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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Alice Marques Campos ALGAS Da Estabilidade dos Ecossistemas Naturais aos Usos Industriais e Forenses São Paulo 2015

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE …...Alice Marques Campos ALGAS: da Estabilidade dos Ecossistemas Naturais, aos Usos Industriais e Forenses Monografia apresentada ao Centro de

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Alice Marques Campos

ALGAS

Da Estabilidade dos Ecossistemas Naturais aos Usos Industriais e

Forenses

São Paulo

2015

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Alice Marques Campos

ALGAS: da Estabilidade dos Ecossistemas Naturais, aos Usos Industriais

e Forenses

Monografia apresentada ao

Centro de Ciências Biológicas e da

Saúde, da Universidade Presbiteriana

Mackenzie como parte dos requisitos

exigidos para a conclusão do Curso de

Ciências Biológicas.

Orientadora: Profª. Drª. Paola Lupianhes Dall’Occo

São Paulo

2015

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“Inspire-se na maravilha do universo, do mundo e da vida, e portanto, sempre

mantenha em mente essa ampla perspectiva”.

Richard Dawkins

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Agradecimentos

Á Deus primeiramente por ter me iluminado e me dado forças para

conseguir trilhar esse caminho.

Aos meus pais, que sempre me apoiaram, e nunca me deixaram desistir,

sempre me incentivando com palavras de conforto e sabedoria. Vocês são as

pessoas mais preciosas que eu tenho ao meu lado e ter a confiança de vocês

me inspira a viver.

Á professora Paola, minha orientadora, pela grande ajuda, apoio e

correções feitas. Sem ela não teria conseguido realizar esse trabalho, pois ela

sempre esteve ao meu lado, mesmo nas horas que eu quis desistir, ela me

incentivou.

A todos os meus professores que deram aula ao longo dos 4 anos, me

ensinando toda sua sabedoria e experiências que levarei para o resto da minha

vida.

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Resumo

As algas são importantes para a biodiversidade marinha e para o

equilíbrio dos ecossistemas aquáticos. Elas são as principais produtoras

primárias, por possuírem a capacidade de fazer fotossíntese, além do que são

capazes de tolerar alterações ambientais e antrópicas. As algas possuem

diversas atividades, principalmente para o uso humano. Diante disso, através

de uma revisão bibliográfica, a pesquisa foi dividida em 6 temas: Filos,

Biossorção, Farmacologia, Biocombustível, Alimentação e Perícia Criminal,

compilando o papel das algas em cada área. Com base na análise realizada

pode-se observar que em algumas áreas há mais artigos publicados do que em

outras, o que indica um maior volume de pesquisas seno realizadas no Brasil

como ocorrem em Filo, Biossorção e Farmacologia. Em Filos, foram retratadas

as principais características de cada grupo; em Biossorção, foi descrito de que

forma as algas podem ajudar no processo de absorção de metais pesados da

água. Já em Farmacologia, foram demonstrados os medicamentos que podem

ser feitos a partir de compostos algais; em Biocombustível, os artigos

afirmaram que a biomassa algal pode contribuir para a substituição de

combustíveis fósseis; na Alimentação, foi observado que as algas contêm

características nutricionais que são favoráveis para a saúde humana. E por fim,

na Perícia Criminal, foi retratado que as algas podem ser utilizadas como prova

de um crime, podendo ajudar a solucioná-lo. Muitos estudos ainda são

necessários para que todo o potencial de uso das algas seja identificado e

possa ser aplicado.

Palavras-chave: comunidade de algas, biossorção, farmacologia, perícia

criminal, alimentação, biocombustível.

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Abstract

Algae are important for marine biodiversity and the balance of aquatic

ecosystems. They are the main primary producers, because they have the

ability to photosynthesis, besides, are able to tolerate some anthropogenic and

environmental changes. Algae have several features, which are important for

human use. Thus, through a literature review, the research was divided into six

themes: Phylum, Biosorption, Pharmacology, Biofuel, Food and Criminal

Expertise, compiling the role of algae in each area. Based on the researches,

it’s noticeable that in some areas there are more published items than in others,

which indicates a larger amount of research being carried out in Brazil, like

happen in Phylum, Biosorption and Pharmacology. Concerning Phylum, there

were portrayed the main characteristics of each group; in Biosorption it was

described how the algae can help in the process of absorbing heavy metals

from water. In Pharmacology, drugs that can be made from algal compounds

were demonstrated; in Biofuels, the articles said that algal biomass can

contribute to the substitution of fossil fuels; About Food, it was observed that

algae contain nutritional characteristics that are favourable to human health.

Finally, in Criminal Expertise, was portrayed that algae can be used as

evidence of a crime and can help solving it. Many studies are still needed for

any potential use of algae, could be identified and can be applied.

Keywords: Algae community, Biosorption, Pharmacology, Criminal Expertise,

Food, Biofuel

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Sumário

1. Introdução ...................................................................................................... 1

2. Material e Métodos ....................................................................................... 13

3. Resultados ................................................................................................... 15

4. Discussão ..................................................................................................... 20

4.1 Algas e a Biossorção .............................................................................. 20

4.2 Algas e sua importância farmacológica ................................................... 25

4.3 Algas e Biocombustível ........................................................................... 29

4.4 Algas na indústria alimentícia ................................................................. 33

4.5 Algas na perícia criminal ......................................................................... 35

5. Referências Bibliográficas ............................................................................ 38

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1. Introdução

Mais da metade da superfície do planeta Terra apresenta-se coberta por

grandes extensões de água, o que possibilitou o desenvolvimento de um rico

habitat de organismos de diferentes espécies (SOUZA; PAULA, 2010). Essa

diversidade biológica está relacionada, direta ou indiretamente, com a

comunidade de algas, que têm papel fundamental na estabilidade de

ecossistemas naturais, sendo os principais produtores primários, por terem a

capacidade de fazer fotossíntese. Além disso, a comunidade das algas é capaz

de tolerar inúmeras alterações ambientais, inclusive antrópicas, auxiliando na

recuperação de ambientes aquáticos, tornando-se, por exemplo, importantes

para as atividades de biorremediação (VIDOTTI; ROLEMBERG, 2004).

Existem três domínios do mundo vivo, Archaea, Bacteria (ambos

procariontes) e Eukarya (eucariontes). As arqueas diferem das bactérias

especialmente pela presença de histonas (proteínas associadas ao seu DNA),

além disso, são conhecidas por possuírem representantes que são capazes de

sobreviver em meios extremamente quentes (termófilos) ou extremamente

salgados (halófitos), e ainda por produzirem gás metano. Por outro lado, as

bactérias, possuem uma parede celular com mureína (peptídeoglicano rico em

açúcar) que as arqueas não têm. Entretanto, graças à genômica, sabe-se que

uma parte dos genes dos eucariontes (genes ligados aos mecanismos de

replicação, transcrição e tradução do DNA) é de origem arquena, enquanto

outra parte (genes do metabolismo) é de origem bacteriana, podendo-se dizer

que os eucariontes são oriundos de uma parceria (REVIERS et al., 2010;

FRANCESCHINI et al., 2010).

No Domínio Bacteria, estão também as cianobactérias ou cianofíceas

(algas azuis). Esse filo (Cyanophyta) é composto por cerca de 150 gêneros e

2000 espécies e embora tenham esse nome, apenas metade das espécies

apresentam essa coloração que está associada à presença de pigmentos azuis

e às vezes vermelhos (ficobilinas) que mascaram a cor verde da clorofila (Fig.

1) (FRANCESCHINI et al., 2010).

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Figura 1. Exemplares de algas azuis (Cianofíceas). Fonte: Encyclopedia Britannica (2015).

As algas azuis são fotoautótrofas, possuem clorofila a, carotenóides e

ficobilinas, além de possuírem numerosas camadas de membranas no interior

das células e massas de ribossomos, que lembram os cloroplastos (VEIGA,

2008).

Podem ocupar diversos ambientes: dulciaquícola (das geleiras às águas

quentes), marinho (inclusive salinas) e terrestre (desertos, interior de rochas) e

neles se proliferam mesmo em condições extremamente adversas. Algumas

se associam a fungos como espécies dos gêneros Cora e Leptogium, outras a

vegetais como briófitas, pteridófitas e gimnospermas, outras a protozoários.

Além disso, conseguem metabolizar o nitrogênio da atmosfera e, assim, são

capazes de enriquecer meios oligotróficos (FRANCESCHINI et al., 2010).

As cianofíceas representam um grupo muito antigo, fósseis de

estromatólitos, grandes montes calcários formados por cianobactérias, são

datados de mais de 3 bilhões de anos. Provavelmente, foram responsáveis

pelo acúmulo de oxigênio (O2) na atmosfera primitiva, possibilitando o

aparecimento da camada de Ozônio (O3), que retém parte da radiação ultra-

violeta e dessa forma contribuiu também para o desenvolvimento de

organismos mais sensíveis à essa radiação (CASTRO; HUBER, 2012,

BICUDO; MENEZES, 2010; SUMICH, 2000).

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Algumas cianofíceas de ambientes aquáticos apresentam estruturas

brilhantes e irregulares, chamadas de vacúolos de gás, que fazem com que

esses organismos flutuem. Quando elas são capazes de regular seus vacúolos

de gás adequadamente, boiam à superfície da água, formando massas visíveis

(blooms). Alguns blooms são provocados por cianobactérias que secretam

metabólitos tóxicos e podem também impedir a passagem de sol às camadas

mais profundas, dificultando o desenvolvimento e a sobrevivência de espécies

que dependem da luz solar e desencadeando um processo de eutrofização que

pode culminar com a diminuição de oxigênio dissolvido na água. O Mar

Vermelho provavelmente recebeu esse nome devido ao aumento no número de

indivíduos de espécies pertencentes ao gênero Trichodesmium, uma cianofícea

vermelha (REVIERS et al., 2010, CASTRO; HUBER, 2012).

Ainda dentro dos procariontes, existe o Domínio Archaea, que são

formas de vida mais simples e mais primitivas. Alguns fósseis encontrados

possuem células com idade estimada de pelo menos 3,8 bilhões de anos.

Alguns grupos de arqueas foram descobertos em ambientes terrestres

extremos, como fontes de enxofre, lagos salinos e ambientes altamente ácidos

ou alcalinos, sendo nomeadas de “extremófilos” (CASTRO; HUBER, 2012).

No Domínio Eukarya está inserido o Reino Protista. Neste se encontram

as algas eucarióticas, divididas em 10 filos: Chlorarachniophyta, Chlorophyta,

Cryptophyta, Dinophyta, Euglenophyta, Glaucophyta, Haptophyta, Ochrophyta,

Picobiliphyta e Rhodophyta (FRANCESCHINI et al., 2010).

1. Chlorophyta (algas verdes)

Trata-se do grupo predominante do plâncton de água doce, mas são

encontradas em diferentes ambientes em todo planeta (Fig. 2).

Esse filo está dividido em 4 classes. As Ulvophyceae são as mais

conhecidas, com 110 gêneros e 950 espécies, marinhas e bentônicas. As

Prasinophyceae possuem apenas 20 gêneros e tanto com espécies marinhas

quanto de água doce. Já as Chlorophyceae são só de água doce, contendo

cerca de 350 gêneros e 2500 espécies. E as Trebouxiophyceae contém 15

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gêneros, sendo somente dulciaquícolas (FRANCESCHINI et al., 2010;

CASTRO; HUBER, 2012). As algas verdes são tolerantes a condições

estressantes, servindo de indicadores da poluição aquática (LITTLER et al.,

1989).

Figura 2. Exemplares do Filo Chlorophyta (algas verdes). Fonte:

Encyclopedia Britannica (2015).

A maioria das formas marinhas, está presente nas águas tropicais e sub-

tropicais e as formas terrestres dessas algas crescem em troncos ou barrancos

úmidos como é o caso da Trentepohlia, mas há aquelas que conseguem viver

sobre as camadas de gelo nos pólos (ex. Chlamydomonas). Existem ainda

formas sem pigmentos chamadas de saprófitas (não possuem capacidade de

fazer fotossíntese) e formas que vivem associadas a fungos (formando os

líquens), protozoários e celenterados. O tamanho desses seres varia, de

microscópico a indivíduos que chegam a atingir 8 metros de comprimento (ex.

Codium) (REVIERS et al., 2010).

As algas verdes pertencem a um grupo morfologicamente diversificado,

sendo possível encontrar formas unicelulares, coloniais, filamentosas e

parenquimatosas. Nas formas coloniais, isto é, Cenóbio, o número de células é

definido, já as filamentosas podem ser celulares, sendo multinucleadas e não

apresentam paredes transversais (FRANCESCHINI et al., 2010). Uma das

clorófitas mais comum é a Ulva. Ela ocorre em ambiente mediolitoral, sendo

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que aqui no Brasil, é mais comum no litoral da região Sudeste. Ela possui a

coloração verde, cresce em rochas e é detectada durante a maré baixa e é

conhecida como alface-do-mar porque seus ramos lembram folhas de alface

(GHILARDI-LOPES et al., 2012).

2. Rhodophyta (algas vermelhas)

Estima-se que esse filo contenha cerca de 700 gêneros e entre 4000 e

6000 espécies. A maioria das algas vermelhas é marinha, bentônica e

normalmente fixadas em rochas (Fig. 3). Algumas vivem em profundidade onde

a luz quase não as alcança, como é o caso das crostosas calcificadas

encontradas nas Bahamas (REVIERS et al., 2010). Elas possuem pigmentos

azuis, mas os vermelhos predominam, por causa da grande quantidade de

pigmento ficobilinas, mascarando a cor da clorofila a (LITTLER et al., 1989,

CASTRO; HUBER, 2012).

Uma das características principais desse grupo é a estrutura que

relaciona os citoplasmas de duas células, as sinapses. Raramente são

unicelulares, quase sempre filamentosas e são as únicas macroalgas que

possuem representantes heterótrofos obrigatórios, além disso podem fazer

simbiose com foraminíferos ou esponjas (FRANCESCHINI et al., 2010).

Dentre as espécies mais estudadas, encontram-se as algas do

gênero Laurencia (Ceramiales, Rhodomelaceae). O gênero é encontrado em

mares subtropicais e tropicais de todo mundo, abrangendo cerca de 150

espécies. No Brasil, ocorrem cerca de trinta espécies sendo três delas

consideradas endêmicas, L. catarinenses, L. oliveirana e L. translucida. As

algas vermelhas são as principais produtoras de metabólitos secundários, e

essa produção está relacionada à adaptação da alga ao ambiente marinho.

Eles possuem múltiplas funções, como proteção contra herbívoros e

organismos incrustantes, aumentando a capacidade adaptativa do indivíduo ao

ambiente (MACHADO et al., 2010).

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Figura 3. Exemplar de alga do Filo Rodophyta (algas vermelhas). Fonte:

Encyclopedia Britannica (2015).

3. Glaucophyta (algas glaucas)

Trata-se de um reduzido grupo de algas unicelulares de água doce, de

coloração verde-azuladas (Fig. 4), pois apresentam clorofila a e ficobilinas

azuis. Contendo apenas 3 gêneros e 14 espécies, podendo ser autótrofas,

isoladas ou coloniais. Suas reservas glicídicas são formadas por grãos

citoplasmáticos de um composto de amido e seus plastídios apresentam a

particularidade de possuírem uma membrana que contém mureína

(peptideoglicano que faz parte da parede celular das eubactérias) (REVIERS et

al., 2010).

Figura 4. Exemplares de alga do Filo Glaucophyta (algas glaucas).

Fonte: Encyclopedia Britannica (2015).

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4. Cryptophyta

Este filo contém aproximadamente 200 espécies de algas unicelulares,

tanto de água doce quanto marinhas. Apresentam dois flagelos e uma

invaginação celular anterior. No revestimento celular há uma camada interna

de pequenas placas proteicas e uma externa de placas ou escamas localizadas

sobre a membrana plasmática (REVIERS et al., 2010).

As criptófitas têm clorofilas a e c, possuindo pigmentos vermelhos ou

azuis (Fig. 5). Sua reserva é formada por grãos de uma substância semelhante

ao amido, como ocorre com as algas vermelhas. Essas algas têm núcleo

vestigial da alga eucariótica, que originou o plastídio, qualificado de núcleo-

morfo, assim como restos de citoplasma (REVIERS et al., 2010).

Figura 5. Exemplar de alga do Filo Cryptophyta. Fonte: Encyclopedia

Britannica (2015).

5. Picobiliphyta

As picobilífitas são seres picoplanctônicos que vivem em ambientes

marinhos e que foram descobertos por Not em 2007, portanto como são

recentes, ainda não se sabe o número de espécies. Elas apresentam uma

organela que, excitada pela luz azul apresenta autofluorescência laranja

semelhante à característica dos plastídios de ficobilinas (pigmentos

característicos de algas como as Cyanobacteria e outras) (REVIERS et al.,

2010, FRANCESCHINI et al., 2010).

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6. Euglenophyta

As euglenofitas apresentam de 40 a 50 gêneros com aproximadamente

1.000 espécies, variando em tamanho e forma (Fig. 6), sendo o gênero

Euglena o mais comum, devendo-se a ele o nome do filo (REVIERS et al.,

2010).

A maioria dessas algas é unicelular, mas sua célula é complexa, pois é

formada por inúmeros cloroplastos semelhantes aos das algas clorófitas, por

apresentarem clorofila a e b junto com carotenóides (REVIERS et al., 2010).

Isso significa que essas algas ingeriram células clorófitas e depois

estabeleceram simbiose estável com seus cloroplastos. Além disso, a célula

apresenta um flagelo longo e um curto e é delimitada por uma membrana

citoplasmática sobre a qual se dispõem estrias proteicas flexíveis que formam

uma película não rígida, permitindo, assim, a mudança de sua forma, além de

servir como meio de locomoção quando vivem no sedimento. A célula dessas

algas apresenta também mancha ocular (organito) que contém pigmentos

fotossensíveis que a levam em direção à luz para realizar a fotossíntese

(ROCHA, 2001; MARCEL, 2014).

São organismos dulciaquícolas, marinhos ou de águas salobras, mas

também são encontrados em solos úmidos ou lodos. Algumas espécies vivem

no intestino de batráquios ou parasitam determinados copépodes de água doce

(REVIERS et al., 2010).

Figura 6. Exemplar de alga do Filo Euglenophyta. Fonte: Encyclopedia

Britannica (2015).

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7. Chlorarachniophytas

O filo contém 5 gêneros e 9 espécies marinhas e bentônicas, entretanto

no gênero Bigelowiella estão organismos flagelados e planctônicos (Fig. 7).

Figura 7. Exemplar de alga do Filo Chlorarachniophytas. Fonte:

Encyclopedia Britannica (2015).

Como nas criptófitas, nas chlorarachinifíceas também é possível

observar núcleo vestigial da alga eucariótica, que originou o plastídio,

qualificado de núcleo-morfo, assim como restos de citoplasma, tornando-se

modelo para estudos de endossimbioses (REVIERS et al., 2010).

8. Haptophyta

Agrupa aproximadamente 80 gêneros e 300 espécies (Fig. 8). A maioria

são organismos unicelulares, biflagelados, planctônicos e marinhos,

caracterizados por um apêndice (haptonema) mais ou menos longo, situado

entre os flagelos. O papel desse apêndice possivelmente é detectar obstáculos

e transportar presas.

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Figura 8. Exemplar de alga do Filo Haptophyta. Fonte: Encyclopedia

Britannica (2015).

A proliferação dessas algas influencia no ciclo do enxofre no meio

oceânico, pois, ao liberar produtos voláteis contendo esse gás, podem originar

chuvas ácidas. Uma das ordens de haptofitas possuem organismos que têm o

corpo celular recoberto por escamas calcificadas, os cocolitos (REVIERS et al.,

2010, FRANCESCHINI et al., 2010).

Proliferações de algas microscópicas (haptófitas ou dinófitas) podem

causar grande mortalidade animal, por causa da anoxia local provocada pela

sedimentação de mucilagem e por sua degradação bacteriana. Além disso,

algumas haptófitas podem provocar a mortalidade de peixes e outros

organismos por produzirem toxinas (FRANCESCHINI et al., 2010).

9. Ochrophyta

Essas algas estão representadas por cerca de 250 gêneros e 100.000

espécies, e são definidas pela presença de células vegetativas, zoósporos ou

gametas e são subdivididas em 16 classes (WENGRAT, et al., 2008). Elas

possuem dois tipos de flagelos: o plumoso, que ondula e puxa a célula para

frente e o rígido que, com seus batimentos, provoca mudança de direção. O

plastídio tem uma lamela periférica de três tilacóides, situada sobre a

membrana plastidial – a sinapomorfia das ocófitas (FRANCESCHINI et al.,

2010).

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10. Dinophyta

Este grupo contém cerca de 4000 espécies, distribuídas em 550 gêneros

(Fig. 9). Essas algas são unicelulares, mas ainda que raramente, é possível

encontrar formas filamentosas, entretanto a grande maioria é flagelada

(FRANCESCHINI et al., 2010).

Figura 9. Exemplar de alga do Filo Dinophyta. Fonte: Encyclopedia

Britannica (2015).

Os flagelos localizam-se no interior de dois sulcos: um rodeia a célula, o

outro é perpendicular ao primeiro. Por essa razão, o seu batimento provoca um

movimento circular da célula, mas também existem espécies imóveis (sem

flagelos). A aparência destas algas é geralmente estranha, pois na periferia da

célula, sob a membrana plasmática, encontra-se uma camada de vesículas

denominadas anfisema que costumam conter placas celulósicas semelhantes a

uma armadura antiga (FRANCESCHINI et al., 2010; MARCEL, 2014).

Em geral, os dinoflagelados apresentam clorofila a e c, mascaradas por

carotenóides. Na inexistência de pigmentos fotossintéticos, os dinoflagelados

heterotróficos alimentam-se de outras células, carbono orgânico dissolvido ou

partículas microscópicas (FRANCESCHINI et al., 2010; MARCEL, 2014;

SUMICH, 2000).

Essas algas são responsáveis pelas conhecidas "marés vermelhas"

decorrentes do crescimento anormal de sua população, que altera a cor de

parte do oceano e acumula neurotoxinas que causam a morte dos organismos

que os ingerem. Elas acontecem devido a fatores ambientais como:

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temperaturas superficiais elevadas, grande quantidade de nutrientes, baixa

salinidade e mar calmo (REVIERS et al., 2010; SUMICH, 2000).

Para melhor entendimento da localização das algas, segue dois

cladogramas que são complementares (Fig. 10 e 11).

Figura 10: Cladograma da localização das Algas. Fonte: Algae (2015)

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Figura 11: Cladograma da loxalização das Algas. Fonte: Introduction to botany (2015).

Objetivos

Assim, diante da diversidade da comunidade algal, o presente estudo

tem o objetivo de compilar informações sobre os usos das algas, ressaltando

todo seu potencial para exploração em diversas áreas, como nos segmentos

farmacêuticos, industriais, alimentícios, ambientais e na perícia criminal.

2. Material e Métodos

O presente estudo foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica e teve

como base livros, sites, revistas científicas e artigos acadêmicos, obtidos nas

bases de dados Google Acadêmico e Scielo. O critério para a escolha dos

artigos foi uma ler o resumo de cada artigo, para saber se o tema envolvido era

compatível com o que se esperava conter no trabalho, além disso, os artigos

foram contados um a um, anotando os anos de publicação, totalizando a soma

de cada tema no final.

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Foram analisados os textos que continham as palavras chaves: algas,

filos, Chlorarachniophyta, Chlorophyta, Cryptophyta, Dinophyta, Euglenophyta,

Glaucophyta, Haptophyta, Ochrophyta, Picobiliphyta, Rhodophyta, aplicação

forense, algas na indústria farmacêutica e algas na indústria alimentícia.

Foram considerados artigos publicados a partir do ano de 2010 até 2014

e a busca foi realizada em textos em português, a fim de traçar um panorama

das pesquisas atuais realizadas sobre algas no Brasil.

A pesquisa foi dividida em 6 temas: Filo, Biossorção, Farmacologia,

Biocombustível, Alimentação e Perícia Criminal. Para cada assunto explorado,

foram utilizados critérios para escolher quais textos seriam adotados. Em Filos,

o critério era que o texto retratasse sobre as divisões taxonômicas e

sistemáticas das algas; características de cada filo; nome científico das algas e

número de espécies. Em Biossorção, os textos adquiridos foram os que

continham informações sobre a importância da biossorção relacionado com

algas no ecossistema aquático; quais os principais metais pesados que

poderiam ser retirados do ambiente por meio desse processo e sua eficiência.

Em Farmacologia, os textos tinham que conter informações de como as

algas eram empregadas nessa indústria; se a utilização delas para originar

medicamentos era eficiente e para quais doenças esses remédios à base de

alga eram usados. Em Alimentação, os artigos selecionados foram aqueles que

continham informações sobre quais gêneros de algas eram utilizados na

alimentação humana e quais características nutricionais elas continham que

eram interessantes para a saúde humana.

Em Biocombustível, os textos tinham que apresentar quais são os tipos

de biocombustíveis; se a biomassa da alga poderia ser usada para fazer

biocombustível e como seria esse processo. E por último, os textos

selecionados em Perícia Criminal foram aqueles que continham informações

sobre a importância de uma alga na área de perícia criminal; como pode ser

utilizada para desvendar um crime; cenas de crimes em que a alga pode ser

encontrada e casos que foram resolvidos com a ajuda de algas.

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3. Resultados

A pesquisa sobre a utilização das algas em diferentes áreas demonstrou

que entre os anos de 2010 e 2014, há uma maior disponibilidade de artigos em

alguns assuntos, especificamente Filos, Biossorção, Farmacologia e

Biocombustível. Pode-se observar que em Filos há um grande número de

publicações, totalizando 86 artigos publicados, seguido por Biossorção com 36

publicações (Fig. 12).

Figura 12. Quantidade de artigos encontrados por assunto no período de 2010 a 2014.

Além disso, pode-se observar que a porcentagem de Filos é maior do

que as outras áreas, totalizando 45%, seguido de Biossorção, com 19 % (Fig

13).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Filo Biossorção Farmacológica Alimentícia Biocombustível Perícia

me

ro d

e a

rtig

os

Assunto

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16

Figura 12: Porcentagem de artigos em cada área.

A pesquisa demonstrou que há anos com maior número de publicações,

sendo que no ano de 2012 e 2013, foram publicados 40 artigos e no ano de

2011, 39 artigos, enquanto que os anos que tiveram menor número de

publicações foram 2014 e 2010 (35 e 30 artigos, respectivamente) (Fig. 14).

Figura 14. Quantidade de artigos por ano de publicação.

Para cada assunto, há um número diferente de artigos publicados em

cada ano. Em Filos, o ano de 2012, obteve maior número de publicações, com

21 artigos, seguido dos anos de 2011 e 2014, ambos com 17 artigos (Fig. 15).

Registrou-se publicações em todos os anos, apesar das diferentes

quantidades.

Biossorção19%

Farmacologia15%

Perícia2%

Filos45%

Alimentação7%

Biocombustível12%

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

2010 2011 2012 2013 2014

me

ro d

e a

rtig

os

Ano de publicação

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17

Figura 15. Número de publicações encontradas dentro da categoria Filos no período

de 2010 a 2014.

Em Biossorção, os anos que mais se destacaram foram 2011, com 10

artigos e 2013, com 9 artigos publicados. Entretanto, houve anos com número

de publicações baixos, como nos anos de 2010 e 2014 (Fig. 16).

Figura 16. Número de publicações encontradas sobre Biossorção no período

de 2010 a 2014.

Em Farmacologia, o ano de 2011 obteve 7 artigos, os anos 2012 e 2013

obtiveram, ambos, 6 publicações (Fig. 17).

0

5

10

15

20

25

2010 2011 2012 2013 2014

me

ro d

e a

rtig

os

Ano de publicação

Filos

0

2

4

6

8

10

12

2010 2011 2012 2013 2014

me

ro d

e a

rtig

os

Ano de publicação

Biossorção

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18

Figura 17. Número de publicações encontradas dentro da categoria Farmacologia no

período de 2010 a 2014.

Em Alimentação, o número de artigos publicados por ano é muito

baixo, sendo no máximo 4 artigos, no ano de 2014 (Fig. 18). Em

Biocombustível, os anos de 2013, 2014 obtiveram 7 artigos e 2011 foi o ano

com menor número de publicações, com 1 artigo (Fig. 19).

Figura 18. Número de publicações encontradas dentro da categoria Alimentação no

período de 2010 a 2014.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

2010 2011 2012 2013 2014

me

ro d

e a

rtig

os

Ano de publicação

Farmacologia

0

1

2

3

4

5

2010 2011 2012 2013 2014

me

ro d

e a

rtig

os

Ano de publicação

Alimentação

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19

Figura 19. Número de publicações encontradas dentro da categoria Biocombustível no

período de 2010 a 2014.

A área da Perícia Criminal foi a que obteve menos publicações em

relação as outras áreas. O maior número de artigos foi 2, no ano de 2011 e nos

anos de 2010 e 2013, só teve um artigo publicado (Fig. 20).

Figura 20. Número de publicações encontradas dentro da categoria Perícia no período

de 2010 a 2014.

Na figura a seguir, podemos observar a procedência do número de

artigos, em relação ao ano, em cada tema (Fig. 21).

0

1

2

3

4

5

6

7

8

2010 2011 2012 2013 2014

me

ro d

e a

rtig

os

Ano de publicação

Biocombustível

0

1

2

3

2010 2011 2012 2013 2014

me

ro d

e a

rtig

os

Ano de publicação

Perícia Criminal

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Figura 21. Relação da quantidade de número de artigos por ano em cada tema.

4. Discussão

A análise dos resultados demonstrou que há um interesse maior em

certos temas, principalmente nos abrangidos em Filos. Outras áreas como

Biossorção e Farmacologia possuem mais publicações em relação aos outros

temas, o que pode estar relacionado aos avanços na tecnologia, o que

segundo Calfa e Torem (2007) vem permitindo que as áreas de pesquisa e da

indústria entendam melhor sobre fenômenos químicos e físicos, e, assim

possam aperfeiçoar técnicas, processos e equipamentos que possam ser

utilizados para melhorar tais pesquisas.

4.1 Algas e a Biossorção

Primack e Rodrigues (2001) destacaram que na Terra quase tudo

depende da água: cidades, indústrias, plantações e até a produção do oxigênio

que respiramos, pois cerca de 70% dele vem das microscópicas algas que

vivem nos ambientes aquáticos. No Brasil, a agricultura consome cerca de 59%

0

5

10

15

20

25

2010 2011 2012 2013 2014

me

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Ano de publicação

Farmacologia

Filos

Biossorção

Perícia Criminal

Biocombustivel

Alimentação

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da água, enquanto o setor comercial e o uso doméstico utilizam

aproximadamente 22% e a indústria cerca de 19%.

Foi após a Revolução Industrial e o crescimento da população que

vários ambientes aquáticos foram degradados. Quando resíduos de processos

industriais são lançados em rios e mares, muitas vezes eles não são

eliminados do ecossistema por processos naturais, e, assim, metais como

mercúrio, cádmio, cobre e chumbo sedimentam, acumulando-se nesses

ambientes e causando desequilíbrios na cadeia biológica (SILVA, 2000).

Além de degradar recursos naturais, metais pesados podem trazer

efeitos negativos para o ser humano, se este for contaminado. Metais como

mercúrio, chumbo e crômo em níveis altos podem ser prejudiciais para a biota,

inclusive para o homem, uma vez que estes apresentam alta toxicidade e

capacidade de sofrer biomagnificação ao longo das cadeias tróficas (REPULA

et al., 2012). Assim, peixes localizados no topo da cadeia alimentar aquática,

podem acumular metais e passá-los para os seres humanos através da

alimentação, podendo causar doenças crônicas ou agudas (KEHRING et al.,

2011). Apesar da Resolução 357 (CONAMA, 2005) os níveis máximos

permitidos de concentração dos resíduos metálicos na água para seus diversos

usos para todos os metais citados acima, não considera os processos de

biomagnificação.

A partir do aumento do uso de metais pesados e consequentemente de

seu descarte, bem como do aumento da percepção do processo de

degradação dos recursos naturais e suas consequências para a saúde, surgiu,

segundo Magro et al. (2013) e Veit et al. (2009), a necessidade de aumentar as

pesquisas sobre métodos para a retirada dessas substâncias do ambiente, por

esse motivo, este é o segundo tema que possui mais artigos publicados.

Os métodos convencionais para a remoção de chumbo, cobre, cromo,

zinco, níquel e outros poluidores dos ambientes aquosos utilizam processos

químicos como oxidação, precipitação e redução químicas. Além desses há

também processos de separação física como filtração e sedimentação, porém

tais métodos nem sempre são eficazes, pois, além do alto custo, geram novos

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resíduos que vão precisar de uma nova etapa de tratamento (CALFA; TOREM,

2007). Entre essas tecnologias, a biossorção com algas tem merecido atenção

como demonstrado pelo aumento do número de quantidade de artigos

publicados.

Veit et al. (2009) enfatizaram que o problema de degradação dos

recursos hídricos pela ação do homem tem comprometido profundamente a

qualidade das águas, aumentando a necessidade de gerenciamento dos

recursos hídricos. Assim, biossorção de metais por algas torna-se uma opção

viável para descontaminação de diferentes efluentes aquosos se comparada a

outras tecnologias. Dessa forma pesquisas com materiais biossolventes a partir

de biomassa de algas marinhas são incentivadas, devido, não só a sua grande

disponibilidade, mas, sobretudo, por seu potencial de retenção de íons

metálicos.

Moreira (2007) afirmou que para formação da biomassa é possível usar

diversos materiais biológicos com estruturas variadas, no entanto a biomassa

das algas tem sido largamente utilizada devido, principalmente, às diversas

pesquisas com algas clorofíceas, rodofíceas e feofíceas.

Apesar da grande diversidade de algas no mundo aquático, entre algas

vermelhas, verdes e azuis, Fagundes-Klen et al. (2011) e Stadella et al. (2003)

ressaltaram a importância da alga marinha Sargassum sp, utilizada em muitos

experimentos, por possuir grande potencial biossorvente na retenção de

diversos metais pesados, como cobre, cádmio e zinco. Como os grupos

carboxilas, presentes na parede celular das algas são considerados

responsáveis pela interação metal – alga, a utilização da biomassa de algumas

algas pode diminuir ou aumentar essa ligação, como foi visto no experimento

realizado por Moreira (2007), no qual a quantidade de cobre e o alumínio

diminuiu a quantidade de grupo carboxila, diminuindo a interação entre o metal

e a alga. Já com o ouro, houve um aumento nessa interação, demonstrando

que dependendo da espécie utilizada, a biossorção pode ser maior. Nesse

experimento, foram utilizadas alga marinha vermelha Cyanidium caldarium, a

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alga verde Chlorella pyrenoidosa, a alga azul-verde Spirulina platensis e algas

marrons Laminaria japonica e Eisenia bicyclis.

Fialho (2013) afirma que as algas vermelhas podem ser cultivadas no

Nordeste do país, sendo um dos lugares a Associação das Maricultoras do Rio

de Fogo (AMAR), na praia do Rio do Fogo (RN), a cerca de 80 km de Natal.

Assim, reduz o perigo dessas algas serem explotadas, além de que com esse

cultivo, ocorre o manejo consciente e diminui os riscos ambientais.

No quadro 1 estão descritos o uso industrial, a forma de contaminação e

as consequências para a saúde humana de dois metais pesados específicos,

chumbo e níquel.

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Quadro 1: Uso industrial, formas de contaminação e consequências para a saúde humana de dois metais pesados (chumbo e níquel).

Metal Uso industrial Formas de contaminação Consequências para o ser humano

Chumbo - Proteção contra corrosão em tintas e

pigmentos;

- Durante a fabricação e utilização desses

produtos

- Complicações hematológicas

- Ligas: em fabricação de baterias; - Pelo contato com água contaminada

através de lançamento de poluentes no

meio ambiente

- Decréscimo na produção de hemoglobina

- Munição; - Irritabilidade: mudanças comportamentais

-Revestimento de cabos telefônicos;

- Instalação de energia atômica;

- Isolamento acústico.

Níquel - Recobrimento de superfícies metálicas - Através do ar – devido à queima de

combustíveis fósseis e às emissões de

incineradores industriais.

- Dermatite

- Confecções de moedas - Através da água - encontrado em cursos

d’água contaminados pela indústria

alimentícia e eletroquímica

- Câncer - a carbonila de níquel é o tóxico

mais absorvido pela pele. Presente

também na fumaça de cigarro.

- Ligas metálicas (utensílios domésticos)

- Baterias

Fonte: Duarte e Pasqual (2000), Silva (2000).

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4.2 Algas e sua importância farmacológica

Como indica Melo et al. (2012), hoje em dia muitas doenças têm tido um

aumento significativo, entre elas as doenças cardiovasculares, causando ao

longo dos anos um crescimento na taxa de mortalidade que ultrapassa a

segunda causa de morte, o câncer, que podem estar intimamente relacionado

com a trombose.

Uma das formas de se combater a formação de trombose é com a

utilização de anticoagulantes. São conhecidos três principais anticoagulantes:

heparina, aspirina e varfarina. A aspirina é o anticoagulante mais utilizado por

pessoas que já tiveram infarto do miocárdio, angina, ataque cerebral isquêmico

ou ataque isquêmico transitório. Ela ajuda a diluir o sangue ao inibir a produção

de prostaglandinas, reduzindo a produção de coágulos. Entretanto, quem toma

esse medicamento regularmente, correm o risco de ter problemas estomacais,

como sangramentos no estômago, que podem se intensificar com o consumo

de álcool, por isso é importante ter um acompanhamento médico quem toma

aspirina (MARTINEZ, 2014).

A heparina é a mais utilizada mundialmente, por ter seu espectro de

ação amplo, sendo que sua produção chega a toneladas. Trata-se de um

polissacarídeo sulfatado (PS) de origem animal, e apesar de ter sido um dos

primeiros fármacos descobertos na década de 60, é utilizada até hoje por ter

vários sítios de ação. Entretanto, esse anticoagulante é obtido de intestino de

suíno ou bovino, que traz risco de contaminação aos pacientes por partículas

virais ou outros agentes, que podem causar encefalopatia espongiforme (mais

conhecida como doença da vaca louca) (MELO et al., 2012).

Já a varfarina é uma substância derivada da cumarina, sendo um

anticoagulante oral, utilizado também em processos tromboembólicos venosos

e pulmonares. Entretanto, seu efeito antitrombogênico só ocorre quando as

concentrações funcionais dos fatores de coagulação estão diminuídas, o que

só acontece dois a sete dias após o inicio do tratamento, assim, como a ação

da varfarina não é imediata, esta não deve ser utilizada como único fármaco

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quando se necessita uma instauração rápida da anticoagulação (HUGO et al.,

2004; MELO et al., 2012).

Diante do exposto, alguns cientistas pesquisam outras moléculas que

tenham a mesma função anticoagulante da heparina e da varfarina. Segundo

Hugo et al. (2004), por possuírem polissacarídeos sulfatados, e um grupo

importante de macromoléculas, as algas marinhas são a fonte mais importante

para esta obtenção, além de serem filogeneticamente distantes dos mamíferos,

o que reduz o risco de contaminação por partículas virais. Nas algas

vermelhas, são encontradas galactanas sulfatadas, descritas em 1936; já nas

algas marrons, são extraídas as fucanas, e nas algas verdes são encontrados

polissacarídeos sulfatados mais heterogêneos que são ricos em galactose,

manose, xilose, arabinose, glicose e ou ácidos urônicos (CORDEIRO, 2013). A

alga vermelha Halymenia pseudofloresia (Fig. 22), a alga verde Codium

isthmocladum (Fig. 23), e as algas marrons Canistrocarpus cervicornis (Fig.

24), Dictyota mertensii (Fig. 25) e Dictyopteris delicatula (Fig. 26) já estão em

fase de teste (FARIAS, 2006; CÂMARA, 2010; RODRIGUES et al., 2009),

aumentando o potencial da aplicação dessas algas na área médica.

Figura 22. Exemplar de alga vermelha Halymenia pseudofloresia. Fonte: Archive Reef Central (2015).

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Figura 23. Exemplar de alga verde Codium isthmocladum. Fonte: Diver Direct from Gulf (2015).

Figura 24. Exemplar de alga marrom Canistrocarpus cervicornis. Fonte: Naturalist Newletter (2015).

Figura 25. Exemplar de alga marrom Dictyota mertensii. Fonte: Universidade de Coimbra (2015).

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Figura 26. Exemplar de alga marrom Dictyopteris delicatula. Fonte: Sea Weed Africa (2015).

Por serem sésseis, os metabólitos secundários das algas estão

relacionados com a resposta do organismo aos estímulos do meio ambiente,

principalmente para defesa (PEREIRA; CARDOSO, 2012). As algas vermelhas

estão entre as principais produtoras de metabolismo secundário, sendo que as

espécies mais estudadas são do gênero Laurencia (Fig. 27).

Figura 27. Exemplar de alga vermelha do gênero Laurencia. Fonte: Look for Diagnosis (2015).

Outro problema que pode ser minimizado no futuro com a utilização de

algas é o rápido desenvolvimento de resistência na terapia antibacteriana e

antifúngica (RODRIGUES et al., 2009). Um experimento realizado por Machado

et al. (2010) analisou que a fração resultante da partição com acetato de etila

do extrato metanólico de espécimes do gênero Laurencia ativada contra as

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bactérias gram-positivas Staphylococcus aureus e Bacillus subtilis diminuiu a

atividade do fungo filamentoso causador de dermatofitoses em unhas, cabelo e

pele. Apesar de ser uma atividade moderada, este resultado é importante pela

atual falta de fármacos no mercado, podendo com isso, originar novos

medicamentos.

Outra alga vermelha que tem ação farmacológica é a espécie Amansia

multifida, seus polímeros sulfatados possuem atividade antimicrobiana, antiviral

e anticoagulante (SOUZA et al., 2013). A alga verde Codium isthmocladum,

possui atividade antinflamatória e antinociceptiva (habilidade de detectar e

reagir a estímulos nocivos) (CORDEIRO, 2013). Algas pardas contém

polissacarídeos fucosilados (fucanas) que possuem atividade farmacológicas

anticoagulante, antiinflamatória, antitrombótica, antioxidante e antitumoral

(COSTA, 2014). Como demonstrado, as algas contém princípios interessantes

que podem ser utilizados na farmacologia, portanto, pesquisas nessa área

devem ser aprofundadas.

4.3 Algas e Biocombustível

A análise dos resultados demonstrou que o estudo sobre algas como

biocombustível ainda é muito fraco. Segundo o Painel Intergovernamental de

Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (2009),

biocombustível é qualquer combustível líquido, gasoso ou sólido, produzido a

partir de matéria orgânica animal ou vegetal como, por exemplo, o óleo de soja,

o álcool da fermentação do açúcar, o licor negro como combustível proveniente

do processo de fabricação do papel, da madeira, entre outros. Entretanto, com

estudos mais recentes, biocombustível obteve outro conceito, mais biológico,

no qual sua procedência vem da biomassa, fonte orgânica produtora de

energia química feita pela fotossíntese e que pode se transformar em outras

modalidades energéticas, como a eletricidade, o combustível ou o calor

(MOTA; MONTEIRO, 2013).

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Rodrigues (2011) e Martins (2004) afirmam que atualmente existem três

gerações de biocombustíveis. A primeira geração utiliza dois tipos de

biomassa, a sólida que é composta por produtos e resíduos da agricultura e

produtos e resíduos florestais, e a biomassa líquida, como biodiesel (obtidos de

óleos vegetais), etanol (produzido a partir da fermentação de açúcar, amido e

celulose) além de óleos in natura. A produção ocorre por duas formas: uma é

através da fermentação do amido de produtos alimentares como o miolo de

milho, ou à base de açúcar dos produtos alimentares, como a cana-de-açúcar

no etanol (Fig. 28).

A outra forma de produção é através da transformação de óleos

vegetais, como a soja, colza e palmeira em biodiesel. A principal característica

dessa geração é que as matérias-primas são cultivadas e utilizam baixa

complexidade tecnológica para a sua produção, por isso é predominantemente

utilizada no presente. Os biocombustíveis de primeira geração são: biogás,

biodiesel (soja, girassol e colza), o bioetanol (milho, cana-de-açúcar, beterraba

e trigo) e o óleo vegetal (FERREIRA; LEITE, 2010).

Figura 28. Esquema simplificado da transformação da cana-de-açúcar em açúcar e etanol. Fonte: Rodrigues (2011).

Já na segunda geração, ocorre a utilização de recursos não destinados

à alimentação: celulose, sobras de outros produtos como resíduos agrícolas

advindos de talos, cascas e palhas do milho, arroz e cana-de-açúcar; sobras de

silvicultura como restos de madeira e de árvores; resíduos de papel; resíduos

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alimentares, conhecida também como biomassa sólida. Fazem parte dessa

geração o biohidrogênio, o biogás, o bioetanol e o biocombustível sintético

(MARTINS, 2004). Entretanto, é que para ocorrer essa segunda geração,

utiliza-se uma alta complexidade tecnológica, gastando muito dinheiro. Porém,

aqui ocorre aproveitamento de biomassa e de resíduos não aproveitados, o

lixo, sendo esse um ponto positivo em relação às outras gerações.

A terceira geração é um conceito que está sendo estudado ainda, mas o

biocombustível proveria de biomassa de microalgas. Ferreira e Leite (2010)

ressaltam os pontos positivos para a utilização de algas, como sua alta

velocidade de crescimento; alto teor de óleo e carboidratos; adaptação a um

espectro amplo de temperatura e acidez do meio; capacidade de fixar

nitrogênio da atmosfera, e maior eficiência fotossintética, além de se

reproduzirem cerca de 50 a 100 vezes mais rápido do que os vegetais

terrestres. Além disso, Mota e Monteiro (2013) afirmam que é um

biocombustível que serve de substituição para os fósseis, e pode-se obter,

dependendo da alga cultivada, antibióticos, ácidos graxos poliinsaturados,

triglicerídeos, enzimas, proteínas, vitaminas e antioxidantes. Outro ponto

positivo é que as algas podem ser cultivadas com impacto mínimo em

ambientes com águas residuais ou salinas, entretanto, devido a altos custos

operacionais, o preço da produção ainda chega a $ 5.000 por tonelada.

Para se extrair óleo das algas, os cientistas utilizam métodos mecânicos

e químicos. Primeiramente, elas são plantadas em lagoas abertas ou fechadas.

Depois de colhidas, o óleo é extraído de sua parede e para isso há diversos

modos. Um muito utilizado e simples é a prensagem de óleo, no qual a prensa

literalmente pressiona o óleo para fora da alga, e esse método é muito parecido

com a extração do óleo do azeite de oliva (RODRIGUES, 2011). Cassidy

(2014) ainda demonstra outra forma de extração de óleo, a ultrassônica,

método no qual sondas ultrassônicas criam bolhas em um solvente, e que

quando estouradas perto das algas, quebram suas paredes e liberam o óleo

(Fig. 29).

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Figura 29. Cubas de algas no processo de extração ultrassônica. Fonte: Technology

Review (2015).

Em relação aos métodos químicos, Defanti et al. (2010) demonstra dois,

o mais conhecido é utilizando solvente hexano, que após a extração do óleo,

as sobras da alga são misturadas com o hexano, filtradas e limpas para que

não haja nenhum químico no óleo, e um segundo método é o fluido

supercrítico, no qual a extração do óleo ocorre por meio do aquecimento do

dióxido de carbono que é usado como um solvente. O óleo extraído não está

pronto para ser usado ainda e é conhecido como “petróleo verde”, e para

conseguir ser usado como combustível tem que passar por processo chamado

transesterificação. Essa etapa adiciona álcool e catalisador químico, que faz

com que o álcool reaja com o óleo, criando uma mistura de biodiesel e glicerol.

Na parte final do processo, é separado o glicerol da mistura, deixando o

biodiesel pronto para ser usado como combustível. O ponto positivo desse

método é que exige menos álcool e catalisador, reduzindo os custos de

produção e não prejudicando o meio ambiente.

Como há uma grande importância em se obter biocombustível através

da biomassa de algas, como afirmado por Ferreira e Leite (2010) e Mota e

Monteiro (2013), sugere-se um maior interesse para estudos nessa área, para

que no futuro, o petróleo não seja tão explorado como é nos dias de hoje.

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4.4 Algas na indústria alimentícia

Com base nos resultados, as algas não são muito estudadas para a

utilização ou potencial na alimentação humana, apesar de Cabral et al. (2011)

afirmar que as algas marinhas, como os outros produtos de origem vegetal,

possuirem valor nutricional satisfatório, sendo fonte de carboidratos, proteínas,

minerais (Ca, P, Na e K), fibras, vitaminas (A, B, C, D e E), ácidos pantotênico

e fólico, e possuem teor baixo de gordura, sendo pouco calóricos. Esses

compostos em conjunto com outros, como ácidos graxos, ficobilina,

carotenoides, polissacarídeos, são reconhecidos pela atividade biológica

benéfica para a saúde do homem e dos animais, entre elas o controle de

trombose, hiperlipidemia, tumores e obesidade (MACHADO, 2010).

A exploração de algas marinhas no Brasil para uso comercial é pequena

e restrita a algas vermelhas. O filo Rhodophyta possui alguns gêneros de

importância econômica, como Gracilaria (Fig. 30), Gelidium (Fig. 31) e Hypnea

(Fig. 32) (CALADO et al., 2012). As espécies do gênero Gracilaria são ricas em

carboidratos e minerais, e por serem pobres em lipídios, são recomendados

para pessoas que estejam submetidas a controle de peso corpóreo.

Comercialmente, são utilizadas na extração do ágar para ser aplicado na

fabricação de gomas, laxantes ou até mesmo usados para servir de meio de

cultura para bactérias. Além disso, as espécies do gênero Gracilaria são

comestíveis e cultivadas em varias partes do mundo, sendo que sua massa

alimentícia serve para compor bolinhos de arroz e saladas, reforçando a

importância de haver mais estudos sobre as algas na área da alimentação,

podendo ser úteis em regiões que sofrem com a falta de alimento.

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Figura 30. Exemplar de alga do gênero Gracilaria. Fonte: Look for diagnosis (2014).

Figura 31. Exemplar de alga do gênero Gelidium. Fonte: Biodiversité de salgues marines et de la faune marine des côtes françaises (2015).

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Figura 32. Exemplar de alga do gênero Hypnea. Fonte: Sea Weed Africa (2015).

Calado et al. (2012) afirma que no Brasil, a região costeira entre os

estados do Ceará e do Rio de Janeiro é a mais rica e diversificada em flora

algal do país. Em relação à exploração de espécies para uso comercial, o litoral

do nordeste, principalmente entre os estados do Ceará e Paraíba, possui a

maior atividade de porte referente à coleta de algas vermelhas, do gênero

Gracilaria e Hypnea. Já Bastos et al. (2007), afirma que as espécies como

Cryptonemia crenulata e Ulva fasciata se destacam das demais por possuírem

altos valores nutricionais, como proteína, cálcio e baixo teor de cloreto, assim

por meio de trituração elas viram farinha para consumo humano, aumentando

assim o potencial de aplicação dessas espécies na alimentação.

Como demonstrado por Calado et al. (2012) e Bastos et al. (2007), as

algas possuem fontes nutricionais favoráveis para a saúde humana, e por essa

razão, sugere-se que o estudo da aplicação de algas na indústria alimentícia

seja reforçado.

4.5 Algas na perícia criminal

A perícia criminal ou criminalística possui inúmeras atividades que são

baseadas em diversas ciências forenses como a química, biologia, geologia,

física, medicina, toxicologia, documentoscopia, entre outras, que ajudam a

desvendar crimes. Tanto em casos reais como fictícios, as hipóteses são

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construídas com base em observações e fatos relacionados com pessoas, que

de alguma forma, fazem parte do caso. Por meio da correta documentação,

coleta, transporte, armazenamento e análise de vestígios, o perito criminal

busca reconstruir, por meio dos princípios da Ciência Forense, a sequência de

eventos que prove sobre o verdadeiro fato ocorrido. Esses vestígios incluem

sangue, sêmen, cabelo, pêlos, fibras de tecido, documentos, impressões

diversas, dentre organismos, insetos, algas, etc (PRALON et al., 2011).

Hall e Byrd (2012) afirmam que as algas podem ser potencialmente

utilizadas para investigações forenses, de maneiras diferentes, como por

exemplo, distinguir a espécie da alga que foi involuntariamente transportada

por uma pessoa ou por um objeto que esteja envolvido com o suspeito pode

levar a uma ligação com a cena específica do crime ou com uma evidencia

física, tal como uma arma que pode ter sido descartada em um corpo d’água.

Além disso, Meinesz (2001) complementa que a presença ou não de alga no

corpo do organismo pode ser usado para diagnóstico positivo ou negativo para

mortes por afogamento, e dependendo da abundância de diatomáceas essa

informação pode ser usada para inferir o provável local do afogamento.

Em afogamentos, a pessoa invariavelmente inala água que contém

diatomáceas (componentes do plâncton). A força dessa inalação causa ruptura

dos capilares alveolares da membrana do pulmão, permitindo que a parede

celular da alga vá para a corrente sanguínea da vítima. O teste padrão para

confirmação de afogamento é simples, é só pegar a medula de um fêmur

intacto da vítima e observar se há diatomáceas. Com a confirmação da

presença da alga, o caso é aceito como afogamento, e a investigação é

direcionada para saber onde ocorreu o afogamento, se foi acidental, suicídio ou

homicídio e quanto tempo o corpo permaneceu na água (HALL; BYRD, 2012).

É muito comum cenas de crimes em torno ou dentro de ambientes

aquáticos, por exemplo, encontrar corpo de vitimas de homicídios dentro de

lagos. O objetivo dos assassinos é fazer com que pareça que a vitima morreu

de afogamento ou para esconder o corpo, além disso, armas utilizadas por

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criminosos são despejadas em corpos d’água para que estas não sejam

encontradas e utilizadas como evidencia do crime (HALL; BYRD, 2012).

O caso de Mércia Nakashima é um exemplo que abrange elementos

periciais que são explorados em series de televisão. A advogada desapareceu

em maio de 2010 e o corpo foi encontrado 19 dias depois. O principal suspeito

era o ex-namorado e também advogado Mizael Bispo, que não se conformava

com o fim do relacionamento que durou 4 anos, e a perseguia querendo reatar

o namoro (ASSIS et al., 2011). Entre as provas, na casa de Mizael foram

encontrados sapatos sujos de terra com vestígios de alga do gênero

Chaetophora (Fig. 33), que trata-se de uma alga microscópica que ocorre em

baixas profundidades e que cresce em superfícies lisas. Um exemplo de lugar

em que poderia ser encontrada é a represa de Nazaré Paulista, lugar onde foi

encontrado o corpo de Mércia. Com a análise desse vestígio, concluíram que o

suspeito entrou na represa para desovar o corpo, assim a alga ficou presa na

sola do sapato, comprovando em conjunto com outras provas que o suspeito

Mizael Bispo foi o verdadeiro assassino da Mércia Nakashima (CRDIAS, 2010;

ASSIS et al., 2011; BESSA, 2013).

Figura 33. Amostra da alga do gênero Chaetophora no sapato do Mizael Bispo. Fonte:

HD Walls (2015).

Assim as algas podem ser utilizadas em diversas áreas. A Perícia

Criminal é uma área nova, que é de extrema importância para desvendar

crimes com a ajuda de evidências. Com isso, há necessidade de aumentar as

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pesquisas que envolvam as algas em crimes, pois existem poucas publicações,

sendo que estudos nessa área muitas vezes não são disponibilizados para

serem analisados. Portanto sugere-se uma maior aproximação da prática

pericial com as pesquisas científicas.

Conclusão

Ao longo do trabalho, foi observado que as algas podem ser utilizadas

em diversos segmentos, sendo o objetivo concluído. Pode-se notar que em

algumas áreas há uma maior disponibilidade de artigos publicados do que em

outros, por exemplo, na área de Filogenia, Biossorção, Farmacologia e

Biocombustível.

Outras áreas como Perícia Criminal há pouca publicação, e como é uma

área nova e de grande importância para a sociedade, sugere-se que aumentem

os estudos sobre as algas dentro desse segmento, podendo ser de grande

utilidade para quem está entrando no ramo, ou para pesquisas futuras.

Segmentos que já possuem um número maior de publicações, sugere-se

que intensifiquem os estudos, pois os cientistas podem descobrir

características importantes que podem ser utilizadas em outros campos.

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