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UNIVERSIDADE PAULISTA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO AVALIAÇÃO DO TRABALHADOR E DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS E SUA INFLUÊNCIA NA PRODUTIVIDADE Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista UNIP, para obtenção do título de Doutora em Engenharia de Produção. CARLA CAPRARA PARIZI SÃO PAULO 2016

UNIVERSIDADE PAULISTA PROGRAMA DE PÓS … · deals with the analysis of the profile of hand labor in construction and the impact of the basic ... organizational works of the company,

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UNIVERSIDADE PAULISTA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

AVALIAÇÃO DO TRABALHADOR E DA ORGANIZAÇÃO

DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS

RESIDENCIAIS E SUA INFLUÊNCIA NA

PRODUTIVIDADE

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Paulista – UNIP, para obtenção

do título de Doutora em Engenharia de

Produção.

CARLA CAPRARA PARIZI

SÃO PAULO

2016

UNIVERSIDADE PAULISTA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

AVALIAÇÃO DO TRABALHADOR E DA ORGANIZAÇÃO

DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS

RESIDENCIAIS E SUA INFLUÊNCIA NA

PRODUTIVIDADE

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Paulista – UNIP, para obtenção

do título de Doutora em Engenharia de

Produção.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Irenilza de Alencar

Nääs.

Área de Concentração: Gestão de Sistemas

de Operação.

Linha de Pesquisa: Redes de Empresas e

Planejamento da Produção.

Projeto de Pesquisa: Estratégias para

melhoria da competitividade

CARLA CAPRARA PARIZI

SÃO PAULO

2016

Parizi, Carla Caprara.

Avaliação do trabalhador e da organização do trabalho na construção de

edifícios residenciais e sua influência na produtividade / Carla Caprara

Parizi. - 2016.

128 f.: il.

Tese de Doutorado Apresentada ao Programa de Pós Graduação em

Engenharia de Produção da Universidade Paulista, São Paulo, 2016.

Área de Concentração: Gestão de Sistemas de Operação.

Orientadora: Prof. Dra. Irenilza de Alencar Nääs.

1. Construção. 2. Trabalhador. 3. Produtividade. I. Nääs, Irenilza de

Alencar (orientadora). II. Título.

CARLA CAPRARA PARIZI

AVALIAÇÃO DO TRABALHADOR E DA ORGANIZAÇÃO

DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS

RESIDENCIAIS E SUA INFLUÊNCIA NA

PRODUTIVIDADE

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Paulista – UNIP, para obtenção

do título de Doutora em Engenharia de

Produção.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

______________________________ ___/___/___

Profa. Dra. Irenilza de Alencar Nääs – Orientadora

Universidade Paulista – UNIP

______________________________ ___/___/___

Prof. Dr. Miguel Leon Gonzalez

Universidade Cruzeiro do Sul – UNICSUL

______________________________ ___/___/___

Prof. Dr. Tufic Madi Filho

Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN

______________________________ ___/___/___

Prof. Dr. João Gilberto Mendes dos Reis

Universidade Paulista – UNIP

______________________________ ___/___/___

Prof. Dr. Oduvaldo Vendrametto

Universidade Paulista – UNIP

DEDICATÓRIA

À minha mãe, Maria Aparecida Silva Caprara, que

apesar de não estar mais entre nós, está mais presente do que nunca dentro de mim.

Ao meu marido, pela paciência e incentivo e ao

meu filho, pela inspiração.

AGRADECIMENTOS

À Prof.ª Dr.ª Irenilza de Alencar Nääs pela orientação, dedicação e incentivo.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP)

pela dedicação.

Ao Dr. Miguel Leon Gonzalez pelo grande incentivo.

Ao Prosup/Capes pelo suporte financeiro sob a forma de bolsa de doutorado.

Aos queridos amigos Sivanilza Teixeira Machado e Samuel Dereste dos Santos pela

grande ajuda.

Expresso meus sinceros agradecimentos a todos que direta ou indiretamente

contribuíram para a elaboração deste estudo.

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi analisar o perfil do trabalhador e a organização do trabalho na

construção de edifícios residenciais e sua influência na produtividade pautado na hipótese de que

a mão de obra não atende satisfatoriamente às necessidades de um mercado competitivo e

sustentável. Para atender aos objetivos específicos foram elaborados quatro artigos. O primeiro

artigo trata da formação dos trabalhadores da construção civil de edifícios residenciais e sua

influência no desperdício de materiais e de tempo no processo de construção. O artigo dois trata

da análise do perfil da mão de obra na construção civil e o impacto do nível de habilidade básica

na melhoria de desempenho profissional, bem como a participação em programas de

sustentabilidade propostos pelas construtoras/empreiteiras. O artigo três trata da compreensão

dos principais fatores que condicionam o bem-estar dos trabalhadores e motivam a relação

homem-trabalho, condição que contribui para obtenção de melhor desempenho e produtividade.

O artigo quatro trata da análise de fatores que causam despedícios de horas de trabalho,

estimando a produtividade influenciada por estes fatores, tomando-se como referência os índices

da Tabela de Composição de Preços para Orçamentos da Construção Civil (TCPO). Os

resultados deste estudo indicam que atender às necessidades do trabalhador com treinamento

técnico adequado aos objetivos pessoais e pautados em objetivos organizacionais, abre

possibilidades de melhorar a produtividade com qualidade e introduzir novas tecnologias.

Palavras-chave: Construção. Mão de Obra. Motivação. Produtividade. Satisfação.

Subcontratação. Vínculo. Trabalhador.

ABSTRACT

The purpose of this study was to analyze the current scenario of the construction, focusing on

the need for improving the technical skills of the construction workers and organitazional

work, aiming to reduce waste and rework, and improving of the productivity, so that the

companies of this sector can ensure their survival in an increasingly competitive market. To

reach these goals were prepared three papers. Paper 1 deals with the training of workers of the

construction of residential buildings and its influence on the building process waste. Paper 2

deals with the analysis of the profile of hand labor in construction and the impact of the basic

skill level in improving professional performance, as well as the participation in sustainability

programs proposed by builders / building contractors. Paper 3 deals with the understanding of

the main factors that affect the well-being of the workers and motivate the man-labor

relationship in construction, condition that contributes to obtain better performance and

productivity. Paper 4 deals with the analysis of the factors that cause waste hours of work and

the estimating the yield influenced by theses factors. The base reference for this was the Price

Composition Table for Budgets Construction (TCPO). After analys of several factors and the

wasted hours including the works insatisfyng considering the reference tables of prices of the

civil construction, the productivity was calculated. As a results of this study the datas

highlight that the satisfying the works skill toward of the right technical education and the

organizational works of the company, open the possibility to improving the productivity with

quality and using the new technology.

Keywords: Construction. Labor. Motivation. Productivity. Satisfaction. Subcontracting. Link.

Worker.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Trabalhos realizados voltados a analisar a produtividade no trabalho ................... 21

Tabela 2 – Comparação entre o percentual de resíduos gerados na construção residencial, PIB,

analfabetismo e adoção de inovação na construção, em países desenvolvidos e em

desenvolvimento ....................................................................................................................... 29

Tabela 3 – Nível de habilidade básica em relação ao treinamento técnico do trabalhador da

construção civil (em %) ............................................................................................................ 34

Tabela 4 – Percentual dos custos com retrabalho, em relação ao nível de desempenho do

trabalhador treinado tecnicamente (%) ..................................................................................... 36

Tabela 5 – Porcentual de custo de material desperdiçado, em relação ao nível de desempenho

do trabalhador treinado tecnicamente (%) ................................................................................ 37

Tabela 6 – Estatística descritiva das variáveis analisadas em relação à satisfação dos

trabalhadores da construção civil, por escala Likert (n = 26) ................................................... 42

Tabela 7 – Comparação antes e depois da reestruturação da mão de obra das empresas A e B,

relativa aos fatores de satisfação dos trabalhadores ................................................................. 44

Tabela 8 – Comparação entre as possíveis causas de horas desperdiçadas, antes e depois da

reestruturação – empresa A* .................................................................................................... 45

Tabela 9 – Respostas e justificativas das 26 empresas/construtoras analisadas para a pergunta:

Atualmente a obra se encontra dentro do prazo estimado do projeto? ..................................... 47

Tabela 10 – Análise das horas desperdiçadas, considerando a média de 26 questionários e

antes e após a reestruturação da empresa “A” .......................................................................... 49

Tabela 11 – Principais causas de horas desperdiçadas e sua interferência na produtividade do

trabalhador ................................................................................................................................ 51

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Dendrograma representativo da dissimilaridade entre as variáveis analisadas ....... 43

LISTA DE SIGLAS

ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRAMAT – Associação Brasileira da Indústria dos Materiais de Construção

APMS - Advances in Production Management Systems - International Conference

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da Construção

CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

CNI – Conferação Nacional da Indústria

DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudo

ENEGEP - Encontro Nacional de Engenharia de Produção

FGV – Fundação Getúlio Vargas

FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

FNQ – Fundação Nacional da Qualidade

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ISO – International Organization for Standardization

NBR – Norma Brasileira

PIB – Produto Interno Bruto

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio

PROSUP - Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares

PSQ – Programa Setorial da Qualidade

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SINDUSCON – Sindicato da Indústria da Construção

TCPO - Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos

UNIP – Universidade Paulista

SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................ 12

1.1 Introdução .................................................................................................................... 12

1.2 Hipótese da tese ........................................................................................................... 14

1.3 Objetivos ..................................................................................................................... 14

1.3.1 Objetivo geral.................................................................................................... 14

1.3.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 14

1.4 Metodologia ................................................................................................................ 15

1.5 Organização do trabalho .............................................................................................. 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 18

2.1 Panorama da construção civil ...................................................................................... 18

2.2 A organização do trabalho e a produtividade .............................................................. 19

2.3 O trabalhador da construção civil ................................................................................ 24

3 A SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS: O

PAPEL DA EDUCAÇÃO DOS TRABALHADORES........................................................ 27

3.1 Metodologia ................................................................................................................ 27

3.2 Resultados ................................................................................................................... 28

4 OS PROFISSIONAIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: A IMPORTÂNCIA DOS

TREINAMENTOS PARA ATENDER A UM MERCADO DE TRABALHO MAIS

SUSTENTÁVEL ..................................................................................................................... 31

4.1 Metodologia ................................................................................................................ 31

4.2 Resultados ................................................................................................................... 32

4.2.1 Visão geral da construção de residências no Brasil .......................................... 32

4.2.2 Análise das habilidades básicas e nível de treinamento .................................... 34

4.2.3 Treinamento e desperdício ................................................................................ 35

4.2.4 Segurança do trabalhador e horas trabalhadas .................................................. 37

5 TRABALHO E SATISFAÇÃO: O IMPACTO DAS SUBCONTRATAÇÕES EM

OBRAS DE CONSTRUÇÃO ................................................................................................ 39

5.1 Metodologia ................................................................................................................ 40

5.1.1 Questionário ...................................................................................................... 40

5.1.2 Estudo de caso................................................................................................... 40

5.1.3 Análise estatística.............................................................................................. 41

5.2 Resultados ................................................................................................................... 42

6 FATORES QUE INFLUENCIAM NA PRODUTIVIDADE DO TRABALHADOR

DA CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................................................................. 46

6.1 Metodologia ................................................................................................................ 46

6.2 Resultados ................................................................................................................... 47

7 DISCUSSÕES..................................................................................................................... 55

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 63

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 65

ANEXO A – Aprovação do Questionário ............................................................................. 72

ANEXO B - Questionário ...................................................................................................... 73

ANEXO C – Artigo 1 .............................................................................................................. 81

ANEXO D – Artigo 2 .............................................................................................................. 89

ANEXO E – Artigo 3 – Submetido ao Ambiente Contruído – Revista on-line da

ANTAC/1678-8621 ................................................................................................................. 97

ANEXO F – Artigo 4 – Submetido a Revista Espacios. .................................................... 110

12

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1 Introdução

O setor da construção civil é formado por uma cadeia complexa e heterogênea que

abrange muito além de fornecedores, incorporadores, empreiteiros e laboratórios, utilizando-

se de força braçal muito intensa, constituída, na maioria das vezes, por integrantes da parcela

mais carente da população, com baixa ou nenhuma qualificação formal.

A cadeia da construção civil, em 2012, representou 8,8% do produto interno bruto

(PIB) brasileiro, contribuindo com R$ 328 bilhões no referido ano (ABRAMAT, 2012),

empregando dois milhões de trabalhadores formais, incluindo profissionais operacionais

(serventes, pedreiros, carpinteiros e mestres), de gestão e administrativos (técnicos,

engenheiros, arquitetos e estagiários) nos seus 208.537 mil estabelecimentos formais. Além

disso, emprega cerca de cinco milhões de trabalhadores informais, segundo a Associação

Brasileira da Indústria dos Materiais de Construção (ABRAMAT, 2012).

Se por um lado, o setor da construção civil absorve grande parte da mão de obra com

baixa qualificação formal do País, exercendo desta forma um papel social importante, por

outro, é provável que isto implique em baixa produtividade, desperdícios e retrabalhos, além

de altos índices de acidentes, prejudicando o setor. Melhorias são necessárias, a fim de

atender à demanda por sustentabilidade. Os conceitos de sustentabilidade neste setor trazem à

tona discussões voltadas aos temas relacionados com a grande quantidade de resíduos gerados

durante o processo de construção.

Considerando ainda que o desperdício é um dos principais problemas na indústria da

construção brasileira e consiste, não somente no desperdício de materiais nos locais de

construção, mas também nas perdas durante o processo de construção. Perdas são inevitáveis

quando acontecem por acidentes naturais. As perdas durante o processo de construção podem

ser classificadas de acordo com seu controle (evitável e inevitável), com relação à sua

natureza (excesso na produção; substituição; a espera de transporte, processamento e

estocagem, produção de produtos defeituosos e outras como roubo, vandalismo e acidentes,

entre outros) e também relacionadas à sua origem no processo de produção e ainda no que

antecede a manufatura de materiais, como o desenvolvimento de recursos humanos, projetos,

aquisição e planejamento (COLOMBO; BAZZO, 2001).

O setor da construção civil apresenta-se como grande consumidor de recursos.

Consome 40% dos recursos naturais, 40% de energia e gera 40% de resíduos (AGOPYAN,

13

1999). Segundo John e Agopyan (2003), resíduos gerados da construção civil são

provenientes de perdas nos processos de construção, no qual parte é reutilizada e parte se

transforma em resíduos. Os mesmos autores sugerem ações para a redução da geração de

resíduos neste setor, entre as quais: capacitação e conscientização de recursos humanos,

qualidade de construção, melhoria da condição de estoque, transporte, gestão de processos e

mudanças de tecnologia. Portanto, processos sustentáveis exigem profissionais mais

qualificados, seja em âmbito gerencial ou operacional.

Vidal, Catai e Abrahão (2009) mostraram que o nível de escolaridade influencia no

percentual de acidentes do setor. Este estudo mostrou que, de um total de 86 trabalhadores da

construção civil em Curitiba, 60% dos acidentados possuíam entre um e quatro anos de estudo

e 36% possuíam de cinco a nove anos de estudo. Apenas 4% dos trabalhadores possuíam mais

de 10 anos de estudo.

Outro fator que pode influenciar não só no percentual de acidentes, mas também na

geração de resíduos são as não conformidades às normas técnicas ou a falta delas. O número

de normas técnicas para construção civil no Brasil é de 938, enquanto que na União Europeia

é de 1.733 (MELLO; AMORIM, 2009).

Em atividades que exploram a repetitividade, o trabalhador, quando treinado, pode

executar seu trabalho dentro do tempo previsto, mesmo tendo baixa escolaridade. Porém,

executar um trabalho de forma rápida não significa atender às necessidades em relação à

qualidade. Os resultados finais podem levar a retrabalhos imediatos, gerando maior

investimento de tempo e desperdício e, em médio e longo prazo, podem apresentar patologias

nas construções devido a defeitos construtivos ocultos, que poderão se manifestar a qualquer

instante e reduzir a vida útil do imóvel ou atingir a inadequação ao uso.

A Abramat (2007) define competência profissional como o desenvolvimento do

conhecimento (conceito, ideias ou fenômenos) de atitudes (conduta) e de habilidades

(utilização dos conhecimentos armazenados em sua memória) e sua utilização em uma ação

dentro das dimensões: educacional, econômica, social, política, ética, cultural e ambiental,

levando-se em consideração as relações pessoais e interpessoais.

Grande parte dos trabalhadores atuais da construção civil desenvolvem suas atividades

observando, dentro da obra, como os colegas com mais experiência realizam suas funções,

nem sempre da forma mais correta. Na maioria das vezes o processo de repetição é o

responsável pela qualificação dos trabalhadores que apresentam-se com vícios e práticas

erradas.

14

O excesso de trabalho manual desmotiva os trabalhadores a buscarem aperfeiçoamento

profissional, impactando em sua qualificação para o trabalho (BORGES; PEIXOTO, 2011). A

subcontratação é uma maneira que as empresas encontraram para economizar em encargos,

treinamentos e qualquer assunto que se relacione com seus empregados (YAMAMOTO,

2015).

Diante deste cenário a compreensão dos principais fatores que afetam a produtividade

dos trabalhadores motivam a realização dessa pesquisa para apresentar sugestões para

proporcionar resultados positivos para o setor da construção civil.

1.2 Hipótese da tese

A mão de obra da construção civil não atende satisfatoriamente às necessidades de um

mercado competitivo e sustentável.

1.3 Objetivos

Para responder à hipótese levantada, os objetivos são:

1.3.1 Objetivo geral

Analisar o perfil do trabalhador e a organização do trabalho na construção de edifícios

residenciais e sua influência na produtividade.

1.3.2 Objetivos específicos

1. Correlacionar o percentual de analfabetismo, o PIB e o uso de inovação com a

geração de resíduos em países desenvolvidos e em desenvolvimento.

2. Analisar o perfil da mão de obra e o impacto do nível de treinamento técnico

sobre a habilidade básica, o retrabalho e o desperdício de materiais.

3. Identificar os fatores de satisfação e suas variações quando a mão de obra é

subcontratada ou direta.

4. Estimar a produtividade sob a influência de fatores levantados neste estudo, que

causam desperdício de horas de trabalho.

15

1.4 Metodologia

Para atingir aos objetivos propostos foram utilizados os seguintes métodos:

a) Pesquisa bibliográfica para conhecer o perfil da mão de obra operacional da

construção civil.

b) Pesquisa de campo para levantamento de dados, aplicada aos especialistas,

engenheiros da construção civil, tendo como foco as equipes de obras, no período

de dezembro/2013 a fevereiro/2014, correspondendo a um total de 26 empresas

voltadas à construção civil. O questionário foi submetido à Comissão de Ética da

UNIP e aprovado sob o número CAAE 44416515.8.0000.5512, conforme Anexo

A.

c) Estudo de caso de duas empresas construtoras que atuam no setor de edifícios

residenciais;

d) A partir da revisão bibliográfica e de campo foram elaborados quatro artigos para

subsidiar os objetivos específicos, os quais tiveram seu referencial teórico

aprofundado.

1.5 Organização do trabalho

Para atingir aos objetivos propostos foram realizadas, por meio de pesquisas na

literatura e de campo, a publicação de quatro artigos que subsidiam a hipótese levantada neste

trabalho.

No Capítulo 1 apresenta-se a introdução do tema, seguido da hipótese, objetivos,

metodologia e organização do trabalho.

No Capítulo 2 é apresentada revisão bibliográfica geral das características do

trabalhador da construção civil, seguida por revisões bibliográficas que apoiam os artigos.

No Capítulo 3, para subsidiar o objetivo específico 1, apresenta-se a metodologia e os

resultados do artigo 1 cujo título é: A Sustentabilidade na Construção de Edifícios

Residenciais: O Papel da Educação dos Trabalhadores, apresentado em 2013 no evento

Advances in Production Management Systems (APMS). O objetivo deste artigo foi analisar a

formação dos trabalhadores da construção civil de edifícios residenciais e sua influência no

desperdício do processo de construção, correlacionando os percentuais de analfabetismo, o

16

PIB e o uso de inovação, na geração de resíduos em países desenvolvidos e em

desenvolvimento. Os dados foram coletados por meio de pesquisa bibliográfica e de análise

de correlações. Texto original em inglês, com o título “Sustainability Issues in Brazilian

Housing Construction Industry: The Role of Worker’s Education”.

No Capítulo 4, para subsidiar o objetivo específico 2, apresenta-se a metodologia e os

resultados do artigo 2, cujo título é: Os Profissionais da Construção Civil: a importância dos

treinamentos para atender a um mercado de trabalho mais sustentável, apresentado em 2014

no evento Advances in Production Management Systems (APMS). O objetivo deste artigo foi

analisar o perfil da mão de obra na construção civil e o impacto do nível de habilidade básica

na melhoria de desempenho profissional, bem como a participação em programas de

sustentabilidade propostos pelas construtoras/empreiteiras. Foi realizada uma pesquisa

bibliográfica para explorar o perfil da mão de obra operacional da construção civil associada a

uma pesquisa de campo para levantamento de dados, aplicada aos especialistas, engenheiros

da construção civil, tendo como foco as equipes de obras, no período de dezembro/2013 a

fevereiro/2014. Texto original em inglês, com o título “Civil Construction Workers:

Technical Training for Complying with a Market Demanding Sustainability”,

No Capítulo 5, para subsidiar o objetivo específico 3, apresenta-se a metodologia e os

resultados do artigo 3, cujo título é: A satisfação no trabalho e o desempenho de trabalhadores

da indústria brasileira de construção civil, sumetido ao Ambiente Construído – Revista on-

line da ANTAC/ISSN 1778-8621, em novembro/2016. O objetivo deste artigo foi identificar

os fatores de satisfação que afetam os trabalhadores da indústria da construção civil e se o tipo

de vínculo entre trabalhador e empresa influencia nesses fatores. Foram tratados os dados

relativos aos fatores que satisfazem a mão de obra operacional, por meio do retorno dos 26

questionários, além disto foram utilizados para o estudo de caso o retorno de duas

empresas/construtoras, que responderam parcialmente o mesmo questionário, duas vezes: uma

antes da reestruturação (maioria dos empregados subcontratados) e depois da reestruturação

(mão de obra direta). A pesquisa de campo foi aplicada por meio de questionário, com

objetivo de analisar os fatores que motivam a mão de obra na construção civil. Texto original

em inglês, com o título “Job satisfaction and worker’s performance from the Brazilian civil

construction industry”,

No Capítulo 6, para subsidiar o objetivo 4, apresenta-se a metodologia e os resultados

do artigo 4, cujo título é “Fatores que influenciam na produtividade do trabalhador da

construção civil”, submetido a Revista Espacios. O objetivo deste estudo foi estimar a

produtividade dos principais serviços da construção de edifícios residenciais sob a influência

17

de fatores que causam desperdícios de horas. Foram tratados os dados relativos aos fatores

que causam desperdícios de horas de trabalho por meio do retorno de 26 questionários e um

estudo de caso de uma empresa/construtora. A pesquisa de campo foi aplicada por meio de

questionário, com o objetivo de analisar os fatores que influenciam no desperdício de horas de

trabalho. Para aplicação dos percentuais de desperdícios foram utilizados os índices

apresentados nas Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos (TCPOs), que é uma

das principais referências para a preparação de orçamentos de obras no Brasil.

No Capítulo 7 são apresentadas as discussões gerais, com o objetivo de relacionar os

resultados obtidos nos artigos desenvolvidos.

Nos anexos, A, B, C, D, E e F encontram-se, respectivamente, a aprovação do

questionário submetido à Comissão de Ética da UNIP, o questionário utilizado nas pesquisas

de campo e os artigos 1, 2, 3 e 4 originais.

18

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo trata da revisão bibliográfica para levantamento do estado da arte dos

problemas relacionados ao panorama da construção civil, à organização do trabalho, à

produtividade e ao trabalhador e suas relações com a educação, treinamento e satisfação.

2.1 Panorama da construção civil

A indústria brasileira de construção civil emprega dois milhões de trabalhadores

formais e aproximadamente cinco milhões de trabalhadores informais, em 208.537

companhias, das quais 14 mil estão localizadas na cidade de São Paulo (ABRAMAT, 2012).

Este setor é composto por uma cadeia complexa e heterogênea que utiliza força braçal intensa,

oriunda da parcela mais desfavorecida da sociedade e geralmente pouco qualificada. Muitos

dos trabalhadores da construção desenvolvem suas atividades profissionais por meio da

observação de trabalhadores mais experientes. Todavia, este procedimento não adequado de

repetição, em muitos casos, é o único responsável por treinamentos, imputando aos

trabalhadores práticas equivocadas. Este cenário conduz ao retrabalho e à falhas, contribuindo

significativamente para o desperdício de materiais e tempo.

Melhorias são necessárias de forma a alcançar as demandas por sustentabilidade por

meio de inovações tecnológicas, minimizando perdas e maximizando produtividade. Contudo,

para conduzir programas que levem à sustentabilidade na construção, mais trabalhadores

qualificados são necessários. O conceito de sustentabilidade neste segmento remonta a temas

relacionados à quantidade de resíduos gerados durante o processo de construção e outros

problemas, como a redução da permeabilidade do solo, mudança dos métodos de drenagem,

que podem provocar inundações e reduzir os níveis dos lençóis freáticos, o uso ilegal da

madeira e o descarte impróprio de efluentes (ABRAMAT, 2012). A importância desses temas

evidenciam a necessidade de manter o equilíbrio entre o desenvolvimento do ambiente

construído e o ambiente natural (AGOPYAN, 1999).

O setor da construção civil é relativamente informal, o que representa um grande

desafio à inserção de ações voltadas à sustentabilidade em seus processos, uma vez que

provavelmente a redução de resíduos esteja relacionada à falta de capacitação e treinamento

da mão de obra.

19

A abordagem de aspectos relacionados à sustentabilidade exige entendimento próprio

da gestão de construção e do uso de diferentes tipos de materiais e componentes nos diversos

setores de operação (SILVA, RODRIGUES; PINHEIRO, 2008; SILVA; BRANCO, 2012). A

falta de inovação nos produtos e processos na cadeia de suprimentos dificulta ações voltadas à

sustentabilidade neste setor, envolvendo projetistas, produtores, gerentes e consumidores que

buscam uma construção mais sustentável, talvez seja a causa da indústria de construção

residencial brasileira uma das que menos se desenvolveu, quando comparada a outros setores

industriais nos últimos anos.

Apesar do descompasso com outras indústrias, existem registros de progressos

relacionados à educação primária dos profissionais brasileiros na área da construção nos

últimos anos. Conforme dados do Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS), o

percentual de analfabetismo no setor diminuiu 60% nos últimos nove anos. Apesar da falta de

estatísticas oficiais, organizações relacionadas à construção civil no Brasil indicam que a

melhoria na educação contribui para a melhoria da qualidade de vida e redução do número de

acidentes de trabalho e também promove a redução de resíduos e perdas nos locais de

construção (CBIC, 2010).

Os desperdícios de materiais oriundos da construção civil representam uma

preocupação para os empresários, autoridades e sociedade. A busca por práticas sustentáveis

depende da qualidade nos processos de gestão, bem como a preocupação com a saúde e o

bem-estar do trabalhador.

Tudo indica que melhorar a produtividade e a qualidade melhoram os percentuais de

desperdícios na construção civil e que, para aumentar a produtividade seriam necessárias

muito mais do que ações isoladas. Gogolová (2015) defende que os cuidados com o

trabalhador deve ser um investimento e não apenas tratados como despesa, uma vez que os

trabalhadores satisfeitos têm sua produtividade melhorada, contribuindo para os bons

resultados do negócio.

2.2 A organização do trabalho e a produtividade

As características da mão de obra operacional da construção civil apontam que a

produtividade deste setor está longe da necessária para atender a demanda por habitação nos

próximos anos. Juntando-se com a demanda futura o déficit habitacional será de 28 milhões

de unidades até 2023, segundo prognóstico do Centro de Gestão e Recursos Estratégicos

(2009). E ainda, segundo a União Nacional da Construção (2006), para que o Brasil melhore

20

sua posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) deve investir em infraestrutura,

saneamento e habitação em taxas anuais de 21,4%.

Parte da responsabilidade pela baixa produtividade do setor é o uso limitado de novas

tecnologias. Para se mensurar a produtividade é possível usar a função de produção, que é

uma relação positiva entre o produto gerado e a quantidade de trabalhadores, de máquinas e

de equipamentos, entre outros, que combinados dão origem à produção. A forma com que

ocorre esta combinação é chamada de tecnologia. Portanto, para se produzir é necessária a

aplicação de tecnologia (GUAZZELLI, CASTELO; DIAS, 2012).

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI, 2009), em estudo

comparativo, mostrou que a produtividade europeia é equivalente a 75% da americana e a

brasileira, a apenas 15% da americana. O prazo médio das obras de edificações no Brasil é de

30 meses, nos Estados Unidos, 10 meses, e na União Europeia é de 14,3 meses. Os

trabalhadores brasileiros da construção civil são menos produtivos o que leva o País a

concluir suas obras de edificações em um prazo três vezes maior que nos Estados Unidos.

Mojahed e Aghazadeh (2008) atribuíram pesos em que os maiores apresentam maior

influência na produtividade e detectou os seguintes fatores: 1) habilidades e experiência da

força de trabalho (0,931); 2) gestão (0,916); 3) planejamento (0,835); 4) motivação dos

trabalhadores (0,829) e 5) disponibilidade de materiais (0,822). Os autores sugerem, para

melhoria, algumas ações: treinamento da mão de obra no qual profissionais mais qualificados

executem as tarefas mais difíceis e complexas; os gerentes apresentem um compromisso com

a produtividade em todas as suas ações; atenção com o planejamento em relação aos detalhes

de projeto; métodos de construção e utilização de recursos considerando a inter-relação entre

as atividades; criação de motivadores e eliminação de desmotivadores. Em relação aos

materiais sugerem que devem apresentar armazenamento adequado, cuidados com

desperdício devido à negligência, obstrução do acesso ao armazenamento, tempo despendido

entre a área de armazenamento e o local a ser utilizado, o tempo de fabricação e as entregas

atrasadas.

Segundo Nasirzadeh e Nojedehi (2012), para maximizar a produtividade é necessário

investigar os fatores que afetam esta característica, que raramente são independentes. Alguns

podem nascer da mesma causa, ou provocar a ocorrência de outros, sendo a baixa

produtividade atribuída a vários fatores. A Tabela 1 mostra alguns trabalhos realizados com

levantamento de causas que inibem a produtividade.

21

Tabela 1 – Trabalhos realizados voltados a analisar a produtividade no trabalho

Fonte: adaptado de Mojahed Aghazadeh (2008) e Nasirzadeh e Nojedehi (2013).

Segundo Nasirzadeh e Nojedehi (2013), nenhum dos trabalhos pesquisados por eles

apresentados na Tabela 1 considerou a inter-relação entre os fatores. A produtividade é

influenciada por diversos fatores, com interações complexas uma sobre as outras e os autores

propõem em seu trabalho um modelo dinâmico, que considera fatores inter-relacionados que

podem inibir a produtividade. Com tantos fatores a influenciar o quesito produtividade na

Pesquisador/ano Fatores que influenciam na produtividade

Allen (1995) Nível de habilidade dos trabalhadores

Adrian (1997) Impacto do trabalho por turnos na produtividade/estendeu a ideia de

agendamento de tarefas mais difíceis

Thomas et al. (2002)

Rojase Aramvareekul (2003)

Mostraram que a variabilidade no desempenho dos projetos estão

correlacionados ao fluxo de equipamentos, informação, natureza do

projeto, método de construção, o congestionamento, o mau tempo,

trabalhos fora de sequência e as práticas de gestão da força de trabalho,

condições meteorológicas adversas, programação de horas extras, entre

outros.

Descobriu que a habilidade de gestão é um dos impulsionadores mais

influentes da produtividade.

Hanna (2005)

Impacto das horas extras

Pan (2007)

Impacto das chuvas no projeto

Hanna et al. (2008)

Avaliação dos turnos de trabalho

Goodrum et al. (2009)

Constataram que as atividades apresentam significativa melhora no longo

prazo quando implementadas mudanças na tecnologia de materiais

Walkins et al. (2009)

Westover et al. (2010)

Mostraram que o congestionamento em canteiros de obras pode reduzir a

produtividade

Impacto da satisfação do trabalhador e o compromisso organizacional

22

construção civil é que grande parte das estimativas de duração de atividades no setor são

acrescentados tempos com margem de segurança.

Isto pode incorrer em uso de tempo excessivo, com o tempo aumentado sem

necessidade, ou ainda a tendência de se começar quando o prazo final já está se esgotando

(MATTOS, 2010).

Compreender os fatores que influenciam a produtividade pode permitir mais eficiência

para alocação de recursos limitados, treinamento adequado para a mão de obra, aumentando a

motivação e o comprometimento (NASIRZADEH; NOJEDEHI, 2012). De acordo com

Carraro (1998), conhecer os fatores que influenciam a produtividade é tão ou mais importante

que calcular as taxas de produtividade.

Segundo CBIC (2012), os conceitos de produtividade do trabalho, do capital físico, de

um processo e de um insumo somados representam a produtividade dos fatores. Na pesquisa

foram analisadas, entre 2006 e 2009, as empresas construtoras de edificações residenciais de

maior porte, com 30 ou mais pessoas ocupadas e concluiu-se, quantitativamente, que houve

crescimento da produtividade total dos fatores de 5% ao ano, embora 61% tenham

identificado aumento de produtividade do trabalhador e 39% não notaram melhora. Ainda foi

encontrado que 64% das empresas apresentaram dificuldades em investir em equipamentos,

máquinas e processos, devido a alguns fatores: 67% pela dificuldade em encontrar mão de

obra adequada, 60% em relação aos altos custos, 34% dificuldade de acesso às linhas de

crédito e 29% a alta incidência tributária na adoção de processos industrializados. Porém,

98% consideraram muito importante o investimento em equipamentos, máquinas e processos.

A falta de trabalhador qualificado dificulta ganhos de produtividade e aumento da

qualidade. Segundo CNI (2013), 74% das empresas enfrentam problemas com a falta de

trabalhador qualificado, 94% têm problema com falta de trabalhador básico, 68% qualificam

o trabalhador na própria empresa e 61% apontam a alta rotatividade como a maior

dificuldade.

Um outro fator que pode influenciar na qualificação do trabalhador e

consequentemente na qualidade da produtividade é o tipo de vínculo que ele apresenta com

seu empregador. As empresas brasileiras conseguem reduzir seus custos com os encargos

sociais por meio de subcontratações, caracterizado pela participação parcial do trabalhador no

processo da construção. De um modo geral, as subcontratações são utilizadas para que a mão

de obra dos vários subprocessos de construção seja especializada, o que não ocorre

efetivamente, pois estes serviços são advindos de uma fornecedora de mão de obra não

especializada, segundo Mitidieri Filho (2010).

23

Os empreiteiros são contratados temporariamente para intermediar os processos de

construção entre os trabalhadores e a empresa. Esta forma de produção, amplamente utilizada

no setor da construção, é geradora de sofrimento para o trabalhador, à medida que recai sobre

cada um deles a responsabilidade da produção para sua remuneração, na tentativa de

ultrapassar seus limites em busca de aumento de remuneração e podendo comprometer sua

saúde e a qualidade de seu trabalho (BARROS; MENDES, 2003).

Este cenário, segundo Barros e Mendes (2003), deteriora os direitos dos trabalhadores,

impossibilitando-os de organizar sua vida. O excesso de trabalho manual desmotiva os

trabalhadores a buscarem aperfeiçoamento profissional, impactando em sua qualificação para

o trabalho (BORGES; PEIXOTO, 2011). A subcontratação é uma maneira que as empresas

encontraram para economizar em encargos, treinamentos e qualquer assunto que se relacione

a seus empregados (YAMAMOTO, 2015).

Na indústria da construção no Brasil, 71,3% das empresas utilizam serviços

subcontratados, entre as de médio porte este percentual atinge 74,2% (CNI, 2014).

A alta rotatividade do setor impede um vínculo duradouro entre empregado e

empregador. Enquanto o trabalhador com vínculo direto permanece empregado por 5,8 anos,

o subcontratado permanece por 2,6 anos. Este fato impede o trabalhador de organizar sua vida

financeira e capacitar-se profissionalmente, além de onerar os Fundos de Amparo ao

Trabalhador (FATs), com o custo do desemprego (DIEESE, 2011). O FAT é um fundo

especial vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego, destinado ao custeio do Programa

do Seguro-Desemprego, do Abono Salarial e ao financiamento de Programas de

Desenvolvimento Econômico (BNDES, 2015).

De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT – Decreto Lei 5452/43

art. 455, admite-se a subempreitada, também chamada de subcontratação, e cabe a esta a

responsabilidade sobre seus trabalhadores, porém se a mesma não cumprir com sua obrigação

em relação aos direitos trabalhistas, o trabalhador tem o direito de reclamar contra o

empreiteiro principal. Segundo CNI (2014), a principal dificuldade enfrentada pelas empresas

que se utilizam das subcontratações é a insegurança jurídica das subcontratadas, seguida pela

menor qualidade apresentada e custos maiores do que o esperado.

Os relatórios apontados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI, 2013 e 2014)

enfatizam a importância das subcontratações por questões de competitividade, no intuito de

ganhar tempo, reduzir custos e aumentar a qualidade, porém 74% das empresas enfrentam

problemas com a qualificação do trabalhador pela alta rotatividade do setor, pelo baixo

interesse ou ainda devido à má qualidade da educação básica, o que se pode depreender que o

24

processo de subcontratações não cumpre seu principal papel. Segundo Mitidieri Filho (2010),

o processo de treinamento e qualificação de trabalhadores subcontratados na construção civil

não é especializado.

Se por um lado, os trabalhadores sentem-se desmotivados a investir em

aperfeiçoamento profissional devido ao excessivo trabalho braçal, por outro, a sazonalidade

das construções, que dependem dos custos ligados aos prazos, fazem com que os

empregadores não deem a devida atenção à mão de obra operacional.

Dentre as dificuldades que os empregadores enfrentam destacam-se ainda: para 40%

das empresas são devido à elevada carga tributária, 37% taxa de juros elevadas e, na atual

conjuntura, o país ainda enfrenta uma demanda interna insuficiente, apontado por 30,7% das

empresas (CNI, 2015).

São diversos os problemas que afetam o setor, tais como baixa eficiência produtiva,

qualidade insatisfatória, falta mão de obra especializada, alta rotatividade de pessoal, que

possa fazer frente às necessidades de crescimento da indústria da construção (MELLO e

AMORIM, 2009).

Rima e Blusyte (2015) enfatizam a necessidade de avaliar se os subcontratados

realizam melhor as tarefas do que os trabalhadores diretos e a necessidade de um

monitoramento na execução dos processos.

2.3 O trabalhador da construção civil

O setor da construção civil no Brasil emprega quase sete milhões de trabalhadores e

cerca de cinco milhões destes são informais (CBIC, 2012). Os trabalhadores informais são

privados de benefícios como aposentadoria remunerada, proteção à saúde, além de estarem

vulneráveis à negligência dos empregadores quando são expostos a situações de perigo

(OLIVEIRA; IRIART, 2008).

As condições da saúde dos trabalhadores se manifestam por meio de sintomas, como

ansiedade, insatisfação, indignidade, inutilidade, desvalorização e desgaste (BARROS;

MENDES, 2003).

A competitividade do setor é afetada pela falta de qualificação dos trabalhadores

(CETKOVIC et al., 2015), que é agravada pela falta de interesse e de atratividade dos jovens,

perpetuando a baixa qualidade dos produtos oferecidos. Os operários da indústria da

construção abandonam os estudos precocemente, seguindo com pouco acesso à educação e

qualificação continuada e formal. Isto ocorre não somente pelos custos envolvidos no

25

processo de educação, mas pelas jornadas de trabalho intensas e desgastantes (BORGES;

PEIXOTO, 2011).

Villar et al. (2004) realizaram pesquisa com trabalhadores da construção civil em

cerca de 20 construtoras de variados tamanhos na região de Belo Horizonte. Os principais

problemas encontrados foram: 50% apresentaram baixo nível de instrução, 50% apresentaram

falta de compromisso com a qualidade do produto final e 16,6% entendem de uma única

função. Segundo o CBIC (2012), que também realizaram pesquisas relativas ao nível de

instrução de trabalhadores formais da construção civil, obtiveram em 2007 um percentual de

45% de trabalhadores que não concluíram o ensino fundamental, e em 2012, este percentual

foi de 33% nas mesmas condições.

Oliveira e Iriart (2008) descreveram em sua pesquisa que os trabalhadores da

construção consideram seu trabalho “arriscado”, “pesado”, “desvalorizado”, “discriminado” e

“sem futuro”. E, ainda, que este tipo de trabalho parece ser o último recurso utilizado como

forma de sobrevivência, uma vez que neste segmento os trabalhadores se sentem

desvalorizados socialmente, sem educação formal, baixo nível econômico e consideram ruins

as condições de trabalho, não executando com satisfação suas atribuições e não possuindo boa

comunicação com seus superiores.

Segundo Del Fiaco (2013), qualidade de vida no trabalho é fundamental para o

crescimento, não apenas da empresa, mas também dos seus colaboradores, sendo necessário

que a empresa valorize a melhoria das condições de trabalho e de tarefas e que mantenha um

padrão de relacionamento saudável. Desta forma, conhecer os principais fatores que motivam

e/ou satisfazem os trabalhadores pode servir como ferramenta de gestão na interpretação e

entendimento, bem como para o desenvolvimento de ações que envolvam as equipes de

trabalho.

Para Ng et al. (2004), a desmotivação é causada não apenas pela falta de motivadores,

mas pela existência de fatores que causam insatisfação, desencorajando os trabalhadores a

perseguir seus objetivos, tendendo a fazer o mínimo esforço e influenciando a produtividade

global. Os fatores de insatisfação mais marcantes, segundo estes autores, foram o retrabalho

devido à troca de turnos e à falta de comunicação entre os sucessores nas jornadas, áreas

superlotadas são motivos de constrangimento e frustração, coordenação inadequada

diminuindo a cooperação, falta de comunicação dentro da organização, gerando informações

restritas, qualidade inferior à necessária, suprimentos inadequados, roubos excessivos de

ferramentas e atrasos na substituição, atrasos, incompetência de quem fiscaliza e espera

prolongada por materiais. A conclusão de Ng et al. (2004) é que o tempo perdido total

26

estimado em relação a fatores desmotivadores foi entre 5,1 e 13,6 horas por trabalhador por

semana, considerando 48 horas por semana na construção civil em Hong Kong.

Handa (1988) concluiu que os trabalhadores da construção mesmo quando preparados,

muitas vezes não sabem o que executar, não dispõem de equipamentos nem de um local em

boas condições para que o trabalho possa ser desenvolvido de forma adequada.

Kazaz e Ulubeyl (2006) afirmam que a remuneração é o fator de satisfação mais

importante para a produtividade, porém não é o único, nem implica necessariamente em alta

produtividade do trabalhador. Segundo CBIC (2014), a produtividade da Empresa pode ser

afetada por fatores internos e de natureza externa, como a elevada carga tributária,

deficiências da infraestrutura, encargos e restrições comerciais, o que afeta de um modo geral

toda a economia.

27

3 A SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS: O

PAPEL DA EDUCAÇÃO DOS TRABALHADORES

Na revisão bibliográfica do Capítulo 2, autores como Vidal, Catai e Abrahão (2009)

mostraram que o nível de escolaridade influencia no percentual de acidentes e também em

outros fatores. John e Agopyan (2003) colocam que o setor da construção civil exige

profissionais mais qualificados para que os processos sejam sustentáveis e proporcionem

consequentes redução dos desperdícios e melhoria da produtividade.

Assim, este capítulo resume os resultados obtidos do artigo A Sustentabilidade na

Construção de Edifícios Residenciais: O Papel da Educação dos Trabalhadores, texto original

em inglês com o título “Sustainability Issues in Brazilian Housing Construction Industry: The

Role of Worker’s Education”, apresentado em 2013 no evento Advances in Production

Management Systems – APMS. O objetivo deste artigo foi analisar a formação dos

trabalhadores da construção civil de edifícios residenciais e sua influência no desperdício em

processos de construção, correlacionando os percentuais de analfabetismo, do PIB e do uso de

inovação, na geração de resíduos em países desenvolvidos e em desenvolvimento. A íntegra

do artigo encontra-se no anexo C.

3.1 Metodologia

Os dados foram coletados por meio de pesquisa bibliográfica e utilizou-se a análise de

correlações. Compararam-se os dados de países desenvolvidos e em desenvolvimento.

As seguintes questões foram levantadas:

1. A falta de educação básica é um fator para o aumento de resíduos,

consequentemente dificultando a sustentabilidade do processo de construção?

2. Os investimentos em educação básica (formal ou técnica) melhoram este cenário?

Foram analisados dados de organizações afiliadas aos setores da construção

(ABRAMAT, 2012; FIESP/FEC, 2008; IBGE, 2001, 2012; PSQ, 2001; UNIÃO NACIONAL

DA CONSTRUÇÃO, 2006) e informações sobre analfabetismo (valor médio de 2003-2010)

28

foram buscadas nas bases de dados governamentais relacionadas à educação regular e no

Relatório do Banco Mundial (IBGE, 2001; WORLD BANK ANNUAL REPORT AVAILABLE,

2012). Os dados relacionados ao PIB (% da indústria da construção) dos países estudados

foram obtidos no Relatório Anual do Banco Mundial (2012).

Iniciativas inovadoras podem ser um instrumento de redução de resíduos e impactam

positivamente no processo de sustentabilidade da construção, desta forma as seguintes

inovações utilizadas na construção de residências foram selecionadas:

1. O uso de novos materiais (papelão e drywall)

2. O uso de fontes alternativas de energia (energia solar)

3. A adoção de dispositivos de reúso de água

4. A utilização de iluminação fluorescente ou led nos projetos

5. Estruturas mais amplas na cadeia de suprimentos do setor.

Os valores de 0 a 2 (0 = nenhuma inovação é adotada; l = 1 a 3 inovações são

adotadas; 2 = todas as inovações são adotadas) foram atribuídas de acordo com o grau de

adoção de iniciativas por diferentes países, de 1 a 5. Foram comparados os dados de Brasil,

Espanha, Reino Unido, Portugal, Turquia, China e Japão. Aplicou-se o fator de correlação de

Pearson aos valores para determinar o relacionamento entre o percentual de resíduos na

construção de residências e o PIB, analfabetismo (%) e o nível de adoção de inovações na

construção residencial.

3.2 Resultados

De acordo com a Tabela 2, quando se compara os dados de diferentes países, o resíduo

gerado durante a construção residencial é diretamente relacionado à porcentagem de

analfabetismo (0,761) e inversamente proporcional ao PIB (- 0,240) e ao uso de inovações na

construção (- 0,767).

Aspecto-chave para a melhoria na indústria da construção é o investimento na

educação e treinamento dos trabalhadores. A falta de habilidade para a aplicação de

ferramentas de inovação e trabalhadores pouco qualificados podem impedir a utilização de

todo seu potencial em produzir trabalho com qualidade (AGOPYAN, 1999). A deficiência de

informações confiáveis é também fator-chave para o entendimento dessas questões. A maioria

das companhias de construção não divulgam seus números reais, o que torna a coleta de dados

uma tarefa difícil.

29

Tabela 2 – Comparação entre o percentual de resíduos gerados na construção residencial, representatividade da

construção no PIB do país, analfabetismo e adoção de inovação na construção, em países desenvolvidos e em

desenvolvimento

*Valores médios 2003 – 2010

O desperdício é um dos principais problemas na indústria de construção brasileira e é

ocasionado, principalmente, pela falta de planejamento e pelo emprego de mão de obra pouco

qualificada. Este fato induz ao aumento do número de trabalhadores para evitar o risco de

paradas no trabalho devido à falta de pessoal (CBIC, 2010). Além disso, as perdas de

materiais estão diretamente relacionadas ao desperdício. Pode ser visto como um consumo

desnecessário de material que resulta no desperdício de produção e envolve disponibilidade

futura de materiais, demanda de energia para a sua produção e também está relacionada à

perda de materiais no transporte (AGOPYAN, 1999; BAQUEIRO; CARREIRO, 2008;

JOHN; AGOPYAN, 2001).

O desperdício foi estudado em âmbito nacional, em 85 locais de trabalho de 75

construtoras em 12 estados brasileiros, avaliando o consumo e perdas relacionadas a 18 tipos

diferentes de materiais e serviços. O estudo mostrou que, em média, o desperdício é próximo

de 10%, contudo, acredita-se que chegue a 30% (AGOPYAN, 1999). Estudo similar

conduzido no Nordeste brasileiro indicou que a taxa de perda de materiais na construção é em

sua maioria de areia (72%), cascalho (17%), cimento (18%) e concreto e aço 11% (LEMES

DE SOUZA et al., 1999; TEIXEIRA, 2006). Dentre as razões atribuídas para as perdas estão

País PIB

(%)

Resíduo

(%)

Analfabetismo

(%)*

Uso de inovação

(%; 0,1,2)

Brasil 4,0 10.0 11,0 0

Espanha 7,0 3.0 2,0 1

Reino Unido 7,0 2,0 1,0 2

Portugal 5,5 3,0 5,0 1

Turquia 5,0 5,0 13,0 0

China 12,0 NA 9,0 0

Japão 9,0 NA 1,0 2

Coeficiente de

Pearson

- 0,240 1 0,761 -0,767

30

o transporte precário de materiais, a falta de métodos padronizados para recebimento,

controle, acondicionamento e transporte de materiais.

No Reino Unido, um estudo realizado com arquitetos e empreiteiros para identificar

ações para diminuir o desperdício revelou que apesar das muitas causas, o projetista tem papel

chave na prevenção e redução de desperdício (OSMANI; GLASS, 2006). O estudo dividiu-se

em dois momentos, a fase de projeto e a fase de construção. Embora o estudo não divulgue o

percentual e as proporções de cada fase do desperdício e perdas na construção, ele revela que

a maior fonte de desperdício está relacionada ao projeto, na maioria das vezes causada por

mudanças de última hora por demanda do cliente, seguida pela falta de detalhes e

especificações. Com relação à fase de construção, onde há a presença de mão de obra pouco

qualificada, as principais causas do desperdício são as perdas de materiais e produtos

utilizados, uso inadequado de materiais e métodos de armazenagem imprópria (OSMANI;

GLASS, 2006; POON; YU, 2004).

Estudo relacionado ao uso de indicadores de sustentabilidade entre indústrias na área

da construção de Brasil, Portugal e Estados Unidos indicou que Portugal tem divulgação mais

detalhada da estatística de dados sociais, econômicos e ambientais que os outros dois países

(SILVA; BRANCO, 2012). Outra abordagem é que a responsabilidade social pode também

estar presente em princípios de sustentabilidade e conceituada como a boa vontade da

empresa em contribuir para uma melhor sociedade e um meio ambiente mais limpo.

Diversas metodologias foram identificadas para o tratamento sistemático de

adversidades e impactos ambientais durante a fase de construção. Algumas estão presentes

como ferramentas de avaliação para medição do desempenho ambiental das atividades de

construção, cobrindo diversas categorias dos aspectos ambientais como emissões gasosas e de

consumo de água, resíduos em geral, alterações de solo, consumo de recursos, questões locais,

problemas de transporte, efeitos na biodiversidade e incidentes, acidentes e potenciais

situações de emergência (VIDAL, CATAI; ABRAHÃO, 2009).

Em qualquer caso, o principal foco ambiental com relação a este problema deve ser a

prevenção e a redução dos resíduos gerados durante o processo de construção residencial

(ESIN; COSGUN, 2007).

As cidades gastam mais de 50% das fontes de energia devido à sua complexidade

(KRONKA MULFARTH, 2003). O setor de construção consome 40% dos recursos naturais,

40% da energia e gera 40 % de resíduos (AGOPYAN, 1999; MENDES, 2010). Portanto, para

atingir a sustentabilidade, diversas práticas precisam ser adotadas pela indústria da

construção.

31

Este trabalho mostrou que a geração de resíduos está diretamente relacionada à

educação formal e à capacitação dos trabalhadores. Mostrou também que o uso de novas

tecnologias implicaria na redução dos resíduos.

4 OS PROFISSIONAIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: A IMPORTÂNCIA DOS

TREINAMENTOS PARA ATENDER A UM MERCADO DE TRABALHO MAIS

SUSTENTÁVEL

De acordo com a revisão bibliográfica do capítulo 2, foi apontado que o setor da

construção é composto por uma cadeia complexa e heterogênea (ABRAMAT, 2012). Este

segmento utiliza-se de uma força braçal intensa, oriunda da parcela mais desfavorecida da

sociedade e geralmente pouco qualificada. Muitos dos trabalhadores da construção

desenvolvem o aprendizado de suas atividades profissionais por meio da observação. Todavia,

este procedimento não adequado de repetição, em muitos casos, é o único responsável por

treinamentos, imputando aos trabalhadores práticas equivocadas. Este cenário geralmente

conduz ao retrabalho e à falhas no produto, contribuindo significativamente para o

desperdício de materiais e tempo. Segundo CNI (2013), 74% das empresas enfrentam

problemas com a falta de trabalhador qualificado.

Em Parizi et al. (2013) mostrou-se que a geração de resíduos está diretamente

relacionada à educação formal e à capacitação dos trabalhadores.

Este capítulo resume os resultados obtidos do artigo Os Profissionais da Construção

Civil: a importância dos treinamentos para atender a um mercado de trabalho mais

sustentável, texto original em inglês com o título “Civil Construction Workers: Technical

Training for Complying with a Market Demanding Sustainability” apresentado em 2014 no

evento Advances in Production Management Systems (APMS). O objetivo deste artigo foi

analisar o perfil da mão de obra na construção civil e o impacto do nível de habilidade básica

na melhoria de desempenho profissional, bem como a participação em programas de

sustentabilidade propostos pelas construtoras/empreiteiras. A íntegra do artigo encontra-se no

anexo D.

4.1 Metodologia

32

Um estudo de campo foi aplicado aos especialistas, engenheiros da construção civil,

compreendendo um total de 26 construtoras/empreiteiras que atuam na construção residencial,

com o foco nas habilidades das equipes de construção no período de dezembro/2013 a

fevereiro/2014. Esta pesquisa de campo foi realizada utilizando-se questionário com 18

perguntas desenvolvidas com o objetivo de obter o perfil do trabalhador da indústria de

construção de residências, sendo requeridos: grau de escolaridade, nível de habilidade básica,

nível de qualificação por treinamento técnico, grau de dependência química, salário, método

de construção, programa de sustentabilidade, produtividade, programa de treinamento, nível

de retrabalho, nível de desperdício, horas extras realizadas, dificuldade de liderança,

resistência ao uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), o nível de acidente e fatores

de motivação.

Foi considerado para o nível de habilidade básica o trabalhador que aprendeu

intuitivamente, aquele que possui conhecimentos elementares os quais foram adquiridos

observando outros profissionais, curiosidade e/ou por tentativa. O trabalhador treinado

tecnicamente foi considerado aquele que recebeu algum tipo de treinamento voltado

especificamente ao trabalho desenvolvido, treinamento apenas prático direcionado para a

necessidade do momento.

Para a análise de dados, utilizou-se a distribuição de frequência, que permite a

visualização do percentual de respostas ao questionário. Estatística descritiva e fator de

correlação de Pearson foram também aplicados, adotando-se um nível de confiança de p <

0,05. Os dados foram processados utilizando-se o software SAS versão 9.0, rotinas PROC

SUMM e PROC CORR, respectivamente.

4.2 Resultados

4.2.1 Visão geral da construção de residências no Brasil

Dos questionários respondidos obteve-se que 38,4% das empresas adotam a

construção com estrutura reticulada em concreto armado e 61% alvenaria estrutural. A

estrutura reticulada em concreto permite estruturas mais ousadas sejam construídas, devido a

possibilidade de moldar o concreto conforme a necessidade de projeto e ainda possibilita certo

nível de tolerância na qualidade do trabalho durante o processo de construção. Todavia, o

desperdício é muito alto neste processo e o retrabalho poderia ser evitado, com ações voltadas

para essa finalidade, como mão de obra treinada e especializada, planejamento e controles

33

adequados. A alvenaria estrutural é mais racional, incrementa a produtividade do trabalhador

e diminui o desperdício (CBIC, 2010).

No presente estudo o desperdício de ambos os processos de construção foi utilizado

como medição da eficiência do trabalho. Nos sistemas de construção, a produtividade do

trabalho é avaliada em homem-hora/m² (44%), em porcentagem de trabalho finalizado em

relação ao tempo estimado para o projeto inicial (48%). E também pode ser avaliada

utilizando diferentes unidades, tais como volume/tempo, área/tempo, que neste caso

representa 8% da amostra.

A maioria das equipes de trabalho não adotam programas de sustentabilidade nem de

educação ambiental durante a construção (84,6%) e somente 11,4% possuem algum tipo de

programa de gestão de resíduos, como o Programa de Educação Ambiental e Inclusão Social

pela Gestão de Resíduos. O Sindicado da Indústria da Construção (SINDUSCON) produz

cartilhas para trabalhadores, cuja intenção é sensibilizar para questões de sustentabilidade.

Todavia, ações persistentes para a educação dos trabalhadores são necessárias e devem ser

incorporadas por meio de regras e percepção sistemática. Alguns mecanismos de controle são

necessários para reforçar a adoção destas ações. Mais de 60% da força de trabalho na

construção possui educação abaixo da elementar, 24,5% têm educação secundária e 12,2%

algum curso técnico de especialização.

Com relação à faixa salarial, aproximadamente 50% das equipes recebem até três

salários mínimos, que corresponde a aproximadamente US$ 945. Trinta por cento do total

responderam que recebem até cinco salários mínimos, 12% entre cinco e sete salários

mínimos e 7% recebe acima de sete salários mínimos (o salário mínimo é de ~US$ 315,00). A

remuneração é um fator-chave para a produtividade, mas não implica em alta produtividade,

quando o mesmo é adequado (COLOMBO; BAZZO, 2001). De acordo com Correa (2009), as

companhias de construção oferecem salários altos em troca de boa produtividade, mas não se

trata de um bom incentivo para resultados efetivos, pois se reflete em incentivo para as ações

individuais. A média de remuneração dos trabalhadores cresceu a uma taxa de 7,6% em 2009,

enquanto a taxa de produtividade foi de 4,2% (ABRAMAT, 2012). Portanto, o crescimento

dos salários foi além da produtividade. Isso pode ser explicado devido à redução de mão de

obra disponível no Estado de São Paulo. Para pequenas empresas ou empreiteiras, nas quais a

taxa de produtividade é equivalente a um terço das maiores companhias, isso pode representar

um desafio significativo. Segundo Esin e Cosgun (2007), para melhoria do setor profissionais

mais qualificados devem executar as tarefas mais difíceis e complexas, enquanto os gerentes

devem se comprometer com a produtividade em suas decisões, incluindo treinamento para

34

redução de resíduos. De acordo com FIESP (2008), para maximizar a produtividade é

necessário examinar os fatores que afetam este tema que são raramente independentes. Baixa

produtividade é atribuída a diversos fatores, incluindo falta de vínculo e descontinuidade dos

processos de qualificação técnica dos trabalhadores.

4.2.2 Análise das habilidades básicas e nível de treinamento

Analisando o nível de habilidades básicas das equipes e o nível de treinamento

técnico, observou-se uma correlação positiva de 0,57 (p = 0,02), indicando que o nível de

habilidade básica pode aumentar ou diminuir conforme o nível de qualificação por

treinamento técnico (Tabela 3). Este resultado é consistente com resultados de estudos prévios

(CBIC, 2010). Nesta pesquisa, após investimento em treinamento (60% dentro da companhia,

58% pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI, 52% por companhias

especializadas e 37% pelo sindicato) foi identificado retorno de 16% que consideraram o

treinamento suficiente e satisfatório, 52% adequado, mas com iniciativas insatisfatórias e 31%

consideraram insuficiente. Isso sugere que, apesar de treinamento ser crucial para atingir a

eficiência do trabalhador, aqueles que não possuem habilidade básica e/ou educação formal

tem maior dificuldade em adquir novas técnicas por meio de treinamento. Em outro estudo na

cidade de Curitiba (FORMOSO et al., 2007), os resultados indicaram que os trabalhadores

aprenderam com os pais (5%), com trabalhos informais (23%), por meio de cursos

profissionalizantes (16%) e outras formas, incluindo autoaprendizado ou observação de outros

profissionais (49%). Este cenário indica que com este perfil de trabalhador, há grande chance

de execução de trabalhos incertos, que podem levar a defeitos ou retrabalhos. Trabalhadores

com baixo nível de habilidade básica (100%) também apresentam baixo nível de desempenho

na qualificação por treinamento (habilidades técnicas). Trabalhadores com nível médio e alto

de habilidade básica são os que apresentam maior nível de desempenho na qualificação por

treinamento, para ambos os níveis 4 e 5 (alto e muito alto), somando 75% (Tabela 3).

Tabela 3 – Nível de habilidade básica em relação ao treinamento técnico do trabalhador da construção

civil (em %)

Treinamento técnico Total

H a bi li d a d e b á si c a Níveis 1 2 3 4 5

35

*1 = muito baixo; 2 = baixo; 3 = médio; 4 = alto; 5 = muito alto

Esta forma de aprendizado é individual e não leva ao desenvolvimento organizacional

eficaz e a uma visão do todo ao trabalhador. O conceito de aprendizagem organizacional

poderia ser introduzido para o benefício de todos os envolvidos. De acordo com Gangolells et

al. (2009), os princípios de aprendizagem organizacional modificam o comportamento

individual continuamente como consequência de sua socialização, levando em consideração a

cultura organizacional, criando novas rotinas e novas contribuições. Para IBGE (2012), o

aprendizado organizacional é uma estratégia para melhorar processos na área da construção,

mas a maioria dos empreiteiros focam no aprendizado contínuo, todavia individualizado. O

aprendizado individual, no cenário brasileiro, é insuficiente (Tabelas 4 e 5). De acordo com

os dados deste estudo, 99% das empresas de construção civil subempreitam sua mão de obra,

portanto não há como criar cultura de aprender com a organização, organization learning, do

termo em inglês. Em canteiros de obras, em geral, existem objetivos e filosofias das mais

variadas.

4.2.3 Treinamento e desperdício

Considerando ainda os dados da Tabela 3 para análise dos fatores relacionados com o

treinamento e o desperdício, remete-se inicialmente às considerações que a indústria da

construção brasileira apresenta, como o difícil alinhamento às legislações e resoluções que

tendem a aumentar os níveis de exigências legais, incluindo restrições em financiar novos

projetos e participações em licitações. Preocupações ambientais ultrapassam os limites da

responsabilidade socioambiental para uma complexa e difícil obrigatoriedade, em busca da

sustentabilidade.

Os dados da Tabela 3 mostram que 100% dos trabalhadores com níveis muito baixo e

baixo (nível 1 e 2) de habilidade básica também apresentam, respectivamente, muito baixo e

baixo nível (nível 1 e 2) de desempenho na qualificação por treinamentos técnicos.

Trabalhadores com médio e alto níveis (nível médio 3 e nível alto 4) de habilidade básica

1 100 - - - - 100

2 100 - - - - 100

3 6,3 6,3 12,5 43,8 31,3 100

4 - - 28,6 28,6 42,9 100

5 - - - - - -

36

também apresentam médio e alto níveis de desempenho na aprendizagem, com percentuais de

qualificação 41% e 73%, respectivamente. Aproximadamente 80% de representatividade de

trabalhadores treinados tecnicamente acima da média (níveis 3, 4 e 5) apresentam menos que

10% de desperdício com retrabalho. Algumas equipes apresentaram 100% de

representatividade de trabalhadores treinados tecnicamente para níveis médio, alto e muito

alto (3, 4 e 5) apresentaram custos de desperdício com retrabalho acima de 31% (Tabela 4).

Resultados similares foram obtidos para desperdício de materiais durante a construção

(Tabela 5). Os dois casos (Tabelas 4 e 5) apresentaram cenários similares. Não foi

identificada relação entre trabalhadores treinados tecnicamente e a necessidade de evitar

desperdício de material, ou quantidade de retrabalho durante o processo de construção

residencial.

O treinamento realizado foi simplesmente relacionado às tarefas previamente

contratadas, que não necessariamente inclui redução de desperdício de materiais ou o

atendimento à construção sustentável. Entre os programas relacionados à sustentabilidade, a

maioria respondeu que existiam programas de compensação ambiental e incentivos para o

reflorestamento, contudo, esses programas não educavam o trabalhador com relação aos

problemas ambientais. Em atividades repetitivas, trabalhadores capacitados podem realizar

suas tarefas, mas não significa que o trabalho seja realizado eficientemente. Os resultados

finais podem gerar retrabalho imediato, implicando em um grande investimento de tempo e

gerando mais desperdício de materiais, além de reduzir, no médio e longo prazos, a

durabilidade das construções e negligenciar a sustentabilidade. Assim, a competência do

trabalhador é altamente necessária nas empresas de construções residenciais.

Tabela 4 – Percentual dos custos com retrabalho, em relação ao nível de desempenho do trabalhador

treinado tecnicamente (%)

1 = muito baixo; 2 = baixo; 3 = médio; 4 = alto; 5 = muito alto

Treinamento técnico Total

Retrabalho (%) 1 2 3 4 5

< 10 22,2 - 22,2 22,2 33,3 100

11< 20 16,7 8,3 8,3 33,3 33,3 100

21< 30 - - - 50,0 50,0 100

31< 40 - - 100,0 - - 100

>41 - - - 100,0 100

37

A competência profissional (JOHN et al., 2001) é definida como o desenvolvimento

do conhecimento (conceito, ideias ou fenômenos), de atitudes (conduta) e de habilidades (uso

de experiências adquiridas) e sua utilização em uma ação dentro das dimensões: educacional,

econômica, social, política, ética, cultural e ambiental, considerando as relações pessoais e

interpessoais. Nessa direção, certo nível de educação é necessário para compreender questões

voltadas à sustentabilidade. Na última avaliação do Programa Internacional de Avaliação dos

Estudantes (KRONKA, 2003), o Brasil permaneceu na 53ª posição entre 65 países. De acordo

com Lemes de Souza et al. (1999), a qualidade da educação influencia positivamente no

crescimento econômico e, portanto, o país ainda tem muito a investir em educação para alterar

vários aspectos em seu desenvolvimento.

Tabela 5 – Porcentual de custo de material desperdiçado, em relação ao nível de desempenho do

trabalhador treinado tecnicamente (%)

1 = muito baixo; 2 = baixo; 3 = médio; 4 = alto; 5 = muito alto

4.2.4 Segurança do trabalhador e horas trabalhadas

Quando analisada a segurança do trabalho, 70% dos trabalhadores pesquisados

apresentaram resistência em utilizar equipamentos de segurança. Foi identificada correlação

positiva entre a falta de uso de equipamentos e a ocorrência de acidente (p = 0,001). Em geral,

65% dos acidentes estão relacionados a trabalhadores com cargas de trabalho acima de 10

horas diárias, contra 35% de trabalhadores com carga diária entre oito e nove horas. Este

resultado pode ser facilmente justificado pela exaustão física do trabalhador, o tempo

recomendado para trabalho diário é de oito horas. Adicionalmente, muitas equipes trabalham

acima das horas permitidas (devido ao tempo previsto para a construção), exigindo maior

esforço das equipes de trabalho. Contudo, a sobrecarga de trabalho interfere negativamente na

produtividade do trabalhador (MENDES, 2010).

Treinamento técnico Total

Material (%) 1 2 3 4 5

< 10 22,2 - 22,2 22,2 33,3 100

11< 20 14,3 7,1 14,3 28,6 35,7 100

21< 30 - - - - 0 0

31< 40 - - - 100 - 100

>41 - - - - - 0

38

Os comentários mais significativos nas respostas dos questionários com relação à taxa

de acidentes foi que os esforços para reduzir o número de acidentes tem um apelo econômico

e não há uma preocupação real com a integridade física e psicológica do trabalhador e de sua

família. Também foram identificadas ocorrências de trabalhadores com dependência química

no campo da construção. Neste estudo, foi observado que 50% das equipes pesquisadas

apresentam algum problema relativo à dependência química que influencia negativamente no

desempenho do trabalho. Trabalhadores da construção não valorizam seus trabalhos

(OSMANI et al., 2006; POON et al., 2004). Portanto, não se sentem satisfeitos,

consequentemente não realizam suas tarefas adequadamente e não têm uma boa comunicação

com seus supervisores imediatos.

Este trabalho mostrou que a maioria das construtoras/empreiteiras pesquisadas não

adotam programas de sustentabilidade na educação do trabalhador, mas aquelas que

ofereceram estes programas não obtiveram sucesso. Treinamentos específicos foram

insuficientes, uma vez que provê apenas fração da lacuna da educação e não necessariamente

permitem o aprendizado de temas relacionados aos problemas ambientais.

39

5 TRABALHO E SATISFAÇÃO: O IMPACTO DAS SUBCONTRATAÇÕES EM

OBRAS DE CONSTRUÇÃO

Na revisão bibliográfica do capítulo 2, Rima et al. (2015) enfatizam a necessidade de

avaliar se os subcontratados realizam melhor as tarefas do que os trabalhadores diretos e a

necessidade de um monitoramento na execução dos processos.

Em Parizi (2014), 99% das empresas de construção civil subempreitam mão de obra e

seus trabalhadores não criam uma cultura organizacional. De acordo com Gangolells et. al.

(2009), os princípios de aprendizagem organizacional modificam o comportamento individual

continuamente como consequência de sua socialização, considerando a cultura organizacional

e criando novas rotinas e participações. Para IBGE (2012), o aprendizado organizacional é

uma estratégia para melhorar processos na área da construção, mas a maioria dos empreiteiros

focam no aprendizado contínuo, porém individualizado. Em canteiros de obras, em geral,

existem objetivos e filosofias variadas.

Este capítulo resume os resultados obtidos no artigo 3, cujo título é: A satisfação no

trabalho e o desempenho de trabalhadores da indústria brasileira de construção civil, texto

original em inglês com o título“Job satisfaction and worker’s performance in the Brazilian

construction industry”, sumetido ao Ambiente Construído – Revista on-line da ANTAC/ISSN

1678-8621, em novembro/2016. O objetivo deste artigo foi identificar os fatores de satisfação

que afetam os trabalhadores da indústria da construção civil e se o tipo de vínculo entre

trabalhador e empresa influencia nesses fatores. A íntegra do artigo encontra-se no anexo E.

A pesquisa destaca as dificuldades encontradas na construção civil brasileira

relacionada à motivação e desempenho dos trabalhadores. Foram discutidas as relações entre

a satisfação e os vínculos trabalhistas entre empregado e empregador. Os resultados da

pesquisa apontaram que o conjunto de fatores de satisfação selecionados foram pertinentes e

40

os estudos de caso evidenciaram as diferenças dos fatores de motivação destacando a

importância do vínculo empregatício.

5.1 Metodologia

Foi realizada uma pesquisa com especialistas, engenheiros da construção civil, tendo

como foco as equipes de obras, no período de dezembro de 2013 a fevereiro de 2014,

totalizando 26 equipes de trabalho, com um mínimo de 260 empregados. A exigência para os

respondentes era que a empresa tivesse um mínimo de 10 trabalhadores diretos ou

subcontratados, no intuito de explorar o perfil da mão de obra operacional da construção civil.

5.1.1 Questionário

Para a pesquisa foi utilizado um questionário com o objetivo de analisar os fatores que

satisfazem os trabalhadores da construção civil. Os critérios adotados de seleção dos fatores

foram, “o ambiente de trabalho em relação ao clima organizacional”, “as condições físicas de

trabalho (ruídos, temperatura e outros)”, “a ergonomia (relação com bem-estar do

trabalhador)”, “o reconhecimento profissional”, “o salário”, “o tipo de tarefa”, “a

remuneração em função da produtividade”, “o treinamento” e “a existência de condições de

higiene e segurança”. Cada critério foi pontuado usando a escala de Likert, em que 1

representa sem nenhum nível de satisfação e 5 representa alto nível de satisfação para a

realização do trabalho na equipe de obra. Os valores intermediários resultam de distribuição

homogênea dos extremos observados.

Para o procedimento da pesquisa todos os engenheiros responsáveis participantes

foram orientados e informados sobre o objetivo da mesma, sendo explicado o significado de

cada critério avaliado, para evitar equívocos em suas interpretações que pudessem interferir

nos resultados. As empresas analisadas incluem as que subcontratam a mão de obra ou que

são subcontratadas, porém os percentuais de empregadores subcontratados em cada uma das

empresas não foram fornecidos, somente nas construtoras que se submeteram ao estudo de

caso.

5.1.2 Estudo de caso

Foram analisadas duas empresas da indústria da construção (A e B) com atuação na

construção de edifícios residenciais, que responderam questionários antes e depos da

41

reestruturação. A empresa A empreendeu por uma reestruturação da mão de obra empregada,

passando de 30 para 90% de trabalhadores diretos. Esta mudança na contratação de

trabalhadores ocorreu após a constatação de que a mão de obra subcontratada, que

representava 70% do quadro funcional da empresa, realizava diversas tarefas, executando-as

rapidamente, porém com baixa qualidade, implicando em retrabalhos e desperdícios. A

empresa forneceu além das escalas dos fatores de satisfação, as horas desperdiçadas antes e

depois da reestruturação. A empresa B também foi analisada antes da reestruturação com

100% de mão de obra subcontratada e posteriormente, com 100% de mão de obra direta.

O critério de seleção das empresas decorreu destas apresentarem uma reestruturação

no emprego da mão de obra utilizada nas tarefas. Destaca-se que em se tratando da construção

civil, estes dois casos estudados apresentam-se como uma raridade no País, segundo Mitidieri

Filho (2010), as empresas/construtoras no Brasil optam pela subcontratação dos serviços

mantendo apenas como mão de obra própria os encarregados e mestres (MITIDIERI FILHO,

2010). As duas empresas estudadas são consideradas pelo critério do Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como empresas médias, que são aquelas que

apresentam receita operacional bruta anual entre 4,16 milhões de dólares e 23,4 milhões de

dólares, as demais classificações são micro, pequena, média grande e grande empresa

(BNDES, 2015).

Segundo Rodrigues e Bertolini (2013), as empresas de construção civil de pequeno e

médio porte são achatadas pelas grandes empresas que têm o domínio do mercado de alta

renda e pelo domínio do setor informal, que atrai os consumidores de renda média e baixa.

Junta-se a conjuntura econômica do país e o esmagamento das empresas de pequeno e médio

porte formais, restando o investimento e revisão de seus processos e produtos para torná-las

mais competitivas.

5.1.3 Análise estatística

Os dados foram submetidos à estatística descritiva e análise de frequência. Os cálculos

foram executados utilizando o software computacional STATISTICA (OGLIARI; PACHECO,

2011). Foram aplicadas as técnicas de análise de agrupamentos ou análise de cluster.

A análise de cluster foi realizada pelo método de ligação média entre grupos, usando a

distância Euclidiana, para avaliar se existem divergências entre os engenheiros civis quanto

aos critérios considerados. O objetivo da análise de cluster é formar grupos com propriedades

42

homogêneas entre si e heterogêneas entre eles (HÄRDLE; SIMAR, 2012), possibilitando

maior compreensão sobre os grupos identificados.

5.2 Resultados

Todas as empresas analisadas nos questionários subcontratam mão de obra ou são

subcontratadas, exceto as empresas A e B utilizadas no estudo de caso na fase pós-

estruturação.

A partir das respostas obtidas por meio da pesquisa, em relação aos fatores de

satisfação dos trabalhadores da construção civil, verificou-se que a média das variáveis de

satisfação encontram-se em torno de quatro, sugerindo que o conjunto de variáveis contribui

para a satisfação do trabalhador. Por meio do coeficiente de variação pôde-se observar que o

“salário” é a variável com maior força de satisfação (17,4%), seguida pelas variáveis

“reconhecimento profissional”, “clima organizacional”, “condições físicas de trabalho”,

“condições de higiene e segurança”, “tipo de tarefa”, “treinamento”, “remuneração por

produtividade” e “ergonomia” (Tabela 6).

Tabela 6 – Estatística descritiva das variáveis analisadas em relação à satisfação dos trabalhadores da

construção civil, por escala Likert (n = 26)

Variáveis Média dp Mínimo Máximo CV%

Clima organizacional 4.115 0.993 1 5 24.1

Condições física de trabalho 3.885 0.993 1 5 25.2

Ergonomia 3.577 1.419 1 5 39.6

Reconhecimento profisssional 4.385 0.898 1 5 20.4

Salário 4.731 0.827 1 5 17.4

Tipo de tarefa 3.923 1.093 1 5 27.8

Remuneração/Produtividade 4.231 1.478 1 5 34.9

Treinamento 3.654 1.263 1 5 34.5

Condições e higiene e segurança 4.231 1.142 1 5 26.9

43

As mesmas variáveis foram analisadas por cluster e foram obtidos três grupos por

meio de corte padrão em 50% de dissimilaridade no dendrograma (Figura 1). O grupo G2,

formado pelas variáveis “salário” e “reconhecimento profissional”, foi o grupo de menores

coeficiente de variação, na análise estatística, com média 18,9%. As variáveis que se

agruparam no grupo G1 foram “clima organizacional”, “condições físicas de trabalho”,

“condições de higiene e segurança” e “tipo de tarefa”, com coeficientes de variação

intermediário, apresentando média 26%. O grupo G3, com as variáveis “treinamento”,

remuneração por produtividade” e “ergonomia”, com coeficientes de variação mais altos,

apresentou média aproximada de 36%.

Figura 1 – Dendrograma representativo da dissimilaridade entre as variáveis analisadas

Estes resultados sugerem que o grupo G2 tem maior representatividade para o

trabalhador, uma vez que nele se concentram as variáveis com menor coeficiente de variação,

feita por análise estatística.

Os agrupamentos podem ter ocorrido devido ao tipo de tratamento que alguns

trabalhadores recebem. Nos grupos G1 e G3 as empresas que se agruparam podem ser aquelas

que necessitam rever seus ambientes de trabalho (condições de higiene, bem-estar e outros),

pois todos os fatores são praticamente ligados a esse ambiente. No agrupamento G2, estão

empresas que provavelmente ofereçam um ambiente de trabalho mais organizado e, portanto,

44

seus trabalhadores têm expectativas maiores em relação ao salário e ao reconhecimento

profissional e podem ser aquelas que se utilizam de maior número de trabalhadores diretos e

não subcontratados. Esses trabalhadores naturalmente valorizam o ambiente de trabalho e as

condições de higiene, porém é provável que este grupo de empresas já ofereça estes fatores,

não havendo necessidade de superá-los.

Considerando que o conjunto de variáveis contribui para a satisfação do trabalhador,

devido à análise estatística dos questionários retornados, seguiu-se na análise do estudo de

caso das empresas A e B.

A empresa A passou por uma reestruturação da mão de obra empregada, passando de

30 para 90% de mão de obra direta, conforme indica a Tabela 7. Segundo comentários do

engenheiro responsável sobre a necessidade de reestruturação, “a mão de obra subcontratada é

mais cara e com qualidade inferior à mão de obra própria”. A empresa B, antes indicada pela

experiência de 100% de mão de obra subcontratada e depois, com 100% de mão de obra

direta, pelos fatores de satisfação dos trabalhadores (Tabela 7).

Tabela 7 – Comparação antes e depois da reestruturação da mão de obra das empresas A e B, relativa

aos fatores de satisfação dos trabalhadores

Em relação aos graus de influência: *= alta;

**= média;

+= pouca;

++= nenhuma;

#= não sei.

Na empresa A notou-se que os fatores reconhecimento profissional, salário, existência

de condições de higiene e segurança e treinamento foram modificados, passando para alta

Estrutura organizacional

Fatores Antes Depois

Clima organizacional A+ B

** A

+B

**

Condições físicas de trabalho A+B

+ A

+B

**

Ergonomia A**

B**

A**

B**

Reconhecimento A+ B

+ A

*B

*

Salário A* *

B**

A*B

*

Tarefas A**

B**

A**

B*

Remuneração/Produtividade A*

B* A

+B

+

Treinamento A+ B

** A

*B

*

Condições de higiene e segurança A++

B++

A*B

*

45

influência nos níveis de satisfação do profissional, enquanto a remuneração por produtividade

é mais valorizada pela mão de obra subcontratada (Tabela 7).

Na empresa B, os fatores condições físicas de trabalho, reconhecimento profissional,

salário, tarefas, treinamento e existência de condições de higiene e segurança são mais

valorizados quando os trabalhadores são contratados diretamente, enquanto a remuneração

por produtividade é mais valorizada pela mão de obra subcontratada (Tabela 7). Neste estudo

também foram apontadas as horas desperdiçadas com retrabalho em um ciclo completo da

obra em relação a possíveis causas (Tabela 8).

Tabela 8 – Comparação entre as possíveis causas de horas desperdiçadas, antes e depois da reestruturação –

empresa A*

Causas Horas desperdiçadas (%)

Antes Depois

Falta de capacitação e treinamento 10 0

Insatisfação do trabalhador 20 6

Falta de compromisso organizacional 10 1

Furtos de ferramentas e atrasos na substituição 15 3

Falta de compromisso com a qualidade durante o

processo de execução da obra

20 2

*Somente a empresa A forneceu dados referentes à horas desperdiçadas.

As mudanças mais expressivas após a reestruturação em relação às horas

desperdiçadas pelos trabalhadores ocorreram na falta de compromisso com a qualidade

durante o processo de execução da obra, reduzindo 18%, seguida pela insatisfação do

trabalhador, que apresentou uma redução de 14%, furtos de ferramentas e atrasos na

substituição, com 12%, 10% pela falta de capacitação e treinamento da mão de obra, 9% pela

falta de compromisso organizacional.

46

Constatou-se que a empresa A apresentou redução tanto no seu custo em relação aos

desperdícios de materiais quanto com retrabalhos. Antes da reestruturação da mão de obra, o

desperdício encontrava-se entre 15 e 20% do custo e entre 5 e 10% do custo, respectivamente.

Depois da reestruturação os valores foram reduzidos em até 5%, tanto o custo de desperdícios

com materiais como com retrabalhos. A empresa B não forneceu os respectivos dados.

Este trabalho sugere que nas condições atuais na cidade de São Paulo, para o

trabalhador, o emprego direto é mais vantajoso, e para a empresa, muitas variáveis estão

envolvidas no processo, como elevados encargos sociais, demanda interna insuficiente, e

principalmente, a sazonalidade das construções, afastando o empresário da possibilidade de

contratação da mão de obra direta, que deve ser um investimento cuja percepção e constatação

de vantagens ocorreria em médio e/ou longo prazo.

6 FATORES QUE INFLUENCIAM NA PRODUTIVIDADE DO TRABALHADOR DA

CONSTRUÇÃO CIVIL

Na revisão bibliográfica do Capítulo 2, segundo a CBIC e FGV (2014), a

produtividade pode ser afetada por vários fatores sejam de natureza externa, como elevada

carga tributária, deficiências da infraestrutura, encargos e restrições comerciais, afetando de

um modo geral toda a economia, ou por fatores internos. Este artigo preocupou-se em fazer

uma análise da influência de fatores internos mais especificamente da influência do

trabalhador sobre a produtividade.

Este capítulo resume os resultados obtidos no artigo 4, cujo título é “Fatores que

influenciam na produtividade do trabalhador da construção civil”, sumetido a Revista

Espacios”, em novembro/2016. O objetivo deste artigo foi estimar a produtividade dos

principais serviços da construção de edifícios residenciais sob a influência de fatores que

causam desperdício de horas, levantados neste estudo. A íntegra do artigo encontra-se no

anexo F.

A pesquisa destaca os fatores de maior influência na produtividade do trabalhador.

6.1 Metodologia

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica no intuito de estudar o perfil da mão de obra

operacional da construção civil e uma pesquisa de campo para levantamento de dados,

47

aplicada aos especialistas, engenheiros da construção civil, tendo como foco as equipes de

obras, no período de dezembro/2013 a fevereiro/2014, correspondendo a um total de 26

empresas voltadas a construção.

Foram analisados neste trabalho as respostas relativas aos possíveis atrasos nas obras e

suas causas. Os gestores das obras ficaram livres para apresentar suas justificativas. Além

deste questionamento foram propostos alguns fatores que possivelmente causassem

desperdícios de horas de trabalho e os mesmos responderam pautados nestes fatores.

Tomando-se como referência os índices das Tabelas de Composições de Preços para

Orçamentos (TCPOs), que é uma das principais referências para a preparação de orçamentos

de obras no Brasil, estimou-se as taxas de produtividades dos principais serviços para

construção de um edifício residencial influenciadas por fatores propostos que causam

desperdício de horas.

6.2 Resultados

Foram analisadas as causas relativas aos atrasos nas obras, bem como a estratégia

utilizada quando a mesma encontra-se dentro do prazo, conforme mostra a Tabela 9, que

apresenta as respostas e justificativas das 26 empresas/construtoras analisadas.

Tabela 9 – Respostas e justificativas das 26 empresas/construtoras analisadas para a pergunta: Atualmente a obra

se encontra dentro do prazo estimado do projeto?

Empresa Resposta Justificativa

1 Não Modificação de projeto.

2 Não Atraso na entrega de material e dificuldade em encontrar mão de obra qualificada.

3 Sim Rigoroso sistema de metas para todos os serviços. Sistema de armazenamento de

materiais. Qualidade de serviço.

4 Sim Formalização de um programa de metas com ganhos extras caso as metas sejam

cumpridas ou superadas.

5 Não A mão de obra era subcontratada, a empresa apenas gerenciava. Por causa da falta

de qualidade e dos constantes atrasos, a empresa contratante decidiu assumir toda a

obra.

6

Não

Os atrasos foram decorrentes da equipe de projeto que demorou a elaborar os

projetos executivos e a fiscalização que não aprovou em tempo hábil. Os atrasos na

liberação e compra dos materiais e a falha na elaboração da documentação de

qualidade que aprova e libera o material para o campo.

7 Não Falta de projetos detalhados para execução da obra, pendência de trabalhos a serem

executados por terceiros e atraso de pagamentos das NFs emitidas junto a

Prefeitura. Já solicitado prorrogação de prazos.

8 Sim Acompanhamento das etapas de construção.

9 Não Falta de mão de obra qualificada.

10 Sim Reuniões para sincronizar os cronogramas das empresas envolvidas.

11 Não Falta de qualidade nos serviços.

12 Não Trabalhadores desmotivados.

13 Não Problemas com o projeto, por ser uma obra pública, houve demora nas definições.

48

14 Sim Planejamento e cronogramas físico/financeiros atendendo as metas definidas pela

diretoria.

15 Não Trabalhadores desmotivados.

16 Não Não respondeu

17 Sim Sequências corretas de serviços. Controle rigoroso no acompanhamento da obra.

18 Não Falta de qualidade nos serviços/falta de planejamento adequado.

19 Não Chuva. Atraso no pagamento das medições.

20 Não A obra é dentro de um hospital e temos alguns serviços como piso e forro que não

podemos realizar. O hospital precisa comprar as máquinas que compõem esse

setor, pois são grandes e pesadas e só poderá ser realizado o acabamento após a

instalação das mesmas.

21 Não Atraso na entrega de materiais/falta de planejamento adequado.

22 Não Liberação para execução dos trabalhos. Interferências encontradas no subsolo. Tipo

de solo não favorável. Defeitos em equipamentos.

23 Não Falta de planejamento adequado.

24 Não Devido principalmente a falta de mão de obra qualificada para serem desenvolvidas

certas tarefas com qualidade e que tenham uma boa eficiência e rapidez.

25 Não Trabalhadores insatisfeitos.

26 Sim Utilizamos cronograma de atividades simples em Excel e fazemos um

acompanhamento firme e diário.

Os dados apresentados na Tabela 9 mostram que aproximadamente 73% das empresas

analisadas apresentam atrasos nas obras. As principais causas apresentadas pelos gestores das

empresas são: dificuldade em encontrar mão de obra qualificada, falta de planejamento

adequado, falta de qualidade nos serviços, atraso na entrega dos materiais e trabalhadores

insatisfeitos. As empresas que não apresentam atrasos na obra usam, como estratégia,

controles rigorosos de produtividade. A mão de obra pouco qualificada é um fator

generalizado quando se trata de construção civil, as empresas que apresentaram-se em dia

com o seu cronograma, supostamente também devam enfrentar problemas com a mão de obra,

ou com possível gerenciamento de exceções, porém o planejamento e o controle rigoroso e

diário trazem benefícios capazes de superar a maioria das dificuldades típicas de qualquer

obra.

Desta forma uma empresa que possui mão de obra direta e não subcontratada é capaz

de concentrar maior controle de todas as atividades desenvolvidas, já as empresas que

subcontratam mão de obra possivelmente apresentem maior dificuldade devido à dispersão de

controle. Controle, segundo Cardoso (2011), “previne que os erros se propaguem pelas várias

etapas, possibilitando a correção do planejamento a tempo de serem recuperados os prazos

para atingir os objetivos inicialmente definidos.”.

As empresas foram questionadas quanto a quantidade de horas desperdiçadas devido a

alguns fatores propostos, conforme Tabela 10. Os fatores que apresentaram maior desperdício

de horas e que influenciam na produtividade são: “falta de capacitação e treinamento da mão

49

de obra”, “insatisfação do trabalhador”, “falta de compromisso organizacional” e “falta de

compromisso com a qualidade”.

Tomando-se como referência os índices das Tabelas de Composições de Preços para

Orçamentos (TCPO) estimou-se as taxas de produtividades influenciadas por esses fatores:

“falta de capacitação e treinamento da mão de obra”, “insatisfação do trabalhador”, “falta de

compromisso organizacional” e “falta de compromisso com a qualidade durante o processo de

execução da obra”.

Sendo assim, a Tabela 10 mostra as horas desperdiçadas obtida por meio da média dos

26 questionários, e as horas desperdiçadas da Empresa “A” antes e após a reestruturação,

associadas às causas propostas. A empresa “A” da indústria da construção com atuação na

construção de edifícios residenciais, foi analisada em dois momentos, antes e depois da

reestruturação. A reestruturação pautou-se na porcentagem de mão de obra direta empregada

nos processos construtivos. A empresa selecionada passou de 30 para 90% de trabalhadores

diretos, anteriormente à reestruturação eram subcontratados 70% da mão de obra e

posteriormente apenas 10%.

Tabela 10 – Análise das horas desperdiçadas, considerando a média das 26 empresas e a Empresa “A” antes e

após a reestruturação.

Tomando-se como referência os índices das TCPOs estimou-se a produtividade

influenciada pelos fatores levantados neste trabalho. Sendo assim, a Tabela (11) mostra a

produtividade com interferência da “falta de capacitação e treinamento da mão de obra”,

produtividade com interferência da “insatisfação do trabalhador”, produtividade com

interferência da “falta de compromisso organizacional” e a produtividade com interferência da

“falta de compromisso com a qualidade durante o processo de execução da obra” durante o

Causas

Horas desperdiçadas (%)

Empresa A Média das

26 empresas

analisadas

Antes

Reest.

Após

Reest.

Falta de capacitação e treinamento 10 0 16

Insatisfação do trabalhador 20 6 15

Falta de compromisso organizacional 10 1 20

Falta de compromisso com a qualidade durante o

processo de execução da obra

20 2 20

50

processo de execução da obra, considerando em cada um dos fatores a média dos

questionários, e a empresa A do estudo de caso, antes e depois da reestrututuração.

51

Tabela 11 – Principais causas de horas desperdiçadas e sua interferência na produtividade do trabalhador

*Serviços

**

Pro

du

tiv

idad

e Produtividade com

interferência da falta de

capacitação e treinamento

da mão de obra.

Produtividade com

interferência da

insatisfação do

trabalhador.

Produtividade com

interferência da falta de

compromisso

organizacional.

Produtividade com

interferência da falta de

compromisso com a

qualidade durante o

processo de execução

da obra.

Méd

ia

do

s qu

esti

on

ário

s

(-1

6%

)

Em

pre

sa

A

- an

tes

da

rees

tru

tura

ção

(-1

0%

)

Em

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A

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da

rees

tru

tura

ção

(0

,0%

)

Méd

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do

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esti

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ário

s

(-1

5%

)

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A

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a

rees

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tura

ção

(-2

0%

)

Em

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(-6

%)

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)

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)

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A

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ção

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0%

)

Em

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sa

A

dep

ois

da

rees

tru

tura

ção

(-2

%)

INSTALAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRA

Instalação do canteiro de obra – abrigo provisório de

madeira executado na obra com dois pavimentos para

alojamento e depósito de materiais e ferramentas

(m2/h)

0,075 0,063

0,068 0,075 0,064 0,060 0,071 0,060 0,068 0,074 0,060 0,060 0,074

Locação da obra, execução de gabarito (m2/h)

7,69 6,46 6,92 7,69

6,54 6,15 7,23 6,15 6,92 7,61 6,15 6,15 7,54

MOVIMENTO DE TERRA

Escavação mecanizada em campo aberto até 4 m de

profundidade(m3/h)

57,5 48,30 51,75 57,5 48,88 46,00

54,05 46,00 51,75 56,93 46,00 46,00 56,35

SERVIÇOS GERAIS INTERNOS

Bandeja salva-vidas primária, de madeira – com forro

em tábua – largura 2,50 m (m/h)

0,33

m/h

0,28

m/h

0,30

m/h

0,33

m/h

0,28

m/h

0,26

m/h

0,31

m/h

0,26

m/h

0,30

m/h

0,33

m/h

0,26

m/h

0,26

m/h

0,32

m/h

Tela para proteção de fachada em polietileno (m2/h)

2,27 1,91 2,04 2,27 1,93 1,82 2,14 1,82 2,04 2,25 1,82 1,82 2,23

52

INFRAESTRUTURA

Fundação profunda - estaca pré- moldada de concreto

armado cravada – seção octagonal vazada, cravada

(m/h)

2,50 2,10 2,25 2,50 2,13 2,00 2,35 2,00 2,25 2,48 2,00 2,00 2,45

Lastro de concreto (contrapiso não estrutural

impermeabilizado (espessura 8 cm) (m2/h)

2,0 1,68 1,80 2,0 1,70 1,60 1,88 1,60 1,80 1,98 1,60 1,60 1,96

Formas - Forma com chapa compensada plastificada,

e= 12 mm, para pilares/vigas/lajes, incluso

contraventamento/travamentos com pontaletes 7,5 cm

X7,5 cm – unidade m2 (3 aproveitamentos) (m

2/h)

1,02 0,86 0,92

1,02 0,87 0,82 0,96 0,82 0,92 1,00 0,82 0,82 1,00

Armadura de aço para estruturas em geral, CA – 50,

diâmetro 8,0 mm, corte e dobra na obra (kg/h)

12,50 10,50 11,25 12,50 10,63 10,00 11,75 10,00 11,25 12,40 10,00 10,00 12,25

Concreto estrutural virado em obra – consistência

para vibração seixo rolado, fck 25 MPa (m3/h)

0,17 0,14 0,15 0,17 0,14 0,14 0,16 0,14 0,15 0,17 0,14 0,14 0,17

SUPERESTRUTURA

Forma com chapa compensada plastificada, e= 12

mm, para pilres/vigas/lajes, incluso

contraventamentos/travamentos com pontaletes 7,5

cm X 7,5 cm (3 aproveitamentos) (m2/h)

1,02 0,86 0,92

1,02 0,87 0,82 0,96 0,82 0,92 1,00 0,82 0,82 1,00

Armadura de aço para estruturas em geral, CA – 50,

diâmetro 8,0 mm, corte e dobra na obra (kg/h)

12,50

10,50 11,25 12,50 10,63 10,00 11,75 10,00 11,25 12,40 10,00 10,00 12,25

Concreto estrutural virado em obra – consistência

para vibração seixo rolado, fck 25 MPa (m3/h)

0,17 0,14 0,15 0,17 0,14 0,14 0,16 0,14 0,15 0,17 0,14 0,14 0,17

PAREDES E PAINÉIS

Alvenaria de vedação com blocos de concreto, juntas

de 10 mm com argamassa mista de cimento, cal

hidratada e areia sem peneirar traço 1:0,5;8

(9X19X39) – 9 cm de parede (m2/h)

1,52 1,28 1,37 1,52 1,30 1,22 1,43 1,22 1,37 1,50 1,22 1,22 1,49

53

*Conforme especificado TCPO (2010)

** Modificado do TCPO (2010) – transformado em produtividade a partir dos índices.

ESQUADRIAS DE MADEIRA

Porta interna de madeira, colocação e acabamento de

uma folha com batente, guarnição e ferragem (0,60 m

X 2,10 m) (un/h)

0,27 0,23 0,24 0,27 0,23 0,22 0,25 0,22 0,24 0,27 0,22 0,22 0,26

ESQUADRIAS METÁLICAS

Porta de ferro sob encomenda tipo caixilho, de abrir,

colocação e acabamento com uma folha (m2/h)

0,33 0,28 0,30 0,33 0,29 0,26 0,31 0,26 0,30 0,33 0,26 0,26 0,32

COBERTURA

Cobertura com telha de fibrocimento estrutural, uma

água, perfil trapezoidal, e = 8 mm, altura 180 mm,

largura útil 440 mm e largura nominal 468 mm,

inclinação 3% (m2/h)

4,17 3,50 3,75 4,17 3,54 3,34 3,92 3,34 3,75 4,13 3,34 3,34 4,09

IMPERMEABILIZAÇÃO

Impermeabilização de piso - proteção mecânica de

superfície sujeita a trânsito com argamassa de

cimento e areia traço 1:7, e = 3 cm (m2/h)

2,0 1,68 1,80 2,0 1,70 1,60 1,88 1,60 1,80 1,98 1,60 1,60 1,96

Impermeabilização de cobertura com asfalto oxidado

e véu de poliéster (m2/h)

3,33 2,78 3,00 3,33 2,83 2,66 3,13 2,66 3,00 3,30 2,66 2,66 3,26

FORRO

Chapisco em teto com argamassa de cimento e areia

sem peneirar traço 1:3, com adição de adesivo à base

de resina sintética - e= 5 mm (m2/h)

4,0 3,36 3,60 4,0 3,40 3,20 3,76 3,20 3,60 3,96 3,20 3,20 3,92

REVESTIMENTO INTERNO DAS PAREDES

Gesso aplicado em parede interna – desempenado

(m2/h)

2,56 2,15 2,30 2,56 2,18 2,05 2,40 2,05 2,30 2,53 2,05 2,05 2,51

REVESTIMENTO EXTERNO DAS PAREDES

Emboço para parede interna com argamassa mista de

cimento, cal hidratada e areia sem peneirar e = 20

mm (m2/h)

1,67 1,40 1,50 1,67 1,42 1,34 1,57 1,34 1,50 1,65 1,34 1,34 1,64

54

Os resultados demonstraram que a média das 26 empresas, em que todas subcontratam

ou são subcontratadas, assim como a empresa A antes da reestruturação, são próximas,

enquanto a média das 26 empresas relativamente às horas desperdiçadas é de 17,75%, a média

somente da empresa A, antes da reestruturação foi de 15,0%. A empresa “A”, ao sofrer uma

reestruturação diminuiu suas horas desperdiçadas apresentando uma nova média de 2,25%.

Os fatores “insatisfação do trabalhador” e “falta de compromisso com a qualidade

durante o processo de execução da obra” foram os fatores de maior percentual de desperdício

de horas para a Empresa A. Este resultado pode indicar que estes são os fatores de maior

influência entre as causas de horas desperdiçadas, porém a falta de compromisso com a

qualidade durante o processo de execução da obra” melhora significativamente quando os

trabalhadores são diretos e não subcontratados, embora a “insatisfação do trabalhador”

também tenha melhorado, não alcançou a mesma proporção. Conhecer os fatores de

satisfação pode trazer benefícios à produtividade dos trabalhadores, embora seja uma tarefa

complexa, pode apresentar-se como um bom investimento se interpretados e convertidos em

ações sistematizadas e dinâmicas propostas pela empresa, principalmente quando ela precisa

apresentar saídas sustentáveis para sobrevivência em um mercado competitivo. Segundo

Oliveira e Iriart (2008), os trabalhadores da construção sentem-se desvalorizados socialmente,

não executando com satisfação suas atribuições.

Após a reestruturação da empresa A, todos os fatores ficaram muito próximos da

produtividade-referência, ou seja, apresentaram melhores resultados.

55

7 DISCUSSÕES

Enfrentando novas demandas de responsabilidade social e ambiental, a indústria da

construção não pode ignorar o investimento em treinamento adequado de forma a qualificar

sua mão de obra. Diante dos novos desafios a qualificação amplia seu grau de abrangência,

não bastando apreender os processos de produção da construção, mas também entender todo o

processo e como o impacto de certas ações ou falta delas afetam tanto a natureza como a

sociedade (MENDES, 2010).

Os resultados mostraram que a correlação entre o analfabetismo e a geração de

resíduos foi positiva, enquanto que o aumento na utilização de inovação diminui

relativamente a quantidade de resíduos gerados. No entanto, a utilização de técnicas

inovadoras só pode ser aplicada de forma adequada se os trabalhadores apresentarem um certo

nível de educação e formação.

O Brasil vive ainda uma profunda desigualdade social, que pode ser avaliada de

acordo com os índices de analfabetismo funcional (cidadãos com menos do que quatro anos

de estudos formais), representando um total de 29% dos brasileiros (IBGE, 2001). Os

cidadãos analfabetos, que não podem ler ou escrever um texto coerente em português, chegam

a 13% da população com 15 anos de idade ou mais, que também compreende um número de

trabalhadores em diversas atividades (IBGE, 2012).

Se por um lado, a indústria da construção tem papel social importante, pois absorve

mão de obra na maioria das vezes despreparada, por outro, gera baixa produtividade. Na

avaliação do PISA - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (IBGE, 2009), o

Brasil ocupou a posição 53 entre os 65 países participantes. Corrêa (2009) afirma que a

qualidade da educação influencia positivamente no crescimento econômico e, portanto, o

Brasil ainda tem muito a investir nessa área.

Do retorno dos questionários analisados neste trabalho foram identificados que o grau

de escolaridade é baixo, mais de 60% da mão de obra na construção civil têm grau de

escolaridade abaixo do ensino fundamental. Neste cenário, há um programa ligado à indústria

da construção proposto pelo governo federal intitulado “Construção para Cidadania”, que

entre seus méritos propõe a redução do analfabetismo dos trabalhadores da construção, em

seu próprio local de trabalho. Esta ação induz às condições necessárias para profissionalização

e plena cidadania destes trabalhadores (VIDAL, CATAI; ABRAHÃO, 2009; SANTOS;

CARREIRO, 2010).

56

Em geral os programas de “Construção para Cidadania” são oferecidos pelas grandes

construtoras, mas apesar de o Brasil possuir aproximadamente 100 mil companhias de

construção empregando legalmente em torno de dois milhões de trabalhadores, incluindo

pedreiros, carpinteiros, técnicos, engenheiros e arquitetos, há também grande número de

trabalhadores informais, em torno de quatro milhões, conforme FIESP/FEC (2008), que não

têm acesso a estes programas.

Muitos dos trabalhadores desenvolvem suas habilidades por observação de colegas

mais experientes e por repetição do trabalho. Como o processo de repetição não conduz

necessariamente à reprodução de ações corretas este pode estimular o uso de práticas

inadequadas.

Ações organizadas e mecanismos de controle devem ser integrados nos serviços de

construção para atender às demandas do mercado que necessita de ações rápidas, sem perder

de vista questões relativas à sustentabilidade e à qualidade.

A pesquisa mostrou que os treinamentos são insuficientes, pois mesmo os

trabalhadores considerados com nível de habilidade básica alta e nível alto de qualificação,

apresentaram percentuais significativos de desperdícios com retrabalhos e materiais, a falta de

treinamento também aparece na forma de resistência de 70% dos trabalhadores ao uso de

equipamentos de proteção individual (EPIs). Correlações positivas e significativas (p <

0,0001) foram encontradas quando analisada a resistência de utilização do EPI com a

porcentagem de ocorrência de acidentes. Teixeira (2006) e Vidal, Catai e Abrahão (2009)

também obtiveram correlações positivas entre os anos de escolarização e acidente de trabalho.

Os autores relataram que de um total de 25 trabalhadores que sofreram acidentes, 60%

possuíam de um a quatro anos de escolarização, 36% de cinco a nove anos de estudo e 4%

mais de 10 anos de estudo. Concluíram, portanto, que com o aumento do tempo de

escolarização há redução do número de acidentes no trabalho.

Analisou-se a ocorrência de acidentes em relação às horas trabalhadas, o que

possibilitou verificar que 65% dos acidentes estão relacionados aos operários com carga

horária de trabalho acima de 10 horas diárias contra 35% de operários com carga diária entre

oito e nove horas.

Nos estudos de caso, antes da reestruturação, os trabalhadores subcontratados

apresentavam uma carga de trabalho diária maior que 10 horas. Após a reestruturação, com

mão de obra direta, a carga foi reduzida para nove horas, uma das empresas apresentou uma

redução de 67% na ocorrência de acidentes.

57

Este resultado pode ser justificado devido à exaustão física do operário, o que sugere

que as equipes de trabalho na área de construção civil devam manter cargas horárias no

máximo de oito horas diárias, no intuito de reduzir os altos índices de acidentes. Além disso,

muitas equipes trabalham acima da carga horária permitida devido ao tempo de projeto da

obra, exigindo maior esforço físico dos trabalhadores. Colombo e Bazzo (2001) consideram

que as horas extras interferem de forma negativa na produtividade do trabalhador.

Os requisitos de conhecimento e capacidade relacionados ao setor da construção

necessitam de educação e/ou formação nova ou adicional para agregar o conceito de

utilização eficiente e sustentável dos recursos na cadeia do segmento, como redução de

consumo de energia e de desperdício de materiais. Novas tecnologias, bem como a

implementação de práticas flexíveis de organização do trabalho na indústria da construção

devem ser alcançadas (CETKOVIC et al., 2015). O aumento da motivação e o

comprometimento são fatores que influenciam na produtividade, na eficiência da alocação de

recursos limitados e no treinamento adequado para a mão de obra (NASIRZADEH;

NOJEDEHI, 2012).

Ng et al. (2004) concluíram que o tempo perdido total estimado em relação a fatores

de insatisfação foi entre 5,1 e 13,6 horas por trabalhador por semana, considerando 48

h/semana na construção civil em Hong Kong. Gogolová (2015) defende que os cuidados com

o trabalhador deve ser um investimento e não apenas tratado como despesas, uma vez que os

trabalhadores satisfeitos têm sua produtividade melhorada, contribuindo para os bons

resultados do negócio. De acordo com a FIESP (2008), para maximizar a produtividade, é

necessário examinar os fatores que a afetam. Este trabalho sugeriu um conjunto de variáveis

para a análise, e do retorno dos 26 questionários mostrou que os fatores sugeridos interferem

no nível de satisfação do trabalhador e consequentemente na sua produtividade. Entre os

fatores, o “salário” foi o de maior força de satisfação, acompanhado das seguintes variáveis:

“reconhecimento profissional”, “clima organizacional”, “condições físicas de trabalho”,

“condições de higiene e segurança”, “tipo de tarefa”, “treinamento”, “remuneração por

produtividade” e “ergonomia”.

Buscando ainda agrupar o conjunto de variáveis aplicou-se a análise de cluster, cujos

resultados mostraram a formação de três grupos (clusters).

Um dos grupos foi representado por duas variáveis “salário” e “reconhecimento

profissional”. São empresas que provavelmente tenham se agrupado por oferecerem um

ambiente de trabalho mais organizado e seus trabalhadores têm expectativas em relação ao

“salário e ao “reconhecimento profissional”, podendo ser aquelas que se utilizam de maior

58

número de trabalhadores diretos e não subcontratados, esses trabalhadores naturalmente

valorizam o ambiente de trabalho, as condições de higiene, porém é provável que este grupo

de empresas já ofereça estes fatores, não havendo necessidade de superá-los.

Relativamente ao estudos de caso, na empresa A notou-se que os fatores

“reconhecimento profissional”, “salário”, “existência de condições de higiene e segurança” e

“treinamento” foram modificados, passando para alta influência nos níveis de satisfação do

profissional quando os trabalhadores são contratados diretamente, enquanto a “remuneração

por produtividade” é mais valorizada pela mão de obra subcontratada.

Na empresa B, os fatores “condições físicas de trabalho”, “reconhecimento

profissional”, “salário”, “tarefas”, “treinamento” e “existência de condições de higiene e

segurança” são mais valorizados quando os trabalhadores são contratados diretamente,

enquanto a “remuneração por produtividade” é mais valorizada pela mão de obra

subcontratada.

Constatou-se no presente estudo que as produtividades são alteradas, comprometendo

o tempo de execução dos serviços, por principalmente, interferência da “falta de capacitação e

treinamento da mão de obra”, por “insatisfação do trabalhador”, por “falta de compromisso

organizacional” e por “falta de compromisso com a qualidade durante o processo de execução

da obra”. Constatou-se ainda que a Empresa A, após a restruturação, reduziu o número de

horas desperdiçadas pelos trabalhadores em 18% pela falta de compromisso com a qualidade

durante o processo de execução da obra, seguida pela insatisfação do trabalhador que

apresentou uma redução de 14%, 10% pela falta de capacitação e treinamento da mão de obra

e 9% pela falta de compromisso organizacional, quando o tipo de vínculo passa de mão de

obra subcontratada para direta.

Assim, uma empresa que cria vínculos desperta nos trabalhadores um motivador que

pode impulsioná-los e levá-los ao desejo de progredir no setor. A criação de vínculos entre

empregador e empregado, reflete no comprometimento e a possibilidade de reconhecimento

profissional. Os fatores que estressam os trabalhadores podem ser mediados e mais eficazes

quando apoiados por compromisso organizacional (McKENZIE, 2015). A cultura

organizacional só será percebida quando o vínculo for direto entre empregado e empregador.

A Teoria de Vroom (1964) evidencia que a motivação faz parte de um processo o qual

não depende só de objetivos pessoais, mas também de todo o contexto organizacional em que

o trabalhador está inserido. Azevedo e Salomão (2011) consideram que a cultura

organizacional é um elemento fundamental para o bom desempenho do trabalhador.

59

Para McKenzie (2015), os fatores de estresse desencadeados pelo conflito interpessoal

no ambiente de trabalho pode resultar em perda de produtividade, redução de satisfação no

trabalho e pedidos de indenização por danos psicológicos.

A satisfação do trabalhador e o compromisso organizacional impactam na

produtividade do trabalhador (NASIRZADEH; NOJEDEHI, 2013). Kazaz e Acikara (2015)

observaram que o desempenho de custo de um projeto de construção depende,

principalmente, da produtividade do trabalho, corroborando Al-Sale (1995) e Mahamid

(2013).

Os trabalhadores da indústria da construção consideram seu trabalho desvalorizado

(OLIVEIRA; IRIART, 2008). Contudo, a frustação de trabalhadores subcontratados na

construção civil é ainda maior, pois direitos trabalhistas são reduzidos, inferiorizando o

trabalhador que perde sua identidade coletiva (LIMA, 2010), incorrendo em alternância entre

emprego e desemprego, conferindo-lhes características estigmatizadas, discriminatórias e com

poder de exclusão (TAKAHASHI et al., 2012).

Segundo Del Fiaco (2013), qualidade de vida no trabalho é fundamental para o

crescimento não apenas da empresa, mas também dos seus colaboradores, sendo necessário

que a companhia valorize melhores condições de trabalho e de tarefas e que mantenha um

padrão de relacionamento saudável.

Leung (2012) indica que os fatores estressantes da organização que mais afetam o

trabalhador da construção estão relacionados com tratamentos injustos, equipamentos de

segurança inapropriados, provisão de treinamentos, falta de definição de objetivos e ambiente

físico inadequado, propondo a gestão dos fatores estressores. Segundo Hoffmeister et al.

(2015), a avaliação do clima de ergonomia pode ajudar as empresas a priorizar fatores para

melhorar o desempenho operacional do bem-estar do trabalhador.

A principal razão para cerca de 90% das empresas brasileiras adotarem as

subcontratações em parte de seus processos é a redução de custo e apenas 2% delas visam a

especialização técnica (DIEESE, 2011). Não há restrições para o recrutamento, em geral,

existe uma construtora principal que se responsabiliza pelo projeto, tornando-se gerenciadora

e a execução fica por conta de várias empresas diferentes dentro de um mesmo canteiro de

obras, sendo a alta rotatividade proposital. No final das etapas de trabalho há uma dispensa

coletiva dos trabalhadores, que posteriormente são recontratados (OLIVEIRA; IRIART,

2004). Baixa produtividade é geralmente atribuída a diversos fatores, incluindo falta de

vínculo e descontinuidade dos processos de qualificação (FIESP, 2008).

60

Segundo o DIEESE (2011), a empresa subcontratada gera, além de trabalho precário,

longas jornadas e um ritmo de trabalho mais exaustivo. Esta relação gera maiores prejuízos à

sociedade, devido às perdas com qualidade de serviços e produtos, agressões ambientais, além

do empobrecimento dos trabalhadores.

Existem países em que a mão de obra subcontratada pode apresentar-se de forma mais

eficiente. Jarkas e Bitar (2012), em estudo no Kuwait, observaram que os resultados dos

pacotes de trabalho de subcontratação incentivam os subcontratados a serem mais

organizados, comprometidos e produtivos, fazendo pausas menos frequentes e prestando mais

atenção aos detalhes técnicos e especificações dos contratos. Segundo Arditi e Chotibbongs

(2005), que realizaram sua pesquisa nos EUA, as operações efetuadas por subcontratados são

mais eficientes, pois os serviços são especializados e já contam com todos os equipamentos

necessários, demonstrando eficiência econômica, mais rapidez e melhorias na execução das

tarefas.

Conceitualmente, a motivação e/ou a satisfação é tratada como algo constante, infinito

e complexo (MASLOW, 1943). A satisfação no trabalho pode ser difícil de mensurar, porque

as pessoas definem a satisfação de diferentes maneiras. Contudo, compreender os principais

fatores que afetam o ambiente e a equipe de trabalho com objetivo de propor soluções e

equalizar a relação empregado e empregador, pode proporcionar resultados positivos para as

construtoras.

Trabalhadores mais satisfeitos e motivados são, em geral, mais entusiasmados e pró-

ativos. Além de trabalharem mais, respondem mais rapidamente às instruções. Seu ritmo é

impulsionado por sentimentos de orgulho, satisfação e responsabilidade, comparativamente a

trabalhadores desmotivados ou desencorajados (JARKAS; BITAR, 2012).

A subcontratação da mão de obra no Brasil tem-se mostrado um processo de

desmotivação para trabalhadores devido às condições submetidas, pouco eficientes em relação

à qualificação do trabalhador e aos resultados esperados para a empresa contratante, além de

insatisfatório para a sociedade, que requer meios de produção e operação mais sustentáveis.

Neste estudo, os resultados sugerem que o trabalho direto talvez seja mais vantajoso

para o trabalhador, mas para a empresa existem muitas variáveis envolvidas e para manter um

quadro 100% ou próximo disso de mão de obra direta, salvo raras exceções, seria improvável.

Segundo CBIC - FGV (2014), devido ao forte crescimento da indústria da construção

civil no período de 2007 a 2012, as empresas passaram a subcontratar serviços especializados,

com a intenção de obter vantagens em relação ao ganho de tempo e para não perder novas

oportunidades de negócios. Porém esse aumento das subcontratações provocou a transferência

61

da responsabilidade de controlar a produtividade das construtoras para diversas fornecedoras.

O resultado desse disperso controle aparece na forma de redução de produtividade. Os

resultados, após a reestruturação da empresa “A” para 90 % de mão de obra contratada,

indicaram que há uma interferência menor na produtividade quando os trabalhadores são

diretos, pois o controle da produtividade fica centralizado e não disperso, como é o caso de

várias subcontratadas trabalhando simultaneamente em um mesmo canteiro de obras. Além

disso, o estudo sugere que o compromisso com a empresa e com a qualidade do trabalho se

estreitam quando a empresa cria laços com seus colaboradores.

A construção civil envolve muitas variáveis e é muito dinâmica. Segundo Mattos

(2010), ignorar as produtividades consideradas no orçamento significa ficar sem parâmetro de

controle.

Estabelecer taxas de produtividade é algo complexo, a fixação das mesmas decorre de

experiências anteriores, que nem sempre são válidas para o futuro, pois sofrem influência de

vários fatores, alguns deles apresentados neste trabalho. A Tabela 11 foi concebida com o

intuito de mostrar as variações pelas quais as taxas de produtividade podem ser conduzidas e a

dependência de fatores, alguns controláveis e outros não.

Desta forma, sugere-se que haja um planejamento adequado e consequentemente um

controle mais centralizado, para que as reações sejam rápidas caso haja algum contratempo e

evite que as informações sejam perdidas. Sugere-se ainda que as empresas/construtoras que

subcontratam mão de obra, procurem aquelas que apresentem algum grau de especialização

nos serviços oferecidos e que tenham uma equipe de controle própria capaz de ser reativa em

qualquer sinal de descontrole. E ainda, que as empresas construtoras que subempreitam seus

serviços mantenham parcerias com as subcontratadas de maneira que haja um controle mais

rigoroso em relação, não só a idoneidade das subcontratadas no que tange ao cumprimento

das legislações trabalhistas, uma vez que o não cumprimento incidiria diretamente sobre a

contratante em relação aos custos com os empregados subcontratados, mas também no que

tange à exigência de especialização, visando maior qualidade dos serviços, e

consequentemente, um compromisso socioambiental, evitando desperdícios por falta de

qualificação.

Portanto, como fatores principais sugere-se que as contratantes sejam mais rigorosas

com as subcontratadas exigindo que as mesmas sejam capazes de provar idoneidade e

capacidade técnica para realização dos trabalhos, apresentando contratos anteriores ou acervo

técnico de engenheiros quando houver. A contratante poderá estabelecer procedimentos de

fiscalização e de gestão da qualidade do serviço, especificando-se os indicadores e

62

instrumentos de medição que serão adotados, estabelecendo ainda o controle da produtividade

e a gestão como centralizados, observando a carga horária do trabalhador prestador de

serviço.

63

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atender a um mercado competitivo e sustentável é imprescindível para sobrevivência

das empresas e uma exigência da sociedade de forma geral.

Os conceitos de construção sustentável estão focados nos processos que favorecem o

uso de fatores naturais, tais como luz natural, aquecimento, ventilação, entre outros, que

foram abandonados com o advento da eletricidade, aquecimentos e resfriamentos artificiais.

Além da necessidade do reuso de materiais e minimização da utilização de recursos naturais.

Mesmo os trabalhadores considerados produtivos, neste estudo, não demonstraram

preocupação com ações sustentáveis, uma vez que as empresas não adotam programas

voltados a sustentabilidade, algumas apresentam apenas ações individualizadas, não propondo

efetivamente um programa com a participação de todos e em todas as ações

O estudo demonstrou que, o resíduo gerado durante a construção residencial é

diretamente relacionado à porcentagem de analfabetismo e inversamente proporcional ao PIB

e ao uso de inovações na construção.

A educação e a formação do trabalhador da construção civil não é compatível com as

exigências de um mercado competitivo e de qualidade exigida pelos clientes e sociedade na

atualidade.

O capital humano supera qualquer nova tecnologia, materiais avançados e capital

financeiro e é, de fato, o responsável pelas grandes transformações. Um modelo pautado na

alta rotatividade dos trabalhadores pode engessar as expectativas do indivíduo,

comprometendo a qualidade e a rapidez dos serviços prestados. Cabe às empresas que

pretendem tornar-se cada vez mais competitivas investirem no capital humano e

conscientizarem-se dos fatores de satisfação que podem se tornar a mola propulsora deste

segmento.

Um trabalhador sem objetivos pessoais é um trabalhador desmotivado. A

produtividade pode ser afetada por vários fatores, sejam de natureza externa, como a elevada

carga tributária, deficiências da infraestrutura, encargos e restrições comerciais, afetando de

um modo geral toda a economia; ou por fatores internos, como a mão de obra. O investimento

64

no trabalhador da construção civil não seria capaz de resolver todos os problemas ligados ao

setor, porém é provável que trouxesse muitos benefícios por razões discutidas neste trabalho.

Para os trabalhadores permanecerem produtivos, programas de carreira, treinamento e

motivação devem estar disponíveis para suportar as necessidades físicas e emocionais dos

mesmos.

A indústria da construção civil depende da intensa força de seus trabalhadores, estes

por sua vez, precisam de direcionamentos claros e relacionamentos de confiança para o bom

desempenho de suas tarefas e sucesso do negócio.

A baixa produtividade, tem um ciclo negativo prejudicial para qualquer economia,

quanto menor a eficiência, menor a produção, consequentemente menor a remuneração,

menores os lucros e menores os impostos, enfraquecendo as empresas, a vida dos

trabalhadores e a situação do País. A produtividade pode ser aumentada quando o controle é

mais rigoroso e centralizado, e isto não ocorre efetivamente com a maioria das empresas, pois

a maioria subcontrata mão de obra, dispersando informações essenciais para manter a

dinâmica no canteiro. Como a maioria das construtoras subcontratam seus trabalhadores, e ao

que tudo indica é uma forma adotada e sem pretensão de ser mudada, criar uma única célula

para planejar, controlar e gerir a produtividade poderia ser uma alternativa de sucesso para as

Construtoras.

Diante da necessidade detectada neste trabalho sobre o investimento em capital

humano sugere-se que os trabalhos futuros caminhem no sentido da criação de um conjunto

de normas que tenha por objetivo a gestão da produtividade.

65

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<http://busca.unisul.br/pdf/88037_Jose.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2013

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Getúlio Vargas Projetos, 2006.

71

VIDAL A. M.; CATAI, R. E. E.; ABRAHÃO, J. L. Influência da experiência e da

escolaridade dos trabalhadores da construção civil no aparecimento de acidentes do trabalho.

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VILLAR, L. F. S.; GOMES, M. T.; LUZ, D. B. V.; MARTINS, S. R. A.; FRÓES, E. A. P.

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VROOM, V. H. Work and Motivation. Nova York: Jonh Wiley, 1964.

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Tecnologia da Informação do Paraná. Disponível em: <http://www.sindpdpr.org.br/faq/que-e-

terceirizacao>. Acesso em: 18 out. 2015.

72

ANEXO A – Aprovação do Questionário

73

ANEXO B - Questionário

O presente questionário tem como objetivo levantar dados para traçar o perfil dos

trabalhadores da construção civil, com o intuito de correlacionar a produtividade ao nível de

escolaridade, acidentes de trabalho e bem-estar (nível de satisfação).

Trata-se de um trabalho acadêmico e destina-se a fins científicos, daí a garantia de sigilo e

anonimato se essa for sua opção. Os sucessos dos trabalhos científicos dependem do

conhecimento dos problemas das indústrias e/ou empreendimentos, e este em especial

depende da sua cooperação, por esta razão agradeço que responda com sinceridade às

perguntas formuladas.

Agradeço sua colaboração.

As questões propostas sobre mão de obra aplicam-se apenas à mão de obra operacional

QUESTIONÁRIO Data: ___/___/___

Empresa:______________________________(Facultativo)

Função do Respondente____________________________

1.0 Qual método construtivo é utilizado na obra?

Reticulado em concreto armado com fechamento em alvenaria de vedação

Alvenaria Estrutural

Outros? Quais?____________________________________________

2 - A Empresa tem algum programa (ação) voltado a Sustentabilidade

SIM Qual?______________________________

NÃO

74

3 - Como é mensurada a Produtividade?

Hh (Homens-hora)/m2, Hh (Homens-hora)/m3, Hh (Homens-hora)/m

Volume/Tempo. Especificar?________________________________

Área/Tempo. Especificar?___________________________________

% Acabado relativamente ao tempo estimado no projeto

% Materiais utilizados

Outros. Especificar________________________________________

4 - Trabalhadores que tenham maior tempo de escola em geral são mais produtivos?

SIM

NÃO

NÃO SEI

5 - Perfil dos 10 trabalhadores mais produtivos

5.1 Nível de Escolaridade (Quantos):

São analfabetos___________

Até 2 anos de escolaridade__________

Completaram o 1o grau_____________

Completaram o 2o grau____________

Curso Específico__________________

5.2 - Tiveram Treinamento______________

SIM De que tipo?_

Conceitual________

Prático________

NÃO

75

5.3 - Recebem por Produtividade

SIM Qual menor salário?_____________

Qual maior salário?_____________

NÃO

5.4 - Sabem executar bem, mais de uma tarefa

SIM

NÃO

5.5 - Demostram satisfação na execução do trabalho

SIM

NÃO

5.6 - Relacionam-se facilmente

SIM

NÃO

5.7 - Adaptam-se a novas tecnologias construtivas

SIM

NÃO

5.8 - São produtivos ainda que isso implique em desperdício

SIM

NÃO

76

5.9 -São menos suscetíveis a acidentes de trabalho

SIM

NÃO

5.10 - Em uma escala de 1 a 5 (sendo 1 muito baixo e 5 muito alto) qual o nível de

conhecimento que a mão de obra apresenta?

1_____ / 2_____/ 3_____/ 4_____/5_____

6.0 Em relação aos demais trabalhadores (mão de obra operacional)

6.1 Quais os percentuais dos níveis de escolaridade ?

Analfabetos ____ %

Até 2 anos de escolaridade _____ %

Completaram o 1o grau _____%

Completaram o 2o grau _____%

Cursos Específicos _____%

6.2 Qual a média salarial?

1 salário mínimo _____________ %

2 a < 3 salários mínimos_______%

3 a < 5 salários mínimos________%

5 a < 7 salários mínimos________%

salários mínimos____________%

6.3 Em uma escala de 1 a 5 (sendo 1 muito baixo e 5 muito alto) qual o nível de conhecimento

que a mão de obra apresenta? (aprendizado por observação, tentativa, etc)

1_____ / 2_____/ 3_____/ 4_____/5_____

77

6.4 Em uma escala de 1 a 5 (sendo 1 muito baixo e 5 muito alto) qual o nível de

aproveitamento da mão de obra em treinamento técnico?

1_____ / 2_____/ 3_____/ 4_____/5_____

6.5 Número de horas desperdiçados com retrabalho em um ciclo completo da obra (se houver)

em relação a possíveis causas

Possíveis causas Horas

desperdiçadas

Falta de capacitação e treinamento da mão de obra

Metodologia de trabalho inadequada

Layout do canteiro de obras inadequado

Falta de sistematização em processos de produção

Falta ou inadequação de materiais

Estrutura organizacional da Empresa

Problemas devido ao atraso na entrega de materiais

Insatisfação do Trabalhador

Falta de Compromisso organizacional

Implementação de mudanças na tecnologia de materiais

Impacto das Chuvas na execução da obra

Roubos excessivos de ferramentas e atrasos na substituição

Falta de Compromisso com a qualidade durante o processo de

execução da obra

* Outras Causas

*Favor

especificar__________________________________________________________________

___________________________________________________

Informar aproximadamente o custo e os desperdícios destes retrabalhos?

Até 5% do custo direto

5% a < 10% do custo direto

10% a < 15% do custo direto

15 a < 20% do custo direto

25% a < 30% do custo direto

30% a <35% do custo direto

35% a <40% do custo direto

Mais que 40% do custo direto

78

6.6 Custos de desperdícios de materiais:

Até 5% do custo direto

5 % a < 10% do custo direto

10% a < 15% do custo direto

15 a < 20% do custo direto

25% a < 30% do custo direto

30% a <35% do custo direto

35% a <40% do custo direto

Mais que 40% do custo direto

7.0 Hoje existe algum programa de treinamento? Se houver, qual o método aplicado?

SIM Conceitual __________ou Prático________________

NÃO

8.0 Em uma escala de 1 a 5 (sendo que 1 muito baixo e 5 muito alto), partindo-se do

pressuposto que a mão de obra desqualificada na obra gera um determinado custo/desperdício,

implantar um sistema de educação/treinamento seria viável?

1_____ / 2_____/ 3_____/ 4_____/5_____

9.0 Existe resistência no uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual)? Se houver,

quais os equipamentos mais desprezados pelos profissionais?

SIM

NÃO

10.0 Qual o percentual de acidentes ocorridos nos últimos 24 meses?

_______________________________________________________________

79

11.0 Quantas horas em média in

cluindo as extras são trabalhadas diariamente?

6 horas

8 horas

9 horas

10 horas

Mais de 10 horas

12.0 O trabalhador entende que as regras e procedimentos voltados à segurança são

necessários

SIM.

NÃO

13.0 Assinale os itens abaixo que são levados em conta pensando no bem estar do trabalhador.

Utilização de equipamentos de proteção individual

Utilização de equipamentos de proteção coletiva

Existência de sinalização adequada na zona de produção

Tempo de exposição ao risco, se for o caso

Informação sobre os riscos potenciais

Informação sobre como utilizar equipamentos

Exigência de Exames Médicos Periódicos

Preocupação com a alimentação

Outros. Favor

Especificar_______________________________________________________

14.0 Existem indícios de que o trabalhador operacional apresenta dependência química.

SIM

NÃO

80

15.0 Em uma escala de 1 a 5 (sendo 1 muito baixo e 5 muito alto), qual o grau de dificuldade

em lidar com a mão de obra operacional?

1_____ / 2_____/ 3_____/ 4_____/5_____

16.0 Atualmente a obra se encontra dentro do prazo estimado do projeto?

SIM. Método de Gerenciamento utilizado.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

NÃO. Favor especificar o motivo.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________

17.0 Até que ponto os aspectos mencionados no quadro abaixo motivam o trabalhador.

Associe cada aspecto a escala proposta:

Nenhuma Influência – NI

Pouca Influência – PI

Média Influência – MI

Alta Influência – AI

Não Sei – NS

NI PI MI AI NS

Ambiente de Trabalho, em relação ao clima organizacional

Condições físicas de trabalho (ruídos, temperatura, etc)

Ergonomia (condições de trabalho bem-estar do trabalhador)

Reconhecimento profissional

Salário

Tipo de Tarefas

Remuneração em função da Produtividade

Treinamento

Existência de Condições de higiene e Segurança

18.0 Comentários (Se necessário)

___________________________________________________________________________

_________________________________________________________________

81

ANEXO C – Artigo 1

82

83

84

85

86

87

88

89

ANEXO D – Artigo 2

90

91

92

93

94

95

96

97

ANEXO E – Artigo 3 – Submetido ao Ambiente Contruído – Revista on-line da

ANTAC/1678-8621

Job satisfaction and worker`s performance from the Brazilian civil construction

industry

Carla Caprara Parizi, Irenilza de Alencar Nääs, Sivanilza Teixeira Machado, Solimar Garcia

Paulista University, Postgraduate Studies Program in Production Engineering

Corresponding author:

Carla Caprara Parizi

Dr. Bacelar St., 1212, São Paulo, Brazil, 04026.002

E-mail: [email protected]

ABSTRACT

Construction companies employ a large number of workers in Brazil. The majority of the

workers have a small degree of education and accept the job as an alternative to

unemployment. This research highlights the difficulties found in the Brazilian construction

industry regarding the employee's motivation and performance, and discuss the relation

between motivation and employment relationship. A questionnaire was applied to two

building companies in São Paulo city. The construction companies that are specialized in

building houses and apartments for families had gone through a restructuring process related

to the labor contracting. The studied factors were selected based on the most common

characteristics of the construction contract work. The questionnaire had items related to the

motivation, to the education level, and degree of the workers. A case-study was done in two

different subcontracting companies. The results indicated the differences in the motivational

factors, especially the working relationship between the construction company and the

employees.

Keywords: worker, satisfaction, subcontract, employment relationship.

98

1 Introduction

The Brazilian construction sector employs approximately seven millions of workers, of which

five million do not have employment ties (Fiesp-CBIC, 2012). These workers do not have

legal benefits as retirements, insurance health, and they are not adequately insured when

exposed to hazardous issues (Iriart and Oliveira, 2008). Workers are reported to be exposed

severe sanitary conditions which are characterized by symptoms such as anxiety,

dissatisfaction, worthlessness, hopelessness, devaluation, and physical exhaustion (Barros and

Mendes, 2003).

The waste material generated by the construction industry represents a concern to industry,

governments and the society. Sustainable practices rely on the quality processes, as well as

the awareness regarding the worker's welfare. According to CNI (2013), 74% of the

construction enterprises face unqualified workers’ issues, and 61% present excessive

employees turnover.

Brazilian construction companies reduce their costs decreasing their social duties by

subcontracting employees that work temporary during the building process. In general, a

subcontracting process takes place by getting the specialized workforce to the construction

operations, and it effectively does not occur since the companies do not provide skilled labor

force (Mitidieri Filho, 2010). Contractors work temporarily as intermediates between the

workers and the companies. This production process is widely applied to the Brazilian

construction sector, and it provides challenging conditions to workers since they are

responsible for the production. To increase their wages, they might overwork beyond their

limits undermining their health and work quality (Barros and Mendes, 2003). Within this

context the workers are compromised in their search for capacitation, impacting their skill

(Borges and Peixoto, 2011). Subcontracting is usually an alternative conducted by the

enterprises to reduce the expenditures due to employment duties, capacitation and any other

aspect related to work (Yamamoto, 2015). For the Brazilian construction industry 71% of

companies subcontract related services, while for the medium and large corporations, this

percentage is near 74% (CNI, 2014).

A stable employment relationship between the employer and employee is not often possible

due to high staff turnover in this sector. The employee-employer relationship in average 5.8

years in the total while the relationship with workers without employment ties

(subcontractors) is in average 2.6 years, in maximum, and it compromises the financial life

and capacitation. It also overcharges the Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT (DIEESE,

2011). The Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT (Brazilian Social Security) aims to fund

the following programs: Unemployment insurance program, salary bonuses program, and the

program of economic development (BNDES, 2015a).

The Brazilian regulation admits subcontracting, and although subcontractors are legally

responsible for the personnel, the companies are also responsible for legal violations against

the workers right. Subcontracting provides legal insecurity to contractors as well as low-

99

quality services and adds up more expenditure than expected (CNI, 2014). The reports from

the National Confederation of Industries (CNI, 2013 and 2014) emphasize the importance of

subcontracting for improving competitiveness, decreasing construction time, and reducing

cost while increase quality. However, 74% of the construction companies face a lack of

qualifications issues and high staff turnover, due to either low primary education or absence

of professional interest. Consequently, subcontracting does not achieve its goal. According to

Mitidieri Filho (2010), subcontracted workforce qualification and training in the construction

industry are not a specialized segment.

The construction workforce is not motivated investing in professional capacitation due

to excessive labor and additionally, the employers do not provide attention to operational

workers due to seasonality and costs regarding short deadlines. A CNI survey reports that

40% of the companies emphasize that tributary duties and 37% that interests rates are their

main difficulties, and the country also face an insufficient internal demand according to

30.7%. Both employers and employees face several obstacles as lack of qualified workforce

to meet the request of the growing construction industry (Mello and Amorim, 2009). Zitkien,

and Blusyt (2015) emphasize there is a need to evaluate the subcontracted workers

performance as well as the processes execution.

This study aimed to identify the causes that affect the employee's welfare in the

construction industry in São Paulo, Brazil. The relationship between employee and employer

was also studied to understand the way it influences the cause-effect association.

2 Methods

A study conducted in São Paulo which is a Brazilian largest city with an estimated population

of 12 million and a 0.805 Human Development Index (HDI) (IBGE, 2014). The ratio São

Paulo GDP/National GDP is represented by 28.7%, and its economy is characterized by a

developed industry biased toward the internal market, which depends on the national

economic policy (SEADE, 2012).

A survey was carried out involving specialists and civil engineers focused on the

construction staff from December/2013 to February/2014 totalizing 26 construction teams

with 260 employees. The selected companies must have at least ten employees to attend this

survey and respond efficiently to the profile of the operational workforce.

The technique of Cluster Analysis was applied to the data using the software

STATISTICA (Ogliari and Pacheco, 2011). The Cluster Analysis was used adopting the

method of mean connection between the groups and using the Euclidean distance to evaluate

if there was a divergence between the criteria adopted by the civil engineers. The objective of

the Cluster Analysis was to group with homogeneous properties allowing better

comprehension of the group characteristics (Härdle and Simar, 2012).

100

2.1 Survey

A questionnaire was applied using closed questions to analyze de factors that are related to the

satisfaction of the workers in the construction industry. The selected criteria were the

“organizational climate”, “physical conditions of work” (noise, temperature, etc.)”,

”ergonomics” (regarding workers’ welfare), “professional recognition”, “wage”, “Type of

task”, “Payment by productivity”, “Training” and “ hygiene and safety conditions”.

The criteria values vary according to the adapted Likert scale where 1 represents none and 5

high satisfaction for the construction teams. Intermediate values were homogeneously

distributed according to the upper and lower limits of the range. The survey procedures and

objectives were explained to all supervisor’ engineers as well as the criteria and values to

avoid incorrect evaluations that would interfere with the results. The respondents were a

subcontractor or the representative of the subcontracted companies.

2.2 The Case-Study

Two construction industry companies (A and B) were analyzed before and after a

restructuring process. The reorganization in the enterprise A increased its directly employed

workforce from 30 to 90%. This change was conducted since the company identified that the

subcontracting(temporary) labor force represented 70% of employees. These workers

performed several tasks with poor quality, increasing the waste and presenting a high re-work

level. The enterprise also provided the scales of satisfaction and the hours lost before and after

its restructuring process. The company B was analyzed before its restructuring process, where

subcontracting (temporary) represented 100% of the workforce, and after it was directly

employed workers represent 100% of the workforce.

The selection criteria of the companies took into consideration the procedure the

enterprises adopt when conducting a labor force contraction and restructuring process. The

studied cases are exceptions in Brazil since most companies utilize subcontracting processes

(Mitidieri Filho, 2010). Both surveyed companies are classified as medium size by the

National Bank of Development (BNDES, 2015b), which means that their annual revenue

varies from US$ 4.16 to 23.5 million. According to Rodrigues et al. (2013), small and

medium size enterprises in the construction industry are absorbed by large ones that dominate

the high-income market and also influence the middle and low-income markets.

Consequently, small and medium size enterprises must improve their processes and products

to face this competition allied to the current situation of the national market.

Data were analyzed using descriptive statistics and frequency analyses using the

software Statistica (Ogliari and Pacheco, 2011).

101

3 Results

All the surveyed enterprises either subcontractor provide subcontracted employees,

except for A and B, which were analyzed in the case study after their restructuring processes.

The average of the answers obtained from the satisfaction factors survey is four,

indicating that the set of variables contributes to employees’ satisfaction. The variance

coefficient shows that the wage is the variable that provides most relation to workers’

satisfaction (17.4%). The variables “organizational climate”, “ physical conditions of work”

(noise, temperature, etc.), “professional recognition”, “type of task” and “hygiene and safety

conditions” represented 24.8% of the answers. The variables “ergonomics” (regarding worker

welfare), “payment by productivity ”and “training” represented 36.3%, and these variables

presented greater variances amongst the constructions teams (Table 1).

Table 1 –Descriptive statistics of the analyzed variables regarding workers’ satisfaction in the

construction industry based on the result of a Likert scale (n = 26).

Variables Average SD Minimum Maximum VC%

Organizational Climate 4.115 0.993 1 5 24.1

Physical Conditions 3.885 0.993 1 5 25.2

Ergonomics 3.577 1.419 1 5 39.6

Professional Recog. 4.385 0.898 1 5 20.4

Wage 4.731 0.827 1 5 17.4

Type of task 3.923 1.093 1 5 27.8

Payment by productivity. 4.231 1.478 1 5 34.9

Training 3.654 1.263 1 5 34.5

Hygiene 4.231 1.142 1 5 26.9

The same variables were analyzing using Cluster Analysis and three groups were identified

after a standard cut of 50% of the dissimilarities in the dendrogram (Figure 1). The group G2

formed by the variables “wage” and “professional recognition” were the groups with the

lower coefficient of variation with an average of 18.9%. The variable grouped in G1 were the

“organizational climate” physical conditions of work,” “hygiene and safety conditions”, and

“type of task” with a coefficient of variation with a mean value of 26%. In the group G3, the

variables grouped were “training,” “payment by productivity,” and “ergonomics” with a

coefficient of variation higher than the other with an approximate mean of 36%.

102

Figure 1. Dendrogram representing the dissimilarity between the analyzed variables.

These results suggest that the group G2 has higher representatively for the workers since in

the group are concentrated the variables with the smallest coefficient of variation. The

grouping might have occurred due to the treatment some workers received during the study.

In G1 and G3 the companies grouped could be those that needed to review their work

environment (hygiene conditions, and labor welfare amongst others) as all factors are

practically connected to this environment. In G2 the companies offer most likely a more

organized work environment leading their worker to increase their expectations about wages

and professional recognition. Those are companies that can be that have a higher number

directly employed than subcontracted (temporary).

All selected studied variables contributed to the employees’ satisfaction according to

the answers for the survey. Using the results, a case study was carried out in the companies’ A

and B. The company A led a restructuring process increasing its directly employed workforce

from 30 to 90%, as shown in Table 2. According to the supervisor, subcontracted workforce

was more expensive, and it provides low-quality services when compared to the worker

directly employed by the company. The company B was selected for the previous 100%

subcontracted workforce experience and the change to current 100% directly employed

workforce (Table 2).

103

Table 2. Comparison between employees’ satisfaction for enterprises A and B, before and

after their restructuring processes towards the worker contract.

Organizational structure

Variable Before After

Organizational climate A+ B

** A

+B

**

Physical Conditions A+B

+ A

+B

**

Ergonomics A**

B**

A**

B**

Professional Recog. A+ B

+ A

*B

*

Wage A* *

B**

A*B

*

Type of Task A**

B**

A**

B*

Payment by product. A* B

* A

+B

+

Training A+ B

** A

*B

*

Hygiene A++

B++

A*B

*

In relation to the degree of influence: *=high;

**=average;

+=less than average;

++=none;

#=unknown.

For the company A, the variables “professional recognition”, “wage”, “hygiene and

safety conditions”, and “training” are classified as high level of importance to workers’

satisfaction, while subcontracted workers bias toward “payment by productivity” (Table 2).

For company B, the factors physical conditions, professional recognition, wage, type of

task, training, and “hygiene and safety conditions” are more important to direct employed

workforce while “payment by productivity” is more relevant to subcontracted workers. The

present study also evaluates the leading causes of wasting time and rework in a full cycle of

the construction process (Table 3).

Table 3. Comparison of the possible causes for wasting time before and after company’

restructuring – company A*

Causes Hours lost (%)

Before After

Lack of training 10 0

Dissatisfaction 20 6

Lack of commitment 10 1

Tools robbery and delay for its replacement 15 3

Lack of commitment to the quality during the

construction

20 2

*Data provided only by the company A.

104

The waste of time was reduced after the restructuring process. The following variables were

an indication of the reduction: “lack of commitment to the quality during the construction”

=18%;“dissatisfaction”=14%;“tools robbery and delay for its replacement” = 12%;“lack of

training” =10%;“lack of commitment” = 9%. The company A presented a reduction in the

expenditures regarding wasting of materials and re-working. Before the restructuring, the cost

in waste represented 15 to 20% and 5 to 10%, respectively. After the restructuring process,

these values present were reduced by 5%. The enterprise B did not provide the respective

data.

4 Discussion

The requirements for knowledge and skills in the sector construction demand for new

educational/capacitation processes that must include the concepts of innovation and

sustainability in the supply chain, such as time, energy and wasting reduction. New

technologies and more flexible practices must be introduced in the segment (Cetkovic et al.,

2015). Ng et al. (2004) concluded that the total wasted time regarding dissatisfaction varies

from 5.1 to 13.6 hours per worker per week, where a week is represented by 48 h/week in

Hong Kong. Gogolová (2015) discusses that the welfare of employees must no be considered

as expenditure since satisfied workers contribute to the results of the business.

The case study results suggest that the payment by productivity is the most influent factor for

subcontracted workforce differently for the directly employed workers where wage,

professional recognition and “hygiene and safety conditions” are the main factors for

satisfaction. Consequently, a company that creates formal job opportunities produces a

motivator factor that might lead its employees to progress in the sector. The creation of legal

relationships between employer and employee generates commitment and professional reward

possibilities. The factors that burden the workers can be more easily meditate due to a formal

commitment (McKenzie 2015). The organization culture is apprehended when a legal

relationship between employer and employee is established.

According to McKenzie (2015) the stress factors that trigger the interpersonal conflicts in

the work environment can cause productiveness losses, satisfaction reduction and lawsuits

from psychological damages. The Vroom Theory (1964) evidences that motivation is related

to a process that is not only dependent on personal objectives but also to an organizational

context, which workers are inserted.

Azevedo and Salomão (2011) consider the corporate culture is a fundamental element

to labor productivity. Both organizational commitment and satisfaction impact the labor

productivity (Nasirzadeh and Nojedehi, 2013). Kazaz and Acikara (2015) observe that the

budget of a project depends, mainly on the workers’ productivity, in accordance with the

findings of Al-Saleh (1995) and Mahamid (2013).

105

Workers in the construction industry consider their activities unrecognized (Oliveira

and Iriart, 2008). However, the frustration of subcontracted employees is even greater since

their rights are reduced, which depreciate the workers that lose their collectivity identity

(Lima, 2010), and it creates a temporary employment-unemployment condition leading the

workers to a stigmatized, discriminatory and excluded condition (Takahashi et al., 2012).

According to Del Fiaco et al. (2013), workers’ welfare is vital to both enterprise and

employees growth, and it is necessary that the company ameliorate the labor conditions, and

keeping a healthy relationship with workers.

Motivation increasing and commitment are the factors that influence the productivity

due to more efficient resource allocation and adequate qualification to the workforce

(Nasirzadeh and Nojedehi, 2013). Leung et al. (2012) indicates that the main factors that drain

the construction employees are related to unfair treatment, inappropriate safety equipment,

capacitation, lack of objectives and the inappropriate working environment. According to

Hoffmeister et. al (2015) the Ergonomic Climate Evaluation can help enterprises to categorize

these factors to improve the workers’ operation welfare.

The cost reduction is the main reason for 90% of Brazilian companies to subcontract their

workforce, and only 2% aims for the technically skilled labor force (DIEESE, 2011). The

subcontracting process generates, besides uncertain work, long journeys and an exhaustive

working pace causing social damages such as material wasting, low-quality services,

environmental issues and impoverishment of workers leading to – “contract frauds, fiscal

evasion, corruption, increasing of governmental expenditures of Social Security”.

There are other countries where subcontracted workforce is more efficient than in Brazil.

Jarkas and Bitar (2012) observed that the subcontracting process in Kuwait encourages the

employees’ organization leading to more commitment, and productiveness by less frequent

pauses during the construction and emphasizing the project instructions. According to Arditi

and Chotibbongs (2005), which conducted research in the USA, the operations carried out by

subcontracted are more efficient once the services provided are specialized, including all

necessary equipment and it demonstrates economic efficiency and services efficiency.

Conceptually, motivation and/or satisfaction are considered constant, infinity and complex

(Maslow, 1943). It can be difficult to measure the satisfaction at work because people define

it differently. However, the comprehension regarding the main factors that affect the work

environment and the staffs aiming to propose solutions to improve the relationship between

employers and employees might produce good results to the companies. More motivated and

satisfied workers are enthusiastic and proactive. They can produce more and respond more

efficiently to instructions. Their working stride is driven by feelings such as proud,

satisfaction and responsibility when comparing to demotivated and discouraged workers

(Jarkas and Bitar, 2012).

Subcontracting in Brazil has been a discouraging process to workers due to poor conditions,

low efficiency regarding employees’ qualification, and the expected results for the

subcontractor. This process is also unsatisfactory to the society that demands sustainable

production and operational processes.

106

5 Conclusion

A company that follows a management system based on high workforce turnover ruins the

workers’ expectations, and since they have no personal objectives, they are consequently

demotivated. The construction sector depends on the quality of its workers’ performance that

demand for formal professional relationships that allowed them to set their personal and

vocational objectives, contributing to their performance and the business’ success. The long-

term investment in human resources management is a first step to improving the construction

processes. The results suggest that, for the current construction scenario in São Paulo city, the

directly employed workforce is more advantaged when compared to the subcontracted groups.

For the enterprises, there are several variables in this process such as the social duties, the

insufficient internal demand, and the construction seasonality. The direct employment of the

workforce is somehow avoided due to the construction industry even when direct employment

of labor results in some immediate advantages to the construction segment in medium and

long-term. Since this is a complicated setup, the establishment of more strict control to

supervise the construction activities for both subcontracted and directly employed workforce

should be enforced.

Acknowledgement

The authors thank CAPES - Coordination of Improvement of Higher Education in Brazil –

and Paulista University – UNIP - for the scholarship amount that guaranteed the development

of the work.

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110

ANEXO F – Artigo 4 – Submetido a Revista Espacios.

Fatores que influenciam na produtividade do trabalhador da construção

civil

Carla Caprara PARIZI

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Engenheira

Civil, (BOLSISTA - PROSUP) mestre em Habitação, Planejamento e Tecnologia pelo

Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (2003). Professora adjunta da

Universidade Cruzeiro do Sul. Contato: (11) 973354427

Irenilza de Alencar NÄÄS

Professora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Engenheira

pela UNICAMP e mestre em Agricultura, pela Cal Poly State University, concluiu PhD em

Agricultural Engineering na Michigan State University, em 1980. Hoje é professor titular na

Universidade Paulista. Professora colaboradora na Universidade Estadual de Campinas e na

Universidade Federal da Grande Dourados, Brasil e na Florida University, EUA. Contato:

[email protected]

Solimar GARCIA

Doutora em engenharia de produção. Professora da Universidade Paulista UNIP e

pesquisadora em Agronegócio, Sustentabilidade, Simulação e Transportes. Membro do grupo

de pesquisa Estudo das Redes Produtivas do Agronegócio. Contatos: (11) 96194.5552 –

[email protected].

Afiliação: Universidade Paulista, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de

Produção.

111

Corresponding author:

Carla Caprara Parizi

Dr. Bacelar St., 1212, São Paulo, Brazil, 04026.002

E-mail: [email protected]

Resumo: A construção civil gera um número significativo de empregos,

principalmente de trabalhadores com pouca qualificação e qualquer alteração na economia

atinge fortemente o segmento. A produtividade pode ser afetada por vários fatores, de

natureza externa como carga tributária, e de natureza interna, como o perfil da mão de obra,

falta de planejamento e controle. Este trabalho estima a produtividade dos principais serviços

da construção de edifícios residenciais sob a influência de fatores que causam desperdícios de

horas. Dentre eles o fator insatisfação apresenta-se em destaque. Concluiu-se que a

produtividade pode ser aumentada quando o controle é mais rigoroso e centralizado.

Palavras–chave: produtividade, construção civil, insatisfação.

Factors that influence the productivity of construction worker

Abstract

The construction industry generates a significant number of jobs, especially for

workers with little qualification and any change in the economy strongly affects the segment.

Productivity can be affected by many factors, external nature as tax burden, and internal, as

the profile of the workforce, lack of planning and control. This paper estimates the

productivity of the main services of the construction of residential buildings under the

influence of factors that cause hours worked waste. Among them dissatisfaction factor

presents highlighted. It was concluded that productivity can be increased when the control is

more rigorous and centralized.

Keywords: productivity, construction, dissatisfaction.

112

1. Introdução

A indústria da construção civil apresenta-se como um setor no qual a informalidade

está muito presente, gerando alta rotatividade dos trabalhadores e, consequentemente, uma

interrupção no aprimoramento de sua qualificação técnica.

O setor é importante porque reflete o desempenho da economia de um país, e na atual

conjuntura recessiva do Brasil o setor também apresenta enfraquecimento, embora não deva

ser negligenciado devido ao número significativo de emprego de trabalhadores,

principalmente os pouco qualificados. Assim, apesar do enfraquecimento atual, como mostra

o gráfico 1, trata-se de um setor que empregou segundo Câmara Brasileira da Indústria da

Construção - CBIC e Fundação Getulio Vargas - CBIC e FGV (2012), sete milhões de

trabalhadores, dos quais cinco milhões de maneira informal. O gráfico 1 mostra o valor

agragado bruto (VAB) da construção civil desde 2000 até 2015, 2014 e 2015 referem-se às

contas nacionais trimestrais. Uma das formas de se calcular o PIB é a partir do valor gerado

em cada empresa, conhecendo-se o VAB de cada empresa pode-se calcular o valor do PIB.

Gráfico 1 – Dados de crescimento da indústria da construção civil

113

Fonte: IBGE apud banco de dados Câmara Brasileira da Indústria da Construção CBIC

(2016).

Segundo a CBIC - FGV (2014), em 2012 o produto do setor da construção civil

cresceu 8%, porém as empresas perderam produtividade, declinando a uma taxa média de

0,4% ao ano entre 2007 e 2012, enquanto os serviços especializados apresentaram queda

acentuada de 3,3% ao ano. A produtividade pode ser afetada por vários fatores sejam de

natureza externa, tais como elevada carga tributária, deficiências da infraestrutura, encargos e

restrições comerciais, afetando de um modo geral toda a economia, ou ainda por fatores

internos.

Segundo Nasirzadeh e Nojedehi (2013), é necessário investimento para investigação

dos fatores que afetam a produtividade, embora sejam complexos e correlacionados entre si,

não existindo, segundo estes autores, uma única causa para a baixa produtividade do setor.

Segundo Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ABDI (2009), o prazo médio para

execução de obras de edificações no Brasil é três vezes maior que nos Estados Unidos.

Ogunde et al. (2016), em um estudo feito com 48 profissionais atuantes em

construtoras na Nigéria, determinou vários fatores prováveis que afetam a entrega de projetos

de construção indígena de pequeno porte em diferentes graus, entre eles, a falta de habilidades

gerenciais e de planejamento.

Implementar política de motivação bem formulada desencadeia as qualidades inatas de

trabalhadores, aumentando a sua produtividade. Os trabalhadores que são inadequadamente

motivados tornam-se ressentidos com seu trabalho, bem como a falta de dinheiro também

causa a desmotivação (Ibironke et al., 2011).

Mojahed e Aghazadeh (2007) encontraram vários fatores que influenciam na

produtividade, os fatores com maior peso foram “habilidades e experiência da força de

trabalho”, “gestão”, “planejamento”, “motivação dos trabalhadores” e “disponibilidade de

materiais”. Os autores sugerem que é necessário um comprometimento em todas as ações com

o intuito de aumentar a produtividade.

A Tabela 1 mostra alguns trabalhos que levantaram fatores que influenciam na

produtividade.

114

Tabela 1 – Trabalhos realizados voltados a analisar a produtividade

Pesquisador/ano Fatores que influenciam na produtividade

Allen (1995) Nível de habilidade dos trabalhadores.

Adrian (1997)

Impacto do trabalho por turnos na produtividade/estendeu a

ideia de agendamento de tarefas mais difíceis.

Rojase Aramvareekul (2003)

Descobriram que a habilidade de gestão é um dos

impulsionadores mais influentes da produtividade.

Thomas et al.(2002)

Mostraram que a variabilidade no desempenho dos projetos

estão correlacionados ao fluxo de equipamentos, informação,

natureza do projeto, método de construção, o

congestionamento, o mau tempo, trabalhos fora de sequência e

as práticas de gestão da força de trabalho, condições

meteorológicas adversas, programação de horas extras, entre

outros.

Pan (2007)

Impacto das chuvas no projeto.

Hanna (2005)

Impacto das horas extras.

Hanna et al. (2008)

Avaliação dos turnos de trabalho.

Westover et al. (2010)

Impacto da satisfação do trabalhador e o compromisso

organizacional.

Goodrum et al. (2009)

Constatou que as atividades apresentam significativa melhora

no longo prazo quando implementadas mudanças na tecnologia

115

de materiais.

Walkins et al. 2009

Mostrou que o congestionamento em canteiros de obras pode

reduzir a produtividade.

Fonte: Adaptado de Mojahed e Aghazadeh (2007) e Nasirzadeh e Nojedehi (2013).

Mattos (2010) considera que em grande parte das estimativas de durações de

atividades são acrescentadas margens de segurança além do necessário, e além disso existe

uma prática comum na construção civil que é a tendência de se iniciar a obra quando o prazo

final está próximo de se esgotar.

Segundo Carraro (1998), conhecer os fatores que influenciam a produtividade é tão ou

mais importante que calcular as estimativas de produtividade.

Segundo CBIC - FGV (2014), devido ao forte crescimento da indústria da construção

Civil no período de 2007 a 2012 as empresas passaram a subcontratar serviços especializados,

com a intenção de obter vantagens em relação ao ganho de tempo e para não perder novas

oportunidades de negócios. Outro fator a ser levado em consideração nos últimos anos é o

aumento da instrução formal, que embora tenha ocorrido, não refletiu em elevação dos

indicativos de produtividade, segundo mostra o estudo, é imprescindível a qualificação,

porém, não é suficiente.

Os relatórios apontados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI, 2013; 2014)

enfatizam a importância das subcontratações por questões de competitividade, no intuito de

ganhar tempo, reduzir custos, aumentar a qualidade, porém 74% das empresas enfrentam

problemas com a qualificação do trabalhador. Segundo Mitidieri Filho (2010), o processo de

treinamento e qualificação de trabalhadores subcontratados na construção civil não é

especializado.

A contratação de equipes qualificadas e experientes têm custo muito alto para as

empresas e isso também é um fator para a falta de disponibilidade de pessoal competente na

construção civil. Assim, durante o projeto trabalhadores ou empreiteiros podem não seguir os

procedimentos corretos e não trabalhar de acordo com as especificações dadas, entre outros

fatores, não corroborando com a sustentabilidade e reduzindo a vida útil do edifício

(Ugochukwu e Onyekwena, 2014).

116

É fundamental para o crescimento de uma empresa e de seus colaboradores que haja

uma valorização por parte da empresa, de melhores condições de trabalho e de tarefas e

encontrar quais fatores motivam/satisfazem os trabalhadores.

Para Ng et al. (2004), a desmotivação influencia a produtividade do trabalhador. Este

trabalho visa estimar a produtividade dos principais serviços da construção de edifícios

residenciais sob a influência de fatores que causam desperdícios de horas.

2. Metodologia

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica para estudar o perfil da mão de obra

operacional da construção civil e uma pesquisa de campo para levantamento de dados,

aplicada aos especialistas, engenheiros da construção civil, tendo como foco as equipes de

obras, no período de dezembro/2013 a fevereiro/2014, correspondendo a um total de 26

empresas voltadas a construção.

Neste trabalho são analisadas as respostas relativas aos possíveis atrasos nas obras e

suas causas. Os gestores das obras ficaram livres para apresentar suas justificativas. Além

deste questionamento foram propostos alguns fatores que possivelmente causassem

desperdícios de horas de trabalho e os mesmos responderam pautados nestes fatores.

Tomando-se como referência os índices das Tabelas de Composições de Preços para

Orçamentos (TCPOs), que é uma das principais referências para a preparação de orçamentos

de obras no Brasil, estimou-se as taxas de produtividades dos principais serviços para

construção de um edifício residencial influenciadas por fatores propostos que causam

desperdício de horas.

3. Resultados e Discussão

A Tabela 2 apresenta as respostas e justificativas das 26 empresas/construtoras

analisadas.

117

Tabela 2 – Respostas e justificativas das 26 empresas/construtoras analisadas para a pergunta:

Atualmente a obra se encontra dentro do prazo estimado do projeto?

Empresa Resposta Justificativa

1 Não Modificação de projeto.

2 Não Atraso na entrega de material e dificuldade em encontrar mão de

obra qualificada.

3 Sim Rigoroso sistema de metas para todos os serviços. Sistema de

armazenamento de materiais. Qualidade de serviço.

4 Sim Formalização de um programa de metas com ganhos extras caso as

metas sejam cumpridas ou superadas.

5 Não A mão de obra era subcontratada, a empresa apenas gerenciava. Por

causa da falta de qualidade e dos constantes atrasos, a empresa

contratante decidiu assumir toda a obra.

6

Não

Os atrasos foram decorrentes da equipe de projeto que demorou a

elaborar os projetos executivos e a fiscalização que não aprovou em

tempo hábil. Os atrasos na liberação e compra dos materiais e a

falha na elaboração da documentação de qualidade que aprova e

libera o material para o campo.

7 Não Falta de projetos detalhados para execução da obra, pendência de

trabalhos a serem executados por terceiros e atraso de pagamentos

das NFs emitidas junto a Prefeitura. Já solicitado prorrogação de

prazos.

8 Sim Acompanhamento das etapas de construção.

9 Não Falta de mão de obra qualificada.

10 Sim Reuniões para sincronizar os cronogramas das empresas envolvidas.

11 Não Falta de qualidade nos serviços.

12 Não Trabalhadores desmotivados.

13 - Não Problemas com o projeto, por ser uma obra pública, houve demora

nas definições.

14 Sim Planejamento e cronogramas físico/financeiros atendendo as metas

definidas pela diretoria.

15 Não Trabalhadores desmotivados.

16 Não Não respondeu

17 Sim Sequências corretas de serviços. Controle rigoroso no

acompanhamento da obra.

18 Não Falta de qualidade nos serviços/falta de planejamento adequado.

19 Não Chuva. Atraso no pagamento das medições.

20 Não A obra é dentro de um hospital e temos alguns serviços como piso e

forro que não podemos realizar. O hospital precisa comprar as

máquinas que compõem esse setor, pois são grandes e pesadas e só

118

poderá ser realizado o acabamento após a instalação das mesmas.

21 Não Atraso na entrega de materiais/falta de planejamento adequado.

22 Não Liberação para execução dos trabalhos. Interferências encontradas

no subsolo. Tipo de solo não favorável. Defeitos em equipamentos.

23 Não Falta de planejamento adequado.

24 Não Devido principalmente a falta de mão de obra qualificada para

serem desenvolvidas certas tarefas com qualidade e que tenham

uma boa eficiência e rapidez.

25 Não Trabalhadores insatisfeitos.

26 Sim Utilizamos cronograma de atividades simples em Excel e fazemos

um acompanhamento firme e diário.

Os dados apresentados na Tabela 2 mostram que aproximadamente 74% das empresas

analisadas apresentam atrasos nas obras. As principais causas apresentadas pelos gestores das

empresas são: dificuldade em encontrar mão de obra qualificada, falta de planejamento

adequado, falta de qualidade nos serviços, atraso na entrega dos materiais e trabalhadores

insatisfeitos. As empresas que não apresentam atrasos na obra usam, como estratégia,

controles rigorosos de produtividade. A mão de obra pouco qualificada é um fator

generalizado quando se trata de construção civil, as empresas que apresentaram-se em dia

com o seu cronograma, supostamente também devam enfrentar problemas com a mão de obra,

ou com possível gerenciamento de exceções, porém o planejamento e o controle rigoroso e

diário trazem benefícios capazes de superar a maioria das dificuldades típicas de qualquer

obra.

Desta forma uma empresa que possui mão de obra direta e não subcontratada é capaz

de concentrar maior controle de todas as atividades desenvolvidas, já as empresas que

subcontratam mão de obra possivelmente apresentem maior dificuldade devido à dispersão de

controle. Controle, segundo Cardoso (2011, p. 27), “previne que os erros se propaguem pelas

várias etapas, possibilitando a correção do planejamento a tempo de serem recuperados os

prazos para atingir os objetivos inicialmente definidos”.

Em outra análise, as empresas foram questionadas quanto à quantidade de horas

desperdiçadas devido a alguns fatores propostos, cuja média das 26 empresas analisadas

encontra-se na Tabela 3, coluna 3, levantados neste trabalho, enquanto que as horas

desperdiçadas na Empresa “X”, antes e depois da reestruturação já foram apresentadas em

Parizi et. al. (2016).

Os fatores que apresentaram maior desperdício de horas e que influenciam na

produtividade são: “falta de capacitação e treinamento da mão de obra”, “insatisfação do

trabalhador”, “falta de compromisso organizacional” e “falta de compromisso com a

qualidade”.

119

Tomando-se como referência os índices das Tabelas de Composições de Preços para

Orçamentos (TCPO) estimou-se as taxas de produtividades influenciadas por esses fatores:

“falta de capacitação e treinamento da mão de obra”, “insatisfação do trabalhador”, “falta de

compromisso organizacional” e “falta de compromisso com a qualidade durante o processo de

execução da obra”.

Sendo assim, a Tabela 3 mostra as horas desperdiçadas pela média dos questionários,

antes e após a reestruturação da empresa “X”, associadas às causas propostas. A empresa “X”

da indústria da construção com atuação na construção de edifícios residenciais, foi analisada

em dois momentos, antes e depois da reestruturação. A reestruturação pautou-se na

porcentagem de mão de obra direta empregada nos processos construtivos. A empresa

selecionada passou de 30 para 90% de trabalhadores diretos, anteriormente à reestruturação

eram subcontratados 70% da mão de obra e posteriormente apenas 10%.

Tabela 3 – Análise das horas desperdiçadas, considerando a média de 26 questionários e antes

e após a reestruturação da empresa “X”.

Causas

Horas desperdiçadas (%)

Empresa X Média das

26 empresas

analisadas

*Antes

Reest.

*Após

Reest.

Falta de capacitação e treinamento 10 0 16

Insatisfação do trabalhador 20 6 15

Falta de compromisso organizacional 20 2 20

Falta de compromisso com a qualidade

durante o processo de execução da obra

20 2 20

*Dados obtidos de Parizi et al. (2016).

Os resultados demonstraram que a média das 26 empresas, todas elas ou subcontratam

ou são subcontratadas, assim como a empresa “X” antes da reestruturação, são próximos,

relativamente às horas desperdiçadas, enquanto a média do conjunto das empresas é de 17,75,

a média da empresa “X” antes da reestruturação foi de 17,5. A empresa “X” ao sofrer uma

reestruturação, apresentando em seu novo quadro de trabalhadores 90% de mão de obra

direta, diminuiu suas horas desperdiçadas apresentando uma nova média de 2,5%.

Notou-se também que o fator “insatisfação do trabalhador” foi o que teve menor

redução de horas desperdiçadas, embora tenha apresentado redução de 70% após a

120

reestruturação, as outras causas reduziram-se em torno de 90% e no caso da falta de

capacitação em 100%. Este resultado pode indicar que entre as causas de maior influência nas

horas desperdiçadas está a “insatisfação do trabalhador”, os demais melhoram

significativamente quando os trabalhadores são diretos e não subcontratados. Conhecer os

fatores de satisfação pode trazer benefícios à produtividade dos trabalhadores, embora seja

uma tarefa complexa, pode apresentar-se como um bom investimento se interpretados e

convertidos em ações sistematizadas e dinâmicas propostas pela empresa, principalmente

quando ela precisa apresentar saídas sustentáveis para sobrevivência em um mercado

competitivo. Segundo Oliveira e Iriart (2008), os trabalhadores da construção sentem-se

desvalorizados socialmente, não executando com satisfação suas atribuições.

Para Kazaz e Ulubeyl (2006), o salário é o fator de satisfação mais importante para a

produtividade, embora, devido a complexidade que é entender a motivação, a sua suposta

solução não implicaria necessariamente em alta produtividade. Vroom (1964) considera que a

compensação monetária supre as necessidades de primeiro nível reduzindo as carências e

necessidades, em sua maioria as imediatas, influenciando também na motivação.

O estudo de Ogunde et al. (2016) mostra que quando os fatores tempo, qualidade e

custo são equacionados, melhora o desempenho das empresas e recomendam a utilização das

tecnologias de informação e comunicação para melhorar o desempenho e tornar o fluxo de

trabalho mais fácil, projetando ainda a melhoria da gestão e do planejamento como pontos

fundamentais para a entrega dos projetos de construção.

A falta de boa comunicação na construção civil pode ser um grande problema e nos

países em desenvolvimento, a comunicação entre os trabalhadores no local e o escritório do

empreiteiro é muito limitado. Assim, os problemas urgentes não são resolvidos de imediato

devido à falta de comunicação entre os trabalhadores do local e gestores de (Ogunde et al.,

2016; Wasi et al., 2001; Abdullah et al., 2011).

Um estudo chinês aponta que um novo campo de estudo interdisciplinar na engenharia

chamado naquele país de gestão da engenharia deve ser criado para acompanhar o

desenvolvimento econômico e social da China. O estudo sugeriu que esta área da ciência

precisa adequar e criar disciplina na formação inicial de profissionais da engenharia de

construção (Zheng; Cheng, 2015).

121

Para Dacul et al. (2002), somente a oferta de dinheiro inibe a criatividade das

empresas na busca de novos processos para aumentar a produtividade. Segundo Tabassi,

Ramli e Bakar (2012), para os trabalhadores permanecerem produtivos, programas de

carreira, treinamento e motivação devem estar disponíveis, para dar suporte as necessidades

físicas e emocionais dos mesmos.

O efeito da desmotivação profissional recai sobre a produtividade do trabalhador,

impactando diretamente os custos e despesas da empresa. Custos e despesas relacionados aos

fatores de produção, rendimento, qualidade do produto ou serviço prestado.

Foram aplicados sobre a produtividade obtida por meio de índices estimados pela

TCPO nos principais serviços necessários para a construção de um edifício residencial no

Brasil, a produtividade com interferência da “falta de capacitação e treinamento da mão de

obra”, produtividade com interferência da “insatisfação do trabalhador”, produtividade com

interferência da “falta de compromisso organizacional” e a produtividade com interferência da

“falta de compromisso com a qualidade” durante o processo de execução da obra,

considerando em cada um dos fatores a média dos questionários, e a empresa “X”, antes e

depois da reestruturação, conforme mostra a Tabela 4.

Segundo CBIC - FGV (2014), devido ao forte crescimento da indústria da construção

civil no período de 2007 a 2012, as empresas passaram a subcontratar serviços especializados,

com a intenção de obter vantagens em relação ao ganho de tempo e para não perder novas

oportunidades de negócios. Porém esse aumento das subcontratações provocou a transferência

da responsabilidade de controlar a produtividade das construtoras para diversas fornecedoras.

O resultado desse disperso controle aparece na forma de redução de produtividade. Os

resultados, após a reestruturação da empresa “X” para 90 % de mão de obra contratada,

indicaram que há uma interferência menor na produtividade quando os trabalhadores são

diretos, pois o controle da produtividade fica centralizado e não disperso, como é o caso de

várias subcontratadas trabalhando simultaneamente em um mesmo canteiro de obras. Além

disso, o estudo sugere que o compromisso com a empresa e com a qualidade do trabalho se

estreitam quando a empresa cria laços com seus colaboradores.

A construção civil envolve muitas variáveis e é muito dinâmica. Segundo Mattos

(2010), ignorar as produtividades consideradas no orçamento significa ficar sem parâmetro de

controle.

122

Estabelecer taxas de produtividade é algo complexo, a fixação das mesmas decorre de

experiências anteriores, que nem sempre são válidas para o futuro, pois sofrem influência de

vários fatores, alguns deles apresentados neste trabalho. A Tabela 4 foi concebida com o

intuito de mostrar as variações pelas quais as taxas de produtividade podem ser conduzidas e a

dependência de fatores, alguns controláveis e outros não.

123

Tabela 4 - Principais causas de horas desperdiçadas e sua interferência na produtividade do trabalhador

*Serviços

**

Pro

du

tiv

idad

e Produtividade com

interferência da falta de

capacitação e treinamento

da mão de obra.

Produtividade com

interferência da

insatisfação do

trabalhador.

Produtividade com

interferência da falta de

compromisso

organizacional.

Produtividade com

interferência da falta de

compromisso com a

qualidade durante o

processo de execução

da obra.

Méd

ia

do

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esti

on

ário

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(-1

6%

)

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A

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ção

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(0

,0%

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%)

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)

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ção

(-2

%)

INSTALAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRA Instalação do canteiro de obra – abrigo provisório de

madeira executado na obra com dois pavimentos para

alojamento e depósito de materiais e ferramentas

(m2/h)

0,075 0,065

0,068 0,075 0,065 0,063 0,071 0,063 0,068 0,074 0,063 0,063 0,74

Locação da obra, execução de gabarito (m2/h) 7,69 6,63 6,99 7,69 6,69 6,41 7,25 6,41 6,99 7,61 6,41 6,41 7,54

MOVIMENTO DE TERRA Escavação mecanizada em campo aberto até 4 m de

profundidade (m3/h)

57,5 49,57 52,27 57,5 50,0 47,91

54,25 47,92 52,27 56,93 47,92 47,92 56,37

SERVIÇOS GERAIS INTERNOS Bandeja salva-vidas primária, de madeira – com forro

em tábua – largura 2,50 m (m/h)

0,33

m/h

0,28

m/h

0,30

m/h

0,33

m/h

0,29

m/h

0,28

m/h

0,31

m/h

0,28

m/h

0,30

m/h

0,33

m/h

0,28

m/h

0,28

m/h

0,32

m/h

Tela para proteção de fachada em polietileno (m2/h)

2,27 1,96 2,06 2,27 1,97 1,89 2,14 1,89 2,06 2,25 1,89 1,89 2,23

124

INFRAESTRUTURA

Fundação profunda - estaca pré- moldada de concreto

armado cravada – seção octagonal vazada, cravada

(m/h)

2,50 2,16 2,27 2,50 2,17 2,08 2,36 2,08 2,27 2,47 2,08 2,08 2,45

Lastro de concreto (contrapiso não estrutural

impermeabilizado (espessura 8 cm) (m2/h)

2,0 1,72 1,82 2,0 1,74 1,67 1,89 1,67 1,82 1,98 1,67 1,67 1,96

Formas - Forma com chapa compensada plastificada,

e= 12 mm, para pilares/vigas/lajes, incluso

contraventamento/travamentos com pontaletes 7,5 cm

X7,5 cm – unidade m2 (3 aproveitamentos) (m

2/h)

1,02 0,88 0,93

1,02 0,89 0,85 0,96 0,85 0,93 1,00 0,85 0,85 1,00

Armadura de aço para estruturas em geral, CA – 50,

diâmetro 8,0 mm, corte e dobra na obra (kg/h)

12,50 10,78 11,36 12,50 10,87 10,42 11,79 10,42 11,36 12,38 10,42 10,42 12,25

Concreto estrutural virado em obra – consistência

para vibração seixo rolado, fck 25 MPa (m3/h)

0,17 0,15 0,15 0,17 0,15 0,14 0,16 0,14 0,15 0,17 0,14 0,14 0,17

SUPERESTRUTURA

Forma com chapa compensada plastificada, e= 12

mm, para pilres/vigas/lajes, incluso

contraventamentos/travamentos com pontaletes 7,5

cm X 7,5 cm (3 aproveitamentos) (m2/h)

1,02 0,88 0,93

1,02 0,89 0,85 0,96 0,85 0,93 1,00 0,85 0,85 1,00

Armadura de aço para estruturas em geral, CA – 50,

diâmetro 8,0 mm, corte e dobra na obra (kg/h)

12,50

10,78 11,36 12,50 10,87 10,42 11,79 10,42 11,36 12,38 10,42 10,42 12,25

Concreto estrutural virado em obra – consistência

para vibração seixo rolado, fck 25 MPa (m3/h)

0,17 0,15 0,15 0,17 0,15 0,14 0,16 0,14 0,15 0,17 0,14 0,14 0,17

PAREDES E PAINÉIS

Alvenaria de vedação com blocos de concreto, juntas

de 10 mm com argamassa mista de cimento, cal

hidratada e areia sem peneirar traço 1:0,5;8

(9X19X39) – 9 cm de parede (m2/h)

1,52 1,31 1,38 1,52 1,32 1,27 1,43 1,27 1,38 1,51 1,27 1,27 1,49

125

ESQUADRIAS DE MADEIRA Porta interna de madeira, colocação e acabamento de

uma folha com batente, guarnição e ferragem (0,60 m

X 2,10 m) (un/h)

0,27 0,23 0,25 0,27 0,23 0,23 0,25 0,23 0,25 0,27 0,23 0,23 0,26

ESQUADRIAS METÁLICAS Porta de ferro sob encomenda tipo caixilho, de abrir,

colocação e acabamento com uma folha (m2/h)

0,33 0,28 0,30 0,33 0,29 0,28 0,31 0,28 0,30 0,33 0,28 0,28 0,32

COBERTURA Cobertura com telha de fibrocimento estrutural, uma

água, perfil trapezoidal, e = 8 mm, altura 180 mm,

largura útil 440 mm e largura nominal 468 mm,

inclinação 3% (m2/h)

4,17 3,59 3,79 4,17 3,63 3,48 3,93 3,48 3,79 4,13 3,48 3,48 4,09

IMPERMEABILIZAÇÃO Impermeabilização de piso - proteção mecânica de

superfície sujeita a trânsito com argamassa de

cimento e areia traço 1:7, e = 3 cm (m2/h)

2,0 1,72 1,82 2,0 1,74 1,67 1,89 1,67 1,82 1,98 1,67 1,67 1,96

Impermeabilização de cobertura com asfalto oxidado

e véu de poliéster (m2/h)

3,33 2,87 3,03 3,33 2,90 2,78 3,14 2,78 3,03 3,30 2,78 2,78 3,26

FORRO Chapisco em teto com argamassa de cimento e areia

sem peneirar traço 1:3, com adição de adesivo à base

de resina sintética - e= 5 mm (m2/h)

4,0 3,45 3,64 4,0 3,48 3,33 3,77 3,33 3,64 3,96 3,33 3,33 3,92

REVESTIMENTO INTERNO DAS PAREDES Gesso aplicado em parede interna – desempenado

(m2/h)

2,56 2,21 2,33 2,56 2,23 2,13 2,42 2,13 2,33 2,53 2,13 2,13 2,51

REVESTIMENTO EXTERNO DAS PAREDES Emboço para parede interna com argamassa mista de

cimento, cal hidratada e areia sem peneirar e = 20

mm (m2/h)

1,67 1,44 1,52 1,67 1,45 1,39 1,58 1,39 1,52 1,65 1,39 1,39 1,64

*Conforme especificado TCPO (2010)

** Modificado do TCPO (2010) – transformado em produtividade a partir dos índices.

126

Desta forma, sugere-se que haja um planejamento adequado e consequentemente um

controle mais centralizado, para que as reações sejam rápidas caso haja algum contratempo e

evite que as informações sejam perdidas. Sugere-se ainda que as empresas/construtoras que

subcontratam mão de obra procurem aquelas que apresentem algum grau de especialização

nos serviços oferecidos e que tenham uma equipe de controle própria capaz de ser reativa em

qualquer sinal de descontrole.

Conclusão

Melhorar a produtividade é um desafio que exige esforço e persistência, para um mercado

competitivo, talvez seja a melhor forma de ser mais sustentável. A baixa produtividade tem

um ciclo negativo prejudicial para qualquer economia: quanto menor a eficiência, menor a

produção, consequentemente menor a remuneração, menores os lucros e menores os

impostos, enfraquecendo as empresas, a vida dos trabalhadores e a situação do País.

Concluiu-se neste trabalho que a produtividade pode ser aumentada quando o controle é

mais rigoroso e centralizado, e isto não ocorre efetivamente com a maioria das empresas, pois

a maioria subcontrata mão de obra, dispersando informações essenciais para manter a

dinâmica no canteiro. Como a maioria das construtoras subcontratam seus trabalhadores, e ao

que tudo indica é uma forma adotada e sem pretensão ou previsão de ser mudada, criar uma

única célula para planejar, controlar e gerir a produtividade poderia ser uma alternativa de

sucesso para as construtoras.

Agradecimentos

Os autores agradecem à CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino

Superior no Brasil - e Universidade Paulista - UNIP – pela bolsa de estudos que garantiu o

desenvolvimento do trabalho.

127

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