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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E GRADUAÇÃO CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL ELISÂNGELA DE ALENCAR NASCIMENTO MARIA DA CONCEIÇÃO RANGEL DE ARAÚJO A IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO SOB O OLHAR TERAPÊUTICO OCUPACIONAL AOS FAMILIARES E/OU CUIDADORES DOS PACIENTES ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL DO TIPO ISQUÊMICO NO LEITO HOSPITALAR NA CASA DE SAÚDE SÃO LUCAS – NATAL/RN NATAL 2007

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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E GRADUAÇÃO

CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL

ELISÂNGELA DE ALENCAR NASCIMENTO MARIA DA CONCEIÇÃO RANGEL DE ARAÚJO

A IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO SOB O OLHAR TERAPÊUTICO

OCUPACIONAL AOS FAMILIARES E/OU CUIDADORES DOS PACIENTES ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR

CEREBRAL DO TIPO ISQUÊMICO NO LEITO HOSPITALAR NA CASA DE SAÚDE SÃO LUCAS – NATAL/RN

NATAL 2007

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ELISÂNGELA DE ALENCAR NASCIMENTO MARIA DA CONCEIÇÃO RANGEL DE ARAÚJO

A IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO SOB O OLHAR TERAPÊUTICO OCUPACIONAL AOS FAMILIARES E/OU CUIDADORES DOS PACIENTES

ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL DO TIPO ISQUÊMICO NO LEITO HOSPITALAR NA CASA DE SAÚDE SÃO LUCAS – NATAL/RN

Monografia apresentada à Universidade Potiguar – UnP, como parte dos requisitos para obtenção do grau de bacharel em Terapia Ocupacional. ORIENTADOR(A): PROfª. Ms. Alaine Aparecida Benetti De Grande

NATAL 2007

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N244i Nascimento, Elisângela de Alencar. A importância da orientação sob o olhar terapêutico ocupacio-

nal aos familiares e/ou cuidadores dos pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral do tipo isquêmico no leito hospitalar na Casa de Saúde São Lucas – Natal/RN / Elisângela de Alencar Nascimento, Maria da Conceição Rangel de Araújo. – Natal, 2007.

95f.

Monografia (Graduação em Terapia Ocupacional). Universidade Potiguar. Pró-Reitoria de Graduação.

Bibliografia: 93-95.

1. Terapia Ocupacional – Monografia. 2. Acidente Vascular Cerebral – Terapia Ocupacional. 3. AVC – Orientação Terapêutico Ocupacional. I. Araújo, Maria da Conceição Rangel de. II. Título.

RN/UnP/BCF CDU: 615.851.3(043)

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ELISÂNGELA DE ALENCAR NASCIMENTO MARIA DA CONCEIÇÃO RANGEL DE ARAÚJO

A IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO SOB O OLHAR TERAPÊUTICO OCUPACIONAL AOS FAMILIARES E/OU CUIDADORES DOS PACIENTES

ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL DO TIPO ISQUÊMICO NO LEITO HOSPITALAR NA CASA DE SAÚDE SÃO LUCAS – NATAL/RN

Monografia apresentada à Universidade Potiguar – UnP, como parte dos requisitos para obtenção do grau de bacharel em Terapia Ocupacional.

Aprovado em:____/____/_____

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

Profª. Ms. Alaine Aparecida Benetti De Grande

Orientador

Universidade Potiguar – UnP

____________________________________

Profº. Dr. Fábio Melo dos Santos - CRM: 1551

Universidade Federal – UFRN

Convidado

_____________________________________

Profº. Ms. Sebastião Franco da Silva

Universidade Potiguar – UnP

Convidado

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TERMO DE AUTORIZAÇÃO Eu, Elisângela de Alencar Nascimento, Brasileira, casada, universitária, CPF: 737.437.394-53, na qualidade de titular dos direitos morais e patrimoniais de autor da obra sob o título: A importância da Orientação sob o olhar terapêutico ocupacional aos familiares e/ou cuidadores dos pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral do tipo Isquêmico no leito hospitalar na Casa de Saúde São Lucas - Natal - RN, sob a forma de Monografia, apresentada na Universidade Potiguar – UnP, em 20/06/2007,com base no disposto na Lei Federal nº 9.160, de 19 de fevereiro de 1998: 1. (X) AUTORIZO, disponibilizar nas Bibliotecas do SIB / UnP, para consulta e eventual empréstimo, a OBRA, a partir desta data e até que manifestações em sentido contrário de minha parte determinem a cessação desta autorização sob a forma de depósito legal nas Bibliotecas. 2. ( ) AUTORIZO, a partir de dois anos após esta data, à Universidade Potiguar - UnP, reproduzir, disponibilizar na rede mundial de computadores - Internet e permitir a reprodução por meio eletrônico, da OBRA, até que manifestações contrárias à minha parte determinem a cessação desta autorização. 3. ( ) CONSULTE-ME, dois anos após esta data, quanto à possibilidade de minha AUTORIZAÇÃO à Universidade Potiguar - UnP, a reproduzir, disponibilizar na rede mundial de computadores - Internet - e permitir a reprodução por meio eletrônico, da OBRA. Natal, ____ de ______________ de 2007.

______________________________ Elisângela de Alencar Nascimento

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TERMO DE AUTORIZAÇÃO Eu, Maria da Conceição Rangel de Araújo, Brasileira, casada, universitária, CPF: 555.334.264-34, na qualidade de titular dos direitos morais e patrimoniais de autor da obra sob o título: A importância da Orientação sob o olhar terapêutico ocupacional aos familiares e/ou cuidadores dos pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral do tipo Isquêmico no leito hospitalar na Casa de Saúde São Lucas - Natal - RN, sob a forma de Monografia, apresentada na Universidade Potiguar – UnP, em 20/06/2007, com base no disposto na Lei Federal nº 9.160, de 19 de fevereiro de 1998: 1. (X) AUTORIZO, disponibilizar nas Bibliotecas do SIB / UnP, para consulta eeventual empréstimo, a OBRA, a partir desta data e até que manifestações em sentido contrário de minha parte determinem a cessação desta autorização sob a forma de depósito legal nas Bibliotecas. 2. ( ) AUTORIZO, a partir de dois anos após esta data, à Universidade Potiguar - UnP, reproduzir, disponibilizar na rede mundial de computadores - Internet e permitir a reprodução por meio eletrônico, da OBRA, até que manifestações contrárias à minha parte determinem a cessação desta autorização. 3. ( ) CONSULTE-ME, dois anos após esta data, quanto à possibilidade de minha AUTORIZAÇÃO à Universidade Potiguar - UnP, a reproduzir, disponibilizar na rede mundial de computadores - Internet - e permitir a reprodução por meio eletrônico, da OBRA. Natal, ____ de ______________ de 2007.

______________________________ Maria da Conceição Rangel de Araújo

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Dedico este trabalho de conclusão de curso primeiramente a Deus por

tornar real este momento.

Ao meu esposo amado, que por diversas ocasiões incentivou-me

acreditando no meu potencial e por ter-me proporcionado à oportunidade de

crescer através do estudo.

Ao meu filho que tanto amo, pelas muitas ausências, necessárias à

realização deste trabalho.

Ao meu sogro e sogra que me auxiliaram nas horas em que mais precisei e

estiveram ao meu lado durante toda a jornada acadêmica.

Aos meus amados pais, pela compreensão e incentivo.

A minha avó Estefânia, pela sua presença espiritual, a qual compartilho

este momento de felicidade.

Enfim, dedico este trabalho a todos que de forma direta ou indireta

contribuíram para a sua conclusão.

Elisângela de Alencar Nascimento

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Dedico todo esse mérito, primeiramente a Deus por ter me dado forças para

superar os inúmeros obstáculos e seguir em frente.

À minha família, esposo, filho, sogro, sogra, e em especial à minha mãe, por

tudo o que eles significam em minha vida, pois sem eles seria bem mais difícil

subir esse degrau e alcançar o topo dessa grande vitória. Muito obrigada.

E a todos que de forma direta ou indireta me ajudaram para conclusão

deste curso.

Maria da Conceição Rangel de Araújo

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AGRADECIMENTOS A meu esposo pela paciência, compreensão e amor apoiando-me em cada

etapa deste projeto, obrigada por contribuir com a primeira etapa de um sonho

profissional.

Ao meu filho pelo amor e companheirismo.

A meu sogro e sogra que estiveram ao meu lado durante esta trajetória,

pelo auxílio e companhia.

A minha companheira e amiga Conceição que nesta jornada de

aprendizado esteve presente dividindo conhecimentos, dúvidas, momentos de

ansiedade e muita paciência para tornar este projeto uma realidade,

compartilhando diariamente desse ideal com muito otimismo e alegria.

Ao meu grupo de estudo: Conceição, Gorette, Tânia, Ivana e Zélia.

Obrigada por ter conhecido pessoas tão especiais que me proporcionaram

momentos de alegria, onde dividimos tantas risadas juntas e também dividimos

momentos difíceis, onde precisávamos de apoio uma das outras. Estes momentos

ficarão guardados com muito amor e carinho dentro do meu coração.

A todos os funcionários e professores da Coordenação do Curso Terapia

Ocupacional, pela amizade e auxilio durante este período de aprendizado. Aos

pacientes da clinica escola que depositaram toda à confiança e respeito,

colaborando com nosso crescimento acadêmico.

A minha Orientadora Alaine De Grande, obrigada pela atenção, paciência,

orientação e carinho durante esta trajetória .

Ao Dr. Fábio Melo, responsável pelo Setor de Neurologia da Casa de

Saúde São Lucas e sua equipe, pela colaboração, orientação e confiança,

tornando possível a realização desta pesquisa.

Elisângela de Alencar Nascimento

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AGRADECIMENTOS

Ao meu pai, Joaquim Rangel de Araújo (Em memória), mesmo não estando mais em nosso convívio, se faz presente em meus pensamentos e em meu coração. Indiretamente o senhor contribuiu para essa vitória. A minha mãe, Anahid Pereira de Araújo pela força, e por acreditar em meu potencial e capacidade de realizações. Obrigada por ser essa mulher forte, determinada, batalhadora e sonhadora dos seus ideais. Ao meu esposo, Faulkner Melo, por me incentivar, apoiar, acreditar e estar sempre ao meu lado nos momentos difíceis, necessárias para o meu crescimento profissional. Ao meu filho, Matheus Rangel de Melo pelas inúmeras ausências nesta longa caminhada acadêmica. Por diversas vezes você me ajudou, apesar de sua pouca idade, principalmente nas análises de atividade do estágio de desenvolvimento infantil. A Elisângela minha dupla de monografia, pela paciência, amizade, dedicação e responsabilidade pelo nosso trabalho de conclusão. Ao meu grupo de estudo formado pelas minhas queridas companheiras, Elisângela, Maria Gorette, Tânia, Ivana e Zélia, o qual várias vezes motivou-me e auxiliou-me quando demonstrei cansaço e com quem dividi conhecimentos nesta caminhada. À professora e orientadora Alaine De Grande, por me orientar nessa pesquisa, quando estava totalmente perdida, e com muita paciência e habilidade encontrava a direção. Meu muito obrigada. Aos professores, funcionários, pacientes e as peças do anatômico que contribuíram para meu aprendizado e crescimento profissional. Vocês estarão guardados no meu coração e memória. Ao Doutor Fábio Melo, Chefe do Setor de Neurologia da Casa de Saúde São Lucas, sua equipe, familiares e cuidadores dos pacientes. Pela grande contribuição para essa pesquisa deixar de ser um sonho e tornar-se realidade. Muito obrigada. Maria da Conceição Rangel de Araújo

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A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável O sofrimento é opcional Carlos Drummond de Andrade

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RESUMO

O presente estudo tem como objetivo, sugerir a intervenção da Terapia

Ocupacional no ambiente hospitalar, através de orientações de uma cartilha

informativa dirigida aos familiares e/ou cuidadores destes pacientes ainda em

internação na Casa de Saúde São Lucas – Natal/RN, com informações referentes

ao AVC (Acidente Vascular Cerebral), como: prevenção, sintomas, internação,

causas, fatores de riscos, déficits após a ocorrência da doença e a participação da

família. Trata-se de uma pesquisa exploratória, de levantamento, qualitativa e

empírica. Participaram da presente pesquisa 05 familiares e/ou cuidadores de

pacientes acometidos por AVC do tipo isquêmico, os quais estavam

acompanhando os pacientes por um período mínimo de 11 dias. Os dados obtidos

da análise de um questionário e depoimentos dos familiares, após realizada a

entrega das cartilhas, foram agrupados na seguinte ordem: dados de identificação

do paciente e da doença e a opinião dos acompanhantes sobre a referente

pesquisa. A cartilha de orientação busca favorecer a informação desses familiares

e/ou cuidadores no ambiente hospitalar, mostrando a importância do seu

envolvimento nesse processo. A relevância de um trabalho nesse sentido está

baseada na possibilidade de uma maior compreensão dos problemas vivenciados

pelos pacientes acometidos por AVC e por seus familiares e/ou cuidadores. Após

os resultados da pesquisa ficou explícito que é fundamental a inserção do

Terapeuta Ocupacional na equipe hospitalar, auxiliando dessa forma a

desenvolvimento de ações, visando minimizar e tornar a situação menos

traumática para ambos, buscando uma maior independência e funcionalidades

para esses pacientes.

Palavras-chave: Acidente vascular cerebral. Terapia Ocupacional. Orientações.

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ABSTRACT

This work has as object the intervention of the Occupational Therapy in the

hospital environment through orientations given by a manual to the family and

caretakers of the patients during the admission to the hospital ‘Casa de Saúde São

Lucas’ – Natal/RN, with pertinent information concerning CVA – Cerebral Vascular

Accident, such as: prevention, symptoms, admission, causes, risk factors, deficits

post occurrence and family participation.

This work is an exploratory research of data collection, qualitative and empirical.

Five (05) family members and caretakers of patients suffering from ischemic CVA,

that have been following the patients for a minimum period of eleven (11) days,

have participated on this research. The data gather from the analysis of the

manuals given were organized in the following order: Identification of the patient

and of the disease and the opinion of the accompanier about the research. The

orientation manual is focused on informing the family and caretakers in the hospital

environment, hence, promoting the importance of their involvement in this process.

The importance of a work on this area is based on the possibility of a better

acknowledgement of the problems faced by the patients suffering from CVA and by

their family and caretakers. After the results were obtained, it became clear that if

is fundamental the insertion of the Occupational Therapist in the hospital staff,

helping the development of actions to minimize and make the situation less

traumatic for the family and patient, aiming a more independence and functionality

to this patients.

Key words: Cerebral vascular accident. Occupational Therapy.Orientations.

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TABELA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Hemorragia intracerebral............................................................ 24Figura 2 Esquema demonstrando o processo de trombose e

embolia....................................................................................... 26

Figura 3 Polígono de Willis....................................................................... 38Figura 4 Circulação Cerebral.................................................................... 39Figura 5 Comprometimento da lesão cerebral.......................................... 40Figura 6 Quadro de Sinergia Flexora........................................................ 45Figura 7 Posicionamento no Leito Hospitalar Pós

AVC.....................................................................................................

64

Figura 8 Adequação do Mobiliário....................................................................

64

Figura 9 Posicionamento correto no leito sobre o lado afetado................................................................................................

66

Figura 10 Posicionamento correto no leito sobre o lado não afetado.................................................................................................

67

Figura 11 Posicionamento no leito em posição sentada.............................................................................................

68

Figura 12 Posicionamento em cadeira alta....................................................... 68Figura 13 Rolando para o lado afetado............................................................ 69Figura 14 Rolando para o lado não-afetado..................................................... 69Figura 15 Transferência com ajuda.................................................................. 70Figura 16 Transferência para cadeira com ajuda............................................. 70Figura 17 Como lavar o braço afetado com a mão não-

afetada............................................................................................. 72

Figura 18 Como lavar o braço não-afetado com a mão afetada.............................................................................................

72

Figura 19 Adaptação para banheiro................................................................ 73Figura 20 Bucha para banho com elástico adaptado à mão do

paciente............................................................................................ 74

Figura 21 Como colocar uma camiseta............................................................ 75Figura 22 Como colocar calças........................................................................ 76

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Figura 23 Como colocar meias e sapatos........................................................ 77Figura 24 Comendo e bebendo com auxílio.................................................... 78Figura 25 Utensílios adaptados........................................................................ 79

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Classificação de AVC Isquêmico – Estudo Toast......................................... 27Tabela 2 Síndromes Vasculares.................................................................................. 41Tabela 3 Quadro Físico comumente encontrado nesses pacientes............................ 43Tabela 4 Deficiências neurológicas após Acidente Vascular Cerebral....................... 48Tabela 5 Atividades da Vida Diária e Atividades Instrumentais da Vida

Diária............................................................................................................. 55

Tabela 6 Distribuição dos pacientes segundo o Gênero............................................ 84Tabela 7 Distribuição dos pacientes segundo a idade................................................ 84Tabela 8 Distribuição dos pacientes quanto ao estado civil........................................ 85Tabela 9 Distribuição dos pacientes quanto a profissão............................................. 85

Tabela 10 Atendimento após AVC > (maior) ou < ( menor) que 3h............................. 86

Tabela 11 Distribuição dos relatos dos familiares e/ou cuidadores relacionados aos pacientes quanto ao tempo de internação da Casa de Saúde São Lucas............................................................................................................

86

Tabela 12 Distribuição dos relatos dos familiares e/ou cuidadores relacionados aos pacientes quanto à localização do AVC......................................................

87

Tabela 13 Distribuição dos relatos dos familiares e/ou cuidadores relacionados aos pacientes quanto a ocorrência de outro AVC’s............................................

87

Tabela 14 Distribuição dos relatos quanto aos sintomas durante o AVC pacientes quanto os sintomas durante o AVC..............................................................

88

Tabela 15 Distribuição dos relatos dos familiares e/ou cuidadores relacionados aos pacientes quanto os fatores de risco............................................................

88

Tabela 16 Distribuição da Reabilitação conhecida, conforme os familiares e/ou cuidadores.....................................................................................................

89

Tabela 17 Distribuição dos relatos dos familiares e/ou cuidadores relacionados com as informações recebidas pela Terapia Ocupacional..................................

89

Tabela 18 Distribuição dos relatos dos familiares e/ou cuidadores conforme a modificação de hábitos após a entrega da cartilha.......................................

90

Tabela 19 Distribuição dos relatos dos familiares e/ou cuidadores sobre a inserção do serviço de Terapia Ocupacional no quadro de reabilitação deste hospital..........................................................................................................

91

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LISTAS DE SIGLAS

AIVD Atividade Instrumental da Vida Diária

AIT Ataque Isquêmico Transitório

AOTA American Occupational Terapy Association’s

AVD Atividade da Vida Diária

AVC Acidente Vascular Cerebral

AVCH Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico

AVCI Acidente Vascular Cerebral Isquêmico

DATASUS Departamento de Informática do SUS

EUA Estados Unidos da América

FSC Fluxo Sanguíneo Cerebral

HSA Hemorragia Subaracnóidea

LCR Líquido Cefalorraquidiano

NIH National Institute of Health

OMS Organização Mundial da Saúde

PA Pressão Arterial

PV Pressão Venosa

RCV Resistência Cérebro Vascular

RM Ressonância Magnética

SUS Sistema Único de Saúde

TC Tomografia computarizada

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................... 18 1 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL........................................ 20 1.1 DOS FATORES DE RISCO AO IMPACTO SOCIAL.................... 22

1.1.1 Morbidade hospitalar................................................................. 22 1.1.2 A letalidade hospitalar................................................................... 22

1.2 DEFINIÇÕES................................................................................. 23

1.2.1 Classificação ............................................................................... 24 1.3 SINTOMAS MAIS FREQÜENTES................................................. 25

1.4 OCORRÊNCIAS DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

ISQUÊMICO..................................................................................

25

1.4.1 Trombose arterial........................................................................ 25 1.4.2 Embolia cerebral.......................................................................... 25 1.5 CLASSIFICAÇÃO DE AVC ISQUÊMICO..................................... 26

1.5.1 AVC Isquêmico aterotrombótico ou aterosclerose de grandes artérias........................................................................

28

1.5.2 AVC Isquêmico lacunar ou infarto de pequenas artérias........................................................................................

28

1.5.3 Embolia cardíaca ...................................................................... 29 1.5.4 AVC Isquêmico de causas pouco freqüentes........................ 29 1.5.5 AVC Isquêmico de origem indeterminada............................... 30 1.6 AVC ISQUÊMICO – UMA EMERGÊNCIA MÉDICA.................... 30

1.7 ZONA DE PENUMBRA................................................................ 30

1.8 FATORES DE RISCO VASCULAR ASSOCIADOS AO AVC

ISQUÊMICO................................................................................

31

1.8.1 Idade............................................................................................ 31 1.8.2 A presença de história familiar de AVC.................................. 32 1.8.3 A hipertensão arterial................................................................ 32 1.8.4 O diabetes mellitus.................................................................... 33 1.8.5 A dislipidemia............................................................................. 33

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1.8.6 A obesidade............................................................................... 33 1.8.7 Tabagismo, Ingestão abusiva de álcool e vida sedentária... 33 1.8.8 Algumas doenças cardíacas...................................................... 34 1.8.9 Doença de Chagas....................................................................... 34 1.8.10 A presença de forame oval patente e aneurisma de septo

atrial.............................................................................................. 34

1.8.11 Causas hematológicas................................................................ 34 1.8.12 O Uso de anticoncepcionais orais............................................. 35 1.9 FISIOPATOLOGIA DO AVC ISQUÊMICO.................................... 35

1.10 ETIOLOGIA DO AVC.................................................................... 35

1.11 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DO AVC...................................... 36

1.12 FLUXO SANGÜÍNEO CEREBRAL............................................... 36

1.13 CIRCULO ARTERIAL DO CÉREBRO........................................... 37

1.13.1 Circulação sangüínea do cérebro.............................................. 38 1.14 LOCALIZAÇÃO E COMPROMETIMENTO.................................. 39

1.15 EFEITOS DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL.................... 40

1.16 ALTERAÇÕES DAS FUNÇÕES MOTORAS E ESTÁGIOS

APÓS AVC...................................................................................

42

1.17 ORGANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO NA FASE AGUDA DO

AVC .............................................................................................

45

1.17.1 Identificação do paciente com AVC......................................... 46 1.18 DEFICIÊNCIAS NEUROLÓGICAS E RECUPERAÇÃO.............. 47

1.18.1 Fatores influentes na recuperação do acidente vascular cerebral.......................................................................................

49

1.18.2 Complicações neurológicas na fase aguda do acidente vascular cerebral.........................................................................

50

1.19 TRATAMENTO ESPECÍFICO....................................................... 50

1.20 UNIDADES DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL.................. 51

1.21 RECUPERAÇÃO DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL........ 52

1.22 AVC E NEUROPLASTICIDADE.................................................... 53

2 TERAPIA OCUPACIONAL.......................................................... 54

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2.1 DEFINIÇÕES................................................................................ 54

2.2 ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA E ATIVIDADES

INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA............................................

55

2.3 INSERÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL NO CONTEXTO

HOSPITALAR...............................................................................

57

2.3.1 O terapeuta ocupacional e a instituição hospitalar................ 58

2.4 ASPECTOS GERAIS DA REABILITAÇÃO DO PACIENTE

COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL.................................

59

2.5 A INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL NO

ATENDIMENTO HOSPITALAR....................................................

63

2.5.1 Adequação do quarto hospitalar ............................................ 63

2.5.2 Posicionamento no leito........................................................... 65

2.5.3 Mudanças de decúbito.............................................................. 68

2.5.4 Transferência da cama para cadeira....................................... 69

2.5.5 Orientações para o domicílio.................................................... 71

2.5.6 Higiene pessoal........................................................................... 71

2.5.7 Vestuário...................................................................................... 74

2.5.8 Alimentação................................................................................. 77

2.5.9 Locomoção.................................................................................. 79

3 METODOLOGIA........................................................................... 82

4 RESULTADOS.............................................................................. 84

5 CONCLUSÃO................................................................................ 92

REFERÊNCIAS............................................................................. 93

APÊNDICES

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INTRODUÇÃO

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) constitui-se a primeira causa de invalidez

no Brasil, conforme dados estatísticos do (DATASUS,1997). O AVC é uma patologia

de alta incidência e é acompanhado de uma elevada taxa de mortalidade. Segundo

WINIKATES (1993), o AVC é a terceira principal causa de morte nos países

industrializados, depois das doenças cardíacas e o câncer. Nos Estados Unidos,

aproximadamente 400.000 AVC ocorrem anualmente, com cerca de 150.000 mortes.

O AVC é também a principal causa de deficiência neurológica séria na prática

clínica. Configura-se como um desafio para os profissionais de saúde, principalmente

pela dificuldade em prevenir sua ocorrência. Entretanto, o trabalho de prevenção dos

fatores de risco mostra-se bastante eficaz. ANDRADE et al. (1998) comentam que

nos últimos anos, nos Estados Unidos, houve uma redução global na incidência de

AVC, graças ao melhor controle dos fatores de risco associados à gênese dos

distúrbios circulatórios cerebrais.

A hospitalização também é um fator que desestrutura a família em menor ou

maior grau.

Há famílias que conseguem superar as dificuldades da internação e organizam uma estrutura para acompanhar o familiar hospitalizado. Essa organização torna-se importante para tais famílias, pois a vida fora da instituição hospitalar continua. (HENCKMAIER, 2002 p. 410)

Devido à gravidade e alta incidência desta doença no Brasil surgiu a

necessidade de demonstrar a relevância e eficácia da atuação do terapeuta

ocupacional neste campo profissional, ainda não existente em Natal.

Esta pesquisa teve como Tema: A importância da orientação sob o olhar

terapêutico ocupacional aos familiares e/ou cuidadores dos pacientes acometidos por

Acidente Vascular Cerebral do tipo Isquêmico na Casa de Saúde São Lucas,

Natal/RN. A natureza desse estudo foi sugerir a intervenção da Terapia Ocupacional

no ambiente hospitalar, por meio de orientações aos familiares e/ou cuidadores

destes pacientes ainda em internamento.

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O trabalho monográfico foi dividido em cinco capítulos. O primeiro expôs

aspectos gerais sobre o Acidente Vascular Cerebral e o segundo descreve a atuação

da Terapia Ocupacional no contexto hospitalar em pacientes acometidos por AVC e

os demais apresentam a metodologia, resultados e conclusão da pesquisa.

Este trabalho foi resultado de uma pesquisa exploratória, de levantamento,

qualitativa e empírica. O propósito desta pesquisa foi demonstrar a importância da

orientação terapêutica ocupacional aos familiares e/ou cuidadores destes pacientes

por meio de uma cartilha informativa.

Após coletados, analisados e discutidos os dados a efetividade dos resultados

permitiu demonstrar a importância da mesma, na medida em que, foi possível

destacar problemas e propor orientações que contribuíram para favorecer o processo

informativo desses acompanhantes, visando à melhora da funcionalidade e

independência nas AVD’s e AVDI”s dos pacientes, como também a inserção do

terapeuta ocupacional na equipe hospitalar.

Sendo o AVC uma doença com apresentação clínica súbita, o reajustamento na estrutura, nos papéis, na solução de problemas e no manejo afetivo da família ocorre em um período de tempo muito curto, exigindo dos familiares uma mobilização mais rápida da capacidade de administrar a crise, para a qual nem sempre eles se encontram preparados. (ROLAND apud SILVA et al., 1999).

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1 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

Segundo o Ministério da Saúde, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a

segunda causa de mortalidade e está entre as primeiras causas de internação

hospitalar. Pelo menos 150.000 novos casos ocorrem anualmente no país, sendo

cerca de 20% em recorrências. É uma das doenças vasculares de maior prevalência

e uma das principais causas de mortalidade no Brasil, o que representa um grave

problema social.

O Acidente Vascular Cerebral é a terceira causa de óbito nos Estados

Unidos, sendo a causa mais comum de deficiência crônica em adultos (National

Stroke Associoation, 1994). Estima-se que mais de 700 mil pessoas nos Estados

Unidos tenham um primeiro ou um AVC recorrente por ano (BRODERICK e

COLS.,1998), e que dois terços dos pacientes sobrevivem, o que resulta em um

número de pacientes com AVC na população, em qualquer momento, de 3 milhões

(GRESHAM e COLS.,1995).

A condição socioeconômica da população também pode contribuir para as

diferenças regionais observadas em estudos epidemiológicos brasileiros

(LESSA, 1999). A baixa renda pode levar a uma maior dificuldade de acesso à

assistência médica adequada, como também o baixo nível educacional pode levar a

uma menor aderência aos medicamentos utilizados para a prevenção do AVC.

Desta forma, as condições socioeconômicas dividem o Brasil em dois grandes

grupos de AVC. Um com fatores de risco relacionados com os hábitos de vida

semelhantes aos dos países desenvolvidos, com acesso à assistência médica

adequada, e outro, menos favorecido, castigado pelas condições sociais que tem a

doença de chagas como um dos seus exemplos mais representativos.

As enfermidades vasculares cerebrais representam, pela sua freqüência, a

patologia mais importante da neurologia clínica. A doença cerebrovascular aguda é

a causa neurológica mais freqüente de internamento hospitalar. Têm uma grande

importância médica e social, visto que, se constituem em uma das principais causas

de morbidade, mortalidade e incapacidade funcional nos países desenvolvidos.

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Nestes representa a 3ª causa de morte só sendo superada pelas cardiopatias

e neoplasias e representa a 1ª causa de incapacidade nos adultos na faixa etária

laboralmente mais produtiva (dos 29-50 anos), determinando a saída do mercado de

trabalho de um grande contingente de pessoas “excepcionalmente ativas”.

A perda destes pacientes na força de trabalho e por hospitalização

prolongada necessária à recuperação torna o impacto econômico da doença em um

dos mais devastadores da medicina.

O AVC continua sendo um problema nacional de saúde, a despeito dos

recentes avanços na tecnologia da medicina. A American Heart Association publica

estatísticas para AVC que demonstram a gravidade deste problema. Entre as

estatísticas selecionadas, algumas estão em destaque: Em média, um cidadão dos

EUA sofre um AVC a cada 53 segundos; a cada 3,3 min. alguém morre de AVC.

Existem cerca de 4.400.000 sobreviventes de AVC, hoje. A incidência de AVC é

cerca de 19% mais alta em homens que em mulheres. A porcentagem de AVC que

resulta em morte dentro de 1 ano é cerca de 29% , menos se o AVC ocorrer antes

dos 65 anos. Para pessoas com mais de 55 anos, a incidência de AVC aumenta

mais que o dobro para cada década sucessiva.

Além disso, o que ocorre depois do AVC é um problema substancial de saúde

publica e econômico, visto que é a principal causa para incapacidade grave e de

longo prazo nos Estados Unidos. O custo médio de um AVC, da entrada no hospital

até a alta, é de US$18.244,00. Em um ano de pesquisa, foram pagos US$3,7

bilhões aos beneficiários do Medicare que sobreviveram a um AVC. Entre os

sobreviventes, a longo prazo de um AVC, 48% apresentam hemiparesia, 22% não

podem andar, 24 a 53% relatam dependência completa ou parcial em escalas de

atividades da vida diária(AVD),12 a 18% são afásicos e 32% são clinicamente

deprimidos.

Segundo Lessa (1999) demonstrou no seu trabalho intitulado:

“A epidemiologia das doenças cerebrovasculares no Brasil”, esta situação

representa a primeira causa de morte. A referida autora enfocou ainda os aspectos

epidemiológicos sob dois distintos contextos.

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1.1 DOS FATORES DE RISCO AO IMPACTO SOCIAL

Os fatores de risco são os mesmos mundialmente reconhecidos, com

destaque para hipertensão arterial. A elevada freqüência de hipertensão arterial de

80-92% e 79%, respectivamente, em Salvador e em Joinville, aponta esse fator

como o mais importante no Brasil. O diabete representa outro fator muito comum

entre os enfermos com doença vascular no Brasil, constituindo-se na principal causa

de morte de diabéticos adultos. Os demais fatores de risco encontrados com

freqüência são: tabagismo, obesidade, hipercolesterolemia e as cardiopatias

embolizantes, inclusive a miocardiopatia chagástica, doença particularmente comum

na Bahia, em Minas Gerais e no Planalto Central, embora exista em outros poucos

estados.

1.1.1 Morbidade hospitalar

Os dados disponíveis são todos inerentes àqueles procedentes dos

hospitais do SUS e da rede hospitalar por ele contratada. Portanto, as informações

disponíveis retratam apenas as camadas sociais menos favorecidas. Embora não

seja possível utilizar denominador populacional para medir incidência ou

prevalência, a cobertura nacional das hospitalizações reflete, para situações agudas,

o maior segmento populacional do Brasil, aproximadamente 65%, assistido pelo

sistema referido, sobretudo porque essas doenças cerebrovasculares são mais

freqüentes nas camadas sociais mais baixas e são a primeira causa de morte no

País.

1.1.2 A letalidade hospitalar Tanto no Brasil quanto em qualquer país as taxas de letalidade hospitalar são

altas, porém baixas em relação à literatura. Não obstante, isso não significa melhor

qualidade assistencial, sendo esta na realidade, muito provavelmente, resultante da

pouca disponibilidade de leitos para pacientes com doenças cerebrovasculares

pelos SUS e da precocidade das altas hospitalares para uma doença considerada

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grave. Na maioria dos casos, essas parecem ser as explicações mais plausíveis,

pois investigações realizadas especificamente sobre essa doença, com busca ativa

de todos os casos possíveis, mostram que a letalidade hospitalar ficou acima de

50% em Salvador, e de 29% em Joinville, neste caso, semelhante às descritas na

literatura.

Em Ribeirão Preto a letalidade hospitalar foi cerca de 30% mais elevada em

indigentes que em pagantes, e a média de idade à época da morte era de cerca de

15 anos inferior para os primeiros. O tempo médio de permanência hospitalar no

Brasil foi de 10,6 dias sendo maior na região Sudeste, em torno de 13,6 dias.

1.2 DEFINIÇÕES

O ataque vascular cerebral pode ser definido como um déficit neurológico

focal súbito devido a uma lesão vascular. Este termo evoluiu nas últimas décadas

para incluir lesões causadas por distúrbios hemodinâmicos e da coagulação, mesmo

que não se tenha alterações detectáveis nas artérias ou veias (ANDRÉ, 1999).

A Organização Mundial de Saúde define o “derrame” como: uma disfunção

neurológica aguda de origem vascular com sintomas e sinais correspondentes ao

comprometimento das áreas focais do cérebro “(OMS, 1980).

O acidente vascular isquêmico consiste na oclusão de um vaso sangüíneo

que interrompe o fluxo de sangue a uma região específica do cérebro, interferindo

com as funções neurológicas dependentes daquela região afetada, produzindo uma

sintomatologia ou déficits característicos (ASPESI e GOBATTO, 2001)

O acidente vascular cerebral pode ser definido como um déficit neurológico

causado por interrupção do fluxo sanguíneo a uma determinada região encefálica

(AMERICAN HEART ASSOCIATION,1999).

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1.2.1. Classificação

AVC isquêmico (AVCI), quando ocorre a oclusão de um vaso sangüíneo que

irriga determinada região encefálica, e corresponde a cerca de 75% dos casos.

AVC hemorrágico (AVCH), quando ocorre ruptura de um vaso sangüíneo

encefálico.

Embora ambos apresentem risco de vida, o AVCI, raramente, causa morte

nas primeiras horas, enquanto o AVCH pode ser fatal já na apresentação. Mesmo

entre os pacientes que sobrevivem às primeiras horas, pode haver progressão

rápida da lesão encefálica e seqüelas permanentes. A diferenciação entre AVCI e

AVCH é essencial, uma vez que a conduta difere, acentuadamente, em cada caso.

Na ocorrência da ruptura de um vaso sangüíneo, conseqüentemente ocorrerá

um sangramento para a superfície do encéfalo (hemorragia subaracnóide), ou para

dentro do parênquima encefálico (hemorragia parenquimatosa). A causa mais

comum de hemorragia subaracnóide (HSA) é a ruptura de um aneurisma.

Malformações arteriovenosas, por sua vez, correspondem a 5% das HSA, enquanto

a hipertensão arterial é a causa mais freqüente de hemorragia parenquimatosa.

Figura 2 - Hemorragia intracerebral

Fonte: < http://www.saudeemovimento> Acesso em: 25 março 2007.

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1.3 SINTOMAS MAIS FREQÜENTES

Diminuição ou perda súbita da força na face, braço ou perna de um lado do

corpo. Alteração súbita da sensibilidade com sensação de formigamento na face,

braço ou perna de um lado do corpo. Perda súbita de visão num olho ou nos dois

olhos. Alteração aguda da fala, incluindo dificuldade para articular e expressar ou

para compreender a linguagem. Dor de cabeça súbita e intensa sem causa

aparente. Instabilidade, vertigem súbita intensa e desequilíbrio associado a náuseas

ou vômitos.

1.4 OCORRÊNCIAS DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO

1.4.1. Trombose arterial

É a formação de um coágulo de sangue dentro do vaso, geralmente sobre

uma placa de gordura (aterosclerose), levando a uma obstrução total ou parcial. Os

locais mais freqüentes são as artérias carótidas e cerebrais. Assim, se houver

obstrução total da carótida direita, por exemplo, "a parte da frente da metade direita

do cérebro" estará comprometida, determinando problemas (paralisia, perda de

sensibilidade etc.) na metade esquerda do corpo.

1.4.2. Embolia cerebral

Surge quando um coágulo (formado num coração doente por arritmia,

problema de válvula, etc.) ou uma placa de gordura (ateroma), se desprende ou se

quebra geralmente da artéria carótida, percorrendo através de uma artéria até

encontrar um ponto mais estreito, não conseguindo passar e obstruindo a passagem

do sangue.

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Figura 3 - Esquema demonstrando o processo de trombose e embolia

Fonte: < http://www.saudeemovimento> Acesso em: 25 março 2007

O AVCI corresponde a cerca de 75% dos AVC e resulta da oclusão completa

de uma artéria, privando determinada região do encéfalo de nutrientes essenciais.

O AVCI pode ser ainda classificado de acordo com o suprimento vascular ou

localização anatômica. O AVC que envolve a região suprida pela artéria carótida é

chamado de AVC da circulação anterior ou território carotídeo, e freqüentemente,

envolve o hemisfério cerebral. Já o AVC que afeta o território suprido pelo sistema

vertebro-basilar é denominado de AVC posterior ou do território vértebro-basilar,

envolvendo comumente o tronco encefálico ou cerebelo.

1.5 CLASSIFICAÇÃO DE AVC ISQUÊMICO

Entre os principais subtipos de AVC isquêmico encontram-se os infartos

secundários à aterotrombose ou aterosclerose de grandes artérias, embolia de

origem cardíaca, infartos lacunares ou doença de pequenas artérias, ou outras

etiologias menos freqüentes e de causas desconhecidas ou indeterminadas. Estas

categorias foram fundamentadas em estudos iniciais do Havard Stroke Registry e

posteriormente, do Stroke Data Bank revisadas no estudo TOAST (tabela 1).

A classificação do paciente em subtipos de AVC isquêmico colabora para

individualizar a melhor terapêutica, bem como para avaliar a evolução e o

prognóstico do mecanismo envolvido.

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Tabela 1 - Classificação de AVC Isquêmico – Estudo TOAST

Aterosclerose de grandes artérias

• Evidência clínica de envolvimento cortical (afasia, negligência, etc.) ou

tronco cerebral e cerebelo

• AIT no mesmo território arterial, sopro cervical

• TC ou RM crânio com infarto hemisférico >15mm, lesões cerebelares

ou corticais

• Angiografia, angio-RM, Doppler carotídeo ou transcraniano sugestivo

de estenose>50% no território arterial apropiado

Oclusão de pequenas artérias (lacuna)

• Evidência clínica de síndrome lacunar

• História de HAS e DM

• Ausência de envolvimento cortical

• TC ou RM são normais ou mostram infarto apropiado<15mm

• Outros testes não identificam fonte de embolia cardíaca ou estenose de

grande artéria

Embolia cardíaca

• Fonte de alto risco: prótese valvar metálica; estenose mitral c/FA;FA:

trombo atrial; trombo ventricular; sínd. Nó sinusal; IAM,4 semanas;

cardiomiopatia dilatada; parede acinética/VE; mixoma atrial;

endocardite bacteriana

• Fonte de médio risco: prolapso mitral; calcificação mitral; estenose

mitral s/FA; turbulência atrial (smoke); aneurisma do septo atrial:

forame oval patente; flutter atrial; prótese valvar; endocardite não-

bacteriana; ICC; parede hipocinética/VE; IAM 4 semanas

Outras etiologias de AVC isquêmico

• Vasculopatias não-aterosclerótcas; trombofilias

AVC isquêmico de causa indeterminada

Fonte: Cruz, Julio, 2005, P.113

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1.5.1 AVC Isquêmico aterotrombótico ou aterosclerose de grandes artérias

Na doença aterosclerótica associada há importantes fatores de risco, como

hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidimia e tabagismo, geralmente há

comprometimento de artérias maiores, como a artéria carótida. O infarto pode estar

localizado na região cortical ou subcortical, apresentar tamanhos variáveis, e estar

relacionado com a circulação carotídea ou vertebrobasilar. Nesses pacientes, é

possível identificar diferentes mecanismos, como embolia de origem arterial com

subseqüente hipoperfusão de territórios, artérias limítrofes, freqüentemente associada

à flutuação dos sinais e sintomas neurológicos. A embolia arterial está relacionada

com a presença de placas de ateroma em regiões proximais. Um importante achado

na história clínica desses pacientes é a presença de eventos isquêmicos encefálicos

ou retinianos prévios (AVC ou AIT) no mesmo território arterial do AVC isquêmico

atual. Algumas vezes há microateromas que ocluem as pequenas artérias

perfurantes, outras vezes as placas levam a estenoses arteriais significativas tanto na

região intracraniana (ex.: artéria cerebral média, basilar) quanto na região do sifão

carotídeo.

Para o diagnóstico deste subtipo é importante documentar a presença dessas

estenoses no território arterial envolvido, utilizando-se, de preferência, exames não-

invasivos, como a ultra-sonografia. Mais recentemente, através do ecocardiograma

transesofágico, foi possível detectar a presença de ateromatose no arco aórtico como

uma importante fonte de embolia arterial, principalmente em pacientes idosos. A

freqüência deste subtipo varia, dependendo dos resultados, em torno de 25%, e

incluem-se os mecanismos de embolia arterial e de hipoperfusão.

1.5.2 AVC Isquêmico lacunar ou infarto de pequenas artérias

Os pacientes com infarto lacunar apresentam, mais frequentemente, a

hipertensão arterial entre os fatores de risco. As síndromes lacunares típicas

incluem síndromes motoras ou sensitivas puras, hemiparesia/hemiataxia, disartria

associada a clumsy-hand, e traduzem a topografia das pequenas lesões isquêmicas

(<15mm) no território dominante das pequenas artérias perfurantes, mais

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comumente na região da cápsula interna, tálamo e ponte, sem comprometimento

cortical. Este subtipo representa uma proporção de cerca de 20% dos pacientes com

AVC isquêmico. Esta freqüência depende da faixa etária e da freqüência de

hipertensão arterial da população estudada.

1.5.3 Embolia cardíaca

O AVC isquêmico associado à embolia de origem cardíaca é reconhecido,

frequentemente, em pacientes com quadro clínico de início súbito, geralmente

cortical, comprometendo a circulação anterior, especialmente a artéria cerebral

média, ou a circulação posterior na região do topo da artéria basilar. Nestes

pacientes é possível identificar fonte cardíaca de alto e médio risco, como por

exemplo, estenoses e próteses valvares, fibrilação atrial, infarto recente do

miocárdio, cardiomiopatia dilatada, doença de Chagas, mixoma atrial endocardite

bacteriana, aneurisma do septo atrial e forame oval patente. Aproximadamente 20%

dos infartos pertencem a este subtipo, podendo a proporção variar dependendo da

faixa etária da população (23 a 36%).

1.5.4 AVC Isquêmico de causas pouco freqüentes

Outras etiologias menos freqüentes também podem ser identificadas,

dependendo principalmente da faixa etária do paciente e da ausência dos fatores de

risco e das etiologias descritas anteriormente. Podemos encontrar neste grupo

arteriopatias não-ateroscleróticas, como anemia falciforme, sífilis ou vasculite. As

causas hematológicas também devem ser lembradas, especialmente possíveis

fatores trombóticos, como a presença de anticorpos antifosfolípides ou trombofilias

hereditárias.

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1.5.5 AVC Isquêmico de origem indeterminada

Quando não for possível classificar o AVC isquêmico entre as categorias

anteriores, ele deve ser determinado AVC criptogênico ou de origem indeterminada.

É importante salientar a necessidade de investigação exaustiva, repetida após um

determinado período, para então classificar o AVC como de “etiologia não definida”,

pois estudos incompletos podem comprometer a identificação da causa correta e,

por conseguinte, a conduta adequada. Inicialmente este subtipo apresentava

freqüências elevadas, porém, mais recentemente, com as novas técnicas

neurorradiológicas, ecocardiográficas e laboratoriais, esta freqüência diminuiu, mas

pode permanecer ainda entre 15% e 35%, dependendo, principalmente, da faixa

etária da população avaliada.

1.6 AVC ISQUÊMICO – UMA EMERGÊNCIA MÉDICA

A fase aguda difere da fase crônica pela dinâmica da isquemia cerebral, que

requer rápida intervenção terapêutica para prevenir a evolução da lesão de forma

irreversível. Um dos principais conceitos para se compreender a mudança radical da

conduta adotada durante esta fase é o conceito de zona de penumbra, e

conseqüentemente a oportunidade de tratamento no tempo adequado (janela

terapêutica).

1.7 ZONA DE PENUMBRA

Há diferentes definições para a penumbra isquêmica, mas a definição clínica

mais relevante é a de um território de isquemia potencialmente reversível. Os

estudos de neuroimagem atuais têm tentado identificar melhor e individualizar a

provável zona de penumbra, em pacientes com AVC isquêmico agudo, assim como

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as novas terapêuticas tentam levar em consideração os principais marcadores que

sugerem progressão da penumbra, para reverter a evolução do infarto definitivo em

tempo adequado. Novas terapêuticas, em janelas terapêuticas maiores do que três

horas, são dependentes deste conceito e dos métodos disponíveis para tentar

individualizá-la. A redução da área do infarto, provavelmente, depende da

manutenção do fluxo sanguíneo por colaterais, do tempo até a recanalização

completa e da topografia do infarto e território arterial envolvido, levando-se em

consideração possíveis diferenças entre a substância cinzenta e a branca.

1.8 FATORES DE RISCO VASCULAR ASSOCIADOS AO AVC ISQUÊMICO

A redução da incidência do AVC isquêmico depende tanto da prevenção

primária, reconhecimento e atuação sobre os fatores de risco na população, como

também da prevenção secundária, prevenção de recorrências em pacientes que já

apresentaram um evento prévio.

Um dos objetivos básicos e mais eficazes da medicina é a prevenção das

doenças. Assim sendo, para reduzir a incidência de AVC na população é preciso

identificar indivíduos de alto risco vascular e assintomáticos, que irão se beneficiar

de medidas preventivas e terapêuticas.

Entre os principais fatores de risco vascular, alguns são passíveis de

modificação, enquanto outros dependem de predisposição genética e não são

modificáveis.

1.8.1 Idade

Representa um dos principais fatores de risco não modificáveis. A freqüência

de AVC tende a aumentar com o aumento da expectativa de vida: o risco de AVC

duplica a cada década após 55 anos de idade. Apesar da prevalência de AVC ser

maior no sexo masculino, o sexo feminino tem sido cada vez mais acometido devido

à maior sobrevida. São observadas ainda diferenças entre os grupos étnicos, não

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somente com relação à mortalidade, mas também quanto à freqüência dos fatores

de risco vascular e aos subtipos de AVC. Nos EUA, a mortalidade nos pacientes

negros é muito maior do que nos brancos. Apesar de estas diferenças poderem ser

explicadas, em parte, pelas diferenças da freqüência dos fatores de risco vascular,

como hipertensão arterial e diabetes mellitus, diferenças socioeconômicas e

interação genético-ambiental podem também interferir nestas freqüências. As

populações asiáticas também apresentam maior incidência de AVC.

1.8.2 A presença de história familiar de AVC

A presença de história familiar de AVC materna ou paterna, também pode

estar associada a aumento do risco dessa doença. O aumento na incidência de

AVC, observado especialmente em certas famílias, pode estar relacionado não

apenas com a presença de fatores genéticos específicos, mas também com hábitos

alimentares e fatores de risco ambientais e culturais.

1.8.3 A hipertensão arterial

Está entre os fatores de risco modificáveis, e destaca-se pela sua elevada

prevalência, tanto nos pacientes com AVC isquêmico como naqueles com AVC

hemorrágico. A relação da hipertensão arterial com o AVC é ainda maior do que

aquela observada no infarto do miocárdio. O risco vascular está diretamente

relacionado com os níveis de pressão arterial, e o controle efetivo da hipertensão

arterial tem reduzido o risco de AVC. A pressão arterial, particularmente a sistólica,

aumenta com a idade. O tratamento da hipertensão arterial, inclusive da hipertensão

sistólica isolada, é eficaz para a redução do risco de AVC.

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1.8.4 O diabetes mellitus

Tem sido reconhecido como um fator de risco independente para os

pacientes com AVC, especialmente quando associado à hipertensão arterial. O

impacto do risco de AVC é muito maior em jovens com diabetes mellitus, bem como

parece ser mais prevalente nos latino-americanos. Nos pacientes diabéticos e

hipertensos o tratamento deve ser intensificado. Os pacientes diabéticos têm uma

elevada susceptibilidade para a aterosclerose das artérias coronárias, cerebrais e

periféricas, e uma maior freqüência de hipertensão arterial, obesidade e dislipidemia.

1.8.5 A dislipidemia

Representa um fator de risco bem demonstrado, principalmente nos pacientes

com cardiopatia isquêmica. Por muito tempo, os dados referentes ao papel dos

lipídeos no AVC isquêmico foram controversos, porém estudos recentes sugerem o

risco aumentado desses pacientes. Portanto, o uso de estatinas é recomendado

para os pacientes com alto risco vascular.

1.8.6 A obesidade

Freqüentemente está associada ao diabetes mellitus e à dislipidemia, e

também é considerado um fator de risco para o AVC isquêmico.

1.8.7 Tabagismo, ingestão abusiva de álcool e vida sedentária

São fatores de riscos dependentes do estilo de vida do paciente, também

podem contribuir para aumentar a freqüência de AVC isquêmico e podem ser

corrigidos. O tabagismo é um fator de risco comprovado para o AVC isquêmico,

sendo importante salientar que parar de fumar pode reduzir esta probabilidade, pois

o risco é dependente não somente da quantidade de cigarros, mas também da

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duração do hábito de fumar. Baixas doses de bebida alcoólica parecem exercer um

efeito protetor, enquanto observa-se um aumento do risco com doses abusivas.

Atividade física regular é recomendada.

1.8.8 Algumas doenças cardíacas

Sabe-se que algumas doenças cardíacas podem contribuir para o risco de

AVC isquêmico como as doenças valvares principalmente quando associadas à

fibriliação atrial e com aumento do átrio esquerdo, infarto recente do miocárdio,

miocardiopatia dilatada e endocardite bacteriana.

1.8.9 Doença de Chagas

O AVC é também uma complicação freqüente nos pacientes com doença de

Chagas na fase crônica, que apresentam miocadiopatia e alterações do ritmo

cardíaco.

1.8.10 A presença de forame oval patente e aneurisma de septo atrial

São outros fatores de risco, encontrados mais freqüentemente em pacientes

jovens com AVC isquêmico de origem indeterminada.

1.8.11 Causas hematológicas

Dentre os riscos para o AVC destaca-se anemia falciforme, uma doença

genética autossômica dominante com alteração estrutural da hemoglobina. Nas

crianças com este diagnóstico recomenda-se a obtenção de Doppler transcraniano

periódico para avaliar os níveis das velocidades de fluxo sanguíneo intracraniano.

1.8.12 O uso de anticoncepcionais orais

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Também merece ser investigado durante a avaliação clínica de rotina,

principalmente pelo risco aumentado de AVC isquêmico em situações específicas,

como nas mulheres que apresentam eventos trombóticos ou são tabagistas.

1.9 FISIOPATOLOGIA DO AVC ISQUÊMICO

A oclusão ou hipoperfusão de um vaso cerebral, leva a uma passagem do

fluxo sanguíneo, que provoca em poucos minutos à morte neuronal no centro da

zona enfartada. A área que circunda este centro, chamada de penumbra isquêmica,

contém tecido cerebral funcionalmente afetado, mas ainda viável, perfundido com

sangue proveniente de vasos colaterais. Esta área pode ser transformada em

enfarte por sofrimento neuronal secundário, induzido pelos efeitos citotóxicos e

excitotóxicos da cascata bioquímica isquêmica.

1.10 ETIOLOGIA DO AVC

Embora os processos bioquímicos do sofrimento isquêmico cerebral sejam

uniformes, há uma série de diferentes causas de AVC isquêmico, como: lesões

estenóticas ateroscleróticas e aterotrombóticas das artérias cervicais extracranianas

e das grandes artérias cerebrais da base do crânio, causando uma hipoperfusão

crítica distal às estenoses graves, embolismo de ponto de partida arterial de lesões

aterotrombóticas, causando oclusão de vasos intracranianos, embolismo sistêmico

(fontes cardíacas como próteses valvulares, fibrilação auricular, trombos cardíacos,

cardiomiopatia dilatada, enfarte do miocárdio recente ou shunts intracardíacos),

lipohialinólise dos pequenos vasos cerebrais, levando a lesões lacunares

microangiopáticas. Causas menos comuns incluem dissecção arterial cervical,

vasculite ou trombose secundária a coagulopatias trombofílicas.

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1.11 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DO AVC

O diagnóstico do AVC deve ser considerado sempre que um paciente

apresentar início súbito de déficit neurológico focal ou alteração do nível de

consciência. Poucas doenças neurológicas não-vasculares podem ser causa de um

distúrbio neurológico agudo, a principal característica do AVC. Se a evolução tiver

sido em alguns dias, uma doença neurológica não-vascular pode estar presente.

Hipoglicemia pode levar à presença de sinais neurológicos focais com ou sem

alteração do nível de consciência, devendo ser considerada em qualquer paciente

com suspeita de AVC. Crises epilépticas podem mimetizar ou acompanhar (5 a

15%) o AVC na fase aguda, podendo ocorrer déficit neurológico transitório após um

episódio convulsivo tônico-clônico generalizado, paralisia de Todd).

1.12 FLUXO SANGÜÍNEO CEREBRAL

O fluxo sangüíneo cerebral é muito elevado, sendo superado apenas pelo do

rim e do coração. Calcula-se que em um minuto circula pelo encéfalo uma

quantidade de sangue aproximadamente igual a seu próprio peso. O estudo dos

fatores que regulam o fluxo sangüíneo é de grande importância clínica. Conforme

demonstrou Kety, (1950) “Circulation and metabolism f the human brain in health

and disease”, o fluxo sangüíneo cerebral (FSC) é diretamente proporcional à

diferença entre a pressão arterial (PA) e a pressão venosa (PV) e inversamente

proporcional à resistência cerebrovascular (RCV), entende-se pela resistência que

os vasos cerebrais oferecem ao afluxo sangüíneo.

Assim temos: FSC = PA – PV

RCV

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Como a pressão venosa cerebral varia muito pouco, a fórmula pode ser

simplificada: FSC = PA/RCV, ou seja o fluxo sangüíneo cerebral é diretamente

proporcional à pressão arterial e inversamente proporcional à resistência

cerebrovascular. Assim, as variações da pressão arterial sistêmica refletem-se

diretamente no fluxo sangüíneo cerebral, o que explica o fato de que a

sintomatologia de certas lesões que diminuem o calibre dos vasos cerebrais

(arteriosclerose) são mais gravas em pessoas hipertensas.

1.13 CÍRCULO ARTERIAL DO CÉREBRO

O círculo arterial do cérebro ou polígono de Willis é uma anastomose arterial

de forma poligonal situada na base do cérebro, que circunda o quiasma óptico e o

tuber cinéreo, relacionando-se ainda com a fossa interpeduncular e a substância

perfurada anterior. Entretanto, esta anastomose é formada por nove artérias que

fornecem sangue para os hemisférios cerebrais. Seis grandes artérias se

anastomosam através de três pequenas artérias comunicantes.

As grandes artérias são: a artéria cerebral anterior (um ramo da carótida

interna), a carótida interna e a cerebral posterior (ramos da basilar). A artéria

comunicante anterior (sem par) une as artérias cerebrais anteriores, e a artéria

comunicante posterior comunicam a carótida interna com a artéria cerebral posterior.

A artéria cerebral que é mais comumente acometida por AVC é a artéria cerebral

média.

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Figura 3 - Polígono de Willis

Fonte:<http://www.profala.com> Acesso em 12 abril 2007

1.13.1 Circulação sangüínea do cérebro

A circulação cerebral depende fundamentalmente de dois sistemas

nutridores: o sistema carotídeo, dominante e responsável pela irrigação dos três

quartos anteriores dos hemisférios cerebrais, através das artérias cerebrais

anterior e média e da artéria coroideana anterior, e o sistema vértebro basilar, que

vasculariza o tronco cerebral, cerebelo, e a porção posterior dos hemisférios

cerebrais através da artéria cerebral posterior. A apresentação clínica e a

evolução de pacientes com lesões nos territórios destes dois sistemas diferem

substancialmente, sendo importante sua distinção precoce (ANDRÉ,1999).

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Figura 4 – Circulação Cerebral

Fonte:<http://www.profala.com> Acesso em 12 abril 2007

1.14 LOCALIZAÇÃO E COMPROMETIMENTO

A maioria das lesões no AVC é na circulação anterior, apresentando sinais

e sintomas de disfunção hemisférica, ou AVC da circulação posterior que mostra

sinais e sintomas de comprometimento do tronco cerebral (SIMON e COLS, 1989).

Outra distinção relacionada à localização do AVC é se a lesão resulta de doença de

grande ou pequenos vasos. A trombose ocorre com mais freqüência nos grandes

vasos sangüíneos cerebrais. Os AVC de pequenos vasos, ou lacunares, são infartos

muitos pequenos que só ocorrem quando pequenas arteríolas ramificam-se de

vasos maiores em porções mais profundas do cérebro, como nos gânglios basais,

cápsula interna, tálamo e ponte. Os acidentes vasculares cerebrais lacunares

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podem produzir síndromes distintas (BARTELS, 1998) e têm um prognóstico para

uma recuperação quase completa (ROLAK e ROKEY, 1990). Usualmente, os

acidentes vasculares cerebrais lesam apenas um lado do cérebro. Como os nervos

no cérebro cruzam em direção ao outro lado do corpo, os sintomas ocorrem no lado

do corpo oposto ao lado afetado do cérebro. Variando de fraqueza leve

(hemiparesia) até paralisia completa (hemiplegia) do lado do corpo oposto ao local

do AVC. A manifestação mais comum do AVC é hemiparesia ou hemiplegia.

Figura 5 – Comprometimento da lesão cerebral

Fonte:<http:// www.msd-brazil.com> Acesso em 25 abril 2007.

1.15 EFEITOS DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

O resultado do AVC depende de qual artéria de suprimento cerebral foi

afetada. As disfunções dos componentes de desempenho e das áreas de

desempenho dependem de várias condições patológicas, resultando em AVC, e das

diferentes estruturas anatômicas afetadas. A oclusão de diferentes artérias cerebrais

originam síndromes vasculares (com os seus sinais clínicos) específicos e

característicos, de cada artéria cerebral envolvida.

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Tabela 2 - Síndromes Vasculares

Artérias Síndromes Clínicos

Artéria Cerebral Anterior

• Hemiparésia contralateral, mais acentuada no

membro inferior

• Perda sensorial contralateral

• Alterações do funcionamento esfincteriano anal

e vesical

• Manifestações mentais, que são mais nítidas e

estáveis se o AVC for bilateral

• Alterações do comportamento, se o AVC do

lobo frontal for intenso

Artéria Cerebral Média

• Afasia (quando o hemisfério dominante é

lesado)

• Hemiplegia e/ou hemiparésia contralateral,

mais acentuada na face e membro superior

• Hemianópsia homônima

• Hemihipostesia

• Apraxia

• Alexia

Artéria Cerebral Posterior

• Síndromes sensoriais talâmicos

• Alterações de memória (lesão bilateral)

• Hemianópsia homônima

• Síndrome de Anton

• Cegueira cortical, provocada por lesão bilateral

dos lobos occipitais associada à agnosia

• Dislexia sem agrafia

• Hemiplegia fugaz

• Ataxia

Artéria Carótida Interna

• Hemiplegia contralateral com hemipostesia e

afasia (quando o hemisfério cerebral dominante é

lesado)

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• Isquemia retiniana com onubilação ou perda da

visão no olho homolateral

• Inconsciência no momento da oclusão

Nota: 40% dos doentes com oclusão da artéria têm, antes

do AVC definitivo, ataques isquêmicos transitórios

Artéria Basilar

• Hemiplegia contralateral ou tetraplegia

• Paralisia facial

• Disartria e disfagia

• Síndrome de Hormes homolateral

• Perda de consciência e presença de vertigem

Artéria Vertebrobasilar

• Sinais de lesão de nervos cranianos e de

conexões cerebelosas homolaterais com sinais

sensitivos e motores nos membros contralaterais

• Síndrome de Weber (lesão localizada nos

pedúnculos cerebrais)

• Paralisia homolateral do nervo oculo-motor

comum

• Hemiplegia contralateral

Fonte: < http://clientes.netvisao.pt/terapia/AVC> Acesso em: 14 abril 2007.

1.16 ALTERAÇÕES DAS FUNÇÕES MOTORAS E ESTÁGIOS APÓS AVC

Logo após o AVC, o hemicorpo afetado apresenta inicialmente um estágio de

flacidez sem movimentos voluntários ou seja o tônus é muito baixo para iniciar o

movimento, não há resistência ao movimento passivo e o indivíduo é incapaz de

manter um membro em qualquer posição, especialmente durante as primeiras

semanas. Em alguns casos, a flacidez permanece por apenas algumas horas ou

dias mas raramente persiste indefinidamente (BOBATH, 1990).

Todas estas alterações levam à ausência de conscientização e de perda dos

padrões de movimento do hemicorpo afetado, bem como a padrões inadequados do

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lado não afetado (utilizado como compensação). Assim, o indivíduo não consegue

rolar, sentar-se sem apoio, manter-se de pé, e tem tendência para transferir o seu

peso para o lado são, por falta de noção da linha média (BOBATH, 1990).

Ainda que a hipotonia possa persistir, é freqüente ser seguida pelo

aparecimento de um quadro de hipertonia, (estágio espástico). Neste quadro

verifica-se o aumento da resistência ao movimento passivo, sendo isto típico dos

padrões espásticos. Durante os primeiros dezoito meses a espasticidade vai,

gradualmente, desenvolvendo-se com as atividades e esforços realizados pelo

indivíduo (fase espástica). A espasticidade produz características típicas como as

posturas anormais e os movimentos estereotipados.

Segundo Bobath (1990) a distribuição anormal do tônus é variável, sendo

normalmente mais intensa em certos padrões que envolvem os músculos anti-

gravitacionais do hemicorpo afetado, nomeadamente, os flexores do membro

superior e os extensores do membro inferior. Um hemiplégico pode apresentar

padrões anormais de movimento ou sinérgicos devido ao tônus anormal, déficits

sensoriais e perda das reações de equilíbrio, sendo uma progressão do AVC pra o

estágio de sinergia, sendo o estágio de maior gravidade. Em qualquer esforço,

intrusão externa ou reflexo desencadeia o padrão de sinergismo total.

Tabela 3 – Quadro físico comumente encontrado nesses pacientes

Sinergia flexora dos Membros superiores

Retração e/ou elevação da cintura escapular

Rotação externa do ombro

Abdução do ombro

Flexão do cotovelo (componente mais forte observado)

Supinação do antebraço

Flexão do punho e dos dedos

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Sinergia flexora dos Membros Inferiores

Abdução, rotação externa e flexão do quadril

Flexão do joelho

Dorsiflexão e inversão do tornozelo

Dorsiflexão dos artelhos

Sinergia extensora dos Membros superiores

Depressão e/ou protração da cintura escapular

Rotação interna e adução do ombro

Extensão do cotovelo

Pronação do antebraço

Movimento variável do punho e dos dedos

Sinergia extensora dos Membros Inferiores

Extensão, adução e rotação interna do quadril

Extensão do joelho (componente mais forte observado)

Flexão plantar e inversão do tornozelo

Flexão plantar dos dedos

Fonte: Teixeira, et al (2003, p.337).

As sinergias básicas são comumente encontradas nos pacientes

hemiplégicos. Entende que sinergismo sejam padrões de movimentos em massa

regidos pela medula espinal, ou seja: quando um músculo de um determinado grupo

é ativado, todos os músculos pertencentes ao mesmo grupo também o são. As

sinergias apresentam-se em padrão flexor e extensor. A figura 6 ilustra o padrão de

sinergia flexora, causado pelo tônus muscular aumentado nos músculos

antigravitacionais.

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Figura 6 - Quadro de Sinergia Flexora

Fonte: OMS (1999, p.16).

1.17 ORGANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO NA FASE AGUDA DO AVC

A visão do atendimento ao paciente com AVC isquêmico agudo como uma

emergência médica, semelhante ao atendimento do infarto agudo do miocárdio, está

bem estabelecida, assim como a indicação do tratamento em centros especializados

com as unidades de terapia intensiva, ou mesmo em unidades específicas para o

tratamento do AVC. As unidades de AVC devem coordenar e permitir a melhor

eficiência da equipe multiprofissional para tratar os pacientes com AVC, reduzindo o

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tempo de internação e a mortalidade hospitalar, entretanto, alguns requisitos são

fundamentais para o estabelecimento de uma unidade de AVC.

As equipes médicas devem estar cientes de que o tempo entre o início dos

sintomas e a avaliação clínica inicial podem interferir na conduta terapêutica

adotada, posteriormente, pelo neurologista nos pacientes com AVC isquêmico

agudo bem como o uso de um protocolo previamente discutido pode facilitar a

integração da equipe de emergência e reduzir o tempo necessário para o

diagnóstico e tratamento do AVC.

Discute-se muito sobre quem deve coordenar estas equipes, contudo, pela

complexidade do AVC, sugere-se que elas sejam coordenadas por neurologistas

com experiência no tratamento agudo de AVC. Na emergência, a conduta inicial

deve ser homogênea quanto aos cuidados médicos e ao tratamento e

posteriormente, cada subtipo de AVC isquêmico necessita de uma orientação

individualizada.

1.17.1 Identificação do paciente com AVC

A viabilidade do tratamento eficaz dos pacientes com AVC depende

diretamente do conhecimento dos sinais e sintomas pela população, da agilidade

dos serviços de emergência, incluindo os serviços de atendimento pré-hospitalar, e

das equipes clínicas, que deverão estar conscientizadas quanto à necessidade da

rápida identificação e tratamento desses pacientes.

Os métodos de diagnósticos devem ser utilizados de maneira organizada e

seqüencial durante a fase aguda do AVC. Inicialmente, é importante realizar uma boa

anamnese, exame físico e neurológico, utilizando o uso das escalas de avaliação do

AVC do National Institutes of Health (NIH Stroke Scale) e escala de Glascow.

A escala de coma de Glasgow é um instrumento de avaliação e diagnóstico,

que serve para acompanhar o estado neurológico da vítima, uniformizando padrões

clínicos mundiais sobre a vítima. Para tanto, são atribuídos valores numéricos às

seguintes respostas da vítima: abertura ocular, resposta verbal e resposta motora. A

pontuação somada em cada um destes itens reflete o status neurológico da vítima.

A pontuação mínima é 03 e a máxima 15. Quanto menor a pontuação mais grave é a

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lesão, quanto maior a pontuação melhor é o estado da vítima. Pontuação menor ou

igual a 08, a vítima é considerada em estado de coma. Assim sendo, os serviços de

emergências devem estar organizados com protocolos estabelecidos.

A tomografia computadorizada do crânio (TC) tem sido o exame de imagem

recomendado, devendo ser realizada o mais rapidamente possível. Deve ser repetida

em 24 - 48h nos casos em que não sejam evidenciadas alterações no exame inicial

ou de evolução insatisfatória. A ressonância magnética encefálica (RM) com

espectroscopia, ou ponderada para perfusão ou difusão pode ser realizada;

apresenta positividade maior que da TC nas primeiras 24 horas para AVC isquêmico

(AVCI), especialmente no território vértebro-basilar.

Para início da investigação etiológica, recomenda-se a realização do ultra-som

doppler de carótidas e vertebrais, avaliação cardíaca com eletrocardiograma,

radiografia de tórax e ecocardiograma com doppler transtorácico ou transesofágico

devendo ser realizado antes da alta hospitalar. A angiografia cerebral deve ser

realizada nos casos de HSA ou acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH) de

etiologia desconhecida. O exame do líquido cefalorraquiano (LCR) está indicado nos

casos de suspeita de hemorragia subaracnóidea (HSA) com TC negativa e de

vasculites inflamatórias ou infecciosas. Recomenda-se realizar em caráter de

emergência os seguintes exames sangüíneos: hemograma, glicose, creatinina, uréia,

eletrólitos, gasometria arterial, coagulograma e, antes da alta hospitalar, frente à

suspeita de trombose, a dosagem do colesterol total e frações, triglicérides e

fibrinogênio.

1.18 DEFICIÊNCIAS NEUROLÓGICAS E RECUPERAÇÃO

Cada sobrevivente de um AVC tem uma combinação exclusiva de déficit

determinada pela localização e gravidade da lesão. As deficiências neurológicas

encontradas com maior freqüência após um AVC descrevem o possível efeito de

cada uma sobre o funcionamento ocupacional.

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Tabela 4 - Deficiências neurológicas após Acidente Vascular Cerebral

Déficit neurológico

Possível efeito sobre a função ocupacional

Hemiplégia

Hemiparesia

Adaptação postural, integração bilateral e mobilidade

deficiente; Diminuição da independência das AVD’s e AVDI’s

Hemianopsia

e outros

déficits visuais

Diminuição da percepção e da capacidade de se

adaptar ao ambiente e se movimentar; capacidade

prejudicada de ler, escrever, reconhecer pessoas e lugares,

dirigir

Afasia Fala e compreensão deficientes na linguagem verbal

ou escrita; Incapacidade de se comunicar, ler ou compreender

sinais ou direções e isolamento

Diminuição de participação social e comunitária

Disartria Dificuldade nas funções motoras orais, como:

alimentar-se e expressões faciais alteradas e fala arrastada

Déficits somatos

sensoriais

Risco maior de lesão em áreas insensíveis,

movimentos coordenados e ágeis prejudicado

Incontinência Perda da independência no toalete

Maior risco de ruptura cutânea

Diminuição da participação social e comunitária

Disfagia Capacidade deficiente para se alimentar e beber por

via oral e risco de aspiração

Apraxia Diminuição da independência em qualquer atividade

Motora (AVD, fala, mobilidade)

Diminuição da capacidade de aprender novas

habilidades

Déficits cognitivos Diminuição da capacidade de aprender novas técnicas

de interações sociais e independência nas AVD, AVDI

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Depressão

Diminuição da motivação e da participação em

atividades e nas interações sociais

Fonte: Lundy – Ekman, (2004 p. 820).

1.18.1 Fatores influentes na recuperação do acidente vascular cerebral

A pesquisa sobre os resultados no acidente vascular cerebral tem

procurado identificar as características e os indicadores que prevêem o índice de

sobrevida, recuperações neurológica e funcional, extensão da hospitalização e

disposição de alta (WILSON e COLS, 1991). Não foram identificados indicadores

simples provenientes dos numerosos estudos anteriores. Os pacientes com

deficiência semelhante após acidente vascular cerebral podem alcançar uma ampla

gama de resultados: os indivíduos com comprometimento neurológico leve podem

acabar tendo sérias incapacidades ou invalidez, enquanto outros com graves

deficiências por AVC residual atingem recuperação funcional satisfatória

(KELLY- HAYES e COLS, 1998).

É evidente que o tipo, tamanho e localização da lesão cerebral influenciam

a extensão e a evolução da recuperação. A presença e gravidade da doença

coexistente, como o diabetes, doença cardíaca e doença vascular periférica, podem

impedir uma recuperação funcional ideal. Um estudo sobre a recuperação da

mobilidade pós-acidente vascular cerebral verificou que mais de 30% dos pacientes

com redução da mobilidade 2 a 7 anos pós-AVC, tinham outras causas que não

esta, particularmente artrite e demência, como impedimentos à mobilidade (COLLEN

e WADE, 1991). Alguns estudos indicaram que a idade avançada afeta de maneira

adversa a recuperação após um AVC (ANDREWS e COLS, 1984; GRANGER e

COLS, 1992).

Entre os possíveis fatores indicativos de uma boa qualidade de vida após um

acidente vascular cerebral estão o status de casado, bom apoio familiar,

independência nas AVD básica, acesso a serviços contínuos e retorno ao trabalho

(CIFU e LORISH, 1994).

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Atualmente, o aparecimento de trombolíticos e outros medicamentos (como

alguns neuroprotetores que se mostraram promissores em estudos preliminares,

embora ainda não estejam disponíveis) trazem-nos a oportunidade de limitar a lesão

neurológica, contribuindo para um melhor prognóstico destes pacientes. O desafio

destas novas terapêuticas é a necessidade de administração precoce, nas primeiras

horas, tornando imperativas as seguintes medidas: Educação dos pacientes de

risco, reconhecimento precoce dos sinais de AVC, transporte rápido ao hospital,

triagem e avaliação hospitalar imediata.

O AVC é uma urgência neurológica e deve ser tratado prontamente. Para isto,

os sintomas que acontecem na fase aguda devem ser reconhecidos.

1.18.2 Complicações neurológicas na fase aguda do acidente vascular cerebral

Dados estatísticos mostram que o progresso no tratamento dos Acidentes

Vasculares Cerebrais (AVC) reduziu nos últimos anos a mortalidade em cerca de

15%, porém complicações agudas, que certamente elevam essa taxa de

morbimortalidade, podem algumas vezes serem previstas de condutas tomadas

precocemente, quer clínicas ou cirúrgicas, que podem certamente interferir

favoravelmente na evolução, quer salvando vidas ou reduzindo as seqüelas.

Várias complicações são esperadas e podem estar intimamente relacionadas

com a localização, o tipo do AVC e o volume ou a extensão da lesão.

(MELO SOUZA, LEÃO, 2000).

As complicações mais comuns são: herniações; hidrocefalia; transformação

hemorrágica do infarto isquêmico; convulsões; depressão; outras complicações

sistêmicas.

1.19 TRATAMENTO ESPECÍFICO

a) Terapêutica de recanalização (Trombólise)

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A administração precoce de terapêutica trombolítica no AVC isquêmico

baseia-se no conceito de que a restituição precoce da circulação no território

afetado, mediante a recanalização de uma artéria intracraniana ocluída, preserva o

tecido neuronal reversivelmente danificado da zona da penumbra.

Por sua vez, a recuperação da função neuronal reduz a incapacidade

neurológica avaliada clinicamente. Com base numa série de grandes estudos

multicêntricos, é possível estabelecerem-se as seguintes recomendações para os

centros que façam trombólise nas primeiras três horas do AVC isquêmico

recomenda-se a administração intravenosa.

b)Terapêutica antitrombótica (Antiagregantes plaquetários)

Os grandes estudos randomizados (IST, CAST) indicam que a administração

de AAS (100-300 mg) nas primeiras 48 horas do AVC reduz a mortalidade e a taxa

de recorrência, de forma mínima mas significativa.

c) Hemodiluição

O benefício clínico da hemodiluição ainda não foi estabelecido, nem a

possibilidade de risco de edema cerebral excluída. Este tratamento não é

atualmente recomendado na abordagem de doentes com AVC isquêmico agudo.

d) Neuroprotectores

Atualmente, não há recomendação para tratar doentes com AVC com

fármacos neuroprotectores.

1.20 UNIDADES DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

Está comprovado que o tratamento de doentes com AVC isquêmico em

unidades de AVC reduz significativamente a mortalidade, a incapacidade e a

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necessidade de assistência institucional,comparativamente com o tratamento numa

enfermaria convencional. Uma unidade de AVC é uma área hospitalar que se ocupa

exclusivamente ou quase exclusivamente de doentes com AVC. Estas unidades

caracterizam-se por um quadro técnico com formação específica e por uma

abordagem multidisciplinar ao tratamento do AVC. As principais áreas profissionais

da equipe de AVC são: médica neurologia, medicina interna/cardiologia e fisiatria,

enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, terapia da fala e da linguagem e

serviço social.

Há diferentes tipos de unidades de AVC: a unidade de AVC agudo, a unidade

combinada de AVC agudo e de reabilitação, a unidade de reabilitação, e finalmente

a equipa móvel de AVC, para hospitais onde não exista uma unidade de AVC. Nas

unidades combinadas e nas de reabilitação os doentes são tratados por períodos

mais longos, por vezes durante toda a fase de hospitalização posterior ao AVC. Foi

neste tipo de unidades de AVC que se comprovou a eficácia, mediante ensaios

randomizados e meta-análises.

1.21 RECUPERAÇÃO DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

Após um Acidente Vascular Cerebral, quanto mais cedo começa a

recuperação, melhor o prognóstico. Tipicamente, a melhora funcional é mais rápida

durante os primeiros poucos meses depois do Acidente Vascular Cerebral do que

mais tarde. A velocidade da recuperação inicial está relacionada à diminuição do

edema cerebral, melhora do suprimento sanguíneo e remoção do tecido necrótico.

Entretanto, com a terapia, os ganhos funcionais podem continuar anos mais tarde

(TANGEMAM et al. 1995). A plasticidade do sistema nervoso responde pelos

ganhos tardios. O grau e o tempo de recuperação do Acidente Vascular Cerebral

não são fáceis de prever (CHOLLET e COLS, 1991).

Os ganhos de função após um AVC são atribuídos à recuperação espontânea

no cérebro assim como a intervenções que influenciam os mecanismos neurais e a

adaptação. É difícil distinguir entre ambos, entretanto, porque a maioria dos

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pacientes recebe algum tipo de intervenção precoce pós-AVC e tenta suas próprias

readaptações ao ambiente (BACH-Y-RITA e BALLIET, 1987).

Langton Hewer (1990) descreveu um modelo de recuperação de Acidente

Vascular Cerebral que engloba tanto a recuperação intrínseca quanto adaptativa. A

recuperação intrínseca ou neurológica refere-se à correção das deficiências

neurológica, como o retorno do movimento de um membro paralisado.

A recuperação adaptativa ou funcional compreende readquirir a capacidade

de realizar atividades significativas, tarefas e papéis sem a restauração total da

função neurológica, como o uso de uma mão não afetada para vestir-se ou andar

com uma bengala ou andador. A maioria dos pacientes adquire algum grau de

recuperação intrínseca e adaptativa.

1.22 AVC E NEUROPLASTICIDADE

A lesão causada no cérebro após um AVC pode provocar perda de sua

função, mas através de um fenômeno denominado “neuroplasticidade”, o cérebro

pode se reajustar funcionalmente, havendo uma reorganização dos mapas corticais

que contribui para a recuperação do AVC. As mudanças descritas na organização

do córtex incluem o aumento dos dendritos, das sinapses e de fatores neurotróficos

essenciais para a sobrevivência de células nervosas. Após ocorrer uma lesão, em

algum lugar do córtex motor, mudanças de ativação em outra regiões motoras são

observadas.

Essas mudanças podem ocorrer em regiões homólogas do hemisfério não

afetado, que assumem as funções perdidas, ou no córtex intacto adjacente à lesão.

Graças a essas reorganizações corticais, que podem ter início de um a dois dias

após o AVC e podem se prolongar por meses, os pacientes podem recuperar, pelo

menos em parte, as habilidades que haviam sido perdidas.

A recuperação da função nos membros, promovida pela plasticidade, é

dificultada por um fenômeno conhecido como “não-uso aprendido”. Com a perda da

função de uma área do cérebro atingida pelo AVC, a região do corpo que estava

ligada a essa área também é afetada, perdendo a sua capacidade de movimentação

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e como o paciente não consegue mover o membro mais afetado, compensa usando

o outro. Deste modo, após um certo tempo, quando os efeitos da lesão não estão

mais presentes e ocorreram readaptações no cérebro, os movimentos poderiam ser

recuperados, no entanto, o paciente já “aprendeu” que aquele membro não é mais

funcional.

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2 TERAPIA OCUPACIONAL 2.1 DEFINIÇÕES

Existem muitas definições da Terapia Ocupacional porém, somente algumas

de uma ampla variedade de teorias aceitas foram consideradas.

Em 1989, a “World Federation of Occupational Therapists” definiu Terapia

ocupacional como: o tratamento das condições físicas e psiquiátricas por meio de

atividades específicas para auxiliar pessoas a alcançarem seu nível máximo de

função e independência.

A “College of Occupacional Therapists” (Reino Unido) emitiu um

posicionamento em 1994 sobre as habilidades essências e os fundamentos

conceituais para a prática, que expôs: a Terapia Ocupacional avalia as funções

físicas, psicológicas e sociais do indivíduo, identifica áreas de disfunção e envolve o

indivíduo em um programa estruturado de atividade para superar a incapacidade. As

atividades selecionadas serão relacionadas às necessidades pessoais, sociais,

culturais e econômicas do consumidor e refletirão os fatores ambientais que

influenciam sua vida.

A Terapia Ocupacional possui uma ação essencialmente interventiva com

atividades significativas, com os objetos de realização do indivíduo e com seus

projetos de vida, seja no lar, na escola, no trabalho, no lazer tradicional e

predominantemente em instituições como clínicas, hospitais gerais e especializados,

centros de reabilitação, centro asilares etc. (CANIGLIA, 2005).

O terapeuta ocupacional investiga as possibilidades de atividades e

ocupações, procurando ampliar o leque de opções do paciente, em meio a

restrições, dependências, limitações, tédio, angústia etc. Atua na preservação da

saúde práxica e na prevenção, tratamento e reabilitação de dificuldades no

desempenho práxico e/ou ocupacional no cotidiano do indivíduo e presta assistência

hospitalar, ambulatorial, domiciliar entre outros.

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2.2 ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA E ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA VIDA

DIÁRIA

As Atividades da Vida Diária (AVD) e as Atividades Instrumentais da Vida

diária (AIVD) são tarefas de cuidados pessoais, mobilidade funcional, comunicação

funcional, administração doméstica e vida em comunidade, que permitem a um

indivíduo atingir a independência funcional. A perda da capacidade de cuidar das

próprias necessidades pessoais e de administrar o ambiente pode resultar em perda

da auto-estima e profundo senso de independência. Os papéis familiares também

são abalados, exigindo que os parceiros assumam a função de responsáveis pelos

cuidados de quem perdeu a capacidade de desempenhar independentemente as

AVD ou AIVD.

De acordo com Pedretti, (2005), as atividades diárias podem ser separadas

em duas áreas: Atividades de Vida Diária (AVD) e Atividades Instrumentais da Vida

Diária (AIVD). As AVD requerem capacidades básicas, ao passo que as AIVD

requerem habilidades mais avançadas de solução de problemas, habilidades sociais

e interações ambientais mais complexas. As tarefas de AVD abragem a mobilidade

funcional, os cuidados pessoais, a comunicação funcional, a administração de

hardware e dispositivos ambientais, e a expressão sexual. As tarefas de AIVD

incluem a administração doméstica e capacidades para a vida em comunidade

(Tabela 5).

A administração doméstica é classificada em atividades profissionais e

produtivas no Modelo de Desempenho Ocupacional.

Tabela 5 - Atividades da Vida Diária e Atividades Instrumentais da Vida Diária

Cuidados pessoais Administração da casa

Arrumar - se, Higiene bucal

Toalete, Vestir-se, Alimentar-se

Rotina de medicamentos

Manutenção da saúde

Respostas a emergências

Mobilidade em comunidade

Cuidados com as roupas

Limpeza

Preparação de refeições

Administração do dinheiro

Manutenção da casa

Cuidados com outras pessoas

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Mobilidade Funcional Habilidades para viver em comunidade

Mobilidade no leito

Mobilidade em cadeira de rodas

Transferências

Locomoção Funcional

Compras

Acesso à recreação

Comunicação Funcional

Escrever

Digitar/usar computador

Telefonar

Dispositivos de ampliação para a

comunidade

Hardware Ambiental Hardware Ambiental

Chaves

Torneiras

Interruptores de luz

Janelas/portas

Telefone

Computador

Aspirador de pó

Abridor de latas

Forno/fogão

Geladeira

Microondas

Fonte: Pedretti; Early. (2005,p.48).

As AVD’s compreendem atividades fundamentais para a sobrevivência, como

comer, manter-se limpo, participar de atividades sociais, realizar serviços domésticos

etc. (FINGER, 1986).

Novas abordagens vêm ampliando esse conceito, libertando-o da restrição ao

auto-cuidado e ampliando-o para envolver atividades da vida prática e de

comunicação. Assim, encontram-se classificadas operacionalmente em: AVD

básicas relacionadas ao cuidado consigo mesmo; AVD complexas ou instrumentais,

que envolvem o viver em comunidade e tarefas do trabalho. No entanto, a

terminologia mais recente define AVD no contexto das tarefas que capacitam o

indivíduo para o desempenho de regras (SPACKMAN, 1998).

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2.3 INSERÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL NO CONTEXTO HOSPITALAR

A Terapia Ocupacional tem por marco de seu surgimento como profissão a

atuação nos grandes hospitais. As primeiras concepções e os relatos de

experiências sobre o uso das ocupações como forma de tratamento, ainda sem

caracterizar a constituição de uma nova categoria profissional, aparecem nos

trabalhos de médicos como o alemão Hermann Simon e o norte americano Adolph

Meyer como ambientoterapia, aplicada por enfermeiras ou assistentes sociais no

tratamento de doentes mentais cronificados pela inatividade nas instituições

psiquiátricas.

No Brasil, a utilização das ocupações como forma de tratamento, chamada de

Terapêutica Ocupacional, também está relacionada historicamente à internação dos

doentes mentais em instituições psiquiátricas. Entretanto, o trabalho e outras

ocupações desenvolvidas em manicômios psiquiátricos desde o século XIX eram

usados mais como recursos disciplinares do que terapêuticos. A partir daí, as

solicitações de abordagens ocupacionais durantes os longos períodos de tratamento

em hospitais gerais ou em instituições especializadas ampliaram-se

progressivamente, relacionadas com as idéias da laborterapia recreacionismo.

Durante a Segunda Guerra Mundial, já se identificava a necessidade de

ocupações em hospitais civis e militares, tratamento inicialmente realizado nos EUA

pelos auxiliares de reconstrução e que só passou a ser uma prática dos terapeutas

ocupacionais na segunda década do século XX. Assim, os primeiros pacientes

atendidos foram os sequelados de guerra, nos países mais diretamente envolvidos

nos conflitos, e os doentes crônicos, como os tuberculosos e os acidentados de

trabalho no Brasil.

O aperfeiçoamento dos conhecimentos na área de saúde e a necessidade de

expansão dos serviços oferecidos à população exigiram que se desenvolvessem

novos procedimentos de tratamento, principalmente das capacidades físicas. De

acordo com o novo modelo biomédico, a Terapia Ocupacional passou a privilegiar o

cuidado aos problemas motores da incapacidade física e da patologia intrapsíquica

da doença mental. Em vez da reorganização comportamental por meio de padrões

de ocupação tidos como saudáveis, o foco da intervenção passou a ser a reabilitação

centrada na patologia.

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2.3.1 O terapeuta ocupacional e a instituição hospitalar Segundo a atual configuração do Sistema Único de Saúde (SUS), as

diferentes unidades devem dispor de determinados recursos de tratamento e

oferecer programas terapêuticos de acordo com sua especificidade e seu nível de

complexidade na assistência à saúde. O desafio que ainda se impõe, entretanto, é o

da efetiva integração dessa rede ou sistema e da implementação de projetos de

melhoria da qualidade do atendimento prestado à população.

Sobre o modelo assistencial proposto pelo Ministério da Saúde para o

atendimento à saúde da pessoa com deficiência pelo SUS, está descrito, num

documento de 1995, que cada unidade deve incluir, segundo suas características

especificas, ações de prevenção, detecção precoce, reabilitação e integração social.

Durante a internação hospitalar do paciente que está, aos poucos se

conscientizando da condição permanente de sua deficiência, o terapeuta ocupacional

deve considerar que tanto ele como sua família poderão passar por crises (de

admissão, negação, tristeza, depressão, raiva, etc.) e que será preciso descobrir sua

necessidades e buscar as soluções possíveis nesses períodos (RAMOS, 2001). É

importante ressaltar que a alta hospitalar é um momento de grande complexidade

para essa população, a qual precisa ser bem preparada e orientada para a saída do

hospital, dos pontos de vista emocional e prático, ocasião em que poderão ser

enfrentados novos problemas, como falta de equipamentos adaptados, dificuldades

de locomoção e de encaminhamento aos programas de reabilitação nas outras

unidades do sistema de saúde, que nem sempre estão disponíveis (processo de

referência e contra-referência).

Contudo, o hospital é mais do que simplesmente uma instituição que possui

grande complexidade administrativa e de serviços prestados, alcance populacional,

além de relevância técnico - cientifica e social. Nela, transitam saberes e tecnologias

diferenciados e são discutidos temas significativos para os que lá trabalham e para

os que são assistidos, como a questão da fragilidade da vida e da eminência da

morte; a dor (física e emocional) e outras conseqüências físicas do adoecimento; a

perda da qualidade de vida decorrente da ruptura do cotidiano; a preparação para o

retorno a casa e ao trabalho, entre outros aspectos.

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Segundo Torrance (2001), o hospital geral é um tipo de serviço/instituição

onde pode ser encontrada uma grande quantidade e diversidade de problemas

clínicos e que provê, fundamentalmente, serviço diagnóstico e tratamentos médico e

cirúrgico aos pacientes com problemas agudos e àqueles que apresentam doença

crônica em fase de exacerbação.

O tipo de inserção do terapeuta ocupacional na instituição hospitalar

dependerá muito de sua categorização dentro da hierarquização dos serviços do

SUS, mas, de qualquer forma, o profissional que nela trabalhar deverá conhecer uma

ampla variedade de diagnósticos e procedimentos terapêuticos, técnicas e métodos

de intervenção em Terapia Ocupacional, além dos diversos recursos sociais, de

saúde e educação da comunidade, aos quais poderá recorrer ou para os quais

poderá encaminhar os pacientes, de modo a lhes propiciar a continuidade do

atendimento extra-hospitalar.

Atualmente, no campo profissional da Terapia Ocupacional no Brasil, têm-se

expandido acentuadamente as possibilidades de atuação e implantação de novas

práticas nas instituições hospitalares. Especialmente nesses contextos, o trabalho

dos terapeutas ocupacionais foi alcançado maior reconhecimento profissional e

social, à medida que foram sendo estabelecidas práticas terapêuticas baseadas em

conhecimentos técnico-científico mais consistentes (e não apenas em dados

puramente intuitivos) e em relacionamentos mais estreitos e respeitosos (em vez de

relacionamentos subservientes) com todos os profissionais da equipe de saúde.

2.4 ASPECTOS GERAIS DA REABILITAÇÃO DO PACIENTE COM ACIDENTE

VASCULAR CEREBRAL

Os terapeutas ocupacionais que se propõem a realizar a reabilitação do adulto

com Acidente Vascular Cerebral devem entender que estão optando por penetrar

num universo extremamente desafiador e complexo, cuja repercussão e expectativa

junto a todas as pessoas envolvidas no processo é muito grande. Antes de definir as

estratégias de tratamento, suas técnicas ou procedimentos, o terapeuta ocupacional

deve analisar e buscar compreender o significado das mudanças na qualidade de

vida dos seus pacientes. A qualidade de vida é:

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uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada do grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e da própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades, que a ele se reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto, uma construção social com a marca da relatividade cultural. (MINAYO, 2000 p. 08).

Ao ser acometido por uma patologia neurológica, como o AVC, o indivíduo

sofre uma forte ruptura em suas relações familiares, afetivas, sociais e profissionais,

que repercutem no seu modo, condições e estilo de vida. Assim, o processo de

reabilitação do paciente que sofre uma lesão cerebral inicia-se já na fase de

hospitalização. Após os períodos de internação e de alta, ele deve ser encaminhado

para os serviços de reabilitação e orientado quanto ao tratamento domiciliar. A

intervenção terapêutico-ocupacional, em qualquer uma dessas circunstâncias, é

fundamental para que a recuperação ocorra de forma satisfatória, como será visto a

seguir.

As intervenções devem começar logo que o paciente estiver clinicamente

estável. Essa assistência imediata é necessária para garantir maior recuperação as

funções motoras e sensório-perceptivas. A falta de orientação aos familiares e/ou

cuidadores dos pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral Isquêmico,

quanto às complicações da patologia e ao posicionamento inicial no leito, podem

acarretar perdas significativas na evolução e na recuperação do quadro de lesão.

Os terapeutas ocupacionais que atuam em hospitais gerais das grandes

cidades comumente participam dessa fase do tratamento; todavia, poucos integram

equipes dos serviços hospitalares que oferecem assistência ao paciente com lesão

neurológica na fase aguda. Contudo, o terapeuta ocupacional deve se capacitar para

atuar nos diferentes níveis de atendimento e ter como objetivo auxiliar o paciente

junto a suas necessidades básicas, condições clínicas e orientações referentes aos

diversos aspectos envolvidos na reabilitação: desde as orientações relacionadas às

AVD, às mudanças posturais e aos posicionamentos adequados dentro do ambiente

hospitalar e domiciliar através de orientações a sua família e/ou cuidadores, na

elaboração das questões decorrentes de sua nova condição de vida.

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Quando não são orientados, a família e/ou cuidadores, mesmo tentando

ajudar, acabam subestimando - e até mesmo negando - as capacidades residuais do

paciente, contribuindo para criar uma situação de extrema dependência. As

orientações e intervenções terapêutico-ocupacionais são imprescindíveis,

principalmente em relação às AVD, pois são aquelas que sofrem maior impacto

inicial e propiciam a percepção da deficiência. A família deve compreender que a

ajuda ao paciente é necessária nas atividades que ele, de fato, é incapaz de

executar e que, quanto antes ele readquirir independência nos cuidados pessoais,

maior será sua possibilidade de recuperação.

As questões da perda do papel social, da labilidade emocional, os problemas

de comunicação e a depressão geralmente estão presentes nos pacientes com AVC

que requerem intervenção imediata. No início do processo de reabilitação, a família

se sente desorientada e busca suporte nos profissionais que compõem a equipe. Por

isso, ao se estabelecer um programa de reabilitação, é necessário que todos os

profissionais envolvidos estejam integrados, trabalhando em função de uma proposta

eficiente que vise às necessidades específicas do paciente.

As orientações dadas pelos terapeutas ocupacionais devem ser compatíveis

com as intervenções propostas pelos demais membros da equipe, que precisam ter

conhecimento e acesso às orientações terapêuticas fornecidas ao paciente e a sua

família. Além disso, é importante que o paciente tenha ciência das orientações

propostas e participe dela, principalmente no tocante às metas a serem atingidas;

afinal, suas expectativas e as de sua família nem sempre são iguais às definidas pela

equipe de reabilitação, o que pressupõe um processo de elaboração de perdas e

ganhos. Um paciente desmotivado ou pouco envolvido compromete a evolução

satisfatória do tratamento.

Outros aspectos a serem considerados no processo de reabilitação são as

condições socioeconômicas e o sistema de assistência de saúde do qual o paciente

faz parte. A maioria dos pacientes recorre aos tratamentos públicos oferecidos pelo

Sistema Único de Saúde (SUS) em hospitais, ambulatórios, centros de saúde ou de

reabilitação ou por convênios médicos, que determinam o número de sessões

realizáveis pela equipe de reabilitação; há, ainda, aqueles que buscam tratamento

em clínicas particulares. De qualquer modo, mesmo com a oferta de assistência pelo

sistema público de saúde, faltam condições financeiras a muitos pacientes para

acessar esses serviços. Além disso, suas moradias não permitem adaptações ou

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modificações e, com isso, surgem outros problemas para a intervenção das equipes

profissionais.

Até o início da década de 1990, a Terapia Ocupacional apoiava-se no modelo

de tratamento que reconhecia o sistema nervoso como uma estrutura rígida e

inflexível, no qual, dependendo da gravidade e da localização das lesões, ficavam

determinadas as condições de recuperação ou não da função. Pesquisas sobre o

modelo sistêmico de controle motor mostram que o sistema nervoso, em conjunto

com outros sistemas orgânicos e integrado com influências do meio ambiente,

permite que a função, por meio da geração de novas conexões, seja recuperada de

forma efetiva.

Cohen (2001), ao discutir os mecanismos responsáveis pela recuperação no

AVC, diz que "os mecanismos essenciais sugerem que o tecido cortical equivalente

no córtex contralateral pode ser responsável pelo sistema de recuperação

observado". Existem, também, outros fatores que podem influenciar o potencial de

recuperação após uma lesão. É necessário levar em consideração a natureza da

lesão, a idade e o sexo do paciente, o tempo entre os sintomas e o atendimento e as

experiências pessoais anteriores e posteriores à lesão.

O prognóstico nas lesões cerebrais é variável. Algumas evidências sugerem

que os AVC causados por trombo e por isquemia diferem daqueles causados por

hemorragia, sendo o segundo, em geral, com prognóstico menos satisfatório. Outro

fator de influência sobre o prognóstico é o ambiente em que o paciente está inserido.

Os hospitais e os centros de reabilitação costumam oferecer ambientes pouco

favoráveis à estimulação plena e integral dos pacientes, necessária ao processo de

reabilitação. Deve-se ressaltar que, quanto mais precoces e intensivas forem às

intervenções, maiores serão as possibilidades da reabilitação. No período

imediatamente após a lesão, ocorre, de fato, a maior parte da recuperação funcional

do paciente; no entanto, pesquisas recentes têm confirmado que esse processo pode

continuar por vários anos.

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2.5 A INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL NO ATENDIMENTO

HOSPITALAR

As necessidades do paciente hospitalizado modificam-se todos os dias após a

lesão; por isso, os cuidados e a assistência devem ser freqüentes e sistemáticos. As

mudanças nas condutas e nos procedimentos podem ocorrer à medida que o quadro

clínico do paciente for se estabilizando e seu estado geral, se modificando. A

intervenção do terapeuta ocupacional nesse momento é essencial, visto que nessa

fase pode-se prevenir ou amenizar as seqüelas motoras e sensoriais resultantes de

um quadro neurológico com uma intervenção terapêutica adequada. A orientação

sobre o posicionamento dos membros superiores em relação às demais partes do

corpo favorece a recuperação das atividades funcionais na seqüência da

reabilitação. Nas seções seguintes, são sugeridos alguns procedimentos

terapêuticos necessários nas diferentes fases do processo de recuperação do

paciente.

2.5.1 Adequação do quarto hospitalar

O tempo que o paciente com AVC precisa ficar hospitalizado é imprevisível,

podendo variar de alguns dias até meses. Portanto, torna-se imprescindível a

preocupação com a adequação do quarto hospitalar quanto à disposição do

mobiliário, ao seu posicionamento, à estimulação sensório-perceptiva e à

participação da família.

O quarto deve ser arrumado de maneira que a posição da cama ou da cadeira

permita ao paciente receber estimulação enquanto estiver acordado. Todavia,

mesmo nos estados de inconsciência, é fundamental haver estimulação por meio do

toque, da fala, das mudanças de posicionamento e dos cuidados pessoais. Deve-se

abordar sempre o paciente que sofreu um AVC pelo lado afetado, isso promove a

virada da cabeça para esse lado. Os familiares e/ou cuidadores também devem

abordá-lo sempre do lado afetado, com exceção para aqueles casos em que o

paciente tenha sofrido negligência severa, podendo sentir-se confuso e isolado.

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Figura 7 - Posicionamento no leito hospitalar pós AVC

Fonte: OMS (2003,p.23).

A mesa de cabeceira deve ser colocada do lado afetado. Isso permite que o

paciente que adquiriu o equilíbrio na posição sentada alcance um objeto na mesa

com a mão não-afetada, girando o tronco e apoiando-se no cotovelo sentado.

Figura 8 - Adequação do mobiliário

Fonte: OMS (2003,p.24).

Quando o quadro de hemiplegia já está definido, a estimulação deve centrar-

se no lado lesado. Em geral, o paciente apresenta tendência a virar a cabeça para o

lado sadio; por isso, os estímulos visuais, auditivos e táteis são percebidos apenas

desse lado. A cama deve ser posicionada de forma que o paciente mantenha a parte

plégica no lado em que são realizadas as atividades terapêuticas e de assistência.

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A aproximação, o contato da família, da equipe de enfermagem, da equipe

médica e dos terapeutas faz com que o paciente olhe, sinta e perceba o lado plégico,

cuja tendência é a de ser negligenciado. A família pode ser orientada e treinada na

execução desses procedimentos, incentivando o paciente a sentar-se, a alimentar-

se, a participar dos cuidados pessoais e das conversas e explorando suas

habilidades mentais preservadas. A busca da simetria e a manutenção do

alinhamento médio do corpo precisam ser encorajadas e reforçadas pelo

posicionamento adequado da cabeça (fixação visual), do tronco e dos membros

superiores e inferiores. Os objetos de uso pessoal devem estar dispostos na mesa

de cabeceira junto à cama, para que o paciente possa acessá-Ios cruzando a linha

média do corpo.

Quanto mais favorável ao bem-estar do paciente for o ambiente hospitalar,

melhores serão suas respostas ao tratamento. Durante a internação, o terapeuta

ocupacional pode indicar e orientar as atividades adequadas às suas necessidades e

interesses. Assistir à televisão e a vídeos são atividades que geralmente agradam

ao paciente. A leitura de livros e revistas também pode ser incentivada, embora nem

sempre ele apresente condições para fazê-Io; nesses casos, é conveniente que um

acompanhante ou o terapeuta leia para eles. Uma atividade que auxilia na

preservação do vínculo com os familiares mais próximos e com sua vida cotidiana é

a confecção de álbuns ou de quadros contendo fotografias, que podem ficar

dispostos no quarto para serem observados pelo paciente.

2.5.2 Posicionamento no leito Durante a fase aguda, o paciente permanece no leito por longos períodos de

tempo. Sua imobilização prolongada pode levar a complicações indesejadas, como a

formação de úlceras de pressão, quadros de pneumonias e a instalação de padrões

motores patológicos de difícil reversão posterior. Para evitar úlceras de pressão,

podem ser utilizados colchões d'água, colchões "caixa de ovo" ou, ainda, o assento

"caixa de ovo" para cadeiras de rodas.

Inicialmente, a família e o cuidador devem ser orientados a deitar o paciente

sobre ambos os lados quando estiver na cama, evitando períodos prolongados em

supinação, que podem resultar em um aumento do tônus extensor dos membros

inferiores e do flexor dos membros superiores. A orientação quanto ao

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posicionamento do paciente neurológico no leito tem a finalidade de evitar o

aparecimento dos problemas referidos e vai sendo modificada de acordo com a

evolução clínica do paciente. Na hemiplegia ou hemiparesia resultante de um AVC,

essa orientação segue recomendações específicas: o posicionamento mais

importante e que deve ser introduzido desde o início é o de deitar-se sobre o lado

plégico, pois ele favorece o alongamento muscular e reduz a espasticidade de todo o

hemicorpo, além de propiciar a percepção desse lado, que está reduzida.

Deve-se proporcionar apoio sempre que necessário para que o paciente

consiga manter sua posição: no paciente em decúbito lateral, isto inclui às vezes o

apoio nas costas, a fim de evitar que ele se vire de dorso para baixo e também para

proporcionar estímulos proprioceptivos ao lado hemiplégico ou hemiparético. O braço

afetado pode ser colocado em extensão com o ombro em protação, se o paciente

estiver deitado sobre o lado afetado. O membro inferior deve ser mantido em discreta

posição de flexão, com o lado afetado flexionado sobre a perna: se houver

necessidade, coloque um travesseiro por baixo do joelho, evitando, dessa maneira o

aumento do tônus.

Figura 9 – Posicionamento correto no leito sobre o lado afetado

Fonte: Edmans, et al (2004, p.40).

Embora o posicionamento descrito seja o mais adequado nessa etapa da

reabilitação do paciente, não deve ser mantido por longos períodos; ele deve ser

alternado com o deitar-se sobre o lado sadio. Dessa forma, a cabeça se mantém na

mesma posição anterior, os flexores laterais do tronco ficam alongados e o braço

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afetado é apoiado num travesseiro à frente do paciente, com elevação de

aproximadamente 100°. A escápula fica à frente do corpo, a partir de sua posição

retraída, com a região ulnar da mão apoiada para evitar a possibilidade de um desvio

ulnar. O cotovelo fica estendido; a perna afetada, semiflexionada e totalmente

apoiada no travesseiro. Deve-se ter o cuidado de evitar que o pé fique fora do

travesseiro.

Figura 10 - Posicionamento correto no leito sobre o lado não afetado

Fonte: Edmans, et al (2004, p.42).

Com o paciente deitado em supino, deve-se colocar um travesseiro sob seu

braço, para puxar a escápula para frente, e outro sob seu joelho, para interromper o

padrão de extensão da extremidade inferior. Se o paciente não possui tônus extensor

ou tem tendência a espasticidade inferior, não se deve colocar um travesseiro sob

seu joelho. Os travesseiros, que devem ser grandes e macios, são úteis para manter

os posicionamentos no leito; em cada posicionamento, utiliza-se de três a quatro

travesseiros. O posicionamento adequado do braço plégico precisa ser garantido em

qualquer local em que o paciente estiver, seja no leito, na cadeira ou na cadeira de

rodas. Ele deve ser mantido em rotação externa e abdução do ombro, extensão do

cotovelo e supinação do antebraço ou em pronação neutra, com estabilização da

parte cubital e o arco palmar preservado. Com esse posicionamento, há melhor

distribuição do tônus no membro.

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Figura 11 - Posicionamento no leito em posição sentada

Fonte: Edmans, et al (2004, p.44).

Figura 12 - Posicionamento em cadeira alta

Fonte: Edmans, et al (2004, p.46).

O posicionamento em cadeira alta possibilita uma posição sentada mais ativa,

depois de o paciente começar a adquirir equilíbrio, o braço afetado é apoiado adiante

do corpo, verifique se o braço encontra-se firmemente apoiado sobre a mesa,

travesseiro e os pés em apoio plantar.

2.5.3 Mudanças de decúbito

O paciente acamado, esteja consciente ou inconsciente, deve ter seu

posicionamento modificado a cada duas ou três horas. No início, é necessário

auxiliá-lo a rolar, mas, tão logo seja capaz de fazê-Io, é melhor deixá-Io exercitar-se

sozinho. Existem técnicas que facilitam as mudanças de decúbito e as transferências

realizadas com o paciente, auxiliando-o para que, posteriormente, consiga executá-

Ias sozinho. O terapeuta ocupacional pode orientar os familiares e acompanhantes

do paciente no manejo dessas técnicas.

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Figura 13 - Rolando para o lado afetado

Fonte: OMS (2003, p.33).

Figura 14 - Rolando para o lado não-afetado

Fonte:OMS (2003,p.56).

2.5.4 Transferência da cama para cadeira

O processo de sair da cama e ir para uma cadeira é um exercício específico

no programa de reabilitação de um paciente que sofreu um AVC. Entretanto, é

importante colocá-lo logo em posição sentada. De início, a transferência é

principalmente uma atividade passiva assistida. Desde o começo, deve-se estimular

o paciente a participar ativamente da transferência. À medida que o tempo for

passando, o paciente conseguirá realizar essa atividade sem ajuda. Na fase inicial do

tratamento, quando o tônus está mais flácido, o paciente deve ser incentivado a usar

o braço afetado como apoio o mais brevemente possível, de maneira a favorecer o

suporte de peso no lado afetado e a propiciar ganho de tônus extensor.

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Figura 15 –Transferência com ajuda

Fonte: OMS (2003,p.34).

Figura 16 - Transferência para cadeira com ajuda

Fonte: OMS (2003,p.35).

O paciente deve reaprender a rolar na cama para os dois lados do corpo,

guiando esses movimentos com os braços estendidos. Com as mãos entrelaçadas e

os cotovelos estendidos horizontalmente em relação ao corpo ou sobre a cabeça, o

paciente deve mover os braços e o tronco para os dois lados e, com a ajuda do

terapeuta, girar a pelve e mover a perna afetada. É importante que o movimento seja

o mais ativo possível; no início, pode ser ajudado, mas deve ser completado pelo

paciente. Para sentar-se na beirada da cama, o paciente deve virar-se para o lado

plégico e iniciar o apoio sobre o antebraço, levantando a cabeça verticalmente e, ao

mesmo tempo, empurrando o tronco com o(s) braço(s), a fim de deixá-Io ereto e de

colocar os membros inferiores para fora da cama. No início, haverá necessidade de o

terapeuta auxiliar o paciente em cada passo desse procedimento.

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Na posição sentada, o braço afetado deve ser usado para apoiar o peso. Em

tal ação, iniciam-se a transferência de peso e o ganho de equilíbrio, e o medo e a

insegurança do paciente quanto a uma queda são reduzidos. O paciente deve

aprender a sentir o membro superior apoiando o lado afetado atrás, ao lado e na

frente, de modo a adquirir maior estabilidade e segurança nessas posições.

Deve-se proceder à transferência para a cadeira comum ou para a cadeira de

rodas quando as condições do paciente permitirem esse movimento, mas se ele

ainda não puder ficar de pé ou caminhar. Caso o paciente não tenha controle

suficiente para manter-se sentado, é indicada a utilização de apoios laterais, cunhas

e pranchas, que servirão de sustentação para o tronco. O paciente pode ser

transportado na cadeira de rodas ou aprender a manejá-Ia sozinha, o que facilitará

seu acesso autônomo e independente a outros setores do hospital.

2.5.5 Orientações para o domicílio

Estimulação no banho com diferentes esponjas (ou utilizar as esponjas de

dupla face). Nem sempre usar o mesmo material de toalha para se secar. Na cozinha

é importante o manuseio de feijão, arroz, milho sobretudo, deve-se chamar a atenção

para riscos de acidente com material quente e/ou gelado, cortantes e ásperos. Ao

dormir, deve-se ficar mais atento ao posicionamento do braço sobre o lado

hemiplégico, pois aumentam as probabilidades de subluxação de ombro, uma vez

que o paciente não tem noção de sua postura, o cuidador deve verificá-la. Orientar o

paciente para sempre olhar o membro afetado posicioná-lo em seu campo visual; é

importante mantê-lo sobre a mesa na hora das refeições, sobre a cadeira quando

estiver sentado. Pode-se sugerir o uso de relógios e/ou pulseira anéis, chamando

sempre a atenção para esse membro. 2.5.6 Higiene pessoal

São inúmeras as técnicas ou as adaptações que estimulam a independência

dos pacientes, seguem-se alguns exemplos, como: solicitar ao paciente que se lave

junto de uma pia implica, primeiramente, avaliar se ele tem condição de fazê-Io de

pé, sentado em uma cadeira comum ou em uma cadeira de rodas. É importante

pedir-Ihe que coloque os braços dentro da pia, o que proporcionará maior controle do

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tronco e demandará postura ereta e simétrica. Caso o paciente apresente

hemiplegia, a colocação de uma toalha fixa e ensaboada na borda da pia auxiliará a

esfregadura do braço e da mão não plégica. O braço afetado deve estar apoiado

sobre o lavatório ou outra bacia pequena colocada sobre a mesa.

Figura 17 - Como lavar o braço afetado com a mão não-afetada

Fonte: OMS (2003,p.129).

Figura 18 - Como lavar o braço não-afetado com a mão afetada

Fonte: OMS (2003,p.129).

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Durante a escovação dos dentes, mesmo com pouco controle motor, o

paciente poderá segurar a escova e colocar creme dental nela; caso não tenha tal

controle, é indicado um adaptador para a escova de dentes. Tão logo seja possível,

esse procedimento deve ser executado com o paciente na posição de pé,

procurando deixar sempre o lado plégico apoiado na borda da pia.

Cortar as unhas é uma atividade que poucos pacientes conseguem realizar;

entretanto, uma lixa ou um cortador de unhas fixadas em um pequeno suporte de

madeira contendo uma ventosa de fixação, colocada em local de fácil acesso,

permite executá-lo com autonomia. Quanto à atividade de tomar banho, é importante

que o paciente seja treinado em como entrar e sair do local em que ela será

desempenhada; se o banho for tomado em banheira ou boxe, convém colocar barras

nas paredes, nos bancos ou assentos, além de tapete antiderrapante.

Figura 19 – Adaptação para banheiro

Fonte: <htpp://www.cecae.usp.br> Acesso em:14 abril 2007

Para enxugar-se, o paciente precisa lançar a toalha por cima de um dos

ombros e segurá-Ia pelas duas extremidades, de forma que ela passe por suas

costas transversalmente; o mesmo deve ser feito do outro lado do corpo.

As peculiaridades de cada local devem ser analisadas e modificadas de

acordo com as necessidades do paciente, que pode precisar da ajuda do terapeuta

durante o aprendizado da seqüência de movimentos, em especial no início do

treinamento. O sabonete pode ser preso a um colar e pendurado no pescoço do

paciente; outra opção é utilizar uma bucha com sabonete líquido.

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Figura 20 – Bucha para banho com elástico adaptado à mão do paciente

Fonte: De Carlo; Luzo (2004, p.226).

Barbear-se é uma atividade bastante difícil para o paciente, principalmente em

caso de hemianopsia associada à negligência corporal. Ele pode, por exemplo,

barbear apenas um lado da face, sem perceber que falta fazê-Io do outro lado. As

mesmas dificuldades podem surgir ao cortar as unhas ou pentear os cabelos. Em

termos terapêuticos, orienta-se o paciente a visualizar sua imagem no espelho e a ter

uma percepção tátil do lado não barbeado, além de indicar o uso de barbeador

elétrico.

2.5.7 Vestuário

O ato de vestir-se implica uma seqüência de ações e decisões que se iniciam

com o acesso ao local em que o vestuário está acondicionado, passam pela escolha

do que usar e finalizam com o vestir-se propriamente dito.

É aconselhável orientar o paciente quanto ao uso de roupas mais largas e

simples pelo menos na fase inicial, pois elas facilitam as ações de vestir e despir. À

medida que ele for se tornando mais apto, entretanto, é importante que suas

escolhas sejam cada vez mais autônomas. Uma regra simples e básica é iniciar a

seqüência sempre com o lado plégico.

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Para vestir uma camisa com botões, uma blusa ou um paletó, o paciente deve

prender a manga entre seus joelhos de modo que possa introduzir o braço nela.

Outra possibilidade é vestir primeiro o braço plégico, puxando a manga acima do

cotovelo, e, então, introduzir o outro braço na manga correspondente, concluindo o

procedimento.

Figura 21 - Como colocar uma camiseta

Fonte: OMS (1999, p.133).

Para vestir uma calça, o familiar e/ou cuidador deve pedir ao paciente que

primeiramente, cruze as pernas uma sobre a outra, introduzindo a que ficar em cima

na peça. Depois, deve puxar a calça para cima o máximo possível, descruzando as

pernas e apoiando o pé no chão. Em seguida, deve vestir a outra perna. O paciente

deve, então, puxar a peça até a altura dos quadris, elevando a pelve de um lado e de

outro. Se tiver condições de ficar em pé, poderá concluir o procedimento nessa

posição. Também pode ser indicada a colocação de uma mesa à frente do paciente,

caso ele precise de apoio por falta de equilíbrio.

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Figura 22 - Como colocar calças

Fonte: OMS (1999, p.134-135).

Para calçar meias e sapatos, vale a mesma orientação dada para vestir a

calça (a de cruzar uma perna sobre a outra), iniciando sempre pelo lado mais

afetado. Caso o paciente não consiga fazer isso com facilidade, deverá, com as

mãos entrelaçadas na frente do respectivo joelho, suspender a perna e colocá-la

sobre a outra. Em caso de hemiplegia, o braço plégico deve ser mantido à frente do

corpo ou ficar solto lateralmente, de forma a permitir ao paciente inclinar o tronco

para frente. O paciente deve ser orientado a colocar a meia com sua mão não

afetada, onde será mantida aberta pelo polegar e os dedos indicador e médio, com a

mão não-afetada, deve-se colocar o sapato na frente do pé estando no chão,

pressionar para baixo o joelho afetado para introduzir o calcanhar no sapato.

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Figura 23 - Como colocar meias e sapatos

Fonte: OMS (1999, p.134).

De modo geral, o despir é mais simples do que o vestir: nesse caso, todos os

movimentos envolvidos são realizados na seqüência inversa; portanto, o paciente

deve iniciar pelos membros não lesados. Para adaptar ambos os procedimentos, ele

deve ser orientado a observar as características do vestuário (etiqueta, avesso,

direito, frente, costas, cores, lado do botão, cinto, etc.).

2.5.8 Alimentação

O paciente com AVC pode se alimentar em diversos locais, mas, para isso,

deve estar bem sentado, de modo que sua movimentação durante a refeição seja

facilitada. Caso sente-se em uma cadeira, esta deve ser colocada próximo à mesa e

conter apoio para o tronco e para os pés. Os membros superiores do paciente devem

ficar apoiados sobre a mesa, a fim de que se obtenha uma postura mais simétrica, o

braço afetado deverá ficar estendido, ombro voltado para frente e cotovelo sobre a

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mesa em uma superfície não deslizante. Pode ser necessário apoiar a mão plégica

sobre um saquinho de areia, que facilita a manutenção do melhor posicionamento do

membro ao longo da refeição.

Figura 24 - Comendo e bebendo com auxílio

Fonte: OMS (1999, p.137-138).

A disposição dos utensílios (copo, prato, talheres guardanapo, etc.) deve

facilitar sua utilização pelo paciente durante a refeição. No caso dos portadores de

hemianopsia, esse cuidado é vital, uma vez que, por causa da limitação de seu

campo visual, alguns objetos ou alimentos podem ser negligenciados.

O uso de talheres deve ser incentivado, mesmo que, no início, o paciente

tenha dificuldades ao realizar tal procedimento. Ele pode, treinar pegar frutas,

biscoitos e torradas, de maneira a repetir várias vezes os movimentos de

pegar e levar o alimento à boca. Beber líquidos em copos exige movimentação

menor; trata-se de uma tarefa que pode ser desempenhada com pouca ajuda, por

isso, o paciente é capaz de realizá-la de maneira independente precocemente. Nos

primeiros estágios, pode ser necessário guiar o paciente enquanto ele se alimenta.

Atividades bilaterais são muito importantes, visto que, ao se utilizarem os dois

lados do corpo, diminui a possibilidade de se negligenciar um deles; além disso,

essas atividades possibilitam exercitar o lado sadio sem sobrecarregá-lo. Quando o

indivíduo atinge um estágio bastante avançado e começa a usar as duas mãos para

se alimentar, ou quando um paciente destro começa a usar novamente sua mão

direita, podem ser úteis talheres com vários tamanhos e espessuras de cabos.

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Figura 25 - Utensílios adaptados

Fonte: OMS (1999, p. 137).

Essencialmente, o terapeuta ocupacional deve buscar soluções que viabilizem

a autonomia e a independência do paciente. O preparo de alimentos, por

exemplo, exige uma seqüência de atos complexos que, de inicio, podem ser

motivo de frustração para ele; no entanto, tal experiência pode abranger desde

refeições bem simples até refeições mais complexas, possibilitando ao paciente

evoluir gradativamente. Essas experiências, que são extremamente gratificantes

para o paciente, podem ser realizadas com maior freqüência à medida que a

reabilitação avança.

2.5.9 Locomoção

A principal meta do paciente neurológico é recuperar a capacidade de se

Iocomover, que lhe proporciona as sensações de liberdade e independência. O

terapeuta ocupacional é o profissional habilitado a orientá-lo e a conduzi-lo nas

diferentes etapas dessa recuperação. Contudo, para que tal meta seja alcançada,

vários desafios precisam ser gradativamente superados: a saída do leito; o uso da

cadeira de rodas; a aquisição da postura de pé; a marcha, com ou sem o auxílio de

dispositivos (andadores, bengalas); o uso de coletivos; a capacidade de dirigir

automóveis.

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O treino do uso da cadeira de rodas deve ser implementado a partir de um

trabalho conjunto com a área de Fisioterapia. Tanto para prescrevê-lo quanto para

utilizá-lo de maneira eficiente, é necessário ter conhecimento de técnicas

específicas.

O paciente que apresenta condições motoras e perceptuais para utilizar o

transporte coletivo - capacidade motora para subir e descer degraus, equilíbrio

suficiente para se manter estável quando o coletivo estiver em movimento e funções

cognitivas preservadas - deve ser encorajado e treinado a fazê-lo.

A recuperação da capacidade de dirigir automóveis gera muita ansiedade e

expectativa nos pacientes, uma vez que acreditam estarem, com isso, ampliando sua

independência e reconquistando significativamente sua qualidade de vida. Existem

leis que permitem ao paciente, mesmo àqueles com limitações físicas, dirigir; basta

que seja habilitado para tanto e/ou que seu automóvel seja adaptado, para que

possa guiar de forma segura, competente e dentro das normas legais.

O câmbio automático e a direção hidráulica são facilitadores criados pela

indústria automotiva para esses casos: uma manivela acoplada à direção ajuda na

realização das manobras quando é preciso estacionar o automóvel. Freio e

acelerador também podem ser adaptados às condições de cada paciente; além

disso, podem ser instalados faróis e limpadores automáticos que dispensam o uso

das mãos.

Outra atividade bastante satisfatória para alguns pacientes é andar de bici-

cleta. Além de ser agradável e gratificante, ter essa experiência novamente estimula

a atividade do tronco, a coordenação motora bilateral e os processos perceptuais. No

caso de pacientes com maior incapacidade, triciclos adaptados com assento em vez

de selim propiciam exercício similar e tão prazeroso quanto à de pedalar uma

bicicleta. A nova perspectiva de assistência da Terapia Ocupacional no contexto

hospitalar, que se volta para a importância de sua atuação como promotora da saúde

e da qualidade de vida ocupacional, mesmo durante o período de internação

hospitalar, é bastante recente. Essa tendência norteia-se pelo princípio da

necessidade da manutenção não só da capacidade funcional, mas principalmente de

um nível mais elevado de qualidade de vida, que implicam maior-estima e melhores

estados de humor e de motivação para a recuperação da saúde o mais rapidamente

possível.

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Conforme explicita PALM (2001), “O terapeuta ocupacional tem como objetivo

primordial a qualidade de vida do indivíduo hospitalizado, em torno do

dimensionamento das condições e necessidades com o ambiente e da relação com a

família e equipe, considerando sua globalidade e integridade”.

Portanto, torna-se fundamental o desenvolvimento de programas de

intervenção que possam abranger a complexidade dos aspectos referidos, investindo

na ambientação, humanização e no cotidiano da clientela internada, e de suas

interfaces com a família e equipe.

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3 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa exploratória, realizada através de levantamento

bibliográfico em referências da biblioteca da Universidade Potiguar, visitas a web

sites, visitas técnicas ao Hospital Casa de Saúde São Lucas – Natal – RN, realizada

após a autorização do responsável pelo setor de Neurologia da Casa de Saúde São

Lucas, localizada na Rua Maxaranguape, 614 no bairro de Tirol – Natal/RN.

Quanto aos procedimentos de coleta optou-se por uma pesquisa de

levantamento, em que foram realizadas entrevistas com os familiares e/ou

cuidadores responsáveis pelos pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral

do tipo Isquêmico no leito hospitalar. Os participantes foram convidados verbalmente

e receberam esclarecimento sobre os objetivos do estudo, sendo garantida total

liberdade para participarem ou não dele, ou ainda, abandonarem o estudo no

momento que desejassem. Todos os acompanhantes preencheram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, confirmando seu desejo em participar da

pesquisa.

A fonte de informação teve característica empírica, cujos dados foram

buscados na realidade e desenvolvidos em campo e qualitativa, pois buscou a

compreensão dos dados dos pacientes e a resposta dos acompanhantes quanto às

orientações propostas.

O consentimento autorizado significa que os sujeitos possuem informação adequada quanto à pesquisa; são capazes de compreender as informações e possuem o poder da livre escolha, o que os capacita a consentir, voluntariamente, a participar da pesquisa, ou a recusá-la. (POLIT e HUNGLER,1995 p. 298).

Em seguida foi aplicado um primeiro questionário com oito perguntas abertas,

elaborado pelas autoras do projeto (apêndice 1), no período entre março e maio de

2007, contendo inicialmente identificação dos pacientes iniciais do nome, idade,

estado civil, profissão, data do AVC e tempo de internação no hospital e localização

da lesão, tempo decorrente do AVC, outras ocorrências, sintomas, fatores de riscos e

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o conhecimento dos profissionais que fazem parte da equipe multidisciplinar da

instituição.

Considerando as principais necessidades apresentadas pelos familiares, foi

elaborada uma cartilha informativa da Terapia Ocupacional (apêndice 2), com

informações sobre o AVC e orientações aos familiares e/ou cuidadores referentes ao

conhecimento da doença, como: prevenção, sintomas, internação, causas, fatores de

riscos, déficits após a ocorrência da doença e a participação da família. Abordando

também a intervenção da Terapia Ocupacional no ambiente hospitalar, como:

posturas e transferências, posicionamento correto e manuseio inicial, cuidados com a

alimentação e comunicação, sugestões e independência nas Atividades de Vida

Diária e Atividades Instrumentais da Vida Diária pós AVC.

Como parte final da pesquisa foi elaborado um segundo questionário

(apêndice 3), contendo três perguntas avaliativas relacionadas à atuação da Terapia

Ocupacional junto aos cuidadores e/ou familiares destes pacientes,como:

informações recebidas através da cartilha informativa, modificação dos hábitos com

relação aos pacientes e se o serviço da Terapia Ocupacional deveria ser oferecido

por este hospital.

Para tanto, os depoimentos presentes na análise dos dados foram

identificados pelas iniciais dos nomes dos pacientes.

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4 RESULTADOS

Os seguintes resultados são referentes ao questionário nº. 1:

Na presente pesquisa o público alvo foi composto por 05 (100%) dos

familiares e/ou cuidadores de 05 (cinco) pacientes acometidos por AVC do tipo

Isquêmico, internados em apartamentos e enfermarias da instituição (campo de

pesquisa) .Observou-se que 02 (40%) eram do sexo masculino e 03 (60%) do sexo

feminino.

Tabela 06- Distribuição dos pacientes segundo o gênero

Gênero %

05 pacientes 100%

02 Masculino 40

03 Feminino 60

A idade dos pacientes variou entre 76 e 90 anos com média de idade de 82

anos, fato que demonstrou maior probabilidade para se acometer por um acidente

vascular cerebral.

Tabela 07- Distribuição dos pacientes segundo a idade

Pacientes Idade

A 90

B 79

C 76

D 85

E 79

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Em relação ao estado civil dos pacientes, 03 (60%) eram casados e 02 (40%)

viúvos.

Tabela 08- Distribuição dos pacientes quanto ao estado civil

Estado civil %

05 pacientes 100%

03 casados 60

02 Viúvos 40

No que concerne à profissão, os resultados demonstram que a maioria 03

(60%) são do lar e 02 (40%) são aposentados.

Tabela 09- Distribuição dos pacientes quanto à profissão

Profissão %

05 pacientes 100%

03 Do lar 60

02 Aposentado 40

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Conforme relatos dos familiares e/ou cuidadores constatou-se que 100% dos

pacientes foram atendidos após três horas da ocorrência do AVC.

Tabela 10 - Atendimento após AVC > (maior) ou < ( menor) que 3h

Atendimento %

> que 3h 100

< que 3h 0

De acordo com os dados analisados verificou-se que o tempo de internação

variou entre 11 e 820 dias, com média de 210 dias.

Tabela 11 - Distribuição dos relatos dos familiares e/ou cuidadores relacionados aos

pacientes quanto ao tempo de internação

Pacientes Tempo de internação

A 60 dias

B 90 dias

C 820 dias

D 120 dias

E 11 dias

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Contatou-se que 03 (60%) dos pacientes foram acometidos de lesão no

hemisfério cerebral e 02 (40%) no tronco encefálico.

Tabela 12 - Distribuição dos relatos dos familiares e/ou cuidadores relacionados aos

pacientes quanto à localização do AVC

Localização da Lesão %

05 pacientes 100%

03 Hemisfério Cerebral 60

02 Tronco encefálico 40

De acordo com os resultados verificou-se quanto ao número de AVC’s, que 3

(três) pacientes tiveram esta ocorrência uma única vez, 1(um) paciente teve 2 (duas)

vezes e 1(um) apresentou esta ocorrência 3 (três) vezes.

Tabela 13 - Distribuição dos relatos dos familiares e/ou cuidadores relacionados aos

pacientes quanto a ocorrência de outro AVC’s

Pacientes Ocorrência de outro AVC’s

Números de AVC’s

A Não 1

B Sim 2

C Sim 1

D Não 1

E Sim 3

Analisando os relatos dos familiares e/ou cuidadores destes pacientes durante

o AVC, constatou-se que os sintomas que predominaram foram: Dificuldade para

falar, dor de cabeça, tontura, fraqueza e dormência em um dos lados do corpo.

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Tabela 14 - Distribuição dos relatos dos familiares e/ou cuidadores, quanto aos

sintomas durante o AVC

Sintomas %

Dificuldade para falar

Dor de cabeça

Tontura

Fraqueza em um dos lados do corpo

Dormência em um dos lados do corpo

30%

Dificuldade para caminhar

Perda de equilíbrio

20%

Diminuição da sensibilidade urinária

Dificuldade para enxergar

Vômito

10%

Verificou-se que os fatores de risco que predominaram foram: Doenças

cardiovasculares e Diabetes com (62,5%).

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Tabela 15 - Distribuição dos relatos dos familiares e/ou cuidadores relacionados aos

pacientes quanto os fatores de risco

Fatores de riscos %

Doenças cardiovasculares

Diabetes

62,5%

Hipertensão

Colesterol elevado

Sedentarismo

37, 5%

Tabagismo

Estresse

25%

Obesidade 12,5%

Com relação ao conhecimento dos tratamentos pós AVC, o Fisioterapeuta

(100%), foi profissional de reabilitação mais conhecido no âmbito hospitalar.

Tabela 16- Distribuição dos profissionais mais conhecidos, no âmbito hospitalar

conforme familiares e/ou cuidadores

Profissionais %

Fisioterapeuta 100%

Fonoaudiólogo 33,33%

Psicólogo 16,66%

Terapeuta Ocupacional 8,33%

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Resultados referentes ao questionário nº. 2:

Analisando os relatos dos participantes constatou-se que 100% dos

participantes responderam como sendo válidas as informações realizadas pelas

Terapia Ocupacional.

Tabela 17 - Distribuição dos relatos dos familiares e/ou cuidadores relacionados com

as informações recebidas pela Terapia Ocupacional

Familiares e/ou cuidadores

100%

Informações válidas %

A Sim 20%

B Sim 20%

C Sim 20%

D Sim 20%

E Sim 20%

De acordo com a modificação dos hábitos, 100% afirmaram terem modificado

os seus hábitos após a entrega em virtude das informações contidas na cartilha. Tabela 18 - Distribuição dos relatos dos familiares e/ou cuidadores conforme a

modificação de hábitos após a entrega da cartilha

05 Familiares e/ou Cuidadores

100%

Modificação de hábitos

%

A Sim 20

B Sim 20

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C Sim 20

D Sim 20

E Sim 20

Sobre a inserção do serviço da Terapia Ocupacional, 100% dos participantes

afirmaram ser de grande importância à atuação do terapeuta ocupacional

contribuindo na eficácia do tratamento multidisciplinar.

Tabela 19 - Distribuição dos relatos dos familiares e/ou cuidadores sobre a inserção

do serviço de Terapia Ocupacional no quadro de reabilitação deste hospital

05 Familiares e/ou Cuidadores

100%

Inserção do serviço de Terapia

ocupacional

%

A Sim 20

B Sim 20

C Sim 20

D Sim 20

E Sim 20

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5 CONCLUSÃO

O resultado da pesquisa foi bastante significativo mesmo apresentando um

número reduzido de participantes, pois este estudo permitiu evidenciar a importância

da inserção da Terapia Ocupacional no âmbito hospitalar, percebeu-se que os

resultados da pesquisa condizem com a literatura consultada e os objetivos

propostos foram totalmente alcançados junto aos familiares e/ou cuidadores.

A metodologia empregada foi suficiente para se obter um resultado satisfatório

junto aos acompanhantes. A cartilha informativa da Terapia Ocupacional promoveu

um melhor entendimento da doença, auxiliando no processo de recuperação do

paciente, através de orientações que buscam promover a funcionalidade e

independência dos pacientes nas AVD’s e nas AIVD’s.

A participação motivada dos familiares e/ou cuidadores, bem como a

integração e a colaboração da equipe no desenvolvimento deste projeto , foi impres-

cindível para se ter êxito.

Por fim, acredita-se que esta pesquisa contribuirá de forma grandiosa para

que haja um maior conhecimento da atuação da Terapia Ocupacional no contexto

hospitalar.

Pelas características de sua formação e pelo instrumental técnico por ele utilizado – a atividade humana -, o terapeuta ocupacional tem uma concepção holística e integral do ser humano, estando, dessa forma, capacitado para avaliar, analisar e intervir no que diz respeito às demandas dos pacientes neurológicos no tocante à recuperação e à melhoria de sua qualidade de vida (DE CARLO, 2004 p.232).

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A – Questionário 1

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UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL

QUESTIONÁRIO DESTINADO AOS FAMILIARES E/OU CUIDADORES DOS PACIENTES ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL DO TIPO ISQUÊMICO

EM INTERNAÇÃO NA CASA DE SAÚDE SÃO LUCAS - NATAL/ RN. QUESTIONÁRIO 1

FICHA Nº. ............ DATA: ......./......./..........

1- IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE INICIAIS DO NOME: ..............................IDADE: ...................

ESTADO CIVIL: ................................PROFISSÃO: ......................................

DATA DO AVC: ...... /......../............

2- HÁ QUANTAS HORAS O PACIENTE FOI ATENDIDO NO HOSPITAL APÓS O ACIDENTE

VASCULAR CEREBRAL? ( ) O PACIENTE FOI ATENDIDO HÁ MAIS DE TRÊS HORAS, APÓS O AVC NA CASA DE

SAÚDE SÃO LUCAS.

( ) O PACIENTE FOI ATENDIDO HÁ MENOS DE TRÊS HORAS, APÓS O AVC NA CASA DE

SAÚDE SÃO LUCAS.

3 -HÁ QUANTO TEMPO O PACIENTE ENCONTRA-SE INTERNADO NESTE HOSPITAL?

( )DIAS ( )MESES ( )ANOS

4 – ONDE OCORREU A LESÃO DO AVC?

( )HEMISFÉRIOS CEREBRAIS ( )TRONCO ENCEFÁLICO

5-O PACIENTE JÁ SOFREU OUTROS O AVCS? ( )SIM QUANTOS? ................... ( )NÃO

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6- O PACIENTE APRESENTOU ALGUN SINTOMA DURANTE O AVC? ( )SIM. ( )NÃO

QUAIS? ( ) TONTURA

( ) VÔMITO

( ) PERDA DE EQUILÍBRIO ( ) DOR DE CABEÇA INTENSA

( ) DIFICULDADE PARA CAMINHAR

( ) DIFICULDADE PARA FALAR

( ) DIFICULDADE PARA ENXERGAR

( ) DIMINUIÇÃO DA SENSIBILIDADE URINÁRIA

( ) FRAQUEZA EM UM DOS LADOS DO CORPO

( ) DORMÊNCIA EM UM DOS LADOS DO CORPO

7- O PACIENTE POSSUI ALGUNS DESSES FATORES DE RISCO?

( )SIM ( )NÃO

QUAIS? ( ) DIABETES ( ) OBESIDADE

( ) TABAGISMO

( ) ESTRESSE ( ) HIPERTENSÃO

( ) SEDENTARISMO

( ) COLESTEROL ELEVADO

( ) DOENÇAS CARDIOVASCULARES, COMO INFARTO E ARRITMIA

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8- APÓS ESTE TIPO DE OCORRÊNCIA, NORMALMENTE O PACIENTE PASSA POR UM PROCESSO DE REABILITAÇÃO. O Sr.(a) IMAGINA QUE QUAIS PROFISSIONAIS FAZEM PARTE DESTE QUADRO DE REABILITAÇÃO?

( )SIM ( )NÃO

( ) TERAPEUTA OCUPACIONAL ( ) FISIOTERAPÊUTA

( ) FONOAUDIOLÓGO ( ) PSICÓLOGO

( ) OUTROS....

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APÊNDICE B – Cartilha Informativa

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APÊNDICE C – Questionário 2

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UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL

QUESTIONÁRIO DESTINADO AOS FAMILIARES E/OU CUIDADORES DOS PACIENTES ACOMETIDOS POR ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL DO TIPO ISQUÊMICO

EM INTERNAÇÃO NA CASA DE SAÚDE SÃO LUCAS - NATAL/ RN.

QUESTIONÁRIO 2 FICHA Nº. ............ DATA: ......./......./..........

1- IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE

INICIAIS DO NOME:..............................

2- COM RELAÇÃO ÀS INFORMAÇÕES RECEBIDAS PELA TERAPIA OCUPACIONAL, O SR.(A) AVALIA COMO:

( ) VÁLIDAS ( ) NÃO VÁLIDAS

3- APÓS A ENTREGA DA CARTILHA O SR. (A) MODIFICOU SEUS HÁBITOS COM RELAÇÃO AO PACIENTE?

( ) SIM ( ) NÃO ( ) UM POUCO

4- ESTE SERVIÇO DE TERAPIA OCUPACIONAL DEVERIA FAZER PARTE DO QUADRO DE SERVIÇOS DE REABILITAÇÃO DESTE HOSPITAL? ( ) SIM ( ) NÃO