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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA LAERTE RODRIGUES SOARES DE OLIVEIRA GESTÃO DO ABSENTEÍSMO: LEVANTAMENTO DE PROGRAMAS UTILIZADOS NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL DA CIDADE DE MOSSORÓ-RN MOSSORÓ - RN 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO … - BCT/Laerte... · De acordo com Costa (2003) a partir de meados da década de 1980, iniciou-se na indústria da construção um crescente

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS

CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

LAERTE RODRIGUES SOARES DE OLIVEIRA

GESTÃO DO ABSENTEÍSMO: LEVANTAMENTO DE PROGRAMAS UTILIZADOS

NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL DA CIDADE DE MOSSORÓ-RN

MOSSORÓ - RN

2013

LAERTE RODRIGUES SOARES DE OLIVEIRA

GESTÃO DO ABSENTEÍSMO: LEVANTAMENTO DE PROGRAMAS UTILIZADOS

NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL DA CIDADE DE MOSSORÓ-RN

Trabalho de conclusão de curso apresentado a

Universidade Federal Rural do Semi-Árido –

UFERSA, Campus Mossoró para a obtenção

do título de Bacharel em Ciência e Tecnologia.

Nome do Orientador: Prof. MSc Marco

Antonio Dantas de Souza - UFERSA

MOSSORÓ - RN

2013

Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e

catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA.

O46g Oliveira, Laerte Rodrigues Soares de.

Gestão do absenteísmo: levantamento de programas

utilizados na indústria da construção civil da cidade de

Mossoró-RN / Laerte Rodrigues Soares de Oliveira. –

Mossoró, RN : 2013.

36f. : il.

Orientador: Profº. Msc. Marco Antonio Dantas de Souza.

Monografia (Graduação) – Universidade Federal Rural

do Semi-Árido, Graduação em Ciência e Tecnologia, 2013.

1. Absenteísmo. 2. Qualidade de vida. 3. Construção

civil. I. Título.

CDD: 658.38

Bibliotecária: Marilene Santos de Araújo

CRB-5/1033

DEDICATÓRIA

A Jardel Rodrigues Soares de Oliveira (In

Memorian), que foi meu irmão, e para sempre

será a minha fonte de inspiração, orgulho,

fortaleza, persistência e que jamais em

hipótese alguma será esquecido pela minha

pessoa.

A Deus, pela infinita misericórdia e Proteção

que tem me dado durante todo esse tempo e

que para sempre seja louvado

Aos meus queridos e amados Pais, que mesmo

sem nenhuma formação acadêmica, soube me

dar a melhor educação que um Pai e Mãe

poderiam dar ao filho, usando para isso a

sabedoria de vida que ambos viveram, dando-

me forças e todas as condições necessárias

para este sonho tornar-se realidade.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente por tudo que ele me proporcionou ao longo desses anos,

dando-me todos os dias forças para ir à luta e conseguir chegar aonde cheguei, pois sem ele

nada disso seria possível.

Aos meus Pais que me deram todo o apoio e força para chegar aonde eu cheguei.

A minha família que foi, e sempre será muito importante na minha vida, como os meus tios,

tias e primos que torceram por mim.

Ao meu Professor Orientador MSc. Marco Antonio Dantas de Souza, pela sua capacidade e

competência de realizar um grande trabalho junto a mim, orientando-me da melhor forma

possível para que pudéssemos realizar um excelente trabalho.

A todos os Professores da UFERSA do Campus de Angicos e Campus Central, que

contribuíram na minha formação acadêmica, dando-me todo o apoio possível durante todo

esse tempo.

A todos os meus amigos que contribuíram direta ou indiretamente para que esse trabalho

fosse realizado.

“O Conhecimento é Irresistível”

(Canal FUTURA)

RESUMO

Devido ao alto grau de absenteísmo nas empresas da construção civil, alguma destas

começaram a perder os seus trabalhadores, trazendo sérios prejuízos para as empresas, tais

como baixa produtividade, aumento da carga de trabalho para com os outros trabalhadores e

diversos outros, de acordo com isso o estudo em questão tem por objetivo verificar quais as

empresas do ramo da construção civil da cidade de Mossoró - RN possuem programas de

Gestão de Absenteísmo em sua infraestrutura administrativa para tentar controlar, reduzir ou

mesmo eliminar a ausência recorrente de seus profissionais, e como estes programas lidam

com a ausência recorrente de trabalhadores e o impacto financeiro desta prática. Justifica-se

também por contribuir para o aumento do número de publicações nacionais a respeito do

assunto e aprofundar ainda mais o tema, intensificando sua relevância. A metodologia

utilizada para o trabalho em questão se baseou inicialmente em uma pesquisa bibliográfica,

com posterior pesquisa de campo por meio de questionário fechado aplicado nas 10 maiores

empresas do ramo da construção civil da cidade. A pesquisa de campo foi realizada por meio

de entrevistas com os administradores (gerentes) e funcionários do setor de Recursos

Humanos das empresas. Pôde-se constatar que apenas 20% do total das empresas pesquisadas

possuem programas de gestão do absenteísmo para o controle desses índices, tornando-se para

elas o tema desconhecido.

Palavras – Chave: Absenteísmo. Qualidade Vida. Construção Civil

ABSTRACT

Due to the high degree of absenteeism in civil construction companies, some of these

have begun to lose their workers, bringing serious damage to businesses, such as low

productivity, increased workload for others and several other workers, according to that the

study in question aims to determine which companies from the construction of the town of

Mossoró - RN programs have Absenteeism Management in its administrative infrastructure to

try to control, reduce or even eliminate the recurrent absence of its professionals, and how

these programs deal with the recurrent absence of workers and the financial impact of this

practice. Justified also by contributing to the increasing number of national publications on

the subject and further deepen the theme, enhancing its relevance. The methodology used for

the work in question was initially based on a literature search, with subsequent field research

through a questionnaire applied to the closed top 10 companies from the construction of the

city. The field research was conducted through interviews with administrators (managers) and

employees of the Human Resources department of the company. It was found that only 20%

of companies surveyed have absenteeism management programs to control these indices,

becoming the subject unknown to them.

Key - Words: Absenteeism. Quality Life. Building

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Taxa de Admissão e Demissão de Emprego na Região Sudeste (São Paulo), no

Setor da Construção Civil-------------------------------------------------------------------------------18

Gráfico 2 - Taxa de Admissão e Demissão de Emprego na Região Nordeste (Bahia), no Setor

da Construção Civil--------------------------------------------------------------------------------------18

Gráfico 3 - Taxa de Admissão e Demissão de Emprego na Região Centro Oeste (Goiás), no

Setor da Construção Civil-----------------------------------------------------------------------------19

Gráfico 4 - Taxa de Admissão e Demissão de Emprego na Região Sul (Paraná), no Setor da

Construção Civil----------------------------------------------------------------------------------------19

Gráfico 5 – Programa de Gestão do Absenteísmo---------------------------------------------------43

Gráfico 6 – Principal Motivo Para Não Possuir Nenhum Programa de Gestão do

Absenteísmo----------------------------------------------------------------------------------------------46

Gráfico 7 – Autonomia Para Tomada de Decisão---------------------------------------------------48

Gráfico 8 – A Empresa Possui Plano de Carreira e Possibilidade de Crescimento Profissional

Para Seus Colaboradores--------------------------------------------------------------------------------50

Gráfico 9 – Os Funcionários Podem Contar Com Uma Estabilidade de Emprego Dentro da

Empresa---------------------------------------------------------------------------------------------------51

Gráfico 10 - A Empresa Disponibiliza Qualificação Para os Profissionais----------------------52

Gráfico 11 – A Empresa Oferece Oportunidades Iguais à Todos os Colaboradores------------53

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - Modelo de QVT de Walton (1973) ------------------------------------------------------25

Quadro 2- Modelo de QVT de Walton adaptado (1973) -------------------------------------------28

Quadro 3 - Prejuízos causados pelo absenteísmo para o trabalhador e empregador------------35

Quadro 4 – Quantidade de funcionários por empresa-----------------------------------------------41

Figura 1 - Produção de cimento no Brasil------------------------------------------------------------17

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PMCMV - Programa Minha Casa Minha Vida

Q.V.T. - Qualidade de Vida no Trabalho

MPT - Ministério Público do Trabalho

Q.V. - Qualidade de Vida

CIPA - Caderno Informativo de Prevenção de Acidentes

BNA - Bureau of National Affairs (Sigla Americana)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 15

1.1 PROBLEMA ..............................................................................................................................16

1.2 OBJETIVOS:..............................................................................................................................16

1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 16

1.2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 17

1.3 JUSTIFICATIVA .........................................................................................................................17

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ......................................................................................................21

1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO .....................................................................................................21

2 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................................... 23

2.1 CENÁRIO DA CONSTRUÇÃO CIVIL.............................................................................................23

2.2 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT) ..............................................................................24

2.3 O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL E O TRABALHADOR ...............................................................31

2.4 JORNADA DE TRABALHO E REMUNERAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................33

2.5 ABSENTEÍSMO .........................................................................................................................34

3. METODOLOGIA .......................................................................................................... 41

3.1 MODALIDADE DE PESQUISA ....................................................................................................41

3.2 TÉCNICA ABORDADA ...............................................................................................................41

3.3 A PESQUISA EXPLORATÓRIA E DESCRITIVA ..............................................................................42

3.4 ESTRATÉGIA DE PESQUISA ...............................................................................................42

3.5 POPULAÇÃO PESQUISADA, COLETA DE DADOS E OBJETIVOS ..................................43

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 44

4.1 Resultados da pesquisa ...........................................................................................................44

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 56

5.1 Análise crítica quanto aos objetivos .........................................................................................56

5.2. Recomendações para trabalhos futuros:.................................................................................57

5.3 Conclusão ................................................................................................................................58

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 60

APÊNDICE A – Questionário aplicado para obtenção de informações sobre programas

de gestão de absenteísmo dentro das empresas ................................................................. 63

15

1 INTRODUÇÃO

Absenteísmo é o grau de ausência no trabalho de mão de obra empregada. Ele pode ser

causado por diversos fatores presentes cotidianamente nas organizações. O fato é que o

absenteísmo provoca problemas como desorganização das atividades, queda na qualidade dos

serviços prestados, limitação de desempenho e até mesmo obstáculos para os gestores

(CARMELLO, 2012).

Quando esse tipo de manifestação por parte dos trabalhadores é identificado dentro das

empresas, é necessário que a gestão de recursos humanos entre em ação para tomar as devidas

precauções, saber o porquê das constantes faltas dos colaboradores da empresa, fazer uma

análise quantitativa dos motivos reais e, posteriormente, analisá-las a fim de encontrar

soluções para tais problemas. “É importante ainda entender que tratar o Absenteísmo é uma

responsabilidade de toda empresa, especialmente do Gestor, e não apenas do RH ou da

Medicina Ocupacional” (LASELVA, 2012, p.1).

A falta constante desses trabalhadores segundo Penatti, Zago e Quelhas (2006), é em

função de:

Doença efetivamente comprovada e não comprovada, razões diversas de caráter

familiar, atrasos involuntários ou por motivos de força maior, faltas voluntárias por

motivos pessoais, dificuldades e problemas financeiros, problemas de transporte,

baixa motivação para trabalhar, supervisão precária da chefia, políticas inadequadas

da organização. (PENATTI, ZAGO E QUELHAS apud SOUTO, 1980,

p. 4).

Segundo Barreto (2005, apud SANTOS, 1996) o fator humano nas organizações atuais

deixou de ser visto como um dos recursos empresariais para ser entendido como capital, capaz

de garantir a vitalidade das empresas, tornando-se com isso imprescindível dentro delas. O

não cumprimento de prazos acarreta custos adicionais uma vez que funcionários presentes

ficam sobrecarregados para manter as condições normais de funcionamento na empresa.

Devido ao absenteísmo, as tarefas são transferidas de um empregado a outro.

De acordo com Costa (2003) a partir de meados da década de 1980, iniciou-se na

indústria da construção um crescente interesse pela gestão da qualidade e, como

consequência, a implementação de sistemas de medição. As medições pautadas em objetivos

e indicadores pré-definidos possibilitam o gerenciamento e controle de forma assertiva.

16

Possibilitam ainda a célebre identificação de não conformidades, o que torna seu tratamento

rápido e eficaz.

De acordo com Penatti, Zago e Quelhas (2006), o efeito do absenteísmo dentro da

empresa é negativo, uma vez que a ausência dos trabalhadores diminui a produção. Isto reflete

nos indicadores de qualidade de forma negativa e como consequência repercute diretamente

na economia. Porém, para muitas destas empresas o problema é resolvido trocando-se apenas

esses colaboradores absenteístas por outros. Por um lado essa seria uma boa opção para os

empregadores, mas por outro não é tão viável assim, haja vista que na construção civil, a falta

de mão de obra qualificada é o principal problema no país (PORTAL BRASIL, 2011).

1.1 PROBLEMA

Diante do exposto, o presente trabalho busca responder qual o nível de conhecimento

das empresas do setor de construção civil de Mossoró em relação aos elementos constituintes

de um programa de Gestão do Absenteísmo. Busca responder ainda de que forma estes

programas podem contribuir para minimização de faltas de profissionais e melhoria da

produtividade da empresa.

1.2 OBJETIVOS:

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo do trabalho é identificar quais as empresas do ramo da construção civil da

cidade de Mossoró – RN que possuem programas de Gestão de Absenteísmo para tentar

controlar, reduzir ou mesmo eliminar a ausência recorrente de profissionais.

17

1.2.2 Objetivos Específicos

Compreender a importância de um programa de Gestão do Absenteísmo para

empresas do ramo da construção civil;

Avaliar o grau de conhecimento das empresas em relação aos programas de

Gestão do Absenteísmo;

Identificar os principais indicadores de gestão do absenteísmo utilizados pelas

empresas;

Identificar as ações existentes para a redução do absenteísmo nas empresas, caso

a mesma não possua um programa especifico.

1.3 JUSTIFICATIVA

Conforme citado anteriormente, os índices de absenteísmo refletem diretamente nos

indicadores de qualidade da empresa, especialmente naqueles relacionados à produção. Desta

forma, o presente trabalho se justifica por investigar que empresas possuem programas de

Gestão do Absenteísmo em sua infraestrutura administrativa e como estes programas lidam

com a ausência recorrente de trabalhadores. Estas observações fornecem informações

relevantes para cálculos e estimativas do impacto financeiro desta prática no faturamento das

empresas.

O setor da construção civil gera lucro para vários setores interligados a ele, como a

fabricação de cimento, tijolos, telhas, venda dos imóveis, etc. trazendo assim um crescimento

não só em uma área especifica, mas em todas que engloba este setor. O principal insumo da

construção civil é o cimento, ele é o principal agregado para as diversas operações feitas nas

obras. Com o intuito de demonstrar o crescimento deste setor, pode-se observar o Gráfico 1

que demonstra a produção de cimento no decorrer dos anos.

18

Figura 1 – Produção de cimento no Brasil

Fonte: SNIC (2013)

Pode-se observar claramente que no ano de 2009 o crescimento não alavancou mais

que no ano anterior devido à crise mundial, que afetou todos os setores econômicos. Já em

2010, o crescimento da fabricação de cimento voltou a subir. Isso devido ao fato dos grandes

investimentos dispostos pelo governo federal, que incentivou cada vez mais a construção civil

como vimos anteriormente.

É visível também o constante crescimento do setor quando analisamos os números

relativos à taxa de admissão de emprego nas maiores cidades (em número de habitantes), das

principais regiões do país. Os dados se referem aos meses de Janeiro de 2008 a Junho de

2013.

19

Gráfico 1 – Taxa de Admissão e Demissão de Emprego na Região Sudeste (São Paulo), no

Setor da Construção Civil

Fonte: Adaptado de Portal do MTE, 2013

Gráfico 2 – Taxa de Admissão e Demissão de Emprego na Região Nordeste (Bahia), no

Setor da Construção Civil

Fonte: Adaptado de Portal do MTE, 2013

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

2008 2009 2010 2011 2012 2013

Admissões Demissões

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

160.000

180.000

2008 2009 2010 2011 2012 2013

Admissões Demissões

20

Gráfico 3 – Taxa de Admissão e Demissão de Emprego na Região Centro Oeste (Goiás), no

Setor da Construção Civil

Fonte: Adaptado de Portal do MTE, 2013

Gráfico 4 – Taxa de Admissão e Demissão de Emprego na Região Sul (Paraná), no Setor da

Construção Civil

Fonte: Adaptado de Portal do MTE, 2013

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

2008 2009 2010 2011 2012 2013

Admissões Demissões

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

160.000

180.000

2008 2009 2010 2011 2012 2013

Admissões Demissões

21

Fazendo uma breve análise de todos os gráficos das principais cidades de cada região,

podemos observar que o setor da construção civil vem demandando a cada ano uma

quantidade cada vez maior de mão de obra.

Como se pode observar, o setor da construção civil ganhou um papel de destaque nos

últimos tempos, pois vários fatores contribuíram para o melhor desempenho do setor. O

incremento na oferta de crédito imobiliário, o aumento do emprego formal, o crescimento da

renda per capita e a estabilidade macroeconômica foram alguns desses fatores.

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O estudo se limita a identificar quais empresas da indústria da construção civil de

Mossoró possuem programas de gestão do Absenteísmo ou práticas isoladas para

identificação e redução de faltas dos funcionários.

Não faz parte do escopo deste trabalho a implantação, intervenção ou estudo

específico dos programas levantados, nem as estimativas do impacto financeiro desta prática

no faturamento das empresas.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

No capitulo 1 são apresentados a justificativa, os objetivos e a delimitação do estudo.

No capítulo 2 é realizada a revisão da literatura do assunto. Será tratado inicialmente sobre o

cenário da construção civil em números, demonstrando como anda o seu crescimento,

posteriormente será abordado sobre a qualidade de vida no trabalho, quais os fatores que

contribuem para a sua melhoria dentro da construção civil, em seguida haverá uma breve

abordagem sobre o setor da construção civil e o trabalhador, mostrando quais as principais

tarefas que os mesmos devem realizar durante a sua jornada de trabalho, logo após será feita

uma explanação com relação a jornada de trabalho desses empregados e a remuneração dos

mesmos dentro da construção civil e por último, será abordado o conceito do absenteísmo,

suas formas de manifestação e soluções encontradas na literatura técnica pesquisada. No

22

capítulo 3 é apresentada a metodologia para consecução dos resultados. No capítulo 4 são

apresentados os resultados encontrados e as discussões. No capítulo 5 são apresentadas as

conclusões a respeito do assunto.

23

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 CENÁRIO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

O setor da construção civil no país vem experimentando uma fase de constante

crescimento. Este constante crescimento ganhou ainda mais força devido às obras da Copa do

Mundo programadas para 2014, às Olimpíadas em 2016, bem como investimentos do governo

federal, como, por exemplo, o programa minha casa minha vida (PMCMV). Segundo a Caixa

Econômica Federal (2013), são inúmeros os benefícios que o programa disponibiliza para os

empresários do ramo da construção civil, benefícios estes que são financiados aos empresários

com o intuito de aumentar ainda mais o ramo da construção civil em nosso país, como linha

de crédito para o aumento da produção, alocação de recursos e diversos outros.

O aumento nas atividades do setor da construção civil nos últimos anos chamou a

atenção do governo federal, que passou a ver a construção como um setor estratégico na

condução da economia nacional, principalmente no período da crise financeira mundial, que

se iniciou no ano de 2008. O bom desempenho do setor está associado ao crescimento da

renda da população juntamente com as políticas governamentais de incentivo e a maior oferta

de crédito, comentado anteriormente. O mercado imobiliário vem sendo o protagonista nesse

período, mas o setor de obras de infraestrutura também registra bom desempenho estimulado,

sobretudo, pelas obras públicas. A construção civil tem uma grande capacidade de absorção

de mão de obra e geração de renda para as camadas mais carentes, e por isso o aquecimento

das atividades no setor foi uma estratégia, que visava aumentar o consumo dos cidadãos para

contornar os efeitos da crise.

O cenário está sendo positivo para o setor da construção civil trazendo boas

perspectivas e lucros, porém é necessário conter alguns graves problemas que acontecem

constantemente nesse setor, como a falta de mão de obra qualificada. A maioria dos

empregados não tem nenhum curso ou especialização na área, trazendo consigo sérios

problemas para as empresas que necessitam dessa força de trabalho (PORTAL BRASIL,

2011). Vale salientar também que a alta taxa de absenteísmo e a rotatividade nesse setor

também são consideradas expressivas pelos especialistas da área de Recursos Humanos.

Outra questão abordada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) diz respeito

ao acesso ao crédito para as construtoras. Segundo o estudo, o crédito é de fácil acesso para as

24

grandes construtoras e de difícil acesso para as pequenas. Isso pode afetar muito as atividades

no setor, já que ele é altamente dependente do crédito. Mas apesar dos entraves, as

perspectivas são de muitas oportunidades e crescimento para a construção nos próximos anos

(INDICADOR, 2011).

Segundo Adami (2009, apud Pomi, 2005) a rotatividade pode estar relacionada

diretamente às funções, às atribuições de RH e à deficiência de critérios de avaliação de

qualidade dentro das empresas, dentre outros.

Dentre os fatores que podem contribuir para o aumento na qualidade de vida desse

grupo de trabalhadores estão os significativos e atuais incentivos dados à construção, os quais

incrementaram o mercado de trabalho e geram empregos.

O mercado em expansão proporciona melhores condições de salários, fruto da

demanda por bons profissionais. Em contrapartida, esta mesma expansão exige um aumento

no ritmo de trabalho, impondo aos trabalhadores a realização de horas extras. A situação

limita as necessidades básicas de lazer e descanso, já que o desenvolvimento de um

empreendimento e a sua entrega no prazo estipulado contratualmente está entre as principais

metas dos empresários da construção civil (HAUSER, 2012).

2.2 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT)

Atualmente, a qualidade de vida no trabalho é um assunto de grande importância

dentro das organizações e está em evidência pois visa à melhoria continua de seus

colaboradores. A definição de qualidade de vida se resume em um conjunto de percepções

individuais dentro das empresas. Focar na qualidade de vida consiste em observar o bem-estar

do trabalhador dentro da empresa.

Segundo Chiavenato (2010, p. 487) o termo QVT (Qualidade de Vida no Trabalho):

Foi criado em 1970 por Louis Davis, na qual esse conceito referia-se a preocupação

com o bem estar geral e a saúde dos trabalhadores dentro das empresas. Esse modelo

tem sido muito utilizado para aferir as experiências humanas dentro dos locais de

trabalho, medindo com isso o grau de satisfação das pessoas que estão

desempenhando as atividades laborais. A QVT é considerada um fator de grande

importância para que a organização mantenha um quadro mais sadio fisicamente e

cada vez mais produtivo.

25

Para Vasconcelos (2001 apud França, 1997, p. 3) qualidade de vida no trabalho

(QVT):

É o conjunto das ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho. A construção da

qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se olha a empresa

e as pessoas como um todo, o que chamamos de enfoque biopsicossocial. O

posicionamento biopsicossocial representa o fator diferencial para a realização de

diagnóstico, campanhas, criação de serviços, e implantação de projetos voltados

para a preservação e desenvolvimento das pessoas, durante o trabalho na empresa.

Segundo Pacheco (2010 apud Fernandes, 1996):

O conceito de QVT não pode atribuir uma definição consensual, mas que o mesmo

abrange todos os atos legislativos que protegem o trabalhador, como também as

necessidade e aspirações humanas, calcado na ideia de humanização do trabalho e na

responsabilidade social da empresa.

Para Chiavenato (2010 apud Walton, 1973), existem oito fatores que afetam a QVT, a

saber:

1. Compensação justa e adequada: a justiça distributiva de compensação depende da

adequação da remuneração ao trabalho que pessoa realiza, da equidade interna

(equilíbrio entre as remunerações dentro da organização) e da equidade externa

(equilíbrio com as remunerações do mercado de trabalho).

2. Condições de segurança e saúde no trabalho: envolvendo as dimensões jornada de

trabalho e ambiente físico adequado à saúde e bem estar da pessoa.

3. Utilização e desenvolvimento de capacidades: no sentido de proporcionar

oportunidades de satisfazer as necessidades de utilização de habilidades e

conhecimentos do trabalhador, desenvolver sua autonomia, autocontrole e de obter

informações sobre o processo total do trabalho, bem como retroinformação quanto ao

seu desempenho.

4. Oportunidades de crescimento contínuo e segurança: no sentido de proporcionar

possibilidades de carreira na organização, crescimento e desenvolvimento pessoal e

de segurança no emprego de forma duradoura.

26

5. Integração social na organização: envolvendo a eliminação de barreiras

hierárquicas marcantes, apoio mútuo, franqueza interpessoal e ausência de

preconceito.

6. Constitucionalismo: refere-se ao estabelecimento de normas e regras da organização,

direitos e deveres do trabalhador, recursos contra decisões arbitrárias e um clima

democrático dentro da organização.

7. Trabalho e espaço total de vida: o trabalho não deve absorver todo o tempo e

energia do trabalhador em detrimento de sua vida familiar e particular, de seu lazer e

atividades comunitárias.

8. Relevância social da vida no trabalho: o trabalho deve ser uma atividade social que

traga orgulho para a pessoa em particular de uma organização. A organização deve ter

uma atuação e uma imagem perante a sociedade, responsabilidade social,

responsabilidade pelos produtos e serviços oferecidos, práticas de emprego, regras

bem definidas de funcionamento e de administração eficiente.

O quadro 1 apresenta os oito fatores que afetam a qualidade de vida dos trabalhadores

com suas respectivas dimensões.

Quadro 1: Modelo de QVT (WALTON, 1973).

Fatores de QVT Dimensões

1. Compensação justa e adequada 1. Renda (salário) adequada ao trabalho

2. Equidade interna (compatibilidade interna)

3. Equidade externa (compatibilidade

externa)

2. Condições de segurança e saúde no

trabalho

4. Jornada de trabalho

5. Ambiente físico (seguro e saudável)

3. Utilização e desenvolvimento de

capacidades

6. Autonomia

7. Significado da tarefa

8. Identidade da tarefa

9. Variedade de habilidades

10. Retroação e retroinformação

4. Oportunidade de crescimento e

segurança

11. Possibilidade de carreira

12. Crescimento profissional

27

13. Segurança do emprego

5. Integração social na organização 14. Igualdade de oportunidades

15. Relacionamentos interpessoais e grupais

16. Senso comunitário

6. Garantias Constitucionais 17. Respeito às leis e direitos trabalhistas

18. Privacidade pessoal

19. Liberdade de expressão

20. Normas e rotinas claras da organização

7. Trabalho e espaço total de vida 21. Papel balanceado do trabalho na vida

pessoal

8. Relevância social da vida do

trabalhador

22. Imagem da empresa

23. Responsabilidade social pelos

produtos/serviços

24. Responsabilidade social pelos

empregados

Fonte: Chiavenato, 2010

A empresa que investe diretamente no colaborador, na verdade está investindo no seu

cliente, pois de acordo com Chiavenato (2010 apud Claus Möller, 1996, p. 487) “Coloque os

empregados em primeiro lugar e eles porão os consumidores em primeiro lugar”.

A qualidade de vida no trabalho é um programa de suma importância na atualidade

que vem ganhando espaço nas empresas tendo vários interessados nesse tema: trabalhadores,

administradores, gestores e diversos outros, basicamente todos no meio produtivo da

sociedade. Ter uma boa qualidade de vida no trabalho dentro das empresas traz inúmeras

satisfações, tanto para os empregados quanto para os empregadores, e sua falta pode acarretar

sérios riscos e prejuízos para a empresa como, por exemplo, o absenteísmo, que atualmente é

um dos temas mais preocupantes para os empresários.

Os programas de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) se apresentam como uma das

principais alternativas para a melhoria das condições de trabalho dentro das empresas. Além

de elevar os índices de satisfação dos colaboradores, contribui para a redução dos índices de

absenteísmo.

28

As consequências do absenteísmo e do presenteísmo estão fazendo com que as

empresas procurem, cada vez mais, ter no ambiente de trabalho todos os requisitos

que propiciem uma jornada de trabalho satisfatória, produtiva, a tão falada Q.V.T.

(Qualidade de Vida no Trabalho), que faça esse capital humano render frutos

positivos a organização e a ele mesmo, crescendo profissionalmente e visualizando

um próspero futuro (REVISTA CIPA, 2012, p.36).

De acordo com Hauser (2012 apud Busnardo, 2006, p.23):

A construção civil é, sem dúvida, uma categoria marcada por um processo de

trabalho altamente desgastante, em geral formado por mão de obra abundante, mal

paga e com baixo grau de instrução. Nos canteiros de obra, é comum a ocorrência de

acidentes. Pesa sobre esses trabalhadores o constante medo do desemprego, já que a

grande maioria é constituída por mão de obra terceirizada. Muitos deles não

possuem contrato formal, ficando sem proteção social e submetidos a condições

deploráveis de trabalho, em total desrespeito às cláusulas elementares da convenção coletiva da categoria. Dentro dessas condições de precariedade, destacam-se a

irresponsabilidade e a omissão das empreiteiras, a alta rotatividade, o uso de

alojamentos precários e improvisados, as condições insalubres de alimentação e de

trabalho e os horários excessivamente estendidos, sem um acompanhamento salarial

compatível.

Segundo Hauser (2012),

Os operários da construção civil formam um grupo de profissionais que

desenvolvem sua atividade laboral em espaços com baixas condições de salubridade.

Normalmente possuem baixa remuneração e atendimento inadequado nas questões

de transporte e moradia, além de possuir uma restrita capacidade reivindicatória e

certamente um reduzido grau de conscientização acerca das arriscadas atividades a

que estão submetidos na maioria das obras de edificações. Os trabalhadores do setor

estão expostos a riscos de potencial gravidade ou mesmo a desenvolvimento de uma

série de patologias laborais.

Chiavenato (1973 apud,Walton 2012) expõe no quadro 1 apresentada anteriormente

que a ausência de um ambiente seguro e saudável não disponibiliza uma qualidade de vida no

trabalho para os funcionários da empresa. Confrontando os dados da tabela de Walton (1973),

com as observações de Hauser (2012), percebe-se que o setor da construção Civil ainda está

muito atrasado no que se diz respeito a Q.V.T.

Outro ponto importante observado por Penatti, Zago e Quelhas (2006, apud SOUTO,

1980, p. 4), esclarece que a falta constante desses trabalhadores ocorre devido à:

29

Doença efetivamente comprovada e não comprovada, razões diversas de caráter

familiar, atrasos involuntários ou por motivos de força maior, faltas voluntárias por

motivos pessoais, dificuldades e problemas financeiros, problemas de transporte,

baixa motivação para trabalhar, supervisão precária da chefia, políticas inadequadas

da organização.

Complementando as principais causas conhecidas do absenteísmo, podem ser citadas:

(...) administradores autoritários e autocráticos; um ou vários chefes; ausência de

líderes; aumento da competitividade; falta de um ambiente saudável (superlotação,

má ventilação e má iluminação, etc.); prazos irreais e demandas excessivas;

sobrecarga de trabalho (produção máxima em tempo mínimo); assédio moral;

assédio sexual; violência psicológica (amedrontamento, ofensas e intimidações por

parte de colegas e chefes, intrigas e fofocas); medo de ficar desempregado; medo de

não cumprir a tarefa; falta de motivação (síndrome do burnout – não fazer o que

gosta) (REVISTA CIPA, 2012, p. 48).

Confrontando as informações de Chiavenato (1973 apud,Walton 2012) e Penatti, Zago

e Quelhas (2006, apud SOUTO, 1980, p. 4), pode-se estabelecer uma relação direta entre as

dimensões da qualidade de vida no trabalho com as causas mais comuns do absenteísmo nas

empresas (Quadro 2).

Quadro 2: Modelo de QVT adaptado de Walton (1973).

Fatores de QVT Dimensões Causas do

Absenteísmo

Causas do

Absenteísmo

1. Compensação

justa e adequada

1. Renda

(salário)

adequada ao

trabalho

2. Equidade

interna

(compatibilidade

interna)

3. Equidade

externa

(compatibilidade

externa)

Dificuldade de

problemas

financeiros;

Falta de motivação;

2. Condições de

segurança e

saúde no trabalho

4. Jornada de

trabalho

5. Ambiente

Doença

efetivamente

comprovada e

Falta de um ambiente

saudável

(superlotação, má

30

físico (seguro e

saudável)

não

comprovada;

ventilação e má

iluminação, etc.); Prazos irreais e

demandas excessivas; Sobrecarga de

trabalho (produção máxima em tempo

mínimo);

3. Utilização e

desenvolvimento

de capacidades

6. Autonomia

7. Significado da

tarefa

8. Identidade da

tarefa

9. Variedade de

habilidades

10. Retroação e

retroinformação

Baixa motivação

para trabalhar;

Supervisão

precária da

chefia;

Administradores

autoritários e autocráticos; Um ou vários chefes;

Ausência de líderes.

4. Oportunidade de

crescimento e

segurança

11. Possibilidade

de carreira

12. Crescimento

profissional

13. Segurança do

emprego

Aumento da

competitividade; Medo de ficar

desempregado; Medo de não

cumprir a tarefa.

5. Integração social

na organização

14. Igualdade de

oportunidades

15.

Relacionamentos

interpessoais e

grupais

16. Senso

comunitário

Assédio moral; Assédio sexual; Violência psicológica

(amedrontamento, ofensas e

intimidações por

parte de colegas e chefes, intrigas e

fofocas);

6. Garantias

Constitucionais

17. Respeito às

leis e direitos

trabalhistas

18. Privacidade

pessoal

19. Liberdade de

expressão

20. Normas e

rotinas claras da

organização

Políticas

inadequadas da

organização;

7. Trabalho e

espaço total de

vida

21. Papel

balanceado do

trabalho na vida

pessoal

Razões diversas

de caráter

familiar;

Atrasos

involuntários ou

por motivos de

força maior;

8. Relevância social 22. Imagem da

31

da vida do

trabalhador

empresa

23.

Responsabilidade

social pelos

produtos/serviços

24.

Responsabilidade

social pelos

empregados

Problemas de

transporte;

Fonte: CHIAVENATO (1973 apud,Walton 2012); PENATTI, ZAGO e QUELHAS (2006, apud SOUTO,

1980); REVISTA CIPA (2012).

A falta da Q.V.T. dentro da empresa ocasiona sérios riscos à saúde dos trabalhadores e

são vários os quesitos que devem ser analisados, quesitos estes que vão desde o ambiente de

trabalho dos empregados, até a escolha dos seus representantes legais dentro da empresa.

Diante do que foi abordado, pode-se perceber a importância de se investir em

Qualidade de Vida no Trabalho dentro das empresas. Chiavenato (2010) diz que quando a

QVT é aceita na empresa ela afeta as atitudes pessoais e comportamentais para a

produtividade individual e grupal, tais como: motivação para o trabalho, adaptabilidade a

mudanças no ambiente de trabalho, criatividade e vontade de inovar ou aceitar mudanças e,

principalmente, agregar valor a organização.

2.3 O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL E O TRABALHADOR

A construção civil é uma das áreas que mais utiliza mão de obra para a realização dos

seus trabalhos. Porém como visto anteriormente, a mão de obra neste setor está se tornando

cada vez mais escassa e de difícil acesso, pois muitos trabalhadores não possuem qualificação

para atuarem de forma eficiente no setor. É de suma importância realizar cursos para a

qualificação desses profissionais.

O setor ainda opera com trabalhos artesanais e que dependem muito das habilidades

do trabalhador. Estas pessoas são a chave principal para o desenvolvimento de uma empresa e

para a competitividade que tanto cresce neste setor.

32

Devido à era da globalização, os clientes estão se tornando cada vez mais exigentes e

as empresas buscam a cada dia exceder suas necessidades. Esta exigência crescente impacta

diretamente os profissionais e suas competências, que se veem obrigados cada vez mais a

atingir elevados níveis de produção dentro das empresas, Com isso, as empresas veem os seus

colaboradores como peça principal para atingir o ápice no mercado (FERNANDES;

CORONADO, 2008).

Uma empresa com qualidade é aquela que atende primeiramente as necessidades

básicas dos seus colaboradores, como um bom ambiente de trabalho, boa remuneração,

possível crescimento dentro da empresa e diversos outros aspectos que tornam o ambiente de

trabalho mais agradável possível, com isso esses colaboradores irão dedicar-se ao trabalho

com melhor disposição, reduzindo a probabilidade de doenças oriundas do trabalho.

Segundo Honorio (2002, apud Evans 1996):

O papel do trabalho na sociedade mudou muito rapidamente; o quadro competitivo

indica que as empresas tendem a possuir somente a metade do número de pessoas

que têm atualmente, por consequência, as pessoas, tendo que desenvolver mais

funções, deverão se aperfeiçoar duas vezes mais.

Com isso podemos ver o quanto que a qualificação neste setor é importante, tanto para

o empregado, que visa à seguridade do seu emprego quanto para o empregador que tem

melhores formas de combater a concorrência acirrada deste setor, pois se esses trabalhadores

estão sendo bem remunerados e com uma boa QVT, os mesmos trabalharão satisfeitos.

Segundo o modelo de QVT proposto por Walton (1973), o setor da Construção Civil

não contempla alguns dos oito fatores propostos por este autor, como por exemplo,

oportunidade de crescimento e segurança, utilização de desenvolvimento e capacidades,

condições de segurança e saúde no trabalho como também alguns não tem compensação justa

e adequada dentro das empresas. Devido a isso essas empresas acumulam sérios problemas,

como o absenteísmo e alta rotatividade dificultando assim um vínculo entre empresa e

empregado em longo prazo (DREHMER, 2006).

33

2.4 JORNADA DE TRABALHO E REMUNERAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A cartilha do Ministério Público do Trabalho (MPT) abrange o quesito jornada de

trabalho na construção civil da seguinte maneira:

A Constituição Federal, em seu artigo 7°, inciso XII, determina como direito do

trabalhador a duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta

e quatro semanais facultadas à compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. Consideram-se extras as horas

trabalhadas além da jornada normal de cada empregado. A Constituição Federal

determina que cada hora extra seja remunerada com um adicional de, no mínimo,

50% em relação à hora normal. A convenção coletiva poderá prever percentagem

superior. O empregador não pode exigir trabalho extraordinário superior a duas

horas por dia. Apenas em situações excepcionais a duração do trabalho poderá

exceder o limite legal. Além das horas extraordinárias, o empregado mensalista tem

direito ao repouso semanal de um dia remunerado por semana, desde que cumprida

integralmente à jornada semanal de trabalho. O trabalhador também tem direito ao

intervalo para repouso ou alimentação, cuja duração varia de acordo com sua

jornada de trabalho (art. 71 da CLT), bem como ao intervalo mínimo de 11 horas consecutivas entre o fim de uma jornada de trabalho e o início da outra (art. 66 da

CLT). De acordo com a lei, o empregador que tiver mais de 10 empregados é

obrigado a registrar sua jornada de trabalho. O registro pode ser feito em cartão de

ponto, livro ou qualquer outro meio para controlar o horário dos trabalhadores. O

início e o término da jornada de trabalho devem ser anotados pelo próprio

trabalhador e o horário registrado deve ser aquele que foi realmente trabalhado. O

registro de horários falsos, que não revelam a verdadeira jornada de trabalho,

consiste em fraude aos direitos dos trabalhadores (MPT).

De acordo com pesquisa realizada por Honorio (2002), ele constatou que a maioria dos

operários da construção civil necessitava realizar horas extras ou assumir “bicos” de finais de

semana, comprometendo a sua QV, quanto ao aproveitamento do tempo, que deve ser

utilizado para atividades sociais, culturais, religiosas, esportivas, enfim, que contribuam na

renovação da sua força física, espiritual e mental.

Ainda de acordo com a cartilha do MPT, a mesma define salário como:

O salário é o valor pago pelo empregador ao trabalhador como retribuição pelos serviços prestados. O pagamento do s a l á r i o estipulado por mês deverá ser

efetuado até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido (salvo condição mais

favorável estipulada em Convenção Coletiva). A data do pagamento salarial deve

constar no recibo dado pelo empregado. Preencher o recibo de pagamento com data

falsa consiste em fraude aos direitos do trabalhador. Em se tratando de trabalhador

analfabeto, o recibo será dado mediante sua impressão digital, ou, não sendo esta

possível, a seu pedido, por outra pessoa, em seu nome (artigo 464 da CLT). O valor

do salário registrado na CTPS deve corresponder ao salário efetivamente recebido

pelo trabalhador. O registro na CTPS de salário inferior ao que é pago, comumente

chamado de “salário por fora”, também consiste em fraude aos direitos do

trabalhador (MPT).

34

A remuneração é diretamente proporcional a jornada de trabalho do funcionário, como

podemos constatar no que foi visto acima, é necessário que os funcionários do setor da

construção civil sejam bem remunerados, fazendo com que os mesmos não sacrifiquem os

seus dias de lazer para poder fazer “bicos nos finais de semana” e ganhar um pouco mais de

dinheiro.

2.5 ABSENTEÍSMO

No intuito de alcançar a excelência é necessário que essas empresas implementem

programas de gestão que consigam reduzir os índices de absenteísmo.

Na literatura vários autores abordam o significado de absenteísmo de diversas formas,

porém todos tem o intuito de esclarecer o tema da melhor forma possível, vejamos:

De acordo com Chiavenato (2010, p. 88) absenteísmo ou ausentismo:

É a frequência e/ou duração do tempo de trabalho perdido quando os colaboradores

não comparecem ao trabalho. O absenteísmo constitui a soma dos períodos em que

os colaboradores se encontram ausentes do trabalho, seja por falta, atraso ou a algum

motivo interveniente.

Segundo a Revista CIPA (2012), o absenteísmo é caracterizado:

Pelo fato de o trabalhador deixar de comparecer à empresa, conforme a frequência

exigida. Independente dos motivos, tais como indisposição para o trabalho,

insatisfação com a atividade que exerce ou com o salário; além de motivos de ordem

particular e familiar. Prejudica de forma significativa a aceitação do profissional na

empresa, podendo culminar em demissão. Mais fácil de ser detectado pela empresa,

já que o departamento de recursos humanos tem como saber quantas faltas cada

funcionário apresenta em cada período (REVISTA CIPA, 2012, p.36).

Encarado como um tipo de doença organizacional:

(As ausências) têm como pano de fundo a redução da capacidade para o trabalho,

geralmente relacionada à questão de saúde (física, mental ou de funcionamento

social). Podem, portanto, serem entendidas como desvios nos padrões

comportamentais esperados na saúde corporativa, que comprometem o desempenho

profissional, a produtividade e/ou a qualidade do trabalho executado, com impactos

35

sobre o resultado empresarial, com a presença física, no caso do presenteísmo, ou

ausência, no absenteísmo, do trabalhador do seu ambiente de trabalho (Ibid, p.36).

É difícil para qualquer organização operar tranquilamente e atingir seus objetivos

quando os seus funcionários não aparecem para trabalhar, principalmente naquelas empresas

em que a produção depende exclusivamente da linha de montagem, podendo causar uma

drástica perda na qualidade dos produtos e em alguns casos a paralisação da produção. Porém

nem todas as ausências são tão prejudiciais assim, pois dependendo do tipo da empresa às

vezes a mesma se beneficia quando o trabalhador falta ao trabalho, por exemplo, em

profissões na qual o profissional precisa estar sempre atento, como cirurgiões e pilotos de

avião, será melhor para a organização que eles faltem ao invés de apresentarem desempenho

ruim, pois o custo de um erro nessas funções é muito alto, e nem sempre vale a pena arriscar.

(ROBBINS, 2005)

O absenteísmo é um problema complexo e traz sérias preocupações para os

empresários e administradores, devido aos elevados custos, sejam eles diretos (produção) ou

indiretos (encargos sociais e impostos), interferindo profundamente na produção das

organizações. A ausência de um desses colaboradores em empresas onde sua produção é

contínua prejudicará todo o seu processo, podendo ocasionar a demanda de horas-extras para

compensar o trabalho dos ausentes.

Para o cálculo da ausência de dias dos colaboradores, Chiavenato (2010, p. 88)

exemplifica a seguinte fórmula:

é

Porém para o cálculo das ausências por atrasos de minutos ou de horas, algumas

organizações preferem transformar os dias em horas, para incluir faltas e também atrasos,

ficando a fórmula da seguinte maneira:

36

O cálculo do índice de absenteísmo dentro das empresas pode ser mensal como

também anual, se, por exemplo, uma empresa tem um índice de absenteísmo de 10% dentro

da empresa, na verdade ela só tem 90% da sua força de trabalho. Quando esse problema é

bem gerido dentro das organizações, traz benefícios para a mesma. Cada redução, por menor

que seja desses índices, acarreta em uma razoável economia para a organização, e é a partir

daí que a Assessoria de Recursos Humanos deverá entrar em ação, procurando gerir de

maneira certa os funcionários a fim de diminuir ao máximo esses índices. (CHIAVENATO,

2010).

O prejuízo em qualquer uma das partes é sempre certo, tanto para o empregador

quanto para o empregado.

O absenteísmo provoca, sobretudo, e entre outras questões muito prejudiciais, a

oneração da empresa no que concerne aos custos diretos e indiretos. O trabalhador

que passa a se ausentar faz com que seja destacado até mesmo contratado outro

profissional para substituí-lo e, por sua vez, o empregador vê-se obrigado a realizar

novo processo seletivo e a capacitar esse profissional, investindo tempo e dinheiro. (REVISTA CIPA, 2012, p. 38).

No quadro 3 pode-se observar os principais prejuízos causados pelo absenteísmo, tanto

para o empregador quanto para o empregado:

Quadro 3: Prejuízos causados pelo absenteísmo para o trabalhador e empregador

Prejuízos para o trabalhador Prejuízos para o empregador

Afastamento, mesmo temporário

do emprego.

Apoio ao trabalhador

Risco de perda do emprego Perda de horas de trabalho

Imobilização de um familiar em

casa para acompanhar visitas ao

médico e ajudar no tratamento

Perda material provocada pela

substituição, mesmo temporária,

do colaborador doente

Queda no rendimento e na

produtividade

Redução da produtividade pelo

trabalhador substituído

Problemas emocionais causados

pelo quadro clínico atual

Custo de seleção, contratação e

treinamento do substituto

Custo de demissão do substituto,

37

no retorno do trabalhador

Diminuição da produtividade,

temporária ou não, do colaborador

recuperado

Fonte: REVISTA CIPA (2012).

Analisando o quadro 3, percebe-se que os prejuízos oriundos do absenteísmo são

muito maiores para os empregadores do que para o empregado, trazendo assim sérios

prejuízos para empresa, pois haverá gastos no que diz respeito ao desligamento do funcionário

da empresa, como também os gastos oriundos para a contratação de um novo trabalhador para

substituir o antigo, sem falar nos gastos com o treinamento.

O absenteísmo pode servir como indicador de diversas variáveis, tais como:

insatisfação do trabalhador tanto com o ambiente de trabalho quanto com os salários pagos,

como também com as políticas das empresas e as condições de trabalho que elas

disponibilizam. Quando o absenteísmo é ligado diretamente à produção, em empresas de

construção civil, começam a surgir vários problemas externos e internos, tais como perda na

qualidade dos serviços prestados, desmotivação dos funcionários, serviços mal feitos devido à

pressa e a entrega das obras, trazendo com isso insatisfação para com os clientes

(CARNEIRO, 2012).

Segundo Carneiro (2012, apud Quick e Lapertosa, 1982, p.9) absenteísmo pode ser

classificado ou dividido em cinco partes de acordo com a sua natureza. As razões que levam a

prática do absenteísmo é o que determina a sua classificação. Às quais podem ser:

O absenteísmo compulsório: vem do impedimento de comparecer ao trabalho por

determinação do patrão, prisão ou que apenas impossibilite a chegada do colaborador

ao trabalho;

O absenteísmo voluntário: se dá por razões particulares que não abrangem o fator

doença;

O absenteísmo por doença: que envolve toda e qualquer falta por motivo de doença

ou procedimento médico;

Absenteísmo por patologia profissional: se dá por ausências provocadas por

acidente de trabalho ou doença profissional e;

38

O absenteísmo legal: as faltas que, são amparadas por lei citadas no art. 131 da

Consolidação das Leis Trabalhistas. E, Somadas as faltas constantes relacionadas no

art. 473 da mesma referência legal. Artigos estes que relacionam e estipulam as regras

da faltas previstas pela lei que não causam o prejuízo financeiro ao trabalhador tal

como:

I) nos casos referidos no art. 473;

II) durante o licenciamento compulsório da

empregada por motivo de maternidade ou aborto,

observados os requisitos para percepção do

salário-maternidade custeado pela Previdência

Social;

III) por motivo de acidente do trabalho ou

enfermidade atestada pelo Instituto Nacional do

Seguro Social – INSS, excetuada a hipótese do

inciso IV do art. 133;

IV) justificada pela empresa, entendendo-se como

tal que não tiver determinado o desconto de

correspondente salário;

V) durante a suspensão prevista para responder a

inquérito administrativo ou prisão preventiva,

quando for pronunciado ou absolvido;

VI) nos dias em que não tenha havido serviço,

salvo na hipótese do inciso III do art. 133.(p. 67)

O art. 473 enumera as seguintes faltas legalmente

justificadas:

I) até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de

falecimento do cônjuge, ascendente, descendente,

irmão ou pessoa que, declarada em sua Carteira

de Trabalho e Previdência Social, viva sob sua

dependência econômica; 2) até 3(três) dias

consecutivos em virtude de casamento; 3) por um

dia, no caso do nascimento do filho, no decorrer

da primeira semana; 4) por um dia, em cada 12

(doze) meses de trabalho, em caso de doação

voluntária de sangue devidamente comprovada; 5)

39

até 2 (dois) dias, consecutivos ou não, para o fim

de se alistar eleitor, por temos da lei respectiva; 6)

no período de tempo em que tiver de cumprir as

exigências do serviço militar referidas na letra

“c”, do artigo 65, da Lei n167 4375, de 17 de

agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar). (p. 67)

Existem diversas causas para esclarecer as constantes faltas dos trabalhadores, para

Carneiro (2012, apud Stockmeier, 2004, p.12) são as seguintes:

Cúmplices Ambientais Internos: fumódromos, cafezinhos, cantinas, refeições

demoradas e serviços médicos assistenciais cúmplices;

Cúmplices Ambientais Externos: Catástrofes, cultos religiosos, festas típicas regionais

e outros motivos diversos;

Problemas Socioeconômicos: Baixos salários, ausência de um plano de carreira, não

participação em lucros e resultados;

Cúmplices Pessoais Externos: como indivíduos de repartição pública que justificam

uma viagem de trabalho do funcionário por um período mais longo do que realmente

ocorreu;

Cúmplices Pessoais Internos: como superiores que não monitoram a presença de

trabalhadores do departamento onde deveriam estar, muito menos quantificam sua

produtividade (pulso fraco ou mau-uso do laisse a faire);

Problemas pessoais no trabalho: Problemas de relacionamento com chefes ou

encarregados ou desentendimento com colegas (ambiente psicopatológico de

trabalho);

Problemas de desadaptação ao trabalho: trabalho perigoso, desadaptação ou aversão

pessoal à tarefa realizada, trabalho em turnos noturnos, trabalho insalubre, desestímulo

a tarefa a ser feita;

Problema de abuso de drogas: Uso abusivo de álcool, uso de outras drogas.

São diversas as causas do absenteísmo, causas essas que vão desde problemas simples

que podem ser resolvidos em curto prazo, como problemas mais complexos que necessitam

de uma equipe estruturada para desenvolver projetos e outras rotinas diferentes, a fim de

minimizar este problema. Para os especialistas, o departamento de recursos humanos é

fundamental na detecção dos problemas e na integração da equipe:

40

Cabe ao departamento à gestão do seu pessoal, identificando os aspectos que podem

levar ao absenteísmo e se antecipando as consequências. O gestor deve permanecer atento ao bem-estar dos trabalhadores, não apenas o bem-estar imediato, no

cotidiano, mas em longo prazo. Deve ser capaz de criar um vinculo entre empregado

e empregador tão sólido que o impedirá de se ausentar do seu posto de trabalho, ao

contrário, irá trabalhar com satisfação e orgulho. (REVISTA CIPA, 2012, p.

46)

Com a análise realizada antecipadamente pelo departamento de recursos humanos, as

empresas tendem a diminuir os números relacionados ao absenteísmo, pois eles conseguem

detectar esses problemas antecipadamente, e com isso criam novas formas de trabalho,

diminuindo a insatisfação dos trabalhadores, e trazendo benefícios para as mesmas. Ou seja,

ter uma boa equipe no departamento de recursos humanos é primordial para a análise precoce

dos funcionários absenteístas dentro da equipe.

Várias são as causas que desencadeiam o absenteísmo dentro das empresas, e eles

podem variar conforme o ramo de atuação de cada empresa. No ramo da construção civil,

principais causas identificadas foram à baixa qualidade de vida dentro do ambiente de

trabalho, extensas jornadas de trabalho, falta de uma especialização na área e uma baixa

remuneração na qual acarreta uma desmotivação nos trabalhadores.

41

3. METODOLOGIA

Neste item serão apresentados os principais métodos utilizados para a realização deste

trabalho, tais como obtenção de dados e diversos outros.

3.1 MODALIDADE DE PESQUISA

Na pesquisa realizada foi utilizada a observação direta extensiva, com o auxilio de

questionário e entrevista direta com os funcionários da empresa. Quanto aos objetivos pode-se

determinar que a pesquisa têm característica exploratória e descritiva, uma vez que os dados

coletados e analisados permitiram descrever o cenário relacionado aos programas de

absenteísmo dentro das empresas de construção civil da cidade de Mossoró – RN.

Quanto aos procedimentos de investigação, a pesquisa pode ser definida como um

estudo de caso já que a mesma visa identificar o problema, analisar evidências, desenvolver

argumentos lógicos e avaliar propondo soluções, uma vez que a natureza das fontes

investigadas foi pesquisar através de questionários com os funcionários da gerência de

recursos humanos e gerentes das empresas de construção civil da cidade de Mossoró – RN.

3.2 TÉCNICA ABORDADA

De acordo com Andrade (2003) técnica é:

Considerada como um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma

ciência. São, também, a habilidade para usar esses preceitos ou normas, na obtenção de seus propósitos. Correspondem, portanto, à parte prática de coleta de dados.

Apresentam duas grandes divisões: documentação indireta, abrangendo a pesquisa

documental e a bibliográfica e documentação direta.

42

No trabalho em questão a técnica utilizada para a obtenção de dados, foi à obtenção direta

extensiva, onde a mesma pode-se utilizar de questionários, formulários, medidas de opinião e

atitude, testes, sociometria, análise de conteúdo, historia de vida e pesquisa de mercado.

Porém para aferir os dados utilizou-se apenas de um questionário munido de perguntas

relacionadas ao tema do trabalho, vale salientar também que durante a aplicação do mesmo,

pode-se obter algumas informações adicionais dessas empresas.

O questionário foi dividido em duas partes para melhor obtenção dos dados. Nas

primeiras três questões as alternativas eram variadas e de acordo com a pergunta, porém no

restante do questionário (a partir da questão 4) o entrevistado tinha como resposta apenas 4

opções, Concordo Totalmente, Concordo Parcialmente, Discordo Parcialmente e Discordo

Totalmente. Esse método teve como objetivo tentar não intimidar os entrevistados com as

perguntas que estavam sendo feitas, e obter o máximo de clareza e veracidade possível.

3.3 A PESQUISA EXPLORATÓRIA E DESCRITIVA

A pesquisa exploratória proporciona uma maior familiaridade com os problemas, tendo

mais facilidade de torná-los explícitos, seu objetivo nos leva a ter um entendimento mais

elevado do problema da empresa através de pesquisas bibliográficas, e com isso aprimorar

ideias. Este tipo de pesquisa envolve mais a parte de levantamento de dados e observação

sistemática, a ferramenta a ser utilizada foi questionário.

3.4 ESTRATÉGIA DE PESQUISA

Segundo a filial do SINDUSCON da cidade de Mossoró – RN, Mossoró possui 44

empresas de construção civil, filiadas e com os seus cadastros ativos. Porém para o trabalho

em questão foram utilizadas apenas 10 das principais empresas. A forma de escolha dessas

empresas foi feita pela quantidade de obras (mais de uma obra) e pela quantidade de

funcionários que as mesmas possuem (mais de 100 funcionários). Em todas as empresas

visitadas onde os questionários foram aplicados, as mesmas possuíam duas ou mais obras em

43

execução, onde essas obras se caracterizavam como caráter estrutural, construções de

edifícios, residenciais, e etc; e de caráter de pavimentação, como a construção de estradas,

viadutos e etc. Para a tabular os dados, e manter sigilo das informações pertinentes às

empresas, as mesmas foram chamadas de empresa A, B, C, D, E, F, G, H, I e J e a quantidade

de funcionários está disposta na tabela abaixo:

Quadro 4 – Quantidade de funcionários por empresa

EMPRESA FUNCIONÁRIOS

A 127

B 183

C 112

D 123

E 107

F 202

G 230

H 418

I 104

J 500

Fonte: Autoria Própria

3.5 POPULAÇÃO PESQUISADA, COLETA DE DADOS E OBJETIVOS

Foram pesquisadas 10 das principais empresas de construção civil da cidade de

Mossoró – RN, com o intuito de descobrir se alguma destas empresas possui algum programa

para a gestão de Absenteísmo.

O procedimento para a coleta de dados foi feito por meio de aplicação de questionário

de respostas fechadas com os gestores de recursos humanos e, quando possível, com algum

gerente responsável pela empresa. O questionário foi desenvolvido para trazer respostas

efetivas e descobrir todas as fontes de informações disponíveis para que os resultados

apurados tivessem integridade e pudessem ser comprovados.

O questionário pode ser visualizado no Apêndice A.

44

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão descritos os resultados da pesquisa documental realizada através

de informações cedidas pela empresa e pela pesquisa de campo feita através de questionário e

entrevistas.

4.1 Resultados da pesquisa

Com o intuito de saber qual das empresas pesquisadas possuíam programas de gestão

do absenteísmo, o questionário contava com a seguinte indagação: “A empresa possui

programa de gestão do absenteísmo?”. Após a aplicação do mesmo obteve-se o seguinte

resultado: apenas duas das dez empresas pesquisadas afirmaram que teriam sim um programa

especifico para o controle de gestão do absenteísmo, ou seja, apenas 20% do total pesquisado.

Gráfico 5 – Programa de gestão do absenteísmo

Fonte: Autoria Própria

20%

80%

Possuem Programas

Não possuem Programas

45

Percebe-se que faltam programas específicos para gerir o absenteísmo no setor da

construção civil em Mossoró, e, pelo menos nas empresas mais representativas poucas se

preocupam com adoção de programas do gênero. Um programa de gestão do absenteísmo

poderia trazer melhores resultados para o setor, como trabalhadores mais motivados, por

exemplo.

- Principal motivo para implementação do programa?

Com relação aos motivos para implementação do programa, as duas empresas que

disseram possuir um programa de Gestão do Absenteísmo responderam que possuíam esse

programa para o controle dos funcionários dentro das empresas, pois para elas “manter esses

funcionários é sempre importante para o bom funcionamento dentro da mesma, evitando com

isso o atraso nas obras, acarretando prejuízo nas mesmas”. Nenhuma das empresas

pesquisadas considerou a possibilidade de aumentar a qualidade de vida dos funcionários,

reduzir custos ou investigar causas para faltas recorrentes.

A empresa A abordou o fato de bonificar os funcionários em relação à presença dentro

do trabalho, ou seja, essa empresa dava um bônus salarial ou até mesmo brindes para os

funcionários que não faltassem durante o mês trabalhado, diminuindo com isso o índice e

mantendo o controle de absenteísmo dentro da empresa.

A iniciativa tomada pela empresa A poderia ser replicada por outras empresas, pois

reforça o sentimento de importância do profissional, aumentando sua autoestima e a

percepção de qualidade de vida. Uma empresa que bonifica o seu funcionário pela quantidade

de dias trabalhados, além de retribuir o colaborador, inibe a prática dos “bicos” nos finais de

semana, evitando que o colaborador deixe o seu horário de descanso e lazer para trabalhar.

Estas ações contribuem para reduzir os riscos de acidentes dentro da empresa.

- Quais os principais indicadores utilizados para aferir os dados do programa?

Dando sequência as indagações para aquelas empresas que responderam ter um

programa de gestão de absenteísmo na empresa, a próxima pergunta seria relacionada aos

principais indicadores que as mesmas utilizavam para aferir os dados do programa de gestão

46

de absenteísmo, obtivemos duas respostas distintas. A EMPRESA A respondeu que os

principais indicadores para aferir o andamento do programa estariam relacionados aos salários

pagos e políticas da empresa. Já a EMPRESA B respondeu que os principais indicadores

seriam o controle das faltas desses funcionários. Diante da aplicação do questionário pôde-se

perceber que as duas empresas tem objetivos distintos uma da outra dentro do cenário da

construção civil da cidade de Mossoró, e isso só será perceptível no questionamento a seguir. .

- Qual (is) a (s) principal (is) variável (is) utilizada(s) para aferir os dados do

programa?

A pergunta é com relação a principal variável utilizada para aferir os dados do

programa. Obtiveram-se também duas respostas distintas. A EMPRESA A respondeu que a

variável utilizada para eles são os problemas socioeconômicos enquanto que a empresa B

afirmou que a principal variável para eles são os problemas pessoais no trabalho.

Com os resultados obtidos, pode-se perceber que a EMPRESA A possui foco nos

problemas socioeconômicos dos funcionários dentro das empresas, como, por exemplo,

remuneração dos trabalhadores. Conforme abordado no referencial teórico, a compensação

justa e adequada é um dos fatores que colaboram para o controle do absenteísmo dentro das

empresas.

De acordo com as afirmações dadas pela EMPRESA B, pode-se perceber que a mesma

deixa bem claro que se preocupa com os possíveis problemas pessoais que possam ocorrer

dentro do ambiente de trabalho e que esses problemas possam acarretar nas faltas desses

funcionários. Dentre os problemas pessoais no trabalho, destaca-se, o alcoolismo. O problema

do alcoolismo é recorrente e conhecido em empresas de construção civil. Segundo

informações cedidas pela EMPRESA B, este problema é acentuado em dias de pagamento,

quando os funcionários deixam de trabalhar para consumirem bebidas alcoólicas.

- Responsáveis pela implementação e coordenação do programa?

Em relação à responsabilidade de implementação do programa, ambas afirmaram que

o setor de recursos humanos é o principal responsável, e que gerencia todo o programa.

Conforme visto no referencial teórico, para a empresa obter um excelente programa de gestão

47

do absenteísmo é necessário que o setor de recursos humanos fique totalmente a frente desse

trabalho, tentando sempre manter o índice de absenteísmo sob controle, pois este é o principal

responsável e com pessoal competente para gerir este tipo de programa.

- Qual o motivo da empresa não possuir nenhum programa?

Dando sequência a série de perguntas contidas nos questionários aplicados, a próxima

referia-se ao principal motivo da empresa não possuir nenhum programa especifico de gestão

de absenteísmo, onde essa pergunta destinava-se para aquelas empresas que responderam que

não tinha nenhum programa específico. Das 8 empresas que responderam não ter nenhum

programa, 60% delas deram como resposta a alternativa ”OUTROS”, 10% respondeu como

alternativa “POUCO RECURSO FINANCEIRO” e a última (10%) respondeu “NÃO POSSUI

CONHECIMENTO TÉCNICO PARA IMPLEMENTAÇÃO”.

Gráfico 6 – Principal motivo para não possuir nenhum programa de gestão do absenteísmo

Fonte: Autoria Própria

Pode-se constatar na questão anterior que, do número total de amostras apenas duas

empresas disseram “SIM” quando lhes foi perguntada se a mesma possui algum tipo de

programa de gestão de absenteísmo. O baixo índice de adoção do programa pode estar

relacionado à falta de informação a respeito de seus conceitos elementares e das

60%

10%

10%

Outros

Desconhecimento técnico

Pouco recurso financeiro

48

potencialidades advindas com sua implementação. Quando perguntado qual o real motivo

delas não possuírem um programa de gestão do absenteísmo, 6 (seis) empresas (60 %)

responderam como alternativa ”OUTROS”. Dentre as justificativas, ressaltam-se duas

respostas: “nunca pensou no caso” e “não possui esse problema na empresa”. Estas respostas

elucidam a pouca informação a respeito do tema.

- Jornada de trabalho na empresa

A jornada de trabalho na construção civil pode variar de empresa para empresa, por

exemplo, algumas delas necessitam que os seus funcionários trabalhem nos finais de semana

para compensar os atrasos recorrentes de problemas vigentes (atraso do cronograma por faltas

de recursos, intempéries ou problemas de gestão). Porém, a legislação trabalhista proíbe o

abuso dos funcionários impondo leis e horários específicos para o trabalho e o descanso

durante a sua jornada de trabalho, conforme abordado no referencial teórico.

De acordo com a pesquisa, todas as empresas responderam que adotam a carga horária

de 8 horas diárias. A partir das informações concedidas percebe-se que o setor da construção

civil da cidade de Mossoró-RN procura respeitar a legislação trabalhista vigente. Caso seja

necessário uma quantidade maior de horas trabalhadas, a mesma pagará hora extra.

Ter um bom horário de descanso é de suma importância para os trabalhadores, seja

qual for a sua profissão, descansar o corpo e a mente trás uma série de benefícios tanto para os

trabalhadores como para empresa, pois, os funcionários vão realizar as suas atividades com

maior ênfase, evitando com isso acidentes de trabalho, e a empresa evitará gastos no que diz

respeito a auxilio doença e afastamento de funcionários, por exemplo.

- Os empregados possuem autonomia para tomadas de decisão

O setor da construção civil possui uma rotina de trabalho que se destaca pelo fato dos

trabalhadores não terem autonomia para tomadas de decisão dentro das empresas, ou seja, eles

apenas realizam atividades na qual são indicados a fazerem e após o término serão dadas

outras atividades e assim sucessivamente em um ciclo constante.

49

Conforme visto no referencial teórico, um dos fatores que impactam a qualidade de

vida no trabalho refere-se à possibilidade do trabalhador de desenvolver suas habilidades e

capacidades. Portanto o fato do profissional não ter autonomia dentro da empresa acaba

ferindo esse conceito que foi proposto por Walton (1973), ou seja, o profissional fica

submisso apenas às ordens dos seus superiores.

Os resultados obtidos para essa questão foram os seguintes: 6 (seis) empresas deram

como resposta que discordam totalmente, 2 (duas) empresas discordaram parcialmente, 1

(uma) empresa concordou parcialmente, e apenas 1 (uma) empresa concordou totalmente.

Gráfico 7 – Autonomia para tomada de decisão

Fonte: Autoria Própria

Os dados revelam que os trabalhadores desse setor ainda continuam sujeitos às ordens

de seus superiores. Quando os trabalhadores podem tomar decisões dentro da empresa, os

mesmos conseguem realizar as suas tarefas com uma melhor disposição e pode-se ainda

descobrir funcionários com outras habilidades dentro da empresa. Quando isso não ocorre os

funcionários trabalham apenas como robôs obedecendo a ordens e realizando as tarefas de

acordo com o que é pré-determinado, tornando com isso um trabalho cansativo e desgastante.

60% 20%

10%

10%

Discordo totalmente

Discordo parcialmente

Concordo parcialmente

Concordo totalmente

50

- O ambiente de trabalho atende todas as exigências de segurança e saúde ocupacional

Para que se obtenha qualidade de vida dentro dos canteiros de obra é necessário que

várias medidas sejam tomadas constantemente, como por exemplo, segurança para os

trabalhadores, banheiros, bebedouros, vestiários, alojamentos e diversos outros que fazem

parte do dia-a-dia, principalmente quando a empresa tem alojamentos em suas instalações, é

necessário para tanto que esses alojamentos estejam corretos de acordo com as normas

vigentes de saúde e segurança do trabalho. Com isso uma das indagações do questionário

referia-se a esse conceito, onde obteve-se como resposta um resultado de 100% das empresas,

que responderam a afirmação, dizendo que concorda totalmente, ou seja, todas as empresas

pesquisadas preocupam-se com a questão de saúde e segurança do trabalho nos canteiros de

obra, com isso a qualidade de vida desses trabalhadores é levada a sério, diminuindo com isso

os riscos de acidente e doenças infectocontagiosas.

- Os trabalhadores são bem remunerados quanto ao seu trabalho, e os valores são

compatíveis aos praticados no mercado

Ainda relacionado à qualidade de vida, outra indagação importante que foi colocada

no questionário referia-se a remuneração dos trabalhadores comparada aos valores praticados

no mercado. A boa remuneração pode se configurar como um bom incentivador do trabalho.

Salários pagos em dia, com valores compatíveis ao mercado de trabalho podem se tornar um

diferencial para alguns profissionais. Não reconhecer este fator pode acarretar migração entre

as empresas que melhor pagam os seus funcionários ou mesmo a presença do absenteísmo

constante desses trabalhadores dentro da empresa. Salários em dia, boa remuneração e outras

práticas influenciam na diminuição dos índices de absenteísmo.

Após aferir os dados relacionados a essa indagação obteve-se como resposta 100% das

empresas concordando totalmente, ou seja, as empresas pesquisadas acreditam praticar uma

política do bom salário, de acordo com os órgãos que regem a lei.

51

- A empresa possui plano de carreira e possibilidade de crescimento profissional para os

seus colaboradores

Uma empresa que disponibiliza possibilidade de crescimento dentro dela para seus

funcionários, é uma empresa que se preocupa constantemente com os desejos e anseios de

seus funcionários, desejos esses de terem uma melhoria de vida, melhores condições de

salários como diversas outras oportunidades.

Gráfico 8 – A empresa possui plano de carreira e possibilidade de crescimento profissional

para seus colaboradores

Fonte: Autoria Própria

Percebe-se que 80% da amostra acredita dar condições de crescimento dentro da

empresa. Pode-se constatar o quão importante é para essas empresas ter um funcionário

cativo, ou seja, aquele que já sabe como é que funciona verdadeiramente a empresa como um

todo. Disponibilizar esse tipo de oportunidade dentro da empresa para esses funcionários é

vantajoso para ambos os lados, pois a empresa evita gastos com novos funcionários no que

diz respeito à contratação e treinamento, além de evitar gastos com aqueles funcionários que

irão ser demitidos. Já para o funcionário, além dele crescer dentro da empresa, começa a

ganhar mais no final do mês e ainda tem uma nova profissão.

80%

0%

10%

10%

Concordo Totalmente

Concordo Parcialmente

Discordo parcialmente

Discordo Totalmente

52

- Os funcionários podem contar com estabilidade de emprego dentro da empresa?

A estabilidade no emprego é, e sempre será bom para qualquer funcionário, pois

proporciona segurança para o funcionário exercer suas atividades, principalmente quando se

trata do setor da Construção Civil, que é um setor que possui elevados índices de

rotatividade.. Muitos destes funcionários estão no setor da construção civil por falta de

oportunidades melhores, ou seja, aquele emprego que lhes dê uma boa qualidade de vida, e

boa remuneração. Eles acreditam que o emprego é passageiro e que não há garantia de

estabilidade dentro da empresa. Outros funcionários acreditam que devido a alta rotatividade

do setor os mesmos devem realizar as suas tarefas de forma mais eficiente, assegurando assim

o seu emprego. Políticas de retenção de talentos poderiam auxiliar para aumentar a percepção

de estabilidade de trabalho na empresa, motivando os funcionários desempenhar melhor suas

atividades.

Gráfico 9 – Os funcionários podem contar com uma estabilidade de emprego dentro da

empresa

Fonte: Autoria Própria

50%

20%

0%

30%

Concordo Totalmente

Concordo Parcialmente

Discordo Parcialmente

Discordo Totalmente

53

Podemos perceber na leitura do gráfico que em 50% das empresas pesquisadas adotam

medidas para retenção dos bons profissionais, enquanto que os outros 50% se dividem em

discordo totalmente (30%) e concordo parcialmente (20%). Conforme relatado, “ter

funcionários cativos ajuda na aceleração das obras, pois os mesmos já estão acostumados

com o ritmo disposto pela empresa”.

- A empresa disponibiliza qualificação para os profissionais

A disponibilização, por parte da empresa, de qualificação profissional para o setor da

construção civil é um das alternativas mais interessantes que os empresários estão tomando

para melhorar o setor em relação à falta de mão de obra qualificada. Essa atitude contribui

para a redução dos índices de rotatividade, pois muitos profissionais são demitidos por não

apresentarem as competências técnicas necessárias para o exercício de suas atividades. Vale

salientar ainda que os funcionários além da oportunidade de realizar cursos de capacitação

pela empresa, eles acabam ganhando novos cargos de trabalho, aumentando assim a sua

remuneração, o que reforça a política de retenção de profissionais

54

Gráfico 10 - A empresa disponibiliza qualificação para os profissionais

Fonte: Autoria Própria

Percebe-se que 20% concordaram parcialmente com a qualificação profissional

subsidiada pela empresa, enquanto que 80% dessa amostra diz disponibilizar qualificação

para esses profissionais. Estes dados evidenciam uma pré-disposição de investir na

qualificação das equipes de trabalho, o que em tese contribuiria para a redução da rotatividade

de pessoal.

- A empresa oferece oportunidades iguais a todos os seus colaboradores

Ter oportunidades de crescimento dentro da empresa, como foi visto anteriormente é

um ponto muito importante e que deve ser sempre analisado pelas empresas, seja qual for o

setor desta, e mais importante ainda é saber que as oportunidades de crescimento dentro da

empresa são iguais para todos os funcionários.

No setor da construção civil existem diversas oportunidades de crescimento, porém

que se torne efetivo é necessário que a empresa disponibilize oportunidade de crescimento,

para todos os funcionários, com planos de carreira pré-definidos e que estimulem o

profissional a ascender hierarquicamente.

80%

20%

0% 0%

Concordo Totalmente

Concordo Parcialmente

Discordo Parcialmente

Discordo Totalmente

55

Gráfico 11 – A empresa oferece oportunidades iguais à todos os colaboradores

Fonte: Autoria Própria

No Gráfico 13 pode-se perceber que 90% das empresas pesquisadas diz oferecer iguais

oportunidades de crescimento aos seus colaboradores. Entretanto, não foi questionado se as

empresas possuíam planos de carreira pré-definidos.

90%

10%

0% 0%

Concordo Totalmente

Concordo Parcialmente

Discordo parcialmente

Discordo Totalmente

56

5. CONCLUSÃO

Neste capítulo será apresentada a conclusão dos dados pesquisados, sendo realizada

uma análise crítica quanto aos objetivos da pesquisa, uma sugestão para trabalhos futuros e

um parecer final sobre o assunto tema.

5.1 Análise crítica quanto aos objetivos

Quanto aos objetivos específicos da pesquisa, o presente trabalho buscou:

a) Compreender a importância de um programa de Gestão do Absenteísmo para

empresas do ramo da construção civil: Um programa para gestão do absenteísmo é

muito importante qualquer que seja a atividade econômica de uma empresa, pois o mesmo

tem o intuito de descobrir se a empresa possui colaboradores com faltas recorrentes. Na

construção civil, como se pode perceber no referencial teórico, existem muitas

possibilidades para que os funcionários se tornem colaboradores absenteístas, como,

salários mal pagos, insalubridade, extensas jornadas de trabalho, falta de estabilidade na

empresa, falta de possibilidade de crescimento, etc. Desta forma, o presente trabalho

atingiu seu objetivo ao realizar uma pesquisa bibliográfica a respeito do tema e relacioná-

lo com a realidade do setor da construção civil;

b) Identificar os principais indicadores de gestão do absenteísmo utilizados pelas

empresas: Para que o programa de gestão do absenteísmo tenha efeito é necessário que o

mesmo seja atrelado a sua Política Organizacional, com metas e objetivos pré-definidos,

orientados pelas estratégias da empresa. O programa pode possuir indicadores com

variáveis diversas. De acordo com os resultados obtidos na pesquisa, pode-se perceber que

as empresas de construção civil da cidade de Mossoró –RN que possuem ações para

redução do absenteísmo, observam como variáveis a remuneração dos trabalhadores e

problemas pessoais. Sendo assim, este objetivo também foi atingido;

57

c) Avaliar grau de conhecimento das empresas em relação aos programas de gestão

do absenteísmo: Este objetivo foi atingido ao se constatar que as empresas pesquisadas

possuíam um grau muito baixo de conhecimento a respeito do assunto, Apenas duas

empresas (20%) possuíam ações para reduzir o índice de faltas. As demais, não possuíam

qualquer ação para a gestão do absenteísmo, seja por desconhecimento técnico, por falta de

pessoal capacitado, por pouco recurso financeiro, por nunca ter considerado a

possibilidade, ou por acreditar não possuir esse problema na empresa.

d) Identificar as ações existentes para a redução do absenteísmo nas empresas, para

aquelas que possuem um programa específico: Diante do que foi exposto nos resultados

e discussões, pode-se perceber que apenas uma das empresas pesquisadas disse ter um

programa para a gestão do absenteísmo, afirmando que utilizava como prática para o

controle do mesmo, sorteios de brindes para aquelas funcionários que fossem isentos de

faltas durante o mês trabalhado. Quando essa afirmação é confrontada com o referencial

teórico, é possível perceber que esta é uma prática usual (porém limitada) em programas de

gestão do absenteísmo. Novamente, o objetivo foi atingido.

5.2. Recomendações para trabalhos futuros:

Ao longo do trabalho, foram identificadas oportunidades que não puderam ser

contempladas, seja pela falta de tempo hábil para sua realização, seja pelas limitações de

escopo existentes. Recomendam-se então como pesquisas para trabalhos futuros:

a. Identificar as principais causas do absenteísmo nas empresas de construção civil de

Mossoró – RN;

b. Compreender as dificuldades encontradas para implantação de um programa de gestão

do absenteísmo;

c. Realizar pesquisa de campo com os colaboradores das empresas avaliadas, com o

intuito de confrontar as respostas dadas pelos gestores;

d. Avaliar o impacto financeiro do Absenteísmo nas empresas;

58

5.3 Conclusão

Este trabalho teve como finalidade descobrir quais empresas do setor da construção

civil da cidade de Mossoró – RN, possuem programas específicos para o controle do

absenteísmo em sua política organizacional. Diante dos resultados obtidos pôde-se perceber

que apenas 20% do total estudado diz ter esse tipo de programa.

O absenteísmo é um problema que produz impactos financeiros dentro das empresas. e

deve ser controlado. O setor da construção civil é caracterizado pelas constantes faltas dos

trabalhadores por diversos motivos, tais como: baixa qualidade de vida dentro do trabalho,

desmotivação, e consumo de bebidas alcoólicas nos finais de semana.

A motivação é uma das características mais difíceis de serem estudadas dentro do fator

humano, e por sua vez, também a que mais influencia o resultado do trabalho. O que os

trabalhadores retribuirão para as empresas é diretamente proporcional ao que eles percebem

que estão recebendo dela. A motivação está diretamente ligada à satisfação das necessidades

dos indivíduos e, desta forma, não deve ser encarada somente com relação ao estímulo

econômico.

A pesquisa mostrou que as empresas analisadas disponibilizam alguns requisitos

básicos para a motivação de seus funcionários, tais como: qualificação profissional,

possibilidade de crescimento na empresa, salários e ambiente de trabalho adequados, jornada

de trabalho justa e, em algumas empresas, sensação de estabilidade.

Estas informações, no entanto, devem ser recebidas com cautela, uma vez que foram

repassadas por gestores e profissionais da alta administração da empresa. Conforme abordado

nas recomendações para trabalhos futuros, faz-se importante uma nova pesquisa com os

funcionários das empresas para confrontação das informações prestadas.

.A pesquisa mostrou também que dentre as empresas pesquisadas, apenas duas

possuíam ações para gestão do absenteísmo. Mas em um aspecto geral, todas apresentam

possuir pouco conhecimento a respeito do assunto, haja vista afirmações do tipo

“desconhecimento técnico”, “falta de pessoal capacitado”, “nunca ter considerado a

possibilidade”, “não possuir esse problema na empresa”, quando questionadas sobre o porqu

de não possuir o programa. Outro fato que chama a atenção é a utilização de indicadores com

variáveis vagas, como “problemas pessoais”. Neste contexto, podem existir múltiplas

variáveis, perdendo-se informações relevantes para o diagnóstico e tratamento do assunto.

Finalmente, conclui-se que o tema da pesquisa mostrou-se relevante para ser tratado

no âmbito das empresas de construção civil da cidade de Mossoró, podendo inclusive ser

59

ampliado para outros setores econômicos. Aprofundar a discussão do tema contribuirá para o

aumento da qualidade de vida dos profissionais, bem como da rentabilidade das empresas.

60

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63

APÊNDICE A – Questionário aplicado para obtenção de informações sobre programas de

gestão de absenteísmo dentro das empresas

1. A empresa possui programa de gestão do absenteísmo? (Se a resposta for não, pule

para a 2)

( ) SIM ( )NÃO

Se a resposta à pergunta anterior foi SIM, responda:

1.1 Qual(is) foi(foram) o(s) principal(is) motivo(s) para a implementação do

programa?

( ) Redução dos gastos da empresa quanto ao desligamento dos funcionários

( ) Descobrir os principais motivos para faltas constantes dos trabalhadores

( ) Aumento da Qualidade de Vida no Trabalho

( ) OUTROS

1.2 A empresa utiliza indicadores para aferir o andamento do programa de Gestão do

Absenteísmo? Quais?

( ) insatisfação do trabalhador com ambiente

( ) salários pagos, políticas da empresa

( ) condições de trabalho disponíveis pela empresa

( ) OUTRAS: ____________________________________________

1.3 Qual(is) a(s) principal(is) variável(is) utilizada(s) para aferir os dados do

programa de absenteísmo? (Pode marcar mais de uma)

( ) Problemas socioeconômicos

( ) Problema com uso de drogas

( ) Problemas pessoais no trabalho

( ) Problemas de transporte

( ) OUTROS: ________________________________________________

1.4 O Quem é responsável pela implementação e coordenação do programa?

( ) Recursos Humanos (ou Depto Pessoal)

( ) Gerentes

64

( ) SESMT

( ) OUTROS: _____________________________________________

2. Qual o motivo da empresa não possuir nenhum programa?

( ) Desconhecimento técnico

( ) Falta de pessoal capacitado

( ) Pouco recurso financeiro

( ) OUTROS

3. A empresa tem uma jornada de trabalho de quantas horas por dia?

( ) 6 horas ( ) 7 horas ( ) 8 horas ( ) 9 horas

4. Os empregados possuem autonomia para tomadas de decisão.

( ) Concordo Totalmente

( ) Concordo Parcialmente

( ) Discordo Parcialmente

( ) Discordo Totalmente

5. O ambiente de trabalho atende a todas as exigências de segurança e saúde

ocupacional.

( ) Concordo Totalmente

( ) Concordo Parcialmente

( ) Discordo Parcialmente

( ) Discordo Totalmente

6. Os trabalhadores são bem remunerados quanto ao seu trabalho, e os valores são

compatíveis ao praticados no mercado.

( ) Concordo Totalmente

( ) Concordo Parcialmente

( ) Discordo Parcialmente

65

( ) Discordo Totalmente

7. A empresa possui plano de carreira e possibilidade de crescimento profissional para

seus colaboradores.

( ) Concordo Totalmente

( ) Concordo Parcialmente

( ) Discordo Parcialmente

( ) Discordo Totalmente

8. Os funcionários podem contar com uma estabilidade de emprego dentro da empresa?

( ) Concordo Totalmente

( ) Concordo Parcialmente

( ) Discordo Parcialmente

( ) Discordo Totalmente

9. A empresa disponibiliza qualificação para os profissionais.

( ) Concordo Totalmente

( ) Concordo Parcialmente

( ) Discordo Parcialmente

( ) Discordo Totalmente

10. A empresa oferece oportunidades iguais à todos os seus colaboradores?

( ) Concordo Totalmente

( ) Concordo Parcialmente

( ) Discordo Parcialmente

( ) Discordo Totalmente