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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO CORPOS EM FRONTEIRAS IDENTITÁRIAS: OS IMPLANTES COCLEARES INSTITUINDO E ENSINANDO “NOVAS” MANEIRAS DE SER OUVINTE MESTRANDA: HILTRUD ELERT ORIENTADORA: DRA. MARIA LÚCIA CASTAGNA WORTMANN CANOAS 2008

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

CORPOS EM FRONTEIRAS IDENTITÁRIAS: OS IMPLANTES COCLEARES INSTITUINDO E ENSINANDO “NOVAS” MANEIRAS DE

SER OUVINTE

MESTRANDA: HILTRUD ELERT

ORIENTADORA: DRA. MARIA LÚCIA CASTAGNA WORTMANN

CANOAS 2008

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

Corpos em fronteiras identitárias: os implantes coc leares instituindo e ensinando “novas” maneiras de ser ouv inte

Mestranda: Hiltrud Elert

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Luterana do Brasil para obtenção do título de MESTRE em Educação.

Orientadora: Dra. Maria Lúcia Castagna Wortmann

Canoas, outubro de 2008.

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

E39c Elert, Hiltrud. Corpos em fronteiras identitárias: os implantes cocleares

instituindo e ensinando “novas” maneiras de ser ouvinte / Hiltrud Elert.

– Canoas, 2008.

132 f. : il.

Dissertação (mestrado) – Universidade Luterana do Brasil, Programa de

Pós-Graduação em Educação, 2008.

Orientação: Dra. Maria Lúcia Castagna Wortmann.

1. Educação. 2. Educação especial. 3. Aprendizagem. 4.

Identidade social. 5. Surdo. 6. Implante coclear. I. Wortmann, Maria Lúcia

Castagna. II. Título.

CDU 376.33

(Bibliotecária responsável: Débora Jardim Jardim – CRB 10/1598)

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Agradeço... À professora Maria Lúcia Castagna Wortmann,

Pela orientação firme e competente; À banca avaliadora constituída pelas professoras

Adriana da Silva Thoma, Maura Corcini Lopes e Rosa Maria Hessel Silveira; À minha família pelo incentivo e compreensão,

Aos surdos, especialmente aqueles com quem convivo e que me ensinaram muito sobre suas vidas e cultura;

a todas as pessoas que de alguma forma colaboraram para a realização deste trabalho.

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Resumo

A presente dissertação discute relações de poder/saber entre normalidade e anormalidade ouvinte/surda, tendo como foco principal as narrativas que sujeitos implantados fazem de si, em páginas da Internet. Discute-se como nas narrativas acionam-se estratégias que configuram este dispositivo ou aparato tecnológico – o Implante coclear – como capaz de exercer efeitos normalizadores sobre os surdos. Além disso, buscou-se destacar como nessas narrativas de si, postadas na web, esses sujeitos se vão posicionando em uma nova condição, sendo essa direcionada à configuração de uma nova forma híbrida – eles se configuram como surdos implantados ouvintes. Tal empreendimento analítico foi constituído a partir de ferramentas extraídas do campo dos Estudos Culturais que assumem as perspectivas pós-estruturalistas, valendo-se o estudo de análises discursivas voltadas a indicar como práticas de ouvintização colocam em funcionamento diferenciadas estratégias de normalização para os sujeitos surdos, estando entre essas, especialmente, as relativas ao implante coclear. O estudo também indica a complexidade das discussões realizadas em torno deste artefato tecnológico e o grande interesse por ele despertado, incursionando, ainda em dois filmes/documentários que discutem o implante coclear. Nele também se busca indicar a complexidade das estratégias de aprendizagem implicadas no processo de ouvintização, desencadeado a partir do implante.

Palavras-chave: Surdez, Implante Coclear, Normalização, Estratégias de Aprendizagem,

Identidade.

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Abstract

The present work discuss relations of power/knowledge between hearing/deaf normality and abnormality, having as its main focus the narrative that implanted citizens do about themselves in websites. It is discussed how, in these narratives, strategies that characterize the cochlear implant as being capable to exert normalizing effects on deaf people appears. Besides, it was emphasized how, in these narratives of itself, posted in web, these citizens are positioning themselves in a new condition, directing to a new hybrid aspect – they configure themselves as deaf implanted listeners. This analytical attempt was constituted from tools extracted from the cultural studies field that assume the after-structural perspectives. The study has recourse on discursive analyses that are destined to indicate how the hearing practices apply different normalization strategies for the deaf citizens, including, specially, the ones related to the cochlear implant. The work also demonstrates the complexity of the discussions made around this technologic device and the huge interest aroused by it, leading to two films/documentaries that discuss the cochlear implant. It also tries to demonstrate the complexity of the learning strategies implicated at the hearing process that starts from the implant.

Key-words: Deafness, cochlear implant, normalization, learning strategies, identity.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Dispositivo acústico de concha natural 24

Figura 02 - Tubo de fala feminino 24

Figura 03 - Tubo de fala masculino 24

Figura 04 - Elipse ótica 25

Figura 05 - Tubos de fala projetados por Kircher – 1673 25

Figura 06 - Tubos de fala projetados por Kircher – 1673 25

Figura 07 - Capa do livro Phonurgia Nova 26

Figura 08 - Ilustração do livro Phonurgia Nova 26

Figura 09 - Princípio da amplificação sonora aplicado à arquitetura 26

Figura 10 - Princípio da amplificação sonora aplicado à arquitetura 26

Figura 11 - Capa do livro “O Homem-máquina” de La Mettrie 27

Figura 12 - Vaso receptor de fala – 1802 28

Figura 13 - Vaso receptor de fala em uso 28

Figura 14 -Trono de D. João VI, Rei de Portugal, com amplificadores acústicos 29

Figura 15 - Alunos surdos-mudos “escutando” música com o “dentaphone” 30

Figura 16 – Uso do Dentaphone 1880 30

Figura 17 - Artefatos de amplificação sonora do início do século XIX 31

Figura 18 - Artefatos de amplificação sonora do início do século XIX 31

Figura 19 - Artefatos de amplificação sonora elétricos da década de 1920 33

Figura 20 - Artefatos de amplificação sonora elétricos da década de 1920 33

Figura 21 - Moça com aparelho de caixinha, Era da válvula – 1940 34

Figura 22 - Menino com aparelhos de caixinha, Era da válvula – 1940 34

Figura 23 - Aparelho auditivo em forma de óculos – 1960 35

Figura 24 - Campanhas publicitárias com participação de artistas de Hollywood 36

Figura 25 – Miniaturização das próteses auditivas 36

Figura 26 - Comparação da tecnologia atual com uma moeda de Euros 38

Figura 27 - Componentes externos e internos do implante coclear 43

Figura 28 - Visualização da unidade externa do IC 47

Figura 29 - Capa do livro de Juan Pablo Bonet 52

Figura 30 - Ilustração do alfabeto digital 52

Figura 31 - Reprodução da capa do Livro de L´Pée 54

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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO - HISTÓRIAS TRAMADAS PARA A DEFINIÇÃO DESTE ESTUDO 09 1 A QUESTÃO DO IMPLANTE COCLEAR - UMA AÇÃO DE CIBO RGUIZAÇÃO DOS CORPOS? 14 2 UMA INCURSÃO A MOVIMENTOS QUE ATUARAM NA CONSTIT UIÇÃO / PRODUÇÃO DOS SUJEITOS SURDOS 22 2.1 Um recuo no tempo e algumas problematizações so bre as tentativas de normalização dos surdos 23 2.2 Os implantes cocleares – considerações e reflex ões 41 2.2.1 Alguns critérios de seleção para a realização do implante coclear 44 2.3 Apontando caminhos trilhados na educação de sur dos 50 2.4 Notas sobre a educação de surdos no Brasil 57 3 EM BUSCA DE REFERENCIAIS PARA DISCUTIR A SURDEZ 63 3.1 Uma visão da surdez a partir dos Estudos Surdos 63 3.2 Estudos Surdos e Estudos Culturais: revisando a s possibilidades de associação entre esses campos 65 4 DELINEANDO OS PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS 69 4.1. As polêmicas que cercam os implantes cocleares : os filmes / documentários “Som e Fúria” e “Som e Fúria seis ano s mais tarde” 75 4.1.1 Um breve relato do filme/documentário “Som e Fúria” 76 4.1.2 Um breve relato do filme/documentário “Som e Fúria: seis anos mais Tarde” 79 4.2 O blog da Princesitta 82 4.3 O blog do Luiz Filipe 94 4.4 O Fórum de Implante Coclear – FIC 102 5 ENCAMINHANDO A FINALIZAÇÃO – O PAPEL PEDAGÓGICO D OS BLOGS E DO FÓRUM 111 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 124 ANEXOS 133

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APRESENTAÇÃO

Histórias tramadas para a definição deste estudo

Ao iniciar a apresentação desta dissertação, gostaria de destacar que estou

cada vez mais convencida que a problemática e o objeto de estudo que nos

propomos a examinar não são escolhidos por acaso, pois nossas histórias pessoais

e profissionais têm fortes implicações nas opções que fazemos.

Importa, por isso, dizer que este estudo teve a sua motivação em um

percurso que se iniciou no ano de 2004, a partir de um curso de formação de

“Professores para Surdos” na área da educação, no viés dos Estudos Culturais, que

realizei na Escola Técnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.

Nessa formação especializada, abandonava-se a visão do surdo enquanto sujeito

deficiente para se proclamar a sua pertença a uma comunidade lingüística e cultural.

Para mim, esse foi o ponto de partida para a emergência de um novo olhar

sobre o “outro” surdo com quem eu convivia cotidianamente em minha ação

profissional. Além disso, paralelamente a essa minha experiência acadêmica, meu

percurso profissional inclui a graduação no curso de Fonoaudiologia e a participação

como professora e diretora de uma escola para surdos em Porto Alegre, RS.

Gostaria de destacar, ainda, que meu trabalho com os alunos surdos vinha

transcorrendo, digamos, de modo tranqüilo, até o momento em que ingressaram na

escola onde trabalho, no ano de 2001, dois alunos com implante coclear, alternativa

surgida com maior ênfase a partir dos anos noventa, situação que suscitou uma

série de questionamentos aos grupos de surdos bem como àqueles que se têm

envolvido com discussões relativas à surdez.

Paralelamente, estava sendo veiculado na mídia televisiva o

filme/documentário “Som e Fúria”, produzido nos Estados Unidos da América do

Norte, no ano de 2000. Neste filme/documentário, que apresento com mais detalhes

no capítulo 4 dessa dissertação, dois irmãos, após protagonizarem acaloradas

discussões sobre o tema implante coclear, que envolveram a discussão da surdez

como uma diferença cultural e não como deficiência, bem como acerca do direito da

pessoa surda à língua de sinais e à cultura surda, assumem posturas opostas frente

ao implante. Cabe registrar que esse documentário produziu estranhamentos,

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desconfortos e muitas discussões na comunidade escolar surda (e alguns

professores ouvintes fluentes em Libras) na qual eu estou inserida, bem como na

comunidade surda mais ampla. De qualquer forma, esta foi mais uma das situações

que marcaram a presença desta nova tecnologia e que a configuraram como

problemática sob variados pontos de vista, alguns dos quais estarei indicando nesta

dissertação, sendo esse um dos motivos que, inclusive, me levaram a considerar

esse filme/documentário como uma espécie de “pano de fundo” para as

considerações que apresento.

Cabe registrar, também, que, em torno da surdez, se constituiu um campo

de conhecimento e de práticas de significação que têm mobilizado ativamente as

comunidades surdas, bem como os estudiosos desse campo, no qual a questão da

produção cultural da surdez emerge como um dos temas centrais.

Skliar (1997) pondera que o surdo é mais do que simplesmente um sujeito

que não pode ouvir. Para o autor, a surdez é definida e respeitada como uma marca

constituidora de uma cultura específica, e não a marca de uma deficiência. Os

surdos formam uma comunidade cuja participação se define pelo uso comum da

língua de sinais, pelo sentimento de identidade grupal, pela identificação como

surdos e pelo seu reconhecimento como diferentes e como sujeitos dotados de

hábitos e modos de socialização próprios.

A língua de sinais, tal como foi indicado por Karnopp (1999), é oficialmente

a língua dos surdos, de acordo com a primeira resolução da Federação Mundial do

Surdo (WFD), publicada em julho de 1987. É possível dizer que tal decisão objetiva

anular a idéia de uma deficiência lingüística e permitir que os surdos passem a ser

considerados como integrantes de uma comunidade lingüística diferente e não mais

definidos como sujeitos desviados da normalidade.

Seguindo esta orientação, Lopes (2007) também propõe que se lance um

novo olhar sobre a surdez; não o da deficiência, mas o da diferença cultural, bem

como que essa seja vista não como materialidade inscrita em um corpo, mas como

decorrente da construção de um olhar sobre aquele que não ouve.

Posso dizer que meu interesse específico no estudo da temática que

apresento nesta dissertação surgiu a partir da articulação que fui procedendo de

várias reflexões com as quais fui interagindo especialmente a partir de meu ingresso

no curso de mestrado em educação na ULBRA. Entre essas, destaco as conduzidas

por Skliar (1997,1998), Karnopp (1999), Lopes (2007), Thoma (2006), entre outros,

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que foram me levando a atentar mais detidamente para as tensões culturais e

identitárias que emergem dos diferentes discursos que, atualmente, constroem e

ressignificam a posição do sujeito surdo em relação a uma série de questões,

estando entre essas a discussão suscitada pela possibilidade do implante coclear e

de outras tecnologias que buscam, mais uma vez, segundo Lopes (2007), através da

ciborguização do corpo, alcançar uma condição de “normalidade” para os surdos.

Para a construção deste trabalho, me vali de conceitos que permitiram uma

aproximação com o campo dos Estudos Culturais, uma vez que esse campo presta-

se a problematizar, por exemplo, as transformações processadas na concepção da

cultura, bem como nos permite lidar com as produtivas noções de território híbrido e

de zona de fronteira que têm sido discutidas por autores tais como Canclini (2006),

Hall (1997, 2005), Bhabha (2005), entre outros.

Aliás, ao referir-se à diversidade cultural, Bhabha (ibid) adverte para o risco

de lidarmos com tal conceito de forma temporal e relativista, o que tem justificado,

por exemplo, o acatamento de noções tal como a de multiculturalismo, que admite a

existência de diferentes culturas e a possibilidade de aceitação da diferença sem, no

entanto, atuar na reversão da inferiorização dos grupos considerados diferentes.

Como diz esse mesmo autor (ibid), “nenhuma cultura é jamais unitária em si mesma,

nem simplesmente dualista na relação do Eu com o Outro. Não é devido a alguma

panacéia humanista que, acima das culturas individuais, todos pertencemos à

cultura da humanidade” (Bhabha, 2005, p.65).

Nessa direção, considerar a perspectiva dos Estudos Culturais propicia uma

aproximação com os Estudos Surdos, campo que, conforme Skliar (1998a)

descreve,

Abarcam pesquisas sobre as identidades, as línguas, os projetos educacionais, as histórias, as artes, as comunidades e culturas surdas, focalizados e entendidos a partir de um posicionamento político que luta por uma nova “territorialidade”: um espaço constituído pelas problematizações sobre a normalidade, pelos embates com as assimetrias de poder e saber, pelas diferenças construídas histórica e socialmente (p.29).

O terreno investigativo dos Estudos Culturais trabalha num viés marcado

pela constante inquietude, tendo muitos dos estudos conduzidos mais recentemente

nesse campo, como base, o movimento intelectual pós-moderno. Nessas correntes

de pensamento, muito mais do que naquelas que assumem a teorização crítica,

busca-se assumir uma posição que Veiga-Neto (1996) chama de hipercrítica.

Segundo esse autor, ao dispensar as metanarrativas gestadas na modernidade, as

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quais configuraram e explicaram o mundo para tantos, e ao assumir o caráter

produtivo do discurso sobre a constituição da realidade, a crítica pós-estruturalista

colocou tudo “sob suspeita”, submetendo até a si mesma ao constante escrutínio

daquilo que se diz e pensa; e é assim que a perspectiva hipercrítica amplia e

radicaliza a ação política. Assumi-la implica conseqüências epistemológicas e

pedagógicas importantes, que podem contribuir para o alcance de novos e

diferenciados entendimentos acerca de nossos saberes e fazeres, sem o que será

mais difícil, senão impossível, alterá-las no sentido de torná-las mais justas e

produtivas (ibid, p. 161).

Muitas têm sido as discussões conduzidas sobre a questão da surdez e dos

surdos: algumas procurando um horizonte epistemológico na definição da surdez,

outras passando a reconhecer a surdez como uma questão de diferença política,

como um território de representações diversas que se relacionam, mas que não se

referem necessariamente aos discursos da deficiência; outras, ainda defendendo a

tradicional perspectiva médico-terapêutica, que define a surdez unicamente a partir

do déficit auditivo. Neste último modelo, tal como define Skliar (1998), o surdo é visto

e representado como um sujeito necessário da atenção médica, numa versão que

amplifica e exagera os mecanismos da pedagogia corretiva, instaurada nas

primeiras décadas do século XX e que ainda são vigentes até os nossos dias.

Como aponta Lunardi (2001), as práticas em relação à surdez, a partir do

olhar clínico-terapêutico, envolvem a busca incessante para fazer os surdos falar; ou

seja, a centralidade da oralização é o marco principal da definição de políticas

pedagógicas para a educação desses sujeitos. Entre as práticas que demarcam tal

centralidade, a autora cita a proibição do uso da língua de sinais, língua essa que se

instituiu como a principal constituidora de identidades e de comunidades surdas; o

isolamento comunitário entre crianças e adultos surdos, visando à supressão de um

“modelo” de adulto surdo, o que também inclui o afastamento de professores surdos

das salas de aula para evitar a experiência vicária; e, ainda, as práticas de

colonização e controle de seus corpos e mentes, através do uso de próteses

auditivas e, mais recentemente, da experiência biônica dos implantes cocleares.

Silveira (2004) coloca que, a partir da definição do surdo como um

“deficiente”, o caminho para sua humanização, reabilitação e normalização passa

necessariamente pela maximização de seus restos auditivos, pelo treino da leitura

labial e pela sua oralização. E é neste contexto que se abre a janela para o emprego

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das aceleradas inovações tecnológicas que acenam para as menores e melhores

próteses auditivas e para os implantes cocleares como dispositivos normalizadores

do sujeito surdo. Então, foi a partir da discussão deste paradigma da normalização,

constantemente retomado e recolocado ao longo da história das práticas já

assumidas em relação à surdez, que fiquei mobilizada para a realização desta

dissertação, especialmente ao tomar conhecimento de algumas narrativas que

surdos implantados fazem de si, bem como de certos depoimentos de especialistas,

ou mesmo de produtores de tais artefatos, que tomam esta prática como uma

possibilidade (e talvez até como a melhor possibilidade) de conferir a audição aos

sujeitos surdos. Enfim, mobilizei-me na direção de examinar, neste estudo, como os

implantes cocleares têm sido configurados como uma possibilidade de “cura” para os

surdos e para discutir como alguns desses sujeitos assumem uma “nova” identidade

surda – a de surdos implantados - a partir da sua decisão de se tornarem ouvintes.

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1 A QUESTÃO DO IMPLANTE COCLEAR – UMA AÇÃO DE CIBO RGUIZAÇÃO DOS CORPOS?

“Seremos todos ciborgues!” Isso é o que profetiza o título da entrevista

realizada com o cientista americano Raymond Kurzweil, publicada na revista Veja na

sua edição de 15 de novembro de 2006. Entre as muitas especulações feitas por

Kurzweil, é importante destacar a que diz respeito ao desenvolvimento de

“nanobots”, robôs do tamanho de uma célula de sangue, que poderiam chegar ao

cérebro pelas veias e interagir com nossos neurônios biológicos, tornando-nos mais

inteligentes, melhorando nosso bem-estar físico ou aumentando a nossa

longevidade. A integração entre aparatos tecnológicos e o organismo deverá atingir

tal intensidade, afirma o pesquisador, que “não vamos poder entrar em uma sala e

separar, de um lado, computadores e, de outro, seres humanos. Será tudo

misturado” (Kurzweil, 2006, p. 15).

Virgílio Fernandes Almeida, em artigo publicado na Folha de São Paulo em

18 de julho de 2004, sob o título “O futuro biônico de todos nós”, indica que,

recentemente, a tecnologia dos biônicos deu mais um salto, com o início de

conexões diretas de sistemas orgânicos e componentes artificiais em nível do

sistema neural. São os casos das técnicas de estímulo ao nervo vago para

tratamento de epilepsia e mal de Parkinson e dos chamados ouvidos digitais, para a

cura da surdez. Em ambas as técnicas, sinais gerados por dispositivos eletrônicos e

microprocessadores, implantados no corpo humano, são transmitidos a

componentes do sistema cerebral (Almeida, 2004).

Não faz muito tempo, cientistas estadunidenses decifraram o código

genético, possibilitando ao homem criar a si mesmo, dando corpo a um dos mais

antigos sonhos inscritos na ciência (Novaes, 2003). O autor ainda levanta questões

que se processariam no nível do pensamento, pois as novas descobertas científicas

estariam apontando para uma desordem mental, colocando o próprio conceito de

subjetividade em questão.

Diz o autor:

“[...] além do formidável avanço da medicina, estas e outras criações trazem em si problemas relativos à ordem do pensamento, da ética, da política e de fenômenos culturais jamais pensados: dogmas, filosofias, maneiras de explicar o homem e o mundo são postos em questão” (Novaes, 2003, p. 7).

A revista Superinteressante, por sua vez, aborda, na edição de fevereiro de

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2007, alguns avanços na área da biônica, no entanto, sob uma legenda bem mais

sóbria: “ciborgue: braços, ouvidos e olhos biônicos são uma realidade, mas estão

longe dos originais”. Partindo de uma analogia com o filme Robocop, o texto afirma

que “agora, 20 anos depois do filme, essa história começa a sair da ficção para

valer”. Graças à tecnologia, já existem pessoas com braços 100% biônicos, capazes

de controlar seus membros robóticos com o pensamento. A mão eletrônica,

idealizada pelo projeto Cyberhand, que reúne pesquisadores europeus, foi outra

novidade anunciada no ano de 2007. Segundo esta mesma reportagem, ela seria o

primeiro implante biônico com sensores de tato. No entanto, para o autor, os

resultados ainda estão longe dos seus pares originais e para deixá-los mais

próximos da perfeição, pesquisadores de diversos países testam novas tecnologias

para melhorar a “conversa dos implantes biônicos com o cérebro humano” (Minami,

2007, p.27).

Como se pode observar, as complexas relações entre corpo e mente, as

imbricações entre humanos e tecnologia, as novas possibilidades de manipulação

dos corpos, as associações entre ficção e realidade ensejam um novo corpo, um

novo conceito de humano, problematizado, principalmente, pela figura do ciborgue,

que poderia ser considerado como um produto das misturas entre corpos biológicos

e artefatos mecânicos, membros naturais e componentes artificiais. Pois, de acordo

com a concepção que Haraway (2000) aponta, “ciborgue é um organismo

cibernético, um híbrido de máquina e organismo, uma criatura de realidade social e

também uma criatura de ficção” (ibid, p. 40). Já as definições mais recentes de

ciborgues incluem todo tipo de intervenção tecnocientífica. Gray (1995) vai mais

além. Para essa autora, qualquer pessoa com um órgão, membro ou suplemento

artificial, como um marca-passo, por exemplo, qualquer um reprogramado para

resistir a doenças, seja através de imunizações, ou através do emprego da

psicofarmacologia para pensar, comportar-se, sentir-se melhor, é tecnicamente um

ciborgue.

Mas o que importa destacar em todas essas discussões é que o imaginário

ciborgue modificou os horizontes daquilo que um corpo pode ser e que esse aponta

para o artificial como o estaleiro em que se modifica e se constrói o corpo. Pode-se

dizer até que o conceito de ciborgue não problematiza apenas o hibridismo de carne

e metal, mas, também, as complexas questões fronteiriças sobre onde termina o

humano e começa a tecnologia. Ou seja, esse conceito problematiza o modo como

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os sujeitos passam a ver os limites de seu corpo, ao ampliar as possibilidades seja

de retardar o envelhecimento, seja de alterar a própria aparência, pelo refinamento

de detalhes, pelo acréscimo ou redução de formas, entre outros procedimentos que

incluem, ainda, a possibilidade da adaptação de órgãos para andar, ver, ouvir etc.

Nessa direção, é possível pensar a associação que passa a ser procedida

entre o que usualmente se configurava como a identidade da pessoa e os artefatos

que ela passa a portar ou usar. Segundo alguns autores, tais como Woodward

(2005), a identidade é delimitada por meio de pequenos símbolos; já para Haraway

(2000), nossos corpos são nossos Eus, os corpos são mapas de poder e identidade.

No entanto, para as duas autoras, o corpo pode ser compreendido como um dos

locais envolvidos no estabelecimento das fronteiras que definem quem nós somos,

servindo de fundamento para a configuração da identidade.

Partindo, então, deste contexto, que pode ser caracterizado pelas

hibridações processadas entre artefatos tecnológicos e os humanos, bem como

entre o uso de tecnologias e as inscrições que essas marcam nos corpos, tentei

situar a questão dos implantes cocleares como um dos muitos processos que

instituem sujeitos híbridos. Considerei o implante coclear como um artefato que, de

um lado, tem se legitimado pelos avanços tecnológicos e inovações científicas e

que, por outro lado, tem sido questionado por aqueles que defendem que os surdos

e a surdez precisam ser olhados a partir de sua diferença cultural, condição essa

que tem no uso da Língua de Sinais uma de suas pilastras de sustentação. Além

disso, os questionamentos feitos frente a esses implantes também decorrem dos

muitos problemas que a aprendizagem do uso deste artefato tecnológico tem trazido

aos sujeitos que passaram a se valer desta nova e altamente especializada

tecnologia, aspectos esses que podem ser observados com bastante clareza nas

narrativas que analisei nesta dissertação.

Ressalto que o recurso da cirurgia para o implante coclear, ou simplesmente

IC, tem sido caracterizado por sujeitos nele interessados, estando entre esses, tanto

os fabricantes deste aparelho, quanto os especialistas na realização destes

implantes e, também, e especialmente, os sujeitos que se utilizam ou pretendem se

valer desta tecnologia, como um dos melhores recursos atualmente disponíveis para

a finalidade de tornar os surdos aptos a ouvir.

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No excerto abaixo, transcrevo a descrição que o médico Ricardo Bento1 fez

do IC, em entrevista para a revista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia.

O médico declara que:

O Implante Coclear é um equipamento eletrônico computadorizado que substitui totalmente o ouvido de pessoas que tem surdez total ou quase total. Assim o implante é que estimula diretamente o nervo auditivo através de pequenos eletrodos que são colocados dentro da cóclea e o nervo leva estes sinais para o cérebro. Pode-se dizer que este é um aparelho muito sofisticado e que foi uma das maiores conquistas da engenharia ligada à medicina. O implante coclear constitui-se em uma possibilidade real e hoje mais de 100.000 pessoas no mundo já o estão usando (em 21/11/2006).

Contudo, como já indiquei, esta é uma prática que vem sendo bastante

questionada por integrantes da comunidade surda, questionamento esse que tem

causado muitos estranhamentos entre aqueles que não acompanham com maior

atenção as lutas e as reivindicações dessa mesma comunidade.

Silva (1997) defende que os surdos não sejam abordados a partir do

modelo da deficiência, ou seja, o autor considera que não seria adequado, ao tratar-

se de problemáticas que afetam esses sujeitos, deter-se em questões de

reabilitação, mesmo que essas envolvam o uso de tecnologias, pois estas questões

geralmente aparecem presas àquilo que lhes “falta”, ao “canal perdido”, em função

do qual tudo o mais que os caracteriza e individualiza quase desaparece. Nesta

forma de abordagem, não se trata, no entanto, de desprezar a técnica e as

tecnologias, mas de alertar para o fato de que elas, na maioria das vezes, estão a

serviço de uma negação das identidades surdas, além de serem marcadas por um

forte desejo de levar os sujeitos à “cura”.

Volto, novamente, a focalizar o conceito de identidade, valendo-me agora da

discussão feita por Hall (2005), que dá destaque à dimensão múltipla da identidade;

ou seja, esse autor argumenta acerca da existência de identidades plurais, que se

transformam e que, portanto, não se fixam ou se tornam estáticas ou permanentes.

Como o autor (ibid) destacou, o sujeito, previamente entendido como tendo uma

identidade unificada e estável, passa a ser visto, na pós-modernidade, como dotado

de identidades fragmentadas, assumindo não uma única, mas várias identidades,

algumas vezes simultâneas e até contraditórias ou não-resolvidas. O mesmo autor

(ibid) considera estarem as identidades em construção e em movimento e atuando na

1Professor Titular da Disciplina de ORL da USP. Disponível em http://www.aborlccf.org.br, acesso em 07/09/2007.

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subjetivação dos sujeitos, posicionando-os diferenciadamente a partir de discursos

postos em circulação nas produções da cultura. A identidade torna-se, nessa

perspectiva, uma "celebração móvel": formada e transformada continuamente em

relação às formas pelas quais são representados ou interpelados os sujeitos nos

sistemas culturais que os rodeiam.

Cabe registrar, no entanto, que esse processo de identificação não é

automático, ou seja, que as identidades não podem ser ganhas ou perdidas, uma vez

que essas mudam de acordo com a forma como o sujeito é interpelado ou

representado. E esse processo é, às vezes, descrito como constituindo uma mudança

de uma política de identidade (de classe) para uma política de diferença (ibid, p. 21),

na qual o processo de ganho e perda pretende-se que seja dialético, numa troca

entre o sujeito e o outro, mas também numa troca entre sua identidade até aquele

momento configurada e sua identidade a partir desse novo confronto.

Enfim, como destacou Hall (ibid), o sujeito assume identidades diferentes em

diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um "eu"

coerente e que são até contraditórias, empurrando-o em diferentes direções, de tal

modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas na medida

em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam. Em

decorrência disso, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e

cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos

identificar - ao menos temporariamente.

Faço tais considerações para destacar que os significados sobre a surdez e

sobre os surdos, tal como os demais significados, se produzem nas dinâmicas

sociais, nas quais estão implicadas práticas discursivas e não discursivas que nelas

se gestam e se confrontam. Como considerou Skliar (1997), os grupos surdos se

constituem e produzem suas especificidades a partir de processos de diferenciação,

sendo impossível dissociar aquilo que eles são daquilo que não são. Então, é

possível considerar que uma das decorrências dos processos que circundam o IC

envolve a produção de novas identidades surdas – a de implantados ouvintes -,

sendo que esses sujeitos passam a envolver-se com novas práticas, novas

aprendizagens, novos grupos, com a criação de novas necessidades, enfim, até com

novas formas de conceber a audição (ou a surdez) diferenciando-se, nesse

processo, tanto dos demais grupos de surdos (sinalizados, oralizados ou não),

quanto dos ouvintes.

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Como Woodward (2005) destacou, a diferença é marcada tanto por

sistemas simbólicos de representação, quanto por meio de formas de exclusão

social, sendo essas implicadas nos ordenamentos e classificações procedidas nas

relações sociais nas quais se organizam sempre, pelo menos, dois grupos opostos:

eu/eles ou eu/outro.

Como a autora (ibid) indicou, a identidade é marcada por meio de símbolos

e, no caso aqui considerado, a diferença entre surdos com e sem implante coclear

seria mais um modo de delimitar traços diferenciados para as identidades surdas.

Tomo também considerações feitas por Silva (2005), ao falar do papel da diferença

como delimitação da identidade, pois essas contêm uma reflexão importante para a

análise que conduzi neste estudo. Destaca o autor (ibid):

Dizer, por sua vez, que identidade e diferença são o resultado de atos de criações lingüísticas significa dizer que elas são criadas por meio de atos de linguagem. Isto parece uma obviedade. Mas como tendemos a tomá-las como dadas como “fatos da vida”, com freqüência esquecemos que a identidade e a diferença têm que ser nomeadas. É apenas por meio de atos de fala que instituímos a identidade e a diferença como tais (p. 76).

Como estarei me ocupando preferencialmente de autonarrativas feitas por

surdos implantados na internet, cabe então indicar que estive especialmente atenta

a como esses sujeitos implantados, cujos blogs e fórum selecionei para integrarem

meu estudo, posicionam-se em relação à sua condição de surdos, bem como ao

modo como eles falam acerca das particularidades que se atribuem ou que passam

a se atribuir em sua condição de implantados.

Seguindo a argumentação de Silva (ibid) é necessário questionar os

conceitos enquanto verdades absolutas para que seja possível a construção de

outros conceitos, outras interpretações e outras identidades, de modo que a criação

de novas formas através das quais podemos passar a nos interpretar e a interpretar

os outros não se tornem estagnadas. Considero relevante lembrar que também as

representações possuem um caráter transitório, sendo, portanto, necessário atentar,

quando na busca de lidar com os significados sobre cuja produção essas atuam,

para a consideração de que essas são produções sociais tais como as identidades e

as diferenças corporais, mesmo que, muitas vezes, em concepções não

construcionistas, essas sejam tomadas como imanentes.

Como tenho percebido em minha inserção em uma escola especial para

surdos, é insuficiente considerar a existência de dois tipos marcadamente distintos

de sujeitos diferentes em relação à surdez; no caso, o do surdo configurado como

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deficiente auditivo, a partir da educação especial ligada a um tipo de saber

constituído por regimes de verdade acoplados à medicina, e o do surdo configurado,

a partir das comunidades surdas, como um sujeito que compartilha formas de sentir,

de ser e de viver a experiência de ser surdo. Passei a entender, ao longo de meu

estudo, que ambos são sujeitos instituídos no atravessamento de diferentes práticas

discursivas, ou seja, que tais sujeitos são produzidos por determinados e

diferenciados discursos.

Com várias incertezas, diferentes atravessamentos, e até com certo

desconforto, considerei estar a problemática de meu estudo ligada ao modo como os

chamados avanços tecnológicos e, em especial, os muitos artefatos voltados a fazer

os surdos ouvirem, entre os quais uns dos mais recentes são os eletrodos utilizados

nos implantes cocleares, instituem novos modos de viver a surdez. Tais eletrodos

parecem-me atuar mais fortemente do que qualquer outro artefato até então

proposto, sobre os corpos surdos, até por penetrar mais intimamente em seus

corpos, mas, também, além disso, por alterarem as práticas de comunicação e as

próprias problemáticas com as quais esses sujeitos passam a se envolver. Disso

decorreria, como estou argumentando neste estudo, a constituição de novas

identidades surdas. Como busquei indicar, os sujeitos implantados não apenas

convivem com novas problemáticas em relação ao modo como se comunicam, mas

a sua própria presença produziu muitos deslocamentos e atravessamentos nas

culturas/comunidades surdas, que afetaram tanto aqueles que passaram a se valer

do IC quanto os que optaram por não o utilizar.

Portanto, nesse estudo, meu objetivo foi atentar mais para esses corpos

implantados, que podem ser vistos como enquadrados na categoria metafórica que

Haraway (2000) qualificou como ciborgues, tendo em vista o entendimento da autora

de que esses se situam em fronteiras identitárias decorrentes do amálgama

procedido entre organismos e artefatos tecnológicos, aspecto que os constitui, de

certa forma, como criaturas da realidade social, mas, também, da ficção, que

habitam mundos ambiguamente naturais e construídos. Ou seja, busquei indicar

como decorrem dessa tecnologia novas formas de se posicionar como sujeitos

surdos, tendo atentado, para tanto, especialmente, para como alguns desses

sujeitos implantados passam a narrar-se. Enfim, minha intenção neste estudo foi

localizar algumas das muitas problemáticas que podem ser associadas aos

implantes cocleares.

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Passo, a seguir, a apresentar algumas considerações delineadas na

articulação de ferramentas analíticas e empíricas que considerei neste estudo.

Para dar conta de tal pretensão, realizei, no primeiro capítulo, como ponto

de partida para esta dissertação, uma breve síntese do surgimento de alguns

sujeitos ciborgues em relação à surdez, tal como vem ocorrendo em relação a outros

aspectos que envolvem a saúde e a estética, situação essa que está, muitas vezes,

associada à constante disponibilização de novos artefatos pela ciência e pela

tecnologia.

No segundo capítulo, faço um recuo no tempo para buscar dados a respeito

das muitas tentativas de normalizar os surdos, ou seja, de fazer com que eles

passassem a ouvir. Também apresento uma incursão a trajetórias e movimentos

ligados à constituição dos surdos como sujeitos diferentes, bem como focalizarei

aspectos relativos à surdez e à educação de surdos no Brasil e no mundo.

No terceiro capítulo, trago conceitos importantes sobre a surdez a partir dos

Estudos Culturais e dos Estudos Surdos, os quais se estendem em diferentes

campos teóricos, constituindo-se em pesquisas investigativas que tendem a acolher

os aspectos culturais e políticos referentes aos surdos.

No quarto capítulo, apresento os materiais que escolhi para análise. Os

blogs e o fórum, utilizados pelos surdos implantados como meios para falar de si,

relatar suas vivências, expectativas e frustrações em relação ao implante, bem como

para discutir as possibilidades de “cura” e o lugar em que se situam neste novo

território normalizador.

No quinto capítulo, trato de alguns temas que foram importantes para esta

dissertação, tais como surdez, cultura surda, língua de sinais, normalidade ouvinte,

implante coclear, focalizando a discussão desses temas nas páginas dos blogs e do

fórum de debates. Ao fazer tais análises, busquei colocar em evidência como esses

ciberespaços são utilizados (ou se prestam) para ensinar aos seus leitores e

interlocutores sobre esses temas, ao mesmo tempo em que se aproximam ou se

afastam de determinados discursos e representações acerca da surdez. Também

apresento algumas considerações para finalizar, mas não para concluir este estudo,

apontando para como os surdos implantados, que expõem essa condição em blogs

e no fórum, constroem as suas identidades, ainda calcadas em um modelo

hegemônico de identidade, ditado por uma narrativa linear sobre a surdez (ou sobre

o modelo clínico terapêutico da surdez).

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2 UMA INCURSÃO AOS MOVIMENTOS QUE ATUARAM NA CONSTI TUIÇÃO / PRODUÇÃO DOS SUJEITOS SURDOS

Como já indiquei no Cap. 1, é possível pensar-se no surgimento de alguns

sujeitos ciborgues em relação à surdez, tal como vem ocorrendo em relação a outros

aspectos que envolvem a saúde e a estética, situação essa que está, muitas vezes,

associada à constante disponibilização de novos artefatos pela ciência e pela

tecnologia. É possível dizer que a ciência, no desejo de produzir conhecimentos

capazes de explicar o desconhecido, mapeou e inventou a surdez através da

introdução de uma série de práticas entre as quais estão as da classificação das

perdas auditivas em graus, tipos e níveis, bem como através de cálculos de

probabilidades de sua ocorrência, a partir da investigação de fatores hereditários ou,

em alguns casos, do levantamento de caracteres ambientais adquiridos. Como referiu

Lopes (2003), cada tempo faz suas construções e essas são determinadas, entre

outros aspectos, pelos recursos tecnológicos e pelos avanços científicos que estão

disponibilizados.

Muitas narrativas importantes já foram organizadas acerca da história da

surdez e dos surdos, estando entre essas, por exemplo, as feitas por Lane (1992),

Skliar (1997b), Soares (1999), Lulkin (2000), entre outros; portanto, destaco não ser

minha intenção fazer mais uma versão sobre a história do surdo ou sobre as

propostas valorizadas para a sua educação, ou sobre outros aspectos que podem ser

associados às posições que esses têm assumido nas sociedades contemporâneas.

Pretendo, neste capítulo, dirigir um olhar mais geral a esses aspectos, apresentando

algumas reflexões sobre as diferentes práticas de normalização deste grupo de

sujeitos que encontraram no uso da tecnologia um de seus mais poderosos aliados.

Faço registros, alguns até curiosos, sobre alguns dos materiais produzidos

para buscar indicar como a surdez e as tentativas de “normalizar” os surdos foram

sendo produzidas para além da sua materialidade em uma trajetória que inclui

representações2, práticas e uma multiplicidade de discursos.

2 Tomo o termo representações a partir da perspectiva dos Estudos Culturais, onde elas não são vistas como espelhando uma realidade verdadeira, ou seja, como algo “real”, mas sim como construídas discursivamente, a partir de uma rede de significados, instituídos através das linguagens. Segundo Hall (1997) é por meio das representações que atribuímos determinados significados aos sujeitos, objetos e eventos, ou seja, que lhes damos significados através do modo como os representamos: “as palavras que usamos, as histórias que contamos acerca das coisas, as imagens que produzimos, as emoções que associamos às mesmas, as maneiras como as classificamos e conceituamos, os valores que lhe damos” (ibid, p. 3).

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2.1 Um recuo no tempo e algumas problematizações so bre as tentativas de normalização dos surdos

Começo indicando que desde a Antiguidade buscou-se ‘normalizar’ os

surdos através da utilização de diferentes tipos de materiais e ferramentas. O

homem, acompanhando o seu tempo, buscou aperfeiçoar os materiais que tinha a

seu dispor, voltando-se, a princípio, para a produção de artefatos de natureza

mecânica, tendo essa busca a sua continuidade no rastro da evolução

tecnocientífica, na direção de encontrar novos dispositivos, até os dias de hoje.

Atualmente, para alguns dos fabricantes de tais artefatos, como por exemplo,

a Widex3, os aparelhos auditivos, hoje totalmente digitais, prometem uma qualidade

acústica que poderia ser comparada ao “som fino e preciso que se escuta quando se

ouve um CD”4. Mas, artefatos bem mais rústicos antecederam a produção desses.

Pode-se dizer que as primeiras tentativas de amplificação sonora utilizando algum

artefato que tenham sido feitos a partir de um processo simples de produção, datam

do século XIII, sendo esses, geralmente de origem animal (figura 1), enquanto que os

manufaturados pelo homem, utilizando tecnologia5 mecânica, datam do século XVII

(Almeida, 2003). Já nos séculos XVIII e XIX artefatos com tal utilidade passaram a

ser mais amplamente desenvolvidos e utilizados. Contudo foi somente no século XX

que a produção de tais artefatos se notabilizou pelos inúmeros avanços tecnológicos

e conquistas cada vez maiores nos campos da micro e nanotecnologia e pelas

reviravoltas decorrentes das possibilidades de inserção de tais artefatos no corpo

humano.

Nas fotografias mostradas a seguir, que retirei especialmente de materiais

disponibilizados pelo Central Institute for the Deaf - CID e pela Washington

University School of Medicine Bernard Becker Medical Library6, apresento

primeiramente alguns desses artefatos mais antigos, destacando que em algumas

dessas fotografias também é possível ver-se o modo como se fazia a inserção de

tais artefatos no corpo humano.

3 Fábrica de aparelhos auditivos, fundada em 1956 na Dinamarca. 4 Disponível em www.widex.com, acesso em 07/09/2007. 5 Tecnologia é um termo que envolve o conhecimento técnico e científico e as ferramentas, processos e materiais criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento. Disponível em www.wikipedia.org/wiki/tecnologia, acesso em 06/07/2008. 6 Disponível em www.cid.edu, Central Institute for the Deaf Auditory-Oral School, St. Louis, Missouri; acesso em 02/07/2008.

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Figura 01 – Dispositivo acústico de concha natural (reproduzido a partir de CID Goldstein Collection)7

Um dos primeiros livros a mencionar algum conhecimento técnico referente

ao funcionamento das trombetas acústicas e dos tubos de fala (figuras 2 e 3) foi

escrito por Francis Bacon (1561-1626). O autor publicou em 1625 o texto intitulado

Sylva Sylvarum – História Naturalis, no qual define estes instrumentos como

“espetáculos da audição” (Koelkebeck, 1984).

Figuras 02 e 03 - Tubos de fala feminino e masculino – 1810 (reproduzido a partir de CID Goldstein

Collection)

Além dele, outros estudiosos também se interessaram pelo assunto e assim,

em 1650, Athanasius Kircher (1602-1680), padre jesuíta, matemático e médico

alemão, descreveu o funcionamento de trombetas de fala, instrumentos destinados à

transmissão fonética à distância, no livro Musurgia Universalis.

De acordo com Koelkebeck (1984), Kircher, que mais tarde tornou-se

professor da Universidade de Roma, onde realizou estudos referentes às

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características físicas do som, acreditava que o som seria o “contraponto terreno da

presença divina”.

Em 1673, esse mesmo autor publicou o livro Phonurgia Nova, no qual

descreveu o funcionamento de artefatos como a elipse ótica (figura 4) e os tubos de

fala (figura 5 e 6), que tinham por objetivo fazer “sons distantes parecerem próximos,

assim como um telescópio faz com a visão” (Koelkebeck, 1984).

Figura 04 – Esta figura da elipse ótica é uma das mais antigas ilustrações de um aparelho acústico (hearing aid), publicada em Phonurgia Nova, 1673. (extraído de CID Goldstein Collection).

Figuras 05 e 06 – Tubos de fala projetados por Kircher – 1673. (copilado de CID Goldstein Collection)

Phonurgia Nova foi o primeiro livro publicado para tratar da natureza do som,

da acústica e da música (figuras 7 e 8). Esse também contém ilustrações da

amplificação acústica produzida entre estruturas arquitetônicas, como mostram as

figuras 9 e 10.

7 Disponível em www.beckerexhibits.wustl.edu/did/index.htm, acesso em 15/11/2007

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Figuras 07 e 08 - Capa e ilustração do livro Phonurgia Nova – 1673 (reproduzido a partir de CID

Goldstein Collection)

Figuras 09 e 10 - Ilustrações que mostram como o princípio da amplificação sonora poderia ser usado na arquitetura de modo a permitir a captação e a transmissão do som a pontos distantes.

(reproduzido a partir de CID – Goldstein Collection).

O médico e filósofo francês Julien Offroy de La Mettrie (1709-1751), em seu

livro “O Homem-máquina”, de 1748 (figura 11), assumiu e desenvolveu o conceito

mecanicista do ser humano, apontando, conforme o relato de Skliar (1997), para “o

fim do ser humano e o marco zero para o futuro que hoje nos assombra”. De acordo

com o autor (ibid), este momento corresponderia à aurora do automatismo e da era

das máquinas, momento em que o homem poderia ser substituído por algo mais

durável, incansável e eficiente.

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Figura 11 – Capa do livro “O Homem-máquina” de La Mettrie - 1748 (reproduzido a partir de CID –

Goldstein Collection)

O livro “Homem-máquina” foi escrito simultaneamente em dois registros bem

distintos, mas com pontos de cruzamento de um e outro, pois tratava, ora de

submissão e utilização, ora de funcionamento e de explicação do ser humano. La

Mettrie defendeu uma tese, especialmente ousada para a época em função do

predomínio do pensamento cristão, de que o corpo humano era uma máquina que

funcionaria mediante uma mecânica metabólica. Como indicou Rouanet (2003), a

idéia do ser humano poder ser transformado ou conceituado como um artefato

mecânico subvertia a autonomia do espírito e da consciência.

Cabe indicar que Foucault (2006) também escreveu a respeito,

considerando que o Homem-máquina de La Mettrie corresponderia, ao mesmo

tempo, a uma redução materialista da alma e a uma teoria geral do adestramento,

no centro das quais reinaria a noção de docilidade, que une o corpo analisável ao

corpo manipulável. Como afirmou esse autor (ibid, p.118) “é dócil um corpo que

pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e

aperfeiçoado”. Para construir um corpo forte, produtivo e dócil torna-se necessário

um conjunto de técnicas e de tecnologias, que sejam capazes de desenvolver

procedimentos de adestramento do corpo, a fim de recuperar o comportamento e a

docilidade/utilidade daqueles indivíduos que por algum motivo escapam da

normatividade social. Caberia aqui pensar que, no caso dos surdos, o uso de

aparelhos auditivos, submetendo os sujeitos surdos à oralidade/normalidade,

poderia corresponder a tais adestramentos.

O desenvolvimento de novos artefatos e a necessidade de comercializá-los

levou Frederick C. Rein, em 1800, na cidade de Londres, a estabelecer a primeira

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firma comercial de artefatos manufaturados de amplificação sonora, a F. C. Rein &

filhos. Os produtos comercializados por esta loja, seriam dispositivos tais como as

trombetas acústicas, os receptores múltiplos de fala como vasos acústicos, (figura

12 e 13), as poltronas e cadeiras acústicas (figura 14) e os tubos de fala. Cabe

registrar que o empreendimento F.C. Rein permaneceu lançando seus produtos no

mercado até o ano de 1963. Nas figuras abaixo, apresento alguns desses peculiares

aparelhos, sendo que as figuras 13 e 15 dão destaque a uma idéia que parece estar

sempre permeando as produções de tais artefatos que é a de permitir a inserção e o

convívio social do sujeito surdo narrado como “deficiente”.

Figura 12 - Vaso receptor de fala – 1802 (reproduzido a partir de CID – Goldstein Collection)

Figura 13 – Mostra o vaso receptor de fala em uso (extraído a partir de CID – Goldstein Collection).

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Talvez uma das mais engenhosas obras de amplificação acústica criada

por F. C. Rein foi o trono de D. João VI, Rei de Portugal, conforme mostra a figura

14. D. João VI usou este trono aproximadamente de 1819 até 1826, ano de sua

morte. O Trono era equipado com um engenhoso sistema de recepção acústica

oculto sob o assento. Os braços da poltrona foram cuidadosamente esculpidos,

representando leões de boca aberta que funcionavam como receptores de fala

através dos quais os sons eram conduzidos por um tubo até a orelha do soberano.

Os visitantes eram convidados a ficar de joelhos e falar diretamente na boca do

leão. O som então era conduzido por um tubo e amplificado através de um

mecanismo que ficava escondido no lado posterior da cadeira, sendo depois

conduzido até a orelha do rei. Uma réplica deste trono está atualmente em

exposição na Amplivox Ultratone Corporate Office, em Londres.

Figura 14 – Trono de D. João VI, Rei de Portugal – 1819, com amplificadores acústicos. (reproduzido a partir de CID Goldstein Collection).

No ano de 18808 foi patenteado por T. W. Graydon com o nome de

“Dentaphone” (figura 15 e 16) um artefato que teria a propriedade de levar o som à

8 Em 1880, realizou-se o II Congresso Mundial de Professores de Surdos em Milão - Itália, onde foi declarada a supremacia do método oral puro e a proibição do uso de sinais pelos surdos. Esta resolução teve atravessamentos importantes da história dos “implantes da época”. Falo mais sobre o assunto no capítulo “caminhos trilhados na educação de surdos”.

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orelha baseado no princípio da transmissão óssea do som. As figuras que incluo

abaixo mostram o modo como esse instrumento, que consistia de uma haste de

metal presa entre os dentes era utilizado para permitir que os surdos-mudos (termo

usado na época), escutassem.

Figura 15 - Mostra uma turma de alunos surdos-mudos “escutando” música pela primeira vez com o

auxílio do “dentaphone” (reproduzido a partir de CID – Goldstein Collection).

Figura 16 – mostra o Dentaphone 1880, e o “modo correto” de usá-lo (reproduzido a partir

de CID – Goldstein Collection).

Em 1882, James A. Campbell publicou o livro Helps to Hear que contém a

primeira descrição detalhada da anatomia da orelha, bem como princípios da

natureza do som, e várias invenções tecnológicas para amplificar o som e permitir

uma “melhora da surdez”, conforme mostram as figuras 17 e 18 que incluo a seguir.

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Figuras 17 e 18 – Alguns artefatos de amplificação sonora do início do século XIX – (reproduzido a partir de CID – Goldstein Collection)

De acordo com Koelkebeck (1984), a maioria dos artefatos auditivos desta

época, no entanto, são rudimentares e bastante volumosos, chamando claramente a

atenção para a “doença” de seu usuário. Segundo o mesmo autor, esta condição por

si só já era suficiente para fazer com que muitas pessoas surdas recusassem a

utilização deste tipo de “ajuda”. Esta preocupação com a aparência e com a estética

fica evidente nas afirmações publicadas no Hawksley Catalogue of Otacoustical

Instruments to Aid the Deaf9, em 1882:

Os deficientes auditivos são, em regra geral, muito sensíveis sobre a sua enfermidade e, portanto, não gostam de usar qualquer aparelho que seja notável, ou torne esta condição mais visível; por esta razão, muitos outros dispositivos deverão ser inventados, com o objetivo de ocultar esse fato tanto quanto possível. No entanto, a pessoa surda é sempre em maior ou menor escala um peso para a paciência e bondade dos outros. Torna-se, portanto, um dever que ele utilize qualquer tipo de auxílio que possa melhorar a sua audição e facilitar o entendimento da fala dos ouvintes. Não lhe cabe sequer o direito de reclamar sobre o tamanho ou a aparência destes artefatos.

Assim, toda essa preocupação com a criação de dispositivos para ocultar a

“deficiência um tanto quanto possível”, como relata o texto acima, pode estar

associada à representação que os ouvintes possuem sobre a surdez. Para alguns,

ela representa uma perda de comunicação e um limite que impede ou dificulta a

interação do surdo com o meio, sendo esse, por isso, muitas vezes exilado ou

deixado às margens do convívio social. Para outros, a surdez é vista como um

9 Disponível em www.beckerexhibits.wustl.edu/did/index.htm, acesso em 15/11/2007.

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estigma, e, outras vezes, ainda, ela é vista como uma marca que coloca quem a

possui na fronteira entre aquele que é inválido e, portanto, digno de pena, e aquele

que pode ser recuperado se for submetido a um tratamento adequado.

Já na visão que tem sido referida como medicalizada da surdez, caberia ao

surdo a responsabilidade pela sua deficiência e seriam dele o dever e o compromiso

de se submeter às “pedagogias corretivas” para viabilizar a sua integração no meio

social em que vive.

Como podemos observar nas palavras de Lopes (2005):

A surdez, mais do que um diagnóstico médico, no campo relacional, é um limite que impede ou dificulta a interação com o meio. Significada na cultura, a surdez é um traço que coloca quem a possui no limite entre aquele que é inválido e aquele que pode ser reabilitado se “tratado” ou ”educado” adequadamente. Habitando uma margem frágil entre as possibilidades de estar entre os incorrigíveis, anormais e as possibilidades de estar entre aqueles indivíduos a corrigir, os surdos, alienados aos desejos científicos, religiosos e clínicos, enredam-se em pedagogias que os colocam na ordem dos discursos clínico-terapêuticos e educativos-reabilitadores-especiais (p.38).

É possível ressaltar que, a partir da forma mecânica como o corpo era

apresentado no âmbito da ciência biomédica, se estabeleceram normas e valores

que colocam em destaque a importância de buscar-se ter corpos e mentes

completos, auto-suficientes, disciplinados e belos, que deixavam, ao mesmo tempo,

evidente a desconsideração tanto pelas diferenças (étnicas, culturais, genéticas,

sexuais, ambientais e muitas outras mais), quanto da compreensão de que os

padrões de normalidade são definidos culturalmente. Além disso, como destacou

Skliar (1999b), os estados de saúde e de doença constituíram-se como a base para

a aceitação do discurso da deficiência, mascarando a questão política da diferença.

Segundo esse mesmo autor, a diferença é definida como diversidade, sendo

entendida, quase sempre, como uma variante aceitável e respeitável do projeto

hegemônico da normalidade.

Lulkin (2000) aponta que, para estabelecer-se uma nova pedagogia e

promover-se a educação das gerações surdas futuras, instauraram-se no século XIX

e princípios do século XX sistemas reabilitadores altamente refinados na regulação e

controle do corpo. Ao mesmo tempo, foram intensificadas as técnicas de reabilitação

e treinamento do sujeito surdo através de práticas de correção normalizadora,

envolvendo exercícios respiratórios, articulação de fonemas, treinamento de leitura

labial, o uso de aparelhos de amplificação sonora, a sensibilização e a estimulação

dos nervos auditivos, as audiometrias.

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Retornando à história, destaco que surgiu, alavancada por este contexto

histórico e social, ainda ao final do século XIX, a primeira prótese auditiva elétrica

fabricada a partir da invenção do telefone por Alexander Graham Bell, em 1876.

Assim, a partir da tecnologia do telefone, juntamente com a invenção dos

transistores de carbono, ocorreu a fabricação dos primeiros aparelhos auditivos

elétricos (figuras 19 e 20) que, de acordo com os seus fabricantes, representaram

“uma melhora significativa na qualidade da amplificação sonora” (Koelkebeck, 1984).

Figuras 19 e 20 – Artefatos de amplificação sonora elétricos da década de 1920. (copilados a partir de CID – Goldstein Collection).

A partir dos anos 1930-1940, a válvula termiônica passou a ser utilizada na

confecção de aparelhos auditivos. Para a Widex (2004), os aparelhos à válvula

permitiram um ganho maior, uma faixa de freqüência mais ampla e menor distorção

em relação aos que existiam anteriormente (figura 21 e 22).

Parece-me ser interessante comentar, mesmo que este não seja o objetivo

de meu estudo, as duas fotografias que insiro a seguir e que apresentam este

aparelho: enquanto a primeira figura aponta para a invisibilidade do aparelho, pois

esse está localizado em locais usualmente cobertos pelas roupas, na mulher, na

segunda fotografia, o que está destacado é a situação de aprendizagem – o menino

está uniformizado e em frente a uma lousa. Nas duas fotografias, no entanto, parece

estar colocado em destaque o modo discreto como o aparelho se ajusta tanto ao

corpo da mulher, quanto ao do menino.

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Figuras 21 e 22 – Aparelhos de caixinha, Era da válvula – década de 1940 (reproduzido a partir de CID – Goldstein Collection).

Em 1947, ocorreu o advento do transistor, considerado como um outro

grande avanço, na medida em que possibilitou o uso de microfones e pilhas cada

vez menores, propiciando uma redução no tamanho global das próteses auditivas.

Nos anos de 1950, com o claro objetivo de minimizar os efeitos negativos

causados pelo uso de uma prótese auditiva cujo tamanho permitia a visualização do

artefato, desenvolveu-se uma prótese que ficava acoplada aos óculos. Neste tipo de

aparelho, os componentes eram montados dentro das hastes dos óculos, sendo

conectados em sua parte frontal, deixando o aparelho auditivo camuflado (figura 23).

A propaganda da Danavox que reproduzo abaixo marca que esse artefato

em nada interfere na estética. Ao contrário, os apelos publicitários remetem a

glamour e estilo, especialmente no período pós II Guerra Mundial.

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Figura 23 – Aparelho auditivo em forma de óculos – 1960. Exemplo de aparelhos típicos à Era do transistor (reproduzido a partir de CID – Goldstein Collection).

Na medida em que novos e mais sofisticados aparelhos auditivos foram

inventados, tornou-se necessário convencer os surdos a usá-los. É interessante

registrar que artistas e celebridades de Hollywood como Bob Hope e Mary Pickford

foram convidados a participar de campanhas publicitárias cujo slogan “Hollywood

wants everyone too hear better” voltava-se a sensibilizar e convencer os surdos a

usarem tais aparelhos, como mostro na figura 24. Como declarou Bob Hope, “é

gratificante saber que com o aparelho auditivo Paravox o surdo pode agora ‘curtir’ os

meus filmes e shows”.

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Figura 24 - Fotos de campanhas publicitárias das quais participaram artistas de Hollywood. (extraído

de CID – Goldstein Collection).

A partir da denominada “era do transistor”, iniciou-se o período da

microeletrônica, marcado pela miniaturização dos componentes das próteses

auditivas, sendo possível eliminar a parte frontal dos óculos originando-se, dessa

forma, em 1956, a prótese retro-auricular. Posteriormente, surgiram as próteses

auditivas intra-auriculares e intracanais (figura 24) também denominadas

microcanais ou CIC (completely in the canal), tornando o uso de próteses auditivas

praticamente invisível.

Figura 25 - Miniaturização das próteses auditivas. Disponível em www.widex.com

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Como estratégias de convencimento para que os surdos ou em muitos

casos os familiares de surdos, especialmente no caso de crianças ainda pequenas,

se interessem por esta tecnologia, os fabricantes apontam as suas inúmeras

vantagens. Entre essas, estariam a facilidade para usar o telefone e, também, a

possibilidade de usarem-se fones de ouvido, como por exemplo, o walkman, além

dos aspectos estéticos, uma vez que esses novos artefatos ficam alojados dentro do

canal auditivo, estando praticamente invisíveis ou imperceptíveis aos demais. Nesse

sentido, Perkins e Goode (1987), citados por Almeida (2003), colocam que, na

década de 1980, as próteses intra-aurais foram tão valorizadas que cirurgias

modificadoras do canal auditivo externo foram propostas e realizadas com o objetivo

de “esconder” cada vez mais a prótese no interior do corpo surdo.

De acordo com o que tem sido propagandeado por diversos fabricantes de

aparelhos auditivos como a Widex, Interton10, Siemens, Telex, entre outros, com o

aprimoramento da tecnologia e a miniaturização das próteses auditivas, pouco a

pouco o uso dos aparelhos auditivos estaria indicando maior conforto e aceitação

por parte do usuário. É relevante destacar que, segundo estas mesmas empresas,

mais pessoas surdas ou com deficiência auditiva estariam usando próteses

auditivas, conseguindo “desfrutar” desta tecnologia em sua plenitude, melhorando a

percepção do som e a inteligibilidade da fala.

No entanto, creio que estes dados podem estar relacionados muito mais às

políticas públicas11 que tornaram obrigatório o fornecimento gratuito de próteses e

órteses, para todos aqueles que possuem diagnóstico da deficiência e prescrição

médica de uso de próteses de qualquer natureza, do que pela opção dos surdos em

usar próteses. Um outro dado que me parece relevante referir e que pode ter

influenciado as estatísticas dos fabricantes, é que, segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística - IBGE, em censo demográfico realizado no ano de 2000,

existem seis milhões de brasileiros com perda auditiva, sendo que destes 80%

residem em áreas urbanas. Estes 80% constituem-se no público preferencial dos

fabricantes de aparelhos auditivos por representarem grande potencial de compra

em função da maior facilidade de acesso a eles através de estratégias de marketing

10As matrizes das empresas Interton, Siemens e Telex estão localizadas na Alemanha. 11 Conforme Portaria nº 211 de 08 de novembro de 1996, publicada pelo Ministério da Saúde que disciplina a concessão de órteses, próteses e a PORTARIA Nº 116, de 9 de setembro de 1993 que dispõe sobre a concessão de órteses, próteses e bolsas de colostomia pelo SIA/SUS - Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde.

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em virtude da maior concentração de pessoas, além do contraste relacionado à

escolaridade, ao conhecimento e acesso às tecnologias da informação, modos de

vida, comportamentos sociais e acesso aos sistemas de saúde.

Como coloca Vaz (1999), nos dias atuais, os diagnósticos médicos

probabilísticos fornecidos pela engenharia genética e os cenários simulados em

computador pesam sobre o presente, reorientando as ações do indivíduo para o

futuro12. E esse futuro parece incluir a possibilidade de criação de um número cada

vez maior de novos e sofisticados artefatos em laboratórios de genética, informática

e biomecânica voltados, muitas vezes, bem mais a atender interesses comerciais do

que os interesses daqueles a quem a sua produção se destina.

Coloco agora em destaque que o final da década de 1980 e o início da

década de 1990 foram marcados por uma nova revolução tecnológica: começava a

ser utilizada a tecnologia digital na fabricação de próteses auditivas. Os primeiros

aparelhos digitais foram lançados no final do século XX, mais precisamente em

1995, quando a empresa Widex passou a comercializar o primeiro aparelho

totalmente digital13 e minúsculo, como é possível ver-se na foto que reproduzo

abaixo.

Figura 26 – Foto comparativa da tecnologia atual com uma moeda de um centavo de Euros -

disponível em www.saudeauditiva.org.br

Estes artefatos possuem vários softwares e hardwares e utilizam circuitos

integrados para processar o som (Almeida, 2003). Já os seus fabricantes colocam

ainda em destaque inúmeras vantagens em relação aos aparelhos analógicos

existentes até então. Além da miniaturização e do baixo consumo de energia, esses

ressaltam a melhor reprodutibilidade de processamento da fala, ou seja: segundo

12 Vaz, Paulo. Tempo e tecnologia. [CD-ROM]. Disponível: Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação - Compós. [Jun. 1999]. 13 Disponível em www.saudeauditiva.org.br

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estas colocações a “quase cura” ou “uma melhora significativa para o mal da surdez”

estaria ao alcance de quem se utilizar destas tecnologias.

Portanto, podemos dizer que ao compreender a surdez como um problema,

uma patologia, uma falta ou uma incapacidade, essas empresas assumem uma

perspectiva patologizante para pensar sobre as pessoas que não ouvem, buscando

incessantemente a invenção de tecnologias normalizadoras. É nessa prática,

justamente, que muitos surdos passam a se ver como deficientes, como

incompletos, ou pseudo-ouvintes, sendo quase obrigados a narrarem-se, julgarem-

se e a pensarem-se como se fossem ouvintes (Skliar, 1998 p.15). Contudo, nos

tempos e espaços contemporâneos, dessa mescla entre artefatos tecnológicos e

vida humana decorrem processos de hibridação14 cultural cada vez mais intensos,

que se diferenciam de uma simples absorção recriadora de influências, ou de uma

mera obediência ou transposição automática de tendências. Como destacou Thoma

(2006), esse parece ser um processo irreversível.

Diz essa autora (ibid):

[...] a ciência e as pesquisas tecnológicas apresentam, quase que diariamente, produtos e invenções altamente avançados. Essa situação faz com que nós, humanos, já não possamos existir senão como seres híbridos cujas subjetividades temos constituído pela combinação com a máquina, como os ciborgues que somos no mundo contemporâneo. (p. 122).

Para a autora (ibid), essa constituição híbrida, algumas vezes nomeada

como ciborgue, outras como pós-humana, implica intervenções que criam seres

“mecanizados e eletrificados” pela colocação de órgãos em seu corpo, decorrendo

delas, também, a “humanização” e a “subjetivação” da máquina, na qual ambos se

confundem, se mesclam, se hibridizam.

Silva (2000) nos apresenta importantes considerações acerca desses

artefatos e “novos” seres instituídos, a partir dos artefatos que usam:

Implantes, transplantes, enxertos, próteses. Seres portadores de órgãos “artificiais”. Seres geneticamente modificados. Anabolizantes, vacinas, psicofármacos. Estados “artificialmente” induzidos. Sentidos farmacologicamente intensificados: a percepção, a imaginação, a tesão. Superatletas. Supermodelos. Superguerreiros. Clones. Seres “artificiais” que superam, localizada e parcialmente (por enquanto), as limitadas qualidades e as evidentes fragilidades dos humanos. Máquinas de visão melhorada, de reações mais ágeis, de coordenação mais precisa. [...] Seres “artificiais”

14 Hibridação implica, segundo definição de Canclini (2006), "processos socioculturais nos quais estruturas ou práticas culturais, que existem de forma separada, combinam-se para gerar novas estruturas, objetos e práticas”. Assim, para este autor (ibid) hibridação seria a expressão mais apropriada quando queremos abarcar diversas mesclas interculturais.

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quase humanos. Biotecnologias. Realidades virtuais. Clonagens que embaralham as distinções entre reprodução natural e reprodução artificial. Bits e bytes que circulam, indistintamente, entre corpos humanos e corpos elétricos, tornando-os igualmente indistintos: corpos humanos-elétricos (p. 14-15).

Para Thoma (2006), essa vasta lista enumerada por Silva (ibid) nos leva a

refletir sobre a subjetividade, bem como a deslocar as margens entre normalidade e

anormalidade e a construir novos códigos para os discursos científicos, jurídicos e

éticos. Além disso, esse “espírito tecnológico”, tão marcante na contemporaneidade,

tem nos conduzido a discutir como, no processo da globalização se dá a construção

de um mundo no qual as identidades se mesclam e se assemelham e,

simultaneamente, a afirmação das diferenças, um resultado da emergência de

movimentos que lutam pelo reconhecimento de identidades culturais distintas.

Nesse momento, cabe destacar que, talvez mobilizado pelas exigências de

avanços tecnológicos em que são procedidas tantas fusões de seres humanos e

máquinas, possibilitando a restauração de funções e a substituição de órgãos e

membros perdidos, o departamento de saúde norteamericano – Department of

Health and Human Services – aprovou, em 1984, o primeiro aparelho comercial a

ser utilizado em cirurgias de Implante Coclear em adultos nos Estados Unidos da

América. Em junho de 1998, o mesmo departamento autorizou a implantação em

crianças maiores de dois anos sendo que, nesta mesma época, realizaram-se as

primeiras cirurgias em crianças na América Latina, mais precisamente na Argentina.

Em 1999, a FDA autorizou a cirurgia de IC em crianças menores de dois anos e, em

2000, liberou a implantação não só para pessoas com surdez profunda, mas,

também, para pessoas com surdez severa. Atualmente já se realizam cirurgias de

implantação em ambas as orelhas e em pessoas de quase todas as idades.

A partir dessa possibilidade tecnológica direcionada à normalização, novos

olhares foram lançados para a surdez e os surdos, como nos relata Thoma (2006), o

impacto dos avanços tecnológicos na vida humana, não é um processo de mão

única, ocorrendo a cada nova invenção, também a invenção de novos sujeitos. É

possível dizer, então, que a viabilidade clínica de realização da cirurgia de implante

coclear motivou o descortinamento de uma possibilidade, qualificada como mais real

e mais promissora de um sujeito surdo tornar-se ouvinte.

No entanto, esta situação estaria sendo considerada pela comunidade surda

organizada como um retrocesso – uma volta ao modelo clínico da surdez, que

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entende o surdo como deficiente e como um sujeito que necessita de tratamento

para poder interagir com os ouvintes. Como já indiquei, esta acepção é bastante

diferente daquela através da qual a comunidade surda se representa – um grupo

minoritário com sua própria cultura e língua, visão essa que desconstrói a

representação da surdez como uma patologia.

Neste estudo, busquei indicar como os sujeitos implantados têm passado a

instituir novos agrupamentos, talvez uma nova comunidade, também dotada de

especificidades, novas necessidades, mas que continua a ser conformada a partir de

práticas de normalização.

Mas, antes de dar prosseguimento a essas considerações de forma um

pouco mais detida, apresento em maior detalhe essa tecnologia – o implante coclear

– considerada por muitos como a mais inovadora e por outros como uma complexa

maneira de mais uma vez operar sobre a normalização e a inclusão dos sujeitos

surdos nos grupos ouvintes.

2.2 Os Implantes Cocleares – considerações e reflex ões

O implante coclear foi inventado com o objetivo de substituir parcialmente as

funções da cóclea danificada, transformando os sinais sonoros em sinais elétricos.

Para podermos entender como funciona este artefato e por que ele causa

tantos estranhamentos na cultura/comunidade surda, passo a seguir a descrever

sucintamente como funciona o sistema da audição humana e como se dá a inserção

de tal dispositivo no corpo humano.

O sistema da audição é descrito como constituído de três estruturas

principais – orelha externa, orelha média e orelha interna. O som se propaga em

forma de ondas sonoras, que são captadas pela orelha externa e enviadas, através

do canal auditivo externo, ao tímpano, onde causam vibrações na membrana

timpânica. Essas vibrações são amplificadas e transmitidas através dos três

ossículos da orelha média para a orelha interna onde provocam a estimulação das

células ciliadas da cóclea. Essas estimulações são captadas pelos neurônios

auditivos e transmitidas ao nervo coclear que as conduz ao córtex cerebral (Oliveira,

2005). Quando ocorrem lesões em um grande número dessas células, o resultado é

uma perda auditiva que pode chegar a uma surdez profunda. Segundo o autor (ibid),

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a causa mais comum de surdez é justamente aquela na qual ocorre a perda das

células ciliadas mais do que de neurônios auditivos. Neste caso, os neurônios

remanescentes podem ser excitados diretamente por estimulação elétrica, uma vez

que qualquer tipo de estimulação nas vias nervosas dos órgãos sensoriais é

percebido pelo córtex cerebral como uma sensação no órgão sensorial específico.

Com base neste princípio fisiológico, as pesquisas se desenvolveram no

sentido de substituir o mecanismo de audição normal, através da estimulação

elétrica direta dos neurônios auditivos remanescentes dentro da cóclea. Atualmente,

esta estimulação elétrica tornou-se possível e é realizada através do implante

coclear. Em um primeiro momento, o implante coclear pode assemelhar-se a um

aparelho auditivo comum, no entanto, dele difere na maneira pela qual o sistema

auditivo recebe as informações sonoras. Enquanto os aparelhos convencionais

intensificam os sons, os IC não amplificam os sons, mas, somente, fornecem

impulsos elétricos capazes de estimular diretamente as fibras neurais

remanescentes da cóclea. Este procedimento, conforme foi destacado em artigo

intitulado Cochlear Implants for Children with Severe-to-Profound Hearing Loss e

publicado no The New England Journal of Medicine (2007), possibilitaria ao usuário

uma maior capacidade de perceber os sons15.

Detalhando mais este artefato, caberia dizer que o implante coclear (IC)

implica na colocação de um aparelho eletrônico na orelha interna, mais

especificamente na cóclea, órgão que oferece a informação sonora ao sistema

nervoso central. O Núcleo do Ouvido Biônico, do Hospital Samaritano de São Paulo,

em seu Manual de Procedimentos, define o Implante Coclear como:

[...] um dispositivo eletrônico de alta tecnologia, também conhecido como ouvido biônico, que estimula eletricamente as fibras nervosas remanescentes, permitindo a transmissão do sinal elétrico para o nervo auditivo, a fim de ser decodificado pelo córtex cerebral.

O implante coclear inclui dois tipos de componentes: o implante

propriamente dito, que é colocado cirurgicamente dentro do corpo e o processador

de fala que fica externamente (figura 27).

15 Disponível em http://content.nejm.org/cgi/content/short/357/23/2380 acesso em 19/04/2008

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Figura 27 – Componentes externos e internos do implante coclear. 1) Microfone e processador da fala; 2) bobina interna e o implante que fica sob a pele, num nicho fresado no osso temporal; 3) fio

com eletrodos dentro da cóclea; 4) eletrodos estimulam o nervo auditivo enviando sinais ao cérebro para a audição16.

O componente interno é composto por uma antena presa a um imã, por um

receptor estimulador e por um cabo com filamento de múltiplos eletrodos, envolvido

por um tubo de silicone fino e flexível, que vai à cóclea. O componente externo é

constituído por um microfone direcional, um processador de fala, uma antena

transmissora e cabos de conexão.

A partir do surgimento de tal artefato, passou-se a vê-lo como uma “solução”

para a surdez, especialmente sob o ponto de vista dos especialistas em audição,

que consideram essa invenção como a mais inovadora e possibilitadora de

normalização e inclusão dos sujeitos surdos nos grupos ouvintes, até hoje surgida.

Cabe esclarecer, no entanto, que esta normalização imprime marcas aos

corpos. Assim, um corpo surdo normalizado pode ser reconhecido, geralmente,

através de algumas marcas como a presença de artefatos auditivos, sendo, nos

tempos atuais, o implante coclear um desses dispositivos. No entanto, como

destacou Lopes (2002), apenas esses dispositivos não seriam suficientes para dizer

de um surdo normalizado/ouvintizado.

Conforme a autora (ibid) afirmou:

O ouvintismo pode ser colocado como um conjunto de práticas culturais, materiais ou não, voltadas para o processo de subjetivação do

16 Disponível em www.fmrp.usp.br/revista/artigos_2005.htm#vol38n3e4 acesso em 19/04/2008

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‘eu’ surdo. Essas práticas deixam marcas visíveis no corpo, assim como imprimem uma forma, um tipo de disciplina e de sujeição surda aos valores, padrões, normas, normalidade e média ouvintes (p. 101).

No modelo que entende os sujeitos surdos em uma perspectiva de

incompletude, opera-se de muitas formas em direção ao processo de

“normalização”; no caso do implante coclear, esse processo exige muito treinamento

e disciplinamento, que inclui várias visitas ao médico e ao fonoaudiólogo para

“mapear os eletrodos”, além da participação em inúmeras sessões de terapia de fala

para “aprender a escutar” e logicamente a falar. Exames, medições, quantificações,

mapeamentos, balanceamentos dos eletrodos e todo tipo de controle são

mobilizados para garantir o êxito do “tratamento”, como definem os experts ouvintes,

sendo possível dizer, então, que esses corpos são submetidos a esse intenso

processo de disciplinamento, configurado como necessário, também, por aqueles

que se submeteram ao implante coclear, como veremos especialmente nos relatos

de Princesitta e de Luis Filipe, em seus blogs, e nas discussões conduzidas no

Fórum de IC – FIC, locais da web em que transitei para a realização deste estudo.

Apresento a seguir, alguns critérios de seleção definidos para estabelecer

quais sujeitos surdos podem realizar a cirurgia de IC. Após serem esquadrinhados,

medidos e classificados, nem todos os surdos são considerados aptos para a

realização de implante. Considero relevante citar estes critérios para que se torne

possível compreender algumas das observações e considerações constantes das

narrativas que focalizei, pois, nestas narrativas são relatadas expectativas e também

frustrações em relação a tais parâmetros pelos surdos candidatos ao implante.

2.2.1 Alguns critérios de seleção para a realização do implante coclear

De acordo com Oliveira (2005), com a evolução tecnológica, os implantes

cocleares atuais já são considerados de 3ª geração. Com isso, tornam-se candidatos

ao uso do dispositivo de Implante Coclear crianças a partir dos 12 meses de idade, e

adultos que apresentam surdez sensorioneural bilateral de grau severo e profundo e

que não conseguiram ouvir com o uso do aparelho auditivo convencional.

De modo geral, os protocolos utilizados pelos centros hospitalares que

realizam a cirurgia de Implante Coclear são similares. Apresento alguns itens de um

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desses protocolos, o protocolo empregado pela equipe de Implantes Cocleares do

Hospital de Clínicas da Universidade de Campinas – UNICAMP17, cujo acesso está

disponibilizado na Internet.

O primeiro passo implica a avaliação dos “pacientes”, candidatos ao

Implante Coclear, sendo essa realizada por uma equipe médica interdisciplinar.

Segundo Oliveira (2005), a presença do psicólogo nessa equipe é

importante, pois, deverá avaliar o estado emocional não só do provável candidato,

mas também de sua família para verificar as suas expectativas e aquilatar se essa

dará suporte positivo ao implantado no longo processo de reabilitação. As condições

financeiras e culturais também devem ser verificadas para avaliar as possibilidades

da família suprir a substituição das pilhas e acompanhar (leia-se custear) o processo

terapêutico reabilitatório que inclui, entre outros procedimentos, a terapia de fala.

Resumindo, após uma criteriosa avaliação por parte da equipe

interdisciplinar, são considerados candidatos ao implante àqueles sujeitos que

evidenciarem melhor adesão aos programas de reabilitação, os que tenham surdez

profunda bilateral e os que não se beneficiam com o uso do aparelho de

amplificação sonora individual (AASI). Isto quer dizer que, em nenhum momento,

foram considerados ou avaliados aspectos culturais, lingüísticos ou sociais do surdo,

centrando-se a avaliação nos aspectos clínicos e financeiros.

Seria possível considerar que operam, nessa situação, tanto a tecnologia do

poder disciplinar, que tem como objeto a sujeição do corpo do indivíduo, quanto a

tecnologia do biopoder18, exercida sobre um corpo coletivo, que exercem seus

efeitos de governamento sobre os corpos aspirantes ao transplante e seus

familiares, bem como sobre a comunidade surda de um modo mais abrangente.

Como referiu Foucault (2006),

O controle da sociedade sobre os indivíduos não se opera simplesmente pela consciência ou pela ideologia, mas começa no corpo, com o corpo. Foi no biológico, no somático, no corporal que, antes de tudo, investiu a sociedade capitalista. O corpo é uma realidade bio-política. A medicina é uma estratégia bio-política. (Foucault, 2006, p.80)

Entre as práticas processadas com os surdos candidatos ao transplante,

17 Disponível em www.hc.unicamp.br , acesso em 08/12/2007 18 “As disciplinas do corpo e as regulações da população constituem os dois pólos em torno dos quais se desenvolveu a organização do poder sobre a vida. A instalação - durante a época clássica, desta grande tecnologia de duas faces - anatômica e biológica, individualizante e especificamente, voltada para os desempenhos do corpo e encarando os processos da vida - caracteriza um poder cuja função mais elevada já não é mais matar, mas investir sobre a vida, de cima a baixo” (Foucault, 1998,P.131).

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está a prática do exame, que inclui desde a reliazação de medidas da intensidade de

captação dos sons, quanto entrevistas voltadas a conhecer “a dimensão do

problema”, práticas voltadas ao cálculo das probabilidades de sucesso ou não do

implante. Tais procedimentos e estratégias atuam na direção de normalizar este

sujeito que se candidatou ao implante. Ou seja, a avaliação se faz necessária para

aquilatar as possibilidades de disciplinamento deste corpo, bem como as de

submeter tanto o corpo implantado quanto o dos seus familiares ao exigente

processo que se configura como transformador e normalizador que dá

prosseguimento ao implante.

Volto a destacar que, segundo Oliveira (2005), após a colocação do artefato

no corpo, este ainda deve ativado, isto é, deve ser “ligado” para saber se os

eletrodos estão funcionando. Tal procedimento inicia geralmente um mês após a

cirurgia e ocorre de maneira lenta e gradual, pois o sujeito terá que aprender a

reconhecer os sons e barulhos, incluindo os sons da fala. Alerta-se o implantado

para o fato de que, no início dessa aprendizagem, os sons parecerão estar

distorcidos. Assim, interpretar os sinais que o implante seria capaz de emitir

constitui-se em um importante aprendizado, que exige tempo e muita prática,

principalmente para quem é surdo há muito tempo ou nunca ouviu, como também é

destacado pelos sujeitos dessa pesquisa. Mas, estimulados pelo desejo de cura, os

surdos implantados submetem-se e são submetidos a essas muitas pedagogias

corretivas e educativas, que se assemelham em alguns aspectos às instauradas e

praticadas no final do século XVIII e início do século XIX nesse mesmo grupo de

sujeitos, mas, que, nesse momento, adentram os seus corpos de uma forma nunca

antes experimentada.

Cabe ainda ressaltar que, nos dias atuais, os neurocientistas consideram

que o cérebro é capaz de aprender gradualmente o significado dos impulsos

elétricos que lhe são enviados e, posteriormente, o significado das mensagens

sonoras, sendo essa uma das justificativas para a colocação em prática das técnicas

e pedagogias corretivas implicadas na reabilitação do implantado.

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Figura 28 - Implante Coclear – visualização da unidade externa (disponível em

www.fmrp.usp.br/revista/artigos_2005.vol38n3e4)

Destaco, ainda, que, na corrida para alcançar cada vez mais e melhores

aparelhos de cura da surdez, atualmente já foram disponibilizados no mercado

implantes cocleares multicanais com tecnologia cada vez mais avançada e que

estão sendo utilizados nos principais centros internacionais e nacionais dedicados

ao “tratamento” da surdez e que tudo isso tem sido invocado para configurar o IC

como um dos mais eficientes dispositivos já criados para possibilitar a normalização

dos surdos.

Cabe ressaltar, finalmente, que, apesar dos critérios de indicação para o

IC serem amplos, nem todos os surdos teriam “benefícios” com o implante. Por isso,

as equipes médicas costumam indicar o quanto se faz necessário proceder

atentamente na avaliação clínica, que deve ser acompanhada por uma orientação

psicológica conveniente, sendo esses dois procedimentos considerados

fundamentais para o alcance dos resultados almejados e para orientar o

direcionamento das expectativas dos implantados e de suas famílias. Destaco ainda

que, de acordo com estudos realizados pelo Grupo de Implante Coclear do Hospital

das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP19, os sujeitos que mostraram os

melhores resultados com o implante coclear foram aqueles que possuíam perdas

auditivas pós-linguais ou que haviam sido implantados com idade inferior a três

anos. Isso se justifica, em parte, porque nas crianças implantadas ainda bebês, a

aprendizagem da língua oral ocorreria de maneira incidental e, segundo esta

pesquisa, o desenvolvimento da fala seria muito próximo ao de uma criança ouvinte.

E nos sujeitos surdos pós-linguais, como esses já conheciam os sons, seria mais

fácil identificar o que estariam “ouvindo”.

19 Disponível em www.implantecoclear.org.br/textos acesso em 08/03/2008

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Skliar (2001) nos coloca que, segundo as estatísticas internacionais, cerca

de 95% das crianças surdas nascem em família ouvinte que “geralmente

desconhece, ou que, se conhece, rejeita a Língua de Sinais” (p. 132). Essas

famílias, ao ser diagnosticada a surdez dos filhos, muitas vezes podem se sentir

desamparadas e perplexas com a situação, não sabendo como agir ou reagir. E,

como o diagnóstico e as primeiras orientações são realizadas por profissionais da

área da saúde, essas famílias acabam reproduzindo um preconceito contra a

diferença, buscando e aceitando a “cura” através de tratamentos reabilitatórios.

Danesi (2001) também destaca que essas atitudes têm relação com os discursos da

normalização enunciados, principalmente, por profissionais da área da saúde com

quem os pais têm os primeiros contatos e informações sobre a situação de seus

filhos. Aliás, cabe ressaltar que esse é um dos modos através dos quais os

discursos e as práticas da medicalização se inscrevem na vida do sujeito surdo.

Mas, é preciso salientar, também, que essa medicalização não se refere

somente ao tratamento do corpo deficiente; ela é praticada ao longo da vida desses

sujeitos, reverberando com forte influência em sua escolarização. Para a maioria dos

ouvintes, a surdez está relacionada com a incapacidade de comunicação, sendo

representada por um mundo de silêncio e escuridão. Além disso, é a partir dessa

matriz representacional que são praticadas diferentes formas de controle e

governamento das vidas, dos corpos, das mentes e das formas de comunicação

desses sujeitos. Ainda segundo este mesmo estudo (ibid), o implante em crianças

com idade superior a quatro anos, apresenta resultados que dependem do grau de

desenvolvimento lingüístico e cognitivo dessas crianças. Quanto melhor for a

capacidade da criança em processar os estímulos auditivos, de associá-los ao

significado lingüístico e de estabelecer regras lexicais e sintáticas para a

compreensão e expressão da língua, através de leitura labial ou da LIBRAS, sem

lacunas no desenvolvimento, propugna-se que tanto melhor será o resultado. Assim,

esses estudos concluíram que a compreensão de linguagem pré-operatória, seja por

LIBRAS e/ou por leitura orofacial, é um importante fator prognóstico para a

percepção da fala, devendo tais aspectos ser considerados, quando da seleção de

crianças mais velhas para a realização do implante coclear.

Em sujeitos adolescentes, ou em adultos com surdez pré-lingual, o

resultado parece depender, segundo algumas indicações, da expectativa e da

motivação deste sujeito. Pode haver um excelente ganho auditivo, porém sem

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modificação do padrão de comunicação; o benefício ou a “cura” da surdez pode ser

alcançado em um longo prazo; ou, ainda, os indivíduos poderão ter dificuldades para

alcançar a percepção de fala sem pistas auxiliares como o apoio de leitura labial, a

escrita, ou, ainda, do uso de sinais – LIBRAS; enquanto outros parecem não

apresentar nenhum resultado positivo.

É possível considerar, no entanto, que todas estas iniciativas e práticas

operam como formas de controle e de regulação da surdez e que nelas se instituem

relações de poder que posicionam tanto os especialistas, e demais promotores de

políticas relativas à surdez, quanto os sujeitos surdos.

Esclareço que ao fazer tais considerações sobre o implante coclear,

procurei lançar um outro olhar sobre como se produziram algumas “verdades” sobre

o seu uso, bem como acerca da sua possibilidade de modificar definitivamente a

condição de surdez, buscando destacar, ao mesmo tempo, a multiplicidade de

discursos invocados para nomear/designar/rotular as pessoas surdas. Nessa última

direção, caberia ainda indicar estarem envolvidas, em algumas ações e práticas que

vêm atuando no disciplinamento dos corpos surdos para aproximá-los o mais

possível do padrão de normalidade, alegações sobre a “bondade” daqueles que se

ocupam com a resolução das dificuldades do “outro” surdo, ou que, ao alegarem a

fragilidade deste “outro”, assumem a incumbência de deles cuidarem,

responsabilidade que geralmente implica decidir o que é melhor para esse outro.

Após ter indicado aspectos relacionados a tentativas de tornar os surdos

ouvintes, tentativas essas que já possuem uma longa e diferenciada história, parece-

me ser importante indicar mais alguns processos que implicaram nomeação,

ordenação e classificação dos sujeitos surdos e que, ao longo do tempo, tanto

produziram representações sobre os surdos e a surdez quanto atuaram na produção

cultural de tais sujeitos. Também é importante indicar que as tentativas de buscar

compreender melhor os processos nos quais essas representações se instituíram

bem como alguns dos modos como essas atuaram na qualificação desses sujeitos

como “portadores de uma deficiência”, implicam engendrar e buscar novas olhares

para com eles lidar, ações essas que atuam na direção de permitir a desconstrução

de saberes e mitos relacionados à surdez, como tentarei apontar na seção a seguir.

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2.3 Apontando caminhos trilhados na educação de sur dos

Busco aqui proceder a uma retomada de representações assumidas em

relação aos surdos e à surdez, ao longo do tempo, bem como acerca das

intervenções e práticas escolares e institucionais construídas nos espaços sociais,

para retomar a discussão das noções de normalidade e anormalidade, que têm

usualmente sido invocadas para expressar e traduzir o que se tem falado acerca

desses sujeitos.

Imbricada em relações de poder, a educação de surdos vem sendo pensada

e definida, historicamente, por educadores ouvintes, embora possamos encontrar

em alguns espaços e tempos a participação de educadores surdos. De acordo com

Thoma (2006), as abordagens mais remotas sobre a educação de surdos datam do

século VI, estando contidas no Código Justiniano; ou seja, essas são provenientes

dos ideais do direito romano. Nos textos medievais podem ser encontradas menções

referentes à educação de surdos, mas foi na Modernidade que surgiram registros

mais complexos sobre as formas de instrução de surdos feitas formalmente.

De acordo com Sacks (1989), até o século XV havia pouco ou quase

nenhum interesse mais específico na educação de surdos. Estes eram considerados

como pessoas primitivas, sendo relegados à marginalidade na vida social. Não havia

direitos assegurados para eles. Aliás, as representações correntes na sociedade

sobre os surdos, no decorrer da história, geralmente enfatizavam aspectos

negativos. Na Antiguidade, entre os espartanos e gregos, por exemplo, as

representações incluíam desde uma postura pautada por um conformismo religioso,

externado, às vezes, sob a forma de piedade e compaixão, quanto sob a forma de

castigo ou feitiço perpetrado pelos deuses, o que determinaria que tais sujeitos

fossem abandonados ou imolados (Goldfeld, 1997).

Thoma (2006) refere que, a partir do século XVIII, os surdos passaram a

ser enquadrados pelo paradigma da institucionalização e que, depois, no século XX,

foi colocado em destaque o paradigma de serviços e, ainda, que, no século XXI, a

focalização mais usual passou a ser nas chamadas políticas de inclusão escolar e

social. Skliar (1997) refere que na Roma e Grécia antigas além de considerar-se

fundamental ensinar aos jovens cidadãos aspectos da cultura, também existia um

especial cuidado com a beleza e com o corpo. Por este motivo, durante séculos,

todas as crianças recém-nascidas até a idade de três anos, que apresentassem

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alguma imperfeição física que implicasse em “um peso potencial para o Estado”

podiam ser sacrificadas. Segundo o autor, muitos surdos subtraíram-se a esse

destino, porque a surdez, como déficit biológico, como problema físico, é invisível

(ibid, p. 17).

A visão de que os surdos poderiam ser educáveis foi relatada pela primeira

vez pelo médico italiano Gerolamo Cardano (1501-1576), que teria reconhecido

publicamente a habilidade do surdo em raciocinar, pois, para ele, a surdez, por si

mesma, não afetava a capacidade de aprender. A escrita poderia representar os

sons da fala ou as idéias do pensamento e, por isso, “a mudez não se constituía em

impedimento para que o surdo adquirisse conhecimento” (Skliar, 1997).

Este argumento passou, então, a ser usado para romper com a idéia de que

os surdos eram sujeitos incapazes de aprender, conceito este vigente até esta

época e atribuído a Aristóteles (384-322 a.C.). Segundo Soares (1999), Aristóteles

teria dito que “todos os conteúdos da consciência deveriam ser recolhidos

primeiramente por um órgão sensorial para depois alcançarem o intelecto”.

Apesar da relevância que hoje poderíamos atribuir a esse fato, inicialmente

foi pequena a repercussão desse argumento para a grande maioria dos surdos, uma

vez que a educação de surdos, nessa época, se destinava basicamente aos filhos

dos ricos e dos nobres que, além de possuírem os meios financeiros para contratar

professores para seus filhos, também tinham a motivação econômica, ou seja, os

herdeiros deveriam ser instruídos para poderem tomar posse dos bens. Para Skliar

(1997), isso implicaria dizer que era preciso que os filhos surdos de nobres

aprendessem a ler, escrever, fazer contas, rezar, assistir à missa e confessar-se,

mediante o uso da palavra oralizada. A palavra falada conferia a visibilidade

necessária a um nobre que servia de modelo a outros por sua educação e posição.

A partir dessa situação, o monge beneditino espanhol Pedro Ponce de Leon

(1510-1584) iniciou um trabalho voltado a desenvolver a fala oral nos filhos surdos da

nobreza, sendo por isso considerado, por muitos autores, como o primeiro professor

de surdos da história. Como conta Lopes (2007), ele educou os filhos surdos do

Conde de Castilha, pois era necessário provar a capacidade intelectual de sua prole

a fim de garantir a sucessão no reino. O monge baseou seu método de ensino em um

código de sinais soletrados (alfabeto datilológico), que permitiria aos surdos adquirir a

compreensão da linguagem. A este respeito, Soares (1999) relata que não se tem

conhecimento detalhado de tal metodologia. O que se sabe são informações isoladas

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que indicam ter ele iniciado primeiro o ensino da escrita, através dos nomes dos

objetos, para depois ensinar a fala (objetivo fim de todos os métodos), começando

pelos elementos fonéticos.

De acordo com Skliar (1997), motivações similares levaram Juan Pablo

Bonet a publicar no ano de 1620 o famoso tratado intitulado Reducción de las letras,

y arte para enseñar a hablar a los mudos (figuras 28 e 29). Neste livro, Bonet, citado

por Skliar (1997, p. 23), afirma que “para ensinar ao mudo o nome das letras

simples, o mestre e seu aluno devem estar a sós, sendo esta uma operação que

requer grande atenção e para a qual convém evitar qualquer motivo de distração”

(cap. V).

Figuras 29 e 30 – Capa do livro de Juan Pablo Bonet e ilustração do alfabeto digital, publicado em

Madrid em 1620. Biblioteca Digital Hispânica - (BNE)20.

Sendo considerado um dos mais antigos defensores da metodologia

oralista, Bonet iniciava o processo de aprendizagem pelas letras do alfabeto manual,

passando ao treino auditivo, à pronúncia dos sons das letras, depois às sílabas sem

sentido, às palavras concretas e às abstratas, para terminar com as estruturas

gramaticais. A obra de Bonet chamou a atenção de intelectuais de toda a Europa e

tornou-se a origem de todos os esforços futuros de fazer o surdo falar, ao mesmo

20Disponível em: http://bibliotecadigitalhispanica.bne.es/view/action/nmets acesso em 02/02/2008

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tempo em que o alfabeto digital, publicado por ele, foi utilizado por educadores que

acreditavam na necessidade de uma pista visual para o ensino do surdo.

Educadores de diversos países da Europa aderiram ao seu método, que

teve em Samuel Heinecke (1712 – 1789), da Alemanha, um dos seus mais

renomados defensores (Skliar, 1997, p. 24).

De acordo com Thoma (2006), Heinecke fundou em 1750 a primeira escola

pública baseada no método oral e, no mesmo ano, o abade Charles Michel de l'Épée

iniciou a instrução formal de crianças surdas em Paris, utilizando uma abordagem

baseada na teoria gestualista.

No entanto, como já foi referido, para a grande maioria dos surdos que não

nasceram em “berço esplêndido”, pouca coisa mudara. Conforme Silva (2006),

provavelmente esses outros surdos estariam por décadas abandonados à própria

sorte, sem pertencimento comunitário, em situação de verdadeira miséria pela falta

de trabalho e pelo isolamento social provocado pela ausência de suportes

relacionais. E são estes sujeitos surdos que se encontravam marginalizados do

processo educativo formal, que motivaram o abade Charles Michel de L’Epée a criar

a primeira escola pública para surdos no ano de 1760 em Paris. Skliar (1997)

ressalta a ocorrência de uma mudança de paradigma processada na educação de

surdos nessa época: passou-se de uma educação elitizada, individual e privada para

um modelo educacional público e coletivo em função da substituição do ensino

individual da fala, priorizado por Bonet, para o ensino coletivo, através do uso de

sinais metódicos como facilitador no processo de ensino e aprendizagem.

Por ter instituído a primeira escola pública e recebido todo tipo de crianças

surdas, L’Épée criou uma linguagem mímica que configurou ser capaz de permitir a

realização de uma instrução rápida. Ele publicou, em 1776, o seu método, sob o

título de Instrução de surdos-mudos através do uso de signos, como podemos

observar na figura 30, que reproduzo abaixo.

Para autores como Skliar (1997) e Soares (1999), esse fato representou um

marco fundamental no processo de construção e de expansão da organização

política, social e educacional dos surdos em diversos países da Europa e também

em alguns países da América.

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Figura 31 – Ilustração do Livro “Instrução de surdos-mudos através do uso de signos metódicos” –

1776 (extraído de CID – Goldstein Collection).

O método gestualista, aperfeiçoado por L’Epée, possibilitou que os surdos,

crianças e adultos, começassem a constituir-se em “pares entre iguais”, como

membros interativos de sua educação, operando, ainda, em direção ao

reconhecimento, mesmo que parcial, de uma modalidade comunicativa e lingüística

própria. Também é importante ressaltar que os alunos egressos da escola de

L’Epée, que 25 anos após a sua fundação já contava com 70 estudantes surdos,

foram gradualmente desempenhando o papel de mestres para outras crianças

surdas (Skliar, 1997). Entre esses mestres surdos podemos destacar Massieu e

Clerc, que mais tarde foram contratados por Thomas Hopkins Gallaudet para

assentar as bases e organizar a educação de surdos nos Estados Unidos (Lane,

1992).

Enquanto isso, a controvérsia em relação aos métodos de ensino para

surdos suscitava novas discussões, principalmente entre os defensores do oralismo

e os defensores da língua de sinais, protagonizados respectivamente por Heinecke e

L’Epée. Enquanto L’Epée defendia o uso de sinais, Heinecke era contrário à adoção

generalizada do método gestual, sendo-lhe, mais tarde, imputada a responsabilidade

pelo reconhecimento da supremacia do método oral puro no mundo (Skliar, 1997).

A partir da concepção oralista, defendida e colocada em prática,

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primeiramente, na escola pública para surdos de Leipzig, da qual Heinecke foi

fundador e diretor, começava a história da submissão coletiva dos surdos à língua

majoritária dos ouvintes, como afirma List (1989), citado por Skliar (1997), assim

como a repressão sistemática à língua de sinais nas escolas.

Esta linha de pensamento ganhou força quando em 1802, o médico Jean

Marie Itard incorporou-se ao Instituto de Surdos de Paris, após uma fracassada

tentativa de curar a surdez através da estimulação da fala pelo aproveitamento dos

restos auditivos (Soares, 1999). Segundo Werner (1947), citado por Soares (1999),

Itard, nesse trabalho, classificou os surdos-mudos em cinco categorias:

Audição para a palavra humana, quando se fala calmamente,; audição para as vogais, mas não para as consoantes; audição para as vogais isoladas (profundas); audição para os ruídos fortes (batimentos, trovões, estampidos) e surdez completa (p. 31).

A partir desses modos de proceder a um tipo de esquadrinhamento do

corpo surdo, surgiram novos estudos voltados a diferenciá-los. De acordo com os

critérios estabelecidos por Itard, os surdos poderiam ser classificados e submetidos

às diferentes tecnologias de poder normalizador em decorrência de possuir alguma

capacidade para aprender a falar ou não. A partir da adoção dessa forma de

proceder ao disciplinamento dos corpos surdos, o método oral passou a ser mais

divulgado e aceito.

Talvez como reflexo de todo um contexto da época, particularmente pelo

avanço da medicina, as propostas de educação de surdos detiveram-se em teorias

que visavam o desenvolvimento da linguagem oral. Dessa forma, a proposta oralista

consagrou-se no ano de 1880, quando se realizou o II Congresso Internacional de

Surdos-Mudos, em Milão. Neste congresso foi declarada a superioridade do Método

oral puro, tornando-se esse um marco na história política e institucional da educação

dos surdos no mundo. De acordo com o relato apresentado na Revista da

Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos - FENEIS (1999), nesse

evento reuniram-se profissionais, em sua ampla maioria ouvintes, para decidir sobre

o futuro da educação de surdos. Estiveram presentes representantes da Itália,

França, Inglaterra, Suécia, Suíça, Alemanha e Rússia e dos Estados Unidos da

América e Canadá. O Congresso celebrou a vitória do oralismo e decretou a

inferioridade das línguas de sinais. Decretou, ainda, a erradicação da língua de

sinais e o afastamento dos profissionais surdos do meio escolar.

Segundo Lulkin (2000), para justificar o projeto de erradicação dos sinais, foi

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convidado o inspetor geral dos serviços administrativos do Ministério do Interior da

França - Monsier Regnart, para fazer a classificação desses sujeitos através das

ciências biológicas e antropológicas. A língua de sinais foi definida por ele como

uma forma de sobrevivência atávica da era primitiva do homem, fazendo com que as

resoluções do Congresso de Milão parecessem razoáveis e progressistas.

Processaram-se, a partir de então, ações disciplinares voltadas à fabricação

de corpos submissos, úteis ou dóceis. Essas compreenderam o controle minucioso

das operações do corpo, impondo-lhes uma relação de docilidade-utilidade, que

corresponderia ao que Foucault (2000) chamaria, mais tarde, de disciplina. É

possível dizer que, neste momento, nasce uma arte do corpo humano, que visa não

unicamente o aumento de suas habilidades, nem tampouco aprofundar a sua

sujeição, mas a formação de uma relação que, no mesmo mecanismo, o torna tanto

mais obediente quanto mais útil, e inversamente (Foucault, 2000, p. 119).

Neste contexto, todos os indivíduos deficientes, de acordo com Soares

(1999), foram alvos da atenção da medicina e, entre esses, os surdos-mudos,

porque eles representavam um desafio para os médicos. Por serem portadores de

uma “doença” invisível, supunha-se que a surdez poderia estar relacionada a

alguma anomalia orgânica, restando então, elucidar o porquê dos surdos serem

mudos. A esse respeito, Soares (1999) escreve que as investigações

desencadeadas em relação à surdo-mudez podem ser explicadas, também, através

das mudanças que ocorreram na medicina nesse mesmo período.

Conforme destacou Rouanet (2003), o cientista foi paulatinamente ocupando

o espaço antes destinado à igreja, enquanto o sacerdote, na sociedade moderna, foi

cedendo aos poucos lugar aos médicos. Consolidava-se, assim, a autonomia do

sujeito em relação ao divino. O corpo deixava de ser visto como um sacrário, refúgio

ou abrigo da alma, podendo ser tocado, estudado, profanado. O corpo perderia seus

mistérios e poderia ser explicado cientificamente. Abria-se caminho para a sua

instrumentalização e a sua mercantilização crescente. Abria-se caminho para o

corpo da sociedade industrial, para o corpo da clínica moderna - um corpo que

precisaria ser estudado, recortado, esquadrinhado, enfim, que precisaria ser

descoberto. As imagens de cada órgão que compõem esse corpo precisariam ser

desvendadas - elas precisariam se tornar discurso, sentido.

Enquanto isso, os embates em relação às questões pedagógicas

continuavam divididos entre os aspectos da conservação e os da mudança.

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Conforme Manacorda (2002), essa disputa perpassava todos os níveis de instrução,

desde as escolas infantis, que começavam a ser implantadas, até a universidade.

Diz o autor:

Esta disputa talvez tenha na questão do método a ser usado nos primeiros níveis de instrução a sua expressão mais característica: podemos afirmar que, após a primeira grande idade da didática, aberta pela invenção da imprensa e pelas iniciativas dos reformados, com a grande figura de Comenius, esta nova idade da difusão da instrução às classes populares, do nascimento da escola infantil, da difusão dos livros de texto, da formação dos professores, assinala um macroscópico retorno à pesquisa didática (ibid, p.279).

Aparentemente, tanto a educação dos surdos, quanto a educação dos ditos

normais, encontrava-se no mesmo nível de preocupação, na medida em que ambas

se voltavam para a questão do método, da didática.

O que pretendo destacar é, no entanto, que, a partir do Renascimento, os

médicos, baseados no desenvolvimento da ciência, e em especial da anatomia,

passaram a se dedicar mais ao estudo da fala dos surdos, bem como às suas

possibilidades de “cura” e de aprendizagem. E que a surdez, na visão clínica,

passou a ser entendida como uma patologia que afetava mais do que simplesmente

a audição e o surdo, mas que o qualificava como um sujeito enfermo. E tal

compreensão, segundo Skliar (1997), forçou tal tema e problemática a

permanecerem restritas ao campo da medicina e da terapêutica.

Busco, no próximo item, trazer algumas considerações acerca dos

processos assumidos frente à educação de surdos no contexto da educação

brasileira, que teve forte influência dos discursos que permeavam a educação de

surdos do Instituto de Paris, no contexto francês.

2.4 Notas sobre a educação de surdos no Brasil

No Brasil, a educação de surdos foi institucionalizada em 26 de setembro de

1857, com a fundação do Imperial Instituto de Surdos-Mudos, hoje conhecido como

Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). A princípio, a educação dos

alunos deste instituto se deu a partir do oralismo, defendido por Heinecke.

De acordo com Thoma (2006):

O atendimento desse Instituto priorizou a educação oralista durante um longo período por acreditar que era inútil tentar ensinar os surdos a escrever, já que o analfabetismo era condição da maioria da

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população brasileira. Por isso, a fala era o único modo pelo qual os surdos poderiam integrar-se na sociedade e no mercado de trabalho. As meninas foram mantidas fora da instituição até 1932 (p.12).

O oralismo consiste em desenvolver a fala do sujeito surdo a partir de

resíduos auditivos, das vibrações corporais e da leitura orofacial, considerando a

intervenção precoce, pois sustenta a hipótese de que as crianças que sinalizam

apresentam atraso em relação à oralização. Desta forma, foram utilizados métodos

de leitura labial e extensos treinamentos fonoarticulatórios com o objetivo de ensinar

os surdos a falarem, já que, segundo a visão oralista, é apenas através da fala que

os sujeitos surdos podem alcançar a integração na sociedade. Além disso, esta

proposta proibia o uso de língua de sinais, alegando que isso afetaria a

aprendizagem da língua majoritária – neste caso a língua oral –, pelo surdo e, à

medida que o tempo avançou, passou-se a investir cada vez mais em tecnologias e

artefatos normalizadores como os amplificadores sonoros e as próteses auditivas

individuais. Apesar do uso destes dispositivos normalizadores, como mostrei no

início deste capítulo, e de pedagogias corretivas através do adestramento e do

disciplinamento dos corpos surdos, um grande problema apresentado no oralismo é

que, mesmo após anos de submissão e de treinamentos para adquirir a fala, os

surdos apresentam, em diversos casos, pouca capacidade de decifrar palavras

através da leitura labial. Quadros (1997) refere que o surdo oralizado conseguiria

compreender apenas em torno de 20% das mensagens através da leitura labial.

Sacks (2005) coloca que, em decorrência da obrigatoriedade da metodologia

oralista, os prejuízos lingüísticos podem vir a ser graves, especialmente nos casos

em que a criança nasce surda.

Na década de 1960, mesmo diante da supremacia da metodologia oralista,

estudos sobre línguas de sinais utilizadas pelas comunidades surdas foram

retomados, principalmente pelo linguista estadunidense William Stokoe. A partir

desses estudos, inicia-se um repensar sobre a questão da surdez, que dará origem

à filosofia da Comunicação Total e posteriormente ao Bilingüismo. O surdo passa a

ser encarado como minoria bilíngue e bicultural e as propostas educacionais,

culturais, sociais partem dessa hipótese, construindo uma nova visão da surdez.

Mais uma vez os surdos têm a sua língua de sinais aceita.

Para Lacerda (1998), todos os avanços nas pesquisas em relação ao

estudo das línguas de sinais, partindo de seu caráter linguístico, bem como do

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fracasso das abordagens oralistas, levaram ao surgimento nos anos de 1960, nos

EUA, de uma nova tendência em que os gestos seriam utilizados como instrumentos

de comunicação, mas sem que fosse utilizada a Língua de sinais, recebendo o nome

de Comunicação Total. Neste método, a oralidade não é mais o objetivo principal,

sendo utilizada apenas como uma forma de integração do surdo na sociedade. Uma

das grandes diferenças entre a comunicação total e as outras filosofias educacionais

é o fato de a comunicação total defender a utilização de qualquer recurso lingüístico

para facilitar a comunicação com pessoas surdas, seja a língua de sinais, a

linguagem oral ou códigos manuais. Outra característica importante é o fato desta

filosofia valorizar bastante a família da criança surda, no sentido de acreditar que à

família cabe o papel de compartilhar seus valores e significados, formando através

da comunicação e, em conjunto com a criança, sua subjetividade.

Porém, Lacerda (1998) afirma que, embora este método apresente vários

ganhos em relação às abordagens oralistas, ele ainda contém muitas falhas, já que

os alunos surdos apresentam dificuldades para expressar seus sentimentos ou

idéias alheias ao contexto escolar. Além disso, os problemas em relação à leitura e

escrita continuariam, pois poucos seriam aqueles que conseguiriam ter autonomia

neste sentido. Outra questão levantada pela autora (ibid) é que o uso deste método

poderia prejudicar o desenvolvimento da língua de sinais, já que ela acabaria

ocupando um mero espaço acessório na educação. Os sinais acabariam não sendo

compreendidos como uma língua, trazendo sérios prejuízos em seu uso e

compreensão.

Na busca de soluções para esses problemas, pensou-se em um novo

método de educação denominado bilingüismo, que consiste em respeitar a língua

natural do surdo, ou seja, a língua de sinais, e a considerar a língua portuguesa

como uma segunda língua a ser adquirida por estes indivíduos. Na prática o

bilingüismo se caracteriza pelo domínio de LIBRAS e do Português, no caso do

Brasil, na modalidade falada e escrita ou pelo domínio de LIBRAS e do Português

escrito, sendo que a grande maioria dos surdos brasileiros considerados bilíngües se

inclui nesse segundo grupo.

Esta proposta ainda não é uma unanimidade, sendo que os países que nela

se destacam são a Suécia e a Venezuela. No Brasil também existim diversas

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propostas de bilinguismo, sendo que entre elas destacaria Letras-Libras21, que vem

sendo considerado como o projeto que dará as bases para o ensino do bilinguismo

no Brasil.

Atualmente estão sendo divulgados trabalhos educacionais bilíngues, ou

“com bilinguismo”, os quais postulam a língua de sinais como primeira língua e como

eixo fundamental. Os resultados positivos que vêm sendo obtidos, bem como toda a

discussão que tem sido levantada quanto ao fracasso das abordagens anteriores,

têm levado a que quase todas as propostas de educação de surdos desejem a

adjetivação “bilíngue”. Para Sá (2006), esta ainda é uma adjetivação incompleta,

pois, mesmo que desejável, por negar a ideologia oralista dominante e por

pressupor a língua de sinais como primeira língua, ainda se apresenta reticente

quanto à questão das culturas envolvidas, das identidades surdas, das lutas por

poderes, saberes e territórios e melhor definição quanto às políticas para as

diferenças.

É importante ressaltar que, através da linguagem, constituímos nossos

pensamentos, emoções e desejos. Segundo Fernandes e Correia (2005), a

linguagem permite que os seres humanos se diferenciem dos outros tipos de seres,

principalmente no que diz respeito à capacidade de significar e decodificar signos. A

comunicação social representaria um dos aspectos importantes da linguagem, pois,

através dela, as pessoas se fazem entender, compartilham suas experiências

emocionais e intelectuais, planejam suas vidas e organizam sua comunidade. A

linguagem possibilita a comunicação acerca dos aspectos da realidade, concretos e

abstratos, presentes e ausentes. Possibilita, também, que se recrie o mundo cultural,

já que permite o entendimento de situações e fatos dos quais não participamos.

Graças à linguagem, a criança, o adolescente e o adulto podem aprender sobre o

mundo, sem que sejam necessárias a imitação e/ou a observação direta dos fatos,

além de poderem também se socializar, adquirindo valores, regras e normas sociais,

dessa forma podendo aprender a viver em comunidade. Segundo Capovilla e

Raphael (2001b):

A linguagem permite à criança obter explicações sobre o funcionamento das coisas do mundo e sobre as razões do comportamento

21 O Curso de Licenciatura e Bacharelado em Letras Libras é uma iniciativa da Universidade Federal de Santa Catarina, com o objetivo de formar profissionais na língua de sinais brasileira (professores e tradutores-intérpretes).

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das pessoas. Se não houver uma base lingüística suficientemente compartilhada e um bom nível de competência lingüística para permitir uma comunicação ampla e eficaz, o mundo da criança ficará confinado a comportamentos estereotipados aprendidos em situações limitadas (p.1480).

Além disso, é pertinente destacar, ainda, que se a linguagem tem a

importante função de permitir a comunicação social, ela também tem a função,

igualmente importante, de permitir o pensamento, a formação e o reconhecimento de

conceitos, a resolução de problemas, a ação refletida e a aprendizagem consciente.

Karnopp (2004) refere que as comunidades surdas compartilham o fato de serem

diferentes da população ouvinte no que diz respeito à sua língua, podendo

considerar, assim, que essas se diferenciam também culturalmente. As línguas de

sinais, segundo Quadros (1997) e Karnopp (2004), são denominadas línguas de

modalidade gestual-visual (ou espaço-visual), pois a informação lingüística é

recebida pelos olhos e produzida pelas mãos. Desta forma, essa se diferenciaria da

língua utilizada pelos ouvintes principalmente por não ser de caráter oral, a qual é

compreendida pelos sons que chegam aos ouvidos. Essa língua possui regras

gramaticais e estrutura específica que a legitimam como língua, sendo ainda a

principal forma de comunicação e desenvolvimento do sujeito surdo.

O ideal é que as crianças surdas tenham contato com a língua de sinais

desde seu nascimento, assim como ocorre com as crianças ouvintes. Mas,

infelizmente, esta realidade ainda é muito rara, já que a grande maioria das crianças

surdas são filhos de pais ouvintes que, além de não saberem que seus filhos são

surdos também não possuem nenhum conhecimento sobre a língua de sinais. No

entanto esta realidade está prestes a ser mudada. Nos dias atuais, com a

possibilidade de realização da Triagem Auditiva Neonatal, ou como é mais

conhecido o “teste da orelhinha”22, o diagnóstico de surdez já é realizado nos

primeiros dias de vida do bebê. Essa confirmação de surdez, no entanto não

significa que a criança terá acesso à lingua de sinais desde cedo. Na maioria das

vezes, os pais, sendo ouvintes, acatam a indicação clínico-terapêutica realizada por

quem detêm o poder de dizer que seu filho é surdo - os médicos.

Já crianças surdas, filhas de pais surdos têm a possibilidade de se

22 O Teste da Orelhinha é um exame objetivo e indolor, realizado preferencialmente durante o sono natural do recém-nascido e que tem por objetivo pesquisar possíveis perdas de audição em bebês. Disponível em www.testedaorelhinha.com/Exame.html, acessado em 12/07/2008.

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desenvolverem num ambiente adequado, no qual o uso de uma língua de sinais

supostamente seja efetivo. Este fato demarca a diferença entre as duas realidades,

sendo que filhos surdos de pais ouvintes convivem em geral com uma experiência

linguística diferente da sua, visto que seus familiares possuem a modalidade

oral/auditiva na comunicação, podendo entrar em contato muito tardiamente com

uma linguagem apropriada para seu desenvolvimento.

Dentro desta perspectiva, a escola de educação bilíngue deve proporcionar

a estas crianças o contato com surdos adultos para que sejam imersas em sua

língua natural. Estes adultos, além de colaborarem com a aquisição da língua de

sinais, transmitem-lhes informações positivas da comunidade de surdos como

aspectos culturais e sociais. Somando-se a isso, estas crianças percebem sua

língua e cultura de forma valorizada, aspecto que contribui para a criação de uma

posição identitária, bem como para o desenvolvimento de sua linguagem.

A partir dessas considerações, tem sido destacada a importância de um

ambiente familiar acolhedor, bem como o processamento de interações entre os

surdos e seus pares e entre surdos e ouvintes para propiciar o desenvolvimento

psíquico, social e educacional desses sujeitos surdos aprendizes.

Contudo, é preciso reconhecer que, a par dos discursos e das teorizações,

as relações entre ouvintes e surdos continuam apresentando tensões que as

dificultam, sobretudo quando as narrativas não acontecem em um código lingüístico

compartilhado por ambos, como pretendo mostra em mais detalhes no capítulo a

seguir.

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3 EM BUSCA DE REFERENCIAIS PARA DISCUTIR A SURDEZ

A discussão acerca das comunidades surdas passa por um momento de

transição importante, porque “o que está mudando são as concepções sobre o

sujeito surdo, as descrições em torno de sua língua, as definições sobre as políticas

educacionais, a análise das relações de saberes e poderes entre adultos surdos e

ouvintes” (Skliar, 2005, p.7). A partir da aceitação de um modo de compreender as

diferenças humanas, que reconhece a surdez como um traço cultural e os surdos

como uma comunidade lingüística caracterizada por compartilhar uma língua,

valores culturais, modos de socialização próprios e não mais como um limite ou um

defeito, instituem-se novas formas de representar o surdo e a surdez.

Com o abandono progressivo da ideologia clínico/terapêutica, enquanto

perspectiva dominante, bem como com o aprofundamento teórico acerca das

concepções sociais, culturais e antropológicas relativas aos surdos e, ainda, a partir

dos avanços das discussões procedidas acerca das políticas públicas de inclusão,

os surdos têm alcançado níveis educacionais mais avançados, sendo já expressiva

a sua participação na educação superior e pós-graduada.

Destaco, no entanto, que, neste estudo, não atentei para uma análise mais

detalhada de tais questões focalizadas no campo dos Estudos Surdos, sobre os

quais realizo uma abordagem panorâmica no item apresentado a seguir.

3.1 Uma visão da surdez a partir dos Estudos Surdos

Os Estudos Surdos estendem-se em diferentes campos teóricos,

constituindo-se em pesquisas investigativas que tendem a acolher os aspectos

culturais, políticos e sociais referentes aos surdos e à surdez.

De acordo com Sá (2006), os Estudos Surdos surgiram nos movimentos

surdos organizados e no meio da intelectualidade influenciada pela perspectiva

teórica dos Estudos Culturais. Ou seja, para essa autora, os Estudos Surdos

inscrevem-se como uma das ramificações dos Estudos Culturais, pois enfatizam as

questões das culturas, das práticas discursivas, das diferenças e das lutas por

poderes e saberes. Para Skliar (2001), os Estudos Surdos podem ser pensados

como um território de investigação educacional e de proposições políticas que,

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através de um conjunto de concepções lingüísticas, culturais, comunitárias e de

identidades, definem uma particular aproximação com o conhecimento e com os

discursos sobre a surdez e sobre o mundo dos surdos. Nesse sentido, os Estudos

Surdos se configuram como um espaço constituído pelas problematizações sobre a

normalidade, pelos embates com as assimetrias de poder e saber e pelas diferenças

construídas histórica e socialmente, sendo focalizados e entendidos a partir de um

posicionamento político que luta por uma nova territorialidade.

Skliar (2001) diz que o que se pretende, neste campo de estudos, é inverter

a compreensão daquilo que historicamente vem se constituindo como estratégias

conservadoras de normalização. As posições desse autor podem ser compreendidas

como problematizadoras das práticas que posicionam os sujeitos surdos na

deficiência e os consideram pertencentes a uma cultura subalterna, preconizando

um lugar onde as comunidades e as culturas surdas possam ser focalizadas e

entendidas a partir da diferença e a partir de seu reconhecimento político.

O Grupo de Estudos Surdos – GES, da Universidade Federal de Santa

Catarina23, coloca em destaque alguns paradigmas de pesquisa, que configura como

pertinentes aos Estudos Surdos, que focalizam questões sobre identidade, diferença

e alteridade cultural. Para este grupo, os Estudos Surdos entendem a cultura surda

como algo presente, compondo principalmente a língua, a história cultural, a

pedagogia dos surdos, as artes e a literatura. Suas propostas compreendem, então,

ações investigativas que acolhem discussões conduzidas acerca de aspectos

políticos e culturais referentes aos surdos.

Os Estudos Surdos se lançam na luta contra a interpretação da surdez

como deficiência, problematizam a representação do surdo enquanto indivíduo

deficiente, doente e sofredor e tensionam a definição da surdez enquanto

experiência de uma falta. A propósito, é preciso esclarecer que os surdos, enquanto

grupo organizado culturalmente não se definem como “deficientes auditivos”, ou

seja, para eles o mais importante não é frisar a atenção sobre a falta/deficiência da

audição - os surdos se definem de forma cultural e lingüística (Wrigley, 1996, p. 12).

Para Lulkin (2000), os Estudos Surdos fazem parte de um campo mais

abrangente de investigação que pode ser articulado a outras áreas do

conhecimento contribuindo para uma visão contemporânea sobre as comunidades

23 Disponível em http://www.ges.ced.ufsc.br/ acessado em 15/07/2008

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e as vidas das pessoas surdas. Em outras palavras, isso implica dizer que as

discussões mais amplas conduzidas acerca da identidade e da diferença, quando

travadas em um território de proposições políticas, podem definir uma particular

aproximação com o conhecimento e com os discursos produzidos pela comunidade

surda. Aliás, esse movimento de aproximação vem permitindo que novos olhares

sobre a surdez se produzam, propiciando um embate fecundo nas relações de

saber e poder processadas entre surdos e ouvintes nos campos lingüístico, social e

cultural. Para Skliar (1998), os resultados obtidos a partir desses embates estão

permitindo a construção de novos referenciais que se colocam em um lugar onde

as culturas surdas têm passado a ser focalizadas e entendidas a partir da diferença

e não mais a partir da visão clínica. Cabe ainda indicar que, nesse referencial, o

reconhecimento da língua de sinais, enquanto experiência visual, passa a ser o

principal foco destacado relativamente aos processos de constituição do sujeito

surdo e não simplesmente um instrumento imediato a serviço da língua majoritária

dos ouvintes.

3.2 Estudos Surdos e Estudos Culturais: revisando a s possibilidades de associação entre esses campos

Os Estudos Culturais buscam apresentar a cultura como um campo político

e por isso acreditam na “... importância de se analisar o conjunto da produção

cultural de uma sociedade, seus diferentes textos e suas práticas, para entender os

padrões de comportamento e a constelação de idéias compartilhadas por homens e

mulheres que nela vivem” (Costa et. al., 2003, p. 38). Inserido em um mundo de

rápidas transformações, o terreno investigativo dos Estudos Culturais na vertente

pós-estruturalista trabalha num viés marcado pela constante inquietude, tendo como

base o movimento intelectual pós-moderno.

O campo dos Estudos Culturais representa um espaço em que o tema da

surdez pode ser discutido como uma questão epistemológica, ao mesmo tempo em

que os conceitos de identidade e diferença, amplamente problematizados por

autores ligados a esse campo, tais como Silva (2002, 2005), Costa (2002), Hall

(1997), entre outros, se constituem em oportunos focos a serem examinados

relativamente aos sujeitos surdos.

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A discussão sobre diferença e identidade, na teorização de Silva (2005),

não pode ser reduzida a uma questão de respeito e tolerância para com a

diversidade. Como o mesmo autor (ibid) destacou, a diferença e a identidade são

cultural e socialmente produzidas e, como tal, devem ser questionadas e

problematizadas.

Segundo Costa (2002), os Estudos Culturais são resultantes de uma

movimentação teórica e política que se articulou contra as concepções elitistas e

hierárquicas de cultura, firmando-se como de domínio político, no qual os grupos

subordinados tentam resistir à imposição de significados que sustentam os

interesses dos grupos dominantes. Como a mesma autora destacou, esses são

“saberes nômades, que migram de uma disciplina para outra, de uma cultura para

outra, que percorrem países, tradições e que não são capturados pelas cartografias

consagradas que têm ordenado a produção do pensamento humano” (ibid, p.13).

Silva (2002) aponta que os Estudos Culturais são estudos sobre a

diversidade dentro de cada cultura e sobre as diferentes culturas, sua multiplicidade

e complexidade orientados pela hipótese de que entre as diferentes culturas existem

relações de poder e dominação que devem ser questionadas.

Nelson et al (2003) argumentam que, nas tradições dos Estudos Culturais,

a cultura é entendida tanto como uma forma de vida – compreendendo idéias,

atitudes, linguagens, práticas, instituições e estruturas de poder – quanto toda uma

gama de práticas culturais: formas, textos, cânones, arquitetura, mercadorias

produzidas em massa, e assim por diante. Ou, como diz Hall (1996), cultura significa

“o terreno real, sólido, das práticas, representações, línguas e costumes de qualquer

sociedade histórica especifica”, bem como “as formas contraditórias de ‘senso

comum’ que se enraizaram na vida popular e ajudaram a moldá-la” (p. 26).

Portanto, os Estudos Surdos, quando imbricados nos Estudos Culturais,

passam a se ocupar dos aspectos da surdez que dizem respeito à “experiência da

surdez”, a partir de aspectos psicossociais, linguísticos e culturais, dentre outros, nos

quais a pessoa surda se desenvolve, deixando de lado a histórica tradição médico-

terapêutica que define a surdez a partir do déficit auditivo.

Dessa forma, entendemos que a discussão acerca da constituição

identitária dos surdos pode se dar de forma mais ampliada, quando se passa a

encarar o surdo enquanto autor e ator de uma cultura diferente, enquanto usuário de

uma língua natural, enquanto grupo que demanda uma educação bilíngue e

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multicultural, enquanto pessoa diferente e de identidades legítimas (Sá, 2002). Por

isto é imprescindível entender que as manifestações culturais da surdez são

manifestações de uma cultura legítima e que a afirmação de suas identidades como

culturalmente distintas traduz um desejo de garantir o seu acesso aos bens sociais

enquanto direito, não enquanto concessão.

Caberia salientar, novamente, que considerei os implantes cocleares

como artefatos culturais, altamente tecnologizados, que atuam na direção de

produzir sujeitos surdos hibridados, aspecto que busquei abordar, mesmo que de

forma introdutória em seção anterior, nesta dissertação.

Os implantes cocleares podem ser vistos sob o alerta que o sociólogo

Laymert Garcia dos Santos (2003) traz sobre as novas tecnologias. Para o autor, é

necessário politizar as tecnologias no sentido de trazer para o centro da discussão

contemporânea a questão da tecnociência e de como ela transforma o ser humano e

suas percepções, expressões e simbologias. Além disso, parece ser importante para

este autor, pensar acerca de qual é o futuro da humanidade neste universo cada vez

mais povoado de máquinas inteligentes, invasivas, superpoderosas e de grande

potencial de fascínio e de destruição. O autor (ibid) ainda procura mostrar que o

impacto das novas tecnologias sobre os processos sociais mais importantes da

sociedade contemporânea, como o trabalho, a vida cotidiana, as interações sociais,

a produção e reprodução da cultura, já é extremamente forte e vem provocando

transformações profundas, gerando processos novos sem precedentes na história. O

acesso à tecnologia tornou-se tão vital que hoje a inclusão social e a própria

sobrevivência passam obrigatoriamente pela capacidade que os indivíduos e as

populações têm de se inserir no mundo das máquinas e de acompanhar as ondas

da evolução tecnológica (p.10). O autor (ibid) também procura lidar com este tema,

tão complexo, desde uma perspectiva crítica, buscando mostrar que ainda há uma

possibilidade de escolha para a humanidade, ou seja, que o avanço tecnológico não

é um processo inexorável que se impõe à sociedade, mas que é produzido pela

humanidade e fruto do desenvolvimento econômico, científico e técnico da

sociedade contemporânea.

Os implantes cocleares também podem ser vistos, sob inspiração do que

Simon (1995) argumentou acerca de tecnologias culturais, como aparatos, ou como

dispositivos produtivos que são, ao mesmo tempo, materiais e abstratos. Materiais,

por estarem corporificados em um aparato instrumental concreto; abstratos, na

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medida em que a especificação do uso de tal aparato se dá em um conjunto de

práticas de significação que, através da linguagem, de imagens e ações tentam

estruturar e governar o enquadramento de tudo o que pode ser conectado a tal

artefato. De qualquer forma, seria ainda oportuno indicar que estou considerando

que tal artefato situa os sujeitos que o utilizam, bem como aqueles que com ele

interagem de diferentes formas – os que o criticam, os que o recomendam, os que

dele não tomam conhecimento, os que acreditam cegamente na sua eficácia etc.

Certamente, estão sendo postos em ação, em mais este processo que pode ser

visto como articulado à busca de uma outra nova forma de operar a normalização

dos sujeitos surdos, não somente jogos semióticos, mesmo que eu tenha atentado

bem mais para eles, na medida em que novos significados estão sendo produzidos

nos embates criados em torno do uso de tal aparato tecnológico.

Valendo-me de uma noção de poder que enfatiza seus efeitos produtivos,

tal como Simon (1995) e Santos (2003) destacaram, busquei, então, estar atenta às

muitas tensões presentes nas narrativas que selecionei para analisar neste estudo,

visto que o próprio mercado contemporâneo está interpelando as novas tecnologias,

com objetivo de perceber aquilo que tem potencial para ser capturado pelo sistema.

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4 DELINEANDO OS PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS

Particularizando um pouco mais o que foi analisado neste estudo, destaco

que o meu foco de pesquisa está voltado para enunciados sobre os implantes

cocleares, sendo que me detive, especialmente, naqueles proferidos por sujeitos

surdos que realizaram ou pretendem realizar a cirurgia de implante coclear e que se

utilizam da Internet para falar de si através de narrativas postadas em blogs ou

diários virtuais24 e em um fórum de discussão25.

Para mim, enquanto fonoaudióloga inserida em uma escola para surdos,

falar sobre o implante coclear poderia parecer uma tarefa, até certo ponto, fácil, em

função da formação acadêmica e da freqüência com que trato com sujeitos

implantados. No entanto, tenho encontrado muitas dificuldades para lidar com a

experiência do IC. Por isso, decidi valer-me de algumas narrativas que surdos

implantados fazem de si em blogs, atentando, igualmente, para algumas

manifestações de surdos não implantados frente a essas narrativas, especialmente

no fórum de implante coclear, do qual participam todos aqueles interessados nesta

questão tão polêmica, que tem mobilizado a comunidade surda em relação a

sentimentos, valores e significados atribuídos à surdez e aos surdos.

Antes de passar a apresentar mais alguns detalhes sobre estas duas

ferramentas da internet nas quais centrei minha atenção, faço comentários de

natureza mais geral acerca do uso da internet.

Na atualidade, a tela dos computadores e a internet podem ser

consideradas como um novo lugar onde as pessoas expõem a sua privacidade,

objetivando, entre outras coisas, estabelecer contato com outros internautas. Na

internet, há espaços de diferentes naturezas para os sujeitos narrarem suas histórias

e estabelecerem discussões de todas as ordens. Nos blogs, por exemplo, os

narradores são tanto os produtores, quanto os diretores e atores de suas narrações,

sendo esse um local no qual as fronteiras entre o que até pouco tempo atrás era

24 O termo blog foi criado por Jorn Barger, editor do site Robot Wisdom (www. robotwisdom.com), em 1997 (Lemos, 2002). Um blog é uma página da internet onde um sujeito, também conhecido como blogger ou blogueiro, registra textos sobre assuntos que considera interessantes. O autor do blog adiciona a publicação mais recente, também chamada de post, no topo da página. Abaixo ou acima do post, podemos encontrar a data e a hora da publicação. Além disso, também é comum encontrarmos, abaixo de cada texto publicado, o nome ou o apelido do autor do blog. Dessa forma, os leitores podem acompanhar o blog lendo as publicações de forma cronologicamente inversa, ou seja, sempre da publicação mais recente para a mais antiga. Disponível em http://blogger.globo.com/br - acesso em 15/05/2008. 25Fórum de discussão é uma ferramenta para páginas de Internet destinada a promover discussões através de mensagens publicadas abordando uma mesma questão ou assunto. Disponível em http://pt.wikipedia.org

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considerado como próprio ao registro do reservadamente íntimo e privado passou a

ganhar destaque e a se tornar explicitamente público (Schittine, 2004). Assim,

registros de natureza íntima – anteriormente guardados em diários privados –

passaram a ser veiculados e tornados públicos através da rede internética, mais

especificamente nesses blogs, cujo autor poderá passar a ter um grupo de leitores

que não só tem acesso a essa produção, como também pode opinar e a interagir de

muitas formas e até diretamente sobre e neste texto. Nas páginas de um blog, ou de

um “diário íntimo na internet”, os diaristas falam de tudo, principalmente de si

mesmos, descrevendo suas rotinas, seus sonhos, esperanças, angústias,

frustrações, gostos e opiniões, no caso que considerei sobre o IC, se expondo a

milhões de olhos que têm acesso à internet e permitindo que esses penetrem na

intimidade que lhes é narrada e mostrada.

Acredito que as ferramentas da internet possam ser vistas como uma das

importantes instâncias de expressão contemporâneas, merecendo por isso serem

consideradas. Através dos sites, blogs e fóruns, é possível vislumbrar-se algumas

disputas relacionadas à produção de significados, as quais implicam relações de

poder, que atuam na constituição dos sujeitos, bem como delineiam novas formas de

ser e de estar no mundo pautadas, especialmente, na exposição de aspectos,

situações e narrativas anteriormente circunscritas à dimensão do privado como

indiquei anteriormente, até em função da impessoalidade da tecnologia internética. A

internet tem permitido que passem a ser conhecidos sujeitos “comuns”, não

distinguidos por qualquer feito ou produção excepcional, bem como tem permitido

que se estruturem novos agrupamentos de sujeitos como é o caso das inúmeras

comunidades que a povoam, como é o caso do fórum sobre IC.

Considerando, então, a importância que a internet tem na atualidade como

um lugar em que também é possível traduzirem-se experiências e construírem-se

verdades, mesmo que essas verdades pareçam ser, para alguns, superficiais e

próximas ao lugar comum, é que me vali das narrativas postadas em alguns diários

virtuais para discutir como neles se falava do Implante coclear e, especialmente,

para buscar ver como os sujeitos implantados se utilizam de tais artefatos para

narrarem suas experiências e, ao mesmo tempo, constituírem suas identidades.

O fato de esses diários virtuais funcionarem como um diário íntimo, escrito

dentro de um meio de comunicação como a Internet, voltado para o público e

disponível à interlocução, transformou as características deste tipo de narrativa, que

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a princípio poderia ser vista como uma tentativa de exercer uma atividade de cunho

mais literário.

Cabe lembrar, como destacou Larrosa (2004), que a dinâmica da narrativa

pode ser vista como um fenômeno de intertextualidade, de polifonia e de políticas do

discurso. As narrativas são produzidas em diferentes contextos sociais e com

diferentes propósitos, sendo o significado de um texto narrativo obtido tanto a partir

de relações de intertextualidade mantidas com outros textos, quanto de seu

funcionamento pragmático em um contexto, pois o significado de um texto é

impensável fora de suas relações com outros textos. Além disso, como o mesmo

autor (ibid) alerta, a realidade está configurada no interior de categorias ordenadoras

da linguagem e a sua interpretação está ligada ao conjunto de sistemas semióticos

disponíveis. No caso das narrativas postadas nos blogs, como já indiquei, os

internautas que neles se narram podem ter a contribuição e a opinião de um grupo

de interlocutores feitas diretamente em seu blog. Nele também é possível escrever

um post e o próprio diarista retornar a ele para reescrevê-lo dias depois sem deixar

nenhum traço de que se mexeu nele. E esse aspecto representa bastante bem o

caráter aberto, inacabado e cambiante desse tipo de texto, mas também do

processo vivencial, bem como da subjetividade, como destacou Leonor Arfuch

(2002). De acordo com essa autora, a concepção de sujeito, e correlativamente de

identidade, que guia suas indagações corresponde:

(...)la de un sujeto no esencial, constitutivamente incompleto y por lo tanto abierto a identificaciones múltiples, en tensión hacia lo otro, lo diferente, a través de posicionamientos contingentes que es llamado a ocupar – en este “ser llamado” opera tanto el deseo como las determinaciones de lo social -, sujeto susceptible sin embargo de autocreación. En esta óptica, la dimensión simbólico/narrativa aparece a su vez como constituyente más que un simple devenir de los relatos, una necesidad de subjetivación e identificación, una búsqueda consecuente de aquello-otro que permita articular, aun temporariamente, una imagem de autorreconociemiento (p. 64).

Nessa busca do auto-reconhecimento, de que fala a autora, o sujeito deixa-

se tocar pelos comentários postados, e, talvez, até impregnar-se do outro com quem

pode dialogar, bem como de sua experiência. Ele igualmente pode até buscar, nas

palavras que o outro escreve, saber sobre si mesmo, ou ainda, como aponta

Marshall (2002), buscar tornar-se um objeto de saber tanto para si quanto para os

outros. Ao falar de si, a pessoa conhece a si própria e torna-se conhecida para os

outros em um processo que o mesmo autor (ibid) chama de terapêutico, mas que é,

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também, de controle.

Desse modo, nesses relatos internéticos, o sujeito não apenas descreve

meramente a si mesmo, ele “faz com que assim seja”, por causa da função

performativa da linguagem através da qual os sujeitos se produzem. Ou seja, no

caso dos dois implantados cujos blogs examinei, esses, ao contarem e recontarem

suas experiências com os sons, por exemplo, em muitas situações foram se

(re)afirmando como ouvintes.

Como salientou Marshall (2002), citando Foucault, a chave para a

tecnologia do eu é a crença de que é possível dizer a verdade sobre o próprio eu. As

pessoas vão contando suas experiências, crenças e expectativas e, ao mesmo

tempo, vão anunciando suas novas possibilidades, suas posições e intenções. Cabe

registrar que, às vezes, até se torna difícil separar o vivido do que está por se viver,

o real do imaginário, pois experiência e narrativa se imbricam e se tornam partes da

expressão de vida do sujeito que ali se narra. E é por isso que se pode pensar que

o escrever sobre uma realidade ou um fato pode afetar esta mesma realidade ou

fato. Para Marshall (2002), ao falarmos supostamente a verdade sobre nós mesmos,

valendo-nos dos conceitos das ciências sociais, construímos a nós próprios,

construímos nossas próprias identidades através dos atos performativos de fala.

Larrosa (2002) coloca que a experiência de si pode ser analisada em sua

constituição histórica, em sua singularidade e em sua contingência, na medida em

que sua produção adota formas peculiares. Para o autor (ibid), a experiência de si se

realiza quando o sujeito faz certas coisas consigo mesmo; quando oferece seu

próprio ser, quando se observa, se decifra, se interpreta, se descreve, se julga, se

narra, se domina. Nas palavras de Bujes (2002), isso faz com que uma série de

recursos intelectuais, constantemente refinados, seja mobilizada como mecanismos

para constituir as relações do sujeito consigo mesmo: dispositivos de "produção de

sentido” - grades de visualização, vocabulários, normas e sistemas de julgamento -

não são produzidos pela experiência; eles produzem a experiência. É possível

pensar então que esses são espaços de transformação da experiência de si, até

porque nos blogs geram-se novas formas de comunicação, sociabilização e

convivência que potencializam expressão aliando visibilidade e interatividade.

Apresento, ainda, mais algumas particularidades acerca destas práticas de

comunicação e expressão que surgiram recentemente na internet e que fazem parte

desse estudo: os diários pessoais ou blogs e os debates conduzidos em fórum de

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discussão.

Embora sabendo que há importantes diferenças entre um blog e um fórum

de discussão como, por exemplo, o grau de liberdade e o grau de mediação dado ao

usuário, optei por me valer de textos postados nessas duas ferramentas da internet,

porque ambas proporcionam um ambiente interativo de comunicação, discussão e

diálogo entre os internautas. Ou seja: enquanto em um blog o sujeito fala de si e os

outros comentam, concordando, perguntando, se solidarizando etc, com o diarista,

em um fórum, várias pessoas trocam informações sobre um determinado assunto,

constituindo-se essa como uma ferramenta poderosa para compartilhar

conhecimentos (Luccio, 2007). E, como o meu interesse é observar as narrativas

que os sujeitos interessados nos implantes cocleares realizam de si, bem como as

posições que assumem, os argumentos que utilizam, os comentários e interlocuções

que procedem, considerei que essas duas ferramentas poderiam satisfazer minhas

pretensões analíticas.

Em relação às narrativas postadas nos blogs, elas parecem recriar um

hábito da escrita de si, que teve seu auge nos séculos XVIII e XIX, e que estava

fortemente vinculada à sensibilidade da época, que consistia na paciente e

minuciosa “escrita de si” nos diários íntimos (Sibilia, 2003). Para essa autora,

atualmente, a intenção das novas “narrativas do eu”, postadas nos “diários virtuais”,

seria focalizar um aspecto especialmente significativo: expor-se aos milhões de

sujeitos que têm acesso à internet. As confissões, muitas vezes recheadas com

imagens cotidianas dos autores, revelam uma peculiar inscrição na fronteira entre o

íntimo e privado e o público, como já indiquei anteriormente. Intui-se uma subversão

das fronteiras que costumavam separar essas duas esferas no mundo moderno

junto a importantes mutações nos tipos de subjetividades, que germinavam nos

cenários assim delimitados, com fortes abalos nas noções de interioridade,

intimidade e privacidade.

Para Schittine (2004), a escrita do blog, embora pessoal e, muitas vezes,

íntima, tem de ser externada de tal maneira que possa interessar a um grupo. Assim,

para manter esse contato com o outro, instituiu-se entre os blogueiros uma escrita

mais informal, em tom de diálogo mesmo, como no caso dos blogs que analisei,

onde os diaristas se utilizam da linguagem coloquial de maneira livre, encontrando

uma conexão com o leitor, como foi possível observar no grande número de visitas

que estes dois blogs receberam.

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Esclareço que os materiais analisados nesta dissertação foram pesquisados

em páginas brasileiras da internet, nas quais as próprias pessoas com implante

coclear “falam” sobre suas vidas, a sua surdez e seus corpos implantados ou (ainda)

não. Nesses são contados detalhes, manias, gostos, pequenos fragmentos de suas

vidas, que servem para aproximar esse “eu” de um grupo de leitores. Esclareço que

essas páginas foram encontradas em sites de busca, tais como Google e Yahoo, por

intermédio de palavras-chaves como surdez, pessoa com deficiência auditiva e

implante coclear. Essa opção por páginas brasileiras não se deu ao acaso, mas,

pelo fato de querer saber como as pessoas surdas, especialmente as que fizeram

implante coclear se apresentam ou se representam aqui no Brasil. Nesse momento,

cabe destacar que, em minhas incursões pelas páginas da internet, encontrei vários

sites e blogs produzidos em outros países (principalmente Portugal e Espanha), que

falavam sobre o mesmo assunto, mas que não foram considerados para este

estudo.

Para selecionar os participantes desta pesquisa, foram estabelecidos alguns

critérios de seleção que apresento a seguir.

Como já indiquei foram selecionados dois blogueiros e um fórum de

debates, sendo que todos abrem espaços para a interatividade.

Os participantes, no caso os blogueiros, deveriam ser implantados e os

participantes do fórum não necessariamente, mas deveriam apresentar algum

interesse nessa temática. Os blogueiros deveriam ser adultos, maiores de dezoito

anos de idade; deveriam ter seus blogs em funcionamento há no mínimo um ano

para que fosse possível apreender as expectativas e os impactos do implante

coclear em suas vidas. Também deveriam manter seus blogs atualizados e ter

disponibilizada a seção de comentários, de modo a tornar possível a interação entre

leitores e autores e também entre leitores e leitores.

Com base nesses critérios, li e reli dezenas de mensagens postadas em

diferentes blogs para encontrar os que melhor se encaixassem nos objetivos

propostos. O primeiro blog selecionado é organizado por uma jovem, implantada em

novembro de 2007, e o segundo blog por um rapaz, implantado em 2003.

No fórum de debates, intitulado Fórum de Implante Coclear – FIC -, criado

em 2001, e que, até o final do mês de maio deste ano de 2008 tinha perto de trinta e

nove mil mensagens postadas, optei por fazer um recorte linear em três períodos

distintos de tempo, garimpando vinte mensagens de cada período de dois meses

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para comporem a amostra analisada. Essa limitação se fez necessária, em virtude

do grande número de mensagens disponíveis no fórum e, também, para poder

verificar se teriam ocorrido alterações nos questionamentos e relatos que os sujeitos

fazem de si em relação ao implante coclear, bem como em relação às interpelações

feitas pelos sujeitos que com eles interagem ao longo do tempo.

Destaco, ainda, que minha tarefa analítica correspondeu a colocar estes

materiais em articulação para, a partir deles, indicar alguns argumentos invocados

para defender ou criticar os implantes cocleares. Além disso, busquei ver nas

narrativas inseridas nos blogs como esses sujeitos falam de si – que posições de

sujeito assumem, que discursos acionam para assumirem determinados pontos de

vista, ou como posicionam os outros grupos de sujeitos surdos que não admitem o

implante, por exemplo.

Paralelamente, fiz uso de outros materiais que serviram como “pano de

fundo” sobre a questão do IC como, por exemplo, o filme produzido em 2000, pelo

diretor Josh Aronson, intitulado "Som e fúria", que trata de questões como o implante

coclear e a cultura surda, vivenciadas por uma família norte-americana. E, também,

da continuação deste filme, produzido, em 2006, pelo mesmo diretor com o título

“Som e Fúria, seis anos mais tarde” e que apresenta um desfecho surpreendente.

Antes de apresentar os materiais que analisei, faço um resumo dos

documentários produzidos em 2000 e 2006 por Josh Aronson, “Som e Fúria”, pois

esses podem ser vistos como contendo as muitas ordens de polêmicas suscitadas

pelo IC, narradas no seio de uma família, que congrega surdos e não-surdos, frente

à decisão de implantar ou não os seus filhos.

Nos itens 4.2, 4.3 e 4.4 apresento os dois blogs e o fórum de debates que

analisei para esta dissertação, ficando o contexto completo, com todos os post e

comentários na seção anexos. Antes, no entanto, faço um preâmbulo para a

apresentação de dois filmes/documentários, sendo que o primeiro teve um forte

impacto na comunidade surda e instigou-me ainda mais a empreender o estudo que

desenvolvi nesta dissertação.

4.1 As polêmicas que cercam os implantes cocleares: os filmes/documentários “Som e Fúria” e “Som e Fúria seis anos mais tarde”.

Estes dois documentários contam a história de uma família norte-americana

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envolvida com questões referentes à cultura surda e ao implante coclear e é possível

dizer que, me vali, especialmente do primeiro filme documentário, ao tomá-lo como

“pano de fundo” para situar algumas das muitas questões relativas ao IC.

Passo a indicar os personagens e o enredo do primeiro documentário.

Chris, um de dois filhos de pais ouvintes é ouvinte e casado com Mari, também

ouvinte. Eles são pais de gêmeos, sendo que um dos bebês é surdo e o outro não.

O irmão de Chris, Peter, é surdo e casado com Nita, também surda e, no relato, eles

estão lidando com o pedido de sua filha surda de seis anos, Heather, que quer fazer

a cirurgia de implante coclear. Este pedido gera desconforto nesta família até por

estar em profundo desacordo com o papel de líder do movimento surdo que o pai da

referida menina desempenha.

Foi a partir da exibição deste filme, em uma rede de televisão a cabo (GNT),

em 2002, e do ingresso na escola onde trabalho de alguns alunos surdos

implantados, que acaloradas discussões e questionamentos se estabeleceram frente

a esse assunto, principalmente entre a comunidade surda.

No ano de 2006, o diretor deste documentário, Josh Aronson, realizou um

segundo documentário, que dá continuação à história dessa família, passados seis

anos. Ao final do primeiro documentário, realizado em 1999, a família constituída

pelos dois irmãos, um surdo e o outro ouvinte, filhos de pais ouvintes, mas, ambos

com filhos surdos, se mostrou dividida entre a opção de assumir a surdez como uma

cultura e a possibilidade de permitir a realização do implante coclear em algumas

das crianças da família, opção essa feita por um dos irmãos envolvidos na trama

para o seu filho surdo. Ao final do segundo documentário, essa situação se alterou

profundamente, parecendo-me, ter-se voltado o documentário a buscar “construir

pontes” entre esses dois pólos problematizadores da primeira narrativa: a cultura

surda e o implante coclear, tal como relato no resumo destes dois documentários

que apresento a seguir.

4.1.1 Um breve relato do filme/documentário Som e f úria

O primeiro documentário, intitulado Som e fúria, foi indicado ao Oscar na

categoria de melhor documentário em 2001. Como já referi, ele trata dos conflitos de

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uma família que se vê envolvida em uma polêmica sobre possibilitar ou não a duas

crianças surdas, os primos Heather de seis anos e Peter de um ano, a implantação

de dispositivos que estimulem a audição, no caso, o implante coclear.

Duas famílias, dois irmãos, um surdo e um ouvinte se angustiam sobre as

difíceis escolhas que enfrentam sobre como educar suas crianças surdas. Eles

chegam a conclusões muito diferentes e suas decisões provocam discussões

apaixonadas de seus parentes surdos e ouvintes.

É possível dizer que, neste filme-documentário, os espectadores são

apresentados à controvertida questão do implante coclear. Nele é focalizado e

discutido o que pode representar para uma pessoa identificada com a cultura surda

a implantação desse dispositivo. Questiona-se, por exemplo, a possibilidade de

construírem-se pontes duráveis entre os mundos dos surdos e o dos ouvintes de

outras formas que não essa. Neste documentário, alguns surdos (os pais e os avós

maternos de Heather) defendem a surdez como uma diferença cultural: eles afirmam

que os outros sujeitos (não surdos) também têm suas diferenças culturais e

identitárias e que, muitas vezes, ser ouvinte, nesse meio, passa a ser considerado

como um fator de exclusão. O documentário procura mostrar que, com os avanços

tecnológicos disponíveis nos tempos atuais, muitos surdos podem sentir-se

invadidos e até mesmo ameaçados em sua escolha e formação identitária e cultural,

aspecto que também é considerado por Perlin (2005) no trecho que reproduzo a

seguir:

A escolha cultural do surdo pode parecer um processo anômalo para quem defende a normalidade. No entanto, a cultura surda, vista do nível das múltiplas culturas, faz com que transpareça com toda a sua excelência nas linguagens constitutivas das culturas. Entrar no lugar da cultura surda requer conhecimento da experiência do ser surdo com toda a transformação que o acompanha (Perlin, 2005, p. 74).

Questões associadas a este tema agitam a família Artinian. Como já

indiquei, posições antagônicas, em relação a essa controvérsia são assumidas pelos

irmãos Chris (ouvinte) e Peter (surdo), que conduzem, durante o documentário, um

entusiasmado e esclarecedor debate sobre essa questão. Peter e Nita precisam lidar

com o estranho e constrangedor pedido de sua filha surda de seis anos, Heather,

que quer fazer a cirurgia de implante coclear. Mesmo não concordando em princípio

com esta possibilidade, eles investigam todas as possibilidades frente à dúvida

quanto aos benefícios que o implante poderia oferecer às crianças surdas. Eles

visitam escolas, onde estudam crianças implantadas, conversam com pais de

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crianças implantadas, algumas bem sucedidas, falando e escutando razoavelmente

bem, outras, nem tanto; eles também consultam especialistas, discutem com a

família e defendem pontos de vista distintos, em um debate que fica centralizado nas

perguntas: implantar ou não implantar? Normalizar ou respeitar a diferença?

Defender a cultura própria ou permitir a hibridação?

Destaca-se no relato, que a menina que pediu para fazer o implante sentia-

se deslocada em sua escola e não se relacionava bem com os colegas. Sua mãe

decidiu, então, acompanhá-la em busca do encontro de uma solução para o seu

desconforto e essa incluiu a realização de vários exames e consultas para verificar a

possibilidade ou não da realização do implante para ela e sua filha. Para seu

desapontamento, ela, a mãe, foi desaconselhada pelos médicos a fazer a cirurgia,

uma vez que essa, quando realizada em adultos, surdos pré-linguais, pode

apresentar resultados inexpressivos e questionáveis. A partir dessa constatação, a

mãe muda o seu discurso em relação à filha e decide junto com o marido que a

menina também não deveria realizar o implante, convencendo-a a aceitar a idéia de

não se implantar como se essa fosse uma decisão dela própria, ao mesmo tempo

em que exaltam a cultura e a comunidade surda. Por fim, a família de Peter muda-se

para outra cidade, Maryland, onde há uma comunidade surda mais numerosa, na

tentativa de buscar novas amizades surdas para a filha e seus dois irmãos surdos

menores e também para inseri-los em um contexto social e lingüístico que estivesse

mais de acordo com as convicções de seus pais.

Essa decisão pode ser lida como incluindo uma complicada distinção entre

ouvintes e não-ouvintes, pois, de certa maneira, define-se o grupo de "não-ouvintes"

como sendo o único com o qual a família poderia se sentir acolhida e inserida. De

certa forma, parece ser possível dizer que a identidade surda, almejada por Peter e

Nita para os seus filhos surdos, nesse caso, continuaria a ser construída e vivida de

forma negativa, caso eles tivessem permanecido na mesma cidade - NY. Eles

praticamente rompem com seus parentes, especialmente porque a família de Chris

decide implantar o seu bebê surdo, para espanto e desgosto de seus parentes

surdos, porém com a aprovação dos avós ouvintes.

Então, o filme documentário “Som e Fúria”, nos permite ver como o discurso

sobre a normalidade é marcante. Os pais surdos pesquisaram os argumentos

favoráveis e os contrários ao implante coclear em Heather, exercendo, não apenas o

seu papel de líderes da comunidade surda e de militantes anti-implantes, mas,

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especialmente, de sujeitos que buscam uma solução para um desejo de um filho,

enquanto que os pais ouvintes (Chris e Mari) foram diretamente em busca dos

possíveis benefícios do implante coclear para seu bebê surdo, não atentando para

os discursos mais cautelosos assumidos por seus familiares surdos.

Cabe registrar que as discussões ocorridas ao longo do filme-documentário,

estenderam-se para além das fronteiras da tela do cinema e da televisão e

propiciaram a ocorrência de alguns tensionamentos na comunidade surda. Falo

aqui, especificamente, daquela em que estou inserida, conforme já citei. Assim, este

documentário foi mais uma das situações que me levaram a olhar mais para a

questão do implante, além de terem-me instigado, especialmente, a atentar para o

que os surdos implantados falam de si. No entanto, em função de uma série de

comprometimentos profissionais, a alternativa que me pareceu mais viável para

buscar ouvi-los foi a web, servindo o documentário, como já indiquei, de “pano de

fundo” para a temática dessa dissertação.

Mas a história da família Artinian não finalizou com o término deste primeiro

documentário. Seu diretor realizou, em 2006, um segundo documentário, cuja

síntese apresento a seguir.

4.1.2 Um breve relato do filme/documentário “Som e Fúria: seis anos mais

tarde”

Neste novo documentário, o autor inicia justificando a realização da

continuação. Segundo ele, desde o momento em que “Som e Fúria” foi lançado,

pessoas seguidamente lhe perguntavam: “Você sabe o que aconteceu com

Heather?” E com a família dela? Como está o menino que fez implante?

A partir dessas e outras inquietações, que ele também demonstrou ter tido,

decorreu a sua decisão de realizar este segundo documentário, voltado á

atualização da história da família Artinian.

Conforme o autor, o filho de Chris e Mari, agora já com sete anos, está indo

muito bem com o implante coclear, porém a família dele decidiu não participar desse

segundo documentário. Passo, a seguir, a resumir os acontecimentos relatados

nesse segundo filme/documentário.

Como já referi, o primeiro filme/documentário termina com Peter e sua

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família se mudando para Maryland, onde estabeleceram contatos com a comunidade

surda local, passando seus filhos a freqüentar a escola para surdos e a participar

das atividades por ela oferecidas. No entanto, Peter continuava a trabalhar em New

York, indo e voltando todos os finais de semana, situação que gerou dificuldades à

família, conforme relata Nita no segundo documentário.

Diz ela: “no começo parecia tudo bem, achava que poderia ser feliz lá”. Mas

não foi o que aconteceu. Após três anos, vivendo praticamente sozinha com as

crianças, sem o apoio do marido na maior parte do tempo ou de outros membros da

família, Nita mostrou sinais de cansaço e depressão, chegando a ter, conforme

relatado no filme/documentário, um “colapso nervoso”. Depois desse evento, que

demonstrou o desgaste que a família vinha sofrendo, Peter decidiu voltar para a

casa dos pais, onde Nita teria ajuda e apoio. A mudança trouxe, no entanto, a antiga

polêmica de volta. As crianças passaram a ter novamente contato com o tema

“implante coclear”, através dos primos implantados (além do então bebê, também o

seu irmão surdo fez o implante), e os questionamentos pouco a pouco voltaram a

ocorrer. Em uma das falas de Peter, no filme/documentário, ele diz: “nós discutíamos

sobre o implante coclear. Meus pais estavam tentando influenciar novamente”. Ao

mesmo tempo, Peter temia pela sua família, pois ele achava que permitir ou não

permitir a realização do implante, poderia implicar em “perder” a sua família. Como

ele relata, essa era uma decisão muito difícil para ele.

Nesses quatro anos passados, no entanto, Peter sentiu enfraquecerem

algumas de suas certezas, bem como o crescimento de suas dúvidas. Conforme ele

declara no filme/documentário: “algumas luzes foram acessas”. Ele declara, também,

ter sido inicialmente totalmente contra esta nova tecnologia. Diz ele:

Não queria nem ouvir falar sobre isso, mas aos poucos eu me acalmei e refleti, tinha que fazer o que era melhor para os meus filhos. Foi por isso que mudei minha opinião. Eu queria dar a eles a oportunidade de serem felizes.

E, assim, finalmente Heather recebeu o implante aos nove anos de idade.

Três anos mais tarde, aos doze anos, ela aparece como uma jovem sorridente,

falante, freqüentando uma escola ouvinte, mas com a ajuda de uma intérprete,

participando de atividades esportivas e, claro, de terapias de fala. Na maioria das

suas falas no filme/documentário, ela ressalta a capacidade comunicativa que agora

possui, não se excluindo mais do “modo ouvinte de ser” e sim fazendo parte de um

ambiente “no qual o resto do mundo está”. Peter se mostra conformado, pois

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Heather continua se comunicando com ele através de sinais. E não só Heather: das

seis crianças que os dois irmãos têm, cinco são surdas e fizeram o implante coclear,

sendo que todas sinalizam e também falam oralmente umas com as outras. Elas têm

terapia de fala juntas e parecem se divertir bastante com os jogos de linguagem.

Nas palavras de Peter:

“Heather agora faz parte de ambos os mundos, do surdo e do ouvinte. Antes ela estava apenas no mundo surdo, mas agora tem a oportunidade de estar nos dois. No início eu estava com medo de deixá-la ir, mas agora eu vejo que ela transita facilmente entre os dois mundos. Eu estou aliviado. Minha família continua a mesma. Em casa, quando estamos juntos, nós sinalizamos. Na rua meus filhos falam, não me importo. É a vida deles. Eles querem falar e aproveitar isso, tudo bem. Quando estamos juntos, nós sinalizamos”.

Mas a surpresa maior para mim deste segundo documentário fica por conta

da mãe de Heather, Nita: ela também decidiu fazer o implante, apesar dos

argumentos do marido e de ter sido advertida pelos especialistas em relação aos

resultados restritos que poderia obter. Nita diz:

Eu fiz o implante coclear, e quando o ligaram, eu estava tão empolgada. Eu podia ouvir coisas. Tantos sons diferentes. Então eu entendi o que a Heather está experimentando e eu posso compreender o que ela está passando.

Ao finalizar a sua participação no segundo documentário, Peter demonstra

conformismo e que “aceitou” o implante para conciliar os interesses da família. Ele

declara:

Quanto mais a cultura surda e o mundo ouvinte se entenderem, melhor. Poderemos apoiar um ao outro e coexistir. Se os dois mundos não caminharem juntos, tudo desmorona. Olhe para a minha família. Minha mulher e meus filhos são surdos e meus pais são ouvintes e por três anos nós estivemos separados, brigando por causa de pontos de vista diferentes e agora nós estamos juntos novamente e estamos melhores. Nós surdos gostamos do mundo ouvinte e também do mundo surdo reunidos. Nós aqui apoiamos uns aos outros.

Já Marion, mãe de Peter, defende ao longo do filme/documentário a

importância de ser ouvinte em um mundo de ouvintes e que a surdez é um limitador,

um transtorno que impede aos surdos terem uma “normal”, tal qual defendido pelo

oralismo, conforme conceituei anteriormente. Vejamos como ela define essa

situação ao falar dos netos surdos implantados:

Essas crianças não serão mais limitadas. Elas agora poderão fazer suas próprias escolhas, sem depender de intérpretes. Poderão escolher que amigos ter, com quem casar, que profissão seguir, qual universidade fazer... Talvez não queiram ir para uma universidade para surdos e se quiserem, está bom também, mas agora elas têm a escolha. É muito difícil quando você não consegue se comunicar, você fica preso a um espaço restrito, em um pequeno mundo fechado e não pode sair.

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Leigh, psicóloga e professora surda da Gallaudet University, que participa

com declarações nesse filme/documentário, argumenta:

Há um lugar nas comunidades surdas para aquelas crianças com implante coclear. E elas estão contribuindo para a percepção da mudança na comunidade surda. As pontes foram construídas. Eu acredito ser esta a história da comunidade surda. Eles estão vendo essas crianças surdas implantadas irem para os ambientes ouvintes, conectando-se com eles, brincando com eles, trabalhando com eles e continuarem a vir para nossa casa na comunidade surda.

Destaco que este segundo filme/documentário, até a presente data, ainda

não foi exibido para a comunidade surda local e que, por isso, não tenho como

avaliar o seu impacto em nosso meio, contudo, para mim, o relato nele contido foi no

mínimo estranho e surpreendente.

Cabe lembrar Quadros (2005), quando argumenta que os ouvintes,

considerando ser esta a experiência que vale, buscam nos outros (surdos) a

possibilidade de expressão dessa essência ouvinte. Assim para esses ouvintes a

lógica da civilização é a que impera, ou seja, onde a civilização é a fala e a escuta, o

ouvinte se converte em um “colonizador” e diante do outro surdo coloca a falta, a

deficiência, como uma menoridade, uma menos valia social, sendo necessário

promover a cura através de artefatos tecnológicos e pedagogias corretivas. De certo

modo, o segundo filme/documentário dá destaque às dificuldades enfrentadas pela

família surda, após a sua decisão de isolar-se da família ouvinte e de procurar viver

apenas apoiada pela comunidade surda de uma outra localidade.

A partir deste segundo filme/documentário, se poderia pensar nos fortes

argumentos “colonizadores” contidos na tecnologia do IC e como eles capturaram a

família, especialmente a partir da experiência vivida de alguns implantados com

quem tiveram contato.

Passo a seguir a apresentar os blogs e o fórum que efetivamente se

constituíram no material por mim analisado nesse estudo e que também abordam a

questão do implante coclear e a experiência vivida como instituidoras de condutas.

4.2 O blog da Princesitta

O blog, intitulado Blog da Princesitta, pode ser localizado no universo virtual

através do endereço eletrônico http://princesittaic.blogspot.com. Este blog foi aberto

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em 16 de abril de 2007, por uma jovem paulistana de 21 anos de idade para relatar

a sua experiência “rumo ao implante coclear”.

Destaco que examinei todos os materiais postados por Princesitta (eu a

designarei pelo mesmo nome dado ao blog, mesmo que ela não o adote como

pseudônimo), bem como todos os post e interlocuções dos internautas feitas até a

data de 20 de junho de 2008, quando encerrei a coleta de dados. Neste período, o

blog recebeu 2561 visitas, pessoas que leram os relatos de Princesitta, mas que não

necessariamente interagiram com ela, sendo possível dizer que este número de

acessos é indicativo do interesse que o tema “implante coclear” suscita em uma

significativa parcela da população que freqüenta esse mundo de informações que é

a internet.

Princesitta diz que iniciou este blog para contar ao público a sua vivência

pessoal em relação ao IC. Disse ela:

É para o conhecimento das pessoas que se interessam ou que desejam trilhar o mesmo caminho que eu. Aqui contarei como será o meu dia-a-dia, a luta pela busca do implante, meus medos, minhas alegrias, minhas dores, inseguranças e vitórias contra todas essas coisas. E espero que eu possa também, estar relatando o meu dia-a-dia com o implante. Bom, isso a Deus pertence: O futuro (comentário postado em 16/04/2007).

Na página principal de seu blog, está postada uma breve apresentação, sob

o título “quem sou eu”, onde Princesitta narra sucintamente sua vida, declarando o

motivo que a levou a abrir este blog – seu interesse no implante coclear – do qual

reproduzo a seguir alguns trechos:

Me chamo Aline, tenho 21 anos. Sou surda bilateral, de causa desconhecida, com 85 dB no OE e tinha 80 dB no OD. Sou oralizada desde pequerrucha, cresci falando, lendo e me comunicando de boa com as pessoas. Mas claro que com algumas dificuldades, mas eram mínimas. Até meus 15 anos, mudei de escola. De uma regular, pública, fui para uma especial de surdos, tentar ver se era melhor. Isso foi em 2000. Aprendi LIBRAS e conheci o mundo do silêncio, a comunidade surda e me isolei por uns tempos... Em 2006, uma nova luz surgiu na mh vida: o implante coclear. A luz que eu desconhecia, tinha medo. Resolvi segui-la e uma nova porta na mh vida foi aberta. Muitas coisas mudaram. E vcs poderão acompanhar através desse blog (comentário postado em 16/07/2007).

Seria possível indicar que Princesitta se vale de algumas metáforas

que representam a surdez de forma bastante negativa – ela afirma ter vivido em um

mundo de isolamento e sem luz até que surgiu em sua vida o implante coclear, que

lhe abriu as portas para uma vida repleta de transformações.

Destaco que a página principal do blog contém, ainda, além desse breve

perfil da autora, uma galeria de fotos, através das quais ela também se apresenta,

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além de links que remetem a outros blogs de implantados, estando entre esses o

blog de Luis Filipe, que também analisei neste estudo. O estilo de escrita adotado

por Princesitta é informal, como o usado na maioria dos blogs da web, mas, talvez

esse possa ser considerado um pouco mais informativo do que os demais, pois,

além da narrativa das banalidades do dia-a-dia de um sujeito anônimo, a autora

descreve aspectos voltados a prestar esclarecimentos sobre o IC para os seus

leitores e leitoras, tal como sucede quando ela fala dos resultados dos exames que

realizou antes do implante, fornecendo detalhes sobre critérios necessários para a

sua realização:

Vou ser direta: A minha Ressonância Magnética estava incompleta. O que eu temia aconteceu... "Não mostra nada do nervo auditivo, e ele é essencial" Foi a resposta do médico... Só faltava isso para finalmente eu saber se ia ser implantada. A tomografia revelou um outro probleminha... E só a RM poderia confirmar a tal suspeita do problema. Isso dividiu no meio a certeza de que eu poderia ser implantada. Nunca tive doença q poderia afetar minha audição. A causa é um mistério... Só poderia ser o mais temível, o mais raro problema: O nervo auditivo. Mas nada está valendo sem a RM pra confirmar (Comentário postado em 09/06/2007).

Ao fazer tal comentário, Princesitta revela suas angústias frente ao modo

como os exames clínicos a localizavam – um sujeito que apesar de investigado de

todas as formas possibilitadas pela medicina, não se encaixava nas categorias mais

usuais de surdez, disso decorrendo a dificuldade de prognóstico de sucesso ou

fracasso da “técnica” de reabilitação buscada. Pode-se ver, ainda, neste comentário,

como Princesitta foi subjetivada por discursos que configuram a surdez como uma

enfermidade e o sujeito surdo como um corpo defeituoso e doente, que, por isso,

necessita constantemente buscar técnicas terapêuticas que permitam a sua

reabilitação. Poder-se-ia inclusive dizer, que é a partir de representações como a

referida no excerto, que o implante coclear vem sendo configurado como uma

possibilidade de escapar da posição de deficiente na qual os surdos têm sido tantas

vezes localizados.

Aliás, a idéia da reabilitação, associada ao discurso da medicalização, é

uma das regularidades presentes nas narrativas e comentários postados nos

artefatos da web que examinei neste estudo. Como indiquei, Princesitta, em seu

blog, fala sobre suas expectativas em relação ao IC, afirmando serem os artefatos

tecnológicos (as próteses auditivas e o IC) instrumentos reabilitadores capazes de

operar “milagres”, como também foi registrado no excerto que apresento a seguir:

Mas uma coisa que penso e sei: O implante não me transformará em uma pessoa ouvinte. Apenas irá me ajudar. Só não falo aqui, para não

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ficar criando expectativas muito altas. Isso faz parte das regras. Para mim, que ainda terei minha primeira consulta esse mês. [...] Seja lá como for sempre serei surda. Qd eu desligar o processador de fala, voltarei ao meu mundo silencioso de sempre. Próteses? São como "meio-milagres" que Deus permitiu aos homens criarem, para apenas nos ajudarem (post de 15/04/2007).

É interessante comentar que Princesitta, por outro lado, indica que mesmo

que se tornasse possível passar a ocupar, a partir do implante, uma “categoria”

diferente daquela na qual ela estava naquele momento localizada – uma jovem

surda - ela não se transformaria em ouvinte. Princesitta deixa bem claro que sua

condição de ouvinte está inexoravelmente ligada ao uso do processador de fala,

sendo também interessante destacar que neste mesmo post, ela configura o IC

como uma dádiva divina – um instrumento que Deus permitiu que os homens

criassem para “auxiliar” os surdos. Em outro momento, Princesitta fala novamente

dos seus medos, das suas dúvidas e incertezas para se decidir pelo IC, indicando,

no entanto, serem esses decorrentes da falta de informações sobre o IC. Neste

sentido, ela ainda afirma que a internet foi o melhor lugar para a obtenção de

informações. Disse ela:

Como eu já disse várias vezes aqui, o meu problema era medo. Um medão tremendo! E também muita falta de informação sobre o implante. Só me falavam mal do IC, dizendo coisas cabeludas sobre ele: ele te transforma em robô, te deixa com dor de cabeça... [...] Mas uma coisa está mais forte: Mh busca constante sobre o Implante Coclear. Informações e tudo mais que eu achar pela frente! Ler sobre o implante acalma minhas tensões, inseguranças... Melhor ainda é conversar com as pessoas usuárias de IC. Isso tudo eu encontro em um só lugar, por enquanto: na Internet (comentário postado em 15/04/2007).

Outro aspecto destacado por Princesitta diz respeito à necessidade do

estabelecimento e fortalecimento de vínculos entre pessoas que compartilham os

mesmos problemas e aflições, dando destaque ao sentimento de pertença grupal.

Princesitta assume que através da partilha de sentimentos e emoções, foi

possível para ela construir relações emocionais positivas e tomar decisões

importantes. Tal como Hall (1997) e Bhabha (2005) asseveraram, o sentimento de

pertença proporcionaria a produção de uma rede social de suporte capaz de atuar

na direção de prover um maior equilíbrio emocional para os sujeitos. No excerto

transcrito a seguir Princesitta relata a influência que tal sentimento teve na decisão

que tomou no dia em que “conheceu as pessoas que usam o IC e decidiu ir em

frente”. Ela relata: Aqui estou para lembrar de um dos melhores dias do ano que tive:

o encontro em Indaiatuba - SP, com o pessoal do FIC e outras pessoas envolvidas com o IC. Antes desse maravilhoso encontro, eu estava bastante

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indecisa quanto ao Implante. Jurava que sairia de lá na mesma, toda insegura e tal... O meu medo do implante era tremendo! Eu queria poder ouvir alguma coisa, e só o IC, se for o meu caso, poderá me trazer ao mundo dos sons... Eu tinha que decidir... Eu tinha que aceitar a conviver com um implante na mh cabeça, enfrentar os mitos, o preconceito da comunidade surda e me esforçar para progredir com a mh audição biônica. [...] Conversamos sobre o IC, e ele me disse para não ter medo. Depois fizemos uma rodinha e todos conversavam. Eu estava tão admirada com o pessoal que mal consegui comer [...] no fim, boa parte das lendas que cismavam, foram apagadas. (post de 24/03/2007).

Princesitta configura, então, o encontro com sujeitos ligados ao FIC como

decisivo para o encontro da solução que buscava! Pode-se dizer, ainda, que outros

discursos passam a sujeitá-la. O mais difícil, segundo ela, foi então feito - decidir

sobre fazer ou não fazer o IC, decisão que só foi possível tomar após este encontro

com outros implantados que lhe transmitiram confiança e credibilidade no

procedimento. Mas, como Princesitta relata, no excerto que apresento a seguir, após

essa decisão, outra expectativa ainda precisava ser vivida: saber se poderia

realmente ser implantada, obedecendo aos critérios que sucintamente apresentei

anteriormente. A primeira consulta com o especialista, a peregrinação por outros

tantos para realizar as avaliações, exames e medições necessários para a definição

desses critérios ainda estavam para ser vividos. Relata Princesitta:

Finalmente, o dia tão esperado chegou! Apesar de ser apenas a 1ª consulta, eu imaginava que nada de muito relevante podia acontecer, pois preciso primeiro ter os exames necessários em mãos, para só depois receber a "grande resposta: Sou ou não candidata ao implante coclear" (post de 26/04/2007).

Novamente os encontros com outros implantados, as relações de

solidariedade, visíveis nas narrativas de Princesitta, foram decisivos, segundo ela,

para que mantivesse o ânimo e encontrasse a força necessária para continuar o

processo de busca pelo IC, como refere no excerto abaixo:

Fui eu lá toda contente para a tomografia, pois a noite viria coisa melhor ainda: o tão desejado encontrinho no shopping Sta Cruz! O Exame foi ás 13h, depois voltei a trabalhar, estava doidinha para às 17h, meus amigos já estavam na porta me esperando, outros já estavam na estação São Caetano, me esperando e mais outros indo a caminho do Sta Cruz, para me encontrar! Caramba, quanta gente eu fiz esperar heheheh (post de 03/05/2007).

Os relatos de Princesitta indicam que, da mesma forma que o encontro

surdo-surdo é essencial para a construção da identidade surda, conforme Perlin

(1998) registrou, também no caso aqui analisado - o encontro surdo implantado-

surdo implantado, ou ainda, surdo implantado-surdo querendo ser implantado –

também fez-se necessário para forjar uma outra identidade surda: a dos surdos

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implantados, se é que podemos dizer assim, considerando, neste caso, que o

interlocutor privilegiado do surdo não implantado seria o próprio surdo implantado.

O envolvimento da família é outro aspecto abordado por Princesitta em seu

blog. Ela indica que não apenas o candidato ao IC precisa envolver-se neste

processo de conhecimento da intervenção, mas seus familiares também. Faz-se

necessário conhecer as expectativas e motivações do candidato e as de sua família

quanto ao IC e, novamente entram em ação os amigos implantados neste processo

de intercâmbio de conhecimentos e de transmissão de experiências de vida, como

Princesitta relata no excerto que transcrevo a seguir:

No sábado dia 12 de maio de 2007, eu, Minda e Dennis combinamos em nos reunir com a minha família, aqui em casa para que eles possam conhecer um implantado e o implante em si. Foi bastante interessante e agradável a conversa. Muitas dúvidas foram sanadas e agora todos estão me apoiando, torcendo por mim! Claro que há as altas expectativas. Mas eu estou me preparando... (post de 12/05/2007).

Diferentemente das famílias norte-americanas do filme/documentário “Som

e Fúria”, que foram em busca de informações sobre o IC ao visitarem outras

crianças implantadas, Princesitta levou implantados para conhecerem sua família e

esclarecerem as dúvidas desses através do testemunho de suas experiências.

Como Princesitta relata, a partir do momento em que tornou público o seu

desejo de se implantar, manifestações de diferentes naturezas chegaram até ela

como podemos ver na narrativa abaixo:

Há algumas horas atrás, acabei de chegar de uma comemoração da igreja para o dia das mães! Cheguei lá já cumprimentando as intérpretes, os presentes e fui abordada por uma delas: "E o implante?" Respondi que me falta mais um exame e breve estarei a caminho. Tinha uma outra que eu não lhe tinha ainda contado do implante, aí falei a ela, e elas ficaram muito felizes por mim! E estão me dando a maior força. Além dos olhares "esperançosos" havia também os olhares "infelizes" para cima de mim. [...] não tardou muito, logo ali surgiram as "marditas" frases "librísticas": "Não faça o implante. É melhor vc assim, do jeito que está" Perguntam-me: "Mas para quê? Você não está bem assim? Deus te fez assim, você fala bem, escreve bem e ainda quer mais..." E o silêncio voltou. Discutir surdez já está virando um tabu. Igual futebol e religião: vc discute, discute, discute e não chega a lugar nenhum. Perante a minha resistência, essa frase me é dita: "Depois do implante, você poderá deixar os surdos de lado." (post de 13/05/2007).

Ou seja, alguns integrantes da comunidade surda e ouvinte mostraram-se

favoráveis à sua decisão, enquanto outros externaram sentimentos de pena e de

compaixão. Princesitta mostrou-se bastante irritada com essas últimas observações,

como podemos observar através de expressões como “marditas frases librísticas”

denunciando o preconceito contra o IC. É preciso lembrar que, como salientou Lane

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(1992), falar e pensar como um ouvinte é considerado negativo na cultura dos

surdos; o surdo que adota valores de ouvinte é menosprezado e considerado traidor.

Para Lane (ibid), a projeção de identidade do surdo encobre outras diferenças as

quais seriam mais notáveis na sociedade dos ouvintes. Nesse sentido, Quadros

(2003) observa, por exemplo, que as diferenças de classe social, de idade, de sexo,

de raça, de certa forma, são camufladas sob uma característica comum: a surdez.

Relembro que, quando a surdez é entendida a partir de um modelo clínico,

aspectos tais como a necessidade da oralidade e de buscar-se a sua recuperação

são evidenciados, focalizando-se a perda auditiva em si. Nesse sentido, práticas

como o implante coclear passam a ser vistas como um modo de restabelecer a

audição, a normalidade ouvinte. No entendimento de Skliar (1998), quando a surdez

é entendida, a partir do direito do sujeito surdo de se representar não como

deficiente, mas como sujeito com uma cultura própria, tendo Libras como primeira

língua, a idéia da normalização e no caso aqui analisado, a idéia do IC causa

estranhamentos e até alguma perplexidade. No relato que transcrevo abaixo,

Princesitta dá destaque a sentimentos ambíguos que esta controvérsia lhe suscita.

Diz ela:

Quero fazer parte do mundo ouvinte sim, mas de um jeito diferente. De um jeito que poderei viver nos dois mundos. Na verdade já vivo assim. No mundo surdo eu consegui me integrar legal (mas não 100%. Tem muitas coisas que eu discordo completamente), mas no dos ouvintes, eu tb consigo, mas não me sinto tão à vontade. E nisso o implante poderá me ajudar e muito. Então eu ser implantada, não será lá uma coisa tão "berrante" como os surdos vêem. Talvez isso seja um elogio: devo estar fazendo LIBRAS de um jeito bem profissional. [...] Diz a lenda que um surdo totalmente acomodado em LIBRAS, surdo de nascença, com o seu grande orgulho surdo, não se beneficiará do implante, por mais que o quadro clínico dele indique que sim. Pois para ele "ouvir" não é necessário. Eu discordo. Se "ouvir" for o sonho do surdo, objeto de um forte desejo, ele sim, poderá ter resultado. Tudo depende dele. E do quadro clínico. [...] O implante não vai te mudar da água para o vinho. Irá melhorar tua qualidade de vida. E como eu já vivo nos dois mundinhos, com um pé ali e outro cá... O implante coclear é para mim! =DDD Preciso fortalecer meu mundo sonoro. Pois foi de lá que eu vim (post de 13/05/2007).

Mas ela parece também querer assumir uma condição “híbrida” – ela

declara não querer abandonar sua condição de surda e tampouco pretender assumir

uma condição de ouvinte: ela afirma querer transitar mais “confortavelmente” (?)

entre essas possibilidades e, para que isso aconteça, necessita fortalecer “seu

mundo sonoro”. Para Princesitta, o surdo que se narra como um sujeito cultural é

percebido como “um surdo acomodado em Libras, para quem “ouvir” não é

necessário”, como parece claro no relato transcrito acima. Percebe-se que ela

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coloca em xeque algumas “crenças” que professara a partir de sua inserção na

comunidade surda – ela se rebela ao referir-se, por exemplo, as "marditas" frases

"librísticas” ou ao se referir ao “orgulho surdo”! Então, ela volta a buscar argumentos

em uma outra ordem de discursos - o discurso clínico, para dar legitimidade à sua

decisão e fortalecê-la.

Além disso, seria importante considerar que, após vários meses de

consultas, exames, resultados incompletos, novos exames, visitas e reuniões com

outros implantados, as expectativas em relação ao IC tornaram-se “quase uma

tortura” para ela, como Princesitta destaca, por exemplo, no excerto abaixo, ao

mesmo tempo em que ao longo do processo a possibilidade de realização do IC

passa a ser vista quase como um milagre. Diz ela:

O meu milagre está chegando. Hoje estou muito feliz! Desde que fiz a minha segunda ressonância magnética ATÉ HOJE vivi numa ansiedade imensa... Era uma esperança crescente, uma fé sem igual, uma guerra dia-a-dia com o pessimismo, uma simulação do que seria um “não”, um sentimento vívido de um “sim”... E FINALMENTE, a tortura terminou hoje: EU POSSO FAZER O IMPLANTE COCLEAR! Nossa, pulei de alegria, abracei minha mamis e logo enchi meus amigos de mensagens comemorativas!!! Só tenho uma coisa a dizer: MUITO OBRIGADA MEU DEUS (post de 29/06/2007).

Esta visão fatalista da vontade divina aparece com bastante freqüência nas

narrativas de Princesitta, tal como sucede em outras manifestações que estarei

mostrando: parece-me que há uma mistura da aceitação resignada de um destino

incerto, bem como há o registro de quanto esta ambigüidade afeta a sua vida

cotidiana. Há também um sentimento de gratidão a forças do além que a favorecem

nas circunstâncias duras e difíceis do dia-a-dia que novamente estariam

condicionadas ao fatalismo religioso, que assevera que não adiantaria temer as

circunstâncias adversas nem trabalhar com estratégias e planejamentos objetivos.

Nos recortes transcritos a seguir, destaco mais algumas passagens que apontam

nessa direção:

Me lembro como se fosse ontem. Foi no dia do meu aniversário, quarta feira dia 18. Minha mãe franziu as sobrancelhas para mim, balançando a cabeça em uma negativa: “Não consegui a autorização”... Parecia que depois disso tudo, íamos precisar trocar de médico. E recomeçar. Meu coração estava apertado. [...] Me afastei por um tempo e pedi orientação a Deus. [...] Confiei no Senhor e decidi: NÓS VAMOS MESMO ASSIM. Lá na consulta explicamos para o médico o que andou acontecendo e ele nos tranqüilizou: “Isso é ilegal, e nós temos direito de escolher o médico.” Não sabíamos disso. Me animei e mais um motivo para ver o quanto Deus é grande!!! Ele está me acompanhando!!! Agradeci, agradeci e agradeci!!! (mensagem de 21/08/2007).

Venho anunciar com grande alegria, agradecendo imensamente a

Deus: AMANHÃ SEREI IMPLANTADA! A UNIMED liberou a mh cirurgia!Tudo

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graças ao bom Deus! (mensagem de 31/10/2007). Oiêêê! To de volta e implantada! Graças a Deus, louvado seja

Deus. A cirurgia aconteceu! Com Ele, superei todos os obstáculos (mensagem de 04/11/2007).

Um outro momento colocado em destaque pelos implantados, além da

cirurgia em si, é o instante da “ativação” do artefato, o que ocorre aproximadamente

um mês após a cirurgia. Este momento marca o início do longo processo de

normalização ouvinte. Princesitta em seu blog dá destaque a grande ansiedade que

vivenciou antes deste momento. Como ela refere, estava fazendo a contagem

regressiva para este dia:

ATIVAÇÃO!!! Faltavam três dias... Estava chegando, as horas não passavam. Eu dizia que estava tranqüila, mas lááá no fundinho, uma curiosidade enooooorme com uma ansiedade daquelas que vc tenta esconder e não consegue... Eu tentei de todas as formas imaginar como seria, o que eu sentiria, me passava muitas e muitas cenas na cabeça, aquele momento tão esperado por todos os implantados que não foram ativados ainda, que só passando pra saber como é, era imaginado por mim de várias formas: das desastrosas as milagrosas... E o que aconteceu não chegou perto do que eu imaginei: FOI ÚNICO E MUITO ESPECIAL. (mensagem de 05/12/2007).

Tal expectativa é gerada pela incerteza do resultado do IC, apesar dos

prognósticos dos exames realizados. Transcrevo mais algumas descrições desse

momento feitas por Princesitta.

Não consigo descrever como me senti: foi uma mistura de ansiedade, medo, alegria, emoção... Era tudo ou nada. Todos nós implantados sabemos que na ativação, pode ser tudo ou nada: há aqueles que saem ouvindo, há aqueles que nada ouvem, há aqueles que são capazes de considerar como o pior dia. Enfim varia de pessoa pra pessoa... Entrando lá, nos ajeitamos: eu no meio, mamis à direita, mh prima e meu namorado a mh esquerda! Uns blá blás pra cá outros pra lá e logo a fono anunciou: Irei ouvir uns barulhos, pois ela iria fazer uns testes nos meus nervos auditivos, coisa assim. Foi a primeira vez que ouvi algo pelo implante!!! O barulho começou baixinho e foi aumentando, eu estava com uma expressão admirada, espantada! Tão diferente o modo de ouvir! Sempre q eu ouvia algo com o AASI eu sentia q entrava pelo meu ouvido, com o implante é diferente! Não sei explicar! Comecei a empolgar o povo a mh volta! E eu tb fiquei empolgada! Tava legal, porém parecia q ia aumentar até estourar. Deu um medinho, mas depois gostei! (post de 05/12/2007).

É interessante indicar neste momento a intensidade deste processo de

narrar-se – o quanto Princesitta detém-se na descrição de seus sentimentos, de

suas expectativas e como neste ato de narrar-se, ela vai ao mesmo tempo,

reconstruindo suas expectativas e assumindo a sua condição de implantada. Ela

busca minuciosamente relatar tudo – parece não querer deixar escapar nada – ela

quer descrever o processo que está modificando sua condição de surda e nessa

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narrativa detalhada esse processo parece intensificar-se.

Como já indiquei em outra seção deste estudo, a partir da ativação, o

processo de reabilitação auditiva do implantado tem apenas início, pois os

procedimentos incluem, ainda, um longo caminho a percorrer. Como também já

referi, é acionado um conjunto de medidas de natureza médica, educativa e

reabilitatória destinadas a preparar e a (re)integrar o sujeito implantado no meio

ouvinte, e essas são voltadas a permitir o alcance do melhor nível possível de sua

capacidade e/ou potencialidade do artefato implantado. Princesitta relata, também,

detidamente, as dificuldades que vem enfrentando para se adaptar a esta nova

situação, como podemos perceber nos excertos abaixo:

1º dia depois de ligar o aparelho: Ouvi vozes, não compreendia, mas ouvia. Ouvi perfeitamente o som de /X/. 2º dia - fui trabalhar... Pela manhã com dificuldade, ouvi o meu passarinho cantar. Tentei ouvir música: só distingui dois sons diferentes. 3º dia - meu primeiro sábado implantada. Amanheci ouvindo o meu passarinho. De leve, consegui ouvir o barulho da panela de pressão. E com dificuldade, diferenciei "bola" de "carro". E fiquei tentando ouvir os toques de celular. Apesar de ouvir um pouquinho, achei todos fraquinhos demais. Ouvi o tu..tu..tu.. do telefone pela 1ª vez. PS: eu tentei ouvir no 1º dia e não consegui ihih [...] Embora com o AASI, nem perto disso eu chegava, apenas tinha sensações auditivas e mais nada. Passando alguns dias, a mh percepção musical fora melhorando. [...] Depois me sentei e tocou uma música, fiquei tentando captar a voz da cantora. Não deu muito certo, mas foi gostoso. Eu já não estava mais com as mãos no banco, tentando sentir a vibração. (post de 10/12/2007).

Como destacam os diferentes especialistas que lidam com implantados, a

descoberta dos sons, o aprender a ouvir estão ligados com a capacidade e a

vontade do implantado em se submeter à ouvintização. A terapia de fala, os

exercícios fonoarticulatórios, os mapeamentos dos eletrodos, bem como os ajustes

dos diferentes equipamentos tecnológicos acoplados ao IC são muito importantes

para que se processe a normalização ouvinte do implantado, como é possível

observar nos relatos de Princesitta que transcrevo a seguir:

Hoje de manhã fiz a troca: do P1 fui para o P2! E as diferenças já foram se manifestando! Eu ouvi muitas coisas com o P1. Consigo ouvir o aviso do MSN, quando uma pessoa loga... E configurei, para sempre que meu namorado logar no msn, tocar uma musiquinha do Zelda. Eu consegui ouvir tb o pisca-pisca do carro... Claro que prestando muuuuita atenção! Pois é baixinho... Essas são as últimas coisas novas que to me lembrando de ter ouvido, nos últimos dias do P1. Agora, usando o P2. Hj de manhã, detectei facilmente que o rádio estava ligado e continuei ouvindo bem o passarinho. Estou ouvindo melhor do que antes, mas ainda não consigo ouvir e dizer se passou um carro ou não. Estou começando a ficar meio perdida, querendo deixar de ler os lábios para me concentrar na audição. Mas ainda não é suficiente para eu entender, preciso dos lábios (mensagem postada em 13/12/2007)

Mas Princesitta não finaliza seus relatos após descrever a descoberta dos

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primeiros sons, ela continua relatando a sua experiência com o IC, uma experiência

que ela vai configurando como trabalhosa, pois os ajustes e regulagens são

realizados periodicamente, sendo necessário que, em cada novo programa, o

implantado realize testes e experiências para melhor adequar o artefato. Novidades

como as relatadas a seguir se tornaram cada vez mais comuns no blog de

Princesitta:

Venho contar uma grande novidade a vocês: EU ESTOU FALANDO NO TELEFONE! Incrível. Jamais imaginei que tão cedo, eu iria gostar dessa coisinha que eu tanto odiava que tanto tinha raiva quando tocava e o pessoal desesperado pra atender! Após 3 meses de implantada, finalmente, o sonho se realizou: agora posso ouvir no telefone. [...] Fiquei tão feliz!!! Uau!!! Milagre de Deus! Ainda não consigo ficar entendendo tudo, há dificuldades e necessidades de várias repetições da palavra! Mas já consigo me comunicar e a tendência é melhorar, mais e mais! (mensagem postada em 13 de abril de 2008).

É importante destacar que nas narrativas postadas no blog de Princesitta,

passada a empolgação inicial com o IC, as descobertas dos sons parecem ter-se

tornado comuns, terem-se incorporado a sua rotina e o reconhecimento de novos

sons não acontece com a mesma empolgação. Nesse momento, em que as

aprendizagens e descobertas sonoras passam a ser mais lentas, Princesitta assinala

que trocou de terapeuta da fala, pois estava “procurando algo mais”, alguém que lhe

“ensinasse” com rapidez a compreender os muitos sons que ainda não entendia.

Essa postura dá a entender que ela está procurando dividir responsabilidades com

outras pessoas pelo não cumprimento imediato do “milagre da audição” e que, de

certa forma, os “avanços auditivos” agora não dependeriam mais só dela e da

disposição de se dedicar aos exercícios de fala e sim, da capacidade e competência

de profissionais em ensiná-la a escutar. Vejamos como Princesitta narra esta sua

decisão:

Saí da fono... Achei fraco demais! Quero ALGO MAIS! Estou a procura de outra e achei uma super legal na mh cidade, dizem que ela é muito boa.... Agora depende da UNIMED... [...] TELEVISÃO Ainda não me simpatizei com esse troço, sou mt mais computador... Mas tenho notado que ultimamente, eu estou entendendo umas palavras ditas pelos apresentadores... ou locutores. Tudo mudou, tudo passou, novidades surgiram e muitos progressos tb! Os sons agora fazem parte da mh vida, estão tão comuns! Ainda vibro com muitas conquistas, mas depois esqueço e vou levando a vida (post de 20 de junho de 2008).

A partir da data, 20 de junho de 2008, encerrei o acompanhamento que

vinha fazendo do blog da Princesitta, tendo em vista cumprir os prazos já quase

esgotados para a conclusão de minha dissertação. Mas, o acompanhamento que foi

possível realizar me permitiu levantar algumas indicações importantes relativamente

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à questão que me mobilizou a empreender este estudo. Ou seja, foi possível colocar

em destaque alguns dos muitos questionamentos, representações e discursos

implicados no processo em que Princesitta foi assumindo sua condição de

implantada, ao narrar-se de forma tão explícita. Além disso, foi possível também

apreender algumas das significações colocadas em jogo relativamente a este

polêmico processo. Princesitta relatou minuciosamente suas expectativas, seus

medos e angústias, algumas frustrações e também as conquistas relativas ao IC.

É importante indicar que as considerações postadas pelos interlocutores

que com ela interagem em seu blog, de um modo geral, reforçam e apóiam as

convicções de Princesitta, até porque muitos deles já eram implantados como ela, ou

candidatos a um implante, ainda em peregrinação por laboratórios e consultórios de

especialistas. Ou seja, os sujeitos que dialogam com Princesitta em seu blog,

buscam integrá-la a sua condição de implantada, buscam acolhê-la, incentivando-a,

inicialmente, a realizar o implante e, posteriormente, a perseverar nos processos de

(re)abilitação da fala e na busca da normalização ouvinte.

Na tentativa de apagar o discurso de surdez, que foi tantas vezes

configurado pelo destaque ao deficiente, de menos valia e patológico, Princesitta

lançou-se em busca da normalização ouvinte, submetendo-se, para tanto, ao

processo corretivo da cirurgia de implante coclear. Essa sua nova condição, a de

implantada, exige dela um esforço contínuo e repetitivo no sentido de reconhecer-se

e de ser reconhecida como um sujeito em transformação, passando de uma

condição de “deficiente” para a de um sujeito “ouvinte”, “normal” ou “eficiente”,

condição que lhe seria assegurada, especialmente, através de seu ouvido biônico.

Penso ser possível dizer que há em seus relatos uma nova forma dela

posicionar-se frente à surdez - uma forma híbrida, que não se encaixa bem nos

binarismos mais freqüentes que a história da constituição cultural da surdez nos

permite colocar em evidência.

Destaco, então, mais uma vez que, nos relatos detalhados que Princesitta

faz em seu blog, ela vai construindo para si uma nova identidade, que inclui o que os

outros pensam e dizem a respeito de sua condição de implantada e sobre o implante

coclear, o que me leva a lembrar Skliar (1999a), quando esse estudioso pondera

que a transição da identidade ocorre no encontro com o semelhante, em que se

organizam novos ambientes discursivos.

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4.3 O blog do Luiz Filipe

Localizado no endereço eletrônico http://implantecoclear.blogspot.com, o

blog de nome Luiz Filipe – Eu e o Implante Coclear - foi colocado na web em 25 de

novembro de 2003, por Luiz Antonio Jeller Filipe. Paulistano do Brás, Luiz Filipe,

como ele se apresenta, e que passarei a identificar por LF, criou este blog com o

principal objetivo de fornecer informações sobre o implante coclear aos “irmãos do

silêncio”, como ele se refere aos surdos. Da mesma forma que procedi em relação

ao blog da Princesitta, também aqui examinei todos os materiais postados pelo

autor, bem como todos os comentários dos interlocutores feitos desde o seu início

até a data de 20 de julho de 2008, quando encerrei a coleta de dados. Neste

período, o blog de LF recebeu 6303 visitas, isto é, internautas que acessaram o seu

blog, mesmo que nem todos eles tenham interagido com ele.

Diferentemente de Princesitta, que construiu o seu blog antes do IC, LF

criou o seu após a realização do implante, exatamente um mês depois da cirurgia,

pois, segundo ele, “o IC ainda é muito desconhecido para um grande número de

pessoas que passam horas na Internet em busca de informações”. Com este blog,

LF pretendeu, então, disponibilizar informações sobre o IC em um só lugar, valendo-

se, para tanto, da narrativa das suas vivências. Atualmente, com a crescente

disseminação da internet, informações referentes ao implante coclear podem ser

encontradas com mais facilidade em um maior número de sites e páginas da

internet, sendo algumas especializadas na área biomédica.

Na página principal do blog de LF, há vários links indicando caminhos para

outros sites, como, por exemplo, os que contêm informações sobre o IC, sites de

outros implantados, endereços de associações de implantados no Brasil e no

mundo, além de uma apresentação pessoal do autor. Nessa apresentação, LF faz

uma síntese da sua vida até o momento de iniciar as narrativas no seu blog. A seguir

reproduzo alguns trechos da sua apresentação:

[...] sou conhecido como Luiz Filipe. Tenho 44 anos, e sou portador de hipoacusia bilateral do tipo neurossensorial profunda, secundária à meningite desde os 7 anos de idade. Como na época que perdi a audição, já tinha adquirido a fala e estudava normalmente numa escola primária, sou deficiente auditivo oralizado e faço leitura orofacial.

É interessante indicar que LF não se narra como surdo, mas deixa clara a

sua condição de deficiente – de alguém que perdeu o status de “normal” em função

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de uma doença. Luiz Filipe também discorre sobre a sua escolaridade, fala sobre as

escolas em que estudou, inclusive uma, a Hellen Keller, destinada a surdos, onde

aprendeu Libras. Ele informa aos leitores de seu blog que se formou como Técnico

em Mecânica, mas que sempre trabalhou na área da informática e que seu interesse

pelo implante coclear iniciou em 1991, quando obteve as primeiras informações

sobre o artefato, através de seu médico especialista. Logo procurou realizar o

implante, mas não foi aceito em função do tempo de surdez, que, na época, já era de

25 anos, sendo que os protocolos para o IC admitiam no máximo cinco anos de

surdez. O tempo passou e o IC foi deixado em segundo plano. No entanto, no ano de

2003, LF conheceu o FIC – Fórum de Implante Coclear - e, através dele, aproximou-

se novamente dessa possibilidade, como podemos observar no relato a seguir:

Nos últimos 2 anos, com o advento da Internet, passei a me interessar novamente pelo Implante Coclear, e pesquisava sempre sobre os avanços desta tecnologia. No início do ano de 2003, conheci o FIC - Fórum de Implante Coclear-, e fui me aprofundando no assunto. Resolvi procurar o Hospital das Clínicas em São Paulo, e a UNICAMP. Fui aprovado em ambos, e por razões do convênio médico, fiz a cirurgia no Hospital das Clínicas através do convênio médico de minha empresa. [...] A cirurgia ocorreu no dia 23 de Outubro de 2003 às 7h. Foi tranqüila, dentro das expectativas (comentário postado na apresentação).

Após, Luiz Filipe relata alguns detalhes do artefato e também aspectos da

cirurgia. Ele informa, ainda, que foi nessa época que resolveu contar a sua história

através de um blog ou um “blite” para fornecer “informações úteis” para quem

procurar conhecer o IC, como ele mesmo narra:

Passados quase 30 dias da cirurgia, chegando a hora da ativação do Implante, resolvi construir esta página - um misto de bloger e site pessoal, que foi batizado pelo colega Roner de "BLITE". [...] Pretendo com estas páginas, contar através do blite o meu dia-a-dia após a ativação, e fornecer informações úteis para meus irmãos no silêncio, para que os mesmos tenham uma fonte de pesquisa, com o básico sobre o Implante Coclear, e resolvam se candidatar ou não ao implante. Com meu blite, pretendo que as pessoas achem as perguntas e as respostas sobre o Implante Coclear em um só lugar (Comentário postado na apresentação).

Parece-me oportuno lembrar Larrosa (2004), quando ele nos apresenta

alguns fragmentos das confissões de Rousseau, e nos indica como a força de um

convite, nesse caso, o chamamento que LF faz à leitura de seu blite, está em ele

conter elementos que mostram a intenção do sujeito que convida querer mostrar-se

a seus semelhantes como um homem que diz a verdade em toda a sua natureza.

Assim, em seu blite, LF inicia narrando a sua história pessoal, dando destaque ao

episódio que motivou a surdez, bem como as suas muitas buscas e o motivo de sua

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decisão de fazer o implante, apontando a sua narrativa na direção de permitir que os

outros se “vejam” no seu caso, ou seja, que seus “irmãos no silêncio”, como ele

refere, com ele se identifiquem a partir das representações que sua narrativa coloca

em destaque, mobilizando-os, de certo modo, a buscar soluções semelhantes a que

ele encontrou. É possível dizer, então, que ao disponibilizar a sua história, ele

estaria permitindo que outros encontrassem em sua narrativa aquilo que eles são ou

gostariam de ser. Como indicou Hall (2005), “na linguagem do senso comum, a

identificação é construída a partir do reconhecimento de alguma origem comum, ou

de características que são partilhadas com outros grupos de pessoas, ou ainda a

partir de um mesmo ideal” (P.106). Mas é preciso indicar, também, que o autor

destaca ser “a identificação um aspecto nunca completado – como algo sempre em

‘processo’” (ibidem) (...), no sentido de que ela pode ser sempre, sustentada ou

abandonada, sendo, ao fim e ao cabo, alojada na contingência.

Seguindo com a apresentação do blog, destaco que nele Luiz Filipe presta

homenagens e externa gratidão a todos aqueles que o ajudaram em sua caminhada

para atingir o seu objetivo de realizar o IC, ou seja, de se tornar normalizado. Talvez

até seja possível dizer que, ao externar tal sentimento de gratidão, LF estigmatiza

mais uma vez os surdos, pois ele aponta que aquela era uma condição que ele

decididamente se sente muito feliz de ter abandonado; “viver no silêncio”, como ele

referiu, o colocava em uma posição de inferioridade, essa era uma condição

negativa, sendo, portanto, preciso agradecer muito a todos - os que o ajudaram a

encontrar a “solução” que o livrou de tal condição. Então LF agradece aos seus

companheiros de trabalho, em especial a uma moça que lhe "emprestou", muitas

vezes, os ouvidos dela para a marcação de consultas, para o recebimento dos

retornos dos contatos feitos, para ocupar-se com as brigas com o convênio. LF

agradece, também, e especialmente, aos especialistas que o “iniciaram no IC” e,

que, mais tarde, realizaram a cirurgia “com desprendimento e competência”,

deixando-o tecnicamente “normalizado”.

Na mensagem postada por LF na abertura de seu blog, nota-se a

importância que o “mundo ouvinte” tem em sua vida e isso está posto quando ele

refere “a emoção de voltar a ouvir após o Implante Coclear. Redescobrindo os sons

e reaprendendo a ouvir”, bem como ao incluir suas sensações sob o título: “Relatos

de um implantado coclear sobre as redescobertas auditivas, depois de 37 anos

vivendo em absoluto silêncio”.

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Outro aspecto que é evidenciado com bastante freqüência nos relatos

postados por LF, bem como nos comentários dos interlocutores que com ele

interagem, é a questão da fé, da religiosidade e até de um certo conformismo

religioso. Na mensagem do dia 25 de novembro de 2003, por exemplo, LF lembra os

“irmãos invisíveis que sempre estão velando por nós” e agradece “ao grande criador

do Universo” por ter sido implantado. Em um outro post, do dia 26 de novembro de

2004, ao completar um ano de “ativado”, ele lembra Deus em primeiro lugar pelas

conquistas desse ano. Do mesmo modo o faz, em 26 de novembro de 2006, ao

completar três anos de “ativado”, quando novamente agradece “ao bom Pai pelas

conquistas que tive durante os dias destes anos que se passaram”. Ou seja, com

bastante freqüência, nos relatos postados pelo autor, bem como nos comentários

dos interlocutores que com ele interagem, dá-se destaque à importância de ter-se fé,

pois essa funcionaria como um elemento importante na recuperação de maneira

geral, ou como um fator de proteção, contribuindo sobremaneira para uma

relativização na percepção das dificuldades.

Também é possível observar a celebração do tempo, pois LF sempre

destaca a data da implantação como festiva, ou seja: ao comemorar os aniversários

de implantado, poderia se dizer que estaria considerando o IC como um outro

nascimento, o nascimento para o mundo sonoro, para a normalidade. Igualmente

muito importante e festejada pelos implantados é o dia da ativação dos eletrodos, ou

seja, o dia em que o IC é colocado em funcionamento. Tal como aconteceu com

Princesitta, também LF destaca esse dia como muito especial, como o mais feliz de

sua vida. Este dia é geralmente esperado com muita ansiedade e expectativa, pois é

o momento em que o implantado saberá se o artefato colocado em sua cabeça terá

algum resultado prático ou não, como podemos observar no relato de LF que

transcrevo a seguir:

Quarta-feira (26/11) foi um dos dias mais felizes de minha vida. A fono iniciou às 13:45 horas, os procedimentos de ativação do IC. Primeiramente, fizemos uma telemetria, para saber o real estado dos eletrodos, visto que na cirurgia, apenas 16 eletrodos responderam, e para a surpresa, houve resposta dos 22 eletrodos. Iniciamos então o procedimento de ativação. Os eletrodos são ativados um a um. É um procedimento lento, mentalmente cansativo. Exige muita concentração e atenção para poder estabelecer parâmetros mínimos e máximos de cada eletrodo. Não é fácil para quem está há anos sem ouvir. No fim, foram ativados 19 eletrodos. No fim, a fono ligou todos os eletrodos de uma vez só. Gente! Um barulhão explodiu na minha cabeça!!!!! Foi assustador e ao mesmo tempo, emocionante. Precisam ver só o pulo que eu dei da cadeira. [...] Fico confuso, barulhos que vem e vão. Meio bobo, noto que estou ouvindo a minha voz, a da minha esposa e a voz da fono!!!! Ela ligou o processador de fala!!!! É difícil

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descrever o momento. Tudo explodindo em minha cóclea e sendo enviado para o cérebro. É fantástico. Faz 37 anos que não ouvia esses barulhos. Foi emocionante mesmo. Sai ouvindo, dirigi o carro, fui na casa de minha mãe de 80 anos, que sempre desejou a volta da minha audição. Ela chorou muito de emoção (Relato postado em 27 de novembro de 2003).

A importância desse evento é tão significativa que, em muitos momentos,

LF cita a data da ativação como referência e não a data da cirurgia propriamente

dita. No entanto, passada a euforia do primeiro momento de ativado, inicia-se o

processo lento e gradual de “aprender” a ouvir. Terapias de fala são necessárias,

mesmo que a contragosto, como fica claro no excerto que transcrevo a seguir:

Ontem iniciei meu tratamento fonoaudiológico. Não queria fazer esse tipo de tratamento, mas é necessário. A Fono Valéria está implorando, a Fono Mariana dizendo que precisa, o Dr. Arthur tinha comentado que seria bom fazer o Dr. Paulo Porto, idem. Segundo a Valéria, aprender a REouvir sem auxilio de fono é mais difícil, então o auxilio de uma profissional é de grande valia. Pelo menos é necessário um período de tratamento... Paciência, perseverança, e muito preparo psicológico são fundamentais neste momento (Comentário postado em 03/12/2003).

A partir deste desabafo de LF, é possível comentar como as pedagogias

corretivas de normalização constroem e significam o sujeito implantado como um

“deficiente” suscetível de normalização e como há inúmeras estratégias terapêuticas

e corretivas direcionadas à produção de sujeitos “ouvintizados”, ou seja, como são

numerosas as práticas voltadas ao estabelecimento de normas, às quais se

associam estratégias discursivas voltadas a dar destaque a certas qualidades,

configuradas como essenciais para o êxito desse processo, lento e gradual. Como

salientou LF, “a paciência, determinação e persistência são fundamentais”. Em um

outro post, ele comenta as muitas dificuldades que tem para lidar com os sons ou

barulhos; como ele diz,

Estou ativado há um mês. Neste mês tive vários progressos auditivos. Segundo minha fono, meus progressos foram maiores que ela esperava de mim. Consigo discriminar vários sons, mas embora os discrimine, é difícil reconhecer a maioria deles. Posso ouvir vários sons, sinto que tem diferença entre eles, mas simplesmente, não sei que barulho é. [...] Ainda não discrimino nenhuma palavra falada. Diante dos progressos que consegui, não me queixo. Estou ouvindo há apenas 33 dias, depois de 37 anos sem nada ouvir (post de 29/12/2003).

Pode-se dizer, a partir dos relatos de LF, que as suas conquistas sonoras,

apesar de toda motivação pessoal e incentivo de outros implantados, foram se

processando de forma bastante lenta, sendo necessário o constante “reforço

positivo” tanto por parte dos especialistas, como através da auto-sugestão, para

continuar a “aprender a ouvir”, mesmo após um longo tempo de ativado como

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podemos observar nos excertos que transcrevo abaixo:

Embora para mim a voz de todo mundo pareça igual atualmente, minha fono diz que com o tempo eu vou começar a distinguir a diferença entre vozes, feminina e masculina, da esposa, do filho, do colega de trabalho e a minha. Questão de tempo, e treinamento. [...] Conclui hoje, que ouvir por IC exige muita atenção. Além de ouvir, preciso prestar atenção, procurar identificar um som diferente no meio dos sons que escuto (post de 08/01//2004).

Ontem completou seis meses que fui ativado. Do pulo que dei na

cadeira até hoje foram 6 meses de constante aprendizado. Vou subindo degrau em degrau, pacientemente, sei que os sons existem e que são diferentes... (post de 27/05/2004).

“Embora note pequenas variações – pequenas mesmo – ainda

parece que todo mundo tem a voz igual”. Ainda não consigo distinguir voz feminina ou masculina... (post de 25/11/2004).

Hoje fazem três anos de ativado... Tenho muito trabalho ainda pela

frente, muitos sons a serem conquistados... de modo que consiga cada vez mais melhorar a minha audição biônica...é um longo caminho a seguir a passos lentos... (post de 26/11/2006).

Em outro momento, LF destaca, novamente, a importância do IC em sua

vida. No início do ano de 2004, ao fazer um “balanço” do ano que findara, LF lembra

esse ano como um ano de grandes realizações pessoais, pois investira em si

mesmo, realizando o IC, ou seja: finalmente conseguira se livrar de “um fardo”, “um

sofrimento”, “um transtorno”, que o acompanhara por 37 anos, gerando-lhe nesse

tempo, dificuldades de aceitação, enquanto a idéia de normalização, de reabilitação

auditiva o remetia à “socialização” e “aceitação” no meio social.

Vejamos como ele mesmo relata essa situação:

Ano novo - Vida Nova. Terminou mais um ano. Inicia outro. Foi emocionante ouvir os rojões e os fogos durante todo o dia, e principalmente, na virada do ano. Sons desagradáveis, como diria o GUTO. Mas para quem não ouve há tanto tempo, até que foi legal. O ano terminou, fechado com uma Chave de Ouro. Foi um ano e tanto. Resolvi investir em mim mesmo, procurando novamente o IC. Valeu. 4 meses depois estava implantado, e 5 meses, ouvindo novamente. Uma longa espera de 37 anos chegou ao fim. Para fechar o ano, nada melhor que estar ouvindo novamente (Post de 03/01/2004).

Progressos sonoros, mesmo que não estejam perfeitos atualmente,

são bem-vindos sempre. Sabemos que a sonoridade do IC é diferente, porém, com o tempo, você terá seus próprios sons, intransferíveis, já que o seu cérebro vai decodificá-los para o seu caso único. TUDO É MELHOR QUE O SILÊNCIO TOTAL! (Post de 09/01/2004).

O apoio e o incentivo de outros sujeitos implantados ou ainda não

implantados, parece ser fundamental nesse processo de normalização ouvinte.

Aliás, poder-se-ia até pensar que, ao escolher a internet para expor a sua história de

vida, o sujeito até espera e de certa forma estimula outros a interagirem com ele no

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sentido de aprovar tal história ou não, como podemos observar na forma como LF

selecionou e agrupou os post’s de felicitação pela cirurgia de IC, que ele coloca em

um link em seu blog, dando maior visibilidade ao fato, o que eu transcrevo na íntegra

no anexo II dessa dissertação. São votos unânimes de aprovação de pessoas,

algumas conhecidas, que trabalham com ele e também de pessoas desconhecidas

que nunca o viram antes. Transcrevo alguns desses post abaixo. Ressalto, no

entanto, que esses post não contêm data de postagem visto que foram selecionados

e agrupados pelo próprio destinatário.

Eu fiquei emocionada com as suas reações e muito feliz por saber como se sente uma pessoa implantada. Quero conhecer seu site e tb acompanhar seu desenvolvimento. Tem muita gente aqui em Brasília que quer ouvir e nem sabe que tem como... Luiz divirta-se muito com seu brinquedinho... Parabéns! Carolina Esteves

Meu caro Filipe. Quando soube da sua decisão de se submeter a

uma cirurgia de implante de um órgão do ouvido pra permitir a sua audição e que foi bem sucedida, graças a Deus, não me furtei em pensar numa forma de brindar. E rogo a Deus que você tenha superado de vez uma grande barreira à comunicação. Saúde, Filipe! Deus o conserve! Celso de Oliveira

É com um imenso prazer que compartilho este seu momento e

torcendo para que a adaptação seja a cada momento curtida como um despertar, fico contente que 'DEUS' pode te presentear com mais uma das maravilhas da medicina moderna. Cláudio.

A partir de agora vc estará mais feliz ouvindo tudo aquilo que vc

mais queria, vozes de seu filho e esposa e outros sons. Inclusive os gols do Verdão na 1ª divisão. Parabéns e Felicidades. Sidney Silva - CTEEP.

Schittine (2004) lembra que o diarista virtual não quer apenas um público

para ler suas confissões, ele quer um público com o qual possa estabelecer um

diálogo. Assim, o autor passa a escrever o seu diário pensando que aquilo que ele

está vivendo poderá interessar ao público. No caso do LF esta interação faz com

que ele continue postando seus relatos, cada vez com maior riqueza de detalhes,

bem como a realizar upgrade no visual de seu blog, esperando, por sua vez, um

maior número de visitas ou interações, como ele relata no excerto que apresento

abaixo.

Dei uma geral no Blite. Coloquei outros links, novas informações úteis sobre IC e surdez, e mudei a cor de fundo para deixar mais agradável. Ficou bem melhor, mas somos eternos insatisfeitos. Acho que tem que melhorar mais. Fica assim por enquanto. Depois melhoro mais (post de 05/03/2004).

Recebi várias mensagens elogiando o novo blite. Ficou bem

melhor, concordo. Mas ainda estou com aquela sensação de que falta algo. Paciência. Ele vai crescendo com certeza. Vou colocar algumas fotos, pesquisar novos links sobre o Implante Coclear, e com isso, espero passar o

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máximo de informações sobre o implante para aqueles que o procuram. O Blite irá crescendo naturalmente, e com o tempo, espero que produza bons frutos (post de 10/03/2004).

Nesse sentido, LF volta aos seus objetivos iniciais, conforme já citei

anteriormente, o de ser uma fonte de pesquisa e de inspiração para quem procura

informações sobre o IC.

Como já relatado, após a empolgação inicial com o IC, as descobertas

auditivas vão se tornando mais comuns. O que em um primeiro momento aparecia

como “milagre”, como uma representação heróica de resgate do sujeito surdo da

surdez, assume um modo mais prospectivo, passando a ser percebido pelo

implantado em sua dimensão mais realista, ou seja, assevera-se que os resultados

são subjetivos e dependem de diversos fatores, especialmente dos que dizem

respeito ao próprio sujeito como disciplinamento, motivação e persistência. Parece-

me que o interesse em postar novos relatos acompanha o mesmo ritmo das

expectativas criadas em relação ao IC; assim, quanto mais lentamente vão se

processando as conquistas sonoras, mais espaçadas ficam as narrativas, como

podemos observar na confissão que LF faz e que transcrevo abaixo.

Porque parei, após o último mapeamento, há 7 meses atrás? Não foi só a falta de tempo. Estaria mentindo se dissesse isso. Evoluções vão ficando cotidianas. No primeiro ano do implante, é tudo pura emoção. São sons que são descobertos. Depois do primeiro ano, os sons tornam-se cotidianos, e após passar essa fase de emoções, as descobertas tornam-se mais lentas. [...] Mas, mesmo assim, continuo a evoluir com o IC embora de forma lenta. Mas não vejo que isso seja motivo para parar de relatar minhas evoluções auditivas, que fazia há um tempo atrás. Podem ser banais para mim, mas de grande valia para outros. Vou então continuar neste Blog relatando minha evolução auditiva, mesmo que lentas lembrando as palavras do saudoso Dr. Pedro Bloch na ACTA AWHO: “O implante coclear me faz pensar e sentir que um mero ruído ambiental, tão banal para nós, tão ignorado pelos que ouvem, pode significar para o surdo uma sinfonia de Beethoven” (post de 24/06/2005).

No entanto, LF retoma a escrita em seu blog somente no ano seguinte,

exatamente quando completa três anos de implantado. Nesse momento LF realiza

uma retrospectiva desse período. Relembra alguns fatos marcantes como o dia da

“ativação”, quando assustado deu “um salto na cadeira” com o barulho. Novamente

justifica o abandono das narrativas no blog, como fica claro na narrativa que

transcrevo abaixo:

Os relatos neste Blog vieram naturalmente, na proporção que eu ia "redescobrindo" os sons. No começo, tudo era "novidade" para mim. Depois, passaram a fazer parte do meu cotidiano. Três anos de ativado... Minha ultima postagem aqui foi em Junho de 2005. Mais de um ano atrás. Neste tempo todo que fiquei sem postar, muita coisa mudou. Tive grandes

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progressos auditivos, minha voz melhorou bastante, a discriminação dos sons também. [...] Tenho muito trabalho ainda pela frente, muitos sons a serem conquistados, o processador de fala ainda deverá sofrer outros ajustes até que se consiga um ajuste perfeito, de modo que consiga cada vez mais melhorar minha audição biônica. É um longo caminho a seguir conforme eu previa quando resolvi me submeter ao implante (comentário postado em 26/11/2006).

Nestes três anos em que acompanhei as narrativas postadas por LF em seu

blog, muitas foram as interlocuções e interações processadas. Encontrei diversos

segmentos de público interagindo com ele, desde implantados com resultados

positivos, que se congratulam com LF exaltando o “milagre” do IC, passando por

candidatos ao IC de todas as partes do país, que procuraram solucionar dúvidas em

relação ao artefato, pais que submeteram seus filhos ao IC e que agora buscam

entender melhor o que estes poderiam estar sentindo/ouvindo, pais que estão em

dúvida sobre o benefício do IC para suas crianças, alguns surdos que fizeram o IC e

que não obtiveram nenhuma resposta sonora, apesar do seu esforço pessoal e de

seu desejo de querer ouvir, bolsistas de iniciação científica interessados em

pesquisar sobre “deficientes”, até especialistas da área da fala e afins. De alguma

forma, todos os interlocutores tinham em comum o interesse pelo IC e, também, por

encontrar nos relatos de LF um melhor entendimento acerca desse artefato e, talvez,

até de si mesmos, a partir da experiência vivida pelo outro.

É interessante observar que nos processos voltados à busca de

normalização do corpo esse é, muitas vezes, dividido, recortado, esquadrinhado

para que se torne possível nele operar de modo eficiente. No caso dos surdos, o

partilhamento em orelha, boca, cérebro torna-se necessário para permitir as

prescrições e a especialização dos cuidados: implante de chip, ativação de

eletrodos, treinamento auditivo, exercícios de fala, testagens de discriminação

auditiva etc. A necessidade de realizar um investimento minucioso em si mesmo

cresce, no entanto, na medida em que o resultado do IC é exigido.

4.4 O Fórum de Implante Coclear – FIC

O Fórum de Implante Coclear (FIC), também conhecido como Grupo de Usuários de

Implante Coclear e Simpatizantes (GUICOS), foi fundado em 31 de agosto de 2001,

por Fernando Cabral, um paulistano implantado em junho de 2001. O fórum pode

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ser encontrado no endereço eletrônico www.br.groups.yahoo.com/group/implantecoclear

e é identificado através de uma logomarca, como mostra a figura 01.

Figura 1 – Logomarca do Fórum de implante coclear no Brasil

Os principais objetivos do Fórum são estabelecer a troca de idéias e

informações entre os usuários de implante coclear no Brasil bem como ajudar

futuros candidatos a esclarecer suas dúvidas. Este fórum também pretende divulgar

avanços tecnológicos nessa área, além de disponibilizar artigos e sites aos

interessados neste assunto. Todos os usuários de implante coclear são convidados

a participar para uma troca de experiências e ajuda mútua, como fica evidente na

mensagem de abertura do fórum da qual transcrevo alguns excertos:

Olá Pessoal sejam bem vindos ao nosso Grupo de Implante Coclear! Vocês podem postar mensagens à vontade e trocar experiências com os implantados. [...] Os futuros candidatos podem esclarecer suas dúvidas mandando um e-mail para implantecoclear@... Gostaria que vocês, ao escreverem uma mensagem, colocassem seus nomes, a marca do implante, a cidade onde foi feita a cirurgia e a data da ativação, pois assim ficará mais fácil identificar os usuários e o tempo que eles têm de implante. O Alexandre da Politec manterá o grupo atualizado com relação aos avanços tecnológicos na área de implante além de contar para a gente a novidade do seguro do implante para os processadores de fala que já estão fora da garantia! E por aí começamos o nosso grupo de discussão! Mencionarei sempre as novidades no campo de implante coclear além dos problemas que ocorrem no nosso dia a dia. Visitem o item "Favoritos" no campo esquerdo do site e entrem nas pastas! Tem sites de implantados americanos e sul-africanos! Um grande abraço a todos. Fernando Cabral (post de 10/10/2001).

A página inicial do FIC ainda contém informações sobre o número de

associados, histórico das mensagens, endereços de e-mail do grupo, bem como a

descrição geral dos objetivos, a logomarca e links para outros serviços relacionados.

Até a data de 14 de julho de 2008, data em que encerrei a busca dos materiais para

análise, o FIC possuía 827 associados e 39435 mensagens postadas. Atualmente,

ele possui três moderadores, todos eles sujeitos implantados com resultados auto-

declarados positivos, e que procuram estar atentos aos debates e conduzir as

interlocuções de maneira construtiva e respeitosa.

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Nas palavras de seus moderadores, fazem parte atualmente do FIC,

Implantados, candidatos, fonoaudiólogas ou simplesmente pessoas interessadas no assunto que simpatizam com a nossa causa. Além de implantados, temos ouvintes, surdos oralizados e sinalizados no nosso meio. Somos um grupo muito unido, onde o amor e a amizade estão presentes, e todos estão sempre dispostos a ajudar ao próximo. (postada no link “apresentação” do FIC).

Após ler inúmeras mensagens, escolhidas aleatoriamente entre as mais de

trinta e nove mil postadas entre o seu início em agosto de 2001 até julho de 2008,

verifiquei que a temática, as discussões, os questionamentos e os interesses dos

participantes do FIC são em sua grande maioria recorrentes, embora haja pequenas

variações. No entanto, em função do grande número de material disponível para

análise, tornou-se necessário delimitar a amostra. Dessa forma, optei por fazer um

recorte linear em três períodos distintos de tempo para poder observar se haveria

alguma alteração nas colocações e posicionamentos dos sujeitos que ali se expõem

e se narram em relação ao IC.

O primeiro período considerado abrange o início das atividades do fórum e

estendeu-se do mês de setembro até novembro de 2001; o segundo período situou-

se entre os meses de abril e junho de 2005, correspondendo, mais ou menos, à

metade do período considerado; e, o terceiro período, compreendeu os meses finais

da amostra que correspondem aos meses iniciais do ano de 2008.

Em cada período, considerei mensagens postadas durante três meses,

dentro dos quais garimpei vinte mensagens para compor a amostra analisada. Para

facilitar a identificação das 60 mensagens selecionadas, enumerei-as em ordem

crescente, começando em 2001 até a última considerada em 2008.

Cabe ressaltar que, em relação à linguagem, manterei as estratégias de

produção escrita utilizada pelos internautas, a reprodução de situações do uso da

língua como numa conversa informal, o que, no dizer de Marcuschi (1996),

representa uma forma de escrita mais amigável. Pode-se observar, por exemplo,

que sendo “amigos virtuais”, os internautas se utilizam de convenções próprias a

uma conversa face a face, narrando suas experiências de vida com naturalidade, se

posicionando e se expondo sem reservas.

Através das interações que se processam no FIC, é possível dizer que o

fórum procura qualificar-se como o “lugar certo” para atender aqueles que buscam

respostas para a “cura” da surdez, pois nele não só se procede a reunião desses

sujeitos, como também a disponibilização dos relatos do tipo “experiências de vida”

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ou “experiências de si”, como referiu Larrosa (2002). Essas experiências vividas são

referidas por internautas que se dispõem a auxiliar os demais com seus exemplos

que, com muita freqüência, apontam para o sucesso, como se pode observar, por

exemplo, nas mensagens 2 e 46 das quais transcrevo alguns excertos:

Oi Marcela! Acho que ainda não fomos bem apresentados. Meu nome é Rafael, tenho 18 anos e sou deficiente auditivo há 10 anos, mas sou implantado ha uns 5 anos. Durante esses meus 5 primeiros anos de surdez eu "sobrevivi" com o simples aparelho da Siemes. Tive muita dificuldade de acompanhar a conversa do povo, pois aquele aparelho não era potente o suficiente para que possamos viver como uma pessoa normal. [...] o implante foi um sucesso. Realmente eu acredito que foi um grande avanço da humanidade. ]...] Caso vc queira mais sugestões ou opiniões, entre em contato comigo (post 2 de 14/10/2001).

Você está no lugar certo, aqui encontrarás as respostas para todas

as suas perguntas e tirarás todas as suas dúvidas (mensagem 46, postada em julho de 2008)

Esta orientação, a de ter-se normalizado através do IC, está presente nas

mensagens mais freqüentes nos post do FIC, o que até seria esperado, em função

dos interesses do público que participa do Fórum. Esses, em sua maior parte, ou já

fizeram o implante ou gostariam de saber como esse funciona para decidir se

querem ou não se implantar.

Caberia, neste momento, salientar que, ao falar-se das novas tecnologias

como mediadoras nos processos de normalização dos surdos, ou seja, ao

perseguirem-se procedimentos direcionados a encontrar a cura definitiva da surdez,

notadamente pela medicina e pela indústria tecnológica, os implantes cocleares têm

ganhado significativa força ao serem configurados como uma forma possível de

equiparação de oportunidades para os sujeitos surdos, bem como uma forma de

recuperação de um corpo danificado. Tal crença também está enunciada nas

mensagens 19 e 46, das quais transcrevo alguns recortes:

A Carla é uma pessoa de sucesso e está muito contente com o resultado do implante. Carla, seja bem vinda ao nosso grupo (mensagem 19, postada em 19/10/2001).

Passados 10 meses do implante do Gabriel posso lhe assegurar

que a melhor coisa que já fiz foi lutar pelo IC pra ele, pois ele ta tendo um desenvolvimento muito bom. (mensagem 46, postada em julho de 2008)

Também é possível pensar-se o fórum de IC como um espaço comum, que

liga indivíduos separados uns dos outros, mas com interesses comuns. Ao

declararmos a nossa pertença a um grupo o qualificamos no intuito de justificar

nosso pertencimento a ele e o distinguir de outros. Assim, os integrantes do FIC de

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certa maneira compartilham sentimentos e valores comuns que os identificam como,

por exemplo, o interesse pelo IC. Na medida em que o grupo se sente ator da ação

em curso, o que for sendo construído de forma participativa desenvolverá a co-

responsabilidade, pertencendo os resultados a todos desse grupo, pois conterá um

pouco de cada um.

Um outro aspecto que de certa forma perpassa os relatos feitos no FIC diz

respeito à construção de relações positivas e construtivas no grupo, visando

encontrar procedimentos que assegurem que cada participante viva o sentimento de

pertença e vinculação a esse grupo, permitindo-lhe deixar de sentir-se estranho ou

isolado. Este constante direcionamento ao acolhimento pelo grupo parece, inclusive,

algumas vezes, voltar-se à divulgação e à assimilação da “cultura do implante”, (se é

que se pode dizer assim), visando assegurar a integração dos recém-chegados ao

grupo.

Nesse sentido seria possível pensar que, através de um sentimento de

pertença a esse grupo, os sujeitos seriam encorajados a libertarem-se dos seus

medos e dúvidas, a fortalecerem-se com novas formas de expressão e relação

consigo mesmo, até modificando, em muitos casos, as expectativas internalizadas

de sua condição de surdo.

Podemos observar tal situação nas indagações de um sujeito surdo, que

buscou no FIC respostas para suas dúvidas e inquietudes em relação ao IC, e que,

nas suas muitas interações posteriores foi encorajado a assumir os valores desse

grupo. Transcrevo, abaixo, alguns excertos de sua narrativa:

Vc não me conhece, tenho 33 anos, sou Deficiente Auditivo (nasci surdo), não faço mão sinal pq não gosto. [...] Tenho muita vontade de colocar o IC, mas tenho medo de não dar certo de escutar os sons, palavras e etc., pois usei o aparelho AASI ate 12 anos depois nunca mais usei pq não conseguia ouvir o sons, so aquele barulho ruído horrível ne. Então eu estava navegando internet e vi site www.guicos pra saber informação sobre IC. Valeu a pena colocar o implante? Vc gostou o IC mesmo? vc conseguiu ouvir alguma coisa ou demorou pra entender as palavras? qto tempo pra conseguir ouvir sons? Depois vc colocar o IC , vc esta falando bem melhor do que antes? * Vc ainda faz fono? Queria saber se vc sabe alguém q colocou implante que nasceu PROFUNDO BILATERAL... (mensagem 24, postada em 01/05/2005).

O grupo do FIC não deixou todas estas perguntas sem resposta. Vários

foram os “amigos” que responderam e o tranqüilizaram, potencializando as relações

de cooperação, a aceitação do grupo e a ajuda mútua. A seguir transcrevo alguns

excertos dessas manifestações.

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Muito prazer e seja bem vindo ao fórum. O FIC foi feito p/ tirar dúvidas aos candidatos a implantes e implantados e a todos os interessados. Aqui vc encontrará uma família disposta a compartilhar contigo as tuas experiências. [...] Mas, antes de tudo, procure ficar sem nenhuma dúvida. Estaremos sempre ao seu dispor a ajudá-lo. De onde vc é? Que faz? Relate no nosso FIC (mensagem 23, postada em 2/03/2005).

Há muita gente com mesmo grau de surdez que você, acima de 18

anos, sendo implantadas. Eu sou surdo profundo bilateral, quer dizer, era, pois fui implantado faz 6 meses e tenho 27 anos. [...] O IC é altamente recomendado a surdos profundos bilaterais, pois estes não têm ganho com o AASI, espero te-lo ajudado (mensagem 27 de 02/03/2005).

Destaco que, algum tempo depois, o sujeito, antes com muitas dúvidas em

relação ao IC, possivelmente acabou se rendendo à força do grupo ou aos encantos

propagandeados do IC, pois aceitou se implantar. Vejamos como ele mesmo

anuncia esta decisão, no excerto que transcrevo abaixo:

“To mandando msg pra avisar que fiz cirurgia no dia 17/06. Minha ativação vai ser no dia 14/07. Muito obrigado por tudo que vc me indicou” (mensagem 28 de 05/07/2005).

Os instrumentos utilizados, no caso os depoimentos de outros implantados,

além da sensação de proximidade com o outro com ele assemelhado, parecem

funcionar na direção de aumentar a confiança nos participantes do grupo, levando

os surdos que participam do Fórum a se defrontarem com um conjunto de

mensagens favoráveis ao IC. No caso relatado, a experiência no Fórum parece ter

sido decisiva para que um sujeito titubeante aderisse ao IC. Os relatos positivos

atuariam, então, como estratégias de potencialização do desejo de normalização

que implica na adesão ao IC.

O FIC procura disponibilizar esta interdependência positiva aos seus

interlocutores, salientando aos implantados, aos candidatos ao IC e a todos os

interessados a oportunidade de receberem o apoio instrucional de que necessitam

para continuar acreditando no IC, fator imprescindível à construção e fortalecimento

do sentido de grupo.

Essa prática de fortalecimento de grupo fica mais uma vez evidente quando

o moderador encoraja os participantes a se exporem ao grupo. Diz ele:

Recebi seus emails e fico contente em saber que vocês se cadastraram neste grupo. [...] Se você tiver qualquer dúvida a respeito do implante, por favor, escreva para o grupo. As suas dúvidas poderão ser as mesmas de outras pessoas que fazem parte do grupo. Um grande abraço (post 5 de 15/10/2001)

A construção de relações positivas e construtivas no seio de grupos

heterogêneos no mundo globalizado em que vivemos, ultrapassa em muito a mera

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questão da proximidade física. No FIC, podemos observar interações com sujeitos

interessados no implante de todas as regiões do Brasil como, por exemplo, nos

relatos que transcrevo abaixo.

Olá pessoal, Que surpresa boa encontrar um grupo para trocar experiências e informações sobre Implante Coclear! Li as dúvidas do Leandro, e nem havia pensado em algumas delas, acho que vai ser enriquecedor. Sou de Belo Horizonte e soube pela internet do implante de cóclea (Mensagem 12 de 17/10/2001).

Galera, acabei de ajudar uma amiga a se cadastrar nesse grupo,

tem 16 anos e mora em Vassouras também. Ela é surda pré-lingual e está interessada em fazer o IC, vamos ajudá-la, respondendo as mensagens dela e da mãe dela (Mensagem 47de 04/03/2008).

O fórum também possibilita a troca de informações sobre técnicas e

tecnologias disponíveis aos surdos. Nesse sentido, o fórum configura-se como um

lugar privilegiado para estas trocas. Nos excertos que transcrevo a seguir, evidencio

algumas dessas situações:

Não sei sobre outros aparelhos, mas estou muito satisfeita com o meu. Recomendo o implante no HC de São Paulo, eles têm uma equipe de médicos muito competentes, e de fonoaudiólogos excepcional (Mensagem 12 de 17/10/2001).

Olá pessoal, eu como pai de uma filha que recebeu o implante

recentemente fico muito feliz com as experiências que estão sendo trocadas nesse grupo, a Isabella fez a segunda ativação do implante e estamos muito felizes com os resultados que estão começando a aparecer e somente esta troca intensa de informações é o que nos faz cada vez nos tornarmos mais ativos nessa caminhada, parabéns a todos, e um abraço (Mensagem 17 de 19/10/2001).

Estou gostando muito do grupo e do papo q rola... Fernando, ótima

sua idéia de criar um grupo onde todos q têm interesse em implante coclear possam se comunicar! Meu nome é Marcela, tenho 20 anos e sou pré-candidata ao implante. [...] Alguém por aqui teve um caso parecido com o meu? Se alguém pudesse relatar uma experiência parecida, ajudaria muito na minha decisão de fazer ou não o implante. (Mensagem 18 de 19/10/2001).

Em outro momento, acontece um debate um pouco mais tenso sobre

surdez, tecnologias e cultura surda. Saliento, no entanto, que esses debates não são

estimulados pelos moderadores do FIC e não estão contemplados nos objetivos do

grupo. Como podemos observar no relato abaixo, o sujeito que ali se manifesta não

tem claro o que é cultura surda, estando mais identificado com aspectos ouvintistas.

Diz ele:

A surdez não pode ser tratada simplesmente como um problema médico que tem que ser resolvido ou "curado". O que podemos é fazer uso da tecnologia para que o deficiente auditivo possa desenvolver suas atividades confortavelmente, independente do caminho que escolheu (oralização ou língua de sinais). Legenda oculta, intérpretes da Libras e sistemas de FM em

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locais fechados são exemplos dessas adaptações a que me refiro. O implante também é uma tecnologia de que lançamos mão para fazer com que o surdo escute alguma coisa tornando a oralização um processo mais confortável e natural (para aqueles que escolheram esse caminho). Não vamos querer que a pessoa seja "curada" da sua surdez. É uma tentativa de driblar a deficiência. (mensagem 40 de 15/05/2005).

Em um outro comentário o moderador do grupo, ao ponderar sobre

questões lingüísticas e culturais dos surdos, faz uma previsão de prováveis futuros

embates entre surdos oralizados, surdos sinalizados e surdos implantados. Porém,

ao final do comentário, ele tenta minimizar essa polêmica, jogando a

responsabilidade para a globalização. Vejamos o que ele diz:

Pois é amigo... Veja bem: Antigamente nem existia essa história de surdos oralizados, surdos sinalizados e surdos implantados. O que existia era apenas uma classe só - surdos. E todos conviviam bem. Eu mesmo, depois que perdi a audição aos 7 anos, fui conviver com os sinalizados e oralizados em uma escola de surdos em SP. Convivi numa boa. Nem Libras existia, e a comunicação era a linguagem gestual da época. Hoje, embora eu conviva mais com ouvintes, tenho vários amigos implantados, surdos oralizados e sinalizados. E todos convivem numa boa. Por isso, eu também estou cansado dessa briguinha de oralizados e sinalizados (e futuramente quem sabe, implantados também). Antigamente, todo mundo numa boa. Hoje em dia, cada um faz seu grupinho - sinalizados de um lado, implantados de um outro, oralizados também em um outro lado... Diria que é a Globalização (post de 23/02/2008).

O desejo de normalização alcançado através do IC é também destacado

pela grande maioria dos participantes do FIC. Muitos, inclusive, conferem ao artefato

uma dimensão salvadora ou o vêem como permitindo a libertação de um fardo, de

uma inconveniência. Nos excertos abaixo, é possível ver como estes implantados se

referem à sua situação:

Eu comecei a viver após a cirurgia. [...] Finalmente pude fazer o implante. Aceitei a proposta com muita vontade, pois sabia q era minha única esperança. A cirurgia foi um sucesso. Passei a fazer coisas cujas antes era impossível, como falar no telefone, ouvir e acompanhar músicas e principalmente assistir TV sem depender de legendas. Com certeza foi uma vitória (post de 15/10/2001).

[...] apesar de todo o sofrimento de estar debilitado tanto

emocional como fisicamente, pude receber o implante coclear e estou muitíssimo contente com o resultado! Ontem foi o meu segundo mapeamento e o som ficou animal! (post de 16/10/2001).

Tal como já ressaltei nas narrativas de Princesitta e de LF, também aqui no

FIC o aspecto da motivação, do empenho pessoal, da perseverança são destacados

como fatores fundamentais para o alcance de resultados positivos com o implante.

Em alguns post também fica destacada a questão do apoio emocional para os

implantados, especialmente os jovens, pois a tarefa de suportar a pressão do IC é

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árdua, como fica evidenciado nos excertos que transcrevo abaixo:

Eu recomendo aos jovens implantados a fazer um tratamento psicológico e principalmente fonoaudiológico. Isso porque não é simples acostumar a usar esse aparelho. Principalmente a Isabella que tem apenas 7 anos (post 7 de 15/10/2001).

Sei muito bem o que é passar por isto! Com o tempo e muita

paciência, tudo melhora!!!! Perseverança é a palavra chave para o sucesso do implante!!!!!!!!! (post 8 de 1610/2001).

Quanto ao tempo pra discernir os sons, varia de pessoa pra

pessoa... muito treinamento, ajuda da fono e muito empenho seu irão te fazer falar o mais breve possível. Sucessos!!! (post 32 de 22/07/2005).

Só tomamos conhecimento do IC aos 18 anos. Um pouco tarde,

mas isso não me impediu de fazer a cirurgia, a adaptação é muito difícil, mas o q não falta é o esforço pra um dia chegar lá, compreendendo tudo (post 48 de 4/03/2008).

É importante indicar que as considerações como essas, postadas pelos

participantes do FIC, de um modo geral, reforçam e apóiam as convicções de que o

IC representa uma nova e, possivelmente, a única forma de alcançar a normalidade

ouvinte até o presente momento. Ou seja, os sujeitos que dialogam entre si no FIC

buscam constituir-se como grupo, fortalecendo-se em suas convicções e

incentivando-se a perseverar nos processos de (re)abilitação auditiva e na busca da

normalização ouvinte. No FIC, muitos implantados narram-se como bem sucedidos

com o IC, servindo de modelo a ser seguido por todos aqueles que buscam essa

mesma condição. Ou seja: no FIC, os implantados cocleares estão instituindo e

ensinado que há também novas maneiras de ser surdo ou ex-surdo, como por

exemplo – surdo-implantado-ouvintizado.

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5 ENCAMINHANDO A FINALIZAÇÃO – O PAPEL PEDAGÓGICO D OS BLOGS E DO FÓRUM

A questão da surdez e da possibilidade de alcançar-se a normalização

ouvinte através do implante coclear não é apenas o foco principal dos blogs de

Princesitta e de Luis Filipe, mas, também, das discussões procedidas no FIC –

Fórum de Implante Coclear. Também neste local da web, esse tema é tratado como

um importante acontecimento que precisa estar em evidência, ser marcado e

enfatizado. Considerei, neste estudo, que nos blogs dos dois personagens que

focalizei, seus autores, além de repartirem com seus leitores suas experiências,

também neles marcam sua condição atual de “ouvintes”, ou de sujeitos que

superaram a surdez ou a deficiência e que, além disso, reiteradas vezes, buscam

indicar (e ensinar) aos seus leitores o caminho a ser seguido pelos surdos que

procuram livrar-se da surdez – o implante coclear.

Detalhadas narrativas das etapas – consultas, audiometrias e exames de

diferentes ordens - que antecederam o implante, bem como das primeiras

percepções e sensações vividas posteriormente ao implante, além do relato dos

processos de aprendizagem necessários ao manuseio e à compreensão das

sensações auditivas possibilitadas pelo artefato caracterizam, como indiquei nas

análises anteriores, os relatos que constam dos blogs e das considerações feitas no

Fórum. Cabe registrar que essas estão sempre permeadas da enunciação de

expectativas, medos, angústias e do que esses sujeitos consideram ser suas

conquistas. Através delas, os implantados buscam aproximar-se de padrões

assumidos pelos ouvintes, passando a narrar-se como ouvintes, podendo-se

considerar que esse corresponde a um processo de identificação, como Hall (2005)

destacou, ao discutir a relação entre a produção de sujeitos e as práticas

discursivas, que, nesse caso, implicam buscar abandonar uma condição configurada

e assumida como de incompletude e deficiência para incorporar-se à normalidade.

Nas narrativas pesquisadas no FIC são enfatizadas tanto considerações

feitas por aqueles que se tornaram surdos ao longo da vida, sendo que esses

usualmente destacam o caminho percorrido para a superação das dificuldades que

passaram, uma vez que haviam perdido um “bem” que lhes era muito precioso – a

normalidade ouvinte –, quanto a de sujeitos que nasceram surdos. Transcrevo

consideração feita por um implantado, participante do Fórum de IC, que contém uma

representação de surdez bastante negativa. Disse ele:

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Esse aparelho pode não ser uma das 7 maravilhas do mundo, mas em compensação, para nós, é uma das melhores formas de pedir de volta o que a natureza nos tirou (Mensagem 7 do FIC, postada em 15 de outubro de 2001).

É possível dizer que, na perspectiva médico terapêutica de surdez, antes do

advento e da popularização (ou espetacularização) do implante coclear, apesar das

inúmeras tentativas de disponibilizar aos surdos artefatos que pudessem “ajudá-los a

ouvir”, conforme demonstrei no capítulo 2, intitulado “Uma incursão a movimentos

que atuaram na constituição/produção dos sujeitos surdos”, geralmente esses

precisavam conformar-se com sua “doença” e aprender a viver com a “deficiência”.

Atualmente essa inevitabilidade parece já não ser mais a única opção, pois tanto as

comunidades surdas se redefiniram e reverteram estereótipos26 negativos, quanto o

IC passou a ser configurado como um artefato tecnológico que oferece uma

possibilidade “real” de permitir aos surdos a recuperação da audição.

Cabe lembrar, mais uma vez, que a perspectiva clínica, que me parece ter

sido assumida pelos sujeitos, cujos relatos acompanhei na pesquisa, através da

adesão ao IC, não é a única forma de narrar-se dos surdos. Discursos que emergem

de outros lugares, como os movimentos surdos, por exemplo, posicionam os surdos

como lingüística e culturalmente diferentes dos ouvintes, mas não como deficientes.

Como também já salientei, nesta ótica, o campo da surdez adquire outros contornos.

As práticas de significação da surdez e dos surdos se deslocam da alteridade

deficiente para se reconfigurarem em uma alteridade surda, que possui sua própria

cultura e linguagem.

Nos relatos de Luis Filipe, o sujeito que ficou surdo e realizou o IC com

resultado autodeclarado como positivo, a transmissão da experiência vivida e o

ensinamento desse processo aos leitores e interlocutores assume uma destacada

importância – seu relato potencializa a credibilidade que pode ser atribuída ao

processo de implante, pois, afinal, ele sabe o que significa ouvir, ficar surdo e voltar

a ouvir. Ou seja, ele sabe o que são sons, podendo identificá-los sem nenhuma

dúvida! O relato de sua experiência pode ser assim considerado um forte estímulo

para que outros surdos realizem o implante, pois ele atesta a validade do

26 Os estereótipos são entendidos, segundo Stuart Hall, como uma prática significativa, representacional, que reduz aquilo que se está representando a algumas características simplificadas, fixas e essenciais: “Stereotyping reduces people to a few, simple, essential characteristics, which are represented as fixed by Nature” (HALL, 1997, p. 257)

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procedimento, configurando-se esse sujeito como um modelo exemplar com o qual

outros surdos, que se identifiquem com sua história, se inspirem para buscar a

mesma condição. Penso que até pode ser possível dizer que suas descrições

correspondem a uma importante estratégia de validação do IC, que podem ser

acionadas pelos defensores do implante.

Os debates e interlocuções procedidas no FIC marcam de forma intensa

estas tentativas de validação do IC, na medida em que constantemente colocam em

destaque os seus efeitos positivos. Isso ocorre, por exemplo, na mensagem que

identifiquei com o número 2 do FIC, na qual um rapaz implantado de 18 anos diz,

entre outras coisas, que “sobreviveu”, antes do implante, e que “foi ótimo voltar a

poder reviver com meus amigos” (mensagem postada em 14 de outubro de 2001) e

no post 7 do FIC, de 15 de outubro de 2001, cujo autor intitula a mensagem como

“eu comecei a viver após a cirurgia”, afirmando, assim, que a vida para ele começara

apenas após o implante. Igualmente a mensagem de abertura do blog de Luis Filipe,

da qual transcrevo a seguir a ‘chamada’ - a experiência de “voltar ao mundo dos

sons”, se orienta para essa direção:

A emoção de voltar a ouvir após o Implante Coclear. Redescobrindo os sons e reaprendendo a ouvir... Relatos de um implantado coclear sobre as redescobertas auditivas, depois de 37 anos vivendo em absoluto silêncio (comentário postado em25/11/2003)

Em um outro trecho, postado no dia 03 de novembro de 2006, ao fazer uma

retrospectiva dos três anos de implantado e das suas descobertas sonoras, Luis

Filipe lembra de quão “normal” está para ele ouvir. Diz o seguinte:

No começo, tudo era "novidade" para mim. Depois, passaram (os sons) a fazer parte do meu cotidiano, e meu ouvido ficou "seletivo", a ponto de selecionar o que quero ou não quero ouvir. Todas as pessoas fazem isso - selecionam o que querem ouvir ou ver - os implantados também.

Já na mensagem 27 do FIC, postada em 2 de março de 2005, um rapaz, ao

se narrar, retifica a sua condição de surdo, dando ênfase a sua atual condição de

implantado, ao dizer: “eu sou surdo profundo bilateral, quer dizer, era pois fui

implantado faz 6 meses”. Ou seja, nessa sua declaração pode-se ver que ele agora

se vê e se narra como o outro do surdo, o não surdo, ou um ex-surdo por ser

implantado.

Outros participantes freqüentes nos relatos e nas interlocuções feitas no FIC

e nos blogs analisados são os pais de sujeitos surdos que buscam esclarecimentos

e orientações para as muitas dúvidas que surgem após terem confirmada a surdez

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em seus filhos. Geralmente, como já foi relatado anteriormente, o primeiro contato

desses pais é com a equipe médica que realiza o diagnóstico e que os orienta

quanto ao “tratamento da surdez”. Usualmente as crianças são encaminhadas para

práticas corretivas como a protetização, às terapias de fala e, nos últimos tempos,

também, para a realização do IC. No excerto que transcrevo abaixo, um pai relata as

orientações que recebeu após ter tido a confirmação da surdez de seu filho de um

ano e meio:

Sou o Gercino e a minha esposa é a Rosangela, somos pais do Carlos Eduardo e estamos passando por uma fase de muitas dúvidas sobre o implante coclear. [...] Apos realização dos exames auditivos foi indicada uma prótese auditiva. Houve orientação para procurarmos um acompanhamento de fono para realizar treinamento de fala e contratamos uma fono para não perdermos mais tempo que realiza trabalho com ele duas vezes por semana - sessão de 40 minutos. Os médicos do CEAC-DERDIC nos orientaram a pesquisar sobre o implante coclear, pois seria a indicação mais correta para o caso (mensagem 43, postada em 14 de julho de 2008 no FIC).

As dúvidas que estes pais procuram solucionar através do FIC são

prontamente rebatidas através de relatos de outros pais, cujos filhos já foram

implantados, como na mensagem que transcrevo abaixo:

Sou Débora mãe do peq. Kadu de Manaus (Carlos Eduardo 2,6 anos) implantado há 1 ano atrás no Centrinho de Bauru, e recentemente foi reativado (trocou seu velho processador por um mais moderno), hoje lhe digo com toda certeza que o IC foi a melhor coisa que fizemos, meu filho hoje fala td e se comunica muito bem é impressionante seu desenvolvimento, surpreende a todos que o conhecem. [...] Não desista e se apresse Gercino, não prive mais seu filho do som da vida e não prive vcs de verem ele ouvir... (mensagem 44, postada em 16 de julho de 2008).

É possível dizer que, atualmente, o discurso médico parece já ter

incorporado esta prática cirúrgica como uma recomendação, afirmação que faço

apoiada, especialmente, nos discursos dos implantados que dão conta de que o IC

seria a melhor forma de devolver ao surdo o “canal perdido, a audição”. Lunardi

(2002) indicou que, nessas situações, “ao diagnosticar a surdez como uma

anormalidade, o modelo clínico de surdez lança mão de estratégias terapêuticas e

corretivas, a fim de docilizar, disciplinar, ouvintizar os sujeitos surdos”. Então, a esse

modelo clínico estão usualmente associados – o diagnóstico de surdez, a indicação

de práticas e técnicas terapêuticas de reabilitação e no caso aqui mencionado, a

tecnologia corretiva do implante coclear.

Em um outro trecho dos comentários postados por Gercino, pai de Cadu,

ele menciona que o menino, agora com três anos de idade, tem grandes habilidades

comunicativas com as mãos “ele possui um dedinho mágico”, o que poderia ser

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entendido como uma tentativa desse sujeito surdo de se comunicar através de

sinais, língua tida como “natural” dos surdos, mesmo que o pai não mencione tal

possibilidade. Muito ao contrário: para ele a única saída visualizada seria mesmo a

acenada pelo médico, ou seja, a busca da normalização de seu bebê através do IC.

Transcrevo abaixo um trecho da mensagem que estou comentando.

O Cadu detecta sons de fala somente em forte intensidade com uso dos AASI. Está evoluindo na intenção comunicativa, já imita muito bem os sons de cachorrinho e de seu gato e começa a pronunciar razoavelmente Papai e Mamãe e o nome dos irmãos. Porém em alguns momentos ou dias parece que regride e pouco se comunica verbalmente, muito comunicativo por gestos, possui um dedinho mágico. Estamos com consulta pré-agendada para o Hospital de Clínicas... (mensagem 41 do FIC, postada em 15 de julho de 2008).

Mas existe uma outra forma de a família envolver-se nos processos

decisórios sobre qual caminho escolher para seu filho surdo, quando há o

diagnóstico de surdez. Esse se direciona a buscar um melhor entendimento acerca

da surdez e de problematizar os discursos que atravessam os diferentes lugares que

configuram a questão da surdez e dos surdos (SKLIAR, 1999). Ao circularem, por

exemplo, nos movimentos surdos, algumas vezes esses pais deixam de entender a

surdez como uma deficiência ou uma doença que precisa ser curada, e passam a

compreendê-la como uma diferença lingüística e cultural, como é defendido na

cultura surda e demonstrado com bastante clareza no filme documentário “som e

fúria”, que comentei no capítulo 4 deste estudo. Nesses casos, os pais avaliam, a

partir de gama mais ampla de informações, as possibilidades de seu filho surdo.

No entanto, essa postura foi bem pouco observada nas centenas de

mensagens que li e que foram postadas no Fórum, bem como nas interlocuções

registradas nos blogs da Princesitta e do Luis Filipe.

Quando tais posicionamentos são enunciados, geralmente esses partem de

surdos adultos, que estão supostamente inseridos em uma comunidade de surdos e

experenciando um contexto cultural e lingüístico próprio ao surdo. Após visitar uma

feira de inovação tecnológica voltada para a área médica, a Rea Tech, Princesitta

fez o seguinte relato de um quase embate com defensores da cultura surda:

Dessa vez não foi uma coisa muito boa. Ruim, por que não gostei de tal atitude, indiretamente preconceituosa... Boa, por que estou sendo forte. A causa disso tudo, são as pressões que a comunidade surda faz em mim: Condenam o Implante Coclear até a morte. Apenas alguns respeitam. E olha lá! [...] Mas conversei com algumas pessoas, a primeira, disse para eu pensar muito bem. E que tem uns amigos que não deram sorte com o IC. Beleza. Cada caso é um caso. A segunda foi bem escandalosa: Assim que soube que eu pretendo fazer o implante, BUM! Estava deitado lá no chão

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(desmaio?). Chamando a atenção de algumas pessoas a sua volta... Depois de ser levantado com a "ajuda" de alguns, ele me disse que o implante é "coisa séria, e é péssimo se implantado nos surdos pré-linguais, pq a identidade deles é surda mesmo, e eles não conseguirão se adaptar com os sons, e podem se arrepender duramente, além de alguns casos de derrame e outros trecos". Conversei também com um outro surdo, que me disse que "não vale a pena, você tem q se aceitar como é, surda, com sua própria cultura, você fala, anda, escreve bem, vc está ótima assim, não precisa de mais nada...” (relato feito em 15 de abril de 2007).

Aliás, cabe lembrar, que a possibilidade de não fazer o IC e de se

comunicar através da Libras, é referida pelos internautas aqui analisados somente

quando há evidências bastante fortes de se obter resultados restritos com o implante

coclear. Podemos perceber tal circunstância nas discussões que se sucederam a

partir do post “um caso difícil de surdez” onde uma moça pede ajuda para uma

menina surda de 12 anos de idade que “usa Libras e não fala quase nada, gostaria

de saber se há médicos que podem ajudar no caso...” (mensagem 35 de 4 de abril

de 2005 do FIC). Tal relato motivou uma série de discussões entre os associados do

FIC em que ficam claras tais intenções, quando, por exemplo, os interlocutores

sugerem que como ela é usuária de Libras e não oralizada, ou seja, não foi

submetida aos processos de ouvintização através de exercícios de fala e de leitura

orofacial, o IC não seria a melhor opção. Nesses casos, o IC não seria a cura da

surdez e seria possível para um surdo viver sem ele. A seguir transcrevo alguns

excertos das discussões subseqüentes ao post que estou comentando:

Tenha em mente uma coisa: A pessoa submetida ao IC voltará a ouvir sons, mas nem sempre ouvirá como ouvia antes. No caso daqueles que nasceram surdos, terão uma audição artificial, nem sempre igual ao que uma pessoa ouvinte ouve. Em ambos os casos, o surdo ouvirá de uma forma diferente que uma pessoa ouvinte ouve. Criará uma forma de ouvir e interpretar os sons. O fato da Sara também não falar quase nada, também é um ponto negativo. Um dos requisitos básicos para poder realizar o IC, é que o candidato tenha boa leitura labial, e que seja oralizado. (Mensagem 36 postada em de 04 de abril de 2005 no FIC). [...] Sem isso, não vale a pena, não. Nesse caso, sou a favor da LIBRAS. Afinal, existem vários meios para que o surdo possa viver (Mensagem 37 postada em de 04 de abril de 2005 no FIC).

Aliás, a questão da oralização e da leitura labial, colocadas como um dos

pré-requisitos básicos para o candidato ao IC, geralmente não estão associados a

um resíduo auditivo ou a um grau de surdez mais leve, e sim às pedagogias

corretivas e à vontade e esforço pessoal do sujeito surdo (ou de sua família) em se

submeter a tais terapias de normalização. Estão muito mais associadas ao “querer

aprender a falar”, ao “querer aprender a ser ouvinte” do que propriamente à

capacidade de ouvir algum som. Assim, quando se coloca que essas questões são

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desejáveis para um candidato ao IC, pode-se entender que se ele já tinha estes

atributos antes do IC, provavelmente já tenha sido subjetivado por técnicas oralistas,

treinamentos e exercícios de fala e, sendo assim, ele não estranharia as práticas

corretivas e se submeteria novamente a tais processos após o IC.

O fato de um surdo ser oralizado, afirma-se em algumas situações, o faz

ser, de certo modo, diferente dos outros surdos, pelo menos aparentemente. Além

disso, há relatos postados, como por exemplo, o da Princesitta na sua apresentação

em 16 de abril de 2007, que endossam tal afirmação. Ela diz que é surda de causa

desconhecida, mas que “aprendeu a falar”. Seus comentários parecem dirigir-se a

marcar que seu aprendizado da fala decorreu não de algum resíduo auditivo, mas

sim de seu esforço pessoal em aprender a falar, sendo então necessário que outros

surdos que pretendam oralizar-se ou implantar-se igualmente apliquem-se neste

fundamento.

A mensagem 23 do FIC, de 02 de março de 2005, também traz o relato de

um surdo que retoma esta mesma consideração. Nela, quando perguntado se ainda

fazia fonoterapia após o IC , ele respondeu: “faço sim. É importantíssimo. Uns

podem evoluir mais que os outros, etc... dependendo tb da força de vontade”, ou

seja: novamente dá-se destaque à motivação pessoal.

Saliento que as considerações que estou colocando em destaque

aproximam-se da proposta do oralismo, defendida por especialistas que acreditavam

que todos os surdos poderiam aprender a falar, mesmo sem ter os recursos naturais

que os ouvintes têm, desde que tivessem disciplina, vontade, esforço pessoal e

auxílio familiar. Cabe registrar que essa crença fazia repousar sobre os ombros do

próprio surdo o sucesso ou o fracasso em relação ao aprendizado da fala, como

bem o diz o sujeito da mensagem 23 “uns podem evoluir mais que os outros...

depende da força de vontade”. No caso do implante coclear assumem-se algumas

narrativas bem aproximadas a essa. Ou seja, tem sido constantemente marcado

que, para um implantado vencer a barreira da surdez e falar, será necessário

esforço, vontade e disciplina, sendo essas as qualidades que o aproximam da

possibilidade de alcançar um lugar de normalidade, que o referencial dos Estudos

Culturais, que assumo, me permite considerar como inventado por aqueles tomados

como referentes, os ouvintes. Não interessa se, para tanto, é necessário submeter-

se a pedagogias corretivas, a longas sessões de terapia e aprendizagem de fala, tal

como sucedeu quando do predomínio das visões oralistas do século XXVIII, que

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exigiam que os surdos se reabilitassem, que superassem a sua surdez, que

falassem e que, de certo modo, se comportassem como se não fossem surdos.

Nessa perspectiva, espera-se dos sujeitos surdos que se implantam a

mesma postura que Luis Filipe afirmou, na mensagem postada em 4 de março de

2004, “é muito importante nos primeiros meses de implantado a correta terapia com

fono. O implantado precisa aprender a ouvir com o implante”. Ou seja, é necessário

que o implantado se comporte como ouvinte. Em outro exemplo, o moderador do

FIC orienta um recém-implantado a como proceder para tornar-se um surdo

implantado bem sucedido: “quanto ao tempo para discernir os sons, varia de pessoa

para pessoa... muito treinamento, ajuda da fono e muito empenho seu irão te fazer

falar o mais breve possível”. (mensagem 32, postada em 22 de julho de 2005).

Novamente aparecem marcadas as questões do treinamento, da terapia e da

motivação como propulsoras do sucesso do IC.

Talvez seja por isso, que alguns implantados e algumas famílias de crianças

implantadas, tidos como “bem sucedidos” no aprendizado da fala oral, fiquem tão

satisfeitos em apresentar-se como implantados, por fazerem parte desse grupo de

surdos tidos como vitoriosos, pelo menos em relação ao domínio da linguagem oral,

aproximando-se, assim, dos padrões do grupo ouvinte dominante. Esse “orgulho” de

ser um ouvinte (mesmo que de um jeito diferente), de ser um vencedor fica claro,

especialmente, quando Princesitta destacou que, após meses de terapia, troca e

regulagens dos componentes acoplados ao IC, bem como dos exercícios e

treinamentos de fala, “os sons agora fazem parte da mh vida, estão tão comuns!”

(Comentário postado em 20 de junho de 2008) e quando Luis Felipe asseverou: “tive

grandes progressos auditivos, minha voz melhorou bastante, a discriminação dos

sons também” (comentário feito em 26 de novembro de 2006).

Da mesma forma, os simpatizantes do FIC também relatam seus feitos,

ressaltando o quanto essa possibilidade tem modificado as suas vidas. Destaco

especialmente a mensagem 7, postada por um rapaz implantado há 5 anos: “Hoje

eu posso fazer muitas coisas cujas antes não podia, como falar no telefone, até

mesmo em celular; ouvir música e acompanhar as letras; foi ótimo!” (Comentário

postado em 15 de outubro de 2001). Quando o sujeito implantado ainda é criança,

são os seus pais que se encarregam de propagandear os resultados. Na mensagem

45 do FIC, temos o indicativo do orgulho de uma família com o positivo resultado

lingüístico alcançado por seu filho pequeno, quando a mãe relata:

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Sou Tatiane, mãe do José Luís, que tem 3 anos e 4 meses. José Luís nasceu surdo profundo bilateral, descobrimos quando ele ainda tinha 17 dias de nascido, e o diagnóstico foi confirmado com 7 meses e logo ele começou a usar o AASI, porém seus ganhos eram apenas para os sons fortes, como porta batendo. Ele foi implantado no HC-SP com 1 ano e 2 meses. Hoje ele está muito bem, fala até o que não deve, rsrsr... (comentário postado em 14 de julho de 2008).

Nesses casos, ditos “bem sucedidos”, há destaques para cada nova

descoberta sonora, para cada nova conquista auditiva, e eu os vejo como relatos

motivadores para que outras famílias e outros surdos jovens e adultos se interessem

em conseguir também esse “benefício” para si. Como relatou Princesitta, no início da

sua caminhada “rumo ao implante”, quando estava prestes a conhecer um grupo de

implantados, tidos por ela como os legítimos porta-vozes dessa tecnologia:

Levei 7 pessoas surdas para conhecerem o IC, todos meus amiguinhos! Eles ficaram bastante interessados, perguntaram, entenderam como funciona, etc! Foi muito legal, e bem diferente!!! [...] Conhecendo os usuários de IC, a gente podia esclarecer nossas dúvidas e medos. Pois só ELES podiam dizer a verdade. Afinal, são ELES que usam, e entendem o implante” (Relato postado em 23 de março de 2007).

No entanto, devo salientar que não são só os casos bem sucedidos que

aparecem nos relatos por mim analisados. Também são narradas algumas situações

que registram as dificuldades ou mesmo os reveses com o IC. Luis Filipe narra em

26 de novembro de 2004, que também teve decepções com o IC, “muitas por assim

dizer”, mas essas, segundo ele, fazem parte do processo a que se submeteu, sendo

necessário para tanto “ter um bom preparo psicológico para suportar o IC”. Logo em

seguida, no entanto, ele acrescenta que “somando todas as conquistas e todos os

pontos positivos (os negativos ele não menciona) eu diria que valeu! Valeu ter

acreditado, mesmo que os resultados não fossem os esperados, o que veio foi

lucro”. Ou seja, aqui nota-se um certo (in)conformismo com os resultados

inexpressivos alcançados mesmo após meses de terapias de fala e ajustes nas

regulagens dos programas do IC.

Já em uma outra interlocução, o sujeito implantado, uma jovem, manifesta-

se de forma menos otimista, diz que está triste e mostra-se decepcionada com o IC.

Postada no blog do Luis Filipe, a internauta diz:

Eu sou uma implantada, mas nunca tive nenhum resultado. Fiz o implante multicanal duplo há 4 anos em Bauru mas até agora nenhum som apareceu, sou triste por não ter conseguido nenhum resultado, mas fico feliz por vc, eu estou 7 anos sem ouvir e vc ficou 37 anos imagino como vc se sentiu ao perceber os sons e fico muito feliz por vc. Abração de quem sabe o que é a vida sem som, ruídos, barulhos etc. (comentário postado em 8 de fevereiro de 2005),

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Na mensagem 48 do FIC, uma surda implantada há um ano faz a seguinte

constatação: “[...] a adaptação é muito difícil, mas o q não falta é o esforço e a

vontade pra um dia chegar lá, compreendendo tudo...” (post de 4 de março de

2008). Ou seja, apesar das dificuldades encontradas com o IC ou dito de outra

forma, o IC não atendeu ao seu propósito de substituir as funções da cóclea,

novamente o resultado positivo é atribuído à vontade e ao esforço pessoal do sujeito

e não à biologia ou à tecnologia.

Um outro comentário sobre dificuldades, também postado no FIC, foi feito

por uma mãe, que demonstra estar insegura e confusa sobre a sua escolha de

implantar a filha:

Noto nas mensagens que quando alguém faz o implante os amigos ficam felizes, mas não foi assim com a minha filha, pensei que quando realmente eu conseguisse realizar o implante teria um grande apoio dos amigos desse grupo. Ainda estou meio confusa. Pedi ajuda para alguém do grupo, mas ninguém até agora quis me ajudar. DESCULPE O DESABAFO É QUE AINDA ESTOU MUITO ABALADA COM A CIRURGIA DA CAROL. POR FAVOR, ME AJUDE. Silvia (Postado em 17 de fevereiro de 2008).

Nesses casos, um “sinal vermelho” é disparado na rede, e um exército de

participantes lança-se em defesa do IC. A grande família dos implantados, como se

auto-denominam, “os amigos de prontidão” na web, voltam a encorajar o implantado

ou a sua família, exaltando os benefícios que ainda poderão ser alcançados com o

IC caso persistam, tenham fé e se submetam a muito treinamento. Os recortes que

reproduzo a seguir, nos permitem observar os “amigos virtuais” entrando em ação:

[...] Sílvia, tenha muita compreensão e paciência, que tudo correrá bem na hora certa... Se ainda não está bem é porque ainda não chegou a hora da Carol.. Primeira coisa é ter muita calma... Não adianta apavorar, Sucessos!!! (mensagem 57 do FIC de 17 de fevereiro de 2008)

[...] Olá querida Sílvia, Paz do Senhor, sinceramente com certeza

os amigos Ficenses ficaram muito felizes Sim pelo IC da Carol e fique tranqüila, vc deveria estar dando pulos de alegria, e está transtornada???? Acalme-se e dê Glórias a Deus e essa dor vai passar, isso é um processo normal. Graças a Deus pelo IC da Carol... Fique tranqüila e já deu tudo certo (mensagem 56 de 17 de fevereiro de 2008).

Destaco, então, que um dos objetivos declarados do FIC é justamente

permitir o estabelecimento desta “rede de proteção” e de solidariedade, que se forma

em torno de quem fez ou fará o implante coclear. Essa rede funciona como um

importante suporte emocional, dando ênfase aos aspectos positivos, motivando,

incentivando e indicando alternativas, inclusive quando tudo parece não dar certo.

Lá estão postadas, então: indicações de médicos, outros terapeutas e terapias,

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indicações de centros clínicos mais próximos da sua localidade para realizar o IC,

orientações em relação aos planos de saúde, indicação de advogados, testemunhos

pessoais etc. Além disso, esta rede também funciona no sentido de prestar apoio

“logístico” como, por exemplo, facilitar o transporte e a hospedagem para quem

precisa se deslocar de um lugar para outro, comprar medicamentos e suprimentos

para o IC, divulgar novas tecnologias etc. Na mensagem 59 postada no FIC, esta

noção de “rede de apoio” ganha contornos ainda mais estreitos:

Somos uma família unida, pronta a ajudar nossos irmãos do silêncio. Estamos neste espaço há quase 7 anos, e pelos depoimentos que vc leu nos últimos dias, podes ver que sempre cumprimos nossos objetivos. Sempre estaremos prontos a ajudar a quem quer que seja. (postada por Luis Antonio, moderador do FIC, em 19 de fevereiro de 2008).

Nesse sentido, é possível dizer que o ciberespaço se configura nesta

situação como um local para a estruturação de redes de sociabilidade, nas quais

circulam informações e se processam impasses e conflitos pessoais, que perpassam

o cotidiano dos sujeitos implantados e também dos candidatos ao implante, que

buscam nesse espaço internético apoio e solidariedade.

Sintetizando o que foi destacado até aqui, destaco, ainda, que nesse

espaço, se produz a normalidade para alguns sujeitos surdos – os implantados - em

um jogo em que operam dicotomias, que passam além do binarismo ouvinte/surdo.

Ou seja, outros binarismos mais estão em jogo nas situações que acompanhei,

estando entre esses – ouvinte/surdo implantado, surdo implantado/surdo não

implantado, surdo implantado com resultado positivo/surdo implantado sem

resultados auditivos, por exemplo, sendo que em todos esses, tal como destacou

Skliar (1999), o termo dominante que acaba funcionando como referência também é

o primeiro enunciado, sendo esse sustentado pelo segundo, que significa a falta ou

a negação. Mas, nessa cadeia de oposições, a norma tende a ser implícita e os

significados que atuam e operam sobre eles e suas identidades, como já indiquei

anteriormente, são móveis e descentradas como destacou Hall (2003). Isso não

significa, no entanto, que os sujeitos não assumam posições e ocupem alguns

lugares de sujeito. No caso dos sujeitos interessados no implante coclear, por

exemplo, criou-se uma comunidade virtual, o Fórum de IC, que vem atuando na

direção de esclarecer, guiar, influenciar, conduzir ou induzir os sujeitos que dela

participam a assumirem determinadas posições. Também nas páginas individuais

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como os blogs processam-se ações semelhantes, tal como em muitos outros

espaços que não foram examinados neste estudo.

Cabe ainda reafirmar, que procurei indicar, neste estudo, que as

representações tramadas nos diferentes discursos em circulação na cultura atuam

na constituição das identidades; na situação particular que examinei, busquei

argumentar que se instituíram identidades híbridas, especialmente a partir dos

avanços tecnológicos colocados em destaque, como o IC, que vêm posicionando de

“novas” maneiras os sujeitos surdos e a surdez. Argumentei, enfim, que a partir das

narrativas colocadas em circulação na cena cultural globalizada da internet, bem

como em muitas outras instâncias, que incluem o campo científico, representado por

especialidades como a medicina, a fonoaudiologia, a biotecnologia, entre outras,

alguns novos significados têm sido destacados para qualificar a normalidade

ouvinte, bem como para criar e compartilhar uma nova forma de ser surdo. Destaco,

no entanto, que essa nova forma de ser surdo não acontece como um simples

acender de uma luz, mas se produz em um processo gradual, forjando

multifacetadas identidades surdas/implantadas/ouvintes, as quais vêm reivindicando

um novo lugar na intersecção da igualdade e da diferença.

Além disso, também busquei registrar a complexidade das questões

implicadas na decisão de realizar o IC. Não apenas as narrativas dos dois jovens,

que acompanhei durante um determinado espaço de tempo, concomitantemente às

discussões conduzidas no Fórum, mas, também, os filmes/documentários “Som e

Fúria”, especialmente, o primeiro, dão destaque e sumarizam as divergentes

posições assumidas e defendidas relativamente ao IC. Neste estudo, foi possível

colocar em destaque algumas delas e isso me permitiu atentar um pouco mais para

a problemática com a qual tenho me defrontado em minha prática profissional.

Mesmo assim, eu continuo a ser por ela instigada, especialmente ao

defrontar-me com a consideração feita pelo pai de Heather, no segundo

filme/documentário Som e Fúria, quando ele afirmou que, através de observações e

por ter-se instruído sobre o assunto, aprendeu que o implante pode ser útil para

crianças surdas e que está muito feliz que suas crianças surdas o tenham. É

interessante registrar que Peter, contumaz defensor da cultura surda, de certa forma,

se rendeu aos apelos da tecnologia, ao modificar suas posições em relação ao

implante. Mas a incerteza quanto ao proclamado êxito dessa tecnologia persiste

para muitos, apesar da mobilização de diferentes grupos e do campo científico.

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Enfim, estão em jogo, nestes conflitos, uma gama de sentimentos,

entendimentos e interesses de diferentes ordens, como procurei, mesmo que de

forma introdutória, apontar neste estudo.

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ANEXOS

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ANEXO I

Transcrição do blog da Princesitta

Nome do blog: Princesitta Início do blog: 16 de abril de 2007 Número de acessos ao blog até 20/06/2008: 2561

...Sweet Princess... Apresentação: Quem sou eu Me chamo Aline, tenho 21 anos. Sou surda bilateral, de causa desconhecida, com 85 DB no OE e tinha 80 DB no OD. Sou oralizada desde pequerrucha, cresci falando, lendo e me comunicando de boa com as pessoas. Mas claro que com algumas dificuldades, mas eram mínimas. Até meus 15 anos, mudei de escola. De uma regular, pública, fui para uma especial de surdos, tentar ver se era melhor. Isso foi em 2000. Aprendi LIBRAS e conheci o mundo do silêncio, a comunidade surda e me isolei por uns tempos... Em 2006, uma nova luz surgiu na mh vida: o implante coclear. A luz que eu desconhecia, tinha medo. Resolvi seguí-la e uma nova porta na mh vida foi aberta. Muitas coisas mudaram. E vcs poderão acompanhar através desse blog. Sexta-feira, 20 de Junho de 2008

O tempo voou...... Oiê, pessoal! Quanto tempo... Tempo demais! Tudo mudou, tudo passou, novidades surgiram e muitos progressos tb! Os sons agora fazem parte da mh vida, estão tão comuns! Ainda vibro com muitas conquistas, mas depois esqueço e vou levando a vida kkkkkkk. Muitas coisas aconteceram... Tantas que nem sei por onde começar!!! Vamos ir devagarinho... CELULAR! Ganhei um cel do meu grande amorzinho, que tanto amo! E comecei a intensificar mhs ligações via cel! Começamos a nos falar todos os dias, e a cada dia que vai passando, noto grandes melhoras e facilidade de entender! Acredite! Já tem até gente tentando falar rápido comigo! Kkkkk Qd a frase é curta, eu bem entendo! Qd é compridinha, fica meio comida kkkk Mas é só ir repetindo que a frase volta a se formar! Tenho ligado pra mh prima, pro meu namorado e pra mh irmã! Já consegui ficar conversando mais de 10 minutos com mh prima! E o meu recorde foi: 30 minutos com o meu namorado!! E entendendo!!! (Claro que com umas boas repetições e desistências tb kkkkkkk) O que eu notava era, eu mais falava e perguntava e ouvia as respostas. Tá mais que na hora de eu começar a ouvir mais o que os outros têm a dizer! É uma nova etapa!!! Até difícil, mas eu insisto kkkkkkkkkkk. FONO Saí da fono... Achei fraco demais! Quero ALGO MAIS! Estou a procura de outra, e achei uma super legal na mh cidade, dizem que ela é muito boa.... Agora depende da UNIMED.... buááááá Como esses planos são cruéis.... OUVINDO PELAS COSTAS Tenho notado que ando entendendo mais qd as pessoas falam por trás... Principalmente qd falam comigo! Cato umas palavrinhas, e as vezes até umas frases! Hj mh vó perguntou por trás e rápido: “tava cheio lá?" Eu tinha voltado do médico! nem olhei pra ela e respondi: "fui a 4ª" kkkkkk TELEVISÃO Ainda não me simpatizei com esse troço.. sou mt mais computador... mas tenho notado que

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ultimamente, eu estou entendendo umas palavras ditas pelos apresentadores... ou locutores...? kkkk Preciso aprender a sentar no sofá e ver novela, jornal... é uma boa estimulação para a audição, memória auditiva! FALANDO COM UM AMIGO NO CELULAR Isso aconteceu ontem!! =) Meu namorado me ligou e disse q tinha uma pessoa querendo falar comigo! A princípio gelei, pq acho meio difícil, ainda mais pq o cel faz uns barulhos estranhos, e tb ouço o barulho ambiente do outro lado... Aí complica! Mas tudo bem! topei! Era o Fagner, amigo nosso!!! Kkkkkkkkkk Comecei a rir e começamos a conversar! Ele falava rápido e devagar e eu lá ia entendendo, boiava, teve uma hora q nem ele mais me entendeu kkkkkk mas depois se ajeitou kkkkk Falta de costume da mh parte de falar com um troço na orelha: celular. Kkkkkk Adorei a experiência, ainda mais, por ele ser uma pessoa que eu não conhecia a voz. E mais ainda por eu ter dificuldade com vozes masculinas, porém mais grossas... Acho vozes femininas mais fáceis de se compreender!! SEPARANDO SONS No começo, qd alguém falava comigo e ao mesmo tempo, algo fazia barulho, me atrapalhava muito! O barulho para mim era como se fosse parte do que a pessoa tava falando! E conseqüentemente eu não entendia! Imaginem: Me chamar e ao mesmo tempo o cão latir: Alinauau! kkkkkkkkkkkkkkk Hj estou melhor, prova disso é q em um aniversário consegui ouvir meu namorado gritando falando comigo kkkkk Para mostrar q eu já conseguia entender via audição.=) Já ouvi o meu celular tocar no meio de uma música! normalmente, eu confundia... achava q era parte da musica mesmo!!! Pensei: "epa... está música tá estranha... humm... será???" "celular!? vamos ver..."pausei a música e era o cel!!! Êêêê GORA POUCO!!! Ouvi o telefone tocar. Fui na sala ver, e o tel estava quieto....continuei ouvindo, e encarava o telefone... uns segundos ouvi um "alô". Era a mh avó atendendo o telefone da cozinha! kkkkkkkk Bom hj chega!! vou ver se levo mais jeito e posto mais aqui kkkk bjs Alin Postado por Princess Alin Nohansen às 12:53:00 PM 0 comentários Domingo, 13 de Abril de 2008 O TELEFONE

Oiê, pessoal!!! Venho contar uma grande novidade a vocês: EU ESTOU FALANDO NO TELEFONE!!!! Incrível. Jamais imaginei que tão cedo, eu iria gostar dessa coisinha que eu tanto odiava, que tanto tinha raiva quando tocava e o pessoal desesperado pra atender! Após 3 meses de implantada, finalmente, o sonho se realizou: agora posso ouvir no telefone![ Tudo começou assim...] Eu estava na casa do meu namorado navegando longe pela Internet... De repente, vejo o meu namorado se aproximando com o telefone na mão, dizendo que era a minha mãe e pra eu tentar falar com ela. De inicio recuei, pois eu só entendia "alô" e "tudo bem" no comecinho... Nas primeiras vezes que tentei ouvir. Já estava bem contente com a mh capacidade de ouvir o chamar, o ocupado e o "alô". Bem, resolvi tentar: peguei o telefone, ativei o T do implante (modo telefone: que corta os ruídos externos, te proporcionando uma ligação tranqüila) ajeitei o telefone por cima do implante e lá fui eu: "Oi, mãe" - Tudo bem com você? Caraca! Eu entendi!!! E prossegui: "Tudo sim e com você???" Fiquei tão feliz que comecei a perguntar um monte de coisas, só pra ficar ouvindo e tentando entender!!! Era páscoa: Perguntei dos meus ovos, se estavam inteiros, do ferrero rocher, se a mh irmã não tinha atacado o meu, além do dela kkkkkkkkkkk. Mó papo furado! Fiquei tão feliz!!! Uau!!!! Milagre de Deus! Passou uns dias e... Resolvi ligar para a mh prima l Larissa! Mesma coisa! Eu a entendia!!! Era preciso falar comigo pausadamente, um pouco mais alto e tb repetir sempre que eu pedir, que uma hora eu entendia! Maiiiis felicidades!!! Um dia estava atrasando para chegar em casa: peguei meu cel e liguei pra mh mãe!!

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Mais uma vez eu consegui entender!!! Avisei que ia demorar pra chegar! Mas há os fracassos tb... Alguns celulares fazem um chiado infernal, ou tem umas musiquinhas, uns barulhinhos de fundo... isso me atrapalha muito e teve umas vezes q não consegui entender e pedi ajuda prum ouvinte kkkkkkk. Houve celulares que deixou a voz da pessoa estranha para mim! Eu hein! Qd for ter um novo cel irei testar bem antes! Kkk E teve também uns amigos meus que pediram pra mim ligar! Uma vez consegui... Falei pela primeira vez com uma pessoa que eu não era acostumada a falar... Fui entendendo... mas depois a pessoa começou a falar rápido e boiei kkkkkkkkkk A fato foi esclarecido: a pessoa do outro lado da linha me confundiu com uma outra ouvinte kkkk Depois tentei, mas só chamava, chamava... e ninguém atendeu! Dá um receio qd vou falar com gente de fora da família.... mas irei ir tentando sempre!!! E HOJE: consegui manter uma conversa de mais de 5 minutos com meu namorado, via telefone!!! A net caiu aí eu liguei e ficamos conversando kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!! Agora o que eu quero mesmo, é comprar um telefone sem fio!! Ebaaaaaaaa Ainda não consigo ficar entendendo tudo, há dificuldades e necessidades de várias repetição da palavra! Mas já consigo me comunicar e a tendência é melhorar, mais e mais! Beijooooosssssss Postado por Princess Alin Nohansen às 4:48:00 PM Três comentários Yuri disse...

Parabéns pela evolução do seu IC! Tomara que aceitem fazer IC no meu ouvido e possa ouvir telefone se Deus quiser! 17 de Abril de 2008 04:14

Lisi disse... Ai que legal!!! Se quiser me ligar enquanto ainda to em SP, podemos tentar.hehehe to muito feliz pela sua evolução, eu tinha certeza do sucesso. beijos 5 de Maio de 2008 11:06

Fernanda disse... oi Aline Meu nome é Fernanda, sou fono e moro em Indaiatuba!!! Estava procurando algumas figuras de IC e achei vc!!! Fiquei mto impressionada com seus depoimentos, nunca tinha visto ninguém tão detalhista nos relatos. Fico feliz por vc estar se dando bem com o Implante se puder, entre em contato para conversarmos mais [email protected] beijos 16 de Junho de 2008 16:48

Segunda-feira, 31 de Março de 2008 O Susto

Boa noite amigos!!! Poxa há tempo estou devendo uma nova postagem contando das minhas aventuras sonoras!!! Para voltar a ficar em dia, vamos começando por esse "episódio”: Estava eu, tranqüila conversando no meu msn. Concentrada. Passou alguns minutos, e a porta foi aberta. Não me lembro se percebi ou não, se apenas disse: "qd sair, feche a porta". Que é o que costumo dizer quando alguém entra aqui. Só me lembro estar concentradinha, me divertindo com os amigos virtuais... E de repente: Começo a ouvir alguma coisa. Para mim era o XXXXXXXXXXXXXXXXX. Meio diferente, mas alguém estava XXXXXXXXXiiiiiando pra mim. Deduzi fácil que só podia ser a mh irmã pentelha hehe. Comecei a responder: "Qui éééééé........?" com essa cara ¬¬ "Qui foiiiiiiiiiiii..." " eu tô ouvindo! XXXXXXXXXXXXXXXXXXX" Comecei a "XXiar" tb...XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX. "Mas a menina não desiste!" - Pensei comigo. Comecei a achar que talvez não fosse ela, outra coisa estava fazendo um barulho parecido e tal... Resolvo me virar e me dou de cara com uma comprida criatura saindo de trás do sofá e o XXXXXXXXXXX persistindo... Meu coração quase pára, gente! Me lembrei da mh ativação. Qd me diziam que XXXX e SSSSS são parecidos, e eu não percebia diferença nenhuma entre eles... O som que se parece com o XXXXXXXXXX... É o SSSSSSSSSSSS E quem faz SSSSSSSSSSSSSS é.......... UMA COBRA!!! Tinha uma cobra atrás do sofá!!! E claro que de brinquedo! Hehehe

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Porém muito bem feita, o tapete aqui do quarto ajudava mais ainda: PARECIA REAL. Ainda mais com a mh irmã fazendo SSSSSSSSSSSSssssssssSSSSSSSSSSSSSSS do outro lado do quarto....(ela confirmou! Ela tava fazendo SSSS e eu entendendo XXXXXX) Me deu um susto do caramba!!! Hehehehehe mas valeu a experiência! Uai! Ouvi a cobra...e ainda bem que era de mentirinha......... kkkkkkkkk Beijoos Postado por Princess Alin Nohansen às 5:14:00 PM 3 comentários

Câmera Digital disse... Hello. This post is likeable, and your blog is very interesting, congratulations :-). I will add in my blogroll =). If possible gives a last there on my blog, it is about the Câmera Digital, I hope you enjoy. The address is http://camera-fotografica-digital.blogspot.com. A hug. 31 de Março de 2008 20:13

Lia disse... Oiê!!!! Que belo susto, não !!!! Ainda bem que era de mentirinha !!!! Apesar da troca das letras, já é uma gde vitória !!! bjks e estamos com saudades !!! 1 de Abril de 2008 05:48

Yuri disse... Caramba! Pensei que era real! KKKKKKKKKKKKK!!! Bj 17 de Abril de 2008 04:13

Quarta-feira, 6 de Fevereiro de 2008 Meu 1º Mapeamento Estava eu, doidinha esperando por esse dia! Fiquei imaginando tudo o que poderia mudar, como seria e tal... Será q dessa vez eu pulo da cadeira??? Rsrsrs Cedinho de novo, às 6h20 a gente aguarda o bus que ia pra Campinas. Só tem esse horário. Mh consulta era às 09h30. Entrei no bus e apaguei. Tava mortinha de sono, pois fui dormir tarde!!! Qd acordei, já estava lá em Campinas, fui para a clínica e fiquei a aguardar. Enquanto aguardava, vi um garotinho implantado, além de ser apresentada para uma moça que pensava em fazer o implante, mas não conhecia e nunca tinha visto como era. Nos apresentamos e passei a explicar para ela como eu ouvia e tal. Mostrei pra ela o aparelho, ela achou feio kkkk. Feio ele é, porém as coisas que ele nos proporciona são lindas!!! Passou mais um tempo, e começou a atrasar: Eu tinha que ter feito audiometria e não sabia! Tive que fazer lá, e tb a Telemetria Neural! Aguardei mais um pouquinho, mh mãe tinha dado uma saída, eu fiquei lá e de repente: "Aline". Não, não pode ser e... "Aline"!!! Girei rapidamente, a fono Silvia já estava quase dando um passo para vir me chamar kkkkkkkkkkkkk E não foi preciso! Uau! ;D+ Primeira audiometria com o implante! Estava tb, muito ansiosa por esse momento! Queria saber como ficaria!!! Confesso que foi terrivelmente difícil, tive q me concentrar mt pra ouvir os sons baixinhos demais pra mim! Kkkk E teve duas vezes que achei q tava ouvindo algo, mas não era do audiômetro. Acho que foi o além (credo!) kkkkkkkkkk

Eis a foto da mh audiometria: Cliquem nela para ampliar! De acordo com a fono, está muito bom!!! Hora de fazer o mapeamento!!! Antes, tive que fazer a telemetria neural, antes de começar a mapear! O processo foi o mesmo da ativação: ouvir e dizer se está alto, baixo demais, alto demais, etc... E UAU!!!!! E adorei esse mapeamento!! Estou ouvindo bem melhor!!! Saí de lá, prestei atenção nos meus passos, nos carros passando na rua, no falatório, nas pessoas passando pra lá e pra cá! Entrei no ônibus, percebi a música tocando, ouvi a lataria... Tudo com o ônibus em movimento!!! Ouvi inclusive, pela 2ª vez, meu cel tocando de dentro da bolsa!!!

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Campainha, cachorro... tá tudo mais fácil!!! E uma coisa que queria mt poder ouvir e não conseguia mt bem é: alguém abrindo a porta. Mh mãe abre a porta, ouço e já viro pra ela. Isso acontece no silêncio, agora no meio de uma música, ou barulho, ainda não consegui! Está mais fácil de ouvir meu nome!!! O "A" está entrando com mais gosto agora! Estou descobrindo novas notas musicais nas músicas que ouço!!! Novos ritmos!!! Ouvi tb a câmera digital sendo ligada e desligada! Tô ouvindo mais o telefone tocar! Está tudo mais alto, melhor!!! Assim foi configurado: P1 - O velho programa: que usava antes do primeiro mapeamento (antigo P4) P2- O novo mapa P3- O Novo mapa, só que um pouquinho mais forte! P4- O novo mapa, mas com corte de ruídos. É bom para que eu possa ouvir e entender mais as pessoas falando comigo em locais barulhentos, como shopping, festas, etc... E depois de uma semana usando o P2 eu deveria usar o P3. Mal passou 5 dias e estou usando o P3. Isso aconteceu pq, numa confusão de aperto do botão, acabei selecionando P3 e mal percebi a mudança. Achei alto, mas era normal, do novo mapa, o P2. Depois qd fui ver... xii.... já era! pra trás eu não voltei mais! Kkkkkkkkkkk E me adaptei bem!!! Beijos e em breve conto mais!!! *:O) Postado por Princess Alin Nohansen às 12:35:00 PM 2 comentários

Tânia Palmeiro disse... Minha querida irmã Alin, lá tive tempo de ver o teu blog!!! desculpa a demora!!! está lindo pois nele descreves todas as coisas boas que Deus tem feito por ti através do implante. A minha filhota também está a recuperar muito bem e já diz imensas coisas, graças a Deus. É tão bom saber que temos um Deus que nos ama e cuida de nós todos os dias. Lembra-te sempre de uma coisa e nunca esqueças: Deus permitiu que ficasses surda mas mesmo assim esteve sempre contigo. Nunca O culpes pela tua surdez, pois tenho a certeza que não deixaste de saber quem Ele era ou de te relacionares com Ele. Durante algum tempo e sem me aperceber culpei Deus pela surdez da Madalena e as coisas não me corriam bem... quando comecei a dar-Lhe graças porque apesar de tudo a minha filha está viva e pôde ser operada e agora ouve bem. É uma criança normal, esperta, dinâmica a quem tenho a certeza que Deus se revelará no tempo certo. beijinhos da tua irmã em Cristo portuguesa Tânia Palmeiro 21 de Fevereiro de 2008 03:30

Sandra disse... Olá! Meu nome é Sandra Portella Montardo e sou professora e pesquisadora no Centro Universitário Feevale, em Novo Hamburgo, RS. Meu grupo de pesquisa está desenvolvendo um projeto sobre blogs de pessoas com necessidades especiais e/ou de seus familiares sobre o tema. Já concluímos uma pesquisa sobre blogs de familiares de autistas e de portadores de Síndrome de Asperger. Nossa próxima etapa é pesquisar sobre a socialização on-line em blogs de portadores de deficiência auditiva. Visitamos seu blog há algumas semanas e gostaríamos de saber se você concorda quanto a analisarmos este blog e responder um pequeno questionário. Sua participação é muito importante.Para saber mais detalhes, entre em contato via e-mail ([email protected]) e acesse nosso blog de pesquisa www.blogsespeciais.blogspot.com). Muito obrigada e parabéns pelo blog! Prof. Dra. Sandra Portella Montardo - Centro Universitário Feevale 25 de Março de 2008 07:02

Sexta-feira, 1 de Fevereiro de 2008 Os primeiros Acidentes + Cola Superbond

Pois é, um dia iria acontecer!!! Fiz uma pequena força para frente, como se eu fosse começar a correr, mas algo me bloqueou. O silencio tomou conta de mim e senti alguma coisa descendo pelo meu ombro, em seguida pelo peito: tentei agarrar desesperadamente! Sem sucesso, lá vi o bixinho no chão! Todo esparramado! Naquele momento meu coração quase parou, peguei-o e vi que estava desligado!!! Ajeitei o compartimento de pilhas e liguei. Estava tudo bem... Segundo acidente: Apenas dei uma

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inclinada para trás e lá foi o "saltador de paraquedas" de novo no chão. Pirei!!! Procurei pela alcinha transparente que envolve o processador na orelha até o ganchinho. O problema é que essa alcinha sempre se solta do ganchinho... A solução foi colar com superbond!!! Está uma maravilha!!! Supercoladinho!!! Chacoalhei pra lá e pra cá pra testar a resistência: Depois de umas 5 giradas de cabeça, voou. Está firme, mas não o suficiente para agüentar uma montanha russa do playcenter... (ai,ai) Postado por Princess Alin Nohansen às 3:20:00 PM Quinta-feira, 24 de Janeiro de 2008 Ouvindo em Brasília Oie, amigos!!! Quanto tempo... A última vez que escrevi foi no ano passado... ô tempo... kkkkk E como o tempo voa... Já estou com quase 2 meses de ativada e muitas coisas mudaram!!! Primeiro fui viajar para Brasília e lá continuou o meu aprendizado sonoro. Muitas coisas aconteceram!! Irei contar pra vocês: Dia 25 de dezembro de 2007 às 18h00... Lá estava eu, junto com a minha família, todos a postos no ônibus de leito. Fomos no semi-leito, mas tudo bem. Como seria a mh experiência de ouvir dentro do ônibus? Era uma curiosidade minha tb kkk Afinal, tudo é novo! Kkkkkkkk Durante as 12h de ida fiquei tentando relaxar pro tempo voar... Ouvia o barulho do ônibus, fiquei ouvindo MP3 e rádio com a mh irmã, no celular dela... Eu simplesmente achava que o barulho externo atrapalharia muito, mas nem!! Deu para relaxar com uma musiquinha em paz kkkkkk. E ouvindo rádio com a mh irmã, eu percebia quando estava falando ou cantando, tocando... Perguntava a mh irmã se eu estava certa do que ouvia, e ela confirmava! Mais uma conquista, pois antes tinha dificuldade nisso... A Virada do Ano Passei o ano novo lá em Brasília mesmo, e fui para o P4. Pela primeira vez ouvi os fogos! Como são altos e nada incomodáveis! Achei que eles poderiam me assustar auditivamente, mas... UM RONCO ME ASSUSTOU MELHOR, isso já é outra história pra contar kkkk. Tinha alguns fogos que chiavam, zuniam quando subiam e lá em cima estouravam. Muitas vezes eu pude saber que um novo fogo ia estourar e olhar para o céu sem perder o espetáculo de luzes... Eu estava me adaptando com o P4. Que por sinal, está maravilhoso... O Chuveiro Pingando Estava eu no banheiro e passei a ouvir um barulho... Chamei a minha irmã e fiquei espantada: caramba, eu tava ouvindo o barulho das gotas que pendiam lá de cima!!! O Beija-Flor Estava eu a ouvir no meu MP3, na varanda! Os barulhos da rua me incomodavam um pouco, atrapalhava a música e tirava a mh concentração em caçar a voz do cantor... Uma certa hora ficou terrível, eu já não ouvia mais a música e sim um ruído constante... Desliguei o MP3 e estranhei: o barulho continuava... Comecei a ficar prestando atenção e logo se tornou uma melodia. Espantada, comecei a procurar e foi só eu virar o rosto, e dei de cara com um lindo beijar flor, pertinho de mim!!! Fiquei encantada e boquiaberta com tamanha beleza, ainda mais com som! Obras!!! Ouvi os barulhos característicos das obras! Meu pai usando a furadeira, martelando.... Motos e buzina No começo eu não estava conseguindo diferenciar os barulhos de moto e carros... E muito menos perceber que eles estavam passando. Mas lá em Brasília, depois de um tempinho com o P4 ouvi o verdadeiro barulho da moto!!! Ouvia, procurava e logo via a moto passando! EBA!!! Tb ouço qd tá passando carro, mas não com a mesma facilidade de quando passa uma moto! Depois já na rua e na hora de atravessar, como já estou acostumada, olho para os lados e continuo caminhando até a quina da calçada e paro novamente, para checar mais uma vez... Às vezes os carros viram com tudo... Aí já viu, né... Enquanto caminhava para a quina, depois da primeira verificação, parei automaticamente: tinha ouvido uma coisa! Nem deu tempo de me virar e um carro já foi contornando a esquina. Perguntei a minha irmã se havia buzinado e SIM! YEAH!!! Uma música no Mp3... Havia passado para o mp3 uma música do Jorge Vercilo chamada "O Infinito Amor". Antes do implante, com dificuldade eu curtia essa música, cantava com a mh mãe, que achou muito linda. Procurei na Internet a letra e copiei num caderno. Chamei a mh irmã e coloquei o outro fone no ouvido dela, pedi que ela me acompanhasse para ver se eu estava ouvindo bem o cantor. Começou. Instrumentos tocavam, mas nada da voz ainda, me concentrei ao máximo. "Desde que te vi..." Percebi rapidamente e comecei a deslizar com o dedo sobre a letra da música, onde e como eu

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ouvia. Na maior parte eu fui muito bem, percebendo cada foneminha, e me perdendo quando ele dizia: "infinito amor..." kkkkkk Adorei a experiência!!! O Choro de uma criança Normalmente eu não ouvia, quer dizer, não percebia qd a criança tava chorando ou rindo... Mas de tanto chororó, acabei aprendendo! kkkkk Achei uma graça o risinho de um bebê e melancólico o chorinho.. Aff Fui no hospital, acompanhar a mh irmã que estava com alergia... De repente, um berro ecoou pela sala de espera e reconheci rapidamente: Tinha uma criança chorando, berrando! O microondas e o fogão Ouvi o apito do microondas e o sinal do fogão, anunciando que vai acender o fogo kkkk Esses são os sons que ouvi lá em Brasília... Ou seja, os que eu lembro, pq quase todos os dias tinha uma novidade kkkkkkk Beijos e até a próxima!!! Postado por Princess Alin Nohansen às 8:14:00 AM 1 comentário Lisi disse...

Gosto muito de ver todas as novidades com sons. Conte mais coisas, afinal, já se passaram mais uns dias... hehehe bjos 5 de Fevereiro de 2008 16:26

Quinta-feira, 20 de Dezembro de 2007 Pisca-pisca de natal Não, não... Não falo dos pisca-piscas de natal mesmo, e sim o do meu aparelho!!! Hj quando mudei para o P3 tive uma surpresinha: Uma pequena luzinha vermelhinha, piscando loucamente na pontinha do meu aparelho! Eu já conheço ela! Vi-a piscando nos aparelhos de outros implantados, quando esses se encontram nas mãos deles. E quando colocado de volta na orelha, a luzinha se apaga... Essa luzinha, pelo que sei, é para indicar quando há algum problema, quando acabou a pilha, quando a bobina está mal posicionada... E tb, quando o IC está em funcionamento, principalmente nas crianças, pois elas não sabem dizer se tá funcionando ou não... aí a luzinha ajuda os pais a saberem das coisas que rolam com o aparelho... Mas... O meu já tá em clima de natal!? Kkkkkkkkkkk Pisca direto... Direto... e no visor mostra P3M normalmente... Talvez esteja configurado do mesmo modo que para as crianças. Irei entrar em contato com a fono. E olha que minha mãe brincou: "Ora bolas! É nataaal!!! Por isso que tá psicando!" kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Ninguém merece! Bjs Alin Postado por Princess Alin Nohansen às 4:28:00 AM 2 comentários

CresceNet disse... Hello. This post is likeable, and your blog is very interesting, congratulations :-). I will add in my blogroll =). If possible gives a last there on my site, it is about the CresceNet, I hope you enjoy. The address is http://www.provedorcrescenet.com . A hug. 8 de Janeiro de 2008 04:35

Blogs como Ferramenta de Socialização e Inclusão de Portadores de Necessidades Especiais. (PNE) disse... Meu nome é Arnoldo Benkesntein. Sou Bolsista de Iniciação Científica do CNPq e participo do grupo de pesquisa Projeto Blogs como Ferramenta de Socialização e Inclusão de Portadores de Necessidades Especiais. (PNE), sob a orientação de Prof. Dra. Sandra Portella Montardo (Feevale) e Prof. Dra. Liliana Passerino (UFRGS). Na atual fase do projeto, após a análise de blogs de familiares de autistas, estamos mapeando blogs que abordam assuntos relativos à deficiência auditiva. Devido à qualidade da informação observada no seu blog, incluímo-lo na nossa lista de sites pertinentes para o mapeamento. Visando o melhor entendimento de como blogs como o seu podem efetivamente promover a inclusão social de PNEs, gostaria de solicitar-lhe o fornecimento de alguns dados que devem ser enviados para o e-mail [email protected]: Nome: Você é portador de alguma necessidade especial relativa à deficiência auditiva? Se sim, qual? Sexo:

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A simples resposta desses itens é muito importante para o sucesso de nossa pesquisa. A seguir, será enviado um Termo de Consentimento, no caso de você concordar com que seu blog faça parte da nossa amostra. Desde já agradeço sua atenção. Arnoldo Benkenstein. 20 de Janeiro de 2008 15:19

Pulando de Ps: P3!!!!!!! Ois!!! ÊÊÊÊÊÊ!!!! Hj fui para o P3! Como eu expliquei, nesse meu primeiro mês, toda quinta feira é dia de Pular kkkkk Vou contar meus últimos dias de P2, que to devendo e fiquei com uma preguicinha... Ui! *vergonha* Que eu me lembre bem: Percebi muitas melhoras! Novos sons: O estabilizador do PC: Estava eu com a mh amiga no PC, as luzes estavam piscando e comecei a ouvir um sonzinho meio assim: "tan tan, tan tan..." Estranhei bastante, fiquei procurando, não achei e chamei a mh mãe. Ela prestou atenção e presumiu que vinha do PC... Fiquei tentando ouvir, mas não tava me conformando que era o PC... E ainda por cima, fiquei preocupada... Meu pc vai quebrar!? kkkkk Só depois q mh mãe percebeu que não vinha exatamente do PC, e sim do estabilizador! Uai!!! Passos Esses estão mais nítidos para mim: começo a ouvir baixinho e vem aumentando... E BUM! A pessoa aparece na sala da mh porta kkkkkkkkk Vozes Está cada vez mais fácil de indentificar que as pessoas estão falando... Andei tomando sustos kkkkkkk Palavras Estou conseguindo entender mais as palavras ditas pela fono... Conseguindo acertar mais do que errar! =DDD mais ainda é um desafio para mim. Música Andei usando muito o MP3... Percebi grandes melhoras com o passar dos dias... Ainda continuo ouvindo e hj à noite farei a prova, para ver se to ouvindo mesmo e acompanhando algumas partes da letra corretamente. Estou quase com a certeza de que estou ouvindo algumas palavrinhas.. hum? Geralmente, com o P2 percebi grande melhoras nos so ns que já estava escutando... Tudo ficou um pouco mais alto e a nitidez aumentou... Carros Consegui ouvir melhor os carros passando na rua... Tenho a impressão! E ainda não consegui diferenciar mt bem carros, de motos e ônibus... Porém está bem melhor do que com o P1. Dentro do carro. Conseguir ouvir o motor dos carros. E ouvi a musica que tava tocando em outro carro. Claro que fiquei pensando que era do carro que eu estava dentro, até o meu namorado desligar o rádio dele e eu estranhar ainda estar ouvindo música kkkkkkkkk Celular Consegui pela segunda vez ouvir o toque do meu celular, estando distraída! =D AGORA ESTOU USANDO O P3!!! Tudo voltou no tempo, para o início! Toda troca de Ps é como se fosse o primeiro dia: a gente tem q se acostumar! Estou ouvindo tudo um pouco mais alto do que eu tava ouvindo com o P2.

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E pela primeira vez, ouvi os passarinhos cantando no jardim... Eu estava no meu quarto. Achei que era o meu, mas mh mae me disse que lá fora tinha um monte cantando... e que nao era o meu passarinho.Mais uma vez, liguei o aparelho e entrei na cozinha dizendo: "o rádio tá ligado, o passarinho tá cantando..." kkk E mh mae confirmou kkk. Vindo trabalhar, pela primeira vez na rua com o P3: ouvi melhor os carros passando!!! Agora quero ver se numa rua deserta, eu ouço um carro passando! =D Ainda tô caçando a diferença entre os vários transportes!! E cheguei aqui no meu serviço, achando estar escutando os passarinhos cantar... Ouvia uma melodia de sonzinhos... Não sei se eram eles mesmo... Estava eu aqui na mh sala de serviço... Mh amiga chegou fazendo XXXXXXXXX kkk e me virei, aí fui pegar uns negócios e tava mais ou menos uns 10m dela e ela disse: "oi, tudo bem?" E eu ouvi uma voz, que seria a dela, e me virei kkkkkkkk. =DDD Botei o MP3 pra escutar um pouco as músicas q eu tava tendo pequenos progressos com o P2. Mas não to ouvindo bem como tava antes, acho que é o costume... Mais pra frente relato mais! beijoooos Alin Postado por Princess Alin Nohansen às 4:13: 00 Quinta-feira, 13 de Dezembro de 2007 Os sons agora fazem parte da minha vida Nunca imaginei o que seria O OUVIR. Nunca imaginei que pudesse tanto mudar a mh vida. Estou amando! Tudo graças ao bom Deus. Confiei Nele e ele cumpriu a sua promessa para a minha vida. Mais umas usando o P1 na mh primeira semana de ativada, que fora completa hoje. O Telefone Quem depois de ativado não fica curioso de tentar ouvir o telefone? Por mais cedo que seja??? Pois é, lá fui eu: Peguei o bixinho e com ele procurei os 3 microfones do IC.Me concentrei e aos pouquinhos, os sons foram fazendo sentidos para mim: "tum, tum, tum, tum..." Passou uns dias e resolvi repetir a experiência: dessa vez ligando para alguém. Enquanto discava, percebi alterações nos sons e quando terminei, mais me concentrei: Comecei a ouvir o chamado. Não sei como descrever o som... Mh irmã que me acompanhava, me pediu para ouvir. Perguntei se estava chamando, e ela confirmou. Arranquei o tel da mão dela, procurei os microfones do ic e fiquei minutos à espera e na expectativa de ouvir um alô! mas de repente: tum, tum, tum.... Falei para a minha irmã: "Ninguém atende" e passei o fone para ela tentar. Deu na mesma. kkkkkkkk A música No segundo dia de ativada, eu já fui ligando o rádio e colocando minhas músicas preferidas: Notei que ainda não ouço como eu ouvia antes de ser implantada: Costumava ouvir pela mão. Pela vibração. Sentindo a vibração no corpo. Tirei minhas mãos da enorme caixa de som que tenho em casa, me afastei um pouco dela e fechei os olhos: me concentrei para poder ouvir a música. O que eu ouvi não era musica, e sim uns sons estranhos kkkkkk apitos constantes e suaves. As vezes me lembravam assobios ou o meu querido "X"Kkkkkkkkkkkkkkkk Embora com o AASI, nem perto disso eu chegava, apenas tinha sensações auditivas e mais nada. Só sentindo a vibração. Passando alguns dias, a mh percepção musical fora melhorando. Hj consigo e desfruto da musica Saria Song - Zelda Ocarina of Time - N64 numa boa! Consegui ouvir legal! Por enquanto, é só essa musiquinha! =D E continuo ouvindo as outras q tb tanto gosto para ir estimulando... Na igreja Estava indo para a igreja. Fiquei pensando como seria estar num lugar, onde as músicas, o pastor falando no microfone seriam tudo alto. Será que me incomodaria? Cheguei lá, estavam todos no meio de uma oração fiquei em silêncio, esperando terminar para poder entrar. Fiquei ouvindo e não achei altão assim. Tava até bom. Kkk Depois me sentei e tocou uma música, fiquei tentando captar a voz da cantora. Não deu muito certo, mas foi gostoso. Eu já nao estava mais com as mãos no banco, tentando sentir a vibração. Depois o pasto foi pregar. Ele fala bem rápido, nunca tinha conseguido ler os lábios dele. E tentei essa proeza: pra minha surpresa, consegui captar um monte de palavras e curtas frases ditas por ele. IC + leitura labial = UAU! A LIBRAS Caracoles!!! O meu amigo GIL tinha razão ao brincar que quando fazemos LIBRAS, parecemos uma ventoinha kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Não senti ventinho algum, porém ouvir os barulhos produzidos

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pela violência de alguns sinais feitos. O MP3 Pedi o MP3 emrpestado do meu namorado. Gravei ele me chamando umas 5 vezes pelo meu nome. Ainda nao testei o cabo especial que liga o mp3 no processador. Apenas encostei o fone do MP3 no microfone e pude ouvir os "alines" dito por ele. Adorei! E agora vou gravar musiquinhas, leituras, para mim sair treinando kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Musiquinhas Infantil Adorei ouvir "atirei o pau no gato..." sem LOF. E ainda por cima perceber o ritmo e combinar com a música em assobios. Uma cantata legal! kkkkkkkkkkkkk Por hoje é isso... Tudo isso com o P1. Agora a partir de hoje, é o P2 que entrará em ação! Beijos Postado por Princess Alin Nohansen às 7:46:00 ____Do P1 para o P2_____ Bom dia amigos!!! Hoje de manhã fiz a troca: do P1 fui para o P2!!! E as diferenças já foram se manifestando!!! Eu ouvi muitas coisas com o P1. Certas coisas ainda não relatei aqui e aagora o farei: Consigo ouvir o aviso do MSN, quando uma pessoa loga... E configurei, para sempre que meu namorado logar no msn, tocar uma musiquinha do Zelda, (um jogo de videogame) que é tocada numa ocarina (gaita!?)... Eu estava distraída e conseguí ouvir e correr para o PC. rs... Conseguí ouvir tb o pisca-pisca do carro... Claro que prestando muuuuita atenção! Pois é baixinho... Essas são as últimas coisas novas que tô me lembrando de ter ouvido, nos últimos dias do P1. Agora, usando o P2. Hj de manhã, detectei facilmente que o rádio estava ligado e continuei ouvindo bem o passarinho cantarolando. Enquanto vinha para o trabalho, fui prestando atenção nos carros, motos e ônibus passando, tentando ouvir-los melhor e descobrir o som que os diferem. Estou ouvindo melhor do que antes, mas ainda não sei se consigo ouvir e dizer se passou um carro ou não... pois a rua aqui é mt movimentada! passa carro, moto e ônibus tudo junto! bah! Passei a ouvir melhor os passos das pessoas, ouvi meus próprios passos caminhando no tapete a mh casa. Aqui no trabalho, estou começando a perceber quando tem pessoas caminhando em frente a mh sala, estou ouvindo melhor os passos. Antes só ouvia qd estava prestando mt atenção. Agora esses passos me despertam a atenção e olho para a porta. Estou começando a ficar meio perdida, querendo deixar de ler os lábios para me concentrar na audição. Mas ainda não é suficiente para mim entender, preciso dos lábios kkkk Porém agora tô automaticamente teimando a ler os lábios e entender duma vez, dando preferência a ouvir a voz da pessoa primeiro, pra depois pedir pra repetir kkkkk Bah! Em casa é legal, mas aqui no serviço eu não posso fazer isso. kkk E o melhor: E PELA PRIMEIRA VEZ: Ouvi o toque do meu celular!!! Estava eu a ler umas mensagens do FIC, enquanto entra um rapaz na mh sala, ele é office boy, ele estava a anotar umas coisas em seu caderno. De repente, comecei a ouvir um barulhinho, não sei descrever, mas eu tava ouvindo. Virei meus olhos e fixei no rapaz, ele fez a mesma coisa. Ficamos nos encarando por uns segundos. Ele me olhar, me deu a certeza de que eu estava mesmo ouvindo um barulhinho diferente, daqueles que chamam a atenção dos ouvintes, pois esses, são acostumados a ignorar barulhos ambientais, enquanto nós, ficamos doidinhos querendo saber o que é.... Então, enquanto a gente se encarava nesses poucos segundos, perguntei: diabéissu? E rapidamente baixei os olhos para o meu celular, que estava a mh frente e quando vi: UMA MENSAGEM RECEBIDA!!! Beijos!!! Depois trago mais relatos! Alin Postado por Princess Alin Nohansen às 5:24:00 0 comentários Segunda-feira, 10 de Dezembro de 2007 E o mundo sonoro vem surgindo... Vou relatar neste post os primeiros sons que fui ouvindo durante os meus 4 dias de ativada: 1º dia depois de ligar o aparelho: Ouvi vozes, não compreendia, mas ouvia. Ouvi perfeitamente o som de X. Todo mundo começou a me chamar pelo X, pois é o único que me chama atenção à distância! Fui no shopping e ouvi o xixi, a descarga e o secador de mão, tudo bem baixinho... No carro, consegui ouvir o parabrisa do carro, o escapamento de caminhões e peruas.

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E tb ouvi a sirene do carro da polícia. Ouvi o bater dos talheres, da palma, mesa... E tb o arranhar nos objetos. Ouvi sacolas e papéis sendo amassados, assobios e o psiu. E ouvi o som do beijinho. Smack ah, e tb o estalar dos dedos. E as pessoas começaram a falar um pouquinho mais rápido comigo... Tô acompanhando legal =DDD ouvi o barulho que faz, quando vc desliza rapidamente sua mão sobre seu braço. 2º dia - fui trabalhar... Pela manhã com dificuldade, ouvi o meu passarinho cantar. Já ouvia bem a água, e consegui ouvir o xixi alheio rs. Aqui no serviço, consegui ouvir barulhos de objetos batendo, caindo, escorregando... tb ouvi passos de pessoas e mts outros sons desconhecidos... Ah, tb o tec tecl das teclas do teclado... a máquina de xerox: tentei ficar ouvindo e perceber quando acabava de xerocar, sem olhar para a máquina. Consegui ouvir um pouquinho o meu nome. É preciso me avisar que vai falar meu nome, aí eu ouço bem fraquinho... Tentei ouvir música: só distingui dois sons diferentes. Enquanto que com o AASI só ouvia um som. 3º dia - meu primeiro sábado implantada. Amanheci ouvindo o meu passarinho (entenda se: liguei o implante pela manhã kkk nao dormi com ele nao) no quarto do computador, sendo que ele fica na lavanderia. De leve, consegui ouvir o barulho da panela de pressão. E com dificuldade, diferenciei "bola" de "carro" E fiquei tentando ouvir os toques de celular. Apesar de ouvir um pouquinho, achei todos fraquinhos demais para mim perceber qd eu estiver distraída... Escolhi um chamado Run presente no cel da NOKIA sei lá que números kkk Ouvi o tu..tu..tu.. do telefone pela 1ª vez (PS: eu tentei ouvir no 1º dia e nao consegui ihih). E fiquei ouvindo um som, sem conseguir saber o que era... Me disseram que era o barulho da rua, dos muitos pássaros cantando lá fora, fora o meu que se acha o Roberto carlos kkkkkk. Mas pra mim esses sons desconhecidos ainda nao caíram, preciso estudá-los kkkk. Consegui ouvir o toque do celular do meu namorado, do telefone e bem pouquinho a campainha e buzina. Beeem pouquinho. E tb bem pouquinho, ouvi o meu celular tocando, atendi e ouvi a voz. Meu namorado me disse que mh mãe, que estava no outro lado da linha, estava dizendo o nome dela: "a-u-ro-ra" e consegui acompanhar bonitinho o "aurora" dela. Gostei dessa experiência. 4º Dia – Domingo Tive a certeza de que o implante coclear anda melhorando a mh leitura labial. Consegui entender algumas coisas que o meu pastor japonês pregou na mh igreja. Detalhe: ele mexe mt pouco a boca e fala rápido. De novo dentro do carro, ouvi musica alta kkkkkk Achei que era insuportavél, mas deu pra aguentar um pouco... Meu namorado desligou o rádio dele e continuei a ouvir uma música. Cume???De onde?? Como cê fez isso?? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Tava dificil de acreditar que essa música vinha de outro carro, e vinha mesmo. kkkkkkkkkkkkkkkkkk E por um breve momento, consegui perceber bem pouquinho a voz da cantora, no meio da música na igreja. Ouvi os barulhinhos dos sinais feitos pelos surdos, e tb ouvi barulho de boca abrindo e fechando (tipo sugando e abrindo, bitocas...) Depois meu namorado cantou a musiquinha "aaaaaaatirei o pau no gato-to..." e depois assobiou no mesmo ritmo! Ameiiii!!!! Pude perceber o ritmo!!! Por hoje chega, né? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Beijoos Postado por Princess Alin Nohansen às 7:38:00 1 comentário

@Memorex disse... Minha querida AMIGA O teu relato, fez-me regressar á época de origem das primeiras descobertas e é impressionante como a evolução seja SEMELHANTE, tão mas tão parecida! SUCESSO menina, vc irá LONGEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!!

10 de Dezembro de 2007 07:59 Contando como foi meu 1º dia de trabalho depois de ativada. Mensagem enviada para o FIC no dia 07/12/2007 - sex ta feira. "ois!! eis aí meu segundo relatinho, depois de ativada!!! Acordei para trabalhar num salto, me troquei e fiz tudo correndo, só pra colocar o IC! kkkkkk Sofri um pouco pra colocar, pq essa mh cabeleira é fogo kkkkkkkkkkk primeira vez q saio nas ruas ouvindo, tentava prestar mt atenção e ouvir os carros, motos, ônibus com mais clarezas, ainda é um pouquinho dificil, não foi marcado um X neles ainda, mas breve será kkkkkk Estava garoando, normalmente gosto de tomar uma garoinha, mas fui de guarda chuva para proteger mais o IC.Fui andando, caminhando, tão bobamente... que qd cheguei no meu serviço, só

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me dei contar de estar de guarda chuva aberto qd eu cheguei na porta da mh sala... ui! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Tentei ouvir alguns somzinhos característicos daqui kkkkkkkkkk e hj o serviço foi empacotar uns presentes... fiquei a manhã toda só ouvindo plásticos kkkkkkkkkk Falei com a mh chefe, com algumas pessoas e contei como foi ontem (email anterior: "E é o X") todos ficaram maravilhados com a mh pequena conquista. Realmente são coisas q jamais ouvi com o meu aparelho AASI!!! E no almoço então, nem se fala: encontrei com as mhs duas amigas surdas, e falei pra elas do que eu já conseguia ouvir e o que não conseguia... Elas já saíram me chamando pelo meu nome, mas meu nome eu não ouço ainda... Aí eu disse que eu ouço o X. Elas ficaram tentando fazer o som do X kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk tava uma comédia e eu já tava ficando com vergonha, pq tava chamando a atenção... mh gente qd uma finalmente conseguiu fazer o X virou festa XXXXXXXXXXXXXXXXXXX e uma batia na mesa, outra grunhia ish, ficaram fazendo mó barulho pra ver se eu tava ouvindo kkkkkkkk e ficaram admiradas. Claro que o pessoal ouvinte a nossa volta percebeu e entraram na festa tb aí sim, foi XXXXXXXxxx pra todo lado! Kkkkkkkk XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX Eu só ria e procurava o som kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk bjsss Alin" Postado por Princess Alin Nohansen às 5:00:00 0 comentários Sexta-feira, 7 de Dezembro de 2007 ATIVAÇÃO!!! Faltavam três dias... Estava chegando, as horas não passavam. Eu dizia que estava tranqüila, mas lááá no fundinho, uma curiosidade enoorme com uma ansiedade daquelas que vc tenta esconder e não consegue... Eu tentei de todas as formas imaginar como seria, o que eu sentiria, me passava muitas e muitas cenas na cabeça, aquele momento tão esperado por todos os implantados que não foram ativados ainda, que só passando pra saber como é, era imaginado por mim de várias formas: das desastrosas as milagrosas... E o que aconteceu não chegou perto do que eu imaginei: FOI ÚNICO E MUITO ESPECIAL. Na quarta-feira, dia 05 de dezembro de 2007 Aiiiiiii!!!! Estava eu no trabalho, pedindo pras horas correrem kkkkkkkk Tentei me ocupar com tudo quanto era coisa, até lixar as unhas. E mandei mensagens pro FIC todo anunciando que era AMANHÃ!!!! Cheguei meio atrasada em casa, mh prima já estava lá me esperando. Mais tarde meu namorado chegou tb! Ficamos rindo e jogando Mario kart no meu velho N64. E mais tarde ainda, eu mh irmã e mh prima ficamos conversando bagunçando até acharmos melhor dormir, pq no dia seguinte é o GRANDE DIA começando às 05h00 da madrugada! Kkk Seguimos para a rodoviária e partimos às 06h20. A ativação estava marcada para às 09h00, porém não foi possível chegar nessa hora. A fono já tinha sido avisada. Ainda bem... Como havia combinado antes, tínhamos que passar no hospital onde fui implantada, Vera Cruz, pra pegar a caixa do aparelho e tal... E lá fomos nós. Para achar a tal 'farmácia' onde estaria guardada a caixa do meu FREEDOM, foi uma dor de cabeça. Para se ter uma idéia, tínhamos que explicar o que é um implante coclear kkkkkkkk Rondamos pelo hospital, teriam que inventar um Google Earth pro hospital pra facilitar.. Aff mas rondamos, rondamos, rondamos e achamos. Quão grande foi a mh surpresa ao ver a "caixinha": enoooorme!!! Sobrou pro meu namorado, claro! Ele teve que carregar até a clínica da mh Fga. Silvia Curi. Kkkkkk Todo mundo ficou espantado ao ver a caixona!! cumé qui pódi um aparelim pequerrucho assim precisar duma caixota dessa!? kkkkkkkkk "acho que vem mais um coalinha!! Se vier, me dá aline?" - Dizia mh prima. "Deve ser um implantão" - meu namorado. "Ou um orelhão pra facilitar? - Eu. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk E a viagem continuou. Chegamos lá umas 10h00 por aí... E ficamos aguardando. Não demorou muito, logo chegou a mh vez. Não consigo descrever como me senti: foi uma mistura de ansiedade, medo, alegria, emoção... Era tudo ou nada. Todos nós implantados sabemos que na ativação, pode ser tudo ou nada: há aqueles que saem ouvindo, há aqueles que nada ouvem, há aqueles que são capaz de considerar como o pior dia. Enfim varia de pessoa apra pessoa... Cada caso é um caso... Todo ser humano é uma caixinha de surpresa... Quando aberta pode te assustar ou não kkkkkk. Entrando lá, nos ajeitamos: eu no meio, mamis a direita, mh prima e meu namorado a mh esquerda! Uns blá blás pra cá outros pra lá e logo a fono anunciou: Irei ouvir uns barulhos, pois ela iria fazer uns testes nos meus nervos auditivos, coisa assim. Foi a primeira vez que ouvi algo pelo implante!!! O barulho começou baixinho e foi aumentando, eu estava com uma expressão admirada, espantada! Tão diferente o modo de ouvir! Sempre q eu ouvia algo com o aparelho eu sentia q entrava pelo meu ouvido, com o implante é diferente!! Não sei explicar!!!

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Comecei a empolgar o povo a mh volta! kkkk E eu tb fiquei empolgada! tava legal, porém parecia q ia aumentar até estourar kkkkkkkkk Deu um medinho, mas depois gostei! kkkkkkkkkkk FINALMENTE, A ATIVAÇÃO!!! A fono Silvia colocou sobre a mesa uns gráficos que representavam a altura do som: fraco, médio, forte e muito forte. Achei a maioria fraco, e alguns médios. Depois ela fez um testinho comigo: eu tinha que dizer quantas vezes eu ouvia o apitinho!!! Acertei mais e errei umas vezoinhas kkkkkkkkkkkk. =DDDD Depois ela ligou o microfone e comecei a ouvir. Vozes!!! Ouvi a voz dela e do pessoal falando comigo! Tão diferente! Depois minha mãe falou comigo, mh prima e o meu namorado!!! Ouvi as vozes deles!! Tão confusa fiquei, achei a voz da fono mais grossa, a da mh mãe mais ou menos, a do meu namorado mais fina e a da mh prima bonitinha e suave. A minha a mais bela de todas kkkkkkkkkkkkk Depois a fono começou a fazer uns barulhinhos alguns eu captava outros passavam... Ficava atenta a tudo que ouvia de diferente dos apitos do implante. E é o... X E o mais legal gente, foi quando a fono fez "XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXx" Caracoles!! eu ouvi muito bem!! Tão bem, mas tão bem que depois que saímos para a voltinha pra mim testar o aparelho eu ouvi o "X" até de longe!!! Fiquei impressionada! nunca ouvi algo de tão longe assim!!! Depois desse X da fono a festa começou: todo mundo fazendo Xs pra chamar mh atenção hauahau Foi uma xiszarada daquelas!!! Seguimos para o shopping para almoçar. Barulhento o shopping, tão barulhento que parecia que eu nao tava ouvindo nada. Uma hora a anteninha caiu e pude ver a tremenda diferença. Era impressão minha achar q nao tava ouvindo nada kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Qd compramos nossos almoços, logo a festa do Xs começou: o pessoal do shopping olhavam tortos sem entender nada kkkk: o povo XXXXXXXXx e eu comemorando ahauhauahuahauahauahuahaua Conclusão final: AMEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEIIIIII O IMPLANTE COCLEAR!!!! Uma benção, inteligência que Deus deu aos homens para poder ajudar aqueles que precisam!!! E aguardem, logo contarei mais!! Tem tanta coisa acontecendo!!!! yep!!! ='D bjs Postado por Princess Alin Nohansen às 8:01:00 AM 3 comentários

Ruizito disse... Querida princesinha do Fic e do nosso coração, estamos muito felizes por você, agora você faz parte do mundo dos ouvintes que é simplesmente maravilhoso, parabéns e muito sucesso em sua nova jornada chamada vida, Deus esteja sempre em seu coração. Amigo Rui e família

8 de Dezembro de 2007 11:18 Morena Mineira disse...

Alin querida....Vc não imagina o tanto que fiquei feliz pela sua ativação....Sabia e estava confiante que vc ia adorar.. Vc respondeu tudo o que a fono pediu que resultado mais esperado que eu estava esperando... Parabéns minha amiga comediante eletrocutada.... Ainda bem que não tenha arrepiado os cabelos e nem caiu da cadeira...rsrsrsrs... Ontem fiquei esperando vc no msn para me contar como foi...A Paula me deu o nº do seu cel mas eu estava sem crédito... Aí hoje eu entrei no fic só para ver se tinha o seu relato e morri de rir o que vc escreveu... Eta menina....Vc vai longe...muito longe... Parabéns minha amiga, agora daqui para frente só alegria em ouvir a voz do mundo te chamando sem cessar... Te adoro muito... Beijos......Parabéns e felicidade.... Da amiga Robosita Mineira.... Carla Laudares Maia

8 de Dezembro de 2007 12:15

Giovanni disse... Nem sei como achei seu blog. Em todo caso, parabéns por esse momento importante na sua vida. Já conheci outras pessoas que colocaram esse implante e a descrição delas é tão empolgada quanta a sua. Que maravilha! 8 de Dezembro de 2007 21:02

Sexta-feira, 16 de Novembro de 2007 4º almoço de confraternização do FIC + 30 anos de i mplante coclear no Brasil + 1º veeeez Aêw, pessoal!!! No dia 10 de novembro, do meio-dia às 16h00 aconteceu o 4º almoço de confraternização do fórum

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de implante coclear, FIC.Foi o primeiro almoço de fim-de-ano que eu participo!!! E ainda mais, fui implantadinha e com o corte "fresquinho" para os fortinhos verem kkkk. E devido ao aniversário de 30 anos de implante coclear no Brasil, a POLITEC, empresa que importa os implantes cocleares, patrocinou a organização do almoço: Foi super 10! Em um buffet chamado Mega Fábrica. Para a criançada e marmanjada fazer a festa. Só quem foi sabe bem do que estou falando kkkk.Fomos lá: Eu, Rodrigo, Talita, Douglas, mamis, vó, madrinha, alessandra, Greice e Bigode: Simplesmente o circo todo!!! Chegando lá deparamos com o grande buffet: diferente nao podia ser!!! Todo coloridão e animado. Fomos entrando e logo fui reencontrando alguns pessoal que eu já conhecia e conhecendo novas pessoas! Conversamos bastante e tb aprontamos. Porém eu estava de "castigo". Ainda me recuperando da cirurgia, nada de sair bagunçando. No máximo conversar e rir. Bah!!! O pessoal todo na labamba fazendo a festa e eu do lado de fora, na maior tentação e chupando o dedo kkkkkkkk. Até me empolguei e perguntei pra minha mãe: "deixa eu iiiiiiir lá.....?" kkkkkkkkkk Ela claro, negou... Fazer o quê né... kkkkkk Vejam o vídeo no you tube: http://br.youtube.com/watch?v=13qpDSELEWw Tinha muita coisa boa pra comer tb... Humm... Mas papiei tanto que nem deu pra comer mt kkkk por um lado, ainda bem kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Infelizmente, dessa vez não tirei muitas fotos... Ou seja, nao tirei quase naaada! Somente gravei o vídeo... Buááá. Mas prometo que dá próxima, vou tirar mais fotos, tá bom??? No final, fomos em um shopping meio próximo dali... Ficamos conversando e depois uffa... Cada um foi pra casa. Eu amei esse encontro! Muita gente pra conhecer, matar a saudades, rever... Trocar opiniões, aprender... Beijooos PS: Gostaram da mudança do meu blog?? COMENTE!!! Postado por Princess Alin Nohansen às 2:49:00 PM 1 comentário

rodrigo disse... Gostar da mudança eu gostei, mas ver o vídeo da lambada no youtube kkkkkk bem isso talvez....... que nada gostei muito....... bjs 15 de Dezembro de 2007 13:27

Quinta-feira, 15 de Novembro de 2007 Lavando o cabelo + tirando os pontos Sexta-feira passada, dia 9 de novembro, pela primeira vez lavei o meu cabelo... Confesso que fiquei com medo de molhar os pontos, mas foi sossegado, não ardeu, nem nada... E na segunda-feira, dia 12 fui tirar os pontos!!! Fui em um médico, e ele ficou interessado em me acompanhar! =D A cada corte, senti uma dorzinha bem miúdinha... Mas nada demais. Mesmo sem os pontos, ainda me sentia como se estivesse com pontos e certos movimentos com o pescoço dava a impressão de estar puxando os "pontos". E a noite, se hesitar, dormí no lado implantado. Não agüentava mais dormir somente de um lado. Hj já faz 3 dias que estou sem os pontos. E me acostumei bem. Nem sinto mais o implante. Nem aprece que me operei... Ainda estou em recuperação, não posso abaixar, fazer força e tenho que maneirar... Nada de maluquice, agitação... kkkkk Mas tá impossível, viu!!! Postado por Princess Alin Nohansen às 3:15:00 PM Quinta-feira, 8 de Novembro de 2007 Recuperação: Já se passaram 8 dias ...

1º dia - Quinta feira, dia 1de novembro Ainda no hospital, sob efeito da anestesia. Acordei e as dores eram muuuito fraquinhas. Achei que eu poderia virar e bater um bom papo com a minha mãe, mas o sono me derrubou. Horas depois, acordei e doeu um pouquinho mais, um pesinho, uns repuxes... Ou tudo fruto da mh imaginação?? Dorezinhas eu senti, mas mal sabia exatamente de que ponto vinha. Na primeira noite, abaixei totalmente a cama e dormi. Apaguei legal, e as dores passaram. Estva bem relaxada... Mas qd o ouvido nao implantado se cansou de ficar amassado... Ai, ai a tortura começou 2º dia - Sexta-feira, dia 2 de novembro Cheguei em casa, tava bastante dolorido... Tb né: táxi, bus, metrô, trem e carro... Pegar tudo isso pra voltar pra casa foi degastante kkkkkkkkk 3º dia - Sábado, dia 3 de novembro

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Recebi as primeiras visitas. Meus pescoço estava duro desde o 1º dia, eu tinha que mover o corpo todinho para ver as pessoas kkkkkkk. Com a agitação, eu tb nao parei quieta aproveitei e fiz uns exercícos pro pescoço voltar kkkkkk Afinal, sem estimulá-lo, iria demorar pra voltar as viradas naturalmente... Tive uma noite das boas... pela primira vez, dormi direeeto! 4º dia - Domingo, dia 3 de novembro Recebi mais visitas, e pela primeira vez depois o implante usei LIBRAS direto para conversar com meus amigos. Mas claro que ainda com a limitação do pescoço! Costumo fazer libras com violência, tapas aqui tapas acolá... Mas nesse dia, eu tava suaaave kkkkkkk As dores diminuíram em grande escala!!! E ainda deu pra namorar bastante :) Até hoje, eu precisava levantar segurando, empurrando a mh cabeça, para não fazer força no pescoço... A partir de hj nem mais. E arrisquei comer um pouco de risoto, pão de forma com atum de queijo e coca cola... Resultado: Dor de barriga Recomendação médica: Comidas leves até o 7º dia. 5º dia - Segunda-Feira, 4 de novembro Com aquela vontade imensa de ficar o dia todo no PC... Mas não pude ficar não. A mh vista cansava rapidamente e chegava a doer um pouquinho tb. Fiquei assistindo uns filmes... Comecei a dormir de bruço, mas sem tocar o lado implantado. Além de quase virar e dormir em cima dos pontos. Mas acordei na hora e voltei a velha e monótona posição (ai,ai) Quando o cansaço era mt, passei a dormir ao contrário na cama, pra enganar o corpo e ter a sensação de que virei para o lado "proibido" 6ª dia - Terça-Feira, 5 de novembro Quase não senti mais dores. Estava ficando uma beleza e tenho tido noites tranqüilas!!! só o cansaço de ficar na mesma posição por mt tempo, é que atrapalhava um pouco e hj de novo, quase me deito pelo lado implantado... mas na hora virei para o outro lado, sem grilos e continuei dormindo. E me esqueci da recomendação de nao poder abaixar. Caiu uma coisa do meu lado, e automaticamente, abaixei com força apra pegar. Só qd levantei é q me toquei. Uiii! Deu medo, mas nao aconteceu nada. 7º dia - Quarta-Feira, 6 de novembro Hoje faz 7 dias, términos das alimentações leves... Poderei comer normal a partir de amanhã! E tive um dia tranquilo, fiquei na internet... Por muuuito tempo (ai) kkkkkkkkk E pela primeira vez, comi arroz, feijão e frituras. Deu uma dorzinha de barriga, mas depois passou e mais nada. Até hj nao tive tonturas, vômitos e nada... Beijos!!! Postado por Princess Alin Nohansen às 3:43:00 am 1 COMENTÁRIO

TeLES disse... Oláline. :) Fico feliz que a recuperação esteja ocorrendo bem. Deus lhe deu esse presente porque você merece. Felicidades.

8 de Novembro de 2007 05:20 Terça-feira, 6 de Novembro de 2007 Fotos dos pontos!!! Essa Primeira, foi logo após o Doutor tirar a faixa e curativos:

Essa segunda, limpinha e de bem com a vida kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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Beijoss!!! Postado por Princess Alin Nohansen às 7:35:00 am 1 COMENTÁRIO @Memorex disse...

Aline. Ès verdadeiramente um sucesso!!! Os sons vão te fazer vibrar, dançar!!!!!!!! QUE BOM!!!! BEIJOOOOOOOO 6 de Novembro de 2007 09:37

Domingo, 4 de Novembro de 2007 S2 Aê tô de Volta e IMPLANTADA Oiêêê!!!! Tô de volta e implantada!!! Graças a Deus, louvado seja Deus. A cirurgia aconteceu! Com Ele, superei todos os obstáculos. A UNIMED liberou... E ainda fiquei num quarto “executivo” kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Bom, vou contar como tudo aconteceu: TERÇA-FEIRA 30 de outubro , 17h50 Eu tava chegando do serviço... Cheguei em casa, fui entrando e parei frente-a-frente com a mh mãe e com o Bigode (apelido carinhoso que dei ao namorado da minha mãe, que é bigodudo mesmo): - Você será implantada na quinta-feira! Amanhã vamos para Campinas, passar no anestesista!!! - Disse mh mãe. Fiquei incrédula, calei por alguns minutos, chequei se não estava sonhando e logo em seguida uma felicidade enorme tomou conta de mim!!! Saí saltitante pela casa, liguei o PC e fui logo contando para os meus amigos!!! Foi uma festa geral: emoticons, nudges e alegria pra todo lado! Meu orkut se encheu de mensagens de força, torcida e carinho!!! Falei com o meu amor, Rodrigo, um anjo que Deus colocou em minha vida e junto comemoramos pela webcam! Estava difícil acreditar, que no dia seguinte, eu estaria indo para Campinas... Fazia um bom tempo que não fazia mais essa viagem que tanto adorei kkkkk uns dois meses por aí! Depois de dada a notícia, emails enviados! Fiquei à esperar o meu amorzinho, que vinha me ver e não poderia acompanhar a cirurgia! Foi tudo de bom!!! :) Quarta-feira, 31 de outubro... A viagem

Essa noite de quarta feira, não dormi nadaaaaaaaa!!! Pura ansiedade kkkkkkkkk arrumei minhas coisas e 11h15 lá fomos nós para a rodoviária, rumo ao hospital para a consulta. Chegando lá, fomos para a Central de internações, conversamos e cismaram que a mh cirurgia seria particular!!! Quase tivemos um treco, mas depois foi esclarecido e a coisa foi para frente. Passei na anetesista e ela fez um monte de perguntas, tipo, alergia sim, alergia não e tal. Tudo OK! Nenhum probleminha Ficou combinado que na quinta-feira, 5h30 da manhã eu tenho que estar no hospital, para me internar e me preparar para a cirurgia. Agora eu e mamis saímos, mas claro que antes, nao pude deixar de tomar o delicioso capuccino do hospital kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk E em seguida fomos a procura de um hotel... Eu queria um mais barato... Mas mamis preferiu o mais caro e mais perto: Hotal Campinas Flat Service. Fica bem do ladinho do hospital onde fui operada. Fomos lá, reservamos o nosso quartinho e logo seguimos para o consultório do meu doutor, Paulo Porto: Mamis tinha ligado para ele,

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perguntando quantos dias mais ou menos eu terei que ficar no hospital, para reservarmos o hotel, pois nem sabíamos se ela poderia ficar no quarto comigo.... Mas ele chamou a gente para irmos lá, tirar umas dúvidas, comemorar kkkkkkkk Adorei!!! :D :D Depois, de volta para o hotel: bonito, prático, agradável... Fiquei assistindo TV a cabo, fomos dormir umas 21h00... Eu sem sono, fiquei respondendo e mandando torpedos pros meus amigos no cel... Acordei várias vezes durante a madrugada, creio que foi ansiedade kkkkkkkk 16h30 todo mundo em pé, tomei meu banho e logo atravessamos a rua para o hospital!!! E às 05h30 lá estávamos nós, no hospital escuro, com apenas alguns funcionários... Fizemos meu cadastro, prontuário e coloquei uma faixinha na mão, com meu nome, nome do médico, do quarto, etc... Como vcs podem ver na foto abaixo:

Creio que lá pras 06h00 por aí, fomos para o quarto... Confortável, amplo, duas camas, TV, banheiro, etc... Minha mãe tava morrendo de sono, e tirou umas sonecas na cadeira de acompanhante, enquanto eu tentava me ajeitar na cama à espera do que estaria por vir... Não demorou muito, logo chegou a enfermeira, trouxe uma camisolinha meio estranha, coberta na parte da frente, mas pelada do pescoço aos pés por trás... Estranhei, achei que pelada, tinha que ser a parte de frente do corpo, mas não... Questionei a mh mãe se ela tinha certeza se era assim.... Botei a camisolinha e logo voltei pra caminha, fiquei lá e tb não demorou: logo, outra enfermeira com "O COMPRIMIDO" Aquele que sempre julguei: jamais me derrubará... E não é que não me derrubou??? Fiquei o tempo que podia dizendo pra mim mesma: "dorme menina, dormeeee!!! Vc tem que dormiiirr... Relaxa, dorme, caramba... eu preciso APAGAAAAAAR" Aff... e não adiantou não. Já estava sendo encaminhada para a sala de espera, pré-cirúrgica, coisa assim... Claro, fiquei com medo e comecei a tremer: talvez conheceria os trecos de Jogos Mortais, O Albergue... kkkkkkkkkkkkkkkkkkk . A enfermeira pediu para mim ficar tranqüila, pois nada iria ver... Bem eu tentei... Na sala de novo, fiquei me mandando ir dormir em vão... NA SALA DA CIRURGIA... Uau! Era o Albergue mesmo! Aparelhagem pra lá e pra cá, fios pra todos os lados, trecos aqui, trecos acolás... Colocaram uns aparelhos de monitoramento em mim, um medidor de pressão (eu acho q era isso) na batatinha da perna... ui... Legal, mas assustador. Era a mh primeira cirurgia que entrei ACORDADA e vi me preparando... Mas ainda bem que na anestesia eu apaguei mesmo! Senão seria demais já kkkkkkkkkkkkkkkkkkk ACORDANDO ... ...Dã... Onde estou...? Apenas vi que o cenário era outro: eu estava de volta para aquela sala que fiquei antes de entrar no centro cirúrgico... Com um tubo de ar quente sobre a barriga, me aquecendo. O enfermeiro apareceu e disse que estarei indo para o quarto. Cheguei no quarto, peguei a câmera digital e tirei uma foto bem marota kkkkkk Tava grogue pela anetesia... com as mãos dormentes e sem dores.

Depois o efeito foi passando, poucas dores surgiram... Mas nada mt forte, apenas um incômodo, um pesinho... secura na boca, além de gosto de sangue. E de tarde a advogada que tanto me ajudou nesse caminho contra o convênio, foi me visitar!!! Amei a visita dela, e agradeço-a muito, por ter me ajudado. E à noite, o meu doutor veio me visitar, ver como eu estava e tal... E disse que eu podia dar umas caminhadas pelo quarto... Pois estava cansada de ficar deitada. E tb não conseguia me levantar sozinha e muito menos permanecer sentada. Ah, e antes tb veio o Roner com a namorada dele! Adorei a visita dos dois, fiquei muito feliz e ganhei um presentinho muuuito útil mesmo!!! *Valeu!!! =D E adoro vcs!!!* Com a ajuda dos enfermeiros, levantei... No meu ouvido não implantado estourou um zumbidão! Uai! Mas não fiquei tonta não! Apenas senti o corpo pesadão! E saí andando kkkkk A minha primeira noite foi horrível, acordava de 2 em 2 horas, querendo logo que amanhecesse, para tirar a faixa e ir para casa...E cedinho, 6h00 eu e mamis já estávamos acordadas, esperando o doutor vir tirar a faixa/curativo... Para irmos embora!!! Uffa... kkkkkkkkkkk Saímos do

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hospital, tomamos um táxi até a rodoviária (apesar de serem pertinho... Cerca duns 10 minutos a pé). Pegamos o bus das 12h15 e fomos pro TietÊ... Lá pegamos metrô e trem até a estação da mh cidade, aí o Bigode nos buscou... E fomos de carro pra casa uffa... ô sofrimento, mas deu pra aguentar kkkkkkkkkkkkkkkkkk Engraçado foi: Mh mãe com todas as bagagens + exames e eu só com o coalinha kkkkkkkkkk Postado por Princess Alin Nohansen às 6:28:00 Quarta-feira, 31 de Outubro de 2007 É AMANHÃ!!!!

Olá, pessoal!!! É hoje que venho anunciar com grande alegria Agradecendo imensamente a Deus: AMANHÃ SEREI IMPLANTADA!!! A UNIMED liberou a mh cirurgia! Tudo graças ao bom Deus!!! Estarei indo para Campinas hoje, meio-dia! Aguardem por mais notícias na mh volta!!! Beijos a todos!!! Alin Postado por Princess Alin Nohansen às 3:26:00 1 comentário

@Memorex disse... QUE ALEGRIA!!!!!!!!!! VAI DAR TUDO CERTO!!!! FICO AGUARDANDO PELA TUA CHEGADA COMO IMPLANTADINHA!!! 31 de Outubro de 2007 16:02

Sexta-feira, 26 de Outubro de 2007 Waiting.... Olá, pessoal...Demorei hein?? Mas tb quanto a mh cirurgia, só posso dizer: É isso aí: ESPERAR kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Quando eu tiver novidades, postarei no blog... E aproveitando, irei dar uns retoques no blog! Beijos a todos Postado por Princess Alin Nohansen às 5:56:00 Terça-feira, 21 de Agosto de 2007 A data da cirurgia... Seria dia 23 de Agosto... Porém no dia 25 eu teria que participar de um evento, e pedi para ser noutra semana. Nisso o convênio deu uma aproveitada... E complicou tudo. Agora é esperar. Pois o dia irá chegar Postado por Princess Alin Nohansen às 6:14:00 0 comentários Em Campinas - 02/08/2007

Oi, amigos!!! Demorei, mas aqui estou eu de volta...Mudanças. Essa palavra diz bem o que andou me acontecendo. E como muitas vezes costuma acontecer, a gente some. Pelos menos até botar a vida em ordem. Ehehehehehehehehe. Então vamos ao que interessa: Campinas... Conflito. Me lembro como se fosse ontem. Eu ainda estava me arrumando para receber os meus amigos em casa. Foi no dia do meu aniversário, quarta feira dia 18. Minha mãe franziu as sobrancelhas para

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mim, balançando a cabeça em uma negativa: “Não consegui a autorização”. Olhei apreensiva para ela, soltei um “tudo bem” e fui curtir a festa. Está tudo nas mãos de Deus: é o que soava em minha mente, o que me deixava tranqüila. Eu sabia que eu vou chegar lá, não importa como. O importante é que eu chegarei lá, para a glória de Deus, como combinamos. A festa foi boa, o pessoal foi embora. Agora estava somente eu e minha mãe, e claro, não podíamos deixar de falar de outra coisa. Ela me contou tudo. Foi na central da unimed com mh outra mãe, e eles duramente negaram: consultas médicas com otorrinos, só no GRANDE ABC. Senão na G rande São Paulo . O meu médico é de Campinas. Não é justo. Foi lá que comecei tudo e quero concluir a minha longa jornada... Parecia que depois disso tudo, íamos precisar trocar de médico. E recomeçar. Meu coração estava apertado. Pois quero o MEU médico. E não o que eles (unimed) querem. Minha mãe estava achando que não valia a pena a gente ir lá... Seria perda de tempo, de dinheiro... Afinal, não íamos mais poder me consultar lá mesmo...Me afastei por um tempo e pedi orientação a Deus. Não sabia o que decidir, afinal a passagem e alimentação minha e da mh mãe estava por minha conta mesmo... Confiei no Senhor e decidi: NÓS VAMOS MESMO ASSIM . E lá fomos nós no dia seguinte.Cheguei lá meio triste por tudo, mas dentro de mim existia uma paz incompreensível. Fiquei pensando com mh mãe em tudo o que a gente poderia fazer, e um dos planos era trocar de UNIMED. O meu é só para a região do grande ABC, e pensávamos em trocar pela nacional. Assim eu poderia continuar vindo à Campinas de boa, me consultando com o meu doutor e tal. Não tardou muito e logo paguei a consulta e fui atendida. Dessa vez não vi nenhum pimpolho implantado, como nas outras vezes, na antiga clínica. Sim, meu doutor mudou de consultório. Está atendendo em Campinas sim, mas em um outro bairro. A clínica é linda e estilosa. Adorei!!! Na próxima tento tirar umas fotinhos e coloco aqui para vcs verem. Lá na consulta explicamos para ele o que andou acontecendo e ele nos tranqüilizou: “Isso é ilegal, e nós temos direito de escolher o médico.” Não sabíamos disso. Me animei e mais um motivo para ver o quanto Deus é grande!!! Ele está me acompanhando!!! Agradeci, agradeci e agradeci!!!Nesse dia cheguei quase 21h00 em casa. Foi um dia e tanto e conheci o shopping Iguatemi de Campinas. Lindo por sinal e fomos comer no Mc Donalds. ypppp!!!! O Retorno Uma QUINTA feira muito LOUCA!!! Aproveitando o meu retorno, marcamos nossa consulta logo para o dia 2 de agosto, mais uma quinta-feira. Primeiramente, pensei que a consulta era dia 9 de agosto, e bem na quarta minha mãe disse: “Arruma tudo hoje, por que amanhã nós vamos lá.” Eu toda leiga: “Lá onde??”, Ela: “Pra Campinas, ué? Não quer ir?” e eu: “dã!!!! Claro que quero!!!” Ehehehehehehhehehehehehe. Quanto antes melhor e lá fomos nós. É aí que tudo começa: 05h da madrugada já estávamos de pé, nos arrumando e tudo. E às 05h40 já estávamos no ponto de ônibus esperando o bus das 10 pras 06h para a rodoviária. O bus para Campinas parte às 06h20 em PONTO. Os minutos foram passando, já eram 05h55 e nada de ônibus. Eu tateava com o pé no chão impaciente... 06h00 e nadaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!! Aindaaaaaaaaaaaaaa!!! “tamos fritas, fritas, cozidas e assadas” pensei. Me virei para a minha mãe e implorei por um outro meio de a gente chegar na rodoviária, mas não tive sucesso. De novo a dúvida: “Ir ou não ir?” E mais uma vez clamei por socorrooooooo e decidi que vamos. O Bus só passou às 06h10. Tínhamos somente 10 minutos para chegar na rodoviária, comprar a passagem e pegar o busão. 10 minutos para o fim do mundo. Ehehehehehhe O bus parava em cada ponto que passava, atrasando a gente mais ainda. Me lembrei que nada é por acaso, e que claro, Deus estava cuidando da situação. Não havia o que temer, por mais doida que a coisa estava. Fomos correndo para o balcão e o que já era esperado aconteceu: o BUS se foi. Como diz o velho ditado: ‘A esperança é a última que morre’. Mas a mh e a da mh mãe não morreu ali, apesar de que poderíamos pegar o trem e ir para a estação rodoviária do Tietê.... Lá tem bus pra Campinas a cada 20 min por aí... E aqui em São Caetano, o próximo bus, só às 9h00, caracoles! Fomos para a av. Goiás a procura de um bus que fosse para o Tietê. Ficamos plantadas lá por quase uma hora e meia e ainda era umas 07h e pouco. Bah, resolvemos voltar para casa, tomar um cafezinho, relaxar e às 08h30 voltar para a rodoviária para pegar o bus das 09h pra Campinas. Dito e feito. E lá estávamos nós no meio do trânsito. Guardei o meu cel e relaxei. Passando um tempo sem ter noção do tempo corrido, olhei pela janela e vi o parque de diversões mais famoso de São Paulo: o playcenter. Não hesitei e peguei o meu celular: são 10h15!!! Minha consulta estava marcada para às 10h40. Guardei o celular, enchi o meu travesseirinho-bóia e dormi. Passou o tempo, ainda via muuuitos verdes... Olhei para a mh mãe e perguntei se ela queria saber que horas seriam... Ela negou e eu concordei. Ehehehehehe Mais um tempinho, novamente olhei pela última vez para o celular: eram mais que 11h30. Mais uns tempinhos passado e já estávamos na rodoviária de Campinas. Procuramos por um orelhão mais próximo e ligamos para o consultório do Dr. Paulo porto,

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perguntando se mesmo assim ele nos atenderia. Mais uma vez, graças a Deus. Ele disse que sim, e fomos correndo para lá. Ah, e eu tinha feito uma listinha, contendo minhas ‘duvidinhas’ rs. Ele respondeu todas e uma que mais me chamou a atenção foi: Minha habilitação auditiva será lenta? A resposta dele foi sem sombra de dúvidas: SIM.Adicionou tb que terei que trabalhar e muito. Era de se esperar, avaliando pelo meu histórico de surdez. Nada fiz nem para habilitar mh audição com o AASI, sabe lá se isso seria possível comigo, mas creio que eu poderia conseguir ouvir algumas coisas com o AASI. Ultimamente, venho me surpreendendo comigo mesma... Isso relatarei em outros posts rs. Senão esse ultrapassará a cota máxima. Apesar de saber que poderá ser lenta a minha habilitação, penso: Tenho uma fono incrível: Meu próprio Deus. Sem mais, e irei conseguir muitas coisas com o implante. Saindo de lá, seguiremos agora para o escritório da advogada, indicada pelo próprio doutor. A unimed está muito danada mesmo. Nem minha consultinha em Campinas querem autorizar, imagine a cirurgia...Peguei um bus, ainda pensando na habilitação... Pensamentos ruins tentaram me abater, pois convivo com uma comunidade contra o implante... Que duvidam do ‘meio-milagre’. Quando dentro do bus virei inconvenientemente a minha cabeça, me deparo com uma escrita no vidro que protege o motorista a frente: “Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.” Salmos 37:5. Nossa!!! Tirei todos os maus pensamentos e segui em frente, com um sorrisão EGG e agradeci a Deus. Sei que poderei contar com Ele. Que ele me ajudará e muito. Por mais podre que a coisa lá dentro esteja. (Ouvido interno). Esse versículo foi um impacto!!! Parei e olhei pra mim e minha mãe. Estávamos a caminho do escritório da advogada. Olha as coisas caminhando. Olhei para trás e vi o quanto Deus me ajudou... Eu poderia estar no trabalho, mas não. Estava em Campinas!!! Chegamos lá, finalmente a conheci. Conversamos, deixei os papéis necessários e logo voltei pra casa... Agora é esperar.

No Senhor E tudo dará certo.

Postado por Princess Alin Nohansen às 5:38:00 0 comentários Quarta-feira, 25 de Julho de 2007 14 de julho de 2007 - Mais um Encontrinho – Shoppin g Center 3 Olá, pessoal!!! Demorei, mas não podia deixar de registrar aqui mais um encontrinho entre implantados, simpatizantes e curiosos, o que é muito importante para nós que estamos na caminhada do IC ou se habilitando... E como é gosto ampliar as nossas amizades: Novos amigos, reencontros, saudades passando...

Irei contar pra vocês como foi: Três horas da tarde de sábado: Esse foi o horário que combinei de me encontrar com a Camilinha no Brás. Acordei, lavei os cabelos fui pelas ruas com mami comprar salgadinhos, bala, luva, etc... Para a viagem do dia seguinte. Fiz uma breve chapinha, me arrumei todinha, fiz minha mochilinha pink e às 14h00 já estava saindo para o Brás. Cheguei lá em ponto 15h00. Uauuu! Fiquei impressionada, pq sempre fui de me atrasar um pouquinho pelo menos kkkkk. Estando lá, passando os olhos pela loucura de gente correndo pra lá e pra cá, me toquei que a última vez que eu e a Camila nos confirmamos, foi na quinta-feira... E fiquei preocupada: Ai, será que ela vem???? Passei apuros tentando ligar pra ela, mandando mensagem e pedi ajuda pra uma mulher lá... Mas logo ela chegou e tudo ficou bem e lá fomos nós contentes, meio perdida, mas inteiras achamos o shopping. Shoppinho meio diferente, sem um baita nome na frente para as pessoas terem certeza que estão entrando onde gostariam de estar entrando mesmo e tal, tinha 2 opções de entrada: Sobe ou desce??? Subimos, subimos e logo chegamos lá no local combinado, encontrei primeiro com a Minda e aos poucos foram chegando mais pessoas...Muitos desconhecidos e que adorei conhecê-los!!! Inclusive o pequeno Kaduzinho!!!

Criança linda e carinhosa demais!!! O tempo foi passando, papo vinha e papo ia, mais gente foi chegando... E alguns danadinhos não compareceram e senti falta deles, mas tudo bem kkkk

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Uns fatos legais do encontro: - Fiquei presa na cadeira, entre a mala da Minda e muitas mesinhas à frente! Kkkkkkkkkkkkkk - O óculo quebrado do Denis ficou preso no meu cabelo kkkkkkkkkkkkkkk - O Douglas, meu amigo, botou a cadeira na cabeça e disse em librês: “ meu implantãoooooo” kkkkkkkk - Onde quer que eu e meu amigo Diego conversássemos, fazia fila de cinema atrás da gente kkkkkkkkk No finalzinho, lá para as 21h00 eu ainda nem tinha jantado e fomos todos na casa do Diego, namorado da Raquel, que adorei conhecê-los!!! Foi muito legal, porém rápido porque eu iria viajar pra campos de Jordão, tinha que estar 22h30 no metrô.... A Raquel ficou olhando para mim, e euf lá boiando..... Quando me toquei que era 22h10 eu:HHHHHHHHHHHHHHHH!!!!! eheheheheheh Ri tanto aí fomos todos juntos até o ponto de ônibus! =D Clique para ver as fotos em tamanho maior

Encontrinho no Shopping Center 3 - Implante coclear

Postado por Princess Alin Nohansen às 2:29:00 PM Sexta-feira, 29 de Junho de 2007 O meu milagre está chegando!!!

Ois!!!! Hoje estou muito feliz!!! Desde que fiz a minha segunda ressonância magnética ATÉ HOJE vivi numa ansiedade imensa... Era uma esperança crescente, uma fé sem igual, uma guerra dia-a-dia com o pessimismo, uma simulação do que seria um “não”, um sentimento vívido de um “sim”... Estive comendo muito, comia dois chocolates batom da garoto por dia... Engordei uns quilinhos... Era ansiedade demais para mim... E FINALMENTE, a tortura terminou HOJE: EU POSSO FAZER O IMPLANTE COCLEAR!!!! Recebi o meu tão esperado telefonema!!! Tudo começou na quinta-feira... E meu doutor costuma receber os implantados nas manhãs de quinta-feira... Eu sabia que ele não estava em seu consultório nessa semana... Mas todas as quintas-feiras me sentia esperançosa, chegava em casa e perguntava pra minha mãe: Alguma novidade? E ela balançava a cabeça em negativa... “Se não hoje, talvez amanhã, pensei eu...” E assim foi: O dia amanheceu, esperei o dia todo pela saída do meu serviço, pois o que eu mais queria, era chegar logo em minha casa, e mais uma vez me dirigir a minha mãe: “E aí?” Ela mais uma vez balançou a cabeça negativamente... A partir desse momento, uma angústia tomou conta de mim... Dirigi-me para o meu quarto, e ali falei com Deus. Pedi-lhe paciência, e que me ajudasse. Só ele podia me compreender naquele momento. Pensamentos ruins tentavam me invadir, mas com a minha confiança em Deus, que ele fará o que for melhor para mim, continuei firme. Fui para o meu curso, aprendi novas manhas pro Excel e logo já estava voltando para casa... Chegando em casa, fui direto pro PC e enquanto conversava no msn, sentia a angústia cada vez mais forte em mim...Estive intercedendo pela minha querida amiga de Portugal, Alice. À essa hora, ela já devia estar implantada!!! Estava muito feliz por ela, mas não imaginava que uns minutos depois minha mãe me daria a grande notícia: “O DOUTOR LIGOU, SUA RM ESTÁ CORRETA E VC PODERÁ FAZER O IC!” Nossa, pulei de alegria, abracei minha mamis e logo enchi meus amigos de mensagens comemorativas!!!Só tenho uma coisa a dizer: MUITO OBRIGADA MEU DEUS!!! DDDDDDDDDDDD Beijinhos para todos!!! Postado por Princess Alin Nohansen às 6:55:00 3 comentários

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@Memorex disse... Oh minha querida amiga ALINE, fiquei com os olhos esbucalhados de lágrimas, mas de FELICIDADE! Ainda me lembro vc ter dito, este ano ainda vamos acabar ROBOZITAS, finalmente podemos SER! Também, recebi uma TRIPLA ALEGRIA no ultimo mês: a tua afirmação em fazer o IC, o meu sucesso e finalmente uma amiga minha de Portugal vai ser operada!!! 2007 é o ano ÌMPAR, só nosso!!! Aline PARABÈNS!!!! Que a felicidade continue permanecendo em sua vida! Abraços da Portuguesinha ALICE. 9 de Julho de 2007 12:17

@Memorex disse...

Aline, embora ausente queria te dar os meus PARABÈNS!!!! Que toda a sua vida seja uma felicidade constante, uma saúde de ferro capaz de derreter corações, que manténs esse teu sorriso e o teu bom humor no alto astral!!! PARABÈNS!!!! 18 de Julho de 2007 14:26

Marina disse... Oi Aline. Meu nome é Marina, achei seu blog por acaso, sou estudante de fono e tenho tua idade... só quis deixar um comentário pra dizer q desejo boa sorte e que espero que dê tudo certo com seu implante :D 19 de Abril de 2008 18:02

Quarta-feira, 27 de Junho de 2007 AlÔôÔôÔôÔôÔôÔôÔôÔôÔôÔô!?

Não, não... Ainda não tenho notícias do implante por enquanto, mas hj me aconteceu uma coisa tão legal, tão boba, tão simples, mas que me deixou feliz e rindo feita doida na frente de todo mundo e queria compartilhar com vcs!!! Estava no meu horário de almoço, com 4 surdos amigos meus que trabalham aqui comigo: 3 meninas e 1 moleque, meu amigo. A gente estava conversando sobre nossos celulares, que TIM é melhor que a CLARO, mas que essa por sua vez é possível mandar torpedos de graça de pc para cel claro e tal, e que a VIVO devia se chamar MORTO pq mata qualquer um de tão caro que é e tal²... Aí me deparo com um bônus no meu cel: R$63,00 de BÔNUS que vence HOJE. Pensei que acabando meus créditos que normalmente gasto com torpedos, poderia usar esse bônus para msgs tb, mas é aí que eu me engano: sobrando somente 12 centavos de crédito, mando mensagem pra uma amiga e simplesmente não vai, e o bônus não é aproveitado. Desconfiando que só presta pra fazer ligações mesmo é aí que tenho uma boa idéia: tento ligar pra minha própria casa na esperança de ouvir a voz da minha avó ou de outras pessoas, mas a chamada estava se encerrando em 8 segundos. Vai que o povo pensou que era o pânico ligando pra casa e desligou na mh cara. Bah. Nisso: Amiga nº2: ô menina, que cê tá fazendo? Vc é surda! não adianta ficar tentando. *eu procurando o maldito mini-microfone do AASI com o celular pra lá e pra cá, tentando mais uma vez ligar pra minha casa* eu: tô tentando, apenas tentando... uff... Aff muié estraga prazeres. Desisto...Um minuto depois: eu: AHHHHHHHHHHHH!!! TENHO UMA BOA IDÉIA!!!! Peço para minha amiga surda segurar o cel dela na mão, e digo que vou telefonar pra ela e nisso ela deve atender normalmente, como um ouvinte.Lá vou eu, digito o nº dela e o cel dela começa a tocar: Amiga 2: opa, opa, opa! Ligue de novo, apertei sem querer o botão vermelho (usado para desligar uma chamada) eu: eita, muié.. Vamos de novo. - Eu, observando o cel dela na espera q ele toque. *musiquinha do cel tocando* eu: céus tamos chamando atenção! amiga2: Tá chamando, tá chamando, tá chamando, vai logo - Disse a menina olhando pra todos os lados. eu: atende! atende! Não, não, não!!! Esse é o botão OPÇÕES! Calma, calma, o que atende é o de botão verde!!!! *finalmente o cel é atendido: meu cel e o dela, com a chamada em andamento* Eu e minha amiga2, ficamos olhando uma pra cara da outra, sem saber o que fazer com os cels em ligação. A minha intenção era gastar os 12 centavos que eu tinha, pra ver se era possível usar o bônus, e se desse tudo certo, talvez poderia usá-lo para mensagens. Passando uns segundos, sem

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saber o que fazer, nisso a gente resolve encenar uma ligação: A gente bota o cel no ouvido e ela começa: amiga2: alô. - Diz ela imitando uma princesa usando o celular. Nisso, eu tb com o cel no ouvido, tentando bancar uma madame mui chique, só q de repete ouço um barulho meio assim: "...OoOo...." xD kkkkkkkkkkkkkkkk é isso aí gente! kkkkkkk É besteira mesmo, mas eu nunca tinha dado tanta atenção para os sons que consigo captar com o AASI. As vezes eu fico imaginando como se fosse com o IC mesmo, a descoberta dos sons e tal kkkkk De vez em nunca eu tento o telefone, pois muitas vezes que tentei ouvir pelo menos um "alô" do outro lado da linha fracassei, conversava com o "tum tum tum" do ocupado kkkkkkk e com a tanta barulheira que ouço com o AASI acabo me acostumando e "deletando" esses sons, ficando com a impressão que não escuto nadaaaaaaa com o aparelho, pois raramente um barulho chama a minha atenção. E hj, quando identifico algum, eu comemoro kkkkkkk e com o IC espero comemorar muuuito mais!!! beijinhos.... Postado por Princess Alin Nohansen às 3:25:00 4 comentários

walterborba disse... Aiaiai... Piradinha essa minha irmãzinha..... Imagine ela levantando o braço... E todos ao redor vendo a loucura sem entender nada.... Não vejo a hora de te conhecer pesoalmente Princess..... Um abraço...Bjs...Te adoro.... 29 de Junho de 2007 14:29

maya disse... Lindaaaa! ameeeei seu blog! muito meeesmo...um dos melhores blog que já vi! pooois tem muita coisa heeein..muitas fotos legais e lindas, e muuitas coisas que escreveu eu ameeeei! espero te conhecer melhor, e não vejo a hora te conhecer pessoalmente! beeeeeijos;* 30 de Junho de 2007 11:51

Arthur disse... Ahahaha muito engraçada essa história!! continue assim que animada no IC vai longeeeeeeeeee 5 de Julho de 2007 17:12

Rodrigo disse... Oi, achei teu blog pelo google tá bem interessante gostei desse post. Quando der dá uma passada pelo meu blog, é sobre camisetas personalizadas, mostra passo a passo como criar uma camiseta personalizada bem maneira. Se você quiser linkar meu blog no seu eu ficaria agradecido, até mais e sucesso. (If you speak English can see the version in English of the Camiseta Personalizada. If he will be possible add my blog in your blogroll I thankful, bye friend). 6 de Julho de 2007 02:54

Quinta-feira, 21 de Junho de 2007 Meu primeiro encontrinho em Campinas... Sábado, 16 de junho de 2007 Ois, amiguittos!! Quanto tempo!! Mas aqui estou de volta, para contar as novidades!!! Como foi anunciado no FIC, houve um encontrinho no shopping Dom Pedro de Campinas!!! Abaixo, o relato de como foi: Me encontrei com a Camila no Brás, céus 20 para 10h e ela já estava chegando lá no local combinado, enquanto eu a esta hora tava correndo pro Bus, na mh cidade! Resultado de um típico problema de surdo mesmo, telefone "humano" do tipo: Eu falei pra minha irmãzinha, minha irmãzinha falou pra mãe da Camila, que em seguida falou pra Camila, que logo respondeu pra mãe, que passou pra minha irmã e que logo, logo falou pra mim. Sabia que ia da chuchu mesmo, mas pelo menos não foi coisa preta, né Camila? ehehehehe Aliás, isso sempre dá chuchu, não? hauahauahuahauahu Chegamos em Campinas, hora de procurar o bendito ponto de ônibus e seguir em frente. No ônibus: ô bixinho rápido, quase caí lá dentro! Também com aquela mochila, que mais me deixava parecida com o Corcunda de Notre Dame, pior, eu tava batendo em todo mundo: "quê?" *Pá* Crash* Toin* Bum* Acho que não preciso descrever mesmo. Era só eu não entender algo que a Camila me dizia e eu me virava com um QUÊ? Que alguém apanhava da minha mochila hauahauahauhaua. Além de estranhar o fato de o shopping ser,

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hum, tipo, "fora" de Campinas, ou seja, pra chegar lá tem q pegar a estrada!!! Parecia que estava voltando pra SP hauahauahuahauahua Só via matos, verde, árvores, os porcões dos palmeirenses... CÉUS cadê o shopping????? ehehehe Shopping imenso, hein! Lindo demais. Hora de agente ir pra praça de alimentação: fomos seguindo a placa que indica que a praça de alimentação é lá pra frente. Andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, andamos, Uffa, acabou as plaquinhas e NADA. Gente, cadê a praça de alimentação??? Olhei em volta e não vi nada nos fundos!!! Em busca de uma nova plaquinha "mapa", olhei sem querer olhei pra baixo e vi o buracão de ramos!!!!!!!! (ou pompa, rompa? Nô mi lembruuuu u nomi certu!!!) Caramba!!! Levei mó susto quando olhei lá pra baixo hehehe Comemos e tal, agora hora de encontrar o pessoal, mas antes disso: ONDE FICA A CAPELAAAAAA??? A Camila foi logo perguntando para uma das moças que trabalham no shopping... E olha que uma delas não sabia, chamou outra muié...E lá pensei comigo mesmo: "Céus, vamus sofrêr pra achá essa capela" Pelo menos a última muié sabia onde ficava, e disse que ficava aqui no buracão mesmo, era só seguir em frente e sei lá o que mais hehehe Lá fomos eu e a Camila, logo em seguida eu vi o pessoal lá no fundo e apontei: aliiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, e a camila láaaaaaaa para uma passagem, creio eu que leva pra capela, kaakakka quase ficamos embaraçada porque uma apontava pra um lugar diferente! Hehehehe Enfim, adorei reencontrar algumas pessoas conhecidas e conhecer outras novas! Adoro esse grupo!!! Além de fazer um bom passeio. É gente, eu sou tímida, mas nesse dia eu estava bem soltinha e malukinha mesmo ehehehehehhehe Conversei com boa parte do pessoal, claro que sem deixar de soltar o meu famoso: O QUEEEEEEEE? Quando não entendo hehehehe Como disse o Rodrigo no msn pra mim: "bendita pancada" akakakkakakaka Pq uma tímida mudando da água pro vinho só podia ser pancada mesmo! hehehehe Mas fico feliz q agora eu esteja me soltando mais e ampliando minhas amizades!!! E já espero por mais encontros!!! YEAHHHHHHHHHHHHHH!!!!!! No final do encontro, fomos dormir na casa da mais nova amiga que essa longa caminhada nos proporcionou: Alessandra. Chegamos la, conversamos bastante, recebemos boas aulas de IC do Roner, fomos comer pizza e zuamos até 3h da madrugada hehehehe Realmente foi um fim de semana muito legal! Adorei estar com todos!!! Beijooos e até a próxima! Postado por Princess Alin Nohansen às 5:44:00 PM Uma tardia conquista... - Domingo, 27 de maio de 20 07

Era um domingo agradável, de tempo duvidoso: sol e ventania. Sabe -se lá o que podia vir. Estive voltando da casa da minha amiga, fui direto de lá para a igreja, na ânsia de que chegaste logo 14h00: Hoje eu ia me encontrar com a Minda, no metrô Santa Cecília e conhecer a Janise e seus pais. Estava doidinha para conhecê-los!!! E além disso, seria a primeira vez que eu iria e voltaria sozinha, a um lugar que eu não conhecia. Eu sabia, já tinha andado várias vezes de trem e metrô, já fui a vários lugares distantes. Mas tudo, sempre acompanhada de algumas pessoas. Já guiei um grupo que desconhecia o caminho e tudo mais. O que me faltava, era coragem de ir sozinha. De me virar, falar com as pessoas caso tivesse dúvidas. Uma tremenda insegurança. Mas nesse dia, eu resolvi que eu me viraria, seja lá o que acontecesse. Estava combinado que eu encontraria a Minda às 15h30 na catraca de Santa Cecília, depois iríamos para a Sta Casa encontrar-las e conversar até umas 17h, que seria o horário do exame da Janise e depois a gente ia embora... Prevendo que saindo de lá nesse horário, não seria mt tarde para mim voltar sozinha. Tava ótimo. Mas as coisas não aconteceram assim... Chegando lá, ainda era umas 15h, saí umas 14h15 de casa, não me lembro bem. O trem naquele dia foi bonzinho comigo: não me deixou esperando mt. Fiquei passeando pela estação, lendo umas histórias de Esparta que estava em exposição por lá, subi e desci várias vezes na esperança de encontrar a Minda, pois mandei várias mensagens para ela, mas a mensagem dela não chegou até mim. Já era quase 15h30, resolvi subir depois de ter contado uns três metros passando pra lá e pra cá. Fui lá ler de novo a "incrível história dos Espartanos". É quando não se tem nada pra fazer tudo que vc encontrar pela frente fica interessante até estalar os dedos até quebrá-los fica interessante. Não demorou muito, logo virei para o lado e lá vi a Minda me procurando, fui até ela nos cumprimentamos e agora era hora de sair da estação rumo a Sta Casa, um hospital de SP que realiza cirurgias de implante coclear via SUS. E claro q não podia deixar de acontecer uma coisa engraçada: Numa determinada hora, acabei tropeçando na mala dela de rodinhas, ui, quase caí feito "batatinha que quando nasce se esparrama pelo chão". Eh eh eh mas nada aconteceu não. Foi só um

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sustinho e muito risos. ("Poia desastrada kkkk" - Palavra de minha amiga Poiúda Raquel) Eh eh eh eh Caminhamos, caminhamos, pausamos, caminhamos... (a mala não estaca conseguindo nos acompanhar direito. rua emburacada dá nisso). Chegando lá e pude ver como era imenso o hospital! Uau!!! Parecia mais Hogwarts!!! Só faltava uma vassourinha pra agilizar, pq ficamos procurando o local onde a Janise, o pai e a mãe, Nilva, nos esperavam. Finalmente nos encontramos, ah e antes combinei com a Janise no msn, que nesse dia a gente não podia ficar tímida kkk, bom, ficamos timidinhas, mas depois as coisas melhoraram e conversamos bastante! Nesse momento não deu para conversar muito, pq logo em seguida a chamaram para a Janise fazer a Ressonância Magnética. Eram mais ou menos umas 16h30 por aí... Eu e Minda nos sentamos e ficamos papeando, contando as novidades, rindo e o tempo foi passando, passando... 17h00 e elas ainda estavam lá dentro. Mandei uma msg pra minha mãe dizendo que ia demorar, pois seria pra mim estar em casa umas 18h30 mas seria muito chato se eu fosse embora logo! Queria ficar lá, conhecer elas melhor e tal... Resolvi esperar sim e quando já era umas 18h e pouco por aí, não me lembro exatamente (não sou relógio pra ficar marcando as horas kkk), finalmente elas saíram da RM. E vamos rir mais um pouquinho, pois algo que eu não esperava aconteceu: A Janise tb tropeçou na mala da Minda kkkkkkk. Eita mala que não gosta da gente kkkkkk. Passando o riso começamos a conversar bastante, dando um basta na timidez, até chegar na estação do metro, indicando o término de um dia que eu queria que fosse mais longo... Tiramos fotos e logo nos despedimos. Podia durar mais tempo, mas em breve a gente se reencontra!!! Já eram lá pelas badaladas das 19h e eu no metrô seguindo pra casa, sozinha pela primeira vez e numa tranqüilidade. Sem grilos. Eh eh eh eh eh. Cheguei em casa umas 22h e pouco, toda feliz. E para finalizar: No msn encontrei a Minda. e olha o que ela me contou: O gatinho subiu na mala, escorregou e a mala caiu em cima dele... kkkkkkkkkkkkkkkkk. Beijos e até a próxima. Postado por Princess Alin Nohansen às 5:35:00 PM Sábado, 9 de Junho de 2007 Seria hoje o tão ESPERADO dia - Quinta, feira, 24 d e maio de 2007 Finalmente, resolvi postar o que aconteceu nesse dia. Não postei, porque o meu "medinho de não fazer o IC" aflorou mesmo. (frase by Roner/FIC) Resolvi esperar um pouco, e desde esse dia até hoje aconteceram muitas coisas, mas nada relevante do meu resultado! Vamos lá: "Foi um dia agradável, acordamos cedinho e tranqüilos, eu, mamãe e o Antonio Carlos. Fomos de carro para Campinas, e não havia necessidade de preocupação com a hora. Por que na primeira vez, precisamos estar de pé ás 6h em ponto na estação rodoviária de São Caetano... Eu estava tranquüila, confiante, mas lá no fundo não me sentia tão tranqüila em relação a Ressonância Magnética que eu fiz... Qd busquei o exame na clínica, imediatamente, por mais que nada entenderia, eu passei os olhos atentamente no relatório... Esboçei um breve sorriso, e uma pequena preocupação tomou conta de mim, pois havia lá uma palavra q eu desconhecia, talvez seria um problema, talvez não significasse nada... Mas notei que lá nada falava do nervo auditivo... Mas quem sou eu? Eu nada entendo dessas coisas, aff... Vai ver que nos filmes/chapas existiria um código que só o médico poderia entender... Sei lá... rs... Resolvi parar de ficar pensando negativamente, e seguir a viagem tranqüila, pois sei que pensamentos ruins atraem maus acontecimentos. A consulta estava marcada para ás 9h40... Chegamos no consultório uns 10 minutos antes: Ficamos dando umas voltinhas até achar a rua onde situa o consultório do Dr. Paulo Porto. Desce a av. Andrade, Rola pela Av. Brasil e logo pulamos na Alvaro Muller... Uffa... Depois de tudo o que teríamos que ter feito, sentamos no aconchegante sofá e nos pusemos a aguardar a chamada do médico. Enquanto ele não chamava, fiquei conversando com mamis e A. Carlos... Do meu lado, havia um pequeno dado de pelúcia. Não tardou muito e a festa começou: guerra de dados, e nós 3 crianções nos divertindo! Ainda bem que naquele momento, só havia nós. Chegando umas pessoas, logo joguei o dado-peludo pro outro lado do sofá, me poupando de possíveis micos. Ainda sem ser chamada, eu olhava a toda hora para a porta, esperando por uma grande amiga: Minda. Havíamos combinado de nos encontrar lá! Mal pudemos conversar e eu fui chamada. Pegamos todo o trambolho de exames e fomos correndo! O coração batia forte!!! Hoje poderia ser o tudo, ou o nada... O SIM ou o NÃO! Tudo girava na minha cabeça, simplesmente não conseguia imaginar o que aconteceria depois. Já lá dentro... Vou ser direta: A minha Ressonância Magnética estava incompleta. O que eu temia aconteceu... "Não mostra nada do nervo auditivo, e ele é essencial" Foi a resposta do médico... Só faltava isso para finalmente eu saber se ia ser implantada. A tomografia revelou um outro probleminha... e só a RM poderia confirmar a tal suspeita do problema. Isso dividiu no meio a certeza de que eu poderia ser

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implantada. Nunca tive doença q poderia afetar minha audição. A causa é um mistério... Só poderia ser o mais temível, o mais raro problema: O nervo auditivo. Mas nada está valendo sem a RM pra confirmar.Saí de lá, meio tristinha, mas nem tudo estava perdido: tenho mais uma chance, uma grande esperança.Falei com a Minda, contei tudo pra ela e durante isso a sala de espera estava movimentada e cheia de gente: Conheci uma candidata que veio da Bahia: Nyeve. E também a família de uma surda que tb está em busca do ic. Conversamos e... Hora de repetir a audiometria Agora me chamaram para passar com a Sílvia: Fui lá, refiz a audiometria... Impressionante que com os dois aparelhos eu melhorei mt, consegui discriminar algumas palavras... Poucas, mas é alguma coisa!!!!!!!!! Me animou bastante! Foi uma sensação gostosa. A cada força q eu fazia pra tentar compreender, pensava no IC, que talvez possa ser a mesma força de vontade, o mesmo esforço para aprender os novos sons... Saindo de lá... Nyeve e Minda estavam em consulta, Minda acompanhando a Nyeve. Esperamos pelas duas e depois fomos para o Habbibs. Conversamos bastante, rimos, enfim, valeu o dia! Apesar de tudo gostei muito de ir lá e ter contato com novas pessoas!!! Postado por Princess Alin Nohansen às 4:55:00 1 comentário

@Memorex disse... Sou a primeira! Aline, tenha fé e esperança, acima de tudo serenidade, vai correr bem. Estou a torcer para que tudo dê certo! Um beijão enorme Alice15 de Junho de 2007 01:55

Quarta-feira, 30 de Maio de 2007 Princesitta de Mudança! Comecei meu Blog Rumo ao Implante Coclear no blog do UOL e agora me mudo para esse, que parecer ser de mais conteúdo! Irei transferir as postagens antigas para cá! E os comentários tb! Eis o endereço do antigo blog: http://princesittaic.zip.net Postado por Princess Alin Nohansen às 4:10:00 PM 1 comentários

Galego disse... Olá Aline Sou a Gisela amiga do Rodrigo Olha não nos conhecemos pessoalmente, mas já estou encantada com vc, xeretei bemmmm seu blog, rsrsr, e percebi q vc é uma pessoa alem de muito bonita muito doce...fiquei feliz por sua operação e por ter dado td certo.. Bom, espero sua visita aqui pra poder nos conhecer pessoalmente Bjus e fique com Deus. 19 de Dezembro de 2007 08:47

(mensagens do blog antigo) O último: Emissões Otoacústicas - Quinta-Feira, 17 de maio de 2007 Olá, Galerinha!!! É, como o título diz, hj foi meu último exame... Finalmente.Foi lá na Liberdade-SP, looonge da minha cidade... Pegamos o trenzinho e o metrôzinho.. Eu e mama.Cheguei lá, e depois de um tempinho a fono me chamou: Colocou um tal aparelhinho em mim, e ligou-o... Nada entendi para que servia kakakaka Só depois de um tempo, percebi que ele era o tal emissões otoacústicas. A fono tentou 3 vezes em mim, porem não obteve nenhuma resposta. Minha mãe se virou pra mim e disse: "Infelizmente, você é surda mesmo" kaakakkakakaak ô, novidade, gostei dessa! akakakakkaakka E a fono disse pra ela, q pelo resultado desse exame, eu poderei fazer o implante. Mas claro que ainda preciso dos outros 3 e mais esse nas mãos do médico especialista para saber o resultado mesmo, né! O incrível é q o resultado das Emissões O. sai na hora! Ainda bem... eu ter q voltar para a Liberdade só para buscá-lo... ô coitada de nós Ehehehehehe Olhando pela janela afora... Puxei conversa com a minha mãe: - Ei, eu nunca fiz exames assim para saber o que aconteceu com

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a minha audição? – Perguntei - Não, nunca... - Respondeu mami - Então, é a primeira vez que tô fazendo esses exames específicos... - Você nunca fez nada assim, seu médico apenas desconfia que seu problema esteja no nervo auditivo, e que vc nasceu surda. - Comentou ela. Vê-la falando "Nervo Auditivo " me espantou: - Nos dois ouvidos!?!?!? - Provavelmente sim. - Mas nunca fiz exames para confirmar isso, certo? - Isso... Me aliviei... É apenas uma possibilidade, mas acredito que não seja isso não! Meu exame do BERA chegou... Uffa... Meu tio foi buscar o resultado do meu exame BERA... Dei umas espiadas, mas nada entendi! Quer saber? Vou evitar olhas meus exames!!! Melhor deixar pro médico ver! Hehehehe Postado por Princess Alin Nohansen às 4:53:00 PM 3 comentários

Sarinha disse... [SaRiNhA] Alinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn!!!!! obaaaa!!!!!! O.o vai fazendo os exames q vc num conhceu! ehehehehe!!! mas eh assim mesmo! xD lindo comentário! bjss ;** 23 de Junho de 2007 11:19

Memorex disse... Olá Aline! Fico feliz por saber que os seus exames estão se caminhando muito depressa a uma velocidade estonteante! Vais bater um record em cheio! Infelizmente, meus resultados ainda não chegaram, na 4ºf vou ligar para Coimbra e dar um sermão, pois todo o Canditado não pode ser submitido a esta demora toda, é de LOUCOS. Aline, em Portugal o Candidato não escolhe a prótese que irá utilizar, só existe somente o Nucleus Freedom. Até mesmo nas crianças que utilizam outros Implantes como o Sipirit 3G, e o Nucleus 24 estão sendo substituídas pelo Freedom. Um beijinho!!! Escolho o Nucleus Freedom, pois é tal e qual parecido com o desenho que fiz, e me levou a esta espantosa coincidências de que 5 anos mais tarde iria tentar ser Implantada!!! :) :) 23 de Junho de 2007 11:20

Memorex disse... Boa sorte Aline, para a sua consulta de hoje, beijinhos redobrados com muita esperança, vai ver que tudo dará certo!!! Um beijinho de mim, da portuguesinha :p 23 de Junho de 2007 11:20

Um dia das mães - Domingo, 13 de maio de 2007 Há algumas horas atrás, acabei de chegar de uma pequena comemoração que o pessoal da igreja preparou para o dia das mães! Foi muito legal! Mama gostou! Cheguei lá já cumprimentando as intérpretes, os presentes e fui abordada por uma delas: "E o implante?" Respondi lhe que me faltas mais um exame e breve estarei a caminho de Campinas, para a tão esperada resposta. Tinha uma outra presente, que eu não lhe tinha ainda contado do implante, aí falei a ela, e elas ficaram muito felizes por mim! E estão me dando a maior força, e o principal: Deixando nas mãos de Deus. Além dos olhares "esperançosos" havia também os olhares "infelizes" para cima de mim. Fui logo dando olá para o pessoal e me sentei junto com a minha mãezinha, para saborearmos um delicioso café da manhã. Depois fui cumprimentar mhs queridas amiguinhas, e finalmente uma delas me deu o meu tão aguardado DVD Som e Fúria que pedi q levasse para gravar pra mim. Soltei um "aleluia librês" e a agradeci, depois de quase 3 semanas por aí, esperando pelo DVD. Não tardou muito, logo ali surgiram as "marditas" frases "librísticas": "Não faça o implante. É melhor vc assim, do jeito que está" Não adianta. Ninguém compreende ninguém. Pergunto eu: "Qual o prazer de não ouvir nada? Se eu tenho oportunidade, por que não aproveitá-la???" Perguntam me: "Mas para quê? Você não está bem assim? Deus te fez assim, você fala bem, escreve bem e ainda quer mais..." E o silêncio voltou. Ninguém toma jeito. E eu tb não. Discutir surdez já está virando um tabu. Igual futebol e religião: vc discute, discute, discute e não chega a lugar nenhum. Perante a minha resistência, essa frase me é dita: "Depois do implante, você poderá deixar os surdos de lado." Eu neguei. Neguei mesmo. Porque isso nunca esteve em meus planos, e creio, que nem nos planos de Deus para a minha vida. Quero fazer parte do mundo ouvinte sim, mas de um jeito diferente. De um jeito que poderei viver nos dois mundos. Na verdade já vivo assim. No mundo surdo eu consegui me integrar legal (mas não 100%. Tem muitas coisas que eu discordo completamente), mas no dos ouvintes, eu tb consigo, mas não me sinto tão a vontade. E nisso o implante poderá me ajudar e muito. Então eu ser implantada, não será lá uma coisa tão "berrante" como os surdos vêem. Talvez

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isso seja um elogio: devo estar fazendo LIBRAS de um jeito bem profissional Ahauhauahauahau. Até "libras escrita" já entendo: Sabia que a frase: "eu vai filme ontem" significa "Eu fui ao cinema ontem."? É isso aí. Sou a "dicionário português-librês" em pessoa! Uai. Maaaas o que eu realmente quis dizer?? Simples. Diz a lenda que um surdo totalmente acomodado em LIBRAS, surdo de nascença, com o seu grande orgulho surdo, que condena até o bilingüismo, etc, etc, etc... Não se beneficiará do implante, por mais que o quadro clínico dele indique que sim. Pois para ele "ouvir" não é necessário. Eu discordo. Se "ouvir" for o sonho do surdo, objeto de um forte desejo, ele sim, poderá ter resultado. Tudo depende dele. E do quadro clínico. Estar preparado para enfrentar tudo o que vem pela frente. A vida não foi feita para quem é mole.O implante não vai te mudar da água para o vinho. Irá melhorar sua qualidade de vida. E como eu já vivo nos dois mundinhos, com um pé ali e outro cá. O implante coclear é para mim! =DDD Que preciso fortalecer meu mundo sonoro. Pois foi de lá que eu vim. Postado por Princess Alin Nohansen às 4:41:00 PM 2 comentários

Memorex disse... Querida Aline! Sabia que vc poderia virar escritora de um Best-Seller?! Estou estonteada de admiração, de esperanças em suas palavras. Não importa o que os outros dizem, pois Deus tem algo reservado para nós. Um segredo, um tesouro extremamente precioso. Vamos caminhando para a frente, só isso nos importa nada mais. Um beijinho :) Carinhosamente Alice. 23 de Junho de 2007 11:28

Sarinha disse...

Nossaaa!!!! confesso q vc é uma grande escritoraaaa!!! vc esvreve mtoooooooo, tem mta criatividade!!! isso aiii!!!!! não importa o q outros dizem! xD te adoro! bjs ;* 23 de Junho de 2007 11:29

O Implante Coclear e a Minha Família - 12 de maio d e 2007 No sábado dia 12 de maio de 2007... Eu, Minda e Dennis combinamos em nos reunir com a minha família, aqui em casa para que eles possam conhecer um implantado e o implante em si. Foi bastante interessante e agradável a conversa. Muitas dúvidas foram sanadas e agora todos estão me apoiando, torcendo por mim! Claro que há as altas expectativas. Mas eu estou me preparando. Ou até me sinto preparada já, mas creio que muitas coisas ainda me faltam saber.Conheci também, uma pequena menina de 10 anos. Surda de nascença, oralizada e com os exames do IC prontos. Só lhe falta o convênio autorizar a cirurgia.O legal é que ela estuda na mesma escola que estudei: Irmã Catarina. Bom tempo que se foi e não volta mais... Não conversei muito com ela, incrivelmente, ela fala rááápido!! Me deixou a ver navios Hauhauhauhau. A reunião superou minhas expectativas. Achei que ia sobrar, boiar lá e mal conseguir participar... "Mt boca para dois olhinhos... miúdinhos" Ehehehe.Mas foi realmente diferente. Participei legal. Graças aos meus dois amiguettos e principalmente da minha prima Larissa, intérprete lá da minha igreja. Dessa vez não tem fotinho, fiquei muito "antenada" pra querer bater fotos Ihihihihi Postado por Princess Alin Nohansen às 4:39:00 PM Bera e Ressonância Magnética: OK! - Sexta-Feira, 11 de maio de 2007 Olá, Galerinha!!! Finalmente ontem (10/05) e hoje (11/05) fiz meus 2 exames.Até agora já foram 3 exames para o IC! Só me falta o Emissões Otoacústicas e buscar os exames: 24 de maio: Rumo a Campinas!!! Será que já terei a resposta se poderei ser implantada mesmo??? Bora torcer! Postado por Princess Alin Nohansen às 4:38:00 PM 2 comentários

Anônimo disse... Olé, Olé, Olé!! Vai dar pra fazer IC sim. Dá-lhe Princesitta! To na torcida, hein!! hehehe 23 de Junho de 2007 11:27

Arthur - Salvador BA disse...

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Olé, Olé, Olé!! Vai dar pra fazer IC sim. Dá-lhe Princesitta! To na torcida, hein!! hehehe 23 de Junho de 2007 11:27

Encontrinho no Shooping Sta Cruz + 1º Exame para o Ic - Dia 3 de maio de 2007 Tomografia Computadorizada Ois, Finalmente, meu primeiritto exame para o IC! Uffa, já estou com a Ressonância Magnética marcada para dia 11 de maio, e aguardando a autorização para o BERA. Fui eu lá toda contente para a tomografia pois a noite viria coisa melhor ainda: o tão desejado encontrinho no shopping Sta Cruz! Na tomografia, ô maquininha diferente hehehehe Achei até legal e tranqüilo, só mata um pouco o pescoço por causa de uma posição meio desagradável.. hihihi Mas deu pra agüentar legal! Yeah! O Exame foi ás 13h, fiz jejum de 4hs e depois do exame, capuccino com bolachinha. =DDD Depois voltei a trabalhar, estava doidinha para ás 17h, meus amigos já estavam na porta me esperando, outros já estavam na estação São Caetano, me esperando e mais outros indo a caminho do Sta Cruz, para me encontrar! Caramba, quanta gente eu fiz esperar heheheh No shopping 17h18 - Dei a largada, bati cartão e fiz a Jéssica e o Diego correrem para o ponto de ônibus! Conheci o infernal trem dás 18h: Empurra-empurra! Caraca. Já estávamos todos juntos, a caminho do shopping! Caramba andamos feito bêbados pela multidão apressada, quase pegamos o metrô errado, mas o mais importante, foi que chegamos! Hehehe E lá na praça de alimentação estava a turma toda: apenas esperando por mim, taly, jéh, jessy e Diego... Levei 7 pessoas surdas para conhecerem o IC, todos meus amiguinhos! Eles ficaram bastantes interessados, perguntaram, entenderam como funciona, etc! Foi muito legal, e bem diferente!!! O legal também, é que tinha um IC versão demo, para a gente ver como é e pela primeira vez vi a parte interna! Achei que era de ferro um eletrodo, mas na verdade não! Uau!!! Engraçado foi meu amigo tentando grudar o IC no meu celular, ninguém merece! hehehe Postado por Princess Alin Nohansen às 4:34:00 PM

1 comentários Sarinha disse...

Oi, minha amiga lindaa!!! Que emoção!!!! Dá uma certa inveja!!! ahauahuaahuaahua Mas aposto que este encontro foi emocionante! O Dennis tah d gravata!! Tah todo xike!!! O.o ehehehe E a Mindaa, tah linda sim!! seus amigos devem estar impressionados com IC! xD O importa eh q foi taum bommm e teve diversãoooo! obs: vc tah lindona nesta fotika!! Bjsss te dolu!!! ;* 23 de Junho de 2007 11:26

Minha Primeira consulta - Quinta-Feira, 26 de Abril de 2007 A 1ª Consulta - 26 de abril de 2007 ás 09h40 Finalmente, o dia tão esperado chegou! Apesar de ser apenas a 1ª consula, eu imaginava que nada de muito revelante podia acontecer, pois preciso primeiro ter os exames necessários em mãos, para só depois receber a "grande resposta: Sou ou não candidata ao implante coclear ". Vou contar como tudo aconteceu, e vocês verão como Deus é maravilhoso.Noite de quarta-feira... Eu precisava ir dormir, mas fiquei batendo um papinho bom no msn, com a galerinha! Obrigado a todos que torceram, oraram por mim.Orei pelo dia seguinte, pedindo a proteção de Deus. Cheguei da natação, arrumei as coisas, papéis, mochila, roupa q usaria, e tudo! Já estava tudo no sofá praticamente pronto! Madrugada do dia 26 de abril ás 05h00 Botei o celular pra me despertar. Mas nem percebi. minha vó que me cutucou e levantei, tava tudo escuro! Pensei que mh mãe ainda estivesse dormindo, mas engano meu! Ela já estava preparando o café e tudo! Levantei rápidinho, me arrumei, perdi boas horas na frente do espelho, tentando dar um jeito no meu cabelo. Tomei café e já eram 05h50. O Bus parte exatamente ás 06h20 . Sorte é que o namorado da minha mãe ia nos levar até a rodoviária de SCSul mesmo. (Valeu bigodão!!!). Chegamos lá e o ônibus já estava recebendo as pessoas. Corremos, entramos e achamos nossas poltronas. Ficamos acenando pro Bigodão até o ônibus partir hehe. A viagem foi tranqüila, minha mãe adormeceu e só acordou quando chegou lá. Eu fui admirando a paisagem, pedindo a Deus que tudo desse certo. Chegamos na rodoviária, não sabíamos pra onde ir. De acordo com o Roner e a Minda, procuramos a saída p/ a Av. Andrade Neves. Eu ainda meio perdida sem saber para onde ir, e minha mãe já avistou o ônibus certo! Corremos para o outro lado da rua, demos

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o sinal, e perguntamos se era esse o ônibus certo, e lá fomos nós. Bem atenta para não acabar perdida! No final deu tudo certo! Não tivemos que voltar de nada. Fomo indo em frente, descemos a Av. Brasil (acho) e avistamos a rua onde fica o consultório. Mas uns minutos de caminhada e lá estávamos nós! Iupiiii! Ainda eram 08h15 por aí, e a consulta seria ás 09h40. A sala de espera estava vazia, e aos poucos foram chegando alguns outros pacientes. Observava atentamente cada pessoinha que entrava, e finalmente, encontrei o que queria! Um garotinho lindo que usa IC. Enquanto isso, minha mãe ainda estava lá, conversando com as secretárias. Alguma coisa estava errada:Meu convênio UNIMED é ABC... E não ia dar certo em Campinas. Eu iria ter, de qualquer jeito que pagar.Quando minha mãe me disse, apenas fiquei em silêncio, pensei em Deus e orei baixinho: "Me ajuda". Falei para ela preparar o cheque, serenamente. De repente, a secretária nos chama: "Passou, vocês não precisarão pagar". Nossa, vibrei de alegria, e em pensamentos saltitava agradecendo a Deus. Agora tudo certo! Nos sentamos a esperar pelo chamado. Enquanto a gente esperava... Fiquei observando a sala de espera, vi os brinquedinhos e também tinha uns livrinhos infantil. Peguei uns que falava do Tempo . Eu precisava aprender a respeitá-lo. E no livrinho dizia que para tudo tinha sua hora. Depois peguei um outro infantil, sobre chapeuzinho vermelho e o mágico de Oz. Pra passar o tempo. E quando menos eu espero, o mesmo garotinho chegou, com suas famílias. Fiquei encantada com ele, apenas observando. Ainda não me livrei da "redoma de vidro" completamente, para sair conversando com as pessoas... (Redoma de vidro: Em um próximo post, falo mais sobre ela... ok?). E também um outro, lindinho, que está em busca do implante. Minha mãe e todos ficaram conversando sobre o IC, sobre o nosso passado... O papo tava interessante até, pena que metade, eu não consegui compreender tudo. Ficar de joão-bobo pra lá e pra cá, para ler os lábios não estava muito confortável hehehe. O chamado Finalmente, me chamaram e lá fui eu para uma outra salinha de espera, ainda menor. Fiquei observando todas as portas, para ver em qual exatamente o Doutor apareceria. Apostei em uma e perdi.. Bom deixa pra lá, vamos a consulta. Lá dentro... Conversamos, ele perguntou do meu passado surdo, viu as xerox de meus exames passados. Examinou meus ouvidos: usou uam espécia de lanterninha-camera, e foi possível ver dentro do ouvido pela TV. Aquilo parecia mais um chupador, mas era só pra filmar. Confesso que quando vi aquilo, questionei a mim mesma: "que é isso?????" Mas fiquei quietinha, só que o Dr. e minhã perceberam e não podia ser diferente: eles riram Hehehehe. Confesso que eu "era" muito medrosa e vivia perguntando aos médicos que eu ia: "eiiii, o que isso faz???? Dói???" Hehehehhehe. Olha, ainda pergunto, mas tranqüila, viu??? Ah, e o melhor: Ele disse que o meu melhor ouvido, é o esquerdo!!! \O/ Gostei de saber disso. Te conto mais para frente o porquê. Depois de tudo, ele solicitou os exames necessários para o Implante. E agora era hora de eu me consultar com a fono. Voltei pra sala de espera, me sentei e mh mãe foi falar com a secretária. Enquanto eu esperava, encontrei uma outra moça que também está atrás do IC. A gente ia conversar, mas chamaram ela... Postado por Princess Alin Nohansen às 4:25:00 PM 6 comentários

Sarinha disse... Oi, lindaaa!! qu emoção!!!!!!!!!!!!!!!!! fico torcendo por vc qualquer custo, viu?? e conselho: use os dois ASSAI. ok?? te adoro, linda!! ;* 23 de Junho de 2007 11:23

Rodrigo disse... Oi Alin, muito legal seu relato. E sucesso na busca ao IC! Muito legal o Dr. Paulo né? 23 de Junho de 2007 11:23

Memorex disse... Olá Aline!!! Tinha-te perdido o rasto, pois mudou de blogger e lá consegui encontrar. ENA que RELATO! Estou me aventurando adentro, vislumbrando a crista de uma onda, bonita como um diamante, surfando nas tuas simples palavras:)) Meio caminho já foi percorrido, falta a outra metade :) Beijão enorme!!!

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Memorex 23 de Junho de 2007 11:24

Arthur disse... E ai pequena princesa. Desejo sucessos na realização do seu IC. Vá confiante e com DEUS! 23 de Junho de 2007 11:24

Gaby disse... Oi Aline!! Estou torcendo mt por vc, eu demorei muito pra conseguir o IC por causa do SUS, mas vc, q está fazendo consultas com o convênio, vai ser mais rápido! Boa sorte menina!!! beijossss 23 de Junho de 2007 11:25

Confissões disse... Olá!! Vim através do blog da Memorex e gostaria de seguir por perto o teu percurso.. Sou portuguesa, tenho 24 anos, sou surda com grau severo. Beijinhos! 23 de Junho de 2007 11:25

Continuando... Na Audiologia E não demorou, voltei para a pequena salinha e agora esperava pela fono. Ela sorridente, me chamou, me sentei e conversamos. Sobre o IC, sobre a minha surdez... Ela me perguntou o que eu esperava do Implante Coclear. Nesse instante, deu um friozinho na barriga, nada de altas expectativas: Comecei dizendo:-Melhorar minha leitura labial...-Ouvir o som ambiente... - Ouvir meu nome...E ela me perguntava e mais? ui... - Ouvir a voz -Música... - E quem sabe o telefone... Ela abriu um sorriso e me explicou como era, e o telefone era a coisa mais difícil. E NÃO IMPOSSÍVEL. Que eu irei ter q aprender a ouvir, falou dos pré-linguais e pós-linguais. Da chance, que cada um é diferente... Os testes Fizemos também uns testes, para ver o que eu ouvia com o AASI. Fui um desastre total! Hehehehehe E olha isso: eu usando o AASI no meu pior ouvido (o direito). Não coloquei no meu esquerdo, pensei q ele era o pior, ish! Vou ter q voltar lá para fazer a audiometria do ouvido esquerdo. A audiometria Depois dos testes, fomos para a audiometria.80db e 85db???? Que é isso criaturas, tenho a maior curiosidade de entender o que significa esses "décibeis e hertz" da vida... hehehehe. Na próxima vou perguntar, e muito!!! O Final Era para eu voltar a conversar com o Doutor, mas não deu. Ele precisou sair. O bom disso é que eu voltarei lá de novo, achei tudo tão interessante!!! Uauuuu! Já mandei minha mãe ir se preparando para telefonar HOJE MESMO. (26/04/2007) Voltando para casa Saindo do consultório, fomos para o Habbibs: Comemos umas esfilhas, kibe, suquinho bom e fomos a pé até a rodoviária, para ir fazendo a digestão! Hhehehehehe Andamos bastante! Mas valeu! Hehehehehehe Viemos de Cristália e também voltamos de Cristália (Eita, busão bom). Na viagem de volta, adormeci. Dá câimbra no corpo todo, mas dormi um pouquinho sim. Mh mãe ish, quase só acordou quando chegamos em São Caetano hehehe. E bem na hora que eu pus os pés na rua, choveu! Bah, corremos, pegamos o ônibus para casa: Cheguei ás 17h30 por aí! Valeu o dia!!! =D~ Postado por Princess Alin Nohansen às 4:23:00 PM Contagem Regressiva - Segunda-Feira, 23 de abril de 2007 Oi, pessoal Ainda me lembro como se fosse ontem: Eu implorando para a minha mãe marcar a minha consulta, logo na segunda-feira dia 26/03 (Pra quem não leu meus posts anteriores: No dia 24/03 eu conheci o médico, e as pessoas que usam o IC, e decidir ir em frente). Mas ela preferiu esperar um pouco mais para frente, mas eu não: Adiar um processo lento não faz sentido! Então combinamos que no mês que vem, (nesse caso, abril) a gente marcaria a consulta. Expliquei

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para ela que provavelmente poderia demorar bastante para sair a cirurgia... E ela compreendeu. No dia 1 de abril... Ainda era dia 31 de março e eu já fui avisando: Marque amanhã, hein?? Hehehehe Finalmente, ela marcou a consulta. Mas as pedras foram surgindo: A primeira consulta é particular, e conversando com o médico, o motivo é justo. Mas mesmo assim fomos em frente, apesar de não ter dinheiro para pagar a consulta. Fiquei um pouco desanimada, afinal como iria conseguir o dinheiro??? Um dia antes eu já tinha gastado muito no meu tão "esperado" videogame Wii. [ô, 1 ano por aí, "chorando" pelo bichinho...] Fui direto para o meu quarto, e fiz o que mais meu coração pedia: Conversar com Deus. Nesse dia, resolvi que deixarei tudo nas mãos Dele. Ele é Quem me dá forças. Sem Ele nada sou. Nada posso. Eu sempre soube disso. Mas não compreendia completamente: para tudo, sempre fiquei preocupada á toa, sabendo muito bem que tenho um Deus maior que meus problemas. Respirei fundo, contei tudo a Ele. E uma paz interior me invadiu. Resolvi cuidar de uma coisa de cada vez, remover uma por uma, as pedras que surgirem no meu caminho, sempre com o meu Jesus do lado, me ajudando. Ponha a sua vida nas mãos do Senhor, confie Nele, e ele o ajudará - Salmos 37:5 Mandei um e-mail para o médico, e ele me explicou sobre a consulta particular. Compreendi, mas ele me fez uma oferta. Só tenho a agradecer a Deus. Em nome de Jesus, eu chegarei lá, não muito longe, no tempo que Deus preparou para mim, estarei implantada e aprendendo a louvar a Deus de uma forma diferente. Beijos!!! Postado por Princess Alin Nohansen às 4:21:00 PM Indaiatuba Incrível Encontro, 24 de março de 2007 Bom Dia, pessoalzinho!!! Aqui estou eu de novo, desta vez para lembrar de um dos melhores dia do ano que tive: O encontro em Indaiatuba - SP, com o pessoal do FIC e outras pessoas envolvidas com o IC. O antes Antes desse maravilhoso encontro, eu estava bastante indecisa quanto ao Implante. Jurava que sairia de lá na mesma, toda insegura e tal... O meu medo do implante era tremendo! Eu queria poder ouvir alguma coisa, e só o IC, se for o meu caso, poderá me trazer ao mundo dos sons... Eu tinha que decidir... Realmente estava difícil: Eu tinha que aceitar a conviver com um implante na mh cabeça, enfrentar os mitos, o preconceito da comunidade surda e me esforçar para progredir com a mh audição biônica. Enfim, bastante coisas. O convite Lá estava eu navegando pelos pisca-pisca do msn, papo ia, papo vinha... Até que uma pessoa muito "especial", Minda me falou do encontro. Quando soube o local, me desanimei... "É longe... Sozinha eu não vou". Mas ela me deu todo o apoio, até ligou para a minha mãe, convidando-a para ir comigo. Minha mãe ficou uns dias pensando se ia ou não, pq ninguém que eu queria que fosse comigo podia me acompanhar... Nossa, não conseguia acreditar que finalmente, eu iria conhecer os "verdadeiros implantados". Tudo que sabia sobre eles, eram tudo contos... Lendas... Que as pessoas gostavam de contar e nos botar medo.E uma coisa inesperada aconteceu: quando eu disse para a mh amiga Taly sobre o encontro, ela se ofereceu para ir comigo. Por isso eu não esperava. Ela foi uma das primeiras que "bombou geral" quando eu disse para ela que "pensava" em fazer o IC, em 2006... Fiquei muito feliz! Chamei uma outra amiga mh também, ela tb quis ir, mas não podia, tinha que cuidar da festa da tia.. (aniversário) Agora, vamos aos preparativos: Preparando a viagem Eu tive duas opções, conversando com a Cris (Fono de Indaiatuba) e com a Minda. Com a Cris, ¹ pegaria um busão lá no Tietê (ou aqui em SCSul. Não me lembro), seguiria para Indaiatuba e ela nos encontraria lá na rodoviária. Com a Minda, ¹ Pegar o trem na estação São Caetano e seguir atééééé Jundiaí, e ela nos buscaria lá e seguiríamos a Indaiatuba. (detalhe, só gastaria R$2,00. Mas mamãe ficou com medo do minhocão) ² Pegar o busão da rodoviária de SCSul até Jundiaí (R$22,00) ³ Pegar o trem da rodoviária de SCSul, depois metrô até o Tietê (R$2,00), depois o busão rumo a Jundiaí (~ R$10,00) Escolhemos a opção 3, e eu queria conhecer a Minda logo! =DDD Finalmente, minha mãe decidiu a ir tb! Caramba, mas pulei de alegria pra lá e pra cá pela casa toda! xD Iupiii!!!! Na sexta-feira dia 23... Taly veio dormir na mh casa, fiquei preparando as coisas para o amanhã (24/03)... A ansiedade estava a mil! "Calma, muié" - Dizia a Taly hehehehe.Enquanto o sono não vinha, a gente ficou conversando... Sobre o implante claro! O dia 24/03 seria O DIA. O dia que eu me decidi seguir o meu caminho rumo ao implante. Eu achava que não ia me decidir, achava que o medo falaria mais alto.

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Taly disse que eu ia acabar me decidindo ao implante de vez. Depois de muitos "vai sim" e "vou não" resolvemos ir dormir. A discussão não ia levar a nada mesmo! hehe Como eu já disse várias vezes aqui, o meu problema era medo. Um medão tremendo! E também muuita falta de informação sobre o implante. Só me falavam mal do IC, dizendo coisas cabeludas sobre ele: "Ele pode matar" "Ele te transforma em um robô" "Você não se aceita como é, será muito artificial" "Ele te deixa seqüelas" "Ele dá choque" "Causa derrame" "Te deixa com tiques nervosos" "Seus movimentos ficam estranhos" "Você ficará confusa" "Dá muita dor de cabeça" "Nunca mais poderá tirá-lo" "O médico só quer o seu dinheiro" "Mexe no seu cérebro” E muito mais... =/. Infelizmente, ser ignorante é uma das piores coisas... Como o óbvio diz, eu e a Taly, sim acreditávamos em algumas coisas... Outras eram cabeludas demais. E conhecendo os usuários de IC, a gente podia esclarecer nossas dúvidas e medos. Pois só ELES podiam dizer a verdade. Afinal, são ELES que usam, e entendem. Postado por Princess Alin Nohansen às 4:17:00 PM Incrível Encontro - Sábado, 24 d março de 2007

O grande DIA Às 05h da manhã, já estávamos todos de pé: Pegamos o ônibus, e depois seguimos a estação São Caetano, pegamos o trenzinho que vai pra Luz, depois 2 metrôs e finalmente, chegamos a famosa rodoviária do Tietê, pegamos o ônibus Cometa e seguimos à Jundiaí. Durante a viagem, eu e a Taly fomos conversando e imaginando como seria o almoço. Eu já estava dizendo que a minha timidez ficaria a flor-da-pele... Afinal, não conhecia ninguém pessoalmente!!! Chegamos na estação Jundiaí e ficamos esperando pela Minda. Um tempinho depois ela chegou, a reconhecemos na hora! hehehehehe E lá fomos nós para Indaiatuba. Chegamos!!! O restaurante é lindo! Todo colorido e a cidade de Indaiatuba também!!! Minha tia morava lá. Fomos entrando, e primeiramente conheci a Cris, uma pessoa muito simpática! E depois o Fernando e sua esposa. Conversamos sobre o IC, e ele me disse para não ter medo. Depois fizemos uma rodinha e todos conversavam, fiquei meio perdida na conversa, e ainda tendo de interpretar para a Taly. Uii!!! Mas fui me acostumando. Depois chegou o Roner, hehehehe Um figura super legal hehehe E papeamos bastante! A comida estava ótima, mas eu estava tão admirada com o pessoal que mal consegui comer! Hehehehehe. No finzinho da tarde, conheci o Dr. Paulo Porto!!! Me decidi a me consultar com ele. Ele me passou o e-mil e telefone dele, e o que eu mais queria fazer, é ligar logo para marcar a minha 1ª Consulta... No final, Minda nos levou para a rodoviária de Indaiatuba e seguimos para SP. Minha mãe pegou o trenzinho e voltou para São Caetano. Eu e Taly fomos pra casa de uma amiga nossa, no aniversário da tia dela. No aniversário... Cheguei lá arrebentada, com fome e com dores nas pernas, mas deu pra aprontar bastante e me divertir! Conversamos sobre o IC (claro!!!) E contamos para a galerinha que estava presente, sobre como foi o encontro, e no fim boa parte das lendas que cismavam, foram apagadas. A festa prosseguiu, com videokê e tudo.Eu e Cíntia, "As desafinadas" arriscamos soltar a voz, apesar de sermos surdas.

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Impressionamos algumas pessoas, mas os vidros da casa...humm.... Bom, foi isso!!! Abaixo, em bre uma fotinho do encontro!!! Postado por Princess Alin Nohansen às 4:13:00 PM 1 comentários

Gaby disse... Oi Aline! Muito interessante a sua jornada com o IC. Daqui a pouco vc vai conseguir, estou torcendo mt por vc! Beijão. 23 de Junho de 2007 11:22

Rea Tech - Domingo, dia 15 de abril de 2007 Olá, aqui estou eu como eu disse, para relatar tudo o que cair no meu caminho sobre Implante Coclear. Dessa vez não foi uma coisa muito boa. Ruim, por que não gostei de tal atitude, indiretamente preconceituosa... Boa, por que estou sendo forte. Como tudo aconteceu....Era um domingo agradável, eu estava meio sonolenta e inquieta. Mal consegui estudar para a aula da escola bíblica de domingo. Não conseguia parar de viajar em meus pensamentos. Voava longe, perto, alto e baixo. Preciso urgentemente me controlar, pq isso está me prejudicando e muito. Mas ontem (16/04) orei bastante, e pedi a ajuda de Deus, para que eu me controlasse mais, e mudar certas atitudes minhas e maus costumes: Ultimamente, só tenho ficado na Internet. Simplesmente não consigo mais deixar o PC de lado: Vício? Talvez sim, talvez não. Mas uma coisa está mais forte: Mh busca constante sobre o Implante Coclear. Informações e tudo mais que eu achar pela frente! A causa disso tudo, são as pressões que a comunidad e surda faz em mim : Condenam o Implante Coclear até a morte. Apenas alguns respeitam. E olha lá! Ler sobre o implante acalma minhas tensões, inseguranças... Melhor ainda é conversar com as pessoas usuárias de IC (implante Coclear). Isso tudo eu encontro em um só lugar, por enquanto: Na Internet. E a única coisa que mais acalma meu coração, apesar de tudo é a oração a Deus. Ele é a minha fonte de força, de poder. Ele que me sustenta, me mantém em pé. Tudo está nas mãos Dele. Por isso estou aqui, forte! Apesar de tudo. Decidida a seguir em frente e a relatar tudo o que me acontece. Lá na feira... Era uma enorme feira tecnológica, visando melhorar a vida de muitos deficientes! Incrível! Quando cheguei lá, a única coisa que pairava sobre a a mh cabeça, era encontrar alguma coisa sobre o Implante Coclear. Talvez um stand da ADAP? Ou da Politec? Ou até mesmo algum implantado?? Qualquer coisa que mencionasse o IC, seria válido. O engraçado é, que antes eu andava a procura de pessoas que movimentassem mt as mãos, o corpo... E com esses movimentos, palavras em LIBRAS se formariam: Surdos!!! Mas esse ano, eu me foquei mais na cabeça das pessoas, atrás da orelha, a procura da anteninha. Se eu achasse, iria ter q procurar a coragem em outro lugar, pq sou tímida demais para conversar com pessoas desconhecidas. Apesar de tudo, nada achei sobre o IC e também não vi nenhum usuário.Mas conversei com algumas pessoas que sabiam sobre o IC... Bom, a primeira, disse para eu pensar muito bem. E que tem uns amigos que não deram sorte com o IC. Beleza. Cada caso é um caso. A segunda foi bem escandalosa: Assim que soube que eu pretendo fazer o implante, BUM! Estava deitado lá no chão (desmaio?). chamando a atenção de algumas pessoas a sua volta... Não tive opção, a não ser rir. O cara é um ótimo ator, e foi uma ótima encenação parar generalizar sobre o implante. Creio eu.Depois de ser levantado com a "ajuda" de alguns, ele me disse que o implante é "coisa séria, e é péssimo se implantado nos surdos pré-linguais, pq a identidade deles é surda mesmo, e eles não conseguirão se adaptar com os sons, e podem se arrepender duramente, além de alguns casos de derrame e outros trecos".Bom, a única coisa que gostei do que ele disse, foi: "Você tem o direito de escolher, e os outros não podem ficar te impondo, se deve ou não fazer o IC". e continuou: "Mas pense bem porque isso é coisa séria." Conversei também com um outro surdo, que me disse que "não vale a pena, você tem q se aceitar como é, surda, com sua própria cultura, você fala, anda, escreve bem, vc está ótima assim, não precisa de mais nada.." e mais umas coisas que estou com preguiça de continuar escrevendo... Mas uma coisa que penso e sei: O implante não me transformará em uma pessoa ouvinte. Apenas irá me ajudar. Só não falo aqui, para não ficar criando expectativas muito altas. Isso faz parte das regras. Para mim, que ainda terei minha primeira consulta, ainda esse mês. Seja lá como for, sempre serei surda. Qd eu desligar o processador de fala, voltarei ao meu mundo silencioso de sempre. Próteses? São como "meio-milagres" que Deus permitiu aos homens criarem, para apenas nos ajudarem. Postado por Princess Alin Nohansen às 4:10:00 PM

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Esta sou eu! - Segunda-Feira, 16 de Abril de 2007

Ois! Eu sou a Aline/Alin/Alyn (como preferir). Sou surda de caso desconhecido. Não sabemos se nasci, se perdi ou se sumiu! Hoje, tenho 21 aninhos... Ainda esse ano, que resolvi caminhar rumo ao implante... Na verdade, ano passado eu queria, mas por motivo de fraqueza, desisti. E agora estou aqui, mais forte do que nunca. Assim, porque falei e decidi assim: "Senhor, nas suas mãos deixarei minha vida" e a vontade Dele há de ser feita na mh vida. Se Deus quiser: EM BREVE ESTAREI IMPLANTADA. Vou ir parando por aqui... Até logo! Postado por Princess Alin Nohansen às 4:08:00 PM Segunda-feira, 16 de abril de 2007 - Me apresentand o

Olá, pessoas! É isso mesmo, decidi trilhar o meu caminho, rumo ao Implante Coclear. Claro, com Deus na direção, pois me sinto incapaz de guiar minha vida-toda-loka sozinha... E para o conhecimento das pessoas que se interessam, ou que desejam trilhar o mesmo caminho que eu, abri esse blog. Aqui contarei, como será o meu dia-a-dia, a luta pela busca do implante, meus medos, minhas alegrias, minhas dores, inseguranças e minhas vitórias contra todas essas coisas. E espero que eu possa também, estar relatando o meu dia-a-dia com o implante. Bom, isso a Deus pertence: O futuro. Para Recomeçar... Creio eu, que eu deveria começar o blog contando como tudo começou, como conheci o implante e tal... Sinceramente, eu já tentei e não consegui... Mas não se preocupem, pois aos postares de cada dia, irei relembrando do passado, porque no blog não é possível retroceder a uma data que passou... E é muita coisa que aconteceu: então aos poucos vou relatando. Já que o caminho até a "estrela azul" é longo, até lá tudo estará relatado aqui... Até + Postado por Princess Alin Nohansen às 4:04:00 PM 0 comentários

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ANEXO II

Transcrição do blog do Luis Filipe

Nome do blog: LUIZ FILIPE – EU E O IMPLANTE COCLEAR Início do blog: 25 de novembro de 2003

Número de acessos ao blog até 20/06/2008: 6303

Apresentação

A emoção de voltar a ouvir após o Implante Coclear. Redescobrindo os sons e reaprendendo a ouvir... Relatos de um implantado coclear sobre as redescobertas auditivas, depois de 37 anos vivendo em absoluto silêncio.

Quem sou eu Luiz Antonio Jeller Filipe - paulistano do Brás, sou conhecido como Luiz Filipe. Tenho 44 anos, e sou portador de hipoacusia bilateral do tipo neurossensorial profunda, secundária à meningite desde os 7 anos de idade. Em termos leigos, sou deficiente auditivo bilateral, devido a uma meningite adquirida quando eu tinha 7 anos de idade. Como na época que perdi a audição, já tinha adquirido a fala e estudava normalmente numa escola primária - cursava o pré-primário, sou deficiente auditivo oralizado, ou seja falo normalmente, e faço leitura oro-facial. Após ter perdido a audição, fui para uma classe especial para pessoas deficientes auditivas, onde fiquei 2 anos, e depois fiquei 6 anos no Instituto Hellen Keller de São Paulo. Fiz meus estudos primários em escola normal, e ingressei para o colegial no curso de Técnico, no tradicional Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Sou formado em Técnico em Mecânica, Projetista e Desenhista mecânico pelo, e desenho de plantas de construção. Embora tenha feito a vocação pela mecânica industrial, trabalho há 25 anos na área de Informática. Ingressei em 1979 na antiga Cesp - Centrais Elétricas de São Paulo, depois Companhia Energética de São Paulo. Hoje, chama-se CTEEP - Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista. Comecei como trainee de digitação ainda quando estudava no Liceu de Artes e Ofícios. Depois fui para a área de Programação. Nestes 25 anos de empresa, fiquei apenas em um departamento, o de Informática. Trabalhei com Mainflames, na linguagem Cobol ANS, Assembler, Natural, Natural II, LDT, Visual Basic, e hoje trabalho com o Lotus Notes. Fui paciente do Dr. Olavo Luchetti Ehmke em São Paulo, e Dr. Luis Enrique Escudero de Campinas, que na época eram os melhores otorrinos. Isto na década de 70. Ambos me contaram de um aparelhinho que estava sendo desenvolvido no exterior, que seria implantado internamente. Não falavam o que era esse aparelhinho, mas era o futuro implante coclear monocanal. Meu interesse pelo implante coclear data de 1991, quando visitei o Prof. Dr. Pedro Luis Mangabeira Albernaz, O mesmo me ensinou muito sobre o Implante coclear, e aconselhou a procurar o Dr. Orozimbo Alves Costa Filho, em Bauru, que na época estava começando a utilização de Implantes multicanais. Como era um procedimento novo na época, não fui aprovado ao implante, devido ao tempo de surdez, que na época era 25 anos. O máximo admitido era 5 anos. O tempo passou. Nasceu meu filho Rodrigo, e fui deixando o IC em segundo plano. Nos últimos 2 anos, com o advento da Internet, passei a me interessar novamente pelo Implante Coclear, e pesquisava

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sempre sobre os avanços desta tecnologia. No início do ano de 2003, conheci o FIC - Fórum de Implante Coclear, e fui me aprofundando no assunto. Resolvi procurar o Hospital das Clínicas em São Paulo, e a UNICAMP. Fui aprovado em ambos, e por razões do convenio médico, fiz a cirurgia no Hospital das Clinicas, com o Dr. Arthur Menino de Castilho. Fiz o implante através do convênio médico de minha empresa. No princípio, o convênio não queria bancar o implante, dando as mais imaginárias desculpas. Escrevi para a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia, e através da resposta da mesma, consegui com que o convênio cobrisse todo o procedimento. Infelizmente, ainda a maioria dos planos de saúde no Brasil não cobrem o Implante Coclear, devido ao alto custo do mesmo. Mas com a persistência de muita gente, alguns planos começam a cobrir, seja parcial ou totalmente. Nos outros casos, a via Judicial é o caminho, na grande maioria das vezes, dando ganho de causa ao cliente. A cirurgia ocorreu no dia 23 de Outubro de 2003 às 7h. Foi tranqüila, dentro das expectativas. Fiquei 48 horas no hospital, e 15 dias em recuperação em casa. Durante esse tempo, tudo correu tranquilamente. A cirurgia consiste em colocar 22 eletrodos na Cóclea, que depois serão acoplados através de um imã, a um aparelho externo, chamado processador de fala. A ligação deste aparelho externo ao aparelho implantado, se chama ativação e ocorre de 30 a 40 dias após a cirurgia. Passados quase 30 dias da cirurgia, chegando a hora da ativação do Implante, resolvi construir esta página - um misto de bloger e site pessoal, que foi batizado pelo colega Roner de "BLITE". Não pretendo seguir a maioria das páginas existentes, onde contam a história de uma vida. Pretendo com esta páginas, contar através do blite o meu dia a dia após a ativação, e fornecer informações úteis para meus irmãos no silêncio, para que os mesmos tenham uma fonte de pesquisa, com o básico sobre o Implante Coclear, e resolvam se candidatar ou não ao implante. Noto que o Implante Coclear ainda é muito desconhecido pela maioria da população, e muitos passam horas na Internet em busca de informações. Com meu blite, pretendo que as pessoas achem as perguntas e as respostas sobre o Implante Coclear em um só lugar. Para os navegantes que por algum motivo vierem a cair nesta página, serve também para compartilhar conosco as maravilhas desta tecnologia, que se chama Implante Coclear. Como não poderia deixar de ser, reservo umas linhas para deixar agradecimentos. Agradeço primeiramente ao Grande Criador do Universo. Agradeço também a todos os Irmãos Invisíveis que sempre estão velando por nós. Agradeço a todos aqueles que conheci ao longo de minha vida. Cada um que cruzou comigo, foi um mestre, um companheiro, um amigo. De cada um, recebi uma lição. Aos professores que tive durante minha escolar. De cada um, recebi um ensinamento. Cada um deixou sua marca. De cada um, até hoje procuro tirar proveito de suas lições. Agradeço a meus familiares, pois foi sempre o desejo da minha família que eu voltasse a ouvir. Todos deram apóio e vibraram com os sucessos alcançados. Muitos já se foram, mas acredito que vibraram comigo a conquista. Agradeço a minha querida mãe, ao meu irmão, a minha esposa Tute, ao meu filho Rodrigo por todo apóio que tive, razão pelo qual sempre fui em frente lutando. E ao meu saudoso pai, que com certeza estaria vibrando aqui comigo, mas acredito que toda essa aventura que passei foi obra do "velho" em algum lugar acima de nós... A todos os amigos do GUICOS/FIC - Grupo de usuários de Implante Coclear e Simpatizantes/Fórum de Implante Coclear, em especial aos amigos Roner Dawson Barbosa, Fernando Ramos Castilho Cabral com quem divido a moderagem e Maurício de Sá, pelo apóio e aprendizagem que adquiri sobre o IC. Aos companheiros eletricitários da CTEEP e CESP, companheiros de longas lutas, em especial a Rosely Guizi, Antonio Carlos Santoni, Dr. Edson Silveira Evangelista e Sueli Cristina Marques, que "emprestou" muitas vezes os ouvidos dela, para marcação de consultas, retornos, brigas com o convênio. Também deixo registrado meu agradecimento para o Prof.Dr. Pedro Luis Mangabeira Albernaz, ex Titular da Disciplina de Otorrinolaringologia da Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, que me iniciou no implante coclear. Ao Dr. Paulo Rogério Cantanhere Porto, Responsável pelo Programa de Implantes Cocleares da UNICAMP. As Fonoaudiólogas Maria Valéria Goffi Gomez e Mariana Guedes, do Hospital das Clinicas de São Paulo. Agradeço especialmente ao Dr. Arthur Menino Castilho, o prestimoso médico otorrino que realizou minha cirurgia com desprendimento e muita competência. Ao corpo clinico e funcional do Hospital das Clinicas de São Paulo, e em especial ao enfermeiro da sala de pré-operatório, que não pequei o nome, que após pegar meus dados e histórico, olhou para mim firmemente deitado na maca, colocou sua mão em meu ombro, e falou pausadamente: "Fica tranquilo; vai firme. Pensamento positivo, vai dar tudo certo". Nunca mais o vi. Mas este gesto amigo ficou e ficará marcado em mim para sempre. Cidade de São Paulo, Vinte e cinco de Novembro de dois mil e três

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DOMINGO, novembro, 26, 2006. 3 anos de Ativado. Relatos de um implantado Hoje faz 3 anos que fui ativado. Resolvi neste dia, reler as anotações que coloquei aqui. Principalmente a primeira, onde relato a minha ativação; a minha volta ao "mundo sonoro". Ao mesmo tempo em que leio o que escrevi na época, encosto na cadeira e procuro vivenciar aquele momento. Momento único. Diria que foi um momento emocionante. O que mais me marcou naquele dia foi quando a Fga. Mariana ligou todos os eletrodos de uma vez, e eu dei um salto da cadeira, assustado. O segundo momento foi quando ela ligou o implante sem avisar, e eu, confuso, ouvia barulhos, de todos os tipos, sem saber o que era de onde vinham e nem sabia o que estava acontecendo. Somente após uns minutos, percebi que aqueles barulhos eram a minha própria voz! Voz da minha esposa, da Mariana falando. Da confusão, passou para a emoção. Os relatos neste Blog vieram naturalmente, na proporção que eu ia "redescobrindo" os sons. No começo, tudo era "novidade" para mim. Depois, passaram a fazer parte do meu cotidiano, e meu ouvido ficou "seletivo", a ponto de selecionar o que quero ou não quero ouvir. Todas as pessoas fazem isso - selecionam o que querem ouvir ou ver - os implantados também. Mas possuem a vantagem de poder desligar o processador de fala também. Três anos de ativado... Minha ultima postagem aqui foi em Junho de 2005. Mais de um ano atrás. Neste tempo todo que fiquei sem postar, muita coisa mudou. Tive grandes progressos auditivos, minha voz melhorou bastante, a discriminação dos sons também. Não que já esteja 100%, mas já tenho várias melhoras, tanto que consigo montar frases quase inteiras sem o auxilio da LOF. Ainda não consigo discriminar 100% no telefone, mas já consigo discriminar muitas coisas. É um grande progresso para quem ficou mais de 37 anos no absoluto silêncio. Tenho muito trabalho ainda pela frente, muitos sons a serem conquistados, o processador de fala ainda deverá sofrer outros ajustes até que se consiga um ajuste perfeito, de modo que consiga cada vez mais melhorar minha audição biônica. É um longo caminho a seguir conforme eu previa quando resolvi me submeter ao implante. Uma boa parte deste caminho já foi percorrido, e ainda falta muito a percorrer a passos lentos. Não quis deixar em branco este dia. Deixo, pois, registrado aqui mais um aniversário de minha volta ao mundo sonoro, agradecendo ao bom Pai pelas conquistas que tive durante os dias destes anos que se passaram. Nos próximos dias, pretendo postar mais relatos, procurando relatar meus progressos e conquistas que tive, bem como as que terei. Grandes ou pequenas. Tanto faz. Para um surdo todo som é Música. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 10:49 PM Faça seu comentário: 9 Oi que fantástico! Vou fazer o implante também! E por favor, comente aqui... Beijos Jéssica Rhayane | 08-07-2008 22:13:15 Caro Felipe! Sou pai de um lindo garoto com surdez severa de 3 anos e estou correndo para poder fazer o implante para ele saber que tanto o pai dele enlouquece com aqueles cabeludos batendo naqueles troços com cordas... Força e Fé!!! Anderson | 13-03-2008 02:27:46 Sou estudante de fonoaudiologia e fui procurar sites sobre implante coclear, pois tenho um paciente implantado! Obrigada por dividir todos esses sentimentos! Na verdade eu não teria noção nenhuma do que ele sente e não tivesse lido o que você sentiu! Acho até que cada um é diferente do outro, mas deu para perceber que cada progresso seu foi relatado com carinho e com uma imensa alegria! Espero proporcionar ao meu paciente tudo o que te foi proporcionado! Parabéns pela naturalidade com que você trata esse assunto...Que pode e DEVE ser natural! Obrigada! Thaís | 02-03-2008 16:49:11 Meu nome é Arnoldo Benkesntein. Sou Bolsista de iniciação científica do CNPq e participo do grupo de pesquisa Projeto Blogs como Ferramenta de socialização e inclusão de Portadores de Necessidades Especiais. (PNE), sob a orientação de Prof. Dra. Sandra Portella Montardo (Feevale) e Prof. Dra. Liliana Passerino (UFRGS). Na atual fase do projeto, após a análise de blogs de familiares de autistas, estamos mapeando blogs que abordam assuntos relativos à deficiência auditiva. Devido à qualidade da informação observada no seu blog, incluímo-lo na nossa lista de sites pertinentes para o mapeamento. Visando o melhor entendimento de como blogs como o seu podem efetivamente promover a inclusão social de PNEs, gostaria de solicitar-lhe o fornecimento de alguns dados que devem ser enviados para o e-mail [email protected]: Nome: Você é portador de alguma necessidade especial relativa à deficiência auditiva? Se sim, qual? Sexo: A simples resposta desses itens são muito importantes para o sucesso de nossa pesquisa. Blogs como Ferramenta | 20-01-2008 21:09:09

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Gostaria de expressar a você o quanto me sinto feliz em poder constatar seus progressos pós-implante. Também implantei em nov/07, graças a Deus está correndo tudo bem, a cada dia sinto que consigo melhor um pouco mais, como você. Que Deus o ilumine e continue assim, com fé e otimismo. Um abraço. Carlos Duarte - Belém-Pa, 27/09/2007 Carlos Duarte | 27-09-2007 18:14:07 Nossa que maravilha, adorei encontrar seu site, justamente quando estou passando pelo mesmo processo com meu filho. No dia 08/10 ele estará fazendo a ativação do implante em Curitiba. Espero poder manter contato.Um abraço forte! Isolde J. Zappas | 27-09-2007 13:30:36 Ola Felipe, adorei ler este seu relato. Muitas vezes qdo estamos de fora do percurso, por mais que tentemos entender nos faltam muitas coisas, pois nada mais importante que a própria experiência e a própria sensação. Adorei mesmo ler, pois eu fico do outro lado... Fico na observação das evoluções de meus trabalhos, nas reações dos meus clientes e amigos. Essa possibilidade de tentar visualizar ao processo é fundamental... Muito obrigada por essa possibilidade Abraços carla | 11-07-2007 23:05:24 Olá!! Encontrei o seu blog e gostaria de seguir por perto o seu percurso... Visto que já foi implantado há 3 anos e tem tido muitos progressos... Ainda não estou 100% informada quanto ao implante coclear. Sou portuguesa, tenho 24 anos, sou surda com grau severo e uso próteses. Beijinhos! Confissões | 02-05-2007 08:29:34 Meu maior desejo é que minha filha fosse contemplada com um implante coclear. To muito feliz de encontrar esse site e poder receber de todos alem de vc informações precisas para mim que moro tão longe, Surubim - PE Um grande abraço Valdelia. Valdelia | 05-04-2007 22:30:04 DE VOLTA Após um longo tempo, resolvi hoje dar um pulinho ao meu Blog. Faz um bom tempo que nem abria esta página. Vejo que de seu lançamento até hoje, mais de 3 mil pessoas estiveram aqui. Resolvi voltar a escrever. Até a senha e login, quem diria, esqueci. Procuro por meu fiel arquivo onde gravo dados importantes, e felizmente, acho a dita senha e o login. Cá estou, pois de volta. Assim, espero pelo menos, deixar este espaço um pouco atualizado. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 10:40 PM Faça seu comentário: 1 Viva Filipe! Muito bom saber que esta de volta. O IC no Brasil vai se desenvolvendo pouco a pouco e o seu Blite precisa acompanhar este processo. Abraços sonoros! Walter Kuhne Júnior Implantado no HCFMUSP Dr. Arthur Menino Castilho Nucleus 24 Contour + ESPrit 3G IC=11/01/2006 Ativação=16/02/2006 São Paulo - S.P. Walter Kuhne Júnior |27-11-2006 13:08:57 Sexta-feira, Junho 24, 2005 Voltando aos relatos de um Implantado Outro dia, minha amiga e fonoaudióloga Cristina Lucia Onuki, escreveu para mim no FIC uma bonita mensagem. O que me chamou mais a atenção nesta mensagem, foi o seguinte texto abaixo: "...Há algum tempo você descrevia mais sobre suas evoluções. Sabemos que as evoluções com o tempo vão ficando cotidianas, mas não podemos deixar de enfatizar isso aos demais, aos que estão começando na reabilitação, aos que estão iniciando no processo para o IC." Isso me levou a fazer uma pausa brusca em minha vida corrida. Levou-me a parar, fazer uma meditação. Cristina Onuki tem razão. Volto para trás, como uma máquina do tempo. Lembro-me que quando estava prestes a fazer a cirurgia, e durante meu período de recuperação pós-operatório, tinha resolvido fazer um Blog, onde pudesse deixar registrado minhas conquistas e reconquistas auditivas. Lembro-me que na época, tive que procurar, procurar e pesquisar muito na Internet sobre o IC. Lembro-me que o Roner me chamou uma vez de "pesquisador oficial do FIC". Tudo isso eu me lembro. Porque parei, após o ultimo mapeamento, há 7 meses atrás? Não foi só a falta de tempo. Estaria mentindo se dissesse isso. Cris Onuki diz tudo na mensagem. Evoluções vão ficando cotidianas. Continuo a voltar para trás, e me lembro de uma mensagem que um veterano implantado, meu amigo Augusto Wanamakulu (Guto) colocou uma vez no FIC para uma amiga "... no primeiro ano do implante, é tudo pura emoção. São sons que são descobertos, redescobertos. Depois do primeiro ano, os sons tornam-se cotidianos, e após passar essa fase de emoções, as descobertas tornam-se

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mais lentas. Mas novos sons são descobertos também...". Pois é... O barulho da furadeira, das panelas batendo na pia, do ônibus, do telefone tocando, e tantos outros sons que fui descobrindo... Tudo era emocionante. A primeira vez que ouvi a furadeira furando concreto no apartamento de cima, achei bárbaro! Fui até a área de serviço, e peguei a minha para fazer um furo na parede também. Hoje, nem quero saber de fazer furos com o IC ligado. Muitos sons se tornaram irritantes, como os telefones tocando sem parar aqui no trabalho. Outros, como o barulho do motor do ônibus, e tantos outros barulhos que ouço no meu dia a dia, se tornaram parte de meu cotidiano, e por isso, nem ligo... Meu cérebro aprendeu, e continua a aprender a selecionar os sons que quer ouvir. E muitas vezes, fico sem o IC, curtindo o silêncio. Aprendi a conviver pacificamente com o IC e com o Silêncio. Mas, mesmo assim, continuo a evoluir com o IC. Muitas evoluções, e sons descobertos, embora de forma lenta. Mas não vejo que isso seja motivo para parar de relatar minhas evoluções auditivas, que fazia há um tempo atrás. Podem ser banais para mim, mas de grande valia para outros. Vou então continuar neste Blog relatando minha evolução auditiva, mesmo que lentas lembrando as palavras do saudoso Dr. Pedro Bloch na ACTA AWHO: “O implante coclear me faz pensar e sentir que um mero ruído ambiental, tão banal para nós, tão ignorado pelos que ouvem, pode significar para o surdo uma sinfonia de Beethoven" Pausa do almoço, Meditando na Igreja de São Luis Gonzaga. Av. Paulista. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:41 PM Faça seu comentário: 5 Oi, fiquei tocada com sua história e decidi escrever... Eu também tenho uma deficiência auditiva (surgiu mais ou menos com 6 anos), mas no meu caso, o implante não é o melhor. A minha esperança é que a ciência consiga desenvolver transplante de células ciliadas da cóclea, pra que eu não precise usar aparelho auditivo! Sabe, eu não me conformei com essa condição. Mas a bíblia diz que "todas as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus, e que são chamados segundo o seu propósito" (Romanos 8.24). Prazer em conhecê-lo. Muitas felicidades. Danielle | 30-11-2005 21:11:16 Olá, sou novo por aqui. Também uso o IC faz 7 anos e gostaria muito de comentar alguns casos com pessoas que também o usam. Não sou muito de usar meu blog, seria legal se vc pudesse entrar em contato comigo pelo e-mail, beleza? Vamos compartilhar experiências, afinal, vc está começando e eu já faz um bom tempo... Obs: Vc é oralizado? Valeu. Tiago Silva | 27-09-2005 12:08:41 Ola Filipe, eu me confundi na msg que eu deixei, mas de qualquer forma peço que você entre em contato comigo para esclarecer mais sobre sua experiência com o IC, e tbm aproveito para dizer o quanto esse blog e ótimo, acredito que quanto mais informações, fica mais fácil de lidar com a situação, e é isso que você esta fazendo, nos dando mais informações, mais uma vez agradeço se você tiver a oportunidade de entrar em contato comigo. =) Andrea | 03-07-2005 23:38:52 Ola Filipe, adorei muito seu blog, eu conheço uma criança, a qual eu amo muito, q e implantada, já fez um ano, só agora q ele esta dando resposta ao tratamento, acredito q seje o caso do seu filho Leo, gostaria q vc me escrevesse relatando mais sua historia, como está seu filho hoje? Aproveito aki para deixar uma msg q eu aprendi; Deus sabe para kem mandar um D.A., e p/ pessoa poder desfrutar do simples som da natureza, q para os ouvintes quase sempre passa despercebido, o canto de um pássaro, o vento soprando na árvore, um cachorro latindo, a chuva, enfim todas as coisas maravilhosas q temos e talvez não damos todo valor merecido, aproveito tbm para agradecer ao Dr. Orozimbo. Bem, espero q vc me escreva. Fikem com Deus. Andrea | 01-07-2005 23:28:21 Olá Luiz Antonio, sua forma de contar a evolução do IC, faz com que a gente tenha um pouco de conhecimento dos benefícios que isto pode ocasionar ao deficiente auditivo. Tenho uma filha com surdez severa, a qual tem um filho, o Leo, implantado, há mais de um ano, o qual irá completar três anos em agosto. Foi implantado pelo Dr. Orozimbo em Baurú; tenho ido várias vezes levá-lo para suas reconsultas. É um verdadeiro milagre da ciência. Gostaria muito que a Adriana, mãe do Leo, também pudesse ser implantada. Não sabia eu que pessoas já com mais idade também podem receber IC. Iremos a Baurú em principio de agosto, levar o Leo; tentaremos iniciar um trabalho para que a Adriana possa também receber este verdadeiro milagre da ciência e de Deus. Jaime Guzzo | 27-06-2005 20:37:26 Sexta-feira, Novembro 26, 2004 UM ANO ATIVADO "O implante coclear me faz pensar e sentir que um mero ruído ambiental, tão banal para nós, tão

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ignorado pelos que ouvem, pode significar para o surdo uma sinfonia de Beethoven" (Frase proferida pelo Dr. Pedro Bloch para Guimarães Rosa - uma das minhas preferidas) Hoje faz um ano em que fui ativado. Diria, assim como tantos outros... "Puxa, passou rápido...” Pois é. Passou rápido mesmo. Comemorar? Bolo ou pizza? Não sei. Sou avesso às comemorações. Mesmo meu aniversário, gosto que passe despercebido, como um dia qualquer. Gosto de ficar no meu cantinho. A idéia de comemoração partiu da minha fono, Sonia Iervolino, ontem, durante minha sessão de fonoterapia, antes de irmos ao consultório da Valéria Goffi para novo mapeamento do IC. A própria Valéria falou a mesma coisa - Vai comemorar? Eu disse - "comemorar o quê?" - Ora, as suas conquistas, suas vitórias, os sons que você conseguiu ouvir... Digo simplesmente que as conquistas e as vitórias acontecem no ato, e no ato são comemoradas. Não sei se terei bolo à noite. Mas pizza, com certeza terei. Toda sexta é dia de pizza em casa... Comemorações, veremos. É...Passou um ano. 365 dias. Desde o momento que a Fga. Mariana Guedes do HC-SP começou a ligar os eletrodos, um por um, fazendo vibrar a cóclea a cada eletrodo ligado, desde o momento que ela ligou todos os eletrodos, fazendo com que eu desse um pulo da cadeira, e quando ela ligou o microfone definitivamente, fazendo com que eu, no maior espanto, ficasse ouvindo as vozes, os barulhos da sala, com uma cara de espanto e incrédulo, muita coisa mudou. Dos primeiros sons que ouvi, iguais, estranhos, alguns dizem "horríveis", até os que ouço hoje, muitas conquistas sonoras eu tive durante esse ano. No começo era tudo igual, parecia tudo um só som. E com os dias, com os treinos, com os mapeamentos, os sons foram se abrindo, como um leque. Nos primeiros meses, tive os eletrodos 1, 2 e 3 desligados, pois não ouvia nada de agudo (ouvia mas meu cérebro não conseguia interpretar), e agora tenho todos 22 ligados. Ouço com todos. É... Foram tantas conquistas sonoras nesse tempo que se passou. Algumas foram tão significativas, que me fizeram vibrar. Outras, nem tanto. Algumas passaram despercebidas, mas de uma forma geral, tudo que veio foi lucro. Houve, sim, algumas decepções. Muitas por dizer. Mas faz parte. É natural que houve. Mas somando todas conquistas que consegui, somando todos os pontos positivos, eu diria que valeu. Valeu, sim. Valeu ter corrido pelo IC. Valeu ter brigado com o plano pelo IC. Valeu ter acreditado, que mesmo que os resultados não fossem, os esperados, o que veio foi lucro. Valeu, então tudo. Faria tudo novamente se precisasse. Na vida, seja o que for, tudo vale a pena. Apesar de tudo, não poderia deixar essa data passar em branco. Meio-dia. Hora do almoço. Sol quente. Dirijo-me à Igreja que fica próxima ao local do trabalho. É grande. Enorme. Ta quase vazia nessa hora. Semi-escuro. Escolho um lugarzinho lá no fundo. Vazio e quieto. Junto a Imagem do Cristo Crucificado. Desligo o processador de fala, assim fica tudo mais silencioso. Prefiro assim, no silêncio. O Silêncio que foi meu companheiro de 37 longos anos, com o qual aprendi muita coisa. Ainda convivo com ele quando quero. Gosto dele. No silêncio, consigo me concentrar melhor, me analisar melhor. Conversar com Deus. Ajoelho-me e com o Terço na mão, rezo. Faço uma meditação, uma retrospectiva de tudo o que aconteceu durante esse ano de implantado, as conquistas, as vitórias, as decepções. Analiso todas. Emociono-me com algumas. Um pequeno sorriso escapa quando me lembro de outras. No fim, chego a conclusão que tudo valeu a pena.Agradeço a Deus, a família, aos médicos, fonos e a todos que compartilharam comigo estas conquistas durante esses 365 dias. Termino as minhas orações, saio silenciosamente da igreja, e em plena e movimentada Avenida Paulista ligo o processador de fala. E neste exato momento, volto a fazer parte do conturbado mundo sonoro em que vivemos. Igreja de São Luís Gonzaga Avenida Paulista - Cerqueira Cesar - São Paulo-SP. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:45 PM Faça seu comentário: 4 Oi, Luiz, antes de mais nada, muito obrigada por me adicionar no Orkut. Agora que consegui parar de chorar um pouco, emocionada com tudo que pude ler aqui, me sinto mais forte para lhe dizer que o que você diz sobre seus sentimentos e suas sensações no limite som/silêncio deve ser muito parecido ao que meu filho Felipe, com 4 anos e 2 de implante no próximo dia 23/07, deve pensar e sentir. Ele ainda não vocaliza muito e ainda está se iniciando nas libras para poder transitar nesses dois mundos. Acho que fiz a escolha certa, mas tem horas que tenho muitas dúvidas. Como alguém falou em outro comentário, também sou muita grata ao Dr Orozimbo e à querida Dra Cecilia, além de todos da equipe. Por favor, me escreva se sentir vontade. Felicidades. Obrigada pela oportunidade. Parabéns pelo blog. Izabela Domingues 02-07-2005 00:40:43 Parabéns por essa iniciativa Luiz Filipe! Quando minha Fonoaudióloga me deu o endereço de seu blog, fiquei curiosa e à noite, em casa, entrei na Internet e li sua emocionante história. Por incrível que pareça, muito semelhante à minha! Perdi a audição aos 9 anos, conseqüência da meningite, fiquei 29 anos sem ouvir e em janeiro de 2003 fiz o implante coclear no Hospital das Clínicas de São Paulo. Foi um sucesso! Embora ainda precise um pouco de leitura labial, já consigo ouvir bem: vozes das pessoas, passarinhos cantando e uma infinidade de outros sons que antes nem sonhava em ouvir. Até músicas do Roberto Carlos, que eu lembrava de ter ouvido na infância. Por tudo isso, sinto que tenho muito a agradecer à Equipe de Implante Coclear da

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Fundação Otorrinolaringologia de SP, em especial ao Dr. Rubens Vuono de Brito Neto e a Fonoaudióloga Mariana Guedes. Parabéns por você ter relatado tão bem essa experiência maravilhosa! Felicidades a você e sua família! Lorena L.Amaral-SC Lorena | 17-04-2005 20:06:33. Oi Luiz! Tudo bem? Parabéns pela suas conquistas. Eu sou uma implantada, mas nunca tive nenhum resultado. Fiz o implante multicanal duplo a 4 anos em Bauru mas até agora nenhum som apareceu, sou triste por não ter conseguido nenhum resultado, mas fico feliz por vc, eu estou 7 anos sem ouvir e vc ficou 37 anos imagino como vc se sentiu ao perceber os sons e fico muito feliz por vc. Abração de quem sabe o que é a vida sem som, ruídos, barulhos etc... Janaina SC Janaina Mendes Patri | 08-02-2005 17:23:59 Oi Luiz Felipe!!! Estava lendo o seu blog, achei maravilhoso cada declaração sua, a importância q vc deu de ouvir o tocar o telefone, o barulho da ambulância, ou seja, cada som. Não sei se vc lembra, mas eu entrei agora no grupo FIC do Yahoo, sou estudante de fonoaudiologia e estou adorando cada relato q leio de cada pessoa, eu não tinha idéia o significado q tinha voltar ouvir, msm pq eu nunca passei por isso, só tinha ouvido falar. Mas, o q eu achei mais impressionante é q vc relatou q passou 37 anos sem ouvir? Foi isso msm? Realmente eu estou impressionada, Não teve nenhuma complicação na sua cóclea, ou alguma coisa parecida com todas as suas estruturas da audição? Porque foi muito tempo sem ouvir... Pra falar verdade fico muito feliz por ter dado certo o seu IC, por vc está satisfeito e tudo de bom é isso, Bom Natal pra vc e toda a sua Família... Carol Spalato | 22-12-2004 22:57:06 Novos Mapeamentos Ontem, véspera de meu primeiro ano de ativação, estive no consultório da Fga. Valéria Goffi, junto com a minha fono Sonia Iervolino, para remapear o processador de fala. É meu último mapeamento trimestral, pois a partir de agora, estarei mapeando a cada 6 meses. Foram colocados 3 novos mapas: P1 - mapa antigo - backup para caso não me adaptar aos novos mapas; P2 - novo mapa. Estratégia ACE com autosensibilidade e velocidade normal; P3 - novo mapa. Estratégia ACE com autosensibilidade, e alta velocidade de estimulação dos eletrodos. P4 - novo mapa. Estratégia ACE + ADRO com alta velocidade de estimulação dos eletrodos. Estou usando a pedido da Valéria, o P3 e o P4 nos próximos 20 dias. Ela pediu que eu fizesse um "sacrifício" com essas estimulações de alta velocidade, para ver como eu reagirei aos sons. Depois, vou postando aqui, como foram as minhas impressões de ouvir em alta velocidade de estimulação coclear. Até hoje, só usei velocidades moderadas, e também a baixa velocidade do SPEAK. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 12:26 PM Faça seu comentário: 2 Luiz Felipe, Meu nome é Adelaide e sou mãe do Gabriel (implantado), que tem 10 anos, moramos no Rio e há 07 anos foi implantado. Estava lendo seus relatos e me surpreendi qdo vc diz q há época que usou aparelho tb no seu OE teve a sensação de estar ouvindo pelos 02 ouvidos. Como está hoje, continuas usando nos 02 ouvidos? Te confesso, que sempre achei ser bobagem a utilização de aparelho no outro ouvido, não implantado. Gabriel nunca usou, também por ter sido implantado aos 03 anos não poderia (acredito) ter este relato. Não sei se me fiz entender, é q depois do q li, estou me sentindo meio culpada em não ter utilizado nele tb (tb não me foi recomendado pelo médico dele, mas eu via aqui no Brasil). Apesar de Gabriel estar ótimo, fala tudo, tel., TV, escola, enfim, tem uma vida graças a Deus normal, será que ele estaria ainda melhor? Me dê sua opinião sincera, vc já é adulto e pode avaliar bem esta questão. Parabéns por suas conquistas e cada dia mais e mais serão maiores. Obrigada, Adelaide. Adelaide Pimenta | Email | 07-02-2006 09:30:46 Na realidade não são comentários e sim dúvidas, posso usar esse meio de comunicação para fazer algumas perguntas? Estou perto de fazer o implante. Agradeço desde já Cláudia Claudia Assis Costa | Email | 09-09-2005 20:54 Atualizando o Blite - Relatos de um Implantado Entrando hoje aqui, vejo que estou desde o dia 15 de Setembro sem atualizar. Passado a primeira fase, onde as descobertas e redescobertas sonoras eram constantes, agora parece que tudo vem mais devagar. Muita coisa aconteceu nestes 3 meses, desde a última postagem que fiz. Acostumei

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com vários sons, novos ou velhos. Tenho facilidade de identificar alguns barulhos. Escuto na rua, no ônibus, a sirene de uma ambulância, carro de polícia ou bombeiros, de longe, quando vem se aproximando. Algumas vezes, sei de onde a sirene vem. Já consigo ouvir a seta do pisca-pisca do meu carro, embora não sempre. Sempre tive curiosidade de ouvir, pois sempre soube que a mesma fazia barulho, embora baixo. Tenho tido progressos com minha fono. É um trabalho lento, persistente. Consigo, discriminar algumas frases fechadas, algumas palavras, e fragmentos de palavras. No trabalho, antes ouvia os telefones tocarem. Parecia um só som em todos. Hoje ouço, e quase identifico qual o que toca. O do meu colega Mauro, que senta na minha frente, é irritante. Alto, chama qq atenção. Outro tem uma espécie de toque mais longo. Alguns são baixos outros diria que são médios. Quanto aos sons, fiquei mais seletivo. Antes usava o processador sem a autosensibilidade ligada. Hoje, estou sempre com ele em autosensibilidade. Alguns sons me irritam. Enfim, estou mais seletivo, escolhendo o que quero ou não quero ouvir. Já consigo identificar em minha casa, a voz de minha esposa e de meu filho. Somente eles em casa. Se fossem misturados com outras pessoas, dificilmente, identificaria. Não consigo ainda, distinguir voz feminina ou masculina. Questão de tempo ainda. Embora, note pequenas variações entre as vozes de colegas de trabalho - pequenas mesmo - ainda parece que todo mundo tem a mesma voz. Tudo isso, são progressos, que estão vindo, embora devagar, mas vindo. São também conquistas. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 12:18 PM Faça seu comentário: 0 Usando ASSI Nos últimos 15 dias, usei dois modelos de AASI no ouvido esquerdo (não implantado). O objetivo era testar se há algumas melhoras usando o IC conjuntamente com o AASI. Usei para testes dois AASI emprestados pela minha fono. Como sou quase anacúsico do OE, os ganhos são muito poucos, caso eu utilize apenas o AASI com o IC desligado. Apenas sons graves, na freqüência de 500 Hz a 250 Hz consigo perceber, mesmo assim com ganhos mínimos. Na próxima consulta faremos uma audiometria para avaliar qual foi o ganho com o AASI. O interessante de tudo isso, como falei acima, é que o ganho é mínimo. Mas com o IC ligado, a coisa muda de figura: parece que o som do IC passa também para o OE. Em outras palavras, parece que estou ouvindo com o IC pelos dois ouvidos. É uma sensação engraçada. Quando estou apenas com o IC, percebo que o som vem pelo OD, e sinto um "vazio" no OE. Mas com o AASI ligado, mesmo não ouvindo nadica, o som do IC parece que vem pelos 2 lados, e muitas vezes, não soube responder por qual ouvido estava ouvindo, o OD ou o OE. Diria que estou ouvindo em Sterreo. Já devolvi os AASI. Talvez teste outro, talvez volte a testar um dos 2 modelos que testei novamente, por um período mais longo. É uma coisa que vou avaliar com minha fono mais para frente. Por enquanto nem penso em adquirir um AASI, sem saber quais ganhos terei. Ainda vou testar novamente, e se for o caso, tento um pelo SUS. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 12:09 PM Faça seu comentário: 0 Quarta-feira, Setembro 15, 2004 Encontro do FIC-Guicos em São Paulo O FIC - Fórum de Implante Coclear da Internet e GUICOS - Grupo de Usuários de Implante Coclear e Simpatizantes, estará promovendo mais um ENCONTRO DE IMPLANTADOS, SIMPATIZANTES, CANDIDATOS E INTERESSADOS EM GERAL NO IC em São Paulo. Devido a agenda cheia, onde já tem encontro no Paraná sendo organizado, as provas de fim de ano, festas de fim de ano, talvez esse seja o ULTIMO encontro de SAMPA para este ano. PORTANTO participem!!!!!! Sua presença é FUNDAMENTAL!!!! DATA - 19/09/2004- Domingo HORA - a partir das 14h30min Horas - quem quiser, pode chegar mais cedo.Aproveitem e tragam a família inteira. LOCAL - Praça de Alimentação do Shopping Center 3 ( Piso Paulista, em frente da Drogasil e Gelateria Parmalat). ENDEREÇO - Shopping Center 3 - Avenida Paulista, 2038 - Esquina com Rua Augusta. LOCALIZAÇÃO - Fica em frente ao Conjunto Nacional, e espremido com o Banco SAFRA e McDonalds. COMO IR - Carro, metro ou ônibus. ONIBUS - Qualquer ônibus que passe pela Av. Paulista serve, assim como os ônibus que sobem e descem a Augusta. ONDE DESCER: Em frente ao Conjunto Nacional (há pontos de ônibus em ambos os lados da avenida). se vier pela Augusta, descer nos pontos próximos ao cruzamento da Paulista.

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METRO - Linha Verde (Ana Rosa - Vila Madalena). Descer na Estação Consolação e subir pelo lado onde a placa indica "Augusta-Centro). ESTACIONAMENTO - Há um embaixo do Shopping Center 3. Entrada pela Rua Luis Coelho, que fica atrás do Shopping, paralela com a Av. Paulista. Preço único nos fins de semana de R$ 6,00 por 12 horas. CONTAMOS COM A PRESENÇA DO MAIOR NÚMERO POSSÍVEL DE IMPLANTADOS E SIMPATIZANTE. A UNIÃO FAZ A FORÇA!!! PARTICIPEM!!!!!!!!!!!! ABRAÇOS, LUIZ FILIPE MODERADOR DO FIC-GUICOS #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 4:09 PM Faça seu comentário: 0 Terça-feira, Agosto 31, 2004 Com Sonia Iervolino - testando o novo mapeamento Ontem estive em nova sessão de Fonoterapia. Começamos os testes com o novo mapeamento. Percebo que este novo mapa é bem mais legal que o outro, onde tenho a sensação que o som é mais nítido. Fizemos vários exercícios com palavras e frases, e notei que estou tendo mais facilidade em fazer discriminação de palavras.Tive bastantes acertos, e também erros. Mas ainda é cedo para avaliar o este novo mapa. Consumo de bateria O consumo de bateria recarregável não difere muito do último mapeamento. Cerca de 8 horas, com uma pilha recarregável de 1700 Mha. Ainda não testei o tempo de duração com pilhas comuns Alcalinas. Mas qualquer dia vou ver. O consumo com a estratégia SPEAK, ainda continua imbatível. 14 horas com 1 pilha recarregável. Fato Marcante. Até que enfim!!!! Consegui no último domingo, ouvir o barulho da seta de pisca-pisca de meu carro. Sempre soube, desde que tenho carro, que quando a gente liga o pisca-pisca, faz um barulhinho. Desde que fui implantado, tive a curiosidade de ouvir esse barulhinho, e em diversas situações, tentei escutar. E nada. Domingo, fui buscar meu filho na casa de um amigo dele, e ao parar num semáforo, aguardando a hora dele abrir e virar para pegar outra rua, com o pisca-pisca ligado notei um barulhinho, parecia algo martelando. Olhei para o painel, onde a luz estava piscando. Desliguei o pisca-pisca, liguei novamente e repeti novamente a operação. Era ele mesmo. O fato aconteceu na Avenida Padre Vicente Melilo, em Osasco, quase ao lado da Cidade de Deus, sede do Bradesco. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 3:00 PM Faça seu comentário: 0 Quinta-feira, Agosto 26, 2004 Novo mapeamento. Resumo dos últimos 2 meses. Progre ssos auditivos. Relatos de um implantado. Atualização do Blite Estou 2 meses sem atualizar o Blite. Como sempre, a falta de tempo é o vilão da história. Estou então fazendo um resumo dos últimos 2 meses. Pretendo a partir de agora, atualizar pelo menos uma vez por semana. Também, em breve, vou atualizar todas as informações sobre o IC aqui, bem como colocar novas informações, e fazer algumas melhorias. Aguardem. Conquistas sonoras Continuo evoluindo em minhas conquistas sonoras. Eu diria de forma geral, que os sons vão ficando cada vez mais nítidos, como um leque que se abre. É difícil, tentar explicar como vou evoluindo, mas eu simplesmente sinto. Minha fono, também tem comentado isso comigo. Melhor seleção dos sons Outra coisa que merece destaque, é que estou mais seletivo agora em relação aos sons. Antes, nos primeiros tempos com o IC, qualquer som era bem-vindo, seja de uma furadeira, panelas batendo, etc... Hoje acontece o contrário. Me irrito facilmente com determinados sons e tem outros que as

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vezes, não suporto. Igual aos ouvintes. Mas tenho a vantagem de poder desligar o processador. ACE ou SPEAK, eis a questão. Nos últimos 3 meses, experimentei 2 estratégias de codificação de fala - ACE e Speak. Como disse, em outras postagens, a ACE é de alta velocidade de estimulação e a SPEAK é de estimulação baixa a moderada. Há uma diferença enorme quando se ouve com ACE ou SPEAK. Usando ACE, há mais nitidez nos sons, os sons parecem mais amplos, mais nítidos, enquanto que com SPEAK, os sons parecem mais limitados. É um jeito que estou tentando explicar as diferenças. O SPEAK dá mais ênfase aos sons da freqüência da fala. O objetivo do meu tratamento atual é tentar discriminar mais a fala, visto que tenho grande facilidade de discriminar sons ambientes. Usei o SPEAK durante 1 mês e meio. Depois coloquei o ACE até hoje. Em ambas codificações tenho um bom ganho de discriminação, sendo difícil escolher qual a melhor para meu caso. Optei então pela ACE, pois assim, ouço mais amplamente. Fato marcante Um dia, estava tomando lanche na Rua da Consolação, uma rua bem movimentada, e barulhenta. Estava dentro da lanchonete, sentado junto ao vidro que separa a rua, comendo sossegadamente meu lanche, quando vi que no meio da rua, tinha um guarda de trânsito com um apito (amarelinho). Passei a prestar atenção quando ele levava o apito na boca. Nada. O barulho da rua é enorme. Mas na 3ª tentativa, consegui, no meio de tanto barulho, distinguir o apito do guarda. Legal. Continuei a treinar, e depois, de um treino, consegui distingir quando ele apitava longamente ou brevemente. Voltei novamente a essa lanchonete mais algumas vezes sempre que o guarda estava lá, e passei a treinar. Para conseguir ouvir o apito nessa rua, precisa se concentrar bem, senão não consegue. LOF - Leitura Oro Facial Minha LOF piorou quando estou sem o IC. Ou seja, antes do IC, a LOF era ótima. Agora, quando estou sem o IC, minha LOF fica um pouco difícil. É normal. Quando somos surdos, a gente se concentra mais na LOF. Agora, com o IC, nossa concentração passa a ser dividida entre os sons e a LOF. Segundo as fonos, é absolutamente normal, e todo implantado fala isso depois de um tempo. Com Valéria Goffi - Remapeamento. Hoje refiz os mapeamentos. A Valéria ficou satisfeita com os meus progressos. Resolvemos tirar o SPEAK, e ficar só com o ACE para os próximos 3 meses. Agora, o processador ficou com os seguintes programas: P1 - O último programa que usava. Ficou como Backup P2 - Novo programa. ACE para o uso do dia a dia em qualquer ambiente. P3 - O mesmo programa P2, só que com a opção ADRO, para ambientes silenciosos. P4 - O mesmo programa P3, só que neste deixo a sensibilidade do microfone em 0, para uso com os cabos. Também fizemos uma Telemetria Neural, para testar os eletrodos e o nervo auditivo. Deu tudo Ok, tanto nos eletrodos, quanto na estimulação do nervo. Fizemos alguns testes, e consegui discriminar as palavras, tanto abertas, quanto fechadas. Bom sinal. Saí com o novo mapa na rua, principalmente na movimentada Av. Paulista. Ficou tudo mais alto, mais forte, e um pouco estranho. Leva um tempo para me habituar com o novo mapeamento, mas de forma geral, achei que este mapeamento ficou bem melhor que o ultimo. Meu próximo mapeamento será em Novembro, quando completarei um ano de ativado. Até lá, pretendo continuar minhas conquistas ou reconquistas auditivas. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 4:02 PM Faça seu comentário: 1 Estive por aqui hoje, achei muito legal e estou pensando no meu blogger, o Samuel Lima, já me orientou em algumas coisas. Espero conseguir montar o meu... Grande abraço colorido, Carmem CARMEM BRUNORO | Email | 07-09-2004 00:06:48 Terça-feira, Junho 08, 2004 Primeira Audiometria com o Implante Coclear Ontem realizei minha primeira audiometria com o Implante Coclear, precisamente 6 meses depois de ativado. Abaixo, um quadro comparativo de audiometrias antes e após o IC

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ANTES DO IC - OD ANTES DO IC - COM AASI - OD COM O IMPLANTE COCLEAR - OD 250 Hz - Sem resposta 500 Hz - sem resposta 1000 Hz - resposta em 120 dB1500 Hz - sem resposta 2000 Hz - sem resposta 4000 Hz - sem resposta 6000 Hz - sem resposta 8000 Hz - sem resposta

250 Hz - Sem resposta 500 Hz - resposta em 75dB 1000 Hz - resposta em 65 dB 1500 Hz - sem resposta 2000 Hz - sem resposta 4000 Hz - sem resposta 6000 Hz - sem resposta 8000 Hz - sem resposta

250 Hz - resposta em 30 dB 500 Hz - resposta em 30 dB 1000 Hz - resposta em 25 dB 1500 Hz - resposta em 25 dB 2000 Hz - resposta em 20 dB 4000 Hz - resposta em 20 dB 6000 Hz - resposta em 20 dB 8000 Hz - resposta em 40 dB

SURDEZ - GRAUS DE PERDAS AUDITIVAS 00 a 25 dB - audição normal 26 a 40 dB - perda auditiva leve 41 a 55 dB - perda auditiva moderada 56 a 70 dB - perda auditiva moderada severa 71 a 90 dB - perda auditiva severa acima de 90 dB - perda auditiva profunda Analisando minha audiometria anterior ao IC e posterior ao IC, conclui-se que minha surdez no OD passou de SURDEZ PROFUNDA para SURDEZ LEVE. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 10:04 AM Faça seu comentário: 1 Filipinho... Você já está com a audição quase normal; então acho que já posso te dar um susto na rua... Bom, se não for possível, podemos pelo menos conversar sem eu ter que me preocupar em ficar o tempo todo olhando de frente pra você. Estou morrendo de curiosidade de conversar com você. Um beijo grande e parabéns a cada vitória conquistada... Tenho certeza que você ainda vai ter muitas. Rosy | Email | 09-06-2004 12:20:28 Quarta-feira, Junho 02, 2004 Comparando ACE e SPEAK Auditivamente, ainda estou em evolução auditiva. Portanto muito cedo para resolver qual da estratégia utilizar nos próximos 3 meses. Quando uso a SPEAK, noto que esta estratégia dá mais ênfase a palavra, ou seja, os sons falados. Usando o ACE, todos os sons têm ênfase. Para mim é difícil explicar como ouço com uma ou outra estratégia, mas posso dizer que ambas são muito diferentes entre si. Diria que a ACE proporciona um som mais aberto, claro, pegando todos mínimos detalhes, enquanto a SPEAK é um som mais fechado, dando mais preferência a fala. Mais ou menos isso. Por isso, minha dificuldade em escolher a melhor para meu caso. Mas isso é questão de tempo. Enquanto isso vou caminhando...... #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:06 PM Faça seu comentário: 0 Usando o ACE e ACE com ADRO Segunda-feira completou uma semana que estou utilizando a estratégia de codificação de fala ACE para ambientes ruidosos e ACE + ADRO para ambientes silenciosos. Segunda-feira, com a minha fonoaudióloga Sonia fizemos testes e chegamos a conclusão, que uma semana utilizando cada uma das estratégias (ACE e SPEAK) foi muito pouco para tirar conclusões. Mas nos testes, mostrei que auditivamente, evolui muito. Consegui distingir sons altos e baixos, em várias freqüências. Também consegui acertar a maioria das vogais no teste de vogais. Mas ainda é cedo para tirar as conclusões. Devo retornar ao SPEAK na semana que vem durante uns dias, para tentar verificar qual é a estratégia de codificação melhor para o meu caso. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:01 PM Faça seu comentário: 0 Quinta-feira, Maio 27, 2004 Seis meses de ativação. Relatos de um Implantado. Ontem completou seis meses que fui ativado. Do pulo que dei da cadeira do consultório da Fono Mariana, até hoje, muita coisa mudou. Lembro-me do momento, em que a Mariana ligou todos os eletrodos e mandou um sinal. Do susto, do pulo que dei da cadeira. Depois o silêncio voltou, e de repente, fiquei confuso. Coisas estranhas, barulhos de sons, procurei em volta, perguntei, e percebi que era minha própria voz, eu mesmo falando. Ora minha esposa, ora a Mariana. Foi uma emoção,

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após 37 anos de absoluto silêncio. Sai com o IC na rua, dirigi com ele, ouvia cada barulho. Assustava com alguns. Hoje não me assusto mais. Até que ignoro alguns. E continuo a cada dia descobrindo outros. Foram seis meses de constante aprendizado. E ainda tem muito trabalho pela frente. Meus progressos auditivos vão caminhando pela frente. Vou subindo degrau em degrau. Pacientemente. Dos primeiros sons, quase estranhos que passei a ouvir, hoje identifico facilmente vários, tais como a sirene de ambulância, dos bombeiros, da polícia. O barulho do motor do carro, ônibus. Motocicleta. Telefone tocando, buzina, minha cachorra latindo. O som da água escorrendo na pia. Música. Saxofone, piano. E vários sons que nem sei descrever. Apenas sinto que são diferentes e que existem. Sei distinguir barulhos de vozes e barulhos de música. Reconheço palmas. Na televisão, ouço as músicas de fundo, passos, telefone tocando, vozes, enfim uma novela, um filme, um noticiário fica mais realista. Minha leitura labial melhorou muito. Consigo acompanhar melhor o noticiário do Jornal Nacional, pois ouvindo e lendo os lábios do repórter, dá para entender melhor a noticia. A dificuldade é ainda distingir vozes femininas e masculinas, distingir as vozes de quem fala e discriminar a fala sem a leitura labial. Essa última é um trabalho de longo prazo, mas que os resultados serão conquistados aos poucos. Cada parte tem sua etapa a ser conquistada. Pacientemente, ainda chego lá. Sempre que posso, de olhos fechados, tento discriminar o que foi falado. É difícil, mas só com muito treino, a gente consegue. Todo dia, pego uma revista ou um livro, e leio algumas páginas em voz alta. Ajuda em duas frentes - primeiro - ouvir a própria voz; segundo - melhora a fala. Uma coisa que todo mundo notou, é que depois do implante, passei a falar bem melhor. Não que falava mal antes. Mas melhorou bastante. Todo mundo fala isso - está falando melhor, mais baixo, sem sotaque. Uma grande conquista, hein, Filipe... Ainda tenho que melhorar muito. Vou caminhando. Engraçado... Tem vezes que eu nem tenho certeza que estou ouvindo ou não. Penso que é vibração. Depois de tanto tempo sem ouvir, a gente desenvolve outro sentido para suprir aquele ausente. Por isso, tenho uma boa visão periférica, sinto muita vibração, e tenho ótima leitura labial. Vou tentando abandonar aos poucos a leitura labial. Quanto à vibração, creio que com o tempo, eu vou deixar de perceber. Agora não tem jeito. Quando estou em dúvida se estou ouvindo ou não, simplesmente faço um teste. Desligo o processador e vejo a diferença. Pois é... A gente vai aprendendo a selecionar o que quer ouvir e o que não quer. Bom sinal. No comecinho do IC, eu adorava bastante sons. Nem sabia o que é som agradável ou desagradável. Hoje tem sons que me irritam. Estou ficando seletivo. E a cada dia, vou evoluindo. Às vezes, prefiro ficar no silencio para meditar. É uma característica que nós implantados temos. Podemos ouvir quando queremos, ficar no silêncio quando precisamos, e muitas vezes, eu prefiro ficar no silêncio e meditar. Procurar a mim mesmo, numa busca constante que só o silêncio proporciona a paz necessária para esta busca. A busca continua. Constantemente, assim, como a busca de novos sons, novos progressos auditivos. Uma busca saudável e sem fim. Com ou sem barulho. Igreja de São Luis Gonzaga - Av. Paulista. 12:30 Hs. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 4:36 PM Faça seu comentário: 3 Ola Luiz Felipe! Parabéns pelo teu relato! Achei muito emotivo. Sou uruguaia e estou fazendo testes auditivos no meu filho de 17 meses. Gostaria de ter o nome e informação de contato do lugar onde recebestes atenção e onde foi colocado o implante. Abraços e até mais! Maria Maria | Email | 15-07-2008 23:04:32 Fiquei muito feliz por vc, implantei minha filha faz um ano e esta fazendo o acompanhamento com dra Mariana, acho maravilhoso seu relato, no meu caso, minha menina Gabriela foi implantada aos 4 anos e meio, já fez os 2 mapeamento com Mariana um em setembro do ano passado e a outra em dezembro agora vou voltar com seis meses, só que eu fico sem saber quero que junte as palavras ela ainda fala palavras soltas, agora é que começou a falar tchau mama, no seu caso vc já escrevia e no meu a ansiedade é que nos deixa que queira tudo de vez. Diga-me algo Gilma Mascarenhas | Email | 25-05-2008 12:07:41 Luiz Fellipe, me emocionei ao ler o seu relato. Tenho uma filha de quatro anos surda profundo, que já está sendo atendida pelo HC - Pinheiros. Tô muito feliz por vc, e aguardo o mesmo resultado para minha filha. Tudo q vc escreveu, meu deu mais forças para essa luta q só está começando. Obrigada e abraços, Dani Dani | Email | 31-03-2008 11:15:36 Terça-feira, Maio 25, 2004 Nova audiometria Estou com uma nova audiometria programada para o dia 07/06. Será a primeira audiometria que realizo após o Implante Coclear. Depois posto os resultados da mesma.

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#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 4:12 PM Faça seu comentário: 0 Encontro do FIC em Campinas Foi realizado em 15/05 no Shopping D.Pedro, em Campinas, mais um encontrão do FIC/GUICOS. Embora o dia teimasse em ficar chuvoso, contamos com a presença em peso de mais de 30 pessoas. Foi um encontro descontraído, fraterno, onde revi colegas e conheci outros. Foi um prazer conhecer pessoalmente meu "compadre mineirin" Mauricio Sá. Também foi uma honra conhecer o Grande Gilberto e sua família. O Roner, presente como sempre para alegrar o ambiente. Foi um encontro muito proveitoso. Logo posto fotos do encontrão aqui no Blite. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:32 PM Usando o SPEAK Ontem fez uma semana que estou usando a Estratégia de Codificação de Fala SPEAK. Ainda não sei se gostei ou não desta codificação. Hoje, eu mudei para o P3 - ACE, e notei uma enorme diferença entre a ACE e a SPEAK. Não sei explicar como é, mas a gente nota uma diferença enorme nos sons que a gente ouvia e ouve. Posso dizer, que a SPEAK deixa o som mais grave, digamos mais grosso. Enquanto, o ACE pega mais os finos e agudos. Deve ser isso aí, pois não sei explicar. O problema, é que não posso ficar mudando toda hora entre uma estratégia e outra. Devo usar uma semana cada. Embora eu sempre tenha usado a ACE desde o primeiro dia após a ativação, estou achando o som "horrível", após passar do P4 para o P3. Tenho que agüentar até a próxima segunda feira. Quem sabe, melhora, e até lá, decida qual vai ser a minha estratégia para os próximos 3 meses. O importante, segundo a Dra. Valéria, é que eu teste várias estratégias, mude vários parâmetros ate chegar ao ideal. É um trabalho lento... Mas com persistência, vale a pena, pois os frutos a colher futuramente serão fartos e abundantes. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:32 PM Faça seu comentário: 0 Novos mapeamentos - Com Valéria Goffi Realizei em 17/05/2004 com a Dra. Valéria Goffi, novos mapeamentos em meu processador de fala. Estava no tempo, pois durante o primeiro ano, são realizados mapeamentos a cada 3 meses em média. Esteve presente, minha atual fono, a Fga. Sonia Iervolino. Foram testados novos mapas, feitos novos ajustes, e no fim, ficamos com 4 mapas: P1 - mapa antigo. Utiliza a codificação ACE + ADRO P2 - novo mapa - para ambientes silenciosos. ACE + ADRO P3 - novo mapa - para ser utilizado no dia a dia. ACE. P4 - novo mapa - para ser utilizado no dia a dia - codificação de fala SPEAK O P3 e o P4 foram colocados para serem usados uma semana cada, e depois de testes, eu devo escolher o que me atenda melhor auditivamente. Segundo a Dra. Valéria, embora a Estratégia de Codificação de Fala ACE seja a mais utilizada atualmente, pessoas com longo tempo de surdez, tem preferência pela estratégia SPEAK. A estratégia ACE utiliza altas e baixas velocidades de impulso na cóclea, enquanto a SPEAK é uma estratégia de velocidade moderada. O consumo de pilhas é notável em ambas. Enquanto em ACE minha pilha recarregável durava 9 horas e meia, na SPEAK, a mesma pilha chegou a durar 15 horas e meia. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:32 PM Faça seu comentário: 1 Gostaria de ter contatos com outros implantados Sou surda moro em Recife-PE e gostaria de fazer a cirurgia e preciso de incentivos de outros implantados Fátima Azevedo | Email | 05-01-2006 00:27:36 Quinta-feira, Maio 13, 2004 Encontrão em Campinas O FIC - Fórum de Implante Coclear da Internet, fará neste sábado, 15/05 a partir das 14 horas, no Shopping D. Pedro, em Campinas, mais um encontrão de confraternização entre seus membros. O encontro será na Doceria Cristallo, que nos cedeu o espaço. Pretendemos reunir o maior número de pessoas, membros, amigos e familiares, neste importante evento. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:32 AM Faça seu comentário: 2 Porque vou fazer o implante também, pois eu adoraria conhecer alguns que já fizeram porque às vezes fico na dúvida se faço não... E me adicione no msn: [email protected] e obrigada! Jessica Rhayane | Email | 08-07-2008 21:05:14

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Oi gostei da idéia do encontrão, pois sou deficiente auditivo e resolvi passar por aqui. Foi muito legal esse encontrão, gostei de ter ido! Rodrigo Rabelo | 15-05-2004 20:15:10 Apresentando Sonia Iervolino Desde o início de Abril, estou fazendo meu tratamento Fonoaudiológica com uma nova Fonoaudióloga. Apresento a todos a fono Sonia Maria Simões Iervolino. A Fono Sonia tem mais de 25 anos de experiência com deficientes auditivos. Trabalha e leciona a longos anos na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, e fará parte da futura equipe de IC da Santa Casa, que deverá iniciar suas atividades ainda este ano, comandada pelo Dr. Carlos Alberto Campos. Com a Fono Sonia Iervolino, espero continuar meus progressos auditivos, redescobrindo a cada dia novos sons, progredindo continuamente. Deixo aqui registrado meu agradecimento a minha fono anterior, fga. Lidia Setti. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:32 AM Faça seu comentário: 4 DESCULPE TANTO "EU"... Parece até que sou muito voltado a meu umbigo... hehehe. Nota: quanto à traição, esclareço que quis dizer que alguém do grupo ache que seria uma perfídia de sua parte manter meu link aqui... Perdão mais uma vez. PATRIOTA. Paulo S. Patriota | Email | 19-05-2004 03:10:19 Amigo Luiz Filipe: eu também virei sempre aqui, pode crer. Acho que é a única fonte neutra a que posso me informar. Obrigado pela compreensão. Quando um FIC no Nordeste for lançando, eu sou o primeiro a te avisar, meu caro. Eu e um amigo implantado de Maceió estamos planejando abrir um grupo. Abração. PS: muito obrigado por ainda ter um tempinho de passar no meu recanto. E mil perdões por eu ter pedido para retirar o meu link. Nada contra Você, que nunca implicou com meu jeito de escrever. Mas minha consciência me impeliu a tal, pois sei que muita gente não vai com minha cara lá no Guicos e pode achar que meu blog aqui seria uma traição, já que não faço mais parte da turma. Tudo de bom para todos. Paulo Patriota. Paulo S. Patriota | Email | 19-05-2004 03:02:33 Caro Paulo, Conforme seu pedido, retirei o Link ao seu blog. Aceite meus abraços, e saiba, que mesmo retirando seu link daqui, nada me impede de que vez em quando visite seu blog, e aprecie as suas croniquetas, que sem dúvida, são prazerosamente de ler. Forte abraço, do Luiz Filipe Luiz Filipe | 17-05-2004 10:55:59 Caro Luiz Filipe: peço, por obséquio, que o senhor retire meu link desta excelente página. Acho que não sou mais bem-vindo aqui, sendo "persona non grata" ao FIC. Ontem postei algo, e ou por acidente não saiu, ou foi deletado. De qualquer maneira, faça-me o favor de retirar o que pedi, ta bem? Abraços cordiais do Paulo Sérgio Patriota. Paulo S. Patriota | Email | 15-05-2004 22:08:35 Quarta-feira, Abril 07, 2004 Raios e trovões Estou sem atualizar a um tempo o blite. Falta de tempo mesmo. Mas ontem, caiu aqui em Sampa, no horário de almoço, e no fim da tarde, uma daquelas chuvas de dar medo. Relâmpagos e trovões caiam a todo o momento. E ontem, consegui ouvir os trovões. Embora nos últimos meses tenha chovido, e caído trovões, foi ontem que consegui ouvir. Do começo ao fim. É um barulho nada agradável, mas mesmo assim, como sempre ao ouvir um som novo, fiquei muito feliz, e achei simplesmente fantástico, embora lá fora, pela janela, o aspecto não parecia nada agradável. Escuro e medonho... #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 5:01 PM Faça seu comentário: 1 Caro Luiz Filipe: que bom que encontraste um tempinho para atualizar... Quanto às fonoaudiólogas, todas, sem exceção, são para mim como anjos bons. Desejo-te pleno sucesso na continuação de tua luta com a nova fono. Paulo Patriota. Paulo S. Patriota | Email 15-05-2004 02:17:29 feira, Março 24, 2004 Encontro do FIC / GUICOS em São Paulo O FIC-Forum de Implante Coclear - GUICOS-Grupo de Usuários de Implante Coclear e Simpatizantes, fez realizar no ultimo sábado (20/03) no Shopping Center 3, na Capital Paulistana, um encontro de confraternização entre usuários de implante, seus familiares e simpatizantes. Mais de 35

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pessoas participaram do encontro, que transcorreu muito alegre, num total clima de companheirismo, amizade, com o reencontro de vários membros, e muitos passaram a se conhecer "ao vivo". Também serviu para troca de informações, experiências, e muito mais. Aproveitamos, também para homenagear o nosso colega Roner Dawson, que fez primaveras no domingo. Parabéns, Roner! Muitos anos de vida!. Acelera Roner!!.... Confiram as fotos do encontro CLICANDO AQUI. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:25 AM Faça seu comentário: 4 Silvinha, O prazer de conhecer vc pessoalmente, foi todo meu. Parabéns pela marcação da data de seu Implante. Está bem próxima. Fica tranqüila. Tudo vai dar certo. Abraços, Luiz Filipe Luiz Filipe | Email | 26-03-2004 00:03:03 Caro Patriota. Obrigado pela visita. Foi um encontrão e tanto. Quanto a sua foto, o Roner deletou ela. Abraços, Luiz Filipe. Luiz Filipe | 26-03-2004 00:00:44 Olá Filipe!!! Vendo essas fotos a gente ainda sente a vibração positiva e emoções que rolaram no último sábado. Adorei te conhecer pessoalmente, bem como a todos os outros... Grande abraço Silvia Silvia | Email | 25-03-2004 12:40:26 Luiz Filipe: que excelente tu teres posto aqui as fotos do "Encontrão". Como não posso mais acessar o FIC foi demais para mim. Que confraternização, hein?... Essas reuniões servem para desanuviar qualquer mal-entendido impresso lá no Grupo. Seria o meu caso,que só sou polêmico por escrito. Valeu. Obrigado e até o próximo comentário. PS: meu caro, Você já teve tempo de deletar minha foto da Galeria? Não faz mais sentido minhas coisas lá no FIC. Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 25-03-2004 00:58:59 Quinta-feira, Março 18, 2004 Furadeira Domingo passado, foi a vez de eu identificar uma furadeira, fazendo furos no apartamento de cima. Meu prédio feito de blocos pré-moldados, com paredes de concreto. Para qualquer furo, mesmo para colocar um quadro, é necessário furar com furadeira. Sempre gostei de furas as paredes, pois o barulho que sinto através da vibração é sensacional!. E sempre que furo, minha esposa e meu filho caem fora do apartamento. Como disse, domingo, na cozinha, comecei a ouvir um barulho estranho, forte, irritante, digamos desagradável. Fui para a sala, e idem, o barulho estava lá também. Fui perguntar para minha esposa o que era o barulho, ela apontou para o teto, e disse - estão furando a parede. Bingo!!!! Mais um barulho para minha coleção. Apesar de eu sentir que é desagradável e irritante, não pude deixar de exclamar, como sempre faço ao descobrir um barulho: BARULHO LEGAL!!!!!!! Mal vejo a hora de pegar a minha furadeira e fazer um furo na parede com o implante ligado. Coisa de louco... #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 5:09 PM Faça seu comentário: 1 Hahahaha... Esta foi demais Luiz Filipe. No entanto, agora que não há mais perigo de tu perderes a audição devido ao barulho medonho da furadeira... Bem, mas com o tempo tu não irás mais pôr o aparelho só para captar essa zoada terrível. Por enquanto é novidade, porém teu cérebro vai decodificar o irritante, e tu prefirirás apenas a vibração. Eu acho. PATRIOTA. Paulo S. Patriota | Email | 19-03-2004 03:58:13 Quarta-feira, Março 10, 2004 Com o Dr. Arthur Castilho Terça-feira, 16h, prédio de Ambulatórios do Hospital das Clínicas de São Paulo, 10o. Andar. Estou de volta ao Hospital das Clínicas para minha primeira consulta 4 meses depois do implante. Era para ser no mês passado, mas não havia horários disponíveis. Consulta de rotina. Neste tempo, o setor de convênios e particulares, mudou do 4o. andar (térreo) para o 10o. andar, o último andar. Ficou bem legal. Salão amplo, tudo moderno, parece o Laboratório Fleury, ou a sala de espera de uma clínica particular. No andar de cima fica o heliporto. Percebi algumas vezes o barulho de helicópteros. Aguardo a consulta. Depois de uma breve espera, o Dr. Arthur Menino Castilho, aparece, e me faz sinal. Trocamos afetuosos cumprimentos. No consultório, converso com ele. Conto meus progressos auditivos, minha discriminação por alguns sons, falo do FIC, do povo unido. Ele me examina. Tudo OK. Queixas? Nenhuma, apenas o gosto salgado na boca. Normal, ele diz. Leva uns 6 meses para desaparecer. Me explica o porque. Para poder chegar até a cóclea, precisa afastar alguns nervos, e um destes nervos, é o nervo do paladar. Fora esse pequeno inconveniente, tudo OK. Voltamos a

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conversar. Pergunto sobre os implantes no HC, e ele diz que estão sendo feitos de 10 a 15 implantes ao mês. Depois falamos sobre o Implante Double Array. O Hospital das Clínicas deve começar a fazer os primeiros implantes Double Arrays neste mês. Talvez na semana que vem. A conversa fica por ai... Devo retornar para outra consulta daqui a 6 meses. Ouvindo música Uma das coisas que mais gosto é ficar ouvindo música (quem não gosta?). Acoplo o longo cabo que veio junto com o IC no aparelho de som, e ao IC, e fico ouvindo músicas. Qualquer ritmo serve. Dou preferência às brasileiras, clássicas. Gosto de um CD chamado “Piano Maravilhoso”. Outro CD é do Kenny G. Uso o programa P4 do IC, que tem a sensibilidade 0. Embora ainda não discrimine a voz humana, dá para sentir o ritmo, os diferentes acordes de diferentes instrumentos. É legal. Envolvente. Guto Wenamakulu Uma das pessoas com quem aprendo muito sobre audição é o Guto do FIC. Augusto Wenamakulu é um veterano implantado. Está com o implante há uns 9 anos. Admiro as colocações que ele faz tanto no FIC quanto em pvt, que muitas vezes, coincidência ou não, são coisas que me acontecem ao meu cotidiano. Por exemplo, uma vez, coloquei aqui sobre barulhos agradáveis e desagradáveis. Ele me escreveu em pvt, que no começo é assim mesmo, e eu me acostumaria. Realmente, me acostumei. Hoje, por exemplo, posso ficar andando na rua, no ônibus, no carro, e nem perceber que estou ouvindo. Outra colocação, diz a respeito a escovar os dentes. Guto escreveu: “escovar os dentes parece o barulho de uma britadeira”. De fato, é. Também comer biscoito, faz um barulho horrível. Uma coisa que me lembro bem, foi quando Guto escreveu pro FIC: “A vantagem de ser implantado é que nós podemos desligar o aparelho, ficar no silêncio quando queremos. A vantagem, é que a gente pode escutar quando quer, e ficar no silêncio quando convém”. De fato, às vezes fico com vontade de ficar no silêncio. Quando quero isso, apenas deixo o IC na caixa. E curto sossegadamente o silêncio. No silêncio, a gente fala com Deus... e no silêncio, Ele nos ouve. Terapia com a fono. Estou há aproximadamente mais de 1 mês sem ir na terapia. Estava de férias, tive primeiro módulo do curso de Java, agora estou no segundo módulo. O trabalho estava pesado, Veio o Carnaval, etc... Além de mais, não estou muito satisfeito com a terapia que estou tendo. Vou procurar outra fonoaudióloga. É muito importante nos primeiros meses de implantado a correta terapia com fono. O implantado precisa aprender a ouvir com o implante. Qualquer fono treinada para tratar de deficientes auditivos, e o correto uso de AASI, pode tratar de um implantado. Mas se tiver algum treinamento ou experiência com pessoas implantadas, melhor. O importante mesmo é a confiança mútua entre a fono e o paciente. Caso contrário, de nada adianta o tratamento. Como disse, estou insatisfeito com a terapia, por isso vou procurar uma outra fono, logo que acabe o módulo deste curso que estou fazendo. Blite de cara nova. Recebi várias mensagens elogiando o novo blite. Ficou bem melhor, concordo. Mas ainda estou com aquela sensação de que falta algo. Paciência. Ele vai crescendo com certeza. Falta tempo para dedicar mais no blite. Tenho que me dedicar ao trabalho, em casa, no fórum, aqui no blite, então faço um pouco de cada vez. Vou colocar algumas fotos, pesquisar novos links sobre o Implante Coclear, e com isso, espero passar o Maximo de informações sobre o implante para aqueles que o procuram. Uma árvore não produz frutos de um dia para o outro. O Blite irá crescendo naturalmente, e com o tempo, espero que produza bons frutos. Resumo de 19/02/2004 a 09/03/2004 Posso dizer que estou melhorando progressivamente. Os programas que uso no processador de fala, estão bons. Uso o P2 para ambientes barulhentos e o P3 para ambientes silenciosos. O P4 é reservado para ser usado com o cabo, e ligado a algum aparelho de som, na TV, disckman, etc... Os sons ficaram melhores, consigo discriminar bastantes sons, embora, na maioria eu não saiba de onde vem o barulho. Posso dizer, que até agora consigo discriminar os sons de minha cachorra latindo (uma linda cachorrinha Lhasa Apso), o interfone tocar, o telefone de casa, campainha (de vez em quando), barulho da moto, do ônibus. Sirene de ambulância, da policia, dos bombeiros. No trabalho, tem um barulhão, e mesmo assim, consigo ouvir os telefones tocarem, São mais de 12 telefones. Consigo distingir campainha quando é forte, fraca, quando é linha interna ou externa, além de diferenciar os toques de pulso ou tom. Tem vários outros sons que ouço, e cada dia vou descobrindo. Na televisão, a compreensão ficou muito melhor. Por exemplo, no Jornal Nacional. Antes do Implante, eu quando assistia, conseguia, por exemplo, entender umas 4 palavras de cada 10 que o jornalista falava, com a leitura labial. Hoje, com a leitura labial, e o implante, posso dizer que de cada 10 palavras, eu entendo 8. A soma da leitura labial + ouvir pelo implante no cérebro ajuda a compreensão melhor do jornal da TV. De um modo geral, estou ouvindo tudo o que passa na TV. Som de fundo, musica de fundo, batidas, passos, telefones tocando, o bang-bang de um tiroteio,

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etc..... Realmente, muito interessante isso. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:32 AM Faça seu comentário: 4 Luiz Filipe: tu és um ser de luz mesmo. Homem com "H" maiúsculo. Não tens duas caras. Não tens hipocrisia. Por essa razão, ganhaste minha confiança - e posso-te dizer que não é qualquer um assim que me faz revelar isto. Continue com essa fortaleza vinda de Deus. Você age sempre corretamente. O problema é que existem figuras que deturpam tudo, na sua revolta de não sei o quê. Muito obrigado pela sua atenção. Acho melhor vir aprender aqui, vendo tua evolução diária, do que no FIC, que está decepcionante! Não volto nunca mais a postar lá. Tem muita gente doente. Falta humildade e crença. Abração do PATRIOTA, a seu dispor. Paulo S. Patriota | Email | 15-03-2004 00:25:51 Corrigindo: leia-se "AJA" e não "haja". Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 14-03-2004 11:12:41 CARO FILIPE: Já saí do FIC para sempre por causa da Anahi. Agora ela fica me provocando em PVT e quer que eu haja elegantemente. Se não é em público, eu respondo no mesmo nível. Ela já deve estar preparando intriguinhas. Por isso, fique à vontade para excluir o link de meu blog de croniquetas, ta ok? Até um dia! PATRIOTA. Paulo S. Patriota | Email | 14-03-2004 01:16:11 Que beleza de espaço, não canso de repetir. Escrito regiamente, com a clareza de quem quer ser compreendido imediatamente. Um sucesso. Que ótimo saber da sensação de salgado na boca, no pós-operatório, pois assim ninguém se surpreenderá mais. O Dr. Rodolpho já me falara nisso. Você sente os gostos normalmente dos alimentos? Música instrumental é muito relaxante, principalmente de saxofones... E quanto à vantagem de ficar no silêncio para uma leitura mais acurada, por exemplo, que bonança, hein? E, na verdade tens razão: na paz do sem-ruído, DEUS nos escuta melhor, pois a carga espiritual que isso nos trás eleva-nos aos páramos divinos com a certeza de um novo dia,que o Sol nascerá. Parabéns, mais uma vez, meu caro Luiz Filipe. Homem de fé! PATRIOTA. Paulo S. Patriota | Email | 10-03-2004 04:35:02 Sexta-feira, Março 05, 2004 Falta de atualização Andei atarefado ultimamente. Neste fim de semana, vou atualizar o Blite. Tem tanta coisa para colocar aqui... Ainda dou ordem na casa. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 5:24 PM Faça seu comentário: 0 Novo visual do Blite Dei uma geral no Blite. Coloquei outros links, novas informações úteis sobre IC e surdez, e mudei a cor de fundo para deixar mais agradável. Ficou bem melhor, mas somos eternos insatisfeitos. Acho que tem que melhorar mais. Fica assim por enquanto. Depois melhoro mais. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 5:23 PM Faça seu comentário: 4 Caríssimo Patriota, Já tive 2 modens queimados por raios. O ideal seria você comprar um estabilizador de tensão que tenha entrada para modem. Ou um filtro para linha telefônica. Depois de 2 modens queimados, eu utilizo os 2. E em dias de muita chuva, nem me conecto ao micro, tendo o cuidado de desplugar os fios da tomada. Um bendito raio queimou a placa mãe de meu irmão tempos atrás. Prevenir é melhor que remediar. Obrigado pela visita, Paulo! Um abraço, Luiz Filipe. Luiz Filipe | 07-03-2004 14:21:59 Meu caro Luiz Filipe, só agora estou entrando no seu Blite, pois um raio queimou meu modem e tive que mandar substituí-lo no Recife. O visual está mais descansável, mais limpo. Parabéns! E o miolo continua um perfeito serviço. Vamos adiante em nossa jornada! PATRIOTA. Paulo S. Patriota | Email | 07-03-2004 11:36:12 Hein! Não vou comprar óculos... Aumenta mais um poukinho... Ô! Leila. Leila | Email | 05-03-2004 23:29:40 Bem, não posso dizer que ficou bom, pois não conhecia o "BLITE" antes da nova atualização, mas confesso que gostei muito de conhecer e obtive muitas informações importantes. Li o Link "sobre o Luiz Filipe" e achei uma coisa interessante, você fala dos "nossos amigos invisíveis", você é Kardecista? Sou admirador do assunto, não posso me considerar um, mas leio bastante e admiro a doutrina. Parabéns continue firme na luta. Tarcisio Chaves | Email | 05-03-2004 21:22:20

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Quarta-feira, Março 03, 2004 Implante Coclear no Hospital das Clínicas de Ribeir ão Preto O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - Campus de Ribeirão Preto, já começou a triagem de possíveis candidatos a Implante Coclear. Ribeirão Preto fica no noroeste do interior de São Paulo, a aproximadamente 360 Km da Capital. O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto é um centro de excelência médica da região, atendendo inclusive a cidades do Sul de Minas. As cirurgias serão realizadas pelo Prof. Dr. José Antonio Apparecido Oliveira - Chefe da Disciplina de Otorrinolaringologia, com supervisão do Dr. Paulo Rogério Cantanhere Porto, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Contatos devem ser feitos diretamente com a Dra. Maria Cristina Feres, no e-mail abaixo [email protected] Ou pelos telefones: 16-602-2423 (Departamento de Otorrino) 16-602-2321 (Ambulatório de Otorrino) 16-602-2395 (Fonoaudiologia) #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:39 PM Faça seu comentário: 3 E eu aguardo ansioso, mas sem cobranças, pois sei como tu és tão atarefado, a matéria sobre o mapeamento, meu caro! Continue transmitindo essa força vinda de Deus, sua família e seus amigos, aos quais me incluo. Patriota. PS: obrigado pelas dicas sobre como prevenir que modens queimem-se. Agora, nunca mais plugo-me em dias chuvosos, pois muitas vezes nem podemos ver os raios, né? Patriota. Paulo S. patriota | Email | 10-03-2004 01:15:17 Qualquer dia eu coloco algo bem detalhado sobre os mapeamentos do implante coclear no meu blite. Tem um artigo interessante sobre a telemetria neural, que vou procurar e colocar na seção de links. Obrigado pela sua visita ao meu blite. Volte sempre Abraços, Luiz Filipe. Luiz Filipe | 06-03-2004 18:38:31 Cada vez que leio seu “blite", tenho mais vontade de me especializar nessa área tão misteriosa e envolvente que é o mapeamento coclear. Fazia um tempo que não aparecia por aqui, mas cada vez que venho fico emocionada e feliz com seu progresso!! Xêro pra você moço!!! Priscila (Piu) | Homepage | 06-03-2004 11:07:18 Quinta-feira, Fevereiro 19, 2004 Resumo 07/02 a 18/02 Curso de Java No período de 09/02 a 18/02 estive realizando externamente curso de UML e Linguagem Java. Por isso, tive que interromper a terapia com a fono. Volto depois do Carnaval. Mesmo assim, o curso teve algo de positivo. Foi ministrado para 7 pessoas em uma sala fechada. Aulas práticas no micro, audiovisual e explicações do instrutor. Deu para colocar o processador no programa P2 (para ambientes silenciosos), prestar atenção quando o instrutor falava, e procurar prestar atenção quando ouvia. Do meu ponto de vista auditivo, creio que foi muito produtivo o curso. Do ponto de vista profissional, achei a linguagem Java um pouco chata. Parecida com as outras que conheço tal como VB, Delphi, Pascal... Ainda terei mais 4 módulos do curso, que serão distribuídos 1 modulo por mês, e cada modulo tem 8 dias. Preciso organizar melhor minha agenda, para não ficar perdendo a terapia. Volta ao trabalho. Voltei ao trabalho hoje, após 8 dias ausente. Estranhei o barulho. Depois de um certo tempo fora, a gente sente que ficou tudo diferente. Nos últimos dias, fiquei apenas ouvindo o instrutor ou os colegas do curso falar, vozes humanas. Agora voltei ao ambiente de trabalho: vozes de todos os lados, o martelar dos teclados, os telefones tocando, passos no chão de piso falso, as impressoras tudo misturado. Ficou diferente o barulho, que até comentei com um colega - barulho diferente de quando estava aqui antes do curso... Será que a programação ficou ruim? Acho que não. Questão de hábito. Volto a me acostumar. Em Campinas com Roner Dawson. No último sábado (14/02), peguei a estrada e dei um pulo até Campinas com a família. Peguei uma baita chuva, que tive que redrobar os cuidados na estrada. Fomos para comemorar o aniversário e a ativação do nosso colega do FIC, Mauricio Sá de Belo Horizonte, que ganhou a ativação justamente no dia do aniversário, presente da equipe da Unicamp e de Deus. Combinei com o Roner me encontrar com eles no Shopping Parque D.Pedro após a ativação, mas nosso colega Mauricio

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conseguiu passagem de volta para BH logo no fim da ativação. Restou para a gente almoçar com o Roner e passar a tarde toda no Shopping, enorme por sinal, passeando com as crianças e conversando sobre diversos assuntos. A viagem valeu a pena. Nosso colega Mauricio voltou todo feliz para Minas, e estará descrevendo as emoções e seus progressos auditivos em seu blog - www.mauriciosa.blogspot.com Desejo muitos sucessos ao Mauricio. Progressos auditivos. Acredito que melhorou bastante a qualidade do som que ouço. Não sei precisar, mas sinto que ficou um pouco melhor. Ainda não discrimino palavras, mas discrimino vários sons. São poucos que reconheço, mas sinto que tem vários sons diferentes que ainda não conheço. Durante o curso, percebi que o elevador toca campainha quando chega ao andar (engraçado, no meu prédio onde moro, não toca, faz um barulho estranho, e onde trabalho, também não toca). Para ir ao curso, tive que andar de metrô, o que não fazia há meses. Achei interessante o barulho, tanto do metrô, tanto dos autofalantes, quando chegam a uma estação. Bem diferente quando não tinha o IC, pois tudo era apenas vibração. Volta ao HC-SP Consegui marcar retorno com o Dr. Arthur Castilho no HC-SP. Era para ter retornado pelo dia 05/02, para avaliação trimestral, mas devido ao curso, e a disponibilidade de horários do Dr. Arthur, a consulta ficou para o dia 09/03. O próximo remapeamento do processador de fala está previsto para a segunda quinzena de Março ou começo de abril. Surdos oralizados, implantados ou sinalizados? Eis a questão... Tem rolado nos últimos dias no FIC/GUICOS assunto sobre surdos oralizados, sinalizados e implantados. Tudo começou quando colocaram na revista sentidos (www.sentidos.com.br), um artigo dizendo que o IC é crime. Veio replica e Tréplica. No meu ver, ainda existe muita desinformação sobre o IC, e também existem grupos de surdos contrários ao IC que gostam de espalhar coisas negativas sobre o implante. Ás vezes fico pensando, como era bom meu tempo de criança.....Naquele tempo, surdo era surdo. Não existia surdos oralizados, surdos implantados, surdos sinalizados. Éramos apenas surdos, e convivíamos todos juntos: comunicávamos, ora na leitura labial, ora nos gestos, ora no misto de gestos e leitura labial. Todos conviviam bem. Bom, os tempos são outros. Vivemos na era da Internet, da comunicação, da Globalização. Os surdos evoluíram muito nestes anos. Buscaram espaço na sociedade, lutaram e conseguiram direitos, conseguiram acesso às escolas, faculdades, deram seu grito de liberdade... Hoje tem vários surdos com formação no nível superior. Acho saudável tudo isso. Também acho saudável que continuemos lutando para garantir mais direitos, tanto para os surdos tanto para outros deficientes. Mas essa história de haver surdos oralizados e surdos sinalizados, onde cada um vive com sua tribo, onde cada um quer ter a razão, onde cada um defende ora a oralização, ora a sinalização, é outra coisa. Posso até concordar que haja grupos de surdos oralizados ou sinalizados, o que é bom, pois o trabalho em grupo sempre é bom, mas o que não concordo, é que haja grupos ou pessoas que radicalizam, atacam o oralismo, o implante ou a Libras, falam inverdades sobre o IC, etc... Isso não concordo. O ideal seria que todos vivessem em harmonia, buscassem soluções para o bem comum, e deixassem a pessoa surda decidir por si mesmo qual o melhor para ela: o oralismo, o sinalismo ou ser implantada. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:29 PM Faça seu comentário: 4 Eu também quero agradecer teu honrado comentário lá no meu pobre recanto, meu amigo. Sei que és um homem ocupado, mas o pouco que deixas lá, já me é uma senhora alegria! Caminhando sempre em busca do que Deus quiser, hein?! Valeu, senhor vitorioso! PATRIOTA. Paulo S. Patriota | Email | 28-02-2004 02:14:50 Caro Paulo, A admiração é mútua. Recíproca. Admiro o Patriota Poeta, que sabe expressar de uma forma rica, num linguajar onde busca palavras ocultas ou desconhecidas da nossa língua, honrando nossa Língua Pátria. Admiro o Patriota Amigo e irmão. Amigo, porque, sempre com a sua experiência de quem viveu mais auditivamente, busca ajudar a um neófito que está aprendendo a ouvir. Irmão, porque temos algo em comum. Somos irmãos no silêncio, irmãos que souberam esperar no silêncio a esperança. E juntos, no silêncio, caminhamos rumo à vitória. Abraços do Luiz Filipe. Luiz Filipe | 28-02-2004 01:20:40 Caro amigo Luiz: te agradeço bastante por tuas palavras de força, vindas de quem soube esperar na esperança. Muito te admiro. Abraços do Patriota. Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 27-02-2004 02:40:25 Luiz Filipe, meu caro: sempre que dá, repito, tenho de passar aqui. Além do que te acho educadíssimo em tua atenção. Quanto ao IC de Natal, fiz ontem, em João Pessoa, aquele exame para saber se as cócleas não estão

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massificadas. Caro, hein? Custou R$ 800,00. O resultado sairá dia 26/02, quinta-feira próxima. Se as ditas estiverem em dia, desimpedidas, creio que serei chamado imediatamente para realizar a cirurgia. PS: por favor, amigo, não comente nada lá no FIC, ta legal? Abraços do PATRIOTA. Paulo S. Patriota | Email | 21-02-2004 01:07:49 Quarta-feira, Fevereiro 06, 2004 Noticia da FORL sobre Implante Coclear no HC-FMUSP Grupo de Implante Coclear 3/2/2004 Inicia as atividades deste ano com reestruturação do serviço O Dia Nacional de Combate e Prevenção da Surdez do ano passado garantiu amplo espaço de divulgação na mídia, principalmente na televisão, para a importância do combate às causas da deficiência auditiva e, principalmente, sensibilizou as pessoas para as maneiras existentes hoje para a reabilitação dos indivíduos surdos, com destaque para o Implante Coclear, indicado para casos de surdez bilateral profunda. O resultado direto dessa campanha foi o aumento da procura pelo serviço realizado pelo Grupo de Implante Coclear do Hospital das Clínicas da FMUSP, que já possue mais de 100 pacientes implantados pelo SUS. Desta forma, o grupo foi obrigado a reestruturar-se para continuar os atendimentos. Segundo o médico Arthur Castilho, do Grupo de Implante, há um grande número de pacientes que procuram o serviço sem, no entanto, serem candidatos a realizar a cirurgia. Para diferenciar os reais candidatos estão sendo enviados questionários para os pacientes que procuram o serviço. Com as respostas dos questionários a equipe tem melhores condições de avaliar o perfil de cada paciente e selecionar as prioridades. O atendimento é feito pelo Hospital das Clínicas. Para receber o questionário, o candidato ao implante deve ligar para o telefone (11) 3898-2210 e fornecer seu endereço completo para correspondência. Após receber o questionário preenchido, e avaliá-lo, a equipe entrará em contato com o paciente. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 3:56 PM Faça seu comentário: 2 Obrigado Patriota. Notei sua ausência tanto aqui quanto no FIC. Meses como Janeiro e Fevereiro são meses quando a maioria das pessoas tira férias, e aproveitam o verão. Fico feliz com sua volta. Espero também sua volta ao FIC, com suas novidades sobre o seu IC de Natal. Abraços do Filipe. Luiz Filipe | 13-02-2004 13:09:35 Oi, meu caro. Estive ausente da NET por uma semana e só agora faço meu religioso comentário. É realmente importante esta campanha de prevenção. Já vi pessoas expondo-se aos terríveis decibéis dos aeroportos para, como passatempo, espiaram as aeronaves decolarem. Quanta falta de informação, hein? Seria bom que a Rede Globo e outros canais inserissem pequenos quadros de alerta nos intervalos. Abraços do Patriota. Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 10-02-2004 03:45:11 Quarta-feira, Fevereiro 04, 2004 Ouvindo Buzina Hoje de manhã, ouvi pela primeira vez a buzina de um automóvel. O fato ocorreu no Rodoanel Mario Covas, quando eu estava a 180 Km/h, ziquezaqueando e costurando os carros e caminhões. Identifiquei logo a buzina, que foram 4 bi bi bi bi. BRINCADEIRINHA... Dirijo há 22 anos, e não sou louco. Não estava no Rodoanel Mario Covas, e nem a 180 Km/h. O máximo que eu faço, é 120 Km/h, e em média é 110 Km/h (na estrada), além disso, meu carro é um Uno 1.0, e nunca chegará a essa velocidade. Também não sou de ziguezaguear por aí nem costurar, e tenho uma paciência danada para ficar horas atrás de um caminhão ou ônibus em estrada de pista única, esperando a chance de ultrapassar com segurança. O fato é que hoje ouvi mesmo pela primeira vez uma buzina, que tocou 4 bi bi bi bi. Fiquei contente, pois não via a hora de ouvir uma buzina. O evento ocorreu de manhã na Rua Padre Vicente Mellilo, em Osasco, depois de deixar meu filho na escola. Em tempo: respeitem o limite de velocidade, usem o cinto e dirijam com responsabilidade. Em 22 anos de direção, recebi só 4 multas: 2 por estacionar em local proibido, 1 por estacionar na contra mão de direção e outra por passar o sinal vermelho. A última foi há mais de 8 anos. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 5:32 PM Faça seu comentário: 4 Parte de uma crônica retirada do FIC: Lembro-me de Bilac: ora direis, ouvir estrelas. Oras direis, para Filipe: ¿ oras direis, ouvir decibéis ¿... Na cidade de São Paulo: buzina pra lá, pra cá... Camelôs gritando, cães latindo... Que sorte do Filipe, o povo reclama dos decibéis e o Filipe vibra de alegria. Nada melhor que isto, não? Parabéns, cara! Caret@@@@ !!! Leila Atthie. Leila Atthie | Email | 07-02-2004 02:50:31

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Obrigado, Priscila e Ludmila pela visita ao Blite. É bom saber que meu Blite está correndo o Brasil afora, divulgando o IC. Espero que ele seja de grande proveito para vocês, estudantes de fono, para aprender mais sobre este mundo fascinante do implante coclear. Beijos. Luiz Filipe Luiz Filipe | Email | 06-02-2004 14:07:02 Olá Luiz, Estou aqui novamente, para dar o e-mail da estudante de fonoaudiologia supracitada por você, é a Ludmila né? Foi ela quem me passou o endereço do seu "blige" e o e-mail dela é: [email protected] Beijão!!! Priscila | 05-02-2004 20:59:42 Olá Luiz! Adorei conhecer seu blog, pois sou estudante de fonoaudiologia, logo, logo estarei pagando cadeira de Implante C. e Prótese Auditiva e apesar de estudar fono, não sabia o que era um mapeamento, muito menos como se faziam os implantes. To adorando ler o dia-a-dia dessa redescoberta dos sons. Parabéns pelo blog e por suas conquistas, até porque seu comprometimento, sua disciplina são fundamentais para um bom tratamento com a fonoaudióloga. Beijos!!! Priscila | Email | Homepage | 05-02-2004 20:53:25 Segunda-feira, Fevereiro 02, 2004 Depois das Férias Férias No mês de Janeiro, estive em férias. Dei férias para mim também com a fonoaudióloga, afinal, o ano de 2003 foi um ano muito corrido para mim. Depois que me meti na aventura do IC, não parei quieto mais - fono, RNM, Tomo, HC, Fundação Otorrino, Fundação Cesp, etc, etc, etc e tal. Portanto nada mais justo que um merecido descanso. Logo no inicio das férias, como disse, troquei os mapeamentos. Como não fiz o tratamento fonoaudiólogo, aproveitei as férias para ouvir Cd's de música, leitura em voz alta, e um pouco de treinamento com palavras junto com a esposa. Em relação aos novos mapas, ficaram bem melhores que os anteriores. O som ficou mais claro, consegui ouvir o telefone de casa tocar, o interfone, a campainha. Também descobri outros sons, e passei a ouvir os carros, caminhões e ônibus quando passam ao meu lado quando dirijo. O interessante, é que um dia, um caminhão parou do meu lado, quando aguardava o sinal, e tinha um barulho enorme. Fechei a janela, e tudo ficou silencioso... Abri, novamente, e o barulho voltou. Engraçado... Não sabia. Ao abrir o sinal, dirigi com a janela, ora aberta, ora fechada para sentir a diferença. Interessante, foi como pensei. Também com o novo mapeamento, ficou mais fácil ouvir o toca disco/rádio do carro, com o carro em movimento. Um novo barulho que ouvi, foi a da sirene das ambulâncias e bombeiros. Já conhecia por vibração, pois sempre que passava um, eu sentia a vibração. Agora, passei a ouvir. A "inauguração", deu-se na Av. Rebouças, quando voltava da Zona Leste, e ouvi uma ambulância. Detalhe: a ambulância estava uns 8 carros atrás de mim. Outra coisa interessante foi o barulho da chuva. Estava outro dia no carro, com uma chuva danada, e o tempo todo, a chuva que caia fazia um pipocar enorme no teto do carro. Volta ao trabalho Novamente, em frente do meu computador no trabalho. Ambiente ruidoso, telefone tocando de todos os lados, Rua da Consolação com seu barulho infernal, enfim, volto a rotina de 25 anos, mas com a diferença, que esta rotina é bem mais sonora. Não sei ainda se senti saudades. O que me lembro, é que minhas férias foram mais silenciosas... Bom como disse, os novos mapeamentos ficaram bem melhores. Uma fonoaudióloga escreveu. Uma fonoaudióloga (ou estudante de fono) da Bahia (se eu estiver certo) me escreveu, dizendo que entrou aqui no Blite ao acaso, fez elogios, e prometeu acompanhar as atualizações. Por descuido, quando limpava minha caixa postal (que tinha mais de 120 mensagens), deletei o email dela sem querer, antes de ter respondido e agradecido. Por isso, deixo aqui registrado meu agradecimento, e que fiquei contente com o que ela escreveu para mim. Espero receber outra mensagem dela. Atualizações Agora que estou de volta a rotina, vou procurar atualizar mais constantemente o Blite. Tenho planos de mudar o Template, e fazer outras melhorias. Não tenho pressa, pois a pressa é a maior inimiga da perfeição. Aos poucos vou incluindo novas postagens, melhorando o blite, trocando o template, e claro, melhorando auditivamente e conquistando novos sons. Tudo no seu devido tempo. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 4:30 PM Faça seu comentário: 3 Parte de uma crônica retirada do FIC: Lembro-me de Bilac: ora direis, ouvir estrelas. Oras direis, para Filipe: ¿ oras direis, ouvir decibéis ¿... Na cidade de São Paulo: buzina pra lá, pra cá... Camelôs gritando, cães latindo...

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Que sorte do Filipe, o povo reclama dos decibéis e o Filipe vibra de alegria. Nada melhor que isto, não? Parabéns, cara! Caret@@@@ !!! Leila Atthie. Leila Atthie | Email | 07-02-2004 02:50:31 Obrigado, Priscila e Ludmila pela visita ao Blite. É bom saber que meu Blite está correndo o Brasil afora, divulgando o IC. Espero que ele seja de grande proveito para vocês, estudantes de fono, para aprender mais sobre este mundo fascinante do implante coclear. Beijos. Luiz Filipe Luiz Filipe | Email | 06-02-2004 14:07:02 Olá Luiz! Adorei conhecer seu blog, pois sou estudante de Fonoaudiologia, logo logo estarei pagando cadeira de Implante C. e Prótese Auditiva e apesar de estudar fono, não sabia o que era um mapeamento, muito menos como se faziam os implantes. Tô adorando ler o dia-a-dia dessa redescoberta dos sons. Parabéns pelo blog e por suas conquistas, até porque seu comprometimento, sua disciplina são fundamentais para um bom tratamento com a fonoaudióloga. Beijos!!! Priscila | Email | 05-02-2004 20:53:25 Terça-feira, Janeiro 13, 2004 Novos Mapeamentos – Novos eletrodos. Segunda-feira, no consultório da Fono Valéria Goffi, realizei novos mapeamentos para meu processador de fala. Ao mesmo tempo, foram ativados os eletrodos 1, 2 e 3, que se encontravam desligados. Agora tenho todos os 22 eletrodos ligados. Foram colocados 3 novos programas, o P2 (para o dia a dia em todos os lugares), o P3 (para ambientes silenciosos, com ADRO, e o P4 (para utilização com os cabos ligados direto ao CD-player, TV, Diskman, etc...), este programa foi sugestão do Roner, com aplicação dos 12 filtros. O P1 ficou com o ultimo programa que estava usando, para se eventualmente não gostar dos novos. Gostei dos novos programas, pois além de mais altos, o som ficou melhor, mais claro e estou ouvindo mais coisas, mais claramente. Ainda é cedo para fazer uma avaliação dos novos programas, pois estou há poucas horas com eles. Mas dá para perceber que os sons ficaram melhores, mais claros e fortes. A próxima programação será daqui a 2 meses. Auditivamente, continuo melhorando. Sábado, escutei o telefone tocar em casa, mas ao mesmo tempo, achei estranho, pois estava conectado à Internet. Perguntei à minha esposa ao lado, e ela respondeu – olha o telefone tocando no filme que estava passando na TV. Continuo descobrindo e descomplicando... #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:01 AM Faça seu comentário: 2 Amigo, fico feliz em ver seu progresso. Enquanto estava lendo agora, lembrei de algumas coisas que venho pensando nos últimos meses. Não existe tempo certo para começarmos a fazer alguma coisa que queremos muito. A sua determinação é uma inspiração para todos. Com certeza ainda vou ler nesse site muitas notícias de grandes progressos seus. Um grande abraço e um forte tapa nas costas. Fernando Tildes | Email | 17-01-2004 17:51:53 Caro Luiz Felipe: mais uma congratulação por estares ligado a todos os eletrodos. Agora, sim, começa o descobrir-se o mundo sonoro plenamente. PS: estou copiando estes de termos de eletrodos para que fique mais familiarizado. Parabéns novamente, porque Você merece! Paulo Sérgio Patriota. Nota: meu caro, muito obrigado pela informação positiva ao JON sobre o Fran's Café de minha irmã Sílvia, batalhadora que só! Até mais. Patriota. Paulo S. Patriota | Email | 13-01-2004 03:05:00 Quinta-feira, Janeiro 08, 2004 E o telefone tocou... Hoje, no trabalho, consegui identificar a campainha dos telefones no meio de tanto barulho, como vozes, e outros barulhos. Começou, quando percebi que havia no meio dos barulhos, às vezes, um som agudo, meio breve, as vezes repetitivo. Numa dessas vezes em que esse som apareceu, percebi que minha colega na frente atendeu ao telefone. Será? Pensei. Prestei atenção, e numa outra vez, aconteceu o mesmo. Falei isso para ela, e fizemos um teste. De um outro ramal, ela ligou para o ramal dela, e quando tocava, eu levantava a mão e ela confirmava. Mais um som para a minha coleção. Resolvi passar a manhã prestando atenção nesse som, e consegui identificar varias vezes quando o telefone de minha amiga tocava. Como nem sempre ela atendia ao telefone quando eu ouvia o toque, conclui, que alem do telefone dela, eu estava percebendo outros telefones tocarem, no meio de grande mistura de sons. Fato confirmado por ela. Na Clínica Refal. Comentei com minha fono sobre a conquista de mais um som. Estou fazendo progressos. Cada sessão estou melhorando. A fono me sugeriu que eu passasse a prestar mais atenção quando estiver

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perto de alguma conversa entre um homem e uma mulher, para ir aprendendo a identificar a diferença de voz entre o homem e a mulher, embora para mim a voz de todo mundo pareça igual atualmente, minha fono diz que com o tempo eu vou começar a distinguir a diferença entre vozes, feminina e masculina, da esposa, do filho, do colega de trabalho e a minha. Questão de tempo, e treinamento. Conclusões: Conclui hoje, após o episódio do telefone, e a sugestão da fono, que ouvir por IC exige muita atenção. Lembro-me que o Guto já colocou algo sobre isso no FIC. Concordo. Além de ouvir, preciso prestar atenção, procurar identificar um som diferente no meio dos sons que escuto. Se colocar um Cd com uma orquestra, vou ouvir música ritmada, sons graves e agudos, tudo misturado. Prestando atenção, consigo perceber que tem uns 3, 4 sons diferentes graves e outros tantos agudos diferentes. Conclui-se que vem de instrumentos diferentes. Daí a importância de tentar identificar um som diferente, novo, no meio daqueles que já conheço. Ajuda das pessoas também é fundamental. Sempre que ouço um som diferente, procuro perguntar para minha esposa ou para algum colega no trabalho “que som é esse?” “De onde veio esse barulho”. É importante, para “atualizar” ou “recompor” a memória auditiva. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:58 PM Faça seu comentário: 1 Progressos sonoros, mesmo que não estejam perfeitos atualmente são bem-vindos sempre, né, caro Luiz? Ora, rapaz, mesmo na audição normal é preciso um ouvido absoluto, como o foi o de Beethowen, para distinguir minúcias. Sabemos que a sonoridade do IC é diferente, porém, com o tempo, Você terá seus próprios sons, intransferíveis, já que o seu cérebro vai decodificá-los para o seu caso único. TUDO É MELHOR QUE O SILÊNCIO TOTAL! Parabéns,amigo. Paulo S. Patriota | Email | 09-01-2004 03:08:59 Sábado, Janeiro 03, 2004 Ano novo - Vida Nova Terminou mais um ano. Inicia outro. Os destaques do dia 31/12 foram principalmente os fogos e rojões. Foi emocionante ouvir os rojões e os fogos durante todo o dia, e principalmente, na virada do ano. Sons desagradáveis, como diria o GUTO. Mas para quem não ouve há tanto tempo, até que foi legal. O ano terminou, fechado com uma Chave de Ouro. Foi um ano e tanto. Resolvi investir em mim mesmo, procurando novamente o IC. Valeu. 4 meses depois estava implantado, e 5 meses, ouvindo novamente. Uma longa espera de 37 anos chegou ao fim. Para fechar o ano, nada melhor que estar ouvindo novamente. Teve também no FIC 2 relatos emocionantes: um da Maria Tereza, contando a emoção de ter falado ao telefone com os filhos e amigos, o outro do Renato Matos, narrando sua ativação e as emoções ao reencontrar os sons. Entro neste 2004 ouvindo, e com novas responsabilidades. Fui promovido a Moderador do FIC/GUICOS, ou como o Roner prefere ser chamado, Co-Moderador, ficando o cargo de Moderador ao fundador do FIC - meu colega Fernando Cabral. Agradeço a Deus e a todos amigos pelo ano de 2003. Deus queira que 2004 seja bem melhor! #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:52 PM Faça seu comentário: 4 Luiz Filipe: com tantos afazeres, e Você teve a gentileza de falar sobre o visual do meu novo "template". Obrigado, gente fina. E, como tu sabes, venho diariamente aqui para reparar nos teus progressos! Tudo de bom nesta quinta-feira! Abraço do Patriota. Paulo S. Patriota | Email | 08-01-2004 01:58:40 Concordo com o Patriota aí. Em primeiro lugar, parabéns por sua promoção a co-moderador do FIC. Você merece. Quanto aos fogos de artifício... realmente são sons insuportáveis. Uma vez, passei o reveillon em Santos e a explosão de fogos era tanta que tive que tirar os aparelhos e mesmo assim ainda os ouvia... Um verdadeiro e ensurdecedor barulho. Ah, te linkei no meu blog... Abraços! Jon | Email | 07-01-2004 18:31:39 Espero que tenhamos justificado as suas expectativas!!! Cada dia, como vc mesmo mostra, é uma vitória, não só para vc, mas para todos nós! É muito bom saber que pudemos ajudá-lo. Feliz 2004!!!. Um abraço, Arthur. Arthur Castilho | Email | 07-01-2004 14:09:50 Caro Filipe: Certamente que os sons dos fogos de artifício são um tanto desagradáveis - e perigosos pelos tantos decibéis acima do tolerável - mas no se refere à saudação de mais uma nova etapa, até que soam arrepiantes. Bom, meu caro, ser promovido a co-moderador é uma responsabilidade que Você segurará, pois tem o dom de servir e aplainar. Parabéns por ter entrado numa etapa em que o FIC está cada vez mais crescente. Do colega

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Patriota. Paulo S. Patriota | Email | 04-01-2004 08:36:57 Terça-feira, Dezembro 30, 2003 Bips de Alerta. Ontem de volta para ao lar, após mais uma jornada de trabalho, em pleno ônibus barulhento, consegui pela primeira vez, perceber os bips de alerta de pilha. Explico: o meu processador de fala, o SPrint, quando a pilha ou pilhas estiverem fracas, emite durante um certo tempo (não me lembro quantos minutos) 4 bips sonoros, a cada minuto (novamente, não sei o espacejamento correto do tempo). Ontem em plena Av. Rebouças, olhando pela janela, com o pensamento longe, divagando, percebi 4 sons estranhos. Estranhei. Novamente, após um período curto de tempo, veio mais 4 sons. Lembrei-me dos bips, e verifiquei o visor. BINGO! No visor, aparecia o indicador de pilha fraca! Troquei a mesma (trago 3 na mala), e continuei a viagem, com um sorriso nos lábios. Mais um som conquistado. Mais uma vitória! #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 8:42 AM Faça seu comentário: 7 Bem informativo seu texto gostaria de saber qual o seu grau de perda auditiva antes de fazer o implante coclear alice boita | Email | 10-07-2008 22:58:30 Felipe, Boa tarde. Não sou de parar pra ler nada... Mas confesso que li esse seu "depoimento" e achei muito interessante. Parabéns pela sua evolução. E eu achava que tinha historia pra contar.... Parabéns mesmo...Sou Fabrício fomos apresentados pelo Brandão da CESP. ABs, fique com Deus.... Fabrício | Email | 01-07-2008 16:50:21 Bom dia Luiz como é bom ter encontrado alguém q já fez o IC tenho meu filho DA c 10 anos e o pai dele conseguiu na Sta Casa de Misericórdia de SP uma vaga fazer o IC estou serpresa e ao mesmo tempo preocupada qdo o Sidney (este é o nome do meu bebê) tinha três anos é q tivermos certeza de q ele era DA foi duro meu amigo chorei mto e choro ainda até hoje mas ele é a coisa mais importante da minha vida e como relatos já lidos tb aprendi mto e sei q hoje meu bebê pode tudo tenho medo de permitir o IC e não dar certo qria ter certeza de q estarei fazendo a coisa certa se deixar o IC acontecer (pai,avós,tios)qrem mto pq qrem o Sidney ouvindo e falando mas me preocupo até onde isso vai ser bom pra ele tudo q qro é vê-lo feliz e sem sofrimento qro q leve uma vida feliz e qro ter certeza de q fiz como mãe tudo q foi possível por ele aceito hoje meu bebê do jeito q papai do céu me deu assim perfeito não qro eu causar nenhum dano a ele futuramente nem deixar de fazer algo q vai deixá-lo feliz responda-me por favor bj Adriana | Email | 13-04-2008 13:15:14 Gostaria que me desse mais informações sobre tudo, o implante, o hospital, o medico...Para que possa fazer também...Sou profunda...Serei grata a vc!bjo Daniela Mathias | Email | 24-09-2007 08:43:18 Meu querido irmão, é por essas e outras q não perco a fé. Como é lindo ler o q vc escreveu. A maior benção q já recebi, foi ter minha filha com deficiência. Pois com isto, ela me ensinou a ver a vida com outros olhos, observar a natureza, como as folhas balançam, ouvir por vibrações, e realmente achar tudo muito lindo, e sempre agradecer ao nosso Pai maior, por tudo q temos. Nada passa despercebido aos olhos da Déborah, e onde os olhinhos dela vai o meu acompanha, pois sei q dali eu vou ter uma surpresa, pois vcs DA, tem uma sensibilidade tremenda. Aprendi a ouvir por vibração, e com isto dançamos todos os ritmos, é perfeito. Parabéns pela sua conquista, seu relato é fabuloso, penso no orgulho de sua esposa, mãe e amigos, pois todos nós lutamos, sofremos e vibramos com cada luta de vcs. Obrigada por me retornar, obrigada pelos conselhos, vou tentar fazer um plano de saúde, moramos no interior de Goiás, é difícil, mas nada é impossível, bjos e q Deus o abençõe. lilian kelia leles t | Email | 12-07-2007 08:24:29 Olá Luiz Antonio? Meu nome é Matheus, e trabalho numa ONG chamada Coletivo Refazendo (www.refazendo.org). Apesar de ser ouvinte, me interesso muito sobre o mundo dos surdos, e agora estou descobrindo coisas sobre o implante coclear... Bem, gostaria de saber se podemos conversar melhor por e-mail? Caso sim, meu e-mail é [email protected] Me manda alguma notícia, com um "sim" ou "não", ok? Abraços e parabéns! =] Matheus Freitas | Email | Homepage | 28-06-2007 07:55:08 Mais uma vitória, meu amigo. Outras virão. Cada dia é um recomeço. E novos sons serão redescobertos. Gostaria de estar em teu lugar. Abraços do Paulo Sérgio Patriota. Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 31-12-2003 03:43:07

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Segunda-feira, Dezembro 29, 2003 Um mês ativado. Estou ativado a um mês. Neste mês tive vários progressos auditivos. Segundo minha fono, Lidia, meus progressos foram maiores que ela esperava de mim. Consigo discriminar vários sons, mas embora os discrimine, é difícil reconhecer a maioria deles. Posso ouvir vários sons, sinto que tem diferença entre eles, mas simplesmente, não sei que barulho é. Por exemplo, reconheço o latido de minha cachorra, às vezes reconheço o interfone do prédio tocar. Reconheço facilmente na rua uma moto passar, ou o motor do ônibus ou carro. Gosto de colocar um CD de musica clássica, e ficar ouvindo a orquestra. Tem uma mistura de sons, graves e agudos, e a gente sente o ritmo. Sempre toco um CD de musica clássica diariamente, além de algum CD de musica brasileira, tipo RC, com poucos instrumentos. Procuro variar cada dia um diferente, para não ficar acostumando em um só apenas. Para isso, minha esposa tem um montão de CDS. Todo dia, leio durante 30 minutos a 1 hora ou mais, alguma reportagem de revista. Tenho um montão guardado, de quando era assinante da revista Veja. Pego uma, escolho uma reportagem qualquer, e vou ao quarto, onde leio em voz alta. As vezes, para variar, leio um capitulo ou algumas paginas de algum livro. Estava lendo José Lins do Rego, e ontem, li metade do livro "A voz do Mestre" de Gibran. Hoje, lerei o resto. Minha voz melhorou bastante. Antes falava muito alto, às vezes quase gritando sem saber. Outras tantas vezes, em vários ritmos, ora altos, ora baixos. Agora consigo falar quase no mesmo timbre, e bem mais baixo. Isso foi notado pela minha esposa e meus colegas de trabalho. Estão elogiando. Aprendi a ouvir os barulhos desagradáveis e agradáveis, como disse outro dia. Quando a gente vai redescobrindo os sons, a gente passa a gostar de alguns e detestar outros. Ainda não discrimino nenhuma palavra falada. Diante dos progressos que consegui, não me queixo. Estou ouvindo há apenas 33 dias, depois de 37 anos sem nada ouvir. Consegui muita coisa neste tempo, e ainda vou evoluir muito pela frente. Deixo acontecer tudo no seu devido tempo, de uma forma natural e espontânea. Cada dia vou descobrindo novos sons. Novas emoções. Estamos próximos do Novo ano. Até lá, novas conquistas virão. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:17 PM faça seu comentário: 2 oi ,td bem ? vc ñ me conhece! estava fazendo uma pesquisa sobre implante coclear, e vi que vc tinha feito! gostaria de falar com vc, se vc tiver msn, me adiciona na sua lista e me mande um e-mail me avisando quem é vc ok !coloque entre parêntese implante coclear, assim eu te aceito p/ tirar dúvidas c/ vc e ter mais confiança e esperança! sou da bahia, casada, tenho 40 anos, estou muito triste a cada dia! preciso de ter uma conversar c/alguém que tenha um problema, igual a mim. aguardo resposta.obrigado pela atenção! até mais! tchau. adriana paim | email | 28-07-2005 22:03:50 Nossa, comparativamente ao tempo de silêncio total em que viveste é uma vitória e tanta, caro Filipe. Penso que Deus quer que um dia nos conhecemos, devidamente equipados com nossos ouvidos de alguns milhares de dólares - e de emoções renascidas. Até a próxima. Paulo Sérgio Patriota Paulo S. Patriota | Email | 31-12-2003 03:47:26 Segunda-feira, Dezembro 22, 2003 Novidades no Blite Tirei a entrada direta para "História do Implante Coclear", pois o formato pdf não abria. No lugar coloquei formato htm. Para a revista da Politec, coloquei uma página, onde tem opção de salvar no computador do usuário, e ler através do Adobe Reader. Estou testando programas que tirei da Internet, pra transformar os arquivos ".pdf" em ".htm" Também na parte de links pessoais, coloquei o blogger do Jon Yamamoto. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:20 PM Faça seu comentário: 2 Parabéns pelo blite, Luiz Felipe! É incrível a quantidade de informação que ele contém, é perfeito para os candidatos e todos que queiram conhecer o IC tirar suas dúvidas! =) Samuel | Email | 26-12-2003 01:29:38 Caro amigo, Este Blite está magnífico... Imagine-se um calouro ao implante coclear: ele deverá passar por aqui, imediatamente. É indispensável. Eu darei a dica. Parabéns mais uma vez, colega! Abraços do Patriota. Paulo S. Patriota | Email | 23-12-2003 02:01:48

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Resumo da semana - 15/12 a 21/12 Nesta semana que se passou, houve alguns progressos auditivos. Continuo com a terapia, e aproveito todo dia para quando chego em casa, fazer uma leitura de livro ou revista durante 30 minutos à 1 hora. Passei a descriminar melhor os sons, embora não consiga discriminá-los totalmente. e principalmente, passei a ouvir melhor os sons agudos. Além da leitura, faço uso dos cabos, e coloco musica clássica, principalmente instrumentais, para ouvir/treinar a audição. Consigo perceber melhor os diálogos na TV, seja nos noticiários, programas ou novelas. Interessante nas novelas, onde consigo ouvir os sons de fundo. Consigo perceber quando tem muita zoeira quando minha cachorra late. Meu IC está precisando de novo mapeamento, que provavelmente vai ocorrer no dia 29 com a Valéria Goffi. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:39 PM Faça seu comentário: 1 Pôxa Felipe que coisa linda, só hoje pude ter a oportunidade de conhecer melhor sua história, é gratificante pra mim no momento que estou vivendo poder contar com esta aula de IC, estou a vinte e poucos anos no silêncio, e um relato como o seu está sendo muito importante Tenho pouca experiência com a Internet, passei a usá-la só depois que descobrir vcs Saudações e parabéns Márcio Márcio Pereira | Email | 15-02-2005 17:58:49 Segunda-feira, Dezembro 15, 2003 Barulhos agradáveis e desagradáveis Desde o começo da ativação, as fonos perguntavam se o barulho estava agradável ou desagradável. Eu sempre respondia - acho que está agradável. Bom, no começo os barulhos eram sempre iguais, por isso, eu não sabia distinguir se eram agradáveis ou desagradáveis, pois ao retornar ao mundo sonoro, tudo era agradável. Agora, começando a discriminar os sons, eu sei o que é barulho desagradável: O barulho do motor do ônibus, as panelas, os pratos e os talheres batendo na pia ou um batendo ao outro quando lavo louça. Isso sim é um barulho irritante e desagradável de ouvir. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:53 PM Faça seu comentário: 2 Caro Luiz, sempre venho aqui neste espaço,que me serve de guia para um futuro próximo em que,se Deus

quiser,estarei implantado. N�o poderia deixar de freqüentar teu Blite tão útil. a que o FIC está sobrecarregado

de mensagens, e me está faltando tempo - e até paciência - para ler tantos posts l�. Obrigado, colega e amigo.

PS: agradeço tua passagem lá no meu cantinho, também. Abra�os do Patriota. Paulo S. Patriota | Email | 20-12-2003 23:25:41 Luiz Filipe, Você ainda vai descobrir mais barulhos desagradáveis. Mas,quando tiver bem acostumando com

eles,� s� desligar o aparelho,n�? Eis a� uma vantagem! No entanto,mesmo se n�o quiser desligar,pense

apenas na voz dos que te amam... Pronto. At� mais... Patriota. Paulo S. Patriota | Email | 16-12-2003 02:02:09 Sexta-feira, Dezembro 12, 2003 Na Cteep No horário do almoço, teve um show do ICC - Instituto Criança Cidadã, uma entidade patrocionada pela Cteep. Teve muita musica, mas devido a tanto barulho dos tambores, surdos, etc.... parece que o som "some". Estranho. Estou sentindo a vibração bem forte pelo chão, mas o som parece baixissímo. Fui embora tratar assuntos nos bancos, tomar um lanche, e um tempinho depois, o som voltou ao normal no meu ouvido. Muito interessante. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:23 PM faça seu comentário: 1 Meu caro Luiz: interessante saber que um barulho tão alto pareceu baixinho: quando ouvia normalmente e estava numa festa com caixas de som potentes, quando saía do salão parecia que minhas cócleas estivessem anestesiadas. Mas legal saber que tudo se normalizou depois. Abraços do Patriota. Paulo S. Patriota | Email | 14-12-2003 07:59:11 No tratamento Ontem tive mais uma sessão de fono. Foi igualzinho à anterior. Só mudaram os instrumentos e as palavras que tive que adivinhar. Também iniciei um tratamento para melhorar a minha fala. Segundo a fono Lidia, minha fala é muito boa, mas tem um sotaque parecido com uma pessoa estrangeira. Também segundo a fono, eu estou indo bem melhor do que ela esperava de mim.

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#Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:20 PM Faça seu comentário: 1 Luiz Filipe: Vais melhorar tua fala com o tempo, tenho certeza. � a luta di�ria,a persist�ncia que te vai fazer

chegar l�. At� breve. Patriota. Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 14-12-2003 08:01:45 Quarta-feira, Dezembro 10, 2003 Passando o endereço do Blite para uma pessoa muito amiga. Agora vou repassar o endereço do meu Blite (BLogger + sITE), a uma pessoa muito amiga que eu admiro muito, que o pediu por ter perdido o endereço. Estou enrolando esta pessoa desde o começo da tarde, e ela já está fervendo de raiva. Lição numero um: Paciência tem limites. Chegue até o limite e caia fora! #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 3:08 PM Faça seu comentário: 0 Ontem à noite Ontem à noite, durante a novela assistindo a novela "Celebridades" (não que eu goste de novela, mas eu estou assistindo, pois procuro acompanhar atentamente as falas através da leitura oro-facial + sons, percebi que em uma certa cena, não lembro qual, tinha um fundo musical baixinho - perguntei a minha esposa - era um piano tocando uma musica suave, triste. Depois misturava com as falas, musica - falas e musica. Muito interessante. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 3:03 PM Faça seu comentário: 0 Sobre os novos mapeamentos Como disse antes, estou com 3 programas novos. P1- para o uso diário, P2 - para uso em ambientes silenciosos e para a terapia audiologica e o P3 - para uso e abuso dos cabos de ligação em TV, som, disk-player, etc.... Os 3 programas cumprem suas funções. O único senão é sobre o P3 - que pedi para a Valéria fazer para mim utilizar nos cabos. É bom em casa na TV, no Som, no Cd-player, MAS é terrível quando utilizado no cd-player no ônibus ou no carro. Mesmo com a sensibilidade do microfone regulada para zero, o mesmo CAPTA o ruído do motor do ônibus. É horrível e desagradável. Tentei a autosensibilidade, e continuou na mesma. O jeito que arrumei, é utilizar o P1 com sensibilidade zero. Aí sim, ficou melhor. De qualquer forma, é outro sinal de progresso. Antes não conseguia falar para as fonos se eu ouvia algum som desagradável, pois nem sabia o que era um som desagradável. Agora sim, eu sei o que é. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 3:02 PM Faça seu comentário: 0 Na Clínica Refal Ontem iniciei minha reabilitação audiologica. Estou fazendo a reabilitação com a Fga. Lidia Balbachevski Setti. A Fga. Lidia, tem mais de 30 anos de convivencia com deficientes auditivos. Tem/teve entre seus pacientes 6 implantados cocleares. Na nossa primeira sessão, tivemos a seguinte terapia: - Treinamento com instrumentos - Ritmos - fortes e fracos - Intensidade longo e breve - número de estímulos - Estimulação vocal com composição de palavras escritas e sua produção vocal Nunca precisei de treinamento fonoaudiologo. Mas todo mundo tem a primeira vez. A fase de reabilitação após o IC é fundamental para o sucesso do IC. Nesta fase, paciência, determinação e persistencia são fundamentais. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 3:02 PM Faça seu comentário: 0 Resumo - 06/12 a 10/12/03 Os novos mapeamentos ficaram bem melhor. Ficaram mais altos, e com eles consigo perceber melhor os sons agudos. No carro, consigo ouvir o rádio, mesmo com o carro em movimento, o que

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não acontecia antes.Abusei nestes dias dos cabos que recebi, e abusei dos CD's de música clássica, tal como Choppin, Morzat, Tschaikowski, Beenthoven. Todos em Orquestra. Dá para perceber ritmo, e instrumentos baixos e agudos como, por exemplo, violino. Ainda não descrimino muito os sons, mas acredito que estou discriminando melhor do que no primeiro mapeamento, pois consigo acompanhar ritmos. Também gosto de um CD de minha esposa, chamado "Piano Maravilhoso". São 14 músicas tocadas no piano, que dá para acompanhar ritmos e sentir os mesmos. Passo horas com ele. Na TV, consigo acompanhar melhor as falas seja nas novelas ou noticiários, pois a soma da leitura labial + sons ouvidos, ajuda a compreender melhor. Explificando - antes do IC, apenas fazia a leitura labial, mas sempre era difícil acompanhar tudo, digamos, que conseguia tirar uns 30% da leitura labial. Agora com a soma de leitura labial + escutando com o IC, consigo, digamos, uns 60% de acompanhamento. Outra coisa que melhorou, é a minha fala. Consigo controlar minha voz melhor. Minha esposa e meus colegas do trabalho estão falando desse progresso. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 3:01 PM Faça seu comentário: 0 Sexta-feira, Dezembro 05, 2003 Novo mapeamento Hoje, troquei os mapas do processador de fala. Foi a fono Valéria Goffi que fez os mapeamentos hoje (o primeiro foi com a Mariana Guedes). Parece que a Valeria ganhou a parada, pois eu estava sendo disputado pelas duas. Os próximos serão com a Valéria. Bom, como foi? Primeiro conversamos sobre a primeira semana, minhas duvidas, e ganhei uma aula muito proveitosa. Alias, tudo que é sobre IC, eu sempre tiro proveito, e vou aprendendo cada vez mais. É um pouco complicado, mas a gente vai descomplicando, aprendendo e descobrindo. Em termos auditivos, os novos mapas mostraram-se mais fortes, altos, que melhora a percepção sonora. Após a conclusão dos mapas, a Valéria pediu que eu desse um passeio na rua, na Av. Paulista (Avenida que eu adoro, o coração paulistano diz tudo). Achei um pouco alto o som, mas não irritante. Pedi pra Valéria diminuir o som, o que foi feito. Não tenho condições ainda de avaliar como fui com este mapa, o que farei nos próximos dias. Estou agora com 4 mapas no processador; P1- o ultimo que usava, P2- o novo, para usar no dia a dia, P3- quase igual ao P2, que foi feito para ser usado em ambientes silenciosos, como a minha futura terapia fonoaudiologica que começo na semana que vem, e o P4- que pedi para eu testar utilizando o cabo para TV, CD, som, etc..... Veremos nos próximos dias como ficou. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:10 PM Faça seu comentário: 0 Do dia..... As melhorias observadas até agora, é minha voz, que segundo vários colegas e minha esposa, estou falando melhor, mais baixo, pois antes às vezes falava muito alto, quase gritando as vezes. Agora ouvindo a minha voz, consigo regular a mesma. Melhorou também o entendimento na TV. Explico: Antes do IC não conseguia fazer a leitura oro-facial de todo mundo, e quando fazia, fazia com dificuldades. Hoje consigo ler melhor os lábios de jornalistas, dos personagens das novelas, etc..., o que não fazia antes. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 9:21 AM Faça seu comentário: 0 Quarta-feira, Dezembro 03, 2003 Zoeira Quase no fim de acabar o expediente. Hoje o barulho esteve enorme, mesmo com o volume colocado no mesmo lugar como sempre. Tento abaixar, mas dá a mesma coisa. Segundo o Roner, nos primeiros dias, isso é normal. O cérebro está "confuso" e não sabe o que é alto ou baixo. Abaixando ou aumentando o volume, tudo fica igual. Vale ressaltar que não sei se a "zoeira" aqui no trabalho está normal hoje, o pessoal está fazendo mais barulho que o habitual, ou minha percepção auditiva melhorou. Ainda veremos..... #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 4:33 PM Faça seu comentário: 0 Linha direta - BLITE x FIC/GUICOS Coloquei aqui no blogger uma linha direta entre minhas postagens e o FIC (Fórum de Implante Coclear). Assim, meus colegas no FIC poderão acompanhar tudo que eu postar, sem precisarem

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entrando aqui no site. O termo BLITE significa BLogger + SITE, termo inventado pelo meu amigo Roner Dawson do FIC. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 2:21 PM Faça seu comentário: 1 Bacana seu blog :) Sucesso na volta ao mundo dos sons. Abraços, Raul P.S: Freqüento o FIC Raul | Email | 03-12-2003 15:44:49 Durante a manhã Nada de novo. Peguei o Cd-player do meu filho emprestado, e usei durante o trajeto do ônibus com um cd de músicas. Bom, é difícil ouvir o cd com o barulho do motor, das pessoas falando, etc e tal. Vou pedir no próximo mapeamento um programa especifico para ouvir cd's com sensibilidade do microfone zero. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:26 PM Faça seu comentário: 0 Tratamento Fonoaudiológico Ontem iniciei meu tratamento fonoaudiológico. Não queria fazer esse tipo de tratamento, mas é necessário. A Fono Valéria está implorando, a Fono Mariana dizendo que precisa, o Dr. Arthur tinha comentado que seria bom fazer o Dr. Paulo Porto, idem. Segundo a Valéria, aprender a REouvir sem auxilio de fono é mais difícil, então o auxilio de uma profissional é de grande valia. Pelo menos é necessário um período de tratamento. . Paciência, perseverança, e muito preparo psicológico são fundamentais neste momento. Como fiz o IC em convenio, e o convênio não cobre tratamento fonoaudiológico no HC-SP, acabei sendo indicado para uma profissional conveniada. Trata-se da Fga. Lidia Balbachevski Setti, que trata há mais de 30 anos de deficientes auditivos, e também atende implantados cocleares. A primeira consulta foi um bate papo, onde contei a historia, ela contou suas experiências com deficientes e implantados. No fim foi uma consulta positiva. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 9:11 AM Faça seu comentário: 0 Terça-feira, Dezembro 02, 2003 Melhorias no Blogger Melhorei hoje a página de centros de implantes no Brasil, e coloquei o endereço do Dr. Rodolpho de Natal, enviado pelo nosso colega Paulo Patriota. Também inclui a história do Prof. Graeme Clark da Universidade de Melbourne, criador do Nucleus, e o bloger do Paulo Patriota. Com o tempo vou melhorando minha página. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:35 AM Faça seu comentário: 2 Luiz, Eu e minha esposa descobrimos agora que nossa filha de 1 ano e nove meses tem deficiência auditiva bilateral profunda e seu site tem nos ajudado bastante a descobrir alguns caminhos para o tratamento. Muito

obrigado! N�s moramos muito distante dos locais de tratamento, em Aragua�na-TO e infelizmente ainda n�o conseguimos aparelhar a Ivy (nossa filha), mas estamos a caminho. Ela também precisará, segundo os médicos, retirar as amídalas a adenóide e colocar um dreno nos tímpanos. Qualquer informação útil envie-nos, por favor. Gratos, Maurício, Mariliza e Ivy. Maurício C. Ayres F. | Email | 25-06-2006 22:33:45

Luiz,meu caro: Como estou contente com tua efici�ncia!... Voc� � uma criatura educad�ssima,rapaz! Deus o

proteja sempre - e aos seus tamb�m. Um abra��o do colega Patriota! PS: Sua HP j� est� adicionada h�

dias. Parab�ns,novamente,por este trabalho! Nota: E p�s meu blog tamb�m? Valeu,irm�o. Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 03-12-2003 04:17:34 Segunda-feira, Dezembro 01, 2003 Segunda feira Hoje não teve novidades audiológicas significativas para contar. Estou com o P2, e como disse, o som fica mais alto. Daí o clima no trabalho foi com zoeiras mais marcantes. Também fui ao banco 2 vezes, e passei pela porta rotatória sem problemas. Tinha conversado sobre isso com as fonos, e elas disseram que hoje em dia, as portas tem um campo

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magnético bem menor que as antigas, e por esse motivo não tem problema de passar pelas mesmas com o processador de fala. Mas a Mariana aconselhou a passar com o processador desligado, o que fiz. Nenhum problema. Mesmo que o alarme disparasse, tenho cara de probo mesmo. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 4:37 PM Faça seu comentário: 0 Domingo, Novembro 30, 2003 Final de semana Comecei o final de semana trocando os programas conforme a orientação da Fonoaudióloga Mariana que me ativou. Para lembrar, ela colocou 3 programas o P1(baixo) P2 (médio) e o P3 (alto). O P2 é um pouco mais forte que o P1, mas se nota a diferença. Ouvi bastante TV, toquei CD do RC, da Clara Nunes e Zizzi Possi. Procuro ficar atento aos sons. Ainda estou com a voz do Pato Donald, mas já percebo algumas diferenças entre os ritmos das musicas. Na TV com o P2 deu para melhorar a recepção dos sons. Notei que estou ouvindo o "i", o "u", e outros agudos que não ouvia nos primeiros dois dias. Também estou ouvindo a voz de meu filho e esposa, que eram "baixos" nos dois primeiros dias. Também fiz várias leituras em voz alta. Peguei um livro de Poesias de Ricardo Reis, e fui recitando em voz alta. E um livrinho de "como se escreve" do meu filho que tem 7000 palavras. Fui escolhendo aleatoriamente varias palavras, e recitando em voz alta. O treinamento continua. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 7:20 PM Faça seu comentário: 1 Luiz, sou filho de uma recém implantada. Ela fez a cirurgia na Unicamp no dia 19/11/2003, portanto ainda n�o

colocou o processador de fala. Gostaria muito de poder contar com seu aux�lio, descrevendo suas rea��es

para que delas eu possa tirar o m�ximo de substrato para auxiliar minha M�e nos primeiros passos na

retomada da audi��o. Parab�ns pelo site e muita sorte rumo ao nosso barulhento mundo. Estarei sempre

aqui. Abra�os, Marc�o

Marco Aur�lio Pereira Paiva | Email | 01-12-2003 09:10:28

Sexta-feira, Novembro 28, 2003 Saída do trabalho Foi um dia cansativo. Há muita zoeira no trabalho, mas tinha o recurso de colocar no autosensibilidade, mas preferi não colocar para poder estimular a memória e os nervos auditivos. Comigo os eletrodos não terão folga. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 5:24 PM Faça seu comentário: 3 Meu caro Luiz: Gostaria que acrescentasses no link Centros de Implante Coclear o endere�o do de Natal-RN,o

�nico no Nordeste a realizar tal procedimento: OTOCENTRO - Centro de Otorrinolaringologia do Hospital do

Cora��o (SUS) Dr. Rodolpho Penna Lima J�nior Fone: 84-209-2040 Site: www.hospitaldocoracao.com.br

Muito obrigado pela aten��o. Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 29-11-2003 18:38:23 Caro Luiz Felipe, estou acessando sua home page pela primeira vez,e quero te parabenizar por esta empreitada.

Supimpa que tenhamos mais uma fonte de informa��o! No dia 20 de dezembro vai-se completar vinte anos

que perdi a audi��o devido a um acidente de moto. Estou esperando a chamada do Dr. Rodolpho l� em Natal para refazer os exames pelo SUS... Com a certeza que irei ser aprovado,pois o anterior,de 2001,resultou que

minha c�clea est� em dia,desossificada... Voltarei sempre aqui,pois eu o adicionei ao Favoritos. Boa sorte,amigo! Paulo S. Patriota | Email | Homepage | 29-11-2003 18:24:53

Luiz, Quando a autosensibilidade, eu tb n�o queria colocar no come�o, mas ficava com muita dor de cabe�a

em lugares barulhentos... Mas se isso acontecer, � s� abaixar... T�m tido algum incom�do ou dor? Rodrigo Rabelo | Email | 28-11-2003 18:56:54

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No trabalho Houve tapas nas costas, abraços, etc... tive que explicar, contar a historia da ativação umas 50 vezes...... Notei o seguinte, estou escutando o martelar das teclas do computador. Algo que esqueci de postar sobre o dia de ontem à noite. Qdo teclei na quarta, dia da ativação, nem percebi o martelar das teclas. Ontem, foi mesma coisa durante o dia, mas no finzinho da noite, quando entrei no FIC, eu percebi o martelar. E o winchester rodar. Eita.... o progresso continua..... #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:48 PM Faça seu comentário: 1 O martelar do teclado... Um dos primeiros sons que ouvi... Achei engraçado aquele som met�lico de teclas...

Hoje ainda ouço, mas n�o met�lico... Muito legal seu site, Lu�z! Estarei lendo sempre e linkarei no meu blog! E obrigado por me linkar... Rodrigo Rabelo | 28-11-2003 18:51:45 No ônibus Voltei a trabalhar hoje. Tomei o ônibus, e ouvia vozes. Qdo o ônibus anda, estranhamente tudo fica quase em silencio. E qdo o ônibus para, volto a ouvir as vozes dos passageiros ao redor. Ocorre o mesmo quando dirijo o carro. Se falo em movimento, minha voz parece ter diminuído, e com o carro parado, a voz volta ao normal. Bonita experiência. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:46 PM Faça seu comentário: 0 Segundo dia - Noite. Houve uns progressos. Passei a distinguir um pouco melhor os sons do CD, e notei que percebo alguns sons a mais na TV. Notei também que ouvi a voz de meu filho. No primeiro dia, nem ouvia a voz dele, e a voz de minha esposa que é baixa, eu pouco ouvia. Agora consigo ouvir a voz de meu filho e de minha esposa melhor. Também ouvi o latido de minha cachorra, o que não tinha ouvido no dia anterior. Notem que qdo digo ouvir - continuo a ouvir como no primeiro dia, ou seja sem discriminar nada, em tempo, a voz do Pato Donald. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:44 PM Faça seu comentário: 0 Segundo dia - manhã No segundo dia após a ativação, fiquei em casa, pois estava cansado depois das emoções da ativação. Aproveitei para continuar a curtir o brinquedinho. Ouvi novamente o CD do Roberto pela manha, assisti a TV, tipo, Mais você, Jornal SPTV, Jornal Naciona, e Video Show. Procurei acompanhar atentamente a leitura labial, e comparando os sons. Fomos ao Carrefour fazer compras, e eu aproveitei para ouvir a zueira.... Mas o Supermercado estava vazio, e deu para ouvir barulhos indescrifáveis. à tarde, li um livro em voz alta, para treinar o volume de minha fala, que é muito grave e eu falava às vezes alto demais, o que eu percebo. Valeu a pena, pois minha esposa falou "viu como vc passou a falar mais baixo"..... #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 1:42 PM Faça seu comentário: 0 Ativação do Implante Coclear Quarta-feira(26/11) foi um dos dias mais felizes de minha vida. A fono Mariana Guedes do Hospital das Clínicas, iniciou às 13:45 horas, os procedimentos de ativação do IC. Primeiramente, fizemos uma telemetria, para saber o real estado dos eletrodos, visto que na cirurgia, apenas 16 eletrodos responderam, e para a surpresa, houve resposta dos 22 eletrodos. Iniciamos então o procedimento de ativação. Os eletrodos são ativados um a um. É um procedimento lento, mentalmente cansativo. Exige muita concentração e atenção para poder estabelecer parâmetros mínimos e máximos de cada eletrodo. Não é fácil para quem está há anos sem ouvir. No fim, foram ativados 19 eletrodos. Os 3 últimos, correspondente às freqüências mais acudas, foram desligados para serem ligados futuramente. No fim, a fono ligou todos os eletrodos de uma vez só. Gente!!!!! Um barulhão explodiu na minha cabeça!!!!! Foi assustador e ao mesmo tempo, emocionante. Precisam ver só o pulo que eu dei da cadeira. Chegou-se à conclusão que ficaram muito para cima, ou muito altos. Novos ajustes, novos testes, e sem aviso prévio, de repente passo a

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ouvir barulhos estranhos de todos tipos. Fico confuso, barulhos que vem e vão. Meio bobo, noto que estou ouvindo a minha voz, a da minha esposa e a voz da fono!!!! Ela ligou o processador de fala!!!! É difícil descrever o momento. Tudo explodindo em minha cóclea e sendo enviado para o cérebro. É fantástico. Faz 37 anos que não ouvia esses barulhos. Foi emocionante mesmo. Houve novos ajustes e sai com 3 programas no processador. Sai ouvindo, dirigi o carro, fui na casa de minha mãe de 80 anos, que sempre desejou a volta da minha audição. Ela chorou muito de emoção!. Depois fomos para meu apto. Ouvi a TV, o disco que ganhei do RC de minha amiga Sueli. Logicamente, não sai ouvindo normalmente. São barulhos rítmicos, estranhos para mim, como o pessoal do FIC diz - parecidos com a voz do Pato Donald. Neste dia não ouvi minha cachorra latir, nem a voz do meu filho, que como toda criança, tem voz baixa (ou fina sei lá). Mas com disse a fono, o primeiro mapa nunca é legal. É apenas para ir acordando a parte do cérebro que ficou adormecida durante 37 anos, estimulando esta parte e o nervo auditivo, e me inserindo ao mundo dos sons. Paciência, perseverança, e muito preparo psicológico são fundamentais neste momento. #Auditivamente postado por: Luiz Antonio Jeller Filipe @ 11:42 AM Faça seu comentário: 3 Ola sou fonoaudióloga (espero que leia meu comentário mesmo assim!!!! brincadeirinha), meu nome eh Luiza e atualmente estou dando aula na universidade de Santa Maria-RS no setor de audiologia educacional e temos alguns clientes prováveis candidatos ao IC. Esta pagina vai ser de extrema importância para o esclarecimento dos mesmos, afinal, nada como a experiência bem sucedida de um usuário do IC. Parabéns pelo trabalho! Luiza Luiza Juchem | Email | 12-05-2004 22:10:23 Muito emocionante mesmo a hora da ativa��o... Aqueles sons explodindo... Na Unicamp, at� pulei de

surpresa quando ouvi o alto-falante... � uma sensa��o indescritível... Bom, at� mais! Rodrigo Rabelo | 28-11-2003 18:54:09

Estou testando os comentários. Ab�s L.Filipe Luiz Filipe | Email | 28-11-2003 13:52:00 Seleção das felicitações recebidas pela realização da cirurgia de implante coclear Luiz Filipe Parabéns pela nova fase que se inicia em sua vida.Desejamos Sucesso, que você alcance todos os sons......Conte conosco Abraços ADAP/BAURU Filipe, Fico muito feliz em poder compartilhar com você e sua família esse momento, pois se eu já o admirava pela pessoa que você é agora muito mais pelo esforço e por tudo que está acontecendo, Amigo, ao ler o seu e-mail não pude conter lágrimas de felicidade, se eu estou assim, imagino como deve ser para você. Abraços e sucesso ! ! ! do amigo Antonio Carlos Santoni - CTEEP Luiz, tou muito feliz por você. Lembro que um dia vc me mandou um pvt falando sobre ser candidato. Realmente, eu não posso fazer nem idéia do que é voltar a ouvir, pois eu "paro de ouvir" oluntariamente... hehehe coisa de louco... Eu fiquei emocionada com as suas reações e muito feliz por saber como se sente uma pessoa implantada. Quero conhecer seu site e tb acompanhar seu desenvolvimento.Ê, Dawson!! Qdo é q esses conhecimentos chegam aqui ao Planalto? Tem muita gente aqui que quer ouvir e nem sabe que tem como...Luiz, divirta-se muito com seu brinquedinho... ;?Parabéns!! Um grande abraço. Barbara Angélica - FIC Caro Luiz Filipe Repassaram o seu emeio e fiquei emocionado com ele. Parabéns, cara! Essa possibilidade de um novo mundo se abrir para você é fantástico. Sempre é ...Bons sons procê, companheiro! Abraços. Carlos Eduardo Pestana Margalhães - CTEEP Bom Dia Filipe!!!

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Que legar!!! Que legal!!! Que legal!!! Parabéns!!! Parabéns!!! Parabéns!!! Na verdade não sei bem o que dizer ou como me expressar, só sei que estou muito feliz e orgulhosa por vc, foi uma conquista é tanto!!! Um caminho longo a ser percorrido, mas que vc superou com determinação e paciência... Espero que essa fase seja repleta de alegrias e novas descobertas ou até mesmo redescobertas, o importante é que vc viva intensamente cada instante!!! Estou aqui para o que precisar, e saiba que fiquei muito feliz por fazer parte da sua lista de amigos com os quais vc compartilhou um momento tão lindo como esse!!! Tenha um ótimo dia, E um forte abraço de alguém que te admira demais!!! Carolina Impiglia Esteves - CTEEP Luiz Filipe, EU ESTOU MUITO FELIZ POR VOCê!!! VOCê ESTÁ OUVINDO QUE EU ESTOU GRITANDO??????????????????????? BEIJO (com estalo) Cecilia Maria Kolossvary Educação Corporativa Transmissão Meu caro Filipe Quando soube da sua decisão de se submeter a uma cirurgia de implante de um órgão do ouvido pra permitir a sua audição e que foi bem sucedida, graças a Deus, não me furtei em pensar numa forma de brindar.Foi a melhor notícia que tive este ano. E rogo a Deus que você tenha superado de vez uma grande barreira à comunicação. Se você não sabe, sempre o respeitei e o admiro pela sua ferrenha vontade de viver. Depois do que soube, vou brindar a sua coragem e fé me imaginando enchendo uma taça de champanhe e depois de tomarmos juntos, erguer a minha taça acima da minha cabeça o mais alto que eu consiga e gritar a plenos pulmões: Saúde, Filipe! Deus o conserve! Celso de Oliveira Olá!!!! Que legal, estou muito contente com o sucesso da empreitada.Você deve estar mesmo que nem criança com brinquedinho novo, querendo curtir ao máximo, né? Mas legal, fiquei muito contente mesmo.Papai Noel foi legal com você, né? E o seu filho (é Rodrigo, não é?) o que está achando disso tudo? E a Tute? Claudia Pinto Iabutti / Eraldo Galvão de Sousa - BK-Informática É com um imenso prazer que compartilho este seu momento e torcendo para que a adaptação seje a cada momento curtida como um despertar, fico contente que 'DEUS' pode te presentear com mais uma das maravilhas da medicina moderna e só espero que agora voce possa escutar o hino do melhor time que existe (TIMÃO) .Abraços e sucesso...... SDS/Claudio/AIS-CTEEP Luiz Filipe, Parabéns !!!!!!!!!!!!!!! Com certeza seu Natal chegou antecipado e, esse presentão que é voltar ouvir, depois de 37 anos, todo surdo gostaria de ganhar.Por isso mesmo seu Natal será muito diferente dos natais passados, vais aproveitar as festas de final de ano, muito melhor e mais participativo.. Que INVEJA !!!!!!!Sucesso nesta nova fase e tb na (re) adaptação ao mundo sonoro. Compartilhe conosco os progressos alcançados e as frustrações se houver... Para quem ainda é um pretenso candidato ao IC, toda informação/relato, são sempre bem vindas. Bjkas, Donelzi - FIC PARABENS!!!!!!!!!! FELICIDADES!!!!! Edivaldo Drago Gerente da Divisão de Sistemas de Informação CTEEP - Cia Transmissão de Energia Elétrica Paulista Filipe, Parabéns pela nova vida que começa a nascer, Estou bastante feliz que tudo tenha ocorrido da melhor maneira possível Gostaria que tudo isso pudesse ter acontecido antes, mas somos obrigados a seguir regras... Janete Assistente-Social - Fundação CESP Luiz Filipe, PARABÉNS!!!!! Aguardo esse dia para minha mãe, acabou que ainda não contei como foi a cirurgia

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dela mas, como tem sido sempre, foi um sucesso. Tudo muito mais simples do que imaginávamos. A ativação dela será dia 07/01/2004. Continue passando todos os passos da sua ativação, adoro acompanhar o desenvolvimento e o sucesso de todos vocês. Estou torcendo muito por você!!!! Que a cada dia você descubra uma nova maravilha nos sons descobertos. Abraços... Lectícia - FIC Amigo, meu amigo. Eu fiquei paralisada lendo isso. Realmente, depois de 37 anos... era para se pular da cadeira mesmo. Era mesmo para ouvir todos esses barulhos, esses banis, infernais para os que ouvem. Para vc, foi a alegria mais profunda, imagino. Parece que senti isso na pele. Eu espero, Filipe, e tenho certeza que seu progresso será um sucesso. Você irá ouvir o canto mais belo, o vento, a vida. Sim, ouvir a vida, tão bela para nós. Poucas palavras, mas o silêncio que passo através dessa fria máquina diz que você vencerá, mais uma vez. Estarei ao seu lado nessa árdua tarefa. Todos nós, aqui. Mesmo que por trás dessa fria máquina, que por vezes, transforma em calor humano.Um beijão, Leila. - FIC Filipe, Maravilha! Deus dá ao homem sabedoria, para que coisas "Maravilhosas" deste tipo aconteçam entre nós e para que sejamos sempre confiantes que ELE é o doador de toda a VIDA. Parabéns pela sua PERSEVERANÇA, temos fé "Eu e Minha Família", que você será ricamente recompensado pelo seu esforço e FÉ. Abraços, Mario Julião Graaaaande Filipe!!! Graaaaande dia, hein?? Emocao, muita emocao!!! Fantastico, parabens!!! Vibrei com vc e recoredei meus dias de emocao nos primeiros programas. Vc está fazendo tudo certinho e está tudo ocorrendo nos conformes. Vai ver daqui pra frente, como vai ser fantástico. Cada dia, novos sons chegando!! Cada dia com novas emocoes...O segredo agora é treinar, treinar e treinar muito... Muita musica, muitos sons e muita curtição.Vá em frente, estamos juntos nesta!!! Abracos !!! Roner Dawson - FIC E aí amigo Filipe. Parabéns...... Espero que vc esteja ouvindo bem este email......... Soube através do Santoni, a confirmação da Ligação dos eletrodos. (é através do Santoni, porque vc se esqueceu de mim) Soube tb da sua emoção. Mais uma vez parabéns por sua persistência e pelos resultados atingidos, espero que vc realmente atinga o nível máximo nesta cirurgia. A partir de agora vc estará mais feliz ouvindo tudo aquilo que vc mais queria, vozes de seu filho e esposa e outros sons. Inclusive os gols do Verdão na 1ª divisão. Parabéns e Felicidades. Sidney Silva - CTEEP. Oi, Filipe Estou super feliz por você! Imagino a sua alegria ao ouvir os primeiros sons, a voz da sua esposa, do seu filho. Que esse mundo novo te traga muitas alegrias. Um grande abraço, Sônia M.A. Sato - CTEEP Não sei nem o que dizer... Só sei que estou muito feliz por você e que você merece cada segundo dessa felicidade toda.Parabéns!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Adoro você! Abraços, Sueli Cristina Marques - CTEEP Filipão !!! Que emoção heim? Ainda não sou implantado, mas, dá p imaginar,caramba!!! As vezes sou extrovertido emocionalmente, acho, se implantado, não irei aguentar tanta

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emoção..hheheParabéns mano, aproveite esse raro momento de sua vida e conte sempre p nós diuturnamente sua evolução. Estou na sua torcida p q vc treine com afinco e perseverança, pois, falta pouco p o meuCruzeirão tornar o novo Campeão Brasileiro. Vc tem que ouvir o hino da Raposa e os gritos É campeão!!!!! Viu, compadre? Ahhhh...gosta da música do Roberto Carlos? Se deseja matar saudades, busque aquelas músicas da Jovem Guarda, para refrescar a memória auditiva adormecida, tente achar a música do R.Carlos, "Meu Calhanbeque"..hhehe Assim que tiver o CD ( Vou tentar achar um MPE e mando p vc) na mão Treine bastante acompanhando a letra da música em anexo, heim amigo? O Calhambeque (Gwen - John D. Loudermilk - Erasmo Carlos) Essa é uma das muitas histórias Que acontecem comigo Primeiro foi Susi, quando eu tinha a lambreta Depois comprei um carro, e parei na contramão Tudo isso sem contar o tremendo tapa que eu levei Com a história do splish splash Mas essa história também é interessante... Mandei meu Cadillac pro mecânico outro dia Pois há muito tempo um conserto ela pedia E como vou viver sem um carango pra correr Meu Cadillac bip bip Quero consertar meu Cadillac. Com muita paciência o rapaz me ofereceu Um carro todo velho que por lá apareceu Enquanto o Cadillac consertava eu usava O Calhambeque bip bip Quero buzinar o Calhambeque. Saí da oficina um pouquinho desolado Confesso que estava até um pouco envergonhado Olhando para o lado com a cara de malvado O Calhambeque bip bip Buzinei assim o Calhambeque. E logo uma garota fez sinal para eu parar E no meu Calhambeque fez questão de passear Não sei o que pensei mas eu não acreditei Que o Calhambeque bip bip O broto quis andar no Calhambeque. E muitos outros brotos que encontrei pelo caminho Falavam que estouro, que beleza de carrinho E eu fui me acostumando e do carango fui gostando O Calhambeque bip bip Quero conservar o Calhambeque. Mas o Cadillac finalmente ficou pronto Lavado, consertado, bem pintado, um encanto Mas o meu coração na hora exata de trocar O Calhambeque bip bip Meu coração ficou com o Calhambeque. Bem, vocês me desculpem mas agora eu vou-me embora Existem mil garotas querendo passear comigo Mas é por causa desse Calhambeque, sabe? By, By. E Bom treino,,, Abraços, Mauricio Sá - FIC

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ANEXO III

FIC – FÓRUM DE IMPLANTE COCLEAR

Primeiro Período: setembro e outubro de 2001 Mensagem 01 De: "Rogerio (Poeira)" <poeira@...> Data: Sáb, 13 de Out de 2001 1:11 am Assunto: Re: Implante Coclear Resumo 2 Olá, Somos Rogério e Marilda e somos pais da Isabella, ela tem sete anos e foi submetida ao implante coclear, achamos muito interessante a criação deste portal de troca de informações e estamos à disposição para trocar todo tipo de informação sobre o assunto. Nome: Isabella Theodoro Ferreira Nucleus 24 Hospital Samaritano - São Paulo - 04/07/2001 Ativação: 14/08/2001 Comentários neste tópico: 0 Mensagem 02 De: "Rafael" <faeca@...> Data: Dom, 14 de Out de 2001 6:09 pm Assunto: Para Marcela Rafael Keiti Shiguematsu Spectra 22 Bauru - SP Ativaçao +- 20/06/1996 Oi Marcela! Acho que ainda não fomos bem apresentados ainda. Meu nome é Rafael, tenho 18 anos e sou deficiente auditivo ha 10 anos, mas sou implantado ha uns 5 anos. Durante esses meus 5 primeiros anos de surdez eu "sobrevivi" com o simples aparelho da siemes. Tive muita dificuldade de acompanhar a conversa do povo, pois aquele aparelho nao era e acredito que nunca foi potente o suficiente para que possamos viver como uma pessoa normal. Aos 12 - 13 anos eu comecei a perder novamente minha audiçao, e finalmente eu fui autorizado a fazer o implante. Em 96, fui operado pelo Dr. Orozimbo no hospital da Universidade de SP - USP. Foi um sucesso. Hoje eu posso fazer muitas coisas cujas antes nao podia, como falar no telefone, ate mesmo em celular; ouvir musica e acompanhar as letras; Foi ótimo voltar a poder reviver com meus amigos. Antes eu não conversava muito com eles pelo motivo de mandá-los a repetir umas 10 vezes o q dizem. Hoje entendo perfeitamente na primeira. Realmente eu acredito que foi um grande avanço da humanidade. Tenho orgulho dos americanos em saber que eles pensam em nos deficientes. E claro que eu não esqueço dos brasileiros que levaram a vida para cuidar de nós. Caso vc queira mais sugestões ou opiniões, entre em contato comigo. Meu e-mail é: [email protected] [email protected] Abraços e boa sorte na escolha. Rafael

Mensagem 03

1 – 20 de Out de 2001 10:28 am Oi Marcela, Não sei se vc leu toda a minha experiência com o implante que enviei ha uns 8 dias atrás. Eu perdi a audição aos 7 anos, e ate hoje eu não sei qual foi o motivo. Aos 9 anos eu peguei caxumba no lado direito, o q me fez perder toda a audição desse lado, ou seja, nem com aparelho eu era capaz de ouvir. Aos 13 anos foi visto que estava prestes a ter uma perda total da audição no ouvido direito. Fui

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liberado então para fazer o implante. Arrisquei em fazer antes do fim da minha audição com o aparelho da siemes. Como vc pode ver, tive sucesso como todos os outros. O que eu recomendo, é que vc participe de todos os exames a qual eles mandam. Pois assim eles podem ate ver se sua cóclea tem esperanças de obter um resultado como o nosso. Ate agora poucos não tiveram sucesso, espero que vc não seja nenhum desses. Boa noticia: Nos EUA ha uma forma de fazer a operação mesmo com a cóclea ossificada. O problema eh q isso é particular. Alguns brasileiros na época em q eu fui fazer a minha operação foram pra lah e voltaram com sucesso. De qualquer forma, é aconselhável lavar o espírito antes da operação. Tenha fé e alma limpa para que nenhuma mal impeça o bom resultado. Estarei aqui torcendo por vc e esperando boas noticias suas. Abraços Rafael Keiti Shiguematsu Spectra 22 Bauru - SP Ativaçao +-20/06/96 Mensagem 04 2- Sáb, 27 de Out de 2001 9:37 pm Oi Marcela! Sobre o implante extra-coclear eu acredito que já vi uma vez. Eu conheci um cara em Bauru que fez a operação nos EUA. Na época eu não entendia muita coisa a respeito do aparelho, então nem perguntei se era ou não extra-coclear. Mas tenho praticamente a certeza que era, pois na época já implantavam aqui no Brasil. Ir pro EUA e perder a oportunidade de fazer aqui, é desperdício. E que eu saiba aqui no Brasil ainda não "importaram" a técnica de implante em cóclea ossificada... Eu me lembro ha uns tempos atrás que a assistente social do Centrinho de Bauru estava explicando pra minha mãe que aqueles que tiveram diabetes e a cóclea foi ossificada, só tinha esperanças se a operação fosse realizada nos EUA... na época era obvio, o implante era muito novo ainda. Pra vc ter uma idéia, eu sou exatamente o 50º implantado do Brasil. E isso foi em 96. O motivo de que poucos brasileiros vão pra lah fazer a operação, é o preço que o governo não cobre. Ou seja, é particular, e segundo o Fernando custa uns 50 mil dólares... Mas eu tenho a certeza que o Dr Orozimbo saiba tudo a respeito disso, pois é graças a ele que todos nos estamos indo numa boa situação... por enquanto... (risos) Abraços Rafael Keiti Shiguematsu Spectra 22 Bauru - SP Ativaçao +-20/06/96 Mensagem 05 De: Fernando Cabral <saferbr@...> Data: Seg, 15 de Out de 2001 1:02 am Assunto: Informações sobre Implante Coclear - Marcela e Leandro Olá Leandro e Marcela, Recebi seus emails e fico contente em saber que vocês se cadastraram neste grupo !!! Leandro, se você quiser saber mais sobre o implante coclear e estudar um pouco mais sobre o assunto, sugiro que você visite os seguintes sites: www.cochlear.com; www.cochlearimplant.com; www.medel.com Todos estão em Inglês, mas tenho certeza de que você irá conseguir muitas informações. Visite também o item "favoritos" que fica no canto esquerdo do site, pois lá coloquei alguns links de sites de pessoas que fizeram o implante. Com relação a cirurgia da Marcela, diria que não é importante ter um "timing", ou "prazo" pois a decisão de ir adiante com o processo cirúrgico é muito difícil e tem de ser amadurecida com o tempo. Então deixe o tempo correr e a hora que chegar, chegou! Esta decisão precisa ser tomada sem estresse e pressa. Estou torcendo muito para que o caso da Marcela seja resolvido da melhor forma possível e que tudo dará certo. Se você tiver qualquer dúvida a respeito do implante, por favor, escreva para o grupo. As suas dúvidas poderão ser as mesmas de outras pessoas que fazem parte do grupo.Um grande abraço, Fernando Cabral Nucleus 24 Mensagem 06

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De: Fernando Cabral <saferbr@...> Data: Seg, 15 de Out de 2001 1:08 am Assunto: Para Rogério, Marilda e Isabella Olá Rogério, Marilda e Isabella, Fiquei muito contente em saber que vocês estão participando deste grupo de implante coclear !!!! Sejam bem vindos !!! Vocês poderão trocar informações com o Rafael que foi implantado em Bauru e está muito contente com o implante. Gostaria que vocês nos contassem sobre os progressos da Isabella. Estou curioso !!!!!!! Rafael, você poderia nos contar sobre a sua experiência ? O grupo aguardo ansiosamente as experiências !!!! Um grande abraço a todos ! Fernando Cabral Nucleus 24 Samaritano - SP Ativação: 10/07/2001 Mensagem 07 De: "Rafael" <faeca@...> Data: Seg, 15 de Out de 2001 5:47 pm Assunto: Eu comecei a viver apos a cirurgia! Oi pessoal! Eu gostaria de contar a todos vcs como foi todo o meu recurso que passei antes e apos a cirurgia. Tive momentos tristes, felizes e sentimentais durante todo esse processo. Nasci como qualquer criança normal, aprendi a falar, andar, correr... Ate aos 7 anos de idade, minha professora de português observou que comecei a trocar palavras no ditado. Ela propôs que eu fosse fazer uns exames auditivos na siemes. Realmente havia uma falha, minha audição estava abaixo do normal. Passei a usar aparelho desde então. Em 1992, aos 9 anos, eu peguei caxumba que só fez efeito no lado direito. Apos a cura, uma calamidade ocorreu. Perdi totalmente a audição desse lado. O aparelho passou a ser inutil porta-lo na minha orelha direita. Sobrevivi dependendo apenas com o aparelho no lado esquerdo. Aos 12 anos mais uma falha anormal estava acontecendo, minha audiçao voltou a reduzir. Segundo os médicos, se a queda fosse constante a perda seria total em menos de 1 ano. Finalmente pude fazer o implante, onde na época só em Bauru faziam esse tipo de operação. Aceitei a proposta com muita vontade, pois sabia q era minha única esperança de segurar meu 5º sentido para mais alguns anos. Foi um sucesso, voltei com a audição ainda melhor. Passei a fazer coisas cujas antes era impossível, como falar no telefone, ouvir e acompanhar musicas e principalmente assistir TV sem depender de legendas. Com certeza foi uma vitória conquistada, mas acredito que nao basta apenas esse processo. Eu recomendo aos jovens implantados a fazer um tratamento psicológico e principalmente fonoaudiológico. Isso porque não é simples acostumar a usar esse aparelho. Principalmente a Isabella que tem apenas 7 anos. Aos futuros pacientes, eu recomendo que tome uma boa escolha. esse aparelho pode nao ser uma das 7 maravilhas do mundo, mas em compensação, para nos, é uma das melhores formas de pedir de volta o que a natureza nos tirou. Aos que estão prestar a fazer a cirurgia, desejo uma boa sorte e tenha muita fé no momento. Deus é fiel e sabe com quem deve olhar em primeiro lugar. Abraços a todos!! Rafael Keiti Shiguematsu Spectra 22 Bauru - SP Ativaçao +- 20/06/1996 Mensagem 08 De: Fernando Cabral <saferbr@...> Data: Ter, 16 de Out de 2001 7:40 pm Assunto: Novo mapeamento !!!! Olá Pessoal, Realmente a experiência do Rafael não deve ter sido nada fácil ! Sei muito bem o que é passar por isto ! Usei aparelho de audição por 24 anos até perder totalmente a audição no ouvido esquerdo. E até hoje não sei o que causou a perda ! Mas apesar de todo o sofrimento de estar debilitado tanto emocional como fisicamente, pude receber o implante coclear e estou muitíssimo contente com o resultado ! Ontem foi o meu segundo o mapeamento e o som ficou animal ! Simplesmente demais !! Nunca pensei que o implante pudesse dar um bom ganho de audição além

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de melhorar a discriminação da fala ! Estou com 3 programas da estratégia ACE, sendo que 1 é específico para falar ao telefone e outros dois são para ambientes ruidosos e silenciosos. Como o Rafael disse, o implante pode não ser a 7º maravilha do mundo, mas com certeza é um recurso poderosíssimo que permite você fazer qualquer ajuste na qualidade do som ! Isto não se consegue com nenhum aparelho de audição ! Recomendo aos futuros candidatos que tenham "pé no chão" pois qualquer ganho com o implante é "lucro" ! Estou vivendo novamente e somente agora estou realmente percebendo o que é ouvir ! Eu pensava que ouvia com o aparelho, mas nada se compara com o implante. Para vocês terem uma idéia, eu estava no 8º andar do prédio onde trabalho e de repente comecei a ouvir barulhos altos e estranhos. Era o barulho dos carros da Av. Paulista vindo de longe......Com este novo mapa deu para ouvir tudo !!!!!!! Foi demais !!!! O meu primeiro mapa não dava para ouvir todos os sons, mas agora que a velocidade de estimulação está mais alta e a qualidade do som melhorou muito !!!!! Com o tempo e muita paciência, tudo melhora !!!! Perseverança é a palavra chave para o sucesso do implante !!!!!!!!! Um grande abraço a todos ! Fernando Cabral Nucleus 24K Samaritano - SP Ativação: 10/07/2001 Mensagem 09 De: Leandro Salvador <leandro_salvador@...> Data: Ter, 16 de Out de 2001 8:52 pm Assunto: Tencologias Olá grupo, No site do fabricante Clarion há alguns testes comparativos entre diferentes marcas de implantes. Tecnicamente a Clarion aparenta ser muito superior à Nucleus e Med-el, principalmente em relação à uma nova tecnologia chamada CII Bionic Ear System - Bionic Ear Mode. Pelo que compreendi ainda está em desenvolvimento, mas tem inúmeras vantagens sobre o implante coclear convencional, entre elas o fato de o processador ficar externo à cóclea. Gostaria de compreender melhor como funciona a tecnologia do implante coclear. Meu pouco conhecimento resume-se a saber que um chip é implantado na cóclea, nele há um imã que será "conectado" com o aparelho... isso é muito superficial e as informações técnicas mesmo ainda me soam muito abstratas. Como o chip é energizado? Há um software nele? Qual a linguagem de programação utilizada nele? Como poderão ser feitas atualizações futuras? O chip é como todos os chips de computador, de silício? Há algum processador no chip? Os programas ficam no chip implantado ou no aparelho externo? O número de programas possíveis num chip depende do quê? O que especificamente entrará em contato com a cóclea para estimulá-la? Por que não é possível colocar no aparelho (que amplifica os graves) a versão "externa" do implante que possa amplificar os agudos também, sem a necessidade de cirurgia? Espero que alguém consiga responder ao menos algumas destas dúvidas e, quem sabe, possa esclarecer as de outras pessoas também. Abraço a todos... Leandro Salvador

Mensagem 10 3- Ter, 30 de Out de 2001 12:34 am Oi Marcela!!! Nossa.. eu não sabia que vc esta desanimada... Tudo o que vc precisa é ter um pensamento positivo como diz o Fernando... Não deixe que o mal vença, não seja pessimista... Lembre-se que todos nos do grupo passamos por diversas dificuldades, mas nunca desistimos e nem deixamos para trás. Fomos a luta por algo que sempre queríamos: Voltar a ouvir! E como vc pode ver, conseguimos. Isso vai depender apenas de vc agora... vá em algum lugar onde vc possa "lavar" o espírito, peça ajuda a Deus e tente manter a calma. Um dia nos (o grupo) tentaremos combinar um encontro para que possamos todos conhecer melhor. Peço um pequeno favor.. Mantenha-nos informados de qualquer noticia sua em relação a sua futura operação. Bons conselhos e opiniões virão... abraços Rafael Keiti Shiguematsu Spectra 22 Bauru - SP

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Ativaçao +-20/06/96

Mensagem 11 Ter, 16 de Out de 2001 8:52 pm Leandro, sempre que lemos algo a respeito do implante em algum site de algum fabricante, ele diz ser superior aos outros. Isto é comum, ppalmente quando se batalha por uma posicao no mercado. Vamos tentar responder às suas perguntas. Os outros darao outras contribuicoes. Como o chip é energizado? Me contaram que a energia da bateria do processador externo vai para o chip interno tambem pelos sinais de radio, atraves da antena. Há um software nele? O chip interno certamente tem algo gravado, mas apenas pra decodificar as ondas de radio que recebe de fora. Software mesmo, somente o processador externo o possui, e que pode ser reprogramado. Qual a linguagem de programação utilizada nele? O processador externo usa estrategias de programacao (ACE, CIS, SPEAK). Os softwares para programa-los rodam debaixo do windows, e devem ter sido construidos com linguagens comuns, tipo VB. Como poderão ser feitas atualizações futuras? No chip interno, só com outra cirurgia. No externo, com troca do processador, para upgrades, e com reprogramacao, conectados a um microcomputador comum. O chip é como todos os chips de computador, de silício? Pelo que sei, é um chip envolto numa capsula de titanio. Só. Não conheco mais detalhes tecnicos. Há algum processador no chip? Processador mesmo, acho que nao. Apenas um decodificador, creio eu. Ele só decodifica o sinal recebido da antena e o emite ao eletrodo que fica dentro da coclea. Os programas ficam no chip implantado ou no aparelho externo? Ficam no processador externo, de onde podem ser reprogramados e recarregados, em caso de perda. O número de programas possíveis num chip depende do quê? Acho que depende do modelo do processador. Nos atuais, sao 4 programas. O que especificamente entrará em contato com a cóclea para estimulá-la? Um eletrodo de platina de 2,5 cm, inserido dentro da coclea. Ele fica ligado ao chip eletronico por meio de fios que passam por um "furo" feito no cranio. Por que não é possível colocar no aparelho (que amplifica os graves) a versão "externa" do implante que possa amplificar os agudos também, sem a necessidade de cirurgia? Nao sei, absolutamente. Mas certamente, como ja estudaram esta coisa a fundo e o que têm até agora é esta "versao" do implante, a coisa funciona melhor assim, nao acham? Bom, caro Leandro. Isto é tudo, por ora. Continue com suas pesquisas e perguntas que elas ajudarao muita gente, com certeza. E sendo um estuadante da área, vc poderá contribuir com o progresso desta coisa, nao é mesmo? Abracao, Roner Dawson Nucleus 24 junho 1999 Mensagem 12 De: amfc@... Data: Qua, 17 de Out de 2001 5:01 pm Assunto: Surpresa boa! Antônia Carvalho Hospital das Clínicas - SP Spectra 22 Ativação: 24/07/01 Olá, pessoal! Que surpresa boa encontrar um grupo para trocar experiências e informações sobre Implante Coclear! Li as dúvidas do Leandro, e nem havia pensado em algumas delas, acho que vai ser enriquecedor. Fiquei surda do ouvido esquerdo aos 15 anos por causa de uma catapora, e instintivamente lia lábios para ajudar a compreensão, em 97 descobrimos um neurinoma (tumor benigno) exatamente no nervo responsável pela audição do ouvido direito, em setembro perdi totalmente a audição. Sou de Belo Horizonte e soube pela internet do implante de cóclea realizado no HC de SP.Comecei a triagem em outubro e fiz a cirurgia com o Dr. Rubens Brito e Ricardo Bento em junho de 2001. A recuperação foi muito rápida, mas a região ainda fica um pouco dolorida quando me deito sobre ela, algúm de vcs tem isso? Quando fiz a primeira ativação consegui ouvir as vozes com clreza, mas com um sotaque bem caipira, além de um pouco devagar e parecido com o Pato Donald.Com o tempo, e a

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mudança nos programas estou conquistando pequenas, mas importantes coisas: falo ao telefone, mesmo celular (tenho que aumentar o volume do aparelho); consigo usar o interfone em prédios, mesmo com barulho nas ruas ; tenho longas conversas entendendo o que dizem (antes eu deixava passar o que não entendia); e, principalmente, ouço o meu filho, que começou a falar quase na mesma época do implante. Muito legal, não? Não sei sobre outros aparelhos, mas estou muito satisfeita com o meu. Recomendo o implante no HC de São Paulo, eles têm uma equipe de médicos muito competente, e de fonoaudiólogos excepcional. Comentários neste tópico: 0 Mensagem 13 De: "Rafael" <faeca@...> Data: Qua, 17 de Out de 2001 9:01 pm Assunto: Para Leandro e/ou futuros implantados Oi Leandro Olha, esse aparelho é organizado em dois itens. Um externo e um interno. O externo é separado eh tres itens: antena, microfone e o processador. O processador é uma caixinha que ficara em sua cintura, ou em caso de uma criancinha ficara nas costas. Esse processador é movel, vc pode apoia-lo numa mesa, cadeira; mas o "habitat" padrao é na cintura preso ou guardado numa bolsa. Nele vc encontrara a bateria, onde sera a energia de todo o aparelho, e tambem é onde esta organizada todo seu mapeamento. Ou seja, todas suas informaçoes estao armazenadas nele. O microfone é posto atras da orelha, muito parecido com o aparelho da siemes, a diferença é a saida de dois fios e a ausença do tubo que transporta o som para o ouvido externo. A antena é uma especie de um ima que sera posta na cabeça. Ele ira se conectar junto com um outro interno. Esse ima interno tem um pequeno fio que se conecta na coclea, onde sera conectado em todos seus canais possiveis da audiçao. O som ira passar pelo microfone, descer ate o processador, onde ira ser regularizado, e depois voltar pro microfone e passar pra antena que ira transportar pro ima interno e enviara paras a coclea. dai em diante sera o natural cumpre seu papel. Esse chip nao é visivel, e nem faço ideia como eh. Acredito que ele esteja junto com o ima interno, nao tenho certeza. Se estou certo, tenho a certeza deu que vc nao precisara se preocupar. As futuras programacoes, serao feitas no proprio centro de atendimento. Eles irao mexer no mapa de seu processador, onde irao ampliar e com certeza melhorar o som de sua audiçao. -Como eles vao fazer isso? Eles vao pegar seu processador e conecta-lo num computador. Vc ira aprovar certos exames ate no fim vc aprova o novo som. Detalhe: vc nunca pode começar com alto nivel. Pois isso pode danificar sua audicao, creio eu. Nao é possivel vc colocar um novo aparelho lancado apos sua operaçao pq o ima interno conectado na coclea, nao esta atualzado. Ou seja, na minha epoca soh existia no Brasil 22 canais. No caso do Fernando ja passou a existir 24. Se eu usar o aparelho dele nao me fara diferença, pois o que depende é a parte interna e nao externa. É altamente ariucado testar isso. Pois creio que a parte interna pode ser danificada caso eu tente usar um aparelho superior ao meu.Bom, acho que isso é tudo o que eu sei sobre o implante. Acredito que o Fernando tenha mais informaçoes sobre esse assunto. De qualquer jeito foi um prazer ajuda-lo!!! Abraços Rafael Keiti Shiguematsu Spectra 22 Bauru - SP Ativaçao +- 20/06/1996 Mensagem 14 De: Fernando Cabral <safer@...> Data: Qui, 18 de Out de 2001 1:44 am Assunto: Para Antonia Carvalho Olá Antonia, Seja bem vinda ao nosso grupo de Implante Coclear!!! Aqui você poderá conversar com vários implantados e ficar por dentro das útlimas novidades com relação ao implante coclear! Fiquei muito contente em saber que você está muito bem e se adaptando rapidamente ao implante. Realmente é gratificante termos a oportunidade de estarmos vivos nesta época, pois estamos nos beneficiando desta incrível tecnologia que é o implante! Parabéns e vida nova! Rafael, gostei da sua explicação e darei mais detalhes para o Leandro amanhã. Um grande abraço a todos,

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Fernando Cabral Nucleus 24 Samaritano - SP Ativação: 10/07/2001 Mensagem 15 De: "Rafael" <faeca@...> Data: Qui, 18 de Out de 2001 7:49 pm Assunto: Boas vindas!! Fernando e Rafael, Obrigada pelas boas vindas e pela resposta sobre o incômodo na área da cirurgia; ficava imaginando se era normal, mas agora estou tranqüila à respeito. Valeu! Para ser muito sincera com vcs, eu esperava todo tipo de resultados da cirurgia, imaginava que podia ouvir muita coisa, como também continuar nesse mundinho meio separado que é não escutar; acho importante que as pessoas que vão se submeter ao implante estejam preparadas para tudo, para que não haja decepção. Existem vários níveis de resultado, estou certa? Queria que vcs me ajudassem em uma coisa: gostaria que o maior número de deficientes auditivos soubesse que pode fazer o implante gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, no HC de São Paulo; sem "ajudinhas excusas", sem enrolação, qualquer pessoa que realmente se encaixe no perfil p/ um Implante de Cóclea pode fazê-lo lá. Evidente que de vez em quando o governo corta verbas, existem alguns atrasos e coisa e tal, mas o trabalho é muito sério e merece divulgação. Tem que ter em vista que vc será um paciente do SUS, sem regalias de quarto particular, acompanhante, etc, mas que terá uma excelente estrutura te amparando. Quem sabe, com o aumento da procura do serviço o benefício se estende para outros estados, e mais verbas podem ser liberadas? Quantas pessoas, como nós, poderão voltar a ouvir? "Vamos arregaçar nossas mangas"? Que tal marcar um horário para conversarmos, pessoal? Uma daquelas horas que a gente fica em casa à toa? Domingo à tarde parece convidativo... Um abraço a todos! Antônia Carvalho Hospital das Clínicas - SP Spectra 22 Ativação: 24/07/01 Mensagem 16

19 de Out de 2001 7:48 pm Olá Antonia ! Tudo bem com você ? Fico feliz em saber que você está gostando de participar do grupo e trocando experiências com outros implantados. Com relação a dor que você está sentindo na região operada, eu também sinto que a orelha ainda está um pouco adormecida, mas com o tempo isto vai passando. Até quando eu vou dormir e encosto o travesseiro no ouvido sinto um pouco de dor. Então não se preocupe com isto porque o nervo facial vai se regenerando com o tempo e a dor vai passando........Acho que a maioria dos deficientes auditivos não têm acesso à informação e poucas pessoas sabem que o implante pode ser feito gratuitamente no HC de São Paulo. O grande problema do setor público são os recursos disponíveis para cobrir os gastos de uma cirurgia de implante coclear que são altíssimos. Acredito que a partir de agora haverá uma migração para o setor privado pois os hospitais públicos sofrem demais com as políticas do governo (liberação de verba, entre outras...). O centrinho da USP de Bauru também realiza a cirurgia de implante coclear gratuitamente, mas a fila é enorme...........e eles estão atendendo somente crianças. Gostei da sua idéia de marcar um encontro para reunir toda a turma e pretendo organizar um evento para o próximo ano num final de semana. Pretendo reunir mais de 100 implantados de todo o Brasil. Estarei planejando os detalhes e manterei todos informados a respeito da grande festa !! Um grande abraço, Fernando Cabral Nucleus 24K – Sprint Samaritano – SP Ativação: 10/07/2001 Mensagem 17

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De: "Rogerio (Poeira)" <poeira@...> Data: Sex, 19 de Out de 2001 2:25 am Assunto: Re: Implante Coclear Resumo 7 Olá pessoal, eu como pai de uma filha que recebeu o implante recentemente fico muito feliz com as expêriencias que estão sendo trocadas nesse grupo, a Isabella fez a segunda ativação do implante no dia 16/10/2001, e agora também parece que as respostas auditivas começam a ser mais objetivas, eu e minha esposa Marilda estamos muito feliza e com os resultados que estão começando a aparecer, como disse o médico no dia da cirurgia no hospital, "Este é apenas o primeiro passo de uma longa caminhada", e somente esta troca intensa de informações é o que nos faz cada vez nos tornarmos mais ativos nessa caminhada, parabéns a todos, e um abraço. Rogerio, Marilda e Isabella. Mensagem 18 De: "helenajah"<helenajah@...> Data: Sex, 19 de Out de 2001 2:42 pm Assunto: (Sem assunto Oi gente, Estou gostando muito do grupo e do papo q rola...Fernando, ótima sua idéia de criar um grupo onde todos q têm interesse em implante coclear possam se comunicar! Meu nome é Marcela, tenho 20 anos e sou pré-candidata ao implante. Tive meningite bacteriana com dois anos e perdi toda audição do ouvido esquerdo e parte da do direito.Uso aparelho retroauricular no ouvido direito, mas isso não é suficiente pra eu falar no telefone,ouvir música ou mesmo conversar com muita gente ao mesmo tempo.Caso eu fizesse o implante, seria feito no ouvido esquerdo, pois é meu pior ouvido. Acontece q a cóclea do meu ouvido esquerdo está parcialmente ossificada, além do meu ouvido esquerdo não ter sido estimulado desde q eu perdi a audição, e isso já faz quase 19 anos. Como vcs devem saber, esses são os dois aspectos mais relevantes para o sucesso do implante. Então, a opção seria fazer o implante no ouvido direito, q não apresenta ossificação da cóclea, mas isso implicaria um grande risco, pois se não desse certo, eu perderia toda audição q eu tenho nesse ouvido, e ficaria sem nada,já q no esquerdo nem com aparelho eu ouço. Alguém por aqui teve um caso parecido com o meu? Se alguém pudesse relatar uma experiência parecida, ajudaria muito na minha decisão de fazer ou não o implante. E vc,Fernando,o q vc acha do meu caso?O Dr.Orozimbo irá fazer um teste com uma agulha q envia estímulos elétricos à cóclea,a fim de verificar se minha rede neural ainda envia esses dados p/ o cérebro.E vou fazer um teste de discriminação de palavras semana q vem,a Dra.Maria Cecília acha q discrimino por volta de 50% no ouvido direito,pelo teste improvisado q ela me aplicou.Pelo q ela me falou eles estão fazendo implante em quem tem até 60% de discriminação das palavras... É isso, quem puder ajudar, eu agradeço! Abraço a todos, Marcela. Mensagem 19 De: Fernando Cabral <saferbr@...> Data: Sex, 19 de Out de 2001 7:34 pm Assunto: Para Carla Rosa Olá Pessoal ! Queria dar boas vindas a Carla Rosa que se juntou ao nosso grupo de Implante Coclear ! Ela fez implante em Bauru com o Dr. Orozimbo e atualmente é vice-presidente da ADAP-Bauru. Ela foi implantada com o Nucleus 24 e usa o processador SPrint (Body Worn Processor). A Carla é uma pessoa de sucesso e está muito contente com o resultado do implante. Carla, seja bem vinda ao nosso grupo ! Você poderia nos contar um pouco sobre a sua experiência ? Um grande abraço a todos ! Fernando Cabral Nucleus 24K - SPrint Samaritano - SP Ativação: 10/07/2001

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Mensagem 20 De: Fernando Cabral <saferbr@...> Data: Sex, 19 de Out de 2001 8:04 pm Assunto: Para Leandro Leandro, Li as suas dúvidas com relação ao funcionamento do aparelho e irei tentar te explicar de uma maneira mais didática. O implante coclear consiste basicamente de dois componentes: 1) Interno: receptor/estimulador 2) Externo: processador de fala O receptor interno é um pequeno chip de titânio que é colocado entre o osso mastóide e a pele atrás da orelha. Este mesmo receptor tem um fio comprido que se chama estimulador. Este estimulador é composto por eletrodos. O meu implante que é o Nucleus 24 tem 24 eletrodos que são estimulados através de corrente elérica. Esta parte é que é inserida e implantada dentro da cóclea e irá estimular as fibras nervosas remanescentes, ou seja, o nervo auditivo. A parte externa é formada pelo processador de fala que transforma a energia mecânica do som em impulsos elétricos. Suponha que o estimulador seja um piano. Cada tecla do piano é um tipo de som, ou uma frequência. Então você poderá estimular os 24 eletrodos (24 teclas do piano) desde 100 Hertz (frequência grave) até 8.000 Hertz (frequência aguda), sendo que cada eletrodo irá estimular a cóclea numa dada frequência. E assim a pessoa recebe o estímulo elétrico em diversas frequências formando assim o som ! O som é enviado do processador de fala ao imã externo através de um fio que tem isolamento elétrico. Este imã externo manda os impulsos elétricos para o imã interno via indução magnética através da pele. Estes sinais são enviados ao receptor interno e estimulados pelos eletrodos que estão dentro da cóclea. Basicamente é assim que funciona o implante. Depois escrevei mais sobre os "programas" que são utilizados para decodificar os impulsos elétricos. Tenha um bom fim de semana ! Um grande abraço, Fernando Cabral Nucleus 24K - SPrint Samaritano - SP Ativação: 10/07/2001

Segundo Período: Abril e maio de 2005

Mensagem 21 Alegria com o I.C. Sexta, mar 4, 2007, 10:39 AM+ Implante Coclear Bom dia, pessoal! Estou muito feliz com o IC, de verdade! O melhor é que não sinto NENHUM desconforto. Assim, digo “PAZ & AMOR". Estou usando o ASSI (aparelho auditivo). Infelizmente, meu molde ainda me trás desconforto. No domingo passado mudei para o "Programa 3" que é uma parte do 2º mapeamento. Atualmente, consigo entender fácil e reconhecer o ambiente sonoro. Sons diferentes! Consegui ouvir as buzinas na rua. Um novo som: Liguei a fogão, aí que susto! Perguntei para minha mãe: "Dá para ouvir assim?" Ela falou: "Dá para ouvir o som do botão." É inacreditável. Ouço quando passo o dedo no cabelo. Uau!!! Perguntei ao Di: "Ouve assim?" Ele respondeu "sim". Com o ASSI não ouço nada disso. Utilizo o MP4 para treinar ouvir diversos sons. Em geral, são sons de ambientes, animais, instrumentos e tempos sonoros. Vale a pena! Acho que eu não combino o ASSI com o IC, pois atrapalha o som do IC, e é difícil identificar a direção de onde vem o som. Com o ASSI não ouço aqueles sons muito agudos. Mas o uso do ASSI deve ser estimulado para crianças. Se não quiser fazer o IC, continua com o ASSI. Isto não tem problema. Ainda uso o ASSI, pois espero terminar todo o mapeamento. Analiso a comparação dos sons. Por exemplo, se ouvir o telefone, desligo o ASSI rápido e posso identificar como é o som. Se eu me acostumasse com o IC, tiraria o ASSI. Ainda não sei. Risos Espero uma nova informação sobre células-tronco (http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lul ... ula-tronco). É para eu voltar a ouvir de esquerdo como o uso do ASSI. Será que eu roubaria o cordão

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umbilical do meu futuro filho? Risos Abraços sonoros e bom final de semana! Kel Mensagem 22 Ter, 29 de Mar de 2005 6:33 pm Oi, tudo bem? Eu sou o Marcio, que esteve ai no inicio do mês, por indicação da Ana Pacheco. Sou candidato ao IC, levei meus exames, e fiz outros complementares aí, agora estou aguardando agendamento. O pessoal do HC falou muito bem de vc, mas só agora tive a oportunidade de entrar em contato, pois estava esperando uma definição que estava marcada prá hoje com a Benedita. Liguei e falei com a Ana que está chegando de férias, mas acho que terei que esperar até sexta dia 01. Moro em Volta Redonda, a 50km de Conservatória, um lugarejo muito simpático, conhecida pelas serestas e o carinho que seu povo trata os vizitantes Espero conhecê-la em breve Abraço Márcio Pereira Marcio Pereira <marciocamper@...> Mensagem 23 Qua, 2 de Mar de 2005 8:39 pm Olá Marcello !!! Muito prazer e seja bem vindo ao fórum. Não se acanhe em fazer perguntas, o FIC foi feito p tirar dúvidas aos candidatos a implantes e implantados e a todos os interessados. Antes de responder suas dúvidas, todos nós os seres humanos somos diferentes, temos pensamentos diferentes, isso é válido reabilitação ao implante, certo ? Uns podem evoluir mais que o outro, etc... dependendo tb da força de vontade A primeira coisa que devemos ter em mente, o implante em si, não traz a audição ao normal ou seja uma perfeição igual aos ouvintes. Antes de implantar, fui preparado psicologicamente, se informando da limitação do beneficio do IC. Como fiquei muitos anos sem ouvir, (35 anos), por isso a minha reabilitação é demorada, Não planejei ou prometi nada p mim. O que vier é lucro. O ganho e qualidade está sendo enorme. Devemos se beneficiar da tecnologia da medicina, não acha? Vou responder sua pergunta de cada vez, ok? 1) * valeu a pena colocar o implante?? R: Vou deixar essa p vc mesmo responder no final, ok? 2)* Vc gostou o IC mesmo? R: Vc nem imagina como gostei, amigo... ouço coisa que nem imaginava ouvir um dia... o carteiro tocando a campainha, o telefone tocando, o cri-cri dos grilos ao entardecer... o chuvisco da chuva ...as meninas me chamando.... e vai por ai... não caberia relatar as emoções dos primeiros sons. 3)* Vc usava o aparelho AASI? Antes vc colocar o IC? o Aparelho AASI que vc usava, vc ouvia sons , palavras? ou so escutava o barulho? R: usei o aparelho em poucos anos (3 anos) , pelo mesmo motivo que vc deixou de usar, barulhos irritantes , só ouvia gritaria , etc... 4) Depois vc colocar o IC vc consiguiu ouvir alguma coisa ou demorou pra entender as palavras? qto tempo pra consiguir ouvir sons?R: Essa eu gostaria de rir um tanto.. amigo, e logo ao ativado, não ouço alguma coisa, não... ouço um tanto de sons, chequei a ficar em extanse de tanto desejo de ouvir tudo logo... mas , graças ao acompanhamento psicologico, fui controlando minha ansiedade e a evolução vem aos poucos. Hoje, faço musicoterapia p reabilitação auditiva, estou adorando essa novidade. Faço fono 2x por semana. A ansiedade não combina com a reabilitação, ok? Esse é um dos meus conselho que faço aos futuros implantados. 5) Vc consegue falar no telefone?? R: Depende como vc pergunta, eu falo no telefone sim, porém, a discriminação da fala ainda está difícil, consigo falar com minhas filhas, falando em forma silábicas, tipo assim: `sim" ok, não... tudo bem" . Com as pessoas desconhecidas é mais difícil. Cara, eu nem imaginava um dia poder falar no telefone, hoje, falo com minha mãe, pelo menos, a gente sente a pessoa ao lado, né? Quando surdo sem IC, no telefonema era igual falar com fantasma, né? Isso eu chamo qualidade de vida. Imagine vc ligando p sua esposa e dizendo: -Alô , to indo p casa, tem rango pronto ai? Sim – chego em 1h, ok? OK! ,,,,etc " hehehe 6) Depois vc colocar o IC , vc esta falando bem melhor do que antes? R: Esse é um dos melhores benefícios imediato pós implante, assim que ativado, logo no primeiro dia já percebi a melhora da voz e as pessoas próximas dizem que parei de falar gritando...rs Sem dúvida que melhora muitissimo.. ahhh, sua esposa vai agradecer a Deus se vc parar de falar alto na discussão de casal.... rs...Mas, é verdade, amigo, isso é tb qualidade de vida , né? 7) Vc ainda faz fono? Faço sim, é importantissimo, a musicoterapia é uma das alternativa, pois,

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quando surdo, sempre ia à danceteria por causa do ambiente fechado p ouvir o som grave(vibração),hoje basta um minimo de volume já ouço piano, violino,,,,uma enorme satisfação, não tem preço. Domingo sempre q posso vou ao parque municipal somente p ouvir a orquestra. 8)Tem muita diferença entre o AASI e IC?? R: E como tem diferença amigo enooooorme !! O AASI na verdade é um amplificador de som. Ou seja vc só ouve o som grave(vibração) pois, as celulas ciliares de sua coclear estão ressecada e não captam a vibração aguda, por isso o IC é um estimulador eletrico ,substitui as celulas ciliares, injetando corrente eletrica nas celulas remanescentes dentro da coclea. Por isso , quando usavamos o AASI, só ouviamos barulhos(som grave) que incomodavam, hoje, amigo, com o IC, até o barulho é razoavelmente suportado, ( qual ser humano ouvinte normal suporta tanto barulho?). Outra coisa interessante: Antes do implante minha audiometria era 90dc/ 800Mhz ( surdez profunda), apos implantado estou no patamar aprox 25 a 30 dc ( surdez leve) !!!! Um ganho sem dúvida , né? Um detalhe: o som perfeito é aquele que tem sua frequencia em forma harmonica (grave+agudo), entendeu, amigo?Portanto, caro Marcelo, vou deixar p vc mesmo responder a 1ª pergunta, mas, antes de tudo, procure ficar sem nenhuma dúvida ou com pulga na orelha candidata ao IC (sem trocadilho...rs) . Estaremos sempre ao seu dispor a ajudá-lo. De onde vc é? Que faz? Relate no nosso FIC. Abraço Mauricio Sá 3G – Contour BH Mensagem 24 Ola Mauricio, Tudo bem? Vc nao me conhece, e tb nao te conheço, Meu nome é Marcello, tenho 33 anos, sou Deficiente Auditivo (nasci surdo), mas eu falo normal, não faço mão sinal pq não gosto e tb não sei fazer sinal ! rs...Qdo converso as pessoas que não me conhece e eles acham que eu sou estrangeiro ehehehe ai eles começam falar em ingles comigo hahahaha ... Tenho muita vontade de colocar o IC, mas tenho medo de nao dar certo de escutar os sons, palavras e etc... pois usei o aparelho AASI ate 12 anos depois nunca mais usei pq não conseguia ouvir o sons, so aquele barulho ruído horrível ne, vc sabe disso! Então eu estava navegando internet e vi site www.guicos.cjb.net ai vi nome seu e peguei o seu telefone e pedi pra minha esposa ligar pra vc pra saber informaçao sobre seu IC, Hj minha esposa ligou umas 14:30 pra uma moça que atendeu, eu acho sua esposa ou sua mãe não sei quem é ai ela pediu pra eu mandar um e-mail pra vc... então queria saber se : * valeu a pena colocar o implante?? * Vc gostou o IC mesmo? * Vc usava o aparelho AASI ?antes vc colocar o IC? o Aparelho AASI que vc usava, vc ouvia sons , palavras? ou so escutava barulho? * Depois vc colocar o IC vc consigiu ouvir alguma coisa ou demorou pra entender as palavras? qto tempo pra consiguir ouvir sons? * Vc consegue falar no telefone?? * Depois vc colocar o IC , vc esta falando bem melhor do que antes? * Vc ainda faz fono? * Tem muita diferença entre o AASI e IC?? Desculpe fiz muitas perguntas eehhehe! Aguardo sua respostas, Obrigado Marcello Mensagem 25 Qui, 3 de Mar de 2005 6:40 pm Ola, eu de novo!! rs.. Como vc falou q vc era surdo mas escutava muito pouco pouco ne? entao o meu caso é diferente pq eu nasci profundo bilateral (acho q assim se escreve)... Queria saber se vc sabe alguem q colocou implante que nasceu PROFUNDO BILATERAL ???obrigado Marcello Mensagem 26 Re: Para Marcello Gucci Qui, 3 de Mar de 2005 6 :43 pm Marcello, O IC é altamente recomendado a surdos profundos bilaterais, pois estes não têm ganho com o AASI. Um dos requisitos para o IC é ser surdo profundo bilateral e oralizado.Um abraço, Raul

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Mensagem 27 Re: Para Marcello Gucci Qua, 2 de Mar de 2005 7:24 pm Marcello, Mais uma vez repito: O IC é recomendado para aqueles que não têm ganho com o AASI. Se você nunca usou, portanto, nos testes que fizer, nao terá ganho algum. Aliás, nem é preciso fazer testes, já pelo grau da sua surdez já diz que você não teve e nunca terá algum ganho com aparelho auditivo. Mas por obrigação para justificar o implante em você, eles irão fazer testes de audição com você, faz parte dos exames pré-IC. E outra coisa, é preciso ser bem claro que há uma diferença entre escutar e discriminar sons. Imagino que no seu caso, pelo grau da deficiência, você escutava sim com o aparelho, porém não conseguia discriminar os sons. Caso você não escutasse nada com o aparelho, você seria surdo anacúsico e não profundo bilateral ;) Sim, há muita gente com mesmo grau de surdez que você, acima de 18 anos, sendo implantadas. Eu sou surdo profundo bilateral, quer dizer, era pois fui implantado faz 6 meses e tenho 27 anos. Agora resta uma pergunta interessante: por que nunca usou aparelho ? Eles irão te perguntar isso. Pois é necessário você ter consciência que sendo implantado, você não irá reconhecer os sons logo de primeira. É questão de tempo e paciência. Será necessário voltar às sessões de terapia de fala para fazer os treinamentos auditivos. Eu estou ouvindo sons faz 5 meses, e nem os reconheço, quer dizer, se alguém ficar conversando atrás de mim, eu não entenderei nadica. Só reconheço sons óbvios e fáceis de identificar. Mas houve uma melhora muito significativa, pois assim que ouço os sons, meu cérebro já identifica na hora, em vez de eu ficar procurando "entender" que som é aquele. Quando eu usava o AASI, quando me chamavam, eu nem olhava. Tinham que gritar umas 4 vezes, já com o IC, basta dizer "Raul" que eu olho. Quando o telefone tocava, eu só percebia que era o telefone apos 4 ou 5 toques, agora é somente um toque que já percebo. Enfim, tem vários exemplos que para mim valeu muito a pena de ter feito o Implante Coclear. E para identificar a fala vai levar muito tempo, mas estou sendo paciente e esperando este dia chegar. Estou na fase de apenas receber os sons, curtir eles, procurar identificá-los, sem neurose. Sei que vai ter uma hora que meu cérebro do nada passará a identificar todos sons. É algo automático. É mesma coisa com leitura...você vai aprendendo a ler, demora pra ler, vai lendo por silabas, muitas vezes erra, treina, treina e de repente você já nota que está lendo, sem saber. E com o tempo, você já nota que lê muito rápido, não é mesmo ? E hoje, é só a gente "ver" a palavra que o cérebro já identifica que palavra é aquela. Nem precisamos "ler". É a mesma coisa com a audição. Recentemente, minha fonoudióloga esteve nos USA, colhendo depoimentos de surdos adultos sendo implantados, e um deles dizia que nem sabe o dia exato que começou a entender a voz humana, apenas disse que acordou e de repente notou que entendia as pessoas falando. É claro que nao foi de uma hora para outra, mas o cérebro dele apenas havia ultrapassado a fase de apenas "receber sons", passando para a fase de receber sons e identificá-los com rapidez. Espero tê-lo ajudado. Um abraço, Raul Mensagem 28 Re: Para Marcello Gucci e a amiga fono. Ter, 5 de J ul de 2005 6:32 pm Ola, Roner tudo bem com vc? espero que sim!! To mandando mensagem pra avisar que eu fiz cirurgia no dia 17/06 , a cirurgia correu bem graça adeus mas depoois 8 dias fiquei paralisia facial, mas ja to tomando remedio CALCORT, agora esta voltando normal UFA!! Minha ativaçao vai ser no dia 14/07, nao vejo a hora de ativar ehehee Roner, muito obrigado por tudo que vc me indicou........... Abraço Marcello Mensagem 29 Re: Para Marcello Gucci Ter, 5 de Jul de 2005 11:11 pm Poxa, Marcello, vc tambem??? Paralisia tardia? Agora parece ser moda ter paralisia tardia com os implantados do HC de Sao Paulo. Caramba!!! Que sera' que vcs comem por la' pra ficar assim? Primeiro a Leila, agora vc. Bom, entao pela experiencia, ja vimos que a coisa pode voltar ao normal, como o belo rostinho da Leila voltou, com sorriso certinho

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e tudo, ne' Leila? Apenas o tal do remedio e' que parece fazer um mal danado no estomago. Isto segundo a Leila. Esperamos que seu rosto volte ao normal o mais breve possivel, e este incidente vai fazer com que vc valorize ainda mais a sua decisao de fazer o IC. Continue aqui com a gente, nos relatando suas experiencias. Continuaremos a fazer o possivel por vc, amigao. Abracos e sucessos!!! Roner Mensagem 30 Re: Para Marcello Gucci -->> RONER e MARCELLO Ter, 5 de Jul de 2005 11:34 pm Roner, O Marcello Gucci foi Implantado em Campinas com o Dr. Paulo Porto. Parece que a moda de Paralisia tardia é moda em todos os Centros de IC..... Marcello, seja bem vindo ao mundo dos antenados!!!! Sucessos em sua reabilitação!!!! Logo, logo estarás com o rosto ao normal. É 100% reversível! Abraços, Luiz Filipe Mensagem 31 Re: Para Mauricio e Roner Sex, 22 de Jul de 2005 1: 32 am Ola tudo bem com vcs? espero que sim!! Hj fui pra Campinas pra ativar, Meuuuu, a hora ativou dei um pulo e a fono levou susto ehehehe... Qdo ativou escutei parece deu um choque (ruido) horrível....as pessoas falam comigo e eu não consigo escutar e nem barulho...só barulho choque estranho ne? com vcs aconteceu isto? no primeiro dia vc ouvia ruido tipo choque? Demora pra ouvir legal tipo latido (cao), carro na rua, campanhia? Um abraço pra vcs Marcello Gucci Mensagem 32 Re: Para Marcello Gucci Sex, 22 de Jul de 2005 4:38 pm hahaha... Marcello, é isto mesmo. Esta reacao sua foi normal... melhor que vc tenha assustado,isto quer dizer que vc ja captou, e muito bem, os RUIDOS iniciais. Quanto ao tempo pra discernir os sons, varia de pessoa pra pessoa... muito treinamento, ajuda da fono e muito empenho seu irão te fazer falar o mais breve possível. Sucessos!!! Roner Mensagem 33 Sáb, 2 de Abr de 2005 2:01 pm Regulamentação da Lei de LIBRAS - Chance de Debater o IC no Plenário Pessoas, Entrei no site do MEC e copiei o texto integral. Nele há o endereço de e-mail para que possamos mandar nossas sugestões para o projeto de lei. Esse é o link do SEESP http://portal.mec.gov.br/seesp/index.php?option=content&task=view&id=104&Itemid=255) , onde há o texto escrito e também sinalizado. Basta clicar nos links para ver o texto em LIBRAS. Entrem e sugiram que haja suporte na área de saúde para os surdos que fizerem e/ou queiram fazer implante coclear. Mesmo que isso não tenha nada a ver com a Lei de Libras ou com saúde, certamente será lido e discutido por alguém. É chance de levarmos essa discussão para o Plenário. Bjs a todos. Babi Bárbara Angélica - Babi Intérprete LIBRAS Programa Java Social - JavaS Brasilia Java Users Group – DFJUG Mensagem 34

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Re: Sou nova no grupo--> Marisa . Seg, 4 de Abr de 2005 8:15 pm Prazer Luiz Felipe, Eu já li os seus relatos no site que vc citou, muito bom. Enfim chegou a vez do Fábio, nós tentamos a muito tempo, mas os médicos não queriam arriscar em fazer o ic , pois ele tinha um excelente aproveitamento com o ap convencional. Eles chegavam a duvidar dos exames dele que os resultados são péssimos. Só que a surdez de meningite é progressiva e agora ele esta pior ainda, e como não tem retorno do que fala, ele esta com a qualidade de fala muito ruim tbem. Ele faz LOF muito bem, e consegue até falar p/ fone, conversas curtas é lógico, mas a Valéria Goffi fica de boca aberta em ver como de uma sílaba ele consegue deduzir uma conversa, ela diz para ele que ele é quase mágico . Agora que surgiu esse novo aparelho o Dr. Rubens Brito acha legal tentar, pois esse, segundo ele é bem melhor. Surdez de meningite eles acham que os resultados não são tão bons, mas em contra partida, a cóclea esta perfeita, isso ajuda muito. Aos poucos eu irei contando a nossa história que foi bastante díficil, meu marido faleceu qdo ele tinha só 4 anos, aí houve uma grande regressão. Mas hoje ele esta bem, e tenho certeza que ficará melhor. Ele irá conversar sim com vcs,é pq ainda não deu tempo dele ver tudo comigo. Mas ele tem boas experiências para passar e adora fazer amigos....(ele irá fazer a cirurgia pelo seguro saúde Sul América, legal né ???) Obrigada pela atenção Marisa Mensagem 35 4 de Abr de 2005 msg 16602 Um caso difícil de surdez Olá galera, eu vou contar para vocês um caso de surdez especial de uma menina, a história é muito triste e eu estou tentando ajudar ela. a menina chama sara ela é muito linda, eu acho que ela tem uns doze anos ou por aí, a mãe dela passou rubéola na gravidez, que foi muito forte e prejudicou seriamente a sara, a menina, faz muito tempo que não a vejo, mas minha mãe é amiga da mãe dela... um certo dia minha mãe encontrou elaine(mãe da sara) e foi feliz dizer para a elaine que eu e a filha dela finalmente ficaríamos curadas, a elaine começou a chorar desesperadamente e abraçou minha mãe dizendo que a filha dela não podia fazer o implante pq a rubéola destruiu o ouvido interno de Sara, a elaine foi embora chorando e depois disso nós ficamos sabendo que elaine está doente e com depressão pq a filha não vai poder ouvir nunca. quando eu entrei para o fic, andei lendo umas mensagens sobre implante para pessoas que apresentam problemas com nervo auditivo e lembrei da sara!! eu gostaria de poder saber mais sobre isso e gostaria que a galera do fic, quem souber sobre o assunto me ajudem,por favor, eu quero poder ligar ou conversar com a mãe da sara para ajudar e queria muito poder ajudar a sara, a menina usa Libras e não fala quase nada e eu queria ajudar, gostaria de saber se há médicos que podem ajudar no caso da sara, quem são os médicos para eu poder passar para elaine. quem puder ajudar eu agradeço, mas vamos ajudar a sara!!! bom eu vou terminar por aqui, mandem mensagens e um abraço para a galera!! tenham uma boa semana!! ALINE Mensagem 36 Re: Um caso especial de Surdez!!>>>QUEM PODE ME AJUDAR??? Olá, Aline. Tenha em mente uma coisa: o IC NÃO cura a surdez. A pessoa submetida ao IC não estará "curada" da surdez. Voltará a ouvir sons, mas nem sempre ouvirá como ouvia antes. No caso daqueles que nasceram surdos, terão uma audição artificial, nem sempre igual ao que uma pessoa ouvinte ouve. Em ambos os casos, o surdo ouvirá de uma forma diferente que uma pessoa ouvinte ouve. Criará uma forma de ouvir e interpretar os sons. Muitos descrevem o som do IC como metálico ou robotizado. Mas em todos os casos, haverá sempre limitações, e nem sempre os benefícios serão iguais para todos. Quanto a sua amiga Sara, acho estranho... Até onde eu saiba, a rubéola pode destruir as células ciliadas existentes dentro da cóclea, mas nunca vi casos que a rubéola destruísse todo o ouvido interno. Na pior causa de surdez – a meningite - a cóclea pode se ossificar. Mas outras doenças também podem causar ossificação na cóclea. A Sara já passou por uma avaliação em algum Centro de Implante, com especialistas em IC? Ou o diagnóstico que vc falou sobre a destruição do ouvido interno partiu de algum otorrino qualquer? Pergunto isso, porque, acredite, ainda há muitos

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otorrinos que desconhecem o Implante coclear, portanto, somente médicos especialistas em IC poderão afirmar com segurança se a Sara está apta ou não ao Implante Coclear. Aqui no FIC, somos na totalidade, leigos, portanto, não podemos ficar especulando sobre assuntos médicos. Sugiro, caso a Sara ainda não tenha passado por alguma avaliação com especialistas, que procure um, nos Centros de Implante existentes. Somente assim, vocês terão diagnóstico seguro. Duas coisas me chamam a atenção no que vc escreveu: a idade da Sara e que ela não fala quase nada. A idade da Sara dificulta a realização do IC, pois cada Centro tem critérios próprios, bem como os critérios do SUS. Na idade dela atual, o ideal seria 17 anos para cima. O fato da Sara também não falar quase nada, também é um ponto negativo. Um dos requisitos básicos para poder realizar o IC, é que o candidato tenha boa leitura labial, e que seja oralizado. Mas nada impede que a Sara passe por uma consulta particular ou por convenio em alguns dos Centros de Implante existente. Com exames como o TC, RNM, e outros, os médicos poderão afirmar se a Sara será ou não uma futura candidata ao IC. Quanto aos implantes para quando o nervo auditivo é destruído, existe o Implante ABI, também conhecido como Implante Tronco-Cerebral. É implantado diretamente no cérebro, na parte responsável pela audição. Mas infelizmente, esse implante ainda não é realizado no Brasil, e há pouquíssimos casos no mundo. Aqui no Brasil, até onde eu saiba, não existe nenhum implantado com o implante ABI. Mas parece que teremos, talvez neste ano, uma cirurgia de ABI aqui no Brasil, no HCSP. Outro implante especifico, é o Double Array, especifico para cócleas ossificadas. Nossa colega Leila é uma das implantadas com o Doublé Array. Em ambos os casos (implante ABI ou Double Array), são implantes caríssimos, que exigem técnicas especiais para implantá-los, e os resultados são imprevisíveis. Por isso, dificilmente o SUS cobre ou cobriria esses tipos de implante. No Hospital das Clinicas de São Paulo, foram implantados até agora, 8 implantes Double Array. Sugiro que vc converse com a mãe da Sara, para que agende uma consulta em algum Centro de Implante. Mesmo que não seja possível no momento o IC, com certeza, receberá as informações e orientações necessárias. Abraços, Luiz Filipe Mensagem 37 Re: Um caso especial de Surdez!!>>>QUEM PODE ME AJUDAR??? Bom... eu não sugeriria nada. Deixaria tudo como está. Pelo caso, não me arrisco a dar esperanças. A idade e tb sem falar quase nada, perdão a sinceridade, não ajudará em nada. O primeiro passo seria o domínio da língua portuguesa e tentar oralizar, para ter contextos das palavras faladas, para que o implante possa ser um sucesso. Sem isso, não vale a pena, não. Ela pode aprender a se comunicar em sinais. E surdez não tem cura: basta vivê-la. Abraços, Leila. Mensagem 38 Re: Um caso especial de Surdez!!>>>QUEM PODE ME AJUDAR??? Pois é, lembro-me que a Valéria uma vez me contou casos, onde os pacientes tinham tudo para poder fazer o IC, mas faltava uma coisa – a oralização do paciente. Realmente, não vale a pena. Muitas vezes, durante minha busca pelo IC, em minhas conversas com as fonos, elas diziam da necessidade da oralização do candidato. Eu muitas vezes, indagava o porquê uma pessoa não oralizada, não poderia fazer o IC. Hoje, 18 meses de implantado, vivenciando o dia a dia o IC, eu entendo o porquê e dou razão as fonos. E concordo também: a surdez não tem cura. Basta vivê-la, assim, como nós e tantos outros vivemos. Abraços, Luiz Filipe Mensagem 39 RE: Um caso especial de Surdez!!>>>QUEM PODE ME AJUDAR??? É... por isso existem esses testes de LOF. É um critério muito importante. Quando algum surdo ou alguma mãe/pai me pergunta sobre o IC e se não é oralizado sem o domínio completo de língua portuguesa, eu digo: “Não, nem pensem nisso. A decepção será pior que já tiveram". Não dou esperanças não. Nesse caso, sou a favor da LIBRAS. Afinal, existem vários meios para que o surdo possa viver.

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Beijinhos, Leila. Mensagem 40 15 de maio de 2005 Re: Um caso especial de Surdez!!>>>QUEM PODE ME AJUDAR??? Olá gente, Desculpa a intromissão no assunto, mas tenho que dizer uma coisa: SURDEZ NÃO É DOENÇA E, PORTANTO, NÃO TEM CURA. Surdez é uma deficiência sensorial e, portanto, a pessoa surda, a família, a sociedade têm que aprender a conviver com ela. E isso não tem nada de mais. O indivíduo deficiente tem todos os direitos e deveres de um indivíduo sem deficiências e isso é assegurado pela lei brasileira.Ele não precisa de concessões, ele precisa apenas que sejam feitas adaptações na rotina e no mobiliário usado por todos para que ele possa viver de forma digna realizando tudo que quiser ou der na telha. Surdez não pode ser tratada simplesmente como um problema médico que tem que ser resolvido ou "curado". O que podemos é fazer uso da tecnologia para que o deficiente auditivo possa desenvolver suas atividades confortavelmente, independente do caminho que escolheu (oralização ou língua de sinais). Legenda oculta, intérpretes da Libras e sistemas de FM em locais fechados são exemplos dessas adaptações a que me refiro. O implante também é uma tecnologia de que lançamos mão para fazer com que o surdo escute alguma coisa tornando a oralização um processo mais confortável e natural (para aqueles que escolheram esse caminho). Não vamos querer que a pessoa seja "curada" da sua surdez. É uma tentativa de driblar a deficiência. Com relação ao caso da Sara, a Aline disse que ela não fala nada, mas não disse se ela entende o português e é capaz de construir um pensamento na língua portuguesa. Ou entendi errado? Pode ser que ela não consiga falar de uma forma inteligível para nós, mas faça leitura labial e tenha uma linguagem desenvolvida. Abraços, Shelley

Terceiro Período: meses iniciais do ano de 2008

Mensagem 41 15 de Jul de 2008 Re: Caso do Carlos Eduardo (duvidas sobre IC). O Cadu esta com 3 anos e quatro meses. Usa o AASI há 2 meses, esta se adaptando razoavelmente bem. Diagnostico: portador de deficiência auditiva profu nda bilateral. Estamos com consulta pré - agendadas Para o HC para em 6/10/2008. O Cadu detecta sons de fala somente em forte intensidade com uso dos AASI. Esta evoluindo na intenção comunicativa, já imita muito bem os sons de cachorrinho e de seu gato e começa a pronunciar razoavelmente Papai e Mamãe e o nome dos irmãos. Porem em alguns momentos ou dias parece que regride e pouco se comunica verbalmente muito comunicativo por gestos, possui um dedinho mágico. Ele é uma criança muito ativa, freqüenta a creche desde os quatro meses e tem 4 irmãos adolescentes e pré adolescestes que brincam muito com ele.Gosta muito de animais tem um gatinho e cachorrinho que ele adora...Gosta muito de tudo que é relacionado aos animais (filmes revistas fotos brinquedos etc...) Desde já agradecemos muito a sua atenção e gostaríamos de conhecê-la o mais breve possível espero nos encontrarmos Encontrinho do shopping Santa cruz provavelmente estaremos lá... Mensagem 42 --- Em seg, 14/7/08, Cristina Onuki <luonuki@...> escreveu: De: Cristina Onuki <luonuki@...> Assunto: Re: Caso do Carlos Eduardo (duvidas sobre IC). Para: implantecoclear@... Data: Segunda-feira, 14 de Julho de 2008, 19:56

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Olá Gercino, Qtos anos tem o Carlos Eduardo agora? Qto tempo ele está usando o AASI? Tem alguma resposta com os aparelhos? O IC é indicado nos casos de perda severa ou profunda bilateral em que não há benefícios com AASI. O IC não cura a surdez é apenas um auxílio melhor que o AASI qdo este não auxilia ou auxilia pouco. O IC é composto por dois componentes: O implante (interno), que é colocado cirurgicamente e o processador de fala (externo) que é acoplado ao interno por meio de um imã. O implante oferece que a criança tenha uma boa fidedignidade do som em todas as freqüências e portanto que ouça, porém o desenvolvimento da fala ocorrerá se houver bons níveis de estimulação de linguagem. Vc estarem já com fono que entende de deficiência auditiva é meio caminho andado pra que vcs sejam orientados em como lidar com a deficiência e o que fazer no dia a dia pra estimulá-lo. Caso ele não dê bons resultados com o AASI o caminho é o IC mesmo. A cirurgia é simples, mas tem riscos como qq outra, por isso os candidatos a IC são muito bem avaliados antes da cirurgia para ter certeza de que esse será o melhor caminho para esse paciente. Dependendo da idade do Carlos há vários programas pelo SUS que poderão atendê-lo. Vcs já o escreveram em algum? Na página inicial do FIC há uma relação deles. Cada um tem um critério próprio e vale a pena ligar para se informar.. Às vezes é melhor escrevê-lo logo, pois há uma fila de espera em muitos programas e até a data da primeira consulta, de repente, já houve tempo de verificar os ganhos com os AASIs. Se houver mais dúvidas vai escrevendo aqui pra gente que vamos respondendo na medida do possível Abraços Cris Onuki Mensagem 43 -- Em seg, 14/7/08, garfilho <garfilho@yahoo. com.br> msg 39342 De: garfilho <garfilho@yahoo. com.br> Assunto: Caso do Carlos Eduardo (duvidas sobre IC). Para: implantecoclear@ yahoogrupos. com.br Data: Segunda-feira, 14 de Julho de 2008, 11:35 Sou O Gercino e a minha esposa é a Rosangela, somos pais do Carlos Eduardo e estamos passando por uma fase de muitas duvidas sobre o implante coclear. O meu filho Esteve internado aos nove meses de vida e permaneceu 20 dias onde apresentava pneumonia e conseqüentemente derrame pleural devido a seqüela de catapora.Foi tratado com antibióticos de primeira geração e com 1 ano e meio começamos a perceber que ele demorava a falar, e passamos a questionar os médicos e os mesmo diziam que ele estava no tempo dele e que falaria normalmente (por conta disso acreditamos que tivemos um diagnostico tardio e que poderíamos ter iniciado o tratamento antes.) Procuramos um otorrino para tratar de uma otite pois ele apresentava um quadro de gripe constante o mesmo ficou em tratamento por 2 anos de tanto questionarmos a médica optou em realizar exames específicos ( Bera e outros) só que não se chegava a nenhuma conclusão. Em uma consulta no Servidor Publico Municipal devido à falta da medica que acompanhava meu filho, minha esposa ficou estressada e pediu um parecer medico e que eles fossem mais conclusivos onde conhecemos a DR Mariana que realizou o exame BERA e conclui que ele tinha perda auditiva coclear bilateral e nos indicou o CEAC-DERDIC apos realização dos exames auditivos foi indicada uma prótese auditiva (aparelho) houve orientação para procurarmos um acompanhamento de fono para realizar treinamento de fala e contratamos uma fono para não perdermos mais tempo que realiza trabalho com ele duas vezes por semana - sessão de 40 minutos. Os médicos do CEAC-DERDIC nos orientaram a pesquisar sobre o implante coclear, pois seria a indicação mais correta para o caso. Mensagem 44 Re: Caso do Carlos Eduardo (duvidas sobre IC) de Ka du p/ Cadu Qua, 16 de Jul de 2008 Oi pai Gercino, Sou Débora mãe do peq. Kadu de Manaus (Carlos Eduardo 2,6 anos) implantado ha 1 anos atrás no Centrinho de Bauru, e recentemente foi reativado (trocou seu velho processador por um mais moderno), hoje lhe digo com toda certeza que o IC foi a melhor coisa que fizemos, meu filho hoje fala td e se comunica muito bem e impressionante seu desenvolvimento, surpreende a todos que o conhecem. Mais saiba que as coisas não foram assim tão fáceis, houve uma luta muito grande, tive que abrir mão de muitas coisas pra tratar do meu filho mais foi gratificante, costumo dizer que não sei

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o que é ter um filho surdo, eu e minha família somos felizes com o resultado do IC do Kadu. Espero que o xará do meu filho tenho o mesmo sucesso. Não desista e se apresse Gercino, não prive mais seu filho do som da vida e não prive vcs de verem ele ouvir, cada dia será diferente, o latido do cachorro, um gato miando, o co co co do galo e outros sons corriqueiros terá valor muito diferente pra todos, nossos valores mudam e isso é maravilhoso, saber que tens um filho surdo total como é o nosso caso e ouvi-los dizer "boa oite mamãe" ou ouvi-lo orar "papai do sheu, oteje a mamãe, o papai, a bobo (vovó), a elci (fono Elcy) a Fafa (madrinha Fabiana) ............ o João (coleguinha implantado) amem. Meu querido estou a disposição da sua família no que for possível, se quiserem conhecer o Kadu e ouvi-lo falar entre em nosso orkut que é debora_kadu@.... Beijos pro Cadu do Kadu. Débora Rodrigues * Mãe do Kadu 02 anos/ Manaus - Am Implantado em 09/03/07 - Centrinho/ Bauru Ativado em 09/04/07 = Med-el Mensagem 45 RES: Caso do Carlos Eduardo (duvidas sobre IC). Olá Gercino! Sou Tatiane, mãe do José Luís, que também tem 3 anos e 4 meses. José Luís nasceu surdo profundo bilateral, descobrimos quando ele ainda tinha 17 dias de nascido, e o diagnóstico foi confirmado com 7 meses e logo ele começou a usar o AASI, porém seus ganhos eram apenas para os sons fortes, como porta batendo. Ele foi implantado no HC-SP com 1 ano e 2 meses. Hoje ele está muito bem, fala até o que não deve,rsrsrs... Certamente os irmãos do Cadu ajudam bastante, digo por que também tenho uma filha de 10 anos que ensinou e continua ensinando muita coisa pro JL, e eu diria que é ela quem mais estimula ele no dia-a-dia. Que bom que ele já tem consulta no HC. Esse processo de avaliação pode ser demorado, mas vale à pena a espera. Tenha paciência e esperança. Vi a foto dele, que fofo hein!! Imagino que deve ser um sapeca, assim como o que tenho em casa, rsrsrs... Abraços Tatiane Braga, Mãe do José Luis Implantado em 03/05/2006 Ativado Sprint 09/06/2006 Ativado Freedom 21/03/2008 HCFMUSP-SP Dr. Arthur Virgilio Mensagem 46 Re: Caso do Carlos Eduardo (duvidas sobre IC). Oi Gercino Meu o nome é Elis Regina e sou mãe do Gabriel de 3 anos e 5 meses que é surdo profundo bilateral e hoje tá implantado. O Gabriel nasceu prematuro no 6 mês de gravidez e devido isso teve inúmeros problemas que terminaram por lhe causar problemas auditivos como também neurológicos. Passados 10 meses do implante do Gabriel posso lhe assegurar que a melhor coisa que já fiz foi lutar pelo IC pra ele, pois ele ta tendo um desenvolvimento muito bom, ainda não esta excelente pois ele é meio preguiçoso mas tenho fé que isso vai mudar. Você está no lugar certo, aqui encontrarás as respostas para todas as suas perguntas e tirarás todas as suas dúvidas. Fiquem com DEUS e força amigo, e o mais importante de tudo: NUNCA DESISTA, lute pelo seu filho ok! Bjs pra vc e sua família Elis Regina Mãe do Gabriel Implantado em:02/10/2007 Ativado em: 22/11/2007 Natal/RN Dra Clara Calhau/Rodolfo Penna Mensagem 47 Ter, 4 de Mar de 2008 1:36 am Galera,

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Acabei de ajudar uma amiga a se cadastrar nesse grupo, ela se chama Anna Clara, tem 16 anos e mora em Vassouras também. Ela é surda pré-lingual e está interessada em fazer o IC, vamos ajudá-la, respondendo as mensagens dela e da mãe dela, a Adriana... Anna Clara e Adriana: Fico muito feliz por vcs estarem participando desse grupo, aqui todos nós somos uma família, vamos nos ajudar um ao outro! Vcs vão gostar mto! Beijos, Gaby- Vassouras-RJ. Gabriela Pinheiro de Souza" gabyzinha_bibi@... (37324) Mensagem 48 Ter, 4 de Mar de 2008 11:22 am Olá Marcelo, td bem com vc? Sou Gabriela, tenho 21 anos e implantada há 1 ano pelo Hospital das Clínicas da FMUSP, em São Paulo. Fiz por SUS, não paguei nada, só precisei pagar as minhas passagens para SP (sou de Vassouras-RJ). Sou surda pré-lingual, de nascença, minha mãe teve rubéola qdo tava grávida de mim. Só tomamos conhecimento do IC aos 18 anos. Um pouco tarde, mas isso não me impediu de fazer a cirurgia, a adaptação é muito difícil, mas o q não falta é o esforço pra um dia chegar lá, compreendendo tudo... Qualquer coisa pode contar comigo, sempre vou estar aqui. Prazer!! Bjos, Gaby - Vassouras-RJ. Mensagem 49 Em 18/02/08, marcelo_mourao <marcelo_mourao@...> escreveu: Olá amigos, meu nome é Marcelo, tenho um filho de 13 anos que teve uma virose nos primeiros dias de vida, para ser curado precisou ingerir medicamentos fortes, dentre eles a GARAMICIDA que acabou por afetar sua audição. Já levamos a médicos especialistas que a priori indicaram aparelhos auditivos, exames, etc, porém não fiquei satisfeito com nenhum desses tratamentos. Atualmente ele mora em Fortaleza, estuda em escola especializada (Instituto dos Surdos), se comunica através de libras, mas mesmo assim tem uma grande dificuldade de comunicação. Há algum tempo venho estudado acerca do Implante Coclear, acho que ele seria um potencial candidato a ser beneficiado com esta tecnologia. Gostaria de trocar idéias com pessoas que já passaram por esse processo ou que tem filhos que submeteram-se a cirurgia, tais como: locais especializados, tempo para o tratamento, preço, etc. Antecipadamente agradeço a ajuda. Mensagem 50 Qua, 27 de Fev de 2008 12:34 am DÚVIDAS Meu filho é DA profundo, usuário de AASI desde 1 ano e 9 meses, com bom desenvolvimento das habilidades auditivas e de comunicação verbal, consegue, na maioria das vezes e principalmente, com pessoas de seu cotidiano usar telefone, de preferência celular, onde tem o controle do volume. Hoje ele tem 29 anos e tem consciência de suas limitacões a nível de audicão e fala, principalmente em ambientes ruidosos, ou mesmo em grupos pequenos. Não conhecemos adultos com a mesma história de vida, (pré-lingual) que foram implantados e quais os resultados, a não ser o Fernando que deu início a este forum, mas por uma video conferência. Pensando numa melhor qualidade de vida, estamos buscando informações sobre adultos que foram implantados, mas que tenham desenvolvido a comunicacão verbal através do AASI e a LOF, para que possamos ter algum parâmetro. Agradeco desde já a atencão de todos. Salimar Sex, 29 de Fev de 2008 10:40 pm Mensagem 51 Dom, 23 de Mar de 2008 Luiz Antonio Jeller Filipe <lajfilipe@...> escreveu Pois é amigo..... Veja bem: Antigamente nem existia essa história de surdos oralizados, surdos sinalizados e surdos implantados. O que existia era apenas uma classe só - surdos. E todos conviviam bem (os oralizados

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e os sinalizados, pois os implantados ainda nem existiam). Eu mesmo, depois que perdi a audição aos 7 anos, fui conviver com os sinalizados e oralizados em uma escola de surdos em SP. Convivi numa boa. Nem Libras existia, e a comunicação era a linguagem gestual da época. Hoje, embora eu conviva mais com ouvintes, tenho vários amigos implantados, surdos oralizados e sinalizados. E todos convivemos numa boa. Por isso, eu também estou cansado dessa briguinha de oralizados e sinalizados (e futuramente quem sabe, implantados também). Os tempos mudam, né.... antigamente, todo mundo numa boa. Hoje em dia, cada um faz seu grupinho - sinalizados de um lado, implantados de um outro, oralizados também em um outro lado...... diria que é a Globalização. Infelizmente, parece que só os deficientes auditivos tem esse negócio de "cultura". Já imaginou se os cegos fizessem a mesma coisa? Sabemos que estão em estudos um implante para cegos (parecido com o IC). Se a moda pegar, logo teremos a cultura cega, com cegos de um lado, cegos implantados de outro, os cegos de bengala de um e os com o cão guia de outro.... E talvez apareça um dia algum cego propondo o ensino obrigatório de Braille nas escolas para todos... Abraços, L.Filipe Mensagem 52 Dom, 23 de Mar de 2008 Olá Luiz Filipe! Achei o máximo o que vc escreveu sobre a "globalização"! Concordo plenamente com você! Como tudo seria bem mais simples e fácil se todos pensassem assim como você e eu. Barreiras seriam derrubadas e com as "pedras das barreiras" poderíamos construir novos caminhos que com certeza beneficiaria a todos nós! Um grande abraço Gladys Joice Mensagem 53 Re: Estou muito triste com os amigos do FIC Fica triste não linda, todos nós sempre vamos estar à disposição pra ajudar quem precisa, só q vc precisa compreender que a gente também trabalha, estuda e por isso não sobra muito tempo pra gente aqui no FIC, mas ficamos muito felizes ao saber do sucesso da cirurgia da sua filha... fica tranqüila, q essas dores são normais, eu mesma tive tontura pq tava mt agitada, pois eu naum queria ficar de repouso.. kkkkkk mas ja passou.... Sempre q vc precisar estou aqui, ok? beijos e muito sucesso pra vcs duas na adaptação do IC! Gaby - Vassouras-RJ. Mensagem 54 Em 17/02/08, silvia De Jesus <dejesus.silvia@...> escreveu: Noto nas mensagens que quando alguém faz o implante os amigos ficam felizes, mas não foi assim com a minha filha. Apenas uma pessoa dos amigos do fic que me deu maior apoio e ficou feliz comigo, pensei que quando realmente eu conseguisse realizar o implante teria um grande apoio dos amigos desse grupo. Ainda estou meio confusa porque o processador que colocaram na minha filha ainda não conheço. Pedi ajuda para alguém do grupo, mas ninguém até agora quis me ajudar. Estou decepcionada com este grupo. Pensei que realmente conseguiria amigos na mesma situação que eu, mas foi ao contrario.Escrevo apenas 1ou 2 me responde. DESCULPE O DESBAFO É QUE AINDA ESTOU MUITO ABALADA COM A CIRURGIA DA CAROL. Pois ela ainda sente muita dor. POR FAVOR, ME AJUDE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Silvia mãe da Carol. Implantada dia 08/02/08 Santa Casa Dr Carlos Alberto Campos. Mensagem 55 Re: Estou muito triste com os amigos do FIC -»» PAR A SILVIA

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Dom, 17 de Fev de 2008 3:23 pm Silvia Primeiro tente em se acalmar, as dores são normais fazem parte da cirurgia e segundo a maior parte do grupo daqui está de férias e pelo que sei ai no Brasil é Verão! A disponibilidade é pouca nessa altura, podia parar um pouco e pensar antes de atirar pedras a este belo grupo de decepção ou profunda tristeza, a maioria dos implantados estão prestes a realizar mapeamentos em vários pontos do País. Mal eles retomam ás suas respectivas cidades, irão escrever para si... Paciência é uma virtude e não um defeito!! Então, dou eu os meus PARABÈNS pelo SUCESSO do IC da CAROL, aqui está o seu reconhecimento. Quanto a dores, é normal, perfeitamente... Pergunto eu se o médico não receitou uns comprimidos para diminuir a dor???? Boa questão. Se não fez isso, então sugiro que dirige a um centro de saúde próximo, ou ligue para o centro de IC em que CAROL foi IMPLANTADA! Quanto á marca do IC da sua filha CAROL, é boa, é da Bionics Advanced e todos os implantados daqui tem marcas diferentes: MEDEL, NUCLEUS, CLARION - Cada Implante, tem a sua tecnologia, e seguintes componentes, sobretudo características apropriadas para cada paciente candidato ao IC! Está mais calma agora? Abraços! Alice Surda Profunda desde 18 meses, de causa não determinada. 23 anos - Oralista Implantada no Hospital dos Covões - Coimbra Dr.Fernando Rodrigues e Dr.Borges Nucleus Freedom: 29/06/2007 Activação: 30/07/2007 PORTUGAL Mensagem 56 Dom, 17 de Fev de 2008 9:21 pm Re: Estou muito triste com os amigos do FIC -»» PARA SILVIA... Olá querida Sílvia, Paz do Senhor, sinceramente com certeza os amigos Ficenses ficaram muito felizes Sim pelo IC da Carol e fique tranqüila, vc deveria estar dando pulos de alegria, e está transtornada ???? Acalme-se e dê Glórias a Deus e essa dor vai passar, isso é um processo pós-operatório e normal. Graças a Deus pelo IC da Carol... Querida fique tranqüila e já deu tudo certo... MÔNICA E MARCELO... Mensagem 57 Dom, 17 de Fev de 2008 6:02 pm Re: Estou muito triste com os amigos do FIC/ Sílvia Sílvia, tenha mta paciência, que tudo correrá bem na hora certa... Ainda não chegou a hora da Carol.. E qto a nossa família do Fic não te responderam, é porque no momento estão ausentes, porque aqui ninguém deixa de responder... Várias pessoas entram em contatos, e como sabe estamos em fevereiro, acabou ferias, começou as aulas, voltou ao trabalho, e devido a isso, mtos não tem tempo para responder... Tenha compreensão e paciência... Tenho certeza que mtos ainda irão te responder... E mta fé que tudo vai dar certo sim.... Já teve mtos casos aqui que não deram certos, e depois no fim saíram radiantes...Primeira coisa é ter mta calma... Não adianta apavorar, se ainda não chegou a hora....Estou torcendo pela Carol!!! Um forte abraço Paula Mensagem 58 Ter, 4 de Mar de 2008 3:11 pm Ana Lúcia dos Santos Silva Batista <analucia.batist a@...> Re: Estou muito triste com os amigos do FIC Olá, tudo bem? Minha filha tb fez o IC, ela tem 8 anos e fez ano passado mas não está tendo nenhum progresso só

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escuta quando batem na porta. Trabalho muito e quase não entro no FIC, mas podemos trocar idéias e fazer amizade. Como está sua filhinha? Espero que esteja bem melhor.O segredo de aprender a mexer no aparelho é mexer, não tenha medo, se feche numa sala sozinha leia e vá testando.... Um beijão espero que possamos ser amigas! Ana Lúcia mãe de Daryna implantada em junho de 2007 Hospital Santa Maria/SP Dr Artur Menino Castilho Re: Estou muito triste com os amigos do FIC -->> SILVIA DE JESUS Mensagem 59 Ter, 19 de Fev de 2008 12:31 am Luiz Antonio Jeller Filipe <lajfilipe@...> Silvia, Em primeiro lugar, acredite ou não, ficamos felizes com o implante de sua filha Carol. Sempre vibramos quando alguém é implantado, e compartilhamos as alegrias e também as tristezas que possam ocorrer. Muitas vezes, por absoluta falta de tempo, não dá para responder a todos. Eu mesmo estou afastado há um bom tempo deste grupo que modero, por absoluta falta de tempo. Mas sempre leio as mensagens e respondo quando posso. Atualmente, tenho mais de 1400 mensagens em minha caixa postal. A maioria acabei de ler nos últimos dias, e aos poucos vou respondendo. Se porventura alguma vez você precisar de ajuda, escrever e não responderem, não desista. Escreva novamente e insista. Alguém sempre acabará lendo a mensagem e respondendo. Desde já, nossas sinceras desculpas... falhas ocorrem. Mas não pense que ninguém ligou para vocês. Somos uma família unida, pronta a ajudar nossos irmãos do silêncio. Estamos neste espaço há quase 7 anos, e pelos depoimentos que vc leu nos últimos dias, podes ver que sempre cumprimos nossos objetivos. Não fique decepcionada. Casos como o seu, já ocorreram, e continuarão a ocorrer. Mas sempre estaremos prontos a ajudar a quem quer que seja. Agora vamos as suas dúvidas: A dor e o desconforto pós-operatório é normal. Alguns sentem dores, tonturas, zumbido, tem vômitos, etc..... mas tudo isso é normal no pós-operatório. A dor tende a desaparecer dentro de alguns dias. O importante, é tomar direitinho os medicamentos que lhe foram passados a sua filha, principalmente o antibiótico e o antiinflamatório. Com os dias, o desconforto desaparecerá. A Equipe que operou sua filha na Sta. Casa de S.Paulo, comandada pelo Prof. Dr. Carlos Alberto Herreiras de Campos é de inteira confiança e muito competente. Pode ficar tranqüila, pois sua filha foi operada por médicos competentes. Qualquer dúvida converse com a Fono Sonia Iervolino da Sta. Casa. Tenho muito carinho pela Fga. Sonia. Foi ela que realizou minha reabilitação pós Implante Coclear no seu consultório particular. Fiquei 2 anos e meio fazendo fonoterapia com ela. Fui o seu primeiro paciente implantado. Quanto a sua dúvida sobre o processador da RICHARDS, vou esclarecer o seguinte; A Richards do Brasil é o representante e distribuidor do Implante Coclear fabricado pela Advanced Bionics dos Estados Unidos. No mundo temos 4 fabricantes de Implante Coclear, a saber:Med-El - Medical Eletronics - Austria - fabricante dos implantes cocleares MED-EL Advanced Bionics - EUA - fabricante dos IC Clarion Coclhear Limited - Australia - fabricante dos IC Coclear e Neurelec Eletronics - França -Fabricante dos IC MXM. Como sabemos, o IC é composto de 2 aparelhos. O primeiro é o IC propriamente dito, que é implantado cirurgicamente. O outro aparelho é o que levamos externamente, que é também conhecido como "processador de fala". No Brasil, são utilizados 3 marcas de Implantes:Cochlear - Representado pela Politec. Tem como implante o Nucleus 24K, Nucleus 24 Contour ou Nucleus 24 Contour advance. Como processador de fala, tem o SPRint, o 3G e o Freedon. Med-EL - Representada pela CAS Pronax. Tem como implante o Combi 40+ Sonata CI, e processadores de fala Pulsar e Tempo+ Advanced Bionics - Representada pela Richards do Brasil. Tem como implante o HiRes 90K e como processador de fala o Platinum e HiRes Auria. A MXM não tem representante no Brasil. Alias, os IC da Neurelec, são mais utilizados na Europa e na França. Tem como Implante o Digisonic SP e como processador de fala o Digi SP e Digi SP'K No Brasil, são mais utilizados os IC da Coclhear. Mas também são utilizados os da Med-El e da Clarion (Advanced Bionics). Os da Advanced Bionic (Clarion) pelo que sei, foram mais usados em Natal e em Bauru.Bom, amiga, pelo SUS não dá para escolher a marca do IC que vai ser implantada. É pegar ou largar o que tiver no momento. Mas não é motivo de desespero. Temos vários implantados no Brasil por Med-El e pela Advanced Bionic. Não posso dizer muita coisa sobre o

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implante de sua filha, pois desconheço o mesmo. Mas posso dizer que não é motivo para ficar desesperada. Cada marca tem seus pontos negativos e positivos, Mas se a equipe colocou o HiRes em sua filha, é porque confia neste implante. Fica tranqüila. Bom, amiga, nada de desespero. Fica tranqüila, e aguarde a ativação de sua filha. Em breve, esperamos que você comece a nos mandar bonitos relatos dos progressos da Carol. Grande abraço, Luiz Filipe - Moderador Implantado no ICHC-FMUSP - Dr. Arthur Menino Castilho Implante 23/10/2003 Ativação SPRint 26/11/2003 Ativação Freedom 14/01/2007 Mensagem 60 Seg, 18 de Fev de 2008 3:10 pm Re: Estou muito triste com os amigos do FIC Olá! Sou uma nova integrante do FIC li o seu desabafo e compreendo o que vc está passando, neste momento pós-cirúrgico temos muitas dúvidas e preocupações e além disto ficamos sensíveis, minha filha operou em outubro e eu não pertencia a este grupo. Vejo que tem algumas dúvidas, o processador às vezes se sabe o que foi implantado, ou seja, a marca do IC, mas às vezes só sabemos na ativação, da minha filha eu soube na ativação que é me-del se for o seu caso posso ajudá-la a esclarecer algumas dúvidas, por isso conte comigo sempre que precisar. Fique com Deus! e boa sorte nesta nova etapa!!! Eliane Barcellos Ayres <elianebarcellosayres@...>

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