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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG
ESCOLA DE QUÍMICA E ALIMENTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E CIÊNCIA DE
ALIMENTOS
PURIFICAÇÃO DE LIPASES PRODUZIDAS POR FUNGO UTILIZANDO SISTEMA
AQUOSO BIFÁSICO E SEPARAÇÃO POR MEMBRANA
Silvana Menoncin
Profa. Dra. Susana Juliano Kalil
Orientadora
Profo. Dr. Marco Di Luccio
Co-orientador
RIO GRANDE, RS
2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
ESCOLA DE QUÍMICA E ALIMENTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇĂO EM ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS
ALIMENTOS
PURIFICAÇÃO DE LIPASES PRODUZIDAS POR FUNGO UTILIZANDO SISTEMA
AQUOSO BIFÁSICO E SEPARAÇÃO POR MEMBRANA
Silvana Menoncin
Profa. Dra. Susana Juliano Kalil
Orientadora
Profo. Dr. Marco Di Luccio
Co-orientador
RIO GRANDE, RS
2011
Tese apresentada como parte dos
requisitos necessários para obtenção do
título de Doutor em Engenharia e Ciência
de Alimentos
ii
“Quanto maior a dificuldade tanto maior o mérito em superá-la”
(Henry Ward Beecher)
iii
Dedico esta conquista a
todos que acreditaram que era
possível, pelo apoio e incentivo.
iv
AGRADECIMENTOS
No trajeto percorrido, muitos obstáculos foram encontrados, e muitas pessoas foram
colocadas neste caminho que me ajudaram de varias maneiras a alcançar esta
conquista e a quem agradeço.
A Deus, força maior a qual nos momentos difíceis recorri em busca de paz, coragem e
proteção para seguir o caminho.
A meus pais Selvino e Ivete e meus irmãos Silvete e Carlos pelo amor, carinho,
incentivo e apoio durante todos estes anos, e por acreditarem que era possível sim.
Ao Eluzardo, meu companheiro que junto comigo superou a distância e saudade
durante todos estes anos, e principalmente pela paciência e compreensão nos
momentos em que não podia estar contigo.
Aos demais familiares, que sempre me apoiaram em busca desta conquista.
A meus orientadores Susana e Marco por todos os ensinamentos, mas principalmente
pela amizade, confiança, apoio e compreensão em todas as vezes que em suas salas
fui em busca de uma palavra de incentivo. Obrigado por acreditarem em mim.
Às minhas amigas especiais Marceli e Simone, por toda ajuda que me deram, estando
sempre dispostas a me auxiliar nos experimentos e principalmente pelos ombros
amigos sempre me escutando quando as coisas não estavam muito bem, e que nos
momentos de alegria estavam lá para rir comigo. Obrigada, a amizade e carinho que
tenho por vocês irá comigo para onde eu for.
À Daniela, Renata, Adriana e André os quais, em um momento da realização deste
trabalho, estavam lá para me ajudar.
Aos demais colegas e amigos do laboratório de Biotecnologia e da Central de
Materiais da URI – Campus de Erechim e também do laboratório de Microbiologia e
Bioseparações da FURG – Rio Grande, pela amizade, ajuda e experiências
compartilhadas.
Aos professores da Engenharia de Alimentos da URI - Erechim e da FURG – Rio
Grande, por toda ajuda e ensinamentos.
Ao PROCAD/CAPES e ao CNPq pelo apoio financeiro.
Enfim a todas as pessoas que contribuíram com ensinamento, apoio e amizade,
tornando possível a conclusão deste trabalho.
v
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS .................................................................................................. IV
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... IX
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. XII
RESUMO ................................................................................................................... XIII
ABSTRACT .............................................................................................................. XIV
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1
2 OBJETIVOS .............................................................................................................. 3
2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 3
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 3
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................... 4
3.1 ASPECTOS GERAIS E APLICAÇÕES DE LIPASES ....................................................... 4
3.2 PRODUÇÃO DE LIPASES POR FERMENTAÇÃO EM ESTADO SÓLIDO ............................ 9
3.3 PURIFICAÇÃO DE ENZIMAS ................................................................................... 14
3.3.1 Purificação de enzimas por Sistema Aquoso Bifásico ................................. 15
3.3.2 Purificação de enzimas por ultrafiltração ..................................................... 21
3.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 26
4 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 27
4.1 MICRO-ORGANISMO ............................................................................................. 27
4.2 FERMENTAÇÃO EM ESTADO SÓLIDO ..................................................................... 27
4.3 PREPARO DAS AMOSTRAS ................................................................................... 28
4.4 MASSA MOLAR DO POLIETILENOGLICOL (PEG) ..................................................... 28
4.5 DETERMINAÇÃO DA CURVA BINODAL .................................................................... 29
4.6 PREPARAÇÃO DO SISTEMA AQUOSO BIFÁSICO ...................................................... 29
4.7 SCREENING DE DIFERENTES CONDIÇÕES DE PEG/FOSFATO DE POTÁSSIO NO SISTEMA
AQUOSO BIFÁSICO PARA A PURIFICAÇÃO DA LIPASE .................................................... 30
4.8 ESTRATÉGIA PARA A MAXIMIZAÇÃO DA PURIFICAÇÃO POR SISTEMA AQUOSO BIFÁSICO
................................................................................................................................ 30
4.9 ULTRAFILTRAÇÃO ................................................................................................ 31
vi
4.10 EFEITO DA FORÇA IÔNICA NA ULTRAFILTRAÇÃO.................................................... 32
4.11 COMBINAÇÃO DO SISTEMA AQUOSO BIFÁSICO E ULTRAFILTRAÇÃO PARA A
PURIFICAÇÃO DA LIPASE............................................................................................ 32
4.13 FATOR DE PURIFICAÇÃO (FP)............................................................................. 33
4.14 RECUPERAÇÃO DA LIPASE (RP) .......................................................................... 33
4.15 COEFICIENTE DE PARTIÇÃO (KPART) ..................................................................... 33
4.16 RAZÃO DE VOLUMES DO SISTEMA (VR) ............................................................... 34
4.17 RETENÇÃO DA ULTRAFILTRAÇÃO (%R) ............................................................... 34
4.18 MEDIDA DA ATIVIDADE DE HIDRÓLISE ................................................................. 34
4.19 MEDIDA DA ATIVIDADE DE TRANSESTERIFICAÇÃO ................................................ 35
4.20 QUANTIFICAÇÃO DE POLIETILENOGLICOL ............................................................ 36
4.21 DETERMINAÇÃO DE PROTEÍNA TOTAL ................................................................. 36
4.22 DETERMINAÇÃO DO PH ...................................................................................... 36
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 37
5.1 SELEÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE MICRO-ORGANISMO ................................................ 37
5.2 SCREENING DE DIFERENTES SISTEMAS PEG/FOSFATO DE POTÁSSIO PARA A
PURIFICAÇÃO DA LIPASE ............................................................................................ 37
5.2.1. Avaliação da influência de diferentes massas molares do PEG em pH 6,0 37
5.2.2. Avaliação da influência de diferentes massas molares do PEG em pH 7,0 40
5.2.3. Avaliação da influência de diferentes massas molares do PEG em pH 8,0 43
5.2 ESTRATÉGIA PARA A MAXIMIZAÇÃO DA PURIFICAÇÃO POR SISTEMA AQUOSO BIFÁSICO
................................................................................................................................ 49
5.3 ULTRAFILTRAÇÃO ................................................................................................ 56
5.4 EFEITO DA FORÇA IÔNICA NA ULTRAFILTRAÇÃO...................................................... 58
5.5 COMBINAÇÃO DO SISTEMA AQUOSO BIFÁSICO E SEPARAÇÃO POR MEMBRANA PARA A
PURIFICAÇÃO DA LIPASE ............................................................................................ 61
6 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 65
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ...................................................... 66
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 67
9 APÊNDICE .............................................................................................................. 83
APÊNDICE I – CURVAS BINODAIS PARA PEG 8000 E 10000 DA EM PH 6, 7 E 8 .......... 83
vii
APÊNDICE II - TABELAS COMPLETAS COM OS VALORES OBTIDOS NA ULTRAFILTRAÇÃO DO
EXTRATO BRUTO, COM A ADIÇÃO DE NACL ULTRAFILTRADO EM MEMBRANA DE 30 E 60
KDA E COMBINAÇÃO DO SAB/UF ULTRAFILTRADO NA MEMBRANA DE 30 KDA. ............... 86
APÊNDICE III – ARTIGO SCREENING DO MICRO-ORGANISMO UTILIZADO NO ESTUDO .... 90
viii
ix
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – PRINCIPAIS APLICAÇÕES DE LIPASES EM DIFERENTES
SEGMENTOS 8
TABELA 2 - SUBSTRATOS NATURAIS E MICRO-ORGANISMOS ENVOLVIDOS NA
FERMENTAÇÃO EM ESTADO SÓLIDO PARA PRODUÇÃO DE LIPASES 12
TABELA 3 - SISTEMAS AQUOSOS BIFÁSICOS UTILIZADOS PARA A
PURIFICAÇÃO DE ENZIMAS 19
TABELA 4 - APLICAÇÃO DAS DIFERENTES MEMBRANAS NA SEPARAÇÃO DE
VÁRIOS COMPOSTOS 24
TABELA 5 - VARIÁVEIS E NÍVEIS ESTUDADOS NO PLANEJAMENTO PARA
MAXIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE PURIFICAÇÃO 31
TABELA 6 – RESULTADOS OBTIDOS COM SISTEMAS BASEADOS EM PEG 1500
PH 6 38
TABELA 7 - RESULTADOS OBTIDOS COM SISTEMAS BASEADOS EM PEG 4000
PH 6 38
TABELA 8 - RESULTADOS OBTIDOS COM SISTEMAS BASEADOS EM PEG 6000
PH 6 38
TABELA 9 - RESULTADOS OBTIDOS COM SISTEMAS BASEADOS EM PEG 8000
PH 6 39
TABELA 10 - RESULTADOS OBTIDOS COM SISTEMAS BASEADOS EM PEG 10000
PH 6 39
TABELA 11 - RESULTADOS OBTIDOS COM SISTEMAS BASEADOS EM PEG 1500
PH 7,0 41
TABELA 12 - RESULTADOS OBTIDOS COM SISTEMAS BASEADOS EM PEG 4000
PH 7,0 41
TABELA 13 - RESULTADOS OBTIDOS COM SISTEMAS BASEADOS EM PEG 6000
PH 7,0 42
TABELA 14 - RESULTADOS OBTIDOS COM SISTEMAS BASEADOS EM PEG 8000
PH 7,0 42
TABELA 15- RESULTADOS OBTIDOS COM SISTEMAS BASEADOS EM PEG 10000
PH 7,0 43
TABELA 16 - RESULTADOS OBTIDOS COM SISTEMAS BASEADOS EM PEG 1500
PH 8,0 44
TABELA 17 - RESULTADOS OBTIDOS COM SISTEMAS BASEADOS EM PEG 4000
PH 8,0 44
x
TABELA 18 - RESULTADOS OBTIDOS COM SISTEMAS BASEADOS EM PEG 6000
PH 8,0 45
TABELA 19 - RESULTADOS OBTIDOS COM SISTEMAS BASEADOS EM PEG 8000
PH 8,0 45
TABELA 20 - RESULTADOS OBTIDOS COM SISTEMAS BASEADOS EM PEG 10000
PH 8,0 46
TABELA 21-RECUPERAÇÃO E FATOR DE PURIFICAÇÃO PEG 1500, 4000, 6000,
8000 E 10000 PH 8,0 47
TABELA 22 - MATRIZ DO PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL REALIZADO PARA
PURIFICAÇÃO DA LIPASE (VALORES CODIFICADOS E REAIS COM AS
RESPOSTAS RECUPERAÇÃO, FATOR DE PURIFICAÇÃO, RAZÃO DOS
VOLUMES E COEFICIENTE DE PARTIÇÃO) 50
TABELA 23 - ANÁLISE DE VARIÂNCIA PARA O FATOR DE PURIFICAÇÃO DO
EXTRATO ENZIMÁTICO BRUTO OBTIDO POR PENICILLIUM CRUSTOSUM 51
TABELA 24 - FATOR DE PURIFICAÇÃO, RECUPERAÇÃO, RAZÃO DE VOLUMES E
COEFICIENTE DE PARTIÇÃO PARA MENORES CONCENTRAÇÕES DE PEG E
FOSFATO DE POTÁSSIO E CONCENTRAÇÕES DE 0, 1,2 E 4,8% DE NACL 54
TABELA 25 - FATOR DE PURIFICAÇÃO, RECUPERAÇÃO, RAZÃO ENTRE
VOLUMES E COEFICIENTE DE PARTIÇÃO, ATIVIDADE DE HIDRÓLISE E DE
TRANSESTERIFICAÇÃO NA FASE DE TOPO, NOS MELHORES PONTOS DA
MAXIMIZAÇÃO DA PURIFICAÇÃO 56
TABELA 26 – RESULTADOS DA ATIVIDADE HIDRÓLISE, PROTEÍNA E ATIVIDADE
ESPECÍFICA OBTIDOS NA ULTRAFILTRAÇÃO DO EXTRATO ENZIMÁTICO
BRUTO EM MEMBRANA DE 30 KDA E 60KDA 57
TABELA 27 - RESULTADOS DA ULTRAFILTRAÇÃO DO EXTRATO ENZIMÁTICO
BRUTO 57
TABELA 28 – RESULTADOS DA ATIVIDADE HIDRÓLISE, PROTEÍNA E ATIVIDADE
ESPECÍFICA OBTIDOS NA ULTRAFILTRAÇÃO DO EXTRATO BRUTO E NOS
ENSAIOS COM ACRÉSCIMO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE NACL
EM MEMBRANA DE 30 KDA 59
TABELA 29 – RESULTADOS DA ATIVIDADE HIDRÓLISE, PROTEÍNA E ATIVIDADE
ESPECÍFICA OBTIDOS NA ULTRAFILTRAÇÃO DO EXTRATO BRUTO E NOS
ENSAIOS COM ACRÉSCIMO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE NACL
EM MEMBRANA DE 60 KDA 59
xi
TABELA 30 - EFEITO DA FORÇA IÔNICA SOBRE A ULTRAFILTRAÇÃO DO
EXTRATO ENZIMÁTICO, COM A ADIÇÃO DE DIFERENTES
CONCENTRAÇÕES DE NACL, UTILIZANDO MEMBRANA DE 30 KDA 60
TABELA 31 - EFEITO DA FORÇA IÔNICA SOBRE A ULTRAFILTRAÇÃO DO
EXTRATO ENZIMÁTICO,COM ADIÇÃO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES
DE NACL, UTILIZANDO MEMBRANA DE 60 KDA 60
TABELA 32 – RESULTADOS DA ATIVIDADE DE HIDRÓLISE, PROTEÍNA E
ATIVIDADE ESPECÍFICA OBTIDOS NA COMBINAÇÃO DOS SISTEMAS DE
PURIFICAÇÃO EM MEMBRANA DE 30 KDA 62
TABELA 33- COMBINAÇÃO DO SISTEMA AQUOSO BIFÁSICO E SEPARAÇÃO POR
MEMBRANA PARA A PURIFICAÇÃO DA LIPASE COM MEMBRANA DE 30 KDA
62
TABELA 34 - PURIFICAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE LIPASE USANDO SISTEMA
AQUOSO BIFÁSICO JUNTAMENTE COM ULTRAFILTRAÇÃO EM RELAÇÃO À
CAPACIDADE DE SÍNTESE DE ÉSTERES 63
TABELA 35 – RESULTADOS DA QUANTIFICAÇÃO DE PEG NAS AMOSTRAS DE
RETIDO E FILTRADO PARA OS PONTOS ESTUDADOS NA COMBINAÇÃO DO
SAB/UF 64
xii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - DIAGRAMA DE FASE DE UM SAB FORMADO POR UM POLÍMERO E
UM SAL, EXPRESSO EM COORDENADAS RETANGULARES 17
FIGURA 2 - BÉQUERES UTILIZADOS PARAA FES. 28
FIGURA 3 - ESQUEMA DA PURIFICAÇÃO DA LIPASE PELO SISTEMA AQUOSO
BIFÁSICO 30
FIGURA 4 - MODELO DO SISTEMA DE UF 32
FIGURA 5 – FOTOMICROGRAFIA DO MICROCULTIVO DO FUNGO PENICILLIUM37
FIGURA 6 - SUPERFÍCIE DE RESPOSTA E CURVA DE CONTORNO PARA FATOR
DE PURIFICAÇÃO EM RELAÇÃO À CONCENTRAÇÃO DE PEG E FOSFATO
DE POTÁSSIO, OBTIDA NA OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE
PURIFICAÇÃO DA LIPASE PRODUZIDA POR FES 51
FIGURA 7 - SUPERFÍCIE DE RESPOSTA E CURVA DE CONTORNO PARA FATOR
DE PURIFICAÇÃO EM RELAÇÃO CONCENTRAÇÃO DE NACL E PEG OBTIDA
NA OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE PURIFICAÇÃO DA LIPASE
PRODUZIDA POR FES 52
FIGURA 8 - SUPERFÍCIE DE RESPOSTA E CURVA DE CONTORNO PARA FATOR
DE PURIFICAÇÃO EM RELAÇÃO CONCENTRAÇÃO DE NACL E FOSFATO DE
POTÁSSIO OBTIDA NA OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE PURIFICAÇÃO DA
LIPASE PRODUZIDA POR FES 52
FIGURA 9 - CURVA BINODAL PEG 6000 PH 8. PONTOS ESTUDADOS NO
PLANEJAMENTO EXPERIMENTOS PARA A MAXIMIZAÇÃO DA PURIFICAÇÃO
PELO SISTEMA AQUOSO BIFÁSICO. 53
FIGURA 10 - CURVA BINODAL PEG 6000 PH 8. QUADRADOS: PONTOS
ESTUDADOS NO PLANEJAMENTO EXPERIMENTOS. ESTRELAS: PONTOS
ESTUDADOS NA SEGUNDA ETAPA DA MAXIMIZAÇÃO DA PURIFICAÇÃO. 55
xiii
RESUMO
A purificação de proteínas consiste em um dos desafios da área de Bioprocessos. O
grau de pureza requerido para enzimas está diretamente relacionado com a aplicação
na qual estas serão empregadas. Os sistemas aquosos bifásicos (SAB) e o processo
de separação por membranas (UF) vêm sendo amplamente estudados na purificação
de diversas proteínas, por apresentarem algumas vantagens sobre os processos
cromatográficos, como facilidade de escalonamento e baixo custo. No entanto, a
purificação de lipases por SAB ainda é pouco reportada. Neste sentido, o foco deste
trabalho foi avaliar a utilização da melhor combinação do SAB formado por
polietilenoglicol (PEG) e tampão fosfato de potássio e a combinação com o processo
de separação por membrana, na purificação de lipase de Penicillium crustosum
produzida por fermentação em estado sólido. O SAB se apresentou como uma técnica
potencial para a separação e purificação da lipase obtendo-se fator de purificação 5,8
no sistema composto de 20% PEG 6000, 7,0% fosfato de potássio pH 8. A técnica do
planejamento experimental foi utilizada como uma estratégia para a maximização da
purificação, no qual foram avaliadas as concentrações de polietilenoglicol (PEG),
fosfato de potássio e NaCl em sistemas compostos por PEG 6000 fosfato de potássio
pH 8. O sistema 20% PEG 6000, 5,8% fosfato de potássio pH 8 com acréscimo de
4,8% de NaCl apresentou recuperação da atividade de hidrólise de 53,8% e o maior
fator de purificação 10,5. O sistema composto de 20% PEG 6000, 5,8% de fosfato de
potássio sem o acréscimo de NaCl foi o que apresentou maior atividade de
transesterificação e fator de purificação, 8,5 U/mg e 28,3 vezes, respectivamente.
Membranas comerciais com massa molecular de corte de 30 e 60 kDa foram testadas.
Com acréscimo de 0,09 mol/L de NaCl o fator de purificação aumentou de 0,8 para 1,4
vezes. Quando combinou-se o sistema aquoso bifásico e separação por membrana, o
fator de purificação em termos de atividade de hidrólise diminuiu, mas com relação à
de atividade de transesterificação aumentou, alcançando valores em torno de 39
vezes para os sistemas compostos de 11,6% PEG 6000, 10% fosfato de potássio e
1,2% NaCl e 38,3 para o sistema formado por 16% PEG 6000, 8% fosfato de potássio
e 4,8% NaCl.
Palavras-chave: lipase, purificação, membranas, sistema aquoso bifásico,
ultrafiltração.
xiv
ABSTRACT
The purification of proteins is one of the challenges in the area of Bioprocesses. The
purity degree required for enzymes is directly related to the application in which they
are employed. Aqueous two-phase systems (ATPS) and membrane separation
process have been investigated in the purification of several proteins, which present
some advantages over the chromatographic processes, such as easy scale-up and low
cost. However, the purification of lipases by ATPS has been little reported. In this
sense, the focus of this study was to evaluate the use of the best combination of the
ATPS consisting of polyethylene glycol (PEG) and potassium phosphate buffer and the
combination with membrane separation process for the lipases purification from
Penicillium crustosum produced by solid state fermentation. The ATPS is a potential
technique for the separation and purification of such lipases, resulting in a purification
factor 5.8 using the system composed of 20% PEG 6000, 7.0% potassium phosphate,
pH 8. The technique of experimental design was used as a strategy for maximizing the
purification, in which we assessed the concentrations of polyethylene glycol (PEG),
potassium phosphate and sodium chloride in systems composed of PEG 6000 at pH 8.
The system 20% PEG 6000, 5.8% potassium phosphate at pH 8, and 4.8% NaCl
showed a recovery of the activity (hydrolysis) of 53.8% and yielded the highest
purification factor 10.5, based on hydrolytic activity. The system made up of 20% PEG
6000, 5.8% potassium phosphate without the addition of NaCl showed highest activity
of transesterification and purification factor, 8.5 U/mg and 28,3, respectively.
Commercial membranes with molecular weight cutoff of 30 and 60 kDa were tested.
That addition of 0.09 mol/L NaCl to the enzymatic extract in the feed increased the
purification factor from 0.8 to 1.4. When the processes of ATPS and UF were
combined, the purification factor in terms of hydrolytic activity decreased, but increased
in terms of transesterification activity, reaching values around 39 for PF in the systems
composed of 11.6% PEG 6000 10% potassium phosphate and 38,3 in the systems
composed of 1.2% NaCl and 16% PEG 6000, 8% potassium phosphate and 4.8%
NaCl.
Key words: lipase, purification, membranes, aqueous two-phase system, ultrafiltration.
1
1 INTRODUÇÃO
A produção de enzimas é um campo em crescimento na Biotecnologia
(GONZÁLES-VINIEGRA, et al., 2003). As lipases são enzimas que catalisam a quebra
de gorduras e óleos liberando ácidos graxos, diacilgliceróis, monoacilgliceróis e
glicerol, podendo catalisar também reações de esterificação, transesterificação e
interesterificação em solventes orgânicos. Estas enzimas possuem alto potencial
biotecnológico devido à sua habilidade de catálise e são encontradas em tecidos
animais, vegetais e também são produzidas por micro-organismos (bactérias, fungos e
leveduras) (VILLENEUVE et al., 2000).
As lipases podem catalisar reações de hidrólise de triacilglicerois a ácidos
graxos, mono e diacilglicerois e glicerois, na interface óleo-água da reação. Esta
enzima possui também habilidade de catalisar reações em meios orgânicos,
favorecida pelos baixos conteúdos de água presentes nas reações (RUIZ et al., 2008;
CHOWDARY e PRAPULLA, 2002). As lipases com atividade de síntese encontram
aplicação na produção de agentes aromatizantes e flavorizantes, na transesterificação
de óleos para produção de ésteres (biodiesel) (IBRAHIM, 2008; FERNANDES et al.,
2007; SHARMA et al., 2001), fármacos, etc. Assim, as lipases somam um importante
grupo, devido ao significativo volume de vendas, devido à versatilidade de aplicações,
especial atrativo para aplicações industriais (CONTESINI e CARVALHO, 2006;
JAERGER e REETZ, 1998).
Uma alternativa na produção de enzimas microbianas é o processo de
fermentação em estado sólido (FES), o qual se baseia no multiplicação dos micro-
organismos em substratos sem a presença de água livre. Uma das vantagens da FES
está na utilização de resíduos agroindustriais como suporte e substrato para o
desenvolvimento dos micro-organismos, o que tem atraído grande interesse na
utilização deste tipo de fermentação para a produção de enzimas, incluindo as lipases
(TREICHEL et al., 2010; VARGAS et al., 2008; KEMPKA et al., 2008; WOLSKI et al.,
2008; PINHEIRO et al., 2008; SILVA et al., 2005)
A purificação de produtos biotecnológicos, como as enzimas, constitui uma
etapa complexa do processo, podendo contribuir com uma parcela significativa do
custo final da enzima, devido às várias características dos meios e das biomoléculas
de interesse. Uma alternativa para o primeiro passo da purificação é a utilização de
2
Sistemas Aquosos Bifásicos (SAB). Estes são formados por soluções aquosas de
polímeros e sais ou dois polímeros diferentes (SANTOS et al., 2007), que dependendo
da composição podem dar origem a duas fases.
Neste processo de purificação, a partição depende principalmente das
propriedades físico-químicas das proteínas, tais como ponto isoelétrico, superfície de
hidrofobicidade, e outras variáveis do meio como massa molar do polímero, pH, o tipo
e a concentração do sal adicionado. Conhecendo e controlando estes fatores é
possível separar e recuperar uma proteína (TUBIO et al., 2004).
Outra tecnologia de grande interesse na separação de proteínas se baseia nos
processos de separação com membrana (PSM). Esta tem se desenvolvido bastante
nas últimas décadas e suas aplicações têm se expandido em vários setores
industriais. Os PSM são considerados como alternativa mais econômica e que podem
ser ajustados para se conseguir alta produtividade com razoável grau de pureza. Entre
os PSM, o processo de ultrafiltração é o que mais tem sido testado para a purificação
de proteínas (SAXENA et al., 2009).
Embora a ultrafiltração (UF) tenha sido extensivamente investigada e a
concentração de macromoléculas seja rotina comum em biotecnologia, a purificação
ou fracionamento de proteínas por UF, no entanto, ainda é um desafio e necessita de
maior esforço de pesquisa, para se obter membranas mais seletivas e otimizar os
parâmetros físico-químicos relacionados à interação entre proteínas, que afetam
diretamente o fluxo e a seletividade (SAXENA et al., 2009).
A maior parte dos estudos publicados em bioseparações trata de misturas
proteicas conhecidas e se baseia em resultados empíricos, dificultando a sua
extrapolação para outros sistemas. Nas aplicações reais ou industriais, as soluções de
proteínas a serem separadas são muito mais complexas, como no caso da produção
de enzimas por fermentação submersa ou em estado sólido, sendo então necessário
realizar a avaliação detalhada de cada sistema.
Neste contexto, a aplicação de sistema aquoso bifásico e ultrafiltração para a
recuperação de lipases com atividade de hidrólise e de síntese, produzidas por
fermentação em estado sólido apresenta um grande potencial de investigação
científica e tecnológica, justificando o presente trabalho.
3
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Estudar a utilização de estratégias de purificação de uma lipase fúngica
produzida por fermentação em estado sólido (FES) utilizando sistema aquoso bifásico
(SAB) e processo de ultrafiltração (UF).
2.2 Objetivos Específicos
• Seleção e identificação do micro-organismo produtor de lipase
• Seleção das melhores condições com relação à massa molar de PEG e pH,
para a purificação da lipase por sistema aquoso bifásico;
• Maximização da purificação da lipase por sistema aquoso bifásico, avaliando a
concentração de PEG, de fosfato de potássio e cloreto de sódio, através da
técnica de planejamento experimental e análise de superfície de resposta;
• Estudo da concentração e purificação de lipase utilizando ultrafiltração;
• Definição das melhores condições da combinação do sistema aquoso bifásico
e ultrafiltração para a purificação da lipase.
4
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capitulo será apresentado uma revisão de literatura sobre lipases
incluindo definição, aplicações, fontes e propriedades, considerações gerais sobre
fermentação em estado sólido, e o estudo da purificação de enzimas por diferentes
métodos.
3.1 Aspectos Gerais e Aplicações de Lipases
As enzimas são biocatalisadores com propriedades que as tornam altamente
requisitadas. Além de serem ativas e versáteis, elas catalisam uma série de
transformações de modo seletivo, rápido e em condições brandas de reação, o que as
difere dos catalisadores não enzimáticos. Além disso, toda enzima catalisa as
transformações moleculares sem ocorrência de reações paralelas, comuns em
sínteses químicas, devido à sua especificidade (DZIEZAK, 1991; PATEL, 2002;
PIZARRO e PARK, 2003).
Enzimas são catalisadores biológicos de natureza protéica, que participam nas
reações químicas que ocorrem em células. As enzimas atuam acelerando uma reação
termodinamicamente possível, sem alterar a constante de equilíbrio e a energia livre
de reação. Uma das diferenças básicas entre enzimas e catalisadores químicos
sintéticos é a capacidade daquelas em catalisar reações sob condições suaves, em
soluções aquosas, a temperatura e pressão normais, reduzindo a possibilidade de
alteração de compostos sensíveis ao calor, bem como reduzindo as necessidades
energéticas e os efeitos de corrosão do processo (LEHNINGER, 1996).
Lipases, triacilglicerol éster hidrolases (EC3.1.1.3), são enzimas largamente
distribuídas na natureza, que catalisam a hidrólise de óleos e gorduras liberando
ácidos graxos livres, diacilgliceróis, monoacilgliceróis e glicerol (BEISSON et al.,
2000). Podem catalisar também reações de esterificação, transesterificação e
interesterificação em solventes orgânicos (VILLENEUVE et al., 2000).
Estas enzimas podem ser obtidas de um grande número de bactérias, fungos,
plantas e animais, possuindo propriedades variáveis de acordo com sua procedência
(SAXENA et al., 2003). As lipases provenientes de micro-organismos constituem um
grupo de valiosas enzimas de aplicação biotecnológica, devido às diferentes reações
que são capazes de catalisar, ao fato de na maioria das vezes não requererem co-
5
fatores, atuação em uma ampla faixa de pH, e também devido à sua régio e enâncio
seletividade, o que as torna particularmente atrativas para a indústria de química fina e
farmacêutica. Estas enzimas podem ser aplicadas ainda em um grande número de
processos, tais como aqueles para obtenção de detergentes, alimentos, indústria de
couro, celulose e papel (FREIRE e CASTILHO, 2000; PANDEY et al.,1999; GANDHI et
al., 1997).
Além da classificação de acordo com o mecanismo de ação, as enzimas são
usualmente classificadas quanto a suas fontes produtoras, e este é o método mais
empregado para fins de aplicação industrial, que são animal, vegetal e microbiana. As
fontes animal e vegetal encarecem os procedimentos de obtenção de preparados e
isolados enzimáticos. Já os micro-organismos, pela sua distribuição na natureza, são
as fontes mais versáteis e fáceis de manuseio em laboratório, e consequente
produção industrial de enzimas específicas. Os micro-organismos produzem uma
enorme variedade de enzimas potencialmente úteis, muitas das quais são excretadas
ao exterior das células. Além disso, são capazes de desenvolver-se fácil e
rapidamente em seu meio de cultivo e a tecnologia a respeito, em grande escala, se
encontra bem estabelecida (GACESA e HUBBLE, 1990).
Entre as vantagens que o seu uso apresenta sobre os processos
convencionais estão a alta eficiência em condições de baixa temperatura e pressão
atmosférica, redução da poluição ambiental, os produtos originados de reações
enzimáticas são considerados “naturais” pela legislação da maioria dos países e o alto
grau de seletividade, ao contrário dos catalisadores convencionais, gerando menos
produtos secundários (XU, 2000).
A formação de um complexo, enzima-substrato (ES), é a primeira etapa na
catálise enzimática. Os substratos são ligados a uma região específica, chamada de
centro ativo, ou sítio ativo, contendo os radicais de aminoácidos que participam
diretamente na formação e quebra de ligações. Esses radicais são chamados
grupamentos catalíticos (JOÃO JR, 1999).
As lipases são usadas como versáteis biocatalisadores na química orgânica
moderna especialmente na modificação de gorduras e outros lipídios via hidrólise,
esterificação e interesterificação, na obtenção de ácidos graxos específicos ou
glicerídeos de óleos vegetais, sendo já utilizadas com sucesso como catalisador para
a síntese de ésteres, que são produzidos a partir de ácidos graxos de cadeia curta,
com muitas aplicações industriais, incluindo agentes aromatizantes e ácidos graxos de
6
cadeia longa usados para enriquecer óleo diesel (KUMAR et al., 2005; BRADOO et al.,
1999).
O processo de transesterificação, também chamado de alcoólise, consiste no
deslocamento do álcool e de um éster em um processo similar à hidrólise, exceto pelo
emprego de um álcool ao invés da água. Alguns álcoois são empregados de modo
satisfatório na reação, dentre estes pode-se citar, o metanol, etanol, propanol e o
butanol, sendo que o mais amplamente utilizado é o metanol devido ao baixo custo e
às vantagens físicas e químicas deste reagente (FUKUDA et al., 2001).O surgimento
da transesterificação é datado de 1846, quando Rochieder descreveu a produção de
glicerol pela etanólise de óleo de mamona. Desde aquele momento, o processo de
alcoólise tem sido largamente estudado (DEMIRBAS, 2003).
A transesterificação de óleos vegetais ou gorduras animais, também
denominada de alcoólise, pode ser conduzida por uma variedade de rotas
tecnológicas, em que diferentes tipos de catalisadores podem ser empregados
(RAMOS et al., 2003). De acordo com SRIVASTAVA e PRASAD (2000), a
transesterificação consiste na reação de triglicerídeo (TG) com álcool, resultando na
produção de 3 mol de ésteres e 1 mol de glicerol (GL).
Na indústria têxtil as lipases são usadas na remoção de lubrificantes e
promovem uma melhor absorção de tinta no tecido. Fibras sintéticas modificadas
enzimaticamente são utilizadas para a produção de tapetes, dando a eles maior
resistência ao estiramento, enrugamento, abrasão e ao tratamento com produtos
químicos (HASAN et al., 2006).
O campo de aplicação comercial mais importante para as lipases hidrolíticas é
a sua adição aos detergentes, geralmente em combinação com outras enzimas
(proteases e celulases), sendo responsáveis pela remoção de manchas de gorduras
tais como baton, fritura, manteiga, azeite, molhos e manchas em colarinhos e punhos
(CASTRO et al., 2004).
As lipases são utilizadas também para modificar o sabor dos alimentos, além
de atuarem no processo de fermentação de salames e vinhos. Enzimas lipolíticas são
frequentemente usadas para conferir flavors diferente em queijos durante sua
produção (HASAN et al., 2006).
A aplicação de lipases tem sido também preconizada na degradação biológica
de carga lipolítica de efluentes industriais gerados em frigoríficos, abatedouros,
laticínios e indústrias de alimentos em geral (GANDHI, 1997; PANDEY et al., 1999). O
uso de lipases em tratamento de efluentes fornece várias vantagens potenciais, entre
7
as quais se destaca a simplicidade e facilidade no controle do processo; a não
necessidade de aclimatação de biomassa; ausência de efeitos de choque por carga de
poluentes; possibilidade de aplicação em processos com baixa ou alta concentração
de poluentes; operação em ampla faixa de pH, temperatura e salinidade (KARAM et
al., 1997).
Lipases são capazes de catalisar a hidrólise de ésteres, atuando sobre ésteres
insolúveis em água como os triglicerídeos (FREIRE et al., 1997), sob condições
microaquosas, a partir de álcool e ácido carboxílico. Uma combinação destes dois
processos básicos em sequências lógicas pode resultar em reações de
interesterificação (acidólise, alcoólise ou transesterificação a depender dos reagentes
de partida) (CASTRO et al., 2004).
A atividade hidrolítica de lipases é significativamente aumentada pela presença
de uma interface óleo-água, um fenômeno chamado ativação interfacial. Em meio não-
aquoso esta reação é invertida devido a um domínio hidrofóbico que cobre o local
ativo da lipase (SUN et al., 2008).
Sua plena utilização está diretamente relacionada à redução dos custos dos
processos de produção e purificação, na busca de novas cepas produtoras e no
melhoramento genético destas cepas, a fim de que produzam maiores quantidades
destas enzimas em tempos menores, com características desejáveis (MARTINS,
2001).
Por catalisarem diversos tipos de processos, as lipases apresentam um amplo
campo de aplicações. A Tabela 1 sintetiza as principais aplicações das lipases em
diferentes tipos de indústrias de acordo com VILLENEUVE et al., (2000) considerando
a hidrólise e a esterificação.
8
Tabela 1 – Principais aplicações de lipases em diferentes segmentos
Indústria Aplicações Produtos
Hidrólise
Alimentos Hidrólise da gordura do leite
Desenvolvimento de “Flavour” lácteos
Química Hidrólise de óleos e gorduras
Biorremediação
Tratamento efluente
Análise de ácidos graxos de TGC
Ácidos graxos, mono diglicerídeos;
Redução sólidos
Química (detergentes) Remoção de manchas de gorduras
Detergentes (roupas e superfícies)
Médica Análise de triglicérides do sangue
Kits de diagnóstico
Farmacêutica, agroquímica Hidrólise estéreo-específica
Resolução de misturas racêmicas
Esterificação
Química (química fina) Síntese de ésteres Compostos quirais intermediários; Ésteres e emulsificantes; “Flavour”
Alimentos, Química, Farmacêutica
Transesterificação (óleos naturais)
Óleos e gorduras: análagos de manteiga de cacau, Biodiesel
Têxtil Síntese de poliésteres Poliésteres biodegradáveis,
Alimentos Síntese de ésteres Aromas para alimentos e bebidas
Os micro-organismos produtores de lipases são encontrados nos mais diversos
habitats como resíduos agroindustriais, alimentos em decomposição, sementes
oleaginosas, depósitos de carvão e até mesmo em solos contaminados. Esses podem
ser bactérias, bolores e leveduras. Os métodos para a detecção de atividades
lipásicas em micro-organismos geralmente envolvem o screening em placas de ágar
utilizando tributirina ou compostos cromogênicos como substratos; ou ainda o cultivo
em meio sólido com o surfactante Tween 80, em que zonas opacas em torno das
colônias indicam organismos produtores de lipases (SHARMA et al., 2001). No
entanto, alguns destes substratos podem não ser totalmente adequados para
9
detecção de lipases verdadeiras, tornando-se de extrema importância a verificação da
especificidade da análise de hidrólise por lipases e esterases (KOUKER e JAEGER,
1987).
Entre os fungos, o gênero Penicillium se destaca por abranger muitos
produtores: P. expansum (STOCKLEIN et al., 1993 e DAI et al., 2005), P. citrinum
(MIRANDA et al., 1999), P. chrysogenum (MANUEL et al., 2000), P. aurantiogriseum
(LIMAA et al., 2004), P. verrucosum (PINHEIRO et al., 2008 e MENONCIN et al.,
2010). A maioria das espécies é saprófita e geralmente encontrada no solo, vegetais
em decomposição, sementes e grãos (JESUS et al., 1999). Estes fungos apresentam
como características principais: colônia radialmente sulcada, velutinosa, micélio
branco, conidiogênese moderada de cor verde-acizentada.
Lipases provenientes de distintas fontes microbianas normalmente apresentam
uma ampla faixa de propriedades dependentes da fonte produtora, relacionada ainda
com a especificidade posicional, especificidade ao substrato, termoestabilidade, pH
ótimo entre outros. A temperatura de estabilidade é uma das mais relevantes
características para aplicação industrial dos biocatalisadores, assim os micro-
organismos adaptados, por exemplo, a baixas temperaturas, apresentam potencial
produtivo de lipases psicrófilas. Lipases psicrófilas normalmente possuem grande
flexibilidade de sua estrutura, o que permite sua aplicação em sistemas com baixo
conteúdo de água, diferente comportamento pode ser apresentado pelas enzimas
mesófilas ou termófilas, devido suas propriedades catalíticas (JOSEPH et al., 2008).
3.2 Produção de Lipases por Fermentação em Estado Sólido
Entre as técnicas para o desenvolvimento de vários bioprocessos e produtos,
destaca-se a fermentação em estado sólido (FES) (Tabela 2). A técnica da
fermentação em estado sólido (FES) envolve o crescimento e o metabolismo dos
micro-organismos em sólidos úmidos sem a presença de água livre (MAHADIK et al.,
2002). No entanto, o conteúdo de água necessário para o crescimento encontra-se
absorvido na matriz porosa do substrato, o que favorece a transferência de oxigênio
no meio, pois o micro-organismo permanece em contato direto com uma corrente de
ar (RAGHAVARO et al., 2003).
A maior atenção creditada à FES se deve ao fato de que os rendimentos de
bioprodutos como enzimas, compostos aromáticos, corantes e outros compostos de
10
interesse em alimentos são maiores quando comparados com os rendimentos obtidos
por Fermentação Submersa (FS). As principais vantagens do emprego de FES são:
altas produtividades, melhor circulação de oxigênio, utilização de resíduos
agroindustriais, menores custos na etapa de recuperação e purificação dos
metabólitos obtidos, baixo consumo energético, o crescimento dos micro-organismos é
muito semelhante ao encontrado no seu habitat natural, entre outros (COUTO e
SANROMÁN, 2005). Para que a produção de enzimas seja maximizada é de
fundamental importância levar em consideração o meio fermentativo, este devendo
proporcionar nutrientes necessários a produção da cepa e produção de metábolitos,
além de suprir a energia utilizada para biossíntese de manutenção da célula (SMITS et
al., 1996).
O meio deve ser composto basicamente por fonte de carbono, fonte de
nitrogênio (seja ela orgânica ou inorgânica), sais orgânicos, vitaminas e indutores,
quando necessários para a produção de lipase, visto que existem lipases indutíveis e
constitutivas (ALONSO, 2001). Segundo DALMAU et al., 2000 a presença de
substratos lipídicos (e seus metabólitos, como ácidos graxos) pode estimular a
produção de lipases.
As condições de crescimento da FES aproximam-se do habitat natural de
fungos filamentosos, o que facilita o crescimento deste no substrato sólido e a
produção de grandes quantidades de enzimas. Os resíduos gerados nos processos
agroindustriais podem ser usados como substrato para o crescimento celular. A
matéria orgânica presente neste material é usada como fonte de energia para o
crescimento e o carbono para a síntese de biomassa celular e dos produtos do
metabolismo microbiano (SILVA et al., 2005).
A seleção de um substrato para o processo de FES depende de vários fatores
principalmente relacionados com o custo e disponibilidade. No processo de FES, o
substrato sólido fornece não só os nutrientes à cultura microbiana que se multiplica
nele, mas também serve como suporte para as células. Os substratos que possuem
todos os nutrientes necessários para a reprodução dos micro-organismos devem ser
considerados como substratos ideais. Porém, alguns dos nutrientes podem estar
disponíveis em concentrações menores que as necessárias. Neste caso é necessário
suplementar o meio. Também se pode fazer um pré-tratamento (química ou
mecanicamente) em alguns substratos antes de seu uso na FES, tornando-os mais
facilmente acessíveis para o crescimento do micro-organismo (PANDEY et al., 2000).
11
Geralmente, partículas pequenas de substrato resultam em área superficial
grande para o crescimento microbiano sendo considerado como um fator desejável.
Porém, partículas de substrato muito pequenas podem resultar em aglomeração de
substrato podendo interferir no processo respiratório microbiano e assim resultando
um baixo crescimento. Ao mesmo tempo, partículas maiores resultam eficiência no
processo respiratório (devido a espaços entre partículas), mas geram superfície
limitada para o crescimento microbiano. Assim, torna-se necessário chegar a um
balanço em relação ao tamanho de partícula para o processo em particular (PANDEY
et al., 2000).
Pesquisas para seleção de um substrato adequado têm sido centralizadas
principalmente em culturas tropicais e resíduos de agroindústrias. Estes incluem
culturas como mandioca, soja, batata-doce, batata, sorgo doce, resíduos da cultura
como farelo de trigo, palha de trigo e arroz, casca de soja, milho e arroz, bagaço de
cana-de-açúcar, resíduos de mandioca, da indústria de processamento de café como
polpa, casca, resíduo da indústria do processamento de frutas como polpa ou bagaço
de maçã e uva, resíduos do processamento de maçã e cenoura, resíduos de banana,
torta de coco, amendoim, etc. (PANDEY et al., 2000).
A seleção de um substrato apropriado para a fermentação é um fator crítico
(ELLAIAH et al., 2004). Vários são os substratos utilizados, sendo alguns exemplos
citados na Tabela 2.
A FES apresenta outras características como (SATO e SUDO, 1999; PALMA et
al., 2000; BIANCHI et al., 2001; GERVAIS e MOILN, 2003):
• Redução da umidade do meio é provocada pelo calor gerado durante o
processo de crescimento e metabolismo do micro-organismo devido à elevação
da temperatura;
• O cultivo é geralmente estacionário, devido à dificuldade de agitação do meio.
A agitação pode causar danos às células em alguns casos;
• Podem-se adicionar nutrientes suplementares ao substrato sólido;
• Volume do meio reacional é reduzido, implicando em um menor investimento
capital em biorreatores;
• Altos rendimentos quanto à formação de metabólitos e simplicidade nas etapas
de purificação, pois os produtos estão concentrados nos líquidos da extração;
12
• Os esporos dos micro-organismos podem ser utilizados diretamente na
inoculação, evitando etapas prévias como pré-cultivo que envolve grandes
volumes de meio e tanques para seu desenvolvimento.
Tabela 2 - Substratos naturais e micro-organismos envolvidos na fermentação em
estado sólido para produção de lipases
Substrato Micro-organismo Referência
Torta de babaçu e farelo de mamona
Penicillium verrucosum and Penicillium brevicompactum
SILVA et al., (2011)
Farelo de soja P. verrucosum MENONCIN et.al,(2010)
Farelo de soja Penicillium sp. RIGO et al., (2010 c)
Farelo de soja Penicillium sp. GRIEBELER et al.,(2009)
Farelo de soja Penicillium sp. WOLSKI et al.,(2009)
Farelo de soja P. verrucosum KEMPKA et al.,(2008)
Farelo de soja P.simplicissimum VARGAS et al.,(2008)
Torta de babaçu P.simplicissimum GUTARRA et al.,(2007)
Torta de babaçu P. simplicissimum GUTARRA et al.,(2005)
Torta de babaçu P. simplicissimum CAVALCANTE et al.,(2005)
Torta de soja P. simplicissimum DI LUCCIO et al.,(2002)
Torta de babaçu P. restrictum PALMA et al.,(2000)
Farelo de trigo A.niger NCI1207 MAHADIK et al.,(2002)
Farelo de trigo A.niger MTCC2594 MALA et al.(2007)
Torta de amêndoas R. oligosporus UI-HAQ et al.,(2002)
Bagaço de cana R. homothallicus RODRIGUES et al.,(2006)
Bagaço de cana R. homothallicus DIAZ et al.,(2006)
Casca de arroz C.gloesporioides COLEN et al.,(2006)
Farelo de trigo Y. lipolytica DOMINGUES et al.,(2003)
A FES apresenta ainda superior produtividade e facilidade de recuperação do
produto, porém, a fermentação geralmente é lenta em função da barreira à
transferência de massa gerada. Os processos metabólicos são influenciados pela
mudança de temperatura, de pH, de substrato, umidade, do fornecimento de ar, da
concentração de inóculo, etc., sendo que estes fatores variam extensamente de
espécie para espécie (ELLAIAH et al., 2004).
Outro problema encontrado em FES está na difícil remoção do calor produzido
devido à atividade metabólica microbiana. Isto ocorre devido à dificuldade de
homogeneização do meio reacional, além dos problemas difusionais característicos de
13
processos envolvendo meios sólidos. Assim, o acúmulo de calor no decorrer da
fermentação pode ocasionar a desnaturação dos produtos formados, sendo que o
controle do aquecimento está relacionado com a capacidade de aeração do sistema
(PANDEY e SOCCOL, 2001; SATO e SUDO, 1999; PALMA et al., 2000; GERMANO,
2000; BIANCHI et al., 2001; VON MEIEN e MITCHELL, 2002; MITCHELL et al., 2003).
Em relação ao pH, em geral, a produção máxima de lipase por fungos ocorre
quando o pH atinge valores entre 7,0 e 8,0. No final da fermentação, isto é, após o
esgotamento da fonte de carbono, o pH continua subindo para a faixa alcalina,
provavelmente devido à proteólise que origina aminoácidos que são desaminados,
liberando amônia para o meio fermentativo. Neste estágio, a enzima produzida é
rapidamente desnaturada por proteólise ou pH adverso (CASTILHO et al., 2000).
Em um processo industrial, a temperatura utilizada na fermentação é o fator
limitante da altura do leito. Nos estágios iniciais do processo de fermentação, a
temperatura e a concentração do oxigênio são iguais em todo leito. No entanto, com o
decorrer do processo, surgem problemas na difusão de oxigênio e transferência de
calor, por compactação e encolhimento do leito. O calor e gases gerados nas
biorreações tendem a se acumular no meio, formando gradientes. Este problema é
bastante complexo e pode afetar o controle de dois parâmetros fundamentais como a
temperatura e o conteúdo de água no meio sólido, que por sua vez podem levar a
mudanças nas condições operacionais, prejudicando o andamento do processo
(SANGSURASK e MITCHELL, 1998; RAGHAVARAO et al., 2003; ROBINSON e
NIGAN, 2003; VARGAS, 2008).
O desenvolvimento de equipamentos que proporcionem uma boa transferência
de calor é um fato importante e, em geral, em escala industrial utiliza-se o fermentador
com tambor rotativo, eficiente neste aspecto (CHEN et al., 2005; RAGHAVARAO et al.,
2003).
Há uma importante relação entre a taxa de oxigênio distribuído e o espaço
entre as partículas de substrato. Assim, o aumento da porosidade do leito através do
uso de menor ou um maior número de partículas do substrato é uma forma de facilitar
os processos de transferência durante a fermentação em estado sólido. Outro fator de
extrema importância é a formação do micélio aéreo do fungo no leito do suporte, pois
este possui relação direta com a velocidade de formação da enzima (RAHARDJO et
al., 2005).
14
3.3 Purificação de Enzimas
A purificação de produtos biotecnológicos é fundamental na obtenção de
enzimas com alto grau de pureza, o que é essencial para sua aplicação industrial.
Após a fermentação, a enzima encontra-se no meio contendo uma série de outros
compostos que não são de interesse (MALDONADO, 2006).
É importante enfatizar que o conceito de grau de pureza aceitável varia de
acordo com a aplicabilidade da proteína isolada. A eficácia e a economia do processo
de purificação frequentemente determinam o destino do produto no mercado. Por
exemplo, enzimas utilizadas em detergentes, em síntese orgânica, na indústria têxtil,
de couro, polpa e papel, e alimentos, usualmente não requerem elevados graus de
pureza. Por outro lado, proteínas terapêuticas requerem alto nível de pureza
(MONDAL et al., 2006).
O uso potencial de enzimas para vários propósitos industriais não só estimulou
interesse na redução do custo de produção, como também para protocolos eficientes e
de fácil purificação (BRADOO, et al. 1999). A maioria das aplicações comerciais não
requer preparações de lipase homogêneas; porém, certo grau de pureza possibilita
uso mais eficiente. Além disso, a purificação de enzimas permite a determinação da
sequência primária de aminoácidos e da estrutura tridimensional (SAXENA, et al.
2003).
O principal passo no design de qualquer processo de fermentação é o
desenvolvimento de um método eficiente para o isolamento e purificação do produto
desejado. O processo de downstream deve assegurar que o produto desejado esteja
separado de outras combinações indesejáveis. Além disso, produtos como proteínas,
enzimas, ácidos nucléicos, organelas celulares, antibióticos, etc. requerem que suas
atividades biológicas sejam preservadas no processo de purificação. Muitas
biomoléculas apresentam limites de tolerância estreitos ao pH, temperatura, pressão
osmótica, superfície de contato, etc. Uma das principais etapas é a seleção de uma
técnica de extração e isolamento específica e compatível ao produto (KULA et al.,
1982).
15
3.3.1 Purificação de enzimas por Sistema Aquoso Bifásico
As técnicas convencionais de separação como a precipitação, cristalização e
centrifugação podem não apresentar boa seletividade na separação. Já as separações
de alta resolução como eletroforese, eletrodiálise, operações de afinidade e
cromatografia apresentam seletividades muito altas, o que permite a obtenção de
proteínas altamente purificadas, motivo pelo qual são técnicas bastante empregadas
em laboratórios de pesquisa. No entanto, estas técnicas possuem alto custo de
instalação, manutenção e operação devido à complexa instrumentação requerida,
apresentam difícil scale up e baixos rendimentos, o que torna seu emprego limitado
para produções em larga escala. (FEINS e SIRKAR, 2007; HUANG et al., 2009;
IBÁÑEZ et al., 2007; YUNOS e FIELD, 2008).
Novas tecnologias surgem como alternativas aos processos convencionais
como os processos com membranas, sistemas aquosos bifásicos e imunopurificação.
As indústrias hoje procuram estratégias de purificação mais vantajosas
economicamente, rápidas, com elevados rendimentos e passíveis de ampliação de
escala (SAXENA et al., 2003).
Dentre os processos de separação pode-se destacar a extração líquido-líquido
com Sistemas Aquoso Bifásico (SAB). Nestes a purificação é resultado de uma
partição diferenciada da molécula-alvo e impurezas entre as duas fases líquidas.
Sistemas de duas fases aquosas são formados pela mistura de determinados
polímeros, polieletrólitos, ou ainda, polímeros em combinação com solutos de baixa
massa molar, em uma mesma solução. O elevado teor de água, 75 a 80% em massa,
garante a manutenção das propriedades biológicas das proteínas (PESSOA e
KILIKIAN, 2005).
Em geral, as pesquisas em SAB podem ser divididas em duas áreas. A
elucidação de mecanismos moleculares para o entendimento da partição do soluto no
SAB é o principal foco da maior área de pesquisa e geralmente envolve o uso de
sistemas modelo para estabelecer as regras que poderão predizer o procedimento
desse soluto, enquanto a outra tem como alvo a implementação prática da técnica no
desenvolvimento de processos (RITO-PALOMARES, 2004).
Apesar da simplicidade aparente destes, a partição de combinações nestes
sistemas é muito complexa devido aos vários fatores envolvidos. Na realidade, a
interação de uma combinação com cada uma das fases, inclui pontes de hidrogênio e
16
interações hidrofóbicas. Porém, a complexidade destes sistemas é maior porque estes
fatores não são completamente independentes um do outro (MARCOS et al., 2002).
Acima das concentrações críticas destes componentes, ocorre a separação
espontânea de fases, cuja composição dependerá das interações intermoleculares –
expressas em termos da energia livre – entre os constituintes formadores do sistema
(XU et al., 2003; SILVA e LOH, 2006).
Os SAB resultam da incompatibilidade de dois polímeros em soluções, embora
a variedade de SAB seja grande, os mais aplicados à extração liquido-liquido são os
constituídos de polietilenoglicol (PEG)/dextrana e polietilenoglicol (PEG)/sal (fosfato,
sulfato, citrato). A incompatibilidade ocorre em função da concentração desses
compostos, quando comparados com sistemas tradicionais compostos com solventes
orgânicos. Os sistemas PEG/Sal têm sido usados para extração de enzimas em larga
escala por apresentarem baixo custo, elevada seletividade das proteínas, tempo de
separação de fases, possibilidade de esterilização, atoxicidade e faixa de aplicação.
Outra vantagem dos SAB é a possibilidade de reciclagem dos seus componentes
(ZUNIGA et al., 2003).
A partição depende principalmente das propriedades físico-químicas das
proteínas, tais como ponto isoelétrico, superfície de hidrofobicidade, massa molar, e
outras variáveis do meio como massa molar do polímero, pH, o tipo de sal adicionado
e sua concentração. Conhecendo e controlando estes fatores é possível separar e
recuperar seletivamente uma proteína (TUBIO et al., 2004). Diversas vantagens deste
sistema são relatadas, incluindo baixo custo, boa reprodutibilidade, fácil
escalonamento e reciclagem das fases (CAVALCANTI et al., 2006). Atualmente, os
SAB são aplicados mais eficientemente em etapas iniciais dos processos de
purificação, mas em alguns casos raros podem até mesmo substituir os clássicos
sistemas cromatográficos (SILVA e LOH, 2006).
As composições dos sistemas de duas fases são representadas por diagramas
triangulares ou retangulares que expressam a concentração dos componentes do
sistema (polímeros, sais e solventes) (LIMA, 2002). A Figura 1 exemplifica um
diagrama de fases.
17
Fonte: SILVA et al., 2006.
Figura 1 - Diagrama de fase de um SAB formado por um polímero e um sal, expresso
em coordenadas retangulares
Neste diagrama encontramos várias informações, por exemplo, podemos
verificar em quais composições globais o sistema é monofásico ou bifásico, sendo
estas duas regiões demarcadas por uma linha denominada binodal. Também são
representadas as linhas de amarração, que são as retas que ligam pontos no
diagrama que representam a composição das duas fases em equilíbrio. Qualquer
conjunto de pontos que pertençam à região bifásica e que estejam sobre a mesma
linha de amarração fornecerá fases superiores que possuirão propriedades
termodinâmicas intensivas iguais (densidade, volume molar, entalpia molar),
entretanto, sendo distintas as suas variáveis termodinâmicas extensivas (massa,
volume, etc.). Aplica-se o mesmo raciocínio para as fases inferiores formadas a partir
de composições globais localizadas sobre uma mesma linha de amarração (SILVA e
LOH, 2006).
Em geral, a distribuição de proteínas entre as duas fases aquosas dos SAB é
caracterizada por um parâmetro denominado coeficiente de partição, Kpart
adimensional e é dado pela equação 1:
fundo
topo
partC
CK = (Equação 1)
18
em que CTopo é a concentração do soluto na fase de topo (g/L) e CFundo a
concentração do soluto na fase de fundo (g/L) (PESSOA e KILIKIAN, 2005).
O valor de Kpart é frequentemente utilizado para avaliação da extensão das
separações nos sistemas de duas fases aquosas. Coeficientes de partição
significativamente distintos para a molécula de interesse e para as demais moléculas
indicam a ocorrência de purificação. Este depende de uma série de fatores como
massa molecular do polímero, presença de eletrólitos, temperatura, tamanho de
proteína e concentração das substâncias formadoras do sistema (SILVA, 2000).
Ainda que o valor de Kpart da molécula-alvo seja elevado, assim como a razão
entre valores de Kpart (molécula-alvo e contaminantes), a viabilidade da aplicação da
extração em SAB requer rendimentos elevados da molécula desejada em uma dada
fase do sistema (KILIKIAN e PESSOA, 2005). Duas proteínas podem ser separadas
de uma mistura inicial mediante a sua partição em ambas as fases com valores
diferentes de Kpart. Quanto maior ou menor que 1 for o coeficiente de partição, mais o
componente tenderá a se concentrar na fase superior ou na fase inferior,
respectivamente (CHUMPITAZ, 2002).
O Kpart é uma variável que mede a eficiência do processo de separação da
substância de interesse, pois mostra a sua distribuição nas duas fases aquosas. Pode
ser calculado tanto para a substância de interesse como para os contaminantes ou
proteínas totais presentes na amostra, podendo-se comparar esses valores. O que se
deseja é que os dois coeficientes tenham uma ordem de grandeza bem distinta entre
si. Como os sistemas em duas fases aquosas são aplicados aos processos de
separação em biotecnologia, geralmente as substâncias de interesse são produtos
biotecnológicos, principalmente proteínas e enzimas, às quais normalmente o Kpart
está associado (MINAMI, 1997).
Devido à alta demanda por métodos de extração e purificação de biomoléculas
(proteínas, enzimas, células, etc) que sejam eficientes e economicamente viáveis
torna-se necessário a determinação de combinações de compostos para formação das
fases que venham a reduzir seu custo, bem como uma maior compreensão dos
fatores que determinam sua formação e a partição de solutos específicos.
Na Tabela 3 são apresentados alguns sistemas utilizados para a purificação de
enzimas por SAB encontrados na literatura.
19
Tabela 3 - Sistemas Aquosos Bifásicos utilizados para a purificação de enzimas
Autor/Ano Enzima Componentes do SAB
MINAMI et al. (1998) Glucoamilase de Aspergillus
awamori PEG/fosfato de potássio
BRADOO et al. (1999) Lipase de Bacillus
stearothermophilus SB-1 PEG/fostato
MAYETHOFF et al. (2004)
Xilose redutase de Cândida mogii PEG/fosfato
CAVALCANTI et al. (2006)
Α-toxina de Clostridium
perfringens tipo A PEG/fosfato
BEZERRA et al. (2006) Amilase de Bacillus subtilis PEG/fosfato
SANTOS et al. (2007) Lipase de Trichosporon ssp PEG/sais de fosfato
PORTO et al. (2008) Proteases de Clostridium
perfringens
PEG/citrato de sódio
MARCOS et al. (2002) Penicilina acilase de Escherichia
coli PEG/citrato de sódio
A temperatura é um fator importante na separação de proteínas. O efeito desta
é diferente para cada sistema, dependendo do tipo de polímeros utilizados
(SARAVANAN et al., 2008). Relatos indicam que com o aumento da temperatura
aumenta a estrutura do PEG, que se torna mais alongada e, consequentemente,
diminui sua afinidade com a proteína, diminuindo assim o coeficiente de partição e
consequentemente o rendimento também diminui (NUCCI et al., 2001). Um aumento
na temperatura causará um aumento na concentração do polímero na fase superior e
uma diminuição na fase inferior (MISHIMA et al.,1995).
A afinidade da proteína está relacionada com a área superficial hidrofóbica da
proteína exposta ao solvente e massa molecular dos polímeros (NUCCI et al., 2001).
Segundo o autor são necessárias menores concentrações de soluções para a
formação de fases com PEG de maior massa molecular, sendo que o pH não
apresenta efeito significativo no deslocamento das curvas binodais e consequente
formação das fases.
As lipases têm sido purificadas por diferentes processos que envolvem o uso
de um ou mais métodos como: precipitação, filtração em gel, cromatografia de troca
iônica, cromatografia por afinidade, micelas reversas, separação por membrana,
imunopurificação e sistemas bifásicos (SAXENA et al., 2003).
Na extração pelo sistema aquoso bifásico ao particionar a proteína específica
para uma fase e contaminantes da proteína para outra em condições apropriadas, isto
20
resulta na extração, purificação e concentração do bioproduto alvo (NANDINI e
RASTOGI, 2009). Devido a essa complexidade, os estudos de purificação em SAB
são na sua maioria empíricos. As melhores condições são geralmente atingidas pela
variação sistemática de vários fatores tais como massa molecular do polímero,
concentração de sal e pH (MARCOS et al., 2002).
A escolha do sal utilizado tem impacto direto na separação, concentração e
purificação, devido à sua influência na formação do sistema reacional (NANDINI e
RASTOGI, 2009). Sistemas formados com fosfato de potássio são considerados mais
adequados para C-ficocianina (ANTELO et al., 2010), lipase (BRADOO et al, 1999;
GULATI et al., 2000)
Entre os trabalhos que relatam a purificação de lipases por sistema aquosos
bifásico podemos citar NANDINI e RASTOGI (2009) utilizando PEG 6000, fosfato de
sódio pH 9,0 para a purificação de lipase de Aspergillus niger produzido por
fermentação em estado sólido utilizando farelo de arroz como substrato, encontrando
fator de purificação de 2,25. Este aumentou para 3,59 quando se utilizou extração em
multi-estágios. BASSANI et al. (2010) purificou lipase de Candida rugosa utilizando
SAB formado por PEG 2000 e tampão fosfato de potássio e obteve fator de purificação
de 2,3 vezes. Os mesmos autores (BASSANI et al., 2007) obtiveram fator de
purificação de 3,4 vezes na purificação de lipase de pâncreas de porco utilizando PEG
2000, tampão fosfato de potássio e acrescentando 3% de NaCl ao sistema.
Duas lipases de Bacillus stearothermophilus SB-1 foram purificadas por
BRADOO et al., (1999) o qual obteve fator de purificação de 5,27 vezes para a lipase
ácida em pH 4,0 e fator de purificação de 15,2 vezes para lipase neutra em pH 6,0
ambas na fase de fundo. Lipase de Aspergillus terreus foi purificada por GULATI et al.
(2000) utilizando PEG 6000 e solução tampão fosfato em duas etapas obtendo fator
de purificação de 12 vezes.
Sistema aquoso bifásico formado por PEG 8000 e fosfato de potássio e sódio
foi utilizado por CAVALCANTI et al. (2006) para a purificação de α-toxina produzida
por Clostridium perfringens obtendo fator de purificação de 4,6 vezes. Para a
purificação de glucoamilase MINAMI et al. (1998) utilizaram a purificação por sistema
aquoso bifásico em duas etapas primeiramente utilizando PEG 4000 e então PEG
1500 com tampão fosfato de potássio obtendo aumento na purificação de 3 vezes.
MAYERHOFF et al. (2004) purificou xilose redutase de Candida mogii em sistema
aquoso bifásico composto de PEG 1000 e tampão fosfato potássio e sódio pH 6,5 com
acréscimo de NaCl e obteve fator de purificação de 1,89 vezes.
21
Outro sistema com potencial de aplicação devido à fácil separação e
recuperação da enzima, porém pouco explorado é a purificação por sistema aquoso
bifásico formado por álcool-sal. OOI et al. (2009) estudaram diferentes sistemas
álcool-sal para a purificação de lipase de Burkholderia pseudomallei obtendo para
sistema formado por 16% de 2-propanol, 16% de fosfato de potássio e 4,5% de NaCl
um rendimento de 99% e fator de purificação de 13,5, por se tratar de uma lipase
tolerante a solventes, a atividade enzimática não foi afetada.
3.3.2 Purificação de enzimas por ultrafiltração
De maneira geral uma membrana pode ser definida como uma barreira que
separa e restringe, total ou parcialmente, o transporte de uma ou de várias espécies
químicas presentes nas fases (PESSOA e KILIKIAN, 2005). As moléculas de
solventes e solutos de menor tamanho que os poros permeiam através dos poros da
membrana, enquanto outras moléculas ou partículas de tamanho maior são retidas
(RODRIGUES et al., 2003).
Dentre as vantagens apresentadas pela separação por membranas as
principais são o baixo consumo energético, não requer aditivos químicos, utilização de
sistemas compactos e de fácil escalonamento, e ainda apresenta a possibilidade de
emprego em sistemas contínuos, podendo ser combinado com outros processos de
separação (MERÇON et al., 2000).
A tecnologia de membranas tem se desenvolvido bastante nas últimas décadas
e suas aplicações têm se expandido em vários setores industriais: químico,
petroquímico, mineral e metalúrgico, farmacêutico, alimentício, tratamento de águas
residuárias etc. A separação por membrana compete com métodos físicos de
separação, como a adsorção seletiva, absorção, extração por solventes, destilação,
cristalização e outras técnicas (MOURA et al., 2007).
Os processos da tecnologia de membrana mais utilizados na separação de
bioprodutos são a osmose inversa (OI), ultrafiltração (UF), microfiltração (MF) e diálise
(D). As vantagens envolvem a facilidade no escalonamento dos equipamentos,
elevada estabilidade, o processo ocorre em temperaturas moderadas, o estresse
químico e físico pode ser minimizado, além de permitir que a concentração e a
purificação possam ser obtidas em uma única etapa (SAKSENA e ZYDNEY, 1994). Os
principais atrativos para estes processos são o baixo consumo de energia, a redução
22
no número de etapas em um processamento, a maior eficiência na separação e a
maior qualidade do produto final (PETRUS, 1997).
De um modo geral, as membranas podem ser classificadas em duas
categorias: densas e porosas. Tanto as membranas densas quanto as porosas podem
ser isotrópicas ou anisotrópicas, ou seja, podem ou não apresentar as mesmas
características morfológicas ao longo de sua espessura. As membranas anisotrópicas
se caracterizam por uma região superior muito fina, mais fechada (com poros ou não)
chamada de “pele”, suportada em uma estrutura porosa. Quando ambas as regiões
são constituídas por um único material, a membrana é do tipo anisotrópica integral.
Caso materiais diferentes sejam empregados, a membrana será anisotrópica
composta (MULDER, 2000).
As membranas sintéticas comerciais, em sua grande maioria, são preparadas a
partir de materiais poliméricos com características químicas e físicas variadas. Alguns
dos principais materiais poliméricos utilizados no preparo de membranas são: acetato
de celulose, polisulfona, polietersulfona, poliacrilonitrila, polieteramida e policarbonato
(HABERT, 2006).
De um modo geral, as propriedades mais desejáveis para as membranas são a
permeabilidade, seletividade, resistência mecânica, estabilidade térmica e resistência
química. Em alguns casos, a escolha do material que compõe a membrana afeta os
fluxos e rejeição, devido à adsorção de solutos presentes na alimentação, como por
exemplo, proteínas que podem ser adsorvidas em membranas preparadas com
materiais hidrofóbicos (MULDER, 2000).
SAXENA et al. (2009) relata que polietersulfona (PES) tem-se tornado um
material padrão entre os fabricantes de membranas por ser um material viável e
disponível em quantidades ilimitadas. A PES é empregada em aplicações biológicas
como permeação seletiva, recuperação e purificação de proteínas, isolamento de
proteínas de soja, tendo uma vasta aplicação na indústria alimentícia.
Além de suas aplicações em separação e purificação de produtos, os
processos de separação por membranas também vem sendo adotados com o objetivo
de melhorar a eficiência dos processos bioquímicos, seja pela esterilização continua
do meio de cultura e do ar de alimentação, seja pela remoção contínua dos produtos.
A grande vantagem dessa nova concepção é que a reação e a separação ocorrem
simultaneamente e, se possível em um mesmo equipamento. Além disso, as células
ou os biocatalisadores são mantidos no sistema, o que pode ser conseguido com o
23
uso de uma membrana capaz de retê-los ou pela imobilização destes na estrutura da
membrana (CHARCOSSERT, 2006).
Os processos de ultrafiltração e microfiltração são geralmente usados para
recuperação de macromoléculas e para retenção de coloides suspensos e partículas
integrando os processos de upstream e downstream. Um grande campo de aplicações
para ultrafiltração e microfiltração é reportado como a concentração de proteínas,
clarificação de suspensão de células, esterilização de líquidos pela remoção de vírus e
bactérias (CHARCOSSET, 2006).
Muitos processos comerciais de separação com membrana envolvem a
filtração de soluções biológicas que contêm proteínas, peptídeos, aminoácidos, sais e
outras combinações de ácidos orgânicos, açúcares, vitaminas. Pode-se citar como
exemplos a concentração de proteínas de soro na produção de uma variedade de
produtos de laticínios, clarificação de vinhos ou a purificação de soluções em
biotecnologia (DARNON et al., 2003).
A utilização de processos com membranas é vista como uma alternativa na
purificação de proteinas pois pode-se obter uma elevada purificação e produtividade
ao mesmo tempo (ZULKALI et al., 2005). A estrutura das membranas (como, por
exemplo, o tamanho do poro e a distribuição do tamanho do poro) e a natureza física e
química desta podem afetar diretamente a separação (Tabela 4) (SAXENA, 2009).
Os processos de ultrafiltração são os processos com membranas mais
amplamente utilizados quando se deseja purificar e fracionar soluções contendo
macromoléculas. Como os poros das membranas de ultrafiltração são menores que os
das membranas de microfiltração, é necessária uma maior força motriz (diferença de
pressão) para se obter os fluxos de permeados elevados o suficiente para que o
processo possa ser utilizado industrialmente (OLIVEIRA, 2000). A filtração
convencional (dead–end) é usada na separação de partículas suspensas imiscíveis
maiores que 10 µm. Estes processos utilizam o modo de operação frontal, ou seja, o
fluido escoa perpendicularmente ao filtro. No caso de uma solução sendo processada
em modo frontal, materiais em suspensão são retidos, acumulando-se na superfície do
filtro. Trata-se de um processo essencialmente transiente, uma vez que a
concentração de sólidos próximos ao filtro aumenta com o tempo. Isto gera um
problema: à medida que o processo evolui, os sólidos retidos formam uma camada
espessa ou “torta”, tornando o processo bastante lento (DZIEZAK, 1990).
Além da operação clássica frontal, os processos com membrana podem ser
operados em escoamento tangencial. A filtração tangencial ocorre tangencialmente à
24
membrana e, neste processo, é mantida a mistura fluida circulando paralelamente a
esta superfície permeável e sujeita a diferenças de pressão transmembrana. Neste
caso, os processos de transferência são extremamente complexos, requerendo um
conhecimento, em particular, das características físicas e químicas da solução de
alimentação, da vazão, do regime de escoamento e de propriedades da membrana
permeável e camada de polarização (QUEIROS, 2004).
Tabela 4 - Aplicação das diferentes membranas na separação de vários compostos
Compostos Massa molar
(Da)
Tamanho
(nm)
Compostos retidos
OR UF MF D
Leveduras e Fungos 103 – 104 X
Bactérias 300 – 104 - X X
Colóides 100 – 103 X X X
Vírus 30 – 300 X X X
Proteínas 104 - 106 2 – 10 X X
Polissacarídeos 104 - 106 2 – 10 X X
Enzimas 104 - 106 2 – 5 - X X
Antibióticos 300 – 103 0,6 – 1,2 - -
Açucares simples 200 – 400 0,8 – 1,0 X
Ácidos orgânicos 100 – 500 0,4 – 0,8 X
Ácidos inorgânicos 10 – 100 0,2 – 0,4 X
Fonte: Zuniga, 2003. OR = Osmose Reversa. UF = Ultrafiltração. MF = Microfiltração. D = Diálise.
Durante uma separação real em processos movidos pela pressão, o
desempenho da membrana pode variar expressivamente com o tempo, sendo que
frequentemente se observa um decréscimo do fluxo com o tempo (HABERT et al.,
2006).
O declínio do fluxo pode ser causado por diversos fatores, como o fenômeno
da polarização de concentração, adsorção de solutos, formação da camada gel e
entupimento dos poros. Todos esses fatores induzem a resistências adicionais ao
transporte através da membrana. A extensão desse fenômeno é fortemente
dependente do tipo de processo com membrana e da solução de alimentação
empregada. A escolha do material é baseada em muitos casos na prevenção do
fouling e na facilidade de limpeza da membrana durante o uso (MULDER, 2000).
O fouling se caracteriza por fenômenos que envolvem adsorção ou interação
dos solutos da corrente de alimentação com a membrana, resultando na diminuição do
fluxo. Os fenômenos envolvidos no fouling são irreversíveis e não são dependentes do
25
tempo. O fouling pode ser influenciado por três fatores principais, ou pela interação
entre eles: as propriedades do material constituinte da membrana, as propriedades do
soluto e os parâmetros operacionais (BASSETTI et al., 2003; JAMES et al., 2003;
CHERYAN, 1998). Estes problemas se agravam na ultrafiltração, devido aos altos
fluxos e baixos coeficientes de transferência de massa (MULDER, 2000).
A polarização de concentração leva à formação de uma camada mais
concentrada em soluto próxima à superfície da membrana. Quando se processam
soluções de proteínas, a concentração na superfície da membrana pode atingir valores
que levam à formação de um gel protéico, que por sua vez, pode atuar como uma
membrana secundária (GAO et al., 2001; E-COLLEN e LENCKI, 1999).
A formação da camada gel ocorre quando a concentração de partículas junto à
superfície filtrante atinge um determinado valor, não variando mais. Ocorre então uma
precipitação de macromoléculas sobre a membrana, formando a camada gel. Esta
camada perturba o funcionamento hidrodinâmico do sistema pelo aparecimento de
uma resistência suplementar e de novas características de permeação (JULIANO,
2000).
Alguns estudos sugerem que é possível controlar o desempenho do
fracionamento de proteínas através de membranas, ajustando-se o pH e a força iônica
do meio (IBÁÑEZ et al., 2007, CHARCOSSET, 2006; ZULKALI et al., 2005; VAN REIS
et al., 1997), que vão afetar as interações soluto-soluto e soluto-membrana. Outros
trabalhos mostram o potencial da utilização de membranas carregadas (SAXENA e
SHAHI, 2007; MEHTA e ZYDNEY, 2006), além da adição de outras proteínas ao meio
como forma de aumentar a seletividade da separação (FILIPE e GHOSH, 2005;
KANANI et al., 2004).
Estudos referenciam o uso de membranas de ultrafiltração em sistema capilar
para purificação de lipase de Pseudomonas fluorescens, de poliacrilonitrila (PAN) e
polisulfona (OS) (SAXENA et al., 2003). A purificação de lipase de Pseudomonas
fluorescens segundo MAKHOUM et al. (1995) pode ser realizada por três etapas,
iniciando com a ultrafiltração, a precipitação com sulfato de amônio e finalmente com a
cromatografia de interação hidrofóbica (HIC).
A ultrafiltração foi empregada na etapa inicial da purificação da lipase de
Clostridium tetanomorphum (PETERSEN e DANIEL, 2006), de Pseudomonas
fluorescens HU380 (KOJIMA e SHIMIZU, 2003), bem como a de Bacillus sp. RSJ-1
aumentando o fator de purificação de 1,0 para 4,2 quando comparado ao caldo bruto
(SHARMA et al., 2002).
26
A lipase extracelular de Yarrowia lipolytica foi submetida à centrifugação e
clarificação por microfiltração (0,2 µm), seguida de concentração por ultrafiltração
(10 kDa). A integridade da enzima foi mantida durante o procedimento de
recuperação. Desta forma, a maior vantagem da aplicação deste processo foi a
redução no volume de trabalho, contribuindo para a purificação parcial da enzima.
(FINKERS et al., 2006).
3.4. Considerações Finais
A purificação de proteínas consiste em um dos desafios da área de
bioprocessos. O grau de pureza requerido para enzimas está diretamente relacionado
com a aplicação na qual estas serão empregadas. Os Sistemas Aquosos Bifásicos
(SAB) vêm sendo amplamente estudados na purificação de diversas proteínas, assim
como o processo de separação por membranas.
Com isso faz-se necessário o estudo mais detalhado a fim de determinar as
variáveis e seus importantes efeitos nesses sistemas para obtenção de altos valores
para o fator de purificação da enzima, sem prejuízo do rendimento que favoreçam
suas possíveis utilizações nos processos industriais e de síntese.
27
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Micro-organismo
O micro-organismo, fungo 74, utilizado neste estudo foi selecionado a partir do
trabalho de screening desenvolvido pelo grupo durante a realização do doutorado
(RIGO et al., 2010 b) por apresentar atividade hidrolítica e capacidade de síntese de
ésteres (Apêndice III).
Este micro-organismo foi isolado previamente a partir de amostras de requeijão
deteriorado (GRIEBELER et al., 2009) e identificado o gênero por técnica de
microcultivo..
Para o desenvolvimento desta técnica cortou-se quadrados de ágar (PDA) de
aproximadamente 5 mm2 os quais foram transportados com alça de platina para cima
das lâminas, suportadas pelo bastão em “U” que estava dentro da placa de Petri.
Posteriormente, inoculou-se o fungo em PDA, já isolado, que foi coberto com a
lamínula. Adicionou-se 5 mL de água estéril na placa que foi incubada em estufa a 25
°C por 6 dias. Após o crescimento, as faces da lâmina e lamínula em contato com os
fungos foram montadas separadamente complementando com outra lâmina e outra
lamínula, utilizando lactofenol azul de algodão como corante. Retirou-se o ar existente
na lâmina, através de fricção, e, posteriormente lacrou-se com esmalte incolor
(RIBEIRO e SOARES, 1998). O fungo foi então identificado pela observação
microscópica, seguindo a chave de identificação de gêneros de BARNETT e HUNTER
(1986).
A propagação de esporos foi realizada em meio Ágar Dextrose Batata (BDA)
por um período de 7 dias a 27 ºC (VARGAS et al., 2008). Os esporos foram recolhidos
adicionando-se 10 mL de solução Tween 80 0,1% (v/v) e cacos de porcelana estéreis
ao Erlenmeyer. A concentração de esporos da suspensão resultante foi padronizada
para se obter a concentração desejada no meio de cultivo.
4.2 Fermentação em Estado Sólido
O substrato utilizado em todos os experimentos de fermentação em meio sólido
foi constituído de farelo de soja. A fermentação foi realizada em béqueres de
28
polipropileno de 500 mL, contendo 10 g de farelo (Tyler 9-16) (base seca), tampados
com manta acrílica. A umidade do meio foi corrigida para 55%. Os béqueres foram
autoclavados (121 ºC, 30 min), resfriados e inoculados com a suspensão de esporos
previamente diluída de forma a se obter 4 x 108 esporos/g de farelo seco (PINHEIRO,
et al., 2008). Os béqueres foram incubados a 27 ºC por 48 h. Figura 2 apresenta os
béqueres utilizados para a fermentação em estado sólido.
Figura 2 - Béqueres utilizados para a FES.
4.3 Preparo das Amostras
Após a fermentação, as amostras foram maceradas e a enzima extraída com
45 mL de tampão fosfato de sódio 100 mM pH 7,0, incubando-as a 37 ºC, 150 rpm por
30 min. Após a filtração em filtro de nylon, o sobrenadante foi utilizado para os ensaios
de purificação, dosagens de atividade hidrolítica e de transesterificação e do teor de
proteína total (VARGAS et al., 2008).
4.4 Massa Molar do Polietilenoglicol (PEG)
Para o processo de purificação da lipase no sistema PEG/fosfato potássio
foram selecionadas massa molares de polietilenoglicol 1500, 4000, 6000, 8000 e
10000 Da, com base nos trabalhos de MINAMI (1997) e BRANDOO et al. (1999).
29
4.5 Determinação da Curva Binodal
As curvas binodais para os SAB foram determinadas segundo metodologia
descrita por MINAMI (1997), para os sistemas compostos de fosfato de potássio e
PEG de massas molares de 8000 e 10000 Daltons em pH 6, 7 e 8. Estas estão
dispostas no Apêndice I. Para os SAB formados com PEG de massas molares 1500,
4000 e 6000 em pH 6, 7 e 8 utilizaram-se as curvas binodias publicadas por MINAMI
(1997).
4.6 Preparação do Sistema Aquoso Bifásico
O sistema aquoso bifásico formado por PEG/fosfato de potássio foi preparado
em tubos de centrífuga graduados através de pesagem de quantidades apropriadas de
PEG, tampão fosfato de potássio (30% e 40% m/m KH2PO4/K2HPO4) em pH de acordo
com os valores a serem estudados e água deionizada, de acordo com os limites de
concentração de PEG e fosfato de potássio definidos com base no diagrama de fases
determinado para cada massa molar do polímero (MINAMI, 1997). O conteúdo destes
tubos foi homogeneizado mecanicamente em vórtex para completa dissolução do
polímero, e o sistema foi mantido em banho de gelo. Após a formação de duas fases,
adicionou-se 8 g do extrato enzimático, com pH ajustado ao do sistema, para
completar a massa total de 40 g em todos os sistemas, levando-se imediatamente à
agitação em vórtex para a homogeneização final. O sistema foi centrifugado a 4 ºC
durante 10 minutos a 4700 x g (ANTELO et al., 2010) e mantido em repouso em banho
de gelo a fim de atingir o equilíbrio das fases.
As fases de topo e de fundo foram separadas tomando-se o cuidado de não
perturbar o equilíbrio, sendo então medidos os volumes de cada fase (ANTELO et al.,
2010). Foi retirada uma alíquota de cada fase para a determinação da atividade
enzimática e quantidade de proteína total. Um ensaio controle foi realizado sem a
adição da enzima para verificar se havia interferência dos componentes do sistema
nas dosagens analíticas. A Figura 3 mostra o esquema da purificação da lipase pelo
sistema aquoso bifásico (ANTELO, 2007).
30
Fonte: Antelo, 2007
Figura 3 - Esquema da Purificação da lipase pelo Sistema Aquoso Bifásico
4.7 Screening de diferentes condições de PEG/fosfato de potássio no Sistema
Aquoso Bifásico para a purificação da lipase
Para a realização dos ensaios de purificação nas diferentes massas molares de
PEG (1500, 4000, 6000, 8000 e 10000) e valores de pH (6,0, 7,0 e 8,0) foram
selecionados pontos na região bifásica das curvas binodais em diferentes
concentrações do polímero e de fosfato de potássio. Os ensaios foram realizados em
triplicata com realização de análises também em triplicatas. Análise de variância
seguindo Teste de Tukey, foi aplicado para determinar a melhor condição em cada um
dos sistemas. Como respostas foram obtidos o fator de purificação, recuperação da
lipase, coeficiente de partição (Kpart), razão de volumes do sistema e atividade da
enzima, conforme definições a partir do item 4.13.
4.8 Estratégia para a maximização da purificação por Sistema Aquoso Bifásico
O estudo do efeito do percentual do polietilenoglicol, do fosfato de potássio e
do cloreto de sódio sobre o fator de purificação e a recuperação de lipase foi estudado
através de um delineamento composto central rotacional (DCCR) 23 para verificação
dos efeitos principais e as interações entre as variáveis, com triplicata do ponto central
para PEG de massa molar 6000 e fosfato de potássio pH 8,0.
A Tabela 5 apresenta os valores dos níveis codificados usados no
planejamento para a maximização da purificação da lipase.
31
Tabela 5 - Variáveis e níveis estudados no planejamento para maximização das
condições de purificação
Variáveis/Níveis % PEG % de fosfato de potássio
% NaCl
-1,68 13,3 6,6 0
-1 16 8 1,2
0 20 10 3
1 24 12 4,8
1,68 26,7 13,4 6
4.9 Ultrafiltração
Para a realização dos ensaios de ultrafiltração foi utilizada uma unidade de
bancada tipo “dead-end”, confeccionada em polipropileno e acrílico, de volume útil de
200 mL, agitada por barra magnética suspensa a 5 mm da superfície da membrana,
posicionada centralmente na célula, a fim de minimizar a polarização de concentração
na superfície da membrana. A célula foi pressurizada com nitrogênio gasoso,
controlado por um regulador de pressão e monitorado por um indicador de pressão
conectado a uma das entradas da célula.
Todos os ensaios experimentais foram realizados utilizando 1,5 bar e 5°C para
evitar a perda da atividade enzimática, utilizando membrana de polisulfona de 47 mm
com massa molecular de corte de 30 kDa e 60 kDa (Osmonics,1114893 e 1156432,
respectivamente).
Foram analisadas a atividade de hidrólise e proteína total das amostras da
alimentação, retido e permeado, conforme descrito nos itens 4.17 e 4.20. Os volumes
de cada fração também foram registrados para o cálculo de balanço de massa. Um
diagrama esquemático da célula é apresentado na Figura 4.
32
Figura 4 - Modelo do sistema de UF
4.10 Efeito da força iônica na ultrafiltração
O efeito da interação soluto-soluto e soluto-membrana foi avaliado por meio da
modificação da força iônica do extrato enzimático. Esta modificação foi realizada por
meio da adição de NaCl ao extrato enzimático bruto em diferentes concentrações:
0,02 mol/L, 0,04 mol/L, 0,09 mol/L e 0,2 mol/L ( BRADOO et al. (1999)).
4.11 Combinação do Sistema Aquoso Bifásico e Ultrafiltração para a Purificação
da Lipase
Após preparo do sistema aquoso bifásicos nas condições de 20% PEG, 5,8%
fosfato de potássio e 0% de NaCl, 11,6% PEG, 10% fosfato de potássio e 1,2% de
NaCl e 16% de PEG, 8% fosfato de potássio e 4,8% NaCl de acordo com resultados
obtidos na etapa de maximização da purificação, 40 mL da fase de topo foram
submetidas a ultrafiltração, utilizando membrana de polisulfona de 47 mm com massa
molar de corte de 30 kDa, em 1,5 bar e 5 °C.
Foram analisadas as atividades de hidrólise, de transesterificação e proteína
total conforme descrito nos itens 4.17, 4.18 e 4.20 das amostras da alimentação, retido
e permeado. Os volumes de cada fração também foram registrados para os de
balanços de massa.
N2
Alimenta ção N2
Alimenta ção
Permeado
Retido
33
4.13 Fator de Purificação (FP)
O fator de purificação FP obtido para a enzima foi calculado pela Equação 2.
(Equação 2)
Onde:
Aesp. purificada é a atividade específica da lipase purificada (U/mg de proteina).
Aesp. bruta é a atividade específica de lipase bruta (U/mg de proteina).
4.14 Recuperação da lipase (RP)
A recuperação da lipase RP (%) foi calculada pela Equação 3.
(Equação 3)
Onde:
A1 é a atividade enzimática da lipase na fração considerada (U/mL);
Aextrato inicial é a atividade enzimática lipase no extrato inicial (U/mL);
V1 é o volume da fração considerada em mL;
Vinicial é o volume inicial do extrato adicionado em mL;
4.15 Coeficiente de Partição (Kpart)
O coeficiente de partição Kpart para a purificação de lipase por sistema aquoso
bifásico foi calculado pela Equação 4 (PESSOA e KILIKIAN, 2005).
(Equação 4)
Onde:
AF topo é a atividade enzimática de lipase na fase de topo, em U/mL, após o
processo de purificação;
AF fundo é a atividade enzimática de lipase na fase de fundo, em U/mL, após o
processo de purificação.
fundoF
topoF
A
AKpart =
brutoesp
purificadoesp
A
AFP
.
.=
( )[ ]
[ ]100
*
*% 11 ∗=
inicialinicialextrato VA
VARP
34
4.16 Razão de Volumes do Sistema (Vr)
A razão de volume Vr do sistema foi determinada pela Equação 5 (OLIVEIRA
et al., 2004).
(Equação 5)
Onde:
Vtopo é o volume da fase de topo, em mL, após o processo de purificação;
Vfundo é o volume da fase de fundo, em mL, após o processo de purificação.
4.17 Retenção da Ultrafiltração (%R)
A retenção da membrana de ultrafiltração foi calculada em termos de proteína e
de atividade utilizando a Equação 6.
Onde:
Cp é a concentração do componente no permeado
Ca é a concentração do componente na alimentação.
4.18 Medida da Atividade de Hidrólise
A atividade de hidrólise foi determinada por método espectrofotométrico a partir
da reação de hidrólise do p-nitrofenil laurato catalisada pela lipase com a formação do
produto cromóforo p-nitrofenol. A reação foi iniciada pela adição de 50 µL de solução
enzimática a 0,25 mL do substrato p-nitrofenil laurato 25 mmol/L em acetonitrila:
DMSO (1:1) e 2,2 mL de tampão fosfato de sódio 25 mmol/L pH 7, a 30 ºC. A reação
foi acompanhada em espectrofotômetro em modo cinética em 410 nm por 1 min. Uma
unidade de atividade foi definida como a quantidade de enzima necessária para formar
1,0 µmol de p-nitrofenol por minuto nas condições de ensaio (GODOY et al.,2009) . A
atividade de hidrólise foi calculada conforme equação 7
fundo
topo
V
VVr =
−= 100*1%
Ca
CpR (Equação 6)
35
(Equação 7)
Onde:
A é a atividade de hidrólise da amostra (U/mL)
Ca é o coeficiente da curva cinética da amostra (Abs/s)
Cb é o coeficiente da curva cinética para o branco (Abs/s)
It é a interseção da reta de calibração (Absorbância x concentração p-nitro
fenol)
Ic é a inclinação da reta padrão (Absorbância x concentração p-nitro fenol)
4.19 Medida da Atividade de Transesterificação
A atividade de transesterificação foi determinada a partir da reação do p-
nitrofenil laurato com etanol catalisada pela lipase com formação dos produtos laurato
de etila e p-nitro fenol. A reação foi iniciada pela adição de 1900 µL de solução
contendo 36 mmol/L de p-nitrofenil laurato em acetonitrila:DMSO (1:1), 100 µL de
etanol e 0,01 g de enzima liofilizada a temperatura ambiente (25 ºC), em cubeta de
vidro, sob agitação. A concentração de p-nitrofenol liberada foi determinada por
espectrofotômetro e modo cinética em 410 nm por 120 segundos. Uma unidade
internacional (UI) foi definida como a quantidade de enzima necessária para formar 1,0
µmol de p-nitrofenol por minuto nas condições do ensaio. A atividade de
transesterificação foi calculada conforme equação 8.
(Equação 8)
Onde:
A é a atividade de transesterificação da amostra (U/g)
Ca é o coeficiente da curva cinética da amostra (µmol/mL)
Cb é o coeficiente da curva cinética para o branco (µmol/mL)
It é a interseção da reta de calibração (Abs x concentração p-nitro fenol)
Ic é a inclinação da reta de calibração(Abs x concentração p-nitro fenol)
V é o volume total de reação (mL)
M é a massa de enzima (g)
50*)60*)((
)/(Ic
ItCbCamLUA
−−=
M
V
Ic
ItCbCagUA *60*
))(()/(
−−=
36
4.20 Quantificação de Polietilenoglicol
A quantificação de polietilenoglicol foi realizada por gravimetria. Nas amostras
obtidas após combinação do sistema aquoso bifásico e separação de membrana, as
frações do retido e do filtrado primeiramente foram secas em estufa a 105ºC até
massa constante, (aproximadamente 24 h). Após este período, as amostras foram
submetidas à calcinação em mufla a 500 ºC por 8 h. A massa de compostos voláteis
representa a massa de PEG e enzima. A quantidade de enzima foi estimada pela
quantidade de proteína total e por diferença foi estimado o teor de PEG (modificado de
CUNHA e AZNAR, 2009).
4.21 Determinação de Proteína Total
A determinação de proteínas foi feita utilizando o método de Bradford (1976),
com albumina de soro bovino (Sigma A3294) como padrão, e pelo método
fluorimétrico utilizando um kit comercial da Invitrogen® (Quanti-it). A amostra (10 µL)
era adicionada a uma alíquota de 190 µL do reagente com posterior leitura em
fluorímetro digital (Qbit Fluorometer) utilizado conforme as determinações do
fabricante.
4.22 Determinação do pH
O determinação do pH foi realizada segundo normas da AOAC (1995).
37
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Seleção e identificação de micro-organismo
Primeiramente o micro-organismo escolhido, fungo 74F (Apêndice III), foi
identificado através de observação microscópica. Na Figura 5 pode-se observar que o
fungo em estudo pertence ao gênero Penicillium. Apresenta como características
principais: colônia radialmente sulcada, velutinosa, micélio branco, conidiogênese
moderada de cor verde-acizentada.
Posteriormente, amostras do fungo foram enviadas para o Laboratório de
Biologia Molecular/CENA-USP para identificação da espécie onde concluiu-se tratar-
se de um Penicillium crustosum (RIGO, et al., 2010 a).
Figura 5 – Fotomicrografia do microcultivo do fungo Penicillium
5.2 Screening de diferentes sistemas PEG/fosfato de potássio para a purificação
da lipase
Para este estudo foram testados PEG de diferentes massas moleculares (1500,
4000, 6000. 8000 e 10000) em pH 6,0; 7,0 e 8,0. Foram escolhidos pontos aleatórios
na região bifásica baseados na curva binodal de cada sistema.
5.2.1. Avaliação da influência de diferentes massas molares do PEG em pH 6,0
Os resultados obtidos para o PEG 1500, 4000, 6000, 8000 e 10000 Daltons em
pH 6,0 estão apresentados nas Tabelas 6 a 10.
38
Tabela 6 – Resultados obtidos com sistemas baseados em PEG 1500 pH 6
Ensaios %PEG %fosfato de potássio
Fase FP RP (%) Vr Kpart
1 34 8 Topo 0,7b±0,2 42,3b±1,4 9,4 ∞
2 24 12 Topo 1,0b±0,1 70,9a±1,3 4,4 ∞
3 16 14 Topo 0,9b±0,1 72,4a±0,9 5,0 8,5
4 18 16 Topo 1,5a±0,1 41,5b±1,2 2,1 ∞
Letras iguais indicam que não há diferença significativa ao nível de 5% de significância entre as médias dos ensaios para a Recuperação e Fator de Purificação
Tabela 7 - Resultados obtidos com sistemas baseados em PEG 4000 pH 6
Ensaios %PEG % fosfato
de potássio
Fase FP RP (%) Vr Kpart
1 34 8 Topo 0,9d±0,1 33,9d±1,0 6,5 ∞
2 24 8 Topo 1,4b,c±0,1 50,1b±1,1 9,2 ∞
3 20 12 Topo 1,3b±0,1 41,3c±2,7 2,3 ∞
4 18 10 Topo 1,5a±0,1 53,9a±1,8 9,5 ∞
5 14 16 Topo 1,4b,c±0,1 37,2c,d±0,8 1,2 ∞
Letras iguais indicam que não há diferença significativa ao nível de 5% de significância entre as médias dos ensaios para a Recuperação e Fator de Purificação
Tabela 8 - Resultados obtidos com sistemas baseados em PEG 6000 pH 6
Ensaios %PEG % fosfato de potássio
Fase FP RP (%) Vr Kpart
1 32 6 Topo 1,3a±0,1 20,4c±1,2 16,1 ∞
2 30 8 Topo 0,4c±0,1 25,3b±1,7 5,7 ∞
3 20 10 Topo 1,1b±0,1 35,7a±1,4 3,9 ∞
Letras iguais indicam que não há diferença significativa ao nível de 5% de significância entre as médias dos ensaios para a Recuperação e Fator de Purificação
39
Tabela 9 - Resultados obtidos com sistemas baseados em PEG 8000 pH 6
Ensaios %PEG % fosfato de potássio
Fase FP RP (%) Vr Kpart
1 30 8 Topo 1,9a±0,2 50,1a±1,9 5,3 ∞
2 22 8 Topo 1,3b±0,2 31,0b±1,3 10,0 ∞
3 22 12 Topo 1,6a±0,1 33,8b±1,8 2,6 ∞
4 18 16 Topo 0,2c±0,1 10,6c±1,3 1,3 ∞
Letras iguais indicam que não há diferença significativa ao nível de 5% de significância entre as médias dos ensaios para a Recuperação e Fator de Purificação
Tabela 10 - Resultados obtidos com sistemas baseados em PEG 10000 pH 6
Ensaio %PEG % fosfato de potássio
Fase FP RP (%) Vr Kpart
1 30 8 Topo 0,4c±0,1 28,0b±1,9 7,2 0,3
2 24 12 Topo 0,9a±0,1 52,7a±1,6 3,5 1,3
3 18 10 Topo 0,6b±0,1 18,4c±1,8 4,4 ∞
4 18 16 Topo 0,5c±0,1 8,3e±0,6 1,3 ∞
5 15 14 Topo 0,3c±0,1 8,2e±1,2 1,3 ∞
6 30 8 Fundo 1,2a±0,1 12,3d±0,8 7,2 0,3
Letras iguais indicam que não há diferença significativa ao nível de 5% de significância entre as médias dos ensaios para a Recuperação e Fator de Purificação
De acordo com os valores apresentados na purificação por sistema aquoso
bifásico em pH 6,0, os ensaios que conduziram aos maiores resultados em relação ao
fator de purificação (FP) foram obtidos utilizando 30% PEG 8000 e 8% fosfato de
potássio, e 22% PEG 8000 e 12% fosfato de potássio ambos na fase de topo obtendo
FP de 1,9 e 1,6 vezes, e recuperação de 50,1% e 33,8%, respectivamente (Tabela 9).
Nestas condições os valores de FP são considerados estatisticamente iguais pelo
Teste de Tukey.
As maiores recuperações (RP) foram encontradas nos ensaios com 16% PEG
1500 e 14% fosfato de potássio e 24% PEG 1500 e 12% fosfato de potássio, 72,4% e
40
70,9%, respectivamente (Tabela 6), as quais são consideradas estatisticamente iguais,
porém estes ensaios não conduziram à purificação da enzima (FP < 1).
Podemos verificar que a partição da enzima foi diferente nas diferentes massas
molares de PEG, pois esta se concentrou na maioria das vezes na fase rica em PEG,
(fase de topo) quando o SAB era formado com PEG de menor massa molar e se
deslocou para a fase rica em fosfato (fase de fundo) quando o SAB era formado com
PEG de maior massa molar (10000).
Observa-se que a massa molar do PEG influencia significativamente a partição,
pois com menores valores de massa molar de PEG a partição aumenta. Este
comportamento é justificado pela teoria de exclusão de volume, pois quanto maior a
massa molar do polímero menor será o espaço ou volume livre na solução e é neste
espaço para onde as moléculas se particionam. Então, em grandes massas molares, o
volume excluído aumenta e consequentemente diminui a partição das biomoléculas
para a fase rica em polímero (PORTO, 2004).
Na Tabela 10 observa-se que nos ensaios 1, 2 e 6 (30% PEG 10000, 8%
fosfato de potássio, 24% PEG 10000, 12% fosfato de potássio e 30% PEG 10000 , 8%
fosfato de potássio, respectivamente) obteve-se os menores valor de Kpart. Este fato se
deve provavelmente a estar trabalhando com o polímero de maior massa molar, aliado
a maior concentração do mesmo, na faixa de 24 e 30%. Este baixo valor do coeficiente
de partição representa a migração da proteína de interesse para a fase de fundo. No
ensaio 6 se observa que apesar da pequena recuperação (12,3%) ocorreu purificação
da enzima (FP igual a 1,2), com a mesma se localizando no fundo.
5.2.2. Avaliação da influência de diferentes massas molares do PEG em pH 7,0
Os resultados obtidos para o PEG 1500, 4000, 6000, 8000 e 10000 Daltons em
pH 7,0 estão apresentados nas Tabelas 11 a 15.
41
Tabela 11 - Resultados obtidos com sistemas baseados em PEG 1500 pH 7,0
Ensaios %PEG %Fosfato de
potássio
Fase FP RP (%) Vr Kpart
1 38 5 Topo 0,6c,d±0,1 19,5c,d±3,2 10,3 ∞
2 30 9 Topo 0,4d,e ±0,1 14,9d,e±3,8 3,0 ∞
3 20 9 Topo 1,3b±0,1 53,6a,b±4,9 3,0 4,6
4 20 13 Topo 1,7a±0,2 59,4a±5,3 1,5 ∞
5 23 14 Topo 1,3b±0,1 46,7b±2,3 1,3 ∞
6 11 16 Topo 0,4c,e±0,1 18,8c,e±2,8 0,6 ∞
7 8 18 Topo 0,7c±0,1 25,1c±1,0 0,4 ∞
Letras iguais indicam que não há diferença significativa ao nível de 5% de significância entre as médias dos ensaios para a Recuperação e Fator de Purificação
Tabela 12 - Resultados obtidos com sistemas baseados em PEG 4000 pH 7,0
Ensaios %PEG %Fosfato de potássio
Fase FP RP (%) Vr Kpart
1 27 5 Topo 0,8c,d±0,1 21,4b,c±2,3 8,5 ∞
2 36 5 Topo 0,5d±0,1 14,4d±2,1 7,8 ∞
3 16 10 Topo 1,1b,c±0,2 20,2c±1,0 1,2 ∞
4 25 10 Topo 1,4b±0,3 29,0a±0,9 1,8 ∞
5 4 15 Topo 2,1a±0,2 26,4a,b±2,8 0,2 ∞
6 12 15 Topo 1,6a,b±0,2 27,6a±1,7 0,6 ∞
Letras iguais indicam que não há diferença significativa ao nível de 5% de significância entre as médias dos ensaios para a Recuperação e Fator de Purificação.
42
Tabela 13 - Resultados obtidos com sistemas baseados em PEG 6000 pH 7,0
Ensaios %PEG %Fosfato de potássio
Fase FP RP (%) Vr Kpart
1 15 10 Topo 1,9a,b±0,1 24,7b±1,8 1,2 ∞
2 8 18 Topo 2,4a±0,1 31,3a±3,1 0,3 ∞
3 12 18 Topo 1,4c±0,1 20,0b,d±1,8 0,5 ∞
4 6 23 Topo 1,4b,c±0,4 33,2a±1,9 0,2 ∞
5 11 23 Topo 1,3c±0,2 21,2b,c±0,9 0,4 ∞
6 5 28 Topo 0,9c±0,1 16,3c,d±0,6 0,1 ∞
Letras iguais indicam que não há diferença significativa ao nível de 5% de significância entre as médias dos ensaios para a Recuperação e Fator de Purificação.
Tabela 14 - Resultados obtidos com sistemas baseados em PEG 8000 pH 7,0
Ensaios %PEG %Fosfato de potássio
Fase FP RP (%) Vr Kpart
1 19 7,5 Topo 2,7a±0,2 23,1a,b±2,1 2,0 ∞
2 25 7,5 Topo 1,2c±0,1 21,1a,c±0,4 2,5 ∞
3 13 16 Topo 1,6b±0,3 14,6c,d±1,7 0,5 2,1
4 20 16 Topo 0,4d±0,1 23,9a±2,4 0,9 3,5
5 8 25 Topo 1,2c±0,1 17,9a,d±1,8 0,2 3,4
6 14 25 Topo 0,2d±0,1 4,2e±1,1 0,4 1,0
7 5 28 Topo 1,0c±0,1 16,4b,c,d±2,4 0,1 4,5
Letras iguais indicam que não há diferença significativa ao nível de 5% de significância entre as médias dos ensaios para a Recuperação e Fator de Purificação
43
Tabela 15- Resultados obtidos com sistemas baseados em PEG 10000 pH 7,0
Ensaios %PEG %Fosfato de potássio
Fase FP RP (%) Vr Kpart
1 17 10 Topo 1,2b±0,1 27,4a±2,5 1,2 ∞
2 25 10 Topo 1,6a±0,2 25,8a±0,7 1,6 ∞
3 11 17 Topo 1,7a±0,1 26,7a±3,3 0,4 8,2
4 19 17 Topo 0,7c±0,2 8,1b±1,3 0,7 1,8
5 15 25 Topo 0,4c±0,1 4,0b±1,4 0,4 0,4
Letras iguais indicam que não há diferença significativa ao nível de 5% de significância entre as médias dos ensaios para a Recuperação e Fator de Purificação
Os melhores resultados encontrados na purificação por sistema aquoso
bifásico em pH 7,0 foram aqueles obtidos nos ensaios utilizando 19% PEG 8000 e
7,5% fosfato de potássio, 8% PEG 6000 e 18% fosfato de potássio, 4% PEG 4000 e
15% fosfato de potássio e 15% PEG 6000 e 10% fosfato de potássio obtendo fatores
de purificação de 2,7, 2,6, 2,1 e 1,9 vezes e recuperações de 23,1%, 31,3%, 26,4%,
24,7%, respectivamente.
Assim como ocorreu para o pH 6,0, as maiores recuperações foram
encontradas quando se utilizou PEG 1500, nos ensaios com 20% de PEG e 13%
fosfato de potássio e 20% PEG e 9% de fosfato de potássio, 59,4% e 53,6%, e fator de
purificação da enzima de FP 1,7 e 1,3 respectivamente.
Observa-se que maiores fatores de purificação foram encontrados em baixos
valores de Vr para o PEG 4000 e 6000. Este fato se deve também à questão da
redução do volume de topo e migração das proteínas contaminantes para a fase de
fundo em função da menor solubilidade na fase de topo. Isto, porém não ocorreu para
o PEG de massa molar maior (8000), pois esta leva a uma exclusão maior, que não
permite uma redução do volume tão acentuada, sem comprometer a manutenção da
enzima alvo na fase de topo.
5.2.3. Avaliação da influência de diferentes massas molares do PEG em pH 8,0
Os resultados obtidos para o PEG 1500, 4000, 6000, 8000 e 10000 Daltons no
pH 8,0 são apresentados nas Tabelas 16 a 20.
44
Tabela 16 - Resultados obtidos com sistemas baseados em PEG 1500 pH 8,0
Ensaios %PEG % Fosfato de potássio
Fase FP RP (%) Vr Kpart
1 35 5 Topo 1,3c±0,2 48,4d±1,8 9,3 ∞
2 30 9 Topo 1,3c ±0,1 44,2d±2,5 2,7 ∞
3 20 9 Topo 1,1c±0,1 46,8d±3,3 2,5 ∞
4 23 13 Topo 3,7a±0,1 61,6b±2,2 1,3 6,6
5 11 14 Topo 1,7b±0,1 70,3a±2,7 0,6 ∞
6 16 16 Topo 1,1c±0,1 43,7d±1,5 0,8 ∞
7 8 17 Topo 1,8b±0,1 59,7c±0,9 0,4 ∞
Letras iguais indicam que não há diferença significativa ao nível de 5% de significância entre as médias dos ensaios para a Recuperação e Fator de Purificação
Tabela 17 - Resultados obtidos com sistemas baseados em PEG 4000 pH 8,0
Ensaios %PEG %Fosfato de potássio
Fase FP RP (%) Vr Kpart
1 36 4 Topo 1,2b±0,2 34,7b±2,6 7,8 ∞
2 25 8 Topo 0,7c±0,1 21,5c±1,5 2,7 ∞
3 16 8 Topo 2,2a±0,1 50,6a±3,5 2,7 ∞
4 20 12 Topo 1,0b±0,1 35,8b±3,8 1,6 ∞
5 8 13 Topo 0,9b±0,1 38,6b±1,0 0,5 ∞
Letras iguais indicam que não há diferença significativa ao nível de 5% de significância entre as médias dos ensaios para a Recuperação e Fator de Purificação.
45
Tabela 18 - Resultados obtidos com sistemas baseados em PEG 6000 pH 8,0
Ensaios %PEG %Fosfato de potássio
Fase FP RP (%) Vr Kpart
1 35 4 Topo 0,9c±0,1 47,0b,c±3,1 7,5 2,1
2 30 7 Topo 2,4b±0,4 65,7a±3,9 4,3 ∞
3 20 7 Topo 5,9a±0,1 25,4d±2,1 0,4 1,7
4 10 10 Topo 2,1b±0,1 57,1b±3,5 1,0 16,4
5 10 13 Topo 1,9b±0,2 42,8c±4,5 0,5 ∞
Letras iguais indicam que não há diferença significativa ao nível de 5% de significância entre as médias dos ensaios para a Recuperação e Fator de Purificação
Tabela 19 - Resultados obtidos com sistemas baseados em PEG 8000 pH 8,0
Ensaios %PEG %Fosfato de potássio
Fase FP RP (%) Vr Kpart
1 35 5 Topo 1,5b,c±0,2 67,6a±1,1 8,6 ∞
2 20 10 Topo 2,1a±0,3 55,5c±2,6 1,4 ∞
3 25 15 Topo 2,2a±0,1 61,2b±1,1 1,2 ∞
4 15 15 Topo 1,7a,c±0,3 31,7d±0,7 0,6 ∞
5 20 20 Topo 0,6d±0,1 15,3e±0,6 0,6 ∞
6 10 20 Topo 1,8a,b±0,3 27,7d±2,3 0,3 ∞
Letras iguais indicam que não há diferença significativa ao nível de 5% de significância entre as médias dos ensaios para a Recuperação e Fator de Purificação
46
Tabela 20 - Resultados obtidos com sistemas baseados em PEG 10000 pH 8,0
Ensaios %PEG %Fosfato de potássio
Fase FP RP (%) Vr Kpart
1 35 5 Topo 1,1d,e±0,1 42,3b±0,6 1,9 ∞
2 32 12 Topo 1,0d,f±0,1 48,8a±0,5 5,6 3,5
3 25 10 Topo 2,2b±0,2 47,3a±2,7 1,7 ∞
4 25 17 Topo 1,2e,f±0,1 20,5c±1,3 1,2 ∞
5 15 16 Topo 2,8a±0,1 51,7a±0,1 1,7 4,8
6 17 27 Topo 1,7c±0,1 13,3d±1,2 0,4 2,4
7 8 27 Topo 0,7d±0,1 5,8e±0,6 0,2 2,2
Letras iguais indicam que não há diferença significativa ao nível de 5% de significância entre as médias dos ensaios para a Recuperação e Fator de Purificação
O sistema aquoso bifásico formado em pH 8,0 que conduziu à melhor condição
em termos de fator de purificação (FP) foi aquele formado por 20% PEG 6000 e 7% de
fosfato, obtendo um incremento de 5,9 vezes na atividade específica. Segundo
SHARMA et al., (2001) o efeito do pH está relacionado à estabilidade da enzima e à
carga líquida da proteína, mostrando que algumas lipases podem apresentar maior
estabilidade em pH alcalino.
A carga líquida dos resíduos de aminoácidos da superfície determina as
propriedades superficiais da proteína e pode ser alterada pela mudança de pH. As
interações entre a proteína e as fases do SAB contribuem para a partição destas. A
fase de topo de um sistema composto por PEG e sais de fosfato, tem uma carga
positiva e a fase de fundo apresenta carga negativa (GAUTAM e SIMON, 2006). A
lipase apresentou uma melhor partição com o aumento do pH o que levou à maior
retirada de contaminantes, provavelmente pela maior carga positiva de outras
proteínas, sendo particionadas para a fase de fundo, propiciando maior purificação do
composto alvo.
Todos estes processos que ocorrem com a proteína modificam sua interação
com os componentes do sistema bifásico, alterando seu comportamento de partição.
O pH, indiretamente, pode afetar a partição de uma proteína e modificar a composição
das fases dos SABs, seja a posição da linha binodal, seja o comprimento da linha de
amarração (SILVA et al., 2006).
47
Outros fatores como concentração, massa molar e tipo de polímero formador
das fases influenciam decisivamente o comportamento de extração das biomoléculas.
Geralmente o aumento da massa molar de um polímero acaba diminuindo a tendência
de partição da proteína para a mesma fase, devido a efeitos entrópicos (SILVA et al.,
2006). Segundo ROJAS et al., (2004) o comportamento de partição da proteína
depende da sua hidrofobicidade, sendo que conforme o comprimento da cadeia de
PEG aumenta (massa molar de PEG maior), menor será a quantidade de grupos
hidroxil para a mesma concentração do polímero, sendo a fase de topo, rica em PEG,
mais hidrofóbica que a fase mais rica em sal.
Na Tabela 21 são apresentados os resultados com os maiores valores do fator
de purificação, obtidos em pH 8,0, bem como a comparação dos resultados por
análise de variância e teste de Tukey.
Tabela 21-Recuperação e Fator de Purificação PEG 1500, 4000, 6000, 8000 e 10000
pH 8,0
Ensaios MM %PEG %Fosf. de Potássio
FP RP (%)
1 23 13 3,7b±0,1 61,6b,g±2,2
2 1500 8 17 1,8c,e±0,1 59,7b,g±0,9
3 11 14 1,7c,f±0,1 70,3a±2,7
4 20 12 1,0d±0,1 35,6c±1,0
5 4000 16 8 2,3e,g±0,1 50,6d,i±3,5
6 36 4 1,2f,g±0,2 34,7c,e±2,6
7 20 7 5,8a±0,1 25,4f±2,1
8 6000 30 7 2,4g,h,i±0,4 65,7a,g,h±3,9
9 10 10 2,1c,e,h±0,1 57,1b,d,i±3,5
10 10 20 1,8c,e±0,3 27,7e,f±2,3
11 8000 25 15 2,2c,e,g±0,1 61,2b,h±1,1
12 20 10 2,1c,e,g±0,3 55,5b,d±2,6
13 15 16 2,8i±0,1 51,7d,i±0,1
14 10000 25 10 2,2c,e,g±0,2 47,3i±2,7
15 17 22 1,7c,f±0,1 13,3j±1,3
Letras iguais indicam que não há diferença significativa e letras distintas há diferença significativa ao nível de 5% de significância entre as médias dos ensaios para a Recuperação e Fator de Purificação
Pelos resultados apresentados, observa-se que houve diferença significativa
(P<0,05) no fator de purificação quando se variou a composição do SAB, utilizando
48
PEG 6000 Da. Alguns autores relatam que existe uma massa molecular do polímero
que maximiza o fator de purificação. O aumento na massa molecular do PEG levaria
ao aumento da hidrofobicidade do polímero, que poderia interagir mais com a lipase.
Por outro lado, o aumento da massa molar do PEG também diminui o volume livre da
solução, levando à maior partição das biomoléculas para a fase de fundo (NANDINI e
RASTOGI, 2009).
De acordo com PICÓ et al., 2007 PEG de baixa massa molecular, pode
interagir fortemente com as proteínas o que pode levar a maior partição da enzima
para a fase de PEG, fato este evidenciado pelos melhores resultados do estudo terem
sido obtidos em PEG 6000 conforme mostrado na tabela 21.
O maior fator de purificação alcançado no presente trabalho, igual a 5,9, foi
maior do que os reportados na literatura sobre purificação de lipases por SAB
compostos apenas por PEG e fosfato de potássio em um única etapa de processo,
como o encontrado por NANDINI e RASTOGI (2009) utilizando PEG de massa
molecular 6000 Da, fosfato de sódio pH 9,0 que foi de 2,2 o qual aumentou para 3,6
quando utilizou extração em multi-estágios. BASSANI et al. (2010) purificou lipase de
Candida rugosa utilizando SAB formado por PEG de massa molecular 2000 Da e
tampão fosfato de potássio e obteve fator de purificação de 2,3 vezes. Os valores da
recuperação de atividade na fase de topo variaram entre 13 e 70%, sendo difícil
estabelecer uma relação entre esse parâmetro e as condições de operação.
Valores de pH perto da neutralidade, tornam o sistema biocompatível. O pH
pode afetar a separação, seja alterando a carga do soluto ou alterando a proporção
dos componentes presentes. Em pH mais elevados, a proteína é mais carregada
negativamente do que em pH baixo e, portanto, o coeficiente de partição aumenta com
o aumento do pH, que pode ser causado pelas interações eletrostáticas entre as
proteínas e o PEG. O aumento no valor do coeficiente de partição pode ser devido a
interações hidrofóbicas e efeito de carga líquida, que é uma função da concentração
do polímero e pH da solução (SARAVANAN et al., 2008). Portanto, coeficientes de
partição altos ou tendendo ao infinito indicam a partição da proteína para a fase de
topo.
Na situação ideal, a enzima e os compostos contaminantes devem se
concentrar em diferentes fases, sendo que a otimização pode ser alcançada pela
variação da razão entre os volumes das fases. Neste caso, teoricamente, o fator de
purificação aumenta e consequentemente diminui o rendimento com a diminuição da
razão entre os volumes das fases (MARCOS et al., 2002).
49
5.2 Estratégia para a maximização da purificação por sistema aquoso bifásico
Nesta etapa, avaliou-se o efeito da concentração de PEG 6000, fosfato de
potássio pH 8 e NaCl no fator de purificação, recuperação, coeficiente de partição e
razão entre volumes, na purificação de lipase produzida por fermentação em estado
sólido. Foi utilizado um delineamento composto central rotacional (DCCR) 23 para
verificação dos efeitos principais e as interações entre as variáveis. A importância do
uso da técnica de planejamento experimental e análise de superfície de resposta
deve-se ao fato da possibilidade de analisar os efeitos sinérgicos ou antagônicos entre
as variáveis, que só podem ser verificadas pela determinação dos efeitos de interação
entre estas por um planejamento fatorial (KALIL et al., 2000; RODRIGUES, et al.,
2005). A Tabela 22 apresenta a matriz do planejamento com os valores reais,
codificados e as respostas para o fator de purificação, recuperação, coeficiente de
partição e razão do volumes.
A matriz do planejamento experimental foi determinada com base na melhor
condição encontrada na etapa de seleção da melhor massa molecular de PEG e pH
do tampão fosfato de potássio. Porém, não foi possível colocar a condição com maior
fator de purificação, 5,9 (PEG 20%, fosfato de potássio 7%) como ponto central do
planejamento, pois alguns pontos do planejamento ficariam na região monofásica,
sendo, portanto necessário o deslocamento da concentração de fosfato do ponto
central para 10% garantindo desta maneira que todos os pontos estudados no
planejamento ficassem dentro de região bifásica.
O acréscimo de NaCl no sistema aquoso bifásico foi baseado nos relatos de
que este reduz a atividade de água na fase de fundo e assim exclui as proteínas
hidrofóbicas (LAHORE et al.,1995).
50
Tabela 22 - Matriz do planejamento experimental realizado para purificação da lipase
(valores codificados e reais com as respostas recuperação, fator de
purificação, razão dos volumes e coeficiente de partição)
Ensaio % PEG %Fosfato de potássio
%NaCl FP %Recup. Vr Kpart
1 -1(16) -1(8) -1(1,2) 5,2 47,2 1,3 ∞
2 1(24) -1(8) -1(1,2) 1,9 28,8 2,0 ∞
3 -1(16) 1(12) -1(1,2) 1,9 28,5 0,9 ∞
4 1(24) 1(12) -1(1,2) 2,5 31,3 1,5 ∞
5 -1(16) -1(8) 1(4,8) 10,2 36,5 2,3 ∞
6 1(24) -1(8) 1(4,8) 1,8 17,7 3,9 ∞
7 -1(16) 1(12) 1(4,8) 3,1 30,7 1,0 ∞
8 1(24) 1(12) 1(4,8) 3,1 24,2 1,7 ∞
9 0(20) 0(10) -1,68(0) 2,1 44,8 1,4 ∞
10 0(20) 0(10) 1,68(6) 2,6 37,2 1,7 ∞
11 0(20) -1,68(6,6) 0(3) 2,8 29,8 1,6 ∞
12 0(20) 1,68(13,4) 0(3) 1,7 25,8 1,0 ∞
13 -1,68(13,3) 0(10) 0(3) 3,8 31,1 0,8 ∞
14 1,68(26,7) 0(10) 0(3) 1,7 20,7 1,9 ∞
15 0(20) 0(10) 0(3) 1,8 28,4 1,3 ∞
16 0(20) 0(10) 0(3) 1,8 24,4 1,3 ∞
17 0(20) 0(10) 0(3) 1,9 24,8 1,4 ∞
Os resultados apresentados na Tabela 22 foram tratados estatisticamente e um
modelo empírico foi obtido para o fator de purificação (Equação 9). O modelo
codificado maximizado para a purificação da enzima em função da concentração de
PEG, tampão e NaCl foi validado pela análise de variância apresentada na Tabela 24.
Verifica-se que o coeficiente de correlação obtido (0,86) e o valor de F (F calculado
maior que o F tabelado) validaram estatisticamente o modelo (p<0,05) e permitiram a
construção das superfícies de resposta e curvas de contorno apresentadas nas
Figuras 6, 7 e 8. Na Figura 9 encontra-se a curva binodal e os pontos estudados para
a maximização da purificação pelo sistema aquoso bifásico.
TNaClPEGNaClPEGTNaClTPEGFP 39,069,052,157,074,007,195,2 −−++−−=
(Equação 9)
51
Tabela 23 - Análise de variância para o fator de purificação do extrato enzimático bruto
obtido por Penicillium crustosum
Fonte de Variação
Soma Quadrática
Graus de Liberdade
Média Quadrática
Fcalculado
Regressão 51,1 6 8,5 4,8
Resíduo 17,7 10 1,8
Falta de Ajuste 17,7 8
Erro Puro 0,02 2
Total 68,7 16
Coeficiente de correlação: R=0,86, F0,95;6;10 =3,2
Figura 6 - Superfície de resposta e curva de contorno para fator de purificação em
relação à concentração de PEG e fosfato de potássio, obtida na otimização das
condições de purificação da lipase produzida por FES
52
Figura 7 - Superfície de resposta e curva de contorno para fator de purificação em
relação concentração de NaCl e PEG obtida na otimização das condições de
purificação da lipase produzida por FES
Figura 8 - Superfície de resposta e curva de contorno para fator de purificação em
relação concentração de NaCl e fosfato de potássio obtida na otimização das
condições de purificação da lipase produzida por FES
53
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
38
40
Con
centr
ação d
e P
EG
%
Concentração de Fosfato %
Figura 9 - Curva binodal PEG 6000 pH 8. Pontos estudados no planejamento
experimentos para a maximização da purificação pelo sistema aquoso bifásico.
Os resultados obtidos para recuperação apresentados na Tabela 22 foram
tratados estatisticamente e observou-se que as variáveis estudadas não apresentaram
efeito significativo sobre a recuperação da enzima.
Observa-se pelas Figuras 6, 7 e 8 que diminuindo as concentrações de PEG e
fosfato de potássio e aumentando a concentração de NaCl há uma tendência a
aumentar o fator de purificação. Com base nos resultados optou-se por diminuir as
concentrações de PEG e fosfato de potássio e fixar os valores de NaCl em 0, 1,2 e
4,8%. Os resultados estão apresentados na Tabela 24 e Figura 10. Os ensaios 7, 8, 9
referem-se às melhores condições de PEG e fosfato de potássio obtidos na primeira
etapa de maximização da purificação, com variação de 0, 1,2 e 4,8 % de NaCl.
54
Tabela 24 - Fator de purificação, recuperação, razão de volumes e coeficiente de
partição para menores concentrações de PEG e fosfato de potássio e
concentrações de 0, 1,2 e 4,8% de NaCl
Ensaio %PEG %Fosfato de
potássio
%NaCl FP Recup.% Vr Kpart
1 20 5,8 0 3,6d,e±0,4 85,9a±2,0 3,7 ∞
2 11,6 10 0 4,5c,d±0,4 81,5a±0,5 0,8 ∞
3 20 5,8 1,2 5,5b,c±0,5 54,2c±2,0 2,3 ∞
4 11,6 10 1,2 6,5b±0,7 55,4c±1,8 0,6 ∞
5 20 5,8 4,8 10,2a±0,4 53,8c±0,6 2,2 ∞
6 11,6 10 4,8 10,0a±0,4 25,8e±2,1 0,6 ∞
7 16 8 0 4,5c,e±0,1 66,7b±2,6 1,4 ∞
8 16 8 1,2 5,8b±0,3 39,4d±2,1 1,2 ∞
9 16 8 4,8 10,4a±0,2 50,2c±3,1 1,4 ∞
Pelos resultados apresentados na Tabela 24 observa-se que as maiores
recuperações foram encontradas nos ensaios 1, 2, quando não houve o acréscimo de
NaCl. Já os maiores fatores de purificação foram encontrados nos ensaios 5,6 e 9 nos
quais foram acrescentados 4,8%, porém nestes houve a precipitação do NaCl. Nas
mesmas concentrações de PEG e fosfato de potássio destes ensaios, porém com
menor concentração de NaCl (1,2%), obteve-se FP menores, porém não houve
precipitação de NaCl e as recuperações foram na ordem de 40 a 55%. Os resultados
confirmam que aumentando a concentração de NaCl ocorreu um aumento no fator de
purificação e uma diminuição na recuperação. BASSANI et al. (2007) obtiveram fator
de purificação de 3,4 vezes na purificação de lipase de pâncreas de porco utilizando
PEG 2000, tampão fosfato de potássio e acrescentando 3% de NaCl ao sistema.
Na Figura 10 encontra-se a curva binodal e os pontos estudados na segunda
etapa da maximização da purificação pelo sistema aquoso bifásico.
55
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
38
40
Conce
ntr
açã
o d
e P
EG
%
Concentração de Fosfato %
Figura 10 - Curva binodal PEG 6000 pH 8. Quadrados: pontos estudados no
planejamento experimentos. Estrelas: pontos estudados na segunda etapa da
maximização da purificação.
Com base nos resultados apresentados na Tabela 24, foi determinada a
atividade de transesterificação para os três melhores pontos, sendo que o ensaio 1
refere-se à condição que apresentou maior recuperação, o ensaio 2 refere-se ao ponto
que apresentou boa recuperação e FP representativo com a menor concentração de
PEG e o ensaio 3 refere-se à condição de maior fator de purificação. Os resultados
estão apresentados na Tabela 25.
A determinação da atividade de transesterificação se deu pelo fato de que
durante a medida de atividade de esterificação foi observado a ocorrência de
interferência do PEG o que nos remetia a resultados errados.
56
Tabela 25 - Fator de purificação, recuperação, razão entre volumes e coeficiente de
partição, atividade de hidrólise e de transesterificação na fase de topo, nos
melhores pontos da maximização da purificação
Ensaio 1 2 3
PEG% 20 11,6 16
Fosfato de potássio% 5,8 10 8
NaCl% 0 1,2 4,8
Ativ.hidrólise (U/mg) 6,7±0,7 12,9±1,4 16,2±0,3
FP1 3,6±0,8 6,5±0,7 10,4±0,3
Recup.% 85,9±10,4 55,4±1,8 50,2±4,9
Vr 3,7 0,6 1,4
Kpart ∞ ∞ ∞
Ativ. Trans.(U/mg) 8,5±0,7 7,1±0,6 4,1±0,6
FP2 28,3±0,7 23,7±0,6 13,7±0,6
Nota: FP1: fator de purificação com base na atividade de hidrólise. FP2: fator de purificação com base na
atividade de transesterificação.
Observa-se que os fatores de purificação com base na atividade de
transesterificação foram maiores que os obtidos para atividade de hidrólise. É
interessante notar que o ensaio que apresentou maior atividade de hidrólise foi o que
apresentou menor atividade de transesterificação. O mesmo comportamento se
observa em relação ao fator de purificação e sugere a ocorrência de duas lipases no
extrato obtido da fermentação em estado sólido.
5.3 Ultrafiltração
Os ensaios de ultrafiltração para o extrato bruto foram realizados em uma
unidade de bancada tipo “dead-end”, utilizando pressão de 1,5 bar e temperatura de 5
°C para evitar a perda da atividade enzimática, com membranas de polisulfona de
47 mm com massa molecular de corte de 30 kDa e 60 kDa.
Após os ensaios foram analisadas a atividade hidrólise e proteína total das
amostras da alimentação, retido e permeado, no extrato bruto, sendo os resultados
apresentados na Tabela 26. Os resultados de atividade e teor de proteína mostram
que a lipase é retida em ambas as membranas, pois os valores de atividade no retido
são bem maiores que os obtidos no permeado.
57
Tabela 26 – Resultados da atividade hidrólise, proteína e atividade específica obtidos
na ultrafiltração do extrato enzimático bruto em membrana de 30 kDa e
60kDa
30 kDa 60 kDa
Alimentação 3,3 3,0
Atividade (U/mL) Retido 10,0 6,1
Permeado 0,1 0,3
Alimentação 0,7 0,6
Proteína (mg/mL) Retido 2,8 1,8
Permeado 0,1 0,1
Alimentação 4,4 4,9
Ativ. Específica (U/mg) Retido 3,5 3,2
Permeado 0,1 0,4
Com base nos resultados de atividade, proteína e volume de todas as frações
envolvidas na ultrafiltração do extrato bruto foi possível calcular os parâmetros de
desempenho do processo de concentração e fracionamento do extrato enzimático
obtido por FES, os quais são apresentados na Tabela 27. No Apêndice II encontra-se
a tabela completa dos resultados obtidos no processo de concentração e
fracionamento da enzima.
Tabela 27 - Resultados da ultrafiltração do extrato enzimático bruto
Parâmetro 30 kDa 60 kDa
Recuperação Total da Enzima % 71,1 51,0
Recuperação da Enzima no Retido % 71,0 50,2
Recuperação da Enzima no Permeado % 0,01 0,8
Fator de Purificação Baseado no Retido 0,8 0,6
Fator de Purificação Baseado no Permeado 0,01 0,01
Retenção da Atividade % 99,9 98,9
Retenção da Proteína % 86,7 86,3
Recuperação da Proteína no Retido % 89,9 77,2
Recuperação da Proteína no Permeado % 10,0 9,8
Recuperação da Proteína Total % 99,9 87,0
Os resultados de recuperação da atividade enzimática e de proteína foram
sempre inferiores a 100 %, sugerindo que ocorre perda de proteínas na membrana,
possivelmente devido à formação da camada de gel na superfície desta (GHOSH e
58
CUI, 2000). Como a recuperação de atividade é menor que a recuperação de proteína,
pode-se inferir que também ocorre inativação enzimática durante o processo.
A retenção da atividade e de proteína total foi alta (> 90% e >86%) para as
duas membranas utilizadas, indicando que a enzima e as demais proteínas
contaminantes possuem alta massa molecular ou que o extrato seja formado por
agregados de proteínas. Além disso, a camada de incrustação na superfície da
membrana também pode atuar como uma membrana dinâmica, aumentando a
retenção. Como resultado da maior retenção, os fatores de purificação (FP) do
permeado foram baixos, enquanto o FP calculado para o retido na membrana de
30 kDa e 60 kDa, foram de 0,8 e 0,6 respectivamente. Uma vez que a retenção de
proteína foi menor que a retenção de atividade, poderia se esperar encontrar um FP
maior que unidade. No entanto, isso não ocorreu, o que pode ser atribuído à
desativação da enzima durante a permeação.
5.4 Efeito da força iônica na ultrafiltração
O efeito da força iônica no desempenho do sistema foi avaliado pela adição de
diferentes concentrações de NaCl no extrato bruto, antes deste ser submetido à
ultrafiltração em membrana de 30 kDa e 60 kDa. O acréscimo de NaCl diminuiu a
atividade do permeado, devido provavelmente à precipitação da proteína na superfície
da membrana, hipótese que é reforçada pela diminuição da recuperação total de
proteína nas duas membranas (Tabelas 28 e 29).
Foram analisadas a atividade de hidrólise e proteína total das amostras da
alimentação, retido e permeado, no extrato bruto e nos ensaios com acréscimo de
diferentes concentrações de NaCl, ultrafiltrados em membrana de 30 kDa e 60 kDa,
sendo os resultados apresentados nas Tabelas 28 e 29, respectivamente.
59
Tabela 28 – Resultados da atividade hidrólise, proteína e atividade específica obtidos
na ultrafiltração do extrato bruto e nos ensaios com acréscimo de
diferentes concentrações de NaCl em membrana de 30 kDa
Concentração de NaCl (mol/L)
0 0,02 0,04 0,09 0,2
Alimentação 3,3 3,3 3,3 3,3 3,3
Atividade (U/mL) Retido 10 8,8 8,2 9,6 7,1
Permeado 0,01 0,3 0,01 0,02 0,03
Alimentação 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7
Proteina (mg/mL) Retido 2,8 1,6 1,9 1,5 1,3
Permeado 0,01 0,04 0,1 0,1 0,03
Alimentação 4,4 4,4 4,4 4,4 4,4
Ativ. Específica (U/mg) Retido 3,5 5,4 4,2 6,3 5,3
Permeado 0,1 0,9 0,1 0,3 0,9
Tabela 29 – Resultados da atividade hidrólise, proteína e atividade específica obtidos
na ultrafiltração do extrato bruto e nos ensaios com acréscimo de
diferentes concentrações de NaCl em membrana de 60 kDa
Concentração de NaCl (mol/L)
0 0,02 0,04 0,09 0,2
Alimentação 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0
Atividade (U/mL) Retido 6,1 6,6 5,8 6,5 6,7
Permeado 0,03 0,05 0,01 0,01 0,1
Alimentação 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6
Proteina (mg/mL) Retido 1,8 1,9 1,4 1,5 1,6
Permeado 0,1 0,1 0,1 0,1 0,04
Alimentação 4,9 4,9 4,9 4,9 4,9
Ativ. Específica (U/mg) Retido 3,2 3,4 4,2 4,4 4,2
Permeado 0,4 0,3 0,02 0,1 2,6
Com base nos resultados de atividade e proteína do extrato bruto foi possível
calcular os valores da concentração e fracionamento do extrato enzimático bruto e
com a adição de diferentes concentrações de NaCl, utilizando a membrana de 30 kDa
e 60 kDa, os quais são apresentado nas Tabelas 30 e 31, respectivamente. No
Apêndice II encontra-se a tabela completa dos resultados obtidos.
60
Tabela 30 - Efeito da força iônica sobre a ultrafiltração do extrato enzimático, com a
adição de diferentes concentrações de NaCl, utilizando membrana de 30
kDa
Concentração de NaCl (mol/L)
Parâmetros 0 0,02 0,04 0,09 0,2
Recuperação Total da Enzima % 71,1 62,9 59,7 73,2 56,8
Recuperação da Enzima no Retido % 70,9 62,2 59,6 72,8 55,8
Recuperação da Enzima no Permeado % 0,1 0,8 0,1 0,4 0,6
Fator de Purificação Baseado no Retido 0,8 1,2 0,9 1,4 1,2
Fator de Purif. Baseado no Permeado 0,01 0,2 0,02 0,1 0,2
Retenção da Atividade % 99,8 95,9 99,8 99,5 99,1
Retenção da Proteína % 86,7 94,9 89,5 92,5 95,9
Recuperação da Proteína no Retido % 89,8 50,5 63,0 50,9 45,7
Recuperação da Proteína no Permeado % 9,9 3,8 7,8 5,4 3,0
Recuperação da Proteína Total % 99,8 54,3 70,8 56,3 48,7
Tabela 31 - Efeito da força iônica sobre a ultrafiltração do extrato enzimático,com
adição de diferentes concentrações de NaCl, utilizando membrana de 60
kDa
Concentração de NaCl (mol/L)
Parâmetros 0 0,02 0,04 0,09 0,2
Recuperação Total da Enzima % 50,9 50,8 40,6 45,3 52,5
Recuperação da Enzima no Retido % 50,1 49,6 40,5 45,1 50,1
Recuperação da Enzima no Permeado % 0,8 1,2 0,1 0,2 2,4
Fator de Purificação Baseado no Retido 0,6 0,7 0,8 0,9 0,8
Fator de Purificação Baseado no Permeado 0,1 0,1 0,01 0,02 0,5
Retenção da Atividade % 98,9 98,4 99,9 99,7 96,6
Retenção da Proteína % 86,2 76,5 89,4 88,7 93,5
Recuperação da Proteína no Retido % 77,2 72,1 48,5 51,3 59,6
Recuperação da Proteína no Permeado % 9,8 17,5 7,9 8,5 4,6
Recuperação da Proteína Total % 86,9 89,6 56,5 59,8 64,3
Na Tabela 30 observa-se que a adição de NaCl causou aumento no fator de
purificação quando foi utilizada a membrana de 30 kDa, alcançou-se um fator de
purificação de 1,4 na fração retida pela membrana, mostrando que a adição de sal
pode potencializar o fracionamento de enzimas por UF. Nesse caso, a mudança da
61
força iônica do meio pode ser benéfica ao processo, pois muda a conformação das
proteínas, possibilitando ainda a separação de agregados proteicos.
É interessante notar que a recuperação total da proteína diminui com a adição
de NaCl. Esse comportamento sugere que a adição de sal esteja aumentando a
precipitação de proteínas na superfície da membrana, hipótese que é reforçada pelo
aumento da retenção de proteína e de atividade observada. Ainda, a pouca diferença
de retenção entre membranas com cortes distintos, sugere que a membrana dinâmica
formada pela camada de proteínas depositada na superfície da membrana esteja
desempenhando um papel importante no processo.
Alguns autores alegam que em misturas de proteínas, interações de soluto não
dependem apenas da magnitude da carga superficial, mas também da espessura da
dupla camada elétrica. Nesse caso, a adição de NaCl reduziria a espessura da dupla
camada elétrica reduzindo, portanto, a atração eletrostática de algumas proteínas,
diminuindo seu tamanho e aumentando a permeabilidade das membranas (BRECHT
et al., 2008; LIN et al., 2008). No presente trabalho isso não foi observado, indicando
que o efeito do NaCl diminuiu a permeabilidade das proteínas pela membrana,
aumentando a retenção, pelos prováveis motivos expostos anteriormente.
Quando se utilizou a membrana de 60 kDa (Tabela 31), obteve-se menores
fatores de purificação. Ainda, o material da membrana pode ter um papel relevante na
permeação, facilitando ou prejudicando a passagem das enzimas, em função das
interações entre a enzima e a superfície da membrana.
Cabe ainda ressaltar que os resultados de atividade também podem sofrer
influência da presença ou ausência de inibidores. No processo de UF, inibidores da
enzima podem ser removidos, levando a aumentos na atividade da enzima em relação
à atividade inicial.
5.5 Combinação do Sistema Aquoso Bifásico e Separação por Membrana para a
purificação da lipase
A combinação das técnicas de purificação, sistema aquoso bifásico e
separação por membranas foi avaliada, e os resultados obtidos estão apresentados
nas Tabelas 32 e 33. O ponto 1 representa o sistema aquoso bifásico formado por
20% PEG, 5,8% fosfato de potássio e 0% de NaCl. O ponto 2 representa o sistema
aquoso bifásico formado por 11,6% PEG, 10% fosfato de potássio e 1,2% de NaCl e o
ponto 3 representa o sistema aquoso bifásico formado por 16% de PEG, 8% fosfato de
62
potássio e 4,8% de NaCl, as quais foram submetidas à ultrafiltração em membrana de
30 kDa.
Tabela 32 – Resultados da atividade de hidrólise, proteína e atividade específica
obtidos na combinação dos sistemas de purificação em membrana de 30
kDa
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3
Alimentação 0,5 0,7 0,9
Atividade (U/mL) Retido 0,3 0,5 0,3
Permeado 0 0 0
Alimentação 0,04 0,04 0,03
Proteína (mg/mL) Retido 0,1 0,05 0,05
Permeado 0,04 0,03 0
Alimentação 11,8 19,1 27,5
Ativ. Específica (U/mg) Retido 4,8 8,9 7,1
Permeado 0 0 0
O ponto 1 representa o sistema aquoso bifásico formado por 20% PEG, 5,8% fosfato de potássio e 0% de NaCl. O ponto 2 representa o sistema aquoso bifásico formado por 11,6% PEG, 10% fosfato de potássio e 1,2% de NaCl e o ponto 3 representa o sistema aquoso bifásico formado por 16% de PEG, 8% fosfato de potássio e 4,8% de NaCl,
Tabela 33- Combinação do sistema aquoso bifásico e separação por membrana para
a purificação da lipase com membrana de 30 kDa
Resultados / Concentrações Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3
Recuperação Total da Enzima % 21,5 37,5 19,5
Recuperação da Enzima no Retido % 21,5 37,5 19,5
Recuperação da Enzima no Permeado % 0 0 0
Fator de Purificação Baseado no Retido 0,4 0,5 0,3
Fator de Purificação Baseado no Permeado 0 0 0
Retenção da Atividade % 100 100 100
Retenção da Proteína % 11,6 27,0 12,5
Recuperação da Proteína no Retido % 54,6 80,8 76,6
Recuperação da Proteína no Permeado % 53,0 25,5 30,6
Recuperação da Proteína Total % 107,6 106,3 107,2
Nas Tabelas 32 e 33 observa-se que quando foi feito a combinação do sistema
aquoso bifásico e ultrafiltração ocorreu retenção total da enzima no retido, pois a
atividade do permeado é zero. Observa-se também perda na recuperação da enzima
do retido o que caracteriza perda por deposição na membrana ou ainda desnaturação.
63
No Apêndice II encontra-se tabela completa dos resultados obtidos na combinação
dos sistemas de purificação SAB/UF.
Na Tabela 34 estão apresentados os resultados obtidos para a atividade de
síntese de ésteres do extrato enzimático submetido à purificação por sistema aquoso
bifásico seguido de ultrafiltração.
Tabela 34 - Purificação e recuperação de lipase usando sistema aquoso bifásico
juntamente com ultrafiltração em relação à capacidade de síntese de
ésteres
Frações Atv. (U/mL) Prot.
(mg/g)
Atv. Esp. (U/mg) FP
Ext. Bruto 5,5 16,9 0,3 1
SAB P1 8,6 1,0 8,5 28,3
SAB P2 6,4 0,9 7,1 23,7
SAB P3 3,7 0,9 4,1 13,7
UF(R-P1) 8,6 0,9 9,0 30,0
UF(R-P2) 10,9 0,9 11,7 39,0
UF(R-P3) 10,9 0,9 11,5 38,3
Nota: SAB P1 representa a fase de topo do sistema aquoso bifásico formado por 20% PEG, 5,8% fosfato de potássio e 0% de NaCl. SAB P2 representa a fase de topo do sistema aquoso bifásico formado por 11,6% PEG, 10% fosfato de potássio e 1,2% de NaCl e o SAB P3 representa a fase de topo do sistema aquoso bifásico formado por 16% de PEG, 8% fosfato de potássio e 4,8% de NaCl, as quais foram submetidas à ultrafiltração em membrana de 30 kDa. UF (R-P1) representa o retido da SAB P1 após ultrafiltração, UF (R-P2) representa o retido da SAB P2 após ultrafiltração e UF (R-P3) representa o retido da SAB P3 após ultrafiltração.
Pelos resultados observa-se que a combinação dos métodos em relação à
atividade de síntese proporcionou o aumento do fator de purificação principalmente
para os pontos 2 (11,6% PEG, 10% fosfato de potássio e 1,2% de NaCl ) e 3 (16% de
PEG, 8% fosfato de potássio e 4,8% de NaCl) que passaram de 23,7 e 13,7 para 39,0
e 38,3, respectivamente, levando à conclusão de que se tem um pool de lipases no
extrato enzimático estudado.
Segundo TANUJA et al. (2000), que obteve rendimento total de 78%,
concentração de 12 vezes e fator de purificação de 3,3 vezes para a purificação de
amiloglocosidase, a vantagem da associação entre o sistema aquoso bifásico e a
ultrafiltração é que se reduz consideravelmente o volume de meio que será
processados por UF. SRINIVAS et al. (2002) em seu estudo de purificação de
peroxidase utilizando sistema aquoso bifásico combinado com ultrafiltração encontrou
64
resultados semelhantes a TANUJA et al. (2000), com recuperação total da enzima de
76%, fator de purificação de 5,9 vezes e aumento na atividade de 9,7 vezes.
Após os ensaios de SAB combinados com ultrafiltração foi quantificada a
concentração de PEG nas amostras de retido e filtrado de cada ponto estudado. Os
resultados estão apresentados na Tabela 35.
Tabela 35 – Resultados da quantificação de PEG nas amostras de retido e filtrado
para os pontos estudados na combinação do SAB/UF
Retido (%) Filtrado (%)
Ponto 1 10,6 34,6
Ponto 2 9,8 37,4
Ponto 3 10,0 37,2
Na Tabela 37 observa-se que após a combinação do SAB/UF a maior
concentração de PEG foi para o permeado, conforme o esperado, pois a massa molar
de PEG e bem menor que a massa molar de corte da membrana. No entanto, uma
quantidade de PEG permaneceu no retido. A permanência do PEG no retido pode ser
explicado devido à afinidade existente entre o PEG e a proteína. Outra hipótese seria
a retenção de PEG sobre a superfície da membrana.
65
6 CONCLUSÃO
O SAB é uma técnica potencial para a separação e purificação da lipase. O
sistema 20% PEG 6000, 7,0% de fosfato de potássio pH 8 maior fator de purificação
5,9, recuperação de 25,4%, Vr de 0,40 e Kpart de 1,71 evidenciando a maior afinidade
da enzima pela fase de topo.
A técnica do planejamento experimental foi utilizada como uma estratégia para
a maximização da purificação, no qual foram avaliadas as concentrações de
polietilenoglicol (PEG), fosfato de potássio e NaCl em sistemas compostos por PEG
6000 pH 8. O acréscimo de NaCl no sistema aquoso bifásico foi baseado nos relatos
de que este favorece a transferência das proteínas para a fase superior (rica em PEG)
do sistema de duas fases. O sistema 20% PEG 6000, 5,8% fosfato de potássio pH 8,0
e com acréscimo de 4,8% de NaCl apresentou recuperação 53,8% e o maior fator de
purificação, igual a 10,2.
O sistema composto de 20% PEG, 5,8% de fosfato de potássio e sem a adição
de NaCl, apresentou maior atividade de transesterificação e fator de purificação, 8,5
U/mg e 28,3 vezes, respectivamente. Pode-se observar também que os fatores de
purificação com base na atividade de transesterificação foram maiores que os obtidos
para atividade de hidrólise. É interessante notar que o ensaio que apresentou maior
atividade de hidrólise foi o que apresentou menor atividade de transesterificação. O
mesmo comportamento se observa em relação ao fator de purificação e sugere a
ocorrência de um pool de enzimas no extrato obtido da fermentação em estado sólido.
O desempenho da ultrafiltração foi avaliado por sistema de escoamento
transversal. Membranas comerciais com massa molecular de corte de 30 a 60 kDa
foram testadas. Os resultados mostraram que um fator de purificação de 0,8 vezes e
com acréscimo de 0,09 mol/L de NaCl o fator de purificação aumentou para 1,4 vezes.
Quando combinado SAB/UF o fator de purificação em termos de atividade de
hidrólise diminuiu, mais em termos de atividade de transesterificação aumentou,
alcançando valores em torno de 39,0 vezes para os sistemas compostos de 11,6%
PEG 6000, 10% de fosfato de potássio e 1,2% de NaCl e 38,3 para o sistema
formado16% de PEG 6000, 8% de fosfato de potássio e 4,8% de NaCl. Após a UF da
fase de topo do SAB, conseguiu-se remover parte do PEG, que foi para o permeado,
mais uma quantidade de PEG permaneceu no retido, o que pode ser explicado devido
afinidade existente entre o PEG e a proteína.
66
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
• Investigação da purificação de lipases por outros sistemas aquosos bifásicos,
incluindo a etapa precipitação.
• Avaliação de membranas de outros fabricantes e de diferentes materiais.
• Avaliação de outras estratégias de separação da enzima e do PEG.
• Caracterização das enzimas obtidas após purificação.
• Eletroforese.
• Custos.
• “GRAS” do micro-organismo
67
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83
9 APÊNDICE
APÊNDICE I – Curvas Binodais para PEG 8000 e 10000 Da em pH 6, 7 e 8
Curva Binodal PEG 8000 pH 6,0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 5 10 15 20 25 30
% Fosfato de Potássio
% P
EG
Figura 1: Curva Binodal para o PEG 8000 e fosfato de potássio 30% (p/p), pH 6.
Curva Binodal PEG 8000 pH 7,0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 5 10 15 20 25 30 35 40
% Fosfato de Potássio
%P
EG
Figura 2: Curva Binodal para o PEG 8000 e fosfato de potássio 40% (p/p), pH 7.
84
Curva Binodal PEG 8000 pH 8,0
05
101520253035404550
0 5 10 15 20 25 30 35 40
% Fosfato de Potássio
%P
EG
Figura 3: Curva Binodal para o PEG 8000 e fosfato de potássio 40% (p/p), pH 8.
Curva Binodal PEG 10000 pH 6,0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 5 10 15 20 25 30
%Fosfato de Potássio
%P
EG
Figura 4: Curva Binodal para o PEG 10000 e fosfato de potássio 30% (p/p), pH 6.
85
Curva Binodal PEG 10000 pH 7,0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 5 10 15 20 25 30 35 40
%Fosfato de Potássio
%P
EG
Figura 5: Curva Binodal para o PEG 10000 e fosfato de potássio 40% (p/p), pH 7.
Curva Binodal PEG 10000 pH 8,0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 5 10 15 20 25 30 35 40
% Fosfato de Potássio
%P
EG
Figura 6: Curva Binodal para o PEG 10000 e fosfato de potássio 40% (p/p), pH 8.
86
APÊNDICE II - Tabelas completas com os valores obtidos na ultrafiltração do
extrato bruto, com a adição de NaCl ultrafiltrado em membrana de 30 e 60 kDa e
combinação do SAB/UF ultrafiltrado na membrana de 30 kDa.
Tabela 1 - Resultados da ultrafiltração do extrato enzimático bruto.
Parâmetro 30 kDa 60 kDa
Perda Volumétrica (mL) 0,6 1,6
Recuperação Total da Enzima % 71,1 51,0
Recuperação da Enzima no Retido % 71,0 50,2
Recuperação da Enzima no Permeado % 0,01 0,8
Fator de Purificação Baseado no Retido 0,8 0,6
Fator de Purificação Baseado no Permeado 0,01 0,01
Retenção da Atividade % 99,9 98,9
Retenção da Proteína % 86,7 86,3
Fator de Concentração Volumétrico 4,3 4,0
Fator de Concentração da At Enzimática 3,0 2,0
Fator de Concentração da Ptn Total 3,8 3,1
Recuperação da Proteína no Retido % 89,9 77,2
Recuperação da Proteína no Permeado % 10,0 9,8
Recuperação da Proteína Total % 99,9 87,0
87
Tabela 2 - Efeito da força iônica sobre a ultrafiltração do extrato enzimático,com a
adição de diferentes concentrações de NaCl, utilizando membrana de 30
kDa.
Concentração de NaCl (mol/L)
Parâmetros 0 0,02 0,04 0,09 0,2
Perda Volumétrica (mL) 0,6 0,7 0,4 1,0 0,8
Recuperação Total da Enzima % 71,1 62,9 59,7 73,2 56,8
Recuperação da Enzima no Retido % 70,9 62,2 59,6 72,8 55,8
Recuperação da Enzima no Permeado % 0,1 0,8 0,1 0,4 0,6
Fator de Purificação Baseado no Retido 0,8 1,2 0,9 1,4 1,2
Fator de Purif. Baseado no Permeado 0,01 0,2 0,02 0,1 0,2
Retenção da Atividade % 99,8 95,9 99,8 99,5 99,1
Retenção da Proteína % 86,7 94,9 89,5 92,5 95,9
Fator de Concentração Volumétrico 4,3 4,3 4,2 4,0 3,9
Fator de Concentração da At Enzimática 3,0 2,7 2,5 2,9 2,2
Fator de Concentração da Ptn Total 3,8 2,2 2,6 2,0 1,8
Recuperação da Proteína no Retido % 89,8 50,5 63,0 50,9 45,7
Recuperação da Proteína no Permeado % 9,9 3,8 7,8 5,4 3,0
Recuperação da Proteína Total % 99,8 54,3 70,8 56,3 48,7
88
Tabela 3 - Efeito da força iônica sobre a ultrafiltração do extrato enzimático,com adição
de diferentes concentrações de NaCl, utilizando membrana de 60 kDa.
Concentração de NaCl (mol/L)
Parâmetros 0 0,02 0,04 0,09 0,2
Perda Volumétrica (mL) 1,6 1,2 1,6 1,6 2,6
Recuperação Total da Enzima % 50,9 50,8 40,6 45,3 52,5
Recuperação da Enzima no Retido % 50,1 49,6 40,5 45,1 50,1
Recuperação da Enzima no Permeado % 0,8 1,2 0,1 0,2 2,4
Fator de Purificação Baseado no Retido 0,6 0,7 0,8 0,9 0,8
Fator de Purificação Baseado no Permeado 0,1 0,1 0,01 0,02 0,5
Retenção da Atividade % 98,9 98,4 99,9 99,7 96,6
Retenção da Proteína % 86,2 76,5 89,4 88,7 93,5
Fator de Concentração Volumétrico 4,0 4,4 4,7 4,7 4,4
Fator de Concentração da At Enzimática 2,0 2,2 1,9 2,1 2,2
Fator de Concentração da Ptn Total 3,1 3,2 2,3 2,4 2,6
Recuperação da Proteína no Retido % 77,2 72,1 48,5 51,3 59,6
Recuperação da Proteína no Permeado % 9,8 17,5 7,9 8,5 4,6
Recuperação da Proteína Total % 86,9 89,6 56,5 59,8 64,3
89
Tabela 4 - Combinação do sistema aquoso bifásico e separação por membrana para a
purificação da lipase com membrana de 30 kDa.
Resultados / Concentrações Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3
Perda Volumétrica (mL) 2,0 3,0 4,0
Recuperação Total da Enzima % 39,7 37,5 20,3
Recuperação da Enzima no Retido % 39,7 37,5 20,3
Recuperação da Enzima no Permeado % 0 0 0
Fator de Purificação Baseado no Retido 0,4 0,5 0,3
Fator de Purificação Baseado no Permeado 0 0 0
Retenção da Atividade % 100 100 100
Retenção da Proteína % 7,0 27,0 6,3
Fator de Concentração Volumétrico 1,7 1,7 1,9
Fator de Concentração da At Enzimática 0,7 0,6 0,4
Fator de Concentração da Ptn Total 1,7 1,4 1,5
Recuperação da Proteína no Retido % 96,3 80,8 78,6
Recuperação da Proteína no Permeado % 34,8 25,5 35,2
Recuperação da Proteína Total % 131,2 106,3 113,9
90
APÊNDICE III – Artigo screening do micro-organismo utilizado no estudo