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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE GESTÃO E NEGÓCIOS MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO GLÁUCIA MARIA DE OLIVEIRA ROCHA RAMI ESTUDO SOBRE OS PROCESSOS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO NO CONTEXTO DAS EMPRESAS DE CONSULTORIA ORGANIZACIONAL EM RECURSOS HUMANOS. PIRACICABA 2009

UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE … · São exemplos de integridade e, ... Seleção de pessoas, Consultoria Organizacional em RH. ... Dinâmicas de grupo

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UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE GESTÃO E NEGÓCIOS

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

GLÁUCIA MARIA DE OLIVEIRA ROCHA RAMI

ESTUDO SOBRE OS PROCESSOS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO NO CONTEXTO DAS EMPRESAS DE CONSULTORIA ORGANIZACIONAL EM

RECURSOS HUMANOS.

PIRACICABA 2009

UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE GESTÃO E NEGÓCIOS

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

GLÁUCIA MARIA DE OLIVEIRA ROCHA RAMI

ESTUDO SOBRE OS PROCESSOS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO NO CONTEXTO DAS EMPRESAS DE CONSULTORIA ORGANIZACIONAL EM

RECURSOS HUMANOS.

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional de Gestão e Negócios da Universidade Metodista de Piracicaba como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Administração. Orientador: Profa. Dra. Dalila Alves Corrêa

PIRACICABA

2009

GLÁUCIA MARIA DE OLIVEIRA ROCHA RAMI

ESTUDO SOBRE OS PROCESSOS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO NO CONTEXTO DAS EMPRESAS DE CONSULTORIA ORGANIZACIONAL EM

RECURSOS HUMANOS.

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional de Gestão e Negócios da Universidade Metodista de Piracicaba como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Administração. Data de aprovação: ____/____/_____ Banca Examinadora: _______________________________ Profa. Dra. Dalila Alves Corrêa (orientadora) Universidade Metodista de Piracicaba ________________________________ Prof. Dr. Arsênio Firmino Novaes Neto Universidade Metodista de Piracicaba ________________________________ Prof. Dr. André Ofenhejm Mascarenhas Centro Universitário da FEI

AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, agradeço a Deus que me deu saúde, discernimento e forças para

concluir esse trabalho.

Aos meus pais, dedico este trabalho. Vidas que são, para mim, um modelo a ser

seguido. Com dedicação e carinho, ensinaram tudo que é importante: amar a Deus e

dedicar a vida a amar e respeitar o outro. São exemplos de integridade e, com eles,

aprendi que ética não depende de leis, normas ou regras, e sim da disposição

interior em fazer o que é correto.

Pai, obrigada por seus olhares de carinho e expressão de orgulho a cada etapa da

minha vida que era superada.

Mãe, obrigada por suas palavras de incentivo, pelo apoio nos momentos mais

difíceis, pelo ombro amigo e, principalmente, por sua compreensão infinita, que

permite compartilharmos algo que ninguém, além de nós, pode entender.

Devo a vocês esse trabalho.

Dedico este trabalho, as minhas filhas Flávia e Fernanda, luzes da minha vida.

Ao meu esposo Sérgio, companheiro de todas as horas, alguém que me entende

melhor que eu. Sem sua compreensão, seu suporte e seu incentivo,

não seria possível chegar até aqui.

A Profa. Dra. Dalila que, por sua compreensão e paciência, foi mais que orientadora,

foi amiga.

Resumo

O estudo aborda os processos de recrutamento e seleção de candidatos a emprego.

Tais processos integram a gestão de pessoas das organizações e são mencionados

na literatura como cruciais para o desempenho organizacional já que se constitui na

inserção de pessoas no interior delas. A despeito desta afirmação, há também

evidências sobre o baixo investimento em pesquisa científica nesta abordagem por

parte da academia. Desta forma, além do seu objetivo central que é explorar a

condução e operacionalização do processo seletivo por empresas de consultoria em

RH, o presente estudo pretende estimular o interesse por esta abordagem de modo

a tratá-la como um instrumento da gestão organizacional visto que tange a questão

da captação de talentos no mercado de trabalho. Investigou-se aspectos

relacionados às mudanças no processo, metodologias utilizadas pelas empresas de

consultoria, tendências, relações entre selecionadores e empresas-clientes, perfil

profissional, entre outros aspectos. Utilizou-se recursos da entrevista semi-

estruturada junto a cinco profissionais que atuam neste processo, com a utilização

de um roteiro de questões pré elaborado. Os resultados mostram mudanças

ocorridas e em andamento nas metodologias utilizadas pelas empregas e pelos

candidatos, bem como evidencia a valorização da dimensão comportamental na

composição do perfil dos candidatos e nos requisitos das empresas.

Palavras-chaves: Gestão de Recursos Humanos, Processos de Recrutamento e

Seleção de pessoas, Consultoria Organizacional em RH.

ABSTRACT The study adresses the processes of recruitmemt and selection of candidates for

employment. Those process integrate the management of people from the

organizations and are mentioned in the literature as crucial for the organizational

performance , since that consisted in the integration of people within it. Despite this

statement, there is also evidence about the low investment in scientific research in

this approach by the academy. Thus beyond its central objective is to explore the

conduct and operation of the selection process for consulting firms human resources,

in order to treat it as an instrument of organizational management as thong issue of

recruiting talent in the labor market. Investigation has been done about the aspects

related with the changes in the process, methods used by consulting companies,

trends, relationships between selectors client companies, professional profile, among

other things. The resources of semi-structured interview with five professionals, who

work in this process, using a script of questions pre-prepared, have been used. The

results show changes and progress in the methodologies use by the companies and

by the candidates, as well evident the appreciation of the size composition of the

behavioral profile of the candidates and the requirements of the company.

Keywords: Human Resources Management, Recruitment and Selection of People,

Organizational Consulting in HR.

LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Evolução da construção do conceito de competências...........................15

Quadro 2 – Abordagens para a captação de pessoas..............................................29

Quadro 3 – Vantagens e desvantagens do recrutamento interno.............................32

Quadro 4 – Vantagens e desvantagens do recrutamento externo............................33

Quadro 5 – Principais fontes de recrutamento...........................................................34

Quadro 6 – Etapas do processo de recrutamento e seleção de pessoal...................44

Quadro 7 – Matriz de competências...........................................................................64

Quadro 8 - Resumo do processo de seleção por competências................................69

Quadro 9 - Técnicas de seleção mais utilizadas.......................................................71

Quadro10 – Universo da Pesquisa............................................................................77

Quadro 11 – Serviços prestados pelas empresas e cargos atendidos......................79

Quadro 12- Procedimentos da análise das entrevistas..............................................84

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Espaço Ocupacional............................................................................20 Figura 2 – Componentes da gestão por competências........................................23 Figura 3 – Etapas que antecedem o processo de recrutamento..........................39 Figura 4 – A Meta da Seleção: Maximizar “Acertos”.............................................45

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................11

1.1 Problema de Pesquisa.........................................................................................12

1.2 - Objetivos do Estudo...........................................................................................16

1.2.1 Objetivo Geral....................................................................................................16

1.2.1 Objetivos específicos ........................................................................................16

1.3 - Contribuições e Justificativas do Estudo ...........................................................17

1.4 – Estrutura do trabalho ........................................................................................20

2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO DE PESSOAS NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL.....................................................21

2.1 – Evolução histórica da Gestão de Pessoas........................................................21

2.2 – Conceito de Competências...............................................................................24

2.3 – Dimensões das Competências .........................................................................27

2.4 – A contribuição do conceito da gestão de pessoas por competências...............29

2.5 – A gestão de Pessoas por Competências..........................................................33

3 RECRUTAMENTO E PROCESSO DE RECRUTAMENTO DE CANDIDATOS A

EMPREGO.................................................................................................................37

3.1 – Conceito de Recrutamento................................................................................37

3.2 – Tipologias de Recrutamento..............................................................................40

3.2.1 – Recrutamento interno.....................................................................................40

3.2.2 – Recrutamento externo....................................................................................42

3.3 - Fontes de Recrutamento...................................................................................44

3.3.1 - Anúncios.........................................................................................................45

3.3.2 - Internet...........................................................................................................45

3.3.3 – Indicações de funcionários.............................................................................46

3.3.4 – Sindicato ou associações de classe...............................................................46

3.3.5 – Instituições educacionais................................................................................47

3.3.6 – Agências e consultorias..................................................................................47

3.4 – O Processo de Recrutamento...........................................................................48

4 – SELEÇÃO E PROCESSO SELETIVO DE CANDIDATOS A EMPREGO.........51

4.1 – Consideração Sobre Seleção de Candidatos a Emprego.................................51

4.2 – O Processo Seletivo..........................................................................................52

4.3 – Métodos de investigação no processo seletivo.................................................55

4.3.1 – Validade Relacionada x Critérios...................................................................56

4.3.2 – Triagem de curriculum vitae...........................................................................57

4.3.3 – Testes.............................................................................................................58

4.3.3.1 – Testes psicológicos.....................................................................................58

4.3.3.2 – Testes de conhecimento.............................................................................64

4.3.3.3 – Dinâmicas de grupo.....................................................................................66

4.4 – Entrevista...........................................................................................................67

4.4.1 – Entrevista técnica...........................................................................................69

4.4.2 – Entrevista psicológica.....................................................................................69

4.4.3 – Entrevista situuacional....................................................................................70

4.4.4 – Repertory Grid................................................................................................70

4.4.5 – Entrevista comportamental.............................................................................70

4.4.6 – Entrevista por computador.............................................................................70

4.4.7 – Entrevista de incidentes críticos.....................................................................71

4.5 – Seleção por competências e o seu processo....................................................71

4.5.1 – Entrevista por competência............................................................................75

4.5.2 – Dinâmica de grupo com foco em competência..............................................77

4.5.3 – Jogos com foco em competências.................................................................78

4.6 – Escolha das Técnicas de Seleção.....................................................................81

4.7 – Ética no Processo de Seleção...........................................................................82

4.8 – Avaliação do Desempenho do Processo Seletivo.............................................83

5 METODOLOGIA DO ESTUDO..............................................................................85

5.1 – Tipologia do estudo...........................................................................................85

5.2 – Universo e processo amostral da pesquisa .....................................................86

5.3 – Instrumentos de coleta de dados......................................................................91

6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS..............................93

6. 1– Sobre a análise das entrevistas........................................................................93

6.2 – Procedimentos da análise das entrevistas........................................................93

6.3 – Apresentação dos entrevistas...........................................................................95

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................121

8 REFERÊNCIAS.....................................................................................................126

APÊNDICE A - Roteiro das Entrevistas com os Diretores ou Gerentes.................130

APÊNDICE B – Transcrições das Entrevistas realizadas com os Diretores ou

Gerentes...................................................................................................................131

11

1 INTRODUÇÃO

A dinâmica das mudanças no campo das empresas suscita a demanda de perfis

profissionais relativamente diferenciados de seus antecessores. Paralelo a esta

realidade encontra-se nos ambientes de trabalho diferentes gerações de

trabalhadores e, naturalmente, um quadro de profissionais constituído pela

diversidade de perfis. A noção que a diversidade assume nos atuais contextos de

trabalho, diferentemente de décadas passadas tem sido objeto de interesse das

organizações. A condição sócio-econômica dos empregados, estilo de trabalho,

idade, ascendência, nacionalidade, estado civil, orientação sexual, condições de

saúde e limitações físicas são, dentre outras, condições diferenciadas que muitas

vezes se configuram como “divisores de água” nas relações de trabalho.

Duas realidades, aqui comentadas, se constituem em desafios para a gestão de

pessoas das organizações e ajudam a explicar as mudanças que esta gestão vem

promovendo para o enfrentamento de quadros como este.

Dutra (2001, p. 26) comenta sobre as mudanças em relação a esta gestão,

principalmente em função de uma demanda maior pela participação das pessoas no

sucesso dos negócios. Isto porque o desempenho dos indivíduos na organização os

levam a agir com flexibilidade, capacidade de interpretar o contexto e de atuar sobre

ele, gerando vantagens competitivas. Neste sentido, as pessoas são depositárias do

patrimônio intelectual das empresas, como da capacidade de visualização e

exploração de oportunidades de negócios.

Neste contexto de mudanças emerge o interesse pelo processo de recrutamento e

seleção de profissionais. Este processo se desenvolve no sentido de identificar,

atrair e selecionar no mercado de trabalho pessoas aptas a dar respostas aos

desafios organizacionais.

Para Dutra (2002, p. 81), a captação de profissionais pode ser compreendida como

toda e qualquer atividade da empresa para encontrar e estabelecer uma relação de

trabalho com pessoas capazes de atender às suas necessidades presentes e

futuras.

12

Bohlander et al (2005, p. 103) considera a seleção como um processo de escolha de

indivíduos com qualificações relevantes para preencher as vagas abertas existentes

ou projetadas.

Diante da dinâmica dos processos de mudança do mundo do trabalho, o presente

estudo objetiva abordar os processos de recrutamento e seleção de candidatos a

emprego. Seu foco é estudar as mudanças ocorridas nestes processos. Parte-se do

pressuposto que as novas formas de organização do trabalho passaram também a

demandar novas metodologias de identificação e seleção de profissionais no

mercado de trabalho, hábeis ao atendimento das novas demandas.

Neste contexto, o presente capítulo apresenta a proposta do estudo incluindo o

problema de pesquisa, seus objetivos, justificativas e proposta de metodologia para

o seu desenvolvimento.

1.1 Problema de Pesquisa

As condições da produtividade nas empresas mudaram muito no último meio século.

Uma mudança visível neste campo é o esgotamento dos recursos da racionalização

extrema das rotinas e de uma produção de massa planificada. Por massa

planificada, Zarifian (2003, p. 79-80) define como sendo uma produção em série e

padronizada, prática, com a incorporação maciça de operários sem qualificação ou

mal qualificados, adaptados aos postos de trabalho, desempenhando tarefas

simples e rotineiras, previamente especificadas e bem limitadas.

Esta nova realidade, conseqüentemente, exige das organizações capacidade de

adaptação e posicionamento estratégico eficaz para sustentar vantagens

competitivas (FAISSAL et , 2005, p. 15).

As constantes mudanças globais influenciam a sociedade, a economia e, por

conseguinte, os negócios, exigindo das organizações grande capacidade de

adaptação e a adoção de estratégias e sua transformação em resultado efetivo.

13

Nesse contexto, as estratégias empresariais são preparadas para assegurar a

vantagem competitiva ao responderem às mudanças ambientais e ao alinharem as

forças às oportunidades externas (BARNEY, 1991 apud DUTRA, 2007, p. 25).

No cenário das mudanças, observa-se que a dimensão intelectual vem substituindo

a força física do trabalho evidenciando, assim, a valorização da inteligência e das

estruturas cognitivas do indivíduo. Na economia baseada em conhecimento, o que

mais adiciona valor são as atividades inteligentes (FLEURY, 2006, p. 49).

Faissal et al. (2008, p. 15) comenta que este valor agregado pelo conhecimento e

pela capacidade de criação, constitui-se no capital intelectual das organizações. À

medida em que as pessoas colocam suas competências a serviço da organização,

elas se tornam condição necessária para produção do capital intelectual, permitindo

a adoção de estratégias e sua transformação em resultado efetivo.

O ambiente econômico atual exerce pressão para melhoria da qualidade dos

processos empresariais. Logo as pessoas também são mais pressionadas para

melhores resultados, para maior qualidade dos produtos/serviços; para atender os

prazos pactuados, reduzir custos, despesas, entre outras realidades. Além disso, a

concorrência entre as organizações faz com que os empresários busquem inovação,

qualidade, preço justo, crédito e recursos humanos. Rocha (2005).

Tais considerações corroboram para o reconhecimento de que as pessoas não

fazem somente parte da vida produtiva das organizações. Davi e Vergara (2006)

descrevem que elas constituem o princípio essencial de sua dinâmica, conferem

vitalidade às atividades e processos, inovam, criam, recriam contextos e situações

que podem levar a organização a se posicionar de maneira competitiva, cooperativa

e diferenciada com clientes, com outras organizações e com o ambiente de negócios

em geral.

Vergara (2006, p. 36) apud Wright et al (1994) e Sparrow et al e. Maarchington

(1988) afirmam que as pessoas tornam-se fontes de verdadeiras vantagens

competitivas por causa de seu valor, sua raridade, suas inimitáveis e insubstituíveis

qualidades tipicamente humanas.

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As considerações anteriormente comentadas levam à crença de que a gestão de

pessoas torna-se atividade fundamental para a sobrevivência e o sucesso das

organizações, as quais enfrentam cenários cada vez mais turbulentos. (ALVESSON,

1997; BECKER E GERHAT, 1960).

Vista desta forma a gestão de pessoas ganha espaço significativamente mais

relevante no contexto organizacional (FISCHER, 2001, p. 17). Vale a pena lembrar

que, no passado, essa gestão já foi denominada de Administração de Pessoas e

que, ao longo da última década vem passando por um processo de mudança

expressiva, o que justifica também a mudança de sua nomenclatura.

Desde a década de 1980, fala-se da necessidade de rever a forma de gerenciar

pessoas e de repensar seus conceitos e ferramentas. A forma como as

organizações efetuam esta gestão passa por grandes transformações em todo o

mundo. Dutra (2002, p. 9) comenta que essa transformação se deve a grandes

mudanças na organização do trabalho, no relacionamento entre as organizações e

pessoas, no modo pelo qual as pessoas desenvolvem a relação com o trabalho e no

comportamento do mercado de trabalho. Essas transformações vêm sendo

processadas sobre as inadequações dos modelos tradicionais desta gestão no que

tange às necessidades e às expectativas das empresas e das pessoas.

As mudanças ocorridas (e em processo) nesse tipo de gestão buscam atender às

necessidades das empresas no tocante à busca, identificação, atração e retenção

de profissionais qualificados e capacitados para os novos desafios do mundo do

trabalho. Capazes também de serem bem sucedidos em ambientes turbulentos,

estressantes e de conviverem com a diversidade humana. Nesta linha, a procura

envolve a captação de profissionais, considerados “talentos”. Essa busca exige das

organizações a introdução de novas filosofias conceituais e metodológicas para

atingir tal objetivo. Contudo, conforme afirma Fischer (2001, p.21) “as

transformações não foram acompanhadas pelos conceitos e ferramentas que

fundamentam e instrumentalizam esta gestão” – o que nos leva a crer que os

tradicionais procedimentos adotadas nos processos de recrutamento e seleção de

candidatos a emprego podem não ser adequados para orientar decisões de escolha

de profissionais com o perfil acima comentado. Assim, os profissionais que atuam na

15

gestão de pessoas são desafiados a elaborar novos instrumentos que sejam

capazes de dar maior visibilidade ao desempenho do candidato, dentro das novas

exigências.

As metodologias tradicionais utilizadas neste processo, bem como a forma como

vendo sendo aplicadas, por boa parte das empresas, não conseguem traduzir, em

termos de informações claras e precisas, como será o desempenho deste

trabalhador no cotidiano da organização. Este fato torna-se crucial não apenas em

função da identificação de profissionais no mercado de trabalho, mas também em

função do desenvolvimento do capital humano.

Segundo Zaccarelli e Teixeira (2007, p.138) os processos de recrutamento

inadequadamente conduzidos, além de gerarem custos desnecessários, podem

comprometer a seleção de talentos. Por outro lado, as seleções realizadas sem o

devido cuidado podem levar à contratação de recursos humanos que poderão deixar

a desejar quanto à sua contribuição para o desempenho das equipes e dos

negócios.

No artigo Testing for competence rather than intelligence, de 1973, McCleand já

afirmava que os testes tradicionais de conhecimento e inteligência utilizados em

seleção, além de não serem capazes de predizer o sucesso do candidato no

trabalho e na vida, favoreciam preconceitos contra a minoria, mulheres pessoas de

nível socioeconômico inferior. Segundo Fleury, a partir desta constatação,

McClelland dedicou-se a encontrar métodos de avaliação que permitissem identificar

variáveis de competência capazes de predizer êxito o no trabalho e na vida.

(FLEURY, 2000).

Ulrich (2001, p.29) também reconhece que empresas bem-sucedidas são também

aquelas mais experientes em atrair, desenvolver e reter indivíduos com habilidades,

perspectiva e experiência suficientes para conduzir um negócio global.

Diante do desafiante contexto em que se encontram os processos de recrutamento e

seleção de profissionais, nasceu o interesse pelo presente estudo, no sentido de

16

aprofundar conhecimentos sobre as metodologias utilizadas pelas empresas para o

desenvolvimento destes processos.

Elege-se como campo empírico do estudo, empresas de consultoria em recursos

humanos. O interesse por desenvolver o estudo junto às estas empresas justifica-se

pelo fato de estas organizações oferecerem serviços de contratação de profissionais

para as empresas, bem como para profissionais que se mostram em busca de

oportunidades de trabalho. Desse modo, estas organizações se constituem um

campo potencialmente propício para a investigação pretendida.

Assim, a seguinte questão de pesquisa foi definida no presente estudo:

- Quais são as metodologias que as empresas de consultoria em recursos humanos,

adotam para desenvolver seus processos de recrutamento e seleção de candidatos

a emprego?

1.2 Objetivos do estudo

1.2.1 Objetivo Geral

Estudar as metodologias utilizadas pelas empresas de consultoria em recursos

humanos, em processos de recrutamento e seleção de candidatos a emprego no

âmbito de Sorocaba /São Paulo.

1.2.2 Objetivos Específicos

- Identificar as metodologias utilizadas pelas empresas-cliente, no sentido de

reconhecer procedimentos tradicionais ou contemporâneos, conforme descritos pela

literatura;

- Explorar junto aos profissionais selecionadores a lógica e as justificativas que

norteiam suas decisões sobre o uso das metodologias empregadas;

- Levantar as mudanças ocorridas nos processos de seleção no âmbito do perfil dos

candidatos; das relações com a empresa-cliente e da atuação do selecionador;

- Conhecer medidas de avaliação da eficácia dos processos de seleção realizados

pelas empresas de consultorias investigadas.

17

1.3 Contribuições e Justificativas do Estudo

Dois aspectos são considerados de interesse da pesquisadora sobre o assunto: o

primeiro diz respeito ao crescente processo de aberturas de empresas de

consultoria organizacional em Sorocaba, nos últimos quatro anos, com foco nas

atividades da Administração de Recursos Humanos, e, em específico, nos

processos de seleção de candidatos a emprego. O segundo ocorre já no contexto da

decisão de desenvolver o estudo, ou seja, a baixa produção científica sobre os

processos da Administração de Recursos Humanos, compreendendo o conjunto de

atividades que a área desenvolve para gerenciar o comportamento humano nas

organizações. A seguir comenta-se sobre estes dois aspectos.

A proposta de desenvolvimento do estudo em Sorocaba justifica-se pelo crescimento

do seu parque industrial nas duas últimas gestões municipais (período 2004-2008;

2008-2012), além do crescimento vegetativo e da expansão econômica da cidade.

Segundo dados do IBGE (2008) Sorocaba tem 578.313 mil habitantes; nos últimos

15 anos a população residente cresceu 48,79%. Apresenta uma das maiores taxas

de urbanização do Estado – 98% dos habitantes residem no perímetro urbano e um

dos maiores índices de crescimento populacional do país. Além de ser um

importante pólo de desenvolvimento industrial é uma das cidades com maior poder

de atração de investimentos privados do país. (www.sorocaba.sp.gov.br acesso 26

de agosto de 2009).

A cidade tem hoje cerca de 1.700 indústrias instaladas, 15.300 pontos de comércio,

9.900 prestadoras de serviços, nos mais variados negócios e 25 mil trabalhadores

autônomos. O fato de Sorocaba estar entre as 30 cidades brasileiras com maior

potencial de consumo, colabora para este desenvolvimento.

Além de ter se firmado como um pólo regional de desenvolvimento, o município está

retomando o incentivo à instalação de novas empresas e já aparece como a 5ª

melhor cidade do Estado para receber novos investimentos e a 26 ª do país (Revista

Exame (2002) liderando uma região que recebeu cerca de 5% dos investimentos em

18

todo o Estado num período de três anos. (fonte: www.sorocaba.sp.gov.br acesso 26

agosto de 2009).

Ainda fazendo parte deste cenário a empresa japonesa Toyota iniciou a montagem

do canteiro de obras referente à construção de sua fábrica. A Toyota deve produzir

cerca de 150 mil veículos por ano e deve gerar cerca de 17 mil empregos diretos e

indiretos. (Jornal Cruzeiro do Sul, 21 de agosto 2009).

De acordo com pesquisa de empregos realizada mensalmente pela Diretoria

Regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, em novembro de 2008,

o número de vagas nas indústrias da região de Sorocaba, formada por 48

municípios, cresceu 0,03%, o que equivale à criação de 23 novos postos de

trabalho. (www.ciesp.org.br acesso 26 de agosto de 2009).

Neste contexto de grande vigor desenvolvimentista e econômico, pode-se observar

o crescimento de empresas de consultoria organizacional em Recursos Humanos,

sobretudo as responsáveis pelo recrutamento e seleção de profissionais, para

atender a demanda de contração de trabalhadores.

Donadone (2003) engenheiro e Conselheiro e Consultor do Centro de Ciências

Exatas e de Tecnologia, Departamento de Engenharia da Produção. Parecerista da

Revista de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas. Conselhos,

Comissões e Consultoria, Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia,

Departamento de Engenharia da Produção. Parecerista da CAPE, e pesquisador do

grupo de Pesquisa em Planejamento e Controle da Produção (PLACOP) e o

Departamento de Engenharia de Produção (DEP) USFCAR – o mundo

organizacional, das últimas décadas, apresenta como conjunto de organizações em

destaque e em desenvolvimento, sendo que as empresas de consultoria

organizacional configuram-se como um dos setores mais dinâmicos da atualidade.

Compreender como os processos de recrutar e selecionar pessoas no mercado de

trabalho para este crescente cenário empresarial é objeto de estudo no contexto

econômico de Sorocaba.

19

O segundo aspecto que fundamenta o interesse pelo desenvolvimento do estudo

veio da constatação sobre a escassez de estudos acadêmicos para orientar os

profissionais da Administração de Recursos Humanos na condução desses

processos de maneira estratégica, bem como da dificuldade em encontrar literatura

sobre a estratégia de gestão de pessoas diretamente relacionada a contratação de

candidatos a emprego na atualidade.

Nesta linha, um estudo realizado em 2003 por Tonelli et al. já mostrava a queda de

publicações na própria área de gestão de pessoas. O estudo foi publicado na forma

de artigo, na Revista de Administração de Empresas (RAE), sob título produção

acadêmica em Recursos Humanos no Brasil: 1991-2000. Os autores avaliaram a

produção nesta área focando artigos classificados como “funções de Recursos

Humanos” e observaram que estes vêm apresentando declínio ao longo do período

pesquisado, sendo esta função a que apresentou o menor número de trabalhos

publicados.

E ainda dentre os conteúdos estudados das funções de Recursos Humanos, o sub

tema recrutamento e seleção aparece em último lugar, sendo este ainda menos

estudado.

O tratamento acadêmico dos processos de recrutamento e seleção, através da

literatura especializada, tende a se centralizar em livros textos da área de

Administração e Gestão, invariavelmente, no campo da Administração de Recursos

Humanos.

Consultas realizadas pela pesquisadora em dissertações, periódicos e anais de

congressos (bases SCIELO, ANPAD, USP, UNIMEP, Capes, entre outras) no

período de janeiro-junho de 2009, apontam para a escassez de produção de

conhecimento sobre esta abordagem e, quando encontrada, advém de trabalhos

desenvolvidos na área da psicologia. Na maioria, interessados em propor avaliação

dos testes psicológicos para as organizações no processo de seleção.

Embora possa reconhecer o decréscimo na produção científica sobre temas que

compõem os processos da área de Recursos Humanos registra-se,

20

simultaneamente, crescente interesse sobre o comportamento humano nas

organizações tornando esta gestão de interesse imediato dos sistemas

organizacionais.

Destaca-se a contribuição do estudo para o GEOGEP – Grupo de Estudos

Organizacionais e de Gestão com Pessoas, do Mestrado Profissional em

Administração da UNIMEP, para o fortalecimento dos propósitos de suas linhas de

pesquisa, em específico, as linhas gestão com pessoas e comportamento

organizacional.

A partir deste contexto, este estudo poderá fornecer subsídios que auxiliem não

somente na temática em pauta, mas também para as demais esferas que ele

estabelece relações.

1.4 Estrutura do Trabalho

O trabalho está estruturado da seguinte forma: no primeiro capítulo, apresentam-se

a concepção de estudo, os objetivos, as proposições e as justificativas. O capítulo

dois apresenta as considerações sobre a evolução histórica da gestão de pessoas.

O capítulo três discorre sobre o recrutamento e o processo de recrutamento.O

capítulo quatro apresenta seleção e processo seletivo de candidato a emprego. O

capítulo cinco mostra a metodologia de estudo. O capítulo seis é explorado

apresentação e análise de dados coletados. O capítulo sete apresenta as

considerações finais do estudo.

21

2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO DE PESSOAS NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL O objetivo deste capítulo é de apresentar de forma abreviada a evolução histórica da

gestão de pessoas procurando mostrar sua dinâmica nos cenários das

organizações. Sua finalidade é gerar considerações sobre esta gestão de modo a

explicitar o contexto em que as temáticas recrutamento e seleção serão discutidas,

respectivamente, nos capítulos 3 e 4.

2.1 Evolução histórica da gestão de pessoas

Na década de 1960 foram percebidas as primeiras fissuras nos modelos de gestão

de trabalhadores centrados no paradigma taylorista/ fordista. Durante a década de

70 surgem críticas bem fundamentadas sobre a subordinação do sistema social às

condições do sistema técnico, padronizado, despersonalizando e desqualificando o

ser humano. Dutra (2002, p. 29), gerando as bases para novas propostas de gestão

de pessoas e consolidando uma preocupação mais estratégica para esta gestão.

Segundo Dutra (2002, p. 24), a década de 1980 marcou uma transição de

referenciais teóricos, conceituais e técnico-instrumentais desta gestão. Igualmente,

os anos 90 trouxeram novas propostas, experiências e aprendizados sobre esta

gestão. Nesse período, as principais transformações observadas na forma de gerir

pessoas apontadas por Dutra (2007, p. 17) foram: (1) alteração no perfil das

pessoas exigido pelas empresas; (2) deslocamento do foco da gestão de pessoas

do controle para o desenvolvimento e (3) maior relevância das pessoas no sucesso

do negócio ou da empresa.

Autores como Werther (1993) e Peretti (1990) apud Dutra (2002, p. 30), procuram

relacionar as fases dos anos 70, 80 e 90 aos desafios do ambiente sobre as

organizações, desafios oriundos da legislação, da tecnologia, desafios econômicos,

políticos, culturais, demográficos, entre outros.

A Administração de Recursos Humanos – ARH iniciou-se com a configuração

representada por um departamento de pessoal, em que eram tratados os assuntos

22

relacionados às rotinas trabalhistas (admissões, rescisões, folha de pagamento,

cálculo de férias etc.). Os empregados do setor eram meros executores de tarefas

burocráticas, rotineiras e repetitivas. Confirmando, Fischer (2001, p. 13) define a

função de RH como uma simples extensão das demais funções administrativas para

o âmbito das relações humanas.

Posteriormente, a área de recursos humanos assumiu tarefas como recrutamento,

seleção, treinamento, desenvolvimento, cargos e salários, entre outras.

Gradualmente, a ARH vai modificando-se, adquirindo outras formalidades, ganhando

diversas influências, como descrevem Davel e Vergara, (2006, p. 36). No fim da

década de 70, início da de 80, ela é influenciada pela abordagem estratégica e pelas

forças do ambiente, da competição internacional e nacional. Começa, então,

alinhando suas funções tradicionais aos objetivos estratégicos da empresa, diante

das imposições do mercado, com a finalidade de favorecer a flexibilidade e a

adaptabilidade das pessoas às mudanças organizacionais e ambientais. (BUTLER,

FERRIS, NAPIER, 1991; MABEY, SALAMAN E STOREY, 1998; SCHULER, 1992;

BOXALL, 1993 apud DAVEL e VERGARA, 2006, p. 36).

Como se pode perceber nas formulações proferidas, administrar recursos humanos

significava, nessa fase, a “obtenção e manutenção de uma força de trabalho –

composta de pessoas diligentes, capazes, competentes, solidárias, coesas e

motivadas” (FISCHER, 2001, p. 13).

Ainda de forma lenta e gradativa, recursos humanos passam a ser parte integrante

da estratégia de negócios da organização, incorporando o conceito de competências

na, então, Gestão de Pessoas. De acordo com Fleury e Fleury (2000, p.20): trabalho

não é mais o conjunto de tarefas associadas descritivamente ao cargo, mas o

prolongamento direto da competência que o individuo mobiliza perante uma situação

profissional mutável e complexa.

A organização, portanto, ao minimizar a ênfase na gestão do cargo e das tarefas,

abre espaço para a ampliação do foco nas competências, permitindo que ela tome

consciência daquilo que sabe fazer e que agrega valor ao seu negócio. (FAISSAL et

al, 2005, p. 29).

23

Assim, essa forma de atuar faz com que a unidade de gestão passe a ser o

indivíduo e suas competências. Um novo conjunto de premissas e conceitos que

explicam melhor a relação entre organização e pessoas.

Para Dutra (2002, p. 17), o termo “gestão de pessoas” não significa apenas a

tentativa de encontrar um substituto renovador para a desgastada noção de

administração de recursos humanos. A Gestão de Pessoas deve ser compreendida

como conjunto de políticas, práticas padrões de atitudes, ações e instrumentos

empregados por uma empresa para inferir no comportamento humano e direcioná-lo

no ambiente de trabalho.

Segundo Fischer (2001), a empresa não tem como criar, unilateralmente, uma única

função ou sistema capaz de orientar o comportamento humano no trabalho, mas

pode apresentar um conjunto de princípios, políticas, processos e procedimentos

que contemplem suas expectativas sobre como esse comportamento deve ocorrer.

Neste contexto evolutivo identifica-se uma tendência da gestão de pessoas de se

estruturar sobre um alicerce conceitual de competências. A seguir descreve-se

sobre esta consideração.

2.2 Conceito de Competências

Uma revisão da literatura que aborda o tema competências, promovida por Rocha

(2008) mostra que esta temática é abordada por autores norte americanos, entre

eles, McClelland (1973); Spencer e Spencer (1993); Mirabile e McLagan (1997);

autores ingleses, como, Elliott Jacques (1990); Rowbottom e Billis (1987) e Stamp

(1989); autores franceses, como Zarifian (1994) e Le Boterf (1994), e autores

brasileiros, tais como, Fleury e Fleury (2000), Ruas (2000). Os estudos, promovidos

por esses pesquisadores, culminam nas relevantes contribuições conceituais do

debate em torno do tema gerando novas perspectivas de enfoque e análise no

campo das organizações. Nesse sentido, Ruas (2001) apud ROCHA (2008, p.28)

comenta:

24

A expressão competência tem sido ao mesmo tempo, uma das mais empregadas e uma das controvertidas no jargão da administração contemporânea. Sua apropriação no mundo empresarial, assim como no ambiente acadêmico, tem sido marcada por diferentes conceitos e diferentes dimensões (RUAS, 2001, p. 47 apud ROCHA, 2008, p.28).

Zarafian (2001, p.66) considera a competência profissional uma combinação de

conhecimentos, de saber-fazer, de experiências e comportamentos que se exercem

em um contexto preciso. Ela é constatada quando de sua utilização em situação

profissional, a partir da qual é passível de validação. Compete à empresa identifica-

la, avalia-la e faze-la evoluir.

Trata-se, de acordo com Dutra (2001, p. 27) citando Fleury (2000) “do saber agir de

maneira responsável (...) implica mobilizar, integrar, transferir conhecimento,

recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social

ao indivíduo”.

É, na visão de Boog (2001, p. 219), “o conjunto de características percebidas, que

levem a um desempenho superior. Competências envolvem comportamentos

observáveis e mensuráveis relacionados ao trabalho”, e seus componentes são:

Conhecimento: È o “saber” adquirido, o conhecimento técnico, conceitos e teorias;

Atitudes: São comportamentos do colaborador, a forma como ele age com pares,

superiores e subordinados, a maneira de se portar ligada a sua personalidade;

Habilidades: É o saber colocado em prática.

As abordagens acima convergem à definição de competência como o conjunto de

conhecimentos técnicos, práticos, habilidades e atitudes notáveis e mensuráveis em

um determinado contexto de trabalho. Em contrapartida, agregam a essas

considerações, um novo aspecto, relacionado à observação traços de

comportamento e personalidade, que contribuem para identificação de

potencialidades e de características diferenciadoras, relacionadas às dimensões de

conduta dos funcionários frente às organizações.

25

Portanto, este conceito vem adicionar em muito valor às teorias, políticas e práticas

de recursos humanos contemporâneas, à medida em que estabelece uma avaliação

mais fundamentada do desempenho, desenvolvimento, alocação e função dos

funcionários nas organizações que a utilizam no processo de gestão.

Para ilustração sobre o desenvolvimento dos diferentes enfoques da competência no

campo da gestão, o quadro 1, elaborado por Rocha (2008) apresenta uma síntese

da evolução do conceito a partir do trabalho de Fleury (2002). A autora toma como

ponto de partida a origem do conceito privilegiando o seu enfoque seminal.

Quadro 1 Evolução da construção do conceito de competências

Ano

Autor

País de origem

Núcleo

Enfoque

1973

McClelland

Estados Unidos

Alta Performance CHA

Competências é o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que um individuo detém para realizar as tarefas prescritas de um cargo.

1995

Le Boterf

França

Encruzilhada: Pessoa, Formação Profissional e Experiência Profissional

Competência como entrecruzamento de três eixos: formação pessoal (biografia e socialização do indivíduo), formação educacional e experiência profissional.

1999

Zarifian

França

Inteligência Prática Saber Agir Responsável:

Competência é a inteligência prática de situações que se apóia nos conhecimentos adquiridos e os transforma com tanto mais força quanto maior for a complexidade das situações. Competência significa saber agir, mobilizar recursos, integrar saberes múltiplos e complexos.

2000

Fleury

Brasil

Não se limita ao estoque de conhecimento; Agrega valor econômico à organização e Agrega valor social

Saber aprender, saber se engajar, assumir responsabilidades e ter visão estratégica para agregar valor econômico à organização e valor social ao indivíduo.

26

ao indivíduo

2001

Dutra

Brasil

Entrega

Competência é aquilo que a pessoa realmente entrega à organização, o que faz com que a organização se beneficie diretamente de seu conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes.

Fonte: Rocha (2008, p. 28, 29) adaptado a partir de Fleury (2002)

Corrêa (1999, p. 39) explana sobre a diversidade de concepções e visões sobre

competências, ancorada nos mais diferentes enfoques e paradigmas, evidenciando-

se a diversidade de aplicação do termo em diferentes campos das Ciências Sociais,

da Economia, da Educação e da Psicologia. A autora ressalta que não somente a

diversidade de aplicação está presente, mas também a confusão entre as

designações de termos tais como “qualificação”, ”competência” e “formação

profissional”. Assim, o uso de conceitos polissêmicos é na maioria das vezes

empregado como equivalentes e sinônimos, embora tanto na literatura como nos

discursos aparecem como conceitos novos, atuais e não como re-atualizações. A

autora afirma:

A noção de competências origina-se dos discursos empresariais, sendo esta uma noção carente de precisão. Fortalece-se em decorrência da necessidade de se avaliar e classificar novos conhecimentos e habilidades oriundas das novas exigências associadas ao modelo de produção e gerenciamento, substitutivas da noção de classificação, ancoradas nos postos de trabalho e das classificações profissionais que lhe eram correspondentes (CORRÊA, 1999, p. 39).

Dutra (2007, p. 23) explica a competência em duas dimensões: de um lado a

organização, com um conjunto de competências que lhe são próprias. Essas

competências são oriundas da gênese e do processo de desenvolvimento da

organização e são concretizadas no seu patrimônio de conhecimento, o qual

estabelece as vantagens competitivas da mesma no contexto onde se insere. De

outro lado o autor explica as pessoas, com o seu conjunto de competências, que

podem ou não estar sendo aproveitadas pela organização.

27

Segundo Dutra (2001, p. 42) o uso do conceito de competência também permitiu o

surgimento de uma gestão de pessoas mais alinhada com as expectativas e as

necessidades das organizações e dos indivíduos, configurando uma série de

ganhos, tais como:

Para a organização:

- Simplicidade, flexibilidade e transparência.

- Otimização de recursos e da massa salarial.

- Direcionamento e otimização dos investimentos no desenvolvimento profissional.

- Capacidade de atração, retenção e potencialização de talentos.

- Flexibilidade do modelo para adaptar-se às mudanças de estrutura, organização do

trabalho e tecnologia.

- Equilíbrio entre remuneração e agregação de valor.

Para as pessoas:

- Horizontes profissionais claros com critérios de acesso definidos.

- Remuneração compatível com a complexidade das atribuições e das

responsabilidades e com o mercado.

- Estímulo ao auto desenvolvimento e à ampliação do espaço de atuação.

- Condições claras e objetivas para a mobilidade entre as carreiras abrangidas pelo

modelo.

Fleury (1999, apud DUTRA, 2001, p. 27) define competências com foco nas

pessoas que é o “saber agir responsável e reconhecido. Que implica mobilizar,

integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor

econômico à organização e valor social ao indivíduo”.

2.3 Dimensões das Competências

No tocante às dimensões das competências, Zarafian (2001, p. 65) defende a

necessidade de formular uma abordagem que considere a integração das diversas

28

dimensões (observáveis) de comportamento das pessoas, no contexto de trabalho.

O autor refere-se às seguintes dimensões:

Assumir: Resulta de um procedimento pessoal do indivíduo, que aceita assumir

uma situação de trabalho e ser responsável por ela;

Tomar iniciativa: Trata-se de uma ação que modifica algo já existente, começa ou

cria uma nova situação. Significa agir sobre eventos que excedem uma determinada

realidade rotineira, por sua singularidade ou imprevisibilidade, conduzindo a criação

de uma nova resposta adequada para transpô-los com êxito;

Assumir responsabilidade: Responder pelas iniciativas tomadas e por seus

efeitos;

Entendimento prático: Sobrepõe-se ao emprego do conhecimento prévio, a medida

de sua mobilização judiciosamente em função de uma determinada situação;

Apoiar-se em conhecimentos adquiridos: Uso do conhecimento e da ação que o

indivíduo já tiver incorporado para utilização de maneira reflexiva;

Promover transformação: Exercer mudanças sobre um determinado contexto, a

partir da formação de novos conhecimentos adquiridos de forma a incentivar a

tomada de ações que irão proporcionar a formação de uma nova realidade;

Aprender a lidar com a diversidade das situações: Trata-se da desestabilização

de esquemas cognitivos (solidificados, acomodados) permitindo estar aberto à

aprendizagem do novo;

Mobilização de rede de atores: Qualquer situação que exceda às competências de

um único indivíduo exige que o mesmo busque auxílio na solidariedade da ação, que

corrobora eticamente a sua tomada de iniciativa. Cria-se, desta relação que passa a

ser coletiva, uma rede de conhecimentos formada para a resolução da questão

apresentada;

29

Compartilhar as implicações de uma situação: Representa a disponibilização

coletiva de habilidades, conhecimentos técnicos, experiências, entre outros, em

função da experimentação ou sentimento de participação em uma determinada

situação que possui implicação (ões) comum (ns) a todos os envolvidos;

Assumir campos de co-responsabilidade: As exigências das redes de ajuda

mútua e intervenções coletivas em torno de situações de evento, assim como a

participação nas implicações de atividades profissionais coloca em questão a co-

responsabilidade, que se trata do respeito e do comprometimento relacionados a

compromissos pertencentes a determinado indivíduo em relação ao coletivo.

A identificação e análise destas características propiciam um vínculo cada vez mais

estreito relacionado ao desempenho humano. Expande a metodologia de gestão de

pessoas aplicada atualmente, com base na troca, utilização e compartilhamento das

competências, conduzindo ao direcionamento estratégico do “patrimônio intelectual”

das organizações, com o foco na inovação e criação de novos conceitos (produtos,

processos e serviços) em consonância com o mercado globalizado e altamente

competitivo vigente.

2.4 A constituição do conceito da gestão de pessoas por competências

Dutra (2001, p.41) explica que um modelo de gestão de pessoas por competências

deve oferecer um conjunto de conceitos e referenciais que, a um só tempo, permita

compreender a realidade organizacional e disponibilize instrumentos para agir sobre

a realidade.

Para a compreensão da realidade da gestão de pessoas nas organizações o autor

se valeu dos seguintes conceitos: entrega, espaço ocupacional e complexidade.

Estes, quando utilizados em conjunto, têm a capacidade de explicar a realidade da

gestão de pessoas em organizações bem sucedidas.

A seguir, comenta-se sobre cada um destes conceitos.

30

(1) O conceito de entrega: Classificação e valorização das pessoas por seus atos

e realizações, referem-se ao indivíduo, agir de maneira responsável e ser

reconhecido por isso. Trata-se, portanto dos resultados gerados pelo indivíduo.

(2) O conceito de Espaço Organizacional: Na medida em que o indivíduo assume

responsabilidades e atribuições mais complexas, o mesmo agrega mais valor à

organização, já que é possível ampliar o nível de complexidade das atribuições sem

que seja preciso alterar seu cargo ou posição dentro da empresa. A esse processo

chamamos de ampliação do espaço ocupacional, que ocorre obedecendo duas

variáveis: as necessidades das empresas e a competência da pessoa em atendê-

las.

A ilustração abaixo representa as variáveis: necessidades das organizações (fatores

críticos de sucesso das estratégias, suas metas e objetivos), competências

individuais (relacionadas às habilidades, atitudes e conhecimentos técnicos), e a

interação das mesmas para composição e ampliação do espaço ocupacional nas

organizações (limítrofes de responsabilidade profissional e individual dentro das

organizações).

Figura 1 Espaço Ocupacional

31

Fonte: Dutra 2001, p.30

(3) Conceito de Complexidade: permite avaliar o nível de entrega e da agregação

de valor das pessoas à organização. A falência dos cargos como elementos

diferenciadores, evidenciou a complexidade como critério de distinção cargos.

De acordo com Dutra (2001, p. 31), para mensurar a complexidade das entregas,

uma escala pode ser aplicada nas seguintes condições:

(1) Mensurar o desenvolvimento: partindo da premissa de que a pessoa se

desenvolve ao assumir atribuições e responsabilidades de maior complexidade, a

escala para medir tal complexidade avaliará o desenvolvimento do indivíduo ao

longo do tempo. Desse modo, ao medir em determinado momento o nível de

complexidade das atribuições e das responsabilidades de uma pessoa e, passando

um período, voltar a medi-lo, poderá se determinar se houve ou não

desenvolvimento do indivíduo em questão e mensurar a quantidade desse

desenvolvimento.

32

(2) Avaliação da eficiência de ações de desenvolvimento: Um desdobramento da

mensuração do desenvolvimento é a possibilidade de avaliar a eficiência das ações

de desenvolvimento. Ao se medir o nível de complexidade da atuação de uma

pessoa antes e depois de uma atuação de desenvolvimento, acrescido do tempo

necessário à transformação dessa ação em aprimoramento, tem-se uma avaliação

da efetividade da ação de desenvolvimento;

(3) Estímulo ao Auto desenvolvimento: Outro desdobramento da mensuração do

desenvolvimento é o estímulo ao auto-desenvolvimento. Na medida em que as

pessoas podem medir seu próprio desenvolvimento, elas mesmas buscarão formas

de aprimoramento profissional;

(4) Escala salarial: Partindo da premissa de que há uma alta correlação entre o

nível de complexidade das atribuições e responsabilidades e o nível de agregação

de valor para a empresa ou negócio, passa-se afirmar que a pessoa, ao assumir

maior nível de complexidade de atribuições e responsabilidades, está valendo mais.

Portanto, pode-se construir uma escala salarial vinculada à escala de complexidade,

associando o desenvolvimento à remuneração e utilizando esta última para estimular

o desenvolvimento;

(5) Dimensionamento do quadro: Ao empregar-se o conceito de espaço

ocupacional, verifica-se que a expansão do nível de complexidade das atribuições e

das responsabilidades dos indivíduos é definida por duas variáveis: necessidades da

empresa e competências das pessoas para atender as mesmas. A partir da escala

de complexidade pode-se estabelecer de quantas pessoas precisa-se em um

determinado processo e em cada um dos níveis de complexidade. Assim, passa-se

a definir um quadro ótimo de indivíduos para cada processo da organização, bem

como avaliar a maneira pela qual se pode aproximar dele ao longo do tempo.

Quanto mais próxima estiver a empresa do quadro ótimo, mais próxima estará da

otimização de sua folha de pagamentos;

(6) Otimização dos investimentos em desenvolvimento: Com base no

dimensionamento do quadro, na escala de complexidade e na avaliação do

posicionamento de cada pessoa na mesma, organização dispõe de uma visão

33

perfeita das lacunas e dos excessos em cada nível de complexidade, portanto, como

e onde investir melhor para obter melhor grau de desenvolvimento;

(7) Avaliação de desempenho: Uma das questões mais difíceis na gestão de

pessoas é definir e avaliar o desempenho. Pode-se defini-lo como conjunto de

entregas e de resultados de uma determinada pessoa para a empresa ou negócio.

Ao avaliar o desempenho de um indivíduo verifica-se que ele se divide em três

dimensões que interagem entre si: a primeira é o desenvolvimento, a segunda é o

esforço e a terceira, o comportamento.

Para o autor, todos estes fatores são imperativos para a construção da gestão por

competências, que proporciona uma visão mais apurada dos recursos humanos e do

melhor aproveitamento de suas potencialidades, capacidades e habilidades no

contexto organizacional, sendo por conseqüência subsídio para formação de um

modelo inovador de gerenciamento de pessoas: modelo de gestão por competência.

2.5 A gestão de pessoas por competências

Para Boog (2002) o modelo de gestão de competências pode ser compreendido sob

duas perspectivas integradas: o ponto de vista da organização e o ponto de vista do

profissional. Na perspectiva organizacional, o modelo de gestão por competências

pode ser entendido como um conjunto de ações integradas voltadas para

alavancagem do desempenho individual e organizacional.

A ilustração abaixo demonstra os fatores componentes da gestão por competências

e sua conexão para construção de organizações de alta performance.

Figura 2 Componentes da gestão por pessoas

34

Fonte: Boog et al. (2002, p. 232)

Sendo assim, para o autor a definição das competências imprescindíveis para a

organização parte das diretrizes estratégicas e das características desejadas na

estrutura e nos processos de trabalho:

Todas as ações da gestão de capital humano focalizam-se para o provimento e desenvolvimento contínuo dessas competências. As próprias atividades de reconhecimento e valorização dos profissionais, bem como o planejamento de carreira e sucessão, levam em consideração o avanço das competências. O pressuposto básico do modelo PE que se todos esses sistemas estiverem alinhados e funcionando bem, criam-se as condições adequadas para que os resultados da empresa sejam alcançados, uma vez que sua equipe domine as competências requeridas para avaliação da estratégia da mesma (BOOG, 2001, p. 232).

Já na perspectiva do profissional, o modelo de competências serve como base de

toda carreira na organização, desde processo seletivo até o desligamento do

funcionário. Ao ingressar na empresa, o profissional toma conhecimento das

competências é avaliado por elas periodicamente; elabora planos de

desenvolvimento e participa de ações de aprendizagem com base em suas

competências individuais. Suas movimentações em termos de carreira e

remuneração também são influenciadas pelo desenvolvimento das mesmas.

Segundo Dutra (2001, p. 42) há também uma evolução na forma de encarar o que é

uma competência. Inicialmente o autor diz: “a caracterização das competências era

uma mistura de habilidades e atitudes requeridas das pessoas”. Mas ao longo do

tempo, as habilidades deram lugar à caracterização de entregas requeridas dos

indivíduos e as atitudes deram lugar aos comportamentos observáveis.

35

Neri (1999, p. 9-10) ressalta que dessa forma, é passível de observação que

quando uma empresa define seus procedimentos e políticas de recursos humanos

em torno de competências, ela provoca alterações nas relações de trabalho.

Segundo Neri, eis algumas destas alterações:

(1) Direcionamento dos trabalhadores ao desenvolvimento pessoal e de

desempenho para as competências que a empresa valoriza, ou seja, o controle do

processo de desenvolvimento é transferido da área de RH para os atores dos

respectivos processos, gerentes e colaboradores. Cria-se por conseqüência o germe

da mais revolucionária competência: aprender a aprender;

(2) A aprendizagem vicariante (aquela que acontece no dia-dia, sem planejamento

nem controle) torna-se parte dos esforços de treinamento e desenvolvimento,

diminuindo a dependência da sala de aula e esquemas clássicos de educação;

(3) Ao associar-se ao sistema de conseqüências, remuneração e recompensa às

competências, ela permite que os indivíduos e grupos possam se envolver num

processo de comprometimento. Os reflexos no clima de trabalho e assepsia do

ambiente organizacional são visíveis. Os impactos na motivação e no

comprometimento também;

(4) Ao explicar as competências e os critérios de avaliação, a organização estará

criando um ambiente em que o status não é fruto de diplomas ou títulos de cargos,

mas de contribuição efetiva para os resultados da empresa;

(5) Os processos de seleção de novos colaboradores e promoção para cargos de

liderança ficam muito facilitados, dadas às características de delimitação e

objetivação de comportamentos que o trabalho com competências exige;

(6) A vida e o trabalho em grupo ficam facilitados quando organizados em torno de

referenciais claros e explícitos de comportamento tanto individual quanto grupal.

36

Dutra (2001, p. 42) ressalta: que neste processo evolutivo, as competências nas

organizações tendem a se caracterizadas como contribuição das pessoas para

capacidade da empresa de interagir com seu ambiente, mantendo ou ampliando

suas vantagens competitivas.

Em síntese, Dutra (2001, p. 43) comenta que na busca de um modelo de gestão de

pessoas, recorre-se a conceitos cuja característica é integrar o conjunto de políticas

e práticas de gestão de pessoas, articulando a estratégia de negócio e a arquitetura

organizacional à maneira de gerir pessoas, permitindo, correlacionar de forma direta

e concreta a contribuição de cada indivíduo ao desenvolvimento e ao sucesso da

empresa ou negócio.

37

3 RECRUTAMENTO E PROCESSO DE RECRUTAMENTO DE CANDIDATOS A

EMPREGO

Esse capítulo trata do processo de recrutar candidatos a emprego. Aborda o

conceito, processo, operacionalização, fontes e tipologias de recrutamento.

Smart et Street (2009, p. 10-12), consultores organizacionais norte americanos, com

atuação profissional em processos de contratação comentam que as grandes

empresas não nascem, constroem-se. Um dos segredos que está detrás do seu

sucesso passa pela contratação das pessoas certas – que eles se expressam como

“jogadores A”, os melhores. Comentam também que, de acordo com estatísticas

internacionais, metade de todas as contratações, resultam em maus ajustamentos –

a pessoa errada para o local errado. E ainda como o custo desse erro é 24 vezes o

do salário desta pessoa, o prejuízo financeiro é substancial para as organizações.

Os consultores comentam também que, de modo geral, os profissionais da área de

Recursos Humanos estão sobrecarregados em diferentes tarefas e que, os setores

de recrutamento e seleção das empresas foram reduzidos drasticamente nas últimas

décadas. Fatos que explicam, em parte, a dinâmica inadequada que as empresas

adotam face aos seus processos de contratar pessoas. Neste sentido, os

consultores orientam sobre a necessidade de as empresas investirem mais nesta

atividade para que ela possa dar retorno eficaz. Ainda fazem a observação no

tocante as empresas que prestam serviço nesta área “as empresas de recrutamento

não produzem candidatos A suficientes” Smart et Street (2009, p. 16).

3.1 Conceito de recrutamento

Segundo Milkovich (2000, p.162), recrutamento é o processo de identificação e

atração de um grupo de candidatos, entre os quais serão escolhidos alguns para

posteriormente serem contratados para o emprego.

Chiavenato (2002) comenta que o recrutamento é um conjunto de técnicas e

procedimentos que visa a atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes

de ocupar cargos dentro da organização.

38

O recrutamento consiste em atrair candidatos de acordo com um determinado perfil

previamente estabelecido, o que pode ser executado por diferentes fonte, inclusive

anúncios em jornais, revistas especializadas, sites corporativos ou de empregos.

Carvalho et al. (2008, p. 55) considera o recrutamento parte de um processo maior,

no qual não basta ter quantidade, mas também a qualidade necessária que levará o

candidato a uma maior adaptação à organização em que for admitido.

Em algumas literaturas é encontrado o termo atração em substituição ao termo

recrutamento. Faissal et al (2008, p. 69) definem o termo atração destacando

mudanças na forma de se buscar profissionais no mercado de trabalho, o que reflete

o investimento feito por algumas organizações para aperfeiçoar seus procedimentos

nessa etapa.

Dutra (2007, p.61) utiliza o termo captação de pessoas. Segundo este autor, a

captação de pessoas adequadas às necessidades da organização exige a

concretização dos seguintes aspectos:

(1) perfil profissional: o conjunto de entregas esperado da pessoa a ser captada que

pode caracterizar-se pelas competências a serem entregues, pela definição do nível

de complexidade dessas entregas e pelo delineamento do espaço ocupacional.

(2) perfil comportamental esperado da pessoa, tanto em termos de requisitos

técnicos necessários – formação, experiência, habilidades e conhecimentos -,

quanto em termos da trajetória de realizações dessa pessoa, para que ela possa

demonstrar a maturidade ou nível de abstração correspondente às necessidades

impostas pela oposição.

(3) entregas desejadas da pessoa, para atender às necessidades da organização

tanto presentes quanto futuras;

(4) condições de trabalho;

(5) condições de desenvolvimento profissional;

39

(6) condições contratuais, definindo os vínculos empregatícios a serem

estabelecidos.

Algumas vezes não é possível determinar de antemão todos esses aspectos. Assim,

alguns acabam sendo definidos durante a captação de pessoas.

A definição prévia destes aspectos de acordo com o autor, entretanto, permite

conduzir a captação com objetividade e construir entre pessoa e organização as

bases para um contrato psicológico. O perfil da pessoa a ser captada é um aspecto

fundamental da estratégia de gestão de pessoas, pois quem será admitida na

empresa será parte da organização por tempo indeterminado.

Pontes (2004, p.85) comenta que é comum encontrar na literatura especializada, o

conceito de recrutamento como sendo o meio de encontrar e atrair candidatos para

as posições abertas na organização.

Fleury (2006, p. 72), corrobora, afirmando que o recrutamento passou a ser, então, o

movimento de se atrair esse recurso valioso para ingressar nas organizações,

conforme as necessidades delas.

Dutra (2002), introduz no processo de captação uma abordagem sobre

competências ao fazer a distinção entre esta e a abordagem tradicional deste

processo. Utiliza-se,de sete aspectos de análise conforme ilustra o quadro 2:

QUADRO 2 - Abordagens para captação de pessoas

Aspectos analisados Abordagem tradicional Abordagem por competência

Horizonte profissional Cargo a ser ocupado Carreira da pessoa na empresa

Perfil Para um cargo específico Pra atender a femanda futuras Processo de escolha Observa a adequação para o

cargo Observa a adequação para uma trajetória específica

Ferramenta de escolha Testes de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para o cargo

Análise da trajetória profiional para avaliar a maturidade profissional e o ritmo de desenvolvimento

Contrato psicológico Contrato construído visando a Contrato construído visando a

40

determinada posição na empresa

uma carreira ou trajetória dentro da empresa

Compromisso da organização Manter o cargo para o qual a pessoa está sendo captada

Desenvolver a pessoa para determinada trajetória dentro da empresa

Internalização Adequação ao cargo Adequação a uma trajetória Fonte: Dutra (2002, p.63)

3.2 Tipologias de recrutamento

A literatura mostra dois tipos: interno e externo.

3.2.1 Recrutamento interno

O recrutamento interno ocorre quando se procura na própria empresa o candidato

mais adequado a um determinado perfil necessário para assumir algum posto.

Carvalho et al. (2008, p. 67) explicam que o profissional responsável por essa área

deve, antes de tudo, avaliar todos os aspectos da organização, a fim de que esse

processo interno ou externo possa apresentar um maior índice de eficácia e trazer

um retorno de produtividade e satisfação para todas as partes envolvidas.

Segundo Carvalho et al. (2008, p. 67) quando o recrutamento é utilizado, a

organização procura preencher a vaga por meio do remanejamento de seus

empregados que podem ser promovidos.

Para Pontes, Serrano (2005, p. 43), quando o Planejamento de Pessoal é realizado,

o recrutamento interno representa a prática do plano de sucessão que pode ser

promoção (movimentação vertical), transferência (movimentação horizontal) ou

transferência com promoção (movimentação diagonal). Quando identificado os

candidatos potenciais, sabem-se que eles apresentam todas as competências

presentes ou caso contrário, quais são os planos de treinamento e desenvolvimento

e quanto tempo será necessário para elevá-los ao patamar desejado. Contudo, os

autores também reconhecem que, embora o planejamento de pessoal seja eficaz

para se fazer o recrutamento interno, a inexistência do Planejamento de Pessoal não

invalida a possibilidade de realizar movimentações internas: Algumas empresas têm procedimentos claros e divulgados para toda a organização. Divulgam as vagas por meio de quadros de

41

avisos ou via intranet, as pessoas interessadas se inscrevem e ingressam em um processo seletivo criterioso. Os candidatos recebem feedback sobre sua performance no processo e orientações sobre pontos fortes de seu perfil e pontos que devem ser aprimorados. Embora os funcionários que não foram escolhidos tenham certa decepção, saem do processo fortalecidos e convictos de que o processo foi justo. Não podemos negar a seriedade e a validade desse trabalho. (PONTES, SERRANO, 2005, p. 44-45.)

Os autores comentam (p.46) que algumas práticas colocam em descrétido esse

processo. “Uma delas é abrir a vaga somente para ‘cumprir tabela’ – o requisitante já

tem um candidato em vista e, depois de todos que se candidataram passarem por

todas as etapas da seleção, o requisitante fica com seu “candidato preferencial”.

Para Carvalho et al. (2008, p. 68) esse tipo de recrutamento apresenta maior índice

de validade e de segurança, pois o candidato já é conhecido, não necessitando, na

maioria das vezes, de período de experiência, de integração ou de informações

cadastrais a seu respeito. A margem de erro é reduzida, graças principalmente ao

volume de informações que a empresa geralmente reúne a respeito de seus

empregados.

Segundo os autores, muitos o consideram uma fonte poderosa de motivação para os

empregados, pois estimula a equipe a ter uma atitude de constante auto

desenvolvimento e de auto-avaliação, no sentido de aproveitar ou criar diferentes

oportunidades de aperfeiçoamento.

Essa situação desenvolve uma competição ética entre os colaboradores, uma vez

que as oportunidades são oferecidas a todos e aproveitadas por aqueles que,

realmente, demonstrem condições de merecê-las.

Os autores alertam sobre um ponto crucial para o qual se deve atentar, caso faça a

opção pelo recrutamento interno: refere a cultura instituída. Se não se identificar

uma cultura na qual tenha havido previamente a sensibilização do quadro de

gestores, pode-se ter que lidar com situações nas quais ocorram conflitos de

interesses. O conflito existe quando o empregado é selecionado por atender aos

requisitos estabelecidos, mas o gestor pondera que não há possibilidade de atingir

só resultados estabelecidos para sua área de trabalho sem a sua participação,

42

impedindo a transferência. Quando isso acontece Carvalho comenta, costuma haver

uma forte desmotivação por parte do empregado, principalmente quando esse

remanejamento implicaria em aumento salarial ou de status, gerando queda de

produtividade.

Carvalho et al. (2008, p. 70) pondera que apesar de parecer uma excelente

alternativa, o recrutamento interno só deve ser realizado quando se percebe uma

cultura e um ambiente propícios à sua implementação.

A este respeito, Chiavenato, (2004, p. 114) apresenta quadro com a representação

das vanatgens e desvantagens do recrutamento interno.

Quadro 3 Vantagens e desvantagens do recrutamento interno

Vantagens Desvantagens Aproveita melhor o potencial humano da organização

Pode bloquear a entrada de novas idéias, experiências e expectativas

Motiva e encoraja o desenvolvimento profissional dos atuais funcionários

Facilita o conservadorismo e favorece a rotina atual

Incentiva a permanência e a fidelidade das funcionários à organização

Mantém quase inalterado o atual patrimônio humano da organização

Ideal para situações de estabilidade e pouca mudança ambiental

Ideal para empresas burocráticas e mecanísticas

Não requer socialização organizacional de novos membros

Mantém e conserva a cultura organizacional existente

Probalidade de melhor seleção, pois os candidatos são bem conhecidos

Funciona como um sistema fechado de reciclagem contínua

Fonte: Chiavenato (2004, p. 114) 3.2.2 Recrutamento externo

O recrutamento externo se faz necessário quando não há, na da empresa, pessoas

capazes com o perfil desejado. Ele se operacionaliza a partir de decisões sobre a

contratação de profissionais fora da empresa, utilizando-se de fontes de

recrutamento externo.

Bohlander et al (2005, p. 79) comentam que as fontes externas de recrutamento irão

variar com o tipo de posição a ser preenchida. Também a condição de mercado de

trabalho pode, ainda, ajudar a determinar as fontes de recrutamento a serem usadas

por uma empresa. De acordo com o autor, num mercado de trabalho escasso, com

43

baixo desemprego, pode forçar o empregador a anunciar amplamente ou a buscar

auxílio de agências de empregos locais.

O desenvolvimento de fontes de recrutamento significa pesquisar, identificar e

consolidar as fontes que mais se ajustam às necessidades das possíveis vagas

existentes nas empresas, de forma a otimizar o tempo e a capacidade de trabalho

de recrutamento.

Pontes e Serrano (2005, p. 48) explicam que um bom cadastro de candidatos é

fundamental para o sucesso do processo do recrutamento externo; no entanto, não

significa um grande número de fichas de inscrição ou currículos arquivados, mas sim

currículos ou fichas de candidatos que possuam a qualificação necessária para o

preenchimento de possíveis cargos que poderão ser abertos. Para isso, nunca se

deve arquivar um currículo ou ficha sem antes terem sido analisados, também não

se deve manter um arquivo desatualizado.

Para Pontes e Serrano (2005, p.48), existem vantagens e desvantagens no

recrutamento externo. Conforme visto anteriormente, a primeria opção no

recrutamento deve consistir no aproveitamento dos funcionários que já atuam na

empresa. Em relação ao recrutamento externo os autores explicam que também têm

vantagens, sendo a principal no tocante à renovação de idéias. Outra vantagem,

para eles reside no fato de que, muitas vezes, os funcionários detêm potencial para

ocupar o cargo, mas não a experiência necessária, o que pode ser obtido pelo

recrutamento externo.

O quadro 4 apresenta uma síntese das vantagens e desvantagens do recrutamento

interno

Quadro 4 Vantagens e desvantagens do recrutamento externo

Vantagens Desvantagens

Indroduz sangue novo na organização: talentos, habilidades e expectativas

Afeta negativamente a motivação dos atuais funcionários da organização

44

Enriquece o patrimônio humano, pelo aporte de novos talentos e habilidades

Reduz a fidelidade dos funcionários ao oferecer oportunidades a estranhos

Aumenta o capital intelectual ao incluir novos conhecimentos e destrezas

Requer aplicação de técnicas seletivas para escolha dos candidatos externos. Isso significa custos operacionais

Renova a cultura organizacional e a enriquece com novas aspirações

Exige esquemas de socialização organizacional para os novos funcionários

Incentiva a interação da organização com o Mercado de Recursos Humanos

É mais custoso. Oneroso, demorado e inseguro que o recrutamento interni.

Indicado para enriquecer mais intensa e rapidamente o capital intelectual

Fonte: Chiavenato (2004, p. 116) 3.3 Fontes de recrutamento

Leme (2007, p. 57) explica que as fontes de recrutamento compôem uma das etapas

mais importantes do planejamento, pois é preciso planejar a forma de atração dos

prováveis talentos.

Ainda segundo Leme (2007, p. 57), se o processo de recrutamento acontecer

internamente, as fontes de recrutamento serão cartazes, murais, o portal de intranet

da empresa ou procedimentos cabíveis caso a empresa utilize o processo de

concurso interno.

Pontes (2004, p. 88) através de quadro (5) apresenta as principais fontes de

recrutamento.

Quadro 5 Principais Fontes de Recrutamento

45

Fonte: Pontes (2004, p. 88)

A seguir comenta-se sobre as fontes.

3.3.1 Anúncios

Os métodos mais comumentes usados para atrair candidatos são a publicação de

anúncios em jornais e revistas comerciais, rádio, TV, quadros, cartazes e correio

eletrônico. Bohlander et al (2003, p. 80).

Carvalho et al. (2008, p. 64) também apontam esta fonte como eficiente para atrair

candidatos. Os dois autores afirmam que anunciar tem a vantagem de atingir um

público amplo de possíveis candidatos. Pontes (2004, p. 111) explica que os

classificados em jornais são um dos meios de recrutamento mais utilizados pelas

organizações. Quando se pretende um certo grau de seletividade pode-se usar

jornais e revistas dirigidos para um grupo específico de leitores. É importante, ainda,

avaliar o benefício do retorno comparativamente ao investimento financeiro que se

precisa fazer.

Em relação à preparação de anúncios, Bohlander et al. (2003, p. 81) orienta que a

preparação não só requer tempo como também exige criatividade na elaboração do

conteúdo e do visual da mensagem. Os anúncios bem escritos destacam os

principais aspectos da posição ao mesmo tempo em que mostram como a empresa

procede diante das necessidades do cargo.

3.3.2 Internet

Para Pontes et al. (2004, p. 116) consiste na criação no site da empresa de um

campo que possibilite às pessoas o cadastro em processos de recrutamento.

Segundo Bohlander, et al. (2003, p. 81), de acordo com a IDC, uma empresa de

pesquisa instalada em Massachutts, 96% de todas as empresas usarão a Internet

para as necessidades de recrutamento dentro de poucos anos. Ainda segundo o

autor estimativas feitas pela Employee Management Association de que o custo, nos

46

Estados Unidos, por contratação por este meio, é cerca de dez vezes menor do que

a contratação com o uso da mídia impressa.

Para Carvalho et al.( 2008, p. 66) o acesso do site na internet é fácil acesso e de

baixo custo, em especial quando não onera a empresa. Tem sido bastante utilizado

no recrutamento para cargos de nível médio ou superior, na medida em que os

candidatos a vagas de nível operacional, em sua maioria, ainda não tem acesso a

computadores ou tecnologias que permitam o uso da internet. Carvalho explica, que

a elaboração e colocação de um breve anúncio contendo os principais quisitos da

vaga em aberto já traz como retorno uma quantidade considerável de currículos.

3.3.3 Indicação de Funcionários

Para Carvalho, et al. (2008, p. 64), é uma fonte que exige baixo investimento

financeiro e de tempo, além de possuir um alto índice de resultados positivos.

Bohlanderet et al. (2003, p. 81), confirmam que os esforços de recrutamento de uma

empresa podem ser auxiliados por indicações de funcionários ou por

recomendações feitas pelos funcionários atuais. Ademais foi verificado pelos

gerentes que que a qualificação dos candidatos indicados por funcionários

normalmente é alta, visto que os funcionários em geral hesitam em recomendar

indivíduos que possam não ter um bom desempenho. Ainda Carvalho et al.( 2008, p.

64) confirmam que o empregado, ao apresentar um candidato, sente-se prestigiado

por este e pela organização e torna-se co-responsável na empresa por sua

admissão.

3.3.4 Sindicatos ou Associações de classe

Essa fonte, diz Carvalho et al. (2003, p. 65), tem a vantagem de envolver outras

organizações que, na maioria das vezes têm interesse em colaborar com seus

associados. De baixo custo, também serve como estratégia de apoio para formação

de banco de currículos de determinadas categorias profissionais.

Bohlander et al. (2003, p. 85), comentam que nos Estados Unidos, os sindicatos

trabalhistas podem ser a fonte principal de candidatos a cargos operários e alguns

47

cargos profissionais, Alguns sindicatos, como os dos setores marítimo, gráfico e de

construção, mantém um balcão de contratação de candidatos.

3.3.5 Instituições Educacionais

Para Pontes (2004, p. 115), uma excelente opção é o uso das escolas no

recrutamento de candidatos para diversas vagas na empresa: estagiários,

administrativos, técnicos e média gerência, As instituições educacionais são uma

fonte de jovens candidatos com treinamento formal, mas com relativamente pouca

experiência de trabalho em tempo integral, Bohlander et al. (2003, p.83). Ainda

Bohlander et al, as faculdades locais, com seus vários tipos de treinamentos

especializados, podem fornecer candidatos para cargos técnicos. PONTES, 2003, e

BOHLANDER et al. 2003, concordam que para posições técnicas e gerenciais, as

faculdades e universidades geralmente são fontes primárias.

3.3.6 Agências e Consultorias

Leite et al. (2008, p. 21) explicam que a necessidade de mudança premente nos

processos e nos sistemas organizacionais, são conduzidas pelos empregados das

organizações. Ampliou-se consideravelmente a importância de um trabalho de

consultoria, na medida em que novas formas de gestão e de performance passam a

ser exigidas no cenário atual.

Algumas vezes estas fontes são utilizadas quando há grande dificuldade de se

recrutar candidatos em número suficiente para a realização do processo seletivo.

Para Carvalho et al. (2003, p. 66), as agências de emprego atuam apenas com o

processo de recrutamento,enquanto que as consultorias trabalham em toda a

extensão do processo de recrutamento e seleção.

Segundo Pontes (2003, p. 120), existem três tipos de agências que atuam neste

processo: tradicional, consultorias para empresas e consultoria para empregados.

Para Pontes, as tradicionais são as que mais se ocupam com o recrutamento

48

de pessoal operacional, administrativo e técnico de nível médio. As agências de

consultoria para empresa, segundo o autor são as que também são chamadas de

head-hunters, prestam serviço de alto nível e atuam, principalmente, no

recrutamento de executivos. E as consultorias de empregados prestam serviços

para pessoas que buscam novo emprego. Bohlander et al. (2003, p. 86), concordam

que, as agências de emprego privada diferem quanto aos serviços oferecidos, ao

profissionalismo e ao calibre de seus conselheiros.

3.4 - O processo de recrutamento

Não há consenso na literatura especializada sobre como se inicia um processo de

recrutamento. Existem considerações que tal processo inicia a partir de uma vaga

aprovada. Outras, consideram o início a partir da triagem de curriculum. Contudo, há

consenso quanto à importância de se realizar a leitura atenciosa deste documento.

O processo de recrutamento de candidatos se inicia a partir de uma vaga aprovada.

Carvalho et al. (2008, p. 61) argumentam que embora se possa formar um cadastro

visando atender às necessidades futuras da organização, determinadas em seu

planejamento estratégico, em geral o movimento de relacionamento com os

candidatos começa a partir da sinalização da vaga em aberto.

O processo seletivo inicia-se pela descrição do perfil do candidato junto à empresa

contratadora, sendo que através desta etapa o recrutador busca na própria

organização, por meio de entrevistas ou observações, informações que o levem a

descrever as caracterísitcas do futuro empregado, que são consideradas como

importantes para a perfeita execução do cargo a ser preenchido. Esta etapa é

seguida pelo recrutamento com o objetivo de atrair candidatos que possuam

potencial para ocupar, de forma eficaz, cargos na organização.

Esta etapa, para Leme (2007, p. 60) é a organização de todos os recursos que serão

utilizados, inclusive a ordem de aplicação. É importante ter a clara percepção do

estilo de recrutamento, se será de massa, com muito candidatos ou não, pois isso

tem influência estratégica na sequência que devem ser lançados os recursos e

etapas do processo seletivo para economia de tempo, recursos e dinheiro.

49

Pontes (2005, p. 86) resume as etapas que antecedem o processo de recrutamento

através da figura abaixo, procurando ressaltar a dinâmica desta atividade nas suas

diferentes etapas.

Figura (3) Etapas do Processo de Recrutamento

Planejamento

De Pessoal

Análise De

Cargo Planejamento Recrutamento De De Abertura Pessoal Pessoal Formal Da Vaga Informações Adicionais Fonte: Pontes (2004, p.86)

(1)Planejamento de pessoal, visa estimar as necessidades futuras, as vagas que

serão abertas, e detectar internamente na empresa, pessoas com potencial para

ocupar essas vagas.

(2) Análise de cargos, é o estudo das atribuições e responsabilidade dos cargos.

Destas análises são obtidas as descrições e especializações (requisitos) dos cargos.

A descrição de cargos fornece a relação sistematizada das atividades, com detalhes

que permitem a compreensão do que, como e por que é feita cada uma das tarefas.

A especificação do cargo contempla as condições exigidas do ocupante com

relação à escolaridade, experiência, iniciativa e quanto às habilidades, bem como

50

estuda as responsabilidades do ocupante por erros, materiais, equipamentos,

ferramentas, condições de trabalho, requisitos físicos etc.

(3) A abertura formal da vaga, fornece as estimativas das vagas que são abertas

formalmente mediante o preenchimento do formulário “Solicitação de Pessoal” pelo

requisitante (Chefe da Unidade).

(4) Informações adicionais, preenchimento dos requisitos não constantes da análise

de cargos.

O próximo capítulo aborda o processo de seleção.

51

4 SELEÇÃO E PROCESSO SELETIVO DE CANDIDATOS A EMPREGO

Este capítulo discute a seleção de candidatos a emprego através do conceito,

processo e métodos utilizados. Destaca a seleção com base em competências a

partir dos conceitos apresentados no capítulo 2.

4.1 Considerações sobre seleção de candidatos a emprego

A crescente exigência do mercado de trabalho impõe a seleção de candidatos a

emprego que melhor possam cumprir as tarefas dos cargos a serem ocupados, bem

como contribuir para que a organização atinja seu objetivo. Na maioria dos casos, o

principal objetivo das empresas do setor privado é a geração de lucro, já que tais

empresas só sobrevivem se geram lucro (Miguel, 2001). Neste contexto, o objetivo

do processo de seleção de pessoal é escolher o candidato com melhores

conhecimentos e habilidades para desempenhar determinada tarefa. Nesta

perspectiva a escolha de tal candidato facilitaria o sucesso de programas que visam

o aumento da produtividade de funcionários, elevando a receita e reduzindo as

despesas da organização. Se funcionários aprendem mais facilmente as tarefas que

precisam desempenhar e/ou cometem menos erros, o custo da empresa (com

programas de treinamento e capacitação) diminui (Brethower, 2000).

De acordo com Bohlander et al (2005), em conjunto com o processo de

recrutamento, que se destina a aumentar o número de candidatos cujas

qualificações atendam a requisitos do cargo e às necessidades da organização, a

seleção é o processo de redução desse número e a escolha entre indivíduos com

qualificações relevantes.

Para Pontes (2004, p. 129) a seleção nem sempre significa escolher os que revelam

aptidões ou capacidades nos seus índices mais elevados, mas sim, os mais

adequados a uma situação predeterminada.

Carvalho et al ( 2003, p. 78) explicam que quando se pensa em seleção, seja nos

moldes tradiconais ou no modelo por competências, é necessário entender que um

52

processo dessa natureza inclui o procedimento de comparação e a tomada de

decisão. Desde o momento do recrutamento, já começa a comparação de dados

dos currículo apresentados pelos candidatos e a decisão de quais são os que

possuem o mínimo necessário para prosseguir adiante.

4.2 O processo seletivo

De igual modo ao processo de recrutamento, o processo seletivo é foco de

discussões quanto ao início de sua operacionalização. Para alguns autores, ele

inicia-se a partir da análise dos curriculum dos candidatos onde, ocorrerá um

processo natural de redução dos candidatos recrutados. Para outros, esta fase de

triagem de curriculum é pertinente ao processo de recrutamento.

Para Werther e Davis, apud PONTES (2004, p. 129), “ o processo de seleção é

uma série de passos específicos, para decidir que recrutados devem ser

contratados”. Inicia-se, assim, um processo que envolve análise e tomada de

decisão quanto à permanência ou não de candidatos, fato que leva as organizações

a estabelecerem um roteiro e lógica de trabalho.

Neste sentido, reconhece-se a importância desta atividade destacando-se a matéria

de capa da revista The Economist (outubro 2006) apud Smart et Street (2003, p.16)

comentando sobre a dificuldade de encontrar pessoas certas, sendo este o maior e

único problema nos negócios hoje em dia.

Nesta linha, Chiavenato (2006, p. 87) considera que a “ escolha do homem certo

para o cargo certo, ou, mais amplamente, entre os candidatos recrutados aqueles

mais adequados aos cargos existentes na empresa, visando manter ou aumentar a

eficiência e o desempenho do pessoal”.

Santos (1985) apud PONTES (2004, p. 129) afirma: É o processo pelo qual são

escolhidas as pessoas adaptadas a uma determinada ocupação ou esquema

operacional”. Assevera, ainda segundo Pontes (2004, p. 129), que o processo “ nem

sempre significa escolher os que revelam aptidões ou capacidades nos seus índices

mais elevados e sim, os mais adequados a uma situação predeterminada”. O autor

53

ainda comenta que esta visão contradiz a tradicional que objetiva escolher os que

melhor ocupariam determinado cargo na organização, com base em uma avaliação

de suas características pessoais (conhecimentos, habilidades etc) e de suas

motivações.

Segundo Bohlander et al. (2005, p. 103), o número de etapas no processo de

seleção e sua sequência irão variar, não somente na organização, mas também

com o tipo e o nível de cargos a serem preenchidos.

Pontes (2004, p.131) apresenta uma descrição das etapas que compõe o processo

de seleção, o qual inicia-se a partir dos candidatos recrutados e finalizando com a

admissão do candidato selecionado.

O quadro (6) explicita este processo.

54

QUADRO 6 Etapas do processo de seleção de pessoal

CANDIDATOS RECRUTADOS TRIAGEM . Entrevista Decisão . Análise de Currículo Negativa Decisão Positiva TESTES Decisão Possível aproveitamento . Conhecimentos Negativa do candidato . Desempenho em outros cargos . Psicológicos Decisão Positiva ou ENTREVISTA Decisão Recusa por parte DE SELEÇÃO Negativa do candidato Decisão Positiva ou ENTREVISTA Decisão Recusa por parte TÉCNICA Negativa da empresa Decisão Positiva EXAME MÉDICO Decisão Negativa Decisão Positiva REFERÊNCIAS Decisão Recusa por parte DO CANDIDATO Negativa da empresa Decisão Positiva ADMISSÃO Fonte: Pontes (2004, p. 131) Conforme Pontes (2004), o processo se realiza em seis etapas: triagem; aplicação

de testes; entrevista de seleção; entrevista técnica; exame médico e levantamento

de referências do candidato.

Entretanto, o autor alerta que estas etapas diferem entre as empresas e entre as

atividades que compõem cada fase dos processos.

55

Igualmente, Bohlander et al ( 2003, p.103) justificam sobre a variação dos processo

de seleção. De acordo com eles, o número de etapas e sua sequência irão variar nã

o somente com a organização, mas também com o tipo e o nível de cargos a serem

preenchidos. Cada etapa, deverá ser avaliada em termos de sua contribuição. De

modo geral, os autores apresentam um processo utilizando diversos meios para

obter informações sobre os candidatos. Este processo está ilustrado na figura (4)

abaixo:

Figura 4 A Meta da Seleção: Maximizar “A certos”

Fonte: Bohlander ( 2005, p. 103)

Ressalta-se ainda que a participação dos candidatos no processo de seleção é

variável em função de suas permanências ou não no processo.

4.3 Métodos de investigação no processo seletivo

56

A utilização de métodos no processo seletivo é entendida como a aplicação de

conhecimento especializado com a finalidade de obter informações reais e

confiáveis sobre os candidatos. Informações estas que serão utilizadas para a

tomada de decisões sobre contratação de profissionais.

Neste sentido, Bohlander et al (2003, p.104) comentam, que “a confiabilidade refere-

se também a extensão em que dois ou mais métodos geram resultados semelhantes

ou são consistentes”. Desse modo, se os dados sobre os quais as decisões de

seleção são baseadas não forem confiáveis, em termos tanto da establidade quanto

da consistência, eles não poderão ser usados no prognóstico sobre o candidato.

Além de confiáveis no tocante à adequação de um candidato a um cargo, as

informações devem conter “a máxima validade possível”. Os autores (p.104)

comentam que a validade “refere-se ao que um teste ou outro procedimento de

seleção mede e de que forma ele mede... a validade na seleção de pessoal é

essencialmente um indicador da medida em que os dados de um procedimento

predizem o desempenho no emprego”

4.3.1 - Validade Relacionada x Critérios

Bohlander et al. (2003, p. 105) explicam, a extensão em que as ferramentas de

seleção predizem ou se correlacionam com elementos importantes do

comportamento de trabalho, conhecida como validade relacionada ao critério.

Para Bohlander et al.( 2003, p. 105) há dois tipos de validade relacionada a critério:

Validade simultânea e validade de predição.

Validade simultânea refere-se a extensão em que as pontuações de teste (ou outras

informações de predição) correspodem aos dados de critério obtidos

aproximadamente ao mesmo tempo dos atuais funcionários.

Validade de predição – extensão em que as pontuações que os candidatos obtêm

nos testes correspondem aos dados de critérios obtidos dos candidatos/funcionários

depois de estarem no emprego por um período de tempo.

57

Bohlander et al. ( 2003, p.105) ressalvam, qualquer que seja o método usado, a

validação cruzada é essencial. Trata-se de um processo em que um teste ou uma

bateria de testes são aplicados a uma amostra diferente (extraída da mesma

população), para verificar os resultados obtidos do estudo de validação original.

Estes métodos de correlação são usados para determinar a relação entre as

informações de predição, pontuações de testes e dados de critérios.

A seguir serão apresentados os métodos de seleção mais comumente encontrados

na literatura especializada. Optou-se por iniciar com a análise de curriculum vitae

conferindo a esta atividade um procedimento que antecipa a aplicação dos métodos

propriamente dito.

4.3.2 - Triagem de curriculum vitae

Nesta etapa do processo seletivo, uma questão que vem sendo debatida é a

aplicação de recursos infomacionais em substituição ao processo manual.

Para Leme (2007, p. 66), não há condições de se ter um processo ágil atualmente

sem uma ferramenta adequada e informatizada para fazer pesquisa de currículos

em papel ou anexos de email, devido à velocidade e agilidade que as empresas

precisam ter.

Contudo, este é um aspecto sobre o qual não há consenso, pois se pode observar

que a prática de elaboração e envio de curriculum informatizado tem aumentado

consideravelmente no mercado de trabalho, o que nos leva a pressupor que sua

análise também poderá ocorrer por este meio.

Para Pontes (2004, p. 130) a triagem tem como finalidade verificar, em termos

gerais, se o candidato possui os requisitos exigidos pelo cargo e se as condições

oferecidas pela empresa poderão satisfazê-lo.

Carvalho et al. ( 2008, p. 73) explica, que o processo de recrutamento, não se

encerra após a obtenção dos currículos por meio do desenvolvimento das fontes. É

58

essecial para autora realizar ainda uma leitura cuidadosa dos itens indicados e

verificar a veracidade e adequação dos mesmos, o que é feito a partir da análise das

informações descritas e da realização de uma entrevista inicial.

Segundo Leme ( 2007) deve ser feita uma primeira análise do perfil dos currículos

pré-selecionados, buscando por características e experiências que sejam relevantes

à vaga que está sendo trabalhada.É a oportunidade para checar com mais detalhes

a formação acadêmica, escolaridade e outras informações.

4.3.3 Testes

De acordo com Anastasi (1997) apud FAISSAL (2008, p. 107), o teste pode ser

definido como um instrumento padronizado, construído com base em procedimentos

e visa medir um ou mais aspectos da personalidade total, por intermédio de

amostras de rendimento ou comportamento.

Segundo Faissal et al. (2008, p.108), o recurso de utilização de testes em processos

de seleção se baseia no valor de predição dos testes, na suposição de que há uma

estreita correspondência entre o desempenho do candidato nos testes e seu

desempenho futuro trabalho. Para Anastasi apud FAISSAL ( 2008, p. 108), os

testes podem ser considerados amostras de comportamento, a partir das quais é

possível fazer predições a respeito de outro comportamento.

Os autores classificam os testes em duas categorias: psicológicos e de

conhecimentos.

4.3.3.1 Testes Psicológicos

Os testes psicológicos, segundo Carvalho et al. (2003, p.79), visam avaliar ou

identificar os comportamentos mais frequentes dos candidatos, as características

básicas de sua personalidade ou ainda, determinadas habilidades e raciocínios. Eles

somente devem ser aplicados e interpretados por profissionais com formação

superior em Psicologia.

59

Segundo Anastasi (1997) apud FAISSAL (2008, p. 108), os testes psicologicos

objetivam avaliar o desenvolvimento intelectual geral, aptidões especificas e a

personalidade dos candidatos.

Um teste psicológico em seleção tem como objetivo avaliar características de

personalidade, conhecimentos e competências do candidato, no momento em que

ele teria em atividades específicas associadas ao trabalho pretendido. Isso significa

que, o procedimento de validade preditiva é extremamente relevante para mostrar

que os testes usados na seleção de pessoal são ferramentas verdadeiramente úteis.

Para Dunnette (1976, p. 45), em qualquer decisão referente à seleção é de extrema

importância saber que áreas de comportamento profissional podem ser relacionadas

com medidas psicológicas e outras técnicas de avaliação usadas para seleção.

A seguir apresenta-se uma relação de testes psicológicos utilizados em processos

seletivos de candidatos a emprego, sendo também utilizados em outras situações.

Tais testes foram identificados através de revisão elaborada por Vergilio (2006) bem

como pelo do acesso da pesquisadora a literatura especializada.

MBTI ( Meryrs Briggs Type Indicator)

Vergilio (2006, p. 66) afirma que o sistema MBTI adota quatro diferentes pares de

atributos para criar uma matriz de 16 tipos de personalidade: extroversão versus

introversão, sensação versus intuição; pensamento versus sentimento e julgamento

versus percepção. Em cada individuo há predominancia das funções e atitudes que

se manifestam dentro de um índice de clareza de preferências. As contrárias

também estão presentes, porém com bem menos intensidade.

A avaliação consiste em um formulário comporto de 93 questões, com respostas a e

b, onde o indivíduo escolhe aquela que melhor o decreve MYERS (1995, apud

Vergilio, 2006, p. 67).

QUATI – Questionário de avalição Tipológica

60

O teste QUATI é baseado na teoria dos tipos psicológicos de Jung. É um

instrumento e sua tipologia objetiva avaliar a personalidade através das escolhas

situacionais que cada sujeito faz (ZACHARIAS, 2003 apud Vergilio (2006, p. 73).

Teste de Wartegg

O teste de Wartegg é uma técnica de investigação da personalidade através de

desenhos obtidos por meio de uma variedade de pequenos elementos gráficos que

servem como uma série de temas formais a serem desenvolvidos pelo individuo de

maneira pessoal.

De acordo com Wartegg (1987, apud Vergilio 2006, p. 75), os testes de

complementação de figuras vêm sendo utilizados há muito tempo.

Teste Palográfico

Pierry (2005 apud VERGILIO 2006, p. 75), aponta que o teste Palográfico foi

concebido originalmente para ser um instrumento de avalição voltado para as

empresas e suas necessidades, incluindo seleção de pessoal e avaliação do

desempnho e potencial dos candidatos a vagas disponíveis na empresa. Ainda

segundo Pierry (2005) apud VERGILIO ( 2006, p. 75), o teste Palográfico passa a

ser identificado como uma técnica completa de avaliação, fácil de aplicar e de obter

os resultados; um dos únicos a identificar traços de neuropatologias e sinais de

intoxicação por químicas entre outros muitos traços, o que constitui vantagens para

esse tipo de teste.

Desenho da figura Humana

Teste que avalia a maturidade intelectual, sobre a capacidade de percepção, de

abstração e de generalização. Pode ainda, segundo Vergilio ( 2006, p. 76), ser

encarada como uma prova projetiva, uma vez que através do desenho a criança

pode revelar as suas necessidades, as suas emoções e algumas das características

da sua personalidade. O desenho, entretanto, além de veículo de projeção da

imagem corporal, pode ser uma projeção de autoconceito, uma projeção de atitudes

61

para com alguém do ambiente; uma projeção da imagem ideal do eu, um resultado

de circunstâncias externas, uma expressão de padrões de hábitos; uma expressão

de tonalidade emocional, uma projeção de atitudes do sujeito para com o

examinador e a situação; uma expressão de suas atitudes para com a vida e a

sociedade em geral.

Teste da Árvore

Trata-se de um teste de projeção, no qual a árvore é o suporte dessa projeção. De

acordo com a maneira pela qual ela foi representada, é possível descobrir traços

importantes de personalidade do indivíduo porque o desenho deixa passar

involuntariamente no traçado de sua árvore, imagens do seu mundo interior (Koch,

1978 apud VERGILIO (2006, p. 77).

Teste de Aptidão

Serve para determinar o quanto as aptidões desejadas estão presentes em cada

pessoa, com a finalidade de prever o seu comportamento em determinadas formas

de trabalho. Baseia-se nas diferenças individuais das pessoas e anlisa o quanto

variam as aptidões de cada individuo em relação à estatíscas de resultados de

amostras Chiavenato (2006, p. 38)

Bateria CEPA

Através do teste da Bateria CEPA, apuram-se elementos auxiliares de qualquer

processo de orientação ou seleção educacional e profissional: inteligência, aptidões

e interesse. Sendo assim, a Bateria CEPA se destina a medir e analisar, o nível

mental ou a inteligência geral; a facilidade de compreensão e utilização da

linguagem, a fluência verbal, a atenção visual, dos cálculos numéricos, de raciocínio,

de memorização de palavras e imagens e de percepção espacial; áreas de

interesses profissionais preferidas pelas pessoas examinadas. (CEPA, 2001).

Atenção Concentrada – TOLLOUSE

62

Este teste destina-se a medir a rapidez e exatidão na execução de uma tarefa

perceptiva. O desempenho do participante é indicado mediante o índice de rapidez,

correspondente ao total de preenchimento até o ponto atingido pelo participante,

aos 5 minutos do teste. (CEPA, 2001).

Teste de Atenção Concentrada

Avaliação da atenção concentrada visual e, em sentido mais amplo, da capacidade

de concentração. Destina-se a sujeitos de 9 a 52 anos. Utiliza na avalição da aptidão

para dirigir veículos e para outras profissões que exijam concentração e atenção

visual. (GEOGOC, 2005)

DIFFERENTIAL Aptitude Tests

É um teste de raciocínio verbal denominado DAT – Differential Aptitude Tests, que

possibilita avaliar a habilidade de abstrair e generalizar conceitos expressos em

palavras. (CEPA, 2001)

Teste de Compreensão Técnico- Mecânica

Tem por finalidade examinar a capacidade de compreensão mecânica de uma

pessoa, bem como fornecer um aspecto parcial do potencial e realização desta

pessoa, em funções que exijam aptidão mecânica. (CEPEL, 2006).

Teste de Seleção Profissional

Método desenvolvido pelo Dr. Joseph E. King, baseado em crivos. Os crivos são

chaves de correção para os testes. A Bateria é composta de 6 crivos: crivo para os

testes: dimensão, partes, objetos; crivo para os testes: julgamento, números; crivo

para os testes: terminologia de escritório, terminologia de vendas; crivo para o teste

memória; crivo para o teste blocos e crivo para teste percepção. (CEPA, 2001).

Teste de Aptidão Mecânica – TAM

63

Permite avaliar de um modo prático os aspectos voltados às atividades profissionais

ligadas às áreas técnico-mecânicas. As aptidões específicas medidas pelo teste de

Aptidão Mecânica – TAM são: concepção de espaço, representação no espaço,

percepção no espaço e compreensão de um sistema de alavancas. As habilidades

manuais sâo rapidez de movimentos, metodização e sistematização ao realizar um

trabalho.(Cronbach 1996 apud VERGILIO 2006, p. 82).

AC 15 – Atenção Concentrada

Teste elaborado para verificar a capacidade de atenção durante um período

razoável de tempo, o que permite extrapolar para as horas de trabalho diário que o

sujeito terá pela frente. A avaliação permite a verificação da consistência do

trabalho. Assim pode-se verificar a fadiga, a resistência à monotonia e de modo

indireto o interesse pelo tipo de trabalho realizado. É um instumento de origem

nacional Boccalandro (2003) apud VERGILIO (2006, p. 80).

IDATE – Inventário de Ansiedade Traço –Estado

O inventário de Ansiedade Traço-Estado – IDATE, é um instruemnto que avalia os

estados emocionais transitórios e permanentes. É composto de duas escalas

distintas, elaboradas para medir duas dimensões de ansiedade: estado de

ansiedade (A – estado) – como o individuo se sente num determinado momento – e

traço de ansiedade (A – traço) – como o indivíduo se sente, geralmente indicando,

respectivamente, estado transitório ( envolvendo sentimentos de tensão,

nervosismo, preocupação a apreensão) e traço relativamente estável da

personalidade.( Biaggio et al, 1997 apud VERGILIO 2006, p. 76).

HBDI (Herrmann Brain Dominance Instruments)

O HBDI mensura as preferências da pessoa, tanto em termos de pensamento do

lado direito quanto do lado esquerdo do cérebro, como em termos de pensamento

conceitual e experimental Vergilio (2006, p. 68). Essas preferências geralmente

correspodem a profissões específicas. (Leonard e Straus, 1997 apud VERGILIO,

2006, p. 68).

64

A avaliação consiste em um formulário de 120 questões que resulta em um perfil dos

estilos de pensamentos preferidos. As respostas são em palavras, números ou

múltipla escolha, dependendo da questão. ( VIRGILIO 2006, p. 68).

Avaliação de Competências de Equipes

Teste de avaliação de papéis ou competências necessárias para que uma pessoa

tenha sucesso numa equipe. É desenvolvido através de questionários criados

específicamente para essa análise ( BELBIN, 1982, HELLER, 2000, MARGERISON

e MCCANN, 1996, PARKER, 1990 apud VERGILIO, 2006, p. 84).

4.3.3.2 Testes de conhecimento

Os teste de conhecimento pretendem medir o conheimento do candidato em

relação ao aspectos gerais de cultura, conhecimento ou da competência requerida

para uma boa atuação na área em que o candidato poderá vir a trabalhar.

Bohlander et al.(2003, p. 116), explicam que geralmente agências públicas e órgãos,

que realizam exames para conceder licenças para o exercício de certas profissões,

desenvolvem testes de conhecimento do cargo, também um tipo de teste de

realização destinado a medir o nível de entendimento de uma pessoa o que

permitirá sua colocação no emprego sem treinamentos adicionais. Os testes

específicos de conhecimento do cargo também desempenham papel importante,

segundo Bohlander.

Esssas provas podem ser aplicadas de forma escrita ou oral e, ainda, por meio

dissertativo ou de testes objetivos do tipo de alternativa verdadeiro ou falso, múltipla

escolha, preenchimento de lacunas, associações de pares, ordenação (Pontes 2004

p. 151).

Testes situacionais Segundo Faissal et al. (2008, p. 111), são bastante utilizados na atualidade, como

uma variação do discursivo; são atividades estruturadas que colocam o candidato

65

diante de uma situação típica de seu dia-dia no trabalho, visando avaliar sua

capacidade de percepção, de análise e de solução de um problema concreto.

Também são muito utilizados quando a vaga pressupõe a necessidade de lidar com

eventos variados e diferenciados, em que o profissional precisa ter flexibilidade e

conhecimento necessários para apresentar respostas adequadas às diversas

situações que poderão ocorrer, explica Carvalho et al.( 2003, p. 81).

Estes testes geralmente, são elaborados com base em uma ou mais situações que,

usualmente, ocorrem no desempenho da atividade em questão.

Asseessment Center

Vergilio (2006, p. 65) explica que essa técnica consiste em conseguir mostras de

comportamentos reais ( na prática) a partir de diferentes provas desenhadas ad hoc

para cada competência. Com isso se consegue múltiplos dados que se

complementam e que corrigem possíveis desvios nos comportamentos observáveis (

DULEWICZ, 1989; THOMPSON et al, 1996; ARCE, 1998; SÁENS, 1999) apud

VERGILIO, 2006, p. 54).

Os Assessment Centers usam simulações de tarefas reais no trabalho. O

desempenho do candidato é avaliado em termos de quão bem a tarefa simulada é

executada ou quanto de uma dimensão particular do desempenho o candidato

possui (Dulewicz 1989 apud VERGILIO 2006, p. 65).

Focus Group

Segue um processo estruturado para se conseguir particularidades sobre o trabalho,

habilidades, atributos e conhecimentos necessários para uma alta eficácia (

DANIELS 2001; PATAKI, 2002; MIRABILE, 1997; MATHIS e JACKSO, 1991 apud

VERGILIO, 2006, p. 70).

Segundo Morgam (1988 apud VERGILIO, 2006, p. 70), o focus group representa

um método qualitativo de pesquisa social, que consiste em selecionar grupos de 6 a

66

20 pessoas por critério de homogeneidade, iniciando com uma discussão de tópicos

sob consideração e assim, produzir uma análise imediata através da coleta dos

diversos pontos de vista dos particiapantes.

O foco ou objeto de análise é a interação do grupo. Os participantes influenciam uns

aos outros pelas respostas às idéias e colocações feitas durante a discussão,

estimulados por cometários ou questões fornecidos pelo moderador ( pesquisador

ou poutra pessoa). Krueger (1994) apud VERGILIO (2006, p. 70), os dados

fundamentais produzidos por essa técnica são transcritos das discussões do grupo,

acrescidos das anotações e reflexões do moderador e de outros observadores, caso

existam.

4.3.3. 3 Dinâmicas de grupo

Para Carvalho, et al. (2003, p. 82), as dinâmicas de grupo e seus exercícos são os

instrumentos de que se utiliza o observador para estudar e avaliar a natureza do

grupo e a dinâmica que rege seu desenvolvimento, como as relações iondivíduo/

grupo, grupo/grupo e grupos/ instituições. Aplicados à seleção, o objetivo maior das

dinâmicas consiste em poder identificar e analisar a interação de cada candidato

com os demais participantes, associando sua conduta no grupo àquela esperada no

caso de vir a ingressar na organização.

Faiisal et al. (2008, p. 117), definem dinâmica de grupo, como técnica de seleção.

Consiste em propor a um grupo de candidatos um conjunto de atividades, tais como:

vivências, jogos, simulações, testes situacionais, estudos de caso ou debates sobre

temas específicos. Faissal comenta ainda que essas atividades atuam como

estímulo para deflagrar a interação entre os participantes e promover uma dinâmica

de funcionamento que possibilite a observação direta do comportamento dos

candidatos. As dinâmicas de uma maneira geral, são indicadas para avaliar

habilidades interpessoais e atitudes.

Para que o instrumento seja utilizado de forma eficaz, Carvalho et al. (2003, p. 82),

explicam que é necessário observar alguns pontos que contriuirão para o alcance do

objetivo estabelecido. O primeiro refere-se ao número de participantes que não deve

67

ser inferior a seis ou superior a 12. Os gestores das áreas clientes podem e devem

participar das dinâmicas de grupo dos candidatos que concorrem às vagas em suas

equipes, desde que devidamente orientados pelos profissionais de seleção.

A avaliação da dinâmica de grupo, a ser realizada no final da atividade, é muito

importante para a seleção, segundo Carvalho et al.( 2003. p. 85), na medida em que

procura verificar o grau de satisfação dos candidatos com o processo, para que se

possa buscar o aperfeiçoamento constante. A autora afirma que nunca se deve

deixar o candidato sair de uma dinâmica de grupo sem que ele saiba o que

acontecerá daí por diante; os prazos prováveis para cada passo posterior. Além de

reduzir a ansiedade do grupo, demonstra respeito por seus integrantes, contribuindo

para a formação de uma imagem positiva da organização da qual fazemos parte ou

representamos.

Para Faissal et al. (2003, p. 125), as dinâmicas de grupo, como os testes, fornecem

muitas informações sobre o candidato. Estas informações possibilitam levantar

hipóteses sobre a compatibilidade do perfil dos candidatos e o perfil da função para

a qual estão concorrendo. Mesmo assim, é possível que ainda persistam dúvidas,

alguns aspectos do perfil de competências do candidato que necessitem ser

esclarecidos. A entrevista de seleção para os autores é a técnica adequada para

esclarecer esses aspectos.

4.4 Entrevista

A entrevista é um dos instrumentos de seleção mais utilizados para fundamentar as

decisões relativas à contratação de um novo empregado, segundo Faissal et al. (

2003, p. 125).

De acordo com Desseler, (2003 apud VERGILIO, 2006, p. 62), a entrevista é de

longe o método/técnica mais amplamente usado no processo de seleção, pois o

contato pessoal é uma das melhores formas de se extrair conclusões da pessoa

inserida no processo de trabalho da organização. Chiavenato(2005), Mathis e

Jackson (1991) e Bobbins (2005 apud VERGILIO, 2006), também afirmam que

provavelmente é o método mais utilizado em seleção de pessoal.

68

Segundo Dipboye (1992, apud VERGILIO, 2006, p. 62), 70% das organizações nos

Estados Unidos usam a entrevista não estruturada em decisões de promoção

(alocação interna); na Europa, as porcentagens são mais elevadas ainda, atingindo

90%, para os ingleses e 94% dos empregados franceses.

Bohlander et al. ( 2003, p. 117), afirmam que, tradicionalmente, a entrevista de

seleção assume papel central no processo, tanto que é raro encontrar um caso em

que o funcionário tenha sido contratado sem algum tipo de entrevista. E dependendo

do tipo de emprego, os candidatos podem ser entrevistados por uma pessoa, por

membros de uma equipe de trabalho ou outros indivíduos da empresa.

A entrevista consiste na proposição de perguntas aos candidatos, tendo como

objetivo segundo, Faissal et al. (2003, p. 125), avaliar o domínio de determinadas

competências relacionadas ao perfil profissional; levantar informações,

complementares sobre competências que não foram vistas por meio de outras

técnicas. Bohlander et al. (2003, p. 117), comenta que embora os pesquisadores

tenham levantado algumas dúvidas sobre sua validade, a entrevista permanece

essencial na seleção porque é extremamente prática quando é pequeno o número

de candidatos; serve para outras finalidades e os entrevistadores mantêm muita fê e

confiança nos próprios julgamentos.

Carvalho, et al. (2003, p. 86), argumentam, que embora a entrevista seja uma das

ferramentas mais usadas, é a que apresenta a possibilidade de maior dose de

subjetividade e de imprecisão. Sendo assim, é necessário que seja realizada com

conhecimento, habilidade e tato, para que constiua em um instrumento realmente

eficaz. Bohlander et al. (2003, p. 117), corroboram, nesses casos, que os

julgamentos de entrevistadores diferentes podem variar bastante e a qualidade da

contratação pode ser questionada.

Os métodos de entrevistas diferem de várias maneiras, segundo o grau de sua

estruturação. As entrevistas se classificam em estruturadas ou tradicional e não-

estruturadas, (Faissal, et al., 2003, p. 126). Nas estruturadas, o candidato

e´solicitado a responder questões padronizadas, tendo como as suas principais

69

vantagens a uniformização das informações coletadas e a cobertura completa de

todas as informações necessárias para predizer seu provável sucesso no cargo

pretendido, em função do planejamento das perguntas.Ainda Faissal, nas

entrevistas não-estruturadas, são poucas perguntas planejadas. As questões são

formuladas à medida que a entrevista prossegue.

Segundo Almeida (2004) apud FAISSAL (2003, p. 126), estudos empíricos,

conduzidos por vários pesquisadores, são unânimes em apontar a superioridade das

entrevistas estruturadas sobre as entrevistas não-estruturadas.

Para Bohlander et al. (2003, p. 117), os métodos de entrevistas diferem de várias

maneiras, mais significativamente em termos da quantidade de estrutura, ou

controle, exercida pelo entrevistador.

Nas entrevistas altamente estruturadas, o entrevistador determina o seu

encaminhamento ao fazer os questionamentos. Nas entrevistas menos estruturadas,

o candidato desempenha papel mais amplo na determinação do curso da discussão.

Faissal,et al, (2003), classifica as entrevistas em técnicas e entrevistas psicológicas.

4.4.1 Entrevista técnica

A Entrevista técnica visa obter ou aprofundar informações sobre o conhecimento

técnico, a experiência profissional e as habilidades técnicas do candidato. A

entrevista técnica geralmente é realizada no final do processo, com o caráter

decisivo, uma vez que fundamenta a decisão de qual candidato será escolhido.

4.4.2 Entrevista psicológica

Na entrevista psicológica o foco das perguntas está dirigido para os aspectos da

personalidade e da vida pessoal do candidato, abordando temas como

relacionamentos interpessoais, família, história de vida e lazer. Segundo Faissal et

al, (2003, p. 127) é uma modalidade de entrevista bastante influenciada pelo

70

modelo clínico da psicologia, para o autor que tem o objetivo de, a partir da

investigação de vários aspectos da vida do candidato, compor um perfil psicológico e

analisar se tal perfil está adequado ao perfil de competências que se está

procurando.Este tipo de entrevista estritamente psicológica são cada vez mais raras

no cotidiano das práticas de seleção; entrevistas que abordam aspectos de

personalidade devem ser conduzidas por profissionais da psicologia.

4.4.3 Entrevista situacional

A entrevita situacional é uma variação da entrevista tradicional. Segundo Bohlander

et al. (2003, p. 118), com essa abordagem, apresenta-se ao candidato um indice

hipotético, ele deve responder que reação teria na situação. A entrevista situacional

apresenta a vantagem de focalizar as perguntas em situações de trabalho, que são

customizadas às peculiaridades de cada organização.

4.4.4 Repertory Grid

Consiste em uma técnica de entrevista estruturada conduzida por uma pessoa

experiente para descobrir o que faz uma pessoa ser mais efetiva do que a outra em

diferentes aspectos do trabalho. É utilizada para identificar as habilidades ou

atributos do trabalho que são diferenciados entre um desempenho efetivo

(BROPHY, 2002, DULEWICZ, 1989, ANASTASI, 2000 apud VERGILIO, 2006, p.

71).

4.4 .5 Entrevista comportamental

Segundo Reis (2003, apud FAISSAL et al, 2003, p. 131) o conceito fundamental da

entrevista comportamental é de exemplos comportamentamentais, como fatos

específicos da experiência passada. Para o autor, é a melhor maneira de prever o

comportamento futuro de um candidato. As perguntas são formuladas enfatizando a

experiência concreta do passada do candidato, aumentando a probabilidade de

obter uma resposta mais realista. Ainda de acordo com Reis (2003 apud FAISSAL et

al, 2003, p. 131), o seu principal objetivo deve ser obter exemplos comportamentais,

71

descrições de fatos específicos da vida que podem ser usados como evidências de

uma competência.

4.4.6 Entrevista por computador

Para Bohlander et al. (2003, p. 119) a entrevista, que para os autores graças aos

avanços na tecnologia de informação, um número cada vez maior de empresas está

usando computadores e a Internet para ajudar no processo de entrevista. A

entrevista por computador, costuma, requer que os candidatos respondam a uma

série (de 75 a 125) de questões de múltipla escolha específicas em relação ao

cargo. Segundo o autor, essas respostas são comparadas com um perfil ideal ou

com perfís desenvolvidos com base nas respostas de outros candidatos. Esse

recurso, além dos benefícios da objetividade, sugerem que os candidatos

provavelmente se preocuparão menos em “causar uma boa impressão” nas

entrevistas por computador que nas entrevistas face a face. Bohlander et al. Ainda

comentam, que até agora as empresas têm usado o computador principalmete como

complemento das entrevistas convencionais, e não para substituí-las.

4.4.7 Entrevista de incidentes críticos

Para Vergilio ( 2006, p. 64), a entrevista de incidentes críticos , consiste em um

grupo de pessoas experientes no assunto perguntar aos ocupantes das funções

atuais que situação e dificuldades têm passado e o que pensaram, fizeram,

sentiram, e que decisão tomaram a respeito do ocorrido. Visa identificar as

habilidades ou atributos chaves do trabalho que são diferenciados entre sucesso e

falha nas horas críticas. O incidente crítico significa uma ocorrência não comum no

passado onde o sucesso ou insucesso alcançado tenha tido um impacto significante

na performance do indivíduo no trabalho. (BROPHY, (2202); MALAGAN (1998);

PARRY (1996) apud VERGILIO, 2006, p. 64).

4.5 - Seleção por Competências e seu Processo

O método de seleção por competência surgiu da expectativa de se desenvolver uma

estratégia de seleção mais compatível com as exigências das organizações, de

72

modo a explorar flexibilidade, polivalência e capacidade de adaptação das pessoas,

em oposição à adaptação ao cargo. O método trabalha seus processos seletivos

com o foco em competências compatível com cada cargo, de forma a realizar um

trabalho com um foco bem definido. Trata-se de um método que tem promovido a

adesão por parte das empresas, contudo, mostra-se em fase de sistematização, o

que limita também a existência de conhecimento científico sobre ele.

De acordo com Carvalho et al. (2008, p.48) é um processo constituído de dois

subprocessos – o recrutamento e a seleção – cujo objetivo é de promover a

organização das competências funcionais que irão concretizar as competências

organizacionais.

O recrutamento considerado pelos autores como subprocesso de recrutamento é um

conjunto de atividades cujo objetivo é localizar e incentivar candidatos potenciais a

disputar vagas existentes ou previstas. Esse subprocesso de seleção, por sua vez,

configura-se em conjunto de atividades que objetiva “coletar e utilizar informações

sobre os candidatos recrutados para escolher qual deles receberão propostas de

emprego”.

Ambos os subprocessos dependem da definição de um perfil de competências, que

é o conjunto das competências funcionais necessárias para o pleno desempenho

das atividades realizadas pelo profissional a ser selecionado.

No modelos tradicionais de seleção, o ponto de partida para o perfil é a descrição de

cargos. Na seleção por competências, apesar dos cargos continuarem sendo a

unidade de análise, deverá ser mapeado o conjunto de saberes que seus

respectivos ocupantes devem ter, o que precisam saber, saber fazer e saber ser,

levando-se em conta que tais saberes deverão dar suporte às competências

organizacionais para que elas possam concretizar-se.

A definição do perfil de competências está atrelada ao mapeamento das

competências organizacionais, é uma atividade estratégica diretamente ligada à

construção de vantagem competitiva. É atribuição dos principais executivos da

organização (Carvalho et al. 2008, p. 50). O profissional de gestão de pessoas, o

73

profissional de seleção pode atuar como consultor técnico no mapeamento das

competências organizacionais.

Para Rabaglio (2001, p. 7) o grande objetivo da gestão por competências é criar um

modelo de competências para cada função dentro da empresa, isto é elaborar um

mapeamento de competências que façam parte das estratégias de competitividade e

diferenciação no mercado de trabalho.

Considerando-se o papel fundamental do perfil de competências para o processo

de seleção por competências, Carvalho et al. (2008, p. 50) propõem o seguinte fluxo

de atividades para orientar a sua realização:

- Identificar a visão e a missão da organização;

- identificar a estratégia competitiva da organização;

- identificar objetivos de curto, médio e longo prazos;

- identificar as competências básicas da organização;

- identificar as competências essenciais da organização;

- identificar os sinalizadores de competências;

- mapear as competências funcionais concernentes a cada sinalizador;

- definir conceitualmente as competências funcionais levantadas;

- definir os indicadores observáveis para cada competência.

O mapeamento, segundo Carvalho et al. (2008, p. 50), é fundamental para a seleção

por competências. As competências organizacionais, em conjunto com outros

dados, funcionarão como sinalizadores de competências. Esses sinalizadores

funcionam como informações sobre um cargo a partir dos quais as competências

necessárias são inferidas para o bom desempenho de seu ocupante. Para Carvalho

as comumentes utilizadas são:

- descrição do cargo;

- principais desafios do cargo;

- maiores erros cometidos no cargo;

- projetos a serem desenvolvidos pelo ocupante do cargo;

- caracterísiticas dos principais clientes e fornecedores internos;

74

- cultura da equipe de trabalho;

- estilo de liderança do superior;

- cultura da empresa.

A autora também considera relevante o levantamento das competências funcionais

por eles apontadas. E o passo posterior é a definição conceitual das competências

funcionais. Essa atividade, para autora, é considerada muito importante, pois os

serviços de recrutamento e seleção cada vez mais são terceirizados; quem define o

perfil não necessáriamente operacionaliza a seleção.

Carvalho explica que para facilitar o trabalho de definição do perfil de competências,

é possivel organizá-lo numa matriz de competências tal como ilustrado pelo quadro

(7).

QUADRO 7 Matriz de Competências

Ç~Ç~Ç

Sinalizadores Competências Definição Indicadores

Fonte: Carvalho, 2008, p. 53

Com base no perfil de competências, elabora-se a entrevista comportamental ou

target que é a principal técnica de seleção ao lado dos jogos, diâmicas e provas

situacionais com o foco em competências. ( Rabaglio, 2001, 2007).

Competências organizacionais

75

Segundo Rabaglio (2001, 2007), a principal característica deste método é focar nos

comportamentos passados, pois estes servem de preditores do comportamento

futuro.

Para Carvalho et al. (2008, p. 49), a especificidade da seleção por competências

reside nos elementos que serão utilizados para elaboração do perfil de

competências. Nos modelos tradicionais de seleção, o ponto de partida para o perfil

era a descrição do cargo, a partir dessa descrição, deduziam-se as competências

necessárias. Se tratando de seleção por competências, Carvalho et al. ( 2008, p.

48), afirma, que a seleção “por competência” pretende demarcar uma nova maneira

de conduzir as práticas de seleção.

Na seleção por competências, apesar dos cargos continuarem sendo a unidade de

análise, deverá ser mapeado o conjunto de saberes que seus respectivos ocupantes

devem ter – o que precisam saber, saber fazer e saber ser, levando-se em

consideração que tais saberes deverão dar suporte às competências

organizacionais para que elas possam concretizar-se.

4.5.1 Entrevista por competência

Entrevista por competência são entrevistas estruturadas e usam questões

comportamentais para que o entrevistador avalie a pessoa baseado nas

competências críticas identificadas para posição. Questões comportamentais são

baseadas na teoria de que o comportamento passado é o melhor preditor do

comportamento futuro. (McCLELLAND, 1998; THOMPSON et al, 1996; PARRY,

1996; REIS, 2003; SPENCER e SPENCER, 1993; DANIELS et al, 2001; KESSLER,

2006 apud VERGILIO, 2006, p. 64).

Segundo Dutra (2002, p. 131), o uso do conceito de competência está centrado na

concepção McClelland (1973) e Boyatziz(1982) e é concebida com base das

competências diferenciadoras que conduziram pessoas ao sucesso profissional.

Para o autor, as competências são levantadas a partir de histórias de sucesso e

servem de padrão para analisar as demais pessoas da empresa e para orientar os

processos de seleção de candidatos a emprego.

76

Nesta abordagem de competências para o trabalho, a análise começa com a

pessoa-no-trabalho, na qual se faz assunções prévias como quais características

são necessárias para cumprir bem o trabalho e termina, a partir de entrevistas

abertas de eventos comportamentais, com a definição de quais características estão

associadas ao sucesso no trabalho.

Orlinckas (2001, p. 112) argumenta que a seleção conduzida por meio da

entrevista por competência tem o objetivo de identificar um determinado padrão de

comportamento ( anterior ao momento da entrevista) para tentar prever o quanto o

profissional poderá ter sucesso em uma nova função.

Rabaglio (2001, p. 36 ) explica o diferencial da entrevista por competências:

(1) a investigação do comportamento passado do candidato, não significa que as

pessoas são estáticas e seus comportamentos também; essa premissa é a

indicação encontrada até o momento para prever comportamentos futuros;

(2) é planejada com base no perfil de competências, pois trata-se de uma entrevista

que tem como principal objetivo investigar a presença ou ausência das

competências no comportamento do candidato. Essa investigação detalhada e

personalizada permite ao selecionador maior objetividade em busca do perfil ideal;

(3) é uma entrevista personalizada para cada PC, que tem como principal objetivo

investigar a presença ou ausência das competências no comportamento do

candidato;

(4) é uma entrevista do tipo estruturada, já que há planejamento de uma estrutura

específica para cada processo seletivo;

(5) tipo de perguntas usadas: perguntas abertas específicas;

(6) perguntas com verbos de ação no passado;

77

(7) as perguntas são planejadas para obter respostas para saber qual foi o contexto

em que ocorreu sua ação; e detalhes da ação e o resultado alcançado por essa

ação.

A autora complementa ao afirmar que só aceita do candidato uma declaração

comportamental, portanto, uma declaração que contenha o Contexto, a Ação e o

Resultado (CAR).

4.5.2 Dinâmica de grupo com foco em competência

Segundo Rabaglio (2001, p. 80), a dinâmica de grupo é uma técnica vivencial,

utilizada para observar comportamentos específicos, com base no PC (perfil de

competências) do cargo. Esta dinâmica de grupo permite investigar melhor os

comportamentos dos indivíduos e identificar com mais confiança as competências,

uma vez que o candidato fica diante do observador em situações prestabelecidas

estratégicamente. O objetivo de uma dinâmica de grupo para Rabaglio, é a coleta de

dados sobre competências, atributos críticos para o sucesso no cargo.

As dinâmicas de grupo e seus exercícios são os instrumentos que o observador

utiliza para estudar e avaliar a natureza do grupo e a dinâmica que rege seu

desenvolvimento, bem como as relações indivíduo/grupo, grupo/grupo e

grupos/instituições (CARVALHO et al., 2008, p. 82).

Para Carvalho et al. (2008, p. 82) nas dinâmicas aplicadas ao processo de seleção,

o maior objetivo consiste em poder identificar e analisr a interação de cada

candidato com os demais participantes, associando sua conduta no grupo àquela

esperada no caso de vir a ingressar na organização.

Carvalho et al. (2008) analisa as fases pelas quais a dinâmica deve passar:

(1) a primeira fase, é a fase do aquecimento no qual os candidatos, apresentação

geral da empresa e da vaga em aberto, assim como o facilitador da dinâmica e das

demais pessoas que participarão do processo representando a organização.

78

(2) essa fase é denominada de entrevista coletiva. Nesse momento cada candidato

participante fala de si prórpio, a partir de sua experiência profissional.

(3) o início dos exercícios de grupo, devem estar alinhados com o que vai verificar,

tomando como base o perfil das competências do cargo em aberto.

(4) a avaliação da dinâmica de grupo, é uma fase importante para a seleção, na

medida em que procura verificar o grau de satisfação dos candidatos com o

processo, para que possa buscar o seu aperfeiçoamento.

Segundo Rabaglio (2001, p. 91), após coletar os dados de comportamentos deve-se

pontuar as competências segundo o modelo de pontuação escolhido previamente.

4.5.3 Jogos com foco em competências

Consiste em um exercício sequencial de tomada de decisões, estruturado em

modelo de conhecimento empresarial, em que os participantes assumem o papel de

administradores de empresa. Um dos pressupostos básicos dos jogos de empresas

é que estes devem reproduzir os principais desafios da gestão.

Babaglio (2001, p. 98, 100) explica os jogos com foco em competências: são criados

ou escolhidos criteriosamente para observar a presença ou ausência de

competências do PC no comportamento presente no candidato a emprego. Para a

autora, no jogo, as pessoas reproduzem comportamentos do dia-a-dia, sem

perceber. Portanto, é uma poderosa e preciosa ferramenta de observação

comportamental no processo de seleção de pessoas.

Para Rabaglio (2001, 2007), através dos jogos pode-se observar as competências

dos candidatos tais como: motivação, liderança, iniciativa, criatividade, inovação,

ética, comunicação. Cada jogo possui uma gama de possibilidades a serem

exploradas de acordo com o objetivo e as necessidades do processo seletivo. Nos

jogos, os participantes se posicionam sempre, pois, nessas técnicas, as pessoas

79

revelam facetas que normalmente são escondidas por inibição ou receio de

retaliação.

Corrêa (2007) elaborou de forma didática uma síntese que retrata o processo de

seleção por competências, conforme apresentado no Quadro 8.

80

QUADRO 8 Resumo do Processo de Seleção por Competências

O PROCESSO DE SELEÇÃO POR COMPETÊNCIA compreende: - A elaboração do perfil de competências - A aplicação da entrevista por competências/ comportamental - A aplicação de jogos vivenciais - A aplicação da dinâmica de grupos.

PERFIL DE COMPETÊNCIAS

(1) Conjunto de informações colhidas estrategicamente com objetivo de moldar uma identidade idealizada de um(a) profissional em termos de conhecimento, habilidades e atitudes. (2) Diferencial competitivo de cada pessoa e compreende o conjunto das competências técnicas e comportamentais. As competências comportamentais têm sido foco de muitas atenções no Mercado de trabalho porque tradicionalmente se valorizou muito mais as competências técnicas. COMPETÊNCIAS TÉCNICAS: conhecimento e habilidade em técnicas ou funções específicas. EX. programador de um software específico, técnico em contabilidade, desenhista projetista etc. COMPETÊNCIAS COMPORTAMENTAIS: atitudes e comportamentos compatíveis com as atribuições a serem desempenhadas. Ex: iniciativa, entusiasmo, liderança, persuasão, empreendedorismo, empatia, outras.

ETAPAS DA MONTAGEM DO PC FASE 1 Estabelecer parcerias com a área requisitante. - Conscientizar, sensibilizar e orientar o requisitante (cliente interno), para que se entenda claramente qual é o seu papel no processo seletivo; - Para que ele perceba que o resultado não é de responsabilidade exclusiva da área de seleção, e sim um trabalho conjunto de responsabilidade compartilhada. FASE 2 – Buscar os indicadores de competências - meio para chegar às competências imprescindíveis para o sucesso no cargo. Toda informação sobre o cargo é um indicador de competências. FASE 3 - Extrair de cada indicador as competências imprescindíveis para eficácia do colaborador FASE 4 – Formar grupos de competências para criar as ferramentas de seleção de competências. FASE 5 – Compartilhar com o requisitante as definições dos grupos de competência com flexibilidade para absorver contribuições e participação dos mesmos. FASE 6 – Nesta fase o perfil de competência está pronto para preparar as ferramentas do processo seletivo com foco em competências.

FERRAMENTAS PARA SELEÇÃO

Entrevista Comportamental com Foco em Competências Dinâmica de Grupo com Foco em Competências Jogos com Foco em Competências

Fonte: Corrêa (2007)

81

Como demonstrado no quadro abaixo, segundo estudos Faissal (2002 apud Faissal

et al, 2003. p. 133), o autor aponta as técnicas mais utilizadas em seleção e

comenta que há pessoas envolvidas em processos seletivos que consideram a

entrevista como o melhor procedimento, podendo até mesmo ser o único adotado,

esse alerta tem sido considerado pelas organizações brasileiras.

Uma questão pertinente ao processo seletivo diz respeito ao uso dos métodos de

seleção utilizados pelas empresas. Um estudo realizado por Faissal (2002 ) mostrou

a seguinte aplicação representada a seguir:

QUADRO 9 Técnicas de seleção mais utilizadas

Técnica de seleção Percentual %

Entrevista 100

Teste de conhecimento 70

Teste situacional 70

Dinâmica de grupo 78

Teste psicológico 64

Fonte: Faissal (2002)

4.6 - Escolha das Técnicas de Seleção

Uma questão que se coloca diante do conjunto de técnicas de seleção diz respeito

às orientações sobre qual a técnica mais indicada. A resposta a esta questão não

se liga a recomendações generalistas, pois este processo estabelece vínculos com

uma série de eventos organizacionais, entre eles a cultura organizacional, a atuação

dos profissionais envolvidos, as relações de poder, as políticas adotadas pela

empresa para realizar este trabalho, as finalidades da seleção, os recursos

disponibilizados para esta atividade, a quantidade e a qualidade dos candidatos

recrutados.

Contudo, de acordo com Zacarelli et Teixeira (2008, p.131) alguns critérios podem

ser observados para contribuir com as decisões sobre critérios:

82

- talento do selecionador – os selecionadores apresentam competências distintas

para atuar no processo seletivo. Uns conduzem bem as entrevistas, outros

desenvolvem satisfatoriamente uma dinâmica de grupo; outros aplicam

adequadamente testes seletivos. Desse modo, é importante observar a atuação do

selecionador na modalidade escolhida

- sigilo do processo seltivo - este critério leva em consideração a privacidade dos

candidatos, principalmente, daqueles que estão empregados e desejam mudar de

emprego. Além de conferir uma imagem positiva ao processo e à empresa, evita-se

a exposição e constrangimento dos candidatos.

- número de candidatos x tempo x custo – quando a empresa ofertante da vaga goza

de boa imagem no mercado e é atrativa, a tendência de gerar um grande número

de candidatos. Neste caso, a escolha de técnicas de filtragem dos candidatos deve

merecer atenção num primeiro momento do processo. Deve-se também ponderar o

tempo disponível para esta etapa e o custo do processo.

4.7 – Ética no Processo de Seleção

Os conceitos de ética e moral estão intimamente interligados, mas vale a pena

ressaltar as diferenças entre eles, como afirmam Japiassú e Marcondes (2006, p.

193): “a moral diz respeito aos costumes, valores e normas de conduta específicos

de uma sociedade ou cultura, enquanto a ética considera a ação humana do seu

ponto de vista valorativo e normativo, em um sentido mais genérico e abstrato”.

Para Carvalho et al (2006, p. 115-116) a ética é sempre um desafio, especialmente

quando associada às relações humanas no âmbito das organizações. Ainda

segundo Carvalho, a ética empresarial é o estudo da forma pela qual as normas

morais e pessoais se aplicam às atividades e aos objetivos da organização. No

campo profissional, a ética de uma determinada profissão é definida no código que

regula as ações e estabelece modelos aos seus membros. Em relação aos

profissionais de recrutamento e seleção, embora já existam alguns estudos nessa

área, ainda não foi criado um código que regulamente sua prática; algumas

83

condutas voltadas para as especificidades das funções exercidas podem ser

adotadas como referência para o comportamento desses profissionais.

Sobre a ética, sua atuação se desenvolve por duas vias, não antagônicas: a ética

para com a organização e a ética para os candidatos.

Para Carvalho et al. (2006, p. 116), no que diz respeito à organização, essa ética é,

sobretudo, marcada pela quanlidade da seleção.

Por outro lado, sobre a ética para com os candidatos, a sua falta, também gera

prejuízo para a imagem da empresa.

Para estes autores (2006, p. 118) , vale ressaltar que cabe às organizações adotar,

estimular e propiciar normas éticas que conduzam seus processos internos de

gestão e de relacionamento humano, na busca contínua do crescimento e

desenvolvimento organizacionais.

4.8 – Avaliação de Desempenho do Processo Seletivo

Esta é uma etapa importante para o processo, pois não somente possibilita a análise

das falhas e contratempos mas, gera informações para o seu aperfeiçoamento e

inovação.

As autoras Zacarelli et Teixeira (2008, p.139) apontam os seguintes aspectos que

devem compor esta avaliação:

- custo per capita – o número de candidatos que cruzam o crivo da triagem tem um

custo a ser considerado. Igualmente, este raciocíncio se aplica ao processo seletivo:

quanto vai custar o conjunto de técnicas a serem utilizadas? Quais resultados estas

técnicas geraram? Quanto custou cada candidato? Como este custo está evoluindo

ao longo do tempo?

- acompanhamento do novo empregado – proceder averiguações sistemáticas na

área contrante, no sentido de obter informações sobre o desempenho do novo

empregado. Isto requer o desenvolvimento de um roteiro de questões padronizadas

84

e aplicadas ao contexto de traballho deste novo trabalhador. Esta atividade deve

cobrir aspectos técnicos, sociais e culturais do desempenho.

- impacto no desempnho da área contratante – estabelecer acompanhamento do

desempenho do novo trabalhador face às suas contribuições para o desempenho da

área que o contratou.

- tempo de realização do processo seletivo – buscar conhecer o impacto desse

tempo nos negócios em sí. Para certas ocasiões, mesmo antes do processo de

recrutamento iniciar, a empresa já se ressente da ausência do profissional, e isto

pode ocorrer em perdas de tempo e custo.

- implicações para os subsistema da Administração de Recursos Humanos – os

processos de recrutamento e seleção geram implicações e sofrem impactos dos

demais subsistemas da Administração de Recursos Humanos. É no subsistema de

qualificação e desenvolvimento de potenciais que mais diretamente se observa os

seus impactos. Tais impactos ocorrem pela demanda de conhecimentos

complementares ou pela necessidade de desenvolvimento de potencial visando

necessidades futuras.

- consistência da política de remuneração – pode ser um aspecto que contribui para

a não fixação do profissional na empresa provocando assim, um novo ciclo de

processo de recrutamento e de seleção. Logo, esta política deve ser atrativa não

somente para levar o profissional para a empresa, mas sobretudo, para fixá-lo,

principalmente, se se tratar de um talento.

85

5 METODOLOGIA DO ESTUDO

5.1 Tipologia do estudo

Trata-se de uma pesquisa qualitativa que no entendimento de Chizzotti (1991, p. 27,

89, 104) é utilizada para ressaltar as significações contidas nos atos e práticas.

Para o autor, a finalidade da pesquisa qualitativa visa, em geral, provocar

esclarecimento de uma situação para uma tomada de consciência pelos próprios

pesquisados dos seus problemas e das condições que os geram, a fim de elaborar

os meios e estratégias para resolvê-los.

Em relação ao objetivo geral do estudo trata-se de uma pesquisa exploratória, de

natureza qualitativa, uma vez que se busca explorar as estratégias utilizadas para

processos de seleção de candidatos a emprego.

Gil (1999, p.43) entende que a pesquisa exploratória é de natureza investigativa

envolvendo levantamento bibliográfico, geração de dados e informações a partir de

agentes que tiveram ou têm experiências práticas com o problema de pesquisa.

Esse tipo de estudo proporciona maior conhecimento para o pesquisador acerca do

assunto, a fim de que esse possa formular problemas mais precisos ou criar

hipóteses que possam ser pesquisadas por estudos posteriores.

De acordo com Malhotra (2001) um dos objetivos deste tipo estudo é proporcionar

maior familiaridade e conhecimento com o problema da pesquisa a fim de torná-lo

mais especifico; deste modo, esse procedimento de pesquisa é utilizado para

explorar a situação do problema.

Segundo Davel e Vergara (2004, p. 47) a essência da pesquisa exploratória é de

realizar estudos em área na qual há pouco conhecimento acumulado e

sistematizado. A pesquisa explanatória tem como principal objetivo tornar algo

inteligível, ou seja, esclarecer quais fatores contribuem, de alguma forma, para a

ocorrência de um determinado fenômeno.

86

O presente estudo assume a natureza exploratória com o desenvolvimento de

campo. Cooper e Schindler (2003, p. 31, 131) comentam que no estudo exploratório

o pesquisador amplia conceitos de forma mais clara, estabelece prioridades,

desenvolve definições operacionais e melhora o planejamento final da pesquisa.

5.2 Universo e processo amostral da pesquisa

O campo empírico eleito para o estudo constitui-se de empresas de consultorias

organizacionais, com atuação na cidade de Sorocaba.

O crescimento de muitas empresas no interior do Estado de São Paulo, em especial

em Sorocaba, fez com que mudanças ocorressem no desenvolvimento das cidades,

sendo uma delas o aumento do oferecimento de cursos profissionalizantes e

universitários, além dos de pós-graduação. O mesmo acontece com as consultorias

e prestadoras de serviços para a área de recursos humanos que identificaram um

mercado promissor para atuação. (Consulta ao site www.sorocaba.sp.gov.br -

acesso 02/fev/2009).

Hoje, é possível encontrar no mercado de trabalho de Sorocaba consultorias

organizacionais de quase todos os tipos, portes, nacionalidades, ramos e locais,

oferecendo orientações e serviços nos mais diversos campos de atuação. Há

consultorias de marketing, de planejamento, financeira, técnica, jurídica, entre

outras. A área de recursos humanos responde por um dos primeiros lugares no

ranking de consultorias mais presentes na cidade, oferecendo serviços diversos, tais

como:

- Seleção (Executive Search), em Outplacement Corporativo (Pessoa Jurídica),

- Desenvolvimento de Pessoal (Competências)

- Administração e Benefícios,

- Relações Trabalhistas,

- Desenvolvimento Organizacional (Clima e Mudança) e

- Aconselhamento de Carreira (Coaching/ Mentoring).

87

De acordo com informações obtidas, através de consulta ao site da APRH -

Associação dos Profissionais em Recursos Humanos de Sorocaba (www.aprh.org.br

- acesso 02/fev/ 2009), na palavra do seu presidente, Sr. Edelton Fernandes, a

cidade abriga mais de 150 empresas de prestação de serviços na área de recursos

humanos.

A partir desta informação, e em pesquisas realizadas em sites das empresas; lista

telefônica local; anúncios em jornais; conversas com profissionais de empresas de

consultorias e em empresas que oferecem serviços de avaliação médica para

trabalhadores, estima-se que a cidade reúne cerca de 50 empresas prestadoras de

serviços em Recursos Humanos, conforme ilustra o quadro 10 abaixo:

Quadro 1 0 – Universo da Pesquisa

Empresas Serviços Cargos Agiliza Assessoria Empresarial (hotfrog)

Recrutamento e Seleção de Estagiários

Auge Recursos Humanos Recrutamento e Seleção, Treinamento e mão de obra temporária

Chefia, Supervisão, Gerência

ARH Terceirização de Recursos Humanos

Recrutamento e Seleção, Terceirização da Administração de Pessoal

ARANTES RH Recrutamento e seleção ADVANCE ASSESSORIA PROFISSIONAL

Recrutamento e Seleção, Outplacent, headhunting

Chefia, Supervisão, Gerência

AGIEER Consultoria de estágios Recrutamento e Seleção de Estagiários, Consultoria de estágios

ADAPTHA Recursos Humanos Recrutamento e Seleção, locação de mão de obra, terceirização de pessoal, medicina do trabalho, administração de pessoal, administração de benefícios, treinamento

ACALÂNTIS Recursos humanos Recrutamento e Seleção ALTERNATIVA Consultoria em Recursos Humanos

Recrutamento e Seleção

CITY WORK Recursos Humanos Recrutamento e Seleção, avaliação profissional, administração de mão de obra, terceirização de mão de obra temporária, outplacent

Chefia, Supervisão, Gerência

CLASSE ARH Temporários Recrutamento e Seleção de Estagiários, Eventos, Terceirização de Mão de Obra

CATHO Recrutamento e Seleção, Treinamento CONECTA / CLASSE A Recrutamento e Seleção de Estágios,

Eventos Terceirização de Mão de Obra

DESAFIO Recursos Humanos Recrutamento e Seleção de estagiário, Consultoria, Terceirização Mão de Obra Efetiva e Temporária, hunting

EXECUTIVA RH Agência de Empregos

Recrutamento e Seleção

88

GD 9 Assessoria em RH Recrutamento e Seleção, Administração de temporários, Administração de folha de pagamento, Programas de treinamento

Chefia, Supervisão, Gerência

GOLD Recursos Humanos Recrutamento e Seleção de Estagiários, Avaliação de Profissionais Portadores de Deficiência, Terceirização de serviços, Planejamento estratégico para gestão de pessoal.

GRADUS Recursos Humanos Recrutamento e Seleção, Locação de mão de obra temporária, terceirização de serviços, administração de estágios

GRAPHO Consultoria em Recursos Humanos

Recrutamento e Seleção, Treinamento e desenvolvimento, Administração de temporários, Programa de estagio, treiness, Coaching de carreira

Chefia, Supervisão, Gerência

GRUPO BENFICA Recursos humanos

Recrutamento e Seleção de mão de obra temporária

GLOBAL Consultoria e Assessoria Recrutamento e Seleção, Terceirização de serviços, Estagiários, Gestão de Departamento

INOVARHE Talentos Humanos Recrutamento e Seleção, Avaliação de Potencial, Pesquisa de clima Organizacional, Trabalho terceirizado

Chefia, Supervisão, Gerência

JOB BRASIL Recursos Humanos Recrutamento e Seleção, Mão de Obra temporária, Treinamento, Merchandising

KAIRÓS RH Consultoria em Recursos Humanos

Recrutamento e Seleção, Administração de Pessoal, Treinamento e Desenvolvimento, Pesquisa de Clima Organizacional, Coaching

Chefia, Supervisão, Gerência

MASTER RH Recrutamento e Seleção de Terceirização de Mão de Obra

MEGA Agência de Empregos Recrutamento e Seleção MANEGER ON LINE Recrutamento e Seleção MICHELETTI Consultoria em RH Recrutamento e Seleção NOVO HORIZONTE Recursos Humanos

Recrutamento e Seleção

NGET Consultoria Assessoria e Treinamento

Prestação de serviços humanos e terceirização de mão de obra

OBJETIVA ASSESSORIA em Recursos Humanos

Recrutamento e Seleção

PANNA RH Recrutamento, Seleção e Administração de Mão de Obra Temporária

PHOEMIX Recursos Humanos ON LINE

Recrutamento e Seleção

QUALY Folha de Empregos ON LINE

Recrutamento e Seleção

QUALITAS Humanus Recrutamento e Seleção, Contratação de Mão de Obra temporária, Contratação Terceirizada

RBS RH Agência de Empregos Recrutamento e Seleção RH ASSESSORIA em Recursos Humanos

Recrutamento e Seleção

RH Brasil Recrutamento e Seleção

89

RECURSOS HUMANOS SOROCABA ON LINE

Recrutamento e Seleção

R H PORTAL ON LINE Recrutamento e Seleção SUPORTE Recursos Humanos ON LINE

Recrutamento e Seleção

STAFF Recursos Humanos Recrutamento e Seleção SRM Terceirização de Serviços Recrutamento e Seleção TROVIT EMPREGOS Recrutamento e Seleção UNIDDA Recursos Humanos Recrutamento e Seleção Chefia, Supervisão,

Gerência ÚNICA Terceirização de Recursos Humanos

Recrutamento e Seleção, prestação de serviços

VISÃO Serviços Terceirizados e RH

Recrutamento e Seleção, prestação de serviços

VIA 6 ON LINE Recrutamento e Seleção ZAP ON LINE Recrutamento e Seleção Fonte: elaborado pela autora

Das 15 empresas que atuam exclusivamente em processos de recrutamento e

seleção, oito desenvolvem estes processos para os cargos de gerência, supervisão

e chefia.

O quadro 11 mostra a modalidades de serviços oferecidos para os tipos de cargos

que atendem.

Quadro 11 Serviços prestados pelas empresas e cargos atendidos

Cargo Tipo de Serviços Gerencia / Chefia /

Supervisão Operacional

Recrutamento e Seleção 48 8 8

Administração de Temporários 4 - 4

Terceirização de Mão de Obra Temporária 9 - 9

Fonte: elaborado pela autora

Nota: O projeto planejou a participação das oito empresas que oferecem serviços na

área de recursos humanos, em especial para os cargos de chefia, supervisão e

gerência.

90

Estas empresas são:

- Advance Assessoria Profissional,

- Auge Recursos Humanos,

- City Work Recursos Humanos,

- Grafho Consultoria em Recursos Humanos,

- GD 9 Assessoria em Recursos Humanos,

- Inovarhe Talentos Humanos

- KAIRÓS RH Consultoria em Recursos Humanos

- Unidda Recursos Humanos

Entretanto, em função de ocorrências verificadas em quatro empresas das acima

listadas, no período entre o planejamento desta amostra (fevereiro/2009) e o início

do processo de coleta de dados (outubro/2009), foi necessário proceder alterações

na composição das empresas.

As ocorrências foram:

- encerramento de atividades de três empresas: Unidda Recursos Humanos;

Inovarhe Talentos Humanos e a GD 9 Assessoria em Recursos Humanos;

- recusa para participação no estudo pela empresa Auge Recursos Humanos.

Desse modo, foi possível obter a reposição de uma empresa pela inserção da RH

Brasil na amostra do estudo.

Assim, registrou-se a participação de cinco empresas:

- Advance Assessoria Profissional,

- City Work Recursos Humanos,

- Grafho Consultoria em Recursos Humanos,

- KAIRÓS RH Consultoria em Recursos Humanos

- RH Brasil

5.3 Sujeitos da Pesquisa

Para o levantamento das informações desejadas foram entrevistados profissionais

que trabalham nas organizações amostradas a partir dos seguintes critérios:

(1) profissionais em cargos de direção ou gerência;

91

(2) responsáveis pelo desenvolvimento e execução das atividades de recrutamento

e seleção;

(3) profissionais com pelo menos um ano de atuação na atividade de recrutamento e

seleção;

5.4 Instrumentos de coleta de dados

Adotou-se a entrevista semi-estruturada para abordagem junto aos sujeitos da

pesquisa. As pesquisas de cunho qualitativo exigem a realização de entrevistas,

quase sempre longas e semi-estruturadas, a partir de roteiros preestabelecidos.

Malhotra (2006, p. 119) explica que este tipo de entrevista consiste em conversas

estruturadas, com indivíduos escolhidos previamente. É um meio direto e

estruturado de obter informações. Pode descobrir percepções mais profundas, e

resulta em uma troca livre de informações impossíveis em discussões em grupo.

Thiollent (1987) afirma que a entrevista semiestruturada possibilita ao pesquisador

adentrar o universo cultural dos indivíduos. Segundo Marconi e Lakatos (1996), esse

tipo de entrevista permite ao entrevistado desenvolver sua construção para a direção

que considerar adequada, sendo um modo de explorar de forma mais ampla a

problemática em estudo.

Segundo Haguette (2000, p.86), a entrevista é um procedimento de interação entre

duas pessoas na qual uma, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de

informações por parte do outro, o entrevistado. Os dados são obtidos através de um

roteiro, que contenha uma lista de pontos ou tópicos previamente estabelecidos, de

acordo com uma problemática central, lista esta que necessita ser acompanhada.

A entrevista individual é uma técnica de pesquisa realizada por um entrevistador

com o objetivo de extrair do entrevistado suas idéias, opiniões e argumentações de

forma a sustentar suas declarações. Ela permite investigar o assunto de maneira

livre, possibilitando o aprofundamento dos temas previamente determinados e

também daqueles identificados no decorrer da entrevista (Malhotra 2006).

92

Vergara (2004, p.55) comenta que a entrevista é um método no qual o pesquisador

faz as perguntas a alguém que oralmente, responde. Ela pode ser informal

(pesquisador e entrevistado conversam livremente), focalizada (conversa é

direcionada em um determinado assunto) ou por pauta (entrevistador elenca pontos

a serem explorados), a autora a considera como a de maior profundidade.

A fixação de critérios segundo os quais serão selecionados os sujeitos que irão

compor o universo de investigação é algo primordial, pois intervém inteiramente na

qualidade dos avisos a partir dos quais será possível construir a análise e chegar à

compreensão mais ampla do problema. A definição e a delimitação da população

base dos sujeitos a serem entrevistados, assim como o seu grau de

representatividade no grupo social em estudo, constituem um problema a ser

imediatamente enfrentado, por se tratar de cenário sobre o qual o trabalho de campo

será determinado.

Ainda conforme os autores,

a entrevista semiestruturada combina perguntas abertas e fechadas, onde o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. O pesquisador deve seguir um conjunto de questões previamente definidas, mas ele o faz em um contexto muito semelhante ao de uma conversa informal. O entrevistador deve ficar atento para dirigir, no momento que achar oportuno, a discussão para o assunto que o interessa fazendo perguntas adicionais para elucidar questões que não ficaram claras ou ajudar a recompor o contexto da entrevista, caso o informante tenha “fugido” ao tema ou tenha dificuldades com ele. Esse tipo de entrevista é muito utilizado quando se deseja delimitar o volume das informações, obtendo assim um direcionamento maior para o tema, intervindo a fim de que os objetivos sejam alcançados. (BONI E QUARESMA, 2005, p. 75).

A seguir são apresentadas as entrevistas a partir do delineamento aqui registrado.

93

6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

Este capítulo apresenta e discute os dados coletados pelas entrevistas realizadas

nas cinco empresas.

6.1 – Sobre a análise das entrevistas

As entrevistas semi estruturadas relataram as especificidades e as subjetividades

relativas às informações prestadas pelos profissionais que realizam processos de

recrutamento e seleção. A análise destas entrevistas reforçou a afirmação de

Oliveira (2002), ao ressaltar que a análise qualitativa pode ser justificada pela opção

do pesquisador em tentar explicar e “entender a relação de causa e efeito do

fenômeno e, conseqüentemente, chegar à sua verdade e razão”. Nesse tipo de

análise, é possível compreender as percepções das pessoas envolvidas em todo o

processo do fenômeno pesquisado.

Os dados obtidos a partir das entrevistas, e transcritos no apêndice 2 receberam

uma análise de conteúdo, cujo objetivo foi auxiliar na codificação, classificação,

categorização e tratamento das respostas (BARDIN 1977).

Segundo o autor, análise de conteúdo:

é um processo pelo qual pode-se compreender a realidade através

da interpretação de textos ou discursos que tenham vínculo com

essa mesma realidade. Esse tipo de análise carrega em si uma

função heurística, enriquecendo a pesquisa exploratória e

contribuindo para a propensão à descoberta do pesquisador.

Qualquer comunicação, isto é, qualquer transporte de significações

de um emissor para um receptor controlado ou não para este,

deveria poder ser escrito, decifrado pelas técnicas de análise de

conteúdo” (BARDIN, 1977, p.32)

6.2 – Procedimentos da análise das entrevistas

94

O quadro a seguir mostra uma síntese dos trabalhos realizados nas entrevistas

visando dimensionar o processo de seu desenvolvimento.

EMPRESA PARTICIPANTE DURAÇÃO DA ENTREVISTA

Grafho Consultoria em Recursos Humanos 1h 55 min.

Advance Assessoria Profissional 33 min.

Kairós Consultoria em Recursos Humanos 1h 48 min.

RH Brasil 2h 26 min.

City Work Recursos Humanos 2 h 15 min.

Para o desenvolvimento das análises foram definidas seis categorias. Tais

categorias mostram-se necessárias para organizar os relatos e os procedimentos da

própria análise. Roesch (2007,p.172) associa o seguinte comentário sobre esta fase

da pesquisa:

No decorrer da análise pode-se chegar a um ponto em que há

dezenas de conceitos formulados. Estes devem ser agrupados, para

que se possa reduzir o número de unidades de análise. O processo

de agrupar conceitos que pertencem ao mesmo fenômeno é

chamado de categorização (ROESCH, 2007, p.172).

As categorias são:

- formação dos profissionais que desenvolvem processos de recrutamento e seleção

na empresa

- percepções em relação a mudanças ocorridas nestas atividades

- Perfil profissional exigidos pela empresa-cliente

- autonomia de atuação no processo de recrutamento e seleção

- métodos e procedimentos no processo de recrutamento e seleção

- avaliação do processo de recrutamento e seleção

95

Nota: Atendendo a solicitado de algumas empresas optou-se por mantê-las no

anonimato. Neste sentido, as empresas e entrevistados não são identificados.

6.3 – Apresentação das Entrevistas

Empresa 1 – Empresa de capital nacional, com 8 anos de atuação em

desenvolvimento e assessoria em processos de recrutamento e seleção de cargos

executivos e operacionais.

Entrevistada 1 – Gênero feminino. Formada em Psicologia. Trabalha em

recrutamento e seleção de candidatos a emprego há cerca de 10 anos. Atualmente

ocupa cargo de gerência na empresa 1 .

- Profissionais que desenvolvem processos de recrutamento e seleção na empresa

De acordo com a entrevistada somente ela realiza estes processos na empresa.

Existe a prestação de outros serviços administrativos terceirizados realizados por

outros profissionais. Contudo, ela é responsável por realizar processos de seleção. - Percepções da entrevistada quanto a mudanças ocorridas nas atividades de recrutamento e seleção

Investigou-se junto a entrevistada sobre mudanças que percebe em relação aos

processos de recrutar e selecionar e em relação aos procedimentos que as

empresas-cliente adotam para contratar seus serviços.

Logo, ela não destacou mudanças no processo em si, mas alegou que ocorreram

mudanças significativas no comportamento dos candidatos. Destacou que enfrenta

muitas dificuldades para lidar com os candidatos e com suas exigências. Tais

exigências referem-se a vaga, em si.”... hoje o candidato quer escolher o horário,

quer escolher o dia para vir aqui, se você demora um pouco para atender faz um

monte de caras feias... eu vejo assim, existe a vaga, tem trabalho, mas as pessoas

começaram a escolher o trabalho, é a dificuldade que hoje eu sinto. Comentou

também esta é uma queixa de outros selecionadores: “... minhas colegas também

sentem esta mudança”.

96

- Perfil profissional exigido pelas empresas-cliente

Questionada sobre o perfil profissional que as empresas-cliente solicitam, a

entrevistada reconhece mudanças neste aspecto. Comenta que, diferentemente de

outrora, hoje a empresa está mais interessada num perfil que apresente as

competências delineadas para o ambiente de trabalho. Ela destaca: “...geralmente, a

empresa não vê muito o tempo de experiência, o que elas buscam é o que a gente

costuma chamar de CHA: competência, habilidade e atitude.”

Comenta também que os requisitos técnicos para o exercício do cargo continuam

relevantes, mas que informações relacionadas ao comportamento e atitudes dos

candidatos sobressaem em termos de exigências pelas empresas. Deste modo,

aponta que ela busca observar nos candidatos e o que ela espera que eles

manifestem diante do trabalho: “... mas o que a gente realmente quer ver é a

amizade, a atitude da pessoa, que ela se comprometa com a empresa, por exemplo,

deu o horário, aconteceu algum problema, então vamos resolver. “

- Autonomia de atuação no processo de recrutamento e seleção

Quando questionada sobre a autonomia que lhe é conferida pela empresa-cliente,

para desenvolver os processos de recrutamento e seleção, a entrevistada afirmou

que procura corresponder aquilo que o cliente manda: “ a gente segue o que o

cliente manda ... é o cliente que faz o nosso pagamento. Embora ela afirme que

busca apresentar sugestões e orientações para realizar o processo, admite que a

palavra final é do cliente. Reconhece-se total ausência de autonomia para atuar: “...a

gente coloca todo o parecer preciso para ele, mas se mesmo assim ele falar não

quero dessa forma, eu acato. A gente vai atender de acordo como o cliente quer.”

Indagada sobre quais procedimentos adotaria caso tivesse espaço para uma

atuação mais autônoma ela respondeu: “da melhor forma possível... primeiro, a

seleção por indicações, o currículo, a parte das finanças, e até a parte psicológica. A

parte de finanças, para sustentar e juntar um material da melhor forma possível. A

entrevistada faz um apanhado de possibilidades: “ utilizaria de várias ferramentas, e

mesmo assim, dentro dos testes, dentro das entrevistas”...em seguida ela conclui

sobre a possibilidade deste empenho ser em vão: “a gente às vezes não tem total,

97

ou seja, cem por cento. Porque o ser humano é muito complicado, de repente aqui,

ele sabe fazer tudo, ele gosta do trabalho e vai bem ao teste, mas a gente só vai

conhecer o candidato no dia a dia do trabalho”.

- Métodos e procedimentos mais adotados no processo de recrutamento e

seleção

De acordo com a entrevistada 1 isto depende do cliente. Deixa claro que antes de

qualquer procedimento recebe aprovação do cliente. Realiza tudo “de acordo com o

parecer da empresa cliente e não de acordo com os que você achou melhor.” Dentre

os métodos ela destaca “a parte de teste psicológico, de repente se é uma vaga de

vendas, a gente monta um grupo, e vê quem se sai melhor na dinâmica. Então,

existe para cada cliente ou para cada vaga uma especificação, não tem um padrão,

depende do cliente, depende da vaga.”

- Métodos e procedimentos que o entrevistado considera mais eficazes

Ela confirmou sua preferência pelo uso do método “quantum” sobre o qual conferiu

algumas propriedades: “trata-se de um teste psicológico utilizado para dar

informações sobre o candidato em diferentes dimensões de análise, foca

especialmente, problemas relacionados a dependência química: “...então, existe

uma serie de fatos, o teste em si é uma ferramenta, mas a gente não consegue

analisar cem por cento, mas minha preferência é essa.”

Fez referência ao uso da entrevista e de sua sensibilidade e visibilidade como

métodos de observar e conhecer candidatos. Afirmou que tem habilidade e “graça

divina” para identificar bons candidatos: “Eu Graças a Deus estou dez anos nesse

mercado, eu acho que o meu envolvimento na seleção é o meu trabalho, porque eu

consigo ver efeito. Eu acho que no meu trabalho através da seleção, se tiverem cem

ou mil pessoas, às vezes eu consigo na entrevista verificar o que é bom para aquela

vaga, o que não é, como é a personalidade da pessoa, então eu consigo verificar

isso.”

- Critérios para a construção do processo

Procurou-se conhecer quais os critérios que a entrevistada adota para montar um

processo seletivo, compreendendo cuidados para fazer escolhas das técnicas,

98

processa-las e avaliá-las. Ela respondeu que não existe um padrão, dependerá da

empresa e da vaga. Mas, ratificou que o cliente é quem acaba decidindo. Ela

justificou também que procura sempre estar atualizada através de cursos, através de

interações pessoais com colegas de profissão e de outros setores: “...eu sempre

estou estudando. A gente busca com os colegas, como eu conheço bastante gente

de RH, médicos, técnicos, então a gente troca experiências, como por exemplo, qual

o teste de trabalho que é mais eficiente, para gente ver realmente qual tem

qualidade, para não cair em desuso”

- Modismo em processos seletivos

Foi perguntado a entrevistada se ela observa modismos no processo seletivo, se ela

considera que algumas técnicas ou procedimentos são típicos de cada época. Ela

considera que existem testes que já foram mais utilizados no passado do que hoje:

“antigamente usavam um teste que tinha uns pontinhos, uns quadradinhos, que você

tinha que completar ... agora eu não lembro o nome. Este teste saiu do mercado”.

Contudo, ela reconhece que não se trata de modismo mas, da mudança de

conceitos e comenta...” uns três quatro anos atrás não tinham tanta dinâmica, tanto

teste como nós temos agora”.

- Sobre o uso de testes

Ela comentou que os testes são aplicados somente quando o cliente pede. Alegou

também que se o cliente tem dúvidas quanto a decidir entre o teste e a entrevista,

então sugere aplicar o teste. Justificou: “às vezes só na entrevista não conseguimos

analisar o que a vaga está exigindo, então a gente aplica o teste.”

Comentou que para a vaga de gerência ela aplica o “quantum” justificando que “vai

na personalidade da pessoa”. Ela quis dizer que este teste mostra reais aptidões de

alguém para determinada vaga, mas que tem limites para mostrar o estado da

pessoa: “vai mostrar mais ou menos o estado da pessoa, como ela é, se ela é mais

pró ativa, se ela é falante..” e complementou ser necessário complementar com

outras ferramentas como a entrevista “para se chegar a uma conclusão”.

- Entrevista por Competências

99

Uma vez que a entrevistada afirmou que ela tem atenção especial pela investigação

do CHA nos candidatos, foi lhe perguntando se ela faz uso da entrevista por

competências, ao que respondeu sim.

Focou que investiga problemas vivenciados pelo candidato em empregos anteriores

e como ele enfrentou tais problemas. Justificou: “hoje em dia isso é o principal e, não

ficar só questionando a parte familiar, mas sim colocando o problema dentro da

empresa para o candidato resolver, isto é, como ele age diante de uma situação de

vivência dentro da empresa, com os colegas, isso faz parte da competência”.

- Técnicas alternativas de seleção

Procurou-se investigar quais técnicas consideradas como “alternativas” que ela

utiliza. Estas técnicas relacionam-se a, por exemplo, grafologia, mapa astral,

numerologia, geralmente, técnicas de cunho não científico ou não reconhecidas por

determinadas comunidades. Ela respondeu que é a dinâmica de grupo e em

seguida passou a explicar o processo desta técnica. Registra-se aqui um equívoco

por parte da entrevistada, pois a dinâmica de grupo é uma técnica cientifica e não

alternativa.

- Avaliação da prestação de serviços junto as empresas-cliente

Quando abordada sobre procedimentos que realiza para avaliar a eficácia do

processo a entrevistada respondeu que a empresa adota um questionário para ser

preenchido pela empresa-cliente, após o atendimento do serviço: “a gente faz um

questionamento, manda o questionamento para responder, vê como está agindo, de

que forma, quais os focos de seleção, que a gente, tem a parte de especialização.

Comentou também que acompanham in loco esta avaliação: “uma vez por semana o

supervisor vai conversa com a pessoa que nos contratou, para ver como esta o

nosso serviço, se está bom se não está”.

Ainda dentro das práticas de avaliação do processo comentou que a empresa

realiza anualmente um trabalho com todos os funcionários e promovem encontros

para refletir sobre suas ações e oferecer treinamentos para melhoria contínua e

melhor desempenho frente as empresas-cliente :” .. uma vez por ano, em fevereiro

100

ou agosto, a gente oferece treinamento aqui para os nossos colaboradores, como de

comportamento, de motivação, de como atender um cliente.”

Empresa 2 – City Work Recursos Humanos empresa de capital nacional, com 13

anos de atuação no mercado. É uma prestadora de serviços, criada por

profissionais da área de Recursos Humanos, oferece duas linhas de serviço seleção

e recrutamento. Entrevistada 2 – Gênero feminino. Formação Nutrição. Trabalha na atividade de

recrutamento e seleção de candidatos a emprego há cerca de 13 anos. Abriu

consultoria organizacional em Recursos Humanos inicialmente para treinamento e

desenvolvimento de chefias; mais tarde incluiu os processos de recrutamento e

seleção para ampliação dos serviços da consultoria. Atualmente ocupa cargo de

gerência na empresa 2.

- Formação dos Profissionais que desenvolvem processos de recrutamento e seleção na empresa

Na empresa 2,os funcionários responsáveis pelo processo de seleção são

psicólogos e a entrevistada tem formação em nutrição.

- Percepções da entrevistada quanto a mudanças ocorridas nas atividades de

recrutamento e seleção

Quando indagada sobre prováveis mudanças ocorridas no processo seletivo, a

entrevistada admite que há muita coisa para se comentar. Tem muita coisa para

contar. Faz um balanço e admite que não tem dúvidas quanto a prevalecência da

questão comportamental. “o que vem norteando o processo, ou seja, o que norteia a

escolha é a atitude, o comportamento, o valor.” Comenta também que o preparo

técnico continua sendo qualificador, mas acentua “tem que ter fibra, tem que ser

competitivo para ter uma dinamicabilidade garantida”. Arremata que o perfil é este

conjunto, um mosaico: “boa formação, uma experiência e tem que ter competência

técnica. Mas isso não basta, porque seguramente o que define a escolha dele é o

comportamento”. Faz uma análise para compreender esta tendência, destacando a

101

dinâmica das empresas, a busca por um profissional que tenha velocidade, com

tempo de respostas curto, com habilidade para a atividade. Destaca novamente “que

tenha um bom relacionamento, isso é nítido em todo lugar do mundo”.

Outro aspecto que ela abordou foi à questão da idade, sendo retomada novamente

no presente, pois há algum tempo passado esta variável também foi preponderante.

Quando a isto reconhece que “na verdade não existe um processo de exclusão, mas

os profissionais de quarenta anos eram preteridos. Hoje, tem profissional de

quarenta anos de idade, que a gente tem que repensar nessa história. Tem casos

até que prefiro um profissional de quarenta anos ou mais, mas tudo é diferente de

dez, quinze e vinte anos atrás. Essa tendência eu acho que se intensifica cada vez

mais, é instantâneo. Existe um passo melhor, um olhar para esse público, existe

uma consideração por essa bagagem que ele trás. Nessa bagagem de vida, na

questão de uma pessoa que tem maior maturidade, consegue administrar conceitos

com mais serenidade, então, eu acho que isso é um sinal super positivo para inserir

uma pessoa no movimento do mercado de trabalho. É, tem recentemente profissões

que hoje não tinham tanto abertura, tanto espaço, tanta oportunidade.

Conclui que esta mudança é dinâmica, mas que vem notando também o peso da

variável formação (escolarização) do profissional. Destaca que sua experiência

permite observar que “ha maior grau de exigência dos clientes ao contratar os

funcionários quanto a formação, idiomas e vivência internacional. E também

profissionais mais dominantes.”

- Perfil Profissional exigido pelas empresas-cliente

Demonstrando bastante propriedade a entrevistada comenta da necessidade de

estar continuamente inteirada com os clientes a este respeito, pois admite a

existência de equívocos por parte dos mesmos. Comenta: “as vezes o cliente não

está preparado para ver qual o melhor perfil, então, a gente também buscando uma

oportunidade, pois as vezes não tem a capacidade de receber esse profissional, as

vezes não existe um encaixe ideal para esse perfil, então depende do cliente”. Ela

chama atenção para não se generalizar neste campo e sobre a importância de

reconhecer variedade de perfil: “Nem todo mundo tem um perfil delineado, então,

alguns clientes tem processo em RH mais maduro tem o perfil estabelecido.

102

Normalmente por competência, aí a gente fala de competências técnicas,

competências pessoais que ele trás. Alguns definem uma coisa muito formalmente,

assim nosso papel é de intervir ajudando a esquematizar isso, tanto processo

técnico quanto o processo pessoal. Também o perfil baseado num valor mesmo, nos

princípios, que é uma relação que segue uma tendência.”. Conclui que, de maneira

geral o perfil tem sido baseado na competência.

- Autonomia de atuação no processo de recrutamento e seleção

A entrevistada comenta que atua interativamente, de modo participativo e

compartilhado com as empresas-cliente. Demonstra grande habilidade para

negociação e questionamentos: “eu posso até me deparar, ao de encontro, com um

processo seletivo que já tenha um formato bem desenhado, mas existem regras,

existe muito espaço para pensar juntos, como por exemplo, e se a gente fizer dessa

forma, talvez a gente ganhe tempo, ganhe nos resultados, ganhe na escala do

processo”

Ela mostra que a flexibilidade para esta interação está presente desde a escolha do

profissional da empresa que irá desenvolver o processo junto ao cliente até o uso

dos métodos e procedimentos. Assim, reconhece que o papel da empresa não se

reduz a acatar escolhas e determinações do cliente, e “não só apresentar candidato,

mas também é de discutir o processo com o cliente, o que funciona, o que não

funciona, qual a formação mais adequada àquela vaga, entre outras considerações”

Indagada como realizaria o processo seletivo caso tivesse liberdade total para atuar

respondeu: “eu tenho muita liberdade, dificilmente eu tenho algum cliente que emite,

que diz olha tem que atuar assim ... eu me sinto muito a vontade com os meus

clientes para discutir o processo, não me sinto incomodada em nenhum processo

que eu faço. Pois dou minha opinião, como por exemplo, “olha isso não funciona de

certa maneira”. Nenhum fato real de discussão de como fazer, quais os

questionamentos utilizar, onde julgar, onde captar. Eu me sinto muito confortável

nesse sentido”.

103

- Métodos e procedimentos mais adotados no processo de recrutamento e

seleção

Quando indagada sobre os procedimentos mais adotados a entrevistada relata que

o serviço de recrutamento hoje em dia não tem segredo e que todos têm acesso a

várias fontes, “O serviço de recrutamento não tem segredo para mim, acho que todo

mundo tem acesso a diferentes fontes, a internet veio para todo mundo. Então, a

capacitação hoje é muito mais simples, principalmente por causa da internet. A

gente tem acesso a muitos recursos”. Também existem diferentes acessos à seleção

e que o diferencial das empresas está na qualidade da seleção de candidatos a

vaga de emprego, “e daí eu não tenho uma receita de bolo. O que não tem

negociação: nada substitui uma boa entrevista, olho no olho, uma boa entrevista

estruturada, conduzida em cima de um perfil que você já conhece”. Neste momento

a entrevistada explica o que considera como importante a sua a forma de trabalho,

“Aqui a gente procura não é conhecer só a empresa, só conhecer os funcionários

dessa empresa, ou seja, é conhecer toda essa empresa no processo de seleção, em

todos os ângulos dela, como que é, qual o estilo dele, como é essa equipe, quais os

funcionários dessa equipe”. Em minúcia explica o processo desenvolvido, comenta

em relação ao banco de dados que eles possuem a relação de parceria com os

gestores como o do perfil dos gestores e avaliação dos processos anteriores: “ Hoje

em dia a gente vem trabalhando assim, estamos também trabalhando com todo o

banco de estagiários da Guerdal, de renovação antes de começar, nós temos uma

relação com todos os gestores, quer dizer pelos menos dois dias a gente tem com a

Guerdal, recaptar o perfil com o gestor, entendendo o que tinha dado certo em

processos anteriores, o que não tinha dado certo nos processos com os estagiários

anteriormente, o que ele gostaria de encontrar, qual é o meio que esse estagiário vai

preferir, como são as relações, ele vai explorar o que”. A entrevistada faz avaliação

do processo de seleção relatando que a competência do processo esta na

competência como o selecionador conduz as suas entrevistas, “ É nada, nada muda

essa parte, quer dizer eu acho que é desse jeito, que o processo de seleção está na

competência de como você conduz as suas entrevistas. É obvio que para encerrar

uma entrevista, no sentido que eu quero te dizer é.... que o perfil desse candidato é

bom, e você não tem um resultado, porque mesmo constituindo de todos os artifícios

e recursos, eu falo que eu gostaria de exigir mais, de ter uma certeza que eu não

tenho, eu acho que eu não peguei alguma parte ou alguma coisa”. Para a

104

entrevistada algumas vezes é necessário acrescentar outras etapas após a

entrevista pela postura artificial que a entrevista apresenta durante este momento da

entrevista: “Porque normalmente a pessoa que está fazendo a entrevista é pouco

espontânea, ela adota uma postura não artificial, mas cuidadosa, ou seja, a

dificuldade de chamar nossa atenção. Nesse caso a gente vai para novas etapas, de

fato a gente usa outros recursos, então aí eu tenho muitas possibilidades, nos

trabalhamos muito com a dinâmica em dupla que é um recurso fantástico que vem

conduzindo, tem um bom resultado, tem uma estruturação com jogos”.

Demonstrando domínio e segurança no trabalho desenvolvido no processo de

seleção ela explica sobre as dinâmicas diversificadas utilizadas com um bom

resultado. “Trabalhar com dinâmicas diversificadas, eu acho que faz toda essência

do mundo, conduzindo para as áreas técnicas. Então, para a área comercial é

fantástica, dependendo do perfil da vaga a gente opta ou não por trabalhar com a

dinâmica”. A empresa tem uma bateria de técnicas que não se sente na

obrigatoriedade de trabalhar e que recorre a outra ferramenta de avaliação quando

existe dúvida alguns testes diferentes para confirmação de pontos dúbios

apresentados em outros momentos: “ E tem uma bateria de técnicas, existe uma

obrigatoriedade, não. Não me sinto na obrigação de trabalhar com teste, a gente vai

recorrer a uma outra ferramenta de avaliação quando existe uma dúvida, então

usaríamos um teste diferente mais para uma confirmação, ou seja, vai confirmar

alguma coisa, isto é, esclarecer um ponto que ficou mais nebuloso”

Concluindo a resposta a entrevistada coloca que existem muitas ferramentas de

avaliação e que não necessariamente os testes, demonstra neste momento sua a

preferência por entrevistas bem desenvolvidas e que as mesmas oferecem mais

dados do candidato e segurança de decisão para indicação a vaga, “ Enfim, têm-se

inúmeros testes e ferramentas de avaliação que se pode utilizar, não precisa

necessariamente aplicar um teste em um processo de seleção, às vezes uma

entrevista bem conduzida nos dá muita segurança para avaliar e dar a vaga para o

candidato”.

- Métodos e procedimentos que o entrevistado considera mais eficazes

Quanto aos métodos e procedimentos a entrevistada considera a dinâmica um bom

exemplo de ferramenta; os testes são classificados em categorias dependendo da

105

vaga como recursos específico e que os teste medem as questões

comportamentais. E quando precisa observar algo específico utiliza desta

ferramenta, “Na verdade eu não generalizo a dinâmica, por exemplo, eu acho uma

excelente ferramenta, gosto muito da dinâmica. Dos testes, têm-se algumas

possibilidades, a gente classifica os testes em algumas categorias. Dependendo da

vaga a gente seleciona alguns testes, então, têm-se recursos que mexe com a

inteligência, com a criatividade, que mede muito mais a questão comportamental. Ou

seja, dependendo do que eu quero observar eu vou escolher e buscar essa

ferramenta”. Classifica os testes como boa ferramenta em alguns casos que podem

ser como inventários, “hoje existem bons testes, boas ferramentas que a gente

trabalha como inventários, que são classificados como inventários, mas a gente fala

que é um processo de cuidado, que são as ferramentas informatizadas, então ela

pode ajudar a trabalhar, a definir perfil ou não”.

A entrevistada procurou ressaltar que existem excelentes ferramentas atualmente:

“Então, volto a dizer a gente tem excelentes ferramentas, a gente poderia relacionar,

por exemplo, de para que vaga ela é indicada. Porque às vezes ela é indicada para

uma vaga operacional, mas às vezes ele não é indicado para uma vaga

administrativa, ou não é indicada para uma vaga de gestão. Então, depende do que

você for utilizar de ferramenta”.

- Satisfação em relação ao uso dos métodos de seleção que utiliza

A entrevistada recorre a uma avaliação diária como exercício de qualidade de

serviço, como relata, “acho que é um exercício, porque todo dia a gente busca

trabalhar da melhor maneira possível nesses processos”.

Também demonstra a responsabilidade em relação ao feedback dados pelos

clientes ao qual presta serviço: “Hoje a gente trabalha com alguns clientes que nos

dão essa resposta, que nos apontam, se são bastante expressivas, e nos acalmam.

Se eu acerto, também gosto bastante, quando percebo que a gente está no

caminho, que efetivamente vai gerar um maior resultado. Algumas empresas

acabam mantendo expressões no mercado, por ser multinacionais da área de, por

exemplo, da nutrição. Então, é uma segurança que a gente está no caminho certo”.

Além da preocupação da qualidade do serviço a entrevistada comenta sobre a

percepção do trabalho no sentido de aperfeiçoamento da sua equipe relatando

detalhes que ela procura desenvolver com os funcionários como percepção, olhar,

106

detalhando que só fica bom o trabalho quando eles olham da mesma forma que o

olhar do cliente, daí sim o trabalho esta ajustado:, acho que o que faz diferença não

é a ferramenta é a percepção, das formas de usar a ferramenta, de todas, a melhor

é a percepção, repito tem que ter uma boa percepção. Então, isso eu quero

trabalhar na minha equipe, quanto mais você fizer, quanto mais você souber olhar

para o candidato em equipe e conseguir entender como ele funciona, o que ele

busca e o quanto ele está ajustado ou não a aquela vaga, que você está

trabalhando. A gente costuma dizer que ele só fica bom quando a gente olha com o

olhar do cliente”.

A entrevistada considera a velocidade da resposta dada ao cliente um fator

importante para avaliação do processo e que para isso a equipe deve estar bem

ajustada como explica: “ Da velocidade de resposta ela é um fator muito importante,

e para isso a gente tem que ter uma equipe bem ajustada, para eu conseguir dar

uma resposta para esse cliente. As vezes não consegue fazer isso muito bem,

então, quanto mais se faz esse processo mais se tem um banco de dados

trabalhado e avaliado que acelera o processo”.

- Modismo em processos seletivos

Quanto ao modismo a entrevistada explica não ser uma questão de moda mais sim

de pressupostos como testes que não tem certa capacidade de avaliação ou como

ferramenta da análise e que se deve ter alguns cuidados como:

“Pode até não ser uma questão de moda, mas é que existem alguns tipos de testes,

que há pouco tempo, passam dos mesmos pressupostos, que são esses que já não

tem certa capacidade. Que são esses testes que eu falei que justamente as

ferramentas da análise, que a gente tem um certo cuidado. Têm alguns que

funcionam? Tem, mas tem que saber como aplicar, saber se eles ficaram em

evidência no nosso trabalho”. Continua a tecer comentários em relação aos testes

eletrônicos : “ Quando é um teste que é uma ferramenta eletrônica, a gente acessa,

o candidato acessa, tem se uma senha, responde um formulário, na verdade é um

inventário que a gente chama, e se simplesmente consegue acertar, abre um

parecer. Se a gente for falar de indicador de acerto, de grupos de acerto, de

criatividade, são números razoáveis”. Quanto o teste PPA faz uma ressalva dizendo

uma série de técnicas que funcionam e são muito famosos pela facilidade de

aplicação mas, deve-se ter cuidado porque é um instrumento que oferece mais

107

chance de erro, “Quanto ao PPA, você tem aí uma série de técnicas que funcionam

basicamente da mesma forma, é como se estivesse o mesmo sentido, ou seja, estão

calcados no mesmo sentido. A estruturação dessa espécie foi muito parecida, volto

a dizer estão super famosas, pela facilidade de aplicação, alguns estão no mercado

já há um bom tempo. Mas, a gente tem que tomar um certo cuidado, quer dizer se

você for se basear na escolha só em um processo, tem se uma maior chance de

errar”.

A entrevistada completa o questionamento se referindo aos processos online como

modo: “os processos online são que estão na moda atualmente “.

- Uso de Métodos e Técnicas para diferentes cargos

A entrevistada relata que não trabalha com a mesma ferramenta de avaliação ou o

mesmo teste para cargos diferentes. “Eu não vou trabalhar com a mesma

ferramenta de avaliação ou o mesmo teste para medir coisas que são diferentes. O

que eu vou observar num gestor, é muitas vezes são aspectos relacionados à

gestão. Às vezes num operador eu vou medir a proximidade dele, a regularidade

dele na produção, na execução de alguma tarefa, a velocidade com ele faz uma

tarefa repetitiva. Um determinado teste vale para isso. Num tem coerência”. (sic)

Completa a explicação comentando que algumas ferramentas são utilizadas para

vários cargos e funções, como uma boa entrevista porém, existe adequações

necessárias para cada tipo de vaga, “ Então, algumas ferramentas se aplicam para

todo mundo, como uma boa entrevista que pode se aplicar para todo mundo, para

todo caso (cargo). A partir daí a existe uma adequação das demais ferramentas em

função da vaga”.

- Avaliação da prestação de serviços junto as empresas-cliente

A empresa tem alguns indicadores para avaliação, utiliza relatório como indicador de

eficácia, também mede através do número de candidatos elencados para vaga,

quantos foram entrevistados, contam também quantos foram aprovados pelo cliente

fazendo um mapeamento da prestação de serviço, como ela mesmo explica: “ Tem,

tem uma ferramenta de relatório via processo, que trabalha como indicador de

eficácia. Então, eu meço através de inúmeros candidatos abordados para aquela

108

vaga, desses candidatos abordados quantos que eu consegui fazer a entrevista, e

vai me dar um perfil do alvo de sucesso dentro da abordagem. Dos candidatos que

vieram para a entrevista, quantos eu aprovei, isso me dá um outro indicador. E os

candidatos que eu aprovei e apresentei para o cliente, quantos ele aprovou e dos

aprovados quantos foram contratados efetivamente”. A empresa demonstra utilizar

esses indicadores como eficácia para tomada de decisões. Considera o pós

contratação também como continuidade do processo de avaliação considerando

fator tempo de duração do processo, “ Então, hoje a gente faz dessa forma e, com

avaliações que acontecem pós contratações. Numa primeira avaliação a gente tem

uma percepção que normalmente acontece em trinta a quarenta dias, que ela

mostra se esta cobrindo hoje no mercado, a sensação que é efetivar, se ia dar certo.

Assim, que a gente fecha a vaga, entendemos qual foi às condições desse

processo, que também nos da o reforço, esses indicadores de eficácia mostram se o

processo é ...... se o processo participam do ideal”.

Empresa 3 – RH Brasil atua há 15 anos no mercado nacional e internacional. Está

presente em 9 estados brasileiros e presta serviços de recrutamento e seleção,

administração de mão de obra temporária, estágios, terceirizações, e recrutamento e

avaliações psicológicas. A empresa faz uso intenso da informática para os serviços

online de recrutamento e seleção, mantendo-se banco de dados e sistema de

recepção, consulta de currículos e interação com clientes (nacionais e

internacionais) através de programas e softwares desenvolvidos para tais

finalidades.

Entrevistada 3 – Formação Psicóloga.Tem experiência de 11 anos em processos

de seleção. Atuou em outras empresas de recrutamento e seleção de menor porte.

Ocupa cargo de gerência na empresa 3.

- Percepções da entrevistada quanto a mudanças ocorridas nas atividades de recrutamento e seleção

109

Investigou-se junto à entrevistada sobre mudanças que percebe em relação aos

processos de recrutar e selecionar e em relação aos procedimentos que as

empresas-cliente adotam para contratar seus serviços.

Logo, ela não destacou mudanças no processo em si, mas citou que cada vez estão

mais exigentes. E por este motivo eles desenvolveram ferramentas como

questionário, entrevistas comportamentais citando a por competências. E que função

destas exigências eles tem por todo o país analistas quânticas e piais. Destacou

que enfrenta muitas dificuldades para lidar com os candidatos e com suas

exigências. Tais exigências referem-se a vaga, em si.”... hoje o candidato quer

escolher o horário. Formação dos Profissionais que desenvolvem processos de recrutamento e

seleção na empresa

A empresa desenvolveu uma equipe de trabalho diversificada e altamente

qualificada com atuação em nível nacional e internacional. Mantém equipes

especializadas para cada tipo de processo, “assim para cada uma delas nós temos

uma equipe especializada. Ou seja, para o recrutamento e seleção é uma equipe

especializada, para o coach é outra equipe especializada e assim por diante”. A

entrevistada 3 comenta que atuam de acordo com foco em cada necessidade do

negócio, por isso a empresa “tem uma central com esses funcionários. Aqui em

Sorocaba se a gente precisar esses funcionários vem, se deslocam, desenvolvem o

profissional para manter e atender essa empresa e dessa forma a gente esta

crescendo”.

Ela comenta sobre a constituição dos sócios da RH Brasil justificando também a

qualificação desses profissionais: “ o Renato, hoje sócio da RH Brasil foi gerente

geral de recursos humanos da Embraco, então ele viu e gostou desse sonho, foi um

convite, assim ele largou a Embraco para trabalhar com a gente. E o Germano era

gerente de RH de uma multinacional italiana que é a FABIPERINE de fabricação de

papel e celulose, e ele na parte de terceirização de folha. Então, têm uma equipe,

tanto que tudo de folha, a gente tem várias empresas terceirizadas, é feito tudo lá,

assim eles vem aqui contratam o profissional especialista nisso para manter dentro

das empresas. E o que isso nos favorece, é que hoje nossos clientes e que estão

110

nos contratando, ele não vêem só como fornecedor de mão de obra, então vamos

dizer, por exemplo, aonde eu vou buscar isso? Me indica isso? Assim nós já temos

todo o trabalho ali. É obvio que a gente apresenta a nota, que tem tal custo, caso

eles querem pesquisar a gente até indica alguns. Mas por a gente já esta

desenvolvendo um trabalho com qualidade, eles acabam sim acreditando, porque é

um trabalho muito sério, porque a RH Brasil toma um cuidado em desenvolver

equipes diferenciadas. Então, tem uma equipe responsável, especialista para cada

caso... são equipes especializadas, e hoje eles rodam o Brasil dentro disso.”

- Perfil Profissional exigido pelas empresas-cliente

A entrevista em relação ao perfil profissional exigido pelas empresas clientes

observa que não consegue alguns profissionais no mercado utilizando-se do recurso

de tirar de algumas empresas os bons profissionais, mas, não cita o perfil exigido, “

Observamos que em alguns processos seletivos, de altos executivos, de médios

gerentes, analistas, as vezes esta complicado, a gente consegue bons profissionais,

quando tiramos esses profissionais de grande instituições, você não acha esses

bons profissionais, disponíveis no mercado”.

Pondera que os bons profissionais e prontos como as empresas querem estão em

falta no mercado, “Portanto, na crise a gente achou, houve cortes, mas os

profissionais bons que as empresas querem, é difícil. O profissional pronto mesmo,

tem que tirar de uma empresa, o parâmetro que estamos preferindo que esta sendo

muito utilizado. Assim, “eu” empresa vou desenvolver esse profissional, e ao longo

do tempo ganha um vinculo, com o funcionário, hoje eles estão ganhando muito,

você encontra profissionais sem vicio, sem costumes, a empresa molda ele,

conforme a necessidade da mesma”.

Alega que os nossos tributos trabalhista também dificultam as contratações porque

quando ele preparado torna-se um profissional de alto custo como explica a seguir: “

Infelizmente a área trabalhista da gente hoje, se paga muito tributos, por exemplo,

em Santa Catarina, lá em Barra Velha, a RH Brasil fez toda a implantação, da nova

fabrica da Nicoluzze. E vieram os europeus, 2 londrinos, e 2 franceses, vieram

implantar a fábrica, quando nós mostramos nossa carga tributaria, para eles ,

arregalaram os olhos, falaram impossível, inviável, você ter um profissional com

qualidade com isto aqui. Assim foi o comentário deles, quando vencemos o

sindicato, ele ficaram indignados. Então, às vezes as empresas deixam de

111

desenvolver o bom profissional, por que ela tem um alto custo, por exemplo , um

funcionário que ganha mil reais, você paga dois, dois e cem mil reais, imagine

aquele profissional que vale dez mil, a empresa ele esta custando vinte.

A entrevista explica que uma alternativa utilizada por algumas empresas é a opção

de contratação de trainee, justifica que projeto é acertivo, desenvolve, investe,

contrata com salários reduzidos como argumenta: “ Então é muito complicado, por

isso estamos buscando trainee, de uns 8 a 6 anos pra cá, a questão da contratação

de trainee, implantação desses tipos de projetos vem crescendo muito. Primeiro por

que é um projeto acertivo, você desenvolve, investe, contrata com salário mais

baixo, mas ao mesmo tempo você esta desenvolvendo ele. E não só isso você

molda esse profissional, e você acaba sendo bem vista pelas universidades, que

estão dando oportunidades, que não tem aquela historia da dificuldade depois de

acabar a universidade, de achar emprego, de estar entrando no mercado de

trabalho, é mais ou menos dessa forma.

- Métodos e procedimentos mais adotados no processo de recrutamento e seleção

Em relação às técnicas utilizadas no processo seletivo a entrevistada 3 destaca

às técnicas Quantum e PIAI como procedimentos mais utilizados e o

desenvolvimento de uma entrevista por competências que um sócios desenvolveu

como parte de tendências comportamentais utilizam os debates, dinâmicas de

grupos, entrevistas coletivas, além de ferramentas como grafologia e em específico

para alguns tipos de cargos testes específicos.

Quando questionada em relação aos testes de competência a entrevistada explica

que foram montadas pelo sócio Renato devido ao seu trabalho de coach necessitar

avaliar competências dos altos executivos que é responsável em contratar acabou

“criando” vários níveis de entrevistas por competências para várias áreas como

engenharia de vendas, liderança produtiva.

A entrevista utilizada por várias vezes o argumento que o diferencial da empresa é o

recurso da informática, como, ferramenta e agilização do processo. Como explica a

seguir: “Então, o nosso diferencial é a questão da informatização, que esta cada vez,

vamos dizer, hoje é a agilidade em função disso e assim a gente trabalha com

algumas ferramentas.

112

- Critérios para escolha dos métodos a serem utilizados

A entrevistada comenta que, inicialmente é observado um conjunto de variáveis

traçadas juntamente com o cliente. Isto inclui ”o perfil da vaga, o desenvolvimento da

entrevista por competência, a atuação no nível operacional, a exigência da formação

desse profissional, a qualificação, tempo de experiência, até a necessidade que a

empresa quer que avalie”.

Comentou também que para determinados cargos, como os de gestão, o que

diferencia além claro do perfil, que é um perfil mais complexo, “a pessoa tem que ser

bilíngüe, conhecimentos de algumas ferramentas como SAPE, que é uma

ferramenta de gestão, alguns tipos de metodologias, nos buscamos no nosso banco

de dados, quando não achamos temos uma parceria com a Catho, que a gente faz a

divulgação, em jornais e tudo mais. Quando é caso de gerencia, supervisão, alto

executivo, sempre é um caso ou de substituição, ou a pessoa foi desligada, que esta

se contratando, ninguém inventa uma função, então cuidamos também do sigilo.

Nos recebemos o material, em cima do curriculum , tem que ser muito bem

apresentado, quando não é , não chamam o candidato..”

Na seqüência, a empresa faz contatos com o candidato para uma pré entrevista. Em

outro momento, é chamado para procedimentos de avaliações, onde se aplica “o

método Quantum, ou o PIAI, por que não vou colocá-lo para fazer um “testinho”

psicológico. Em cima dessas avaliações, nos chamamos, por exemplo, de liderança,

chamamos para uma dinâmica de grupo, quando é uma media , alta gerencia, é uma

outra etapa de entrevista, onde se faz a entrevista por competência.” Uma vez obtida

os resultados da avaliação dos candidatos e o delineamento de seus perfis a

empresa começa a fazer alguns questionamentos de tendência comportamental a

partir dos resultados do teste: “... lá diz que a pessoa tem uma certa agressividade,

como essa pessoa tem de reagir em certas situações, só para confrontar o que o

teste nos da, além da entrevista comportamental, a gente faz essa checagem,

finalizando em cima do parecer dele, do que levantamos de tendências

comportamentais”. Na seqüência envolve-se o gestor responsável da empresa, junto

a ele, é traçado um roteiro de processos específicos, então o candidato vai para a

entrevista com o cliente, “se o gestor ficar em dúvida, nós chamamos de novo e

questionamos”.

113

- Avaliação da prestação de serviços junto as empresas-cliente

A empresa avalia a prestação de serviço através de um formulário, argumenta que

têm um ponto a favor que é um sistema de indicadores criado pela empresa através

de programa informatizado como ela explica: “Temos um ponto a favor, que é o

nosso sistema de indicadores. Por exemplo, abriu a vaga, todas essas ferramentas,

o nosso sistema nos mostra, quanto o tempo levamos para acharmos esse

profissional, quanto tempo levou para fechar essa vaga, se o trabalho foi fechado e

reaberto de novo, por que o profissional parou. Nosso sistema nos mostra esses

indicadores, então em cima disso, a gente vai em busca de onde erramos, será que

foram as ferramentas utilizadas, ou a forma da entrevista, preocupamos com o que a

empresa coloca.

A avaliação final fica em cima dos dados apresentados através do sistema, sendo

objeto de investigação também o tempo de permanência do profissional contrato

pela empresa-cliente, “Assim, nós investigamos em cima desses dados, por que

nosso objetivo é que o profissional entre na empresa e fique, nos preocupamos

quando um profissional entra e não fica ,erro nosso então onde esta esse erro. e

isso nosso sistema nos mostra, por exemplo, uma vaga aberta faz vinte dias, onde

estamos errando que não encontramos esse profissional”.

Quando questionada sobre a opção da empresa em escolher Sorocaba como sede a

candidata explicou: “O que aconteceu, é que a demanda de Sorocaba estava sendo

atendida por São Paulo ou por Campinas. Não só de Sorocaba, mas a demanda de

Itu, de Salto, daí o que acontece é que em alguns casos por a gente ter um banco

nacional, digo que alguns acham que são empresas multinacionais, queriam um tipo

de profissional específico, que aqui na região não se encontra”.

Empresa 4 - Advance Assessoria Profissional – atua há mais de 20 anos. Empresa

de assessoria em recursos humanos, de capital nacional, atua nos segmentos de

outplacement, headhunting e terceirização de recrutamento e seleção. Presta

serviço tanto para pessoas jurídicas como para físicas em todo território nacional e

exterior. Recruta e seleciona executivos para empresas.

Entrevistada 4 – Trabalha com processos seletivos há 20 anos. È graduada em Letras –

114

Português; Mestre em Práticas de Recrutamento e Seleção, na área de Estratégias e

Organizações, especialista em Gestão de Pessoas e formação internacional em análise de

Perfil Pessoal. Sócia Diretora da Advance.

- Percepções da entrevistada quanto a mudanças ocorridas nas atividades de recrutamento e seleção

Investigou-se junto a entrevistada sobre mudanças que percebe em relação aos

processos de recrutar e selecionar e em relação aos procedimentos que as

empresas-clientes adotam para contratar seus serviços. Ela destacou que a

experiência permite observar que atualmente há maior exigência do cliente em

relação à formação, idiomas e vivência internacional também. Salientou que o

mercado exige profissionais mais dominantes. Quando questionada sobre este

profissional com perfil dominante ela explicou: “o nosso cliente tem solicitado

profissionais mais decididos, pontuais nas decisões, e que assuma de forma integral

as suas responsabilidades”. Destacou também que as empresas enfrentam o

desafio de conciliar a geração de executivos entre 40 e 50 anos com as ousadias

dos jovens que estão entrando no mercado atualmente. Explicando assim: “Os

jovens nascidos na década de 80. Que foram criados e educados sob a ótica do

game, internet eles estão acostumados com rapidez de respostas, agilidade e a

habilidade de superar fases e alcançar o premio final. Destacou que tem atendido

jovens preocupados ou ansiosos em saber quanto tempo eles levarão para chegar a

chefia. Estes jovens já tem a formação superior, um ou dois idiomas, experiência no

exterior e não pretendem ficar muito tempo na mesma empresa. Completa dizendo

que tem o cuidado para não criar ilusões para este candidato “.

- Profissionais que desenvolvem processos de recrutamento e seleção na empresa

De acordo com esta entrevistada somente ela realiza os contatos com as empresas,

atendendo o comercial e a parceria com o cliente no processo de seleção

contratado. Conta com as psicólogas para aplicação dos testes e as entrevistas e

formulação dos laudos e relatório. Contudo, a entrevista é a responsável para

realizar processos de seleção. - Autonomia de atuação no processo de recrutamento e seleção

115

Quando questionada sobre a autonomia que lhe é conferida, pela empresa-cliente,

para desenvolver os processos de recrutamento e seleção a entrevistada a explicou

que algumas vezes se reúne com o cliente para alinhar o trabalho atendendo

algumas solicitações como testes que eles mesmo desenvolvem: “Temos total

liberdade, ficamos atentos em manter contato com varias reuniões com os

contratantes até para alinharmos o perfil da vaga as exigências do cliente, a cultura

da empresa”.

- Métodos e procedimentos mais adotados no processo de recrutamento e

seleção

A entrevistada 4 na sua empresa usa o DISC para triagem de perfil, entrevistas por

competências âncoras de carreiras, avaliação de lógica, jogos de empresa,

liderança, Inteligência emocional.

Quando questionada como desenvolveram as entrevistas por competências explicou

que preparam as entrevistas através dos estudos realizados e para cada situação

eles têm preparado um conjunto de perguntas para atender às necessidades da

função ou cargo, alinhando estes procedimentos a cultura da empresa. Já sobre as

vantagens dos métodos utilizados nos processos de seleção a entrevista respondeu

que as vantagens são: “que sempre fazemos o alinhamento estratégico, ou, seja,

conhecemos as competências das empresas e alinhamos com as competências do

candidato.

Avaliação da prestação de serviços junto as empresas-cliente

Quando abordada sobre procedimentos que realiza para avaliar a eficácia do

processo a entrevistada respondeu que estão muito satisfeitos com os resultados

porque o termômetro é sempre a estabilidade dos cargos preenchidos. E tem como

procedimento o registro de todas as contratações e acompanhamento periódico

junto a empresas contratante através de reuniões.

Empresa 5 – Grapho Consultoria em RH é uma empresa especializada em

Recursos Humanos. Atua desde 1995, identificando e desenvolvendo talentos.

Capital nacional. Empresa familiar.

116

Entrevistada 5 - Formação acadêmica Administração de Empresas e Psicologia

Começou na empresa aos 15 anos de idade (a mãe é a proprietária da

empresa)fazendo atendimento na recepção da empresa, fazendo a separação e a

organização dos arquivos, atua há 14 anos na empresa. Atualmente responsável

pelo processo de seleção.

- Profissionais que desenvolvem processos de recrutamento e seleção na empresa

Na empresa 5,os funcionários responsáveis pelo processo de seleção são

psicólogos e a entrevistada que tem formação em administração e psicologia.

- Percepções da entrevistada quanto a mudanças ocorridas nas atividades de recrutamento e seleção

Investigou-se junto a entrevistada sobre mudanças que percebe em relação aos

processos de recrutar e selecionar e em relação aos procedimentos que as

empresas-cliente adotam para contratar seus serviços. Ela avalia que as empresas

estão muito mais exigentes, em todos os aspectos e em todas as vagas,

comparando com começo do ano de 2000: “aonde o primeiro grau bastava”.

Atualmente 90% das empresas, exigem a formação no segundo grau. Comenta a

dificuldade que às vezes tem quando o exige certificado original dos estudos os

candidatos acaba não tendo esta formação, dificultando o processo de seleção.

Também menciona a exigência da formação superior, e da dificuldade em encontrar

candidatos com fluência no idioma inglês, justiçando que: “A formação do superior

sempre existiu, mas agora com a exigência do inglês, antes com um bom

conhecimento em inglês já bastava, hoje não, pois é necessário aplicar teste de

redação, de gramática e também tem que conversar com os candidatos. Assim, 80%

das vagas precisa do inglês avançado, isso desde vaga de estágio, que é muito

importante”.

A entrevistada também explicou sobre as vagas de especialistas 90% das vagas

exigem inglês. E resume que hoje as empresas estão mais exigentes, querem tudo o

mais rápido possível e o candidato que se encaixe o mais perfeitamente possível,

refere-se também a população não esta preparada com o inglês e o salários das

empresas também não é atrativo. Já que estes candidatos pela escassez no

mercado encontram-se trabalhando pelo mesmo salário oferecido pela empresa

117

cliente. Cita o exemplo: “Como por exemplo, na empresa A, estamos com uma vaga

que ele vai ganhar R$ 3.000,00 e ele esta concorrente com o mesmo valor. E ele vai

sair por quanto? Ressaltando, que a média de mercado é esse salário, então, esse

também é um problema que encontramos”.

- Perfil Profissional exigido pelas empresas-cliente

A entrevista em relação ao perfil profissional exigido pelas empresas clientes

comenta o inglês como fundamental, à adaptação a mudanças, comportamento sob

pressão, dinamismo, persuasão, liderança, autonomia, dominância, como o perfil

exigido para os candidatos pelo contratante, relatando o exemplo o perfil do fiscal

exigido pelas empresas antes bastava ser concentrada para não errar no

preenchimento dos documentos como impostos, não precisando ser uma pessoa

comunicativa, arrojada, expansiva, atualmente a empresa quer uma pessoa de

contabilidade que possua as características estas características e que este

funcionário não é facilmente encontrado no mercado. A entrevistada exemplifica:

“Porque essas áreas precisam fazer apresentações para a diretoria dos lucros da

empresa, então, tem que ser uma pessoa com facilidade de comunicação para a

diretora da presidente. Então, é importante por isso, e não porque as empresas

pedem sem um motivo, mas as pessoas não estão preparadas”.

Quando questionada sobre o mercado de Sorocaba estar preparado para atender

esta demanda a entrevista comenta que: “Não. Inclusive eu fiz o TCC na UNISO,

que esta disponível na biblioteca. E esse trabalho que eu fiz é de Conclusão Curso

em Administração, com o tema “O mercado de trabalho de Sorocaba, a necessidade

de contratação de profissionais provenientes de outras cidades. Realidade ou

preconceito?”. Então, foi um estudo bastante interessante, pois a gente encontra

muita gente de fora da cidade. Portanto, é uma realidade, porque o pessoal de

Sorocaba não esta preparado para entrar nas empresas que estão vindo para sua

cidade”.

- autonomia de atuação no processo de recrutamento e seleção

A entrevistada 5 responde explicando o processo da seguinte forma, em relação

tempo proposto para realização do contrato de prestação de serviço, é proposto dez

dias úteis para estagiários, vagas de especialistas quinze dias úteis, comenta que:

118

“Porque eu entendo que nesse tempo eu consigo fazer um trabalho tranqüilo,

consigo avaliar um maior número de candidatos, fazer os relatórios, elaborar todos

os laudos e encaminhar para a empresa”. A entrevistada comentou que nem sempre

isto acontece afirmando que mesmo estando isto documentado a empresa cliente

que define o tempo conforme sua necessidade ainda fez um parênteses na sua

resposta quando a vaga é de difícil contratação procura negociar com o cliente para

estabelecer um prazo maior. Mesmo assim é o cliente que decide conforme relata:

“E quando a vaga é muito difícil, tentamos conversar com o cliente para entrarmos

em um acordo. Mas, normalmente é o cliente que decidi ou fica cobrando na

verdade. Então, eu não tenho tempo que nós gostaríamos, assim fica a critério do

cliente”.

- métodos e procedimentos no processo de recrutamento e seleção

Quando questionada sobre os métodos e procedimentos no processo de

recrutamento a entrevistada explica o processo da seguinte forma, que não

encaminham curriculum, quando recebe a vaga pela empresa cliente eles têm no

processo uma bateria de testes padronizados, que normalmente torna-se cansativo

para o candidato preencher, mas que seria a única forma que tem de avaliação.

Aplicam também o IFP ( Índice Fatorial de Personalidade), aplicam o PPA da turma,

e uma redação em português para os estagiários, o raciocínio lógico, teste de

atenção concentrada.

Em relação aos especialistas ela comentou que não aplica o teste de AC ( Atenção

concentrada) e de raciocínio lógico, não eximindo o candidato de uma redação, e

outros testes. As vagas operacionais de segundo grau aplica a redação, o raciocínio

lógico e o AC, algumas vezes a empresa solicita a aplicação de teste específico

elaborado por eles.

Quando questionada sobre entrevista por competências a entrevistada explica,que

eles desenvolveram as entrevistas e também as competências que vão avaliar nos

candidatos. Seguem o que a empresa cliente solicita acrescentando as questões

que já tem listadas procurando alinhar ao critério da empresa.

Resume a explicação da seguinte forma: “Nossa metodologia baseia-se na

concepção de Seleção planejada, alcançada por meio de um detalhado

conhecimento das necessidades da empresa, como também de cada candidato

119

participante. Nossa ampla experiência e contato com o mercado nos permitem suprir

plenamente as necessidades de contratação de pessoal nas organizações.

Neste processo utilizamos modernas técnicas de recrutamento e seleção adaptadas

a cada organização. Identificamos amplamente as competências profissionais,

habilidades comportamentais e o estilo de interação social dos profissionais,

possibilitando aos clientes tomar decisões seguras e orientadas para o resultado.

Nossos instrumentos: Banco de Potenciais, divulgação/ anúncios, Hunting,

Network.Nossos métodos de avaliação, entrevistas/ coletivas, análise de perfil (PPA,

IFP, Quati, PMK, Palográfico, Grafologia entre outros), Avaliação do idioma inglês(

gramática, verbal, escrito) e avaliação de conhecimentos gerais e informática”. ..

Modismo em processos seletivos

Foi perguntado a entrevistada se ela observa modismos no processo seletivo, se ela

considera que a entrevista por competência como de moda, mas dá resultado

conforme explica: “a entrevista por competência é um pouco de moda e fazem dois

anos que a gente fala sobre ela, porém dá resultado. Então, não é só de moda e

veio realmente para ficar e nos auxiliar na entrevista”.) E alguns testes como

exemplo citou o AP quem é utilizado desde 90, o paleográfico também.Tem alguns

testes, mas normalmente acabam permanecendo.

- avaliação do processo de recrutamento e seleção

A entrevistada relata que: “Quando a gente começa a ter experiência em

recrutamento e seleção, a gente começa a ter um “controle do recrutamento e dos

candidatos, assim as experiências de acertos que a gente tem na empresa”.

Desta forma eles fazem toda a avaliação com todos os testes , o candidato é

aprovado é contratado e a empresa da o feedback: “Juliana esse é um ótimo

candidato. Nossa, foi muito bom o processo seletivo de vocês, esta tudo certo”.

Portanto, é esse o retorno que a gente tem”.

120

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo foi elaborado com o objetivo de pesquisar as metodologias

utilizadas pelas empresas de consultoria em recursos humanos, em processos de

recrutamento e seleção de candidatos a emprego no âmbito da cidade de

Sorocaba/SP. Este objetivo traduziu a intencionalidade da pesquisadora em

explorar junto aos profissionais selecionadores a lógica e as justificativas que

norteiam suas decisões sobre o uso das metodologias empregadas.

A opção pelo desenvolvimento da pesquisa junto às consultorias em Recursos

Humanos justificou-se pela vivência desses profissionais com a dinâmica dos

processos de candidatos a emprego.

Essa perspectiva demandou um tipo de investigação que explorasse diferentes

aspectos deste processo no sentido de apreender as mudanças ocorridas e em

andamento; o perfil dos candidatos; as relações com a empresa cliente; os métodos

e procedimentos de seleção e a avaliação da eficácia dôo processo.

Baseado nos dados apresentados e analisados alguns comentários são destacados.

De acordo com os entrevistados, os profissionais que desenvolvem os processos de

recrutamento e seleção são portadores de formação específica para tal

desenvolvimento, sendo na sua maioria, psicólogos, oriundos da área psicologia

organizacional. Registrou-se também a presença de administradores de empresas

neste campo. Embora o Conselho Federal de Psicologia normatize a aplicação de

testes seletivos e confere tal atribuição ao psicólogo, não é incomum, segundo

relatos colhidos, encontrar profissionais da Administração desenvolvendo tal

atividade. Um risco que se observou neste contexto é o descrédito que isto pode

gerar no sentido de se estar fazendo uso de instrumentos e de procedimentos em

desuso, bem como pela adoção de práticas distorcidas – fatos que contribuem em

muito para a banalização de determinados instrumentos.

No tocante às mudanças observadas nos processos de recrutar e selecionar há

reconhecimento de uma tendência de se investigar a dimensão comportamental do

indivíduo, popularizada pelo CHA - competências, habilidades e atitudes conferindo-

lhe papel de agregador das qualificações diferenciadas dos candidatos.

A dimensão relacionada ao preparo técnico continua sendo indicador de

qualificação, juntamente com a formação escolar e da experiência vivencial;

entretanto, mostra-se insuficiente quando desprovida de uma base comportamental

121

favorável. Neste sentido, esta base tem sido compreendida como a fonte de geração

de competências, o alicerce de sustentação dos requisitos profissionais e a origem

de uma atuação profissional diferenciada no mundo do trabalho contemporâneo.

Essa importância é associada e reconhecida por empresas de diferentes portes e

origens. Um aspecto relevante para a valorização do aspecto comportamental é a

crença na possibilidade deste conferir diferencial competitivo já que ela integra

elementos da identidade e da socialização do indivíduo. Diferentemente, dos

aspectos técnicos que são formados a partir de processos de treinamento racionais

e mecânicos.

Justifica-se também que as empresas-clientes dão maior ênfase a perfis

profissionais que lidam mais naturalmente com as mudanças e pressões do

ambiente de trabalho. Isso porque o desempenho dos indivíduos na organização

demanda ações do agir com flexibilidade, capacidade de interpretar o contexto e de

atuar sobre ele, gerando vantagens competitivas. Neste sentido, as pessoas são

depositarias do patrimônio intelectual das empresas, como da capacidade de

visualização e exploração de oportunidades de negócios.

As entrevistadas associaram alto nível de concordância a todas essas mudanças em

relação ao perfil exigido dos candidatos para atender às exigências das empresas-

clientes, fato que acaba por confirmar o motivo das mudanças em relação aos

procedimentos de recrutar e selecionar das empresas, desenvolvendo ferramentas

como, questionários, entrevistas comportamentais, dinâmicas em grupo e testes.

No contexto da valorização da dimensão comportamental dos profissionais, dá-se

grande importância a entrevista comportamental tomada como um instrumento de

diagnóstico da presença do CHA. Esta entrevista se apresenta como um indicador

da atuação do candidato diante de situações não rotineiras do trabalho. O foco da

análise recai sobre o agir e sobre os resultados decorrentes da ação. Também se

justifica o seu uso como momento privilegiado do processo que possibilita a

interação pessoal, o olho no olho.

Esta realidade fundada na dimensão perceptiva presencial não se mostra tão

relevante para empresas que desenvolvem processos seletivos on line. A este

respeito, também se pode verificar a tendência, principalmente, para as grandes

empresas com atuação diversificada e ampliada. Neste caso, a justificativa recai

sobre o fato de os processos interativos presenciais mostrarem-se mais lentos e

122

também associados a maiores custos, aspectos que inviabilizam itens contratuais na

prestação de serviços.

Os testes psicológicos foram mencionados nas três entrevistas sendo o Quantum, o

mais destacado. Trata-se de um teste criado no Brasil, com o objetivo de identificar

perfis profissionais e pessoais, avaliando a tendência comportamental das pessoas,

suas aptidões, características, estilo de ação, forma de se comunicar e interagir. Seu

diferencial está na especificidade de estar contextualizados na realidade cultural e

social dos brasileiros, leva em consideração o povo, sua cultura, história, idioma e

época.

O recurso da dinâmica de grupo é utilizado para identificar no âmbito coletivo

peculiaridades individuais. Observou-se variabilidade no seu uso em relação a

objetivos, finalidades e constituição do processo. Uma entrevistada afirmou que o

aplica para pares de candidatos. Este comentário nos levou a entender que pode

estar ocorrendo variabilidade no conceito dinâmica que prioriza o processo interativo

grupal, pois de acordo com ela, busca-se mapear diferenças entre dois candidatos

colocados frente a frente. No caso, trata-se de candidatos finalistas e, a dinâmica é

utilizada para definir o desempate. Então, caracteriza-se, de fato, um momento de

competição e não propriamente de interação.

Outro aspecto observado é a variação do grau de autonomia de atuação dos

profissionais selecionadores frente à empresa-cliente. Há evidência de quase total

acato ao que é determinado pela empresa (o cliente é quem decide); há ocorrência

de interação (o cliente é co responsável e parceiro) e há também independência (a

empresa define e decide).

Quando abordadas sobre os procedimentos adotados pelas empresas em relação à

avaliação da eficácia da prestação de serviço junto às empresas-cliente no tocante

aos resultados obtidos, observam-se diferenças neste processo seguindo alguns

critérios: questionários para serem preenchidos pela empresa-cliente, após o

atendimento do serviço, acompanhamento in loco a avaliação através de conversas

com o contratante, trabalhos de melhoria continua através de treinamento dos

funcionários frente às empresas-clientes.

123

Outras empresas têm alguns indicadores para avaliação, utilizam-se de relatórios,

medição do número de candidatos elencados para vaga; quantos foram

entrevistados, quantos foram aprovados pelo cliente fazendo mapeamento da

prestação de serviço, pós contratação, permanência do profissional contratado pela

empresa cliente. O uso do sistema on line também foi mencionado como ferramenta

de avaliação em uma das empresas.

Ao final deste estudo pode-se constatar, no âmbito das organizações pesquisadas,

que os aspectos definidores das diferenças comportamentais, entre candidatos a

emprego, têm fortalecido e concorrido com os aspectos de natureza técnica e

vivencial (experiência). Tais aspectos tendem a ocupar o espaço das avaliações

psicológicas pautadas sobre os testes de medição dos aspectos da personalidade

do indivíduo. Pelo fato de não ter sido exaustivamente explorada, fica a dúvida

quanto à validade dos instrumentos utilizados para evidenciar a dimensão

comportamental. Apontamos algumas razões desta limitação: a natureza subjetiva

desta avaliação; o risco de se confrontar grandezas peculiares e constituidoras da

identidade de uma pessoa, o viés do selecionador e a reduzida atenção dispensada

ao ambiente de atuação do futuro profissional.

Quanto ao último aspecto é gritante a falta de atenção sobre ele, a ausência de

considerações sobre a dinâmica do desempenho, ou seja, sobre o horizonte da

atuação profissional. Este fato pode ser indicador do isolamento do processo

seletivo de elementos tão relevantes do comportamento organizacional como a

cultura e o clima organizacional; a liderança; relações de poder, resolução de

conflitos.

Desse modo, reconheceu-se a importância da continuidade do estudo na linha de

explorar melhor a questão da dimensão comportamental e como ela vem, de fato,

sendo constituída, tratada, atendida e avaliada. O quanto de fato ela é uma

tendência. Reconhece-se então, que aspectos tais como o contexto de trabalho e o

espaço ocupacional que acolherá o futuro profissional deveriam integrar o processo

seletivo pelas empresas de consultoria em recursos humanos.

Os resultados indicam que o assunto estudado tem um campo promissor para a sua

continuidade

124

Finalmente, com a intenção de reconhecer limitações, lacunas e desdobramentos do

estudo para aferir generalizações, bem como de apontar perspectivas para sua

continuidade além da questão comportamental, anteriormente destacada, indicam-

se algumas ações, tais como:

- aumentar a amostra do estudo;

-estender a coleta de dados para outras empresas de consultorias de outras

localidades;

- aprofundar conhecimento sobre as competências necessárias a esse processo.

125

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130

APÊNDICE A – Roteiro da Entrevista com os Diretores ou Gerentes

1. Há quanto tempo você tem vivência nos processos de recrutamento e seleção?

2. Neste período de tempo que você atua nestes processos quais são as mudanças que você observa em relação a : (1) postura das empresas-clientes; (2) perfil dos candidatos a vaga; (3) atuação dos profissionais que atuam nestes processos

3. Quais os setores principais de atuação da sua empresa?

4. O perfil dos candidatos, delineados pelas empresas-clientes, normalmente está estabelecido em cima de que tipo de requisitos?

5. Você tem total liberdade para realizar o processo seletivo ou está condicionado às exigências e condições da empresa-cliente?

6. Se tivesse que atuar livremente neste processo, como iria montá-lo?

7. Em relação as técnicas utilizadas no processo seletivo? (1) quais são as técnicas que esta empresa de consultoria utiliza? (2) quais critérios vocês levam em conta para escolher quais técnicas irão utilizar? (3) a empresa-cliente costuma interferir nesta escolha? (4) do conjunto de técnicas que vocês disponibilizam quais considera as mais eficazes? (5) como vocês medem a eficácia das técnicas que utilizam? (6) existem técnicas consideradas “ de moda”? (7) quando vocês aplicam testes? (8) quais tipos de testes aplicam e para quais cargos? (9) o que são técnicas alternativas de seleção?

8. Você está satisfeita com os métodos de seleção de pessoas que utiliza?

9. Esta empresa tem procedimentos formais para medir a eficácia dos serviços de seleção prestados as empresas-clientes?

131

APÊNDICE B – TRANSCRIÇÕES DAS ENTREVISTAS

Entrevista 1 Empresa 1 - Esta empresa atua há 8 anos, empresa de capital nacional.

Desenvolve trabalho de assessoria em processos de recrutamento e seleção de

cargos executivos a operacionais.

Entrevistada 1 – Trabalha na atividade de recrutamento e seleção de candidatos a

emprego há cerca de 10 anos. Atualmente ocupa cargo de gerência na empresa X

(não foi autorizada a publicação do nome da empresa).

Questões investigadas Quanto tempo você teve vivência no processo de recrutamento e seleção?

Há mais ou menos dez anos.

Nesse período de tempo que você atua nesse processo, quais são as mudanças que você conserva em relação à postura das empresas clientes?

Olha, o que eu vejo hoje é que a mudança da seleção nesses dez anos que eu

trabalho, não é tanto das empresas, e sim dos candidatos. A gente sente uma série

de dificuldades no programa, por exemplo, antigamente o candidato vinha,

conversava, esperava. Hoje o candidato quer escolher o horário, quer escolher o dia,

se você demora um pouco para atender faz um monte de caras feias. Então, eu vejo

muitas mudanças mesmo no candidato, eu vejo assim, existe a vaga, tem trabalho,

mas as pessoas começaram a escolher o trabalho, é a dificuldade que hoje eu sinto

e minhas colegas também sentem.

Atualmente, quais são os profissionais que atuam nesse processo de seleção dessa empresa?

Somente eu, só eu faço o processo de seleção.

132

Quais os setores principais de atuação da sua empresa?

Bom, o diferencial da X é que ela é bem diversificada, hoje nós atuamos em três

ramos: em obra civil, em especialização de limpeza, todo o trabalho de limpeza é

feito aqui mesmo, como o de seleção e o processo de treinamento.

Então, na verdade o que diferencia a X são os três ramos no qual atuamos.

Existiu..... é um ramo está com problema, que nem houve essa crise de

novembro/2008 até junho/2009, então o que nos ajudou foi a parte de obra civil que

não teve problema, pois toda a parte de seleção e toda parte de RH ficou paralizada.

O perfil do candidato delineado pelas empresas clientes, normalmente estão estabelecidos em cima de que tipo de requisito?

Geralmente, hoje a empresa, ela não vê muito o tempo de experiência do cliente, o

que elas buscam e os clientes buscam é o que a gente costuma chamar de chá:

competência, habilidade e atitude. Hoje a gente contrata a pessoa sem a parte

técnica? É importante? Sim, é importante. Mas o que a gente realmente quer ver é a

amizade, à atitude da pessoa, que ela se comprometa com a empresa, por exemplo,

deu o horário, aconteceu algum problema, então vamos resolver. Portanto, é isso

que a gente espera e o cliente também, ou seja, a parte da competência do

candidato.

Você tem total liberdade para realizar o processo seletivo ou esta condicionado a exigências e condições da empresa cliente?

Não, a gente segue o que o cliente manda, na verdade porque é o cliente que faz o

nosso pagamento, que diz eu quero isso, isso hoje. E a gente como tem experiência,

de repente pode falar: “mas dessa forma?”. “Olha, eu acho que é melhor assim”. A

gente coloca todo o parecer preciso para ele, mas se mesmo assim ele falar, “não

eu quero dessa forma”. A gente vai atender de acordo como o cliente quer.

133

Se estivesse que atuar livremente nesse processo, como iria montá-lo?

Da melhor forma possível, primeiro, a seleção, também por indicações. Eu vejo a

parte, o que eu tenho, currículo – impresso que entregam na X, pelo computador, a

gente faz desde a parte de finanças, faz até a parte psicológica. A parte de

finanças, fazemos para sustentar e juntar um material da melhor forma possível.

Tentamos utilizar de várias ferramentas, e mesmo assim, dentro dos testes, dentro

das entrevistas, a gente às vezes não tem total, ou seja, cem por cento. Porque o

ser humano é muito complicado, de repente aqui, ele sabe fazer tudo, ele gosta do

trabalho e vai bem ao teste, mas a gente só vai conhecer o candidato no dia a dia do

trabalho. A gente quando tem essa liberdade de fazer a seleção, tentamos de todas

as formas errar o menos possível.

Em relação às técnicas utilizadas no processo seletivo. Quais são as técnicas que essa empresa de consultoria utiliza?

Depende do cliente, existe o processo que eu só faço a ligação, mostro o material

para a empresa, falo o valor do salário. Tem vagas que quer a aprovação do

processo seletivo. Faz a entrevista de acordo com o parecer da empresa cliente e

não de acordo com os que você achou melhor. Em outros aspectos, pede para

fazer a parte de teste psicológico, de repente se é uma vaga de vendas, a gente

monta um grupo, e vê quem se sai melhor na dinâmica. Então, existe para cada

cliente ou para cada vaga uma especificação, não tem um padrão, depende do

cliente, depende da vaga.

Quais critérios vocês levam em conta para escolher quais técnicas melhor utilizar?

Volto a dizer que depende da vaga, porque às vezes o cliente examina, pede eu

quero este teste para esta vaga, não só quero fazer entrevista, a gente vai de acordo

com o que o cliente pede. A gente oferece sugestões, como por exemplo, para essa

vaga é necessário, é melhor fazer a seleção com esse tipo de teste. Assim, a gente

dá as sugestões, mas a gente acolhe aquilo que ele determinar.

134

A empresa cliente costuma interferir nessa escolha do teste?

Sim.

No conjunto de técnicas que vocês disponibilizam, quais consideram as mais eficazes?

Olha, eu particularmente gosto muito do quantum, que dá para demonstrar assim

campos referentes com problemas de dependência química. Então, existe uma serie

de fatos, o teste em si é uma ferramenta, mas a gente não consegue analisar cem

por cento, mas minha preferência é essa. Eu Graças a Deus estou dez anos nesse

mercado, eu acho que o meu envolvimento na seleção é o meu trabalho, porque eu

consigo ver efeito. Eu acho que no meu trabalho através da seleção, se tiverem cem

ou mil pessoas, às vezes eu consigo na entrevista verificar o que é bom para aquela

vaga, o que não é, como que é a personalidade da pessoa, então eu consigo

verificar isso. Eu acho assim, que cada profissional que escolhe uma profissão tem

que saber escolher o que realmente gosta para poder desempenhar, pois se não

consegue utilizar bem as ferramentas, você não de repente ter bom resultado. Então

é um conjunto como a ferramenta, mais....., mais o profissionalismo para poder

escolher o candidato. Eu há dez anos, que estou na seleção nunca tive problemas

graves, é lógico erros são dos seres humanos, mas assim os meus erros são muito

difíceis na parte da seleção, porque quando eu faço um processo de seleção para

empresa, sempre os candidatos que eu coloco na empresa permanecem, é bem

atendido, existe um ou outro que não, mas é bem difícil.

Como vocês medem a eficácia das técnicas que utilizam?

A gente sempre está se adequando, se atualizando, sempre estamos fazendo

cursos. E eu sempre estou estudando. A gente busca com os colegas, como eu

conheço bastante gente de RH, médicos, técnicos, então a gente troca experiências,

como por exemplo, qual o teste de trabalho que é mais eficiente, para gente ver

135

realmente qual tem qualidade, para não cair em desuso. Então, a gente faz dessa

forma, os cursos através de RH com os colegas.

Existem técnicas consideradas de moda?

Geralmente...É antigamente usavam um teste que tinha uns pontinhos, uns

quadradinhos, que você tinha que completar. Só que agora eu não lembro o nome.

Este teste saiu do mercado. Existe sim, como tudo na vida que vai se atualizando,

assim você tem que estar preparado para o mercado, portanto, acho que não é tanto

questão de moda é de que os conceitos vão mudando. Como uns três quatro anos

atrás não tinham tanta dinâmica, tanto teste como nós temos agora.

Quando vocês aplicam testes?

É, quando o cliente pede. Mas se o cliente só pede e, de repente está em dúvida se

é só a entrevista, então a gente aplica o teste. Porque às vezes só na entrevista não

conseguimos analisar o que a vaga está exigindo, então a gente aplica o teste.

Quais tipos de teste aplicam e para quais cargos?

Geralmente para executivos, vagas administrativas, de finanças. Quando a área é

de finanças a gente aplica um teste nessa área. Então a gente aplica um teste

especifico de cada área.

O que são técnicas alternativas de seleção para você?

É a dinâmica, não é apenas etapas, por exemplo, tenho uma vaga de vendedor,

então fazemos um grupo, e esse grupo vai ter que elaborar um projeto e vender para

mim. Por exemplo a parte de dinâmica, de vez em quando avaliação, como por

exemplo, qual o seu nome? Qual sua idade? Para que as pessoas possam interagir

com os colegas, então a gente vai diversificando de acordo com que a vaga vai

pedir.

136

Você faz distinção entre posições gerenciais, chefias e supervisão com relação

ao uso dos métodos de seleção de pessoas?

Para a vaga de gerência, de vez em quando o quantum, é um dos mais utilizados

porque o quantum vai na personalidade da pessoa, como por exemplo,se realmente

a vaga de vendedor, ou seja, se a pessoa está apta aquela vaga de vendas, claro

que não cem por cento, mas vai mostrar mais ou menos o estado da pessoa, como

ela é, se ela é mais pró ativa, se ela é falante, para ter uma ideia de quais

ferramentas utilizar de entrevista e outras ferramentas você consegue chegar a uma

conclusão.

Você usa a entrevista de seleção por competências?

Sim, mas hoje eu tenho mais meios, como de entrevistar a pessoa, então as

perguntas que eu faço que analisa a competência, ou seja, se a pessoa passa por

um problema na empresa, como é que ela vai desenvolver isso, então assim,

formula algumas questões das entrevistas baseadas na competência. Hoje em dia

isso é o principal e, não ficar só questionando a parte familiar, mas sim colocando o

problema dentro da empresa para o candidato resolver, isto é, como ele age diante

de uma situação de vivência dentro da empresa, com os colegas, isso faz parte da

competência.

Essa empresa tem procedimentos formais para medir a eficácia dos serviços de seleção prestados para as empresas clientes?

A gente faz um questionamento, manda o questionamento para responder, vê como

está agindo, de que forma, quais os focos de seleção, que a gente, tem a parte de

especialização, e uma vez por semana o supervisor vai conversa com a pessoa que

nos contratou, para ver como esta o serviço da X, se está bom se não está. E a

gente também faz isso com os nossos colaboradores. Tanto que uma vez por ano,

em fevereiro ou agosto, a gente oferece treinamento aqui para os nossos

colaboradores, como de comportamento, de motivação, de como atender um cliente.

Então, a gente fica preocupada com o cliente, que é ele que paga o nosso salário,

mas também com o colaborador, porque nós da X acreditamos que o colaborador é

137

que vai levar o nome da X . Não adianta agente de repente, a gente trabalha com

técnicas, capta o cliente, mas depois não dá atenção ao nosso colaborador. Então

essa é uma das alternativas que a gente tem que pensar porque se não atende às

exigências dos clientes. A gente está muito atento a isso, o que está se passando,

se está gostando, se quer que mude o método da X . Eu acho que a gente tem essa

competência, essa parceria mesmo.

Entrevista 2 Empresa 2 - Empresa atua há 13 anos, capital nacional. É uma prestadora de

serviços, criada por profissionais da área de Recursos Humanos, oferece duas

linhas de serviço seleção e recrutamento.

Entrevistada 2 – Formação em Nutrição. No início da carreira, 1996, trabalhava na

rede de hotéis Fórmula 1, como nutricionista. Tinha equipe de colaboradores sob o

seu comando e desenvolvia atividades de treinamento e desenvolvimento. Abriu

consultoria organizacional em Recursos Humanos inicialmente para treinamento e

desenvolvimento de chefias, mais tarde incluiu os processos de recrutamento e

seleção para ampliação dos serviços da consultoria.

Quanto tempo você teve vivência no processo de recrutamento e seleção?

Na verdade, nos primeiros anos de carreira eu estava do outro lado da mesa, eu

trabalhava na Formula 1 e cuidava muito mais do processo de treinamento e

desenvolvimento, do que no processo de recrutamento e seleção. Mas eu

desenvolvia um processo mais estratégico, do que processo de recrutamento e

seleção, isso foi até 96, quando eu decidi abrir um negócio na parte de seleção e

recrutamento, já estava instalada no mercado, já tinha uma consultoria voltada a

treinamento, na verdade é o nosso carro chefe, a gente começa nossa etapa que é

de recursos humanos, o treinamento e desenvolvimento. Só que... a oferecer é que

a gente ampliasse nossos produtos. Então, especificamente em recrutamento e

138

processo de seleção, que é ligar, saber se quer trabalhar, se quer prestar um serviço

é treze anos com a consultoria.

Nesse período de tempo que você atua nesse processo, quais são as

mudanças que você observa em relação à postura das empresas clientes?

Tem muita coisa para contar. É ...... Nesses anos todo. Cada vez mais eu não tenho

dúvidas, a questão comportamental vem prevalecendo, então o que vem norteando

o processo, ou seja, que norteia a escolha é a atitude, o comportamento, o valor.

Isso vem acontecendo já há muito tempo, e eu acho que também é bom. Prevalece

o preparo técnico, tem que ser qualificado, tem que ter fibra, tem que ser competitivo

para ter uma dinamicabilidade garantida. Tem que ter tudo isso, tem que ter uma

boa formação, uma experiência e tem que ter competência técnica. Mas isso não

basta, porque seguramente o que define a escolha dele é o comportamento, isso

focaliza e vem se intensificando. Ainda com a atitude, como o processo......... É tudo

muito rápido, a dinâmica das empresas é muito rápida, assim todo mundo quer

achar um profissional que tenha velocidade, que o tempo de respostas dele seja

curta, que tenha habilidade para a atividade. É...que tenha um bom relacionamento,

isso é nítido em todo lugar do mundo todo mundo está gostando. O SENAC está

voltado para isso. Das diferenças, o SENAC valoriza as pessoas que dão melhores

respostas, quem tiver um melhor resultado na vivência, então isso vem se

intensificando. Tem uma questão que vem mudando, que é a da idade, existiu lá no

passado. É, na verdade não existe um processo de exclusão, mas os profissionais

de quarenta anos eram preferidos....... Hoje, tem profissional de quarenta anos de

idade, que a gente tem que repensar nessa história. Tem casos até que prefiro um

profissional de quarenta anos ou mais, mas tudo é diferente de dez, quinze e vinte

anos atrás. Essa tendência eu acho que se intensifica cada vez mais, é instantâneo.

Existe um passo melhor, um olhar para esse público, existe uma consideração por

essa bagagem que ele trás. Nessa bagagem de vida, na questão de uma pessoa

que tem maior maturidade, consegue administrar conceitos com mais serenidade,

então, eu acho que isso é um sinal super positivo para inserir uma pessoa no

movimento do mercado de trabalho. É, tem recentemente profissões que hoje não

tinham tanto abertura, tanto espaço, tanta oportunidade. A gente viu, então, uma

139

diferença do que se busca no mercado, assim existem algumas formações que hoje

começam a ter um fardo maior, isso também deve se intensificar em algumas áreas.

Eu posso falar assim da mudança, porque o tempo no mercado vem se originando e

vai continuar mudando, se agente conversar daqui a dois ou três anos, seguramente

eu vou apontar outras diferenças também.

Como você observa o perfil dos candidatos á vaga?

É .... existe uma discussão interna aqui com os nossos clientes, para que os

mesmos se informem, que é um processo seriíssimo e muito eficiente. Existe

também uma manifestação, um centro de preparo de urgência. A gente consegue

desenvolver uma atividade, administrar competências técnicas e oportunidades que

a gente acha que é a melhor colocação e, falar na outra empresa. O obvio do

mercado dinâmico, é interessante que o profissional vivencie contextos diferentes,

mas também é importante que ele faça uso da oportunidade do mercado, tem que

ter diploma, qualificação. E existe uma ausência na resposta que é um pouco

preocupante. Então, as conquistas têm que ser muito rápidas, a gente nota que os

candidatos chegam aqui e querem saber de quanto tempo é o trabalho, não

necessariamente dessa forma. Mas ele vem na construção de uma trajetória, que no

passado era diferente, este certo, que hoje a gente qualifica nitidamente como duas

gerações, a chamada geração 1. Onde tinha uma outra relação, um outro grupo,

eles construíam uma carreira e hoje é diretamente uma geração que o mercado

oferece uma relação no mercado mais contratual. Então é algo que agente tem que

entender um pouco melhor, de um a maneira geral a gente percebe que isso é novo

para todo mundo e pretendemos entender melhor essa geração para termos uma

relação mais produtiva e saudável, a gente esta no meio do caminho querendo

entender como funciona isso.

Quais os setores principais de atuação da sua empresa?

A gente procura fazer todos e quaisquer tipos de processo seletivo, trabalho com

empresas de pequeno, médio e grande porte. Trabalho com setores diferentes, com

140

indústrias, no comércio, com prestação de serviços. É........eu diria que não é o oficio

da nossa empresa definir o cliente,ou seja, é o cliente extremamente misterioso.

Então, é um cliente muito seletivo, é um processo muito trabalhado, não são

processos fáceis. Isso eu posso me referir tanto ao processo de operador, não é

porque é um operador de máquinas, que é um vai ser um processo super simples, é

extremamente difícil. Como de um processo proveniente de um diretor.

Normalmente, são as empresas que se identificam conosco, são as empresas de

fato um nível de seriedade muito alto, então os processos são mais trabalhosos, que

exigem certa atenção.

O perfil do candidato delineado pelas empresas clientes, normalmente estão estabelecidos em cima de que tipo de requisito?

Olha.......aí a gente tem que entender um pouco o cliente, não existe uma

delineação. Esse é um exercício constante dos clientes. Pois em alguns clientes a

gente percebe que está estabelecido um determinado processo maduro, então a

gente não tem que interferir nesse processo. As vezes o cliente também não está

preparado para ver qual o melhor perfil, então, a gente também buscando uma

oportunidade, pois as vezes não tem a capacidade de receber esse profissional, as

vezes não existe um encaixe ideal para esse perfil, então depende do cliente. Tem

exercício, de uma maneira generalizada, definir esses requisitos, então, isso eu

posso generalizar. A empresa ela passa a selecionar bem, é importante, se na

verdade existe uma pessoa certa, se ela não vai dar trabalho lá na frente, isso que é

generalizar. É importante delinear bem esse perfil, saber o que a gente precisa, qual

a variedade dele. Nem todo mundo tem um perfil delineado, então, alguns clientes

tem processo em RH mais maduro tem o perfil estabelecido. Normalmente por

competência, aí a gente fala de competências técnicas, competências pessoais que

ele trás. Alguns definem uma coisa muito formalmente, assim nosso papel é de

intervir ajudando a esquematizar isso, tanto processo técnico quanto o processo

pessoal. Também o perfil baseado num valor mesmo, nos princípios, que é uma

relação que segue uma tendência. Enfim, de maneira geral é estabelecer o perfil

baseado na competência.

141

Você tem total liberdade para realizar o processo seletivo ou está condicionada a exigências e condições da empresa cliente?

Eu acho que essa relação é muito estreita, nós nos posicionamos de uma maneira

é..... participativa. O cliente ele compartilha conosco como fazer. Eu posso até me

deparar, ao de encontro, com um processo seletivo que já tenha um formato bem

desenhado, mas existem regras, existe muito espaço para pensar juntos, como por

exemplo, e se a gente fizer dessa forma, talvez a gente ganhe tempo, ganhe nos

resultados, ganhe na escala do processo. Então, se existe regras a gente consegue

participar bastante do desenho desse processo. Não são regras, ou seja, um

formato único, a gente pode trabalhar com ferramentas de avaliação sim, posso

trabalhar é...... as vezes eu uso um selecionador diferente de acordo com o perfil do

cliente. O fluxo do processo, as etapas do processo, a gente pode ajustar, em

função de como avaliar esse processo, eu não tenho, mas o que eu queria

seguramente, a gente faz uma participação de crítica sobre o processo, muito

grande dos nossos clientes. A gente desenha junto, é até porque tem alguns clientes

que fazem isso de uma forma muito bem. O processo na verdade, foi desenvolvido

junto, então existe uma coisa que envolve uma serie de fatos, que é o nosso papel.

Assim, eu acredito que o nosso papel não é só apresentar candidato, mas também é

de discutir o processo com o cliente, o que funciona, o que não funciona, qual a

formação mais adequada àquela vaga.

Se estivesse que atuar livremente nesse processo como iria montá-lo?

Eu tenho muita liberdade, dificilmente eu tenho algum cliente que emite, que diz olha

tem que atuar assim, até o ponto que eu deva achar que não tenho essa liberdade,

mas é obvio que é difícil. Eu vou discutir com ele se algo é importante, na condição

de prestação de serviço eu vou me habituar, vou me ajustar desde que não tire a

qualidade do processo. É ........ eu tenho muita liberdade, eu me sinto muito a

vontade com os meus clientes para discutir o processo, não me sinto incomodada

em nenhum processo que eu faço. Pois dou minha opinião, como por exemplo, “olha

isso não funciona de certa maneira”. Nenhum fato real de discussão de como fazer,

142

quais os questionamentos utilizar, onde julgar, onde captar. Eu me sinto muito

confortável nesse sentido.

Em relação às técnicas utilizadas no processo seletivo. Quais são as técnicas

que essa empresa de consultoria utiliza?

Existe especificamente uma primeira parte que é o processo de recrutamento e

seleção. O serviço de recrutamento não tem segredo para mim, acho que todo

mundo tem acesso a diferentes fontes, a internet veio para todo mundo. Então, a

capacitação hoje é muito mais simples, principalmente por causa da internet. A

gente tem acesso a muitos recursos. Diferentes acessos à seleção, é a seleção

diferencial, essa é a qualidade diferencial da seleção. E daí eu não tenho uma

receita de bolo. O que não tem negociação: nada substitui uma boa entrevista, olho

no olho, uma boa entrevista estruturada, conduzida em cima de um perfil que você já

conhece. Aqui a gente procura a trabalhar é....... não é conhecer só a empresa, só

conhecer os funcionários dessa empresa, ou seja, é conhecer toda essa empresa no

processo de seleção, em todos os ângulos dela, como que é, qual o estilo dele,

como é essa equipe, quais os funcionários dessa equipe. Hoje em dia a gente vem

trabalhando assim, estamos também trabalhando com todo o banco de estagiários

da Guerdal, de renovação antes de começar, nós temos uma relação com todos os

gestores, quer dizer pelos menos dois dias a gente tem com a Guerdal, recaptar o

perfil com o gestor, entendendo o que tinha dado certo em processos anteriores, o

que não tinha dado certo nos processos com os estagiários anteriormente, o que ele

gostaria de encontrar, qual é o meio que esse estagiário vai preferir, como são as

relações, ele vai explorar o que. É nada, nada muda essa parte, quer dizer eu acho

que é desse jeito, que o processo de seleção está na competência de como você

conduz as suas entrevistas. É obvio que para encerrar uma entrevista, no sentido

que eu quero te dizer é.... que o perfil desse candidato é bom, e você não tem um

resultado, porque mesmo constituindo de todos os artifícios e recursos, eu falo que

eu gostaria de exigir mais, de ter uma certeza que eu não tenho, eu acho que eu não

peguei alguma parte ou alguma coisa. Porque normalmente a pessoa que está

fazendo a entrevista é pouco espontânea, ela adota uma postura não artificial, mas

cuidadosa, ou seja, a dificuldade de chamar nossa atenção. Nesse caso a gente vai

143

para novas etapas, de fato a gente usa outros recursos, então aí eu tenho muitas

possibilidades, nos trabalhamos muito com a dinâmica em dupla que é um recurso

fantástico que vem conduzindo, tem um bom resultado, tem uma estruturação com

jogos. Trabalhar com dinâmicas diversificadas, eu acho que faz toda essência do

mundo, conduzindo para as áreas técnicas. Então, para a área comercial é

fantástica, dependendo do perfil da vaga a gente opta ou não por trabalhar com a

dinâmica. E tem uma bateria de técnicas, existe uma obrigatoriedade, não. Não me

sinto na obrigação de trabalhar com teste, a gente vai recorrer a uma outra

ferramenta de avaliação quando existe uma dúvida, então usaríamos um teste

diferente mais para uma confirmação, ou seja, vai confirmar alguma coisa, isto é,

esclarecer um ponto que ficou mais nebuloso. Enfim, têm-se inúmeros testes e

ferramentas de avaliação que se pode utilizar, não precisa necessariamente aplicar

um teste em um processo de seleção, às vezes uma entrevista bem conduzida nos

dá muita segurança para avaliar e dar a vaga para o candidato.

No conjunto de técnicas que vocês disponibilizam, quais consideram as mais eficazes?

Na verdade eu não generalizo a dinâmica, por exemplo, eu acho uma excelente

ferramenta, gosto muito da dinâmica. Dos testes, têm-se algumas possibilidades, a

gente classifica os testes em algumas categorias. Dependendo da vaga a gente

seleciona alguns testes, então, têm-se recursos que mexe com a inteligência, com a

criatividade, que mede muito mais a questão comportamental. Ou seja, dependendo

do que eu quero observar eu vou escolher e buscar essa ferramenta. É .... hoje

existem bons testes, boas ferramentas que a gente trabalha como inventários, que

são classificados como inventários, mas a gente fala que é um processo de cuidado,

que são as ferramentas informatizadas, então ela pode ajudar a trabalhar, a definir

perfil ou não. Então, volto a dizer a gente tem excelentes ferramentas, a gente

poderia relacionar, por exemplo, de para que vaga ela é indicada. Porque às vezes

ela é indicada para uma vaga operacional, mas às vezes ele não é indicado para

uma vaga administrativa, ou não é indicada para uma vaga de gestão. Então,

depende do que você for utilizar de ferramenta.

144

Existem técnicas consideradas de moda?

Muitas. Pode até não ser uma questão de moda, mas é que existem alguns tipos de

testes, que há pouco tempo, passam dos mesmos pressupostos, que são esses que

já não tem certa capacidade. Que são esses testes que eu falei que justamente as

ferramentas da análise, que a gente tem um certo cuidado. Têm alguns que

funcionam? Tem, mas tem que saber como aplicar, saber se eles ficaram em

evidência no nosso trabalho. Quando é um teste que é uma ferramenta eletrônica, a

gente acessa, o candidato acessa, tem se uma senha, responde um formulário, na

verdade é um inventário que a gente chama, e se simplesmente consegue acertar,

abre um parecer. Se a gente for falar de indicador de acerto, de grupos de acerto, de

criatividade, são números razoáveis. Quanto ao PPA, você tem aí uma série de

técnicas que funcionam basicamente da mesma forma, é como se estivesse o

mesmo sentido, ou seja, estão calcados no mesmo sentido. A estruturação dessa

espécie foi muito parecida, volto a dizer estão super famosas, pela facilidade de

aplicação, alguns estão no mercado já há um bom tempo. Mas a gente tem que

tomar um certo cuidado, quer dizer se você for se basear na escolha só em um

processo, tem se uma maior chance de errar. Acho que moda hoje são os processos

online.

Você esta satisfeita com as estratégias e métodos de seleção de pessoas que utiliza? Por quê?

Acho que é um exercício, porque todo dia a gente busca trabalhar da melhor

maneira possível nesses processos. Pois, hoje a gente trabalha com alguns clientes

que nos dão essa resposta, que nos apontam, se são bastante expressivas, e nos

acalmam. Se eu acerto, também gosto bastante, quando percebo que a gente está

no caminho, que efetivamente vai gerar um maior resultado. Algumas empresas

acabam mantendo expressões no mercado, por ser multinacionais da área de, por

exemplo, da nutrição. Então, é uma segurança que a gente está no caminho certo.

Eu quero dizer que estar caminho é ficar um bom tempo, não tem um novo olhar,

acho que o que faz diferença não é a ferramenta é a percepção, das formas de usar

a ferramenta, de todas, a melhor é a percepção, repito tem que ter uma boa

percepção. Então, isso eu quero trabalhar na minha equipe, quanto mais você fizer,

145

quanto mais você souber olhar para o candidato em equipe e conseguir entender

como ele funciona, o que ele busca e o quanto ele está ajustado ou não a aquela

vaga, que você está trabalhando. A gente costuma dizer que ele só fica bom quando

a gente olha com o olhar do cliente. Não é o que achamos ou a prova o que prova o

que ela quer para equipe dela ou não é, preciso ter todos esses números e é dessa

figura que aprova ou não aprova. Isso a gente faz muito bem, nesse setor a gente

atua muito bem. Da velocidade de resposta ela é um fator muito importante, e para

isso a gente tem que ter uma equipe bem ajustada, para eu conseguir dar uma

resposta para esse cliente. As vezes não consegue fazer isso muito bem, então,

quanto mais se faz esse processo mais se tem um banco de dados trabalhado e

avaliado que acelera o processo. Então, você sabe que um bom processo conduzido

em uma determinada área que eu começo amanhã, eu tenho um banco super

trabalhado, eu já sei o que dá certo e o que não dá, quanto mais eu trabalhar,

quanto processos eu fizer, melhor eu fico nisso. Então, se abre uma vaga, eu sei

que daqui uns dois, três dias eu tenho que apresentar uma alternativas para esse

cliente, assim preciso estar preparada para atender o cliente dentro dessas

necessidades.

Essa empresa tem procedimentos formais para medir a eficácia dos serviços de seleção prestados para as empresas clientes?

Tem uma ferramenta de relatório via processo, que trabalha como indicador de

eficácia. Então, eu meço através de inúmeros candidatos abordados para aquela

vaga, desses candidatos abordados quantos que eu consegui fazer a entrevista, e

vai me dar um perfil do alvo de sucesso dentro da abordagem. Dos candidatos que

vieram para a entrevista, quantos eu aprovei, isso me dá um outro indicador. E os

candidatos que eu aprovei e apresentei para o cliente, quantos ele aprovou e dos

aprovados quantos foram contratados efetivamente. Então, nós temos um indicador

de eficácia que passa pelas máximas decisões. Assim, para cada vaga aberta tenho

que mapear quantos candidatos eu vou ter que abordar, quantos efetivamente

aceitaram os candidatos nos processos, quantos nós aprovamos e quantos o cliente

aprovou e contratou. É esse número, ou seja, esse último indicador que faz a

diferença, porque os candidatos apresentados terão que fechar uma vaga, quanto

146

maior o número de candidatos aprovados melhor é a seleção e a prestação de

serviços. Então, hoje a gente faz dessa forma e, com avaliações que acontecem pós

contratações. Numa primeira avaliação a gente tem uma percepção que

normalmente acontece em trinta a quarenta dias, que ela mostra se esta cobrindo

hoje no mercado, a sensação que é efetivar, se ia dar certo. Assim, que a gente

fecha a vaga, entendemos qual foi às condições desse processo, que também nos

da o reforço, esses indicadores de eficácia mostram se o processo é ...... se o

processo participam do ideal. Teve um cliente meu, nós temos um processo em que

não temos dúvidas do perfil trabalhado com a vaga, é uma vaga gerencial que nós

abordamos um adjacente dos candidatos. Eu fechei até agora duas vagas, que é um

número muito, muito alto, porque o mercado não tem tanto processo seletivo, então

eu tenho que ajustar alguma coisa nesse processo, eu juntamente com o cliente,

porque estamos falando de uma coisa que não tem no mercado. Assim, temos que

ajustar alguns detalhes, como o nível de cunho salarial. Isso então é um indicador

para a gente, portanto, o indicador de eficácia tem que mostrar isso num processo

seletivo.

Você faz distinção entre posições gerenciais, chefia e supervisão com relação ao uso dos métodos de seleção de pessoas?

Não, não necessariamente nesse sentido, não tem como. Eu não vou trabalhar com

a mesma ferramenta de avaliação ou o mesmo teste para medir coisas que são

diferentes. O que eu vou observar num gestor, é muitas vezes são aspectos

relacionados à gestão. Às vezes num operador eu vou medir a proximidade dele, a

regularidade dele na produção, na execução de alguma tarefa, a velocidade com ele

faz uma tarefa repetitiva. Um determinado teste vale para isso. Num tem coerência.

Então, algumas ferramentas se aplicam para todo mundo, como uma boa entrevista

que pode se aplicar para todo mundo, para todo caso (cargo). A partir daí a existe

uma adequação das demais ferramentas em função da vaga.

Entrevista 3

147

Empresa 3 – Atua há 15 anos no mercado nacional e internacional, está presente

em 9 estados brasileiros e presta serviços de recrutamento e seleção, administração

de mão de obra temporária, estágios, terceirizações, e-recruitment e avaliações

psicológicas.

Entrevistada 3– Psicóloga, especialização em RH, experiência de 11 anos, atuou

em outras empresas de recrutamento e seleção de menor porte. Cargo gerência.

Quanto tempo você tem vivência no processo de recrutamento e seleção?

Há 11 anos.

O nosso trabalho na empresa

Envolve o recrutamento e seleção, na qual, por exemplo, o cliente quer terceirizar

uma área que não é um negócio dele. Como por exemplo, a folha de pagamento, a

gente tem todo um softer online, daí a gente faz tudo isso terceirizado. Ou quer

terceirizar uma recepção, então a gente terceiriza, assim fazemos todo o processo

de recrutamento e seleção e administração dessas mãos de obra.

Agora, higienização, limpeza e jardinagem, a gente não terceiriza porque nós

acreditamos que a empresa tem que ser especialista nesse negócio. Assim,

entendemos por especialista, que a empresa tem que ter equipamentos para isso,

tem que ter profissionais habilitados para trabalhar nesse ramo. É .... que conheça

de jardinagem, diferente de uma recepção aonde você vai treina e desenvolve. Pois,

na jardinagem, ou seja, para ter um bom jardineiro, ressaltando que os cursos de

jardineiro são raros. Então, ou você pega um jardineiro pronto, que você tenha todo

o equipamento, que seja cortador de grama, etc. Também tem que ter todo um

quadro de jardineiro, pois se um falta, a gente tem como substituir. Se tiver que

mudar uma paisagem, você tem que saber que planta é melhor, assim a gente tem

que ter esse conhecimento em paisagismo. Então, existem empresas especializadas

148

para isso, como na higienização e limpeza que tem que ter material especial

industrializado, então assim, a gente se especializa nisso.

Portanto, como nossa especialidade é recrutamento e seleção e acreditamos se eu

sou responsável pelo recrutamento e seleção de uma recepcionista eu posso

administrar ela, como uma profissional. Agora, se fosse necessitar de equipamentos

especializados, aí já não, pois o meu foco é recrutamento e seleção.

A nossa empresa é nacional, nós estamos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina,

Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Ceará,

Maranhão e as filiais como em São Luis, Recife, Cuiabá, nos estado de São Paulo

são várias, é...... Sorocaba, Rio Claro e Campinas.

E por que a opção de Sorocaba?

O que aconteceu, é que a demanda de Sorocaba estava sendo atendida por São

Paulo ou por Campinas. Não só de Sorocaba, mas a demanda de Itu, de Salto, daí o

que acontece é que em alguns casos por a gente ter um banco nacional, digo que

alguns acham que são empresas multinacionais, queriam um tipo de profissional

específico, que aqui na região não se encontra. Assim entende – se por profissionais

específicos, desde um gerente de contratos, um gerente de RH, desde um alto

executivo, alguns engenheiros técnicos em aeronáutica, devido às empresas daqui.

Assim, a RH Brasil começou a atender, foi uma das primeiras empresas que

começou a atender essa demanda de profissionais específicos. Daí veio outras

empresas multinacionais, porque não se encontrava em Sorocaba, e as outras

demais consultorias e assim, a RH Brasil, a gente não se considera somente uma

agência de emprego e sim uma consultoria, então a gente começa a ver que as

outras também estão com um foco de consultoria. E as demais consultorias não

conseguiram esse tipo de profissional.

E para você fazer um anúncio em São Paulo ou em outro estado, é um custo alto,

então nosso banco de dados é nacional e a gente começou a atender isso e, assim

a demanda foi crescendo, tanto a empresa de Itu, como as empresas daqui da

149

região de Sorocaba, a de São Roque. E foi a partir daí que resolvemos abocanhar o

mercado de Sorocaba e foi assim que veio a resolução.

Ressaltando, que nos abrimos à empresa em um momento ruim, porque logo que a

gente inaugurou, dois meses depois começou a crise, que afinal, nós não

esperávamos. Mas, por nós sermos uma empresa nacional e com um capital

estável, a RH Brasil é aquela que, vamos dizer assim, se hoje o dono quiser fechar

as vinte e quatro unidades, ele fecha e não fica devendo nada para o governo. Hoje,

se você me pedir todas as certidões negativas, a gente tem todas elas. Que é uma

questão diferencial, sabe, é por esse diferencial, que hoje a gente esta ganhando o

mercado, porque as empresas pedem as certidões negativas, as consultorias, e a

maioria das empresas falam que não tem e nós temos. Mas é o tipo de

administração que a RH Brasil tem além do nosso sistema de recrutamento e

seleção que, por exemplo, o cliente não precisa me ligar, porque a gente tem um

sistema que a gente libera a senha para o cliente.

Assim,o mesmo entra no site, ou seja, no nosso sistema e abre a vaga, vê o perfil e

se a pessoa “salva” aparece uma mensagem no meu computador: vaga “tal”. E é a

partir daí que eu entro em contato com esse cliente, verifico se esta correto o perfil,

e é aonde a gente começa a buscar. E não só isso, pois a gente tem um chat que é

interno, nosso, que a gente libera, também uma senha para o cliente, então, em vez

dele ligar, pode-se me mandar um currículo, assim, não tanto o custo com o telefone

e sim a agilidade, o tempo. Portanto, conseguimos trabalhar de forma interativa com

o cliente, trocando informações todo tempo, assim nosso sistema é administrador

online, onde você abriu a vaga, automaticamente. Assim, você abre a internet, é

divulgado nacionalmente para que os clientes fiquem informados, ou seja, ele vai

saber quantas pessoas eu entrevistei, quantas eu avaliei, ele vai ter acesso ao nome

dessas pessoas, também vai saber o porquê de não ter encaminhado tendo todo um

parecer. E, essas informações o cliente consegue ter através da senha que nos

liberamos para ele.

Então, o nosso diferencial é a questão da informatização, que esta cada vez, vamos

dizer, hoje é a agilidade em função disso e assim a gente trabalha com algumas

ferramentas. Além do teste psicológico, não que estamos desacreditados com os

150

testes psicológicos, por que hoje não se tem o controle da ferramenta, você vai em

qualquer lugar, as pessoas aplicam essas ferramentas sem a formação devida . Nós

aplicamos, mas em determinadas funções , o método da Claudia Ricci ou OPAI ,

alem de nos dar o perfil profissional, a adequação desse profissional a nossa

empresa, ele faz um parâmetro, suas possibilidades, dependências

comportamentais, são duas ferramentas que nos utilizamos, alem de dinâmicas de

grupo,entrevistas coletivas, dependendo da função, entrevistas por competências,

fazendo perguntas focando os tipos de ações que a pessoa tomaria em

determinadas situações.

Então, nós usamos várias unidades de negócio, usando a tecnologia como

ferramenta de trabalho, oferecemos serviços temporários de estágios de

terceirização de determinadas funções, por exemplo, eu quero um engenheiro

metalurgistas, para realizar determinados trabalhos, nos fazemos à terceirização

naquele determinado período de demanda. E o recruting, invés da empresa investir

nos software de banco de dados, libera o nosso banco de dados, onde fazemos um

sistema focando só os currículum os interessados em, por exemplo: engenheiros,

vão abrir todos os currículum que sejam por experiência, por idade, por formação,

então faz-se a pesquisa, assim nosso cliente não precisa investir nessa ferramenta,

porque não e de interesse do RH deles, eles querem mesmo é focar nos talentos

deles, então a RH Brasil disponibiliza esse serviço.

Temos a outra parte que a RH Brasil, como nos crescemos muito, atendemos

algumas empresas a nível nacional. Por exemplo, o grupo FIAT, que é de nível

nacional, recrutamos para Minas, quanto tanto em Sorocaba, para o todo Brasil . A

FIAT da Itália desenvolveu várias empresas, então eles a Fiat service, uma área que

cuida só da parte administrativa, financeira e fiscal. Tem a de montagem de veículos

que a FIAT do Brasil. Todos eles respondem para a Fiat da Itália,tanto para

liberação de contratação, só a Itália faz a liberação.

Nós mostramos toda uma estrutura de recrutamento, para a fiscalização nos temos

todos os testes aplicados, os tipos de perfis, nos que cuidamos do book de

contratação.

Esses testes são padronizados ou vocês criaram?

151

Sempre em conjunto, um dos diretores foi para Minas, junto com os diretores de RH

de Minas, foi um acordo, alguns testes que eles queriam que aplicassem, só quando

for exigências deles, daí nós aplicamos.

A Embraco também, do antigo grupo Multibras, que agora virou Brastemp ,tanto

Embraco como Brastemp, que nos atendemos nacionalmente, um dos fatores de

hoje, a unidade de Rio Claro, e especificamente para atendermos a antiga

Brastemp.

Nós somos responsáveis desde o recrutamento, seleção, até a integração dos

funcionários, até parte do processo seletivo, nos chamamos um enfermeiro do

trabalho, por que determinados equipamentos a pessoa tem que ter uma certa

estatura, uma certa força, fazemos esse tipo de avaliação no processo seletivo, para

não contratarmos a pessoa errada e venha a prejudica-la. Assim em questão de

postura, ergonomia, então todo processo desde avaliação, encaminhamento, até a

integração desses funcionários, somos nós que fazemos, como se fosse tudo

terceirizado, quando esta tudo certo, levamos o book de cada um, com todos os

documentos prontos, eles só admitem, daí para frente eles administram.

Devido a essa tecnologia a gente tem uma facilidade de criar a metodologia de

seleção, diferente para cada tipo de empresa, tanto para o grupo Sadio, que é um

produto que a gente atende, Santander que outro grupo que atendemos, só no

Santander temos umas 50 pessoas terceirizadas, nós fazemos também todo o

processo de seleção, cuidando de todas as etapas, terceiriza esse profissional, por

que é por um certo período de tempo, depois não precisa desse profissional, que é

para uma situação que esta ocorrendo, se for uma pessoa em que o grupo ira

manter, eles já tiram da terceirizada, para a efetivação desse funcionário,. Portanto,

temos em comum acordo com todas as empresas para se formar as nossas etapas,

cada empresa nós temos uma etapa de recrutamento de seleção. Tanto para as

empresas aqui de Sorocaba, ou seja, para cada empresa a gente tem uma

metodologia, é o nosso sistema, assim a partir do momento que você esta

entrevistando, tem os processos, tem o parecer da entrevista, como por exemplo,

para essa empresa o modelo de avaliação é isso, o modelo de admissão é isso.

Então, a gente entrega tudo prontinho, devido a isso, a RH Brasil tem que assumir

um outro lado, isto é, a RH Brasil Consult, que é a parte especializada em todos os

processos do segmento, que é a terceirização de folha, só que assim, o que

152

acontece, não é o negócio da empresa ficar administrando folha de pagamento,

porque ela gasta horrores com papel, tempo e às vezes é para ter um funcionário no

DP, mas devido a isso ela vai precisar de três, um para recolher só os documentos,

outro para desencargos, outro para pagar a folha, outro para conferir. Então, como já

é um negócio da RH Brasil, tanto para os nossos profissionais terceirizados, como

para os temporários, assim a gente investiu também num sistema que é tudo online,

onde a gente roda a folha, assim a empresa entra online, daí vai ter o registro dos

funcionários e nós só vamos imprimir. Sendo que estará tudo conferido e se estiver

dúvidas a gente sempre tem profissionais disponibilizando dentro das empresas, no

período de pagamento. E com isso a RH Brasil começou a ganhar mais espaço,

porque além da gente cuidar de todo o processo de recrutamento e seleção até o

processo de admissão, nós também começamos a cuidar da folha dessas

empresas. E daí começou a surgir outras necessidades, que foi a parte, que eu diria

o coach, assim a RH Brasil em cima disso, começou a dar o coach para alguns

grandes executivos, porque hoje além da gente trabalhar na área de treinamento,

que por sinal não é o nosso grande foco. Porém, é uma necessidade, começamos a

sentir que, por exemplo, hoje você é processado por assédio moral e, que 70% das

demissões não acontecem por falta de competência, mas sim por falta de

comportamento adequado, daí começou a se perceber que a equipe não andava

bem. E às vezes não é pelo fator dos componentes dessa equipe e, sim pela gestão

da mesma, então foi aí que a RH Brasil criou o coach, onde esse profissional

desenvolve, ou seja, ajuda esse gestor a se desenvolver, a se capacitar naquela

função. Ou a empresa tem alguém para promover, onde primeiro fazemos uma

avaliação, vemos o perfil desse profissional, daí mostramos fatores que ele tem que

desenvolver e fazemos o acompanhamento desse profissional dentro da empresa e

daí ele vai se desenvolvendo. Assim a RH Brasil já vem fazendo essa parte uns

quatro anos e é aonde esta crescendo, por isso que eu digo que a gente não vê

como uma agência e sim como uma consultoria, porque conforme a necessidade da

empresa, nós temos profissionais para atender e nós desenvolvemos ferramentas

para isso.

Quais são as ferramentas de trabalho da RH Brasil?

153

É aonde conta todas as ferramentas, temos também a parte de marketing que são

os promotores de serviços, a gente teve que desenvolver porque temos clientes a

Sadia, então conforme a solicitação do cliente a RH Brasil começou a adquirir uma

visão de termos que ser um RH completo, isto é, uma consultoria de RH completo.

Assim, para querer atender, tanto que a gente só desenvolve esse tipo de trabalho

com parceiros de anos, como a Sadia, a Tigre tubos e conexões, o grupo Amanco, e

assim vem os estagiários e a parte de serviços. Então, a partir daí é que vem a RH

Consult que é a terceirização de folha, e a parte dos diagnósticos de recursos

humanos que é o acesso que nós também fazemos. E nisso também vem à

orientação para executivos que é o coaching que são passo a passo, o

outplacement que é a parte de recolocação, o outsourcing que é a terceirização de

folha, esses são os dois responsáveis. Sendo assim, é claro que a RH Brasil não

coloca qualquer um para desenvolver, então temos equipes especializadas para

cada tipo de processo, assim para cada uma delas nós temos uma equipe

especializada. Ou seja, para o recrutamento e seleção é uma equipe especializada,

para o coach é outra equipe especializada e assim por diante. Portanto, focamos

cada um para a necessidade do negócio, por isso que a gente tem uma central com

esses funcionários, aqui em Sorocaba se a gente precisar esses funcionários vem,

se deslocam, desenvolve o profissional para manter e atender essa empresa e

dessa forma a gente esta crescendo. Foi uma necessidade, tanto que o Renato, hoje

sócio da RH Brasil foi gerente geral de recursos humanos da Embraco, então ele viu

e gostou desse sonho, foi um convite, assim ele largou a Embraco para trabalhar

com a gente. E o Germano ele também era gerente de RH de uma multinacional

italiana que é a FABIPERINE de fabricação de papel e celulose, e ele na parte de

terceirização de folha. Então, eles têm uma equipe, tanto que tudo de folha, a gente

tem várias empresas terceirizadas, é feito tudo lá, assim eles vem aqui contratam o

profissional especialista nisso para manter dentro das empresas. E o que isso nos

favorece, é que hoje nossos clientes e que estão nos contratando, ele não vêem só

como fornecedor de mão de obra, então vamos dizer, por exemplo, aonde eu vou

buscar isso? Me indica isso? Assim nós já temos todo o trabalho ali. É obvio que a

gente apresenta a nota, que tem tal custo, caso eles querem pesquisar a gente até

indica alguns. Mas por a gente já esta desenvolvendo um trabalho com qualidade,

eles acabam sim acreditando, porque é um trabalho muito sério, porque a RH Brasil

toma um cuidado em desenvolver equipes diferenciadas. Então, tem uma equipe

154

responsável, especialista para cada caso, não que vem acontecendo, por exemplo,

eu faço DP, eu faço recrutamento e seleção, eu faço treinamento, eu faço isso e

aquilo. Não, são equipes especializadas, e hoje eles rodam o Brasil dentro disso. E

com isso a gente foi crescendo, e crescendo. E mesmo a crise, a gente foi umas das

poucas, uma das maiores concorrentes em nível nacional, e a RH Brasil em função

da crise não agüentou, então a gente começou a abocanhar o mercado maior, pois

são poucas as que têm um nível nacional, aqui em Sorocaba mesmo não tem

nenhuma em nível nacional, que concorra com a gente. Assim nós temos fechado

grandes parcerias aqui em Sorocaba justamente por a gente ser de nível nacional,

porque hoje uma empresa, ela não só foca a contratação em Sorocaba, ela foca o

escritório dela de vendas em São Paulo, tem empresas que às vezes tem fábricas

além daqui, também tem no Nordeste, no Sul, e a própria Guerdal é uma delas.

Então, por isso a gente tem essa diferenciação toda, também temos o banco

mesmo, vamos dizer assim, a gente esta de igual a igual com a Catho. Com relação

a número de curriculum de banco de dados, e a gente tem uma vantagem ainda de

fazer uma recruting, que a gente separa o banco de dados de cada empresa, que

são aqueles curriculum que são direcionados para cada uma delas e isso a Catho

não faz nem a Menenger. E assim é claro que a gente tem parceiras, pois em

algumas regiões não dá, por exemplo, em São José do Rio Preto não tem como a

gente atender, dependendo do negócio sim, daí a RH Brasil manda uma equipe para

atender, porque a gente tem hoje é um ônibus móvel, que é um ônibus do tipo

escolar americano, que tem mesas, no fundo é uma sala fechada para processo

seletivo ou as vezes para o pessoal preencher uma ficha, e com em um Totler, pois

as a gente trabalha em cima de dados registrados no Totler , que a gente coloca em

terminais rodoviários. E agora em Sorocaba nós estamos começando a fazer esse

tipo de negociação, aonde à pessoa vai lá e acessa o nosso site e visualiza as

vagas que estão disponíveis, já vê se quer se candidatar, cadastra o seu currículo e

vai atualizando. E isso é para favorecer a comunidade de alguma forma, mas

também para a gente ter cada vez mais um banco de dados maior.

Falando do grupo da RH Brasil, hoje todas as nossas unidades que é Blumenau,

Campinas, Cuiabá, Curitiba, Itajái, Jaraguá, Porto Alegre, e outros, que tem todas os

nossos serviços. O trabalho de consultoria , assim a RH Brasil, que é aonde o cliente

155

abre e monitora suas vagas no mercado, seus processos, como é que estão com os

candidatos, se foi aplicado ou não o Quantum. As vezes a gente emitiu um resultado

do Quantum, que o cliente depois entra online e tira o laudo de novo com aquela

senha que nos fornecemos. Outro cuidado que nós tomamos muito, que a gente

acredita nessa ética, por exemplo, eu estou te avaliando, é para a empresa é. Mas

eu também acho correto te dar um feedback, porque é uma oportunidade para

aquele profissional, pois ele esta sendo avaliado, então para ele é importante

receber aquelas informações até para ele saber o que tem a desenvolver, a crescer

profissionalmente. Portanto, a gente faz questão sim, desde o nível operacional, que

às vezes um pouco centrada, daí a gente fala: “olha, ta aqui, você é muito rápido,

falta qualidade”. Então, a gente tem que desenvolver essa concentração, por isso a

gente oferece esse feedback, porque a gente acredita que no recrutamento e

seleção é nossa obrigação, enquanto recrutadores e selecionadores, orientar aquele

desempregado, aquele profissional de como é o mercado, porque de repente a

postura dele não esta adequada. Assim, é o trabalho social que se acaba fazendo,

é........ em relação a tatuagem, a gente não temos preconceitos, mas orientamos

quando for fazer entrevista para que coloquem uma blusa para cobrir, repito que não

é porque a empresa é preconceituosa, mas é necessário até que se conheça a

pessoa. Pois, vivemos em um país que é estereotipado, ou seja, cria-se muita coisa,

a mesma coisa do pirceng, a gente teve vários profissionais, que vai operar uma

máquina, vai para a entrevista. Então recomendamos para ir sem pirceng, porque se

for com o pirceng, dependendo da máquina tem riscos, assim ele vai falar que não

pode operar a máquina, pois, pode dar risco de acidente de trabalho. Então, é

preciso falar que usa, que você tira para trabalhar, pois tem essa questão da

segurança, porque o pirceng as vezes pode ser perigoso, porque as vezes a pessoa

tem que entrar naqueles tubos que tem aquelas argolas imensas, vai se engata em

um parafuso ou coisa parecida, então nós damos este tipo de orientação. Porque

nós acreditamos ser algo de contribuição social, hoje a RH Brasil ministra palestras

dentro da Unicamp, para os futuros recém formados, a respeito do mercado de

empregatividade, sobre a postura adequada, ela faz este tipo de trabalho tanto na

Unicamp como em outra universidade de São Paulo, que agora eu não recordo o

nome. Aqui em Sorocaba começamos com uma parceria na Academia de Letras, no

Sul em várias universidades, então a gente tem de uma forma assim totalmente

gratuita, a fim de instruir, pois acreditamos que é um papel social nosso. Não adianta

156

você reprovar sem dizer o porquê do que ele foi reprovado. Portanto, a gente sabe

que hoje 90% das empresas só falam que: “a infelizmente não deu certo”. Mas por

quê? Cadê a orientação para que essa pessoa não venha errar mais para frente, e é

o nosso papel, porque muitas vezes eles vão procurar outra vaga até mesmo aqui. E

não só isso, pois nós acreditamos que é uma função primordial orientar, porque as

vezes a gente esta desperdiçando uma excelente mão de obra e a gente não deu

um feedback, pois o feedback pode ser uma crítica construtiva, assim a gente tem

que fazer dessa forma, que a pessoa entenda que a gente não esta reprovando

porque ela é “ruim”, mas sim que ela tem algo para melhorar. Por exemplo, tem

pessoas que já foram entrevistadas já tinham isso pronto, então a pessoa começa

a se alto desenvolver, pois é muito mais fácil você dizer que foi reprovado sem dizer

o porque, o que foi avaliado, por isso que a gente faz questão de dar esse feedback.

Hoje assim, a gente tem nossas empresas que atende nacionalmente, a Amanco, a

Frebace que é a antiga Blindex, a Imbraco, a Guerdal, que é a líder em

equipamentos odontológicos, a Kibon, a Telefônica, a Tigre, entre outras. E o SIBE,

que é o nome do nosso sistema que chama Sistema de Integrado Power, que ele faz

desde a aquisição de vagas a seleção de candidatos, vê os estágios das vagas,

quais são as vagas de disponivéis, tira todo um relatório essencial de tudo, se o

cliente quer o relatório do que esta acontecendo ele tira, assim o cliente fica

informado do que esta acontecendo, então é uma forma da gente não ter que ficar o

tempo todo se justificando, pois esta ali no sistema.

Então algumas das ferramentas, do sofware, do quantum, além das entrevistas tanto

comportamental como por competência, além de chamar o candidato a empresa, a

gente vai até ele, principalmente, que e nosso ônibus que roda o Brasil todo.

Nesse período de tempo, que você atua nesses processos. Quais são as

mudanças que você observa em relação postura das empresas clientes?

Digo que estão cada vez mais exigentes, por isso que utilizamos essas ferramentas,

não foi por acaso que desenvolvemos uma ferramenta de questionário, entrevistas

tanto comportamental como por competência. Pois a gente tinha que tirar indícios de

algo, de certos fatos, ocorrências que acontecem dentro da empresa que esta

selecionando, fazer alguns exemplos e ver as atitudes que os profissionais

tomariam. Em função dessas exigências é que a gente fez com que hoje cem por

157

cento das selecionadoras da RH Brasil, eu digo assim, do Brasil todo, são analistas

quânticas e analistas piais que a RH Brasil investiu, porque algumas empresas

exigiam PIAI ou exigiam o Quantum, assim para a maioria das empresas

multinacionais algumas ferramentas que colocamos estão desacreditadas, como a

grafologia, que não é psicológica, e essas ferramentas estão desacreditadas pelo

seu uso incontrolável. E hoje essas empresas exigem um analista quântico, então a

RH Brasil teve que investir nisso, tivemos que criar processos devido à exigência de

cada empresa. Portanto, cada empresa tem um tipo de processo seletivo desde

seleção coletiva, entrevista individual, a dinâmica de grupo, a aplicação de quantum,

a piai, que vem o enfermeiro do trabalho, tudo isso é adequado a cada empresa.

Nós atendemos umas empresas catalogadas no FIPE, por exemplo estamos

recrutando Metal Lex, entramos no nosso sistema e pesquisando passo a passo

para estar seguindo, que é uma exigência deles, então hoje a RH Brasil investiu em

tecnologia, mas também nessas formações de mão de obra para, atender essas

exigências, por exemplo enquanto a FIAT quer a quantum, a Tigre quer a piai, ou

algumas que querem a entrevista, daí vamos se especializando e investindo.

Quando vai chegando novos clientes e mostramos que temos essas ferramentas ,

fica mais fácil, por que eles acham que vai exigir tanto da gente, e nós acabamos

suprindo suas exigências.

No Rio de Janeiro, a gente é responsável por toda a parte de terceirização de

recrutamento e seleção da AMPLA, que é como se fosse a CPFL aqui de Sorocaba,

só que no Estado todo, então o processo deles, com parceria com o SENAI,

desenvolvemos provas de elétrica, temos provas para engenheiros calculistas,

provas fiscais, que são desenvolvidos para cada empresa conforme suas

exigências, assim estamos aberto para isso.

Para criarmos essas provas, os consultores tiveram que ir até o SENAI, fechar a

parceria, que tem um custo, que é o de investir, então acabamos investindo por que

o mercado esta cada vez, mais exigente.

Em relação ao perfil do candidato a vaga, o que você observa?

Observamos que em alguns processos seletivos, de altos executivos, de médios

gerentes, analistas, as vezes esta complicado, a gente consegue bons profissionais,

158

quando tiramos esses profissionais de grande instituições, você não acha esses

bons profissionais, disponíveis no mercado.

Portanto, na crise a gente achou, houve cortes, mas os profissionais bons que as

empresas querem, é difícil. O profissional pronto mesmo, tem que tirar de uma

empresa, o parâmetro que estamos preferindo que esta sendo muito utilizado.

Assim, “eu” empresa vou desenvolver esse profissional, e ao longo do tempo ganha

um vinculo, com o funcionário, hoje eles estão ganhando muito, você encontra

profissionais sem vicio, sem costumes, a empresa molda ele, conforme a

necessidade da mesma.

Infelizmente a área trabalhista da gente hoje, se paga muito tributos, por exemplo,

em Santa Catarina, lá em Barra Velha, a RH Brasil fez toda a implantação, da nova

fabrica da Nicoluzze. E vieram os europeus, 2 londrinos, e 2 franceses, vieram

implantar a fábrica, quando nós mostramos nossa carga tributaria, para eles ,

arregalaram os olhos, falaram impossível, inviável, você ter um profissional com

qualidade com isto aqui. Assim foi o comentário deles, quando vencemos o

sindicato, ele ficaram indagados. Então, as vezes as empresas deixam de

desenvolver o bom profissional, por que ela tem um alto custo, por exemplo , um

funcionário que ganha mil reais, você paga dois, dois e cem mil reais, imagine

aquele profissional que vale dez mil, a empresa ele esta custando vinte. Então é

muito complicado, por isso estamos buscando trainee, de uns 8 a 6 anos pra cá, a

questão da contratação de trainee, implantação desses tipos de projetos vem

crescendo muito. Primeiro por que é um projeto acertivo, você desenvolve, investe,

contrata com salário mais baixo, mas ao mesmo tempo você esta desenvolvendo

ele. E não só isso você molda esse profissional, e você acaba sendo bem vista pelas

universidades, que estão dando oportunidades, que não tem aquela historia da

dificuldade depois de acabar a universidade, de achar emprego, de estar entrando

no mercado de trabalho, é mais ou menos dessa forma.

Em relação às técnicas utilizadas no processo seletivo, qual a técnica que essa empresa de consultoria utiliza?

São o Quantun, o PIAI, nós temos uma entrevista desenvolvida pelo próprio Renato,

que faz a parte coach, que é uma entrevista por competência, nós temos uma parte

de tendências comportamentais, utilizamos isso, e debates, dinâmica de grupo,

159

entrevistas coletivas, e também aplicamos vários tipos de dinâmica. Além de

algumas ferramentas como a grafologia, como alguns tipos de cargos como

motorista de caminhão, têm testes específicos.

Em relação aos testes de competência , a entrevista por competência, vocês montaram essas entrevistas?

Foram montadas, então como foi esse trabalho? O Renato devido ao seu trabalho

de coach, de ter que avaliar competências desses altos executivos, ele acabou

criando vários níveis de entrevistas por competência. Então. temos hoje, entrevista

por competência ligada a engenharia de vendas, a área de desenvolvimento, como a

área de RH, de liderança produtiva, para várias áreas. Assim, ele criou o curso, com

isso fomos desenvolvendo profissionais, e nisso a gente vem se adequando. Fora

isso, a RH Brasil participa muito de cursos, treinamento , acabamos reciclando,

desenvolvendo, a gente faz parte de grupos de recursos humanos, tanto a nível

nacional como regional, fazemos parte da PRH , nacional como regional, estamos

dentro do sindicato patronal da área de prestação de serviço, onde tem profissionais

ligados a essa área de desenvolver ferramentas, que invocam competência,

tendências comportamentais, a gente vive muito nesse meio, é uma necessidade

nossa. Acaba virando um vicio, nos vemos as coisas e procuramos aprender essas

novas técnicas, quem faz isso com a gente é o próprio Renato.

Em relação às entrevistas por competências, você costuma atender as exigências do cliente?

Sim, do cliente , por exemplo,o cliente fala: “Gabriela , nos temos uma vaga, e

queremos contratar um engenheiro calculista, queria que você aplicasse o Quantun,

e uma entrevista por competência”. Assim, nós mostramos os vários tipos que

temos, ele também opta nas perguntas, queria que você questionasse isso? Assim,

nós vamos elaborando conforme a necessidade do cliente. Se abrirmos o nosso

arquivo de entrevistas por competência, nos temos as matrizes, e agente acaba se

adaptando a cada cliente, por que a realidade dele é diferente daquele outro cliente.

160

Quais critérios vocês levam em conta para escolher as técnicas que irão

utilizar?

Primeiro o perfil da vaga, é importante para uma entrevista por competência, para o

nível operacional, a exigência da formação desse profissional, a qualificação, tempo

de experiência, até a necessidade que a empresa quer que avalie, a partir daí é que

montamos as ferramentas.

Como vocês medem a eficácia das técnicas utilizadas?

A gente tem, podemos dizer um tipo de reação, um formulário, que nós

preenchemos que é sobre a criatividade. Temos um ponto a favor, que é o nosso

sistema de indicadores. Por exemplo, abriu a vaga, todas essas ferramentas, o

nosso sistema nos mostra, quanto o tempo levamos para acharmos esse

profissional, quanto tempo levou para fechar essa vaga, se o trabalho foi fechado e

reaberto de novo, por que o profissional parou. Nosso sistema nos mostra esses

indicadores, então em cima disso, a gente vai em busca de onde erramos, será que

foram as ferramentas utilizadas, ou a forma da entrevista, preocupamos com o que a

empresa coloca. Assim, nós investigamos em cima desses dados, por que nosso

objetivo é que o profissional entre na empresa e fique, nos preocupamos quando um

profissional entra e não fica ,erro nosso então onde esta esse erro. e isso nosso

sistema nos mostra, por exemplo, uma vaga aberta faz vinte dias, onde estamos

errando que não encontramos esse profissional.

Com relação ao uso dos métodos de seleção de pessoas, fale sobre os três

casos de gerencia, chefia e supervisão, fale sobre a seleção desses funcionários?

Vamos focar então nos casos de gestão, o que diferencia além claro do perfil, que é

um perfil mais complexo, a pessoa tem que ser bilíngüe, conhecimentos de algumas

ferramentas como SAPE, que é uma ferramenta de gestão, alguns tipos de

metodologias, nos buscamos no nosso banco de dados, quando não achamos

temos uma parceria com a Catho, que a gente faz a divulgação, em jornais e tudo

161

mais. Quando é caso de gerencia, supervisão, alto executivo, sempre é um caso ou

de substituição, ou a pessoa foi desligada, que esta se contratando, ninguém inventa

uma função, então cuidamos também do sigilo. Nos recebemos o material, em cima

do curriculum , tem que ser muito bem apresentado, quando não é , não chamam o

candidato. Então, temos outro cuidado quando são profissionais bem qualificados, e

não chamados devido à apresentação do curriculum.

Então, nos chamamos o para uma pré entrevista, onde tentamos conhecer a

experiência dele, o que desenvolveu, feito isso, temos o parecer da pré entrevista,

onde só houve o relato. Depois o chamamos para uma segunda etapa, que são as

avaliações, aplicamos nesse caso o método Quantum, ou o PIAI, por que não vou

colocá-lo para fazer um “testinho” psicológico. Em cima dessas avaliações, nos

chamamos, por exemplo, de liderança, chamamos para uma dinâmica de grupo,

quando é uma media , alta gerencia, é uma outra etapa de entrevista, onde se faz a

entrevista por competência. Como já temos o resultado da avaliação deles, o perfil

profissional, a gente começa a fazer alguns questionamentos de tendência

comportamental em cima do que o teste nos deu, onde lá diz que a pessoa tem uma

certa agressividade, como essa pessoa tem de reagir em certas situações, só para

confrontar o que o teste nos da, além da entrevista comportamental, a gente faz

essa checagem, finalizando em cima do parecer dele, do que levantamos de

tendências comportamentais, a gente passa isso para o gestor responsável da

empresa, junto com ele , traçamos um roteiro, daí essa pessoa vai para a entrevista

novamente. Se o gestor ficar em dúvida, nós chamamos de novo e questionamos.

Entrevista 4

Empresa 4 - Atua há mais de 20 anos. Empresa de assessoria em recursos

humanos, de capital nacional, atua nos segmentos de outplacement, headhunting e

terceirização de recrutamento e seleção. Presta serviço tanto para pessoas jurídicas

como para físicas em todo território nacional e exterior. Recruta e seleciona

executivos para empresas.

Entrevista 4 - trabalha no mercado 20 anos, graduada em Letras – Português;

Mestre em Práticas de Recrutamento e Seleção, na área de Estratégias e

162

Organizações, especialista em Gestão de Pessoas e formação internacional em

análise de Perfil Pessoal. Sócia Diretora da Empresa.

Há quanto tempo você tem de vivência nos processos de recrutamento e seleção?

Há 20 anos. Atuo principalmente nos seguintes temas: seleção de pessoas, gestão

estratégica de pessoas, avaliação de pessoas, trabalhador do conhecimento,

motivação e liderança.

Nesse período de tempo que você atua nesse processo, quais são as

mudanças que você conserva em relação à postura das empresas clientes?

A nossa experiência nos permite observar que ha maior grau de exigência dos

clientes ao contratar os funcionários quanto a formação, idiomas e vivência

internacional. E também profissionais mais dominantes.

Me explique um pouco em relação a esse profissional mais dominante que

você citou.

O nosso cliente tem solicitado profissionais mais decididos, pontuais nas decisões, e

que assumam de forma integral as suas responsabilidades.

As empresas enfrentam o desafio de conciliar o a geração de executivos entre 40 e

50 anos com os a ousadia dos jovens que estão entrando no mercado atualmente.

Os jovens nascidos na década de 80. Que foram criados e educados sob a ótica do

game, internet, , eles estão acostumados com rapidez de respostas,agilidade e a

habilidade superar fases e alcançar o premio final. Temos atendido jovens

preocupados ou ansiosos em saber quanto tempo eles levarão para chegar a chefia,

já tem a formação superior, um ou dois idiomas, experiência no exterior e não

pretendem ficar muito tempo na mesma empresa. Temos que tomar cuidado para

não criar ilusões para esta candidato.

Quais os setores principais de atuação da sua empresa?

163

O setor automotivo é o nosso carro chefe.

Quais são os profissionais que atuam no processo de seleção na sua empresa?

Eu faço os contatos com as empresas, atendo o comercial, e o atendimento ao

funcionário, gerente, supervisor ou chefe do candidato a vaga. As psicólogas

aplicam os testes e as entrevistas e passam os laudos finais ou relatórios.

A sua empresa tem liberdade para realizar o processo seletivo ou está condicionado a exigências e condições da empresa cliente?

Temos total liberdade, ficamos atentos em manter contato com varias reuniões com

os contratantes até para alinharmos o perfil da vaga as exigências do cliente, a

cultura da empresa.

Em relação às técnicas utilizadas no processo seletivo. Quais são as técnicas que essa empresa de consultoria utiliza?

Utilizamos o DISC para triagem de perfil, entrevistas por competências âncoras de

carreiras, avaliação de lógica, jogos de empresa, liderança, inteligência emocional.

Você pode me explicar um pouco mais sobre entrevistas por competências?

Nós preparamos as entrevistas por competências através dos nossos estudos

selecionamos para cada cargo um conjunto de perguntas aonde conseguimos

avaliar as competências necessárias para atender as necessidades da função ou

cargo, alinhando sempre com a cultura da empresa.

A empresa cliente costuma interferir nesta escolha?

Sim algumas vezes, nos reunimos com o cliente para alinharmos o nosso trabalho

atendendo algumas solicitações. Algumas vezes eles solicitam a aplicação de teste

que eles mesmo desenvolveram. E nós atendemos.

Aplicamos teste para todos os cargos, não fazemos nenhuma distinção entre as

posições porque cada candidato é avaliado por competências.

164

Cite as vantagens em se utilizar os métodos de seleção que sua empresa vem

utilizando.

As vantagens de utilizar estes métodos é que sempre fazemos o alinhamento

estratégico, ou, seja, conhecemos as competências das empresas e alinhamos com

as competências do candidato.

A empresa tem procedimentos formais para medir a eficácia dos serviços de seleção prestados as empresas-clientes?

Estamos muito satisfeitos com os resultados porque o termômetro é sempre a

estabilidade dos cargos preenchidos. Temos registro de todas as contratações e

fazemos acompanhamento junto com a empresa contratante, através de reuniões

periódicas.

Entrevista 5

Empresa 5 – É uma empresa especializada em Recursos Humanos. Atua desde

1995, identificando e desenvolvendo talentos. Capital nacional. Empresa familiar.

Entrevistada 5 - Formação acadêmica Administração de Empresas e Psicologia

Começou na empresa aos 15 anos de idade (a mãe é a proprietária da empresa) na

recepção da empresa, fazendo a separação e a organização dos arquivos, atua há

14 anos na empresa. Atualmente responsável pelo processo de seleção.

Nossa metodologia baseia-se na concepção de Seleção planejada, alcançada por

meio de um detalhado conhecimento das necessidades da empresa, como também

de cada candidato participante. Nossa ampla experiência e contato com o mercado

nos permitem suprir plenamente as necessidades de contratação de pessoal nas

organizações.

Neste processo utilizamos modernas técnicas de recrutamento e seleção adaptadas

a cada organização. Identificamos amplamente as competências profissionais,

165

habilidades comportamentais e o estilo de interação social dos profissionais,

possibilitando aos clientes tomar decisões seguras e orientadas para o resultado.

Nossos instrumentos: Banco de Potenciais, divulgação/ anúncios, Hunting, Network.

Nossos métodos de avaliação, entrevistas/ coletivas, análise de perfil (PPA, IFP,

Quati, PMK, Palográfico, Grafologia entre outros), Avaliação do idioma inglês(

gramática, verbal, escrito) e avaliação de conhecimentos gerais e informática.

Quanto tempo você teve vivência no processo de recrutamento e seleção?

Eu comecei aqui na Grafo com quinze anos, porque na verdade a Grafo é da minha

mãe, então, ela é a proprietária. E eu comecei na recepção, fazendo a separação e

a organização dos arquivos, e fui crescendo aqui dentro da empresa. Assim, nós

estamos aqui desde 95, então, eu particularmente estou há 14 anos. Agora,

vivenciando e sendo responsável pelo processo de seleção, eu estou desde 2003,

assim a partir deste ano, eu fui responsável por algumas vagas e até hoje, então vai

fazer 7 anos.

Qual a sua formação?

Me formei em Administração em 2003 pela FAAP lá em São Paulo. E já no último

semestre eu decidi fazer também Psicologia e me formei em 2007.

Nesse período tempo que você atua nesse processo, quais são as mudanças que você observa em relação à postura das empresas clientes?

Bom, muito mais exigentes, em todos os aspectos e em todas as vagas. Vamos

dizer que sempre foi muito exigente, por exemplo, no começo de 2000 mais ou

menos, o primeiro grau bastava para as vagas operacionais. Agora, 90% das

empresas, o segundo grau tem que existir. E aí nós temos um certo problema de

certificado original dos candidatos, assim acaba sendo um problema, porque nem

todos acabam tendo realmente. Então, o segundo grau é bastante complicado. A

166

formação do superior sempre existiu, mas agora com a exigência do inglês, antes

com um bom conhecimento em inglês já bastava, hoje não, pois é necessário aplicar

teste de redação, de gramática e também tem que conversar com os candidatos.

Assim, 80% das vagas precisa do inglês avançado, isso desde vaga de estágio, que

é muito importante. Já nas vagas especialista, que a gente chama, 90% dessas

vagas precisam, isso nos clientes que a gente trabalha, porque em Sorocaba tem

muitas empresas, enfim para os clientes que a gente atende o inglês é fundamental.

Então, hoje as empresas estão mais exigentes, querem tudo o mais rápido possível

e o candidato que se encaixe o mais perfeitamente possível. E assim, a gente

encontra uma população que não esta preparada com o inglês e, muitos, às vezes o

salário das empresas não é muito atrativo, pois, às vezes eles estão em uma

empresa que é o mesmo salário que a outra esta propondo. Como por exemplo, na

empresa A, estamos com uma vaga que ele vai ganhar R$ 3.000,00 e ele esta

concorrente com o mesmo valor. E ele vai sair por quanto? Ressaltando, que a

média de mercado é esse salário, então, esse também é um problema que

encontramos. Mas, principalmente o inglês, desde estagiários até gerentes, de

especialistas, é o inglês que esta muito mais forte, assim tem empresas que levam

para a escola para fazer avaliações, ou na empresa, já aconteceu. Então, além da

nossa avaliação, a empresa paga para que seja avaliado em inglês, porque não quer

ter surpresas, e isso acontece muito. Porque a pessoa manda o curriculum para mim

com inglês avançado e eu entendo que ela vai ser capaz de fazer todos os testes,

entrego o mesmo, e ela me devolve na metade do teste e diz que não vai conseguir

fazer. Portanto, ela não tem o, inglês avançado, assim não deveria colocar no

curriculum, e isso acontece com freqüência. Entendemos que ele não quer perder a

oportunidade, que é complicado, e muitas vezes são ótimas pessoas, mas para

aquela função precisa ter o inglês. Então, eu pergunto se apto para a entrevista.....

se é capaz de fazer uma entrevista, de fazer uma redação e também um teste de

gramática, porque se não a gente vai perder tempo, tanto nós como você.

E o perfil dos candidatos às vagas, qual a diferença que você sente no

mercado atualmente?

Olha, com o inglês, que isso eu já comentei. E o perfil. Então, hoje as empresas elas

querem que a gente tenha as mais ferramentas possíveis para poder avaliar o

167

candidato. Assim, nós temos testes psicológicos que vão avaliar algumas

características, como: adaptação à mudança, comportamento sobre pressão,

dinamismo, persuasão, liderança, autonomia, dominância, entre outros. Portanto,

temos que avaliar os candidatos, por exemplo,fiscal, onde a pessoa tem que ser

concentrada, ter muita atenção para não errar nos impostos, não precisa ser

necessariamente uma pessoa comunicativa, arrojada, expansiva. Normalmente, é

esse era o perfil que a gente trabalhava e hoje em dia a gente tem visto ao contrario,

porque a empresa ela quer uma pessoa de contabilidade que possua essas

características e, não é isso que a gente encontra, pois, muitas vezes, as pessoas

são mais reservadas, mais tímidas, mais introvertidas e assim não atende a vaga.

Portanto, são vagas, que normalmente o perfil era definido como introversão, mais

reserva e concentração, hoje não, pois eles querem basicamente um vendedor

dinâmico, extrovertido . Porque essas áreas precisam fazer apresentações para a

diretoria dos lucros da empresa, então, tem que ser uma pessoa com facilidade de

comunicação para a diretora da presidente. Então, é importante por isso, e não

porque as empresas pedem sem um motivo, mas as pessoas não estão preparadas.

E o mercado de Sorocaba, você acha que esta preparado?

Não. Inclusive eu fiz o TCC na UNISO, que esta disponível na biblioteca. E esse

trabalho que eu fiz é de Conclusão Curso em Administração, com o tema “O

mercado de trabalho de Sorocaba, a necessidade de contratação de profissionais

provenientes de outras cidades. Realidade ou preconceito?”. Então, foi um estudo

bastante interessante, pois a gente encontra muita gente de fora da cidade.

Portanto, é uma realidade, porque o pessoal de Sorocaba não esta preparado para

entrar nas empresas que estão vindo para sua cidade.

Quais os setores principais de atuação da sua empresa?

Dos meus clientes, basicamente são indústrias metalúrgicas. Nós não trabalhamos

com comércio, ou prestador de serviços e empresas de pequeno porte. Assim, nós

focamos em empresas de grande porte, pode ser nacionais como temos alguns

clientes em empresas nacionais e também multinacionais, mas ressaltando que são

metalúrgicas. Então, temos desde empresas têxteis, de mineração, de papel,

168

automobilística, de antena, química. Portanto, é bem variável, mas de médio ou

grande porte.

O perfil do candidato delineado pelas empresas clientes, normalmente estão

estabelecidos em cima de que tipo de requisito?

Dos requisitos comportamentais a afetividade, trabalho em equipe, liderança,

dominância, autonomia, adaptação à mudança. Esse último é o primordial. Como em

2008, que estávamos tão bem e tivemos que nos adaptar com a crise de 2009. E

também, persuasão, comunicação, extroversão, sobre pressão, enfim são vários

aspectos que a gente avalia. E não muda muito de empresa para empresa, a gente

que tem contato com as empresas e vai para as reuniões para poder discutir a vaga,

e a empresa vem com a lista e passa os requisitos, a gente fala: “não, já tenho,

então, não precisa explicar muito, pois são os mesmos dados”. Portanto, o mesmo

analista contábil daria para qualquer empresa. Umas precisam de um softer

diferente, ou o inglês aqui precisa ser muito fluente, ou não, aqui pode ser adaptado.

Mas, na maioria das vezes é muito parecido.

Você tem total liberdade para realizar o processo seletivo ou esta condicionado a exigências e condições da empresa cliente?

Da empresa cliente. Então, na verdade eu tenho um tempo, que a gente entende

que daria para fazer o processo, como por exemplo, no nosso contrato, para a vaga

de estágio, colocamos 10 dias úteis e para vagas de especialistas colocamos 15

dias úteis. Porque eu entendo que nesse tempo eu consigo fazer um trabalho

tranqüilo, consigo avaliar um maior número de candidatos, fazer os relatórios,

elaborar todos os laudos e encaminhar para a empresa. Embora não é isso que

acontece, mesmo estando no nosso laudo é a empresa que define, eu preciso, por

exemplo, para sexta-feira, ou eu preciso para três ou cinco dias. E quando a vaga é

muito difícil, tentamos conversar com o cliente para entrarmos em um acordo. Mas,

normalmente é o cliente que decidi ou fica cobrando na verdade. Então, eu não

tenho tempo que nós gostaríamos, assim fica a critério do cliente.

169

E os métodos de avaliação e seleção, são vocês que definem ou as empresas clientes?

Normalmente, é a gente que define e no dia da apresentação de como que é a Grafo

trabalho, nós explicamos e frequentemente eles entendem que é o melhor possível

que a gente pode esta fazendo. E por exemplo, nós aqui da Grafo, não

encaminhamos curriculum, então o que é isso, a empresa passa uma vaga para a

gente, separa o curriculum, liga se tem interesse, mando cinco para a empresa,

concluindo, nós não fazemos isso. Então, a gente tem toda uma bateria de testes,

normalmente acaba sendo muito cansativo para o candidato, mas é a única forma

que temos de avaliar, por exemplo, com os estagiários, eu vou fazer um teste de

inglês, mesmo que ele só tenha o básico, eu aplicarei todos os testes de inglês. Se

não é capaz de completar, não é capaz ou é de escrever um texto, isso eu coloco.

Fazemos um teste IFP (Índice Fatorial de Personalidade), outro tipo de teste

psicológico também, são 155 afirmações, eles avaliam cada afirmação numa escala

de 1 a 7, considerando um que não tem nada a ver com ele e sete totalmente a ver

com o, candidato, então, ele vai respondendo. Fora o uso que é o PPA da turma,

fazemos sempre uma redação em português para estagiários, o raciocínio lógico,

aplico teste de atenção concentrada, basicamente são esses. E a entrevista por

competência, que nós fazemos também. Depois de tudo isso é feito um relatório,

que dá mais ou menos umas seis, sete páginas e assim nós encaminhamos para o

nosso cliente, quais os candidatos que melhor atendem aquela vaga. De especialista

segue a mesma coisa, porém, só não vou aplicar um teste de AC (Atenção

Concentrada) e de raciocínio lógico. Mas, a redação, e outros testes, nós aplicamos.

E dos testes para vagas operacionais, como agora eu estou com vaga para a área

de manutenção, então, eu vou aplicar a redação, o raciocínio lógico para as vagas

operacionais de segundo grau, aplico a AC. E a empresa pediu o teste, ou melhor

deu o teste de manutenção para a gente aplicar, assim foi a empresa que definiu,

portanto aplicamos e entregamos para a empresa cliente. Nós tivemos uma vaga na

área fiscal, portanto, apliquei todo o teste da Grafo e a empresa quis aplicar um teste

de conhecimento fiscal e, nós aplicamos sem problema algum. Portanto, não

acontece deles tirarem um teste que nós utilizamos normalmente, e sim

acrescentam. Então, tem tipo de trabalho que dá trabalho, não é do dia para a noite

170

que a gente vai ter os candidatos. E tem empresas que mandam o curriculum e vai

chamar e nós não, pois temos o detalhamento do perfil do candidato, tanto

profissional das experiências como o perfil comportamental. E assim, que estou

encaminhando da para atender a vaga tranquilamente, e isso demora, porque temos

que fazer o relatório, corrigir todos os testes, a gente tem uma equipe que nos ajuda

bastante, mas mesmo assim acaba demorando um tempo.

Se estivesse que atuar livremente nesse processo, como iria montá-lo?

Iria dar mais tempo, pois é minha necessidade, assim, eu deixaria os 15 dias úteis.

Que na verdade não tem como, então precisamos nos equilibrar para atender os

clientes. Portanto, o que acontece, a gente esta com uma vaga de engenheiro de

uma empresa específica, assim eu vou pesquiso, porque eu não quero pesquisar

dez candidatos e desses tirar os oito melhores, não é isso. Entretanto, eu quero

avaliar como um todo, quero ver quem esta disponível no mercado, ou seja, quem

tem melhores experiências. Porque se for para mim pegar de dez curriculum e tirar

dois eu não avaliei tudo. É lógico que eu não irei avaliar 100%, mas eu quero avaliar

o maior número de pessoas. E aqui na região, em São Paulo e Campinas é a onde

estão os candidatos que eu preciso para a vaga, porque em Sorocaba não tem.

Assim, tenho que persuadi-los para que eles venham para Sorocaba, e tem muitos

que não querem, porém também tem muitos que querem, e acabam aceitando vir,

pelo mesmo salário, porque tem a questão da qualidade de vida. Mas não é muito,

pois quando ligo para agendar uma entrevista ele não tem disponibilidade. Então, eu

não tenho instrumento de trabalho, pois depende da disponibilidade do candidato de

vir aqui na Grafo, falar conosco. Assim, essa vaga específica, que eu mexo com

pessoas que tem muita responsabilidade na empresa, como o engenheiro que toma

conta da linha de produção inteira, que faz todo um atendimento ao cliente e agora

não está disponível no mercado, eles não têm disponibilidade para vir. Quando

marcam para vir fazer uma entrevista, acabam desmarcando. Então, não é o meu

trabalho que não esta sendo bem feito e, quando a empresa me liga, eu falo: “olha,

ele desmarcou e eu não estou conseguindo agendar essa entrevista”. Eu não sei

como a empresa acaba entendendo. Só quero que eles entendam que nós estamos

fazendo o nosso trabalho, é que depende somente de nós. Isso acontece nas vagas

mais altas, vamos dizer assim, nos salários a cima de R$ 5.000,00, onde ele não

171

pode simplesmente amanhã decidir não ir trabalhar, portanto, tentamos flexibilizar,

marcando para vir no primeiro horário ou às 18h da tarde e, na verdade nosso

horário é até às 18h, mas eu coloco porque senão eu não vou conseguir atende-lo

nunca. E assim, tem hora que eu coloco no sábado, mas mesmo assim ainda é

muito difícil, e ainda mais com essa crise, então quem ficou no emprego não quer

nem pensar em faltar. Porque o risco que ele corre de ser mandado embora, ele não

quer faltar de novo, assim ele não quer faltar para fazer a entrevista, assim fala que

não tem disponibilidade. Enfim, é o candidato perfeito, que encaixa certo na vaga,

assim precisamos de mais tempo para poder negociar um pouco mais com ele,

como planejar para marcar mais ou menos daqui uma ou duas semanas, e eu não

consigo ter esse tempo. Então, essa empresa ela queria um engenheiro, com tudo,

em uma semana, e eu não consegui e faz mais de um mês que estou trabalhando

nessa vaga. Porque não tem, mas o mercado deu uma crescida a partir de outubro,

porém não como estávamos em 2008, mas esta bem melhor, porque em setembro,

praticamente a gente não tinha vagas, era muito pouco. Um cliente nosso, que no

ano passado nós trabalhamos mais ou menos 50 vagas ao mês, esse ano nós

trabalhamos 10 vagas no ano todo, então diminui muito o número de vagas. E a

exigência e o tempo, se eu falar que daqui a 15 dias eu te apresento, não seria legal,

e nós temos muita cobrança, então, por exemplo, a gente dá o telefone o e-mail,

assim à gente esta aqui procurando, às vezes liga 1, 2, 3, 4. E a gente não

consegue se concentrar muito no trabalho, tentamos, mas existe as pressões, daí

dá vontade de falar assim: “calma gente, calma!”. Mas é porque a gente não tem

esse tempo, essa disponibilidade, então, nós não criamos candidatos.

Em relação às técnicas utilizadas no processo seletivo. Quais são as técnicas que essa empresa de consultoria utiliza?

Então, nós utilizamos o teste que eu já comentei que é a entrevista por competência

que fazemos com os candidatos, o IFP (Índice Fatorial de Personalidade), o PPA da

turma. E sempre fazemos uma redação, não que a gente vai avaliar minuciosamente

a grafologia dele, nós fizemos cursos, então iremos avaliar de alguma forma, não

100%, mas alguns traços para auxiliar na elaboração do laudo. E dependendo da

vaga o teste de inglês, às vezes tem teste de espanhol, o AT, o Palo, o raciocínio

lógico. Os quatro primeiros são os principais.

172

Sobre a entrevista por competência, foram vocês que desenvolveram?

Isso, nós que desenvolvemos as entrevistas e também as competências que vamos

avaliar nos candidatos. Normalmente, segue o que a empresa pede, pois às vezes

ela pede uma competência a mais, daí a gente coloca, portanto já temos uma lista

de quais competências iremos avaliar no candidato, assim somos nós que definimos

e procuramos alinhar ao critério da empresa. Assim, mostramos o relatório que

fizemos, e se a empresa falar para colocar mais uma competência, nós colocamos

sem problema nenhum, mas isso não acontece, porque é bem completo, portanto

não tem necessidade de estar aumentando, por fim alinhamos de acordo com a

cultura da empresa.

Quais critérios você leva em conta para escolher quais técnicas irão utilizar?

De acordo com a exigência da vaga, nós padronizamos, por exemplo, no começo a

gente só aplicava raciocínio lógico nas vagas de estágio, vamos supor, que vai para

a área contábil e financeira. Hoje, nós não fazemos mais assim, todo mundo vai

passar por esse teste, qualquer que seja a vaga, porque antes tinha que lembrar que

era a vaga financeira, então tem que aplicar esse teste. Ou essa vaga é marketing,

então tem que aplicar outro teste. Assim, a gente padronizou, então para todos os

estagiários é o AP. Para o operacional é sempre a mesma coisa, então

padronizamos para todos. Por exemplo, se precisa de uma vaga de analista, como é

para o exterior, então precisa do espanhol, porém, não avaliamos o espanhol, assim

incluímos uma redação e encaminhamos para o representante avaliar. Então, essas

coisas deixamos como um padrão realmente, para não ter nenhum problema.

A empresa cliente costuma interferir nessa escolha?

Sim.

No conjunto de técnicas que vocês disponibilizam, quais considera as mais eficazes?

173

Na minha opinião é um conjunto de tudo. Porque não é possível avaliar o candidato

só com uma técnica ou somente com a entrevista, então é um conjunto de tudo. Não

posso avaliar o candidato só pela redação, ou só por um teste psicológico. Assim,

pessoas que fazem entrevista por telefone não tem como você avaliar o candidato

dessa forma. Pois, tem que ver face a face, tem que olhar os gestos, tem que fazer

uma pergunta e observar a reação da pessoa, por fim é um conjunto, então é esse

conjunto que nós definimos, assim é a entrevista e todos esses testes, não tem

como ser diferente. Então é a união de todos que vai fazer com que tenha melhores

resultados e um melhor retorno do perfil do candidato.

Como vocês medem à eficácia das técnicas que utilizam?

Quando a gente começa a ter experiência em recrutamento e seleção, a gente

começa a ter um “controle do recrutamento e dos candidatos, assim as experiências

de acertos que a gente tem na empresa. Então, essa seria uma forma, então a

empresa pede um candidato com prontidão, com iniciativa e com comunicação.

Assim, nós fazemos toda essa avaliação com todos os testes, ele é aprovado, vai na

empresa, daí falam: “Juliana esse é um ótimo candidato. Nossa, foi muito bom o

processo seletivo de vocês, esta tudo certo”. Portanto, é esse o retorno que a gente

tem.

Existem técnicas consideradas de moda?

Sim. Olha, a entrevista por competência é um pouco de moda e fazem dois anos

que a gente fala sobre ela, porém dá resultado. Então, não é só de moda e veio

realmente para ficar e nos auxiliar na entrevista. Tem alguns testes, mas

normalmente acabam ficando. São muito tradicionais os testes de psicologia de

recrutamento e seleção, por exemplo, o AP Marisa utiliza desde 90, o polográfico

também. Então, é muito utilizado, PPA ela utiliza desde 90 também, pois tem mais

empresa que eu. Assim, hoje o que poderia ser da moda é a entrevista por

competência, que veio para ficar e não vai sair não, pois nos ajuda bastante.

Quais tipos de teste aplicam e para quais cargos?

174

Para os cargos administrativos a entrevista por competência, o IFP, o PPA e a

redação. Então, são somente esses quatro que a gente utiliza e o teste de aptidão

se for necessário. Até porque não podemos enchê-los de testes, pois tem muito

conteúdo de entrevista, então, normalmente eles vem para cá, querem fazer logo a

entrevista e ir embora, porque a necessidade de retornar na empresa é muito

grande, mas esses quatro teste a gente tem que estar aplicando.

O que são técnicas alternativas de seleção?

Antigamente, nós fazíamos somente a entrevista por competência, a redação e o

PPA, assim, fazíamos só os três. Agora, a gente ampliou, colocando o IFP, o

raciocínio lógico, dependendo da vaga, porém temos isso como um padrão e não

uma alternativa, portanto, preferimos usar toda essa bateria para não ter dúvidas.

Até mesmo porque, eu não consigo trazer o candidato mais uma vez na Grafo,

assim se eu tiver alguma dúvida, não consigo trazê-lo novamente para fazer outro

teste, se ele não estiver desempregado ele não vem, ele vai falar: “Mas, Juliana eu

já fiz tanta coisa o que mais eu tenho que fazer?” Então, preferimos fazer todos,

para assim não ter nenhuma dúvida.

E para realizar todo esse processo necessitamos de uma três horas mais ou menos,

e depende muito do candidato, pois se ele tem um inglês bom em meia hora ele faz

todo o teste. Assim, falamos para os candidatos que o tempo disponível ao torno de

três horas, mas que depende muito mais de você do que da gente, portanto faz se a

entrevista e vai entregando o teste e assim sucessivamente. E para estágio isso

acontece muito, porque conforme o banco de dados, ele vem aqui uma vez e faz

tudo e depois ele não vem mais, e eu já estou com o relatório pronto e mando para a

empresa, assim não precisam vir várias vezes, já faz tudo.

Você diz que faz a seleção entre as condições iniciais de chefia e supervisão. Com relação aos métodos de seleção de pessoas. Cite as vantagens de se

utilizar as estratégias e os métodos que sua empresa utiliza. O menor erro, em minha opinião. Pois, pelo menos do feedback que a gente tem das

empresas é quase nulo, vamos dizer assim, se agente for avaliar os erros ou a

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necessidade de refazer o processo. Por exemplo, a gente oferece uma garantia de

três meses para a empresa, caso o candidato entre e saia por “n” motivos, ou

porque ele não se adaptou e pediu a conta ou a empresa que não se adaptou e

dispensou. Então, isso raramente acontece, se isso aconteceu duas vezes desde

95, acho que foi mais ou menos isso, portanto, dificilmente isso acontece, assim

medimos dessa forma, dele entrar e ficar na empresa, e se ficou é porque fez um

bom trabalho e a empresa gostou e, ele também, enfim estão todos satisfeitos.

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