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UNIVERSIDADE FEEVALE SOFIA JOHANN WINTER CONTRIBUIÇÕES DO USO DE TECNOLOGIAS NA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA Novo Hamburgo 2012

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UNIVERSIDADE FEEVALE

SOFIA JOHANN WINTER

CONTRIBUIÇÕES DO USO DE TECNOLOGIAS

NA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Novo Hamburgo 2012

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SOFIA JOHANN WINTER

CONTRIBUIÇÕES DO USO DE TECNOLOGIAS

NA INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Psicopedagogia pela Universidade Feevale.

Orientadora: Profª. Me. Simone Hack da Silva Koch

Novo Hamburgo 2012

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SOFIA JOHANN WINTER

Trabalho de Conclusão do Curso de Psicopedagogia, com o título Contribuições do

Uso de Tecnologias na Intervenção Psicopedagógica, submetido ao corpo

docente da Universidade Feevale como requisito necessário para a obtenção do

grau de Bacharel em Psicopedagogia.

Aprovado por:

__________________________________

Orientadora: Profª. Me. Simone Hack da Silva Koch

__________________________________

Prof. Me. Paulo Pasqualotti

(Banca Examinadora)

__________________________________

Profª. Me. Valéria Carvalho de Leonço

(Banca Examinadora)

Novo Hamburgo, junho de 2012.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço à vida, que de tão bonita e rara nos mostra a cada

dia como é bom e prazeroso nos fazer desejar que um dia seja

melhor que o outro. E na força de tentar cada vez mais não se

deixar cair no comodismo de se contentar com o que foi

conquistado, mas sim, sempre desejar voar mais alto, mais

longe do que a visão pode enxergar.

Agradeço à minha família, meus amados pais que sempre me

fizeram acreditar que os sonhos eram possíveis e que o

atingível está em tudo o que é desejado e, principalmente, que

os sonhos vão muito além da palavra “impossível”. Por todo

amor e carinho que sempre me deram, deixando por muitas

vezes, de realizar sonhos deles para incentivar os meus.

À minha irmã, que entre brigas e risos sempre esteve presente

para o que fosse preciso.

Ao meu “namorido” que me “aturou” durante dias e noites.

Quando o estress dos estudos e leituras chegavam ao ponto

de explodir ele sempre tinha palavras doces e um colo macio

para me oferecer. Mas principalmente todo o carinho e amor

que me deu nessa difícil jornada.

À minha orientadora que disse que tudo daria certo, mesmo

quando eu estava aflita e apavorada ela me dava forças para

continuar. Entre chimarrões e risadas um lindo trabalho surgiu,

mas principalmente a amizade forte e verdadeira que foi

conquistada.

A todas as minhas amigas e colegas que fizeram parte da

minha trajetória. Dando-me força e incentivo para nunca parar

de tentar.

5

“Ora sou ensinante, ora sou aprendente, circulando

neste espaço transicional, com minhas dúvidas e

incertezas na busca incessante da plenitude

inatingível da prática profissional”.

Glória M. S. Mendes

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RESUMO

O uso das tecnologias em ambientes psicopedagógicos, embora presente em alguns estudos tem sido uma área pouco explorada e pesquisada quanto às suas contribuições no processo ensino-aprendizagem durante as intervenções psicopedagógicas. No presente trabalho apresento o estudo sobre o uso de recursos tecnológicos durante as intervenções psicopedagógicas. Numa perspectiva sócio-histórica, foram analisados entrevistas e indícios encontados durante as sessões mediadas pela tecnologia. O estudo de caso único desenvolveu-se em 2011 e 2012 e os resultados mostram evidências de crescimento no processo ensino aprendizagem em sessões mediadas pelas tecnologias. Palavras-chave: Psicopedagogia. Informática Educativa. Tecnologias. Alfabetização.

7

ABSTRACT

The use of technologies in psycho pedagogical environments, although present in some studies, has been an underexplored and under researched area regarding its contributions in the teaching-learning process during the psycho pedagogical interventions. In this paper I present a study about the use of technological resources during psycho pedagogical interventions. In a socio-historical perspective, interviews and traces encountered during the sessions mediated by technology were analyzed. The single case study took place during 2011 and 2012, and the results show evidence of growth in the process of teaching-learning in sessions mediated by technologies. Keywords: Psychopedagogy. Educational Computing. Technologies. Literacy.

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Quatro níveis ........................................................................................... 22

Figura 2 - Relação aprendizagem e os quatro níveis .............................................. 24

Figura 3 - Convergência de evidências .................................................................... 37

Figura 4 - Esquema representando as categorias e dimensões ............................. 44

Figura 5 - Esquema representando o cruzamento dos dados, das categorias e dimensões ............................................................................................................... 45

Figura 6 - Livro dos Esportes .................................................................................. 48

Figura 7 - Produção textual sem o uso do computador ........................................... 49

Figura 8 - Produção textual com o uso do computador ........................................... 50

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11

1 PSICOPEDAGOGIA: UM PENSAR SOBRE A TRAJETÓRIA DOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM ............................................................................................. 14

1.1 PSICOPEDAGOGIA: ABORDAGEM INSTITUCIONAL ................................. 18

1.2 PSICOPEDAGOGIA: ABORDAGEM CLÍNICA .............................................. 20

1.3 OS NÍVEIS DE EQUILÍBRIO ENTRE CORPO, ORGANISMO, DESEJO E INTELIGÊNCIA .................................................................................................... 21

2 AS ZONAS DE DESENVOLVIMENTO ................................................................. 25

3 O USO DA TECNOLOGIA: UMA ALIADA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM .................................................................................................... 28

4 O USO DA TECNOLOGIA NA CLÍNICA PSICOPEDAGÓGICA: DESMISTIFICANDO OS SEGREDOS DA INFORMÁTICA EDUCATIVA .............. 32

5 METODOLOGIA: OS CAMINHOS CIENTÍFICOS DE UM ESTUDO DE CASO EM PSICOPEDAGOGIA ............................................................................................... 35

5.1 TIPO DE TRATAMENTO PARA OS DADOS COLETADOS .......................... 38

5.2 CONTEXTO DO ESTUDO ............................................................................. 38

5.3 O SUJEITO DO ESTUDO ............................................................................... 39

5.4 PLANO DE COLETA DE DADOS .................................................................. 40

5.4.1 Entrevistas .............................................................................................. 40

5.4.2 Observações ........................................................................................... 41

5.4.3 Anotações de Campo ............................................................................. 42

5.5 ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................. 42

5.5.1 Realização das atividades propostas na escola com e sem o uso do computador ...................................................................................................... 45

5.5.2 Realização das atividades propostas em casa com e sem o uso do computador ...................................................................................................... 46

5.5.3 Realização das atividades propostas no consultório com e sem o uso do computador ................................................................................................ 46

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 52

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 54

APÊNDICES ......................................................................................................... 56

10

ANEXOS ............................................................................................................... 61

11

INTRODUÇÃO

O crescente desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação

(TIC) se tornou um agente relevante de aprendizagem. A disseminação das

ferramentas tecnológicas mediadas em diferentes ambientes de ensino e

aprendizagem vem se tornando um dos pontos principais da comunicação e da

aprendizagem entre alunos e professores. Visto que a aprendizagem ocorre de

forma natural (comer, andar, se comunicar) ou até mesmo de forma mais informal,

como conversando com um amigo, com os pais, irmãos, também ocorre de forma

formal. Esse tipo de aprendizagem aparece em escolas, no trabalho, em cursos.

Idependente da forma em que ela ocorre é necessário sempre estar em contato com

o outro, através da interação. Nessa interação, mediada por diferentes tipos de

ferramentas e estratégias, sua relevância depende do quanto o sujeito se modifica e

em que sentido ela o faz. Nesse aspecto a tecnologia vem sendo um campo de

muitos estudos e o seu uso vem se apropriando de muitos espaços no nosso

cotidiano, seja através de celulares, automóveis, computadores, etc.

As TIC trazem novas possibilidades à educação, propondo uma nova

postura e compreensão do professor de como o conhecimento é construído. No

processo de mediação com tecnologias mudanças em práticas culturais podem

modificar a forma como as pessoas aprendem, colaboram, partilham e se

desenvolvem: “diversas mudanças importantes nas relações sociais podem advir da

interação humana que cerca o processo tecnológico, e não somente da operação

dos computadores ou do uso da Internet”. (WARSCHAUER, 2006, p. 284).

Nesse sentido, se a tecnologia pode auxiliar no nosso dia a dia e na

construção do conhecimento, porque não pensá-la dentro dos nossos consultórios

como uma facilitadora do aprender através da intervenção psicopedagógica?

Baseada nessas questões esse estudo é fruto de uma inquietação da

pesquisadora, visto que os atendimentos na clínica psicopedagógica foram feitos,

utilizando recursos computacionais, com um paciente diagnosticado com paralisia

cerebral e retardo mental leve e está centrado na seguinte problemática:

Como os recursos tecnológicos podem ser usados a favor da intervenção

psicopedagógica no desenvolvimento do sujeito com dificuldades de aprendizagem?

12

Na busca para encontrar respostas para este problema o trabalho está

organizado em cinco capítulos. No primeiro capítulo traça-se um breve histórico a

respeito da Psicopedagogia e sua abordagem clínica e institucional, dando ênfase

aos quatro níveis: corpo, organismo, inteligência e desejo.

No segundo capítulo, intitulado “As zonas de desenvolvimento”, pretende-se

compreender como a aprendizagem pode ser mediada pelo outro, sempre com base

nos estudos de Vygotsky.

Em seguida o terceiro capítulo, intitulado “O uso da tecnologia: uma aliada

no processo de ensino aprendizagem” aponta a importância do uso da informática

no nosso cotidiano, estendendo isso para a àrea da educação e para os consultórios

psicopedagógicos, principalmente para a inclusão de sujeitos com alguma

deficiência.

O quarto capítulo, intitulado por “O uso da tecnologia na clínica

psicopedagógica: desmistificando os segredos da informática educativa”, traz

inicialmente uma reflexão sobre a abordagem construtivista e suas respectivas

conseqüências no processo de aprendizagem, além de trazer em seu texto, diversas

estratégias de intervenções psicopedagógicas para a utilização das TIC nos

consultórios.

O quinto capítulo apresenta a metodologia empregada para a realização

deste trabalho, que por ter um processo investigativo de cunho qualitativo, utilizou-se

o método de estudo de caso único, por ser um fenômeno contemporâneo, em um

contexto da vida real em que o pesquisador não detém o controle sobre este.

Sendo assim, o trabalho tem por objetivo analisar as relações existentes

entre as concepções psicopedagógicas e o uso da tecnologia nos consultórios. Em

seus objetivos específicos a pesquisa se propõe a:

a) Analisar os recursos tecnológicos que podem ser usados a favor da

intervenção psicopedagógica

b) Identificar evidências de desenvolvimento utilizando recursos tecnológicos

no atendimento psicopedagógico

Para tal, muito além de uma pesquisa bibliográfica, mostrou-se fundamental

a coleta de dados, contando como instrumentos entrevistas focadas, observações,

bem como os registros do pesquisador no diário de campo. Para a análise dos

dados coletados utilizou-se da técnica da síntese cruzada de dados, a partir da

organização das dimensões e categorias encontradas.

13

Nas considerações finais realizaram-se apontamentos acerca das mudanças

do paradigma sócio-interacionista, no que diz respeito às concepções da

Psicopedagogia, ideias e atitudes do profissional da Psicopedagogia a partir da

inserção das TIC nos consultórios.

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1 PSICOPEDAGOGIA: UM PENSAR SOBRE A TRAJETÓRIA DOS PROBLEMAS

DE APRENDIZAGEM

A Psicopedagogia é fruto da necessidade de se explicar os problemas de

aprendizagem e contribuir para o esclarecimento da não aprendizagem (BOSSA,

2007). Sua história teve início na Europa no século XIX, a partir da preocupação

com os problemas de aprendizagem. O interesse pelo assunto envolveu

educadores, filósofos e médicos.

De acordo com Bossa (2007), Janine Mery, psicopedagoga francesa,

apresenta algumas considerações sobre o termo psicopedagogia e sobre a origem

dessas ideias na Europa, ao mesmo tempo, em que fala sobre os trabalhos de

George Mauco que foi o fundador do primeiro centro médico psicopedagógico na

França, em que se percebem as primeiras tentativas de articular a várias áreas de

conhecimento, entre elas: Psicanálise, Psicologia, Medicina Pedagogia, com o

objetivo de resolver os problemas de comportamento e de aprendizagem.

Conforme Mery (1985), em 1946 foram fundados e chefiados por J. Boutonier e George Mauco os primeiros centros psicopedagógicos, nos quais se buscava unir conhecimentos da psicologia, da psicanálise e da pedagogia para tratar comportamentos socialmente inadequados de crianças, tanto na escola como no lar, objetivando sua readaptação. (BOSSA, 2007, p. 41).

A Psicopedagogia nasceu da necessidade de compreender e atender as

defasagens sensoriais, problemas mentais e outros problemas que comprometam a

aprendizagem. A complexidade de fatores que intervêm no processo de

aprendizagem faz com que a Psicopedagogia caminhe no sentido de contribuir para

a melhor compreensão desse processo. Com base nos estudos de Escott (2004, p.

23), “[...] a Psicopedagogia constitui-se em um campo de conhecimento que se

ocupa das questões de aprendizagem e, por conseguinte, da não-aprendizagem”.

Bossa (2007) afirma que o termo Psicopedagogia Curativa, usado por Janine

Mery, tinha o objetivo de caracterizar uma ação terapêutica que considerava

aspectos pedagógicos e psicológicos no tratamento de crianças com fracasso

escolar. Bossa (2007) ainda menciona que no final do século XIX, outros

15

educadores como Itard, Pereira, Pestalozzi e Seguin, começaram a se dedicar às

crianças que tinham alguma dificuldade de aprendizagem em razão de vários

distúrbios, sendo os primeiros nos estudos voltados a estas questões.

Segundo Bossa (2007), em fins do século XIX foi formada uma equipe

médico-pedagógica pelo educador Seguin e pelo médico psiquiatra Esquirol. A partir

desse momento, a neuropsiquiatria infantil passou a se ocupar dos problemas

neurológicos que dificultavam a aprendizagem. Nessa época, Maria Montessori,

psiquiatra italiana, criou um método de aprendizagem destinado inicialmente às

crianças com algum retardo. De acordo com Bossa (2007, p. 40), “Posteriormente, o

método Montessori foi estendido a todas as crianças, sendo hoje utilizado em muitas

escolas”.

Nesta metodologia a preocupação estava na prática do intuitivo e natural,

estimulando os órgãos dos sentidos, sendo por isso conhecida como sensorial.

Bossa (2007) afirma que Ovadir Decroly, psiquiatra, também se preocupou com a

educação infantil, utilizando técnicas de observação e filmagem para estudar as

situações de aprendizagem.

Conforme Bossa (2007), na segunda década do século XX passa a existir os

primeiros centros de reeducação para infratores infantis. Aumenta nos Estados

Unidos e na Europa o número de escolas particulares e de ensino individualizado

para crianças consideradas de aprendizagem lenta. Por volta de 1930, são criados

os primeiros centros de orientação educacional infantil, com equipes formadas por

médicos, educadores, psicólogos e assistentes sociais. Em 1946, em Paris, foi

aberto um centro psicopedagógico com direção médica e pedagógica.

De acordo com Bossa (2007), a partir de 1948 o termo Psicopedagogia

Curativa, passa a ser definido por Debesse como terapêutica, para atender crianças

e adolescentes com dificuldades de aprendizagem, que mesmo inteligentes, tinham

resultados negativos na escola. De acordo com Bossa (2007, p. 41), era entendida

como “método que favorecia a readaptação pedagógica do aluno”, uma vez que

pretendia tanto auxiliar o sujeito a adquirir conhecimentos, como também

desenvolver a sua personalidade”.

Segundo Fernández (1991), a Psicopedagogia surgiu a mais de 30 anos na

Argentina e recebeu uma significativa influência europeia relacionada a esta área do

conhecimento. Para Bossa (2007, p. 43), “Alicia afirma que Buenos Aires foi a

primeira cidade argentina a oferecer uma faculdade de psicopedagogia”.

16

Conforme Bossa (2007), na década de 70 surgiu Centros de Saúde Mental

onde equipes de psicopedagogos atuavam fazendo diagnóstico e tratamento. Estes

profissionais notavam que após o tratamento, os pacientes eliminavam seus

problemas de aprendizagem, mas desenvolviam distúrbios de personalidade como

deslocamento de sintoma. Resolveram então, incluir o olhar e a escuta psicanalítica,

que atualmente é o perfil da Psicopedagogia na Argentina. Anteriormente a este

período, a atuação psicopedagógica estava ligada às duas áreas: Educação e

Saúde.

A função do psicopedagogo na área educativa é cooperar para diminuir o fracasso escolar, seja este da instituição, seja do sujeito ou, o que é mais frequente, de ambos. [...]. Ainda na área educativa, o psicopedagogo argentino atua no serviço de orientação vocacional, na passagem do ensino fundamental para o médio e deste para o ensino superior, bem como em outras atividades que surgem em função de necessidades concretas da instituição. [...]. Quanto à área da saúde, o psicopedagogo, na Argentina, trabalha em consultórios particulares e/ou em instituições de saúde, hospitais públicos e particulares. Sua função é reconhecer e atuar sobre as alterações da aprendizagem sistemática e/ou assistemática. (BOSSA, 2007, p. 44).

No Brasil, já no século XX, são estimulados muitos estudos neurológicos que

classificavam muitos dos pacientes como anormais. Para Bossa (2007), o conceito

de anormalidade, aos poucos, foi deslocado dos centros psiquiátricos para as

escolas, taxando aqueles alunos que não conseguiam aprender ou demonstravam

dificuldades nas suas aprendizagens, como diferentes e com alguma anomalia.

Com o objetivo de entender o que acontecia com esses alunos, na década

de 70, surgiu o conceito de Disfunção Cerebral Mínima (DCM), não detectável em

exame clínico, em que todo aluno ou pessoa com problema de aprendizagem era

considerado como portador de disfunções mentais e psicológicas.

Naquela época realmente o enfoque orgânico era o primeiro a orientar

médicos, educadores e terapeutas na definição dos problemas de aprendizagem, já

que existia pouco conhecimento sobre o que realmente era a dificuldade de

aprendizagem e como diferenciá-la de outras dificuldades mais severas.

De acordo com Bossa (2007), a Psicopedagogia brasileira surgiu como

reeducação através de um modelo médico patológico com ênfase nas questões

orgânicas. Aplicaram-se testes e metodologia de reeducação. Bossa (2007, p. 56)

17

diz que “[...] embora houvesse preocupação com as questões preventivas, o curso

inicialmente se caracterizava como escola de reeducação”.

Com a evolução da área no país, a nova postura partiu para um

conhecimento interdisciplinar, discorrendo por um campo de atuação profissional

que buscava uma identidade própria, mas considerando a interdisciplinaridade,

necessária para a compreensão das questões relacionadas à aprendizagem.

[...] a Psicopedagogia constitui-se em um campo de conhecimento que se ocupa das questões da aprendizagem e, por conseguinte, da não-aprendizagem. Sendo um campo conceitual interdisciplinar, a Psicopedagogia utiliza-se da articulação de vários campos do conhecimento como a Pedagogia, a Psicologia, a Neurologia, a Linguística, a Psicomotricidade, entre outros. (ESCOTT, 2004, p. 23).

A Psicopedagogia no Rio Grande do Sul teve papel significativo na

construção do espaço psicopedagógico brasileiro, contribuindo com o primeiro curso

de especialização e mestrado em programa de pós-graduação, clínica médica

pedagógica e um Centro de Pesquisa e Orientação Psicopedagógica (CPOP).

Desde a década de 70, não só no Rio Grande do Sul, mas em todo o país, a

Psicopedagogia vem se desenvolvendo com ótimos resultados, contando com um

número expressivo de profissionais, cursos de formação e publicações

bibliográficas. De acordo com Bossa (2007, p. 54): “A partir de 1970, iniciam cursos

de formação de especialistas em psicopedagogia na Clínica Médico-Pedagógica de

Porto Alegre, com duração de dois anos”.

A definição do objeto de estudo da Psicopedagogia passou por diferentes

fases, em diferentes momentos históricos. Inicialmente priorizava-se a reeducação, o

processo de aprendizagem era avaliado em função dos déficits do sujeito e o

trabalho procurava vencer tais defasagens. Depois, a Psicopedagogia adotou a não

aprendizagem carregada de significados. Essa fase é fundamentada pela

Psicanálise e pela Psicologia Genética, levando em conta a singularidade do sujeito,

buscando o sentido particular de suas características e suas alterações, devido às

circunstâncias da sua própria história e do seu mundo sociocultural.

Com todo esse breve histórico da Psicopedagogia percebe-se que a mesma

surgiu há poucos anos no Brasil e ainda é considerada uma área relativamente nova

de estudos, a análise de sua trajetória, de seu desenvolvimento inicialmente fora do

18

Brasil, traz contribuições importantes para compreendermos o trabalho

psicopedagógico que é desenvolvido hoje e qual seu verdadeiro objeto de estudo.

Atualmente, com o avanço da Psicopedagogia, o trabalho psicopedagógico

se amplia no âmbito institucional, agindo como uma prática preventiva ou no âmbito

clínico, atuando num trabalho terapêutico, onde já se localiza um problema de

aprendizagem instalado.

1.1 PSICOPEDAGOGIA: ABORDAGEM INSTITUCIONAL

Para Wolffenbüttel (2005, p. 26), o trabalho preventivo, ou seja, institucional:

[...] tem a instituição como centro de seu interesse. Os fatores que interferem no processo de aprendizagem assim como os profissionais envolvidos na prática educativa são o alvo da Psicopedagogia numa dimensão preventiva.

A Psicopedagogia Institucional nasceu nos anos 80, no Rio de Janeiro,

devido a um trabalho psicopedagógico clínico com a criança isolada da escola que a

atendia. O fato do terapêuta se deslocar até a instituição resultou na troca de

informações e de um novo olhar desses profissionais para o sujeito que não

aprendia. A partir dessa necessidade o profissional de psicopedagogia passou a ter

mais contato com a instituição e de alguma forma ele influenciava em modificações

nas posturas teóricas e práticas.

Na instituição escolar, a prática psicopedagógica também apresenta uma

configuração clínica, o psicopedagogo pesquisa as condições para que se produza a

aprendizagem do conteúdo escolar, procurando sempre identificar onde estão os

obstáculos e o que está impedindo que a aprendizagem ocorra de forma natural e

saudável.

A Psicopedagogia Institucional objetiva trabalhar com as questões ligadas à

aprendizagem, portanto, o seu caráter principal é a prevenção das dificuldades de

aprendizagem. Como prática preventiva, busca construir uma relação saudável com

o conhecimento, de modo a facilitar a sua construção e evitar que esse processo

19

seja perdido. De acordo com Wolffenbüttel (2005, p. 16), “A aprendizagem humana

e, portanto, todos os fatores decorrentes e ligados a esse processo traduzem o foco

de estudos da Psicopedagogia”.

O enfoque da Psicopedagogia Institucional está na prevenção do fracasso

escolar e das dificuldades de aprendizagem, mas também ocorre na necessidade de

apoio, resgate do sujeito aprendente e de uma ressignificação do aprender,

buscando fundamentalmente, auxiliar no resgate da identidade da instituição com o

saber e com a possibilidade de aprender.

Analisando as questões das relações da aprendizagem na escola e dos mitos subjacentes a essas relações, pode-se dizer que os educadores têm dificuldades em compreender por que seus alunos não conseguem aprender. A dificuldade de compreensão do educador pode, muitas vezes, colaborar para um mandato impedidor do desejo e das possibilidades de aprender dos alunos. (ESCOTT, 2004, p. 42-43).

É importante considerar que a aprendizagem se dá a partir das relações

entre todos os envolvidos nesse processo, o olhar do psicopedagogo na instituição

não pode centrar-se apenas nas questões individuais do sujeito. É imprescindível

que se leve em consideração as relações institucionais, tanto na escola que o sujeito

frequenta como na família, considerando sua história de vida e seu momento atual.

De acordo com as publicações da psicopedagoga Escott (2004, p. 46), “A

Psicopedagogia, em sua ação preventiva, ou seja, na instituição, pode desde o

primeiro contato com a criança e sua família na escola, colaborar para sua

adaptação e prevenção das dificuldades de aprendizagem”.

Para propor uma intervenção psicopedagógica devem-se considerar as

fraturas e necessidades expressas pelo sujeito em acompanhamento, portanto, é

preciso avaliar o espaço no qual se pretende desenvolver o trabalho e ter objetivos

bem decididos. É importante ressaltar que não existem vários tipos de

Psicopedagogia, e sim apenas um, que inclui todos os campos em que a

aprendizagem esteja presente, seja institucional ou clínica.

20

1.2 PSICOPEDAGOGIA: ABORDAGEM CLÍNICA

Muitas vezes os pacientes se dirigem a clinica por alguma dificuldade de

aprendizagem percebida pela escola ou até mesmo por eles mesmo, e tudo que

procuram na clínica é alguém que vá ajudá-los a desmistificar o porquê de elas

estarem ocorrendo.

O papel do psicopedagogo é de grande importância nessa trajetória; é

necessário apoiar esses sujeitos que chegam até a clínica de forma desamparada. A

Psicopedagogia clínica se ocupa com um sujeito único, sua subjetividade e

identidade, visando sua singularidade e sua estrutura cognitiva. Para Barbosa (2007,

p. 203), “Um olhar clínico não é um olhar que acontece só no meio médico, no

espaço de uma clínica, e sim é decorrente de um método clínico de observação da

realidade”.

É isso que a Psicopedagogia tem feito ao longo de sua trajetória: observar o

sujeito que se aproxima da mesma em busca de respostas para suas não-

aprendizagens ou para suas dificuldades, e tentar entender porque elas ocorrem.

Bossa (2007) observa que nesse processo histórico, a Psicopedagogia clínica

obteve várias denominações, tais como: pedagogia curativa, pedagogia terapêutica,

psicopedagogia curativa, psico-pedagogia e, finalmente, passou a assumir-se como

a Psicopedagogia que conhecemos hoje.

De acordo com Fernandéz (2001), o termo Psicopedagogia clínica foi

denominado pela psicopedagoga Blanca Tarnopolsky na década de 70. Esta área de

atuação implica compreender a situação de aprendizagem do sujeito, considerando

o contexto em que o mesmo está inserido. Para Bossa (2007, p. 83), “[...] a

abordagem e o tratamento, enfim, a forma de atuação se vai tecendo em cada caso,

na medida em que a problemática aparece”.

A Psicopedagogia clínica observa o sujeito com problemas de aprendizagem

até encontrar as reais causas do sintoma aparente. Todo sintoma tem uma causa

que deve ser compreendida pelo profissional de psicopedagogia para que possa ser

feita uma intervenção na mesma.

21

1.3 OS NÍVEIS DE EQUILÍBRIO ENTRE CORPO, ORGANISMO, DESEJO E

INTELIGÊNCIA

A Psicopedagogia utiliza uma leitura interdisciplinar para analisar o contexto

sócio-histórico-cultural da aprendizagem do sujeito. No entanto, a Psicopedagogia

clínica contribui para a solução dos problemas de aprendizagem e colabora para a

construção de um sujeito pleno, crítico e mais feliz através da busca pela

identificação das causas das dificuldades de aprendizagem. Para Wolffenbüttel

(2005, p. 26), “a prática clínica consiste na intervenção terapêutica psicopedagógica

sistemática de um profissional especializado com um sujeito com problemas para

aprender”.

De acordo com Barbosa (2007), o psicopedagogo clínico deve observar

todos os “movimentos” desse sujeito com dificuldades, com a intenção de perceber o

sujeito que aprende e sua relação com o outro, com sua cultura, história e como

reage perante situações de aprendizagem. O psicopedagogo investiga as

dificuldades de aprendizagem, buscando compreender o processo da mesma

considerando todas as variáveis e intervindos sobre elas. A intervenção

psicopedagógica clínica preocupa-se com a identidade do sujeito, com o

conhecimento e desenvolvimento das suas estruturas cognitivas. A dificuldade de

aprendizagem pode se apresentar como um sintoma, mascarando a repressão de

algum acontecimento onde o aprender tem um significado.

A Psicopedagogia está presente diariamente, ela se volta para as questões

do aprender e do não aprender do sujeito, levando em consideração o processo de

construção do conhecimento e suas vivências. A aprendizagem está pautada ao

ambiente familiar, afetivo e social do qual integra o sujeito. No trabalho psicopeda-

gógico, muitas vezes o sujeito não está sozinho. É necessário o apoio da escola e

dos familiares do mesmo para alcançar resultados efetivos com o paciente, sempre

respeitando sua estrutura cognitiva, subjetividade, entre outros, lembrando que para

que haja aprendizagem o processo é construído por aquele que ensina e por aquele

que aprende em inter-relação social dependendo, para ambos, de um

funcionamento equilibrado em quatro níveis, que segundo a Psicopedagogia são

eles: organismo, corpo, inteligência e desejo. (Figura 1).

22

Figura 1 - Quatro níveis Fonte: Elaborado pela autora conforme Wolffenbüttel (2005)

Para Wolffenbüttel (2005, p. 17), “Para que haja conhecimento, o processo

de aprender é construído pelo aprendente, em inter-relação social, através da

intervenção em quatro níveis [...]”. A Figura 1 representa os quatro níveis: corpo,

organismo, inteligência e desejo. Para uma efetiva aprendizagem, os níveis citados

devem estar em constante equilíbrio. Se o organismo não estiver bem “alimentado”,

o corpo padece, consequentemente o desejo de aprender fica comprometido e a

inteligência não se desenvolve adequadamente, ou ainda, se o organismo não está

bem alimentado, o desejo “se envolve com as necessidades do corpo” e

compromete a o desejo de aprender e consequentemente o desenvolvimento da

inteligência. Observa-se que o Organismo (Figura 1) é composto por sistemas, entre

eles: digestivo, respiratório, nervoso, etc. Conforme Wolffenbüttel (2005), ele é a

infraestrutura neurofisiológica, que possibilita a memória dos automatismos. O Corpo

que se apropria do organismo, portanto, o mesmo serve de composição para a

aprendizagem. O desejo apresenta-se no nível simbólico, inconsciente. O simbólico

organiza as significações que estruturam a subjetivação. Já a inteligência, para

Fernández (2001), é construída em um espaço racional, ou seja, um sujeito

constitui-se inteligente em um vínculo com o outro.

23

Para que se possa entender melhor os próximos capítulos, aprofundam-se

mais sobre os quatro níveis:

- O corpo participa da aprendizagem e tem como função coordenar ações

que resultam em acumular experiências. Para Fernández (1991), não existe

aprendizagem que não esteja registrada no corpo, por isso, ele funciona como parte

da maioria das aprendizagens. Para Wolffenbüttel (2005, p. 17), “[...] não podemos

falar em corpo que não seja subjtivado. Essa constituição de corpo é simultânea à

construção da inteligência e à construção da dimensão do desejo”.

- O desejo é expresso através do simbólico, dos sonhos, atos falhos e

trocadilhos. Para Wolffenbüttel (2005, p. 17), “O nível simbólico é o que organiza a

vida afetiva e as significações e conduz à subjetivação, ao surgimento do original em

cada ser humano”. É o simbólico, figurando aquilo que não é dito, mas que é visto

nas atitudes, nos sonhos, nos atos falhos. O desejo está entrelaçado a tudo que

fizemos e deixamos de fazer, com nossas vontades, e pelas significações de nosso

aprender. Sendo assim, para Wolffenbüttel (2005, p. 17-18), o desejo “[...] nos faz

únicos, cada um com sua história, seu imaginário, sua fantasia, seu medo, seu

segredo, seu desejo de ser um aprendente ou não”.

A Inteligência, para Fernández (2001, p. 43), é “[...] um trabalho de

reconstrução e apropriação de conhecimentos a partir da informação trazida por

outro e significadas do saber”. Para Wolffenbüttel (2005, p. 17), “A inteligência é a

estrutura lógica que se apropria do objeto conhecendo-o, generalizando-o e

incluindo-o em uma classificação”. A inteligência não nasce com um sujeito, ela é

criada a partir do contato com outros sujeitos e de acordo com experiências vividas.

De acordo com Wolffenbüttel (2005, p. 17), “[...] a inteligência é construída e esta

construção está na dependência da interação com o meio”. Portanto, a inteligência

depende dos diferentes tipos de aprendizagens, e para que ela se desenvolva é

necessário o equilíbrio entre todos os níveis.

Os novos conhecimentos serão construídos através do passar do tempo,

das experiências adquiridas e do meio em que o sujeito está inserido. O trabalho

psicopedagógico sempre visa a aprendizagem do sujeito, seja individualmente ou

em grupo, respeitando sua subjetividade. A grande contribuição do trabalho

psicopedagógico clínico está na resolução de problemas de aprendizagem já

instalados, envolvendo os quatro níveis: corpo, desejo, inteligência e organismo.

Para que os mesmos estejam sempre em sintonia, entrelaçados, já que um depende

24

do outro e o bom funcionamento dos mesmos tem como resultado a aprendizagem

(Figura 2).

Figura 2 - Relação aprendizagem e os quatro níveis Fonte: Elaborado pela autora conforme Wolffenbüttel (2005)

Findando este capítulo, chegamos à conclusão de que é necessário que

tudo esteja em equilíbrio para que a aprendizagem ocorra de forma significativa,

natural e tranquila.

25

2 AS ZONAS DE DESENVOLVIMENTO

De acordo com Moll (1996), Lev S. Vygotsky (1896-1934) foi professor e

dedicou-se aos estudos da pedagogia e psicologia. Construiu sua teoria tendo por

base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-

histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse

desenvolvimento. O mesmo defendia a ideia de que o desenvolvimento intelectual

do sujeito se dá, principalmente, em função das interações sociais e condições de

vida. Vygotsky também exerceu o papel de pesquisador, nasceu e viveu na Rússia,

vindo a falecer vítima da tuberculose.

O pensamento de Vygotsky constitui uma bibliografia riquíssima e

indispensável para a Psicopedagogia. Em seus estudos, defende que a criança já

nasce inserida em uma meio social, a família, nela se estabelece os primeiros

contatos com o “outro”. No dia a dia a interação acontece espontaneamente, através

de gestos ou palavras, sendo marcado por condições históricas, culturais e sociais.

De acordo com Oliveira (1997), o organismo humano nasce muito “pouco

pronto”, isto é, com muitas características em aberto, a serem desenvolvidas no

contato com o mundo externo. A construção da linguagem, formada por signos1 é

fundamental nessa comunicação, pois para Vygotsky, essa forma de mediação

permite ao sujeito realizar operações cada vez mais complicadas sobre um objeto.

Para ele, o pensamento e a linguagem iniciam-se pela fala social, passando pela

egocêntrica, findando na fala interior (fala reflexiva).

Para Moll (1996), de acordo com Vygotsky, o sujeito ao desenvolver a

linguagem e demais conceitos passa por níveis de desenvolvimento: o nível de

desenvolvimento real e potencial. Entre eles a zona de desenvolvimento proximal.

Vygotsky aponta que a zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) (ou zona de

construção), é a distância entre o DR, que é determinado pela solução independente

de problemas, e o DP, que é determinado através da solução de problemas sob a

orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes.

1Para Vygotsky, os instrumentos podem ser classificados em físicos, simbólicos ou signos. Estes

últimos considerados como instrumentos psicológicos que têm por função afetar o comportamento humano, e não modificar o objeto da operação psicológica, por serem mediadores da atividade interna dirigida para o controle do próprio indivíduo.

26

De acordo com Moll (1996), Vygotsky propôs que cada criança, em qualquer

domínio, tem um “nível evolutivo real” que pode ser avaliado, quando ela é

individualmente testada, e um potencial imediato para o desenvolvimento naquele

domínio.

O conceito de zona de desenvolvimento proximal é muito usado na

Psicopedagogia, onde o sujeito é avaliado para saber qual seu potencial real e o que

pode ser alcançado ao longo dos atendimentos. É muito importante que se leve em

consideração as dificuldades do paciente e suas reais necessidades, sempre

encontrando ferramentas e meios para que seu potencial real seja ultrapassado.

A partir do interesse psicopedagógico, objetiva-se averiguar a ZDP da criança e, concomitantemente, verificar em que aspectos específicos a criança apresenta dificuldades e que procedimentos se fazem necessários para a superação das mesmas. Na medida da efetividade e adequação da ação psicopedagógica, a ZDP da criança poderá ser qualitativamente ativada. (BEYER, 1996, p. 81).

Vygostky defende ainda que o contato com outros sujeitos favorece o sujeito

menos desenvolvido cognitivamente, ou seja, ele aprende através do outro.

Portanto, a colaboração de um amigo, colega, pai, mãe, irmão, mais competente na

zona de desenvolvimento proximal conduz ao desenvolvimento daquele menos

favorecido.

Esse pensador também focou sua abordagem em crianças física e

mentalmente deficientes, causando muitas mudanças no contexto escolar e clínico.

Ele diz que é necessário a interação com outras crianças não debilitadas física e

mentalmente para que essas possam se desenvolver mais. De acordo com Moll

(1996), ele alegava que se o cego, o mudo ou a criança com deficiência mental só

interagisse com crianças do mesmo nível de dificuldade seu desenvolvimento

procederia de uma maneira não benéfica. Moll (1996, p. 153) diz que “[...] crianças

surdas educadas apenas com outras crianças surdas terão provavelmente um

desenvolvimento diferente de seus colegas estimulados.”

Vygostky afirmou que trabalhar com um parceiro mais desenvolvido pode

sim ajudar no desenvolvimento da criança menos competente, Moll (1996) nos fala

que foram feitas muitas pesquisas sobre a colaboração entre pares, e que essas

respondiam muito beneficamente aos resultados de desenvolvimento cognitivo.

27

Sendo assim, podemos perceber que todos esses conceitos que Vygotsky

escreveu há muito tempo, ainda são utilizados por psicólogos, pedagogos,

psicopedagogos entre outros. Com isso percebe-se que a avaliação psicológica

geral sobre o desenvolvimento de pacientes na clínica tanto como estudantes na

instituição escolar, sobre o nível de desenvolvimento cognitivo é de suma

importância para que um bom trabalho de aprendizagem seja feito.

28

3 O USO DA TECNOLOGIA: UMA ALIADA NO PROCESSO DE ENSINO

APRENDIZAGEM

De acordo com Weiss e Cruz (2001), os computadores estão chegando e

invadindo nossas escolas, e diante das máquinas se encontram professores com

diversos sentimentos, entre eles, o medo de não saber como lidar com toda essa

tecnologia e por outro lado, descobrir tudo o que essa máquina pode fazer por nós.

E com certeza, enfrentam o medo de não saber lidar com as mudanças que a

informática educativa traz para todo o ambiente em que está inserida.

A informática acabou se tornando uma necessidade no mundo em que

vivemos e as crianças já nascem mergulhadas em toda essa tecnologia, fazendo

parte desse universo. Devemos pensar então, em como utilizar todo esse

desenvolvimento tecnológico a fim de acrescentar conhecimento, seja nas escolas

ou nas clínicas.

Moll (1996) traz que Vygotsky aponta que o ser humano tem a capacidade

de criar novas situações futuras, baseadas em algo real e existente. Logo, essa

ação irá nascer da decorrência do sujeito procurar algo novo, já que não está mais

acomodado ou feliz na situação que se encontra naquele momento, essa ação

criadora é possível, tanto para conceitos já estabelecidos como para novos

conceitos. Essas ideias desmistificam conceitos em relação à inclusão de pessoas

com alguma deficiência no âmbito escolar ou social.

De acordo com Santarosa (2010), a inclusão como fenômeno social tem

suas raízes na cultura, expandindo-se para além dos aspectos meramente

escolares. Tem se falado muito de inclusão social, e, esse termo tem sido usado

para designar um conjunto de aspectos que ultrapassa o antigo termo de deficiência,

esta mudança de deficiência para a necessidade especial traz consigo a concepção

de mudanças e forja importantes deslocamentos. Passa do imutável para o efêmero,

da visão de adaptar a pessoa deficiente para a inclusão destas.

É conhecido que o processo de inclusão provoca mudanças na perspectiva

social e educacional, não somente em pessoas com necessidades especiais, mas,

também em todos os participantes desse acontecimento. De acordo com Santarosa

(2010), a educação inclusiva (inclusão de sujeitos com alguma deficiência ou

inclusão do uso da informática e de outras tecnologias nas salas de aula) traz

29

benefícios para a sociedade e para todos os envolvidos no processo educativo

(alunos, pais, professores, entre outros), pois possibilita a criação de uma sala de

aula e de uma escola na qual indivíduos aprendem a respeitar, a compreender e a

admirar as qualidades de todas as pessoas, independentemente de suas diferenças

físicas e cognitivas.

O aluno com necessidades especiais passou, não mais, a ser visto a partir

do seu possível déficit, mas sim, na valorização das suas potencialidades. De

acordo com Santarosa (2010), em meio à inúmeras possibilidades de recursos e

formas de apoio, as tecnologias digitais apresentam-se como potenciais aliadas na

realização do processo de inclusão, já que vêm mostrando em grande nível

geográfico o grande potencial no campo da Educação Especial para qualificar o

processo pedagógico. A autora ainda fala sobre as pesquisas feitas sobre a

utilização pedagógica de tecnologias digitais de informação e comunicação, e, que

estas vêm produzindo melhores resultados na Educação Especial, se comparada à

Educação de modo geral.

Entrelaçar tecnologias digitais de informação e comunicação com um qualificado plano pedagógico impulsiona um ajuste às especificidades e à variedade de histórias de vida de sujeitos em processo educativo, um respeito que valoriza a diversidade humana e permite que a heterogeneidade seja lida com vantagem, e não com prejuízo. (SANTAROSA, 2010, p. 21).

Santarosa (2010) diz que nos princípios desenvolvidos por Vygostky, o

homem não tem seu potencial de capacidade determinado geneticamente, o homem

se constitui como tal progressivamente, na medida em que se amplia a sua

maturação cognitiva desenvolvida nas relações e inter-relações constantes com os

objetos e os indivíduos.

Por esta e outras questões, é sempre bom relembrar que para Vygotsky é

necessário que ocorra a interação com o meio e com o outro para que a

aprendizagem aconteça. Também esse autor nos diz que as palavras tem um papel

fundamental no desenvolvimento do pensamento e na evolução da consciência

como um todo, Santarosa (2010, p. 28), “[...] por isso, a relação

pensamento/linguagem é a chave para a compreensão da natureza da consciência

30

humana”. Ou seja, ele acredita que a consciência é constituída a partir da sua

relação com um meio cultural mediado pela linguagem.

A tecnologia se insere neste campo, com o passar do tempo, os

computadores passaram a existir não só para cálculos e uso profissional em

empresas e etc, mas sim, com a invenção da tecnologia muitos caminhos surgiram.

Para Santarosa (2010), hoje não há mais um pensar solitário, tornou-se um pensar

social na medida em que há interação com pessoas do outro lado do mundo em que

o sujeito se encontra.

É possível debater assuntos, tirar dúvidas, ler opiniões alheias, tudo isso por

meio de uma ferramenta chamada internet. As pessoas com algumas dificuldades

podem pedir auxilio a outras que estão distantes e muitas vezes nem são

conhecidas pessoalmente, tudo isso facilitando o apoio mútuo e a interação com o

outro, tornando a internet uma ferramenta de auxilio e de mediação. De acordo com

Santarosa (2010, p. 30), “De modo geral, os ambientes digitais, como recursos de

comunicação e uso de linguagens, têm sido cada vez mais utilizados e ressaltados

como instrumentos de mediação, visando ao desenvolvimento”.

Pode-se ver que a informática educativa e a utilização de softwares, vem

para auxiliar na intermediação entre terapeuta e paciente dentro do consultório

psicopedagógico, não somente na inclusão do sujeito com alguma deficiência, mas

sim daquele sujeito que tem dificuldades no seu processo de aprendizagem. De

acordo com Weiss e Cruz (2001, p. 18), sobre a mediação que o professor ou

terapeuta deve fazer: “Cabe a ele “facilitar” o processo de ensino-aprendizagem,

fornecendo recursos para que o aluno desenvolva, ao máximo, seu processo de

aprender”.

O sujeito de inclusão, por vezes, tem algumas comprometimento orgânico e

os softwares educativos, desenvolvem-se ainda dando oportunidades ao sujeito que

com ela interage de adquirir conhecimentos, modificá-los, e adaptá-los a novas

situações, assim como é o ocorrido no presente estudo de caso. Isso pode ocorrer

através de softwares e da informática educativa.

Cabe aos profissionais se utilizarem de toda essa tecnologia que vem

surgindo com o passar do tempo, visando pensar sobre essas funções da

tecnologia, pensar sobre as razões para a introdução da tecnologia informática nos

consultórios psicopedagógicos e de que forma essa ferramenta pode auxiliar nos

atendimentos a pacientes com dificuldades de aprendizagem.

31

4 O USO DA TECNOLOGIA NA CLÍNICA PSICOPEDAGÓGICA:

DESMISTIFICANDO OS SEGREDOS DA INFORMÁTICA EDUCATIVA

Com o passar do tempo, a tecnologia vem sendo cada vez mais utilizada no

nosso cotidiano. De acordo com Wolffenbüttel (2005), ao se pensar no uso da

informática na clínica psicopedagógica torna-se necessário questionar se há

necessidade de ser feito ou se estamos fazendo apenas por “modismo”. Questionar

se o uso dessa máquina é realmente importante para aquele momento dentro da

clínica. O computador não faz nada por “conta própria” é no vinculo, na relação de

mediação entre o computador, terapeuta e paciente que se encontrará o caminho

para a aprendizagem. A máquina é um dos recursos e uma das opções a serem

utilizadas na clínica.

Acredita-se que o uso do computador na clínica poderá suscitar no sujeito

potencialidades e ampliar os horizontes de aprendizagem de forma integrada e

prática. Isso, uma vez que sejam respeitadas e exploradas as especificidades deste

novo instrumento.

A informática permite que o paciente lide com outras formas de pensamento que fluem diferente do pensamento usado nas tarefas escolares rotineiras de lápis e papel que, em geral, privilegiam o pensamento linear. (WOLFFENBÜTTEL, 2005, p. 110).

Weiss e Cruz (2001) contribui com essas ideias apontando que ao longo dos

anos as tecnologias vem sendo usadas a nosso favor. A criação de softwares

educacionais pode não só ajudar, como também diminuir possíveis problemas que

possam surgir e até prevenir os mesmos no consultório psicopedagógico e nas salas

de aula. A utilização desse tipo de ferramenta é o fato de ele assinalar os erros com

antecedência imediata e viabilizar a reorganização da ação dos alunos e pacientes.

Ele permite que as informações sejam comparadas e organizadas,

favorecendo a capacidade de concentração e atenção; a interpretação das ordens e

regras; o raciocínio lógico e a percepção visual e auditiva por meio de som, imagem

e animação, resultando assim em uma aprendizagem mais prazerosa e lúdica,

valorizando a informática como mediador de tais aprendizagens. Além disso, quando

32

o sujeito interage com os softwares, eles são incitados ao desafio de fazerem a

análise dos dados apresentados, de levantarem hipóteses e de estabelecerem

estratégias de ação, ocorrendo assim a aprendizagem.

Para Wolffenbüttel (2005), é possível encontrar vários tipos de softwares

educativos, alguns com objetivos mais fechados, condutivistas, outros mais flexíveis

que permitem que o usuário possa realizar a atividade de diferentes maneiras,

outros ainda que se estruturam com a proposta de servir de base para outros

objetivos que o psicopedagogo ou educador quer alcançar. Para Wolffenbüttel

(2005, p. 111), “Muitos são criados com o objetivo de verificar e treinar determinada

habilidade como em contas, gramática, etc”. A autora também nos traz que existem

softwares que não são chamados de educativos, mas que o psicopedagogo pode

usar para esse fim terapêutico. Os programas, ou softwares educacionais como são

chamados, apresentam diversas oportunidades de trabalho com os alunos de várias

faixas etárias, facilitando este processo de ensino-aprendizagem.

Os mesmos são encantadores para os pacientes e alunos, já que criam um

ambiente de aprendizagem em que o lúdico, a solução de problemas, a atividade

reflexiva e a capacidade de decisão são privilegiados, desenvolvem a aprendizagem

ativa controlada pelo próprio sujeito, já que possibilita representar ideias, comparar

resultados, refletir sobre sua ação e tomar decisões, acrescentando assim o

processo de aprendizagem. Nesse processo, o vínculo estabelecido entre terapeuta

e paciente torna o computador um facilitador, uma vez que desperta o interesse dos

pacientes, fazendo com que atenção fique voltada para a máquina a fim de resolver

as questões propostas. Muitas vezes, nem percebendo que isto faz parte da

intervenção psicopedagógica, podendo ser visto como mediador entre os nossos

pensamentos e as ações.

Para Fagundes (1996), o uso dos computadores nos consultórios de

psicopedagogia podem servir como instrumentos muito especiais para concretizar as

representações do sujeito que os programa, apresentando-lhe severas restrições

que poderão ser problematizadas e suportar as representações como objetos

manipuláveis pelo próprio sujeito, e o mesmo se sentirá desafiado a vencer estas

restrições, causando uma motivação para que a tarefa seja cumprida. Fagundes

(1996, p. 25) complementa que o mesmo se caracteriza como “[...] num ambiente de

33

aprendizagem definido como construtivista”2. É importante que o psicopedagogo

conheça esses programas e todos os recursos que a tecnologia traz aos

consultórios, para que saiba qual software usar e a hora certa para o mesmo,

servindo-lhe para os propósitos práticos e teóricos do profissional e do paciente.

[...] no ambiente de aprendizagem enriquecido com a tecnologia informática, os procedimentos são simbólica e imediatamente representados como procedimentos programados intencionalmente pelos próprios sujeitos. E, dessa forma, eles se constituem em observáveis duplamente significantes: como observáveis dos objetos que representam e como observáveis do sujeito que representa. (FAGUNDES, 1996, p. 27).

A tecnologia aliada aos atendimentos clínicos psicopedagógicos e a

educação é uma ótima patrocinadora no desenvolvimento de atividades que auxiliam

na ordenação de alguns pensamentos e ideias. É importante que exista a

oportunidade de desenvolver esta ação criadora. O papel da tecnologia e dos

softwares educativos é justamente ser auxiliador no desenvolvimento de atividades

que ajudam na ordenação e coordenação de suas ideias e manifestações

intelectuais.

2A autora se refere ao ambiente construtivista quando a aprendizagem é construída na mediação com

o outro mais capacitado cognitivamente.

34

5 METODOLOGIA: OS CAMINHOS CIENTÍFICOS DE UM ESTUDO DE CASO EM

PSICOPEDAGOGIA

É normal do ser humano buscar saber o que sucede ao seu redor sempre

modificando o ambiente em que vive. A pesquisa científica vem então como uma

solução para auxiliar, entender e também buscar respostas para os problemas e

curiosidades que vão sendo criados.

De acordo com Prodanov e Freitas (2009) torna-se importante destacar que

o resultado não deve ser tomado como verdade absoluta, pois as descobertas estão

em constantes renovações, e toda análise sobre um fato, apresenta implicações de

ordem apreciativa e indutiva do pesquisador. Para este estudo, a opção

metodológica escolhida tem sua abordagem qualitativa. Prodanov e Freitas (2009, p.

81) consideram que na pesquisa qualitativa:

[...] há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo da pesquisa qualitativa. [...] O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.

Portanto essa pesquisa qualitativa será de cunho teórico e prático

constituindo-se um estudo de caso único, que segundo Yin (2010):

A necessidade diferenciada dos estudos de caso surge do desejo de entender os fenômenos sociais complexos. O método do estudo de caso permite que os investigadores retenham as características holísticas e significativas dos eventos da vida real – como os ciclos individuais da vida, o comportamento dos pequenos grupos, os processos organizacionais e administrativos, a mudança de vizinhança, o desempenho escolar, as relações internacionais e a maturação das indústrias.

Esse método de pesquisa foi escolhido para o presente estudo de caso para

responder a seguinte questão: Como os recursos tecnológicos podem ser usados a

favor da intervenção psicopedagógica no desenvolvimento do sujeito com

dificuldades de aprendizagem?

35

Para tentar responder essa questão foram levandas hipóteses, que de

acordo com Prodanov e Freitas (2009, p. 101), “[...] servirá como um guia na tarefa

de investigação e auxiliará na compreensão e elaboração dos resultados e das

conclusões da pesquisa, atingindo altos níveis de interpretação”, pois “as hipóteses

constituem ‘respostas’ supostas e provisórias ao problema”. (PRODANOV;

FREITAS, 2009, p. 136). Sendo assim, as hipóteses norteadoras dessa pesquisa

são:

- A aprendizagem pode se constituir com o uso da informática como

mediadora;

- A intervenção psicopedagógica pode ser feita através da informática

educativa;

- A Psicopedagogia poderá atuar de forma terapêutica na busca da

ressignificação dos sintomas de aprendizagem com o uso das tecnologias e

softwares educativos.

Que tem como objetivos:

Objetivo Geral

Compreender como a informática educativa pode auxiliar o sujeito com

dificuldades de aprendizagem em um contexto psicopedagógico.

Objetivos Específicos

- Analisar os recursos tecnológicos que podem ser usados a favor da

intervenção psicopedagógica;

- Identificar evidências de desenvolvimento utilizando recursos tecnológicos

no atendimento psicopedagógico;

Iremos responder a essa questão com base nos instrumentos de pesquisa

como a observação participativa, diário de campo, entrevistas e questionários com

paciente e familiares, que de acordo com Yin (2010), são os meios utilizados para

colher as informações para responder a questão investigativa.

Para Yin (2010), o uso de muitas fontes de evidência nos estudos de caso

aceita que o investigador aborde uma variação maior de aspectos históricos e

comportamentais. A vantagem mais importante proporcionada pelo uso de fontes

múltiplas de evidência, no entanto, é o aumento de linhas convergentes de

investigação, um processo de triangulação e confirmação de dados, assim sendo,

36

qualquer achado ou conclusão do estudo de caso é, provavelmente, mais

convincente e determinado se for baseado em diversas fontes diferentes de

informação.

No presente estudo de caso, a Figura 3 ilustra como se dão a triangulação e

convergência dos dados.

Figura 3 - Convergência de evidências

Fonte: Elaborado pela autora

Para Yin (2010, p. 127), destacam-se três princípios que não podem ser

esquecidos na coleta de dados, são eles: o uso de múltiplas fontes de evidência, a

criação de um banco de dados, e a manutenção de um encadeamento de

evidências. Por isso os dados dessa pesquisa neste estudo de caso se darão em um

contexto fluente de relações. Serão acolhidos interativamente em um processo de

ida e vinda e na interação dos sujeitos. Para efetivar esta pesquisa, utilizou-se dos

seguintes instrumentos de coleta de dados: entrevistas, observações e diário de

campo.

Intervenção Psicopedagógica

Observações Direta

Entrevistas Diário de Campo

37

5.1 TIPO DE TRATAMENTO PARA OS DADOS COLETADOS

Sendo esta uma pesquisa qualitativa, o tratamento dado às informações

será de análise e interpretação dos dados colhidos. A princípio foi realizada uma

seleção dos dados mais relevantes, certificando que os mesmos estavam completos

e coerentes, aos quais permitiram uma descrição completa para o proposto no foco

dessa pesquisa.

5.2 CONTEXTO DO ESTUDO

O foco dessa pesquisa para o estudo de caso nasceu a partir dos estágios

clínicos proporcionados pelo curso de Psicopedagogia. Através das práticas

realizadas, uma pergunta esteve sempre presente: Como os recursos tecnológicos

podem ser usados a favor da intervenção psicopedagógica no desenvolvimento do

sujeito com dificuldades de aprendizagem?

As ações pertinentes à pesquisa ocorreram na Universidade Feevale,

localizada no município de Novo Hamburgo/RS, no Centro Integrado de Psicologia

(CIP). O Centro tem como objetivo proporcionar estágios para os alunos de

psicologia e psicopedagogia ao atender estudantes encaminhados pelas prefeituras

municipais da região, entre outros pacientes. O Atendimento e Extensão em

Psicopedagogia (AEP) é uma das principais ações pela qual o Centro Integrado de

Psicologia é responsável. Tem como principal objetivo atender pacientes com

dificuldades de aprendizagem nos diferentes níveis de ensino. Atualmente o AEP

atende crianças, adolescentes, adultos e idosos, todos encaminhados pela

instituição de ensino na qual estão inseridos. O local possui cinco salas de

atendimento psicopedagógico, sendo duas delas destinadas a atendimento às

crianças. Os atendimentos ocorreram duas vezes por semana, com a duração de

uma hora durante o ano de 2011 e o primeiro semestre de 2012.

No ambiente dos atendimentos estavam à disposição vários jogos

envolvendo diferentes áreas do conhecimento, um computador com acesso à

Internet, leitor de DVD e caixas de som, três poltronas e uma mesa.

38

5.3 O SUJEITO DO ESTUDO

A condução do estudo de caso necessita de proteção e cuidados éticos com

os sujeitos envolvidos no processo da pesquisa. Yin (2010) destaca que a

necessidade específica de proteção dos sujeitos humanos vem do fato de que

aproximadamente todos os estudos de caso, são sobre temas pessoais

contemporâneos. Sendo assim, proteger a privacidade e a confidencialidade dos

que participam do estudo de caso é primordial para o desenvolvimento do trabalho.

Nesse contexto, respeitando as relações de ética e proteção nomeia-se o caso

estudado de “V”. Torna-se importante transcrever um breve histórico do caso V para

análise posterior.

O paciente em questão chegou à Clínica de Psicopedagogia encaminhado

pela escola em que estuda. A mesma se localiza na cidade de Campo Bom e é

mantida pelo estado. O parecer do paciente relata que o mesmo é uma criança

esforçada e alegre, mas só consegue realizar suas atividades com a ajuda da

professora, e que, sem esta ajuda ele se mostra distraído não participando das aulas

e das atividades.

A primeira vez que se deu o contato com a família do paciente e fiz a história

vital do mesmo, fiquei sabendo da sua trajetória. O fato mais importante da história é

que quando esse adolescente, hoje com 13 anos, tinha a idade de três anos, o

mesmo foi atropelado por uma moto, ficando entre a vida e a morte. O veredito dos

médicos era de que o mesmo não iria sobreviver, mas se caso isso fosse possível, o

mesmo ficaria em estado vegetativo.

Conforme as sessões prosseguiam, se fez necessário encaminhar V. para

uma avaliação neurológica, e, logo em seguida o médico deu o resultado de

paralisia cerebral e retardo mental leve.

Com o passar do tempo e dos atendimentos psicopedagógicos, percebeu-se

que V. desempenhava os exercícios propostos muito melhor através de um

computador. Ele se encantava pelo mesmo e a cada dia que passava desenvolvia

um melhor conhecimento por essa ferramenta.

39

5.4 PLANO DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi feita desde o segundo semestre de 2011, que foi

quando os atendimentos com o paciente V. se iniciaram, dando continuidade a elas

até o presente momento para a realização deste estudo de caso.

Desde este momento, foram feitas visitas à escola do paciente, conversas

com a professora do mesmo, conversas e entrevistas com os pais de V.,

questionários e observações diretas do paciente. Também foram aplicadas provas

para que fosse possível evidenciar as contribuições da tecnologia no sujeito com

dificuldades de aprendizagem, as mesmas seguem abaixo.

5.4.1 Entrevistas

Segundo Yin (2010), as entrevistas de estudo de caso exigem que se

transite em dois níveis, satisfazendo simultaneamente a linha de investigação e

apresentando questões “amigáveis” e não “ameaçadoras”.

O questionário é uma forma de coleta de dados que se utiliza de perguntas

previamente elaboradas que podem ser respondidas por escrito pelo informante ou

entrevistado. O questionário deve ser simples e direto, para que o entrevistado

compreenda com clareza o que está sendo perguntado. Segundo Prodanov e

Freitas (2009), ele precisa ser objetivo, limitado em extensão e estar junto de

instruções que expliquem a natureza da pesquisa e levem em conta a relevância e a

importância das respostas a fim de motivar o informante.

As entrevistas são uma fonte essencial de evidência do estudo de caso, pois

a maioria se refere aos assuntos humanos ou eventos comportamentais, sendo que

os entrevistados podem proporcionar insights sobre os assuntos. Os estudos de

caso exigem uma mente questionadora durante a coleta de dados, não apenas

antes ou depois da atividade, demonstrando sensibilidade.

40

Para os estudos de caso, “ouvir” significa receber informações por meio de múltiplas modalidades – por exemplo, fazer observações intensas ou sentir o que pode estar acontecendo – não apenas usar a modalidade auditiva. Ser um bom ouvinte significa ser capaz de assimilar grandes quantidades de novas informações imparcialmente. À medida que um entrevistado relata um incidente, o bom ouvinte ouve as palavras exatas usadas por ele (algumas vezes, a terminologia representa uma orientação importante), capta os componentes do humor e afetivos e entende o contexto a partir do qual o entrevistado percebe o mundo. (YIN, 2010, p. 96).

Yin (2010) aponta que a coleta de dados no estudo de caso obedece a um

protocolo formal, mas a informação específica, que pode se tornar relevante ao

estudo de caso. É importante ressaltar que todos os dados colhidos foram

autorizados pelos responsáveis do paciente em questão neste estudo de caso.

5.4.2 Observações

A técnica de observação é muito útil para obterem-se informações sobre o

tema pesquisado. Para Minayo (2011), é parte essencial na pesquisa qualitativa.

Para Prodanov e Freitas (2009), é com a observação que utilizamos nossos sentidos

para a obtenção de dados sobre determinada realidade.

A evidência observacional é frequentemente útil para proporcionar

informação adicional sobre o tópico que está sendo estudado. A inserção do

pesquisador no campo está relacionada com as diferentes situações de observação,

podendo ocorrer de diferentes formas. Entretanto, Yin (2010) enfatiza que como o

estudo de caso deve ocorrer no ambiente natural do “caso”, as observações diretas

se configuram como um bom instrumento observacional.

O observador deve estar atento e muito sensível aos fatos que acontecem

ao seu redor, mantendo postura, compromisso e responsabilidade sobre os

acontecimentos observados. A observação pode ser a parte mais importante da

pesquisa para que ela tenha resultado satisfatório.

Para este estudo de caso realizaram-se observações diretas e participante

durante todo o semestre de 2012/01. De acordo com Yin (2010), para esse método

de coleta de dados, as observações no ambiente real, registrando os dados à

medida que ocorrem corresponde à tendência de registros sem deturpações dos

41

fatos. As observações estão descritas na sua integra no Anexo 1 com o

consentimento da família através do termo de consentimento que encontra-se no

Anexo 8 .

5.4.3 Anotações de campo

As anotações de campo são um instrumento muito importante da coleta de

dados, pois é através das informações contidas nas anotações que haverá

possibilidades de análise e interpetração destes dados.

O diário de campo é um dos instrumentos utilizados na coleta de dados

deste estudo de caso. Este tem como característica de poder fazer parte da rotina

realizada nas mais diversas situações da pesquisa. Minayo (2011) refere-se ao

diário de campo como “um amigo silencioso”, já que o mesmo possibilita o registro

de percepções, angústias, questionamentos e informações que algumas vezes não

são obtidas por outros instrumentos. Por isso, mesmo este documento torna-se

intransferível e pessoal.

Visto sua importância, entende-se como fundamental seu uso durante todos

os momentos da investigação, com as anotações que serão de grande auxílio para a

análise dos dados coletados.

5.5 ANÁLISE DOS DADOS

A análise de documentos é muito importante, porque é através dela que

podemos fundamentar informações e declarações que serão obtidas durante a

pesquisa, ou perceber aspectos novos sobre o tema pesquisado. Prodanov e Freitas

(2009) afirmam que pesquisar não é apenas coletar dados, porém estes são

fundamentais e se referem a todas as informações que o pesquisador pode se servir

para que a análise seja consistente e bem fundamentada.

42

A análise dos dados consiste no exame, na categorização, na tabulação, no teste ou nas evidências recombinadas de outra forma, para tirar conclusões baseadas empiricamente. A análise da evidência do estudo de caso é especialmente difícil, porque as técnicas ainda não foram bem definidas. Para superar esta circunstância, toda análise de estudo de caso deve seguir uma estratégia analítica geral, definindo as prioridades para o que analisar e por quê. (YIN, 2010, p. 154).

No que se refere às observações, foram realizados registros em diário de

campo com o objetivo de confrontar e comparar os discursos enunciados nas

entrevistas focadas e observações diretas, mas principalmente compreender com

maior propriedade as relações que se estabelecem entre a prática e concepção

psicopedagógica envolvendo o uso de tecnologias. Todas estão descritas e

organizadas em tabelas apresentadas na sua íntegra no Apêndice A.

Para este processo de investigação foi selecionado um paciente como

sujeito do estudo, identificado como V. conforme já referido anteriormente, com a

assinatura de termo de livre consentimento e esclarecido, no qual o responsável

concorda com a utilização de suas falas para fins de pesquisa acadêmica.

A entrevista, juntamente com a análise das observações e os registros feitos

no diário de campo, constituíram fontes de evidências durante todo processo de

coleta de dados.

A partir das entrevistas foram analisadas as falas, na qual emergiram as

seguintes categorias: desempenho do paciente em suas tarefas, com e sem o uso

da tecnologia em diversos ambientes. As entrevistas foram aplicadas no referido

paciente e com a família do mesmo (Apêndices B e C). A categorização foi

realizada, no intuito de melhor organizar e classificar as informações, com a

finalidade de selecionar os dados e realizar a interpretação dos mesmos.

Para tanto, a Figura 4 apresenta o esquema que representa as categorias e

suas dimensões:

43

Figura 4 - Esquema representando as categorias e dimensões Fonte: Elaborado pela autora

Tendo essas categorias e dimensões, torna-se necessário o uso da técnica

de síntese cruzada de dados, pois de acordo com Yin (2010):

As sínteses de casos cruzados podem ser realizadas caso os estudos de caso individuais tenham sido previamente conduzidos como estudos de pesquisa independente (com a autoria de pessoas diferentes) ou como uma parte pré-projetada do mesmo estudo. Em qualquer situação, a técnica não difere das outras sínteses de pesquisa – totalizando as descobertas ao longo de uma série de estudos individuais. (YIN, 2010, p.184).

Na técnica de síntese de caso cruzado, o esquema das categorias e das

dimensões contarão fortemente com a interpretação argumentativa e não com

tabulações numéricas. Para tanto, a figura 5 apresenta a síntese de caso cruzado

dos dados coletados neste estudo de caso no que diz respeito à tecnologia e ao

desempenho do paciente com a utilização do mesmo:

44

Figura 5 - Esquema representando o cruzamento dos dados das categorias e dimensões Fonte: Elaborado pela autora

5.5.1 Realização das atividades propostas na escola com e sem o uso do

computador

Para que fosse avaliado o resultado do paciente com e sem o uso da

tecnologia, usamos o parâmetro de comparação. Iniciei com o paciente a primeira

sessão com a prova de lecto-escrita, onde o mesmo escreveu poucas linhas, como

podemos ver no Anexo A e B. Com o passar dos atendimentos, eu propus que o

paciente escrevesse textos a partir de imagens que ele procurou no computador,

que despertassem seu desejo. Utilizando essas imagens o paciente pareceu mais a

vontade com a escrita, deixando visível seu prazer em realizar a tarefa. Na escola,

V. não tem disponível um computador para usar, por isso não foi possível realizar a

comparação do paciente com e sem o uso de tecnologias na escola. Mas, de acordo

com a professora do mesmo, ela relata que durante as aulas: “Ele é muito disperso,

nunca está prestando a atenção e não realiza nenhuma tarefa que é pedida. Ele

adora brincar, mas é muito fraco para aprender”.

45

5.5.2 Realização das atividades propostas em casa com e sem o uso do

computador

Para a análise dessa categoria a forma de coleta de dados foi a entrevista

que se apresenta no Apêndice C. De acordo com o retorno das respostas dessa

entrevista podemos verificar que a família percebeu melhoras em muitas questões.

Faz parte do questionário dirigido à família a afirmação de que:

- O paciente tem um computador disponível em casa e de acordo com as

falas da família;

- Quando o mesmo utiliza o computador: “ele demonstra mais autonomia e

realiza as atividades com maior interesse”;

- Quando o computador é utilizado ele prefere: “escrever palavras e escrever

histórias”;

- Tem percebido melhoras na: “escrita e na produção textual” a partir da

utilização do computador

- Com a utilização da informática eles perceberam: “progresso de melhoras

na autoestima do paciente e na escrita”.

Podemos perceber para a família de V. que as melhoras do mesmo

utilizando a informática são muitas. Mas, principalmente na escrita e produção

textual, ou seja, o seu progresso no consultório também se evidencia em casa.

5.5.3 Realização das atividades propostas no consultório com e sem o uso do

computador

Para analisar essa categoria, os relatos descritos no diário de campo foram

fundamentais, pois relatam todas as sessões a partir da primeira prova de lecto-

escrita que foi feita com o paciente ainda no ano de 2011.

Para evidenciar essa categoria de análise, faço uma breve descrição da

sessão (Apêndice A), quando vou até a biblioteca da Universidade Feevale com o

paciente “V”, lá olhamos os livros e revistas. Na volta para a clínica, peço que o

mesmo descreva o que aconteceu no nosso “passeio” e o mesmo relata em poucas

46

palavras. Ele se mostra pouco interessado na escrita, escreve o texto em poucos

minutos e logo diz que já terminou. O texto escrito por ele é um texto pobre, sem

início, meio e fim.

30/09/2011 - Avaliação da lecto-escrita:

Convido “V”. para passear para a Feevale, vamos até a biblioteca, olhamos

os livros, revistas, ele fica bem interessado, diz que adora ler “historinhas”. Voltamos

para a sala e peço para que escreva um texto sobre o que fizemos hoje. Ele escreve

em 10 minutos e diz que está pronto (Anexo A).

Na próxima sessão, lemos um livro sobre pessoas diferentes, depois peço

que me descreva o que ele entendeu da história, “V”. relata em duas frases que ele

gostou do livro.

04/10/2011 - Avaliação da lecto-escrita:

Lemos um livro, eu lia uma página e ele a outra. A história falava sobre

pessoas diferentes, com alguma deficiência.

Peço para que “V”. me escreva um pouco da história e ele escreve um

textinho de duas linhas dizendo que gostou do livro (Anexo B)

Ao perceber a dificuldade de criação de textos do paciente, resolvo

utilizarmos a ferramenta internet, já que o computador parece chamar a atenção de

“V”. (Descrita no Apêndice A). O paciente escolhe o assunto do qual será criado um

livro, a partir de imagens da internet. Ele opta por escrever sobre “esportes”, então

iniciamos as buscas utilizando a informática. Ele escolhe uma imagem para ilustrar

seu texto, lê algumas informações sobre esse esporte e depois eu desligo a tela do

computador, para que ele crie um texto a partir das suas próprias ideias. Ele

demonstra um pouco de medo e insegurança, mas eu o incentivo a continuar. Ele

demora alguns minutos e começa a escrever, criando sua própria história. Assim

continuamos durante algumas sessões, em cada uma ele escolhe um esporte e

escreve sobre este, como consta no Apêndice A. O texto escrito pelo paciente fala

sobre futebol, nas palavras do paciente uma parte do texto produzido: “O futebol

começou em 1863, é jogado com dois times de 11 pessoas, tem um juiz que cuido

da partida dos jogadores”, “[...] eu gosto do futebol porque ele é um exercício para

mim”. Nota-se diferenças na produção textual do paciente, da sua primeira lecto-

47

escrita até suas produções de hoje. Hoje suas histórias seguem uma linha de

pensamento, com estrutura e pontuação. Sua opinião se faz presente em seus

textos, mostrando-se seguro e autônomo. Depois de tudo acabado o paciente cria

uma capa para o seu livro (Anexo C):

Figura 6 – Livro dos Esportes Fonte: Elaborado pela autora junto ao paciente

48

Nas próximas sessões peço que “V” escolha uma figura em uma revista e

que depois escreva sobre a mesma. “V” escolhe a imagem de uma casa, e cria uma

história de duas linhas sobre a mesma, disponíveis nos Anexos F e G. Na próxima

sessão peço que procure uma imagem no computador sobre algo que queira

escrever, ele escolhe procurar sobre “macacos” e depois inicia uma história sobre

isso, Anexos H e I. Essas sessões estão descritas no Apêndice A.

Ao fazer a análise sobre as sessões e as produções de “V”, pode-se

perceber que ele reage muito melhor frente à tecnologia.

Sem o uso da tecnologia:

Figura 7 – Produção textual sem o uso do computador

Fonte: Produção do paciente V.

49

Com o uso da tecnologia na pesquisa das imagens:

Figura 8 - Produção textual com o uso do computador Fonte: Produção do paciente V.

O uso do computador contribuiu para evidenciar o potencial do paciente na

construção dos seus textos, todas as suas produções a partir do computador tiveram

um melhor resultado. Outra forma de evidenciar essa categoria foi através de dados

coletados numa entrevista feita ao paciente (Apêndice B). Nessa entrevista podemos

ver nas respostas positivas que o paciente percebe sua melhora quando faz uso da

informática, percebendo que a tecnologia o auxilia e desperta desejo e prazer ao

realizar suas tarefas, atuando como um facilitador do conhecimento.

Nessa análise percebemos que a ZDP na construção de histórias de “V” foi

fundamental, pois a mediação entre o psicopedagogo, o computador e o paciente

contribuíram no desenvolvimento da construção textual de “V”. Quando as crianças

entram na escola, o professor, por meio de tarefas da atividade escolar, a fim de

50

guiar seus progressos em direção a diferentes estágios de aprendizagem,

promovem momentos para auxiliar na aquisição de motivos e métodos para o

domínio do mundo adulto. Na medida em que a mediação do professor ou

profissional de Psicopedagogia vai acontecendo, revelando o verdadeiro potencial

do paciente através do auxilio de um companheiro mais capaz novas estruturas

surgem no curso do desenvolvimento da criança e passam a relacionar-se a

demandas de transformação exercidas sobre o sujeito. Dessa forma, a tecnologia

vai servindo como um facilitador da aprendizagem, direcionando o paciente ao seu

estágio de aprendizagem e de ressignificação da mesma. O psicopedagogo se

utiliza do auxílio das ferramentas do computador para criar um ambiente

construtivista e possibilitar que o paciente alcance seu desenvolvimento potencial.

É importante lembrar que nós aprendemos motivados pela vontade de

conhecer o novo, principalmente se ele estiver conectado a conjuntos de

conhecimentos significativos para nós. E é assim que se dá a aprendizagem informal

e espontânea no sujeito que está disposto a enfrentar o “novo”, seja por prazer de

aprender ou por curiosidade de desafiar aquilo que ainda não conhece. Desta forma

o professor ou o psicopedagogo deve ter o papel de facilitador, proporcionando um

ambiente capaz de fornecer conexões individuais e coletivas. Um ambiente que

desperte o desejo do sujeito seja na escola ou no consultório, sempre visando

projetos que sejam vinculados com a realidade do sujeito e que estejam ligados a

diferentes áreas do conhecimento.

Vygotsky contribuiu para essa linha de pensamento, enfatizando a ação do meio ambiente (professor, colega etc.) como estimulador e instigador da aquisição do conhecimento pela criança. Formulou seu conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) que sustenta esse princípio. (WEISS; CRUZ, 2001, p. 40).

51

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As reflexões não terminam neste dado momento, pois o tema abordado,

sobre como se dão as relações existentes entre as concepções psicopedagógicas

na utilização das TIC, não se esgota devido a sua complexidade. Contudo, a partir

dos estudos realizados constatou-se que as tecnologias da informação e

comunicação oferecem inúmeras informações aos sujeitos aprendentes, mas que

são oportunizadas pouco aos nossos pacientes na clínica psicopedagógica. Da

mesma forma, que ao optar por determinada estratégia de intervenção poderá ou

não possibilitar a transformação da clínica em um espaço de construção do

conhecimento, desenvolvendo as habilidades do paciente e promover a autonomia

na busca da informação.

A questão central do presente estudo de caso foi respondida ao longo do

semestre, onde comprovamos a eficácia dos recursos tecnológicos que podem ser

usados a favor da intervenção psicopedagógica no desenvolvimento do sujeito com

dificuldades de aprendizagem. Através dos dados coletados e comparações entre

resultados podemos perceber que a tecnologia auxilia como mediadora da

aprendizagem no contexto psicopedagógico. Já as mudanças no paradigma

educacional necessitam ocorrer em todo o processo de ensino-aprendizagem. Estas

modificações permeiam fundamentalmente o currículo escolar e a relação professor-

aluno. Sendo que para ocorrer a incorporação das TIC no cotidiano escolar com

sucesso, deve-se investir com prioridade na dimensão humana. São os sujeitos

envolvidos no processo educativo que atuarão diretamente na construção de um

novo paradigma educacional, com o uso das TIC constituindo um ambiente de

ensino-aprendizagem de forma compartilhada e com significado.

O conceito de sujeito aprendente constrói-se a partir de sua relação com o conceito de sujeito ensinante, já que são duas posições subjetivas, presentes em uma mesma pessoa, em um mesmo momento. Além disso, o aprender acontece a partir dessa simultaneidade. Até poderia dizer que, para realizar uma boa aprendizagem, é necessário conectar-se mais com o posicionamento ensinante do que com o aprendente. E, sem dúvida, ensina-se a partir do posicionamento aprendente. (FERNANDÉZ, 2001, p. 55).

52

Deparando-se com esta demanda, deve-se pensar no papel da

Psicopedagogia frente a todas essas mudanças de paradigma. Não se trata apenas

de disponibilizar softwares ou computadores modernos, mas a forma com que estes

são utilizados na construção do conhecimento. Portanto, as TIC não promoverão

sozinhas as mudanças educacionais almejadas pela sociedade. O movimento

ocasionado, a partir das reflexões a cerca de um novo referencial exige que

aconteçam mudanças de concepções, ideias e atitudes. Por essa razão, é

importante a preparação e orientação do profissional de Psicopedagogia no uso das

TIC, e a constante reflexão deste profissional sobre como concebe o processo de

ensino-aprendizagem, e como as tecnologias da informação podem auxiliar e

contribuir para um diagnóstico e uma intervenção efetiva, pois estes são aspectos

determinantes para a construção do conhecimento.

O presente estudo apontou formas de se fazer uma intervenção

psicopedagógica se utilizando da tecnologia presente em um consultório de

Psicopedagogia, e na forma como ela pode auxiliar no tratamento de pacientes com

alguma dificuldade de aprendizagem. O computador não pode mais ser a máquina

de ensinar, com um uso puramente mecanicista. O seu uso nos consultórios precisa

ser transformada em uma ferramenta de aprendizagem, de estímulo à criação,

transformando as suas sessões em momentos provocantes, instigando o gosto pelo

aprender. Está na ação dos profissionais da educação a responsabilidade de formar

cidadãos capazes de analisar seu contexto, seu mundo (tecnológico), tendo

consciência de seus deveres e direitos, construindo sua opinião própria e

transformando sua realidade.

53

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APÊNDICES

APÊNDICE A - Diário de Campo

SESSÃO DATA ATIVIDADES

PROPOSTAS

DESCRIÇÃO

1 31.08.2011 Jogos para o

estabelecimento de

vínculo

paciente/terapeuta

V. chegou bem quieto, fomos para a sala de atendimento. Perguntei-o se sabia por que

estava no atendimento, e ele logo responde que não sabia.

Então lhe expliquei que jogaríamos, brincaríamos no computador e que ali não era lugar

para fazer temas ou coisas de aula, ele pareceu sentir-se feliz com essa minha fala.

Abri o armário de jogos e questionei se tinha algum que ele gostaria de jogar, ele não

escolheu nenhum, então tirei três jogos para fora do armário, entre eles: quebra-gelo,

quebra-cabeça e memória. Pedi que escolhesse apenas um. V. escolheu o jogo de quebra-

cabeça, disse que tinha um em casa, mas as peças eram maiores e o jogo era mais fácil.

Percebi que ele não visualizava a imagem em um todo, mas sim, só uma parte dela. Ia

encaixando com dificuldade e vagarosidade, mas, quando a peça estava no local errado,

ele percebia logo e tirava de lá, dizendo: “parecia que era aqui, mas não é porque não

cabe”.

Enquanto íamos jogando íamos também conversando, ele me falou que gostava de ir para

escola, mas do que mais gostava era do recreio, pois, adorava jogar futebol com seus

amigos. Comentou também que jogava basquete muito bem, já que havia um machucado

no seu braço (por conta do acidente que sofreu) e ele não conseguia movimentar como os

outros meninos, isso dava a ele uma jogada diferenciada.

56

V. me contou que quando está em casa adora jogar videogame e jogar cartas no

computador, um dos preferidos é canastra. Algumas vezes o primo de V. vai até a casa

dele, então jogam pinbal.

Durante a tarde, V. deve fazer teus temas, mas muitas vezes acaba indo brincar e se

esquece disso.

2 30/09/2011 Avaliação da lecto-escrita Convido V. para passear para a Feevale, vamos até a biblioteca, olhamos os livros,

revistas, ele fica bem interessado, diz que adora ler “historinhas”. Voltamos para a sala e

peço para que escreva um texto sobre o que fizemos hoje.

Ele escreve em 10 minutos e diz que está pronto. (Anexo A).

3 04/10/2011 Avaliação da lecto-escrita Lemos um livro, eu lia uma página e ele a outra. A história falava sobre pessoas diferentes,

com alguma deficiência.

Peço para que V. me escreva um pouco da história e ele escreve um textinho de duas

linhas dizendo que gostou do livro. (Anexo B)

4 21, 25 e

28/10/2011

Realização de um livro

sobre esportes

Proponho a V. que façamos um livro dos esportes, já que o mesmo se interessa por esse

assunto. Começamos escolhendo quais os esportes seriam pesquisados para a construção

do livro. V. sugere futebol, basquete, natação, vôlei e ciclismo. Iniciamos assim as

pesquisas usando o computador, internet e a ferramenta Google. V. não tem muito contato

com computadores e isso desperta seu desejo. Por esse motivo achei que se tornaria mais

agradável e prazeroso fazer uso desta ferramenta nas nossas próximas sessões.

Começamos fazendo buscas de imagens no Google, V. começou pesquisando sobre o

futebol. Ensinei o mesmo a copiar a figura escolhida, colar no Word e imprimir. Assim

fizemos com todos os esportes e depois disso peço à ele que inicie um texto abaixo da

figura, que conte a historia do esporte em questão, que diga o ano que começou e tudo que

for relevante para nós. O texto é escrito a mão, V. pesquisa na internet um pouco sobre a

Continuação

57

historia do futebol, nós lemos os dois juntos e a partir daí se inicia o texto do livro. Depois

de ler o que está no site, pergunto a V. o que diz o texto, sempre sem poder olhar para a

tela do computados. Ele sente muitas dificuldades, mas, eu vou lhe ajudando a lembrar.

Demoramos bastante tempo nesse processo, já que a dificuldade dele é exatamente essa,

lembrar o que leu e saber interpretar. Depois de pensar o que estava escrito lá, peço que V.

inicie o texto. Ele para algumas vezes para pensar, pergunta se está certo, se pode

escrever “tal” coisa. V. é muito inseguro e necessita que sempre tenha alguém lhe dizendo

o que fazer, quando fazer e como fazer. Depois que ele termina o texto, eu lhe pergunto

sobre a pontuação, ele lê e relê o texto, e então coloca as virgular perfeitamente em todo o

texto. Terminamos o livro dos esportes depois de algumas sessões e percebi V. muito feliz

e orgulhoso com o mesmo, mas, notei principalmente que ele está conseguindo ser mais

autônomo e seguro (Anexos C e D).

5 05/06/2012 Escrever um texto se

baseando em uma figura

que o paciente escolheu

em uma revista

Ofereço ao paciente muitas revistas sobre diversos assuntos, cola e tesoura. Proponho a V.

que escolha uma figura que interesse a ele, ele olha a revista sem muito interesse. Parece

escolher qualquer uma. Ele pega uma página que tem a foto da sala de uma casa e diz:

“gostei dessa casa, vou escrever sobre isso”. Ele escreve um texto muito rápido e com

duas linhas. (Anexos F e G).

6 14/06/2012 Procurar uma imagem na

internet e escrever um

texto

Peço a V. que escolha a figura que quiser usando a ferramenta internet e o site de buscas

do Google. Ele pesquisa sobre macacos e escreve um texto sobre o mesmo. Ele demora

cerca de 15 minutos e a história é longa, ocupando uma página escrita à mão. (Anexos H e

I).

Conclusão

APÊNDICE B - Questionário dirigido ao paciente no consultório de Psicopedagogia

1. Você gosta de usar o computador no consultório psicopedagógico?

2. E no seu dia a dia?

3. Você sente que é mais fácil fazer as suas tarefas utilizando o computador?

4. O que mais gosta de fazer quando tem um tempo livre?

59

APÊNDICE C - Questionário dirigido à professora e família do paciente

1. Vocês tem um computador à disposição que pode ser usado pelo V.?

[ ] sim

[ ] não

2. Quando utiliza o computador:

[ ] evidencia impaciência

[ ] pede muita ajuda

[ ] demonstra mais autonomia

[ ] realiza as atividades com maior interesse

3. Quando o computador é utilizado ele prefere:

[ ] fazer desenhos coloridos

[ ] escrever palavras

[ ] escrever histórias

[ ] descrever sobre temas pesquisados

4. Tem percebido melhoras na escrita e na produção textual a partir da utilização do

computador?

[ ] sim

[ ] não

5. Com a utilização da informática tenho percebido progresso na:

[ ] melhoras na autoestima

[ ] autonomia

[ ] criatividade

[ ] escrita

60

ANEXOS

ANEXO A - Lecto Escrita A

61

ANEXO B - Lecto Escrita B

62

ANEXO C - Capa do livro sobre esportes

63

ANEXO D - Texto sobre futebol

64

ANEXO E - Termo de Consentimento

PRÓ-REITORIA DE ENSINO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

Orientador/a: prof. Simone Hack da Silva Koch

Pesquisador/a: Sofia Johann Winter

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ASSISTIDO

O Centro Universitário Feevale atento aos seus compromissos institucionais e preocupado

com o desenvolvimento da região de sua abrangência deseja investigar Contribuições do

uso de tecnologias na intervenção psicopedagógica. Para isso propõe a realização de

observações nas sessões psicopedagógicas, questionários com os familiares, escola e

paciente. Com isso se pretende buscar elementos que possibilitem o conhecer refletir e

problematizar como a informática pode ser utilizada no sentido de contribuir no processo de

intervenção dos pacientes.

A pesquisa proposta não apresenta nenhum risco aos sujeitos pesquisados, sendo que

poderão, em qualquer tempo, desistir da sua participação nesta pesquisa. A pesquisadora

compromete-se em manter sigilo sobre o nome dos entrevistados que irão participar deste

estudo. Os dados coletados para o trabalho em questão serão utilizados no decorrer da

pesquisa podendo ocorrer sua publicação em forma de produção cientifica.

Em respeito aos sujeitos envolvidos a pesquisadora coloca-se a disposição para eventuais

dúvidas através do telefone (51)8446.0414- Sofia Johann Winter

Novo Hamburgo, 30 de maio de 2012.

_______________________________ ________________________

Nome legível do entrevistado Assinatura do responsável

_______________________________ ____________________________

Pesquisadora - Sofia Johann Winter Orientadora - Prof. Simone Hack da Silva

65

ANEXO F - Imagem escolhida pelo paciente para produção textual

66

ANEXO G - Produção textual a partir da imagem escolhida pelo paciente

67

ANEXO H - Produção textual do paciente a partir da imagem escolhida (macaco)

68

ANEXO I - Imagem escolhida pelo paciente para escrever o texto