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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO
ESCOLA DE ENGENHARIA PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
LEONARDO RANGEL DIAS FERREIRA
TÍTULO: DESENVOLVIMENTO DE UMA BANCADA DE TESTES PARA VALIDAÇÃO DE UM TANQUE DE ONDAS NUMÉRICO
NITERÓI 2010
LEONARDO RANGEL DIAS FERREIRA
TÍTULO: DESENVOLVIMENTO DE UMA BANCADA DE TESTES PARA VALIDAÇÃO DE UM TANQUE DE ONDAS NUMÉRICO
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Mecânica dos Fluidos.
Orientadores: Prof. JOSÉ ANDRÉS SANTISTEBAN LARREA, D.Sc. Prof. ROGER MATSUMOTO MOREIRA, Ph.D.
NITERÓI 2010
LEONARDO RANGEL DIAS FERREIRA
TÍTULO: DESENVOLVIMENTO DE UMA BANCADA DE TESTES PARA VALIDAÇÃO DE UM TANQUE DE ONDAS NUMÉRICO
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Mecânica dos Fluidos.
BANCA EXAMINADORA
Prof. JOSÉ ANDRÉS SANTISTEBAN LARREA, D.Sc. – Orientador Universidade Federal Fluminense
Prof. ROGER MATSUMOTO MOREIRA, Ph.D. – Orientador Universidade Federal Fluminense
Prof. ANTÔNIO LOPES GAMA, D.Sc. Universidade Federal Fluminense
Prof. GUSTAVO CÉSAR RACHID BODSTEIN, Ph.D.
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Prof. JULIO TOMÁS AQUIJE CHACALTANA, D.Sc. Universidade Federal do Espírito Santo
NITERÓI 2010
RESUMO
Em reservatórios que transportam e armazenam os mais diversos tipos de líquidos, ondas com grande energia podem ser criadas a partir de uma simples excitação do sistema. Quando embarcados em um veículo, esses reservatórios poderão eventualmente sofrer danos pelas ondas e até poderão dificultar a manobrabilidade desse veículo. Em particular, o “Sloshing” é um fenômeno onde uma onda com grande quantidade de energia concentrada impacta sobre uma parede de um reservatório e é por isso um dos fenômenos cuja simulação numérica é muito apreciada. No laboratório de dinâmica de fluidos computacional da UFF, este tipo de simulações vem sendo efetuado com sucesso utilizando o método de volumes finitos, sendo que sua validação foi executada, até o momento, comparando com resultados experimentais obtidos em outras partes do mundo. Com isto em mente, o presente trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de uma bancada de testes para a verificação experimental dos diversos fenômenos de onda possíveis de serem simulados no laboratório de dinâmica de fluidos computacional. A bancada consiste de uma plataforma móvel, controlada por um motor elétrico, que, por sua vez, é comandado por um computador para seguir trajetórias de deslocamento previamente calculadas que gerem as ondas desejadas. No experimento são utilizadas interfaces eletrônicas que permitiram um controle de tipo digital implementado com auxilio do programa de desenvolvimento Labview. Os perfis de ondas são medidos através de fotografias e filmes, para posterior comparação com os perfis de ondas computacionais. Os resultados mostrados verificam uma boa coincidência entre ambos os perfis. Palavras-chave: Dinâmica dos fluidos computacionais, escoamento em superfície livre, controle digital.
ABSTRACT
Energetic waves may be formed when liquid storage tanks are shaked under certain
frequencies. These waves may cause structural damage or loss of maneuverability in vehicles.
In particular wave sloshing occurs when an energetic wave hits the walls of a tank. This
phenomenon has been studied numerically by some authors via the finite volume method
though its validation still relies on experiments. The present work aims to develop a shaking
table facility for wave sloshing analysis and validation of the numerical simulations. The
shaking table consists of a horizontal platform connected to an electrical motor, which is
controlled by a computer, leading to certain displacements and generating the desired free
surface waves at the reservoir. Electronic interfaces are used for digital control of the table
and implemented under the Labview environment. Free surface profiles are registered in the
form of photos and films for comparison with the simulated waves. Preliminary results show a
good agreement between the free surface profiles.
Keywords: Computational fluid dynamics, free surface flow, digital control.
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado a minha família: Tatiana Cristina Pocuve Saucedo e Lucas
Saucedo Ferreira; e aos meus pais Wilmar Dias Ferreira e Ana Maria Rangel.
Dedico este trabalho também as muitas pessoas que contribuíram para o alcance desse
objetivo, ajudando a gerar com sucesso a minha formação como mestre em engenharia
mecânica.
Espero que este trabalho possa contribuir para o desenvolvimento tecnológico no
Brasil, ajudando o país a se tornar um dos grandes líderes desenvolvedores de tecnologia no
mundo.
Espero que este trabalho possa ser para eu uma passagem para outro estágio da vida
profissional e pessoal.
AGRADECIMENTOS
Aos meus orientadores e professores Roger Matsumoto Moreira e José Andrés
Santisteban Larrea que me ajudaram no desenvolvimento deste trabalho, com empenho e
dedicação, transferindo com muito esforço o máximo de conhecimento possível para mim,
além de me dar todo o apoio e a oportunidade de poder estar fazendo este curso na
Universidade Federal Fluminense.
Ao programa de pós-graduação em engenharia mecânica da UFF pela oportunidade e
apoio institucional a mim dado no desenvolvimento dos meus estudos.
A UFF pela oportunidade que foi dada.
Aos alunos Elkin, Marcelo e Paolo por todo o suporte e toda a cooperação nas
simulações que envolveram o uso do software ANSYS CFX® e nos experimentos realizados
por este trabalho.
A todos os funcionários, professores e colegas da UFF.
Agradecimento em especial aos professores membros da banca e colaboradores:
Antônio Lopes Gama; Gustavo César Rachid Bodstein; Julio Tomás Aquije Chacaltana;
Domingos de Faria Brito David.
A todos os meus amigos que direta e indiretamente me apoiaram no desenvolvimento
desse trabalho.
EPÍGRAFE
Na vida existem apenas dois tipos de pessoas:
as que fazem as coisas acontecerem,
e as que falam sobre os que os outros fizeram.
Escolha em que lado você está e seja um vencedor.
Leonardo Ferreira, 2010
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Fig. 2.1 Um esboço do domínio fluido D, f. 17. Fig. 2.2 Histórico da pressão medida em uma parede vertical durante o impacto de uma
onda. (Peregrine 2004), f. 22. Fig. 2.3 Histórico da pressão em múltiplos locais para tanques (a) 30% e (b) 70%
cheios, f. 25. Fig. 2.4 Esquemas de interpolação temporal de uma propriedade genérica ψ, f. 34.
Fig. 3.1 Diagrama de blocos de um sistema de controle (a) em malha aberta, (b) em
malha fechada, f. 39.
Fig. 3.2 Diagrama de blocos de um sistema de controle digital em malha fechada, f. 40.
Fig. 3.3 Acionamento do motor em ponte completa, f. 42.
Fig. 3.4 Tensão no motor x tempo com uma estratégia PWM, f. 44. Fig. 3.5 Resposta ao degrau unitário de um sistema de primeira ordem, f. 46. Fig. 3.6 Diagrama de blocos de um sistema de controle em malha fechada, f. 47. Fig. 3.7 Lugar das raízes do sistema de controle com ganho proporcional, f. 48. Fig. 3.8 Lugar das raízes do sistema com controlador proporcional derivativo, f. 48. Fig. 3.9 Lugar das raízes do sistema com controlador proporcional derivativo e filtro, f.
49. Fig. 3.10 Lugar das raízes do sistema com controlador proporcional integral, f. 50. Fig. 3.11 Lugar das raízes do sistema com controlador proporcional integral derivativo,
f. 51. Fig. 4.1 Bancada de testes, f. 53. Fig. 4.2 Mesa móvel e reservatório, f. 54. Fig. 4.3 Ambiente de desenvolvimento, f. 56. Fig. 4.4 Interface gráfica do programa, f. 56. Fig. 4.5 Interface gráfica do programa, f. 57.
Fig. 4.6 Ambiente de desenvolvimento, f. 57. Fig. 4.7 Ambiente de desenvolvimento (cont.), f. 58. Fig. 4.8 Referência de deslocamento da mesa para o experimento N3, f. 59. Fig. 4.9 Lugar das raízes e pólos em malha fechada, f. 60. Fig. 4.10 Resposta experimental para o caso A, f. 61. Fig. 4.11 Resposta experimental para o caso B, f. 61. Fig. 4.12 Resposta experimental para o caso C, f. 62. Fig. 4.13 Resposta do controlador proporcional com ganho kp = 0,1 e referência de
posição com freqüência de 1,1 Hz, f. 62. Fig. 4.14 Resposta do controlador proporcional com ganho kp = 0,1 e referência de
posição com freqüência de 1,0 Hz, f. 63. Fig. 4.15 Três instantes em seqüência do movimento horizontal H4 do reservatório, f. 64. Fig. 4.16 Três instantes em seqüência do movimento horizontal H5 do reservatório, f. 65. Fig. 4.17 Pressão x tempo na parede do reservatório para o teste H4, f. 66. Fig. 4.18 Pressão x tempo na parede do reservatório para o teste H5, f. 66. Fig. 4.19 Pressão x tempo na parede do reservatório para o teste manual, f. 67. Fig. 5.1 Discretização empregada nas simulações com o software ANSYS CFX, f. 69. Fig. 5.2 Movimento harmônico lateral da mesa empregado no experimento H10 de
Bredmose et al. (2003). O deslocamento horizontal dipx é dados em metros e o tempo t em segundos, f. 69.
Fig. 5.3 Comparação entre os resultados numéricos (obtidos a partir do código
comercial ANSYS CFX) e experimentais (experimento H10 de Bredmose et al. 2003), f. 71/72.
Fig. 5.4 (a) Comparação entre as pressões medidas (- - - - -) e calculadas (_______) por
Bredmose et al. (2003) para o experimento H10. (b) Distribuição de pressões obtida através do código comercial ANSYS CFX, f. 73.
Fig. 5.5 Referência de deslocamento da mesa para o experimento N1, f. 74. Fig. 5.6 Três instantes em seqüência do movimento horizontal do reservatório, f. 75. Fig. 5.7 Interface gráfica do experimento N4, f. 76.
Fig. 5.8 Três instantes em seqüência do movimento do reservatório com o experimento N4, f. 77.
Fig. 5.9 Malha hexaédrica utilizada no experimento N1, f. 78. Fig. 5.10 À esquerda, resultados numéricos obtidos com o ANSYS CFX. À direita,
seqüência de fotos extraída do experimento N1, f. 79. Fig. 5.11 À esquerda, resultados numéricos obtidos com o ANSYS CFX. À direita,
seqüência de fotos extraída do experimento N4, f. 80/81. Fig. 5.12 Experimento N4: variação da pressão (a) medida e (b) calculada via CFX, f.
82.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 14
1.1 MOTIVAÇÃO 14 1.2 OBJETIVO 15 1.3 SUMÁRIO 15
2 GERAÇÃO E PROPAGAÇÃO DE ONDAS EM UM RESERVATÓRIO 17
2.1 ESCOPO DO ESTUDO 17 2.2 PROBLEMA DE VALOR INICIAL 18 2.3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 20 2.4 MÉTODO DE VOLUMES FINITOS 32 2.5 ANSYS CFX 35
3 MODELAGEM E CONTROLE 39
3.1 INTRODUÇÃO 39 3.2 CONTROLADORES 40 3.2.1 CONTROLADOR PROPORCIONAL (P) 41 3.2.2 CONTROLADOR INTEGRAL (I) 41 3.2.3 CONTROLADOR PROPORCIONAL-INTEGRAL (PI) 42 3.2.4 CONTROLADOR PROPORCIONAL-DERIVATIVO (PD) 42 3.2.5 CONTROLADOR PROPORCIONAL-INTEGRAL-DERIVATIVO (PID) 42 3.3 ACIONAMENTO COM ESTRATÉGIA DE CONTROLE PWM 43 3.4 MODELO DA PLANTA 45 3.5 PROJETO DO CONTROLADOR 47 3.5.1 CONTROLADOR PROPORCIONAL 47 3.5.2 CONTROLADOR PROPORCIONAL DERIVATIVO 48 3.5.3 CONTROLADOR PROPORCIONAL INTEGRAL 49 3.5.4 CONTROLADOR PROPORCIONAL INTEGRAL DERIVATIVO 50 3.5.5 DISCRETIZAÇÃO DO CONTROLADOR CONTÍNUO 52
4 DESCRIÇÃO DA BANCADA DE TESTES 53
4.1 COMPONENTES 53 4.2 PROGRAMAS DE CONTROLE DA MESA 55 4.3 EXPERIMENTO N3: TESTE EM MALHA FECHADA 59
5 RESULTADOS 68
5.1 VALIDAÇÃO VIA EXPERIMENTO H10 (BREDMOSE ET AL. 2003) 68 5.2 EXPERIMENTO N1 74 5.3 EXPERIMENTO N4 75 5.4 SIMULAÇÃO NUMÉRICA E VALIDAÇÃO VIA EXPERIMENTO N1 78 5.5 SIMULAÇÃO NUMÉRICA E VALIDAÇÃO VIA EXPERIMENTO N4 79
6 CONCLUSÕES 83
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 85
8 APÊNDICE 94
PROJETO DO CONTROLADOR PI 94 DISCRETIZAÇÃO DO CONTROLADOR CONTÍNUO 96
14
1 Introdução 1.1 Motivação
Os desenvolvimentos da eletrônica e da capacidade de processamento dos
computadores permitiram, nas últimas décadas, que simulações computacionais através de
métodos numéricos pudessem representar experimentos que demorariam meses ou anos para
serem desenvolvidos. Em particular, muitos processos relacionados a fenômenos de transporte
podem ser simulados hoje através de métodos computacionais, reduzindo de uma forma
significativa o tempo de desenvolvimento de projetos experimentais. Contudo, protótipos que
reproduzam em pequena escala esses fenômenos são imprescindíveis para a validação das
simulações numéricas. Felizmente, o desenvolvimento da eletrônica de potência evoluiu a tal
ponto que é possível reproduzir uma grande gama de fenômenos na área de controle de
processos.
No âmbito da mecânica dos fluidos, um fenômeno de particular interesse é o
estudo da geração e propagação de ondas em meios confinados. A agitação de um reservatório
parcialmente cheio de líquido pode gerar ondas gravitacionais extremamente energéticas. Este
fenômeno, conhecido por sloshing, é um problema de autovalor clássico na Mecânica dos
Fluidos. Grandes cientistas, como Poisson, Rayleigh e Kirchhoff, já realizaram investigações
sobre este tema (para uma revisão completa, veja Lamb 1932) e, atualmente, vários livros
tratam especificamente sobre esse assunto (Ibrahim 2005, Faltinsen & Timokha 2009).
Tanques de combustível em caminhões, aviões, espaçonaves e navios podem, sob
certas circunstâncias, estarem sujeitos a cargas harmônicas de alta amplitude, podendo
alcançar modos de ressonância. Tais ondas, quando refletidas nas paredes do compartimento,
impõem forças hidrodinâmicas que podem gerar um efeito desestabilizante. Esta interação
entre o fluido e a estrutura pode causar a ruptura do container, instabilidade e perda de
manobrabilidade em veículos que transportam substâncias líquidas. Navios petroleiros e
plataformas do tipo FPSO (Floating Production, Storage and Offloading Unit) e FSO
(Floating Storage and Offloading Unit) são exemplos de veículos que transportam tanques de
carga de grande porte e que naturalmente estão sujeitos aos movimentos de jogo,
afundamento, arfagem, deriva, avanço e guinada.
É de suma importância conhecer o mecanismo de formação dessas ondas,
diagnosticando os principais modos de excitação do sistema que poderiam acarretar em
impactos violentos de líquido nas estruturas do container e comprometer a estabilidade do
15
veículo transportador. Neste sentido, pesquisadores da área têm atuado na identificação das
freqüências excitadoras responsáveis pelo sloshing e na modelagem da propagação dessas
ondas em meios confinados (Bredmose et al. 2003, Moreira et al. 2006, Mendes 2007, Kim
2007, Nicolato 2009, Nicolato & Moreira 2009). A magnitude das pressões exercidas por
essas ondas sobre as paredes do reservatório também são de interesse do ponto de vista
científico (Peregrine 2004), além de servir como base para o dimensionamento de vasos e
tanques de armazenamento de óleo e GNL (gás natural liquefeito). Atualmente, projetistas
têm utilizado códigos de fluidodinâmica computacional e experimentos na tentativa de
entender melhor o processo de formação dessas ondas e os impactos causados nas estruturas
do reservatório.
1.2 Objetivo
O presente trabalho tem como objetivo desenvolver uma bancada de testes para a
verificação experimental da formação de ondas em um reservatório prismático. A bancada
consiste de uma plataforma móvel controlada por um motor elétrico que, por sua vez, é
comandada por um computador para seguir determinadas trajetórias de deslocamento que
gerem as ondas desejadas no reservatório. No experimento, são utilizadas interfaces
eletrônicas que permitem um controle do tipo digital, implementado com auxílio do programa
de desenvolvimento Labview. Os perfis da superfície livre são registrados na forma de fotos e
filmes, para posterior comparação com as ondas simuladas numericamente. As pressões
exercidas pelas ondas nas paredes do reservatório são medidas com a ajuda de um sensor e
posteriormente são processadas.
O movimento não-estacionário do escoamento com superfície livre é simulado
numericamente através do código de fluidodinâmica computacional ANSYS CFX. O
problema de valor de contorno é resolvido via método de volumes finitos com um modelo
multifásico homogêneo para a superfície livre. Os resultados numéricos são comparados aos
experimentais em termos dos perfis de ondas gerados e das pressões exercidas pelas ondas
sobre as paredes do reservatório.
1.3 Sumário
A estrutura da dissertação é a seguinte. O capítulo 2 define o escopo do estudo, as
hipóteses assumidas na modelagem matemática, suas equações governantes e condições de
contorno. Uma revisão bibliográfica das principais técnicas numéricas empregadas na solução
desse problema de valor de contorno e algumas validações experimentais é mostrada, bem
16
como o método numérico empregado na simulação do tanque de ondas. O capítulo 3
apresenta os fundamentos da teoria de controle e alguns dos tipos de controladores mais
utilizados no mundo industrial. O capítulo finaliza com a apresentação do modelo matemático
da planta em estudo e o projeto do controlador utilizado. No capítulo 4 são apresentados os
detalhes da bancada experimental, incluindo os circuitos eletrônicos auxiliares e os programas
computacionais desenvolvidos. No capítulo 5 são analisados os resultados experimentais
encontrados, comparando-os com as simulações numéricas correspondentes. São monitorados
os perfis da superfície livre e as pressões exercidas em uma das paredes do reservatório. Por
fim, o capítulo 6 apresenta as principais conclusões e sugestões para trabalhos futuros.
17
2 Geração e Propagação de Ondas em um Reservatório
2.1 Escopo do estudo
Este trabalho tem por objetivo modelar numérica e experimentalmente o
escoamento com superfície livre que é formado devido à perturbação de um reservatório
parcialmente cheio de líquido sujeito à ação do campo gravitacional gr . A figura 2.1 ilustra
um plano secante x-y do domínio fluido tridimensional, com suas coordenadas
correspondentes e parâmetros. Por limitações do aparato experimental, apenas movimentos
laterais na direção x são considerados em nosso estudo. Assim, toda a informação necessária
para a descrição do escoamento está contida à priori no plano x-y, contendo o fluido e sua
superfície livre, sendo delimitados por duas paredes verticais e um fundo horizontal, todos
impermeáveis.
Figura 2.1. Um esboço do domínio fluido D.
O deslocamento da superfície livre é medido a partir de uma distância da condição
de repouso absoluto. Coordenadas cartesianas são definidas com o eixo x na superfície livre
em repouso, com o eixo y apontando para cima (de tal forma que o fluido ocupe o plano y ≤ 0
quando em repouso) e com o eixo z perpendicular ao plano secante x-y. Dois reservatórios em
vidro com dimensões internas de 393 x 194 x 265 mm³ (comprimento x largura x altura) e
800 x 100 x 400 mm³ são empregados nos experimentos (para maiores detalhes, vide capítulo
5). Em nosso modelo numérico, o escoamento é considerado incompressível e o fluido
viscoso, enquanto os efeitos da tensão superficial são desprezados. Por simplicidade,
consideraremos a água como fluido de trabalho. A motivação para tal estudo encontra-se na
18
seção 1.1. O problema de valor inicial a ser resolvido numericamente é apresentado na
próxima seção.
2.2 Problema de valor inicial
As equações de conservação da massa e da quantidade de movimento devem ser
satisfeitas no domínio fluido D. Considerando um volume V de fluido, com massa específica
ρ, a massa dentro do volume de controle é dada por ∫V
dVρ . A taxa com que a massa flui
através da superfície de controle pode ser descrita como ∫ ⋅A
dAnu rrρ , onde ur=(u,v,w) é o
campo de velocidades e nr é o vetor normal à superfície de controle. dV e dA são elementos
infinitesimais do volume confinado e da área da superfície de controle.
Para um modelo bifásico, a fração volumétrica ϕ de cada fluido (água, ϕ1, e ar, ϕ2)
em cada volume de controle define as propriedades do fluido. O ar é considerado um gás ideal
e supõe-se um escoamento incompressível para a água. O balanço de massa na forma
diferencial é então descrito por:
( ) ( ) 0=⋅∇+∂
∂ ut
rφρφρ . (2.1)
A conservação da quantidade de movimento é regida pela equação de Navier-
Stokes:
( ) fTDt
uD rrrrρφφρφ
+⎟⎠⎞⎜
⎝⎛⋅∇= , (2.2)
onde Trr
é o tensor das tensões (representando a soma das tensões normais, viscosas e de
expansão volumétrica) e fr
ρ as forças de corpo atuantes no volume V. Consideraremos que
apenas a aceleração gravitacional atue externamente ao volume de controle, tal que
( ))0,,0 gf −=r
.
Para um fluido newtoniano com viscosidade μ, viscosidade de expansão k e
submetido a uma pressão dinâmica p, o tensor Trr
pode ser escrito em notação indicial como:
19
( ) ⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛
∂∂
+∂∂
+∂∂
−+−=i
j
j
iij
i
iijij x
uxu
xukpT μδμδ 3
2 . (2.3)
Para um modelo homogêneo bifásico:
∑=
=2
1lllρφρ , ∑
=
=2
1lllμφμ . (2.4)
Como condições de contorno do problema, consideram-se o fundo horizontal e as
paredes verticais rígidas e impermeáveis. A condição de não-deslizamento é também aplicada
em todas as superfícies do reservatório.
),0,0(),( == RRR vuur (2.5)
onde Rur é a velocidade relativa do fluido em relação à parede do reservatório.
Como condição inicial do problema, supõe-se o estado de repouso absoluto para a
superfície livre para t=0, imediatamente seguido de uma perturbação senoidal do reservatório
na direção x:
x(t) = x0 sen (ωt), (2.6)
onde x0 é a amplitude do movimento e ω a frequência de oscilação do reservatório.
Nos modelos de resolução de problemas de transferência de calor e massa, a
turbulência exerce normalmente um papel importante e pode ser tratada matematicamente
através da proposição de um modelo de fechamento das equações médias espaciais e
temporais de Navier-Stokes, também denominado de RANS (Reynolds Averaged Navier-
Stokes Equations). Entre os mais difundidos métodos nessa classe, e que usam duas equações
diferencias parciais adicionais, estão os modelos k-ε e o SST (Shear Stress Transport).
O modelo SST calcula o transporte da tensão cisalhante turbulenta e garante boa
precisão na estimativa da quantidade de separação do escoamento submetido a gradientes de
20
pressão adversos. Largamente utilizado em representação de escoamentos externos. Esse
modelo foi empregado nas simulações realizadas por este trabalho.
2.3 Revisão bibliográfica
Na Mecânica dos Fluidos, o fenômeno sloshing representa um problema de
autovalor clássico, tendo sido objeto de estudo de cientistas ilustres como Poisson, Rayleigh e
Kirchhoff. Uma referência padrão sobre o assunto é Lamb (1932, §258), que relata a escassez
de soluções para a superfície livre supondo um reservatório com profundidade variável. De
fato, Lamb analisou o movimento do fluido em um canal triangular, cuja seção transversal
consistia de dois segmentos de reta inclinados a 45o em relação à vertical, que permanece
como uma das poucas soluções analíticas encontradas até hoje.
Em meados do século XX, houve mais uma vez o interesse da comunidade
acadêmica pelo desenvolvimento de estudos que envolviam problemas associados a tanques
de combustível em foguetes e aviões. Em um tanque bidimensional com comprimento πL e
profundidade hL, Moiseyev (1958) e Chester (1968) identificaram que as oscilações na
superfície livre possuem um espectro discreto de freqüências ( )[ ] 21/tanh Lnhng=ω , onde g
é a aceleração da gravidade e n é o número de ondas.
Ockendon & Ockendon (1973) constataram que pequenas oscilações verticais e
horizontais de um container parcialmente cheio de líquido podem gerar uma movimentação
do fluido em uma escala muito maior do que a amplitude de excitação do sistema. De fato,
por intermédio de métodos assintóticos, Ockendon & Ockendon reproduziram os resultados
analíticos de Moiseyev (1958) e Chester (1968), além de unificar sua análise para águas rasas
(h/L<1). Moiseev (1964) e Moiseev & Petrov (1968) fornecem uma revisão extensa do
fenômeno sloshing à luz da teoria linear, com soluções via teoria da perturbação, não tratando,
no entanto, de oscilações não-lineares.
Ainda no campo analítico, Davis (1965) obteve, através de métodos assintóticos,
os autovalores de oscilações bidimensionais em canais de seção transversal arbitrária. Em dois
artigos seguintes, Davis (1974) estendeu a metodologia anterior a geometrias semi-circulares
e Packham (1980) resolveu o caso de um canal de seção triangular, supondo uma inclinação
de 30o em relação à horizontal.
Outras referências clássicas no estudo de ondas ressonantes em ambientes
confinados incluem Ursell (1952), que analisou a formação de ondas laterais em um container
prismático, Benjamin & Ursell (1954), que considerou oscilações verticais de um tanque
cilíndrico de seção transversal arbitrária, e Faltinsen (1974), que encontrou soluções analíticas
21
para a superfície livre imprimindo pequenas movimentações de jogo e deriva ao reservatório
de seção retangular.
Em um trabalho analítico recente, Chapman & Porter (2005) resolveu o problema
de sloshing bidimensional em um tanque de paredes laterais verticais e fundo arbitrário. Para
determinação da primeira e segunda ordem do potencial de velocidades na superfície livre,
empregaram-se as funções de Green para um leito plano, em conjunto com as equações de
Cauchy-Riemann para um fundo variável.
Com o aparecimento de computadores com maior capacidade de processamento e
os crescentes avanços na área de análise numérica abriram-se novos horizontes no estudo de
escoamentos com superfície livre, onde efeitos não-lineares desempenham um papel
importante. De fato, o desenvolvimento de novas técnicas de fluidodinâmica computacional
tornou possível a investigação de determinados fenômenos através de meios que não sejam
exclusivamente experimentais.
Longuet-Higgins & Cokelet (1976) foram os precursores na aplicação do método
da integral de contorno na modelagem de ondas não-lineares, seguidos por uma série de
outros autores que estenderam tal técnica para computar outras configurações de escoamento
com superfície livre (ver, por exemplo, Vinje & Brevig (1981), Baker et al. (1982), Dold &
Peregrine 1986). Atualmente, o método da integral de contorno é aplicável às mais diferentes
geometrias, em domínios confinados ou semi-infinitos, fornecendo soluções para ondas
gravitacionais e capilares em regimes estacionários ou transientes.
Mercer & Roberts (1992, 1994) foram os primeiros a modelarem de forma precisa
ondas estacionárias íngremes bidimensionais. Eles verificaram que ondas estacionárias muito
íngremes em águas profundas são afetadas por instabilidades numéricas. Outros estudos
envolvendo a evolução de ondas completamente não-lineares incluem McIver & Peregrine
(1981), Anderson et al. (1990), Topliss (1994), Longuet-Higgins (2000, 2001a) e Longuet-
Higgins & Dommermuth (2001a,b).
Wu & Eatock Taylor (1994) aplicaram o método dos elementos finitos ao
problema de sloshing em um tanque bidimensional, obtendo soluções para o movimento
fluido pela aproximação de Galerkin. Em um trabalho seguinte, Wu & Eatock Taylor (1998)
estenderam seu modelo para o problema 3D, onde foram observadas, além das ondas
estacionárias, ondas progressivas e ressaltos hidráulicos
Em um trabalho extenso, Bredmose et al. (2003) analisaram experimentalmente e
numericamente a geração de ondas não-lineares em um reservatório de dimensões 1480 x 400
x 750 mm3 (comprimento x largura x altura). Oscilações horizontais são impostas com o
22
objetivo de se investigar o impacto de ondas nas paredes laterais do tanque. Neste caso, um
modelo estendido das equações de Boussinesq é utilizado, seguindo Wei et al. (1995), e uma
boa concordância entre os resultados numéricos e experimentais é encontrada, excetuando-se
na região próxima à parede vertical, onde o modelo superestima o run up e não reproduz o
jato descendente. Tais diferenças são creditadas à falha do modelo empregado, que considera
como condição de contorno um leito com batimetria suave.
Impactos violentos de ondas gravitacionais podem resultar em danos ou colapsos
estruturais e sempre representaram uma preocupação para os projetistas. Em uma larga escala,
a distribuição de pressão quando uma onda gerada por uma tempestade encontra um quebra-
mar tem sido objeto de discussão de vários artigos (Chan 1994, Zhang et al. 1996). Estudos
experimentais (Hattori et al. 1994) e teóricos (Cooker & Peregrine 1992) têm focalizado nas
pressões exercidas pelo impacto de ondas em paredes verticais. A fim de ilustrar este
fenômeno a figura 2.2 mostra o perfil típico da pressão medida em uma parede vertical
durante o impacto de uma onda (Peregrine 2004). Pode-se notar a formação de dois picos, o
primeiro predominantemente devido à inércia do fluido, visto que a escala de tempo (da
ordem do milissegundo) é muito pequena para que a gravidade exerça qualquer influência, e o
segundo devido à pressão hidrostática gerada pelo movimento descendente da onda após o
máximo run up.
Figura 2.2. Histórico da pressão medida em uma parede vertical durante o impacto de
uma onda. (Peregrine 2004)
Muitos modelos matemáticos têm sido empregados na previsão do problema de
sloshing. Por exemplo, a teoria linear para escoamentos potenciais provê meios simplificados
de avaliar as cargas induzidas pela geração de ondas e oferece critérios físicos do mecanismo
23
do fenômeno, mas é utilizado de forma restrita. Para casos envolvendo tanques com níveis de
preenchimento baixos, onde a razão da profundidade do líquido em relação às dimensões do
tanque é menor que 0,20, para geometrias complexas ou quando obstáculos internos são
usados, a teoria potencial é falível.
Normalmente, para escoamentos rasos em tanques as equações de Navier-Stokes
ou suas formas simplificadas, como as equações de Euler onde a viscosidade da fase líquida é
negligenciada, são usadas para estimar o fenômeno em estudo. O cálculo do perfil da
superfície livre em um tanque é um elemento chave na aproximação precisa das cargas
geradas pelo sloshing. O método do marcador e célula (marker and cell method, MAC),
método do volume de fluido (volume of fluid method, VOF), hidrodinâmica de partículas
suavizadas (smooth particle hydrodynamics, SPH) e o método de ajuste de nível (level set
method, LSM) ou a combinação do LSM com o VOF têm sido aplicados com sucesso para o
cálculo da superfície livre.
Ainda no campo numérico / experimental, Kim (2007) reporta as observações de
escoamentos de sloshing fortemente não-lineares em navios cargueiros e seus efeitos
acoplados com o movimento da embarcação. Dois diferentes modelos numéricos são
utilizados:
• O primeiro esquema se baseia na discretização do domínio em uma malha
finita, adotando o esquema colocalizado para o cálculo do perfil de
velocidades, a partir das equações de Euler e da continuidade – Método das
diferenças finitas.
• O segundo esquema se baseia no conceito da partícula onde as equações do
domínio são resolvidas individualmente para cada partícula, levando-se em
consideração uma função peso que reflita a influência das partículas vizinhas –
Método SPH.
Kim (2007) reporta diversos aspectos físicos do sloshing observado nos
experimentos realizados. Fenômenos do escoamento violento como quebra de ondas,
esguichos (splashes), e impactos são comumente observados no sloshing em cargueiros. O
impacto de pressão decorrente da geração de ondas é afetado por estes fenômenos, tornando a
observação e o entendimento destes fenômenos físicos importantes para o desenvolvimento de
modelos numéricos adequados. Para a observação dos fenômenos listados a seguir, um tanque
menor que o utilizado pelos experimentos de Bredmose et al. (2003)é submetido a oscilações
laterais (sway).
24
• Formação de bolsões de ar
Bolsões de ar podem ser formados nas extremidades do teto do tanque ou nas
laterais durante um impacto, e desempenham papel de amortecimento dos
picos de pressão decorrentes do impacto. Os resultados dos experimentos
revelam que quando um tanque tem níveis de preenchimento elevado, a
formação de bolsões de ar não se dá apenas nas bordas superiores do tanque,
mas também na parte central do teto do tanque.
• Formação de bolhas de gás
As bolhas são formadas devido à entrada de gás no fluido durante movimentos
bruscos da superfície livre, por exemplo, durante a quebra da onda ou durante
o impacto. Um aglomerado de bolhas reduz a massa específica do fluido, o que
explica a redução do impacto de pressão.
• Quebra de ondas e propulsão de esguichos
Em geral, a não-linearidade do sloshing se torna dominante para tanques pouco
preenchidos. Para escoamentos rasos, a formação de um ressalto hidráulico ou
quebra de onda é frequente. Um típico processo de impacto em condições rasas
é a formação da superfície livre fortemente não-linear, seguida pelo impacto
nas paredes laterais e run-up nas paredes, com possíveis splashes. Por outro
lado, a quebra de ondas em tanques mais cheios, não ocorre com freqüência,
mas uma grande quantidade de esguichos é formada após impactos no topo do
tanque.
• Hidroelasticidade
A figura 2.3 mostra dois exemplos de um histórico de pressão medido em
múltiplos locais nas paredes do tanque num mesmo momento. Após a
ocorrência do impacto nas paredes laterais (a) e no topo (b) do tanque, os sinais
de pressão mostram oscilações de grande freqüência, o que pode ser explicado
pela hidroelasticidade das estruturas do tanque. Considerando o período e a
magnitude da oscilação, é evidente a vibração da parede lateral após o impacto
no topo do tanque.
25
Figura 2.3. Histórico da pressão em múltiplos locais para tanques (a) 30% e (b) 70%
cheios.
Outras referências de trabalhos onde a geração de ondas é modelada
numericamente incluem Kyoung et al. (2005) que simulam numericamente a carga do
impacto de onda devido a um violento sloshing através do método dos elementos finitos
aplicados às condições não-lineares de superfície livre. São desenvolvidas as equações
governantes do domínio fluido aplicadas à formulação variacional. A computação é
processada com o objetivo de prever o impacto da onda em um pilar localizado no meio de
um tanque sob oscilações laterais harmônicas. É observado numericamente que o impacto da
onda aumenta na medida em que a profundidade da água aumenta, para profundidades baixas
relativas ao comprimento do tanque. Cox et al. (2003) estudaram os efeitos da mudança
gradual no comprimento do tanque em ondas estacionárias não-lineares e em ondas
ressonantes em tanques rasos com água. A análise envolve o desenvolvimento de modelos
numéricos a partir das equações de Boussinesq.
Ma & Yan (2005) apresentam um novo modelo numérico para a simulação do
sloshing baseado na teoria não-linear, denominado quasi arbitrary Lagrangian-Eulerian finite
element method (QUALE-FEM). A principal diferença do método apresentado para o método
de elementos finitos tradicional se dá na geração da malha computacional que é feita apenas
uma vez no início da simulação e é adaptada nos passos de tempo subsequentes para
conformar com o movimento da superfície livre e com as estruturas. O modelo é validado por
ondas geradas em um tanque de água com resultados satisfatórios quando comparados com
soluções analíticas, dados experimentais e outros modelos numéricos.
Um modelo de elemento de contorno é apresentado para a análise do movimento
acoplado da vibração de estruturas com sloshing de pequenas amplitudes em um domínio
26
bidimensional por Yuelong & Xing (1999) em um trabalho onde as equações de Navier-
Stokes são linearizadas e transformadas em equações de integral de contorno.
Rabier & Medale (2003) apresentam um modelo numérico para a simulação de
escoamentos viscosos e incompressíveis com superfície livre, que se baseia na resolução das
equações governantes através do método dos elementos finitos. Uma malha móvel é
introduzida para lidar com a presença da superfície livre e a validação é realizada com
problemas de sloshing bidimensional com pequenas deformações.
Chen et al. (2008) investigam numericamente a dinâmica do impacto de ondas em
um tanque oscilando horizontalmente de forma harmônica com diferentes níveis de
preenchimento e freqüências de excitação, baseando-se no método do ajuste de nível (LSM).
Investigam também a dependência da solução numérica na resolução da malha, tamanho do
passo temporal e a espessura da interface. Para os casos de nível de preenchimento elevado o
esquema numérico de predição do impacto de pressão provê níveis de precisão aceitáveis
comparando-se com dados experimentais. Para níveis de preenchimento baixo a mesma
concordância foi observada, porém os esquemas numéricos demandaram uma discretização
elevada da malha espacial e temporal, conseqüentemente um aumento do recurso
computacional. Testes também são conduzidos para tanques retangulares com chanfros no
topo (45° e 60°) sujeitos a oscilações angulares, onde se observou menores valores máximos
de pressão para os chanfros de 45°.
Godderidge et al. (2008) publicaram um trabalho onde foram exploradas as
diferenças entre os modelos multifásicos homogêneo e não-homogêneo. Para isso, um
escoamento em um reservatório com água oscilando próximo às freqüências de ressonância
foi usado.
A condição multifásica homogênea utiliza das frações volumétricas de cada fase
do domínio fluido para determinar suas propriedades em cada célula da malha espacial. É
também conhecido como método do volume de fluido. Outra abordagem mais geral, porém
computacionalmente mais cara, é o modelo multifásico não-homogêneo, onde a solução dos
campos de velocidade é feita separadamente para cada fluido, combinada nas interfaces, com
modelos de transferência de massa e momento. Devido ao baixo custo computacional e boa
estabilidade numérica, o modelo homogêneo é preferencialmente utilizado nos estudos de
sloshing. Para situações onde há grande interação entre as fases, o segundo modelo se mostra
mais adequado.
Godderidge et al. concluem, a partir de análises dimensionais dos resultados
numéricos, que o modelo não-homogêneo é mais apropriado para situações de sloshing
27
violento. Concluem que a velocidade relativa entre as fases, que é ignorada pelo modelo
homogêneo, pode ser significante se comparada ao campo global de velocidade. O histórico
de pressão do modelo não-homogêneo verificou bem os resultados experimentais, enquanto
que o histórico de pressão do modelo homogêneo, para as simulações realizadas, apresenta
algumas deficiências, subestimando os dados experimentais. Por outro lado, o modelo não-
homogêneo apresentou-se de duas a três vezes mais caro computacionalmente.
Quando se compara escoamentos do sloshing em condições de temperatura e
pressão similares, em freqüências de oscilação próximas às de ressonância, o movimento da
superfície livre depende basicamente de três parâmetros que são o amortecimento devido à
viscosidade, a freqüência de oscilação associada à amplitude do movimento e a profundidade
do fluido. Royon-Lebeaud et al. (2006), com o objetivo de estudar a influência das
freqüências de oscilação em reservatórios cilíndricos, realizaram experimentos com líquidos
poucos viscosos, e com grande profundidade de forma que estas não se tornassem um
parâmetro de análise. Os limites da existência de diferentes regimes de ondas (denominadas
como ondas planares, espirais, sloshing caótico e quebra de ondas) foram determinadas como
função das freqüências motrizes em relação à menor freqüência natural, para uma variedade
de amplitudes.
Os estudos revelaram que perfis de onda planar em reservatórios cilíndricos são
observados para freqüências excitantes ligeiramente maiores que a menor freqüência natural
de oscilação, podendo bifurcar em ondas espirais (redemoinhos) para uma amplitude
limítrofe, que depende do valor da freqüência. Sloshing caótico e quebra de ondas ocorrem
quase periodicamente, iniciando-se com o crescimento da amplitude do movimento das ondas
planares seguido geralmente por quebra e sloshing irregular, então, após um amortecimento
do movimento irregular, a amplitude do movimento das ondas planares aumenta novamente.
Este comportamento é previsto para tanques cilíndricos, com grande profundidade de fluidos
poucos viscosos de acordo com os resultados experimentais levantados.
Cargueiros de GNL com tanques do tipo membrana são atualmente projetados
com um acréscimo significante na capacidade total de carga e nos tamanhos. Terminais de
carregamento e descarregamento não oferecem restrições para os níveis de enchimento de
GNL nos tanques. Estimativas precisas dos impactos do movimento da superfície livre interna
nas estruturas do tanque são necessárias. Daí o aparecimento recente de estudos do sloshing
aplicados ao armazenamento do gás natural liquefeito.
O instituto de pesquisas norueguês MARINTEK, parceira do CeSOS (Center of
Ships and Offshore Structures), desempenhou um grande número de testes para diferentes
28
geometrias de cargueiros e tanques do tipo membrana. O principal objetivo destes testes é
identificar propriedades estatísticas dos picos de pressão a respeito da magnitude, local e
duração. O tanque modelo é submetido a movimentos irregulares, simulando situações
marítimas reais.
A base para a relação de testes é identificar combinações críticas de níveis de
enchimento e parâmetros de excitação do tanque. A influência do sloshing no movimento dos
navios também é investigada nos experimentos realizados.
Chun et al. (2008) investigam experimentalmente a força dinâmica característica
dos sistemas de carga de GNL sobre cargas de impacto. Uma série de testes de impacto em
sistemas de isolamento de tanques tipo membrana de GNL foram realizados.
Graczyk & Moan (2008) investigam uma grande amostra de medidas de impacto
de pressão decorrente do sloshing de GNL, focado na magnitude dos impactos individuais e
suas configurações temporal e espacial. Os experimentos foram conduzidos em tanques com
níveis de enchimento altos (92.5%) e baixos (30%). A abordagem de pós-processamento de se
considerar um perfil triangular para o histórico de pressões é utilizada, e a aproximação para
um perfil trapezoidal é proposta.
Os experimentos foram baseados em modelos de tanques do tipo membrana de
cargueiros de GNL. O movimento aplicado considera condições de mar reais. Foi observado
que, enquanto impactos mais fracos decorrentes do sloshing podem produzir históricos
temporais complexos, o número de distorções locais (como picos secundários) decrescem
significativamente para os impactos de pressões máximas mais elevadas.
Comparando-se os perfis do histórico de pressão reais e aproximados (triangular),
foi observado que os tempos de ascensão não foram modelados adequadamente, daí a
proposta da abordagem do perfil trapezoidal. As características da magnitude de pressão e os
perfis temporais e espaciais dos impactos decorrentes do sloshing foram analisados
separadamente.
As pressões máximas registradas nos experimentos com nível de preenchimento
baixo foram maiores do que as registradas nos níveis de preenchimento alto. Quando todos os
históricos temporais de magnitude do impacto são considerados, a duração e a distribuição do
tempo de ascensão registram pequenos impactos com históricos mais complexos, o que não é
registrado para as amostras com nível de preenchimento alto.
Os impactos para altos níveis de preenchimento são mais localizados
espacialmente, além disso, a razão entre pressão média espacial e a pressão máxima aumenta
significativamente quando os impactos com maiores pressões máximas são considerados. Os
29
impactos decorrentes do sloshing em tanques com níveis de preenchimento baixo geralmente
têm maior magnitude, durações maiores, menor razão entre o tempo de ascensão e duração e
maior extensão espacial. Todos estes fatores poderiam, a princípio, aumentar a resposta da
estrutura. A direção dominante do perfil de pressão é vertical para baixos níveis de
preenchimento e longitudinal para altos níveis de preenchimento.
Lee et al. (2006) desenvolveram um estudo de sensibilidade em determinados
parâmetros do sloshing em tanques de gás natural liquefeito utilizando um programa de
fluidodinâmica computacional baseado no método dos volumes finitos (FLOW-3D).
Primeiramente, uma breve análise dimensional é conduzida com o objetivo de identificar os
parâmetros governantes do escoamento, a qual indica dez parâmetros adimensionais que
governam os picos de pressão decorrentes do impacto de ondas. Dentre estes, quatro
parâmetros se referem a características geométricas do reservatório e um deles denota o
número de Froude (definido como a razão das forças de inércia e gravitacionais). Quando este
último é mantido em testes, a similaridade depende dos demais parâmetros:
• Número de Reynolds (razão entre as forças de inércia e forças viscosas)
• Razão entre a massa específica das fases vapor e líquida
• Pressão da fase vapor
• Compressibilidade das fases vapor e líquida
• Elasticidade da parede
O estudo foca nos efeitos da turbulência, viscosidade dos fluidos, razão entre
massas específicas, pressão da fase vapor e compressibilidade no impacto de pressão do
sloshing de GNL. Os efeitos da variação da viscosidade no impacto da pressão se mostraram
negligenciáveis de acordo com os resultados, o que levanta um ponto interessante a ser
analisado, visto que o estudo anterior, Royon-Lebeaud et al. (2006), releva justamente a
influência desta no fenômeno em questão.
Como pode ser observado nos estudos reportados, a geração de ondas em
reservatórios pode acarretar em forças hidrodinâmicas acentuadas nas paredes de um tanque,
o que pode ser um perigo para a integridade estrutural do equipamento. Com o objetivo de
minimizar estas cargas, para se prevenir falhas estruturais e se almejar um controle da posição
do fluido no tanque, extensos estudos teóricos e práticos têm sido elaborados tendo como
conseqüência o desenvolvimento de dispositivos que possam ser projetados para suprimir ou
mitigar a mobilidade do fluido.
30
Anderson et al. (2000) propõem a introdução de absorvedores de sloshing como
uma alternativa prática para os sistemas de controle de amortecimento. Adicionalmente, um
procedimento numérico de simulação é introduzido. Absorvedores de sloshing são osciladores
mecânicos cuja freqüência de ressonância é ajustada a uma freqüência crítica da estrutura a
ser controlada, e são capazes de contabilizar a energia dissipada pelo sloshing.
Geralmente, os efeitos decorrentes da geração de ondas são suprimidos de formas
passivas, através da introdução de subestruturas adicionais nos tanques. A introdução de
chicanas altera a freqüência de oscilação natural do fluido. Abramson (1969) reduziu os
parâmetros primários que influenciam o projeto dos dispositivos de supressão do sloshing
como:
• o projeto do veículo que transporta o tanque e sua trajetória;
• a amplitude do movimento do sloshing para diferentes níveis de
preenchimento;
• as características físicas do tanque, como geometria, deformação elástica e
isolamento;
• o nível de preenchimento e necessidade de drenos;
• o impacto que pode ser sustentado pelos dispositivos.
O conceito básico da proteção passiva é dissipar a energia do movimento através
da quebra do escoamento em diversas subcorrentes. O critério de projeto da NASA sugere a
subdivisão dos tanques longitudinalmente por paredes verticais ou a instalação de obstáculos
(chicanas) na direção da propagação da onda. A inserção de obstáculos no sentido da
propagação da onda é também um tópico apresentado em handbooks de construção offshore
para se prevenir o impacto decorrente do sloshing.
Gavrilyuk et al. (2005) estuda as soluções fundamentais do problema em um
tanque cilíndrico vertical com finas chicanas rígidas horizontais. São desenvolvidos métodos
analíticos para o problema linearizado de sloshing que aproxima as freqüências naturais e o
potencial de velocidades de forma precisa. O amortecimento decorrente da inserção das
chicanas é quantificado.
Cho et al. (2005) analisam numericamente as características de ressonância em
um tanque bidimensional com chicanas laterais (paralelas à superfície livre em seu estado
inicial). Um termo artificial de amortecimento é empregado na condição de contorno de
superfície livre para refletir os efeitos dissipativos no sloshing ressonante baseado no método
numérico de elementos finitos. Os resultados são validados com modelos analíticos para o
caso do tanque sem chicanas.
31
Os efeitos do nível de preenchimento do tanque, o número de chicanas, o
comprimento de abertura das chicanas e a localização destas foram parametricamente
analisados. A freqüência de ressonância e a altura máxima atingida pela superfície livre se
mostraram decair uniformemente com o aumento do número de chicanas, da altura de
instalação destas, da redução do comprimento de abertura destas e do nível de preenchimento
do líquido. O mesmo decréscimo com o aumento dos parâmetros citados ocorre para a pressão
hidrodinâmica e a força dinâmica resultante. Entre os quatro parâmetros citados, a influência
da altura da instalação das chicanas se mostrou mais relevante.
Um método multidisciplinar de projeto e otimização é apresentado por Craig &
Kingsley (2006) para dar suporte aos projetos de reservatórios parcialmente cheios. O código
comercial de CFD (Computational Fluid Dynamics) Fluent v6 é usado para modelar o
comportamento da superfície livre.
Mendes (2007) modelou numericamente o escoamento com superfície livre
ocasionado pelo movimento harmônico lateral ou vertical de um reservatório parcialmente
cheio de água. Duas possíveis condições iniciais para a superfície livre são definidas: repouso
absoluto ou uma onda senoidal estacionária. A agitação não-linear da superfície livre é
simulada primeiramente através do método da integral de contorno desenvolvido por Dold &
Peregrine (1986) e adaptado para as condições de contorno descritas acima. Os resultados
numéricos são validados por meio de soluções analíticas clássicas da literatura, tais como
Moiseyev (1958) e Chester (1968). Características interessantes da superfície livre são obtidas
e discutidas, tais como a formação de ondas de Faraday e o efeito bazuca (Longuet-Higgins
2001b).
Em uma segunda etapa, com a motivação de se explorar os seus recursos e
compará-lo com os estudos feitos na primeira parte, o código comercial ANSYS CFX é
empregado ao problema de sloshing horizontal e vertical, supondo um modelo homogêneo
para a superfície livre. Neste caso, as simulações são comparadas com os experimentos
realizados por Bredmose et al. (2003). Uma excelente concordância entre os resultados
numéricos e experimentais é encontrada.
Nicolato (2009) modelou numericamente o escoamento com superfície livre
ocasionado pelo movimento harmônico e não-harmônico lateral horizontal de um reservatório
parcialmente cheio de água – 1480 x 480 x 750 mm3 (comprimento x largura x altura). A
altura inicial da interface da água foi definida como 155 mm. O tanque é inicialmente
representando por uma caixa bidimensional impermeável, com um fundo plano horizontal e
duas paredes verticais. A condição de simetria é aplicada para as paredes normais à direção do
32
movimento do fluido. A condição inicial para a superfície livre de repouso absoluto é
definida.
O código comercial de fluidodinâmica computacional CFD, ANSYS CFX é
empregado ao problema de sloshing, aplicando-se um modelo multifásico homogêneo. A
malha computacional espacial é refinada próxima a superfície livre e próxima às paredes dos
reservatórios com o objetivo de melhor prever o perfil não-linear do movimento do fluido e
facilitar a convergência.
Os resultados numéricos são validados por meio de soluções analíticas clássicas
da literatura, tais como Moiseyev (1958) e Chester (1968). Em uma segunda etapa, o código
comercial ANSYS CFX é empregado ao problema de sloshing horizontal. Neste caso, as
simulações são comparadas com os experimentos realizados por Bredmose et al. (2003). Uma
excelente concordância entre os resultados numéricos e experimentais é encontrada e um
estudo dos parâmetros de simulação é realizado. O modelo é então extrapolado para demais
aplicações, como a modificação da geometria do reservatório conforme recomendações usuais
apresentadas em handbooks de construção offshore, de forma a minimizar o impacto das
ondas nas paredes dos reservatórios.
2.4 Método de volumes finitos
O Método de Volumes Finitos (MVF) consiste na discretização do domínio fluido
em volumes de controle. Determina-se uma distribuição de pontos, denominados pontos
nodais, dentro da geometria de estudo de maneira que cada nó é envolto por um volume de
controle, ou célula. É comum determinar volumes de controle próximos às extremidades do
domínio, de forma que os limites físicos coincidam com os limites dos volumes de controle.
A solução do problema de escoamento (velocidade, pressão, fração volumétrica
do fluido) é definida no centróide de cada célula. A precisão da solução é governada pelo
número de células do domínio, além da marcha temporal definida para os problemas
transientes. Com o aumento do número de nós, aumenta-se também a demanda por recursos
computacionais para a solução do problema. Para obtenção de uma boa precisão, portanto, é
necessário conseqüentemente, um grande tempo de processamento.
Denomina-se como malha, ou grade, a distribuição destas células no domínio.
Uma malha otimizada, geralmente, não é uniforme, caracterizada por maiores refinamentos
onde há grandes variações das propriedades entre os pontos nodais. Quanto à organização
33
desses elementos, classifica-se a malha como estruturada e não-estruturada. Quanto à forma
dos volumes de controle, é usual a divisão em elementos tetraédricos e hexaédricos.
Pode-se associar resumidamente o método dos volumes finitos aos seguintes
passos:
• Integração das equações de conservação em todas as células do domínio de
interesse.
• Substituição de diferentes esquemas de aproximação por diferenças finitas em
termos da equação integrada representando os processos do escoamento, como
convecção, difusão e fontes. Este processo converte as equações integrais em um
sistema de equações algébricas.
• Solução das equações algébricas por um método iterativo.
O primeiro passo distingue o método dos volumes finitos das demais técnicas de
CFD, o que acarreta na conservação das principais propriedades para cada elemento,
relevando uma das principais vantagens do esquema. A conservação de uma propriedade
genérica de um escoamento, ψ, por exemplo, um componente do campo de velocidades,
dentro do volume de controle pode ser expresso como o balanço entre os vários fatores que
tendem a contribuir ou reduzir a propriedade.
O segundo passo se refere à determinação dos esquemas adequados de
aproximação das derivadas presentes nas equações aplicáveis aos volumes de controle por
termos lineares. A seleção destes modelos de aproximação linear deve ser feita levando-se em
consideração as características do fenômeno de transporte envolvido. A seguir são listadas
algumas aproximações utilizadas:
• Aproximação por diferenças centrais, recomendado para problemas de caráter
difusivo, em que o valor da propriedade ψ é tomado levando-se em consideração a
contribuição das células adjacentes, sem considerar o fluxo do escoamento;
• Esquemas upwind e exponencial, aplicáveis principalmente a problemas
advectivos, em que o valor de uma propriedade genérica ψ é calculado
considerando-se a contribuição do nó vizinho de maior influência analisando-se a
direção do fluxo;
34
• Esquema upstream, que é uma formulação intermediária, podendo se adequar ao
caráter difusivo ou advectivo, aproximando-se do esquema de diferenças centrais
ou upwind.
Quanto à resolução das equações integradas no domínio temporal, podem-se
definir os esquemas de interpolação como as formulações totalmente implícita, implícita e
explícita (vide figura 2.4), representados pela equação geral a seguir:
0)1( Pψϕϕψψ ϕ −+= (2.7)
W P E
W P E t
t+Δt W P E
W P Et
t+ΔtW P E
W P E t
t+Δt
Explícita (φ=0) Totalmente Implícita (φ=1) Implícita (0<φ<1)
Figura 2.4 – Esquemas de interpolação temporal de uma propriedade genérica ψ
Normalmente o campo de velocidades é desconhecido, e os seus valores são
determinados pela solução global do problema junto com todas as demais variáveis do
escoamento. A solução das equações de transporte nas direções x, y e z e da equação da
continuidade apresenta alguns obstáculos, entre eles:
• Os termos advectivos da equação de momentum contêm termos não-lineares;
• Todas as equações são intrinsecamente acopladas, já que cada componente da
velocidade aparece nas equações de conservação de momentum e da continuidade.
Caso o escoamento considerado seja compressível, a equação da continuidade
pode ser usada como uma equação de transporte para a massa específica e temperatura através
do uso de uma equação de estado p=p(ρ,T). Quando o escoamento considerado é
incompressível, a massa específica é constante e não depende da pressão. Neste caso o
35
acoplamento entre a velocidade e a pressão introduz uma restrição na solução do campo de
escoamento: se o campo de pressões correto é aplicado às equações da continuidade, o campo
de velocidades resultante deve satisfazer a continuidade.
O acoplamento entre o campo de velocidades e a pressão, junto com as
não-linearidades presentes nas equações de momentum, pode ser resolvido iterativamente
através de alguns algoritmos como:
• SIMPLE (Semi-Implicit Method for Pressure Linked Equation) – Patankar &
Spalding (1972);
• SIMPLER (SIMPLE Revised) – Patankar (1980);
• SIMPLEC (SIMPLE Consistent) – Vand Doormal & Raithbay (1984);
• PISO (Pressure Implicit with Splitting of Operators) – ISSA (1986).
Para a solução desses algoritmos, costuma-se utilizar um recurso de discretização
conhecido como arranjo colocalizado para os componentes da velocidade e pressão. A ideia
consiste em avaliar as variáveis escalares, como a pressão, massa específica, temperatura, nos
pontos nodais, mas calcular os componentes da velocidade nas faces de cada célula.
2.5 ANSYS CFX
O programa de fluidodinâmica computacional ANSYS CFX apresenta as
seguintes etapas para resolver o problema de valor inicial:
• Pré-processamento;
• Solução;
• Pós-processamento.
Na fase de pré-processamento é realizada a modelagem do problema, inserindo
dados referentes à geometria do reservatório, características dos materiais, propriedades
termodinâmicas, características de transporte, de processo, do fluido e do sólido. Ainda
durante esta fase é realizado a discretização da malha, a atribuição de parâmetros numéricos
referentes a velocidade e precisão dos resultados, os modelos de cálculo para turbulência,
36
temperatura e pressão. A segunda fase (solução) é onde todas as características descritas no
pré-processamento se interagem, executando-se o solver do software. No pós-processamento,
a visualização dos resultados é realizada.
Com o programa ANSYS CFX é possível realizar a modelagem em um ambiente
multifásico, ou seja, pode-se realizar simulações de um ambiente onde se encontra presente
mais de um fluido. Para o problema proposto por este trabalho os dois fluidos simulados no
reservatório são a água e o ar. O ANSYS CFX representa as diferentes fases do ambiente
pelas letras gregas minúsculas α, β, γ etc.
Em geral, uma quantidade subscrita com α, β, γ, etc, se refere a um valor de uma
fase particular. Por exemplo, a fração volumétrica de α é denotado com αφ . Assim, o volume
αV ocupado pela fase α é um pequeno volume V ao redor de um ponto da fração de volume
αφ dado por:
VV αα φ= (2.8)
O número total de fases da simulação é definido como Np. A fração de volume de
cada fase é denotada de αφ .
O efeito da massa específica é então definido como:
ρφρ αα = (2.9)
Esta é a massa atual por unidade de volume de fase α, dado que a fase α somente
ocupa uma fração de volume, ou seja, a massa de α por unidade de grandeza do volume do
fluido.
A massa específica da mistura é dada por:
∑= ααφρρm (2.10)
A pressão total em uma simulação multifásica é definida como:
37
∑+=α
ααα ρφ 2
21 UPP stattot (2.11)
Esta definição é usada para ambos os escoamentos compressível e incompressível.
Num escoamento multifásico Euleriano dois diferentes sub-modelos são viáveis: o
modelo homogêneo e o modelo de transferência inter-fluido (não homogêneo).
No modelo não homogêneo o momento de transferência interfacial, calor e massa
são diretamente dependentes da superfície de contato entre as duas fases. Isto é caracterizado
pela área da interface por unidade de volume entre a fase a e fase b, sabendo-se que a
densidade de área superficial é Aαβ.
A transferência interfacial pode ser modelada usando ora partículas ou modelos
misturados. Esse promove diferentes descrições algébricas para a densidade da área
interfacial.
O modelo de partícula da transferência interfacial entre duas fases assume que
uma das fases é contínua (fase α) e outra é dispersa (fase β). A área de superfície por unidade
de volume é então calculada considerando que a fase β esteja presente como partícula esférica
de diâmetro dβ. Usando este modelo, a área de contato da interface é:
β
βαβ
φd
A6
= (2.12)
Os coeficientes de transferência adimensionais da interfase podem ser associados
aos termos da partícula do número de Reynolds e do número de Prandtl. Estes são definidos
usando o diâmetro da partícula e as propriedades da fase contínua, como a seguir:
α
βαβααβ μ
ρ dUU −=Re (2.13)
38
α
αααβ
μkCp
=Pr (2.14)
onde μα, Cpα e kα são as viscosidade, capacidade calorífica específica e a condutividade
térmica da fase contínua α.
No modelo homogêneo, um campo comum de escoamento é distribuído em todos
fluidos, como também outros campos relevantes tais como: temperatura e velocidade. Isto
permite fazer algumas simplificações no modelo multiflúido resultante do modelo
homogêneo.
Para um dado processo de transporte, o modelo homogêneo assume que a
quantidade transportada (com exceção da fração volumétrica) seja semelhante em todas as
fases, isto é:
ϕφα = 1≤ α ≤ NP (2.15)
Devido à quantidade transportada estar separada no escoamento homogêneo
multifásico, é suficiente resolver os campos comuns usando equações de transporte de volume
do que resolver individualmente equações de transporte da fase.
As equações de transporte volumétricas podem ser deduzidas somando as
equações individuais de transporte de fase, dando uma única equação do transporte para φ:
( ) ( ) SUt
=∇Γ−∇+∂∂ φφρρφ . (2.16)
onde
∑=
=Np
1ααα ρφρ , ∑
=
=Np
UU1
1α
ααα ρφρ
, ∑=
Γ=ΓNp
1αααφ (2.17)
39
O modelo homogêneo não necessita ser aplicado em todas as equações, por
exemplo, a velocidade do campo pode ser modelada como não homogênea, mas acoplado
com um modelo de turbulência homogênea. Por outro lado, um campo de velocidade
homogênea pode ser acoplado com um campo de temperatura não homogêneo. Variáveis
adicionais homogêneas são também permitidas no ANSYS CFX.
3 Modelagem e Controle
3.1 Introdução
A teoria de controle é a ferramenta da engenharia que, aplicada a um sistema
dinâmico (planta), possível de ser modelado matematicamente, permite a implementação de
sub-sistemas que levem uma ou várias variáveis do sistema a um estado predeterminado em
um tempo finito (Ogata, 2003). Duas estratégias podem ser identificadas: controle em malha
aberta e controle em malha fechada. Por exemplo, tratando-se de um sistema com uma
entrada e uma saída (single input single output – SISO), o controlador em malha aberta não
faz uso de qualquer informação sobre a saída. Já no caso de um controlador em malha
fechada, um sensor providencia informação sobre a saída (realimentação) para ser comparado
com um valor de referência, de tal modo que o erro entre estes sinais é processado pelo
controlador que finalmente fornecerá um sinal de atuação na entrada do sistema a ser
controlado. Na Fig. 3.1 se ilustram estes conceitos.
Figura 3.1 – Diagrama de blocos de um sistema de controle (a) em malha aberta, (b) em malha fechada.
Com o avanço da eletrônica e principalmente da aparição dos microprocessadores,
microcomputadores e microcontroladores, foi necessário levar em conta um novo parâmetro,
a saber, a freqüência de amostragem. Trata-se, neste caso, de lidar com sinais que devem
Saída Referência
- +
Ganho Planta Saída
Referência
(a)
(b)
Realimentação
u(t) e(t) Controlador Planta
40
passar do domínio contínuo para o domínio discreto ou digital, pois tem que se apresentar no
formato entendível pelos microprocessadores. Nesse domínio é necessário mudar a ferramenta
matemática da transformada de Laplace para a transformada Z, sendo que os procedimentos
de análise e projeto de sistemas de controle são, em geral, equivalentes. Entretanto, algumas
características são únicas nos sistemas de controle digital. A Fig. 3.2 ilustra um diagrama de
blocos de um sistema típico de controle digital em malha fechada, onde se nota a presença de
dois blocos característicos: o conversor analógico-digital (A/D) e o conversor digital-
analógico (D/A), os quais servem de interface entre os domínios dos sinais envolvidos no
sistema de controle.
Figura 3.2 – Diagrama de blocos de um sistema de controle digital em malha fechada.
3.2 Controladores
Diversos tipos de controladores podem ser encontrados na literatura. Aqueles
projetados inicialmente no domínio contínuo podem ser discretizados seguindo alguns dos
procedimentos já consagrados na literatura. Contudo, é possível projetar controladores
estritamente no domínio discreto, com características únicas, como por exemplo o controlador
digital dead-beat. Por outro lado, dependendo da planta, a estratégia de controle pode se
referir a um sistema SISO (single input – single output) ou a um sistema MIMO (multiple
input - multiple output). Neste último caso, uma matriz de realimentação de estados é
projetada ao invés de uma função de transferência para o controlador. Como a planta
abordada em este trabalho pode ser tratada de forma simplificada como se fosse um sistema
de primeira ordem em série com um integrador, então este item se limitará a descrever
brevemente os controladores básicos para sistemas SISO, os quais continuam sendo
encontrados em muitas aplicações industriais. Desta forma, podemos mencionar os seguintes:
• Controlador do tipo Proporcional (P);
Saída Referência
- +
Controlador Planta
Realimentação A/D
D/A
MICROCONTROLADOR
41
• Controlador do tipo Integral (I);
• Controlador do tipo Proporcional-Integral (PI);
• Controlador do tipo Proporcional-Derivativo (PD);
• Controlador do tipo Proporcional-Integral-Derivativo (PID).
3.2.1 Controlador proporcional (P)
É aquele onde o sinal da sua saída é diretamente proporcional ao sinal de erro
entre a referência e o sinal realimentado. Desta forma, considerando a Fig. 3.1 (b), este pode
ser representado matematicamente como:
.e(t)ku(t) p= (3.1)
onde kp é o ganho do controlador proporcional
3.2.2 Controlador integral (I)
É aquele onde a derivada temporal do sinal de saída é diretamente proporcional ao
sinal de erro conectado a sua entrada. Dessa forma este controlador pode ser
matematicamente representado por:
.e(t)kdt
du(t)i= (3.2)
Integrando a equação anterior, esta pode ser reescrita como:
∫=t
0i e(t)dt.ku(t) (3.3)
onde ki é o ganho do controlador integral
42
3.2.3 Controlador proporcional-integral (PI)
É aquele onde a saída do controlador resulta da combinação dos controladores
proporcional e integral descritos acima. Dessa forma esse controlador pode ser
matematicamente representado por:
∫+=t
oi
pp e(t)dt
Tk
.e(t)ku(t) . (3.4)
onde ki = kp / Ti e Ti é denominado de tempo integral.
3.2.4 Controlador proporcional-derivativo (PD)
É aquele que resulta da combinação de um controlador proporcional e outro cuja
saída é diretamente proporcional à derivada do erro. A representação matemática fica dada
por:
dtde(t).Tk.e(t)ku(t) dpp += . (3.5)
onde kd = kp . Td e Td é denominado de tempo derivativo.
3.2.5 Controlador proporcional-integral-derivativo (PID)
É aquele controlador composto pela combinação dos controladores proporcional,
integral e derivativo. É um dos controladores mais utilizados na indústria, freqüentemente
utilizado quando se deseja uma resposta transitória rápida e um erro de regime nulo. Desta
forma, pode ser representado como:
dtde(t).Tke(t)dt
Tk
.e(t)ku(t) dp
t
oi
pp ++= ∫ (3.6)
43
A versão discreta de cada um destes controladores pode ser obtida com auxilio de
alguns algoritmos entre os quais se podem mencionar: feedback e Tustin (Barcsack, 1995).
3.3 Acionamento com Estratégia de Controle PWM
A saída dos controladores acima mencionados são sinais ideais. Numa
implementação prática, este sinal não é conectado diretamente à planta, uma vez que, em
geral, os níveis de potência dos circuitos que implementam os controladores são diferentes
daqueles que acionam efetivamente a planta. Por exemplo, tratando-se de um motor, como é o
caso neste trabalho, a sua fonte de tensão deve proporcionar valores de corrente da ordem de
Ampères enquanto os circuitos eletrônicos somente lidam com correntes da ordem de décimos
de Ampère. Deste modo, os sinais de saída dos controladores somente podem servir de
referência para o acionamento do motor.
Em relação aos acionamentos, estes podem estar baseados em circuitos lineares,
utilizando transistores operando na região linear, ou em circuitos chaveados, onde os
transistores utilizados operam nas regiões de corte e saturação. A vantagem destes últimos
reside no fato de que o consumo de potência nas chaves se reduz drasticamente se comparado
com os acionamentos lineares. Por esta razão, neste trabalho foi utilizado um circuito de
potência chaveado.
Na figura 3.3 se mostra esquematicamente o arranjo do circuito de potência que
aciona o motor utilizado neste trabalho. Nele se podem apreciar quatro chaves semicondutoras
do tipo IGBT(isolated gate bipolar transistor), que são comandadas para se comportar como
interruptores fechados ou abertos. Este arranjo é chamado de ponte completa ou simplesmente
ponte H. A estratégia que comanda as chaves, ou estratégia de chaveamento, é feita de tal
forma que nunca se permita que duas chaves no mesmo braço fiquem em curto-circuito
(IGBT1 e IGBT2 ou IGBT3 e IGBT4). Quando as chaves IGBT1 e IGBT4 estão fechadas, as
outras devem estar abertas e vice-versa.
A seqüência de aberturas e fechamentos pode ser implementada de diversas
formas (Rashid, 1993) sendo que a utilizada neste trabalho é denominada de modulação por
largura de pulsos ou PWM, do inglês: Pulse Width Modulation. Nessa estratégia tem-se como
referência um período fixo de tempo T para o qual, a soma dos instantes de tempo em que
uma chave fica fechada (Ton) e aberta (Toff) é igual a esse período.
Desta forma, o motor alterna entre valores positivos e negativos de tensão, como
ilustrado na Figura 3.4, onde T1 é o instante em que as chaves IGBT1 e IGBT4 permanecem
fechadas enquanto IGBT2 e IGBT3 permanecem abertas. Durante o tempo T2 os estados das
44
chaves se invertem. Neste caso a tensão de alimentação Vcc é igual a 50V e o período de
referência vale 4 segundos ou, em outras palavras, a frequencia de alternância vale 0,25Hz. O
sentido de rotação e a velocidade do motor dependem do valor médio da tensão imposta ao
motor.
Figura 3.3 – Acionamento do motor em ponte completa.
Tensão no motor x Tempo
-60
-40
-20
0
20
40
60
0 1 2 3 4 5 6 7 Tempo (s)
Tensão (V)
Figura 3.4 – Tensão no motor x Tempo com uma estratégia PWM.
motor
IGBT3 IGBT4
IGBT1 IGBT2
Vcc Terra
T1 T2
T
45
A relação percentual entre o tempo em que uma chave semicondutora fica fechada
(T1) e o período T é chamada de ciclo de serviço D. Desta forma, a tensão média no motor
depende do ciclo de serviço. Por exemplo, quando D=50% a tensão média é zero e o motor
fica sem movimento. Se referindo às chaves IGBT1 e IGBT4, para ciclos de serviço maiores
do que 50% o sentido de rotação do motor é oposto ao sentido que acontece com um ciclo de
serviço menor do que 50%. A resolução do ciclo de serviço é definida pelo microcontrolador
ou microprocessador sendo utilizado.
3.4 Modelo da planta
Desde o ponto de vista da teoria de controle, o objeto a ser controlado é
denominado de planta e o seu modelo matemático deve oferecer suficiente informação para
permitir o projeto do controlador. Neste trabalho, o modelo da planta se refere a uma
plataforma de ferro acionada, através de uma polia e um parafuso sem fim, por um motor de
corrente contínua governado por um circuito de potência em ponte H como descrito no item
3.3. Em função das não linearidades da estrutura mecânica devido aos atritos presentes no
parafuso sem fim e no próprio eixo do motor, foi adotado um modelo experimental seguindo
o procedimento de Queiroz em 2007.
Para isto, o motor foi submetido a um degrau de tensão e foi observada a resposta
da sua velocidade, medida com auxilio de um codificador incremental. Uma resposta,
normalizada, similar à mostrada na Figura 3.5 foi observada. Esta é semelhante à que teria um
sistema de primeira ordem, o que significa que para atingir 95% do seu valor final o sistema
demora aproximadamente 3 vezes o valor da sua constante de tempo Tp.
Desta forma a função de transferência da planta G(s) que relaciona a velocidade
do motor com a tensão aplicada ao mesmo pode ser aproximada como:
1.sTkG(s)
p += , (3.7)
onde k é a relação, em regime permanente, entre a velocidade da mesa e a tensão aplicada e s
é a variável de Laplace.
46
Figura 3.5 – Resposta ao degrau unitário de um sistema de primeira ordem.
Para determinar os parâmetros do modelo foi aplicada a máxima tensão ao motor,
conseguida com um ciclo de serviço igual a 100%, que corresponde a uma tensão de 86V.
Verificou-se que a mesa demorou 0,32 segundos para chegar a 95% da sua velocidade
máxima de 0,1675 m/s. Com isto 3Tp=0,32, de onde Tp = 0,106 segundos e k = 0.001861
(m/s)/V.
Logo:
10,106s0,001861G(s)
+= (3.8)
Ou também:
9,5s0,01848G(s)+
= (3.9)
Como a variável de interesse é a posição da mesa, então a função de transferência
que relaciona a tensão do motor com a posição da mesa, P(s), pode ser obtida multiplicando
G(s) pela função de transferência de um integrador (1/s). Chamando de U(s) à função de
transferência da tensão aplicada ao motor e de X(s) à função de transferência da posição da
mesa, então P(s) pode ser escrita como:
9,5)s(s0,01848
U(s)X(s)P(s)
+== (3.10)
0 0,2 0,4 0,6 0,8
1 1,2
0 1 2 3 4 5 6
tempo
0,95
3Tp
U(s) P(S)
X(s)
47
3.5 Projeto do controlador
Para o projeto de um controlador, C(s) na figura 3.6, algumas técnicas clássicas
podem ser encontradas na literatura, sendo que deve ser levada em conta a forma da
implementação. Neste trabalho, trata-se de uma implementação digital, pois foi utilizado um
computador e o ambiente de programação Labview (Labview 7, 2003).
Sendo assim, existem duas possibilidades. A primeira consiste em projetar o
controlador no domínio contínuo (variável de Laplace) e depois convertê-lo para um
controlador discreto. A segunda consiste em discretizar o modelo da planta e projetar o
controlador no domínio discreto (variável Z). Neste trabalho foi adotada a primeira estratégia.
Como o modelo aproximado do sistema é simples, a técnica de projeto adotada
foi baseada no denominado lugar das raízes (Philips, 1996). Embora este modelo inclua um
integrador e seja possível projetar um simples controlador proporcional, de tal modo que após
ser aplicada uma referência em degrau o erro de regime seja nulo, outros controladores foram
avaliados em vista de que as referências de posição devem ter uma característica alternada
para gerar ondas no reservatório apoiado na mesa móvel. Além disso, outra razão para esta
avaliação reside na não linearidade por efeito do atrito mecânico que não foi contemplado no
modelo.
A seguir, será feita uma apresentação dos possíveis controladores a ser projetados,
onde, para facilitar este procedimento, a função de transferência do sensor de posição, H(s),
foi considerada como sendo um ganho unitário.
Figura 3.6 – Diagrama de blocos de um sistema de controle em malha fechada.
3.5.1 Controlador proporcional
Na figura 3.7 se observa o lugar das raízes do sistema de controle de posição com
um controlador proporcional. Este se origina nos pólos da planta e tende para valores
complexos conjugados com parte imaginária que tende para infinito. Neste caso, com
X(s) Referência
- +
H(s)
E(s) U(S) C(s) P(s)
48
qualquer ganho proporcional kp, Eq. 3.1, o sistema será estável e a velocidade de resposta do
controlador dependerá da posição dos pólos escolhidos.
-20 -15 -10 -5 0-1
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
Real Axis
Imag
Axi
s
Figura 3.7 Lugar das raízes do sistema de controle com ganho proporcional.
3.5.2 Controlador proporcional derivativo
Neste caso, aplicando a transformada de Laplace à Eq. 3.5, a função de
transferência do controlador assume a forma: )1/T(sTKC(s) ddp += . Desta forma o lugar das
raízes incluirá um zero, cuja posição dependerá da escolha de Td. Na Figura 3.8 mostram-se
os lugares das raízes, com características estáveis, para os casos em que este zero fique à
direita do pólo -9,5 (a) e à esquerda do mesmo (b). No primeiro caso, a resposta do sistema
estará limitada pela presença de um pólo (em malha fechada) na região que fica entre o zero e
o pólo na origem. Já no segundo caso, a rapidez do sistema poderá aumentar
significativamente uma vez que o lugar das raízes se desloca à esquerda do pólo -9,5.
-20 -15 -10 -5 0-1
-0.5
0
0.5
1
Real Axis
Imag
Axi
s
-20 -15 -10 -5 0
-6
-4
-2
0
2
4
6
Real Axis
Imag
Axi
s
(a) (b)
Figura 3.8 Lugar das raízes do sistema com controlador proporcional derivativo.
49
Uma variante desse controlador consiste em adicionar um filtro passa baixa, cujo
pólo seja maior que o pólo da planta, com o objetivo de atenuar a amplificação de eventuais
ruídos de alta freqüência que acompanhem o sensor de posição. Na figura 3.9 se mostra a
mudança do lugar das raízes quando se inclui um filtro com pólo em -30rad/s e outro em -
40rad/s.
-50 -40 -30 -20 -10 0-30
-20
-10
0
10
20
30
Real Axis
Imag
Axi
s
-50 -40 -30 -20 -10 0-30
-20
-10
0
10
20
30
Real Axis
Imag
Axi
s
(a) (b)
Figura 3.9 Lugar das raízes do sistema com controlador proporcional derivativo e filtro.
3.5.3 Controlador proporcional integral
Aplicando a transformada de Laplace à Eq. 3.4, a função de transferência do
controlador assume a forma: )/s1/TKp(sC(s) i+= . Desta forma, o lugar das raízes incluirá
um pólo na origem e um zero, cuja posição dependerá da escolha de Ti. Na Figura 3.10
mostram-se os lugares das raízes, com características estáveis, para os casos em que este zero
fique à direita do pólo -9,5 (a) e (b). Nestes casos o sistema será estável e a resposta do
sistema será comparável à obtida com um controlador proporcional (Fig. 3.7). No caso (c), o
zero fica à esquerda do pólo, sendo que o sistema será instável pois o lugar das raízes se
desloca à direita do eixo imaginário.
50
-15 -10 -5 0-15
-10
-5
0
5
10
15
Real Axis
Imag
Axi
s
-15 -10 -5 0-10
-5
0
5
10
Real Axis
Imag
Axi
s
(a) (b)
-15 -10 -5 0-15
-10
-5
0
5
10
15
Real Axis
Imag
Axi
s
(c)
Figura 3.10 Lugar das raízes do sistema com controlador proporcional integral.
3.5.4 Controlador proporcional integral derivativo
Aplicando a transformada de Laplace à Eq. 3.6, a função de transferência do
controlador assume a forma: b)/ssaK(sC(s) 2 ++= , onde K, a e b dependem dos
parâmetros do controlador. Desta forma, o lugar das raízes incluirá um pólo na origem e dois
zeros, cujas posições no lugar das raízes dependeram da escolha dos parâmetros do
controlador. Supondo que estes ficassem no eixo real, três possibilidades existem. Os lugares
das raízes são mostrados na figura 3.11. Na figura 3.11 (a) os zeros ficam à direita do pólo da
planta -9,5. Na figura (b) um zero fica à direita e o outro à esquerda desse pólo e na figura (c)
ambos zeros ficam à esquerda daquele pólo. No primeiro caso, com um ganho apropriado, a
velocidade da resposta será comparável à obtida com o controlador proporcional. No segundo
caso será comparável à obtida com o controlador proporcional derivativo e, no terceiro caso,
51
apesar do lugar das raízes se deslocar à esquerda do pólo da planta,, haverá um pólo
dominante entre este pólo e o zero mais próximo dele, limitando sua velocidade à obtida com
o controlador proporcional derivativo.
-10 -5 0-2
-1.5
-1
-0.5
0
0.5
1
1.5
2
Real Axis
Imag
Axi
s
-30 -20 -10 0
-15
-10
-5
0
5
10
15
Real Axis
Imag
Axi
s
(a) (b)
-80 -60 -40 -20 0-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
Real Axis
Imag
Axi
s
(c) Figura 3.11 Lugar das raízes do sistema com controlador proporcional integral derivativo.
A partir das observações dos possíveis candidatos a controlador pode-se concluir
que estes poderão ser o controlador proporcional, o controlador proporcional integral e o
controlador proporcional derivativo.
52
3.5.5 Discretização do controlador contínuo
Como foi mencionado no inicio, a implementação do controlador da posição da
bancada de testes foi feita via computador. Neste caso, a aquisição da posição e o algoritmo
de controle são efetuados de forma síncrona, tendo como referência uma freqüência fs fixa ou,
em outras palavras, um período Ts fixo.
Entre as diversas técnicas de discretização do controlador contínuo, uma consiste
em modelar o controlador em série com um grampeador de ordem zero e em seguida, através
de tabelas encontrar a correspondente transformada Z, para finalmente encontrar a
correspondente equação de diferenças implementada no computador. Entretanto algumas
técnicas aproximadas também podem ser utilizadas com sucesso, como por exemplo, as
aproximações: forward (Euler), backward e trapezoidal, também chamada de aproximação de
Tustin (Astrom, 1984). Estas aproximações consistem na substituição da variável s, na função
de transferência do controlador, por uma função da variável z, descritas a seguir:
Método de Euler: sT1-zs =
Método Backward: sT21-zs =
Método Tustin: 1z1-z
T2s
s +=
Neste trabalho, a aproximação de Tustin foi adotada uma vez que esta tem a
vantagem de transformar o semiplano esquerdo de Laplace no circulo unitário do plano z e
facilita a análise de estabilidade.
Desta forma, com k sendo o número da iteração utilizada na implementação real,
as versões discretas dos controladores candidatos e as suas respectivas equações de
diferencias, terão as seguintes formas: Controlador Versão Contínua Versão Discreta Equação de diferência Proporcional KpC(s) = KpC(z) = u(k) = Kp * e(k)
Proporcional Integral
s)1/T(sKpC(s) i+
= 1)-(zB)(zAC(z) +
= u(k)=u(k-1) + A*e(k) +
AB*e(k-1)
Proporcional Derivativo )1/T(sTKC(s) ddp += 1)(zD)(zCC(z)
++
= u(k)= - u(k-1) + C*e(k) + CD*e(k-1)
Onde A = Kp (1 + Ts/(2* Ti)); B = (Ts – 2Ti)/(Ts + 2Ti); C = Kp (1 + 2 Td/Ts); D = (Ts–2Td)/(Ts+2Ts/Td).
53
Controle digital com LABVIEW
Reservatório
Mesa móvel
Eletrônica de Potência
Câmera
Motor CC Interface USB de Aquisição de dados e
Controle
x
4 Descrição da bancada de testes
A Figura 4.1 mostra uma ilustração simplificada da bancada de testes
experimentais montada, neste trabalho, para a geração de ondas em um reservatório. A seguir
serão descritos os seus componentes e também o programa de controle desenvolvido para os
experimentos.
Figura 4.1. Bancada de testes.
4.1 Componentes
Para este trabalho foi utilizada uma mesa móvel disponível num laboratório de
automação do departamento de engenharia mecânica da UFF. Esta consiste de uma estrutura
em aço com dimensões aproximadas de 1,5m x 1,0 m com possibilidades de controle em dois
graus de liberdade através de dois motores de corrente contínua. Entretanto, apenas um grau
de liberdade foi utilizado para a geração de ondas, como mostra a Fig. 4.2.
O acoplamento da mesa com cada motor é feito através de polias, um parafuso
sem fim e um mecanismo de deslocamento por esferas (Queiroz, 2007). Os motores trabalham
com uma tensão máxima de 90Vcc e possuem uma potência nominal de 1,2 HP.
54
Figura 4.2 – Mesa móvel e reservatório.
Dois reservatórios retangulares, de vidro, de dimensões diferentes foram
utilizados nos experimentos. Estes ficaram apoiados na mesa tendo-se o cuidado de selar as
partes superiores dos mesmos, para proteger os demais componentes. Os experimentos se
diferenciam pelo tipo de controle: em malha aberta ou em malha fechada, e também pelo tipo
de controlador.
Para acionar o motor acoplado à mesa, foi construída uma placa eletrônica de
potência que consiste de semi-drivers do fabricante Semikron e transistores do tipo IGBT
montados na configuração em ponte completa. Estes são comandados por sinais binários
gerados a partir de uma placa eletrônica auxiliar que converte um sinal analógico, fornecido
pelo conversor D/A do computador, para um sinal do tipo PWM (Pulse Width Modulation).
Uma placa eletrônica do fabricante National Instruments, modelo USB-6001, foi
utilizada como interface entre o computador e o acionamento eletrônico do motor. O software
Labview foi utilizado para a implementação dos algoritmos de controle de posição.
Para medir a posição da mesa, e permitir o controle em malha fechada, foi
utilizado um sensor do tipo “encoder incremental”. Maiores detalhes sobre este dispositivo
podem ser encontrados em (Queiroz, 2007).
Um sensor da marca Signal Work, modelo 112A22, foi fixado a 10 mm da parte
inferior da parede esquerda do reservatório para medir as pressões de impacto das ondas.
Conectado a este sensor, foi utilizado um módulo de amplificação do sinal do sensor, um
computador e o programa de aquisição e processamento de dados CATMAN.
Para a filmagem e fotografias do movimento das ondas geradas pelo experimento
foi utilizada uma câmera Nikon D90 e uma filmadora digital Sony com capacidade de 33
quadros por segundo.
55
4.2 Programas de controle da mesa
Para este trabalho, dois programas de controle foram desenvolvidos no ambiente
de desenvolvimento Labview. Este se caracteriza por apresentar duas janelas de trabalho. Na
primeira, que será denominada de interface gráfica, são visualizados botões e ícones que
permitem ao usuário mudar comandos de operação, tais como ligar ou desligar, ou ainda
alterar um sinal de referência. A segunda janela está associada ao algoritmo de controle. Nela
reside efetivamente o programa de controle, implementado através da conexão de diversos
ícones que implementam operações lógicas e aritméticas. Nesta janela também se encontram
blocos associados à inicialização dos periféricos do computador e à freqüência de
amostragem. A esta janela se lhe denominou de janela de ambiente de desenvolvimento.
O primeiro programa implementado se refere a um sistema de controle de
movimento em malha aberta. Neste caso, o programa envia um sinal de referência alternado,
para o conversor D/A da placa USB-6001, que é traduzido pela placa auxiliar em um ciclo de
serviço que alterna, de forma senoidal, em torno de 50%. Com isto a tensão elétrica no motor
alterna entre valores positivos e negativos que resultam em um movimento alternado da mesa
em torno de uma posição de equilíbrio. Estes experimentos foram denominados de N1 e N4.
Nas figuras 4.3 e 4.4 são apresentadas as janelas de ambiente de desenvolvimento
e de interface gráfica respectivamente, para este experimento. Na primeira se aprecia um
comando, “controle de tensão manual”, que está associado, na segunda janela, a um
potenciômetro de cabeça redonda com escala de 0 a 3. Também, à esquerda da primeira
janela, pode ser identificado o gerador de sinal alternado, cuja amplitude é somada a um valor
constante de 1,97V devido às características da placa auxiliar. Observa-se à direita da
primeira figura o bloco “DAQ Assistant”, onde são definidas as configurações da placa de
aquisição de dados. Os outros ícones servem para habilitar a visualização gráfica, da
referência de tensão senoidal do motor e a posição da mesa, e também da visualização
numérica de outros parâmetros.
56
Figura 4.3 – Ambiente de desenvolvimento
Figura 4.4 - Interface gráfica do programa.
O segundo programa desenvolvido se refere a um sistema de controle de
movimento em malha fechada, denominado de experimento N3. Este foi concebido para lidar
com os diversos tipos de controladores.
Na figura 4.5 é apresentada a janela de interface gráfica e nas figuras 4.6 e 4.7 são
apresentadas janelas ligadas ao ambiente de desenvolvimento, para este experimento.
57
Figura 4.5 - Interface gráfica do programa.
Figura 4.6 – Ambiente de desenvolvimento
58
Figura 4.7 – Ambiente de desenvolvimento (cont.)
Para este programa apresentamos aqui os principais módulos desenvolvidos.
O primeiro módulo é o responsável pela geração sinal senoidal de referência,
amortecido durante o primeiro tempo t1 ajustado pelo programa. Esse módulo basicamente
consiste de uma rampa temporizada multiplicado por um sinal de seno também ajustado para
terminar no instante de tempo t2 ajustado pelo programa.
Um segundo módulo importante desse programa é o módulo de controle, onde o
sinal de referência é comparado com a posição real da mesa, obtendo o erro entre os dois
sinais. Esse erro é enviado ao controlador do programa, que conforme discutido no capítulo 3
pode ser de vários tipos.
Um terceiro bloco está constituído por vários módulos que são os responsáveis
pelo envio e recebimento de sinais para a placa USB da National Instruments. Outros
módulos, não menos importantes, são: o módulo de contagem, desenvolvido em Fortran para
funcionar como o contador de pulsos que identifica em que posição se encontra a mesa; o
módulo de saturação, também desenvolvido em Fortran, responsável por limitar a saída de
tensão do controlador para níveis aceitáveis de disparo do ciclo de serviço do PWM e da placa
de interface; e por último a interface gráfica do programa, responsável pelo comando,
monitoramento e controle da mesa.
59
4.3 Experimento N3: teste em malha fechada
No intuito de se testar o controle em malha fechada, estabeleceu-se o seguinte
experimento – denominado por N3 – na bancada de testes. Foi utilizada como referência um
sinal de excitação do tipo senoidal com amplitude atenuada nos primeiros 6,0s (vide figura
4.8). Após os 6,0s, o movimento segue a função,
x(t) = 15 sen (3,142 t). (5.2)
Neste caso, a amplitude escolhida é de 15mm e a freqüência de 3,142rad/s ou
0,50Hz, com um período de 2,0s.
Posição de referência
-20,00
-15,00
-10,00
-5,00
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
02,
44,
87,
199,
59 1214
,416
,819
,221
,6 2426
,428
,831
,233
,535
,938
,340
,743
,145
,547
,950
,352
,755
,157
,559
,962
,3
Tempo (s)
Posiç
ão (m
m)
Figura 4.8. Referência de deslocamento da mesa para o experimento N3.
Para este experimento, o reservatório utilizado possui as seguintes dimensões
internas: 800 x 100 x 400 mm³ (comprimento, largura e altura). Vários testes foram realizados
nesta categoria, os quais foram denominados H1, H2, H3, H4, H5 e H6. Entretanto os
melhores resultados foram os testes H4 e H5. A diferença principal entre estes é que em H4 o
reservatório foi preenchido com 60mm de água, enquanto que em H5 o reservatório foi
preenchido com 70mm de água.
Foram desenvolvidos para estes experimentos, controladores do tipo proporcional
e proporcional-integral, entretanto ficou experimentalmente comprovado que o controlador
proporcional gerava menos vibrações na superfície livre do fluido, coerentes com as vibrações
observadas na própria mesa, como será mostrado mais adiante. Como a experiência com o
controlador PD foi semelhante à obtida com o controlador PI, os resultados com o controlador
60
PD não serão apresentados nesse trabalho. Deve-se lembrar que no projeto teórico dos
controladores, apresentado no capítulo 3, tinha-se assumido que o ganho do sensor era
unitário mas na implementação real o ganho equivalente do sensor foi de 1000. Com isto, os
ganhos utilizados no ambiente Labview se reduziram na proporção.
Inicialmente será apresentado o comportamento da posição da mesa utilizando
controladores PI. Três casos são apresentados, diferenciados pela amplitude dos ganhos. Em
ambos os casos os ganhos proporcional e integral foram iguais, o que significou a introdução
de um zero em –1. Os pólos de malha fechada dependem dos ganhos escolhidos. No caso A,
Kp = Ki = 1,6. No caso B, Kp = Ki = 0,79 e, no caso C, Kp = Ki = 0,3.
Na figura 4.9 é mostrado o lugar das raízes resultante e a posição dos pólos para
os casos A e B. A resposta dos controladores é mostrada nas figuras 4.10, 4.11 e 4.12, onde a
referência de posição cresce linearmente durante 4 períodos para logo ficar em um patamar
constante. Como percebido, o melhor comportamento da posição foi no caso C mas sempre
acompanhado de vibração embora menor que nos outros casos. Outros casos também foram
testados, verificando que a posição do zero do controlador tinha que ser à direita do pólo –9,5
da planta.
Depois da experiência com controladores PI, foram feitos testes experimentais
para diversos controladores proporcionais. Verificou-se que os ganhos em torno de 0,1 para
referências de posição alternadas com freqüências de 1 e 1,1 Hz foram apropriados, como
mostrado nas figuras 4.13 e 4.14.
(a) (b)
Figura 4.9. Lugar das raízes e pólos em malha fechada.
61
Figura 4.10. Resposta experimental para o caso A, onde a linha branca corresponde a
saída e a linha vermelha corresponde a referência de posição da mesa.
Figura 4.11. Resposta experimental para o caso B, onde a linha branca corresponde a
saída e a linha vermelha corresponde a referência de posição da mesa.
62
Figura 4.12. Resposta experimental para o caso C, onde a linha branca corresponde a
saída e a linha vermelha corresponde a referência de posição da mesa.
Figura 4.13. Resposta do controlador proporcional com ganho Kp = 0,1 e referência de
posição com freqüência de 1,1Hz.
63
Figura 4.14. Resposta do controlador proporcional com ganho Kp = 0,1 e referência de
posição com freqüência de 1,0Hz.
Como observado, com controladores proporcionais as vibrações na posição se
reduziram significativamente mas em compensação o erro de regime entre a referência e o
deslocamento real da mesa não foi nulo. Apesar desta característica se considerou preferível
movimentar o reservatório com o controlador proporcional.
Após a realização de vários testes experimentais e simulações optou-se por adotar
como ganho do controlador proporcional o valor de 0,07. Os resultados do comportamento
cinemático das ondas formadas, para os casos H4 e H5, são apresentados nas figuras 4.15 e
4.16, respectivamente.
64
Figura 4.15. Três instantes em seqüência do movimento horizontal H4 do reservatório.
t=28,7s
t=29,9s
t=29,2s
65
Figura 4.16. Três instantes em seqüência do movimento horizontal H5 do reservatório.
t=24,4s
t=25,7s
t=27,5s
66
Em relação à pressão medida na parede esquerda do reservatório, a figura 4.17
mostra o resultado para o experimento H4. Conforme pode ser observado, existe uma
seqüência de impactos na parede do reservatório compatível com o movimento da mesa e com
o período do sinal de excitação utilizado. Para os instantes de tempo entre 22 e 60 segundos
parece existir um certo padrão na medição da pressão. Entretanto, as variações do perfil
podem ser explicadas pela resolução do sensor e as vibrações na mesa. A figura 4.18 mostra o
resultado para o caso H5, sendo que parece existir um padrão entre os instantes 30 e 60
segundos.
-6,00E-01
-4,00E-01
-2,00E-01
0,00E+00
2,00E-01
4,00E-01
6,00E-01
8,00E-01
0 20 40 60 80 100 120
Tempo (s)
Pres
são
(psi
)
Figura 4.17. Pressão x tempo na parede do reservatório para o teste H4.
-3,00E-01
-2,00E-01
-1,00E-01
0,00E+00
1,00E-01
2,00E-01
3,00E-01
4,00E-01
5,00E-01
0 20 40 60 80 100 120
Tempo (s)
Pres
são
(psi
)
Figura 4.18. Pressão x tempo na parede do reservatório para o teste H5.
67
Com o objetivo de se avaliar as limitações do sensor de pressão e/ou do sistema
de aquisição de dados e de se verificar a capacidade de registro de um duplo pico de pressão,
característica do fenômeno de sloshing, foi testado manualmente um movimento lateral na
direção x, de forma semelhante ao experimento H10 de Bredmose et al. (2003), de tal forma
que permitisse a geração de ondas energéticas que impactariam em uma das paredes do
reservatório. A figura 4.19 ilustra o perfil de pressão encontrado, comprovando a capacidade
de detecção do duplo pico de pressão quando do run up na parede vertical.
Convém registrar que as pressões registradas durante os primeiros 20s nas figuras
4.17 e 4.18, e durante os primeiros 8s na figura 4.19, devem ser descartados por conta de um
atraso inerente do sensor de pressão utilizado.
-2,00E-01
-1,00E-01
0,00E+00
1,00E-01
2,00E-01
3,00E-01
4,00E-01
5,00E-01
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tempo (s)
Pres
são
(psi
)
Figura 4.19. Pressão x tempo na parede do reservatório para o teste manual.
68
5 Resultados
Os resultados experimentais e numéricos encontrados são apresentados e
discutidos nas seções a seguir. A condição inicial de repouso absoluto é empregada na
superfície livre, com o reservatório sendo agitado lateralmente com determinadas frequências
e amplitudes de oscilação. Em todos os casos, apenas movimentos horizontais na direção x
são considerados em nosso estudo.
Com o objetivo de se formar um benchmark sobre o assunto, primeiramente são
reproduzidas as simulações numéricas realizadas por Mendes (2007) e Nicolato (2009), que
compararam os experimentos H10, realizados por Bredmose et al. (2003), e resultados
numéricos obtidos por intermédio do código comercial ANSYS CFX. Utilizando-se o aparato
experimental relatado nos capítulos 3 e 4, dois estudos de caso – batizados de N1 e N4 – são
apresentados e discutidos. Os experimentos N1 e N4 são então comparados às
correspondentes soluções numéricas encontradas via ANSYS CFX.
5.1 Validação via experimento H10 (Bredmose et al. 2003)
Nesta seção, os resultados experimentais e numéricos de Bredmose et al. (2003)
para o fenômeno de sloshing horizontal (experimento H10) são comparados com soluções
numéricas obtidas através do código comercial ANSYS CFX, considerando-se um modelo
multifásico homogêneo para a descrição do movimento da superfície livre. Para maiores
detalhes do método numérico empregado e do software ANSYS CFX, veja o capítulo 2. A
figura 5.1 mostra a malha hexaédrica de 9207 elementos hexaédricos (18800 nós) utilizada
nessa simulação.
Nas paredes verticais e no fundo do reservatório foi aplicada a condição de não-
deslizamento, enquanto na região superior a condição de opening – livre transferência de
massa – foi empregada. O regime adotado foi o transiente, com passo de tempo de 0,001s,
para um tempo total de 9,0s, dentro da faixa do experimento de Bredmose et al. O
reservatório é modelado com dimensões 1,48 x 0,40 x 0,75 m3 e é parcialmente cheio de água,
com uma profundidade média de 0,155 m. A figura 5.2 ilustra o sinal utilizado nas simulações
numéricas. Os resultados para a superfície livre são mostrados em um referencial inercial.
69
Figura 5.1. Discretização empregada nas simulações com o software ANSYS CFX.
Figura 5.2. Movimento harmônico lateral da mesa empregado no experimento H10 de
Bredmose et al. (2003). O deslocamento horizontal dispx é dado em metros e o tempo t em
segundos.
A coluna à direita da figura 5.3 mostra uma sequência de 12 fotos extraídas do
experimento H10 (ver figura 11 de Bredmose et al.), enquanto as linhas tracejadas
representam as soluções numéricas utilizando-se um modelo de Boussinesq. À esquerda da
mesma figura, os resultados obtidos utilizando-se o código ANSYS CFX são apresentados.
As imagens cobrem o movimento da superfície livre resultante do “empurrão” ocasionado
pela parede à direita do reservatório, decorridos 6,21s do início do experimento (vide figura
5.2).
A onda gerada é captada até atingir a parede à esquerda, seguida do run up e
posterior reflexão. De uma forma geral, a concordância entre os resultados experimentais e
numéricos é excelente. A amplitude da onda gerada na parede vertical à direita decai até se
aproximar da parede oposta, quando se torna mais íngreme e inicia a sua ascensão. Note que
70
os resultados numéricos obtidos no CFX reproduzem mais fielmente os experimentos se
comparados aos perfis obtidos a partir do modelo de Boussinesq, notoriamente no momento
do run up.
Como reportado por Bredmose et al., o modelo de Boussinesq é falho em regiões
em que a batimetria não é suave, como, por exemplo, próximo à parede vertical. Uma outra
característica importante evidenciada nas simulações é a indicação, após o run up, de um jato
vertical em direção ao fundo do reservatório (ver figura 5.3, t = 8.04s), fato este não
reproduzido pelo modelo de Boussinesq.
Convém ressaltar ainda que os resultados numéricos apresentados não
contemplam os efeitos da tensão superficial, que segundo Jervis & Peregrine (1996) podem
acarretar em uma redução de até 10% da amplitude máxima em fenômenos não-lineares.
Nicolato (2009) considerou os efeitos da tensão superficial quando da simulação do
experimento H10 de Bredmose et al. Os perfis de onda numéricos encontrados (com e sem
tensão superficial) são praticamente idênticos, sendo que o caso com tensão superficial
curiosamente apresentou um pico ligeiramente maior, sem no entanto influenciar o perfil de
pressões na parede. Tal diferença pode ser atribuída à necessidade de uma melhor
discretização na região do run up, tendo em vista as pequenas escalas de comprimento
associadas aos fenômenos capilares.
Os resultados obtidos para o campo de pressões com o software ANSYS CFX são
comparados com as medições e cálculos efetuados por Bredmose et al., com uma
concordância excelente (ver figura 5.4). Percebe-se claramente a formação do tradicional
duplo pico de pressão quando da ocorrência do run up na parede vertical. Conforme já
discutido no capítulo 3 e 4, por limitações da bancada de testes, o experimento H10 não pode
ser reproduzido. Assim, dois estudos de caso foram estabelecidos visando a validação das
simulações numéricas, batizados por N1 e N4, que se seguem.
Maiores detalhes de como acontece o fenômeno do duplo pico de pressão podem
ser encontrados no capítulo 2, item 2.3 desse trabalho.
71
Figura 5.3. Comparação entre os resultados numéricos (obtidos a partir do código comercial
ANSYS CFX) e experimentais (experimento H10 de Bredmose et al. 2003).
72
Figura 5.3 (cont.). Comparação entre os resultados numéricos (obtidos a partir do código
comercial ANSYS CFX) e experimentais (experimento H10 de Bredmose et al. 2003).
73
(a)
(b)
Figura 5.4. (a) Comparação entre as pressões medidas (- - - - -) e calculadas (_______)
por Bredmose et al. (2003) para o experimento H10. (b) Distribuição de pressões obtida
através do código comercial ANSYS CFX.
74
5.2 Experimento N1
Para o experimento N1, foi aplicado um movimento horizontal harmônico no
reservatório,
x(t) = 11 sen (5,236 t), (5.1)
onde a amplitude escolhida é de 11mm, a freqüência é de 5,236rad/s ou 0,83Hz, com um
período de 1,2s. A amplitude da tensão aplicada ao motor foi proporcional a esta referência
(vide figura 5.5).
-15
-10
-5
0
5
10
15
0,03 0,12 0,21 0,3 0,39 0,48 0,57 0,66 0,75 0,84 0,93 1,02 1,11 1,2 1,29 1,38 1,47
Tempo (s)
Amplitude (mm)
Figura 5.5. Referência de deslocamento da mesa para o experimento N1.
As dimensões internas do reservatório foram de 393 x 194 x 265mm³
(comprimento, largura e altura). Não foi realizada a medição de pressão nas paredes do
reservatório. O reservatório foi preenchido com uma coluna de 50mm de água. As imagens
capturadas a partir da filmadora digital, para três instantes de tempo diferentes, são mostradas
na figura 5.6.
Essas imagens correspondem a uma onda deslocando-se da esquerda para direita.
Após o impacto da onda na parede do reservatório ocorre um jato vertical caracterizando o
fenômeno run up. Em seguida, um movimento de queda livre é iniciado, formando uma
depressão na superfície livre, que posteriormente se desloca da direita para a esquerda.
75
Figura 5.6. Três instantes em seqüência do movimento horizontal do reservatório.
5.3 Experimento N4
Considerando as limitações da mesa (referidas à máxima tensão aplicada ao
motor) e a taxa de amostragem máxima da placa de aquisição de dados da National
Instruments, esse experimento foi realizado na tentativa de se obter ondas mais energéticas,
que evidenciassem o duplo pico de pressão presente no fenômeno de sloshing. O experimento
N4 se caracterizou por ser em malha aberta, utilizando o reservatório do experimento N3, com
uma coluna de água de 50mm.
Para o experimento N4, foi aplicado um movimento horizontal harmônico no
reservatório,
x(t) = 90 sen (1,885 t), (5.1)
t=2,85s
t=3,03s
t=2,55s
76
onde a amplitude escolhida é de 90mm, a freqüência é de 1,885rad/s ou 0,3Hz, com um
período de 3,3s. O sinal de excitação do sistema é mostrado na figura 5.7. A figura 5.8 mostra
os perfis das ondas formadas.
Figura 5.7. Interface gráfica do experimento N4.
77
Figura 5.8. Três instantes em seqüência do movimento do reservatório com o
experimento N4.
t=9,4s
t=9,9s
t=13,1s
78
5.4 Simulação numérica e validação via experimento N1
A figura 5.9 exibe a malha utilizada na simulação numérica do experimento N1.
Foi utilizado um maior refinamento na região próxima à superfície livre, com uma malha
hexaédrica com 18480 nós e 9047 elementos. O movimento horizontal foi imposto em todo o
domínio fluido. A simulação foi realizada em regime transiente, com passo de tempo de
0,005s para um tempo total de 12s.
Figura 5.9. Malha hexaédrica utilizada no experimento N1.
A figura 5.10 compara cinco instantes de tempo extraídos do experimento (coluna
à direita) com os resultados numéricos correspondentes obtidos utilizando-se o software
ANSYS CFX (coluna à esquerda). Uma boa concordância entre os resultados é encontrada.
Pode-se notar a formação de uma onda de baixa amplitude decorridos 0,51 s, que se choca
contra a parede esquerda do reservatório decorridos 1,20s sem causar, no entanto, um jato
vertical. No tempo 2,10s a onda já se encontra com maior amplitude, agregando
características não-lineares ao escoamento, atingindo a formação de run up em t=2,80s. Com
a queda da coluna d’água (t=3,00s), há a formação de uma depressão próxima à parede
vertical, evidenciada tanto no experimento quanto na simulação numérica.
79
Figura 5.10. À esquerda, resultados numéricos obtidos com o ANSYS CFX. À direita,
sequência de fotos extraída do experimento N1.
5.5 Simulação numérica e validação via experimento N4
Para esta nova geometria foi utilizada uma malha hexaédrica com cerca de 20000
nós e 10000 elementos, bem como um refinamento na região próxima à superfície livre. A
simulação foi realizada em regime transiente, com passo de tempo de 0,005s para um tempo
total de 60s. A comparação entre os perfis da superfície livre estão evidenciadas na figura
5.11. Observa-se a existência de uma boa concordância entre a cinemática das ondas
experimentais e numéricas. No instante t=7,6s, após o impacto na onda gerada na parede
direita do reservatório, é formada uma seqüência de pequenas ondas refletidas, registradas no
instante t=8,1s.
t=0,51s
t=1,20s
t=0,51s
t=1,20s
t=2,10s t=2,10s
t=3,00s t=3,00s
t=2,80s t=2,80s
80
Figura 5.11. À esquerda, resultados numéricos obtidos com o ANSYS CFX. À direita,
sequência de fotos extraída do experimento N4.
t=7,6s t=7,6s
t=7,8s
t=8,0s
t=8,1s
t=7,8s
t=8,0s
t=8,1s
t=8,4s
t=8,7s
t=8,4s
t=8,7s
81
Figura 5.11. (cont.) À esquerda, resultados numéricos obtidos com o ANSYS CFX. À
direita, sequência de fotos extraída do experimento N4.
Nos experimentos, a aquisição da pressão apresentou uma série de limitações. Foi
utilizado um sensor de pressão que tem o funcionamento limitado a sinais de baixa
freqüência, como é o caso dos sinais gerados pelos experimentos N3 e N4. Dessa forma, os
resultados da aquisição de cerca de 20 segundos iniciais precisam ser desprezados, pois esse
período retrata o tempo que o sensor de pressão leva para estabilizar a medição, conforme
discutido na seção 4.3.
Apesar de ter sido verificado manualmente que o sensor registra o duplo pico de
pressão quando da presença do fenômeno de sloshing (vide figura 4.19 após 8s), a bancada de
testes não consegue reproduzir movimentos que gerem ondas energéticas. Assim, pode-se
observar na figura 5.12a que existe um histórico de variação da pressão na parede do
reservatório no experimento N4, mas que, no entanto, diverge dos resultados numéricos
encontrados com o programa ANSYS CFX (vide figura 5.12b). Maiores investigações
experimentais são necessárias para se identificar a faixa de oscilações que é possível de ser
imposta na mesa e que gere perfis de pressão com magnitudes que sejam compatíveis com o
sensor de pressão utilizado.
t=9,3s
t=11,3s
t=9,3s
t=11,3s
82
-6,00E-01
-4,00E-01
-2,00E-01
0,00E+00
2,00E-01
4,00E-01
6,00E-01
8,00E-01
0 10 20 30 40 50 60 70
Tempo (s)
Pres
são
(psi
)
(a)
(b)
Figura 5.12. Experimento N4: variação da pressão (a) medida e (b) calculada via CFX.
Tempo (s)
Pres
são
(Pa)
83
6 Conclusões
A aplicação de métodos numéricos a escoamentos com superfície livre tem se
mostrado extremamente eficiente na previsão de fenômenos lineares e, sobretudo, não-
lineares. Simulações numéricas, no entanto, necessitam ser validadas por soluções analíticas
ou experimentos em laboratório. Métodos analíticos em geral apresentam a desvantagem de
serem aplicáveis apenas a problemas de valor de contorno simples, mas em compensação
trazem soluções elegantes e compactas. Experimentos em laboratório têm a grande vantagem
de poderem tratar a configuração real de determinado escoamento. Entretanto, podem
alcançar elevado custo e, muitas vezes, não são viáveis de serem realizados por questões de
segurança ou devido à dificuldade de se reproduzir as condições reais.
Em trabalhos anteriores realizados no Laboratório de Dinâmica dos Fluidos
Computacional (LabCFD) da Universidade Federal Fluminense (UFF), resultados numéricos
foram validados através da comparação com resultados analíticos e numéricos (Mendes 2007,
Nicolato 2009), além da comparação com experimentos realizados no exterior (Bredmose et
al. 2003). Neste sentido, este trabalho focou no desenvolvimento de uma bancada
experimental para validação das simulações numéricas na UFF, considerando o problema de
geração e propagação de ondas em um reservatório.
O experimento consistiu na adaptação de uma mesa xy para ser controlada por
meio de um circuito eletrônico de potência que acionou um motor de corrente contínua. Este,
por sua vez recebe um sinal do tipo PWM proveniente de um circuito eletrônico auxiliar.
Todo o conjunto foi controlado através de um programa desenvolvido na plataforma Labview
que interage, através da placa USB-6001 da National Instruments, com os circuitos acima e
um sensor de posição. Esta configuração mostrou-se adequada apesar das limitações do
hardware.
Os programas desenvolvidos em computador possibilitaram o controle da mesa
tanto em malha aberta quanto em malha fechada. O programa desenvolvido para o controle
em malha aberta possibilitou que a mesa trabalhasse com diversas freqüências e diversas
amplitudes do sinal de excitação do motor. O programa desenvolvido para o controle da
posição da mesa em malha fechada foi restrito a menores freqüências e amplitudes de posição
devido à velocidade de aquisição de dados da placa National Instruments (interface analógica
digital). Esse programa possibilitou a utilização de controladores diversos como proporcional,
proporcional-integral e proporcional-derivativo. A partir dos resultados experimentais se
84
verificou que são necessários outros estudos para melhorar a modelagem da planta e testar
outros controladores com melhor desempenho do que os que foram observados.
As ondas geradas experimentalmente em diferentes reservatórios retangulares
foram simuladas numericamente e comparadas, apresentando uma boa conformidade com
relação aos perfis da superfície livre e à fase das ondas propagadas. Entretanto, a distribuição
de pressões registrada no sensor ao longo da parede do reservatório apresentou discrepâncias
consideráveis quando comparada aos resultados numéricos, excetuando o experimento H10 de
Bredmose et al. (2003). Tal diferença pode ser atribuída à faixa dos sinais gerados pelos
experimentos N3 e N4, todos de baixa freqüência. Um outro ponto negativo a ser evidenciado
é que não se conseguiu com o aparato experimental reproduzir o movimento do experimento
H10 de Bredmose et al. (2003), tampouco registrar o duplo pico de pressão característico do
fenômeno de sloshing.
Como trabalhos futuros são sugeridas as seguintes ações:
• Substituição da placa de aquisição e transmissão de dados por outra com maior
velocidade de operação.
• Utilização de um computador dedicado e com sistema operacional em tempo real,
com o intuito de operar com sinais de referência de posição de maior freqüência.
• Utilização de outros sensores de pressão de forma a aumentar a faixa de operação
permitindo a detecção de sinais de baixas freqüências.
• Implementação de outros graus de liberdade na mesa de trabalho.
• Substituição do sensor de posição do tipo encoder por outro de tipo absoluto.
• Aplicação de outros métodos numéricos ao problema de valor de contorno, tais
como elementos finitos e de contorno.
• Implementação do experimento para verificação de ondas ressonantes, conforme
trabalhos de Chestek (1968) e Moiseyev (1958). Foram calculadas as seguintes
freqüências de ressonâncias e amplitudes para número de onda igual a 1:
experimento N1 (f = 1,62 Hz, A = 1,23 cm), experimento N4 (f = 0,85 Hz, A =
2,34 cm).
85
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94
8 Apêndice
Projeto do controlador PI
Abaixo apresentamos o desenvolvimento do controlador proporcional-integral
utilizado no experimento.
Dada a planta a ser controlada, definida pela expressão,
)5,9(01861,0
)()(
+=
sssHsX (A.1)
e dado um controlador PI definido pelas expressões abaixo:
szsk
skikps
skikp )1( +
⇒+
⇒+ (A.2)
Gostaríamos de calcular o lugar das raízes definindo, definindo inclusive os
ganhos kp e ki do controlador.
Considerando que a função de transferência em malha aberta do sistema é dada
pela expressão a seguir,
)5,9()1(01861,0.)( 2
'
++
=ss
zsksH (A.3)
Podemos dizer que esta expressão possui:
• Dois pólos em zero
• Um pólo em -9,5
• Um zero em Z1
95
Da função A.3 acima apresentada, podemos concluir que a expressão do
controlador, poderia ser definida como sendo:
ssksC )2.()( +
= (A.4)
Assim sendo, podemos proceder com o cálculo dos ganhos Kp e ki comparando as
duas expressões anteriores, da seguinte forma:
kiskpksk +=+ .2. (A.5)
kkpkki
== 2
ou kkp
kzki== .1
(A.6)
Utilizando a função RLOCFIND no programa Matlab, escolhemos como ganho
k1 para o controlador o valor de 39,8648.
Considerando ainda que conforme a equação A.5 acima,
01861,0.1 kk = (A.7)
Temos que:
12,214201861,08648,39
==k (A.8)
96
Ou seja, temos então que considerando Z1=2, as constantes proporcionais e
integrais do controlador são:
24,4284
12,2142
=
=
ki
kp (A.9)
Dessa forma, um possível controlador para o sistema pode ser definido como
sendo:
sssC )2.(12,2142)( +
= (A.10)
Discretização do controlador contínuo
“A discretização é o processo pelo se pode converter sinais contínuos em
discretos. Diz-se que um sistema controlado digitalmente é discreto ou discretizado. Quando o
sistema e as variáveis envolvidas são contínuas, deve-se convertê-las em discretas por meio
da amostragem no tempo.” (Czeslau 1995).
Sabendo que o nosso controlador e sistema é contínuo no tempo, e que o
controlador da planta seria implementado por um software através de um computador,
utilizamos os procedimentos analíticos da transformação bilinear ou Método de Tustin para a
discretização do compensandor ou controlador digital da planta.
Dado o controlador desenvolvido no item anterior desse capítulo definido por:
sssC )2.(12,2142)( +
= (A.11)
Onde ainda kp=2142,12 e ki=4284,24, podemos escrever o controlador da
seguinte forma:
97
skikpsC +=)( (A.12)
ssC 24,428412,2142)( += (A.13)
Segundo a teoria da transformação bilinear ou Método de Tustin, basta substituir
“s” pela expressão A.14 que poderemos produzir um controlador discretizado D(z), com base
na fórmula de integração trapezoidal.
Dado:
112
+−
=zz
Ts (A.14)
Substituindo “s” na equação A.13 do controlador, teremos:
)1(2)1.(.24,428412,2142
)()()(
−+
+==z
zTzEzUzD (A.15)
Considerando agora que o período que o irá trabalhar é de 0,004 segundos, o
equivalente a uma freqüência de250 Hz, podemos escrever que:
)1(2)1.(14,17)1.(24,4284
)()()(
−++−
==z
zzzEzUzD (A.16)
)1(57,8.57,812,2142.12,2142
)()()(
−++−
==z
zzzEzUzD (A.17)
98
)1(55,2133.69,2150
)()()(
−−
==zz
zEzUzD (A.18)
Multiplicando o numerador e denominador por 1−z , temos:
1
1
1.55,213369,2150
)()()( −
−
−−
==z
zzEzUzD (A.19)
11 ).(.55,2133)(.69,2150).()( −− −=− zzEzEzzUzU (A.20)
Aplicando a transformada inversa de Z, chegamos a equação abaixo que é a
expressão que representa o controlador da planta discretizado:
)1(.55,2133)(.69,2150)1()( −−=−− kekekuku (A.21)
)1(.55,2133)(.69,2150)1()( −−+−= kekekuku (A.22)