. 21).

Para tanto, esclarece o autor, a ocupação do espaço urbano ocorrida de

forma desigual acarreta uma forma de segregação da população,

estabelecendo uma tendência da estruturação do espaço ligada à

concentração de pessoas por camadas sociais. Sendo assim, este trabalho se

utiliza, do conceito de organização espacial pautado na segregação espacial,

como a melhor forma de traduzir territorialmente a estrutura social da Região

Metropolitana de Natal, possibilitando assim, a analise demográfica baseada no

acesso desigual do solo urbano pelas diferentes camadas da população.

29

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 30Metropolitana de Natal

Como se pode perceber através da opinião exposta por Corrêa (1990),

na ampla possibilidade de aparecimento dos propósitos de organização

espacial, há dois enfoques que não se excluem mutuamente. O primeiro

considera as áreas simples, ou então complexas; o segundo enfoque visa às

áreas homogêneas, ou então funcionais.

A preferência por utilizar os enfoques de áreas complexas e

homogêneas, parte do preceito de levar em conta muitos critérios ou variáveis,

usualmente, reduzidas através de uma técnica estatística mais sofisticada, a

análise por correspondência, além de se utilizar previamente uma análise

fatorial; dessa forma, se faz referência à unidade agregada de áreas, descrita

pela invariabilidade (estatisticamente considerada).

Compartilhando do argumento de Corrêa (1990; p. 39) que “na nova

geografia não existe, como na hartshorniana, um método regional, e sim

estudos nos quais as regiões formam classificações especiais”; o uso do

conceito de organização espacial desenvolvido nesse trabalho, busca a

identificação de padrões espaciais segundo a construção de uma tipologia

socioespacial. Proporcionando à organização espacial da Região Metropolitana

de Natal o poder de adquirir, junto à sua existência como entidade concreta, o

sentido de padrão espacial, “as classes de área da nova geografia podem

acabar constituindo-se em um exercício acadêmico sofisticado” (CORRÊA,

1990; p. 40).

Pode-se observar que a configuração do espaço urbano da região

metropolitana, dentro do contexto capitalista, resulta do conjunto de diferentes

usos da terra. A organização espacial da metrópole irá depender em grande

30

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 31Metropolitana de Natal

parte, de uma série de fatores que contribuem para a distribuição desigual da

população, recursos e investimentos no espaço metropolitano.

Fazendo uso da citação de Ianni, exposta no livro Região e Geografia de

Lencione (2003), podemos perceber que:

... a globalização não apaga nem as desigualdades nem as contradições que constituem uma parte importante do tecido da vida social nacional e mundial. Ao contrário, desenvolve umas e outras, recriando-se em outros níveis, com novos ingredientes. As mesmas condições que alimentam a interdependência e a integração alimentam as desigualdades e contradições, em âmbito tribal, regional, nacional, continental e global (IANNI, 1993 apud LENCIONE, 2003; p. 73).

Lecione (2003) ainda afirma que as diferenças emergem e se

contrapõem ao processo de globalização, mesmo ela tendendo a anulá-las. Daí

a análise regional que voltada para as particularidades pode revelar aspectos

da realidade que seriam mais difíceis de serem percebidos e analisados se

considerados apenas do ponto de vista global. A noção de região passa a

exercer papel importante na análise espacial, contudo, segundo a autora, a

idéia de região nos moldes clássicos não mais se sustenta nos tempos atuais.

Milton Santos (1996), em sua obra a Natureza do Espaço: Técnica e

Tempo – Razão e Emoção critica a posição pós-moderna, a qual defende o fim

do referencial teórico território, com base no conceito de não-lugar, alegando

que há insuficiência no próprio conceito de região, devido ao processo de

globalização. Lencione (2003) acrescenta, que essa visão exposta por Milton

Santos, procura mostrar que o processo de globalização é também um

processo de fragmentação, significando assim, além de globalização,

regionalização e individualização.

31

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 32Metropolitana de Natal

A perspectiva defendida no trabalho Lencione (2003) corrobora com a

opinião de que a escala regional, como escala intermediária (facilitadora) de

análise, como mediação entre o singular e o universal, pode permitir revelar a

espacialidade particular dos processos sociais globais. Sendo assim, padrões

de organização espacial da população, identificados através de uma tipologia

socioespacial, oferece subsídios suficientes para analisar a relação

socioeconômica sobre a dinâmica demográfica apresentada pela Região

Metropolitana de Natal.

Para tanto, a construção da tipologia socioespacial, realizada neste

trabalho, partindo da variável central - ocupação - fazendo uso de filtros de

renda e instrução, configura-se como uma Proxy, uma aproximação, de como

visualizar a estrutura social, usualmente aqui chamada de categorias

socioocupacionais.

De fato, em áreas onde se apresenta alto índice de desenvolvimento

socioeconômico, ocorre à presença tanto no tocante a quantidade, quanto

qualidade da maior parte dos serviços de infra-estrutura urbana seja ele, de

telefonia, educação, saneamento básico, dentre outros. Restando as áreas

onde estão instaladas as populações pobres, uma presença de serviços de

infra-estrutura numa qualidade inferior. Fatores como esses, acabam

incentivando o aumento da segregação residencial.

Com isso, o espaço urbano se torna reflexo da sua sociedade, tendo no

espaço da cidade capitalista, fortemente dividido em áreas segregadas à

representação da complexa estrutura social em classes. Corrêa (1989) aponta

de forma esclarecedora o peso que o acesso da população ao espaço urbano

tem sobre a reprodução das relações sociais:

32

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 33Metropolitana de Natal

As áreas segregadas representam papel ponderável no processo de reprodução das relações de produção no bojo do qual se reproduzem às diversas classes sociais e suas frações: os bairros são locais de reprodução dos diversos grupos sociais (CORRÊA, 1989; p. 65).

Corroborando com a argumentação do presente trabalho, Ribeiro (2000)

defende que “a globalização ao difundir ideais liberais pelo mundo, gerou

mudanças dos modelos e paradigmas regulatórios que até então

fundamentavam as políticas urbanas” (RIBEIRO, 2000; p. 22). As reformas

institucionais proporcionadas pelo Estado, na direção da liberação do mercado

de terras e de moradias, tiveram como conseqüência a especulação imobiliária,

que se transformou em variável principal para distribuição da população no

território da cidade. Projetando no espaço urbano, de forma mais acentuada as

desigualdades socioeconômicas da organização do espaço.

De fato, pode-se aferir que em sociedades capitalistas, onde o mercado

é o mecanismo central da ordem social e os valores igualitários são a base da

cultura compartilhada pelos seus integrantes, é que o termo segregação é

pertinente como instrumento capaz de enunciar problemas de ordem social.

Sendo assim, buscou-se comprovar a hipótese de que a divisão

socioeconômica da metrópole pode expressar não apenas a espacialização da

diferenciação social, traduzida territorialmente através da segregação espacial,

como também, expressar sua forte relação nos fatores da dinâmica

demográfica.

De acordo com os apontamentos de Próspero Silva (2002/03), o termo

demografia aparece pela primeira vez no livro de Achille Guillard, em 1855,

intitulado Elements de statistique humaine ou démografie comparée

33

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 34Metropolitana de Natal

(Elementos de estatística humana ou demografia comparada). Segundo o

autor, Guillard considerava que Demografia “em sentido amplo, abrange a

história natural e social da espécie humana; em sentido restrito, abrange o

conhecimento matemático das populações, dos seus movimentos gerais, do

seu estado físico, intelectual e mental” (GUILLARD, 1855 apud SILVA, 2002; p.

12).

No entanto, alguns autores defendem que os estudos propriamente

demográficos são bem anteriores a essa data. Considera-se como a primeira

análise demográfica, no sentido moderno da palavra, a que o público londrino

presenciou, no ano de 1662, por John Graunt sob o título de Natural ant

Political Observations Made upon the Bills of Mortality (Observações naturais e

políticas feitas sobre os registros de Mortalidade).

A demografia é a ciência que tem por objetivo o estudo das populações

humanas versando sobre o volume, composição, o desenvolvimento das

mesmas, bem como suas características gerais consideradas principalmente

do ponto de vista quantitativo. Tradicionalmente, a demografia é uma das mais

quantitativas dentre as ciências sociais, fazendo amplo uso da estatística.

Contudo, devemos salientar que de maneira geral observa-se uma crescente

tomada de consciência, por parte dos demógrafos atuais, acerca da

importância dos aspectos qualitativos para a própria problemática demográfica.

A análise demográfica, segundo Damiani (2004), é apresentada na

geografia como auxiliar da geografia da população, na sua configuração como

primeira aproximação. Além disso, possibilitar análise mais complexa e

especializada da sociedade pelos outros ramos da geografia. Dessa forma, a

Geografia da População se apresenta como a ciência que estuda os aspectos

34

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 35Metropolitana de Natal

espaciais da fixação populacional distribuída no espaço urbano,

compartilhando com a Demografia o interesse comum pela distribuição

territorial da população.

Damiani (2004) defende que:

Na análise geográfica da população, a demografia, além de contribuir nos procedimentos de quantificação dos dados brutos de população, definiu material estatístico de cunho mais qualitativo que teria auxiliado a geografia na caracterização econômica, e no esclarecimento de tensões decorrentes das questões econômicas no interior de marcos específicos (DAMIANI, 2004; p. 57).

Para o trabalho aqui pretendido, a Demografia surge como veículo

necessário para o estudo do tamanho, da distribuição territorial e da

composição da população, das mudanças e de seus componentes, como a

fecundidade, a mortalidade e a mobilidade.

Na opinião de Zelinsky (1974), para que a geografia da população possa

proporcionar um tratamento mais abrangente na análise das características da

população de cada região habitada no espaço, é necessário que se faça mão

de uma inferência intrínseca dos atributos universais da população, dos

princípios sistemáticos que governam sua composição, condições

socioeconômicas, comportamento e mudanças tratadas através da

Demografia.

Sendo assim, na mesma direção da perspectiva exposta por Suzana

Pasternak (2004), de que a segregação urbana representa uma tendência de

agrupamento no espaço de grupos sociais homogêneos, e é resultado de uma

desigualdade socioespacial, expressando-se na organização do território da

cidade. Corrêa afirma que “as áreas sociais que emergem da segregação estão

35

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 36Metropolitana de Natal

dispostas espacialmente segundo certa lógica, e não de modo aleatório”

(CORRÊA, 1989; p. 66). Dessa forma, influencia sobremaneira a separação

espacial das diferentes classes sociais fragmentadas, podendo ser identificado

padrões espaciais – áreas homogêneas construídas a partir de tipos sócio-

espaciais. Tais padrões configuram-se como ferramenta útil à análise da

dinâmica demográfica apresentada pela Região Metropolitana de Natal.

Portanto, partindo desse pressuposto de que o conceito de organização

espacial da população está ligado à noção fundamental de diferenciação,

aceitando a idéia de que o espaço urbano é constituído por áreas diferentes

entre si, buscou-se dividir o espaço metropolitano, através da construção de

uma tipologia socioespacial, que possibilitasse inferir sobre os diferenciais

demográficos da Região Metropolitana de Natal. Dessa forma, a análise

pretendida busca entender como os aspectos socioeconômicos, traduzidos no

espaço através de uma tipologia socioespacial, se relacionam com os fatores

dinâmicos da população, cuja configuração pode apresentar diferenciações de

acordo com a classe social ocupada.

Em outras palavras, o que se almeja é analisar a estrutura demográfica

da população residente na Região Metropolitana de Natal à luz de uma

tipologia socioespacial, que foi construída a partir de três variáveis: ocupação,

instrução e renda. Sendo possível identificar a distribuição da população

segundo sua classe social e sua relação nos determinantes do dinamismo

demográfico, como a fecundidade, mortalidade e a mobilidade.

36

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 37Metropolitana de Natal

1. 1 Organização espacial de uma tipologia socioespacial

Como vimos anteriormente, o conceito de organização espacial da

população está intimamente relacionado à noção fundamental de

diferenciação, estimulada em grande parte, por diversos fatores

socioeconômicos, que contribuem para a distribuição desigual da população

perante o espaço metropolitano.

Para tanto, surge a preocupação deste trabalho em estabelecer a melhor

forma de tradução territorial dos padrões de ocupação da população perante

espaço metropolitano, se fazendo necessário uma breve explicação

metodológica sobre o processo de construção das tipologias socioespaciais,

que utilizamos como proxy, dessa ocupação.

Segundo Ribeiro (2000) há três aspectos fundamentais a serem

observados para construção da Tipologia Socioespacial:

a) Escolha da unidade social de análise;

b) Escolha das variáveis pelas quais a distribuição das pessoas no

espaço será discutida;

c) E a escolha da unidade espacial de análise a partir da qual esta

descrição será efetuada.

Sendo assim, opção por utilizar os dados do Censo Demográfico de

2000, por pessoas, como unidade social de nossa análise, parte do

pressuposto de que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

levanta informações demográficas e socioeconômicas para o conjunto da

população. De fato, considera-se que as pessoas, na grande maioria, vivem em

famílias e as escolhas de localização residencial expressam os recursos

37

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 38Metropolitana de Natal

mobilizados e alocados no interior deste universo familiar, servirá

adequadamente para expressar a forma que a segregação espacial está

socialmente distribuída no espaço metropolitano.

Seguindo a lógica proposta por Ribeiro (2000), o próximo passo para a

construção de uma tipologia socioespacial parte da formação de um sistema de

hierarquização social das ocupações que nos servisse de proxy da Estrutura

Social5.

O autor justifica que a opção pela utilização da variável ocupação, deve-

se ao fato dela permitir testar as possíveis relações entre transformações

econômicas e mudanças socioespaciais. Essa variável nos permite também,

uma melhor aproximação descrita da estrutura de classes e o seu papel na

estratificação socioespacial.

O autor também acrescenta que, a ocupação apresenta características

de “variável-síntese” de múltiplos processos sociais cujo conhecimento é

fundamental na análise da estruturação da cidade tais como modelo de

consumo, estilo de vida etc.

A necessidade de se trabalhar com certo número limitado de variáveis a

partir das quais possibilitasse descrever os indivíduos em suas diferenças e

semelhanças, proposta por Ribeiro (2000), origina-se da preocupação de que o

pesquisador não “mergulhe” de forma confusa num mundo de informações que

ele não possa ordenar.

O uso de vinte e quatro categorias socioocupacionais, descritas a seguir,

partindo do agrupamento de mais de quatrocentas ocupações do Censo

5 Segundo o autor devemos tomar como referência os trabalhos desenvolvidos por Tabard (1993), Chenu e Tabard (1993) e Wright (1964), sobre as categorias socioocupacionais, construídas a partir da combinação de variáveis de renda, de ocupação e de grau de instrução.

38

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 39Metropolitana de Natal

Demográfico de 2000, utilizando filtros de renda e grau de instrução, desponta

como importante “arma” de explicação da estruturação do espaço social da

cidade; a partir da identificação de padrões de localização residencial da

população.

Categorias Socioocupacionais (Cat’s)

– Grandes Empregadores

– Dirigentes do Setor Público

– Dirigentes do Setor Privado

– Profissionais Autônomos de Nível Superior

– Profissionais Empregados de Nível Superior

– Profissionais Estatutários de Nível Superior

– Professores de Nível Superior

– Pequenos Empregadores

– Ocupações de Escritório

– Ocupações de Supervisão

– Ocupações Técnicas

– Ocupações Médias da Saúde e Educação

– Ocupações da Segurança Pública, Justiça e Correios

– Ocupações Artísticas e Similares

– Trabalhadores da Indústria Moderna

– Trabalhadores da Indústria Tradicional

– Trabalhadores dos Serviços Auxiliares

39

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 40Metropolitana de Natal

– Trabalhadores da Construção Civil

– Trabalhadores do Comércio

– Prestadores de Serviços Especializados

– Prestadores de Serviços Não-Especializados

– Trabalhadores Domésticos

– Ambulantes e Catadores

– Agricultores

A escolha da unidade espacial de análise depende da desagregação do

território da cidade, em áreas a partir das quais possibilitasse o estudo da

variação da distribuição da população no território da metrópole, capturando a

maior diferenciação social do espaço.

É necessário que a desagregação seja suficientemente fina para que ela

não imponha sua própria lógica, mas, ao contrário, deixe transparecer “todas

as continuidades, as rupturas e as linhas de forças segundo as quais se

organiza o espaço social da cidade” (GRAFMEYER; 1999. 100 apud RIBEIRO;

2000; p. 20).

Contudo, a grande dificuldade de identificação dessas áreas é o fato de

elas já estarem organizadas geograficamente segundo critérios de

regionalização estabelecidos pelo IBGE.

Há pelo menos dois tipos de espacialização com um nível de

desagregação satisfatória disponibilizadas pelo IBGE, as informações

sociodemográficas estão distribuídas na escala dos setores censitários e das

Áreas de Ponderação da Amostra (AREAP).

40

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 41Metropolitana de Natal

Segundo o IBGE (2000), o setor censitário é definido como a unidade de

coleta na qual mora cerca de mil pessoas e cuja extensão permite ser

percorrida pelo recenseador; enquanto as áreas de ponderação definem-se

como sendo uma unidade geográfica, formada por um agrupamento

mutuamente exclusivo de setores censitários, para aplicação dos

procedimentos de calibração das estimativas com as informações conhecidas

para a população como um todo. Nesse sentido, a área de ponderação é a

unidade espacial mínima onde a amostra do Censo Demográfico de 2000 é

representativa6.

A dificuldade de trabalhar com o nível de desagregação provinda dos

setores censitários se deve ao fato de que a região metropolitana apresenta um

grande número de setores (mais de novecentos setores), esse alto nível de

desagregação acaba representando um problema quanto a sua

representatividade estatística, dado ao seu pequeno tamanho demográfico.

Devemos complementar também, que o IBGE não disponibiliza os dados da

amostra por setor censitário.

De acordo com Ribeiro (2000) a utilização de medidas sintéticas, tais

como os índices de dissimilaridade e de segregação são fortemente

influenciados pelas diferenças demográficas entre as áreas. O autor explica

ainda que:

O tamanho demográfico também favorece para mais ou para menos o resultado da análise em termos de maior ou menor diferenciação social dos espaços. Por último o tamanho demográfico também tem implicações na confiabilidade estatística dos dados (RIBEIRO, 2000, p. 20).

6 Cabe ressaltar que, o questionário aplicado pelo Censo Demográfico de 2000 do IBGE, com quesitos socioeconômicos e demográficos, é aplicado numa amostra de 10% dos domicílios e não de forma censitária.

41

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 42Metropolitana de Natal

Portanto, a unidade territorial tomada como base para construção da

Tipologia Socioespacial foram às áreas de ponderação, usualmente chamadas,

nesse trabalho, de áreas de expansão demográfica (AED’s).

A utilização das áreas de expansão demográfica justifica-se por

reproduzirem a área mínima, fornecida pelo IBGE através dos dados do Censo

Demográfico de 2000, capaz de possibilitar a análise da variação da

distribuição da população, também largamente utilizada como fonte de dados

para o desenvolvimento da pesquisa. O instituto reforça que:

O tamanho dessas áreas, em termos de número de domicílios e de população, não pode ser muito reduzido, sob pena de perda de precisão de suas estimativas. As áreas de ponderação foram definidas considerando essa condição e, também, os níveis geográficos mais detalhados da base operacional, como forma de atender a demandas por informações em níveis geográficos menores que os municípios (IBGE, 2000, p. 63).

De acordo com as informações do Censo Demográfico de 2000, a

Região Metropolitana de Natal encontra-se subdividida perante trinta e seis

áreas de expansão demográfica (AED), mostrada a seguir, pelo Mapa 1.

42

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 43Metropolitana de Natal

Mapa 1 Áreas de Expansão Demográfica – RM de Natal – 2000

43

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 44Metropolitana de Natal

Tendo em mãos as trinta e seis áreas de expansão demográfica e as

vinte e quatro categorias socioocupacionais, realizamos, inicialmente, uma

análise fatorial para agrupar as vinte e quatro categorias socioocupacionais

encontradas inicialmente e listadas anteriormente, em oito fatores,

denominados: Superior; Médio Superior; Médio; Médio Inferior; Popular

Operário; Popular; Popular Agrícola; e Agrícola.

Depois foi realizado uma análise de correspondência – a qual

representa uma técnica multivariada que possibilita estudar a relação existente

entre várias categorias de variáveis em estudo – para relacionar esses fatores

com as trinta e seis áreas de expansão demográfica da Região Metropolitana

de Natal. Com essa análise foi possível caracterizar cada área de expansão

demográfica segundo as condições socioocupacionais de sua população

residente (Mapa 2)7.

Segundo Ribeiro (2000), o mapa construído a partir da tipologia

representa a geografia da divisão social do espaço metropolitano. Sendo

assim, atendendo os nossos anseios, é possível identificar os princípios pelos

quais, o espaço social da Região Metropolitana de Natal se divide, sintetizando

em oito áreas-tipo que retratam a hierarquia socioespacial da metrópole,

visualizada no Mapa 2 mostrado a seguir.

A partir da análise do Mapa 2 a Tabela 1/A (anexo) – a qual detalha a

distribuição de cada categoria socioocupacional perante cada tipo

socioespacial, partiu-se para breve análise sobre a distribuição espacial dos

tipos socioespaciais na Região Metropolitana de Natal, identificando a

7 Ribeiro (2000) sugere para descrição das técnicas multivariadas utilizadas, ver Sanders (1989) e Fenelon (1981).

44

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 45Metropolitana de Natal

participação das categorias socioocupacionais mais representativas em cada

um dos tipos.

45

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 46Metropolitana de Natal

Mapa 2Tipologia Socioespacial – RM de Natal – 2000

46

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 47Metropolitana de Natal

1. 2 – Descrição da distribuição territorial dos tipos socioespaciais

Os espaços superiores, no qual representa as áreas do Parque das

Dunas, Capim Macio, Petrópolis, Tirol e Candelária, são caracterizados por

concentrarem significativamente a “Elite Dirigente”. Cerca de 54% dos grandes

empregadores estão localizados nessas Áreas de Expansão Demográfica

(AED’s), havendo também a participação dos dirigentes do setor público, 35%,

e dirigentes do setor privado, 30%. Pode-se visualizar algumas dessas áreas

nas Figuras mostradas abaixo (Figuras 1, 2, 3 e 4).

Tipologia Socioespacial Superior

Figura 1: Capim Macio Fonte: Acervo Semurb, 2006.

47

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 48Metropolitana de Natal

Figura 2: Petrópolis Fonte: Acervo Semurb, 2006.

Figura 3: Tirol Fonte: Acervo Semurb, 2006.

Figura 4: Candelária Fonte: Acervo Semurb, 2006.

48

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 49Metropolitana de Natal

Outra categoria que apresenta forte peso na ocupação desses espaços

são as responsáveis pela “Elite Intelectual”, as quais concentram cerca de 36%

dos profissionais autônomos de Nível Superior, 37% dos profissionais

empregados de nível superior, 42% dos profissionais estatutários de nível

superior e 30% dos professores de nível superior.

As categorias socioocupacionais referentes às ocupações médias,

também apresentam uma sensível participação nos espaços do tipo superior,

porém numa proporção inferior, variando entre 10% e 21% .

Analisando preliminarmente a distribuição espacial desse tipo, ressalta-

se a sua concentração em áreas já tradicionalmente habitadas por uma classe

social mais abastada, ou seja, parte da elite natalense.

Os espaços Médio-Superiores têm sua participação nas categorias

socioocupacionais bem semelhantes aos espaços superiores, no entanto, com

maior grau de mistura no que condiz a uma colaboração mais significativa, no

que se refere à participação das categorias das “ocupações médias”, como

também uma menor participação das categorias pertencentes a “Elite

Dirigente” e “Intelectual”.

As áreas de expansão demográfica, onde este tipo está concentrado,

são as áreas de Ponta Negra, Lagoa nova e Nova Descoberta (Figura 5, 6 e 7).

49

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 50Metropolitana de Natal

Tipologia Socioespacial Médio-Superior

Figura 5: Ponta NegraFonte: Acervo Setur-RN, 2006.

Figura 6: Lagoa Nova Fonte: Acervo Semurb, 2006.

Figura 7: Nova Descoberta Fonte: Acervo Semurb, 2006.

50

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 51Metropolitana de Natal

O caso de Ponta Negra em especial, chama a atenção pela sua não

participação entre os espaços do tipo Superior.

A hipótese levantada é que no interior dessa AED, ocorra a presença de

áreas que são caracterizadas por apresentarem uma considerável colaboração

das “Ocupações Médias”, como o “Conjunto de Ponta Negra”, como também

uma sensível participação da categoria dos “Trabalhadores do Terciário Não-

Especializado”, concentrado em parcela significativa da população que compõe

a “Vila de Ponta Negra”.

No que se refere aos espaços médios à participação da “Elite Dirigente”

e “Intelectual”, se comparada com os demais tipos descritos anteriormente,

apresentam-se em uma proporção inferior, configurando um grau de mistura

superior a elas, justificado em parte pela colaboração das “Ocupações Médias”

e dos “Trabalhadores do Terciário Especializado”. Esse tipo está distribuído

dentre as áreas de Barro Vermelho, Lagoa Seca, Alecrim; Neópolis; Pitimbú; e

Parnamirim – Centro – Br 101 (área onde estão localizados os bairros como

Cidade Verde e Nova Parnamirim) (Figuras 8, 9, 10, 11, 12 e 13).

Tipologia Socioespacial Médio

Figura 8: Barro Vermelho Fonte: Acervo Semurb, 2006.

51

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 52Metropolitana de Natal

Figura 9: Lagoa Seca Fonte: Acervo Semurb, 2006.

Figura 10: Alecrim

Fonte: Acervo Semurb, 2006.

.

Figura 11: Neópolis Fonte: Acervo Semurb, 2006.

52

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 53Metropolitana de Natal

Figura 12: PitimbúFonte: Acervo Semurb, 2006.

Figura 13: Parnamirim Centro – BR 101Fonte: Acervo Semurb, 2006.

Os espaços Médio-Inferiores despontam como o tipo de transição entre

as duas pontas da estrutura socioespacial da Região Metropolitana de Natal,

se configurando como tipo com alto nível de mistura perante as categorias

socioocupacionais, tendo em sua formação tanto a participação das

“Ocupações Médias” quanto à colaboração das categorias mais populares

como, “Trabalhadores do Terciário Não-Especializado”.

53

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 54Metropolitana de Natal

Esse tipo encontra-se distribuído nas áreas do, Potengi, Bairro Nordeste-

Quintas, Dix-sept-Rosado – Nazaré e a área referente à Cidade da Esperança.

(Figuras 14, 15, 16, 17, 18 e 19).

Tipologia Socioespacial Médio-Inferiores

Figura 14: PotengiFonte: Acervo Semurb, 2006.

Figura 15: Bairro Nordeste Fonte: Acervo Semurb, 2006.

54

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 55Metropolitana de Natal

Figura 16: QuintasFonte: Acervo Semurb, 2006.

Figura 17: Dix-Sept Rosado Fonte: Acervo Semurb, 2006

Figura 18: Bairro de Nazaré Fonte: Acervo Semurb, 2006

55

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 56Metropolitana de Natal

Figura 19: Cidade da Esperança Fonte: Acervo Semurb, 2006

Essas AED’s são caracterizadas por apresentarem categorias como as

“Ocupações Médias”, destacando-se as participações nas ocupações artísticas

e similares (14%), ocupações de escritório (cerca de 17%), ocupações médias

de saúde e educação (aproximadamente 16%); “Trabalhadores do Terciário

Especializado”; e “Trabalhadores do Terciário Não-Especializado”.

Os espaços Popular-Operários encontram-se distribuídos dentre as

AED’s de, Santos Reis – Praia do Meio- Areia Preta – Mãe Luíza, Cidade Alta –

Ribeira – Rocas, Parnamirim – Centro Antigo – Aeroporto – Catre e Parnamirim

– Centro – CLBI – Pium – Pirangi. Nas figuras que se seguem, pode-se

visualizar algumas áreas que compõe a tipologia socioespacial Popular-

operário (Figuras de 20 a 29).

56

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 57Metropolitana de Natal

Tipologia Socioespacial Popular-Operário

Figura 20: Santos ReisFonte: Acervo Semurb, 2006

Figura 21: Praia do MeioFonte: Acervo Semurb, 2006

Figura 22: Areia PretaFonte: Acervo Semurb, 2006

57

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 58Metropolitana de Natal

Figura 23: Mãe LuizaFonte: Acervo Semurb, 2006

Figura 24: Cidade AltaFonte: Acervo Semurb, 2006

Figura 25: Ribeira

Fonte: Acervo Semurb, 2006

58

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 59Metropolitana de Natal

Figura 26: RocasFonte: Acervo Semurb, 2006

Figura 27: Aeroporto de Parnamirim

Fonte: Acervo Semurb, 2006

Figura 28: Parnamirim - CLBIFonte: Acervo Semurb, 2006

59

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 60Metropolitana de Natal

Figura 29: Parnamirim - Pirangi Fonte: Acervo Semurb, 2006

Essas AED’s são caracterizadas por apresentarem considerável

participação das categorias dos “Trabalhadores do Terciário Especializado”,

sofrendo sensível tendência as categorias socioocupacionais dos

“Trabalhadores do Secundário”, onde se destacam a participação dos

Operários dos serviços auxiliares, cerca de 16%, e dos operários da construção

civil (aproximadamente 15%).

Verifica-se também, a colaboração de categorias socioocupacionais

como, a dos “Trabalhadores do Terciário Não-Especializado”, dado a

colaboração de cerca de 14% dos Trabalhadores Domésticos e 16% dos

ambulantes e catadores.

Nos espaços populares, cai fortemente a participação das categorias

médias e superiores, passando a ter maior significância à participação dos

“Trabalhadores do Terciário Especializado”, “Trabalhadores do Terciário Não-

Especializados” - só o peso sobre a categoria dos Ambulantes e Catadores, por

exemplo, é de cerca de 17%. Também é preciso ressaltar a considerável

participação desse tipo sobre os “Trabalhadores do Setor Secundário”,

60

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 61Metropolitana de Natal

responsável por abarcar uma parcela de quase 23% dos trabalhadores da

indústria moderna em torno de 22% de trabalhadores da indústria tradicional.

As AED’s que compõem esse tipo são: a Parte urbana de Macaíba, os

Agregados de Distrito de São Gonçalo do Amarante, Salinas – Igapó, Nossa

Senhora da Apresentação, Lagoa Azul, Pajuçara – Redinha, Bom Pastor,

Felipe Camarão, Cidade Nova – Guarapes – Planalto, Parnamirim – Centro –

Distrito Industrial, Parnamirim – Centro – Área Comercial e a Parte Urbana de

Ceará - Mirim (Figuras de 30 a 45 ).

Tipologia Socioespacial Popular

Figura 30: Macaíba – Zona UrbanaFonte: Observatório das Metrópoles, 2006

Figura 31: Agreg. Distrito S. Gonçalo do Amarante Fonte: Acervo Samurb, 2006

61

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 62Metropolitana de Natal

Figura 32: SalinasFonte: Acervo Samurb, 2006

Figura 33: IgapóFonte: Acervo Samurb, 2006

Figura 34: Nosso Senhora da ApresentaçãoFonte: Acervo Samurb, 2006

62

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 63Metropolitana de Natal

Figura 35: Lagoa AzulFonte: Acervo Samurb, 2006

Figura 36: PajuçaraFonte: Acervo Samurb, 2006

Figura 37: RedinhaFonte: Acervo Samurb, 2006

63

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 64Metropolitana de Natal

Figura 38: Bom PastorFonte: Acervo Samurb, 2006

Figura 39: Felipe Camarão Fonte: Acervo Samurb, 2006

Figura 40: Guarapes Fonte: Acervo Samurb, 2006

64

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 65Metropolitana de Natal

Figura 41: Planalto Fonte: Acervo Samurb, 2006

Figura 42: Parnamirim Distrito Industrial

Fonte:

Fonte: Acervo Samurb, 2006

Figura 43: Parnamirim Área Comercial Observatório das Metrópoles, 2006

65

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 66Metropolitana de Natal

Figura 44: Ceará Mirim – Zona Ur ana bFonte: Acervo Samurb, 2006

As AED’s que compõem o tipo Popular-Agrícola são caracterizadas por

serem áreas que apesar de terem um considerável peso da categoria Agrícola

em sua composição, se destaca por sua participação em torno das ocupações

mais populares, concentrando consideravelmente as suas ocupações na

categoria dos Trabalhadores do Terciário Não-Especializado, possibilitando

com que essas AED’s se diferenciem de uma tipologia eminentemente

agrícola.

As AED’s que fazem parte desse tipo são Nísia Floresta, São José do

Mipibu, Monte Alegre, Extremoz e o Distrito de São Gonçalo do Amarante

(Figuras 45, 46, 47, 48 e 49).

Deve-se ressaltar, que dado os critérios estabelecidos pelo IBGE, o nível

de desagregação acaba unindo os setores urbanos e rurais em uma só AED,

propiciando de certa forma o “mascaramento” dos dados. Sendo possível à

desagregação das informações, separando os dados para os setores rurais e

posteriormente para os setores urbanos, será verificado que as áreas

responsáveis pelas zonas rurais de Nísia Floresta, São José do Mipibu, Monte

66

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 67Metropolitana de Natal

Alegre e Extremoz passariam a compor o tipo Agrícola, devido o forte peso que

essa ocupação detém nessas áreas.

Tipologia Socioespacial Popular-Agrícola

Figura 45: Nísia Floresta Fonte: Acervo Samurb, 2006

Figura 46: São José do Minpibú Fonte: Observatório das Metrópoles, 2006

67

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 68Metropolitana de Natal

Figura 47: Monte Alegre Fonte: Acervo Samurb, 2006

Figura 48: Extremoz Fonte: Acervo Samurb, 2006

Figura 49: Distrito de São Gonçalo do Amarante Fonte: Acervo Samurb, 2006

68

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 69Metropolitana de Natal

Outra inferência necessária cabe ao caso do município de São Gonçalo

do Amarante. Pode-se causar algum estranhamento quanto à concentração de

categorias socioocupacionais mais populares na AED de agregados de distrito

de São Gonçalo do Amarante, já que ela segundo lei municipal representa a

zona rural de São Gonçalo, contudo vale a pena ressaltar a particularidade

desta AED. Apesar de apresentar-se visualmente urbanizada, esta AED é

considerada no âmbito da lei municipal como zona rural do município, e como,

o IBGE baseia-se na lei municipal para distinguir o que é área urbana e o que é

área rural, resulta que esta AED, mesmo apesar de apresentar-se coma uma

área urbanizada é catalogada pelo censo demográfico como rural.

Acaba ocorrendo uma inversão de papéis dado ao atraso da lei

municipal de São Gonçalo do Amarante, o Distrito de São Gonçalo do

Amarante, onde está localizada a sede municipal, acaba tendo uma

participação da ocupação agrícola superior aos Agregados de Distrito (área

esta mais influenciada por ocupações mais populares, como os “Trabalhadores

do Terciário Não-Especializado”).

Em fim, fechando a tipologia socioespacial da Região Metropolitana de

Natal, o tipo Agrícola é caracterizado pela forte representatividade da categoria

agrícola nas AED’s da Parte Rural de Ceará - Mirim e Parte Rural de Macaíba

(Figura 50 e 51).

69

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 70Metropolitana de Natal

Tipologia Socioespacial Agrícola

Figura 50: Ceará- Mirim (Zona Rural) Fonte: Acervo Samurb, 2006

Figura 51: Macaíba Fonte: Acervo Samurb, 2006

A participação desse tipo socioespacial na categoria agrícola chega a

aproximadamente 59%, enquanto as ocupações médias e superiores

apresentam representatividade insignificante nesse tipo.

Através da análise das figuras vistas anteriormente, podemos abordar a

princípio, a construção do espaço geográfico dado à ação dos indivíduos,

grupos sociais e, de forma geral, da sociedade que ali residem. Para tanto,

percebe-se na paisagem, demonstrada por essas figuras, a expressão do

70

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 71Metropolitana de Natal

espaço vivido, nos servindo de referências para a organização de nossas

análises.

Particularmente, a tipologia superior demonstra uma generalizada

verticalização de suas residências, ao verificar a paisagem exposta por essa

tipologia, vê-se a grande concentração de prédios e condomínios nessas

regiões. Diversamente do que demonstrado pelas tipologias onde há maior

representação das classes mais populares.

A percepção que se tem é que há um gradual declínio da estrutura física

das residências, havendo certo distanciamento perante a estrutura das

residências, de acordo como decrescem as tipologias socioespaciais.

Um fato interessante é a convivência do velho e do novo, o urbano e o

rural na Região Metropolitana de Natal. É a modernidade demonstrada pela

tipologia superior, em seus condomínios de luxo localizados em Petrópolis,

Candelária e Capim Macio, se contrapondo ao Centro Antigo da cidade de

Natal, que prevalece a tipologia popular-operário, onde se vê, em sua maioria,

Igrejas Antigas e prédios bicentenários.

Destaca-se também a total urbanização demonstrada pelo município de

Natal em oposição à considerável participação agrícola nos municípios como,

Nísia Floresta, São José do Mipibu, Monte Alegre, Extremoz, Ceará - Mirim e

Macaíba.

Graças à paisagem podem-se reconhecer os elementos sociais,

culturais e naturais e a interação existente entre elas e também compreender

como ela está em permanente processo de transformação e como contém

múltiplos espaços e tempos. Buscando assim estabelecer relações entre as

paisagens verificadas, dentre os distintos tipos socioespaciais, para que os

71

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 72Metropolitana de Natal

elementos de comparação possam ser utilizados na busca de semelhanças e

diferenças.

72

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 73Metropolitana de Natal

2 RELAÇÃO DAS TIPOLOGIAS SOCIOESPACIAIS COM A DINÂMICADEMOGRÁFICA

2.1 – Tipologias Socioespaciais e a Fecundidade

A taxa de fecundidade é considerada, por diversos autores, como sendo

o principal indicador da dinâmica demográfica. E ao expressar a condição

reprodutiva média da mulher em determinado espaço geográfico, serve para

subsidiar processos de planejamento, gestão e avaliação das políticas

públicas, já que os níveis apresentados por essas taxas estão intimamente

ligados ao processo de urbanização, aliado a outros fatores como a melhoria

do nível educacional, utilização de métodos contraceptivos e a participação da

mulher no mercado de trabalho.

Dessa forma, diante do processo de urbanização e da crescente

concentração da população nas grandes cidades brasileiras, onde as

desigualdades sociais se expressam visivelmente no espaço urbano, o país

tem apresentado, especialmente, nas últimas décadas, uma rápida redução

nas suas taxas de fecundidade8, mesmo não possuindo um programa de

planejamento familiar gerenciado pelo governo.

Contudo, para que a fecundidade chegasse aos índices atuais, foi

preciso que o Brasil atravessasse um fenômeno conhecido como transição

8 Tradicionalmente, o nível de fecundidade é medido e analisado através da Taxa de Fecundidade Total (TFT) que indica o número de filhos, em média, que cada mulher irá ter até o término de seu período reprodutivo, mantido constante o regime de fecundidade atual. Para construção da Taxa de Fecundidade Total utilizamos um procedimento que considera coortes hipotéticas de mulheres, segundo a tipologia socioespacial e calculamos as taxas utilizando o método P/F de Brass (BRASS, 1975) para todos os grupos.

73

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 74Metropolitana de Natal

demográfica. Termo utilizado para se referir ao processo de redução das taxas

de mortalidade e fecundidade.

De acordo com Alves (2004), a transição demográfica e em especial, da

fecundidade, é um fenômeno relativamente novo na história da humanidade. O

autor acrescenta que:

A transição da fecundidade é um fenômeno social da maior importância, pois além de afetar a dinâmica do crescimento demográfico, afeta a estrutura etária da população, com grandes conseqüências sobre o relacionamento entre as gerações e os diversos grupos de idade. As mudanças da estrutura etária transcendem os aspectos demográficos, afetando as políticas de educação, saúde, emprego e previdência, tendo profundo efeito sobre o processo de planejamento socioeconômico do país e sobre as políticas públicas (ALVES, 2004; p. 22)

Uma das primeiras tentativas teóricas construídas para explicar a

redução das taxas de mortalidade e fecundidade, foi a abordagem descrita por

Thompson, em 1929, que sintetizava o fenômeno da transição demográfica em

três etapas principais (THOMPSON, 1929 apud ALVES; 2002), a saber:

A primeira, na qual a taxa de mortalidade cai e a taxa de natalidade

permanece elevada, proporcionando com isso um rápido crescimento

populacional. A redução da mortalidade se daria em função de conquistas

associadas ao progresso técnico, tais como melhoria dos sistemas de

saneamento (especialmente nas cidades) e o combate a doenças

transmissíveis.

No caso brasileiro, essa etapa coincide com o início do processo de

urbanização do país, que se deu nos primeiros 40 anos do século XX, quando

a taxa bruta de mortalidade caiu de 27,8 para 24,8 por mil (uma queda de

aproximadamente 10%). Nesse momento, o país apresentava taxas de

74

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 75Metropolitana de Natal

crescimento populacional bem acima daquelas observadas entre os países

desenvolvidos, já que suas taxas de natalidade não acompanharam a queda

apresentada pelas taxas de mortalidade.

Com isso, segundo Carvalho & Brito (2005), duas questões a respeito do

rápido crescimento populacional foram apresentadas ao contexto brasileiro. A

primeira questão vista com certo otimismo, acreditava que esse rápido

acréscimo populacional beneficiaria o crescimento da economia, devido à

possibilidade da oferta ilimitada de mão-de-obra, em um contexto de crescente

urbanização. Entretanto, a segunda questão, batia de frente com essa visão

tão otimista, pois ela se referia aos problemas sociais decorrentes da falta de

infra-estrutura urbana, visto o demasiado crescimento populacional.

Portanto, o otimismo a respeito do crescimento demográfico, acaba

sendo aos poucos substituído pela constatação da real falta de infra-estrutura

dos grandes centros urbanos na absorção do aumento de sua população,

como também, o crescente fluxo migratório direcionado as cidades. Grande

parte da população que se dirigiam as cidades eram pessoas de pouca

instrução, que fugiam da frágil realidade econômica do campo, buscando nas

cidades melhores condições de vida para sua família.

Conseqüentemente, poucos conseguiram obter sucesso nessa

empreitada, a grande maioria teve acesso a condições precárias de trabalho e

moradia, residindo em áreas periféricas, desprovidas de infra-estrutura de

saneamento básico, escolas, dentre outros. Desta maneira, apesar dos

avanços em saúde pública e da redução da mortalidade, conseguidos pelo

Brasil nas primeiras décadas do século XX, o país, na faixa de sua população

75

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 76Metropolitana de Natal

mais carente, experimentou altos regimes de mortalidade e de fecundidade até

meados desse século.

De acordo com Carvalho & Brito (2005) o esperado na época, era que

as populações, nessa nova sociedade urbana, que despontava nas primeiras

décadas do século XX, à semelhança do que havia acontecido nos países

desenvolvidos, experimentassem um generalizado declínio nos seus níveis de

fecundidade e, conseqüentemente, uma sensível redução em seu crescimento

populacional.

No entanto, foi somente a partir da segunda metade do século XX, mais

precisamente no início da década de 1960, que o Brasil junto a alguns países

em desenvolvimento começou a despontar para segunda etapa do processo de

transição demográfica, ou seja, o início da queda da natalidade9, tendo como

conseqüência a redução do ritmo de crescimento da população.

Com a queda da fecundidade, contrabalançando com a redução da

mortalidade, a taxa de crescimento populacional teve uma rápida redução. As

taxas de natalidade no país apesar de serem mantidas praticamente estáveis

até 1960, com uma queda de menos de 6%, começaram a apresentar uma

redução significativa após essa década, quando o número de nascidos vivos

estava em 43,3 por mil chegando a atingir 21,8 por mil no ano de 1998, o que

representou uma queda de 50%.

Segundo Camarano & Beltrão (1995), essa queda fez com que a

população brasileira não atingisse no ano de 2000, os duzentos milhões de

habitantes esperados pelas projeções realizadas nos anos 70 e que a sua

9 A natalidade refere-se a relação entre nascimentos vivos e a população total, num certo período e numa determinada região.

76

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 77Metropolitana de Natal

composição por idade já apresentasse mudanças significativas no sentido de

um envelhecimento.

Embora, deva-se ressaltar que, apesar do país está caminhando em

direção a menores índices em sua fecundidade, esse processo não se dá de

forma generalizada em todo território, não ocorrendo da mesma forma para

todos os segmentos sociais e regiões. Nas regiões Norte e Nordeste, por

exemplo, ainda persistiam altos níveis de fecundidade nessa década, apesar

das regiões sul e sudeste já apresentarem queda nos seus níveis de

fecundidade desde a década de 1960.

Apesar do Nordeste, ser considerado por alguns autores, como a região

brasileira que experimentou a maior queda da fecundidade em termos de

números de filhos, especialmente, na segunda metade do século XX, foi

somente após os anos 70 que a região passou a desfrutar de uma maior

redução de seus níveis de fecundidade, de tal maneira que uma mulher

obtivera em média, aproximadamente quatro filhos a menos que na década

anterior.

Da mesma maneira, Camarano & Beltrão (1995) defendem que, dada à

magnitude da queda da fecundidade durante esse período, acredita-se que ela

tenha ocorrido de forma mais intensa nas famílias de renda mais baixa, pois as

famílias com renda mais alta já apresentavam níveis reduzidos de fecundidade

desde o final dos anos 60.

Nesse momento, o alto número de filhos não era mais justificado. A

iminente realidade das famílias, que não mais residiam no campo, não exigia

uma grande quantidade de filhos, antes necessários para suprir a demanda de

mão-de-obra na atividade agrícola.

77

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 78Metropolitana de Natal

Sendo assim, o planejamento familiar acabou sendo induzido às famílias

de renda mais baixa, ou seja, ter mais filhos deixou de ser interessante na atual

conjuntura urbana. Uma alta natalidade passou a ser sinônimo de mais

despesas, dados aos elevados custos com educação, saúde, moradia e

alimentação.

Dando continuidade a descrição originada por Thompson em 1929,

chega-se a terceira etapa da transição demográfica, onde ocorre a co-

existência de baixas taxas de mortalidade e natalidade, resultando assim no

lento crescimento demográfico.

Fatores positivos e negativos são verificados nessa última etapa da

transição demográfica. Por um lado, um efeito positivo e inquestionável ocorre

devido à redução da mortalidade infantil e ao aumento da esperança de vida ao

nascer, preservando assim, a futura força de trabalho. Por outro lado, a

redução da natalidade provocará uma mudança na estrutura etária da

população e, conseqüentemente, uma maior participação de idosos na mesma,

aumentando assim, a sobrecarga no sistema previdenciário nacional.

E como podemos verificar no gráfico 1, mostrado a seguir, formulado

através de dados providos dos censos demográficos de 1940 a 2000, do IBGE,

o Brasil, especialmente, a partir da década de 1990, sinaliza para uma

estabilização de seus níveis de fecundidade. Pode-se visualizar também, com

maior clareza, o regime de fecundidade brasileiro indo em direção aos níveis

de reposição10, ao longo dessas décadas.

10 O nível de reposição da fecundidade é o nível de fecundidade no qual uma coorte de mulheres tem o número de filhos suficientes para “repor” a população. Uma vez alcançado p nível de reposição, os nascimentos gradualmente atingem o equilíbrio com as mortes e na ausência de migração e emigração, uma população finalmente parará de crescer e se tornará estacionária.

78

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 79Metropolitana de Natal

Gráfico 1Taxa de Fecundidade Total do Brasil, 1940 a 2000.

Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1940 a 2000.

Neste período, apesar da redução tanto dos níveis de fecundidade

quanto dos níveis de mortalidade tenham alcançado todas as regiões do país,

áreas urbanas e rurais e grupos sociais, esse movimento de redução não se

implementou com a mesma intensidade em todos esses espaços e segmentos,

como também na mesma época e intervalo de tempo.

A região Nordeste, segundo Wong (2000), relativamente à média do

Brasil, teve, no geral, um processo reprodutivo diferenciado. Segundo a autora,

a região apresentou uma evolução da fecundidade, relativamente paralela à do

país, valendo a pena mencionar duas diferenças.

79

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 80Metropolitana de Natal

Em primeiro lugar, esta região teve, durante muito tempo, uma taxa

superior a um ou até quase dois filhos em relação à média do Brasil; se

considerada a região Sudeste, a qual iniciou seu processo de transição da

fecundidade desde a década de 1960, havendo momentos, em que a distância

de nível da fecundidade esteve próxima de três filhos.

Em segundo lugar, na medida em que o país sinalizava uma

estabilização em termos de níveis de fecundidade, a região apresentava uma

defasagem nos seus níveis de fecundidade de aproximadamente uma década,

principalmente, quando se comparada à região Sudeste.

Wong (2000) ainda afirma que, ao finalizar os anos 90 a região Nordeste

estaria apresentando níveis decididamente menores e com menor variação

entre as Unidades Federativas, com uma taxa de fecundidade total média

máxima aproximada de três filhos por mulher, contrastando com níveis, em

média, acima de seis ao iniciar os anos 80.

E, como se pode verificar através da Tabela 1, a Taxa de Fecundidade

Total da região Nordeste, para os anos de 1991 e 2000, apenas os estados de

Alagoas e Maranhão apresentam taxas de fecundidade acima de quatro em

1991 e acima de três em 2000, os demais estados nordestinos confirmam a

afirmação exposta por Wong (2000), sendo que para o ano de 2000, passa a

se estabelecer uma tendência de aproximação das taxas de fecundidade,

apresentada por alguns estados nordestinos, ao nível de reposição da

população.

Tabela 1

80

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 81Metropolitana de Natal

Nordeste: Taxa de Fecundidade Total - 1991 / 2000Estado 1991 2000

Alagoas 4,12 3,14Bahia 3,66 2,50Ceará 3,72 2,84Maranhão 4,74 3,20Paraíba 3,78 2,54Pernambuco 3,31 2,48Piauí 3,83 2,67Rio Grande do Norte 3,41 2,54Sergipe 3,64 2,74Fonte: Atlas de desenvolvimento Humano, 1991 e 2000.

Como podemos observar através da Tabela 1, os níveis de fecundidade,

verificados para o estado do Rio Grande do Norte, acompanham os padrões de

fecundidade dos demais estados nordestinos, obtendo em 2000, uma taxa de

fecundidade total bem próxima ao nível de reposição da população (2,54).

Quanto ao seu processo de transição demográfica, confundi-se com a maioria

dos estados da região Nordeste.

De acordo com Oliveira (1991), a taxa de fecundidade do Rio Grande do

Norte se manteve estável até a década de 1970, quando se deu início um

maior declínio de seus níveis. Segundo o autor, em 1950 o Estado apresentava

uma alta taxa de fecundidade de 9,04, mantendo-se estável durante as

décadas de 1960 e 1970, quando apresentou taxas de fecundidade de 8,86 e

8,83 respectivamente, contudo a partir da década de 1980, o Estado alcança

uma incrível queda nos seus níveis de fecundidade, passando a ser verificado

uma fecundidade de 5,82 filhos por mulher em seu período reprodutivo.

Continuamente, ao analisar a Tabela 1, podemos aferir que a tendência

de declínio das taxa de fecundidade do Rio Grande do Norte continua entre os

anos de 1991 e 2000, quando verificamos taxas de 3,41 e 2,54

81

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 82Metropolitana de Natal

respectivamente. Portanto, podemos analisar que a transição da fecundidade

apresentada pelo Estado do Rio Grande do Norte, encontra-se em estágio

avançado, aproximando cada vez mais do nível de reposição da população.

Sabe-se que no Rio Grande do Norte, assim como no Brasil, variáveis

como educação, ocupação e renda estão negativamente correlacionadas com

o nível de fecundidade e, apesar da tendência de convergência entre os grupos

socioeconômicos, os níveis de fecundidade ainda mantêm um considerável

diferencial entre as mulheres pertencentes às classes sociais mais pobres em

relação as mais abastadas. Conseqüentemente, seu impacto é diferenciado

entre os vários subgrupos populacionais persistindo, ainda, diferenciais

significativos nos níveis dessa variável.

Sendo assim, isso reforça a tese de que grupos sociais mais abastados,

dado a maior oportunidade de acesso a melhores condições de saúde,

educação, infra-estrutura, dentre outros, conseguem apresentar índices

menores de fecundidade e mortalidade em relação aos grupos sociais mais

pobres.

E ao se deparar com a Região Metropolitana de Natal, observa-se que

sua transição demográfica, em especial, da fecundidade, acompanha a

tendência de declínio apresentada pelo Estado, verificando assim, índices de

fecundidade, em seus municípios em geral, aproximando-se ao nível de

reposição da população. Contudo, a Região Metropolitana apresenta uma

realidade ligeiramente distinta de pelo menos grande parte das maiores regiões

metropolitanas brasileiras, especialmente, no tocante ao grau de urbanização

de sua população.

82

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 83Metropolitana de Natal

Como se pode verificar na tabela 2, que mostra o percentual da

população rural dos municípios que compõe a Região Metropolitana de Natal

entre os anos de 1991 e 2000, apesar de ostentar o status de região

metropolitana, ela apresenta em sua composição uma participação marcante

da população residindo na zona rural.

Tabela 2 RM/NATAL: Percentual da população rural por município - 1991 / 2000

Município 1991 (%) 2000 (%)

Ceará - Mirim 50,1 50,6Extremoz 45,3 31,4Macaíba 33,2 34,3Monte Alegre 70,4 60,0Natal 0,1 0,0Nísia Floresta 56,8 54,6Parnamirim 22,7 12,5São Gonçalo do Amarante 81,9 85,9São José de Mipibu 54,3 55,3

Fonte: Atlas de desenvolvimento Humano, 1991 e 2000.

Mesmo Natal, cidade pólo, concentrando mais da metade dos habitantes

da Região Metropolitana, obtém 100% de sua população residindo na zona

urbana em 2000, pode-se comprovar que boa parte dos municípios que

compõem a Região Metropolitana de Natal, apresentavam uma sensível

participação de sua população residindo na zona rural, nos anos de 1991 e

2000.

Alguns municípios como Ceará - Mirim Monte Alegre, Nísia Floresta, São

Gonçalo do Amarante e São José do Mipibu chegam a apresentar uma taxa de

83

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 84Metropolitana de Natal

urbanização11 (Tabela 3), abaixo dos 50%, isso significa uma maior

participação da zona rural como residência de sua população.

Como foi citado anteriormente, que devido aos critérios estabelecidos

pelo IBGE, que se baseia na lei municipal para distinguir o que é área urbana e

o que é área rural, a baixa taxa de urbanização apresentada pelo município de

São Gonçalo do Amarante deve-se em parte ao atraso de sua lei, que

considera o agregado de distrito, área visualmente urbanizada, como sendo

zona rural, o que acaba reduzindo a taxa de urbanização do município (Tabela

3).

Tabela 3 RM/NATAL: Taxa de Urbanização - 1991 / 2000 Município 1991 2000

Ceará - Mirim 49,9 49,4Extremoz 54,7 68,6Macaíba 66,8 65,7Monte Alegre 29,6 40,0Natal 99,9 100,0Nísia Floresta 43,2 45,4Parnamirim 77,3 87,5São Gonçalo do Amarante 18,1 14,1São José de Mipibu 45,7 44,7Fonte: Atlas de desenvolvimento Humano, 1991 e 2000.

Sendo assim, encontramos dois paradigmas com relação aos índices de

fecundidade demonstrados pela Região Metropolitana. O primeiro destaca-se

por ser a contraposição da realidade urbana em relação à rural.

É de conhecimento científico que a zona rural desfruta de índices de

fecundidade superiores ao apresentado pela zona urbana. Mesmo que esse

11 Percentual da população urbana em relação à população total.

84

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 85Metropolitana de Natal

distanciamento venha diminuindo ao longo dos tempos, ele ainda persiste na

realidade da Região Metropolitana de Natal.

Se fizermos uma breve comparação entre os municípios que

apresentam uma menor taxa de urbanização e os municípios que apresentam

uma maior taxa de fecundidade total (Tabela 4), pode-se verificar uma estreita

relação entre essas duas taxas. Conseqüentemente, uma clara coincidência é

apresentada, os municípios que apresentam uma menor taxa de urbanização

são os mesmos que manifestam as maiores taxas de fecundidade total.

Sendo assim, os municípios de Natal e Parnamirim, caracterizados pelas

crescentes taxas de urbanização, são responsáveis por expressarem as

menores taxas de fecundidade perante a Região Metropolitana. Salientando a

cidade de Natal, que em 2000 manifesta seus índices de fecundidade abaixo

do nível de reposição.

85

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 86Metropolitana de Natal

Tabela 4 RM/NATAL: Taxa de Fecundidade Total - 1991 / 2000

Município 1991 2000

Ceará - Mirim 4,09 3,58Extremoz 3,88 3,53Macaíba 3,75 2,89Monte Alegre 4,74 3,55Natal 2,44 1,99Nísia Floresta 4,16 2,87Parnamirim 2,87 2,49São Gonçalo do Amarante 3,73 3,23São José de Mipibu 4,08 3,31Fonte: Atlas de desenvolvimento Humano, 1991 e 2000.

O segundo paradigma encontrado foi a desigualdade socioeconômica

intra-urbana. A cidade de Natal, principalmente, apresenta diversos bairros os

quais compartilham de uma realidade bastante peculiar no tocante a posição

socioeconômica de seus habitantes.

Fazendo uso de uma análise ainda em escala municipal, pode-se

verificar através do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH)12,

observado na tabela 5, a qual expressa que dentre os municípios que

compõem a Região Metropolitana, a cidade de Natal desponta com o melhor

índice de desenvolvimento humano, tanto para o ano de 1991 quanto para

2000.

12 Criado no início da década de 1990 para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), pelo conselheiro especial Mahbub ul Haq, com o objetivo de avaliar o bem estar da população, combinando três componentes básicos do desenvolvimento humano: longevidade; educação e renda.

A metodologia de cálculo do IDH envolve a transformação destas três dimensões em índices de longevidade, educação e renda, que variam entre 0 (pior) e 1 (melhor), e a combinação destes índices em um indicador síntese. Quanto mais próximo de 1 o valor deste indicador, maior será o nível de desenvolvimento humano do país ou região.

86

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 87Metropolitana de Natal

Como elucida Grzybowski (2003), o grande mérito do Índice de

Desenvolvimento Humano é medir os ganhos de qualidade de vida que as

economias estão gerando, pois indicadores como maior longevidade, redução

da mortalidade infantil e do analfabetismo e maior escolaridade, dependem de

mudanças estruturais sustentáveis na sociedade. E que bens coletivos, como

saneamento e saúde pública, têm efeitos mais duradouros sobre a qualidade

da vida dos habitantes de um país do que o crescimento acelerado do Produto

Interno Bruto13 e das exportações (GRZYBOWSKI, 2003 apud SOUZA & MAIA,

2004).

Deve-se ressaltar que somente o município de Natal apresentou sua

taxa de fecundidade abaixo do nível de reposição para o ano de 2000.

Contrapondo a essa realidade, o município de Monte Alegre, o qual em

1991 apresentou a maior taxa de fecundidade total perante os municípios da

região metropolitana e que em 2000 obteve uma taxa de fecundidade somente

inferior ao município de Ceará - Mirim, foi o município que expressou o menor

índice de desenvolvimento humano da Grande Natal.

13 O Produto Interno Bruto (PIB) exprime o valor da produção (bens e serviços), realizada dentro das fronteiras geográficas de um país, num determinado período, independentemente da nacionalidade das unidades produtoras. Em outras palavras, o PIBsintetiza o resultado final da atividade produtiva, expressando monetariamente a produção, sem duplicações, de todos os produtores residentes nos limites da nação avaliada. A soma dos valores é feita com base nos preços finais de mercado. A produção da economia informal não é computada no cálculo do PIB nacional.

87

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 88Metropolitana de Natal

Tabela 05 RM/NATAL: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - 1991 / 2000

Município 1991 2000

Ceará - Mirim 0,547 0,646Extremoz 0,575 0,694Macaíba 0,544 0,665Monte Alegre 0,512 0,645Natal 0,733 0,788Nísia Floresta 0,564 0,666Parnamirim 0,640 0,760São Gonçalo do Amarante 0,582 0,695São José de Mipibu 0,543 0,671

Fonte: Atlas de desenvolvimento Humano, 1991 e 2000.

Por meio do Censo Demográfico de 2000, embora os níveis de

fecundidade não se apresentem uniformes nos vários segmentos

socioeconômicos, podemos observar uma relativa aproximação das taxas de

fecundidade total aos níveis de reposição da população.

Essa tendência mostra que os regimes de fecundidade, em unidade

metropolitana, se aproximam do término de sua transição na fecundidade e que

há, nas áreas mais desenvolvidas da Região Metropolitana de Natal, uma

estreita relação entre as classes sociais mais elevadas com os níveis de

fecundidades mais baixos.

De acordo com a análise feita por Carvalho & Brito (2005), a população

feminina mais pobre tem sido vítima da desinformação sobre as possibilidades

de regulação da sua fecundidade e, mais ainda, da dificuldade de acesso aos

quase sempre deficientes serviços públicos de saúde.

Ao Observar o Mapa 3 abaixo, o qual representa a Taxa de Fecundidade

Total na Região Metropolitana de Natal, segundo as tipologias socioespaciais

88

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 89Metropolitana de Natal

para o ano de 2000, inferimos que os tipos responsáveis pelas classes Médias

à Superior são os que apresentam as menores taxas de fecundidade (variando

entre 1,25 a 1,91 filhos), destacando-se por estarem abaixo do nível de

reposição.

É interessante ressaltar que as áreas onde prevalecem o tipo Médio à

Superior são áreas que apresentam as melhores condições socioeconômicas,

dentre elas uma maior renda e educação.

Nesses segmentos podemos destacar a participação dos bairros mais

nobres da cidade de Natal como, Capim Macio, Petrópolis e Candelária. Essas

áreas são caracterizadas por ostentarem as melhores condições

socioeconômicas da Região Metropolitana de Natal, prevalecendo as

ocupações de maior remuneração.

Fazendo uma análise do aspecto socioocupacional, há uma significativa

representatividade da elite dirigente e intelectual da Região Metropolitana

residindo nessas áreas, ressalta-se também, a excelente oferta de infra-

estrutura apresentada nessas regiões.

Para se ter idéia, segundo dados do Censo Demográfico de 2000, cerca

de mais de 95% da forma de abastecimento de água desses bairros eram

distribuídos pela rede geral.

No que se refere às classes sociais mais populares, apesar de obterem

uma taxa de fecundidade acima das classes Média e Superior, encontram-se

em uma situação de transição, onde o tipo Popular Operário, por exemplo,

detém uma taxa próxima aos níveis de reposição (1,92 a 2,51 filhos).

No entanto, existem diferenças nos níveis de fecundidade quando se

comparado as AED’s onde prevalecem as Ocupações Rurais. Como pode ser

89

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 90Metropolitana de Natal

verificado através do mapa, sete dos nove municípios componentes da Região

Metropolitana, destacam-se pelo predomínio dessa ocupação.

Dada a íntima relação entre as Ocupações Rurais com as altas taxas de

fecundidade - no caso da Região Metropolitana obtendo taxas que variam entre

2,52 chegando até a 3,61 filhos por mulher em seu período reprodutivo - o

Mapa 3 mostra que apesar do generalizado baixo nível de fecundidade, ainda

persistem diferenciais significativos quando relacionados a AED’s de diferentes

condições socioespaciais.

Os efeitos que as variáveis ocupação, renda e educação, sintetizadas

através da tipologia socioespacial, têm na determinação dos níveis

diferenciados de fecundidade ficam claros ao se observar as taxas de

fecundidade total para Região Metropolitana. No entanto, podemos nos

defrontar com uma interessante particularidade nos padrões de fecundidade

apresentada na Região Metropolitana de Natal, onde são verificadas nas AED's

de Barro Vermelho – Lagoa Seca – Alecrim, Pitimbú e Parnamirim – Centro –

BR 101 representadas pela tipologia socioespacial média, onde curiosamente

apesar de não se obter a representatividade dos tipos de ocupação, renda e

instrução mais elevados são as áreas que vislumbraram os menores índices de

fecundidade da Região Metropolitana de Natal.

Aquino (2006) nos traz um breve esclarecimento de porque a AED de

Parnamirim – Centro – BR 101, onde estão localizados a Cidade Verde e Nova

Parnamirim, especialmente analisados em seu trabalho, são responsáveis por

apresentar as menores taxas de fecundidade da Região Metropolitana de

Natal. A autora defende a hipótese de que há uma influência direta dos

imigrantes nessas taxas, comprovando a tese de que grande parte desses

90

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 91Metropolitana de Natal

imigrantes de Parnamirim, e principalmente Nova Parnamirim, são oriundos da

classe média de Natal.

Contudo, o que chama mais atenção ao verificarmos o Mapa 3, é que

mesmo tendo apresentado baixos níveis de fecundidade para maioria da

população, na Região Metropolitana de Natal ainda persistem segmentos

populacionais onde a fecundidade está nos patamares altos apresentados para

região.

O considerável distanciamento entre os níveis de fecundidade

apresentados pelos tipos superiores em relação aos tipos popular-agrícola e

agrícola, mostra que as condições socioeconômicas e os locais de residência

estão intimamente ligados ao regime de fecundidade.

O que podemos perceber, é que a transição da fecundidade nos tipos

que desfrutam de uma melhor condição socioeconômica, como os espaços

superiores e médio-superiores, estão completando seu ciclo de queda de altas

para baixas taxas de fecundidade.

A realidade demonstrada pela Região Metropolitana como um todo, é

que a Região Metropolitana de Natal continua se encaminhando para taxas de

fecundidade total próximas do nível de reposição populacional, mesmo que

ainda mostre diferenciais internos bastantes significativos nas taxas de

fecundidade.

Segundo Berquó & Cavenaghi (2004), a experiência de outros países

mostra que a fecundidade pode oscilar em níveis baixos, mas dificilmente

voltará aos padrões altos anteriores.

91

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 92Metropolitana de Natal

Este fato levaria a modificações na estrutura etária da população,

causando, em um primeiro momento, conseqüências demográficas, como uma

diminuição na taxa de dependência demográfica14.

No entanto, Berquó & Cavenaghi (2004), salientam que a médio e longo

prazo, os baixos níveis de fecundidade levariam a um preocupante

envelhecimento da população e conseqüentemente, ao aumento da referida

taxa de dependência.

Diante dessa nova realidade demográfica, a qual teria sérias

conseqüências sociais e econômicas, urge a necessidade de que o poder

público passe a formular melhores políticas ligado às áreas de educação,

saúde, previdência, dentre outros.

Embora deva-se ressaltar, que as políticas públicas destinadas à

melhoria das condições de vida da população, não devem ser pautadas

somente pelo nível de fecundidade da população, mas também pelo

atendimento das necessidades dos grupos sociais mais carentes.

Ter um número reduzido de filhos, não significa dizer que isso é

sinônimo de desenvolvimento, apesar dessa idéia ser bastante difundida entre

a população. Entretanto, o que podemos constatar para Região Metropolitana

de Natal, é que ela demonstra em suas taxas de fecundidade, uma íntima

relação com as tipologias socioespaciais, se configurando inversamente

proporcionais, ou seja, quanto maior a tipologia alcançada, ou condição

socioeconômica, menor será a taxa de fecundidade verificada e vice-versa.

14 Proporção de idosos e jovens em relação à população em idade ativa, de 15 a 64 anos, chamados de adultos.

92

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 93Metropolitana de Natal

Mapa 3 Taxa de Fecundidade Total segundo as tipologias socioespaciais da

Região Metropolitana de Natal – 2000

93

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 94Metropolitana de Natal

2.2 – Tipologias Socioespaciais e a Mortalidade

As taxas de mortalidade geral e infantil são um dos indicadores

utilizados que refletem e, portanto, podem ser usados como Proxy para

mensuração da qualidade de vida e saúde da população. E como aponta Alves

(2002), a humanidade, desde seus primórdios, sempre travou uma luta

exacerbada pela sobrevivência, obtendo na redução de suas taxas de

mortalidade a maior conquista social da história.

Para tanto, desde o final do século XVIII, os níveis de mortalidades vem

decrescendo nos países mais desenvolvidos, devido à estreita relação com a

industrialização desses países.

Mesmo tendo as cidades industriais, péssimas condições de moradia e

saúde, a mortalidade começou a cair na Europa e na América do Norte

também durante o século XIX, na medida em que progredia a elevação da

produtividade do trabalho decorrente dos avanços da Primeira Revolução

Industrial.

Como esclarece Alves (2002), a literatura mostra que o início da

transição da mortalidade começou no final do século XVIII nas regiões mais

adiantadas economicamente e avançou lentamente durante o século seguinte.

Somente após a Segunda Revolução Industrial é que as taxas de mortalidade

iniciaram uma forte trajetória de queda, obtendo os maiores ganhos na sua

redução, inquestionavelmente, no século XX.

Segundo o referido autor, existem duas escolas principais para explicar

a transição da mortalidade. Uma enfatiza a melhoria do padrão de vida da

população e a contribuição positiva do desenvolvimento econômico. A outra

94

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 95Metropolitana de Natal

enfatiza as contribuições da inovação médica, dos programas de saúde

pública, do acesso ao saneamento básico e da melhoria da higiene pessoal.

Importante destacar que nenhuma dessas escolas refuta

categoricamente a outra. De acordo com o mesmo autor, aquela que enfoca o

papel do desenvolvimento econômico, reconhece a contribuição dos avanços

médicos no declínio da mortalidade, principalmente após atingir certo limiar do

nível de renda.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, a escola que enfoca o papel da

inovação médica reconhece que as variáveis socioeconômicas e de

expectativa de vida estão diretamente relacionadas, porém com certa

defasagem entre elas.

No entanto, Alves (2002) admite que independentemente da escola de

pensamento, existe um consenso que a transição da mortalidade é um

fenômeno geral e que veio para ficar, embora que ainda persistam muitas

desigualdades regionais e divergências sobre a possibilidade de eliminação

dos diferenciais existentes no mundo.

Na visão de Gwatkin (1980), o declínio da mortalidade no terceiro mundo

foi mais rápido do que o ocorrido na Europa. A queda da mortalidade, com

aumentos significativos dos níveis de sobrevivência aconteceu, para a grande

maioria dos países da América Latina, principalmente após a Segunda Guerra.

Sendo assim, muitos países alcançaram incrementos nos níveis de

sobrevivência até três vezes mais rápidas do que os experimentados por

países da Europa Ocidental no contexto da transição da mortalidade.

O Brasil não foge a essa tendência, seu processo de transição da

mortalidade de altos para baixos níveis e o conseqüente aumento da

95

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 96Metropolitana de Natal

esperança de vida ao nascer, passam a ser mais notadamente após a

Segunda Guerra Mundial.

O avanço alcançado pela saúde pública pós década de 1930 e,

principalmente, após a década de 1940, forneceu “combustível” necessário

para o início da solução dos problemas da alta mortalidade no país, sem

depender, necessariamente, do desenvolvimento econômico e melhoria dos

padrões de vida que acompanharam a transição demográfica nos países

desenvolvidos.

Foi justamente nos anos 30, a partir da “Era Vargas15” que ocorreram

grandes transformações, na estrutura econômica e social do país. Surgiram

nessa década, as primeiras leis regulamentando as relações entre trabalho e

capital, além da previdência social beneficiando, principalmente, os segmentos

sociais específicos da população urbana em processo de aceleração de

crescimento, em vista da intensificação dos movimentos migratórios de origem

rural.

Entretanto, podemos perceber que apesar do rápido desenvolvimento

econômico experimentado na época, ele não se deu de forma homogênea

perante todas as regiões brasileiras. De tal forma, que aumentou o

distanciamento socioeconômico diante essas regiões.

No Brasil, em particular, o modelo de desenvolvimento que vem

vigorando ao longo dos anos, tem sido altamente excludente e concentrador de

renda, dos recursos e serviços, em determinadas regiões e estratos sociais. Ou

15 A Era Vargas começa com a Revolução de 30 e termina com a deposição de Getúlio Vargas em 1945. É marcada pelo aumento gradual da intervenção do Estado na economia e na organização da sociedade e também pelo crescente autoritarismo e centralização do poder.

96

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 97Metropolitana de Natal

seja, o crescimento econômico observado no país, deu-se à custa de

desigualdades sociais e regionais e altos índices de exclusão social e pobreza.

Gwatkin (1980) e Palloni (1981) enfatizam que devido à concentração

dos recursos em determinadas áreas e grupos sociais específicos, foi e

continua sendo obstáculo a que se consigam maiores avanços na redução dos

níveis de mortalidade, especialmente a infantil, não só no Brasil, como na

maioria dos países do terceiro mundo.

Entretanto, apesar dos ganhos na redução da mortalidade não serem

uniformes perante os diversos grupos sociais, por ainda persistirem

significativas desigualdades socioeconômicas, segundo Wilson (2001), tem

existido uma tendência à convergência entre os padrões demográficos dos

diversos países e regiões, mesmo que ainda exista diferencial significativo de

mortalidade e fecundidade.

Conseqüentemente, esse processo de desigualdade socioeconômica

afetou diretamente na evolução e distribuição da mortalidade no Brasil, de tal

forma, como o ocorrido com as taxas de fecundidade, os níveis de mortalidade

geral e infantil, se expressaram de forma distinta perante as regiões e os vários

estratos sociais da população.

A região Nordeste, por exemplo, apesar de apresentar apenas

diminuições sutis na sua taxa de mortalidade durante as primeiras décadas do

século XX, final da década de 1940, iniciou o declínio nas suas taxas de

mortalidade, particularmente a mortalidade infantil, mesmo que num ritmo ainda

inferior que os verificados pelas regiões sul e sudeste.

Segundo o estudo sobre a Evolução e Perspectivas da Mortalidade

Infantil no Brasil (1999) feito pelo IBGE, ao visualizar as tendências da

97

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 98Metropolitana de Natal

mortalidade, particularmente a infantil, para as regiões brasileiras, poderemos

verificar que as diferenças não eram muito acentuadas no passado, agravando-

se os diferenciais à medida que se evolui ao longo do tempo.

Conforme elucidam Gwatkin (1980) e Palloni (1981), isso se deve em

parte, a distribuição desigual de renda, o acesso diferenciado aos recursos de

saúde, saneamento, educação e outros componentes do padrão de vida da

população.

Sendo assim, segundo o estudo, pode-se verificar que a diferença de

mortalidade infantil entre as regiões Nordeste e o Sul e Sudeste que era de

60% em 1930, passa para 83% em 1965. Apesar de que durante os anos de 65

e 70, a mortalidade infantil declinou proporcionalmente com menos intensidade,

em todas as regiões brasileiras.

Ainda que a região Nordeste expressasse as menores taxas de declínio

médio anual de seus índices de mortalidade infantil durante o período de 1940

a 1955, durante os anos de 1955 a 1965, essa região obteve aumento

significativo na velocidade de queda de suas taxas de mortalidade infantil.

Segundo o estudo realizado pelo IBGE (1999), o Nordeste praticamente

duplicou sua taxa de declínio da mortalidade infantil nesse período, passando

de um declínio anual médio de 0,6% para 1,0%.

Contudo, devemos ressaltar que no mesmo período, a região Sudeste,

também apresentou reduções nas variações de suas taxas de queda,

passando de 2,4% para 1,2%. Apesar de ser verificado uma redução no ritmo

de queda da mortalidade infantil na região, ela ainda mantém-se superior a

apresentada pelo Nordeste.

98

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 99Metropolitana de Natal

De acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano (PNUD, 2000),

atualmente, os maiores níveis de mortalidade, tanto urbano quanto rural, se

concentram ainda na região Nordeste.

Baseando-se no estudo sobre a Evolução e Perspectivas da Mortalidade

Infantil no Brasil, feito pelo Departamento de População e Indicadores Sociais

do IBGE em 1999, pode-se constatar, que apesar de todo um conjunto de

medidas e ações, haja vista os incentivos à região Nordeste, patrocinadas

pelos vários governos, no sentido de minimizar as desigualdades regionais e

sociais no país, essa é uma região em que os contingentes significativos de

sua população são marginalizados não tendo acesso pleno nem à renda

mínima necessária à sua sobrevivência ou a determinados serviços públicos,

da área de infra-estrutura, de saneamento e de saúde.

A velocidade de queda da taxa de mortalidade verificada no Nordeste,

mesmo tendo se apresentado “vagarosa” ao longo do século, obteve maiores

ganhos na última década do século XX, no entanto, continuou a expressar

níveis de mortalidade bem acima da média nacional.

Segundo Sousa & Maia (2004), durante a década de 1990 as taxas de

mortalidade, em particular a infantil, na região Nordeste reduziram-se em cerca

de 30%, e os estados que obtiveram maior redução foram os Estados do Rio

Grande do Norte, da Bahia, do Ceará e Alagoas, respectivamente.

O Estado do Rio Grande do Norte, quando comparado aos demais

estados da região Nordeste, encontra-se em situação privilegiada.

99

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 100Metropolitana de Natal

De acordo com a Tabela 6, abaixo, a qual expressa a esperança de vida

ao nascer16 para os estados do Nordeste nos anos de 1991 e 2000, podemos

verificar que o Rio Grande do Norte apresenta sua expectativa de vida acima

da média da região, obtendo um ganho significativo perante os anos de 1991 a

2000. O Estado no ano de 1991 era apenas o quarto colocado no ranking de

expectativa de vida da região, passando no ano de 2000 para terceira posição.

Tabela 6 Nordeste: Esperança de Vida ao Nascer - 1991 / 2000

Estado 1991 2000

Alagoas 58,10 63,79Bahia 59,94 64,53Ceará 61,76 67,77Maranhão 58,04 61,74Paraíba 58,88 63,16Pernambuco 62,04 67,32Piauí 60,71 64,15Rio Grande do Norte 60,48 66,98Sergipe 59,83 64,06Fonte: Atlas de desenvolvimento Humano, 1991 e 2000.

Se fizermos uma rápida análise a respeito da mortalidade até um ano de

idade17, apresentada pelos estados do Nordeste para os anos de 1991 e 2000

(Tabela 7), poderemos verificar que apesar de em 1991 o Estado apresentar

um alto índice de mortalidade sendo superado por Estados como, Pernambuco,

Ceará, Piauí e Sergipe.

No entanto, para o ano de 2000, o Rio Grande do Norte ganha uma

sensível melhora perante a incidência de mortalidade até um ano de idade,

16 A esperança de vida ao nascer representa o número médio de anos que se espera venha a viver uma pessoa logo ao nascer, sujeita às condições de sobrevivência definidas pelo coeficiente de mortalidade por idade, estimados para um determinado ano.

17 A mortalidade até um ano de idade representa o número de crianças que não irão sobreviver ao primeiro anos de vida em cada mil crianças nascidas vivas.

100

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 101Metropolitana de Natal

passando a ser o segundo Estado com melhores índices nesse indicador no

Nordeste, sendo superado somente pelo estado do Ceará.

Tabela 07 Nordeste: Mortalidade até um ano de idade - 1991 / 2000

Estado 1991 2000

Alagoas 74,50 48,96Bahia 70,87 46,49Ceará 63,13 41,43Maranhão 81,97 55,38Paraíba 74,47 51,49Pernambuco 62,55 47,31Piauí 64,73 47,27Rio Grande do Norte 67,93 43,27Sergipe 65,76 48,52Fonte: Atlas de desenvolvimento Humano, 1991 e 2000.

Isso significa dizer que a cada mil crianças nascidas vivas no ano de

2000 no Estado do Rio Grande do Norte, 43,27 delas não irão atingir a seu

primeiro ano de vida. Infelizmente apesar dos ganhos obtidos pelo Estado,

essa mortalidade ainda se apresenta alta quando se comparada aos países

mais desenvolvidos ou até mesmo os índices verificados nas regiões sul e

sudeste do país.

No tocante a mortalidade até cinco anos de idade18 no Nordeste (1991/

2000), verificados na Tabela 8, mostrada abaixo, o estado do Rio Grande do

Norte, segue a tendência demonstrada para a mortalidade até um ano de idade

nos referidos anos.

Em 1991, o Rio Grande do Norte encontrava-se entre os Estados de

maior probabilidade de morte até os cinco anos de idade da região Nordeste,

18 A mortalidade até cinco anos de idade representa a probabilidade de morrer entre o nascimento e a idade exata de cinco anos, por mil crianças nascidas vivas.

101

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 102Metropolitana de Natal

apresentando uma mortalidade de 103,98 mortes para cada mil crianças

nascidas vivas, sendo superado apenas pelos Estados de Alagoas, Paraíba e

Maranhão, que apresentaram uma incidência de morte de 113,84; 113,61; e

106,43 para cada mil crianças nascidas vivas respectivamente.

Entretanto em 2000, ocorre uma mudança significativa desse quadro de

alta mortalidade, o Estado passa de uma incidência de morte de 103,98

verificada em 1991, para 67,71 em 2000.

Tabela 8 Nordeste: Mortalidade até cinco anos de idade - 1991 / 2000

Estado 1991 2000

Alagoas 113,84 62,05Bahia 90,74 70,19Ceará 97,06 64,97Maranhão 106,43 85,70Paraíba 113,61 77,72Pernambuco 95,47 54,60Piauí 99,81 73,53Rio Grande do Norte 103,98 67,71Sergipe 85,11 72,66Fonte: Atlas de desenvolvimento Humano, 1991 e 2000.

Contudo, o Rio Grande do Norte quando comparado aos outros Estados

que compõe a região Nordeste, ainda se localiza numa posição bastante

inferior, ocupando apenas a quarta posição no ranking da região.

E mesmo apesar da significativa queda da incidência da mortalidade

perante os nascidos vivos até a idade exata de cinco anos, verificado no Rio

Grande do Norte, no decorrer da década o Estado foi ultrapassado por

Alagoas, Estado esse que apresentava a maior mortalidade até cinco anos no

ano de 1991.

102

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 103Metropolitana de Natal

Em compensação, o Rio Grande do Norte conseguiu superar Estados

como, Bahia, Sergipe e Piauí, que como podemos visualizar na Tabela 8,

apresentam em 2000 uma mortalidade até cinco anos de idade de 70,19;

72,66; e 73,53, respectivamente.

Quando se analisam os índices de mortalidade apresentados

anteriormente pelos estados da região Nordeste a luz do índice de

desenvolvimento humano (Tabela 9), pode-se perceber que os estados da

referida região, apresentam uma sensível relação dos seus níveis de

mortalidade com índice de desenvolvimento humano.

Deve-se ressalta, que o quesito longevidade compõe esse índice.

valores como o demonstrado pela esperança de vida ao nascer contribui

razoavelmente para avaliar as condições sociais, de saúde e de salubridade de

uma determinada localidade, não só por considerar as taxa de mortalidade das

diferentes faixas etárias daquela localidade, mas também, por contemplarem

todas as causas de morte, tanto as ocorridas em função de doenças quanto as

provocada por causas externas (violências e acidentes).

É interessante verificar que apesar do Estado do Rio Grande do Norte

apresentar dados regulares a respeito de suas taxas de mortalidade, ele se

manteve entre os estados com melhores índices de desenvolvimento humano.

Acredita-se que isso se deve em parte, aos valores alcançados pelo

Estado, através de seus indicadores de renda e educação, que também são

responsáveis pela composição desse índice.

103

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 104Metropolitana de Natal

Tabela 9 Nordeste: Índice de Desenvolvimento Humano - 1991 / 2000

Estado 1991 2000

Alagoas 0,548 0,649Bahia 0,590 0,688Ceará 0,593 0,700Maranhão 0,543 0,636Paraíba 0,561 0,661Pernambuco 0,620 0,705Piauí 0,566 0,656Rio Grande do Norte 0,604 0,705Sergipe 0,597 0,682

Fonte: Atlas de desenvolvimento Humano, 1991 e 2000.

No tocante a Região Metropolitana de Natal pode-se verificar que há um

generalizado decréscimo nos índices de mortalidade em escala municipal.

Como pode-se visualizar na Tabela 10, esperança de vida ao nascer nos

municípios da Região Metropolitana de Natal (1991 / 2000), fica demonstrado

que apesar da cidade de Natal despontar em 1991 como o município de melhor

expectativa de vida da Região Metropolitana, em 2000 é ultrapassada

surpreendentemente pelo município de Monte Alegre, o qual apresentou uma

expectativa de vida de 70,59 anos.

104

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 105Metropolitana de Natal

Tabela 10 Esperança de Vida ao Nascer – RM de Natal – 1991 / 2000

Município 1991 2000

Ceará - Mirim 59,06 65,32Extremoz 60,47 67,67Macaíba 59,06 66,62Monte Alegre 61,61 70,59Natal 66,59 68,78Nísia Floresta 58,73 65,44Parnamirim 60,56 68,27São Gonçalo do Amarante 60,78 69,11São José de Mipibu 59,06 68,59Fonte: Atlas de desenvolvimento Humano, 1991 e 2000.

De acordo com o censo demográfico de 2000, o município de Monte

Alegre é responsável por uma população de cerca de 18.874 habitantes, sendo

que aproximadamente 60% dessa população reside na zona rural.

A cidade, segundo dados providos do Diagnóstico do Município de

Monte Alegre, realizado pelo Ministério de Minas e Energia, em setembro de

2005, dispõe de dois hospitais com vinte e quatro leitos e seis unidades

ambulatoriais.

Na área educacional o município possui trinta e quatro estabelecimentos

de ensino, contudo apresenta cerca de 64% da sua população alfabetizada.

O município dispõe de 4.339 domicílios permanentes, sendo que

aproximadamente 60% desses domicílios tem seu abastecimento de água

através da rede geral, 18% através de poços ou nascentes e cerca de 22%

abastecidos por outras fontes. Vale salientar, que o município de Monte Alegre,

possui apenas 5% de seus domicílios ligados a rede geral de esgoto.

Monte Alegre tem como suas principais atividades econômicas a

agropecuária, o extrativismo e o comércio, obtendo assim, o 55° lugar no

105

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 106Metropolitana de Natal

ranking de desenvolvimento do Estado, sendo responsável por um índice de

desenvolvimento humano em 2000 de apenas 0,645.

O que mais chama a atenção no município de Monte Alegre é

justamente a constatação do mesmo não apresentar dados satisfatórios quanto

a seu desenvolvimento socioeconômico.

Contudo, sabemos que quanto ao atendimento de saúde, não só Monte

Alegre, mas como grande parte dos municípios localizados próximos a cidade

de Natal, utilizam da oferta de saúde oferecida pela capital para atender sua

população. Sendo assim, todos os dias, uma considerável massa populacional

se desloca a cidade de Natal, em busca de melhores atendimentos de saúde.

Ao verificarmos a mortalidade até um ano de idade nos municípios que

compõe a Região Metropolitana de Natal, para os anos de 1991 e 2000 (Tabela

11), podemos constatar que, a cidade Monte Alegre já obtinha em 1991 o

segundo melhor índice de mortalidade, sendo superado apenas pela capital.

Contudo em 2000, Monte Alegre passa ser o município de incidência de

mortalidade mais baixa da Região Metropolitana, alcançando uma mortalidade

até um ano de idade de 30,48 para cada mil crianças nascidas vivas.

106

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 107Metropolitana de Natal

Tabela 11 RM/NATAL: Mortalidade até um ano de idade - 1991 / 2000

Município 1991 2000

Ceará - Mirim 72,5 48,86Extremoz 65,73 40,16Macaíba 72,5 43,96Monte Alegre 60,57 30,48Natal 43,49 36,53Nísia Floresta 74,14 48,41Parnamirim 65,31 38,1São Gonçalo do Amarante 64,34 35,26São José de Mipibu 72,5 36,99Fonte: Atlas de desenvolvimento Humano, 1991 e 2000.

A mesma análise pode ser feita quando se infere a mortalidade até cinco

anos de idade nos municípios da Região Metropolitana para o mesmo intervalo

de tempo, expressada através da Tabela 12.

Analogamente a mortalidade até um ano de idade, o município de Monte

Alegre, deteve em 1991 a segunda posição quanto à incidência de mortalidade

até cinco anos, chegando a alcançar em 2000 a primeira posição, sendo

verificada uma mortalidade de 48,15 para cada mil crianças nascidas vivas.

Os resultados obtidos pelo município de Monte Alegre, demonstram que

a redução dos níveis de mortalidade, não depende única e exclusivamente do

desenvolvimento econômico de determinada localidade. Mesmo que

normalmente os ganhos, na redução da mortalidade estejam ligados a ganhos

de qualidade de vida da população, como a redução da taxa de fecundidade,

aumento no nível de escolaridade da mulher, acesso à água segura e

saneamento básico, e a serviços de saúde, além de ganhos na renda per

capita e redução da concentração de renda.

107

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 108Metropolitana de Natal

Ao analisar a dinâmica demográfica, demonstrada pela Região

Metropolitana de Natal, faz-se necessário também realizar o levantamento de

dados (espacialmente desagregados), para que seja possível fornecer

informações capazes de traduzir com maior autenticidade as características

demográficas, avaliadas a luz das condições socioeconômicas da população

residente.

Tabela 12 RM/NATAL: Mortalidade até cinco anos de idade - 1991 / 2000

Município 1991 2000

Ceará - Mirim 111,2 76,33Extremoz 101,22 63,07Macaíba 111,2 68,88Monte Alegre 93,54 48,15Natal 67,84 57,49Nísia Floresta 113,61 75,64Parnamirim 100,6 59,9São Gonçalo do Amarante 99,15 55,53São José de Mipibu 111,2 58,2Fonte: Atlas de desenvolvimento Humano, 1991 e 2000.

Para tanto, observando o Mapa 4, mostrado a seguir, podemos através

da análise intra-urbana, perceber a diversidade que a probabilidade de morte

segundo as tipologias socioespaciais representam na Região Metropolitana de

Natal para o ano de 2000.

Como foi visto na taxa de fecundidade total, as áreas que apresentaram

a menor probabilidade de morte foram os tipos médios à superior.

Como constatamos anteriormente, encontra-se nessas áreas a maior

proporção da elite dirigente e Intelectual da Região Metropolitana de Natal,

sendo responsáveis por abrigarem grandes empregadores, dirigentes do setor

108

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 109Metropolitana de Natal

público e privado, profissionais, tanto autônomos quanto empregados ou

estatutários, de nível superior e os professores de nível superior.

É inquestionável que os fatores socioeconômicos tiveram papel

significativo para o baixo índice de probabilidade de morte apresentado nessas

áreas. Contudo, uma ressalta deve ser feita a probabilidade de morte

apresentada pelo tipo médio superior.

Esperava-se que o índice de mortalidade expressado por esse tipo,

tivesse maior proximidade à probabilidade de morte demonstrada pelo tipo

superior, no entanto, ele obteve seus índices próximos aos apresentados pela

tipologia médio inferior.

Uma hipótese analítica seria que isso se deveria a considerável

influência socioeconômica que a Vila de Ponta Negra exerce sobre a Área de

Expansão Demográfica (AED) de Ponta Negra, fazendo com que a sua

probabilidade de morte tenha uma ligeira alta.

Contrastando com a realidade demonstrada pelos tipos superiores, as

tipologias que apresentaram a maior probabilidade de morte, foram a Popular e

a agrícola.

Como se pode constatar nesses tipos, a falta de investimentos na área

de saneamento, educação e serviços de saúde, acaba tendo estreita relação

com o alto índice de probabilidade de morte apresentado pela tipologia.

Estranhamente, foi verificada na tipologia Popular-Agrícola, uma menor

probabilidade de morte da que foi apresentada pelos tipos Popular e Agrícola.

Deve-se lembrar, que quatro das cinco Áreas de Expansão Demográfica

que formam essa tipologia, são caracterizadas por expandirem a área total de

109

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 110Metropolitana de Natal

cada município, ou seja, a probabilidade de morte acaba sendo reflexo tanto da

realidade urbana quanto rural.

Sendo assim, a probabilidade aferida para o tipo Popular-Agrícola,

também recebe influência direta, das probabilidades de morte averiguadas

pelos núcleos urbanos dos municípios Monte Alegre, São José do Mipibu, Nísia

Floresta e Extremoz.

De acordo com as Tabelas 11 e 12 mostradas anteriormente, apesar da

alta mortalidade expressada pelo município de Nísia Floresta, os demais

municípios apresentam incidência de mortalidade abaixo do que foi

demonstrado pelos municípios de Macaíba e Ceará - Mirim, onde prevalecem

os Tipos Popular (zona urbana) e Agrícola (zona rural).

Do ponto de vista das condições de vida dos distintos estratos sociais da

Região Metropolitana de Natal, pode-se constatar que de acordo com a

tipologia apresentada, elas serão acompanhadas por uma série de problemas

nessas áreas.

Problemas como, deterioração dos níveis de qualidade de vida de

segmentos significativos de grupos sociais aí residentes, como as áreas onde

prevalecem as ocupações agrícolas e populares, desemprego, formação de

favelas, delinqüência e, principalmente, saturação dos serviços públicos.

Sendo assim, a cidade estaria reproduzindo situações específicas de

condições de vida em que os segmentos sociais mais ricos teriam todas as

vantagens, pois estariam em condição de pagar pela concentração de serviços

que estava se produzindo naquele momento histórico, daí, o fato de serem o

melhor espaço para se viver, especialmente, para estes estrados sociais.

110

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 111Metropolitana de Natal

Mapa 4 Probabilidade de morte até 5 anos segundo as tipologias socioespaciais

da Região Metropolitana de Natal – 2000

111

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 112Metropolitana de Natal

2.3 – Tipologias Sócio espaciais e a Mobilidade

Segundo Valim (1996), o sentido de migração está em trocar de região,

país, estado ou até mesmo de domicílio. É algo que já acontece há muito

tempo atrás, desde o começo da história da humanidade. Migrar acaba por

fazer parte do direito de ir e vir, presente na constituição.

De acordo com a autora, a questão da migração envolve muita polêmica,

que gira em torno das condições em que ocorrem esses processos migratórios:

se de um modo livre, que assim está se exercendo esse direito ou se de modo

obrigatório, que tende a realizar interesses políticos e econômicos desumanos,

visando sempre o capital, sendo algumas vezes nacional e outras estrangeiras,

marcando cada vez mais esse enorme abismo que existe entre o mundo da

riqueza e o mundo da pobreza.

A migração junto com a mortalidade e a fecundidade define a dinâmica

da população de uma sociedade. “A migração, relacionada às condições

históricas das mudanças socioeconômicas, constitui um dos mecanismos, que

dentro desta dinâmica, podem influenciar a redistribuição espacial e

crescimento da sociedade” (BOCCUCCI & WONG, 1998; p. 118).

Com esse trabalho se pretende ter uma noção mais aprofundada da

mobilidade espacial expressada pela dinâmica urbana da Região Metropolitana

de Natal. Não perdendo de vista, a configuração dessa mobilidade a luz das

tipologias socioespaciais.

Também é imprescindível, antes de adentrar sobre a mobilidade na

Região Metropolitana de Natal, conhecer como se deu o processo migratório

112

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 113Metropolitana de Natal

no Brasil e especialmente na região Nordeste, região essa, responsável pela

grande maioria dos fluxos migratórios observados no país.

A história recente da migração brasileira se destaca pela sua variada e

complexa diversificação de seus deslocamentos populacionais propiciados,

principalmente, pelos efeitos advindos do processo de urbanização do país,

que intensificou os deslocamentos populacionais das regiões mais pobres do

país em direção aos grandes centros urbanos, principalmente da região

Sudeste.

Antes da atual intensificação das migrações urbano-urbano, a qual vem

gerando novas configurações no fenômeno migratório, o processo migratório

que obteve grande influência na organização do espaço urbano brasileiro foram

os fluxos migratórios provenientes do meio rural.

No Brasil, o êxodo rural, não é uma novidade vislumbrada apenas nas

ultimas décadas do século XX, entretanto, ela passa a ser sentida com maior

intensidade a partir das décadas de 1950 e 1960 estimuladas pela política

desenvolvida durante o governo de Juscelino Kubitschek.

Com uma maior abertura da economia para o capital internacional,

verificada nesse período, diversas multinacionais19, destacando-se,

principalmente, montadoras de veículos, construíram grandes fábricas em

cidades localizadas principalmente no Sudeste do país, região onde havia

ocorrido grande investimento para o desenvolvimento de seu parque industrial.

O resultado disso foi o crescente fluxo migratório, ocorrido principalmente da

região Nordeste para o Sudeste do país.

19 Uma multinacional é uma empresa que está presente em mais de um país, ou seja, que opera ou fabrica em vários países diferentes.

113

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 114Metropolitana de Natal

Dentre os principais motivos que estimularam o fluxo de grande

quantidade de habitantes que saíram da zona rural para as grandes cidades,

praticando assim o êxodo rural, esteve a busca por empregos com boa

remuneração, a crescente mecanização da produção rural, como também, a

busca por uma melhor qualidade de ensino e necessidade de infra-estrutura e

serviços, como, de saúde, transporte, dentre outros oferecidos pelo meio

urbano.

Contudo, a lição retirada pelo Brasil com o êxodo rural, foi o crescente e

desordenado crescimento das suas grandes cidades, o qual ocorreu com

aumento significativo de população nos bairros da periferia dessas cidades,

estimulando o crescimento das favelas e da violência urbana.

Na maioria das vezes, as cidades não estavam preparadas para receber

tão crescente fluxo migratório, não oferecendo condições sociais satisfatórias a

esses imigrantes. A infra-estrutura e o emprego não foram suficientes e muitos

migrantes, que não tinham qualificação profissional necessária, foram

obrigados a partirem para o mercado informal e passaram a residir em

habitações sem boas condições, como as favelas e os cortiços.

Desde a metade do século passado, que os principais fluxos migratórios

são feitos pelos nordestinos que se dirigem para o Sudeste, Centro-Oeste e

Norte do país. Seus migrantes fugiam da seca e do elevado desemprego

verificado na região, almejando encontrar nessas regiões melhores condições

de vida e trabalho. Esse processo não se manteve isolado somente nas

décadas de 1950 e 1960, estendendo-se com força durante as décadas de

1970 e 1980.

114

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 115Metropolitana de Natal

Muito embora, segundo esclarecem Oliveira & Simões (2004), os anos

80 representaram para o Brasil o fim de um padrão de acumulação de

migrantes, principalmente no centro-sul do país, que foi iniciado a partir da

década de 1950, que teve como principal conseqüência a constituição da

matriz industrial do país.

Como elucidam os autores, dois fatores principais estimularam essa

mudança. O primeiro fator foi a mudança de foco das políticas de

desenvolvimento regional e a intensificação das políticas neoliberais, que a

partir de meados da década de 1980, levaram a uma nova organização das

atividades produtivas, tendo os governos estaduais e municipais agindo em

conjunto com os interesses das grandes corporações transnacionais.

O segundo fator para o rompimento da configuração apresentada pelas

migrações no Brasil, estava em inteira consonância com o primeiro.

Estimuladas principalmente, pela participação do Estado brasileiro nas

questões de planejamento territorial, como o desenvolvimento da política de

incentivo fiscal, as grandes corporações produtivas, acabou por “romper os

limites territoriais dos Estados-Nação em favor de lugares e posições

privilegiados” (BECKER, 1990; p.52 apud OLIVEIRA & SIMÕES, 2004; p. 27),

para o desenvolvimento de suas atividades econômicas.

De acordo com os autores, esses dois fatores acabaram influenciando

fortemente a nova configuração dos deslocamentos populacionais,

ocasionando mudanças expressivas observadas tanto nos fluxos migratórios

quanto em suas características.

Os grandes centros urbanos, localizados principalmente na região

Sudeste do país, deixaram de ser o foco central do fluxo migratório brasileiro. A

115

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 116Metropolitana de Natal

partir da década de 1990, os novos movimentos populacionais acabam se

direcionando para as áreas litorâneas dos estados ou às cidades médias. Os

autores defendem que esse fenômeno se daria devido, principalmente, à

intensificação de investimentos por parte das empresas que fogem das

“deseconomias de aglomeração” características dos grandes centros urbanos.

Devemos ressaltar que o alto índice de desemprego e violência urbana,

apresentados pelas grandes cidades, também são fatores importantes para a

mudança do fluxo migratório do país. Também, não podemos perder de vista,

movimentos migratórios que já se tornaram tradicionais, como a migração de

retorno20 e o processo de consolidação da expansão das fronteiras agrícolas,

localizadas principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste do país.

Para se ter uma melhor idéia da intensidade dos movimentos

populacionais ocorridos no país, segundo o IBGE, somente no período de

1995/2000, os deslocamentos populacionais totalizavam mais de cinco milhões

de pessoas, sendo cerca de 65% desse total, compostos por deslocamentos

ocorridos entre as regiões brasileiras e 35% no interior dessas regiões.

Deve-se ressaltar que o motivo da saída do indivíduo é, em sua maioria,

de ordem econômica, ou seja, ele sai em busca de melhores oportunidades de

emprego e da expectativa de incremento da renda. O seu retorno se dá por

algum erro de avaliação do lugar de destino, fazendo com que ele tenha uma

frustração das suas expectativas quanto ao emprego e renda, ou pode fazer

parte ainda de um plano ótimo de residência ao longo da sua vida. Nesta última

hipótese, o migrante acumula riqueza no tempo da sua estada fora e planeja

20 Por migração de retorno, entende-se, como a pessoa que deixa o seu estado natal, reside algum tempo em outro estado e depois regressa ao seu lugar de nascimento.

116

Page 119: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 117Metropolitana de Natal

retornar na sua velhice para vivenciá-la junto aos seus familiares (BORJAS e

BRASTBERG, 1996, NEWBOLD e BELL, 2001).

O Censo Demográfico de 2000, realizado pelo IBGE, abordou três

aspectos da migração: o lugar de nascimento, o lugar de residência anterior

segundo o tempo ininterrupto de residência atual e o lugar de residência

anterior há exatamente cinco anos antes da data de referência da pesquisa (01

de agosto de 1995), conhecidos como migrantes de data fixa.

Segundo Albuquerque (2001) a vantagem principal da informação

oferecida pelos migrantes de data fixa, é que o período de tempo é explicito, ou

seja, pergunta-se onde o indivíduo residia há cinco anos antes da data de

referência da pesquisa. Logo, todas as pessoas que possuem cinco anos ou

mais na data citada anteriormente responderam ao quesito.

Sendo assim, explica o autor, como os movimentos migratórios realizam-

se continuamente no tempo, a mensuração dos fluxos, se torna bem mais

acessível quando o lugar de residência anterior do indivíduo se refere a um

período de tempo específico. Para tanto, ao se comparar o lugar de residência

em uma data fixa anterior, cinco anos, com o lugar de residência atual, isto é,

na data do Censo, obtêm-se um forte indicador do fluxo migratório.

Albuquerque (2001) ainda esclarece que, um indivíduo que cinco anos

antes da data de referência do Censo possuía um local de residência diferente

do atual é considerado migrante. É um emigrante em relação ao local de

origem e imigrante em relação ao de destino, e o período de tempo que

caracteriza o movimento está perfeitamente definido.

Com isso, pode-se verificar na Tabela 13 apresentada abaixo, cerca de

aproximadamente 1,4 milhões de nordestinos residiam em outras regiões no

117

Page 120: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 118Metropolitana de Natal

período de 1986 – 1991, esse número representa cerca de 3,2% da população

nordestina da época, que era de 42.497.540 habitantes. Tendo o Sudeste

despontado como a região que mais recebeu imigrantes nordestinos durante

esse período, sendo responsável por um valor expressivo de 67,74 % do

destino procurado por esses imigrantes.

Tabela 13 Pessoas de 5 anos ou mais de idade que tinham o Nordestecomo origem, por Regiões de Destino - Período 1986/1991

Região de Destino N° %

Norte 216.979 16,02Sudeste 917.482 67,74Sul 21.562 1,59Centro-Oeste 198.418 14,65Total 1.354.441 100,00

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 1991.

No entanto, para o período de 1995 a 2000, demonstrado pela Tabela 14

visualizada abaixo, o número de nordestinos que tinham outra região do país

como local de residência passa a ser de 1.411.420 indivíduos (cerca de

aproximadamente 3,0% da população nordestina da época, que era de

47.741.711), apresentando um acréscimo de cerca de 4,2% do período

analisado anteriormente. O Sudeste, continuou a ser a região mais procurada

pelos imigrantes nordestinos, representando cerca de 68,69% do destino

buscado por eles.

Apesar da pequena diferença entre o total de movimentos migratórios

verificado nesses dois períodos, algumas mudanças significativas, podem ser

observas no direcionamento desses fluxos, por exemplo, apesar da entrada de

nordestinos na região Norte ter diminuído nesses dois períodos, cerca de

118

Page 121: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 119Metropolitana de Natal

quase 16%, a região Sudeste continuou forte no tocante ao recebimento de

imigrantes oriundos do Nordeste, sendo responsável por um acréscimo de

cerca de 6%.

Dentre as demais regiões do país, o Nordeste foi durante muito tempo,

principalmente, na segunda metade do século XX, caracterizado por ser uma

região de forte repulsão populacional. Conforme foi visto anteriormente, fatores

como, a estagnação econômica apresentada por essa região, uma melhor

oferta de emprego em outras regiões do país, em especial a Sudeste,

estimularam consideravelmente a ocorrência desse fluxo.

Tabela 14 Pessoas de 5 anos ou mais de idade que tinham o Nordestecomo origem, por Regiões de Destino – Período 1995 – 2000

Região de Destino N° %

Norte 182.709 12,95Sudeste 969.435 68,69Sul 31.029 2,20Centro-Oeste 228.247 16,17Total 1411420 100,00

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000.

Como se pode visualizar nas Tabelas 13 e 14, a região Nordeste

reafirma-se como sendo uma área de repulsão populacional, contudo muitos

autores defendem que a velocidade da perda populacional vem diminuindo

continuamente no tempo. A saída de população no primeiro qüinqüênio

observado através da Tabela 13 foi de 1.354.441 contra 1.411.420 pessoas

apresentadas no segundo qüinqüênio (Tabela 14) com um aumento de

aproximadamente de 4,2%.

119

Page 122: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 120Metropolitana de Natal

Entretanto, segundo demonstra o Censo Demográfico de 2000, a região

Sudeste vem apresentando nos últimos qüinqüênios uma sensível

desaceleração no ritmo de entradas de migrantes, concomitantemente, as

saídas de pessoas que tiveram como origem essa região, vem apresentando

um aumento continuado desde o início da década de 1990, sendo que uma

parte expressiva desse fluxo é constituída provavelmente de migração de

retorno.

Isso se deve em parte, às crises econômicas e uma considerável

saturação dos mercados de várias grandes cidades brasileiras, como também,

o grande aumento da criminalidade apresentada por esses grandes centros

urbanos, que acabam por estimular a migração de retorno, sendo ressentida,

principalmente, pela região Sudeste, região essa, que historicamente

desenvolvia um forte poder de atração populacional perante as outras regiões.

Como um todo, de acordo com o Censo Demográfico de 2000

demonstrado através da Tabela 15, pode-se verificar que as Unidades da

Federação que compõem a região Nordeste, com exceção do Maranhão,

Alagoas e Sergipe diminuíram suas perdas populacionais.

Segundo o IBGE (2000), esse comportamento se dá devido a

combinação de alguns fatores, tais como um aumento no número de entradas

e diminuição (ou manutenção) no volumes de saídas (Piauí, Ceará, Rio Grande

do Norte e Paraíba), diminuição do fluxo de entradas inferior ao das saídas

(Pernambuco) e, por último, ao aumento efetivo de entradas superior ao de

saídas (Bahia).

Os únicos casos de reversão no saldo migratório, que pode-se visualizar

claramente na Tabela 15, foram os apresentados pelos estados de Sergipe e

120

Page 123: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 121Metropolitana de Natal

Rio Grande do Norte. Onde Sergipe passa de um saldo positivo, no qüinqüênio

de 1986-1991 de 13.765 indivíduos a um saldo negativo de 4.817 no

qüinqüênio posterior (1995-2000). Segundo o IBGE (2000), este fato foi devido

a uma diminuição de 7% no número de entradas e a um aumento de 35% nas

saídas (Tabela 15).

Tabela 15 Entradas, saídas e saldos migratórios, de migrantes de data fixa segundo

a região Nordeste – Períodos 1986 – 1991 e 1995 – 2000 Entradas Saídas Saldo Migratório

Estado 1986 – 1991

1995 – 2000

1986 – 1991

1995 – 2000

1986 – 1991

1995 – 2000

Alagoas 60.881 55.966 112.632 127.948 -51.751 -71.982Bahia 186.614 250.571 469.091 518.036 -282.477 -267.465Ceará 121.652 162.925 245.164 186.710 -123.512 -23.785Maranhão 103.448 100.816 237.927 274.469 -134.479 -173.653Paraíba 88.902 102.005 174.058 163.485 -85.156 -61.480Pernambuco 171.678 164.871 317.232 280.290 -145.554 -115.419Piauí 72.950 88.740 139.447 140.815 -66.497 -52.075Rio Grande do Norte 75.570 77.916 76.444 71.287 -874 6.629Sergipe 55.978 52.111 42.213 56.928 13.765 -4.817Total 937.673 1.055.921 1.814.208 1.819.968 -876.535 -764.047Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000.

Enquanto o Rio Grande do Norte apresenta uma das grandes

particularidades apresentadas pela Tabela 15, que foi a mudança de um saldo

negativo de 874 (1986-1991), para um saldo migratório positivo de 6.629

indivíduos, verificado para o Estado, especialmente no período referente a

1995 – 2000. O Estado também foi o único, dentre os demais estados

nordestinos, que apresentou um saldo migratório positivo nesse período, ou

seja, foi verificada uma maior entrada do que saída de migrantes nessa

unidade da federação.

121

Page 124: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 122Metropolitana de Natal

Um estudo desenvolvido por Pinheiro (1988), inferiu que o Rio Grande

do Norte foi o único estado nordestino que apresentou nas décadas de 1960 e

1970, saldo líquido migratório positivo, mesmo havendo uma diminuição da

imigração quando se comparado os períodos de 1960/70 e 1970/80. E mesmo

apresentando saldo migratório negativo durante o período de 1986 a 1991, os

estudos demonstram que o Estado apresenta crescente prevalência de

entradas de migrantes sobre suas saídas.

De acordo com o Censo Demográfico de 2000 (Tabela 16), podemos

constatar que o Estado do Rio Grande do Norte apresentava em sua população

total (2.777.509 habitantes), uma participação de cerca 251.045 pessoas de

cinco anos ou mais que, residiam fora de seu município de residência em 2000.

Desse total de migrantes, aproximadamente 171.421 pessoas eram

imigrantes internos, ou seja, que em 1995 estavam fora de seu município de

residência em 2000, mas, no entanto, continuavam na mesma Unidade da

Federação. Quanto aos imigrantes de data fixa provenientes de outra Unidade

da Federação o Estado era responsável por um total de cerca de 78.955

indivíduos.

No tocante aos imigrantes providos de país estrangeiro, segundo o

Censo Demográfico de 2000, o Estado do Rio Grande do Norte era

responsável por cerca de 669 pessoas, donde a grande maioria se

direcionaram à Região Metropolitana de Natal, representando um número de

aproximadamente 536 migrantes.

122

Page 125: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 123Metropolitana de Natal

Tabela 16 Rio Grande do Norte: Migrantes de Data fixa segundo

o local de origem -2000

Migrantes 2000

Imigrantes Internos (RN) 171.421 Imigrantes nacionais (Fora do RN) 78.955Imigrantes internacionais 669Total 251.045

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000.

Segundo Patarra (2004), o principal destino buscado pelos emigrantes

norte-rio-grandenses, foram os Estados da Paraíba (86.707 pessoas), São

Paulo (13.300 pessoas), Rio de Janeiro (12.875 pessoas), Ceará (28.314

pessoas), Pernambuco (18.527 pessoas) e Bahia (4.258 pessoas).

Historicamente, sabe-se que o fluxo migratório tem seguido, por regra, o

sentido de um deslocamento da população dos espaços rurais indo na direção

aos grandes espaços urbanos. Conforme afirma Arivaldo Santos (2006), essa

tendência no fluxo migratório se mantém até mesmo nos anos 90, apesar de

ser verificada a crescente dificuldade de se conseguir emprego ou até mesmo

uma melhor condição de vida nos espaços urbanos.

No entanto, Patarra (2004) afirma que há um consenso entre os

especialistas sobre a constatação de que, a partir dos anos 80, ocorreram

acentuadas transformações nos volumes, fluxos e características dos

movimentos migratórios. A autora acrescenta ainda que, atualmente, há certa

predominância de migrações de curta distância e intra-regionais, ocorrendo

também, uma maior incidência de migrações de retorno.

Como se pode verificar anteriormente, após uma sensível derrocada dos

movimentos populacionais para os grandes centros urbanos do país, deu-se

123

Page 126: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 124Metropolitana de Natal

principalmente a partir da década de 1990, uma nova configuração dos fluxos

migratórios, que passam a ser direcionados as regiões litorâneas e em direção

as cidades de porte médio.

Internamente, o Rio Grande do Norte, não foge a essa tendência,

seguindo o padrão migratório verificado nos demais estados nordestinos.

Devido à concentração de suas economias no litoral do Estado, especialmente

em Natal e sua Região Metropolitana, resultante de um crescente investimento

nesses espaços, provocaram o fluxo migratório das pequenas cidades para

essas áreas.

Como já reforçava Arivaldo Santos (2006):

o circuito migratório é em geral uma resposta aos problemas diretos da vida cotidiana nas condições de integração da economia, isso consiste em afirmar que, o fluxo migratório acompanha de perto a dinâmica do mercado de trabalho, o qual tem fundamental importância na fixação ou transferência da força de trabalho de uma região para outra (SANTOS, 2006; p. 56).

Sendo assim, a forte concentração socioeconômica, exercida

principalmente por Natal e sua Região Metropolitana, trouxe como uma de suas

conseqüências o crescente fluxo migratório, especialmente do interior do

Estado. Como já demonstrava Itamar de Sousa (1976), a respeito da migração

norte-rio-grandense, a migração para Natal, não se dá pelo simples fato de ela

ser a capital do Estado, mas principalmente, por ser sede dos grandes

organismos públicos e privados, destacando-se também, por ser uma cidade

litorânea e apresentar melhores condições de sobrevivência socioeconômica.

Segundo Silva (2001), o contexto das migrações na capital potiguar,

passa a ganhar maior ênfase, a partir da Segunda Guerra Mundial, devido à

124

Page 127: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 125Metropolitana de Natal

chegada de aproximadamente 10.000 soldados norte-americanos,

acompanhados de um considerável contingente de soldados brasileiros.

Além disso, o autor salienta outro fator para o crescente fluxo migratório

direcionado ao litoral norte-rio-grandense, como a redução das taxas de

produtividade das principais atividades agrícolas como o algodão,

principalmente desenvolvida no interior do Estado e a cana-de-açúcar no litoral,

seguido da desvalorização monetária dos preços desses produtos (em meados

das décadas de 1950, e de 1960).

Conseqüentemente, salienta Silva (2001), especialmente na década de

1970 que, Natal recebe fortes investimentos na área habitacional, tendo em

vista o fluxo migratório que demandava por moradia. Sendo assim, esse

crescimento urbano, relacionado ao desenvolvimento econômico, intensifica-se

agravando os problemas da cidade.

Na sua reflexão sobre a cidade de Natal, Silva (2001), também constata

que a grande maioria dos imigrantes que chegavam a Natal na década de 1970

eram proveniente das próprias microrregiões norte-rio-grandenses, sendo as

de Natal, do Seridó, do Agreste Potiguar, e por fim, da Salineira Norte-rio-

grandense e da Serra Verde, as que apresentavam maior representatividade

no número de imigrantes, e só então seguidas por imigrantes provenientes de

outras Unidades da Federação.

No entanto, o autor defende que diferentemente do ocorrido em muitos

estados nordestinos, pelo menos até a década de 1980, a cidade de Natal

manteve-se estável quanto a sua proporção na população urbana do Estado. A

partir dessa década a capital norte-rio-grandense passa sentir uma nova

configuração no seu regime migratório.

125

Page 128: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 126Metropolitana de Natal

A nova tendência apresentada, principalmente durante as últimas

décadas, é de que os fluxos migratórios sejam direcionados para as cidades

médias e litorâneas, e como Silva (2001), mesmo defende, este fato se dá

devido ao fato dessas cidades apresentarem suporte de infra-estrutura e

serviços, bem como concentração de capital e da ampliação dos seus setores

produtivos.

Para o ano de 2000, o Censo Demográfico, já demonstrava a forte

influência da Região Metropolitana de Natal sobre a quantidade dos fluxos

migratórios exercidos dentro do Estado do Rio Grande do Norte. Segundo a

Tabela 17 mostrada a seguir, mais da metade dos imigrantes de data fixa21,

cerca de 135.075 pessoas, eram direcionados para essa área. Onde deve-se

destacar a alta proporção de imigrantes de data fixa nos municípios de

Parnamirim (34,9) e São Gonçalo do Amarante (20,2).

Tabela 17 RM/NATAL: População Residente de Anos e Mais e Imigrantes

de Data Fixa - 2000 Pessoas residentes

Município 5 Anos e Mais de Idade

Imigrantes de data fixa

Proporção de imigrantes de

data fixaCeará - Mirim 55.035 3.840 7,0Extremoz 17.198 2.872 16,7Macaíba 48.941 6.364 13,0Monte Alegre 17.014 1.524 9,0Natal 648.300 62.418 9,6Nísia Floresta 16.731 2.790 16,7Parnamirim 111.320 38.855 34,9São Gonçalo do Amarante 61.126 12.358 20,2São José de Mipibu 30.737 4.054 13,2Total 1.006.402 135.075 13,4

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000.

21 Refere-se ao número de imigrantes de 5 anos e mais de idade, que realizou migração no período 1995-2000.

126

Page 129: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 127Metropolitana de Natal

Ao detalhar-se a origem dos imigrantes de data fixa, através da Tabela

18 mostrada a seguir, pode-se verificar que tanto o município de Parnamirim

quanto o município de São Gonçalo do Amarante, apresentam em sua

configuração uma maior representatividade de imigrantes provenientes da

própria Região Metropolitana, ou seja, dentro dos 38.855 imigrantes de data

fixa apresentados por Parnamirim, cerca de 20.594 são provenientes da própria

Região Metropolitana de Natal, enquanto que dos 12.358 imigrantes de data

fixa vislumbrados para São Gonçalo do Amarante, 7.882 deles têm como local

de origem outros municípios da Região Metropolitana de Natal.

Deve-se ressaltar que esse número de imigrantes intra-metropolitano

representa para Parnamirim e São Gonçalo do Amarante um percentual de

53% e 63%, respectivamente. Outros municípios como, Extremoz e Monte

Alegre, apesar de não apresentarem uma proporção de imigrantes de data fixa

em relação a sua população de cinco anos e mais, tão expressiva quando se

comparado a Parnamirim e São Gonçalo do Amarante, obtiveram uma

proporção de imigrantes intra-metropolitano também bastante significativa,

sendo responsável por um percentual de 58% e 52%, respectivamente.

Cabe ressaltar, que o município de Natal, apesar de apresentar uma

pequena proporção de imigrantes de data fixa em sua população de cinco anos

e mais (Tabela 17), é o município que apresenta o maior valor absoluto de

imigrantes de data fixa, 62.418 imigrantes (Tabela 18), e quando comparado a

origem desses imigrantes, se difere dos outros municípios da Região

Metropolitana, principalmente por terem como origem outros municípios do

Estado, cerca de 27.195 imigrantes, e interestaduais ou outros países, com

aproximadamente 30.745 imigrantes.

127

Page 130: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 128Metropolitana de Natal

Tabela 18 População Residente de 5 Anos e Mais e Imigrantes de Data Fixa segundo

a sua origem – Região Metropolitana de Natal – 2000 Imigrantes de data fixa por origem¹

IntraestadualMunicípio Interestadual ou outros países Outros

municípiosIntra-

metropolitanoTotal

Ceará - Mirim 768 1.752 1.320 3.840Extremoz 686 528 1.658 2.872Macaíba 1.074 2.881 2.409 6.364Monte Alegre 238 497 789 1.524Natal 30.745 27.195 4.478 62.418Nísia Floresta 821 760 1.209 2.790Parnamirim 8.544 9.717 20.594 38.855São Gonçalo do Amarante 1.392 3.084 7.882 12.358São José de Mipibu 1.135 1.514 1.406 4.054Total 45.402 47.928 41.745 135.075

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000.

Pode-se comprovar então que apesar de uma pequena inversão da

origem dos fluxos migratórios direcionados à Natal, que como foi visto

anteriormente através da reflexão exposta por Silva (2001), que constatou que

a grande maioria dos imigrantes que chegavam a capital, principalmente a

partir da década de 1970, era proveniente do interior do Rio Grande do Norte,

para que só então houvesse uma maior representatividade dos imigrantes

provenientes de outras Unidades da Federação, o município ainda sustenta

como principal fonte de origem, os imigrantes intra-estaduais, seguidos de

perto pelos imigrantes interestaduais ou outros países.

Outra importante vertente dos fluxos de população direcionados a cidade

de Natal, é o movimento pendular, ou seja, o movimento de pessoas que

estudam ou trabalham na capital, mas que residem em outro município. É

importante analisá-lo, pois ele demonstra a forte centralidade exercida por

Natal na Região Metropolitana.

128

Page 131: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 129Metropolitana de Natal

Segundo Moura, Branco & Firkowski (2005), as informações sobre os

deslocamentos domicílio-trabalho/estudo constituem “importante referencial

para a análise dos processos de metropolização e expansão urbana”, e que

centralidades exercidas, como a verificada na cidade de Natal, tornam-se

nítidas e permitem a identificação de processos seletivos de uso e apropriação

do espaço, com a segmentação dos locais de moradia e de trabalho. Com isso,

através dos movimentos pendulares, exercidos por esses municípios, acaba

nos dando uma vasta compreensão da dinâmica metropolitana natalense.

É importante enfatizar, que diferentemente da migração, que envolve

mudança de residência, os movimentos pendulares caracterizam-se por serem

deslocamentos entre o município de residência e outros municípios, com

finalidade específica, que o Censo Demográfico de 2000 convencionou como

trabalhar e estudar.

Sendo assim, como pode-se analisar na Tabela 19, que expressa o

movimento pendular para fora do município de residência e principalmente os

que se dirigem ao pólo metropolitano, podemos aferir a centralidade que Natal

exerce especialmente em municípios como, Parnamirim, São Gonçalo do

Amarante e Extremoz, municípios esses, onde apresentam uma considerável

parcela de sua população trabalhando e estudando em outro município fora do

local de residência, e que principalmente grande parte deles se dirigindo ao

pólo.

129

Page 132: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 130Metropolitana de Natal

Tabela 19 RM/NATAL: População residente de 15 Anos e mais que trabalha ou

estuda e pessoas que realizaram movimento pendular - 2000 Número de pessoas de 15 anos e mais de idade

Que trabalham ou estudamMunicípio

Total ( A )Total ( B )

fora do município de

residência ( C )

dirigindo-seao pólo

metropolitano ( D )

C / B (em %)

D / C (em %)

Ceará - Mirim 40.288 21.865 3.188 2.475 14,6 77,6Extremoz 12.717 7.066 1.847 1.569 26,1 84,9Macaíba 36.461 20.803 4.681 3.406 22,5 72,8Monte Alegre 12.181 6.022 821 547 13,6 66,6Natal 510.990 329.923 7.488 0 2,3 0,0Nísia Floresta 12.338 7.203 1.207 553 16,8 45,8Parnamirim 84.972 54.518 20.656 19.050 37,9 92,2S. G. do Amarante 45.443 26.883 9.559 8.521 35,6 89,1São J. de Mipibu 22.606 12.897 1.498 923 11,6 61,6Total 777.996 487.178 50.945 37.043 10,5 72,7

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000.

O que também se pode verificar através da Tabela 19, é que grande

parte do movimento pendular exercido pelos municípios que compõe a Região

Metropolitana de Natal são direcionados ao pólo. Para se ter idéia da

importância desse fluxo, apenas o município de Nísia Floresta apresentou um

percentual abaixo dos 50%, mesmo assim, demonstrou um fluxo considerável

de pessoas que trabalham e estudam na capital, representando cerca de

45,8% de pessoas.

Isso também vem reforçar a grande centralidade que Natal exerce diante

dos outros municípios da Região Metropolitana, especialmente Parnamirim e

São Gonçalo do Amarante. Mesmo observando a origem dos imigrantes de

data fixa, pode-se perceber que em torno da metade dos imigrantes de data

fixa localizados nesses municípios são provenientes de Natal (Tabela 20).

Tabela 20

130

Page 133: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 131Metropolitana de Natal

RM/NATAL: Imigrantes de Data Fixa tendo como origem Natal - 2000

Município Migrantes de Data Fixa

OrigemNatal

Proporção de imigrantes de

NatalCeará - Mirim 3840 995 25,9Extremoz 2872 1532 53,3Macaíba 6364 1701 26,7Monte Alegre 1524 435 28,5Natal 62418 0 0,0Nísia Floresta 2790 647 23,2Parnamirim 38855 18694 48,1São Gonçalo do Amarante 12358 6666 53,9São José do Mipibu 4054 706 17,4Total 135075 31376 23,2

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000.

Ao adentra-se a realidade intra-urbana da Região Metropolitana, pode-

se perceber com mais clareza o comportamento desses fluxos migratórios,

como também, o tipo socioespacial predominante, em que essa população se

instala.

Sendo assim, como pode-se visualizar nos Mapas 5 e 6 - que mostram

respectivamente, os imigrantes de data fixa segundo a sua origem, tanto os

que têm como origem outros municípios do Rio Grande do Norte (exceto os

que compõe a Região Metropolitana), quanto os que têm como origem outros

municípios de fora do Estado, pode-se analisar o acesso desigual da

população ás áreas metropolitanas – um desigual acesso ao espaço

metropolitano de acordo com a origem apresentada pelo imigrante.

O que pode-se verificar analisando os mapas, é que os imigrantes de

data fixa que têm como origem outros municípios do Rio Grande do Norte, e

que não fazem parte da Região Metropolitana de Natal (Mapa 5)

diferentemente dos imigrantes interestaduais e de outros países (Mapa 6),

131

Page 134: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 132Metropolitana de Natal

costumam ocupar principalmente as áreas periféricas de Natal, como grande

parte das AED's que compõe a Zona Norte e Oeste da capital.

Deve-se relembrar que essas áreas são caracterizadas principalmente

pela maior representatividade das ocupações populares, onde a participação

das categorias Médias e Superiores são bastante reduzidas, apresentando

uma maior representatividade de Trabalhadores do Setor Terciário, tanto o

Especializado quanto o Não-especializado, destacando-se também, a sensível

participação das categorias de Ambulantes e Catadores, como as dos

Trabalhadores do Setor Secundário e da Indústria Moderna e Tradicional.

Pode-se constatar, que os imigrantes intra-estaduais, excetuando

aqueles que integram a Região Metropolitana de Natal, ao se direcionarem à

Região Metropolitana, objetivando em sua maioria, melhores condições

socioeconômicas, tem acesso as áreas consideradas mais humildes, sem boa

infra-estrutura urbana, onde o valor do aluguel/imóvel são mais baixos,

possibilitando assim, uma menor dificuldade para a sua ocupação.

Por outro lado, os imigrantes de data fixa interestaduais e de outros

países (Mapa 6), ocuparam as áreas, em sua maioria, localizadas na Zona

Leste e Sul de Natal, como os bairros de Petrópolis, Barro Vermelho, Lagoa

Seca, Alecrim, Lagoa Nova, Parque das Dunas – Capim Macio, Ponta Negra,

Neópolis, Pitimbu e Candelária, onde a representatividade das ocupações

Médias e Superiores são bastante significativas.

Essas áreas são caracterizadas por apresentarem um considerável

aparato de equipamentos e serviços necessários para o bom funcionamento

das atividades exigidas pelo meio urbano, podendo esses equipamentos e

serviços ser vistos sob os aspectos socioeconômicos, como educação,

132

Page 135: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 133Metropolitana de Natal

moradia, saúde e o bom desempenho na comercialização de bens e serviços e

desenvolvimento das atividades político-administrativas. Não é por acaso, que

essas áreas são fortemente marcadas por uma alta especulação imobiliária,

tendo como conseqüência um alto valor dos imóveis.

Outra realidade demonstrada pelos fluxos migratórios observados na

Região Metropolitana de Natal e apontada através do Mapa 7, o qual trata da

proporção de imigrantes de data fixa intra-metropolitanos, ou seja, os

imigrantes provenientes da própria Região Metropolitana, vem reforçar o que

foi dito nos parágrafos anteriores, que há uma forte ocupação dessa

população, principalmente nos municípios que estão localizados em torno da

capital, como Extremoz, São Gonçalo do Amarante e Parnamirim.

O que pode-se perceber, é que os imigrantes localizados nesses

município, em sua maior parte tiveram como origem o município de Natal,

possibilitando inferir que esse fenômeno pode ser proporcionado, pelo menos

por duas causas principais.

A primeira seria ocasionada devido ao alto valor/aluguel do imóvel e a

crescente especulação imobiliária apresentada pela cidade pólo, fazendo com

que a população procurasse por áreas mais periféricas, onde o valor/aluguel do

imóvel, não fosse tão alto quanto o apresentado por Natal ou que pelo menos,

que áreas periféricas ainda não tivessem sido alcançadas pela crescente

especulação imobiliária.

A segunda causa para formação desse fenômeno migratório, seria dada

através da formação de novos núcleos familiares, que ao sofrerem influência,

também, do valor/aluguel localizado na capital, estariam se direcionando para

os municípios limítrofes à Natal.

133

Page 136: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 134Metropolitana de Natal

Sendo assim, parece coerente a instalação desses imigrantes

relativamente próximo ao município de Natal. Levando-se em consideração a

real condição socioeconômica desses imigrantes, a qual impossibilita, em sua

maioria, residirem próximo ao local onde exercem sua atividade profissional ou

educacional, restando assim vir a praticar o movimento pendular, ou seja, o

deslocamento diário da população, que parte de seu local de residência ao

trabalho ou escola e vice-versa, conforme se demonstrou anteriormente.

134

Page 137: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 135Metropolitana de Natal

Mapa 5 Percentual de Imigrantes de Data Fixa com origem em outro município do

Rio Grande do Norte, exceto da Região Metropolitana - Região Metropolitana de Natal – 2000

135

Page 138: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 136Metropolitana de Natal

Mapa 6 Percentual de Imigrantes de Data Fixa com origem em outro município de fora do Rio Grande do Norte e de outros países - Região Metropolitana de

Natal – 2000

136

Page 139: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 137Metropolitana de Natal

Mapa 7 Percentual de Imigrantes de Data Fixa com origem a Região Metropolitana

de Natal - Região Metropolitana de Natal – 2000

137

Page 140: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 138Metropolitana de Natal

O Mapa 8 apresentado adiante, que trata da proporção de pessoas de

15 anos e mais de idade que realizam movimento pendular em direção ao pólo

metropolitano, comprova a forte centralidade socioeconômica que a cidade de

Natal exerce na Região Metropolitana, principalmente, aos municípios que

estão localizados em torno dela, como Extremoz, São Gonçalo do Amarante e

Parnamirim.

Conforme ressalta Bassand & Brulhaart (1980), a mobilidade espacial

tem um sentido mais amplo que o da migração, englobando tanto os

deslocamentos de longa distância, referentes às migrações, quanto os de curta

distância, referentes à mobilidade residencial. O que define é a mudança de

uma localização no espaço: o lugar de residência.

Sendo assim, o que pode-se perceber através do Mapa 8, que

especialmente nos municípios citados anteriormente a um intenso movimento

para Natal, revelando uma proporção na casa dos 80% do total de pessoas que

realizam movimento pendular e como foi visto anteriormente, pode causar

algum estranhamento a AED representada pelo Agregado de Distrito de São

Gonçalo do Amarante, expressar um número tão alto de pessoas que saem de

sua residência para trabalhar e estudar no município pólo, então, cabe mais

uma vez esclarecer que essa área apesar de apresentar-se visualmente

urbanizada ainda é considerada pela lei municipal como zona rural, com isso

não é por acaso que a população localizada nessa área sofra uma maior

representatividade das ocupações populares em detrimento da então esperada

ocupação rural.

Por tudo, pode-se aferir alguns pontos principais sobre a mobilidade da

população no espaço metropolitano de Natal, tendo sempre como pano de

138

Page 141: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 139Metropolitana de Natal

fundo as tipologias socioespaciais, dentre eles o acesso distinto da população

perante o espaço metropolitano, dado em grande parte pelo forte valor/aluguel

do imóvel que acaba “empurrando” a população mais desfavorecida

socioeconomicamente para áreas mais periféricas, onde o valor/aluguel do

imóvel não é tão alto, como também podemos perceber a forte centralidade da

capital, especialmente, sobre os municípios limítrofes, onde a força do

movimento pendular exercido por eles só vem a comprovar essa afirmação.

139

Page 142: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 140Metropolitana de Natal

Mapa 8 Percentual de pessoa que realizam movimento pendular em direção ao

Pólo Metropolitano - Região Metropolitana de Natal – 2000

140

Page 143: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 141Metropolitana de Natal

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta desse estudo em discutir as relações entre a dinâmica

demográfica – considerando os níveis mortalidade, fecundidade e mobilidade

expressadas na Região Metropolitana de Natal – e o seu status

socioeconômico, partiu do pressuposto da já constatada interdependência

entre a real condição social e econômica da sociedade e sua influência direta

nos padrões de mortalidade, fecundidade e mobilidade de seus habitantes.

Para tanto, esse trabalho se propôs destacar a tendência de

agrupamento da população perante a influência socioeconômica, ressaltando a

contribuição de se utilizar uma tipologia socioespacial, construída a partir de

três variáveis: ocupação, renda e instrução, que pudesse expressar no território

metropolitano uma melhor aproximação da organização espacial da população

na Região Metropolitana.

Para isso, fez-se mão do contexto da segregação residencial,

objetivando identificar possíveis padrões de organização espacial, a fim de

utilizá-lo, principalmente, como meio facilitador de análise, sem, no entanto

resumir-se a simples etapa estatística da construção das tipologias

socioespaciais. Dessa forma, o estudo pode possibilitar a inferência sobre a

distribuição da população no espaço da Região Metropolitana de Natal, a qual

se encontra fragmentada perante classes sociais.

Deve-se ressaltar que como sugere Suzana Pasternak (2004), este

trabalho considerou o conceito de segregação residencial, como uma tendência

de agrupamento no espaço de grupos sociais homogêneos, também resultado

141

Page 144: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 142Metropolitana de Natal

de uma desigualdade socioespacial, capaz de traduzir territorialmente a

estrutura sociodemográfica apresentada na Região Metropolitana de Natal.

Sendo assim, partindo do fundamento da organização espacial da

população, que está diretamente ligado à noção fundamental de diferenciação

e, aceitando a idéia de que o espaço da metrópole é constituído por áreas

diferentes entre si, buscou-se a organização do espaço metropolitano, através

de uma tipologia socioespacial, que proporcione inferir os diferenciais

demográficos da Região Metropolitana.

Foi possível verificar então, a influência direta, que as variáveis

ocupação, renda e educação, utilizadas para construção das tipologias

socioespaciais, exercem na construção dos diferentes e atuais níveis de

fecundidade, mortalidade e mobilidade na Região Metropolitana de Natal,

especialmente, quando distribuídos perante distintas classes sociais.

Também pode ser proposto nesse trabalho uma breve e necessária

discussão sobre o conceito de região, tecendo assim, algumas considerações

sobre o conceito e sua contribuição para o trabalho empreendido. Sempre

partindo do pressuposto do acesso desigual da população ao espaço da

Região Metropolitana, levando em consideração diferentes níveis de classe

social.

Contudo, não se pode desvincular a atual configuração da dinâmica

demográfica apresentada pela Região Metropolitana de Natal, sem no entanto

levar em consideração o contexto mundial, nacional e nordestino, como

também a realidade oferecida pelo Estado do Rio Grande do Norte.

142

Page 145: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 143Metropolitana de Natal

E, como se percebe, através das análises realizadas nos capítulos

anteriores, há uma generalizada tendência de queda tantos das taxas de

fecundidade quanto dos índices de mortalidade perante a população em geral.

O que se verificou nas análises, é que apesar da desigualdade,

especialmente socioeconômica apresentada pela população perante esses

diversos contextos, seja devido a melhores condições de saúde ou de acesso a

informação, existe uma sensível tendência de redução dos índices de

mortalidade e fecundidade da população.

Mesmo que tenha sido constatado para Região Metropolitana de Natal,

um generalizado baixo índice de fecundidade, aproximando-se especialmente

do término de sua transição demográfica, verifica-se ainda, diferenciais

significativos perante as distintas classes sociais.

Sendo assim, pode-se vislumbrar a desigual realidade na dinâmica da

fecundidade apresentada pelas classes sociais médias e superiores,

representadas principalmente pelas AED's localizadas na Zona Norte de

Parnamirim e Zona Sul de Natal. De fato, em relação às classes mais

populares e, mais especificamente, as classes sociais onde há uma maior

representatividade das ocupações agrícolas, representadas respectivamente,

em sua maioria, por AED's localizadas na Zona Norte e Oeste de Natal e as

Zonas Rurais de Macaíba e Ceará - Mirim, foi verificado um considerável

distanciamento de áreas onde os níveis de fecundidade já se encontram abaixo

do nível de reposição; em contraposição às áreas onde a transição da

fecundidade ainda é uma realidade distante a ser desfrutada.

Perante essa realidade, o estudo empreendido defrontou-se com

particularidades, como a expressada nos padrões de fecundidade das AED's

143

Page 146: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 144Metropolitana de Natal

de Barro Vermelho – Lagoa Seca – Alecrim, Pitimbú e Parnamirim – Centro –

BR 101, representas pela tipologia socioespacial média as quais apresentaram

os menores índices de fecundidade da Região Metropolitana de Natal.

O esperado era uma estreita e inversa relação entre o status

socioeconômico e seus níveis de fecundidade, ou seja, intuitivamente quanto

maior a classe social verificada na população menor seria sua taxa de

fecundidade. Conseqüentemente, o tipo médio apresentaria uma taxa de

fecundidade ligeiramente superior aos tipos médio-superiores e superiores, o

que não foi verificado para Região Metropolitana de Natal.

Isso só vem a reforçar a tese de que apesar do acesso diferenciado da

população perante o espaço metropolitano e de sua forte influência nos índices

demográficos, dado a sua condição socioeconômica, não está ocorrendo

suficientemente uma barreira a aproximação ao termino da transição da

fecundidade, apresentando taxas cada vez mais próximas dos níveis de

reposição da população, demonstrando com isso, um maior acesso da

população as informações de saúde e contracepção.

Quanto à dinâmica da mortalidade apresentada pela Região

Metropolitana de Natal, verificou-se também, para as taxas de fecundidade, um

generalizado decréscimo em seus valores. Entretanto, devem-se ressaltar

algumas particularidades que reforçam a idéia de que os indicadores

socioeconômicos, mesmo apesar da sua forte influência, por si só não são

determinantes da dinâmica demográfica. E como visto anteriormente, os

índices de mortalidade estão inseridos em um contexto, não só global, mas

também, local, histórico e socialmente construído.

144

Page 147: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 145Metropolitana de Natal

Sendo assim, particularidades como a verificada para o município de

Monte Alegre, onde apesar de não apresentar dados satisfatórios quanto ao

seu desenvolvimento socioeconômico, desponta no ano de 2000, como o

município da Região Metropolitana com maior esperança de vida ao nascer

(70,59 anos), fazendo assim, parte das análises feitas para mortalidade

vislumbrada para Região Metropolitana de Natal.

Essa realidade demonstrada pelo município de Monte Alegre, mostra

também, que o dado de mortalidade, muitas vezes pode ser “mascarado” pela

dinâmica metropolitana. Onde se sabe que, quanto ao atendimento de saúde,

não só Monte Alegre, como grande parte dos municípios localizados próximos

a Natal, buscam na capital do Estado, utilizar da oferta de equipamentos de

saúde oferecidos pela cidade.

É inquestionável que os fatores socioeconômicos tiveram um papel

significativo, tanto para os baixos índices de fecundidade quanto de

mortalidade, não é por acaso, que os tipos socioespaciais que apresentaram os

mais baixos índices de fecundidade e mortalidade foram os níveis médio e

superior, onde há uma maior representatividade das categorias

socioocupacionais da elite dirigente e intelectual da Região Metropolitana,

contrapondo-se as áreas onde há uma maior representatividade das

ocupações populares e agrícolas, que conseqüentemente foram observados

índices de fecundidade e mortalidade mais altos.

Além disso, há forte influência dos fatores socioeconômicos na

mobilidade da população, principalmente, na distribuição e acesso do imigrante

ao espaço metropolitano. Como se pode perceber, através da realidade

demonstrada pela Região Metropolitana de Natal, os fluxos migratórios, são

145

Page 148: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 146Metropolitana de Natal

estreitamente influenciados pela dinâmica do mercado de trabalho, o qual, já

reforçava Ariovaldo Santos (2006), tem fundamental importância na fixação ou

transferência da força de trabalho de uma região para outra.

Verificou-se ainda, no detalhamento da origem dos imigrantes da Região

Metropolitana, o surgimento de pelo menos dois perfis de acesso de imigrantes

ao espaço metropolitano, onde os imigrantes que têm como origem outros

municípios do Rio Grande do Norte, que não fazem parte da Região

Metropolitana de Natal, costumam ocupar as áreas periféricas da capital, como

grande parte das AED's que compõem a Zona Norte e Oeste da cidade. Os

imigrantes de origem interestaduais e de outros países estão situados,

principalmente nas zonas leste e sul de Natal.

A grande diferença entre esses dois perfis é justamente sua organização

no espaço e a sua categoria socioocupacional, onde os imigrantes intra-

estaduais têm acesso às áreas consideradas mais humildes e sem boa infra-

estrutura urbana, onde ocorre uma maior representatividade das ocupações

populares, contrapondo-se aos imigrantes de origem interestadual e de outros

países, que em grande parte, ocupam as áreas mais nobres da capital Natal,

onde a categoria socioocupacional preponderante são as da tipologia superior.

Pode-se constatar que o desigual acesso ao espaço metropolitano se dá

devido às condições socioeconômicas desses imigrantes, e em parte a

especulação imobiliária verificada, principalmente, em Natal. Áreas onde há

uma maior representatividade da tipologia superior são fortemente

caracterizadas pelo alto valor/aluguel de seus imóveis, tendo como

conseqüência o acesso de uma parcela da população de alto status

socioeconômico.

146

Page 149: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 147Metropolitana de Natal

Contraponde-se a essa realidade, os bairros periféricos de Natal e os

municípios em torno da capital, especialmente, Parnamirim, São Gonçalo do

Amarante e Extremoz, acabam se transformando em áreas de atração aos

imigrantes de menor condição socioeconômica, devido, principalmente, a maior

facilidade de acesso ao imóvel.

Com isso, infere-se que os principais causadores desses dois perfis de

imigrantes são o alto valor/aluguel do imóvel e a crescente especulação

imobiliária apresenta pela cidade pólo, que acaba direcionando os imigrantes

de menor condição socioeconômica para áreas mais periféricas, como a

formação de novos núcleos familiares, que também, ao sofrerem influência do

valor/aluguel do imóvel ofertado pela capital, estaria se direcionando para os

municípios limítrofes à Natal.

Não é por acaso, que foi constatado que dentre os imigrantes residentes

nesses municípios, em sua maior parte, teve como origem/nascimento o

município pólo. O que nos parece coerente, quando se é levado em

consideração a real condição socioeconômica desses imigrantes, a qual

impossibilita residirem próximo ao local de trabalho/estudo.

Sendo assim, considera-se o movimento pendular como um ótimo

termômetro para aferir a forte influência/centralidade que Natal exerce,

especialmente, nesses municípios limítrofes, onde acaba revelando uma alta

proporção de trabalhadores/estudantes, sempre acima de 80%, indo em

direção à Natal. De fato, esses deslocamentos para o trabalho/estudo

assumem importância crescente, integrando o pólo metropolitano, que é o

principal centro da produção.

147

Page 150: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 148Metropolitana de Natal

Por tudo isso, as novas tendências demográficas apresentadas pela

Região Metropolitana de Natal – baixa fecundidade, aumento da expectativa de

vida, conseqüência da diminuição da mortalidade, e a atual configuração dos

fluxos migratórios – que se afirmaram ao longo dos últimos anos, demonstram

que, ao analisar a dinâmica demográfica na Região Metropolitana de Natal, as

realidades urbanas são bastante diversas. Sendo assim, admiti-se que as

condições de vida presentes nos tipos socioespaciais mais periféricos, onde a

realidade vivida pela população alocada em tipos socioespaciais mais pobres,

ressentida de uma melhor qualidade de vida, seja ela, produzida pela falta de

saneamento, emprego, educação ou deterioração das condições de saúde,

poderão revelar realidades demográficas distintas daqueles encontrados em

tipos socioespaciais mais abastados e bem-servidos.

148

Page 151: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 149Metropolitana de Natal

BIBLIOGRAFIA

ALBUQUERQUE, F. R. P. C. Movimentos migratórios internos no Brasil: características e estimativas 1981 – 1996. Dissertação (Mestrado em Estudos

Populacionais e Pesquisas Sociais) - Escola Nacional de Ciências Estatísticas,

Rio de Janeiro: IBGE, 2001.

ALVES, J. E. D. A polêmica Malthus versus Condocert reavaliada à luz da transição demográfica. Rio de Janeiro: IBGE, 2002.

______. Questões Demográficas: Fecundidade e Gênero. Rio de Janeiro:

Escola Nacional de Ciências Estatísticas, 2004.

AQUINO, Maria C. C.; FREIRE, H. M.de Araújo; CLEMENTINO, M. do L. M.

Imigração na Região Metropolitana de Natal. Artigo submetido à REBEP em

março de 2006 (Especialização em Demografia) – Departamento de Estatística,

CCET. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2006. 31p.

ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL. Disponível em:

<http://www.pnud.org.br/atlas>. Acessado em: março de 2008.

BERQUÓ, Elza; CAVENAGHI, Suzana. Mapeamento sócio-econômico e demográfico dos regimes de fecundidade no Brasil e sua variação entre 1991 e 2000. XIV Encontro nacional de Estudos Populacionais. Caxambu:

ABEP, 2004.

BOCCUCCI, A. M.; WONG, L. R. Fecundidade vs. Migração: Causa ou

Efeito? Uma aplicação ao Distrito Federal. XI Encontro nacional de Estudos

Populacionais. Caxambu: ABEP, 1998.

149

Page 152: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 150Metropolitana de Natal

BORJAS, George; BRATSBERG, Bernt. Who Leaves? The outmigration of the

Foreign-Born. The Review of Economics and Statistics, v. 87, n.1, feb, 1996. p.

165-176,.

BRAGA, Roberto; CARVALHO, Pompeu Figueiredo de. Cidade: Espaço da

Cidadania. Texto publicado originalmente em: GIOMETTI, Analúcia B. R.;

BRAGA, Roberto (orgs.) Pedagogia Cidadã: Cadernos de Formação (Ensino de

Geografia). São Paulo: UNESP/PROPP, 2004. p. 105-120.

CAMARANO, Ana Amélia; BELTRÃO, Kaizô Iwakami. Dinâmica demográfica por nível de renda. Rio de Janeiro: REBEP, 1995.

CARVALHO, J. A, M.; BRITO Fausto. A demografia brasileira e o declínio da fecundidade no Brasil: contribuições, equívocos e silêncios. São Paulo:

REBEP, 2005.

CHENU, A.; TABARD, N. Les transformations socioprofessionnelles du territoire français, 1982-1990. (Population, 6). França:1993. p. 1735 -1770.

CORRÊA, R. L. O Espaço Urbano. São Paulo: Editora Ática, 1989.

______. Região e Organização Espacial. São Paulo: Editora Ática, 1990.

DAMIANI, Amélia. População e Geografia, 8a edição, São Paulo: Contexto,

2004.

DIAGNÓSTICO DO MUNICÍPIO DE MONTE ALEGRE-RN. Recife:

CPRM/PRODEEM, 2005.

FENELON, J. P. Qu’est-ce que l’Analyse dês Données, Paris: Lefonen, 1981.

GOMES, Rita de C. da C.; SILVA, Maria José R. da. Migração, Crescimento Econômico e Qualidade de Vida em Natal/RN. Scripta Nova, Revista

150

Page 153: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 151Metropolitana de Natal

Eletrônica de Geografia y Ciências Sociales. Universidad de Barcelona (ISSN

1138-9788). N. 94, v. 68. Disponível em: <http://www.ub.es/geocrit/sn-94-

74.htm>. Acessado em: julho de 2008.

GWATKIN, D. R. Indications of change in developing country mortality trends: The end of an era? Population and Development Review, v.6, n. 4.

New York: 1980. p. 615 – 644.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Evolução e perspectivas da mortalidade infantil no Brasil. Departamento da População

e Indicadores Sociais, Rio de Janeiro: IBGE, 1999.

______, Censo Demográfico de 2000: Documentação dos Microdados da

Amostra. Rio de Janeiro, p. 1 – 149 2002.

______, Censo Demográfico de 2000: Migração e Deslocamento. Resultados

da Amostra. Rio de Janeiro, p. 1 – 158 2000.

INSTITUTO DE PESQUISA E ESTATÍSTICA APLICADA. Gestão do uso do solo e disfunções do crescimento urbano: instrumentos de planejamento e

gestão urbana: Belém, Natal e Recife. Brasília: IPEA, 2001.

LENCIONI, Sandra. Região e Geografia. São Paulo: Editora da Universidade

de São Paulo, 2003.

MIRANDA, João Maurício Fernandes de. Evolução urbana de Natal em 400 anos: 1599-1999. Coleção Natal 400 anos. v.3. Natal: Prefeitura de Natal,

1999.

MOURA, Rosa; BRANCO, Maria L. G. C.; FIRKOWSKI, Olga L. C. de Freitas.

Movimento Pendular e perspectivas de Pesquisas em Aglomerados Urbanos. São Paulo em Perspectiva, v.19, n.4, 2005. p. 121-133. Disponível

151

Page 154: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 152Metropolitana de Natal

em:<http://www.seade.gov.br/produtos/spp/v19n04_08.pdf>. Acessado em:

agosto de 2008.

NEWBOLD, K. Bruce; BELL Martin. Return and Onward Migration in Canada and Australia: Evidence From Fixed Interval Data. International Migration

Review, v.35, n.4, New York: 2001. p.1157-1187.

OLIVEIRA, Juarez de Castro. Fecundidade e nupcialidade no Brasil e nos Estados de São Paulo e Rio Grande do Norte: tendências passadas e

perspectivas. Rio de Janeiro: IBGE, 1991.

OLIVEIRA, A. T.; SIMÕES, A. G. Deslocamentos Populacionais no Brasil:uma análise dos Censos Demográficos de 1991 e 2000. Caxambú: ABEP,

2004.

PALLONI, Alberto. Mortality in Latin America: emerging patterns. Population

and Development Review, v.7, n. 4. New York:1981. p. 623 – 649.

PASTERNAK, Suzana. Mudanças produtivas e estrutura socioespacial das metrópoles. Revista de Estudos Regionais e Urbanos. Espaço & Debates:

Segregações Urbanas, v .24 n.45, jan.-jul, 2004.

PATARRA, Neide. Tendências e Modalidades Recentes de Migrações Internas e distribuição Populacional no Brasil: um olhar para o Nordeste.

Anais do Seminário Quantos Somos e Quem Somos no Nordeste? Recife:

2004. p. 50 – 63.

PRÉTECEILLE, Edmond. A construção social da segregação urbana:convergências e divergências. Revista de Estudos Regionais e Urbanos.

Espaço & Debates: Segregações Urbanas, v.24 n.45, jan - jul, 2004.

152

Page 155: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 153Metropolitana de Natal

PINHEIRO, S. M. G. Tendências recentes da dinâmica demográfica nordestina: Migração. Anais do VI Encontro de Estudos Populacionais, v.4,

Olinda:1988. p. 345 – 368.

RIBEIRO, L. C. Q. Segregação residencial e políticas: análise do espaço

social da cidade na gestão do território. Disponível

em:<http://www.ippur.ufrj.br/observatorio/observatorio.htm>. Acessado em:

julho de 2006.

______. Cidade Desigual ou Cidade Partida? Tendências da metrópole do

Rio de Janeiro. Disponível

em:<http://www.ippur.ufrj.br/observatorio/observatorio.htm>. Acessado em:

julho de 2006.

SANDERS, L. L’analyse statisque des donnés en géografhie, Alidade/Reclus. Monpellier: 1989.

SANTOS, Ariovaldo. Migração e Força de Trabalho: notas para debate.

Pegada Eletrônica v. 7, n. 1, jun, 2006. Disponível

em:<http://www.prudente.unesp.br/ceget/pegada>. Acessada em: julho de

2008.

SANTOS, J. L. F.; LEVY, M. S. F.; SZMRECSÁNYI, Tamáz (Orgs). Dinâmica da população: teoria, métodos e técnicas de análise. São Paulo: T. A.

Queiroz, 1980.

SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo: razão e emoção.

São Paulo: Hucitec, 1996.

______. A urbanização brasileira. São Paulo: Hucitec, 1998.

SILVA, A. F. da. Migração e Crescimento Urbano: uma reflexão sobre a

cidade de Natal, Brasil. Scripta Nova, Revista Eletrônica de Geografia y

153

Page 156: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 154Metropolitana de Natal

Ciências Sociales. Universidad de Barcelona (ISSN 1138-9788) n. 94,

ago,2001. Disponível em: <http://www.ub.es/geocrit/sn-94-74.htm>. Acessado

em: julho de 2008.

SILVA, Próspero. Demografia. Universidade Aberta. Sala de Convívio.

2002/03. Disponível em:< http://salaconvivio.com.sapo.pt>. Acessado em:

agosto de 2008.

SOUZA, Itamar de. Migrações para Natal: análise sociológica do processo

migratório. Natal: CCHLA, 1976.

SOUSA, T. R. V.; MAIA, S. F. Uma investigação dos determinantes da redução da taxa de mortalidade infantil nos estados da região nordeste do Brasil. Trabalho apresentado no I Congresso da Associação Latino Americana

de População (ALAP). Caxambu: set, 2004.

THEODORSON, G. A. org. Estúdios de Ecologia Humana, v. 2. Barcelona:

Labor, 1974.

TABARD, N. Dês quarties pauvres aux banlieues aisées: uma représentation sociale du territoire. Économie et Statistique, n.270 , v.10,

Paris: 1993. p. 5-21.

VALIM, A. Migrações: da perda da terra à exclusão social (Espaço e

debate).São Paulo: Atual, 1996.

WILSON, C. On the scale of global demografic convergence 1950-2000.Populations and Development Review. New York: 2001.

WONG, Laura L. Rodriguez. A transição da fecundidade no Norte e Nordeste do Brasil. FREITA, Taís de (org.). Dinâmica populacional das

regiões Norte e Nordeste: questões atuais e emergentes. Recife: FJN, Editora

massangana, 2000. p. 107-138.

154

Page 157: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

Distribuição Socioespacial dos Fatores Dinâmicos da População na Região 155Metropolitana de Natal

WRIGHT, E. O. Class structure and income determination. New York:

Academic Press, 1964.

ZELINSKY, Wilbur. Introdução a Geografia da População. Rio de Janeiro:

ZAHAR Editores, 1974.

Outros sites consultados:

<http://www.desenvolvimentomunicipal.com.br>. Acessado: em março de 2008.

<http://www.natal.rn.gov.br/semurb/>. Acessado: em março de 2008.

<http://www.setur.rn.gov.br/>. Acessado: em março de 2008.

155

Page 158: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE · SEMURB – Secretaria Municipal de meio ambiente Urbanismo SPSS - Software Statistics Program Sciences Social UFRN - Universidade Federal

DistribuiçãoSocioespacialdosFatoresDinâm

icosda

PopulaçãonaRegiãoMetropolitanadeNatal

156

Ane

xo

Tabe

la 1

- A

D

istr

ibui

ção

das

Cat

egor

ias

Sóci

o-oc

upac

iona

is s

egun

do ti

pos

sóci

o-es

paci

ais

– R

M d

e N

atal

- 20

00

158