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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA Fabiani Weiss Pereira O trabalho da equipe de saúde no atendimento das gestantes portadoras da soropositividade para o HIV: implicações para a enfermagem Trabalho de Conclusão de Curso URUGUAIANA 2010

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1

UNIVERSIDADE

FEDERAL DO

PAMPA

Fabiani Weiss Pereira

O trabalho da equipe de saúde no atendimento das gestantes

portadoras da soropositividade para o HIV: implicações para a

enfermagem

Trabalho de Conclusão de Curso

URUGUAIANA

2010

2

FABIANI WEISS PEREIRA

O TRABALHO DA EQUIPE DE SAÚDE NO ATENDIMENTO DAS

GESTANTES PORTADORAS DA SOROPOSITIVIDADE PARA O

HIV: IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como requisito para

obtenção de título de bacharel em

Enfermagem, do Curso de Enfermagem

da Universidade Federal do Pampa.

Profª. Orientadora: Enfª. Msc. Michele

Bulhosa de Souza

Uruguaiana

2010

3

4

Dedico esse Trabalho de Conclusão de

Curso a minha mãe, Marli Weiss, minha

incentivadora. Uma pessoa batalhadora a

qual tenho muito orgulho. Obrigada pela

honra de ser a sua filha.

5

AGRADECIMENTO

Primeiramente a Deus, por ter me dado a chance de ser aquilo que escolhi, por ter

confiado a mim o dom de cuidar e por me ajudar a superar os momentos difíceis,

obrigada por essa conquista.

À minha mãe e melhor amiga, Marli Weiss por ter acreditado em mim, me apoiando em

todos os momentos, pelos sacrifícios para me dar tudo o que precisei. Obrigada mãe,

meu exemplo de vida . Te amo.

Ao meu irmão querido, Henrique Weiss pela compreensão e apoio. Te amo.

À minha orientadora, professora Michele Bulhosa de Souza, pela confiança e incentivo,

como também pelo seu entusiasmo e esforço com o tema HIV/AIDS, obrigada por tudo.

À uma pessoa que Deus colocou no meu caminho, minha amiga e irmã que escolhi para

compartilhar meus momentos de alegria e tristeza, Raquel Einloft Kleinübing, obrigada

amiga. Te amo.

Às minhas amigas que tive o privilégio de compartilhar os melhores momentos na

faculdade, nas festinhas, nos encontros para fazer nosso famoso cachorro-quente, quanta

saudades vou sentir, obrigada à Carla Cibele Silveira da Costa, Naiana Oliveira dos

Santos, Marieli Barcelos Ramires, Cristiane Ziech, Taianis Paiva Ribeiro e a tantas

outras amigas que sempre estiveram ao meu lado.

A todos que de uma forma ou outra fizeram parte da minha jornada acadêmica,

obrigada!

6

Nada é impossível para aquele que

persiste.

Alexandre O Grande

7

RESUMO

O cuidado prestado pela equipe de saúde às gestantes soropositivas para o vírus HIV

nos reporta para o cuidado humanizado no qual refletimos sobre abordagens de

acolhimento que podem ser essenciais para a saúde dessas gestantes. A importância de

cada membro da equipe no comprometimento com esse cuidado, faz-se necessária para

a adesão dessas gestantes ao tratamento com os anti-retrovirais. A partir do recebimento

do diagnóstico de HIV é importante que esta gestante tenha facilidade de acesso aos

serviços e profissionais de saúde, para o seguimento do tratamento. Neste caso, a adesão

pode estar intimamente ligada à atenção prestada pela equipe multiprofissional do

Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA). Este estudo teve como objetivo

principal conhecer o trabalho da equipe de saúde do CTA no atendimento as gestantes

HIV/AIDS. Dessa forma, após a aprovação do Comitê de Ética da Universidade Federal

do Pampa, foi realizada uma pesquisa qualitativa do tipo exploratória, por meio de

entrevistas semi-estruturadas com doze profissionais da saúde do CTA em um

município da região oeste do Estado do Rio Grande do Sul. Estas entrevistas tiveram

como foco principal as relações dos profissionais com as pacientes soropositivas para o

HIV e o processo de atendimento. O Consentimento Livre Esclarecido foi apresentado à

equipe de saúde, individualmente, garantindo o anonimato e esclarecendo os objetivos

da pesquisa, bem como a autorização para a gravação das entrevistas. A análise dos

dados foi temática, baseada em Minayo, por meio da qual alcançamos os resultados

através da inserção de categorias e subcategorias durante o desenvolvimento do estudo.

Encontramos dificuldades vivenciadas pelas gestantes na opinião dos profissionais,

dificuldades dos próprios profissionais frente à organização do trabalho, estratégias

desafiadoras para melhorar a adesão das gestantes ao tratamento e o importante papel

do enfermeiro como articulador. Esperamos que este estudo contribua para o

aperfeiçoamento do cuidado da equipe de saúde no atendimento as gestantes do CTA.

Descritores: HIV, gestantes, profissionais da saúde, enfermagem.

8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................10

2 REVISÃO DE LITERATURA....................................................................................12

2.1 HIV/AIDS e pré-natal................................................................................................12

2.2 Cuidado humanizado às gestantes HIV/AIDS...........................................................15

2.3 O atendimento a gestante HIV/AIDS no contexto da enfermagem...........................17

3 JUSTIFICATIVA.........................................................................................................20

4 OBJETIVOS.................................................................................................................21

5 MÉTODOS DO ESTUDO...........................................................................................22

5.1 Desenho do estudo....................................................................................................22

5.2 Amostra/População Alvo...........................................................................................23

5.3 Critérios de inclusão e exclusão................................................................................23

5.4 Análise dos dados......................................................................................................24

5.5 Aspectos éticos..........................................................................................................25

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS.................................................................................26

6.1 Adesão ao tratamento: as dificuldades vivenciadas pelas gestantes na opinião dos

profissionais.....................................................................................................................26

6.1.1 Descoberta do diagnóstico no pré-natal: um possível fator de não-

adesão..............................................................................................................................26

6.1.2 Negação da doença e autocuidado..........................................................................31

6.2 Adesão frente às dificuldades no trabalho em equipe..............................................35

9

6.2.1 Trabalho em equipe: um desafio para a enfermagem.............................................35

6.2.2 Reuniões: um recurso para superar as dificuldades e promover o trabalho

interdisciplinar ................................................................................................................39

6.3 Estratégias e adesão ao tratamento: desafios para a equipe.......................................42

6.3.1 Acolhimento: uma atitude de inclusão e aproximação...........................................42

6.3.2 Grupo de gestantes: uma forma de promover a adesão..........................................45

6.3.3 Busca ativa e o respeito à autonomia e sigilo.........................................................48

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................50

REFERÊNCIAS..............................................................................................................52

APÊNDICES...................................................................................................................61

Apêndice 1.......................................................................................................................62

Apêndice 2.......................................................................................................................63

Apêndice 3.......................................................................................................................66

ANEXOS.........................................................................................................................67

Anexo 1............................................................................................................................68

Anexo 2............................................................................................................................69

10

1 INTRODUÇÃO

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é a doença infecciosa de

maior mortalidade no mundo, segundo informações divulgadas pela Organização

Mundial de Saúde (2009b), aproximadamente 40 milhões de pessoas foram infectadas,

sendo que 20 milhões já morreram desde o início de sua ocorrência. Com a evolução do

tratamento a sobrevida dos pacientes aumentou e a AIDS tornou-se uma doença crônica,

porém a associação da AIDS com a morte, mesmo com o tratamento com os anti-

retrovirais, é muito presente (NEVES; GIR, 2007).

Anteriormente, acreditava-se em “grupos de risco”, tais como homossexuais,

profissionais do sexo, dependentes químicos e hemofílicos. Esta visão fez com que as

pessoas não incluídas nesses grupos pensassem que não estariam suscetíveis ao

HIV/AIDS, propiciando também a feminilização da epidemia (SCHERER;

BORENSTEIN; PADILHA, 2009).

Ao nos reportarmos à feminilização da epidemia, destacamos o ciclo

reprodutivo, dado que a maioria das mulheres infectadas estão em idade fértil (BRASIL,

2008b). Devido a isso, o diagnóstico da doença muitas vezes é revelado durante a

gestação, sendo o acompanhamento dessas gestantes realizado em serviços de

referência, denominado Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA).

O CTA é um serviço responsável pelo atendimento às pessoas portadoras de

Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST‟s) implantado em um município da região

oeste do Rio Grande do Sul desde o ano de 1995. No caso das mulheres com

HIV/AIDS, atualmente este serviço atende 447 mulheres, sendo nove gestantes e dez

puérperas.

No que tange as gestantes HIV/AIDS, devemos mencionar o período pré-natal,

uma época de preparação física e psicológica que precede ao parto e a maternidade e,

como tal, é um momento de intenso aprendizado para a mulher e a equipe de saúde que

está fazendo seu monitoramento. Dessa forma, um dos objetivos da equipe de saúde do

11

CTA deve ser prestar cuidado humanizado as gestantes HIV/AIDS, preconizado no

Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN).

O ato de cuidar implica no estabelecimento de interação entre sujeitos, ao

cuidarmos do outro estamos realizando não somente uma ação técnica, como também

sensível, ao ser um encontro entre pessoas, aquela que cuida e aquela que participa do

cuidado, envolvendo empatia (FERREIRA, 2006), por isso é preciso que

compreendamos o valor do cuidado em todas as profissões da área da saúde. O cuidado

requer, também, uma concepção ética, contemplando a própria vida para respeitar a do

outro em sua complexidade (SOUZA; SARTOR; PRADO, 2004).

Assim, devido à complexidade do atendimento as gestantes HIV/AIDS nos

questionamos, como vem se desenvolvendo o trabalho da equipe de saúde do CTA para

promover a adesão das gestantes HIV/AIDS ao tratamento e quais as implicações desse

trabalho para o cuidado de enfermagem?

A questão do HIV/AIDS inclui a participação de todos os profissionais de saúde

do local, com a necessidade de traçar objetivos, metas, estratégias e ações educativas

em conjunto, com educação permanente para todos os profissionais. A situação de

saúde das gestantes HIV/AIDS necessita de cuidados especializados, assim faz-se

necessário estudos referentes ao atendimento humanizado para essas gestantes, já que

será primordial para a sua adesão ao tratamento com os anti-retrovirais durante o pré-

natal e pós-nascimento (caso seja necessário a continuidade do tratamento), o

estabelecimento contínuo do vínculo com os profissionais de saúde.

12

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 HIV/AIDS e pré-natal

O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é considerado um retrovírus, e

infecta o organismo humano. Os vírus costumam passar por um ciclo vital com

multiplicação e liberação de novos vírus. Os anti-retrovirais, medicamentos usados no

tratamento, interferem nessa multiplicação/liberação, além disso, recuperam as defesas

do corpo, aumentando o tempo e qualidade de vida das gestantes infectadas ( SEBEN et

al., 2008).

A infecção pelo HIV é dividida em fases: aguda, assintomática, sintomática

inicial e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). A última fase corresponde

ao surgimento e instalação de doenças oportunistas, decorrentes da baixa imunidade,

essas doenças podem ser causadas por vírus, bactérias, protozoários, fungos e algumas

neoplasias. Desta forma a adesão ao tratamento anti-retroviral é de suma importância e

a gestante soropositiva deve ser orientada sobre a possibilidade da transmissão vertical.

As mulheres constituem a maioria da população brasileira (50,77%) e são as

principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2004c). É importante

observarmos que ao nos reportarmos ao HIV/AIDS, há uma nítida expansão do número

de casos entre mulheres, cuja transmissão predominante ocorre por via sexual.

Dados epidemiológicos mostram que em relação a faixa etária dos 25 aos 49

anos, houve 78% de homens infectados e 71% de mulheres, por isso as estratégias de

prevenção destinadas as mulheres têm sido cada vez mais reforçadas (BRASIL, 2008a).

Ao nos reportarmos para a cidade na qual será realizada a pesquisa, segundo o

diagnóstico local, Uruguaiana apresenta um declínio na identificação de casos positivos

de HIV, sendo seu principal foco de ações, em relação ao HIV/AIDS, a prevenção,

porém ainda são necessárias campanhas sobre a importância da realização do teste para

13

diagnóstico, pois em 2002 haviam 311 diagnósticos de AIDS, em 2005 esse número

decresceu para 56 diagnósticos (BRASIL, 2007).

Ao falarmos em saúde da mulher não podemos deixar de mencionar o Programa

de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), lançado no início dos anos 80, com a

proposta de abranger todas as fases do ciclo vital da mulher, incluindo desde as

adolescentes até as mulheres no climatério (BRASIL, 2004c), ressaltando aspectos

preventivos e curativos. A dimensão deste programa seria integral e não somente

voltada à reprodução, além de inserí-las no contexto sócio econômico e cultural

(PRAÇA, 2007). Apesar do esforço constante esse programa sofreu contratempos e

ainda não houve sua implantação plena, e essa inoperância não deve ser entendida de

forma isolada ou exclusiva, mas no contexto dos problemas de todo o sistema público

de saúde do país (GALVÃO, 1999).

Apesar disso, o PAISM ainda hoje, de certa forma, abrange a manutenção e

promoção da saúde da mulher em todas as suas vertentes e diferenças, sejam elas

regionais, étnicas, religiosas, entre outras. Além disso, faz parte das prioridades

assistenciais do programa de saúde da família, priorizando um cuidado integral e

humanizado, visando a manutenção da saúde materno-infantil em relação as gestantes,

estando presente nas ações da maioria dos profissionais que procuram por um cuidado

integral com intuito de enfatizar a humanização em todas as fases de atenção a essas

mulheres ( ALEXANDRE, 2007).

Com isso seria relevante abordarmos sobre o Programa de Humanização no Pré-

natal e Nascimento (PHPN), instituído pela Portaria nº. 569 do Ministério da Saúde

(MS), em 1o de junho de 2000, constituindo uma das diretrizes para reorientar o modelo

de assistência à saúde da mulher. Segundo o manual técnico do pré-natal e puerpério

são recomendados oito critérios mínimos de qualidade para o adequado

acompanhamento pré-natal e assistência à puérpera. Entre esses, o município deve

assegurar à gestante a realização da primeira consulta de pré-natal no primeiro trimestre

de gestação e realizar, no mínimo, seis consultas de acompanhamento pré-natal

(BRASIL, 2006b).

Durante o pré-natal o Ministério da Saúde recomenda a realização do teste anti-

HIV, com aconselhamento e com consentimento, para todas as gestantes na primeira

14

consulta pré-natal e, sempre que possível, repetir a sorologia para HIV no início do

terceiro trimestre, visando a saúde materno/infantil com ênfase na prevenção da

transmissão vertical para o recém-nascido. Quando a testagem não é realizada durante o

pré-natal a mesma deve ocorrer no momento do parto, através do teste rápido (BRASIL,

2006c). A confirmação sorológica é realizada mediante dois exames ELISA (de alta

sensibilidade), como método de triagem ou por meio de um teste confirmatório

(aglutinação de partículas de látex, imunofluorescência indireta e Western-blot)

(BRASIL, 2004a).

Ao receber o diagnóstico de infecção pelo HIV, durante a gestação, a paciente

deverá ser encaminhada para o CTA e Serviço de Assistência Especializado (SAE) que

fará o seu acompanhamento clínico, como portadora do HIV. Preferencialmente, o

acompanhamento pré-natal também deverá ser feito em serviço de referência durante

toda a gestação por um obstetra.

Na primeira consulta são necessários exames do perfil obstétrico, carga viral e

taxa de número de células de defesa do organismo (CD4), perfil lipídico, provas de

função renal, hemograma e enzimas hepáticas a cada 2 meses, bacterioscopia da

secreção vaginal, pesquisa de clamídia e gonococo em secreção cervical. Entre a 24 ª e

28ª semana gestacional deve-se realizar sorologia para sífilis e toxoplasmose,

bacterioscopia de secreção vaginal, glicemia de jejum, urina tipo 1, CD4 e carga viral,

para readequar a Terapia Antiretroviral (TARV). Na 34ª semana é preciso realizar o

exame de carga viral, para definir o tipo de parto (BRASIL, 2004c).

Em função do diagnóstico HIV positivo estar relacionado com a morte,

“geralmente a descoberta da sorologia positiva tem como conseqüência um desgaste

físico e emocional imenso, que muitas vezes altera todo o ciclo familiar e afetivo da

gestante” (SCHERER, 2006 p.31). Sendo assim, promover a adesão ao tratamento deve

compreender os aspectos físicos, psicológicos, sociais, culturais e comportamentais, isso

requer decisões compartilhadas entre a gestante portadora do vírus, a equipe de saúde e

a rede social onde ela está inserida (NEVES; GIR, 2007).

É importante destacarmos que quando a gestante encontra-se em estágio inicial

da infecção pelo HIV, que não necessita de terapêutica específica (momento

assintomático), não devemos excluir outras formas de cuidado. É nesse momento que

15

profissionais de saúde podem identificar possíveis dificuldades psicossociais

vivenciadas e, assim, prepará-la para a primeira prescrição anti-retroviral, que no caso

das gestantes virgens de tratamento, começará na 14 semana de gestação (BRASIL,

2008b).

2.2 Cuidado humanizado às gestantes HIV/AIDS

Cuidar significa colocar-se no lugar do outro em diferentes situações sejam elas

pessoais ou sociais. Para que o cuidado tenha qualidade e seja humanizado precisa

haver comunicação com os membros da equipe de saúde e com os pacientes,

acolhimento com aconselhamento através da consulta de enfermagem, capacitação de

todos os profissionais para que se possa discutir sobre a humanização, não esquecendo

da família do paciente nesse contexto (ROSSI ; LIMA, 2005), com isso a equipe de

saúde pode ofertar um cuidado integral ao tratarmos de gestantes HIV/AIDS.

No ato de cuidar a comunicação é uma ferramenta fundamental para a equipe de

saúde, sendo um alicerce importante para que a relação de cuidado se estabeleça de

forma efetiva e eficaz. Portanto, devemos valorizar tanto a comunicação verbal como a

não-verbal (FERREIRA, 2006). O toque, a empatia ao ouvir as gestantes e demais

práticas que integram a essência do cuidado podem ser recursos fundamentais do

processo de atendimento as gestantes HIV/AIDS.

O tratamento e a reabilitação não ocorrem somente pela intervenção técnica,

pela tecnologia ou pelos medicamentos, já que a doença não habita um corpo biológico

somente, mas o corpo de um ser que, como tal, expressa na sua materialidade biológica,

a dimensão sensível que o qualifica como humano (PAGLIUGA; CAMPOS, 2003).

Uma outra observação referente à comunicação diz respeito ao estilo de falar, é

imprescindível que seja feita a escolha das palavras de acordo com o referencial sócio-

cultural da paciente, pois isso faz toda a diferença na qualidade da comunicação

estabelecida, para que a mesma possa entender o que está sendo discutido.

16

O uso de técnicas de comunicação terapêutica aliadas à competência técnica e

ao trabalho interdisciplinar têm proporcionado o alicerce tão necessário à pessoa que

atravessa o período de transição existencial, como o período gestatório. Acredita-se que

as gestantes desejam ser acolhidas, respeitadas, tendo um diálogo sem julgamentos ou

preconceitos que permitam-nas falar de sua intimidade com segurança e confiança no

profissional.

Além disso, para que o cuidado realmente esteja voltado para o acolhimento com

humanização é preciso que os profissionais da saúde coloquem seus conhecimentos em

prol das gestantes soropositivas para o HIV, estando disponíveis e assumindo

compromisso com a saúde e a ética. Para tanto, a equipe de saúde deve estar capacitada,

ter segurança técnica, estar atualizada e ter embasamento científico, devendo estar

comprometida com as novas propostas e experiências, reconhecendo a grávida como

condutora do processo, sendo sua participação essencial (ZAMPIERI, 2006).

Dessa forma, a adesão das mulheres ao tratamento pode estar relacionada com a

qualidade da assistência prestada pelo serviço e pelos profissionais de saúde. A

assistência ao pré-natal é o primeiro passo para o parto e nascimentos humanizados, a

consulta ao ginecologista/obstetra, conjuntamente com a consulta de enfermagem e

realização de escuta de todos os profissionais inseridos no atendimento, poderão

oferecer o suporte para que essas gestantes não abandonem o tratamento. O conceito de

humanização da assistência ao parto pressupõe compreender a promoção e manutenção

do bem-estar físico e emocional ao longo do processo da gestação, parto e nascimento,

entre outras atividades (BRASIL, 2000).

A temática do acolhimento nas ações de cuidado nos serviços de saúde vem

ganhando importância crescente no campo médico-sanitário (TEIXEIRA, 2003), e essa

temática está intimamente ligada à comunicação, em qualquer encontro profissional da

sáude-gestante soropositiva para o HIV. Dado que a:

(...) inserção do indivíduo, tão necessária para que ele não se sinta preterido

ou desacolhido, pode ser feita através de um simples olhar explicativo, de um

toque que represente: ainda estou contigo, do respeito, ou até, desde que

eticamente possível, da sua inclusão nas questões que estão sendo

socializadas pelos profissionais que invadem, naquele momento, o seu espaço

de cuidado (ROSSI; LIMA, p.308, 2005).

17

Devemos levar em consideração a particularidade, no contexto do HIV, de cada

gestante soropositiva para este vírus, para que se oferte um cuidado humanizado. A

interação do profissional com a gestante soropositiva para o HIV deve relevar os

valores, as crenças, os conhecimentos, as experiências, percebendo-a como sujeito do

processo. Ofertando, assim, um atendimento com liberdade de expressão e participação

da paciente, assistindo o ser humano em sua integralidade ao compreender sua realidade

e contexto de vida.

No atendimento os profissionais da saúde devem tentar compreender o que a

gestante HIV positiva sente, procurando ajudá-la em seus anseios (ZAMPIERI, 2006),

principalmente quando essas ligam a AIDS à morte. Mesmo que tenha ocorrido a

evolução no tratamento da AIDS “que aumentou a sobrevida do paciente e a

transformou em uma doença crônica, nas representações populares a associação entre

AIDS e morte é muito presente” (NEVES; GIR, 2007, p. 617).

A gestante soropositiva para o HIV deve ser orientada pela equipe sobre a

importância do tratamento e as possíveis complicações que a terapia anti-retroviral pode

ocasionar (BRASIL, 2004c), pois sem informação as mesmas podem abandonar as

medicações. Com o uso dos medicamentos, há relatos por parte das gestantes que antes

do tratamento medicamentoso não sentiam alterações em seu organismo, achando

estarem saudáveis e sem necessidade de cuidados, porém após o uso contínuo sentem

reações desagradáveis que fazem com que essas queiram abandonar o tratamento

(NEVES E GIR, 2007). Nesse sentido, segundo Ministério da saúde, ações de educação

em saúde como grupos de discussão, jornal-mural, entre outras, são facilitadoras da

inclusão e reduzem dúvidas e preconceitos em relação ao tratamento (BRASIL, 2007).

2.3 O atendimento a gestante HIV/AIDS no contexto da enfermagem

A chegada de um novo ser em uma família influencia o ambiente, no tempo e no

espaço vividos, gerando expectativas acerca deste bebê, medos, angústias a partir do

diagnóstico e possível contágio pelo HIV. O enfermeiro pode ser parte do ambiente da

18

gestante e vice-versa, sendo que ambos podem se inter-relacionar no tempo e no espaço,

portanto tem um papel importante no processo de cuidado e esclarecimento sobre o HIV

e a relação com a morte (BUZZELLO; JESUS, 2004). Portanto deve integrar seus

cuidados com a equipe de saúde para que obtenha um bom atendimento e resultados

positivos no tratamento.

Para um atendimento humanizado para as gestantes HIV positivas, o enfermeiro,

através da consulta de enfermagem, deve assistir essas gestantes em sua integralidade,

preparar-se previamente através da leitura dos dados contidos nos prontuários e

organização do ambiente e material (ALONSO, 2005), percebendo-a não como um

mero objeto do plano terapêutico, levando em consideração seu modo de vida, fazendo

as investigações necessárias acerca do seu quadro de saúde e compartilhando as

informações obtidas com a equipe de saúde do local.

No caso das gestantes soropositivas para o HIV, por se enquadrarem como

gravidez de alto risco, devem ser atendidas, na consulta do pré-natal, por um médico

que dê suporte para um nascimento saudável, sem retirar as atribuições dos enfermeiros

que podem acompanhar o tratamento, contribuindo conjuntamente com os demais

profissionais da saúde para uma gravidez saudável.

O acompanhamento no período gestacional ajuda a mulher a ampliar seus

conhecimentos, podendo também compreender melhor suas vivências, expressar seus

medos e angústias e instrumentalizar-se para os cuidados neste período, além de

preparar para a maternidade (ZAMPIERI, 2006).

A atuação do enfermeiro em esclarecer as usuárias sobre o seu estado de saúde,

revela um tratamento mais integral, à medida que este passa a se “envolver” mais com a

usuária, incentivando a manutenção do autocuidado ( COSTA et al., 2006). A

enfermagem tem como seu interesse especial o atendimento às necessidades individuais

para o autocuidado, de modo a sustentar a vida e a saúde, recuperá-la da doença e lutar

contra seus efeitos.

Para um aconselhamento efetivo para as gestantes atendidas no CTA e Serviços

de Assistência Especializada (SAE) é preciso investir nos recursos humanos, ou seja, à

capacitação dos profissionais da saúde. Tentando motivá-los para que orientem essas

mulheres com qualidade, e essas possam receber adequado atendimento, ofertando um

19

suporte emocional adequado, permitindo que essas possam aprender a lidar melhor com

essa nova condição e participar ativamente de seu processo terapêutico (RICALDONI;

SENA, 2006), além disso, permitirá a redução do nível de estresse e principalmente

contribuir para a adesão ao tratamento.

Não podemos esquecer de mencionar que, para que haja uma consulta com

aconselhamento e atendimento humanizado eficaz, deve haver comunicação adequada

entre profissional/paciente e entre os outros profissionais da saúde que precisam

trabalhar conjuntamente, compartilhando seus saberes, complementando o atendimento

e tornando-o cada vez melhor.

Todos os campos de atividade humana envolvem de alguma forma a

comunicação, “comunicação é um processo de compreender e compartilhar mensagens

enviadas e recebidas” (STEFANELLI, 2005 p. 29). O enfermeiro nesse contexto tem

importância vital no processo de comunicação, por isso ele deve estar atento as

características da paciente.

Para que o enfermeiro adquira competência em comunicação, essa deve ser

entendida como um eixo integrador entre assistência, ensino e pesquisa em

enfermagem, também deve permitir ao enfermeiro exercer a profissão de forma

integrada, como ciência e arte (STEFANELLI, 2005).

O profissional enfermeiro, assim como todos os demais profissionais de saúde,

“por meio de sua postura, de seu olhar, de seu toque e de seus gestos, consegue aliviar a

condição de fragilidade do paciente, ajudando-o a manter sua dignidade, tratando-o

como ser humano” (SILVA, 2005). Prestando atenção a esses cuidados o atendimento

de enfermagem e demais áreas da saúde proporciona maior satisfação do paciente,

sendo resultado de um atendimento humanizado.

Atendimentos orientados por uma perspectiva interdisciplinar, através da

interação de todos os profissionais trabalhando conjuntamente, podem levar a resultados

positivos, já que a equipe interdisciplinar pode contribuir para facilitar a condução da

gestação, compartilhando conhecimentos e experiências, a fim de que a mulher possa

compreender melhor o momento gestacional, minimizando seus medos e ansiedades,

preparando-se para um nascimento saudável, aderindo ao tratamento com os anti-

retrovirais durante e após o parto, caso seja necessário.

20

3 JUSTIFICATIVA

Um resultado positivo para o HIV pode acarretar um grave impacto na vida das

mulheres, especialmente quando o diagnóstico ocorre no período gestacional, pois a

maternidade se revela como sinal de vida e esperança em contraposição à idéia de morte

relacionada à AIDS (ZAMPIERE, 2006; NEVES; GIR, 2007; ARAUJO et al., 2008).

Optamos por realizar este estudo, com foco nos profissionais da saúde e

gestantes soropositivas para o HIV, devido a consideramos necessário um estudo a

cerca de como é realizado o atendimento dessas gestantes, consideramos que essas

necessitam de atenção durante o período gestacional, pois precisam de suporte para que

realizem o autocuidado e cuidado ao bebê, visando uma qualidade de vida e

reconhecimento da importância da inserção do anti-retrovirais durante a gestação.

A partir do recebimento do diagnóstico da sorologia é importante que a gestante

ao descobrir-se HIV positiva tenha facilidade de acesso aos serviços e profissionais de

saúde, caso enfrente alguma dificuldade no seguimento do tratamento. Neste caso, as

consultas de pré-natal devem seguir intervalos flexíveis, para que as gestantes que

apresentam efeitos colaterais ao uso de anti-retrovirais ou outra dificuldade de adesão

não abandonem o tratamento (ARAUJO et al., 2008).

Percebe-se que a adesão ao tratamento com anti-retrovirais por parte das

gestantes “sofre influência de uma série de fatores que são: uso correto dos

medicamentos, enfrentamento dos efeitos colaterais e até a ocultação dos remédios dos

vizinhos” (ARAUJO et al., 2008, p.593). Portanto, verifica-se o quanto é importante a

presença de uma equipe multiprofissional no acompanhamento de gestantes portadoras

do vírus HIV, que vivenciam o tratamento para a profilaxia da transmissão vertical,

oferecendo a estas mulheres uma assistência mais eficaz e humanizada.

O acompanhamento no tratamento busca além da prevenção da mortalidade

materna e fetal, assegurar o bem estar, favorecer a compreensão e adaptação às novas

vivências decorrentes da gestação, além de instrumentalizar as gestantes em relação aos

cuidados neste período (ZAMPIERI, 2006). Esses são alguns dos motivos da

21

importância em conhecer o trabalho da equipe de saúde responsável pelo atendimento

as gestantes soropositivas para o HIV, respaldando a importância de cada membro da

equipe no comprometimento com o cuidado humanizado.

22

4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo geral

- Conhecer o trabalho da equipe de saúde do Centro de Testagem e

Aconselhamento (CTA) no atendimento as gestantes HIV positivas.

4.2 Objetivos específicos

- Evidenciar as dificuldades dos profissionais do CTA no atendimento às

gestantes soropositivas para o HIV;

- Identificar as possíveis estratégias dos profissionais do CTA para adesão das

gestantes soropositivas para o HIV ao tratamento;

23

5 MÉTODOS DO ESTUDO

5.1 Desenho do estudo

Tratou-se de um estudo qualitativo do tipo exploratório que objetivou

proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a

construir hipóteses, bem como trabalhou-se com diferentes significados e atitudes os

quais correspondem a um espaço mais profundo de relações e dos processos (MINAYO,

2007).

Essa abordagem permitiu explicações contextuais ao abordarmos o cuidado da

equipe de saúde com implicações para a enfermagem, podendo analisar as reações e

papéis de cuidadores profissionais diante das gestantes HIV/AIDS.

O presente estudo foi realizado no Centro de Testagem e Aconselhamento

(CTA), de um município com uma população estimada de 137.789 habitantes, situado

no oeste do Rio Grande do Sul, na fronteira com a Argentina (HENTSCHKE, et al.,

2008). Este serviço iniciou suas atividades em 1995 (PARRAGA; ROSA, 2005), o qual

é responsável por atividades de educação em saúde com grupo de gestantes e puérperas,

entrega de resultados de testes com aconselhamento e consulta de enfermagem,

distribuição e dispensação de medicamentos, fornecimento de testagem anti-HIV e

encaminhamento de testagem CD4 e carga viral.

Para a coleta dos dados foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas (apêndice

1), estabelecendo uma relação de interação entre entrevistado e entrevistador, através

de uma relação inter-subjetiva, contemplando o afetivo, o contexto do dia-a-dia e

experiências, tendo como finalidade o êxito da pesquisa qualitativa ( MINAYO, 2007).

Esse tipo de entrevista segue “um roteiro que é apropriado fisicamente e

utilizado pelo pesquisador” (MINAYO, 2007, p.267). Foram abordados aspectos

24

relevantes para o alcance dos objetivos, com questionamentos básicos, que interessam à

pesquisa e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, levando a

hipóteses que iam surgindo à medida do recebimento das respostas do entrevistado. As

entrevistas aconteceram em maio de 2010, no local de trabalho dos profissionais, com

duração aproximadamente de vinte (20) minutos. Estas foram gravadas, permitindo que

os entrevistados relatassem espontaneamente as suas experiências dentro do foco

principal proposto pelo investigador e posteriormente transcritas e identificadas por

ordem de realização, os entrevistados foram identificados pela letra A, seguidos de um

número (1, 2 ,3...), conforme ordem das entrevistas.

5.2 Amostra/ população alvo

Os sujeitos desta pesquisa foram a equipe de saúde de um CTA, composta por

doze profissionais, entre eles: dois médicos (pneumologista e ginecologista), dois

enfermeiros, duas psicólogas, um dentista, três técnicas de enfermagem, uma

farmacêutica e uma estagiária em serviço social.

5.3 Critérios de inclusão e exclusão

Os critérios de inclusão foram baseados na equipe de saúde de um CTA devido

a maior riqueza de informações relevantes ao alcance do objetivo em estudo.

Os critérios de exclusão foram baseados nos profissionais que poderiam estar

sob aviso de qualquer tipo de licença empregatícia no mês de coleta de dados.

25

Apenas um profissional recusou-se a participar do estudo, justificando não

considerar-se importante no atendimento e cuidado às gestantes soropositivas para o

vírus HIV.

5.4 Análise dos dados

Nesta pesquisa utilizou-se a análise temática que, “comporta um feixe de

relações e pode ser graficamente apresentada através de uma palavra, de uma frase, de

um resumo” (MINAYO, 2007, p.315). Esta análise é bastante formal, seu procedimento

visa obter a sistematização e descrição do conteúdo das mensagens. É constituída de

três etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento com interpretação dos

resultados obtidos.

Na primeira fase, realizamos a pré-análise, a qual consistiu na escolha dos

documentos para análise e na retomada dos objetivos iniciais da pesquisa, com leitura

flutuante mantendo contato direto e intenso com o material de campo.

Também, houve a constituição do corpus, cumprindo as normas de

exaustividade, representatividade, homogeneidade e pertinência, mais a formulação e

reformulação de hipóteses e objetivos, retomando a etapa exploratória, determinando a

unidade de registro (MINAYO, 2007), que consistiu nas palavras-chave: descoberta do

diagnóstico durante o pré-natal; autocuidado e negação da doença; trabalho em equipe;

reuniões; acolhimento; grupo de gestantes e busca ativa.

Posteriormente, na terceira etapa, ocorreu o tratamento dos resultados obtidos e a

sua interpretação, aqui pode emergir “em torno de novas dimensões teóricas e

interpretativas, sugeridas pela leitura do material” ( MINAYO, 2007, p.318). Assim,

emergiram três categorias: Adesão ao tratamento: as dificuldades vivenciadas pelas

gestantes na opinião dos profissionais; Adesão frente às dificuldades no trabalho em

equipe; Estratégias e adesão ao tratamento: desafios para a equipe.

26

5.5 Aspectos éticos

Os profissionais envolvidos foram convidados e após aceitar participar da

pesquisa tiveram acesso ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (apêndice

2). Apresentamos a cada sujeito, individualmente, os objetivos do trabalho e a

metodologia adotada, garantindo-lhes a liberdade de participação, o direito de

suspender ou, até mesmo, de retirar seu consentimento e optar por deixar de participar

desse trabalho, sem sofrer qualquer prejuízo, assim como lhes foi assegurado o

anonimato e o caráter confidencial das informações relatadas.

Os dados foram coletados após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em

Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), o projeto de

pesquisa foi enviado em abril de 2010 para o CEP, que avaliou e autorizou a

realização desta pesquisa, por meio da carta de aprovação 005 2010.

As informações da pesquisa ficarão sob a responsabilidade da pesquisadora e

serão utilizados apenas para essa pesquisa, sendo destruídos após o seu uso.

Além disso, houve o compromisso com os profissionais de saúde do CTA e com a

Secretaria de Saúde do município da região oeste do Estado do Rio Grande do Sul de

apresentar os resultados deste trabalho, para isso os profissionais foram convidados para

apresentação pública dos resultados na Unipampa e também uma cópia será

disponibilizada para estes no CTA.

27

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Após a análise temática dos dados, as unidades de registro foram agrupadas em

três categorias: Adesão ao tratamento: as dificuldades vivenciadas pelas gestantes na

opinião dos profissionais; Adesão frente às dificuldades no trabalho em equipe;

Estratégias e adesão ao tratamento: desafios para a equipe. A seguir abordaremos cada

categoria individualmente.

6.1 Adesão ao tratamento: as dificuldades vivenciadas pelas gestantes na opinião

dos profissionais

Está categoria abordará temas relacionados à análise realizada em relação à

percepção dos profissionais às gestantes, relacionado à adesão ao tratamento. Esta

categoria subdividiu-se em duas subcategorias: Descoberta do diagnóstico no pré-natal:

um possível fator de não-adesão e negação da doença e autocuidado.

6.1.1 Descoberta do diagnóstico no pré-natal: um possível fator de não-adesão

A maioria das mulheres sente orgulho e prazer pela capacidade de gerar um filho

e os sentimentos de medos e temores de que algo possa acontecer de errado com seu

bebê fazem parte da gestação (CARACIOLO; SHIMMA, 2007). A gravidez

naturalmente é um momento de mudanças, relacionadas a aspectos comportamentais,

28

físicos e emocionais, dessa forma reconhecer-se HIV positiva na gestação pode tornar

esse momento mais delicado.

Pode-se perceber que A1, A4, A6 e A8, relatam, em concordância com o

Ministério da Saúde (2007), que ao envolver a descoberta da gravidez conjuntamente

com o diagnóstico positivo para o HIV, o medo e a insegurança, em relação à proteção

do filho, interferem na vida dessas mulheres podendo interferir na adesão à TARV,

necessária para prevenção da saúde materno-infantil.

Como relatado pela maioria dos entrevistados, as gestantes atendidas no CTA

descobrem, o diagnóstico positivo para o HIV durante a gravidez:

“(...) a maioria delas recebe o resultado positivo no momento do pré-

natal, não tem o conhecimento de serem soropositivas, e ai envolve

toda uma questão emocional...” (A6)

Ainda, alguns entrevistados (A1, A4, A6, A8, A10) percebem a revelação do

diagnóstico no pré-natal como dificuldade para a adesão ao tratamento:

“(...) qual era a minha principal preocupação? Trazer a paciente para

o serviço...pra com isso faze todo um trabalho de adesão ao

tratamento...” (A1)

Assim, a equipe ao reconhecer que a maioria das mulheres atendidas no CTA

recebe o diagnóstico de soropositividade durante o pré-natal e também ao reconhecer

que essa revelação é uma dificuldade, ou seja, uma fragilidade para a adesão ao

tratamento, a equipe precisa estar capacitada para encontrar estratégias que ajudem a

29

superar o resultado, pois esse resultado positivo para o HIV possivelmente gera diversos

impactos que acarretam grande sofrimento psíquico (FAUSTINO, 2006; CARACIOLO;

SHIMMA, 2007; BRASIL, 2008b), por isso faz-se necessário um atendimento que

oferte todas as explicações necessárias a cerca da doença e do tratamento.

Além disso, o uso da TARV também provoca insegurança, já que parece

contraditório, ou seja, elas devem fazer tudo ao contrário do que sempre aprenderam,

precisam ingerir remédios durante a gravidez e não amamentar. Por isso é preciso “dar

suporte e ajudá-las a desconstruir conceitos há muito aprendidos e apoiá-las na

construção das formas de amar os filhos e no fortalecimento de vínculos afetivos com

eles” (CARACIOLO; SHIMMA, 2007, p.205).

A questão da soropositividade para o HIV envolve muitas variantes e o

enfermeiro deve estar apto para ajudar as pacientes no enfrentamento da doença e seus

estigmas, tentando articular a equipe de saúde para que essa procure ofertar o melhor

atendimento possível a essas mulheres e também com comprometimento para trabalhar

de modo integral (TRONCHIN et al., 2005).

Nesse sentido, faz-se necessário acontecer o aconselhamento pré-teste, e pós-

teste, pois enquadra-se como uma alternativa para preparação e enfrentamento do

diagnóstico para essas mulheres (FERREIRA, 2001; LIMA, 2006; CARACIOLO;

SHIMA, 2007).

Assim, o aconselhamento é entendido como um processo de diálogo e escuta

ativa centrado no paciente, estabelecendo confiança e resgatando os recursos internos

desse para que ele mesmo tenha possibilidade de reconhecer-se como sujeito de sua

própria saúde (FERREIRA, 2001; BRASIL, 2003; BRASIL, 2008a; BRAGA, 2009).

Apesar disso, atualmente não está acontecendo o aconselhamento:

“(...). agora não estamos tendo orientação, mas antigamente a gente

tinha dava orientação pra vinte e poucas pessoas e elas iam pra

coleta...” (A4)

30

Os profissionais (A1, A4, A6, A9) reconhecem a lacuna da falta deste

aconselhamento, pois este pode auxiliar no enfrentamento do diagnóstico positivo para

o HIV. Atualmente, essas gestantes não recebem aconselhamento pré-teste que lhes

permita, ao menos, prepará-las para o impacto do diagnóstico (BRASIL, 2008a).

Durante o aconselhamento pré e pós-teste é possível abordar temas sobre a

decisão de iniciar a TARV, explicando que essa atitude constitui-se em reduzir a

mortalidade relacionada ao HIV, melhorar a qualidade de vida, restaurar e preservar as

funções imunológicas, tornar a supressão da carga viral máxima e durável e no caso das

gestantes soropositivas, além das já citadas, também prevenir a transmissão vertical do

vírus (CARVALHO, 2008; BRASIL, 2008b).

Há mais de dez anos o Brasil adota o acesso universal à TARV, após a

implementação desta política ocorreram muitos avanços no processo saúde-doença

(CARVALHO, 2008). Porém, “apenas o acesso universal ao tratamento não garante sua

mais ampla efetividade” (BRASIL, 2007, p.8), já que promover a adesão ao tratamento

vai além à simples ingestão de medicamentos (BRAGA, 2009). A ingestão das

medicações é uma condição necessária, mas não suficiente para o tratamento (LIMA,

2006), ou seja, é preciso a interação entre o paciente, a doença, o tratamento, o resultado

e o serviço de saúde, (GARCIA; SCHOOLEY; BADARÓ, 2003; NEVES; GIR, 2007).

Além disso, a adesão ao tratamento deve ser entendida como um processo dinâmico no

qual a paciente e o profissional compartilham responsabilidades (BRAGA, 2009).

Portanto, é necessário estabelecer uma relação de confiança entre profissional e

paciente, para que essas tenham melhor adesão ao tratamento (BRASIL, 2003;

ARAÚJO; BUCHER; BELLO, 2004; BONOLO; GOMES; GUIMARÃES, 2007) e

isso poderá ser estabelecido com os aconselhamentos pré e pós-teste, que são

ferramentas importantes, pois proporcionam espaços para orientações diretas e objetivas

sobre a doença, tanto em relação aos aspectos pessoais como, por exemplo, mudanças

necessárias de comportamento e prevenção.

O aconselhamento pode influenciar no sucesso ou não da adesão, que deve ser

entendida como uma atividade conjunta na qual o paciente tem autonomia nas decisões,

ou seja, ele compreende, concorda e por isso segue as recomendações realizadas, pois

“o princípio da autonomia, na medida em que exige a concordância do paciente com as

31

recomendações preconizadas, implica no desempenho de um papel pró-ativo nos

cuidados com a própria saúde” (CARACIOLO; SHIMMA, 2007, p.12).

A situação destas mulheres é muito delicada e requer atenção e assistência de

qualidade. É preciso que os próprios profissionais reconheçam a importância da falta de

aconselhamento no setor, principalmente devido à dificuldade de adesão ao tratamento

pelo fato das gestantes receberem o diagnóstico positivo no pré-natal, sendo que o

profissional enfermeiro pode ajudar nesse sentido:

“(...) a enfermagem tem uma característica muito interessante...a gente

tem uma formação que nos permite ...direcionar para o que é

realmente importante...” (A1)

Podemos perceber no relato e também por outros entrevistados (A2, A3, A4,

A7, A8 e A10) que o profissional enfermeiro é reconhecido com potencial para

promover o cuidado integral. Portanto, com a sua formação generalista e voltada para

gerenciar o cuidado (BELLATO; PASTI; TAKEDA, 1997) este profissional pode

contribuir para diagnosticar as dificuldades vivenciadas pelas gestantes na adesão ao

tratamento.

Neste contexto, no que diz respeito à gestante soropositiva para o vírus HIV, a

forma de cuidar do enfermeiro não deverá ser diferente, mas com o intuito em

reconhecer as variantes biopsicossoais envolvidas neste contexto (BRAGA, 2009),

tentando visualizar o processo de aceitar e viver com HIV dessas pacientes, bem como

instigar os demais profissionais da equipe para engajar-se nesse cuidado, tentando ser o

mobilizador da equipe.

32

6.1.2 Negação da doença e autocuidado

A não aceitação da doença pode ser uma dificuldade para a adesão da gestante

soropositiva à TARV e precisa ser entendida como um processo de negociação/diálogo

entre as pacientes e os profissionais de saúde, sendo que nesse processo são

reconhecidas as responsabilidades específicas de cada um (BRASIL, 2007), dessa forma

o profissional precisa orientar as pacientes para que essas alcancem o entendimento

necessário. Com informação, essas poderão desenvolver potencial para identificar e

tentar resolver seus problemas de saúde (CAETANO; PAGLIUGA, 2006).

Além disso, diante do diagnóstico da sorologia para o HIV, ainda há o estigma

relacionado à morte e esse acaba relacionando-se e piorando a questão da negação da

doença, como demonstra o depoimento a seguir:

“(...) a HIV às vezes acaba associando muito com a questão da morte, de não te

futuro, não te um projeto de futuro, então a gente trabalha muito com a questão de

que elas tem uma vida inteira pela frente...” (A6)

As pacientes em seus aspectos psicológico, social e clínico, “demandam a

mesma aflição da morte e aflição diante do tripé „doença progressiva, degenerativa,

fatal‟ que os diagnosticados no início da epidemia, na década de 80” (BRASIL, 2005b,

p.28).

Esse estigma ainda existe em nossa sociedade e o profissional deve desmistificar

essa crença e tentar compreender cada paciente individualmente, tentando evidenciar

que, se o HIV pode remeter-nos à morte, a medicação remete-nos ao projeto de vida no

futuro como, o poder casar, formar família e viver uma vida digna sem distinções às

demais pessoas da sociedade. Atualmente, esse é considerado em sua cronicidade,

33

devendo perpassar o estigma de doença fatal, pois o vírus só vai remeter a morte se não

for tratado conforme orientação da equipe e não houver tomada de decisão da paciente

acerca de seu problema de saúde (LIMA, 2006, BRASIL, 2008b).

Essa tomada de decisão implica no cuidado com a saúde de modo que haja

mudança de atitude da paciente em relação a sua doença e as repercussões e necessidade

do uso da TARV durante a gestação, pois não basta apenas aderir a esta terapia

medicamentosa e utilizar o preservativo, é preciso haver um processo interno de

aceitação pessoal da doença (PEREIRA; COSTA, 2006).

Aceitar o diagnóstico e a doença é crucial no processo da adesão por isso é

essencial que haja dentro do setor uma equipe multidisciplinar que esteja preocupada

com a questão da negação, que muitas vezes aparece na forma de preconceito dos

próprios pacientes em relação a sua condição, como evidenciado no relato a seguir:

“(...)se tu enfrenta a coisa, as pessoas não vão ter preconceito, mas tu tem que

aceitar aquilo ali, se tu não aceita, to sempre dizendo as pessoas tem que aceitar o

que elas tem, se elas não aceitarem os outros não vão aceitarem, entendeu? A

primeira pessoa é a gente, o paciente tem que aceitar o que ele tem, né? Eu tento

fazer o que eu posso pra esclarecer a doença, sobre conscientização...”(A4)

Assim, pode-se perceber uma certa preocupação do profissional em tentar ajudá-

las a superar o preconceito sobre si em relação a doença, já que “a não-adesão tem a ver

com a aceitação da doença” (BRASIL, 2005b p.11).

A não aceitação pode prejudicar o autocuidado, pois no momento em que a

paciente não aceita ela também não cuida de si, já que aceitar o diagnóstico pode fazer

com que a gestante torne-se mais receptiva as orientações para o autocuidado. Por isso,

é preciso que toda a equipe formule em conjunto estratégias de atendimento para

trabalhar com essa parcela da população, fragilizada com o diagnóstico e que precisa de

atenção.

34

Segundo alguns relatos (A1, A5 e A6) os profissionais tentam explicar às

gestantes que seu papel não é apenas como cuidadoras, já que segundo eles essas

preocupam-se apenas com o filho e esquecem de cuidar de si, como demonstra o relato

que segue:

“(...)sempre frisando a questão do cuidado em relação a elas, né? Porque a mãe acaba se voltando muito, se voltado só para a questão do bebê, fica com o papel de

cuidadora e esquece de cuidar dela.” (A6)

Portanto, faz-se necessário reforçar para que todos os profissionais da saúde

inseridos no setor esclareçam às gestantes soropositivas sobre o autocuidado,

“entendido como um cuidado desempenhado pela própria pessoa, para si mesma”

(CAETANO; PAGLIUGA, 2006, p.59).

Durante as análises foram constatadas diversas formas de abordagem dos

profissionais, em relação ao autocuidado. Alguns enfocam, como já evidenciado

anteriormente, o cuidado relacionado às gestantes e aos seus bebês, e outros (A3, A4 e

A8) apenas o cuidado relacionado ao bebê:

“(...)e mais importante é que elas entendam que aquele tratamento vai evita a

transmissão para o filho, essa é a mais importante, a conscientização da

paciente...então, mostra o quanto é importante, visando, eu sempre boto o filho, né?

Visando a saúde do filho” (A8)

Nesse contexto, esses profissionais pareceram preocupar-se em esclarecer o

papel de gestante cuidadora, enfocando suas orientações na Transmissão Vertical (TV),

porém destacamos a importância de ajudar as pacientes a estabelecerem, também, o

35

autocuidado, já que “o cuidar de si pode implicar o cuidado com o outro também”

(PEREIRA; COSTA, 2006, p. 262).

Cabe ressaltar que, essas mulheres precisam do apoio da equipe mutiprofissional

para superar essa dificuldade, por isso todos devem estar em consonância e mesmo

entendimento, para que possam ajudá-las na compreensão de que sua conduta não deve

estar apenas restrita ao papel de cuidadora, mas voltada para o cuidar de si visando o

seu beneficio, beneficio do bebê e demais pessoas de seu contexto social, pois “o

conceito de autocuidado perpassa as mais diferentes esferas da vida, alimentando e

sendo retro alimentado, ora reforçando, ora modificando as experiências individuais de

cada mulher soropositiva” (PEREIRA; COSTA, 2006, p.258).

A adesão à TARV é um processo dinâmico e multifatorial abrangendo aspectos

físicos, psicológicos, sociais, culturais e comportamentais, (FAUSTINO, 2006;

BRASIL, 2007), podendo estar relacionada com a negação da doença e o autocuidado,

sendo que a compreensão dos aspectos dificultadores de não adesão é o primeiro passo

para o seu manejo e superação.

Sendo assim, as dificuldades devem ser identificadas e discutidas caso a caso,

devendo haver um consenso entre os profissionais. A vivência de dificuldades e

facilidades para a adesão difere de uma pessoa a outra “é no processo de escuta que os

contextos individuais específicos poderão ser apropriados pela equipe, favorecendo a

abordagem adequada e resolutiva” (BRASIL, 2008b, p.20), assim é preciso haver uma

co-responsabilidade entre a paciente e a equipe de saúde.

O propósito dos profissionais não deve ser de promover a adesão a qualquer

custo, mas sim respeitar e apoiar a autonomia, as escolhas e as possibilidades dessas

mulheres, participando do processo de co-responsabilização do tratamento (BRASIL,

2005b), com a participação do enfermeiro como articulador das ações (BELLATO;

PASTI; TAKEDA, 1997) com acompanhamento contínuo e através de equipe

multidisciplinar, abrangendo todos os aspectos para que haja um atendimento de

qualidade.

36

6.2 Adesão frente às dificuldades no trabalho em equipe

Nesta categoria abordamos os aspectos da organização do trabalho da equipe de

saúde relacionando-os à adesão das gestantes ao tratamento anti-retroviral. A partir

disso emergiram duas subcategorias: Trabalho em equipe: um desafio para a

enfermagem e Reuniões: um recurso para superar as dificuldades e promover o trabalho

interdisciplinar.

6.2.1 Trabalho em equipe: um desafio para a enfermagem

Uma equipe interdisciplinar, que visa o trabalho integral e articulado, é aquela

que trabalha desenvolvendo as habilidades, competências e os recursos de todos os seus

membros. Planejando suas atividades, processos decisórios e resolução de problemas,

empenhando-se para alcançar a produtividade máxima, tentando estabelecer a confiança

com desenvolvimento de atitudes comuns entre todos os profissionais (TRONCHIN, et

al., 2005).

Ao analisarmos os dados podemos conhecer como é realizado o trabalho da

equipe de saúde:

“(...)todos os profissionais, cada um dentro da sua área ...Então a

gente realmente tem um trabalho integrado, é em equipe que a gente

consegue fazer essa discussão...”(A6)

37

Percebe-se, que os profissionais têm o entendimento de trabalho integrado,

porém podemos verificar na fala “cada um dentro da sua área”, ou seja, um trabalho

funcionalista e fragmentado, em que cada profissional tem uma função, mesmo podendo

desempenhar outras e ajudar os colegas, como podemos perceber também durante este

relato:

“(...) bom, a minha parte ela... se restringe à entrega de

resultados...”(A2)

Para que o trabalho em equipe ocorra de maneira integral, todos os membros

devem estar envolvidos, deve-se rever o modelo funcionalista de organização do

trabalho (BELLATO; PASTI; TAKEDA, 1997; TRONCHIN, et al., 2005), em que cada

um é responsável por uma parte da atividade. Assim, configura-se como um desafio à

superação dessa lacuna encontrada no setor, pois o trabalho funcionalista “visa

economia de tempo e maior agilidade na execução do serviço” e não a sua qualidade

(BELLATO; PASTI; TAKEDA, 1997, p.78).

O trabalho em equipe “consiste em uma modalidade de trabalho coletivo que se

contrapõe ao modo independente e isolado com que os profissionais de saúde e de

enfermagem usualmente executam seu trabalho no cotidiano dos serviços de saúde.”

(TRONCHIN, et al., 2005, p.108). Sendo assim, é preciso que haja uma reflexão frente

o entendimento de trabalho em equipe pelos profissionais inseridos no CTA.

Ainda observamos que além do trabalho fragmentado ocorre também a

interlocução dos profissionais apenas em momentos críticos, como dificuldades com a

adesão e problemas relacionados à pacientes “difíceis” ou “rebeldes”, e até mesmo

pacientes “usuária de drogas”:

38

“(...)sim, geralmente as pacientes, principalmente aquelas que são

rebeldes ao tratamento, porque as que fazem tratamento adequado a

gente não tem nenhuma discussão...”(A8)

“(...)eventualmente, né? algum ou outro caso que seja um pouco mais

complicado, né?... paciente que usa droga...”(A9)

Os relatos evidenciam desarticulação da equipe, porém existem algumas

iniciativas de trabalho integrado, nas quais o profissional enfermeiro pode ser o

interlocutor:

“(...) se eu percebi que aquela pessoa precisa de um outro tipo de

atenção... ai eu converso com a enfermeira...”(A2)

“(...) a gente discute às vezes, alguma coisa... que a gente acha

interessante, pergunto pra enfermeira... a melhor maneira de ajuda a

pessoa...”(A3)

“(...) e você procura discutir os casos das pacientes com os demais

profissionais que trabalham no setor?... geralmente é mais com a

enfermeira...”(A7)

Nesse sentido o profissional enfermeiro é apontado como elo exercendo

relevante papel na articulação dos diferentes profissionais. Destacamos, então, que o

trabalho em equipe precisa do envolvimento de todos os profissionais e uma prática

comunicativa que busque o reconhecimento e entendimento mútuo construindo

consensos sobre os planos de ação por meio da comunicação dialógica, preservando as

39

diferenças técnicas de cada trabalhador em sua área profissional (TRONCHIN, et al.,

2005).

Cuidar é uma atividade essencial do enfermeiro, e por isso mesmo, ele deve estar

apto a reconhecer seu papel, inserindo e socializando diversas formas de conhecimento

que precisam ser compartilhadas com os demais profissionais (BRAGA, 2009). Cada

profissional é responsável pela sua conduta, mas todos precisam estar envolvidos como

membros do processo de planejamento e de tomada de decisões (TRONCHIN, et al.,

2005).

O enfermeiro precisa exercer esse papel de articulação entre os diferentes

profissionais da equipe de saúde (BACKES, ERDMANN, BUSCHER, 2009). Porém,

como já evidenciado todos devem comprometer-se com o sucesso e qualidade do

atendimento, o que poderá favorecer a adesão à TARV. Assim, ampliar gradativamente

a participação de todos nos processos de decisão “é apostar na possibilidade de ampliar

a motivação, a auto-estima, a capacidade reflexiva e inventiva de cada trabalhador,

gestor e usuário na construção da cidadania” ( BRASIL, 2009a, p.35).

Assim, configura-se em um desafio para o profissional enfermeiro o

desenvolvimento efetivo como articulador da equipe, para que essa inicie um trabalho

respaldado com o comprometimento e participação de todos diante da necessidade de

ofertar atendimento qualificado às gestantes soropositivas para o HIV.

Essas dificuldades em relação à equipe podem ser resultado da inexistência de

reuniões no setor, pois a existência de um espaço destinado a reuniões para discussão e

reflexão sobre o acompanhamento das pacientes pode favorecer a troca de informações

e preocupações acerca dos casos; melhorar as possibilidades terapêuticas, além de

outras ações que contribuem para que a equipe atue de modo interdisciplinar e integrado

(BRASIL, 2008a).

40

6.2.2 Reuniões: um recurso para superar as dificuldades e promover o trabalho

interdisciplinar

Segundo a Política Nacional de Humanização (PNH), a reunião de equipe é um

espaço onde cada um pode acolher o outro e também ser acolhido, sendo um espaço de

valorização das reflexões, de trocas, que permite a cada um sentir-se sujeito de sua

história individual e da equipe (BRASIL, 2009a).

Ao analisarmos os relatos da maioria dos entrevistados (A1, A2, A3, A4, A7,

A8, A9, A10, A11) observou-se a inexistência de espaço de tempo para reuniões, como

evidenciado nos relatos a seguir:

“(...)não tem lugar para a equipe multidisciplinar, não tem horário pra

reunião, é tudo de uma maneira informal...” (A2)

“(...)reuniões existem, mas não pra tratar do assunto dos pacientes...

só para organização do trabalho” (A10)

Nesse sentido, faz-se necessário uma reflexão da equipe quanto às atitudes frente

a essa problemática que demanda atenção especial por parte de todos os profissionais

conjuntamente com as gestantes soropositivas para o HIV. A inexistência de reuniões

para articulações de propostas e, principalmente, estratégias, que possibilitem um maior

vínculo da paciente com os profissionais e o serviço, acaba prejudicando o atendimento.

Um só profissional pensando em acolhimento, referência e vínculo não parece ser o

suficiente para que o plano terapêutico tenha o melhor resultado.

41

Estruturar reuniões de equipe com periodicidade definida, dia e hora marcados e

com pauta previamente estabelecida são medidas importantes para um bom

planejamento, atendimento integral e qualificado e precisam ser incorporadas pelos

profissionais do CTA.

O espaço da reunião deve ser institucional e deve contar com a participação de

todos, no horário da reunião deve-se evitar agendamento de pacientes, porém é preciso

organizar uma escala para poder atender os pacientes que procuram o setor

eventualmente (CARACIOLO; SHIMMA, 2007).

A importância das reuniões está, também, em constituir-se um espaço para

capacitar e atualizar os profissionais por meio de discussões de casos, de artigos, entre

outros; poder integrar e diminuir o estresse, dando oportunidade aos profissionais

dividirem suas angústias, responsabilidades, sair do isolamento; promover a troca de

experiências; uniformizar a linguagem dos profissionais das orientações sobre a TARV.

Como também, socializar informações e identificar faltosos ou abandono do

tratamento, estabelecendo estratégias em conjunto procurando sempre informar a todos

do respaldo do sigilo do diagnóstico; entre outras ações que formuladas em conjunto

parecem ser mais eficazes e evidenciam o trabalho em equipe (CARACIOLO;

SHIMMA, 2007).

Nesse sentido, as reuniões podem auxiliar os profissionais a perceberem mais

atentamente as causas de não adesão à TARV, fenômeno esse universal com fatores

múltiplos, complexos, mas conhecidos com os recursos para a interferência (LIMA,

2006; BRASIL, 2008a), através dessa atividade conjunta podem procurar identificar o

significado da doença e da medicação na vida da paciente gestante, e buscar formas

eficientes de enfrentamento.

Essas reuniões precisam ser determinadas por um profissional da saúde, que

estabelecerá horários favoráveis a todos os integrantes da equipe. Sendo que o

enfermeiro pode ser o profissional apto para organizar essa atividade, “para os

profissionais da saúde, a enfermagem deve ser considerada a profissão que mais

converge para o contexto social, ou seja, é a profissão que tem atuação mais direta e

participativa” (BACKES, ERDMANN, BUSCHER, 2009, p. 996).

42

Além disso, o enfermeiro possui autonomia e conhecimento suficiente para reger

as reuniões e estabelecer as pautas que visem a solucionar os entraves das atividades

desenvolvidas pela equipe (TRONCHIN et al., 2005). Tentando vislumbrar a

importância do questionamento da introdução do anti-retrovirais na vida da mulher

gestante e estratégias para que essas entendam o processo saúde-doença e possam

participar do seu plano terapêutico com autonomia (BRASIL, 2005b; BRASIL 2008a).

43

6.3 Estratégias e adesão ao tratamento: desafios para a equipe

Nesta categoria iremos discorrer sobre as estratégias dos profissionais para a

adesão das gestantes à TARV. Os dados foram agrupados em três subcategorias que

são: Acolhimento: uma atitude de inclusão e aproximação; Grupo de gestantes: uma

forma de promover a adesão e Busca ativa e o respeito à autonomia e sigilo.

6.3.1 Acolhimento: uma atitude de inclusão e aproximação

Ao nos referirmos sobre acolhimento pressupõe-se a criação de espaços de

escuta, diálogos e de recepção que proporcione a interação das pacientes e profissionais,

estabelecendo um vínculo entre esses (BRASIL, 2004b; BRASIL, 2008a; BONOLO;

GOMES; GUIMARÃES, 2007) e que seja acolhedora também no sentido de conforto,

com adequação da área física (BRASIL, 2004b).

O Plano Nacional de Humanização (PNH) destaca a importância de o

profissional saber escutar a queixa, identificar riscos em situações problemáticas (escuta

qualificada) e se responsabilizar para dar uma resolução ao problema, sabendo

identificar que “ uma postura acolhedora implica estar atento e poroso às diversidades

cultural, racial e étnica” (BRASIL, 2006a, p.21).

Nesta concepção, o acolhimento deixa de ser uma ação pontual e isolada dos

processos de produção de saúde e se multiplica em inúmeras outras ações, “o

acolhimento é um modo de operar os processos de trabalho em saúde de forma a atender

todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo seus pedidos e assumindo no serviço

uma postura capaz de acolher, escutar e dar respostas mais adequadas” (ABBÊS;

MASSARO, 2004, p.16).

44

Não podemos esquecer que o acolhimento, como ato ou efeito de acolher

expressa, em suas várias definições uma atitude de inclusão e aproximação, um “estar

com” e um “estar perto de”, nesse sentido o acolhimento é uma das diretrizes de maior

relevância ética, estética e política da PNH do SUS. Em relação à ética refere-se ao

compromisso e reconhecimento do outro, ao nos referirmos à estética significa trazer as

relações e encontros do dia-a-dia e invenções de estratégias que contribuam para a

dignificação da vida e do viver e por fim, à política porque implica o compromisso

coletivo (BRASIL, 2006b).

Apesar de implicar o compromisso coletivo, apenas um profissional referiu

sobre acolhimento durante as entrevistas:

“(...)acho que de novo o acolhimento da paciente, senti que o serviço

ta preocupado com ela... e te o serviço como referência pra busca

apoio, orientação e suporte...” (A1)

O acolhimento não é um espaço ou um local, não pressupõe hora, ou

profissional específico para fazê-lo, ele “implica compartilhamento de saberes,

angústias e invenções, tomando para si a responsabilidade de “abrigar e agasalhar”

outrem em suas demandas, com responsabilidade e resolutividade” (BRASIL, 2006a,

p.19).

Assim, o vínculo pode ser iniciado a partir do acolhimento, sendo este

fundamental para a adesão ao tratamento, dentro dessa perspectiva de acolhimento têm-

se como estratégia a referência e contra-referência:

“(...) então, a parceria com o hospital eu acho que é uma parceria importante, né?

Uma estratégia que funciona bem, de te uma boa comunicação, da gente te esse

45

envolvimento com o hospital que, por ser o único na cidade, não tem como a paciente

escapar, né? Se eu não atendi dentro do CTA, ela vai ser atendida no hospital...(A1)”

Prestar um atendimento com responsabilidade, encaminhando, se necessário, a

paciente em relação a outros serviços de saúde para continuidade da assistência,

estabelecendo articulações com estes serviços para garantir o sucesso desses

encaminhamentos é necessário. Além disso, outras estratégias podem ser

implementadas, estratégia de referência e contra-referência com outros serviços como a

Estratégia de Saúde da Família (ESF). Cabe destacar a importância da captação precoce

dessas mulheres para que as mesmas realizem o tratamento, pois quando encontram-se

no hospital, a maioria, já está em pleno trabalho de parto e só receberá a dose de ataque

(Zidovudina endovenosa) (BRASIL, 2007).

Faz-se necessário uma maior articulação dos profissionais e gestores para ofertar

a terapia há um maior número de pacientes, respeitando o sigilo e a autonomia dessas,

tentando consolidar parcerias institucionais que possam acolher e serem resolutivas. A

falta de acolhimento pode comprometer a vinculação da paciente e consequentemente a

adesão ao tratamento (BRASIL, 2009a). É preciso que os profissionais compreendam

que o acolhimento acontece desde a recepção da paciente no CTA até o seu

encaminhamento para os demais serviços. Por isso, está é uma estratégia importante e

precisa ser valorizada por toda a equipe, de modo que todos sintam-se responsáveis por

esse acolhimento nos diversos momentos de atendimento das gestantes soropotitivas

para o HIV.

Nesse sentido, o desenvolvimento de estratégias para melhorar a adesão à TARV

dessas gestantes requer investigação e entendimento dos fatores que influenciam a sua

construção, reconhecendo as dificuldades, desde o manejo do esquema até o impacto da

doença na vida dessas mulheres. Devido às inúmeras causas, o enfretamento da não-

adesão deve contemplar medidas com abordagens multifatoriais, pois nenhuma

estratégia é eficaz sozinha (CARACIOLO; SHIMMA, 2007).

É importante que o serviço ofereça diversas alternativas de acordo com a

realidade das pacientes e para isso, é necessário “um esforço conjunto, de profissionais

e pacientes, para a identificação e individualização das estratégias” (CARACIOLO;

46

SHIMMA, 2007, p.17), pois nenhuma estratégia será eficiente se o paciente não estiver

envolvido na escolha do plano terapêutico e seguro da sua capacidade de adesão ao

tratamento.

Frente a isso, ao analisarmos as entrevistas, constata-se dificuldades em relação

às estratégias:

“(...) que estratégias poderiam ser realizadas para garantir a adesão

do tratamento das gestantes portadoras de HIV? Não sei te dizer...”

(A2)

Esse relato revela novamente a desarticulação da equipe e preocupa, pois um

serviço especializado em DST/AIDS, no qual existem profissionais que parecem não

conseguir elencar estratégias para um atendimento qualificado, requer um olhar mais

atento, devido aos problemas que podem causar não só as gestantes soropositivas para o

HIV, como aos demais pacientes que necessitam da disponibilidade de atenção e

estratégias para melhorar seu entendimento a cerca de sua doença e melhor adesão ao

tratamento.

6.3.2 Grupo de gestantes: uma forma de promover a adesão

Os grupos são “estratégias amplamente utilizadas em saúde pública, incluindo

ações direcionadas à adesão”( BRASIL, 2008a, p.98), pois a grande vantagem é a

possibilidade de compartilhamento e troca de experiência entre as pacientes com

vivencias comuns e entre os profissionais, possibilitando também o estabelecimento de

vínculo. Assim, tem-se o grupo de gestantes, bastante relatado pela maioria dos

entrevistados (A1, A2, A6, A7, A8, A9, A10):

47

“(...)eu acredito que esse grupo que a gente iniciou agora, né? E já deveria haver

desde sempre, justamente pela adesão ao tratamento, né? O grupo de gestantes que eu faço juntamente com as acadêmicas de enfermagem e algum convidado

eventual...”(A10)

Durante o relato percebeu-se que o grupo foi inserido recentemente no setor,

sendo realizado por algumas acadêmicas do curso de enfermagem e uma estagiária do

curso de serviço social, não contando com a participação dos demais profissionais,

portanto faz-se necessário reflexões a cerca da importância do grupo de gestantes. Já

que, o atendimento em grupo, pode ser considerado primordial como estratégia no

atendimento a essas mulheres gestantes portadoras da soropositividade para o HIV, pois

durante a realização desses é possível que as pacientes sintam-se acolhidas e

estabeleçam vínculo com a equipe, melhorando, possivelmente, a qualidade do

atendimento.

O grupo de gestantes, além de objetivar a adesão da mulher ao serviço e a

integração com a equipe, visa também ao tratamento (BRASIL, 2008a). Podem ser

abordados assuntos diversos com o foco a prevenção da transmissão vertical, na re-

contaminação, no cuidar de si e do filho, e na sua cidadania, sempre respeitando o

sigilo.

Esse grupo precisa ter como proposta utilizar o espaço aberto para abranger

reflexões sobre as questões das gestantes soropositivas para o HIV, as expectativas

dessas mulheres, auto-estima, preconceito, relações familiares e interpessoais, angústias

frente ao diagnóstico positivo para o HIV e suas respectivas implicações, troca de

experiências, a fala e a escuta (CARACIOLO, SHIMMA, 2007; BRASIL, 2008a).

Durante os grupos a equipe pode formular soluções para auxiliar as gestantes

soropositivas para o HIV na decisão de como aderirem ao tratamento, principalmente

aquelas que descobrem o diagnóstico durante a gravidez, uma realidade destacada pela

equipe do CTA.

48

Acreditamos que ao orientar sobre o esquema medicamentoso, tratar os efeitos

colaterias, informar e educar a paciente, essas estratégias também podem ser

consideradas a base para a construção do processo de adesão, já que “a informação e a

educação possibilitam a compreensão da situação clínica e conferem ao paciente o

poder para emitir juízos e fazer escolhas, elementos essenciais para o exercício da

autonomia” (CARACIOLO, SHIMMA, 2007, p.19).

No grupo, outros temas também podem ser importantes, por isso o auxílio por

parte dos profissionais às pacientes para o estabelecimento de uma rotina que evite o

esquecimento das doses, associando as tomadas dos medicamentos a hábitos diários

como ao horário das refeições, entre outros. A escolha do esquema terapêutico precisa

ser realizada em parceria com a paciente, pois “seu envolvimento é um passo

fundamental rumo à adesão” (CARACIOLO; SHIMMA, 2007, p.20).

Aqui entra também a assistência prestada, que deve ser interdisciplinar, como já

discutido anteriormente. É preciso discutir os riscos e os benefícios, o autocompromisso

para as medicações, “recomenda-se que a terapia seja iniciada após o paciente

concordar e se sentir comprometido com ela” (CARACIOLO; SHIMMA, 2007, p.20).

Também, é preciso que haja um comprometimento da equipe em relação à

continuidade do grupo, está precisa ter o compromisso de dar continuidade ao grupo

após o desvinculamento das acadêmicas e estagiária do setor, assim sugerimos que o

mesmo tenha continuidade através da tomada de atitude da enfermagem conjuntamente

com os demais profissionais, pois “neste ambiente de acolhimento aflora o desejo de

saber, a relação entre profissional e paciente se fortalece, e a intervenção técnica ocorre

com maior facilidade” (CARACIOLO; SHIMMA, 2007, p.201), além disso, o grupo “ é

um ambiente de motivação para o tratamento pelo compartilhar de desafios e pela busca

de alternativas para superá-los” (BRASIL, 2008a, p.99), sendo assim seria relevante que

o grupo de gestante tivesse continuidade e fizesse parte dos atendimentos rotineiros do

setor.

49

6.3.3 Busca ativa e o respeito à autonomia e sigilo

Caso haja a constatação de abandono ao tratamento é importante que ocorra a

busca ativa, por meio da autorização prévia da paciente com assinatura de Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) de acordo com a normativa nº 1.626,

formulada em julho de 2007. Essa normativa respeita o sigilo na medida em que é

assegurado à paciente o respaldo do sigilo, também respeitando a autonomia, pois na

medida que a mesma recusa-se a assinar, é explicado a importância da busca ativa e o

princípio da autonomia é respeitado (BRASIL, 2008a).

Durante as análises percebeu-se que a busca ativa é trazida como estratégia:

“(...) controle maior, através da busca ativa...” (A8)

Estratégia essa para auxiliar no controle das pacientes faltosas e que podem vir a

abandonar o tratamento, prejudicando a si e consequentemente ao filho, porém alguns

entrevistados não possuíam muito conhecimento de como realizar essa busca, como

podemos constatar a seguir:

“(...) e no setor de HIV eu acho que essa conduta que as gurias deveriam implantar, né? Porque diz que tinha uma lei, eu não sei nessa parte de legislação eu não sei se é

que tinha uma lei que tu não podia ter uma busca ativa...”(A4)

50

Para aprimorar o atendimento destas gestantes pode-se utilizar a educação

permanente, pois esta pode possibilitar, ao mesmo tempo, o desenvolvimento pessoal

daqueles que trabalham na saúde e o desenvolvimento das instituições. Além disso, ela

reforça a relação das ações de formação com a gestão do sistema e dos serviços, com o

trabalho da atenção à saúde e com o controle social (MANCIA; CABRAL; KOERICH,

2004; BRASIL, 2005a).

Seria relevante que houvesse uma Educação Permanente (EP) realizada por um

ou mais integrantes da equipe, nesse contexto o enfermeiro poderia ser um dos

profissionais envolvidos a realizar essa educação, vislumbrando atingir não só os

profissionais como todo o setor, fazendo com que essa educação seja contínua e tenha

participação de todos em sua construção e entendimento.

51

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos que ao falar em HIV/AIDS, entramos em um assunto, ainda, nos dias

de hoje, repleto de estigmas fazendo com que as pessoas portadoras escondam seu

diagnóstico devido aos infortuitos que possivelmente poderão enfrentar diante de uma

sociedade, ainda despreparada para entender questões sobre o HIV/AIDS.

Ao conhecer o trabalho da equipe de saúde do Centro de Testagem e

Aconselhamento (CTA) no atendimento as gestantes HIV positivas, pode-se perceber as

dificuldades e potencialidades para adesão ao tratamento destas gestantes.

Dentre as dificuldades destaca-se receber o diagnóstico de HIV positiva durante

o pré-natal, que parece ter forte impacto na vida dessas mulheres, ao mesmo tempo que

descobrem a gravidez e a oportunidade de serem mães, sofrem com esta descoberta,

que pode acarretar grande sofrimento psíquico com a conseqüente negação da doença e

possível dificuldade no seu autocuidado.

Por isso a equipe precisa estar articulada, e reconhecer o seu comprometimento

diante da adesão ao tratamento dessas gestantes, tentando esclarecer a importância desse

tratamento na atual condição de vida dessas mulheres, tanto para a proteção delas

quanto do seu bebê. Toda a equipe precisa estar envolvida no atendimento, de forma

interdisciplinar, para que essa gestante tenha um atendimento humanizado e qualificado.

Nesse sentido o profissional enfermeiro pode ser o articulador das ações, ele é

reconhecido pela equipe como um profissional importante, que é consultado

constantemente. Esse profissional tem a competência necessária para desenvolver um

trabalho que envolva a todos e que possibilite um atendimento no qual essas mulheres

sintam-se acolhidas, para que se estabeleça a confiança na equipe, respaldando para o

acolhimento através do diálogo e escuta ativa, ou seja, fundamentada na abertura à

conversa e estabelecimento de um vínculo entre ambas as partes, cada uma delas

compreendendo sua responsabilidade sobre a terapia.

52

É fundamental que os profissionais da saúde ofereçam um acompanhamento que

priorize e considere as necessidades e singularidades apresentadas por cada gestante

soropositiva para o HIV. Isso pode ser realizado através de estratégias e engajamento

conjunto, e para que essas estratégias tenham um resultado eficaz e produtivo para

essas gestantes e a equipe, cabe destacar, a importância de promover as reuniões de

equipe, como uma das estratégias para ser realizada no setor.

Algumas considerações sobre alguns relatos são necessárias, ou seja, o

acolhimento deve ser uma atitude primordial no atendimento, parece ser visto apenas

por um profissional como essencial. O grupo de gestantes foi inserindo recentemente no

setor e a busca ativa é relatada por alguns profissionais como uma estratégia para a

captação das pacientes, mas os profissionais parecem não estar apropriados do

conhecimento para realizá-las.

Nesse contexto, formular estratégias que melhorem o atendimento e priorizem a

descoberta da sorologia no pré-natal, a negação da doença e o autocuidado precisam ser

estabelecidas. Ainda, parece que as estratégias mencionadas pelos profissionais para

uma melhor atuação não estão atreladas as principais dificuldades relatadas, sendo que

as estratégias que encontramos não estão sendo aplicadas na prática.

Destacamos que realizar esse estudo nos possibilitou reconhecer que o

conhecimento não é algo acabado, mas uma construção que se faz e refaz de forma

dinâmica. Assim, nossa pretensão no estudo foi conhecer o trabalho dessa equipe e após

os resultados, incentivar outras pesquisas sobre o atendimento das gestantes no CTA de

forma a contribuir para o aperfeiçoamento do cuidado humanizado no setor.

Além de possibilitar o desenvolvimento de novas pesquisas, esperamos que o

estudo possa fornecer subsídios para acadêmicos e profissionais da saúde refletirem

sobre o atendimento ofertado e a adesão das gestantes à TARV.

53

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Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianóplois, 2006.

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Gestantes/ puérperas com HIV/AIDS: Conhecendo os déficits e os fatores que

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VIEIRA Renata Gastal. Adultos jovens portadores de HIV: análise dos processos

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Maguida Costa; CARVALHO, Emilia Campos de (orgs). A comunicação nos diferentes

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Construção da Integralidade: cotidiano, saberes e práticas em saúde. Rio de Janeiro

(RJ): IMS-UERJ/ABRASCO, 2003. p .89-111.

TRONCHIN, Daisy Maria Rizatto; FUGULIN, Fernanda Maria Togeiro; PERES, Heloisa

Heleno Ciqueto; MASSAROLLO, Maria Cristina Komatsu Braga; FERNANDES, Maria

de Fátima Prado; CIAMPONE, Maria Helena Trench; LEITE, Maria Madalena Januário;

PEDUZZI, Marina; MELLEIRO, Marta Maria; KURCGANT, Paulina; GAIDZINSKI,

Raquel Rapone; TAKAHASHI, Regina, Toshie; CASTILHO, Valéria; FELLI, Vanda

Elisa Andrés; GONÇALVEZ, Vera Lucia Mira. Gerenciamento em enfermagem. Rio de

Janeiro (RJ): Guanabara Koogan, 2005.

ZAMPIERI, Maria de Fátima Mota. Cuidado humanizado no pré-natal: um olhar

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Enfermagem, área de concentração: filosofia, saúde e sociedade)- Universidade Federal

de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.

62

APÊNDICES

63

APÊNDICE 1 - Roteiro da entrevista semi-estruturada

1- Como você realiza o atendimento das gestantes soropositivas?

2- O que você considera como fundamental para a adesão da paciente ao

tratamento?

3- Como você percebe o seu papel na adesão ao tratamento?

4- Você procura discutir os casos das pacientes com os demais profissionais que

trabalham neste setor? De que forma?

5- Você considera que a equipe trabalha visando um atendimento humanizado às

gestantes soropositivas?

6- Que estratégias poderiam ser realizadas para garantir a adesão ao tratamento das

gestantes portadoras da soropositividade para HIV?

64

APÊNDICE 2 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Título do estudo: O trabalho da equipe de saúde no atendimento das gestantes

portadoras da soropositividade para o HIV: implicações para a enfermagem

Pesquisadora responsável: Michele Bulhosa de Souza

Instituição/Departamento: Universidade Federal do Pampa (Unipampa).

Telefone para contato: (55) 3413-4321 / (55) 3414-1484

Local da coleta de dados: Centro de Testagem e Aconselhamento da cidade de

Uruguaiana (Garantia de acesso: em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos

profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas).

1 – Desenho do estudo e objetivo(s):

Essas informações estão sendo fornecidas para sua participação voluntária neste

estudo, que tem como objetivo conhecer o trabalho da equipe de saúde do Centro de

Testagem e Aconselhamento (CTA) no atendimento as gestantes HIV positivas para

garantir a adesão das pacientes ao tratamento.

Em relação aos objetivos específicos desta pesquisa estão:

Evidenciar as dificuldades dos profissionais do CTA no atendimento às

gestantes soropositivas para o HIV;

Identificar as possíveis estratégias dos profissionais do CTA para adesão das

gestantes soropositivas para o HIV ao tratamento;

2 – Descrição dos procedimentos que serão realizados:

A coleta de dados será realizada através de uma entrevista semi-estruturada, com

duração aproximada de 1 (uma) hora. A entrevista será de caráter anônimo e voluntário,

65

em local que garanta a privacidade, sem riscos de interrupção e em horário da

conveniência dos sujeitos. As entrevistas serão gravadas e transcritas e para isto será

garantida total confidencialidade, pois os dados ficarão sob a responsabilidade da

pesquisadora, serão utilizados apenas para a pesquisa e serão destruídos após o seu uso.

Os princípios éticos serão respeitados, procurando proteger os direitos dos

indivíduos envolvidos, levando-se em consideração as determinações apontadas pelas

normas de pesquisa em saúde referidas pela Resolução n° 196, de 10 de outubro de

1996, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996).

3 – Descrição dos desconfortos e riscos esperados nos procedimentos:

Esta pesquisa pode apresentar desconfortos e riscos naturais de uma entrevista, tais

como, constrangimento e/ou questionamentos pelo tema abordado, arrependimento por

algum relato apresentado.

4 – Benefícios para o participante:

Trata-se de um estudo que pretende ter subsídios para fortalecer e qualificar o

cuidado da equipe de saúde no atendimento as gestantes do CTA com implicações para

o cuidado de enfermagem.

5 – É garantida a liberdade de a qualquer momento deixar de participar do estudo, sem

qualquer prejuízo na Instituição;

6 – Direito de confidencialidade:

As informações obtidas serão analisadas em conjunto com outros participantes, não

sendo divulgado o nome de nenhum participante;

7 – Você terá o direito de ser mantido informado sobre os resultados das pesquisas,

sendo do conhecimento dos pesquisadores;

8 – Despesas e compensações: não há despesas para o participante em qualquer fase do

estudo. Também não há pagamento em dinheiro relacionado à sua participação. OBS.:

Se existir qualquer despesa, ela será paga pela pesquisa.

9 – O pesquisador terá o compromisso de utilizar os dados e o material coletado

somente para esta pesquisa.

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que

foram lidas para mim, descrevendo o estudo “o trabalho da equipe de saúde do Centro

66

de Testagem e Aconselhamento (CTA) de Uruguaiana no atendimento das gestantes

portadoras de soropositividade para HIV/AIDS: implicações para a enfermagem”.

Eu discuti com a pesquisadora Michele Bulhosa de Souza, sobre a minha decisão em

participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os objetivos do estudo, as

atividades a serem realizadas, seus desconfortos e riscos, as garantias de

confidencialidade e de explicações permanentes. Ficou claro também que em minha

participação não há despesas. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e

poderei retirar-me a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou

prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido.

Uruguaiana, ___ de ____________de _____.

___________________________________________ ____________

Assinatura do sujeito de pesquisa/representante legal N. identidade

(para casos de pacientes menores de 18 anos, analfabetos, semi-analfabetos ou

portadores de deficiência auditiva ou visual)

(Somente para o responsável do projeto)

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e

Esclarecido deste sujeito de pesquisa ou representante legal para a participação neste

estudo.

Uruguaiana, ____ de ________de ____ _______________________________

Assinatura do responsável pelo estudo

Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em

contato:

Comitê de Ética em Pesquisa - CEP-UNIPAMPA

Endereço: BR 472 Km 592 - Caixa Postal 118.Uruguaiana, RS CEP 97500-970 Fone:

(55) 3413-4321 / (55) 3414-1484 – e-mail: [email protected]

67

APÊNDICE 3 - Autorização Institucional

Autorizo a execução, no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA): “O

trabalho da equipe de saúde no atendimento das gestantes portadoras de

soropositividade para o HIV: Implicações para a enfermagem”, sob a responsabilidade

da acadêmica de enfermagem FABIANI WEISS PEREIRA, sob a orientação da Profª.

Msc. Michele Bulhosa de Souza, com o objetivo geral de conhecer o trabalho da equipe

de saúde do Centro de Testagem e Aconselhamento no atendimento as gestantes HIV

positivas com o intuito de garantir a adesão das pacientes ao tratamento e objetivos

específicos: conhecer o protocolo de atendimento da equipe de saúde no tratamento as

gestantes HIV/AIDS e identificar o trabalho dos profissionais da saúde para garantir a

adesão das pacientes ao tratamento, desde que aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA.

LUIZ AUGUSTO FUHRMANN SCHNEIDER

Secretário da Saúde

68

ANEXOS

69

ANEXO 1- Carta de aprovação do CEP

70

Anexo 2- TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE PUBLICAÇÃO NAS BIBLIOTECAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

Na qualidade de titular dos direitos de autor do trabalho, de acordo com a Lei nº 9610/98, eu Fabiani Weiss Pereira, estado civil solteira, de nacionalidade Brasileira, portador do CPF nº 003389420-50, área de concentração em Ciências da Saúde, com defesa realizada em 16 de julho de 2010, autorizo a Universidade Federal do Pampa, a disponibilizar o meu trabalho final de conclusão de curso Intitulado “O trabalho da equipe de saúde no atendimento das gestantes portadoras da soropositividade para o HIV: Implicações para a enfermagem”, para fins de leitura, impressão ou Download, a título de divulgação da produção, a partir dessa data, sem qualquer ônus para a UNIPAMPA.

27 de julho de 2010

_________________________________

(Assinatura do Aluno)

Informação de acesso ao documento Liberação para publicação: ( X )Total ( )Parcial

Em caso de publicação parcial, especifique o(s) arquivo(s) restrito(s):

Arquivo(s) / Capítulo(s):_________________________________________________________

Em caso de restrição, indique o período:____________________________________________

Dados Complementares: Nome do orientador: Prof. Mestre Michele Bulhosa de Souza

CPF:00457210095

Membro da Banca: Prof. Mestre/Dda Jussara Mendes Lipinski CPF: 39461262000

Membro da Banca: Prof. Mestre/Dda Betina Loitzenbauer da Rocha Moreira

CPF: 6097660015