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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE JOSÉ ANTÔNIO DE GÓES FILHO A IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL NO CONTEXTO EVANGÉLICO BRASILEIRO SÃO PAULO 2017 Click to BUY NOW! P D F - X C h a n g e Ed i t o r w w w . t r a c k e r - s o f t w a r e . c o m Click to BUY NOW! P D F - X C h a n g e Ed i t o r w w w . t r a c k e r - s o f t w a r e . c o m

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIEtede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/3425/5/José... · 2017. 12. 21. · ORIENTADOR: Rev. Dr. Hermisten Maia Pereira da Costa SÃO PAULO 2017

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  • UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

    JOSÉ ANTÔNIO DE GÓES FILHO

    A IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL NO CONTEXTO

    EVANGÉLICO BRASILEIRO

    SÃO PAULO

    2017

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  • JOSÉ ANTÔNIO DE GÓES FILHO

    A IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL NO CONTEXTO

    BRASILEIRO

    Dissertação apresentada ao Programa de

    Pós-Graduação em Ciências da Religião da

    Universidade Presbiteriana Mackenzie,

    como requisito parcial à obtenção de título de

    Mestre em Ciências da Religião.

    ORIENTADOR: Rev. Dr. Hermisten Maia Pereira da Costa

    SÃO PAULO

    2017

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  • G598i Góes, José Antonio de. A Igreja Presbiteriana do Brasil no contexto evangélico brasileiro

    / José Antonio de Góes. 136 f. : il. ; 30 cm

    Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) - Universidade

    Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2017. Bibliografia: f. 132-136.

    1. Protestantismo. 2. Presbiterianismo. 3. Igreja Presbiteriana do

    Brasil. 4. Presbiterianismo brasileiro. 5. Protestantismo brasileiro. 6. Censo 2010. I. Título.

    CDD 285

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  • Dedico este trabalho ao Deus de toda

    sabedoria, que criou, sustenta e redimiu

    todas as coisas pela obra de Seu Filho, o

    nosso Senhor Jesus Cristo; à minha

    família: Ellen Cristina, minha querida

    esposa, e aos meus filhos, João Filipe,

    Davi e Estevão, que me apoiaram, sendo

    sempre compreensivos quanto ao tempo

    que tirei deles para me dedicar a este

    trabalho; à Igreja Presbiteriana do Brasil e

    a Universidade Presbiteriana

    Mackenzie, que sempre me incentivaram e

    me proporcionaram a oportunidade de me

    desenvolver academicamente.

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  • AGRADECIMENTOS

    Agradeço a Deus, à minha família, à Igreja, ao Mackenzie e aos

    amigos que me ajudaram e incentivaram;

    Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da

    Religião, pela dedicação em transmitir o que sabiam;

    Ao meu Mestre e orientador desde o seminário, Rev. Dr. Hermisten

    Maia Pereira da Costa, que sempre me inspirou pela sua inteligência, produção e

    competência;

    Ao Rev. Dr. Davi Charles Gomes, também, pelo incentivo e pelos

    conselhos;

    Por fim, agradeço às minhas amigas e companheiras de trabalho,

    Mariana Machado, que sempre me ajudou quanto a organização dos trabalhos da

    capelania, proporcionando tempo para que eu pudesse escrever e, em especial, a

    Mariana Rocha ou, como a chamamos carinhosamente, Marianinha, por todo o

    empenho e ajuda na tarefa de formatação e revisão do trabalho. Grato a todos.

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  • RESUMO

    O presente trabalho tem por objetivo compreender as características da Igreja

    Presbiteriana do Brasil como uma instituição de origem teológica reformada,

    atuando no contexto multicultural e plurirreligioso brasileiro. Para isso, analisaremos

    as suas raízes históricas, bem como as suas características, que partem de sua

    teologia e liturgia, passando por seu sistema de governo, e desembocando no que

    se espera de uma conduta ética cristã de um presbiteriano, procurando distingui-la

    das demais igrejas evangélicas brasileiras. Também, faremos uma observação

    panorâmica do contexto étnico, cultural e religioso, demonstrando as complexidades

    da sociedade brasileira para o estabelecimento de uma igreja histórico-reformada.

    Avaliaremos como se dá a presença presbiteriana no Brasil, a partir de sua estrutura

    organizacional e seus métodos de expansão, e também observando os dados

    estatísticos do Censo 2010, realizado pelo IBGE, os dados estatísticos da Secretaria

    Executiva da denominação e o Censo Presbiteriano de 2008. Além disso, as

    heranças do período Moderno e os impactos do período denominado de Pós-

    Modernidade e Modernidade Líquida em nossa sociedade contemporânea serão

    considerados, analisando-se quais as consequências e seus desafios para as

    igrejas históricas do Brasil.

    Palavras-Chave: Protestantismo. Presbiterianismo. Igreja Presbiteriana do Brasil.

    Presbiterianismo brasileiro. Protestantismo brasileiro. Censo 2010.

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  • ABSTRACT

    The present work aims to understand the characteristics of the Presbyterian Church

    of Brazil as an institution of reformed theological origin, acting in the Brazilian

    multicultural and multireligious context. In order to do so, we will analyze its historical

    roots as well as its characteristics, starting from its theology and liturgy, analyzing

    through its political system, and culminating in what is expected of a Christian ethical

    conduct of a Presbyterian person, seeking to dissect it from other Evangelical

    churches. Also, we will make a panoramic observation of the ethnic, cultural and

    religious context, demonstrating the complexities of the Brazilian society for the

    establishment of a historic-reformed church. We will evaluate how the Presbyterian

    presence in Brazil occurs, based on its organizational structure and methods of

    expansion, and also observing the statistical data of the 2010 Census conducted by

    IBGE, the statistical data of the denomination Executive Secretariat and the 2008

    Presbyterian Census. Besides, the legacies of the Modern period and the impacts of

    the period known as Post-Modernity and Liquid Modernity in our contemporary

    society will be considered, analyzing the consequences and their challenges for the

    Brazilian historic churches.

    Keywords: Protestantism. Presbyterianism. Presbyterian Church of Brazil. Brazilian

    Presbyterianism. Brazilian Protestantism. 2010 Census.

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  • LISTA DE GRÁFICOS

    Gráfico 1 - Porcentagem de Igrejas por Região Geográfica do Brasil ....................... 85

    Gráfico 2 - Igrejas que não têm Congregação nem ponto de Pregação................... 86

    Gráfico 3 - A Igreja tem "Igreja Filha"? ............................................................................ 86

    Gráfico 4 - Igrejas sem Congregação e sem ponto de pregação................................ 87

    Gráfico 5 - A Igreja está localizada em qual área do Município? ................................ 88

    Gráfico 6 - Localização das Igrejas de acordo com a região geográfica do Brasil .88

    Gráfico 7 - Frequência média num culto principal da Igreja no domingo típico ......89

    Gráfico 8 - Frequência média na Escola Dominical....................................................... 90

    Gráfico 9 - Esta Igreja promove alguma atividade religiosa durante a semana (de

    2a. a sábado)? Quais? ......................................................................................................94

    Gráfico 10 - Quais as reuniões religiosas realizadas no domingo? ............................ 95

    Gráfico 11 - Atividades sociais .......................................................................................... 96

    Gráfico12 - Atividade educacional que a Igreja local desenvolve ............................... 97

    Gráfico 13 - Esta Igreja possui conjunto coral?.............................................................. 98

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  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Membros por faixa etária .................................................................................. 91

    Tabela 2 - Origem - Quantos vieram de ... (apenas membros ativos) .......................... 92

    Tabela 3 - Núcleos familiares .............................................................................................. 93

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  • LISTA DE MAPAS

    Mapa 1 - Presença Presbiteriana no Estado do Rio De Janeiro ............................... 115

    Mapa 2 - Presença Presbiteriana no Estado de São Paulo ....................................... 116

    Mapa 3 - Presença Presbiteriana no Estado de Minas Gerais ................................. 116

    Mapa 4 - Presença Presbiteriana no Estado do Espírito Santo ................................ 117

    Mapa 5 - Presença Presbiteriana no Estado do Rio Grande do Sul......................... 117

    Mapa 6 - Presença Presbiteriana em Santa Catarina................................................. 118

    Mapa 7 - Presença Presbiteriana no Paraná................................................................ 118

    Mapa 8 - Presença Presbiteriana no Mato Grosso do Sul ........................................ 119

    Mapa 9 - Presença Presbiteriana no Estado do Mato Grosso................................... 119

    Mapa 10 - Presença Presbiteriana no Estado de Goiás ............................................. 120

    Mapa 11 - Presença Presbiteriana no Distrito Federal ............................................... 120

    Mapa 12 - Presença Presbiteriana na Bahia ................................................................ 121

    Mapa 13 - Presença Presbiteriana no Estado do Tocantins ...................................... 121

    Mapa 14 - - Presença Presbiteriana no Estado de Sergipe ....................................... 122

    Mapa 15 - Presença Presbiteriana no Estado de Alagoas ......................................... 122

    Mapa 16 - Presença Presbiteriana no Estado de Pernambuco................................. 123

    Mapa 17 - Presença Presbiteriana no Estado da Paraíba ......................................... 123

    Mapa 18 - Presença Presbiteriana no Estado do Rio Grande do Norte .................. 124

    Mapa 19 - Presença Presbiteriana no Estado do Piauí .............................................. 124

    Mapa 20 - Presença Presbiteriana no Estado do Ceará ............................................ 125

    Mapa 21 - Presença Presbiteriana no Estado de Rondônia ..................................... 125

    Mapa 22 - Presença Presbiteriana no Estado de Roraima ........................................ 126

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  • Mapa 23 - Presença Presbiteriana no Estado do Maranhão ..................................... 126

    Mapa 24 - Presença Presbiteriana no Estado do Pará............................................... 127

    Mapa 25 - Presença Presbiteriana no Estado do Amapá........................................... 127

    Mapa 26 - Presença Presbiteriana no Estado do Amazonas .................................... 128

    Mapa 27 - Presença Presbiteriana no Estado do Acre ............................................... 128

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  • SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 1

    1. CONTEXTO ETNICO, CULTURAL E RELIGIOSO BRASILEIRO ............................ 4

    1.1 Breve histórico da formação da identidade brasileira .............................................. 4

    1.2 As Religiões no Brasil ................................................................................................... 7

    2. ORIGENS HISTÓRICAS DO PRESBITERIANISMO BRASILEIRO ....................... 19

    2.1. Ulrico Zuínglio .............................................................................................................. 19

    2.2. João Calvino ................................................................................................................ 21

    2.3. John Knox – O Pai do Presbiterianismo ................................................................. 27

    2.4. Os Puritanos e os Avivamentos Norte-Americanos .............................................. 30

    2.5 Simonton ....................................................................................................................... 37

    3. CARACTERÍSTICAS DA IGREJA PRESBITERIANA BRASIL............................... 45

    3.1. CONSTITUIÇÃO DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL ........................... 45

    3.2. VALORIZAÇÃO DA HISTÓRIA ................................................................................. 49

    3.3. SÓLIDA TEOLOGIA ................................................................................................... 55

    3.3.1. Depravação Total .............................................................................................. 57

    3.3.2 Eleição Incondicional ......................................................................................... 58

    3.3.3 Expiação Limitada ............................................................................................. 59

    3.3.4 Graça Irresistível ................................................................................................. 59

    3.3.5 Perseverança dos Santos ................................................................................ 60

    3.4 HERMENÊUTICA......................................................................................................... 63

    3.5 CULTO........................................................................................................................... 67

    3.6 ÉTICA ............................................................................................................................ 69

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  • 4. DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS................................................................................ 72

    5. Presença Presbiteriana no Brasil ............................................................................... 80

    5.1 CENSO PRESBITERIANO ........................................................................................ 84

    5.2 A Estrutura Organizacional da IPB ........................................................................... 99

    5.2.1. As Comissões .................................................................................................101

    5.2.1.1. Organização, Sistemas e Métodos ..........................................................101

    5.2.1.2. Comissão de Previdência, Saúde e Seguridade ...................................101

    5.2.1.3. Comissão de Relações Inter-Eclesiásticas .............................................102

    5.2.1.4. Comissão Nacional Presbiteriana de Educação ....................................102

    5.2.1.5. Conselho de Ação Social...........................................................................103

    5.2.1.6. Conselho De Educação Cristã E Publicações .......................................103

    5.2.1.7. Conselho de Hinologia, Hinódia e Música da Igreja Presbiteriana do

    Brasil .............................................................................................................104

    5.2.1.8. Junta Patrimonial, Econômica e Financeira ...........................................104

    5.2.1.9. Tribunal de Recursos ................................................................................105

    5.2.2 As Autarquias ...................................................................................................105

    5.2.2.1 Na área da Saúde ........................................................................................105

    5.2.2.2. Na área da Educação.................................................................................105

    5.2.2.3. Na área da Educação Teológica (Cursos Básicos):..............................106

    5.2.2.4. Na área da Educação Teológica (Bacharelado e Pós-Graduação): ..106

    5.2.2.4.1. Junta Regional de Educação Teológica - JURET - Brasil Central

    ....................................................................................................................106

    5.2.2.4.2. Junta Regional de Educação Teológica - JURET - Norte / Nordeste

    ....................................................................................................................106

    5.2.2.4.3. Junta Regional de Educação Teológica - JURET - Rio de Janeiro

    ....................................................................................................................106

    5.2.2.4.4. Junta Regional de Educação Teológica - JURET - São Paulo .....107

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  • 5.2.2.4.5. Junta Regional de Educação Teológica - JURET – Sul.................107

    5.2.2.5. Na área de Mídia e Publicações...............................................................107

    5.2.2.6. Na área de Evangelização, Missões e Expansão .................................107

    5.2.2.7. Na área da História e Cultura Presbiteriana ...........................................107

    5.3. Projeto de expansão da IPB ...................................................................................108

    5.3.1. Agência Presbiteriana de Missões Transculturais – APMT.....................108

    5.3.2. Junta de Missões Nacionais – JMN ............................................................110

    5.3.3. Plano Missionário Cooperativo – PMC .......................................................111

    5.3.4. A Politização da IPB.......................................................................................112

    5.4 Presença da Igreja Presbiteriana do Brasil nos estados brasileiros. ................115

    CONCLUSÃO ......................................................................................................................129

    REFERÊNCIAS ...................................................................................................................132

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  • 1

    INTRODUÇÃO

    Trabalhei na Secretaria Executiva da Igreja Presbiteriana do Brasil

    entre os anos de 2010 e 2014, servindo ali como chefe de gabinete do Secretário

    Executivo, na época, o Rev. Ludgero Bonilha Moraes. A Secretaria Executiva,

    constitucionalmente, é quem cumpre, faz cumprir e dá ciência aos sínodos,

    presbitério e às igrejas locais, bem como aos órgãos ligados à denominação, sobre

    as decisões tomadas no Supremo Concílio e sua Comissão Executiva. Como parte

    de suas atribuições, a Secretaria Executiva também recebe os relatórios de

    estatísticas dos presbitérios tendo, portanto, um panorama quanto ao

    desenvolvimento da denominação.

    Os anos de serviço nesta secretaria nos deram uma noção maior sobre

    o tamanho da Igreja, sobre como ela funciona, seus projetos e seus desafios.

    Viajando Brasil afora dando workshops sobre as ferramentas disponibilizadas pela

    secretaria, tais como, Presbiterato Bíblico, Sistema iCalvinus e Constituição da IPB,

    fez com que conhecêssemos de uma maneira mais próxima as comunidades locais

    e as suas particularidades regionais. Além disso, atuei em quarto reuniões de

    Comissão Executiva, um Supremo Concílio ordinário e dois Supremos Concílios

    extraordinários.

    Houve uma ocasião, em meados de 2014, que recebemos uma

    consulta de uma revista de veiculação nacional – na qual seria publicada uma

    matéria sobre as religiões no Brasil – interessada em saber o que a Igreja

    Presbiteriana do Brasil entendia quanto às razões do declínio das igrejas históricas

    brasileiras, inclusive das presbiterianas. Tal consulta me causou, por um lado, um

    certo espanto, visto que os números que tínhamos não condiziam com a informação

    deles. Então, produzi um documento, juntamente com o secretário executivo em

    exercício que, na ocasião, era o Rev. Juarez Marcondes Filho, informando os

    nossos dados estatísticos, que indicavam, ainda que pequeno, um crescimento da

    denominação em solo brasileiro.

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  • 2

    Sendo assim, diante dessa experiência, decidi aprofundar o estudo

    sobre esta denominação histórica no Brasil, analisando suas origens e seu

    desenvolvimento em terras brasileiras, considerando, também, os desafios étnicos,

    culturais e religiosos que a IPB enfrentou e ainda enfrenta.

    A Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) é uma igreja histórica de teologia

    calvinista. Ela chegou ao Brasil através do trabalho missionário do americano A. G.

    Simonton, em agosto de 1859. Suas origens intelectuais e teológicas remontam à

    época de João Calvino (1509 - 1564), reformador francês que dedicou a maior parte

    de seu ministério pastoral em Genebra. Também fundamenta a sua

    confessionalidade às Escrituras do Antigo e do Novo Testamento e tem como

    símbolos de fé os tratados conhecidos como Confissão de Fé de Westminster e seu

    breve e maior catecismo.

    Como uma igreja histórica, algumas coisas da realidade atual da

    sociedade se apresentam como grandes desafios. Talvez, a grande pergunta que

    se faça hoje é a seguinte: o que a IPB pode fazer para se tornar relevante para a

    sociedade contemporânea? Isso se revela como um grande desafio, visto que a

    igreja pode perder o seu propósito adotando determinadas ações no intento de se

    tornar "relevante".

    Chama-se Igreja Presbiteriana por causa de seu sistema de governo

    “presbiteral”. O governo da Igreja é exercido por presbíteros docentes e regentes.

    De maneira prática e simplória, os docentes (pastores) são responsáveis pelo

    ensino; os regentes (presbíteros) são os responsáveis pela administração. Este é

    um sistema de governo que, para muitos, dificulta o desenvolvimento da igreja, visto

    ser considerado muito burocrático e lento. Entretanto, é um sistema que permite

    uma administração mais isonômica e, para os presbiterianos, é um sistema bíblico

    de organização da igreja cristã.

    Consideraremos que a Igreja tem buscado se expandir em território

    nacional e, para tanto, alguns projetos missionários têm sido implantados. Além dos

    projetos de suas agências missionárias, a Igreja Presbiteriana do Brasil,

    historicamente, enfatiza e, com isso, demonstra a sua vocação de uma igreja

    fortemente engajada na educação como uma ferramenta de transformação social.

    A igreja investiu e investe em hospitais como meio de assistência ao próximo em

    suas necessidades, mas o meio mais adotado como forma e modelo de expansão

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  • 3

    é a implantação de novas igrejas pelas igrejas locais já constituídas.

    Apontaremos que algumas mudanças ocorreram em sua estrutura

    tradicional ao longo de sua história. Com as mudanças sociais que ocorreram no

    Brasil, algumas características históricas da igreja têm mudado também, como, por

    exemplo, o modelo de escola dominical e os estudos doutrinários de meio de

    semana.

    Analisaremos os efeitos do que por muitos é chamado “pós-

    modernidade” ou “Modernidade Líquida” – uma vez que suas filosofias têm afetado

    de maneira objetiva a sociedade em todas as suas estruturas: família, trabalho,

    economia, arte e educação. Sendo assim, algumas características pertinentes à

    contemporaneidade influenciam de maneira sorrateira as igrejas evangélicas e se

    estabelecem como a grande desafio para a IPB.

    Portanto, considero relevante o estudo sobre a Igreja Presbiteriana do

    Brasil porque ela se destaca como uma das mais sólidas igrejas históricas em solo

    brasileiro. Destarte, as ameaças que a espreitam podem ser as mesmas ameaças

    para as demais igrejas históricas; as metodologias adotadas como sistema de

    defesa podem servir de parâmetro e exemplo para as demais igrejas; destacar as

    características distintivas pode revelar uma igreja mais relevante do que se imagina;

    apresentar as ameaças contemporâneas pode contribuir para a preservação, o

    desenvolvimento e as correções de trajeto das igrejas históricas no Brasil.

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  • 4

    1. CONTEXTO ÉTNICO, CULTURAL E RELIGIOSO BRASILEIRO

    1.1 BREVE HISTÓRICO DA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE BRASILEIRA

    A história do Brasil vai além de Pedro Álvares Cabral e da coroa

    portuguesa. Na verdade, não é possível falar de um país com tantas

    particularidades partindo apenas de uma análise de um aspecto da sua história.

    Quando os colonizadores chegaram à América, já existia uma população nativa, os

    índios, e, depois da chegada dos portugueses, vieram outros de diversas partes do

    mundo que, de maneira expressiva, contribuíram para a formação e o

    desenvolvimento desta nação chamada brasileira.

    Uma das questões que não se pode negligenciar consiste no fato de

    que o povo brasileiro é constituído por relações étnicas e culturais diferentes que,

    objetivamente, formaram a sua identidade social e cultural. Ricardo Ossagô de

    Carvalho1, em seu artigo intitulado “A construção da identidade brasileira a partir de

    Gilberto Freyre”, explica que, para Sérgio Buarque de Holanda, em sua obra Raízes

    do Brasil, foram os índios, negros e mulatos que fundaram o Brasil. Diz ainda que,

    para Gilberto Freyre, em seu clássico Casa-Grande e Senzala, a formação da

    sociedade brasileira compreende três elementos culturais, a saber, o branco

    (europeu-português), o negro (africano) e o indígena (nativo).

    Em princípio, o contato se deu entre os portugueses e os índios. Pela

    falta da mulher branca, os portugueses se relacionaram sexualmente e constituíram

    família com as índias. Além disso, os índios foram úteis aos ideais portugueses no

    que diz respeito ao desbravamento das terras brasileiras. Neste relacionamento, as

    culturas se misturam e acabam construindo uma nova identidade cultural

    miscigenada, que, futuramente, forma a identidade nacional brasileira.

    Um pouco mais adiante, quando o Brasil inicia a instalação das

    1 CARVALHO, Ricardo Ossagô. “A construção da identidade brasileira a partir de Gilberto Freyre”.

    Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2017.

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  • 5

    primeiras lavouras de cana-de-açúcar no país, é que surge a terceira raça, que

    também contribuiu para a formação da identidade cultural brasileira: os negros

    foram trazidos à força da África para trabalhar nos engenhos de açúcar no Nordeste,

    lavouras de café em São Paulo e Minas Gerais, dentre outros trabalhos tanto quanto

    pesados.

    Os senhores de escravos mantinham relação com negras escravas e

    muitas delas serviam também para a iniciação sexual dos jovens senhores. Disto

    decorria o nascimento dos mestiços. Freyre aponta que isso acabou servindo aos

    interesses da colonização. Na verdade, ele destaca o aspecto da necessidade da

    miscigenação para os portugueses no projeto de colonização, visto que os

    portugueses não conseguiriam colonizar um território tão vasto quanto o Brasil sem

    que houvesse uma população numerosa para isso. Isso possibilitou um grande

    número de mestiços no Brasil. Mas, não só isso, essa mistura de raças possibilitava

    uma adaptação mais tranquila do branco no ambiente tropical, contribuindo também

    para a mão de obra, o prazer sexual e a constituição de toda uma cultura particular.

    Toda essa miscigenação também contribuiu para uma mudança ou

    adaptação dos costumes, tais como podem ser verificados ainda hoje em nossa

    culinária, como, por exemplo: a mandioca, farinha, amendoim, milho, a farofa, o

    quibebe, a feijoada, azeite de dendê, dentre outras coisas; e até mesmo na religião.

    Entretanto, uma nação tão miscigenada precisa de um elemento

    unificador. No caso do Brasil, não poderia ser a questão da raça, visto que isso

    implicaria na elevação de uma em detrimento das outras. Freyre, considerando a

    problemática, identifica que o elemento unificador do povo era a religião católica,

    trazida para o Brasil pelos colonizadores portugueses2. Assim, a religião no Brasil

    assume uma característica mais condescendente, visto que ela conta dois

    elementos distintos que se configuram como elementos unificadores da identidade

    brasileira: índios e negros.

    A religião, portanto, assume um papel proeminente e orientador para

    a sociedade brasileira. A religião católica era celebrada num contexto familiar,

    através de afiliações pessoais aos santos, celebrações a familiares mortos e um

    sacerdote quase que exclusivo para a família. Ricardo Ossagô de Carvalho, em seu

    artigo: “A construção da identidade brasileira a partir de Gilberto Freyre”, afirma que

    2 FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. 51ª ed. São Paulo. Global Editora.

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  • 6

    “o cotidiano da família patriarcal será então marcado por práticas religiosas,

    assinalando a passagem dos dias, dos anos, da própria vida”3. Citando Freyre, ele

    acrescenta: “dentro da casa rezava-se de manhã, à hora das refeições, ao meio-

    dia; e de noite, no quarto dos santos – os escravos acompanhando os brancos no

    terço e na salve- rainha.”4

    E não somente isso: a religião norteia o calendário do Brasil-colônia e,

    com isso, acaba estabelecendo o ritmo da vida social. Eram eventos que

    celebravam o “ajuntamento” entre os membros da casa-grande e da senzala, ou

    seja, tanto os senhores quanto os escravos, e também outras famílias amigas que

    se confraternizavam nestes eventos.

    A religião marcava todos os aspectos da vida das pessoas e se

    estabelecia como o elemento unificador na sociedade. Mesmo com tantas

    diferenças, objetivos particulares, desafios culturais, a religião era o que dava liga à

    pluralidade cultural. Freyre assevera que “a religião tornou-se o ponto de encontro

    e de confraternização entre as duas culturas, a do senhor e a do negro; e nunca

    uma intransponível e dura barreira”5.

    Nesse contexto é que a identidade brasileira vem sendo formada.

    Colonizadores portugueses se relacionando com os nativos (índios) e com os

    negros vindos da África, produzindo assim uma miscigenação étnica e cultural,

    unificados por uma religião flexível que norteava a vida desta nova sociedade.

    Carvalho assegura que:

    A brasilidade só ganha foco com as contribuições dos mulatos -

    mestiços de brancos e negros, já totalmente “desafricanizados” pela

    moda aculturativa da escravidão. Esses mulatos ou serão

    brasileiros ou não serão nada, já que a identificação com o índio,

    africana ou “brasilindio” era impossível. Além de ajudar a propagar

    o português, língua corrente, esses mulatos somados aos

    mamelucos formavam a maioria da população que passaria, mesmo

    contra a sua vontade, a ser vista e tida como a gente brasileira6.

    3 FREYRE apud. CARVALHO, Ricardo Ossagô. 4 Ibid. 5 Ibid. 6 CARVALHO, Ricardo Ossagô, op.cit.

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  • 7

    Passados alguns anos, já no período republicano, avolumam-se as

    imigrações dos europeus para o Brasil, principalmente para a Região Sul e para

    São Paulo. O objetivo, além de impulsionar a produção brasileira, era o de produzir

    um “embranquecimento” da população. Obviamente, juntamente com estes

    imigrantes, além de suas bagagens, vigor e sonhos, vinham aspectos próprios,

    culturais e religiosos, que se somaram aos que já habitavam estas terras.

    1.2 AS RELIGIÕES NO BRASIL

    Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia

    Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático,

    destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais,

    a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a

    igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade

    fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social

    e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução

    pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus,

    a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.7

    O Brasil é, constitucionalmente, um Estado Democrático. Isso implica

    que temos assegurados direitos e temos as nossas condutas norteadas por deveres

    com o Estado e com a sociedade. No preâmbulo da Constituição Federal Brasileira,

    somos apresentados ao que ela se destina nos garantir, como, por exemplo, direitos

    sociais e individuais, liberdade, segurança e assim por diante. Uma Constituição

    revela muito do que é uma determinada sociedade e o preâmbulo se caracteriza

    como uma espécie de resumo do que, posteriormente, será detalhado.

    Sendo assim, no preâmbulo de nossa Constituição Federal, além das

    revelações quanto aos direitos e deveres civis do povo brasileiro, também é

    revelado um pressuposto religioso: “[…] promulgamos, sob a proteção de Deus, a

    seguinte Constituição da República Federativa do Brasil” (grifo nosso)8. Com isso,

    diferentemente do que alguns possam interpretar como uma expressão tendenciosa

    e proselitista, os constituintes tinham em mente uma sociedade plurirreligiosa, como

    7 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: . Acesso em: 08.maio.2017. 8 Constituição da República Federativa Do Brasil de 1988, op. cit.

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  • 8

    é o caso do Brasil. Isso fica mais claro quando lemos os artigos que tratam sobre

    as liberdades de religião.

    O famigerado termo que se deu ao Estado no que diz respeito à

    liberdade religiosa é, na verdade, uma subversão de seu caráter constitucional.

    Dizer que o Brasil é um Estado Laico é o mesmo que dizer que o Brasil é um país

    sem religião, o que não é verdade. A verdade é que o Brasil é um país com muitas

    religiões (plurirreligioso).

    Segundo o artigo 5ª da Constituição Federal:

    VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo

    assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na

    forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - é

    assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa

    nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém

    será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de

    convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se

    de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação

    alternativa, fixada em lei.9

    O Art. 150, item VI, letra b, acrescenta que: "sem prejuízo de outras

    garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito

    Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: b) templos de qualquer

    culto”10.

    E, por fim, o Art. 210 que assegura:

    Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de

    maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores

    culturais e artísticos, nacionais e regionais. § 1º O ensino religioso,

    de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais

    das escolas públicas de ensino fundamental.11

    Portanto, com base nesses artigos, percebemos que o Estado

    Democrático brasileiro garante a todos, indistintamente, a liberdade quanto ao

    exercício de sua fé ou até mesmo à falta dela. O Brasil não é um Estado de uma

    religião, assim como não é um Estado de nenhuma religião. O Brasil é um Estado

    9 Ibid. 10 Ibid. 11 Constituição Da República Federativa do Brasil de 1988, op. cit.

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  • 9

    de todas as religiões.

    Por isso, tratar sobre religião e religiosidade no Brasil é sempre um

    desafio diante das complexidades e multiplicidades do tema no contexto brasileiro.

    Contudo, este desafio tem sido encarado e o assunto, trabalhado e debatido a cada

    dia com mais ênfase e seriedade. Prova disso é o livro Religiosidade no Brasil12,

    organizado por João Baptista Borges Pereira, que nos apresenta uma tela pincelada

    pelas linhas e cores em que se representa a religião e a religiosidade num Brasil

    multicultural e plurirreligioso.

    Além dela, a obra organizada por Faustino Teixeira e Renata

    Menezes, Religiões em Movimento: o Censo de 201013 também nos fornece um

    panorama bastante amplo sobre a temática em voga.

    Tais obras tornam-se relevantes para este trabalho ao discutirem a

    religiosidade além dos conceitos tradicionais e estereotipados no contexto,

    majoritariamente, de linha cristã em solo brasileiro, especialmente quando nos

    revelam grupos religiosos, com certa proeminência, pouco ou sequer conhecidos,

    como por exemplo, os budistas no Rio Grande do Sul, um grupo de espiritas

    messiânicos na Paraíba, dentre outros.

    No entanto, mesmo em se tratando de expressões religiosas com

    perfis cristãos, uma pergunta pode ser lançada como uma incitação para a

    conceituação do cristianismo brasileiro, a saber: que tipo de cristianismo é este que

    temos aqui? Visto que, mesmo no imenso grupo dos que se denominam cristãos

    há, inegavelmente, diferentes características e rituais cúlticos distintos que tornam

    o próprio cristianismo um objeto de estudo bastante amplo e interessante.

    Sendo assim, percebe-se o dinamismo e a elasticidade da

    religiosidade brasileira, bem como os seus aspectos comunitários e compartilhados

    que afetam, ainda que em suas particularidades, os distintos grupos religiosos,

    tornando o estudo do tema um cenário com amplas possibilidades para a

    continuidade da pesquisa acadêmica.

    Em Religiosidade no Brasil, Pereira conceitua a temática do

    cristianismo brasileiro nos apresentando as suas raízes históricas, seu

    desenvolvimento e suas adaptações ao longo dos anos. Trabalharemos neste

    12 PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. 13 TEIXEIRA, Faustino; MENEZES, Renata. (Org.). Religiões em Movimento: o Censo de 2010. Petrópolis: Vozes, 2013.

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  • 10

    capítulo com uma análise do resultado que este livro apresenta, seguindo o seguinte

    esboço: Augustin Werner, em seu artigo “Congregações femininas no Brasil e o

    reavivamento religioso em fins do século XIX”14, afirma que o cristianismo católico

    brasileiro sempre esteve muito arraigado em sua cultura, no entanto, o processo

    de revitalização do catolicismo na Europa reverberou aqui, o que produziu,

    necessariamente, uma sensível mudança e adaptação no contexto brasileiro.

    Faustino Teixeira, em “Faces do catolicismo brasileiro”15, diz que no final do século

    XX é que se iniciou um intensivo declínio do catolicismo no Brasil.

    Carlos Rodrigues Brandão, em seu artigo: “Catolicismo.

    Catolicismos?” menciona que:

    Os dados que acabam de ser apresentados pelo IBGE, com

    respeito às religiões brasileiras no Censo Demográfico de 2010

    confirmam a situação de progressivo declínio na declaração de

    crença católica. Os dados apresentados indicam que a proporção

    de católicos caiu de 73,8% registrados no Censo de 2000 para

    64,6% nesse último Censo, ou seja, uma queda considerável. Trata-

    se de uma redução que vem ocorrendo de forma mais

    impressionante desde o Censo de 1980, quando então a declaração

    de crença católica registrava o índice de 89,2%. Daí em diante, a

    sangria só aumentou: 83,3% em 1991, 73,8% em 2000 e 64,6% em

    2010. O catolicismo continua sendo um "doador universal” de fiéis,

    ou seja, “o principal celeiro no qual outros credos arregimentam

    adeptos”, para utilizar a expressão dos antropólogos Paula Montero

    e Ronaldo de Almeida […]”16.

    Ele alude ainda que, se a tendência de declínio persistir, em breve

    teremos um cenário invertido e impactos importantes no campo religioso brasileiro.

    Nesse sentido, Renata de Castro Menezes, em "Uma visita ao

    catolicismo brasileiro contemporâneo: a bênção de Santo Antônio num convento

    carioca”1717, aponta para um consequente processo de reconfiguração do campo

    14 WERNER, Augustin. “Congregações femininas no Brasil e o reavivamento religioso em fins do século

    XIX”. In: PEREIRA, J. B. B. (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 359-368. 15 TEIXEIRA, Faustino. “Faces Do Catolicismo Brasileiro”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 23-36. 16 BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Catolicismo. Catolicismos? In: TEIXEIRA, Faustino; MENEZES (Org.); Renata. (Org.). Religiões em Movimento: o Censo de 2010. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 89-110.

    17 MENEZES, Renata de Castro. Uma visita ao catolicismo brasileiro contemporâneo: a bênção de Santo Antônio num convento carioca In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013 .p. 37-54.

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  • 11

    religioso no Brasil e, ainda, considerando o processo, nota a necessidade de uma

    nova percepção do catolicismo e sua coexistência na cultura brasileira.

    Entretanto, o cristianismo brasileiro não é composto meramente por

    origens e tradições católicas. O protestantismo chegou ao Brasil no período colonial

    através dos franceses e holandeses. Embora o catolicismo ainda seja o segmento

    religioso mais proeminente, os dados do IBGE de 2010 apontam para um

    crescimento significativo dos evangélicos no Brasil, estabelecendo-os, portanto,

    como o segundo maior grupo religioso, correspondente a 22,2% da população

    brasileira. Brandão considera que este crescimento se dá em razão de uma

    migração do catolicismo. Ele diz que “a um primeiro olhar tudo leva crer que

    o catolicismo semeia fiéis jovens para mais tarde em boa medida serem colhidos

    pelos evangélicos pentecostais e neopentecostais”18.

    Contudo, temos que considerar o evangelicalismo brasileiro também

    dentro da multiplicidade e pluralidade cultural do Brasil. O atual crescimento pode

    ser notado pelo espaço que os evangélicos têm ocupado na mídia e na política,

    porém nem todos que estão incluídos nas nomenclaturas “protestante” ou

    “evangélico” tem colaborado para o aumento dos dados acima, pois, enquanto

    destaca-se o crescimento de alguns grupos, nota-se o arrefecimento ou estagnação

    de outros19 (veremos os dados desta informação mais adiante).

    O pentecostalismo tradicional também sofreu mutações e dele surgiu

    o movimento denominado de neopentecostalismo, tendo como o seu maior

    expoente a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus). Fundada por Edir Macedo e

    Romildo Ribeiro Soares (R.R. Soares – também fundador e líder da Igreja

    Internacional da Graça de Deus), em 9 de julho de 1977. A IURD mantém um

    discurso de prosperidade, e de maneira mais aguda prega contra os ritos cúlticos e

    as tradições das religiões afro-brasileiras, ainda que isso pareça contraditório ao

    ambiente sincrético brasileiro20.

    18 BRANDÃO, Carlos Rodrigues, Op. cit., p. 93. 19 WIRTH, Lauri Emílio. “Protestantismo Brasileiro de rito luterano”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.).

    Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 97-110. CALVANI, Carlos Eduardo B. “Anglicanismo no Brasil”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 55-70. 20 SILVA, Vagner Gonçalves da. “Concepções religiosas afro-brasileiras e neopentecostais: uma análise simbólica”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 219-256.

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  • 12

    Entretanto, estas mutações não afetaram a estabilidade e nem,

    tampouco, o crescimento dos pentecostais. Segundo a análise de Cecilia L. Mariz

    e Paulo Gracino Jr., no artigo “As igrejas pentecostais no Censo de 2010”, os

    pentecostais “quase que triplicaram de tamanho, em termos absolutos, de 1991 a

    2010: saltando de pouco mais de 8 milhões para mais de 25 milhões21.

    Considerando-se que o protestantismo22 brasileiro não foi originado

    em si mesmo, ou seja, não nasceu nesta cultura, mas foi importado da Europa, e

    com maior ênfase, dos EUA, uma análise quanto às mutações daquilo que foi

    importado e sua adaptação e conformação à nossa cultura brasileira será realizada

    mais adiante, no capítulo que trato sobre as origens históricas do Presbiterianismo.

    Antônio Gouvêa Mendonça, no artigo "O protestantismo no Brasil e

    suas encruzilhadas”23, e Leonildo Silveira Campos, em "As origens norte-

    americanas do pentecostalismo brasileiro: observações sobre uma relação ainda

    pouco avaliada”24, consideram a forte influência do protestantismo americano em

    dois segmentos distintos, porém, permeantes e consolidados no Brasil, os quais

    podem ser identificados nas igrejas protestantes de linha tradicional e nas de linha

    pentecostal.

    A linha que tece o emaranhado religioso brasileiro também é composta

    por grupos minoritários, que a despeito de serem criticados e não demonstrarem

    interesses quanto ao seu crescimento e desenvolvimento, perseveram em suas

    origens e mantêm-se rígidos em sua doutrina prezando por sua manutenção

    étnica25. São elas a Igreja Ortodoxa26 e a Congregação Cristã do Brasil. Quanto à

    21 MARIZ, Cecília L.; GRACINO, Paulo. “As Igrejas Pentecostais no Censo de 2010”. In: TEIXEIRA, Faustino; MENEZES (Org.); Renata. (Org.). Religiões em Movimento: o Censo de 2010. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 161-174. 22 A ênfase aqui não diz respeito aos evangélicos de modo geral, mas, aos evangélicos de linha histórica que imigraram para o Brasil. 23 MENDONÇA, Antônio Gouvêa. “O protestantismo no Brasil e suas encruzilhadas”. In: PEREIRA, J.

    B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 71-96. 24 CAMPOS, Leonildo Silveira. As Origens Norte-Americanas Do Pentecostalismo Brasileiro: Observações Sobre Uma Relação Ainda Pouco Avaliada. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade

    no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 143-166. 25 PEREIRA, J. B. B. “Italianos no protestantismo brasileiro: A face esquecida pela história da imigração”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 359-367. 26 A igreja constituída sobre a doutrina de Cristo, a partir do ano 33, era toda ela denominada ortodoxa. Entretanto, fatores ligados a questões culturais, dogmáticas, disciplinares, litúrgicas e políticas, entre as partes oriental e ocidental dessa comunidade até então

    considerada una, levam, entre 1054 e 1204, à ruptura definitiva entre as duas metades, as quais serão assim reconhecidas até o momento contemporâneo: do lado ocidental, a Igreja Católica Apostólica Romana, submissa ao bispo de Roma, e do lado oriental, a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa Grega,

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  • 13

    última, Pereira comenta:

    O protestantismo, cujas raízes são italianas, situa-se na 1ª onda,

    data de 1910, autodenomina-se Congregação Cristã no Brasil e é

    chamado comum e pejorativamente de glória, glorinha, língua de

    fogo, etc. Ao lado da Assembléia de Deus, também da 1ª onda,

    constitui numericamente a mais importante igreja pentecostal do

    país27.

    Aparentemente, os segmentos religiosos tradicionais são mais

    resistentes às adaptações e inserções culturais ou multiculturalismo, como por

    exemplo, o judaísmo. Entretanto, na obra Religiosidade no Brasil, temos

    descortinado algo inusitado que desmonta esta tese e nos apresenta dois tipos

    distintos de judaísmo, segundo Marta F. Topel, no seu texto “Judaísmo(s)

    brasileiro(s): uma incursão antropológica”, sendo eles o judaísmo de orientação

    haláchica e ortodoxa – predominante em São Paulo – cuja característica é a de

    separação e resistência à aculturação; e o "judaísmo brasileiro”, mencionado no

    Pará, que diferentemente do grupo anterior, valoriza os elementos da cultura local

    onde está inserido e é mais suscetível à aculturação28.

    Com base em estudos demográficos nas comunidades judaicas da

    diáspora, o professor Sérgio Dellapergola acrescenta:

    Como quase todas as comunidades judaicas da Diáspora, o número

    de nascimentos entre os judeus brasileiros é bastante baixo. Mais

    pessoas morrem na comunidade do que nascem. Também, como o

    Brasil tem uma tradição multicultural, há muitos casamentos mistos

    e bastante assimilação. O número de judeus brasileiros tende a

    diminuir, mas não é algo dramático. Podemos até considerar a

    população judaica do Brasil estável, se compararmos com outras

    comunidades do mundo29.

    tendo como primaz o patriarca de Constantinopla (atual cidade de Istambul – Turquia), localizada na

    antiga colônia grega de Bizâncio, posteriormente incorporada a Roma. Cf. LOIACON, Murício. “A Igreja Ortodoxa no Brasil”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 167-192. 27 PEREIRA, J. B. B, op. cit., p. 359-367. 28 TOPEL, Marta F. Judaísmo(s) brasileiro(s): uma incursão antropológica. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 271-286. 29 FINGUERMAN, Ariel. “As Opiniões De Dellapergola, Demógrafo Do Povo Judeu”. Disponível em: . Acesso em: 17.jun.2017.

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  • 14

    Porém, o Censo de 2010 também traz dados relevantes quanto ao

    judaísmo. Monica Grin e Michel Gherman, em “Judaísmo e o Censo de 2010”,

    apontam que:

    O Censo de 2010, que conta com 107 mil adeptos do judaísmo,

    número acima dos 90 mil quantificados pela própria comunidade

    judaica, poderia ser um espelho a refletir uma tendência de

    crescimento de adeptos da religião judaica no Brasil. Nesse caso

    pode-se dizer que a visibilidade daqueles judeus ortodoxos nos dois

    maiores centros urbanos do Brasil não seria aleatória, mas revelaria

    tendência de crescimento da religiosidade judaica30.

    Seguindo a análise das religiões no Brasil, não podemos deixar de

    mencionar o budismo, visto termos em solo nacional a maior colônia japonesa fora

    do Japão. Segundo Ricardo Mário Gonçalves, em "As Flores do Dharma

    desabrocham sob o Cruzeiro do Sul: Aspectos Dos Vários 'Budismos' No Brasil”, o

    crescimento do budismo no Brasil é acanhado e só poderá ser percebido ao longo

    de alguns anos31. Outrossim, Geraldo José de Paiva, no seu artigo "Novas religiões

    japonesas e sua inserção no Brasil: discussões a partir da psicologia”, nos

    apresenta um quadro de novidade, quando diz que novas religiões japonesas, cuja

    matriz é o budismo, estão sendo introduzidas no Brasil e atraindo os brasileiros32.

    Suzana Ramos Coutinho Bornholdt, escrevendo sobre a "História, especificidades

    e inserção do budismo japonês da Sokka Gakkai no Sul do Brasil”, nos dá um

    exemplo de como isso ocorre com o Sokka Gakkai no Rio Grande do Sul e a

    sua dualidade pública e interna. Enquanto publicamente ela se mostra receptiva e

    aculturada à religiosidade brasileira, interiormente revela a sua rigidez em se manter

    fiel e convicta à sua doutrina e tradições33.

    Usarski, analisando os números do Censo quanto às religiões

    30 GRIN, Monica; GHERMAN, Michel. “Judaísmo e o Censo de 2010”. In: TEIXEIRA, Faustino; MENEZES (Org.); Renata. (Org.). Religiões em Movimento: o Censo de 2010. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 283-294. 31 GONÇALVES, Ricardo Mário. “As flores do Dharma desabrocham sob o Cruzeiro do Sul: Aspectos Dos Vários 'Budismos' No Brasil”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 287-298. 32 PAIVA, Geraldo José de. “Novas religiões japonesas e sua inserção no Brasil: discussões a partir da psicologia”. In: TEIXEIRA, Faustino; MENEZES (Org.); Renata. (Org.). Religiões em Movimento: o Censo de 2010. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 299-310. 33 BORNHOLDT, Suzana Ramos Coutinho. História, especificidades e inserção do budismo japonês da Sokka Gakkai no Sul do Brasil. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 383.

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  • 15

    orientais, informa, em seu artigo: “As ‘religiões orientais’ segundo o Censo Nacional

    de 2010”, que

    […] conforme os números até agora divulgados pelo IBGE referente

    a pesquisa nacional de 2010, 415.267 pessoas autodeclararam-se

    adeptos ou praticantes de uma religião oriental. Este número

    absoluto corresponde a 0,22% da população brasileira. O maior

    seguimento deste universo é o budismo, representado por 243.966

    pessoas, ou seja, por 0,13% da população brasileira34.

    A história do islamismo no Brasil não é tão recente quanto se cogita.

    O islamismo chegou ao Brasil através de escravos trazidos da África subsariana

    que o praticavam e, embora a maioria desses escravos tenha desenvolvido suas

    atividades na agricultura, alguns, que atuavam em ambientes urbanos e mantinham

    relações com diferentes grupos sociais, faziam com que as ideias islâmicas fossem

    propagadas.

    No entanto, tão somente em 1929, na cidade de São Paulo, é que foi

    construída a primeira mesquita da América Latina. Mesmo sendo um grupo

    religioso, famigerado por seu extremismo, exclusivismo e de rigidez exacerbada,

    Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto, em "Ritual, etnicidade e identidade religiosa nas

    comunidades muçulmanas no Brasil" nos conta que o islamismo no Brasil tem

    aspectos mais inclusivos e receptivos à cultura local, em que se nota um

    ocultamento de práticas e crenças para o acolhimento de uma tradição

    particularmente brasileira35.

    O mesmo autor, Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto, escreveu também

    um artigo intitulado: “Islã em números – os muçulmanos no Censo Demográfico de

    2010”, no qual apresenta os seguintes números quanto a este grupo: “O Censo

    Demográfico de 2010 registrou a presença de 35.167 muçulmanos no Brasil. Esse

    número mostrou crescimento considerável do número de adeptos do islã, que

    estaria 29,10% maior que em 2000, quando o Censo apontou 27.239 muçulmanos

    34 USARSKI, Frank. “As ‘religiões orientais’ segundo o Censo Nacional de 2010”. In: TEIXEIRA, Faustino; MENEZES (Org.); Renata. (Org.). Religiões em Movimento: o Censo de 2010. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 253-266. 35 PINTO, Paulo Gabriel Hilu da Rocha. “Ritual, Etnicidade e Identidade Religiosa nas Comunidades Muçulmanas no Brasil”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 327-358.

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  • 16

    no país.”36 Tal crescimento não se deu apenas quanto ao número de adeptos, mas,

    também, quanto ao número de instituições muçulmanas em território brasileiro.

    O crescimento demográfico dos muçulmanos no Brasil também

    pode ser acompanhado através do aumento do número de

    instituições muçulmanas em várias regiões do país. Em 1983,

    existiam 24 centros islâmicos e sociedades beneficentes

    muçulmanas, além de 9 mesquitas, concentradas nas regiões Sul,

    Sudeste e Centro-Oeste (DELVAL, 1992: 219). Em 2002, existiam

    58 instituições islâmicas no Brasil distribuídas pelo Sul, Sudeste,

    Centro-Oeste e Nordeste do país (MONTENEGRO, 2002: 64). Em

    2012, segundo um levantamento feito por mim, existiam 94

    instituições islâmicas que, embora seguissem o padrão de

    concentração nas regiões Sul e Sudeste, estavam presentes em 19

    estados do país. Essas instituições compreendiam 34 mesquitas;

    3 mussalas (sala de oração) independentes; 3 centros sufis; 38

    centros islâmicos e sociedades beneficentes muçulmanas; 6

    escolas islâmicas; 3 cemitérios islâmicos; 3 centros de certificação

    de alimentos halal; e 7 órgãos representativos ou centros de

    divulgação do islã (federações, assembléias etc.)37.

    O contexto religioso brasileiro também abarca um movimento que

    caracteriza bem as inseguranças e descrenças na sociedade e em seus governos

    e, ao mesmo tempo, os desequilíbrios e embriaguezes de religiões utópicas e

    empíricas. Tal movimento é denominado como messiânico-milenaristas, cujo

    surgimento no Brasil alcançou seu maior índice em contextos rurais, não obstante,

    também observado e percebido em ambientes urbanos e chegando às

    comunidades indígenas. Renato da Silva Queiroz, em seu artigo "Mobilizações

    sociorreligiosas no Brasil: os surtos messiânico-milenaristas”38 afirma que

    este movimento é apresentado e disseminado por atores intencionais, cujas

    ações se originam de uma cosmovisão particular e articulada. Ainda que alguns

    considerem o movimento como algo decadente e escasseado, ele se estabelece

    como mais uma realidade de expressão religiosa no Brasil e requer alguma atenção.

    36 PINTO, Paulo Gabriel Hilu da Rocha. “Islã em números - Os muçulmanos no Censo Demográfico de

    2010”. In: TEIXEIRA, Faustino; MENEZES (Org.); Renata. (Org.). Religiões em Movimento: o Censo de 2010. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 267-282. 37 PINTO, Paulo Gabriel Hilu da Rocha, op. cit., p. 268. 38 QUEIROZ, Renato da Silva. “Mobilizações sociorreligiosas no Brasil: os surtos messiânico - milenaristas”. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 193-218.

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  • 17

    E não nos esqueçamos da que talvez seja a mais brasileira das

    religiões, a religião indígena. Ainda que, segundo Roque de Barros Laraia, em "As

    religiões indígenas: o caso tupi-guarani”39, tal expressão seja minoria e esteja às

    margens da sociedade, elas servem e incentivam a releitura de práticas tradicionais

    sem, entretanto, cair na caricatura cultural, cujo objetivo é criar uma forma de

    espiritualidade legítima e adaptada ao mundo contemporâneo, podendo ser

    chamado de tradicionalismo experimental, que se contrapõe tanto à mercantilização

    eclética do new age como o tradicionalismo conservador, o que nos remete ao que

    é chamado de xamanismo urbano. José Guilherme Cantor Magnani, escrevendo

    "Xamãs na cidade”40, esclarece que este fenômeno reúne cosmologias indígenas a

    coisas próprias do ambiente da cidade, como uma manifestação de religiosidade no

    contexto urbano atual. Sandra Jacqueline Stoll, em "O espiritismo na encruzilhada:

    mediunidade com fins lucrativos?”41, aponta para o desvirtuamento desta

    espiritualidade quando estabelece uma ligação entre as vicissitudes da sociedade

    urbana contemporânea com a prática oportunista de mediunidade visando o lucro

    e, por vezes, a extorsão.

    Por fim, mencionemos o grupo que, mesmo considerado minoritário,

    segundo os dados do Censo 2010, demonstrou uma ascensão considerável na

    sociedade brasileira. Trata-se do Espiritismo Kardecista, que apresentou um

    crescimento de aproximadamente 65% entre os brasileiros. Bernardo Lewgoy,

    escrevendo sobre o tema: “A contagem do rebanho e a magia dos números - Notas

    sobre o espiritismo no Censo de 2010”, faz as seguintes considerações:

    Estes últimos [falando sobre os espíritas], mesmo numericamente

    minoritários, exibiram as taxas de crescimento nominal mais

    vigorosas de todo o campo religioso: de 1,3% em 2000 para 2% em

    2010. São cerca de 3,8 milhões de pessoas declarando-se

    seguidores do espiritismo Kardecista. Esse crescimento de

    aproximadamente 65% no número de espíritas autodeclarados

    significa a ascensão do prestígio, bem como o resultado de exitosas

    ações institucionais de proselitismo da parte das lideranças

    espíritas, no qual o papel das produções cinematográficas em torno

    39 LARAIA, Roque de Barros. As religiões indígenas: o caso tupi-guarani. In: PEREIRA, J. B. B (Org.). In: Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 15-22. 40 MAGNANI, José Guilherme Cantor. Xamãs na cidade. In: PEREIRA, J. B. B (Org.).

    Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 311-326. 41 STOLL, Sandra Jacqueline. O espiritismo na encruzilhada: mediunidade com fins lucrativos? In: PEREIRA, J. B. B (Org.). Religiosidade no Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 257-270.

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  • 18

    da vida e da obra do médium Chico Xavier tem um considerável

    papel.42

    Destacam-se neste campo religioso, características de um

    envolvimento sazonal por parte de seus seguidores. Pessoas que frequentam o

    centro espírita apenas em situações adversas e circunstanciais de suas vidas em

    busca de respostas e soluções. Ainda segundo Lewgoy,

    O espiritismo brasileiro passou, nas últimas décadas, por um

    processo de transformação, de minoria religiosa perseguida para

    alternativa religiosa legítima, que oferece explicação de

    sucessos, conforto para aflições e cura espiritual de infortúnios, a

    partir de uma doutrina que se pretende simultaneamente científica

    e religiosa. O espiritismo é invocado como recurso terapêutico em

    situações de crise pessoal, como doenças, separações, perdas,

    desemprego etc. Nele se constata uma grande circulação de

    pessoas não espiritas em centros espíritas e, de outro lado, uma

    grande circulação de crenças espíritas em espaços não

    espíritas43.41

    O que vimos, portanto, foram abordagens bem particulares de

    algumas expressões religiosas no Brasil. Cada texto mostra em suas singularidades

    algumas das religiões que mais se destacam e emolduram a religiosidade no

    contexto multicultural e plurirreligioso brasileiro.

    42 LEWGOY, Bernardo. A contagem do rebanho e a magia dos números - Notas sobre o espiritismo

    no Censo de 2010. In: TEIXEIRA, Faustino; MENEZES (Org.); Renata. (Org.). Religiões em Movimento: o Censo de 2010. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 191-202. 43 LEWGOY, Bernardo, op. cit., p.199.

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  • 19

    2. ORIGENS HISTÓRICAS DO PRESBITERIANISMO BRASILEIRO

    A história do Presbiterianismo está entrelaçada à história da reforma

    protestante do século 16. O movimento reformado, iniciado despretensiosamente

    pelos pré-reformadores, tais como John Wycliff (1325?-1384), John Huss (c.1372-

    1415) e Jeronimo Savonarola (1452-1498), tomou maior proporção e eclodiu como

    um movimento divisor de águas com Martinho Lutero (1483-1546). Sendo Lutero o

    primeiro expoente da reforma protestantes do século XVI, aqueles que aderiram aos

    seus pensamentos e o seguiram passaram a ser conhecidos como “luteranos”.

    Ocasionalmente, na Suíça, principiou um novo movimento protestante, mas, que era

    independente do movimento luterano, que, por ser diferente do mesmo, foi chamado

    de movimento “reformado”. A princípio, este movimento esteve mais ligado à pessoa

    de Ulrico Zuínglio (1484-1531), mas ganhou maior notoriedade com o francês João

    Calvino (1509-1564), visto que Zuínglio morreu nos primórdios deste movimento.

    Digno de nota, é que o termo “protestantes”, quer luteranos ou reformados, só

    passou a ser essa utilizado a partir da Dieta de Spira, em 1529.

    2.1. ULRICO ZUÍNGLIO

    Saltando para o movimento reformado, que é o que forma a gênese

    do presbiterianismo, iniciemos este contexto histórico partindo de Ulrico Zuínglio.

    Nascido na vila de Wildhaus, nordeste da Suíça, no dia 1º de janeiro de 1484,

    Zuínglio foi educado de maneira apurada e com forte influência humanista.

    Impulsionado pela influência que recebeu dos escritos de Erasmo de Roterdã, em

    especial, da sua edição crítica do Novo Testamento, tornou-se um assíduo

    estudioso das Escrituras e eloquente pregador. Apesar de ter exercido suas

    atividades em Glarus (1506) e em Einsiedeln (1516), foi em Zurique que ele mais se

    destacou. Após os primeiros quatro anos em Zurique, Zuínglio já começava a

    divergir da igreja católica: “Zuínglio defendeu o consumo de carne na quaresma e o

    casamento dos sacerdotes, alegando não serem essas coisas proibidas nas

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  • 20

    Escrituras. Ele propôs o princípio de que tudo devia ser julgado pela Bíblia.”44

    E ainda: "O reformador escreveu os Sessenta e Sete Artigos – a carta magna da

    reforma de Zurique – nos quais defendeu a salvação somente pela graça, a

    autoridade da Escritura e o sacerdócio dos fiéis, bem como atacou o primado do

    papa e a missa”45.

    Movida pelas ideias nascentes, porém, contundentes e eloquentes do

    pensamento reformado divulgado por Zuínglio, em 1523, Zurique promove um

    debate público que marca o início da transformação religiosa e social desta cidade,

    que começa a aderir ao protestantismo. Zuínglio, ainda, escreveu uma série de

    artigos sobre diversos temas teológicos, tais como, salvação somente pela graça,

    sacerdócio dos fiéis, a autoridade das Escrituras e, ainda atacou o primado do papa

    e a missa. Com isso, temos o nascimento das igrejas “Reformadas" e, na verdade,

    o que aconteceu na Suíça foi um movimento que ficou conhecido como “Segunda

    Reforma” e foi mais intenso, promovendo maiores transformações do que o

    movimento reformado luterano.

    Ainda em Zurique, surgiu um outro grupo que embora concordasse e

    apoiasse alguns pontos do pensamento reformado de Zuínglio, discordavam

    intensamente de outros e, justamente, os pontos de discordância fizeram com que

    dentro do movimento reformado surgissem debates fervorosos. O grupo a que faço

    menção aqui ficou conhecido como “Anabatistas” (Rebatizadores). O movimento

    anabatista no tempo da Reforma era um movimento extremamente variado46.

    Entretanto, mesmo dentro deste movimento existiam muitas

    discordâncias e controvérsias e, sendo assim, muitas dissidências e cismas. Em

    1527 os anabatistas aprovaram a Confissão de Fé de Schleitheim, esta confissão

    de fé apoiava os princípios básicos que emoldurava o anabatismo: ideal de

    restauração da igreja primitiva; igrejas vistas como congregações voluntárias

    separadas do Estado; batismo de adultos por imersão; afastamento do mundo;

    fraternidade e igualdade; pacifismo; proibição do porte de armas, cargos públicos e

    juramentos. Mesmo assim, o movimento anabatista chegou em países importantes

    como a Holanda e Áustria.

    44 MATOS, Alderi Souza. História Da Igreja: A Reforma Protestante Do Século XVI. Disponível em: <

    http://cpaj.mackenzie.br/historiadaigreja/pagina.php?id=112 >. Acesso em: 7 abril 2017. 45 Ibid. 46 BALKE, Willem. Calvin and the Anabaptist Radicals. Eerdmans Publishing Co., 1981. p. 2-4.

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  • 21

    2.2. JOÃO CALVINO

    Chegando em Genebra, surge a figura do mais ilustre reformador,

    João Calvino. Nascido em 10 de julho de 1509, em Noyon, Picardia, filho de Gérrard

    Cauvin e Jeanne Lefranc, pais piedosos e mui comprometidos com a formação tanto

    acadêmica quanto religiosa de seus filhos. Segundo Wallace47, o Sr. Gérrard Cauvin

    havia conquistado uma posição no departamento legal da Igreja, tornando-se

    secretário do Bispo e Procurador da Catedral. Sua mãe, mui piedosa, levava o

    menino Calvino em peregrinações religiosas para santuários e altares, a fim de

    reverenciar as relíquias e orar a Deus e aos santos. Porém, quando Calvino tinha,

    aproximadamente, cinco anos, sua mãe veio a falecer, passando ele e os seus

    demais irmãos a ser educados por seu pai e, pouco tempo depois, por sua madrasta

    de quem pouco ou quase nada se sabe.

    Por ocupar um posto importante e exercer certa influência na catedral

    de Noyon, Gerrard Cauvin conquistou benefícios educacionais para os seus filhos.

    Com isso, Calvino e seus irmãos foram educados no círculo aristocrático dos filhos

    do bispo local e com isso tornou-se familiarizado com as disciplinas de uma

    educação superior particular. Aos 12 anos, Calvino foi para Paris dar continuidade

    aos seus estudos, primeiramente, graduando-se em Artes, que essencialmente era

    Filosofia, e depois dedicou-se ao estudo do Latim, tendo como professor um dos

    melhores de sua época, Mathurin Cordier48.

    No período de sua formação, Calvino também foi influenciado por

    grandes mestres que marcaram a sua vida, tais como Antônio Coronel e John Major.

    Major, muito provavelmente, foi quem, em forma de ataque por causa dos seus

    ensinamentos, trouxe ao conhecimento de seus alunos os ideais dos reformadores

    Lutero, Wycliff e Hus. Sendo assim, “é bem possível que tenha sido no curso dos

    ataques de seu mentor que Calvino confrontou, pela primeira vez, o peso da

    47 WALLACE, Ronald. Calvino, Genebra e a Reforma. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003. p. 09.

    48 Maturin Cordier (1479-1564) foi um pedagogo francês, conhecido por ter sido professor de João

    Calvino em Paris no College de la Marche. Aderiu à reforma protestante e viria a viver em Genebra, perto de Calvino. Calvino convidou-o para Genebra em Março de 1545. Em fevereiro de 1550, Calvino dedicou o seu comentário às cartas aos tessalonicenses ao seu antigo professor. Nessa

    altura, Cordier é diretor do colégio de Lausanne. Foi professor na academia de Genebra e editou obras dos pais da Igreja. Faleceu em Genebra. Fonte: WIKIPÉDIA. Maturin Cordier. Disponível em: . Acesso em: 7 abril 2017.

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    https://pt.wikipedia.org/wiki/1479https://pt.wikipedia.org/wiki/1564https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%2525C3%2525A3o_Calvinohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%2525C3%2525A3o_Calvinohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Parishttps://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_protestantehttps://pt.wikipedia.org/wiki/Genebrahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Lausannehttps://pt.wikipedia.org/wiki/Pais_da_Igrejahttps://www.tracker-software.com/product/pdf-xchange-editorhttps://www.tracker-software.com/product/pdf-xchange-editor

  • 22

    doutrina Reformada”49. Além de Artes (Filosofia) e Latim, graduou-se também em

    Teologia e, mais tarde, por determinação de seu pai, foi enviado para estudar Direito

    nas cidades de Orléans e Bougers.

    Faço menção deste período, ainda que sucintamente, porque entendo

    que enquanto a Reforma estava em efervescência, um dos divisores de águas deste

    movimento estava em franca formação, sem, no entanto, estar alheio aos

    acontecimentos de sua época. Parece-nos, inclusive, que foi providencial o período

    de formação de Calvino coincidir com o período da ascensão da Reforma

    Protestante.

    Em 1517, Lutero fixou as 95 teses na porta da Catedral de Wittenberg;

    Zuínglio, em 1519, pregava e institucionalizava a Reforma em Zurique; o movimento

    da Reforma estava crescendo e se espalhando, e seus ensinos, conforme já

    mencionado acima, eram debatidos em Montaigu por John Major, ainda que para

    serem combatidos. E, muito provavelmente, posteriormente Calvino ouviu relatos

    contemporâneos do debate sem solução sobre a doutrina da Ceia do Senhor entre

    Lutero, Zuínglio e os seus seguidores em Marburg (1529). Diante disso, Wallace

    comenta:

    Temos que considerar como providencial que, enquanto a Reforma

    se espalhava vigorosamente na Alemanha e na Suíça, ele próprio

    (Calvino), destinado a desempenhar um papel decisivo em sua

    etapa posterior e a trabalhar por sua unidade, estava sendo

    silenciosamente formado e cuidadosamente treinado dentro da

    tradição escolástica medieval.50

    A conversão de Calvino ao protestantismo deu-se provavelmente em

    1533, ano em que ele foi identificado como coautor de um discurso, eivado por

    ideais protestantes, pronunciado na Universidade de Paris por seu amigo Nicholas

    Cop. Na ocasião, tanto Cop quanto Calvino tiveram que deixar Paris para

    preservarem as suas vidas e as marcas externas mais significativas que

    demonstram a sua conversão foram a sua renúncia ao Papa, à política clerical, à

    missa como era celebrada na época, à equiparação da autoridade da tradição da

    igreja e das Escrituras, à tirania pastoral do confessionário, às visões equivocadas

    49 CALVINO, João. Cartas de João Calvino. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2009. p 15. 50 WALLACE, Ronald, op. cit., p. 11.

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