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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE- UFF
FACULDADE DE TURISMO E HOTELARIA
DEPARTAMENTO DE TURISMO
CURSO DE TURISMO
JOANNA BRITO KIMUS
TURISMO NA TERCEIRA IDADE: UMA ANÁLISE DA ACESSIBILIDADE DOS
ATRATIVOS TURÍSTICOS NA CIDADE DE TERESOPOLIS - RJ
NITERÓI
2015
JOANNA BRITO KIMUS
TURISMO NA TERCEIRA IDADE: UMA ANÁLISE DA ACESSIBILIDADE DOS
ATRATIVOS TURÍSTICOS NA CIDADE DE TERESOPOLIS - RJ
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de
Graduação em Turismo do Departamento de Turismo da
Universidade Federal Fluminense, como requisito final
para obtenção de grau de Bacharel em Turismo.
Orientador: Prof. Eduardo Vilela
NITERÓI
2015
A meus amigos e familiares, em especial meus pais pelo
apoio incondicional e minha avó Emília Dias pelas
palavras de incentivo e sabedoria.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar gostaria de agradecer a Deus e a Nossa Senhora Aparecida, por
me darem força e foco para concluir essa pesquisa
em momentos difíceis.
Aos meus pais, José Kimus e Denise Brito, por terem se sacrificado durante esses
cinco anos de faculdade, apoiando minha decisão de deixar Teresópolis e estudar
em Niterói.
A minha família, em especial minha madrinha, Dilene Brito, que teve participação
importante durante a realização da pesquisa que deu
origem a esse trabalho.
Aos meus avós, em especial, minha avó Emília Dias Pereira, por sempre me colocar
em suas orações, e me dar os conselhos mais sábios mesmo em toda a sua
humildade.
Aos colegas e amigos da turma 2010.2, por terem feito da faculdade uma
experiência tão incrível para mim dentro e fora de sala de aula.
Aos meus amigos, em especial, Julia Musso, Annelise Magalhães e Olívia Moreira,
por estarem ao meu lado há tanto tempo e por serem minha família longe de casa.
A todos os professores que contribuíram direta ou indiretamente com a minha
formação acadêmica, em especial meu orientador Eduardo Vilela,
que me auxiliou durante a elaboração desse projeto.
“A verdadeira viagem do descobrimento não consiste em
buscar novas paisagens, mas em ver as coisas com
outros olhos”.
Marcel Proust
RESUMO
O presente trabalho apresenta como objetivo principal analisar a acessibilidade dos
atrativos turísticos do município de Teresópolis, tendo como foco o segmento da
terceira idade. Acredita-se que apesar da cidade possuir atrativos turísticos capazes
de chamar a atenção dessa significativa e relevante parcela da população brasileira,
mais especificamente do Estado do Rio, a cidade em referencia não se encontra
preparada para atender as peculiaridades e necessidades especiais dos idosos.
Para que essa análise fosse realizada, fundamental se fez na sua primeira fase o
levantamento através de uma pesquisa bibliográfica. Posteriormente, (Segunda
fase) foi constituída por uma pesquisa de campo de natureza qualitativa, tendo como
método a observação sistemática feita em uma amostra previamente selecionada de
atrativos da cidade. Além da pesquisa por observação foi realizada uma entrevista
semiestrutura com um gestor público do município, ocupante do cargo de
Subsecretario da Secretaria de Turismo da cidade, a fim de entender o
posicionamento, políticas públicas e projetos da cidade relacionados ao tema. Por
fim, o trabalho apresenta suas conclusões sobre a análise realizada e sobre a
hipótese criada a partir do problema base do estudo.
Palavras-chave: Terceira idade; Acessibilidade; Atrativos Turísticos, Teresópolis.
ABSTRACT
This present paper meant to examine the accessibility of tourist attractions in the city
of Teresópolis, focusing on the segment of the elderly. It is believed that although
the city has tourist attractions able to draw the attention of this significant and
important portion of the population, more specifically in the state of Rio, the city in
reference is not prepared to attend the peculiarities and special needs of the elderly.
For this analysis, it became fundamental in its first phase the survey through a
literature search. Subsequently, (second phase) it was consisted by a qualitative field
research, using as a method the systematic observation in a sample of previously
selected attractions of the city. In addition to the research by observation it was
performed a semi structure interview with a public manager of the municipality,
occupying the post of Sub Secretary of the Tourism City Secretariat in order to
understand the positioning, public policy and city projects related to the theme.
Finally, the paper presents its conclusions on the analysis performed and the
hypothesis created from the basic problem of the study.
Keywords: Third age; Accessibility; Tourist attractions, Teresópolis.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Mapa turístico de Teresópolis.....................................................................28
Figura 2: Vista do Mirante do Soberbo.......................................................................31
Figura 3 A: Quiosque pichado....................................................................................37
Figura 3 B: Monumento pichado................................................................................37
Figura 4: Academia da terceira idade localizada na Praça do Soberbo....................38
Figura 5: Centro de informações turísticas localizado na Praça do Soberbo............39
Figura 6: Fonte Judite.................................................................................................40
Figura 7: Granja Comary............................................................................................41
Figura 8: Vaga reservada para deficientes na Praça do Soberbo.............................42
Figura 9: Vaga reservada para deficientes no PNSO (Parque Nacional da Serra dos
Órgãos)......................................................................................................................42
Figura 10: Banheiro adaptado no PNSO....................................................................43
Figura 11: Elevador no PNSO....................................................................................43
Figura 12: Estufa principal do Orquidário de Aranda.................................................45
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................ ...................12
1. TURISMO E TERCEIRA IDADE............................................................................16
1.1 O Fenômeno da Terceira Idade no Brasil............................................................17
1.2 O Brasil e as Adaptações Necessárias para a Terceira Idade.............................19
1.3 Segmentação de Mercado...................................................................................23
2. POTENCIALIDADES NO MUNICÍPIO DE TERESÓPOLIS..................................26
2.1 Conhecendo a História da Cidade........................................................................26
2.2 Informações e Dados Gerais................................................................................27
2.3 Atrativos Turísticos da Cidade..............................................................................27
2.3.1 Feirinha de Teresópolis.....................................................................................29
2.3.2 Arabotânica Orquídeas......................................................................................29
2.3.3 Fonte Judite................................................................................ .......................29
2.3.4 Granja Comary..................................................................................................29
2.3.5 Mirante do Soberbo...........................................................................................30
2.3.6 Parque Nacional da Serra dos Órgãos..............................................................31
2.3.7 Matriz de Santa Teresa.....................................................................................31
2.4 Vantagem Competitiva e Proximidade com o Rio de Janeiro..............................32
3. A PESQUISA DE CAMPO E SUAS ANÁLISES...................................................34
3.1 Estrutura da Secretaria de Turismo da Cidade....................................................34
3.2 Promoção e Revitalização de Teresópolis...........................................................35
3.3 A Praça do Soberbo.............................................................................................37
3.4 Acessibilidade dos Atrativos Turísticos................................................................39
3.5 Estrutura de Estacionamento de Teresópolis.......................................................41
3.6 O Parque Nacional e sua Infrastrutura.................................................................42
3.7 O Calçamento da Cidade.....................................................................................43
3.8 Percepção da Cidade em Relação aos Turistas do Rio de Janeiro.....................44
3.9 O Orquidário de Aranda.......................................................................................45
3.10 Validação das Hipóteses Criadas.......................................................................46
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................53
APÊNDICE A - ENTREVISTA COM CARLOS TUCUNDUVA, SUBSECRETÁRIO
DE TURISMO DO MUNICÍPIO DE TERESÓPOLIS..................................................55
APÊNCIE B – PONTOS DE OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA DOS ATRATIVOS
TURÍSTICOS DA CIDADE DE TERESÓPOLIS........................................................59
APÊNDICE C – DEMONSTRATIVO DA ANÁLISE DOS PONTOS DE
OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA DOS ATRATIVOS TURÍSTICOS DA CIDADE DE
TERESÓPOLIS..........................................................................................................60
12
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo analisar as adequações referentes à
acessibilidade nos atrativos turísticos estabelecidos pela autora no município de
Teresópolis, localizado na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, direcionado
ao público da terceira idade, entendido este como integrante do fluxo turístico do
município em referência. Dessa forma pretende-se avaliar a disponibilização e
adequação da acessibilidade na região urbana do município, assim como ressaltar
os pontos positivos e negativos dos atrativos analisados. Acredita-se que tal analise
poderá colaborar para tomadas de decisões por parte do poder publico, contribuindo
para uma melhor competitividade do Município no cenário do turismo direcionado ao
público estudado.
A escolha do tema se justifica como de grande importância, pois o turismo
caracteriza-se como uma atividade que depende de três fatores fundamentais para
que sua prática possa ser realizada: tempo, recursos, inclusive financeiros e desejo
de viajar. Pode-se afirmar que significativa parte do segmento de pessoas que
atingiram a terceira idade, tendem a possuir pelo menos dois desses pontos, tempo
e dinheiro. Somado com a realidade atual, na qual os idosos estão cada vez mais
saudáveis e ativos, pode ser considerado uma combinação bastante favorável para
a prática da atividade turística.
Observa-se que pessoas integrantes deste segmento possuem características
de estilos de vida diferentes de alguns anos passados. Diversas explicações são
analisadas referentes às mudanças, entre as quais, destacam-se os avanços da
tecnologia, muito especialmente na medicina e indústria farmacêutica, como por
exemplo o surgimento dos antibióticos e descobertas importantes sobre a prevenção
de doenças, fazendo com que a expectativa de vida tenha tido um aumento
significativo nos últimos 50 anos em praticamente todo o mundo, muito
especialmente no Brasil, corroborando com um envelhecimento comprometido com
uma melhor qualidade de vida. Constatam-se ainda as conquistas sociais como a
garantia da aposentadoria, que apesar de ainda não se encontrarem em uma
situação ideal, permitem que os idosos tenham um processo de envelhecimento
mais tranquilo e digno quando comparado com anos atrás.
13
Segundo Barreto, (2002) “Não é a velhice que produz um estado de saúde
debilitado. Na opinião da autora, a debilidade é decorrente de uma sociedade que
não oferece a todos os seus cidadãos condições dignas para viver e envelhecer”.
Quando uma sociedade oferece saúde de qualidade e outros direitos sociais para a
sua população, o envelhecimento saudável vem como consequência, e dessa forma
o idoso terá condições de uma vida digna e saudável.
A atividade turística, por suas características, se fortalece pela sociabilidade
intrínseca, já que atividades em grupo são predominantemente realizadas,
colaborando no processo de inclusão e convívio social. Se faz necessário analisar
se essas atividades turísticas contemplam este segmento, ou se os idosos
necessitam de infraestrutura específica e roteiros planejados com exclusividade para
a realização do turismo.
Segundo Gomes, Pinheiro e Lacerda, algumas análises merecem evidência,
entre elas a necessidade de intervenções no planejamento do turismo para os
idosos:
[...] é fato que independentemente do destino, o turismo na velhice é um campo fértil para o desenvolvimento de localidades devido a sua disponibilidade de tempo, mas é preciso estar atento ao fato de que é necessário sistematizar estratégias de intervenção coerentes com os fundamentos aqui delineados. (GOMES; PINHEIRO; LACERDA, 2010, p.65)
A acessibilidade, embora não seja um dos fatores mencionados na citação
acima, passa a ser entendida como estruturante e de extrema importância, já que
muitos idosos, mesmo aqueles que possuem uma boa saúde, apresentam
problemas de mobilidade.
Constatação realizada pela autora do presente trabalho estabelece que o
município de Teresópolis, localizado na região da Serra Verde Imperial no Estado do
Rio de Janeiro, é frequentemente procurado por turistas de idade avançada. Através
de uma análise empírica, algumas hipóteses podem ser levantadas na perspectiva
da comprovação, entre elas o fato de ser um destino de clima agradável, com
atrativos culturais e naturais admirados, a cerca de 160 Km da segunda maior
cidade do país, a cidade do Rio de Janeiro, que apresenta uma das maiores
concentrações da população idosa do país. O Município de Teresópolis possui ainda
14
uma quantidade significativa de hotéis e pousadas, apresentando em seu portfólio
de serviços, eventos de diferentes características e atratividades, além de uma
gastronomia diversificada e de qualidade, fatos entendidos como positivos
direcionados a competitividade turística. Necessário se faz constatar se os atrativos
existentes estão adequados em relação à acessibilidade para atender as
necessidade de mobilidade do público estudado.
A hospitalidade deve ser entendida como um dos componentes de alta
significância para a criação de um destino turístico de sucesso. Segundo Lashley e
Morrison (2004), a hospitalidade pode ser concebida como um conjunto de
comportamentos originários da própria base da sociedade. Sobre competitividade
dos destinos turísticos, entende-se que esse conjunto de comportamentos deve
inserir ações para que se facilite acesso aos atrativos, meios de hospedagem
restaurantes e qualquer outro estabelecimento relacionado ao turismo.
Neste contexto, o presente trabalho está comprometido com as análises das
necessidades dos idosos quanto à acessibilidade, que conforme os autores citados,
caracteriza-se como uma importante vertente da hospitalidade. Será, portanto,
coerente com os objetivos propostos, realizada uma pesquisa de campo que utilizará
metodologia fundamentada em observação sistemática e entrevista semiestruturada
com um gestor público do município, na perspectiva de uma avaliação de
adequação dos atrativos turísticos da cidade de Teresópolis, previamente
selecionados, direcionando a uma analise de adequação a competitividade
necessária a um receptivo crescente de turistas.
O estudo ora apresentado está estruturado em cinco partes, nas quais estão
inclusas a introdução e as considerações finais. O capítulo um tratará sobre a
relação do turismo com a terceira idade. Far-se-á uma análise da situação atual
dessa parcela da população, as adaptações que o país se vê obrigado a realizar na
perspectiva do atendimento das necessidades e finalmente sobre a segmentação de
mercado, entendida como estruturante na possibilidade de desenvolvimento de
estratégias competitivas, inclusive na área do marketing.
15
No capítulo dois o foco esta direcionado ao estudo da infraestrutura turística
do município de Teresópolis, quando será abordada as potencialidades turísticas da
cidade, sua história, aspectos da cultura, dados estatísticos e informações gerais.
Será desenvolvido um resumo sobre os atrativos turísticos que foram escolhidos
como objeto de análise da presente pesquisa. Finalizando o capítulo, será abordada
a influência da cidade do Rio de Janeiro como emissor turístico, fundamentado na
alta densidade do publico alvo estudado, assim como o impacto positivo que
proporciona e poderá ser incrementado ao desenvolvimento turístico da cidade de
Teresópolis, entendida como vantagem competitiva.
O capítulo três, cujo tema será a pesquisa de campo realizada pela autora na
cidade, abordará observações e análises com base em suas percepções in loco.
Será apresentada uma entrevista realizada com o subsecretário de turismo do
munícipio sobre o tema. Far-se-á ainda uma análise comparativa entre as hipóteses
que foram levantadas no início do estudo, explicitando quais se confirmaram, quais
se acrescentaram e quais efetivamente não se confirmaram.
.
16
1. TURISMO E TERCEIRA IDADE
Fundamentado na proposta e objetivos do presente estudo, se faz necessário,
utilizando referencial bibliográfico sobre o tema, definir em qual idade uma pessoa
pode ser considerada idosa. Constata-se que no conceito desenvolvido pela
Universidade da Terceira Idade (UNATI), integrante da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro, a terceira idade é definida como um ponto de corte aos 60 anos. Tal
conceito é sistematicamente empregado em países de terceiro mundo para definir
os “idosos”. Esse padrão foi recomendado também, pela Organização Mundial de
saúde.
Neste sentido, necessário se faz uma explanação sobre o cenário em que se
encontra a terceira idade no Brasil nos dias de hoje, possibilitando assim um
conhecimento maior sobre a situação dos idosos em nosso país, seus direitos,
condições sociais e econômicas, assim como as necessidades especiais dessa
parcela da população.
No pensamento referente ao planejamento e desenvolvimento turístico de
destinos, vale frisar a utilização do conceito sobre a segmentação do mercado
turístico pela demanda, entendida como mercado/produto, nesse caso mais
especificamente a demanda turística fundamentada nos idosos. Antes de tratar com
mais profundidade a presente questão, entende-se ser de grande relevância
estabelecer uma linha de raciocínio estruturada para o desenvolvimento da presente
pesquisa, objetivando elucidar e entender de que forma o fenômeno turístico pode
contribuir para uma melhor qualidade de vida para o público estudado.
Como contribuição ao que foi dito acima, apresentam-se observações do livro
Lazer, Turismo e Inclusão Social – Intervenção com idosos, no qual os autores
apresentam as seguintes afirmativas:
Ao vivenciar o lazer e o turismo, as pessoas idosas podem exercitar a capacidade de decisão, pensamento e imaginação, ampliar as oportunidades de integração e convívio social além de (re) construir e (re) organizar a experiência cultural de seu tempo. Desenvolvendo oportunidades que tenham significado para o grupo, é possível que o lazer e o turismo colaborem com a contínua formação dos idosos - estimulando a iniciativa, a independência, a troca de ideias e a superação de desafios por parte dos envolvidos, respeitando os limites pessoais de cada um e
17
resgatando sonhos e projetos. (GOMES; PINHEIRO; LACERDA, 2010, p.62)
Constata-se uma total coerência envolvendo o pensamento da autora do
presente trabalho com Gomes, Pinheiro e Lacerda sobre o impacto positivo que o
turismo pode causar na população idosa. Será abordado um tópico mais específico,
relacionado as condições em que se encontra a terceira idade no Brasil, assim como
se faz necessário introduzir uma análise histórica comparativa.
1.1 O FENÔMENO DA TERCEIRA IDADE NO BRASIL
O Brasil, com pouco mais de 200 milhões de habitantes, é constantemente
retratado como um país jovem, porém, assim como outros países em
desenvolvimento, vem dinamicamente apresentando alterações na sua pirâmide
etária, modificada ao decorrer das últimas quatro décadas de forma mais acentuada.
Por diferentes fatores, constata-se que a população brasileira vem passando por um
forte processo de envelhecimento, assim como observa-se alterações de
comportamento e hábitos de vida coerente com uma nova forma de viver, tornando-
se cada vez mais ativa. Esse subcapítulo retratará o fenômeno da terceira idade em
nosso país.
Como já retratado anteriormente, o padrão adotado para o presente trabalho,
utilizará a idade de 60 anos como ponto de corte para o início da terceira idade. Os
avanços inerentes as alterações da pirâmide etária brasileira pode ser inclusive
observada nas questões jurídicas e legais, entre as quais a formulação do decreto
1948/96 que regulamenta a lei 8842/94, estabelecendo coerência com o que já
anteriormente vinha sendo recomendado pela Organização Mundial da Saúde.
(BRASIL, 1994).
A população em análise cresceu aproximadamente 11 vezes entre 1940 e
2006 segundo dados estatísticos divulgados pelo IBGE. A tendência prevista é que
essa parcela da população continue a crescer de forma significativa, modificando
cada vez mais a pirâmide etária em nosso país (IBGE, 2010).
Sobre a população idosa, Souza, Jacob Filho e Souza (2006) observam que:
18
De acordo com a Divisão de População da ONU, estima-se que a população com sessenta anos ou mais atinja, na América Latina e no Caribe, 180 milhões em 2050, representando uma elevação do percentual sobre a população total de 8 para 22%.( p.3)
Ainda sobre o a evolução histórica do segmento analisado referente ao
panorama evolutivo da terceira idade no Brasil, segundo dados extraídos do IBGE
(2006, p.4) apontam que de 1991 até o ano 2000 a expectativa de vida da população
aumentou de 60 para 69 anos, um aumento considerável e até mesmo
surpreendente, face ao curto espaço de tempo, de apenas nove anos.
Desde a década de 1960, constata-se que o grupo considerado de terceira
idade lidera o crescimento populacional. No texto Desafios e Conquistas Advindas
da Longevidade da População: O Setor Saúde e suas Necessárias Transformações,
o autor aponta que de acordo com as projeções num período de 70 anos (1950 a
2020), a população idosa irá crescer 16 vezes, crescimento esse que é muito
superior quando comparado ao do restante da população, da qual se espera um
crescimento de apenas cinco vezes (VERAS, 2001).
Diferentes fatores, tais como a inclusão da mulher no mercado de trabalho e
os avanços da medicina foram os responsáveis pela diminuição da taxa de
natalidade e mortalidade do país, contribuindo assim para essa mudança do perfil
etário da população brasileira.
O processo de urbanização e da diversificação da economia, ocasionando
crescente necessidade de força de trabalho, fez com que a participação feminina
começasse a ingressar de forma efetiva no mercado. Neste novo cenário, observam-
se as dificuldades em conciliar o papel de dona de casa com o trabalho na rua. Essa
nova realidade, acarretou substanciais mudanças na formação da família no Brasil e
em diversos outros países no mundo. Entre as constatações observadas na
demografia brasileira está a de que as mulheres passaram a optar por terem menos
filhos. Segundo ainda dados do IBGE, o número de filhos por mulher vem sendo
reduzido em todas as regiões do Brasil desde 1960. Nesse ano, a taxa nacional de
fecundidade era de 6,28 filhos por ventre, no ano de 2010 essa mesma taxa era de
apenas 1,90 (IBGE).
19
O constante avanço da medicina, como já mencionado anteriormente, é um
fator de grande responsabilidade no aumento da expectativa de vida da população
mundial como um todo, doenças cardiovasculares, o câncer e até mesmo a AIDS,
hoje em dia são tratadas com mais recursos e efetividade. Além de avanços
relacionados à cura e tratamento de determinadas doenças, muito se avançou
também na área de medicina preventiva, fazendo com que não apenas a expectativa
de vida aumentasse, mas também que as pessoas envelhecessem com mais
qualidade de vida, podendo assim realizar suas atividades do dia-a-dia com maior
autonomia.
1.2 O BRASIL E AS ADAPTAÇÕES NECESSÁRIAS PARA A TERCEIRA IDADE
O aumento da expectativa de vida no Brasil ocasiona uma significativa
mudança no contexto sócio econômico, com reflexos em diferentes setores,
desmistificando o estereótipo criado de um país jovem. O Brasil passa a ter que lidar
com essa realidade, de crescente envelhecimento de sua população e com os
desafios que vem ligados a ela.
Neste processo dinâmico e evolutivo, constata-se que uma das medidas
tomadas pelo governo brasileiro em benefício dessa parcela da população foi a
criação, em quatro de janeiro de 1994, da Política Nacional do Idoso (Lei 8842), que
além de definir os 60 anos como início da terceira idade, traça como seu objetivo,
como é dito no Art. 1º “assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para
promover sua autonomia integração e participação efetiva na sociedade”.
A Política Nacional do Idoso, em suma, reconhece que a velhice é uma
questão que merece ser tratada como prioridade pelas políticas públicas sociais e
que o governo e a sociedade devem estar conscientes dessa situação. Essa
situação é perceptível no Art. 3º II – “O processo de envelhecimento diz respeito à
sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos”
e também no Art. 3º IV- “O idoso deve ser o principal agente e o destinatário das
transformações a serem efetivadas através desta política” (BRASIL, 1994).
De acordo com reportagem publicada pela revista Exame em 13 de novembro
de 2013 as pessoas com idade acima de 50 anos no Brasil tem gerado um ticket
20
médio de consumo crescente, sendo esta parcela da população responsável por
cerca de 40% do gasto total do país. Pode-se constatar que do ponto de vista do
consumo e consequentemente da economia, o envelhecimento da população
apresenta características próprias, em função dos idosos com qualidade de vida
satisfatória consumirem cada vez mais produtos e serviços de segmentos
diversificados da economia (REVISTA EXAME, 2013). Por outro lado, em uma
dimensão oposta e até mesmo contraditória, observa-se um grande descompasso
nas contas públicas, ocasionando um forte desequilíbrio especialmente no setor
previdenciário, fato que a médio e longo prazo poderá influir no desempenho
econômico do país.
Levando-se em consideração o perfil de estilos de vida da população
estudada, observa-se uma tendência por aumento de estilos ativos e participativos,
onde se faz necessário uma reflexão sobre as necessidades especiais que essa
fração da sociedade possui e consequentemente medidas que devem ser tomadas,
a fim de permitir que os idosos consigam viver de forma mais independente e
também com maior bem-estar.
A dificuldade na mobilidade, cansaço e frequentes dores no corpo são
algumas das adversidades mais correntes apresentadas pela população dos idosos.
Levando-se esta consideração como assertiva, o Brasil possui algumas medidas, as
quais podem ser encontradas no estatuto do idoso, voltadas para a amenização
desses problemas e de vários outros frequentemente vivenciados pelas pessoas da
terceira idade.
Um dos direitos dos idosos garantidos em lei refere-se ao atendimento em
estabelecimentos públicos e privados, assegurando assim que os idosos sejam
atendidos com prioridade, (UnATI, 2001).
Em casos de atendimentos de emergência de saúde, a situação é
dissemelhante, a prioridade nesse caso fica a critério da avaliação médica, que
levará em consideração a gravidade de todos os casos que estão esperando
atendimento sem relação com a idade. Ainda no âmbito hospitalar o artigo 16 do
estatuto do idoso assegura o direito a um acompanhante durante sua permanência
21
no local em tempo integral, esse direito apenas pode ser negado caso o médico
responsável apresente uma justificativa por escrito apresentando as razões que
impedem a permanência desse acompanhante (UnATI, 2001).
O estatuto do idoso também aborda a questão dos idosos em relação aos
meios de transporte, sendo assegurado que 10 % dos lugares em veículos de
transporte coletivo estejam devidamente reservados, assim como identificados com
placa de reservados preferencialmente para os idosos. É também assegurado aos
idosos pelo artigo 42 do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03) o direito de embarque
imediato nos meios de transporte (BRASIL, 2003).
Uma questão de extrema importância para a terceira idade refere-se a
temática da acessibilidade. Diversos autores, entre os quais Grinover que em artigo
publicado intitulado A hospitalidade urbana: acessibilidade, legibilidade e identidade,
trata desta relação, entendida como estruturante na perspectiva de um destino
hospitaleiro.
A acessibilidade evoca diversos conceitos ligados às possibilidades de acesso dos indivíduos, ou de grupos sociais, a certas atividades ou a certos serviços que estão presentes na cidade, devendo proporcionar a igualdade de oportunidades aos usuários urbanos e, por isso, o acesso à cidade é um direito de todos. Pode ser considerada como a disponibilidade de instalações (levando em conta os limites de capacidade dos equipamentos urbanos), ou dos meios físicos, que permitem esse acesso (considerados, ao mesmo tempo, os meios de transporte e o uso do solo), ou ainda, de acessibilidade socioeconômica (levando em conta a distribuição de renda). (GRINOVER, 2006, p.37)
Levando-se em conta a citação acima, comparando-a com os dados obtidos
na Cartilha do Idoso, publicação da UnATI/ UERJ, constata-se que o idoso apenas
conseguirá usufruir plenamente do seu direito de ir e vir quando as barreiras da
infraestrutura urbana forem derrubadas e simultaneamente à isso, torna-se
necessário que se faça uma adequação dos serviços e estabelecimentos tendo
como foco o atendimento aos portadores de necessidades especiais.
Analisando especificamente a acessibilidade voltada para o idoso constata-se
que os autores, Souza, Jacob Filho e Souza, do livro Turismo e Qualidade de Vida
na Terceira Idade, apresentam uma visão coerente, e atualizada sobre a temática.
Os autores afirmam que para que se realize um atendimento adequado aos turistas
22
idosos torna-se necessário que haja remoção de barreiras arquitetônicas, iluminação
adequada nos hotéis e também que o destino disponibilize folders, guias legíveis,
ser bem sinalizado, entre outras questões (2006, p.76).
Como já observado anteriormente, a situação do idoso mudou drasticamente
nos últimos anos, não apenas no Brasil, mas no cenário global como um todo. A
expectativa de vida aumentou e as pessoas estão envelhecendo com uma qualidade
de vida maior. A independência que o idoso vem conquistando nos últimos tempos
tem contribuído para que a atividade turística seja mais demandada, porém algumas
particularidades devem ser levadas em conta pelo profissional do turismo que
planeja roteiros para esse segmento assim como pelo destino que almeja receber
com qualidade o turista integrante do segmento.
Sobre essas particularidades o livro Turismo e Qualidade de Vida na Terceira
Idade relata que:
Os profissionais do turismo devem respeitar as dificuldades locomotoras próprias desse segmento. Antes da viagem, é preciso avaliar as condições da cidade e do hotel, evitando locais com excesso de escadas e preferindo locais em que existam elevadores, pisos antiderrapantes e box adequado para um banho seguro. Somente oferecer programas de atividade física que sejam adequados, respeitando as limitações específicas desse público. (SOUZA; JACOB FILHO; SOUZA, 2006, p.52)
Neste sentido, observa-se ainda um longo caminho a ser trilhado pelos
responsáveis pelos destinos turísticos no Brasil. Resultado da pesquisa Global Age
Watch, realizada anualmente pela organização britânica de ajuda à velhice Helpage
Internacional, do ano de 2014, publicada na Revista Exame, o Brasil ocupava a 58º
posição em ranking de qualidade de vida para idosos (REVISTA EXAME, NOV.
2014).
Na América Latina, a posição do Brasil, está muito aquém de confortável.
Encontra-se atrás de muitos países, tais como Chile, Uruguai, Argentina, Peru,
Bolívia e alguns outros. O motivo pelo qual o país se encontra em uma posição tão
desfavorável, mesmo sendo considerado o maior país do continente, está
relacionado à forte insatisfação da população idosa, relacionada às questões como
transporte público, saúde e segurança urbana (REVISTA EXAME, 2014).
23
1.3 SEGMENTAÇÃO DE MERCADO:
A segmentação de mercado entendida como uma estratégia de marketing
bastante utilizada, embora em profunda reestruturação face às mudanças sociais e
comportamentais contemporâneas, se estabelece do ponto de vista demográfico
como um referencial na analise e entendimento do comportamento do consumo de
diversos segmentos, entre os quais o do turismo. Faz-se necessário ressaltar que
esta segmentação se estabelece tanto do ponto de vista produto/mercado, como
mercado/produto. Abaixo se apresenta uma citação do Ministério do Turismo, focado
prioritariamente na visão da relação mercado/produto.
Publicação do Ministério do Turismo:
Definir o perfil dos turistas que já visitam ou que pretendem visitar uma
localidade ajuda no planejamento da oferta e diversificação dos produtos e
serviços. Ajuda também a entender as expectativas dos visitantes e
conseguir que retornem, ou que fiquem com uma imagem positiva da
experiência que tiveram. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010, p.63)
Neste sentido, a percepção da segmentação como norteador do planejamento
e execução de ações inerentes ao setor do turismo, torna-se cada vez mais
evidente, entendido no contexto da customização, relacionado ora ao conjunto de
pessoas com perfil de consumo semelhantes, entendidas como customização em
massa, ora no limite da individualização, no qual os produtos e serviços são
produzidos e ofertados, levando-se em consideração o foco de uma determinada
pessoa exclusivamente, muito comum no mercado de alto luxo. Diferentes faixas
etárias no ciclo de vida da população são entendidas como níveis de segmentação,
aceitáveis no contexto da identificação etária, porém não suficiente para a tomada
de decisão no processo de oferta e demanda dos produtos, inclusive os turísticos,
no caso do presente estudo, especificamente os focados na terceira idade.
Necessário se faz ressaltar que a observância de apenas uma variável, como no
caso, a faixa etária, estabelece-se como insuficiente no processo do entendimento
do comportamento do consumidor, face a outras variáveis, também demográficas,
como nível de escolaridade, cultura, nível de renda, etc., que, correlatas e cruzadas
com a faixa etária possam produzir uma análise mais profunda para futuras
24
decisões. Frente a esta afirmativa, pode-se dizer que pensar o planejamento e as
ações de produtos e serviços turísticos direcionados à terceira idade, levando em
consideração apenas a faixa etária, se constitui em um grande equívoco, devido à
complexidade que a questão exige.
Como já explicitado anteriormente, a população com idade superior a 50 anos
no Brasil apresenta um crescimento considerável. Segundo dados do IBGE, essa
parcela da população já representa 45% das pessoas que possuem um maior poder
aquisitivo no universo da população brasileira. Constata-se que além de tempo, a
população mais velha também disponibiliza de recursos financeiros favoráveis,
possuindo então dois dos três fatores essenciais para a prática do turismo (IBGE,
2010), conforme relatado no inicio do presente trabalho.
A respeito desta característica demográfica da população brasileira, entendida
por muitos como positiva, fundamentalmente relacionada ao processo do consumo
do turismo, o Ministério do turismo relata no livro ”Segmentação do Turismo e o
Mercado” que: “[...] surgem novas oportunidades, incluindo viagens com ofertas
específicas para esse perfil de consumidor” (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010,
p.67).
Ainda referente à segmentação de mercado, a autora do presente trabalho
apresenta destaque aludido pelo referencial bibliográfico citado pelo MT (Ministério
do Turismo), neste momento estabelecendo uma relação produto/mercado.
Assim, para que a segmentação do turismo seja efetiva, é necessário conhecer profundamente as características do destino: a oferta (atrativos, infraestrutura, serviços e produtos turísticos) e a demanda (as especificidades dos grupos de turistas que já o visitam ou que virão a visita-lo). Ou seja, quem entende melhor os desejos da demanda e promove a qualificação ou aperfeiçoamento de seus destinos e roteiros com base nesse perfil, terá mais facilidade de inserção, posicionamento ou reposicionamento no mercado. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010, p.9)
Fazendo-se uma análise daquilo que foi relatado no presente capítulo,
verifica-se que a terceira idade estabelece-se como um forte segmento a ser
trabalhado como oportunidade de mercado, tourist business, no Brasil. Observa-se,
contudo que, para um destino se lançar como local atrativo tendo como foco o
público alvo estudado nesse trabalho, necessário se faz uma adequação do
25
produto/serviço turístico às características comuns, inerentes as suas necessidades,
assim como uma compreensão da diversidade das características, que podem se
estabelecer em grupos menores, os chamados nichos de mercado.
26
2. POTENCIALIDADES NO MUNICÍPIO DE TERESÓPOLIS
A cidade de Teresópolis, localizada no interior do estado do Rio de Janeiro foi
selecionada pela autora do presente estudo como área de pesquisa de campo e
analise, referente à acessibilidade, tendo como foco os turistas idosos. Neste
sentido, se faz necessário conhecer um pouco mais sobre a história, cultura,
demografia e principalmente seus atrativos. No decorrer desse segundo capítulo,
será realizada uma breve apresentação da cidade.
Os dados e informações apresentados ao decorrer desse capítulo têm como
objetivo fazer com que o leitor conheça um pouco mais sobre a realidade vivenciada
na pesquisa de campo, a zona urbana de Teresópolis, assim como evidenciar a
cidade como um possível destino turístico, no pensamento e complexidade do
segmento da terceira idade, no estado do Rio de Janeiro.
2.1 CONHECENDO A HISTÓRIA DA CIDADE
Segundo dados extraídos do site da prefeitura de Teresópolis, foi próximo ao
ano de 1821 que George March, um português de origem inglesa, adquiriu grandes
terras na região e ali fez uma fazenda, chamada Santo Antônio do Paquequer. Essa
fazenda ficava onde hoje se localiza o bairro do Alto. A localidade passou a
desenvolver atividade agrícola e pecuária, posteriormente esse espaço passou a ser
povoado (PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESÓPOLIS, 2015).
Em uma época, na qual era habitual comerciantes vindo de Minas Gerais
passarem por Petrópolis para chegarem até o porto no Rio de Janeiro, a localidade
onde hoje é a cidade de Teresópolis se tornou um ponto estratégico para descanso
desses viajantes. (PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESÓPOLIS, 2015).
Com o passar do tempo o povoado foi crescendo e também se tornando lar
para diversos europeus que buscavam um clima mais ameno e similar ao da
Europa. No ano de 1855 as terras se tornaram freguesia do município de Magé
(PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESÓPOLIS, 2015).
Em 06 de julho de 1891, o então governador Francisco Portela deu condição
de município para Teresópolis, vale lembrar ainda que a cidade foi nomeada em
27
homenagem à imperatriz Teresa Cristina que foi casada com D. Pedro II
(PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESÓPOLIS, 2015).
2.2 INFORMAÇÕES E DADOS GERAIS
Localizada na região chamada Serra Verde Imperial, no estado do Rio de
Janeiro, a cidade de Teresópolis foi fundada em 06 de julho de 1981 e segundo
dados do IBGE, referente ao sensu de 2010, conta com uma população de cerca de
160 mil habitantes e uma área de 770, 601 km² (IBGE).
O munícipio de Teresópolis se apresenta a apenas 81, 2 km de distancia da
capital do estado, encontrando-se a 871 metros a cima do nível do mar, fazendo
com que a temperatura média anual registrada seja de 20°, temperatura essa bem
discrepante as altas temperaturas encontradas na cidade do Rio de Janeiro
(PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESÓPOLIS, 2015).
A cidade possui também uma grande diversidade de riquezas naturais,
cachoeiras e parques, tal como o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, um dos
principais e mais conhecidos atrativos turísticos naturais da cidade, assim como o
Parque Municipal no Distrito de Santa Rita, na Zona Rural.
O clima típico da região serrana, as construções históricas e a grande
diversidade de atrativos naturais fazem com que o município apresente um grande
potencial turístico. Constata-se, entretanto que, uma localidade quando não se
encontra devidamente preparada para realizar o atendimento da demanda turística,
pode invalidar seu potencial. O objetivo desse estudo encontra-se integralmente
coerente com a afirmativa acima, quando analisa a real situação da qualificação da
cidade para se estabelecer como um destino hospitaleiro, no sentido amplo, que se
estabelece através de uma amostra dos principais atrativos turísticos da cidade, com
foco na acessibilidade para turistas da terceira idade, público alvo da presente
pesquisa.
2.3 ATRATIVOS TURÍSTICOS DA CIDADE
A cidade que também foi retiro para a família imperial, conta com muitas
construções históricas tais como o Palácio de Teresa Cristina, onde hoje funciona a
28
prefeitura de Teresópolis, o Palacete Granado, sede do SESC, entre outras
(PORTAL TERÊ, 2015).
O município possui ainda uma grande diversidade de riquezas naturais,
cachoeiras e parques, em suma, dispondo de um portfólio de atrativos capazes de
agradar turistas com diferentes perfis e motivações, desde aqueles que estão em
busca de uma programação cultural ou aqueles que buscam um contato maior com
a natureza.
Para melhor visualização, segue abaixo um mapa turístico da cidade (Figura
1), assim como uma explanação dos atrativos que foram escolhidos como objeto de
análise para esse trabalho em particular.
Figura 1: Mapa Turístico da Cidade de Teresópolis. Fonte: Prefeitura Municipal de Teresópolis, 2015
29
2.3.1 FEIRINHA DE TERESÓPOLIS
A tradicional Feirinha de Teresópolis fica localizada na Praça Higino da
Silveira no bairro do Alto e funciona aos sábados, domingos e também em feriados
prolongados.
A Feirinha funciona desde 1983, conta com estandes de artesanatos de
diferentes tipos, local para alimentação com opções diversas, além de trem para
passeio infantil, brinquedos e charretes que fazem passeios pelo bairro
(PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESÓPOLIS, 2015).
2.3.2 ARABOTÂNICA ORQUIDEAS
A Arabotânica Orquídeas, popularmente conhecida como Orquidário de
Aranda, é um dos atrativos mais conhecidos da cidade de Teresópolis, localizada no
bairro de Quebra Frascos, o orquidário atrai turistas e apaixonados por botânica
durante todo o ano (PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESÓPOLIS, 2015).
Com cerca de 8 mil metros quadrados, 4 estufas, mais de 36 mil mudas e 500
espécies diferentes de orquídeas, Aranda é considerado atualmente o maior
orquidário do país (PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESÓPOLIS, 2015).
2.3.3 FONTE JUDITE
A Fonte Judite, localizada no bairro do Alto, foi inaugurada no ano de 1967 e
é ponto de parada para aqueles que desejam se refrescar após uma caminhada ou
um passeio pela Feirinha de Teresópolis (PORTAL TERÊ, 2015).
Seu nome foi dado em homenagem à filha de um fazendeiro, pois
acreditava-se que a menina havia sido curada de uma grave enfermidade pelas
propriedades medicinais da água da fonte (PORTAL TERÊ, 2015).
2.3.4 GRANJA COMARY
Não muito distante da Feirinha de Teresópolis se encontra um outro atrativo
bastante popular da cidade, a Granja Comary. A Granja é um condomínio fechado,
porém é cenário conhecido de muitos brasileiros, já que é onde ocorriam os treinos
30
da seleção brasileira de futebol, sede da C.B.F (Confederação Brasileira de Futebol),
por essa razão, a Granja Comary estava sempre aparece em diversos veículos de
comunicação. (PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESÓPOLIS, 2015).
Com seus cinco campos de treinamento a Granja é capaz de atrair os
apaixonados pelo futebol, mas além disso, o local ainda conta com um lago artificial
e uma belíssima vista da Serra dos Órgãos (PREFEITURA MUNICIPAL DE
TERESÓPOLIS, 2015).
2.3.5 MIRANTE DO SOBERBO
O Mirante do Soberbo fica localizado logo na entrada do município de
Teresópolis e conta com uma bela vista da Serra dos Órgãos, em dias em que o
tempo está limpo é possível até mesmo visualizar a baia de Guanabara e a baixada
fluminense (PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESÓPOLIS, 2015).
Próximo ao mirante também fica localizado um C.I.T (centro de informação
turísticas), barraquinhas para que os visitantes possam lanchar e também
equipamentos de ginástica para a terceira idade (PREFEITURA MUNICIPAL DE
TERESÓPOLIS, 2015).
Vale ainda ressaltar que a vista da Serra dos Órgãos do Mirante do Soberbo
(Figura 2) é o cartão postal mais conhecido da cidade de Teresópolis já que a
imagem da silhueta do Dedo de Deus se tornou a identidade do município, por isso é
muito comum encontrarmos moradores da cidade e também turistas tirando fotos no
mirante em dias de tempo limpo.
31
Figura 2: Vista do Mirante do Soberbo. Fonte: Portal Terê.
2.3.6 PARQUE NACIONAL DA SERRA DOS ÓRGÃOS
Criado no dia 30 de novembro de 1930 o Parque Nacional da Serra dos
Órgãos está localizado em quatro municípios, Teresópolis, Petrópolis, Magé e
Guapimirim (INSTITUTO CHICO MENDES, 2015).
O parque é um ótimo local para quem gosta de contato com a natureza,
possui mais de 200 km de trilhas, desde as mais simples até as mais radicais e
conta com certa de 2.800 espécies de plantas (INSTITUTO CHICO MENDES, 2015).
O parque funciona todos os dias e é cobrado um ingresso para que se possa
entrar, porém maiores de 60 anos são isentos do pagamento do valor da entrada
(INSTITUTO CHICO MENDES, 2015).
2.3.7 MATRIZ DE SANTA TERESA
Localizada na Praça Baltazar da Silveira no bairro da Várzea, a Igreja de
Santa Teresa chama atenção por conta de sua arquitetura diferenciada,
característica do estilo gótico (PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESÓPOLIS,
2015).
32
A construção da Matriz de Santa Teresa data de 1855, porém em 1927 a
mesma foi demolida, sendo reconstruída posteriormente mantendo as
características originais (PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESÓPOLIS, 2015).
Outro dado significativo referente a esse atrativo, é que no dia 15 de outubro
se comemora o dia de Santa Teresa, padroeira da cidade, e na segunda semana de
outubro é tradição que se realize uma festa na praça onde a igreja se localiza. A
festa conta sempre com barraquinhas de comidas, brinquedos, shows e outras
atrações (PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESÓPOLIS, 2015).
2.4 VANTAGEM COMPETITIVA E PROXIMIDADE COM O RIO DE JANEIRO
O município de Teresópolis se encontra a aproximadamente uma hora e meia
de distância de ônibus da capital do estado, a cidade do Rio de Janeiro. Essa
proximidade faz com que a cidade do Rio seja um dos principais mercados
emissores de turistas e visitantes do município de Teresópolis.
O município não realiza nenhum tipo de monitoramento da demanda turística,
porém, fundamentado na Teoria do Círculo Concêntrico proposta pelo Prof. Mario
Petrocchi, na qual estabelece ser o fluxo turístico um fenômeno predominantemente
regional, facilmente constata-se através de observações empíricas, como por
exemplo, a identificação das placas dos automóveis, predominantemente nos finais
de semana e feriados, ser a cidade do Rio de Janeiro o principal emissor de turistas
e visitantes da cidade.
Apesar de muito próximas as duas cidades apresentam características,
embora bem, diferentes, complementares. Teresópolis é uma cidade
consideravelmente menor, proporcionando aos seus moradores um estilo de vida
muito mais tranquilo e pacato, porém com atrativos urbanos e uma economia rural,
ainda que pobre altamente representativa no estado no que se refere à produção de
leguminosas e derivados. O clima serrano, agradável, também se difere bastante do
encontrado na cidade do Rio de Janeiro.
Não é incomum se deparar com pessoas viajando para lugares em busca de
uma “fuga” de suas vidas, por muitas vezes tão agitadas. Constata-se, porém que a
33
falta de tempo, proveniente do estilo de vida das cidades metrópoles estabelece-se
como um fator limitador a realização de atividades turísticas com maior frequência.
Neste contexto parece justificável dizer que Teresópolis proporcionaria essa “fuga”
de forma mais prática, pois a curta distancia, acrescida de boa estrada, apresenta-se
como um fator positivo sobre outros destinos. Apresenta-se a possibilidade de
vivenciar um clima mais frio, comer bem e beber com qualidade a apenas uma hora
e meia de distancia da cidade do Rio.
Concluindo, observa-se que a proximidade com a cidade do Rio de Janeiro
pode e deve prioritariamente ser considerada uma vantagem competitiva e que essa
situação favorável deve ser fortemente explorada com ações de marketing,
utilizando diferentes canais, estratégias e ações promocionais, tanto no contexto off,
como on line.
34
3. A PESQUISA DE CAMPO E SUAS ANÁLISES
Ao idealizar o presente trabalho, a autora estabeleceu como principal objetivo
realizar uma análise sobre a acessibilidade dos principais atrativos turísticos da
cidade de Teresópolis, tendo como foco o turista integrante da terceira idade. Para o
seu desenvolvimento, foi realizada uma pesquisa qualitativa de observação
sistemática e também uma entrevista semiestruturada com um gestor público, mais
especificamente o subsecretário de Turismo da cidade, o senhor Carlos Tucunduva.
Primeiramente no dia 06 de maio de 2015 a autora realizou uma entrevista
com o subsecretário de turismo da cidade, o Sr. Carlos Tucunduva. As perguntas
apresentavam como tema as políticas públicas do município voltadas para o turismo,
o potencial turístico da cidade e por fim, a adequação de Teresópolis para receber
os turistas da terceira idade. A entrevista foi gravada, durou cerca de dez minutos e
a mesma se encontra transcrita na integra no final desse trabalho no Apêndice A.
Nos dias oito e nove de maio foi realizada a segunda parte da pesquisa
estabelecida como uma pesquisa de campo exploratória de observação, na qual a
autora visitou sete dos atrativos turísticos mais populares do município (Matriz de
Santa Teresa, Mirante do Soberbo, Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Fonte
Judite, Feirinha do Teresópolis, Granja Comary e Arabotânica Orquídeas).
Relacionada a esta fase da pesquisa, a autora esteve in locu com o objetivo
inclusive de observar se turistas da terceira idade teriam alguma dificuldade para
realizar as visitas. Neste contexto, a autora criou um modelo de análise de
observação sistemática com alguns tópicos que julgava importante para analisar a
acessibilidade de um local, esse modelo se encontra no Apêndice B no final do
trabalho. Já no Apêndice C é possível encontrar o demonstrativo da análise
elaborado pela autora.
3.1 ESTRUTURA DA SECRETÁRIA DE TURISMO DA CIDADE
Antes de se iniciar o desenvolvimento da análise sobre a entrevista com o
subsecretário de turismo de Teresópolis, relevante se faz entender a estrutura da
governança pública da cidade, formalizada através da secretária de turismo.
35
Necessário se faz esclarecer as tentativas de contato com a secretária de
turismo com o objetivo de marcar uma entrevista com o secretário de turismo, o Sr.
Ronaldo Fialho. Após uma semana de tentativas a autora finalmente conseguiu
agendar uma entrevista com o mesmo, porém ao informar que a entrevista tinha
como tema o turismo, foi pedido que a mesma entrasse em contato com o
subsecretário, pois era o Sr. Carlos Tucunduva, que responde pelo turismo na
cidade e não Ronaldo Fialho.
Por telefone as assistentes demonstraram dificuldade para explicar o motivo
pelo qual o secretário de turismo não respondia pelo turismo na cidade e apenas
pediam para que a autora entrasse em contato com o subsecretário.
A entrevista foi agendada para o dia seis de maio, uma quarta-feira. Ao
chegar à secretária de turismo a autora encontrou o Sr. Carlos Tucunduva, que se
mostrou muito receptivo, disposto a ajudar e fornecer as informações que
estivessem ao seu alcance. Decidiu-se então aproveitar a oportunidade para tentar
entender mais uma vez o funcionamento da secretaria de turismo de Teresópolis
antes de entrar realmente no tema da entrevista, sobre isso o subsecretário disse:
[...] em janeiro desse ano voltei a secretaria de turismo como subsecretário e por conta de uma contenção de despesas fizemos uma redução de cinco secretarias na prefeitura, uma das secretarias atingidas foi a de turismo, onde hoje eu sou subsecretário e o secretário de cultura responde interinamente pela secretaria de turismo, mas eu continuo a frente e com a responsabilidade de tocar a secretaria de turismo. (TUCUNDUVA,2015.)
Após o início da entrevista, constatou-se uma performance positiva no que se
refere ao conhecimento da temática do turismo da cidade, quando passou a
responder as perguntas que haviam sido preparadas anteriormente pela própria
autora. Ao longo do presente capítulo, será feita uma análise de suas respostas,
relacionando as mesmas com as observações feitas nos atrativos escolhidos como
objeto de estudo.
3.2 PROMOÇÃO E REVITALIZAÇÃO DE TERESÓPOLIS
No dia que antecedeu à entrevista com o Sr. Carlos Tucunduva ocorreu em
um hotel da cidade o Fórum de Turismo da Serra Verde Imperial. O subsecretário se
mostrou bastante animado com o resultado desse evento, e acreditava que o
36
mesmo teria sido uma ótima forma de promover a cidade de Teresópolis como
destino turístico.
O subsecretário também informou que a secretária está tentando estabelecer
uma parceria com duas empresas para realizar receptivo na cidade, sendo uma
delas a CVC, e mudar um pouco o perfil do turista que vai à Teresópolis.
Apesar de não haver um monitoramento da demanda turística no município,
Tucunduva diz que hoje o turista que vai a Teresópolis não fica por muito tempo,
mas para mudar isso o subsecretário sabe que é necessário que se faça uma
revitalização dos atrativos da cidade:
[...] estamos tentando buscar recursos, pois com essa redução de royalts os municípios estão meio capengas, então nós estamos tentando buscar recursos através de emendas parlamentares para que a gente possa fazer a revitalização de diversos pontos turísticos aqui da cidade, tipo o Mirante da Colina, o lago Iacy e outros mais para que a gente possa fazer um receptivo, pois para a gente fazer um turismo como a gente já tem pronto o da Rota Cervejeira, que contempla Teresópolis, Petrópolis e Friburgo, para isso já existe um receptivo, então nós queremos fazer isso para chamar o público para que venha a Teresópolis e fique em Teresópolis, mas para isso precisamos ter os pontos turísticos para que consigamos prender o turista 2 ou 3 dias dentro da cidade. (TUCUNDUVA, 2015)
Relacionando o que foi dito pelo subsecretário com o que foi observado
durante a pesquisa de campo, nota-se que a cidade precisa de uma revitalização
urgentemente caso queira se vender como destino turístico. A oferta de atrativos é
grande, porém nem todos se encontram em bom estado, essa situação é perceptível
na Praça Baltazar da Silveira, local onde se encontra um dos atrativos que foi objeto
de estudo dessa pesquisa, a Matriz de Santa Teresa.
As fotos a seguir (Figura 3 A e Figura 3 B) foram tiradas pela autora na praça
onde se encontra a Matriz Santa Teresa, atrativo turístico recomendado pelo próprio
site da prefeitura municipal da cidade, foi observado que o local não é muito
acolhedor, o patrimônio público sofre bastante com o vandalismo e com as
pichações, barracas vazias e mendigos dividem espaço com a bela construção de
estilo gótico.
37
Figura 3 A: Quiosque Pichado. Figura 3 B: Monumento Pichado Fonte: Acervo próprio Fonte: Acervo próprio.
Outro ponto turístico analisado nessa pesquisa que também sofre com o
vandalismo e que assim como a Praça Baltazar da Silveira necessita urgentemente
de uma revitalização para que possa se tornar mais atrativo para o turista é o
Mirante do Soberbo, apesar do C.I.T. e o entorno terem uma ótima estrutura, como
veremos mais adiante, o ponto de observação se encontra atualmente bastante
degradado.
3.3 A PRAÇA DO SOBERBO
Como mencionado anteriormente apesar do Mirante do Soberbo necessitar
de uma revitalização, seu entorno recentemente foi reestruturado. Ao ser perguntado
sobre ações voltadas para a terceira idade Carlos Tucunduva mencionou que em
parceria com a secretaria de esporte foram instalados equipamentos de ginástica
para a terceira idade em seis praças da cidade, um dos pontos escolhidos foi a
praça da Soberbo, próximo ao CIT. (TUCUNDUVA, 2015)
Na figura quatro nota-se que ao fundo da academia da terceira idade, que se
encontra na Praça do Soberbo, é possível visualizar um pouco da vista do Mirante.
No dia da visita estava bastante frio e nublado (aproximadamente 15º) e ainda assim
38
o local estava movimentado, em especial as barraquinhas de comidas que ficam na
praça.
Figura 4: Academia da Terceira Idade localizada na Praça do Soberbo. Fonte: Acervo próprio.
Sobre o Mirante do Soberbo, se faz importante ressaltar que ele não se
encontra completamente adequado para receber turistas da terceira idade, pois para
subir no ponto de observação existe um degrau extremamente alto. Enquanto
fotografava o degrau, uma vendedora ambulante se aproximou da autora e
mencionou que era necessário que a prefeitura fizesse uma rampa naquele local,
pois trabalhava ali há mais de três anos e já viu diversas vezes cadeirantes e idosos
frustrados por terem dificuldade no acesso. Vale ressaltar que essa observação foi
feita sem que nem ao menos tenha sido mencionado o tema da pesquisa com a
ambulante.
Apesar do ponto de observação não possuir rampa de acesso, o entorno do
local mostrou que se encontra em uma realidade diferente. O CIT (Figura 5) tem
uma excelente estrutura, atendentes solícitos, banheiros adaptados, vagas
reservadas para deficientes, rampas de acesso, além de local para realização de
lanches.
39
Na entrevista com o subsecretário, o mesmo informou que existe
disponibilidade de guias, na cidade, para realizar receptivo tanto no Soberbo quanto
no Parque Nacional mediante agendamento, porém no CIT o que foi mencionado é
que existe apenas a possibilidade de indicação de guias particulares.
Figura 5: Centro de Informações Turísticas localizado na Praça do Soberbo. Fonte: Acervo próprio.
3.4 ACESSIBILIDADE DOS ATRATIVOS TURÍSTICOS
Ainda sobre a entrevista com o subsecretário de turismo, Tucunduva foi
questionado se considerava que a cidade de Teresópolis estava apta a receber
turistas da terceira idade, levando em conta que essa parcela da população
necessita, por muitas vezes, que os locais estejam adaptados as suas
necessidades, devido aos recorrentes problemas de mobilidade dessa parcela da
população. Sobre esse assunto o subsecretário relatou:
Nós estamos tendo a preocupação, você pode ver até pela própria entrada do Centro Administrativo, nos estamos tendo a preocupação com a acessibilidade, pois hoje é uma coisa imprescindível que se tenha em todos os prédios, todas as praças, em todos os locais públicos, acessibilidade para a terceira idade, não só para a terceira idade, mas também para cadeirantes e para quem mais necessite. (TUCUNDUVA, 2015).
40
Parte importante dessa pesquisa foi verificar a existência de rampas de
acesso e uma infraestrutura sanitária adaptada nos atrativos turísticos da cidade,
felizmente a autora se surpreendeu ao verificar que a maior parte dos atrativos
turísticos atendia de forma satisfatória a esse quesito da análise.
Dois dos atrativos visitados, a Granja Comary e a Fonte Judite não possuíam
infraestrutura sanitária e nem rampas de acesso, porém no caso de ambos o acesso
ao atrativo se dava por uma rua plana, por essa razão a autora julgou não haver
necessidade de rampas nesses locais. Quanto à infraestrutura sanitária na Fonte
Judite (Figura 6) a mesma se encontra próxima a Feirinha do Alto e por conta disso
não existe a necessidade da construção de banheiros exclusivos para esse atrativo.
A questão da Granja Comary (Figura 7) é um pouco mais complexa, o local se trata
de um condomínio fechado que ganhou visibilidade por ser sede da CBF, por esse
motivo o local passou a ser frequentemente procurado para visitação, é proibida a
entrada de carro no condomínio e o visitante tem acesso apenas a uma parte restrita
do local.
Figura 6: Fonte Judite. Fonte: Acervo próprio.
41
Figura 7: Granja Comary. Fonte: Acerco próprio.
3.5 ESTRUTURA DE ESTACIONAMENTO DE TERESÓPOLIS
Levando em consideração que é muito comum que idosos viagem em grupo,
é justo dizer que para a cidade se lançar como um destino turístico em potencial,
para esse segmento de mercado que o município tenha um espaço especial para
estacionamento de ônibus fretado, porém o subsecretário disse que esse espaço
não existe e também não mencionou em momento algum que esse poderia ser um
projeto para a cidade.
Ainda no quesito estacionamento é relevante dizer que durante a observação
foi percebido que essa é uma questão bastante problemática na cidade, porém
alguns dos atrativos possuem estacionamento próprio (Parque Nacional,
Arabotânica Orquídeas e Mirante do Soberbo). Nos locais onde se faz necessário
estacionar na rua isso se mostrou ser um problema para um carro, se essa análise
for realizada pensando em estacionar um ônibus a dificuldade será ainda maior.
42
Em nenhum dos atrativos visitados foram encontradas vagas reservadas para
idosos, porém para deficientes isso não se mostrou um problema, as vagas
reservadas eram sempre próximas do atrativo em questão e estavam devidamente
sinalizadas como observa-se nas fotos a seguir (Figura 8 e 9).
Figura 8: Vaga reservada para deficientes Figura 9: Vaga reservada para deficientes
na Praça do Soberbo. no Parque Nacional. Fonte: Acervo próprio. Fonte: Acervo próprio.
3.6 O PARQUE NACIONAL E SUA INFRAESTRURA
De todos os atrativos que foram utilizados como objeto de estudo para a
elaboração desse trabalho o que se mostrou, segundo a análise da autora, como o
mais preparado a receber os turistas da terceira idade foi o Parque Nacional da
Serra dos Órgãos. O mesmo possui uma estrutura muito boa para atender aqueles
que tenham algum problema de mobilidade, o parque conta com rampas de acesso,
banheiros adaptados (Figura 10), elevador (Figura 11) e vagas reservadas para
deficientes (Figura 9).
43
Além de tudo isso ainda é possível observar que o parque se encontra muito
bem sinalizado e está preparado para atender turistas em geral, nas mediações do
parque é possível encontrar lanchonete, loja de souvenir, área para realização de
atividades interativas com crianças, museu além de local para realização de
piqueniques.
O único problema relacionado à acessibilidade encontrado durante a pesquisa
foi o calçamento do parque que é bastante irregular, mas em relação a isso pouco
pode ser feito, pois a realização de uma obra para deixar o local mais acessível
poderia causar uma descaracterização do local que se trata de um parque ecológico.
Figura 10: Banheiro Adaptado no PNSO. Figura 11: Elevador no PNSO. Fonte: Acervo próprio. Fonte. Acervo próprio.
3.7 CALÇAMENTO DA CIDADE
Outra questão de grande importância que foi levantada durante a entrevista
com o subsecretário de turismo da cidade de Teresópolis foi sobre as condições de
calçamento da cidade. Sobre isso Tucunduva disse:
44
Nós somos uma cidade acidentada, montanhosa, são poucos os lugares
que você tem um local plano. Então a acessibilidade nossa dentro da cidade
é muito ruim. A secretaria de fazenda tem feito um trabalho muito grande
junto ao comércio e aos moradores para que cuidem de suas calçadas para
que tenhamos um melhor acesso do pedestre. Infelizmente a cidade hoje
não tem esse calçamento adequado. (TUCUNDUVA, 2015)
Durante a pesquisa de campo foi percebido que muitos dos atrativos turísticos
escolhidos para análise ficam próximos um do outro, por essa razão seria um
percurso ideal para o turista fazer a pé, entretanto, para isso é imprescindível que a
cidade tenha um calçamento apropriado. A acessibilidade nos atrativos turísticos
analisados nesse trabalho se mostrou melhor do que o esperado no início da
pesquisa, porém isso não é uma realidade na cidade como um todo.
Durante os dias da pesquisa a autora percorreu diversos locais da cidade a
pé e observou que as calçadas se encontram em estado crítico, não é difícil
imaginar que essa condição poderia facilmente causar acidentes em pessoas em
geral, essa situação ainda se agrava quando estamos tratando de um público de
idosos.
A Feirinha de Teresópolis, apesar de contar com rampas de acesso, foi o
atrativo no qual a autora observou maiores problemas em relação a mobilidade, a
praça na qual se realiza a feirinha aos fins de semana se encontra em um terreno
bastante acidentado e desnivelado, algumas das rampas de acesso encontradas no
local pareciam ter sido feitas por cima de degraus e por conta disso não eram
padronizadas.
3.8 PERCEPÇÃO DA CIDADE EM RELAÇÃO AOS VISITANTES DO RIO DE
JANEIRO
A Feirinha do Teresópolis conta com infraestrutura sanitária adaptada e praça
de alimentação. Durante a pesquisa a autora pode perceber que a Feirinha foi o
atrativo com mais movimentação de turistas de todos os visitados. Ao redor da praça
é possível ver carros com placas de diferentes locais do estado do Rio de Janeiro,
mas a percepção geral é de que o principal emissor de turistas da cidade de
Teresópolis é a própria capital do estado.
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Acredita-se que os cariocas utilizam de cidades como Teresópolis como um
local de fuga do caos da cidade grande e o clima serrano também pode ser
considerado um chamariz. Sobre isso Tucunduva diz: “Nós temos uma coisa aqui
em Teresópolis que é raro nas grandes cidades, o ar que respiramos aqui, o ar puro”
(TUCUNDUVA, 2015).
3.9 O ORQUIDÁRIO DE ARANDA
Por fim, esse subcapítulo tratará do único atrativo que ainda não foi
mencionado, o Orquidário de Aranda (Figura 12). A percepção da autora do mesmo
foi bastante positiva, o mesmo conta com rampa de acesso, infraestrutura sanitária,
apesar da mesma não ser adaptada, possui estacionamento reservado e pessoas
disponíveis para fornecerem informações sobre as plantas.
Figura 12: Estufa principal do Orquidário de Aranda. Fonte: Acervo próprio.
No dia da pesquisa de campo, dia 09 de maio de 2015, o local se encontrava
altamente movimentado, acredita-se que por conta de se tratar do dia que antecedia
o dia das mães. A maioria dos visitantes era mulheres e várias da terceira idade,
46
acompanhadas por suas famílias, não foi percebido nenhum tipo de dificuldade em
relação à acessibilidade.
3.10 VALIDAÇÃO DAS HIPÓTESES CRIADAS
Para a conclusão desse capítulo será feita uma verificação das hipóteses
criadas pela autora no início da elaboração desse trabalho, analisar-se-á se as
mesmas foram ou não confirmadas e se algo que não estava no planejamento inicial
se destacou ou se mostrou relevante ao tema durante a pesquisa de campo feita no
município de Teresópolis.
Ao iniciar esse trabalho a autora havia criado a hipótese de que os atrativos
da cidade não estariam adequados para receber o turista da terceira idade, porém
durante a pesquisa o que foi visto não confirmou essa hipótese, os atrativos, em sua
maioria, estavam mais preparados do que o esperado para atender não apenas o
turista da terceira idade, mas todo o turista que venha a ter algum tipo de problema
de mobilidade.
Apesar dos atrativos estarem majoritariamente adequados, a situação não é a
mesma na cidade como um todo: o calçamento de Teresópolis é bastante
acidentado e a percepção da autora sobre esse cenário foi confirmada também pelo
próprio subsecretário de turismo, o senhor Carlos Tucunduva.
Alguns dos atrativos utilizados como objeto de análise dessa pesquisa eram
bem próximos, os mesmos poderiam ser percorridos a pé até mesmo por idosos,
isso é se o calçamento estivesse em boas condições, a situação em que as
calçadas da cidade se encontram atualmente podem facilmente ocasionar quedas e
outros tipos de acidente.
Um ponto de grande importância, que se destacou durante a pesquisa de
observação sistemática, foi o estado de degradação que alguns dos atrativos se
encontram, a Matriz de Santa Teresa e o ponto de observação do Mirante do
Soberbo atualmente estão bastante vandalizados e isso acarreta em uma
desvalorização do local como atrativo turístico. Na entrevista com o subsecretário de
turismo, ele se mostrou ciente e preocupado com essa situação, Tucunduva também
47
está consciente da necessidade de realização de uma revitalização dos atrativos
para que Teresópolis possa ser inserida no estado do Rio de Janeiro como atrativo
turístico em potencial.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se constatar que, embora de forma generalista, a terceira idade no
mundo contemporâneo vive de forma muito mais independente e dinâmica do que
vivia há anos, como observado no primeiro capítulo do presente estudo, ora devido
aos avanços da medicina, ora aos avanços sociais, através das leis criadas para um
melhor atendimento dessa parcela da população e de suas necessidades especiais.
Constata-se ainda que um cidadão idoso possui hoje uma condição de vida que
permite que ele possa realizar inúmeras tarefas que não seriam possíveis ou seriam
complicadas demais há alguns anos. Uma dessas atividades, efetivamente é o
turismo.
O município de Teresópolis possui equipamento turístico e atrativos
suficientes para se lançar como um destino com grande potencial no estado do Rio
de Janeiro. Para que isso ocorra se faz necessário que a cidade realize uma
revitalização de seus atrativos para que posteriormente possa começar a pensar em
estratégias de marketing e promoção.
A proximidade com a capital do estado é indiscutivelmente uma vantagem
competitiva para a cidade. Quando o município resolver investir mais seriamente no
turismo, essa proximidade poderá ser ainda mais proveitosa, pois poderá
incrementar o fluxo turístico proveniente de seu principal mercado emissor, que se
sentirão motivados a conhecerem Teresópolis, no contexto de um determinado
posicionamento estrategicamente estabelecido e, além disso, aqueles que já o
conhecem terão mais motivos para permanecer na cidade por um tempo maior do
que o que é observado atualmente. Isso causaria um impacto extremamente positivo
para a economia da cidade que hoje em dia tem sua atividade econômica muito
dependente do comércio.
Outro ponto considerado relevante é a segmentação de mercado. Conclui-se
com esse trabalho que ao segmentar um mercado é possível atender as
necessidades e expectativas desse segmento de uma maneira mais adequada, já
que eles passam a ser o foco do serviço ou produto que será oferecido. No caso da
demanda de turistas que se encontram na terceira idade, acredita-se que a
49
elaboração de roteiros para essa parcela do mercado deve sim se utilizar da
segmentação, já que esse público possui necessidades demasiadamente
específicas como foi percebido ao longo desse trabalho.
Os atrativos turísticos da cidade de Teresópolis, que foram utilizados como
objetos de pesquisa nesse projeto, se mostraram mais preparados a receber os
turistas da terceira idade do que na hipótese criado no inicio desse trabalho. Em sua
maioria os locais contavam com rampas de acesso, infraestrutura sanitária
adequada e poucas barreiras foram encontradas nos atrativos. Durante a pesquisa
de campo visitantes idosos foram vistos em praticamente todos os atrativos e
nenhuma grande dificuldade em relação à mobilidade dos mesmos foi presenciada
pela autora.
O ponto de observação do Mirante do Soberbo é o local onde é possível obter
uma das melhores vistas da imagem que é a identidade da cidade, o Dedo de Deus,
porém existe um degrau no local que dificulta o acesso ao local para aqueles que
têm algum problema de mobilidade, como os idosos eram o público alvo desse
trabalho acredita-se que uma pequena reforma se faz necessária para atender
melhor esse visitante, uma rampa de acesso seria é a medida que se julga ideal
para a solução desse problema.
Alguns dos atrativos visitados durante a pesquisa que deu origem a esse
trabalho possuíam estacionamento, porém naqueles que era necessário estacionar
nas ruas um problema foi observado. Apesar de Teresópolis ser uma cidade do
interior, enfrenta um problema comum de cidades maiores, a dificuldade para
estacionar e um transito complicado nas horas consideradas de rush. Levando em
consideração que é muito comum que turistas da terceira idade viajem em grupo e
que a viagem por muitas vezes é realizada de ônibus a dificuldade de estacionar
pode ser considerada um problema na questão da acessibilidade. Uma solução para
esse problema seria a disponibilização de um espaço reservado para
estacionamento de ônibus fretados, a informação que foi passada pelo
subsecretário de turismo é que a cidade não possui nada parecido.
50
Ainda sobre as viagens em grupo realizadas pelos turistas da terceira idade
considera-se que seria um diferencial se a cidade oferecesse serviço de guias
especializados para a realização de receptivo de grupos na cidade, atualmente
Teresópolis não possui esse serviço, porém no CIT localizado na Praça do Soberbo
os atendentes indicaram alguns guias particulares.
O Parque Nacional da Serra dos Órgãos se mostrou um atrativo preparado
para atender turistas de diferentes perfis, incluindo os turistas da terceira idade, já
que possui estacionamento próprio, rampas de acesso, elevador, banheiros
adaptados, uma boa sinalização, além de outros detalhes que fazem a diferença
para um turista, tais como lanchonete e loja de souvenir. Teresópolis deveria
aproveitar melhor a estrutura que esse atrativo possui para atrair diferentes
segmentos de turistas, já que hoje em dia o local é visitado basicamente por aqueles
turistas que não permanecem na cidade por muito tempo.
A Matriz de Santa Teresa necessita com urgência de uma revitalização, visto
que atualmente a praça onde a mesma fica localizada se encontra bastante
deteriorada, o que dá uma aparência de descaso a uma construção arquitetônica
que é diferente de todas as outras vistas na cidade. Hoje em dia o local é visitado
apenas por aqueles que frequentam a igreja por motivos religiosos, o que foi
observado na pesquisa é que apesar da igreja ser divulgada no site oficial da cidade
como atrativo turístico a ser visitado, o local hoje não tem estrutura para receber
turistas e muito menos apelo para ser considerado atrativo devido ao seu estado de
degradação.
Outro ponto observado durante a pesquisa é que, apesar dos atrativos
visitados estarem mais adequados do que o esperado para receber turistas da
terceira idade, a cidade de forma geral não acompanha esse padrão, o calçamento
da cidade não está em boas condições o que dificultaria a realização de algum tour
que pudesse ser realizado a pé. O subsecretário de turismo se mostrou ciente dessa
situação durante a entrevista realizada com o mesmo e mencionou que um
programa de conscientização dos moradores e comerciantes estava sendo realizado
para que eles cuidassem de suas calçadas. Uma melhoria nesse setor seria muito
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útil para o turismo na cidade já que muitos dos atrativos da cidade se encontram
próximos uns dos outros o que permitiria facilmente a realização de passeios a pé.
Por fim conclui-se que o resultado dessa pesquisa foi mais positivo do que as
hipóteses criadas, porém o cenário observado não pode ser julgado como ideal. Os
atrativos turísticos analisados nesse trabalho em sua maioria se encontram
adequados a receber turistas da terceira idade, mas para que a cidade possa
aproveitar ao máximo seu potencial turístico julga-se necessário que a mesma
realize uma revitalização de seus atrativos e melhore o calçamento, que hoje se
encontra tão suscetível a causar acidentes.
Considera-se importante também que a cidade realize uma pesquisa de
demanda turística, já que atualmente não existe nenhum tipo de monitoramento do
fluxo turístico em Teresópolis. Dessa maneira o município poderá entender melhor
quem são seus visitantes e se adequar a eles além de investir em novos mercados e
contribuir dessa forma com a economia da cidade.
Voltando ao foco da pesquisa, que é o mercado de turistas da terceira idade,
acredita-se que seria um diferencial, que potencializaria o desejo de um idoso
conhecer Teresópolis, o oferecimento de guias especialmente preparados para o
segmento em questão, que pudessem realizar visitas de grupos na cidade.
Pensando nos grupos também se julga importante que a cidade pense um pouco
mais na logística de recebimento desses turistas, tendo em vista que no presente
momento o município não possui estrutura para receber um número maior de
turistas do que vem recebendo, levando em conta a inexistência de um local para
que os ônibus fretados possam estacionar.
Por fim, conclui-se que após a realização dessas melhorias a cidade poderia
então investir mais em sua divulgação, pois estaria apta a receber o turista e
proporcionar uma boa experiência em sua visita. Crê-se também que a cidade do
Rio de Janeiro deveria ser o foco dessa propaganda, pois julga-se a proximidade
entre a capital e Teresópolis uma vantagem competitiva que poderia ser melhor
explorado, dessa forma o município teria uma outra atividade para movimentar sua
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economia, geraria renda e também mais empregos para a população que hoje em
dia não possui muitas oportunidades de trabalho no mercado do turismo.
53
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54
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Rio de Janeiro: UERJ, 2007.
VERAS, Renato et al. Velhice numa perspectiva de futuro saudável. Rio de
Janeiro: UERJ. UnATI, 2001.
55
APÊNDICE A – ENTREVISTA COM CARLOS TUCUNDUVA, SUBSECRETÁRIO
DE TURISMO DO MUNICÍPIO DE TERESÓPOLIS
JK- Joanna Kimus
CT – Carlos Tucunduva
JK-Há quanto tempo ocupa a posição de subsecretário de turismo?
CT-Bom, na verdade em 2011, agosto de 2011, eu fui nomeado secretário de
turismo pela primeira vez e essa foi minha primeira experiência na secretária de
turismo. Eu fiquei oito meses como secretário de turismo de 2011 a 2012. Depois fui
ser secretário de administração, fiquei um ano e meio como secretário de
administração, fui ser secretário de ciência e tecnologia, onde eu fiquei mais seis
meses e posteriormente fui secretário de estudos e projetos e em janeiro desse ano
voltei a secretaria de turismo como subsecretário e por conta de uma contenção de
despesas, fizemos uma redução de cinco secretarias na prefeitura, uma das
secretarias atingidas foi a de turismo, onde hoje eu sou subsecretário e o secretário
de cultura responde interinamente pela secretaria de turismo, mas eu continuo a
frente e com a responsabilidade de tocar a secretaria de turismo.
JK-Existe algum monitoramento da demanda turística do município?
CT-Não, não existe. Esse monitoramento infelizmente não existe, nós temos apenas
alguns monitoramentos na feirinha do alto, que é o nosso coordenador, nós temos
um coordenador lá na feirinha do alto que tem um controle do pessoal que passa
pela feirinha do alto, mas na cidade como um todo nós não temos.
JK-Você poderia explicitar as principais políticas públicas realizadas ou em
andamento que tenham como objetivo o desenvolvimento do turismo na
cidade?
CT-Como você pode estar vendo hoje nos jornais, nós acabamos de realizar o fórum
de turismo, sediamos o fórum de turismo da região da Serra Verde Imperial, que
contempla cinco municípios da região serrana. Nós estivemos ontem aqui com o
secretário de estado junto com o presidente da Riotur, foi um sucesso nosso fórum,
mais de 110 pessoas entre hotelaria, gastronomia, empresários de vários segmentos
da cidade, alunos de turismo da UERJ e da Estácio estiveram presentes no evento.
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A ACIAT, entre outras associações que nós temos na cidade também nos deram o
prazer do comparecimento no nosso fórum.
O que nós temos de política pública nesse sentido para Teresópolis? Nós
atualmente estamos tentando fazer um receptivo junto a duas empresas de
receptivo tipo a CVC, para que possamos trazer o turista de volta para a cidade que
não seja só aquele turismo de “sacoleiro” aquele turismo de “bate e volta” como é a
feirinha. Para que isso aconteça a primeira medida que nos estamos tentando tomar,
estamos tentando buscar recursos, pois com essa redução de royalts os municípios
estão meio capengas, então nós estamos tentando buscar recursos através de
emendas parlamentares para que a gente possa fazer a revitalização de diversos
pontos turísticos aqui da cidade, tipo o Mirante da Colina, o lago Iacy e outros mais
para que a gente possa fazer um receptivo, pois para a gente fazer um turismo como
a gente já tem pronto o da Rota Cervejeira, que contempla Teresópolis, Petrópolis e
Friburgo, para isso já existe um receptivo, então nós queremos fazer isso para
chamar o público para que venha a Teresópolis e fique em Teresópolis, mas para
isso precisamos ter os pontos turísticos para que consigamos prender o turista dois
ou três dias dentro da cidade.
JK-A secretaria desenvolve alguma ação voltada para a terceira idade?
CT-Nós desenvolvemos sim, o que realizamos aqui para a terceira idade é que nos
instalamos em seis praças da cidade, inclusive lá no Soberbo, que é a entrada da
nossa cidade, vários aparelhos de exercício físico para a terceira idade. Isso pode
não parecer, mas atraiu uma população não só de Teresópolis como também de
turistas. O pessoal da terceira idade que vem aqui, vem, faz sua caminhada, até
porque temos várias trilhas não só no Parque Nacional para fazerem caminhadas
para terceira idade, são programas para a terceira idade, e eles acabam se
deparando com esses aparelhos.
JK-Em sua opinião a cidade hoje está preparada para atender os turistas da
terceira idade?
CT-Nós estamos tendo a preocupação, você pode ver até pela própria entrada do
Centro Administrativo, nos estamos tendo a preocupação com a acessibilidade, pois
hoje é uma coisa imprescindível que se tenha em todos os prédios, todas as praças,
em todos os locais públicos, acessibilidade para a terceira idade, não só para a
terceira idade, mas também para cadeirantes e para quem mais necessite. Nós
temos alguns programas esportivos junto com a secretaria de esporte e culturais
junto com a secretaria de cultura para contemplar exatamente a terceira idade.
Existe um programa muito bacana com o Ronaldo Fialho (secretário de cultura e
interino de turismo) sobre a musicalidade voltada para a terceira idade.
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JK-A cidade possui centros de informações ao turista?
CT-Possuímos, temos um localizado no Soberbo, fizemos um local de receptivo
muito grande lá no Soberbo. No centro da cidade também temos um CIT (Centro de
Informações Turísticas) e a secretaria também possui dois locais que atende a
população e o turista.
JK-A cidade possui algum espaço especial para estacionamento de ônibus
fretado?
CT-Não.
JK-Você acha que Teresópolis possui uma boa infraestrutura para percorrer a
cidade andando? As calçadas estão adequadas?
CT-Não, não tem. Nós somos uma cidade acidentada, montanhosa, são poucos os
lugares que você tem um local plano. Então a acessibilidade nossa dentro da cidade
é muito ruim. A secretaria de fazenda tem feito um trabalho muito grande junto ao
comércio e aos moradores para que cuidem de suas calçadas para que tenhamos
um melhor acesso do pedestre. Infelizmente a cidade hoje não tem esse calçamento
adequado.
JK-Existe disponibilidade de guias turísticos para realizar receptivo de
grupos?
CT-Temos, tanto no Soberbo quanto no Parque Nacional nós temos guias
profissionais para fazer esse serviço.
JK – Basta agendar?
CT-Sim, mediante o agendamento.
JK-Como Teresópolis pode obter vantagem competitiva no seguimento da
terceira idade em função de sua proximidade com a cidade do Rio de Janeiro?
CT-Nós temos uma coisa aqui em Teresópolis que é raro nas grandes cidades, o ar
que respiramos aqui, o ar puro. Além disso, nossa gastronomia e hotelaria estão
preparadas para receber o turista da terceira idade e eu acho que existem muitos
programas que atrairiam a terceira idade para Teresópolis para que eles possam
usufruir desses atrativos.
JK-Gostaria de fazer alguma observação pertinente ao tema?
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CT-Nós temos dois projetos para serem tocados e estamos dependendo de verbas
parlamentares, pois são projetos maiores, demandam uma verba na casa dos
milhões que é a construção de um planetário aqui na cidade, que atrairia não só o
turista, mas também o jovem estudante e temos outro projeto também bastante
arrojado que é fazer um “avancé” ali no Mirante do Soberbo, fazer um projetado ali
naquele Mirante aos moldes de como é o Grand Canyon, onde você possa dentro de
uma estrutura bem segura entrar e vislumbrar a vista maravilhosa do Rio de Janeiro.
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APÊNDICE B – PONTOS DE OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA DOS ATRATIVOS
TURÍSTICOS DA CIDADE DE TERESÓPOLIS:
1. Rampa de acesso;
2. Barreiras que dificultem o acesso;
2.1. Quais.
3. Valor de meia entrada ou gratuidade para maiores de 65 anos ;
4. Vagas reservadas para idosos nas redondezas;
5. Disponibilidade de guias para realização de receptivo;
6. Existência de infraestrutura sanitária adequada,
7. Outras Observações.
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APÊNDICE C – DEMONSTRATIVO DA ANÁLISE DOS PONTOS DE
OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA DOS ATRATIVOS TURÍSTICOS DA CIDADE DE
TERESÓPOLIS