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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL CURSO DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA NÍVEL: MESTRADO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CIRURGIA E TRAUMATOLOGIA BUCOMAXILOFACIAIS ANÁLISE DA RESPOSTA PERIIMPLANTAR EM MINIIMPLANTES SUBMETIDOS A CARGAS ORTODÔNTICAS PARA INTRUSÃO DENTÁRIA: ESTUDO HISTOLÓGICO EM CÃES HUMBERTO THOMAZI GASSEN CANOAS-RS 2010

UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL CURSO DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp131547.pdfSalaverry, Fausto Ditadi, Fernanda Salaverry, Rafael Barrichelo Wayhs, Auber Zanin, Marcos Presotto

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  • UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL

    CURSO DE ODONTOLOGIA

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

    NÍVEL: MESTRADO

    ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CIRURGIA E TRAUMATOLOGIA BUCOMAXILOFACIAIS

    ANÁLISE DA RESPOSTA PERIIMPLANTAR EM MINIIMPLANTES

    SUBMETIDOS A CARGAS ORTODÔNTICAS PARA INTRUSÃO DENTÁRIA:

    ESTUDO HISTOLÓGICO EM CÃES

    HUMBERTO THOMAZI GASSEN

    CANOAS-RS

    2010

  • Livros Grátis

    http://www.livrosgratis.com.br

    Milhares de livros grátis para download.

  • HUMBERTO THOMAZI GASSEN

    ANÁLISE DA RESPOSTA PERIIMPLANTAR EM MINIIMPLANTES

    SUBMETIDOS A CARGAS ORTODÔNTICAS PARA INTRUSÃO DENTÁRIA:

    ESTUDO HISTOLÓGICO EM CÃES

    Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

    Graduação em Odontologia da Universidade

    Luterana do Brasil como requisito final para

    obtenção do título de Mestre em Odontologia,

    área de concentração Cirurgia e Traumatologia

    Bucomaxilofaciais.

    Orientador: Prof. Dr. Pedro Antônio González

    Hernández

    Linha de Pesquisa: Abordagens preventivas e

    terapêuticas em odontologia

    CANOAS-RS

    2010

  • DEDICATÓRIA, AGRADECIMENTOS ESPECIAIS, AGRADECIMENTOS

  • DEDICATÓRIA

    � Deus

    Pelo privilégio de viver, proteção e amparo.

    �os meus pais, Beno Gassen e Celita Fátima Thomazi Gassen

    Os quais me educaram, me ensinaram valores e princípios e

    transmitem, incansavelmente, educação, incentivo, dedicação e amor

    Que sempre me incentivaram na minha qualificação profissional e por

    me proporcionarem condições para que eu chegasse até aqui.

    Obrigado,

    Amo muito vocês!

    �os meus irmãos Danitza e Augusto Thomazi Gassen

    Pelo cuidado, pela amizade, pelo apoio constante.

    Exemplos de vida pessoal e profissional!

    � minha namorada Mariani Bastiani Librelotto,

    Pelo companheirismo, compreensão, paciência, respeito,

    pelo amor e incentivo em meus estudos. Amo-te muito!

  • AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

    �o meu orientador Prof. Dr. Pedro Antônio Gonzáles Hernandez

    Pelo carinho e atenção sempre tão dedicados, pela confiança em mim

    depositada, pela disponibilidade, pelos ensinamentos, inteligência

    extraordinária, minha gratidão é imensa. Realmente é uma pessoa

    ímpar, maravilhosa que, sempre com coração aberto, se dispõe a

    ajudar a todos e em todas as ocasiões. É um grande amigo e um

    grande educador.

    Obrigado por tudo.

    � Profª Drª Tânia Maria Pereira Isolan

    Existem Mestres os quais jamais esquecemos, educadores, exemplos

    de sabedoria e dedicação. Aprendi. E muito. Levo seus ensinamentos

    com muito carinho e enorme admiração em minha caminhada.

    Obrigado por me ensinar, por fazer parte da minha trajetória.

    �o Prof. Dr. Aurelício Novaes Silva Júnior

    Ao Grande Mestre, grande amigo em todos os momentos. Meu

    conselheiro para todas as horas. É um grande educador, um grande

    cirurgião. Obrigado pela amizade e pelos ensinamentos constantes.

    �o Prof. Dr. Sergio Augusto Quevedo Miguens Junior

    Ao Grande amigo e Mestre. Sua dedicação para com o Ensino é

    espetacular, admirável. Obrigado por me oportunizar ensinamentos

    diários ímpares, pela dedicação e pela amizade.�

  • �����Profª Drª Soluete Oliveira da Silva

    Agradeço pelo enorme incentivo durante a graduação, pelos

    ensinamentos, pela dedicação e por acreditar no meu potencial. Muito

    obrigado.

    ���� Profª Drª Marília Gerhardt de Oliveira

    Exemplo de educadora, pesquisadora, que muito me incentivou e guiou

    minha caminhada rumo ao Stricto sensu. Obrigado pelo incentivo e

    amizade.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Dr. Adair Luiz Stefanello Busato, Coordenador do Curso de

    Odontologia da Universidade Luterana do Brasil, Mestre brilhante, pesquisador,

    educador, agradeço pela oportunidade de trabalhar junto a sua coordenação,

    pela amizade construída ao longo destes anos. Parabéns pela brilhante

    coordenação e ao incentivo a nós dedicados.

    À Profª Drª Vânia Fontanella pela oportunidade de fazer parte deste

    Curso de Mestrado, pelos ensinamentos e pelo privilégio de ter sido seu aluno.

    À Profª Ms. Ivana Ardenghi Vargas, excelente professora, colega e

    amiga, muito obrigado pelo apoio, conselhos e ajuda.

    Ao Prof. Dr. Lauro Gilberto Nunes da Rosa, pela competência ímpar,

    pela amizade, pela confiança e ensinamentos transmitidos durante meu estágio

    no Serviço de Estomatologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

    À Profª Drª Maria Inês, Médica Veterinária, especialista em cirurgia, sua

    ajuda foi fundamental na realização deste trabalho. Obrigado por tudo.

    À Drª Rosecler Pereira, Médica Veterinária, especialista em Patologia,

    pela leitura das lâminas, seu trabalho foi fundamental.

    Aos professores da graduação: Soluete Oliveira da Silva, Silvana

    Ghem Moraes, Idalmir Carlos Nicoline, Simone Alberton da Silva, Nereu Roque

    Dartora, Ferdinando de Conto, Bruno Carlini Junior, Valmor Jr. Barbosa Ávila,

    Armando Joâo Antônio, Cezar Augusto Garbin, obrigado pelas orientações e

    ensinamentos.

    Aos professores do curso de Odontologia da Universidade Luterana

    do Brasil – ULBRA, pela dedicação, amizade e orientações, foram e são muito

    importantes para mim.

  • Aos meus colegas de mestrado: Ricardo Maschmann, Luis Alberto

    Biancon Filho, João Gabriel de Souza Pinto, Mariana Soldatelli, Flaviane

    Wobido, Maria Tereza Ciprandi, Fernando, Luis Felipe Sá Caye, Bruno Primo,

    João Cancian, Rogério Asmuz, Arthur Leopoldo, Jaqueline e Claiton. Obrigado

    pela amizade e convívio nestes anos.

    Ao grande amigo e primo Henrique Tomasi, pela amizade verdadeira e

    duradoura.

    Aos meus amigos e colegas de segundo grau: Alex Roman, Carlos

    Afonso Santin, Felipe Luis Roman, Edmundo Facchini, Alvaro Salgado, Paulo

    Mesquita, pelo companheirismo, amizade, ajuda nestes anos, vocês são meus

    irmãos.

    Aos meus colegas e amigos de Faculdade, em especial, Daniel

    Salaverry, Fausto Ditadi, Fernanda Salaverry, Rafael Barrichelo Wayhs, Auber

    Zanin, Marcos Presotto e Rodrigo Zamboni.

    Ao grande amigo e colega de mestrado, Luis Felipe Sá Caye, à sua

    esposa Ana Sá Caye e Alice Sá Caye, obrigado pela ajuda sempre incansável,

    pelo companheirismo, dedicação e amizade, são especiais em minha vida.

    Ao grande amigo e colega Leandro Cericato pelos ensinamentos,

    companheirismo e ajuda nestes anos.

    Ao grande amigo e colega Ricardo Maschmann, obrigado por sempre

    estar ao meu lado, pela parceria e ajuda. És um grande amigo.

    Ao grande amigo e colega Rolf Muner Filho, obrigado por sempre estar

    ao meu lado, pela parceria e ajuda. És um grande amigo.

    Aos amigos e colegas de consultório: Karin Brandalise, Marcelo Lima

    e Maria Zélia Binkowski, pela amizade e companheirismo.

  • À Maria Inês Bastiani Librelotto, Tais Bastiani Librelotto e Igor

    Rossoni, obrigado pela amizade e carinho.

    Aos colegas e funcionários do serviço de Estomatologia do

    Hospital de Clínicas de Porto Alegre: Lauro Gilberto Nunes da rosa, Mario

    Queirós, Luiz Felipe Beltrame, Laura Hildeubrand, Júlio, Sabrina Moure,

    Claudinha, Maribel e Sadi.

    A todos os alunos do Curso de Odontologia da ULBRA, meu maior

    incentivo à continuar estudando e me aperfeiçoando.

    Aos funcionários da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, em

    especial aos funcionários do bloco cirúrgico do Curso de Odontologia, Sueli,

    Giliege e Ivone, e à Enfermeira Idalina.

    À toda equipe do Laboratório de Histologia – ULBRA, em nome da

    Clarence, Rose, pela ajuda na confecção das lâminas histológicas, utilizadas

    nesse estudo. Obrigado também pela amizade proporcionada.

    À ULBRA por me oportunizar esta experiência única de realizar o sonho

    de me tornar um Cirurgião e Traumatologista Bucomaxilofacial, como também,

    tornar-me professor desta casa, a qual tanto me orgulha de fazer parte.

    Aos animais envolvidos neste trabalho; a Ciência, de alguma forma,

    agradece suas existências; meu muito obrigado!

    E, finalmente, a todos aqueles que, de alguma forma contribuíram para a

    elaboração deste trabalho, gostaria de expressar o meu mais sincero e

    profundo agradecimento.

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  • RESUMO

    Miniimplantes são comumente utilizados em ortodontia para prover ancoragem

    adicional. A osseointegração parcial representa uma vantagem na ortodontia,

    permitindo uma ancoragem efetiva combinada à fácil inserção e à fácil remoção

    dos dispositivos miniimplantes. O objetivo deste estudo foi determinar

    histologicamente a resposta periimplantar de miniimplantes submetidos a uma

    força de 200g imediatamente após a sua instalação, utilizados como

    ancoragem para intrusão ortodôntica em primeiros pré – molares superiores e

    inferiores, em modelos animais cães. Para isso, vinte miniimplantes foram

    instalados quatro milímetros apicalmente ao ápice radicular dos primeiros pré –

    molares (P1), na posição vestibular, em cinco cães. Destes, dez miniimplantes

    foram submetidos imediatamente a uma força de 200g utilizando-se uma mola

    de níquel titânio, de forma que, estabelecesse um ponto de ancoragem para a

    intrusão do P1. Da mesma forma, dez miniimplantes foram instalados do lado

    contralateral maxilar e mandibular (P1), porém, isentos de forças ortodônticas,

    estabelecendo-se assim, um Grupo Controle. Após seis semanas de aplicação

    contínua de forças ortodônticas intrusivas, os blocos ósseos foram removidos

    para análise histológica periimplantar. Ao final dos 42 dias, os vinte

    miniimplantes mostraram-se estáveis, sem falhas ou comprometimentos os

    quais pudessem comprometer o estudo. Dos parâmetros avaliados na análise

    histológica, pôde-se observar que, para o Grupo Experimental, houve a

    presença de um infiltrado inflamatório crônico e necrose em 50% das amostras,

    fibroplasia e remodelagem em 100% e, hemorragia em 70% dos casos,

    diferentemente do Grupo Controle, onde se observou uma pequena quantidade

    de hemorragia (20%) e infiltrado inflamatório crônico (20%), uma quantidade de

    fibroplasia em 50% das amostras, remodelação óssea em 100% e ausência de

    necrose. Para o modelo animal pesquisado, pode-se concluir que é possível

    realizar movimentos de intrusão dentária de primeiros pré-molares com o

    auxílio de miniimplantes para ancoragem ortodôntica, aplicando-se forças de

    200g (2N), e que, a carga imediata estimula uma adaptação óssea na interface

    osso/miniimplante.

  • Descritores1: Implantes experimentais; procedimentos de ancoragem

    ortodôntica; osseointegração; parafusos ósseos; intrusão dentária. _______________________________________________________________________________________________

    1 BIREME – Centro Latino-Americano e do Caribe de Informações em Ciências

    da Saúde. DeCS: Descritores em Ciências da Saúde. São Paulo.

    BIREME/OPAS,2009. Disponível em: http://decs.bvs.br. Acesso em

    28/11/2009.

  • ABSTRACT

    Mini-implants are commonly used in orthodontics to provide additional

    temporary intraoral Anchorage. Partial osseointegration represents a distinct

    advantage in orthodontics applications allowing effective anchorage to be

    combined with easy insertion and removal. The aim of this study is to analyze

    histologically the interfacial healing in the surrounding tissues of mini-implants

    submitted to 200g of continuous force immediately after your placement, used

    as anchorage for orthodontic intrusion of the maxillae and mandible first

    premolar in dogs. Twenty mini-implants were placed four millimeters apical to

    the apex of the root of the first premolar (P1) maxillae and mandible, on the

    buccal site in five dogs. Ten mini-implants have been submitted to a 200g force

    immediately after your placement by a closed nickel-titanium coil springs for six

    weeks. The same procedure was performed at the opposite side without using

    force, establishing a control group (unloaded). After six weeks of continuous

    application of orthodontic intrusion forces, the bony blocks were surgically

    removed for histological observation. After 42 days, the result indicated that all

    twenty mini-implants remained stable, without fails or anything else that could

    compromise the study. The histological findings had demonstrated that for the

    Experimental Group, which showed an inflammatory infiltrate and necrosis in

    50% of the samples, fibrous tissue and bone remodeling in 100% and,

    hemorrhage in 70% of the cases, differently from the Control Group there was

    small amounts of hemorrhage (20%) and inflammatory infiltrate (20%), amounts

    of fibrous tissue in 50% of the samples, bone remodeling in 100% and absence

    necrosis. These findings suggest that it is possible to provide orthodontic

    intrusions movement of maxillae and mandible first premolar in dog with the

    mini-implants using an immediate 200g force (2N), and that, the immediate

    loading induce a bone turnover – mini-implant interface.

    Keywords: Implants, experimental; orthodontic anchorage procedures;

    osseointegration; bone screws; tooth movement.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Desenho esquemático ilustrando as dimensões do miniimplante

    (SIN®) . ............................................................................................ 26

    Figura 2 - Desenho esquemático ilustrando o Grupo Experimental e o Grupo

    Controle .......................................................................................... 26

    Figura 3 - Imagem ilustrando o miniimplante com carga imediata através de

    uma mola de Ni-Ti de 2N de força – Grupo Experimental............... 27

    Figura 4 - Imagem ilustrando o miniimplante isento de carga ortodôntica –

    Grupo Controle................................................................................ 28

    Figura 5 - Imagem ilustrando a cavidade óssea onde foram removidos os

    blocos para análise microscópica.................................................... 29

    Figura 6 - Imagem ilustrando o parâmetro de avaliação intrusiva através de

    um paquímetro de precisão............................................................. 31

    Figura 7 - Imagem histológica do Grupo Controle em maxila (aumento

    de 10x) ............................................................................................ 37

    Figura 8 - Imagem histológica do Grupo Controle em mandíbula

    (aumento de 10x) ............................................................................ 37

    Figura 9 - Imagem histológica do Grupo Experimental em maxila

    (aumento de 10x) ............................................................................ 40

    Figura 10 - Imagem histológica do Grupo Experimental em mandíbula

    (aumento de 10x) ............................................................................ 40

    Figura 11 - Imagem histológica evidenciando congestão vascular ( )

    e hemorragia ( ) (aumento de 40x)........................................ 41

    Figura 12 - Imagem histológica evidenciando necrose coagulativa

    óssea (aumento de 40x).................................................................. 41

  • Figura 13 - Imagem histológica evidenciando remodelatem óssea pelos

    osteoblastos aderidos no osteóide ( ) (aumento de 40x)........... 42

    Figura 14 - Imagem histológica evidenciando fibroplasia ( )

    (aumento de 40x) ............................................................................ 42

  • LISTA DE QUADROS

    QUADROS

    Quadro 1 - Configuração das amostras no Grupo Controle e Grupo

    Experimental e a quantidade de intrusão em milímetros no

    período de 6 semanas......................................................................35

    Quadro 2 - Quadro demonstrativo especificando os valores definidos do

    reparo ósseo ao Grupo Controle ..................................................... 36

    Quadro 3 - Quadro demonstrativo especificando os valores definidos do

    reparo ósseo ao Grupo Experimental...............................................38

  • LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS, UNIDADES E SÍMBOLOS

    “abutment” – dispositivo para encaixe de um determinado sistema

    BIC – Contato Osso-Implante

    CEP – Comitê de ética e pesquisa

    cN – Centinewotn

    gF – gramas força

    Kg – quilogramas

    mm – milímetros

    mg – miligramas

    N – Newton

    Ni-Ti – níquel – titânio

    P1 – primeiro pré molar

    – Marca Registrada.

    RTV – valor de remoção de torque

    SIN – sistema nacional de implantes

    s.r.d. – sem raça definida

    ULBRA – Universidade Luterana do Brasil.

    µµµµm – micrometro

  • SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1

    2. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 5

    2.1 Ancoragem em Ortodontia ....................................................................... 5

    2.2 Implantes para Ancoragem ...................................................................... 7

    2.3 Característica dos miniimplantes ........................................................... 10

    2.4 Fatores relacionados ao sucesso dos miniimplantes ............................. 11

    2.5 Diâmetro x Comprimento dos miniimplantes.......................................... 12

    2.6 Angulação .............................................................................................. 13

    2.7 Torque inicial.......................................................................................... 14

    2.8 Estabilidade dos miniimplantes .............................................................. 14

    2.9 Movimento Intrusivo ............................................................................... 17

    2.10 Tempo de Reparo Tecidual.................................................................. 18

    3. PROPOSIÇÃO ............................................................................................. 20

    4. DESENHO METODOLÓGICO..................................................................... 22

    4.1 Considerações Éticas ............................................................................ 23

    4.2 Local ...................................................................................................... 23

    4.3 Variáveis ................................................................................................ 23

    4.3.1 Variável independente .................................................................. 23

    4.3.2 Variáveis dependentes ................................................................. 23

    4.4 Configurações das Amostras ................................................................. 24

    4.5 Critérios de Inclusão / Exclusão ............................................................. 24

    4.6 Organização dos Grupos ....................................................................... 24

    4.7 Protocolo Pré e Pós Cirúrgico ................................................................ 25

    4.8 Técnica Cirúrgica ................................................................................... 28

    4.9 Colagem de Dispositivo Ortodôntico para Tração.................................. 29

    4.10 Parâmetro de Avaliação de Intrusão .................................................... 29

    4.11 Segundo Procedimento Cirúrgico ........................................................ 30

    4.12 Análise Microscópica ........................................................................... 31

    5.1 RESULTADOS........................................................................................... 33

    5.1.1 Grupo Controle.................................................................................... 36

    5.1.2 Grupo Experimental ............................................................................ 38

    6. DISCUSSÃO ................................................................................................ 43

  • 7. CONCLUSÕES ............................................................................................ 54

    8. REFERÊNCIAS............................................................................................ 56

    ANEXOS .......................................................................................................... 66

    Anexo A -Termo de avaliação e aprovação do projeto de pesquisa pelo

    Comitê de Ética em Pesquisa da ULBRA ........................................ 67

  • 1. INTRODUÇÃO

  • 1. INTRODUÇÃO

    O atendimento multidisciplinar tem sido uma tendência demonstrada na

    área da Saúde. A atuação conjunta da Cirurgia com as demais áreas da

    Odontologia vem ampliando as possibilidades terapêuticas nas diversas

    necessidades clínicas apresentadas pela população.

    A evolução das técnicas em Implantodontia e a compreensão sobre a

    osseointegração permitiu a transferência das cargas mastigatórias para uma

    estrutura rigidamente integrada ao osso, capaz de adaptar-se a estas forças.

    Após terem sido testados diversos materiais, o titânio mostrou ser o mais

    indicado para utilização em Odontologia. Suas características físicas, baixa

    densidade e módulo de elasticidade semelhante aos tecidos circundantes e a

    grande resistência à corrosão decorrente da estabilidade da camada de óxidos

    superficiais, fizeram este metal ter uso amplamente difundido (BRANEMARK et

    al., 1969; FERREIRA, 1999; TAVARES, 2001; TEIXEIRA, 2001; FÁVERO;

    BROLLO; BRESSAN, 2002).

    Os implantes constituem-se de estruturas rigidamente localizadas na

    base óssea. A observação das características na interface osso-implante,

    associada ao conhecimento de biomecânica, indicaram a possibilidade de

    utilização dos implantes osseointegrados como recurso de ancoragem

    ortodôntica. Estudos prévios comprovaram que forças estáticas aplicadas

    sobre os implantes não afetam a osseointegração, pelo contrário estimulam o

    “turnover” ósseo periimplantar (HIGUCHI, 2000; MELSEN; LANG, 2001).

    O uso de implantes como ancoragem ortodôntica tornou-se um recurso

    único no alinhamento de dentes, fechamento de espaços edêntulos, intrusão e

    extrusão de dentes, protração ou retração de dentes em uma arcada,

    estabilização de dentes com suporte reduzido e na tração ortopédica. Permite

    também, o tratamento de pacientes com dentes periodontalmente

    comprometidos ou com múltiplas ausências dentárias que comprometem o

    estabelecimento da ancoragem, suficiente para as necessárias movimentações

    (ÖDMAN et al., 1988; SHAPIRO; KOKICH, 1988; JANSSENS et al., 2002;

    TRISI; REBAUDI, 2002).

    Muitas das maloclusões apresentadas por pacientes adultos foram

    adquiridas ou ocasionadas pelas compensações de perdas dentárias ao longo

  • do tempo. Entre as alterações mais comuns encontram-se as migrações de

    dentes posteriores e a extrusão dentária em direção aos espaços edêntulos.

    Os movimentos intrusivos e de verticalização de dentes posteriores podem ser

    otimizados sobremaneira com o auxílio de implantes osseointegrados desde que

    haja um planejamento adequado e específico para cada caso (HIGUCHI,

    2000).

    Com esta técnica se tem a perspectiva de corrigir mal posições

    dentárias individuais, sem interferência nos demais dentes das arcadas. Muitos

    dos pacientes que buscam correção ortodôntica na atualidade são adultos que

    requerem reajustes das posições dentárias para uma satisfatória reabilitação

    oral. Nestes casos a aplicação conjunta de implantes com forças ortodônticas

    adequadamente planejadas constitui-se em uma evolução ímpar no contexto

    do tratamento odontológico Integral.

    A literatura apresenta como desvantagens dos implantes para

    ancoragem ortodôntica o aumento no custo do tratamento, o tempo de

    osseointegração e a necessidade de procedimentos cirúrgicos de colocação e

    remoção como complicadores da sua ampla utilização (COPE, 2005).

    Para minimizar estas deficiências, alternativas foram criadas na tentativa

    de contemplar e minimizar estes pontos negativos. Os miniimplantes, por

    apresentarem custo inferior aos implantes convencionais, aplicação rápida de

    forças, técnica cirúrgica simplificada para colocação e remoção, são opções

    viáveis (COPE, 2005).

    A evolução dos dispositivos de ancoragem temporária está baseada no

    aprimoramento e conhecimento a respeito da ancoragem ortodôntica

    tradicional, implantes dentários e de fixação rígida utilizada em cirurgias

    ortognáticas. Os miniimplantes podem ser colocados transósseos,

    subperiósteos ou endósseos, sendo sua fixação conseguida por embricamento

    mecânico ou bioquimicamente (osseointegração).

    O tempo de reparo tecidual na região periimplantar não apresenta

    padronização na literatura revisada, sendo que alguns autores sugerem a

    aplicação imediata de forças ortodônticas nesta categoria de implantes

    (KANOMI, 1997; PARK et al., 2001; COPE, 2005; HERMAN; COPE, 2005;

    MOTOYOSHI; MATSUOKA; SHIMIZU, 2007; SALMÓRIA et al., 2008).

  • Tendo em vista o exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar

    histologicamente o desempenho de miniimplantes para ancoragem ortodôntica

    na intrusão de dentes primeiros pré-molares (P1) maxilar e mandibular de cães

    (s.r.d.), carregados imediatamente após sua instalação, com uma força

    intrusiva de 200 gramas.

  • 2. REVISTA DE LITERATURA

  • 2. REVISTA DE LITERATURA

    2.1 Ancoragem em Ortodontia

    Ancoragem, em Ortodontia, é a resistência para forças de reação que

    são fornecidas por outros dentes ou estruturas extra-bucais do complexo

    crânio-facial (PROFFIT; SARVER; FIELDS-JR, 2007). Segundo Tseng et al.,

    (2006), controle de ancoragem é o fator mais importante no sucesso do

    tratamento ortodôntico.

    Os sistemas de força utilizados nos aparelhos ortodônticos atuam de

    acordo com os preceitos da Terceira Lei da Mecânica de Newton (Philosophiae

    Naturalis Principia Mathematica,1687), a qual estabelece que à toda força

    aplicada existe uma força de reação de igual magnitude e direção, porém em

    sentido contrário e, ancoragem é a resistência da força provida por outro dente

    ou dispositivo. No tratamento ortodôntico, efeitos recíprocos podem ser

    avaliados e controlados e o objetivo é maximizar movimentos dentários

    desejáveis e minimizar efeitos indesejáveis (HUANG; SHOTWELL; WANG,

    2005).

    A boa ancoragem reflete estabilidade para que ocorra somente o

    movimento das unidades ativas do aparelho. Do ponto de vista biológico, isso

    significa forças atuantes no ligamento periodontal e osso circundante que não

    atinjam o limiar para a ativação das células remodeladoras, que iriam promover

    a movimentação dentária dos elementos de resistência (MELSEN; VERNA,

    1999).

    A qualidade da ancoragem passiva é determinada pelo volume,

    superfície e número de raízes envolvidas, assim como a característica do osso

    circundante a essas (o osso cortical oferece maior resistência ao movimento do

    que o osso medular). Dessa maneira, sempre foi procurada a utilização do

    maior número de dentes como ancoragem (unidade reativa ou ancoragem

    passiva) para a movimentação da unidade ativa – um único dente (PROFFIT;

    SARVER; FIELDS-JR, 2007).

  • 2.2 Implantes para Ancoragem

    Embora o conceito de ancoragem temporária com implantes tenha sido

    descrito recentemente, isso foi evidenciado no início de 1945 (Huja et al.,

    2005).

    Mesmo que os primeiros procedimentos clínicos documentados tenham

    tido sucesso na sua aplicação, esta técnica não tem recebido muita aceitação,

    provavelmente, devido à resistência ao procedimento cirúrgico, a não aceitação

    no campo da implantodontia, à ausência de dados científicos no uso de

    materiais implantáveis e suas possíveis complicações. Portanto, a ancoragem

    por mecanismos tradicionais continua sendo a principal modalidade de

    tratamento para o manejo de problemas ortodônticos (Huja et al., 2005).

    O uso de implantes em Ortodontia representa unidades absolutamente

    resistentes ao movimento. São especialmente úteis nos casos de perdas

    dentárias posteriores para permitir adequado alinhamento e retração de dentes

    anteriores. Servem de ancoragem para fechamento de espaços edêntulos,

    intrusões e extrusões dentárias, verticalização de dentes posteriores além de

    estabilizarem dentes comprometidos periodontalmente (ÖDMAN et al., 1988;

    SHAPIRO; KOKICH, 1988; TRISI; REBAUDI, 2002).

    A ancoragem temporária é usada em casos ortodônticos onde pacientes

    não tem dentes suficientes para prover ancoragem dental tradicional (KANOMI,

    1997; MELSEN; PETERSEN; COSTA, 1998; DAIMARUYA et al., 2001) ou por

    razões estéticas (ALBREKTSSON; LEKHOLM, 1989) e sociais, o que

    interferem na aceitabilidade e colaboração no uso dos aparelhos extra-bucais.

    Os implantes para ancoragem em Ortodontia podem ser divididos em

    duas categorias: implantes que servirão somente como ancoragem e implantes

    que servirão como ancoragem e subseqüentemente serão utilizados para

    suporte de próteses (TAVARES, 2001).

    Os implantes convencionais utilizados para produzir ancoragem e após

    para a confecção de próteses apresentam algumas desvantagens quando

    comparados aos implantes exclusivos para ancoragem: volume excessivo para

    as áreas disponíveis para colocação, necessidade de longo período de

  • osseointegração, elevado custo e exigem re-intervenção cirúrgica para sua

    remoção após a conclusão do tratamento ortodôntico, se necessário (COSTA;

    MELSEN; RAFFAINI, 1998).

    Com o objetivo de ampliar a utilização dos implantes como recurso de

    ancoragem, vários modelos com diferentes “designs” foram desenvolvidos,

    uma vez que, implantes protéticos não se aplicavam a todos os casos

    (WEHRBEIN; YILDIRIM; DIEDRICH, 1999).

    Idealmente os implantes exclusivos para movimentação ortodôntica

    deveriam apresentar biocompatibilidade, baixo custo, serem de fácil colocação

    e remoção sob anestesia local e de tamanho reduzido para utilização em

    lugares variados da estrutura alveolar. Além disso, deveriam ter um tempo

    reduzido de osseointegração, mantendo estabilidade em todas as fases do

    tratamento (ISMAIL; JOHAL, 2002).

    O “Onplant”, desenvolvido por Block e Hoffman (1995), é um disco de

    dez milímetros de diâmetro e dois milímetros de espessura de liga de titânio

    texturizada por hidroxiapatita. A técnica de inserção é através da tunelização

    subperióstica na região posterior do palato duro. Após um período de reparo de

    dez semanas, um “abutment” é colocado e um arco transpalatino é fixado aos

    molares e ao “onplant”. Esse tipo de implante pode suportar forças de até 300

    gramas. Salienta-se a complexidade cirúrgica onde duas fases são necessárias

    (colocação do implante e exposição para colocação do “abutment”) e a

    remoção de uma grande área de mucosa palatina, acarretando futuramente em

    remoção com uso de osteótomos, um procedimento desconfortável para o

    paciente (FÁVERO; BROLLO; BRESSAN, 2002).

    Outros sistemas de miniimplantes (Stryker Leibinger, Kalamazo, EUA e

    Osteomed Corp., Dallas, EUA) foram desenvolvidos com dimensões de seis

    milímetros de comprimento e 1,2 milímetros de diâmetro, podendo ser

    colocados até mesmo entre raízes dos dentes. Esses sistemas seriam

    utilizados para intrusão, tração de dentes anteriores, distalização de molares e

    até mesmo para distração osteogênica. Como vantagens, teriam fácil reparo

    após a colocação e remoção em razão de suas pequenas dimensões

    (KANOMI, 1997).

  • Costa, Melsen e Raffani (1998) desenvolveram um sistema o qual

    apresenta baixo custo, possibilidade de aplicação de forças imediatas e uma

    ampla variedade de locais para sua colocação, como na superfície maxilar

    anterior abaixo da espinha nasal anterior, na sutura palatina mediana, no

    processo infra-zigomático, na região retromolar, em áreas edêntulas, no

    processo alveolar entre pré-molares e molares e na sínfise mentoniana. Este

    sistema é constituído por miniparafusos com dois milímetros de diâmetro e

    nove milímetros de comprimento, dos quais apenas cinco a sete milímetros são

    inseridos no osso. A colocação destes dispositivos é feita sob anestesia local,

    diretamente através da mucosa, pois não há necessidade de incisões, podendo

    ser realizada com tranqüilidade pelo clínico ou ortodontista e podendo receber

    força imediatamente após sua colocação.

    Embora esses miniimplantes ou mini-parafusos não possam ser usados

    em todas as situações de ancoragem, eles têm potencial para serem utilizados

    em ortodontia devido à ampla versatilidade de colocação, fácil remoção, baixo

    custo, técnica cirúrgica simples e baixo desconforto quando comparado aos

    implantes dentários convencionais (ROBERTS; MARSHALL; MOSARY, 1990;

    ROBERTS; NELSON; GOODACRE, 1994; KANOMI; TAKADA, 2000). Ainda,

    algumas das características ideais para este artifício de ancoragem ortodôntica

    inclui o simples uso, ser capaz de permitir carga imediata, possuir pequenas

    dimensões, ser biocompatível, prover equivalência clínica ou resultados

    superiores quando comparado ao sistema de ancoragem tradicional,

    apresentar estabilidade primária e possuir habilidade para suportar níveis de

    força ortodôntica (COPE, 2005; HUJA et al., 2005).

    Devido à osseointegração dos miniimplantes não ser necessária, sua

    remoção é muito simples. Nenhum fechamento primário de tecidos moles é

    necessário e a anestesia é dispensável, a menos que haja crescimento de

    tecidos moles em torno do miniimplante (HERMAN; COPE, 2005; MELSEN;

    VERNA, 1999).

    Na busca incansável pela estabilidade absoluta, tem sido sugerido a

    utilização de sistemas de ancoragem esquelética as quais se aplicam

    miniplacas de titânio de variados formatos e tamanhos e parafusos

    monocorticais de cinco a sete milímetros. As miniplacas são implantadas em

  • osso cortical maxilar e/ou mandíbular, favorecendo movimentos de intrusão,

    distalização e protração de molares (SUGAWARA et al., 2002).

    A colocação das miniplacas é realizada através de uma incisão

    mucoperiostal e, então, a placa é adaptada à anatomia do osso cortical e fixada

    com parafusos. A ferida é suturada expondo-se a extremidade com o último

    orifício da miniplaca que servirá de ponto de aplicação para a mecânica. As

    forças ortodônticas podem ser aplicadas imediatamente após a colocação do

    sistema, sendo, porém, aconselhável aguardar o reparo da ferida operatória.

    Esse sistema tem como vantagens em relação a outros a facilidade de obter

    locais para colocação, garantia de ancoragem estável e rígida, e a

    possibilidade de aplicação de forças pouco tempo após a implantação (COPE,

    2005), porém, fazem-se necessárias cirurgias mais extensas tanto para sua

    instalação quando remoção.

    2.3 Características dos Miniimplantes

    O titânio puro é amplamente utilizado como material de implante porque

    possui propriedades mecânicas adequadas e excelente biocompatibilidade

    (APARICIO et al., 2003; LATYSH et al., 2006). Entretanto, o titânio puro tem

    uma resistência à fadiga menor que ligas de titânio. Os miniimplantes

    ortodônticos são fabricados com a liga Ti-6AL-4V, diferente dos implantes

    dentários osseointegráveis, que são, geralmente, fabricados com titânio

    comercialmente puro. Isso se dá, basicamente, pelo seguinte motivo: os

    miniimplantes são menores em diâmetro que os implantes convencionais,

    fazendo-se necessária a utilização de material de maior resistência mecânica

    que o titânio comercialmente puro, como é o caso da liga Ti-6AL-4V (SQUEFF

    et al., 2008). Esta liga possui características inferiores ao titânio

    comercialmente puro em relação à bioatividade e a resistência à corrosão,

    onde há um decréscimo quando ligas são utilizadas, favorecendo a liberação

    de íons metálicos, os quais têm sido associados com falhas clínicas dos

    minimplantes, osteólise, reações alérgicas cutâneas, (OKAZAKI et al., 2004),

    citotoxicidade, hipersensibilidade e carcinogênese (SEDARAT et al., 2001).

  • Também, a qualidade da osseointegração diminui o que por um lado favorece a

    remoção, visto que, os sistemas de miniimplantes baseiam-se na estabilidade

    mecânica primária, e não na estabilidade secundária, advinda da

    osseointegração (SYKARAS et al., 2000; ELIAS et al., 2005; SUNG et al.,

    2006).

    Comercialmente, dois sistemas de miniimplantes têm sido sugerido, os

    miniimplantes auto-perfurantes (self-drilling) os quais não há necessidade de

    fresagem prévia e, os auto-rosqueantes, os quais se fazem necessária uma

    fresagem inicial.

    Evidências sugerem que miniimplantes auto-perfurantes (self-drilling)

    têm maior contato ósseo que parafusos convencionais, pois o seu maior

    contato na inserção influencia na sua estabilidade. Squeff et al. (2008)

    relataram em seu estudo que evidências de necrose podem ser atribuídas à

    utilização de miniimplantes auto-perfurantes ou auto-rosqueantes (sem e com

    procedimento de perfuração prévia, respectivamente), onde os miniimplantes

    auto-perfurantes produzem uma pressão física e microfraturas na região óssea

    adjacente, podendo ocorrer lesão no periósteo e no endósteo, isquemia e

    necrose nas células ósseas. Lee et al. (2007) acreditam que o sistema de

    miniimplante auto-rosqueante causa maior trauma ósseo devido ao calor

    friccional produzido pela fresa no ato da perfuração prévia.

    2.4 Fatores relacionados ao sucesso dos miniimplantes

    Os fatores que afetam o sucesso dos miniimplantes são controversos na

    literatura. As razões têm sido a inflamação periimplantar (MIYAWAKI et al.,

    2003; CHENG et al., 2004; PARK; JEONG; KWON, 2006) o diâmetro dos

    miniimplantes (MIYAWAKI et al., 2003), a ausência de mucosa ceratinizada

    (CHENG et al., 2004), o torque de inserção (MOTOYOSHI et al., 2006), a

    técnica cirúrgica (GARFINKLE, 2005), e, a espessura e densidade da cortical

    óssea (MIYAWAKI et al., 2003; PARK; JEONG; KWON, 2006). Por outro lado,

    para alguns pesquisadores, aspectos como o comprimento (MIYAWAKI et al.,

    2003; CHENG et al., 2004; PARK; JEONG; KWON, 2006), tipo e diâmetro dos

    miniimplantes (GARFINKLE, 2005; PARK; JEONG; KWON, 2006), técnica

    cirúrgica (MIYAWAKI et al., 2003; PARK; JEONG; KWON, 2006), tempo de

  • carga (MIYAWAKI et al., 2003; GARFINKLE, 2005; PARK; JEONG; KWON,

    2006), idade e gênero do paciente (MIYAWAKI et al., 2003; MOTOYOSHI et

    al., 2006; PARK; JEONG; KWON, 2006), área de instalação (MOTOYOSHI et

    al., 2006), método de aplicação de força (PARK; JEONG; KWON, 2006), e,

    quantidade de força (GARFINKLE, 2005) não interferem no sucesso.

    Embora miniimplantes tenham sido utilizados com grande vantagem em

    ortodontia (PARK et al., 2002; KANOMI, 1997), alguns clínicos têm observado

    a perda de miniimplantes durante o tratamento ortodôntico (COSTA; MELSEN;

    RAFFAINI, 1998; SAWA et al., 2001). A estabilidade dos miniimplantes é

    relatada na qualidade e quantidade de osso cortical (MOTOYOSHI et al.,

    2007), no design e na forma da cabeça do parafuso (HOLMGREN et al., 1998),

    no grau de inflamação acompanhado da irritação local, do excesso de força

    ortodôntica (MIYAWAKI et al., 2003) e da baixa maturação óssea em pacientes

    em crescimento (MOTOYOSHI et al., 2007).

    Segundo Miyawaki et al. (2003), os fatores associados estatisticamente

    com o decréscimo no sucesso dos mini-parafusos são: aumento do plano

    angular mandibular, aumento da inflamação gengival e decréscimo no diâmetro

    dos parafusos. O comprimento não foi associado negativamente ao sucesso.

    2.5 Diâmetro e Comprimento dos miniimplantes

    A relação entre o diâmetro dos implantes e a remoção de torque tem

    sido investigada por diversos autores (ALBREKTSSON, SENNERBY, 1991;

    SENNERBY; THOMSEN; ERICSON, 1992. IVANOFF et al., 1997).

    Büchter et al., (2005) mencionaram 11 fraturas durante a instalação e

    remoção de miniimplantes com diâmetros de 1,1 e 1,6 mm em 200

    miniimplantes testados. Miyawaki et al., (2003) tiveram 100% de falha com

    miniimplantes de 1,0 mm de diâmetro em humanos, salientando que estas

    fraturas ou falhas podem ser prevenidas utilizando-se miniimplantes com um

    diâmetro de 2 mm ou mais.

    Têm sido sugeridos que o aumento do diâmetro dos miniimplantes pode

    ser utilizado para aumentar a sua estabilidade (ALBREKTSSON; SENNERBY,

    1991), e que, miniimplantes com um pequeno diâmetro ou curto comprimento

    podem ser facilmente perdidos por baixos valores de torque (COSTA;

  • MELSEN; RAFFAINI, 1998; KIM; AHN; CHANG, 2005), mostrando um baixo

    índice de sucesso (HERRMANN et al., 2005).

    Para Miyawaki et al., (2003), não há diferença significante no sucesso

    de mini-parafusos com diâmetro entre 1,5 e 2,5 mm. Entretanto, os resultados

    sugerem que o diâmetro de 1,5 mm é suficiente para estabilizar o mini-

    parafuso de titânio na maxila e mandíbula se suficiente osso cortical existir.

    Entretanto, se o diâmetro for de 1,0 a 1,5 mm, poderá haver uma significante

    diferença no sucesso entre os maxilares. Ainda, miniimplantes com diâmetro

    menor ou igual a 1,0 mm, onde geralmente existe uma cortical óssea fina,

    estão associadas com mobilidade ou insucesso dos mini-parafusos para

    ancoragem ortodôntica.

    Tseng et al. (2006) relataram 100% de sucesso para miniimplantes com

    mais de 12 mm de comprimento e consideraram que o comprimento está

    fortemente relacionado ao seu sucesso. Relataram também que o sucesso dos

    miniimplantes de oito milímetros de comprimento e dois milímetros de diâmetro

    foi de 80%. Deguchi et al. (2006) concluíram que um comprimento aceitável de

    seis à oito milímetros é seguro para inserção. Para Motoyoshi et al., (2007)

    miniimplantes com oito milímetros de comprimento e 1,6 mm de diâmetro

    apresentam índices de sucesso de 55,6% a 100%.

    2.6 Angulação dos miniimplantes

    As incertezas no que tange aos diferentes ângulos de inserção na

    estabilidade primária dos miniimplantes têm sido atualmente discutidas.

    Wilmes, Su e Drescher (2008) avaliaram o ângulo de inserção na estabilidade

    primária dos miniimplantes ortodônticos, concluindo que, mesmo pensando que

    a profundidade de inserção é menor após uma inserção oblíqua que numa

    inserção perpendicular, o maior torque foi mensurado quando os miniimplantes

    foram inseridos numa angulação entre 60° e 70°. A razão para o maior torque

    está relacionada ao maior contato com a cortical óssea quando os

    miniimplantes são inseridos numa direção oblíqua. Porém, o objetivo principal

    em angular os miniimplantes relaciona-se à menor probabilidade em atingir as

    estruturas dentárias quando um espaço pequeno ou insuficiente se encontra

    entre raízes. Apesar de angulações de 60° a 70° mostrarem um alto grau de

  • torque inicial, os autores salientam que o alto torque de inserção pode levar à

    falhas devido ao excesso de compressão óssea.

    2.7 Torque inicial dos miniimplantes

    Kim et al. (2008) objetivaram investigar o sucesso dos miniimplantes

    relacionando suas propriedades mecânicas e histológicas em miniimplantes

    cilíndricos e cônicos (1,6 mm de diâmetro e seis milímetros de comprimento)

    em modelos animais – cães. Para isso, utilizaram uma força de 200 – 300

    gramas uma semana após sua instalação, através de molas Ni-Ti, e mantidas

    por um período de 17 semanas. Encontraram que, embora o grupo dos

    miniimplantes cônicos apresentasse um alto valor de torque de remoção, o que

    significa boa estabilidade inicial, também mostrou que altos valores de torque

    de inserção poderiam afetar a cicatrização dos tecidos adjacentes, e que, não

    houve diferenças significantes entre os grupos cilíndricos e cônicos.

    Porém, um cuidado adicional deve ser dado à força, pois, torques de

    inserção excessivos induzem à microfraturas na cortical óssea em torno do

    miniimplante e, eventualmente, podem gerar uma remodelação óssea

    resultando na perda do dispositivo (MOTOYOSHI et al., 2006). Motoyoshi et al.

    (2006) relataram que as altas perdas dos dispositivos de ancoragem

    ortodôntica ocorrem quando o torque de inserção excede 10N para

    miniimplantes com um diâmetro de 1.6 mm.

    Wilmes, Su e Drescher (2008) relataram que o diâmetro do implante tem

    um grande impacto no torque de inserção e, conseqüentemente, na

    estabilidade primária nos miniimplantes ortodônticos, e que, altos graus de

    torque de inserção podem levar à falhas devido ao excesso de compressão

    óssea, sugerindo ser crucial uma apropriada relação entre implante e o

    diâmetro da pré-fresagem.

    2.8 Estabilidade dos Miniimplantes

    Antes dos miniimplantes serem ativados através de forças ortodônticas,

    diversos fatores deveriam ser considerados: mecanismos de ancoragem (direto

  • ou indireto), desenho dos miniimplantes, quantidade e qualidade óssea do local

    de implantação, estabilidade primária, e técnica de instalação (MAH;

    BERGSTRAND, 2005; HUANG; SHOTWELL; WANG, 2005; WILMES et al.,

    2006; OHASHI et al., 2006). Espessura da cortical óssea e densidade podem

    variar de acordo com o paciente e local de instalação (DEGUCHI et al., 2006).

    Áreas com espessura de cortical óssea são consideradas as mais estáveis

    para instalação de miniimplantes (MIYAWAKI et al., 2003; HUJA et al., 2005),

    pois, a retenção depende essencialmente da interface osso-metal, quanto

    maior a quantidade óssea, melhor será a estabilidade primária (ANSELL;

    SCALES, 1968). Entretanto, se a estabilidade primária dos miniimplantes é

    adequada, é possível carregar imediatamente (KYUNG et al., 2003).

    Para encontrar efetiva estabilidade no estágio primário após inserção, é

    necessário o estudo da estabilidade dos implantes no osso no estágio inicial de

    integração e após a sua inserção. Assim, avaliando a remoção de torque na

    estabilidade primária de miniimplantes ortodônticos em osso cortical de

    fêmures de cães, Okazaki et al. (2008) instalaram miniimplantes de 1,2 mm de

    diâmetro em cavidades previamente fresadas num diâmetro de um milímetro e

    1,2 mm. Após, as mensurações de torque de remoção foram avaliadas nos

    períodos de 1, 3, 6, 9 e 12 semanas após a inserção dos miniimplantes.

    Observaram que, para os miniimplantes instalados em cavidades de um

    milímetro, houve um decréscimo nos valores de torque de remoção até seis

    semanas. Para os miniimplantes instalados em cavidades de 1,2 mm de

    diâmetro, os valores de torque mantiveram-se constantes por um período de

    três semanas, com média muito inferior ao grupo comparativo. Porém, o

    período de remoção de torque se equivaleu ao inseridos em cavidades de um

    milímetro no período de 6, 9 e 12 semanas. Da mesma forma, o torque de

    inserção para os miniimplantes instalados em cavidades de um milímetro foi de

    aproximadamente seis vezes maior do que os instalados em fenestrações de

    1,2 mm. Os autores propõem que uma estabilidade inicial apropriada dos

    miniimplantes para ancoragem ortodôntica é requerida para imediato ou

    mediato uso dos miniimplantes e, na ausência de estabilidade inicial, este deve

    ser recolocado ou isolado até desenvolver gradual e apropriada estabilidade

    suportada pela osseointegração.

  • Para Tseng et al. (2006), a chave principal da estabilidade dos

    miniimplantes é o travamento mecânico dentro do tecido ósseo. Baixa

    qualidade e quantidade insuficiente de tecido ósseo podem causar a ausência

    de retenção do dispositivo ortodôntico. Em seu estudo, onde avaliaram o

    sucesso destes dispositivos em relação à profundidade de inserção e aos

    locais de instalação, em humanos, observaram uma taxa de sucesso dos

    miniimplantes de 91.1%, onde, para os implantes instalados numa

    profundidade de oito milímetros, encontrou uma taxa de 80% de sucesso, 90%

    para uma profundidade de dez milímetros, e, para os implantes instalados

    numa profundidade de 12 e 14 mm, 100% de sucesso, sugerindo que, a

    profundidade de inserção do miniimplante foi mais importante que o local de

    instalação ou comprimento, recomendando profundidades de no mínimo seis

    milímetros.

    Costa, Melsen e Raffaini (1998) mostraram através de estudos

    histológicos que a osseointegração do miniimplante de titânio é menor que a

    metade dos implantes dentários convencionais, e que, o sucesso dos

    miniimplantes são de 86% a 91% (MOTOYOSHI et al., 2006; TSENG et al.,

    2006; WIECHMANN; MEYER; BÜCHTER, 2007), os quais são baixos para

    aqueles comparados aos implantes dentários, de 96% a 99% (BECKER;

    BECKER; HUFFSTETLERT, 2003). Salmória et al. (2008) encontraram um

    sucesso de 95%, similar a porcentagem encontrada por Deguchi et al., (2003),

    onde obtiveram uma média de 97% para miniimplantes isentos de carga

    ortodôntica em cães.

    Motoyoshi et al. (2007), encontraram uma relação entre o sucesso e a

    espessura da cortical óssea e concluiu que implantes colocados em áreas com

    espessura cortical óssea maior ou igual a um milímetro tem maior chance de

    sucesso. Em 2009, no estudo que avalia o efeito da espessura da cortical

    óssea na estabilidade dos miniimplantes ortodônticos e na distribuição do

    estresse no osso periimplantar, Motoyoshi e colaboradores salientam que

    quanto maior a espessura da cortical óssea maior o sucesso dos

    miniimplantes, estando a espessura da cortical óssea diretamente relacionada

    ao sucesso dos miniimplantes (MOTOYOSHI et al., 2009).

    Uma cortical óssea firme é um dos principais fatores de controle de

    estabilidade dos miniimplantes (HUJA et al., 2005; MOTOYOSHI et al., 2006;

  • MOTOYOSHY et al., 2007). Segundo Salmória et al. (2008), as médias de

    valores para espessura cortical em modelos animais cães foi de 2.65±0.52 mm,

    e, segundo Huja et al., (2005) a espessura média é de 2.41 mm na mesma

    região em modelos animais cães.

    2.9 Movimento Intrusivo dos miniimplantes

    Os tipos de movimentos dentários possíveis de serem realizados são:

    intrusão, extrusão, inclinação, translação e rotação. Cada um destes apresenta

    particularidades biomecânicas na sua realização clínica.

    Com relação ao movimento intrusivo, verifica-se dificuldade na sua

    realização principalmente em dentes localizados nas regiões terminais dos

    arcos dentários, e os efeitos colaterais de extrusão nos dentes adjacentes são

    quase que inevitáveis e por vezes, indesejáveis (LANGLADE, 1992; MELSEN;

    VERNA, 1999). A utilização de miniimplantes para este fim tem demonstrado

    efetividade clínica e boa especificidade (LEUNG et al., 2008).

    A intrusão requer, na sua realização, controle cuidadoso na magnitude

    da força e esta, deve ser leve, pois, não raro, concentra-se exclusivamente no

    ápice dentário, podendo ocorrer áreas significativas de reabsorção radicular

    (CONSOLARO, 2002).

    Segundo Trisi e Rebaudi (2002), há indícios que a força ortodôntica

    promova microfraturas e a formação de microcalos na interface osso-implante,

    sem que isso comprometa a estabilidade dos mesmos.

    A respeito da força ideal para intrusão, Burstone (1977) sugeriu 20 gF

    para intruir dentes anteriores, e Gianelly e Goldman (1971) recomendam 15 a

    50 gF para dentes pequenos. Para intrusão de molares, Umemori et al. (1999)

    recomendam uma força inicial de 500 g. Kalra, Burstone e Nanda (1989)

    sugerem em torno de 90 gF para molares de pré adolescentes. Para Park et al.

    (2003), considerando o número e a área de superfície das raízes dos dentes

    posteriores, é racionável aplicar forças intrusivas de duas a três vezes maior

    que aquelas aplicadas em dentes anteriores. Assim, Park et al. (2003)

    utilizaram 200 a 300 gF para intrusão de molares maxilares com três raízes e

  • obtiveram 0,5 a 1 mm de intrusão continua por mês sem notável reabsorção

    radicular ou problemas com a vitalidade dentária. Yao et al. (2004) utilizaram

    uma força de 150 a 200 g com o objetivo de intruir primeiro e segundo molares

    maxilares em humanos.

    2.10 Tempo de Reparo Tecidual

    Os estudos demonstram divergências e dúvidas a respeito do tempo

    requerido para reparo inicial e possibilidade de aplicação de forças

    ortodônticas.

    A respeito do amplo consenso na literatura sobre ancoragem ortodôntica

    com miniimplantes, o período de espera para iniciar a carga de ancoragem é

    variado. Alguns autores acreditam que eles podem ser carregados

    imediatamente após a sua instalação (COSTA; MELSEN; RAFFAINI, 1998;

    GRAY; SMITH, 2000; KYUNG et al., 2003; MIYAWAKI et al., 2003; MAH;

    BERGSTRAND, 2005), após duas semanas (CHENG et al., 2004; PARK;

    KNOW; SUNG, 2004; PARK; KNOW, 2004), três semanas (DEGUCHI et al.,

    2003; ENACAR et al., 2003), quatro semanas (CHUNG; KIM; KOOK, 2004),

    seis semanas (MAH; BERGSTRAND, 2005), oito semanas (KAWAKAMI et al.,

    2004), doze semanas (KURODA; KATAYAMA; TAKANO-YAMAMOTO, 2004),

    seis meses (INCEOGLU; FERRARA; McLAIN, 2004), ou mesmo, após sua

    total osseointegração, ainda que os autores não mencionam o tempo de

    cicatrização (KANOMI, 1997).

    Devido à ausência de unanimidade na literatura relacionado ao período

    ideal que deve ser permitido antes da carga nos miniimplantes, Salmória et al.,

    (2008), avaliaram o torque de inserção dos miniimplantes para ancoragem

    ortodôntica, comparando sua força de tração axial nos tempos zero, 15 e 60

    dias após a colocação, para determinar a espessura cortical óssea inicial e

    periimplantar, e analisar o correlação em torno dessas variáveis. Encontraram

    que a força de tração axial é maior imediatamente após a instalação dos

    miniimplantes que após 15 e 60 dias, e que, a espessura cortical decresce no

    decorrer das semanas devido à reabsorção óssea ao redor do pescoço do

    miniimplante. Relataram ainda que não há correlação entre torque de inserção

  • e força de remoção, portanto, torque de inserção não é um método eficiente

    para predizer retenção dos miniimplantes. Assim, concluíram que os

    miniimplantes poderiam ser carregados em qualquer dos tempos, imediato, 15

    e 60 dias após a instalação.

    Motoyoshi et al. (2009) mostraram não haver diferença estatística entre

    o local de instalação e idade dos pacientes, porém, comprovou haver diferença

    estatística no que tange ao tempo de inicialização de carga. Para os

    miniimplantes carregados com uma força de 200g após três meses, o sucesso

    foi de 88.9% a 100% em pacientes adultos, de 55.6% a 71.4% em pacientes

    adolescentes com carga precoce entre 2 – 4 semanas após a instalação

    (média de 2.6 semanas), e, de 90.0% a 100% em pacientes adolescentes com

    carga tardia de três meses ou mais (média de 13.2 semanas). Assim,

    Motoyoshi et al. (2009) preconizam um período de três meses de cicatrização

    antes da instalação da força ortodôntica, pois, assim aumenta-se

    significativamente o sucesso dos miniimplantes de 63% a 97% em

    adolescentes.

    Kanomi (1997) não especifica este tempo, enquanto Park et al. (2001)

    relataram sucesso respeitando um período de reparo de quatro semanas.

    Herman e Cope (2005) relatam não haver vantagem em aguardar o

    tempo de reparo ou tempo de osseointegração para o início do tratamento,

    porém, o contato do implante com a cortical óssea é pré-requisito para a

    estabilidade futura.

    Melsen e Verna (1999) afirmam que a ancoragem não é comprometida,

    mesmo que o reparo não tenha se completado e ocorra a formação de tecido

    fibroso periimplantar. Este tecido facilitaria, inclusive, a remoção do

    miniimplante após o tratamento.

  • 3. PROPOSIÇÃO

  • 31

    3. PROPOSIÇÃO

    O presente trabalho experimental tem como objetivo avaliar

    histologicamente a resposta do tecido ósseo periimplantar nos miniimplantes

    ortodônticos carregados imediatamente com uma força de 200g através de

    uma mola Ni-Ti e, nos miniimplantes isentos de carga, por um período de seis

    semanas, e seu comportamento clínico, em modelos animais cães.

  • 4. DESENHO METODOLÓGICO

  • 4. DESENHO METODOLÓGICO

    4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

    Esta pesquisa foi avaliada e aprovada como eticamente adequada pelo

    plenário do Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos e Animais da

    ULBRA (Anexo A), protocolo: CEP-ULBRA 2007-004A, de acordo com as Leis

    6.638/79 e 9605/98, com decreto 24.645/34, com os princípios éticos na

    experimentação animal (COBEA), com os princípios para pesquisa envolvendo

    animais (GENEBRA, 1985) e outras instruções que tratam da matéria.

    4.2 LOCAL

    O experimento foi idealizado no Departamento de Pós-graduação, nível

    de Mestrado em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais do curso de

    Odontologia da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA (Canoas-RS). A

    parte experimental foi desenvolvida no Hospital Veterinário da Universidade

    Luterana do Brasil - ULBRA (Canoas-RS).

    4.3 VARIÁVEIS

    4.3.1 Variável independente

    • Miniimplantes;

    • Força ortodôntica;

    • Tempo de aplicação de força.

    4.3.2 Variáveis dependentes

    • Padrão do reparo ósseo periimplantar;

    • Quantificação intrusiva dentária.

  • 4.4 CONFIGURAÇÃO DA AMOSTRA

    Para a amostra, foram selecionados cinco cães adultos (idade de 12 a

    36 meses, sexo masculino, peso médio de 25 Kg, sem raça definida (s.r.d.)),

    clinicamente sadios, provenientes e mantidos no Biotério do Hospital

    Veterinário da Universidade Luterana do Brasil – Campus Canoas/RS.

    4.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO / EXCLUSÃO

    Para que os animais pudessem ser incluídos no experimento, deveriam:

    - Estar em bom estado nutricional;

    - Estar em excelentes condições de saúde bucal e com a presença de

    todos os quatros primeiros pré - molares (P1), e;

    - Chegar ao final do período de observação com bom estado de

    saúde.

    Os critérios avaliados para exclusão dos animais abrangeram:

    - Presença de complicações (infecções, debilitação do estado geral),

    trazendo problemas e desconforto ao animal durante o período do

    experimento.

    Anatomicamente, os primeiros pré – molares (P1) apresentam a coroa

    em formato cônico e monorradiculares e permanecem em infra-oclusão

    constante após a erupção, localizando-se à altura do terço cervical coronário

    dos caninos e abaixo do terço médio coronário dos segundos pré-molares. Por

    estas características, eles não desempenham qualquer tipo de função

    mastigatória (SAN ROMÁN, et al., 1999; ROZA, 2004).

    4.6 ORGANIZAÇÃO DOS GRUPOS

    Grupo I: Este grupo compreende as amostras contendo os

    miniimplantes submetidos a 200 gramas de carga ortodôntica intrusiva

    imediatamente à sua instalação, totalizando dez amostras.

    Grupo II: Este grupo compreende os miniimplantes isentos de carga

  • ortodôntica, estabelecendo o Grupo Controle, totalizando dez amostras.

    Os procedimentos de manipulação, alimentação e limpeza foram

    realizados por pessoal treinado em bioterismo. Os animais foram alimentados

    com dieta padrão de Biotério e água ad líbitum. A limpeza dos canis foi

    realizada diariamente com água corrente, sabão e desinfetantes, a fim de

    diminuir os riscos de contaminação e infecções.

    4.7 PROTOCOLO PRÉ E PÓS CIRÚRGICO

    Todos os procedimentos incluindo a cirurgia, exame físico direto,

    radiografias, fotografias e procedimentos ortodônticos foram conduzidos

    assepticamente sob anestesia geral. Os animais receberam tratamento

    dentário previamente ao experimento com o objetivo de remover cálculos e

    manter o controle de placa.

    A medicação pré-anestésica foi a profilaxia antibiótica com Ampicilina 20

    mg/Kg endovenosa, uma combinação de Acepromazina (Acepran 1% -

    UNIVET®) numa dose de 0,10 mg/kg e Cloridrato de Petidina (Dolosal 5% -

    CRISTÁLIA®) numa dose de 2 mg/kg, indução anestésica com Tiletamina /

    Zolazepan (Zoletil® 50) na dose de 2 mg/Kg e manutenção anestésica com

    Isoflurano ao efeito, sob supervisão de Médicos Veterinários.

    Os miniimplantes (99,9% titânio, 1,8 mm de diâmetro, seis milímetros de

    comprimento e perfil transmucoso curto (um milímetro), auto – perfurantes,

    fabricados pelo Sistema SIN® de implantes – São Paulo – SP, isentos de

    tratamento de superfície – Figura 1) foram instalados quatro milímetros

    apicalmente ao primeiro pré-molar (P1), perpendicular (90°) à superfície

    vestibular. Seu local de instalação foi baseado radiograficamente através de

    um fio de latão (MORELLI®) colocado no espaço interproximal, dobrado em

    direção apical de forma a simular através do seu término o local de colocação

    do miniimplante. O mesmo procedimento foi realizado nos quatro pré – molares

    P1 em cada cão. No lado direito foi realizada carga imediata, sendo o lado

    esquerdo estabelecido como Grupo Controle, isento de carga (Figura 2).

  • Figura 1 – Desenho esquemático ilustrando as dimensões do miniimplante

    (SIN®).

    Figura 2 – Desenho esquemático ilustrando o Grupo Experimental e o Grupo

    Controle.

  • Nos miniimplantes instalados no lado direito, foi aplicada uma força

    ortodôntica de 200 gramas (dois Newton), imediatamente após sua instalação,

    por um período de seis semanas (Figura 3). Nos miniimplantes instalados no

    lado esquerdo, não se aplicou qualquer tipo de carga, estabelecendo-se o

    Grupo Controle (Figura 4).

    Após os procedimentos cirúrgicos, foi administrada Clindamicina 600mg

    (HIPOLABOR®) numa dose 2,2 mg/kg, intramuscular, de 12/12 horas por cinco

    dias, Cloridrado de Tramadol 2mg/kg (MERIAL®) de 8/8 horas, subcutâneo,

    durante dois dias, Cetoprofeno 10% (MERIAL®), 2mg/kg, subcutâneo, uma vez

    ao dia, durante três dias, higienização bucal e controle químico diário da placa

    bacteriana com Digluconato de Clorexidine 0,12% (FARMÁCIA

    UNIVERSITÁRIA DA ULBRA), e, dieta branda durante o período experimental,

    objetivando-se a integridade dos dispositivos aplicados.

    Figura 3 - Imagem ilustrando o miniimplante com carga imediata através de

    uma mola de Ni-Ti de 2N de força, no momento da instalação – Grupo

    Experimental.

  • Figura 4 – Imagem ilustrando o miniimplante isento de carga ortodôntica –

    Grupo Controle.

    4.8 TÉCNICA CIRÚRGICA

    Os procedimentos cirúrgicos foram realizados de acordo com as

    especificações do fabricante. O osso cortical e a mucosa de recobrimento

    foram perfuradas numa angulação de 90° (perpendicular) com uma broca de

    um milímetro de diâmetro, numa velocidade de 600 rpm (Driller® BLM 600 –

    Jaguaré - SP), com contra-ângulo com redução de 20:1 (KAVO®, São Paulo -

    SP), sob irrigação constante com soro fisiológico (NaCl 0,9% - Basa®, Caxias

    do Sul - RS), suprimindo qualquer tipo de incisão. O miniimplante (SIN®, 1,8

    mm de diâmetro e seis milímetros de comprimento) foi inserido utilizando-se

    uma chave de mão (SIN®), permanecendo a porção superior (“cabeça”) do

    miniimplante sobre a mucosa sem comprimi-la. Após, foram realizadas

    radiografias periapicais para evidenciar a posição do dispositivo excluindo o

    contato do miniimplante com o dente adjacente.

  • 4.9 COLAGEM DE DISPOSITIVO ORTODÔNTICO PARA TRAÇÃO

    Os dispositivos ortodônticos (MORELLI®) foram colados na face

    vestibular dos pré-molares (P1) e, uma mola de níquel-titânio (MORELLI® - 200

    gF) foi fixada ao miniimplante e mensurada a força de 200 gramas por um

    tensiômetro de precisão (UNITEK/3M®). O procedimento de colagem foi

    realizado através do condicionamento ácido (ácido ortofosfórico a 37%,

    DESCARPACK®), mediante isolamento relativo utilizando-se rolos de algodão,

    durante 30 segundos. Após a lavagem com água destilada seguida por

    secagem mediante o uso de “spray” de água/ar, realizou-se a colagem com

    compósito fotopolimerizável (TRANSBOND – UNITEK/3M®), o qual apresenta

    resistência satisfatória para suportar as forças presentes na cavidade bucal

    (VARGAS; CHEVITARESE, 1996).

    4.10 PARÂMETRO DE AVALIAÇÃO DE INTRUSÃO

    O parâmetro de avaliação foi realizado através de um paquímetro,

    medindo a distância entre o miniimplante e o “bracket” ortodôntico (Figura 5).

    Figura 5 – Imagem ilustrando o parâmetro de avaliação intrusiva através de um

    paquímetro de precisão.

  • 4.11 SEGUNDO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO

    Após seis semanas de aplicação de força ortodôntica intrusiva, os

    animais foram novamente anestesiados, conforme protocolo previamente

    discutido. Uma incisão do tipo Novak – Peter foi realizada com lâmina de bisturi

    nº 15c (Feather® Safety Razor CO., LTD. Osaka - Japan) acoplada a um cabo

    de bisturi nº 3 (ERWIN GUTH). Após o descolamento muco-periostal com

    descolador de Molt nº 9, o miniimplante foi removido com a chave de mão

    (SIN®) e realizado osteotomia superior, lingual/palatino, mesial e distal ao

    dente movimentado (P1) no sentido vestíbulo-lingual/palatino resultando em

    bloco ósseo-dentário. Para tal, foram utilizadas brocas haste longa de número

    701 (KG SORENSEN®), acoplado a micromotor reto K9 (KAVO®), sob

    irrigação constante com água destilada. A cavidade óssea resultante foi

    irrigada com solução fisiológica de cloreto de sódio a 0,9% (Basa®, Caxias do

    Sul - RS) e o tecido ósseo regularizado com limas ósseas (Figura 6). Os blocos

    ósseos foram armazenados individualmente em solução neutra de formaldeído

    10% (pH 7,4). O retalho reposicionado foi estabilizado e fixado com pontos

    simples distribuídos uniformemente, distanciados três milímetros uns dos

    outros, com fio de sutura Vicryl® 4 – 0 (Ethicon, Johnson & Johnson, São José

    dos Campos – SP).

    Todos os procedimentos de anestesia foram acompanhados e

    supervisionados pela Médica-Veterinária, especialista em Cirurgia Veterinária,

    que esteve presente no local durante esses procedimentos.

  • Figura 6 – Imagem ilustrando a cavidade óssea onde foram removidos os

    blocos para análise microscópica.

    4.12 ANÁLISE MICROSCÓPICA

    Após a fixação por um período de 48 horas em formol a 10%, os blocos

    ósseos foram descalcificados em ácido nítrico a 5% por um período de 31 dias.

    As amostras foram seccionadas no sentido do longo eixo da cavidade formada

    pelo miniimplante, obtendo-se desta forma uma análise longitudinal do pescoço

    ao ápice do local correspondente ao miniimplante.

    Para cada amostra foram realizadas três lâminas, num total de 60

    lâminas. Desse total, foram selecionados apenas os cortes que exibiram

    ausência de artefatos e excelência de coloração. Posteriormente, a observação

    histológica na coloração Hematoxilina e Eosina foi realizada com auxílio de

    microscópio de luz, utilizando-se uma lente micrométrica para se verificar as

    variáveis a serem estudadas em relação ao tecido ósseo periimplantar.

    As lâminas foram observadas junto ao microscópio óptico (LEICA

    DMLB2®). Para tal, foram utilizados os aumentos microscópicos de 10x e 40x,

    visando o estudo do processo de reparo periimplantar através da análise

  • descritiva. Procedeu-se a aquisição das imagens para análise histológica

    através do microscópio óptico Leica (LEICA DMLB2®) e por uma câmera digital

    Canon® PowerShot A640, sendo as imagens processadas pelo programa

    Adobe Photoshop® CS.

    A análise histológica foi realizada através do estudo descritivo dos cortes

    histológicos, levando-se em consideração a presença ou ausência dos

    seguintes critérios morfológicos: Infiltrado inflamatório crônico; Necrose;

    Fibroplasia; Remodelagem; Hemorragia (TAKEDA, 1988; MORESCO, 1997;

    MELLO, 2006), onde foi instituído um protocolo baseado em um estudo quase

    experimental em que foram atribuídos valores específicos para os diferentes

    estágios de reparo ósseo nos diferentes grupos, Experimental e Controle.

    Estes valores foram definidos em ausente (0), pouco (+), médio (++) e muito

    (+++).

  • 5. RESULTADOS

  • 5. RESULTADOS

    A estabilidade dos miniimplantes foi testada no 42° dia após sua

    instalação e determinada pela ausência de mobilidade quando submetidos à

    forças laterais. Todos os 20 miniimplantes apresentaram-se estáveis, ou seja,

    não houve presença de mobilidade ou perda de nenhum miniimplante. Durante

    o período reparador, não houve infecção ou outra complicação a qual poderia

    interferir no estudo. Destaca-se que todos foram inseridos e removidos sem

    fraturas ou deformações nos miniimplantes.

    O aspecto clínico dos tecidos moles relacionados aos miniimplantes

    mostrou aumento de volume em tecido mole, provavelmente devido aos

    miniimplantes terem sido inseridos em régio limítrofe entre mucosa e gengiva

    inserida, percebendo-se o seu recobrimento por tecido mole. No entanto, não

    houve mobilidade dos dispositivos ou falhas que pudessem comprometer o

    estudo.

    Na avaliação clínica do parâmetro de intrusão dos dentes (P1),

    observou-se que os primeiros pré-molares submetidos à carga intrusiva de 200

    gramas intuíram uma média de 0,95 mm durante as seis semanas de aplicação

    de força. Por outro lado, os dentes que não receberam carga (Grupo Controle),

    não mostraram qualquer movimentação intrusiva (Quadro 1.)

  • Quadro 1. Configuração das amostras no Grupo Controle e Grupo

    Experimental e a quantidade de intrusão em milímetros no período de seis

    semanas.

    Amostras 0 semanas 6 semanas Sítio 1 17 mm 16 mm P1 SD 2 10 mm 9 mm P1 ID 3 controle controle P1 SE 4 controle controle P1 IE

    5 14 mm 12 mm P1 SD 6 7 mm 7 mm P1 ID 7 controle controle P1 SE 8 controle controle P1 IE

    9 10 mm 8.5 mm P1 SD

    10 6 mm 5 mm P1 ID 11 controle controle P1 SE 12 controle controle P1 IE

    13 10 mm 9 mm P1 SD 14 8,5 mm 8.5 mm P1 ID 15 controle controle P1 SE 16 controle controle P1 IE

    17 11 10 mm P1 SD 18 7,5 6.5 mm P1 ID 19 controle controle P1 SE 20 controle controle P1 IE

    Fonte: Dados da pesquisa (ULBRA, 2009)

    *P1SD – Primeiro pré – molar superior direito

    **P1ID – Primeiro pré – molar inferior direito

    ***P1SE – Primeiro pré – molar superior esquerdo

    ****P1IE – Primeiro pré – molar inferior esquerdo

  • Quadro 2. Quadro demonstrativo especificando os valores definidos do reparo

    ósseo ao Grupo Controle.

    Identificação 3 4 7 8 11 12 15 16 19 20

    Parâmetros

    ii 0 0 0 0 + 0 0 0 0 + 20%

    Necrose 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0%

    Fibroplasia 0 ++ 0 + ++ 0 + 0 0 ++ 50%

    Remodelagem + + + + + ++ +++ + +++ + 100%

    Hemorragia 0 0 0 0 + 0 0 0 0 ++ 20% Fonte: Dados da pesquisa (ULBRA, 2009)

    ii – infiltrado inflamatório crônico 0 – ausente + – pouco – grau 1 ++ – médio – grau 2 +++ – muito – grau 3

    Após o período de seis semanas, na análise histológica, não se pôde

    observar áreas compatíveis com necrose no grupo controle. Por outro lado,

    áreas de infiltrado inflamatório crônico, hemorragia, fibroplasia e remodelagem

    óssea foram fortemente sugestivas (Quadro 2).

    Dos dez casos estudados, pôde-se observar um baixo padrão de

    infiltrado inflamatório crônico em 20% das amostras.

    Relacionando-se a variável fibroplasia, 50% das amostras mostraram um

    padrão de fibroplasia periimplantar, sendo que, 30% mostraram um grau

    intermediário de fibroplasia e, 20% um baixo grau de fibroplasia.

    Das amostras relacionadas à remodelagem óssea, pôde-se observar

    que em todos os casos houve um padrão de remodelagem óssea, sendo que,

    70% apresentaram um baixo grau de remodelagem, 10% apresentaram um

    grau intermediário e, em 20% dos casos um alto grau de remodelação óssea.

    No que tange à hemorragia tecidual, 20% dos casos mostraram áreas de

    hemorragia, sendo que, um baixo grau de hemorragia pôde-se evidenciar em

    10% dos casos e, em 10% um grau intermediário.

  • Figura 7 - Imagem histológica do Grupo Controle em maxila (Colocaração H.E.

    - aumento aproximado de 10x)

  • Figura 8 - Imagem histológica do Grupo Controle em mandíbula (Colocaração

    H.E. - aumento aproximado de 10x)

    Quadro 3. Quadro demonstrativo especificando os valores definidos do reparo ósseo ao Grupo Experimental.

    Identificação 1 2 5 6 9 10 13 14 17 18 %

    Parâmetros

    Ii 0 0 0 0 0 ++ + + ++ ++ 50%

    Necrose 0 ++ 0 0 0 + + ++ 0 + 50%

    Fibroplasia + + + + ++ + ++ + ++ + 100%

    Remodelagem ++ +++ ++ +++ +++ ++ +++ +++ ++ +++ 100%

    Hemorragia 0 ++ 0 + 0 +++ ++ ++ + ++ 70%

    Fonte: Dados da pesquisa (ULBRA, 2009)

    ii – infiltrado inflamatório crônico

    0 – ausente + – pouco – grau 1 ++ – médio – grau 2 +++ – muito – grau 3

    Após o período de seis semanas, a análise histológica do Grupo

    Experimental mostrou áreas de infiltrado inflamatório crônico, necrose,

    fibroplasia, remodelagem e hemorragia (Quadro 3).

    Dos dez casos estudados, 50% das amostras mostraram um padrão de

    infiltrado inflamatório crônico, sendo que destas, 20% mostraram um baixo grau

    reacional e, 30% das amostras mostraram um grau intermediário de infiltrado

    inflamatório crônico.

    Dos padrões avaliados para necrose, 50% dos casos mostraram áreas

    de necrose, sendo que, 30% dos casos mostraram um baixo grau e, 20% um

    grau intermediário de necrose.

    A análise microscópica dos espécimes do Grupo Experimental mostrou

    através de secções histológicas uma remodelação óssea caracterizada por um

    tecido ósseo neoformado imaturo na superfície periimplantar, com áreas

    dispersas de tecido fibroso periimplantar, caracterizando a fibroplasia.

  • Todas as dez amostras apresentaram um determinado grau de

    fibroplasia periimplantar, onde, 70% das amostras apresentaram um baixo grau

    e, em 30% dos casos pôde-se observar um grau intermediário de fibroplasia.

    No que tange à remodelagem óssea, pôde-se observar que em todos os

    casos houve a presença de remodelagem óssea, sendo que, 40% das

    amostras apresentaram um grau intermediário de remodelagem e, um alto grau

    em 60% das amostras.

    Em 70% dos casos, houve a presença de hemorragia, sendo que, 20%

    apresentaram um baixo grau, 40% um grau intermediário e, 10% um alto grau

    de hemorragia.

  • Figura 9 - Imagem histológica do Grupo Experimental em maxila

    (Colocaração H.E. - aumento aproximado de 10x)

    Figura 10 - Imagem histológica do Grupo Experimental em mandíbula

  • (Colocaração H.E. - aumento aproximado de 10x)

    Figura 11 - Imagem histológica evidenciando congestão vascular ( ) e

    hemorragia ( ) (Colocaração H.E. - aumento de 40x).

  • Figura 12 - Imagem histológica evidenciando necrose coagulativa óssea

    (Colocaração H.E. - aumento de 40x)

    Figura 13 - Imagem histológica evidenciando remodelagem óssea pelos osteoblastos ( ) aderidos na matriz osteóide (Colocaração H.E. -

    aumento de 40x).

  • Figura 14 - Imagem histológica evidenciando fibroplasia ( ) (Colocaração H.E. - aumento de 40x)

    6. DISCUSSÃO

  • 6. DISCUSSÃO

    Neste estudo utilizamos o termo miniimplante, pois, segundo Mah e

    Bergstrand (2005), micro é definido com uma magnitude de 10-6, e, embora

    exista similaridade destes dispositivos aos parafusos, este termo poderia ter

    uma conotação negativa.

    Apesar de diversos autores mostrarem preocupação no que tange à

    resistência dos miniimplantes, não se evidenciou fraturas no atual estudo. Isto

    pode estar atribuído, provavelmente, à composição do material ser do tipo Ti-

    6AL-4V (SERRA et al., 2008), pois, segundo Squeff et al. (2008), esta liga

    proporciona uma maior resistência mecânica que o titânio comercialmente

    puro; à realização da fresagem inicial e ao diâmetro do miniimplante de 1,8

    mm como preconizado por Miyawaki et al., (2003), onde sugerem a utilização

    de dispositivos ortodônticos com um diâmetro de 1,5 a dois milímetros; além

    do controle do torque de inserção não excedendo um máximo de 15N, onde,

    segundo Motoyoshi et al. (2006), as altas perdas dos dispositivos de

    ancoragem ortodôntica ocorrem quando o torque de inserção excede 10N para

    miniimplantes com um diâmetro de 1,6 mm.

    A profundidade de inserção não foi maior que seis milímetros, pois,

    tornaria o estudo inviável devido à pequena espessura óssea apical aos

    primeiros pré-molares superiores e inferiores em cães, onde se observou uma

    espessura média de 6,4 mm. Miniimplantes de seis milímetros foram utilizados

    de acordo com Tseng et al. (2006) onde preconizam uma profundidade de

    inserção de pelo menos seis milímetros em maxila e, em mandíbula, devido à

    estrutura óssea ser mais compacta, um mínimo de cinco milímetros.

    Demonstrou-se que a capacidade de ancoragem dos miniimplantes

    sustentando uma força horizontal de 200 gramas aplicada imediatamente após

    a instalação dos dispositivos por um período de seis semanas possui um alto

    índice de sucesso (100%), concordando com diversos pesquisadores tal como

    Chen et al. (2009), onde relataram um índice de sucesso de 89,58% para o

    grupo que recebeu carga imediata de 200g por nove semanas e 75% para o

    grupo controle ou isento de carga; Zhao et al. (2009) onde relataram 100% de

    sucesso para miniimplantes de 1,6 mm carregados com forças de 98g durante

    oito semanas, e; Mortensen et al. (2009) que também observaram 100% de

  • sucesso em miniimplantes de seis milímetros de comprimento com carga

    imediata de 600g a 900g durante cinco semanas.

    A utilização de uma força de 200 gramas para a intrusão de primeiros

    pré-molares maxilar e mandibular em modelos animais cães (s.r.d.) conferiu

    uma estabilidade inicial e final com um valor médio de intrusão no Grupo

    Experimental de 0,95 milímetros num período de 42 dias, concordando com

    Carrillo et al. (2007), onde analisaram a capacidade intrusiva de dentes

    multirradiculares em modelos animais cães através de miniimplantes com

    carga imediata de 25 a 100g, obtendo excelente estabilidade ao final do

    experimento e concluindo que cargas imediatas e constantes são altamente

    estáveis para os dispositivos ortodônticos numa força de 25 a 100 gramas.

    Também concluíram que quantidades intrusivas de 1,2 a 3,3 mm em dentes

    multirradiculares podem ser obtidas aplicando-se forças de 50g a 200g por 98

    dias com ancoragens através de miniimplantes. Forças constantes diferindo em

    até 150g, não tem efeito significante na quantidade de intrusão observada, e,

    reabsorções radiculares não são clínica e radiograficamente significantes

    quando aplicadas forças de 50 a 200 gramas.

    Todos os dispositivos do Grupo Controle e Experimental mostraram

    estabilidade primária após a inserção e uma estabilidade secundária ao final do

    tratamento. Esta estabilidade pode estar relacionada ao sistema auto-

    perfurante dos miniimplantes, ao diâmetro da fresagem inicial e ao controle de

    irrigação, prevenindo uma necrose óssea pelo aquecimento da broca de

    fresagem. Segundo Szmukler-Moncler et al. (1998), Davis (2000), Park et al.

    (2003) e Huja et al. (2005), a estabilidade primária depende não somente do

    desenho do implante e da qualidade do osso disponível, mas também da

    relação entre o diâmetro da fresagem e o diâmetro do implante, especialmente

    quando o local de instalação é um osso esponjoso ou de baixa qualidade.

    Assim, para Serra et al. (2008), a estabilidade primária é fator fundamental para

    a manutenção do miniimplante, porém, não garante o sucesso.

    Sabendo-se que o reparo ósseo em torno dos miniimplantes depende de

    vários fatores que são difíceis de controlar “in vivo” como as

    micromovimentações, e, sabendo-se que estes micromovimentos ocorrem

    tanto em miniimplantes carregados imediatamente quanto isentos de cargas

    (MORAIS et al., 2007), estas considerações poderiam ser atribuídas às falhas

  • dos miniimplantes. Porém, no presente estudo, não houve insucessos ou

    perdas dos dispositivos, podendo estar relacionado à criteriosa técnica

    cirúrgica, à adequada estabilidade primária e à ausência de mobilidade, aos

    cuidados trans e pós-cirúrgicos e ao curto tempo de força aplicada aos

    dispositivos.

    A seleção do período de tempo do estudo foi baseada na fase de reparo

    ósseo em cães quando correlacionados com o reparo ósseo em humanos.

    Roberts et al. (1987) compararam a duração da fase remodeladora em coelhos,

    cães, e hu