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UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO EVANDRO DA SILVA SOUSA EMPREENDEDORISMO NO DESENVOLVIMENTO DO PRODUTOR RURAL: O CASO DO AGROAMIGO NATAL 2018

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!

UNIVERSIDADE POTIGUAR - UnP

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO - PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

EVANDRO DA SILVA SOUSA

EMPREENDEDORISMO NO DESENVOLVIMENTO DO PRODUTOR

RURAL: O CASO DO AGROAMIGO

NATAL

2018

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EVANDRO DA SILVA SOUSA

EMPREENDEDORISMO NO DESENVOLVIMENTO DO PRODUTOR RURAL: O

CASO DO AGROAMIGO

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-graduação Stricto Sensu da Universi-

dade Potiguar, como parte dos requisitos

para obtenção do título de Mestre em Admi-

nistração, na área de concentração em

Gestão Estratégica de Pessoas.

Orientador: Prof. Dr. Manoel Pereira da Ro-

cha Neto

NATAL

2018

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Sousa, Evandro da Silva. Empreendedorismo no Desenvolvimento do Produtor Ru-ral: o caso do / Evandro da Silva Sousa. – Natal, 2018.

103f.

Orientador: Manoel Pereira da Rocha Neto Dissertação (Mestrado Profissional em Administração). – Uni-versidade Potiguar. Pró-Reitoria Acadêmica – Núcleo de Pós-Graduação.

Bibliografia: 78 - 91f.

1. Microcrédito – Dissertação. 2. Agricultura Familiar. 3. Inclu-são Financeira. 4. Social. I. Título.

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EVANDRO DA SILVA SOUSA

EMPREENDEDORISMO NO DESENVOLVIMENTO DO PRODUTOR RURAL: O

CASO DO AGROAMIGO

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-graduação Stricto Sensu da Uni-

versidade Potiguar, como parte dos re-

quisitos para obtenção do título de Mes-

tre em Administração, na área de con-

centração em Gestão Estratégica de

Pessoas.

Aprovado em: ____/____/_______

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

Prof. Dr. Manoel Pereira da Rocha Neto

Orientador

Universidade Potiguar – UnP

___________________________________

Eliana Andrea Severo

Universidade Potiguar – UnP

___________________________________

Profa. Dra Michelle Ferret Badiali

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

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Dedico esse trabalho primeiramente a Deus, a quem

devo tudo e a minha avó, Adália Sousa, que me conce-

deu todo amor que alguém poderia sonhar, um exemplo

de integridade, paciência e apoio.

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AGRADECIMENTOS

Essa Dissertação de Mestrado não é fruto de um trabalho individual, mas sim

foi gerada a partir de um conjunto de pessoas que, direta ou indiretamente, colabo-

raram para que ele se concretizasse.

Nesse sentido, mesmo ciente de que posso incorrer no risco de omitir injusta-

mente algum nome, quero dividir com essas pessoas minha alegria com a conclusão

desse trabalho.

Primeiramente agradeço a Deus, que além do dom da vida, tem me concedido

infinitamente mais do que tudo o que pedi ou imaginei, a quem no nome de Jesus

sou grato e tenho depositado minha esperança.

A minha avó, Adália Sousa, que nunca mediu esforços para me proporcionar

um futuro melhor e sempre. Ela que, como eu, tem suportado uma enorme saudade

que a distância nos causa, mas mesmo assim sempre me deu apoio nas horas mais

difíceis, com muito amor e carinho, muito obrigado!

Em especial, minha eterna gratidão a Ruth Sousa, pelo amor e companheiris-

mo incondicionais e por estar sempre ao meu lado.

Aos familiares que por ações ou palavras sempre contribuíram para minhas

conquistas. Em especial à Daniella Cartaxo, que sempre é prestativa em apoiar-me.

Agradeço aos meus amigos de “longa-data”, que acompanham-me e me fazem

crer que, para a amizade, não há tempo nem distância. Em especial à Atylla Cândi-

do, Carlos Dornelles, Leonardo Santos, Daniel, Edson Passos, Edmar Saturnino e

Júnior Barros, Deus colocou vocês no meu caminho e fazem papel de minha família

nos momentos em que essa não pode estar presente.

Agradeço também ao meu orientador, Prof. Dr. Manoel Pereira da Rocha Neto,

que foi fundamental nesse processo e possibilitou a ampliação dos meus conheci-

mentos. Ao meu lado, sempre disponível, dedicado e com contribuições pertinentes

me incentivando a melhorar.

Certamente é um exemplo de mestre.

Aos professores Dra. Laís Karla da Silva Barreto e Dr. César Ricardo Maia de

Vasconcelos, pelas relevantes contribuições em minha qualificação da Dissertação.

Estes agradecimentos são extensivos a todo corpo docente e administrativo que fa-

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zem da Universidade Potiguar esta referência em ensino.

Neste ensejo, demonstro a minha gratidão ao Profa. Dra Michelle Ferret Badia-

li, membro da banca, pelo tempo dispensado à leitura deste trabalho e certamente

pelas suas contribuições.

No âmbito da Academia, agradeço com muito carinho a todos os meus colegas

do Mestrado Profissional em Administração, cuja amizade e companheirismo sempre

foi presente no dia a dia, tornando o curso ainda mais agradável. Em especial: à

Gleicy Kelly, André Athayde, Emmânuel Lucena e Rodrigo Picardi, que tivemos a

oportunidade de partilhar da elaboração de diversos trabalhos juntos, sofrendo e

comemorando a cada conquista, obrigado pela convivência. Também registro aqui o

meu agradecimento ao colega do Doutorado em Administração Ahiram Brunni pelos

bons ensinamentos, paciência e disponibilidade.

Grande gratidão a todos e mais uma vez faço da minha vitória a conquista de

todo um grupo.

Finalizo na certeza de que, embora árduo seja o caminho a ser percorrido, tor-

na-se claro a importância que um bom trabalho, pautado na concretude dos fatos,

teóricos e empíricos, se faz necessário a qualquer profissional, sendo tão relevante

a escolha de trilhar mais essa etapa rumo ao conhecimento.

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"Eu acredito no Cristianismo como acredito no brilho do

sol, não simplesmente porque eu o veja, mas porque,

através dele, posso ver todas as outras coisas." (C. S.

Lewis)

"A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em

toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns

aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, can-

tando ao Senhor com graça em vosso coração.” (Colos-

senses 3:16)

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RESUMO

O estudo busca identificar o potencial empreendedor do produtor rural a partir do programa Agroamigo viabilizado pelo Banco do Nordeste. Para isso foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa e quantitativa, com finalidade aplicada, do tipo descritiva, quanto às estratégias, a coleta de dados foi realizada via pesquisa de campo e a fonte de informação foi a pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e pesquisa de campo, quanto a temporalidade será transversal, utilizou delineamento correlacional e o método utilizado foi estudo de caso. Devido às incertezas sociais existentes em todo o mundo, tem sido crescente uma nova forma de empreender voltada para a sustentabilidade. Tendo em vista que ainda existe um parcela signifi-cativa da população que não tem acesso a créditos, principalmente pela ausência de garantias ou pelas elevadas taxas, em diversas partes do mundo o microcrédito tem sido um importante meio para a inclusão financeira, promovendo o empreendedo-rismo. Na região Nordeste do Brasil e no norte de Minas Gerais e Espirito Santo o programa de Microcrédito Produtivo Orientado Agroamigo faz esse papel, levando crédito as micro propriedades rurais e além disso, prestando orientação para o pe-queno produtor rural. Quanto aos resultados da pesquisa foi identificado que já fo-ram aplicados R$ 725 milhões pelo programa Agroamigo somente no estado do Rio Grande do Norte, 52% dos atendidos pelo programa são do sexo masculino e 48% feminino, foi verificado nos depoimentos uma predominância de entrevistados de baixa renda e escolaridade.Na visão dos produtores, o apoio Agroamigo é de fun-damental importância para continuidade em suas atividades. Segundo eles, o pro-grama não somente encoraja o início e manutenção de suas atividades como tam-bém, por diversas vezes, o crédito impede que eles venham a paralisar seus empre-endimentos. Por sua vez, para mensurar o potencial empreendedor foi utilizada a versão em português do instrumento de medição do potencial empreendedor Car-land Entrepreneurship Index – CEI, como resultado amostra apresentou a classifica-ção dos entrevistados como “Micro-empreendedor” e “Empreendedor”, sendo a grande maioria como “Empreendedor”.

Palavras-chave: Microcrédito. Agricultura Familiar. Inclusão Financeira. Inovação Social.

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ABSTRACT

The study seeks to identify the entrepreneurial potential of the rural producer from the Agroamigo program feasible by Banco do Nordeste. To do so, a qualitative and quantitative research was carried out with an applied purpose, descriptive approach, regarding the strategies, the data collection will be carried out through field research and the source of information will be the bibliographical research, documentary re-search and field research , regarding the temporality will be transversal, used a cor-relational design and the method used was study case. Due to social uncertainties around the world, a new way to endeavour focused on sustainability has been in-creasing. Given that there is still a significant portion of the population that does not have access to credit, mainly due to the absence of guarantees or high rates, micro-credit has been an important way of financial inclusion in various parts of the world, promoting entrepreneurship. In the Northeastern region of Brazil and in the north of Minas Gerais and Espirito Santo, the Agroamigo Oriented Productive Microcredit program plays this role, giving credit to micro rural properties and also providing guidance to the small rural producer. Regarding the results of the research, it was identified that R$ 725 million had already been applied through the Agroamigo pro-gram in the state of Rio Grande do Norte alone, 52% of those assisted by the pro-gram are male and 48% female, the majority of respondents have low income and schooling. In the view of producers, the support Agroamigo is fundamental to the continuity of their activities. According to them, the program not only encourages the start and maintenance of their activities but also, on several occasions, the credit prevents them from paralysing their ventures. In order to measure entrepreneurial potential, the Portuguese version of the Carland Entrepreneurship Index (CEI) mea-surement instrument was used as a result. The sample presented the classification of the interviewees as "Micro-entrepreneur" and “Entrepreneur”, the great majority be-ing “Entrepreneur”.

Keywords: Microcredit. Family farming. Financial Inclusion. Social Innovation.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Distribuição dos produtores rurais por regiões do país, em 2014…….….28

Quadro 2 Fontes de recursos do Sistema Nacional de Crédito Rural……………….32

Quadro 3 Agroamigo - Quantidade de operações e valores contratados em R$ mil,

período 2005 a janeiro/2018.……………………………………………………….……..37

Quadro 4 Conceitos sobre empreendedorismo social - Visão internacional……..…40

Quadro 5 Evolução no número de artigos sobre a criação e gestão de organizações

sem fins lucrativos e/ou com finalidade social – 1962 - 2016…………………………44

Quadro 6 Distribuição dos índices CEI na amostra……………………………………60

Quadro 7 Percentual de pontuação para cada elemento do CEI…………………….62

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Comparativo das diferentes abordagens sobre o empreendedorismo……22

Tabela 2 Diferença entre o empreendedor e o empreendedor social………………..45

Tabela 3 Diferenciais entre Filantropia e Responsabilidade Social…………………..47

Tabela 4 Classificação do empreendedor segundo o CEI………..……………….…..54

Tabela 5 Gênero…………………………………………….………………………….…..55

Tabela 6 Estado Civil………………………………………………………………………56

Tabela 7 Escolaridade……………………………………………………………………..57

Tabela 8 Renda mensal……………...……………………………………………………58

Tabela 9 Tempo na atividade………………………………………………………….….59

Tabela 10 Quantidade de pessoas que atuam na atividade………………………..…59

Tabela 11 Classificações de empreendedorismo segundo o CEI……………..…..…61

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LISTA DE FIGURA

Figura 1 Localização dos pontos de atendimento do Agroamigo no RN……..……..38

Figura 2 Caracterização da Pesquisa.…………………………………………………..49

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LISTA DE SIGLAS

BNB – Banco do Nordeste do Brasil

CEI – Carland Entrepreneurship Index

GTZ – Cooperação Alemã para o Desenvolvimento

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

INEC – Instituto Nordeste Cidadania

MCR – Manual de Crédito Rural

MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário

MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

OCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse público

ONG – Organização Não Governamental

OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

PAA – Programa de Aquisição de Alimentos

PGPAF – Programa de Garantia de Preços para Agricultura Familiar

PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar

PNMPO – Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado

PRONAF – Programa Nacional da Agricultura Familiar

RN - Rio Grande do Norte

SNCR - Sistema Nacional de Crédito Rural

SOFLEX – Sociedade Brasileira para Exportação de Software

TN - Tesouro Nacional

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 16 ...............................................................................................

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO 16 ................................................................................

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA 18 .........................................................................

1.3 OBJETIVOS 19 .................................................................................................

1.3.1 Geral 19 .........................................................................................................

1.3.2 Específicos 19 ...............................................................................................

1.4 JUSTIFICATIVA 19 ............................................................................................

2 REFERENCIAL TEÓRICO 21 ..............................................................................

2.1 EMPREENDEDORISMO 21 .............................................................................

2.1.1 O empreendedorismo na história 21 ..........................................................

2.1.2 O empreendedorismo no Brasil 23 .............................................................

2.2 O EMPREENDEDOR RURAL 24 ......................................................................

2.3 O AGROAMIGO 28 ...........................................................................................

2.3.1 O microcrédito 28 ........................................................................................2.3.2 O PRONAF 31 ................................................................................................

2.3.3 O microcrédito no BNB 34 ...........................................................................

2.4 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO SOCIAL 39 ........................................

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 49 ........................................................

3.1 DIMENSÕES DA PESQUISA 49 .......................................................................

3.2 MÉTODO DA PESQUISA 51 .............................................................................

3.3 UNIVERSO E AMOSTRA 52 .............................................................................

3.4 INSTRUMENTOS DA PESQUISA 52 ................................................................

4.1 ANÁLISE DA AMOSTRA 55 ..............................................................................

4.2 ASPECTOS QUANTITATIVOS 60 .....................................................................

4.3 ANÁLISE QUALITATIVA 62 ...............................................................................

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 75 ...........................................................................

REFERÊNCIAS 78 ..................................................................................................

APÊNDICE 92 .........................................................................................................

ANEXOS 97...........................................................................................................

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1. INTRODUÇÃO

O empreendedor, segundo Drucker (2005), é alguém que busca transferir re-

cursos de baixa produtividade e rendimento para áreas de produtividade e rendimen-

to mais elevados, para isso correm riscos, porém sendo bem sucedidos, os retornos

devem compensar os perigos. Degen (2009) acrescenta que o empreendedor tem

visão do negócio e não mede esforços para realizar o empreendimento, sua realiza-

ção é ver sua idéia concretizada em sua atividade.

Atualmente, uma espécie de empreendedorismo crescente é o social, que,

segundo Granados (2011), é caracterizado quando uma atividade é desenvolvida

por indivíduos ou grupos de pessoas para criar, manter, distribuir e/ou disseminar

valor social ou ambiental de formas inovadoras através de operações da empresa.

Um tipo de empreendedorismo social é realizado pelo programa Agroamigo

do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), que concede crédito para microempreende-

dores rurais. Ele tem como objetivo melhorar o perfil social e econômico do agricultor

familiar do Nordeste e norte de Minas Gerais e Espírito Santo, cuja operacionaliza-

ção conta com a parceria do Instituto Nordeste Cidadania (INEC) (BNB, 2017a).

Esta dissertação trata do potencial empreendedor dos clientes do Agroamigo,

tendo em vista o tamanho do programa, que inclusive já se tornou uma política pú-

blica e que incentiva o empreendedorismo em classes sociais mais baixas.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Existem diversas estratégias de combater a pobreza, segundo Freitas (2013) ,

um dos principais instrumentos são diferentes modos de acesso a serviços financei-

ros, como créditos e outros, devido a sua função de promover atividades econômi-

cas, para ele isso deveria ser configurado como algo fundamental. Porém, como

Magalhães e Abramovay (2007) assinalam, existe ainda uma parcela significativa da

população que carece de acesso a recursos.

Os referidos autores destacam ainda, por exemplo, que a vida social e

econômica do meio rural é governada pelos compromissos tradicionais e a depen-

dência clientelista, criando um ambiente em que a inovação não é estimulada, dei-

xando-os praticamente presos àqueles que estão neste mercado, reproduzindo as

organizações econômicas existentes de geração em geração, as condições precári-

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as de acesso a novos mercados, a financiamentos para suas lavouras e até mesmo

para seu sustento.

Estima-se que globalmente, cerca de 74 por cento da população mundial está

excluída do setor bancário formal (BHANOT; BAPAT 2015). Visando quebrar esse

paradigma, desde 1970, as microfinanças se tornaram um importante instrumento de

promoção do crescimento inclusivo e do desenvolvimento sustentável (YUNUS,

1998). Maes e Reed (2011) estimam que, em todo o mundo, mais de 200 milhões de

clientes foram atingidos por Instituições de Microfinanças no final de 2010.

A relação entre as oportunidades recebidas e a pobreza estão diretamente

relacionadas entre si, conforme explica Sen (2000):

A relação entre a pobreza como influencia de potencialidades e mo-dicidade de rendimento é intima, e existe nos dois sentidos. o rendi-mento é, sem duvida, um meio importante para as potencialidades. Estas, por sua vez, alargam a capacidade da pessoa ser mais produ-tiva e obter mais rendimento. Essa ligação no sentido oposto é cruci-al para ultrapassar a pobreza. A educação básica e os cuidados de saúde, alem de melhorarem a qualidade de vida, aumentam também a capacidade da pessoa obter rendimentos (SEN, 2000, p.25).

Fazer chegar recursos creditícios às populações desprovidas das condições

de oferecer contrapartidas e garantias bancárias é o mais importante objetivo dos

programas de microfinanças em todo o mundo (ABRAMOVAY et al., 2012b)

O surgimento das instituições de microfinanças no Brasil, segundo Barone,

Lima, Dantas e Resende (2002), teve significativa evolução apenas com a criação

do plano real e a estabilidade da economia, a partir de 1994 que os governos esta-

duais e municipais deram mais apoio para a criação de ONGs voltadas para o mi-

crocrédito. Ainda segundo os referidos autores, existem atualmente 67 ONGs micro-

financeiras na classificação de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

(OSCIP) pelo Ministério da Justiça e 26 Sociedades de Crédito ao Microempreen1 -

dedor autorizadas pelo Banco Central para operar.

No Brasil existem 10,3 milhões de empreendimentos no setor informal, sendo

que 3,4 milhões deles são chefiados por mulheres e 6,9 milhões por homens (IBGE,

2013), o que os tornam público alvo das microfinanças.

Regulamentada pela Lei n.º 9.790, de 23 de março de 1999. Enquadram-se como Oscip pessoas 1

jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos por essa Lei.

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Essa realidade do crescimento do microcrédito é importante, principalmente

no que se refere à promoção do conhecimento e do incentivo à inovação. Com isso,

as novas formas de inovação encontram um mercado a ser transformado, e elas

chegam também por meio de grandes empresas, não somente através de comuni-

dades alternativas (ABRAMOVAY, 2012a).

Neste contexto, em 1996 foi criado o PRONAF, Programa Nacional de Forta-

lecimento da Agricultura Familiar, segundo o Manual de Crédito Rural, Capítulo 10,

Seção 2 - Beneficiários (2017), ele é destinado a agricultores e produtores rurais que

compõem as unidades familiares de produção rural e que comprovem seu enqua-

dramento mediante apresentação da Declaração de Aptidão ao Pronaf - DAP ativa,

que tenham renda bruta familiar anual até R$ 360 mil.

Porém, o crédito voltado para o segmento dos agricultores familiares de me-

nor renda, o Pronaf B, foi onde verificou-se uma inadimplência elevada, segundo

destacaram Higgins e Neves (2016).

Visando transformar a realidade destes produtores que têm mais dificuldade

com o crédito, foi criado o Agroamigo. Programa de microcrédito rural do Banco do

Nordeste do Brasil (BNB) que tem o objetivo de reduzir essa inadimplência, visando

garantir o sucesso dos agricultores utilizando uma metodologia que tem como fator

essencial o contato próximo do agente de crédito rural junto ao cliente (BNB, 2018d).

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA

Neste contexto, existem as características empreendedoras do programa de

microcrédito Agroamigo e seu incentivo ao empreendedorismo, e por outro lado as

adversidades encontradas pelo agricultor familiar como o baixo nível de escolarida-

de, de informação e de acesso a novas tecnologias.

Diante do exposto, constitui problema deste estudo: Qual o potencial em-

preendedor dos beneficiados pelo programa Agroamigo no Rio Grande do Nor-

te (RN)?

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1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Geral

Identificar o potencial empreendedor do produtor rural a partir do programa

Agroamigo viabilizado pelo Banco do Nordeste.

1.3.2 Específicos

a) Investigar o nível de investimento do Agroamigo no estado do Rio Grande

do Norte;

b) Identificar o perfil sociodemográfico dos pesquisados;

c) Identificar a visão do produtor rural sobre o papel do Agroamigo como

agente transformador;

d) Sugerir ações empreendedoras para ampliar a qualidade do programa

Agroamigo.

1.4 JUSTIFICATIVA

Apesar de existirem diversos estudos sobre o empreendedorismo, ainda há

necessidade de mais informações sobre o empreendedorismo social e ações que o

promovam.

Este tema faz-se relevante para a sociedade porque traz conhecimento para

contribuição das pesquisas empíricas, ele mostra como o empreendedorismo pode

ser utilizado para melhorar a qualidade de vida da população rural de baixa renda.

Os pequenos agricultores familiares sofrem de diversas formas. Tais como

baixo poder aquisitivo para compra de insumos, dificuldades para escoar a produ-

ção, intempéries climáticos, etc., por isso destaca-se a importância do perfil empre-

endedor para superar as adversidades.

Segundo Littlefield, Morduch e Hashemi (2003), o microfinanciamento permite

que pessoas de baixa renda protejam, diversifiquem e elevem suas fontes de renda,

possibilitando assim um caminho para saída da pobreza e da fome.

O Agroamigo trouxe uma nova forma de atuar com microcrédito junto ao ho-

mem do campo, com o objetivo de garantir a eficiência do Pronaf B, financiamento

destinado a parcela mais pobre da população rural, que não vinha com bons indica-

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dores. A nova metodologia implementada, que tinha como premissa o contato mais

próximo com cliente possibilitou a transmissão de conhecimento e o acompanha-

mento diferenciado do crédito, garantindo um maior sucesso no empreendimento.

Hoje o programa é considerado um dos maiores programa de microcrédito rural da

América Latina.

Moser e Gonzalez (2015) destacam que o programa busca promover sinergi-

as entre seus produtos e programas governamentais, como por exemplo, o Progra-

ma de Garantia de Preços para Agricultura Familiar (PGPAF), o Programa de Aquisi-

ção de Alimentos (PAA), O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o

Zonamento Agrícola, os regimes de seguro de colheitas, como o Proagro Mais e o

Investimento, além de realizar parcerias com programas governamentais de assis-

tência técnica em seu conjunto de produtos.

A dimensão considerável do programa pode ser observada levando em con-

sideração seus números. Em 11 anos de programa foram atendidos 1.770.635 clien-

tes em 208 unidades de atendimento, no final de 2016 a carteira ativa do programa

era de R$ 3,7 bilhões (BNB, 2017b).

Diante do exposto, pode-se perceber a importância desta pesquisa para o

contexto do microempreendedor rural, além disso, apesar de ser crescente no âmbi-

to acadêmico a elevação da quantidade de estudos sobre o empreendedorismo so-

cial e seus impactos, ainda existe carência de pesquisas científicas sobre o presente

estudo.

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!21

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo discorre sobre aspectos relevantes para um melhor entendimen-

to do tema central do trabalho, nesse sentido a pesquisa busca contextualizar sobre

os acontecimentos históricos e a conjuntura atual do empreendedorismo e microcré-

dito, assim como as bases teóricas das principais correntes de pensamentos.

Ele dividi-se em quatro sessões que estão estruturadas de forma a facilitar a

leitura e o entendimento do trabalho, são eles: empreendedorismo, o empreendedo-

rismo rural, o Agroamigo e empreendedorismo e inovação social.

2.1 EMPREENDEDORISMO

2.1.1 O empreendedorismo na história

Joseph Schumpeter, estudioso do empreendedorismo clássico que foi um

precursor da economia personalista é citado por O’Boyle (2017) como alguém que

insistia repetidamente no papel crítico do empreendedor ativo, espontâneo e ansioso

para iniciar a mudança nos assuntos econômicos.

Schumpeter mencionou já em 1911 o empreendedorismo como um processo

desafiador e dinâmico, que poderia ser conceitualizado em todas as esferas da soci-

edade (GAWELL, 2013).

O empreendedorismo foi associado à necessidade de realização por McClel-

land (1961) que executou um trabalho para identificar as características de um em-

preendedor (GUEDES, 2009).

David McClelland, que segundo Brancher, Oliveira e Roncon (2012), é um dos

mais citados pelos artigos analisados nos Encontros da Associação dos Programas

de Pós-Graduação em Administração (EnANPAD) sobre as características dos com-

portamentos dos empreendedores, concluiu, através do referido estudo, que os em-

preendedores trazem como motivação a necessidade de realização, poder e afilia-

ção. De realização, por que tem necessidade de se estimularem buscando a realiza-

ção, desafios e metas, colocando seus próprios limites a prova. Este é o comporta-

mento encontrado em empreendedores de sucesso. A necessidade de afiliação é

quando a pessoa tem necessidade de conectar vínculos emocionais positivos com

outras pessoas e a necessidade de poder é o desejo de exercer algum poder sobre

os demais.

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Brancher, Oliveraie e Roncon (2012) também destacam o trabalho realizado

por David MaClelland em 1982, quando realizou uma pesquisa mundial para verificar

as características mais presentes nas pessoas bem sucedidas, ele encontrou carac-

terísticas que podem ser condensadas em três. Quando a pessoa busca realizações

e oportunidades, ainda que para isso sejam enfrentados riscos calculados. Também

houve o conjunto de características referentes ao planejamento, quando o indivíduo

procura as informações necessárias para o bom desempenho de suas atividades e

cumprimento das metas. Por último, o conjunto de atributos relacionados ao poder,

ou seja, alguém que sabe abordar de forma a exercer persuasão sobre os demais e

que possui uma boa rede de relacionamentos.

Na tabela 1 vê-se os principais estudiosos do comportamento empreendedor

e um comparativo das suas visões.

Tabela 1 - Comparativo das diferentes abordagens sobre o empreendedorismo.

Fonte: Brancher, Oliveira e Roncon (2012).

Data Autor Características

1848 Mill Tolerância ao risco

1917 Weber Origem da autoridade formal

1934 Schumpeter Inovação, iniciativa

1954 Sutton Busca de responsabilidade

1959 Hartman Busca de autoridade formal

1961 McClelland Corredor de risco e necessidade de realização

1963 Davids Ambição, desejo de independência, responsabilidade e auto confiança

1964 Pickle Relacionamento humano, habilidade de comunicação, conhecimento técnico

1971 Palmer Avaliador de riscos

1971 Hornaday e Aboud

Necessidade de realização, autonomia, agressão, poder, reconhecimen-to, inovação,independência.

1973 Winter Necessidade de poder

1974 Borland Controle interno

1974 Liles Necessidade de realização

1977 Gasse Orientado por valores pessoais

1978 Timmons Autoconfiança, orientado por metas, corredor de riscos moderados,cen-tro de controle, criatividade, inovação.

1980 Sexton Enérgico, ambicioso, revés positivo

1981 Welsh e White Necessidade de controle, visador de responsabilidade, auto confiança, corredor de riscos moderados.

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Stevenson (1983) definiu o empreendedorismo como a busca de oportunida-

des além dos recursos tangíveis que você atualmente tem controle e Stevenson

(1985) destacou ainda que existe uma relação estreita entre a oportunidade e as ne-

cessidades individuais.

Para Drucker (2005), o empreendedor é alguém que está sempre buscando a

mudança, mas não somente isso, que também reage a ela, que a explora como

sendo uma oportunidade. Ele destaca ainda a necessidade dos empreendedores

aprenderem a praticar a inovação sistemática, ou seja, que estejam sempre na bus-

ca determinada e coordenada por mudanças, que esteja analisando o seu ambiente

buscando oportunidades que possam surgir dessas mudanças, sejam elas via ino-

vação econômica ou social.

Para Kasseeah (2016), o empreendedorismo é geralmente definido como um

processo de criação de novas riquezas e a maioria das atividades empresariais são

realizadas sob a forma de um negócio. A pesquisa em empreendedorismo foca

principalmente em como e por que os indivíduos percebem as oportunidades e as

avaliam e exploram enquanto outras não (KRAUS; MEIER; NIEMAND, 2016).

Não existe um modelo único do que é ou do que faz um empreendedor, na

visão de Filion e Dolabela (2000), as suas atividades essenciais variam, mas em ge-

ral o processo empreendedor passa pelas seguintes etapas: imagem diferenciada de

si, proatividade e aprendizado, interesse pelo setor de atividade, visualização, ação,

organização, posicionamento/desenvolvimento, relações com o ambiente e transfe-

ribilidade.

Para Neves e Guedes (2010) o empreendedorismo tem sido apresentado

como uma opção para enfrentar as questões econômicas e sociais que afligem os

tempos atuais, recessões, desequilíbrio na distribuição e geração de renda, IDH,

qualidade de vida, entre outros.

2.1.2 O empreendedorismo no Brasil

A partir da definição de empreendedorismo apresentada, há importância de

compreendê-lo no contexto brasileiro. Segundo Dornelas (2015), o empreendedo-

rismo virou realidade no Brasil somente durante a década de 1990, antes disso, pra-

ticamente não se comentava sobre empreendedorismo e a abertura de pequenas

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empresas. O que contribuiu para este cenário foi estabilidade do ambiente político e

econômico e a criação de entidades como o Sebrae e a Sociedade Brasileira para

Exportação de Software (Softex).

O relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM), pesquisa sobre o empre-

endedorismo a nível internacional realizada desde 1999, já tendo participado em

mais de 100 países, contou com a participação de 65 países em 2016 e, segundo

ele, o Brasil atingiu uma taxa de 36% da população adulta envolvida com a atividade

empreendedora. Internacionalmente a Taxa de Empreendedores Iniciais (TEA) do

Brasil está na 10ª colocação no grupo geral (SEBRAE, 2017).

Analisando o comparativo dos dados do IBGE entre 2001 e 2014 referente ao

número de donos de negócios no país, pode-se verificar que houve um crescimento

de 22%, chegando a 24,9 milhões de pessoas, que podem ser divididos em 13,7 mi-

lhões de potenciais empresários com negócios, 6,7 milhões de empresários e 4,5

milhões de produtores rurais. Nesse período houve uma expansão de 29% dos em-

presários, provavelmente por conta da criação do Microempreendedor Individual, 2%

dos potenciais empresários e uma queda de -2% dos produtores rurais, a queda

desde último está relacionada ao êxodo rural e à modernização do campo. (SE-

BRAE, 2016)

Estes produtores rurais se diferenciam por trabalharem sem empregados

(94%), a maioria do sexo masculino (85%), apresentam baixo grau de escolaridade,

com a maioria tendo apenas o Ensino fundamental incompleto (74%), são predomi-

nantemente chefes de domicilio (72%), a maioria são pessoas mais velhas (35%

possuem 55 anos ou mais), tem baixa renda média mensal (79% ganham até dois

salários mínimo), começam a trabalhar cedo (96% começam a trabalhar até os 17

anos), trabalham na mesma atividade há mais de cinco anos (82%) e possuem rela-

tivamente baixo acesso aos recursos de telefonia celular, acesso aos recursos de

informática e cobertura previdenciária, e eles trabalham, predominantemente, no in-

terior, em propriedades rurais, com baixas escalas de produção, em estruturas ex-

tensivas relativamente simples e de natureza familiar (SEBRAE, 2016).

2.2 O EMPREENDEDOR RURAL

O desenvolvimento rural, segundo Kolawole e Ajila (2015), se preocupa prin-

cipalmente com as estratégias destinadas a melhorar a qualidade de vida das pes-

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soas que residem em comunidades relativamente remotas e pouco povoadas. De

fato, o desenvolvimento do empreendedorismo e a geração de emprego constituem

uma plataforma vital para o fortalecimento dos meios de subsistência rurais. Um

empresário rural é alguém que vive no campo e a diferença entre eles e um empre-

sário urbano pode ser encontrada nos efeitos da ruralidade no processo empresarial

(STATHOPOULOU; PSALTOPOULOS; SKURAS, 2004).

Para Korsgaard, Müller e Tanvig (2015) a relação entre agricultura e empre-

endedorismo é complexa. Muitas vezes o empreendedor é tido como algum “super

herói”. As formas de empreendedorismo que mancham esse ideal, segundo Williams

(2011), tendem a ser colocadas fora dos limites do empreendedorismo, ignoradas,

retratadas como temporárias ou transitórias, ou que têm pouco a ver com o empre-

endedorismo dominante.

Embora os agricultores, por definição, não sejam empresários, certas manei-

ras de gerir e desenvolver fazendas podem muito bem ser altamente empreendedo-

ras (KORSGAARD; MÜLLER; TANVIG, 2015).

Williams (2011) chamou atenção para o fato de que a literatura sobre econo-

mia informal também começou a analisar o empreendedorismo no setor informal.

Porém, apesar desta pequena mas crescente literatura sobre empreendedorismo

informal, a maioria desses estudos até agora se concentrou em comunidades urba-

nas.

Apesar da importância atribuída ao significado do empreendedorismo em ge-

ral, para Stathopoulou, Psaltopoulos e Skuras (2004), os esforços para definir o em-

preendedorismo rural e especificar seus fatores influentes têm sido uma tarefa ainda

mais difícil, devido a uma série de questões relacionadas, principalmente com as

forças diferenciais e os impactos exercidos pela ruralidade como empreendedor Am-

biente.

Os conceitos de espaço e local, segundo Korsgaard, Müller e Tanvig (2015),

são cruciais para a compreensão do empreendedorismo rural. Ele se destaca de ou-

tras formas de empreendedorismo devido às suas características espaciais particu-

lares.

Segundo Stathopoulou, Psaltopoulos e Skuras (2004), existem três caracte-

rísticas principais do ambiente físico que afetam o empreendedorismo: localização,

recursos naturais e paisagem. A localização está relacionada à distância dos princi-

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pais mercados e acessibilidade a clientes, fornecedores, fontes de informação e ins-

tituições. A distância e a proximidade dos principais centros urbanos afetam custos

de transporte de insumos e resultados e têm implicações na divulgação de informa-

ções e na difusão de instrumentos de políticas.

Os baixos rendimentos são um problema político fundamental para as áreas

rurais para Fuller‐Love, Midmore, Thomas e Henley (2006). Pequenez e afastamento

das zonas rurais tornam difícil de desenvolver economias de escala e massa crítica,

segundo Henderson (2002).

Koyana e Mason (2017) afirmam que apesar de existirem vantagens para os

empresários rurais, vale a pena notar que, mesmo em economias desenvolvidas, os

empresários rurais podem enfrentar grandes desafios. Nessas áreas, a necessidade

de diversificação econômica e o desenvolvimento integrado é ainda mais forte e o

subdesenvolvimento rural em áreas atrasadas e menos favorecidas é detectado por

uma variedade de sintomas que causam uma série de problemas distintos dos pa-

drões rurais ideais (STATHOPOULOU; PSALTOPOULOS; SKURAS, 2004).

Quanto mais longe da metrópole, segundo Koyana e Mason (2017), mais

aguda é a falta de infraestrutura de transporte e internet ou acesso de banda larga

de alta velocidade, que são vitais para o desenvolvimento do comércio eletrônico.

Além de que os empresários rurais muitas vezes têm poucas qualificações e, portan-

to, menos conhecimentos técnicos e gerenciais do que seus colegas metropolitanos.

Isso pode ainda ser agravado quando políticas públicas que penalizam ou di-

ficultam atividades empreendedoras, promovem valores e normas culturais que de-

sencorajem o empreendedorismo, ou ao não criar o ambiente legal, institucional e

estrutural necessários para empreendedorismo se tornar estabelecido, conforme

destacam Dana e Honig (2007).

Existem exemplos em que questões como estas vêm sendo combatidas,

Nguyen, Frederick e Nguyen (2014) destacam como o empreendedorismo rural tem

sido bem reconhecido nos países desenvolvidos e que é considerado uma ferramen-

ta fundamental para estimular o crescimento diversificado e endógeno da política de

desenvolvimento rural. Nos EUA ele é uma estratégia que tem sido utilizada desde a

década de 1990 para conter a crescente pobreza rural, conforme destacam Koyana

e Mason (2017), e nos países em desenvolvimento vem sendo uma ferramenta para

combater a falta de qualificações e habilidades.

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O empreendedorismo tem sido promovido como um meio central de manter a

vitalidade em populações comparativamente pequenas, dispersas e dependentes,

aproveitando ao máximo os recursos limitados disponíveis e, na medida do possível,

antecipando o impacto das tendências existentes e iminentes (FULLER‐LOVE;

MIDMORE; THOMAS; HENLEY, 2006).

O desenvolvimento rural sustentável é alcançado onde e quando as situações

de desemprego e pobreza são aliviadas através de iniciativas de nível comunitário

específicas para o contexto e ecologicamente saudáveis (KOLAWOLE; AJILA,

2015).

Para Escalante e Turvey (2006), o desenvolvimento econômico rural se ba-

seia em quatro pilares na educação e formação do empreendedorismo: a política

precisa fomentar a criação de redes comerciais que liguem empreendedores a for-

necedores; precisa ser garantida uma política de acesso ao capital; a infraestrutura

e; necessita haver apoio institucional, que é fundamental nos programas baseados

no empreendedorismo. O acesso a capital pode ser o mais importante obstáculo que

dificulta o empreendedorismo rural segundo Henderson (2002).

Por isso, tanto a Cúpula do Microcrédito em Washington em 1997, como na

Cúpula do Microcrédito Global no Canadá, em 2006, foi enfatizada a necessidade de

permitir acesso ao crédito para o trabalho por conta própria e para outros serviços

financeiros, conforme destacam Nguyen, Frederick e Nguyen (2014).

Nos empreendimentos familiares, segundo Woodfield, Woods e Shepherd

(2017), a visão e o propósito do negócio precisam ser desenvolvidos, implementa-

dos e potencialmente até adaptados ou modificados por gerações sucessivas para

proporcionar crescimento e dar um senso de propriedade ao negócio. Os espaços

rurais em geral oferecem uma série de possibilidades e incentivos distintos para em-

preendedores potenciais e para certos tipos de produção (KORSGAARD; MÜLLER;

TANVIG 2015).

No Quadro 1 verificou-se que a maior quantidade de produtores rurais no

Brasil está localizada na região Nordeste (44%).

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Quadro 1 - Distribuição dos produtores rurais por regiões do país, em 2014.

Fonte: Sebrae (2016), a partir de processamento dos dados do IBGE (PNAD, 2014). 2.3 O AGROAMIGO

O Agroamigo é fruto de diversas ações promovidas para redução da pobreza

de produtores rurais de baixa renda, tomando como base experiências bem sucedi-

das de microcrédito para produzirem uma releitura do Pronaf B, visando melhorar

sua a aplicação e a qualificação do crédito. (KHAN; DUARTE; COSTA; MARIANO;

ARAÚJO, 2018)

2.3.1 O microcrédito

Tendo em vista que é significativamente vinculado à políticas de redução da

pobreza, o microcrédito é uma das formas que a inovação social pode ser apresen-

tada. Neste caso, a importância não é unicamente econômica, mas também existe

uma responsabilidade com a procura de realização dos interesses comuns ao bem-

estar social por meio dos créditos que são concedidos aos pequenos empreendi-

mentos, na maioria das vezes informais, que ocasionarão a geração de emprego e

renda (MOURA; MACHADO; BISPO, 2015).

Um importante fator na inovação social promovida pelo microcrédito, segundo

Alice e Ruppenthal (2012), é a concessão de créditos sem a exigência de garantia

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real, tendo em vista que é destinado a uma parcela da sociedade que não possui

riqueza acumulada, o que normalmente o torna marginalizado pelos serviços bancá-

rios. Corroboram com esse pensamento Gomes, Carvalho e Costa (2015), que colo-

cam como objetivo maior dos programas de microfinanças em todo o mundo favore-

cer o acesso a recursos creditícios por parte de pessoas sem condições de oferecer

contrapartidas e garantias bancárias.

Segundo Rocha e Silva (2008), a maioria dos produtos ou processos que são

atualmente utilizados pelas empresas não se aplicam a população mais pobre que

está na base da pirâmide social, o que representa 80% da população mundial. Para

chegar até eles será necessário criar produtos e processo direcionados para este

público. O microcrédito é um exemplo de adequação de produto para alcançar os

que necessitam.

Pode-se dizer que certamente existem inúmeras inovações, mesmo que in-

crementais, mas que ainda não ingressaram no mercado, por falta de microcrédito

(ALICE; RUPPENTHAL, 2012)

Para Ims e Zsolnai (2014) o microfinanciamento visa que as pessoas de baixa

renda sejam dotadas de capital financeiro em condições razoáveis. Desta forma,

elas poderiam evitar altas taxas do mercado informal, que muitas vezes era sua úni-

ca alternativa. Ao fazer uma pequena quantidade de empréstimos ("microcréditos")

aquelas pessoas poderiam realizar seus sonhos, por exemplo, começar uma peque-

na empresa ou ganhar alguma renda.

Antes desses programas os pobres dificilmente conseguiam atender as exi-

gências impostas pelas instituições bancárias e a alternativa utilizada por eles para

buscar recursos normalmente era recorrer a mercados informais de crédito, segundo

Alice e Ruppenthal (2012). Porém, os recursos financeiros obtidos através de meios

informais normalmente possuem taxas bem mais elevadas, o que acaba por impedir

o desenvolvimento dos negócios por eles financiados. A renda líquida gerada é baixa

devido ao pagamento de altos juros o que consequentemente diminui a possibilidade

do pobre melhorar sua qualidade de vida e contribui para que ele pernaça à margem

da sociedade.

Carvalho (2013) destaca as mudanças que o microcrédito trouxe para a soci-

edade, principalmente para a população de baixo poder aquisitivo. Segundo Moura,

Machado e Bispo (2015), o mercado da base da pirâmide tem chamado atenção por

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ser um mercado emergente, cheio de oportunidades e que contempla, mundialmen-

te, cerca de quatro bilhões de pessoas com baixa renda.

Para Moraes et al. (2008) existe uma lacuna no mercado, deixando uma par-

cela da população excluída do crédito bancário tradicional devido as restrições que

ele impõe. Visando atingir esse mercado e eliminar estas barreiras foi que começa-

ram a surgir as organizações de microcrédito. Ele tem sido uma alternativa viável por

que utiliza uma metodologia diferente da tradicional, aceitando garantias diferencia-

das, existindo a relação de confiança e o acompanhamento mais próximo da evolu-

ção no negócio. Isso possibilita um grande impacto social assertivo para a socieda-

de, o incentivo que ela venha a se autossustentar e ser empreendedora (CARVA-

LHO, 2013).

A concessão de empréstimos de baixo valor a pequenos empreendedores in-

formais, sem acesso ao sistema financeiro tradicional, constitui-se política de desen-

volvimento para redução das desigualdades sociais, mediante o fortalecimento e a

ampliação das atividades das camadas menos favorecidas, o aumento de sua renda

e a melhoria das condições de vida no domicílio, permitindo-lhes ascender social-

mente. Ao deslocar capital, ainda que em pequenas quantidades, para as mãos dos

menos favorecidos, o microcrédito pode atuar como um mecanismo de distribuição

de renda (ETENE, 2014).

O microcrédito se popularizou a partir de 1974, com uma experiência então do

Professor de Economia, Muhammad Yunus, e do Banco Grameen, em Bangladesh

(GOMES; CARVALHO; COSTA, 2015). Tudo começou com um empréstimo de ape-

nas 27 dólares que Muhammad Yunus fez, após isso ele emprestou dinheiro a 42

mulheres para comprarem bambu para fabricação e venda de banquinhos, elas pa-

garam seus empréstimos e com seu trabalho passaram a sustentar suas famílias,

esse foi o início do Banco Grameen (YUNUS, 2006). Higgins e Neves (2016) citam experiências com finanças solidárias nos anos

de 1970, mas a abertura da legislação brasileira para o fenômeno do microcrédito

começou na virada do século XXI. Em primeiro lugar por causa da Lei nº 9.790 em

1999 que criou a Organização da Sociedade Civil de Interesse público (OSCIP), fa-

cultada para emprestar serviços financeiros alternativos. Até aquele momento, os

serviços de microfinanças eram oferecidos por ONGs que operavam tecnicamente

na ilegalidade. Posteriormente, em 2003, foi criado o Banco do Povo, filial do Banco

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do Brasil, que oferecia serviços de acesso simplificado e créditos pequenos à popu-

lação de baixa renda. E, finalmente o microcrédito tornou-se política pública no Bra-

sil por meio da criação do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado,

instituído pela Lei 11.110 em 2005 (ARNAUT; PICCHIAI, 2016).

2.3.2 O PRONAF

Para compreender o PRONAF, é necessário entender o contexto de sua cria-

ção. Silva (2016) explica um breve histórico do Sistema Nacional de Crédito Rural

(SNCR) que foi criado em 10 de maio de 1966, por meio da Lei n.º 4.829 e regula-

mentada pelo Decreto n.º 58.380, o com o objetivo de promover ofertas de crédito

específicas para o setor rural, viabilizando assim sua a rentabilidade, através de ta-

xas de juros mais favoráveis. Porém, ainda segundo o referido autor, desde o início

esses créditos foram seletivos, beneficiando os agricultores de maior porte, determi-

nados produtos e regiões mais dinâmicas, principalmente Sudeste e Sul.

Nas décadas de 1960 e 1970 houve uma elevação no volume de crédito agrí-

cola proveniente do percentual exigível sobre os depósitos à vista e complemento de

recursos providos pelo Tesouro Nacional (TN) com programas de incentivo. No en-

tanto, na de 1980, em decorrência do crescimento da inflação e com a possibilidade

de ganhos especulativos, ocorreu a redução dos depósitos à vista, com isso houve a

redução da participação dos bancos comerciais e os créditos se concentraram no

Banco do Brasil, com recursos do TN, o que gerou pressões e levou o governo a re-

alizar modificações no Sistema Nacional de Crédito Rural para criar novas fontes de

recursos (SILVA, 2006). O quadro 2 mostra as fontes de recursos do SNCR.

Apesar disso, na década de 1990, foi acentuada a queda do patamar de cré-

ditos liberados, sendo que esta foi aprofundada em 1995/1996. O projeto de coope-

ração realizado pela FAO , em cooperação com o INCRA , que foi realizado em 2 3

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), ela lidera os 2

esforços internacionais de erradicação da fome e da insegurança alimentar, criada em 16 de outubro de 1945, atua como um fórum neutro, onde todos os países, desenvolvidos e em desenvolvimento, se reúnem em pé de igualdade para negociar acordos, debater políticas e impulsionar iniciativas estratégicas (FAO, 2018).

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) é uma autarquia federal, 3

cuja missão prioritária é executar a reforma agrária e realizar o ordenamento fundiário naci-onal. Criado pelo Decreto nº 1.110, de 9 de julho de 1970, atualmente o Incra está implanta-do em todo o território nacional por meio de 30 superintendências regionais (INCRA, 2018).

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1994 , segundo Sabourin (2017), foi determinante para argumentar sobre a criação 4

do PRONAF. Ele trouxe uma primeira análise tipológica do censo agropecuário de

1985, identificando a categoria agricultura familiar.

Quadro 2 - Fontes de recursos do Sistema Nacional de Crédito Rural.

Fonte: Corrêa (1999) – Novos caminhos do financiamento agrícola e as suas distorções.

Wanderley (2017) destaca como este estudo diferenciou um total de 7 mi-

lhões de estabelecimentos em quatro categorias: a patronal, abrangendo 500 mil es-

tabelecimentos (7,1% do total dos estabelecimentos do país); a familiar consolidada,

abarcando 1,5 milhão (21,5%); em transição, correspondente a 2,5 milhões (35,7%)

e, por fim, a periférica, somando 2,5 milhões de unidades produtivas (35,7%), sendo

última categoria a mais frágil social e economicamente.

De acordo com o referido estudo, cerca de 75% dos estabelecimentos agríco-

las no Brasil tinham características de produção familiar, sendo que somente os es-

Ano de criação Fontes de financiamento

1965 Recursos Livres (MCR 6-8) - Fonte Tradicional

1965 Recursos Obrigatórios (MCR 6-2)- Fonte Tradicional

1965 Recursos do Tesouro Nacional – Fonte Tradicional

1985 Programa Especial de Crédito para Reforma Agrária (Procera)

1986 Caderneta de Poupança Rural

1989 Fundos Constitucionais

1990 Sociedades de Crédito Imobiliário e Bancos Múltiplos

1990 Fundos de Aplicações Financeiras (FAF)

1990 Depósitos Intrafinanceiros Rurais (DIR)

1990 Depósitos Especiais Remunerados (DER)

1990 Fundos de Commodities

1991 Recursos externos (63 rural)

1991 Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)

1994 Recursos Extramercado (FAE)

1995 Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio (ACC)

1995 Finame agrícola

FAO (Roma, Itália). Diretrizes de política agrária e desenvolvimento sustentável para a pe4 -quena produção familiar: versão preliminar. Brasília. FAO/INCRA, 1994. p. 98.

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tabelecimentos tidos como familiares abrangiam 22% da área total. Além disso, este

tipo de estabelecimento era responsável por cerca de 60% do pessoal ocupado, de-

tendo 28% do valor total da produção agropecuária. Os dados mostraram-se rele-

vantes para indicar a importância da agricultura familiar na geração e manutenção

do emprego no campo. Paralelamente, o mesmo estudo também detectou que, do

total de estabelecimentos que tiveram acesso aos programas de financiamento,

apenas 44% (cerca de 11% do valor total financiado pelas fontes formais de recur-

sos) eram direcionados para agricultores familiares (SILVA, 2006).

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) foi

criado através do Decreto no 1.946, de 28 de junho de 1996 (BRASIL, 2018a), tendo

suas normas consolidadas na Resolução no 2.310, de 29 de agosto de 1996 (BRA-

SIL, 2018b). A intenção naquela época foi fornecer crédito de custeio e investimento

aos agricultores familiares, e as condições desse crédito seriam mais benéficas do

que as que existiam para o crédito rural convencional. Além disso, o Pronaf era

segmentado em quatro grupos de mutuários (A, B, C e D), em que o grupo B do 5

Pronaf é aquele que possui menor renda anual (MAIA; PINTO, 2015).

Segundo Abramovay et al. (2012b), o objetivo do PRONAF é gerar de ocupa-

ção, visando a manutenção do homem no campo, fortalecendo a agricultura familiar,

gerando emprego direto da força de trabalho do produtor rural e de sua família, me-

diante o financiamento de infraestrutura de produção e serviços agropecuários e ati-

vidades rurais não-agropecuárias.

Em 2006, foi sancionada a Lei 11.326, que estabelece as diretrizes para a

formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familia-

res Rurais, passando a reconhecer a agricultura familiar como segmento produtivo,

garantindo assim a institucionalização das políticas públicas voltadas para esse se-

tor (BRASIL, 2018c).

Para Abramovay e Piketty (2005), não existe dúvida de que os subsídios do

PRONAF permitiram ampliar capacidades de geração de renda para os pobres do

Brasil, porém, ainda haviam restrições nessa forma de apoio à agricultura familiar

por meio de crédito, tais como, a necessidade de incentivo a inclusão bancária da

população de baixa renda (não somente por causa do subsídio direto) e os custos

O grupo B são os agricultores familiares mais pobres, cuja renda bruta anual familiar de até R$ 20 5

mil por ano e que não contratem trabalho assalariado permanente (MCR, 2018).

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com a intermediação bancária (que representavam a expressão bancária do distan-

ciamento social entre agricultores e sistema financeiro).

O governo realizou um esforço para ampliar o acesso de agricultores familia-

res de baixo renda, que aparecem mais presentes na região Norte e Nordeste, se-

gundo Wanderley (2017), porém, apesar do crescimento do PRONAF, o grupo B

ainda continuava restrito, de forma que o programa ainda não conseguia evitar a

imagem de voltado para produtores da região Sul, que tinham melhores condições.

2.3.3 O microcrédito no BNB

O Banco do Nordeste passou a atuar significativamente no segmento de mi-

crocrédito a partir de 1998, com a criação do Programa de Microcrédito Produtivo

Orientado voltado para a área urbana, o Crediamigo, conforme explica Souza

(2010), que possui como alternativa para vencer a dificuldade de garantias reais

para lastrear os créditos o aval solidário, que é prestado entre os membros do grupo

candidato ao crédito. O BNB foi o primeiro banco público de primeiro piso do país e 6

o segundo do mundo, ao lado do Bank Rakya Indonésia, a adotar uma estratégia

voltada para o microcrédito.

A participação do BNB foi ampliada quando, em 25 de abril de 2005, foi san-

cionada a Lei nº 11.110 que regulamentou o Programa Nacional de Microcrédito

Produtivo Orientado - PNMPO, e que, dentre outras coisas, também alterou a Lei no

10.194, de 14 de fevereiro de 2001, que dispõe sobre a instituição de Sociedades de

Crédito ao Microempreendedor e a Lei no 10.735, de 11 de setembro de 2003, que

dispõe sobre o direcionamento de depósitos a vista captados pelas instituições fi-

nanceiras para operações de crédito destinadas à população de baixa renda e a mi-

croempreendedores (BRASIL, 2018d).

Devido dificuldades com a operacionalização do Pronaf, já citadas anterior-

mente, como inadimplência e distanciamento do produtor, o Banco do Nordeste do

Brasil (BNB), conforme relatam Maia e Pinto (2015), se inspirou no programa de Mi-

crocrédito Urbano, o bem sucedido Crediamigo, e juntamente com o Ministério de

Desenvolvimento Agrário (MDA) e a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento

(GTZ), desenvolveram uma metodologia para atuar com o microcrédito rural.

A expressão banco de primeiro piso é usada para indicar que a instituição financeira opera com mi6 -crocrédito, utilizando carteira própria, relacionando-se diretamente com o cliente.

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A ação pioneira do BNB, em se tratando de banco público e a ausência de

experiências similares que pudessem ser utilizadas como referência para análise

dos créditos, foi um dos desafios enfrentados pelo programa, segundo Sousa

(2010). Foi necessário adaptar a metodologia que existia em outros países a reali-

dade dos clientes e do sistema financeiro local, houve a necessidade de reduzir para

uma semana o tempo de trâmite dos pleitos e liberação dos recursos. Para isso, foi

desenvolvida uma sistemática de acompanhamento próximo do cliente, realizado

pelo agente de microcrédito visitando a comunidade local onde o produtor se encon-

tra, evitando assim, idas e vindas dele a agência bancária e possibilitando uma mai-

or compreensão da situação dos empreendimentos financiados.

Oliveira, Almeida e Taques (2015) explicam que o Programa de Microcrédito

Rural Agroamigo teve início em 2005 visando aperfeiçoar o Pronaf B e atualmente

atende agricultores enquadrados nas diversas linhas do Pronaf, com exceção dos

grupos A e A/C, localizados em toda a região Nordeste, norte de Minas Gerais e Es-

pírito Santo. Segundo Abramovay et al. (2012b), o Agroamigo iniciou com o objetivo

de ampliar e qualificar o processo de crédito do Pronaf Grupo B, realizando a con-

cessão de microcrédito produtivo orientado e, ainda, reduzir os custos para que os

agricultores familiares possam vir a acessar o crédito.

Cada linha de crédito tem seus próprios requisitos de elegibilidade, conforme

explicam Moser e Gonzalez (2015), taxas de juros e clientes específicos variando de

acordo com o setor financiado. Essas linhas de crédito estão divididas no programa

em Agroamigo Crescer e Mais, ambos são destinados para investimento e custeio.

O Agroamigo Crescer financia até R$ 5.000,00, sendo que até 35% desse valor

pode ser para custeio e o restante para investimento e constitui a grande maioria

dos financiamentos. O Agroamigo Mais vai até R$ 15.000,00, as taxas de juros vari-

am entre 0,5 a 3,5% ao ano e podem durar até 10 anos (BNB, 2018d).

A base da nova tecnologia de empréstimo está na proximidade e no conheci-

mento pessoal que existe entre o assessor de crédito e o agricultor. O agricultor não

tem mais a relação impessoal com uma instância que não pertence a sua vida coti-

diana e que lhe serve apenas de meio de chegada do dinheiro: o banco. Ter acesso

ao crédito depende agora da elaboração de um projeto na companhia de alguém

que pertence a sua comunidade (ABRAMOVAY, 2008).

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Esse assessor é um técnico especializado em microcrédito rural, capaz de

proporcionar atendimento personalizado ao seu público-alvo, na própria comunidade

onde reside. O processo metodológico do Agroamigo, portanto, prima por atender

cada família de agricultor familiar, segundo as especificidades das atividades produ-

tivas desenvolvidas, com ênfase na orientação para o crédito (ABRAMOVAY et al.,

2012b).

Mostrando sua colaboração para o Plano Brasil sem Miséria, o Agroamigo

contabilizou 936,5 mil operações de crédito ativas (no período de 2011 a setembro

de 2014), destas quais 591,0 mil, ou seja, 63,1%, destinam-se a beneficiários do

Bolsa Família. Do total de financiamentos, 79% beneficiam afrodescendentes, se-

gundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e

do Ambiente de Microfinança Rural e Agricultura Familiar do Banco do Nordeste

(SOUZA, 2014).

O programa teve seu projeto piloto nas cidades de Floriano e Oeiras-PI, em

2004, em 2005 financiou cerca de 18 mil operações que somaram pouco mais de R$

17 milhões, finalizou o ano de 2016 com com 1.117.224 clientes ativos (BNB,

2017b), e conforme o quadro 3, somente no ano de 2017 financiou 518 mil opera-

ções o que representou R$ 2,318 bilhões, no total, no decorrer desse período foram

efetivados 4.198.244 financiamentos que alcançaram o montante de R$ 12,487 bi-

lhões investidos em pequenos produtores na região de atuação do Bando do Nor-

deste . 7

Das operações acumuladas até janeiro de 2018, com relação ao gênero, 52%

foram realizadas com homens e 48% com mulheres, sobre o setor das atividades

financiadas, existe um destaque para a pecuária com 80% das aplicações, seguida

pela agricultura com 12%, serviços com 6% e extrativismo com 2%. Dentro da pe-

cuária a atividade predominante é bovinocultura com 57%, seguido de suinocultura

12%, ovinocultura 11%, avicultura 8%, caprinocultura 6%, piscicultura 1%, apicultura

1% e outras atividades atividades representam 4% (BNB, 2018a).

O Banco do Nordeste possui uma rede de 273 agências, que aliadas aos trabalhos dos Agentes de 7

Desenvolvimento e das Agências Itinerantes, permitem que o Banco esteja presente em cerca de 2 mil municípios em sua área de atuação, que contempla todos os Estados do Nordeste, e os nortes de Minas Gerais e do Espírito Santo (BNB, 2018b).

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Quadro 3 - Agroamigo - Quantidade de operações e valores contratados em R$ mil, período 2005 a janeiro/2018.

Fonte: BNB (2018a).

O Instituto Nordeste Cidadania (INEC) é o responsável pela operacionaliza-

ção do Programa Agroamigo disponibilizando agentes de microcrédito, e equipes de

apoio a este. O Banco do Nordeste define a metodologia, as normas de operaciona-

lização, acompanha, supervisiona e fiscaliza o cumprimento do termo de parceria

com o INEC. No período de 2005 a 2016 foram financiados mais de 10 bilhões de

reais, totalizando 3,6 bilhões de operações (BNB, 2017b).

Alguns artigos da Lei que implementou o PNMPO foram revogados ou altera-

dos no decorrer dos anos e atualmente a última regulamentação sobre o tema é a

Lei nº 13.636, de 20 de março de 2018. Ela estabelece que é considerado microcré-

dito produtivo orientado o crédito concedido para financiamento das atividades pro-

dutivas, cuja metodologia será estabelecida em regulamento, observada a preferên-

cia do relacionamento direto com os empreendedores. Ela também admite o uso de

tecnologias digitais e eletrônicas que possam substituir o contato presencial, porém

o primeiro contato com os empreendedores, para fins de orientação e obtenção de

crédito, deve ser realizado de forma presencial (BRASIL, 2018e)

O microcrédito do país registrou que de 2007 até 2014 houve um crescimento

médio anual foi superior a 25%, segundo de Gonzalez (2017), principalmente devido

ao Programa Crescer do Governo federal, porém atualmente esse volume vem re-

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duzindo e de 2014 a 2017 a carteira ativa caiu mais de 22%. A exceção para esse

recuou, ainda segundo o referido autor, é a atuação destacada e com mérito reco-

nhecido do Banco do Nordeste, por meio dos Crediamigo e Agroamigo.

Apenas no estado do Rio Grande do Norte foram realizadas entre 2005 e Ja-

neiro de 2018 o montante de 244.414 operações que somam mais de R$ 725 mi-

lhões (BNB, 2018a). Atualmente, existem 15 pontos de atendimento que compreen-

dem os 167 municípios do estado, a Figura 1 ilustra a localização das agências do

BNB no RN.

Segundo o estudo de Pilon (2017), caso não existisse o programa Agroamigo

no Rio Grande do Norte o PRONAF não chegaria, ou chegaria com intensidade me-

nor que a necessária ao produtor rural de menor renda.

A expansão do Agroamigo aconteceu, segundo Nunes e Lima (2015), devido a

melhoria da qualidade do atendimento, redução dos custos financeiros, diversifica-

ção dos financiamentos realizados e facilidade de acesso a informação por parte dos

agricultores familiares.

Figura 1 - Localização dos pontos de atendimento do Agroamigo no RN.

Fonte: Adaptado pelo autor.

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Conforme classificam Gonzalez, Porto e Diniz (2017), pode-se dividir em três

dimensões as estratégias de gestão do microcrédito pelo Banco do Nordeste, na di-

mensão contexto, possui uma gestão voltada para resultados e desburocratização

do banco, investindo na aplicação da metodologia do microcrédito produtivo orienta-

do e utilizando recursos de governo. Na dimensão do processo, realizando parcerias

com OSCIPs para operacionalização da oferta do microcrédito, realizando articu-

lações e parcerias com políticas públicas para implementação do Crediamigo e

Agroamigo e com forte poder político nos processos decisórios de diversos órgãos

governamentais. E por último na dimensão conteúdo, focando em uma baixa taxa de

inadimplência, no crescimento do número de clientes e eficiência do serviço através

das estratégias de gestão e parcerias com o governo.

2.4 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO SOCIAL

Tendo em vista as características do empreendedorismo incentivado pelo pro-

grama Agroamigo, levando crédito para micro propriedades rurais, ele pode ser ca-

racterizado como empreendedorismo social e também um tipo de inovação social,

por isso estuda-se esse tipo de empreendedorismo e inovação.

Dees (2001) expôs uma definição para o empreendedorismo social que com-

bina a ênfase sobre disciplina e responsabilidade de acordo com as definições retra-

tadas para o empreendedor, inovação e agente, de Schumpeter, perseguição de

oportunidades de Drucker, e engenhosidade de Stevenson.

Em resumo, a descrição é que os empreendedores sociais desempenham o

papel de mudança e são agentes no setor social, por:

• Adotar uma missão de criar e sustentar valor social;

• Reconhecer e procurar implacavelmente novas oportunidades para atender

a essa missão;

• Estar cercados constantemente por processos de inovação, adaptação e

aprendizagem;

• Agir arrojadamente sem se limitar pelos recursos atualmente em mãos; e

• Expor a responsabilidade aumentada ao constituintes atendidos e para os

resultados criados.

Zucatto e Silva (2016) destacam que o empreendedorismo é empregado com

maior freqüência visando fatores econômicos, porém para Abramovay (2012a) o

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crescimento econômico não é apenas a base para a oferta de bens e serviços, mas,

antes de tudo, o meio de criar empregos e, por aí, garantir a própria coesão social.

Austin, Stevenson e Wei-Skillern (2006) destacam que o empreendedorismo

tem sido o motor impulsionando grande parte do crescimento do setor empresarial,

bem como uma força motriz por trás da rápida expansão do setor social. Eles defi-

nem o empreendedorismo social como atividade criadora de valor social e inovado-

ra, que pode ocorrer dentro ou entre os setores sem fins lucrativos, empresariais ou

governamentais.

O empreendedorismo social foi introduzido na década de 1970 para abordar a

questão dos problemas sociais de forma sustentável. O termo 'empreendedor social'

foi mencionado pela primeira vez em 1972 por Joseph Banks em seu trabalho semi-

nal chamado Sociologia dos Movimentos Sociais, em que usou o termo para descre-

ver a necessidade de usar habilidades gerenciais para abordar problemas sociais e

enfrentar desafios comerciais (EL EBRASHI, 2013).

No quadro 4, estão sintetizamos os principais entendimentos sobre empreen-

dedorismo social.

Quadro 4 - Conceitos sobre empreendedorismo social Fonte Definição

Alvord, Brown e Letts (2004)

Cria soluções inovadoras para problemas sociais imediatos e mobiliza idéias, capacidades, recursos e arranjos sociais necessários para transformações sociais sustentáveis. (p. 262)

Austin Stevenson e Wei-Skillern (2006)

Empreendedorismo social é uma atividade de criação de valor social inovadora que pode ocorrer dentro ou entre setores sem fins lucrativos, comerciais ou governamentais. (p. 2)

Bornstein (2004)

Empreendedores sociais são pessoas com novas idéias para lidar com grandes problemas que são implacáveis na busca de suas visões… que não desistirão até que tenham espalhado suas idéias o máximo que puderem. (p. 1-2)

Boschee & McClurg (2003)

Um empreendedor social é qualquer pessoa, em qualquer setor, que utiliza estratégias de renda faturada para perseguir um objetivo social. Um empre-endedor social difere de um empresário tradicional em dois aspectos impor-tantes: os empresários tradicionais freqüentemente agem de forma social-mente responsável. . . . E em segundo lugar, os empresários tradicionais são comumente mensurados por seus resultados financeiros. (p. 3)

Cho (2006) Conjunto de práticas institucionais, combinando a prossecução dos objeti-vos financeiros com a busca e promoção dos valores de fundo e terminais. (p. 36)

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Dart (2004) As empresas sociais diferem do conceito tradicional da organização sem fins lucrativos em termos de estratégia, estrutura, normas, e valores, repre-sentando assim, uma inovação radical no setor sem fins lucrativos. (p 411)

Dees (2001) Empreendedores sociais são como uma espécie diferente no gênero empreendedor. Eles são empresários com uma missão social. (p. 2)

Drayton (2002) Eles têm o mesmo temperamento dos empreendedores comerciais criadores de indústrias. O que define um empreendedor social líder? Primeiro, não há empreendedor sem uma poderosa e nova ideia de mudança de sistema. Existem quatro outros ingredientes necessários: criatividade, impacto generalizado, qualidade empreendedora e forte fibra ética. (p. 124)

Harding (2004) São empresas ortodoxas com objetivos sociais cujos excedentes são principalmente reinvestidos para esse fim nos negócios ou na comunidade, em vez de serem motivados pela necessidade de maximizar o lucro para acionistas e proprietários. (p. 41)

Hartigan (2006)

Empreendedores cujo trabalho é voltado para a transformação social progressiva. Um negócio para impulsionar a mudança transformacional. Embora os lucros sejam gerados, o principal objetivo não é maximizar o retorno financeiro para os acionistas, mas sim ampliar o empreendimento social e alcançar mais pessoas necessitadas de forma eficaz. O acúmulo de riqueza não é uma prioridade - as receitas além dos custos são reinvestidas na empresa para financiar a expansão. (p. 45)

Haugh (2006)

A empresa social é um termo coletivo para uma variedade de organizações que negociam para fins sociais. Eles adotam um dos vários formatos legais diferentes, mas têm em comum os princípios de buscar soluções orientadas pelos negócios para alcançar objetivos sociais e o reinvestimento de excedentes para benefício da comunidade. Seus objetivos se concentram em metas não financeiras e socialmente desejadas e seus resultados são as medidas não-financeiras da demanda e oferta implícitas de serviços. (Cap. 1, p. 5)

Hibbert, Hogg, eQuinn (2005)

O empreendedorismo social pode ser vagamente definido como o uso de comportamento empreendedor para fins sociais, em vez de objetivos lucrativos, ou, alternativamente, que os lucros gerados sejam usados para o benefício de um grupo desfavorecido específico. (p. 159)

Hockerts (2006) Os empreendimentos comerciais de propósito social são empresas híbridas que abrangem a fronteira entre o mundo dos negócios com fins lucrativos e as organizações públicas e sem fins lucrativos movidas por missões sociais. Assim, eles não se encaixam completamente em nenhuma das esferas. (p. 145)

Korosec & Berman (2006)

Os empreendedores sociais são definidos como indivíduos ou organizações privadas que tomam a iniciativa de identificar e resolver problemas sociais relevantes em suas comunidades. (p. 448-449) Organizações e indivíduos que desenvolvem novos programas, serviços e soluções para problemas específicos que abordam as necessidades das populações especiais. (p. 449)

Lasprogata & Cotten (2003)

Empreendedorismo social significa organizações sem fins lucrativos que aplicam estratégias empreendedoras para se sustentar financeiramente, ao mesmo tempo que têm um impacto maior em sua missão social (ou seja, a “linha de base dupla”). (p. 69)

Fonte Definição

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Light (2006)

Um empreendedor social é um indivíduo, grupo, rede, organização ou aliança de organizações que busca uma mudança sustentável e em grande escala por meio de idéias que quebram padrões nos quais governos, organizações sem fins lucrativos e empresas fazem para lidar com problemas sociais significativos. (p. 50)

Mair & Martı '(2006) Um processo que envolve o uso inovador e a combinação de recursos para buscar oportunidades de catalisar mudanças sociais e / ou atender às necessidades sociais. (p. 37)

Martin & Osberg (2007)

Definimos empreendedorismo social pelos seguintes três componentes: (1) identificar um equilíbrio estável, mas inerentemente injusto, que causa a exclusão, a marginalização ou o sofrimento de um segmento da humanidade que não tem meios financeiros ou influência política para alcançar qualquer benefício transformador em si próprio; (2) identificar uma oportunidade neste equilíbrio injusto, desenvolvendo uma proposição de valor social, trazendo inspiração, criatividade, ação direta, coragem e fortaleza, desafiando assim a hegemonia do estado estável; e (3) forjar um novo equilíbrio estável que libere o potencial aprisionado ou alivie o sofrimento do grupo alvo, por meio da imitação e criação de um ecossistema estável, assegurando um futuro melhor para o grupo alvo e até para a sociedade em geral. . (p. 35)

Masseti (2008)

Introduzir a Matriz do Empreendedor Social (SEM). Com base na missão da empresa, se for mais voltada para o mercado ou para a sociedade e se ela requer ou não lucro, a SEM combina os fatores que claramente diferenciam o empreendedorismo social do empreendedorismo tradicional. (p. 7)

Mort, Weerawarde-na, e Carnegie (2003)

construção multidimensional envolvendo a expressão da essencia do comportamento empreendedor para alcançar a missão social, uma unidade coerente de propósito e ação diante da complexidade moral, a capacidade de reconhecer oportunidades de criação de valor social e as principais características de tomada de decisão da inovação; proatividade e tomada de riscos. (p. 76)

Peredo e McLean (2006)

O empreendedorismo social é exercido quando uma pessoa ou grupo: (1) almeja(m) criar valor social, exclusivo, ou, pelo menos de alguma forma proeminente; (2) mostre(m) a capacidade de reconhecer e aproveitar as oportunidades para criar essa visão; (3) empregam inovação, variando de intervenção direta, adaptando a novidade de outra pessoa, na criação e / ou distribuição de valor social; (4) está disposto a aceitar um grau de risco acima da média na criação e disseminação de valor social; e (5) é extraordinariamente engenhoso em ser relativamente destemido por ativos escassos na busca de seu empreendimento social. (p. 64)

Perrini & VURRO (2006)

Definimos SE como um processo dinâmico criado e gerenciado por um indivíduo ou equipe (o empreendedor social inovador), que se esforça para explorar a inovação social com uma mentalidade empreendedora e uma forte necessidade de realização, a fim de criar novo valor social no mercado e comunidade em geral. (Cap. 1, p. 4)

Prabhu (1999)Pessoas que criam ou gerenciam organizações ou empreendimentos ousados e inovadores cuja principal missão é a mudança social e o desenvolvimento de seu grupo de clientes. (p. 140)

Roberts & Woods (2005)

O empreendedorismo social é a construção, avaliação e busca de oportunidades de mudança social transformadora conduzida por indivíduos visionários e apaixonadamente dedicados. (p. 49)

Fonte Definição

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FONTE: Adaptado de Dacin, Dacin e Matear (2010).

Robinson (2006)

Defino o empreendedorismo social como um processo que inclui: a identificação de um problema social específico e uma resolução específica; a avaliação do impacto social, o modelo de negócios e a sustentabilidade do empreendimento; e a criação de uma entidade sem fins lucrativos orientada para a missão social ou uma entidade sem fins lucrativos voltada para os negócios que busque o duplo (ou triplo) resultado final. (p. 95)

Seelos e Mair (2005)

O empreendedorismo social combina a desenvoltura do empreendedorismo tradicional, com a missão de mudar a sociedade. (P. 241)

Sharir & Lerner (2006)

O empreendedor social intervém como um agente de mudança para criar e sustentar o valor social sem se limitar aos recursos atualmente disponíveis. (p. 3)

Thompson (2002) Pessoas com qualidades e comportamentos que associamos ao empresário, mas que operam na comunidade e estão mais preocupados em cuidar e ajudar o próximo do que “ganhar dinheiro” (p. 413).

Thompson, Alvy, e Lees (2000)

As pessoas que percebem onde há uma oportunidade de satisfazer algumas necessidades ainda não supridas que o sistema de bem-estar do estado não vai ou não pode cumprir, e que reúnem os recursos necessários (geralmente pessoas - geralmente voluntários, dinheiro e instalações) e os usam para fazer diferença.(p. 328)

Thompson & Doherty (2006)

Empresas sociais - podem simplesmente ser definidas por - organizações que buscam soluções de negócios para problemas sociais. (p. 362)

Tracey & Jarvis (2007)

A noção de negociação para fins sociais está no centro do empreendedorismo social, exigindo que os empreendedores sociais identifiquem e explorem as oportunidades de mercado e reunam os recursos necessários para desenvolver produtos e / ou serviços que lhes permitam gerar lucro empresarial ”para um dado projeto social. (p. 671)

Yunus (2008) Uma iniciativa inovadora para ajudar as pessoas pode ser descrita como empreendedorismo social. A iniciativa pode ser econômica ou não econômica, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos. (p. 32)

Zahra, Gedajlovic, Neubaum, e Shul-man (2009)

O empreendedorismo social engloba as atividades e processos realizados para descobrir, definir e explorar oportunidades, a fim de aumentar a riqueza social, criando novos empreendimentos ou gerenciando organizações existentes de maneira inovadora. (p. 5)

Hervieux et al. (2010)

As organizações com missão social e que se valem de meios comerciais ou de negócio são, de fato, empreendimentos sociais e é isso que as une. A missão do empreendimento social é criar valor social através da inovação e organização socioeconômica, fazendo uso de recursos financeiros como garantia de sustentabilidade.

Baggenstoss e Donadone (2012).

A grande força motriz do empreendedorismo social é justamente o social

Bittencourt (2015)

O empreendedor social aponta tendências e traz soluções inovadoras para problemas sociais e ambientais, seja por enxergar um problema que ainda não é reconhecido pela sociedade e/ou por vê-lo por meio de uma perspectiva diferenciada.

Itelvino (2018)O empreendedor social busca caminhos para desenvolver o ser humano, de acordo com o que é seu, por direito, resgatando sua cidadania, não somente por ser lei, mas para dar dignidade aos indivíduos.

Fonte Definição

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Segundo Omorede (2014), é crescente o avanço das incertezas sociais em

todo o mundo, o que chama a atenção de algumas pessoas para desenvolver idéias

inovadoras para a criação e atualização de empreendimentos sociais. Isso também

atraiu o interesse crescente pela pesquisa científica no empreendedorismo social.

Para Drucker (2002), o empreendedor social é tão importante quanto o em-

preendedor econômico, talvez mais importante, pois até mesmo em países onde a

economia é sustentável existe uma parcela significativa da sociedade que é muito

doente, por isso ele cita que provavelmente é desse tipo de empreendedorismo que

mais precisamos.

Por isso é crescente o estudo sobre este tipo de empreendedorismo. O qua-

dro 5 mostra a produção de artigos sobre a criação e gestão de organizações sem

fins lucrativos e/ou com finalidade social, deixando claro a evolução do interesse so-

bre o empreendedorismo social e negócios sociais. Um estudo bibliométrico sobre a

pesquisa referente ao empreendedorismo social foi realizado por Granados, et al.

(2011) e similarmente identificou um aumento significativo da investigação do tema

nos últimos anos. Segundo ela alguns países estão dominando estas pesquisas,

como o Reino Unido e os EUA, porém ainda não existe uma referência individual ou

institucional sobre o tema.

Quadro 5: Evolução no número de artigos sobre a criação e gestão de organizações sem fins lucrati-vos e/ou com finalidade social – 1962 - 2016.

Fonte: Gimenez (2017).

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Gawell (2013) também destaca a existência de um grande interesse atual so-

bre o empreendedorismo social e o potencial das empresas sociais para resolver vá-

rios desafios na sociedade, mas ainda é um campo de conhecimento jovem e, em

grande parte, fragmentado. O empreendedorismo social surge como um paradigma

emergente de um novo modelo de desenvolvimento, que inclui os aspectos humano,

social e econômico, e que seja, portanto, sustentável (ESTEVES, 2011).

Muitos empreendedores sociais, são pessoas com as qualidades e compor-

tamentos que associa-se ao empreendedor, mas que operam em comunidade e es-

tão mais preocupados em cuidar e ajudar além de "ganhar dinheiro". Em muitos ca-

sos, eles ajudam a mudar a vida das pessoas porque elas abraçam causas sociais

importantes (THOMPSON, 2002).

Esteves (2011) compara o empreendedorismo empresarial e o empreendedo-

rismo social, deixando claro que há semelhanças e que elas se referem principal-

mente à possibilidade de ambos para a criação de demanda, obtenção de recursos

e a transformação de idéias em produtos e serviços. Porém, o foco das ações criati-

vas do empreendedor social é outro, e o lucro não é a sua principal finalidade, ou

seja, um negócio social gera lucro, mas esse não é o seu objetivo principal, entretan-

to, ele utiliza a geração de riqueza como um meio de maximizar o impacto social.

A tabela 2 mostra a diferença entre o empreendedor privado e o empreende-

dor social, segundo Melo Neto e Froes (2002).

Tabela 2 - Diferença entre o empreendedor e o empreendedor social.

Fonte: Melo Neto e Froes (2002).

EMPREENDEDORISMO PRIVADO EMPREENDEDORISMO SOCIAL

É individual É coletivo

Produz bens e serviços para o mercado Produz bens e serviços para a comunidade

Tem foco no mercado Tem foco na busca de soluções para os problemas sociais

Sua medida de desempenho é o lucro Sua medida de desempenho é o impacto social

Visa satisfazer necessidades dos clientes e ampliar as potencialidades do negócio

Visa resgatar pessoas da situação de risco social e promovê-las

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Já para El Ebrashi (2013), o empreendedorismo social está concentrado em

realizar missões sociais, que ficam claras nos resultados e no seu contexto. Urban e

Kujinga (2017) corroboram com esse pensamento quando colocam que os empre-

endedores sociais, praticamente por definição, estão atacando problemas sociais

causados por deficiências nos mercados existentes e sistemas de previdência social

e procuram criar mudanças sistêmicas e melhorias sustentáveis. Eles se envolvem

em um processo de inovação contínua, adaptação e aprendizagem.

O que o empreendedorismo social busca, na verdade, não é o seu sucesso

de vendas, como o faz o empreendedor privado. Sua medida de sucesso é o impac-

to social, ou seja, o número de pessoas beneficiadas com a solução proposta no

programa ou projeto de empreendedorismo social (MELO NETO; FRÓES, 2002, p.

11).

Para Parente (2016), o empreendedorismo social assume vários significados

de acordo com o espaço e o tempo. As escolas de pensamento anglo-saxônica, par-

ticularmente a escola de inovação social, liga a figura do empreendedor social à

promoção da inovação social. Apesar de o empreendedorismo social prosseguir

através de diferentes abordagens, pode-se afirmar que a inovação na consecução

dos objetivos sociais é o ingrediente-chave de cada abordagem (CHALMERS; BA-

LAN-VNUK, 2012).

Por outro lado o empreendedorismo social não é filantropia, mas ações em-

preendedoras que possuem responsabilidade social, Melo Neto e Froes (1999) clas-

sificaram o que seria uma empresa cidadã e que possui responsabilidade social

como uma instituição que possui diferencial competitivo o compromisso com a pro-

moção da cidadania e desenvolvimento da comunidade, procurando se diferenciar

pelos demais por essa nova postura, investindo em recursos financeiros, tecnológi-

cos e de mão de obra em projetos comunitários de interesse da população. A tabela 3 demonstra as principais diferenças entre filantropia e a responsabi-

lidade social segundo Melo Neto e Froes (2001).

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Tabela 3 - Diferenciais entre Filantropia e Responsabilidade Social

Fonte: Melo Neto e Froes (2001)

Responsabilidade Social é uma atividade favorável ao desenvolvimento sus-

tentável, à qualidade de vida do trabalho e na sociedade, ao respeito às minorias e

aos mais necessitados, à igualdade de oportunidades, à justiça comum e ao fomento

da cidadania e respeito aos princípios e valores éticos e morai (MELO NETO;

BRENNAND, 2004).

Para Ims e Zsolnai (2014), o conceito de inovação social é aquele em que

inovações visam beneficiar pessoas que não podem pagar o preço normal de mer-

cado dos produtos oferecidos por corporações com fins lucrativos. Eles colocam dois

critérios necessários para considerar algo como uma inovação: novidade - deve ser

nova para o usuário, contexto ou aplicação - e melhoria - deve ser mais eficaz ou

mais eficiente do que as alternativas pré-existentes.

A inovação social privilegia o empreendedor como ator social e econômico,

cujas qualidades pessoais intrínsecas o transformem em um agente de mudança

sistêmica (PARENTE, 2016).

Wilson, Post, Grzywinski e Houghton (2014) caracterizaram seis fatores-chave

para a inovação social:

- um propósito social profundamente e efetivamente incorporado na missão,

estratégia e operações da organização;

- uma estrutura de propriedade para apoiar a missão social e uma estrutura

(por exemplo, holding bancária) que facilite a inovação social;

Filantropia Responsabilidade Social

Ação Individual e Voluntária Ação Coletiva

Fomento da Caridade Fomento da Cidadania

Base Assistencialista Base Estratégica

Restrita a empresários abnegados Extensiva a todos

Prescinde gerenciamento Demanda de Gerenciamento

Decisão individual Decisão consensual

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- capacidade de capital - ou seja, capacidade de criar crédito por meio de ala-

vancagem;

- um nível profundo de conhecimento sobre o negócio, a clientela e o ambien-

te operacional;

- pessoas talentosas que trazem habilidade e paixão para a missão ao pro-

cesso de construção de instituições; e

- disciplina para inovar continuamente, em uma escala adequada ao proble-

ma, com recursos adequados ao desafio.

Moura, Machado e Bispo (2015) citam que existem diversos exemplos de ino-

vação social espalhados por todo o mundo e um deles é a inovação social aplicada

na base da pirâmide. Isso é importante e corrobora com o pensamento de Woodfi-

eld, Woods e Shepherd (2017), de que o negócio familiar é como uma organização

que deve ser sustentada com um envolvimento da empresa familiar no empreende-

dorismo relacionado às necessidades sociais e ambientais.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente pesquisa visa atender o objetivo geral e os específicos. Para Laka-

tos e Marconi (2003) pesquisa é um procedimento formal com método de pensa-

mento reflexivo, que requer tratamento científico e se constitui no caminho para co-

nhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais.

Para o cumprimento dos objetivos da pesquisa, foram descritos no esquema

representado na Figura 2 a caracterização da pesquisa:

Figura 2 - Caracterização da Pesquisa.

Fonte: Adaptado pelo autor.

3.1 DIMENSÕES DA PESQUISA

Conforme apresentado por Apolinário (2006), as pesquisas científicas são

classificadas de acordo com seis dimensões: natureza, finalidade, tipo, estratégia,

temporalidade e delineamento.

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Quanto a natureza, trata-se de uma pesquisa que será qualitativa e quantitati-

va. Moreira e Caleffe (2008) deixa claro que esses dois termos não são dicotômicos,

mas eles possuem suas características singulares de pesquisas, a qualitativa explo-

ra características que dificilmente poderiam ser descritos numericamente, por isso o

dado é coletado na maioria das vezes verbalmente e por observação, descrição ou

gravação, já a pesquisa quantitativa explora os dados numéricos, para isso ela reali-

za a mensuração e estatísticas.

Para Creswell (2010) a pesquisa qualitativa é uma forma de compreender o

pensamento de um indivíduo ou grupo, e a pesquisa quantitativa é uma forma objeti-

va de se testar teorias e examinar a correlação entre diferentes variáveis.

O próprio Apolinário (2006) coloca que dificilmente uma pesquisa será total-

mente qualitativa ou apenas quantitativa, pois em todas pesquisas provavelmente

haverá uma intersecção entre as duas categorias, mesmo que ele tenda mais para

um ou para o outro, o que mostra que eles não são dicotômicos ou isolados.

Quanto a finalidade, é uma pesquisa aplicada, pois visa o desenvolvimento ou

aperfeiçoamento de um produto e seus processos de acordo com a necessidade do

mercado (APOLINÁRIO, 2006). Quanto ao tipo, ela é descritiva ou informativa, pois,

conforme Lakatos e Marconi (2003) descrevem, é descrita uma realidade, sem a

formulação de julgamento.

Quanto as estratégias, Apolinário (2006) explica que existem dois grupos, a

coleta de dados, que será de pesquisa de campo, e em relação a fonte de informa-

ção, que utilizará de pesquisa de campo, bibliográfica e documental.

Sobre a coleta de dados, Vergara (2007) coloca que é a forma como se pre-

tende obter os dados necessários para responder ao problema. E sobre a pesquisa

de campo Apolinário (2006, p. 64) "a diferencia da pesquisa de laboratório por que

nesta os dados sao coletados em uma situação em que não existe um controle rígi-

do da situação".

Sobre as estratégias de pesquisa em relação à fonte de informação, elas se-

rão coletadas através da pesquisa bibliográfica, que segundo Lakatos e Marconi

(2010, p. 166) "abrange toda a literatura pública relacionada ao tema estudado, sua

finalidade é colocar o pesquisador em contato com tudo que ja foi escrito, dito ou fil-

mado”. Para Moreira e Caleffe (2008), ela é desenvolvida utilizando material já ela-

borado, principalmente livros e artigos científicos.

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Será utilizada a pesquisa documental, que ainda segundo os referidos autores

é semelhante a bibliográfica, a diferença é que ela se restringe a documentos, escri-

tos ou não. Além da biblioteca podem ser locais de pesquisa institutos, centros de

pesquisas, museus, acervos particulares, ou qualquer outro local que sirva como

fonte de informação.

Também será utilizada a pesquisa de campo, que segundo Lakatos e Marconi

(2010) é empregada com o objetivo de conseguir informações ou conhecimento so-

bre um problema, ela constitui-se na observação dos fatos e fenômenos da forma

em que ocorrem, ela exige a existência de controles adequados e com objetivos es-

tabelecidos previamente que descrevem o que deve ser coletado.

Com relação a temporalidade, será realizada uma pesquisa transversal, que

segundo Apolinário (2006), é quando é realizado um corte “transversal” na amostra

pesquisada, com relação ao tempo em que ela é realizada, de modo que o pesqui-

sador realize a pesquisa em um tempo relativamente pequeno. E, com relação aos

delineamentos, será realizado o correlacional que também, segundo ele, estabelece

relações entre as variáveis da pesquisa.

3.2 MÉTODO DA PESQUISA

Alguns autores também descrevem os métodos da pesquisa, Lakatos e Mar-

coni (2008) colocam que não existe ciência sem o emprego de métodos científicos.

Para estes autores são o agrupamento de atividades ordenadas e lógicas que permi-

tem alcançar um objetivo, que podem descrever o caminho que foi realizado para se

obter aquele conhecimento. O pesquisador escolhe aquele método que é mais ade-

quado à teoria que suporta seu estudo, portanto o método é a intervenção do pes-

quisador, sua atividade mental consciente para realizar o papel cognitivo da teoria,

ele aproxima o investigador da questão pesquisada (VERGARA, 2006).

No presente estudo será realizado o método de pesquisa de estudo de caso.

Segundo Yin (2010), ele possibilita aos investigadores uma visão abrangente e con-

siderável de situações em que se está pesquisando, sejam comportamentos de gru-

pos, de processos, de desempenhos fabris, comerciais ou estudantis, etc.

“O estudo de caso refere-se ao levantamento com mais profundidade de de-

terminado caso ou grupo sobre todos os seus aspectos, a investigação procura en-

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tender o significado do sistema próprio dos entrevistados" (LAKATOS; MARCONI

2008, p. 274).

3.3 UNIVERSO E AMOSTRA

O local da pesquisa foi a zona rural do Rio Grande do Norte, em que foram

entrevistados 52 produtores com a finalidade de atender aos objetivos da pesquisa.

Na análise dos resultados será utilizado “E” para identificar os entrevistados, seguido

da numeração seguido por ordem numérica da entrevista.

Com relação aos participantes da pesquisa, foram buscados para contribuir

com o estudo agricultores familiares atendidos pelo programa Agroamigo.

Visando compreender melhor como se dá a relação entre os diferentes gru-

pos de produtores rurais atendidos, foram buscados homens e mulheres, em dife-

rentes posições geográficas do estado, com pouca e elevada experiência profissio-

nal.

3.4 INSTRUMENTOS DA PESQUISA

Sobre a pesquisa documental, ela foi desenvolvida através do acesso a infor-

mações institucionais, disponibilizadas por entidades regulamentares como Banco

Central do Brasil ou operacionalizadores dos programas, como o Banco do Nordeste

do Brasil.

A revisão bibliográfica apresenta embasamento nos estudos relacionados ao

empreendedorismo no geral, aplicado na realidade do homem do campo, ao micro-

crédito, ao Agroamigo e sobre o empreendedorismo social. O referencial teórico

possui fundamentado em livros, revistas, artigos e trabalhos científicos disponibiliza-

dos em bases de pesquisas como Emerald Insight, Scielo, Plataforma Sucupira, etc.

Com relação a pesquisa relacionada a natureza quantitativa foi realizada a co-

leta dos dados com a aplicação de questionário, utilizando como base o trabalho de

Júnior e Gimenez (2004), eles validaram a versão em português do instrumento de

mensuração do potencial empreendedor - Carland Entrepreneurship Index (CEI),

que segue no anexo A.

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O CEI foi desenvolvido pelos professores Jim e JoAnn Cartland que são co-

nhecidos internacionalmente por suas pesquisas sobre o empreendedorismo, e se-

gundo eles, realizaram uma ampla pesquisa para o desenvolvimento deste instru-

mento (JÚNIOR; GIMENEZ, 2004).

Segundo Carland e Carland (1996, apud GONÇALVES; VEIT; MONTEIRO,

2013), existem três características maiores da personalidade empreendedora como:

a propensão a assumir riscos, a preferência pela inovação e pela criatividade e a

necessidade de realização. Esses três fatores integrados, identificados na pesquisa

Carland Entrepreneurship Index, compõem o perfil do empreendedor por ele perce-

bido.

O CEI é composto por 33 questões, no formato de escolha forçada, onde o

entrevistado escolhe uma das duas afirmativas que mais se enquadrar no seu caso.

Cartland e Carland (1996) desenvolveram a versão original do questionário (Anexo

2) e a instrução para mensuração da pontuação (Anexo 3).

Segundo Gimenez e Inácio Jr. (2002), o extenso estudo realizado pelos auto-

res do CEI concluiu que o empreendedorismo leva em consideração os quatro ele-

mentos: (i) traços de personalidade; (ii) propensão ao risco; (iii) propensão à inova-

ção e (iv) postura estratégica. Assim:

- Traço de personalidade: é a necessidade de realização e criatividade. Ne-

cessidade de realização é quando um indivíduo aspira completar tarefas difíceis,

trabalha para alcançar metas distantes e criatividade é um conjunto de habilidades,

motivações e estados que estão ligados à solução de problemas.

- Propensão ao risco: é necessária, pois a abertura e condução de um empre-

endimento representam algo arriscado.

- Propensão à inovação: incorpora duas dimensões, a tecnológica e a empre-

endedora.

- Postura estratégica: aparecendo em maior ou menor medida conforme a in-

tenção pretendida para o negócio.

Estes quatro elementos estão distribuídos no CEI, conforme destacam Gime-

nez e Inácio Jr. (2002), os Traços de Personalidade nas questões 2, 3, 6, 7, 10, 13,

14, 15, 16, 18, 29 e 32, Postura Estratégica na 1, 4, 5, 8, 9, 11, 12, 20, 21, 23, 24, 27

e 28, Propensão ao Risco na 26, 30 e 31 e Propensão à Inovação nas questões 17,

19, 22, 25 e 33.

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A maior ou menor presença desses elementos em um indivíduo, explicam

Guimenz e Júnior (2004), o enquadra segundo a escala do CEI, entre os valores de

0 a 33 pontos, contidos em três faixas: de “Micro- Empreendedor” (0 a 15) ao “Ma-

cro-Empreendedor” (26 a 33), passando pela faixa intermediária de Empreendedor

(16 a 25).

Tabela 4 - Classificação do empreendedor segundo o CEI.

Adaptado de Cartland Junior (2001, apud GIMENEZ; JÚNIOR, 2004).

Com relação a pesquisa relacionada a natureza qualitativa, foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas, na qual, segundo Flick (2004), são realizadas entre-

vistas levando questões abertas que serão utilizadas como guia, que podem ser li-

vremente respondidas pelo entrevistado. A vantagem desse método é que a utiliza-

ção de um guia eleva a possibilidade de comparar os dados coletados. Na entrevista

semi-estruturada o entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação que

lhe considere adequada, possibilitando que o mesmo explore completamente a

questão (LAKATOS; MARCONI, 2008).

CLASSIFICACAO CEI ATRIBUTOS

Macro-Empreendedor Ele verá seu negócio como um meio de mudar a indústria e tornar-se uma força dominante. Para ele, o sucesso é medido pelo crescimento de seus negócios. Vê seu negócio como o centro de seu universo.

Empreendedor

Está interessado nos lucros e no crescimento, mas não se deixa ser consumido pelos negócios. Pode ser encontrado em ambientes incorporados. Persegue o lucro e o crescimento até um ponto satisfatório quando, então, desloca o foco para fora do negócio. É capaz de inovar, embora prefira produtos estabelecidos, serviços e procedimentos conhecidos. Seus sonhos são de reconhecimento, de avanço, de riqueza e admiração.

Micro-Empreendedor

Por outro lado, cria um negócio que nunca crescerá, mas que se torna uma referência em sua cidade ou comunidade. Ele vê sua iniciativa de negócio como a fonte primária para a renda familiar ou para estabelecer emprego familiar, mas não espera nem aspira tornar-se nada além de seu negócio familiar. Considera o negócio como uma fonte de renda, uma importante parte de sua vida, mas, certamente, não a principal delas.

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesse capítulo são apresentados os resultados da pesquisa, que foram dividi-

dos em três etapas. Inicialmente foi realizada uma análise da amostra para identifi-

car o perfil sociodemográfico, em segundo lugar são apresentados os resultados

quantitativos e, por último, os resultados qualitativos.

Foram aplicados 52 questionários no período de fevereiro a abril de 2018 e foi

observado que durante a coleta de dados não havia grande resistência dos entrevis-

tados em fornecer as informações, apesar de haver um pouco de dificuldade daque-

les com menos instrução em decidir quais opções escolher.

Depois da coleta de dados os questionários foram enumerados de 1 a 52 e

foram lançados em planilha eletrônica do programa Numbers, na qual foram compa-

rados e analisados no sentido de buscar respostas que atendessem aos objetivos

deste estudo. Para cada questionário foi aplicado um índice CEI entre 0 e 33, con-

forme a tabulação do Anexo 3.

4.1 ANÁLISE DA AMOSTRA

Analisando a amostra coletada, com relação ao sexo, houve relativa equiva-

lência entre os gêneros, sendo apresentados 51,9% de mulheres e 48,1% de ho-

mens. Em todo o programa Agroamigo esse índice é representado por 52% de ho-

mens e 48% de mulheres (BNB, 2018a). Segundo o Banco do Nordeste, uma de

suas diretrizes de política de apoio à agricultura familiar é o apoio à equidade de gê-

nero, com incentivo à participação das mulheres em empreendimentos rurais (BNB,

2018c).

Tabela 5 - Gênero.

Fonte: Elaborado a partir de dados da pesquisa (2018).

Quantidade Percentual (%)

Feminino 27 51,9%

Masculino 25 48,1%

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Conforme os resultados obtidos na pesquisa, pode-se observar que o estado

civil é predominantemente casado, ocorrendo em 76,9% dos casos. Dos participan-

tes da pesquisa, 40 são casados, 7 estão em união estável, 4 são solteiros e 1 é

viúvo.

Tabela 6 - Estado Civil.

Fonte: Elaborado a partir de dados da pesquisa (2018).

Quanto a escolaridade, foi verificada a predominância de produtores que pos-

suem até o ensino fundamental, 67,3% dos entrevistados e apenas 3 que possuem

ensino superior, 5,8%, demonstrando o baixo grau de escolaridade deste segmento,

inferior inclusive a quantidade de pessoas analfabetas que foi 7,7%. Na região Nor-

deste como um todo considerando-se que existam 2,7 milhões de domicílios com

pelo menos uma pessoa analfabeta segundo Buainain, Dedecch e Neder (2013), o

que demonstra que existe uma grande parcela população nesta região que ainda

não teve acesso à educação.

Santos (2016) registra que existe uma significativa desigualdade nos habitan-

tes da zona rural em comparação aos que habitam as áreas urbanas. Segundo ele,

isso reflete uma distribuição desigual no usufruto dos direitos sociais. Para Furtado e

Souza (2012), as ações concretas visando desenvolvimento do Brasil foram sempre

pensadas a partir da cidade e não incorporam a visão daqueles que vivem no cam-

po, elas foram executadas sem uma análise mais rigorosa da própria realidade do

campo, incluindo a educação.

Houve melhoras no cenário da educação na última década, segundo Santos

(2017), mas ele destaca que, apesar disso, ainda subsistem variados desafios às

políticas públicas para avanço das condições educacionais. A análise dos determi-

nantes da pobreza, segundo Buainain, Dedecch e Neder (2013), reafirma que a

educação tem peso relevante para a configuração da pobreza no meio rural.

Quantidade Percentual (%)

Casado 40 76,9%

Solteiro 4 7,7%

União Estável 7 13,5%

Viuvo 1 1,9%

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Tabela 7 - Escolaridade.

Fonte: Elaborado a partir de dados da pesquisa (2018).

Sobre a renda, mais da metade ganha menos do que um salário mínimo,

53,8% ganham até R$ 900,00 e apenas 9,6% ganham acima de R$ 1.500,00. A ren-

da média da população verificada foi de R$ 843,00.

O Banco Mundial (BM), para Valadares, Filho, Ferreira e Alves (2012), não

hesita em considerar que a pobreza rural constitui um problema social grave. Se-

gundo Buainain, Dedecch e Neder (2013), o Brasil tem se tornado essencialmente

urbano, mas é relevante a importância do setor rural, pois se trata de um país com

forte inserção nos mercados internacionais de produtos alimentares, derivados do

setor primário e que tem uma parcela significativa da população ocupada nesse se-

tor.

Os estudos sobre pobreza rural na literatura científica brasileira não são vas-

tos, segundo Mattos e Santos (2017), considerando o volume de análises produzi-

das para as questões relacionadas à pobreza rural ainda é pequeno quando compa-

rado com a profusão de material dedicado à pobreza urbana.

Os piores indicadores relacionados aos pobres extremos, conforme destaca-

ram Buainain, Dedecch e Neder (2013), foram os relacionados à educação (defasa-

gem escolar), trabalho infantil, contribuição previdenciária, trabalho precário e subo-

cupação e a taxa de domicílios com terra, mas que não eram proprietários. Valada-

res, Filho, Ferreira e Alves (2012) destacam o que pensadores clássicos, como Caio

Prado Junior e Celso Furtado discutiram sobre a formação econômica do Brasil, co-

locando a questão do acesso à terra como elemento central para entendermos a gê-

nese da formação da sociedade brasileira.

Quantidade Percentual (%)

Analfabeto 4 7,7%

Alfabetizado 5 9,6%

Ensino Fundamental incompleto 19 36,5%

Ensino Fundamental Completo 7 13,5%

Ensino Médio completo 14 26,9%

Ensino superior 3 5,8%

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O Brasil é, do ponto de vista econômico, segundo Valadares, Filho, Ferreira e

Alves (2012), o país mais dinâmico e desenvolvido da América Latina, contudo, a

realidade do meio rural brasileiro está em patamares similares aos do México,

Colômbia, Panamá e República Dominicana, todos com taxas de pobreza que vari-

am entre 40 e 50% de sua população rural. De outro lado, países como a Bolívia

(31,2%), Costa Rica (17,5%), Uruguai (9,4%) e o Chile (13,2%) possuem indicadores

de pobreza muito inferiores, ficando atrás do Brasil apenas os países mais pobres

da América Latina.

De acordo com Buainain, Dedecch e Neder (2013) é necessário um grande

esforço no sentido de garantir um acesso mínimo a estes bens e serviços no Nor-

deste brasileiro para tais como: água encanada, massificação do serviço de sanea-

mento básico e eletrificação rural e melhorias significativas nas condições dos domi-

cílios.

É preciso registrar a forte queda no percentual de pobreza extrema e pobreza

no Nordeste brasileiro nas últimas duas décadas, por outro lado, não se deve deixar

de alertar para o fato de que os níveis vigentes ainda são bastante altos, especial-

mente na comparação com os níveis observados no resto do país (Mattos e Santos,

2017).

Tabela 8 - Renda mensal.

Fonte: Elaborado a partir de dados da pesquisa (2018).

Quanto ao tempo na atividade, foi verificado que a maioria dos pesquisados

possuem mais de 10 anos de experiência, 28 dos entrevistados, ou seja, 53,8%.

Esse número mostra a resistência dos produtores em manterem suas atividades e a

dificuldade de novos entrantes.

Quantidade Percentual (%)

Até R$ 900,00 28 53,8%

Entre R$ 901,00 e R$ 1.200,00 15 28,8%

Entre R$ 1.201,00 e R$ 1.500,00 4 7,7%

Acima de R$ 1.500 5 9,6%

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Tabela 9 - Tempo na atividade.

Fonte: Elaborado a partir de dados da pesquisa (2018).

E sobre a quantidade de pessoas que atuam na atividade, verificou-se que

existiam poucos empreendimentos com apenas uma pessoa, apenas 11,135%, em

44% dos casos havia duas, em 19% existiam três e em 25% das situações existiam

4 ou mais pessoas. O que demonstra o potencial de geração de emprego e renda do

setor, apesar do público alvo da pesquisa se concentrar em pequenas atividades nas

zonas rurais, existem atividades empregando 6, 10 e até mesmo 15 pessoas.

Tabela 10 - Quantidade de pessoas que atuam na atividade.

Fonte: Elaborado a partir de dados da pesquisa (2018).

Com relação as atividades realizadas pelos entrevistados houve predominân-

cia na pecuária, com ênfase para a bovinocultura de corte, seguida pela bovinocultu-

ra leiteira, suinocultura, ovinocultura, caprinocultura e pesca artesanal, mas também

houve ocorrências de serviços e da agricultura, seja aplicada a fruticultura, mandio-

Quantidade Percentual (%)

Até cinco anos 7 13,5%

Entre seis e 10 anos 15 28,8%

Entre 11 e 20 anos 11 21,2%

Entre 21 e 30 anos 10 19,2%

Acima de 30 anos 7 13,5%

Não souberam informar 2 3,8%

Quantidade Percentual (%)

1 pessoa 6 11,5%

2 pessoas 23 44,2%

3 pessoas 10 19,2%

4 pessoas 2 3,8%

5 pessoas 3 5,8%

6 pessoas 6 11,5%

10 pessoas 1 1,9%

15 pessoas 1 1,9%

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cultura, cajucultura e grãos. Essa predominância também ocorre no programa Agro-

amigo, onde a pecuária corresponde a 80% dos clientes e desse conjunto, 57% tra-

balham com bovinocultura (BNB, 2018a).

Quanto a demanda houve o domínio na indicação de regular com concorren-

tes locais, em 82% dos casos, assim como a comercialização que foi eminentemen-

te local que também ocorreu em 82% das situações, havendo apenas dois que tam-

bém realizavam venda para merenda escolar e sete para municípios vizinhos. Sobre

a forma de comercialização em 61,5% dos cenários é realizada venda direta, em

30,8% ela é realizada de forma individual, em 1,9% ocorre ambas, em 7,7% a co-

mercialização é feita para atravessadores.

4.2 ASPECTOS QUANTITATIVOS

Dos 52 questionários aplicados, o menor índice CEI apresentado foi 10 e o

maior 23. O quadro 6 mostra a distribuição dos índices na amostra coletada. A média

calculada foi de 17,1, que coincidiu com a mediana, que também foi 17, o número

que mais se repetiu, ou seja a moda apresentada foi 16.

Quadro 6 - Histograma representativo da distribuição dos índices CEI na amostra. 8

Fonte: Elaborado a partir de dados da pesquisa (2018).

Histograma é constituído por um conjunto de retângulos, com as bases assentadas sobre um eixo 8

horizontal, tendo o centro da mesma no ponto médio da classe que representa, e cuja altura é pro-porcional à freqüência da classe (TAVARES, 2007).

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Classificando os entrevistados de acordo com o proposto pelos autores do

Carland Entrepreneurship Index, chegou-se ao resultado apresentado na tabela 11.

De acordo com a tabela 4, que define os atributos de cada faixa de classifica-

ção proposto pelo CEI, foi possível observar que 25% dos entrevistados podem ser

enquadrados na classificação de “Micro-empreendedor”, a grande maioria, 75% po-

dem ser enquadrados na classificação de “Empreendedor” e nenhum foi classificado

como “Macro-empreendedor”.

Tabela 11 - Classificações de empreendedorismo segundo o CEI

Fonte: Elaborado a partir de dados da pesquisa (2018).

Em seguida as questões foram separadas, de acordo com o elemento que

cada um analisa, traços de personalidade, propensão ao risco, propensão à inova-

ção e postura estratégica e foi verificado o percentual de acerto de cada um. O qua-

dro 7 mostra o resultado encontrado, onde pode-se ver que o indicador que se des-

taca é o de propensão a risco 65,4%, as questões referentes a traços de personali-

dade foram as que tiveram menor percentual de acertos, 45,7%.

Com base nos resultados obtidos, foram revelados os índices Carland Entre-

preneurship Index para os produtores rurais clientes do Agroamigo no Rio Grande do

Norte, também foi possível enquadra-los em uma das faixas propostas, conforme

tabela 4.

TIPO DE EMPREENDEDOR

Micro-empreendedores 13 25,0%

Empreendedores 39 75,0%

Macro Empreendedores 0 0%

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Quadro 7- Percentual de pontuação para cada elemento do CEI

Fonte: Elaborado a partir de dados da pesquisa (2018).

As análises contidas neste trabalho visaram atingir o objetivo específico de

averiguar o potencial empreendedor do produtor rural atendido pelo Agroamigo no

estado do Rio Grande do Norte.

O estudo das questões dos quatro elementos, verificando quais as questões

de maior ou menor percentual de acerto, permitiu conhecer as principais caracterís-

ticas e possíveis deficiências do grupo, segundo o CEI.

4.3 ANÁLISE QUALITATIVA

Os resultados obtidos foram analisados tendo como referência a obra de Bar-

din (2011) que trata da análise de conteúdo, enquanto método, como o conjunto de

técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e ob-

jetos de descrição do conteúdo das mensagens. Segundo Strauss e Corbin (2008),

as questões em um estudo qualitativo ajudam o pesquisador a se manter concentra-

do no objeto da pesquisa, mesmo quando há massas de dados a serem analisados.

Na questão 34 os produtores rurais foram interrogados sobre qual o papel do

Agroamigo nos seus negócios. Todos foram unânimes em ressaltar a importância da

presença do Agroamigo para suas atividades.

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Houveram relatos de produtores informando que o apoio do programa foi in-

dispensável para o início de suas atividades, deixando claro o auxílio dele para pes-

soas que estavam sem emprego ou que buscavam uma nova ocupação, conforme

relataram os entrevistados:

Com o Agroamigo dei início a minha atividade (E 33).

Comecei a trabalhar com a ajuda do financiamento (E 42).

Ajudou a dar força na minha idéia de criação de gado e estou muito feliz como resultado (E 20).

Conforme relatam Nunes e Lima (2015), vários serviços financeiros tradicio-

nais ofertados pelos bancos ainda não conseguem alcançar grande parte dos produ-

tores rurais, principalmente os mais pobres. Por tanto, microfinanciamentos como o

Agroamigo se mostram importantes no contexto desses agricultores.

Também houveram casos de produtores que tinham paralisado suas ativida-

des e retornaram por conta do programa, como assinala o entrevistado 35: "recome-

cei minha atividade com o Agroamigo". Houve quem destacasse a importância do programa para sua permanência

nas atividades, principalmente por que nos últimos anos a quantidade de chuvas na

região foi abaixo da média histórica, que já é baixa, conforme os entrevistados abai-

xo:

Papel fundamental, pois foi com o Agroamigo que consegui enfrentar a seca (E 14).

Ele proporcionou a possibilidade de pegar o dinheiro e pagar com valor menor (E 21).

Em algumas modalidades de crédito, caso o produtor pague em dia o seu fi-

nanciamento, ele poderá receber um bônus de adimplência entre 25% e 40% aplica-

do não somente sobre os juros, mas também em cima do principal (MCR, 2017),

com isso, nesses casos o produtor quita o seu financiamento com um valor inferior

ao recebido por ele. Também houveram relatos informando que esse desconto os

auxilia o produtor de baixa renda. "Foi muito bom para a atividade. O bônus ajuda

muito, não tenho problemas (E 15).

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Mas a maioria dos relatos coletados se referiam a como o programa proporci-

onou uma maior oportunidade de investimento na atividade, contribuindo assim, para

que se abrissem novos horizontes de crescimento em seus empreendimentos, con-

forme os relatos abaixo:

Foi ótimo, foi através do Agroamigo que comecei a crescer (E 2).

É muito importante pois abriu novos caminhos (E 7).

Fortalece o negócio e ajuda a aumentar a produção (E 11).

Ajuda a comprar mais animais e para produzir (E19).

Possui um papel de desenvolvimento do negócio (E 24).

Uma grande ajuda para ampliar minha atividade (E 29).

Importante demais, todo ano tenho dinheiro para investir na atividade (E 30).

É importante, por que quando preciso de crédito para investimento no meu trabalho, o Agroamigo está disponível (E 32).

Muito importante, pois se não fosse o Agroamigo não teríamos con-seguido investir no nosso negócio (E 39).

O dinheiro nos ajuda a aumentar nosso negócio (E 44).

O Agroamigo nos proporcionou o crescimento do nosso rebanho, fa-zendo com que as nossas instalações crescessem (E 45).

Ajuda no crescimento da atividade de porcos e roçado (E 48).

É bom, pois ajuda o agricultor a crescer e também a desenvolver a atividade (E 51).

Tendo conhecimento e acessando esses investimentos a baixo custo o produ-

tor deixa o mercado informal. Segundo Santos, Mendes-da-Silva e Gonzales (2018),

a assimetria de informações é o principal fator responsável pelos empréstimos in-

formais, pois, normalmente, esses produtores só tem conhecimento de créditos onde

a exigência é maior, assim restringindo os empréstimos e incentivando a informali-

dade, que está em vantagem em termos de informações e técnicas de coleta.

Por isso os referidos autores enfatizam o papel que a alfabetização financeira

pode desempenhar. Isso é posto em prática no Agroamigo através de visitas do

agente de crédito às comunidades e as residências dos agricultores familiares, com

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a finalidade de realizar palestras informativas e prestar orientações sobre o micro-

crédito, até por que, conforme afirmam Silva, Corteletti e Neto (2014), não basta

apenas fornecer o crédito para o agricultor, na maioria das vezes é preciso orientá-

lo.

Segundo Gonzalez (2017), o papel do agente de crédito é o grande destaque

inovador, em relação aos modelos de negócio tradicionais, ele é o principal respon-

sável pelas operações de microcrédito e possui um relacionamento estreito com os

clientes, muitas vezes, até reside na mesma comunidade. Com isso, ele tem melho-

res condições de assegurar que o crédito oferecido leva em consideração as neces-

sidades integrais do cliente, assim como a sua capacidade de pagamento.

Sendo assim, foi possível verificar que os produtores rurais têm observado o

papel do Agroamigo como algo positivo e que vem contribuindo no apoio aos seus

empreendimentos. Segue abaixo mais alguns exemplos de respostas neste sentido:

Papel fundamental para o crescimento da minha atividade, investindo direitinho e tendo cuidado tudo da certo (E 3).

O papel de fazer meu negócio dar certo (E 27).

É muito importante na realização dos sonhos (E 31).

Em seguida, a questão 35 indagou se o Agroamigo contribuiu para o desen-

volvimento do entrevistado e, em caso positivo, como foi essa contribuição. Também

houve consenso em afirmar que o programa contribuiu facilitando o acesso ao crédi-

to e esse recurso produziu diferentes oportunidades.

Nas respostas podemos identificar que características do empreendedorismo

social destacadas por Oliveira (2004) são promovidas pelo programa, como a gera-

ção de dinamismo e objetividade, geração de resultados sociais de impacto, criação

de capital social e empoderamento, resgate da auto-estima e da visão de futuro, di-

namismo e motivação das pessoas ao engajamento cívico, ênfase na geração de

novos valores e mudança de paradigmas e na inovação, criatividade e cooperação

os pilares de suas ações.

Alguns relataram ainda que ele possibilitou o acesso a novas tecnologias, seja

gerando ganhos de produção, redução de custos ou diminuição da carga de traba-

lho, como os seguintes narrativas:

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Sim, investindo na minha atividade, comprando os apetrechos de pesca (E 8).

Sim, ajuda muito, pois não temos dinheiro e por meio do financia-mento a gente pode comprar (E 17).

Sim, com a facilitação para os preparos da terra (E 26).

Fui beneficiado com o financiamento, com a aplicação correta do di-nheiro ficou muito fácil (E 34).

Sim, podendo proporcionar a realização da vontade que tínhamos de fazer melhorias na atividade de diversas formas (E 39).

Outros entrevistados destacaram que, através do Agroamigo, puderam reali-

zar investimentos que antes nao eram possíveis:

Sim, só tenho a renda da aposentadoria e não tenho dinheiro para comprar gado (E 6).

Sim, depois que comecei a fazer tive como comprar animais que an-tes não tinha dinheiro para comprar (E 14).

Contribuiu bastante, como incentivo financeiro para investir (E 18).

Sim, com esse dinheiro posso comprar gado e rações (E 47).

Houve quem colocasse como a principal contribuição do programa, além da

chance de investimentos, também a possibilidade de recebimento do bônus de

adimplência:

Sim, com o recurso investido e o bônus de adimplência (E 25).

Sim, pois consigo comprar mais animais e com o incentivo do bônus (E 43).

Também houve relatos de como o programa auxiliou a enfrentar as dificulda-

des enfrentadas pelo baixo índice de chuvas dos últimos anos. “Sim, estamos pas-

sando por uma estiagem no período de 8 anos e foi com o Agroamigo que conse-

guimos enfrentar" (E 9).

Segundo Moser e Gonzalez (2015), 66% de programas e produtos financiados

pelo Agroamigo têm ligações indiretas com estratégias de mudança climática, eles

contribuem para reduzir a vulnerabilidade do cliente e, assim, melhorar a sua capa-

cidade de adaptação para enfrentar essas mudanças.

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Alguns entrevistados também relataram como o Agroamigo estimulou o início

de novas atividades. "Sim, o meu esposo já fazia o crédito, o que contribuiu para

muitas conquistas e agora estou iniciando meu negócio" (E 48).

E outros mencionaram como ele auxiliou na realização de desejos, como a

compra de propriedade própria, o que é um sonho de muitos. "Iniciei o plantio de

palma, aumentei minha criação e hoje tenho minha própria terra" (E 33).

Não que o programa tenha como objetivo resolver todos os problemas daque-

les por ele atendidos, até porque, conforme o relato de Oliveira (2004), o empreen-

dedorismo social não se constitui de um “passe de mágicas”, mas de uma ação que

requer, acima de tudo, a capacidade coordenada das pessoas.

Silva e Corteletti (2014) corroboram com esse pensamento colocando que são

necessárias outras políticas públicas em paralelo aos programas de microfinanças

para que ocorram mudanças ainda mais significativas na qualidade de vida dos pe-

quenos agricultores.

Ainda assim, o Agroamigo tem se mostrado como um importante fator de me-

lhoria da realidade dos seus clientes, segundo seus relatos.

Na maioria das entrevistas, a resposta foi que a principal contribuição do pro-

grama Agroamigo foi no apoio ao crescimento de suas atividades, incentivando o

desenvolvimento e a evolução dos empreendimentos.

Inicialmente, na minha caminhada para ter uma jornada de sucesso, foi o Agroamigo que deu a possibilidade de crescer no negocio (E 2).

Nos ajudando a desenvolver nosso empreendedorismo (E 6).

Sim, a gente pega o dinheiro e investe na plantação e vai levando a vida de forma positiva (E 16).

Aumentando a produtividade, comecei a criar gado também através do Agroamigo (E 23).

Sim, veio aumentando a criação, graças a ajuda do financiamento que me incentiva a gerar mais e mais (E 29).

Sim, a cada financiamento aumento minha criação (E 36).

Aumentou muito minha produção, apesar das dificuldades (E 40).

Sim, aumentou minha renda e deu condição de comprar meus ani-mais (E 44).

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Esse desenvolvimento, consequentemente gera a melhoria da qualidade de

vida dos produtores e de suas famílias, segundo os entrevistados, que também

abordaram essa questão:

Contribuiu, me ajudou a investir melhor minha renda e a melhorar a qualidade de vida (E 11).

No crescimento do meu rebanho e a renda da minha família (E 19).

Sim, proporcionando a ajuda econômica para melhorar o desenvol-vimento da unidade familiar (E 27).

Sim, ajudou o meu crescimento, minha estabilidade, minha renda (E 30).

Sim, podemos comprar as coisas que tínhamos vontade, mas não tínhamos dinheiro para comprar antes (E 51).

Relatos como esses demonstram como o Agroamigo se encaixa na definição

de empreendedorismo social colocada por Austin, Stevenson e Wei-Skillern (2012)

de que o seu objetivo fundamental é a criação de valor social para o bem público.

Também deixam claro que o programa possui um processo multidimensional e

multinível, segundo foi proposto por Cruz (2012), multidimensional por que envolve a

intersecção entre dimensões com características empreendedoras (face empreen-

dedora) e sociais (face social) e multinível por que ocorre em nível individual, grupal

e social. Outras pesquisas também propõem o modelo multinível para as microfinan-

ças no Brasil como Pozzebon, Diniz e Jayo (2008), Diniz, Pozzebon, e Jayo (2009),

Cernev (2010) e Jayo (2010).

A pergunta 36 solicitou aos clientes para imaginarem como estariam seus em-

preendimentos caso não tivessem o apoio do programa. As respostas demonstraram

a transformação que o crédito possibilitou aos empreendimentos, na visão dos pro-

dutores.

Algumas respostas foram no sentido de que a evolução dos seus negócios es-

taria comprometida, e que no entendimento deles a evolução que houve foi em vir-

tude do apoio do programa.

Eu estava da mesma forma que tinha iniciado meu negócio (E 13).

Se não fosse o Agroamigo, não teria desenvolvido meu negócio (E 27).

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Sem desenvolvimento, não haveria investimento, devido a grande estiagem que assola nossa região, foi com o Agroamigo que conse-guimos prosperar (E 30).

Com muita dificuldade. Não teria capital para investir (E 41).

Pessoas com baixa instrução financeira, segundo Santos, Mendes-da-Silva e

Gonzales (2018), tendo em vista a demanda e as restrições a empréstimos, tem

maior probabilidade de utilizem empréstimos informais. Foi justamente o que alguns

produtores relataram, que uma das alternativas, caso não houvesse o Agroamigo,

seria recorrer a outros tipos de financiamentos em outros bancos, porem os juros

seriam mais elevados e prazos diferentes. "Muito difícil, ia ter que fazer empréstimo

por outro banco pagando muito alto" (E 38).

Uma questão recorrente é que não haveria recursos para realizar os investi-

mentos necessários para as atividades nas datas oportunas, como por exemplo os

seguintes depoimentos:

Não haveria possibilidade de desenvolvimento, visto que com minha renda mensal não poderia realizar investimentos (E 6).

Estaria em situação precária, pois não temos recursos próprios para investir (E 19).

Estaria ruim, pois não haveria como investir no meu crescimento (E 22).

Estava bem difícil, pois não tinha comprado os animais e teria uma produção menor (E 35).

Estaria mais fraco, pois não teria comprado os bichos (E 43).

Só com a renda da aposentadoria não tinha como investir na ativida-de (E 48).

Muitos ressaltaram também que estariam em uma situação pior do que a atual

e que sem financiamento estariam bem mais atrasados.

Ficaria mais difícil, pois esse financiamento é de suma importância para o fortalecimento da atividade (E 4).

Estaria passando por bastante dificuldade, devido a falta de dinheiro para dar continuidade (E 9).

Não consigo nem imaginar, mas com certeza seria menor (E 15).

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Sem o Agroamigo era muito menor, pois agora é sem dúvida nosso maior apoio (E 39).

Pouco rendimento, pois o Agroamigo dá impulso e meios para cres-cer (E 42).

Eu criava, mas em pouca quantidade (E 50).

E houveram também aqueles que alegaram que certamente já teriam paralisa-

do suas atividades, demonstrando que o programa vem desempenhando um papel

fundamental de manter o homem no campo, evitando ainda mais o número de pes-

soas buscando emprego nos grandes centros.

Se não fosse o Agroamigo não estaria mais trabalhando na minha atividade (E 21).

Se não fosse o Agroamigo meu negócio estaria perto de acabar (E 28).

Com certeza já teria ido embora para a cidade, já faz uns 8 anos que mantenho minhas atividades rurais graças ao Agroamigo (E 33).

Não teria meu negócio (E 34).

Acho que nao tinha condições de manter o meu negócio (E 44).

Acho que não teria nem começado, pois não teria como manter os bichos (E 47).

E por último, a questão 37 abordou a expectativa de futuro para os empreen-

dimentos e o cenário foi positivo, apesar das dificuldades, do trabalho duro e de

anos de seca, os clientes tem vontade de continuar e esperança de melhora.

As respostas das entrevistas envolveram a expectativa de ampliação das ven-

das no futuro, mostrando que os produtores não estão acomodados com a situação

atual e procuram aplicar seu mercado consumidor.

Que aumente a produção a cada dia (E 7).

Minha expectativa é que minha venda aumente cada vez mais (E 15).

A gente ter o comércio livre e rendendo para continuar vivendo (E 37).

Segundo Moser e Gonzalez (2015), a maioria dos povoados onde Agroamigo

opera são caracterizadas por clima semi-árido e coberto por caatinga, eles têm ele-

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vada variabilidade espacial e temporal, cerca de 80% do total anual de precipitação

concentrada cerca de 4 meses. Por isso também houveram aqueles que citaram a

questão das condições climáticas, e caso elas sejam favoráveis, terão bons resulta-

dos.

Espero não ter perda por causa das chuvas (E 10).

Boa, principalmente pelas chuvas que andam caindo em nossa re-gião (E 13).

Melhorar cada dia, se as chuvas também ajudarem (E 26).

Desde que haja boas previsões de inverno tenho perspectiva de au-mentar o rebanho (E 45).

Segundo Barki et al. (2015), as ações do Agroamigo visam justamente melho-

rar resiliência da comunidade às mudanças climáticas, oferecendo mecanismos que

ajudam clientes em áreas pobres a responder ao impacto de das alterações climáti-

cas.

A maioria citou que possuem perspectivas de crescimento, elevando os reba-

nhos, gerando mais receita e realizando maiores negócios com o apoio do Agroami-

go, o que demonstra o empreendedorismo desses pequenos produtores, residentes

em locais pobres, com baixa instrução e que ainda assim empreendem e não se sa-

tisfazem com a situação em que se encontram, buscando melhorias.

Crescimento e me tornar um dos melhores (E 3).

Continuar fazendo os financiamentos e crescendo (E 4).

Crescer sempre com o auxílio de programas como o Agroamigo (E 6).

Crescimento do rebanho e rotatividade da atividade. Aumentando nosso rebanho, aumenta nossa renda (E 16).

Espero aumentar e melhorar o rebanho para gerar mais renda (E 19).

Muito bem, pois através do Agroamigo esperamos aumentar nosso rebanho (E 21).

Além de crescer o negócio, obter uma renda maior e ter estabilidade (E 22).

Continuar crescendo com o Banco (E 24).

Aumentar a DAP para fazer um projeto maior (E 28).

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Boa, através do Agroamigo aumentar minha criação e renda (E 36).

Que eu possa ter o Agroamigo à disposição para sempre e com isso aumentar minha atividade (E 38).

Muito bom, pois através Agroamigo esperamos aumento do nosso rebanho e da nossa renda. (E 42).

Melhoria da propriedade e aquisição de mais animais (E 44).

Só crescer e produzir bem mais para poder colher mais à frente (E 49).

Esse empreendedorismo é essencial, de acordo com Silva, Corteletti e Neto

(2014). Para eles a eficácia dos programas de microcrédito depende também, em

parte, da visão empreendedora do agricultor em aplicar os recursos na atividade em

que pode obter maior retorno e vantagem competitivas.

Existiram ainda aqueles que almejam questões maiores, como empregar mais

pessoas e até formalizar seus negócios.

Crescer, futuramente abrir uma empresa (E 25).

Crescer e progredir mais e empregar mais pessoas na atividade (E 33).

Por fim, melhorar as condições de vida dos produtores e de suas famílias foi

uma respostas mais recorrentes como expectativa de futuro e o motivo de todo es-

forço que vem sendo realizado em seus empreendimentos.

Trabalhar, desenvolver melhor as atividades fortalecer meu cresci-mento e estabilidade financeira (E 17).

Conseguir dinheiro para reformar minha casa (E 32).

Crescer e ajudar minha família (E 48).

Os resultados das entrevistas corroboraram com os resultados apresentados

na pesquisa de Aquino e Bastos (2015), que traz o Agroamigo como uma política

pública exitosa do ponto de vista operacional.

Monser e Gonzalez (2015) colocam que o conhecimento local que o programa

possui, bem como sua capacidade de ajudar os pobres rurais a gerar renda extra,

são elementos que reforçam a idéia mais ampla de microfinanças como um instru-

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mento potencial para fornecer estratégias de adaptação e mitigação aos segmentos

mais pobres da sociedade. Segundo eles, o Agroamigo oferece importantes meca-

nismos de empréstimo que ajudarão os clientes a responder melhor aos impactos da

mudança climática.

O estudo de Pilon (2017) mostrou que a concentração dos financiamentos do

programa no estado do Rio Grande do Norte se deu nos municípios de maior núme-

ros de estabelecimentos agrícolas, em que há menor distribuição de terras, e tam-

bém no semiárido potiguar. Ele destaca como uma característica geradora de de-

senvolvimento do Agroamigo o fato de o produtor rural decidir o que fazer com o

crédito e ser responsável pelo pagamento e prestações, o que torna o produtor rural

o agente do seu próprio desenvolvimento.

Porém, existem ainda preocupações que são relevantes para que o programa

continue eficaz, uma delas é com a manutenção do acompanhamento próximo aos

clientes, mesmo com o grande crescimento que o programa tem conseguido no de-

correr dos anos. Conforme destaca Guedes (2017), caso ocorram dificuldades no

acompanhamento, pode ser que existam desvios por parte dos beneficiários na cor-

reta aplicação dos recursos, ou seja, talvez os empréstimos concedidos nem sempre

sejam utilizados corretamente para incrementar a produção, até mesmo para o pró-

prio consumo, causando desincentivos à produção.

Existe ainda a questão do endividamento na medida certa dos produtores,

conforme Moser e Gonzalez (2015) explicam que em alguns casos, os financiamen-

to de forma inadequada podem aumentar a carga de dívidas dos tomadores, colo-

cando pressão adicional em sua capacidade de adaptação.

É bom lembrar o que Abramovay e Piketty (2005) citam, que políticas voltadas

para promoção e crescimento econômico com base na distribuição de ativos estão

permanentemente ameaçadas pela distância potencial entre a racionalidade econô-

mica e as necessidades sociais, por tanto deve existir a preocupação de que haja

um crescimento sustentável para o programa.

Durante a pesquisa os produtores e agentes de microcrédito também apre-

sentaram dois receios recorrentes em relação ao programa, a possibilidade de alte-

rações das políticas públicas que possam restringir os recursos recursos utilizados

para operacionalização do programa, além do crescimento da violência no meio ru-

ral, gerando cada vez mais preocupação por parte dos produtores de serem assalta-

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dos e elevando a dificuldade por parte dos agentes para chegarem as residências

dos agricultores.

Por fim, conforme citam Moser e Gonzalez (2015), o Agroamigo, maior forne-

cedor de microfinanciamento rural do Brasil, que possui um canal de distribuição

abrangendo 10 estados brasileiros e alcançando mais de 800.000 clientes, com o

conhecimento local que possui, bem como sua capacidade de ajudar os pobres a

gerar renda extra rural são todos os elementos que reforçam a idéia mais ampla de

microfinanças como um instrumento potencial para produzir adaptações e mitigar

estratégias para os segmentos mais pobres da sociedade.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa objetivou identificar o potencial empreendedor do produ-

tor rural a partir do programa Agroamigo viabilizado pelo Banco do Nordeste, tendo

como objetivos específicos: investigar o nível de investimento do Agroamigo no es-

tado do Rio Grande do Norte; Identificar o perfil sociodemográfico dos pesquisados;

Identificar a visão do produtor rural sobre o papel do Agroamigo como agente trans-

formador; sugerir ações empreendedoras para ampliar a qualidade do programa

Agroamigo.

Para isso, foram os obtidos resultados a partir de uma amostra de 52 benefi-

ciados pelo programa Agroamigo no Rio Grande do Norte, escolhidos de forma alea-

tória e entrevistados de acordo com a acessibilidade.

Quanto ao nível de investimento do Agroamigo no Estado, foi identificado o

montante de mais de 244 mil operações que aplicaram o montante de R$ 725 mi-

lhões no Estado. Ainda que este volume fosse destinado para financiamentos em

grandes empreendimentos, já seria um montante significativo, mas o que chama

mais atenção é por se tratar de financiamentos a pequenos agricultores pobres, o

que mostra o tamanho e a importância do programa no apoio a agricultura familiar

no RN.

O segundo objetivo específico visou identificar o perfil sociodemografico dos

pesquisados, onde verificou-se que 51,9% dos entrevistados foram do sexo feminino

e 48,1% masculino, bem próximo aos números do Agroamigo que apresentam um

percentual de 48% feminino e 52% masculino. Com isso pôde-se constatar que o

programa está próximo de um equilíbrio de gêneros dos participantes.

Foi identificado também a baixa renda e escolaridade, em que a maioria ga-

nha menos do que um salário mínimo e seguiram os estudos apenas até o ensino

fundamental.

No que tange a identificação da visão do produtor rural sobre o papel do

Agroamigo como agente transformador, constatou-se que o programa se mostra

como agente fundamental para fixação, manutenção e, por vezes, até mesmo como

o ponto de partida dos empreendimentos dos clientes. Eles manifestaram intenções

de crescimento dos seus negócios e colocaram a parceria com o Programa como

condição para que isso ocorra.

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Em relação a sugerir ações empreendedoras para ampliar a qualidade do

programa Agroamigo, nota-se a necessidade de encontrar meios de manter o conta-

to próximo com os agricultores, diante do elevado crescimento do programa nos úl-

timos anos. Tendo em vista que, conforme os fundamentos do programa, há neces-

sidade de conservar essa aproximação. Esta questão é crítica, pois, ela se contra-

põe muitas vezes com algo que qualquer programa de microfinanças está sujeito, à

constante necessidade de crescimento de produção e redução de custos do pro-

grama.

Para isso, com o intuito de que seja cedida a atenção necessária no acompa-

nhamento próximo aos produtores, é necessário que haja investimento em tecnolo-

gia, para que haja ganhos de produção, de forma que as equipes possam dedicar

grande parte do seu tempo a assistência e orientação. Somente assim, será possível

administrar uma carteira ativa que já ultrapassou os R$ 4 bilhões prestando o aten9 -

dimento adequado.

O objetivo geral averiguou o potencial empreendedor do produtor rural aten-

dido pelo Agroamigo no estado do Rio Grande do Norte. Dos produtores entrevista-

dos, foi revelado que 25% estão no grupo de “micro-empreendedor” e 75% no grupo

de “Empreendedor”. A pesquisa apontou que a grande maioria dos produtores apre-

sentam um nível intermediário de empreendedorismo, apesar das condições adver-

sas em que estão inseridos, com anos de seca e falta de oportunidades na região,

ainda assim eles utilizam do empreendedorismo, com apoio do programa Agroami-

go, para continuarem com suas atividades.

Este estudo ratifica a afirmação de Gimenez e Inácio Jr. (2002) de que o CEI

pode ser usado como uma ferramenta adicional de análise dos possíveis empreen-

dedores, ele é um forte indicador que pode auxiliar o indivíduo a alcançar uma pos-

tura empreendedora.

Portanto, pode-se concluir que a percepção do produtor rural quanto ao pro-

grama Agroamigo é positiva, pois o mesmo vem atuando no sentido de reduzir as

desigualdades, bancarizar, incluir socialmente, contribuir para a independência fi-

nanceira e para o desenvolvimento da qualidade de vida do pequeno produtor rural.

Sobre a limitação da presente pesquisa, ela se concentrou em uma determi-

nada área geográfica, para entender melhor o programa Agroamigo em sua totalida-

No fechamento de 2017 (BNB, 2018d).9

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de, seria necessário a ampliação do corpo de estudo, realizando amostras em toda

sua área de atuação.

Diante da pesquisa exposta e baseado nos resultados extraídos, torna-se

possível apresentar como sugestão de futuras pesquisas: realizar um comparativo

com o potencial empreendedor, que pode ser mensurado em outras regiões ou es-

tados, no sentido de identificar distorções de acordo com a região pesquisada; Utili-

zar outros instrumentos de medição referente ao potencial empreendedor para efeito

de comparações entre eles.

Por fim, espera-se ter contribuído para que pesquisas futuras sejam desen-

volvidas sobre ações que promovam o empreendedorismo e inovações sociais, em

especial as microfinanças, no sentido de ampliar a compreensão das contribuições

que envolvam serviços financeiros capazes de promover o desenvolvimento regional

e a inclusão social no decorrer do tempo.

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APÊNDICE

QUESTIONÁRIO SOBRE O EMPREENDEDORISMO NO DESENVOLVIMENTO DO PRODUTOR RURAL CLIENTE DO AGROAMIGO

Nome: Data da Entrevista:

Estado Civil: ( ) Casado(a) ( ) Solteiro(a) ( ) Viúvo ( ) União Estável ( ) Separado/Divorci-ado

Escolaridade:

Profissão: Renda mensal:

Atividade: Tempo na atividade:

Quantas pessoas trabalham na atividade:

Comercialização dos produtos: ( ) Local ( ) Merenda Escolar ( ) Municípios Vizinhos ( ) Outro Estado ( ) Ou-tro País

Forma de Comercialização: ( ) Direta ( ) Individual ( ) Atravessador ( ) Grupal

Situação do Mercado: ( ) Demanda elevada com concorrentes externos ( ) Demanda regular com concorrentes locais

( ) Demanda regular com concorrentes externos ( ) Demanda saturada

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Por favor, responda todos os itens abaixo tão honestamente quanto puder.

Assinale com um (X) qual alternativa melhor descreve seu comportamento ou maneira de ser para cada um dos 33 pares de afirmações apresentadas a se-guir.

01 É essencial ter por escrito os objetivos para este negócio.

É suficiente saber a direção em que estou está indo.

02 Eu gosto de pensar em mim mesmo como uma pessoa habilidosa.

Eu gosto de pensar em mim mesmo como uma pessoa criativa.

03 Não teria iniciado esse negócio se eu não tivesse certeza de que seria bem sucedido.

Eu nunca terei certeza se este negócio dará certo ou não.

04 Eu quero que este negócio cresça e torne-se poderoso.

O real propósito deste negócio é dar suporte a minha família.

05 A coisa mais importante que eu faço para este negócio é planejar.

Sou mais importante no acompanhamento do dia-a-dia deste negócio.

06 Eu gosto de abordar situações de uma perspectiva otimista.

Eu gosto de abordar situações de uma perspectiva bem analisada.

07 Meu objetivo primário neste negócio é sobreviver.

Eu não descansarei até que nós sejamos os melhores.

08 Um plano deve ser escrito para ser efetivo.

Um plano não escrito já é suficiente para o desenvolvimento.

09 Eu provavelmente gasto muito do meu tempo com este negócio.

Eu divido meu tempo entre este negócio, família e amigos.

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10 Eu tendo a deixar meu coração governar minha cabeça.

Eu tendo a deixar minha cabeça governar meu coração.

11 Minhas prioridades incluem um monte de coisas fora este negócio.

Uma das coisas mais importantes em minha vida é este negócio.

12 Eu sou aquele que tem de pensar e planejar.

Eu sou aquele que tem que fazer as coisas.

13 As pessoas que trabalham para mim trabalham duro.

As pessoas que trabalham para mim gostam de mim.

14 Eu anseio pelo dia em que gerenciar este negócio será simples.

Se gerenciar ficar muito simples, eu iniciarei outro negócio.

15 Eu penso que eu sou uma pessoa prática.

Eu penso que sou uma pessoa imaginativa.

16 O desafio de ser bem sucedido é tão importante quanto o dinheiro.

O dinheiro que vem com o sucesso é a coisa mais importante.

17 Eu sempre procuro por novas maneiras de se fazer as coisas.

Eu procuro estabelecer procedimentos padrões para que as coisas sejam feitas certas.

18 Eu penso que é importante ser otimista.

Eu penso que é importante ser lógico.

19 Eu penso que procedimentos operacionais padrões são cruciais.

Eu aprecio o desafio de inventar mais do que qualquer coisa.

20 Eu gasto tanto tempo planejando quanto gerenciando este negócio.

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Eu gasto a maior parte do meu tempo gerenciando este negócio.

21 Eu tenho percebido que gerenciar este negócio cai na rotina.

Nada sobre gerenciar este negócio é sempre rotina.

22 Eu prefiro pessoas que são realistas.

Eu prefiro pessoas que são imaginativas.

23 A diferença entre os concorrentes é a atitude do proprietário.

Nós temos que faz alguma coisa melhor do que os concorrentes.

24 Meus objetivos pessoais giram em torno deste negócio.

Minha vida real é fora deste negócio, com minha família e amigos.

25 Eu adoro a ideia de tentar ser mais esperto que os concorrentes.

Se você mudar muito, você pode confundir os clientes.

26 A melhor abordagem é evitar o risco tanto quanto possível.

Se você quer exceder a concorrência, você tem que assumir alguns riscos.

27 Eu odeio a ideia de pegar dinheiro emprestado.

Empréstimo é somente outra decisão de negócios.

28 Qualidade e serviços não são suficientes. Você tem que ter uma boa ima-gem.

Um preço justo e boa qualidade é tudo o que qualquer cliente realmente de-seja.

29 As pessoas pensam em mim como um trabalhador esforçado.

As pessoas pensam em mim como alguém fácil de se relacionar.

30 Os únicos empreendimentos que este negócio faz são aqueles relativamen-te seguros.

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34 – Que papel o Agroamigo tem para o seu negócio?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

35 – O Agroamigo contribui para que seu desenvolvimento? Em caso positivo, como?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

36 – Se não fosse o Agroamigo, como você imagina que estaria seu negócio?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

37 – Qual sua expectativa para o futuro do seu empreendimento?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Se você quer que este negócio cresça, você tem que assumir alguns riscos.

31 A coisa que eu mais sinto falta em trabalhar para alguém é a segurança.

Eu realmente não sinto falta de trabalhar para alguém.

32 Eu me preocupo com os direitos das pessoas que trabalham para mim.

Eu me preocupo com os sentimentos das pessoas que trabalham para mim.

33 É mais importante ver possibilidades nas situações.

É mais importante ver as coisas das maneiras que elas são.

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ANEXOS

ANEXO 1

CEI – Versão em português

Por favor, responda todos os itens abaixo tão honestamente quanto puder.

Assinale com um (X) qual alternativa melhor descreve seu comportamento ou maneira de ser para cada um dos 33 pares de afirmações apresentadas a se-guir.

01 É essencial ter por escrito os objetivos para este negócio.

É suficiente saber a direção em que estou está indo.

02 Eu gosto de pensar em mim mesmo como uma pessoa habilidosa.

Eu gosto de pensar em mim mesmo como uma pessoa criativa.

03 Não teria iniciado esse negócio se eu não tivesse certeza de que seria bem sucedido.

Eu nunca terei certeza se este negócio dará certo ou não.

04 Eu quero que este negócio cresça e torne-se poderoso.

O real propósito deste negócio é dar suporte a minha família.

05 A coisa mais importante que eu faço para este negócio é planejar.

Sou mais importante no acompanhamento do dia-a-dia deste negócio.

06 Eu gosto de abordar situações de uma perspectiva otimista.

Eu gosto de abordar situações de uma perspectiva bem analisada.

07 Meu objetivo primário neste negócio é sobreviver.

Eu não descansarei até que nós sejamos os melhores.

08 Um plano deve ser escrito para ser efetivo.

Um plano não escrito já é suficiente para o desenvolvimento.

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09 Eu provavelmente gasto muito do meu tempo com este negócio.

Eu divido meu tempo entre este negócio, família e amigos.

10 Eu tendo a deixar meu coração governar minha cabeça.

Eu tendo a deixar minha cabeça governar meu coração.

11 Minhas prioridades incluem um monte de coisas fora este negócio.

Uma das coisas mais importantes em minha vida é este negócio.

12 Eu sou aquele que tem de pensar e planejar.

Eu sou aquele que tem que fazer as coisas.

13 As pessoas que trabalham para mim trabalham duro.

As pessoas que trabalham para mim gostam de mim.

14 Eu anseio pelo dia em que gerenciar este negócio será simples.

Se gerenciar ficar muito simples, eu iniciarei outro negócio.

15 Eu penso que eu sou uma pessoa prática.

Eu penso que sou uma pessoa imaginativa.

16 O desafio de ser bem sucedido é tão importante quanto o dinheiro.

O dinheiro que vem com o sucesso é a coisa mais importante.

17 Eu sempre procuro por novas maneiras de se fazer as coisas.

Eu procuro estabelecer procedimentos padrões para que as coisas sejam feitas certas.

18 Eu penso que é importante ser otimista.

Eu penso que é importante ser lógico.

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19 Eu penso que procedimentos operacionais padrões são cruciais.

Eu aprecio o desafio de inventar mais do que qualquer coisa.

20 Eu gasto tanto tempo planejando quanto gerenciando este negócio.

Eu gasto a maior parte do meu tempo gerenciando este negócio.

21 Eu tenho percebido que gerenciar este negócio cai na rotina.

Nada sobre gerenciar este negócio é sempre rotina.

22 Eu prefiro pessoas que são realistas.

Eu prefiro pessoas que são imaginativas.

23 A diferença entre os concorrentes é a atitude do proprietário.

Nós temos que faz alguma coisa melhor do que os concorrentes.

24 Meus objetivos pessoais giram em torno deste negócio.

Minha vida real é fora deste negócio, com minha família e amigos.

25 Eu adoro a ideia de tentar ser mais esperto que os concorrentes.

Se você mudar muito, você pode confundir os clientes.

26 A melhor abordagem é evitar o risco tanto quanto possível.

Se você quer exceder a concorrência, você tem que assumir alguns riscos.

27 Eu odeio a ideia de pegar dinheiro emprestado.

Empréstimo é somente outra decisão de negócios.

28 Qualidade e serviços não são suficientes. Você tem que ter uma boa ima-gem.

Um preço justo e boa qualidade é tudo o que qualquer cliente realmente de-seja.

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29 As pessoas pensam em mim como um trabalhador esforçado.

As pessoas pensam em mim como alguém fácil de se relacionar.

30 Os únicos empreendimentos que este negócio faz são aqueles relativamen-te seguros.

Se você quer que este negócio cresça, você tem que assumir alguns riscos.

31 A coisa que eu mais sinto falta em trabalhar para alguém é a segurança.

Eu realmente não sinto falta de trabalhar para alguém.

32 Eu me preocupo com os direitos das pessoas que trabalham para mim.

Eu me preocupo com os sentimentos das pessoas que trabalham para mim.

33 É mais importante ver possibilidades nas situações.

É mais importante ver as coisas das maneiras que elas são.

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ANEXO 2

THE CARLAND ENTREPRENEURSHIP INDEX for active entrepreneurs

Please check the box next to the ONE of each pair of statements which comes CLOSEST to representing the way you USUALLY feel.

1. ( ) Written objectives for this business are crucial ( ) It's enough to know the general direction you are going 2. ( ) I like to think of myself as a skillful person ( ) I like to think of myself as a creative person 3. ( ) I wouldn't have started this business if I hadn't been sure that it would succeed ( ) I'm never sure whether this business will succeed or not 4. ( ) I want this business to grow and become a major force ( ) The real purpose of this business is to support my family 5. ( ) The most important thing I do for this business is plan ( ) I am most important in day to day management of this business 6. ( ) I like to approach situations from a sympathetic perspective ( ) I like to approach situations from an analytical perspective 7. ( ) My primary purpose here is to survive ( ) I won't rest until we are the best 8. ( ) A plan should be written in order to be effective ( ) An unwritten plan for development is enough 9. ( ) I probably spend too much time with this business ( ) I balance my time between this business, family and friends 10. ( ) I tend to let my heart rule my head ( ) I tend to let my head rule my heart 11. ( ) My priorities include a lot of things outside this business ( ) One of the most important things in my life is this business 12. ( ) I'm the one who has to do the thinking and planning ( ) I'm the one who has to get things done 13. ( ) People who work for me, work hard ( ) People who work for me, like me 14. ( ) I look forward to the day when managing this business is simple ( ) If managing gets too simple, I'll start another business 15. ( ) I think I am a practical person ( ) I think I am an imaginative person 16. ( ) The challenge of being successful is as important as the money ( ) Money which comes with success is the most important thing 17. ( ) I'm always looking for new ways to do things ( ) I try to establish set procedures to get things done right

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18. ( ) I think it is important to be sympathetic ( ) I think it is important to be 19. ( ) I think that standard operating procedures are crucial ( ) I enjoy the challenge of invention more than anything else 20. ( ) I spend as much time planning as in running this business ( ) I spend most of my time running this business 21. ( ) I have found that managing this business falls into a routine ( ) Nothing around here is ever routine 22. ( ) I prefer people who are realistic ( ) I prefer people who are imaginative 23. ( ) The difference between competitors is the owner's attitude ( ) We have some things which we do better than the competitors 24. ( ) My personal objectives revolve around this business ( ) My real life is outside this business with family and friends 25. ( ) I enjoy the idea of trying to outwit the competition ( ) If you change too much, you can confuse the customers 26. ( ) The best approach is to avoid risky moves whenever possible ( ) If you want to outdo the competition you have to take some risks 27. ( ) I hate the idea of having to borrow money ( ) Borrowing is just another business decision 28. ( ) Quality and service aren't enough. You must have a good image ( ) A fair price and good quality is all any customer really wants 29. ( ) People think of me as a hard worker ( ) People think of me as easy to get along with 30. ( ) The only undertakings this business makes are those that are relatively certain ( ) If you want the business to grow you have to take some risks 31. ( ) The thing I miss most about working for someone else is security ( ) I don't really miss much about working for someone else 32. ( ) I am concerned about the rights of people who work for me ( ) I am concerned about the feelings of people who work for me 33. ( ) It is more important to see possibilities in a situation ( ) It is more important to see things the way they

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ANEXO 3 INSTRUÇÃO PARA TABULAÇÃO DO CEI

SCORING INSTRUCTIONS FOR THE CARLAND ENTREPRENEURSHIP INDEX Put a check in the appropriate box for the first or second choice for each of the ques-tions. Count the number of checks appearing in boxes which have the word "count" ap-pearing beside them. The total of number of checks in "count" boxes will be the respon-dent's Entrepreneurship Index and will range from 0 to 33.

1st Choice 2nd Choice 1st Choice 2nd Choice

1 COUNT 18 COUNT

2 COUNT 19 COUNT

3 COUNT 20 COUNT

4 COUNT 21 COUNT

5 COUNT 22 COUNT

6 COUNT 23 COUNT

7 COUNT 24 COUNT

8 COUNT 25 COUNT

9 COUNT 26 COUNT

10 COUNT 27 COUNT

11 COUNT 28 COUNT

12 COUNT 29 COUNT

13 COUNT 30 COUNT

14 COUNT 31 COUNT

15 COUNT 32 COUNT

16 COUNT 33 COUNT

17 COUNT Total Score: