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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E HUMANIDADES Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social CLÁUDIA MARIA ARANTES DE ASSIS SAAR O AGENDAMENTO DE TELEJORNAIS BRASILEIROS EM SITES NOTICIOSOS DE CONTEÚDO COLABORATIVO São Bernardo do Campo SP, 2016.

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E HUMANIDADES

Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social

CLÁUDIA MARIA ARANTES DE ASSIS SAAR

O AGENDAMENTO DE TELEJORNAIS

BRASILEIROS EM SITES NOTICIOSOS DE

CONTEÚDO COLABORATIVO

São Bernardo do Campo – SP, 2016.

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E HUMANIDADES

Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social

CLÁUDIA MARIA ARANTES DE ASSIS SAAR

O AGENDAMENTO DE TELEJORNAIS

BRASILEIROS EM SITES NOTICIOSOS DE

CONTEÚDO COLABORATIVO

São Bernardo do Campo – SP, 2016.

Tese apresentada em cumprimento parcial às exigências do

Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, da

Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), para obtenção

do grau de Doutor.

Orientador(a): Prof: Dr. Walter Teixeira Lima Junior

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FICHA CATALOGRÁFICA

Sa12a Saar, Cláudia Maria Arantes de Assis

O agendamento de telejornais brasileiros em sites noticiosos de

conteúdo colaborativo / Cláudia Maria Arantes de Assis Saar. 2016.

385 p.

Tese (doutorado em Comunicação Social) --Escola de

Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade Metodista

de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2016.

Orientação : Walter Teixeira Lima Junior

1. Conteúdo colaborativo 2. Telejornais brasileiros 3. Análise de

conteúdo I. Título.

CDD 302.2

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FOLHA DE APROVAÇÃO

A tese de doutorado sob o título “O agendamento de telejornais brasileiros em sites

noticiosos de conteúdo colaborativo”, elaborada por Cláudia Maria Arantes de Assis

Saar foi defendida e aprovada em 13 de maio de 2016, perante banca examinadora

composta por Marli dos Santos (Presidente/UMESP), Fábio Botelho Josgrilberg

(Titular/UMESP), Leandro Key Higuchi Yanaze (Titular/UMESP), Walter Teixeira

Lima Junior (Titular/UNIFAP), Alan César Belo Angeluci (Titular/USCS).

__________________________________________

Prof. Dr. Walter Teixeira Lima Junior

Orientador

__________________________________________

Profa. Dra. Marli dos Santos

Presidente da banca e coordenadora do Programa de Pós-Graduação

Programa: Pós-graduação em Comunicação Social

Área de concentração: Processos Comunicacionais

Linha de pesquisa: Inovações Tecnológicas na Comunicação Contemporânea

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DEDICATÓRIA

À Ísis. Minha filha. Minha vida!

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EPÍGRAFE

“Conhecimento não é aquilo que você sabe, mas o que você faz com aquilo que você

sabe.” – Aldous Huxley.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por permitir tantas coisas boas em minha vida.

Aos meus pais, por me ensinarem o caminho correto.

Aos meu irmãos e familiares, por fazerem parte da minha jornada.

Ao meu marido, pela parceria, honestidade, lealdade e amor.

Aos meus sogros, por estarem sempre prontos em ajudar.

À Minha Ísis, filha querida e amada, por me fazer um ser humano melhor.

Aos amigos, pela compreensão durante esse meu longo caminho.

Ao meu amigo e orientador, por topar e incentivar a minha ideia.

Ao amigo Bruno Kinoshita, pela paciência, inteligência e competência em me auxiliar

no trabalho.

À Unifap, que permitiu meu afastamento para concretizar este trabalho da melhor

maneira possível.

“Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer para

mim dividir um planeta e uma época com você.” – Carl Sagan.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: NÚMERO DE PALAVRAS IGUAIS NO CRUZAMENTO ENTRE VEÍCULOS BROADCASTS ......................................... 140

TABELA 2: TOTAL DE PALAVRAS ENCONTRADAS NO CRUZAMENTO ENTRE VEÍCULOS COLABORATIVOS E BROADCASTS......... 148

TABELA 3: MATÉRIAS SELECIONADAS PARA ANÁLISE COM MESMA DATA ENTRE COLABORATIVO E BROADCAST ................. 157

TABELA 4: MATÉRIAS SELECIONADAS PARA ANÁLISE COM DATAS DIFERENTES ENTRE COLABORATIVO E BROADCAST. .......... 159

TABELA 5: CRITÉRIOS DE ANÁLISE DAS MATÉRIAS SELECIONADAS – BROADCAST .......................................................... 163

TABELA 6: CRITÉRIOS DE ANÁLISE DAS MATÉRIAS SELECIONADAS – BROADCAST – DATAS DIFERENTES ............................. 165

TABELA 7: CATEGORIA: LEAD E FONTES – MESMA DATA ........................................................................................ 169

TABELA 8: CATEGORIA: LEAD E FONTES – DATAS DIFERENTES ................................................................................. 172

TABELA 9: COMPARAÇÃO DAS MATÉRIAS SELECIONADAS – LEAD, FONTE, ASSUNTO – MESMA DATA .............................. 180

TABELA 10: PALAVRAS IGUAIS USADAS COMPARATIVAMENTE NOS TEXTOS ................................................................ 181

TABELA 11: COMPARAÇÃO DAS MATÉRIAS SELECIONADAS – LEAD, FONTE, ASSUNTO – DATAS DIFERENTES...................... 185

TABELA 12: PALAVRAS IGUAIS USADAS COMPARATIVAMENTE NOS TEXTOS – 2ª ETAPA ................................................ 186

TABELA 13: CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE – MESMA DATA .................................................................................. 219

TABELA 14: NÚMERO DE OCORRÊNCIAS DOS CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE – MESMA DATA ....................................... 220

TABELA 15: CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE – DATAS DIFERENTES ........................................................................... 233

TABELA 16: NÚMERO DE OCORRÊNCIAS DOS CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE – DATAS DIFERENTES ................................ 234

TABELA 17: NÚMERO DE OCORRÊNCIAS LEAD, FONTE E ASSUNTO – MESMA DATA ...................................................... 236

TABELA 18: NÚMERO DE OCORRÊNCIAS LEAD, FONTE E ASSUNTO – DATAS DIFERENTES ............................................... 237

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: PALAVRAS IGUAIS ENTRE CRUZAMENTO DE VEÍCULOS BROADCASTS ......................................................... 142

GRÁFICO 2: QUANTIDADE DE MATÉRIAS COLETADAS POR TELEJORNAL...................................................................... 143

GRÁFICO 3: PALAVRAS IGUAIS ENTRE CRUZAMENTO DE VEÍCULOS BROADCASTS ......................................................... 144

GRÁFICO 4: PALAVRAS IGUAIS ENTRE CRUZAMENTO DE VEÍCULOS BROADCASTS ......................................................... 144

GRÁFICO 5: NÚMERO DE MATÉRIAS COLETADAS .................................................................................................. 145

GRÁFICO 6: CRUZAMENTO ENTRE VC REPÓRTER E BROASCASTS .............................................................................. 149

GRÁFICO 7: CRUZAMENTO ENTRE VC NO G1E BROADCASTS .................................................................................. 149

GRÁFICO 8: CRUZAMENTO ENTRE EU REPÓRTER E BROADCASTS ............................................................................ 150

GRÁFICO 9: CRUZAMENTO ENTRE EU REPÓRTER E BROADCASTS ............................................................................ 161

GRÁFICO 10: CRITÉRIOS DE ANÁLISE DAS MATÉRIAS SELECIONADAS - COLABORATIVO .................................................. 162

GRÁFICO 11: CRITÉRIOS DE ANÁLISE DAS MATÉRIAS SELECIONADAS - BROADCAST ...................................................... 163

GRÁFICO 12: CRITÉRIOS DE ANÁLISE DAS MATÉRIAS SELECIONADAS –BROADCAST - DATAS DIFERENTES .......................... 164

GRÁFICO 13: FONTES – CONTEÚDO COLABORATIVO (1ª ETAPA) ............................................................................. 169

GRÁFICO 14: FONTES: CONTEÚDO BROADCAST (1ª ETAPA) .................................................................................... 170

GRÁFICO 15: FONTES: CONTEÚDO BROADCAST (2ª ETAPA) .................................................................................... 173

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: CRESCIMENTO DO USO DE VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO ........................................................................... 19

FIGURA 2: NÚMERO DE USUÁRIOS DE INTERNET EM 2015 ...................................................................................... 32

FIGURA 3: DADOS DE 2015 SOBRE DOMICÍLIOS COM TELEVISORES ........................................................................... 33

FIGURA 4: FATO, ACONTECIMENTO E NOTÍCIA ....................................................................................................... 61

FIGURA 5: PIRÂMIDE INVERTIDA ......................................................................................................................... 63

FIGURA 6: PIRÂMIDE INVERTIDA ......................................................................................................................... 96

FIGURA 7: PLATAFORMA CRIADA COM OS DADOS PARA A ANÁLISE ........................................................................... 132

FIGURA 8: CRUZAMENTO DE VEÍCULOS BROADCAST E COLABORATIVO ...................................................................... 151

FIGURA 9: FONTES DE INFORMAÇÃO ................................................................................................................. 170

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: NÚMERO DE USUÁRIOS DE INTERNET EM 2015 .................................................................................... 32

QUADRO 2: POPULAÇÃO E USO DE INTERNET ........................................................................................................ 33

QUADRO 3: CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE ......................................................................................................... 66

QUADRO 4: STOP WORDS ............................................................................................................................... 141

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SUMÁRIO

RESUMO .............................................................................................................................................. 13

ABSTRACT ............................................................................................................................................ 14

RESUMEN ............................................................................................................................................ 15

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 16

CAPÍTULO I – TRANSFORMAÇÕES E ADAPTAÇÕES NO CENÁRIO TELEVISIVO ....................................... 29

1.1 O APARATO TELEVISIVO ................................................................................................................. 29

1.2 UMA BREVE ANÁLISE TELEVISIVA ................................................................................................... 34

1.3 TELEVISÃO: UMA ‘REVOLUÇÃO SOCIAL MACIÇA’ ........................................................................... 38

1.4 A POSSIBILIDADE DE TELE-VER ....................................................................................................... 43

1.5 A TV BRASILEIRA ............................................................................................................................ 47

1.6 A TELEVISÃO E O ESPAÇO PÚBLICO ................................................................................................ 49

CAPÍTULO II – CONCEITOS E TEORIAS ................................................................................................... 52

2.1 AGENDA SETTING ........................................................................................................................... 52

2.2 INFORMAÇÃO, MEIOS OU MIDIATIZAÇÃO ..................................................................................... 57

2.2.1 FATO, ACONTECIMENTO E NOTÍCIA ....................................................................................................... 59 2.3 CRITÉRIOS DE NOTICIABILIDADE .............................................................................................................. 64 2.4 GATEKEPER, GATEWATCHING E CURADORIA .............................................................................................. 67 2.5 VARIAÇÕES E VARIEDADES ...................................................................................................................... 71 2.6 O BROADCAST PERANTE AS NOVAS MÍDIAS ................................................................................................ 72 2.7 GLOBALIZAÇÃO REGIONAL DA INFORMAÇÃO.............................................................................................. 79

CAPÍTULO III – VERTENTES MULTICASTING .......................................................................................... 83

3.1 O PRINCÍPIO COLABORATIVO, PARTICIPATIVO E OPEN SOURCE ..................................................... 83

3.2 INTERAGENTE ................................................................................................................................ 90

3.3 NOVO PARADIGMA: O JORNALISMO LÍQUIDO ............................................................................... 93

3.4 TABU: CREDIBILIDADE .................................................................................................................... 97

CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO DOS OBJETOS ................................................................................... 101

4.1 O LEGADO DAS ‘ORGANIZAÇÕES GLOBO’ ..................................................................................... 101

4.1.1 A MAIOR EMISSORA DE TELEVISÃO DA AMÉRICA LATINA ........................................................................ 109 4.1.2 A TRAJETÓRIA DO JORNAL NACIONAL ................................................................................................. 111

4.2 SBT HISTÓRIA ............................................................................................................................... 112

4.2.1 A ESTRUTURA ................................................................................................................................. 114 4.2.2 O JORNALISMO DO SBT ................................................................................................................... 115 4.2.3 O SBT BRASIL ................................................................................................................................ 116

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4.3 RECORD........................................................................................................................................ 116

4.3.1 O JORNALISMO ............................................................................................................................... 118 4.3.2 JORNAL DA RECORD ......................................................................................................................... 118

4.4 BAND HISTÓRIA ........................................................................................................................... 120

4.4.1 A TV BANDEIRANTES ....................................................................................................................... 121 4.4.2 JORNAL DA BAND ............................................................................................................................ 122

4.5 INÍCIO DO PORTAL TERRA ............................................................................................................ 123

4.5.1 O PORTAL TERRA ............................................................................................................................ 124 4.5.2 VC REPÓRTER.................................................................................................................................. 125

4.6. HISTÓRIA DO O GLOBO ............................................................................................................... 126

4.6.1 O GLOBO - SITE ............................................................................................................................... 128 4.6.2 EU REPÓRTER.................................................................................................................................. 128

4.7 G1 ................................................................................................................................................ 129

4.7.1 VC NO G1 ...................................................................................................................................... 129

CAPÍTULO V – A PESQUISA ................................................................................................................ 130

5.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................................................... 130

5.2 A ANÁLISE DE CONTEÚDO ............................................................................................................ 135

5.2.1 PRÉ-ANÁLISE .................................................................................................................................. 135 5.2.2 CODIFICAÇÃO – EXPLORAÇÃO DO MATERIAL ......................................................................................... 136 5.2.2.1 CODIFICAÇÃO PRÉVIA DOS DADOS COLETADOS ................................................................................... 136 5.2.2.2 EXPLICANDO OS DADOS COLETADOS ................................................................................................ 141 5.2.2.3 SELEÇÃO DAS MATÉRIAS PARA A ANÁLISE .......................................................................................... 150 5.2.3 CATEGORIZAÇÃO - EXPLORAÇÃO DO MATERIAL ..................................................................................... 152 5.2.4 TRATAMENTO DOS RESULTADOS ........................................................................................................ 173 5.2.4.1 ANÁLISE DAS MATÉRIAS PUBLICADAS/DIVULGADAS COM MESMA DATA ................................................. 174 5.2.4.2 ANÁLISE DAS MATÉRIAS PUBLICADAS/DIVULGADAS COM DATAS DIFERENTES .......................................... 181 5.2.5 INFORMATIZAÇÃO DA ANÁLISE - TRATAMENTO DOS RESULTADOS ............................................................. 235

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................... 239

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 246

ANEXOS ............................................................................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

ANEXO 1: TABELA DE ANÁLISE ENTRE OS VEÍCULOS BROADCASTS ............................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. ANEXO 2: TABELA DE ANÁLISE ENTRE OS VEÍCULOS COLABORATIVOS E BROADCASTS .... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. ANEXO 3: SELEÇÃO DE MATÉRIAS NA MESMA DATA ............................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. ANEXO 4: TRANSCRIÇÃO DAS MATÉRIAS UTILIZADAS – MESMA DATA ....................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. ANEXO 5: SELEÇÃO DE MATÉRIAS COM DATAS DIFERENTES .................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. ANEXO 6: TRANSCRIÇÃO DAS MATÉRIAS UTILIZADAS – DATAS DIFERENTES ................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. ANEXO 7: ANÁLISE SOBRE CONTEÚDO INFORMATIVO – MESMA DATA ...................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. ANEXO 8: ANÁLISE SOBRE CONTEÚDO INFORMATIVO – DATAS DIFERENTES ............... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. ANEXO 9 – SIMILARIDADES INFORMATIVAS ......................................................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

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ASSIS SAAR, Cláudia Maria Arantes. A influência de telejornais brasileiros em sites

noticiosos de conteúdo colaborativo. 2016. 385f. Tese (Doutorado em Comunicação

Social) – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo.

RESUMO

A tese investiga se, mesmo com a livre produção de notícias, indivíduos que postam

informações em websites de conteúdos colaborativos, denominados como interagentes,

tendem a reproduzir informações que foram agendadas por telejornais. Para verificar

essa análise, este estudo faz uma comparação entre os veículos de conteúdos

colaborativos Vc repórter, Vc no G1 e Eu repórter com os telejornais SBT Brasil, Jornal

Nacional, Jornal da Record e Jornal da Band, buscando averiguar se os referidos

telejornais pautam as plataformas colaborativas. A hipótese norteadora parte da

premissa que os telejornais brasileiros vêm construindo ao longo do tempo um vínculo

de credibilidade com o telespectador. Portanto, é possível projetar que o interagente

utilize os mesmos critérios de escolha dos broadcasts e reproduza informações

semelhantes em sites de conteúdo colaborativo. O método utilizado foi a análise de

conteúdo e tem como base os estudos de Laurence Bardin. O tipo de pesquisa adotado

foi o quantitativo e para isso foi construído um sistema computacional denominado

New Crawler App para coletar o material utilizado nesta pesquisa. Concluiu-se que,

dentro da amostra do universo pesquisado, há agendamentos dos telejornais frente ao

conteúdo colaborativo.

Palavras-chave: Conteúdo colaborativo; Telejornais; Agendamento; Interagentes;

Análise de conteúdo.

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ASSIS SAAR, Cláudia Maria Arantes . The influence of Brazilian TV news on news

sites collaborative content. 2016. 385f. Thesis (Doctorate in Social Communication)

– Methodist University of São Paulo, São Bernardo do Campo.

ABSTRACT

The thesis investigates if with the free news production, people who post information on

collaborative content sites, known as interacting, tend to reproduce information that was

scheduled for Tv news. This study is a comparison of the collaborative content vehicles

Vc reporter, Vc no G1 and Eu reporter with TV news SBT Brasil, Jornal Nacional,

Jornal da Record and Jornal da Band. We sought to determine whether those newscasts

guide the collaborative platforms. The hypothesis assumes that Brazilian TV news have

been building over time a credible relationship with the viewer, so it is possible to think

that the interacting use the same criteria for selecting the broadcasts and reproduce

similar information in collaborative content sites. The method used was content

analysis, based on the study of Laurence Bardin and the type of research used was

quantitative. This research concluded that, within a small portion of the universe

surveyed, there are schedules of television news across the collaborative content.

Keywords: Collaborative Content; TV news; Scheduling; Interacting; Content

Analysis.

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15

ASSIS SAAR, Cláudia Maria Arantes. El agendamiento de noticias de la televisión

brasileña en los sitios de noticias de contenido de colaboración. 2016. 385f. Tesis

(Doctorado en Comunicación Social) – Universidad Metodista de São Paulo, São

Bernardo do Campo.

RESUMEN

La tesis investiga si mismo con la producción libre de noticias, personas que publican

informaciónes en sitios de colaboración, conocidos como interactores, tienden a

reproducir la información que estaba prevista por noticias de televisión. Este estudio es

una comparación de los vehículos Vc repórter, Vc no G1 e Eu repórter con los

telediarios de televisión SBT Brasil, Jornal Nacional, Jornal da Record y Jornal da

Band. Hemos tratado de determinar si esos noticiarios guian plataformas de

colaboración. La hipótesis asume que las noticias de televisión de Brasil han estado

construyendo con el tiempo una relación creíble con el espectador, por lo que es posible

pensar que en la interacción, interactores utilizan los mismos criterios de selección de

las emisiones y de la reproducción de contenido similar en los sitios de colaboración. El

método utilizado fue el análisis de contenido, basado en el estudio de Laurence Bardin y

el tipo de investigación utilizada fue cuantitativa. De ello se desprende que, dentro de

una pequeña porción del universo investigado, se observó que las noticias de televisión

influyen en el contenido de colaboración.

Palabras clave: Contenido de Colaboración; Noticias de la Televisión; Agendamiento;

Interactores; Análisis de Contenido.

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16

INTRODUÇÃO

A televisão, ainda nos dias de hoje, é um grande veículo de comunicação e está

presente na maioria dos lares brasileiros. E por ser um veículo de tamanha importância

no país, muitas vezes ditando pautas, deve ser analisado com calma e profundamente,

buscando dados que evidencie sua força frente ao telespectador. E é mesmo o

telespectador que gera essa potencialidade ao veículo televisão, pois de acordo com a

Pesquisa Brasileira de Mídia de 20151 “os brasileiros assistem à televisão, em média,

4h31 por dia, de 2ª a 6ª-feira, e 4h14 nos finais de semana, sendo que a maior parte

deles o faz todos os dias da semana (73%)”. Para Guilherme Jorge de Rezende, esse

fenômeno pode ser referendado devido a,

[...] a má distribuição de renda, a concentração da propriedade das

emissoras, o baixo nível educacional, o regime totalitário nas décadas

de 1960 e 70, a imposição de uma homogeneidade cultural e até

mesmo a alta qualidade da nossa dramaturgia (REZENDE, 2000,

p.23).

Todavia, com base nas muitas horas gastas em frente a televisão é possível que o

telespectador busque diversas programações ou tenha diversos interesses naquilo que

está assistindo. Por causa disso, faz-se necessário conhecer os usos que o telespectador

faz desse meio. Dessa forma, de acordo com a Pesquisa Brasileira de Mídia de 20152:

As pessoas assistem à televisão, principalmente, para se informar

(79%), como diversão e entretenimento (67%), para passar o tempo

livre (32%) e por causa de um programa específico (19%). Mas não é

baixo o percentual de entrevistados que declaram ter esse meio de

comunicação como uma companhia (11%).

1 Informação retirada da página 15 da referida pesquisa. 2 idem

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17

Assim podemos perceber que muitas pessoas buscam informações no veículo

televisivo. Sendo esse fator o primeiro item indicado na referida pesquisa. E essa busca

por informação muitas vezes se dá através de canais abertos de televisão, como ainda

sugere a pesquisa (2015, p.15), ao dizer que “é possível afirmar que 26% dos lares

brasileiros são atendidos por um serviço pago de televisão, 23% por antena parabólica e

72% possuem acesso à TV aberta”.

Ainda nos dias atuais, de acordo com a Pesquisa Brasileira de Mídia3 de 2015, a

internet é citada pelos entrevistados num ranking entre as três mídias mais utilizadas.

Em primeiro lugar está a Tv, com 93%, em segundo rádio, com 46% e por último a

internet, com 42% da fatia populacional.

Uma possível justificativa para a internet estar na terceira colocação pode ser por

causa do “alto o percentual de entrevistados que ainda não utilizam a internet (51%)4”

Contudo, a internet vem ganhando força no Brasil, uma vez que “entre os usuários, a

exposição é intensa e com um padrão semelhante: 76% das pessoas acessam a internet

todos os dias, com uma exposição média diária de 4h59 de 2ª a 6ª-feira e de 4h24 nos

finais de semana” (2015, p.47). Essa porcentagem vence por pouco os números da

televisão, uma vez que 73% das pessoas disseram assistir televisão todos os dias da

semana, contra os 76% que responderam acessar a internet todos os dias. Em questão de

tempo médio, a internet vence por minutos, ou seja, o internauta navega por semana 28

minutos a mais que o telespectador assiste televisão, isso durante segunda a sexta -

feira, enquanto que no final de semana, a diferença é 10 minutos a mais contra a

televisão. Porém, o número de pessoas com acesso à internet no Brasil ainda é muito

menor do que pessoas com acesso à televisão.

Contudo, os interesses do internauta, ainda segundo a Pesquisa Brasileira de

Mídias (2015, p.47), versam que 67% deles estão em busca de informações (notícias ou

informação de modo geral), 67% buscam entretenimento, 38% gastam seu tempo livre

navegando na rede e 24% está atrás de algum tipo de aprendizado ou estudo.

Assim, de acordo com a pesquisa mencionada, a busca por informação e

entretenimento está em pé de igualdade, pois ambas representam o interesse de 67% dos

entrevistados. Algumas vezes é possível identificar e compreender o tipo de uso que o

internauta faz da internet conhecendo apenas sua faixa etária e sua renda familiar. Nesse

3 Retirado de: <http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-e-qualitativas-

de-contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2015.pdf> - acesso em 25 de novembro de 2015. 4 Retirado da Pesquisa Brasileira de Mídia de 2015, na página 47).

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sentido, a Pesquisa Brasileira de Mídia (2015, p.47) afirma que “os dados mostram que

65% dos jovens com até 25 anos acessam internet todos os dias. Entre os que têm acima

de 65 anos, esse percentual cai para 4%”. E, ainda para a mesma pesquisa (2015, p.47),

de acordo com a renda familiar,

Entre os entrevistados com renda familiar mensal de até um salário

mínimo (R$ 724), a proporção dos que acessam a internet pelo menos

uma vez por semana é de 20%. Quando a renda familiar é superior a

cinco salários mínimos (R$ 3.620 ou mais), a proporção sobe para

76%.

Com essas informações, temos um panorama de uso da internet. Contudo, existe

uma discrepância muito grande relacionada ao nível de escolaridade dos internautas.

Segundo a PBM (2015, p.47), 87% dos entrevistados disseram ter ensino superior e

acessam a internet ao menos uma vez na semana. Essa mesma frequência de acessos é

feita por 8% dos entrevistados, que disseram ter até a quarta série do ensino básico.

Aos 18 mil entrevistados na Pesquisa Brasileira de Mídia, de 2015, foi

perguntado sobre a questão da credibilidade nas informações recebidas, nesse item,

foram separadas as mídias em tradicionais e novas mídias, e assim “52% disseram

confiar sempre ou muitas vezes nas notícias da televisão, rádio, jornais e revistas [...]. Já

em relação às mídias eletrônicas, em valores médios, 27% disseram confiar sempre ou

muitas vezes nas notícias em sites, blogs e redes sociais” (2015, p.91). Assim, podemos

notar que, quanto a credibilidade, o suporte midiático é importante.

Contudo, desde o advento da televisão no Brasil, na década de 1950 até os dias

atuais, o hábito de compartilhar os conteúdos assistidos faz parte do cotidiano de

interação social. Podemos pensar que essa prerrogativa de compartilhando teve início

com os multimeios que possibilitam essa interação. No entanto, esse fenômeno de

compartilhamento acontece há décadas, sendo inerente ao ser humano. E nesse ponto,

em se tratando de conteúdo televisivo, não é diferente. Seja na hora do almoço, do jantar

ou do cafezinho tentamos de alguma maneira compartilhar algo que vimos e achamos

interessante. O que os multimeios nos trouxeram foi uma diferente forma de interação e

compartilhamento de muitos-para-muitos.

Assim, não é de se espantar que o telespectador acesse a internet ao mesmo

tempo em que assiste a seu programa favorito na televisão. Nesse sentido, o IBOPE

realizou uma pesquisa que destaca que 38% dos internautas fazem comentário nas

mídias sociais sobre programas ou conteúdos que viram na Tv. Esse fenômeno cresceu

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136% em relação ao ano de 20125. Segundo o Ibope, esse fato aconteceu graças ao

aumento crescente de usuários de internet no país, como é possível checar no gráfico

abaixo:

Figura 1: Crescimento do uso de veículos de comunicação

Fonte: Social Tv 2012 e 2014.

Em outra pesquisa6 realizada pelo Ibope, em 2015, ficou constatado que 42% das

pessoas que assistem televisão enquanto navegam na internet têm por hábito escrever

comentários sobre a programação que estão assistindo. Assim, cerca de 7 milhões e

setecentos mil pessoas são responsáveis por essa atividade, impactando diversas pessoas

com esses comentários online. Dessa forma,

[...] sites noticiosos baseados nos elementos da Cultura da

Convergência tendem a emergir de instituições e organizações com

uma forte agenda de serviços públicos ou uma forte conexão com

interesses comunitários ou locais bem definidos, ou lançados por

organizações jornalísticas comerciais que enxergam a adoção do

Jornalismo Colaborativo como uma clara vantagem competitiva em

mercado em franco encolhimento no que diz respeito ao trabalho

jornalístico (DEUZE, BRUNS E NEUBERGER, 2007, p.7).

Além do mais, não podemos negar que a mídia utiliza-se de subterfúgios para

transformá-la na mediadora entre a informação e a sociedade, assim ela ‘traduz’ para os

indivíduos os acontecimentos do dia, propiciando, dessa forma, elos de confiança e

5 Retirado de: <http://www.kantaribopemedia.com/a-tv-cada-vez-mais-social/> - acesso em 25 de

novembro de 2015. 6 Retirado de: <http://www.kantaribopemedia.com/o-ecossistema-do-conteudo-televisivo/> - acesso em

25 de novembro de 2015.

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segurança, uma vez que, as pessoas tendem a acreditar que estão sendo bem informadas

e que as informações transmitidas representam nada mais que a verdade. Contudo, “esse

papel de mediador é agora mais variado e complexo e cumpri-lo num mundo de

ilimitados canais de comunicação é bem mais difícil” (KOVACH e ROSENTIEL, 2010,

p.172).

Porém, essa dedução de que os veículos de comunicação informam e são os

portadores da verdade é referenciado pelo ‘Sistema Perito’, em que graças às técnicas

jornalísticas, há uma crença nas competências técnicas dos jornalistas. Assim, Giddens

(1991) propõe três tipos de confianças depositadas à mídia por conta do sistema perito,

a confiança de que a informação transmitida é verdadeira, a confiança na seleção e

hierarquização dos acontecimentos relatados e a confiança na seleção e hierarquização

da notícia frente a um oceano de informações diárias. Contudo, essa confiança no

Sistema Perito não acontece de maneira gratuita, ela vem também a partir da análise

diária, da percepção e experiência que nos mostra o processo de funcionamento desse

sistema.

Nesse sentido, podemos crer que pela falta de técnicas jornalísticas, muitas

pessoas não dão credibilidade às informações publicadas por interagentes em canais

colaborativos. Portanto, podemos acreditar que esses canais tentam utilizar o Sistema

Perito, para se aproximar ao máximo da redação técnica jornalística. Podemos notar

isso, por exemplo, nos veículos colaborativos usados nesta pesquisa, em que há dicas de

redação que explicam o que é importante constar na matéria, e assim, eles ‘ensinam’

que o lead é essencial nesse processo.

E por conta da quantidade de canais e possibilidades de se comunicar, há uma

grande discussão a respeito do trabalho jornalístico. Essa discussão tem um caráter

especial quando se trata do processo de produção da notícia, afinal de contas, o

jornalista não consegue estar em todos os lugares no momento exato em que o fato está

acontecendo. Por conta disso, as pessoas que estavam presentes em um determinado

evento, muitas vezes, publicam ou vendem o material que conseguiram coletar. Assim,

na ausência de um profissional ou de uma cobertura jornalística, qualquer pessoa com

uma câmera, gravador ou celular em mãos pode ganhar esse destaque, transformando-se

em ‘colaborador de informações’, ou em um ‘interagente7’.

7 O termo é proposto por Alex Primo na tentativa de substituir termos como usuário e/ou receptor. Essa

substituição, proposta pelo autor, ocorre pelo fato que os termos usuários e receptores são termos

subordinados, uma vez que existe uma menor possibilidade de interação ou participação. O termo usuário

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Esse fenômeno mostra que, graças ao desenvolvimento e as potencialidades da

tecnologia, os meios de comunicação estão cada vez mais ganhando velocidade, novos

aparatos e, também, contribuições de pessoas que estavam no momento e na hora exata

do acontecimento, e claro, munidos com algum equipamento tecnológico. Dessa

maneira, é perceptível que os meios de comunicação estão sofrendo influências de

outras variáveis, como as constantes inovações impetradas no campo das Tecnologias

da Informação e Comunicação. Um desses ramos é potencializado pela internet, que

viabiliza a ação do interagente em divulgar informações em sites que abrem

possibilidades para a publicação de conteúdo colaborativo. Assim, alguns sites dão a

oportunidade de o interagente mostrar o conteúdo que produziu. Nesse aspecto, o site

não tem custos, uma vez que não precisou enviar uma equipe para cobrir o evento.

Além do mais, a visualização do fato, no momento exato em que está acontecendo atrai

olhares curiosos, uma vez que possibilita assistir um vídeo ou a ter acesso a uma

imagem do momento exato do acontecimento.

Porém, toda essa possibilidade de gerar e compartilhar informações pode colocar

em xeque a credibilidade das mesmas, afinal, ninguém sabe se houve apuração nos mais

diversos ângulos. Outro ponto relevante é: como o interagente sabe se o fato deve ser

noticiado? Partindo dessa premissa, este trabalho questiona se será que mesmo com

aumento da possibilidade de acesso a diversas formas e tipos de interatividade com

conteúdos informativos, os interagentes, quando utilizam espaços de colaboração de

sites de empresas jornalísticas, se valem das mesmas referências noticiosas que são

produzidas originalmente em telejornais?

Esse questionamento se dá pelo fato de que os telejornais no Brasil, durante anos,

foram os responsáveis por informar os acontecimentos do dia-a-dia da população

brasileira, sendo considerado por muitos como sendo veículos de comunicação

possuidores de credibilidade e relevância. Assim, a hipótese norteadora desta pesquisa

investiga que tendo em vista que o primeiro telejornal surgiu há 65 anos, e a partir de

então, foi-se construindo ao longo do tempo um vínculo de credibilidade com o

telespectador, é possível pensar que o interagente utilize os mesmos critérios de escolha

dos telejornais e reproduza informações semelhantes em sites de conteúdo colaborativo.

está diretamente ligado transmissionista-telegráfico, enquanto que o termo receptor relaciona-se com a

comunicação mediada por computador (CMC) na qual os dados permaneceriam disponíveis para serem

utilizados com menor intensidade de participação, o que não acontece com o termo interagente, uma vez

que o sujeito é ativo e participante, segundo essa terminologia. Nesse sentido, o interagente é um (re)

construtor de conteúdos.

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O objetivo deste trabalho é averiguar se o conteúdo de matérias noticiadas pelos

telejornais, Jornal Nacional, Jornal da Record, Jornal da Band e SBT Brasil são

semelhantes às matérias de conteúdo colaborativo dos portais Terra (Vc repórter), O

Globo (Eu repórter) e G1 (Vc no G1). Pretende-se também Checar se telejornais

conseguem agendar informações em portais colaborativos e entender como se dá o

processo colaborativo.

Assim, como objeto de pesquisa, selecionamos programas jornalísticos

televisivos que foram apontadas pela Pesquisa Brasileira de Mídia de 2013 e 2014 como

telejornais de grande audiência. Para tanto, foi feita a opção de coletar matérias do

telejornal com maior índice de audiência de cada canal com sinal aberto apontado pela

PBM. Assim, os telejornais escolhidos para análise são: Jornal Nacional, SBT Brasil,

Jornal da Record e Jornal da Band.

Para critério de comparação e análise, também foram coletadas matérias de

veículos colaborativos que pertencem a grandes empresas de mídia. No caso da escolha

dos veículos colaborativos, ela aconteceu por que os canais selecionados pertencem a

grandes conglomerados de mídia e possuem o canal colaborativo aberto. Nesse sentido,

os veículos escolhidos são: Vc repórter, pertencente ao Portal Terra; Vc no G1,

pertencente ao site G1, Eu repórter, pertencente ao Jornal O Globo. Portanto, os últimos

dois fazem parte das Organizações Globo.

Com tantas incertezas que cercam essa temática, deve-se estruturar bem a

distribuição dos capítulos para que auxilie no entendimento das explicações cabíveis a

esta análise. Para tanto, a divisão de capítulos deste trabalho foi feita pensando em

suprir as dúvidas com embasamentos teóricos de maneira que se faça entender o

contexto em que o conteúdo broadcast e colaborativos estão inseridos. Assim, a

disposição dos capítulos segue a seguinte ordem:

O primeiro capítulo descreve o surgimento dos veículos de comunicação, as

transformações que sofreram ao longo dos anos, bem como sua adaptação tecnológica

(permanência, transformação ou extinção) durante os anos. Este capítulo dá início ao

texto sobre veículo de comunicação massivo televisivo e seu contexto social de

implantação no Brasil. No referido capítulo ainda foi feita abordagens sobre televisão e

ética e, como a televisão influencia o espaço público e privado. Esse último assunto dá

embasamento para o capítulo seguinte. Dessa forma, a estrutura do capítulo trata acerca

do surgimento dos veículos de comunicação, as transformações que sofreram ao longo

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dos anos, bem como, sua adaptação (permanência, transformação ou extinção) durante

os anos.

Os autores usados na construção e fundamentação do capítulo são: Wilson

Dizard, Luiz Arthur Ferraretto, Silvana Gontijo, Manuel Castells, Jesus Martín Barbero,

W. Russel Neuman, dentre outros. Esses autores falam sobre o veículo de comunicação

de massa e, por isso, fazem parte do corpo do texto. Já autores como, Nora Mazziotti,

Simões Borelli, Gabriel Priolli, Luciene Bacellar, Luciana Bistane, Guilherme Jorge

Rezende, Carlos Alberto M. Pereira, Ricardo Miranda, Laurindo Lalo Leal Filho, Sérgio

Caparelli, Sérgio Mattos, dentre outros, tratam sobre a história da televisão. Outros

autores como, Joseph Straubhaar, Robert Larose, Marshall Mcluhan, dentre outros,

tratam sobre o aparato tecnológico televisivo e seu uso.

O segundo capítulo conta sobre a disseminação da informação através de rede

mundial de computadores. Além do mais, este capítulo aborda acerca do que é notícia

para os veículos tradicionais e como ela está sendo alterada conforme a popularização

de aparatos tecnológicos. Neste capítulo, também é detalhado sobre a Agenda Setting,

teoria que nos dias atuais ainda pode ser visualizada e, ainda, Getekeeper e

Gatewatching, que fazem parte das teorias do jornalismo. Pretende-se também, abordar

o fluxo informativo entre veículos de comunicação, para então ser possível fazer uma

reflexão sobre os diversos olhares sobre uma mesma informação. Este capítulo auxilia o

capítulo seguinte, permitindo uma melhor análise sobre questões éticas e

informacionais. Assim, o terceiro capítulo é estruturado na tentativa de esclarecer

alguns pontos importantes para este trabalho, como o entendimento sobre os dois meios

(colaborativo e broadcast) pesquisados. No entanto, buscou-se mostrar neste capítulo

como as notícias de interagentes podem enfatizar a regionalidade, embora, elas estejam

usando uma ferramenta globalizadora, que é a internet.

Alguns dos autores citados neste capítulo são Lev Manovich, Dan Gillmor,

Shayne Bowman e Chris Willis, dentre outros, para tratar da linguagem das novas

mídias. Dando seguimento à temática, o assunto ‘jornalismo online’ foi trabalhado com

fundamentação em Marcos Palacios, Tom Koch, Walter Teixeira Lima Jr., Luciana

Mielniczuk, João Messias Canavilhas Catarina Moura, Ana Carmem Foschini, Roberto

Romano Taddei e Axel Bruns, dentre outros. Enquanto que a temática que envolve

interação mediada por computador e colaboração é embasada em Alex Primo, André

Holanda, Henry Jenkins, Henrique Antoun, Eugene Matusov, White, Marcelo Träsel,

dentre outros.

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Além do mais, este capítulo aborda o que é notícia para os veículos tradicionais

e como ela está sendo alterada conforme a popularização de aparatos tecnológicos.

Neste capítulo também é falado sobre o agendamento da mídia, teoria que nos dias

atuais ainda pode ser visualizada. Pretende-se também, abordar o fluxo informativo

entre veículos de comunicação, para então ser possível fazer uma reflexão sobre os

diversos vieses de uma mesma informação.

Assim, autores como Nelson Traquina, Felipe Pena, Ciro Marcondes Filho, José

Marque de Melo, Alfredo Vizeu, dentre outros, são abordados para explicar o que é

notícia e, também, embasam os conceitos sobre jornalismo tradicional. Alguns dos

autores que falam da passagem do jornalismo tradicional para uma releitura

informacional são Edgar Morin, Jackob Nielsen, Fábio Henrique Pereira, dentre outros.

E para abordar o tema Agenda Setting, Gatekeeper e Gatewatching, são utilizados os

autores Jorge Pedro Sousa, Water Lippmann, Maxwell McCombs, Donald Shaw, Paul

Lazarsfeld, Nelson Traquina, Mauro Wolf, dentre outros.

O terceiro capítulo trata sobre o jornalismo multiforme e adaptável as diversas

circunstâncias como, por exemplo, o jornalismo líquido. Este capítulo também trata de

questões éticas como a credibilidade de uma informação produzida por interagentes.

Neste capítulo os autores utilizados são os já citados nos capítulos anteriores. Contudo,

algum conteúdo se faz diferente dos outros. Assim, os conteúdos open source, conteúdo

colaborativo, conteúdo participativo são trabalhados com base nos autores Lawrence

Lessig, Eric Raymond, Inre Simon, Clark Boyd, Catarina Moura, Luís Carlos Nogueira,

dentre outros.

O quarto capítulo descreve os objetos de pesquisa escolhidos para esta tese. E

busca informações históricas dos veículos. É explanado também acerca dos telejornais,

objetos deste estudo e, o mesmo foi feito sobre os canais colaborativos, pertencentes a

grandes empresas de mídia. Nesse sentido, os veículos colaborativos e da mídia massiva

são descritos conforme bibliografia encontrada para tal. Sobre isso, a maioria dos

veículos objetos deste estudo não possuem referências próprias. Porém, foi possível

encontrar links que possibilitaram a redação deste capítulo. E como pode ser visto o

veículo que mais possui bibliografia é o Jornal Nacional. Assim, alguns autores que

tratam a temática são: Lins Silva, Temer, Borelli, Priolli, Maria Rita Kehl, Borgeth,

dentre outros.

O quinto e último capítulo mostra detalhadamente o desenvolvimento da

pesquisa com suporte em autores que possibilitam a categorização do conteúdo

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coletado, com base em análise de conteúdo, procedimento adotado para a realização da

pesquisa. Espera-se assim, contribuir com o entendimento do fluxo de informação entre

veículo broadcast e colaborativo e, que seja possível incitar novas pesquisas a respeito

desse fenômeno.

Para tanto, autores como José Carlos Koche, Robert Richardson, José Joaquim Soares,

Laurence Bardin, Klaus Krippendorff, Charaudeau, Antônio Carlos Gil, dentre outros,

são utilizados na expectativa de aprimorar os processos metodológicos deste trabalho.

Nesse sentido, este trabalho utiliza o método de pesquisa Análise de Conteúdo,

proposto por Laurence Bardin em seu livro Análise de Conteúdo. Para Franco (2008,

p.8), a análise de conteúdo visa desenvolver técnicas que possibilitem ao estudo, um

desenvolvimento mais objetivo, utilizando-se de observação, averiguação e com base

em experimentos que visem explicitar o fenômeno pesquisado.

Dessa maneira, a análise de conteúdo é “um conjunto de técnicas de análise das

comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição de

conteúdo das mensagens” (BARDIN, 2009, p.45), e nesse sentido, visa superar dúvidas

e criar um entendimento sobre o problema de pesquisa.

A partir do conhecimento sobre análise de conteúdo, optou-se por fazer uso de

perspectivas quantitativas para esta pesquisa. A opção pela análise quantitativa visa

mostrar dados que deem base para a compreensão e explicação do fenômeno estudado e,

também, possibilitar inferências através da criação de categorias para análise dos

objetos. Esse processo será possível graças à análise de conteúdo, uma vez que, esse

método possibilita sistematizar os procedimentos a serem realizados e fazer análises

descritivas das mensagens. A flexibilização desse método é possível uma vez que a

análise de conteúdo “não se trata de um instrumento, mas de um leque de apetrechos;

ou, com maior rigor, será um único instrumento, mas marcado por uma grande

disparidade de formas e adaptável a um campo de aplicação muito vasto: as

comunicações” (BARDIN, 2009, p.33).

Ainda para Bardin (2009, p.121), a análise de conteúdo é organizada no entorno

de três vertentes: 1ª Pré-análise; 2ª Exploração do material (codificação e categorização)

e 3ª O tratamento dos resultados (inferência e interpretação). A pré-análise consiste em

separar os documentos (corpus da análise) para um momento futuro. Já a exploração do

material (codificação e categorização), visa os dados brutos que são sistematizados e

separados em unidades capazes de propiciar ao pesquisador a oportunidade para

descrever as características do conteúdo pesquisado. E o tratamento dos resultados

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(inferência e informatização da análise) é o momento de realizar as inferências

comparativas e dar entendimento aos resultados da pesquisa. Nesse sentido, será

detalhado no capítulo 6, todo o procedimento realizado nesta pesquisa. Esse

detalhamento será feito no final, “isto porque a análise de conteúdo se faz pela prática”

(BARDIN, 2009, p.51). Contudo, para a realização da análise foi preciso fazer a coleta

do material que consiste nas matérias dos quatro telejornais supracitados, bem como os

veículos colaborativos. Vale ressaltar que, o que será averiguado são os textos de cada

veículo, e nesse sentido, para Moscovici (2003) tudo que é escrito ou dito pode ser

levado ao crivo da análise de conteúdo. Porém, para que fosse possível fazer a coleta

inicial, foram criados crawlers8 capazes de fazer essa reunião de material de cada

veículo num período de três meses. Esses crawlers deveriam coletar as manchetes,

datas, links e fazer o cruzamento dessas manchetes, possibilitando encontrar as palavras

idênticas entre os conteúdos.

Para analisar o agendamento, optou-se por encontrar matérias semelhantes tanto

nos veículos broadcast quanto nos colaborativos da seguinte maneira:

Através de 2 a 5 palavras idênticas nas manchetes.

Deve ser analisada apenas matérias que possuam palavras idênticas no mesmo

dia e também em até 24 horas após a publicação, possuindo assim datas

diferentes.

Para que essa análise fosse possível, foi criado um sistema de comparação que se

encontra na URL 104.236.228.109:3000 para que fossem cruzadas cada matéria de

conteúdo colaborativo com as matérias dos telejornais na busca por 2 a 5 palavras

semelhantes. Após encontrar matérias que possuíssem ao menos 2 palavras idênticas,

foram selecionadas as matérias correlatas para que fosse feita a análise de conteúdo,

possibilitando checar se existe ou não usos de características de matérias televisivas nas

matérias escritas por pessoas que buscam colaborar com informações em sites de

conteúdo colaborativo. Então, primeiramente foi feito o cruzamento das manchetes dos

telejornais e esse material posteriormente foi utilizado para selecionar algumas matérias

para uma análise mais aprofundada, diminuindo assim, o universo da pesquisa para que

seja possível compreender melhor o fenômeno estudado. Posteriormente, foi feito o

cruzamento das manchetes dos portais colaborativos com cada telejornal. Assim, foram

encontradas palavras iguais, como é possível checar no anexo 2. Para coletar matérias

8 Também conhecidos por Spider ou Bot, essa ferramenta visa capturar informações em sites e indexá-las.

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possíveis de serem codificadas e categorizadas, optou-se para uma primeira etapa

utilizar matérias cujas palavras idênticas sejam encontradas em ao menos 1 veículo

colaborativo e em ao menos 2 veículos broadcasts. Para a segunda etapa, que consiste

em analisar se há agendamentos entre veículos num período de 24 horas, com datas

diferentes de publicação. Para tanto, utilizou-se o procedimento de análise das palavras

idênticas em ao menos um veículo colaborativo e em ao menos dois broadcasts, porém,

como datas diferentes. Dessa forma, todos os processos de análise desta pesquisa serão

realizados em duas etapas, conforme explicado acima.

Para a análise em si, o material coletado foi codificado e catalogado a fim de

possibilitar um melhor entendimento e gerar um melhor uso para a pesquisa. Os

critérios para a formulação de categorias empíricas foram por adequação ou pertinência,

que consiste na adaptação da pesquisa ao conteúdo e ao objetivo de estudo. Nesse

sentido, foram criadas categorias para melhor tratar da coleta e entender como se dá o

processo de agendamento a partir das semelhanças e diferenças encontradas. Portanto,

categorias como data, palavra idêntica, gênero informativo (nota, notícia, reportagem,

entrevista) lead, fonte, mesma temática e valores-notícia foram desenvolvidas para nos

dar base para responder o problema de pesquisa. Quanto ao valor-notícia, existem vários

autores que tratam sobre o assunto, como é possível checar no capítulo 3. Entretanto,

para que seja usado como categorização de análise, optou-se por usar os critérios de

noticiabilidade propostos por Nilson Lage (2006) que são: proximidade, atualidade,

identidade social, intensidade, ineditismo e identidade humana. A opção pelo valor-

notícia desse autor se dá pelo fato de que Nilson Lage trabalha a questão da notícia de

maneira ampla, possibilitando, de maneira simples e clara, abarcar em apenas seis

critérios, uma enorme gama de matérias. Assim, as matérias selecionadas serão

analisadas mais a fundo para que seja possível determinar se são utilizados algum

critério de noticiabilidade e quais. Assim, continuamos seguindo os preceitos da análise

de conteúdo, que possibilita a utilização de inferências para que se entenda o fenômeno

a ser estudado. Ainda em relação ao método de pesquisa de análise de conteúdo, Bardin

(2009, p.42) diz que:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter,

por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo

das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitem a

inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/

recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. – inferência de

conhecimentos.

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Espera-se com esses procedimentos poder responder ao problema de pesquisa e,

também, dar abertura para que outros pesquisadores utilizem os dados coletados e

desenvolvam pesquisas com temáticas semelhantes, na tentativa de dar um maior

entendimento do assunto. Contudo, todo o procedimento foi adequadamente descrito no

capítulo 5º,onde foi demonstrando detalhadamente todo o processo realizado nesta

pesquisa.

Com esta análise, foi possível compreender a relação de proximidade

informativa da mídia tradicional sobre o conteúdo aberto e colaborativo. Dessa forma,

acreditamos que estudar as novas tecnologias e as várias possibilidades que esta nos traz

é um fator muito importante nos dias de hoje, pois, cada vez mais há espaços para que

as pessoas publiquem informações ou até mesmo para que elas disponibilizem imagens

ou textos para grandes veículos de comunicação.

Vale ressaltar que, mesmo com a velocidade e quantidade das informações

disponibilizadas tanto por jornalistas quanto por não jornalistas (interagentes), esse

ainda é um assunto recente e carente de pesquisa para que seja possível

compreendermos esse fenômeno e seus entornos. Assim, acreditamos que seja relevante

pesquisar e entender os novos paradigmas da comunicação através de conteúdo

colaborativo na internet.

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CAPÍTULO I – TRANSFORMAÇÕES E ADAPTAÇÕES NO

CENÁRIO TELEVISIVO

1.1 O aparato televisivo

Desde que Gutemberg criou a prensa, até os dias de hoje, houve grandes

transformações na maneira de se produzir notícias. No decorrer do tempo, com técnicas

e ferramentas inovadoras, foi possível agregar e melhorar a comunicação. Exemplo

disso são as fotografias usadas em jornais impressos, que permitiram um melhor

entendimento da informação em si, uma vez que era possível enxergar a informação; a

invenção do telégrafo, que oportunizou o início da informação via áudio; a invenção do

aparelho radiofônico, que popularizou a informação; o advento da televisão, que uniu

som e imagem num só veículo; e, atualmente, temos a internet, que traz consigo todas

as outras mídias embutidas, o que possibilita uma transformação real na forma de se

comunicar.

Todavia, é possível notar que grandes mudanças e transformações no modo de se

comunicar foram possíveis graças aos aparelhos tecnológicos construídos com base na

tecnologia disponível. Dessa forma, é inegável que cada tecnologia para a comunicação

é uma adaptação de uma tecnologia anterior. Assim, com base na tecnologia, foi

possível popularizar os meios de comunicação, o que fez com que sistemas mais antigos

fossem esquecidos e não mais utilizados, como aconteceu com o telégrafo, que, durante

muito tempo, era um meio de comunicação muito utilizado, porém, graças a outros

veículos de comunicação, mais eficazes e velozes, ficou obsoleto (FERRARETTO,

2001).

Outro exemplo de substituição de aparato tecnológico por outro mais moderno e de

melhor desempenho é a máquina de escrever, que foi utilizada nas redações, mas que,

com o surgimento de computadores, foram rapidamente substituídas, como nos diz

Dizard (2000, p.58):

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30

Os jornais tomaram a dianteira ao introduzirem terminais de

processadores de texto nas salas de redação, substituindo as máquinas

de escrever. As matérias podiam ser escritas e editadas mais depressa

e então enviadas eletronicamente para as oficinas de produção como

parte de um processo contínuo acionado pelo computador. A

computação nas salas de redação tornou-se mais sofisticada, com

correio eletrônico e recuperação de dados via Internet acrescentados

às capacidades convencionais de processamento de texto. Outra

mudança tem sido o uso cada vez maior de computadores portáteis.

Repórteres levam-nos consigo aos locais do acontecimento, digitando

suas matérias no momento em que elas acontecem, para, em seguida,

transmiti-las [...] para seus redatores.

Não podemos negar que a substituição de equipamentos por outros mais

modernos gera custos e demanda aprendizado sobre o funcionamento do novo

equipamento. Assim, os altos preços praticados antigamente para se obter determinada

ferramenta, atualmente, graças à política econômica, possiblidades de crédito e

parcelamento, fez com que as ferramentas fossem adquiridas por uma parcela maior da

população. Todavia, dificilmente uma residência, mesmo em local distante dos grandes

centros, não terá aparelho radiofônico e/ou televisivo, fenômeno este que, demostra a

importância desses veículos como canal de informação.

Por conta dessa disseminação de aparatos tecnológicos voltados para a

comunicação, a informação tornou-se relativa, uma vez que, cada veículo de

comunicação informa ao usuário algum acontecimento conforme sua vertente editorial.

Para tratar sobre esse processo de relativização do conteúdo informacional, Gontijo

explica que:

[...] Cada novo meio de comunicação que surge suscita uma onda de

discussão sobre o mérito e sobre as vantagens de se aderir ao novo

processo. Quanto mais repercussão produz, mais se polarizam dois

aspectos da natureza humana: a busca pela liberdade de expressão e o

desejo de controlar. Quanto mais a humanidade acumulou

conhecimento e o preservou através da palavra escrita, mais cresceu a

demanda por consumir e difundir informações. Quando foi possível

mecanizar esse processo através da prensa e reproduzir em série, o

livro tornou-se portátil e o saber extrapolou os limites dos mosteiros,

feudos e nações. (GONTIJO, 2004, p.167)

Porém, para um melhor entendimento sobre a usabilidade e expansão dos veículos

de comunicação, se faz necessário refletir sobre a estrutura em que eles foram

moldados, e nesse sentido, retornamos ao século XIX.

A Revolução Industrial é um ponto importante a ser analisado, pois, a partir de

1850, a humanidade presenciou um crescimento e aceleração de diversos processos que

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tomam por base a técnica e a tecnologia, proporcionando assim novas tendências e

alterações no modo de vida das pessoas. Contudo, diversas críticas foram feitas a esse

novo patamar de produção e reprodução, que tiveram por base a industrialização e,

consequentemente, a comercialização. O livro intitulado ‘A obra de arte na era de sua

reprodutibilidade técnica’ (1935), de Walter Benjamin, reflete bem a crítica feita sobre a

perda da ‘áurea’ do objeto quando ele sofre reprodução.

Entretanto, os veículos de comunicação vêm tentando se adaptar, desde a

Revolução Industrial até os dias de hoje, uma vez que, com a industrialização, novas

tecnologias foram criadas e, com a possibilidade de reprodução, as pessoas começaram

a ter acesso a produtos que antes não tinham. Dessa forma, houve um expressivo

crescimento dos veículos de comunicação. Nesse sentido, Castells faz uma análise sobre

a relação existente entre a sociedade e a expansão tecnológica, ao afirmar que:

[...] Quanto mais próxima for a relação entre os locais de inovação,

produção e utilização das novas tecnologias, mais rápida será a

transformação das sociedades e maior será o retorno positivo das

condições sociais sobre as condições gerais para favorecer futuras

inovações (CASTELLS, 1999, p.421).

Não podemos deixar de citar a II Guerra Mundial, que alavancou o processo da

transmissão da informação com tecnologias eletrônicas. Dentre elas, uma que se destaca

é o transistor, conhecido também por chip e o computador programável. Para se ter uma

noção sobre a importância do transistor, Magnoni exemplifica seu uso no rádio e a

maneira com que se transformou num equipamento acessível à população.

O que salvou o rádio do desaparecimento foi a invenção do transistor

no final dos anos 1940 e a popularização a partir da década de 1970,

das emissoras em Frequência Modular (FM), um sistema de

transmissão com melhor qualidade sonora desenvolvido em 1933 pelo

norte-americano Edwin Armstrong. O rádio em FM se popularizou

com a multiplicação de emissoras musicais de alcance local e

regional, voltadas para o público jovem urbano. (MAGNONI, 2001,

p.86)

Assim, não podemos negar que a tecnologia vem se desenvolvendo rapidamente,

proporcionando o surgimento de novos aparatos tecnológicos. É nessa constante de

desenvolvimento e avanço que surgiu a internet, ferramenta muito popular atualmente.

Para se ter noção de sua usabilidade, de acordo com a Internet World Stats, em

novembro de 2015, a Internet era usada por 46,4% da população mundial (cerca de 3,4

bilhão de pessoas).

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Figura 2: Número de usuários de Internet em 2015

Fonte: http://www.internetworldstats.com/stats.htm

Em questão de crescimento por região, é possível notar um aumento muito grande

do uso da Rede Mundial de Computadores, como nos mostra o quadro abaixo:

Quadro 1: Número de usuários de Internet em 2015

Fonte: http://www.internetworldstats.com/stats.htm

Quanto ao número de pessoas conectadas à internet, o Brasil possui um

crescimento de 2,253.1%, num intervalo de 2000-2015. Assim, até novembro de 2015

são mais de 117 milhões de pessoas conectadas. Portanto, 57,6% da população possui

acesso à rede, como mostra o quadro abaixo:

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Quadro 2: População e uso de internet

Fonte: http://www.internetworldstats.com/stats15.htm

Em se tratando de televisão a penetrabilidade é ainda maior. Na região sudeste,

por exemplo, há 98,4% de domicílios com televisores.

Figura 3: Dados de 2015 sobre domicílios com televisores

Fonte: Mídia Dados Brasil

Contudo, com base nos dados citados acima, não podemos negar que grande parte

da população mundial possui acesso à internet. E não podemos negar também que a

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televisão, por enquanto, é o meio de informação que está consolidado no país, sendo o

veículo de informação do povo brasileiro.

1.2 Uma breve análise televisiva

Muitas pessoas buscam informação através da televisão. Outras usam o aparato

como forma de se desligar do cotidiano, como se baseia W. Russell Neuman (1991), ao

dizer que o telespectador tem preguiça de pensar sobre o que a televisão mostra. Assim,

a “síndrome do menor esforço” faz com que o telespectador reflita apenas de forma

básica, ouvindo a informação transmitida. Para Neuman (1991, p.103),

A principal descoberta das pesquisas sobre os efeitos educacionais e

publicitários, que devem ser tratadas imparcialmente se quisermos

entender a natureza da aprendizagem insignificante em relação à

política e à cultura, é simplesmente que as pessoas são atraídas para o

caminho de menor resistência.

No entanto, esse pensamento já era rebatido por McLuhan (1964), uma vez que

para o pesquisador, existe um preenchimento da informação recebida com o próprio

imaginário do telespectador. Dessa forma, ele se envolve e participa, mesmo que

indiretamente, daquilo que está ouvindo e/ou vendo. No Brasil esse fenômeno é ainda

mais intenso. Segundo Borelli e Priolli (2000, p.158), a televisão se tornou o “epicentro

cultural da nossa sociedade”. Até os dias atuais a cultura popular e a informação são

difundidas massivamente no país através da televisão.

A TV aberta estabeleceu o hábito de reunir toda a família para assistir

a programas, principalmente no horário nobre, quando seus membros

já estavam em casa. Com isso, as gerações foram se formando, no

caso brasileiro, assistindo às novelas e aos telejornais noturnos, em

especial os que eram apresentados entre as duas novelas, como o

Jornal Nacional (BORELLI e PRIOLLI, 2000, p.157).

Contudo, é perceptível que, graças ao poder aquisitivo das classes mais elevadas,

pode ser mais trabalhoso unir os familiares frente a televisão, uma vez que, pode haver

mais que um aparelho televisor na residência. Esse fato normalmente gera mais

autonomia para que o indivíduo tenha poder de escolha sobre o que quer assistir. Sobre

esse ponto, Borelli e Piolli (2000, p.114) dizem que:

Uma pesquisa realizada pela Datafolha mostrava que, em 1994, 27%

das crianças paulistanas não gostavam de assistir telejornais com seus

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pais, sendo o mais rejeitado o Jornal Nacional, um dos pilares do

horário nobre da Rede globo. A pesquisa confirma ainda uma

tendência, já observada pelo mesmo instituto, em 1991, de que a

maioria das crianças paulistanas, 68%, escolhia o que assistir na TV,

índice que cresce sempre com a classe socioeconômica, em que a

educação é mais liberal mas, principalmente, em que se pode dispor

de mais de um aparelho de TV.

Como visto na figura 2, a televisão é um veículo de comunicação muito utilizado

no Brasil. E dentro da programação, o que se destaca é o telejornal, pois é através dele

que, utilizando o televisor, as pessoas ficam sabendo de informações que podem ser

relevantes ao seu cotidiano. Dessa maneira, a televisão leva vantagem sobre os veículos

de rádio e os impresso, também, pelo fato de unir imagem e som em um único canal

(CASTELLS, 1998).

Analisando a informação que parte da televisão, notamos que as imagens causam

impactos e demostram veracidade dessas informações, enquanto que o som traz

conteúdo que complementa essas imagens. Assim, a união desses dois recursos gera

força à notícia e, consequentemente, credibilidade, tendo em vista que, o telespectador

além de ouvir a informação, vê as imagens que comprovam o fato (BACCEGA, 2003).

Todavia, o telejornal é composto de diversos recursos como blocos, notas, ao vivo,

dentre outros que ajudam a quebrar a sequência do programa noticioso. Para Mazziotti

(2002, p.204):

O discurso televisivo caracteriza-se pela fragmentação e continuidade.

Exemplos de fragmentação seria a divisão em blocos dos programas.

São interrompidos para a inserção de publicidade, um “flash”

informativo, anúncios de outros programas. Os próprios programas

estão divididos em capítulos, episódios, apresentações.

Esses recursos, que propiciam a fragmentação e a continuidade no telejornal,

devem primeiramente levar em conta o público a que o programa se destina, pois esse,

muitas vezes, pode ser segmentado. Por conta disso, Martín-Barbero acredita que a

utilização desses recursos no telejornal,

[...] refere-se a uma programação que represente a pluralidade de

opiniões, ou que permita que grupos diferentes tenham visibilidade e

se manifestem na televisão. Os variados domínios culturais

expressam-se na diversidade de estéticas, diversidade de percepções,

de preferências por cores, por tonalidades, por ritmos e movimentos

de câmera, que devem estar presentes (BARBERO, 2002, p.214).

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Assim, os editores dos telejornais escolhem qual enfoque deve ser dado à matéria.

Essa escolha tem por base o público alvo do telejornal. Dessa forma, é possível analisar

também, a influência sofrida pelo público por conta do horário de transmissão do

telejornal. Contudo, há exceções, como é o caso do ‘horário nobre’ na televisão, que

compreende o horário entre as 19 e às 22 horas. Nesse intervalo de tempo há um grande

número de telespectadores e, por conta disso, não é possível categorizar com precisão o

público do telejornal. Porém, fora do horário nobre, essa caracterização fica mais

evidente, como dizem Bistane e Bacellar:

As pesquisas e o bom senso indicam que aposentados e donas de casa

ficam a maior parte do tempo em casa. E também a maioria dos

adolescentes, mesmo os que trabalham, costumam almoçar com a

família. Sendo assim, mães, filhos e avós são uma parte significativa

da audiência dos telejornais que vão ao ar do meio-dia às duas da

tarde, o que justifica reportagens sobre o comportamento dos jovens,

quadros fixos sobre bandas musicais, novas tribos, matérias sobre

economia doméstica, saúde, aposentadoria (BISTANE e BACELLAR,

2005, p.44).

Essa caracterização do telespectador é que dá base ao editor para tomar decisões

sobre os assuntos da pauta do telejornal, bem como o enfoque que deverá ser dado a

cada matéria. Para tanto, o gatekeeper9, como é conhecido o profissional da

comunicação responsável por ‘abrir ou fechar o portão’ para informações, é o

responsável por escolher as informações que deverão ser transmitidas ao público. Este

profissional aceita ou rejeita notícias de acordo com seu julgamento, que tem por base a

política editorial do veículo.

Essa maneira de filtrar a informação tem início já na produção da pauta, contudo,

esse modelo dificulta um maior entendimento sobre o telespectador, pois esse pode

assistir o noticiário por que tem interesse na informação e no bom enfoque dados às

notícias transmitidas ou apenas as contempla sem nenhum compromisso ou interesse.

Assiste apenas por que está sendo transmitido.

Outro ponto relevante a ser analisado são as notícias de cunho nacional e as

locais. Para Bistane e Bacellar (2005, p.43), “se o problema é local não trará transtornos

nem despertará o interesse de moradores de outras cidades”. Desse modo, um telejornal

9 O termo gatekeeper surgiu na década de 1950, nos Estados Unidos e representa aquele que abre ou

fecha os ‘portões’ para informações, conforme valores-notícia e perfil editorial seguido pela empresa.

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que possui rede nacional não visa noticiar fatos regionais, a menos que o fato traga

enorme repercussão.

No entanto, não podemos negar que a televisão brasileira teve sucesso graças ao

seu sistema de rede, que trouxe diversos benefícios, especialmente técnicos, aos

programas. Utilizando como exemplo a Rede Globo de Televisão, essa qualidade

técnica supracitada gerou um vasto domínio do mercado nacional à emissora. Para

Guilherme Jorge de Rezende (2000, p.118):

[...] Por questões financeiras e mercadológicas, os concessionários de

canais de TV se viram forçados a abandonar suas produções locais e

transformaram suas emissoras, praticamente sem exceção, em meras

estações retransmissoras da programação realizada invariavelmente no

Rio de Janeiro e São Paulo.

E por conta disso foi instalada no Brasil uma visão noticiosa da região sudeste,

especialmente as cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. Retomando a questão da

notícia, outro fenômeno a ser pensado é que, mesmo antes de a notícia chegar à

televisão, ela sofre várias transformações decorrentes do enfoque, da edição, da ordem

que será apresentada no telejornal, do fato inesperado que pode virar uma nota, dentre

outros. Dessa maneira, antes e durante a apresentação do telejornal, diversas decisões

são tomadas para garantir que o telespectador seja bem informado, mas, seguindo a

linha editorial do programa. Nas palavras de Pereira e Miranda,

parece ser importante dar ao telespectador que volta para casa depois

de um dia inteiro de trabalho, um panorama breve do que aconteceu

de mais significativo naquele dia [...] Este resultado é obtido

transmitindo-se somente mini flashes das notícias selecionadas que

para serem transmitidas devem obedecer a rigorosos critérios de

clareza, rapidez e possibilidade de fácil absorção, de modo que se dê

ao telespectador a ilusão de que foi “bem informado” (PEREIRA e

MIRANDA, 1983, p.125).

Por conta disso, não é espantoso pensar que o telespectador possui uma leve

noção de estar sendo informado dos acontecimentos do dia, e não apenas de uma

pequena parcela desses acontecimentos. Todavia, o telespectador recebe apenas

informações básicas sobre os acontecimentos que sucederam em determinada data.

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1.3 Televisão: uma ‘revolução social maciça’

Não podemos negar que a televisão realizou uma transformação histórica no

mundo (MCLUHAN, 1964), pois, ela é um aparato informativo, e que também entretém

as pessoas.

Com recursos não disponibilizados por aparatos que a sucederam, a televisão

gerou a possibilidade de tele-ver. Nessa perspectiva, Silvana Gontijo (2004, p.399) diz

que:

[...] Quando a televisão surgiu, todas as mídias sofreram o impacto e

precisaram se reajustar a uma nova realidade. A diferença dos outros

processos adaptativos é que a capacidade de tele-ver, ver a distância,

vem transformando mais do que um sistema de transmissão de dados.

O objeto central dessas mudanças é o próprio ser humano e sua

capacidade simbólica.

Assim, se apenas o surgimento do televisor provocou transformações na

sociedade, o aprimoramento de novas tecnologias, que visavam melhorar a imagem e

distribuição de sinal alteraria o contexto midiático. Voltando algumas décadas, em

Londres, especificamente em 1924, o primeiro aparelho televisor foi posto para

funcionar. Contudo, apenas em 1925 as imagens ganharam movimento. Na Alemanha,

surgiu a primeira TV pública, no ano de 1935. No ano seguinte, surgiu a British

Broadcasting Coorporation10 (BBC), Tv pública da Inglaterra. Porém, as transmissões

foram interrompidas durante a II Guerra Mundial, e só voltaram a funcionar 1946. Na

América, a transmissão também foi interrompida durante a Guerra. Já no continente

americano, as transmissões tiveram início no ano de 1939. E nesse período houve uma

intensificação nas discussões sobre a relevância da Tv, tendo em vista especialmente

que ela, como propagadora de informações, deveria seguir a conduta ética pregada pela

sociedade.

Assim, era necessário que a programação fosse custeada com recursos vindos da

própria televisão. Então, a Grã-Bretanha visando utilizar a Tv como forma de

divulgação cultural, começou a cobrar uma taxa mensal do telespectador para que ele

10 Inicialmente conhecida por British Broadcasting Company Ltd., a British Broadcasting Corporation é

uma emissora pública de rádio e televisão do Reino Unido. Possui referência internacional, tendo em vista

que é respeitada do mundo todo. A BBC, sigla que ficou conhecida, foi fundada em 1926. Em grande

expansão, a BBC rádio foi monopolizada e ouvida por uma grande parcela da população do país. As

transmissões em português tiveram início em 14 de março de 1938. E a primeira notícia foi sobre as

atitudes que levariam o mundo a uma Segunda Guerra Mundial.

Pesquisado em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese> - acesso em 12 de dezembro de 2012.

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tivesse acesso à transmissão de informações de interesse público. Esse modelo foi

copiado do rádio, que já utilizava esse sistema de cobrança de taxa, porém, a forma

como era feito era diferente da televisão. No caso do rádio, qualquer pessoa que

comprasse o aparelho radiofônico estaria pagando uma taxa extra. Dessa forma, parte do

valor do aparelho era destinada ao governo, enquanto que outra parte ia para a BBC,

que tinha o dever de transmitir uma programação de qualidade, voltada ao interesse da

população. Esse sistema de taxação surgiu com as empresas que vendiam os aparelhos

radiofônicos, e foi assim que surgiu a British Broadcasting Corporation.

A BBC foi fundada em 1926 e é uma companhia transformada em corporação

pública. Atualmente, ela possui doze canais de televisão, todos voltados a informar fatos

de interesse público. Contudo, veículos de comunicação como televisão, rádio, dentre

outros, divulgavam informações de interesse além do cultural, que estão cerceados por

técnicas e políticas.

As três razões apresentadas para explicar a adoção do modelo público

na Europa ocidental, embora formuladas por fontes diferentes, não

podem ser consideradas excludentes. Na verdade há sempre um

conjunto de razões culturais, políticas e técnicas envolvidas nessa

escolha (LEAL FILHO, 1997, p.17).

Todavia, a Tv é uma prestadora de serviços públicos, e possui desde sua criação,

fatores técnicos e questões políticas e econômicas que estão direta e indiretamente

ligadas a sua essência. Por conta disso, a televisão é um veículo complexo de ser

analisado. Para Laurindo Leal Filho (1997, p.18), o serviço televisivo,

[...] indica a existência de uma necessidade da população que precisa

ser atendida. E público porque, segundo os idealizadores do modelo, é

um atendimento especial que não pode ser feito por empresas

comerciais ou órgãos estatais.

No entanto, transmitir e receber informações parte para o campo político no que

diz respeito às concessões e à legislação da comunicação. E também possui um viés

econômico, haja vista a comercialização de produtos e serviços através da publicidade

televisiva. Sobre esse assunto, Sérgio Caparelli (1982, p.11) pondera que,

[...] sua eficácia pode ser mesmo dimensionada de acordo com sua

produtividade econômica e sua produtividade política. Produtividade

econômica, porque a televisão integra o setor econômico,

reproduzindo o capital investido neste setor da indústria cultural. Nas

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mãos da classe dominante, ela é um meio de produção da mais valia.

No entanto, seu produto é sui generis, porque, híbrido utiliza mão de

obra física intelectual e que se redimensiona na fase de consumo.

Sobre o poder da televisão em propagar um produto a ser consumido, Sérgio

Mattos (2002) diz que, entre os fatores importantes à manutenção da televisão, devemos

frisar que a Tv depende da cultura, tecnologia, política e economia. Por conta disso, ela

tem a capacidade de entreter, distrair e informar, além de colaborar fortemente com a

manutenção e desenvolvimento do capitalismo. Nesse sentido, Sérgio Mattos (2002,

p.66) diz que,

[...] além de divertir e instruir, a televisão favorece aos objetivos

capitalistas de produção, tanto quanto proporciona novas alternativas

ao capital como quando funciona como veículo de valorização dos

bens de consumo produzidos, através das publicidades transmitidas.

Além de ampliar o mercado consumidor da indústria cultural, a

televisão age também como instrumento mantenedor da ideologia e da

classe dominante.

Dessa forma, podemos notar que a Tv, além de precisar atingir o máximo entre

técnica e tecnologia, visa fazer com que o telespectador seja informado. Entretanto, é

mantido por ela um sistema de troca, tendo em vista que o que estimula a televisão são

os rendimentos advindos da publicidade. Esse fenômeno mercantilista vem acontecendo

desde a era do cinema. Porém, com o surgimento da televisão, o cinema, que antes ia

muito bem, se viu prejudicado. Contudo, no Brasil, o cinema não dispunha de tantos

recursos quanto os filmes hollywoodianos. Dessa forma, com a expansão da Tv pelo

país, o cinema, que tinha recordes de público, se viu ameaçado e tentou resistir às

transmissões de filmes pela televisão. Fato esse que, aconteceu também nos Estados

Unidos.

A indústria de cinema inicialmente lutou contra a televisão e não

permitiu que os seus novos filmes fossem liberados para a televisão.

Os filmes produzidos após 1948 tinham cláusulas em seus contratos

que proibiam liberação para a televisão. A indústria de cinema era

muito ligada às redes de salas de cinemas em que exibiam filmes, e a

televisão rapidamente cortou esse faturamento (LAROSE e

STRAUBHAAR, 2004, p.96).

Contudo, mesmo a linguagem do cinema e da televisão tendo diferentes leituras,

por parte do público, ambos os veículos se viam num impasse. A ida das pessoas ao

cinema resumia-se a ver a atuação dos atores que, muitas vezes, ditavam tendências.

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Porém, o lucro do cinema sobre o público passou a perder espaço, tendo em vista que, a

televisão começou a transmitir imagens parecidas com as da película.

Por conta disso, o cinema alterou seus critérios e buscou ser um grande meio de

entretenimento, cultura e lazer. Dessa maneira, ficou perceptível que esses veículos

possuíam em comum o conceito de imagem e som, uma vez que, sobre a produção

técnica, eram inconfundíveis. Sobre esse assunto, Regina Mota (2001, p.29) afirma que,

[...] Após tentar aprimoramento de sua performance ao vivo durante

quase uma década, repetindo os mesmos erros vindos do acaso, a

televisão se volta para a técnica cinematográfica, com o intuito de

controlar a produção, para livrá-la do incômodo dos incidentes “em

direto”. Mas essa escolha impôs novos problemas ligados a custos e

prazos de execução. A televisão já estava no ar e precisava de material

imediato. Não podia, além disso, dar-se ao luxo do perfeccionismo

característico da arte cinematográfica.

Embora a televisão tenha invadido o espaço do cinema, no quesito público foi

possível notar a importância de ambos, uma vez que, a Tv se transformou num grande

meio de informação e o cinema elevou o nível de entretenimento. Segundo Orain (1951)

o cinema aprendeu a utilizar recursos da televisão e em contra partida, a televisão

conseguiu desenvolver métodos baratos e rápidos de produção. Dessa maneira, grandes

produtoras de filmes foram surgindo e iniciaram as programações na Tv. Para

Straubhaar e LaRose (2004, p.96), “a Disney começou produzindo programas para a

televisão em 1954, e outros estúdios a seguiram. Em 1961, o boicote de filmes para a

televisão havia acabado”. Assim, a televisão buscou os padrões de qualidade do cinema,

enquanto que o cinema deu um início na criação de programas televisivos.

Porém, para a difusão da televisão pelo mundo, foi necessário criar padronização.

Assim, no ano de 1941, quinze fabricantes de aparelhos televisores criaram o Comitê

Nacional de Sistema de Televisão, conhecido pelo nome em inglês de ‘National

Television Systems Committee’ (NTSC)11, na tentativa de expandir a televisão em preto

e branco. A sigla NTSC supracitada representa a padronização técnica pelo Comitê

Nacional de Sistemas de Televisão norte-americana. Porém, há outro modelo de

11 National Television System(s) Committee é o sistema analógico de televisão utilizado nos Estados

Unidos, em grande parte de países da América (o Brasil utiliza esse sistema apenas em DVDs players) e

também em alguns países do leste asiático.

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padronização, o PAL12, que foi criado na Alemanha e foi a opção a ser utilizada nos

televisores brasileiros. A televisão em cores veio mais tarde, em 1952, foi nesse mesmo

ano que se estabeleceu os parâmetros de frequência. A Very Hight Frequency (VHF)13

iria abordar de 2 a 13 canais, enquanto que a Ultra Hight Frequency (UHF)14 abordaria

de 14 a 83 canais, porém houve uma diminuição para 69 canais.

Nos Estados Unidos, a venda dos aparelhos televisores cresceu vertiginosamente

desde seu advento. Apenas no ano de 1948 foram vendidos 250 mil televisores. Quatro

anos mais tarde, o número de vendas passou para 17 milhões. Para Straubhaar e LaRose

(2004, p.94), “a disseminação da televisão nos Estados Unidos foi uma das mais rápidas

e amplas difusões de uma inovação em toda a história”. Contudo, no final dos anos 70,

novas ferramentas foram criadas ou evoluíram para melhorar a Tv e, foi assim que, a

televisão convencional se deparou com dois novos suportes, a Tv a cabo e o

videocassete.

Quase todos os lares americanos têm ao menos uma televisão (98,3%)

e quase todas são em cores (98%). Cerca de dois terços dos lares têm

dois ou mais aparelhos de televisão, mais de dois terços têm controle

remoto (para facilitar o chamado Zapping) e mais de quatro quintos

têm gravadores de videocassete. Em cerca de 64% das casas

americanas, a televisão transmitida pelo ar (broadcast television) tem

de concorrer com a TV a cabo (STRAUBHAAR E LAROSE, 2004.

p.109).

A Tv a cabo propiciou novos segmentos, assim como o vídeo cassete. Contudo,

essa formação de novos segmentos com base na Tv a cabo e videoteipe conseguiram

manter seus espaços, assim como a televisão convencional. No caso da televisão a cabo,

o sucesso obtido foi graças a tentativa de se fazer televisão de uma maneira diferente da

tradicional. Essa vontade foi cada vez mais ganhando espaço até que, em 1975, surgiu a

HBO15 (Home Box Office).

Por outro lado, nos anos 80, o videocassete estava para se tornar popular, uma vez

que, era um equipamento revolucionário que permitia o telespectador assistir seus

12 Desenvolvido na Alemanha, o Phase Alternating Line é uma maneira de codificar cores nos sistemas de

transmissão televisiva e é usado por boa parte do mundo. 13 VHF refere-se a sigla em inglês para Very High Frequency, que significa Frequência Muito Alta. A

VHF representa faixa de radiofrequências para transmitir rádio com sinal FM e, também, transmissões

televisivas, juntamente com a frequência UHF. 14 UHF refere-se a sigla em inglês para Ultra High Frequency, que significa Freqüência Ultra Alta. A

UHF representa a faixa de radiofrequência que é comum para a transmissão de sinais de televisão e rádio. 15 Transmitida em mais de cento e cinquenta países em todo o mundo, a HBO (Home Box Office) oferece

serviços de televisão pagos, que são transmitidos 24 horas por dia. Pesquisado em:

<http://www.hbo.com/> - acesso em 30 de setembro de 2014.

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programas favoritos, que foram gravados previamente. Com esse desenvolvimento do

aparato tecnológico no mundo, não podemos deixar de mencionar que, no Brasil, a Lei

8.977, que regulariza a Tv a cabo, pode ser considerada uma das mais democráticas,

pois, busca abrir espaços para o exercício da cidadania, visa regular boa parte da

programação televisiva e aumenta o mercado profissional para comunicólogos.

1.4 A possibilidade de tele-ver

Costumeiramente, ainda nos dias atuais, a Tv ocupa um local de destaque nas

residências dos brasileiros. Contudo, antes de sua criação, o rádio era o aparato de

destaque, e por muito tempo esse veículo desempenhou um importante papel na

sociedade, uma vez que, era o veículo que transmitia informações, entretenimento, etc.

Mas, como dito anteriormente, com o advento da televisão concretizou-se a

possibilidade de tele-ver, graças a junção entre som e imagem num único veículo, o que

provocou uma grande revolução no conceito de comunicação. Segundo McLuhan

(1964), esse novo meio de comunicação,

[...] é coisa bastante diferente do efeito narcótico e de entorpecimento

das novas tecnologias, efeito que reduz a atenção enquanto a nova

forma força os portões do julgamento e da percepção. A inserção de

uma nova tecnologia na mente grupal requer uma cirurgia social

maciça, e é obtida embutindo-se o dispositivo de entorpecimento

(MCLUHAN, 1964, p.82).

Essa “cirurgia social maciça”, a que McLuhan mencionou, foi trazida para o Brasil

por Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, também conhecido como

Assis Chateaubriand. Ele era um dos homens mais influentes da sociedade brasileira

entre os anos de 1949 e 1960 e, também, era dono dos Diários Associados,

conglomerado de mídias composto por jornais, revistas e estações radiofônicas que

vinham ganhando força desde 1930.

Na tentativa de substituir o rádio pelo novo aparato tecnológico surgido na época,

Assis Chateaubriand foi o pioneiro da televisão no Brasil, criando, em 1950, a TV Tupi.

Todavia, a mudança do equipamento radiofônico pelo aparato televisivo não aconteceu

imediatamente, isso por que, no Brasil, não havia técnicos capazes de trabalhar na

televisão, assim como, não existiam profissionais preparados para atuar frente às

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câmeras. Sendo assim, vários técnicos que antes trabalhavam no rádio aprenderam na

prática como trabalhar no novo veículo de comunicação que estava chegando no Brasil.

Até os artistas que antes eram do rádio migraram para a Tv, porém, o tipo de

programa continuou idêntico ao radiofônico, contudo, com o aprimoramento da técnica,

novos quadros foram criados. Analisando o contexto da televisão brasileira em escala

mundial, Sérgio Caparelli (1986) aponta que:

[...] A televisão brasileira surge na época de um reordenamento da

economia mundial, marcado principalmente pela hegemonia que os

Estados Unidos adquirem a nível mundial em detrimento da

Inglaterra, após a Segunda Guerra Mundial. Essa época se caracteriza

pela cristalização de tendências na economia, ocorridas desde fins do

século passado, com a oligopolização do mercado, concentração e

fluxo internacional de capitais e desenvolvimento desigual e

combinado a nível planetário (CAPARELLI, 1986, p.11).

E foi nesse cenário de reposicionamento da economia mundial que, no dia 18 de

setembro de 1950, foi inaugurada oficialmente a televisão no Brasil. Para a inauguração

houve a transmissão da orquestra do maestro George Henry, pela TV Tupi, em São

Paulo. Essa emissora foi a primeira estação de televisão da América Latina. Todavia, no

dia 5 de julho, do mesmo ano, foi feito uma transmissão teste para saber sobre o

funcionamento do equipamento.

O primeiro programa televisivo brasileiro foi categorizado como sendo de

variedades, pois reunia enorme gama de programas como, musicais, humor, orquestras,

esportes, e ainda inserções durante a programação para explicar ao público o que era a

televisão, pois, na época, quase ninguém sabia como ela funcionava. Contudo, a França,

os Estados Unidos e a Inglaterra, conseguiam manter a transmissão de forma regular no

início da década de 50. Em questão de transmissão regular, o Brasil ficou atrás do

México por apenas 18 dias de diferença.

Mesmo com transmissões irregulares, no dia seguinte a inauguração da Tv no

país, foi ao ar o ‘Imagens do dia’, primeiro telejornal brasileiro. Aproximadamente dois

anos depois surgiu o telejornal Panair, da Tv Tupi. O Repórter Esso16, que fez história

no jornalismo brasileiro, marcando o horário nobre da época por receber patrocínio da

16 Criado para reportar informações da guerra e para atrair os brasileiros para o lado dos aliados, o

Repórter Esso teve início no rádio e, posteriormente, migrou para a televisão. Pesquisado em:

<http://www.radiobras.gov.br/nacionalrj/especialnacrj/html/robertosalvador.php> - acesso em 10 de

janeiro de 2012.

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empresa de petróleo norte-americana ‘Esso’, surgiu em 1º de abril de 1952. Mesmo no

Brasil, o Repórter Esso seguia a mesma linha do programa em outros países. Esse

telejornal permaneceu no ar até 1970 e, assim, o citado telejornal, da Tv Tupi,

transmitiu informações durante 18 anos e, durante todo esse período, colaborou com a

consolidação do jornalismo televisivo. Sobre esse assunto, Caparelli (1982, p.122) diz

que:

[...] Voltar os olhos aos anos 50, quando apareceram os primeiros

telejornais, traz a percepção do caminho andado: de um telejornal

simples – transposição de pessoas, métodos e processos de rádio – a

uma linguagem televisiva para narrar os acontecimentos e toda uma

parafernália apta a varrer os quatro cantos do globo em busca de

notícias.

Para Esquenazi (1993), os parcos recursos e a maneira de se fazer televisão eram

diferentes de como se faz atualmente, especialmente, tendo em vista a importância do

espaço publicitário. No início da televisão no país, seria simples retirar o comercial para

aumentar o tempo das notícias, o que não acontece atualmente. Segundo Rose

Esquenazi (1993), o Repórter Esso era um jornal que não seguida padrões de tempo,

uma vez que,

[...] tinha uma abertura de 20 segundos, 10 minutos de noticiário sem

intervalos, 30 segundos de comercial da Esso e mais 20 segundos de

encerramento. Nos grandes acontecimentos, como guerras, retiravam

o comercial e o telejornal crescia para meia-hora (ESQUENAZI,

1993, p.25).

No entanto, o modelo de programação norte-americana foi se moldando com base

na indústria do cinema. Enquanto que, o modelo brasileiro sofreu influência do rádio,

pois, utilizava os mesmos formatos da programação radiofônica, assim como, os

mesmos técnicos e artistas. Por conta disso, a televisão buscava de uma linguagem

diferenciada do veículo de comunicação que a antecedeu. Os profissionais que

trabalhavam no rádio e, que migraram para a Tv, tiveram dificuldades no início, pois

não tinham conhecimento de como lidar com esse novo veículo.

Dessa forma, a qualidade da programação era comprometida pela falta de

recursos e, também, pela falta de profissionais qualificados. Para se ter ideia, as notícias

eram retiradas do rádio e do impresso e lidas na integra pelos apresentados, além do

mais, esse profissional poderia fazer improvisos, uma vez que, ainda não existia o

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recurso do videoteipe. Outras emissoras foram surgindo após a Tv Tupi, em ordem

cronológica a segunda emissora brasileira foi a Tv Tupi do Rio de Janeiro, que surgiu

em 20 de janeiro de 1951, a terceira emissora do país foi a Tv Paulista17, que surgiu em

14 de março de 1952. A Tv Record nasce em 27 de setembro de 1953. Até o ano de

1957, já existiam dez emissoras no país e, a partir de 1959, elas alcançaram outras

localidades como Ribeirão Preto, Bauru, Porto Alegre e Belo Horizonte.

Contudo, em 1960 surgiu um equipamento que revolucionou a maneira de se fazer

televisão. O videoteipe auxiliou o trabalho na Tv, possibilitando que, os programas ou

comerciais, que antes erram feitos ao vivo, fossem gravados. E é nesse cenário de

adequações e modernização que surgiu a Rede Globo de Televisão18, considerada a

maior emissora do país, anos depois.

O surgimento da televisão no Brasil despertou interesse em diversos segmentos,

especialmente de anunciantes estrangeiros. O motivo para esse interesse deve-se às

reformas bancárias que criaram regras específicas para produtos de anunciantes

brasileiros que visavam usar a televisão como meio de propaganda. Com a nova regra, o

Estado iniciou um controle legal sobre a televisão, uma vez que, o Governo estava

sofrendo pressões econômicas. A saída encontrada foi a busca pelo capital estrangeiro

cada vez mais crescente. Esse fato fez aumentar a dívida externa do Brasil, bem como,

sua dependência tecnológica. Na época, os anunciantes estrangeiros dominavam a

televisão, uma vez que tínhamos dependência de seus anúncios. Contudo, a Tv

rapidamente se firmou e conquistou o público brasileiro, mesmo sendo considerada um

veículo pertencente a elite, por conta do custo e da programação. Segundo Sandra

Reimão (2006, p.21):

[...] A TV brasileira em seus primeiros anos é considerada como sendo

“elitista”: teatro clássico e de vanguarda, música popular e erudita e

alguns poucos shows mais populares. Nesses primeiros anos, o

próprio aparelho de TV era um objeto apenas possuído pela elite.

17 Na década de 1960, a TV Paulista antecedeu a rede Globo. Com a criação da Tv Globo, no Rio de

Janeiro, Roberto Marinho fundou posteriormente uma emissora em São Paulo para formar a desejada

rede. As transmissões tiveram início em 14/03/1952, e na programação havia telenovelas, telejornal

diário, entrevistas e músicas. Com os equipamentos obsoletos e os estúdios minúsculos, a Globo de São

Paulo ficava na Rua da Consolação. Retirado de <http://www.sampaonline.com.br/colunas/elmo/coluna

2001mar09.htm> - acesso em 20-12-2012. 18 A Rede Globo é uma emissora de televisão brasileira que teve início no Rio de Janeiro em 26/04/1965.

Roberto Marinho foi o fundador da emissora, e em 2003, após sua morte, o controle da quarta maior

televisão do mundo passou a ser feito por seus filhos.

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Com o passar dos anos e, após diversas transformações, adaptações e melhorias

nas emissoras, a Tv brasileira se transformou no principal meio de informação dos

brasileiros, fazendo com que a comercialização de aparelhos televisores crescesse muito

no país. O acesso ao aparelho televisor, em conjunto com a programação televisiva, fez

com que esse veículo formasse comportamentos e, também, opiniões. Além do mais, as

emissoras deveriam ser conscientes sobre o papel social que possuíam, assim como já

acontecia com o rádio. Assim, a televisão tem o mesmo papel social do rádio, em que,

o cumprimento daquilo que estabelece a Constituição Brasileira em

seu artigo 221 ao regulamentar os serviços de radiodifusão: ‘[...]

preferências a finalidades educativas, artísticas, culturais e

informativas’ nessa ordem (BEZERRA, 1999, p.23).

E através da tentativa de construção de uma identidade, a televisão exerceu um

papel formador de opinião e, assim, buscou formalizar uma identidade nacional junto à

sociedade.

1.5 A Tv brasileira

A década de 50 foi o período em que a televisão foi introduzida no país. Naquele

tempo, o aparelho televisor era tido como uma novidade e, possuir tal equipamento,

gerava status19. Contudo, aos poucos, os brasileiros foram adquirindo o aparato e esse

passou a fazer parte da vida cotidiana das pessoas, determinando padrões estéticos,

moldando comportamentos, valores e estilos de vida.

Segundo Ellis Cashmore (1998, p.17), “a TV pode ser considerada a invenção que

refletiu, moldou e recriou a cultura do século XX. Por ser um meio incomparável de

informação e formação, além de ser envolvente e acessível”. Durante a implantação da

televisão no Brasil, poucas residências possuíam o aparato, graças a seu alto custo. No

entanto, após alguns anos, o preço do aparelho fez com que ele fosse cada vez mais

acessível, gerando um vertiginoso aumento nas vendas de televisores. Possibilitando

inclusive que, cada residência tivesse até mais que uma televisão, o que colaborou para

que essa mídia tivesse uma maior penetração na sociedade.

19 O televisor, por seu custo elevado e por sua programação requintada, inicialmente permaneceu como

privilégio das classes sociais mais abastadas.

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Todavia, para Júlio Pinto (2002), a televisão gera certo fascínio pelo fato de ela

transmitir aspectos específicos da realidade, o que pode, muitas vezes, provocar no

telespectador a sensação de que ele está presenciando uma realidade concreta ao invés

de uma representação do real. Para o autor,

Vivemos hoje, inegavelmente sobre o jugo das imagens. Elas nos

chegam o dia todo, e nos assaltam por todos os lados: os outdoors, o

cinema, a fotografia, o videogame, o computador, a multimídia e,

principalmente, e desta ninguém escapa, a televisão. É um veículo

poderoso a televisão. O seu poder e o seu fascínio vêm, acho eu, da

densidade e do caráter de representação verdadeira de que se reveste a

imagem na telinha (PINTO, 2002, p.61).

Assim, podemos pensar que existe uma relação recíproca entre mídia e

credibilidade informativa por meio do canal da informação. Esse mesmo viés é

apontado por Fischer (1999) ao afirmar que, a TV busca como referencia a vida

cotidiana.

Por conta disso, é possível notar que o conteúdo apresentado pela televisão é,

muitas vezes, um reflexo da vida diária. Segundo Eugênio Bucci (1997, p.29), “aquilo

que o telespectador vê na tela emerge não apenas da tela em si, mas também de algo que

ele, telespectador, já estava demandando antes”. Ainda para o autor, a Tv é vista como

um meio que apenas transporta conteúdo, servindo apenas como um canal de passagem

entre o emissor e o receptor. Para tanto, a decodificação da informação transmitida pela

televisão depende fortemente de fatores socioculturais. Usando as palavras de Umberto

Eco:

Existe, dependendo das circunstâncias socioculturais, uma variedade

de códigos, ou melhor, de regras de competência e interpretação. A

mensagem tem uma forma significante que pode ser completada com

diferentes significados. [...] Assim, havia margem para a suposição de

que o emissor organizava a imagem televisual com base em seus

próprios códigos, que coincidiam com aqueles dominantes, enquanto

os destinatários a completavam com significados “aberrantes”, de

acordo com seus códigos culturais específicos. [...] aprendemos uma

coisa: não existe uma Cultura de Massa no sentido imaginado pelos

críticos apocalípticos das comunicações de massa, porque esse modelo

compete com os outros (constituídos por vestígios históricos, cultura

de classe, aspectos da cultura transmitidos pela educação), etc. (ECO,

1981, p.87).

O autor enfatiza que a mensagem recebida é interpretada pelo telespectador,

porém, é um processo subjetivo individual.

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1.6 A televisão e o espaço público

Muito se discute a respeito da influência da televisão e seus recursos para prender

a atenção do telespectador. Outro ponto muito analisado e discutido por críticos da

mídia é a persuasão que a televisão busca lançar na sociedade em geral. Nesse sentido,

não é tão simples estudar esse veículo, uma vez que ele apresenta diversas

configurações passíveis de análise.

Um fator que podemos facilmente perceber é que a Tv propicia uma linha tênue

entre o privado e o público. Conflitos sociais e pessoais são, a cada dia, mais expostos,

seja em programas televisivos ou noticiários. As relações interpessoais, antes

consideradas pertencentes à esfera privada – também denominada por Da Matta como

sendo o ‘mundo da casa’, que pertencia aos limites do privado – graças aos veículos de

comunicação, ganharam visibilidade. Essa mescla entre o ‘mundo da casa’ e o ‘mundo

da rua’20, entre a esfera pública e a privada é constantemente transmitida pela mídia.

Para Nilson Lage (1995, p.46),

[...] o hábito brasileiro é de estabelecer nítida fronteira entre o que é

público e o que é particular, íntimo. Nesta categoria preservada estão

os desvios do modelo eticamente sugerido de família, de sexo, de

condições de vida, de doenças, as anomalias normais.

Nesse sentido, Bucci (1997) diz que, para entreter o telespectador, a televisão visa

transmitir informações tanto públicas quanto privadas. Segundo Bucci (1997, p.9):

[...] A televisão é muito mais do que um aglomerado de produtos

descartáveis destinados ao entretenimento da massa. No Brasil, ela

consiste num sistema complexo que fornece o código pelo qual os

brasileiros se reconhecem brasileiros. Ela domina o espaço público

(ou a esfera pública) de tal forma, que, sem ela, ou sem a

representação que ela propõe do país, torna-se quase impraticável a

comunicação – e quase impossível o entendimento nacional. [...] O

espaço público no Brasil começa e termina nos limites postos pela

televisão. [...] O que é invisível para as objetivas da TV não faz parte

do espaço público brasileiro.

O conceito de esfera pública e privada foi inicialmente desenvolvido por

Habermas (1984, p.228) e diz que:

20 O termo “mundo da casa” e “mundo da rua” foram utilizados no mesmo sentido descrito por Roberto

Da Matta, antropólogo que escreveu o livro O que faz o brasil, Brasil?

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Naturalmente, o consenso fabricado não tem a sério muito em comum

com a opinião pública, com a concordância final após um laborioso

processo de recíproca Aufklãrung (esclarecimento), pois ‘interesse

geral’ à base do qual é que somente seria possível chegar a uma

concordância aberta, desapareceu exatamente a medida que interesses

privado adotaram para si e a fim de se auto representarem através da

publicidade.

Além de Habermas, Thompson é outro pesquisador que também analisa a

questão. Para Thompson (2002), tudo o que é pertencente ao Estado deve ser englobado

como esfera pública, enquanto que tudo que é excluído do interesse do Estado faz parte

da esfera privada. Assim, Thompson explica que (2002, p.121),

[...] as vidas privadas das pessoas podem ser transformadas em

acontecimentos públicos pelo fato de serem veiculadas através dos

meios de comunicação de massa; acontecimentos públicos podem ser

vivenciados em situações privadas, como acontece quando os

problemas de estado são vistos ou lidos na privacidade de uma casa.

Contudo, não é tão simples delimitar o limite entre o espaço privado e público,

especialmente nessa configuração tecnológica e comunicacional que vivemos

atualmente. Segundo Thompson (2002), não é necessário que o indivíduo esteja no

mesmo espaço-tempo que outro indivíduo. Assim, as interações interpessoais, antes

feitas face a face, nos dias de hoje, não precisam ser realizadas no mesmo espaço-

temporal. Além do mais, o compartilhamento de conteúdos se faz de maneira dinâmica,

podendo seguir a mesma lógica espaço-temporal supracitada. Isso ocorre graças às

novas tecnologias, que potencializam o contato entre as pessoas, independente de suas

localizações. Todavia, para Thompson (2002, p.118), “o campo televisivo é,

obviamente, muito mais extenso em alcance, permitindo aos indivíduos assistirem a

fenômenos que acontecem em contextos muito distantes”.

Porém, existem algumas notícias que, graças ao elevado índice de audiência que

proporcionam, são transmitidas por período indeterminado, até que a novidade sobre a

informação tenha se esgotado. Existem também informações sazonais, como Natal, Ano

Novo, Dia dos Namorados, Dia das Mães, pais, crianças, dentre várias outras que

acarretam uma avalanche de notícias que trazem por tema a alguma data comemorativa.

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Esse processo é conhecido como Agenda Setting21, que nada mais é que o agendamento

de temas que a mídia acha importante ou datas comemorativas. Contudo, para não ficar

descontextualizado, os veículos de comunicação optam por seguir algum agendamento,

embora não seja um acordo previamente estipulado pela mídia em geral. E por conta

dessa necessidade de transmitir informações é que os meios de comunicação acabam

gerando efeitos na Agenda Setting.

Podemos perceber que, algumas vezes, no Brasil, quem produz agendamento nas

mídias é a própria televisão. Isso acontece por que a Tv faz parte do cotidiano das

pessoas. No entanto, esse fenômeno é exclusivamente brasileiro. Em outros países,

como nos Estados Unidos, por exemplo, o processo é diferente, tendo em vista que o

jornal impresso ditava as pautas do que era importante transmitir à população. Assim,

os jornais são os promotores da agenda do público. Definem

amplamente âmbito do interesse público, mas os noticiários

televisivos não são totalmente desprovidos de influência. A televisão

tem um certo impacto, em curto prazo, na composição da agenda do

público (McCOMBS, 1972)

Baccega (2003) faz uma classificação hierárquica dos meios de comunicação e os

classificou em três vertentes: os periódicos (jornais) são categorizados como mídia

velha, uma vez que, despendem de tempo e recursos financeiros para serem produzidos.

Já o rádio e a televisão, foram segmentados como novas mídias, já que o indivíduo tem

livre acesso a eles, embora essas mídias gastem tempo para serem feitas. Atualmente,

temos as novíssimas mídias, como a internet, o pay-per-view, a Tv a cabo e o

computador. Embora elas demandem tempo e dinheiro, são mídias que se tornaram

comuns à população há poucos anos e, por conta disso, são consideradas novíssimas

mídias. Assim, é possível notar que o tempo é um fator comum a todos os veículos de

comunicação. Portanto, é difícil utilizar as mídias supracitadas sem despender de tempo

mínimo para produzi-las.

21 Agenda setting é uma hipótese criada por McCombs e Shaw na década de 1970 para descrever como a

mídia pauta determinados assuntos e ignora outros, na tentativa de influenciar a opinião pública.

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CAPÍTULO II – CONCEITOS E TEORIAS

2.1 Agenda Setting

Muitos teóricos (LIPPMANN, 1922; PARK, ERNEST e RODRICK, 1925;

LAZARSFEL-D ,1944; COEHN, 1963; dentre outros) que pesquisaram processos

comunicacionais, buscaram compreender fenômenos da área desde a massificação até

orientações de fluxos informativos. Esses estudos geraram diversas teorias que

embasam trabalhos acadêmicos até os dias atuais. Assim, essas teorias da comunicação

da década de 1920 em diante, fundamentam pesquisas de relevância no cenário

comunicacional.

Entretanto, a partir da década de 1930, novas ideias tiveram início quando

estudos sobre a influência dos veículos de comunicação de massa surtiram interesse nos

pesquisadores da época. E assim, teve-se o início da pesquisa que daria base para a

Hipótese da Agenda Setting22. Assim, o princípio dos estudos sobre comunicação de

massa possibilitou o surgimento de diversos outros pensamentos com base na

sociologia e/ou psicologia, o que acarretou na criação de diversas teorias.

Nesse sentido, com um viés cognitivo relacionado a comunicação massiva

Estadunidense, o conceito de Agenda Setting (1972) foi criado por McCombs e Shaw,

que retomaram as raízes dos estudos Walter Lippman, e publicaram o livro ‘Public

Opinion’ (1922), que conta a pesquisa realizada sobre opinião pública durante a

primeira metade do século passado nos Estados Unidos, dando indícios sobre o

22 É considerada uma hipótese pois os métodos utilizados para comprovação do agendamento não foram

suficientemente eficazes. Assim, para Hohlfeldt, Martino e França (2008, p.189), uma teoria“ é um

paradigma fechado, um modo acabado e, neste sentido, intenso a complementações ou conjugações”.

Enquanto que para os autores, uma hipótese “[...] é sempre uma experiência, um caminho a ser

comprovado e que, se eventualmente, não der certo naquela situação específica não invalida

necessariamente a perspectiva teórica” (HOHLFELDT; MARTINO; FRANÇA, 2008, p. 189). Ainda

sobre essa temática, “a hipótese do agenda setting é [...] mais um núcleo de ocasiões e conhecimentos

parciais, suscetível de ser ulteriormente articulado e integrado numa teoria geral sobre a mediação

simbólica e sobre os efeitos de realidade, praticados pela mídia, do que um paradigma de pesquisa

definido e estável” (WOLF, 2005, p. 144).

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funcionamento de agendamento feito por veículos massivos. Para Lippmann, (1922,

p.16),

Nós devemos assumir que o que cada homem faz é baseado não no

conhecimento direto e certo, mas nas imagens produzidas por ele ou

dadas a ele. Se o seu mapa afirma que o mundo é quadrado, ele não

velejará perto do que acredita ser o fim do nosso planeta, por medo de

despencar. Nós devemos considerar primeiramente só os fatores-

chaves que limitam o acesso das pessoas aos fatos. As imagens que

formamos em nossas mentes são os censores artificiais, as limitações

do contato social [...].

McCombs complementa o pensamento de Walter Lippmann ao afirmar que,

“[...] parafraseando Lippmann, a informação fornecida pelos veículos noticiosos joga

um papel central na constituição de nossas imagens da realidade” (MCCOMBS, 2004,

p. 24).

Dessa forma, o pensamento, McCombs e Shaw utilizaram como base a

candidatura ao cargo de presidência da república, nos Estado Unidos, em 1968, o que

gerou o artigo ‘The Agenda Setting Function of Mass Media’, escrito pelos autores e

que explicava todo procedimento realizado para entender se a cobertura da mídia sobre

a eleição moldava os temas de interesse para os eleitores. E assim, chegaram ao veredito

de que, “enquanto muitos temas competem pela atenção do público, somente alguns são

bem-sucedidos em conquistá-lo, e os veículos noticiosos exercem influência

significativa sobre nossas percepções sobre quais os assuntos mais importantes”.

(MCCOMBS, 2004, p. 19).

Dessa maneira, a ‘hipótese da Agenda Setting’ além de propor que os veículos

de comunicação de massa determinem fatos relevantes, prega também sobre o que

público deve pensar. Além do mais, essa hipótese presa que os consumidores de

informação tendem a dar maior atenção para assuntos transmitidos por veículos de

comunicação. Assim, a vertente principal seria influenciar diretamente a população e

também os governantes. Assim, Donald Shaw afirma que,

[...] em consequência da ação dos jornais, da televisão e dos outros

meios de informação, o público sabe ou ignora, presta atenção ou

descura, realça ou negligencia elementos específicos dos cenários

públicos. As pessoas têm tendência para incluir ou excluir dos seus

próprios conhecimentos aquilo que o mass media incluem ou excluem

do seu próprio conteúdo. Além disso, o público tende aquilo que esse

conteúdo inclui uma importância que reflete de perto a ênfase

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atribuída pelos mass media aos acontecimentos, aos problemas, às

pessoas ( SHAW; McCOMBS 1972, p.96).

É provável que a Hipótese da Agenda Setting tenha começado a partir das

pesquisas de Lippmann, como o próprio McCombs expôs ao afirmar que “Walter

Lippmann é o pai da ideia agora denominada, em breve, como agendamento”.

(McCOMBS, 2004, p. 19). Entretanto, outras teorias dão suporte, mesmo que

indiretamente para o surgimento da Teoria do Agendamento, como também é conhecida

a Hipótese da Agenda Setting.

Harold Lasswell acreditava que o receptor era passivo e reproduzia

automaticamente o que os canais de comunicação transmitiam. O pensamento de

Lasswell teve por base a teoria da Bala Mágica, também conhecida por Agulha

Hipodérmica, cuja teoria prega que não haveria resistência no indivíduo no recebimento

e assimilação da informação, assim, ele poderia ser manipulado de maneira massiva.

Porém, esse pensamento de Lasswell foi questionado uma vez que se inseriu a

percepção e reestruturação que as pessoas fazem das informações que recebem. Em

contra partida, tem-se o início da Teoria dos Efeitos Limitados, criada por Paul

Lazarsfeld, que previa o fluxo da comunicação em duas escalas diferentes. Essa

separação em duas vertentes ficou conhecida como ‘Two steps flow of communication’,

e configura uma redução do poder da mídia na vida das pessoas, uma vez que elas

recebem informações de fontes diferentes, pois, segundo essa teoria, a informação

atingia um número inferior de pessoas, e essas, após receber a informação, a repassavam

a outras pessoas. Dessa maneira, é possível perceber que existe um intermediário que

seleciona uma informação que considera relevante e posteriormente repassa essa

informação para outras pessoas.

Assim, a hipótese da Agenda Setting tem raízes em conceitos e estudos

anteriores, uma vez que esse fenômeno foi inicialmente percebido por Lippmann,

porém, ela possui o aval ou recebe questionamentos duramente outras teorias e

pesquisas. Assim, a Agenda Setting não é uma versão aprimorada das teorias sobre

veículos de comunicação massivos, uma vez que diversos fatores externos influenciam

diretamente na ação do indivíduo, tais como fatores sociológicos ou psicológicos. Nesse

sentido, “o público não é um autômato coletivo que passivamente espera ser

programado pela mídia. O padrão da cobertura da mídia para alguns temas ressoa no

público. Para outros temas, não há ressonância”. (MCCOMBS, 2004, p. 32). Porém, o

veredito de Shaw e McCombs sobre o Agendamento diz que,

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55

Embora não seja conclusiva a evidência de que os mass media alterem

profundamente as atitudes em uma campanha, é muito mais forte a

evidência de que os eleitores aprendem pela imensa quantidade de

informação disponível durante cada campanha. (MCCOMBS; SHAW,

1972, p. 2).

Contudo, para Barros Filho (1995), quatro vertentes da Teoria dos Efeitos

Limitados deram base para o início da formulação da teoria do Agendamento, uma vez

que esta foi uma reação aos 4 fatores tratados pela Teoria dos Efeitos Limitados, são

eles: o foco nos efeitos de curto prazo; a distorção sobre conceito de opinião pública; o

entendimento de que se deve observar o receptor unicamente durante o contato com a

mensagem e o excesso de estudos quantitativos sobre a temática. Assim, a Agenda

setting representa uma ruptura nas linhas antes investigadas. Outra vertente que

corrobora com a Hipótese da Agenda Setting foi proposta por Noelle Neumann (1977)

e traça uma outra perspectiva do agendamento ao criar a Espiral do Silêncio23, com base

em três outras vertentes: acumulação, onipresença e consonância.

a acumulação – é a potencialidade da mídia em manter a relevância de um

determinado acontecimento. Como exemplificação, podemos encontrar a

acumulação nos desdobramentos informativos também conhecidos como

suítes24.

a consonância – quanto mais uniforme for o processo de produção da

informação mais significativos eles são. Já a consonância, podemos entendê-la

como a padronização dos parâmetros ou modelos jornalísticos.

a onipresença – o significa que a mídia está em todos os locais e possui o

consentimento dos consumidores de informação. A onipresença pode ser

analisada como sendo a disseminação dos veículos de comunicação por diversos

locais.

23 Teoria criada em 1977. Segundo Nilson Lage (1998, p.16), "A ideia central desta teoria situa-se na

possibilidade de que os agentes sociais possam ser isolados de seus grupos de convívio caso expressem

publicamente opiniões diferentes daquelas que o grupo considere como opiniões dominantes. Isso

significa dizer que o isolamento das pessoas, de afastamento do convívio social, acaba sendo a mola

mestra que aciona o mecanismo do fenômeno da opinião pública, já que os agentes sociais têm aguda

percepção do clima de opinião. E é esta alternância cíclica e progressiva que Noelle-Neumann chamou de

Espiral do Silêncio”. 24 É uma informação complementar ou com adendo. Também considerado uma sequência ou

desdobramento de alguma informação. Pode ser feita em dias subsequentes ao acontecimento.

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56

Esses três pontos deram força para que a Hipótese do Agendamento tivesse

continuidade, atingindo novas fases de estudo. Por conta disso, um outro ciclo de

pesquisa e análise sobre o agendamento foi criado. Há alguns anos, alguns estudiosos

(WOLF, 2002; MCQUAIL, 1983; TUCHMAN, 1983) acreditavam que já estaríamos

numa terceira forma de pesquisa e análise sobre o agendamento, com um recorte mais

analítico e uma problematização mais acirrada sobre o resultado, ou efeito dessa teoria.

Porém, a hipótese da Agenda Setting segue em constante estudo, atingindo até o

momento 5 fases. A primeira fase consiste em analisar a capacidade da mídia em

agendar os temas considerados mais relevantes para a população, contudo,

Enquanto muitos temas competem pela atenção do público, somente

alguns são bem-sucedidos em conquistá-lo, e os veículos noticiosos

exercem influência significativa sobre nossas percepções sobre quais

os assuntos mais importantes. (MCCOMBS, 2004, p. 19).

Já na segunda fase, está engendrada na primeira, porém levou-se em

consideração que a sociedade não era tão influenciável, então teve início a análise sobre

processos psicológicos dos eleitores para entender como se dava essa questão frente a

tentativa de influência da mídia. Na terceira fase do estudo, foi agregado o conceito de

Agendamento de Atributos, assim, para cada objeto agendado pela mídia havia uma

agenda com a frequência das notícias. Dessa forma a utilização frequente de notícias

sobre um determinado objeto seria capaz de alterar a agenda para a direção que a mídia

desejasse. A exemplo das eleições norte-americanas analisadas por McCombs, “[...] os

eleitores não só aprenderam da agenda da mídia, mas com alguma exposição adicional

ao longo das semanas da primária eles aprenderam ainda melhor” (MCCOMBS, 2004,

p. 117). A quarta fase ( que é base para a construção deste estudo) analisa os fatores que

modelam o agendamento, ou seja, quem faz o agendamento. Nessa análise, verificou-se

a existência de um interagendamento, em que alguns veículos de comunicação

conseguem agendar outros veículos.

Assim, “a dependência das mesmas fontes de notícia, sobretudo agências internacionais,

contribui para acentuar essa homogeneidade de conteúdo”. (BARROS FILHO, 1995, p.

189). Hohlfeldt (1997) nos dá exemplos de uso de agendamentos realizados no país, ao

afirmar que,

Estabelece-se uma espécie de suíte sui generis, em que um tipo de

mídia vai agendando a outra. Lembremos o episódio Collor de Melo,

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em que as revistas Isto É e Veja terminaram por agendar literalmente

as televisões e os jornais, ainda que tivessem apenas edições semanais,

graças às entrevistas, com o motorista ou a secretária, capazes de

trazer novos enfoques ao tema. (...) Pode-se ainda relembrar o

episódio anterior que foi o agendamento, pela opinião pública, da TV

Globo, quando da chamada Diretas Já, em que aquela rede tentou

esquivar-se o quanto pôde à cobertura do evento, mas acabou

rendendo-se às pressões do receptor e do restante da mídia, com

destaque ao jornal Folha de São Paulo e ao noticiário noturno da TV

Manchete (HOHLFELDT, 1997, p.198).

A quinta fase da hipótese da Agenda Setting analisa a capacidade da mídia em

propor um agendamento relacionando o tema pautado à construção mental de imagens

na mente das pessoas. Assim, “de acordo com esse modelo, a mídia noticiosa pode não

apenas nos dizer sobre o que pensar e como pensar, mas pode também ser capaz de nos

dizer como relacionar diferentes objetos e atributos para dar sentido ao mundo”

(VARGO et al., 2012, p. 7).

2.2 Informação, meios ou midiatização

Os veículos de comunicação sofreram diversas mudanças no decorrer de

décadas. Essas transformações aconteceram tanto na parte técnica, na maneira de se

transmitir a informação e até mesmo na informação em si. Toda essa mudança visava

aperfeiçoar todo o processo comunicacional para que fosse mais veloz e atingisse uma

maior gama de pessoas. Todavia, esse aperfeiçoamento se deu graças às transformações

políticas, econômicas e também, graças à investimentos em pesquisas, que permitiram a

criação de tecnologias que auxiliassem na rápida disseminação da informação. Sobre

esse tema Thompson (1998, p.137) diz que,

Foi somente no século XIX, porém, que as redes de comunicação

foram organizadas sistematicamente em escala global. Foi no século

XIX, portanto, que a globalização se firmou. Isto se deveu em parte ao

desenvolvimento de novas tecnologias destinadas a dissociar a

comunicação do transporte físico das mensagens. Mas foi também

ligado diretamente a considerações econômicas, políticas e militares.

Todavia, em pleno século XXI, dificilmente alguém discordaria que vivemos a

era da ‘Sociedade da Informação25’. Esse termo é engendrado numa sociedade pós-

25 Também conhecido por Sociedade do Conhecimento, o termo surgiu no século XX, e visa demonstrar a

dinamicidade da sociedade em constante expansão e transformação, graças às novas tecnologias, que leva

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industrial que possui paradigmas técnicos que envolvem diretamente a economia, a

política e também critérios socioculturais. Essa sociedade pós-industrial – ou Sociedade

da Informação, como prega Castells (2000), está diretamente ligada ao rearranjo do

capitalismo a partir da década de 1980.

Ainda de acordo com Castells (2000) existem alguns aspectos marcantes dessa

sociedade. A matéria-prima característica da Sociedade da Informação é a informação

em si. Como atributo temos também a flexibilização dos processos que tem por base a

tecnologia, e que pode ser modificado, reestruturado ou reorganizado de acordo com a

necessidade. A convergência tecnológica também é um aspecto trabalhado pelo autor,

especialmente por englobar diversas áreas possíveis de serem interligadas. Castells

(2000) também coloca como característica a grande penetrabilidade da informação na

sociedade graças à tecnologia.

De maneira complementar, e tendo por base a informação como precursora,

Fausto Neto (2008) diz que a comunidade partiu da “sociedade dos meios26” para uma

“sociedade midiatizada27”, isso representa uma alteração sociotecnológica que teve

início há três décadas e que produziu significativas mudanças nas interações e na forma

de vida dos indivíduos. Dessa maneira,

Já não se trata mais de reconhecer a centralidade dos meios na tarefa

de organização de processos interacionais entre os campos sociais,

mas de constatar que a constituição e o funcionamento da sociedade –

de suas práticas, lógicas e esquemas de codificação – estão

atravessados e permeados por pressupostos e lógicas do que se

denominaria a “cultura da mídia”. Sua existência não se constitui

fenômeno auxiliar, na medida em que as práticas sociais, os processos

interacionais e a própria organização social, se fazem tomando como

referência o modo de existência desta cultura, suas lógicas e suas

operações (FAUSTO NETO, 2008, p. 92).

Ainda em se tratando sobre Sociedade Midiatizada, alguns autores (VERÓN,

1997, 2001; FAUSTO NETO, 2006; SODRÉ, 2002) utilizam dessa denominação para

designar a dinamicidade da mídia com relação aos usos, especialmente as interações

sociais disformes, alicerçadas no quesito social e tecnológico, simultaneamente.

como fator primordial a informação. http://www.scielo.br/pdf/ci/v29n2/a09v29n2.pdf > Acesso em 20 de

outubro de 2015. 26 Para Fausto Neto, Sociedade dos Meios é caracterizada pela centralização dos veículos de comunicação

como mediador entre atores sociais e instituições. 27 Ainda para o autor, na Sociedade Midiatizada, os meios de comunicação são apenas protagonistas

deixando de lado a gerência ou mediação. Esse papel é desempenhado por outros atores, capazes de

transformar o cotidiano de pessoas e instituições.

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[...] “Sociedade midiatizada” apresenta a sua estrutura dinâmica

calcada na compreensão espacial e temporal, que não somente institui,

como faz funcionar um novo tipo de real, cuja base das interações

sociais não mais tecem e se estabelecem através de laços sociais, mas

de ligações sociotécnicas (FAUSTO NETO, 2006, p.3).

Contudo, devemos ter um olhar crítico sobre a tecnologia, para que ela não seja

entendida apenas no viés do determinismo tecnológico28, em que as transformações que

levaram a sociedade da ‘Segunda Onda29’ até a sociedade da informação sejam apenas

da tecnologia, utilizando apenas de recursos técnicos para transformar a sociedade,

deixando de lado as interações complexas, sociais e políticas fora da esfera que engloba

a sociedade da informação. Afinal, de maneira conjunta, aparatos tecnológicos, material

humano e questões políticas e econômicas são utilizados para levar a cada um de nós a

informação.

2.2.1 Fato, acontecimento e notícia

As palavras ‘acontecimento’ e ‘fato’, embora pareçam semelhantes em sua

significação, possuem características diferentes para o jornalismo discursivo, uma vez

que nem todo fato é um acontecimento. A confusão é comum, pois, a priori, elas

parecem similares. No entanto, é preciso neste trabalho balizar a importância de ambas

para o jornalismo. Assim, Ricoeur (2007, p.190) faz uma distinção dos dois termos.

Para o autor, o fato “é construído pelo procedimento que o extrai de uma série de

documentos dos quais se pode dizer que, em troca, o estabelecem”, enquanto que o

acontecimento representa uma “condição de referente último que o acontecimento pode

figurar no discurso histórico” (RICOEUR, 2007, p.190). Para explicar melhor essas

duas vertentes, Michel de Certeau (1975, p. 103) esclarece que o acontecimento é algo

que “condiciona a organização do discurso”. E para Pontes e Silva (2010, p. 57), o fato

“fornece os significantes, destinados a formar, de maneira narrativa, uma série de

elementos significativos”. Assim, o fato dá credibilidade ao acontecimento, uma vez

que,

28 Prega que a tecnologia não é influenciada por questões sociais, porém transformações tecnológicas

provocam alterações na sociedade, fazendo com que a tecnologia seja o epicentro dessas mudanças.

http://www.portal.fae.ufmg.br/seer/index.php/ensaio/article/view/44/203 > Acesso em 20 de outubro de

2015. 29 No livro intitulado “The Third Wave”, de Alvin Toffler, escrito em 1980, descreve a Segunda Onda

como sendo o período da Revolução Industrial.

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A operação historiográfica seria, então, um processo de recorte de

acontecimentos em série discursiva, na qual a organização dos fatos

comenta um novo ponto de vista, uma nova possibilidade de enxergar

o passado a partir de um dado interesse (PONTES; SILVA, 2010, p.

57).

Dessa forma, o fato é algum fenômeno rotineiro, entendido por todos, enquanto

que o acontecimento é algo que gera uma quebra na rotina, que fuja da normalidade.

Nesse sentido, Nilton Hernandes descreve os termos, fato, acontecimento e notícia, pois

o trio está diretamente ligado ao conceito de jornalismo discursivo. Assim,

Acontecimento – É a manifestação de qualquer fenômeno que passou

a ter significado para um ser humano. Fato – Trata-se da primeira

eleição e da apropriação que um determinado jornal faz de certos

acontecimentos, selecionados por ter determinado valor

argumentativo. Selecionar um fato aponta a existência de uma visão

de mundo. Tornar algo visível, presente, é, antes de tudo, determinar-

lhe valor. Significa, simultaneamente, omitir ou esquecer outros

aspectos envolvidos. Notícia – É, por sua vez, uma hierarquização de

fatos, também fruto de uma visão de mundo, dentro de um objetivo de

despertar curiosidade, crenças, sensações e ações de consumo do

próprio meio de comunicação (HERNANDES, 2006, p.23)

Assim, podemos notar que toda notícia é um acontecimento, uma vez que ela

surgiu a partir de algo que fugiu da rotina. E todo acontecimento é um fato, tendo em

vista que para ser acontecimento foi preciso que algo diferente fugisse da normalidade

do dia-a-dia. Dessa forma, Sodré (2009, p. 28) afirma que,

O mundo dos fatos – a que podemos também chamar de “estado de

coisas” – é o mundo da experiência empírica, isto é, de relações

contingentes, do fenômeno que pode acontecer ou não, fora de

qualquer ordem necessária.

Porém, nem todo fato é acontecimento, pois não é sempre que algo foge da

normalidade e nem todo acontecimento é notícia, especialmente levando em

consideração os critérios de noticiabilidade. Para exemplificar os conceitos acima,

podemos pensar na seguinte situação: andar de ônibus para ir à faculdade é algo

rotineiro, portanto, considerado um fato. Contudo, se houver uma batida envolvendo o

ônibus, esse fenômeno que sai da rotina se transforma nem acontecimento. E assim, o

fato se transformou no acontecimento. Contudo, esse acontecimento, no caso, a batida

envolvendo o ônibus, pode se transformar em notícia dependendo da intensidade da

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situação. Então, o acontecimento pode se transformar em notícia. Entretanto, o processo

inverso não é verdadeiro. Nesse sentido, Hernandes (2006, p. 24) acredita que “só que

esse fato, por sua vez, necessita ser contextualizado, virar notícia, ou seja, fazer parte de

uma determinada narrativa que o hierarquize em relação a outros fatos”. Assim, a

transformação do fato em acontecimento, e do acontecimento em notícia, necessita de

vários recursos.

[...] A diferença entre os fatos brutos, objetos da realidade histórica

indeterminada, e o acontecimento jornalístico, que ocorre sempre

depois dos fatos, isto é, quando se produz o trabalho logotécnico de

determinação das circunstâncias – apuração dos detalhes, realização

de entrevistas, portanto, mobilização de parcelas do público, que são

também ‘atores’ do acontecimento” (SODRÉ,2009, p. 59)

Ainda para Sodré (2009, p. 33) o acontecimento é “o termo para a representação

social do fato, em especial para a informação jornalística concretizada na notícia”.

FATO ACONTECIMENTO NOTÍCIA

Figura 4: Fato, acontecimento e notícia

Fonte: Criação da autora

Contudo, o processo que transforma um fato em acontecimento depende da

conjuntura na qual o fato está envolvido. Dessa forma, “o ecossistema, ou melhor

dizendo, suas normas, é fundamental para definir um fato como acontecimento”

(ALSINA, 2009, p. 140). O mesmo procedimento acontece na transformação do

acontecimento em notícia, porém, em escala maior. Desse jeito,

Quanto maior for a universalidade arquetípica contida no fenômeno,

mais poder terá o jornalismo de transformar o acontecimento

jornalístico em uma grande rede de experiência compartilhada, tirando

desse potencial o máximo de visibilidade e permanência (BENETTI,

2010, p. 146).

Dessa maneira, podemos entender que a notícia é o produto final gerado pelo

acontecimento. E que esse último teve início a partir de fatos cotidianos. Assim a

Todo acontecimento é um fato,

mas nem todo fato é um

acontecimento.

Toda notícia é um

acontecimento, mas nem todo

acontecimento é uma notícia.

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caracterização da informação jornalística tem por princípios a qualidade dos

acontecimentos, que poderão virar notícia.

A origem do termo notícia vem do Latim, “notitia”, que significa noção,

notoriedade, contudo sua determinação é inconstante, uma vez que a notícia “é uma

realidade complexa, diversa e mutante [...]“uma realidade poliédrica, de que só

conhecemos algumas das faces” (ALSINA, 1989, p.27).A notícia é um gênero textual

jornalístico que possui uma narrativa técnica.

Para Nilson Lage (2006), a notícia visa organizar sua narrativa em ordem

temporal. Isso acontece pelo fato de que o público já se acostumou com a ordem lógica

de acontecimentos propostas por mídias massivas, especialmente o cinema e a televisão.

Por conta disso, para se estruturar a informação numa ordem de melhor entendimento,

surgiu o lead da notícia. O lead, ou lide, propõe que o texto jornalístico contenha seis

questões básicas para esclarecer a informação, são elas: o quê, quem, como, onde,

quando e por quê. A ordem dessas seis questões podem variar. Esse padrão, que teve

início nos Estados Unidos, no final do século XIX surgiu graças a problemas de

comunicação enfrentados por jornalistas que estavam cobrindo a Guerra da Secessão

(1861 – 1865). Durante o período, a utilização do telégrafo para reportar as informes

não eram eficientes, assim, era preciso enviar apenas as informações mais importantes

primeiro, deixando as informações secundários para os outros parágrafos ( NOBLAT,

2002).

O lead foi implantado no Brasil no ano de 1950 e embora exista uma discussão

acerca de sua alteração por conta de novas plataformas midiáticas, como a internet, essa

ordem técnica é seguida até hoje pelos meio massivos. Assim, o lead “expressa

exatamente a função das primeiras linhas do texto de jornal: guiar o leitor, atraí-lo, num

processo bem próximo da sedução” (GARCIA, 1996, p.31). Com esse novo

procedimento técnico jornalístico, o até então conhecido ‘nariz de cera’, técnica de

redação usada anterior ao lead, que iniciava com uma narrativa de suspense e deixava a

essência da notícia para o final da matéria, foi deixado de lado (CALLADO, 2002).

Para Medina (1988, p.123) os “leads anunciam uma mercadoria, o produto

oferecido pelo jornalismo na indústria cultural”. Beltrão (1969, p.109) vai além e expõe

que,

O lead se originou da dinâmica dos nossos tempos, em que o leitor

comum dispõe de uns poucos minutos para informar-se de tudo quanto

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lhe interessa no jornal. [...] Se esta maneira de dizer é eficiente, o

leitor sentirá aumentado o seu apetite para ler mais. Assim, a cabeça

tem uma dupla finalidade: resumir o fato a estimular o leitor a

continuar informando-se de todos os seus detalhes.

A partir da criação do Lead, surgiu o conceito de Pirâmide Invertida. A Pirâmide

Invertida indica que os fatos mais importantes devem vir no início da notícia, e

posteriormente seguem as informações complementares, que podem ser cortadas, caso

não caiba no espaço do jornal impresso ou exceda o tempo na televisão ou rádio. Dessa

forma,

O lide clássico foi introduzido no Brasil através das agências de

notícias americanas, que o criaram nos EUA para resolver um

problema prático.(...) As agências precisaram criar a fórmula da

pirâmide invertida para que cada jornal pudesse fazer os cortes

necessários nos textos para adaptá-los a suas necessidades sem

perderem as informações fundamentais. (SILVA, 1991, p.110).

A figura abaixo mostra o processo técnico de informação jornalística no quesito

ordem da informação noticiosa:

Figura 5: Pirâmide invertida

Fonte: Slideshare – Prof. Marco Bonito

Entretanto, o processo de narrativa da notícia não depende diretamente do

processo de escolha do que será notícia. Assim, para Graber (1989) os fornecedores de

informações decidem juntamente com os produtores da notícia o que deve ou não

receber a atenção midiática.

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Dessa maneira, para delimitar melhor os segmentos do jornalismo, Melo (1994)

dividiu o jornalismo em duas vertentes, essa dualidade consiste em meio informativo e

meio opinativo. A notícia, assim como a nota, entrevista e a reportagem são

pertencentes ao núcleo informativo, enquanto que resenhas, comentários, etc., fazem

parte do núcleo opinativo. Contudo, para se classificar as temáticas das informações

com possibilidade de virarem notícia, alguns estudiosos ( LAGE, 2006; WOLF, 2003;

ERBOLATO, 2001 e CHAPARRO, 1994) designaram algumas classificações

denominadas por Valor-Notícia ou Critérios de Noticiabilidade, como também é

conhecido.

2.3 Critérios de Noticiabilidade

O newsmaking é uma teoria criada por Kurt Lewin, em 1947, que tenta explicar

as rotinas e ritmos de produção e da maneira como eles condicionam o trabalho do

profissional da comunicação. Segundo Wolf (2003), o newsmaking representa a

essência do jornalismo, uma vez que ele está ligado diretamente aos critérios de

noticiabilidade ou critérios de relevância (newsworth) como trata o autor.

Assim, os critérios de noticiabilidade (newsworthiness), também conhecidos

como valores-notícia servem para guiar o jornalista no reconhecimento do que pode ser

noticiável, especialmente tendo em vista a quantidade de pautas e assuntos que chegam

às redações.

O valor-notícia tem por princípio a concepção do assunto que será transformado

em notícia até seu produto final. Assim, segue uma linha guia que mostra como deverá

ser o processo de transformação da informação em notícia. De acordo com Mauro Wolf

(2003, p.202), “valores-notícia são critérios de relevância difundidos ao longo de todo o

processo de produção e estão presentes tanto na seleção das notícias como também

permeiam os procedimentos posteriores, porém com importância diferente”. Assim,

para determinar o que é interessante ser apresentado à população, alguns autores

(ERBOLATO, 2001; LAGE, 2006; WOLF, 2003 e CHAPARRO, 1994) criaram alguns

critérios específicos para tratar os assuntos das notícias em categorias.

Dessa forma, Mário Erbalato (2001) subdividiu as notícias em vinte e quatro

critérios de noticiabilidade, que são: humor, progresso, raridade, proximidade, marco

geográfico, aventura e conflito, consequências, proeminência, sexo e idade, interesse

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pessoal, culto de heróis, dinheiro, impacto, confidências, expectativa ou suspense

interesse humano, importância, rivalidade, descobertas e invenções utilidade, política

editorial do jornal, oportunidade, originalidade e repercussão. Nilson Lage (2006)

subdivide as notícias em apenas seis critérios que ele crê ser o suficiente para se

determinar o que é notícia, são eles: proximidade, atualidade, identidade social,

intensidade, ineditismo e identidade humana. Já para Mauro Wolf (2003), o valor-

notícia (como também é conhecido os critérios de noticiabilidade) está diretamente

relacionado à importância do indivíduo envolvido (nível hierárquico), a influência sobre

o interesse nacional, o número de pessoas envolvidas e a relevância quanto à evolução

futura. Para Manuel Carlos Chaparro (1994) os critérios são: atualidade, proximidade,

notoriedade, conflito, conhecimento, consequências, curiosidade, dramaticidade e

surpresa, estes que são fatores suficientes para se determinar o que é notícia. Essa

classificação, feita pelos autores supracitados, pode ser vista no quadro abaixo:

Mário Erbolato Nilson Lage Mauro Wolf Manuel Carlos

Chaparro

Proximidade

Proximidade Interesse

nacional

Proximidade

Marco geográfico Atualidade Relevância

quanto a

evolução futura

Atualidade

Impacto

Identidade

Social

Importância do

indivíduo (nível

hierárquico)

Surpresa

Consequências

Identidade

Humana

Número de

pessoas

envolvidas

Consequências

Originalidade Ineditismo

Curiosidade

Interesse pessoal Intensidade Notoriedade

Interesse humano

-Utilidade

Conflito

Repercussão Dramaticidade

Humor Conhecimento

Importância

Progresso

Raridade

Sexo e idade

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Confidências

Expectativa ou

suspense

Aventura e conflito

Rivalidade

Política editorial do

jornal

Oportunidade

Dinheiro

Proeminência

Culto de heróis

Descobertas e

invenções

Quadro 3: Critérios de noticiabilidade

Fonte: Criação da pesquisadora

Podemos perceber que há algumas semelhanças entre os valores-notícias

propostos pelos autores, contudo, a proposta feita por eles segue a descrição da rotina

jornalística de produção da notícia com base em perfis editoriais distintos. Por conta

disso, outras categorias foram criadas, uma vez que esses critérios de noticiabilidade

fazem parte do newsmaking constituído individualmente em cada veículo de

comunicação. Assim, esse processo inicia-se na ideia da pauta e encerra-se na pós-

produção.

Um ponto fucral em relação à problemática dos valores-notícia é a

distinção entre os valores-notícia de seleção e os valores-notícia de

construção, distinção que Galtung e Roug, bem como outros

acadêmicos como Ericson, Baranek e Chan não fazem. Foi o

acadêmico Mauro Wolf que apontou que os valores-notícia estão

presentes ao longo de todo o processo de produção jornalística, ou

seja, no processo de seleção dos acontecimentos e no processo de

elaboração da notícia, isto é, no processo de construção da notícia

(TRAQUINA, 2005, p.78).

Com a afirmação de Nelson Traquina (2005), podemos entender a ligação direta

entre a notícia e as teorias de jornalismo, que auxiliam na distinção e percepção de

como funciona o procedimento para selecionar informações, além de nos possibilitar o

entendimento de como a política editorial do veículo influencia na seleção da notícia

Contudo, não temos um conhecimento aprofundado sobre o posicionamento do

público frente a essas teorias e, por conta disso, Felipe Pena (2006, p.71) questiona que,

esse procedimento de ‘valores-notícia’ “[...] pode levar o leitor a perguntar: qual o

critério utilizado pelos profissionais da imprensa para escolher que fatos devem ou não

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virar notícia?”. A resposta, com base no newsmaking, gatekeeper, gatewatching e

curadoria, pode ser encontrada nas palavras de Ricardo Noblat ao afirmar que: “[...]

notícia na verdade é tudo que os jornalistas escolhem para oferecer ao público.”

(NOBLAT, 2007, p.31)

No entanto, a categorização das informações em valores-notícia torna o processo

de escolha e decisões mais simples, uma vez que fazem parte de um processo repetitivo

ao longo do tempo. Além do mais, utilizando os critérios de noticiabilidade, o processo

de seleção da informação se torna mais rápido, pois já existe um padrão a ser seguido,

tendo em vista especialmente que, “às vezes, a matéria conterá diversos destes

elementos provocadores de interesse, outras vezes, apenas um. Em cada caso, o

elemento dominante presente nos indica qual o tipo de categoria do assunto.” (BOND,

59, p.71).

Consequentemente, as incertezas do que é importante ser noticiado ou não

durante o processo de construção da notícia são menores, uma vez que se tem a linha

guia para desenvolvê-la. Por outro lado, não há grandes inovações na maneira de se

construir a notícia, pois o processo já está amarrado pelo padrão dos valores-notícia.

Para Mauro Wolf (2003, p.195):

A noticiabilidade é constituída pelo complexo de requisitos que se

exigem para os eventos – do ponto de vista da estrutura do trabalho

nos aparatos informativos e do ponto de vista do profissionalismo dos

jornalistas –, para adquirir a existência pública de notícia.

Assim, uma vez estabelecido o que deve ser noticiado ou não, devemos ficar

atentos também as novas formas e ferramentas que surgiram pós a formulação dessas

teorias, embora elas tenham sido adaptadas a nova realidade informacional digital.

2.4 Gatekeper, gatewatching e curadoria

A teoria do Gatekeeping surgiu com base nos estudos do psicólogo Kurt Lewin,

em 1947, nos Estados Unidos. Assim, aprimorando a teoria utilizada no campo da

psicologia, em 1950, David Manning White utilizou os conceitos criados por Lewin no

campo do jornalismo. No intuito de compreender como se dava o fluxo da notícia

dentro de uma redação de empresas jornalísticas, White começou a analisar como eram

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feitas as escolhas das matérias que seriam publicadas, utilizando o conceito de filtro

desenvolvido por Lewin, anos antes. Segundo McQuail (1994, p.214),

O conceito de gatekeeping, apesar da sua utilidade e de seu potencial

para lidar com diversas situações, tem uma limitação embutida em

detrimento de a notícia chegar já pronta e sem problematização nos

'portões' da mídia, onde ou é admitida ou excluída. A estrutura

de gatekeeping é em grande parte baseada na suposição que é uma

determinada, finita, realidade cognoscível de eventos no "mundo real",

a partir do qual é a tarefa dos meios de comunicação selecionar de

acordo com critérios adequados de representatividade ou relevância.

Dessa forma, White realizou um estudo de caso com jornalistas com mais de 25

anos de profissão visando analisar como eles selecionavam o que seria transformado em

notícia entre as diversas informações recebidas pela redação. Assim, White nomeou

esses jornalistas de Mr. Gates e fez anotações dos motivos para concluir ou rejeitar uma

notícia (WHITE, 1999). Mr. Gates “refere-se à pessoa que tem o poder de decidir e se

deixa passar a informação ou se a bloqueia” (PENA, 2005, p.133).

É interessante observar que quanto mais tarde no dia chegaram as

notícias, maior era a proporção da anotação “sem espaço” ou

“serviria”. À medida que a noite avança, a páginas do editor

telegráfico ficam cada vez mais preenchidas. Uma notícia que tenha

boas hipóteses de aparecer na primeira página às 7.30 ou 8 horas da

noite pode não merecer o resto do valioso espaço às 11h. A anotação

“serviria” é feita 221 vezes, e uma parecida “bom – se houvesse

espaço” é feita 154 (WHITE, 1999, p.147).

Segundo Jorge Pedro Souza (2002), existe uma marca pessoal dos jornalistas

nas notícias, contudo, existem outros quesitos que também influenciam na produção da

notícia, como valores sociais, ideológicos, organizacionais, dentre outros. Assim, a

Teoria do Gatekeeper está atrelada a ideia de que uma pessoa filtraria conteúdos de

acordo com critérios de relevância para que outras pessoas tenham acesso às

informações previamente selecionadas. Porém, para a Teoria do Gatekeeping a

audiência é passiva, como afirmam Shoemaker e Vos (2011, p.31):

Nessas abordagens posteriores, os trabalhadores individuais de

comunicação não são importantes: os indivíduos são passivos e não

possuem características distintivas importantes; trata-se de peças

intercambiáveis na máquina da mídia.

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Contudo, White chegou a conclusão que, a decisão das informações que

deveriam ser publicadas eram subjetivas e não seguiam uma regra previamente

estipulada (apud TRAQUINA, 2004). Assim, ele percebeu que algumas notícias eram

excluídas por serem repetidas, ou por que o espaço na mídia não permitia utilizá-las e

outras eram excluídas até mesmo por terem sido feitas em cima da hora.

Contudo, essa teoria foi subjugada, pois se constatou que a escolha da notícia

que seria publicada/transmitida levava em consideração, especialmente, o espaço que

ela ocuparia na mídia e o tempo, como afirma Axel Bruns (2011, p.122):

Gatekeeping na sua forma clássica foi um resultado do sistema

de produção, distribuição e consumo das notícias que existia durante o

apogeu da época da mídia de massa. As práticas de gatekeeping eram

simplesmente uma necessidade prática: os jornais impressos e os

noticiários na rádio e na televisão nunca poderiam oferecer mais que

uma seleção redigida com muito aperto das notícias do dia; as

avaliações de quais eram as matérias mais importantes para o

conhecimento das audiências (isto é, quais eram as matérias

que poderiam ser comprimidas para caber no espaço total disponível

para conteúdo noticioso na publicação ou na transmissão pela rádio ou

TV) tinham que ser feitas.

Dessa forma, a teoria do Gatekeeper prega que as notícias são como são, pois, os

jornalistas assim as determinam. Contudo, em contraposição ao Gatekeeper, Axel Bruns

(2005) criou o termo Gatewatching, na tentativa de explicar as práticas colaborativas na

internet. Assim,

[...] com o aumento explosivo das informações em uma escala

mundial, a necessidade de oferecer informações sobre informações se

tornou uma adição crucial às habilidades e tarefas do jornalismo [...].

Isto redefine o papel do jornalista como um papel de anotador ou de

orientador, uma mudança do cão de guarda para o ‘cão

guia’ (BARDOEL; DEUZE, 2001, p.94).

Nesse sentido, com a crescente tendência colaborativa na rede mundial de

computadores, a função do gatekeeper foi colocada em cheque, uma vez que nesse

sistema colaborativo, a ‘audiência’ é ativa, assim, o gatekeeper não consegue ser o

centralizador de conteúdos.

Diferentemente do Gatekeeper, o Gatewatcher em vez de ser o jornalista quem

barra ou libera determinada informação, como prediz a teoria de White, há uma

“observação dos portões de saída de veículos de imprensa e de outras fontes de modo a

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identificar materiais importantes assim que eles se tornem disponíveis” (BRUNS, 2005,

p.17). Nesse sentido, o

[...] Gatewatching tornou-se o paradigma fundamental para a

variedade de esforços de produções online a partir dos blogues de

publicações abertas; é uma prática altamente adequada a estrutura

informacional global no World Wide Web (BRUNS, 2003, p.7).

Complementando essa informação, Axel Bruns (2011) diz que:

Estas atividades de gatewatching não são nada novas – os próprios

jornalistas utilizam práticas semelhantes quando escolhem as matérias

com valor como notícias daquelas fornecidas pelas agências noticiosas

nacionais e internacionais, por exemplo – porém, ao fazer a transição

de uns poucos jornalistas seletos com acesso privilegiado às fontes

chaves para um esforço difundido com fontes múltiplas envolvendo

uma multidão de usuários com interesses diversos, se pode tratar uma

faixa muito mais ampla de temas, e se pode destacar um número

muito maior de matérias com valor potencial como notícias (BRUNS,

2011, p.124-125).

Assim, uma vez que a audiência deixou de ser passiva e se tornou ativa, com

possibilidade de criação de material possíveis de serem compartilhados, outra vertente,

mais especializada, surgiu. Dessa maneira, cada vez mais vem crescendo a utilização do

termo utilizado na área de artes, ‘Curadoria’. Esse termo surgiu no século XIX e fez de

Gustave Courbert um ator-curador, uma vez que conseguiu expor suas pinturas na

Exposition Universelle, de Paris, ele decidiu construir um galpão para expô-las. E por

conta disso, “ampliou-se, então, a reflexão a respeito do modo de pendurar os quadros,

de iluminá-los, de fazer o público circular da melhor maneira pelo espaço da exposição”

(RAMOS, 2010, p.10). Essa atitude fez com que diversos outros artistas fizessem o

mesmo. Mas, só na década de 1960, o termo curadoria começou a ser essencial nas

artes. E só 20 anos mais tarde o termo ‘curador’ entrou em evidência. Mas a primeira

vez que o termo foi usado no campo da comunicação foi em 2008, através de um texto

escrito pelo diretor da Tow-Knight Center for Entrepreneurial Journalism, Jeff Jarvis.

Em um mundo que vive amplamente o contexto digital, várias denominações

surgiram acerca do termo ‘curadoria’. Assim, termos como ‘Curadoria de Conteúdo’ e

‘Curadoria da Informação’ surgiram para explicar a organização e contextualização de

informações por parte de alguns indivíduos que conhecem profundamente a área da

comunicação. Dessa maneira, os curadores devem manter atualizadas as informações

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que publicam e que são acessadas por um público específico. Dessa forma, “os

jornalistas, sem deixar de lado suas habilidades tradicionais, também se tornam mais e

mais ‘gerenciadores’ de informações” (GUERRINI, 2013, p.10).

Em questões conceituais, em 2011, o americano Steven Rosenbaum escreveu o

livro ‘Curation Nation’ para tratar sobre a curadoria como um processo da sociedade

conectada, com o objetivo de fazer uma conversão de cidadão e profissionais utilizarem

ferramentas programáveis para buscar, selecionar e organizar o conteúdo que é

compartilhado na internet. Assim, qualquer pessoa poderia ser um curador de

conteúdos. Para Rosenbaum (2001, p.395), “a curadoria é quando o homem agrega um

valor qualitativo àquele conjunto de informações que está sendo compilado e

organizado, ainda que seja num primeiro momento reunido por máquinas”. Nesse

sentido, o curador está inserido no contexto online, em que sua função é buscar,

agrupar, organizar e disseminar conteúdos relevantes de uma determinada área, em

modo contínuo.

O jornalista não foi substituído – foi deslocado para um ponto mais

acima na cadeia editorial. Já não produz observações iniciais, mas

exerce uma função cuja ênfase é verificar, interpretar e dar sentido à

enxurrada de texto, áudio, fotos e vídeos produzida pelo público

(ANDERSON; BELL; SHIRKY, 2012, p.43).

Esse curador de conteúdo ganha relevância graças à “massa caótica de estímulos

que recebemos” (PEREIRA JUNIOR, 2006, p.71).

2.5 Variações e variedades

O fluxo de informação que possuímos atualmente parece um tanto confuso, haja

vista a intensidade e variedade de fontes informativas alternativas, principalmente com a

possibilidade do uso da internet. Voltando os olhos para o passado, a internet é uma

ferramenta que foi disseminada no Brasil a partir da década de 90 do século passado,

mas, as novas possibilidades que ela nos traz atualmente são enormes.

Contudo, é sabido que, com as redes sociais, muitas pessoas vêm ganhando

espaço e se interligando com outras de diferentes localidades em tempo e espaço

diferentes. A comunicação na web está se tornando universal, visto que, atualmente,

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muitas pessoas utilizam a internet para manterem-se informadas ou simplesmente serem

reconhecidas por sua colaboração. Nas Palavras de Manuel Castells (1999, p.255):

Também há ferramentas tecnológicas: novas redes de

telecomunicações; novos e poderosos computadores de mesa;

computadores onipresentes conectados a servidores potentes; novos

softwares adaptáveis e auto-evolutivos; novos dispositivos móveis de

comunicação que se estendem as conexões on-line para qualquer

espaço a qualquer hora; novos trabalhadores e gerentes conectados

entre si em torno de tarefas e desempenho, capazes de falar a mesma

língua, a língua digital.

Assim, não podemos negar que grandes mudanças estruturais nos veículos de

comunicação estão acontecendo. Também se notam mudanças comportamentais de

interação com as ferramentas disponibilizadas, o que já é considerada uma mudança

proporcionada tecnologia. Sobre isso, Castells (1999) fala que, a internet é fator

primordial na transformação da sociedade da informação que temos na atualidade. O

autor explica também que, “o surgimento de um novo sistema eletrônico de

comunicação caracterizado pelo seu alcance global, integração de todos os meios de

comunicação e interatividade potencial está mudando e mudará para sempre a nossa

cultura” (CASTELLS, 1999, p.414). No entanto, a permanência e a notoriedade dessas

ferramentas “vai depender da habilidade de arquitetar estratégias práticas para produção

e comercialização de novos serviços de alta tecnologia via Internet, bem como através

dos atuais canais de distribuição” (DIZARD, 2000, p.47).

Agregado a isso, graças às novas mídias e aos fatores que impulsionam as novas

tecnologias, as ferramentas comunicacionais passaram a se comunicar entre si. Além do

mais, o processo de comunicação e interligação entre os diversos veículos de

informação permite também uma convergência de momentos, tendo em vista que o

tempo e o local de uso dessas ferramentas são diferentes para cada internauta.

2.6 O broadcast perante as novas mídias

A televisão ainda ocupa um lugar de destaque dentre os veículos de

comunicação. Por conta disso, “[...] a televisão é o veículo de comunicação de maior

alcance no país e o meio de informação e entretenimento mais utilizado pelos

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brasileiros”, segundo informações do portalbrasil30. Contudo, outros veículos de

comunicação estão ganhando espaço em território nacional, fenômeno esse que, também

vem acontecendo em grande parte do mundo.

Porém, voltando nossos olhos para a televisão, nota-se que a disputa pela

audiência tem provocado uma revolução no modo de vida das pessoas. A cada dia,

programas massivos e populares vêm aparecendo na programação da Tv de sinal aberto.

Esse fenômeno fez com que, desde a década de 1990, esse tipo de programação

colocasse em xeque os padrões de programação televisivos já estabelecidos, como é o

caso do Padrão Globo de Qualidade, por exemplo. Com esse novo tipo de programação

e na busca desenfreada por audiência, repórteres e apresentadores cada vez mais se

tornam atores frente às câmeras. Por conta disso, Priolli e Borelli (2000, p.76) afirmam

que:

Nesse primeiro semestre de 99, a alternativa do telejornal parece ter

sido aquela de falar sem falar de governo, fazer reportagens tocantes

sem cair do apelo nitidamente popular. Proliferam, assim, as matérias

sobre saúde, consumo e, solidariedade, num claro reforço, neste

último caso, às iniciativas individuais e àquelas da sociedade civil

organizada.

E por conta desse novo jeito de se fazer televisão, muitos pesquisadores têm

buscado estudar temas como o alcance, a programação e a irradiação da informação

televisiva, dentre outros. E nessa perspectiva, outros fatores estão atingindo diretamente

o formato televisivo que conhecemos Podemos afirmar que, as novas mídias vêm

influenciando os veículos broadcasts31, como a televisão, por exemplo. Dessa maneira,

o modelo broadcast (transmissão da informação em larga escala, em que apenas um

veículo é responsável pela comunicação) vem sofrendo impactos direta ou

indiretamente, uma vez que as novas mídias, em especial a internet, disponibilizam

diversas ferramentas que convergem em um só produto. Assim,

[A convergência] é um processo multidimensional que, como mínimo,

compreende aspectos relacionados às tecnologias de produção e

consumo da informação, com a organização interna da empresa, com

o perfil dos jornalistas, e, também, com os próprios conteúdos que

comunicam (SALAVERRÍA; NEGREDO, 2008, p.16).

30 Pesquisado em: <http://www.portalbrasil.net/brasil_economia.htm> - Acesso em 19 de novembro de

2013. 31 “As mídias massivas são mídias de informação, emitindo de um pólo centralizado para uma massa de

receptores” (LEMOS, 2007, p.10).

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Esse fenômeno que faz com que a produção broadcast seja colocada em cheque

pelas novas mídias é caracterizado por Lemos (2006) como a “liberação do polo

emissor”, em que vários direcionamentos são agregados à comunicação. Ou seja, graças

às novas tecnologias, a comunicação deixou de ser de um-para-muitos (como é feito no

modelo broadcast) e passou a ser de muitos-para-muitos32. Jenkins (2008, p.325) diz

que:

[...] Um deslocamento de conteúdo de mídia específico em direção a

um conteúdo que flui por vários canais, em direção a uma elevada

interdependência de sistemas de comunicação, em direção a múltiplos

modos de acesso a conteúdos de mídia e em direção a relações cada

vez mais complexas entre a mídia corporativa, de cima para baixo, e a

cultura participativa, de baixo para cima.

E o fator principal que potencializa esse fenômeno é o “computador pessoal, que

pôs todas as coisas, desde as máquinas de impressão até os estúdios de produção de

filmes e de músicas, nas mãos de todos” (ANDERSON, 2006, p.52). Contudo, é preciso

ponderar o uso da palavra ‘liberação’ utilizada por Lemos (2006), tendo em vista que,

grandes conglomerados de mídia ainda dominam grande parte das informações que

circulam na rede. Assim, podemos pensar que “a concentração e diversificação das

indústrias da mídia levou à formação de conglomerados de comunicação que possuem

grandes interesses numa variedade de indústrias ligadas à informação e comunicação”

(THOMPSON, 1995, p.258). Ainda complementando o que é conglomerado, Gisela

Taschner (1992) diz que, é um conjunto de empresas que possuem diversas vertentes,

trabalhando em diferentes campos, e dessa maneira podem crescer tanto externa quanto

internamente, ou ambos ao mesmo tempo. Desse modo, é possível perceber uma grande

mudança e a abertura dos veículos tradicionais. Utilizando as palavras de Thompson

(1998, p.143-144),

A globalização da comunicação no século XX é um processo dirigido

principalmente por atividades de conglomerados de comunicação em

grande escala. [...] Conglomerados de comunicação expandiram suas

operações para outras regiões fora de seus países originais; e parte dos

interesses financeiros e industriais, dentro de explícitas políticas

globais de expansão e diversificação, foi canalizado para a aquisição

substancial de ações nos setores de informação e de comunicação.

32 Considerada pós-massiva, “permitem a comunicação bidirecional através de um fluxo de informação

em rede” (LEMOS, 2007, p.10).

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Através de fusões, compras ou outras formas de crescimento

corporativo, os grandes conglomerados assumiram uma presença

sempre maior na arena global do comércio de informação e

comunicação.

E por conta dessa expansão, das novas maneiras de se pensar a empresa

jornalística, de como ela formata a informação e sua propagação entre as pessoas,

diversas críticas foram lançadas na tentativa de entender melhor em que ambiente está a

formação da notícia e como ela pode transformar a sociedade. Todavia,

[...] a sociedade contemporânea está permeada pela mídia de tal

maneira que ela não pode mais ser considerada como algo separado

das instituições culturais e sociais. Nestas circunstâncias, nossa tarefa,

em vez disso, é tentar entender as maneiras pelas quais as instituições

sociais e os processos culturais mudaram de caráter, função e estrutura

em resposta à onipresença da mídia. (HJARVARD, 2008, p.54)

Por conta disso, muitos questionamentos têm surgido acerca do trabalho

jornalístico, especialmente no que tange o processo de produção da notícia, afinal, é

impossível estar em diversos locais no exato momento em que o fato está acontecendo.

Dessa maneira, as pessoas que presenciaram determinados acontecimentos, muitas

vezes, se tornam ‘interagentes’, termo que será utilizado na construção deste trabalho.

Dessa forma, esses interagentes tentam relatar o que foi presenciado por eles.

Esse fenômeno é amplamente exposto pela internet, que potencializa a ação do

interagente, gerando estratégias e possibilidades para que ele produza conteúdos

colaborativos. Essa nova possibilidade afeta diretamente a rotina e a cultura jornalística,

uma vez que, modifica a estrutura construída para a produção de notícias, deixando

“produtores e consumidores – em uma mesma realidade, aquela de fluxos e que

permitiria conhecer e reconhecer ao mesmo tempo” (FAUSTO, 2008, p.93). Jenkins

(2009) corrobora com essa percepção de que produtores e usuários possuem vínculo

direto, integrando espaços semelhantes e interagindo “de acordo com um novo conjunto

de regras, que nenhum de nós entende por completo” (JENKINS, 2009, p.30). Dessa

forma, jornalistas e consumidores de informação podem, graças ao avanço tecnológico e

a abertura de novas vertentes vindas da internet, se transformar em produtores de

informação.

Assim, os conteúdos colaborativos se tornam novos produtos a serem consumidos

por um público diferente daquele que consumia produtos broadcast. E nesse sentido,

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se os antigos consumidores eram tidos como passivos, os novos con-

sumidores são ativos. Se os antigos consumidores eram previsíveis e

ficavam onde mandavam que ficassem, os novos consumidores são

migratórios, demonstrando uma declinante lealdade a redes ou meios

de comunicação. Se os antigos consumidores eram indivíduos

isolados, os novos consumidores são mais conectados socialmente. Se

o trabalho de consumidores de mídia já foi silencioso e invisível, os

novos consumidores são agora barulhentos e públicos (JENKINS,

2008, p.47).

Assim, a internet é um veículo de comunicação tão amplo em recriações,

reconfigurações e reestruturações que é considerada por muitos como sendo infinita.

Straubhaar e LaRose (2004, p.15) dizem que:

[...] A aplicação de tecnologias da informação, tais como

computadores e sistemas avançados de telefonia digital, expande

enormemente a cobertura e natureza dessas atividades, tornando

possível o agregamento de respostas de audiências muito maiores ou a

adaptação de apresentações para usuários individuais, por exemplo.

Contudo, são várias possibilidades de informação, interatividade e conhecimento

que a Web33 nos possibilita. Com a criação de plataformas que possibilitaram a

interação, o conteúdo colaborativo se expandiu e, atualmente, percebe-se que não há

como retroceder. Ainda mais, pensando na nova geração potencialmente conectada que

já utiliza as diversas ferramentas disponíveis. Utilizando as palavras de Manuel Castells

(1999, p.553):

[...] A mistura de tempos na mídia dentro do mesmo canal de

comunicação, à escolha do espectador/interagente, cria uma colagem

temporal em que não apenas se misturam gêneros, mas seus tempos

tornam-se síncronos em um horizonte aberto sem começo, nem fim,

nem seqüência. A intemporalidade do hipertexto de multimídia é uma

característica decisiva de nossa cultura, modelando as mentes e

memórias das crianças educadas no novo contexto cultural.

Assim, não podemos pensar de forma desconectada o conhecimento

proporcionado por esses novos meios com a utilização dessas novas ferramentas, uma

33 Embora existe as terminologias web 1.0, web 2.0 e web 3.0, em que a web 2.0 tem o conteúdo gerado

pelos usuários e com interação deles. É uma colaboração de conteúdos. O termo é uma evolução ao termo

Web 2.0, criado por Tim O’Reilly. Já termo Web 3.0 foi proposto por John Markoff e prevê organização

dos conteúdos da internet de forma semântica e personalização do conteúdo, optou-se nesse trabalho por

tratar a web de maneira continua, uma vez que esta faz parte de um sistema complexo de co-evolução, ou

seja, são parte de uma evolução contínua de uma para outra, e não um sistema único e individual, ou um

processo diferente das anteriores.

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vez que além do valor informacional, tratamos diretamente com máquinas que nos

propiciam um melhor benefício na busca por informações que consideramos relevantes.

Essa busca por informação e o uso de aparatos tecnológicos para ingressar na

virtualidade, pode ser demonstrada através de números de acesso à internet, pois a cada

ano cresce o número de pessoas conectadas na rede mundial de computadores. Portanto,

o acesso à internet está aumentando exponencialmente, seja em ambiente de trabalho,

escola, casa, universidades, dentre outros. O Brasil, por exemplo, é o terceiro34 país do

ranking de tempo de pessoas na rede e, em 2015, metade da população do Brasil

possuía, até o momento conexão35 com a internet. Certamente esse fenômeno foi

potencializado pelo ingresso de 108 milhões de pessoas na classe média, há poucos anos

e, segundo dados do Serasa Experian36, 50% dessa nova classe média também está

conectada à rede mundial de computadores.

Com os dados citados acima, é possível perceber que a cada ano o número de

usuários de internet aumenta vertiginosamente no país. Portanto, é preciso ficar atento

às novas possibilidades e ferramentas que esse meio proporciona. E, sobretudo, se faz

necessário ficar atento ao uso que as pessoas fazem desse meio.

Dentre tantas possibilidades de interação na internet, uma das que se destaca no

cenário comunicativo é o conteúdo colaborativo. Primo e Träsel (2006, p.9) afirmam

que, o jornalismo colaborativo ou participativo são “práticas desenvolvidas em seções

ou na totalidade de um periódico noticioso na web, onde a fronteira entre produção e

leitura não pode ser claramente demarcada ou não existe”. Este conteúdo muitas vezes é

produzido por pessoas que não possuem graduação em comunicação social ou

jornalismo. Segundo Castells (1999, p.23):

[...] Uma nova identidade está sendo construída, não por um retorno à

tradição, mas pela manipulação de matérias tradicionais para a

formação de um novo mundo divino e comunal, em que massas

excluídas e intelectuais marginalizados possam reconstruir

significados em uma alternativa global à ordem mundial excludente.

34 https://www.ecommercebrasil.com.br/noticias/pesquisa-mostra-dados-da-internet-no-brasil-em-2015/ >

Acesso em 21 de outubro de 2015. 35 Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/04/150429_divulgacao_pnad_ibge

_lgb> - Acesso em 21 de outubro de 2015. 36 Disponível em: <http://convergecom.com.br/tiinside/18/02/2014/estudo-mostra-perfil-e-poder-de-

compra-da-classe-media-digital/#.VT01pCFViko> - acesso em 26 de abril de 2015.

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Com tantas alternativas e ferramentas oferecidas pela internet, podemos encontrar

vários sites que disponibilizam espaços para notícias feitas pelos interagentes, como

aponta Belochio (2008, p.3-4),

[...] o aparecimento de espaços colaborativos em jornais digitais

demonstra a apropriação do modelo de construção de notícias a partir

da contribuição de amadores, que se consolidou na cauda longa37 da

informação [...]. Verifica-se a potencialização da interação com o

público, bem como a mudança de seu papel no ciclo informativo.

Mesmo existindo regras e seletividade na publicação do que é enviado

por amadores, a abertura aos cidadãos nas seções colaborativas tem

formato inédito. Nesse sentido, percebe-se uma ruptura que envolve

parte importante da lógica comunicacional tradicionalmente seguida

no jornalismo.

Por esse viés, podemos notar que um dos acontecimentos mais importantes da

história internacional do século XXI, a queda das Torres Gêmeas, em 11 de setembro de

2001, é um exemplo do poder que tem o detentor de uma câmera filmadora ou

fotográfica. Grandes emissoras receberam ou compraram materiais de pessoas que

flagraram uma das maiores tragédias que aconteceu nos Estados Unidos. Mas, esse

acontecimento não foi o único registrado por pessoas que tiveram no local do ocorrido.

Diversos acontecimentos vem sucedendo todos os dias, e, tendo em vista a

popularização de equipamentos capazes de filmar, como é o caso dos smartphones, na

falta de profissionais do jornalismo para cobrir os acontecimentos, qualquer indivíduo

com uma câmera, gravador ou smartphone, em mãos, pode ganhar esse destaque,

tornando-se um “jornalista” por instantes, ou em um ‘interagente’.

Assim, se torna perceptível que os meios de comunicação estão

sofrendo influências de outras variáveis, como as Tecnologias da

Informação e Comunicação, por exemplo. As TICs auxiliam na

proliferação de conteúdo colaborativo pois permitem fazer ‘a reunião

dos meios audiovisuais, informáticos e comunicacionais que permitem

criar, armazenar, recuperar e transmitir informação em grande

velocidade e em grande quantidade’ (MONTEIRO e PINHO, 2007,

p.107).

37 Criado por Chris Anderson, inicialmente o termo ‘cauda-longa’ caracterizava uma perspectiva genérica

de nichos da economia. Mais tarde, a área da comunicação adotou essa terminologia, uma vez que a área

também possui nichos diversificados. Dentro do campo da comunicação, a cauda longa representa a

possível incorporação de novos públicos graças as conectividades em informações básicas e, também,

pela criação de hiperlinks que conectam diretamente a seus conteúdos e comentários.

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Nesse sentido, o de papel informar não cabe apenas aos profissionais do

jornalismo, pois a cada dia cresce o número de pessoas que utilizam de tecnologias

inovadoras e, que buscam entender e participar do processo de produção e disseminação

da informação. Assim, a tecnologia “aproximou os produtores da audiência e também

permitiu que ‘amadores’ se convertam, também, além de consumidores da informação,

em criadores de conteúdo jornalístico” (LIMA JÚNIOR, 2009, p.2).

2.7 Globalização regional da informação

Podemos notar que, muitas vezes, as pessoas buscam informações e

acontecimentos que afetam diretamente seu ambiente, uma vez que, a circulação de

informação nesse âmbito propicia um “espaço do reconhecimento e dos desvios

produzidos pela apropriação” (BRAGA, 2012, p.38). Assim, informações locais e

regionais, geralmente, têm grande repercussão. Esse tipo de informação também é

possível de ser encontrada na internet, especialmente com a possibilidade de utilização

da rede por interagentes.

Contudo, não devemos esquecer que a globalização é um processo que afeta

diretamente o tipo de informações que recebemos, especialmente por conta da

avalanche de conteúdos que nos atingem diariamente. E, por conta desse processo de

expansão da internet, busca de informação regional e globalização, foi criado o termo

‘glocal’38 que se refere a junção das palavras global e local. No entanto, seguindo o

termo glocal, cada pessoa se faz presente em sua comunidade e é capaz de comunicar

informações relevantes aos demais membros desse grupo.

Essa abertura de diversas frentes para a comunicação, através da internet,

possibilita que o que anteriormente era parte do mundo privado, ou que estava restrito

apenas ao lar, aos amigos e aos vizinhos, agora faça parte de um todo, isso graças ao

poder da internet, potencializado pelas Tecnologias da Informação e Comunicação

(TICs). Sobre isso Castells (2006, p.225) diz que,

É um período histórico caracterizado por uma revolução tecnológica

centrada nas tecnologias digitais de informação e comunicação,

38 Termo trabalhado por Eugênio Trivinho. Referência: TRIVINHO, E. Glocal: para a renovação da

crítica da civilização mediática. In: FRAGA, D. e FRAGOSO, S. (Org.). Comunicação na cibercultura.

São Leopoldo: Unisinos, 2001.

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concomitante, mas não causadora, com a emergência de uma estrutura

social em rede, em todos os âmbitos da atividade humana, e com a

interdependência global desta atividade. É um processo de

transformação multidimensional que é ao mesmo tempo includente e

excludente em função dos valores e interesses dominantes em cada

processo, em cada país e em cada organização.

Dessa maneira, a regionalização ainda é um fator predominante, uma vez que cada

grupo possui tradições, cultura e característica próprias, e em pleno século XXI,

possivelmente, estejam conectados à rede mundial de computadores. Esse poder de

acesso à rede pode potencializar a ‘retomada às origens’, fenômeno que ocorre

concomitante a globalização. Assim, Cicília Peruzzo (2004, p.68),

O processo de globalização recoloca a questão das entidades. Elas

giram em torno de raízes e refletem um campo comum de significados

a um determinado número de pessoas. As identidades podem ser

visualizadas partindo de diferentes esferas, tais como de uma história

própria, dos valores, das práticas sociais, da língua - dialetos, da

religião, tipos de solo e de clima, tradições etc.

Dessa forma, o local está inserido no global. E o fato pode ser analisado através

de informações locais, pelo poder de atingir tanto pessoas da região, que pretendem ter

notícias sobre acontecimentos da localidade, bem como os indivíduos distantes, que não

têm vínculo com aquela localidade. Para se ter uma noção da quantidade de

informações que recebemos nos dias atuais, segundo o livro Google Marketing, escrito

por Conrado Adolpho Vaz, a quantidade de informação recebida durante toda a vida de

uma pessoa no século XVI, equivale a uma edição do jornal O Estado de São Paulo39.

Assim, por conta da quantidade de informação disponível, fica cada vez mais

complicado selecionar o que realmente nos interessa.

Todavia, práticas sociais que têm por base a geografia são importantes no sentido

de se tornar um elo regional. Porém, não podemos afirmar que apenas o pertencimento

ao mesmo local torna as pessoas participativas na busca por informações locais, uma

vez que, pessoas de localidades diferentes podem se sentir identificadas pelas

informações regionais de outro polo, assim, por vezes, o que as determina são os

interesses e não as localidades. Nesse contexto de informação e interesses regionais,

Castells (1999, p.47) diz que, “a construção de identidades vale-se da matéria-prima

39 Informações retiradas do livro Google Marketing (2010) - escrito por Conrado Adolpho Vaz.

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fornecida pela história, geografia, biologia, instituições produtivas e reprodutivas, pela

memória coletiva e por fantasias pessoais, pelos aparatos de poder e revelações de

cunho religioso”.

Entretanto, não podemos negar que o valor de proximidade é um fator relevante

na produção de informação de cunho colaborativo, uma vez que, através dessa

possibilidade, as pessoas podem se agrupar e visar uma mudança social potencializada

pela rede. Nesse sentido, Castells (1999, p.35) diz que:

[...] Dada a crise estrutural da sociedade civil e do Estado - Nação,

pode ser esta a principal fonte de mudança social no contexto da

sociedade em rede. Como e porque novos sujeitos podem ser

formados a partir dessas comunas culturais e reativas serão as

questões principais para análise dos movimentos sociais na sociedade

em rede.

Assim, Castells manteve seu posicionamento frente a uma mudança que a

sociedade em rede proporciona. Ele também fez uma analogia, assim como fez

McLuhan (1964), ao citar a ‘cirurgia social maciça’ implantada nas pessoas quando

estas conheceram a mais nova tecnologia da época, a televisão.

Portanto, a internet pode ser considerada um mecanismo capaz de provocar uma

mudança maciça na maneira como compreendemos o mundo, especialmente se

levarmos em consideração o desenvolvimento tecnológico empregado e, também, as

atuais configurações sociais. Dessa maneira, os usos da internet devem ser analisados e

refletidos sobre diversos olhares, tendo em vista que, essa ferramenta nos possibilita

várias análises. Mas, a priori, analisar e compreender o indivíduo e sua maneira de se

relacionar com as informações é um fator primordial, pois o fluxo noticioso na internet

é algo vigente e, em constante mudança, uma vez que a internet é um sistema complexo.

Nesse sentido, a informação colaborativa parte de diversas direções e encontra

na rede mundial de computadores um espaço de expansão e latência, diferente do que

acontece nas veiculações broadcasts, em que a informação parte de um veículo e tenta

informar o máximo de pessoas com um volume de informações cada vez maior. Fausto

Neto (2006, p.3) diz que:

[...] Nestes termos, a sociedade na qual se engendra e se desenvolve a

midiatização é constituída por uma nova natureza sócio-

organizacional na medida em que passamos de estágios de

linearidades para aqueles de descontinuidades, onde noções de

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comunicação, associadas a totalidades homogêneas, dão lugar às

noções de fragmentos e às noções de heterogeneidades.

Sendo assim, aparentemente o jornalismo broadcast, antes da internet, supria

essa necessidade, pois, analisando brevemente, esse tipo de jornalismo resume-se a

captar a informação através de uma apuração, usar processos técnicos para formatá-la e

transmitir o produto pronto para um público diversificado. Dessa forma, nesse tipo de

veiculação broadcast se faz necessário que o público tenha certa confiança no conteúdo

que está recebendo, afinal, dificilmente o receptor irá checar a veracidade das

informações recebidas. Entretanto,

[...] uma ordem de mediações socialmente realizadas no sentido da

comunicação entendida como processo informacional, a reboque de

organizações empresariais e com ênfase num tipo particular de

interação – a que poderíamos chamar de ‘tecno-interação’ –,

caracterizada por uma espécie de prótese tecnológica e mercadológica

da realidade sensível, denominada medium (SODRÉ, 2002, p.21).

Nesse sentido, os veículos massivos vêm perdendo espaço como mediadores da

informação entre a fonte e o público, uma vez que novos canais têm ganhado voz e vez

no processo de disseminação da informação.

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CAPÍTULO III – VERTENTES MULTICASTING

3.1 O princípio colaborativo, participativo e open source

O quesito ‘colaboração’ não é um fator novo. Desde o início da humanidade

existe colaboração entre os indivíduos de um grupo, membros da família e até

cooperação entre grupos externos (TAPSCOTT; WIILLIANS, 2007). Esse fato também

foi percebido por Adam Smith (2003, p.50), que disse que “numa sociedade civilizada,

o homem - a todo o momento - necessita da ajuda e cooperação de grandes multidões e

sua vida inteira mal seria suficiente para conquistar a amizade de algumas pessoas”.

Nesse sentido, estamos vivenciando um momento único de cooperação e colaboração,

porém, em espaço digital. Contudo, colaboração e cooperação, embora pareçam ter a

mesma função, são diferentes, como explica Bair (1989, p.17) ao afirmar que,

A colaboração é uma comunicação interpessoal e pressupõe que

indivíduos trabalhem juntos e com um mesmo objetivo, porém

pessoas são avaliadas individualmente. Já a cooperação é a

comunicação em que não existe mais o conceito de indivíduo, mas o

de grupo.

Assim, a partir da observação de comportamento de usuários da internet, é

possível perceber que existe uma tendência em se formar grupos que possuem em

comum os mesmos interesses e que estão diretamente ligados pela possibilidade de agir

em conjunto em um ambiente virtual. Com relação ao jornalismo, esse fato não ocorria

em veículos massivos, uma vez que “passamos de uma comunicação pró-ativa e

institucionalizada para uma comunicação flexível e não controlada” (PIOTET, 2010,

p.46). Porém, com a possibilidade de colaboração em ambientes virtuais, a área da

comunicação se inseriu nesse contexto, usando como ferramenta informativa as

plataformas colaborativas disponibilizadas. Dessa maneira, todo esse processo de

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readequação do jornalismo não possui outro responsável senão a informatização dos

meios disponibilizados à população, bem como seus usos.

Ressaltamos que todos esses diferentes movimentos não se referem

prioritariamente aos dispositivos e ferramentas técnicas de

informação/comunicação; estes estão, de alguma forma, no quadro da

natural evolução da sociedade. Ou seja, na medida em que as

inovações tecnológicas estão em linha com a dinâmica social, mais

chances elas terão de se consolidar; portanto, podemos considerar que

quanto mais as TICs acompanham as mudanças sociais, menos elas se

configuram como determinantes no processo. Por conta disso, as

práticas comunicacionais não podem ficar apenas no campo

epistemológico, o qual a priori caracteriza a inovação tecnológica

como parte do campo social; devemos sustentar a idéia (mais que uma

hipótese) de que estão a emergir novas normas de ação

comunicacional (MIÈGE, 1997).

Esse fenômeno acabou transformando a sociedade de maneira geral, uma vez

que atualmente a internet se tornou ubíqua. E por conta disso,

[...] não há ‘responsáveis’ por toda essa virada na forma de se fazer

jornalismo. É a civilização humana como um todo que se transforma a

partir de uma variável independente: a informatização. O processo

digital, de tempo real, de comunicações on line estabelece novos

parâmetros sociais. Tudo muda. O jornalismo, bem como os valores

de progresso, evolução, e razão, foram emanações de outra época

histórica, foram epifenômenos da revolução industrial e da revolução

social burguesa nos séculos 18 e 19. Não seria coerente que num

momento de introdução revolucionária de técnicas de inscrição,

armazenamento e reaproveitamento de informações – como é a

informática – sobrevivessem derivações de outras épocas históricas.

(MARCONDES FILHO, 2000, p.37)

Dessa forma, esses grupos visam colaborar num espaço que não é controlado,

como a internet, com interações que tem a iniciativa de aprimorar as informações

disponibilizadas na rede. E isso pode ser feito através de várias mãos, uma vez que a

colaboração não é um produto fechado em si. Ela dá margem a interações de outras

pessoas, e dessa forma, o indivíduo consegue cooperar com o grupo de maneira geral,

colaborando em áreas onde é detentor do conhecimento, assim, um programador, por

exemplo, dar dicas de programação online, um fotógrafo, dá dicas de fotografia, assim

por diante. Embora não exista um controle ou uma norma sobre esse tipo de fenômeno,

Chris Anderson (2006, p.70) percebe que, “esse é o mundo da ‘peer prodution’

(produção colaborativa ou entre pares), fenômeno extraordinário, possibilitado pela

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Internet, caracterizado pelo voluntarismo ou amadorismo de massa”. Assim, as pessoas

capazes de produzir conteúdos para a mídia, o fazem de maneira gratuita, embora

desconheçamos seus interesses.

Contudo, a ideia de colaborativo, em sua base filosófica, está atrelada ao modelo

open source, uma vez que o movimento inicial que o caracteriza prega o software livre.

Essa proposta foi feita inicialmente por Richard Stallman40, em 1984, e visava abrir o

código-fonte de programas de computadores para que todo o conteúdo fosse livre,

propiciando a liberdade de uso, modificação e disseminação do código a quem queira

utilizá-lo. Dessa forma, de alguns anos para cá, podemos notar algo parecido também no

campo da comunicação, especificamente no jornalismo. Nesse sentido, “o jornalismo

com a participação de colaboradores, ganha várias denominações: jornalismo aberto,

jornalismo colaborativo, jornalismo open source” (PRADO, 2011, p.185). Assim,

Pisani e Piotet (2010, p.16) explicam que, “os usuários atuais propõem serviços, trocam

informações, comentam, envolvem-se, participam. Eles e elas produzem o essencial do

conteúdo da web”. Percebemos com essa fala que a formação de grupos virtuais está

emergindo para transformar parte da internet em algo possível de ser compartilhado,

discutido, colaborado e recriado.

No entanto, uma vez tendo diferenciado os termos colaboração e cooperação,

faz-se necessário fazer uma diferenciação também entre open source e crowdsourcing

para que seja possível entender seus conceitos.

Brabham (2008) afirma que ambos possuem vertentes diferentes, pois o open

source está ligado diretamente à criação de software que deve manter aberto o processo

de produção para o público, deixando o acesso livre para uso de qualquer indivíduo. A

perspectiva nesse processo é que quanto mais interações, melhor será o resultado,

deixando assim, a propriedade de direitos de criação a parte. O autor faz uma reflexão

sobre prospecção de negócios utilizando os dois modelos. Assim, segundo ele, o open

source funciona bem apenas para produtos ‘não físicos’, pois produtos físicos agregam

custos materiais que podem gerar desinteresse ou problemas no processo em si, uma vez

que utilizaria várias pessoas no processo da produção. Enquanto que,

Numa definição simples, crowdsourcing significa uma companhia ou

instituição entregar, sob a forma de concurso aberto, uma função

40 Richard Stallman foi criador da GNU (1984) e da Free Software Foundation (1983) e presa quatro

vertentes sobre o software livre: 1) liberdade de uso, 2) liberdade para copiá-lo, 3) liberdade para

modificá-lo e 4) liberdade para distribuí-lo.

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anteriormente desempenhada pelos seus funcionários a uma rede

indefinida (e geralmente abrangente) de pessoas. Pode ter o formato

de peer-production (quando a tarefa é realizada em modo

colaborativo), mas também pode ser desempenhado individualmente.

O pré-requisito crucial está no concurso aberto e na rede abrangente

de potenciais colaboradores (HOWE apud BRABHAM, 2008, P. 76).

Nesse sentido, a diferença principal entre as duas seria que o crowdsourcing

possibilita o manuseio do produto numa tentativa de solucionar problemas, enquanto

que o open source permite que o produto seja utilizado livremente pelo público.

Sobre o modelo crowdsourcing, Briggs (2007, p.48) “enfatiza o poder do público num

projeto específico e demonstra como um grupo grande de indivíduos comprometidos

entre si pode superar a atuação de um grupo reduzido de profissionais experientes (e

pagos)”. Contudo, num mundo capitalista as características do open source são muitas

vezes suplantadas pelo modelo crowdsourcing, pois esse último possibilita captar força

de trabalho, mediante alguma recompensa ou até gratuitamente para sanar algum

problema. Dessa forma, o crowdsourcing seria uma forma de explorar trabalho na

internet, lançando o desafio de resolução de problemas e proporcionando à multidão

algum tipo de recompensa. Dessa forma, “uma sociedade que valorize a qualidade e a

inovação da produção em open source, mas que esteja limitada por um sistema

capitalista de propriedade e capital, pode ―ter o bolo e comê-lo‖ com o crowdsourcing”

(BRABHAM, 2008, p.83) . Exemplo de crowdsourcing é a Netflix, empresa norte-

americana de vídeos online que ofereceu 1 milhão de dólares a quem desenvolver um

algoritmo pelo menos 10% melhor do que o utilizado no momento. Quanto a exemplos

de open source temos softwares como emule, audacity, python, BROffice.org, dentre

vários outros.

Com tantas denominações, podemos notar que o campo da comunicação agrega

algumas delas para tentar explicar as novas vertentes na área. Assim, algumas

nomenclaturas empregadas em campos de conhecimento diferentes do jornalismo estão

sendo empregados na comunicação, uma vez estão sendo abertas possibilidades

informacionais dentro do campo jornalístico, fenômeno possibilitado era digital. Nesse

sentido, algumas nomenclaturas empregadas foram moldadas à nova característica

comunicacional. Percebemos isso ao notar que,

Estes usuários podem ser descritos como participantes, colaboradores,

cooperadores ou contribuinte. Estas denominações mudam

dependendo do nível de envolvimento ou de preferência semântica,

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por exemplo – um participante de um projeto é alguém que “faz parte”

do projeto, mas talvez não esteja tão envolvido em sua execução como

um colaborador ou cooperador (BRUNET, 2009, p.71).

Na tentativa de delimitar melhor as diferenças entre as nomenclaturas sobre

conteúdo colaborativo, participativo, open source, empregadas por pesquisadores da

comunicação, Gillmor (2004) afirma que jornalismo participativo e jornalismo cidadão

são sinônimos, tendo em vista que os dois visam produzir e distribuir conteúdos. No

entanto, Bowman e Willis (2003, p.9) tentam aprofundar mais no termo ‘Partcipatory

Journalism41’ e afirmam que, o jornalismo participativo é,

[...] um ato de um cidadão ou grupo de cidadãos que desempenham

um papel ativo no processo de coletar, reportar, analisar e disseminar

informação. A intenção dessa participação é fornecer a informação

independente, confiável, exata, ampla e relevante que a democracia

requer.

Assim, jornalismo participativo é uma forma de interação entre produtores e

consumidores de informação, em que é possível contribuir com a produção

informacional, seja através de comentários deixados sobre determinado assunto ou

participações esporádicas em determinadas plataformas, sobre isso Henry Jenkins

(2008) explica que,

A expressão cultura participativa contrasta com noções mais antigas

sobre a passividade dos espectadores dos meios de comunicação. Em

vez de falar sobre produtores e consumidores de mídia como

ocupantes de papéis separados, podemos agora considerá-los como

participantes interagindo de acordo com um novo conjunto de regras,

que nenhum de nós entende por completo (JENKINS, 2008, p.28).

Nesse sentido, os diversos conceitos sobre esse tipo de jornalismo (participativo,

colaborativo, open source, etc.) atravessa uma linha tênue em que não é tão simples

distinguir suas características uma vez que elas parecem se entrelaçar. Mas uma coisa é

certa, “[...] estamos vivendo em meio a um notável aumento da nossa capacidade de

compartilhar, cooperar uns com os outros, e tomar ações coletivas, tudo isso fora das

molduras tradicionais das instituições e das organizações” (SHIRKY, 2008, p.20).

Assim, Pisani e Piotet (2010) de maneira abrangente refletem e detalham o aglomerado

41 Jornalismo participativo.

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de ‘tarefas’ que um indivíduo tem a partir da abertura das possibilidades de participação

e/ou colaboração informacional.

Em lugar de simplesmente receber, nós produzimos, publicamos,

agimos. Usuários ativos, somos consumidores/criadores,

leitores/escritores, ouvintes/gravadores, espectadores/produtores.

Temos até o poder de organizar todos esses dados (informações,

conhecimentos, criações), atribuindo-lhes etiquetas de nossa criação,

tags. Geramos um conteúdo que organizamos e modificamos a cada

instante (PISANI e PIONET, 2010, p.120).

Essa designação não difere do que pretende-se por jornalismo colaborativo,

embora, Foschini e Taddei (2006, p.19) afirmem que há diferença nas denominações

empregadas. Para os autores, o jornalismo colaborativo deve ser “usado quando mais

de uma pessoa contribuiu para o resultado final do que é publicado”.

No entanto, o jornalismo participativo difere dos demais termos, uma vez que

está representado “nas matérias publicadas por veículos de comunicação que incluem

comentários dos leitores. Os comentários somam-se aos artigos, formando um conjunto

novo” (FOSCHINI; TADDEI, 2006, p.19). Portanto, visa unicamente compartilhar ou

contribuir com alguma informação produzida por apenas uma pessoa, enquanto que o

modelo open source trata da cooperação e disseminação de conteúdos informacionais

produzidos coletivamente. Nesse sentido, Ana Brambilla (2005) explica o que seria o

open source no jornalismo ao dizer que nesse processo de construção da informação

através desse modelo,

[...] salienta-se aquele que deve ser o traço diferencial do jornalismo

open source: a liberdade de acesso às ferramentas de publicação. Sem

restringir seu foco ao conteúdo ou ao produtor, o jornalismo open

source visa um processo interativo das mensagens que nutrem

imaginários e contribuem para o envolvimento de cada pessoa com

seu entorno sócio-cultural (BRAMBILLA, 2005, p.10).

Contudo, para Foschini e Taddei (2006, p.19), o jornalismo open source busca

“definir um estilo de jornalismo feito em sites wiki, que permite a qualquer internauta

alterar o conteúdo de uma página” Portanto, visa unicamente a constante modificação

de conteúdos nessa plataforma wiki42. Complementando essa informação, Alex Primo e

Marcelo Träsel (2006) dizem que,

42 Conjunto de páginas na internet que podem ser visitadas e ter seu conteúdo alterado por qualquer

pessoa.

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Cada notícia tem um histórico de modificações e pode ser revertida

para versões anteriores, em caso de algum interagente acrescentar

erros ou distorções, ou ainda quando há vandalismo. A maior parte do

trabalho de verificação e correção é feita pelo conjunto dos

colaboradores, todos na mesma posição hierárquica. Existem

administradores de sistema para cada língua em que exista uma versão

do Wikinews, mas seu papel é principalmente manter as ferramentas

funcionando ou intervir em casos extremos de vandalismo. Se algum

internauta estragar notícias de forma reincidente, pode ter seu acesso

ao Wikinews bloqueado. No entanto, a política dos sistemas Wiki em

geral é corrigir os problemas e esperar que os vândalos se cansem

(PRIMO e TRÄSEL, 2006, p.13).

Porém, segundo Ana Brambilla (2006, p.16), jornalismo open source é “[...]

aquele que conta com a participação ativa do internauta em interação mútua com o

conteúdo noticioso”. Nesse mesmo sentido, Holanda (2007, p.51) acredita que,

Jornalismo de fonte aberta é aquele que depende da participação do

público tanto para a produção do conteúdo a ser publicado, quanto

para a sua validação através do escrutínio e da correção efetuados

pelos leitores. A notícia não vale por ter sido publicada, mas sim por

resistir ou incorporar as críticas do público a que se destina. A

filtragem coletiva é tão, ou mais, importante para a definição do

objeto quanto à publicação aberta e produção das matérias pelo

público, serve para legitimá-lo como fazer jornalístico, comprometido

com a credibilidade e relevância dos relatos publicados, constituindo

se como dispositivo de construção de credibilidade e de reputação dos

emissores individuais. A filtragem serve ainda para delimitar o objeto,

diferenciando-o de outras formas de jornalismo participativo e de

mídia social (blogs, forums etc.).

Complementando essa informação sobre produção de conteúdos wiki, Ana

Branbilla (2006, p.200) diz que,

Projetos que se pretendem informativos de caráter noticioso e não

contem com o trabalho de jornalistas poderão seguir o modelo open

source de produção, mas sua classificação como projetos de

“jornalismo” podem ser colocadas em xeque por não contarem com o

trabalho do profissional tampouco garantir os valores que

caracterizam em essência um noticiário.

Diferentemente do o modelo open source, em que “ o sujeito que lê é o mesmo

que escreve as notícias, compartilhando responsabilidades e tendo no envolvimento

pessoal sua principal moeda de troca” (BRAMBILLA, 2005, p.09), o conteúdo

colaborativo alocado em algumas plataformas, permitem a construção de notícias a

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partir de interagentes e transformam o profissional do jornalismo em curador da

informação, fazendo os ajustes antes da publicação/divulgação.

Todavia, Primo e Träsel (2006) vislumbraram outra denominação. Para eles, o

termo Webjornalismo Participativo representa as “práticas desenvolvidas em seções ou

na totalidade de um periódico noticioso na Web, onde a fronteira entre produção e

leitura não pode ser claramente demarcada ou não existe” (PRIMO e TRÄSEL, 2006,

p.9). Podemos notar que, há algo em comum a todas as nomenclaturas aqui descritas,

elas se enquadram na possibilidade de indivíduos produzirem materiais que serão

publicadas na internet. Assim, notamos que “[...] várias pessoas (não apenas os

jornalistas) escrevam e, sem a castração da imparcialidade, dão sua opinião, impedindo

assim a proliferação de um pensamento único” (MOURA, 2002, p.1). No entanto, a

diferença está na maneira como essa produção informacional é feita e suas correlações.

Contudo, para Jenkins (2008, p.90), devemos ter o entendimento de que “os

interesses de produtores e consumidores não são mais os mesmos. Às vezes eles se

sobrepõem. Às vezes entram em conflito”. Assim, a internet é um espaço infinito, capaz

de abarcar diversas possibilidades. E dessa maneira, não podemos esquecer que,

com a interatividade torna-se possível caminhar em direção ao

universo da desconstrução imagética e linguística, das trocas de

saberes, da participação ativa e mútua entre emissor–receptor, que se

efetiva em condições colaborativas de produção de conteúdo por parte

do usuário (FEITOSA, ALVES, FILHO, 2009, p.134).

E dessa forma, “todo cidadão é um repórter (BRAMBILLA, 2005, p.100).

especialmente com a possibilidade de publicações na internet.

3.2 Interagente

A internet possui uma característica transformadora desde seu advento, uma vez

que “o fato de qualquer um ser capaz de produzir conteúdo só é significativo se outros

puderem desfrutá-lo. O PC transformou todas as pessoas em produtores e editores, mas

foi a Internet que converteu todo o mundo em distribuidores” (ANDERSON, 2006,

p.52). Dessa forma, estamos atingindo outros patamares no uso da Internet,

principalmente pelo surgimento de novas audiências caracterizadas a partir da produção

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de muitos-para-muitos, fenômeno esse denominado por Bowman e Willis (2003) como

“prosumidor”, que é a junção das palavras produtor e consumidor.

Os autores ainda referem-se sobre o funcionamento dos veículos massivos e da

internet, nesse sentido, eles dizem que o conteúdo broadcast filtra a informação e,

posteriormente, publica. Já na internet, segundo os Bowman e Willis (2003), o processo

é diferente, ou inverso, pois a informação é publicada e, posteriormente, filtrada. Sobre

esse fenômeno, Silveira (2008 p.34) acredita que, a possibilidade de interação do

usuário mantém “as atuais regras de funcionamento da internet, qualquer pessoa,

coletivo ou empresa pode criar novas soluções e conteúdos que possibilitem a obtenção

das atenções e a elevação da audiência que ultrapasse a obtida pelos grandes grupos”.

No entanto, Manovich (2004) diz não haver interação real entre o produtor da

informação e o usuário, tendo em vista que o produtor desconhece a intenção do

usuário. Em contrapartida, o usuário desconhece os interesses da informação. Contudo,

partindo de outra perspectiva, o sociólogo inglês Andrew Keen (2007) argumenta que a

colaboração dos interlocutores dilui a barreira entre o que é real e o que é ficção, tirando

o foco da objetividade da informação. Segundo o autor, esse fato transforma a

informação num culto ao amadorismo, o que acaba por,

dificultar a determinação da diferença entre o artista e o marketeiro

(spin doctor43), entre a arte e propaganda, entre o amador e

especialista. O resultado? O declínio da qualidade e da credibilidade

da informação que recebemos (KEEN, 2007, p.30-31).

Entretanto, Gillmor (2005) afirma que, quanto mais abertas forem as etapas de

produção da informação, maior será o engajamento dos leitores e, portanto, a

democratização do jornalismo também será maior. Contudo, há uma ambivalência nesse

cenário. Entretanto, o espaço usual do jornalismo tradicional tem a possibilidade de

tornar-se um lugar de diálogo aberto e público, além de conquistar visibilidade, uma vez

que agregaria conteúdo informativo produzido por interagentes, embora editadas pelo

jornalista. No entanto, o jornal tradicional sofreria uma ruptura, pois interagir ou

interferir na opinião pública formatada por ele próprio - veículo broadcast, através de

43 Função criada nos Estados Unidos para denominar um especialista que busca apenas efeitos positivos

ou maior eficiência de mensagens políticas entre os jornalistas. Contudo, a crítica apresentada por Keen

refere-se a popularização que o autor da informação pode ganhar independente de sua competência

técnica para a produção da informação.

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múltiplas informações, é um fator que pode gerar certo incômodo aos veículos

massivos. Dessa forma, o jornalismo tradicional se vê diante de um impasse,

principalmente tendo em vista que “as normas por que se regem as fontes, e não só os

jornalistas, mudaram graças à possibilidade de toda a gente produzir notícias”

(GILLMOR, 2005, p.55).

Essa nova possibilidade eleva o usuário a outro patamar, tendo em vista que,

graças às novas ferramentas existe a possibilidade de produção e colaboração de

conteúdos informacionais. Nesse sentido, Alex Primo (2002) criou o termo ‘interagente’

ao refletir sobre um sistema de comunicação que pertence tanto a receptores quanto a

emissores e, que se equilibram por meio de coexistência. Segundo Primo (2002), como

o interlocutor é envolvido no processo de produção técnica e informativa que é mediada

por computadores, o uso do termo ‘interagente’ representa melhor esse fenômeno, pois,

a denominação ‘usuário’, demonstra certa hierarquia nas ações colaborativas.

Outro termo empregado, porém de maneira diferente é o ‘ator-rede’ que difere

em alguns pontos dos termos já tratados. Assim, a denominação ator-rede, também

conhecida por Actor-Network Theory, foi desenvolvida por Michel Callon e Bruno

Latour através dos princípios propostos por David Bloor no que tange imparcialidade e

simetria. A teoria do ator-rede une humanos e não humanos em uma rede social

constituída através de elementos da sociedade. Assim, “toda a inovação técnica coloca

em funcionamento uma rede (humanos e não-humanos) implicando a sua identificação e

compreensão” (NEVES, 2007, p. 730). Todavia, o termo a ser utilizado para essa

pesquisa será o proposto por Alex Primo (2002), pois o interagente utiliza de recursos e

estruturas já disponibilizadas para colaboração, tratando-se assim de uma análise de

publicação de pessoas. Nesse sentido, para Vittadini (1995, p.151) toda interação deve

envolver indivíduos,

[...] estar em um espaço-tempo cujo âmbito se estabelece por meio de

um campo de ação comum em que sujeitos envolvidos estejam em

contato uns aos outros [...]. A interação se realiza sobre uma base de

regras e pode estabelecer trocas dependendo do contexto.

Lemos (1997, p.1) tem outra perspectiva acerca do fenômeno, para o autor,

[...] hoje tudo se vende como interativo; da publicidade aos fornos de

microondas. Temos agora, ao nosso alcance, redes interativas como

Internet, jogos eletrônicos interativos, televisões interativas, cinema

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interativo. A noção de “interatividade” está diretamente ligada aos

novos media digitais. O que compreendemos hoje por interatividade,

nada mais é que uma nova forma de interação técnica, de cunho

“eletrônico-digital”, diferente da interação “analógica” que

caracterizou os media tradicionais.

Podemos perceber que essas alternativas podem fazer uso da interação em

diversas esferas, como produção de notícia, apenas comentários sore a informação, etc.

Contudo, o que todas essas interações possuem em comum é que todas são mediadas

por computador.

3.3 Novo paradigma: o jornalismo líquido

As transformações no campo da comunicação, decorrentes da aceleração no

processo de criação e produção de ferramentas tecnológicas, vem cada vez mais

ganhando espaço nessa configuração e contextualização em que vivemos. Há séculos,

muitas descobertas e ideias se perdiam, pois não eram divulgadas ou catalogadas para

acesso da maioria da população. Não precisamos ir tão longe para perceber que essas

perdas causaram atraso no desenvolvimento científico, tecnológico e até cultural da

população. Exemplo disso são as Leis de Mendel, que tratam sobre genética e só foram

redescobertas em 1900 (BUSH, 1945)44. Isso ocorreu pelo fato de que não era feito o

gerenciamento e controle do volume de informações disponíveis.

Atualmente, uma enorme parcela de informações está disponibilizada na

internet, assim é possível obter informações fazendo uma varredura através de

buscadores na internet, que encontram informações em outras línguas, com temáticas

parecidas e, até mesmo, com informações que acabaram de ser postadas. E nesse

sentido, a informação produzida por profissionais da comunicação, muitas vezes, perde

no quesito velocidade, contextualização e, até mesmo, no sentido de estar presente no

momento do exato do acontecimento. Assim, a internet é uma grande aliada das pessoas

busca por informações diversas. E na tentativa de alcançar o ritmo de informação, foram

criadas plataformas e alternativas para tentar manter o jornalismo tradicional, porém,

em outra configuração, agora de forma online.

44 Informações retiradas do site: <http://worrydream.com/refs/Bush%20-%20As%20We%20May%

20Think%20(Life%20Magazine%209-10-1945).pdf> - acesso em 18 de janeiro de 2016.

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O jornalismo tradicional, utilizado até pouco tempo atrás por manter uma rotina

segura e longe de muitos erros, foi alterado, e graças a essas mudanças, foi adaptado o

termo criado por Zygmunt Bauman (2001), ‘Modernidade Líquida45’, para o que

estamos vivendo no jornalismo nos dias de hoje, Jornalismo Líquido. O termo

Jornalismo Líquido foi criado pelo professor holandês Mark Deuze46, que explica a

desestruturação no jornalismo clássico, uma vez que graças a ferramentas tecnológicas,

a apuração, produção e disseminação da informação foram transformadas num processo

dinâmico e extremamente rápido. Até o uso de fontes e de busca por contextualização

do acontecimento ficaram mais simples, embora não livre de falhas. Nesse sentido,

Elias Machado (2002, p.12) afirma que,

Se cada indivíduo ou instituição, desde que munido das condições

técnicas adequadas, pode inserir conteúdo no ciberespaço devido a

facilidade de domínio de áreas cada vez mais vastas, fica evidenciada

tanto uma certa diluição do papel do jornalista como único

intermediário para filtrar as mensagens autorizadas a entrar na esfera

pública, quanto das fontes profissionais como detentoras do quase

monopólio do acesso aos jornalistas. A possibilidade de dispensa de

intermediários entre as fontes e os usuários implode a lógica do

predomínio das fontes profissionais porque transforma os próprios

usuários em fontes não tão importantes.

Percebemos que, a acessibilidade às ferramentas tecnológicas, tanto nas redações

quanto pelo usuário comum, gera uma grande revolução do ponto de vista

informacional. E de certo modo, gerou uma grande desorientação na imprensa brasileira

e, também, na imprensa mundial, tendo em vista que as condições de trabalho dos

profissionais de comunicação foram drasticamente alteradas. Embora não tenha

presenciado essa época, McLuhan (2014) expõe muito bem a crise proporcionada pelo

excesso de informação ao dizer que,

Crises de esgotamento nervoso e mental, nos mais variados graus,

constituem o resultado, bastante comum, do desarraigamento e da

inundação provocada pelas novas informações e pelas novas e

infindáveis estruturas informacionais (McLUHAN, 2014, p.336).

45 O sociólogo polonês, Zygmund Bauman prega que a sociedade não é mais arraigada a fatores

concretos. Assim, vivemos na liquidez da modernidade, que pode ser moldada e reconstruída a qualquer

momento. 46 Informações retiradas do site: <http://deuze.blogspot.com.br/> - acesso em 18 de janeiro de 2016.

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A partir dessa perspectiva surge o termo ‘jornalista sentado’ (NÉVEU, 2001),

termo adaptado do francês ‘jornalisme assis’ em que produção, entrevista e apuração

são feitas via e-mail ou, até mesmo, utilizando banco de dados. O que proporciona uma

considerável alteração na rotina do jornalista. Dessa maneira,

atualmente, o denominador comum entre a maior estação de televisão

mundial e o mais pequeno jornal de província, é o recurso à Internet

na luta constante contra o tempo e a distância. Nas fases de pesquisa e

contactos com as fontes, duas etapas que absorviam muito do tempo

de produção de uma notícia, os jornalistas passaram a contar com

preciosos auxiliares, como a WorldWideWeb, o correio electrónico ou

os newsgroups, entre outras funcionalidades da Internet

(CANAVILHAS, 2004, p.2).

Nesse sentido, não é possível afirmar o que é correto ou errado, uma vez que o

processo de entendimento do fenômeno depende de outros fatores, como o tecnológico,

por exemplo. Assim, a liquidez se molda à forma como o jornalismo mundial vem

tentando se manter. Especialmente tendo em vista que a abertura para colaboração ou

participação de internautas pode gerar um grande desconforto, uma vez que deixa

exposta a estrutura do veículo, pois o internauta pode, em questão de segundos, expor a

credibilidade do veículos por conta de falhas. Sobre isso, Noblat (2007, p.152) afirma

que, “mais valem cinco boas histórias por dia – inéditas, bem apuradas, bem escritas,

inteligentemente editadas e capazes de capturara atenção dos leitores – do que centenas

de notícias reunidas às pressas e sem maiores critérios”. Contudo, essa realidade não

confere com o que vemos atualmente com as publicações no ciberespaço.

Assim, por conta da convergência midiática (JENKINS, 2008), os veículos

massivos, diante de uma nova ferramenta transformadora, a internet, se viram impelidos

a aderir e a buscar novas maneiras de se reinventar. Nesse sentido, a primeira grande

mudança do conteúdo massivo durante sua migração para o ciberespaço foi alterar a

estrutura da notícia como era conhecida anteriormente por pirâmide invertida. Assim,

no início usava-se o texto de veículo massivo em sua íntegra na plataforma digital,

posteriormente esse modelo foi se reestruturando até formar a pirâmide deitada

(CANAVILHAS, 2006). Essa reestruturação aconteceu pelo fato de que a pirâmide

invertida, que necessita de tempo para apuração e produção, não suportava mais a

quantidade de atualizações e produção de conteúdo em tempo real.

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Figura 6: Pirâmide invertida

Fonte: João Canavilhas47

Assim, como é possível ver na figura acima, as informações são dadas em

blocos, e partem desde a informação inicial até explorações mais aprofundadas, que

podem trazer fotos, infográficos, vídeos, links para informações externas e

complementares, dentre outros.

Escrever bem um artigo, fora do esquema rígido da pirâmide

invertida, leva o seu tempo. É, no fim de contas, um exercício

estratégico que envolve mais do que a simples ligação dos factos, em

frases curtas e afirmativas. E o tempo é um luxo de que os jornalistas

dispõem cada vez menos (KOVACH e ROSENSTIEL, 2004, p.154).

Dessa forma, uma notícia na internet não precisa necessariamente ser lida a

partir do início. Ela pode levar o internauta a vários caminhos. Sobre isso, Canavilhas

(2006, p.14) diz que, “embora sejam claramente definidos os níveis de informação, não

há uma organização dos textos em função da importância informativa, mas uma

tentativa de assinalar pistas de leitura”.

47 Retirado do site: <http://revistas.ua.pt/index.php/prismacom/article/viewFile/678/pdf> - acesso em 18

de janeiro de 2016.

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Portanto, embora a pirâmide deitada possua lead em sua estrutura, ela se

desenvolve em níveis e de forma horizontal, o que possibilita desdobramentos futuros e

maior volume de informação, uma vez que, a exploração do assunto pode ser maior,

como demostra Mielniczuk, Barbosa, Dalmaso e Figueiredo (2010), ao exemplificarem

o seguinte fato:

Uma notícia sobre um incêndio em um bairro do Rio de Janeiro será

publicada, inicialmente, de modo imediato e deficiente, dando conta

apenas de que houve um incêndio num determinado ponto da capital

fluminense. Porém, à medida que mais informações são apuradas, a

notícia será complementada com dados sobre onde de fato aconteceu,

quando exatamente ocorreu, o que provocou tal incêndio, se ele foi

detonado por sabotagem, se houve vítimas e quantas foram, para qual

hospital foram levadas, as dificuldades dos bombeiros para debelar o

fogo, o que contam os moradores do bairro que testemunharam o

incêndio, perdas materiais que tiveram, o montante do prejuízo, as

fotos e vídeos que possam enviar para contextualizar a notícia, a

opinião de especialistas, outros casos de incêndio na área, além de

infografias ou mapas interativos para localizar geograficamente o

acontecimento poderão aprofundar ainda mais a notícia – ou seja, até

o relato do fato jornalístico alcançar o nível em que passará da baixa

resolução inicial para uma situação de alta resolução, quando atingirá

também um alto nível de densidade semântica (MIELNICZUK et. al.,

2010, p.4-5).

Com a rapidez da veiculação de informações na internet devemos ter o

conhecimento de que a notícia é publicada por partes, até que conste a informação total.

Isso faz com que seja possível dar a notícia, mesmo que não esteja completa.

3.4 Tabu: credibilidade

O jornalismo colaborativo sofre uma série de questões relacionadas a sua

credibilidade, uma vez que o agente da produção do conteúdo noticioso pode não ser

um profissional da comunicação. Assim, uma notícia produzida por um interagente, em

que não há o suporte técnico jornalístico e nem a chancela de uma empresa de

comunicação, leva à desconfiança, uma vez que, costumeiramente, esperamos que os

veículos massivos sejam os porta-vozes dos acontecimentos no mundo real.

Contudo, a viabilidade de produção de notícia por parte dos interagentes leva à

população a possibilidade de conhecer informação que pode não ser interessante o

suficiente para aparecer na Tv, por exemplo. Assim, através do jornalismo colaborativo,

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tem-se acesso a diversas informações e opiniões, deixando livre a circulação do

conteúdo informacional. No entanto, há critérios estipulados para a produção de

material considerado confiável. Assim, os sites que disponibilizam plataforma para o

conteúdo colaborativo tentam sanar essa lacuna, criando critérios para que o interagente

seja alguém sério e disposto a arcar com as responsabilidades das informações

fornecidas. Para tanto, o interagente precisa fazer cadastros, aceitar os termos de

publicações, esperar que algum jornalista (curador) cheque as informações enviadas

para que, posteriormente, possa ver sua matéria publicada no portal colaborativo.

Para que haja maior ‘aceitação’ das matérias colaborativas, a identificação do

interagente é revelada. Gillmor (2005, p.181) enxerga esse fato como benéfico, uma vez

que, “se pretendemos discussões sérias online, penso que deveríamos todos, com raras

excepções, estar abertos à verificação da própria identidade ou arricar-nos a que as

nossas participações sejam postas em causa”. Essa é uma tentativa de mostrar-se

confiável, uma vez que, abre-se a possibilidade de um interagente produzir conteúdo

informacional. Porém, esse processo é uma via de mão dupla, uma vez que possibilita

uma ampla abertura de veículo para matérias diversas, porém, abre-se também a

possibilidade para críticas e julgamentos.

Nesse sentido, algumas empresas jornalísticas estão abrindo as portas para

conteúdos colaborativos para não ficarem fora da onda digital e, também, para manter

uma grande gama de notícias circulando, uma vez que, a quantidade de profissionais da

comunicação pode ser reduzida ou não dar conta de tanto acontecimento possível de ser

divulgado/transmitido. Assim, o portal colaborativo utilizaria de mão de obra gratuita

para manter-se atualizado e com as mais diversas informações. Por conta disso, além

dos portais colaborativos, muitos veículos estão disponibilizando à população um

número de Whatsapp48 para receberem fotos, vídeos, áudio e textos sobre algum

acontecimento. Por outro lado, o medo da má reputação e da perda de credibilidade, por

parte dos conglomerados de mídia é um fator que faz com que tenham receio com esse

tipo de abertura, pois, uma vez perdida a credibilidade, não é tão simples recuperá-la.

Embora esse processo de abertura de plataformas para conteúdos colaborativos

gere certa desconfiança, tendo em vista que o interagente é o mediador do seu próprio

processo de construção da notícia, e assim, tem um posicionamento autônomo frente às

notícias de veículos massivos ou até mesmo de empresas jornalísticas que estão em

48 É um aplicativo que permite trocar mensagens, fotos, vídeos, áudios entre celulares, sem pagar o custo

do SMS. Para usa-lo basta instala-lo e ter acesso à internet.

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ambiente digital, existe o contraponto que possibilita a população a ter acesso a um

número maior de informação e interagir ou deixa-la de lado. Assim, o processo

aparentemente é mais aberto à críticas e colaborações de ordens diversas, o contrário do

que acontecia com os veículos broadcasts. Segundo Gillmor (2005, p.15), “nós é que

dizíamos como as coisas se tinham passado. O cidadão comprava, ou não comprava.

Podia até escrever-nos uma carta, que decidíamos se publicávamos ou não”. E graças a

internet, atualmente essa lógica está sendo invertida, no sentido de que, “à medida que a

internet dissemina o conhecimento, os amadores começam também a ajudar a analisar

os dados” (HOWE, 2009, p.34). Dessa maneira, o público tem a possibilidade de

escolha entre diversas fontes de informação.

Sobre a criação de plataformas colaborativas, João Canavilhas (2001) crê que,

quanto mais visualizada for a página em que consta a matéria colaborativa, mais agrega

credibilidade à informação. Assim, o “efeito multidão”, em que o grande número de

visitantes à determinada página direcionam o interesse da multidão em determinada

direção.

Os algoritmos sociais não servem apenas para avaliar a performance

dos participantes, eles também qualificam a relevância do conteúdo

publicado. A medição da performance do conteúdo pode ser estimada

a partir dos seguintes elementos: número de acessos, de comentários

relacionados, de notificações enviadas por e-mail para que outras

pessoas acessem, de recomendação de usuários com boa performance,

entre outros. Esses dados servem para o sistema avaliar, por exemplo,

se um vídeo postado como ‘muito engraçado’ tem realmente essa

característica. Se foi assistido muitas vezes e os usuários tiverem

publicado comentários e enviado recomendações por e-mail, é sinal de

que essas pessoas aprovaram o conteúdo (SPYER, 2007, p.78).

Contudo, o material produzido pelos interagentes não está livre de erros. Porém,

antes de publicadas, as matérias passam pelo crivo da equipe jornalística do veículo para

que sejam checadas as informações escritas pelo interagente e que se possam fazer

possíveis correções. E caso a matéria chegue a publicação, há ainda a possibilidade de o

público intervir com comentários, acrescentando ou corrigindo a informação. Dessa

forma, “podemos corrigir os nossos erros. Podemos acrescentar novos factos e

explicações diferentes.” (Gillmor, 2005, p.36). Essa é uma nova maneira de se olhar a

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comunicação, que possibilita que a ‘mídia produzida pelo consumidor’ se torne,

segundo a ótica de Carolina Terra (2009, p.13) o quinto poder49.

49 Retirado do site: <liceu.fecap.br/LICEU_ON-LINE/article/download/863/673> - acesso em 02 de

fevereiro de 2016.

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CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO DOS OBJETOS

Para que seja possível ter uma perspectiva sobre os objetos de pesquisa, se faz

necessário detalhar o cenário comunicacional em que se encontram, e no caso dos

veículos colaborativos, como suas ferramentas são utilizadas. Assim, este capítulo busca

trazer a tona a história, recursos e usos dos telejornais, Jornal Nacional, da Rede Globo;

Jornal da Band, da Rede Bandeirantes; Jornal da Record, da Rede Record e SBT Brasil,

do Sistema Brasileiro de Televisão. O mesmo deve ser feito para os canais

colaborativos Vc repórter, do site Terra, Eu repórter e Vc no G1, veículos pertencentes à

Organizações Globo.

Assim, este capítulo trará uma noção dos cenários, práticas e perfis que esses

veículos comunicacionais seguem. Contudo, deve-se ressaltar que muitos dos objetos

investigados nesta pesquisa não dispõem de bibliografia, sendo necessário recorrer à

websites que tratam dos pontos ditos acima.

4.1 O legado das ‘Organizações Globo’

Segundo Carlos Eduardo Lins Silva, na obra “Muito Além do Jardim Botânico”, a

história da Rede Globo teve início com o Decreto de número 42.946, em 30 de

dezembro de 1957 com a concessão para o nome ‘Globo’. Contudo, essa nomenclatura

já era utilizada pelo jornal carioca, O Globo, que pertence até os dias de hoje à família

Marinho. Ainda no ano de 1957, o então presidente Juscelino Kubitschek cedeu uma

autorização para que a Rádio Globo se estabelecesse como rádio difusora na cidade do

Rio de Janeiro. A partir desses feitos, a Globo S.A. evoluiu tecnicamente, fenômeno que

pode ser comprovado pela criação da Rede Globo de Televisão, apenas oitos anos após

a concessão radiofônica. Sobre isso Temer (2002, p.13) diz que,

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[...] a história das empresas Globo de comunicação, um conglomerado

que já em 1992 somava mais de 100 empresas e empregava cerca de

20 mil funcionários [...] começava bem antes da Rede Globo de

Televisão. O jornal O Globo, solidamente instalado no Rio de Janeiro,

existe desde 1925 e em 1944 é inaugurada a Rádio Globo.

Assim, tem-se o início da Rede Globo de Televisão, veículo que ultrapassou as

fronteiras do rádio e do jornal impresso. No dia 26 de abril de 1965, num antigo prédio

no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, começou a funcionar a Tv Globo Mais

precisamente no canal 4, do Rio de Janeiro, exatamente às 11 horas da manhã, teve

início o que mais tarde se tornaria um poderoso veículo midiático.

A expansão de Rede Globo de Televisão se deu de maneira rápida tendo em vista

que em 1966 a Rede Globo havia comprado o canal 5 em São Paulo. Esse era o mesmo

canal onde funcionava a TV Paulista, que era de propriedade das organizações Vitor

Costa. Em 1968, a emissora havia chegado a Belo Horizonte e a Brasília. Esse rápido

crescimento iniciou a megacorporação, conhecido como Organizações Globo. Para

Carlos Eduardo Lins da Silva (1985, p.30), a Rede Globo,

[...] em menos de quatro anos assumiria a liderança absoluta de

audiência, a ponto de convertê-la em virtual monopólio e tornar

comum a acusação de que se transformara numa espécie de um

ministério extra-oficial da informação no País.

O rápido crescimento da emissora também pode ser justificado pelo acordo de

parceria com o grupo Time Life, assinado por Roberto Marinho cerca de um ano após

sua inauguração. O grupo norte-americano Time Life investia pesadamente em

emissoras de televisão da América Latina. Contudo, após cerca três anos após a

assinatura do contrato com a Time Life, a Rede Globo de Televisão começou a

funcionar. Dessa forma, o contrato entre a Rede Globo e Time Life garantiu que a

emissora brasileira recebesse 5 milhões de dólares da empresa norte-americana, além de

assistência técnica com pessoal especializado e equipamentos de ponta, o que até então

era novidade para a realidade brasileira.

Enquanto a Globo buscava espaço, crescendo com ajuda de capital estrangeiro, a

TV Excelsior teve sua concessão cassada. Esse fato aconteceu porque a família

Simonsen (dona da TV Excelsior) possuía ligações políticas com o governo de João

Goulart, presidente que perdeu o cargo ao ser deposto pelo golpe militar, em 1964.

Nesse contexto, instala-se um conflito entre a emissora nacional, com capital

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estrangeiro, outras com capital nacional, uma vez que a Tv Globo utilizava recursos

externos enquanto outras emissoras estavam em crise. Por conta disso, a Rede Globo de

Televisão sofreu duras críticas do grupo dos Diários Associados, pertencente a Assis

Chateaubriand, milionário dono da mais antiga emissora brasileira, a TV Tupi.

Chateaubriand também era dono de um oligopólio que consistia em quase 100

empresas, distribuídas entre jornais, emissoras de rádio e de televisão, revistas e

agências de notícias.

Assim, por conta das críticas ao recebimento de capital estrangeiro, a Rede Globo

também encontrou dificuldade em adaptar-se à realidade sociocultural brasileira, uma

vez que a emissora era moldada por uma empresa norte-americana que não

disponibilizava modelos próprios para os veículos brasileiros. Otto Lara Resende (apud

BORELLI e PRIOLLI, 2000, p.82) afirma que,

[...] o modelo da Globo é o modelo de uma cadeia americana, até na

publicidade. Tudo, até o linguajar, é americano, a determinação de que

um documentário tem 40 minutos, porque a atenção do espectador

comum dura 12 minutos por segmento, tudo isso vem estudado e

cronometrado dos EUA.

Contudo, a Rede Globo mesmo sendo destaque nos jornais por conta da junção

com a Time Life, tendo inclusive um processo no poder judiciário por causa do acordo

com a empresa norte-americana, buscava conquistar a audiência, enraizando nos

brasileiros, o hábito de assistir televisão. A maneira encontrada pela Rede Globo para

essa façanha foi concretizar sua programação. Dessa maneira, o telespectador iria ter

conhecimento sobre o que estaria sendo transmitido em determinado horário. Para

Maria Rita Kehl (1986, p.175), “[...] no dizer de Mauro Salles, a Globo foi ‘cercando

pelas bordas’ o tal horário nobre, ganhando audiência em outros horários até se tornar

familiar aos hábitos do espectador”.

Entretanto, devido a tantas críticas sofridas, a parceria antes concretizada com a

Time Life teve que ser desfeita pelo fato de que a Constituição vigente na época não

permitia esse tipo de acordo. Assim, para Borgeth (2003), a falta de conhecimento do

grupo norte-americano sobre a cultura brasileira foi o maior responsável pelo fiasco do

acordo.

[...] Na realidade, a contribuição do Time-Life não passou de um

financiamento - sem juros e sem prazo - da escolha de equipamentos

insuficientes e de um totalmente novo, bonito e inadequado projeto

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arquitetônico que em nada contribuiu para a TV Globo; [...] Time-Life

não sabia nada do Brasil; [...] fracassaram em todos os lugares onde se

meteram em televisão aberta (BORGEETH, 2003, p.30-31).

Com o contrato com o grupo Time Life desfeito, a TV Globo passou a ser

comandada pelos artistas que atuavam na emissora, fato que já era costume nas outras

emissoras do país. Contudo, esse modelo de hereditariedade, que era seguido

inicialmente pelas emissoras, foi alterado. Nesse sentido, a direção da Rede Globo

passou dos artistas para a direção de Walter Clark, que reconfigurou a maneira de se

fazer televisão. Essa alteração deu certo, uma vez que o profissional agradou ao público.

Logo depois de Walter Clark, um homem de marketing e não do

mundo artístico, ter assumido a direção geral da Globo (o que

contrariava a tradição na televisão brasileira, sempre nas mãos dos

artistas), o Rio de Janeiro sofreu as piores inundações e

desmoronamentos de sua história. Walter Clark mandou colocar as

câmeras na rua e transformou os estúdios do Jardim Botânico numa

central de recolhimento de donativos aos desabrigados. Criava-se um

caso de amor entre a Globo e os cariocas (SILVA, 1985, p.3).

Contudo, essa alteração no comando da Tv Globo alavancou a busca por novos

horizontes, uma vez que a guinada da Rede Globo rumo a um caráter mais comercial

aconteceu graças ao empenho de Walter Clark. Sobre isso, Maria Rita Kehl (1986) diz

que, os índices de audiência atingidos pela Rede Globo em um curto prazo estavam

relacionados com a nova direção da emissora.

[...] A princípio, a inauguração da TV Globo não representou

nenhuma ameaça às outras emissoras de televisão já estabelecidas. [...]

A virada da Globo se dá no começo de 1966, com uma mudança na

concepção do que poderia ser o veículo televisão: a emissora deixa de

ser dirigida por gente do meio artístico e jornalístico e passa a ser

comandada por homens de publicidade e marketing, tendo na cabeça

Walter Clark, homem que pensou a televisão em termos de indústria

da propaganda. A partir de então, a Globo passou a ser dirigida por

critérios que os atuais ideólogos da emissora qualificam como

‘profissionais’, ou seja: pensada prioritariamente como

empreendimento comercial. [...] No Rio, a audiência da Globo cresceu

de 28% em 1965 para 49% em 68. Em 66, ela já tinha passado à frente

das outras emissoras. Em São Paulo, a conquista foi mais lenta. Em

67, a Record tinha a liderança de audiência. Em 68, a Globo põe seu

primeiro programa entre os dez mais assistidos pelos paulistas: o

programa Sílvio Santos, aos domingos (KEHL, 1986, p.176).

Entretanto, a partir de 1969 foi criado o projeto para emissoras afiliadas à Rede

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Globo. E foi no mesmo ano que o Jornal Nacional entrou no ar. Todavia, embora a

concessão da Tv Globo tenha sido outorgada pelo presidente Juscelino Kubitschek, ela

apenas foi legalizada posteriormente, em 23 de setembro de 1968, durante o governo do

presidente Artur da Costa e Silva. Assim, percebemos que a Tv Globo entrou no ar

cerca de três anos antes de sua legalização, tendo em vista que ela começou a funcionar

em 1965. Já o “Padrão Globo de Qualidade” foi criado na década de 1970. Ele é um

critério regulamentador da emissora, desenvolvido por José Bonifácio de Oliveira

Sobrinho, ou Boni, como é conhecido. Porém, esse novo padrão só se consolidou

oficialmente em 1985, quando efetivamente entrou em vigor. O ‘Padrão Globo de

Qualidade’ regulariza os horários dos programas da emissora. Para Arthur da Távola

(1984), o Padrão Globo de Qualidade auxiliou no crescimento do índice de audiência da

emissora, pois,

[...] padrão de produção [...] nada tem a ver com qualidade de

programa [...]. Padrão de produção é a criação de rotinas internas e de

equipes técnicas capazes de realizar, a nível industrial, isto é, com

regularidade e freqüência, programas que atendam [...] um patamar

comum a toda programação, que mistura vetores diferentes no

atendimento a necessidades subjetivas do mercado. É um produto

novo, típico da era eletrônica. [...] O telespectador já sabe o tipo de

serviço que receberá. Pode discordar aqui ou ali, gostar ou não desse

ou daquele programa. Sabe, porém, o que o canal lhe deverá oferecer

em termos de um determinado comportamento previsível. O padrão

acostuma o telespectador a uma carga diária de emoção, informação,

prazer, devaneio e serviços gerais (TÁVOLA, 1984, p.60).

Ainda no contexto da estruturação da Rede Globo enquanto ela estava em

ascensão, as Tv’s50 Tupi e Record ficaram ultrapassada por falta de recursos financeiros.

A Tv Excelsior havia desaparecido e a Tv Bandeirantes não era tão representativa,

portanto, não apresentava risco algum para a Rede Globo, que já atingia grande

audiência, se aproximando dos 80 pontos. Nesse período, a emissora investia fortemente

no padrão de qualidade, uma vez que havia obtido bons resultados com esse modelo.

Constantemente em crescimento, a Rede Globo contratou os profissionais que

trabalhavam na Tv Excelsior, cuja concessão havia sido cassada durante o período da

ditadura militar, por conta de questões políticas.

Com base nesse contexto, fica perceptível a ligação entre o regime militar e a

Rede Globo, pois, durante o período da ditadura militar, em que os militares estiveram

50 A história da televisão brasileira (2000), de Sérgio Mattos, e Jornal Nacional: A notícia faz a história

(2004), lançado pela Rede Globo.

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no poder, a Rede Globo permaneceu atrelada aos interesses governamentais, mantendo

com ele uma relação de lealdade. Sobre essa aliança, Sergio Mattos (2000, p.102) diz

que,

[...] Sem dúvidas, o governo foi a mais importante força motriz por

trás do desenvolvimento da indústria televisiva brasileira,

especialmente da TV Globo (criada depois do golpe de 64). Ao criar

facilidades nas telecomunicações, tais como as redes de microondas, o

cabo coaxial, os satélites e a televisão a cor, o regime militar brasileiro

contribuiu para o desenvolvimento técnico da televisão, utilizando-a

para promover os ideais do regime.

Mais uma prova da relação existente entre Rede Globo e o regime militar pode ser

vista na unanimidade dos votos dos deputados contra o acordo feito entre a Time-Life e

a TV Globo, que, segundo o deputado Djalma Marinho, era ilegal de acordo com o

artigo 160 da Constituição Nacional. Porém, o presidente da época, Castelo Branco,

decidiu que o acordo tinha sido feito na legalidade, obedecendo a Constituição da

época. Contudo, tempos depois, o Presidente Costa e Silva decidiu fazer um referendo

sobre a questão e a Time Life decidiu deixar a emissora. Mas a essa altura, a Tv Globo

já estava pronta para fazer transmissões em rede nacional, utilizando-se da tecnologia de

redes de micro-ondas, que havia sido desenvolvida com verba do Fundo Nacional de

Telecomunicações, administrado pelo Ministério das Telecomunicações e pela

EMBRATEL. Sérgio Caparelli (1982) explica que,

[...] a possibilidade de um jornal nacional, seja o da Globo, seja o da

Bandeirantes ou o das educativas, só se tornou possível na segunda

fase da televisão, após 1964. Nessa época, a Embratel já tornava

possível a interligação de diversos pontos do Brasil, via satélite e

microondas. Por isso o telejornal nacional é tão recente na televisão

brasileira: nos anos 50, não existia tape, no início dos anos 60, as

estações fora do eixo Rio-São Paulo apresentavam telejornais com até

dois dias de atraso pela dificuldade de transporte de tapes ou se

contentavam com telejornalismo isolado do país e do mundo. O

suporte de telecomunicações, montado pela Embratel, foi a ponte para

um telejornal que levasse em conta o veículo, apresentando-se

instantaneamente nos mais diversos pontos do país (CAPARELLI,

1982, p.122).

É possível perceber que os militares tinham um interesse real no progresso das

telecomunicações para usar de forma adequada ao regime. Assim, a política arraigada

no país fez com que houvesse uma colaboração com as redes de televisão, e a principal

beneficiada foi a Rede Globo. Detalhando melhor, Sérgio Mattos (2002) diz que,

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Durante os governos militares (1964-1985), o Estado exerceu papel

decisivo no desenvolvimento e regulamentação dos meios de

comunicação de massa e em particular dos meios de transmissão,

estabelecendo leis e agências reguladoras e adotando novas

tecnologias no sistema nacional de telecomunicações. Foram

instaladas as estações terrestres de satélites, ampliado o sistema

telefônico e implantadas as linhas de microondas, possibilitando ótima

transmissão de TV em todo o território nacional (MATTOS, 2002,

p.132).

Ainda para reforçar a ideia de que a Rede Globo obteve benefícios com a ajuda do

regime militar, analisamos que, com apenas 11 anos de existência, a Tv Globo já

produzia 75% de seus programas, o que era fora da realidade para a época. Em 1979, a

Globo havia marcado sua entrada no mercado internacional, conquistando o prêmio

‘Salute’, concedido pela Academia Nacional de Artes e Ciências da Televisão norte-

americana. Esse fato fez com que as portas para a expansão de sua produção se abrissem

para mais de 90 países e, com isso, houve um enorme crescimento da Rede Globo,

graças à exportação de programas brasileiros, os chamados “enlatados”. Além do mais,

os programas estrangeiros começaram a perder espaço na programação brasileira. Esse

fenômeno também pode ser analisado sobre a ótica da Lei da Anistia, que entrou em

vigor em 1979, pelo Presidente João Baptista Figueiredo. Essa lei permitia que, além de

as empresas investirem internamente no país, poderiam também investir em empresas

estrangeiras. Por conta disso, a Globo criou, em 1980, uma seção internacional na

Europa com o intuito de expandir sua cobertura. Entretanto, esse investimento não

obteve êxito visto que a Globo preferiu vender 40% da Telemontecarlo para uma

empresa italiana. Com o fracasso na transação da Telemontecarlo, a Rede Globo foi

fazendo alianças com canais estrangeiros para transmissão de programas via satélite e

contratos de coprodução. Dessa forma, a Rede Globo estava buscando atingir o mercado

externo. A investida mais audaciosa, aconteceu em 1999, com a criação da Globo

Internacional.

Contudo, no período de transição entre o regime militar e a Nova República, a Tv

Globo, assim como outras emissoras, continuou a seguir os interesses governamentais.

Essa nova etapa da história é marcada pelo desenvolvimento tecnológico global, pois,

nos anos 1990, começam a aparecer as TVs por assinatura e a cabo no país, porém,

seguindo os moldes norte-americanos. Essa segmentação da televisão proporcionou um

aumento exponencial na concorrência entre os meios televisivos. No entanto, a Tv

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Globo vislumbrava as camadas populares e lançou novos produtos para atrair a atenção

das classes menos favorecidas. Sobre esse fenômeno, Temer (2002, p.21) explica a nova

guinada da emissora ao dizer que,

[...] a emissora enfrenta a concorrência da televisão segmentada e

perde pontos preciosos na audiência. De olho numa nova parcela da

população que, com o controle da inflação e o resgate do poder de

compra, adquire aparelhos de televisão, a Rede Globo faz uma

renovação geral. Primeiro investindo na compra de equipamentos,

cursos e treinamento para funcionários e atores, além de mudanças no

jornalismo e na linha de shows e humorismo. Depois, voltando-se para

uma programação mais “popularesca”.

Assim, a possibilidade de o telespectador escolher um programa no canal aberto,

na TV por assinatura e/ou a cabo fez com que as emissoras pensassem em moldar

programas mais interativos. E foi assim que surgiu o “Você Decide”, em 1992, da Rede

Globo, que foi o primeiro programa que seguiu estes moldes na emissora. O sucesso foi

tal que em 1993 onze países já haviam comprado seu formato para que fosse possível

fazer uma reprodução, ao invés de já comprar o produto finalizado. Assim, o programa

tinha histórias e atores distintos em cada país, respeitando suas particularidades.

No entanto, foi preciso fazer uma pesquisa aprofundada para identificar os

públicos e conhecer as expectativas dos telespectadores para conseguir atingi-los. Sobre

isso, Marques de Melo (1988) fala que a Rede Globo buscou pesquisar acerca das

prioridades e necessidades do público e foi a primeira empresa midiática no Brasil a

fazer esse tipo de reflexão. Além do mais, o autor acrescenta que há um incentivo na

popularização da programação para tentar satisfazer a audiência.

Dessa forma, com o vertiginoso crescimento da audiência no país e a exportação

de parte da programação, a Rede Globo deu início a um período de grande

desenvolvimento e conseguiu se estabelecer como uma das maiores empresas de mídia

no cenário global. Para Temer (2002, p.20),

Em 1996, a Revista Exame divulga que “Não é segredo para ninguém

que a Rede Globo de televisão, com 63% de audiência, figura entre as

quatro maiores do mundo, atrás somente das americanas ABC, NBC e

CBS”. Na mesma reportagem, a revista destaca a participação da Rede

Globo em cerca de 100 empresas que empregam um contingente de

12.500 funcionários, em ramos tão diversos como equipamentos de

telecomunicações, fonográfica, hotelaria e shopping centers, estando

no 18º lugar entre os 50 grupos privados nacionais, com um

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faturamento de 2,4 bilhões de dólares em 1995, um patrimônio líquido

de 961 milhões de dólares e um lucro de 195 milhões de dólares.

Com essas informações, pode-se ter uma noção da estrutura e da abrangência da

Rede Globo. Conhecer a criação e história da emissora nos faz entender melhor o

contexto em que ela está situada, para enfim, entender sua rápida expansão que

culminou no império que é hoje conhecido como Organizações Globo.

4.1.1 A maior emissora de televisão da América Latina

Atualmente, a Rede Globo atinge 99,72% do território nacional. São 123

emissoras51, 340 veículos próprios e afiliados que atingem mais de 200 milhões de

pessoas. Para Temer (2002, p.22), “a Rede Globo é responsável pela façanha de ser líder

num país que está ligado na TV”. Complementando este pensamento, Travancas (2007,

p.45) diz que,

Na matéria sobre os 35 anos do Jornal Nacional, não exageravam ao

afirmar que os 43 pontos no Ibope significam em torno de 31 milhões

de espectadores e mais de 60% dos televisores ligados na Tv Globo no

horário do Jornal.

Contudo, a emissora, anos atrás, garantia 45 milhões de televisores ligados em sua

programação. Atualmente, vem perdendo a hegemonia como líder de audiência por

conta dos acessos à Rede Mundial de Computadores e, também, por causa do

investimento que outros canais estão fazendo em sua grade de programação. Também

devemos levar em consideração a possibilidade de assinatura de Tv a Cabo, com

promoções e facilidades de pagamento o que faz com que muitas pessoas busquem

adquirir pacotes de Tv por assinatura. Entretanto, ainda é inegável que o Jornal

Nacional, de acordo com o jornal ‘O Estado de São Paulo’52, atinja altos índices de

audiência. Com todo seu poderio, a Globo é a primeira emissora do país a produzir

programas brasileiros e os exportar.

A Rede Globo é um enorme oligopólio midiático pertencente a família Marinho,

cujo precursor foi o jornalista Roberto Marinho, que faleceu no ano de 2003. Roberto

51 Informações retiradas do site: http://comercial2.redeglobo.com.br/atlasdecobertura/Paginas/totalizador.

aspx> - acesso em 25 de novembro de 2015. 52 Informação retirada do site: <www.estadao.com.br> - acesso em 23 de junho de 2008.

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Marinho, que foi o fundador da maior Tv brasileira, também era dono de outros meios

de comunicação como a Rádio Globo, a Editora Rio Gráfica e o Jornal O Globo, G1,

Globo Filmes, Globosat, Som Livre, dentre outros.

Com a evolução da Rede Globo no cenário mundial, o crescimento do espaço

físico da emissora também foi aumentando. Prova disso é que, em 1995, após dez anos

de construção, foi inaugurado o Projac, abreviatura de ‘Projeto Jacarepaguá, uma vez

que fica situado em Jacarepaguá, bairro do Rio de Janeiro. Vale ressaltar que o Projac

também é conhecido por Central Globo de Produções e foi idealizado ainda nos anos

80, e tem uma área construída de cento e cinquenta mil metros quadrados. Ao todo, o

Projac possui uma área de um milhão e trezentos mil metros quadrados. É o maior

centro de produção televisiva da América Latina. Apenas no espaço reservado à Central

Globo de Jornalismo, trabalham cerca de 200 jornalistas. Essa central possui ainda,

[...] três estúdios de gravação, 16 ilhas de edição em corte seco e

quatro de pós-produção, todas com cabine para gravação de textos,

sistema de iluminação computadorizado, 85 monitores e

computadores equipados com programas de última geração (TEMER,

2002, p.39).

Assim, a Rede Globo está no ranking das maiores redes de televisão do mundo. E

teve uma rápida expansão para o cenário internacional. Em 1999 foi criada a Globo

Internacional, com canal em português, voltado para um público de 5,6 milhões de

brasileiros que moram fora do país e para os portugueses em toda a Europa. A Globo

Internacional está no ar 24 horas por dia em TV paga. Sobre esse cenário, segundo

Sérgio Mattos (2002, p.159), a Rede Globo não terá problemas em galgar novos

públicos fora do país, especialmente na Espanha. Para o autor,

[...] a iniciativa não esbarra em qualquer obstáculo, uma vez que a

Rede dispõe de um acervo de trezes mil horas de programas dublados

em espanhol. O estoque é tão grande que existe a possibilidade de se

criar um canal hispânico pela Rede Globo. A única dúvida está

relacionada à forma de transmissão a ser usada pelo canal, devido ao

rápido processo de convergência das mídias (televisão e internet) e aos

avanços tecnológicos.

Dessa maneira, a Rede Globo de televisão, embora esteja inserida como mídia

mundial, está tentando se reinventar e alcançar novos patamares, especialmente em

tempos de novas tecnologias.

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4.1.2 A trajetória do Jornal Nacional

O Jornal Nacional surgiu em 1969, e teve como referência os telejornais norte-

americanos. No Brasil, ele foi o pioneiro na inauguração do sistema de micro-ondas da

Embratel, o que possibilitou a transmissão em rede nacional. Temer (2002, p.26) diz

que, o intuito da Rede Globo de Televisão era transmitir programas “[...]

simultaneamente para o Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília e

Porto Alegre, com o objetivo confesso de unir o país de Norte a Sul”. Mas por causa do

desconhecimento do fazer televisivo, pelas precárias instalações feitas para a produção

de programas e pela falta de prática no uso da aparelhagem, vários incidentes

aconteceram até que a televisão fosse aperfeiçoada no país. Sobre isso, Borgeth (2003,

p.242) nos conta que,

[...] A verdade verdadeira é que o festejado Jornal Nacional (que viria

a ser feito mais tarde, a seu tempo, é claro) foi lançado nos primeiros

dias de setembro de 1969 em virtude do incêndio das instalações da

TV Paulista, o canal 5, em 14 de julho, o que impediu que São Paulo

fizesse o seu jornalismo. Foi decidido, produzido e posto no ar às

carreiras, provocando, naturalmente, grande apreensão no Armando

[Nogueira].

O programa, que era transmitido em cadeia nacional, fugia do modelo

radiofônico, até então utilizado por outros telejornais. Com um novo tipo de linguagem

e apostando na agilidade de notícias rápidas e curtas, o JN (Jornal Nacional) foi se

expandindo até se tornar referência para o telejornalismo brasileiro. Dessa forma, o

Jornal Nacional vinha em “dobradinha” com as telenovelas e, além do mais, também

tinha um formato diferente. Segundo Priolli e Borelli (2000, p.51), “já em seu

surgimento, o telejornal propunha-se como ruptura com o padrão telejornalístico então

em voga, largamente representado pelo informativo Repórter Esso”.

Na estreia do telejornal, as matérias principais davam ênfase à notícias

internacionais e ao esporte, visto que a Copa do Mundo de Futebol, do México, estava

próxima. De acordo com o livro “Jornal Nacional: a notícia faz a história”, lançado pela

Rede Globo (2004, p.56):

Nos anos seguintes, com a criação de uma Divisão de Esportes pelo

jornalista Julio De Lamare e a chegada de novos profissionais, o

esporte começou a ganhar mais espaço no Jornal Nacional e na

programação da Rede Globo como um todo.

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Em 1982, o telejornal começa a ter problemas com polêmicas sobre possíveis

fraudes na cobertura das eleições ao governo do Rio de Janeiro. Esse episódio se repetiu

em 1984, por causa das Diretas Já. Mas, os furos de reportagem sobre a violência

policial em Diadema, na favela Naval; a apuração de fraudes na Previdência Social; a

entrevista com o foragido da justiça Paulo Cesar Farias, conhecido também como PC

Farias; e a divulgação do escândalo dos precatórios, ajudaram a restaurar parcialmente a

confiança do público.

Percebendo que a lealdade empregada ao governo havia custado muito caro à

emissora, teve-se início a produção de matérias voltadas a questões sociais, com caráter

mais humanitário. Assim, começaram a surgir na programação do telejornal matérias

mais suaves, mostrando uma nova roupagem na tentativa de mudar a imagem do

programa, pois, após anos de fidelidade aos interesses do governo – sendo conhecido

até como seu porta-voz – a emissora passou a adentrar no campo do social.

Acompanhando a utilização dessas novas formas de persuasão, percebe-se que, várias

transformações ocorreram no JN nesses mais de 45 anos de história. Dentre elas, se

destacam as mudanças dos apresentadores na bancada do telejornal, a roupagem, ou

seja, a aparência do JN e o clipe de abertura. Até mesmo o Padrão Globo de Qualidade,

que regula o horário da programação, sofreu transformações. Durante a década de 1970,

o Jornal Nacional era apresentado entre 19h45min e 19h50min, na década de 1980,

passou a ser 20h e nos anos 1990, às 20h10min. Em 2000, o horário passou a ser

20h15min e atualmente o jornal inicia às 20h30min. Sua apresentação ocorre de

segunda a sábado e tem duração de 45 minutos.

4.2 SBT história

Atual dono do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), Sílvio Santos produzia na

década de 1960 um programa independente que era transmitido aos domingos na Tv

Paulista (atual Tv Globo São Paulo). Eram duas horas de programação e, ao longo do

tempo, chegou a atingir até oito horas de duração. O modelo do programa era o de

auditório e, desde então, o apresentador buscava montar uma estrutura televisiva

própria. Esse sonho teve início em 1976, quando Sílvio Santos adquiriu a TVS (Tv

Studios), no Rio de Janeiro. Essa façanha foi feita graças à influência de amigos junto

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ao governo da época. Em especial, destaca-se Manuel de Nóbrega, humorista que

ajudou Sílvio Santos a conseguir a concessão do canal 11 (que abrigava a TVS – Tv

Studios) através da outorga do General Ernesto Geisel. Desde então surgiu o Programa

Sílvio Santos que era exibido algumas vezes das 11h às 20h todos os domingos.

Contudo, havia uma variação na duração do programa, uma vez que não seguia um

padrão estipulado.

Mais tarde, com o fechamento da Tv Tupi53, em 1980, Sílvio Santos conseguiu a

concessão de mais 4 canais de televisão, dos quais 3 pertenciam anteriormente à Tupi.

Essa concessão foi feita por João Batista Figueiredo e auxiliou no crescimento da

emissora. Com essa expansão e adquirindo canais que antes pertenciam à Tv Tupi e a

Tv Continental, a emissora foi ganhando expressividade no cenário nacional. Nesse

período, a emissora abrigava a Rede Record, Tv Corcovado e Tv Copacabana.

Mas foi só em 19 de agosto de 1981 que surgiu o Sistema Brasileiro de

Televisão – SBT, embora a marca só foi amplamente divulgada em 1989. Em seu início,

foram aproveitados os artistas e os programas da Tv Tupi e suas afiliadas para cumprir

os acordos trabalhistas feitos pela extinta emissora. Assim, houve uma mescla entre

programação nova e antiga, advindas tanto da Tupi quanto da emissora de Sílvio Santos.

Nesse sistema de reaproveitamento, o programa humorístico ‘Abertura’ que ficou no ar

por dois anos na Tv Tupi, foi utilizado também no SBT.

Por conta da programação caracterizada por programas de auditório,

apresentadas por artistas como Gugu Liberato, Raul Gil, Flávio Cavalcanti e o próprio

Sílvio Santos, o SBT cai no gosto popular. E visando aumentar seus públicos, foram

inseridas na grade de programação programas infantis como, por exemplo, o Programa

do Bozo. Em meados da década de 1980, o SBT alcançava a marca de segundo

colocado na preferência dos telespectadores, exceto no Rio de Janeiro, cujo segundo

colocado era a Tv Manchete. As telenovelas foram criadas ou importadas e, pela

primeira vez, o SBT transmitiu, em 1986, a Copa do Mundo e, em 1988, foi a vez dos

Jogos Olímpicos.

Em 1984, programas nacionais e internacional com altos índices de audiência

começaram a fazer parte da programação como ‘El Chavo del Ocho’, ‘El Chapulín

Colorado’, Mara Maravilha, Sérgio Malandro dentre outros. Em 1988, numa ostensiva

maior a Rede Globo, surge na grade do SBT programas como Cine Disney, em parceria

53 Informações retiradas do site: <http://www.arquivosbt.com/2008/05/o-inico.html> - acesso em 30 de

novembro de 2015.

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com os Estúdios Walt Disney; Jô Soares Onze e Meia, com Jô Soares; TJ Brasil,

apresentado por Boris Casoy; A Praça é Nossa, com Carlos Alberto de Nóbrega e a

partir de então o SBT investiu fortemente em programas populares e de entretenimento.

4.2.1 A estrutura

Fundado por Senor Abravanel, mais conhecido como Sílvio Santos, o Sistema

Brasileiro de Televisão – SBT - teve início no dia 19 de agosto de 1981, em São Paulo.

Atualmente, o canal, que faz parte do Grupo Sílvio Santos, possui mais nove emissoras

próprias distribuídas pelo país, são elas: SBT São Paulo, SBT Ribeirão Preto, SBT

Centro-Oeste Paulista, SBT Rio de Janeiro, SBT Nova Friburgo, SBT Brasília, SBT

Porto Alegre, SBT Belém e SBT TVI. No total, entre emissoras e afiliadas, o SBT

possui 114 canais em todo território brasileiro.

A estrutura do SBT conta com uma área total de 231 mil metros quadrados e 85

mil metros quadrados de área construída. É um dos maiores complexos de televisão da

América Latina. O CDT, Centro de Televisão ou Cidade da Televisão, como também é

chamado, que fica localizado na rodovia Anhanguera, conta com oito54 estúdios com

aproximadamente 700 metros quadrados cada um, eles possuem aparelhagem e técnicos

diferentes. O Centro de Televisão é dividido entre linhas de shows, programas,

newsroom de jornalismo55 (tanto a parte da redação quanto das bancadas dos

telejornais), novelas e programas infantis. Há também no CDT da emissora a cidade

cinematográfica (com 6 mil e 500 metros quadrados), estúdios para a realização de

reality show, além de áreas abertas para funcionários e visitantes, como lanchonete,

restaurante, academia de ginástica, ambulatório odontológico e médico, campos e

quadras esportivas. Contudo, esse complexo foi concretizado apenas em 1996. Antes, o

SBT operava em 5 lugares diferentes em São Paulo (Teatro Ataliba Leonel, Vila

Guilherme, Anhanguera, Rua Camarés e Sumaré) e, para resolver essa logística, foram

investidos US$120 milhões para criar o CDT.

54 Informações retiradas do site: <http://www.sbt.com.br/institucional/estruturasbt/> - acesso em 30 de

novembro de 2015. 55 Estúdio de jornalismo.

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Com 34 anos de existência, o SBT está presente em 97,7% dos lares que

possuem televisão no país. Ao todo, o Sistema Brasileiro de Televisão possui 114

emissoras e retransmissoras. E mantem cerca de 5 mil pessoas56 funcionários.

4.2.2 O jornalismo do SBT

O SBT começou a investir pesadamente em jornalismo no ano de 1988, com a

direção de Marcos Wilson, que era diretor de redação do jornal O Estado de São Paulo.

Assim, foram criados TJ Manhã, TJ Noite, Notícias de Primeira Página e o telejornal

ancorado por Boris Casoy, o TJ Brasil. Contudo, em 1997, o departamento de

jornalismo entrou em crise com a ida de Boris Casoy para a Rede Record e com o

desgaste da imagem do Aqui Agora. Assim, os dois telejornais considerados carros-

chefes da emissora saíram do ar.

Em 2005 houve uma tentativa de reativação do jornalismo na emissora com a

vinda de Ana Paula Padrão para apresentar o principal telejornal da emissora, o SBT

Brasil. Além do mais, foram criados telejornais no período da manhã e da noite.

Contudo, nesse mesmo ano, graças aos grandes investimentos, a Rede Record atingiu a

segunda posição no ranking de audiência, retirando o título anteriormente dado ao SBT.

Em 2008, na tentativa de consolidar o jornalismo, o SBT tentou pela terceira vez

produzir o Aqui e Agora, com quatro apresentadores (Herbert de Souza, Joyce Ribeiro,

Luiz Bacci e Christina Rocha), porém o telejornal ficou no ar menos que um mês.

Depois aconteceu a estreia do SBT Notícias, dirigido pela jornalista Neila Medeiros.

Esse telejornal durou quase dois meses, sendo substituído pela série americana, Eu, a

patroa e as crianças. Na tentativa de reestruturação, apenas em 2009, o SBT firmou sua

grade de programação, fixando um padrão de horários para os mesmos. Porém, em

2013, Sílvio Santos decidiu aumentar 2 horas na duração do programa Conexão

Repórter, comandado por Roberto Cabrini, que de quinta-feira passou a ser transmitido

no domingo. Isso fez com que os programas mais populares como Domingo Legal,

Programa da Eliana e, até mesmo, o Programa Sílvio Santos fossem alterados. Contudo,

essa drástica alteração durou pouco por conta das reclamações dos telespectadores.

56 Informações retiradas do site: <http://www.sbt.com.br/institucional/quemsomos/> - acesso em 30 de

novembro de 2015.

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4.2.3 O SBT Brasil

Em 2005, estreou no Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT Brasil, esse

telejornal foi criado para substituir o antigo, o SBT Notícias Breves, que havia caído em

descredito pela postura das apresentadoras Analice Nicolau e Cíntia Benini. Visando

garantir ao telespectador uma maior credibilidade que o telejornal anterior, o SBT

Brasil57, hoje o principal telejornal do SBT, passou a ser veiculado de segunda a sábado,

às 19h45, embora tenham ocorrido muitas variações no horário do referido telejornal:

18h30, 18h45, 19h e 21h, esse programa buscava dar uma nova roupagem ao

telejornalismo da emissora. E na perspectiva de fazer algo diferente do habitual, faz

com que seja apresentado além da notícia, a opinião dos apresentadores.

Além do mais, para caracterizar ser um telejornal de credibilidade, o programa

buscou uma das mais conceituadas jornalistas, esta que, atuou por anos na Rede Globo

de Televisão, Ana Paula Padrão58. A principal âncora do telejornal ficou na bancada

até dezembro de 2006. Contudo, vários jornalistas passaram pela bancada do SBT

Brasil, mas foi Carlos Nascimento, o jornalista que permaneceu mais tempo nesse

posto, compartilhando a apresentação com jornalistas como Juliana Alvim, Cíntia

Benini, Karyn Bravo. Também passaram pelo telejornal Joseval Peixoto e Rachel

Sheherazade.

4.3 Record

A primeira vez que a Tv Record entrou no ar foi no dia 27 de setembro de

195359, isso faz com que a emissora seja a mais antiga em atividade no Brasil até os dias

de hoje. A exibição de um programa musical deu início às transmissões da emissora,

cujo proprietário inicial era Paulo Machado de Carvalho. Na década de seu lançamento,

além de programas musicais, teatrais, humorísticos e informativos, a Tv Record investiu

também na transmissão de programas esportivos. A emissora foi a primeira rede de

televisão a transmitir externamente, transmitindo diretamente da Vila Belmiro o jogo

57 Pesquisa realizada no site: <http://200.144.189.42/ojs/index.php/famecos/article/view/405/333> -

acesso em 01 de dezembro de 2015. 58 Retirado do site: <http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/famecos/article/view/1976/1792> -

acesso em 01 de dezembro de 2015. 59 Informações retiradas do site: <http://rederecord.r7.com/historia/ > - acesso em 03 de janeiro de 2016.

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entre Santos e Palmeiras. Além do mais, foi a primeira emissora a transmitir o Prêmio

de Turfe do Brasil, diretamente do Jóquei Clube do Rio de Janeiro. Em 1954, a

emissora produziu e transmitiu o ‘Capitão 7’, primeiro seriado feito no país. Esse

seriado fez tanto sucesso que ficou no ar até meados de 1966.

Numa tentativa de expansão, em 1955 foi feita uma junção entre a Tv Record e a

Tv Rio, cuja união ficou conhecida como Emissoras Unidas, o que era vantajoso para

ambas, uma vez que compartilhavam técnicos, produções e equipamentos. Na década de

1970 a emissora passou a pertencer a Silvio Santos e foi nessa época que o Jornal da

Record estreou. No final da década de 1980 a emissora começou a investir no

jornalismo como carro-chefe de sua programação e, em 1989, a Tv Record passou a ser

de propriedade de Edir Macedo60, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus.

A emissora possui duas co-geradoras, uma localizada em São Paulo e outra no

Rio de Janeiro, denominadas, respectivamente, por Tv Record São Paulo e Tv Record

Rio de Janeiro. No ano de 2007, a Tv Record era a segunda colocada no ranking de

faturamento e também no de audiência, desbancando o SBT. Essa disputa ficou mais

acirrada em 2012, quando ambas emissoras disputavam os números de audiência

cotados pelo Ibope. Contudo, nem sempre a audiência da Record esteve com altos

índices. Na década de 1970, o investimento financeiro na emissora foi menor, o que

refletiu diretamente nos níveis de audiência que eram completamente discrepantes dos

níveis de audiência obtidos na década de 1960. Assim, nesse período conturbado da

emissora, a audiência que ela conseguia a colocava em 5ª colocada no ranking de

audiência do Ibope.

Contudo, mais tarde, a emissora voltou a investir em seu crescimento. Então, em

2010, ela obteve um rendimento de 2 bilhões e 700 milhões de reais. Valor esse que,

representa 25% do faturamento obtido em 2009. Em 2011, o lucro foi ainda maior,

obtendo 3 bilhões e 500 milhões de reais. Contudo, em 2012, o faturamento não foi tão

grande quanto o do ano anterior, atingindo a marca de 1 bilhão e 720 milhões de reais61

e, por conta disso, uma empresa de consultoria foi contratada para reformular as

estratégias de ação da emissora.

60 Informações retiradas do site: <http://www.seuhistory.com/hoje-na-historia/fundacao-da-tv-record-no-

brasil> - acesso em 03 de janeiro de 2016. 61 Informações retiradas do site: <http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/televisao/numeros-estranhos-

queda-de-50-no-faturamento-da-record-vira-alta-de-13/> - acesso em 03 de janeiro de 2016.

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A Rede Record de Televisão foi a primeira emissora brasileira a transmitir o

sinal digital e, atualmente, é a 28º maior emissora no ranking mundial. Ela possui 13

emissoras próprias e outras 101 afiliadas. A emissora expandiu seus horizontes para fora

das fronteiras do Brasil e, atualmente, está presente em mais de 150 países62 através da

Record Internacional que possui 6 canais com transmissão digital. A emissora também

está presente no Continente Africano e, em Moçambique, a Record Internacional possui

a TV Miramar com 10 canais transmitindo programações regionais.

A emissora brasileira está investindo pesadamente em teledramaturgia,

possuindo inclusive uma cidade cenográfica

4.3.1 O jornalismo

Foi só na década de 1990 que a Record investiu pesadamente no jornalismo,

conseguindo transformá-lo em seu carro-chefe. Após a criação do Jornal da Record, a

emissora investiu em outros telejornais como Cidade Alerta, Fala Brasil, Repórter

Record, Câmara Record e Domingo Espetacular, este último comandado por Paulo

Henrique Amorim. É perceptível que muitosa dos apresentadores foram contratados de

outras emissoras para apresentar os referidos programas. Assim, Marcelo Rezende foi

contratado para apresentar o Cidade Alerta, enquanto que Boris Casoy foi para o Jornal

da Record. Outros nomes de peso foram também vieram encorpar o jornalismo da

Record, como Ana Paula Padrão, Roberto Cabrini e Celso Freitas63.

4.3.2 Jornal da Record

Tendo iniciado em 1972 e, se mantido no ar até os dias de hoje, o Jornal da

Record estreou com a apresentação de Hélio Ansaldo. Em 1976, o telejornal teve seu

nome alterado para Jornal da Noite, retomando o nome anterior em 1985.

Em 1989, o Jornal da Record ganhou um novo editor-chefe, Carlos Nascimento,

âncora do telejornal. Em 2003, Chico Pinheiro foi diretor e, também, apresentador do

programa, porém, por um curto período. A bancada do Jornal da Record contou também

62 Informações retiradas do site: <http://recordinternacional.r7.com/noticias/detalhes/conheca-a-empresa-

20101026.html> - acesso em 01 de janeiro de 2016. 63 Informações retiradas do site: <http://otvfoco.com.br/conheca-mais-a-historia-da-record-que-completa-

hoje-60-anos/> - acesso em 03 de janeiro de 2016.

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com a ancoragem de Boris Casoy de 1997 até dezembro 2005. Em janeiro de 2006

estrearam na bancada os jornalistas Celso Freitas e Adriana Araújo. No período inicial

dessa nova reformulação do telejornal, com base na troca de apresentadores, outros 15

jornalistas, advindos da Rede Globo, foram contratados, uma vez que a Rede Record

havia perdido o mesmo número de profissionais para o SBT Brasil, telejornal do SBT

que acabara de ser lançado. Em 2009 foi a vez de contratar Ana Paula Padrão64, que já

havia passado pela Rede Globo e SBT. Ana Paula dividiu a bancada com Celso Freitas

e, nesse momento, Adriana Araújo se tornou correspondente internacional em Nova

York.

Durante o mês de julho de 2011 houve uma reformulação no horário do

programa jornalístico. Ele passou a ser transmitido às 19h40 para fugir do confronto de

horários com o Jornal Nacional, porém, após as transmissões dos Jogos Panamericanos

de Guadalajara, o Jornal da Record voltou a ser transmitido às 20h30, voltando ao

embate com o telejornal da Rede Globo. Com a saída de Ana Paula Padrão da emissora,

em março de 201365, Adriana Araújo volta a bancada ao lado de Celso Freitas, essa

dupla permanece até os dias de hoje apresentando o telejornal.

O Jornal da Record é transmitido de segunda à sábado, porém, com duração

diferente. Durante a semana, o telejornal é transmitido durante 60 minutos, enquanto

que, aos sábados, a duração é de 45 minutos. Celso Freitas e Adriana Araújo66 são os

apresentadores fixos, enquanto que Eduardo Ribeiro, Janine Borba, Carla Cecato e

Thalita Oliveira se revezam como apresentadores eventuais. A partir de março de 2015,

houve uma alteração no horário de transmissão do telejornal, passando a ser transmitido

às 21h30 durante a semana e, aos sábados, às 19h40.

64 Informações retiradas do site: <http://televisao.uol.com.br/ultimas-noticias/2009/05/07/ult4244u3252.jh

tm> - acesso em 03 de janeiro de 2016. 65 Informações retiradas do site: <http://noticias.r7.com/jornal-da-record/noticia/record-informa-que-ana-

paula-padrao-deixa-bancada-do-jornal-da-record/> - acesso em 03 de janeiro de 2016. 66 Informações retiradas do site: <http://noticias.r7.com/jornal-da-record/o-programa/> - acesso em 03 de

janeiro de 2016.

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4.4 Band história

A Rede Bandeirantes de Televisão é pertencente ao Grupo Bandeirantes de

Comunicação, fundado em 6 de maio de 193767 com o nome de “Sociedade

Bandeirantes de Rádio Difusão PRH-9”, a época era de propriedade de José Pires

Ribeiro Dias. No início, a rádio foi o primeiro veículo do grupo e tinha uma

programação mais elitizada, tendo inclusive, em sua inauguração, a apresentação da

Grande Orquestra, em São Paulo. Poucos anos após sua inauguração, a programação

começou a ser mais popular para abranger um público maior. Contudo, em 1947, a

emissora de rádio foi vendida ao então governador da época, Adhemar de Barros e, em

1948, João Jorge Saad assumiu a direção da emissora ao se casar com a filha de

Adhemar.

Com a rápida expansão, já em 1955, a emissora começou a funcionar 24 horas

por dia e durante toda a semana. Nesse mesmo período, foi lançado um sistema que

despendia de apenas 3 minutos para inserir os comerciais durante a programação.

Porém, o ponto forte da emissora era o setor esportivo e, já na década de 1960, a Rádio

Bandeirantes travava uma disputa acirrada sobre a transmissão esportiva com a Rádio

Panamericana, líder de audiência na época. Nas Copas do Mundo de futebol de 1958 e

1962, a Rádio Bandeirantes fez a narração completa dos referidos eventos. Porém, anos

mais tarde, com a chegada de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, também conhecido

como Boni, a Rádio Bandeirantes deixou brevemente o foco no esporte e passou a focar

em jornalismo.

Contudo, foi apenas em 1962 que a emissora fez a primeira geração simultânea

de programação. No entanto, as últimas inovações no quesito radiofônico, realizadas

pela Rádio Bandeirantes, aconteceram no ano de 1989 com a transmissão via satélite da

Bandsat e, em 1999, com a transmissão da programação via internet, esta que chegou a

ser transmitida pela Rádio Alfa Fm68, diretamente de Paris, França.

67 Informações retiradas da dissertação publicada por Maria Elvira Bonavita FEDERICO e sob título de

‘Sistema Brasileiro de Radiodifusão: estrutura e funcionamento de uma empresa’. - Universidade de São

Paulo (USP), São Paulo, 1979. 68 Informações retiradas da dissertação de mestrado publicada por Karin MÜLLER e sob título de

‘Televisão regional e rede nacional: um estudo de caso de emissoras afiliadas da Rede Bandeirantes de

Tv’. - Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2007.

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4.4.1 A Tv Bandeirantes

Na década de 1950, os interesses de Saad se voltam para a nova mídia que

estava surgindo no Brasil, a televisão. Assim, em 1954 ele conseguiu a concessão do

canal 13 e, logo em seguida, enviou técnicos à Alemanha e aos Estados Unidos para

aprenderem como trabalhar em televisão. Contudo, só após 13 anos é que a emissora foi

inaugurada, fato esse que se deu pela perda da concessão que havia conquistado durante

o governo de Getúlio Vargas. Assim, durante o governo de Juscelino Kubitschek a

concessão foi cassada, sendo mais tarde revogado esse processo.

A inauguração da Rede Bandeirantes de Televisão aconteceu em 13 de maio de

1967 e a primeira transmissão mostrou o discurso do presidente da emissora. Além do

mais, durante a inauguração da emissora estavam presentes o Presidente do Brasil na

época, Costa e Siva; o Governador de São Paulo, Abreu Sodré e o Prefeito da cidade,

Faria Lima, além dos secretários e Ministros do Estado.

No início, a Tv Bandeirantes não contava com nenhum tipo de publicidade, e o

que separava os programas era o aparecimento de uma mascote da emissora, conhecido

pelo nome de “coelho bandeirante”. A programação também contava com telenovelas,

já a primeira exibida pela emissora foi ‘Os miseráveis’ escrita por Chico de Assis e

Walter Negrão que, na época, estipularam que cada episódio deveria ter 45 minutos,

fato esse que, se tornou um padrão na teledramaturgia.

Em 1969, um trágico acidente acometeu a emissora. Um incêndio69 devastador

destruiu a sede da Tv, que ficava localizada no Morumbi, em São Paulo. O saldo final

foi a perda de todos os equipamentos da Tv Bandeirantes e a demissão de 50% dos

empregados. Contudo, a transmissão não parou nesse período, todo o trabalho era feito

dentro do Teatro Bandeirantes. No entanto, a emissora continuava investindo em

transmissão esportiva, tanto que, em 1970, transmitiu a Copa do Mundo do México, ao

vivo e pela primeira vez. Essa foi a primeira transmissão ao vivo de uma Copa do

Mundo para o povo brasileiro, posteriormente foi a vez das Olimpíadas.

Em 1975, a emissora começou a se expandir para Belo Horizonte, com a compra

da Tv Vila Rica, que foi rebatizada para Tv Bandeirantes de Belo Horizonte. Em 1979,

já recuperada dos estragos causados pelo incêndio, a emissora passou a operar com

69 Informações retiradas do site: <http://www.tv-pesquisa.com.puc-rio.br/ImprimDoc.asp?Cod Registro=1

470> - acesso em 20 de dezembro de 2015.

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imagens coloridas e com tecnologia da Embratel. Um grande marco para a Rede

Bandeirantes é que a emissora foi a primeira emissora a transmitir toda sua

programação em cores e, nessa época, até seu símbolo sofreu alterações, deixou de ser

um coelho e passou a ser um pavão, exuberante e em cores. Na época, a programação

era composta basicamente por musicais de cantores consagrados da MPB, programas

esportivos, filmes e telejornais70.

A Tv Guanabara que, em 1978, passou a ser chamada de Tv Bandeirantes, foi

adquirida após a emissora estar presente em Belo Horizonte. Na década de 80, o Grupo

Bandeirantes possuía 24 emissoras, o dobro do que possuía na década de 1970.

Contudo, sua expansão por todo território nacional não foi um processo simples, tendo

em vista que a Embratel, em alguns Estados, não possuía disponibilidade, pois, a Rede

Globo e a Tv Tupi já ocupavam os canais existentes. Por conta disso, após alguns anos,

a Tv Bandeirantes conseguiu, enfim, com o auxilio tecnológico da Intelsat e Embratel

transmitir sua programação em nível nacional através da tecnologia via satélite. Assim,

a Tv Bandeirantes foi a primeira emissora da América Latina a lograr tal feito.

Atualmente, a Tv Bandeirantes conta com afiliadas nos 27 estados brasileiros,

possui 9 filiais espalhadas pelo Brasil. No sul (uma no Paraná e uma no Rio Grande do

Sul), no sudeste (uma em Minas Gerais, uma no Rio de Janeiro, 3 em São Paulo) e no

nordeste (Salvador), além de sua sede em São Paulo.

Em 1981, a Band recebeu o reforço de Walter Clark71 como diretor geral de

programação para tentar ajustar os horários e fazer o que ele já tinha realizado em outras

emissoras, a padronização da programação. Atualmente, o Grupo Bandeirantes possui

empresas distribuídas entre jornal, canal fechado de televisão, Tv Band, Play Tv, Canal

Terra Viva, Canal BandSport, Tv BandNews, Tv Cidade, Rede Band FM, Rádio

BandNews, Rádio Bandeirantes, Jornal Primeira Mão, Metro e Band Music.

4.4.2 Jornal da Band

Vindo para substituir o “Titulares da Notícia”, o Jornal da Band teve início em

1977, porém, até 1997 era chamado de Jornal da Bandeirantes. O nome ‘Band’ é o

apelido acolhido pela emissora desde 1993. Já passaram pela bancada jornalistas como:

70 Informações retiradas do site: <http://www.museudatv.com.br/historiadasemissoras/tvbandeirantes.

htm> - acesso em 20 de dezembro de 2015. 71 Também atuou na Rede Globo de Televisão.

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Geraldo Ribeiro, Joelmir Beting, Ronaldo Rosas, Luiz Santoro, Salomão Ésper, Ferreira

Martins, Belisa Ribeiro, Marília Gabriela, Marcos Hummel, Geraldo Canali, Janine

Borba, Letícia Levy, Carlos Nascimento, Chico Pinheiro, Mariana Ferrão, Paulo

Henrique Amorin, Carla Vilhena, Ticiana Villas Boas. Mas, atualmente é apresentado

por Ricardo Boechat e Paloma Tocci.

4.5 Início do Portal Terra

O Portal Terra tem origem com a criação da empresa de revenda de softwares

Nutec Informática S.A., iniciada em 1988 por Marcelo Lacerda e Sérgio Pretto. A

empresa, criada em Porto Alegre, mantinha sede em São Paulo e, também, nos Estados

Unidos. Assim, a Nutec, que mantinha contato com universidades norte-americanas e

buscava investir em novos mercados, teve conhecimento sobre a tecnologia que estava

em alta nos Estados Unidos, a internet.

Na tentativa de alavancar a internet no Brasil, foi criada em 1995 a Nutecnet,

que começou no país com a ferramenta de correio eletrônico. Em busca de expandir

seus negócios, a Nutecnet foi adquirida pelo Grupo RBS72, que visava criar um canal

interativo na web e, graças ao seu modelo de gestão, foi possível desenvolver franquias,

o que alastrou os negócios da empresa de internet. Em dezembro de 1996 foi lançado o

portal e, também, o provedor de internet, conhecido por ZAZ. Esse provedor

disponibilizava ferramentas das quais, algumas, são utilizadas até os dias atuais como:

chat, guia de cidades (primeiramente denominado de Cidade Virtual) e vestibular. Outro

serviço pioneiro, proporcionado pelo ZAZ, foi o webcasting, este que, disponibilizava

notícias de mídias como IstoÉ, Zero Hora, O Globo, Correio Braziliense, Agência

Estado dentre outras. Com tantos serviços disponíveis, antes de completar um ano, o

ZAZ já tinha destaque no cenário Brasileiro.

Em 1999, o nome ZAZ foi mudado para Terra, pois, graças a escolha da empresa

espanhola, Telefônica, em disseminar a internet pela América Latina através do

provedor ZAZ, decidiu-se criar uma joint-venture73 entre os dois criadores da antiga

Nutec, Marcelo Lacerda e Ségio Pretto, juntamente com a RBS. Assim, foi formada a

72 Informações retiradas do site: <http://www.microsoft.com/brasil/pr/rbsnbc.htm> - acesso em 28 de

dezembro de 2015. 73 É uma união entre empresas, sem caráter definitivo, para realizar algum empreendimento comercial no

qual serão divididas as responsabilidades, lucros, tarefas, dentre outros.

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124

Terra Networks, que continuou a ser uma rede de portais e ISP (Internet Service

Provider) que passaria a ser conhecida por Terra. O Terra passou a ser uma empresa que

faz parte do Grupo Telefônica, sendo conhecida na América Latina e na Europa. Esse

conglomerado está presente em 18 países como Estados Unidos, México, Colômbia,

Peru, Chile, Guatemala, Honduras, Costa Rica, Argentina, El Salvador, Equador, Porto

Rico, Uruguai, Nicarágua dentre outros.

Com o decorrer do tempo, outras empresas foram se acoplando ao Terra, como é

o caso da norte-americana Lycos Inc., que uniu-se ao Terra Networks74 em outubro de

2000, fazendo com que o nome da empresa mudasse para Terra Lycos. Essa junção fez

com que o Terra Lycos se tornasse uma das mais populares redes de internet do mundo.

Contudo, em 2004, a empresa Daum Communications, da Coréia do Sul, adquiriu a

Lycos Inc, finalizando sua parceria com o Terra.

4.5.1 O Portal Terra

O Terra75 investiu pesadamente na implantação de tecnologia de transmissão de

dados via banda larga e, desde os anos 2000, oferece internet via satélite, cabo, telefone,

wifi, celular e EVDO76 da Vivo. Segundo o próprio Portal Terra, o provedor está em

mais de duas mil cidades brasileiras. Possuem cerca de 1 milhão e 700 mil assinantes77.

O Terra já alterou algumas vezes o layout de seu portal. Em 2009, foi criado o

projeto chamado Átomo, desenvolvido pela empresa Razorfish, que visava construir um

layout para criar uma melhor interação entre usuários e multiplataformas. Para tanto, foi

investido 10 milhões de dólares78 para que o novo layout fosse concretizado, o projeto

foi denominado ‘Portal do Futuro’. Ao todo, 400 profissionais do próprio Terra79 e 300

especialistas em design de internet trabalharam no projeto que foi utilizado nos Estados

74 Informações retiradas do site: <http://www.wsj.com/articles/SB958498009285477979 > - acesso em 28

de dezembro de 2015. 75 Informações retiradas do site: <http://www.terra.com.br/> - acesso em 24 de janeiro de 2015. 76 Evolution Data Optimized- tecnologia de terceira geração do CDMA, na qual o custo pela transmissão

é mais barato. 77 Informações retiradas do site: <http://tecnologia.terra.com.br/internet10anos/interna/0,,OI542329-

EI5029,00.html> - acesso em 28 de dezembro de 2015. 78 Informações retiradas do site: <http://propmark.com.br/midia/terra-investe-us-10-milhoes-em-novo-

layout> - acesso em 19 de dezembro de 2015. 79 Informações retiradas do site: <http://portalimprensa.com.br/noticias/ultimas_noticias/23068/novo +lay

out+do+portal+terra+integra+conteudos+com+ferramentas+sociais> - acesso em 29 de dezembro de

2015.

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Unidos e, também, em 16 países da América Latina. A alteração principal foi na

tecnologia e não nas informações em si.

Em 2014, houve uma nova alteração no layout do Portal. Dessa vez, seguia-se a

tentativa de aprimorar a navegação móvel, além de tentar customizar a plataforma para

que cada usuário pudesse ter um “Terra” diferente, dependendo do tipo de informação

que ele visualiza no site. Essa mudança de menor escala, comparada com as alterações

feitas em 2009, foi chamada de Novo Terra80. Em questão de ferramentas multimídias, o

portal possui a Terra Tv e a Rádio Terra81. Com todas as ferramentas que o Terra

disponibiliza, em 2012 foi considerado pela pesquisa ‘Marcas de quem decide’ como o

líder na categoria sobre sites de notícias. Contudo, embora o Portal Terra esteja em

primeiro lugar nos mais acessados, ele vem perdendo espaço para outros portais como o

G182. Essa queda na preferência dos usuários pode estar atrelada a demissão de 60

jornalistas83 e ao anúncio de fechamento de sucursais em Brasília, Rio de Janeiro e

Porto Alegre, onde a empresa começou.

4.5.2 Vc repórter

O Portal Terra possui um espaço autodeclarado como um canal de jornalismo

participativo chamado de ‘Vc repórter’84. Nessa plataforma, que está em atividade desde

fevereiro de 2006, o usuário de internet tem o poder de se transformar num interagente,

tornando-se um produtor de notícias. Para tanto, é necessário preencher um cadastro e

aceitar os termos de compromisso propostos pelo portal. Embora exista rapidez na

publicação do material criado pelos interagentes, todo o conteúdo passa pelo crivo dos

editores (curadores). No Vc repórter, o interagente pode enviar textos, vídeos, fotos e

áudio. Há também a possibilidade de criação de fotologs e blogs e utilizar, através de

redes sociais, o chat ou até mesmo o Whatsapp. Nesse espaço há as manchetes das

matérias já enviadas por interagentes, também há um espaço para se cadastrar e enviar

80 Informações retiradas do site: <http://codigofonte.uol.com.br/noticias/portal-terra-muda-de-layout-

para-se-adequar-as-plataformas-moveis> - acesso em 29 de dezembro de 2015. 81 Informações retiradas do site: <http://www.terra.com.br/> - acesso em 29 de dezembro de 2015. 82 Informações retiradas do site: <http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2015/03/institucional/marcas_de_quem

_decide/435582-terra-perde-mais-pontos-nos-dois-quesitos-mas-continua-liderando.html> - acesso em 30

de dezembro de 2015. 83 Informações retiradas do site: <http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=204418>- acesso em 30 de

dezembro de 2015.

84 Informações retiradas do site: <http://vcreporter.terra.com.br/> - acesso em 24 de janeiro de 2016.

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matérias e, por fim, um tópico que dá algumas dicas sobre como escrever o texto com

objetividade, respondendo as questões do Lead e também ensina como enviar vídeos,

áudio e fotos digitais85.

4.6. História do O Globo

O jornal O Globo86 não foi o primeiro jornal impresso de propriedade de Irineu

Marinho. Em 1911, o jornalista havia fundado um jornal vespertino conhecido por ‘A

noite’, contudo, a direção do jornal foi entregue a um dos seus sócios na expectativa de

conseguir acionistas. Contudo, o trato não foi cumprido, o que fez com que Irineu

Marinho perdesse o repasse de ações e, também, o jornal.

Posteriormente, Irineu Marinho empenhou-se em produzir um jornal que

possuísse identificação com o Rio de Janeiro, surgindo assim, em 29 de julho de 1925, o

jornal O Globo. Alguns jornalistas que, antes faziam parte do jornal ‘A noite’, se

juntaram a equipe do novo jornal, sob o comando de Irineu Marinho. Contudo, sua

passagem foi breve pelo jornal, pois ele faleceu em 21 de agosto de 1925. A partir daí, o

jornal foi comandado por Eurycles de Matos, amigo de Irineu Marinho. Após a morte

de Eurycles, quase 6 anos após assumir o Jornal O Globo, o comando da empresa

passou para o filho primogênito de Irineu Marinho, Roberto Marinho que, na época,

tinha 26 anos de idade. E foi no dia 8 de maio de 1931 que o jornalista Roberto Marinho

passou a ocupar o cargo de diretor-redator-chefe do jornal.

Buscando aprimorar a tecnologia utilizada no jornal, em agosto 1936, o jornal O

Globo publicou a primeira telefoto87 brasileira. Na ocasião, durante a Olimpíada de

Berlim, a nadadora Piedade Coutinho havia atingido a classificação para os 400 metros

nado livre dentre outras conquistas. Durante a II Guerra Mundial, foi a vez de estampar

no jornal a primeira radiofoto88 do conflito, porém, apenas em 1959 foi publicada a

primeira radiofoto colorida da América Latina. A telefoto só veio a ser concretizada em

1979, assim, percebe-se que o desenvolvimento tecnológico vinha sendo incorporado ao

jornal, porém, não era o único setor em expansão. Em 1954, o espaço físico também foi

85Informações retiradas do site: <http://vcreporter.terra.com.br/como-participar,445fafca2034b310V

gnVCM3000009acceb0aRCRD.html?vgnextfmt=fmtSg2> - acesso em 30 de dezembro de 2015. 86 Informações retiradas do site: <http://memoria.oglobo.globo.com/linha-do-tempo/morre-roberto-

marinho-9199412> - acesso em 30 de dezembro de 2015. 87 Imagem transmitida ou recebida a distância através de ondas hertzianas. 88 Informações retiradas do site: < http://wp.clicrbs.com.br/almanaquegaucho/2012/06/01/radiofotos-

telefotos-avioes-internet/?topo=13,1,1,,,13> acesso em 7 de fevereiro de 2016.

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expandido, fora construído um prédio sede com cinco pavimentos para abrigar todo o

processo do jornal como recepção, oficinas gráficas, redação, espaço para radiofotos,

telefotos, teletipos dentre outros.

Em ampla expansão e aceitação por parte do público, em 1972, o jornal O Globo

passou a ser veiculado aos domingos e, em 1982, foi a vez que criar suplementos

conhecidos como ‘Jornais de Bairros’, estes que deram vida ao projeto ‘Rio de bairro

em bairro’, criado pelo jornalista Péricles de Barros em 1963. A ideia de se fazer o

Jornal de Bairros tinha como foco criar uma proximidade com o público. Portanto,

informações que não teriam espaço no jornal O Globo poderiam ser colocadas nos

cadernos de bairros, o que causava grande empatia por parte de seus moradores.

Em meados de 1986 foi a vez de informatizar as redações, substituindo as

antigas máquinas de escrever por terminais de computadores. O departamento de arte

também foi mais bem equipado. A tecnologia proporcionou que mapas e ilustrações,

por exemplo, que gastavam no mínimo 5 horas para serem feitos, passassem a ser

desenvolvidos em pouco mais de meia hora.

O setor de diagramação só foi inovado em 1995, o que deu mais agilidade no

processo. Essa guinada tecnológica do jornal O Globo possibilitou que ele, atualmente,

tornasse a produção do jornal totalmente digital. Ainda em 1995, a apresentação gráfica

do periódico foi totalmente alterada. Com um novo projeto gráfico, desenvolvido pela

empresa de designers Milton Glaser e Walter Bernard, em Nova Iorque, adotando uma

tipografia moderna e adequando o logotipo do jornal para as cores da bandeira do

Brasil.

Em 6 de agosto de 2003, o jornalista Roberto Marinho faleceu aos 98 anos. Seus

filhos Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho e José Roberto Marinho

assumiram todos os empreendimentos das Organizações Globo e em editorial, dois dias

após a morte do pai, prometeram ampliar o compromisso iniciado pelo avô, Irineu

Marinho. E nessa tentativa, em 2012, novas alterações foram feitas para propiciar ao

jornal uma vida longa enquanto veículo impresso. Essa foi a nona alteração realizada no

padrão gráfico do jornal.

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4.6.1 O Globo - site

Em julho de 2006, o portal digital do jornal O Globo ganhou vida. Na tentativa

de criar algo que fosse além do jornal impresso, o Globo On foi uma união entre

jornalismo e prestação de serviços. Contudo, ainda parecia com a digitalização do

material impresso. Porém, a criação do site foi o começo para o desenvolvimento da

plataforma digital89. Em 2007, o portal estava pronto para atender também a plataformas

como, o celular, por exemplo, já em 2009, iPhones já acessavam o Eu repórter.

Embora O Globo possua uma plataforma digital a parte, uma vez que está

atrelada ao jornal impresso, atualmente as plataformas digitais das Organizações Globo

encontram-se sob o domínio Globo.com, são elas: O Globo, G1, Globoesporte, Gshow

dentre outros. Atualmente, o Globo.com é o 6º site mais acessado no Brasil e o 146º

mais acessado no mundo, segundo dados da Alexa90.

4.6.2 Eu repórter

A plataforma Eu repórter91 é pertencente ao portal do jornal O Globo, que

disponibiliza esse canal para colaboração. Nessa plataforma é possível colaborar com

textos, fotos, vídeos e áudios, porém, assim como o Vc repórter, é preciso preencher um

cadastro para conseguir enviar material colaborativo, além de estar de acordo com as

normas estipuladas e os direitos autorais. O material recebido é organizado e checado

pela equipe (curadores) e, apenas após essa checagem, o material é publicado no site.

As informações podem ser enviadas tanto por computadores quando celulares, e é

possível enviá-las também através do Whatsapp disponibilizado pelo portal.

No portal do Eu repórter é possível encontrar, por exemplo, um texto com dicas

de como fazer um flagrante. Nele também é possível encontrar explicação de como

escrever o lead jornalístico. Ainda na plataforma Eu repórter é informado ao interagente

que o material enviado por ele poderá ser utilizado tanto na versão impressa quanto na

versão online de O Globo, como consta no termo de compromisso.

89 Informações retiradas do site: <http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/globo-

com-implementa-equipamentos-da-f5-networks-e-garante-o-acesso-de-quase-12-milhoes-de-visitantes-

unicos-em-fevereiro/39714/> - acesso em 24 de janeiro de 2016. 90 Informações retiradas do site: <http://www.alexa.com/siteinfo/globo.com> - acesso em 24 de janeiro de

2016. 91 Informações retiradas do site: <http://oglobo.globo.com/eu-reporter/> - acesso em 24 de janeiro de

2016.

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4.7 G1

Lançado em 18 de setembro de 2006, o site de notícias G1 é coordenado pela

Central Globo de Jornalismo sendo um dos mais acessados sites de notícias do Brasil. A

utilização de diversas mídias em uma única plataforma possibilitou ao G1 ser

abastecido por notícias dos demais veículos do Grupo Globo, como Globo News, O

Globo, Rádio Globo, Rede Globo, Diário de São Paulo, Globo Rural, Revista Época,

CBN, além de matérias produzidas por jornalistas próprios do portal G1.

4.7.1 Vc no G1

A plataforma colaborativa do G1 chama-se ‘Vc no G1’. Lá é possível enviar

textos, fotos e vídeos tanto através do computador quanto do celular, este último,

demanda que seja instalado um aplicativo próprio para o envio de material.

Na plataforma do Vc no G192 há duas vertentes de notícias, texto em forma de

relato por parte do interagente e, também, textos de interagentes com acréscimo de

informações por parte da equipe. Para enviar o material, é preciso fazer um cadastro e se

conectar a plataforma, aceitando os termos propostos pelo G1, assim como outras

plataformas colaborativas descritas acima.

Após realizar o login, é possível encontrar dicas de como produzir o material a

ser enviado. Há um espaço para perguntas mais frequentes, caso o interagente tenha

alguma dúvida em como proceder na plataforma. Os comentários enviados sobre as

matérias são previamente analisados pela equipe do G1 e, posteriormente, divulgados.

As cinco matérias mais votadas pelos internautas são disponibilizadas no portal do G1.

92 Informações retiradas do site: <http://g1.globo.com/vc-no-g1/> - acesso em 24 de janeiro de 2016.

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CAPÍTULO V – A PESQUISA

5.1 Procedimentos metodológicos

Toda pesquisa envolve esforço e disciplina, principalmente na hora de analisar os

dados. Segundo Koche (1997, p.121),

[...] pesquisar significa identificar uma dúvida que necessite ser

esclarecida, construir e executar o processo que apresenta a solução

desta, quando não há teorias que a expliquem ou quando as teorias que

existem não estão aptas para fazê-lo.

Contudo, acreditamos que para um melhor desenvolvimento deste trabalho, a

análise quantitativa será melhor empregada, pois, o que será analisado é a interação

entre conteúdo colaborativo postado em um ambiente onde muitos têm acesso, a

internet, e o conteúdo broadcast fornecido por quatro telejornais massivos de grande

abrangência. Dessa forma, apresentar dados quantitativos é uma maneira de aproximar o

resultado ao máximo da realidade da temática, uma vez que, para tanto, houve

cruzamento desses dados coletados para averiguar a hipótese, que aponta que tendo em

vista que o primeiro telejornal surgiu há mais de 65 anos, e a partir de então, foi-se

construindo ao longo do tempo um vínculo de credibilidade com o telespectador, é

possível pensar que o interagente utilize os mesmos critérios de escolha dos telejornais e

reproduza informações semelhantes em sites de conteúdo colaborativo.

A pesquisa quantitativa “deve ser utilizada para abarcar, do ponto de vista social,

grandes aglomerados de dados [...], classificando-os e tornando-os inteligíveis através

de variáveis” (MINAYO; SANCHES, 1993, p.9). Sobre esse mesmo assunto, Soares

(2005, p.2) afirma que, “no desenvolvimento da pesquisa de natureza quantitativa

devem-se formular hipóteses e classificar a relação entre as variáveis para garantir a

precisão dos resultados, evitando contradições no processo de análise e interpretação”.

Assim, para a realização desta pesquisa, foram coletadas as manchetes dos sites

Terra, O Globo e G1, que possibilitam interação colaborativa, respectivamente

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conhecidos por ‘Vc repórter’, ‘Eu repórter’ e ‘Vc no G1’ em oposição aos veículos

broadcasts Jornal Nacional, SBT Brasil, Jornal da Record e Jornal da Band. Dessa

forma, o conteúdo colaborativo será comparado aos canais broadcasts para checar se

houve alguma informação dada pelos veículos massivos e que foi também mencionada

nos sites colaborativos.

Portanto, o problema de pesquisa, que tem a seguinte indagação responda: ‘será

que mesmo com aumento da possibilidade de acesso a diversas formas e tipos de

interatividade com conteúdos informativos, há indicadores que sinalizam que os

interagentes, quando utilizam espaços de colaboração de sites de empresas jornalísticas,

se valem das mesmas referências noticiosas que são produzidas originalmente em

jornais televisivos?’, seja respondido, as amostras utilizadas nos três sites supracitados

e nos veículos broadcasts serão diárias. Por conta disso, foi coletado nas ‘home pages’

de cada um dos sites, o conteúdo postado nas manchetes das matérias e, assim,

posteriormente, foi criado um banco de dados com informações como, data, manchete,

palavras iguais usadas nas chamadas e o link das matérias. O mesmo procedimento foi

feito nos veículos televisivos. Portanto, a análise foi feita da seguinte maneira: a

pesquisadora buscou no banco de dados palavras idênticas nas manchetes dos

telejornais e nos conteúdos colaborativos, para assim, tentar encontrar informações ou

notícias semelhantes. O critério para captura das palavras idênticas levou em

consideração a data da busca.

Dessa forma, como se pode ver no gráfico abaixo, do lado esquerdo está o

telejornal ‘Jornal Nacional’ e suas respectivas manchetes na data de 03/12/2014; já no

lado direito do gráfico, está o veículo colaborativo, Vc Repórter e as respectivas

manchetes encontradas também em 03/12/2014, ambas pelo programa de busca criado

para esta pesquisa. Nota-se igualdade entre as seguintes palavras-chave: incêndio,

atinge, são e Paulo, como mostra o quadro abaixo:

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Figura 7: Plataforma criada com os dados para a análise

Fonte: http://104.236.228.109:3000/

Para que esta pesquisa fosse possível, foi criada uma ferramenta de busca,

denominada de News Crawler App, que está, a priori, disponibilizada sobre a referência

http://104.236.228.109:3000/#. Essa ferramenta, construída através de crawlers93

possibilita fazer o comparativo das notícias coletadas diariamente. Assim, é possível

destacar os veículos utilizados, a data da comparação, as manchetes e, também, as

palavras idênticas existentes entre os veículos. E clicando na manchete, o link direto

com a matéria completa é disponibilizado.

Contudo, em se tratando de uma comparação entre dois veículos completamente

diferentes, como é o caso da televisão e internet, se faz necessário analisar algo que

ambos possuam em comum. Nesse caso, optou-se por checar apenas os textos

noticiosos informativos94 uma vez que o núcleo comum de ambos é a informação em si.

A opção de analisar a informação fornecida por ambas plataformas se deu pela fato da

diversidade de recursos que elas utilizam. Assim, o som, os vídeos, as fotos, os links são

recursos diversos, usados de maneira diferente na TV e na internet. Nesse sentido,

[...] é necessário repetir que cinema, vídeo e TV têm também caráter

discursivo verbal, na medida em que são necessariamente narrativos

93 São robôs utilizados para fazer buscas e indexar páginas de sites. Ele é capaz de encontrar informações

nas páginas e manter um banco de dados atualizado com as informações coletadas. Também são

conhecidos por ‘Spider’ ou ‘Bot’. 94 Será explicado mais adiante o que é um texto informativo.

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ou descritivos. Isso quer dizer que subjacente ao que costuma ser

chamado de audiovisual, há uma camada de discursividade que

sustenta o argumento daquilo que parece em forma de som e imagem

(SANTAELLA, 2005, p. 386-397).

Essa camada de discursividade também pode ser encontrada na internet. Nesse

sentido, para que sejam aplicados os mesmos parâmetros para as duas plataformas, a

análise do texto em cada uma delas será o objeto deste trabalho.

Porém, alguns parâmetros devem ser impostos, uma vez que, busca-se encontrar

matérias semelhantes entre os veículos broadcasts e colaborativos na tentativa de

localizar interagendamentos entre eles. Dessa forma, essa pesquisa buscou averiguar se

matérias postadas nos 3 sites colaborativos, já citados, foram postadas até 24 horas antes

ou após a transmissão dos telejornais. Caso a matéria tenha sido postada anterior ou

posteriormente a esse período de 24 horas, ela deve ser descartada, pois foi levado em

consideração que não houve influencia direta do conteúdo broadcast, uma vez que as

pessoas são bombardeadas diariamente por informações de diversos veículos. Pretende-

se também checar se há relação entre o tipo técnico de informação televisiva95 influindo

nas informações transmitidas por veículos colaborativos. Contudo, como as postagens

dos sites colaborativos não seguem um horário estipulado, assim como é feito nos

telejornais, também será coletado matérias semelhantes que, eventualmente, esteja em

data posterior, porém obedecendo ao período de 24 horas da veiculação. Explicando

melhor, se uma matéria foi transmitida pelo Jornal Nacional no dia 10 de dezembro de

2014, às 21 horas, a mesma temática poderá ser encontrada em algum site colaborativo

analisado às 9h30 do dia 11 de dezembro de 2014. Assim, elas estão dentro de um prazo

de 24 horas da divulgação no broadcast, porém, possuem datas diferentes.

Nesse sentido, todo o processo de análise será realizado sempre em duas etapas,

a primeira analisará possíveis interagendamentos com a mesma data, e a segunda que

analisará possíveis interagendamentos com datas diferentes, porém, dentro de 24 horas

da postagem.

Quanto ao número de palavras usadas como busca no banco de dados, a pesquisa

se limitou entre 2 (duas) e 5 (cinco) palavras idênticas, pois, acredita-se que, esse

número seja suficiente para localizar matérias semelhantes nos veículos, uma vez que as

manchetes devem ser, segundo as regras e padrões do jornalismo, concisas, diretas e

gerar impacto no telespectador ou internauta. Como os títulos (manchetes) das matérias

95 Pirâmide invertida, fontes, dentre outros.

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não devem ser extensos e devem usar de palavras claras para atender a todos os

públicos, acredita-se que fazer a busca por palavras idênticas irá suprir a necessidade

desta pesquisa.

Para a análise do material foi utilizado o método análise de conteúdo, que teve

por base o livro de Laurencce Bardin, “Análise de conteúdo”. Acredita-se que, assim

seja possível ter um entendimento melhor sobre o que a presente pesquisa buscou

explicar. A coleta de dados durou 3 meses. E para tanto, a data escolhida para coleta das

informações foi de 1 dezembro de 2014 até 28 de fevereiro de 2015. A opção por esse

período foi aleatória.

Devido a grande quantidade de dados coletados, ficou reforçado que a melhor

maneira para analisá-los é através da análise de conteúdo, que nos possibilita perceber e

catalogar a manifestação do fenômeno a ser estudado. Segundo Krippendorff (1980,

p.33), a análise de conteúdo é,

[...] capaz, primeiro, de aceitar como dados comunicações simbólicas

relativamente desestruturadas, e, segundo, de analisar fenômenos não

observáveis através da mediação de dados conectados com o

fenômeno, independente de a linguagem estar envolvida.

Contudo, esse tipo de análise busca evidenciar o contexto a partir da relação

entre os dados. Ainda segundo o autor, essa técnica de pesquisa é válida e embasa

inferências possíveis de serem reproduzidas com base nos dados coletados. Sobre isso,

Bardin (1977, p.31) explica o método como sendo “um conjunto de técnicas de análise

das comunicações”. A autora ressalta também que,

O fator comum destas técnicas múltiplas e multiplicadas – desde o

cálculo de freqüências que fornece dados cifrados, até à extracção de

estruturas traduzíveis em modelos – é uma hermenêutica controlada,

baseada na dedução: a inferência. (BARDIN, 1977, p.9).

Contudo, a autora reforça a ideia de que esse tipo de estudo possibilita o uso de

técnicas estatísticas e também computacionais. Ainda para Bardin (1977), existe uma

hierarquização dos processos metodológicos. A começar pela pré-análise, que visa

coletar e organizar o material a ser estudado. Em segundo plano está a exploração do

material, que busca catalogar de maneira que demostre as características do conteúdo

em questão. E por último, o tratamento dos resultados, inferência e informatização da

análise, que é uma análise crítica e reflexiva acerca dos dados coletados.

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5.2 A análise de conteúdo

Graças a grande flexibilidade da análise de conteúdo, é fácil a adaptação da

pesquisa a esse método. Porém, “é necessário que sejam estabelecidos critérios para a

validação dos resultados, para que outras pessoas possam comprovar se as inferências

são de fato exatas” (FONSECA JÚNIOR, 2008, p.288).

Dessa forma, a análise de conteúdo seguirá os preceitos que Laurence Bardin

posta em seu livro ‘Análise de conteúdo’. Este que, é referendado por outros autores,

como Fonseca Junior (2008) e que nos auxilia na validação desta. Assim, segundo o

livro de Laurence Bardin, há 3 polos distintos para o desenvolvimento da análise de

conteúdo, que são: pré – análise, exploração do material (codificação e categorização) e

por fim temos e tratamento dos resultados (inferência e informatização da análise). Ao

longo deste capítulo, iremos explicar cada um dos passos e descrever como foram

adaptados à presente pesquisa.

5.2.1 Pré-análise

A pré-análise é a primeira etapa e visa a escolha do material a ser analisado. No

caso desta pesquisa, a seleção dos três sites de conteúdo colaborativo se deu pelo fato de

serem pertencentes a grandes empresas de mídia, como o Portal Terra (Vc repórter) e as

Organizações Globo (Vc no G1 e Eu repórter).

Já a escolha dos telejornais se deu com base no catálogo da Pesquisa Brasileira

de Mídia dos anos 2013 e 2014, em que os telejornais escolhidos foram os que

obtiveram maior audiência em suas respectivas emissoras. Assim, cada telejornal faz

parte de uma emissora de canal aberto, sendo: Jornal Nacional (Rede Globo), SBT

Brasil (SBT), Jornal da Record (Rede Record) e Jornal da Band (Bandeirantes).

Uma vez definido os veículos, foi necessário delimitar o tempo da coleta de

material para análise. Assim, esta pesquisa trabalha com um corpus de 3 meses de

coleta dos veículos supracitados. Dessa maneira, o material da análise foi coletado e

organizado para a próxima etapa da análise de conteúdo, que é a exploração do material.

Essa exploração do material divide-se em duas partes, a codificação e a categorização,

como veremos a seguir.

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136

5.2.2 Codificação – exploração do material

A Codificação, que é a segunda etapa apontada por Bardin, visa transformar os

dados brutos coletados em algo mais inteligível. E nesse sentido, se faz necessário traçar

o recorte específico para a análise, ou seja, escolher as unidades de registro96

necessárias para o desenvolvimento da pesquisa, como veremos abaixo. Assim, a

presente pesquisa optou por analisar manchetes que possuam entre duas e cinco palavras

idênticas. Acredita-se que assim, será possível encontrar matérias que sejam

semelhantes (mesma temática) entre os veículos colaborativos e broadcasts. Além do

que, pensa-se que caso o texto, tanto no colaborativo quanto no broadcast, contenha as

mesmas palavras, o processo de redação da matéria poderá ser semelhante, o que

corrobora para a contextualização de que de alguma maneira o preceito de Giddens

(1991), em que o indivíduo tende a crer que a produção jornalística, por possuir

preceitos técnicos, informa de maneira segura, o que proporciona um sistema de

confiança e segurança entre a mídia e os indivíduos está sendo levado em consideração.

5.2.2.1 Codificação prévia dos dados coletados

Inicialmente, fez-se uma varredura por palavras idênticas apenas entre os

veículos broadcasts. Essa varredura levou em consideração a data, uma vez que deveria

ser encontrada palavras idênticas diárias. Para tanto, foi feito um cruzamento entre os

telejornais da seguinte maneira: Jornal Nacional versus SBT Brasil; Jornal Nacional

versus Jornal da Record, Jornal Nacional versus Jornal da Band; SBT Brasil versus

Jornal da Record; SBT Brasil versus Jornal da Band; Jornal da Record versus Jornal da

Band, como é possível checar no Anexo 1. Esse primeiro cruzamento nos possibilita ter

uma noção do assunto das matérias transmitidas pelos telejornais selecionados, uma vez

que ele nos mostra as palavras idênticas encontradas. Dessa forma, portanto, é possível

ter uma noção de similaridade entre os telejornais, o que faz com que seus projetos

editoriais se assemelhem, uma vez que presam por matérias com temáticas parecidas.

Assim, com base nessa separação de dados, foi possível registrar que os veículos

broadcasts selecionados para essa pesquisa, de acordo com os processos metodológicos

96 Unidade de registro, segundo Bardin é a menor unidade semântica na qual se divide o documento. Pode

ser palavra-chave, tema, fontes, dentre outros.

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137

previamente estipulados e já descritos neste trabalho, não conseguem agendar um ao

outro. Embora eles tratem de temáticas e assuntos semelhantes, o horário de transmissão

não permite que um veículo broadcast paute o outro, tendo em vista que a produção de

matérias para televisão despende de tempo para ser feita, uma vez que demanda

recursos técnicos específicos. Nesse sentido, os horários de transmissão dos telejornais,

durante o período da coleta, foram estabelecidos da seguinte maneira:

O Jornal Nacional é transmitido pela Rede Globo às 20h30 até às 21h15;

O SBT Brasil é transmitido pelo SBT às 19h45 até às 20h30;

O Jornal da Record atualmente é transmitido às 21h30 até às 22h30, porém, na

época da coleta ele era transmitido das 20h30 até às 21h30;

O Jornal da Band é transmitido das 19h20 até às 20h25.

Através do anexo 1, que mostra as palavras semelhantes entre os cruzamentos

dos telejornais, podemos perceber também que é inexpressiva a quantidade de

palavras idênticas encontradas no dia seguinte as transmissões. Dessa forma,

podemos notar que, com base nos cruzamentos feitos, não há agendamento com data

posterior a primeira transmissão. Com isso, as palavras idênticas encontradas

referem-se a matérias semelhantes transmitidas no mesmo dias pelos telejornais

analisados. É possível notar também que o Jornal da Record e o SBT Brasil

possuem uma maior aproximação editorial, tendo em vista a quantidade de palavras

semelhantes encontradas entre os dois veículos, como é possível checar na tabela

abaixo, que mostra a quantidade de palavras idênticas encontradas diariamente em

cada cruzamento entre os telejornais.

TABELA DIÁRIA DE ANÁLISE DAS PALAVRAS IDÊNTICAS NOS TELEJORNAIS

DATA JN -

SBT

JN -

RECORD

JN -

BAND

SBT -

RECORD

SBT -

BAND

RECORD -

BAND

sem

ana

1 dez 3 11 5 12 8 14

2 dez 11 12 8 20 6 15

3 dez 15 18 10 20 14 19

4 dez 17 13 14 18 6 13

5 dez 11 15 11 13 7 19

6 dez 2 15 5 0 2 9

Total 59 84 53 83 43 89

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138

sem

ana

8 dez 4 8 9 4 8 16

9 dez 13 19 4 17 7 14

10 dez 19 17 11 33 12 17

11 dez 32 7 14 23 7 15

12 dez 6 7 7 10 4 16

13 dez 15 12 11 10 13 12

Total 89 70 56 97 51 90

sem

ana

15 dez 9 8 6 10 10 10

16 dez 11 17 5 15 4 11

17 dez 15 6 11 23 10 13

18 dez 13 13 8 19 18 11

19 dez 2 6 2 8 7 13

20 dez 18 4 15 15 12 5

Total 68 50 48 90 61 63

sem

ana

22 dez 10 9 6 23 9 2

23 dez 9 17 9 12 4 7

24 dez 7 10 4 8 9 11

25 dez 4 16 13 14 4 4

26 dez 11 12 10 10 11 8

27 dez 14 24 5 14 8 6

Total 55 88 47 81 45 38

sem

ana

29 dez 18 17 23 27 21 17

30 dez 19 9 10 6 9 7

31 dez 30 19 22 11 17 25

1 jan 44 21 16 23 14 12

2 jan 13 10 13 9 10 10

3 jan 2 17 15 2 7 11

Total 126 93 99 78 78 82

sem

ana

5 jan 7 6 5 15 4 4

6 jan 6 8 3 9 6 8

7 jan 5 9 5 18 11 16

8 jan 5 7 13 15 16 10

9 jan 15 16 5 20 13 9

10 jan 5 9 6 13 15 20

Total 43 55 37 90 65 67

se ma

na

12 jan 18 15 12 23 12 4

13 jan 23 17 7 19 17 14

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139

14 jan 21 12 20 28 23 19

15 jan 15 16 14 20 23 9

16 jan 8 17 6 18 3 3

17 jan 6 9 12 12 7 8

Total 91 86 71 120 85 57

sem

ana

19 jan 15 16 2 38 17 17

20 jan 31 22 2 12 10 9

21 jan 9 14 4 13 14 11

22 jan 14 15 15 13 15 15

23 jan 12 11 4 8 14 5

24 jan 7 19 9 22 8 11

Total 88 97 36 106 78 68

sem

ana

26 jan 11 19 4 21 10 8

27 jan 27 32 20 33 19 12

28 jan 23 16 8 16 17 7

29 jan 15 12 6 21 8 12

30 jan 6 0 8 12 3 8

31 jan 9 11 2 16 12 11

Total 91 90 48 119 69 58

10ª

sem

ana

2 fev 5 15 5 15 20 16

3 fev 10 9 8 16 9 13

4 fev 33 10 10 23 25 15

5 fev 30 10 2 28 14 9

6 fev 20 13 12 21 10 9

7 fev 4 16 10 3 4 10

Total 102 73 47 106 82 72

11ª

sem

ana

9 fev 2 11 4 4 2 2

10 fev 3 8 3 6 4 7

11 fev 12 14 6 11 12 8

12 fev 22 19 16 24 22 18

13 fev 0 5 5 11 6 7

14 fev 4 5 10 13 5 10

Total 43 62 44 69 51 52

12ª

sem

ana

16 fev 9 11 5 27 13 11

17 fev 11 11 11 16 9 17

18 fev 8 17 7 28 11 21

19 fev 6 13 0 11 4 18

20 fev 8 15 6 17 11 8

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140

21 fev 12 4 6 6 3 16

Total 54 71 35 105 51 91

13ª

sem

ana

23 fev 11 4 5 17 19 10

24 fev 8 10 21 7 6 14

25 fev 10 5 0 19 10 11

26 fev 6 17 6 14 4 12

27 fev 9 9 4 21 8 8

28 fev 5 11 6 15 3 9

Total 49 56 42 93 50 64

TOTAL 958 975 663 1237 809 891

Tabela 1: Número de palavras iguais no cruzamento entre veículos broadcasts

Fonte: Criação da pesquisadora

Dessa forma, fica perceptível na tabela acima que o cruzamento entre o SBT

Brasil e o Jornal da Record foi o que mais gerou palavras idênticas, no entanto, esses

dois telejornais são os que mais apresentaram matérias no período da coleta. Porém,

como foram encontradas no mínimo 2 palavras idênticas, possibilitando similaridades

entre as temáticas das matérias, acredita-se que ambos veículos possuem um perfil

editorial parecido, pois mostram palavras não tão genéricas. Além do mais, a quantidade

de matérias do SBT Brasil é maior que todos os outros, assim, essa similaridade poderia

ter ocorrido com qualquer outro telejornal, como será analisado mais adiante.

Vale ressaltar que, para esta pesquisa, optou-se por inserir na plataforma

desenvolvida para coleta do material, algumas palavras denominadas Stop Words97 para

que palavras compostas por artigos definidos e indefinidos, preposições, dentre outros,

não interferissem no conjunto da análise, uma vez que poderiam somar à quantidade de

palavras propostas para a análise, porém não agregar sentido de identificação quanto a

temática da matéria, uma vez que são genéricas. Portanto, muitas delas são palavras

corriqueiras, de uso constante em qualquer frase, como o verbo ‘ser’, na terceira pessoa

do indicativo. Vale ressaltar que, a retirada dessas palavras não compromete a análise

em si, uma vez que não são palavras específicas de uso técnico nas redações

jornalísticas. Assim, as palavras que estão fora da coleta para a análise são:

97 Stop Words são palavras que os sites de busca não consideram por serem irrelevantes para o conjunto,

como, por exemplo, artigos e preposições.

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141

Stop Words

a

as

à

às

ao

aos

agora

ainda

alguém

algum

alguma

alguns

algumas

ampla

amplo

amplas

amplos

ante

antes

aquela

aquele

aquelas

aqueles

aquilo

até

através

Cada

coisa

coisas

com

como

contudo

de

da

das

do

dos

daquela

daquele

daquelas

daqueles

dela

dele

delas

deles

depois

desse

dessa

desses

dessas

desta

deste

destas

destes

disto

disso

dito

é

e

ela

ele

elas

eles

em

então

entre

essa

essas

esse

esses

esta

este

estas

estes

grande

grandes

isso

isto

lhe

lhes

lo

mas

me

mesma

mesmo

mesmas

mesmos

meu

meus

minha

minhas

muita

muito

muitas

muitos

na

no

nas

nos

não

nem

nenhuma

nenhum

nenhumas

nenhuns

nessa

nessas

nesse

nesses

neste

nesta

nestes

nestas

num

numa

nunca

outra

outras

outro

outros

para

pela

pelas

pelo

pelos

per

por

pequena

pequeno

pequenas

pequenos

perante

pode

pude

primeiros

própria

próprio

próprias

próprios

qual

quais

quando

quanto

quantos

que

quem

se

seu

sua

seus

suas

sob

Sobre

talvez

também

tampouco

te

toda

todas

todo

todos

todavia

tu

tua

tuas

tudo

um

uma

uns

umas

vos

vós

você

Quadro 4: Stop words

Fonte: Criação da pesquisadora

Contudo, até o momento foi apresentada apenas uma perspectiva dos telejornais

coletados. A decisão de explicitar esses dados, neste momento, remete ao uso dos

mesmos mais adiante, em que serão comparados os dados do anexo 1 com o anexo 2,

como será explicado mais adiante.

5.2.2.2 Explicando os dados coletados

Visualizar os dados é uma maneira de entender como esta pesquisa será

desenvolvida. Dessa forma, a análise prévia, apenas dos veículos broadcasts, apontou a

quantidade de ocorrências cruzando os telejornais entre si, como explicado

anteriormente. E nesse sentido, o gráfico abaixo nos possibilita ter uma melhor noção da

distribuição dessas palavras iguais entre o cruzamento dos telejornais.

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142

Gráfico 1: Palavras iguais entre cruzamento de veículos broadcasts

Fonte: Criação da pesquisadora

O cruzamento de telejornais com mais palavras iguais é SBT Brasil – Jornal da

Record, com 1.237 palavras encontradas. Já o cruzamento que demonstrou menor

número de palavras encontradas foi entre Jornal Nacional – Jornal da Band, em que

foram encontradas 663 palavras idênticas, pouco mais da metade do cruzamento citado

anteriormente.

Porém, tendemos a acreditar que a quantidade de matérias de cada telejornal

influencia diretamente na quantidade de palavras idênticas encontradas no quadro

acima, uma vez que a quantidade de matéria de cada telejornal, nos três meses coletados

é diferente, como podemos checar no gráfico abaixo:

17%

18%

12%22%

15%

16%

Palavras iguais - broadcast

Jornal Nacional - SBT Brasil(958)

Jornal Nacional - Jornal daRecord (975)

Jornal Nacional - Jornal daBand (663)

SBT Brasil - Jornal daRecord (1237)

SBT Brasil - Jornal da Band(809)

Jornal da Record - Jornal daBand (891)

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143

Gráfico 2: Quantidade de matérias coletadas por telejornal

Fonte: Criação da pesquisadora

Assim, tendo conhecimento da quantidade de matérias transmitidas no período

de 1 de dezembro de 2014 até 28 de fevereiro de 2015, podemos notar que o SBT Brasil

transmitiu cerca de 1000 matérias a mais do que o segundo colocado nesse ranking, que

é o Jornal da Record. Podemos perceber também que, embora haja uma pequena

diferença na quantidade de matérias coletadas no Jornal Nacional, Jornal da Band e

Jornal da Record, com relação a coletada no SBT Brasil, o cruzamento com a maior

quantidade de palavras idênticas encontradas mostra que, segundo os critérios

estipulados, há uma maior aproximação editorial entre o SBT Brasil e o Jornal da

Record. Isso acontece pois, entre eles, foram destacadas a maior quantidade de palavras

iguais, e isso independe da quantidade de matérias que foi coletada em cada telejornal,

uma vez que esse fato poderia ter acontecido com qualquer outro telejornal, como entre

o SBT Brasil e o Jornal Nacional, por exemplo, em que este último possui 298 matérias

a menos que o Jornal da Record.

Já os veículos de conteúdo colaborativo, selecionados para esta pesquisa, são

mostrados no gráfico abaixo. Este que, representa o total de matérias selecionadas nos

três sites durante o período de coleta proposto.

20%

40%

16%

24%

Quantidade de Matérias por telejornal

Jornal Nacional (1.370)

SBT Brasil (2.721)

Jornal da Band (1.110)

Jornal da Record (1.668)

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144

Gráfico 3: Palavras iguais entre cruzamento de veículos broadcasts

Fonte: Criação da pesquisadora

Podemos perceber que o Vc Repórter, do site Terra, é o portal com maior

publicação de matérias colaborativas. No entanto, uma vez tendo o conhecimento sobre

as plataformas analisadas, podemos iniciar as comparações entre veículos broadcasts e

colaborativos, a começar pela quantidade de matérias coletadas.

Gráfico 4: Palavras iguais entre cruzamento de veículos broadcasts

Fonte: Criação da pesquisadora

48%

38%

14%

Número de matérias - veículos colaborativos

Vc repórter (252)

Vc no G1 (204)

Eu repórter (73)

93%

7%

Número de matérias - broadcast x colaborativo

Broadcast (6.869)

Colaborativo (529)

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145

Observando o gráfico acima, percebemos que a grande maioria de matérias foi

transmitida por veículo broadcast. Esse fato pode colaborar com a proposta da hipótese,

uma vez que poderemos encontrar semelhanças de assuntos, tendo em vista a grande

gama de matérias coletadas nos veículos broadcasts a serem comparadas com as de

veículo colaborativo.

Essa discrepância no número de matérias dos telejornais e dos sites

colaborativos pode ser atribuída ao fato de que os veículos colaborativos não possuem

obrigação de cumprir um período de tempo diário de transmissão de notícias. Assim,

por ser colaborativo, não há obrigação de haver matéria. Portanto, como os sites de

conteúdo colaborativo contam com mão de obra colaborativa, essas pessoas podem

produzir matérias quando bem entender. Dessa forma, as publicações de matérias

colaborativas são esporádicas, enquanto que as dos telejornais são diárias e obedecem a

uma estimativa de tempo de duração. No caso dos telejornais analisados, a duração é de

no mínimo 45 minutos, para cada telejornal. E se considerarmos que uma matéria de Tv

possui em média 2 minutos, é possível compreender a diferença no quesito quantidade

de matérias.

Nesse sentido, para se ter uma noção abrangente da coleta desta pesquisa, o

gráfico abaixo mostra com exatidão a quantidade de material individual selecionado no

período proposto para a análise.

Gráfico 5: Número de matérias coletadas

Fonte: Criação da pesquisadora

37%

23%

18%

15%

3%3%1%

Números de matérias coletadas

SBT Brasil (2.721)

Jornal da Record (1.668)

Jornal Nacional (1.370)

Jornal da Band (1.110)

Vc repórter (252)

Vc no G1 (204)

Eu repórter (73)

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146

Todavia, uma vez averiguados dados como: quantidade de matérias coletadas

nos veículos colaborativos, quantidade de matérias coletadas nos veículos broadcasts e

quantidade de palavras iguais encontradas entre o cruzamento de veículos broadcasts, se

fez necessário fazer o cruzamento das manchetes dos veículos colaborativos e

broadcasts para selecionar aquelas que possuem entre duas e cinco palavras idênticas.

Nessa seleção foi feito o cruzamento de cada veículo colaborativo com cada veículo

broadcast no intuito de encontrar de 2 a 5 palavras idênticas entre as matérias dos dois

veículos. Dessa forma, esse cruzamento foi feito da seguinte maneira: Vc no G1 versus

SBT Brasil; Vc no G1 versus Jornal Nacional; Vc no G1 versus Jornal da Record; Vc

no G1 versus Jornal da Band; Vc repórter versus SBT Brasil; Vc repórter versus Jornal

Nacional; Vc repórter versus Jornal da Record; Vc repórter versus Jornal da Band; Eu

repórter versus SBT Brasil; Eu repórter versus Jornal Nacional; Eu repórter versus

Jornal da Record e Eu repórter versus Jornal da Band.

Assim, foram encontradas 468 palavras iguais entre os veículos analisados,

levando em consideração especificamente a data, como é possível ver no Anexo 2.

Abaixo encontram-se os cruzamentos feitos entre os veículos colaborativos e os

broadcasts e, também, o número de palavras iguais por cruzamento. A tabela encontra-

se dividida em cores para separar os cruzamentos dos telejornais com os veículos

colaborativos, Vc no G1, Vc repórter e Eu repórter.

Dat

a

Vc

no

G1

– S

BT

Bra

sil

Vc

no

G1

– J

orn

al N

acio

nal

Vc

no

G1

– J

orn

al d

a R

eco

rd

Vc

no

G1

–Jo

rnal

da

Ban

d

Vc

rep

órt

er –

SB

T B

rasi

l

Vc

rep

órt

er –

Jo

rnal

Nac

ion

al

Vc

rep

órt

er –

Jo

rnal

da

Rec

ord

Vc

rep

órt

er –

Jo

rnal

da

Ban

d

Eu

rep

órt

er -

SB

T B

rasi

l

Eu

rep

órt

er -

Jorn

al N

acio

nal

Eu

rep

órt

er –

Jo

rnal

da

Rec

ord

Eu

rep

órt

er –

Jo

rnal

da

Ban

d

1 dez 2

2 dez 2 2

3 dez 7 2 2

4 dez 2 2

5 dez 2

8 dez 2 2

9 dez 4 2

10 dez 2 2

11 dez 14 7

12 dez 2 2

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147

15 dez 2 2

16 dez 5 2

18 dez 2 2

19 dez 2 6

22 dez 2

23 dez 2 2

25 dez 2

26 dez 3 2 2

27 dez 2 2

29 dez 2 4 5 3

30 dez 2 2

31 dez 2 2

1 jan 2 3

2 jan 2 2 2

3 jan 2

5 jan 7 5 2

6 jan 2

8 jan 7 2

9 jan 10 2

12 jan 4 4 5 13 2

15 jan 9 11

16 jan 2 2

17 jan 3 2

19 jan 7 6 2

21 jan 4 2 2

23 jan 5 2 6 2

24 jan 2 4

26 jan 4 2 8

27 jan 2 3

28 jan 4 2

29 jan 4

30 jan 2

31 jan 2

2 fev 5 2 7 5 2

3 fev 2 4 6 2

4 fev 2 2

5 fev 12 11 5

6 fev 2

9 fev 2 2 2

11 fev 2

12 fev 2 2 2

13 fev 2 2 2

16 fev 3 3 3 2

19 fev 2

20 fev 2

21 fev 2

23 fev 6 2 2 2

24 fev 2 2 3 2 2

25 fev 5 2 4

26 fev 2 5

27 fev 2 2 2 2

28 fev 3

Total 22 4 24 2 163 51 151 43 4 4 0 0

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148

Total geral

de palavras

iguais por

veículo

colaborativo

e telejornais

52

408

8

Tabela 2: Total de palavras encontradas no cruzamento entre veículos colaborativos e broadcasts

Fonte: Criação da pesquisadora

Conforme a tabela acima, podemos notar que 87% das ocorrências referem-se ao

número de palavras iguais encontradas entre o Vc repórter e os telejornais. Enquanto

que 11% corresponde ao Vc no G1 e 2% ao Eu repórter, comparados aos telejornais.

Sobre a quantidade de palavras idênticas encontradas no cruzamento entre

veículos broadcasts e colaborativos, vale ressaltar que houve diversas ocorrências do

aparecimento das palavras SÃO – PAULO. Esse fato se deve por causa da importância

econômica, política e social da cidade de São Paulo, sendo a maior cidade do país e

também por que abarca grandes acontecimentos noticiáveis tanto nos telejornais quanto

nos sites colaborativos, uma vez que as empresas detentoras dos objetos da pesquisa, em

sua maioria, estão localizadas em São Paulo. Assim, excepcionalmente neste caso,

optou-se por computar na análise as palavras SÃO – PAULO caso estivessem

acompanhadas de qualquer outra palavra, pois, caso contrário, haveria diversas matérias

com temas não correspondentes. Portanto, para que seja possível se aproximar da

realidade pesquisada, optou-se pelo sistema explicado acima. Para exemplificar, no dia

11 de dezembro de 2014, entre os cruzamentos do Vc repórter e SBT Brasil foram

encontradas as seguintes manchetes: “Dois jovens são assassinados na zona norte de

São Paulo” e “Leitor mostra ponto de alagamento na zona leste de São Paulo”. Além

das palavras ‘São’ e ‘Paulo’, ambas possuem a palavra “zona”, portanto, essas matérias

entraram para a análise.

Voltando aos dados do conteúdo colaborativo, aquele que mais possui matérias

coletadas é o Vc repórter, com uma cota de 48% do total de matérias selecionadas,

conforme o gráfico 3. Ao se fazer o cruzamento dos títulos das matérias dos sites

colaborativos com as matérias dos telejornais foi encontrado mais palavras idênticas

entre o Vc repórter e os telejornais do que entre os outros portais colaborativos e os

veículos broadcasts. Para demonstrar melhor, o gráfico abaixo apresenta o número de

palavras iguais encontradas entre o Vc repórter e os telejornais:

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149

Gráfico 6: Cruzamento entre Vc repórter e Broascasts

Fonte: Criação da pesquisadora

O telejornal que mais teve palavras iguais as do Vc repórter foi o SBT Brasil,

seguido do Jornal da Record, como podemos observar.

Já cruzando o Vc no G1, site pertencente às Organizações Globo, com os

veículos broadcasts foi possível perceber que há mais palavras idênticas com relação ao

Jornal da Record e SBT Brasil, respectivamente, como é possível checar no gráfico

abaixo:

Gráfico 7: Cruzamento entre Vc no G1e Broadcasts

Fonte: Criação da pesquisadora

12%

41%

10%

37%

Vc repórter X Broadcast

Jornal Nacional (51)

SBT Brasil (168)

Jornal da Band (41)

Jornal da Record (150)

7%

43%46%

4%

Vc no G1 X Broadcasts

Jornal Nacional (4)

SBT Brasil (24)

Jornal da Record (26)

Jornal da Band (2)

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150

E por último, o Eu repórter, também pertencente às Organizações Globo, em que

apenas foram encontradas palavras idênticas no SBT Brasil e no Jornal Nacional, como

é possível ver no gráfico:

Gráfico 8: Cruzamento entre Eu repórter e Broadcasts

Fonte: Criação da pesquisadora

Com essa quantidade de matérias coletadas nos sete veículos, sendo quatro

televisivos e três sites de conteúdo colaborativo, pertencentes a grandes empresas de

mídia, acredita-se que será possível responder ao problema de pesquisa que diz que:

‘Será que mesmo com aumento da possibilidade de acesso a diversas formas e tipos de

interatividade com conteúdos informativos, há indicadores que sinalizam que os

interagentes, quando utilizam espaços de colaboração de sites de empresas jornalísticas,

se valem das mesmas referências noticiosas que são produzidas originalmente em

jornais televisivos?’.

5.2.2.3 Seleção das matérias para a análise

Assim, uma vez tendo conhecido os objetos de pesquisa e a maneira como foram

coletados, podemos dar prosseguimento na seleção das matérias que serão analisadas.

Dessa forma, utilizando a plataforma desenvolvida para análise, como mostrado na

figura 7, foi possível fazer o cruzamento, dia após dia, entre todos os sites de conteúdo

50%50%

0%0%

Eu repórter X Broadcasts

Jornal Nacional (4)

SBT Brasil (4)

Jornal da Record (0)

Jornal da Band (0)

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151

colaborativo com os veículos broadcasts, como mostrado nos gráficos acima e nos

anexos 1 e 3. Portanto, as manchetes foram analisadas com base na data de postagem ou

transmissão, sendo catalogadas num período de até 24 horas, seguindo um processo

comparativo entre veículo colaborativo com veículo broadcast, como aponta a figura

abaixo:

Figura 8: Cruzamento de veículos broadcast e colaborativo

Fonte: Criação da pesquisadora

Assim, a análise das matérias selecionadas com base nas palavras idênticas

encontradas será mostrada em dois momentos distintos, como já dito anteriormente. O

primeiro momento aponta cruzamentos para detectar manchetes com palavras iguais

entre veículos broadcast e colaborativos na mesma data. E o segundo utiliza do mesmo

procedimento do primeiro, porém, são analisadas as matérias encontradas em datas

anteriores ou posteriores, pois dependem do horário em que as matérias foram postadas.

Explicando melhor, se uma matéria sobre alagamento na zona leste de São Paulo for

transmitida às 21h10 do dia 10 de janeiro, poderá ser possível encontrar nas matérias de

cunho colaborativo informações sobre essa temática às 10h25 da manhã do dia 11 de

janeiro. Assim, teremos uma noção de qual meio está sendo interagendado. Portanto,

com base na data, essa análise visa localizar palavras idênticas nos veículos broadcasts e

colaborativos que tenham sido catalogadas nos anexos 1 e 3 com um dia antes ou um

dia depois da publicação/transmissão. A partir de então, todas as categorizações serão

divididas nesses dois momentos: 1º análise com mesma data e 2º análise com data

diferente.

Dessa maneira, uma vez construída a codificação da análise, que mostra de

maneira ampla o material coletado, foi preciso seguir algumas regras de enumeração,

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152

que possibilitou guiar o material coletado para uma melhor quantificação, que no caso,

teve por base as ocorrências de palavras iguais nos veículos escolhidos para esta

pesquisa. Essa etapa é considerada importante uma vez que pode validar a análise da

manchete e, posteriormente, do texto em si, possibilitando encontrar semelhanças

temáticas e interagendamento nos veículos.

5.2.3 Categorização - exploração do material

Já a categorização da análise de conteúdo, parte da referência à exploração do

material e visa colocar certa ordem no conjunto coletado. Assim, “[...] a categorização

consiste no trabalho de classificação e reagrupamento das unidades de registro em

número reduzido de categorias, com o objetivo de tornar inteligível a massa de dados e

sua diversidade” (FONSECA JÚNIOR, 2008, p.298).

Uma vez selecionada as palavras idênticas nos veículos broadcast e

colaborativos, fez-se necessário partir para o processo de categorização, pois para

Bardin (2009) é preciso buscar elementos que sejam comuns e que representem uma

catalogação homogênea e objetiva.

Uma vez coletada as matérias nos 7 veículos e apontadas suas relações através

do cruzamento desses, fez-se necessário checar de maneira mais expressiva se há

interagendamento entre os veículos e, para isso, deve-se criar categorizações, para que

seja possível desenvolver a análise. Em primeira vista, devemos levar em consideração

que as maiores ocorrências de palavras iguais se deram entre os veículos que possuíam

mais manchetes coletadas, como foi possível observar nos gráficos e tabelas. Porém,

tendo em vista a gama de material coletado, ou conforme nomeado por Bardin (2009,

p.122) como “universo de documentos de análise”, optou-se pela diminuição do

universo da pesquisa para que o trabalho ficasse mais profícuo, uma vez que se

observou a diferença quantitativa do material coletado, sendo 93% de matérias de

telejornais, contabilizando 6.869, contra 7% de matérias colaborativas, num total de

529. Assim, o universo da coleta dos telejornais é quase 13 vezes maior que o universo

do conteúdo colaborativo. Para tanto, propõe-se que sejam selecionadas matérias

completas que possuem relação entre duas a cinco palavras iguais encontradas em ao

menos um veículo colaborativo e em ao menos dois veículos broadcasts. A opção por

detectar palavras iguais em ao menos dois telejornais se dá pelo fato de possibilitar uma

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153

melhor análise, uma vez que, a probabilidade de encontrar interagendamento é maior,

além de que essa premissa dá suporte a hipótese deste trabalho. Assim, se o indivíduo

assistiu uma informação em qualquer dos telejornais supracitados e resolveu colaborar

com uma matéria em algum site colaborativo, será possível detectar de onde partiu a

motivação usando ao menos dois telejornais. Portanto, quanto mais matérias

selecionadas nos telejornais a serem contrapostas as matérias do colaborativo, maior

será a precisão desta análise. Para exemplificar: No dia 29 de dezembro, no cruzamento

entre Vc repórter e Jornal Nacional foram encontradas as palavras ‘Mais – Chuva –

Árvores’ e no cruzamento entre o Vc repórter e o Jornal da Record foram encontradas

as palavras SP – Mais – Árvores. O site colaborativo é o mesmo nas duas análises,

contudo, os telejornais são diferentes, no entanto, esses cruzamentos geraram palavras

idênticas entre as duas análises, que no caso são ‘Mais – Árvores’. Dessa forma, serão

analisadas as matérias completas do Vc repórter, Jornal Nacional e Jornal da Record que

possuem essas palavras iguais na mesma data. Esse procedimento fica melhor visível

através do anexo 2, em que é possível checar cada cruzamento entre colaborativo e

broadcast.

Assim, após a checagem de palavras iguais entre os sites colaborativos e os

veículos broadcasts, foram selecionadas, com base no critério estipulado acima, 15

matérias de sites colaborativos e 29 matérias de telejornais, ambas inéditas98, que

possibilitaram 35 pares para análises que apareceram no mesmo dia. Diz-se inédita para

a matéria encontrada com base nas palavras idênticas e que são computadas apenas uma

vez para a contagem da quantidade de matérias objetos desta análise. A exemplo disso,

podemos notar no quadro abaixo que, no dia 2 de dezembro, as palavras ‘rua’ e ‘SP’

foram encontradas em uma matéria do Vc repórter e, também, em matérias do SBT

Brasil e Jornal da Record. Assim, será analisada a matéria do Vc repórter frente a do

SBT Brasil e, também, a do Vc repórter frente a do Jornal da Record. Nesse sentido,

repete-se a análise na matéria do Vc repórter, para confrontá-la com cada uma dos

telejornais. Dessa maneira, a critério de quantidade de matérias selecionadas, levou-se

em consideração apenas uma vez essa contagem, chamando-a de inédita.

Abaixo é possível encontrar a tabela com as matérias de mesma data que

possuíam palavras iguais e que foram coletadas para este trabalho. E para acessar os

links das matérias, há no Anexo 3 das datas, títulos e links das matérias selecionadas.

98 Algumas matérias são repetidas, pois, encontrou-se mais de uma matéria com palavras correlatas, como

é possível checar na tabela 3

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154

Observa-se que, as matérias estão separadas de acordo com a data, sendo separadas pela

cor verde, enquanto que as matérias repetidas estão destacadas em cor salmão. Ressalta-

se também que, as análises serão feitas em dois momentos, como já dito. Assim, a

tabela abaixo refere-se a análise de mesma data, como consta abaixo:

1º - mesma data

DATA VEÍCULO

1

TÍTULO PALAVRAS VEÍCULO

2

TÍTULO

1 2 DEZ Vc

repórter

vc repórter:

carros passam

anos

abandonados

em rua de SP

RUA - SP SBT

Brasil

SP: Acidente em

rua esburacada

deixa jovem

gravemente ferido

2 2 DEZ Vc

repórter

vc repórter:

carros passam

anos

abandonados

em rua de SP

RUA - SP Jornal da

Record

Assaltantes

bloqueiam rua e

fazem refém

durante roubo a

banco em Mogi

Mirim (SP)

3 11

DEZ

Vc

repórter

Chuva causa

inundações em

parte da zona

leste de São

Paulo

Chuva – causa

– zona – São -

Paulo

SBT

Brasil

Chuva causa

transtornos e

prejuízos na zona

leste de São Paulo

4 11

DEZ

Vc

repórter

Chuva causa

inundações em

parte da zona

leste de São

Paulo

Chuva - causa Jornal da

Band

Chuva nesta

quinta-feira causa

alagamento e

estado de atenção

5 11

DEZ

Vc

repórter

Chuva causa

inundações em

parte da zona

leste de São

Paulo

São – Paulo –

chuva - causa

Jornal da

Band

São Paulo pode ter

novos alagamentos

com chuva na sexta

6 27 dez Vc

repórter

vc repórter:

colisão deixa 3

mortos e 3

feridos em

Goiás

Deixa - mortos Jornal

Nacional

Acidente com

ônibus deixa oito

mortos no Espírito

Santo

7 27 dez Vc

repórter

vc repórter:

colisão deixa 3

mortos e 3

feridos em

Goiás

Deixa - mortos Jornal da

Record

Queda de

helicóptero deixa

cinco mortos em

Bertioga, litoral de

São Paulo

8 27 dez Vc

repórter

vc repórter:

colisão deixa 3

mortos e 3

feridos em

Goiás

Deixa - mortos Jornal da

Record

Ônibus cai em

ribanceira e deixa

oito mortos no

Espírito Santo

9 29 dez Vc

repórter

SP:

tempestade

Mais – chuva -

árvores

Jornal

Nacional

Chuva derruba

mais de 200

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155

provoca queda

de mais de 200

árvores

árvores em São

Paulo

10 29

DEZ

Vc

repórter

SP:

tempestade

provoca queda

de mais de 200

árvores

SP – mais -

árvores

Jornal da

Record

SP: temporal

derruba mais de

200 árvores e fecha

Parque do

Ibirapuera

11 15 jan Vc

repórter

Incêndio

atinge

shopping na

rua 25 de

Março em São

Paulo

Incêndio –

shopping -

março

SBT

Brasil

SP: Incêndio

destrói shopping na

25 de Março

12 15 jan Vc

repórter

Incêndio pode

causar

desabamento

de prédio na

25 de março

Incêndio -

março

SBT

Brasil

SP: Incêndio

destrói shopping na

25 de Março

13 15 jan Vc

repórter

Incêndio pode

causar

desabamento

de prédio na

25 de março

Incêndio –

março - SP

Jornal da

Record

Incêndio destrói

depósito de

shopping na Rua

25 de Março (SP)

14 15 jan Vc

repórter

Incêndio

atinge

shopping na

rua 25 de

Março em São

Paulo

Incêndio –

março – rua -

shopping

Jornal da

Record

Incêndio destrói

depósito de

shopping na Rua

25 de Março (SP)

15 24 jan Vc

repórter

vc repórter:

acidente entre

ônibus e moto

fere 1 em SP

SP - acidente SBT

Brasil

SP: Motorista foge

após matar idoso

em acidente de

carro

16 24 jan Vc epórter vc repórter:

acidente entre

ônibus e moto

fere 1 em SP

SP - acidente Jornal da

Record

Motorista em alta

velocidade provoca

acidente, abandona

carro de luxo e

foge a pé em SP

17 2 FEV Vc

repórter

Leitora filma

falta de água

em casa na

zona sul de

São Paulo

São – Paulo -

zona

SBT

Brasil

Bebê morre vítima

de bala perdida na

zona leste de São

Paulo

18 2 FEV Vc

repórter

Leitora filma

falta de água

em casa na

zona sul de

São Paulo

São –- zona Jornal da

Record

Inquérito investiga

morte de

pichadores em

prédio da zona

leste de São Paulo

19 2 FEV Vc São –Paulo- Jornal da Polícia investiga

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156

repórter Leitora filma

falta de água

em casa na

zona sul de

São Paulo

zona Band uma chacina na

zona leste de São

Paulo

20 5 fev Vc

repórter

Chuva provoca

lentidão e

alagamentos

em São Paulo

Chuva – São-

Paulo

Jornal da

Record

Chuva forte

provoca transtornos

na capital e Região

Metropolitana de

São Paulo

21 5 fev Vc

repórter

SP: chuva

deixa região de

São Miguel

Paulista em

alerta

Chuva - São Jornal da

Record

Chuva forte

provoca transtornos

na capital e Região

Metropolitana de

São Paulo

22 5 fev Vc

repórter

Chuva provoca

lentidão e

alagamentos

em São Paulo

São – Paulo -

Chuva

Jornal da

Band

Moradores de São

Paulo apelam para

estoque de água da

chuva

23 5 fev Vc

repórter

SP: chuva

deixa região de

São Miguel

Paulista em

alerta

São - Chuva Jornal da

Band

Moradores de São

Paulo apelam para

estoque de água da

chuva

24 16 fev Vc

repórter

Bombeiros

controlam

incêndio em

shopping do

Rio

Rio – incêndio

- shopping

Jornal

Nacional

Incêndio destrói

parte de shopping

na Zona Norte do

Rio de Janeiro

25 16 fev Vc

repórter

Bombeiros

controlam

incêndio em

shopping do

Rio

Rio – incêndio

- shopping

SBT

Brasil

Incêndio destrói

shopping na zona

norte do Rio de

Janeiro

26 16 fev Vc

repórter

Bombeiros

controlam

incêndio em

shopping do

Rio

Rio – incêndio

- shopping

Jornal da

Record

Incêndio destrói

shopping na zona

norte do Rio de

Janeiro

27 16 fev Vc

repórter

Bombeiros

controlam

incêndio em

shopping do

Rio

Shopping - Rio Jornal da

Band

Shopping pega

fogo no Rio de

Janeiro

28 23 fev Vc

repórter

Em protesto,

caminhoneiros

paralisam

rodovia no

Paraná

Caminhoneiros

- protesto

Jornal

Nacional

Protesto de

caminhoneiros

provoca problemas

em sete estados do

Brasil

29 23 fev Vc

repórter

Em protesto,

caminhoneiros

paralisam

rodovia no

Caminhoneiros

- protesto

SBT

Brasil

Protesto de

caminhoneiros

bloqueia rodovias

de sete estados

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157

Paraná

30 24 fev Vc

repórter

Caminhoneiros

continuam

bloqueando

rodovias pelo

Brasil

Caminhoneiros

– rodovias -

Brasil

Jornal

Nacional

Protesto de

caminhoneiros

bloqueia rodovias

em dez estados do

Brasil

31 24 fev Vc

repórter

Caminhoneiros

continuam

bloqueando

rodovias pelo

Brasil

Caminhoneiros

- rodovias

Jornal da

Band

Protestos de

caminhoneiros

bloqueiam rodovias

em 10 Estados

32 27 fev Vc

repórter

Caminhoneiros

bloqueiam

pista marginal

da Dutra

sentido Rio

Caminhoneiros

- bloqueiam

SBT

Brasil

Polícia Federal vai

multar

caminhoneiros que

bloqueiam rodovias

33 27 fev Vc

repórter

Em protesto,

caminhoneiros

bloqueiam

pista marginal

da Dutra

Caminhoneiros

- bloqueiam

SBT

Brasil

Polícia Federal vai

multar

caminhoneiros que

bloqueiam rodovias

34 27 fev Vc

repórter

Caminhoneiros

bloqueiam

pista marginal

da Dutra

sentido Rio

Caminhoneiros

- bloqueiam

Jornal da

Record

Caminhoneiros

continuam

manifestações e

bloqueiam rodovias

em sete estados

35 27 fev Vc

repórter

Em protesto,

caminhoneiros

bloqueiam

pista marginal

da Dutra

Caminhoneiros

- bloqueiam

Jornal da

Record

Caminhoneiros

continuam

manifestações e

bloqueiam rodovias

em sete estados

Tabela 3: Matérias selecionadas para análise com mesma data entre colaborativo e broadcast

Fonte: Criação da pesquisadora

A segunda análise consiste em checar se há matérias semelhantes num período

de 24 horas, porém, que possuam postagem ou transmissão em data diferente, como já

foi explicado e exemplificado anteriormente. Assim, seguindo os critérios de 2 a 5

palavras idênticas e durante um período de 24 horas, que possibilita ser encontrada

matérias em data anterior ou posterior a postagem/divulgação. Esse procedimento foi

realizado da seguinte maneira: a tabela do anexo 1 mostra todas as palavras idênticas

encontradas nos cruzamentos entre os telejornais, enquanto que o anexo 2 encontram-se

todos os cruzamentos feitos entre veículos colaborativos e broadcasts. Assim, para

checar o agendamento no período de 24 horas, porém com datas diferentes foi

necessário fazer o cruzamento entre as tabelas para encontrar matérias que seguissem

essa descrição. Explicando melhor, no anexo 1, no dia 9 de dezembro, é possível

encontrar o cruzamento entre os telejornais SBT Brasil e Jornal da Record, que gerou as

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158

palavras iguais ENGENHEIRA - DURANTE - TENTATIVA - ASSALTO - SP. Ao

comparar essas palavras com a tabela que encontra-se no anexo 2, foi possível perceber

que no dia 10 de dezembro o veículo colaborativo Vc repórter possuía matéria com as

palavras DURANTE – ASSALTO. Portanto, há duas palavras idênticas considerando

análise do dia 9 e 10 de dezembro. Assim, essas matérias foram selecionadas para

explicar o interagendamento com datas diferentes, porém, num período de 24 horas da

postagem/divulgação.

Dessa maneira, foram encontradas 6 matérias colaborativas, das quais 5

pertencem ao Vc repórter e 1 ao Vc no G1. Em contraposição, foram selecionadas 12

matérias dos telejornais, distribuídas da seguinte maneira: 5 do Jornal da Record, 4 do

SBT Brasil, 1 do Jornal Nacional e 2 do Jornal da Band. Nota-se que, nesse

procedimento não há repetição de matérias, portanto, todas são inéditas, conforme é

possível checar na tabela abaixo:

2º - datas diferentes

Da

ta

Bro

ad

cast

1

Tít

ulo

Pa

lav

ras

Da

ta

Bro

ad

cast

2

Tít

ulo

Da

ta

Co

lab

ora

tiv

o

Tít

ulo

9

de

z

SBT

Brasil

Engenheira

é

assassinada

durante

tentativa de

assalto em

SP

DURANTE

- ASSALTO

- SP

9

de

z

Jornal

da

Recor

d

Engenheira

é morta

durante

tentativa de

assalto na

zona sul de

SP

10

de

z

Vc

repórte

r

vc

repórter:

mulher

morre

baleada

durante

assalto em

SP

10

de

z

Jornal

Naciona

l

Temporal

inunda ruas

da Zona

Leste de São

Paulo depois

de dia

abafado

ZONA-

LESTE

10

de

z

Jornal

da

Recor

d

Fortes

chuvas

causam

transtornos e

deixam

moradores

ilhados na

zona leste de

SP

11

de

z

Vc

repórte

r

Chuva

causa

inundaçõe

s em parte

da zona

leste de

São Paulo

25

de

z

SBT

Brasil

São

Sebastião

ainda

enfrenta

estragos

provocados

pela chuva

SÃO -

SEBASTIÃ

O

26

de

z

Jornal

da

Band

Estrada de

São

Sebastião

começa a ser

liberada

26

de

z

Vc

repórte

r

vc

repórter:

chuvas

castigam

São

Sebastião,

no litoral

de SP

16

jan

SBT

Brasil

SP:

Manifestant

CONTRA -

TARIFA

16

jan

Jornal

da

Manifestant

es protestam

17

jan

Vc

repórte

PM usa

bombas de

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159

es protestam

contra tarifa

do

transporte

público

Recor

d

contra a

tarifa de

ônibus no

centro de

São Paulo

r gás para

reprimir

ato contra

a tarifa em

SP

27

jan

Jornal

da

Record

Rodízio

pode deixar

população

de São

Paulo sem

água durante

cinco dias

da semana

SEM -

ÁGUA

27

jan

Jornal

da

Band

Paulistano

pode ficar

até 5 dias

sem água

28

jan

Vc

repórte

r

vc

repórter:

sem água,

moradores

improvisa

m com

baldes em

SP

25

fev

SBT

Brasil

Homem

morre

eletrocutado

após

temporal em

São Paulo

SÃO -

HOMEM

25

fev

Jornal

da

record

Homem

morre

eletrocutado

ao ser

atingido por

fios de

energia

durante

temporal em

SP

26

fev

Vc no

G1

Homem é

flagrado

furtando

celular de

funcionári

a em ótica

de São

Luís

Tabela 4: Matérias selecionadas para análise com datas diferentes entre colaborativo e broadcast.

Fonte: Criação da pesquisadora

Podemos perceber que as matérias selecionadas99 fazem parte do gênero

informativo, que abarca gêneros noticiosos, entrevista, serviço, factuais e reportagem.

Assim, textos ditos informativos buscam a objetividade, pirâmide invertida com lead e

declarações de fontes (SOUSA, 2004). Em contraposição ao jornalismo informativo, há

o jornalismo opinativo, em que, segundo Marques de Melo (1994), diferencia-se

basicamente por conter opinião entre as informações. Chaparro (2008) não crê na

divisão entre gêneros informativos e opinativos, pois “o texto jornalístico é sempre

produto de múltiplas interações inteligentes e intencionadas, entre jornalistas e fontes

que têm informações, ou saberes, ou emoções, ou pontos de vista que interessam aos

conteúdos e ajudam a construí-los” (CHAPARRO, 2008, p.159). Assim, para o autor, a

opinião complementa a informação. No caso desta pesquisa, embora não se tenha

previamente escolhido o gênero jornalístico, é possível perceber que, por conta dos

objetos escolhidos, especialmente os broadcasts, a pesquisa tomou por base o estudo de

material que possui as características informativas. Contudo, essa denominação só foi

possível ser constatada após ler as matérias selecionadas para a análise.

Como já mencionado, pode-se notar que as matérias selecionadas fazem parte de

uma categoria jornalística denominada como informativa. Nesse sentido, para esta

99 O texto das matérias selecionadas encontram-se nos anexos 4 e 6.

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160

pesquisa, será usado o entendimento de Marques de Melo (2003) para a categorização

das matérias. Assim, para o autor, fazem parte do jornalismo informativo a nota, a

notícia, a entrevista e reportagem. Como diz Marques de Melo (2003, p.66),

A distinção entre a nota, a notícia e a reportagem está exatamente na

progressão dos acontecimentos, sua captação pela instituição

jornalística e acessibilidade de que goza o público. A nota

corresponde ao relato de acontecimentos que estão em processo de

configuração e por isso é mais freqüente no rádio e na televisão. A

notícia é um relato integral de um fato que já eclodiu no organismo

social. A reportagem é o relato ampliado de um acontecimento que já

repercutiu no organismo social e produziu alterações que já são

percebidas pela instituição jornalística. Por sua vez, a entrevista é um

relato que privilegia um ou mais protagonistas do acontecer,

possibilitando-lhes um contato direto com a coletividade.

Segundo Sousa (2004), textos que tem por característica serem informativos são

claros e objetivos, além de serem em estilo pirâmide invertida100, portanto possuem

lead. Tendo em vista que o processo da construção da matéria jornalística traz a tona

características informativas, usaremos delas como princípio de categorização para

compreendermos como se enquadram as matérias selecionadas. E utilizando a análise

quantitativa, poderemos compreender o panorama dos objetos que estão sendo

estudados, uma vez que, poderemos encontrar dados abrangentes. Assim, a partir da

captura das matérias através dos modos já descritos, e tendo-se codificado os elementos

dessas matérias quanto a palavras idênticas, títulos, data e veículo, serão criadas

categorias de análise para essas matérias. Também serão desenvolvidas tabelas

específicas para categorizar o material quanto a nota, notícia, reportagem, entrevista,

temática e critérios de noticiabilidade, que irá usar os preceitos de Nilson Lage (2006).

Como já dito, a primeira parte das matérias selecionadas tem por referência a

coleta feita através de palavras idênticas encontradas em pelo menos um site

colaborativo e, em ao menos, dois telejornais, com base na data da

postagem/publicação. Assim, essa primeira seleção realizada mostra matérias com

mesma data. Elas possuem em seu título ao menos duas palavras idênticas e foram

catalogadas da maneira que aparece no anexo 7.

Dessa forma, foram selecionadas 35 pares de matérias para análise. Entretanto, é

possível perceber que, em alguns momentos, nos pares selecionados, há matéria igual

100 Pirâmide invertida constitui escrever as informações mais relevantes primeiro, partindo do lead para o

complemento da informação.

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161

sendo analisada em outro par. Isso acontece pelo fato de que as mesma palavras foram

idênticas também em comparação com outras matérias, fato esse que, já foi

exemplificado anteriormente. Há também título de matéria idêntico a outro telejornal,

como, por exemplo, a manchete “Incêndio destrói shopping na zona norte do Rio de

Janeiro”, que teve ocorrência no mesmo dia tanto no SBT Brasil quanto no Jornal da

Record. Ou como também acontece entre o Jornal Nacional e o Jornal da Band, em que

a manchete é “Protesto de caminhoneiros bloqueia rodovias em dez estados do Brasil”.

O Jornal Nacional usa a palavra ‘dez’ ao invés do numeral ‘10’, que é usado pelo Jornal

da Band. Contudo, esse fator não influencia na pesquisa, uma vez que o valor de

interesse nesse procedimento está nos textos das matérias selecionadas.

Nesse sentido, das 35 duplas de matérias, entre colaborativo (15) e broadcast

(29), destacadas na tabela 3, encontramos 44 matérias inéditas101 e outras 26 que são

repetidas. Assim, descontando as matérias que se repetem, e com base na categorização

de gênero disponibilizada por Marques de Melo (2003), a análise tanto das matérias de

cunho colaborativo quanto as dos telejornais, constatou que existem 15 notas, 29

notícias, nenhuma reportagem, nenhuma entrevista e nenhuma matéria fora dos padrões.

O resultado dessa análise pode ser visualizado no gráfico abaixo:

Gráfico 9: Cruzamento entre Eu repórter e Broadcasts

Fonte: Criação da pesquisadora

101 Conforme explicado anteriormente.

34%

66%

0%0%0%

Critérios de análises de matérias selecionadas - total

Nota

Notícia

Reportagem

Entrevista

Nenhum

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162

Assim, a maior parte do material coletado nos dois tipos de veículo faz parte do

gênero informativo ‘notícia’. Quanto às matérias selecionadas no conteúdo

colaborativo, foram selecionadas 35 matérias no total, das quais 15 são inéditas. Elas

estão distribuídas da seguinte maneira: 5 notas, 10 notícias, nenhuma reportagem,

nenhuma entrevista e nenhuma fora dos padrões. Conforme mostrado abaixo:

Gráfico 10: Critérios de análise das matérias selecionadas - colaborativo

Fonte: Criação da pesquisadora

Assim, a maior parte do material coletado no conteúdo colaborativo refere-se ao

gênero informativo ‘notícia’. Já sobre as matérias dos telejornais, também foram

selecionadas 35 matérias no total, contudo, (29)30 são inéditas, ou seja, não houve

repetição. Elas estão distribuídas da seguinte maneira: 8 notas e 21 notícias., conforme

gráfico abaixo:

33%

67%

0%0%0%

Critérios de análise das matérias selecionadas - colaborativo

Nota

Notícia

Reportagem

Entrevista

Nenhum

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163

Gráfico 11: Critérios de análise das matérias selecionadas - broadcast

Fonte: Criação da pesquisadora

Podemos perceber que a notícia é o segmento mais encontrado no material

coletado, como é possível verificar na tabela abaixo:

1º mesma data

Colaborativo Broadcast

Nota 5 8

Notícia 10 21

Reportagem 0 0

Entrevista 0 0

Nenhum 0 0

Total 15 29

Tabela 5: Critérios de análise das matérias selecionadas – broadcast

Fonte: Criação da pesquisadora

Dessa maneira, 66,6% do conteúdo colaborativo refere-se a notícia, enquanto

que 33,3% refere-se a nota. Já as matérias de telejornais 72,4% correspondem a notícias,

enquanto que 27,5% são notas.

Com base na tabela acima, é possível perceber que a quantidade de repetição de

matérias encontradas no broadcast é menor que no colaborativo, pois foram feitos 35

pares de matérias, com base nas palavras idênticas, assim, desses 35 pares de matérias, o

28%

72%

0%0%0%

Critérios de análises das matérias selecionadas - broadcast

Nota

Notícia

Reportagem

Entrevista

Nenhum

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164

broadcast possui 30 inéditas, enquanto que os veículos colaborativos possuem apenas

15. Esse fato pode estar relacionado a quantidade de matérias coletadas.

Retomando a análise informativa das matérias selecionadas, a segunda análise,

que busca interagendamento num prazo de 24 horas, porém, com datas distintas, foram

selecionadas 6 matérias colaborativas e 12 de telejornais para compor a análise, uma vez

que elas possuem mesmas palavras idênticas. Considerando os colaborativos, todos

fazem parte do formato notícia. Quanto as matérias de telejornais, 10 são caracterizadas

como notícia, uma nota e uma que não consta no padrão, uma vez que, é uma narração

muito extensa e ao vivo sobre o protesto contra tarifa de ônibus. Na ocasião, os âncoras

narravam os acontecimentos e chamavam comentários também do pessoal que estava

fazendo as filmagens, assim, essa matéria não se enquadra nas categorias.

Gráfico 12: Critérios de análise das matérias selecionadas –broadcast - datas diferentes

Fonte: Criação da pesquisadora

Dessa forma, a segunda etapa da análise está categorizada da seguinte maneira:

Colaborativo Broadcast

Nota 0 1

Notícia 6 10

Reportagem 0 0

Entrevista 0 0

5%

89%

0%

0%6%

Critérios de análises das matérias selecionadas - broadcast

Nota

Notícia

Reportagem

Entrevista

Nenhum

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165

Nenhum 0 1

Total 6 12

Tabela 6: Critérios de análise das matérias selecionadas – broadcast – datas diferentes

Fonte: Criação da pesquisadora

Dessa maneira, 100% mas matérias selecionadas nos veículos colaborativos

representam o gênero informativo ‘notícia’. Já nos telejornais 83,3% foram

categorizados como notícia, enquanto que 8,3% refere-se a nota e 8,3% não se

enquadrou em nenhuma categoria, como explicado anteriormente. Com esses dados,

percebemos que as matérias de cunho colaborativo, selecionadas para esta pesquisa,

fazem parte da descrição sobre gênero informativo, segundo Nilson Lage (2006). Para

aprofundar mais no estilo técnico de redação jornalística, utilizaremos as mesmas

matérias na categorização quanto a Lead e fonte de informação. Como é possível notar

na tabela abaixo, a data é um fator importante, fazendo com que a tabela fique dividida

pela cor verde. Há também o sublinhado das palavras iguais, que auxiliaram na seleção

das matérias para a análise. Para a categorização, com base na leitura das matérias,

deve-se responder S (sim) ou N (não) se elas possuem Lead e fontes. Observa-se que os

números 1º e 2º correspondem a veículo colaborativo e veículo broadcast,

respectivamente, como é possível checar na tabela abaixo:

1º - mesma data

Data 1ª

Colaborativo

Título 2ª

Broadcast

Título Possui

Lead

Possui

fonte

1ª 2ª 1ª 2ª

2

dez

Vc repórter Vc repórter:

carros passam

anos

abandonados

em rua de SP

SBT

Brasil

SP: Acidente em

rua esburacada

deixa jovem

gravemente

ferido

S S S N

2

dez

Vc repórter vc repórter:

carros passam

anos

abandonados

em rua de SP

Jornal da

Record

Assaltantes

bloqueiam rua e

fazem refém

durante roubo a

banco em Mogi

Mirim (SP)

S S S N

11

dez

Vc repórter Chuva causa

inundações em

parte da zona

leste de São

SBT

Brasil

Chuva causa

transtornos e

prejuízos na

zona leste de

S S S S

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166

Paulo São Paulo

11

dez

Vc repórter Chuva causa

inundações em

parte da zona

leste de São

Paulo

Jornal da

Band

Chuva nesta

quinta-feira

causa

alagamento e

estado de

atenção

S S S N

11

dez

Vc repórter Chuva causa

inundações em

parte da zona

leste de São

Paulo

Jornal da

Band

São Paulo pode

ter novos

alagamentos

com chuva na

sexta

S S S N

27

dez

Vc repórter Vc repórter:

colisão deixa 3

mortos e 3

feridos em

Goiás

Jornal

Nacional

Acidente com

ônibus deixa oito

mortos no

Espírito Santo

S S S S

27

dez

Vc repórter Vc repórter:

colisão deixa 3

mortos e 3

feridos em

Goiás

Jornal da

Record

Queda de

helicóptero

deixa cinco

mortos em

Bertioga, litoral

de São Paulo

S S S S

27

dez

Vc repórter Vc repórter:

colisão deixa 3

mortos e 3

feridos em

Goiás

Jornal da

Record

Ônibus cai em

ribanceira e

deixa oito

mortos no

Espírito Santo

S S S S

29

dez

Vc repórter SP: tempestade

provoca queda

de mais de 200

árvores

Jornal

Nacional

Chuva derruba

mais de 200

árvores em São

Paulo

S S S S

29

dez

Vc repórter SP: tempestade

provoca queda

de mais de 200

árvores

Jornal da

Record

SP: temporal

derruba mais de

200 árvores e

fecha Parque do

Ibirapuera

S S S S

15

jan

Vc repórter Incêndio atinge

shopping na rua

25 de Março em

São Paulo

SBT

Brasil

SP: Incêndio

destrói shopping

na 25 de Março

S S S S

15

jan

Vc repórter Incêndio atinge

shopping na rua

25 de Março em

São Paulo

Jornal da

Record

Incêndio destrói

depósito de

shopping na Rua

25 de Março

(SP)

S S S N

15

jan

Vc repórter Incêndio pode

causar

desabamento de

prédio na 25 de

SBT

Brasil

SP: Incêndio

destrói shopping

na 25 de Março

S S S S

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167

março

15

jan

Vc repórter Incêndio pode

causar

desabamento de

prédio na 25 de

março

Jornal da

Record

Incêndio destrói

depósito de

shopping na Rua

25 de Março

(SP)

S S S N

24

jan

Vc repórter Vc repórter:

acidente entre

ônibus e moto

fere 1 em SP

SBT

Brasil

SP: Motorista

foge após matar

idoso em

acidente de carro

S S S S

24

jan

Vc repórter Vc repórter:

acidente entre

ônibus e moto

fere 1 em SP

Jornal da

Record

Motorista em

alta velocidade

provoca

acidente,

abandona carro

de luxo e foge a

pé em SP

S S S S

2

fev

Vc repórter Leitora filma

falta de água em

casa na zona sul

de São Paulo

SBT

Brasil

Bebê morre

vítima de bala

perdida na zona

leste de São

Paulo

S S S S

2

fev

Vc repórter Leitora filma

falta de água em

casa na zona sul

de São Paulo

Jornal da

Record

Inquérito

investiga morte

de pichadores

em prédio da

zona leste de

São Paulo

S S S N

2

fev

Vc repórter Leitora filma

falta de água em

casa na zona sul

de São Paulo

Jornal da

Band

Polícia investiga

uma chacina na

zona leste de

São Paulo

S S S S

5

fev

Vc repórter Chuva provoca

lentidão e

alagamentos em

São Paulo

Jornal da

Record

Chuva forte

provoca

transtornos na

capital e Região

Metropolitana de

São Paulo

S S S N

5

fev

Vc repórter Chuva provoca

lentidão e

alagamentos em

São Paulo

Jornal da

Band

Moradores de

São Paulo

apelam para

estoque de água

da chuva

S S S S

5

fev

Vc repórter SP: chuva deixa

região de São

Miguel Paulista

em alerta

Jornal da

Record

Chuva forte

provoca

transtornos na

capital e Região

Metropolitana de

São Paulo

S S N N

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168

5

fev

Vc repórter SP: chuva deixa

região de São

Miguel Paulista

em alerta

Jornal da

Band

Moradores de

São Paulo

apelam para

estoque de água

da chuva

S S N S

16

fev

Vc repórter Bombeiros

controlam

incêndio em

shopping do Rio

Jornal

Nacional

Incêndio destrói

parte de

shopping na

Zona Norte do

Rio de Janeiro

S S S N

16

fev

Vc repórter Bombeiros

controlam

incêndio em

shopping do Rio

SBT

Brasil

Incêndio destrói

shopping na

zona norte do

Rio de Janeiro

S S S S

16

fev

Vc repórter Bombeiros

controlam

incêndio em

shopping do Rio

Jornal da

Record

Incêndio destrói

shopping na

zona norte do

Rio de Janeiro

S S S S

16

fev

Vc repórter Bombeiros

controlam

incêndio em

shopping do Rio

Jornal da

Band

Shopping pega

fogo no Rio de

Janeiro

S S S S

23

fev

Vc repórter Em protesto,

caminhoneiros

paralisam

rodovia no

Paraná

Jornal

Nacional

Protesto de

caminhoneiros

provoca

problemas em

sete estados do

Brasil

S S S S

23

fev

Vc repórter Em protesto,

caminhoneiros

paralisam

rodovia no

Paraná

SBT

Brasil

Protesto de

caminhoneiros

bloqueia

rodovias de sete

estados

S S S S

24

fev

Vc repórter Caminhoneiros

continuam

bloqueando

rodovias pelo

Brasil

Jornal

Nacional

Protesto de

caminhoneiros

bloqueia

rodovias em dez

estados do Brasil

S S N S

24

fev

Vc repórter Caminhoneiros

continuam

bloqueando

rodovias pelo

Brasil

Jornal da

Band

Protestos de

caminhoneiros

bloqueiam

rodovias em 10

Estados

S S N S

27

fev

Vc repórter Caminhoneiros

bloqueiam pista

marginal da

Dutra sentido

Rio

SBT

Brasil

Polícia Federal

vai multar

caminhoneiros

que bloqueiam

rodovias

S S S S

27

fev

Vc repórter Caminhoneiros

bloqueiam pista

Jornal da

Record

Caminhoneiros

continuam

S S S S

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169

marginal da

Dutra sentido

Rio

manifestações e

bloqueiam

rodovias em sete

estados

27

fev

Vc repórter Em protesto,

caminhoneiros

bloqueiam pista

marginal da

Dutra

SBT

Brasil

Polícia Federal

vai multar

caminhoneiros

que bloqueiam

rodovias

S S N S

27

fev

Vc repórter Em protesto,

caminhoneiros

bloqueiam pista

marginal da

Dutra

Jornal da

Record

Caminhoneiros

continuam

manifestações e

bloqueiam

rodovias em sete

estados

S S N S

Tabela 7: Categoria: Lead e fontes – mesma data

Fonte: Criação da pesquisadora

Com base na análise das matérias quanto ao lead, tanto as 15 inéditas dos

veículos colaborativos quanto as 29 inéditas dos veículos broadcasts utilizaram da

técnica jornalística que visa responder seis questões referentes a: o quê, como, quando,

onde, quem e por quê. Contudo, já em relação às fontes, acontece de maneira diferente.

Nas matérias colaborativas selecionadas, 13 possuem fontes, enquanto que 2 não

utilizam desse recurso, como é possível notar no gráfico abaixo:

Gráfico 13: Fontes – conteúdo colaborativo (1ª etapa)

Fonte: Criação da Pesquisadora

87%

13%

Fontes - conteúdo colaborativo

Possui

Não possui

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170

Já nas matérias de telejornais selecionadas, 21 possuem fontes, enquanto que 8

não possui, conforme gráfico demonstrativo que se encontra abaixo:

Gráfico 14: Fontes: conteúdo broadcast (1ª etapa)

Fonte: Criação da Pesquisadora

As matérias de telejornais selecionadas, 21 possuem fontes, enquanto que 8 não

possuem. Dessa forma, estatisticamente dentre as matérias coletadas para a análise,

86,6% dos textos colaborativos possuem alguma fonte de informação, enquanto que nos

textos selecionados de telejornais, 72,4% utilizam desse recurso jornalístico. Esse fato

mostra que o interagente também pode ser um mediador entre a fonte e o público,

fenômeno esse que antes era parte da função do jornalista, uma vez que a mídia se via

como mediadora da informação, conforme tratado no capítulo 3 e na figura abaixo:

Figura 9: Fontes de informação

Fonte: Criação da Pesquisadora

72%

28%

Fontes - veículos broadcasts

Possui

Não Possui

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171

Nesse sentido, os dados da tabela 7 mostraram que as matérias de cunho

colaborativo selecionadas para esta análise possuem mais fontes que as dos telejornais.

E todas elas possuem Lead, preceito básico para se caracterizar como texto informativo

jornalístico.

Tendo obtido a análise das categorias impostas ao material coletado na primeira

etapa, que consiste em analisar matérias selecionadas entre veículos colaborativos e

broadcasts com mesma data, faz-se necessário oferecer esse mesmo procedimento,

porém no material coletado com datas diferentes, conforme explicado durante processo

de codificação da pesquisa. Assim, a tabela abaixo mostra as datas de coleta de cada

matéria em cada veículo. Mostra também os títulos das matérias, cujas palavras

idênticas estão grifadas. Há ainda a numeração 1º, 2º e 3º correspondentes aos veículos,

respectivamente. Espera-se que, a numeração auxilie na averiguação de conteúdo,

usando S (sim) ou N (não), tanto para o Lead quanto para a fonte, como no processo

descrito acima.

2º - datas diferentes

Da

ta

Colaborati

vo

Da

ta

2º Broadcast Da

ta

3º broadcast Possui Lead Possui

fontes

1º 2º 3º 1º 2º 3º

10

de

z

Vc

repórter

vc

repórter:

mulher

morre

baleada

durante

assalto em

SP

9

de

z

Jornal da

Record

Engenheira

é morta

durante

tentativa de

assalto na

zona sul de

SP

9

de

z

SBT Brasil

Engenheira

é

assassinada

durante

tentativa de

assalto em

SP

S S S S S S

11

de

z

Vc

repórter

Chuva

causa

inundaçõe

s em parte

da zona

leste de

São Paulo

10

de

z

Jornal da

Record

Fortes

chuvas

causam

transtornos e

deixam

moradores

ilhados na

zona leste de

10

de

z

Jornal

Nacional

Temporal

inunda ruas

da Zona

Leste de São

Paulo depois

de dia

abafado

S S S S S N

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172

SP

26

de

z

Vc

repórter

vc

repórter:

chuvas

castigam

São

Sebastião,

no litoral

de SP

26

de

z

Jornal da

Band

Estrada de

São

Sebastião

começa a ser

liberada

25

de

z

SBT Brasil

São

Sebastião

ainda

enfrenta

estragos

provocados

pela chuva

S S S S S S

17

jan

Vc

repórter

PM usa

bombas de

gás para

reprimir

ato contra

a tarifa em

SP

16

jan

Jornal da

Record

Manifestante

s protestam

contra a

tarifa de

ônibus no

centro de

São Paulo

16

jan

SBT Brasil

SP:

Manifestante

s protestam

contra tarifa

do

transporte

público

S S S S S S

28

jan

Vc

repórter

vc

repórter:

sem água,

moradores

improvisa

m com

baldes em

SP

27

jan

Jornal da

Band

Paulistano

pode ficar

até 5 dias

sem água

27

jan

Jornal da

Record

Rodízio

pode deixar

população

de São Paulo

sem água

durante

cinco dias

S S S S S S

26

fev

Vc no G1

Homem é

flagrado

furtando

celular de

funcionári

a em ótica

de São

Luís

25

fev

Jornal da

Record

Homem

morre

eletrocutado

ao ser

atingido por

fios de

energia

durante

temporal em

São Paulo

25

fev

SBT Brasil

Homem

morre

eletrocutado

após

temporal em

São Paulo

S S S S S N

Tabela 8: Categoria: Lead e fontes – datas diferentes

Fonte: Criação da pesquisadora

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173

Quanto as matérias selecionadas que possuem datas diferentes, todos os 6 textos

colaborativos e todos os 12 textos broadcasts possuem lead. Contudo, quanto às fontes,

o material colaborativo dispõe de fontes em todas as 6 matérias, enquanto que os

telejornais, 10 textos contam com fontes e 2 não possuem esse recurso. Assim,

novamente, 100% das matérias colaborativas possuem fontes, enquanto que 83,3% das

matérias de telejornais possuem esse mesmo quesito, conforme quadro abaixo:

Gráfico 15: Fontes: conteúdo broadcast (2ª etapa)

Fonte: Criação da Pesquisadora

Com a apresentação dos dados acima, realizados através da categorização do

material, é possível ter um conhecimento abrangente sobre os objetos estudados e

também sobre a seleção das matérias tanto de conteúdo colaborativo quanto as

broadcasts. Assim, nesse momento, faz-se necessário aprofundar mais nas matérias para

identificar se elas possuem mesma referência noticiosa. Para tanto o processo de

inferência, que faz parte do tratamento dos resultados, segundo a análise de conteúdo de

Laurence Bardin, será realizado a partir de agora.

5.2.4 Tratamento dos resultados

Uma vez feito a pré-análise, que molda a pesquisa, delimitando o corpus da

análise. E tendo feito a exploração do material, para que se possa ter uma ideia sobre os

dados que estamos trabalhando e os objetos da pesquisa em questão, faz-se necessário

83%

17%

Fontes - conteúdo broadcast

Possui

Não possui

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174

adentrar mais ainda no material selecionado. Portanto, esta é a etapa de tratamento dos

resultados. No qual se subdivide entre inferência e informatização da análise.

Nesse sentido, sobre a inferência, Bardin (1977, p.134) aponta que, “qualquer

análise de conteúdo deve passar pela análise da mensagem em si”. E para tanto, uma

vez selecionada as matérias, essas serão comparadas com base em seus textos, que

encontram-se disponíveis nos anexos 5 e 7.

5.2.4.1 Análise das matérias publicadas/divulgadas com mesma data

Tendo selecionado as matérias para análise da mensagem, foi criada abaixo uma

tabela comparativa em que é possível afirmar ou negar se as matérias que estão sendo

comparadas tratam do mesmo assunto. Com isso, saberemos se as palavras iguais

colaboraram para o encontro de matérias semelhantes. Quanto a inferência102, no quesito

‘informação sobre o mesmo assunto’, deve-se responder sim ou não e explicar as

diferenças e similaridades da temática das matérias. Vale ressaltar que, as palavras

idênticas encontradas entre as matérias estão sublinhadas e a tabela continua dividida

por cor para separar as datas de postagem, como podemos ver abaixo:

Dat

a

Cola

bora

tiv

o

Tít

ulo

Bro

adca

st

Tít

ulo

Info

rmaç

ão s

obre

o m

esm

o a

ssunto

2

dez

Vc

repórter

Vc repórter:

carros passam

anos

abandonados

em rua de SP

SBT

Brasil

SP: Acidente em

rua esburacada

deixa jovem

gravemente

ferido

NÃO

A primeira trata sobre

carros abandonados na

rua de São Paulo

enquanto que a

segunda trata sobre

um acidente de moto

provocado por um

buraco.

2

dez

Vc

repórter

Vc repórter:

carros passam

anos

abandonados

Jornal da

Record

Assaltantes

bloqueiam rua e

fazem refém

durante roubo a

NÃO

A primeira trata sobre

carros abandonados na

rua de São Paulo

102 É uma operação intelectual que busca verificar a veracidade de um fenômeno em decorrência de sua

ligação com outras prerrogativas já tidas como verdadeiras.

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175

em rua de SP banco em Mogi

Mirim (SP)

enquanto que a

segunda trata sobre

um rouba a banco no

centro do Mogi

Mirim.

11

dez

Vc

repórter

Chuva causa

inundações em

parte da zona

leste de São

Paulo

SBT

Brasil

Chuva causa

transtornos e

prejuízos na

zona leste de

São Paulo

SIM

Ambas tratam sobre a

inundação e os

transtornos gerados

pela chuva na zona

leste de São Paulo.

11

dez

Vc

repórter

Chuva causa

inundações em

parte da zona

leste de São

Paulo

Jornal da

Band

Chuva nesta

quinta-feira

causa

alagamento e

estado de

atenção

SIM

Ambas tratam sobre as

chuvas e os

transtornos trazidos

por ela em São Paulo.

Contudo, a primeira

foca a informação na

zona leste de São

Paulo, enquanto que a

segunda trata de tema

de forma mais

generalizada.

11

dez

Vc

repórter

Chuva causa

inundações em

parte da zona

leste de São

Paulo

Jornal da

Band

São Paulo pode

ter novos

alagamentos

com chuva na

sexta

NÃO

A primeira trata sobre

a chuva forte que caiu

na zona leste de São

Paulo, já a segunda

fala sobre o tempo em

todo o Brasil.

27

dez

Vc

repórter

Vc repórter:

colisão deixa 3

mortos e 3

feridos em

Goiás

Jornal

Nacional

Acidente com

ônibus deixa

oito mortos no

Espírito Santo

NÃO

A primeira trata de um

acidente ocorrido em

Goiás, envolvendo

dois automóveis,

enquanto que a

segunda trata sobre

um capotamento de

ônibus no Espírito

Santo.

27

dez

Vc

repórter

Vc repórter:

colisão deixa 3

mortos e 3

feridos em

Goiás

Jornal da

Record

Queda de

helicóptero

deixa cinco

mortos em

Bertioga, litoral

de São Paulo

NÃO

A primeira trata de um

acidente ocorrido em

Goiás, envolvendo

dois automóveis,

enquanto que a

segunda trata sobre a

queda de um

helicóptero em

Bertioga.

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176

27

dez

Vc

repórter

Vc repórter:

colisão deixa 3

mortos e 3

feridos em

Goiás

Jornal da

Record

Ônibus cai em

ribanceira e

deixa oito

mortos no

Espírito Santo

NÃO

A primeira trata de um

acidente ocorrido em

Goiás, envolvendo

dois automóveis,

enquanto que a

segunda trata sobre

um ônibus que

capotou no Espírito

Santo.

29

dez

Vc

repórter

SP: tempestade

provoca queda

de mais de 200

árvores

Jornal

Nacional

Chuva derruba

mais de 200

árvores em São

Paulo

SIM

Ambas tratam sobre a

queda de mais de 200

árvores no Parque

Ibirapuera, em São

Paulo.

29

dez

Vc

repórter

SP: tempestade

provoca queda

de mais de 200

árvores

Jornal da

Record

SP: temporal

derruba mais de

200 árvores e

fecha Parque do

Ibirapuera

SIM

Ambas tratam sobre a

queda de mais de 200

árvores no Parque

Ibirapuera, em São

Paulo.

15

jan

Vc

repórter

Incêndio atinge

shopping na rua

25 de Março em

São Paulo

SBT

Brasil

SP: Incêndio

destrói shopping

na 25 de Março

SIM

Ambas tratam sobre

um incêndio que

atingiu um shopping

na rua 25 de março.

15

jan

Vc

repórter

Incêndio atinge

shopping na rua

25 de Março em

São Paulo

Jornal da

Record

Incêndio destrói

depósito de

shopping na Rua

25 de Março

(SP)

SIM

Ambas tratam sobre

um incêndio que

atingiu um shopping

na rua 25 de março.

Porém a segunda não

dá informações

complementares por

ser uma nota.

15

jan

Vc

repórter

Incêndio pode

causar

desabamento de

prédio na 25 de

março

SBT

Brasil

SP: Incêndio

destrói shopping

na 25 de Março

SIM

Ambas tratam do

incêndio num

shopping na 25 de

março. Porém, a

primeira enfatiza o

procedimento dos

bombeiros, enquanto

que a segunda foca no

incêndio e nos lojistas.

15

jan

Vc

repórter

Incêndio pode

causar

desabamento de

prédio na 25 de

Jornal da

Record

Incêndio destrói

depósito de

shopping na Rua

25 de Março

SIM

Ambas tratam sobre o

incêndio num

shopping na 25 de

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177

março (SP) março. Porém, a

primeira foca no

trabalho dos

bombeiros. Já a

segunda, por ser uma

nota, expressa de

maneira breve todo o

acontecido sem focar

especificamente numa

informação.

24

jan

Vc

repórter

Vc repórter:

acidente entre

ônibus e moto

fere 1 em SP

SBT

Brasil

SP: Motorista

foge após matar

idoso em

acidente de carro

NÃO

A primeira trata sobre

um acidente

envolvendo um ônibus

e uma motocicleta na

Avenida do Estado,

em São Paulo. Já a

segunda trata sobre

um acidente de carro

no qual o motorista de

um dos carros evadiu

do local em um taxi.

24

jan

Vc

repórter

Vc repórter:

acidente entre

ônibus e moto

fere 1 em SP

Jornal da

Record

Motorista em

alta velocidade

provoca

acidente,

abandona carro

de luxo e foge a

pé em SP

NÃO

A primeira trata sobre

um acidente

envolvendo um ônibus

e uma motocicleta na

Avenida do Estado,

em São Paulo. Já a

segunda trata sobre

um acidente

envolvendo três

carros, no qual o

provocante do

acidente poderia estar

alcoolizado e fugiu do

local de acidente de

taxi.

2

fev

Vc

repórter

Leitora filma

falta de água em

casa na zona sul

de São Paulo

SBT

Brasil

Bebê morre

vítima de bala

perdida na zona

leste de São

Paulo

NÃO

A primeira trata sobre

a falta d’água dos

moradores da zona sul

de São Paulo, já a

segunda trata sobre

uma chacina e morte

de uma criança que

levou um tiro de bala

perdida.

2

fev

Vc

repórter

Leitora filma

falta de água em

Jornal da

Record

Inquérito

investiga morte

NÃO

A primeira trata sobre

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178

casa na zona sul

de São Paulo

de pichadores

em prédio da

zona leste de

São Paulo

a falta d’água dos

moradores da zona sul

de São Paulo,

enquanto que a

segunda trata do

assassinato de

pichadores pela PM.

2

fev

Vc

repórter

Leitora filma

falta de água em

casa na zona sul

de São Paulo

Jornal da

Band

Polícia investiga

uma chacina na

zona leste de

São Paulo

NÃO

A primeira trata sobre

a falta d’água dos

moradores da zona sul

de São Paulo, já a

segunda trata sobre a

primeira chacina do

ano, na capital

paulista.

5

fev

Vc

repórter

Chuva provoca

lentidão e

alagamentos em

São Paulo

Jornal da

Record

Chuva forte

provoca

transtornos na

capital e Região

Metropolitana de

São Paulo

SIM

Ambas trata sobre os

pontos de alagamento

após a chuva em São

Paulo. Porém, a

segunda possui menos

detalhes por se tratar

de uma nota.

5

fev

Vc

repórter

Chuva provoca

lentidão e

alagamentos em

São Paulo

Jornal da

Band

Moradores de

São Paulo

apelam para

estoque de água

da chuva

NÃO

A primeira trata sobre

a chuva e pontos de

alagamento, enquanto

que a segunda trata

sobre como os

moradores estão

estocando água.

5

fev

Vc

repórter

SP: chuva deixa

região de São

Miguel Paulista

em alerta

Jornal da

Record

Chuva forte

provoca

transtornos na

capital e Região

Metropolitana de

São Paulo

SIM

Ambas tratam sobre a

chuva e os pontos de

alagamentos em São

Paulo. A primeira foca

um pouco mais na

zona leste da cidade.

5

fev

Vc

repórter

SP: chuva deixa

região de São

Miguel Paulista

em alerta

Jornal da

Band

Moradores de

São Paulo

apelam para

estoque de água

da chuva

NÃO

A primeira trata sobre

os pontos de

alagamento com

enfoque na zona leste

de São Paulo, já a

segunda trata sobre

como os moradores

estão estocando água.

16

fev

Vc

repórter

Bombeiros

controlam

Jornal

Nacional

Incêndio destrói

parte de

SIM

Ambas tratam sobre o

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179

incêndio em

shopping do

Rio

shopping na

Zona Norte do

Rio de Janeiro

incêndio em um

shopping do Rio de

Janeiro. Porém a

segunda é uma nota e

não detalhes da

informação.

16

fev

Vc

repórter

Bombeiros

controlam

incêndio em

shopping do

Rio

SBT

Brasil

Incêndio destrói

shopping na

zona norte do

Rio de Janeiro

SIM

Ambas tratam sobre o

incêndio em um

shopping do Rio de

Janeiro.

16

fev

Vc

repórter

Bombeiros

controlam

incêndio em

shopping do

Rio

Jornal da

Record

Incêndio destrói

shopping na

zona norte do

Rio de Janeiro

SIM

Ambas tratam sobre o

incêndio em um

shopping do Rio de

Janeiro.

16

fev

Vc

repórter

Bombeiros

controlam

incêndio em

shopping do

Rio

Jornal da

Band

Shopping pega

fogo no Rio de

Janeiro

SIM

Ambas tratam sobre o

incêndio em um

shopping do Rio de

Janeiro.

23

fev

Vc

repórter

Em protesto,

caminhoneiros

paralisam

rodovia no

Paraná

Jornal

Nacional

Protesto de

caminhoneiros

provoca

problemas em

sete estados do

Brasil

SIM

Ambas tratam sobre o

protesto dos

caminhoneiros,

contudo se segunda é

mais completa e fala

da paralização em

outros estados, além

do Paraná.

23

fev

Vc

repórter

Em protesto,

caminhoneiros

paralisam

rodovia no

Paraná

SBT

Brasil

Protesto de

caminhoneiros

bloqueia

rodovias de sete

estados

SIM

Ambas tratam sobre o

protesto dos

caminhoneiros,

contudo se segunda é

mais completa e fala

da paralização em

outros estados, além

do Paraná.

24

fev

Vc

repórter

Caminhoneiros

continuam

bloqueando

rodovias pelo

Brasil

Jornal

Nacional

Protesto de

caminhoneiros

bloqueia

rodovias em dez

estados do Brasil

SIM

Ambas tratam sobre a

greve dos

caminhoneiros, porém

a primeira foca nos

estados do sul e

sudeste, enquanto que

a segunda fala da

greve em estados no

nordeste, centro-oeste,

sul e sudeste.

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180

24

fev

Vc

repórter

Caminhoneiros

continuam

bloqueando

rodovias pelo

Brasil

Jornal da

Band

Protestos de

caminhoneiros

bloqueiam

rodovias em 10

Estados

SIM

Ambas tratam sobre a

paralização, porém a

primeira trás mais

informações das

paralizações no pais,

enquanto que a

segunda foca em

Minas Gerais. Ainda

na segunda matéria foi

foi um vivo para

detalhar um pouco

mais sobre a

paralização.

27

fev

Vc

repórter

Caminhoneiros

bloqueiam pista

marginal da

Dutra sentido

Rio

SBT

Brasil

Polícia Federal

vai multar

caminhoneiros

que bloqueiam

rodovias

SIM

Ambas tratam, além

da paralização dos

caminhoneiros, sobre

a multa a ser aplicada

caso a paralização

continue

27

fev

Vc

repórter

Caminhoneiros

bloqueiam pista

marginal da

Dutra sentido

Rio

Jornal da

Record

Caminhoneiros

continuam

manifestações e

bloqueiam

rodovias em sete

estados

SIM

Ambas tratam, além

da paralização dos

caminhoneiros, sobre

a multa a ser aplicada

caso a paralização

continue

27

fev

Vc

repórter

Em protesto,

caminhoneiros

bloqueiam pista

marginal da

Dutra

SBT

Brasil

Polícia Federal

vai multar

caminhoneiros

que bloqueiam

rodovias

NÃO

A primeira trata sobre

uma paralização na

Dutra, enquanto que a

segunda trata sobre a

multa que será

aplicada aos

caminhoneiros em

caso de paralização.

27

fev

Vc

repórter

Em protesto,

caminhoneiros

bloqueiam pista

marginal da

Dutra

Jornal da

Record

Caminhoneiros

continuam

manifestações e

bloqueiam

rodovias em sete

estados

NÃO

A primeira trata

brevemente sobre uma

paralização na Dutra,

enquanto a segunda

trata sobre os acordos

do governo e a multa

para caminhoneiros

que insistirem ao fazer

paralização.

Tabela 9: Comparação das matérias selecionadas – Lead, fonte, assunto – mesma data

Fonte: Criação da pesquisadora

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181

Analisamos que, dos 35 pares de comparações entre veículo broadcast e

colaborativo, 20 correspondem ao mesmo assunto nos dois tipos de veículos. Esse

número representa 57% dos pares analisados. E como correspondem a veículos

diferentes, nota-se um agendamento entre os veículos, uma vez que foram encontradas

matérias com mesma temática entre o material selecionado. Abaixo, seguem as palavras

idênticas das matérias que tiveram relação e das que não tiveram.

Não foi encontrada relação Sim, foi encontrada relação

Rua –SP

São – Paulo – chuva

Deixa-mortos

SP-acidente

São – Paulo – zona

Caminhoneiros - bloqueiam

Chuva –causa

Mais-árvores

Incêndio- shopping – março

Incêndio - março

Chuva – São – Paulo

Chuva – São

Incêndio – shopping – Rio

Incêndio – shopping

Protesto – caminhoneiros

Caminhoneiros – rodovia – Brasil

Caminhoneiros – rodovias

Caminhoneiros - bloqueiam

Tabela 10: Palavras iguais usadas comparativamente nos textos

Fonte: Criação da Pesquisadora

Observa-se que as palavras “São - Paulo – Chuva” e “Caminhoneiros –

bloqueiam” encontram-se nas duas listas. Isso se dá pelo cruzamento realizado, em que

o colaborativo foi semelhante a algum determinado telejornal, porém, diferente de outro

que possuía as mesmas palavras idênticas.

5.2.4.2 Análise das matérias publicadas/divulgadas com datas diferentes

Uma vez analisada as matérias selecionadas com base na data e que possuem

palavras idênticas em ao menos 1 veículo colaborativo e no mínimo em 2 veículos

broadcasts, vamos nesse momento, analisar as matérias correlatas que encontram-se

num prazo de 24 horas, porém com data anterior ou posterior a postagem/divulgação.

Assim, como é possível checar no anexo 8, foram encontradas 6. Recapitulando o

procedimento realizado para a coleta, ao serem comparados os dados do anexo 1 com os

dados do anexo 2, verificou-se que, há matérias que possuem palavras idênticas, tanto

no veículo colaborativo quanto em, pelo menos dois veículos broadcasts, num período

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182

de 24 horas. Essas palavras idênticas são: Durante – Assalto – SP: (9 de dezembro) nos

veículos broadcasts e (10 de dezembro) no colaborativo; Zona – leste: (10 dezembro)

nos veículos broadcasts e (11 de dezembro) no colaborativo; São – Sebastião: (25

dezembro) em um veículos broadcasts e (26 de dezembro) no colaborativo e em um

veículo broadcast; Contra – tarifa: (16 de janeiro) nos veículos broadcasts e (17 de

janeiro) no colaborativo; Sem – água: (27 de janeiro) nos veículos broadcasts e (28 de

janeiro) no colaborativo; São – homem: (25 de fevereiro) nos veículos broadcasts e (26

de fevereiro) no colaborativo;

Embora o procedimento adotado seja muito parecido com o da primeira análise,

é possível perceber que, nesse momento, não há repetição de matérias, sendo todas elas

inéditas. Isso acontece por que as datas em que os interagendamentos podem ter

acontecido não são sequenciais. Nesse sentido, podemos notar que a tabela abaixo

mostra como 1º (primeiro), 2º (segundo) e 3º (terceiro) os veículos colaborativos,

broadcast1 e broadcast2, respectivamente103. A data da postagem/transmissão de cada

um deles também está estipulada. Assim, é possível perceber qual veículo lançou

primeiramente a informação que, possivelmente, se repete nos demais. Assim, será feita

a inferência com base na leitura e análise de todas as matérias selecionadas, visando

responder primeiramente se elas possuem mesma temática, e por fim, detalhar as

semelhanças ou não, do mesmo modo como foi feito na análise acima.

Data 1º

Colaborativo

Data 2º Broadcast Data 3º broadcast As

informações

do veículo

colaborativo

são sobre o

mesmo

assunto do

broadcast

10 dez Vc repórter

vc repórter:

mulher

morre

baleada

durante

assalto em

SP

9 dez Jornal da

Record

Engenheira é

morta durante

tentativa de

assalto na

zona sul de

SP

9

dez

SBT Brasil

Engenheira é

assassinada

durante

tentativa de

assalto em SP

NÃO

A primeira

trata sobre

um assalto

que terminou

na morte de

uma

cuidadora de

idosos no

103 Nota-se que a tabela possui dois broadcasts, pois, está comparando os textos do veículo colaborativo

com dois veículos broadcasts distintos.

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183

interior de

São Paulo. Já

a segunda

começa com

a informação

de um assalto

seguido de

morte numa

região nobre

de São Paulo

e termina

tratando

sobre a morte

de uma

engenheira,

também

durante uma

tentativa de

assalto em

São Paulo.

11 dez Vc repórter

Chuva causa

inundações

em parte da

zona leste de

São Paulo

10 dez Jornal da

Record

Fortes chuvas

causam

transtornos e

deixam

moradores

ilhados na

zona leste de

SP

10

dez

Jornal

Nacional

Temporal

inunda ruas

da Zona

Leste de São

Paulo depois

de dia

abafado

SIM

Todas as

matérias

tratam sobre a

chuva e os

transtornos

causados por

ela na zona

leste de São

Paulo.

Contudo, a

primeira

também trata

de outros

pontos de

alagamento

na cidade. A

segunda dá

foco nos

estragos

causados pela

enchente. Já a

terceira na

chuva e que

apesar do

transtorno,

ajudou a

encher um

pouco os

reservatórios.

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184

26 dez Vc repórter

vc repórter:

chuvas

castigam

São

Sebastião,

no litoral de

SP

26 dez Jornal da

Band

Estrada de

São Sebastião

começa a ser

liberada

25

dez

SBT Brasil

São Sebastião

ainda

enfrenta

estragos

provocados

pela chuva

SIM

Todas as

matérias

tratam sobre

o transtorno

causado pelas

chuvas em

São

Sebastião,

litoral de São

Paulo. A

primeira dá o

enfoque nos

deslizamentos

de terra e na

rodovia Rio-

Santos que

teve parte

interditada. Já

a segunda

foca mais em

como o

turismo de

final de ano

ficou

prejudicado.

E a terceira

menciona

como a

população

local está

agindo nesse

intempere.

17 jan Vc repórter

PM usa

bombas de

gás para

reprimir ato

contra a

tarifa em SP

16 jan Jornal da

Record

Manifestantes

protestam

contra a tarifa

de ônibus no

centro de São

Paulo

16

jan

SBT Brasil

SP:

Manifestantes

protestam

contra tarifa

do transporte

público

SIM

As três

matérias

tratam sobre a

manifestação

contra o

aumento da

tarifa de

ônibus. O

enfoque das

três é sobre

como ocorreu

a

manifestação.

28 jan Vc repórter

vc repórter:

27 jan Jornal da

Band

27

jan

Jornal da

Record

SIM

As três tratam

da escassez

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185

sem água,

moradores

improvisam

com baldes

em SP

Paulistano

pode ficar até

5 dias sem

água

Rodízio pode

deixar

população de

São Paulo

sem água

durante cinco

dias

de água em

São Paulo e

da restrição

no

recebimento

de água nas

residências.

26 fev Vc no G1

Homem é

flagrado

furtando

celular de

funcionária

em ótica de

São Luís

25 fev Jornal da

Record

Homem

morre

eletrocutado

ao ser

atingido por

fios de

energia

durante

temporal em

São Paulo

25

fev

SBT Brasil

Homem

morre

eletrocutado

após

temporal em

São Paulo

NÃO

A primeira

trata sobre o

furto de um

celular dentro

de uma ótica

no Maranhão.

Já a segunda

e a terceira

tratam sobre

forte chuva

em São Paulo

que causou

muitos

transtornos

em diversas

regiões da

cidade. Em

ambas foi

dito também

sobre a morte

por

eletrocussão

de um

homem cujo

carro foi

atingido por

um fio de alta

tensão.

Tabela 11: Comparação das matérias selecionadas – Lead, fonte, assunto – datas diferentes

Fonte: Criação da pesquisadora

Neste ponto, possuímos 6 pares (conjuntos) de análises entre veículos

colaborativos e broadcasts, dos quais 4 possuem relação direta entre as temáticas das

matérias. Assim, com base no método empregado, se notam agendamentos também em

matérias com datas diferentes, uma vez que foram encontradas matérias com mesma

temática na análise acima. Este fato corresponde a 66,6% de assuntos iguais entre os

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186

veículos. Abaixo segue uma tabela com as palavras iguais, cujos textos não tiveram

relação alguma.

Não foi encontrada relação Sim, foi encontrada relação

Durante – assalto

Homem - são

Zona – leste

São – Sebastião

Contra – tarifa

Sem - água

Tabela 12: Palavras iguais usadas comparativamente nos textos – 2ª etapa

Fonte: Criação da pesquisadora

Tendo conhecimento sobre as temáticas das matérias e se elas são correlatas,

uma última análise no material coletado foi necessária para compreendermos a natureza

das matérias selecionadas. Diz respeito ao valor-notícia dos pares de notícias analisados

com assuntos semelhantes. Depois de efetivar uma leitura rigorosa nos procedimentos

anteriores, que consistiu em “estabelecer contato com os documentos a analisar e

conhecer o texto deixando-se invadir por impressões e orientações” (BARDIN. 2009,

p.130), foi distribuído em categorias as matérias cujo conteúdo já havia determinado ter

similitudes entre os veículos, de acordo com as tabelas acima. Nesse sentido, só serão

analisadas matérias cujos pares possuam afinidade temática, descartando as matérias

que não possuem correlação, segundo as análises acima. Dessa forma em 20 pares da

primeira etapa e 4 conjuntos da segunda etapa serão aplicadas inferências para averiguar

os valores notícias utilizados por elas.

Assim, essa averiguação baseia-se nos critérios de noticiabilidade propostos por

Nilson Lage (2006) uma vez que, possuem 6 categorias, que são claras e objetivas. São

elas: proximidade, atualidade, ineditismo, identificação humana, identificação social e

intensidade. Através do valor-notícia podemos ter um maior conhecimento sobre os

veículos e seus projetos editoriais e também, saber se as matérias consideradas similares

possuem os mesmos critérios de noticiabilidade. Contudo, é necessário esclarecer que

uma notícia pode conter mais de um valor-notícia, porém, “às vezes, a matéria conterá

diversos destes elementos que despertam interesse, outras vezes, apenas um. Em cada

caso, o elemento dominante presente nos indica qual o tipo de categoria do assunto”

(BOND, 1959, p.71). Dessa forma, será demonstrado o valor-notícia que sobressair aos

demais. E para que fique comprovado as inferências sobre os critérios de

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187

noticiabilidade, serão destacadas frases do texto que os aponte. Entretanto, faz-se

necessário traçar a característica de cada um dos critérios, como podemos ver a seguir:

A atualidade está diretamente relacionada com o fator ‘tempo’, o que traz a ideia de que

a informação é nova ou recente. Assim é basicamente impossível tratar de atualidade

sem falar de tempo, como nos explica Muniz Sodré (1996, p.135) quando diz que, a

atualidade “opera uma apropriação industrial do tempo e sua redução à experiência da

cotidianidade”. Segundo Nilson Lage (2001), o público tende a se interessar por

acontecimentos mais recentes, uma vez que esse tipo de informação tem maior

possibilidade de impactar no cotidiano das pessoas. Sobre essa mesma temática Van

Dijk, (1990, p.175) afirma que “é fundamental o requisito de que a notícia deve tratar

em princípio sobre novos acontecimentos. Os leitores não devem receber uma

informação que já conhecem”.

Contudo, algumas informações antigas, que ganham nova roupagem através de

informações novas, que agregam ao conteúdo, também são consideradas atualidade,

como nos diz Schudson (1986, p.82) ao explicar que, “temporalidade nas notícias é

definida na prática não somente pelo ‘aspecto recente’ de um evento reportado, mas

pela sua coincidência com a ‘investigação’ da instituição jornalística”.

Outros preceitos do jornalismo, com base em Lage, é que toda matéria deve ser inédita,

para que não haja repetições e o público perca o interesse. Contudo, não é tarefa simples

buscar algo inusitado, ainda mais se considerarmos a gama de notícias que cada

jornalista deve produzir por dia. Porém, não podemos negar que matérias inéditas

chamam a atenção do leitor/espectador, pois é algo que foge a regra. Para Nilson Lage

(2006, p.17), “a notícia se define, no jornalismo moderno, como o relato de uma série

de fatos, a partir do fato mais importante ou mais interessante; e de cada fato, a partir do

aspecto mais importante ou mais interessante” Assim, ser inédita quer dizer que a

informação difere das demais por ser rara, uma vez que contenha algo inusitado. É uma

novidade ou uma informação que traz algo inesperado.

A intensidade, segundo Nilson Lage (2001), esse valor notícia pode ser

exemplificados da seguinte maneira “se duas pessoas morrem, uma vítima de um

choque de dez mil volts e outra de um choque de um milhão de volts, a segunda morte

parecerá mais trágica do que a primeira”. Assim, podemos notar que na intensidade, o

que se leva em consideração é algo que foge ao padrão, é algo exagerado que chame

mais a atenção do que um acontecimento de menor proporção.

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188

No entanto, a proximidade está relacionada aos interesses do público quanto a

localização geográfica e também cultural. Para Nilson Lage (2001), “o raciocínio

corrente é de que o homem se interessa principalmente pelo que lhe está próximo”.

Corroborando com esse pensamento Fontcuberta (1993, p.45) diz que, “as pessoas estão

interessadas em saber o que acontece nos arredores, nas proximidades, no seu entorno e

não só geográfico, mas também o social e o psicológico”. Isso acontece por que “a

proximidade é um dos fatores mais poderosos na hora de selecionar uma notícia”.

(FONTCUBERTA, 1993, p.45).

A identificação humana está diretamente relacionada ao acontecimento que

transforma um indivíduo em herói. Para Nilson Lage (2001), esse modelo chama muito

a atenção do público. Traquina (2005, p.93) diz que, “[...] a lógica é a seguinte: quanto

mais a notícia insere o acontecimento numa narrativa já estabelecida, mais possibilidade

a notícia tem de ser notada”. E quanto mais ‘heróis’ os noticiários buscarem maior será

a identificação das pessoas

E a identidade social, para Nilson Lage (2001), se dá através da pirâmide de

categorias sociais, nenhuma escala de baixo para cima. Assim, para Nilson Laje (2001),

“os novos produtos são introduzidos geralmente no segmento mais próximo do ápice e

cumprem um ciclo de popularização que os leva ao maior número de pessoas [...]”.

Explicando melhor, “a mídia possui a capacidade de formular as preocupações

públicas” (MIGUEL, 2002, p.55).

Uma vez tendo o conhecimento acerca dos valores-notícia que serão utilizados

nesta análise, foi possível demonstrar através da tabela a seguir em qual critério se

enquadra cada matéria. Essas estão separadas por cores para apontar que fazem parte da

mesma data e possuem mesmas palavras iguais, conforme é possível ver abaixo:

Pro

xim

ida

de

Atu

ali

da

de

Iden

tid

ad

e

Hu

ma

na

Iden

tid

ad

e

So

cial

Ined

itis

mo

inte

nsi

da

de

Vc

repórt

er

Chuva

causa

inundaçõe

s em parte

da zona

leste de

São Paulo

O texto

trata

sobre os

pontos

críticos

de

alagamen

to na

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190

filhos no

colo”.

Vc

repórt

er

Chuva

causa

inundaçõe

s em parte

da zona

leste de

São Paulo

O texto

trata

sobre os

pontos

críticos

de

alagamen

to na

capital

paulista.

Cita

bairros e

ruas da

cidade.

“Córrego

Verde,

nas

proximid

ades do

cruzamen

to da

avenida

Jacu-

Pessego

com

avenida

Imperado

r”.

Jornal

da

Band

Chuva

nesta

quinta-

feira

causa

alagament

o e estado

de

atenção

O texto

expressa

breveme

nte o

transtorn

o

causado

pela

chuva

que está

acontece

ndo

naquele

momento

em

algumas

parte da

capital

metropoli

tana de

São

Paulo.

“Neste

momento

chove

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191

forte em

cidades

da

Grande

São

Paulo.”

Vc

repórt

er

SP:

tempestad

e provoca

queda de

mais de

200

árvores

A queda de

mais de

200 árvores

do parque

do

Ibirapuera

fez com

que ele

ficasse

fechado

para não

provocar

possíveis

acidentes.

É a

primeira

vez na

história que

o parque

fecha por

esse

motivo. “É

a primeira

vez que o

parque, na

zona sul

paulistana,

é fechado

devido à

queda de

árvores.”

Jornal

Nacio

nal

Chuva

derruba

mais de

200

árvores

em São

Paulo

O texto fala

sobre a

queda das

árvores no

Ibirapuera,

e depois

enfoca na

falta de

cuidados

com as

árvores.

“Tirando

fenômenos

climáticos

extremos

como o que

varreu o

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192

Parque do

Ibirapuera,

existem

fatores

urbanos

que

interferem

permanente

mente na

saúde das

árvores” e

“Podas

feitas

apenas de

um lado

para

preservar a

fiação

causam

desequilíbri

o. Raízes

estrangulad

as pelas

calçadas

ficam

fracas para

nutrir e

sustentar as

árvores”.

Vc

repórt

er

SP:

tempestad

e provoca

queda de

mais de

200

árvores

A queda de

mais de

200 árvores

do parque

do

Ibirapuera

fez com

que ele

ficasse

fechado

para não

provocar

possíveis

acidentes.

É a

primeira

vez na

história que

o parque

fecha por

esse

motivo. “É

a primeira

vez que o

parque, na

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193

zona sul

paulistana,

é fechado

devido à

queda de

árvores.”

Jornal

da

Recor

d

SP:

temporal

derruba

mais de

200

árvores e

fecha

Parque do

Ibirapuera

O texto fala

sobre os

estragos

causados

pela queda

das árvores

no parque

Ibirapuera e

também da

queda de

árvores em

outras

localidades

da cidade

de São

Paulo. Mas

enfoca

especialme

nte no

Ibirapuera.

“Foi a

primeira

vez na

história que

o parque

fechou por

causa da

queda de

árvores”.

Vc

repórt

er

Incêndio

atinge

shopping

na rua 25

de Março

em São

Paulo

O texto

trata sobre

um

incêndio

enorme

que

aconteceu

na

madrugada

no Saara

Shopping.

“Um

incêndio de

grandes

proporções

consumiu

na

madrugada

Page 195: UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO - TEDE2 da ...tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1515/2/Claudia Maria Arantes... · UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO,

194

desta

quinta-

feira um

depósito do

Saara

Shopping”.

SBT

Brasil

SP:

Incêndio

destrói

shopping

na 25 de

Março

O texto

trata

sobre um

incêndio

na rua 25

de Março

, em São

Paulo

enfoca

como os

bombeiro

s estão

sofrendo

para

apagar as

chamas,

bem

como a

perda

material

das

pessoas

que

moravam

e

trabalhava

m no

local.

“acordara

m

assustado

s e

tiveram

que

abandonar

suas casas

as

pressas” e

“Quem

chegava

para

trabalhar

não

acreditava

no que

via.”

Vc Incêndio Um

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195

repórt

er

atinge

shopping

na rua 25

de Março

em São

Paulo

incêndio de

grandes

proporções

consumiu

na

madrugada

desta

quinta-

feira um

depósito do

Saara

Shopping.

“Um

incêndio de

grandes

proporções

consumiu

na

madrugada

desta

quinta-

feira um

depósito do

Saara

Shopping”.

Jornal

da

Recor

d

Incêndio

destrói

depósito

de

shopping

na Rua 25

de Março

(SP)

Com texto

curto, as

informaçõe

s sucintas

sobre o

incêndio na

25 de

Março, em

São Paulo

enfocam

especifica

mente no

incêndio.

“Um

incêndio na

madrugada

destruiu o

depósito de

um

shopping.

Quatorze

equipes

dos

bombeiros

trabalhara

m mais de

4 horas

para

combater

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196

as chamas”

Vc

repórt

er

Incêndio

pode

causar

desabame

nto de

prédio na

25 de

março

O texto

trata da

dimensão

do

incêndio

que atingiu

um

shopping

da 25 de

março em

São Paulo.

Destaca

também os

procedime

ntos dos

bombeiros

para tentar

minimizar

os

estragos.

“Os

bombeiros

que

combatem

os focos de

incêndio

em um

prédio

comercial

da Rua 25

de Março,

na região

central de

São Paulo,

receberam,

às 11h,

ordens para

se retirar

do local já

que há

risco de

desabamen

to”.

SBT

Brasil

SP:

Incêndio

destrói

shopping

na 25 de

Março

O texto

trata

sobre um

incêndio

na rua 25

de Março

, em São

Paulo

enfoca

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197

como os

bombeiro

s estão

sofrendo

para

apagar as

chamas,

bem

como a

perda

material

das

pessoas

que

moravam

e

trabalhava

m no

local.

“acordara

m

assustado

s e

tiveram

que

abandonar

suas casas

as

pressas” e

“Quem

chegava

para

trabalhar

não

acreditava

no que

via.”

Vc

repórt

er

Incêndio

pode

causar

desabame

nto de

prédio na

25 de

março

O texto

trata da

dimensão

do

incêndio

que atingiu

um

shopping

da 25 de

março em

São Paulo.

Destaca

também os

procedime

ntos dos

bombeiros

para tentar

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198

minimizar

os

estragos.

“Os

bombeiros

que

combatem

os focos de

incêndio

em um

prédio

comercial

da Rua 25

de Março,

na região

central de

São Paulo,

receberam,

às 11h,

ordens para

se retirar

do local já

que há

risco de

desabamen

to”.

Jornal

da

Recor

d

Incêndio

destrói

depósito

de

shopping

na Rua 25

de Março

(SP)

Com texto

curto, as

informaçõe

s sucintas

sobre o

incêndio na

25 de

Março, em

São Paulo

enfocam

especifica

mente no

incêndio.

“Um

incêndio na

madrugada

destruiu o

depósito de

um

shopping.

Quatorze

equipes

dos

bombeiros

trabalhara

m mais de

4 horas

para

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200

s até as

13h55”.

Jornal

da

Recor

d

Chuva

forte

provoca

transtorno

s na

capital e

Região

Metropoli

tana de

São Paulo

É um

texto

curto que,

embora o

texto trate

sobre os

transtorno

s

causados

pela

chuva, ele

faz apelos

aos

telespecta

dores.

“Em Poa

os

Bombeiro

s usaram

um

caminhão

para

retirar os

moradore

s ilhados”

e “Esse

homem

escapou

pelo

muro”.

Vc

repórt

er

SP: chuva

deixa

região de

São

Miguel

Paulista

em alerta

Com um

texto curto,

busca

informar

sobre a

forte

chuva que

deixou em

alerta São

Miguel

Paulista. “a

subprefeitu

ra de São

Miguel

Paulista,

zona leste

da capital,

entrou em

estado de

alerta por

conta do

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201

transborda

mento do

córrego

Lajeado”.

Jornal

da

Recor

d

Chuva

forte

provoca

transtorno

s na

capital e

Região

Metropoli

tana de

São Paulo

É um

texto

curto que,

embora o

texto trate

sobre os

transtorno

s

causados

pela

chuva, ele

faz apelos

aos

telespecta

dores.

“Em Poa

os

Bombeiro

s usaram

um

caminhão

para

retirar os

moradore

s ilhados”

e “Esse

homem

escapou

pelo

muro”.

Vc

repórt

er

Bombeiro

s

controlam

incêndio

em

shopping

do Rio

O texto

aborda o

incêndio

em um

Shopping

no Rio de

Janeiro, ele

trata as

informaçõe

s dando

ênfase na

intensidade

do

incêndio.

“O corpo

de

Bombeiros

do Rio de

Janeiro

Page 203: UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO - TEDE2 da ...tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/1515/2/Claudia Maria Arantes... · UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO,

202

controlou

o incêndio

de grandes

proporções

” e “. Ao

menos cem

bombeiros

e

30 viaturas

de dez

quartéis

foram

necessários

para

os trabalho

s de

combate ao

fogo”

Jornal

Nacio

nal

Incêndio

destrói

parte de

shopping

na Zona

Norte do

Rio de

Janeiro

O texto

curto as

informaçõe

s primárias

sobreo

incêndio

em um

Shopping

no Rio de

Janeiro. Há

ênfase na

intensidade

do

incêndio.

“Em meia

hora, parte

do telhado

foi

destruída.

A

intensidade

das chamas

era tanta

que

paredes do

prédio

desabaram.

Cerca de

100

bombeiros

passaram a

tarde

inteira

combatend

o o fogo”.

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203

Vc

repórt

er

Bombeiro

s

controlam

incêndio

em

shopping

do Rio

O texto

aborda o

incêndio

em um

Shopping

no Rio de

Janeiro, ele

trata as

informaçõe

s dando

ênfase na

intensidade

do

incêndio.

“O corpo

de

Bombeiros

do Rio de

Janeiro

controlou

o incêndio

de grandes

proporções

” e “. Ao

menos cem

bombeiros

e

30 viaturas

de dez

quartéis

foram

necessários

para

os trabalho

s de

combate ao

fogo”

SBT

Brasil

Incêndio

destrói

shopping

na zona

norte do

Rio de

Janeiro

O texto

trás dados

sobre o

shopping

que sofreu

incêndio e

de como

era o local

antes e

após se

tornar um

shopping.

Porém, o

texto busca

dar ênfase

na

intensidade

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204

do

incêndio.

“Bombeiro

s de 10

quarteis

foram

chamados

para

combater

as chamas

que se

alastraram

rápido” e

“A

intensidade

do calor foi

tão grande

que

paredes do

prédio

desabaram

no início

da tarde”

Vc

repórt

er

Bombeiro

s

controlam

incêndio

em

shopping

do Rio

O texto

aborda o

incêndio

em um

Shopping

no Rio de

Janeiro, ele

trata as

informaçõe

s dando

ênfase na

intensidade

do

incêndio.

“O corpo

de

Bombeiros

do Rio de

Janeiro

controlou

o incêndio

de grandes

proporções

” e “. Ao

menos cem

bombeiros

e

30 viaturas

de dez

quartéis

foram

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205

necessários

para

os trabalho

s de

combate ao

fogo”

Jornal

da

Recor

d

Incêndio

destrói

shopping

na zona

norte do

Rio de

Janeiro

O texto

trata sobre

o árduo

trabalho

dos

bombeiros

e nos

lojistas que

perderam

as

mercadoria

s. Contudo,

destaque

para a

intensidade

do

incêndio.

“De longe

já era

possível

ver a

coluna de

fumaça

negra. O

incêndio

começou

no segundo

andar e em

pouco

minutos

destruiu

um dos

maiores

shoppings

da zona

norte do

Rio.”

Vc

repórt

er

Bombeiro

s

controlam

incêndio

em

shopping

do Rio

O texto

aborda o

incêndio

em um

Shopping

no Rio de

Janeiro, ele

trata as

informaçõe

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206

s dando

ênfase na

intensidade

do

incêndio.

“O corpo

de

Bombeiros

do Rio de

Janeiro

controlou

o incêndio

de grandes

proporções

” e “. Ao

menos cem

bombeiros

e

30 viaturas

de dez

quartéis

foram

necessários

para

os trabalho

s de

combate ao

fogo”

Jornal

da

Band

Shopping

pega fogo

no Rio de

Janeiro

Fala da

rápida

saída dos

funcionário

de

shopping

durante o

incêndio

no Rio de

Janeiro.

Fala

também

sobre a

perda de

lojistas e

sobre o um

leve

acidente

que feriu

três

bombeiros.

“A coluna

de fumaça

poderia ser

vista de

longe. Pelo

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207

menos 10

quartéis do

corpo de

bombeiros

foram

acionados

para tentar

controlar

as chamas

que se

alastraram

rapidament

e.” e “Dois

helicóptero

s também

auxiliavam

no combate

às

chamas.”

Vc

repórt

er

Em

protesto,

caminhon

eiros

paralisam

rodovia

no Paraná

O curto

texto

mostra a

paralizaç

ão dos

caminhon

eiros no

Paraná

contra o

aumento

do preço

da

gasolina.

“Imagens

registrada

s pela

leitora

Luana

Eckstein

mostram

o

bloqueio

realizado

por

caminhon

eiros na

BR-277,

em

Guarapua

va (PR)”

Jornal

Nacio

nal

Protesto

de

caminhon

eiros

Mostra a

intensidade

da

paralização

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208

provoca

problemas

em sete

estados

do Brasil

dos

caminhone

iros e os

motivos

pelos quais

decidiram

fazer a

paralização

. “No

Paraná, os

caminhone

iros

fecharam,

pelo

menos, 33

trechos de

20

rodovias

estaduais e

federais” e

“Em

Francisco

Beltrão, a

500

quilômetro

s de

Curitiba,

poucos

postos

estão com

as bombas

funcionand

o.”

Vc

repórt

er

Em

protesto,

caminhon

eiros

paralisam

rodovia

no Paraná

O curto

texto

mostra a

paralizaç

ão dos

caminhon

eiros no

Paraná

contra o

aumento

do preço

da

gasolina.

“Imagens

registrada

s pela

leitora

Luana

Eckstein

mostram

o

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210

custo

para se

manter

na

profissão.

” “Para o

dono

dessa

caminhão

carregad

o com

frutas e

verduras,

o

prejuízo

chega a

60 mil

reais por

causa da

falta de

refrigeraç

ão

adequada

”.

Vc

repórt

er

Caminhon

eiros

continua

m

bloqueand

o

rodovias

pelo

Brasil

O texto

trata da

paralizaç

ão dos

caminho

neiros

por conta

do baixo

preço do

frete e do

aumento

no preço

da

gasolina.

Além do

mas, faz

uma

atualizaç

ão de nos

pontos de

paralizaç

ão.“ No

início da

manhã de

hoje,

eram

registrad

os

bloqueios

em

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211

rodovias

de Minas

Gerais,

Santa

Catarina

e Rio

Grande

do Sul”

“A

corporaç

ão criou

até um

mapa

interativo

para

atualizar

as

principai

s

intervenç

ões no

estado”

“A PRF

alerta que

os

caminho

neiros

têm

mudado

constante

mente os

pontos de

manifesta

ção, o

que pode

acabar

por

surpreen

der

muitos

motorista

s que

estejam

circuland

o por

estas ou

outras

rodovias”

Jornal

Nacio

nal

Protesto

de

caminhon

eiros

bloqueia

rodovias

O texto

trata

sobre a

paralizaç

ão e a

ordem de

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212

em dez

estados

do Brasil

desbloqu

eio dada

pela

Justiça

Federal,

com

previsão

de multa

diária.

“Uma

barricada

de fogo

com

pneus

impediu

a

passagem

de carros

e

caminhõe

s na

manhã”

“Hoje a

Justiça

Federal

de Minas

Gerais

determin

ou a

liberação

de todas

as

rodovias

bloquead

as no

estado”.

Vc

repórt

er

Caminhon

eiros

continua

m

bloqueand

o

rodovias

pelo

Brasil

O texto

trata da

paralizaç

ão dos

caminho

neiros

por conta

do baixo

preço do

frete e do

aumento

no preço

da

gasolina.

Além do

mas, faz

uma

atualizaç

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213

ão de nos

pontos de

paralizaç

ão.“ No

início da

manhã de

hoje,

eram

registrad

os

bloqueios

em

rodovias

de Minas

Gerais,

Santa

Catarina

e Rio

Grande

do Sul”

“A

corporaç

ão criou

até um

mapa

interativo

para

atualizar

as

principai

s

intervenç

ões no

estado”

“A PRF

alerta que

os

caminho

neiros

têm

mudado

constante

mente os

pontos de

manifesta

ção, o

que pode

acabar

por

surpreen

der

muitos

motorista

s que

estejam

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214

circuland

o por

estas ou

outras

rodovias”

Jornal

da

Band

Protestos

de

caminhon

eiros

bloqueia

m

rodovias

em 10

Estados

O texto

trata sobre

os

prejuízos

causados

pela

paralização

de diversas

estradas no

país. “A

montadora

está

monitorand

o o

protesto

para

decidir

quando os

trabalhador

es deverão

voltar ao

trabalho”

“Muitos

caminhone

iros estão

parados

por que

têm medo

de furar o

bloqueio.”

“Essas são

as

primeiras

respostas a

uma

situação

que já está

tomando

conta do

país, uma

situação de

indignação.

Algumas

regiões do

Brasil

estão

ficando

isoladas e

já correm

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215

risco de

desabasteci

mento.”

Vc

repórt

er

Caminhon

eiros

bloqueia

m pista

marginal

da Dutra

sentido

Rio

O texto

trata da

paralizaç

ão dos

caminho

neiros

por conta

do baixo

preço do

frete e do

aumento

no preço

da

gasolina.

Além do

mas, faz

uma

atualizaç

ão de nos

pontos de

paralizaç

ão.“ No

início da

manhã de

hoje,

eram

registrad

os

bloqueios

em

rodovias

de Minas

Gerais,

Santa

Catarina

e Rio

Grande

do Sul”

“A

corporaç

ão criou

até um

mapa

interativo

para

atualizar

as

principai

s

intervenç

ões no

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217

superinte

ndências

regionais

vão abrir

inquérito

s para

apurar

possíveis

abusos

em

protestos

e também

ato

ilícitos”

“Onze

entidades

que

represent

am os

caminho

neiros

assinara

m um

termo

com o

governo,

mas um

grupo

ainda

defende a

greve”

Vc

repórt

er

Caminhon

eiros

bloqueia

m pista

marginal

da Dutra

sentido

Rio

O texto

trata da

paralizaç

ão dos

caminho

neiros

continua,

mesmo

com

acordo

firmado

com o

Governo.

“Os

caminho

neiros

realizara

m um

bloqueio

na pista

marginal

da

rodovia

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218

President

e Dutra,

no quilô

metro

228 senti

do Rio,

na tarde

desta

sexta-

feira”

“Na

manhã

desta

sexta-

feira

(27), a

PRF

contabili

zava 69

interdiçõ

es em

rodovias

de

seis Esta

dos do

País”.

Jornal

da

Recor

d

Caminhon

eiros

continua

m

manifesta

ções e

bloqueia

m

rodovias

em sete

estados

O texto

trata

sobre a

paralizaç

ão dos

caminho

neiros

mesmo

após o

firmar o

acordo

com o

Governo.

“Alguns

motorista

s

tentaram

fechar o

bloqueio

e houve

confusão.

No Rio

Grande

do Sul os

soldados

da Força

Nacional

usaram

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219

bomba de

gás

lacrimog

ênio”.

“Apesar

da

ameaça

do

Governo,

de multar

até 10

mil reais

por hora

os

caminho

neiros

que

fechem

as vias, o

movimen

to

manteve

hoje o

bloqueio

na trilha

da soja”.

Tabela 13: Critérios de noticiabilidade – mesma data

Fonte: Criação da pesquisadora

Para que seja mais simples a visualização dos resultados, a tabela abaixo mostra

quantas e quais ocorrências foram encontradas em cada veículo que possuía matéria

selecionada, como é possível checar abaixo:

Pro

xim

ida

de

Atu

ali

dad

e

Iden

tid

ad

e

Hu

man

a

Iden

tid

ad

e

Soci

al

Ined

itis

mo

Inte

nsi

dad

e

Vc repórter 2 3 1 4

JN 1 2

Record 1 1 1 2

SBT 2 2 1

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220

Band 1 2

Tabela 14: Número de ocorrências dos critérios de noticiabilidade – mesma data

Fonte: Criação da pesquisadora

Nota-se que não foram computadas as matérias repetidas, portanto, os dados

apresentados acima são apenas das matérias chamadas, neste trabalho, de inéditas. É

possível perceber que dos 20 pares destacados, nem todos eles seguiram o valor-notícia

de seu correlato. Assim, do total de conjuntos selecionados e analisados, 10 seguem os

mesmos critérios de noticiabilidade, também conhecido por valores notícia, da se: -

Inédito - SP: tempestade provoca queda de mais de 200 árvores (Vc repórter) e SP:

temporal derruba mais de 200 árvores e fecha Parque do Ibirapuera (Jornal da Record);

Intensidade - Incêndio atinge shopping na rua 25 de Março em São Paulo (Vc repórter)

e Incêndio destrói depósito de shopping na Rua 25 de Março (SP) (Jornal da Record);

Intensidade - Incêndio pode causar desabamento de prédio na 25 de março (Vc repórter)

e Incêndio destrói depósito de shopping na Rua 25 de Março (SP) (Jornal da Record);

Intensidade - Bombeiros controlam incêndio em shopping do Rio (Vc repórter) e

Incêndio destrói parte de shopping na Zona Norte do Rio de Janeiro (Jornal Nacional);

Intensidade - Bombeiros controlam incêndio em shopping do Rio (Vc repórter) e

Incêndio destrói shopping na zona norte do Rio de Janeiro (SBT Brasil); Intensidade -

Bombeiros controlam incêndio em shopping do Rio (Vc repórter) e Incêndio destrói

shopping na zona norte do Rio de Janeiro (Jornal da Record); Intensidade - Bombeiros

controlam incêndio em shopping do Rio (Vc repórter) e Shopping pega fogo no Rio de

Janeiro (Jornal da Band); Atualidade - Caminhoneiros continuam bloqueando rodovias

pelo Brasil (Vc repórter) e Protesto de caminhoneiros bloqueia rodovias em dez estados

do Brasil (Jornal Nacional); Atualidade - Caminhoneiros bloqueiam pista marginal da

Dutra sentido Rio (Vc repórter) e Polícia Federal vai multar caminhoneiros que

bloqueiam rodovias (SBT Brasil); Atualidade - Caminhoneiros bloqueiam pista

marginal da Dutra sentido Rio (Vc repórter) e Caminhoneiros continuam manifestações

e bloqueiam rodovias em sete estados (Jornal da Record).

Dentre os 10 pares que possuem mesmos critérios de noticiabilidade, o conteúdo

colaborativo segue o mesmo valor notícia do Jornal da Record em 5 ocorrências,

também possui o mesmo critérios que o Jornal Nacional em 2 ocorrências, o SBT Brasil

em 2 ocorrências e 1 ocorrência com relação ao Jornal da Band. Sobre os valores-

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221

notícias mais encontrados, cujos pares utilizam dos mesmos critérios são: intensidade,

com 6 pares, 1 par com o quesito inédito e 3 com atualidades.

Tendo analisado as matérias que possuem mesma data, com base em valores-

notícia, é hora de analisar, através dos mesmos critérios, as matérias selecionadas no

prazo de 24 horas, porém, com datas diferentes, conforme a tabela abaixo:

Matérias com datas distintas

Pro

xim

idad

e

Atu

ali

dad

e

Iden

tid

ad

e

Hu

man

a

Iden

tid

ad

e

Soci

al

Ined

itis

mo

inte

nsi

dad

e

Vc

repórte

r

Chuva

causa

inundaçõ

es em

parte da

zona

leste de

São

Paulo

O texto

trata sobre

os pontos

críticos de

alagament

o na

capital

paulista.

Cita

bairros e

ruas da

cidade.

“Córrego

Verde, nas

proximida

des do

cruzament

o da

avenida

Jacu-

Pessego

com

avenida

Imperador

”.

Jornal

da

Record

Fortes

chuvas

causam

transtorn

os e

deixam

moradore

s ilhados

na zona

O texto

trata

sobre o

transtorn

o

provoca

do pela

chuva.

“Olha

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222

leste de

SP

só, a

gente

está

chegand

o aqui

onde

passa o

córrego

e só

agora a

gente

consegu

e ver um

carro

que foi

parar

dentro

do rio”,

“Do alto

a

situação

ficava

mais

assustad

ora. O

temporal

alagou

ruas e

deixou

muita

gente

ilhada”.

“A força

da

enxurrad

a

empurro

u até

este

caminhã

o”.

Jornal

Nacion

al

Temporal

inunda

ruas da

Zona

Leste de

São

Paulo

depois de

O texto

fala

sobre o

transtorn

o na

capital

paulista

por

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223

dia

abafado

causa da

chuva.

“Um

caminhã

o e um

carro

foram

arrastado

s para

dentro

do

córrego

e

ficaram

presos

embaixo

do

viaduto”

, “Até

esse

centro

de

treiname

nto de

emergên

cia dos

bombeir

os

alagou”

,“Neste

ponto, a

água

parecia

formar

uma

cachoeir

a”.

Vc

repórte

r

vc

repórter:

chuvas

castigam

São

Sebastião

, no

litoral de

SP

O texto

trata

sobre os

estragos

causados

pela

chuva no

litoral

paulista.

“As

fortes

chuvas

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224

que

atingem

o

municípi

o de São

Sebastiã

o, no

litoral

norte de

São

Paulo,

desde a

tarde de

terça-

feira

(23)”,

“Segund

o a

Defesa

Civil,

todas as

pessoas

puderam

retornar

às suas

casas na

manhã

desta

quarta-

feira”,

“O ponto

mais

crítico de

alagame

nto foi

registrad

o em

Camburi.

Em

Maresias

, diversas

ruas

foram

tomadas

pela

água”.

Jornal

da

Estrada

de São

O texto

fala

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225

Band Sebastião

começa a

ser

liberada

sobre a

chuva

que

causou

estrago

s no

litoral,

mas

foca no

transtor

no

causad

o na

vida

dos

morado

res do

local.

“Só que

muitas

pessoas

que

vivem

em São

Sebasti

ão

passara

m o

natal

tirando

a lama

de

casa”,

“Algu

mas

pessoas

ficaram

ilhadas

e

tiveram

que ser

resgata

das em

botes”,

“morad

ores

que

agora

tem que

se

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227

do por

causa de

uma

erosão”,

“Em

alguns

pontos, a

água

chegou a

2 metros

de

altura.”

Vc

repórte

r

PM usa

bombas

de gás

para

reprimir

ato

contra a

tarifa em

SP

O texto

trata

sobre o

protesto

contra o

aumento

da tarifa

de

ônibus

“O

movimen

to exige

a

revogaçã

o do

aumento

das

tarifas de

ônibus,

trem e

metrô,

que

passaram

de R$ 3

para R$

3,50 no

dia 6 de

janeiro”,

“O

ato come

çou às

17h na

Praça do

Ciclista,

na

avenida

Paulista,

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228

e por

volta das

18h45

seguiu

em

direção à

Prefeitur

a de São

Paulo

pela rua

da

Consolaç

ão”

Jornal

da

Record

Manifest

antes

protesta

m contra

a tarifa

de ônibus

no centro

de São

Paulo

O texto

trata

sobre o

protesto

feito

contra o

aumento

no preço

da

passage

m de

ônibus

em São

Paulo.

“Pelo

menos 2

mil

pessoas,

segundo

a Polícia

Militar,

saíram

da

Avenida

Paulista

e foram

para essa

região”,

“Nesse

momento

é uma

confusão

muito

grande,

corre-

corre e

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230

a

consolaç

ão, uma

das mais

importan

tes da

cidade”.

Vc

repórte

r

vc

repórter:

sem

água,

moradore

s

improvis

am com

baldes

em SP

O texto

trata

sobre a

falta

d’água

e como

os

morado

res

estão

sofrend

o com

dela em

São

Paulo.

“os

morado

res

estão

há mais

de duas

semana

s sem

acesso

à água

e

depend

em de

uma

torneira

de rua

para

garantir

o

abastec

imento

de suas

residên

cias”,

“morad

ores

aparece

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231

m

levando

baldes

e outros

recipie

ntes

para

casa”.

Jornal

da

Band

Paulistan

o pode

ficar até

5 dias

sem água

O texto

trata

sobre as

obras

feitas por

causa da

falta

d’água

em SP e

como

estão os

níveis da

água nos

reservató

rios. “O

volume

desviado

do Rio

Guaratub

a, a 70

quilômet

ros da

capital

paulista

para

reforçar

o

Sistema

Alto

Tietê foi

comemor

ado pelo

governo

durante a

inaugura

ção da

obra hoje

em

Suzano”,

“Hoje ele

opera

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232

com

apenas

10,4% da

capacida

de”.

Jornal

da

Record

Rodízio

pode

deixar

populaçã

o de São

Paulo

sem água

durante

cinco

dias

O texto

trata

sobre as

obras de

abasteci

mento de

água em

SP e

como

estão os

reservató

rios na

atualidad

e. “O

Governa

dor

Geraldo

Alckimin

visitou a

estação

de

tratament

o do Alto

Tietê

para

anunciar

o

aumento

da

captação

de água

do

sistema

que

abastece

4

milhões

e meio

de

morador

es da

região

metropol

itana de

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233

São

Paulo”,

“O

reservató

rio hoje

está com

10, 4%

da

capacida

de, mas

para

Alckimin

, apesar

das

obras,

evitar o

racionam

ento, só

com a

ajuda da

natureza

”, “Hoje

o

Sistema

Cantareir

a opera

com

5,1% da

capacida

de”.

Tabela 15: Critérios de noticiabilidade – datas diferentes

Fonte: Criação da pesquisadora

Como feito na análise anterior, esta etapa também buscou demostrar como as

matérias estão distribuídas na tabela de valores-notícia, como é possível checar abaixo:

Pro

xim

idad

e

Atu

ali

dad

e

Iden

tid

ad

e

Hu

man

a

Iden

tid

ad

e

Soci

al

Ined

itis

mo

inte

nsi

dad

e

Vc

repórter 1 2 1

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234

JN 1

Record 2 1

SBT 1 1

Band 1 1

Tabela 16: Número de ocorrências dos critérios de noticiabilidade – datas diferentes

Fonte: Criação da pesquisadora

Dentre os 4 conjuntos selecionados, apenas 1 deles possui mesmo critério de

noticiabilidade tanto na matéria colaborativa quanto nas de telejornais. Nesse sentido, o

valor notícia dessa ocorrência foi ‘atualidade’. As matérias desse conjunto possuem os

seguintes títulos: PM usa bombas de gás para reprimir ato contra a tarifa em SP (Vc

repórter); Manifestantes protestam contra a tarifa de ônibus no centro de São Paulo

(Jornal da Record) e SP: Manifestantes protestam contra tarifa do transporte público

(SBT Brasil).

Contudo, não podemos deixar de mencionar que houve duas ocorrências em que

apenas as matérias de telejornais se enquadraram no mesmo valor-notícia, enquanto que

a matéria colaborativa, que forma conjunto com elas, possui outros critérios de

noticiabilidade. Essas duas ocorrências foram destacadas e possuem os seguintes

valores-notícia e respectivos títulos: Intensidade - Fortes chuvas causam transtornos e

deixam moradores ilhados na zona leste de SP (Jornal da Record) e - Temporal inunda

ruas da Zona Leste de São Paulo depois de dia abafado (jornal Nacional. Atualidade:

Paulistano pode ficar até 5 dias sem água (Jornal da Band) e Rodízio pode deixar

população de São Paulo sem água durante cinco dias (Jornal da Record).

Tendo sido realizada a análise do material, foi possível ter conhecimento sobre a

temática de cada matéria selecionada para a pesquisa e, portanto, averiguar

agendamentos de matérias. Contudo, os dados poderão ser melhor tratados na etapa

seguinte, esta que, é a última etapa, conforme a análise de conteúdo proposta por

Bardin.

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235

5.2.5 Informatização da análise - tratamento dos resultados

Por fim, temos a informatização da análise, essa é a última etapa da análise de

conteúdo, que busca organizar e otimizar a apresentação da análise. Assim, a

informatização da análise refere-se a apresentação geral do trabalho, que culmina na

quantificação dos dados pesquisados. Nesta pesquisa, muitos dados e procedimentos

foram detalhados no decorrer do texto para que ficasse melhor explicado. Contudo,

neste ponto, para que a informatização da análise seja concretizada, será mostrado aqui

um apanhado geral do resultado final da pesquisa, uma vez que, os dados já foram

apresentados enquanto se fazia a análise.

Assim, numa gama de 7.398 manchetes coletadas em 3 veículos colaborativos e

4 telejornais, com base nos critérios selecionados e já explicados no processo de

codificação e categorização desta pesquisa, foram selecionadas e analisadas 62 matérias

inéditas104 dentre os veículos, com base em análise de conteúdo descrita por Laurence

Bardin. Essa análise gerou os seguintes dados:

É possível notar nas tabelas com as matérias selecionadas que houve cruzamento

de matérias repetidas, uma vez que elas estavam condicionadas pelas palavras idênticas

encontradas, assim, a repetição aconteceu, pois a matéria repetida fez mais que um

cruzamento, formando mais que um par para análise. Dessa forma, na primeira análise,

que buscava matérias semelhantes com mesma data, foram feitos 35 pares. Dentro

desses pares, 15 matérias colaborativas são inéditas, enquanto que no broadcast são 29

inéditas. Na segunda etapa, que visava mostrar matérias semelhantes num período de 24

horas, porém, com datas diferentes, foram selecionadas 6 matérias colaborativas e 12 de

telejornais, tendo em vista que o agendamento poderia ser com data anterior ou

posterior a publicação.

Com base na seleção de matérias, detalhada ao longo do processo, foi possível

checar que todas elas fazem parte do gênero informativo, e tem a notícia como

referência de escrita. A nota ficou em segundo plano, e não foram encontradas

reportagens ou entrevistas. Os 15 textos inéditos analisados dos veículos colaborativos

seguiam as bases do jornalismo e possuíam lead. Contudo, outro preceito do bom

104 Foram 15 matérias inéditas colaborativas e 29 matérias inéditas de telejornais na primeira etapa. Mais

6 matérias colaborativas e 12 de veículos broadcasts na segunda etapa.

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236

jornalismo é que, devem-se usar fontes105 de informação no texto jornalístico,

independente de qual tipo106 sejam. Nesse sentido, entre as 15 matérias inéditas

selecionadas nos veículos colaborativos, foram encontrados 13 textos com fontes e 2

sem fontes. Já sobre os veículos broadcasts, num total de 29 matérias inéditas

selecionadas, 29 possuíam lead. Porém, quanto às fontes de informação, apenas 21

textos faziam menção ou relação à fonte, enquanto que 8 textos não possuíam.

Quanto à relação entre as temáticas das informações, nos textos que são inéditos

nos veículos colaborativos, foram identificados que das 15 ocorrências, 10 fazem

relação direta ao tema do texto do veículo broadcast, enquanto que 5 textos fogem à

essa regra. Esse número é bem diferente do que aconteceu no broadcast. Analisando os

telejornais, que no total possuíam 29 textos inéditos, 17 tem relação direta com os textos

colaborativos, enquanto que 12 não possuíam relação alguma.

Total de

Cruzamentos107

Matérias

Inéditas

Lead

em

matéria

inédita

Uso de

fonte

em

matéria

inédita

Mesma

temática

em

matérias

inéditas

encontradas

entre os

veículos

Dentre os 35

cruzamentos

possíveis,

quantos pares

possuem

relação direta

entre os

veículos?

Colaborativo 35 15 15 13 10 20

Broadcast 35 29 29 21 17 20

Tabela 17: Número de ocorrências lead, fonte e assunto – mesma data

Fonte: Criação da pesquisadora

Tendo em vista o total de cruzamentos feitos com base nas matérias selecionadas

através das palavras idênticas, é possível checar que há 35 pares entre manchetes de

veículos broadcasts e colaborativos. Nesse total, foram identificados que 20 desses

cruzamentos possuem uma relação direta de assunto e tratamento da informação. Assim,

105 Segundo Nilson Lage (2001), existem diversos tipos de fontes, nas quais podemos destacar: Fontes

oficiais (fontes mantidas pelo Estado, organizações ou instituições); fontes oficiosas (possuem alguma

relação com a organização ou com o indivíduo); fontes independentes (não possui interesse direto ou

vínculo organizacional ou pessoal); fontes testemunhais (pessoa que presenciou o fato); fontes experts

(fontes normalmente utilizadas por jornalistas pois são especialistas em determinada área).

106 Existem fontes oficiais, oficiosas, independentes, primárias, secundárias e testemunhais, segundo

Nilson Lage (2001). 107 Houve repetição de matéria por conta do cruzamento dessas de acordo com as palavras idênticas

encontradas. Assim, as mesmas palavras idênticas foram encontradas também em outras manchetes no

mesmo dia.

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237

57% delas foram agendadas. Esses 20 pares passaram por outro critério para avaliar se

as matérias colaborativas e de broadcasts possuíam o mesmo valor-notícia. Contudo,

das 20 análises de textos que possuíam o mesmo assunto, 10 mostraram pertencer a

mesma categoria de critério de noticiabilidade.

Já na segunda etapa, que consiste em encontrar interagendamento entre os

veículos num período de 24 horas, e com datas diferentes, foi possível encontrar que

todas os 18 textos selecionados (6 colaborativos e 12 televisivos) possuíam Lead.

Assim, essa análise fez cruzamento entre um veículo colaborativo e dois broadcasts.

Dessa forma, a seleção de 12 matérias de telejornais, o dobro das selecionadas no

conteúdo colaborativo, se deu pelo fato de que foram encontradas matérias através de

palavras idênticas encontradas num prazo de 24 horas, o que possibilitou encontrar

matérias em data anterior ou posterior, como é possível checar no anexo 2. Vale

ressaltar que, nesta análise, não houve ocorrência de repetição de texto, como na

primeira análise. Outro ponto interessante é que havia fonte nos 6 textos do conteúdo

colaborativo, enquanto no conteúdo broadcast, dos 12 textos, 2 textos não mencionavam

fontes.

Total de

cruzamentos

Total de

textos

selecionados

Lead

nos

textos

Uso de

fonte nos

textos

Dentre os 6

cruzamentos

possíveis,

quantos

conjuntos

possuem relação

direta entre os

veículos?

Colaborativo 6 6 6 6 4

Broadcast 6 12 12 10 4

Tabela 18: Número de ocorrências lead, fonte e assunto – datas diferentes

Fonte: Criação da pesquisadora

Essa análise constatou que 66,6% dos cruzamentos possuem interagendamento

de conteúdo, mesmo as matérias possuindo data diferente. Podemos ainda observar,

com base na tabela 4 que os veículos colaborativos dão a informação uma data depois

de ser dada no veículo broadcast, fenômeno que aconteceu em 11 das 12 matérias

selecionadas de telejornais. Apenas 1 foi publicada/divulgada no mesmo dia que a

matéria de cunho colaborativo.

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238

Com base na seleção dos 4 conjuntos que possuem relação quanto a temática das

matérias, eles foram categorizados também de acordo com os valores-notícia propostos

na primeira etapa. Assim, apenas 1 conjunto adequou-se ao mesmo critério. Contudo,

houve 2 ocorrências em que as matérias de telejornais se enquadraram no mesmo

critério, enquanto que o conteúdo colaborativo não.

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239

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho averiguou se o conteúdo de matérias agendadas pelos

telejornais, Jornal Nacional, Jornal da Record, Jornal da Band e SBT Brasil são

semelhantes às matérias de conteúdo colaborativo dos portais Terra (Vc repórter), O

Globo (Eu repórter) e G1 (Vc no G1). A premissa central diz que com a quantidade de

canais disponibilizados via Web, que possibilitam ao interagente produzir conteúdos e

publicá-los, esse interagente utiliza como parâmetro para seleção de informação,

notícias advindas da televisão, uma vez que esse veículo de comunicação está presente

no Brasil há mais de 65 anos e em 97,2% dos lares brasileiros, segundo pesquisa do

IBGE108.

Nesse sentido, para esta pesquisa foi levado em consideração os preceitos de

Giddens (1991), em que as pessoas consideram verdadeiras as informações por terem

sido elaboradas por intermédio de técnicas jornalísticas. Esse fenômeno é chamado por

Giddens (1991) de ‘Sistema Períto’ e reforça o poder da mídia por possuir preceitos

técnicos. E portanto, as pessoas dariam mais credibilidade à informação transmitida por

veículos massivos, também conhecidos como broadcasts. Por conta disso, tendo em

vista que o primeiro telejornal surgiu há 65 anos e, a partir de então, foi-se construindo

ao longo do tempo um vínculo de credibilidade com o telespectador, é possível pensar

que o interagente utilize os mesmos critérios de escolha dos telejornais e reproduza

informações semelhantes em sites de conteúdo colaborativo.

Assim, por conta dessa nova ordem em que se encontra o jornalismo na era das

redes digitais e por se tratar, neste trabalho, de dois veículos de comunicação distintos,

como a televisão e a internet, percebe-se inicialmente que a diferença entre elas está na

produção e disseminação da informação, pois a televisão transmite de um para muitos

108 Informações retiradas de: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/00

000021542204122015225529461268.pdf> - acesso em 09 de fevereiro de 2016.

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240

(Broadcasting), enquanto que na internet esse processo acontece de muitos para muitos

(Multicasting109).

Com base nas características dos meio televisivos e da internet, deu-se início a

pesquisa, cujos telejornais foram selecionados por serem os mais assistidos em suas

emissoras que possuem sinal aberto, segundo dados da Pesquisa Brasileira Mídia de

2013 e 2014. Já os sites colaborativos foram escolhidos por fazerem parte de grandes

conglomerados de mídia. Assim, para a coleta do material, primeiramente foi utilizado

recursos computacionais para que fosse possível criar crawlers capazes de coletar os

dados dos sete objetos da pesquisa. Uma vez tendo os dados coletados, deu-se início à

análise de conteúdo, que segundo Bardin (2009), divide-se em três partes: pré-análise,

exploração do material e tratamento dos resultados. A pré-análise visou escolher o

material a ser analisado. Já a exploração do material se divide em codificação e

categorização, a primeira buscou simplificar os dados brutos coletados dividindo-os em

unidades, enquanto que a segunda visa categorizar o material selecionado, classificando

e organizando o material. E por fim temos os tratamentos dos resultados, que divide-se

em inferência e informatização da análise. A inferência consistiu em comparar

prerrogativas para dar sentido ao conteúdo e a informatização da análise visou a

organização e apresentação dos resultados.

A partir da construção do método e sistema, foi possível apontar alguns dados

sobre a coleta do material e fazer algumas inferências sobre o teor encontrado. Assim,

para esta pesquisa, foram coletadas um total de 6.896 matérias em veículos broadcasts e

529 matérias colaborativas, no período de 01 de dezembro de 2014 a 28 de fevereiro de

2015. Essa diferença na quantidade de matérias se dá pelo fato de que os telejornais

possuem tempo diário de transmissão de notícias, o que não acontece com os veículos

colaborativos, que demandam a colaboração gratuita dos interagentes para produzir as

notícias. Com base nos dados gerados através da captura dos crawlers, dados esses que

estão na plataforma News Crawler App, foi possível checar que o SBT Brasil transmitiu

cerca de mil matérias a mais que o Jornal da Record, segundo colocado no ranking de

quantidade de matérias. Já a diferença do Jornal da Record para o Jornal Nacional,

terceiro colocado no ranking, é de 298 matérias, e a diferença do Jornal Nacional para o

Jornal da Band é de 260 matérias.

109 Também conhecido como Multicast IP, possibilita a entrega da informação para vários destinatários

ao mesmo tempo.

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241

Porém, foi possível verificar no decorrer do trabalho, que não é plausível

delimitar entre os veículos broadcasts se algum telejornal consegue agendar os outros.

Essa averiguação aconteceu pelo fato de que os horários de transmissão dos telejornais

são próximos, impossibilitando assim, que um paute o outro, uma vez que a produção

de matéria televisiva demanda tempo, recursos técnicos e equipamentos para serem

produzidas. Assim, na data da coleta para análise, o Jornal da Band foi transmitido às

19h20, o SBT Brasil às 19h45, o Jornal Nacional e o Jornal da Record às 20h30.

Contudo, com base na plataforma110 desenvolvida para este trabalho, é possível checar

que há assuntos tratados por todos os telejornais analisados. Nesse sentido, o

agendamento partiu do acontecimento em si, e não de um telejornal para o outro. Além

do mais, fazendo o cruzamento para encontrar palavras iguais, apenas entre os

telejornais, foi possível perceber que o SBT Brasil e o Jornal da Record possuíam mais

palavras idênticas entre eles do que os outros cruzamentos, gerando um total de 574

palavras a mais do que o cruzamento entre o Jornal Nacional e o Jornal da Band, que foi

o que menos gerou palavras iguais. Assim, podemos notar que, há uma probabilidade de

o SBT Brasil e o Jornal da Record possuírem um perfil editorial mais afinado, pois, para

a seleção das palavras idênticas, optou-se neste trabalho, por retirar palavras

corriqueiras que não teriam função de serem catalogadas, como artigos indefinidos,

definidos, preposições, dentre outros. Assim, as palavras empregadas nas manchetes dos

telejornais caracterizam as escolhas editoriais de ambas, uma vez que a manchete de um

telejornal deve impactar, e muitas vezes buscam influenciar o telespectador ao ponto de

vista do perfil editorial do telejornal. Dessa forma, é possível averiguar que o SBT

Brasil e o Jornal da Record possuem mais palavras idênticas dentre todos os

cruzamentos realizados.

Já os cruzamentos entre veículos colaborativos e veículos broadcasts apontaram

dados que mostram que o Vc repórter possui 48 matérias a mais que o Vc no G1, que

possui 204 matérias no total. Já o Eu repórter dispôs de 73 matérias no período de três

meses da coleta. No entanto, ao se fazer o cruzamento entre cada veículo colaborativo

com cada veículo broadcast, comprovou-se que os cruzamentos do Vc repórter com os

telejornais gerou quase 8 vezes mais palavras iguais do que o encontrado no cruzamento

do Vc no G1 com os telejornais. Já as palavras iguais encontradas no cruzamento entre

o Eu repórter e os telejornais é 51 vezes menor do que as encontradas entre o Vc

110 Link da plataforma desenvolvida para está pesquisa: <http://104.236.228.109:3000/#>.

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242

repórter e os telejornais. Assim, é inegável que o Vc repórter é o veículo colaborativo

que mais possui palavras idênticas com os telejornais, sendo um total de 408. Enquanto

que as encontradas no Vc no G1 e Eu repórter, cruzando com os telejornais, são

respectivamente 52 e 8.

A quantidade de palavras iguais entre os veículos colaborativos e os telejornais

foi decisiva para que fossem selecionadas as matérias para a análise deste trabalho.

Portanto, este trabalho foi realizado em duas etapas e buscou selecionar matérias que

possuíssem entre duas a cinco palavras idênticas em ao menos um veículo colaborativo

e em ao menos dois broadcasts. Assim, foram selecionadas 15 matérias colaborativas e

29 matérias de telejornais, que geraram um total de 35 cruzamentos, uma vez que

matérias colaborativas e televisivas foram empregadas mais que uma vez, dependendo

das palavras idênticas encontradas. Já na segunda etapa, foram encontradas 06 matérias

colaborativas e 12 de telejornais com datas diferentes, porém publicadas num período

de 24 horas. Assim, constatou-se que, na primeira etapa, todas as matérias selecionadas

eram informativas (MARQUES DE MELO, 2003), dando um total entre os dois

veículos de 29 notícias e 15 notas. Na segunda etapa, percebe-se que quase todas eram

informativas. Assim, as 06 matérias de conteúdo colaborativo representavam o gênero

notícia, enquanto que as 12 dos telejornais ficaram divididas com 01 nota, 10 notícias e

01 que não se adequou a nenhuma categorização, segundo os termos propostos por

Marques de Melo (2003).

Quanto ao uso de lead, ficou comprovado que todas as matérias selecionadas

para a análise, seja de conteúdo colaborativo ou broadcast, de primeira ou segunda

etapa, todas tinham lead. Porém, o mesmo não acontece quanto às fontes de informação.

Na primeira etapa, das 15 matérias colaborativas, 13 possuíam fontes, enquanto que das

29 televisivas, 21 possuíam fontes. Percebe-se que 86,6% das informações colaborativas

tinham fontes, enquanto que 72,4% dos broadcasts seguiam esse mesmo preceito. Na

segunda etapa, ficou constatado que 100% das matérias colaborativas possuíam fontes,

enquanto que nas matérias de telejornais, 83,3% tinham fontes. Portanto, as matérias

colaborativas demonstraram utilizar de fontes de informação mais que os veículos

broadcasts.

Com relação aos 35 pares de notícias colaborativas e televisivas, selecionadas na

primeira etapa da análise, foi possível checar que 20 pares correspondem ao mesmo

assunto, fato este que, corresponde a 57,1% de agendamentos. Quanto a segunda etapa,

dos 06 conjuntos de matérias selecionadas, 04 possuíam mesma temática. O que

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243

representa 66,6% de notícias sobre o mesmo assunto. Vale ressaltar que, as matérias de

cunho colaborativo apareceram um dia111 após a veiculação dos telejornais.

Considerando apenas os pares ou conjuntos que possuem similaridades temáticas, na

primeira etapa, dos 20 pares que possuem matérias com mesmo assunto, metade possui

o mesmo critério de noticiabilidade. Já na segunda etapa, dos 04 conjuntos que

possuíam matérias semelhantes, apenas 01 segue o mesmo valor-notícia.

Portanto, tendo apontado os principais resultados, foi possível obter uma

resposta para o problema de pesquisa, de acordo com o método elaborado e a amostra

selecionada, que possui a seguinte indagação: ‘Será que mesmo com aumento da

possibilidade de acesso a diversas formas e tipos de interatividade com conteúdos

informativos, há indicadores que sinalizam que os interagentes, quando utilizam

espaços de colaboração de sites de empresas jornalísticas, se valem das mesmas

referências noticiosas que são produzidas originalmente em jornais televisivos?’. Nesse

sentido, dentre o conteúdo selecionado foi possível encontrar agendamento de 57,1% na

primeira etapa e 66,6% na segunda etapa. Porém, a seleção de notícias passou pela

seleção de amostra possível, em que foram selecionadas para este estudo 44 matérias

para a primeira etapa e 18 matérias para a segunda, conforme procedimentos descritos

na análise. Assim, não há garantias que a quantidade de matérias selecionadas seja

suficiente para extrapolar os resultados para o universo dos agendamentos ocorridos

entre os veículos, especialmente tendo em vista a quantidade da amostra coletada.

Assim, num universo de 7.398 matérias, em que o conteúdo colaborativo

representa apenas 7,1% das matérias, não é possível afirmar que o agendamento é uma

realidade para todo o conteúdo. Dessa forma, a hipótese que versa que ‘tendo em vista

que o primeiro telejornal surgiu há 65 anos, e a partir de então foi-se construindo ao

longo do tempo um vínculo de credibilidade com o telespectador, é possível pensar que

o interagente utilize os mesmos critérios de escolha dos telejornais e reproduza

informações semelhantes em sites de conteúdo colaborativo’ está refutada, uma vez que

não foi possível fazer essa comprovação no total de matérias coletadas no período de 3

meses e nos 07 veículos objetos desta pesquisa.

Quanto ao objetivo principal deste trabalho, que visa ‘averiguar se o conteúdo de

matérias noticiadas pelos telejornais, Jornal Nacional, Jornal da Record, Jornal da Band

e SBT Brasil são semelhantes às matérias de conteúdo colaborativo dos portais Terra

111 Refere-se a data posterior, porém num período de 24 horas da transmissão televisiva.

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244

(Vc repórter), O Globo (Eu repórter) e G1 (Vc no G1)’, há indícios que, com base nas

seleções feitas através de critérios já detalhados durante a análise, existem matérias

semelhantes entre os telejornais e, que foram interagendadas, em canais colaborativos,

porém, não é possível expressar exatamente quantas ocorrências existem. Contudo, essa

pesquisa possibilitou um melhor entendimento sobre o processo de colaboração, este

que também foi um dos objetivos específicos. Dessa forma, foi possível assimilar como

esse processo é feito, pois ele depende de cadastro, de aceitação e normas estipuladas

pela mídia detentora do portal colaborativo. Demanda também, um profissional da

comunicação que, como curador desse processo, busque averiguar a veracidade das

informações para, posteriormente, publicá-las. Dependendo da informação e do veículo

de comunicação, a notícia pode sair no jornal impresso da empresa de mídia ou na

página principal do portal. Outro objetivo específico desta pesquisa buscava ‘checar se

os telejornais conseguem agendar informações em portais colaborativos’. Essa é uma

questão subsequente ao objetivo geral e, portanto, é possível responder que sim. Os

telejornais conseguem agendar informações no conteúdo colaborativo, como

demonstrado na análise. Contudo, não foi possível mensurar com exatidão quantos

agendamentos diários são feitos, mesmo porque, a quantidade de matérias produzidas

pelos veículos é divergente, além do mais, nos veículos colaborativos não há produção

constante de notícias.

No entanto, devemos ter consciência que toda pesquisa lida com um fator

imprescindível a todo pesquisador, que é o fator tempo. Tempo para a execução do

trabalho. Por conseguinte, a procura por um método que auxilie a responder todas as

indagações, as limitações humanas da pesquisadora e as tomadas de decisões durante o

processo de construção desta tese, leva-nos a acreditar que este trabalho possui uma

contribuição relevante para o campo da comunicação, especialmente levando em

consideração que foram utilizadas pesquisas anteriormente realizadas para tentar

traçar novos caminhos para um melhor entendimento sobre a temática . E espera-se,

através deste trabalho, potencializar a quantidade de pesquisas sobre a temática

pesquisada, ou até mesmo sobre questões semelhantes, como por exemplo, a quantidade

de fontes entre esses diferentes meios, a relação editorial entre SBT e Record ou sobre

agendamento entre veículos de diferentes plataformas. Assim, esse estudo experimental

pode ser considerado pioneiro, pois, enfrentou desafios metodológicos de difícil

execução devido comparar conteúdos jornalísticos contidos em dois distintos veículos

de comunicação

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245

Outra contribuição deste trabalho foi a construção da ferramenta de coleta, que

será disponibilizada a qualquer pessoa que queira utilizá-la deixando para tanto, o

código-aberto da mesma. Dessa forma, será possível a qualquer pessoa, remanejá-la e

utilizá-la da melhor maneira. E quem sabe assim, seja plausível responder as indagações

aqui propostas ou até mesmo seja possível compará-las ao universo da pesquisa

realizada neste trabalho.

Contudo, uma vez que essa pesquisa faz referência a um ponto de vista, que teve

início em observações do dia-a-dia, vale afirmar que este é um trabalho que está e,

sempre estará, em constante desenvolvimento. E nesse sentido, observar o fenômeno

aqui estudado não é tarefa simples olhando apenas através das ciências sociais

aplicadas. Manter um pensamento computacional e interdisciplinar, e com o suporte da

ciências da computação, nos possibilitou abarcar uma grande gama de material para a

análise para que enfim se obtive-se uma resposta alicerçada em dados. Portanto, esse é o

primeiro passo para novos desafios científicos e utilizando-se de recursos embasados

em diversas áreas do conhecimento, será possível ter um melhor conhecimento sobre o

campo da comunicação social.

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246

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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