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UNIVERSIDADE POSITIVO NÚCLEO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA DA COMPUTAÇÃO Leonardo Romanowski Rodrigo Wisniewski SISTEMA DE DETECÇÃO E NOTIFICAÇÃO DE COLISÕES DE TRÂNSITO Orientador: Amarildo Geraldo Reichel Curitiba, 2015

UNIVERSIDADE POSITIVO NÚCLEO DE CIÊNCIAS EXATAS E ... · trauma craniano. Estima-se que a taxa de mortalidade de pessoas com um hematoma intracraniano pode atingir de 40 a 90%,

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UNIVERSIDADE POSITIVO

NÚCLEO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

ENGENHARIA DA COMPUTAÇÃO

Leonardo Romanowski

Rodrigo Wisniewski

SISTEMA DE DETECÇÃO E NOTIFICAÇÃO DE COLISÕES DE TRÂNSITO

Orientador: Amarildo Geraldo Reichel

Curitiba, 2015

RESUMO

Em emergências médicas a “hora de ouro” refere-se à primeira hora após

um traumatismo, e quanto mais rápido for a intervenção médica dentro deste

período, maiores são as chances de sobrevivência da vítima. Este princípio tem

guiado o desenvolvimento e a implementação de serviços de emergência no

mundo inteiro.

A fim de diminuir o tempo de atendimento às vítimas de acidentes de

trânsito é proposto um sistema que notificaria as autoridades de forma

automatizada, podendo ser aplicado em qualquer veículo, desde caminhões até

motocicletas.

O sistema é composto por duas partes, uma é instalada no veículo,

responsável por detectar a colisão e notificar a central informando dados da

posição GPS do veículo, força da colisão, data e hora de ocorrência. A segunda

parte é instalada na central de emergências das autoridades, sendo responsável

por receber os dados e disponibilizá-los aos operadores via software de PC. A

comunicação entre as duas partes é feita através de troca de mensagens SMS.

Palavras-chave: aviso de colisão, emergência, colisão de veículos, acidentes.

ABSTRACT

In medical emergencies, “the golden hour” refers to the first hour after a

trauma and the faster medical intervention within this period, the greater the

chances of victim’s survival. This principle has guided the development and

implementation of emergency services worldwide.

In order to reduce the service time to the victims of traffic accidents, a

system is proposed which would notify the authorities automatically, and can be

applied to any vehicle, from trucks to motorcycles.

Basically the system consists of two parts, one that is installed in the

vehicle, which is responsible for detecting the collision and notify the central

reporting of GPS position data, the collision force and date and time of

occurrence. The second part is installed at the center of the authority’s

emergencies, responsible for receiving the data and making them available to

operators via PC software. Communication between the two parties is done

through exchange of SMS messages.

Keywords: traffic, emergency, system, collision, accidents.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................1

1.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................1

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................1

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................................2

2.1 TRABALHOS SIMILARES ......................................................................................5

3 ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA ..........................................................................................6

3.1 ANÁLISE DE REQUISITOS ....................................................................................8

3.2 RESTRIÇÕES ............................................................................................................8

4 DESENVOLVIMENTO MÓDULO CENTRAL ...............................................................8

4.1 HARDWARE ..............................................................................................................9

4.2 SOFTWARE .............................................................................................................10

5 DESENVOLVIMENTO MÓDULO VEÍCULO ...............................................................12

5.1 HARDWARE ............................................................................................................12

6 TESTES E RESULTADOS ............................................................................................16

6.1 Alimentação e autonomia da bateria ................................................................16

6.2 Tempo sincronização GPS ..................................................................................16

6.3 Precisão das aferições do GPS ..........................................................................17

6.4 Observações gerais ..............................................................................................18

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS DE TRABALHOS FUTUROS ......................................19

8 BIBLIOGRAFIA ...............................................................................................................20

1

1 INTRODUÇÃO

A “hora de ouro” é conhecida como a primeira hora entre um acidente e a

estabilização de uma vítima de poli traumatismo, estima-se que para cada minuto

perdido a chance de sobrevivência reduza em 1%. O tempo entre o acidente e o

pedido de ajuda pode variar muito dependendo das condições em que o acidente

ocorra (ATLS, 2008).

Quando a vítima fica inconsciente, por exemplo, ela depende de outros

motoristas ou de testemunhas do acidente para solicitar ajuda, o que nem

sempre ocorre devidos às condições da pista, do transito ou climáticas. O

objetivo deste projeto é reduzir o tempo de aviso de acidente aos órgãos

competentes, reduzindo consequentemente a chegada de ajuda.

1.1 OBJETIVO GERAL

Este projeto tem como objetivo criar um sistema remoto de detecção de

colisão de veículo automotor, reduzindo o tempo de pedido de socorro e

consequentemente reduzindo o tempo total entre o acidente e a ajuda médica

especializada, aumentando a chance de sobrevivência de vítimas.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Estudo de métodos para detecção de impactos em veículos automotores,

determinação da magnitude de força a ser medida, escolha de componentes

mais adequados ao projeto;

Teste dos módulos GPS, GSM e sensores separadamente;

Junção dos módulos em um único circuito embarcado, desenvolvimento e

confecção de uma placa para comportar todos módulos, desenvolvimento do

código firmware;

Desenvolvimento do firmware e do software de recepção da informação de

colisão;

2

Testes de avaliação de desempenho do sistema.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Segundo relatórios da World Health Organization (WHO), acidentes de

trânsito são atualmente a terceira maior causa de mortes no mundo, ficando

atrás apenas de doenças cardíacas e do câncer. Deste total de mortes no

trânsito, aproximadamente 50% representa morte resultante por colisão entre

veículos (OMS, 2013).

Diversas inovações urbanas e tecnológicas têm ajudado a reduzir o

número de vítimas de acidentes de transito na última década. Como exemplo, o

simples aumento em 1% do uso do cinto de segurança estima-se que seja

suficiente para salvar 136 vidas (Cohen and L. Einav, 2003). Mesmo com todas

as inovações, a partir do momento em que um acidente ocorre, muitas vezes o

tempo se torna fator primordial no auxílio das vítimas. Cada minuto entre o

acidente e chegada do socorro pode fazer uma grande diferença na chance de

sobrevivência. Segundo análises, o atraso de 1 minuto no tempo de resposta a

uma vítima de acidente equivale a uma redução de 6% na quantidade de vidas

salvas (Evanco, 1996).

Um dos principais fatores de mortalidade em acidentes de transito é o

trauma craniano. Estima-se que a taxa de mortalidade de pessoas com um

hematoma intracraniano pode atingir de 40 a 90%, dependendo principalmente

do tempo entre o atendimento, a identificação e o procedimento operatório.

Mesmo em casos de menos criticidade, existiriam diversos benefícios de

um sistema de aviso automático de colisão. Podem ser citados como exemplo

alguns dos casos estudados pela Crash Injury Research CIREN. Como o

motorista que ficou 8 dias preso nas ferragens após sair da estrada e cair em

um declive (figura 1.1), sobreviveu após um longo tratamento em uma unidade

de traumatologia. Ou o casal de idosos que após colidir com uma árvore acabou

caindo em uma vala fora da visão de outros motoristas (figura 1.2). O casal não

foi encontrado até a manhã seguinte após o acidente. A esposa, passageira, foi

3

encontrada morta e o motorista em estado crítico. Após exames de necropsia,

foram encontrados aproximadamente 3 litros de sangue na cavidade torácica da

vítima, concluindo-se que se o acidente houvesse sido relatado a tempo ela

poderia ter sobrevivido. (CIREN, 2012).

Figura 1 – Exemplos de acidentes estudados pelo CIREN.

De acordo com estudos realizados por Evanco (1996), o tempo médio de

notificação de um acidente em áreas urbanas é de 5.2 minutos.

Para definir qual intensidade de força g seria o gatilho para ação de envio

das informações, foi utilizado um estudo realizado por Nordhoff (2005), que

identificou que o pico de desaceleração deveria ser menor que 26 g, para que

se possa reduzir o risco de fraturas mais graves para menos de 25%.

A força “g” é uma unidade de aceleração que causa peso, e pode ser

medida com um acelerômetro. É um efeito da inércia que pode ser sentido pelo

corpo humano, como uma sensação de peso, principalmente em grandes

variações de velocidade como por exemplo o impacto de um carro, como pode

ser observado na Tabela 1, onde podem ser vistos diversos resultados de crash

4

tests produzidos pela GM (EDR, 2007). A unidade g se baseia na aceleração da

gravidade da terra.

Tabela 1 – Exemplos de força g em crash tests.

Test

# Veículo Velocidade (km/h)

Força g

máxima

4923 2004 Cadillac SRX 56.7 −39.5

4244 2002 Chev Trailblazer 56.5 −35.3

4238 2002 Cadillac De Ville 56.8 −32.5

4487 2003 Saturn Ion 56.1 −32.0

4899 2004 Chevrolet Colorado 57.0 −31.1

4198 2002 Saturn Vue 56.3 −31.0

4445 2003 Chevrolet Cavalier 55.9 −26.0

4918 2004 GMC Envoy XUV 56.7 −25.4

4472 2003 Chevrolet Silverado 55.9 −25.4

Fonte: EDR, 2007.

Na tabela 2 podem ser vistos alguns outros exemplos de intensidade de

força g e suas aplicações em sistemas de medição e controle.

Tabela 2 – Intensidades de forças g x aplicações.

Fonte: Saber, 2008.

5

2.1 TRABALHOS SIMILARES

Recentemente, um dos principais órgãos de avaliação de segurança

veicular do mundo o European New Car Assessment Programme, concedeu

prêmios a diversos fabricantes pelos sistemas desenvolvidos de alerta de

colisão automático.

Dentre os diversos premiados pelos sistemas conhecidos como eCall, um

dos mais notáveis é o desenvolvido pela empresa BMW. O sistema

desenvolvido por eles detecta colisões e envia automaticamente a posição do

carro para uma central remota.

Esta central remota recebe além da informação da posição do veículo,

informações enviadas por diversos sensores presentes no carro, como por

exemplo, se houve ativação dos airbags, capotamento, ou se o usuário fazia

uso do cinto de segurança no momento da colisão. Utilizando um algoritmo

desenvolvido pela própria empresa, o URGENCY, que faz a análise das

informações. Com essa analise pode ser estimada a gravidade do acidente

ajudando o atendente a enviar a assistência mais adequada à situação. Este

sistema de emergência tem custo de 199 euros anuais e atualmente só está

disponível em alguns países da Europa(BMW, 2009).

Outro sistema comercial semelhante em uma realidade nacional, é o do

novo Ford Ka, que em caso de acidente com acionamento de airbags ou corte

da bomba de combustível, entrará em contato com o Serviço de Atendimento

Móvel de Urgência SAMU. A ligação é feita através de um celular conectado ao

sistema SYNC do carro via bluethoot. O sistema realiza uma chamada telefônica

padrão informando que “um veículo Ford se envolveu em um acidente nas

coordenadas X e Y” e depois abre a linha para tentativa de comunicação. O

sistema da Ford não possui acionamento manual para evitar chamadas falsas

(FORD, 2015).

Um dos primeiros trabalhos encontrados, desenvolvido na Índia, (DRATS,

2012) utiliza um acelerômetro e um sistema GSM próprio embarcado, para

enviar uma mensagem padrão a um número pré-determinado informando que o

veículo está envolvido em um acidente. Para o envio da mensagem, foram

6

determinados valores e atribuídos índices de gravidade ao acidente que enviaria

a mensagem apenas em casos de acidentes de maior gravidade. O grande

problema deste trabalho é que não há informação da posição onde o acidente

ocorreu, e tentar determinar a gravidade de um acidente sem conhecimento de

todas variáveis é extremamente complexo.

No trabalho AVADS, 2013, em caso de colisão o sistema envia as

coordenadas GPS via SMS para um celular registrado. Um dos problemas deste

trabalho é que foi utilizado um sensor de baixa força-g entre -1,5g e +1,5g

portanto qualquer freada brusca já enviaria uma mensagem de colisão. Um

problema comum aos trabalhos anteriores é que não possuem uma interface

pronta de recepção da mensagem.

3 ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA

O objetivo principal desde projeto é o desenvolver um sistema capaz de

identificar o momento em que um veículo sofre uma colisão, avaliar a intensidade

do choque e de forma automática notificar uma central em menos de um minuto

com dados de posição GPS, força da colisão, data e hora de ocorrência,

possibilitando que o socorro às vítimas seja mais rápido.

O projeto apresenta dois módulos principais e um software de PC. O

módulo do veículo é composto por um acelerômetro, um módulo GPS, um

módulo GSM/GPRS controlados por um módulo Arduino MEGA responsável por

enviar os dados do acelerômetro e GPS via um SMS pelo módulo GSM.

O segundo módulo é o da central, composto por um dispositivo

GSM/GPRS controlado por um micro controlador ATmega328P. O módulo é

responsável por receber o SMS, enviado pelo módulo do veículo com os dados

do acelerômetro e GPS, e redirecionar estes dados para o software do PC via

porta USB.

Por fim o software do PC é composto de um navegador Internet Explorer

que utiliza a API do Google Maps para fazer a apresentação dos dados recebidos

a partir da leitura da porta USB.

7

A Figura 2 apresenta uma visão geral do projeto com a interligação dos

componentes principais.

Figura 2 – Visão geral do projeto.

Desta forma, pode-se dizer que o sistema apresenta as seguintes

funcionalidades:

Detecção do momento (data e hora) da colisão;

Detecção da força da colisão;

Detecção do posicionamento GPS do veículo no momento da colisão;

Envio e recebimento de dados da colisão via mensagem SMS;

Apresentação de forma gráfica a localização, momento e força da colisão;

MÓDULO VEÍCULO

ACELERÔMETRO GPS GSM/GPRS

ARDUINO MEGA

MÓDULO CENTRAL

ARDUINO UNO

GSM/GPRS

USB

SOFTWARE

PC

GSM via SMS

8

3.1 ANÁLISE DE REQUISITOS

Para a medição da força g foi utilizado um acelerômetro com capacidade

de detectar colisões acima de 60km/h e com nível lógico de operação compatível

com Arduino.

Para o software do PC foi utilizado uma aplicação WPF nativa (Windows

Presentation Fundation) para que o acesso à porta USB fosse direto, podendo

assim se comunicar com o módulo central. Para a apresentação dos dados da

colisão no navegador foi utilizado a API do Google Maps por ter amplo suporte

e documentação, ser conhecido mundialmente, além de ser fácil de usar.

Para a obtenção do posicionamento GPS foi utilizado um módulo com

precisão de pelo menos 30 metros, e com nível lógico de operação compatível

com Arduino.

Para a comunicação via SMS foi utilizado um módulo GSM/GPRS com

operação nas quatro principais bandas (850/900/1850/1900), suporte a

comandos AT, e com nível lógico de operação compatível com Arduino.

Para o controle foi utilizado um módulo Arduino com clock de 16MHz para

atender aos níveis de acuracidade necessárias para detectar uma colisão. Além

de interface UART para comunicação com os módulos de GPS e GSM, e portas

analógicas para a leitura do acelerômetro.

3.2 RESTRIÇÕES

O módulo do veículo deve ser construído de forma que resista o impacto

de uma colisão com intensidade de pelo menos 200g, valor máximo que o

acelerômetro é capaz de detectar.

4 DESENVOLVIMENTO DO MÓDULO CENTRAL

9

4.1 HARDWARE

Para o módulo central foi utilizado o módulo Arduino UNO e o módulo

GSM/GPRS da EFCom.

As razões pela escolha do ATmega328P foram pelo seu custo reduzido,

simplicidade em sua arquitetura, e pela possibilidade de alimentação através de

uma fonte externa. O microcontrolador tem 32 kB de memória flash e 2kB de

memória RAM, sendo o suficiente para gravar e rodar o firmware.

O módulo GSM/GPRS da EFCom foi escolhido por ter disponibilidade em lojas

do Brasil, fazendo com que o custo fosse baixo, além de ter a disponibilidade de

vir montado em um shield compatível com o Arduino UNO, o que facilitou o

interfaceamento entre as duas partes. Além disso, vem equipado com um chip

da SIMCom modelo SIM900, com suporte aos comandos AT e consegue operar

nas quatro principais bandas 800/900/1800/1900. O shield também conta com a

possibilidade de escolha da tensão de operação de 3.3V ou 5V através de um

jumper.

Um detalhe importante do projeto do módulo central, foi a necessidade de utilizar

uma fonte externa de 9V com capacidade de corrente de saída de 1A, devido ao

módulo GSM/GPRS, em momentos de pico de processamento consumir até 2A.

A seguir são apresentadas as Figuras 3 e 4, ilustrando respectivamente o

hardware do protótipo da central e o fluxograma da lógica do firmware que é

executado no protótipo da central.

10

Figura 3 – Módulo da central.

Figura 4 – Fluxograma do firmware do módulo da central.

4.2 SOFTWARE

O software do PC foi desenvolvido em linguagem C# com WPF para a plataforma

Windows 7 ou superior, utilizando a IDE de desenvolvimento MS Visual Studio

10. Tem como função ler o buffer da porta USB, extrair os dados da colisão, e

plotar no Google Maps um marcador com as informações. A Figura 5 mostra o

Início

Inicializa comunicação serial

Inicializa módulo GSM/GPRS

Existe

alguma

mensage

m não

lida?

Não

Sim

Lê mensagem do módulo

Envia string para a porta serial

Fim

Formata string da mensagem

11

fluxograma de funcionamento do software da central de recepção e a principal

tela do programa pode ser observada na Figura 6.

Figura 5 – Fluxograma do software da central de recepção no PC.

Início

Dado

disponível no

buffer da porta

USB?

Inicializa comunicação

serial

Inicializa componente do

browser

Não

Sim

Lê buffer da serial

Faz chamada JavaScript na API do

Google Maps

Adiciona marcador no mapa com

informações da colisão

Fim

12

Figura 6 – Tela principal do programa de recepção e visualização.

5 DESENVOLVIMENTO MÓDULO VEÍCULO

5.1 HARDWARE

Após a definição da magnitude de força a ser detectada pelo acelerômetro

e da definição de escopo do projeto, foram selecionados os componentes de

hardware a serem utilizados. O primeiro componente para o módulo do veículo

foi o micro controlador Atmega 1280, utilizado principalmente pela ampla

disponibilidade de portas UART.

O acelerômetro escolhido para o projeto foi o ADXL377. A faixa de

medição de acelerações é da ordem de -200g a +200g nos 3 eixos, e

sensibilidade de 6,5mV/g. Foi utilizado o módulo ADXL377 da Adafruit, com

regulador 3.3V e saídas analógicas radio métricas, isto é, a medida 0g metade

da escala total, será sempre metade da tensão total 1,65V. O módulo da Adafruit

também já vem com capacitores de 0,01uF para cada saída analógica,

resultando em uma largura de banda de 500Hz.

13

O módulo GSM escolhido foi o da Adafruit FONA, com um circuito de

carga onboard com bateria própria, não exigindo uma alimentação externa. O

módulo possui diversas funcionalidades que poderiam ser utilizadas em

trabalhos futuros como por exemplo adicionar chamadas de voz direto do

módulo.

Para aquisição da posição do veículo foi escolhido o módulo GPS da

ITEAD com interface para cartão SD, uma antena de recepção de alta

sensibilidade e extrema velocidade para primeira aquisição mesmo com sinal

não favorável.

Após o teste de cada módulo separadamente, foi realizada a união dos

módulos em protoboard conforme o diagrama da Figura 7 e desenvolvido o

firmware final representado pelo fluxograma da Figura 8.

Figura 7 – Diagrama elétrico do módulo do carro.

14

Figura 8 – Fluxograma do firmware do módulo do veículo.

Após o teste de funcionamento do firmware na versão final foi

desenvolvida a placa no software fritzing. O software é open-source e utilizado

principalmente para confecção de placas de circuito impresso. Ele possui uma

ampla biblioteca de fabricantes tornando mais simples o desenvolvimento de

hardware. O resultado final são as trilhas da Figura 9, obtendo como resultado

final o protótipo apresentado no EngWorkshop 2015 representado na Figura 10.

15

Figura 9 – Trilhas do fritzing.

Figura 10 – Protótipo final apresentado no EngWorkshop 2015 da

Universidade Positivo.

16

6 TESTES E RESULTADOS

6.1 Alimentação e autonomia da bateria

Como o projeto foi baseado no micro controlador Atmega, e a demanda

de corrente dos componentes utilizadas é baixa, toda a alimentação é feita pelo

próprio microcontrolador, que pode ser alimentado pelo 12V do veículo. A

bateria do FONA de 500mAh é utilizada apenas quando for necessário o envio

do sms. No modo standby o consumo do FONA é muito baixo, o que faz com

que a bateria dure vários dias.

6.2 Tempo sincronização GPS

Foram realizadas 10 inicializações do sistema para verificar o tempo

mínimo de sincronismo do GPS. Os testes foram realizados em ambiente

interno, levemente desfavorável quando comparado ao ambiente externo:

Tabela 3 – Tempo de sincronização do GPS.

17

Em ambientes como subsolos ou estruturas com paredes de concreto ou

grossas o tempo de sincronização é muito superior, chegando a valores como

12 minutos em alguns testes.

6.3 Precisão das aferições do GPS

Foram feitas 10 medições com o módulo GPS em ambiente fechado para

verificar a precisão do GPS, sendo obtidos os resultados demonstrados na

tabela 4:

Tabela 4: Medições com o módulo GPS.

Como pode-se verificar na Figura 11, todas medidas ficaram muito

próximas mesmo em um ambiente não favorável, obtendo uma margem de erro

de 7 m no pior dos casos.

18

Figura 11 – Posições das coordenadas da Tabela 2 no Google Earth.

6.4 Observações gerais

O módulo FONA se mostrou extremamente disponível, em nenhum dos

testes realizados houve problema no envio das mensagens por falta de sinal, e

os tempos de recebimento da mensagem utilizando simcards da mesma

operadora ficaram entre 3 s e 7 s.

O acelerômetro ADXL377 apresentou boa precisão, o que pode ser

confirmado com base no módulo em repouso alinhado com a própria gravidade.

Em testes de impacto é impossível precisar a força real sem utilizar outros

métodos ou um ambiente controlado.

Para os testes de impacto foi utilizado um carro em escala e utilizada

como referência a força resultante de 5 g para disparo da mensagem para a

central.

19

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS E TRABALHOS FUTUROS

Para o ganho de velocidade na transmissão da informação da colisão, o

sistema é extremamente dependente da infraestrutura de telefonia disponível

no lugar e no momento da colisão. O projeto demonstrou resultados satisfatórios

quando utilizado em ambientes externos, sem atenuação do sinal GPS e GSM

por estruturas como paredes.

Uma das grandes melhorias para o projeto seria determinar a gravidade

das colisões, com esta informação a pessoa que recebê-la poderia determinar

o tipo de socorro mais adequado para cada caso. O problema é que para

determinar a gravidade de colisões, o nível de complexidade e de integração

entre sistemas do carro fica extremamente grande, como por exemplo, o

simples fato de um passageiro estar ou não utilizando o cinto de segurança. O

que pode fazer grande diferença na gravidade do impacto para a vítima até

mesmo em uma colisão de baixa força. O ideal seria a integração de todos os

sistemas já existentes com o projeto desenvolvido, como ativação de airbags,

corte da bomba de combustível, aviso de utilização de cinto de segurança,

verificação da velocidade em que o carro estava no momento da colisão, entre

outros.

Outra adição a este projeto que traria benefícios, seria a criação de um

banco de dados com informações de todas as batidas detectadas, com o

objetivo de determinar trechos em rodovias e cidades com maior quantidade de

colisões. Com estas informações poderiam ser realizadas ações preventivas

nos trechos com maiores índices de acidentes.

20

8 BIBLIOGRAFIA

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Recorders in the Analysis of Frontal Impacts (2007).

ATLS - American College of Surgeons - Advanced Trauma Life Support Program

for Doctors. Amer College of Surgeons (2008)

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COHEN Alma, Einav Liran - The effect of mandatory seat belt laws on driving

behavior and traffic fatalities- Stanford, (2003)

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Accident Fatalities – Mitretek 1996

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based Transportation System (ATS) – (2012)

NAZIR Rashida, TARIQ Ayesha, MURAWWAT Sadia, RABBANI Sajjad -

Accident Prevention and Reporting System Using GSM (SIM 900D) and GPS –

(2013)

NORDHOFF Larry S. - Motor Vehicle Collision Injuries: Biomechanics, Diagnosis,

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OMS - Organização Mundial de Saúde – Global Status Reporto on Road Safety

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Saber Eletrônica. Revista. Ano 43 - Número 420, (2008)