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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO TAINÁ DA SILVA ROCHA PAZ ANÁLISE E MELHORIA DE PROCESSO EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO DO SETOR ALIMENTÍCIO Niterói 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

TAINÁ DA SILVA ROCHA PAZ

ANÁLISE E MELHORIA DE PROCESSO EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

DO SETOR ALIMENTÍCIO

Niterói

2017

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TAINÁ DA SILVA ROCHA PAZ

ANÁLISE E MELHORIA DE PROCESSO EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

DO SETOR ALIMENTÍCIO

Projeto final apresentado ao curso de

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito para a aquisição do Grau de

Engenheiro de Produção.

ORIENTADOR: GILSON BRITO ALVES DE LIMA, D.Sc.

Niterói

2017

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Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF

P348

Paz, Tainá da Silva Rocha Análise e melhoria de processo em um centro de distribuição do setor

alimentício / Tainá da Silva Rocha Paz. – Niterói, RJ : [s.n.], 2017. 67 f. Projeto Final (Bacharelado em Engenharia de Produção) –

Universidade Federal Fluminense, 2017. Orientador: Gilson Brito Alves de Lima.

1. Comércio varejista. 2. Administração da produção. 3. Indústria alimentícia. I. Título.

CDD 658.87

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TAINÁ DA SILVA ROCHA PAZ

ANÁLISE E MELHORIA DE PROCESSO EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

DO SETOR ALIMENTÍCIO

Projeto final apresentado ao curso de

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito para a aquisição do Grau de

Engenheiro de Produção.

Aprovado em ___de Julho de 2017.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________

Prof. Gilson Brito Alves Lima, D.Sc. - Orientador

Universidade Federal Fluminense

_______________________________________________________

Profª. Nissia Carvalho Rosa Bergiante, D.Sc.

Universidade Federal Fluminense

_______________________________________________________

Prof. José Geraldo Lamas Leite, D.Sc.

Universidade Federal Fluminense

Niterói

2017

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AGRADECIMENTOS

Chegar até aqui não seria possível sem a presença de Deus em minha vida. Agradeço a

Ele por aumentar a minha fé, por guiar os meus passos por onde eu estiver e por me dar força e

sabedoria em todos os momentos.

Aos meus pais, Mario e Stephanie, por serem a minha base. Agradeço pela dedicação e

empenho na minha criação, pelo amor incondicional, pelo apoio em todos os momentos da

minha vida, por me ensinarem que a vida possui muitos desafios, mas se tivermos fé em Deus

tudo será possível. Obrigada por me darem força e me fazerem acreditar que eu sou capaz.

Aos meus irmãos, Igor e Thiago, por estarem sempre ao meu lado, por me ensinarem a

cada dia a importância de estarmos unidos no amor, pois isso nos dá força para superarmos os

desafios da vida, por me incentivarem a estudar cada vez mais. Obrigada pela paciência e

carinho.

Ao meu noivo, Venicius, por ser meu grande companheiro e por estar ao meu lado em

todos os momentos. Obrigada pela paciência, por ter sido tão compreensivo, amoroso, por ter

compartilhado todas as dificuldades e alegrias comigo e, por me fazer uma pessoa feliz e amada.

Ao meu professor e orientador Gilson Brito Alves de Lima, pela paciência e pelas

inúmeras reuniões em que me ensinou e compartilhou comigo o seu conhecimento.

À professora Nissia Carvalho Rosa Bergiante, pelo carinho e atenção em todos os

momentos que eu precisei de auxílio. Sem dúvida, suas orientações contribuíram muito para a

minha formação pessoal e profissional.

Aos queridos amigos que compartilharam comigo os momentos alegres e difíceis e que

contribuíram para que eu conseguisse realizar esse sonho.

Por fim, agradeço a empresa X, pelo apoio e assistência na elaboração desse projeto.

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RESUMO

O segmento varejista caracteriza-se pela importância para a economia brasileira e pelo elevado

grau de competitividade. O cenário econômico desafiador do país impõe às organizações uma

busca incessante por melhorias internas para que prevaleçam no mercado e se tornem

competitivas. Nesse contexto, o objetivo do projeto é apresentar um estudo da melhoria do

desempenho da linha de produção de fracionamento de uma empresa do segmento de varejo no

ramo alimentício. A metodologia adotada foi uma pesquisa de campo desenvolvida no centro

de distribuição da empresa com aplicação da metodologia de análise e solução de problema

para o desenvolvimento das etapas de diagnóstico, análise e proposta de intervenção. Como

resultado do estudo foi proposto um rearranjo do layout do setor de fracionamento que visou à

redução dos desperdícios de transporte, espera e movimentação gerando contribuição para a

melhoria da eficiência do setor.

Palavras-chave: Segmento de Varejo Alimentício. Mapeamento de Processo. Layout.

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ABSTRACT

The retail segment is characterized by the importance to the Brazilian economy and the high

level of competitiveness. The challenging economic scenario of the country requires

organizations to a relentless pursuit for internal improvements to that prevail in the market and

become competitive. In this context, the objective of the project is to present a study of

improving performance of the production line of fractionation of a retail company in the food

business. The methodology adopted was a field research developed at the company’s

distribution center with application of the methodology of analysis and solution of problem for

the development of diagnostic steps, analysis and proposal of intervention. As a result of the

study was proposed a rearrangement of the layout of the fractionation sector that aimed at

reducing transport, waiting and handling waste, aiming to contribute to the improvement of the

efficiency of the sector.

Keywords: Retail Food Segment. Process Mapping. Layout.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ciclo de aplicação do método ................................................................................. 22

Figura 2 - Relação volume e variedade .................................................................................... 25

Figura 3 - Mapa da localização dos estabelecimentos da empresa X ....................................... 31

Figura 4 - Fluxograma dos macroprocessos do CD ................................................................. 32

Figura 5 - Fluxograma do processo de fracionamento ............................................................. 33

Figura 6 - Localização do setor de fracionamento ................................................................... 34

Figura 7 – Local de entrada e saída de pallets pela empilhadeira ............................................ 35

Figura 8 - Setor de fracionamento ............................................................................................ 35

Figura 9 - Bancadas do lado esquerdo do setor ........................................................................ 36

Figura 10 - Bancadas do lado direito do setor .......................................................................... 37

Figura 11 - Balança para pesar os sacos ................................................................................... 37

Figura 12 - Entrada e saída dos pallets ..................................................................................... 38

Figura 13 – Posicionamento dos pallets no setor ..................................................................... 39

Figura 14 - Local que o pallet fica posicionado na saída do setor ........................................... 40

Figura 15 - Funcionário enchendo os sacos.............................................................................. 40

Figura 16 - Funcionário puxando o saco .................................................................................. 41

Figura 17 - Pallet preso na porta .............................................................................................. 41

Figura 18 - Folha de observação .............................................................................................. 49

Figura 19 - Layout atual do setor de fracionamento ................................................................. 51

Figura 20 - Novo layout proposto para o setor de fracionamento ............................................ 52

Figura 21 - Vista de cima do novo layout ................................................................................ 53

Figura 22 - Proposta para o novo processo de fracionamento .................................................. 54

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Número de empresas por segmento do comércio .................................................. 12

Gráfico 2 – Total de funcionários por setor (milhares) ............................................................ 13

Gráfico 3 – Índice de confiança do comércio ........................................................................... 14

Gráfico 4 – Índice de confiança do consumidor ....................................................................... 14

Gráfico 5 – Histograma da demanda do setor de fracionamento ............................................. 45

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Vendas de varejo segundo grupos de atividades .................................................... 15

Tabela 2 - Vantagens e desvantagens dos tipos de arranjo físico ............................................. 26

Tabela 3 – Quantidade (Kg) fracionável de produtos que chegaram no CD em 2016 ............. 42

Tabela 4 - Número de classes ................................................................................................... 44

Tabela 5 - Consolidação dos dados .......................................................................................... 44

Tabela 6 - Frequência acumulada das classes .......................................................................... 45

Tabela 7 - Primeira amostragem de tempo ............................................................................... 46

Tabela 8 - Ciclos totais cronometrados .................................................................................... 47

Tabela 9 - Tempo gasto por atividade ...................................................................................... 50

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CD Centro de Distribuição

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBRE Instituto Brasileiro de Economia

ICOM Índice de Confiança do Comércio

ICC Índice de Confiança do Consumidor

PI Proposta de Intervenção

STP Sistema Toyota de Produção

TPM Manutenção Produtiva Total

TQC Controle de Qualidade Total

TRF Troca Rápida de Ferramenta

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I – O PROBLEMA ........................................................................................... 12

1.1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 12

1.2 - SITUAÇÃO PROBLEMA ........................................................................................... 15

1.3 - OBJETIVOS ................................................................................................................. 16

1.3.1 - Objetivo geral......................................................................................................... 16

1.3.2 - Objetivos específicos ............................................................................................. 16

1.4 - QUESTÕES DA PESQUISA ....................................................................................... 17

1.5 - DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ................................................................................... 17

1.6 - IMPORTÂNCIA DO ESTUDO ................................................................................... 17

1.7 - ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ................................................................................. 18

CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................. 19

2.1 - ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ....................................................................... 19

2.1.1 - Sistema Toyota de Produção .................................................................................. 19

2.1.1.1 - Desperdícios .................................................................................................... 21

2.1.1.2 - Método de Análise e Solução de Problemas (MASP)..................................... 22

2.1.2 - Arranjo Físico (Layout) e a produção enxuta ........................................................ 23

2.1.2.1 - A escolha do arranjo físico .............................................................................. 24

2.1.2.2 - Princípios básicos de arranjos físicos .............................................................. 26

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA....................................................................................... 28

3.1 – METODOLOGIA DE PESQUISA ............................................................................. 28

3.2 – COLETA DE DADOS ................................................................................................. 28

3.3 – ANÁLISE DE DADOS ............................................................................................... 29

3.3.1- Diagnóstico ............................................................................................................. 29

3.3.2 - Análise e proposta de intervenção ......................................................................... 30

CAPÍTULO 4 - ESTUDO DE CASO .................................................................................... 31

4.1- EMPRESA X ................................................................................................................. 31

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4.2 – CONTEXTUALIZAÇÃO DA ANÁLISE ................................................................... 32

4.3 – ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS .............................................................. 38

4.3.1 – Etapa de Diagnóstico ............................................................................................. 38

4.3.1.1 – Identificação do problema e Observação........................................................ 38

4.3.2 – Análise ................................................................................................................... 43

4.3.2.1- Proposta de Intervenção I – Adequação do tempo de ciclo ............................. 43

4.3.2.1.1 - Estudo de Tempos .................................................................................... 46

4.3.2.2- Proposta de Intervenção II – Adequação do layout ......................................... 50

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO ............................................................................................ 55

5.1 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 55

5.2 – DISCUSSÕES SOBRE AS QUESTÕES DE PESQUISA .......................................... 55

5.3 – SUGESTÃO DE DESDOBRAMENTO PARA TRABALHOS FUTUROS .............. 56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 58

APÊNDICE A - Fluxograma dos macroprocessos do CD ...................................................... 62

APÊNDICE A - Fluxograma dos macroprocessos do CD (continuação) ................................ 63

APÊNDICE B – Fluxograma do processo de fracionamento................................................... 64

APÊNDICE C – Tabela de número de leituras do estudo de tempos requerido para erro

relativo de 5% e nível de confiança de 95% ............................................................................. 65

APÊNDICE D – Tabela de estimativas de desempenho .......................................................... 66

APÊNDICE E – Tabela de tolerâncias pessoais e para fadiga ....................................................... 67

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CAPÍTULO I – O PROBLEMA

1.1 - INTRODUÇÃO

O setor comercial brasileiro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), está dividido em três segmentos de atividades: comércio por atacado;

comércio varejista; e comércio de veículos, peças e motocicletas (IBGE, 2016). O segmento

varejista, embora possua em maior número empresas de menor tamanho, representa uma

parcela significativa da economia do país, destacando-se dos outros dois segmentos acima

citados, como pode ser observado no gráfico 1.

Gráfico 1 – Número de empresas por segmento do comércio

Fonte: IBGE, 2014

O comércio varejista possui a maior quantidade de empresas no setor de comércio,

havendo uma representatividade de 79% no setor. Em 2014, havia, aproximadamente, 11

milhões de pessoas ocupadas no setor, das quais, 74% pertenciam ao segmento do comércio

varejista (IBGE, 2014). Dessa forma, percebe-se a importância desse setor na geração de

empregos.

Essa importância também pode ser destacada por meio do gráfico 2, mostrando que até

o ano de 2013 esse segmento estava localizado na segunda posição em relação ao número de

empregos gerados, perdendo apenas para o setor de administração pública.

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Gráfico 2 - Total de funcionários por setor (milhares)

Fonte: Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV, 2016)

Contudo, atualmente, o cenário econômico brasileiro desfavorável desacelera muitos

setores da economia. Os principais fatores que desestabilizaram o ambiente econômico foram

o aumento da inflação, desvalorização do real frente ao dólar, aumento do desemprego, o

endividamento das famílias, entre outros.

Com esses fatores, o segmento varejista restrito, que desconsidera o atacado e o varejo

de materiais de construção, veículos, motos, partes e peças, no primeiro semestre de 2016

obteve uma queda real (descontada a inflação) de 7%, sendo o pior resultado desde julho de

2014 (IDV, 2016).

Entretanto, o Índice de Confiança do Comércio (ICOM), de acordo com a sondagem

realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) teve um aumento de 1,5 ponto em

outubro de 2016, para 81,9 pontos, como pode ser observado no gráfico 3. De acordo com o

Instituto, embora haja declínio nas vendas do comércio, esse está acontecendo com taxas

decrescentes, melhorando a perspectiva para o segmento (FGV/IBRE, 2016).

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Gráfico 3- Índice de Confiança do Comércio

Fonte: FGV IBRE, 2016

Nesse mesmo contexto, pode-se observar a evolução do Índice de Confiança do

Consumidor (ICC), que indica a percepção do consumidor em relação à sua situação econômica

e a do país em curto e médio prazo (OLIVEIRA, 2016). O índice obteve um aumento de 1,8

ponto em outubro de 2016, atingindo 82,4 pontos, sendo o maior nível desde dezembro de 2014

(86,6 pontos). Pelo gráfico 4, é possível observar tal evolução (FGV IBRE, 2016).

Gráfico 4 - Índice de Confiança do Consumidor

Fonte: FGV/IBRE,2016

Logo, com as observações e análises feitas acima, pode-se perceber que o cenário

econômico brasileiro desfavorável gera consequências prejudiciais ao segmento varejista, como

a redução das vendas, o fechamento de estabelecimentos, aumento do desemprego. Entretanto,

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também foi possível observar que a partir do segundo semestre de 2016, o segmento está tendo

uma reação favorável, mesmo que inicialmente mínima, como pode ser visto pela melhoria dos

índices de confiança do consumidor e do comércio.

1.2 - SITUAÇÃO PROBLEMA

A questão do segmento varejista, de forma particular em indústria alimentícia, também

sofre consequências da crise econômica enfrentada pelo país. No primeiro semestre de 2016,

14,3 mil pontos de venda do varejo de alimentos declararam falência, sendo 12 mil a mais que

o mesmo período de 2015. No entanto, esse segmento possui importante representatividade para

o país, pois responde por 30,3% do faturamento anual do varejo brasileiro e é responsável por

30,6% de empregos no setor (CNC, 2016).

Nesse sentido, como pode ser observado na tabela 1, esse segmento também se destaca

em relação às oito modalidades do comércio varejista, pois possui a segunda menor queda das

vendas acumuladas em 12 meses, ficando atrás somente dos artigos farmacêuticos (IDV, 2016).

Tabela 1 – Vendas de varejo segundo grupos de atividades

Fonte: IDV, 2016

Além das dificuldades econômicas enfrentadas pelo setor, esse também é caracterizado

pelo desafio de fortes concorrências. No Brasil, segundo Monteiro (2007), o varejo alimentício

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passou a ter modificações a partir da década de 90 com o cenário de estabilização econômica

do país que incentivou o crescimento das empresas nacionais e atraiu empresas internacionais.

A partir desse momento, muitas empresas supermercadistas internacionais como Walmart e

Carrefour entraram no mercado brasileiro e se tornaram competitivas, ameaçando a existência

de muitos mercados de pequeno porte (SILVA, 2008).

No contexto econômico atual do país, acrescido da presença intensa da concorrência no

setor em questão é fundamental que as empresas possuam uma gestão estratégica competitiva

auxiliando-as a vencer as ameaças, por exemplo, de novos entrantes, dos concorrentes, dos

produtos substitutos, do poder de barganha dos fornecedores e dos compradores (PORTER,

2008).

Com isso, as organizações estão tendo necessidades de analisar e melhorar seus

processos, tornando-os mais flexíveis, reduzindo os seus custos, visando atender as expectativas

dos clientes e se tornarem mais competitivas (VANALLE et al., 2001; SINGH, 2015). Nesse

contexto, as organizações estão utilizando filosofias de trabalho que atendam às suas

necessidades de redução de custos sem perder o foco no cliente, tais como o Sistema Toyota de

Produção (STP), também conhecido como Produção Enxuta (WOMACK et al., 2004).

A partir da contextualização e entendimento das dificuldades e desafios enfrentados

pelo segmento de varejo alimentício, o estudo de caso possui o enfoque na análise e melhoria

do processo, visando à redução de desperdícios e auxiliando a empresa em questão a se tornar

competitiva no setor.

1.3 - OBJETIVOS

1.3.1 - Objetivo geral

O objetivo do trabalho é desenvolver um estudo de análise e melhoria de desempenho

do processo produtivo de fracionamento em uma empresa varejista no ramo alimentício.

1.3.2 - Objetivos específicos

- Levantamento e mapeamento dos processos de produção do setor;

- Estudo do fluxo do processo de produção;

- Análise do layout.

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1.4 - QUESTÕES DA PESQUISA

1-Quais os gargalos de produção do processo em análise?

2-Quais as possibilidades de melhoria para se alcançar maior eficiência?

1.5 - DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

No sentido de maximizar a perspectiva de análise do processo optou-se por delimitar o

estudo, em um primeiro momento, no setor de fracionamento.

A escolha teve por critério a indicação do gestor de logística, à época das primeiras

visitas para conhecimento do ambiente, considerando ser um setor de grande impacto na

eficiência da empresa, o que o caracteriza como um potencial gargalo de produção.

A partir do processo de seleção do setor, em função de aspectos de limitação temporal

para acesso as pessoas e as áreas para o devido levantamento das informações necessárias,

delimitou-se a pesquisa ao estudo dos tempos das atividades fins e respectiva análise do layout

da atividade fracionamento.

1.6 - IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

A análise e melhoria de processos visam auxiliar a empresa a se estruturar e se tornar

competitiva para conseguir sobreviver no mercado caracterizado pela alta concorrência, como

é o caso do segmento varejista no setor alimentício. A justificativa para tal escolha se baseia na

importância do tema para o contexto do curso de engenharia de produção.

Tal abordagem faz parte das discussões da área de gerência da produção e da engenharia

organizacional. O processo abrange importantes temas da engenharia de produção, dentre os

quais: a gestão das organizações, os arranjos produtivos, o planejamento estratégico e

operacional, as estratégias de produção e outros (ABEPRO, 2008).

Segundo Fleury (2008), a engenharia de produção tem o objetivo de produzir bens e

serviços de forma econômica, a partir de conhecimentos específicos e de habilidades em

ciências como física, matemática e sociais, além dos princípios e métodos de análise de projetos

auxiliando a avaliação dos resultados obtidos.

Portanto, o engenheiro de produção possui um papel fundamental em empresas,

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auxiliando-as a reduzir gastos, melhorar processos e layouts, gerenciar pessoas, entre outras

funções. Isto é, esse profissional é percebido por muitas empresas como o responsável pela

otimização de processos de produção e serviços, bem como os processos de sustentabilidade e

inovação (BORCHARDT et al., 2009).

Nesse contexto, a contribuição do estudo na área em análise foi à otimização do fluxo

de produção, a redução do tempo improdutivo e consequente redução do esforço dispendido

pelos funcionários do setor no desenvolvimento das suas atividades.

1.7 - ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

O projeto final de curso se encontra dividido em cinco capítulos contendo as seguintes

informações:

O primeiro capítulo apresenta a contextualização do segmento varejista e do segmento

de varejo alimentício no Brasil, abordando as suas importâncias para o país, bem como as suas

dificuldades e desafios enfrentados com o cenário econômico atual. Em seguida, descreve-se o

objetivo do projeto, delimitando-o e mostrando a importância do mesmo no contexto de

engenharia de produção.

O segundo capítulo apresenta a base do conhecimento teórico necessário para o

entendimento, o desenvolvimento e a análise do estudo.

O terceiro capítulo apresenta a metodologia, discutindo as ordens e os principais

instrumentos aplicados para a elaboração do estudo de caso.

O quarto capítulo apresenta o estudo de caso, com a descrição da empresa e os dados

fornecidos por ela, bem como as análises.

O quinto capítulo apresenta as conclusões do estudo e responde às perguntas do capítulo

1.

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CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 - ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO

2.1.1 - Sistema Toyota de Produção

O Sistema Toyota de Produção, também conhecido como Produção Enxuta, foi criado

na década de 1950 no Japão, pelos engenheiros Eiji Toyoda e Taiichi Ohno (WOMACK et al.,

2004). Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão passava por dificuldades econômicas,

impactando negativamente a Toyota, que enfrentava a redução da demanda dos veículos

(DENNIS, 2008).

Nessa época pós-guerra, Eiji Toyoda visitou a fábrica da Ford para analisar o sistema

de produção em massa. Após a visita, a Toyota decidiu produzir carros e caminhões em larga

escala, mas se deparou com algumas dificuldades, tais como a demanda do mercado por

veículos variados, a introdução de novas leis trabalhistas que impediam a empresa de demitir

os empregados (com apoio de sindicatos), a dificuldade de conseguir recursos para adquirir

novas tecnologias e a ameaça de concorrentes externos (WOMACK et al., 2004).

Esses desafios fizeram com que a implementação da produção em massa na fábrica da

Toyota fosse prejudicada, já que é um sistema de produção que demanda altos níveis de

estoques, produção de grandes lotes, pouca variedade de produtos e muitas máquinas, pois o

setup é demorado. Diferentemente do sistema Ford, o sistema Toyota foi criado num contexto

econômico lento, com um mercado diversificado e com baixa demanda (SANTOS, 2009).

Logo, o Sistema Toyota de Produção surgiu devido à necessidade da Toyota de se

adequar ao contexto econômico do país para sobreviver no mercado (OHNO, 1997). Essas

condições fizeram com que a Produção Enxuta tivesse como principal objetivo a redução de

desperdícios/perdas (mudas em japonês) para melhorar a lucratividade e eficiência da empresa,

como também atender as expectativas e necessidades dos clientes. Isso significa executar as

atividades com menos recurso possível (menos tempo, espaço, mão de obra, materiais,

máquinas) e simultaneamente atender o que os clientes desejam (DENNIS, 2008).

Segundo Ohno (1997), a redução de custos é a forma com que a empresa consegue obter

lucros baseado na seguinte equação: preço de venda = custo + lucro real. Ou seja, na maioria

das empresas o preço é fixo (ou pode estar em queda), logo é necessário reduzir os custos para

aumentar o lucro. Nessa lógica, a Produção Enxuta enfatiza a redução dos desperdícios como

uma forma de se conseguir a redução de custos e o aumento da produtividade (DENNIS, 2008;

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OHNO, 1997).

Segundo Hines e Taylor (2000), essa redução de desperdícios se traduz em eliminar as

atividades que são desnecessárias para a operação e aprimorar aquelas que agregam valor na

perspectiva dos clientes. Essas atividades podem ser classificadas de três formas: atividades que

agregam valor: atividades que fazem com que o cliente final valorize mais o produto ou serviço

e está disposto a pagar; atividades necessárias, mas não agregam valor: são atividades que o

cliente não dá mais valor ao produto ou serviço, mas são importantes para a operação; e as

atividades que não agregam valor: são atividades desnecessárias para o processo e não fazem

com que o cliente valorize mais o produto ou serviço (HINES ; TAYLOR, 2000 ; DENNIS,

2008).

Os pilares que sustentam o Sistema Toyota de Produção e que contribuem para alcançar

o objetivo de eliminação dos desperdícios são o just in time e a autonomação (jidoka), que pode

ser referenciada como automação com indício humano (OHNO, 1997). A filosofia just in time

busca obter o material certo, na quantidade certa e no momento certo, reduzindo os estoques,

custos e melhorando a qualidade do sistema (SHINGO, 1996). E a autonomação consiste em

dar as máquinas o “poder” de detectar erros e parar imediatamente, não propagando os erros

(OHNO, 1997).

Contudo, para dar suporte a esses dois pilares, existem muitas ferramentas e técnicas

que contribuem para a eficácia do Sistema, tais como: Kanban é uma ferramenta de controle

que consiste em cartões que auxiliam a regulagem do fluxo da produção; Kaizen é uma filosofia

que visa a melhoria contínua; 5S é uma ferramenta que visa construir um ambiente de trabalho

agradável, organizado e limpo; TPM (Manutenção Produtiva Total), visa a manutenção dos

equipamentos para evitar a ineficiência das máquinas; TQC (Controle da Qualidade Total),

sistema de gestão da qualidade do produto; TRF (Troca Rápida de Ferramentas), metodologia

que auxilia na redução do tempo de setup e do lead time do processo ( SHINGO, 1996; OHNO,

1997; FOGLIATTO ; FAGUNDES, 2003).

Porém, a implantação do Sistema Toyota, segundo Liker (2005), não é assegurada

apenas pelas teorias, ferramentas e técnicas apresentadas. Ao contrário, o sucesso do Sistema

Toyota de Produção fundamenta-se em uma mão de obra que possui autonomia para identificar

um problema e propor soluções, utilizando-se do sistema nomeado como “os cinco porquês”

com o propósito de identificar a causa raiz do problema, em um relacionamento de parceria

com os seus fornecedores, estimulando-os a compartilhar informações, como também no

incentivo ao aprendizado de seus funcionários (WOMACK et al., 2004).

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2.1.1.1 - Desperdícios

Os desperdícios são atividades que não agregam valor ao cliente, podendo ser internos

ou externos à operação, sendo necessário eliminá-los para obter um processo produtivo mais

eficiente e com alta qualidade (SHINGO, 1996). Segundo Ohno (1997) existem os seguintes

desperdícios:

1- Superprodução: Consiste em produzir mais do que o necessário ou produzir antes do tempo

necessário, ou seja, antes de existir alguma demanda. Esse desperdício é considerado por Ohno

(1997), como sendo o mais difícil de ser eliminado e o pior dentre os sete, pois pode gerar os

demais e escondê-los.

2- Espera: É o desperdício ocasionado devido ao tempo de espera de pessoas e equipamentos,

na operação, gerado a partir de atrasos na disponibilidade de materiais, de outros recursos,

inclusive de informações, tempo elevado de setup das máquinas, quantidade excessiva de

produtos no processamento.

3- Transporte: Esse desperdício surge quando ocorre a movimentação de recursos (materiais,

equipamentos, pessoas, documentos) de forma desnecessária ou que poderia ser evitada. A

eliminação desse desperdício, segundo Shingo (1996) pode ser realizada a partir da construção

de um layout mais eficiente, diminuindo a distância entre os postos de trabalho, adquirir

insumos de fornecedores mais próximos à fábrica, por exemplo.

4- Processamento em si: Relaciona-se a atividades executadas tanto pelo homem quanto pela

máquina, que são desnecessárias e não geram valor ao produto.

5- Estoque: Existência de produtos em processo ou acabados em mais quantidade do que o

necessário, ocasionado gastos na armazenagem, transporte, obsolescência.

6- Movimentação: Está relacionado ao deslocamento desnecessário dos trabalhadores durante

a operação, para realizar alguma atividade, transmitir informações ou coletar algum material,

por exemplo. A melhoria de layout também auxilia na eliminação desse desperdício.

7- Defeito: É o desperdício ocasionado por produzir um produto com defeito. Isso ocasiona

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retrabalho e mais gastos com insumos. Existem algumas ferramentas de melhoria no Sistema

Toyota, que auxiliam na eliminação desse desperdício, tais como: Kaizen (melhoria contínua),

Poka-Yoke, que consiste em um dispositivo à prova de erros (SHINGO, 1996).

Segundo Liker (2005) e Dennis (2008), além desses sete desperdícios identificados por

Ohno (1997), existe um oitavo desperdício caracterizado como desperdício do talento das

pessoas ou como conhecimento sem ligação, que ocorre devido à ineficiência da comunicação

dentro da organização, ou até mesmo, entre esta e seus fornecedores e clientes, ocasionando a

perda de ideias, tempo, criatividade e oportunidade de aprendizado.

2.1.1.2 - Método de Análise e Solução de Problemas (MASP)

O QC-Story é um método desenvolvido nos sistemas japoneses de qualidade e melhoria

contínua, tendo sido inicialmente difundido no Brasil por Falconi, no livro “TQC controle da

qualidade total: no estilo japonês”, de sua autoria (ORIBE, 2012).

Segundo apresenta o autor, o “Método de Análise e Solução de Problemas - MASP”

busca organizar os processos de forma estruturada, objetivando alcançar as melhorias e

disseminá-las para todos os envolvidos no processo (SUGIURA, 1995).

Ainda, segundo Campos (2004), o MASP contribui para a gestão da rotina dos processos

auxiliando na identificação do problema, na análise de suas principais causas e na proposição

de ações que auxiliem a solucioná-lo. A figura 1 ilustra as etapas de aplicação do método.

Figura 1 – Ciclo de aplicação do método

Fonte: Campos, 2004

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Conforme ilustrado o método adota oito etapas básicas para a identificação do problema,

observação, análise, plano de ação, ação, verificação, padronização e conclusão.

2.1.2 - Arranjo Físico (Layout) e a produção enxuta

Segundo Corrêa e Corrêa (2009), o arranjo físico significa a forma como os recursos

(ferramentas, máquinas, pessoas, matérias-primas) necessários para a operação estão dispostos

no ambiente físico. Planejar o layout de uma organização é fundamental para a melhoria de sua

eficiência produtiva, bem como o seu replanejamento constante, devido, principalmente a

evolução tecnológica (NEUMANN; SCALICE, 2015).

A Produção Enxuta é caracterizada por adotar tamanhos pequenos de lotes, produção

variada de produtos e operação de fluxo de peças unitárias contínua, ou seja, movimenta uma

peça de cada vez (SHINGO, 1996). Nesse contexto, a análise e melhoria de layout é adotada

pela Produção Enxuta, pois auxilia na correta disposição dos recursos, eliminando desperdícios

e reduzindo o lead time da produção (FAVARETTO et al., 2011; MILTENBURG, 1998).

Segundo Slack et al (2009), o arranjo físico é uma representação física do tipo de

processo escolhido pela organização, podendo ser um processo de manufatura ou serviço. Para

o autor, existem os seguintes tipos de arranjo físico, sendo a partir deles que surgem as variações

dos tipos de layout.

- Arranjo Físico Posicional: Nesse tipo, o produto, ou recurso transformado, permanece fixo

devido às dificuldades de movimentação, e os recursos transformadores, tais como, pessoas,

equipamentos, materiais se deslocam ao redor do produto. Essa dificuldade de locomoção pode

ser devido ao tamanho do recurso transformado, o perigo ou a rejeição de ser movido. Com

essas características, o processamento dos recursos transformados é realizado em lote unitário

(NEUMANN; SCALICE, 2015; SLACK et al., 2009).

- Arranjo Físico Funcional (ou por Processo): Nesse tipo, o recurso transformado (produto,

cliente, informações) se movimenta e os recursos transformadores permanecem fixos e

agrupados em departamentos conforme a semelhança entre as suas funções. Dessa forma, os

diferentes recursos transformados passam pelos departamentos que os são úteis e necessários

(NEUMANN; SCALICE, 2015; SLACK et al., 2009).

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- Arranjo Físico Celular: Nesse tipo, todos os recursos transformadores necessários para o

processamento de uma família de recursos transformados, que necessitam dos mesmos

processamentos, encontram-se agrupados em uma única célula. Dentro dessa célula, o arranjo

físico pode ser funcional ou por produto. Esse pode ser planejado, mais comumente, em forma

de U (NEUMANN; SCALICE, 2015; SLACK et al., 2009).

- Arranjo Físico por Produto: Nesse tipo, os recursos transformadores permanecem fixos e

são dispostos em uma sequência linear definida conforme a necessidade de processamento do

recurso transformado. Caracteristicamente, os operadores desempenham funções repetitivas e

a ordem de processamento não se modifica (NEUMANN; SCALICE, 2015; SLACK et al.,

2009).

2.1.2.1 - A escolha do arranjo físico

A escolha dentre esses quatro tipos de layout e suas variações, segundo Slack et al.,

(2009) deve ser realizada a partir da definição do tipo de produto (manufatura ou serviço) e a

da relação entre volume e variedade da produção representada na figura 2. Há a possibilidade

de a organização ficar em dúvida entre dois tipos de layout. Essa dúvida pode ser sanada a partir

da importância de cada objetivo desempenho (custo, flexibilidade, rapidez, confiabilidade e

qualidade) para a organização (SLACK et al., 2009).

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Figura 2 - Relação volume e variedade

Fonte: Slack et al., 2009

Conforme observado na figura 2, a relação entre volume de produção e variedade de

produtos é um fator importante para a escolha do arranjo físico. Quanto maior a variedade,

menor o volume e a tendência é que o arranjo físico seja o posicional, enquanto, quanto menor

for a variedade, geralmente um tipo de produto, e maior for o volume, o arranjo físico por

produto torna-se mais adequado, pois o fluxo passa a ser mais contínuo. Já a escolha de um

arranjo físico por processo está relacionada a um baixo volume de produção, mas com uma

variedade um pouco menor, em relação ao posicional, como por exemplo a produção de móveis,

convites para casamentos. E a escolha de um arranjo físico celular, adequa-se para uma

produção com alto volume e uma variedade de produtos maior que a arranjo físico por produto.

Embora, a organização procure escolher o layout mais adequado para o seu processo

produtivo, existem vantagens e desvantagens relacionadas a cada tipo. A tabela 2 realiza uma

comparação entre os modelos de arranjo.

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Tabela 2 - Vantagens e desvantagens dos tipos de arranjo físico

Arranjo Físico Vantagem Desvantagem

Posicional

-Alta flexibilidade de mix de produtos e

processos;

'-Alta variedade de tarefas para mão de

obra;

'-Produto ou cliente não movido;

-Custo unitário muito alto;

'-Programação de espaço ou atividades

pode ser complexa;

'- Pode significar muita movimentação

de equipamentos e mão-de-obra;

por Processo

-Alta flexibilidade de mix e produto;

'- Relativamente robusto em caso de

interrupção de etapas;

'- Supervisão de equipamento e

instalações relativamente fácil;

-Baixa utilização de recursos;

- Pode ter alto estoque em processo ou

filas de clientes;

- Fluxo complexo pode ser difícil de

controlar.

Celular

- Pode dar um bom equilíbrio entre

custo e flexibilidade para operações

com variedade relativamente alta;

- Lead time rápido;

- Trabalho em grupo pode resultar em

maior motivação;

- Flexibilidade no trabalho, pois os

operadores são multifuncionais.

-Pode ser caro reconfigurar o arranjo

físico atual;

- Pode requerer capacidade adicional;

- Pode reduzir níveis de utilização de

recursos;

- Exige que os operadores sejam

multifuncionais, alto custo com

treinamento.

por Produto

- Baixos custos unitários para altos

volumes;

- Dá oportunidade para especialização

de equipamentos;

- Menor tempo perdido em setup;

-operações muito simplificadas, que

permitem a utilização de mão de obra

pouco qualificada.

-Pode ter baixa flexibilidade de mix;

- Tarefas repetitivas para os operários;

- Baixa flexibilidade para a

incorporação de mudanças nos

produtos ou processos.

Fonte: Adaptado de Slack et al., 2009 e Neumann e Scalice, 2015

2.1.2.2 - Princípios básicos de arranjos físicos

Segundo Peinado e Graeml (2007), a necessidade de expansão da capacidade produtiva,

o elevado custo operacional, a introdução de uma nova linha para um novo produto, a

necessidade de melhoria no ambiente de trabalho, são alguns dos motivos que impulsionam as

empresas a realizarem um planejamento ou replanejamento do arranjo físico nas organizações.

Para os mesmos autores, existem alguns princípios básicos de arranjos físicos apresentados

abaixo:

- Segurança: os processos que possam causar algum tipo de perigo, o acesso deve ser negado

para pessoas (funcionários, clientes) não autorizadas.

- Economia de movimentos: o arranjo físico deve ser projetado visando a minimizar a

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movimentação dos recursos transformados.

- Flexibilidade de longo prazo: o arranjo físico deve ser flexível à mudança para se adequar

necessidades das operações.

- Princípio da progressividade: o arranjo físico deve possuir um fluxo claro e definido,

evitando retornos e caminhos complicados.

- Uso do espaço: deve-se utilizar adequadamente e da maneira mais eficaz toda a área

disponível, sem desconsiderar a possibilidade de realizar um layout também vertical.

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CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA

3.1 – METODOLOGIA DE PESQUISA

Segundo Gerhardt e Silveira (2009), a pesquisa surge quando há necessidade de

responder algum questionamento. Seguindo nesse mesmo raciocínio, Gil (2008) afirma que a

pesquisa tem o objetivo de obter respostas para problemas que surgem, além de ser composta

por várias fases que englobam, desde o início, a definição do problema, com o correto

entendimento desse, até a apresentação e análise dos resultados encontrados pela pesquisa.

A pesquisa pode ter diversas classificações, que segundo Vergara (2011), estão

divididas quanto aos fins: pesquisa exploratória, explicativa, descritiva, aplicada,

intervencionista e metodológica, e quanto aos meios: pesquisa de campo, de laboratório,

documental, bibliográfica, experimental, ex post facto, participante, pesquisa-ação e estudo de

caso.

Segundo Gil (2008), a pesquisa exploratória contribui para o melhor entendimento do

problema a ser analisado, utilizando-se de revisões bibliográficas, enquanto, a pesquisa

descritiva contribui para descrever as características do elemento que está sendo estudado

(população, fenômenos). E o mesmo autor caracteriza a pesquisa de campo como um

aprofundamento do entendimento da realidade em questão, utilizando-se de observações diretas

e coleta de dados.

Dessa forma, o trabalho recebe uma classificação metodológica, quanto aos fins, de uma

pesquisa exploratória, contendo um levantamento bibliográfico a partir de livros, periódicos,

revistas e artigos acadêmicos, que contribuem para obter um embasamento do estudo realizado,

e também se classifica como uma pesquisa descritiva, pois o trabalho caracteriza a empresa, os

processos e atividades envolvidos. E quanto aos meios: como pesquisa de campo, pois realizou-

se visitas e observações in loco, além de entrevistas com os funcionários da empresa, e coleta

de dados, contribuindo para analisar o contexto e os problemas existentes na organização.

3.2 – COLETA DE DADOS

A escolha do setor para o desenvolvimento do estudo foi direcionada pelo gestor de

logística da empresa, no qual já havia detectado a necessidade de melhoria, pois o setor não está

atendendo a demanda. Logo, a pesquisa de campo foi realizada no centro de distribuição da

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empresa, no setor de fracionamento de produtos.

O levantamento de dados ocorreu a partir de reuniões, observações diretas e dados de

demandas de fracionamento de produtos fornecidos pelo coordenador de produção.

Primeiramente, foi realizada uma reunião com o gestor de logística para que fosse possível

conhecer todos os processos existentes no centro de distribuição e construir o fluxograma dos

macroprocessos utilizando o software Bizagi. Posteriormente, foram realizadas quatro visitas

no setor de fracionamento onde foi possível ter reuniões com os três funcionários e o

coordenador de produção, possibilitando identificar e observar os principais problemas, como

também elaborar o fluxograma do setor fazendo-se uso do software anterior.

3.3 – ANÁLISE DE DADOS

Para desenvolvimento do estudo foi adotada a lógica da metodologia de análise e

solução de problemas:

3.3.1- Diagnóstico

Nessa primeira etapa do estudo, foram realizadas a identificação e observação do

problema a partir de quatro visitas à empresa. Nessas visitas, ocorreram reuniões baseadas em

conversas informais, com os três funcionários do setor de fracionamento e com o coordenador

de produção. Essas reuniões tiveram como objetivo identificar os principais problemas e

reclamações da equipe, bem como, observar as atividades que eram executadas no setor.

Antes de iniciar a primeira conversa, foi esclarecido à equipe que o objetivo do estudo

era melhorar o setor sem necessidade de demissões. Dessa forma, optou-se por uma conversa

informal, sem uso de questionários, com a finalidade de deixá-los mais confortáveis para expor

suas opiniões. Após a identificação dos problemas e observação das atividades, foi possível

listar e ilustrar alguns fatos que exemplificam as dificuldades encontradas.

Além disso, o coordenador de produção forneceu dados do volume de chegada de

produtos em Kg por dia, no ano de 2016, que necessitavam de fracionamento antes de serem

armazenados.

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3.3.2 - Análise e proposta de intervenção

Posteriormente à identificação e observação das atividades e problemas do setor,

realizou-se a etapa de análise. Nessa etapa, foram analisados os dados fornecidos, na etapa

anterior, pelo coordenador de produção. Dessa forma, foi possível definir, a partir da elaboração

de um histograma, com o auxílio do gestor de logística, o valor razoável para estabelecer a

produção diária do setor para o ano de 2017.

Após a análise dos dados anteriores, foram elaboradas duas propostas de intervenção.

A primeira proposta consistiu na adequação do tempo de ciclo, para isso realizou-se o estudo

dos tempos das atividades fins (encher, pesar e selar), objetivando identificar a capacidade de

produção no setor e tendo como base as tabelas de números de ciclos, estimativas de

desempenho e de tolerâncias pessoais e para fadiga.

A primeira proposta não foi suficiente para solucionar o problema, tendo sido elaborado

uma segunda proposta de intervenção que consistiu na adequação do layout do setor de forma

a contribuir para a redução do tempo gasto com as atividades meio, identificadas na análise da

primeira proposta. Utilizou-se como base o princípio de redução de desperdício com apoio do

software SketchUp para desenho do projeto do novo layout do setor de fracionamento.

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CAPÍTULO 4 - ESTUDO DE CASO

Por questões de segurança, o nome da empresa não pode ser divulgado. Logo, referiu-

se a ela como empresa X.

4.1- EMPRESA X

A empresa X comercializa produtos alimentícios e está no mercado desde 1932, com a

sua primeira loja localizada no Saara (Centro do Rio de Janeiro). Atualmente, possui uma rede

de lojas de varejo, com total de 18 lojas localizadas nos municípios do Rio de Janeiro e Niterói,

e um centro de distribuição (CD), como ilustra a figura 3. Além de possuir o serviço de

televendas.

Com 85 anos de tradição e história no setor alimentício, até abril de 2017, a empresa X

possuía, aproximadamente, 550 funcionários e estava classificada como média empresa, quanto

ao porte. Essa última classificação baseia-se na Receita Operacional Bruta da empresa

(BNDES, 2017).

Figura 3 - Mapa da localização dos estabelecimentos da empresa X

Fonte: Google Maps, 2017

As lojas comercializam os seguintes produtos: temperos, chocolates, frutas secas, balas

e doces, ervas medicinais, conservas, azeites, produtos para sorvete, produtos naturais, artigos

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importados (bacalhau, camarão seco), aperitivos, artigos de doceria, cereais, entre outros.

Esses produtos são armazenados no CD (que possui 80 funcionários) e a partir dele são

distribuídos para as lojas por meio de automóveis próprios. Nesse mesmo estabelecimento

funciona o serviço de televendas, que consiste em atender aos pedidos tanto de pessoas jurídicas

(mercados, hotéis), quanto de pessoas físicas. As entregas são feitas no Grande Rio, sendo que

o pedido necessita ter um valor mínimo de 200 reais. Caso isso não ocorra, o pedido pode ser

retirado no próprio CD ou em uma das lojas.

4.2 – CONTEXTUALIZAÇÃO DA ANÁLISE

Ao iniciar o processo de desenvolvimento do trabalho efetuou-se uma visita à empresa

para entrevistar o gestor de logística e conhecer o CD possibilitando a construção do fluxograma

dos macroprocessos (figura 4), que pode ser melhor visualizado no apêndice A. Após a

entrevista, por indicação do gestor, optou-se por estudar o setor de fracionamento de produtos,

caracterizado como gargalo de produção.

Figura 4 - Fluxograma dos macroprocessos do CD

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Conforme ilustrado no fluxograma acima, o CD possui diversos setores: recebimento,

armazenagem, produção (fracionamento, moídos e mix, que consiste em misturar os produtos),

expedição, televendas, transporte e administrativo. Todos os produtos entregues pelos

fornecedores são armazenados independentemente da necessidade de passar pelo setor de

produção. Somente, após a armazenagem que ocorre a verificação no sistema se essa

necessidade existe, caso positivo, o produto é levado do armazém para o setor de produção e

após manufaturado volta para o armazém.

Embora em todos os setores haja pontos de possíveis melhorias, a análise e solução de

problemas desse estudo delimitaram-se ao setor de fracionamento, representado no fluxograma

abaixo (figura 5), que pode ser melhor visualizado no apêndice B.

Figura 5 - Fluxograma do processo de fracionamento

Conforme o fluxograma acima, o setor de fracionamento possui três funcionários, no

qual dois deles, que foram identificados como “funcionários 2 e 3”, executam as mesmas

atividades em paralelo. No setor, existe uma lista com a relação de todos os produtos que

necessitam de fracionamento e os seus respectivos tamanhos de saco a serem utilizados para

fracionar, sacos de 5kg ou 10kg. Além disso, o setor está localizado no mezanino como pode

ser observado na figura 6.

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Figura 6 - Localização do setor de fracionamento

Conforme a ilustração acima, o setor de fracionamento está localizado no mezanino,

desde o princípio do funcionamento do CD por definição da diretoria. Por esse motivo há a

necessidade da empilhadeira transportar o pallet do armazém para o setor e do mesmo para o

armazém. A figura 7 ilustra a posição em que a empilhadeira retira e coloca os pallets no setor

de fracionamento.

Entrada e saída

do setor

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Figura 7 – Local de entrada e saída de pallets pela empilhadeira

A figura acima indica a posição em que a empilhadeira retira e coloca os pallets no

setor. Porém, o CD possui apenas duas empilhadeiras, o que faz com que ocorram atrasos no

transporte do pallet provocando ociosidade dos funcionários, quando há a demora no

recebimento dos pallets a serem fracionados, e dificuldade para deslocar os pallets, quando

ocorre um acúmulo dos mesmos no setor, que como pode ser observado na figura 8 é um

ambiente estreito.

Figura 8 - Setor de fracionamento

Posição que a

empilhadeira coloca e

retira os pallets

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O setor de fracionamento ilustrado acima impossibilita a disposição de dois pallets um

ao lado do outro, pois prejudicaria a movimentação dos funcionários. Além disso, o setor possui

duas bancadas do lado esquerdo que são utilizadas para realização do fracionamento dos

produtos e duas bancadas do lado direito onde os funcionários fazem a limpeza da vasilha,

colocam sacos que ainda precisam ser selados quando a bancada da esquerda já estiver cheia, e

pesam os sacos que ainda precisam ser fracionados. As bancadas podem ser visualizadas com

mais detalhes nas figuras 9 e 10 respectivamente.

Figura 9 - Bancadas do lado esquerdo do setor

O posto de trabalho de fracionamento possui a vasilha na qual contém o produto a ser

fracionado, a balança e um espaço vazio da bancada para colocar os sacos que precisam ser

selados. Existem duas bancadas com as mesmas características que são utilizadas pelos dois

funcionários que executam as atividades de fracionamento em paralelo. Nesse mesmo lado

encontra-se a máquina para selar os sacos.

Seladora

Vasilha

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Figura 10 - Bancadas do lado direito do setor

Nas bancadas do lado direito do setor, conforme figura acima, os funcionários colocam

os sacos a serem selados, quando acaba o espaço disponível na bancada da esquerda. Além

disso, os funcionários as utilizam como suporte para limpar a vasilha e existe uma balança

posicionada na bancada, que verifica o peso dos sacos a serem fracionados como pode ser

observado na figura 11.

Figura 11 - Balança para pesar os sacos

Espaço utilizado

como suporte para

realizar a limpeza da

vasilha

Balança

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Como citado anteriormente, esse setor possui três funcionários, sendo dois responsáveis

pelo fracionamento e um responsável pelo deslocamento do pallet, realizado com o auxílio da

paleteira manual, pela selagem dos sacos e pela arrumação do pallet com sacos já fracionados.

4.3 – ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

4.3.1 – Etapa de Diagnóstico

4.3.1.1 – Identificação do problema e Observação

Nessas fases, foram realizadas quatro visitas à empresa onde ocorreram reuniões com a

equipe do setor de fracionamento e com coordenador de produção a fim de identificar e observar

as atividades envolvidas no ambiente de trabalho, bem como os principais problemas

enfrentados por eles. Dessa forma, para fins de ilustração de alguns aspectos prioritários com

relação às atividades executadas foram destacadas algumas fotos que possibilitaram

exemplificar alguns problemas.

a) Dificuldade de movimentar o pallet. A figura 12 ilustra o local em que ocorre o transporte

do pallet para a entrada e saída do setor.

Figura 12 - Entrada e saída dos pallets

O ambiente de trabalho, no qual se realiza o fracionamento dos produtos, possui uma

única entrada e saída estreita para os pallets. Isso ocasiona perda de tempo no transporte dos

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pallets e interrupção do fracionamento, pois, às vezes, são necessários dois funcionários para

deslocá-los.

b) Falta de espaço para dispor os pallets. A figura 13 mostra que o local não possui espaço

suficiente para organizar adequadamente os pallets com produtos fracionados e não

fracionados.

Figura 13 – Posicionamento dos pallets no setor

Conforme ilustra a figura acima, o pallet com produtos na cor marrom representa o que

já foi fracionado, enquanto o pallet com sacos na cor branca representa os produtos que não

foram fracionados. Devido ao ambiente estreito, que inviabiliza dispor dois pallets um ao lado

do outro, o funcionário perde tempo na movimentação dos pallets interferindo no processo de

selagem, por exemplo.

c) Demora na retirada dos pallets. A figura 14 ilustra o local em que os pallets são colocados

e retirados pela empilhadeira.

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Figura 14 - Local que o pallet fica posicionado na saída do setor

Como o setor de fracionamento está localizado no mezanino, é necessário que a

empilhadeira coloque os pallets com produtos a serem fracionados e retire os pallets com os

produtos fracionados. Essa demora está relacionada com a quantidade de empilhadeiras,

atualmente, só há duas empilhadeiras para atender todo o CD. Essa dificuldade provoca

ociosidade nos funcionários, pois, às vezes não há pallets com produtos a serem fracionados

disponíveis no segundo andar.

d) Atividades ergonomicamente incorretas. As figuras 15 e 16 ilustram o esforço físico que os

funcionários precisam fazer para executar as atividades.

Figura 15 - Funcionário enchendo os sacos

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Figura 16 - Funcionário puxando o saco

Como pode ser observado na figura 15, a vasilha, na qual é colocado o produto antes de

ser fracionado, possui uma profundidade que, quando o produto está terminando, faz com que

o funcionário fique “encurvado” para pegá-lo. Além de ser necessário carregar os sacos que

pesam entre 30Kg a 50Kg (figura 16).

e) Acúmulo de embalagens na única porta de entrada/saída. Isso dificulta ainda mais a

movimentação dos pallets, como pode ser observado na figura 17.

Figura 17 - Pallet preso na porta

Conforme ilustrado acima, os descartes gerados a partir das embalagens dos produtos a

serem fracionados, são acumulados na única porta do setor. Dessa forma, o processo de

transporte dos pallets torna-se mais difícil.

Logo, foi possível identificar alguns problemas e perceber de que forma eles prejudicam

a execução das atividades. Segundo a empresa, o principal problema desse setor é o não

atendimento da demanda. Contudo, pode-se observar que existem alguns fatores que

contribuem para esse fato, tais como: mesmo local de entrada e saída, dependência da

empilhadeira, layout que dificulta a organização e deslocamento dos pallets, descarte incorreto

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dos resíduos (como as embalagens). Além de possuir atividades que exigem esforço físico e

movimentação envolvendo desgaste dos trabalhadores.

Ainda na etapa de diagnóstico foi levantado junto ao coordenador de produção o volume

de chegada de produtos em Kg por dia no ano de 2016, que necessitava de fracionamento antes

de ser armazenado (tabela 3), o que contribuiu para entendimento da demanda de produtos a

serem fracionados no setor.

Tabela 3 – Quantidade (Kg) fracionável de produtos que chegaram no CD em 2016

Dia Volume

(kg)

Dia Volume

(kg)

Dia Volume

(kg)

Dia Volume

(kg)

Dia Volume

(kg)

1 1565 49 7350,6 97 780 145 473,5 193 1075

2 100 50 1673,86 98 6481,44 146 11105 194 3140

3 1925 51 1270 99 2329 147 150 195 1750

4 2685 52 24 100 802 148 2236 196 80

5 1430 53 0 101 10722 149 2900 197 4490

6 230 54 10785,7 102 835 150 232 198 1530

7 4815 55 1472 103 2688 151 6025,72 199 620

8 884,44 56 750 104 900 152 680 200 125

9 2385 57 550 105 670 153 3633,4 201 271,4

10 50 58 2502,5 106 1070 154 1575 202 5200

11 0 59 1325 107 3103 155 24 203 6911,44

12 410 60 840 108 1252 156 2767,16 204 1112

13 600 61 6428,6 109 11890,7 157 3166,03 205 4625,1

14 150 62 3730 110 7184 158 1558,8 206 1320

15 16 63 30 111 2950 159 3252,92 207 2150

16 420 64 1785 112 1450 160 1275 208 6574,72

17 1865 65 1810 113 9872,16 161 5285 209 2585

18 1000 66 9672,75 114 3710 162 250 210 277

19 7886,4 67 3350 115 2300 163 3232,8 211 2780

20 800 68 32 116 180 164 9239,12 212 1575

21 175 69 2895 117 195 165 1370 213 0

22 50 70 400 118 1768 166 250 214 11516,2

23 2225 71 14250,8 119 16871,4 167 8072,24 215 2620

24 200 72 1798 120 625 168 1471 216 293,24

25 740 73 544 121 1600 169 1340 217 2275

26 156 74 340 122 1800 170 1160 218 9276,8

27 700 75 4430 123 5210,8 171 3505 219 2490

28 8826,3 76 2555 124 24 172 11441,4 220 1877,3

29 3930 77 1555 125 500 173 2131,4 221 1654

30 1650 78 960 126 2882,5 174 553 222 2785

31 1300 79 550 127 11524,4 175 1750 223 9681,76

32 4100 80 575 128 980 176 2933,4 224 5855

33 650 81 600 129 6825 177 3833 225 3816,1

34 5120 82 5293,5 130 150 178 13008,8 226 960

35 9521,2 83 500 131 10842,2 179 3427 227 596,9

36 2170 84 300 132 1098 180 1150 228 7722,2

37 2365 85 175 133 1593 181 125 229 12958,2

38 224 86 12123,7 134 8368 182 1313,3 230 3830

39 8598,7 87 4025 135 559 183 5706,44 231 2650

40 1806 88 250 136 5845,3 184 2005 232 1042,85

41 2880 89 3880 137 10397,9 185 700 233 26280,3

42 330 90 3596 138 3400 186 2665 234 13150

43 456,89 91 13951,9 139 4095,7 187 176 235 2868

44 16354 92 1453 140 24 188 15361,0 236 2900

45 3340 93 1800 141 5330 189 7220 237 2500

46 1896 94 1920 142 13090,6 190 4193

47 4243,3 95 7951,72 143 424,28 191 11000

48 1470 96 4636 144 3080 192 7390

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A tabela acima representa os dados de produtos que chegaram no CD e precisavam

passar pelo setor de fracionamento, em 237 dias do ano de 2016. A maior quantidade de produto

entregue no CD foi de 26280 Kg, enquanto a menor foi de 0 Kg. Esse maior volume ocorreu

no início do mês de dezembro, ou seja, próximo ao Natal, que é o período de maior movimento

nas lojas.

Atualmente, os produtos que chegam no CD e que precisam ser fracionados,

primeiramente são endereçados para o armazém para posteriormente serem manufaturados no

setor de fracionamento. Isso ocorre, pois não há espaço para dispor os pallets desses produtos

no setor de fracionamento.

4.3.2 – Análise

Para fins de análise e melhoria do setor foram desenvolvidas duas propostas de

intervenção (PI): PI I, que considerou uma possível adequação do tempo de ciclo a partir do

estudo de tempos das atividades fins executadas pela equipe de fracionamento; PI II, que

considerou o estudo de melhoria do layout.

4.3.2.1- Proposta de Intervenção I – Adequação do tempo de ciclo

A partir dos dados fornecidos na etapa anterior (tabela 3) do volume de produtos que

chegam no CD e que necessitam ser manufaturados no setor de fracionamento, buscou-se

analisá-los com o objetivo de entender a demanda diária do setor de fracionamento em Kg. Para

isso realizou-se a construção do histograma a partir das seguintes etapas (PEINADO;

GRAEML, 2007):

1-Determinação da amostra (n): a tabela 3 consiste na amostra, logo o valor de n é 237.

2-Cálculo da Amplitude (R) dos dados:

R= maior valor – menor valor

R= 26280 – 0 = 26280

3- Escolha do número de Classes (K) – Essa escolha baseou-se na tabela 4:

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Tabela 4 - Número de classes

Tamanho da

amostra (n)

Número de

classes (K)

Abaixo de 50 5 a 7

De 50 a 100 6 a 10

De 100 a 250 7 a 12

Acima de 250 10 a 20

Fonte: Peinado e Graeml , 2007

Como o tamanho da amostra é 237, então o número de classes escolhido foi K=12.

4- Cálculo do intervalo das classes (H):

H=R/K

H=26280/12 = 2190

A partir do conhecimento do número de classes e do intervalo das mesmas, foi possível

construir uma tabela com a quantidade de amostras em cada classe, como pode ser observado

na tabela 5.

Tabela 5 - Consolidação dos dados

Classes Limite inferior Limite superior Quantidade de amostras

1 0 2190 126

2 2190 4380 53

3 4380 6570 17

4 6570 8760 13

5 8760 10950 11

6 10950 13140 10

7 13140 15330 3

8 15330 17520 3

9 17520 19710 0

10 19710 21900 0

11 21900 24090 0

12 24090 26280 1

Com esses dados foi possível construir o histograma para o melhor entendimento de

como foi o comportamento da demanda de 2016 no setor de fracionamento, como pode ser

observado pelo gráfico 5.

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Gráfico 5 – Histograma da demanda do setor de fracionamento

Conforme o gráfico acima pode-se perceber que as classes 1 e 2 possuem a maior

quantidade de amostras. No entanto, com o objetivo de identificar a porcentagem que elas

representam calculou-se a frequência acumulada de cada classe, como pode ser observado na

tabela 6.

Tabela 6 - Frequência acumulada das classes

Classes Limite inferior Limite superior Quantidade de amostras Frequência acumulada

1 0 2190 126 0,5316

2 2190 4380 53 0,7553

3 4380 6570 17 0,8270

4 6570 8760 13 0,8819

5 8760 10950 11 0,9283

6 10950 13140 10 0,9705

7 13140 15330 3 0,9831

8 15330 17520 3 0,9958

9 17520 19710 0 0,9958

10 19710 21900 0 0,9958

11 21900 24090 0 0,9958

12 24090 26280 1 1

A priori, definiu-se com o gestor de logística, que considerar, inicialmente, 75% da

demanda de 2016 seria um nível razoável para assumir como produtividade diária para o setor

em 2017. Logo, para esse nível de atendimento haveria necessidade de fracionar 4380Kg por

dia, equivalendo a fracionar em média 12 pallets por dia.

Considerando que a equipe trabalha 7 horas e 40 min por dia (desconsiderando uma

hora de almoço e 20 min de intervalo – 10 min de manhã e 10 min à tarde), calculou-se em

quanto tempo (T) seria necessário realizar o fracionamento de um saco de 5kg para que fosse

possível atender a demanda diária de produção estabelecida. Entende-se por “realizar o

fracionamento de um saco” como executar as atividades de encher, pesar e selar o saco.

126

53

17 13 11 10 3 3 0 0 0 1

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12Q

uan

tid

ade

de

am

ost

ras

Classes

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T = (7,67(h)*60(min)*60(seg)*5(kg))/4380(kg) = 31,5s

Logo, para que fosse possível atender a demanda diária seria necessário um tempo de

ciclo de 31,5 segundos. Com o objetivo de identificar a capacidade produtiva atual do setor e

verificar a possibilidade de atendimento dessa demanda, realizou-se o estudo de tempos

considerando as atividades de encher, pesar e selar o saco de 5kg, como pode ser observado

abaixo.

4.3.2.1.1 - Estudo de Tempos

A técnica utilizada no estudo foi a Leitura Acumulada do Cronômetro. Ao utilizar o

dispositivo de cronômetro do celular, observou-se que a melhor maneira de registrar o tempo

gasto por cada elemento no processo de fracionamento do produto foi anotar o tempo de cada

elemento, utilizando a função lap, ou seja, como se houvesse dois cronômetros medindo os

tempos.

A primeira amostragem coletada no processo de fracionamento contemplou em 10

tempos de cada elemento como pode ser observado na tabela 7:

Tabela 7 - Primeira amostragem de tempo

Elemento t1(s) t2(s) t3(s) t4(s) t5(s) t6(s) t7(s) t8(s) t9(s) t10(s)

Encher e pesar saco 43 42 37 39 44 40 48 45 41 46

Selar 20 21 22 17 21 19 21 23 18 23

Em seguida, definiu-se o número de ciclos necessários para cada elemento a partir do

cálculo da amplitude dos valores acima (R) e da média dos mesmos (X).

• Amplitude (R):

R= Tempo maior – Tempo menor

𝑅1 = 48 − 37 = 11

𝑅2 = 23 − 17 = 6

• Média (X):

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𝑋 =∑ 𝑡𝑖

10𝑖

10

𝑋1 =425

10= 42,5 𝑠

𝑋2 =205

10= 20,5 𝑠

Cálculo da relação da amplitude com a média:

𝑅1

𝑋1=

11

42,5= 0.26

𝑅2

𝑋2=

6

20,5= 0.29

A partir dessa relação, foi possível verificar na tabela de número de leituras do estudo

de tempos, que se encontra no apêndice C (Barnes, 2001), qual o número de ciclo a ser

cronometrado. Logo, para o elemento 1(encher e pesar saco) seriam necessários 11 ciclos,

enquanto para o elemento 2 (selar) seriam 15 ciclos. A tabela 8 mostra todos os ciclos

cronometrados.

Tabela 8 - Ciclos totais cronometrados

Considerou-se para a avaliação de ritmo os fatores de habilidade, esforço, condições e

consistência apresentados na tabela do apêndice D (Barnes, 2001). Para o primeiro elemento

(encher e pesar saco) atribuiu-se habilidade excelente (+0,08), esforço bom (+0,02), condições

média (0,00) e consistência boa (+0,01). Logo, a avaliação de ritmo para esse elemento é a soma

desses fatores, totalizando 0,11. Enquanto, para o segundo elemento (selar) atribuiu-se

habilidade excelente (+0,06), esforço bom (+0,02), condições média (0,00) e consistência boa

(+0,01). Então, para esse elemento obteve-se uma avaliação de ritmo de 0,09. Logo, pode-se

calcular o fator de ritmo para cada elemento da seguinte forma:

𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑅𝑖𝑡𝑚𝑜 = 1 + 𝐴𝑣𝑎𝑙𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑖𝑡𝑚𝑜

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

43 42 37 39 44 40 48 45 41 46 40

20 21 22 17 21 19 21 23 18 23 24

18 17 19 23

ELEMENTOSCICLOS (em segundos)

Selar

Encher e pesar saco

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𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑅𝑖𝑡𝑚𝑜1 = 1 + 0.11 = 1.11

𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑅𝑖𝑡𝑚𝑜2 = 1 + 0.09 = 1.09

Em seguida, calculou-se o tempo normal, que representa o tempo que um operador

treinado e qualificado, trabalhando com o ritmo normal, levaria para completar um ciclo da

operação. O tempo normal representa a soma do fator de ritmo com o tempo escolhido, que é

a média aritmética simples dos tempos cronometrados anteriormente.

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑁𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙 = 𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑅𝑖𝑡𝑚𝑜 × 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝐸𝑠𝑐𝑜𝑙ℎ𝑖𝑑𝑜

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑁𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙1 = 1.11 × 42,3 = 46,9 𝑠

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑁𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙2 = 1.09 × 20,4 = 22,24 𝑠

Para o cálculo da tolerância, considerou-se 4% para a tolerância pessoal, pois os

funcionários possuem em média 20 min para realizar suas necessidades pessoais. A tolerância

para a fadiga considerou-se 15% baseado na tabela fornecida por Barnes (2001) que se encontra

no apêndice E. Enquanto, considerou-se 0% para a tolerância para espera, pois se avalia a espera

inevitável para o cálculo do tempo padrão, que não se adequa ao caso. Logo, a tolerância total

foi de 19% para os dois elementos. Em seguida, determinou-se o tempo padrão da seguinte

forma:

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑃𝑎𝑑𝑟ã𝑜 = 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑁𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙 × (1 + ∑ 𝑇𝑜𝑙𝑒𝑟â𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠)

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑃𝑎𝑑𝑟ã𝑜1 = 46,9 × 1.19 = 55,8 𝑠

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑃𝑎𝑑𝑟ã𝑜2 = 22.24 × 1.19 = 26,5 𝑠

Após a realização dos cálculos para o estudo de tempos da equipe de fracionamento,

elaborou-se a folha de observação com as informações adquiridas, como pode ser observado na

figura 18.

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Figura 18 - Folha de observação

A partir do cálculo do tempo padrão para cada elemento, buscou-se determinar a

capacidade nominal com o objetivo de verificar o volume de produção possível de ser produzido

por cada elemento num determinado período de tempo.

𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 1

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑃𝑎𝑑𝑟ã𝑜

𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒1 =1

55,8× 60 = 1 𝑠𝑎𝑐𝑜

𝑚𝑖𝑛⁄

𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒2 =1

26,5× 60 = 2 𝑠𝑎𝑐𝑜𝑠

𝑚𝑖𝑛⁄

Como a execução do elemento 1 é realizada por dois funcionários, então a capacidade

é de 2 sacos/min. Logo, a capacidade nominal do setor de fracionamento é de um saco a cada

30 segundos. Dessa forma, é possível verificar que o processo de encher, pesar e selar possui o

tempo melhor que o desejado para atender a demanda de 4380Kg, que foi considerado como

tempo de ciclo de 31,5s.

Contudo, existem atividades que são executadas pelo setor de fracionamento que não

agregam valor ao cliente final, neste caso seriam as lojas que necessitam do produto. Dessa

forma, foi realizada a observação do tempo gasto nessas atividades durante 30 min, como

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demonstra a tabela 9.

Tabela 9 - Tempo gasto por atividade

Atividades Tempo (s)

Deslocar saco 110

Encher Vasilha 160

Colar etiqueta 140

Fracionar 910

Deslocar pallet 260

Outros ajustes 220

Dos 1800 segundos analisados, 51% deles foram utilizados com atividades fins, que

estão incluídas no fracionamento (encher, pesar e selar) e 49% do tempo analisado foram

utilizados com as atividades meio (deslocar saco, encher vasilha, colar etiqueta, deslocar pallet

e outros ajustes). Entende-se como outros ajustes a limpeza realizada na vasilha, por exemplo.

A partir da análise dos tempos constatou-se que a ineficiência do setor de fracionamento

está relacionada com as atividades meio que não agregam valor para o cliente final, como o

deslocamento dos pallets e sacos, e os ajustes que devem ser feitos. Além disso, existe a

dependência da empilhadeira que causa dificuldades na execução das atividades. Com o

objetivo de reduzir o tempo gasto com essas atividades meio e diminuir a dependência da

empilhadeira priorizou-se o desenho de um novo layout para o setor.

4.3.2.2- Proposta de Intervenção II – Adequação do layout

Considerando que a proposta de intervenção I não se mostrou suficiente para a solução

do problema, buscou-se a implementação da proposta de intervenção II que consiste no ajuste

do layout para o setor de fracionamento, conforme retratado a seguir.

O desenvolvimento da etapa de diagnóstico possibilitou identificar e observar os

principais problemas encontrados no setor e as atividades que eram executadas pela equipe.

Dentre os problemas, os mais citados foram a dificuldade de movimentação e deslocamento do

pallet e a espera pela empilhadeira em retirar os pallets fracionados e colocar no setor os pallets

a serem fracionados. A figura 19 ilustra o layout do setor.

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Figura 19 - Layout atual do setor de fracionamento

Conforme figura acima, pode-se perceber que a largura disponível dentro do setor para

movimentar os pallets é estreita (2,39m), considerando que a medida do pallet seja de 1,00m

por 1,20m. Logo, fica inviável transitar no setor quando há mais de um pallet para ser

deslocado. Além disso, o espaço disponível para entrada e saída dos pallets no setor é de 1,07m,

ou seja, o que dificulta também a movimentação no setor.

A partir da análise do layout atual e com base no estudo de tempos apresentado

anteriormente no item 4.3.2.1.1 buscou-se a análise de uma nova proposta para fins de melhoria

do tempo de execução do processo.

Neste sentido, a proposta de intervenção II consistiu na elaboração de um novo layout

que tinha como objetivo reduzir o tempo gasto pelos funcionários para deslocar os pallets

devido à falta de espaço físico, melhorar a organização do ambiente de trabalho evitando o

acúmulo de lixos, evitar a espera dos funcionários causada pela dependência da empilhadeira e

diminuir o esforço físico dos funcionários ao manusearem os sacos e movimentarem os pallets.

Dessa forma, optou-se por elaborar um layout do tipo celular, frequentemente utilizado

pela produção enxuta, de forma a proporcionar um fluxo contínuo de processamento, redução

do lead time, do estoque e do transporte de materiais e fluxo mais organizado dos recursos.

O espaço disponível para a elaboração do novo layout era de 18,20m de comprimento

por 8,10 m de largura. Conforme a primeira análise, para o atendimento da demanda seria

necessário fracionar em média 12 pallets por dia. Baseando-se nesse dado e considerando que

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o tamanho do pallet seja de 1,2m por 1,0 m, definiu-se o espaço para armazenar os pallets não

manufaturados, a bancada para fracionar e o local para armazenar os pallets fracionados como

pode ser observado na figura 20.

Figura 20 - Novo layout proposto para o setor de fracionamento

Conforme o desenho acima se estabeleceu o local para os pallets não manufaturados

próximo à entrada do setor, colocou-se uma bancada para os três funcionários trabalharem, na

qual contém duas balanças e uma seladora que podem ser melhor visualizadas na figura 21.

Além disso, possui o espaço destinado a armazenar temporariamente os pallets manufaturados

até que a empilhadeira leve-os para o armazém.

Entrada de

pallet

Saída

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Figura 21 - Vista de cima do novo layout

Conforme a figura acima haverá o local para recebimento dos pallets a serem

fracionados e o local para dispor os pallets que já foram fracionados. Além de existir um local

específico para descartar o lixo e uma pia para que os funcionários possam fazer a higienização.

Ao lado da pia haverá uma bancada destinada a limpeza das vasilhas e embaixo dela haverá um

armário para que seja possível colocar os instrumentos mais utilizados pelos funcionários, como

a peneira, tesoura, pano para limpar a vasilha, álcool, o corrimão (utilizado para pegar os

alimentos).

O layout proposto busca reduzir o tempo gasto pelo funcionário para deslocar os pallets,

considerando que nesta nova proposta haverá espaço direcionado para os pallets fracionados e

não fracionados, o que também faz com que os pallets recebidos no CD e que precisarem ser

manufaturados irão diretamente para o setor.

Outro aspecto adicional será a redução do tempo de espera dos funcionários causada

pela dependência da empilhadeira, pois o setor ficará no térreo, além de ter espaço para dispor

os pallets, e reduzirá o esforço físico do funcionário ao arrastar os sacos, pois o pallet ficará ao

lado da bancada.

Além da proposta do novo layout, a figura 22, a seguir busca ilustrar o processo de

fracionamento nesta nova configuração do setor.

Lata de lixo

Pia

Bancada, com um armário embaixo,

utilizada para limpar as vasilhas e guardar

os instrumentos

Vasilha

Balança

Seladora

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Figura 22 - Proposta para o novo processo de fracionamento

Conforme ilustrado, os três funcionários atuais do setor ficariam responsáveis pela

execução das atividades fins vinculadas à produção (fracionar, pesar e selar), enquanto o quarto

funcionário ficaria responsável pelas atividades meio, de recebimento e de expedição.

Ressalta-se que neste novo processo indica-se, de forma adicional aos três profissionais

dedicados as atividades fins, a realocação de um funcionário do CD para completar a equipe do

setor de fracionamento. Tal indicação objetiva atender a eficiência da demanda diária projetada

para o setor. Desta forma, na configuração do layout proposto haveriam três funcionários

vinculados à atividade fim (produção) e um funcionário adicional, denominado quarto

funcionário, vinculado às atividades meio (recebimento e expedição).

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CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO

5.1 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O segmento varejista possui como característica a intensa competitividade entre as

empresas, fazendo com que neste setor haja uma busca de melhorias objetivando reduzir

desperdícios e aumentar a eficiência das empresas para que sejam capazes de se manterem no

mercado.

O desenvolvimento do estudo baseado na metodologia de análise e soluções de

problemas foi importante para identificação correta do problema, análise adequada dos dados

fornecidos e elaboração coerente da proposta de intervenção para que fosse possível propor

soluções para o problema da ineficiência do setor de fracionamento.

A identificação e observação dos problemas e atividades do setor, a partir de visitas

realizadas a empresa, possibilitaram o entendimento correto da situação sendo importante na

elaboração das análises dos dados. Essa etapa de análise culminou na elaboração de duas

propostas de intervenção. A primeira proposta consistiu na análise da demanda do setor de

fracionamento e no estudo de tempos das atividades fins, enquanto a segunda proposta consistiu

na elaboração de um novo layout para o setor visto que a implementação somente da adequação

do tempo de ciclo, como consequência da primeira proposta, não seria suficiente para

solucionar o problema do setor.

A elaboração do novo layout baseou-se na necessidade da redução de desperdícios

relacionados a transporte, movimentação e espera, proporcionando um fluxo mais contínuo do

processamento e da redução do transporte de materiais, entre outros benefícios.

5.2 – DISCUSSÕES SOBRE AS QUESTÕES DE PESQUISA

Foram propostas duas questões preliminares para nortear o estudo. A primeira buscava

entender quais os gargalos de produção do processo em análise. Após a realização do estudo

baseando-se na metodologia de análise e solução de problemas, foi possível identificar os

principais problemas enfrentados pela equipe do setor de fracionamento, tais como: dificuldade

em movimentar e deslocar o pallet no ambiente de trabalho; dependência da empilhadeira, o

que provocava ociosidade dos funcionários; acúmulo de resíduos na única porta do setor. Esses

foram os principais fatores identificados que prejudicavam o processo de fracionamento.

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A segunda questão buscava entender quais as possibilidades de melhoria para se

alcançar maior produtividade no setor de fracionamento. Neste sentido foram identificadas duas

propostas para aplicação no estudo. A primeira proposta de intervenção baseou-se na análise da

demanda do setor de fracionamento e o estudo de tempo das atividades fins.

Nessa primeira análise, percebeu-se que o setor conseguiria atender a demanda caso os

três funcionários se dedicassem exclusivamente as atividades fins, ou seja, caso a equipe não

necessitasse gastar tanto tempo com as atividades meio, que não geram valor ao cliente.

Contudo, para reduzir esse tempo e diminuir a dependência da empilhadeira, apenas a proposta

de adequação do tempo de ciclo de produção não seria suficiente. Dessa forma, elaborou-se a

segunda proposta de intervenção que consistiu na elaboração do novo layout para o setor

objetivando reduzir os tempos gastos com o deslocamento e movimentação dos pallets, o tempo

de espera devido à dependência da empilhadeira e diminuição do esforço físico dos

trabalhadores.

5.3 – SUGESTÃO DE DESDOBRAMENTO PARA TRABALHOS FUTUROS

Ao longo do desenvolvimento do estudo foram identificadas diversas outras

possibilidades de melhoria do processo. Dadas restrições de limite de tempo e recurso

apresentam-se a seguir algumas dessas propostas:

✓ Análise aprofundada da realocação do quarto funcionário, que ficaria responsável pela

execução das atividades meio a fim de possibilitar que os três funcionários do setor se

dediquem à execução das atividades fim.

✓ Análise da chegada de produto considerando a sazonalidade, uma vez que o presente

estudo considerou a mesma com uma distribuição uniforme.

✓ Análise aprofundada do estudo de tempos para as atividades meio do setor de

fracionamento a fim de se obter mais informações que possam auxiliar na melhoria da

eficiência do setor.

✓ Análise dos resultados alcançados com a implementação do novo layout para validar o

estudo realizado. Este item possui o objetivo de verificar se a proposta apresentada neste

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trabalho conseguiu melhorar a eficiência do setor.

✓ Ampliar o estudo para outros setores da empresa dentre os quais os setores de moídos e

mix, com o objetivo de analisar e melhorar a produtividade também desses setores.

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APÊNDICE A - Fluxograma dos macroprocessos do CD

A

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APÊNDICE A - Fluxograma dos macroprocessos do CD (continuação)

A

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APÊNDICE B – Fluxograma do processo de fracionamento

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APÊNDICE C – Tabela de número de leituras do estudo de tempos requerido para erro

relativo de 5% e nível de confiança de 95%

Fonte: Barnes, 2001

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APÊNDICE D – Tabela de estimativas de desempenho

Fonte: Barnes, 2001

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APÊNDICE E – Tabela de tolerâncias pessoais e para fadiga

Fonte: Barnes, 2001