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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE PÓS - GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA MESTRADO PROFISSIONAL FÍSICA E QUÍMICA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO DE QUÍMICA: O ESTADO DA ARTE E NOSSAS EXPERIÊNCIAS NO COLÉGIO PEDRO II MARCO ANTONIO BATISTA VALENTE NITERÓI 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

PÓS - GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA

MESTRADO PROFISSIONAL – FÍSICA E QUÍMICA

EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO DE QUÍMICA: O ESTADO DA ARTE E

NOSSAS EXPERIÊNCIAS NO COLÉGIO PEDRO II

MARCO ANTONIO BATISTA VALENTE

NITERÓI

2019

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MARCO ANTONIO BATISTA VALENTE

EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO DE QUÍMICA: O ESTADO DA ARTE E

NOSSAS EXPERIÊNCIAS NO COLÉGIO PEDRO II

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ensino de

Ciências da Natureza da Universidade

Federal Fluminense, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre

em Ensino de Ciências da Natureza.

Orientadora:

PROFª DRª FLORENCE MOELLMANN CORDEIRO DE FARIAS

Niterói, RJ

2019

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Ficha Catalográfica

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À minha esposa, Priscilla Guez, e à minha filha Carolina

que me motivam a cada dia a ser uma pessoa melhor.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu sogro, Ricardo Rabelo, que foi a primeira pessoa a me fazer pensar

nas dificuldades e necessidades específicas das pessoas com deficiência.

À minha esposa Priscilla Guez, pelos conselhos, apoio e torcida incondicionais.

À minha mãe, que sempre me ajudou e incentivou a seguir em frente

independentemente das dificuldades.

À minha revisora e amiga, Joyce Braga, que ajudou, e muito, a tornar esse

trabalho possível.

À minha professora Lúcia da Cruz de Almeida e ao meu professor Carlos

Magno Rocha Ribeiro por me abrirem os olhos e me desafiarem a trabalhar para a

inclusão dos alunos com necessidades específicas.

À minha orientadora Florence Moellmann Cordeiro de Farias que me ajudou a

organizar e direcionar meus passos pelo caminho que percorri ao longo da construção

deste trabalho.

Aos meus coordenadores Polyana e Tonico, pelo apoio nos momentos de

dificuldade e compreensão e suporte nas minhas falhas.

À minha equipe do Colégio Pedro II, campus Niterói, pelo apoio nos momentos

de dificuldade.

À equipe do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades

Específicas do Colégio Pedro II, Campus Niterói, mais especificamente à professora

Maria Helena Meirelles Santos, Joyce Braga, Suellen Destefani e Sônia Correa, que

sempre me incentivaram, me apoiaram e me ajudaram no que fosse necessário para

que as minhas ideias de adaptação de materiais se tornassem realidade.

Ao Professor Doutor Ricardo Cunha Michel, da UFRJ, que compartilhou comigo

seus conhecimentos e experiências no desenvolvimento de materiais adaptados ao

Ensino de Química e que me apresentou ao Thiago Nunes Palhares que, com seus

conhecimentos em impressão 3D, me auxiliou confeccionando modelos atômicos

adaptados com Braille.

E, finalmente, aos meus alunos, que me ajudam a enxergar o mundo deles com

outros olhos.

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“Em tempos de crise, os sábios constroem pontes

enquanto os tolos constroem barreiras.”

Rei T’Challa.

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RESUMO

Este trabalho descreve uma revisão bibliográfica sobre a produção de materiais didáticos adaptados para o ensino de química de alunos deficientes visuais, além de materiais elaborados a partir de nossa experiência no Colégio Pedro II. Esse material foi elaborado a partir do currículo mínimo de química do Estado do Rio de Janeiro para o primeiro ano do Ensino Médio. Os trabalhos utilizados para fundamentar o levantamento bibliográfico trabalham com temas relacionados ao Ensino Médio e foram publicados no XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC), ocorrido em 2017, e no XVII e XVIII Encontro Nacional de Ensino de Química (ENEQ), que ocorreram, respectivamente, em 2014 e 2016. Os termos utilizados para busca nos anais foram ceg, que abrangeu os termos cego e cegueira, além do termo deficien, que abrangeu os termos deficiente e deficiência visual. Quantitativamente, identificou-se uma predominância de trabalhos sobre tabela periódica e aulas de laboratório, além de uma ausência significativa de propostas focadas na 2ª e 3ª séries do Ensino Médio. Além disso, nesse trabalho, são descritas ferramentas didáticas desenvolvidas no Colégio Pedro II que foram testados pelo único aluno cego do campus Niterói, durante as aulas complementares que acontecem no Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE), no decorrer do ano letivo de 2018. Como referencial usamos os trabalhos de Vygotsky sobre defectologia e também sobre a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). A partir deste material e de nossas experiências em sala de aula, elaborou-se, como produto desta dissertação, um “Caderno sobre Ensino de Química para Deficientes Visuais para a Primeira Série do Ensino Médio”. Esperamos, com isso, que este produto venha a atuar como um facilitador no processo de ensino/aprendizagem de alunos portadores de deficiências visuais. Palavras-chave: deficiência visual, ensino de química, inclusão. Produto: Caderno sobre Ensino de Química para Deficientes Visuais para a Primeira Série do Ensino Médio.

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ABSTRACT

This paper describes a literature review on the production of didactic materials adapted for the teaching of chemistry of visually impaired students, as well as materials elaborated from our experience at Colégio Pedro II. This material was elaborated from the minimum chemistry curriculum of the State of Rio de Janeiro for the first year of high school. The papers used to support the bibliographical survey work with topics related to High School and were published in the XI XI Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC), held in 2017, and in the XVII and XVIII Encontro Nacional de Ensino de Química (ENEQ) , which occurred, respectively, in 2014 and 2016.The terms used to search for the annals were ceg, which covered the terms blind and blinded, in addition to the term deficien, which covered the terms deficient and visual impairment. Quantitatively, a predominance of papers on periodic table (7 articles) and laboratory classes was identified, in addition to a significant absence of proposals focused on the 2nd and 3rd grades of High School. In addition, this work describes didactic tools developed at Colégio Pedro II, which were tested by the only blind student of the Niterói campus, during the complementary classes that take place in the Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) during the academic year of 2018. As reference we use Vygotsky's works on defectology and also on the Zone of Proximal Development (ZPD). From this material and our experiences in the classroom, a "Notebook on Teaching Chemistry for the Visually Impaired for the First Grade of High School" was developed as a product of this dissertation. We hope, therefore, that this product will act as a facilitator in the teaching / learning process of students with visual impairments.

Key words: visual deficiency, chemistry teaching, inclusion. Product: Notebook on Teaching Chemistry for the Visually Impaired for the First Grade of High School.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO p.16

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA, p.18

2.1. Abordagem Histórica, p.18

2.2. Conceitos, p.26

2.2.1. Deficiência visual, p.26

2.2.2. Educação inclusiva, p.27

3. JUSTIFICATIVA, p.30

4. OBJETIVOS, p.32

4.1. Objetivo Geral, p.32

4.2. Objetivo Específico, p.32

5. METODOLOGIA, p.33

5.1. O Colégio Pedro II e as políticas de atendimento aos alunos com

necessidades específicas, p.35

6. REFERENCIAL TEÓRICO, p.38

7. RESULTADOS E DISCUSSÕES, p.42

7.1. Levantamento bibliográfico de materiais didáticos, p.42

7.2. Materiais didáticos elaborados no Colégio Pedro II, p.70

7.2.1. Conceitos inicias de Química – Substâncias e

Misturas, p.71

7.2.2. Mudanças de Estado Físico – Gráficos, p.73

7.2.3. Atomística – Modelos Atômicos, p.75

7.2.4. Atomística – Isotopia, p.78

7.2.5. Atomística – Distribuição Eletrônica, p.81

7.2.6. Tabela Periódica, p.84

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS, p.89

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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, p.91

10. ANEXOS, p.105

10.1. Anexo 1 – Currículo Mínimo do Estado do Rio de Janeiro, p.105

10.2. Anexo 2 – Autorização de imagem do aluno Yan Christian David da

Silva, p.117

10.3. Anexo 3 – Autorização de pesquisa, p.118

10.4. Anexo 4 – Material linha braille, p119

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LISTA DE ILUSTRAÇÃO

Figura 1: Exclusão, segregação, integração e inclusão

Figura 2 - Representação de misturas homogêneas, heterogêneas, soluto e solvente

Figura 3 - Espátula e Proveta adaptadas.

Figura 4 - Sonorizador para soluções eletrolíticas.

Figura 5 - Representação em EVA da solvatação do NaCℓ.

Figura 6 - Representação dos Estados Físicos da Matéria com esferas de isopor.

Figura 7 - Apostilas com Gráficos e Representações feitos em Thermoform

Figura 8 - Modelos de Estados Físicos e Modelos Moleculares feitos com miçangas

de diferentes tipos e tamanhos.

Figura 9 - Modelos de Diagrama de Pauling Analisados.

Figura 10 - Diagrama de Pauling.

Figura 11a - Placa para distribuição dos elétrons.

Figura 11b - Placa para distribuição dos elétrons.

Figura 12a - Tabela Periódica montada.

Figura 12b - Representação do Elemento Químico com a identificação tátil e o material

cotidiano que contém o elemento.

Figura 12c - Representação do Elemento Químico com a identificação tátil.

Figura 13 - Tabela Periódica e Legenda em Braille.

Figura 14 – Tela de Apresentação para a escolha do Elemento.

Figura 15 – Tela com as informações e propriedades do elemento.

Figura 16 – Tela com as aplicações e contextualizações do elemento.

Figura 17 – Celas em madeira dos elementos da Tabela Periódica.

Figura 18 – Tabela Periódica montada.

Figura 19a – Etapas de confecção da Tabela Periódica.

Figura 19b – Etapas de confecção da Tabela Periódica.

Figura 20a – Legenda da Tabela Periódica em Braille.

Figura 20b – Elementos representados com diferentes texturas, cores e em Braille.

Figura 20c – Tabela Periódica, dividida em Metais, Semi-metais e Ametais.

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Figura 21a – Legenda da Tabela Periódica.

Figura 21b – Elementos representados com diferentes texturas, cores e em Braille.

Figura 21c – Tabela Periódica, dividida de acordo com os Estados Físicos e

Artificialidade.

Figura 22 – Tabela Periódica montada.

Figura 23a – Cubos de isopor fixados no formato da Tabela Periódica.

Figura 23b – Tipos de Miçangas utilizadas para identificação dos elementos da Tabela

Periódica.

Figura 23c – Tabela Periódica montada.

Figura 24 - Aluno utilizando a linha Braille para leitura do material teórico.

Figura 25 – Modelos de substâncias simples e compostas e de misturas homogêneas

e heterogêneas.

Figura 26 – Gráfico de Mudança de Estado Físico elaborado no Multiplano®.

Figura 27 – Gráfico de aquecimento com mudanças de estados físicos.

Figura 28 – Representações dos modelos atômicos de Dalton e Thompson.

Figura 29 – Modelos atômicos de Rutherford-Bohr, feitos em impressora 3D, do

elemento urânio.

Figura 30 – Modelos atômicos de Rutherford-Bohr, feitos em impressora 3D, dos

elementos cloro, sódio, ferro e urânio.

Figura 31 – Modelo Atômico do Urânio.

Figura 32 – Ímãs recebendo a legenda em Braille.

Figura 33 – Aluno manipulando o material.

Figura 34 – Aluno manipulando o material.

Figura 35 – Aluno manipulando o material.

Figura 36 – Representação do subnível no diagrama de Pauling.

Figura 37 – Estrutura do Diagrama de Pauling.

Figura 38 – Tabela Periódica Adaptada. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 39 – Tabela Periódica, classificações e legendas em Braille.

Figura 40 – Tabela Periódica, classificações e legendas em Braille.

Figura 41 – Tabela Periódica, legendas em Braille.

Figura 42 – Tabela Periódica, classificações.

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ADVASP – Associação dos Deficientes Visuais do Sul e Sudeste do Pará

AEE – Atendimento Educacional Especializado

BPC – Benefício de Prestação Continuada

CEB – Câmara de Educação Básica

CEBRAV - GO – Centro Brasileiro de Reabilitação e Apoio a Deficiente Visual de

Goiânia, Goiás

CEFET-RJ – Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca,

Rio de Janeiro

CID10 – Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionado à Saúde

CNE – Conselho Nacional de Educação

CONAE – Conferência Nacional de Educação

CPII – Colégio Pedro II

DV – Deficiente Visual

EI – Educação Inclusiva

EJA – Educação de Jovens e Adultos

EM – Ensino Médio

ENEQ – Encontro Nacional de Ensino de Química

ENPEC – Encontro Nacional de Pesquisa em Ensino de Ciências

ESCEMA – Escola de Cegos do Maranhão

EVA – Ethylene Vinyl Acetate, ou Etileno Acetato de Vinila

FM – Professor de Ensino Fundamental/Médio

FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica

IBC – Instituto Benjamin Constant

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IC – Aluno de Iniciação Científica

IF – Instituto Federal

IFPA – Instituto Federal do Pará

IFRJ – Instituto Federal do Rio de Janeiro

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

INES – Instituto Nacional de Educação de Surdos

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira

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LEPEQ/UnB – Laboratório de Pesquisa em Ensino de Química da Universidade de

Brasília

LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais

LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social

MDF – Medium Density Fiberboard, ou Placa de fibra de média densidade (tradução

livre)

MEC – Ministério da Educação

NAPNE – Núcleo de Atendimento as Pessoas com Necessidades Específicas

NEE – Necessidades Educacionais Especiais ou Específicas

ONU – Organização das Nações Unidas

p.ex. – Por Exemplo

PcD – Pessoas com Deficiência

PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação

PET – Poly Ethylene Terephthalate, ou Politereftalato de Etileno

PG – Aluno de Pós-Graduação

PNE – Plano Nacional de Educação

PQ – Professor/Pesquisador Universitário

PROBIC-Jr - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior

PROEJA – Programa Nacional de Integração da Educação Básica com a Educação

Profissional na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos.

PVC – Poly Vinyl Chloride, ou Policloreto de Vinila

SECADI – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

SEE – Secretaria de Estado de Educação

SEESP – Secretaria de Educação Especial

SETEC – Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

TDAH – Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade

TNT – Tecido Não-Tecido

UFG – Universidade Federal de Goiás

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

ZDP – Zona de Desenvolvimento Proximal

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1. INTRODUÇÃO

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/15), em

seu artigo 2º define a pessoa com deficiência como aquela que

(...) tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (BRASIL, 2015a).

Vale ressaltar que o termo pessoas com deficiência (PcD) está sendo usado,

de forma técnica, em função de sua definição e aplicação na referida lei. Este termo

veio substituir outros que figuravam no Brasil desde 1986, como portadores de

deficiência e portadores de necessidades especiais, pois, conforme Sá (s.d.), “o termo

portadores de (...) aprisiona o sujeito ao desconforto de portar ou carregar

deficiências, necessidades ou direitos”.

Esta mesma lei, em seu artigo 27, assegura que

A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem (BRASIL, 2015a).

Quando se lê “sistema educacional inclusivo” deve-se ter em mente que não

se trata mais daquele sistema paralelo e segregado de ensino voltado para o

atendimento especializado de indivíduos com deficiência ou distúrbios graves de

aprendizagem/comportamento. Trata-se de tomar o princípio básico exposto na

Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994), quando afirma que a educação na

perspectiva inclusiva deve acolher o aluno nas escolas regulares, independentemente

de suas condições socioeconômicas, raciais, culturais ou de desenvolvimento.

Nessa perspectiva, surge a pergunta: como se dá a inclusão da pessoa com

deficiência? Mais especificamente, como se dá a inclusão de alunos com deficiência

visual? O processo de inclusão de um aluno com deficiência, atualmente identificado

como aluno com Necessidades Educacionais Especiais ou Específicas (NEE), se

inicia na escola a partir do momento do reconhecimento e avaliação de suas

necessidades e, consequentemente, do planejamento e implementação de

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metodologias que, além de fazer uso de materiais adaptados específicos, visam

minimizar as dificuldades impostas pelo sistema educacional classicamente

normovidente.

Respondendo as questões propostas acima e com o intuito de auxiliar na

aplicação pedagógica de metodologias inclusivas, realizamos, neste trabalho, um

levantamento bibliográfico de modelos e materiais de fácil acesso e confecção que

possam auxiliar a prática dos professores, especificamente os de Química para a

primeira série do Ensino Médio, no que tange a melhoria no processo de inclusão de

alunos cegos e/ou com baixa visão. Além disso, registramos e compartilhamos

experiências que tivemos em nossa prática educativa com este segmento de alunos

no Colégio Pedro II. A partir daí foi elaborado um caderno que contêm os relatos de

todos os materiais estudados e desenvolvidos.

Assim, no primeiro momento, discutimos as questões teóricas e

metodológicas, bem como realizamos uma abordagem histórica da educação na

perspectiva inclusiva, além de delinearmos conceitos importantes que nortearam a

nossa seleção e análise. Posteriormente, são analisados os trabalhos apresentados.

Como forma de facilitar o acesso e a consulta aos artigos, confeccionamos uma tabela

explicativa organizada por eixo temático, evento, título, autor e referencial teórico. A

exposição dos trabalhos feitos no Colégio Pedro II segue conforme eixo temático e

ilustrações, seguido de uma descrição dos materiais utilizados, seu desenvolvimento

e também suas avaliações.

Por fim, esperamos contribuir para diminuir uma lacuna na área da educação

na perspectiva inclusiva, através da utilização de materiais aplicáveis em sala de aula.

A importância desse tema não se deve apenas a uma aplicação da legislação em

vigor, mas, principalmente, porque trabalhar com a diversidade é um dos pilares da

formação docente e do processo educativo.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Abordagem histórica

A preocupação com a Educação Inclusiva no mundo tem seu marco em 1990,

na Conferência Mundial de Educação para Todos, Jomtien/1990 (BRASIL, 1998),

onde são destacados os altos índices de crianças, adolescentes e jovens, com e sem

deficiências, sem escolarização.

Na Conferência Mundial de Necessidades Educativas Especiais: Acesso e

Qualidade, realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a

Ciência e a Cultura (UNESCO) em Salamanca, em 1994 (BRASIL, 1994a), foi

aprofundada a discussão sobre as causas da exclusão escolar e sobre as práticas

educacionais geradoras de desigualdades sociais. Com o objetivo de promover

transformações nos sistemas de ensino para assegurar o acesso e a permanência de

todos na escola, foram estabelecidas algumas Linhas de Ação que visavam a

Educação para Todos, onde o princípio fundamental é de que

As escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras, além de, crianças com deficiência e crianças bem dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de populações distantes ou nômades; crianças de minorias linguísticas, étnicos ou culturais e crianças de outros grupos e zonas desfavorecidos ou marginalizados (Brasil, 1994a).

A partir dessa reflexão foi redigido o documento “Declaração de Salamanca e

Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais”. Nele as escolas são

definidas como ambientes “[...] mais eficazes para se promover o combate as atitudes

discriminatórias” (BRASIL,1994a). Todos os países participantes, dentre eles o Brasil,

concordaram em implementar tais linhas de ação.

Nesse mesmo ano, o Brasil estabelece a Política Nacional de Educação

Especial (BRASIL, 1994b), onde busca implementar o processo de “integração

instrucional” ao condicionar o acesso às classes comuns do ensino regular àqueles

que:

[...] possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os estudantes ditos normais (BRASIL, 1994b).

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Ao reafirmar os pressupostos construídos a partir de padrões homogêneos de

participação e aprendizagem, a Política Nacional de Educação Especial (BRASIL,

1994b) não provocou uma reformulação das práticas educacionais de maneira que

fossem valorizados os diferentes potenciais, visto que mantinha o enfoque

integracionista, mas a responsabilidade da educação desses estudantes continuava

exclusivamente no âmbito da educação especial.

A Declaração de Salamanca impulsionou o movimento de inclusão escolar

que ganhou aspectos de reforma educacional, visando inovar práticas e modificar

valores referentes à escola. Segundo Rodrigues (2007, p. 304):

[...] A Educação Inclusiva (EI) promove a educação conjunta de todos os alunos, independentemente das suas características individuais ou estatuto socioeconômico, removendo barreiras à aprendizagem e valorizando as suas diferenças para promover uma melhor aprendizagem de todos.

A promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), lei

9.394/96 (BRASIL, 1996), trouxe uma série de mudanças relacionadas à Educação

Especial. Em seu artigo 59, determina que:

[...] os sistemas de ensino devem assegurar aos estudantes currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades. Assegura ainda a terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências; e assegura a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar.

Além disso, para que haja correta integração desses alunos em classes

comuns e para garantir atendimento especializado, a lei prevê formação especializada

de professores em nível médio e superior e a capacitação de professores do ensino

regular.

Devemos destacar que o termo “integração” acima citado está sendo aplicado

no sentido de permitir ao educado uma vida em sociedade sem que haja a exclusão

de qualquer forma e não como no movimento de adaptação do aluno e escola como

citado anteriormente nesse trabalho.

Além disso, estabelece, dentre as normas para a organização da educação

básica, a “possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do

aprendizado” (art. 24, inciso V) e “[...] oportunidades educacionais apropriadas,

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consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de

trabalho, mediante cursos e exames” (art. 37). Assim destaca-se a mudança de

perspectiva onde não é mais o aluno quem deve se adaptar a escola e sim a escola

quem deve se adaptar ao aluno.

No ano de 1999 o Decreto nº 3.298 dispôs sobre a Política Nacional para a

Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e definiu:

[...] a educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino regular (BRASIL, 1999).

As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica,

Resolução CNE/CEB nº 2/2001 (BRASIL, 2001a), no artigo 2º, determinam que:

Os sistemas de ensino devem matricular todos os estudantes, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos.

No ano de 2008, o Plano Nacional de Educação Especial (BRASIL, 2008a)

chama a atenção para risco de que haja uma substituição do ensino regular para o

educando.

As Diretrizes ampliam o caráter da educação especial para realizar o atendimento educacional especializado complementar ou suplementar à escolarização, porém, ao admitir a possibilidade de substituir o ensino regular, não potencializam a adoção de uma política de educação inclusiva na rede regular de ensino prevista no seu artigo 2°.

Em 1999 ocorreu na Guatemala a Convenção Interamericana para a

Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de

Deficiência. Como consequência, foi promulgada no Brasil pelo Decreto nº 3.956/01

(BRASIL, 2001b) que determina que

[...] as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com base na deficiência toda diferenciação ou exclusão que

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possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais.

Para garantir os direitos supracitados fez-se necessário um repensar sobre a

educação especial, uma vez que ela estava pautada pela diferenciação e agora

precisava ter caráter inclusivo, e não mais segregador, permitindo a todos o acesso à

escolarização.

Em 2002, a Portaria nº 2.678 do MEC (BRASIL, 2002) aprova as diretrizes e

normas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do sistema Braille em todas as

modalidades de ensino, compreendendo o projeto da Grafia Braille para a Língua

Portuguesa e a recomendação para o seu uso em todo o território nacional.

Em 2003 é implementado pelo MEC o Programa Educação Inclusiva: direito

à diversidade (BRASIL, 2005), com o objetivo de apoiar a transformação dos sistemas

de ensino em sistemas educacionais inclusivos, promoveu um amplo processo de

formação de gestores e educadores nos municípios brasileiros buscando a garantia

do direito de acesso de todos à escolarização, o atendimento educacional

especializado e a acessibilidade.

No ano de 2004, o Ministério Público Federal publicou o documento O Acesso

de Estudantes com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular

(BRASIL, 2004b), a fim de disseminar os conceitos e diretrizes mundiais para a

inclusão e reafirmar o direito e os benefícios da escolarização de estudantes com e

sem deficiência nas turmas comuns do ensino regular.

Em 2005, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, os Ministérios da

Educação e da Justiça, juntamente com a Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO, lançaram o Plano Nacional de Educação

em Direitos Humanos (BRASIL, 2006), que objetivava contemplar, no currículo da

educação básica, temáticas relativas às pessoas com deficiência além de desenvolver

ações afirmativas que possibilitassem acesso e permanência na educação superior.

No ano de 2007, foi lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE)

(BRASIL, 2007b), reafirmado pela Agenda Social, tendo como eixos a formação de

professores para a educação especial, a criação de salas de recursos multifuncionais,

a acessibilidade na arquitetura dos prédios escolares, ingresso e a permanência das

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pessoas com deficiência na educação superior e o monitoramento do acesso à escola

dos favorecidos pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC)1 (BRASIL, 1993).

No PDE verifica-se o desejo da superação entre a dicotomia existente entre

educação regular e especial.

Contrariando a concepção sistêmica da transversalidade da educação especial nos diferentes níveis, etapas e modalidades de ensino, a educação não se estruturou na perspectiva da inclusão e do atendimento às necessidades educacionais especiais, limitando, o cumprimento do princípio constitucional que prevê a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e a continuidade nos níveis mais elevados de ensino (BRASIL, 2007, p. 09).

No Decreto n° 6.094/2007 (BRASIL, 2007a) foram estabelecidas diretrizes do

Compromisso Todos pelas Educação, visando a implementação do PDE, como:

[...] a garantia do acesso e permanência no ensino regular e o atendimento aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, fortalecendo seu ingresso nas escolas públicas.

Em 2006, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprova a Convenção sobre

os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006), onde fica estabelecido que

todos os Estados-Partes devem oferecer, em todos os níveis, um sistema de

educação inclusiva, de forma que tais ambientes proporcionem eficazmente o

desenvolvimento não só acadêmico, mas também social que privilegiem a total

participação e inclusão dos estudantes. Para isso, é necessário que medidas sejam

implementadas, visando a garantia de que:

a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação de deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino fundamental gratuito e compulsório, sob alegação de deficiência; b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino fundamental inclusivo, de qualidade e gratuito, em igualdade de condições com as demais pessoas na comunidade em que vivem (art. 24).

1 O Benefício da Prestação Continuada (BPC) da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) é a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção, nem de tê-la provida por sua família. Para ter direito, é necessário que a renda por pessoa do grupo familiar seja menor que 1/4 do salário-mínimo vigente.

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No Brasil, a Convenção foi ratificada com força de Emenda Constitucional por

meio do Decreto Legislativo n°186/2008 (BRASIL, 2008a) e do Decreto Executivo

n°6.949/2009 (BRASIL, 2009a).

O Decreto n° 6.571/2008 (BRASIL, 2008c), incorporado pelo Decreto n°

7.611/2011 (BRASIL, 2011a), instituiu a política pública de financiamento no âmbito

do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização

dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Através dele é estabelecida a dupla

contagem das matrículas dos estudantes com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação. A fim de se desenvolver a

inclusão nos sistemas públicos de ensino, também foi definido no decreto o

atendimento educacional especializado complementar ou suplementar à

escolarização e os demais serviços da educação especial, além de outras medidas

de apoio.

Para orientar a organização dos sistemas educacionais inclusivos, o Conselho

Nacional de Educação (CNE) publicou em 2009 a Resolução CNE/CEB nº 4 (BRASIL,

2009b), que instituiu as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional

Especializado (AEE) na Educação Básica. Este documento determinou o público alvo

da educação especial, definiu o caráter complementar ou suplementar do AEE,

prevendo sua institucionalização no projeto político pedagógico das escolas.

O caráter não substitutivo e transversal da educação especial foi ratificado

pela Resolução CNE/CEB n°04/2010 (BRASIL, 2010b), que instituiu as Diretrizes

Curriculares Nacionais da Educação Básica e indicou no seu artigo 29, que:

[...] os sistemas de ensino devem matricular os estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado - AEE, complementar ou suplementar à escolarização, ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em centros de AEE da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos (BRASIL, 2010a).

O Decreto n°7.084/2010 (BRASIL, 2010a), ao dispor sobre os programas

nacionais de materiais didáticos, estabeleceu no seu artigo 28, que o Ministério da

Educação deve adotar mecanismos para promoção da acessibilidade nos programas

de material didático destinado aos estudantes da educação especial e professores

das escolas de educação básica públicas.

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O Decreto n°7.612/2011, para promover a inclusão social das pessoas com

deficiência, por meio da integração, articulação de políticas, programas e ações,

principalmente as que efetivam um sistema educacional inclusivo, instituiu o Plano

Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver sem Limite (BRASIL, 2011b).

O Plano Nacional de Educação (PNE) (BRASIL, 2011c), estabelece como

uma de suas metas:

[...] universalizar, para as pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, na faixa etária de 04 a 17 anos, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado. O AEE é ofertado preferencialmente na rede regular de ensino, podendo ser realizado por meio de convênios com instituições especializadas, sem prejuízo do sistema educacional inclusivo.

No ano de 2015 é publicada a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com

Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) (BRASIL, 2015a) que traz definições

importantes.

No seu artigo 2º define Pessoa com Deficiência como:

[...] é aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental,

intelectual ou sensorial, o qual em interação com uma ou mais barreiras, pode

obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de

condições com as demais pessoas.

No seu artigo 3º, inciso III, define Tecnologia Assistiva ou Ajuda Técnica como:

[...] todo e qualquer recurso que facilita ou amplia habilidades de uma pessoa

com deficiência. Elas podem ser usadas tanto para mobilidade, quanto para

acessar uma informação.

Em seu artigo 1º, afirma seu objetivo que é:

[...] a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.

h

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Em seu artigo 4º, garante que:

Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação.

O Capítulo IV dessa Lei é todo dedicado ao direito à educação. Em seus

artigos 27 e 28, reafirma-se o direito irrestrito a educação livre de qualquer

discriminação e também a incumbência do poder público em garantir as melhores

condições para a inclusão da pessoa com deficiência na instituição de ensino.

Artigo 27: A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. Artigo 28: Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar: I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida; II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir condições de acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena; III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia; VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas pedagógicas, de materiais didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva; VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de atendimento educacional especializado, de organização de recursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva.

Assim, estão regulamentados e assegurados diversos direitos das pessoas

com deficiência, principalmente os relacionados à educação, já previstos na

Constituição de 1988 (BRASIL, 1988), além de determinar a responsabilidade

daqueles que devem garantir que esses direitos sejam cumpridos.

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2.2. Conceitos: O que é a Deficiência Visual e Educação Inclusiva

2.2.1. Deficiência Visual

Em 2008, o Ministério da Saúde publicou a portaria 3.128/08 (BRASIL, 2008e)

que estabelece as definições acerca das deficiências visuais em seu artigo 1º,

parágrafo 2º:

Considera-se baixa visão ou visão subnormal, quando o valor da acuidade visual corrigida no melhor olho é menor do que 0,3 e maior ou igual a 0,05 ou seu campo visual é menor do que 20º no melhor olho com a melhor correção óptica (categorias 1 e 2 de graus de comprometimento visual do CID10) e considera-se cegueira quando esses valores encontram-se abaixo de 0,05 ou o campo visual menor do que 10º (categorias 3, 4 e 5 do CID 10).2

O CID10 corresponde à 10ª versão (a 1º foi publicada em 1992) do sistema

de Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionado à Saúde, que é

um catálogo criado pela OMS com o objetivo de que se possa identificar,

independentemente da língua falada, a doença ou problema de saúde de um paciente

e assim diminuir os erros de diagnósticos e tratamentos. Os códigos do CID10 são

formados por uma letra seguida de três números. O código relacionado à cegueira e

visão subnormal é o H54.

Gil (2000) afirma que:

[...] a visão é o canal mais importante de relacionamento do indivíduo com o mundo exterior. Tal como a audição, ela capta registros próximos ou distantes e permite organizar, no nível cerebral, as informações trazidas pelos outros órgãos dos sentidos (p.7).

E segundo Rodrigues et al (2011),

os problemas de visão estão dentro de uma escala que vai desde a visão perfeita (100%) e a total falta dela, problema conhecido como cegueira. Há ainda outras deficiências, entre a visão total e a cegueira, como erros refrativos e visão subnormal.

2 A acuidade visual é baseada na Tabela de Snellen, onde a visão normal é caracterizada pela leitura da linha cujas letras estão na razão 20/20. A acuidade 0,1 é referente a linha cujas letras estão na razão 20/200.

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O termo visão subnormal (ou baixa visão) é tido como a “alteração da

capacidade funcional decorrente de fatores como rebaixamento significativo da

acuidade visual, redução importante do campo visual e da sensibilidade aos

contrastes e limitação de outras capacidades” (GIL, 2000, p. 06).

Na baixa visão, o sujeito consegue diferenciar apenas sombras e claridades,

identificando elementos somente quando próximos, o que torna sua interação com o

meio exterior restrita, o que não acontece na cegueira total, onde ele não enxerga

nada. A cegueira ou a perda total da visão:

[...] pode ser adquirida, ou congênita (desde o nascimento). O indivíduo que nasce com o sentido da visão, perdendo-o mais tarde, guarda memórias visuais, consegue se lembrar das imagens, luzes e cores que conheceu, e isso é muito útil para sua readaptação. Quem nasce sem a capacidade da visão, por outro lado, jamais pode formar uma memória visual, possuir lembranças visuais (GIL, 2000, p. 08).

2.2.2. Educação Inclusiva

A Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), em seu artigo 205, afirma

que

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Deixando, assim, claro que todos os cidadãos têm direito à educação. Em seu

artigo 206 complementa que “o ensino será ministrado com base nos seguintes

princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”

(BRASIL, 1988). A partir desses dois artigos podemos concluir que,

independentemente de qualquer dificuldade, seja de origem física ou psicológica, toda

criança e/ou jovem tem direito à educação sem distinção. No bojo desse direito básico

surgiu o conceito de Educação Inclusiva (EI).

A Educação Inclusiva preconiza que toda criança deve estar matriculada em

uma instituição de ensino regular, em classe comum, sem que haja qualquer tipo de

discriminação ou distinção, seja por questões intelectuais, físicas, de gênero, ou sexo.

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Isso significa que, quando se fala de Educação Inclusiva, fala-se em garantir a todos

o acesso, a permanência, a participação nas atividades e a aprendizagem na escola

regular, que se dará a partir do movimento de adaptação da Escola ao aluno com

necessidades educacionais específicas (NEE).

As escolas exclusivas de educação especial, como o Instituto Benjamin

Constant (IBC), que atende alunos com deficiência visual, e o Instituto Nacional de

Educação de Surdos (INES), que atende alunos com deficiência auditiva, foram

criados no século XIX. Ambos são situados no município do Rio de Janeiro e são

resquícios de uma época onde a educação dos que apresentam NEE eram

segregados e não incluídos nas turmas comuns. Cabe ressaltar que, ainda hoje, essas

instituições recebem apenas alunos com deficiência para o ensino regular.

O conceito de segregação perdurou até 1973 quando o Ministério da

Educação (MEC) criou o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP) órgão

responsável pela gerência da educação especial no Brasil, que “[...] impulsionou

ações educacionais voltadas às pessoas com deficiência e às pessoas com

superdotação” (BRASIL, 2008d), porém com uma ótica integracionista. A integração

pressupõe que pessoas com necessidades educacionais especiais e as ditas

“normais” devem estudar em uma mesma escola, porém em classes diferentes.

Ocorre assim uma inserção parcial e condicional do aluno onde o sujeito com

deficiência se prepara em classes especiais ou escolas especiais para poderem

frequentar as classes comuns nas escolas regulares. Parte-se do princípio que o

sujeito com necessidades especiais é quem deve se adaptar à escola regular, pois

ainda é observada uma diferença na forma de se trabalhar a educação daqueles que

apresentam necessidades especiais. Dessa forma ocorre uma falha no processo

educacional e de socialização desses indivíduos.

Segundo Zych (2008):

Ao longo do século XIX e boa parte do século XX, a educação especial foi crescendo como um sistema paralelo à rede regular de ensino, sem nenhum ponto de contato. Assim, o nascimento da educação inclusiva é produto da evolução do conceito de educação especial no decorrer da história, e também da compreensão da igualdade entre os seres humanos (p. 2).

Vale, dessa forma, uma observação da imagem abaixo que ilustra esses

processos relacionados à educação inclusiva.

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Figura 1: Exclusão, segregação, integração e inclusão. Fonte: SASSAKI, 2006.

Costa, Silva e Filho (2016) afirmam que, para que a educação inclusiva seja

concretizada, é necessário que se busque, no decorrer do processo educacional

escolar:

[...] expandir a participação do aluno dentro do processo educativo e produzindo uma educação consciente para todos, levando em consideração quaisquer que sejam as origens e barreiras para o processo de aprendizagem.

Rodrigues et al (2011) destacam três elementos fundamentais que devem ser

levados em consideração para uma efetiva inclusão escolar:

[...] Sujeito incluído: refletir o que é preciso oferecer aos alunos quando se pensa em inclusão escolar; O professor: para promover a aprendizagem e potencialidades dos portadores de necessidade especiais, o professor tem que estar preparado e assessorado na construção do saber; A família: que também é excluída, quando possui um filho portador de necessidades especiais, é parte fundamental no processo de inclusão dos mesmos (Rodrigues et al, 20113).

Para além do processo educativo, a educação inclusiva busca,

primordialmente, inclusão social e profissional. Leis recentes corroboram com esse

3 apud SANTOS, M. P. e PAULINO, M. M. Inclusão em educação: Culturas, políticas e práticas. São

Paulo: Cortez, 2006.

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movimento de inclusão das pessoas com necessidades específicas e determinam, por

exemplo, acesso ao mercado de trabalho por meio de cotas, como é o caso do Decreto

5.296/04 (BRASIL, 2004a), que determina a inclusão do profissional com DV em

empresas com 100 ou mais funcionários, mediante apresentação de laudo de um

médico, e a Lei nº 8.112/90 (BRASIL, 1990), no seu atrigo 5º, §2º, determina o

percentual máximo de vagas destinadas em concursos públicos a pessoas com algum

tipo de deficiência.

3. Justificativa

Retomando a nossa questão de pesquisa: Como se dá a inclusão da pessoa

com deficiência? Mais especificamente, como se dá a inclusão de alunos com

deficiência visual? Essa questão, somada à nossa experiência como docente, levou

à reflexão da necessidade de se conhecer e avaliar ferramentas didáticas elaboradas

para um Ensino de Química inclusivo.

A demanda pelo atendimento e inclusão dos alunos com PcD gera a

necessidade de novas metodologias de ensino e também de elaboração de novos

materiais didáticos. Nesse sentido, este trabalho justifica-se na medida em que busca

preencher estas lacunas, de forma a pretender debater e facilitar a inclusão do aluno

com NEE. Conforme Rodrigues:

A Educação Inclusiva é comumente apresentada como uma evolução da escola integrativa. Na verdade, ela não é uma evolução, mas uma ruptura, um corte, com os valores da educação tradicional. A Educação Inclusiva assume-se como respeitadora das culturas, das capacidades e das possibilidades de evolução de todos os alunos. A Educação Inclusiva aposta na escola como comunidade educativa defende um ambiente de aprendizagem diferenciado e de qualidade para todos os alunos. É uma escola que reconhece as diferenças, trabalha com elas para o desenvolvimento e dá-lhe um sentido, uma dignidade e uma funcionalidade (FREIRE, 20084).

4 apud RODRIGUES, D. O paradigma da educação inclusiva: reflexões sobre uma agenda possível.

Inclusão, vol.1, 7-13. 2000.

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Sendo assim, a partir de materiais e atividades adaptadas espera-se contribuir

para o processo de inclusão desse aluno com NEE. Não se tem a pretensão de

resolver todos os problemas em torno da inclusão, mas a partir da reunião de vários

materiais espera-se que fique mais fácil o acesso e o desenvolvimento de novas

técnicas, o surgimento de novas ideias e novos materiais.

Outro aspecto importante é o da formação do professor que precisa trabalhar

com alunos que apresentam NEE. Nos cursos de graduação ainda não há a exigência

de disciplinas com essa finalidade, exceto o aprendizado da Língua Brasileira de

Sinais (LIBRAS) nas grades das licenciaturas. Há ainda muito o que fazer,

principalmente se levarmos em conta o último Censo Oficial (BRASIL, 2012a),

elaborado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no

Brasil.

Considerando a população residente no país (190.820.284 pessoas), 23,9% (45.606.048 pessoas) possuíam pelo menos uma das deficiências investigadas5: visual, auditiva, motora e mental ou intelectual6. A prevalência da deficiência variou de acordo com a natureza delas. A deficiência visual apresentou a maior ocorrência, afetando 18,6% da população brasileira. Em segundo lugar está a deficiência motora, ocorrendo em 7% da população, seguida da deficiência auditiva, em 5,10% e da deficiência mental ou intelectual, em 1,40%.

A nossa prática no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, nos mostrou a falta

que esses materiais fazem no que tange ao desenvolvimento dos alunos com NEE

que apresentam baixa visão.

Em consonância com esta justificativa, esperamos que o Caderno Didático

elaborado como produto deste trabalho atue como um auxiliador para o docente que

venha a trabalhar com alunos com NEE.

5 Os dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, no censo demográfico de 2010, descreveram a prevalência dos diferentes tipos de deficiência e as características das pessoas que compõem esse segmento da população. A deficiência foi classificada pelo grau de severidade de acordo com a percepção das próprias pessoas entrevistadas sobre suas funcionalidades. A avaliação foi feita com o uso de facilitadores como óculos e lentes de contato, aparelhos de audição, bengalas e próteses. As perguntas feitas aos entrevistados buscaram identificar as deficiências visual, auditiva e motora pelos seguintes graus de dificuldade: (i) tem alguma dificuldade em realizar; (ii) tem grande dificuldade e, (iii) não consegue realizar de modo algum; além da deficiência mental ou intelectual. 6 O IBGE definiu deficiência mental como o retardo no desenvolvimento intelectual, sendo caracterizada pela dificuldade permanente que a pessoa tem em se comunicar com outras pessoas, em cuidar de si mesma, em realizar atividades domésticas, aprender, trabalhar, brincar, etc. As perturbações ou doenças mentais como autismo, neurose, esquizofrenia e psicose não foram consideradas como deficiência mental ou intelectual pelo IBGE. Os dois termos foram usados nos questionários.

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4. Objetivos

4.1. Objetivo Geral

Contribuir para o processo de inclusão de alunos cegos e com baixa visão em

aulas de Química da educação básica, por meio da seleção, produção e organização

de material didático adaptado.

4.2. Objetivos específicos

✓ Levantar e analisar as propostas de materiais didáticos adaptados

apresentados em trabalhos nos Encontros Nacionais de Pesquisa em

Educação em Ciências - ENPEC e no Encontro Nacional de Ensino de

Química – ENEQ na perspectiva da inclusão de deficientes visuais nos

processos de ensino e de aprendizagem dessa Ciência na Educação

Básica.

✓ Selecionar os materiais didáticos veiculados nos trabalhos do ENPEC e

do ENEQ, pertinentes aos conteúdos de Química da 1ª série do Ensino

Médio previstos no Currículo Mínimo do RJ7 e reproduzi-los, fazendo os

ajustes ou adequações necessárias.

✓ Propor outros materiais didáticos que se fizerem necessários para

melhor abrangência dos conteúdos.

✓ Avaliar o material didático em atividades de ensino junto a um aluno

cego.

✓ Elaboração de um caderno de materiais didáticos adaptados para alunos

com deficiência visual (cegos ou baixa visão).

7 O Currículo Mínimo do Estado do Rio de Janeiro foi usado como referência uma vez que a Base

Nacional Comum Curricular ainda estava em fase de desenvolvimento e votação no período em que essa dissertação foi escrita.

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✓ Organizar um caderno contendo material didático para o ensino de

Química do Nível Médio da Educação Básica acessível ao deficiente

visual (cegos ou baixa visão) (produto educacional vinculado à

dissertação).

5. Metodologia

A metodologia utilizada para elaborar a coletânea de materiais adaptados,

objetivo do nosso trabalho, está ancorada em dois pontos principais: pesquisa

bibliográfica em anais de eventos acadêmicos e registro de experiências de nossa

atuação profissional/pedagógica no Colégio Pedro II, sempre com base nos conteúdos

disciplinares do Currículo Mínimo do Estado do Rio de Janeiro (RIO DE JANEIRO,

2012) (ANEXO 1).

O levantamento bibliográfico, isto é, um “estudo direto em fontes científicas,

sem precisar recorrer diretamente aos fatos/fenômenos da realidade empírica”

(OLIVEIRA, 2016, p. 69) pode ser classificado como do tipo Estado da Arte

(AZEVEDO, 2016) na medida em que buscamos superar lacunas no sentido de

produção de um material que abranja o que tem sido realizado para o ensino inclusivo

de química para o primeiro ano do Ensino Médio. Assim, teve como foco a produção

de materiais didáticos adaptados para deficientes visuais e os artigos reunidos e

analisados aqui foram os publicados nos eventos Encontro Nacionais de Pesquisa em

Educação em Ciências - ENPEC e no Encontro Nacional de Ensino de Química –

ENEQ, que são, ao nosso entendimento, os principais eventos relacionados ao Ensino

de Ciências e Ensino de Química a nível nacional. Destacamos que esses dois

eventos são os mais importantes e também são referências para a comunidade

docente.

A pesquisa nos anais dos eventos foi feita com os termos ceg (que abrangeu

os termos cego e cegueira) e com os termos deficien (que abrangeu os termos

deficiente e deficiência visual). Foram selecionados e posteriormente categorizados,

apenas os artigos ligados a temas dos conteúdos relativos a primeira série do Ensino

Médio (Tabela 1) que abordam a utilização e confecção de materiais adaptados para

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o trabalho com alunos que apresentem algum tipo de deficiência visual. Por conta dos

trabalhos realizados por Costa et al (2015) e por Basso e Campos (2013), foram

analisadas as publicações do XI ENPEC, ocorrido em 2017 e dos XVII e XVIII ENEQ,

que ocorreram, respectivamente, em 2014 e 2016, o que se configura como um critério

de delimitação, pois estes dois trabalhos compilaram esta temática dos anos

anteriores.

Vale ressaltar que os trabalhos foram analisados de forma a contemplar os

seguintes aspectos: 1) Conceito abordado: Descreve qual o conteúdo científico

trabalhado com os alunos; 2) Material didático desenvolvido: Descreve o material

desenvolvido e os recursos utilizados para a elaboração desse material; 3) Avaliação

da proposta de ensino: Descreve os resultados obtidos e a avaliação do material

didático pelos professores/pesquisadores após a utilização pelos alunos.

Diante do universo de amostragem, verificou-se a necessidade de

abrangência de propostas para as três séries do E.M., o que reafirmou nosso objetivo

de reunir aqui apenas materiais voltados para a primeira série do Ensino Médio, já que

estes eram em maior quantidade. Delimitar o foco para a primeira série do EM se

justifica porque, conforme veremos, temos um trabalho iniciado no Colégio Pedro II

neste ano letivo de 2018 com um aluno cego matriculado na primeira série do EM.

Dessa forma, para fundamentar metodologicamente esta segunda parte do

nosso trabalho, direcionamos nosso olhar para a prática de sala de aula como objeto

sobre o qual podemos pensar, refletir. Isto é, trabalhamos com a tematização da

prática pedagógica (WEISZ, 2009) para, a partir da documentação, explicitar as

hipóteses didáticas subjacentes. Assim, trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo

pesquisa-ação (MOREIRA, 2016, p. 22). O registro de experiências do trabalho

desenvolvido no Colégio Pedro II centra-se no diálogo entre o ensino e a

aprendizagem, cerne do conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal

(VYGOTSKY, 1996). Assim, Vygotsky foi eleito como nosso referencial teórico. Além

disso, todos os materiais produzidos para o trabalho com o aluno com deficiência

podem ser utilizados por toda a classe, promovendo a interação entre os alunos e um

ambiente de aprendizagem sociointeracionista.

Ressaltamos ainda que, conforme Weisz (2009), o registro de experiências

leva ao professor uma prática de reflexão sobre a sua atuação pedagógica e, nesse

sentido, este trabalho também se torna uma autoavaliação de nossa prática, na

medida em que é a documentação de práticas de sala de aula e de reflexões no

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espaço de discussão que é Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades

Específicas do Colégio Pedro II.

5.1. Contexto da Pesquisa: O Colégio Pedro II e as políticas de atendimento aos

alunos com necessidades específicas

Anualmente, o Ministério da Educação (MEC) realiza, por meio do Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), o Censo

Escolar. Trata-se do mais importante documento estatístico da educação no Brasil,

realizado a partir da coleta de dados e informações sobre a educação básica no país

todo. Tal levantamento só e possível devido ao regime de parceria entre as secretarias

estaduais e municipais de educação, incluindo ainda todas as escolas públicas e

privadas. Sua importância se justifica também em sua abrangência das diversas

etapas e modalidades da educação básica e profissional, com o ensino regular, a

educação especial, a educação de Jovens e Adultos (EJA) e educação profissional.

Os dados são divulgados publicamente no Diário Oficial da União e tem por

finalidade principal ser uma ferramenta para compreender a situação educacional do

país de forma que se possa acompanhar a efetividade das políticas públicas na área

da educação. Sendo assim, vale tomar esses dados como parâmetro para refletir

sobre a situação da educação inclusiva no país.

Os dados mais atuais que temos disponíveis até o momento da elaboração

desta dissertação são os relativos ao ano letivo de 2017, pois os dados divulgados de

2018 são parciais, na medida em que a segunda etapa da elaboração do censo ainda

não foi feita, pois ocorre ao final do ano letivo com a inserção de dados retificados e

informação das avaliações formais feitas pelas escolas.

O Censo Escolar da Educação Básica de 2017 (BRASIL, 2018), registra 48,6

milhões de matrículas nas 184,1 mil escolas de educação básica no Brasil. Ainda de

acordo com o mesmo documento, existem 75.279 (9,1%) alunos matriculados em

instituições de ensino básico exclusivas de educação especial, enquanto 751.964

(90,9%) são matrículas de alunos considerados incluídos em instituições de ensino

básico em turmas regulares, com ou sem Atendimento Educacional Especializado

(AEE). Lembramos que alunos incluídos são aqueles que apresentam alguma

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deficiência, transtorno global do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação,

que estejam matriculados em classes comuns do ensino regular.

Destacando os dados somente do Ensino Médio, em 2017 foram 7,9 milhões

(7.930.384) de matrículas, sendo 94.274 (1,19%) de alunos com alunos com alguma

deficiência, transtorno global do desenvolvimento, ou altas habilidades, e dessas

matrículas 93.237 (98,9%) de alunos considerados incluídos em turmas regulares. O

documento do Censo Escolar de 2017 não cita (BRASIL, 2018), mas no de 2016

(BRASIL, 2017a), tínhamos um dado importante, que afirmava que das 74.007

matrículas de alunos considerados incluídos em turmas regulares no Ensino Médio

em 2016, 68.892 estavam na rede pública de ensino (1.299 em instituições federais,

67.022 em instituições estaduais e 571 em instituições municipais). Isso significa que

aproximadamente, são 93% de matrículas na rede pública de alunos considerados

incluídos e 7% na rede privada. Como se vê, a rede pública atende a um número

expressivamente maior de alunos público alvo da educação especial do que a rede

privada nesta última etapa do ensino básico.

Recortando essa realidade, vale citar a situação do Colégio Pedro II (CPII),

instituição federal da qual faço parte, situado no Estado do Rio de Janeiro. O CPII

apresenta, de acordo com o censo de 2017, 13.037 alunos distribuídos em seus 14

campi. Destes, 241 alunos possuem algum tipo de deficiência, seja de ordem física,

mental ou de altas-habilidades/superdotação. Isso significa que aproximadamente 2%

de seu alunado necessita de algum tipo de atendimento especializado.

Vale lembrar que o CPII foi fundado em 2 de dezembro de 1837 e hoje possui

14 campi, sendo 12 no município do Rio de Janeiro, nos bairros de São Cristóvão,

Tijuca, Realengo, Centro, Engenho Novo e Humaitá, um campus no município de

Niterói e um no município de Duque de Caxias, atendendo a todos os níveis da

educação básica, da educação infantil ao Ensino Médio, além de educação

profissional com cursos técnicos variados, PROEJA e Ensino Superior com cursos de

pós-graduação lato sensu e stricto sensu.

No campus de Niterói, em que leciono, dos 557 alunos 19 são atendidos no

Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE), isto é,

aproximadamente 3,4% de todo o alunado do campus necessitam de alguma

adaptação pedagógica. Destes 19 alunos, 13 são identificados como PcD, sendo a

maioria com deficiência visual. A diferença entre o número de alunos atendidos (19) e

os alunos com PcD (13) ocorre em função do NAPNE hoje atender alunos que

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inicialmente não faziam parte do público-alvo da Educação Especial, de acordo com

a legislação atual, que são os alunos com transtornos de aprendizagem e de

comportamento. Sobre essa ampliação do atendimento, vale abrir um parêntese para

discorrer sobre o NAPNE do Colégio Pedro II.

No ano de 2008, por meio da lei 11.892 (BRASIL, 2008b), o CPII foi

equiparado aos Institutos Federais e, assim, passou a ter a mesma estrutura

organizacional de qualquer outro Instituto Federal. Esta equiparação foi importante

por muitos motivos, mas, o destaque que faremos é a criação do NAPNE, realizada

por meio da portaria número 906 de 18 de maio de 2012. O texto da portaria especifica

o Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas como “o espaço

pedagógico responsável pelo atendimento a estudantes que são público-alvo da

Educação Especial, conforme legislação, e a estudantes com necessidades

educacionais específicas” (BRASIL, 2012b, artigo 2º).

Na verdade, a criação do NAPNE faz parte da política de atendimento

educacional especializado a estudantes com necessidades educacionais especiais

promovida pelo Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação

Especial (SEESP), atual Diretoria de Políticas de Educação Especial da Secretaria de

Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), em

consonância com os documentos oficiais e Declarações Mundiais das quais o Brasil

é signatário. Este setor busca, nesse sentido, fortalecer o paradigma e prática da

inclusão, promovendo a qualidade do processo ensino-aprendizagem nas turmas

regulares de Educação Básica no Colégio Pedro II.

Apesar de receber estudantes com deficiências desde a década de 1980,

somente em 2004 foi criado no CPII um setor específico para implementar estratégias

pedagógicas diversificadas, buscando, assim, proporcionar a integração,

permanência, progressão e o desenvolvimento cognitivo, social e acadêmico de todos

os estudantes matriculados em suas classes de ensino regular. Hoje esse setor

denomina-se Seção de Educação Especial (SEE), e é ligado diretamente à Pró-

Reitoria de Ensino.

Cada um dos 14 campi da instituição possui um NAPNE, que é ligado

administrativamente à direção do campus e pedagogicamente à Seção de Educação

Especial, e tem por objetivo principal construir uma educação acessível a todos os

estudantes com necessidades educacionais especiais, favorecendo sua inclusão nas

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classes de ensino regular e seu desenvolvimento pessoal, acadêmico e social,

mediante a organização dos espaços/tempos escolares e da implementação de

estratégias e metodologias diferenciadas.

Vale lembrar que a Seção de Educação Especial também participa do

processo de admissão de discentes, que se dá por concurso público anualmente por

edital de convocação, seja por sorteio para turma de Educação Infantil, para o 1º ano,

ou por exame de seleção, tanto para o 6º ano do Ensino Fundamental como para a 1ª

série do Ensino Médio Regular ou Integrado. A SEE realiza a logística e provê a

melhor forma de atender as especificidades de adaptações e acessibilidade para a

aplicação das provas. O CPII também recebe alunos encaminhados formalmente por

convênios com outras instituições públicas de ensino, como o Instituto Benjamin

Constant (IBC) e o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da

Fonseca (CEFET-RJ).

Historicamente os alunos oriundos do IBC eram encaminhados ao campus

São Cristóvão II e por consequência o campus dispõe de diferentes materiais

adaptados aos alunos. Nos últimos anos têm ocorrido um movimento no CPII para

que os alunos com deficiências visuais sejam encaminhados ao campus mais próximo

de sua residência, assim surgiu a necessidade de que as equipes pedagógicas dos

campi desenvolvessem materiais para esse alunado. No ano de 2018, o campus

Niterói recebeu seu primeiro aluno cego e assim se iniciou nosso trabalho.

6. Referencial Teórico

O presente trabalho é referenciado nos estudos de Lev Semenovitch Vygotsky

sobre a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), a Defectologia e sua Teoria da

Compensação. Vygotsky é reconhecido pela sua abordagem sociointeracionista da

aprendizagem, segundo a qual o desenvolvimento humano ocorre nas relações, nas

trocas entre parceiros sociais, através de processos de interação e mediação.

Segundo Rabello e Passos (2009) os estudos de Vygotsky:

[...] enfatizavam a importância do processo histórico-social e o papel da linguagem no desenvolvimento do indivíduo. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Para ele, o sujeito é interativo, pois adquire conhecimentos a partir de relações intra e

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interpessoais e de troca com o meio, a partir de um processo denominado mediação.

Para Vygotsky, não era suficiente o desenvolvimento físico/biológico do

indivíduo. Para que o indivíduo consiga realizar determinada tarefa, também se faz

necessário um ambiente propício e práticas específicas voltadas para a sua

aprendizagem.

Segundo Rabello e Passos (2009), Vygotsky define a escola como sendo o

lugar ideal para que a criança se desenvolva, pois “[...] é um espaço e um tempo onde

este processo é vivenciado, onde o processo de ensino-aprendizagem envolve

diretamente a interação entre sujeitos” (RABELLO E PASSOS, 2009).

Vygotsky (1996) definiu o conceito da Zona de Desenvolvimento Proximal

(ZDP) como:

[...] distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes.

E Rabello e Passos (2009) ainda citam que:

[...] as aprendizagens que ocorrem na ZDP fazem com que a criança se desenvolva ainda mais, o que permitiria que crianças com habilidades parciais, sejam capazes de se desenvolver, com a ajuda de parceiros mais habilitados (mediadores8), até que tais habilidades passem de parciais a totais.

Vygotsky também realizou diversos estudos na área da Defectologia. A

defectologia é o estudo do desenvolvimento de pessoas com “defeito”, ou seja,

aquelas que não se encaixam nos ditos parâmetros de normalidade, seja no aspecto

físico ou no aspecto psicológico. Ao estudar a criança com “defeito” ele observou que,

mesmo que com uma limitação física ou psicológica, a criança consegue se

desenvolver, porém, por outros meios diferentes daqueles de uma criança dita

“normal”. A partir dessas observações seus estudos tiveram uma abordagem mais

qualitativa sobre o desenvolvimento da criança com “defeito”.

8 A função de um educador escolar, por exemplo, seria a de favorecer esta aprendizagem, servindo de mediador entre a criança e o mundo.

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Para Vygotsky (1997), o aspecto físico/biológico pode ser encarado sobre dois

pontos de vista: o defeito pode ser visto como uma limitação, debilidade, diminuição

do desenvolvimento, ou, por outro lado, pode ser encarado como um estímulo ao

desenvolvimento a partir das dificuldades provocadas por ele. Com base nesse

segundo aspecto surge então a Teoria da Compensação de Vygotsky. Ele acreditava

que o organismo de uma criança com “defeito” se desenvolveria de modo a compensar

a limitação que aquele defeito impõe. Compreendia que a reação do desenvolvimento

do organismo e da personalidade da criança ao defeito é o fator central com que opera

a defectologia.

O processo de compensação não é somente a substituição automática de um

órgão ou função por outros, mas sim a busca de meios para que a criança possa se

desenvolver, tendo em vista que não é o defeito orgânico que a limita, mas “[...] as

consequências sociais e sua realização sócio-psicológica” (CUNHA, CUNHA e SILVA,

2013).

Vygotsky acreditava que a criança com defeito seria capaz de alcançar o

mesmo que a criança normal, mas para tal seria necessário utilizar “meios

absolutamente especiais”. O educador então deve buscar meios para que a criança

com deficiência, tal como as demais, possa adquirir esse conhecimento e se

desenvolver.

A educação da criança com defeito, portanto,

[...] deve basear-se no fato de que simultaneamente com o defeito estão dadas também as tendências psicológicas de uma direção oposta; estão dadas as possibilidades de compensação para vencer o defeito e de que precisamente essas possibilidades se apresentam em primeiro plano no desenvolvimento da criança e devem ser incluídas no processo educativo como sua força motriz (CUNHA, CUNHA e SILVA, 2013).

Vale ressaltar que:

No correr da experiência, a criança aprende a compensar suas deficiências naturais; com base no comportamento natural defeituoso, técnicas e habilidades culturais passam a existir, dissimulando e compensando o defeito. Elas tornam possível enfrentar uma tarefa inviável pelo uso de caminhos novos e diferentes. O comportamento cultural compensatório sobrepõe-se ao comportamento natural defeituoso (CUNHA, CUNHA e SILVA, 2013).

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Vygotsky buscou demonstrar, contrapondo-se a visão de sua época, a

importância do caráter social da deficiência.

O defeito só se torna deficiência quando a criança é privada da vida social. Portanto, o defeito, o comprometimento de um órgão ou função é biológico, mas o maior ou menor grau de desenvolvimento da criança é uma consequência social (CUNHA, CUNHA e SILVA, 2013).

O aspecto social se revela como o principal fator para a compensação,

portanto, com os meios culturais adequados, a criança com “defeito” se desenvolverá

sem diferenciação.

Cunha, Cunha e Silva (2013) citam que Vygotsky não considera que uma

criança sofra um déficit no seu aprendizado pela falta de um de seus sentidos. A partir

dessa ideia considera-se que uma criança cega, que receba os estímulos corretos,

com o auxílio consciente do seu professor e que não seja excluída socialmente, será

capaz de se desenvolver como uma criança dita “normal”, cuja visão seja perfeita. Os

mesmos autores citam também que:

Com Vygotsky, passa-se a compreender a deficiência visual como um problema sócio-psicológico, o qual institui três tipos de armas para lutar contra a cegueira e suas consequências: a profilaxia social, a educação social e o trabalho social dos cegos (Cunha, Cunha e Silva, 2013, p. 9).

Ressaltam, ainda, que o ensino para a criança cega não deve ser baseado no

isolamento e em uma escola especial. A educação social da criança cega deve se dar

da mesma forma que a de uma criança dita “normal”. Como complementa Vygotsky

(1997), a respeito do trabalho social:

[...] a ciência moderna deve dar ao cego o direito ao trabalho social não em suas formas humilhantes, filantrópicas, de inválidos (como se tem cultivado até o momento), senão as formas que respondem à verdadeira essência do trabalho, unicamente capaz de criar para a personalidade a posição social necessária (p.87).

A partir dos estudos e teorias apresentadas acima, acreditamos que o

desenvolvimento de novos materiais e metodologias pode encurtar a ZDP de alunos

com deficiência, principalmente visual, aprimorar o seu processo de ensino-

aprendizagem e assim facilitar sua inclusão, seja em sala de aula, seja na sociedade.

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7. Resultados e Discussões

a. Levantamento Bibliográfico de Materiais Didáticos

Como forma de organizar a leitura e facilitar o acesso aos artigos de acordo

com seus eixos temáticos, elaboramos, conforme abaixo, uma tabela explicativa, de

forma que a ordem apresentada segue a mesma sequência das análises.

Vale ressaltar que as imagens aqui utilizadas são de diversas fontes, algumas

publicadas nos respectivos artigos, outras enviadas pelos autores e também na forma

de vídeos publicados em canal do portal youtube.

Tabela 1: Relação dos artigos analisados

ART. EIXO

TEMÁTICO EVENTO TITULO AUTORES REF.

TEÓRICO

1

Conceitos Fundamentais

(Estados Físicos,

Soluções)

IX ENPEC

2013

Análise de uma Intervenção Pedagógica

sobre o Conceito de Soluções no Contexto da

Deficiência Visual

BENITE, et al

Não

Informado

2

Conceitos Fundamentais

(Estados Físicos)

XVIII ENEQ 2016

A utilização de modelos sobre os estados físicos da matéria voltados para

portadores de deficiências visuais

GOMES, et al

Não

Informado

3 Conceitos

Fundamentais

XVIII ENEQ 2016

Desenvolvimento de materiais didáticos de

Química para alunos com deficiência visual

ESTEVÃO, et al

Não

Informado

4

Conceitos Fundamentais

(Elementos Químicos)

XVIII ENEQ 2016

Os elementos químicos ensinados a alunos

portadores de necessidades especiais: uma proposta de material

didático.

ARNAUD e FREIRE

Não

Informado

5 Atomística (Modelos Atômicos)

XVII ENEQ 2014

Miçangas representando o modelo de Dalton no

ensino dos conceitos de estados físicos,

substâncias e misturas para estudantes cegos.

RUBINGER; SILVA e SILVA

Bachelard

6 Atomística

(Distribuição Eletrônica)

XVIII ENEQ 2016

Análise Crítica de uma Proposta de Recurso

Didático para a Inclusão de Alunos com

Deficiência Visual no Ensino de Química

FERNANDES e MÓL

Não Informado

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Tabela 1: Relação dos artigos analisados (Continuação)

ART. EIXO

TEMÁTICO EVENTO TITULO AUTORES

REF. TEÓRICO

7

Atomística (Distribuição Eletrônica) e

Tabela Periódica

XVIII ENEQ 2016

Recursos Acessíveis ao Ensino de Química:

Diagrama Tátil de Linus Pauling e Tabela

Periódica

BASTOS, et al.

Vygotsky

8 Tabela

Periódica

XI ENPEC

2017

Um modelo tátil da tabela periódica: o ensino de química para alunos cegos num contexto

inclusivo

FRANCO-PATROCÍNIO; FERNANDES e FREITAS-REIS

Vygotsky

9 Tabela

Periódica

XVII ENEQ 2014

Tabela Periódica para deficientes visuais usando o sistema computacional

DOSVOX.

FERREIRA, et al.

Vygotsky

10 Tabela

Periódica

XVII ENEQ 2014

Inclusão no Ensino de Química: A tabela

periódica como recurso para a inclusão de alunos

deficientes visuais

MASCARENHAS, et al.

Vygotsky

11 Tabela

Periódica

XVII ENEQ 2014

Tabela Periódica portátil em Braille: Sem limitações a uma

aprendizagem significativa para

deficientes visuais.

LÁZARA; SILVA e PERINI

Vygotsky

12 Tabela

Periódica

XVIII ENEQ 2016

Desenvolvimento de Material Alternativo para o

Ensino de Química na Educação Especial de

Cegos

OLIVEIRA, et al.

Não Informado

13 Tabela

Periódica

XVIII ENEQ 2016

Construção de uma Tabela Periódica de baixo

custo utilizada como recurso didático para o Ensino da Química aos

Deficientes Visuais

SOUSA, et al.

Ausubel

14 Tabela

Periódica

XVIII ENEQ 2016

Instrumento didático para o ensino da tabela

periódica a deficientes visuais.

SÁ; SOUZA e PEREIRA.

Vygotsky

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Eixo temático: Conceitos fundamentais

Benite et al. (2013) apresentam os resultados de um trabalho desenvolvido

por um grupo de pesquisa, formado por professores da Universidade Federal de Goiás

(UFG), professores em formação inicial e professores do Centro Brasileiro de

Reabilitação e Apoio ao Deficiente Visual de Goiânia (CEBRAV-GO).

A partir de debates realizados pelos professores pesquisadores sobre as

necessidades formativas de alunos com Deficiência Visual (DV) e suas

particularidades, foi escolhido o tópico Soluções e Estados Físicos da Matéria como

um tema a ser desenvolvido e retratado nesse trabalho.

As atividades propostas foram realizadas no CEBRAV, com grupos de até seis

alunos de oriundos de escolas públicas. Essas atividades eram complementares as

aulas recebidas pelos alunos em suas escolas. Foram propostas quatro atividades

relacionadas aos conceitos trabalhados na temática de Soluções no ensino de

Química. A saber, essas atividades foram:

1. Observação de características físicas de materiais.

2. Caracterização da formação de soluções.

3. Estudo de condutividade dos materiais.

4. Estudo dos aspectos microscópicos.

Em cada uma das atividades foram utilizados diferentes materiais

proporcionando diferentes interações.

Na primeira atividade, onde foram trabalhados os conceitos de variação de

energia (calor), volume, textura e estados de agregação por meio dos sentidos, os

materiais utilizados para o estudo dos estados físicos da matéria foram: sólido – sal e

gelo; líquido – água gelada, à temperatura ambiente e morna; gás/vapor – vapor

d’água, o ar e o dióxido de carbono liberado na abertura de uma garrafa de refrigerante

à baixa temperatura.

Na segunda atividade, onde foram trabalhados os conceitos relacionados à

identificação de misturas heterogêneas, homogêneas, proporção e dos componentes

(soluto e solvente) presentes na formação de uma solução. Os materiais utilizados

foram: béquer com bolas de isopor de tamanhos diferentes e um béquer com bolas

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de isopor de mesmo tamanho, ambos, os béqueres, com marcação de volume em

alto-relevo (Figura 2). A fim de que não fossem confundidos os conceitos de

substância simples com mistura homogênea/soluções, uma vez que foram usadas

esferas de isopor, foi usado também o exemplo da produção do refresco (mistura

homogênea de suco em pó com água) como forma de aproximar o conceito do

cotidiano dos alunos. Isso também permitiu que o aluno com DV estabelecesse a

relação de quem é o soluto (dissolvido) e quem é o solvente (que dissolve), de acordo

com os autores.

Na terceira atividade, onde foram trabalhados os conceitos envolvendo

soluções eletrolíticas e não eletrolíticas, os materiais utilizados foram: béquer

contendo uma solução de água e sal (a solução foi preparada pelos alunos com DV’s),

4,5 g medidos por uma espátula adaptada (a parte côncava feita com tampa de garrafa

PET presa a uma alça de papelão) com capacidade pré-definida pelo professor, o

volume de água – 50 ml – foi medido utilizando uma proveta adaptada (uma pequena

boia de isopor dentro da proveta, presa por um cordão de nylon a um nível de metal

na extremidade oposta, assim a medida em que a boia sobe, a cada 5mL de solvente

colocado, provoca a descida do nível correspondente ao mesmo volume na parte

externa da proveta e a leitura do volume se dá de cima para baixo) (Figura 3); um

“sonorizador” (dispositivo sonoro adaptado de uma caixa de música onde foram

acrescidos dois fios para serem submergidos nas soluções) para identificação de

soluções eletrolíticas (Figura 4).

Na quarta atividade, onde foram abordados os conceitos das interações

interatômicas e intermoleculares presentes na formação das soluções, os materiais

utilizados foram: modelos circulares de etileno-acetato de vinila (EVA), com diferentes

tamanhos, identificados, com cola em alto-relevo, os íons sódio (Na+) e cloro (Cℓ―),

rodeados por hipotéticas moléculas de água. O modelo representa a solvatação dos

íons Na+ e Cℓ― para que, pelo toque, os alunos pudessem identificar cargas positivas,

negativas e as atrações intermoleculares (Figura 5).

Todas as atividades foram desenvolvidas e avaliadas com base em quatro

etapas que funcionaram de forma cíclica, a saber: planejamento da atividade, ação e

observação (gravadas em áudio e vídeo), reflexão sobre a ação e o replanejamento

em ações mais ajustadas às necessidades coletivas. Dessa forma os autores

consideraram que os alunos com DV interagiram de forma satisfatória com todos os

materiais nas quatro atividades. Uma vez que foram estimulados, em cada atividade,

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diferentes sentidos a compreensão dos conteúdos trabalhados se deu da forma

proposta pelo grupo de pesquisa que era ser complementar ao que o aluno trabalhava

em suas aulas regulares na escola.

Os autores ressaltam que nas atividades mais relacionadas às práticas de

laboratório, os alunos com DV puderam atuar como protagonistas e vivenciarem a

total inclusão na turma, uma vez que as adaptações dos utensílios de laboratório,

espátula e proveta, permitiram o manuseio, a leitura e a interpretação de fenômenos

antes negligenciados a eles.

Figura 2 - Representação de misturas homogêneas, heterogêneas, soluto e solvente. Fonte: http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec/atas/resumos/R1096-1.pdf

Figura 3 - Espátula e Proveta adaptadas. Fonte: http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec/atas/resumos/R1096-1.pdf

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Figura 4 - Sonorizador para soluções eletrolíticas. Fonte: http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec/atas/resumos/R1096-1.pdf

Figura 5 - Representação em EVA da solvatação do NaCℓ. Fonte: http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec/atas/resumos/R1096-1.pdf

Gomes et al (2016) fazem menção à confecção de estruturas que fossem

capazes de representar os diferentes estados físicos da matéria e a atividade proposta

pelos autores para testá-las. Cabe destacar que a avaliação do material foi realizada

por alunos videntes.

Foram confeccionados três cubos de madeira, com 30 cm de aresta, contendo

cada uma, 27 esferas de isopor de forma que representassem os três estados físicos

da matéria. O estado sólido foi representado pelas esferas de isopor coladas umas as

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outras, formando uma estrutura cúbica que objetivava retratar a característica de

forma e volume definidos, características do estado físico. O estado líquido era

representado pelo mesmo conjunto esferas de isopor, porém todas soltas dentro do

cubo de madeira, o que buscava retratar as características de forma indefinida, porém

volume definido. Já o estado gasoso foi representado pelas esferas suspensas por

fios de Nylon® de forma a deixá-las espaçadas e assim representar que os gases não

têm forma nem volume definidos. (Figura 6)

Através de uma atividade realizada com alunos videntes de uma escola

pública de São João Del Rey em Minas Gerais, os autores escutaram dos alunos que

havia uma grande dificuldade da parte deles em perceber, somente usando o tato, as

diferenças entre os modelos representativos apresentados. Cabe ressaltar que como

os alunos são videntes eles não estão acostumados a usar as mãos, ou outros

sentidos, para “enxergar” o mundo, como as pessoas cegas, o que pode explicar o

porquê da dificuldade dos alunos em identificar com clareza os modelos.

Figura 6 - Representação dos Estados Físicos da Matéria com esferas de isopor. Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R0074-2.pdf

Estevão et al. (2016) relatam resultados de uma pesquisa realizada por

professores e alunos do IFRJ (campus Caxias) em conjunto com um professor do IBC.

Nesse projeto foram confeccionados cadernos didáticos sobre os tópicos:

Propriedades Específicas da Matéria; Métodos de Separação de Mistura; Cinética

Química e Termoquímica. De acordo com os autores, os assuntos foram escolhidos

em função da escassez de materiais adaptados para esses temas.

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Como os materiais foram confeccionados de forma a atender tanto alunos

com baixa visão, quanto a alunos cegos, foram usadas cores contrastantes nas figuras

e uma tipologia específica (APHont) para a escrita e para os alunos totalmente cegos.

O texto foi transcrito para o Braille, as figuras adaptadas através do programa Braille

Fácil e, em seguida, aplicadas em películas de policloreto de vinila (PVC) pela técnica

de thermoform braille que permite reproduzir todos os detalhes em alto-relevo,

conforme mostrado na figura 7.

Neste trabalho os autores descrevem a aplicação dos cadernos sobre

Propriedades da Matéria e Métodos de Separação que haviam sido revisados,

testados juntos aos alunos e disponibilizados pelo IBC. Os demais cadernos temáticos

ainda não haviam cumprido todas as etapas de confecção quando da publicação

desse artigo.

Figura 7 - Apostilas com Gráficos e Representações feitos em Thermoform

Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1273-1.pdf

Arnaud e Freire (2016) relatam a elaboração e testagem junto aos alunos de

modelos de elementos químicos confeccionados a partir de esferas de isopor, de

diferentes tamanhos, revestidas de outros materiais como algodão, lixas, massa de

modelar, velcro e tecidos como seda, veludo e vime. Cada textura foi usada para

representar um elemento químico e pode ser identificado através de legendas feitas

em Braille.

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Os materiais apresentaram uma grande versatilidade visto que por conta das

diferentes texturas e diversas combinações podem ser usados para o estudo de

diversos temas do conteúdo de Química do Ensino Médio tais como ligações, reações,

cinética química e química orgânica.

Eixo temático: Atomística

Rubinger, Silva e Silva (2014) por meio de materiais simples como cartolina,

linha de costura e miçangas de diferentes tamanhos, trabalharam os conceitos de

Estados Físicos da Matéria, Substâncias Simples, Substância Composta, Misturas e

Substâncias Puras, tomando como base o Modelo Atômico de Dalton.

Sempre usando a cartolina como base para fixação das miçangas, os autores

desenvolveram o estudo dos temas com uma aluna cega. Para o estudo dos estados

físicos da matéria, costuraram as miçangas, apenas distanciando uma das outras.

Miçangas de diferentes tamanhos foram utilizadas nas atividades relacionadas à

diferenciação de átomos e moléculas, substâncias simples e compostas, substâncias

puras e misturas (Figura 8).

A partir dos relatos da aluna que participou dessas atividades, os conceitos,

antes trabalhados apenas de forma mnemônica, se tornaram mais concretos e

entendíveis, havendo assim a construção do conhecimento por parte dela.

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Figura 8 - Modelos de Estados Físicos e Modelos Moleculares feitos com miçangas de diferentes tipos e tamanhos

Fonte: http://www.sbq.org.br/eneq/xvii/anais_xvii_eneq.pdf

Fernandes e Mól (2016) relatam a análise crítica de três materiais adaptados

desenvolvidos pelo Laboratório de Pesquisa em Ensino de Química da Universidade

de Brasília – LEPEQ/UnB, sobre a temática Distribuição Eletrônica.

Essa crítica se deu a partir da análise de dinâmicas e questionários aplicados

a um grupo de alunos videntes e com baixa visão, sobre três modelos de distribuição

eletrônica em subníveis desenvolvidos pelo LEPEQ (Figura 9).

A dinâmica aplicada consistiu em vendar os olhos dos alunos e assim

disponibilizar os diagramas desenvolvidos para que eles pudessem fazer a

distribuição eletrônica de alguns elementos. Posteriormente essa mesma atividade foi

realizada em dupla, sendo que um dos alunos tinha a função de orientador do aluno

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que se encontrava vendado. Em seguida os alunos responderam um questionário

avaliativo sobre as atividades e os modelos testados.

A partir dos relatos dos alunos os autores avaliaram que o material

desenvolvido foi um facilitador para a compreensão dos conceitos que cercam a

temática da distribuição eletrônica apesar de algumas limitações descritas pelos

alunos. Por meio de uma pesquisa mais aprofundada sobre a confecção dos materiais

testados pelos alunos foi possível descobrir que foram usados materiais como

fórmicas, placas finas de mdf, tampas de frascos plásticos, parafusos e arruelas para

a construção dos diagramas. Tampinhas de diferentes tamanhos e cores foram

usados para distinção dos subníveis e linhas para indicar o sentido da distribuição

eletrônica. Todos os subníveis foram identificados em Braille. Em dois modelos foram

usadas miçangas para a quantificação dos elétrons nos subníveis e no outro modelo

foram utilizadas arruelas com o mesmo objetivo (Figura 9).

Figura 9 - Modelos de Diagrama de Pauling Analisados.

Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R2272-1.pdf

Bastos et al. (2016) fazem alusão à produção de dois diferentes materiais

adaptados, um Diagrama de Linus Pauling e uma Tabela Periódica. O Diagrama de

Linus Pauling foi confeccionado usando materiais como copos plásticos, barbante,

botões (de diferentes tamanhos, formatos e texturas) e tecido do tipo TNT. Os copos

foram fixados na estrutura de suporte (madeira ou cartolina) e foi recoberta por TNT.

Cada copo foi posicionado e identificado por um dos subníveis eletrônicos (Figura 10).

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O caminho para leitura do diagrama é feito através de barbante, que liga cada

copo/subnível. Dentro de cada copo há certo número de botões, presos por um

elástico circular, que representam os elétrons de cada subnível. Os elásticos, com

botões, são fixados a uma placa anexa ao diagrama à medida que a distribuição dos

elétrons é feita (Figuras 11a e 11b). A fim de que o aluno saiba identificar quais

elétrons fazem parte de qual subnível foram utilizados botões com diferentes formatos,

tamanhos e texturas.

Não foram feitos relatos sobre resultados da aplicação do material.

Figura 10 - Diagrama de Pauling.

Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1864-2.pdf e https://www.youtube.com/watch?v=2U90I1lWCQs

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Figura 11a - Placa para distribuição dos elétrons

Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1864-2.pdf

Figura 11b – Placa para distribuição dos elétrons

Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1864-2.pdf

Eixo temático: Tabela periódica

O segundo material adaptado por Bastos et al (2016), a Tabela Periódica, foi

produzido em lona (Figura 12a). A partir da classificação dos elementos em metais,

não-metais e gases nobres. A identificação se dava por duas pistas: uma visual (cores

diferentes de fundo) (Figura 12b) e uma tátil (lantejoulas e clipes escolares) (Figura

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12c). Todos os elementos tiveram seus nomes escritos em Braille e no espaço

correspondente a cada elemento foi colado um bolso plástico, a fim de armazenar

amostras de materiais que contenham o respectivo elemento químico (Figura 12b).

Vale ressaltar que o uso de cores se justifica por tratar-se de um material inclusivo,

isto é, que permite seu uso também para alunos videntes.

A Tabela Periódica apresentada no artigo carrega um problema que é o seu

tamanho. Para comportar amostras de materiais usuais referentes a cada elemento a

Tabela Periódica ficou com dimensões enormes, tendo que ser dividida em três partes

(lonas) o que torna a sua exposição dificultada por questões de espaço e

deslocamento de tanto material.

Não foram feitos relatos sobre resultados da aplicação do material.

Figura 12a - Tabela Periódica montada.

Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1864-2.pdf

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Figura 12b - Representação do Elemento Químico com a identificação tátil e o material cotidiano que contém o elemento.

Fonte: disponível no canal do youtube. <https://www.youtube.com/watch?v=r7N-wCFqk7g>

Figura 12c - Representação do Elemento Químico com a identificação tátil. Fonte: disponível no canal do youtube. <https://www.youtube.com/watch?v=r7N-wCFqk7g>

Franco-Patrocínio, Fernandes e Freire-Reis (2017) retratam a experiência

realizada com o material desenvolvido por alunos bolsistas do programa PROBIC-Jr

durante o ano de 2016. Os alunos, sob orientação de seus professores,

desenvolveram uma tabela periódica inclusiva objetivando sua utilização em sala de

aula por alunos cegos, de baixa visão e videntes.

A tabela foi construída sobre uma base de papelão e os elementos foram

delimitados por barbante. Em cada elemento foram indicados o número de massa, o

número atômico, o símbolo e o nome do elemento, tudo feito em Braille e escrita

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normal. A classificação dos elementos em metais, ametais e os gases nobres foi

realizada através da mudança de texturas de fundo dos elementos. Os estados físicos

foram identificados através de miçangas, de diferentes texturas, aplicadas no canto

superior direito de cada elemento (Figura 13).

O material foi avaliado por dois cegos, colaboradores do projeto. Um deles é

cego congênito e o outro ficou cego aos 15 anos. O relato trazido no artigo é que

houve uma diferença significativa na identificação e interpretação feita por cada um

dos avaliadores. Ambos tiveram explicações teóricas sobre o que é e o que representa

a tabela periódica, no início do processo de avaliação do material. O avaliador que é

cego congênito apresentou mais dificuldade para ler e interpretar a tabela periódica,

já o que teve a cegueira adquirida demostrou mais facilidade e desenvoltura. A

desenvoltura e familiaridade de cada um com a tabela se manifestou muito por conta

da espontaneidade dos avaliadores em questionar sobre o material desenvolvido.

Enquanto o avaliador que ficou cego na adolescência era mais questionador e

interagia mais com o material e seus desenvolvedores, o outro avaliador era mais

comedido e somente interagia quando instigado.

O material mostrou-se prático e de fácil confecção, visto que foi desenvolvido

utilizando materiais baratos e de fácil acesso. Porém, como os elementos devem

conter todos os dados em Braille, o seu tamanho deve ser considerado. A escrita

Braille não permite uma redução acentuada do seu tamanho, o que gera uma

necessidade maior de espaço para a sua correta leitura e isso foi observado na

avaliação do material pois os avaliadores manifestaram dificuldades, em alguns

momentos, relacionadas à interpretação das informações em Braille.

Figura 13 - Tabela Periódica e Legenda em Braille.

Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1864-2.pdf

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Ferreira et al (2014) apresentam o resultado do projeto de iniciação científica

chamado “QUIMIVOX: adaptação do sistema computacional DOSVOX ao ensino de

Química”, desenvolvido no Instituto Federal do Pará - IFPA, campus Tucuruí, em

parceria com a Associação dos Deficientes Visuais do Sul e Sudeste do Pará

(ADVASP).

O QUIMIVOX tem como foco principal o desenvolvimento de ferramentas para

o Ensino de Química, mas principalmente o ensino de Tabela Periódica. Os

desenvolvedores da tabela retratada no artigo foram um professor de Química, dois

alunos do Curso Tecnólogo em Redes de Computadores, sendo um deles de baixa

visão, e um aluno cego do ensino médio regular.

Este artigo apresentou a proposta de uma Tabela Periódica que tem como

objetivo proporcionar a deficientes visuais o acesso a conhecimentos químicos por

meio do computador. Para isso foi utilizado o software DOSVOX9.

O artigo apresenta o primeiro protótipo da “Tabela Periódica Vocal, versão 1.0

beta”. É um programa que pode ser usado tanto por aqueles com problemas de visão,

cegueira total e por pessoas sem qualquer deficiência visual. Essa Tabela Periódica

é interativa, pois o usuário ouve perguntas e tem a opção de seleção manuseando o

teclado. O programa mostra janelas na tela do computador, cujo conteúdo é falado

pelo sintetizador de voz, à medida que é selecionado (Figura 14).

Após a seleção do elemento químico, aparece uma janela, onde é possível

obter diversas informações sobre ele, como símbolo, número atômico, massa atômica,

família, período, estado físico, classificação e principais usos (Figura 15). Cada opção

está associada a uma letra do teclado do computador e ambas são faladas pelo

sintetizador de voz, o que facilita no momento de associar opção com as teclas, por

exemplo, se o usuário quer saber o símbolo do elemento, deve pressionar a tecla

identificada pela letra “s”. Em seguida o programa pronuncia a letra (ou as letras) do

símbolo químico. Para o número atômico, a tecla é a identificada pela letra “z”; já para

a massa, a letra é “a”. Para a família, “f”; período, “p”; estado físico, “e”; classificação,

“c”; e principais usos do elemento químico, “u” (Figura 16). Os grupos são identificados

9 O DOSVOX é um sistema computacional de acessibilidade, gratuito, para microcomputadores da linha computadores pessoais. O software se comunica com o usuário através de síntese de voz (converte texto em voz), possibilitando autonomia ao seu usuário. O DOSVOX foi desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, sob a coordenação do professor Antonio Borges.

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nessa tabela obedecendo à numeração de 1 a 18, conforme determinação da União

Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC), mas também representados com

letras e números (1A, 2A, 3B, etc). O programa também é capaz de falar o nome de

algumas famílias: metais alcalinos, metais alcalinos terrosos, calcogênios, halogênios

ou gases nobres. O estado físico do elemento, a sua classificação em metal ou ametal,

representativo ou de transição, artificial ou natural, também estão habilitados no

programa. Para os elementos de transição interna o programa indica se é da série dos

lantanídeos ou dos actnídeos. Os principais elementos ainda descrevem algumas

aplicações cotidianas, tais como em materiais eletrônicos, alimentos, adubos,

remédios, ligas etc.

Uma vez que o desenvolvimento do programa se deu com a avaliação e

testagem de alunos com deficiência visual, possíveis adaptações foram identificadas

a fim de melhorar a interação com o usuário.

O programa foi desenvolvido para trazer várias informações a quem quer que

o use, independentemente de ter, ou não, alguma deficiência visual, o que a torna

inclusiva.

Figura 14 – Tela de Apresentação para a escolha do Elemento. Fonte: http://www.sbq.org.br/eneq/xvii/anais_xvii_eneq.pdf

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Figura 15 – Tela com as informações e propriedades do elemento. Fonte: http://www.sbq.org.br/eneq/xvii/anais_xvii_eneq.pdf

Figura 16 – Tela com as aplicações e contextualizações do elemento.

Fonte: http://www.sbq.org.br/eneq/xvii/anais_xvii_eneq.pdf

Mascarenhas et al. (2014) relatam a pesquisa, o desenvolvimento e a

construção de uma tabela periódica inclusiva. Essa tabela tem sua base em madeira

e os elementos foram representados em quadrados, também de madeira, onde

algumas características e classificações foram representadas pelo uso de diferentes

cores em cada quadrado e para identificação pelos DVs também foram usados

materiais com diferentes texturas (não especificados no artigo) que foram

posicionados no canto superior esquerdo desses elementos. Informações como

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símbolo, nome do elemento e número atômico dos elementos foram escritos nos

respectivos quadrados, porém somente os símbolos dos elementos e seus

respectivos números atômicos foram transcritos para o Braille, sendo que essa

transcrição foi feita com o uso de miçangas adesivas (Figura 17 e 18).

O material, até a publicação do artigo, ainda não havia sido testado. Os

autores relatam a intenção de testá-lo inicialmente apenas com alunos com DV e

posteriormente em uma turma regular, a fim de avaliar se o processo de inclusão se

dará de forma satisfatória.

Figura 17 – Celas em madeira dos elementos da Tabela Periódica. Fonte: <http://www.sbq.org.br/eneq/xvii/anais_xvii_eneq.pdf>

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Figura 18 – Tabela Periódica montada. Fonte: <http://www.sbq.org.br/eneq/xvii/anais_xvii_eneq.pdf>

Lázara, Silva e Perini (2014) criaram uma Tabela Periódica em uma base de

papelão (uma estrutura dobrável de pára-sol de painel de automóveis onde os metais

alcalinos, alcalinos-terrosos, de transição, lantanídios, actinídeos, ametais e gases

nobres foram diferenciados e identificados através do uso de materiais alternativos

com superfícies e texturas diferentes como botões de roupa, barbante, miçangas,

papel camurça, pedra para aquário, macarrão e lixa (Figura 19a e 19b).

Objetivando a inclusão de todos os alunos, além dos materiais texturizados

usados, foi feita a pintura dos grupos com tinta do tipo spray, pois o contraste auxilia

melhor na visualização e compreensão dos itens. As celas da tabela trazem como

informações o símbolo de cada elemento, com as respectivas massas atômicas e

números atômico, todos em Braille. Na parte inferior da tabela foi feita a legenda com

as cores e seus respectivos materiais texturizados.

A tabela foi testada com dois alunos cegos participantes do projeto.

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Figura 19a e 19b – Etapas de confecção da Tabela Periódica. Fonte: http://www.sbq.org.br/eneq/xvii/anais_xvii_eneq.pdf

Oliveira et al (2016) desenvolveram duas tabelas periódicas adaptadas,

ambas com base em cartolina revestida em papel 40kg (gramatura de 120g/m2) e

velcro para fixação das celas com os elementos, o que tornou a tabela mais versátil

quanto a utilização.

Na tabela periódica 1, os elementos foram identificados a partir da

utilização de EVA colorido. Os metais representativos, os de transição, os lantanídeos

e os actinídeos foram identificados com a cor branca e de textura lisa, o hidrogênio foi

identificado pelo uso de textura diferente dos metais, os semimetais com a cor

vermelha, os ametais com camurça, e não EVA, na cor verde e os gases nobres com

EVA azul, texturizado com gliter (Figura 20a, 20b e 20c).

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Figura 20a – Legenda da Tabela Periódica em Braille. Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1740-2.pdf

Figura 20b – Elementos representados com diferentes texturas, cores e em Braille. Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1740-2.pdf

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Figura 20c – Tabela Periódica, dividida em Metais, Semi-metais e Ametais. Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1740-2.pdf

A segunda tabela periódica construída foi desenvolvida para referendar as

características físicas dos elementos (Figura 21a).

Usando a mesma base desenvolvida para a primeira tabela os elementos

artificiais foram identificados com o EVA na cor branca e sem textura, os elementos

que naturalmente se encontram no estado sólido foram identificados com o uso de

papel micro ondulado na cor amarela, os elementos que são encontrados no estado

líquido foram identificados com papel laminado azul e os elementos encontrados na

natureza no estado gasoso foram identificados com papel crepom laranja (Figura 21b

e 21c).

Nas duas tabelas confeccionadas todos os elementos tiveram seus dados

transcritos e representados em Braille. As duas versões de tabela foram testadas e

avaliadas por cinco alunos cegos, do 8º e 9º ano, da Escola de Cegos do Maranhão

(ESCEMA).

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Figura 21a – Legenda da Tabela Periódica. Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1740-2.pdf

Figura 21b – Elementos representados com diferentes texturas, cores e em Braille. Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1740-2.pdf

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Figura 21c – Tabela Periódica, dividida de acordo com os Estados Físicos e Artificialidade. Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1740-2.pdf

Sousa et al. (2016) confeccionaram uma tabela periódica em três etapas, a

saber: o desenho da tabela, a escrita em Braille das informações contidas e o

desenvolvimento de forma inclusiva da tabela periódica.

Foram utilizados materiais de baixo custo e acessíveis como cartolina, régua,

pincel, giz, cola de alto-relevo, palitos de dente, tinta guache e isopor.

Inicialmente foi feito o desenho da tabela periódica em uma folha de cartolina,

em seguida com o uso do pincel foi feito o nome de cada elemento em seu devido

lugar. Após a marcação de cada elemento foi inserida a grafia em Braille. Para

delimitar cada espaço relativo ao elemento foram usados os palitos de dentes e a cola.

Em seguida, fixou-se essa cartolina em uma placa de isopor a fim de dar maior suporte

(Figura 22).

Foi feita uma legenda representativa com as informações do elemento como

número atômico, massa atômica, símbolo e o nome.

Como o material buscava a inclusão de todos os alunos ela foi feita com a

escrita usual e a escrita Braille.

Segundo os autores, a tabela periódica confeccionada foi testada com os

alunos com e sem DV da Escola Estadual Amâncio de Moraes no Tocantins.

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Figura 22 – Tabela Periódica montada. Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1250-1.pdf

Sá, Pereira e Souza (2016) elaboraram uma Tabela Periódica confeccionada

sobre uma base de madeira, para dar rigidez, e os elementos foram representados

por cubos de isopor, de 3 cm de aresta, e fixados nessa base (Figura 23a).

Classificações como famílias, elementos representativos e elementos de transição,

foram identificados por diferentes cores e com o uso de miçangas com diversas

texturas (Figura 23b). As legendas para os nomes de cada família foram feitas em

Braille e as classificações foram a partir de retângulos maiores (5 cm x 12 cm) que

continham as diferentes miçangas e as referidas cores (Figura 23b e 23c). O material

é de simples confecção. Não há descrição de aplicações desse material seja em sala

de aula, seja de forma exclusiva com um aluno cego.

Figura 23a – Cubos de isopor fixados no formato da Tabela Periódica. Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1250-1.pdf

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Figura 23b – Tipos de Miçangas utilizadas para identificação dos elementos da Tabela Periódica.

Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1250-1.pdf

Figura 23c – Tabela Periódica montada.

Fonte: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1250-1.pdf

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b. MATERIAIS DIDÁTICOS ELABORADOS NO COLÉGIO PEDRO II

Em fevereiro de 2018, recebemos no campus de Niterói, do CPII, o primeiro

aluno cego na história do campus, Yan Christian David da Silva. Oriundo do IBC

(Instituto Benjamin Constant), onde fez todo o ensino fundamental e estimulação

precoce10, o aluno veio cursar o Ensino Médio no CPII por meio de um convênio entre

as duas instituições, que busca dar continuidade aos estudos dos alunos atendidos

no IBC. No Fundamental, Yan estudou os primeiros conteúdos de Química no 8º ano,

em 2016, nas aulas da disciplina de Ciências.

Para atender ao aluno no CPII, a equipe pedagógica organizou uma grade de

horários de aulas regulares e complementares em todas as disciplinas. Em Química,

o aluno cursou 4 tempos semanais com a sua turma regular e 2 tempos semanais

complementares no NAPNE. Foi decidido em reunião entre a equipe de Química e a

equipe do NAPNE que o conteúdo deveria ser trabalhado desde os tópicos iniciais e

que as avaliações deveriam ser desenvolvidas pelo professor que acompanha o aluno

nas aulas complementares do NAPNE. Conforme o atendimento foi sendo feito,

diagnosticou-se que era necessário elaborar materiais adaptados que objetivassem

um processo de inclusão mais eficaz do aluno nas aulas regulares. Esses materiais

foram elaborados pelo autor desta dissertação, que o acompanha no NAPNE e

testado pelo aluno nas aulas complementares.

Inicialmente, foram elaborados materiais com o conteúdo disciplinar

fundamental para o aprendizado de Química: definições de: matéria, substância

simples, substância composta, estados físicos da matéria, substância pura e misturas

homogênea e heterogênea (Anexo 4). Esse material foi disponibilizado para o aluno

através do aparelho linha Braille11 modelo Edge 40 (Figura 24). A linha braille permite

que seja feita a leitura ou a edição de qualquer arquivo de texto seja no formato txt,

seja no formato doc/docx. A linha Braille Edge 40 contem 40 celas Braille, que elevam

10 É um processo pedagógico que visa promover o desenvolvimento psicomotor, sensorial, afetivo e social da criança cujo diagnóstico seja dado já nos primeiros anos de vida.

11 A linha Braille é um dispositivo eletromecânico para a exibição de caracteres em Braille, geralmente por meio de pinos arredondados em orifícios em uma superfície plana. Possui um teclado padrão Perkins, silencioso, contendo 4 teclas para navegação e 8 teclas de função que permitem escrever e editar documentos em Braille com a funcionalidade intuitiva de um teclado de computador.

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os respectivos pontos para a formação de cada letra de acordo com o alfabeto Braille

a partir da leitura do arquivo. Com o aparelho o aluno consegue fazer, caso

necessário, edições no arquivo e configurar o sistema para usar o Braille de 8 pontos

(usado atualmente para sistemas de informática), ao invés do de 6 pontos,

desenvolvido por Louis Braille.

Ressaltamos que, para a leitura da linha braille é necessário o conhecimento

da linguagem desenvolvida por Louis Braille, há quem considere a linha braille não

inclusiva.

Figura 24 - Aluno utilizando a linha Braille para leitura do material teórico. Fonte: Arquivo pessoal.

i. Conceitos Iniciais da Química – Substâncias e Misturas

Além do uso da linha Braille, foram confeccionados modelos para representar

os conceitos trabalhados. Foram desenvolvidos materiais para o estudo das

substâncias simples, compostas e misturas homogêneas e heterogêneas. As

substâncias simples foram representadas com esferas de mesmo tamanho e as

substâncias compostas foram representadas com esferas de isopor de diferentes

tamanhos. Nos dois casos as esferas de isopor foram coladas com cola própria para

isopor e fragmentos de palitos de madeira.

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Já os modelos de misturas foram confeccionados com copos de acrílico

transparente, para que possam ser usados também por videntes, e as diferentes fases

das misturas foram representadas com o uso de EVA e miçangas adesivas. No copo

que representa a mistura homogênea foi usado apenas EVA para representar a

existência de uma única fase. Já na mistura heterogênea, as fases foram identificadas

usando-se além do EVA, duas camadas de miçangas com diferentes texturas na

superfície (Figura 25).

Tanto os modelos atômicos, quanto os modelos de misturas foram inspirados

nos materiais vistos na oficina Formando Professores de Química para Inclusão –

Produção de Materiais Didáticos e Atividades para alunos com Deficiência Visual

(2016) que ocorreu no Fórum sobre Inclusão em Museus de Ciência e Tecnologia12.

Nessa oficina foram vistos modelos atômicos, feitos com esferas de isopor,

pintadas e únicas com velcro. No nosso modelo foi usado cola para isopor e palitos

de madeira para unir uma esfera a outra. As esferas usadas apresentavam 5 cm de

raio, a maior, e 2 cm as menores.

Os modelos de misturas, na oficina, foram confeccionados em copos pretos e

com adesivos e EVA para indicar as diferentes fases. No nosso modelo foram

utilizados copos transparentes (com 6 cm de diâmetro e 15,5 cm de altura) o que

permite ser mais inclusivo pois alunos videntes poderiam trabalhar também com esse

material. Foram usadas miçangas, ao invés de adesivos simples objetivando uma

melhor percepção de textura.

12 Oficina: formando professores de química para inclusão – produção de materiais didáticos e

atividades para alunos com deficiência visual. Fórum sobre Inclusão em Museus de Ciência e Tecnologia. Museu Nacional, Rio de Janeiro/RJ– UFRJ, 2016.

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Figura 25 – Modelos de substâncias simples e compostas e de misturas homogêneas e heterogêneas.

Fonte: Arquivo pessoal.

O aluno identificou as diferentes fases das misturas representadas, porém

demonstrou dificuldade em construir mentalmente exemplos de sistemas trifásicos.

Em contrapartida, os modelos de substâncias simples e compostas foram facilmente

interpretados vista a grande diferença de tamanho entre as esferas de isopor usadas.

ii. Mudanças de Estado Físico - Gráficos

As misturas homogêneas e as substâncias puras poderiam ser confundidas

com o modelo usado e para que o aluno conseguisse diferenciá-los foram

confeccionados dois gráficos usando o tabuleiro Multiplano®. O tabuleiro Multiplano é

um tabuleiro com dimensões de 28 cm x 32 cm x 7 mm, que possui 122 peças que

permitem a montagem de diversos gráficos. Com o Multiplano foram montados os

gráficos para representar as mudanças de estado físico de substâncias puras e de

mistura homogênea, seja em termos de aquecimentos, seja de resfriamento. As peças

disponíveis no Multiplano® permitiram mostrar ao aluno as mudanças de estado físico

da matéria, pois os pinos usados para determinar quando começavam e terminavam

um segmento no gráfico tinham cabeças achatadas ou arredondadas e dessa forma

o aluno pode perceber, ao seguir o caminho do gráfico, que ocorreria a mudança

referente ao estado físico (Figura 26).

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Figura 26 – Gráfico de Mudança de Estado Físico elaborado no Multiplano®.

Fonte: Arquivo pessoal.

Além do Multiplano foram utilizados gráficos confeccionados a partir do uso

de materiais como papelão, contact branco, palitos de plástico para pirulitos e palitos

de madeira para sorvete.

O papelão foi recortado nas medidas 32 cm x 32 cm, os palitos de sorvete e

os palitos de pirulito foram cortados de modo a terem 5 cm de comprimento. O contact

branco foi colado no papelão para que houvesse uma superfície mais lisa para gerar

um maior contraste com os palitos de pirulito e de sorvete que são coloridos e para

que em uma sala com alunos com baixa visão ou alunos videntes o material pudesse

ser usado.

O palito de plástico usado é da cor verde e foram utilizados para determinar

as etapas de aquecimento e mudanças de estado. Já os palitos de madeira foram

pintados de preto e utilizados como abscissa (tempo) e ordenada (temperatura). Cabe

ressaltar que os palitos foram colados com certos espaços entre cada um para que o

aluno possa determinar com maior precisão os limites de cada etapa e sua relação

com as coordenadas (Figura 27). Todas as legendas foram transcritas para o Braille.

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Figura 27 – Gráfico de aquecimento com mudanças de estados físicos. Fonte: Arquivo pessoal.

iii. Atomística – Modelos Atômicos

Para desenvolver o conteúdo relativo à atomística, primeiramente foi feita uma

pesquisa e debate com a equipe pedagógica sobre como trabalhar a evolução dos

modelos atômicos, bem como sobre de que forma representar os modelos iniciais de

Dalton e Thompson. Após a reflexão, decidiu-se por utilizar esferas de isopor com 5

cm de diâmetro. Para representar o modelo atômico de Dalton foi usada uma esfera

de isopor que foi pintada a fim de tentar tornar a sua superfície a mais lisa possível.

Em uma outra esfera de isopor, de mesmo tamanho que a anterior, foram espetados

e colados vários alfinetes de cabeça redonda, buscando-se mantê-los equidistantes,

a fim de que eles pudessem representar os elétrons no modelo de Thompson (Figura

28).

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Figura 28 – Representações dos modelos atômicos de Dalton e Thompson. Fonte: Arquivo pessoal.

A representação do modelo de Rutherford-Bohr foi bem mais complexa e

desafiadora para ser concretizada, principalmente porque demandou mais tempo de

pesquisa e de busca por materiais adequados13.

Os modelos de Rutheford-Bohr foram confeccionados em impressão 3D e

apresentam o núcleo atômico com duas faces, sendo uma com o símbolo e o número

atômico do respectivo elemento escrito em Braille para os alunos cegos e na outra

escrito para os alunos videntes (Figura 29). O modelo apresenta as camadas

eletrônicas todas articuladas entre sim e os respectivos elétrons são mostrados em

alto-relevo (Figura 30).

13 Após conversas com o Professor Doutor Ricardo Cunha Michel da UFRJ e com engenheiro Thiago Nunes Palhares, que trabalham com a confecção de peças em impressoras 3D, pudemos confeccionar alguns modelos atômicos Rutherford-Bohr. Para essa impressão foram usados os arquivos compartilhados no site thingiverse.com.

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Figura 29 – Modelos atômicos de Rutherford-Bohr, feitos em impressora 3D, do elemento urânio. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 30 – Modelos atômicos de Rutherford-Bohr, feitos em impressora 3D, dos elementos cloro, sódio, ferro e urânio.

Fonte: Arquivo pessoal.

A impressão foi feita usando filamentos de poliácido láctico (PLA). Os modelos

referentes aos elementos sódio e ferro, por serem metais, foram confeccionados em

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preto e o cloro, por ser um ametal, foi confeccionado em branco. O quarto modelo,

representando o urânio, foi feito em verde fazendo-se analogia ao fato de ser um

elemento radioativo.

Os modelos apresentam diferentes tamanhos, p. ex., os modelos do sódio e

do cloro, por apresentarem três camadas, ficaram com 7,6 cm de diâmetro, o modelo

do ferro, por apresentar quatro camadas, ficou com 9 cm de diâmetro e, por fim, o

modelo do urânio, que apresenta sete camadas, apresentou 13,1 cm de diâmetro.

Infelizmente as dimensões dos modelos estão diretamente ligadas ao número de

camadas eletrônicas de cada elemento o que dificulta o seu uso para o estudo das

propriedades periódicas.

Durante o uso pedagógico com o material, o aluno relatou dificuldades de

manuseio e identificação quanto ao modelo do urânio, devido ao tamanho, porém ao

manuseá-lo no plano da mesa, a identificação das camadas eletrônicas e dos

respectivos elétrons foi facilitada (Figura 31). No manuseio dos modelos dos demais

elementos, não foi demonstrada ou relatada nenhuma dificuldade na interpretação.

Figura 31 – Modelo Atômico do Urânio.

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Fonte: Arquivo pessoal.

iv. Atomística – Isotopia

A temática isotopia gerou uma reflexão muito grande quanto à elaboração do

tipo de material que poderíamos confeccionar. O principal questionamento era “que

material que pode ser versátil a ponto de ser usado para resolução dos diferentes

tipos de problemas relacionados aos conceitos de isotopia?”. Questões de livros

didáticos e vestibulares que envolvem o tema estabelecem diferentes relações entre

os átomos, seja de isotopia, isotonia, isobaria e isoeletronicidade, e essa relações

também podem ser estabelecidas mediante o uso de incógnitas. Diante essa reflexão

decidiu-se usar um quadro metálico e ímãs de modo que pudéssemos estabelecer as

diferentes relações entre as espécies atômicas.

Foram confeccionados diferentes tipos de ímãs. Os ímãs com números foram

feitos nas medidas de 2,7 cm x 3,2 cm, com os números de 0 a 9, sendo 10 unidades

de cada um, esses representariam os dados referentes aos números de massa,

atômico, de nêutrons e as cargas dos íons. Os ímãs utilizados para representar os

átomos foram feitos nas dimensões máximas de 13,9 cm x 13 cm, com as letras M, A

e J, três unidades de cada. Para se representar os íons, foram feitos ímãs com os

sinais positivo, negativo, maior que, igual e a letra X nas dimensões 3,5 cm x 3,5 cm,

três unidades de cada. Foram feitos também ímãs com os termos isótopo, isóbaro e

isótono, nas dimensões 20 cm x 3 cm.

Todos os ímãs foram confeccionados nas cores amarelo e preto, visto que a

partir dos relatos em atividades anteriores com alunos com baixa visão, o contraste

estabelecido pelas letras em amarelo utilizando um fundo preto é mais fácil de

enxergar. Todo o material recebeu a respectiva legenda em Braille (Figura 32).

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Figura 32 – Ímãs recebendo a legenda em braille. Fonte: Arquivo pessoal.

Os ímãs foram armazenados em uma caixa plástica, com divisórias, para

organizar e facilitar o acesso pelo aluno (Figuras 33, 34 e 35). Assim ele pode

manuseá-los sem a necessidade de intervenção do professor.

Figura 33 – Aluno estabelecendo as relações de Isotopia a partir da leitura da linha braille. Fonte: Arquivo pessoal.

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Figura 34 – Aluno estabelecendo as relações de Isotopia a partir da leitura da linha braille. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 35 – Aluno resolvendo o exercício da linha braile usando os ímãs e o quadro metálico. Fonte: Arquivo pessoal.

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O quadro com os ímãs acabou funcionando como um “caderno”, visto que

também foi usado para a resolução de equações de 1º grau, quando os exercícios

propostos estabeleciam as relações entre as espécies químicas usando incógnitas.

Assim, o material mostrou-se útil também para o ensino de matemática.

v. Atomística – Distribuição Eletrônica

Existem diversos trabalhos realizados para o estudo da temática distribuição

eletrônica, alguns relatados aqui nesta dissertação, porém o que mais foi impactante

e relevante foi o trabalho de BUENO (2016). Ele construiu um diagrama de Linus

Pauling que usava os conceitos do ábaco, dispositivo que funciona como uma

calculadora para os cegos, para fazer a distribuição dos elétrons.

Nós desenvolvemos uma estrutura em madeira, que abriga cubos de isopor.

As placas de madeira (compensado) tem 2 cm de espessura e a estrutura feita de

forma que apresente a distribuição espacial referente ao Diagrama de Linus Pauling.

As medidas de cada compartimento do diagrama correspondem a 8 cm de altura, por

8 cm de largura, por 6 cm de profundidade. Cada cubo de isopor, que representa uma

subnível eletrônico, foi revestido com contact branco e foram aplicadas miçangas

adesivas que permitem a leitura do diagrama da forma correta (em diagonal). Cada

subnível teve a sua escrita feita de forma impressa, na fonte MV Boli, tamanho 75, por

sugestão dos alunos com baixa visão que testaram conosco vários estilos de fonte em

diferentes tamanhos, e recoberta com contact transparente para proteger, e em Braille

(Figura 36).

Para possibilitar o acesso pelos alunos com baixa-visão foram usadas cores

contrastantes, como o branco, o amarelo e o preto, para a pintura da estrutura (Figura

37). Para que seja feita a leitura e distribuição dos elétrons em cada subnível foi feito

um sistema, semelhante a um ábaco, usando fio de alumínio fixado em pregos (do

tipo bate-prego, com as cabeças protegidas) e miçangas esféricas na cor laranja

(Figura 36). As linhas horizontais do diagrama foram identificadas com as respectivas

referências dos níveis eletrônicos. Todas as camadas e subníveis foram identificados

com as respectivas legendas em Braille (Figura 37).

A interpretação do diagrama foi dificultada pelo tamanho da estrutura, mas

para orientação foi sugerido o uso das duas mãos, sendo a mão esquerda para se

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orientar quanto ao nível e a mão direita usada para leitura da diagonal, assim quando

as duas mãos se encontrassem seria possível saber que a diagonal acabou e que

uma nova deve ser lida. A próxima leitura seria feita mediante o novo posicionamento

da mão esquerda para um nível abaixo, enquanto a mão direita busca o início de uma

nova diagonal.

A partir do manuseio do diagrama pelo aluno foi possível perceber a

necessidade de alguns ajustes para melhorar sua utilização sem que houvesse a

necessidade da presença do professor. A primeira era a questão da identificação do

início de cada diagonal, que inicialmente não era percebido pelo aluno visto que em

todos os pregos as peças plásticas usadas para a proteção eram iguais. Assim foram

substituídas as peças plásticas do primeiro prego de cada diagonal por uma miçanga,

do mesmo tipo usado para quantificar os elétrons, e assim a identificação pelo aluno

ficou facilitada. A segunda mudança foi no posicionamento dos fios com as miçangas.

O aluno relatou que sendo a leitura do diagrama na diagonal era mais fácil a

distribuição dos elétrons caso eles estivessem na parte inferior de cada subnível, ao

invés de na parte superior, dessa forma as mãos não precisariam se mexer muito e

assim ele se perderia menos na hora da leitura.

Figura 36 – Representação do subnível no diagrama de Pauling. Fonte: Arquivo pessoal.

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Figura 37 – Estrutura do Diagrama de Pauling. Fonte: Arquivo pessoal.

vi. Tabela Periódica

O estudo da Tabela Periódica é um dos conteúdos mais fáceis de se trabalhar

em função da quantidade de ideias e sugestões de materiais que já estão publicados

e/ou apresentados em congressos/eventos voltados para o ensino de química. No

início, houve a ideia de se construir uma tabela periódica utilizando o mesmo quadro

metálico que foi usado no estudo dos conceitos de isotopia, porém não houve tempo

hábil para execução.

Diante disso, resolvemos fazer uso de um material recebido do Instituto

Benjamin Constant, que continha diversos tipos de materiais adaptados para o ensino

de Química, dentre eles uma Tabela Periódica. Esse material foi recebido já no

segundo semestre de 2018 e fazia parte do kit utilizado pelo aluno no ensino

fundamental, quando estudava na instituição.

A tabela periódica desenvolvida pelo IBC consiste em uma tabela periódica

comum, colorida, impressa em uma folha com dimensões de 57 cm x 34 cm, coberta

por uma outra folha de termoform em que todas as celas dos elementos da tabela

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periódica possuem bordas que estão em alto-relevo. Dependendo da classificação

dos elementos (metais, ametais, gases nobres e hidrogênio) essas bordas

apresentam diferentes texturas, permitindo ao aluno a sua identificação (Figuras 38 e

42). O hidrogênio é identificado por uma marcação em baixo-relevo no canto superior

direito. As famílias, períodos e as séries dos lantanídeos e actinídeos têm suas

legendas em Braille (Figura 41). Todos os elementos apresentam o respectivo símbolo

e número atômico em cada cela (Figuras 39 e 40).

Com o auxílio dessa tabela foi possível fazer o estudo com relação às

classificações dos elementos, a divisão da tabela em famílias e suas características e

o estudo das propriedades periódicas.

Figura 38 – Tabela Periódica Adaptada. Fonte: Arquivo pessoal.

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Figura 39 – Tabela Periódica, classificações e legendas em Braille. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 40 – Tabela Periódica, classificações e legendas em Braille. Fonte: Arquivo pessoal.

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Figura 41 – Tabela Periódica, legendas em Braille. Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 42 – Tabela Periódica, classificações. Fonte: Arquivo pessoal.

A Tabela Periódica produzida pelo IBC foi de suma importância para dar

continuidade ao trabalho com o aluno em sala de aula e, por isso, vale aqui ressaltar

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a relevância desta instituição pública especializada em atender alunos com deficiência

visual há 164 anos. Devemos destacar ainda a parceria entre as duas instituições

federais, Colégio Pedro II e Instituto Benjamin Constant, que se complementam no

processo de ensino-aprendizagem desses alunos, pois o IBC disponibiliza o ensino

fundamental e os alunos, por meio de convênio, cursam o Ensino Médio no Colégio

Pedro II.

Assim, foram analisadas 14 publicações, que totalizam 15 modelos de

materiais, publicados nas últimas edições do ENEQ e ENPEC e que juntamente com

os outros 8 materiais desenvolvidos, pelo autor desta dissertação, no CPII,

objetivaram contribuir para que o processo de inclusão daqueles que apresentam

deficiência visual seja facilitado e aprimorado. Vale ressaltar também, que, em

concordância com o referencial escolhido pelo autor deste trabalho, a maioria dos

trabalhos avaliados baseiam-se em Vygotsky.

Os modelos desenvolvidos foram confeccionados objetivando sempre a

inclusão assim, sempre que possível, foram feitos com cores para que os alunos

videntes possam estabelecer possíveis relações. Infelizmente pelo fato de não ser o

professor regular do aluno os modelos só puderam ser testados nas aulas

complementares do NAPNE e não por toda a turma.

O aluno, sempre após o manuseio relatava os aspectos positivos e o que

deveria ser melhorado no material. Todos os modelos, sempre que necessário, foram

ajustados e melhorados após o seu feedback.

A pesquisa se fundamentou nos eixos temáticos referentes à 1ª série do EM,

assim, nos eventos supracitados, observou-se uma predominância em trabalhos com

a Tabela Periódica. Foram 8 trabalhos com esse tema, 3 sobre estados físicos da

matéria e suas transformações, outros 2 sobre distribuição eletrônica e mais 2

trabalhos sobre modelos atômicos. Todos confeccionados com diversos tipos de

materiais, simples e de fácil acesso o que contribui para sua construção. Em sua

maioria os trabalhos, foram avaliados e testados por alunos cegos ou com baixa visão.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como vimos, os artigos aqui reunidos e os materiais confeccionados a partir

de nossa experiência no Colégio Pedro II configuram uma coletânea de materiais

adaptados para alunos com DV de rápido acesso para docentes que lecionam na 1ª

série do Ensino Médio, além de oferecer ideias diversas sobre como adaptar materiais

didáticos a partir dos modelos feitos.

A análise dos 14 artigos selecionados com temáticas relacionadas à 1ª série

do Ensino Médio voltadas para a inclusão aponta para um assunto que merece uma

reflexão: a maioria dos artigos (8 no total) tematizou a Tabela Periódica. Fato que nos

leva a refletir sobre a importância dada para este conteúdo de ensino, principalmente

porque a tabela periódica traz consigo uma gama de informações e conhecimentos,

mas também nos traz uma autocrítica, na medida em que o Ensino de Química na 1ª

série do Ensino Médio é muito mais do que o ensino de tabela periódica.

Vale destacar que a Química é uma ciência que visa explicar, com modelos,

o universo na escala atômica e seus fenômenos. Assim, quando se pensa em construir

conhecimentos e conceitos tão abstratos com um aluno com DV torna-se necessária

a adaptação desses modelos clássicos, principalmente porque essas adaptações não

só permitem acesso do aluno com DV aos conceitos relacionados à Química, mas

também permitem que os demais colegas de turma tenham também uma maior

compreensão dos conteúdos, uma vez que tornariam mais macro os modelos de

escala micro trabalhados. Isso significa que todos ganham com as adaptações, seja

aluno com DV ou não.

Nessa perspectiva, os materiais adaptados podem contribuir também na

socialização da pessoa com DV, já que permitirão demonstrar aos colegas e, porque

não aos professores, que a falta da visão, seja total ou parcial, não impede ninguém

de compreender os conteúdos propostos. A questão está na adaptação, isto é, na

acessibilidade.

Há muito ainda por fazer nessa área e, por isso, o presente trabalho não visa

ser um trabalho fechado e sim um guia, um referencial para aqueles que buscam

ideias e sugestões para a elaboração de materiais adaptados, além de trazer alguns

exemplos e inspirações. Como observado nas análises dos artigos e consciente das

diferentes disponibilidades de recursos em um país de dimensões continentais como

o Brasil, não podemos esperar que toda adaptação seja feita de forma mais requintada

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e com os melhores materiais existentes, mas, sim, que sejam feitos com os melhores

materiais disponíveis e com todo o desejo de que nossos alunos possam interagir e

compreender com os modelos propostos.

Dessa forma, fica como sugestão para próximos trabalhos/pesquisas a

expansão do repertório de materiais adaptados para as séries seguintes do E.M.,

principalmente os que abordam os conteúdos relacionados à Química Orgânica e à

Físico-Química. Essa última, por sua vez, pode ser trabalhada também com

adaptações de experiências de laboratório em função do aspecto fenomenológico

mais macro.

Por fim, acreditamos que a mola mestra da educação na perspectiva inclusiva

é a acessibilidade, pois somente com a produção de materiais adaptados para alunos

com DV ou outra necessidade específica tais estudantes podem ter acesso aos

conteúdos escolares com qualidade, garantindo uma inclusão escolar e social

efetivas.

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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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portadores de necessidades especiais: uma proposta de material didático. In:

XVIII Encontro Nacional de Ensino de Química, Florianópolis/SC, 2016. Disponível

em: http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R0724-1.pdf. Acesso em: 01 maio

2018.

AZEVEDO, D. Revisão de literatura, referencial teórico, fundamentação teórica

e framework conceitual em pesquisa – diferenças e propósitos. Working paper,

2016. Disponível em:

http://www.academia.edu/download/48523927/Revisao_de_Literatura_02set.pdf.

Acesso em: 27 dezembro 2018.

BASSO, S. P. S. e CAMPOS, L. M. L. A. Educação Inclusiva nos anais do

ENPEC: 1997 – 2011. IX Encontro Nacional em Pesquisa em Educação em Ciência,

Águas de Lindóia/SP,2013. Disponível em:

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BASTOS, A. R. B.; ABREU, A. M.; PORTO, C. B.; OLIVEIRA, D. K.; PERES, D. C.;

MACHADO, E. F.; FERREIRA, N. P.; TEIXEIRA, R.; DANTAS, L. M.; VINHOLES, M.

V. D.; BICCA, N. R.; FERREIRA,M.M. e JESUS, C. H. P. Recursos Acessíveis ao

Ensino de Química: Diagrama Tátil de Linus Pauling e Tabela Periódica. XVIII

Encontro Nacional do Ensino de Química, Florianopolis/SC, 2016. Disponível em:

http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/R1864-2.pdf. Acesso em: 01 maio 2018.

BENITE, C. R. M.; BENITE, A. M. C.; FIELD’S, A. P.; MORAIS, W. C. S. e

CAVALCANTE, K. L. Análise de uma Intervenção Pedagógica sobre o Conceito

de Soluções no Contexto da Deficiência Visual. IX Encontro Nacional em

Pesquisa em Educação em Ciência, Águas de Lindóia/SP,2013. Disponível em:

http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/ixenpec/atas/resumos/R1096-1.pdf.

Acesso em: 01 maio 2018.

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10. ANEXOS

10.1. Anexo 1 - Currículo Mínimo do Estado do Rio de Janeiro

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10.2. Anexo 2 - Autorização de imagem do aluno Yan Christian David da Silva

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10.3. Anexo 3 – Autorização de pesquisa

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10.4. Anexo 4 – Material linha braille

Tema: Conceitos Básicos em Química

Matéria: tudo aquilo que ocupa lugar no espaço e tem massa. Ex: “Tudo”.

Substância Simples: aquela formada por um único tipo de átomo. Ex: O2.

Substância Composta: aquela formada por 2 ou mais tipos de átomos. Ex:

H2O.

Substância Pura: aquela formada por um único componente/substância. Ex:

Água para bateria (Destilada).

Mistura Homogênea: aquela formada por 2 ou mais componentes, porém

apresentando uma fase (identifica-se apenas um componente visualmente). Ex: Água

Mineral.

Mistura Heterogênea: aquela formada por 2 ou mais componentes e

apresentando duas ou mais fases (identifica-se dois ou mais componentes

visualmente). Ex: Mistura de água e óleo.

Estados Físicos da Matéria:

Sólido: átomos ou moléculas muito próximos; forma e volume definidos. Ex:

Gelo.

Líquido: átomos ou moléculas mais afastados; forma indefinida e volume

definido. Ex: Água Mineral.

Gasoso: átomos ou moléculas mais afastados ainda; forma e volume

indefinidos. Ex: Vapor d’água.

Mudanças de Estado Físico da Matéria:

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Aquecimento:

Fusão: mudança do estado sólido para o estado líquido.

Ebulição (ou Evaporação): mudança do estado líquido para o estado gasoso.

Sublimação: mudança do estado sólido para o estado gasoso.

Resfriamento:

Liquefação (ou Condensação): mudança do estado gasoso para o estado

líquido.

Solidificação: mudança do estado líquido para o estado sólido.

(Re)sublimação: mudança do estado gasoso para o estado sólido.

Gráficos de Mudança de Estado Físico (tempo x Temperatura): apresentam 5

estágios; em caso de aquecimento o gráfico é crescente, já em caso de resfriamento

o gráfico é decrescente.

1. Substância Pura: a Fusão ou Solidificação e a Ebulição ou Liquefação

acontecem em Temperatura constante.

2. Mistura (Homogênea): a Fusão ou Solidificação e a Ebulição ou

Liquefação acontecem em Temperaturas variáveis.

Tema: Modelos Atômicos

DALTON

A estrutura da matéria é estudada desde o século V a.C., quando surgiu a

primeira ideia sobre sua constituição. Os filósofos Leucipo e Demócrito afirmavam que

a matéria não poderia ser dividida infinitamente, chegando a uma unidade indivisível

denominada átomo. Essas especulações foram substituídas por modelos baseados

em estudos experimentais após milhares de anos.

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Baseado nas leis ponderais de Lavoisier e Proust, o cientista John Dalton, por

volta do ano de 1808, elaborou sua teoria sobre a matéria, conhecida como teoria

atômica de Dalton. As principais conclusões do modelo atômico de Dalton foram:

− A matéria é formada por partículas extremamente pequenas chamadas

átomos;

− Os átomos são esferas maciças e indivisíveis;

− Os átomos com as mesmas propriedades, constituem um elemento

químico;

− Elementos diferentes são constituídos por átomos com propriedades

diferentes;

− As reações químicas são rearranjos, união e separação, de átomos.

THOMSON

Baseado em experiências com cargas elétricas, o cientista inglês Joseph John

Thomson, no final do século XIX, concluiu que o átomo não era uma esfera indivisível,

como sugeriu Dalton. A experiência que levou a elaboração desse modelo, consistiu

na emissão de raios catódicos, onde as partículas negativas eram atraídas pelo polo

positivo de um campo elétrico externo. Essas partículas negativas foram chamadas

de elétrons, e para explicar a neutralidade da matéria, Thomson propôs que o átomo

fosse uma esfera de carga elétrica positiva, onde os elétrons estariam uniformemente

distribuídos, configurando um equilíbrio elétrico.

RUTHERFORD

No início do século XX, o cientista Ernest Rutherford, utilizando a

radioatividade, descobriu que o átomo não era uma esfera maciça, como sugeria a

teoria atômica de Dalton. Surgia assim um novo modelo atômico.

Rutherford bombardeou uma lâmina de ouro com 10 â-5 cm de espessura,

envolvida por uma tela de sulfeto de zinco, com partículas α (lê-se: alfa) provenientes

do elemento polônio protegido por um bloco de chumbo perfurado. Essa experiência

revelou que a grande maioria das partículas atravessou a lâmina de ouro, enquanto

outras partículas passavam e sofriam pequenos desvios, e uma quantidade muito

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pequena não atravessava a lâmina. O percurso seguido pelas partículas α foi

detectado devido à luminosidade refletida na tela de sulfeto de zinco.

Comparando o número de partículas emitidas com o de desviadas, Rutherford

deduziu que a massa da lâmina de ouro estaria localizada em pequenos pontos,

denominados núcleos, e que o raio do átomo deveria ser 10.000 a 100.000 vezes

maior que o raio do núcleo, sendo o átomo formado por espaços vazios. A maioria

das partículas atravessou a lâmina por meio desses espaços. A explicação para as

partículas α que sofreram desvios foi dada pelo fato do núcleo positivo da lâmina de

ouro repelir as partículas alfa também positivas. As partículas que não atravessaram

teriam colidido frontalmente com esses núcleos, sendo rebatidas.

O modelo atômico de Rutherford concluiu que o átomo era composto por um

pequeno núcleo com carga positiva neutralizada por uma região negativa,

denominada eletrosfera, onde os elétrons giravam ao redor do núcleo.

BOHR

De acordo com Rutherford, em um átomo, os elétrons se deslocavam em

órbita circular ao redor do núcleo. Porém, esse modelo contrariava a física clássica,

que segundo suas teorias, o átomo não poderia existir dessa forma, uma vez que os

elétrons perderiam energia e acabariam por cair no núcleo. Como isso não ocorria,

pelo átomo ser uma estrutura estável, o cientista dinamarquês Niels Bohr aperfeiçoou

o modelo proposto por Rutherford, formulando sua teoria sobre distribuição e

movimento dos elétrons. Baseado na teoria quântica proposta por Plank, Bohr

elaborou os seguintes postulados:

1- Os elétrons descrevem ao redor do núcleo órbitas circulares, chamadas de

camadas eletrônicas, com energia constante e determinada. Cada órbita permitida

para os elétrons possui energia diferente.

2- Os elétrons ao se movimentarem numa camada não absorvem nem emitem

energia espontaneamente.

3- Ao receber energia, o elétron pode saltar para outra órbita, mais energética.

Dessa forma, o átomo fica instável, pois o elétron tende a voltar à sua orbita original.

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Quando o átomo volta à sua órbita original, ele devolve a energia que foi recebida em

forma de luz ou calor.

O modelo Rutherford-Bohr apresenta alguns problemas, como por exemplo,

ele não explica por que o elétron apresenta energia constante, não explica as reações

químicas, descreve órbitas circulares ou elípticas, quando na verdade os elétrons não

descrevem essa trajetória, dentre outras restrições. Ao longo dos anos, foram

realizados muitos estudos em relação à estrutura do átomo levando a criação de

outros modelos, porém o modelo Rutherford-Bohr ainda é o mais difundido.

Tema: Modelo Atômico de Bohr

O Modelo Atômico de Bohr apresenta o aspecto

de órbitas onde existem elétrons e, no seu centro, um pequeno núcleo.

O físico dinamarquês Niels Henry David Bohr (1885-1962) deu continuidade

ao trabalho desenvolvido com Rutherford. Ele preencheu a lacuna que existia na teoria

atômica proposta por Rutherford.

Por esse motivo, o átomo de Bohr pode também ser chamado

de Modelo Atômico de Rutherford – Bohr.

Niels havia conhecido Rutherford no laboratório da Universidade de

Cambridge e foi levado por ele à Universidade de Manchester onde passaram a

trabalhar em conjunto.

Bohr conseguiu explicar como se comportava o átomo de hidrogênio, o que

não era possível mediante a teoria atômica de Rutherford.

Mas, embora tenha aperfeiçoado o modelo atômico de Rutherford, o modelo

de Bohr ainda não é perfeito, uma vez que continuam havendo lacunas por explicar.

Em 1913 Bohr promoveu experimentos que mostravam essas falhas e

propunha um novo modelo.

Se o modelo proposto de Rutherford estivesse correto, ao serem acelerados,

os elétrons emitiriam ondas eletromagnéticas. Na sequência, essas partículas

perderiam energia e consequentemente colidiriam com o núcleo atômico.

O que acontece, na verdade, é que o elétron emite energia. Quanto maior a

sua energia, mais afastado ele fica do núcleo do átomo.

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Postulados de Bohr

Mediante o trabalho que desenvolveu, Bohr obteve quatro princípios:

1. Quantização da energia atômica (cada elétron apresenta uma

quantidade específica de energia).

2. Os elétrons têm cada um uma órbita, as quais são chamadas de

“estados estacionários”. Ao emitir energia, o elétron salta para uma órbita mais

distante do núcleo.

3. Quando consome energia, o nível de energia do elétron aumenta. Por

outro lado, ela diminui quando o elétron produz energia.

4. Os níveis de energia, ou camadas eletrônicas, têm um número

determinado e são designados pelas letras: K, L, M, N, O, P, Q.

O modelo de Bohr estava ligado à Mecânica Quântica.

Tema: Estrutura Atômica

A estrutura atômica é composta por três partículas fundamentais: prótons

(com carga positiva), nêutrons (partículas neutras) e elétrons (com carga negativa).

Toda matéria é formada de átomo sendo que cada elemento químico possui

átomos diferentes.

No núcleo de um átomo estão os prótons e os nêutrons e, girando em torno

desse núcleo, estão os elétrons.

Cada núcleo de um determinado elemento químico tem o mesmo número de

prótons.

Esse número define o número atômico de um elemento e determina sua

posição na tabela periódica.

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O próton é uma partícula fundamental na estrutura atômica. Juntamente com

os nêutrons, forma todos os núcleos atômicos, exceto para o hidrogênio, onde o

núcleo é formado de um único próton.

A massa de um átomo é a soma das massas dos prótons e nêutrons. Os

prótons e os nêutrons têm a mesma massa relativa que vale aproximadamente 1.

Como a massa do elétron é muito pequena (tem cerca de 1/1836 da massa do próton),

ela não é considerada.

A massa do átomo é representada pela letra (A). O que caracteriza um

elemento é o número de prótons do átomo, conhecido como número atômico do

elemento. É representado pela letra (Z). O número da massa (A) do átomo é formado

pela soma do número atômico (Z) com o número de nêutrons (N), ou seja, A = Z + N.

Os nêutrons são partículas neutras que fazem parte da estrutura atômica dos

átomos, juntamente com os prótons. Ele tem massa, mas não tem carga.

A massa é muito parecida com a do próton. O nêutron se localiza na porção

central do átomo (núcleo). Para se calcular a quantidade de nêutrons que um átomo

possui basta fazer a subtração entre o número de massa (A) e o número atômico (Z).

O elétron é uma partícula subatômica que circunda o núcleo atômico, sendo

responsável pela criação de campos magnéticos elétricos.

Um próton na presença de outro próton se repele, o mesmo ocorre com os

elétrons, mas entre um próton e um elétron existe uma força de atração. Dessa

maneira atribui-se ao próton e ao elétron uma propriedade física denominada carga

elétrica. Os elétrons dos átomos giram em órbitas específicas e de níveis (ou

camadas) energéticos bem definidos. Sempre que um elétron muda de órbita, um

pacote de energia seria emitido (quando o elétron se aproxima do núcleo) ou

absorvido (quando o elétron se afasta do núcleo).

Tema: Estrutura Atômica – Isotopia

Os isótopos, isóbaros e isótonos são classificações dos átomos dos

elementos químicos presenta na tabela periódica, de acordo com a quantidade de

prótons, elétrons e nêutrons presentes em cada um deles.

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Assim, os isótopos são elementos que apresentam mesmo número de

prótons, os isóbaros possuem mesmo número de massa, enquanto que os isótonos

possuem mesmo número de nêutrons.

Importante destacar que os prótons (p) possuem carga positiva,

os elétrons (e), carga negativa e os nêutrons (n), não apresentam carga

(neutralidade) e de acordo com a estrutura dos átomos, os prótons e os nêutrons estão

concentrados no núcleo, enquanto que os elétrons estão localizados na eletrosfera,

ou seja, em volta do núcleo.

Elemento Químico

Cada elemento químico da tabela periódica é representado pela letra que

indica o elemento, por exemplo o H (hidrogênio), onde na parte superior aponta-se o

número de massa (A), enquanto que o número atômico (Z) localiza-se na parte inferior

da letra, por exemplo: íZ H âA.

Número Atômico (Z)

O número atômico (Z) representa a quantidade de prótons ou elétrons

presentes em cada átomo. Assim, o número de prótons é igual ao número de elétrons

(p = e), já que o átomo corresponde a uma partícula eletricamente neutra, ou seja,

com o mesmo número de cargas opostas: prótons de carga positiva e elétrons de

carga negativa.

Número de Massa (A)

O número de massa (A) de cada átomo, corresponde a soma dos prótons e

dos nêutrons (A= p + n) presentes em cada elemento. Importante notar que o elétron,

na medida que possui uma massa insignificante, isto é, 1836 vezes menor em relação

aos prótons e nêutrons, não estão inclusos na soma das massas dos elementos

químicos. Por esse motivo, o número de massa não corresponde a massa efetiva ou

real do átomo.

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Isótopos

Os isótopos (isotopia) são átomos de um mesmo elemento químico os quais

apresentam o mesmo número atômico (Z) e diferentes números de massa (A).

Isóbaros

Os isóbaros (isobaria) são átomos de distintos elementos químicos os quais

apresentam o mesmo número de massa (A) e diferentes números atômicos (Z).

Isótonos

Os Isótonos (isotonia) são átomos de elementos químicos distintos os quais

apresentam diferentes números atômicos (Z), diferentes números de massa (A) e

o mesmo número de nêutrons.

Isoeletrônicos

Os isoeletrônicos são átomos, ou íons, que apresentam o mesmo número de

elétrons. Podem, ou não, ter o mesmo número de prótons, nêutrons e de massa.

Íons (Cátions e Ânions)

O íon é definido como um átomo eletrizado que ganhou ou perdeu elétrons;

assim, o cátion e o ânion são considerados íons.

Os cátions, normalmente formados por metais da tabela periódica,

apresentam carga positiva, na medida em que perdem um ou mais elétrons,

resultando, assim, num número de prótons superior em relação ao número de

elétrons.

Os ânions, por sua vez, possuem carga negativa, pois recebem um ou mais

elétrons, resultando num maior número de elétrons em relação ao número de prótons.

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Tema: Distribuição Eletrônica

A distribuição eletrônica ou configuração eletrônica a forma como os

elementos químicos são ordenados considerando o número de elétrons que eles

possuem e a sua proximidade do núcleo atômico.

Distribuição Eletrônica em Camadas

Após terem surgido vários modelos atômicos, o modelo de Bohr sugeriu a

organização da eletrosfera em órbitas.

Os elétrons se organizam e distribuem-se pelas camadas eletrônicas, estando

uns mais próximos do núcleo e outros mais distantes.

Então, surgiram as 7 camadas eletrônicas (K, L, M, N, O, P e Q), as quais são

representadas pelas linhas horizontais numeradas de 1 a 7 na tabela periódica.

Os elementos que constam nas mesmas linhas apresentam o mesmo número

máximo de elétrons e também os mesmos níveis de energia.

Com isso, é possível observar que os elétrons encontram-se em níveis e sub-

níveis de energia. Assim, cada um possui uma determinada quantidade de energia.

Nível de Energia Camada Eletrônica Número Máximo de Elétrons

1° K 2

2° L 8

3° M 18

4° N 32

5° O 32

6° P 18

7° Q 8

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A camada de valência é a última camada eletrônica, ou seja, a camada mais

externa do átomo. Segundo a Regra do Octeto, os átomos possuem a tendência de

se estabilizarem e ficarem neutros.

Isso acontece quando eles apresentam a mesma quantidade de prótons e

nêutrons, com oito elétrons na última camada eletrônica.

Posteriormente, surgiram os subníveis de energia, representados pelas letras

minúsculas s, p, d, f. Cada subnível suporta um número máximo de elétrons:

Subníveis Número máximo de elétrons

s 2

p 6

d 10

f 14

Diagrama de Pauling

O químico estadunidense Linus Carl Pauling (1901-1994) estudou as

estruturas atômicas e elaborou um esquema até hoje utilizado.

Pauling descobriu uma forma de colocar todos os subníveis de energia em

ordem crescente, usando para tanto o sentido diagonal. O esquema ficou conhecido

como o Diagrama de Pauling.

Ordem crescente de energia dos subníveis:

1s 2s 2p 3s 3p 4s 3d 4p 5s 4d 5p 6s 4f 5d 6p 7s 5f 6d 7p

Como interpretamos cada subnível?

Por exemplo, no 1s â2:

1 indica o primeiro nível, localizado na camada K;

s indica o subnível energético;

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expoente 2 indica o número de elétrons existentes nesse subnível.

Como faço a distribuição eletrônica em camadas e em subníveis?

Por exemplo, o Fe26 deve-se observar que o número atômico do Ferro é 26.

Portanto há 26 elétrons para serem distribuídos. Primeiramente devemos fazer a

distribuição nos subníveis.

Assim, a distribuição eletrônica desse elemento é representada da seguinte

maneira: 1s22s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d6 (a soma dos números expoentes totalizam 26, ou

seja, o número total de elétrons presentes no átomo de Ferro).

Se a distribuição eletrônica por camadas deve ser feita correlacionando o

primeiro número que aparece no subníveis com a letra de cada camada, assim a

distribuição em camadas fica:

Ex: K = 2; L = 8; M = 14; N = 2.

Tema: Tabela Periódica

A Tabela Periódica como a conhecemos atualmente foi elaborada pelo

químico russo Dmitri Mendeleiev (1834-1907), no ano de 1869.

A sua finalidade fundamental era facilitar a classificação, a organização e o

agrupamento dos elementos conforme suas propriedades.

Até se chegar ao modelo atual, muitos cientistas criaram tabelas que

pudessem demonstrar uma forma de organizar os elementos químicos.

A Tabela Periódica é um modelo que agrupa todos os elementos químicos

conhecidos e suas propriedades. Eles estão organizados em ordem crescente

correspondente aos números atômicos (número de prótons).

No total, a nova Tabela Periódica possui 118 elementos químicos (92 naturais

e 26 artificiais).

Cada quadrado especifica o nome do elemento químico, seu símbolo e seu

número atômico.

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Características dos Elementos da Tabela Periódica

Na Tabela Periódica atual, os elementos químicos são agrupados em quatro

grupos principais segundo as suas propriedades físicas e químicas: metais,

semimetais, ametais e gases nobres. O hidrogênio, entretanto, é um elemento

estudado à parte de tais grupos, pois suas propriedades são distintas. O hidrogênio

forma, assim, uma espécie de quinto grupo.

1. Metais:

Os metais constituem a maior parte dos elementos da Tabela Periódica,

representando dois terços deles, o que resulta em um total de 87. Alguns exemplos

são a prata, ouro, cobre, zinco, ferro, alumínio, platina, sódio, potássio, entre outros.

Todos os elementos pertencentes a esse grupo possuem as seguintes

propriedades principais: brilho metálico; são sólidos, com exceção do mercúrio, que é

líquido em temperatura ambiente; conduzem corrente elétrica; conduzem calor; são

maleáveis, formando lâminas; são dúcteis, formando fios; têm a tendência de perder

elétrons e formar cátions.

2. Ametais:

São 11 elementos (carbono (C), nitrogênio (N), fósforo (P), oxigênio (O),

enxofre (S), selênio (Se), flúor (F), cloro (Cl), bromo (Br), iodo (I) e astato (At) que

possuem propriedades opostas às dos metais: não possuem brilho; não conduzem

eletricidade; não conduzem calor; fragmentam-se; têm a tendência de ganhar elétrons

e formar ânions.

3. Semimetais:

São 7 elementos (boro (B), silício (Si), germânio (Ge), arsênio (As), antimônio

(Sb), telúrio (Te) e polônio (Po) que possuem propriedades intermediárias aos metais

e ametais: apresentam brilho metálico; pouca condução de eletricidade; fragmentam-

se.

4. Gases Nobres:

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São os elementos pertencentes à família 18 ou 8A da Tabela Periódica. Eles

são hélio (He), neônio (Ne), argônio (Ar), criptônio (Kr), xenônio (Xe) e radônio (Rn).

Eles são assim chamados porque além de serem gases em condições

ambientes, eles possuem como principal característica a inércia química, sendo

encontrados na natureza na forma isolada, sendo muito raro tê-los combinados com

outros elementos.

5. Hidrogênio:

O hidrogênio é diferente de qualquer outro elemento químico, pois não se

enquadra em nenhum dos grupos mencionados. Por isso, em algumas tabelas, ele

aparece na parte central acima. Na maioria das Tabelas Periódicas, ele vem na família

1 (família dos metais alcalinos), porque ele possui apenas um elétron em sua camada

de valência, mas as suas propriedades não são semelhantes aos membros dessa

família.

• Organização da Tabela Periódica

Os chamados Períodos são as linhas horizontais numeradas, que possuem

elementos que apresentam o mesmo número de camadas eletrônicas, totalizando

sete Períodos.

1º Período: 2 elementos

2º Período: 8 elementos

3º Período: 8 elementos

4º Período: 18 elementos

5º Período: 18 elementos

6º Período: 32 elementos

7º Período: 32 elementos

As Famílias ou Grupos são as colunas verticais, no qual os elementos

possuem o mesmo número de elétrons na camada mais externa, ou seja, na camada

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de valência. Muitos elementos destes grupos estão relacionados de acordo com

suas propriedades químicas.

São dezoito Grupos (A e B), sendo que as famílias mais conhecidas são do

Grupo A, também chamados de elementos representativos:

Família 1 ou 1A: Metais Alcalinos (lítio, sódio, potássio, rubídio, césio e

frâncio).

Família 2 ou 2A: Metais Alcalino-Terrosos (berílio, magnésio, cálcio, estrôncio,

bário e rádio).

Família 13 ou 3A: Família do Boro (boro, alumínio, gálio, índio, tálio e

unúntrio).

Família 14 ou 4A: Família do Carbono (carbono, silício, germânio, estanho,

chumbo e fleróvio).

Família 15 ou 5A: Família do Nitrogênio (nitrogênio, fósforo, arsênio,

antimônio, bismuto e ununpêntio).

Família 16 ou 6A: Calcogênios (oxigênio, enxofre, selênio, telúrio, polônio,

livermório).

Família 17 ou 7A: Halogênios (flúor, cloro, bromo, iodo, astato e ununséptio).

Família 18 ou 8A: Gases Nobres (hélio, neônio, argônio, criptônio, xenônio,

radônio e ununóctio).

Os elementos de transição, também chamados de metais de transição,

representam as 8 famílias do Grupo B:

Família 3 ou 1B: cobre, prata, ouro e roentgênio.

Família 4 ou 2B: zinco, cádmio, mercúrio e copernício.

Família 5 ou 3B: escândio, ítrio e série de lantanídeos (15 elementos) e

actinídeos (15 elementos).

Família 6 ou 4B: titânio, zircônio, háfnio e rutherfórdio.

Família 7 ou 5B: vanádio, nióbio, tântalo e dúbnio.

Família 8 ou 6B: cromo, molibdênio, tungstênio e seabórgio.

Família 9 ou 7B: manganês, tecnécio, rênio e bóhrio.

Família 10 ou 8B: ferro, rutênio, ósmio, hássio, cobalto, ródio, irídio, meitnério,

níquel, paládio, platina, darmstádio.

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Propriedades Periódicas

As propriedades periódicas dos elementos químicos são as características

que eles possuem.

1. Raio Atômico

Relacionada com o tamanho dos átomos, essa propriedade é definida pela

distância entre os centros dos núcleos de dois átomos do mesmo elemento. Na tabela

periódica, o raio atômico aumenta de cima para baixo na posição vertical. Já na

horizontal, eles aumentam da direita para esquerda.

2. Eletronegatividade

Propriedade dos átomos dos elementos os quais possuem tendências em

receber elétrons numa ligação química.

Ela ocorre nas ligações covalentes no momento do compartilhamento de

pares de elétrons. Ao receber elétrons, os átomos ficam com uma carga negativa

(ânion).

Lembre-se que esta é considerada a propriedade mais importante da tabela

periódica. Isso porque a eletronegatividade induz o comportamento dos átomos, a

partir do qual são formadas as moléculas.

Na tabela periódica, a eletronegatividade aumenta da esquerda para a direita

(no sentido horizontal) e de baixo para cima (no sentido vertical)

3. Energia de Ionização

Também chamado de “potencial de ionização”, essa propriedade é contrária

à de afinidade eletrônica.

Trata-se da energia mínima necessária de um elemento químico com o intuito

de retirar um elétron de um átomo neutro.

Desse modo, essa propriedade periódica indica qual a energia necessária

para transferir o elétron de um átomo em estado fundamental.

O chamado “estado fundamental de um átomo” significa que o seu número de

prótons é igual ao seu número de elétrons (p+ = e-).

Com isso, após a retirada de um elétron do átomo, ele é ionizado. Ou seja,

ele fica com mais prótons do que elétrons, e, portanto, se torna um cátion.

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Na tabela periódica, a energia de ionização é contrária à do raio atômico.

Assim, ela aumenta da esquerda para a direita e de baixo para cima.

4. Afinidade Eletrônica

Também chamada de “eletroafinidade”, trata-se da energia mínima

necessária de um elemento químico com o intuito da retirada de um elétron de um

ânion.

Ou seja, a afinidade eletrônica indica a quantidade de energia liberada no

momento em que um elétron é recebido por um átomo.

Observe que esse átomo instável se encontra sozinho e no estado gasoso.

Com essa propriedade, ele adquire estabilidade quando recebe o elétron.

Em contraposição ao raio atômico, a eletroafinidade dos elementos da tabela

periódica cresce da esquerda para a direita, na horizontal. Já no sentido vertical, ele

aumenta de baixo para cima.