44
UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL GRADUAÇÃO EM DIREITO ADILSON BELLO BENEFÍCIO ASSISTENCIAL A PESSOA COM DEFICIÊNCIA POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA São Caetano do Sul 2015

UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

  • Upload
    lehuong

  • View
    219

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL

GRADUAÇÃO EM DIREITO

ADILSON BELLO

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL A PESSOA COM DEFICIÊNCIA POR

INCAPACIDADE TEMPORÁRIA

São Caetano do Sul

2015

Page 2: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

ADILSON BELLO

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL A PESSOA COM DEFICIÊNCIA POR

INCAPACIDADE TEMPORÁRIA

Trabalho Interdisciplinar apresentado ao

Programa de Bacharelado em Direito da

Universidade Municipal de São Caetano do

Sul – USCS.

Orientadora Profª. Ms. Ana Carolina Rossi Barreto Serra

São Caetano do Sul

2015

Page 3: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

ADILSON BELLO

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL A PESSOA COM DEFICIÊNCIA POR

INCAPACIDADE TEMPORÁRIA

Monografia apresentada no curso de

graduação à Universidade Municipal São

Caetano do Sul, Faculdade de Direito

para a conclusão do bacharelado em

Direito.

Área de concentração: Direito Previdenciário

Data de defesa: 29 de maio de 2015

Resultado: Aprovado.

Banca Examinadora constituída pelos professores:

Prof. Dr. Robinson Henriques Alves _______________________________

Universidade Municipal São Caetano do Sul

1º Examinador Prof. Ms. Paulo Kim Barbosa _______________________________

Universidade Municipal São Caetano do Sul

2º Examinador Prof. Everton Bispo ________________________________

Universidade Municipal São Caetano do Sul

Page 4: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

REITOR DA UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL – USCS Prof.

Dr. Marcos Sidnei Bassi

PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO

Prof. Ms. Marcos Antonio Biffi

GESTORES DOS CURSOS DA ESCOLA DE DIREITO

Prof. Dr. Robinson Henriques Alves

Page 5: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais, amigos e familiares.

Page 6: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, a Ele seja dada toda honra,

glória e louvor, aos meus pais, familiares e amigos, em

especial a professora orientadora Ana Carolina Rossi Barreto

Serra, bem como ao professor Paulo Kim Barbosa, por todo

carinho, dedicação e ajuda despendidos a minha pessoa.

Page 7: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

“Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os

principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a

profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que

está em Cristo Jesus, nosso Senhor!”

(Apóstolo Paulo – Carta aos Romanos, cap. 8:38-39 – Bíblia Sagrada)

Page 8: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

Resumo

O presente estudo pretende abordar assuntos referentes ao Benefício de

Prestação Continuada (BPC), bem como discutir questões a respeito de seus

desdobramentos em relação à pessoa que se encontra com uma deficiência que a

incapacite temporariamente seja de forma física, mental, intelectual ou sensorial

restringindo assim a sua participação plena e efetiva na sociedade. Informar a real

intenção do benefício, trazendo assim dignidade e promovendo a igualdade, visando

o amparo social aos que se encontra em estado de miserabilidade e necessidade.

Também será discutido, que este benefício assistencial, não se confunde com os

Benefícios da Previdência Social, não necessitando assim, de contribuições para

concessão do mesmo, pois possui caráter provisório, havendo mudança na condição

que as motivaram ou superando sua situação econômica desfavorável, o mesmo

poderá ser suspenso. Como está previsto em lei, as pericias serão realizadas a cada

2 (dois) anos, afim de constatação do regresso das condições que as motivaram,

não há nenhum impedimento para sua obtenção, admitindo assim o caráter

temporário para a concessão do mesmo. Além disso, nossa Lei Maior, não disciplina

um conceito de deficiência, não devendo o legislador infraconstitucional criar critérios

além do texto de origem, sob pena de se tornar a lei inconstitucional, ferindo o

comando normativo hierarquicamente superior.

Palavras-chave: Benefício Assistencial. Deficiência. Incapacidade. Previdência.

Page 9: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

Abstract

The present study intends to approach the subjects related to the Continued

provided Benefit, as well as to discuss matters related to the development related to

the people who find themselves with a disability that makes them temporarily

mentally, physically, intellectually or sensory incapable which restricts their complete

and effective participation in society. To inform the real intention of the benefit,

bringing dignity and promoting equality, aiming social support to the ones that find

themselves in state of poverty and need. It also discusses that this assistance

benefit, not be confused with Social providence Benefit, which don’t need

contribution of concession, as it is provisory, having to change its condition which

motivated or surpassed them unfavourable economic conditions, the benefit can be

suspended. As foreseen by law, the exams would be made every 2 years, in order to

notice the regress of the conditions in which motivated them, not having any

impediment for its obtainment, admitting the temporary character of its concession.

Besides that, our major Law, which doesn’t discipline a deficiency concept, not

allowing the legislator to create criteria besides its original texts, under punishment of

making this law become unconstitutional, hurting the normative commands.

Keywords: Assitencial benefit. Disability. Incapacity. Previdence.

Page 10: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

LISTA DE ABREVIATURAS

AGU Advocacia Geral da União

BPC Benefício de Prestação Continuada

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

LOAS Lei Orgânica da Assistência Social

PCD Pessoa Com Deficiência

SUS Sistema Único de Saúde

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

TNU Turma Nacional de Uniformização

Page 11: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

Sumário

1 Introdução ............................................................................................... 13

2 Dos princípios aplicáveis ao benefício assistencial ................. 15

2.1 Princípio da dignidade da pessoa humana .............................................. 15

2.2 Princípio da igualdade............................................................................... 17

3 Deficiência, incapacidade e impedimentos.................................. 19

3.1 Definições na legislação brasileira........................................................... 19

4 Benefício assistencial da lei nº 8742/1993 .................................... 22

4.1 Introdução .................................................................................................. 22

4.2 Dos requisitos para concessão do benefício assistencial ..................... 24

5 Do direito ao benefício de prestação continuada (BPC) à

pessoa com deficiência (PCD) ......................................................... 25

5.1 Conceito ..................................................................................................... 25

5.2 Finalidade ................................................................................................... 26

5.3 Natureza jurídica ........................................................................................ 27

5.4 Requisitos .................................................................................................. 27

5.5 Critério espacial ......................................................................................... 28

5.6 Critério temporal ........................................................................................ 28

5.7 Sujeito ativo ............................................................................................... 28

5.8 Sujeito passivo .......................................................................................... 28

6 Benefício assistencial para pessoas com deficiência por

incapacidade temporária ............................................................................ 30

6.1 Conceito ..................................................................................................... 30

6.2 Finalidade ................................................................................................... 30

6.3 Natureza jurídica ........................................................................................ 31

6.4 Requisitos .................................................................................................. 31

6.5 Critério espacial ......................................................................................... 32

6.6 Critério temporal ........................................................................................ 32

6.7 Sujeito ativo ............................................................................................... 33

6.8 Sujeito passivo .......................................................................................... 33

6.9 Deficiência por incapacidade temporária ................................................ 33

Page 12: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

7 Considerações finais ........................................................................... 40

Referências ............................................................................................. 42

Page 13: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

13

1 Introdução

O objetivo do presente trabalho é analisar o benefício de prestação

continuada (BCP) em face da pessoa com deficiência por incapacidade temporária,

uma vez que, em virtude de tal problema, os portadores de deficiência têm

encontrado sérias dificuldades para poder desempenhar suas atividades laborativas

e cotidianas, ficando, assim, comprometidas em sua sustentabilidade. Além de se

demonstrar a existência de exclusão social, também será demonstrado que a

transitoriedade da deficiência, que gera a incapacidade, não é obstáculo à

concessão do benefício assistencial de prestação continuada, desde que sejam

observados os demais requisitos exigidos pela lei, visando, assim, auxiliar as

pessoas necessitadas.

Também será abordado o verdadeiro propósito do benefício, a saber:

estabelecer a dignidade da pessoa a quem se destina o benefício, visando ao

amparo social, buscando-se socorrer deficientes e idosos que se encontram em

condições de miserabilidade e que não podem conseguir seu sustento através de

sua família.

Objetiva-se, ainda, demonstrar que os benefícios assistenciais não se

confundem com os benefícios devidos pela Previdência Social, pois estes dependem

de contribuição; os outros, por sua vez, os assistenciais são concedidos sem essa

prerrogativa.

A Constituição Federal (CF) preceitua, em seu artigo 203, inciso V, que a

Assistência Social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de

contribuição à Seguridade Social, tendo por objetivos: a garantia de 01 (um) salário

mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que

comprove não possuir meios de prover a sua própria manutenção, ou de tê-la

provida por sua família, conforme dispuser a lei.

Muitos peritos entendem que esse benefício assistencial só será devido

àqueles que possuírem deficiência definitiva, sendo certo que tal ponto de vista é

discutível, pois na melhor análise do artigo 20, da Lei 8.742/1993,1 não há menção à

transitoriedade da deficiência, ressaltando-se, também, que o artigo 203, inciso V,

1 Artigo 20: “O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família”.

Page 14: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

14

da CF,2 demonstra, de forma bem clara, a real intenção do legislador ao tentar

dignificar a pessoa necessitada, minimizando, assim, seu desamparo temporário,

bem como não fazendo menção à transitoriedade. Desse modo, a pessoa

incapacitada para o trabalho e vida independente, seja definitiva, parcial ou

temporariamente, deve ser considerada merecedora de tal benefício assistencial.

O Benefício de Prestação Continuada (BPC) possui caráter provisório, uma

vez que sua concessão é reavaliada a cada 02 (dois) anos. Sendo assim, não

haveria impedimento algum em conceder ao indivíduo o aludido benefício, pois,

sendo superada a situação que o levou à deficiência, o benefício assistencial poderá

ser cessado.

Nesse sentido, faremos, primeiramente, uma breve introdução sobre o

princípio da dignidade da pessoa humana e o da igualdade, ambos tratados sob a

perspectiva constitucional.

Posteriormente, serão abordados assuntos referentes às definições de

deficiência, incapacidade e impedimentos, benefício assistencial ao idoso e aos

portadores de deficiência, conforme preceitua a legislação brasileira, na Lei nº

8.742/1993,3 além de tratarmos, em especial, das pessoas portadoras de deficiência

por incapacidade temporária.

2 Artigo 203: “A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: (...) a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei”. 3 Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências.

Page 15: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

15

2 Dos princípios aplicáveis ao benefício assistencial

2.1 Princípio da dignidade da pessoa humana

Primeiramente, podemos observar que este princípio está atrelado aos

Direitos Humanos Fundamentais, como explana NOVELINHO (2008, p.210):

A dignidade da pessoa humana, em si, não é um direito fundamental, mas sim um atributo a todo ser humano. Todavia, existe uma relação de mútua dependência entre ela e os direitos fundamentais. Ao mesmo tempo em que os direitos fundamentais surgiram como uma exigência da dignidade de proporcionar um pleno desenvolvimento da pessoa humana, somente através da existência desses direitos a dignidade poderá ser respeitada e protegida.

FERREIRA FILHO (1988, p.19) vincula o princípio da dignidade da pessoa

humana ao direito constitucional brasileiro da seguinte forma:

Para o direito constitucional brasileiro, a pessoa humana tem uma dignidade própria e constitui um valor em si mesmo, que não pode ser sacrificado a qualquer interesse coletivo.

BASTOS (1988, p.425), por sua vez, enfoca a obrigação do Estado em

relação ao princípio da dignidade da pessoa humana, da seguinte maneira:

É um dos fins do Estado propiciar as condições para que as pessoas se tornem dignas”, pois “esta é uma tarefa eminentemente pessoal. O sentido da vida humana é algo forjado pelos homens. O Estado só pode facilitar esta tarefa na medida em que amplie as possibilidades existenciais do exercício da liberdade.

Os direitos humanos fundamentais surgiram através do resultado da união de

várias fontes, costumes e tradições inseridas nas civilizações antigas e

pensamentos jusfilosóficos.

Dessa forma, buscavam controlar possíveis abusos, limitando o poder do

Estado e suas autoridades, restringindo, assim, suas ações, consagrando os

princípios elementares da legalidade e igualdade, visando ao pleno desenvolvimento

da personalidade humana. Este princípio é muito anterior aos ideais constitucionais.

Page 16: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

16

Surge, assim, através da soberana vontade popular, a necessidade de

elencar em uma Constituição um mínimo básico de direitos humanos fundamentais,

definindo o respeito à dignidade humana.

Como comenta MORAES (2006, p. 20):

Os direitos humanos fundamentais, portanto, colocam-se como uma das previsões absolutamente necessárias a todas as Constituições, no sentido de consagrar o respeito à dignidade humana, garantir a limitação de poder e Visar o pleno desenvolvimento da personalidade humana.

O Ilustre doutrinador acima, afirma que a UNESCO em 1978, abordando os

direitos fundamentais, assim afirma (2006, p.46-47):

Considera-os por um lado uma proteção de maneira institucionalizada dos direitos da pessoa humana contra os excessos do poder cometidos pelos órgãos do Estado, e por outro lado, regras para se estabelecer condições humanas de vida e desenvolvimento da personalidade humana.

O princípio da dignidade da pessoa humana encontra-se respaldado em

nossa Constituição, no artigo 1º, em seu inciso III.4

Trata-se de um fundamento do Estado Democrático de Direito que se

caracteriza como um valor moral e espiritual inerente à pessoa, sendo, portanto,

inalienável e irrenunciável, qualificando todo e qualquer ser humano. Deve-se,

então, preponderar o absoluto respeito a esse princípio, garantindo-se, assim,

condições existenciais dignas para todos.

Fica estabelecido que o Estado deve ficar responsável com relação à

proteção e respeito a esses direitos, bem como quanto à conservação da ordem

nacional.

Uma vez que a dignidade se trata de um princípio inerente a todos, como já

mencionado, toda e qualquer violação a ele deve ser combatida, garantindo-se,

assim, sua devida importância jurídica, em razão de sua supremacia constitucional.

Muitos autores entendem que o princípio da isonomia é a principal garantia

constitucional, e realmente é. Entretanto, no atual diploma constitucional, devemos

ressaltar a grande importância do princípio da dignidade da pessoa humana, pois a

isonomia serve para gerar o equilíbrio, visando a concretizar o direito à dignidade.

4 Artigo 1º: "A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) a dignidade da pessoa humana."

Page 17: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

17

O princípio da dignidade humana possui dois aspectos, quais sejam:

a) Direito individual protetivo em relação ao Estado e aos demais indivíduos;

b) Dever fundamental de tratamento igualitário dos demais indivíduos.

Como orienta MORAES (2003, p. 60):

O princípio fundamental consagrado pela constituição federal da dignidade da pessoa humana apresenta-se em uma dupla concepção. Primeiramente, prevê um direito individual protetivo, seja em relação ao próprio Estado, seja em relação aos demais indivíduos. Em segundo lugar, estabelece verdadeiro dever fundamental de tratamento igualitário dos próprios semelhantes.

Podemos, então, concluir que o princípio da dignidade da pessoa humana é

um valor intrínseco, inerente a todo ser humano, e, assim sendo, deve ser

respeitado, pois esse fundamento constitucional funciona como princípio garantidor

da interpretação dos direitos e garantias inerentes a todas as pessoas, independe de

situações adversas individuais.

2.2 Princípio da igualdade

O princípio da igualdade está fundamentado no caput do artigo 5º da nossa Constituição, afirmando que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.

A discriminação não é admitida em hipótese alguma e o respeito e igualdade

devem ser exercidos a todos os brasileiros e estrangeiros residentes no país.

Todos nascem e vivem com os mesmos direitos e obrigações perante o

Estado.

BARBOSA (1999, p. 26) assim afirma:

A regra da igualdade não consiste senão em aquinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade. O mais são desvarios da inveja, do orgulho ou da loucura. Tratar com desigualdade a iguais, ou desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real.

Conforme entendimento do doutrinador PINHO (2005, p. 98), “a igualdade

expressada na Constituição Federal deve ser observada sob duas óticas, quais

Page 18: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

18

sejam: material e formal”.

Na material, também denominada real ou efetiva, busca-se a igualdade de

fato na esfera social e econômica. A formal, por sua vez, informa que todos são

iguais perante a lei, podendo ser exemplificada através da discriminação na

contratação do emprego.

Fica, também, estabelecida na Constituição, em seu artigo 5º, inciso I,5 a

igualdade entre homens e mulheres em direitos e obrigações, existindo, porém,

exceções a essa regra, todas sendo favoráveis ao sexo feminino.

Logo, podemos concluir que devemos igualar os desiguais na medida de suas

desigualdades, não fazendo discriminações em hipótese alguma, sabendo respeitar

as diferenças, sejam elas quais forem.

5 Artigo 5º: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (i) homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição”

Page 19: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

19

3 Deficiência, incapacidade e impedimentos

3.1 Definições na legislação brasileira

Será realizada uma breve explanação sobre os conceitos de deficiência,

incapacidade e impedimentos, embasados dentro da legislação brasileira, vejamos a

seguir.

O Decreto-Lei 3.298/1999, regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de

1989, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora

de Deficiência, além de consolidar as normas de proteção e dar outras providências.

Nesse sentido, define-se deficiência e incapacidade, in verbis:

Artigo 3o: Para os efeitos deste Decreto, considera-se: (i) deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; (ii) deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e (iii) incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida.

O Decreto-Lei 6.214/2007 regulamenta o benefício de prestação continuada

da assistência social, devido à pessoa com deficiência e ao idoso de que trata a Lei

no 8.742/1993,6 in verbis:

Artigo 4o: Para os fins do reconhecimento do direito ao benefício, considera-se: (i) idoso: aquele com idade de sessenta e cinco anos ou mais; (ii) pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas; (iii) incapacidade: fenômeno multidimensional que abrange limitação do desempenho de atividade e restrição da participação, com redução efetiva e acentuada da capacidade de inclusão social, em correspondência à interação entre a pessoa com deficiência e seu ambiente físico e social.

6 Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências.

Page 20: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

20

A Lei 8.742/1993, conhecida como Lei Orgânica da Assistência Social

(LOAS), trazia, em sua redação original, de 1993, a seguinte definição:

Artigo 20, § 2º: Para efeito de concessão deste benefício, a pessoa portadora de deficiência é aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho.

A Lei 12.435/2011 antecedeu a 12.470/2011, e assim conceituava a

deficiência e incapacidade:

Artigo 20, § 2º: Para efeito de concessão deste benefício, considera-se: (i) pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas; (ii) impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a pessoa com deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. § 3º: Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.

Percebe-se que a incapacidade era relativa a sua manutenção,

correlacionada à renda do necessitado.

A Lei 12.470/2011 atualmente rege a definição de deficiência da LOAS e

assim conceitua:

Artigo 20, § 2: Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. § 10: Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2º deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.

A referida lei passa a considerar a deficiência não mais como incapacidade,

mas, sim, como impedimentos a longo prazo. E esses impedimentos são aqueles

que produzem efeitos pelo prazo mínimo de 02 (dois) anos.

Esta alteração se enquadra ao dispositivo legal da Convenção de Nova York,

com exceção ao fator “tempo”.

A Convenção de Nova York sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,

foi ratificada por nosso ordenamento jurídico através do decreto nº 6949/2009 e

assim conceitua em seu artigo 1º:

O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar o

Page 21: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

21

exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente. Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.

Podemos observar que, ao longo do tempo, os conceitos sofreram algumas

modificações. Entretanto, trouxeram uma amplitude maior para os direitos dos

deficientes.

Page 22: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

22

4 Benefício assistencial da lei nº 8742/1993

4.1 Introdução

Voltando à época imperial, nota-se que a escravidão era o grande mal que

comprometia a vida dos indivíduos e aprisionava o avanço da construção social

brasileira.

Fazendo um paralelo, podemos dizer que a desigualdade social que existe

nos dias atuais é a escravidão do passado, impedindo o avanço da sociedade

democrática, em conjunto com a condição de miserabilidade em que vivem a maioria

dos brasileiros.

Surge, então, a necessidade de erradicação da pobreza prevista no artigo 3º,

inciso III, da Constituição Federal,7 tendo como instrumento de sua realização a

assistência social, embasada nos artigos 2038 e 204,9 da CF.

O constituinte, em razão do drama vivido pelas pessoas carentes, muitas

delas em situações miseráveis, resolveu priorizar aqueles que se encontram em

piores condições, no caso, os idosos e os deficientes, que não possuem meios de

prover a sua subsistência ou tê-la provida por sua família.

A assistência social não se destina apenas ao socorro momentâneo e

7 Artigo 3º: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: (...) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.” 8 Artigo 203: “A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: (i) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; (ii) o amparo às crianças e adolescentes carentes; (iii) a promoção da integração ao mercado de trabalho; (iv) a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; (v) a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.” 9 Artigo 204: “As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: (i) descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social; (ii) participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. Parágrafo único: É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: (i) despesas com pessoal e encargos sociais; (ii) serviço da dívida; (iii) qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados.”

Page 23: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

23

provisório do necessitado. Visa, também, a que seja um fator de transformação

social, promovendo ao necessitado sua inclusão e integração à sociedade,

minimizando desigualdades e garantindo um mínimo existencial.

Para eles, é concedido o benefício de um salário mínimo, amparado no artigo

203, inciso V, da Constituição Federal.10

MORO (2003, p.144) o determina como um direito “antipobreza”:

Retrospectivamente, tal norma representa a constitucionalização de um direito atinente à assistência social, verdadeiro direito antipobreza, o que não tem precedentes no direito Constitucional brasileiro. Isso não significa que não possam ser extraídos, por construção legislativa ou mesmo judicial, outros direitos antipobreza da Carta constitucional. De todo modo, a norma do artigo 203, V, é a única que prevê direito claro e determinado desta natureza e, por conseguinte, cuja existência não é passível de discussão.

Por ser de caráter assistencial, esses direitos não se confundem com

benefícios da Previdência Social. Logo, não necessitam de contribuição para sua

aquisição.

Sua previsão legal é encontrada no artigo 203, inciso V, da Constituição

Federal, e é regulamantada pela Lei Ordinária nº 8.742/1993,11 em seus artigos 20,12

2113 e 21-A,14 Decreto 6.214/2007,15 leis 12.435/201116 e 12.470/2011.17

10 Artigo 203: “A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: (v) a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.” 11 Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. 12 Artigo 20: “O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.” 13 Artigo 21: “O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem (...).” 14 Artigo 21-A: “O benefício de prestação continuada será suspenso pelo órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual.” 15 Regulamenta o benefício de prestação continuada da assistência social devido à pessoa com deficiência e ao idoso de que trata a Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e a Lei no 10.741, de 1o de outubro de 2003, acresce parágrafo ao art. 162 do Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, e dá outras providências. 16 Altera a Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da Assistência Social. 17 Altera os artigos 21 e 24 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre o Plano de Custeio da Previdência Social, para estabelecer alíquota diferenciada de contribuição para o microempreendedor individual e do segurado facultativo sem renda própria que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencente a família de baixa renda (...)

Page 24: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

24

4.2 Dos Requisitos para concessão do benefício assistencial

Os requisitos para obtenção do benefício à prestação continuada (BPC) para

o idoso e deficiente são os seguintes:

a) Ser pessoa com deficiência ou idosa, com idade mínima de sessenta e

cinco anos, comprovando não possuir meios de prover a própria manutenção nem

tê-la provida por sua família (requisitos cumulativos);

b) Concomitantemente, que a renda familiar mensal per capita, seja inferior a

¼ (um quarto) do salário mínimo;

c) O requerente não deve estar vinculado a nenhum regime de previdência

social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de

natureza indenizatória, conforme artigo 20, § 4º da Lei 8.742/1993;18

d) O requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais, na ausência de um

deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e

os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto;

e) O benefício ficará sujeito à revisão por peritos a cada 02 (dois) anos;

f) O benefício assistencial não se transmite aos dependentes e sucessores,

pois é puramente personalíssimo, extinguindo-se com a morte do beneficiário;

g) Quando o idoso sofre internação, seu direito não fica prejudicado.

Todos os requisitos acima devem ser observados para perfeita aquisição do

aludido benefício.

18 Artigo 20, § 4º: “O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. § 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória.”

Page 25: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

25

5 Do direito ao benefício de prestação continuada (BPC) à pessoa

com deficiência (PCD)

5.1 Conceito

A finalidade do Benefício de Prestação Continuada (BCP) é visar ao amparo

social ao idoso e ao deficiente, desde que não tenham condições de prover o próprio

sustento ou de tê-lo provido por sua família, de forma provisória ou permanente,

ainda que independentemente de contribuir para a seguridade social.

Sua fundamentação legal está amparada no artigo 203, inciso V, da

Constituição Federal, regulamantada pela Lei 8.742/1993, nos artigos 20 e 21, e leis

ordinárias 12.435/2011 e 12.470/2011, bem como no Decreto 6.214/2007. Por se

tratar de benefício assistencial, independe de contribuição ao Regime Geral da

Previdência, sendo verdadeiro promotor da dignidade e igualdade, integrando e

incluindo o assistido à vida social, visando ao amparo dos que se encontram em

condições de miserabilidade, possibilitando o mínimo existencial à pessoa portadora

de deficiência e que seja incapacitada para a vida independente e para o trabalho,

em decorrência de impedimentos de longo prazo de natureza fisica, mental,

intelectual ou sensorial. Seu amparo legal prevê a possibilidade de 01 (um) salário

minimo mensal, não havendo direito ao 13º (décimo terceiro) salário, auferido pelo

necessitado, desde que observados os requisitos legais para sua obtenção.

O conceito de deficiência, para fins de percepção do benefício assistencial, foi

alterado pela Lei nº 12.470/2011, em seu artigo 20, § 2, e passou a ser conceituado

como deficiente a pessoa que tem impedimentos de longo prazo de natureza física,

mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras,

podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade, em igualdade de

condições com as demais pessoas. Nos termos do § 10, considera-se impedimento

de longo prazo a circunstância que produza efeitos pelo prazo mínimo de 02 (dois)

anos.

Esse conceito se adapta à Convenção Internacional sobre os Direitos das

Pessoas com Deficiência (Convenção de Nova York), com exceção ao fator “tempo”,

Page 26: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

26

assinada em 30 de março de 2007 e ratificada pelo decreto nº 6949/2009, tendo

força de emenda constitucional em nosso ordenamento jurídico, conforme preceitua

o artigo 5º, § 3, da CF.19

5.2 Finalidade

O benefício, por possuir caráter assistencial, busca a devida habilitação e a

reabilitação das pessoas portadoras de deficiência que se socorrem, momentânea e

provisoriamente, promovendo a integração e a inclusão do assistido na vida social.

O Estado tem o dever de garantir ao necessitado esse benefício, para que

seja garantido o mínimo de dignidade à pessoa humana, assistindo-a em suas

necessidades básicas.

Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil a

construção de uma sociedade livre e solidária, garantindo o desenvolvimento

nacional, erradicando a pobreza e a marginalização e reduzindo as desigualdades

sociais e regionais, promovendo o bem de todos, sem preconceito de origem, raça,

sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, conforme preceitua o

artigo 3º incisos I, II, III e IV da Constituição Federal.20 Assim sendo, a finalidade do

benefício é garantir ao portador de deficiência o mínimo necessário para sua

subsistência.

19 Artigo 5º, § 3º: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.” 20 Artigo 3º: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: (i) construir uma sociedade livre, justa e solidária; (ii) garantir o desenvolvimento nacional; (iii) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; (iv) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”

Page 27: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

27

5.3 Natureza jurídica

Tem como natureza jurídica o caráter assistencial, independente de

contribuição para a Seguridade Social, bastando que o necessitado preencha os

requisitos legais, exigidos.

O benefício de prestação continuada está previsto em duas espécies: amparo

social ao idoso e amparo social à pessoa portadora de deficiência.

5.4 Requisitos

Os requisitos para obtenção do benefício de prestação continuada para a

pessoa com deficiência, dividem-se em requisitos objetivos e subjetivos, sendo eles,

respectivamente:

a) Não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida

por sua família. Nesse ponto, entende-se como família a unidade mononuclear,

vivendo sob o mesmo teto, cuja economia é mantida pela contribuição de seus

integrantes. Considera-se incapaz de prover à manutenção da pessoa deficiente a

família cuja renda mensal per capta seja inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo,

(artigo 3º, § 3º, da Lei 8.742/1993);

b) Ser portador de deficiência que torne a pessoa incapacitada para a vida

independente e para o trabalho.

A deficiência será comprovada mediante avaliação e laudo expedido por

serviço que conte com equipe multiprofissional do Sistema Único de Saúde (SUS)

ou do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), credenciados para esse fim pelo

Conselho Municipal de Assistência Social. Em caso de ação judicial, a perícia

deverá ser feita pelo perito do juízo.

Page 28: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

28

5.5 Critério espacial

Este benefício poderá ser requerido em todo o território nacional.

5.6 Critério temporal

O Critério temporal é admitido a partir da data do requerimento administrativo,

devendo ser extinguindo com a morte do beneficiário ou cessado no momento em

que forem superadas as condições que a motivaram.

5.7 Sujeito ativo

Todo necessitado que preencher os requisitos legais.

5.8 Sujeito passivo

O Instituto Nacional de seguro Social (INSS) é parte legitima para figurar no

polo passivo das demandas judiciais em que se pleiteia a concessão do benefício

assistencial.

Como demonstrado nos itens anteriores, podemos observar além do conceito,

todos os requisitos necessários para concessão do benefício de prestação

continuada (BPC) ao que dele necessitar.

O Estado, através do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) deve ser o

garantidor do mesmo, trazendo assim, um mínimo existencial ao necessitado em seu

momento de maior necessidade.

Page 29: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

29

Deve-se ressaltar, que este benefício será concedido a quem dele necessitar

(idosos e deficientes) desde que atendidos todos os requisitos estudados

anteriormente, sendo que deverá ser cessado em caso de qualquer mudança no

quadro que lhe deu origem ou em morte do beneficiário.

Portanto, não possui caráter permanente, busca o amparo social, auxiliando o

necessitado momentaneamente diante de sua incapacidade de prover seu próprio

sustento ou de tê-lo suprido por sua família. Promovendo assim a dignidade e

igualdade e atingindo o real objetivo para o qual foi criado.

Page 30: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

30

6 Benefício assistencial para pessoas com deficiência por

incapacidade temporária

6.1 Conceito

O objetivo do benefício assistencial à pessoa portadora de deficiência por

incapacidade temporaria é amparar os necessitados que não possuem condições de

prover o próprio sustento ou de tê-los provido por sua família de forma provisória ou

permanente.

Está amparado legalmente no artigo 203 inciso V, da Constituição Federal e

encontra-se regulamantado pela Lei 8.742/1993, nos artigos 20 e 21, bem como

pelas leis 12.435/2011 e 12.470/2011 e pelo Decreto 6.214/2007.

Para auferir este beneficio, não é necessário realizar contribuições ao Regime

Geral da Previdência, pois, possui caráter assistencial. Logo, promove a inclusão do

assistido à vida cotidiana, trazendo dignidade e igualdade, amparando aos que se

encontram em condições de miserabilidade, possibilitando o mínimo existencial à

pessoa portadora de deficiência.

A deficiência, natureza fisica, mental, intelectual ou sensorial, deve incapacitar

a pessoa para sua vida independente, bem como para suas atividades laborais,

impedindo-a, a longo prazo, de exercer as mesmas.

Observados todos os requisitos para obtenção do benefício, é concedido ao

assistido o pagamento de 01 (um) salário minimo mensal, sem direito ao 13º (décimo

terceiro) salário.

6.2 Finalidade

Como já mencionado, este benefício possui caráter assistencial, e visa à

reabilitação e habilitação das pessoas portadoras de deficiência em seu momento de

Page 31: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

31

maior necessidade, socorrendo-as momentânea e provisoriamente, promovendo,

assim, a integração e inclusão do assistido na sociedade.

A finalidade do benefício é garantir ao portador de deficiência o mínimo

necessário para sua subsistência.

O Estado tem o dever de assistir ao necessitado, concedendo este benefício

a quem dele necessitar, garantindo o mínimo de dignidade à pessoa humana.

Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil,

construir uma sociedade livre e solidária, garantindo o desenvolvimento nacional,

erradicando a pobreza e a marginalização e reduzindo as desigualdades sociais e

regionais, promovendo o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor,

idade e quaisquer outras formas de discriminação, conforme preceitua o artigo 3º,

incisos I, II, III e IV, da Constituição Federal.

6.3 Natureza Jurídica

A natureza jurídica deste benefício é o caráter assistencial. Sendo assim,

independe de contribuições ao Regime Geral da Previdência Social, bastando,

apenas, que o necessitado esteja enquadrado nos requisitos legais exigidos para

sua concessão.

6.4 Requisitos

Os requisitos para a pessoa com deficiência (PCD) obter o benefício dividem-

se em objetivos e subjetivos, sendo eles, respectivamente:

a) Não ter suas necessidades mantidas por sua família nem possuir meios de

provê-las por sua própria conta e possuir renda mensal per capta inferior a ¼ (um

quarto) do salário mínimo;21

21 Artigo 3º: “Consideram-se entidades e organizações de assistência social aquelas sem fins lucrativos que, isolada ou cumulativamente, prestam atendimento e assessoramento aos beneficiários

Page 32: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

32

b) Ser portador de deficiência, que torne a pessoa incapacitada para a vida

independente e para o trabalho. Tal circunstância é constatada através de laudo

pericial do Sistema Único de Saúde (SUS) ou do Instituto Nacional do Seguro Social

(INSS) ou outros credenciados para esse fim, pelo Conselho Municipal de

Assistência Social. Em caso de ação judicial, a perícia deverá ser feita pelo perito do

juízo.

Esta deficiência deve ser comprovada e, concomitantemente, que a renda

familiar mensal per capta seja inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo.

Este critério não é taxativo, desde que o requerente ao benefício assistencial

consiga provar seu estado de miserabilidade por outras maneiras. Podemos citar,

como exemplo, as perícias socioeconômicas, que são realizadas diretamente na

residência do necessitado, podendo ser ouvidas testemunhas que comprovem o fato

em questão.

6.5 Critério espacial

O necessitado poderá requerer este benefício em todo o território nacional.

6.6 Critério temporal

É admitido a partir da data do requerimento administrativo, devendo ser

extinguido com a morte do beneficiário e cessar no momento em que forem

superadas as condições que a motivaram, conforme dispõe em lei.

abrangidos por esta Lei, bem como as que atuam na defesa e garantia de direitos. (...) São de defesa e garantia de direitos aquelas que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços e executam programas e projetos voltados prioritariamente para a defesa e efetivação dos direitos socioassistenciais, construção de novos direitos, promoção da cidadania, enfrentamento das desigualdades sociais, articulação com órgãos públicos de defesa de direitos, dirigidos ao público da política de assistência social, nos termos desta Lei, e respeitadas as deliberações do CNAS, de que tratam os incisos I e II do art. 18.”

Page 33: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

33

6.7 Sujeito Ativo

Os sujeitos ativos desta modalidade são aquelas pessoas portadoras de

deficiência que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou

tê-la provida por sua família.

6.8 Sujeito Passivo

Este benefício assistencial deve ser prestado pelo Estado, pois ele é o

garantidor. Sendo assim, nossa jurisprudência majoritária possui o entendido de que

o INSS é a parte legitima para estar posicionada no polo passivo nas demandas

judiciais.

6.9 Deficiência por incapacidade temporária

Primeiramente, é necessário breve relato, explanando a problemática e

demonstrando, também, a abrangência de entendimentos sobre esta e outras

situações.

O legislador, ao promulgar a Constituição de 1988, não apresentou nenhum

conceito de deficiência. Assim, esta tarefa ficou a cargos das leis ordinárias, nesse

no caso à lei 8.742/1993.

Com o avanço do tempo, essa lei sofreu algumas modificações. Além disso, a

concessão do benefício ficava restrita à norma interna do Instituto Nacional do

Seguro Social (INSS), conforme Instrução Normativa nº 20, em seu artigo 624, inciso

II, in verbis:

Para efeito da análise do direito ao benefício, serão consideradas como: (ii) pessoa portadora de deficiência: aquela incapacitada para a vida independente e para o trabalho, em razão de anomalias ou lesões irreversíveis de natureza hereditária, congênita ou adquirida.

Page 34: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

34

Fica evidente a dificuldade de se conseguir tal benefício aos deficientes, uma

vez que o entendimento dos peritos norteia-se em conceder apenas aos que

possuem anomalias ou lesões irreversíveis, pacificando, assim, o caráter definitivo,

total e absoluto da deficiência, razão pela qual muitos, até hoje, ainda o indeferem.

As leis 12.345/2011 e 12.470/2011, promoveram alterações na LOAS,

trazendo uma amplitude maior ao conceito de deficiente. Entretanto, a jurisprudência

continua com grande influência. Considerando-se o conceito de deficiência à luz de

sua criação, ela não só compreende a incapacidade para a vida independente, mas,

principalmente, aquela que incapacita o necessitado em suas tarefas produtivas.

Assim entendeu a súmula nº 29 da Turma Nacional de Uniformização (TNU):

Para efeitos do art. 20, § 2º, da Lei n.8.742, de 1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilidade de prover ao próprio sustento.

Logo, torna-se forte o entendimento de que a incapacidade laborativa e não

só a cotidiana, é de suma importância para obtenção do referido beneficio

assistencial, pois ela é a necessária para o sustento e manutenção de sua própria

subsistência e de sua família.

Vejamos algumas ementas:

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSITENCIAL. LOAS. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. INCAPACIDADE COMPROVADA POR LAUDO PERICIAL. APELAÇÃO IMPROVIDA. 1. O artigo 203, inciso V, da Constituição Federal prevê a concessão de benefício assistencial no valor de um salário-mínimo mensal ao idoso e à pessoa portadora de deficiência que comprovem não possuir meios de prover a própria subsistência ou de tê-la provida por sua família. O legislador ordinário regulamentou o benefício através da Lei 8.742/93, definindo como portador de deficiência, para fins da concessão do benefício, a pessoa incapaz para a vida independente e para o trabalho, e como família incapaz de prover a manutenção aquela cuja renda familiar per capita seja inferior 1/4 do salário-mínimo. 2. Quanto à verificação da deficiência - cerne da controvérsia -, deve-se ter como incapacitado aquele impassível de prover sua subsistência sob condições normais de trabalho e que não possua condições econômicas para prover sua manutenção por outros meios (TRF 4ª Região, AC 463283, Rel. Juiz CELSO KIPPER, DJU 12/03/2003), devendo o julgador estar atento às condições individuais do autor, sejam elas pessoais ou referentes ao meio social em que se encontra inserido. 3. Hipótese em que o laudo pericial atestou que a apelada foi acometida de poliomielite aos 4 anos de idade, doença que acarretou em "sequelas comprometendo todo membro inferior esquerdo, tornando-a incapaz de realizar qualquer atividade profissional". 4. O pleito sucessivo do INSS objetivando a anulação da sentença para que

Page 35: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

35

a perícia seja realizada por médico especialista em psiquiatria não merece acolhimento, pois resta bastante claro, pelo que consta nos autos, que a deficiência da autora não condiz em nada com problemas mentais, vez que se trata de sequela física decorrente de poliomielite. 5. Apelação improvida (grifei).22 PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LEI Nº 8.742, DE 1993 (LOAS). REQUISITOS LEGAIS. PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA OU IDOSA. COMPROVAÇÃO DA IMPOSSIBILIDADE DE PROVER A SUA PRÓPRIA MANUTENÇÃO OU TÊ-LA PROVIDA POR SUA FAMÍLIA. HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA. RENDA PER CAPITA INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO. DEFICIÊNCIA RECONHECIDA POR LAUDO PERICIAL. BENEFÍCIO CONCEDIDO A PARTIR DA DATA DA CITAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. HONORÁRIOS PERICIAIS. CUSTAS. ISENÇÃO.

(...) 3. A incapacidade para a vida independente deve ser entendida não como falta de condições para as atividades mínimas do dia a dia, mas como a ausência de meios de subsistência, visto sob um aspecto econômico, refletindo na possibilidade de acesso a uma fonte de renda. 4. Laudo médico pericial (fls. 86/88) concluiu que, em razão das doenças, hipertensão arterial sistêmica, diabete mellitus, hipercolesterolemia e catarata, há incapacidade laborativa, "devido à extensão e gravidade das patologias por ela apresentadas e o caráter crônico e irreversível das mesmas". 5. Tendo, então, sido comprovada sua miserabilidade, por prova testemunhal (fls. 47/48), é forçoso reconhecer que tem a autora direito à concessão do benefício de assistência social, desde a data da citação, tendo em vista, a ausência do requerimento administrativo (grifei).23

Podemos observar entendimentos favoráveis em relação ao grau da

incapacidade, não necessitando ser total e definitivo, mas podendo ser concedido,

também, ao grau parcial, aliando isso a outros fatores como a condição social,

intelectual e cultural do necessitado em questão, desde que esta incapacidade

esteja aderida à impossibilidade de inclusão no mercado de trabalho, em relação ao

seu grau de instrução, idade e tipo de doença que o acometeu. Vejamos:

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ART. 20 DA LEI Nº 8.742/93 (LOAS) C/C ART. 34 DA LEI Nº 10.741/03 (ESTATUTO DO IDOSO). CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE LABORAL. CONDIÇÕES PESSOAIS DESFAVORÁVEIS. ESTADO DE MISERABILIDADE. ESTUDO SOCIAL. RENDA FAMILIAR PER CAPITA INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO. COMPROVAÇÃO. CONSECTÁRIOS. TUTELA ESPECÍFICA. ARTIGO 461 DO CPC. OBRIGAÇÃO DE FAZER. IMPLANTAÇÃO IMEDIATA DO BENEFÍCIO. DEFERIMENTO.

1. Se a parte autora comprovar a sua deficiência, bem como a sua condição de miserabilidade, faz jus à concessão do benefício assistencial, nos termos previstos nos art. 20 da Lei nº 8.742/93.

22 AC nº 00041195220104059999, acórdão de 14 abr. 2011, Relator Edílson Nobre, TRF5, Quarta Turma, DJE 15 abr 2011, p.438. 23 AC 200801990134355, acórdão de 05 mar. 2009, Segunda Turma do TRF1, DJE 06 mar. 2009, p. 186.

Page 36: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

36

2. Caso em que embora o laudo pericial conclua pela incapacidade parcial e permanente, considerando-se a patologia apresentada pela parte autora, além das condições pessoais desfavoráveis, notadamente a pouca escolaridade e sua idade, afigura-se correta ao presente caso a concessão do amparo assistencial. (...) 3. A comprovação da situação econômica do requerente e sua real necessidade não se restringe à hipótese do artigo 20, § 3º, da Lei 8.742/93, que exige renda mensal familiar per capita não superior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo, pois a condição de miserabilidade poderá ser verificada por outros meios de prova. Precedentes do STJ. 4. Aplicação por analogia do disposto no artigo 34, § único da Lei nº 10.741/03 (Estatuto do Idoso), permitindo que a verba de natureza de caráter assistencial ou previdenciário, percebidos por idoso ou deficiente, sejam desconsiderados para fins de renda per capita. Precedente desta Corte. 5. Reforma da sentença para concessão do benefício assistencial de prestação continuada, a contar da data da perícia médica em juízo (09/10/2008), com o pagamento das parcelas em atraso. (...) 10. Deferida tutela específica da obrigação de fazer prevista no artigo 461 do Código de Processo Civil, para a imediata implantação do benefício previdenciário nos parâmetros definidos no acórdão, em consonância com o entendimento consolidado pela Colenda 3ª Seção do Tribunal Regional Federal da 4ª Região no julgamento proferido na Questão de Ordem na Apelação Cível nº 2002.71.00.050349-7. 11. Inexistência de ofensa aos artigos 128 e 475-O, I, do CPC e ao artigo 37 da Constituição Federal, por conta da determinação de implantação imediata do benefício com fundamento no artigo 461 e 475-I do CPC. 12. Apelação provida. Determinada a implantação do benefício (grifei).24

Com relação direta ao tema proposto, qual seja, do direito ao benefício

assistencial concedido à pessoa portadora de deficiência temporária, podemos

observar que nossa Constituição, em seu artigo 203, inciso V, não faz menção a

qual tipo de deficiência deva ser concedido o benefício, não exigindo, assim, que

este seja irreversível e permanente. Vejamos o que menciona a TNU nº 29 sobre o

assunto em questão:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. Súmula TNU n° 29. Incapacidade temporária. Lei n° 8.742/93, art. 20. 1. Para os efeitos do art. 20, § 2º, da Lei n° 8.742/93, incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita de prover ao próprio sustento. Súmula nº 29 desta Turma Nacional de Uniformização. 2. O art. 20 da Lei n° 8.742/93 não impõe que somente a incapacidade permanente, mas não a temporária, permitiria a concessão do benefício assistencial, não cabendo ao intérprete restringir onde a lei não o faz, mormente quando em prejuízo do necessitado do benefício e na contramão da sua ratio essendi, que visa a assegurar o mínimo existencial e de dignidade da pessoa.

24 AC 200871080029295, acórdão de 15 mar. 2010, Relator Fernando Quadros da Silva, TRF4, Quinta Turma, DJE 16 mar 2010.

Page 37: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

37

3. Esta Eg. TNU também já assentou que “a transitoriedade da incapacidade não é óbice à concessão do benefício assistencial, visto que o critério de definitividade da incapacidade não está previsto no aludido diploma legal. Ao revés, o artigo 21 da referida lei corrobora o caráter temporário do benefício em questão, ao estatuir que o benefício ‘deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem. 4. Recurso conhecido e parcialmente provido. Processo devolvido à Turma de origem para a adequação do julgado (grifei).25

A Lei 12.470/2011 alterou o conceito de deficiência da Lei 8.742/1993 em seu

artigo 20, § 2º, a saber:

Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

Este conceito vai ao encontro da Convenção de New York sobre os Direitos

das Pessoas com Deficiência, sendo este aprovado e reconhecido através do

procedimento previsto no artigo 5º, § 3°, da nossa Lei Maior, integrando-se à

Constituição Federal com força de uma emenda constitucional. Assim, quando a

convenção define um conceito, menciona como deficiente aquele que possui

impedimentos em longo prazo (caráter subjetivo).

A Constituição Federal, em seu artigo 203, inciso V, bem como a Convenção

de Nova York, mencionam a proteção efetiva da pessoa deficiente e não mencionam

a incapacidade.

Logo, não cabe ao legislador infraconstitucional, no artigo 20, § 10, da lei

8742/1993, estipular um prazo mínimo de 02 (dois) anos para caracterizar o

impedimento de longo prazo e, com isso, estabelecer se a pessoa é, ou não,

deficiente, uma vez que a Constituição e a Convenção não o faz.

Assim, deve ser respeitada a hierarquia legal, cabendo ao legislador

infraconstitucional apenas se limitar ao comando constitucional existente, sob pena

de tornar a lei inconstitucional.

Além disso, o artigo 21, da LOAS faz menção a realização de perícias a cada

02 (dois) anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem,

corroborando, assim, o caráter temporário do benefício.

25 AC 200770530028472, acórdão de 08 fev. 2011, Rel. Marnoel Rolim Campbell Penna, DOU 11 mar. 2010

Page 38: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

38

Vejamos esta notícia extraída da internet acerca o tema:

INCAPACIDADE TEMPORÁRIA DÁ DIREITO A BENEFÍCIO ASSISTENCIAL, DECIDE TNU

Na sessão realizada nesta quarta-feira, dia 11 de março, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU) reafirmou a tese, já consolidada por meio da Súmula 29, de que incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede as atividades cotidianas e básicas da pessoa, mas também a que impossibilita sua participação na sociedade, principalmente na forma de exercício de atividade para prover o próprio sustento. O entendimento voltou a prevalecer em julgamento de pedido de uniformização no qual um usuário de drogas, de baixa renda, requereu a revisão do acórdão da Turma Recursal do Ceará, que reformou a sentença de 1º grau e julgou improcedente o seu pedido de concessão de benefício assistencial (LOAS). Segundo os autos, a Turma Cearense negou o pedido de beneficio porque entendeu que a parte autora não se enquadra no conceito legal de portadora de deficiência e apresenta apenas incapacidade temporária para trabalhar. No pedido de uniformização, o requerente do processo argumenta que a tese do acórdão recorrido contraria a Súmula 29 da TNU, bem como o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), segundo os quais a incapacidade para os atos da vida independente também é aquela que impossibilita a pessoa de prover o próprio sustento. Afirmou ainda que o perito judicial já constatou que o uso de drogas ilícitas lhe causaram sequelas psíquicas que no momento o impedem de prover sua subsistência. Ao analisar o mérito da questão, o juiz federal Wilson José Witzel, relator do processo na TNU, deu razão ao autor. Ele afirmou que o magistrado, ao analisar as provas dos autos sobre as quais formará sua convicção, e deparando-se com laudos que atestem incapacidade temporária, deve levar em consideração as condições pessoais do indivíduo para a concessão de benefício assistencial. “Apesar de não ser uma incapacidade total e definitiva, pode ser considerada como tal, ainda mais quando a situação econômica do requerente não permite custear tratamento especializado”, assegurou o magistrado. De acordo com Witzel, a jurisprudência da Turma Nacional admite que a incapacidade para a vida independente está relacionada com a incapacidade produtiva, entendimento que, segundo o magistrado, já está consolidado no enunciado da Súmula 29 da TNU. Ele afirmou, contudo, que se no futuro o requerente tiver a possibilidade de voltar ao mercado de trabalho e, com isso, se sustentar, o benefício deverá ser cancelado. “As circunstâncias deverão ser verificadas pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), periodicamente, nos termos da lei, devendo eventual deferimento ou cancelamento do benefício observar o devido processo legal, assegurando ao beneficiário o contraditório e a ampla defesa”, esclareceu. Diante dos fatos, o colegiado solicitou o restabelecimento da sentença de primeiro grau que julgou procedente o pedido e condenou o INSS a conceder o amparo assistencial à parte autora desde a data de entrada do requerimento, haja vista que cabe a autarquia aplicar o entendimento já pacificado pela TNU, bem como juros e correção monetária de acordo com o manual de cálculos da Justiça Federal.26

26 CONSULTOR JURÍDICO. Incapacidade temporária dá direito a benefício assistencial, decide TNU: Revista Consultor Jurídico. 16 mar. 2015. Disponível em <http://www.conjur.com.br/2015-mar-16/incapacidade-temporaria-direito-beneficio-assistencial>. Acesso em: 02 mai. 2015.

Page 39: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

39

Recentemente, podemos observar outra decisão favorável a respeito do

caráter temporário da deficiência, sendo analisado e admitido tanto em relação à

norma anterior quanto na atual (Lei nº 12.470/2011), que altera o conceito de

deficiência para uma abrangência em longo prazo. Vejamos a ementa em questão:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL À DEFICIENTE. INCAPACIDADE E RISCO SOCIAL COMPROVADOS. CONCESSÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. TUTELA ESPECÍFICA. 1. Comprovada a deficiência e o risco social, correta a sentença que concedeu o benefício assistencial a contar do requerimento administrativo. 2. Correção monetária pelo INPC e aplicação da Lei 11.960/09 somente quanto aos juros após 30-06-09. 3. Determina-se o cumprimento imediato do acórdão naquilo que se refere à obrigação de implementar o benefício, por se tratar de decisão de eficácia mandamental que deverá ser efetivada mediante as atividades de cumprimento da sentença stricto sensu previstas no art. 461 do CPC, sem a necessidade de um processo executivo autônomo (sine intervallo).27

Como podemos observar, nas decisões dos casos relatados anteriormente,

fica evidente e cristalino o direito ao benefício assistencial à pessoa portadora de

deficiência por incapacidade temporária, bem como ao cabimento do mesmo

benefício em relação a outros graus de deficiência (como a parcial, por exemplo),

além da relevância ao estado de necessidade em que se encontra o carecedor, isto

em consonância com a dignidade da pessoa humana e a igualdade, ambos

positivados em nossa Constituição. Observa-se, assim, a real intenção do legislador

ao elaborar a lei assistencial, promovendo a dignidade, igualdade e amparo social

aos que dele necessitar.

27 AC 0014487-11.2014.404.9999, acórdão da Sexta Turma do TRF4, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E. 03 dez. 2014.

Page 40: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

40

7 Considerações finais

Em relação ao presente trabalho, percebe-se que, ao longo do tempo,

ocorreram mudanças na Lei nº 8742/1993, principalmente no que tange à definição

do que deve ser deficiência e incapacidade para obtenção do benefício assistencial,

uma vez que está ocorrendo uma grande diversidade de entendimentos doutrinários

e jurisprudenciais.

Assim, as pessoas necessitadas estão sendo desamparadas do real intuito do

legislador, que criou a lei superior para fornecer amparo social aos interessados,

precisando buscar seu socorro em uma tutela jurisdicional para proteção de seus

interesses, e com isso, interpretar a norma superior buscando seu real sentido e

alcance, pois, administrativamente, esta tarefa se torna impossível.

Devemos nos atentar ao comando normativo constitucional, a fim de respeitar

a sua hierarquia e coesão. Portanto, normas infraconstitucionais, como a Lei nº

8742/1993, devem obedecer a real intenção do legislador superior contida no artigo

203, inciso V, da Constituição Federal, acerca da concessão do benefício

assistencial ao idoso e ao deficiente, não fazendo distinções em relação à

deficiência, se total, parcial ou temporária, sob pena de a lei se tornar

inconstitucional.

O que se busca é a o amparo social, trazendo um valor mínimo monetário aos

idosos e deficientes que se encontram momentaneamente incapacitados de prover

seu próprio sustento, através de seu trabalho, ou de tê-lo suprido por sua família.

Assim, não só estaremos atendendo ao comando normativo de forma correta,

como, também, aos princípios constitucionais contidos no ordenamento, como, por

exemplo, a dignidade da pessoa humana e a igualdade.

Portanto, como a norma menciona a realização de pericias a cada 02 (dois)

anos, estaria admitindo o entendimento a respeito da possibilidade de concessão do

benefício assistencial à pessoa portadora de deficiência por incapacidade

temporária, podendo ser observados o avanço ou o regresso do problema em

questão. Logo, não haveriam impedimentos para sua concessão, desde que

observados os demais requisitos.

Deve-se ressaltar que, ao contrário do que muitos pensam, este benefício

assistencial deve ser concedido enquanto durarem as causas que o motivaram, bem

Page 41: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

41

como os seus requisitos, não possuindo caráter permanente. Sua real intenção é

auxiliar o necessitado momentaneamente, dignificando-o e cumprindo, assim, seu

papel social ao qual foi destinado.

Page 42: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

42

Referências

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988.

Brasília.

__________. Decreto nº 3.298/1999, de 20 de dezembro de 1999.

__________. Decreto nº 6.214/2007, de 26 de setembro de 2007.

__________. Decreto nº 6.949/2009, de 25 de agosto de 2009.

__________. Instrução Normativa nº 20, de 10 de outubro de 2007.

__________. Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989.

__________. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993.

__________. Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011.

__________. Lei nº 12.470/2011, de 31 de agosto de 2011.

BARBOSA, Rui. Oração aos moços. Edição popular, anotada por Adriano da gama

kury, 5ª. ed. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1999, p.26.

BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ives Gandra da Silva. Comentários à

Constituição do Brasil. 7ª. ed. São Paulo: 1988. p. 425.

CASTRO, Carlos Alberto Pereira; LAZZARI, João Batista. Manual do Direito

Previdenciário. 12ª. ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2010.

DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 7ª. ed. São Paulo: Verbo

Jurídico, 2008.

Page 43: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

43

FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Comentários à Constituição brasileira de

1988. Vol. I. São Paulo: Saraiva, p.19

HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 8ª. ed. São Paulo: Quartier

Latin, 2010.

MESQUITA, Maíra de Carvalho Pereira. Benefício assistencial ao deficiente:

impedimentos de longo prazo?. 2013 Disponível em

<http://jus.com.br/artigos/24641/beneficio-assistencial-ao-deficiente-impedimentos-

de-longo-prazo#ixzz3Z2mprORm>. Acesso em: 05 mar 2015.

MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral,

comentários aos arts. 1º a 5º da Constituição da República Federativa do

Brasil, doutrina e jurisprudência. 7ª. ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 20,46–47.

__________. Direito constitucional. 13ª. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p.60.

MORO, Sérgio Fernando. Questões controvertidas sobre o benefício da

assistência social, in Daniel Machado Rocha (org). Temas atuais de direito

previdenciário e assistencial social. Porto Alegre: Livraria do advogado, 2003,

p.144.

NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. 2ª. ed. São Paulo: Método, 2008,

p.210.

NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito Constitucional. 13ª. ed. São

Paulo: Saraiva, 2009.

NUNES, Rizatto. O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana.

Revista do Advogado, São Paulo, 2007, nº. 95, ano XXVII, p.129.

__________. O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana:

doutrina e jurisprudência. São Paulo: Saraiva, 2002.

Page 44: UNIVERSIDADE MUNICIPAL SÃO CAETANO DO SUL …repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/1053/2/BELLO, A... · To inform the real intention of the benefit, bringing ... INSS Instituto

44

PINHO, Rodrigo César Rebello. Sinopses Jurídicas: Da Organização do Estado

dos Poderes e Histórico das Constituições. Vol. 16. 6. Ed. Saraiva, 2005, p.98.

SANTOS, Fernando Ferreira dos. Princípio constitucional da dignidade humana.

São Paulo: IBDC, 1999.

TAGLIETA, Eliane da Silva. O novo conceito de deficiência introduzido pela lei

12.470/2011 para fins de percepção do benefício de amparo assistencial previsto no

artigo 203, inciso V, da Constituição Federal. 2014. Disponível em:

<http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.48895&seo=1%3E>. Acesso

em: 19 abr. 2015.

TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de Direito da Seguridade Social. 4. ed. São

Paulo: Saraiva, 2013.