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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO LUÍS CARLOS DOMINGOS ANÁLISE DA ASSOCIAÇÃO DE OPERAÇÕES DE CAPITALIZAÇÃO DE PRIVATE EQUITY E VENTURE CAPITAL NO DESEMPENHO DE EMPRESAS COM AÇÕES NA BOVESPA SÃO BERNARDO DO CAMPO SP 2010

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

LUÍS CARLOS DOMINGOS

ANÁLISE DA ASSOCIAÇÃO DE OPERAÇÕES DE

CAPITALIZAÇÃO DE PRIVATE EQUITY E VENTURE

CAPITAL NO DESEMPENHO DE EMPRESAS COM

AÇÕES NA BOVESPA

SÃO BERNARDO DO CAMPO – SP

2010

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LUÍS CARLOS DOMINGOS

ANÁLISE DA ASSOCIAÇÃO DE OPERAÇÕES DE

CAPITALIZAÇÃO DE PRIVATE EQUITY E VENTURE

CAPITAL NO DESEMPENHO DE EMPRESAS COM

AÇÕES NA BOVESPA

Dissertação apresentada à Banca

Examinadora da Universidade

Metodista de São Paulo, para a

obtenção do título de Mestre em

Administração, área de concentração

Administração, sob a orientação do

Prof. Dr. Otávio Próspero Sanchez.

SÃO BERNARDO DO CAMPO – SP

2010

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FICHA CATALOGRÁFICA

D713a

Domingos, Luís Carlos

Análise da associação de operações de capitalização de Private Equity e

Venture Capital no desempenho de empresas com ações na BOVESPA / Luís

Carlos Domingos. 2010.

110 f.

Dissertação (mestrado em Administração) --Faculdade de Administração

e Economia da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do

Campo, 2010.

Orientação : Otávio Próspero Sanchez

1. Vantagem competitiva - Empresas 2. Desempenho organizacional

3. Operações de investimentos 4. Capitalização (Organizações) 5. BOVESPA

I.Título.

CDD 658

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LUÍS CARLOS DOMINGOS

ANÁLISE DA ASSOCIAÇÃO DE OPERAÇÕES DE

CAPITALIZAÇÃO DE PRIVATE EQUITY E VENTURE

CAPITAL NO DESEMPENHO DE EMPRESAS COM

AÇÕES NA BOVESPA

Dissertação apresentada à Banca

Examinadora da Universidade

Metodista de São Paulo, para a

obtenção do título de Mestre em

Administração, área de concentração

Administração, sob a orientação do

Prof. Dr. Otávio Próspero Sanchez.

BANCA EXAMINADORA

Otávio Próspero Sanchez Prof. Dr._________________ Universidade Metodista de São Paulo

Plínio Bernardi Júnior Prof. Dr._________________ Universidade Metodista de São Paulo

Octávio Ribeiro de Mendonça Neto Prof. Dr._________________ Universidade Presbiteriana Mackenzie

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Agradecimentos

Ao Prof. Dr. Otávio Próspero Sanchez, pela sua dedicação, orientação,

confiança, apoio e amizade, que mesmo com tantos compromissos sempre

encontrou espaços em sua agenda para esclarecer minhas dúvidas.

Ao Prof. Dr. Joshua Onome Imoniana, pela ajuda e paciência, por tantos

ensinamentos acadêmicos, científicos e morais.

A Maria de Fátima, minha esposa, Priscila e Ronan, meus filhos, pela

paciência, apoio e compreensão em todos os momentos.

A meus irmãos (as), que de alguma forma contribuíram para os meus

conhecimentos, na infância e adolescência, nesta vida.

À vida por tantas oportunidade e lições para o amadurecimento e

conhecimento nesse curto, porém dificultoso, caminho da evolução.

E aos meus pais, Luiz José Domingos (in memoriam) e Anésia Fernandes

Domingos, porque sem eles nada disso seria possível, nesta vida.

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RESUMO

A vantagem competitiva e o desempenho organizacional são conceitos administrativos estreitamente ligados à competitividade das empresas e sua permanência no mercado a longo prazo. Para que alcancem tal objetivo, de acordo com os fundamentos da RBV, as capacidades organizacionais dessas empresas devem ser dinâmicas, o que significa estar à frente das mudanças ambientais, mantendo, criando e desenvolvendo novas capacidades. Um dos caminhos para que isso se realize é a aposta na sua capitalização, que pode ocorrer com a captação de recursos de terceiros ou recursos próprios, com maior ou menor grau de risco. A captação de recursos com capital de terceiros acontece, principalmente, via instituições financeiras e factorings. A captação por meio de capital próprio pode ocorrer por retenção de lucros ou pelo underwriting. A emissão feita via mercado primário configura a oferta pública inicial de ações ou Initial Public Offering (IPO). No Brasil, a escolha dos fundos de Private Equity e Venture Capital, segmentos do mercado financeiro que consistem fundamentalmente em aporte temporário de capital, vem crescendo consideravelmente nos últimos anos. Contudo, existem poucas pesquisas a respeito da utilização e do desempenho financeiro que esses fundos trazem para as empresas. O presente estudo procura averiguar se as empresas que estavam listadas na BOVESPA no período de 2002 a 2008 e que receberam recursos via Private Equity e Venture Capital com IPO desenvolveram desempenho financeiro superior às que receberam ou não outros tipos de financiamento no mesmo período. Foram selecionados dados secundários como: balanços patrimoniais, demonstração de resultados e valores das ações, utilizando-se da base de dados da Economática. Tomando o logaritmo do Q de Tobin como variável dependente e log_Ativo, Debt to Equity, ROA, crescimento de vendas, crescimento de investimentos, crescimento investimento Fama e CrescInv_endividamento como variáveis de controle, foram aplicados testes estatísticos, comparando a média dos índices, seguidos de análise por setor econômico, subsetor e segmento. Os resultados encontrados apontam que as empresas que receberam recursos via Private Equity e Venture Capital com IPO, tornaram-se diferentes das demais empresas que estavam listadas na BOVESPA naquele período. O presente trabalho busca, dessa forma, contribuir para o enriquecimento de conhecimento acadêmico acerca do tema.

PALAVRAS-CHAVES Vantagem competitiva; desempenho organizacional; capitalização das organizações; debêntures; IPO; private equity; venture capital.

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ABSTRACT

Competitive advantage and organizational performance are both management

concepts closely connected to the companies competitiveness and their long-term

permanence in the market. In order to reach such goal, according to the RBV

foundations, the organizational capabilities of those companies must be dynamic,

which means being ahead of the environmental changes, maintaining, creating and

developing new capabilities. One of the ways that enables it to happen is the focus on

its capitalization, which can be done with the fundraising from third parties or from own

resources, with higher or lower degree of risk. Fundraising with third party capital

occurs, mainly, through financial institutions and factorings. The fundraising with the

use of the companies own resources, can be done through retained earnings or

underwriting. The emission made through primary market sets up the initial public

offering of shares or Initial Public Offering (IPO). In Brazil, the choice of Private Equity

and Venture Capital funds, segments of the financial market that consist mainly of

temporary fund raising, has considerably increased in recent years. However, there are

only a few academic researches about the use and financial performance that these

funds provide to the companies. This study seeks to examine whether companies listed

at BOVESPA from 2002 to 2008 and which received funds via Private Equity and

Venture Capital with IPO developed superior financial performance than those that

received or not other kind of financing in the same period. We selected secondary data

such as: balance sheets, profit and shareholder value, using the database

Economática. Taking the logarithm of Tobin’s Q as dependent variable and log_Ativo,

Debt to Equity, ROA, sales raising, investment raising, investment raising Fame and

investment raising indebtedness as control variables, statistic tests were used,

comparing the average of the indexes, followed by analysis of economic sector,

subsector and follow up. The result shows that the companies that received funds

through Private Equity and Venture Capital with IPO became different from other

companies that were listed at BOVESPA in that period. The present paper aims to

contribute to the enrichment of academic knowledge towards this issue.

KEYWORDS Competitive advantage; organizational performance; financing;

debentures; IPO; private equity; venture capital.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – O balanço patrimonial das empresas .............................................. 41

Figura 2 – Principais participantes da atividade de VC/PE. ............................. 57

Figura 3 – Gráfico dummy IPO ......................................................................... 69

Figura 4 – Gráfico dummy PE/VC .................................................................... 69

Figura 5 – Gráfico dummy debêntures ............................................................. 70

Figura 6 – Histograma da amostra log_Tobinq1 .............................................. 72

Figura 7 – Histograma da amostra log_Tobinq2 .............................................. 73

Figura 8 – Histograma da amostra log_Tobinq3 .............................................. 75

Figura 9 – Histograma da amostra LogAtivo .................................................... 77

Figura 10 – Histograma da amostra log_DebttoEquity ..................................... 78

Figura 11 – Histograma da amostra log_ROA .................................................. 79

Figura 12 – Histograma da amostra log_CresVend ......................................... 80

Figura 13 – Histograma da amostra log_CresInv ............................................. 81

Figura 14 – Histograma da amostra log_Fama ................................................ 82

Figura 15 – Histograma da amostra log_CresInv_End ..................................... 83

Figura 16 – Gráfico debêntures por subsetor da economia ............................. 88

Figura 17 – Gráfico debêntures por subsetor da economia e segmento .......... 89

Figura 18 – Gráfico número de empresas que fizeram ou não captação de

recursos através de IPO por subsetor da economia ........................................ 90

Figura 19 – Gráfico empresas que mais fizeram captação de recursos através

de debêntures por setor da economia. ............................................................. 92

Figura 20 – Gráfico quantidade de empresas que fizeram ou não fizeram

debêntures por subsetor da economia. ............................................................ 93

Figura 21 – Gráfico alternativa de financiamento mais utilizada ...................... 94

Figura 22 – Gráfico empresas dos subsetores que mais fizeram debêntures . 96

Figura 23 – Gráfico desempenho das organizações por subsetor e que fizeram

debêntures ....................................................................................................... 97

Figura 24 – Gráfico desempenho do (ROA) retorno sobre ativo das

organizações por subsetores, que receberam ou não captação de recursos via

debêntures. ...................................................................................................... 98

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Características de recursos essenciais para a manutenção da

vantagem competitiva ...................................................................................... 21

Tabela 2 – Mensuração baseada em valor de mercado .................................. 29

Tabela 3 – Mensuração baseada em valor contábil ......................................... 29

Tabela 4 – Comparação entre o capital de risco e financiamento tradicional .. 54

Tabela 5 – Correlação entre as variáveis ......................................................... 71

Tabela 6 – Resumo dos resultados dos histogramas ....................................... 84

Tabela 7 – Painel das empresas que fizeram ou não captação de recursos. 100

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 11

1.1 APRESENTAÇÃO ...................................................................................... 11 1.2 OBJETIVO GERAL ..................................................................................... 13

1.3 OBJETIVO ESPECÍFICO ........................................................................... 13 1.4 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 14 1.5 METODOLOGIA ......................................................................................... 14

1.6 ESTRUTURA ............................................................................................. 15

2 VANTAGEM COMPETITIVA E DESEMPENHO DAS ORGANIZAÇÕES . 16

2.1 VANTAGEM COMPETITIVA ..................................................................... 16 2.1.1 Definição de vantagem competitiva ................................................... 16 2.1.2 Acesso à vantagem competitiva ........................................................ 20

2.1.3 Aquisição de vantagem competitiva ................................................... 23

2.2 DESEMPENHO DAS ORGANIZAÇÕES .................................................... 25 2.2.1 Definição do desempenho das organizações .................................... 25 2.2.2 Desempenho financeiro ..................................................................... 27

2.2.3 Indicadores financeiros de desempenho ............................................ 33 2.2.4 Indicadores financeiros com base no valor de mercado .................... 35

3 FORMAS DE CAPITALIZAÇÃO ................................................................ 38 3.1 CAPITALIZAÇÃO DE RECURSOS ............................................................ 38 3.2 ENDIVIDAMENTO ...................................................................................... 39

3.3 DEBÊNTURES ........................................................................................... 42 3.4 RETENÇÃO DE LUCROS .......................................................................... 47 3.5 OFERTA PÚBLICA INICIAL (INITIAL PUBLIC OFFERING – IPO) ............ 48

3.6 PRIVATE EQUITY E VENTURE CAPITAL (PE/VC) .................................. 50

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3.6.1 Definição e características dos fundos Private Equity e Venture Capital ........................................................................................................ 50

3.6.2 Processo de realização de Private Equity e Venture Capital ............. 56 3.6.3 Private Equity e Venture Capital no Brasil ......................................... 58

3.7 O EFEITO DA CAPITALIZAÇÃO NA VANTAGEM COMPETITIVA E NO DESEMPENHO .......................................................................................... 63

4 METODOLOGIA E ANÁLISE DE DADOS ................................................ 66 4.1 METODOLOGIA DA COLETA DE DADOS ................................................ 66 4.2 MODELO DE APRESENTAÇÃO DOS DADOS ......................................... 68 4.2.1 Apresentação dos dados ................................................................... 68 4.2.2 Correlação entre as variáveis ............................................................ 70

4.3 O DESEMPENHO DAS ORGANIZAÇÕES A PARTIR DOS RESULTADOS DO Q DE TOBIN ........................................................................................ 71

4.3.1 O desempenho organizacional em relação ao seu ativo total ............ 76 4.3.2 O reflexo da captação de recursos no endividamento da empresa ... 83

5 ANÁLISE DA MODALIDADE DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS DAS EMPRESAS QUE FIZERAM DEBÊNTURES ............................................ 87

6 ANÁLISE DA MODALIDADE DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS DAS EMPRESAS QUE FIZERAM (IPO) INITIAL PUBLIC OFFERING ............. 89

7 ALTERNATIVAS MAIS USADAS DE FINANCIAMENTO ......................... 94

8 DESEMPENHO DOS LOG_TOBINQ(S) DAS EMPRESAS POR SUBSETORES DA ECONOMIA QUE FIZERAM OU NÃO DEBÊNTURES ................................................................................................................... 96

9 DESEMPENHO DO (ROA) RETORNO SOBRE O ATIVO DAS EMPRESAS POR SUBSETORES DA ECONOMIA QUE FIZERAM OU NÃO DEBÊNTURES .................................................................................. 98

10 ANÁLISE DO PAINEL DE DESEMPENHO DAS EMPRESAS QUE REALIZARAM PRIVATE EQUITY E VENTURE CAPITAL ....................... 99

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 104

12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 107

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação

A globalização e a abertura de mercado exigiram mudanças nas

organizações para adaptarem-se a uma nova realidade mundial. Para as

empresas com ações na Bolsa de Valores do Estado de São Paulo

(BOVESPA), a exigência de mudança não foi diferente. A reestruturação

dessas empresas para a competitividade veio em busca de mudanças das

corporações como um todo.

A partir de pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV),

constatou-se que, no Brasil, ainda existe pouco conhecimento sobre a forma de

captação de recursos de Private Equity e Venture Capital com IPO

(CARVALHO, RIBEIRO E FURTADO, 2006).

Questiona-se se essa mesma premissa se aplica às empresas que têm

ações na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), bem como se elas têm o

mesmo desempenho e vantagem competitiva que as empresas que optam por

outro tipo de captação de recursos ou que até mesmo não fazem nenhum tipo

de financiamento.

Nesta realidade, em que a competitividade é um fator determinante, o

sistema de medição de desempenho se tornaria indispensável para as

organizações (MACEDO et al., 2008). O desempenho das organizações é

passível de muitas discussões. As questões mais importantes desta discussão

são quais e quantos serão os índices utilizados na medição de desempenho e

como consolidá-los em perspectivas ou dimensões de desempenho (MACEDO

et al., 2008).

Diversos estudos já foram publicados, porém pode-se evidenciar que não

existe um modelo único de avaliação de desempenho para todas as variáveis

do mundo das organizações (MACEDO et al., 2008). Para uma melhor análise,

é possível inserir, além dos modelos tradicionais, outros modelos não

financeiros como: satisfação do acionista, satisfação do cliente, entre outros

(NUINTIN, 2007).

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Decidir o método envolve a escolha de uma alternativa entre várias. O

interessado usa de toda a experiência adquirida, conhecimento técnico e

habilidade, pois quanto melhor ele compreender o processo de decisão

envolvido, melhor será sua escolha (LYRA, 2008).

O objetivo da administração financeira é maximizar a riqueza dos

empreendedores, sendo o gestor financeiro o responsável por essa tarefa. O

ponto alto deste objetivo envolve decisões que maximizem o valor de mercado

do investimento e a distribuição de dividendos (ANDRADE, 2008). Os

proprietários e acionistas delegam poderes ao gestor financeiro para a tomada

de decisões, e este deve exercer suas atividades de estratégia para a

empresa, com o alternativo de investimentos e financiamento a curto e longo

prazos.

Um administrador financeiro pode optar por maior endividamento ou maior

participação de capital próprio, dependendo de como é feita a composição do

financiamento, mas deve referenciar sua decisão na estrutura de minimizar o

custo total.

Diante de uma realidade global, pode-se dizer que as relações

econômicas, cada vez mais, estabelecem maior competitividade entre as

empresas diante de um mercado consumidor mais exigente (NUINTIN, 2007).

Quanto à qualidade dos produtos e serviços, exige-se melhoria do

desempenho das empresas.

Até o presente momento, não se conhecem estudos que tenham

pesquisado e analisado os reflexos da forma de capitalização via Private Equity

e Venture Capital com IPO nas empresas com ações na Bolsa de Valores do

Estado de São Paulo (BOVESPA).

Dessa forma, o presente trabalho propõe-se a estudar a atuação dessas

empresas no mercado de capitais e, assim, verificar como elas se comportam

do ponto de vista da vantagem competitiva e do desempenho organizacional.

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1.2 Objetivo geral

O objetivo deste trabalho consiste em verificar se o desempenho

organizacional das empresas com ações na Bolsa de Valores de São Paulo,

que receberam investimentos em Private Equity ou Venture Capital com IPO,

tornou-se diferente das demais empresas do setor e das empresas que fizeram

ou não captação de recursos, como debêntures ou outro tipo de financiamento.

1.3 Objetivo específico

Os objetivos específicos deste trabalho são:

Definir e estudar a vantagem competitiva nos aspectos de facilidade

de acesso, captação de recursos e estratégias aquisitivas.

Conceituar e verificar como ocorre o desempenho financeiro a partir

de indicadores financeiros, índices de liquidez, índices de atividades,

índices de endividamento, índices de rentabilidade e índices de valor

de mercado, analisando as formas e efeitos de sua capitalização por

meio de Private Equity e Venture Capital com IPO e outras formas de

financiamento.

Efetuar pesquisa de análise exploratória para analisar se essas

empresas que têm ações na BOVESPA e receberam investimentos de

Private Equity ou Venture Capital com IPO tiveram melhor

desempenho do que aquelas que receberam nenhuns ou outros tipos

de financiamentos.

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1.4 Justificativa

O tema em estudo reveste-se de grande importância para o país, visto

que as empresas com ações na BOVESPA atraem investimento nacional e

estrangeiro.

Até o momento o que se sabe sobre o tema de investimentos nessas

empresas não é divulgado e é pouco conhecido na área acadêmica e no Brasil.

Este trabalho se justifica para que a academia, empreendedores e

investidores permitam avaliar o desempenho das organizações que receberam

financiamento de Private Equity e Venture Capital em relação às que

receberam outros tipos de financiamento ou nenhum.

Até o presente momento, não se conhecem estudos que tenham

pesquisado e analisado os reflexos da forma de capitalização via Private Equity

e Venture Capital com IPO nas organizações. Os resultados podem permitir

que investidores e empreendedores se posicionem sobre este tipo de

investimento, assim como os gestores podem lançar mão de alternativas de

financiamento que não sejam o de capital próprio, ou verificar se este faz

sentido entre suas alternativas de capitalização.

1.5 Metodologia

O método utilizado no presente trabalho será o dedutivo-hipotético, uma

vez que será posta à prova a hipótese de que as empresas que têm ações na

Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) e utilizam-se da captação de

recursos Private Equity e Venture Capital com IPO têm vantagem competitiva e

desempenho diferenciados das empresas que optam por outro tipo de

captação de recursos, como debêntures, ou que até mesmo não fazem

nenhum tipo de financiamento.

Será feita a coleta de dados secundários por meio de estudo descritivo,

tendo sido utilizados livros, artigos, dissertações, páginas virtuais e o sistema

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15

de dados da Economática (empresa que armazena informações de balanço,

demonstrações financeiras e ações) acerca do assunto como base de consulta.

A pesquisa será desenvolvida com os dados do balanço patrimonial

consolidado, demonstrações de resultados e valor das ações de 639 empresas

listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), no período que

compreende os anos de 2002 a 2008. O levantamento e a análise de dados

serão obtidos com a apuração dos resultados via aplicativos denominados

SPSS Statistic, versão 17.0, e Stata para a identificação das relações entre as

variáveis, consideradas como modelo explicativo para o fenômeno de

desempenho das empresas com ações na BOVESPA.

1.6 Estrutura

Para que seja feita a análise do desempenho das empresas que têm

ações na Bolsa de Valores de São Paulo e realizaram Private Equity e Venture

Capital com IPO, acredita-se necessário, primeiramente, discorrer sobre a

vantagem competitiva e o desempenho das organizações, por meio de um

referencial teórico sobre Visão Baseada em Recursos (RBV) e capacidade

organizacional.

Tal discussão será seguida pelo marco teórico que situa a pesquisa, o

desempenho, com base nos índices de desempenho e valor de mercado,

sendo eles: índices de liquidez, endividamento, rentabilidade e valor de

mercado, como P/L (Preço/Lucro), P/V (Preço/Valor Patrimonial) e Q de Tobin,

a serem utilizados para fins de análise.

Posteriormente, serão feitas reflexões sobre as formas de capitalização

de Private Equity e Venture Capital com IPO e outros tipos de financiamentos,

e seus efeitos no desempenho financeiro das organizações, tais como,

endividamento e retenção de lucros.

Em seguida, será explanada a metodologia de pesquisa utilizada para a

coleta de dados, bem como o modelo para sua apresentação. Para o

direcionamento da pesquisa serão utilizados dados secundários coletados na

Economática, no período de 2002 a 2008, com o objetivo de ampliar

conhecimentos. Será feita a classificação dos índices e indicadores de

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desempenho a serem utilizados na pesquisa e uma análise estatística dos

dados coletados, por meio do aplicativo denominado SPSS Statistic, versão

17.0, na busca de relação entre as variáveis, utilizando-se do método de

regressão.

Finalmente, os resultados coletados serão interpretados a partir dos

seguintes focos: o desempenho das organizações a partir dos resultados do Q

de Tobin; o desempenho organizacional em relação ao seu ativo total; o reflexo

da captação de recursos no endividamento da empresa; a análise da

modalidade de captação de recursos das empresas que fizeram debêntures; a

análise da modalidade de captação de recursos das empresas que fizeram

(IPO) Initial Public Offering; e as alternativas mais usadas de financiamento.

2 VANTAGEM COMPETITIVA E DESEMPENHO DAS ORGANIZAÇÕES

2.1 Vantagem competitiva

2.1.1 Definição de vantagem competitiva

Atualmente, a forma como as empresas atuam é o que as diferencia

umas das outras, determina seu sucesso ou fracasso competitivo e, também, é

responsável pelo seu melhor desempenho no mercado financeiro e,

consequentemente, determina sua vantagem competitiva (VASCONCELOS e

BRITO, 2004, pág. 52).

Apesar de a definição não ser precisa, ela está ligada a um desempenho

superior das empresas. Essa ligação, contudo, tem múltiplas abordagens,

dependendo dos autores e do contexto.

Não há consenso, por exemplo, quanto à questão se a vantagem

competitiva deve ser tomada como uma causa do desempenho superior ou

como a constatação efetiva desse desempenho (VASCONCELOS e BRITO,

2004, pág. 52).

Para Hitt, Ireland e Hoskisson e Besanko (apud VASCONCELOS e

BRITO, 2004, pág. 52), a vantagem competitiva ocorre quando uma empresa

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tem um desempenho em termos de lucro econômico superior ao de outras

empresas atuantes no mesmo mercado.

Já a maior parte dos autores da RBV tem uma abordagem diferente.

Barney (apud VASCONCELOS e BRITO, 2004, pág. 52), por exemplo, afirma

que uma empresa tem uma vantagem competitiva quando implementa uma

estratégia de criação de valor que não é implementada, simultaneamente, por

nenhum dos seus concorrentes atuais ou potenciais. O desempenho superior

seria uma conseqüência, um resultado provável dessa estratégia, influenciado

também pelos custos em adquirir os recursos necessários.

Em 1991, Barney define a vantagem competitiva como:

Diz-se que uma empresa possui uma vantagem competitiva quando está implementando uma estratégia de criação de valor que não esteja sendo simultaneamente implementada por seus concorrentes ou concorrentes potenciais, os quais são incapazes de repetir os benefícios dessa estratégia (BARNEY, 1991, p. 102 apud VASCONCELOS e BRITO, 2004, pág. 55).

Flávio Carvalho de Vasconcelos e Luiz Artur Ledur Brito denominam a

definição de Barley vantagem competitiva componente.

Os autores denominam vantagem competitiva resultante a definição dada

por Besanko et al. (2004) e Hitt, Ireland e Hoskisson (1999), por se tratar do

resultado dos efeitos combinados dos diversos fatores específicos à empresa

que afetam seu desempenho:

Quando uma empresa (ou unidade de negócio dentro de uma empresa com múltiplas unidades de negócio) aufere uma taxa maior de lucro do que a taxa média de lucro de outras empresas disputando o mesmo mercado, a empresa possui uma vantagem competitiva nesse mercado. (BESANKO et al., 2004, p. 360 apud VASCONCELOS e BRITO, 2004, pág. 54).

Os mesmos autores propõem uma definição constitutiva de vantagem

competitiva, segundo a qual ela compreende:

[...] a influência líquida de todos os fatores idiossincráticos da empresa sobre o seu desempenho durante um período determinado, excluídas as influências de outros fatores, como a indústria, os fatores temporais e o erro estatístico. Podemos operacionalizar a definição de vantagem competitiva respondendo se ela é uma componente ou resultante e se é temporária ou sustentável. (VASCONCELOS e BRITO, 2004, pág. 54).

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Segundo Porter, a vantagem competitiva não pode ser entendida olhando

a empresa como um todo. Ela deve ser analisada por setores ou

departamentos (PORTER, 1985). Sua origem está presente nas inúmeras

atividades distintas de um projeto executado pela empresa, na produção, na

entrega e também no suporte de seu produto. As atividades como, por

exemplo, industrial, administrativa, gestão financeira e logística são

independentes umas das outras e contribuem para a formação de custos

relativos de uma empresa, além de servirem de base para uma diferenciação.

A diferenciação pode nascer de diversos fatores, como aquisição de matéria-

prima de elevada qualidade, um sistema diferenciado de atendimento a clientes

ou o projeto de um produto especial (PORTER, 1985).

Por outro lado, as grandes empresas japonesas estão capitalizando o

tempo como uma fonte de vantagem competitiva, diminuindo o ciclo de

planejamento no desenvolvimento de produto e enxugando o tempo dos

processos nas fábricas, administrando o tempo como a maioria das empresas

gerencia custos, qualidade ou estoque (GEORGE, 1998).

Devido à falta de qualificação de mão-de-obra, motivou-se a diminuição

de custos e a redução do valor dos rendimentos dos colaboradores

operacionais. As empresas japonesas, vendo essa oportunidade de mão-de-

obra a baixo custo, reestruturaram-se para obter vantagem competitiva em

diversos setores industriais. A produção just-in-time provocou a mudança para

indústrias flexíveis, pois as empresas japonesas buscam baixos custos e muita

variedade no mercado.

O tempo é uma vantagem-chave, hoje, na produção, no desenvolvimento, no lançamento de novos produtos, no setor de vendas e em distribuição. A forma como as empresas gerenciam o tempo representa as mais fortes e novas fontes de vantagem competitiva. (GEORGE, 1998).

Também a tecnologia é uma poderosa força que impulsiona o mundo

para uma uniformização (LEVITT, 1998). As pessoas de diversos lugares

querem adquirir produtos mesmo que não os tenham visto nem experimentado.

A tecnologia fez dos lugares isolados e povos com menores rendas

consumidores ansiosos por usufruírem da modernidade. A tecnologia está

inserida em toda atividade de valor e interage na obtenção de elos entre as

atividades (PORTER, 1985).

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Baseadas na cadeia de valores, as empresa buscam, por meio de

pesquisas de mercado e benchmark, as necessidades e expectativas dos

consumidores em relação a um determinado produto. Assim, em alguns casos,

organizações criam necessidades de consumo. A evolução dos produtos

acontece de uma forma muito rápida e constantemente são lançados novos

produtos, novas marcas e novos apelos para o consumo.

A cadeia de valores é uma ferramenta básica para a vantagem

competitiva (PORTER, 1985). A cadeia de valores de uma organização é a

reunião de todas as suas atividades que são executadas para projetar,

produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto. A história de uma

empresa, sua estratégia, o método de sua estratégia e a sua economia básica

de atividade representam sua cadeia de valores e o modo como ela executa

suas atividades individuais (PORTER, 1985).

Para uma organização ter vantagem competitiva, ela precisa fazer de sua

cadeia de valores as atividades estrategicamente mais importantes com custo

menor ou melhor do que o concorrente. O produto de uma empresa pode

tornar-se parte da cadeia de valores de seu comprador.

Dessa forma, pode-se vislumbrar a vantagem competitiva por vários

ângulos. A vantagem competitiva componente é aquela adotada pela empresa

ao implementar uma estratégia de criação de valor que não é implementada

por nenhum dos seus concorrentes atuais ou potenciais. A vantagem

competitiva é vista como resultante quando se trata do resultado dos efeitos

combinados dos diversos fatores específicos à empresa que afetam seu

desempenho. É entendida como constitutiva quando há influência líquida de

todos os fatores idiossincráticos da empresa sobre o seu desempenho durante

um período determinado. A vantagem competitiva também pode ser estudada

do ponto de vista da capitalização da tecnologia e da mão-de-obra qualificada,

bem como da posição do produto na cadeia de valores do consumidor.

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2.1.2 Acesso à vantagem competitiva

A possibilidade de novas fontes de acesso à vantagem competitiva é

responsável pelo melhor desempenho da empresa no mercado financeiro. São

utilizados os pressupostos introduzidos pela perspectiva da Competição

Baseada em Recursos (Resource-Based View – RBV), na tentativa de

explicarem questões fundamentais sobre as fontes e manutenção da vantagem

competitiva das empresas. Questiona-se qual é o elemento que mantém a

heterogeneidade quanto a recursos e performance entre os competidores

próximos, apesar das tentativas de competição e imitação (MELO e CUNHA,

2004).

Foi o aparecimento da RBV, no período da década de 1980, que

evidenciou um tratamento mais técnico ao conceito de vantagem competitiva

(VASCONCELOS e BRITO, 2004). A RBV abriu horizonte para inúmeras

investigações sobre novas fontes de vantagens competitivas, primando o

conhecimento e aprendizagem organizacional, aproximando a economia da

sociologia (MELO e CUNHA, 2004).

Para a RBV, a origem de vantagem competitiva precede a um produto em

destaque e se encontra no uso produtivo de recursos essenciais de eficiência

maior, tornando a empresa que a possui mais eficaz e capaz do que as outras.

Assim, o valor contratado pelos clientes é o de menor custo marginal da

indústria (MELO e CUNHA, 2004).

Com base na teoria da estratégia, em 1991, Barney elaborou as idéias da

RBV. Segundo o estudioso, a perspectiva das forças competitivas admite que

as empresas são homogêneas, pois os recursos são facilmente transferíveis.

Por outro lado, a RBV assume que tais recursos, estratégicos e essenciais para

a operação da empresa, são distribuídos de maneira heterogênea na indústria,

não sendo facilmente transferíveis. Assim, é a empresa, e não o grupo

estratégico em uma indústria, a unidade de análise nos estudos sobre

vantagem competitiva (MELO e CUNHA, 2004).

Ainda de acordo com o autor, recursos são:

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[...] todos os ativos, capacidades, processos organizacionais, atributos da empresa, informação, conhecimento etc., controlados pela empresa, que a possibilita elaborar e implementar estratégias que melhorem sua eficiência e eficácia (BARLEY, 1991, apud MELO e CUNHA, 2004).

Barley classifica os recursos em: a) recursos físicos, tais como

equipamentos, fábricas, localização geográfica e acesso a matéria-prima; b)

recursos humanos, ou seja, relações sociais e experiências dos funcionários; e

c) recursos organizacionais, como estruturas, processos e sistemas de

informação (MELO e CUNHA, 2004).

Em 1993, Peteraf (apud MELO e CUNHA, 2004) faz resumo das

características que devem ter os recursos essenciais que proporcionam a

vantagem competitiva. Para Peteraf, a posição da empresa, quanto aos seus

recursos, será superior uma vez que as seguintes considerações sobre os

recursos forem satisfeitas: a) escassos únicos e com eficiência superior no seu

uso; b) tiverem mobilidade imperfeita; c) serem não imitáveis ou não

substituíveis; e d) limitarem a competição. Segue quadro explicativo:

Tabela 1 – Características de recursos essenciais para a manutenção da

vantagem competitiva

Característica Descrição Mecanismos

Heterogeneidade

Os recursos são distribuídos de forma heterogênea entre as empresas da indústria, e somente aquelas que possuem os recursos que são escassos e com eficiência superior têm vantagem competitiva.

Escassez, dificuldade de suprimento para a indústria, pelo menos a curto prazo, monopólio da posse do recurso e alta eficiência na sua utilização produtiva na indústria.

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Restrição à competição

Uma vez adquiridos ou acumulados pela empresa, os recursos devem ser difíceis ou impossíveis de ser imitados pelos concorrentes ou de ser substituídos por outros mais eficientes.

Recursos socialmente complexos, não negociáveis no mercado de fatores de produção, que possuem alta carga de conhecimento tácito, como reputação, e contingentes a história da empresa que os acumulou geram ambigüidade do que seria relevante de ser copiado.

Restrição à competição

A corrida da empresa em assumir uma posição de destaque na indústria, com relação à posse de recursos superiores, não deve despertar a competição pelos recursos.

Imperfeições de mercado, como informações privilegiadas e sorte. O desenvolvimento de recursos não negociáveis, como a imagem da empresa, devem ser avaliados em seu custo de oportunidade para não dissipar as rendas futuras.

Mobilidade imperfeita

São os recursos difíceis de ser transferidos para outras empresas, pois são idiossincráticos e teriam pouco ou nenhum outro uso fora da empresa.

Recursos específicos da empresa e com altos custos de transação. Caso a empresa não os possua e estejam nas mãos do fornecedor, é necessário analisar como fica a divisão das rendas geradas pelo uso do recurso.

Fonte: Adaptado de Peteraf (1993), apud MELO e CUNHA, 2004.

Schulze (apud MELO e CUNHA, 2004), em 1994, defende a escola

processual do pensamento da RBV, na qual o mercado é visto como um ciclo

de equilíbrio e desequilíbrio (Schulze, 1994). Assim, diferentemente da escola

estrutural, na qual as empresas tentam proteger os seus recursos essenciais

da imitação, substituição e transferência para que o estado de equilíbrio

permaneça; na escola processual, as fontes de mudança não são somente

exógenas, mas endógenas, visto que o comportamento do sistema econômico

é influenciado pela ação de empresas inovadoras, por exemplo, como em um

regime schumpeteriano de competição (MELO e CUNHA, 2004).

Portanto, a preocupação principal da escola processual não é somente a identificação e proteção dos recursos essenciais, mas focaliza-se nas condições e processos através dos quais

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os recursos essenciais são criados e desenvolvidos para gerarem as rendas. Particularmente, preocupa-se com os seguintes processos (Grant, apud Schulze, 1994): a) de aprendizagem de novas formas de gerenciar os recursos atuais; b) de desenvolvimento de novos recursos e capacidades; e c) de busca de congruência entre as condições do mercado e os recursos organizacionais utilizados pela empresa (MELO e CUNHA, 2004).

Pode-se dizer que, na escola processual, o foco passa a ser os

processos de construção de conhecimento e aprendizagem e os processos de

criação de know-how, habilidades e capacidades organizacionais na utilização

dos recursos da empresa. São, contudo, mantidas as preocupações de que os

recursos essenciais devam possuir as características da Tabela 1.

Dessa forma, esses processos são os recursos essenciais e fontes da

vantagem competitiva.

2.1.3 Aquisição de vantagem competitiva

A empresa que queira não somente manter-se, mas também destacar-

se entre as suas concorrentes, ou seja, ter vantagem competitiva no mercado

financeiro, precisa encontrar meios para alcançar tal objetivo. Daí, ela

necessita ter capacidades organizacionais que facilitem sua operação.

Segundo Dosi, Nelson e Winter (2000) (apud MELO e CUNHA, 2004),

as capacidades organizacionais (OC) compreendem um fenômeno

organizacional socialmente complexo, o qual permeia toda a organização e é o

resultado da interação social dos indivíduos. Segue explicação:

A perspectiva das Capacidades Organizacionais – OC possui pressupostos semelhantes aos da escola processual da RBV. Mais especificamente, preocupa-se em como diferentes formas de conhecimento são utilizadas pela empresa em sua operação, combinando os recursos existentes para criar, manter e renovar capacidades, e como conseqüência usufruir-se de rendas e retorno acima da média. Para a OC, o que torna a empresa heterogênea são suas capacidades, únicas e impossíveis de imitação, as quais constituem-se nas verdadeiras fontes de vantagem competitiva (DOSI, NELSON e WINTER, 2000, apud MELO e CUNHA, 2004)).

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É possível afirmar que a capacidade de uma empresa é o know-how, o

qual facilita sua operação, proporcionando a sintonização dos processos

organizacionais à efetiva entrega dos produtos e serviços ao mercado.

Ter capacidade é ter o conjunto de habilidades necessárias para realizar

aquilo que foi intencionado, pois as “capacidades preenchem a lacuna entre

intenção e resultado, de maneira que o resultado corresponde àquilo que foi

intencionado” (DOSI, NELSON e WINTER, 2000, apud MELO e CUNHA,

2004). Os conhecimentos adquiridos e aculturados em rotinas referem-se às

capacidades organizacionais que utilizam os ativos, as habilidades individuais e

os recursos da empresa para definir as capacidades de “fazer as coisas”, ou

seja, seu know-how (DOSI, NELSON e WINTER, 2000, apud MELO e CUNHA,

2004).

É importante frisar que a rotina, apesar de ser o conceito fundamental das

perspectivas das capacidades organizacionais, não é o único componente das

capacidades. Os ativos complementares também são considerados, pela

empresa, na execução das rotinas e construção das capacidades (DOSI,

NELSON e WINTER, 2000, apud MELO e CUNHA, 2004).

A capacidade organizacional de uma empresa é difícil de ser

implementada a curto prazo, em vista de sua complexidade e

interdependências dos sistemas organizacionais, levando em consideração a

característica do conhecimento que está abaixo das capacidades e rotinas.

É o que explica o trecho abaixo:

A capacidade da empresa em implantar e implementar rotinas eficientes e eficazes é o verdadeiro recurso essencial que a torna heterogênea e com eficiência superior à indústria. A vantagem sustenta-se devido ao fato de que as capacidades organizacionais são altamente enraizadas na cultura da empresa, idiossincráticas e firma-específica, não são adquiridas e transacionadas no mercado, são de difícil imitação e transferência para outras empresas (Dierickx e Cool, 1989). Ou seja, conhecimento ou know-how necessário à construção das capacidades e à operação das rotinas “está presente ativamente e permeado [embedded] nas atividades da organização e não passivamente armazenado, como um ativo, na cabeça dos participantes” (DOSI, NELSON e WINTER, 2000, apud MELO e CUNHA, 2004).

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Ademais, as capacidades organizacionais essenciais e estratégicas para

a empresa devem gerar produtos que supram as necessidades do consumidor.

Assim, podem beneficiar-se do prêmio nos preços cobrados.

Dessa forma, de acordo com os fundamentos da RBV, especialmente

com os da escola processual, as capacidades organizacionais têm de ser

dinâmicas (isto é, frente às mudanças ambientais, elas precisam manter, criar e

desenvolver novas capacidades), para que a empresa possa manter sua

vantagem competitiva no mercado financeiro.

2.2 Desempenho das organizações

2.2.1 Definição do desempenho das organizações

As empresas se utilizam de diversos mecanismos de análise, como, por

exemplo, endividamento, rentabilidade, liquidez, entre outros, extraídos das

demonstrações financeiras e contábeis, e, dentre os mais importantes,

encontra-se a avaliação de desempenho (SOARES, 2006). Conforme a

avaliação de desempenho na margem de lucro e retorno de capital, as

empresas periodicamente estão comparando o desempenho de suas áreas.

Até mesmo os gestores, muitas vezes, são avaliados e remunerados com base

no desempenho contábil das organizações.

O desempenho das organizações é passível de muitas discussões, tanto

no meio acadêmico como no meio empresarial e gerencial. As questões mais

importantes desta discussão são como conceituá-lo, bem como quais índices e

quantos serão utilizados na medição de desempenho e como consolidá-los em

perspectivas ou dimensões de desempenho (MACEDO et al., 2008).

Da mesma forma, há muitas definições de desempenho empresarial, mas

não se chega a um acordo sobre qual seria a melhor definição para o

fenômeno. Barley (BARLEY, 1996, apud CARNEIRO, SILVA, ROCHA e DIB,

2007) relata:

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There are numerous definitions of organizational [business] performance but relatively little agreement about which definitions are “best”, let alone agreement about the criteria against what definitions should be judged (p. 30, emphasis in the original). (BARLEY, 1996, apud CARNEIRO, SILVA, ROCHA e DIB, 2007).

Assim, a definição de desempenho organizacional pode ser orientada por

objetivos específicos da empresa para suas unidades para que seja mais

precisa. Segue a sugestão:

In fact, the conceptual definition of business performance should be oriented by the specific objectives of the firm for its business units (e.g., short-term economic or market performance versus longer-term strategic objectives), so that a coherent set of measurement items can be drawn (CARNEIRO, SILVA, ROCHA e DIB , 2007).

Em relação aos estudos relacionados à mensuração do desempenho das

empresas, ainda não é possível afirmar que se chegou a um consenso sobre a

melhor forma de mensurar o desempenho empresarial (KUHL, 2007).

Contudo, o mundo globalizado e a abertura dos mercados exigiram que

as organizações fizessem mudanças para se adaptar ao novo sistema mundial

(BARBOSA e MACEDO, 2008). Neste sistema, em que a competitividade é

muito relevante, a forma pela qual se mede o desempenho se tornou

indispensável.

Os estudos sobre as demonstrações financeiras e sua análise têm sofrido

mudanças conceituais e práticas. As análises não mais se limitam aos

indicadores tradicionais, tais como análise horizontal, análise vertical e análise

de índices (liquidez, endividamento e outros) (GITMAN, 2004, páginas 44 e 45).

Pela diversidade de indicadores utilizados, que não são exclusivos e que,

na maioria das vezes, apresentam resultados que indicam serem os melhores,

a utilização de um conjunto de indicadores parece ser a forma mais indicada, o

que já vem sendo adotado em diversos estudos (GITMAN, 2004, pag. 57).

Assim, pode-se evidenciar que não existe um modelo único de avaliação

de desempenho para todas as variáveis do mundo das organizações.

A avaliação do desempenho de um processo de produção, por exemplo,

compreende um conjunto de atividades que transforma entradas, insumos,

produtos, com estratégias e objetivos definidos. As informações de clientes,

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desempenhos de produtos, das operações, do mercado e a comparação à

concorrência, são necessários e importantes para as avaliações e melhoras do

processo de produção (NUINTIN, 2007).

A avaliação de desempenho de uma organização também pode ser usada

para verificar se a missão da organização está sendo atingida. Portanto, a

organização pode avaliar se seus objetivos e as estratégias de produção, com

o alinhamento da missão, estão sendo atingidos (NUINTIN, 2007).

Dessa forma, pode-se dizer que, apesar de não haver um consenso sobre

qual seriam a definição mais apropriada e o melhor modo de mensurar o

desempenho, sugere-se que eles sejam feitos levando em conta os objetivos

específicos da empresa pelas suas unidades, utilizando um conjunto de

indicadores, para que se possa, por exemplo, avaliar e aperfeiçoar sua

produção e verificar se sua missão sendo atingida.

2.2.2 Desempenho financeiro

Atualmente, a economia globalizada, onde as distâncias estão cada vez

mais arrochadas, que têm como características a dinâmica e a crescente

demanda por rapidez na tomada de decisões empresariais, tem levado as

organizações corporativas a buscarem, de forma cada vez mais ágil, métodos

eficientes e seguros de análise de desempenho financeiro, que lhes permitam

enfrentar a concorrência (SOUZA, 2005).

Têm-se então que, para as organizações que estão concorrendo palmo a palmo na busca de um share cada vez maior em seus respectivos mercados, desenvolver processos próprios de avaliação de seu desempenho de acordo com suas peculiaridades. Um processo eficaz de avaliação de desempenho financeiro vai subsidiar o processo decisório na organização, quando esta, por necessidades estratégicas e de diferenciação, requisitar dados financeiros pertinentes a sua situação (SOUZA, 2005).

O desempenho pode ser medido por diferentes perspectivas, dependendo

dos resultados que almejam ser alcançados. Uma empresa pode ter seu

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desempenho avaliado por diferentes fatores, objetivos ou subjetivos, como

vantagens competitivas, resultados financeiros, satisfação dos clientes, fatores

sociais e ambientais. Se analisar os resultados financeiros, o desempenho

pode ser avaliado por diversas variáveis, não existindo uma única variável,

como consenso comum (SANTOS 2008).

A tendência das organizações é levar em consideração na análise do

desempenho financeiro, além do fator financeiro, também a estratégia

empresarial, de uma forma mais ampla, englobando as decisões de

investimento e financiamento da organização. Esta visão sistêmica procura

interagir a necessidade da remuneração dos acionistas, o interesse dos

funcionários pela organização, conseqüentemente o bom ambiente de trabalho,

a responsabilidade com os objetivos e políticas do país, entre outros fatores

(SOUZA, 2005).

Para atingir os objetivos elencados anteriormente, as organizações devem ter muito claro, em seus planos estratégicos, as políticas de investimento e financiamentos que vão proporcionar condições financeiras favoráveis às suas atividades. Os investimentos, pode-se dizer que são todas aquelas ações que procuram agregar ativos, que de uma forma ou de outra vão agregar valor ao empreendimento. Os investimentos devem estar em plena sintonia com os planos estratégicos das organizações e podem constituir-se de aquisição de máquinas e equipamentos para modernização da produção, novas construções, estoques de matérias-primas, instalações etc. Já os financiamentos devem determinar quais os recursos e as fontes necessárias a financiar estas atividades, projetos, entre outros. Basicamente, as fontes de financiamento constituem-se de ações junto aos sócios proprietários, acionistas, visando a captação de recursos, reinvestimento de lucros oriundos de suas próprias atividades ou ainda captação no mercado financeiro, nacional ou internacional. Estes financiamentos, e as formas pelas quais as organizações irão saldá-los, deverão estar em harmonia com as atividades que irão gerar resultados, a fim de proporcionar um crescimento sustentado, sob o risco de as organizações adentrarem num círculo vicioso onde contraem novos financiamentos ou aportes de capital para poderem saldar compromissos anteriores e assim por diante (SOUZA, 2005)

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Tabela 2 – Mensuração baseada em valor de mercado

Vantagens Desvantagens

Medições ao longo do tempo: valor de mercado pode ser apurado diariamente (cotação de ação). Acurácia: os valores são objetivamente mensurados. Objetividade: os gerentes não podem manipular as informações de mercado. Compreensível: valor de mercado é de fácil entendimento pelos gerentes. Eficiência de Custo: não envolve custos adicionais para obter essa informação

Não contabilidade pelos gerentes: valor de mercado não é influenciado diretamente pelos gerentes, recebendo influência de diversos fatores não gerenciáveis. Não refletem o desempenho realizado, podendo causar frustração em relação às expectativas que não podem ser realizadas. Valores de mercado podem não refletir as estratégias, nem sempre divulgadas ao mercado. Valores de mercado são sensíveis a outros fatores ainda não explicados.

Fonte: Elaborado com base em Merchant e Van der Stede (2007, pág. 436-440).

Tabela 3 – Mensuração baseada em valor contábil

Vantagens Desvantagens

Mensurações são precisas, objetivas e disponíveis. Congruência com objetivos organizacionais, normalmente baseados em lucros. Contabilidade: lucro é influenciado por fatores sob responsabilidade dos gerentes. Compreensibilidade: Lucro é uma medida inteligível pelos gerentes. Baixo custo em obter a informação, amplamente divulgada nos relatórios gerenciais.

Orientadas para transações realizadas, não captando criação de valor por transações não mensuráveis objetivamente. Conservadorismo contábil: antecipação de despesas e postergação de receitas. Não considera explicitamente custos de oportunidade sobre investimentos e capital de giro e capital próprio. Ignoram riscos e mudanças no risco. Focado em transações realizadas.

Fonte: Elaborado com base em Merchant e Van der Stede (2007, p. 436-440).

Como se depreende destes quadros, valores de mercado são afetados

por causas exógenas à empresa, não refletindo adequadamente o

desempenho organizacional. Assim, embora com diversas críticas, o

desempenho medido com informações contábeis é o mais usualmente utilizado

para acompanhar o resultado das ações dos gestores (OYADOMARI, 2008).

As demonstrações contábeis vêm sendo utilizadas como objeto de

pesquisa, tanto no Brasil como no exterior, para avaliação e acompanhamento

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do desempenho das organizações (BASTOS et al., 2008). A metodologia

utilizada é a análise financeira, a qual consiste em:

Constitui-se a análise financeira organizacional como o encadeamento dos processos que objetivam examinar de forma detalhada os dados financeiros relativos a uma determinada organização. A análise fundamenta-se nos demonstrativos contábeis, ou dados financeiros em geral e ainda em fatores condicionantes internos que podem ser a estrutura da organização, sua cultura, peculiaridades, capacidade tecnológica. Fatores condicionantes externos que por muitas oportunidades escapam ao controle da organização, tais como questões políticas, governamentais e macroeconômicas, podem também ser levados em consideração no processo de análise (SOUZA, 2005).

A técnica de análise das demonstrações contábeis por meio dos

quocientes financeiros é um dos mais importantes desenvolvimentos da

contabilidade, pois os quocientes financeiros permitem, ao analista, retratar o

que aconteceu no passado e fornecer algumas bases para inferir o que poderá

acontecer no futuro da organização (IUDICIBUS, 2007). Segue explicação:

O objeto principal do processo de análise dos demonstrativos financeiros é fundamentar a tomada de decisão na organização. A análise consiste em apurar os índices relevantes e sua interpretação, bem como o estabelecimento de procedimentos lógicos e sistêmicos que se adaptem melhor às características de cada organização envolvidas no processo. O analista financeiro deve procurar desenvolver medidas analíticas no sentido de retratar a situação real, com base simplesmente nos números frios que lhes são apresentados (SOUZA, 2005).

Dentre outras diversas técnicas existentes para analisar as

demonstrações contábeis de uma organização, destacam-se a analise

horizontal e a análise vertical (também conhecidas como análise de

porcentagem). Elas consistem no valor encontrado e convertido em

porcentagem para identificar, evidenciar e resumir uma relação importante

entre as contas das demonstrações contábeis.

ANÁLISE HORIZONTAL Sempre que se analisam demonstrativos financeiros objetivando a fundamentação para o processo decisório, deve-se partir do princípio de que os dados obtidos devam ser comparados com dados previamente determinados em outras ocasiões, ou seja, procura-se fazer um comparativo de dados presentes com dados passados, para que se possa projetar o futuro. A análise horizontal consiste na comparação feita entre valores, ou resultados de

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uma mesma conta, ao longo dos exercícios considerados. É uma análise através do tempo, onde se desenvolve por números índices. [...] ANÁLISE VERTICAL Do mesmo modo que a análise horizontal, a análise vertical constitui-se num processo comparativo que é expresso em forma percentual, onde se relaciona uma conta ou um grupo de contas, com um determinado valor afim, relacionável, constante do mesmo demonstrativo. A leitura e interpretação real que se faz na análise vertical é poder mensurar a participação relativa de cada item em cada demonstrativo e a sua respectiva evolução no tempo (SOUZA, 2005).

Contudo, levantam-se algumas questões sobre esse tipo de medição de

desempenho. Primeiramente, nota-se que as demonstrações contábeis de uma

organização, embora sejam muito exatas e com grande grau de confiabilidade

para a mensuração do desempenho, têm seus problemas decorrentes de suas

limitações. Por exemplo, o método escolhido pelo administrador para medição

do desempenho da organização pode ter sua influência pela preferência

técnica ou interesses pessoais, como sua própria remuneração.

Outro ponto a ser analisado é que, se as informações refletem o curto

prazo anual, às vezes não se conseguem extrair os verdadeiros resultados de

longo prazo, como nos investimentos de P&D, fazendo com que os gestores de

pesquisa e desenvolvimento apresentem uma avaliação de desempenho de

suas empresas muito diferente das avaliações de desempenho apresentadas

pelos gestores de unidades menos especializadas (SILVA, MOTTA e COSTA,

2007).

Entre os diversos indicadores de desempenho encontrados na literatura,

pode-se ressaltar a identificação de tendência na atividade exercida pela

empresa. A prática de comparação de empresa é muito usada para conseguir

índice padrão do setor. O índice padrão é constituído como referencial após

análise de um conjunto de empresas que sejam representativas em um setor.

Diante da comparação, pode-se justificar que uma empresa tenha uma

situação melhor ou pior em relação às outras (BASTOS et al., 2008).

Através de processos comparativos, pode-se analisar se uma empresa

está com seu índice de liquidez melhor ou pior do que o de seu concorrente.

Dessa mesma forma, é possível comparar seu endividamento, rentabilidade e

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outras avaliações importantes com as de diferentes empresas do mesmo ramo

de atividades.

Muitas pessoas crêem equivocadamente que, se a empresa que está

sendo analisada apresenta um valor “melhor” que a média do setor, então ela

pode ser encarada favoravelmente. Entretanto, essa visão do que é “melhor

que a média” pode ser enganosa. Muitas vezes, um índice muito superior à

média do setor pode apontar problemas que, depois de uma análise mais

cuidadosa, revela-se mais sério do que seria se o índice se mostrasse inferior à

média do setor. Portanto, é importante investigar as diferenças significativas

para qualquer lado da média do setor (GITMAN, 2004, pág. 42).

A análise combinada é o enfoque que mais se aproxima da análise de

índices das análises em corte transversal e de séries temporais. Uma visão

combinada permite avaliar a tendência do comportamento de um índice em

relação à tendência observado no setor.

Por fim, a análise dos demonstrativos do balanço é “a arte de saber

extrair relações úteis”; para o autor, não existe uma forma cientifica e

metodologicamente comprovada de análise de balanço. Pode-se dizer que, se

dois analistas experientes analisarem os mesmos demonstrativos contábeis,

certamente chegarão a conclusões semelhantes, mas nunca idênticas

(IUDICIBUS, 2007).

O referencial teórico permite caracterizar a análise das demonstrações

contábeis como uma atividade eminentemente subjetiva, apesar de formular

relações, de calcular índices e de utilizar tabelas de indicadores padrão (LYRA,

2008). A teoria da decisão estabelece que os indivíduos escolham as

alternativas consideradas como meios adequados para atingir os objetivos

desejados, e os pressupostos da teoria da racionalidade estabelecem que as

pessoas somente considerem uma parte da realidade no processo de decisão.

Embora isso possa parecer senso comum, não está cientificamente

sustentado. Estabelece-se a tese de que é possível hierarquizar desempenhos

empresariais por meio de um pequeno número de indicadores contábeis de

forma científica e metodológica, utilizando métodos quantitativos aliados à

expertise de especialistas (LYRA, 2008).

Dessa forma, ressalva-se a importância de mensurar o desempenho

financeiro das empresas. A análise nos valores de mercado é usualmente

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afetada por causas exógenas à empresa, não refletindo adequadamente o

desempenho organizacional. As análises baseadas nas informações contábeis

são consideradas mais precisas pela literatura para acompanhar o resultado

das ações dos gestores. A comparação entre os índices pode ser em corte

transversal e de séries temporais. Já a análise combinada permite avaliar a

tendência do comportamento de um índice em relação à tendência observada

no setor.

2.2.3 Indicadores financeiros de desempenho

Os índices financeiros podem ser divididos, de uma forma melhor, em

cinco categorias básicas: liquidez, atividade, endividamento, rentabilidade e

valor de mercado. Pode-se dizer que, basicamente, os índices de liquidez,

atividade e endividamento medem risco; os de rentabilidade medem retornos;

os de valor de mercado captam tanto risco como retorno (GITMAN, 2004

pag.45).

A definição de indicador de desempenho consiste em entender o seu

significado institucional, assim como visualizar a dimensão de sua aplicação.

Uma organização pode, através de um indicador de desempenho, saber a

evolução de seus efetivos resultados, enquanto unidade de negócios

(CALLADO et al., 2008).

Entre os indicadores tradicionais, cabe destacar a taxa de retorno como

uma medida financeira mais utilizada nas literaturas. Na teoria econômica, a

taxa de retorno pode ser definida como a taxa de desconto que faz uma

comparação do valor presente do fluxo de dinheiro líquido com seu

investimento, ou seja, é a taxa que iguala o VPL (Valor Presente Líquido) ao

investimento inicial de um projeto, dando a este um valor exatamente igual ao

valor do investimento (NOGUEIRA, LAMOUNIER e COLAUTO, 2005).

Como regra geral, os dados necessários para a realização de uma análise

financeira adequada incluem, no mínimo, a demonstração de resultados do

exercício e o balanço patrimonial.

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A liquidez de uma empresa é medida por sua capacidade de cumprir as

obrigações de curto prazo à medida que vencem. Corresponde à solvência da

posição financeira geral da empresa, a facilidade com que se podem pagar

suas contas. Os indicadores identificados foram: liquidez Geral (LG), liquidez

corrente (LC), liquidez seca (LS), liquidez Imediata (LI), capital circulante

líquido (CCL) (GITMAN, 2004, pág. 46).

Os índices de atividade medem a velocidade com que as várias contas

são convertidas em vendas ou caixa, entrada ou saídas. No que se refere às

contas de ativo ou passivo circulante, as medidas de liquidez são geralmente

inadequadas, porque as diferenças na composição dos ativos e passivos

circulantes de uma empresa podem afetar significativamente sua liquidez

„verdadeira‟. Assim, é importante ir além das medidas de liquidez geral e aferir

a atividade (liquidez) de contas especificas. Identificam-se os indicadores: giro

do estoque (GE), prazo médio de recebimento (PMR), prazo médio de

pagamento (PMP), giro do ativo total (GAT) (ASSAF NETO e LIMA, 2009).

O índice de endividamento de uma empresa indica o volume de dinheiro

de terceiros usado para gerar lucros (ASSAF NETO e LIMA, 2009). Em geral, o

analista financeiro preocupa-se mais com as dívidas de longo prazo porque

elas comprometem a empresa com uma série de pagamentos por muitos anos.

Como é necessário saldar as obrigações com os credores antes de

distribuir lucros aos acionistas, os acionistas atuais e futuros prestam muita

atenção na capacidade de pagamento de dívidas da empresa. Os fornecedores

de recursos financeiros se interessam pelo endividamento da empresa, e os

administradores, obviamente, também devem se preocupar com ele. Índices

identificados: IEG (índice de endividamento geral), ICJ (índice de cobertura de

juros), ICPF (índices de cobertura de pagamento fixos) (GITMAN, 2004, p. 49).

Existem inúmeras medições da rentabilidade. Como grupo, essas

medições permitem ao analista avaliar os lucros da empresa em relação a

certo nível de vendas, a certo nível de ativos ou ao volume de capital investido

pelos proprietários. Sem lucros, uma empresa não poderia atrair capital

externo. Os proprietários, credores e administradores preocupam-se muito com

o aumento do lucro, pois é visto como algo bastante importante no mercado.

Identificados os índices: MLB (Margem de lucro bruto), MLO (Margem de lucro

operacional), MLL (Margem de lucro liquido), LPA (Lucro por ação), ROA

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(Retorno do ativo total), ROE (Retorno do capital próprio) (GITMAN, 2004, p.

55).

O valor de mercado conceitua-se como o preço pelo qual os compradores

e vendedores negociam seus ativos. Quando o valor de mercado e o valor

contábil coincidem, é possível dizer que houve apenas uma coincidência

(NOGUEIRA, LAMOUNIER e COLAUTO, 2005).

Esses índices relacionam o valor de mercado da empresa, medido pelo preço corrente da ação, a certos valores contábeis. Os índices mostram quão bem os investidores acham que a empresa está funcionando em termos de risco e retorno. (GITMAN, 2004, p. 42-57).

As demonstrações contábeis às vezes não conseguem evidenciar o valor

de mercado das empresas. Para suprir esta lacuna das demonstrações

contábeis, existe a possibilidade de utilizar os indicadores financeiros com base

no valor de mercado, tais como PL (Preço/Lucro), P/V (Preço/Valor

Patrimonial), e Q de Tobin, os quais serão estudados a seguir.

2.2.4 Indicadores financeiros com base no valor de mercado

Outra técnica de mensurar o desempenho, a análise de índices, não inclui

somente o cálculo de determinado índice. Mais importante do que isso é a

interpretação do valor do índice. Uma base relevante de comparação é

necessária para responder à pergunta como: “É muito alto ou muito baixo?” e

“Esse número é bom ou ruim?”. Podem ser feitas comparações de índices de

dois tipos: em corte transversal e de séries temporais (GITMAN, 2004, p. 42-

56).

A análise em corte transversal envolve a comparação de índices

financeiros de diferentes empresas na mesma data. Os analistas geralmente se

interessam no desempenho de uma empresa em relação a outras do seu setor.

Com freqüência, uma empresa compara os valores de seus índices aos do

principal concorrente ou de um grupo de concorrentes que desejam imitar.

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Esse tipo de análise em corte transversal, chamada de benchmarking, tornou-

se muito comum (GITMAN, 2004, p. 42).

O índice PL (Preço/Lucro) normalmente é utilizado para medir a opinião

dos investidores em relação ao preço da ação. Esse índice representa a

confiança que o investidor tem no desempenho futuro da empresa. Quanto

maior for esse índice, maior será a confiança do investidor (GITMAN, 2004, p.

42-57).

O índice PL (Preço/Lucro) é utilizado como regra prática aproximada para

avaliar as empresas com o intuito de compra. Pode-se medir teoricamente em

anos o prazo em que o proprietário ou investidores teriam seu retorno

(NOGUEIRA, LAMOUNIER e COLAUTO, 2005).

O índice P/V (Preço/Valor Patrimonial) dá uma idéia aos investidores de

como o desempenho da empresa pode ser visto, relacionando o valor de

mercado a seu valor contábil (GITMAN, 2004, p. 42-57).

O índice de preço de mercado sobre o valor contábil relaciona o valor de mercado atual da ação com o valor contábil do capital próprio no balanço patrimonial. (NOGUEIRA, LAMOUNIER e COLAUTO, 2005).

O índice Q de Tobin é um indicador que avalia o investimento com base

no valor de mercado e seu uso é incipiente na literatura nacional (NOGUEIRA,

LAMOUNIER e COLAUTO, 2005).

O Q de Tobin é definido como a relação entre o valor de mercado de uma empresa e o valor de reposição de seus ativos físicos. (FAMÁ e BARROS, 2000). Neste caso, a inovação trazida por Tobin e Brainard (1968), e Tobin (1969), relaciona-se com a definição mais ampla do valor de mercado da empresa e com a consideração do valor de reposição dos ativos em lugar de seu valor contábil.

Com isso, para encontrar a formulação básica, o Q de Tobin, pode ser

expresso como:

_______________________________________________________________

Q = VMA + VMD VRA

_______________________________________________________________

Onde:

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VMA – representa o valor de mercado das ações negociadas na Bolsa de

Valores ou capital próprio da firma.

VMD – representa o valor de mercado das dívidas ou valor contábil de capital

de terceiros tomado.

VRA – é representado pelo valor de reposição dos ativos da organização.

Dessa forma, VMA + VMD representa o valor de mercado total da

organização. Famá e Barros (2000) (apud LINDENBERG e ROSSI, 1981)

definem VRA como desembolso monetário que possa comprar a capacidade

produtiva da organização, de acordo com a mais moderna tecnologia

disponível, por um custo menor. Conforme observado pelos autores, este

conceito é mais complexo do que uma medida de custo de reprodução,

preocupada somente com o ajuste do valor contábil da firma pela inflação.

Pode-se dizer que o uso do Q de Tobin é útil em diversos contextos de

pesquisa em economia e finanças. Principalmente em finanças, diversas

interpretações e aplicações para a variável vêm sendo analisadas, com isso

possibilitando a criação de novas linhas de pesquisas, e melhoria das já

existentes. Pode-se dizer que o uso do Q de Tobin impõe aos pesquisadores

desafios que não devem ser subestimados e merecem maior atenção por parte

deles. Os desafios relacionam-se às estimativas da variável que precisam ser

analisadas a partir de dados reais, o que, como será abordado, envolve

importantes considerações metodológicas (FAMÁ e BARROS, 2000).

O Q de Tobin pode ser interpretado como um indicador de oportunidade

de crescimento. Quando o Q de Tobin for maior do que 1 (um), revela que o

valor de mercado da firma é superior ao preço de reposição de seus ativos. As

organizações com um Q de Tobin mais elevado possuem maior estímulo para

fazer novos investimentos de capital, se comparadas com as organizações que

não apresentam um Q de Tobin tão expressivo. Contudo, se o Q de Tobin for

menor do que 1 (um), o preço de mercado da organização pode ter uma

tendência inferior ao custo de reposição do respectivo capital. A empresa não

apresenta condições de fazer investimentos, e conseqüentemente suas ações

se desvalorizam no mercado de capitais.

O Q de Tobin tem muita riqueza de interpretações e uma larga

aplicabilidade conceitual, podendo ser útil em várias linhas de pesquisas, tanto

as relacionadas ao desenvolvimento teórico como às aplicações empíricas

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(NOGUEIRA, LAMOUNIER e COLAUTO, 2005). O indicador Q de Tobin não

precisa do uso de ajuste de risco, minimizando as possíveis distorções

causadas pela presença do risco, distorções convencionais na elaboração de

fluxos contábeis (NOGUEIRA, LAMOUNIER e COLAUTO, 2005).

O Q de Tobin, tendo em vista o crescimento dos mercados financeiros,

possibilita e facilitam as estimativas de valores de mercado, maior acesso dos

pesquisadores aos dados das empresas e o crescimento do poder de

processamento de dados disponível para eles. Dessa forma, o uso do índice

vem notadamente crescendo nos meios acadêmicos da área de finanças

(FAMÁ e BARROS, 2000, pág. 39).

No Brasil, contudo, o Q de Tobin é ainda pouco utilizado em pesquisas. O

crescimento do mercado de capitais local e a maior disponibilidade de dados

fornecidos pelas empresas abertas e agências de informação são estímulos

importantes para que seja conduzido um grande número de testes de agora em

diante, aproveitando a riqueza de informações e implicações do Q de Tobin

(FAMÁ e BARROS, 2000, pág. 40).

Para fazer a análise de desempenho dos dados coletados nesta

pesquisa, optou-se pela utilização do indicador Q de Tobin, pois se trata de

índice mais preciso do que os outros (NOGUEIRA, LAMOUNIER e COLAUTO,

2005).

3 FORMAS DE CAPITALIZAÇÃO

3.1 Capitalização de recursos

A capitalização de recursos é feita através de instituições financeiras que

fazem operações de intermediação financeira no mercado. As instituições

financeiras recebem dos agentes econômicos (pessoas, empresas, governo,

organizações, entre outros), que possuem disponibilidade de caixa para

aplicação no mercado financeiro. Por outro lado, os intermediários financeiros

têm aqueles que necessitam de crédito (ASSAF NETO e LIMA, 2009).

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A intermediação no mercado financeiro busca atender os interesses dos

agentes superavitários e dos agentes deficitários do sistema econômico do

país.

As empresas bem-sucedidas no mercado têm necessidade de adquirir

fundos (GITMAN, 2004). As empresas podem adquirir recursos de terceiros

que atuam como intermediação financeira no mercado. Estes agentes

superavitários recebem recursos de poupança e os transferem para aqueles

que necessitam de crédito.

As principais instituições financeiras são os bancos comerciais, bancos

múltiplos, as associações de poupança e empréstimos, as cooperativas de

créditos, caixas econômicas, companhias de seguros, os fundos de pensões,

entre outras (GITMAN, 2004).

Os fóruns onde os fornecedores e os demandantes de fundos podem

transacionar diretamente são denominados mercado financeiro (GITMAN,

2004).

As instituições financeiras atuam no mercado captando recursos dos

investidores e pagam (juros), com os recursos levantados, e efetuam

empréstimos de curto e longo prazo e recebem (juros); a diferença entre os

juros pagos na captação de recursos e os juros recebidos dos empréstimos é

denominada “spread” (ASSAF NETO e LIMA, 2009).

Os recursos dos potenciais investidores são captados através da

constituição de um fundo de investimentos (FERREIRA, 2007).

3.2 Endividamento

Ao analisar a estrutura de capital de uma empresa, estuda-se a

composição de suas fontes de financiamentos, que se originam de capitais de

terceiros (exigível total) e de capitais próprios (patrimônio líquido).

A maior importância da decisão de tomar financiamento (ou de estrutura

de capital) está em analisar os custos do financiamento, mesmo antes de

decidir fazer o investimento, podendo haver uma combinação entre usar o

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capital próprio (através de lucros retidos e emissão de novas ações) e o capital

de terceiros (endividamento) (ROCHA, 2007).

O estudo da estrutura de capital é fundamental para as tomadas de

decisão financeiras. Se a empresa tem como objetivo a busca de maximização

de riqueza, a empresa precisa selecionar uma composição das fontes de

financiamento que valorizem a minimização do custo médio do capital

(GITMAN, 2004, p. 445). O capital total de uma empresa é representado em

duas partes: capital próprio e capital de terceiros. O capital de terceiros é

representado basicamente por empréstimos e financiamento, e inclui todos os

fundos levantados pela empresa perante credores (GITMAN, 2004, p. 445).

Quanto maior for a dívida na estrutura de capital, maior será o risco da

empresa, e, pelo menor custo dos fundos de terceiros em comparação aos

fundos próprios, menor será o custo total do capital (GITMAN, 2004, p. 446).

As empresas em geral procuram manter uma combinação ótima e

desejada de capital de terceiros e capital próprio. Esta combinação é conhecida

por estrutura ideal de capital.

É importante saber que existe uma relação entre estrutura de capital e

valor. Essa relação ocorre porque as empresas precisam de recursos para

financiar seus projetos. Os recursos podem ser obtidos de duas formas:

através de capital próprio ou capital de terceiros. A figura 2 representa o BP

(Balanço Patrimonial) e exemplifica de onde esses recursos podem ser

extraídos da empresa (GITMAN, 2004, p. 445).

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Figura 1 – O balanço patrimonial das empresas

Fonte: Adaptado de Gitman (2004, p. 445).

No lado direito do BP (Balanço Patrimonial) estão às contas do passivo

que são utilizadas como fontes de financiamento das empresas. As empresas

podem ser financiadas recebendo recursos externos ou recursos próprios.

Geralmente, as empresas utilizam as duas fontes de recursos, próprios e de

terceiros, compondo, assim, a estrutura de capital. Cada fonte de recurso

possui o seu próprio custo, chamado de custo de capital. Ao buscar recurso as

empresas são financiadas por uma taxa determinada em contrato com os seus

credores. Os empréstimos são demonstrados no “Exigível a Longo Prazo”

(FERREIRA, 2006).

Pode-se dizer que, a partir do momento em que o endividamento da

empresa aumenta, seu custo de dificuldade financeira atua no mesmo sentido

de diminuir o valor da empresa.

O custo do capital funciona como vínculo básico entre as decisões de

investimento a longo prazo da empresa e a riqueza dos proprietários.

O capital próprio é identificado como patrimônio líquido nos balanços das

empresas. São os recursos investidos pelos acionistas (GITMAN, 2004, p. 445-

446).

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Uma empresa pode optar por maior endividamento ou maior participação

de capital próprio. Isso depende de como ela deseja fazer a composição do

financiamento, mas deve referenciar sua decisão na estrutura de minimizar o

custo total.

O endividamento pode ser feito pela modalidade de investimento de

emissão de debêntures conversíveis ou emissão de dívida. O investimento dos

fundos gestores na empresa é feito por meio de emissão de ações conversíveis

(debêntures) ou por um empréstimo simples (contrato de mútuo). Mesmo

existindo formas de emissão de dívidas, os gestores de investimentos têm

predominância no capital das empresas investidas, detendo uma participação

majoritária na empresa (GITMAN, 200, p. 49).

3.3 Debêntures

No Brasil, a compreensão do funcionamento das debêntures é de

primordial importância para os investidores e para as empresas interessadas

na captação de recursos através deste meio.

As debêntures são títulos de longo prazo, ou seja, com prazo de

reembolso superior a um ano, a contar da data de emissão. Suas principais

finalidades são financiar projetos de investimento e principalmente alongar o

prazo de vencimento dos passivos, diminuindo o que o mercado chama de

risco de refinanciamento.

É possível definir debêntures e destacar suas vantagens da seguinte

forma:

Debêntures são instrumentos financeiros de renda fixa emitidos por empresas para captação de recursos por prazos tipicamente mais longos que os de empréstimos bancários. Dentre suas vantagens destaca-se a flexibilidade para estabelecimento de prazos, garantias e condições de pagamento, o que permite adequação dos desembolsos à capacidade de geração de caixa da companhia. (FRALETTI e EID JUNIOR, 2008).

Segundo Fortuna, as debêntures:

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São títulos emitidos por empresas de capital aberto, com garantia do seu ativo e com ou sem garantia subsidiária da instituição financeira que as lança no mercado, para captar recursos destinados ao financiamento de um projeto de investimento ou a reestruturação do seu passivo (FORTUNA, 1999, p. 353)

O título garante ao comprador (investidor) uma remuneração certa num

prazo certo, não dando a ele o direito de participação nos bens ou lucros da

empresa. Os debenturistas estão protegidos por uma escritura de emissão

registrada em cartório após a deliberação da assembléia geral de acionistas,

especificando as condições nas quais o título foi emitido.

A remuneração do título está atrelada a uma taxa de juros, uma correção

monetária e um prêmio, que poderão ser repactuados ao longo do período de

resgate de acordo com as condições propostas pela empresa para o próximo

período e o aceite do debenturista.

Uma série de facilidades tornou a debênture o instrumento mais utilizado

no mercado de capitais brasileiro para captação de recursos de médio e longo

prazos, como, por exemplo, as empresas podem incluir cláusulas como as de

participação nos lucros, conversibilidade e repactuação ao definir as

características de determinada emissão.

A Lei n. 6.404/76, em seus artigos 53 a 57, regulamenta a emissão das

debêntures, estabelecendo que sua emissão deva ter como limite máximo o

valor do capital próprio da empresa e seu prazo de resgate nunca poderá ser

inferior a um ano. Segundo o texto legal:

Art. 53. A companhia poderá efetuar mais de uma emissão de debêntures, e cada emissão pode ser dividida em séries. Parágrafo único. As debêntures da mesma série terão igual valor nominal e conferirão a seus titulares os mesmos direitos. Art. 54. A debênture terá valor nominal expresso em moeda nacional, salvo nos casos de obrigação que, nos termos da legislação em vigor, possa ter o pagamento estipulado em moeda estrangeira. § 1o A debênture poderá conter cláusula de correção monetária, com base nos coeficientes fixados para correção de títulos da dívida pública, na variação da taxa cambial ou em outros referenciais não expressamente vedados em lei. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) § 2o A escritura de debênture poderá assegurar ao debenturista a opção de escolher receber o pagamento do principal e acessórios, quando do vencimento, amortização ou resgate, em moeda ou em bens avaliados nos termos do art. 8o. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001)

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Art. 55. A época do vencimento da debênture deverá constar da escritura de emissão e do certificado, podendo a companhia estipular amortizações parciais de cada série, criar fundos de amortização e reservar-se o direito de resgate antecipado, parcial ou total, dos títulos da mesma série. § 1º A amortização de debêntures da mesma série que não tenham vencimentos anuais distintos, assim como o resgate parcial, deverão ser feitos mediante sorteio ou, se as debêntures estiverem cotadas por preço inferior ao valor nominal, por compra em bolsa. § 2º É facultado à companhia adquirir debêntures de sua emissão, desde que por valor igual ou inferior ao nominal, devendo o fato constar do relatório da administração e das demonstrações financeiras. § 3º A companhia poderá emitir debêntures cujo vencimento somente ocorra nos casos de inadimplemento da obrigação de pagar juros e dissolução da companhia, ou de outras condições previstas no título. Art. 56. A debênture poderá assegurar ao seu titular juros, fixos ou variáveis, participação no lucro da companhia e prêmio de reembolso. Art. 57. A debênture poderá ser conversível em ações nas condições constantes da escritura de emissão, que especificará: I - as bases da conversão, seja em número de ações em que poderá ser convertida cada debênture, seja como relação entre o valor nominal da debênture e o preço de emissão das ações; II - a espécie e a classe das ações em que poderá ser convertida; III - o prazo ou época para o exercício do direito à conversão; IV - as demais condições a que a conversão acaso fique sujeita. § 1º Os acionistas terão direito de preferência para subscrever a emissão de debêntures com cláusula de conversibilidade em ações, observado o disposto nos artigos 171 e 172. § 2º Enquanto puder ser exercido o direito à conversão, dependerá de prévia aprovação dos debenturistas, em assembléia especial, ou de seu agente fiduciário, a alteração do estatuto para: a) mudar o objeto da companhia; b) criar ações preferenciais ou modificar as vantagens das existentes, em prejuízo das ações em que são conversíveis as debêntures.

Nota-se que o texto legal garante os direitos dos debenturistas em todos

os aspectos: emissões, vencimento, amortização, resgate, juros e

conversibilidade em ações. Tal proteção legal e a tradição na emissão das

debêntures podem explicar seu uso constante.

Segundo Fortuna (1999, pág. 337), a colocação de uma debênture no

mercado pode ser direta ou por oferta pública.

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É direta, quando é feita diretamente a um comprador ou grupo de compradores, geralmente instituições financeiras ou fundos de pensão. Não há mercado secundário para elas e suas taxas de juros são mais altas. Na oferta pública, tem mercado secundário e, dependendo das alternativas de outros títulos do mercado no momento de sua emissão, podem ser colocadas com desconto ou prêmio.

As debêntures podem ainda ser classificadas como simples, quando não

podem ser convertidas em ações, ou conversíveis, quando podem ser

convertidas em ações de emissão da empresa de acordo com as condições

estabelecidas na escritura de emissão.

Quanto à forma, podem ser nominativas, quando possuem certificados

em que consta o nome do titular, ou escriturais, sem certificados e mantidas em

conta de depósito em instituição financeira designada pela empresa.

Em relação à espécie de garantia, podem ser sem garantia, com

garantia real (bens móveis e imóveis da companhia emissora), ou com garantia

flutuante, com privilégio geral sobre o ativo da empresa.

Referindo-se ao vencimento, podem ser com prazo determinado ou com

prazo indeterminado, ficando, neste caso, o vencimento condicionado a

eventos especiais caracterizados na escritura de emissão.

As etapas para a emissão das debêntures são (CASAGRANDE NETO,

2000, pág. 77):

a) Preparações preliminares: é realizada uma análise de crédito, cuja

maior preocupação é com o fluxo de caixa da companhia e com as garantias

que ela pode oferecer aos debenturistas. Também é necessário preparar a

empresa para a nova realidade de uma companhia aberta;

b) Contratação da instituição financeira coordenadora e do banco

mandatário: a legislação exige que a coordenação e a intermediação da

operação sejam realizadas por uma instituição financeira credenciada para tal,

podendo ser um banco de investimento, uma corretora de valores, ou ainda

uma distribuidora de valores. Serão cobradas, pela intermediação financeira, as

comissões de coordenação, garantia e colocação;

c) Definição das características das debêntures, montante e

remuneração: define-se a forma, tipo, espécie de garantia, montante a ser

lançado, e remuneração das debêntures, em função das conveniências da

empresa e do mercado comprador;

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d) Realização da assembléia geral que autoriza a emissão e escolhe o

agente fiduciário: a emissão das debêntures é autorizada pela assembléia

geral, que determina as condições e características do valor mobiliário. Deve

também ser indicado pela assembléia geral o agente fiduciário que

representará os debenturistas perante a companhia emissora;

e) Preparação da documentação para registro na CVM: devem-se

providenciar todos os documentos exigidos pela Instrução n.º 13/80

complementada pela lavratura de escritura de emissão devidamente registrada

em cartório e, no caso de ser oferecida garantia real, se exigirá avaliação

realizada por peritos contratados;

f) Registro nos sistemas SDT/SND da Cetip (opcional): a empresa

poderá registrar as debêntures no Sistema Nacional de Distribuição de Títulos

– SND e no Sistema Nacional de Debêntures – SND da Central de Custódia e

de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip), que conferem maior aceitação dos

títulos pelo mercado;

g) Formação do pool de instituições financeiras distribuidoras: a

colocação dos títulos é feita por um pool de instituições financeiras que se

agrupam em coordenador, líder e consorciado, de acordo com sua função e

tamanho do lote que assumem para colocar;

h) Marketing da operação e disclosure da companhia: dependendo do

grau de pulverização ou da intenção de encarteirar as debêntures, é necessário

cuidadoso marketing da operação e perfeito disclosure da companhia;

i) Concessão do registro e anúncios de início e encerramento da

distribuição: após exame dos documentos e aprovação da emissão com o

devido número de registro expedido pela CVM, define-se a data da liquidação

financeira da operação e publica-se o anúncio do início da distribuição no jornal

em que a companhia costuma fazer suas publicações legais;

j) Liquidação físico-financeira da operação: encerra-se a operação, em

que o debenturista faz o pagamento final e recebe o título, bem como os

cupons do recebimento dos juros;

k) Anúncio de encerramento da distribuição: após a colocação das

debêntures, deverá ser divulgado anúncio de encerramento da distribuição

pública dos títulos.

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A emissão de debêntures tem sido utilizada por centenas de empresas

de diferentes setores da economia, seja para financiamento de novos projetos,

securitização de ativos, reestruturação de passivos financeiros ou obtenção de

capital de giro, dentre outros objetivos (FRALETTI e EID JUNIOR, 2008).

3.4 Retenção de lucros

A empresa que se utiliza de seus recursos próprios para se financiar está

retendo seus resultados líquidos e principalmente, a integralização de novas

ações. A integralização de novas ações se desenvolve no mercado de capitais.

O custo da emissão das ações preferenciais é diferente do custo da

emissão das ações ordinárias, e ambos os custos são diferentes dos lucros

retidos, que poderiam ser distribuídos entre os acionistas, sendo esse mais um

fator de análise da estrutura de capital de uma empresa (GITMAN, 2004, p.

402-403). A empresa pode obter recursos próprios internamente, retendo seus

lucros em vez de distribuí-los em forma de dividendos entre seus acionistas, ou

externamente, vendendo ações ordinárias ou preferenciais (GITMAN, 2004).

A nota explicativa da Instrução CVM nº59/86 traz a definição e notas

sobre a retenção de lucros:

Retenção de Lucros - Legalmente denominada retenção de lucros (artigo 196 da LEI Nº 6.404/76), essa reserva apresenta-se, algumas vezes, sob denominação diversa: reserva de lucros para expansão, reserva para plano de investimentos etc. Poderá também estar compreendida na conta de Lucros Acumulados, desde que justificado em nota explicativa o seu fundamento legal. A proposta para a sua constituição deve partir dos órgãos da administração da companhia, justificada por orçamento de capital, fixo ou circulante. Não poderá ser constituída em detrimento do pagamento do dividendo mínimo obrigatório. A retenção de lucros objetiva justificar a não distribuição de maiores parcelas de lucro a título de dividendos, ou seja, o não pagamento de dividendo superior ao mínimo obrigatório, tendo em vista as necessidades de recursos da companhia em decorrência de seu plano orçamentário. Reserva de Lucros a Realizar - Decorre da aplicação do artigo 197 da LEI Nº 6.404/76. Tanto a sua constituição quanto sua realização deve ser objeto de nota explicativa às

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demonstrações financeiras, esclarecendo os parâmetros utilizados pela companhia em função da natureza dos itens componentes dos lucros a realizar. Outra Reserva de Lucros - Outra reserva de lucros poderá ser incluída neste grupamento, devendo ser justificada em nota a sua natureza, como a reserva especial de dividendos, a reserva excedente de exaustão, a reserva sobre lucro na venda de imóveis etc.

Ou seja, a empresa poderá utilizar-se da retenção de lucros para se

autofinanciar e expandir seus negócios, incorporando-os ao capital social da

empresa.

Ao se autofinanciar, as empresas utilizam recursos próprios, ao custo da

oportunidade do capital dos acionistas, que irão exigir uma taxa retorno

conforme o risco do negócio.

3.5 Oferta pública inicial (Initial Public Offering – IPO)

Há duas fontes de recursos para as empresas: capital próprio e de terceiros. A

captação de recursos com capital de terceiros acontece, principalmente, via

instituições financeiras e factorings. Dessa forma, as empresas podem realizar

operações de desconto de duplicatas, leasing, commercial papers, debêntures,

entre outros. A captação por meio de capital próprio ocorre com recursos

internos da empresa, de sua própria geração de caixa ou por meio de

underwriting.

O underwriting consiste na colocação ou subscrição de títulos e valores

mobiliários das empresas no mercado. Ele pode ocorrer no mercado primário,

com a emissão de novas ações para subscrição pública, trazendo recursos

para a empresa emissora, ou no mercado secundário, em que um atual

acionista da empresa lança ao público um lote de ações detido por ele. Esta

última operação, conhecida no mercado como “block trade”, não resulta na

captação de novos recursos para a empresa (ABERTURA..., 2000).

Quando a emissão ocorre via mercado primário, é possível que ocorram

dois tipos de emissão: a oferta pública inicial de ações ou Initial Public Offering

(IPO) e a oferta pública subseqüente ou Seasoned Equity Offering (SEO).

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A IPO é a primeira emissão de ações; a empresa de capital fechado se

torna uma sociedade anônima de capital aberto.

A abertura de capital acontece quando a empresa coloca seus valores

mobiliários em negociação nas Bolsas de Valores ou no mercado de balcão

(COMO ABRIR..., 2000). Isso pode ocorrer de duas formas, por meio da

emissão de ações ou via debêntures.

Em ambas as modalidades, o objetivo principal é a obtenção de recursos.

No caso das debêntures (títulos nominativos, negociáveis, representativos de

dívida de médio/longo prazo), essa obtenção é via dívida com o debenturista.

Já as ações são títulos representativos de propriedade de uma fração do

capital social de uma sociedade por ações, ou seja, o que ocorre é a venda de

parte ou de toda a empresa, sem obtenção de dívida (COMO ABRIR..., 2000).

Para a abertura de capital, a empresa deve cumprir uma série de etapas

que consumirão alguns meses entre a decisão de abertura e a obtenção do

recurso. Os custos e o prazo para abertura de capital variam de empresa para

empresa. Dentre as etapas, é possível destacar algumas mais relevantes e que

necessitam de maiores recursos (COMO ABRIR..., 2000):

Contratação de instituição coordenadora da emissão;

Auditoria independente das demonstrações da empresa;

Estudos para definição do preço e volume a ser negociado;

Processo de obtenção de registro junto a CVM;

Processo de registro da empresa em bolsa de valores;

Adaptação de estatuto e outros registros legais;

Apresentações para potenciais investidores;

Anúncio do inicio e encerramento da distribuição.

No que se refere à definição de preço e volume negociado, é papel da

instituição coordenadora o auxílio na definição desses itens. Por sua

experiência e acesso ao mercado, a instituição terá noção a respeito das

condições do mercado.

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3.6 Private Equity e Venture Capital (PE/VC)

3.6.1 Definição e características dos fundos Private Equity e Venture Capital

Private equity e Venture Capital (PE/VC) são segmentos do mercado

financeiro que consistem fundamentalmente em aporte temporário de capital,

realizado por um fundo de Private equity ou Venture Capital, por meio de

participação no capital de empresas com potencial de crescimento e

expectativa de grande valorização. A valorização da empresa permite ao fundo

obter retorno com a venda da participação (desinvestimento) a médio ou longo

prazo (MEIRELLES et al., 2008).

O termo Private Equity é utilizado para as empresas que estão em um

estágio de crescimento mais avançado, não implicando o envolvimento do

gestor com maior ou menor intensidade. Pode-se dizer que Private Equity (PE)

é uma modalidade de fundo de investimento que compra participação acionária

de empresas. É direcionado para negócios que já funcionam e têm, em geral,

boa geração de caixa. Tendem a investir em negócios mais maduros, como

consolidação e reestruturação.

O termo Venture Capital normalmente é usado na literatura para afirmar o

investimento realizado em empresas em seus estágios de crescimento iniciais,

em que o gestor está mais presente na monitoração do negócio. Em outras

palavras, Venture Capital (VC) é uma forma de financiamento para empresas

que estão no estágio inicial de novos empreendimentos, novos produtos ou

novos serviços. A expressão “venture capital”, da língua inglesa, é na maioria

das vezes traduzida para a língua portuguesa como “capital de risco”. Outra

tradução utilizada é “capital empreendedor” (MEIRELLES et al., 2008).

A diferença básica entre esses fundos de investimentos é que, enquanto

um está focando as empresas que estão no início de seu empreendimento ou

ainda não se estabeleceram no mercado de atuação, a outra busca

empreendimentos que já estão em uma fase de expansão e necessita de

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investimentos de maior volume. A diferença entre os fundos pode ser entendida

como:

O que torna venture capital (VC) uma classe de investimento diferente de private equity (PE) é o estágio de desenvolvimento das empresas que recebem o aporte de capital. Os investimentos do tipo VC são direcionados para empresas em estágios iniciais de seu desenvolvimento, além de apresentarem uma participação mais ativa dos gestores do fundo de VC nas empresas investidas (RIBEIRO, 2005). Já o termo private equity é comumente utilizado como sinônimo de investimentos em empresas amadurecidas, sem que isso necessariamente implique em menor envolvimento do gestor (CARVALHO et al., 2006) (apud MEIRELLES et al., 2008).

A página virtual www.acionista.com.br define os fundos como:

Fundos de Private Equity ou Fundos de Ativos Privados Modalidade de fundo de investimento que compra participação acionária em empresas. Direcionado para negócios que já funcionam e têm, em geral, boa geração de caixa. Tendem a investir em negócios mais maduros, como consolidação e reestruturação. Private Equity (PE) É o termo relacionado ao tipo de capital empregado nos fundos de PE, que em sua maioria são constituídos em acordos contratuais privados entre investidores e gestores, não sendo oferecidos abertamente no mercado e sim através de colocação privada; além disso, empresas tipicamente receptora desse tipo de investimento ainda não estão no estágio de acesso ao mercado público de capitais, ou seja, não são de capital aberto, tendo composição acionária normalmente em estrutura fechada. Venture Capital ou Capital de Risco Forma de financiamento para estágio inicial de novos empreendimentos, novos produtos ou serviços etc. (MERCADO...)

Pode-se salientar que praticamente não se sabe de registro algum de

empresas que receberam investimento de Private Equity e Venture Capital e

sejam constituídas em forma de sociedade limitada. Dessa forma, existe um

caráter mandatório para que a empresa que recebe investimento seja

constituída em forma de sociedade anônima. Destaca-se que o acordo de

acionista é previsto na Lei das Sociedades Anônimas como o instrumento que

regula a relação entre o gestor do fundo e o empreendedor. Tal instrumento

ditará o modus operandi da relação entre as partes e funcionará como

mecanismo para dirimir qualquer impasse que possa vir a acontecer de conflito

de interesses do gestor de fundo e do empreendedor (OFFA, 2005).

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Para Furtado e Lopes (2005), as principais características do investimento

em PE/VC são:

Participações privadas;

Prazo longo de maturação do investimento;

Investimento em empresa de capital aberto ou fechado;

Influencia na gestão da empresa investida (participação ou

monitoramento);

Objetivo de vender a participação no futuro (desinvestir) em prazos

longos, que podem ser de 7 a 15 anos (SANTOS, 2007).

Os principais benefícios potenciais do investimento em PE/VC, na visão de

Rocca (2004), seriam:

Diminuição de assimetria de informação;

Resolução de conflito de agência;

Diversificação da carteira de investimentos e compartilhamento do risco

dos empreendimentos entre vários investidores;

Retornos potencialmente maiores que o investimento em bolsa;

Isenção para os fundos de pagamento de imposto de renda sobre suas

transações. (SANTOS, 2007).

Juridicamente, a indústria de Private Equity e Venture Capital se estrutura

através dos fundos de investimentos, de forma que a responsabilidade do

gestor está limitada ao capital investido. Os administradores dos fundos de

Private Equity e Venture Capital atuam como intermediários dos investidores.

Dessa forma, os investidores optam por investir nas empresas através de

fundos pelo fato de serem individuais e diretos. No investimento de Private

Equity e Venture Capital, evidencia-se um alto grau de assimetria informacional

(TOLEDO, 2007).

O problema de agência surge de forma bastante acentuada, visto que existe um potencial conflito de interesse tanto na relação entre investidores e administradores de fundos, quanto na relação entre administradores dos fundos e as empresas que receberam seus fundos. (TOLEDO, 2007).

A participação dos fundos de Private Equity e Venture Capital nas

empresas funciona, na maioria das vezes, como investidores minoritários,

devido à facilidade no momento de vender, apesar de não existirem restrições

quanto à participação majoritária. A limitação da participação desses fundos

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nas empresas está na constituição de seu estatuto e em um percentual

predeterminado. Dessa forma, quanto maior for a empresa, menor será a sua

participação.

Para os administradores dos fundos, o percentual obtido pelo fundo não é

o mais importante, mas sim possuir uma posição de influência na empresa.

Para se obter influência, o que é garantido através do acordo de acionistas, é

necessário que se nomeie pelo menos um membro do conselho de

administração e, se puder, um membro da diretoria executiva.

A nomeação de membros do conselho administrativo consolida a

participação efetiva dos fundos na empresa (TOLEDO, 2007). Nos EUA, é

normal a efetivação dos fundos, na entrada e durante a permanência do

investimento. Algumas das atividades exercidas pelo fundo são o recrutamento

de executivos, a análise e melhora do relacionamento com os clientes e

fornecedores da empresa e a participação na elaboração do plano estratégico.

Muitas vezes, os fundos participam efetivamente na administração

assumindo área a parte operacional da empresa com o objetivo de melhorar o

desempenho operacional e buscar efetivamente maior sucesso nos negócios

da empresa. Isso normalmente é aceito pelo empreendedor pela falta de

conhecimento em gestão, e é até muito comum nas empresas que recebem

investimento dos fundos de Private Equity e Venture Capital.

A atuação ativa dos administrados dos fundos acontece até o momento

da contratação de um executivo que atuará como administrador profissional da

empresa, sendo essa uma solicitação do empreendedor. Os fundos

normalmente não assumem o dia-a-dia operacional da empresa (TOLEDO,

2007). Os administradores dos fundos procuram participar efetivamente das

reuniões do conselho administrativo para as tomada de decisão do plano

estratégico, e também procuram indicar o administrador financeiro da empresa.

Se o mercado de atuação da empresa é de conhecimento do fundo, por

exemplo, ele pode atuar como consultor na abertura de novos negócios e na

melhoria da relação com clientes e fornecedores.

Uma das funções prioritária do fundo é buscar recursos junto aos

investidores, interessados nesta modalidade de investimento de Private Equity

e Venture Capital, e aplicar estes recursos em empresas que apresentam um

potencial aparente de retorno. Com esse objetivo, ele tem como prioridade a

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prospecção de novos e ótimos negócios, um criterioso processo e uma boa

estratégia de saída do investimento, com isso praticamente buscando a certeza

de que o empreendimento escolhido demonstrará um resultado esperado.

O fundo não participa na administração das empresas investidas

efetivamente, para não perder o foco de seu negócio. Além do mais, não

contribui com o sucesso do negócio a longo prazo, pois, após a saída do fundo

com a venda de sua participação, o empreendedor deverá administrar e gerir o

negócio sozinho.

Ao sair do negócio, o fundo deseja a conversão de seus ativos em caixa

ou equivalente, e pode ocorrer desacordo entre as partes no prazo e forma de

saída do investidor de Private Equity e Venture Capital. Talvez a melhor forma

na saída seja negociar o uso da ação preferencial conversível para sair do

negócio.

O Private Equity e Venture Capital às vezes pode funcionar como

alternativa para as empresas que não podem ter acesso aos financiamentos

tradicionais do sistema financeiro nacional, como, por exemplo, empréstimo

bancário ou linhas de créditos. As empresas que possivelmente podem fazer

parte do portfólio de um fundo de Private Equity e Venture Capital são aquelas

que necessitam de uma reestruturação e passam por uma série de dificuldades

e querem se manter no mercado.

As formas de financiamento tradicional oferecidas às empresas, com altas

taxas de juros, elevam os custos de oportunidade das iniciativas empresariais,

e a exigência de garantias excessivas não atende a maioria das empresas,

inclusive as pequenas e médias, com objetivo de inovação.

Tabela 4 – Comparação entre o capital de risco e financiamento tradicional

Financiamento Capital de Risco

Contração de divida O risco de prejuízo é do investidor

Pagamento de juros Concessão de participação acionária

Necessidade de garantias e avalistas

Necessidade de viabilidade econômica

O risco é assumido inteiramente pelo tomador Auxilio na gestão

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Fonte: Adaptado de Instituto Empreender Endeavor – Acervo Instituto Inovação

As empresas organizadoras e gestoras dos fundos de Private Equity e

Venture Capital buscam no mercado esta forma de investimentos, e, apesar

dos riscos envolvidos, visualizam uma grande oportunidade de obtenção de

retornos nos investimentos.

De acordo com Gompers (1995, apud MEIRELLES et al., 2008), o papel

dos gestores de fundos de VC/PE não é somente aportar capital, mas também

reduzir o risco dos empreendimentos, propiciando, assim, uma maior

probabilidade de sucesso destes. Isso ocorre porque, enquanto o

empreendedor está mais voltado às questões técnicas e de produção, o

investidor contribui significativamente com sugestões e propostas em relação

ao gerenciamento da empresa.

A disponibilidade de informações confiáveis sobre fundos de Private

Equity e Venture Capital é de grande importância para estimular os interesses

de investidores nesta classe de ativos (RIBEIRO, 2005).

Os intermediários especializados, de Private Equity e Venture Capital,

podem diminuir a falta de informações e, dessa maneira, permitir que as

empresas recebam financiamento que dificilmente conseguiriam de outras

fontes. Os interesses dos gestores do fundo e dos empreendedores só

permitem ser alinhados conforme o escalonamento do aporte de capital.

Os aportes são feitos para investida à medida que essa empresa

apresente desempenho igual ou superior ao desejado e demonstre ser um

investimento viável. O relacionamento entre investidor de Private Equity e

Venture Capital e o empreendedor é baseado em incerteza em relação ao

desempenho da empresa investida, que é caracterizado pela assimetria de

informação entre os dois lados (OFFA, 2005).

Os problemas de agência são particularmente recorrentes na indústria de PE/VC, devido ao elevado grau de assimetria de informação existente entre as organizações gestoras dos fundos, que em muitos casos participam ativamente da administração das empresas de sua carteira, e os investidores, que não podem monitorar o desempenho dos investimentos de maneira tão próxima (SIQUEIRA e GIOIELLI, 2007).

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3.6.2 Processo de realização de Private Equity e Venture Capital

De acordo com Carvalho et al. (2006, pág. 19, apud SONODA, 2008, pág,

24), os quatro principais agentes na indústria de Private Equity e Venture

Capital são: as organizações gestoras, os veículos de investimento, os

investidores e as empresas investidas. A interação desses agentes se dá da

seguinte forma:

a) Captação de recursos: o gestor estrutura o veículo de investimento e o

apresenta para potenciais investidores nos chamados road shows. A

captação é geralmente obtida por meio de um compromisso de

investimento, pois a integração do capital só ocorre posteriormente.

b) Originação e seleção de investimentos: acontece por meio da

prospecção do gestor, da indicação de terceiros, ou por propostas

apresentadas pelos empreendedores. Após originados, os investimentos

são cuidadosamente selecionados por um rigoroso processo, que

envolve a análise da proposta e due diligence.

c) Estruturação e execução dos investimentos: fase de negociação dos

termos e condições do negócio entre o gestor e a empresa, montagem

da estrutura financeira e realização dos aportes de recursos na empresa

conforme metas preestabelecidas.

d) Monitoramento e adição de valor: período de acompanhamento e

avaliação contínua da empresa, de participação ativa do gestor, e da

utilização da rede de relacionamento e da expertise do gestor para

agregação de valor à empresa.

e) Preparação e execução da saída: busca da estratégia, pelo gestor, para

vender sua participação na empresa de modo a conferir um retorno

sobre o capital almejado.

O processo ocorre conforme figura ilustrativa:

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Figura 2 – Principais participantes da atividade de VC/PE

Fonte: Adaptado de GRANZI et al., 1998 apud MEIRELLES et al., 2008.

Os investidores aplicam seus recursos em fundos de Private Equity e

Venture Capital, os quais são administrados por uma organização gestora de

Private Equity e Venture Capital. Com os recursos aplicados nos fundos de

Private Equity e Venture Capital, são realizados aportes de capital em

empresas selecionadas (empresas investidas). Tal aporte de capital ocorre por

intermédio de participação acionária, ou outros instrumentos, como dívidas

conversíveis em ações e bônus de subscrição (MEIRELLES et al., 2008).

As principais saídas de investimentos consistem em: a abertura de capital

(IPO); a venda estratégica (trade sale) para outra empresa concorrente ou com

atividade semelhante ou complementar; venda para outro investidor (secondary

sale); a recompra do empreendedor (buyback), pela qual os proprietários

originais readquirem o percentual detido pela Private Equity ou Venture Capital;

e a liquidação total dos ativos (write-off), considerada um dos últimos recursos,

geralmente ocorre quando não há mais interesse na continuidade das

operações (CARVALHO et al., 2006, pág. 19, apud SONODA, 2008, pág, 24).

De um modo geral, os investimentos em Private Equity e Venture Capital

são feitos em duas fases. A primeira, de prospecção do negócio e realização

do investimento, e a outra, de desinvestimento ou saída do negócio.

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O período de maturação e retorno dos investimentos seria de três a sete

anos (SANTOS, 2007). A recuperação destes investimentos em geral ocorreria

na negociação das ações na bolsa de valores ou venda de participação para

outros investidores.

As vantagens de Private Equity e Venture Capital, do ponto de vista da

empresa investida e do investidor, podem ser vistas da seguinte forma:

Do ponto de vista da empresa investida, o aporte de capital do tipo VC/PE consiste em um financiamento de longo prazo, em que não são exigidas garantias e não há periodicamente o pagamento de juros ou a amortização do principal, como ocorre nos financiamentos tradicionais, o que dificultaria o reinvestimento do caixa gerado pela empresa. Já do ponto de vista do investidor, o investimento em VC/PE apresenta baixa liquidez e há o risco da empresa que recebeu aporte de capital não se valorizar como o esperado. Para que esse risco seja reduzido, os gestores de fundos de VC/PE realizam um criterioso processo de análise das empresas, antes de realizarem os aportes de capital. Após a escolha criteriosa, os gestores também minimizam o risco ao acompanhar as empresas investidas, dando-lhes suporte gerencial. Além disso, os gestores realizam aporte de capital em várias empresas, de tal maneira que ocorra a diversificação do investimento, o que possibilita que o fracasso de uma empresa seja compensado pela grande valorização de outra (MEIRELLES et al., 2008).

As principais desvantagens, no entanto, seriam:

Baixa liquidez do investimento e falta de mecanismo de saída.

Os fundos, considerados individualmente, não costumam ser bem

diversificados.

3.6.3 Private Equity e Venture Capital no Brasil

O setor empresarial americano encorajou diversos países a importar este

modelo vencedor de intermediação financeira. A atividade de intermediação

financeira Private Equity e Venture Capital surgiu nos EUA em 1946. As

organizações que concretizam esta atividade são responsáveis pela gestão de

veículo de investimentos que reúnem recursos de um ou mais investidores para

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investimento de longo prazo. Nos meados dos anos 1990, aconteceu uma

explosão no mundo nas atividades de PE/VC, particularmente nos EUA.

No Private Equity e Venture Capital, os investidores não aguardam

passivamente os resultados. Os gestores passam a ser sócios ativos da

organização, mesmo quando possuem posições minoritárias. O impacto do

Private Equity e Venture Capital na economia dos países onde a atividade é

usada há mais tempo é notável sob vários pontos de vista. Nos EUA, onde a

atividade teve sua origem, empresas financiadas pelo Private Equity e Venture

Capital fecharam o ano 2003 como responsáveis pelo crescimento de cerca de

10% dos empregos, com receitas que atingiram 10% do PIB norte-americano.

Pesquisas apontam conclusão semelhante na Europa.

A atividade de Private Equity e Venture Capital surgiu no Brasil no início

da década de 1980, período em que o modelo norte-americano de Private

Equity e Venture Capital estava em sua fase final de formatação e começava a

atrair um volume expressivo de investimentos. Após o Plano Real, plano de

estabilização da moeda brasileira que foi instituído pelo governo de Itamar

Franco em 1994, começa o grande ciclo da indústria de Private Equity e

Venture Capital no Brasil. Em 1998 e início de 1999, com a crise cambial,

acontece uma interrupção no ciclo de crescimento da indústria de Private

Equity e Venture Capital pela não entrada de grandes organizações de Private

Equity e Venture Capital no mercado brasileiro, correlacionada com o

surgimento da crise.

A grande expansão do período 1999 a 2000 mostra forte correlação com o barateamento dos ativos domésticos quando mensurados em dólares e a bolha especulativa da nova economia. (RIBEIRO, 2005).

Os primeiros negócios em Private Equity e Venture Capital no Brasil têm

seu inicio nos meados dos anos 1990. A maior parte das instituições que

investiram no Brasil começou a operar após 1997. O auge da nova economia

veio com a promessa de altos lucros, e trouxe diversas instituições com

interesse neste mercado no período de 1999 e 2001. No ano 2000, com a

entrada de 13 organizações de Private Equity e Venture Capital no mercado, foi

criada uma associação, Associação Brasileira de Venture Capital e Private

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Equity (ABVCAP), fundada em julho de 2000. Nesse momento, oficializa-se a

indústria de Private Equity e Venture Capital no Brasil.

Foram criadas na década de 1970, pelo BNDES (Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social), quatro subsidiárias para investir no

setor de Private Equity e Venture Capital, com participações em empresas

privadas já em funcionamento, como: Ibrasa, Ibramec, Fibase e Abico. No

início dos anos 1980, as três primeiras se fundiram, dandoa origem à BNDES

Participações S/A (BNDESPAR). A primeira empresa de PE/VC no Brasil

surgiu em 1975, Brasilpar. Nos dias de hoje, a empresa não atua mais como

gestora de Private Equity e Venture Capital (RIBEIRO, 2005).

A partir de 1981, surge no Brasil um grupo de investidores de 12

empresas nacionais e estrangeiras, entre elas o Unibanco, IFC, Paribas, Pão

de Açúcar, Brasmotor, Vilares e outros, e criam a Brasilpar. Até sua existência,

em 1984, a Brasilpar participou de 33 empresas diferentes, com uma

participação na maioria das vezes minoritária. Na década de 1980, foi criada a

Companhia Rio-Grandense de Participações (CRP), e nas de 1980 e 1990,

seus gestores conseguiram levantar diversos outros fundos (SANTOS, 2007).

Ao comparar os modelos brasileiro e americano dessas formas de

capitalização, Ribeiro (apud SONODA, 2008, pág. 23) explica que as

similaridades acontecem em função da origem da indústria nos Estados Unidos

e o relacionamento entre a indústria americana e brasileira. Enquanto as

diferenças acontecem em razão da adaptação à realidade econômico-industrial

brasileira, bem como pelo estágio recente em que se encontra a indústria de

Private Equity e Private Capital nacional, dentre as similaridades, destacam-se:

setor composto por organizações independentes; concentração regional e

numérica; e gestores qualificados. As principais diferenças são: investimentos

mais tardios nas empresas; poucas transações de LBO; e baixo grau de

especialização setorial.

No Brasil, ainda há pouca informação sobre esta indústria de Private

Equity e Venture Capital, apesar da importância dessa atividade para a

economia (RIBEIRO, 2005). Mesmo apontando uma grande diferença na

comparação com os EUA, o Brasil faz parte dos países emergentes pioneiros

na criação de suas indústrias de Private Equity e Venture Capital.

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A modalidade de financiamento de Private Equity e Venture Capital, no

Brasil, tem como tendência o crescimento nos próximos anos, de forma que

vão sendo divulgados os resultados de empresas que receberam este tipo de

financiamento e um maior conhecimento por parte dos empreendedores que

necessitam destes recursos.

As formas de investimentos Private Equity e Venture Capital, no Brasil, às

vezes são conhecidas como capital de risco e são tratadas conjuntamente.

A indústria de Private Equity e Venture Capital é relativamente recente no

Brasil, ainda pequena se comparada à de outros países, mas tem

desempenhado um papel importante no mercado acionário brasileiro. Segundo

Siqueira e Gioielli (2007), conforme informações extraídas dos prospectos de

oferta pública de ações das empresas que ingressaram na BOVESPA nos anos

de 2004, 2005 e 2006, 19 dos 42 IPO do período foram de empresas que

haviam recebido investimentos do tipo Private Equity ou Venture Capital.

Contudo, essa indústria tende a crescer. Tem-se como exemplo

pesquisas feitas pela Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP). Segundo uma

delas:

Impulsionando os investimentos nas empresas inovadoras, com elevados padrões de gestão e altas taxas de crescimento, despontam as operações de Private Equity e Venture Capital (PE/VC) no Brasil. O estudo Panorama da Indústria Brasileira de Private Equity e Venture Capital 2008, realizado pelo GVcepe – Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da Fundação Getulio Vargas - EAESP, demonstrou que o total de recursos dos fundos de PE/VC no Brasil vem crescendo desde 2004 à assombrosa taxa de 46% ao ano e atingiu US$31 bilhões em dezembro de 2008. [...] As organizações gestoras de PE/VC brasileiras foram capazes de investir US$11 bilhões entre 2005 e 2008 em diversas empresas, nas maioria pequenas e médias; mudar e fazer evoluir seus modelos de negócios; transformá-las em plataformas empresariais e consolidar setores tão diversos quanto o de diagnósticos médicos e odontológicos, educacional superior, logística, higienização (lavanderias industriais) e telecomunicações, para citar alguns. Quase 40% dos investimentos beneficiaram indústrias tradicionais e variadas, 24% a de alimentos e bebidas, 17% na construção civil, 8% no varejo e 14% em setores de ponta como agronegócios, energia, informática e eletrônica, biotecnologia, comunicação e mídia. [...] Do volume total de ações vendidas em aberturas de capital, as empresas geridas pelas organizações de PE/VC levantaram R$

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27 bilhões, 31% do total vendido ao público investidor entre 2005 e 2008. (FURTADO e RAMALHO, 2009).

Através do Centro de Estudos em Private Equity e Venture Capital da

FGV-EAESP, foi realizado o primeiro censo brasileiro da indústria Private

Equity e Venture Capital. O tamanho de uma indústria de intermediação

financeira depende tanto da demanda de oferta de capital quanto de sua

capacidade de ofertá-los (CARVALHO, RIBEIRO e FURTADO, 2006).

Essa oferta de capital também inclui todos os fatores que influenciam na

decisão dos investidores, tais como: a taxa de retorno dos ativos, a

compatibilidade do investimento e o risco percebido. O investidor para

maximizar o preço da ação de uma organização deve conhecer pelo menos

dois fatores importantes, o risco e o retorno do investimento. Risco é a

possibilidade de perda financeira. O retorno é o ganho ou a perda total sofrido

por um investimento em um determinado período. O risco de um ativo pode ser

mensurado levando em consideração a sua amplitude e medido

quantitativamente com uso da estatística (GITMAN, 2004, p. 184 e 189). A

mensuração do retorno do investimento (ROI) envolve pelo menos duas

maiores preocupações: a correta mensuração do lucro operacional e do ativo

total a serem utilizados no cálculo (ASSAF NETO e LIMA, 2009, pág. 254).

O Private Equity e Venture Capital, por muitas décadas, foram

considerados uma classe de ativos com risco significativamente maior do que

os investimentos tradicionais. Recentemente essa percepção tem-se

modificado. Pode-se dizer que nos pais economicamente mais avançados, o

Private Equity e Venture Capital deixaram de ser um ativo especulativo. Pode-

se dizer, também, que está havendo um consenso que o investimento de

Private Equity e Venture Capital apresenta uma amplitude de diversificação e

que uma carteira bem variada pode apresentar risco moderado. No Brasil esta

percepção também vem ocorrendo e está sendo questionado. Os principais

fundos de pensão nos últimos dez anos vêm obtendo retornos realizados em

renda variável superiores aos retornos de renda fixa (CARVALHO, RIBEIRO E

FURTADO, 2006, pág. 128).

O primeiro censo da indústria de Private Equity e Venture Capital é o

resultado concreto de mais de dois anos de trabalho e de esforço de várias

pessoas, contando com a liderança acadêmica de Antonio Gledson de

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Carvalho (CARVALHO, RIBEIRO E FURTADO, 2006, pág. 15). Com plena

certeza de que as informações são um dos requisitos para promover o fluxo de

investimentos e o interesse dos investidores nessa classe de ativos, os autores

oferecem ao mercado uma primeira imagem da indústria de Private Equity e

Venture Capital no Brasil, diante de tópicos como: estrutura das organizações

gestoras, investidores, natureza das formas de investimento, empresas

investidas e práticas de governança (CARVALHO, RIBEIRO E FURTADO,

2006, pág. 15).

Dessa forma, as pesquisas feitas pela Fundação Getulio Vargas, como o

Primeiro Censo Brasileiro sobre Private Equity e Venture Capital, são muito

importantes para uma melhor compreensão da dimensão e características do

setor brasileiro desses fundos. Outras pesquisas sobre o tema também são

necessárias, principalmente aquelas que permitam analisar sua evolução no

mercado brasileiro, bem como a vantagem competitiva e o desempenho

financeiro que trazem para as organizações.

3.7 O efeito da capitalização na vantagem competitiva e no desempenho

Se, por um lado, a ineficiência de infraestrutura é vista como obstáculo ao

desenvolvimento de empresas que investem em negócios voltados ao mercado

de consumo e que exigem maior giro, ela também representa oportunidades de

investimentos significativas.

As empresas necessitam de recursos para financiar suas atividades,

normalmente em sua fase de crescimento. As empresas se utilizam de

diferentes fontes de captação de recursos. Inicialmente, esta fonte de recursos

vem dos sócios como forma de capital inicial ou capital de abertura.

Posteriormente, as empresas em sua maioria optam por fontes externas de

recursos. Com isso, elas reduzem a capacidade de novos financiamentos

externos e aumentam o endividamento e às vezes podem comprometer a

liquidez (KUHL, 2007). Por outro lado, ao utilizar as fontes de recursos

próprios, as empresas podem melhorar o nível de endividamento, aumentando

a condição de obter novos recursos externos.

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Pode-se dizer que na administração financeira é comum identificar três

grandes áreas de decisões: de investimento; de financiamento; e de política de

distribuição de dividendos. Em uma análise, essa decisão tem um objetivo

comum: buscar a maximização do valor da empresa (KAYO e FAMÁ, 1997).

Valor é o ponto-chave. O valor direciona as ações e define o comportamento do proprietário da empresa, seja ele administrador ou simplesmente acionista. (KAYO e FAMÁ, 1997).

O efeito do valor sobre as áreas de decisão ainda gera algumas dúvidas,

principalmente em relação às decisões sobre financiamento.

Na visão do administrador de uma empresa, ele tem que estar atento à

busca da maximização do lucro. Caso seja o único proprietário da empresa, ele

está em busca de maximizar sua própria riqueza. Sendo assim, o proprietário

está atingindo a principal meta do administrador financeiro que é maximizar a

riqueza dos acionistas (neste caso, dele mesmo) (KAYO e FAMÁ, 1997).

Alguns estudos mostram que as empresas que possuem um único

controlador definido tendem a evitar dívidas ou podem ter dificuldades de

captação de recursos de terceiros. Por outro lado, na maioria das empresas

onde existe controlador único definido e que seja seu acionista majoritário,

ocorre o recebimento de menos fluxo de caixa, e elas são as maiores

endividadas (SOARES e KLOECKNER, 2008).

Uma das atividades básicas do administrador financeiro é a preocupação

com a tomada de decisão de investimento e financiamento. Essa decisão

determina a composição de recursos financeiros usados pela empresa

(GITMAN, 2004, p. 11-12).

Normalmente, o administrador de uma sociedade por ações não é o

proprietário. Dessa forma, o administrador financeiro deve atingir os objetivos

dos proprietários ou acionistas da empresa. Alguns acreditam que o objetivo

dos proprietários ou dos acionistas é a maximização do lucro (GITMAN, 2004,

p. 11-12).

A maximização de riqueza do acionista, como meta da administração

financeira, é citada por muitos autores, como (GITMAN, 2004, págs. 11-12):

“As atividades do administrador devem ser realizadas de modo que se atinjam

os objetivos dos acionistas”.

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Um dos principais objetivos da empresa é maximizar a riqueza do

acionista e a sustentabilidade. Essa mesma riqueza é medida pelo preço de

suas ações e determinada com base em seu valor econômico. A busca da

maximização da riqueza dos acionistas exige conhecimento de novas

oportunidades de negócios e de mercado, bem como agregar todos os avanços

de gestão e tecnologia, demonstrando capacidade de inovação (ASSAF NETO

e LIMA, 2009, p. 19). A comparação entre a inovação e o desempenho

empresarial tem sido muito discutida em nível de literatura no campo teórico.

“A relação entre endividamento e crescimento tem sido destacada por

alguns estudos na linha da teoria de agência” (KAYO e FAMÁ, 1997). O

endividamento pode trazer dois efeitos sobre a riqueza dos proprietários ou

acionistas: um positivo e outro negativo. As empresas, ao reduzirem os

investimentos que não seriam necessários, são afetadas positivamente e, ao

deixarem de fazer os investimentos que são vantajosos, são afetadas

negativamente (KAYO e FAMÁ, 1997).

As necessidades de investimentos em infraestrutura estão além da

capacidade financeira do governo. Com base em experiência de outros países,

o governo instituiu as parcerias público-privadas (PPPs). Com a aprovação da

Lei nº 11.079/2004, a indústria de Private Equity e Venture Capital (PE/VC)

está em uma posição favorável para financiar projetos de PPPs. No entanto,

são vários casos de sucesso gerados pelo investimento de PE/VC em

infraestrutura. Para citar alguns, as empresas CPFL, ALL, TAM e GOL,

receberam financiamento de Private Equity e Venture Capital e foram levadas

ao mercado de ações (RIBEIRO, 2005).

Dessa forma, como ainda não foi realizado estudo específico sobre o

desempenho das empresas que optaram como forma de capitalização colocar

ações na Bolsa de Valores de São Paulo por meio de Private Equity ou Venture

Capital com IPO, não se sabe apontar se apresentaram melhora em seu

desempenho financeiro e, como conseqüência, se tiveram alguma vantagem

competitiva no mercado.

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66

4 METODOLOGIA E ANÁLISE DE DADOS

4.1 Metodologia da coleta de dados

Nesta pesquisa serão utilizadas ferramentas estatísticas multivariadas,

com o objetivo de ampliar os conhecimentos a respeito da análise de

indicadores econômico-financeiros e de avaliação de desempenho de

empresas com ações na bolsa de valores de São Paulo, que realizaram Private

Equity ou Venture Capital com IPO, com base em dados passados, podendo

ser classificadas como uma pesquisa de abordagem quantitativa e exploratória:

Quantitativa porque trata os dados coletados através de técnicas

estatísticas (análise multivariada) (RICHARDSON, 1999).

Exploratória porque visa se aproximar mais do problema, utilizando

a ferramenta estatística de análise fatorial na medição de

desempenho das empresas com ações na Bolsa de Valores de

São Paulo, que receberam investimentos em Private Equity ou

Venture Capital e com IPO.

A pesquisa será desenvolvida com os dados do balanço patrimonial,

demonstrações de resultados e valor das ações de 639 empresas com ações

na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), no período que compreende os

anos de 2002 a 2008, dados pesquisados conforme base da Economática.

Escolheu-se esse recorte de tempo, pois foi quando começou a se difundir a

maior utilização do Private Equity e Venture Capital (CARVALHO, RIBEIRO e

FURTADO, 2006).

Na parte inicial deste trabalho, foi aplicada a metodologia de um

levantamento bibliográfico (através de livros, periódicos, Internet) acerca do

conceito, desenvolvimento, aplicações e particularidades dos investimentos em

Private Equity ou Venture Capital.

Na segunda parte, este trabalho será iniciado pelo levantamento e coleta

de dados de fonte secundária, utilizando-se de base de dados da Economática,

da seguinte forma:

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Levantamento e classificação das empresas com ações na BOVESPA e

que realizaram Private Equity ou Venture Capital com IPO.

De acordo com o levantamento das empresas que possuem ações na

Bolsa de Valores de São Paulo, serão levantados seus dados contábeis

e demonstrações financeiras dos anos de 2002 a 2008.

Conforme os balanços e as demonstrações de resultados, será feito o

levantamento dos indicadores de desempenho do período de 2002 a

2008.

Os indicadores serão analisados e classificados conforme seu grau de

importância.

Os indicadores de desempenho analisados serão os principais e outros

específicos, tais como:

Índice de Valor de Mercado

PL (Preço/Lucro)

Preço/Valor patrimonial (P/V)

Q de Tobin

Crescimento de vendas

Crescimento de investimentos

Crescimento de investimentos Fama French

Log Ativo

Ln Ativos

Índice de Endividamento

Endividamento Geral

Índice de Rentabilidade

LPA (Lucro por ação)

ROA (Retorno do ativo total).

Na terceira parte, será feita uma análise estatística dos dados coletados

das empresas com ações na Bolsa de Valores de São Paulo, que receberam

ou não investimentos em Private Equity ou Venture Capital com IPO, através

de um aplicativo denominado SPSS Statistic, versão 17.0, na busca de

identificação das relações entre as variáveis, consideradas como um modelo

explicativo para os fenômenos de desempenho das empresas.

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O método aplicado será a abordagem quantitativa, exploratória,

caracterizada pelo emprego da quantificação, tanto nas modalidades de coletas

de informações quanto no tratamento por meio de técnicas estatísticas, desde

as mais simples, como cálculo de percentual, média e desvio padrão, às mais

complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão.

Este estudo analisa se as empresas S/A de capital aberto com ações na

Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), na captação de recursos de

PE/VC (Private Equity e Venture Capital), IPO ou debêntures têm um impacto

no valor da empresa, utilizando uma amostra de 639 empresas com ações na

BOVESPA durante os anos de 2002 a 2008.

A amostra selecionada abrange todas as empresas com ações na Bolsa

de Valores de São Paulo (BOVESPA), na quantidade de 639 empresas da

base de dados Economática, que, durante os anos de 2002 a 2008, estiveram

na Bolsa de Valores em qualquer data do período analisado. Durante o período

de amostragem, todas as empresas que fizeram ou não algum tipo de captação

de recursos são igualmente indicadas na amostra.

O critério para escolha das empresas foi com base no banco de dados da

Economática, utilizando somente das empresas S/A de capital aberto com

ações na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), durante os anos de

2002 a 2008.

4.2 Modelo de apresentação dos dados

4.2.1 Apresentação dos dados

Para a explicação dos dados existe um conjunto de regras para a seleção

das empresas cujas variáveis serão usadas para a composição do modelo. Das

empresas listadas na BOVESPA, foram extraídas 639, conforme informações e

dados da Economática, para a formação das variáveis, resultando em um total

de 4.466 observações.

Em função deste conjunto de exigências para a composição destas

variáveis do modelo, notou-se que uma grande quantidade de observações foi

excluída dos conjuntos de testes. Isso porque um grupo destas observações ou

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empresas, ao qual elas pertencem, não apresentou os dados necessários para

cada ano analisado.

Para avaliar a influência das variáveis independentes neste presente

estudo, estas serão classificas como variável independente dummy.

Seguem gráficos ilustrativos:

Figura 3 – Gráfico dummy IPO

Fonte: dados processados pelo autor.

No gráfico da figura 3, a dummy IPO demonstra as empresas:

0 – Empresas que estão listadas na BOVESPA e que não fizeram (IPO)

Initial Public Offering, no período compreendido entre 2002 e 2008.

1 – Empresas que estão listadas na BOVESPA e que fizeram (IPO) Initial

Public Offering, no período compreendido entre 2002 e 2008.

Figura 4 – Gráfico dummy PE/VC

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Fonte: Dados processados pelo autor.

No gráfico da figura 4, a dummy IPO demonstra as empresas:

0 – Empresas que estão listadas na BOVESPA e que não fizeram

(PE/VC) Private Equity ou Venture Capital no mesmo período.

1 – Empresas que estão listadas na BOVESPA e que fizeram (PE/VC)

Private Equity ou Venture Capital no período compreendido entre 2002 a 2008.

Figura 5 – Gráfico dummy debêntures

Fonte: Dados processados pelo autor.

No gráfico da figura 5, a dummy IPO demonstra as empresas:

0 – Empresas que estão listadas na BOVESPA e que não fizeram (DEB)

debêntures no período compreendido entre 2002 e 2008.

1 – Empresas que estão listadas na BOVESPA e que fizeram (DEB)

debêntures no período compreendido entre 2002 e 2008.

Porém, grande parte destas observações, mesmo apresentando dados

para alguns dos anos, não o fez para todos os anos. Por isso, não foi possível

realizar os testes com todas as observações para todos os anos.

4.2.2 Correlação entre as variáveis

Pode-se dizer que, quando há uma correlação canônica, ela é uma

extensão lógica da análise de regressão múltipla (HAIR et al., 2005, pág. 33). A

análise de regressão múltipla utiliza-se de uma única variável dependente

métrica e várias variáveis independentes métricas.

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A relação entre um conjunto de variáveis dependentes e o conjunto de

variáveis independentes é examinada pela correlação canônica.

Pode-se afirmar que a medida da intensidade da comparação linear entre

duas variáveis é exatamente matemática, tornando-se completamente imune a

qualquer explicação de causa e efeito (MARTINS, 2002, pág. 288). Caso duas

variáveis tenham uma oscilação para maior ou para menor juntas, não implica

que uma delas tenha um efeito direto, ou indireto, sobre a outra. Essas

variáveis podem ser influenciadas por outras variáveis, de forma que de origem

há uma forte correlação entre ambas.

Tabela 5 – Correlação entre as Variáveis

l_to~1 l_to~2 l_to~3 lativo ldeb~q lroa lcre~d lcre~v | lcre~f lendiv lendiv

l_tobq1 1.0000 l_tobq2 0.9853 1.0000 l_tobq3 0.9693 0.9500 1.0000 lativo -0.0239 0.0021 -0.0117 1.0000 ldeb_eq 0.0334 0.0470 -0.0374 0.2260 1.0000 lroa 0.1495 0.1346 0.2077 -0.0703 -0.1159 1.0000 lcrevend 0.0514 0.0557 0.0808 -0.1333 -0.1106 0.0526 1.0000 lcreinv 0.0326 0.0608 -0.0084 0.1491 0.0693 -0.0181 -0.1037 1.0000 lcreinvf_f 0.0145 -0.0225 0.0478 -0.2102 -0.0975 0.1690 0.2631 -0.1327 1.0000 lendiv -0.0076 -0.0061 -0.0502 -0.0159 0.1776 -0.1378 -0.0160 0.2279 -0.0723 1000

Fonte: Dados processados pelo autor.

Após a remoção das observações que não apresentaram dados para

alguns anos, foi obtido um painel desbalanceado de dados de 639 empresas

durante os anos de 2002 a 2008.

4.3 O desempenho das organizações a partir dos resultados do Q de

Tobin

O desempenho das organizações pode ser medido e discutido por várias

medidas estatísticas, mas muitas vezes o pesquisador pode alcançar uma

perspectiva adequada sobre a variável por meio de um histograma. (HAIR et

al., 2005, pág. 53).

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O histograma é uma representação gráfica de uma única variável, que

representa a freqüência de ocorrência (valores dos dados) dentro de uma

categoria de dados (HAIR et al., 2005, pág. 53). As freqüências representam a

forma de distribuição das respostas e a altura das barras mede a freqüência de

valores dos dados para cada categoria. Estes histogramas foram montados

todos em mesma escala nos eixos x e y, além da mesma quantidade de

colunas e com o mesmo tamanho, para fazer uma análise comparativa.

Para controlar a assimetria, usou-se um logaritmo q como variável

dependente após pré-analise, de forma que a distribuição de q se torna mais

assimétrica.

O log_tobinq1 é o logaritmo: do produto do preço da ação ON (ordinária

nominal) pelo numero de ações ON (ordinárias nominativas) em circulação,

mais o produto da ação PN (preferencial nominal) pelo numero de ações PN

(preferenciais nominativas) em circulação, mais o passivo circulante, subtraindo

o ativo circulante, acrescidos dos estoques e do exigível a longo prazo, e o

resultado dividido pelo ativo total.

Figura 6 – Histograma da amostra log_Tobinq1

Fonte: Dados processados pelo autor.

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O presente gráfico da figura 6 mostra um histograma dos dados plotados

contra uma curva normal de mesma média e desvio padrão. A distribuição é

assimétrica, a freqüência decresce bruscamente em um dos lados e de forma

gradual do outro, produzindo uma cauda mais longa em um dos lados

(MARTINS, 2002, pág. 60).

A média localiza-se fora do meio da faixa de variação, o log_Tobinq1

com uma média de 0,19 e um desvio padrão igual a 1,15, para um número de

observações de 2.077.

O log_tobinq2 é o logaritmo: do produto do preço da ação ON (ordinária

nominal) pelo número de ações ON (ordinárias nominativas) em circulação,

mais o produto da ação PN (preferencial nominal) pelo número de ações PN

(preferenciais nominativas) em circulação, mais o passivo circulante, subtraindo

o ativo circulante, acrescido do exigível a longo prazo e o resultado dividido

pelo ativo total.

Figura 7 – Histograma da amostra log_Tobinq2

Fonte: Dados processados pelo autor.

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O gráfico da figura 7 mostra um histograma dos dados plotados contra

uma curva normal de mesma média e desvio padrão. A distribuição é

assimétrica, a freqüência decresce bruscamente em um dos lados e de forma

gradual do outro, produzindo uma cauda mais longa em um dos lados. Quando

a assimetria é à direita,a mediana é inferior à média. Quando à assimetria é à

esquerda, a mediana é superior à média (MARTINS, 2002, pág. 60).

O log_tobinq2 com uma média de 0,19 e um desvio padrão igual a 1,203

para um número de observações de 1.928. Pode-se comparar o gráfico de

histograma da figura 6 com o gráfico de histograma da figura 7; as médias são

iguais e a diferença visual do gráfico praticamente imperceptível, sendo que a

diferença está no número de observações do gráfico da figura 6, em que

consta um número de 2.077 observações, e no gráfico da figura 7, em que

constam 1.928 observações com um desvio padrão de 1,203, um leve aumento

do desvio padrão do log_tobinq2 para o log_tobinq1. Intuitivamente, isso indica

que, ao se comparar o log_tobinq1 com log_tobinq2, o resultado da diferença

entre o número de observações e o desvio padrão pode ocorrer pelo motivo da

forma de cálculo do log_tobinq2, que não considera em sua forma de cálculo

os estoques dos balanços patrimoniais.

O log_tobinq3 é o logaritmo: do produto do preço da ação ON (ordinária

nominal) pelo numero de ações ON (ordinárias nominativas) em circulação,

mais o produto da ação PN (preferencial nominal) pelo número de ações PN

(preferenciais nominativas) em circulação e o resultado dividido pelo ativo total.

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Figura 8 – Histograma da amostra log_Tobinq3

Fonte: Dados processados pelo autor.

O gráfico da figura 8 mostra um histograma dos dados plotados contra

uma curva normal de mesma média e desvio padrão. A distribuição é

assimétrica (MARTINS, 2002, pág. 59), o log_tobinq3 com uma média de 0,04

e com um desvio padrão igual a 1,561 para um número de observações de

1.364. Pode-se comparar o gráfico de histograma da figura 3 com os gráficos

de histograma das figuras 6 e 7; a diferença visual dos gráficos é levemente

perceptível, a diferença existe entre o número de observações e o desvio

padrão, que é menor tanto para o gráfico da figura 6 como para o gráfico da

figura 7.

Pode-se perceber que isso indica uma distribuição onde há, ao mesmo

tempo, uma concentração maior próximo da média e maior presença de pontos

distantes da média, para ambos os gráficos das figuras 1, 2 e 3.

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Pode-se verificar que essa diferença está relacionada aparentemente à

forma de cálculo dos log_tobinq(s). Para calcular o log_tobinq3 usa-se o

logaritmo: do Produto do preço da ação ON (ordinária nominal) pelo número de

ações ON (ordinárias nominativas) em circulação, mais o produto da ação PN

(preferencial nominal) pelo número de ações PN (preferenciais nominativas)

em circulação, e o resultado dividido pelo ativo total. Esse cálculo não leva em

consideração a soma do passivo circulante, a soma dos estoques, a soma do

exigível a longo prazo e a subtração do ativo circulante já descrito nos cálculos

dos log_tobinq1 e log_tobinq2.

4.3.1 O desempenho organizacional em relação ao seu ativo total

O tamanho da organização é medido através do LogAtivo. Considera-se a

soma dos bens e direitos de cada empresa, dados extraídos do balanço

patrimonial referente aos exercícios findos dos anos de 2002 a 2008.

O LogAtivo é o logaritmo do total de ativos.

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77

Figura 9 – Histograma da amostra LogAtivo

Fonte: Dados processados pelo autor.

O gráfico da figura 9 mostra um histograma dos dados plotados contra

uma curva normal de mesma média e desvio padrão. A distribuição é simétrica

ou em forma de sino (MARTINS, 2002, pág. 122); o LogAtivo tem uma média

de 5,94 com um desvio padrão igual a 0,898 para um número de observações

de 2.316. Isso indica uma distribuição onde há uma concentração maior,

próximo da média, e, ao comparar-se os resultados do histograma do LogAtivo

com os histogramas dos log_tobinq(s), pode-se observar uma maior

concentração dos dados do LogAtivo, ao mesmo tempo uma normalidade e

forma da distribuição.

O log_DebttoEquity corresponde à estrutura de capital total das

organizações, representado em seus balanços patrimoniais encerrados entre

os anos de 2002 e 2008.

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78

O log_DebttoEquity é o logaritmo: do passivo e patrimônio líquido dividido

pelo capital social.

Figura 10 – Histograma da amostra log_DebttoEquity

Fonte: Dados processados pelo autor.

O gráfico da figura 10 mostra um histograma dos dados plotados contra

uma curva normal de mesma média e desvio padrão. A distribuição é simétrica

ou em forma de sino (MARTINS, 2002, pág. 122), o log_DebttoEquity tem uma

média de 0,60 com um desvio padrão igual a 0,451 para um número de

observações de 2.315. O resultado indica uma distribuição onde há uma

concentração maior em torno da média.

Ao comparar-se o histograma do LogAtivo das organizações que

corresponde a seus bens e direitos (ativo total) com o histograma do

log_DebttoEquity que é representado pela estrutura de capital total das

organizações (passivo e patrimônio líquido), pode-se observar que a média e o

desvio padrão do histograma do LogAtivo são maiores do que a média e o

desvio padrão do log_DebttoEquity, porém as observações são praticamente

idênticas.

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79

O retorno sobre ativos corresponde à taxa de retorno gerada pelas

aplicações realizadas por uma organização em seus ativos (ASSAF NETO e

LIMA, 2009, p. 229).

O log_ROA (Retorno sobre ativos) é definido através de cálculo do

logaritmo: como a relação entre o lucro líquido (prejuízo) do total de ativos.

Figura 11 – Histograma da amostra log_ROA

Fonte: Dados processados pelo autor.

O gráfico da figura 11 mostra um histograma com uma pequena ilha

isolada: algumas faixas de valores da característica de qualidade observada

ficam isoladas da grande maioria dos dados, gerando barras ou pequenos

agrupamentos separados. Possivelmente ocorreu anormalidade temporária no

processo.

O log_ROA tem uma média de -2,15 com um desvio padrão igual a 2,267

para um número de 1.754 observações.

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O desempenho de vendas de uma organização é calculado conforme a

variação de vendas de um ano em relação às vendas do ano anterior.

As vendas de um ano (variação em percentagem) são calculadas pelo

logaritmo, log_CresVend, usado para medir o crescimento de vendas de uma

empresa.

Figura 12 – Histograma da amostra log_CresVend

Fonte: Dados processados pelo autor.

O gráfico da figura 12 mostra um histograma dos dados plotados contra

uma curva normal de mesma média e desvio padrão. A distribuição é simétrica

ou em forma de sino; a freqüência é mais alta no centro e decresce

gradualmente para as caudas (MARTINS, 2002, pág. 122). A média e a

mediana são aproximadamente iguais e localizam-se no centro do histograma

(ponto de pico). Forma usualmente observada em processo padronizado,

estável, em que a característica de qualidade é contínua e não apresenta

nenhuma restrição teórica nos valores que podem ocorrer. O log_CresVend

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81

tem uma média de -0,89 com um desvio padrão igual a 0,614 para um número

de observações de 1.288.

O crescimento de investimentos é medido pelo log_CresInv, através de

aplicação do ativo permanente, mais o aumento do realizável a longo prazo,

mais a diminuição de passivo a longo prazo o resultado dividido pelo total do

ativo.

Figura 13 – Histograma da amostra log_CresInv

Fonte: Dados processados pelo autor.

O gráfico da figura 13 mostra um histograma dos dados plotados contra

uma curva normal de mesma média e desvio padrão. A distribuição é

assimétrica, o log_CresInv tem uma média de -0,99 com um desvio padrão

igual a 0,513 para um numero de observações de 1.838. A freqüência decresce

acentuadamente para um dos lados e de forma gradual no outro, produzindo

uma cauda mais longa em um dos lados (MARTINS, 2002, pág. 60).

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O log_CresInv_Fama é usado para medir o logaritmo da variação do ativo

circulante em relação ao total do ativo.

Figura 14 – Histograma da amostra log_Fama

Fonte: Dados processados pelo autor.

O gráfico da figura 14 mostra um histograma dos dados plotados contra

uma curva normal de mesma média e desvio padrão. A distribuição é

assimétrica, a freqüência decresce bruscamente em um dos lados e de forma

gradual no outro, produzindo uma cauda mais longa do lado esquerdo

(MARTINS, 2002, pág. 60). A média localiza-se fora do meio da faixa de

variação. Quando a assimetria é à direita, a mediana é inferior à média.

Quando a assimetria é à esquerda, a mediana é superior à média (MARTINS,

2002, pág. 60). Possivelmente a característica de qualidade possui apenas um

limite de especificação e é controlada durante o processo, de modo a satisfazer

essa especificação. O log_CresInv_Fama tem uma média de -1,29 com um

desvio padrão igual a 0,57 para um número de observações de 1.149.

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83

4.3.2 O reflexo da captação de recursos no endividamento da empresa

A estrutura de capital de uma organização refere-se à composição de

suas fontes de financiamentos, que têm sua origem no capital de terceiros

(exigível total) e em capital próprio (patrimônio líquido).

O endividamento da empresa é medido pelo logaritmo dos recursos

tomado a curto prazo mais o financiamento de longo prazo; o resultado deste é

dividido pelo total do ativo (log_Endiv).

Figura 15 – Histograma da Amostra log_CresInv_End

Fonte: Dados processados pelo autor.

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O gráfico da figura 15 mostra um histograma dos dados plotados contra

uma curva normal de mesma média e desvio padrão. A distribuição é

assimétrica, a freqüência decresce bruscamente em um dos lados e de forma

gradual no outro, produzindo uma cauda mais longa do lado esquerdo

(MARTINS, 2002, pág. 60). Quando a assimetria é à direita, a mediana é

inferior à média. Quando a assimetria é à esquerda, a mediana é superior à

média (MARTINS, 2002, pág. 60). O log_CresInv_Endiv. tem uma média de -

0,78 com um desvio padrão igual a 0,648 para um número de observações de

2.133. O resultado indica uma distribuição onde há uma concentração maior

em torno da média.

Tabela 6 – Resumo dos resultados dos histogramas

Item Média

Desvio Padrão

Total de Observações

log_Tobinq1 0,19 1,150 2.077

log_Tobinq2 0,19 1,203 1.928

log_Tobinq3 0,04 1,561 1.364

LogAtivo 5,94 0,898 2.316

log_DebttoEquity 0,60 0,451 2.315

log_ROA -2,15 2,267 1.754

log_CresVend -0,89 0,614 1.288

log_CresInv -0,99 0,513 1,838

log_CresInv_Fama -1,29 0,570 1,149

log_CresInv_Endiv. -0,78 0,648 2,133

Fonte: dados processados pelo autor.

Os gráficos dos histogramas acima plotados permite uma interpretação preliminar dos itens coletados. Para melhor interpretação, apresentam-se os conceitos das medidas presente nos gráficos dos histogramas (média e desvio padrão). A média corresponde a um valor único, que sintetiza o

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conjunto dos valores observados de uma variável, sendo obtida por meio da ponderação de todos os valores observados e podendo ser interpretada como sua tendência central. Já o desvio padrão também é uma medida única para cada variável e representa a dispersão do conjunto de seus valores em torno da média, ou seja, aponta a capacidade da média em sintetizar os valores observados da variável. As duas medidas são, portanto, complementares, sendo por isso bastante recomendável sua avaliação conjunta (ARANHA e ZAMBALDI, 2008, pág. 7).

Os itens do log_tobinq(s) medem o desempenho do valor de mercado de

uma empresa e o valor de reposição de seus ativos físicos. O gráfico do

histograma do log_tobinq1 revela uma média de 0,19 e um desvio padrão de

1,203. O segundo item log_tobinq2 revela uma média de 0,19 igualmente à

média do log_tobinq2. A dispersão dessa variável, de 1,203, é maior do que do

item log_tobinq1, indicando que há maior variação desse segundo item.

O gráfico do histograma do item log_tobinq3 apresenta uma média de

0,04 menor do que as média dos log_tobinq(s) 1 e 2. E uma dispersão de

1,561, maior do que a dispersão dos log_tobinq(s) 1 e 2, indicando que há uma

maior variação no desempenho do valor de mercado das empresas e valor de

reposição de seus ativos físicos.

O item do Log_Ativo mede o tamanho das organizações. Considera-se a

soma dos bens e direitos de cada empresa. O gráfico do histograma do

Log_Ativo, além de apresentar a melhor média, 5,94, de todos os gráficos dos

histogramas analisados, reúne observações concentradas em um desvio

padrão de 0,898. E também com um maior número de observações.

Uma variável com um desvio padrão alto possui uma média que não sintetiza de maneira eficiente o conjunto de valores observados. Por outro lado, uma variável com desvio padrão baixo indica uma boa qualidade da média como representante do conjunto observado de valores. Isso acorre porque o desvio padrão aponta a magnitude da dispersão dos dados na mesma unidade de medida original da variável. A quantidade de observações consideradas no cálculo da média e do desvio padrão (no caso da pesquisa, empresas com ações na bolsa de valores de São Paulo – BOVESPA) ajuda a informar sobre a qualidade das medidas reportadas. Em geral, quanto maior for a quantidade de observações, mais confiável será o uso das medidas descritivas (média e desvio padrão) para a realização de inferências sobre o conjunto da população do qual as observações foram colhidas (ARANHA e ZAMBALDI, 2008, págs. 7 e 8).

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O item log_DebttoEquity mede a estrutura de capital total das

organizações. O gráfico do histograma do log_DebttoEquity apresenta uma

média de 0,60, maior do que a média dos log_tobinq(s) e uma dispersão de

0,451, menor do que a dispersão dos log_tobinq(s) e menor que a dispersão do

Log_Ativo.

O item log_ROA mede o retorno sobre ativos. Corresponde à taxa de

retorno gerada pelas aplicações realizadas por uma organização em seus

ativos. O gráfico do histograma do log_ROA apresenta um média de -2,15, a

menor média de todos os itens dos gráficos de histograma analisados. E uma

dispersão de 2,267, a maior dispersão de todos os itens dos gráficos de

histogramas analisados. Isso indica que há uma maior variação na medição do

retorno do ativo.

O item log_CresVend mede o desempenho de vendas de uma

organização. O gráfico do histograma log_CresVend apresenta uma média de -

0,89, com um desvio padrão de 0,614. O item log_CresVend tem uma média

maior que a média do Log_ROA e um desvio padrão menor do que o desvio

padrão de Log_ROA.

O item log_CresInv mede a aplicação do ativo permanente, mais o

aumento do realizável a longo prazo, mais a diminuição de passivo a longo

prazo o resultado dividido pelo total do ativo. O gráfico do histograma

log_CresInv demonstra uma média de -0,99 com uma dispersão de 0,513. A

média é menor que a média do log_CresVend e a dispersão é menor que a

dispersão do do log_CresVend.

O item log_CresInv_Fama mede a variação do ativo circulante em relação

ao total do ativo. O gráfico do histograma log_CresInv_Fama apresenta uma

média de -1,29 e uma dispersão de 0,57. A média é menor que as médias do

log_CresVend e log_CresInv.

O item log_CresInv_Endiv mede os recursos tomados a curto e longo

prazo, sendo o resultado dividido pelo total do ativo. O gráfico do histograma

log_CresInv_Endiv apresenta uma média -0,78 com um desvio padrão de

0,648. A média e as observações são maiores que as médias e observações

dos: Log_ROA, log_CresVend, log_CresInv e log_CresInv_Fama e a dispersão

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é maior do que as dispersões do: log_CresVend, log_CresInv e

log_CresInv_Fama e menor que a dispersão de Log_ROA.

Acredita-se que, quanto maior a estrutura patrimonial das organizações,

mais elas utilizam-se da captação de recursos. É importante saber que existe

uma relação entre estrutura de capital e valor. Essa relação ocorre porque as

organizações precisam de recursos próprios ou de terceiros para financiar seus

projetos.

5 ANÁLISE DA MODALIDADE DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS DAS

EMPRESAS QUE FIZERAM DEBÊNTURES

Debêntures são uma forma de captação de recursos através de um

instrumento financeiro de renda fixa, emitido por empresas, com prazos

tipicamente mais longos do que os financiamentos bancários.

Pode-se dizer que dentre suas vantagens destacam-se a facilidade na

determinação de prazo, sua forma de pagamento e garantias, o que facilita a

adequação dos desembolsos ao potencial de geração de recursos da

organização.

A evolução histórica dos subsetores que captaram recurso através da

emissão de debêntures encontra-se ilustrada no gráfico 16, abaixo. O período

pesquisado corresponde aos meses de janeiro de 2002 a dezembro de 2008.

A classificação das empresas por setor econômico, subsetor e segmento

foi elaborada conforme classificação setorial das empresas e fundos

negociados na (BM&F) Bolsa de Mercadoria e Futuro e (BOVESPA) Bolsa de

Valores de São Paulo, pesquisa conforme base de dados do site

http://www.bmfbovespa.com.br/cias-listadas/empresas-listadas/BuscaEmpresa

Listada.aspx?. Acesso em 22.11.2009. Empresas que fizeram captação de recursos através de debêntures por

subsetor da economia.

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88

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Água e Saneamento Bebidas Comércio Mídia Siderurgia e Metalurgia Telefonia Fixa

0

1

Figura 16 – Gráfico debêntures por subsetor da economia

Fonte: Dados processados pelo autor.

Conforme se encontra ilustrado no gráfico acima, os resultados indicam

que as empresas classificadas no subsetor de telefonia fixa foram as que mais

tomaram recursos através de um instrumento financeiro de captação de renda

fixa debêntures. Em segundo lugar encontram-se as empresas do subsetor de

bebidas, seguido dos subsetores: comércio e água e saneamento. A

representação gráfica das empresas que tomaram recursos através de

debêntures está demonstrada conforme a altura das barras que medem a

freqüência de valores dos dados para cada categoria. As empresas que

fizeram debêntures estão representadas conforme dummy 0 (zero) ou 1 (hum).

O 1 (hum) representa as empresas que tomaram recursos através de

debêntures e 0 (zero) representa as empresas que não tomaram recursos

através de debêntures.

Com isso, pode-se concluir que, na análise gráfica acima, entre os

subsetores que tomaram recursos na forma de debêntures, destaca-se o

subsetor de telefonia fixa e o subsetor de bebidas.

Empresas que fizeram captação de recursos através de debêntures por

subsetor da economia e segmento.

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89

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Ág

ua

e

Sa

ne

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a

Água e

Saneamento

Bebidas Comércio Mídia Siderurgia e Metalurgia Telefonia

Fixa

0

1

Figura 17 – Gráfico debêntures por subsetor da economia e segmento

Fonte: Dados processados pelo autor.

O gráfico 17 demonstra as empresas que fizeram debêntures por subsetor

da economia e segmento. Pode-se confirmar, conforme o gráfico 16 e o gráfico

17, que o subsetor de telefonia e o segmento de telefonia fixa destacam-se

como subsetor e segmento que mais tomaram recursos na captação do

instrumento financeiro de renda fixa debêntures. Pode-se verificar que no

subsetor de bebidas o segmento que mais tomou recursos de debêntures é o

de cervejas e refrigerantes, seguido do subsetor de comércio, com destaque

para o segmento de produtos diversos; o subsetor e segmento de água e

saneamento destacam-se conforme se visualiza nos gráficos 16 e 17; e para os

demais segmentos, podem-se dar uns leves destaques para televisão por

assinatura e siderurgia.

6 ANÁLISE DA MODALIDADE DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS DAS

EMPRESAS QUE FIZERAM (IPO) INITIAL PUBLIC OFFERING

Pode-se dizer que as empresas que aderem à abertura de capital via

(IPO) Initial Public Offering recebem uma inserção expressiva de capital,

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90

quando da venda de novas ações aos investidores. Entende-se, dessa forma,

que as empresas abrem o capital por inúmeras razões. Em especial, elas

podem conseguir obter recursos capitais em situações mais atraentes do

mercado. As organizações podem deparar com mercado público de fonte mais

barata de captação de recursos. Em função da motivação do investidor com

relação aos seus produtos.

O gráfico 18, abaixo, ilustra as empresas que fizeram captação de

recursos através de (IPO) Initial Public Offering, conforme a altura das barras

que mede a freqüência de valores dos dados para cada categoria. As

empresas que fizeram (IPO) Initial Public Offering estão representadas

conforme dummy 0 (zero) ou 1 (hum). O 1 (hum) representa as empresas que

tomaram recursos através de (IPO) Initial Public Offering e 0 (zero) representa

as empresas que não tomaram recursos através de (IPO) Initial Public Offering.

Número de empresas que fizeram ou não captação de recursos através

de IPO por subsetor da economia.

144

166

195

321

15

3 3

0

50

100

150

200

250

300

350

Siderurgia e Metalurgia Construção e Engenharia Tecidos, Vestuário e Calçados Energia Elétrica

0

1

Figura 18 – Gráfico número de empresas que fizeram ou não captação de

recursos através de IPO por subsetor da economia

Fonte: Dados processados pelo autor.

Pode-se verificar no gráfico 18 que, entre os subsetores da economia que

fizeram (IPO) Initial Public Offering, destaca-se o da construção e engenharia,

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91

com 15 empresas que fizeram (IPO) Initial Public Offering e 166 empresas que

não fizeram (IPO) Initial Public Offering, sendo que as empresas que fizeram

IPO no setor representam em torno de 8,29% das empresas do setor. Pode-se

analisar também que os subsetores: de tecidos, vestuários e calçados, e o de

energia elétrica, ambos com 3 empresas, fizeram (IPO) Initial Public Offering,

mas o número de empresas desses subsetores que não fizeram (IPO) Initial

Public Offering não representa a mesma quantidade de empresas. O subsetor

de tecidos, vestuários e calçado tem 195 empresas que não fizeram IPO, e o

subsetor de energia tem 321 empresas que não fizeram (IPO) Initial Public

Offering, sendo que os percentuais das que fizeram (IPO) Initial Public Offering

representam 1,52% do subsetor de tecidos e 0,93% para o setor de energia

elétrica.

Ao se analisarem os gráficos por subsetores, pode-se concluir que as

empresas dos subsetores que fizeram captação de recursos com debêntures

não são as mesmas empresas dos subsetores que tomaram recursos de (IPO)

Initial Public Offering. Pode-se dizer, ainda, que a modalidade de financiamento

com debêntures é mais utilizada do que a modalidade de financiamento com

(IPO) Initial Public Offering, nos subsetores, no período pesquisado, entre os

anos de 2002 a 2008.

O gráfico 19 demonstra as empresas que mais fizeram captação de

recursos através de debêntures por setor da economia.

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92

1

7

12

16

36

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Utilidade Pública Telecomunicações Construção e Transporte Utilidade Pública

Água e Saneamento Telefonia Fixa Construção Civil Energia Elétrica

1

Figura 19 – Gráfico das empresas que mais fizeram captação de recursos

através de debêntures por setor da economia

Fonte: Dados processados pelo autor.

O gráfico 19, acima ilustrado, também vem a confirmar a quantidade de

empresas que fizeram captação de recursos através de debêntures. Pode-se

observar que as empresas do setor de utilidade pública, do segmento de

energia elétrica, foram as que mais se utilizaram da forma de financiamento

através de debêntures. A quantidade de empresas que fizeram debênture

nesse setor representa 50,70% das empresas dos setores que se utilizaram

dessa forma de financiamento. Isso pode levar a acreditar que, quanto maior a

estrutura patrimonial das organizações, mais elas utilizam-se da captação de

recursos através do instrumento financeiro de renda fixa debêntures. Em

segundo lugar, pode-se observar que o setor de construção e transporte,

segmento construção civil, também é muito representativo na tomada de

recursos com debêntures. Juntando-se os dois setores: utilidade pública, no

segmento energia elétrica, e o setor de construção e transporte, no segmento

construção civil, as empresas que receberam debêntures representam 73,24%,

dos setores analisados. E em última análise, as empresas dos setores: de

telecomunicação, segmento telefonia fixa, e do setor de utilidade pública,

segmento água e saneamento, representam 16,90% e 9,86% das empresas

que fizeram debêntures por setor.

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93

O gráfico 20 ilustra a quantidade de empresas que fizeram ou não

debêntures por subsetor da economia.

A representação gráfica das empresas que tomaram recursos através de

debêntures está demonstrada conforme a altura das barras que medem a

freqüência de valores dos dados para cada categoria. As empresas que

fizeram debêntures estão representadas conforme dummy 0 (zero) ou 1 (hum).

O 1 (hum) representa as empresas que tomaram recursos através de

debêntures e 0 (zero) representa as empresas que não tomaram recursos

através de debêntures.

21

70

139

165

288

712

5

16

36

Água e Saneamento Telefonia Fixa Siderurgia e Metalurgia Construção e Engenharia Energia Elétrica

0

1

Figura 20 – Gráfico da quantidade de empresas que fizeram ou não

fizeram debêntures por subsetor da economia

Fonte: Dados processados pelo autor.

Pode-se verificar, no gráfico 20, a quantidade de empresas que tomaram

financiamento através de debêntures e a quantidade das empresas que não

tomaram recursos através de debêntures por subsetor. Na análise do

gráfico16, pode-se observar que o subsetor de água e saneamento é o que

mais tomou recursos de debêntures em relação à quantidade de empresas do

subsetor. O gráfico demonstra que 25% das empresas do subsetor água e

saneamento tomaram recursos através da modalidade debêntures. De acordo

com o gráfico, observa-se que em segundo lugar vem o subsetor de telefonia

fixa. As empresas desse setor que fizeram debêntures representam 14,63%

das empresas do subsetor. E em terceiro lugar, as empresas do subsetor de

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energia elétrica, com 11,11% das empresas que fizeram debêntures. Analisa-

se também que os demais setores: construção e engenharia, e siderurgia e

metalurgia, com 8,84% e 3,47% das empresas de seus subsetores, fizeram

captação de recursos com debêntures.

Pode-se verificar que, de acordo com a confirmação das ilustrações

gráficas acima, a forma de captação de recursos com o instrumento financeiro

de renda fixa denominado debêntures é a que mais foi usada no período de

janeiro de 2002 a 31 de dezembro de 2008, que corresponde à pesquisa.

7 ALTERNATIVAS MAIS USADAS DE FINANCIAMENTO

No gráfico 21, abaixo, pode-se verificar a alternativa de financiamento

mais utilizada no período de análise que compreende os anos de 2002 a 2008.

A ilustração gráfica apresenta 0 (zero) para as empresas que não fizeram

nenhum tipo de financiamento e 1 (hum) para as empresas que fizeram alguma

alternativa de financiamento: debêntures, (IPO) Initial Public Offering ou Private

Equity ou Venture Capital.

VERDADEIRO

108

1

10

41

17

0 0 1 0 1

0 1 1

1 0

VERDADEIRO

Figura 21 – Gráfico alternativa de financiamento mais utilizada

Fonte: Dados processados pelo autor.

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95

A ilustração do gráfico 21, acima, demonstra os resultados e alternativas

de financiamento que foram utilizados pelas empresas. Ao analisar-se o gráfico

da direita para a esquerda, pode-se confirmar que a alternativa de

financiamento da modalidade debêntures é a forma de captação de recursos

que as empresa mais fizeram no período pesquisado, de 2002 a 2008. Em

segundo lugar, está a alternativa de financiamento da modalidade (IPO) Initial

Public Offering. Tendo-se como alternativa de financiamento, em terceiro ou

último lugar, a modalidade de Private Equity ou Venture Capital.

Pode-se dizer que as organizações preferem a modalidade de captação

de recursos vias debêntures pelo fato de que seus títulos são de vencimentos

de longo prazo, ou seja, com prazo de reembolso superior a um ano, a contar

da data de emissão. A forma de captação de recursos via (IPO) Initial Public

Offering aparece em segundo lugar como forma de captação de recursos.

Pode-se levar em consideração que essa forma de captação de recursos

depende às vezes do momento de abertura de capital das organizações e do

mercado. A forma de financiamento através de Private Equity ou Venture

Capital aparece em terceiro lugar nesta pesquisa. Talvez isso ocorra por haver

pouca informação sobre esta indústria de Private Equity e Venture Capital,

apesar da importância dessa atividade para a economia (RIBEIRO, 2005).

É possível levantar a hipótese de que se trataria da questão de as

empresas serem mais conservadoras. Assim como essa ordem das formas de

captação de recursos poderia estar relacionada com o risco e a facilidade da

obtenção dos recursos, uma vez que a finalidade desses tipos de captação de

recursos é financiar projetos de investimento e principalmente alongar o prazo

de vencimento dos passivos, diminuindo o que o mercado chama de risco de

refinanciamento.

O presente trabalho sugere pesquisas futuras para melhor se

compreender por que as debêntures são a forma de captação de recursos mais

utilizada e quais as vantagem e desvantagens dessa forma de captação de

recursos.

O gráfico 22 ilustra as empresas dos subsetores que mais fizeram

debêntures no período pesquisado, que compreende de 2002 a 2008.

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96

1

4 4 4

7

12

16

34

Outros Petroquímicos Siderurgia Água e Saneamento Telefonia Fixa Construção Civil Energia Elétrica

1

Figura 22 – Gráfico empresas dos subsetores que mais fizeram

debêntures

Fonte: Dados processados pelo autor.

De acordo com ilustração do gráfico 22, acima representado, pode-se

observar que o subsetor da economia energia elétrica é o que tem mais

empresas que fizeram financiamento através de debêntures, com um total de

34 empresas do setor que tomaram financiamento de debêntures, confirmação

essa que já havia sido sinalizada em outros gráficos. Diante dessa ilustração,

segue em segundo lugar o subsetor de construção civil, com 16 empresas do

setor que fizeram debêntures; o setor de telefonia fixa, com 12 empresas que

fizeram debêntures no setor; o subsetor de água e saneamento, com 7

empresas que tomaram recursos de debêntures; e os demais subsetores:

siderurgia, petroquímico e outros, ambos com 4 empresas para cada setor que

fizeram captação de recursos via debêntures.

8 DESEMPENHO DOS LOG_TOBINQ(S) DAS EMPRESAS POR

SUBSETORES DA ECONOMIA QUE FIZERAM OU NÃO DEBÊNTURES

O desempenho das organizações que mais fizeram debêntures por

subsetores pode ser analisado conforme ilustração do gráfico 23. Tomou-se

como base o log_Tobinq(s), de acordo com subsetores da economia. O

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log_Tobinq(s) é o logaritmo: do produto do preço da ação ON (ordinária

nominal) pelo numero de ações ON (ordinárias nominativas) em circulação,

mais o produto da ação PN (preferencial nominal) pelo numero de ações PN

(preferenciais nominativas) em circulação, mais o passivo circulante, subtraindo

o ativo circulante, acrescidos dos estoques e do exigível a longo prazo e o

resultado dividido pelo ativo total. Teorias já descritas no referencial teórico.

-1.69

-0.69 -0.68

0.02

0.26

1.03

-1.18

-1.96

0.98

0.38

2.10

2.78

-0.02 -0.07

Outros Construção Civil Água e Saneamento Petroquímicos Siderurgia Telefonia Fixa Energia Elétrica

0

1

Figura 23 – Gráfico desempenho das organizações por subsetor e que

fizeram debêntures

Fonte: Dados processados pelo autor.

O resultado da análise do gráfico 23 reflete o desempenho das

organizações por subsetor e que fizeram debêntures. Pode-se verificar que as

empresas que tomaram recursos através da captação de recursos com

debêntures têm melhor desempenho, na sua grande maioria, do que as

empresas que não tomaram recursos através de debêntures.

O gráfico mostra e confirma que os setores de energia elétrica, telefonia

fixa, siderurgia e água e saneamento obtiveram melhor desempenho do que as

empresas que não fizeram debêntures. O gráfico mostra ainda que somente os

subsetores de construção civil, petroquímico e outros captaram recursos

através de debêntures e tiveram um desempenho negativo. A análise indica

que, das empresas que não fizeram debêntures, somente os setores de

energia elétrica e telefonia fixa tem resultado de desempenho positivo. O

período de pesquisa compreende os anos de 2002 a 2008.

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9 DESEMPENHO DO (ROA) RETORNO SOBRE O ATIVO DAS

EMPRESAS POR SUBSETORES DA ECONOMIA QUE FIZERAM OU

NÃO DEBÊNTURES

Entre os indicadores tradicionais, cabe destacar a taxa de retorno como a

medida financeira mais utilizada na literatura. Na teoria econômica, a taxa de

retorno pode ser definida como a taxa de desconto que faz uma comparação

do valor presente do fluxo de dinheiro líquido com seu investimento

(NOGUEIRA, LAMOUNIER e COLAUTO, 2005). O retorno sobre ativo

corresponde à taxa de retorno gerada pelas aplicações realizada por uma

organização em seus ativos (ASSAF NETO e LIMA, 2009, p. 229).

O gráfico 24, abaixo, ilustra o desempenho do (ROA) retorno sobre ativo

das organizações por subsetores que receberam ou não captação de recursos

via debêntures.

0.04

0.01

0.05

0.01

0.02

0.06

0.11

0.04

0.04

0.05

0.040.04

0.09

0.03

Água e Saneamento Construção Civil Energia Elétrica Outros Petroquímicos Siderurgia Telefonia Fixa

0

1

Figura 24 – Gráfico desempenho do (ROA) retorno sobre ativo das

organizações por subsetores que receberam ou não captação de recursos

via debêntures.

Fonte: Dados processados pelo autor.

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Acima, o resultado do desempenho (ROA) retorno sobre ativo das

organizações que tomaram ou não recursos via debêntures, entre o período

pesquisado de 2002 a 2208. Pode-se analisar, conforme ilustrado no gráfico

24, que as empresas dos subsetores de telefonia fixa e de água e saneamento

são as únicas empresas, no desempenho (ROA) retorno sobre ativo das

empresas que não tomaram financiamento através de debêntures, cujo

desempenho é melhor do que o das empresas que fizeram debêntures.

Verifica-se que, dos dois subsetores analisados, somente o setor de telefonia

fixa, no desempenho das empresas que não fizeram debêntures, teve resultado

discrepante, em relação às empresas que fizeram debêntures. No subsetor de

água e saneamento e no subsetor de energia elétrica das empresas que

fizeram ou não fizeram debêntures, o desempenho entre as que fizeram

debêntures e as que não fizeram é basicamente igual.

10 ANÁLISE DO PAINEL DE DESEMPENHO DAS EMPRESAS QUE

REALIZARAM PRIVATE EQUITY E VENTURE CAPITAL

Segue a listagem dos painéis e tabelas:

Painel A, da tabela 1, relatório de resumo estatístico de todas as

empresas;

Painel B, da mesma tabela, relatório estatístico das empresas que

fizeram IPO;

Painel C, da mesma tabela, relatório estatístico das empresas que

fizeram PE/VC;

Painel D, da mesma tabela, relatório estatístico das empresas que

fizeram debêntures;

Painel E, da mesma tabela, relatório estatístico das empresas que

participaram do índice IBOVESPA durante os anos de 2002 a 2008;

Painéis F e G, na mesma tabela, relatório estatístico das empresas que

participaram do índice IBOVESPA durante os anos de 2002 a 2008 e

que fizeram também debêntures e outras, respectivamente.

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100

Esta tabela, no Painel A, apresenta a estatística de amostra de todas as

empresas listada na BOVESPA. No Painel B, apresenta uma subamostra das

empresas que fizeram IPO. No Painel C, apresenta uma subamostra das

empresas que fizeram PE/VC (Private Equity e Venture Capital). No Painel D,

apresenta uma subamostra das empresas que fizeram debêntures. No Painel

E, apresenta uma subamostra das empresas que no período analisado entre os

anos 2002 a 2008 faziam parte da composição do índice IBOVESPA. No Painel

F, apresenta uma subamostra das empresas que, no período analisado entre

os anos 2002 a 2008, faziam parte da composição do índice IBOVESPA e

fizeram debêntures; e no Painel G, apresenta as outras empresas, que não

fizeram IPOs, PE/VC (Private Equity e Venture Capital) nem debêntures de

2002 a 2008.

Tabela 7 – Painel das empresas que fizeram ou não captação de recursos

N Valid Media Mediana Std.

Desvio Skewnes

Kurtosis

Painel A: Todas as Empresas

log_Tobinq1 1955 0,021 (0,204) 0,861 1,133 1,034

log_Tobinq2 1813 0,006 (0,224) 0,923 0,860 0,887

log_Tobinq3 1206 (0,217) (0,506) 1,255 0,488 (0,254)

LogAtivo 1955 5,990 6,086 0,913 (0,279) 0,339

log_DebttoEquity 1955 0,628 0,601 0,452 0,680 5,080

log_ROA 1448 (2,261) (1,372) 2,352 (2,150) 3,146

log_CresVend 1073 (0,918) (0,891) 0,602 (0,203) 2,518

log_CresInv 1546 (0,955) (0,896) 0,480 (2,108) 14,052

log_CresInv_Fama

953 (1,337) (1,257) 0,562 (1,012) 2,109

log_Endiv 1856 (0,730) (0,618) 0,624 (2,114) 11,140

Painel B: Empresas que Fizeram IPO log_Tobinq1 36 (0,786) (0,680) 0,590 0,944 5,411 log_Tobinq2 24 (0,744) (0,754) 0,615 1,799 6,473 log_Tobinq3 2 0,067 0,067 1,956 LogAtivo 36 6,246 6,255 0,516 (0,942) 2,056 log_DebttoEquity 36 0,468 0,394 0,285 1,502 2,175 log_ROA 24 (1,780) (1,344) 1,695 (4,104) 18,329 log_CresVend 29 (0,502) (0,640) 0,757 0,196 1,334 log_CresInv 33 (0,653) (0,629) 0,304 (0,093) (0,399) log_CresInv_Fama

31 (0,777) (0,668) 0,370 (0,988) 0,461

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101

log_Endiv 36 (0,752) (0,654) 0,369 (1,261) 1,399 Painel C: Empresas que Fizeram PE/VC log_Tobinq1 17 (0,899) (0,747) 0,442 (0,869) 0,310 log_Tobinq2 11 (0,888) (0,700) 0,486 (0,714) (0,647) log_Tobinq3 0 LogAtivo 17 6,204 6,150 0,404 0,490 1,318 log_DebttoEquity 17 0,426 0,390 0,294 1,966 5,033 log_ROA 12 (1,455) (1,235) 0,720 (1,687) 3,594 log_CresVend 14 (0,404) (0,638) 0,803 1,066 0,719 log_CresInv 17 (0,675) (0,629) 0,361 0,067 (0,852) log_CresInv_Fama

14 (0,679) (0,680) 0,268 (0,617) 0,592

log_Endiv 17 (0,810) (0,686) 0,352 (1,866) 3,691 Painel D: Empresas que Fizeram Debêntures log_Tobinq1 108 0,089 (0,228) 0,961 1,034 0,313 log_Tobinq2 98 0,130 (0,238) 0,997 0,900 0,021 log_Tobinq3 74 0,139 (0,373) 1,181 0,647 (1,007) LogAtivo 108 6,747 6,670 0,561 0,036 (0,147) log_DebttoEquity 108 0,675 0,664 0,317 1,327 6,904 log_ROA 101 (1,771) (1,334) 1,829 (3,917) 14,438 log_CresVend 78 (0,891) (0,816) 0,653 (0,576) 1,961 log_CresInv 88 (0,748) (0,733) 0,252 (0,268) 2,288 log_CresInv_Fama

72 (1,328) (1,242) 0,535 (0,629) 0,668

log_Endiv 108 (0,672) (0,626) 0,252 (0,824) 0,542 Painel E: Empresas que Participam do Índice IBOVESPA log_Tobinq1 303 0,533 (0,075) 1,239 1,054 0,169 log_Tobinq2 294 0,514 (0,078) 1,299 0,839 0,076 log_Tobinq3 273 0,457 (0,151) 1,402 0,773 (0,458) LogAtivo 307 7,133 7,135 0,522 0,485 0,392 log_DebttoEquity 307 0,715 0,692 0,291 0,645 2,250 log_ROA 280 (1,855) (1,204) 2,179 (3,139) 8,452 log_CresVend 209 (1,048) (1,034) 0,548 (0,478) 2,222 log_CresInv 249 (0,819) (0,816) 0,243 (0,619) 1,840 log_CresInv_Fama

182 (1,404) (1,370) 0,485 (0,762) 1,418

log_Endiv 304 (0,732) (0,624) 0,456 (2,800) 11,317 Painel F: Empresas que Participam do Índice IBOVESPA e Fizeram Debêntures log_Tobinq1 53 0,614 (0,054) 1,122 0,646 (1,212) log_Tobinq2 52 0,558 (0,068) 1,222 0,332 (1,004) log_Tobinq3 46 0,591 (0,177) 1,291 0,313 (1,513) LogAtivo 54 7,186 7,265 0,388 0,035 0,075 log_DebttoEquity 54 0,715 0,729 0,286 (0,263) 3,345

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102

log_ROA 52 (2,116) (1,336) 2,473 (2,737) 5,918 log_CresVend 38 (1,033) (0,965) 0,604 (1,345) 2,437 log_CresInv 43 (0,786) (0,826) 0,195 0,658 (0,136) log_CresInv_Fama

35 (1,298) (1,325) 0,425 0,172 (0,540)

log_Endiv 54 (0,641) (0,604) 0,263 (1,214) 1,047 Painel G: Outras Empresas log_Tobinq1 1819 0,029 (0,197) 0,853 1,149 1,072 log_Tobinq2 1697 0,007 (0,218) 0,918 0,854 0,950 log_Tobinq3 1130 (0,241) (0,515) 1,256 0,491 (0,215) LogAtivo 1819 5,941 6,030 0,914 (0,229) 0,354 log_DebttoEquity 1819 0,628 0,599 0,461 0,663 4,934 log_ROA 1330 (2,303) (1,379) 2,388 (2,065) 2,764 log_CresVend 973 (0,928) (0,904) 0,592 (0,208) 2,632 log_CresInv 1433 (0,972) (0,907) 0,489 (2,080) 13,725 log_CresInv_Fama

856 (1,353) (1,271) 0,562 (1,055) 2,265

log_Endiv 1720 (0,734) (0,615) 0,644 (2,063) 10,470

Fonte: Dados processados pelo autor.

Nota: Esta tabela apresenta a estatística de cada variável usada para os testes do

“modelo”. Nela são apresentadas as quantidades de observações e estatística total válidas

para cada variável. Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da pesquisa.

Pode-se observar que as médias dos log_tobinq1, log_tobinq2 e

log_tobinq3 para as empresas que fizeram PE/VC são (0,899), (0,888) e

nenhum, menores que as médias dos log_tobinq1, log_tobinq2 e log_tobinq3

para outras empresas, que são 0,029, 0,007 e (0,241).

Também foi possível verificar que as médias dos log_tobinq1 e

log_tobinq2 para as empresas que fizeram IPO são (0,786) e (0,744), menores

que as médias dos log_tobinq1 e log_tobinq2 para as outras empresas, que

são 0,029 e 0,007, exceto a média do log_tobinq3 das empresas que fizeram

IPO, que é 0,067, maior que o log_tobinq3 das outras empresas, que é (0,241).

Esse resultado mostra que as empresas que receberam PE/VC e IPO

tiveram um valor menor do que as outras empresas. Tal fato coloca à prova a

hipótese de que as empresas que têm ações na Bolsa de Valores de São

Paulo (BOVESPA) e utilizam-se da captação de recursos Private Equity e

Venture Capital com IPO têm vantagem competitiva e desempenho

diferenciados das empresas que optam por outro tipo de captação de recursos

ou que até mesmo não fazem nenhum tipo de financiamento.

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103

Porém, é possível dizer que as médias dos log_tobinq1, log_tobinq2 e

log_tobinq3 das empresas que fizeram debêntures, 0,089, 0,130 e 0,139, são

maiores que as dos log_tobinq1, log_tobinq2 e log_tobinq3 das outras

empresas, que são 0,029, 0,007 e (0,241).

Nota-se que a média dos log_tobinq1, log_tobinq2 e log_tobinq3 das

empresas que participam do índice IBOVESPA durante os anos de 2002 a

2008, que é 0,533, 0,514 e 0,457, é maior do que a média dos log_tobin1,

log_tobinq2 e log_tobinq3, 0,029, 0,007 e (0,241), das outras empresas.

Destaca-se, também, que, entre as empresas que participam do

IBOVESPA e fizeram debêntures durante os anos 2002 a 2008, a média dos

log_tobinq1, log_tobinq2 e lo_tobinq3, 0,614, 0,558 e 0,591, são maiores que

as médias dos log_tobin1, log_tobq2 e log_tobinq3, 0,533, 0514 e 0,457, das

empresas que participam do IBOVESPA, e que as médias dos log_tobinq1,

log_tobinq2 e loq_tobinq3, 0,029, 0,007 e (0,241), das outras empresas.

O resultado das empresas que fizeram debêntures e participaram do

IBOVESPA, durante os anos de 2002 a 2008, é coerente com a expectativa de

que as empresas que fazem captação de algum tipo de recurso têm um valor

maior do que outras.

A maioria das outras variáveis independentes de controle, tais como

logAtivo, log_DebttoEquity, ROA, crescimento de vendas, crescimento de

investimentos, crescimento investimentos Fama e endividamento, são mais

elevadas do que as de outras empresas. O valor médio da maioria dos q é

superior à mediana do valor dos q do Painel A até o Painel G, o que sugere

que a distribuição de q é distorcida. Para controlar a assimetria, usou-se o

logaritmo q como variável dependente após pré-análise, de forma que a

distribuição de q se torna mais simétrica.

Assim, notou-se, com a análise do painel acima, que as empresas que

optaram por Private Equity ou Venture Capital tiveram menor desempenho do

que aquelas que realizaram debêntures.

Pode-se questionar a razão de tal constatação. Uma das hipóteses a

serem levantas é o fato de os fundos de Private Equity e Venture Capital serem

relativamente novos no Brasil, ainda haver pouca informação sobre esses

fundos, e eles não serem juridicamente tutelados pela legislação brasileira. Isso

os diferencia das outras formas de financiamento, como as debêntures, pois,

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mesmo tratando-se de capital de risco (como Private Equity e Venture Capital),

elas são mais tradicionais e tuteladas juridicamente pela Lei nº 6.404/76, das

sociedades anônimas.

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio do presente estudo buscou-se analisar se existe uma relação de

desempenho organizacional entre as empresas com ações na Bolsa de Valores

de São Paulo (BOVESPA), no período de 2002 a 2008, que receberam

investimentos em Private Equity ou Venture Capital com IPO, e as empresas

que captaram ou não outros tipos de financiamentos. Os resultados

encontrados apontam que as empresas que receberam recursos via Private

Equity e Venture Capital com IPO tornaram-se diferentes das demais empresas

que estão listadas na BOVESPA no mesmo período.

Analisou-se a captação de recursos pelas empresas com ações na

BOVESPA a partir dos seguintes prismas: a) se as empresas receberam

captação de recursos via Private Equity e Venture Capital com IPO; b) se as

empresas fizeram a colocação ou subscrição de títulos e valores mobiliários via

mercado primário, com a oferta pública inicial de ações ou Initial Public Offering

(IPO); c) se as empresas fizeram emissão de debêntures; d) se as empresas

participaram do índice IBOVESPA; e) se as empresas participaram do índice

IBOVESPA e emitiram debêntures; f) outras empresas; g) as empresas

conforme as médias dos logaritmos dos índices; e h) as empresas conforme

classificação por setor econômico, subsetor e segmento.

Primeiramente, constatou-se que, para a empresa ter acesso e adquirir

vantagem competitiva, é necessário que ela, de acordo com os fundamentos

da RBV, implante e programe rotinas eficientes, eficazes e dinâmicas, capazes

de torná-la heterogênea e com eficiência superior a outras empresas, tornando-

a diferente delas e determinando seu sucesso competitivo e melhor

desempenho no mercado financeiro.

Tendo em vista que não há um consenso da melhor forma de medir o

desempenho financeiro das empresas, optou-se em utilizar o Q de Tobin,

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indicador financeiro com base no valor de mercado, por se tratar de um índice

mais preciso do que os outros.

O censo realizado pela Fundação Getulio Vargas mostrou que no Brasil

ainda existe pouco conhecimento sobre a forma de captação de recursos de

Private Equity e Venture Capital com IPO. Tal constatação dá margem ao

questionamento de como as empresas brasileiras, com ações na Bolsa de

Valores de São Paulo (BOVESPA), utilizam essas formas de capitalização,

bem como se elas têm o mesmo desempenho e vantagem competitiva das

empresas que optam por outro tipo de captação de recursos ou que até mesmo

não fazem nenhum tipo de financiamento.

O resultado das análises pode mostrar que o desempenho das

organizações, a partir das variáveis dependentes do logaritmo do Q de Tobin,

que tomaram recursos através de Private Equity e Venture Capital com IPO em

sua maioria foram menores do que o desempenho das empresas que

receberam outras formas de captação de recursos, tais como: as que fizeram

IPO, as que fizeram debêntures, as que participaram do IBOVESPA e fizeram

debêntures, e outras empresas.

Pode-se dizer que o reflexo de captação de recursos no endividamento

das empresas que fizeram algum tipo de financiamento é muito parecido com o

reflexo no endividamento das que não fizeram nenhum tipo de captação de

recursos.

Os resultados das análises de desempenho das organizações a partir do

logaritmo do Q de Tobin foi melhor para as empresas que emitiram debêntures

e também participaram do índice IBOVESPA. Isso quando comparadas a

outras empresas que fizeram ou não algum tipo de financiamento.

No presente estudo, ao se fazer a comparação com as empresas que

realizaram emissão de debêntures, pôde-se constatar que essa alternativa de

financiamento foi a forma de captação de recursos que as empresas mais

utilizaram no período pesquisado, de 2002 a 2008, pois as debêntures

proporcionam o financiamento de novos projetos, securitização de ativos,

reestruturação de passivos financeiros ou obtenção de capital de giro, dentre

outros objetivos (FRALETTI e EID JUNIOR, 2008).

Ao analisar o desempenho das empresas com base na classificação por

setor econômico, subsetor e segmento, destacaram-se os setores de energia

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elétrica, telefonia fixa, siderurgia, e água e saneamento. A análise gráfica de

desempenho por subsetor leva a afirmar que as empresas que tomaram

recursos através de financiamento com emissão de debêntures, na sua grande

maioria, têm melhor desempenho do que as empresas que não tomaram

recursos através dessa modalidade.

Initial Public Offering (IPO) é uma forma de captação de recursos que

aparece em segundo lugar como alternativa de financiamento utilizada pelas

organizações.

A forma de captação de recursos, através de Private Equity e Venture

Capital é considerada uma das alternativas para as empresas que não têm

acesso aos financiamentos tradicionais do sistema financeiro nacional. Essas

empresas geralmente necessitam de uma reestruturação, passam por uma

série de dificuldades e querem manter-se no mercado. Private Equity ou

Venture Capital, como alternativa de financiamento, ficaram em terceiro ou

último lugar na preferência das organizações no período analisado.

Ao serem analisadas as alternativas mais usadas de financiamento e o

painel das empresas que fizeram Private Equity ou Venture Capital, pode-se

entender que o desempenho das organizações que fizeram Private Equity ou

Venture Capital é diferente das que fizeram outro tipo de captação de recursos.

O Private Equity e o Venture Capital por muitas décadas foram considerados

uma classe de ativos com risco significativamente maior do que os

investimentos tradicionais.

Nos países economicamente mais avançados, o Private Equity e o

Venture Capital deixaram de ser ativos especulativos. Ademais, está havendo

um consenso de que a amplitude e diversificação de uma carteira bem variada

podem apresentar risco moderado. No Brasil, esse mesmo consenso ocorreu

desde a década de 1990 até a metade da década atual. A política

macroeconômica, que manteve altas taxas de juros, criou o mito de que os

ativos de renda variável apresentavam retornos menores do que os de renda

fixa (CARVALHO, RIBEIRO E FURTADO, 2006, pág. 128).

Salienta-se, contudo, que os resultados da pesquisa não são conclusivos

e abrem possibilidade para melhor averiguação do assunto por meio de novos

estudos.

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Finalmente, a importância do presente trabalho reside no fato de ter-se

iniciado uma nova linha de discussão, uma vez que se identifica a necessidade,

no meio acadêmico, de novos estudos e enriquecimento de conhecimentos

científicos sobre as formas de financiamento, tendo em vista a tendência de um

número maior de empresas que visam adquirir vantagem competitiva e de

apostarem, cada vez mais, na abertura de capital no mercado financeiro de

ações.

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