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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE ESCOLA DE QUÍMICA E ALIMENTOS ENGENHARIA AGROINDUSTRIAL FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA DIMENSIONAMENTO DE COLUNAS DE DESTILAÇÃO DE PRATOS PARA MISTURAS BINÁRIAS Guilherme de Almeida Pinto 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE

ESCOLA DE QUÍMICA E ALIMENTOS

ENGENHARIA AGROINDUSTRIAL

FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA DIMENSIONAMENTO DE

COLUNAS DE DESTILAÇÃO DE PRATOS PARA MISTURAS BINÁRIAS

Guilherme de Almeida Pinto

2017

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FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA DIMENSIONAMENTO DE

COLUNAS DE DESTILAÇÃO DE PRATOS PARA MISTURAS BINÁRIAS

Guilherme de Almeida Pinto

Orientador: Prof. Dr. Roberto de Souza Gomes da Silva

Co-orientadora: Prof. Dra. Juliana da Silveira Espindola

Santo Antônio da Patrulha, RS.

2017

Projeto de conclusão de curso

apresentado à Universidade

Federal do Rio Grande, como parte

dos requisitos necessários à

graduação em Engenhar ia

Agroindustrial Agroquímica.

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RESUMO

No presente trabalho, foi desenvolvido um algoritmo com uma interface gráfica para o

dimensionamento de colunas de destilação de pratos para a separação de misturas binárias,

utilizando dois métodos gráficos tradicionais: McCabe-Thiele e Ponchon-Savarit. O

algoritmo foi desenvolvido na linguagem de programação Python, implementando-se as

rotinas de cálculo necessárias aos dois métodos utilizados, visando auxiliar na agilidade de

obtenção de resultados e na redução de erros. São apresentados conceitos de equilíbr io

termodinâmico, diagramas, balanços, modelagem matemática e as considerações inerentes à

construção pelos métodos utilizados no trabalho. Foi realizada uma validação simplificada

dos resultados do algoritmo, através da comparação com resultados da literatura e com

aqueles obtidos por software disponível em versão livre. A ferramenta computaciona l

desenvolvida apresentou como potencial a aplicação no apoio didático ao ensino de

operações unitárias, pois facilita a avaliação do efeito da modificação de diferentes variáve is

no dimensionamento de uma coluna de destilação para misturas binárias, dentro dos limites

impostos pelos métodos implementados, tendo sido observado que seus resultados respeitam

o comportamento esperado de uma coluna de destilação. Como estudo de caso, a ferramenta

computacional foi aplicada como auxílio ao dimensionamento de uma coluna de pratos em

escala de bancada para a separação de uma mistura acetona-água ideal, obtendo-se como

resultado uma coluna com 6 pratos, que alimentada com uma corrente contendo 42 mol% de

acetona possibilita uma recuperação acima de 95 mol% no destilado. A coluna projetada

possui diâmetro de 0,92 m, altura de 0,75 m e opera com alimentação de 1,188 L/s.

Palavras-chave: coluna de destilação, processos de separação, algoritmo, McCabe-Thiele,

Ponchon-Savarit.

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ABSTRACT

In the present work, algorithms were developed with a graphical interface for the design of

distillation columns, aiming the separation of binary mixtures using two traditional graphica l

methods: McCabe-Thiele and Ponchon-Savarit. The algorithm was developed in the Python

programming language, deploying the calculation routines necessary for the two methods

mentioned, to expedite the obtaining of results and reducing errors. Concepts of

thermodynamic equilibrium, diagrams, balances, mathematical modeling and the

considerations inherent to the methods used in the work are presented. A simplified

validation of the results of the algorithm was carried out by comparison with results from

the literature and those obtained by a software available in free versions. The computationa l

tool developed in this work presented potential for the application in the didactic support to

the teaching of Unit Operations, since it facilitates the evaluation of the effect of the

modification of different variables in the design of a distillation column for binary mixtures,

within the limits imposed by the implanted methods. It was observed that its results respect

the expected behavior of a distillation column. As an case of study, the computational tool

was applied as an aid to the design of a bench-scale plate column for the separation of an

ideal acetone-water mixture, resulting in a 6-tray column with a feed stream containing 42

mol% acetone allowing a recovery above 95 mol% in the distillate. The designed column has

a diameter of 0.92 m, height of 0.75 m and operates with a volumetric feed of 1,188 L/s.

Keywords: distillation column, separation processes, algorithm, McCabe-Thiele, Ponchon-

Savarit.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Diagrama T-xy 6

Figura 2 Diagrama x-y 7

Figura 3 Diagrama H-xy 8

Figura 4 Diagrama de balanço de matéria para uma coluna 12

Figura 5 Linhas de operação - McCabe-Thiele 12

Figura 6 Efeito da condição da alimentação 14

Figura 7 Localização apropriada da alimentação 14

Figura 8 Limites de operação em McCabe-Thiele 15

Figura 9 Exemplo de Diagrama de entalpia-composição 16

Figura 10 Resumo do método de Ponchon-Savarit 17

Figura 11 Limites de operação em Ponchon-Savarit 18

Figura 12 Operação de um prato perfurado 19

Figura 13 Fluxograma para algoritmo ELV 25

Figura 14 Fluxograma para algoritmo Diagrama H-xy 27

Figura 15 Fluxograma para algoritmo McCabe-Thiele 28

Figura 16 Fluxograma para algoritmo Ponchon-Savarit 29

Figura 17 Diagrama de equilíbrio para acetona-água 34

Figura 18 Curva de equilíbrio para acetona-água 34

Figura 19 Diagrama de entalpia-composição 35

Figura 20 Perfil de composição da fase líquida 36

Figura 21 Perfil de composição da fase vapor 36

Figura 22 Perfil de temperatura 38

Figura 23 Perfil de entalpia 39

Figura 24 Perfil da constante de equilíbrio (K) 39

Figura 25 McCabe-Thiele: ChemSep-LITE 41

Figura 26 McCabe-Thiele e Ponchon-Savarit: Algoritmo 42

Figura 27 Imagem ilustrativa do prato 45

Figura A1 Fator de fluxo líquido-vapor 48

Figura A2 Relação comprimento da barragem e área de duto 48

Figura A3 Correlação para o ponto de gotejamento 49

Figura A4 Correlação para o coeficiente C0 49

Figura A5 Relação para barragem, altura e angulo 50

Figura B1 Registros de tela da ferramenta desenvolvida 69

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Coeficientes utilizados para a equação de Antoine 23

Tabela 2 Dados para a construção do Diagrama H-xy 25

Tabela 3 Valores fixados como entrada no software 28

Tabela 4 Valores fixados para o dimensionamento de pratos 29

Tabela 5 Comparativo do cálculo de temperatura de saturação 36

Tabela 6 Resultados obtidos para o dimensionamento 37

Tabela 7 Resumo dos resultados obtidos nas simulações 42

Tabela 8 Resultados fornecidos para o dimensionamento da coluna 45

Tabela 9 Resultados detalhados obtidos com o dimensionamento 46

Tabela A1 Dados para o Diagrama T-xy e a Curva de equilíbrio 53

Tabela A2 Dados para o Diagrama H-xy 54

Tabela A3 Dados para o perfil de composição da fase líquida 55

Tabela A4 Dados para o perfil de composição da fase vapor 56

Tabela A5 Dados para o perfil de temperatura 56

Tabela A6 Dados para o perfil de entalpia 56

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LISTA DE SÍMBOLOS

𝐶𝑝𝐴, 𝐶𝑝𝐵 Calores específicos molares de Ae B

𝐻𝐹 Entalpia da alimentação nas condições de entrada

𝐻𝐿 Entalpia da alimentação no ponto de ebulição

𝐻𝑉 Entalpia da alimentação no ponto de orvalho

𝐿𝑚 Corrente líquida abaixo do prato de alimentação

𝐿𝑚í𝑛 Corrente líquida mínima, retorna à coluna como refluxo

𝐿𝑛 Corrente líquida acima do prato de alimentação

𝑁 Número de pratos

𝑃𝐴, 𝑃𝐵 Pressões de vapor dos componentes A e B puro

𝑃𝑖 Pressão de vapor do componente i puro

𝑝𝑖 Pressão parcial do componente i na mistura gasosa/líquida

𝑃𝑖𝑠𝑎𝑡 Pressão de saturação do componente i

𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 Pressão total da mistura de gases

𝑅𝐷, R Razão de refluxo

𝑅𝑚í𝑛 Razão de refluxo mínima

𝑇𝑖 Temperatura do componente i

𝑉𝑚, 𝑉𝑚+1 Corrente de vapor abaixo do prato de alimentação

𝑉𝑛, 𝑉𝑛+1 Corrente de vapor acima do prato de alimentação

𝑥𝐴,𝑥𝐵 Fração do componente A e B no líquido

𝑥𝐵 Fração do componente mais volátil no produto de fundo

𝑥𝐷 Fração do componente mais volátil no produto de topo

𝑥𝐹 Fração do componente mais volátil na alimentação

𝑥𝑛, 𝑦𝑛 Fração do componente no estágio n

𝑦𝐴, 𝑦𝐵 Fração do componente A e B no vapor

𝑦𝑚+1 Composição do vapor abaixo do prato de alimentação

𝑦𝑛+1 Composição do vapor acima do prato de alimentação

𝑥𝑛∗ Fração no líquido em equilíbrio com o vapor saindo de n

𝛼𝐴, 𝛼𝐵 Volatilidades dos componentes A e B

𝛼𝐴𝐵 Volatilidade relativa

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6 𝛥𝐻𝑣𝑎𝑝 Entalpia de vaporização

𝜂𝑀 Eficiência de Murphree

A, B e C Constantes de Antoine

B Corrente de produto de fundo

D Corrente de produto de topo, destilado

F Corrente de alimentação

L Corrente de líquido

V Corrente de vapor

n Estágio ou prato da coluna

q Condição térmica da alimentação

ΔD Entalpia da corrente de refluxo

ΔB Entalpia do ebulidor

ℎ𝐿, ℎ𝑉 Entalpia do líquido

λA , λB Calores latentes

Δ𝐻𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 Entalpia de mistura

P Pressão

t Espaçamento de pratos

𝑢𝐹 Velocidade de inundação

𝐾1, K2 Coeficientes

𝜌𝐿, 𝜌𝑉 Densidades do líquido e do vapor

𝐹𝐿𝑉 Fator de fluxo líquido-vapor

LW , VW Vazões mássicas de líquido e de vapor

σ Tensão superficial

AN Área disponível a separação

AD Área da seção transversal do duto descendente

AA Área ativa, ou de borbulhamento

AH Área de orifício

AP Área perfurada

AC Área da coluna

hW Altura da barragem

hOW Altura acima da barragem

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7 lW Comprimento da barragem

uH Velocidade de vapor

dH Diâmetro do orifício

hD Queda de pressão em prato seco

hR Queda de pressão residual

Δ𝑃𝑇 Queda de pressão total

ℎ𝑇 Queda de pressão em um prato

C0 Coeficiente de orifício

e Espessura de prato

AP Área perfurada

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 9

2. OBJETIVOS ....................................................................................................................11

2.1 Objetivo geral ...........................................................................................................11

2.2 Objetivos específicos ................................................................................................11

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..........................................................................................12

3.1 Sistema ideal ............................................................................................................12

3.2 Mistura binária .........................................................................................................12

3.3 Diagrama de fases e a Curva de equilíbrio ..................................................................13

3.4 Diagrama de entalpia-composição ..............................................................................15

3.5 Destilação ................................................................................................................16

3.6 Colunas de destilação com retificação ........................................................................17

3.7 Método de McCabe-Thiele ........................................................................................18

3.7.1 Limites de operação: McCabe-Thiele ..................................................................22

3.8 Método de Ponchon-Savarit.......................................................................................23

3.8.1 Limites de operação: Ponchon-Savarit ................................................................26

3.9 Dimensionamento de uma coluna de pratos perfurados ................................................26

3.9.1 Seleção de um espaçamento entre pratos e diâmetro da coluna ..............................28

3.9.2 Layout do prato .................................................................................................29

3.9.3 Checagem de fator de performance: gotejamento .................................................29

3.9.4 Verificação da queda de pressão no prato ............................................................30

3.9.5 Detalhes do layout do prato ................................................................................31

4. METODOLOGIA ............................................................................................................32

4.1 Construção do Diagrama T-xy e da Curva de equilíbrio ...............................................32

4.2 Construção do Diagrama de entalpia-composição........................................................34

4.3 Construção dos métodos gráficos de McCabe-Thiele e Ponchon-Savarit .......................36

4.4 Dimensionamento da coluna de pratos........................................................................39

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................40

5.1 Comparativo entre Algoritmo, Literatura e Software ...................................................40

5.2 Métodos de McCabe-Thiele e Ponchon-Savarit ...........................................................48

5.3 Projeto da coluna de pratos: dimensionamento a partir de um prato ..............................51

6. CONCLUSÃO .................................................................................................................54

6.1 Conclusões gerais .....................................................................................................54

6.2 Sugestões para trabalhos futuros ................................................................................55

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................56

ANEXO A ..............................................................................................................................57

APÊNDICE A .........................................................................................................................60

APÊNDICE B .........................................................................................................................65

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1. INTRODUÇÃO

Durante o primeiro quarto do século vinte, a aplicação da destilação se expandiu de

uma ferramenta para elevar o conteúdo de álcool em bebidas, para uma técnica primordia l

de separação na indústria química. Essa expansão foi acelerada uma vez que a destilação foi

reconhecida como um meio efetivo de se separar o óleo bruto em vários produtos (KISTER,

1992).

Atualmente, com o grande desenvolvimento tecnológico acumulado, a destilação

pode ser empregada desde na produção de bebidas alcoólicas em pequenos alambiques até

na produção de silício de alta pureza utilizado como semicondutores, processo no qual o

silício é convertido em triclorosilana, que é purificada em colunas de destilação fracionada

(ENDERLEIN, 1994). A destilação é utilizada em todas as atividades nas quais se faz

necessária uma purificação de fase líquida para que os produtos atendam especificações de

qualidade, processos ou comerciais.

A destilação é um método de separação baseado na diferença de composição entre

uma mistura líquida e o vapor formado a partir desta. A diferença de composição se deve à

diferença efetiva de pressões de vapor, ou volatilidades, dos componentes da mistura. A

forma mais elementar deste método é a simples destilação, na qual uma mistura líquida é

levada à ebulição e o vapor formado é separado e condensado para formar um produto. Se o

processo é contínuo, é chamado de destilação flash, e se a mistura a ser alimentada está

disposta como uma batelada isolada, o processo é uma forma de destilação diferencial e as

composições do vapor coletado e líquido residual são dependentes do tempo (ROUSSEAU,

1987).

Quando uma fração do destilado condensado retorna à coluna de destilação, esse

líquido é chamado de refluxo. Um dos objetivos de se operar com refluxo em contracorrente

com o vapor que ascende na coluna, é o de enriquecer o vapor no componente mais volátil,

e esse procedimento é chamado de retificação. Sem refluxo, a composição do produto

destilado não seria diferente da composição do vapor que ascende pela coluna a partir do

prato de alimentação.

A retificação, ou destilação por etapas com refluxo, pode ser considerada, de um

ponto de vista simplificado, como um processo no qual se realiza uma série de etapas de

vaporização instantânea, de maneira que os produtos gasosos e líquidos de cada etapa fluem

em contracorrente. Em cada etapa entra uma corrente de vapor e uma corrente líquida, que

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se mesclam e, teoricamente, alcançam o equilíbrio, e desta etapa sai uma corrente de vapor

e uma corrente de líquido em equilíbrio (GEANKOPLIS, 1998).

A transferência de material atinge o limite quando o equilíbrio entre fases é

alcançado; em outras palavras, neste momento, a transferência global dos componentes cessa

(IBARZ E BARBOSA-CÁNOVAS, 2003). As relações de equilíbrio de fase estão

incorporadas na área geral de solução termodinâmica e podem ser medidas ou, em alguns

casos, previstas por equações de estado e modelos para a fase líquida, a partir de propriedades

dos componentes puros envolvidos e regras de mistura. As composições de equilíbr io

resultantes são frequentemente disponíveis na literatura e referidas como dados de equilíbr io

líquido-vapor (ROUSSEAU, 1987).

Computadores têm suplantado técnicas gráficas como principal ferramenta para o

dimensionamento de colunas de destilação e avaliação de desempenho. Mesmo assim,

técnicas gráficas são ainda amplamente utilizadas na tecnologia de destilação. Sua aplicação

primordial é como uma ferramenta analítica. Fornecem meios de visualização do processo e

possibilitam localizar condições de pinch, refluxo excessivo, pontos de alimentação

incorretos, e condições térmicas da alimentação não ótimas. Outras aplicações são a triagem

e otimização de opções de projeto, fornecendo estimativas iniciais para cálculos

computacionais e treinamento de engenheiros (KISTER, 1992). Entre os métodos gráficos,

os de McCabe-Thiele e Ponchon-Savarit são dois dos mais utilizados. Métodos aproximados

incluem o de FUGK (Fenske-Underwood-Gilliland-Kirkbride) e métodos rigorosos abordam

a solução das equações MESH (balanços material e de energia, somatório das composições

e equilíbrio líquido-vapor).

Este trabalho visa contribuir para um melhor entendimento da operação unitária de

destilação com retificação, através do desenvolvimento de uma ferramenta computaciona l

para auxiliar o dimensionamento de colunas de destilação de pratos para separação de

misturas binárias. Algoritmos com as rotinas de cálculo necessárias aos métodos de McCabe-

Thiele e Ponchon-Savarit foram criados utilizando a linguagem de programação Python. A

ferramenta computacional criada teve seus resultados comparados com resultados obtidos

pelo software ChemSep-LITE v7.15 e com exemplos da literatura. Como exemplo, a

ferramenta computacional foi aplicada no auxílio ao dimensionamento de uma coluna de

pratos em escala de bancada para a separação de uma mistura ideal de acetona-água,

obtendo-se como resultado uma coluna com 6 pratos, que alimentada com uma corrente

contendo 42 mol% de acetona possibilita uma recuperação acima de 95 mol% no destilado,

sendo seu diâmetro de 0,92 m, altura de 0,75 m e alimentação de 1,188 L/s.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Desenvolver uma ferramenta computacional com fins didáticos para aplicação de

métodos gráficos de dimensionamento de colunas de destilação de pratos para separação de

misturas binárias, com interface amigável e que permita uma boa experiência para o usuário,

ao manter clareza no seu funcionamento, visando sua aplicação futura no apoio à didática na

área do ensino de Operações Unitárias.

2.2 Objetivos específicos

a) Desenvolver algoritmos na linguagem Python, implantando as rotinas de cálculos

necessárias aos métodos de McCabe-Thiele e Ponchon-Savarit, para agilizar a

obtenção e avaliação dos resultados;

b) Gerar o Diagrama T-xy, a Curva de equilíbrio líquido-vapor e o Diagrama de

entalpia-composição através dos algoritmos desenvolvidos a partir de modelos;

c) Comparar os resultados obtidos com àqueles gerados pelo software ChemSep-LITE

(versão 7.15), e também com resultados de exemplos da literatura;

d) Aplicar, como exemplo de estudo de caso, a ferramenta computacional desenvolvida

como apoio no dimensionamento de uma coluna de destilação em escala de bancada

para a separação da mistura binária acetona-água, analisando a separação por meio

dos perfis de comportamento das variáveis.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A seguir, é apresentada uma visão geral sobre a operação unitária destilação,

abordando o equilíbrio de fases de uma mistura ideal, a construção do Diagrama de equilíbr io

líquido-vapor e de entalpia-composição, e os métodos de McCabe-Thiele e Ponchon-Savarit.

3.1 Sistema ideal

Um sistema ideal é aquele em que o vapor obedece a lei dos gases ideais e o líquido

se comporta como uma solução ideal (KISTER, 1992). Em uma mistura ideal, dois líquidos

voláteis que se dissolvem sem absorver ou liberar calor são misturados, de tal forma que o

volume final da mistura é uma soma dos volumes parciais (IBARZ E BARBOSA-

CÁNOVAS, 2003).

A lei de Dalton estabelece que a pressão total de uma mistura de gases é igual a soma

das pressões parciais de cada gás da mistura. A pressão parcial (pi) de cada gás ideal é igual

à sua fração molar (yi) multiplicada pela pressão total (Ptotal) da mistura de gases:

𝑝𝑖 = 𝑦𝑖𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (1)

A lei de Raoult estabelece que a pressão parcial do componente na mistura liquida

(pi) é igual à sua fração molar na mistura (x i) multiplicada pela pressão de vapor do

componente i puro (Pi):

𝑝𝑖 = 𝑥𝑖𝑃𝑖 (2)

A combinação das duas equações anteriores estabelece a relação da mistura de

líquidos e vapores ideais no equilíbrio, sendo a relação para um dado componente i dada pela

Equação 3:

𝑥𝑖𝑃𝑖 = 𝑦𝑖𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (3)

Na Equação (3), assume-se baixas pressões e que todas as forças intermoleculares

são aproximadamente iguais. Uma dedução mais rigorosa dessa simplificação para a relação

geral de equilíbrio líquido-vapor em sistemas ideais pode ser encontrada em FOUST et al.

(2006), KORETSKY (2013) e ROUSSEAU (1987).

3.2 Mistura binária

Escrevendo a relação de equilíbrio para cada componente em uma mistura binária, A

e B, obtém-se a equação para a pressão total do sistema. Sendo yA + yB = 1 e xB = 1 – xA, é

possível calcular xA, obtendo-se as relações:

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𝑥𝐴 =𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 −𝑃𝐵

𝑃𝐴 −𝑃𝐵 (4)

𝑦𝐴 =𝑥𝐴𝑃𝐴

𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (5)

A lei de Raoult só é precisa para predizer o equilíbrio líquido-vapor de uma solução

ideal em equilíbrio com uma mistura de gases ideais. As soluções que mostram um desvio

insignificante da idealidade são aquelas cujos componentes tem estruturas e propriedades

físicas similares, tais como benzeno-tolueno, propano-butano e metanol-etanol, dentre

outras. A lei de Raoult mostra que as composições de uma mistura em equilíbrio dependem

da pressão total do sistema e das pressões de vapor dos componentes. As pressões de vapor

variam com a temperatura, mas não com a composição ou pressão total (FOUST et al., 2006).

Uma substância que apresenta maior pressão de vapor comparada com outros

componentes, a dada temperatura, é referida como a mais volátil (na mistura). Assim, a

literatura convenciona, para uma mistura binária, a composição sendo expressa em termos

do componente mais volátil, generalizando a definição deste como componente A.

3.3 Diagrama de fases e a Curva de equilíbrio

As relações de equilíbrio líquido-vapor entre os componentes de uma mistura binária

A e B podem ser expressas na forma de um diagrama de pontos de bolha e pontos de orvalho

(mantendo-se a pressão ou a temperatura constante), sendo estes conjuntos de pontos

representados em uma curva inferior e outra superior, respectivamente, como mostra a

Figura 1. A região de duas fases é delimitada por estas curvas (GEANKOPLIS, 1998).

Diagramas de fases são úteis para identificar o estado termodinâmico de uma mistura

binária. Eles mostram qual fase ou fases estão presentes e, na região de duas fases, a

composição das fases líquida e vapor em equilíbrio, bem como as suas quantidades relativas.

Correlações de pressão de saturação são comumente apresentadas em termos da equação de

Antoine (KORETSKY, 2013), representada pela Equação 6:

𝑙𝑛(𝑃𝑖𝑠𝑎𝑡) = 𝐴 −

𝐵

𝐶 +𝑇𝑖 (6)

Os coeficientes A, B e C são parâmetros empíricos e estão disponíveis na literatura,

como na obra de KORETSKY (2013), para um grande número de substâncias.

Diagramas de fases são usados para descrever o equilíbrio de sistemas binários,

plotando-se duas de três variáveis – composição, temperatura e pressão – mantendo-se

constante o valor da variável remanescente (KISTER, 1992).

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Figura 1. Diagrama T-xy.

FONTE: Traduzido de KORETSKY (2013).

Como as destilações industriais ocorrem basicamente à pressão constante, pode-se

também representar as composições de líquido-vapor em um diagrama x-y chamado

Diagrama de equilíbrio ou Curva de equilíbrio. Nesse diagrama, a temperatura de cada ponto

varia ao longo da curva, e como o vapor é mais rico no componente mais volátil, a curva fica

localizada acima da diagonal, visto que a construção do gráfico é função do componente

mais volátil. A separação dos componentes é mais fácil quanto maior a distância relativa

entre a curva de equilíbrio e a diagonal, e a diferença entre a composição de líquido e o vapor

em equilíbrio aumenta. A variação da pressão com a composição, à temperatura constante,

é representada em diagramas de isotermas, nos quais três zonas são também observadas

(IBARZ E BARBOSA-CÁNOVAS, 2003).

Em posse dos valores de xA e yA (que podem ser obtidos utilizando-se das relações

para uma mistura binária em função das pressões, que por sua vez podem ser obtidas em um

intervalo de temperaturas pela equação de Antoine, como será descrito mais à frente), pode-

se construir um Diagrama x-y (ou Curva de equilíbrio líquido-vapor), ao plotar xA versus yA.

A Figura 2 ilustra esse diagrama.

Cada ponto (xn, yn) na curva de equilíbrio representa um estágio de equilíbrio n, onde

xn e yn são as composições de líquido e vapor deixando o mesmo estágio (KISTER, 1992).

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Figura 2. Diagrama x-y.

FONTE: Traduzido de IBARZ E BARBOSA-CÁNOVAS (2003).

É possível construir a Curva de equilíbrio a partir da volatilidade relativa. A

volatilidade de um componente é definida como a relação entre a pressão parcial na fase

vapor e sua fração molar na fase líquida, e também pode ser usada para relacionar as

composições de equilíbrio entre as fases vapor e líquida. Para uma mistura binária, a

volatilidade relativa de um componente com relação a outro é definida como a razão entre

as volatilidades de cada um dos componentes (IBARZ E BARBOSA-CÁNOVAS, 2003):

𝛼𝐴𝐵 =𝛼𝐴

𝛼𝐵=

𝑃𝐴 /𝑥𝐴

𝑃𝐵 /𝑥𝐵=

(𝑦𝐴 𝑃)/𝑥𝐴

(𝑦𝐵 𝑃)/(1−𝑥𝐴)=

(𝑦𝐴 𝑃)/𝑥𝐴

(1−𝑦𝐴 )𝑃/(1−𝑥𝐴)=

𝑦𝐴 (1−𝑥𝐴)

𝑥𝐴(1−𝑦𝐴 ) (7)

A diferença na volatilidade dos vários componentes de uma mistura líquida é

fundamental para a aplicação da destilação como operação de separação de componentes

miscíveis. Essa diferença pode ser relacionada ao equilíbrio termodinâmico que pode existir

entre a mistura do líquido e do vapor sob condições que podem ser associadas com a

destilação (ROUSSEAU, 1987). A Equação 7 pode ser reescrita como:

𝑦𝐴 = 𝛼𝐴𝐵 𝑥𝐴

1+𝑥𝐴(𝛼𝐴𝐵 −1) (8)

Dessa forma, é possível construir a curva de equilíbrio a partir da Equação 8, pois,

quando são dados valores para a composição da fase liquida, o valor correspondente na fase

vapor é obtido (IBARZ E BARBOSA-CÁNOVAS, 2003). O valor da volatilidade relativa

αAB varia com a temperatura, porém quando utilizada pode-se estabelecer um valor médio.

3.4 Diagrama de entalpia-composição

Um outro tipo de diagrama a ser utilizado é o de entalpia-concentração, apresentado

na Figura 3. Na construção deste diagrama, para uma mistura binária de A e B, leva-se em

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consideração os calores latentes, os calores de dissolução ou de mistura e os calores sensíve is

dos componentes da mistura. São necessários os seguintes dados para a construção deste

diagrama à pressão constante: (1) capacidade calorífica do líquido em função da temperatura,

da composição e da pressão; (2) calor de dissolução em função da temperatura e da

composição; (3) calores latentes de vaporização em função da composição e da pressão ou

da temperatura; (4) ponto de ebulição em função da pressão, da composição e da

temperatura. O diagrama a pressão constante se baseia em estados arbitrários de referência

do líquido em uma determinada temperatura (GEANKOPLIS, 1998).

Se em um Diagrama de entalpia-composição as linhas de vapor saturado e de líquido

saturado são retas paralelas, a vazão de líquido e de vapor em cada zona são constantes. Isto

é obedecido para o caso de misturas binárias de substâncias orgânicas, no qual os calores

latentes molares são similares (IBARZ E BARBOSA-CÁNOVAS, 2003).

Neste diagrama, plota-se xA versus valores calculados de entalpia do líquido (ℎ𝐿) e

yA versus valores calculados de entalpia do vapor (ℎ𝑉).

Figura 3. Diagrama entalpia-composição para benzeno-tolueno, 1 atm.

FONTE: MCCABE E SMITH (2007).

3.5 Destilação

A destilação é o método de separação mais amplamente utilizado nas indústr ias

químicas e de processamento do petróleo. Normalmente, é o menos dispendioso entre os

métodos para separação de uma dada mistura e em muitos casos é o único método possível.

Esse método têm a desvantagem de requerer energia na forma de calor para produzir a

vaporização necessária, e isso pode representar um custo significante para o processo. A

destilação também submete os componentes da mistura a temperaturas de vaporização,

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podendo ser prejudicial para componentes sensíveis ao calor, e por este motivo a operação

sob vácuo, para reduzir níveis de temperatura, é uma prática comum (ROUSSEAU, 1987).

Na destilação, uma alimentação sendo uma mistura de dois ou mais componentes é

separada em dois ou mais produtos, incluindo, e frequentemente limitado a, um destilado de

topo e produto de fundo, cujas composições diferem daquela da alimentação. A alimentação

pode ser uma corrente de líquido, de vapor ou uma mistura de ambos. O produto de fundo é

quase sempre líquido, porém o destilado pode ser líquido, vapor ou ambos. A separação

requer que: (1) uma segunda fase seja formada para que ambos, líquido e vapor, estejam

presentes e possam fazer contato enquanto fluem em contracorrente entre si em uma coluna

de pratos ou empacotada, (2) componentes devem ter diferentes volatilidades para que

possam se dividir em fases em diferentes composições relativas, e (3) as duas fases são

separáveis por gravidade ou meios mecânicos (SEADER et al., 2011).

Na prática, a destilação pode ser realizada segundo dois métodos principais. O

primeiro método se baseia na produção de vapor mediante a ebulição da mistura líquida que

se deseja separar e a condensação dos vapores sem permitir que o líquido retorne à coluna

do equipamento de destilação. Portanto, não há refluxo. O segundo método se baseia no

retorno de parte do condensado à coluna, em condições tais que o líquido que retorna se põe

em contato íntimo com os vapores que ascendem ao condensador. É possível realizar

qualquer dos dois métodos como um processo contínuo ou descontínuo (por etapas)

(MCCABE E SMITH, 2007).

3.6 Colunas de destilação com retificação

A destilação envolve múltiplos contatos em contracorrente entre as fases líquida e

vapor. Cada contato, chamado estágio, consiste em misturar as fases para promover rápida

separação entre as espécies através da transferência de massa, seguida da separação de fases.

Os contatos são frequentemente feitos em pratos horizontais, ou bandejas, em uma coluna

(SEADER et al., 2011).

A seção da coluna acima da entrada de alimentação é a seção de enriquecimento ou

retificação, e a porção abaixo é a seção de esgotamento. Líquido é necessário para fazer

contato com vapor acima do prato de alimentação, e vapor é necessário para fazer contato

com líquido abaixo do prato de alimentação (SEADER et al., 2011).

O vapor formado é mais rico no componente mais volátil que o líquido remanescente.

Contudo, o vapor contém certa quantidade de ambos componentes e o destilado raramente é

uma substância pura. Para aumentar a concentração do componente mais volátil no vapor e

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separá-lo do menos volátil, o vapor ascendente é colocado em contato com uma corrente de

líquido em ebulição que desce na coluna. O refluxo, uma corrente de líquido proveniente do

condensador com uma grande concentração do componente volátil, é introduzido no topo da

coluna. Dessa forma, a fase vapor se torna mais rica no componente mais volátil conforme

ascende na coluna, enquanto a fase líquida se torna rica no componente mais pesado

conforme descende na coluna. A separação obtida entre os produtos de topo e o fundo

depende das volatilidades relativas dos componentes, número de estágios e razão de refluxo.

Este processo é chamado de retificação e é realizado em colunas de fracionamento que

operam em modo contínuo (IBARZ E BARBOSA-CÁNOVAS, 2003).

Os fundamentos da destilação são melhores entendidos através do estudo da

destilação binária. Os fatores que influenciam o design ou análise da operação de uma

destilação binária incluem: vazão, composição, temperatura, pressão, condição térmica e

localização da alimentação; desejado grau de separação; pressão de operação (a qual deve

estar abaixo da pressão crítica da mistura); queda de pressão, particularmente para operação

em vácuo; mínima razão de refluxo e número mínimo de estágios de equilíbrio; real razão

de refluxo e real número de estágios de equilíbrio (eficiência de estágio); tipo de condensado r

(total, parcial ou misto); graus de refluxo de líquido sub-resfriado; tipo de evaporador

(parcial ou total); tipo de pratos ou enchimento; altura da coluna; diâmetro da coluna;

internos da coluna e materiais de construção; estabilidade ao calor e reatividade química dos

componentes da alimentação (SEADER et al., 2011).

3.7 Método de McCabe-Thiele

O método gráfico de McCabe-Thiele facilita enormemente a visualização dos

fundamentos da destilação multi-estágios, e por isso o esforço necessário para se aprender o

método é bem justificado. Com este método, é possível determinar o número de estágios de

equilíbrio (N), o número mínimo de estágios de equilíbrio (Nmin), a mínima razão de refluxo

(Rmin = Lmin/D), e a localização ótima do prato de alimentação. O método inclui a curva de

equilíbrio líquido-vapor, uma reta de referência de 45°, a Linha de Operação da Retificação

(LOR) e a Linha de Operação do Esgotamento (LOE), e a linha de alimentação (Linha-q),

que leva em consideração a condição térmica, ou de fase, da alimentação (SEADER et al.,

2011).

A coluna representada na Figura 4 é alimentada com uma corrente molar F, com

concentração xF, gerando uma corrente de destilado D, com concentração xD, e uma corrente

de produto de fundo B, com concentração xB, sendo as composições expressas em termos do

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componente mais volátil. Dentro da coluna, temos correntes molares de vapor ascendente V

e de líquido descendente L. Os subíndices n, n+1, m e m+1 fazem referência ao número do

estágio do qual determinada corrente é proveniente, sendo n relativo à seção acima do prato

de alimentação (retificação) e m relativo à seção abaixo do prato de alimentação

(esgotamento).

Para se aplicar o método no cálculo do número de pratos teóricos de uma coluna de

destilação, devem ser válidas as seguintes hipóteses: (1) os calores específicos de todos os

líquidos e vapores são iguais e constantes; (2) os calores latentes de vaporização são iguais

e constantes; (3) os calores devido à mistura são nulos; (4) a coluna opera de forma

adiabática. Na maioria dos casos, pode-se supor que o fluxo molar em cada zona da coluna

é constante, visto que os calores molares de muitos sistemas diferem em menos de 10%.

Com a validade das hipóteses, é possível, a partir de balanços de massa em cada seção da

coluna, obter Linhas de Operação lineares e, sendo assim, este método não pode ser aplicado

em casos em que as linhas de operação apresentem curvatura. Também não deve ser aplicado

quando a volatilidade relativa é menor que 1,3 ou maior que 5, ou quando a taxa de refluxo

é menor que 1,1 (a mínima) ou quando são requeridos mais que 25 pratos (IBARZ E

BARBOSA-CÁNOVAS, 2003).

Uma linha de operação pode ser plotada quando as coordenadas de dois pontos sobre

ela são conhecidas. Então, se utiliza o método de McCabe-Thiele sem a necessidade de

balanços de energia. O método, no entanto, pode ser modificado para incluir balanços de

energia (MCCABE E SMITH, 2007). As equações das Linhas de Operação da Retificação e

do Esgotamento são apresentadas nas Equações (9) e (10), respectivamente. A dedução

detalhada através do balanço material pode ser encontrada na literatura tradicional que

aborda esta operação unitária, como por exemplo em GEANKOPLIS (1998).

LOR: 𝑦𝑛+1 = (𝐿𝑛

𝑉𝑛+1) 𝑥𝑛 +

𝐷𝑥𝐷

𝑉𝑛+1 (9)

LOE: 𝑦𝑚+1 = (𝐿𝑚

𝑉𝑚+1) 𝑥𝑚 −

𝐵𝑥𝐵

𝑉𝑚+1 (10)

A Figura 5 representa a LOR e a LOE no Diagrama x-y.

Define-se, então, a razão de refluxo como sendo a razão entre a vazão molar da

corrente líquida que retorna do condensador para a coluna, pelo topo, e a vazão da corrente

de destilado (produto de topo), ou seja, RD = Ln/D. Então, é possível reescrever a equação de

operação da retificação, Equação 9, em função da razão de refluxo:

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𝑦𝑛+1 = (𝑅𝐷

𝑅𝐷 +1) 𝑥𝑛 +

𝑥𝐷

𝑅𝐷 +1 (11)

Figura 4. Diagrama de balanço de matéria para uma coluna de fracionamento contínuo.

FONTE: Traduzido de MCCABE E SMITH (2007).

Figura 5. Linhas de operação para a seção de (a) retificação e (b) esgotamento.

FONTE: Adaptado de GEANKOPLIS (1998).

A Linha-q considera o estado térmico da corrente de alimentação, pois a vazão de

líquido ou de vapor, ou de ambos, pode variar em função da introdução desta corrente.

Assim, é possível caracterizar esta condição térmica utilizando um único fator, representado

por q, e que é definido como sendo a quantidade de mols de líquido que fluem na seção de

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esgotamento como consequência da introdução de cada mol de alimentação (MCCABE E

SMITH, 2007).

Quando a temperatura do prato de alimentação é a mesma da alimentação, é

observado que a condição da alimentação, q, é a relação entre o calor necessário para

evaporar um mol de alimentação e o calor latente molar da alimentação (IBARZ E

BARBOSA-CÁNOVAS, 2003). A variável q pode ser definida em termos de entalpias como

(GEANKOPLIS, 1998):

𝑞 =𝐻𝑉 −𝐻𝐹

𝐻𝑉 −𝐻𝐿 (12)

onde HV é a entalpia da alimentação no ponto de orvalho, HL é a entalpia da alimentação no

ponto de ebulição e HF é a entalpia da alimentação nas condições de entrada.

Assim, a fração de líquido na alimentação pode ser definida como q, sendo esta

acrescentada à porção de líquido Ln em sentido descendente neste prato e, de forma simila r,

1- q representa a fração da alimentação que é vapor e é acrescentado à porção de vapor

ascendente. Balanços de massa nas correntes de líquido e de vapor, no prato de alimentação

e na coluna, fornecem a equação da Linha-q:

𝑦 =𝑞

𝑞−1𝑥 −

𝑥𝐹

𝑞−1 (13)

Esta equação é uma linha reta e representa o lugar geométrico no qual as linhas de

operação (LOR, LOE e Linha-q) se interceptam (IBARZ E BARBOSA-CÁNOVAS, 2003).

A dedução desta equação pode ser obtida em detalhes na literatura tradicional que aborda o

tema, como em IBARZ (2003). A Figura 6 ilustra o comportamento da inclinação da Linha-

q em função das condições da alimentação. Após a construção da curva de equilíbrio, a linha

de 45°, as duas linhas de operação e a Linha-q, os estágios de equilíbrio necessários, bem

como a localização da alimentação, são determinados criando estágios, passo a passo, do

topo para baixo ou de baixo para o topo, até que o ponto de junção é encontrado com o

estágio de alimentação. Um número exato de estágios é raro, usualmente surgem frações de

estágios (SEADER et al., 2011). A Figura 7 ilustra a construção dos estágios pelo método

de McCabe-Thiele e a localização do prato de alimentação.

O prato de alimentação sempre está representado pelo triângulo que tem um vértice

na linha de retificação e outro na linha de esgotamento. Para a posição ótima, o triângulo que

representa o prato de alimentação está montado na interseção das linhas de operação

(MCCABE E SMITH, 2007).

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Figura 6. Efeito da condição térmica da alimentação na inclinação da linha-q.

FONTE: Traduzido de SEADER et al. (2011).

Figura 7. Localização da alimentação, no prato 2, para se obter um número mínimo de etapas.

FONTE: Traduzido de GEANKOPLIS (1998).

3.7.1 Limites de operação: McCabe-Thiele

Para uma dada alimentação, grau de separação e pressão de operação, uma taxa

mínima de refluxo existe e corresponde a um infinito número de estágios teóricos. Um

número mínimo de estágios teóricos existe e corresponde a uma taxa de refluxo infinito

(SEADER et al., 2011).

Pode-se elucidar a razão de refluxo total observando um balanço material na

Superfície de controle 1, da Figura 4, e a equação da LOR. Quando o refluxo é total, D = 0

e Vn+1 = Ln. Dado que RD = Ln/D, temos que RD tende ao infinito. Resulta que yn+1 = xn, pois

a inclinação da LOR se torna igual a unidade. Uma situação análoga pode ser inferida a partir

da equação da LOE, quando B = 0, resultando em ym+1 = xm. Dessa forma, as linhas de

operação coincidem com a diagonal (45°), proporcionando um número mínimo de estágios

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teóricos para dada separação, devido ao afastamento das linhas de operação da curva de

equilíbrio. A Figura 8-a ilustra a situação de refluxo total.

Conforme o ponto de interseção das Linhas de Operação se aproximam da curva de

equilíbrio, ou seja, quando razão de refluxo é reduzida, mais estágios são necessários, e

quando as linhas e a curva se interceptam, o resultado é um pinch com um número infinito

de estágios necessários, em teoria. Essa é a condição de refluxo mínimo (ROUSSEAU,

1987). A condição de pinch, fisicamente, representa uma situação na qual uma quantidade

muito grande de estágios está realizando muito pouca separação e são praticamente

desperdiçados (KISTER, 1992). A Figura 8-b ilustra a situação de refluxo mínimo, onde

pode-se notar que ao diminuir R, a inclinação da LOR, dada por R/(R+1), diminui, fazendo

com que a interseção desta reta com as retas da alimentação e esgotamento se distancie mais

da diagonal (45°), se aproximando da curva de equilíbrio, causando um aumento de estágios

requeridos para a separação (pinch). Nos casos em que a curva de equilíbrio apresentar

inflexão, a linha de operação com refluxo mínimo será tangente à curva de equilíbr io

(GEANKOPLIS, 1998).

Figura 8. Construção do método de McCabe-Thiele com (a) refluxo total e (b) mínima razão de refluxo.

FONTE: Traduzido de ROUSSEAU (1987).

3.8 Método de Ponchon-Savarit

Quando os calores latentes dos componentes são desiguais e a solução é não-ideal, o

método de McCabe-Thiele não é preciso, porém o método de Poncon-Savarit é aplicáve l

(SEADER, 2011). Este método pressupõe variações no calor latente molar de vaporização,

removendo a principal suposição do método de McCabe-Thiele. Como informações básicas,

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o método requer não apenas dados do Diagrama x-y (dados de equilíbrio líquido-vapor),

como também dados de entalpia de vaporização em função da composição, o qual, com

exceção de algumas misturas, não está prontamente disponível (ROUSSEAU, 1987).

Figura 9. Diagrama de entalpia-composição para n-hexano/n-octano.

Fonte: Traduzido de SEADER (2011).

Assim, o método envolve um Diagrama de entalpia-composição, em que as linhas de

entalpias do líquido e do vapor saturados são as primeiras a serem plotadas. Depois, as linhas

de união de equilíbrio são adicionadas, baseadas no equilíbrio de fases (ROUSSEAU, 1987).

Os pontos terminais das linhas de união que conectam as duas curvas de saturação

representam a composição de líquido e vapor no equilíbrio, juntamente com as entalpias de

vapor e líquido, a uma dada temperatura (constante para cada linha). Isotermas acima da

curva de vapor saturado representam entalpias de vapor superaquecido, enquanto isotermas

abaixo da curva de líquido saturado representam líquido subresfriado, conforme mostra a

Figura 9 (SEADER, 2011).

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As composições da alimentação, destilado e produto de fundo são então localizadas

no diagrama. Uma taxa de refluxo é escolhida, e a entalpia da corrente de refluxo fica

localizada no ponto mais acima, ∆D (a razão de refluxo é numericamente igual à distância

vertical entre ∆D e yN, dividida pela distância vertical entre yN até xD) (ROUSSEAU, 1987).

Figura 10. Desenho esquemático do método de Ponchon-Savarit.

Fonte: Traduzido de ROUSSEAU (1987).

Uma série de linhas de operação são traçadas desde o ponto ∆D para conectar as

composições de correntes passando umas pelas outras (por exemplo, xN e yN-1), os valores de

equilíbrio (por exemplo, xN e yN) são conectados por linhas de união. Deste modo, estágios

são criados do topo da coluna até o estágio de alimentação, no qual uma mudança é feita

para a linha de operação inferior. Esta linha inferior se baseia no ponto ∆B, que é colinear

com o ponto da alimentação e o ponto ∆D, e também com a composição igual à composição

do produto de fundo. A parte de baixo da coluna é construída criando-se estágios de maneira

similar àquela da parte superior da coluna, e a contagem final de estágios teóricos é então

determinada (ROUSSEAU, 1987).

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3.8.1 Limites de operação: Ponchon-Savarit

O número mínimo de estágios pode ser determinado no método de Ponchon-Savarit.

Neste caso, os pontos ∆D e ∆B estão localizados em valores infinitos positivos e negativos,

respectivamente, no Diagrama de entalpia-composição, e então as linhas de operação são

verticais (ROUSSEAU, 1987). Os estágios são traçados como ilustra a Figura 11-a.

Estágios mínimos para o caso de refluxo total representam um limite de operação em

uma coluna. O limite oposto é representado por infinitos estágios para uma razão de refluxo

mínima, como ilustra a Figura 11-b para o método de Ponchon-Savarit, no qual um ponto de

pinch ocorre quando uma linha operatória coincide com uma linha de união, prevenindo

então a continuação da construção dos estágios teóricos. Normalmente, o ponto de pinch

ocorre na proximidade do estágio de alimentação (ROUSSEAU, 1987).

Figura 11. Construção do método de Ponchon-Savarit com (a) refluxo total e (b) mínima razão de refluxo.

Fonte: Traduzido e adaptado de ROUSSEAU (1987).

3.9 Dimensionamento de uma coluna de pratos perfurados

O objetivo do dimensionamento de uma coluna, seja ela de pratos ou de recheio, é o

de se determinar sua altura e seu diâmetro. Ao se tratar de colunas de pratos, os diâmetros

da coluna e dos seus pratos pouco diferem, principalmente no que se refere ao diâmetro

interno. Isto possibilita estimar o diâmetro da coluna pela determinação do diâmetro de um

prato, assumindo que todos tenham as mesmas características. O dimensionamento correto

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dos pratos leva a uma condução da operação estável, com um bom desempenho. Para isso,

idealmente algumas condições devem ser satisfeitas, sendo elas: (a) o vapor flui apenas

através dos orifícios do prato; (b) o líquido flui de prato para prato apenas através dos dutos

descendentes; (c) não ocorre o efeito de gotejamento nem de arrastamento (AZEVEDO E

ALVES, 2013).

A Figura 12 ilustra a operação de um prato perfurado montado em uma coluna. O

líquido que flui é transferido de prato a prato através de canais/dutos descendentes. Uma

“poça” de líquido é retida acima do prato por um dique/barragem. O líquido que entra no

prato é borbulhado com o vapor que ascende do prato inferior, formando espuma no prato.

A espuma flui por cima da barragem para o duto descendente, onde o vapor se desprende do

líquido (KISTER, 1992). Segundo KISTER (1992), esta descrição é uma simplificação do

processo que ocorre em um prato de destilação, mesmo assim muitos dos procedimentos

para o dimensionamento são baseados neste modelo e expressos em seus termos.

Figura 12. Operação de um prato perfurado numa coluna de separação líquido-vapor.

Fonte: Adaptado de AZEVEDO E ALVES (2013).

A metodologia para o dimensionamento da coluna se baseia na abordagem de

tentativa e erro para o projeto de pratos proposto por TOWLER E SINNOTT (2008). O

Anexo A apresenta as Figuras A1, A2, A3, A4 e A5, utilizadas para a obtenção de variáve is

para o dimensionamento.

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3.9.1 Seleção de um espaçamento entre pratos e diâmetro da coluna

A altura total da coluna dependerá do espaçamento entre seus pratos. Espaçamentos

entre 0,15 m e 1 m são geralmente utilizados, sendo que o valor escolhido dependerá do

diâmetro da coluna e condições de operação (TOWLER E SINNOTT, 2008). A altura da

coluna pode ser obtida pelo produto entre o espaçamento escolhido e o número de pratos,

desconsiderando o condensador.

A fim de se calcular o diâmetro do prato da coluna, é necessário levar em conta

algumas observações. Uma vez que o líquido e o vapor circulam dentro da coluna em

contracorrente, o fenômeno chamado inundação pode ocorrer. Em uma coluna de pratos,

inundações ocorrem porque a queda de pressão experimentada pela corrente de vapor e pela

corrente de líquido é alta o suficiente para prevenir que a corrente líquida desça pelas

tubulações de um prato ao prato inferior sem exceder a distância que os separa (IBARZ E

BARBOSA-CÁNOVAS, 2003). Para uma alta eficiência de prato é necessária uma alta

velocidade de vapor, e esta velocidade estará normalmente entre 70 e 90% daquela que

causaria inundação, sendo que esta velocidade pode ser estimada a partir da correlação dada

por Fair (1961) (TOWLER E SINNOTT, 2008):

𝑢𝐹 = 𝐾1√𝜌𝐿−𝜌𝑉

𝜌𝑉 (14)

onde uF é dada em m/s, sendo baseada na área disponível para o contato líquido-vapor, ρL e

ρV são respectivamente as densidades do líquido e do vapor, e K1 é um coeficiente que pode

ser obtido de forma gráfica através da Figura A1 (Anexo A), sendo fator de fluxo líquido-

vapor (FLV, adimensional) usado na Figura A1 dado como:

𝐹𝐿𝑉 =𝐿𝑤

𝑉𝑤√

𝜌𝑉

𝜌𝐿 (15)

onde LW e VW as vazões mássicas do líquido e do vapor, respectivamente, em kg/s.

Cabe destacar que o valor da razão LW/VW é igual aos valores da inclinação das

equações da LOR e da LOE, para o caso de se realizar cálculos para a zona de retificação ou

de esgotamento. Dentre as restrições ao uso da Figura A1, uma é referente à tensão

superficial do líquido, que caso seja diferente de 0,02 N/m, deve-se corrigir o valor de K1

multiplicando-o por [σ/0,02]0,2, onde σ é a tensão superficial, em N/m.

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3.9.2 Layout do prato

Define-se algumas áreas presentes em um prato (TOWLER E SINNOTT, 2008):

1. AC = área transversal total da coluna;

2. AD = área da seção transversal do duto descendente;

3. AN = área “líquida” disponível para a separação de fases líquido-vapo r,

geralmente dada por AC – AD;

4. AA = área ativa, ou de borbulhamento, igual a AC – 2AD;

5. AH = área de orifício, é a área total de todos os orifícios;

6. AP = área perfurada, incluindo zonas “mortas”.

O comprimento da barragem (lW) do duto fixa a área do duto descendente. Esta

medida está normalmente entre 0,6 e 0,85 do diâmetro da coluna (TOWLER E SINNOTT,

2008).

3.9.3 Checagem de fator de performance: gotejamento

A altura da barragem (hW) determina o volume de líquido sobre o prato e é um fator

importante na determinação da eficiência de prato. Uma altura maior aumenta a eficiênc ia

de prato às custas de uma maior queda de pressão no prato. Para colunas operando acima da

pressão atmosférica, a altura da barragem será normalmente entre 40 e 90 mm, sendo

recomendado um valor entre 40 e 50 mm. Para operação sob vácuo, alturas menores são

usadas para reduzir a queda de pressão, sendo um valor entre 6 e 12 mm recomendado. A

espessura de líquido acima da altura da barragem (hOW), pode ser estimada utilizando a

fórmula de Francis para barragem (TOWLER E SINNOTT, 2008):

ℎ𝑂𝑊 = 750[𝐿𝑊

𝜌𝐿𝑙𝑊]

2

3 (16)

onde hOW é dado em mm de líquido e o comprimento da barragem (lW) dado em m.

Segundo TOWLER e SINNOTT (2008), uF é a máxima velocidade superficial de

vapor permitida, e, portanto, pode ser utilizada para obter a área da coluna e seu diâmetro.

De forma oposta, quando o vazamento de líquido pelos orifícios do prato se torna excessivo,

temos um limite de operação inferior chamado de ponto de gotejamento. A velocidade de

vapor (uH) neste ponto é o mínimo para uma operação estável. A área do orifício perfurado

deve ser escolhida de forma que na menor taxa de operação, o fluxo de vapor esteja bem

acima do ponto de gotejamento, sendo que o diâmetro do orifício varia de 2,5 a 12 mm.

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30

A mínima velocidade de vapor de projeto para que não ocorra gotejamento foi obtida

pela correlação de Eduljee (1959) (TOWLER E SINNOTT, 2008):

𝑢𝐻 =[𝐾2−0.9(25.4−𝑑𝐻 )]

(𝜌𝑉)1/2 (17)

onde uH é dado em m/s, sendo baseada na área do orifício, dH é o diâmetro do orifício, dado

em mm, e K2 é uma constante dependente da profundida de líquido na superfície do prato,

obtida na Figura A3 (Anexo A).

3.9.4 Verificação da queda de pressão no prato

A queda de pressão ao longo dos pratos é uma consideração de dimensionamento

importante. Existem duas fontes prioritárias para perda de pressão, uma devida ao fluxo do

vapor pelos orifícios e aquela devido ao líquido estático sobre o prato. Um modelo de adição

simples é normalmente usado para previsão da queda de pressão total, sendo tomada como

a soma entre: a queda de pressão calculada para o fluxo de vapor através do prato seco (hD),

a altura de líquido no prato (hW + hOW), e um termo que contabiliza fontes de perdas de

pressão menores (hR), residual. Assim, a queda de pressão total pode ser estimada como

(TOWLER E SINNOTT, 2008):

∆𝑃𝑇 = 0.00981 ℎ𝑇𝜌𝐿𝑁 (18)

onde:

ℎ𝑇 = ℎ𝐷 + (ℎ𝑊 + ℎ𝑂𝑊) + ℎ𝑅 (19)

ℎ𝐷 = 51[𝑢𝐻

𝐶0]2 𝜌𝑉

𝜌𝐿 (20)

ℎ𝑅 =12500

𝜌𝐿 (21)

onde ∆PT é a queda de pressão total, dada em Pa, sendo N o número de pratos da coluna, hT

é a queda de pressão total num prato, em mm de líquido, hD é a queda de pressão num prato

em estado seco, em mm, C0 é o coeficiente de orifício, obtido pela Figura A4 (Anexo A), uH

é a velocidade máxima através dos orifícios, em m/s, hR é um residual, dado em mm.

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31

3.9.5 Detalhes do layout do prato

O pitch (distância entre o centro dos orifícios), lP, não deve ser menor que 2,0 vezes

o diâmetro de orifício, sendo valores usuais entre 2,5 e 4,0 vezes o diâmetro do orifíc io.

Neste intervalo, o pitch pode ser selecionado para dar o número de orifícios ativos

necessários para área de furos total especificada. Entre padrões para a configuração de furos

triangulares equilátero e quadrados, os triangulares são preferíveis. A área total ocupada dos

orifícios (AH) como fração da área perfurada (AP) para um pitch triangular equilátero é dada

como (TOWLER E SINNOTT, 2008):

𝐴𝐻

𝐴𝑃= 0,9[𝑑𝑜𝑟𝑖𝑓í𝑐𝑖𝑜/𝑙𝑃]2 (22)

A área disponível para perfuração será reduzida por obstruções causadas por partes

estruturais e pelas zonas calmas, que são faixas de prato não perfuradas nos lados de entrada

e saída do prato, sendo largura de cada uma igual, com valores recomendados de 75 mm para

diâmetros de coluna abaixo de 1,5 m, e 100 mm para diâmetros superiores. A largura do anel

de suporte para as seções dos pratos estão normalmente entre 50 e 75 mm, sendo que o

suporte não deve se estender para dentro da área do duto descendente. A área perfurada pode

ser calculada pela geometria do prato. A relação entre o comprimento da barragem, altura e

ângulo é dada na Figura A5 (Anexo A), com uma curva para cada eixo vertical (TOWLER

E SINNOTT, 2008).

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32

4. METODOLOGIA

Todo o procedimento de cálculo foi desenvolvido considerando um exemplo de

estudo de caso para uma mistura de acetona e água. No entanto, as rotinas de cálculos podem

ser generalizas para diferentes misturas binárias ideais.

Para o conhecimento do equilíbrio termodinâmico da mistura, foi considerada a

equação de Antoine (Equação 6) e a idealidade da mistura acetona-água, sendo os

coeficientes da equação Antoine para estes compostos obtidos na base de dados de espécies

(‘Species Database’) do software Thermosolver versão 1.0, um software que acompanha a

obra de KORETSKY (2013). Estes dados se encontram na seção 4.1. Os valores necessários

à construção do Diagrama de entalpia-composição para a mistura acetona-água foram

obtidos em AZEVEDO E ALVES (2013). Estes dados são apresentados na seção 4.2.

A mistura acetona-água não foi escolhida apenas para exemplificar o uso da

ferramenta desenvolvida, mas também pelo fato de se almejar fornecer subsídios para a

construção de um equipamento de laboratório, a ser operado didaticamente sem o uso de

misturas que apresentem toxidade, como é o caso do par benzeno-tolueno, muito utilizado

para esta finalidade.

Todas as rotinas de cálculo para a obtenção da Curva de equilíbrio líquido-vapor e

Diagrama de entalpia-composição, e para os métodos de McCabe-Thiele e Ponchon-Savarit,

foram implementadas em algoritmos na linguagem Python. Os algoritmos foram

desenvolvidos para auxílio, visualização e agilidade na verificação dos resultados,

funcionando também como uma validação da coerência e da correta aplicação da

metodologia utilizada. Cabe salientar que o que foi desenvolvido foram algoritmos, e não os

métodos implementados nestes algoritmos.

A validade dos resultados obtidos com a ferramenta computacional desenvolvida foi

avaliada por meio da comparação com resultados obtidos pelo software ChemSep-LITE

versão 7.15, disponível em versão livre, e também com resultados de exemplos da literatura.

Assim, foram feitos testes baseados em entradas e saídas do programa, tendo como finalidade

verificar a resposta e o comportamento da ferramenta desenvolvida.

A seguir são apresentados os métodos implementados nos algoritmos para o

dimensionamento de colunas de destilação.

4.1 Construção do Diagrama T-xy e da Curva de equilíbrio

Para a construção do Diagrama T-xy binário foram utilizadas as Equações 4, 5 e a

equação de Antoine (Equação 6). Sendo a pressão do sistema constante (fixada em 760

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33

mmHg), a temperatura do sistema e a pressão de saturação de cada componente variam

conforme a composição do líquido.

A Figura 13 mostra o funcionamento do algoritmo desenvolvido para a geração dos

dados para a criação do Diagrama T-xy e da Curva de equilíbrio.

Primeiramente, substitui-se a pressão de saturação de cada componente pela pressão

do sistema e, juntamente com os coeficientes empíricos A, B e C de cada componente,

estimou-se a correspondente temperatura de ebulição. Para uma mistura binária, existe um

limite de temperaturas, dados nos extremos do diagrama T-xy em xA = 0 e xA = 1, sendo que

essas são as temperaturas de ebulição dos componentes puros, calculadas anteriormente.

Calcula-se, então, valores da pressão de saturação de cada componente dentro desse

intervalo de temperaturas obtido. De posse dos valores das pressões de saturação dentro deste

intervalo, calcula-se os valores da fração molar do componente mais volátil, componente A,

com as equações (4) e (5). Com os dados da variação de xA versus T e yA versus T, e sendo

xA e yA plotados no mesmo eixo horizontal, obteve-se o Diagrama T-xy à pressão constante.

Com os valores de xA e yA obtidos desta forma, plotou-se xA vs. yA, obtendo o Diagrama de

equilíbrio. O algoritmo desenvolvido tem como opção gerar este último diagrama também a

partir de um valor médio para volatilidade relativa, conforme Equação 8.

Figura 13. Fluxograma ilustrativo do funcionamento do algoritmo para construção do Diagrama T-xy e da

Curva de ELV.

Fonte: Autor.

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34

Ao final, por padrão, o algoritmo ajusta uma função polinomial de terceira ordem aos

dados da Curva de equilíbrio. Este polinômio teve sua aplicação nos cálculos do equilíbr io

líquido-vapor para cada prato nos métodos gráficos de McCabe-Thiele e Ponchon-Savarit.

Os pontos obtidos para a curva (frações molares do líquido e do vapor e respectivas

temperaturas) são utilizados também na construção do Diagrama de entalpia-composição.

A Tabela 1 apresenta os valores utilizados para os coeficientes da equação de

Antoine, obtidos do banco de dados do software Thermosolver v1.0.

Tabela 1. Coeficientes de Antoine para acetona e água.

Coeficientes de Antoine, P em [mmHg] e Log base 10

Componente A B C Tmín [°C] Tmax [°C]

Acetona 7,23155 1277,03 237,22 -32,15 76,85

Água 7,94915 1657,46 227,02 10,85 167,9

4.2 Construção do Diagrama de entalpia-composição

Cada ponto (xA, yA, T) obtido na construção do Diagrama T-xy e da Curva de

equilíbrio é utilizado para a construção do Diagrama de entalpia-concentração, sendo

calculados os valores para a entalpia do líquido utilizando-se (xA, T) e para a entalpia do

vapor (yA, T), conforme as equações 23 e 24, respectivamente.

Obteve-se a linha de entalpia do líquido saturado (hL) através da Equação 23,

desprezando-se os calores de mistura ideal por serem valores baixos (GEANKOPLIS, 1998):

ℎ𝐿 = 𝑥𝐴𝐶𝑝𝐴(𝑇 − 𝑇0) + (1 − 𝑥𝐴)𝐶𝑝𝐵(𝑇 − 𝑇0) + ∆𝐻𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 (23)

A linha de entalpia do vapor saturado (hV) é calculada pela Equação 24

(GEANKOPLIS, 1998):

ℎ𝑉 = 𝑦𝐴[𝜆𝐴 + 𝐶𝑝𝑦𝐴(𝑇 − 𝑇0)] + (1 − 𝑦𝐴)[𝜆𝐵 + 𝐶𝑝𝑦𝐵(𝑇 − 𝑇0)] (24)

Os calores latentes λA e λB são valores na temperatura de referência T0. Geralmente o

calor latente é dado como λAb no ponto de ebulição normal do componente puro A (TbA) e λBb

no ponto de ebulição normal do componente puro B (TbB). Então, para a correção para a

temperatura de referência T0 que se utiliza na Equação 24, pode-se utilizar ambas as equações

25 e 26 (GEANKOPLIS, 1998):

𝜆𝐴 = 𝐶𝑝𝐴(𝑇𝑏𝐴 − 𝑇0) + 𝜆𝐴𝑏 − 𝐶𝑝𝑦𝐴(𝑇𝑏𝐴 − 𝑇0) (25)

𝜆𝐵 = 𝐶𝑝𝐵(𝑇𝑏𝐵 − 𝑇0) + 𝜆𝐵𝑏 − 𝐶𝑝𝑦𝐵(𝑇𝑏𝐵 − 𝑇0) (26)

Na Equação 25, o líquido é aquecido de T0 até TbA, vaporiza-se à TbA e logo se resfria

como vapor à T0. O mesmo é observado na Equação 26 para λB. Por conveniência, a

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temperatura de referência T0 foi tomada como sendo igual ao ponto de ebulição do

componente mais volátil (T0 = TbA). Disto resulta que λA = λAb, e, portanto, somente λBb foi

corrigido à λB (GEANKOPLIS, 1998). Foram considerados valores médios e constantes para

as capacidades caloríficas e calores latentes.

A Figura 14 ilustra o algoritmo para a geração do Diagrama de entalpia-composição.

Ao final, o algoritmo ajusta uma função polinomial de terceiro grau às curvas de entalpia do

líquido e do vapor saturados. A Equação 23 foi utilizada também para gerar o perfil de

temperatura da coluna.

Figura 14. Fluxograma ilustrativo do funcionamento do algoritmo para construção do Diagrama de entalpia -

composição.

Fonte: Autor.

A Tabela 2 apresenta os valores utilizados para a construção do Diagrama de

entalpia-composição, os dados foram obtidos em AZEVEDO E ALVES (2013).

Tabela 2. Dados utilizados para a construção do Diagrama de entalpia-composição para acetona-água.

Dados para a construção do Diagrama de entalpia-composição

Componente Cp líquido

[kJ/kmol.K]

Cp vapor

[kJ/kmol.K]

∆H vaporização

[kJ/kmol]

Acetona 139,3 82,3 28.762

Água 77,6 34,1 42.124

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36

4.3 Construção dos métodos gráficos de McCabe-Thiele e Ponchon-Savarit

Foram utilizados os métodos gráficos de McCabe-Thiele e Ponchon-Savarit,

conforme descrito nos itens 3.7 e 3.8, cujos fluxogramas ilustrativos do funcionamento de

seus algoritmos são apresentados nas Figuras 15 e 16, respectivamente.

Figura 15. Fluxograma ilustrativo do funcionamento do algoritmo para construção do método gráfico de

McCabe-Thiele. O limite superior para o cálculo do número de pratos (100) foi estipulado para garantir uma

saída alternativa ao algoritmo em caso de não se atingir a composição de fundo (xB) definida.

Fonte: Autor.

Os métodos foram implementados nos algoritmos considerando o uso de um

condensador total e um evaporador parcial na coluna de destilação.

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37

No método gráfico de McCabe-Thiele, o polinômio ajustado para a Curva de

equilíbrio é utilizado no cálculo das composições de equilíbrio do líquido e do vapor, em

cada prato em equilíbrio. Já no método gráfico de Ponchon-Savarit, os polinômios ajustados

para a Curva de equilíbrio e para as Curvas de entalpia do líquido e do vapor saturados, são

utilizados nos cálculos das composições de equilíbrio e das entalpias do líquido e do vapor,

que deixam cada prato em equilíbrio.

Figura 16. Fluxograma ilustrativo do funcionamento do algoritmo para construção do método gráfico de

Ponchon-Savarit. O limite superior para o cálculo do número de pratos (100) foi estipulado para garantir uma

saída alternativa ao algoritmo em caso de não se atingir a composição de fundo (xB) definida.

Fonte: Autor.

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38

Para exemplificar a aplicação da ferramenta na separação da mistura acetona-água,

fixou-se inicialmente as variáveis discriminadas na Tabela 3. Iniciou-se a simulação do

software ChemSep-LITE, dado que nos algoritmos criados parte-se da inexistência de uma

coluna, não podendo ser especificado o número de pratos a priori, como ocorre no uso do

ChemSep-LITE. Os resultados do software serviram então como entrada para testar a

ferramenta computacional desenvolvida.

No software, a coluna para a separação da mistura acetona-água foi especificada

como uma coluna de destilação simples. No programa, também foi possível a consideração

da idealidade da mistura, da mesma forma como nos princípios adotados na construção da

ferramenta computacional desenvolvida. Foram simuladas duas opções para o modelo de

entalpia, None e Ideal, sendo que a primeira assume entalpias iguais para o líquido e o vapor,

resultando na consideração de fluxos molares constantes. Para garantia de convergência dos

resultados, especificou-se para o topo a Taxa de refluxo (R) e para o fundo o Fluxo de

produto (B).

Com as especificações relacionadas na Tabela 3, os resultados da simulação se

mostraram satisfatórios e foram alimentados no algoritmo desenvolvido. Os valores

estipulados para a alimentação visaram considerar uma vazão volumétrica desejada de

aproximadamente 1,2 litros/s para esta corrente.

Tabela 3. Valores fixados como entrada no software ChemSep-LITE para a operação da separação de

exemplo proposta.

Especificação inicial do projeto

Variáveis Valor Unidades

zF 0,42 fração molar

R 2 -

F 1 kg/s

q 1 -

Eficiência Murphree 100% -

P (constante) 101,325 kPa

B 0,0166 kmol/s

N 7 -

Prato alimentação 4 -

Perda de calor da coluna 0 J/s

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39

4.4 Dimensionamento da coluna de pratos

Para o dimensionamento, não foram desenvolvidos algoritmos pelo fato da

necessidade de se realizar, no método escolhido, a obtenção de valores por meios

estritamente gráficos, não dispondo de correlações.

A Tabela 4 relaciona as variáveis que foram especificadas para se iniciar os cálculos.

Para o dimensionamento, um valor de 85% da velocidade de inundação foi usado. O

valor da tensão superficial (σ) e das densidades do líquido e do vapor foram obtidos entre os

dados fornecidos como resultado ao final das simulações com o software ChemSep-LITE

v7.15.

Para calcular o diâmetro da coluna, uma estimativa da área “líquida” (AN) é

necessária. Considerou-se uma área de duto descendente como 12% da área total e uma área

ativa de orifícios de 10%. Para o comprimento da barragem (lW), utilizou-se 0,77, que é

equivalente à área de duto descendente especificada de 12%, conforme pode ser observado

na Figura A2 (Anexo A), que apresenta a relação entre comprimento de barragem e área de

duto descendente (TOWLER E SINNOTT, 2008).

Tabela 4. Valores para o dimensionamento de pratos fixados como entrada para o problema

proposto.

Especificação para geometria de prato

Variável Valor Unidades

t 0,15 m

AD 0,12 AC m2

AH 0,10 AA m2

lW /DC 0,77 -

hW 40 mm

dH 2,5 mm

hT 100 mm

Espessura, e 3 mm

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40

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No Apêndice A, são apresentados os dados gerados para a separação da mistura

acetona-água de forma tabular. A Tabela A1 traz os dados para o Diagrama T-xy e a Curva

de equilíbrio, e na Tabela A2 os dados para o Diagrama entalpia-composição. Também são

apresentados os dados para os perfis da coluna. Os valores para o perfil de composição das

fases líquida e vapor nas Tabelas A3 e A4, respectivamente, e os dados para o perfil de

temperatura na Tabela A5. A Tabela A6 apresenta os dados para o perfil de entalpia na

coluna e a Tabela A7 os dados para o perfil da constante de equilíbrio. No Apêndice B

encontra-se uma breve apresentação abordando alguns aspectos da ferramenta

computacional desenvolvida.

5.1 Comparativo entre Algoritmo, Literatura e Software

A Tabela 5 apresenta um comparativo entre as temperaturas de saturação da acetona

e da água obtidas pela ferramenta desenvolvida, pelo software ChemSep-LITE v7.15 e com

valores experimentais, considerando a pressão de 760 mmHg. Os valores experimenta is

foram obtidos do banco de dados KDB (Korean Thermophysucal Properties Data Bank). Os

resultados mostram que a ferramenta apresentou boa precisão no cálculo do ponto de

ebulição, apresentando erro percentual relativo ao valor experimental menor que 0,5%.

Tabela 5. Comparativo do cálculo de temperatura de saturação.

Temperatura de saturação [°C] para P=760 mmHg

Componente Algoritmo ChemSep Experimental (KDB)

Acetona 56,300 (0,447 %)1 56,251 (0,359 %)1 56,050

Água 100,003 (0,002 %)1 99,786 (0,214 %)1 100,000

1 Entre parênteses o erro percentual relativo ao valor experimental.

A Tabela 6 mostra as respostas geradas pela ferramenta computacional desenvolvida

e as respostas obtidas da resolução de exemplos da literatura referenciada, em que são

utilizados os métodos de McCabe-Thiele e Ponchon-Savarit. Os dados de entrada foram

obtidos dos correspondentes exemplos resolvidos, e as respostas foram comparadas com as

fornecidas pelo algoritmo. Os resultados das simulações se mostraram bastante coerentes,

indicando que a metodologia foi implementada corretamente na ferramenta computacional.

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41 Tabela 6. Comparativo de resultados obtidos para validação do funcionamento da ferramenta desenvolvida,

simulando-se a mesma entrada para cada ferramenta computacional (X: Não Aplicável).

Simulação

Entrada Saída

Dados fornecidos pelo

problema Respostas Algoritmo Literatura

1

McCabe-Thiele:

benzeno + tolueno

(AZEVEDO et al.

2013)

Dados xy αAB = 2,47 N 7,805 8

F [kmol/h] 100 Nmín 4,327 X

zF, xD, xB 0,5, 0,8, 0,08 Rmín 0,393 0,39

R 0,72 Alimentação 3 3

q 1 D [kmol/h] 58,333 X

Eficiência 1 B [kmol/h] 41,667 X

2

McCabe-Thiele:

benzeno + tolueno

(AZEVEDO et al.

2013)

Dados xy αAB = 2,47 N 12 12

F [kmol/h] 100 Nmín 4,327 X

zF, xD, xB 0,5, 0,8, 0,08 Rmín 0,393 0,39

R 0,72 Alimentação 3 3

q 1 D [kmol/h] 58,333 X

Eficiência 0,7 B [kmol/h] 41,667 X

3

McCabe-Thiele:

benzeno + tolueno

(GEANKOPLIS,

1998)

Dados xy Dados N 7,594 7,6

F [kmol/h] 100 Nmín 5,888 X

zF, xD, xB 0,45, 0,95, 0,1 Rmín 1,102 X

R 4 Alimentação 5 5

q 1,195 D [kmol/h] 58,82 58,8

Eficiência 1 B [kmol/h] 41,17 41,2

4

Ponchon-Savarit:

n-hexano + n-

octano (AZEVEDO

et al. 2013)

Dados xy e

H-xy Dados N 5 5

F [kmol/h] 100 Nmín 3 X

zF, xD, xB 0,4, 0,95, 0,1 Rmín 0,434 X

R 1,2 Alimentação 3 3

q 1 D [kmol/h] X X

Eficiência 1 B [kmol/h] X X

A Figura 17 ilustra o Diagrama T-xy para a mistura binária acetona-água, em uma

pressão constante de 760 mmHg. Foram considerados 100 pontos gerados pelo algoritmo

desenvolvido e 100 pontos gerados pelo software ChemSep-LITE. Conforme esperado,

verificou-se o mesmo comportamento gráfico dos dados (sobreposição), para a mistura de

acetona-água considerando um comportamento ideal da mistura.

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42

Figura 17. Diagrama T-xy para a mistura acetona-água.

Fonte: Autor.

A Figura 18 apresenta a Curva de equilíbrio obtida com os mesmos 100 pontos

gerados para o Diagrama T-xy, pelo algoritmo e pelo software ChemSep-LITE. Pode-se

observar que os dados se sobrepuseram, mostrando a consistência entre o conjunto de pontos

fornecido pelo algoritmo e o fornecido pelo software ChemSep-LITE.

Figura 18. Curva de equilíbrio para a mistura acetona-água.

Fonte: Autor.

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43

A Figura 19 mostra o Diagrama de entalpia-composição obtido a partir dos dados de

equilíbrio líquido-vapor gerados pelo algoritmo desenvolvido. Não foi possível realizar uma

comparação deste diagrama com dados possíveis de serem gerados pelo ChemSep-LITE, ou

disponíveis na literatura.

Figura 19. Diagrama de entalpia-composição para a mistura acetona-água, com dados gerados pelo

algoritmo desenvolvido, a partir dos dados de equilíbrio líquido-vapor obtidos.

Fonte: Autor.

Com os conjuntos de pontos obtidos para a construção dos diagramas, as seguintes

equações foram ajustadas pelo algoritmo, tendo sido gerados 100 pontos para o ajuste de

cada curva:

Para a Curva de equilíbrio, com R2 = 0,9992:

𝑦𝐴 = 1,636𝑥𝐴3 − 3,727𝑥𝐴

2 + 3,091𝑥𝐴 + 0,0223 (27)

Para a Curva de entalpia de líquido saturado, com R2 = 0, 9999:

ℎ𝐿 = 195,8𝑥𝐴3 − 317,8𝑥𝐴

2 − 3271𝑥𝐴 + 3398 (28)

Para a Curva e entalpia de vapor saturado, com R2 = 1:

ℎ𝑉 = −4934𝑦𝐴3 + 3482𝑦𝐴

2 − 15280𝑦𝐴 + 45600 (29)

As Figuras 20 e 21 apresentam o perfil de composição da fase líquida e da fase vapor,

respectivamente. Nestes perfis, podem ser observados a variação da composição de ambos

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44

os componentes na fase líquida ou vapor, prato a prato, ao longo de toda a coluna. Este é um

comportamento que ilustra a capacidade de separação de uma operação.

Figura 20. Perfil de composição da fase líquida. A: componente mais volátil (acetona). B:

componente menos volátil (água). PS: método de Ponchon-Savarit. MT: método de McCabe-Thiele.

Fonte: Autor.

Figura 21. Perfil de composição da fase vapor. A: componente mais volátil (acetona). B:

componente menos volátil (água). PS: método de Ponchon-Savarit. MT: método de McCabe-Thiele.

Fonte: Autor.

As curvas crescentes representam o enriquecimento em acetona no sentido do

ebulidor até o condensador (prato 1), e as curvas decrescentes representam o enriquecimento

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45

em água no sentido oposto. Foram plotados os dados gerados pelo software ChemSep-LITE

contra os gerados pela ferramenta computacional desenvolvida. A simetria deste tipo de

gráfico representa o comportamento ideal da mistura, como já era esperado, dado que toda a

modelagem foi feita para uma mistura ideal.

Pode-se observar que os resultados obtidos com a ferramenta desenvolvida respeitam

o comportamento esperado ao longo da coluna, tanto para a fase líquida como para a fase

vapor, pois pode-se observar uma ligeira sobreposição das curvas obtidas com a ferramenta

desenvolvida com aquelas obtidas com o software.

Para o caso do método de Ponchon-Savarit, cabe ressaltar que foram desprezadas as

contribuições da entalpia de mistura e também se considerou constantes as capacidades

caloríficas e os calores latentes de vaporização, o que pode ter prejudicado o cálculo das

composições prato a prato por este método pelo ajuste de uma função polinomial de terceira

ordem em dados não tão precisos.

À época deste trabalho, por padrão, a ferramenta desenvolvida apenas ajusta

polinômios de 3ª ordem para os dados, visando uma maior abrangência e flexibilidade para

se trabalhar com outras misturas binárias, característica que se mostrou satisfatória para este

estudo de caso. Assim, para os perfis de composição da fase líquida e vapor, a ferramenta

computacional gerou resultados que apresentam o mesmo comportamento daqueles obtidos

com o software ChemSep-LITE.

A Figura 22 apresenta o perfil de temperatura ao longo da coluna estudada como

exemplo de estudo de caso. Observa-se também uma proximidade entre os pontos,

respeitando novamente a tendência do comportamento da operação da coluna. Neste perfil,

pode-se observar a diferença de temperaturas a qual uma coluna de destilação é submetida.

Percebe-se na altura do condensador uma menor temperatura, próxima ao ponto de ebulição

do componente mais volátil (acetona), e em direção ao ebulidor, tem-se um aumento de

temperatura até a proximidade do ponto de ebulição do componente menos volátil (água).

A observação deste perfil pode auxiliar a avaliação econômica do processo, pois

viabiliza a determinação do consumo de energia da coluna. Ao se adicionar calor através do

ebulidor e remover calor no condensador, um perfil de temperatura com este comportamento

é o esperado. Pode-se obter um consumo mínimo de energia ao se trabalhar nas proximidades

dos pontos de ebulição dos componentes da mistura, visto que não há necessidade de, por

exemplo, remover mais calor que o necessário no condensador, ou fornecer mais calor que

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o necessário ao ebulidor. Para a construção do perfil de temperatura, a ferramenta

computacional também se mostra bastante acurada em comparação com os resultados

obtidos pelo ChemSep-LITE.

Figura 22. Perfil de temperatura da fase líquida. PS: método de Ponchon-Savarit.

Fonte: Autor.

A Figura 23 ilustra o perfil de entalpia ao longo da coluna. Observa-se que, apesar

de respeitar o comportamento do perfil esperado para uma coluna, diferenças entre as curvas

obtidas com a ferramenta desenvolvida e o software ChemSep-LITE podem ser apontadas.

Pode-se inferir que os valores das entalpias da corrente de vapor foram

superestimados nas proximidades da base e do topo da coluna, e os valores das entalpias da

corrente de líquido foram subestimados na medida que ascendemos ao topo na coluna.

O fato de terem sido desprezadas as dependências dos calores de mistura e

capacidades caloríficas com a temperatura pode ser uma justificativa para estes afastamentos

entre as curvas, dado que a consideração destas variáveis poderia reduzir estas diferenças ao

se aumentar o rigor nesta etapa de cálculo.

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Figura 23. Perfil de entalpia. HL: entalpias do líquido. HV: entalpias do vapor. PS: método de

Ponchon-Savarit.

Fonte: Autor.

Figura 24. Perfil da constante de equilíbrio (K). A: componente mais volátil (acetona). B:

componente menos volátil (água). PS: método de Ponchon-Savarit. MT: método de McCabe-Thiele.

Fonte: Autor.

A Figura 24 apresenta o perfil da constante de equilíbrio (K = yi / x i) para a separação

da mistura acetona-água especificada. Pode-se, então, analisar a variação na constante de

equilíbrio para os dois componentes da mistura.

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Verifica-se no topo da coluna um baixo valor deste parâmetro, menor que a unidade,

para o componente menos volátil (água). Isto sugere um empobrecimento deste componente

na fase vapor no sentido ascendente na coluna.

De forma semelhante, verifica-se para o componente mais volátil (acetona) um valor

maior que a unidade no topo da coluna, sendo observado um aumento no valor deste

parâmetro no sentido descendente na coluna, indicando uma menor presença deste

componente na fase liquida, e maior presença na fase vapor, no sentido descendente na

coluna, sendo este o comportamento esperado para uma operação de separação deste tipo.

5.2 Métodos de McCabe-Thiele e Ponchon-Savarit

Os resultados gerais aproximados obtidos com as simulações estão compilados na

Tabela 7.

Tabela 7. Resumo dos resultados obtidos nas simulações da coluna de pratos.

Resultados das simulações

Correntes Componente Participação

mol % kg/s kmol/s m3/s

F

Acetona 42 0,7 0,012

0,001188 Água 58 0,3 0,016

Soma 100 1 0,028

D

Acetona >95 0,67 0,0115

0,00086 Água 5 0,01 0,0005

Soma 100 0,68 0,012

B

Acetona <4 0,030 0,0005

0,00032 Água 96 0,29 0,0161

Soma 100 0,32 0,0166

Obteve-se uma coluna com 6 pratos, com a localização ótima da alimentação no prato

3. Sendo a alimentação uma corrente de 1 kg/s, com 0,42 mol% de acetona e 0,58 mol% de

água, no estado de líquido saturado, os resultados indicam que é possível a obtenção de um

destilado com uma concentração molar de acetona acima de 95% (em uma vazão mássica de

0,67 kg acetona/s), e uma concentração molar no produto de fundo abaixo de 4% (em uma

vazão mássica de 0,030 kg de acetona/s). A alimentação de 1 kg/s, nessas concentrações,

corresponde a uma vazão volumétrica de aproximadamente 1,188 litros/s. A vazão

volumétrica de topo e fundo são de aproximadamente 0,86 litros/s e 0,32 litros/s. A razão de

refluxo é igual a 2.

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A Figura 25 mostra os resultados gráficos dos métodos de McCabe-Thiele obtidos

com o software ChemSep-LITE, para as simulações com o modelo de entalpia selecionado

no programa como None (Figura 25-A) e Ideal (Figura 25-B).

Figura 25. Método gráfico de McCabe-Thiele gerado pelo software ChemSep-LITE, considerando o

modelo de entalpia None (A) e Ideal (B).

Fonte: Autor.

A Figura 26 apresenta os métodos gráficos plotados com a ferramenta computaciona l

desenvolvida (McCabe-Thiele: Figura 26-A, e Ponchon-Savarit: Figura 26-B).

Com a ferramenta desenvolvida, obteve-se 6 pratos com o método de Ponchon-

Savarit e 5,606 pratos com o método de McCabe-Thiele. Os resultados estão de acordo

com o resultado do método de McCabe-Thiele também fornecido pelo software ChemSep-

LITE v7.15. Em todos os casos se obteve como prato ótimo de alimentação o de número 3.

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Figura 26. Métodos gráficos de McCabe-Thiele (A) e Ponchon-Savarit (B), gerados pela ferramenta

computacional desenvolvida.

Fonte: Autor.

De forma geral, os resultados obtidos por meio do software ChemSep-LITE não

apresentaram significativas diferenças entre as simulações ao alterar a contribuição do efeito

da entalpia (None e Ideal) na operação, da mesma forma que não foi possível observar

diferenças significativas em relação aos resultados obtidos entre os métodos de McCabe-

Thiele e Ponchon-Savarit, implementados na ferramenta computacional desenvolvida

considerando a mistura binária acetona-água como ideal.

Com a ferramenta desenvolvida, foi possível obter valores para o refluxo mínimo

pelos dois métodos. Com a metodologia de McCabe-Thiele, obteve-se um refluxo mínimo

de 0,455, e com a metodologia de Ponchon-Savarit, 0,593. As equações obtidas com a

ferramenta computacional pelo método de McCabe-Thiele para a LOR e a LOE foram,

respectivamente, as Equações 30 e 31:

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𝑦 = 0,6667𝑥 + 0,3167 (30)

𝑦 = 1,4648𝑥 − 0,0186 (31)

5.3 Projeto da coluna de pratos: dimensionamento a partir de um prato

Na Tabela 8 são apresentados os dados obtidos com o auxílio das simulações, que

juntamente com os dados fixados na Tabela 4 servirão de base para o dimensionamento de

um prato da base da coluna. Na Tabela 9 apresenta-se detalhadamente os resultados para o

dimensionamento. Discrimina-se nesta tabela apenas os resultados após convergência, sendo

apresentados os resultados intermediários para o cálculo do dimensionamento e as relações

utilizadas para estes cálculos.

Tabela 8. Resultados fornecidos para o dimensionamento da coluna de pratos. * Os valores para a

densidade do líquido e tensão superficial foram obtidos pelas simulações no software ChemSep-LITE. **

Considerou-se valores para a água, pelo fato de ser o componente majoritário na seção da coluna onde se

dimensionou o prato.

Dados de entrada para o dimensionamento de um prato

Variáveis Valores Unidades

Temperatura na base 100 °C

ρL na base da coluna* 974 kg/m3

ρV na base da coluna** 0,7067637 kg/m3

Tensão superficial (σ) na base da coluna* 0,0582221 N/m

zF 0,42 %kmol

xD 0,95 %kmol

xB 0,04 %kmol

N 6 -

R 2 -

F 100,8 kmol/h

D 43,2 kmol/h

B 59,76 kmol/h

q 1 -

Lm 188,33143 kmol/h

Vm 128,57143 kmol/h

Inclinação da LOE (MT) 1,4648 -

Peso molecular na base** 18,01 kg/kmol

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Tabela 9. Resultados detalhados obtidos com o dimensionamento de um prato da parte inferior da coluna.

Dados de sáida para o dimensionamento de um prato da base da coluna

Variáveis Referência Valores Unidades

FLV Equação 15 0,03946 -

K1 Figura A1 0,04 -

Correção de K1 K1 * [σ/0,02]0,2 0,04953 -

𝒖𝑭 Equação 14 1,83805 m/s

Correção de 𝒖𝑭 0,85 * 𝑢𝐹 1,56234 m/s

Fluxo volumétrico máx. (Vm*MMH2O) / (ρV*3600) 0,91008 m3/s

Área útil necessária Fluxo vol. / 𝑢𝐹 0,58251 m2

AC Área útil / (1-12%) 0,66195 m2

DC √𝐴𝐶 ∗ 4𝜋⁄ 0,91828 m

AD AC * 12% 0,07943 m2

AN AC – AD 0,58251 m2

AA AC – 2 * AD 0,50308 m2

AH AA * 10% 0,05031 m2

lW Figura 18 0,70708 m

Máx. taxa mássica de liquido Lm*MMH2O / 3600 0,94218 m/s

Mín. taxa mássica de liquido 0,7 * Máx. taxa 0,65953 m/s

hOW mínima Equação 16 7,28671 mm

K2 Figura A3 30 -

𝒖𝑯 mínima Equação 17 11,1694 m/s

𝒖𝑯 real 0,75 * Flux. vol. máx / AH 13,5677 m/s

Máx. velocidade de vapor pelo

orifício Fluxo vol. máx / AH 18,0902 m/s

CO Figura A4 0,885 -

hD Equação 20 15,4628 mm

hR Equação 21 12,8337 mm

hT Equação 19 75,5831 mm

Ângulo (ϴ) Figura A5 100 graus

Lh Figura A5 0,1745 m

Comprimento médio, tira externa

não perfurada (DC -75 mm) π*(180- ϴ)/180 1.177 m

Área da tira externa 75 mm * comprimento 0,088 m2

Comprimento médio da zona

calma lW + 75 mm 0,78208 m

Área das zonas calmas 2*(comprimento * 75 mm) 0,1173 m2

AP AA – (áreas da tira externa +

zonas calmas) 0,29778 m2

lP Equação 22 0,00577 m

Área de um orifício π*dH2/4 4,91*10-6 m2

Número de orifícios AH /área de um orifício 10.255 orifícios

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Figura 27. Desenho esquemático de um prato com algumas das medidas calculadas (ilustração fora de

escala).

Fonte: Autor.

Conforme dados apresentados, a coluna dimensionada apresenta um diâmetro de

aproximadamente 0,92 m, com uma área de seção transversal de 0,662 m2. Para a barragem,

fixou-se uma altura de 40 mm, obtendo-se uma espessura de líquido acima da barragem

mínima de aproximadamente 7,3 mm, sendo a área transversal do duto descendente próxima

a 0,08 m2 com um comprimento da barragem de 0,7 m. A área ocupada pelos orifícios é de

0,05 m2, considerando orifícios de diâmetro igual a 2,5 mm. Estas medidas garantiram a

convergência dos resultados, dado que se obteve uma velocidade de vapor acima do valor

calculado para o ponto de gotejamento, o que sugere não ocorrer gotejamento. A Figura 27

ilustra algumas medidas obtidas para um prato, mostradas em uma vista lateral da coluna

(Figura 27-A) e em uma seção transversal da coluna (Figura 27-B).

O valor inicialmente fixado para a perda de pressão em cada prato (100 mm) se

mostrou teoricamente correto, visto que o resultado obtido para esta variável após a

convergência foi de 75,5 mm, não justificando um novo cálculo, pois as mudanças nas

propriedades físicas seriam desprezíveis para o dimensionamento. Assim, a coluna projetada

com um espaçamento entre pratos de 0,15 m, desconsiderando-se o condensador, teria uma

altura de 0,75 m, possibilitando a sua instalação em ambientes menores também devido a

suas baixas vazões operacionais.

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6. CONCLUSÃO

6.1 Conclusões gerais

Neste trabalho foi possível observar o comportamento de uma coluna de destilação

utilizando os resultados obtidos pelos métodos de McCabe-Thiele e Ponchon-Savarit,

implementados em uma ferramenta computacional, e os resultados gerados pelo software

ChemSep-LITE, no dimensionamento de uma mesma coluna de destilação de pratos, para a

separação da mistura acetona-água.

A implementação dos métodos escolhidos em algoritmos se mostrou bastante útil nas

etapas de desenvolvimento deste trabalho, na medida em que serviu para agilizar a obtenção,

visualização e verificação de resultados e alternativas, gerando resultados que apresentam o

mesmo comportamento dos resultados obtidos pelo software ChemSep-LITE, utilizado para

comparação neste trabalho.

Aplicar a metodologia na forma de algoritmos também se mostrou essencial para a

fixação do assunto abordado. Assim, este trabalho contribui também para incentivar a

implementação de modelos das diversas áreas da engenharia em algoritmos computaciona is,

acarretando em produção de tecnologia e desenvolvimento de competências paralelas à

muitos cursos de graduação.

Conclui-se que a ferramenta computacional desenvolvida apresentou certas

limitações relacionadas a simplificações de cálculos e funcionalidades ainda não

implementadas, porém cumpriu com o papel de auxiliar no dimensionamento de uma coluna

de destilação, na medida em que gerou resultados que respeitam o comportamento da

operação unitária estudada. Os ajustes a serem feitos, que estão relacionados à necessidade

de maior rigor em algumas etapas dos cálculos.

Os dados obtidos com o ChemSep-LITE, quando alimentados na ferramenta

desenvolvida, possibilitaram a obtenção dos mesmos comportamentos para os perfis da

coluna, apesar de ligeiras variações ponto a ponto. Com os resultados gerados pelo ChemSep-

LITE e pela ferramenta computacional desenvolvida, foi possível realizar o

dimensionamento de uma coluna de destilação a partir da geometria de um prato. A coluna

dimensionada apresenta potencial de ser instalada em ambientes reduzidos, dado as

dimensões físicas e operacionais obtidas para sua construção e utilização.

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6.2 Sugestões para trabalhos futuros

Os algoritmos desenvolvidos apresentaram resultados satisfatórios, indicando

potencial de serem objeto e ferramenta para trabalhos futuros de maior complexidade. Isto

se deve ao fato da possibilidade de se adicionar maiores funcionalidades, como, por exemplo,

acrescentar métodos mais complexos para a determinação do equilíbrio líquido-vapor (não

ideal), fornecer opção para mais de uma alimentação na coluna, operar com retirada de

correntes intermediárias entre o topo e o fundo, acrescentar métodos analíticos e métodos

rigorosos para o dimensionamento da coluna, além de implementar uma conexão com

bancos de dados de propriedades físicas.

O estudo da viabilidade econômica também deve ser acrescentado, bem como o

cálculo para os equipamentos que gravitam esta operação unitária, integrando-os visando a

otimização da operação.

Porém, primordialmente, deve-se analisar de modo comparativo o comportamento

da ferramenta computacional desenvolvida na separação de outras misturas, analisando

criticamente pontos do algoritmo a serem tratados com o maior rigor de cálculo. Trabalhos

futuros também devem dar maior ênfase na correlação entre os resultados da ferramenta

desenvolvida e os resultados obtidos com outros softwares.

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REFERÊNCIAS

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Portugal: IST Press, 2013. 822p.

ENDERLEIN, R. Microeletrônica: uma introdução, ao universo dos microchips, seu

funcionamento, fabricação e aplicações, 1 ª edição. Brasil: Edusp - Editora da Universidade

de São Paulo, 1994. 232p.

Foust, Alan S.; Wenzel, Leonard A.; Clump, Curtis W.; Maus, Louis; Andersen, L.Bryce.

Principios de Operaciones Unitarias, 2ª edição. México: C.E.C.S.A., 2006. 756p.

Geankoplis, Cristie J. Processos de Transporte Y Operaciones Unitarias, 3ª edição. México:

Compañía Editorial Continental, S.A. De C.V. 3ª edição, 1998. 1008p.

Ibarz, Albert; Barbosa-Cánovas, Gustavo V. Unit operations in food engineering. Estados

Unidos da América: CRC Press, 2003. 884p.

Kister, Henry Z. Distillation design. Estados Unidos da América: McGraw-Hill, 1992. 722p.

KOREA THERMOPHYSICAL PROPERTIES DATA BANK (KDB). KDB: Pure

components properties. Disponível em: < https://www.cheric.org >. Acesso em: Dezembro,

2017.

Koretsky, Milo D. Engineering and Chemical Thermodynamics. 2ª edição. Estados Unidos

da América: Wiley, 2013. 710p.

McCabe, W. L.; Smith, Julian C.; Harriot, Peter. Operaciones Unitarias en Ingeniería

Química, 7ª edição. México: McGraw-Hill, 2007. 1211p.

Rousseau, Ronald W. Handbook of separation process technology. Estados Unidos da

América: John Wiley & Sons, 1987.1068p.

Seader, J. D.; Henley, Ernest J.; Keith Roper, D. Separation Process Principles. 3ª edição.

Estados Unidos da América: John Wiley & Sons, 2011. 849p.

Towler, Gavin; Sinnott, Ray. Chemical Engineering Design: Principles, Practice and

Economics of Plant and Process Design, 2. ed. California: Butterworth-Heinemann, 2008.

1263p.

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ANEXO A

As figuras a seguir foram utilizadas para a obtenção de valores intermediários para o

dimensionamento do prato da coluna de destilação do exemplo do estudo de caso.

Figura A1. Fator de fluxo líquido vapor para pratos perfurados.

Fonte: Traduzido de TOWLER E SINNOTT (2008).

Figura A2. Relação entre comprimento de barragem e área de duto descendente.

Fonte: Traduzido de TOWLER E SINNOTT (2008).

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Figura A3. Correlação para ponto de gotejamento.

Fonte: Traduzido de EDULGEE (1959), apud TOWLER E SINNOTT (2008).

Figura A4. Correlação para o coeficiente C0.

Fonte: Traduzido de TOWLER E SINNOTT (2008).

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Figura A5. Relação para o comprimento da barragem, altura e ângulo.

Fonte: TOWLER E SINNOTT (2008).

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APÊNDICE A

As tabelas a seguir apresentam os valores obtidos para a construção dos diagramas e

perfis da coluna do exemplo do estudo de caso.

Tabela A1. Dados gerados para a obtenção do Diagrama T-xy e da Curva de equilíbrio pelo software

ChemSep-LITE e pela ferramenta desenvolvida (100 pontos).

ChemSep-LITE Algoritmo ChemSep-LITE Algoritmo

X y T [°C] x y T[°C] x y T [°C] X y T[°C]

0.000 0.000 99.786 0.000 0.000 100.002 0.495 0.827 71.978 0.357 0.718 78.372

0.010 0.036 99.026 0.006 0.021 99.561 0.505 0.833 71.572 0.366 0.727 77.931

0.020 0.071 98.275 0.012 0.043 99.120 0.515 0.840 71.171 0.375 0.736 77.489

0.030 0.105 97.533 0.018 0.063 98.678 0.525 0.846 70.775 0.385 0.745 77.048

0.040 0.137 96.800 0.024 0.084 98.237 0.535 0.851 70.383 0.394 0.753 76.606

0.051 0.168 96.076 0.030 0.104 97.795 0.545 0.857 69.996 0.404 0.762 76.165

0.061 0.198 95.362 0.036 0.124 97.354 0.556 0.862 69.614 0.413 0.770 75.724

0.071 0.227 94.656 0.042 0.143 96.912 0.566 0.868 69.235 0.423 0.778 75.282

0.081 0.255 93.959 0.049 0.162 96.471 0.576 0.873 68.861 0.433 0.786 74.841

0.091 0.281 93.271 0.055 0.181 96.030 0.586 0.878 68.492 0.443 0.793 74.399

0.101 0.307 92.592 0.061 0.200 95.588 0.596 0.883 68.126 0.454 0.801 73.958

0.111 0.331 91.921 0.068 0.218 95.147 0.606 0.887 67.765 0.464 0.808 73.516

0.121 0.355 91.259 0.074 0.236 94.705 0.616 0.892 67.408 0.475 0.816 73.075

0.131 0.378 90.606 0.080 0.253 94.264 0.626 0.896 67.054 0.485 0.823 72.634

0.141 0.400 89.962 0.087 0.271 93.822 0.636 0.901 66.705 0.496 0.830 72.192

0.152 0.421 89.325 0.094 0.288 93.381 0.646 0.905 66.359 0.507 0.836 71.751

0.162 0.441 88.697 0.100 0.305 92.940 0.657 0.909 66.017 0.518 0.843 71.309

0.172 0.461 88.078 0.107 0.321 92.498 0.667 0.913 65.679 0.529 0.850 70.868

0.182 0.479 87.466 0.114 0.337 92.057 0.677 0.917 65.345 0.540 0.856 70.426

0.192 0.498 86.863 0.120 0.353 91.615 0.687 0.921 65.014 0.552 0.862 69.985

0.202 0.515 86.267 0.127 0.369 91.174 0.697 0.924 64.687 0.563 0.868 69.543

0.212 0.532 85.680 0.134 0.384 90.732 0.707 0.928 64.363 0.575 0.874 69.102

0.222 0.548 85.100 0.141 0.399 90.291 0.717 0.931 64.042 0.587 0.880 68.661

0.232 0.564 84.528 0.148 0.414 89.849 0.727 0.935 63.725 0.599 0.886 68.219

0.242 0.579 83.963 0.155 0.428 89.408 0.737 0.938 63.411 0.612 0.892 67.778

0.253 0.593 83.405 0.162 0.443 88.967 0.747 0.941 63.101 0.624 0.897 67.336

0.263 0.607 82.855 0.170 0.457 88.525 0.758 0.944 62.793 0.637 0.902 66.895

0.273 0.621 82.313 0.177 0.471 88.084 0.768 0.947 62.489 0.649 0.908 66.453

0.283 0.634 81.777 0.184 0.484 87.642 0.778 0.950 62.188 0.662 0.913 66.012

0.293 0.647 81.248 0.192 0.497 87.201 0.788 0.953 61.890 0.675 0.918 65.571

0.303 0.659 80.726 0.199 0.511 86.759 0.798 0.956 61.594 0.689 0.923 65.129

0.313 0.671 80.211 0.207 0.523 86.318 0.808 0.959 61.302 0.702 0.927 64.688

0.323 0.682 79.703 0.214 0.536 85.877 0.818 0.961 61.013 0.716 0.932 64.246

0.333 0.693 79.201 0.222 0.548 85.435 0.828 0.964 60.726 0.730 0.937 63.805

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61

Continuação…

0.343 0.704 78.706 0.230 0.561 84.994 0.838 0.967 60.443 0.744 0.941 63.363

0.354 0.714 78.216 0.238 0.573 84.552 0.848 0.969 60.162 0.758 0.946 62.922

0.364 0.724 77.734 0.246 0.584 84.111 0.859 0.971 59.884 0.773 0.950 62.481

0.374 0.733 77.257 0.254 0.596 83.669 0.869 0.974 59.608 0.787 0.954 62.039

0.384 0.743 76.786 0.262 0.607 83.228 0.879 0.976 59.335 0.802 0.958 61.598

0.394 0.752 76.321 0.270 0.618 82.787 0.889 0.978 59.065 0.817 0.962 61.156

0.404 0.760 75.863 0.278 0.629 82.345 0.899 0.981 58.797 0.833 0.966 60.715

0.414 0.769 75.409 0.286 0.640 81.904 0.909 0.983 58.532 0.848 0.970 60.273

0.424 0.777 74.962 0.295 0.650 81.462 0.919 0.985 58.269 0.864 0.974 59.832

0.434 0.785 74.520 0.303 0.661 81.021 0.929 0.987 58.008 0.880 0.977 59.390

0.444 0.792 74.083 0.312 0.671 80.579 0.939 0.989 57.750 0.897 0.981 58.949

0.455 0.800 73.652 0.321 0.681 80.138 0.949 0.991 57.495 0.913 0.984 58.508

0.465 0.807 73.226 0.330 0.690 79.696 0.960 0.993 57.241 0.930 0.987 58.066

0.475 0.814 72.805 0.338 0.700 79.255 0.970 0.995 56.990 0.947 0.991 57.625

0.485 0.821 72.389 0.347 0.709 78.814 0.980 0.996 56.742 0.964 0.994 57.183

0.495 0.827 71.978 0.357 0.718 78.372 0.990 0.998 56.495 0.982 0.997 56.742

0.505 0.833 71.572 0.366 0.727 77.931 1.000 1.000 56.251 1.000 1.000 56.300

Tabela A2. Dados gerados para a obtenção do Diagrama de entalpia-composição pela ferramenta

desenvolvida (100 pontos).

HL [kJ/kmol] HV [kJ/kmol] x y T [°C] HL [kJ/kmol] HV [kJ/kmol] x y T [°C]

0.059 28762.035 1.000 1.000 56.300 2198.376 34576.069 0.357 0.718 78.372

61.063 28844.433 0.982 0.997 56.742 2229.690 34736.590 0.347 0.709 78.814

121.106 28927.916 0.964 0.994 57.183 2260.653 34899.259 0.338 0.700 79.255

180.211 29012.500 0.947 0.991 57.625 2291.268 35064.104 0.330 0.690 79.696

238.400 29098.201 0.930 0.987 58.066 2321.542 35231.150 0.321 0.681 80.138

295.693 29185.037 0.913 0.984 58.508 2351.479 35400.425 0.312 0.671 80.579

352.111 29273.023 0.897 0.981 58.949 2381.084 35571.958 0.303 0.661 81.021

407.674 29362.178 0.880 0.977 59.390 2410.363 35745.774 0.295 0.650 81.462

462.402 29452.519 0.864 0.974 59.832 2439.320 35921.904 0.286 0.640 81.904

516.312 29544.063 0.848 0.970 60.273 2467.959 36100.375 0.278 0.629 82.345

569.424 29636.828 0.833 0.966 60.715 2496.285 36281.214 0.270 0.618 82.787

621.755 29730.831 0.817 0.962 61.156 2524.302 36464.453 0.262 0.607 83.228

673.322 29826.092 0.802 0.958 61.598 2552.015 36650.118 0.254 0.596 83.669

724.143 29922.628 0.787 0.954 62.039 2579.427 36838.240 0.246 0.584 84.111

774.233 30020.457 0.773 0.950 62.481 2606.542 37028.848 0.238 0.573 84.552

823.609 30119.599 0.758 0.946 62.922 2633.364 37221.972 0.230 0.561 84.994

872.286 30220.072 0.744 0.941 63.363 2659.897 37417.642 0.222 0.548 85.435

920.280 30321.895 0.730 0.937 63.805 2686.145 37615.888 0.214 0.536 85.877

967.604 30425.088 0.716 0.932 64.246 2712.109 37816.741 0.207 0.523 86.318

1014.273 30529.669 0.702 0.927 64.688 2737.795 38020.232 0.199 0.511 86.759

1060.301 30635.659 0.689 0.923 65.129 2763.206 38226.391 0.192 0.497 87.201

1105.701 30743.077 0.675 0.918 65.571 2788.343 38435.250 0.184 0.484 87.642

1150.487 30851.944 0.662 0.913 66.012 2813.211 38646.840 0.177 0.471 88.084

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62

Continuação…

1194.671 30962.279 0.649 0.908 66.453 2837.812 38861.195 0.170 0.457 88.525

1238.266 31074.103 0.637 0.902 66.895 2862.149 39078.344 0.162 0.443 88.967

1281.284 31187.437 0.624 0.897 67.336 2886.225 39298.322 0.155 0.428 89.408

1323.736 31302.301 0.612 0.892 67.778 2910.043 39521.160 0.148 0.414 89.849

1365.634 31418.717 0.599 0.886 68.219 2933.604 39746.892 0.141 0.399 90.291

1406.988 31536.705 0.587 0.880 68.661 2956.912 39975.550 0.134 0.384 90.732

1447.811 31656.288 0.575 0.874 69.102 2979.969 40207.169 0.127 0.369 91.174

1488.112 31777.487 0.563 0.868 69.543 3002.777 40441.782 0.120 0.353 91.615

1527.901 31900.323 0.552 0.862 69.985 3025.338 40679.423 0.114 0.337 92.057

1567.188 32024.819 0.540 0.856 70.426 3047.654 40920.126 0.107 0.321 92.498

1605.983 32150.998 0.529 0.850 70.868 3069.728 41163.926 0.100 0.305 92.940

1644.296 32278.881 0.518 0.843 71.309 3091.562 41410.857 0.094 0.288 93.381

1682.135 32408.491 0.507 0.836 71.751 3113.156 41660.956 0.087 0.271 93.822

1719.510 32539.852 0.496 0.830 72.192 3134.514 41914.256 0.080 0.253 94.264

1756.428 32672.986 0.485 0.823 72.634 3155.637 42170.795 0.074 0.236 94.705

1792.899 32807.918 0.475 0.816 73.075 3176.526 42430.608 0.068 0.218 95.147

1828.930 32944.669 0.464 0.808 73.516 3197.184 42693.731 0.061 0.200 95.588

1864.530 33083.265 0.454 0.801 73.958 3217.611 42960.200 0.055 0.181 96.030

1899.705 33223.730 0.443 0.793 74.399 3237.809 43230.053 0.049 0.162 96.471

1934.464 33366.087 0.433 0.786 74.841 3257.780 43503.327 0.042 0.143 96.912

1968.814 33510.361 0.423 0.778 75.282 3277.525 43780.059 0.036 0.124 97.354

2002.762 33656.577 0.413 0.770 75.724 3297.045 44060.287 0.030 0.104 97.795

2036.315 33804.761 0.404 0.762 76.165 3316.341 44344.049 0.024 0.084 98.237

2069.479 33954.936 0.394 0.753 76.606 3335.415 44631.383 0.018 0.063 98.678

2102.261 34107.128 0.385 0.745 77.048 3354.268 44922.327 0.012 0.043 99.120

2134.667 34261.364 0.375 0.736 77.489 3372.900 45216.922 0.006 0.021 99.561

2166.703 34417.669 0.366 0.727 77.931 3391.313 45515.205 0.000 0.000 100.002

Tabela A3. Dados obtidos para geração do Perfil de composição da fase líquida, sendo A: acetona, B: água e

N: prato. São apresentados os dados das composições obtidas pela ferramenta desenvolvia (PS: Ponchon-

Savarit e MT: McCabe-Thiele) juntamente com os dados obtidos com o software ChemSep-LITE

considerando o efeito da entalpia (Ideal) e não considerando (None).

N None (A) None (B) Ideal (A) Ideal (B) PS (A) PS (B) MT (A) MT (B)

xA xB xA xB xA xB xA xB

1 0.960 0.040 0.953 0.047 0.950 0.050 0.950 0.050

2 0.814 0.186 0.786 0.214 0.811 0.189 0.811 0.189

3 0.556 0.444 0.523 0.477 0.536 0.464 0.531 0.469

4 0.332 0.668 0.325 0.675 0.328 0.672 0.310 0.690

5 0.177 0.823 0.184 0.816 0.194 0.806 0.164 0.836

6 0.077 0.923 0.087 0.913 0.096 0.904 0.070 0.930

7 0.029 0.971 0.034 0.966 0.037 0.963 0.020 0.980

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63 Tabela A4. Dados obtidos para geração do Perfil de composição da fase vapor, sendo A: acetona, B: água e

N: prato. São apresentados os dados das composições obtidas pela ferramenta desenvolvia (PS: Ponchon -

Savarit e MT: McCabe-Thiele) juntamente com os dados obtidos com o software ChemSep-LITE

considerando o efeito da entalpia (Ideal) e não considerando (None).

N None (A) None (B) Ideal (A) Ideal (B) PS (A) PS (B) MT (A) MT (B)

yA yB yA yB yA yB yA yB

1 0.993 0.007 0.991 0.009 0.997 0.003 0.997 0.003

2 0.960 0.040 0.953 0.047 0.950 0.050 0.950 0.050

3 0.863 0.137 0.844 0.156 0.860 0.140 0.858 0.142

4 0.691 0.309 0.684 0.316 0.693 0.307 0.671 0.329

5 0.471 0.529 0.484 0.516 0.493 0.507 0.435 0.565

6 0.246 0.754 0.271 0.729 0.287 0.713 0.221 0.779

7 0.100 0.900 0.118 0.882 0.132 0.868 0.084 0.916

Tabela A5. Dados obtidos para geração do Perfil de temperatura, N: prato. São apresentados os dados dos

valores obtidos pela ferramenta desenvolvia (PS: Ponchon-Savarit) juntamente com os dados obtidos com o

software ChemSep-LITE considerando o efeito da entalpia (Ideal) e não considerando (None).

N ChemSep: None ChemSep: Ideal Algoritmo - PS

1 57.22 57.42 57.56

2 61.13 61.96 61.31

3 69.58 70.86 70.61

4 79.29 79.64 79.77

5 87.75 87.33 87.06

6 94.19 93.55 93.17

7 97.65 97.24 97.31

Tabela A6. Dados obtidos para geração do Perfil de entalpia, sendo N: prato. São apresentados os dados das

composições obtidas pela ferramenta desenvolvia (PS: Ponchon-Savarit) juntamente com os dados obtidos

com o software ChemSep-LITE considerando o efeito da entalpia (Ideal).

N Ideal (HL) [kJ/kmol] Ideal (HV) [kJ/kmol] PS (HL) [kJ/kmol] PS (HV) [kJ/kmol]

1 27.7300 28.9391

2 2.7982 29.5700 0.6398 30.0000

3 3.2828 32.4500 1.5836 31.8996

4 3.5453 34.6100 2.2965 35.0396

5 3.4977 36.1500 2.7541 38.3268

6 3.1837 37.2300 3.0801 41.3889

7 2.8446 3.2760

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Tabela A7. Dados obtidos para geração do Perfil da constante de equilíbrio (K), sendo N: prato. São

apresentados os dados das composições obtidas pela ferramenta desenvolvia (PS: Ponchon -Savarit)

juntamente com os dados obtidos com o software ChemSep-LITE considerando o efeito da entalpia (Ideal).

N None (A) None (B) Ideal (A) Ideal (B) PS (A) PS (B) MT (A) MT (B)

yA xA yA xA yA xA yA xA

1 1.033914401 0.178384249 1.040884739 0.180017476 1.049566864 0.058229588 1.049566864 0.058229588

2 1.179580497 0.213299112 1.212581475 0.221435565 1.170942966 0.264987609 1.170942966 0.264987609

3 1.55059489 0.30914904 1.614310135 0.32652381 1.604440753 0.30170621 1.614427208 0.303862464

4 2.084550884 0.462088981 2.106004258 0.468563781 2.11101558 0.456708993 2.16490253 0.477019135

5 2.657995586 0.642981888 2.627137425 0.632852065 2.54558313 0.628880341 2.661218384 0.675143237

6 3.171964384 0.817775061 3.117163916 0.798616206 2.978465022 0.789118628 3.156296655 0.837642992

7 3.477446752 0.926781256 3.43967713 0.913107596 3.555108103 0.901447606 4.105477772 0.935150108

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APÊNDICE B

A seguir comenta-se sobre o software ChemSep-LITE v7.15 e a ferramenta

computacional desenvolvida. A Figura B1 relaciona de forma geral as interfaces criadas para

obtenção dos resultados deste trabalho.

O software ChemSep é um simulador para operações de destilação, absorção e

extração, que pode ser integrado a outras unidades através do software Cofe, da franquia

Cape Open to Cape Open (COCO). Sua versão livre, ChemSep-LITE, possibilita a simulação

com até 40 componentes e 300 estágios de equilíbrio, utilizando uma base de dados com

mais de 400 compostos químicos. Já na ferramenta computacional desenvolvida pode-se

trabalhar com 2 componentes e até 100 estágios de equilíbrio, sendo os pratos calculados do

topo da coluna para o fundo, com os métodos de McCabe-Thiele e Ponchon-Savarit.

A ferramenta computacional desenvolvida possui aproximadamente 1.500 linhas de

código, incluindo a interface gráfica, que foi criada utilizando o Qt Designer, que é uma

ferramenta para design e construção de Graphical User Interfaces (GUI) mantida pela Qt

Company.

O uso da ferramenta desenvolvida é bastante trivial. Para a geração dos dados para o

ELV, o usuário tem como opções: (a) fornecer uma volatilidade relativa média, (b) importar

dados ELV de um arquivo (.csv ou .txt), (c) utilizar valores para os coeficientes da equação

de Antoine disponibilizados como exemplo ou (d) fornecer os coeficientes para esta equação.

A interface (aba) do programa que recebe estas informações é apresentada na Figura B1-A.

Como resposta, ao clicar em ‘Atualizar dados’ após fornecidas as entradas, o programa

calcula os dados necessários à construção do Diagrama T-xy e da Curva de equilíbr io,

apresentando ao usuário nesta mesma aba o Diagrama T-xy.

A Figura B1-B mostra a interface (aba) que recebe as entradas necessárias ao método

de McCabe-Thiele. Nesta aba, o usuário deve fornecer as seguintes variáveis: R, F, zF, q, xD,

xB e a eficiência de Murphree. Como resultado, ao clicar em ‘Atualizar gráfico’, o programa

disponibiliza nesta mesma aba o resultado gráfico do método.

A Figura B1-C apresenta a interface (aba) que recebe as entradas necessárias ao

método de Ponchon-Savarit. Além de fornecer as variáveis zF, q, xD, xB e R, o usuário tem

como opções: (a) importar dados para o Diagrama H-xy (.csv ou .txt), (b) utilizar valores

para entalpias de vaporização, capacidades caloríficas, entalpia de mistura e temperaturas

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disponibilizados como exemplo, ou (c) fornecer estes dados. Como resposta, ao clicar em

‘Atualizar dados’, o programa calcula os dados necessários à construção do Diagrama H-xy,

apresentando ao usuário nesta mesma aba o resultado gráfico do método de Ponchon-Savarit.

O programa conta ainda com uma aba inicial, que recebe o histórico dos valores

fornecidos e resultados gerados em cada atualização de informações, facilitando o

acompanhamento quantitativo pelo usuário. O programa tem também uma aba para cálculos

de destilação flash, bastando-se preencher apenas a aba de ELV da mesma forma descrita

anteriormente. O usuário pode alterar qualquer uma das variáveis, clicar no botão de

atualização e rapidamente interpretar o comportamento dos resultados. Cabe ao usuário

atentar às limitações da ferramenta desenvolvida dada a transparência de sua implementação

e funcionamento, fator que permite, e naturalmente incentiva, o usuário a analisar

criticamente os resultados, reforçando seu entendimento da operação unitária. Desse modo,

salienta-se o potencial da ferramenta desenvolvida no ensino de Operações Unitárias.

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Figura B1. Interface gráfica da ferramenta computacional desenvolvida.

Fonte: Autor.