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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIA DO ENVELHECIMENTO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: SAÚDE, EDUCAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA LINHA: ASPECTOS BIOLÓGICOS E FUNCIONAIS DO ENVELHECIMENTO Estudo dos efeitos do treinamento físico associado ao treinamento imaginado na neuroplasticidade de idosos com Doença de Parkinson Estudo de caso Priscilla de Dio Santos Pondé Orientadora: Profª. Drª. Eliane Florencio Gama São Paulo 2017

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU … dos efeitos do treinamento físico associado ao treinamento imaginado na neuroplasticidade de idosos com Doença de Parkinson – Estudo de caso Priscilla

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIA DO ENVELHECIMENTO

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: SAÚDE, EDUCAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA

LINHA: ASPECTOS BIOLÓGICOS E FUNCIONAIS DO ENVELHECIMENTO

Estudo dos efeitos do treinamento físico associado ao treinamento imaginado na neuroplasticidade de idosos com

Doença de Parkinson – Estudo de caso

Priscilla de Dio Santos Pondé

Orientadora: Profª. Drª. Eliane Florencio Gama

São Paulo

2017

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIA DO ENVELHECIMENTO

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: SAÚDE, EDUCAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA

LINHA: ASPECTOS BIOLÓGICOS E FUNCIONAIS DO ENVELHECIMENTO

Estudo dos efeitos do treinamento físico associado ao treinamento imaginado na neuroplasticidade de idosos com

Doença de Parkinson – Estudo de caso

Priscilla de Dio Santos Pondé

Dissertação de mestrado apresentada

ao Programa de Mestrado de Ciência

do Envelhecimento da Universidade

São Judas Tadeu aprovada pela banca

examinadora como requisito a

obtenção do título de Mestre em

Ciência do Envelhecimento.

Orientadora: Profª. Drª. Eliane Florencio Gama

São Paulo

2017

I

II

“Posso todas as coisas Naquele que me fortalece”

(Apóstolo Paulo)

III

DEDICATÓRIA

Dedico esta conquista em primeiro lugar ao criador do universo: Deus,

por ter me iluminado em cada passo dessa trajetória, mesmo quando as

circunstâncias diziam não, bem como a minha orientadora Profª Drª Eliane

Florencio Gama que em sua infinita sabedoria me conduziu com destreza. Seu

dom como mestre é inestimável!

Ao meu esposo Elton Tony, companheiro que tanto se dedicou sendo

meu alicerce e conforto nos momentos difíceis. Obrigada por iluminar os meus

dias, em especial com a espera da nossa Clarinha de Dio Pondé, que tem sido

minha maior motivação para finalizar esse trabalho com êxito.

Aos meus pais Washington e Sueli que diante dos seus estudos

limitados sempre apoiaram minha trajetória.

A minha irmã Vanessa de Dio, que contribuiu nas intervenções quando

eu estava imobilizada devido à fratura, bem como as fisioterapeutas Laiany e a

Dayane.

A Universidade São Judas Tadeu e seus representantes: Reitor Luís

Leoni; Diretora Carla Witter; todos os professores da pós-graduação; técnicos,

em especial ao Júnior Maria por ser tão prestativo; e funcionários.

Agradeço aos meus queridos idosos que participaram da pesquisa.

Muito obrigada mesmo! Por realizar todos aqueles testes e me incentivarem

perguntando como estava o trabalho.

Agradeço aos doutores e professores Dr. Érico Caperuto, Drª Natália

luna, Dr. Romeu, Drª Angélica Castilho e Drª Marta Bastos pelas excelentes

sugestões que aprimoraram o trabalho, com destaque pela disposição a fazer

os testes ELISA da Drª Marta Bastos na Universidade de Guarulhos (UNG):

Obrigada, sem você não seria possível!

A ETEC Tiquatira e aos meus mais de 2000 alunos que ao longo desta

trajetória como professora, sempre reconheceram e apoiaram meus esforços

para me tornar mestre!

Em síntese, dedico essa dissertação à sociedade, para que de algum

modo este conhecimento se perpetue e possa contribuir com a melhoria da

qualidade de vida das pessoas, tornando o universo mais iluminado e

colaborando com a sua constante evolução.

IV

RESUMO

INTRODUÇÃO: Com o envelhecimento da população aumenta a

prevalência das doenças crônico-degenerativas, tais como a Doença de

Parkinson (DP), com isto, tornam-se necessários programas que preservem a

capacidade funcional, promovendo a qualidade de vida. Apesar do decl ínio

funcional na DP, novas conexões neuronais podem ser estabelecidas ou

preservadas a partir do treinamento físico e imaginado que são fatores

promotores de neuroplasticidade. OBJETIVO: Investigar os efeitos da

associação do treinamento físico ao imaginado sobre a neuroplasticidade em

idosos com DP. METODOLOGIA: Por meio desta pesquisa quantitativa, foram

analisados 8 sujeitos submetidos ao Treinamento Físico associado ao

Imaginado antes e depois de 8 semanas de intervenção (sendo 2x/semana,

60min, por 8 semanas), e após 20 semanas do fim da intervenção

supervisionada 2 sujeitos (com e sem continuidade à prática de Imagética

Motora - IM) foram reavaliados. Os seguintes parâmetros foram mensurados:

níveis séricos de Fator Neurotrófico Derivado do Encéfalo (BDNF); nível de

dependência para as atividades da vida diária (AVD’s – Básicas e

Instrumentais); percepção da dimensão corporal; e tempo de reação para o

reconhecimento das mãos direita e esquerda (teste de lateralidade das mãos).

RESULTADOS: O treinamento físico associado ao imaginado pode ser capaz

de melhorar os níveis séricos de BDNF (p=0,06 com aumento médio de

234,9%), as AVD’s (aumento médio de 9,52% nas ABVD’s e de 17,76% nas

AIVD’s), a percepção corporal (Índice de Percepção Corporal – IPC 8,32%

mais próximo do real), bem como o tempo de reação para o reconhecimento

das mãos (diminuição de 21,17%), contudo a preservação desses ganhos

parece estar associada à continuidade da prática de IM. CONCLUSÃO: Apesar

do número pequeno de sujeitos e as limitações do estudo, os resultados

obtidos indicam possível aumento da plasticidade neuronal, corroborando com

o resultado de outros estudos, sendo admissíveis ganhos expressivos na

capacidade funcional desses idosos com DP. Outrossim, os resultados do

presente estudo abrem novas perspectivas para outros.

Palavras- chaves: Envelhecimento, Doença de Parkinson, Plasticidade

neuronal, Imagética Motora, Treinamento Físico.

V

ABSTRACT

INTRODUCTION: The aging of the population increases the prevalence of

chronic degenerative diseases, such as Parkinson's disease (PD). Therefore,

programs that preserve functional capacity and promote quality of life become

necessary. Despite the functional decline in PD, new neural connections can be

established or preserved from the physical and imagined training that are

factors that promote neuroplasticity. OBJECTIVE: To investigate the effects of

the association of physical training and imaging on neuroplasticity i n the elderly

with PD. METHODOLOGY: Through this quantitative research, eight subjects

were submitted to Physical Training associated with Imagined before and after

8 weeks of intervention (being 2x / week, 60min, for 8 weeks), and after 20

weeks of the end of the supervised intervention 2 subjects (with and without

continuity to the Motor Imaging practice - IM) were reassessed. The following

parameters were measured: serum levels of Brain-Derived Neurotrophic Factor

(BDNF); level of dependency for activities of daily living (ADLs - Basic and

Instrumental); perception of the body dimension; and reaction time for

recognition of the right and left hands (lateral hand test). RESULTS: The

physical training associated to the imagined one may be able to improve the

serum BDNF levels (p = 0.06 with a mean increase of 234.9%), the ADLs

(mean increase of 9.52% in Basic and 17, 76% in Instrumental), body

perception (Body Perception Index 8.32% closer to the real), as well as the

reaction time for hand recognition (decrease of 21.17%), however, the

preservation of these seems to be associated with the continuity of IM practice.

CONCLUSIONS: Despite the small number of subjects and the limitations of

the study, the results indicate a possible increase in neuronal plasticity,

corroborating with the results of other studies, and it is possible to express

significant gains in the functional capacity of these elderly with PD. Moreover,

the results of the present study open new perspectives for others.

Keywords: Aging, Parkinson's disease, Neural plasticity, Motor imagery,

Physical training.

VI

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquematização do delineamento do estudo, mostrando inscrição e

participação dos sujeitos nas etapas. ............................................................................ 27

Figura 2: Gráfico dos níveis de BDNF antes e depois da intervenção, com os pontos

de cada sujeito e a mediana. ......................................................................................... 41

Figura 3: Gráfico com os níveis séricos de BDNF, antes, depois da intervenção, e

após 20 semanas ........................................................................................................... 44

Figura 4: Gráfico com Score médio obtido pelos sujeitos na Avaliação das Atividades

da Vida Diária (AVD's), nos momentos antes e depois da intervenção. ....................... 48

Figura 5: Gráfico com a média do IPC dos segmentos, nos momentos antes e depois

da intervenção. ............................................................................................................... 51

Figura 6: Análise da simetria entre lado direito e esquerdo em função do IPC dos

segmentos (largura dos ombros, cintura e quadril), nos momentos antes e depois da

intervenção. .................................................................................................................... 53

Figura 7: Representação dos segmentos corporais tocados durante o teste de

marcação do esquema corporal e o resultado final da união dos pontos reais e pontos

percebidos. A linha de cor preta representa a medida real e a linha de cor vermelha

representa medida (Fonseca et al., 2012) ..................................................................... 54

Figura 8: Ilustração do resultado do Teste de IMP. Contorno real (cor preta) e

percebido (cor vermelha). Comparação do desenho antes e depois. .......................... 55

Figura 9: Gráfico com o IPC geral dos sujeitos AGO e ERB nos momentos antes,

depois e após a intervenção. ......................................................................................... 56

Figura 10: Ilustração do resultado do Teste de IMP. Contorno real (cor preta) e

percebido (cor vermelha). Comparação do desenho antes, depois e após 20 semanas

dos sujeitos AGO (6) e ERB (7). .................................................................................... 58

Figura 11: Gráficos com Tempo médio de Reação Antes e Depois, de acordo com os

ângulos das posições da mão direita (A e B) e da mão esquerda (C e D). .................. 60

Figura 12: Gráfico com a média de erros antes e depois, em função da mão Direita,

Esquerda e Geral............................................................................................................ 62

Figura 13: Gráfico com a média de Tempo Geral de reação nos momentos Antes,

Depois e Após 20 semanas dos sujeitos AGO e ERB. ................................................. 63

Figura 14: Gráfico com erro percentual para reconhecimento das mãos nos momentos

Antes, Depois e Após 20 semanas dos sujeitos AGO e ERB. ...................................... 64

Figura 15: Gráfico do tempo de reação da Mão direita (para cima e para baixo) em

função dos momentos antes, depois e após 20 semanas de intervenção. .................. 65

Figura 16: Gráfico do tempo de reação da Mão Esquerda (para cima e para baixo) em

função dos momentos antes, depois e após 20 semanas de intervenção. .................. 67

VII

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Escala Hoehn & Yahr - estágios da Doença de Parkinson e sintomas........ 25

Tabela 2: Protocolo de treino de Imagética Motora. ..................................................... 34

Tabela 3: Tarefas baseadas em atividades da vida diária a serem executadas por

meio de Imagética Motora. ............................................................................................. 35

Tabela 4: Caracterização da população por meio de frequência absoluta e relativa .. 40

Tabela 5: Níveis séricos de BDNF, antes, depois da intervenção, e após 20 semanas

........................................................................................................................................ 43

Tabela 6: Distribuição dos sujeitos quanto à classificação pelo Índice de Katz

(ABVD’s) Antes e depois da intervenção ....................................................................... 47

Tabela 7: Média e desvio padrão do score obtido nas ABVD's com o indice da Lawton

e nas AIVD's com o índice de Katz. ............................................................................... 48

Tabela 8: Pontuação dos sujeitos AGO e ERB, obtida nas ABVD's com o indice da

Lawton e nas AIVD's com o índice de Katz ................................................................... 49

Tabela 9: Média e desvio padrão de IPC (%) geral e dos segmentos. ........................ 51

Tabela 10: Análise da simetria entre lado direito e esquerdo em função dos

segmentos, nos momentos antes e depois da intervenção. ......................................... 53

Tabela 11: IPC dos segmentos dos sujeitos AGO e ERB, nos momentos antes, depois

e após 20 semanas da intervenção. .............................................................................. 57

Tabela 12: Classificação da Percepção Corporal com base no IPC ............................ 58

Tabela 13: Média e Desvio padrão do Tempo de reação (em milissegundos) para o

reconhecimento das mãos Antes e Depois da intervenção. ......................................... 59

Tabela 14: Tempo médio de reação da mão direita para baixo em cada ângulo nos

momentos Antes, Depois e Após 20 semanas de intervenção, dos sujeitos AGO e

ERB. ................................................................................................................................ 66

Tabela 15: Tempo médio de reação da mão direita para cima em cada ângulo nos

momentos Antes, Depois e Após 20 semanas de intervenção, dos sujeitos AGO e

ERB. ................................................................................................................................ 66

Tabela 16: Tempo médio de reação da mão esquerda para baixo em cada ângulo nos

momentos Antes, Depois e Após 20 semanas de intervenção, dos sujeitos AGO e

ERB. ................................................................................................................................ 68

Tabela 17: Tempo médio de reação da mão esquerda para cima em cada ângulo nos

momentos Antes, Depois e Após 20 semanas de intervenção, dos sujeitos AGO e

ERB. ................................................................................................................................ 68

Tabela 18: Variação Percentual do tempo de reação e erros dos sujeitos AGO e ERB,

nos momentos antes, depois e 20 semanas após a intervenção. ................................ 69

VIII

LISTA DE ABREVIATURAS

ABVD – Atividades Básicas de Vida Diária

AIVD – Atividades Instrumentais de Vida Diária

AVD – Atividades da Vida Diária

BDNF – Fator Neurotrófico Derivado do Encéfalo

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

DP – Doença de Parkinson

DDP – Doença de Parkinson predominante no hemisfério cerebral Direito

EDP – Doença de Parkinson predominante no hemisfério cerebral Esquerdo

FC – Frequência Cardíaca

IM – Imagética Motora

IMP - Image Marking Procedure

IPC – Índice de percepção Corporal

L – lateral

M – Medial

MEEM – Mini Exame do Estado Mental

ms – Milissegundo

PA – Pressão Arterial

SMA – Área Autônoma Suplementar

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TFI – Treinamento Físico associado ao Imaginado

IX

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

1.1 Envelhecimento ............................................................................................... 3

1.2 Capacidade funcional e Atividades da Vida Diária (AVD)........................... 4

1.3 Doença de Parkinson (DP) .............................................................................. 5

1.3.1 Etiologia ...................................................................................................... 6

1.3.2 Epidemiologia ............................................................................................. 7

1.3.3 Desenvolvimento da Doença ..................................................................... 8

1.3.4 Diagnóstico ................................................................................................. 9

1.3.5 Tratamento................................................................................................ 10

1.4 Plasticidade neuronal e Fator Neurotrófico Derivado do Encéfalo (BDNF)

........................................................................................................................12

1.4.1 BDNF ........................................................................................................ 12

1.5 Treinamento Físico e Imagética Motora (IM) .............................................. 15

1.6 Treinamento físico associado ao imaginado na DP .................................. 18

1.7 Percepção da dimensão corporal e DP ....................................................... 22

2. HIPÓTESE............................................................................................................... 23

3. OBJETIVOS ............................................................................................................ 24

3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 24

3.2 Objetivos específicos .................................................................................... 24

4. MATERIAIS E MÉTODO ........................................................................................ 24

4.1 Participantes................................................................................................... 25

4.1.1 Critérios de inclusão ................................................................................. 25

4.1.2 Critérios de exclusão ................................................................................ 26

4.2 Delineamento do Estudo............................................................................... 27

4.2.1 Coleta Antes ............................................................................................ 28

4.2.1.1 Quantificação de BDNF sérica .......................................................... 28

4.2.1.2 Questionário de dependência para AVD’s........................................ 29

4.2.1.3 Teste de Percepção da Dimensão Corporal..................................... 30

X

4.2.1.4 Teste de lateralidade ......................................................................... 31

4.2.2 Intervenção .............................................................................................. 32

4.2.2.1 Submissão ao treinamento físico aeróbico ....................................... 32

4.2.2.2 Submissão ao treinamento de IM ..................................................... 33

4.2.3 Coleta depois da intervenção e após 20 semanas. ................................. 38

4.3 Análise estatística.......................................................................................... 38

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 39

5.1 Perfil dos sujeitos .......................................................................................... 39

5.2 BDNF ............................................................................................................... 41

5.3 AVD .................................................................................................................. 47

5.4 Percepção corporal ....................................................................................... 50

5.5 Lateralidade .................................................................................................... 59

5.6 Limitações e perspectivas futuras .............................................................. 70

5.7 Considerações finais e Conclusão .............................................................. 71

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 73

APÊNDICE……………………………………………………………………………………83

ANEXOS ......................................................................................................................... 94

1

1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional vem sendo discutido em larga escala, pois

se refere a mudanças estruturais e fisiológicas que ocorrem progressivamente

em cada indivíduo (Sidney & Santos, 2010). Sendo notória a necessidade de

programas que atendam as demandas geradas por essa faixa etária. Os idosos

necessitam de intervenções que englobem desde atenção primária, com

medidas profiláticas ao surgimento de doenças crônicas, incluindo tratamento

até reabilitação que vise preservar a capacidade funcional a fim de promover

qualidade de vida (Del Duca, Silva, & Hallal, 2009).

Nesse contexto, destaca-se a doença de Parkinson (DP) como a segunda

doença neurodegenerativa com maior incidência na população mundial com

mais de 60 anos de idade. A sua progressão é acompanhada da perda de

independência motora, sendo que quando os sinais e sintomas são detectados,

é possível que já tenha ocorrido perda de aproximadamente 60% dos

neurônios dopaminérgicos (Goetz, 2011), tornando-se importante entender os

mecanismos fisiopatológicos da doença, de modo que se torne possível criar

métodos de intervenção mais eficientes (Azevedo, 2014).

Entre os sintomas que mais limitam na DP está a dificuldade de passar

através de portas, corredores estreitos e outros espaços confinados, pois o

indivíduo esbarra frequentemente em obstáculos. As razões para estes

problemas ainda não estão claramente compreendidas, mas acinesia (a

incapacidade de iniciar movimentos) é apontada como decorrência no

comprometimento da percepção corporal. Há evidências crescentes de que

várias capacidades perceptivas e cognitivas são prejudicadas na DP idiopática,

entretanto, apesar da sua contribuição, o tratamento convencional por

medicação dopaminérgica apresenta limitações (Lee, Harris, Atkinson, &

Fowler, 2001).

Umas das estratégias uti lizadas para estimular a plasticidade neuronal

(fenômeno que envolve novas conexões e preservação neuronal) é o

treinamento físico, deste modo, os efeitos benéficos da prática física têm sido

associados ao aumento dos níveis de fatores neurotróficos com destaque ao

Fator Neurotrófico Derivado do Encéfalo (BDNF), pois o tratamento de

reabilitação intensiva é capaz de aumentar os níveis de BDNF (Frazzitta et al.,

2

2014). Além disso, em indivíduos saudáveis, demonstrou-se que o exercício

físico, não só melhora a função física, mas também funções cognitivas, e

aumenta os níveis periféricos de BDNF de indivíduos em diferentes faixas

etárias (Vaughan et al., 2014) sendo correlacionado até mesmo com a melhora

dos sintomas depressivos (Angelucci et al., 2015).

Entretanto, alguns indivíduos apresentam limitações para atividades físicas

e umas das formas de contornar essa dificuldade é a prática de atividade física

imaginada, pois estudos, apresentados em uma revisão sistemática, em que há

associação do treinamento imaginado com o real permitem concluir que a

combinação de imagética motora e prática real pode ser, ainda mais, eficiente

para o tratamento da DP, contudo acredita-se que a prática mental de uma

atividade física seja capaz de estabelecer novas conexões neurais levando a

plasticidade neuronal (Rienzo, Collet, Hoyek, & Guillot, 2014), além da

preservação da percepção corporal, importante no planejamento motor. A

implementação deste regime de tratamento combinado permite a extensão do

tempo de prática com risco baixo e custo reduzido (Tamir, Dickstein, &

Huberman, 2007).

Há uma demanda de conhecimento em estratégias para promover melhor

qualidade de vida para pacientes idosos com DP. No entanto há poucos

estudos envolvendo idosos com DP e IM, portanto, considera-se estas

pesquisas como sendo de suma importância para os cuidadores, profissionais

de saúde e os próprios pacientes (Beitz, 2014). Pois, com a evolução da

doença, os problemas se tornam mais evidentes e restritivos, já nos estágios

mais avançados a dependência se torna mais severa, e destaca-se o risco de

quedas e acidentes (World Health Organization, 2010), devido ao déficit motor

O grande desafio para a saúde pública nas próximas décadas está na

identificação e prevenção dos possíveis riscos associados à incapacidade

funcional, a fim de proporcionar uma longevidade com maior independência,

autonomia e qualidade de vida para os idosos. Desta forma, a proposta desse

estudo é avaliar o efeito da associação do treinamento físico e imaginado como

tratamento complementar, em relação à manutenção dessa doença

neurodegenerativa, bem como um complemento ao protocolo de tratamento.

3

1.1 Envelhecimento

A velhice é inerente ao processo da vida, do mesmo modo que o

nascimento, o crescimento, a reprodução e a morte, são eventos comuns a

todos os seres vivos (Sidney & Santos, 2010). O processo de envelhecimento

sob a visão biológica é tido como um fenômeno normal decorrente da

sobrevivência e não deve ser considerado como doença. Contudo, há de se

entender de modo divergente, diante da presença notória das doenças crônico-

degenerativas que também podem acometer qualquer indivíduo ao longo da

vida (Souza et al., 2011).

O sistema nervoso sofre com comprometimento progressivo diante do

processo de envelhecimento estando associado às modificações nos níveis

anatômicos macroscópico, celulares e moleculares (Souza et al., 2011). Além

de toda a importância da função neuronal, vale lembrar que o tecido neural é

constituído de um agregado complexo de células que constitui uma rede de

comunicação entre os neurônios e a neuroglia. A correlação entre ativação de

células da glia e recuperação do Sistema Nervoso Central (SNC) fundamenta-

se na presença de substâncias tróficas na área onde ocorre comprometimento

neuronal. Os neurônios que sofreram danos liberam secreções que estimulam

as microglias que, por sua vez, interagem com os astrócitos e induzem a

produção de outras substâncias tróficas (Gómez-Palacio-Schjetnan & Escobar,

2013).

Sabemos que as interações sinápticas entre neurônios envolvem interação

elétrica e química complexas, que dependem do meio extracelular e de

sistemas especiais de receptores celulares. A ativação desses mecanismos

receptores desencadeia sistemas de sinalização intracelular, envolvendo

segundo-mensageiros que podem regular canais iônicos, coordenar

mecanismos de ativação e de fosfori lação de proteínas e, ainda, modificar

proteínas regulatórias da transcrição gênica. A ativação de mecanismos de

transcrição gênica e de regulação de síntese proteica resultará em maior

disponibilidade de proteínas. Algumas condições estimulam o aumento dos

fatores neurotróficos, destacamos aqui o treinamento físico e no imaginado.

Uma pesquisa nessa área produziu dados coerentes e indicativos de como o

comportamento pode alterar a morfologia e a função do sistema nervoso e

4

vice-versa (Gómez-Palacio-Schjetnan & Escobar, 2013). O que nos leva à

possibilidade do treinamento físico e no imaginado em diferentes aspectos

clínicos, comportamentais e neurológicos, comprometidos com o

envelhecimento.

Doenças neurodegenerativas são caracterizadas por morte neuronal

excessiva e prematura em regiões do cérebro (Souza et al., 2011). Podemos

destacar a Doença de Parkinson, pela alta prevalência na população idosa,

como uma neurodegeneração que diminui a capacidade funcional capaz de

comprometer as atividades da vida diária. Sendo apresentado como alvo

importante de estudos (Christofoletti, Oliani, Gobbi, Gobbi, & Stella, 2006).

Portanto, a DP trata-se de uma doença oportunista da senescência que leva

o idoso a senilidade.

1.2 Capacidade funcional e Atividades da Vida Diária (AVD)

Leis federais, como o Estatuto do Idoso, foram criadas na intenção de

promover o cuidado e a atenção integral pelo Sistema Único de Saúde, com

ênfase na promoção do envelhecimento saudável e manutenção da

capacidade funcional. Tais ações apontam a preocupação dos órgãos da

saúde na atenção às condições de vida e saúde do idoso, especialmente em

questões como a preservação da capacidade funcional já que se refere a um

importante indicador do grau de independência. Contudo sabe-se que há

necessidade de medidas preventivas e intervenções terapêuticas mais

eficientes que reduzam o declínio da habilidade do indivíduo exercer diversas

funções físicas e mentais cotidianas (Christofoletti et al., 2006).

A capacidade funcional pode ser avaliada com enfoque em dois domínios:

as atividades básicas da vida diária (índice de Katz), também chamadas de

atividades de autocuidado; e as atividades instrumentais da vida diária

(índice de Lawton), também denominadas de habilidades de administrar o

ambiente. As atividades básicas estão ligadas ao autocuidado do indivíduo,

como alimentar-se, banhar-se e vestir-se. Já as atividades instrumentais

englobam tarefas mais complexas muitas vezes relacionadas à participação

social do sujeito, como por exemplo, realizar compras, atender ao telefone e

5

utilizar meios de transporte. Tais ferramentas são uti lizadas para avaliar a

capacidade funcional como importante indicador do estado de saúde, estando

o seu declínio associado à mortalidade neste grupo etário (Del Duca et al.,

2009).

A Doença de Parkinson, comumente associada ao processo de

envelhecimento, é a segunda doença neurodegenerativa progressiva mais

comum que afeta mais idosos adultos americanos, e está previsto aumento da

sua prevalência com o envelhecimento da população. Todavia encontramos um

cenário muito semelhante nos países europeus desenvolvidos (Azevedo, 2014)

revelando o surgimento de um cenário mundial, e a necessidade de

intervenções que preservem a capacidade funcional para promoção da máxima

independência dos nossos idosos.

1.3 Doença de Parkinson (DP)

A DP é uma doença crônica, degenerativa e progressiva do sistema

nervoso central, que decorre da morte dos neurônios produtores de dopamina

da substância negra, consequentemente acarretando diminuição das células

produtoras de dopamina na via nigroestriatal, fundamental para as atividades

motoras e importante para os neurônios com neuromelanina, substância

considerada neuroprotetora por diminuir os danos oxidativos (Azevedo, 2014)

no tronco cerebral, especialmente no mesencéfalo. Essa alteração é

caracterizada por distúrbios motores, pois a baixa neurotransmissão para o

corpo estriado leva a uma hiperatividade e possivelmente causa aferência

contínua de sinais excitatórios para o controle motor corticoespinhal. Esses

sinais podem excitar de forma contínua vários músculos do corpo causando

rigidez (Goulart & Pereira, 2005).

A ausência de dopamina, também no estriado, leva a um desequilíbrio entre

os sistemas excitatório e inibitório, o movimento estagna em uma direção com

dificuldade de progressão o que leva a bradicinecia (lentidão dos movimentos).

Todavia, observar-se ainda disfunções posturais e cognitivas. Contudo, quando

os sinais e sintomas são detectados, é possível que já tenha ocorrido perda de

6

aproximadamente 60% dos neurônios dopaminérgicos, e o conteúdo de

dopamina no estriado é cerca de 80% inferior ao normal (Goetz, 2011).

1.3.1 Etiologia

Existem três tipos básicos de classificação das formas de parkinsonismo:

parkinsonismo primário (doença de Parkinson idiopática e as formas

hereditárias); parkinsonismo secundário, causado principalmente por drogas

que bloqueiam os receptores dopaminérgicos; e parkinsonismo-plus ou atípico,

caracterizado por quadros neurológicos onde se tem uma síndrome

parkinsoniana, mas expressando somente acinesia (perda do movimento) e

rigidez, com ausência do tremor. O diagnóstico de parkinsonismo primário

pressupõe a exclusão das outras duas formas (Jankovic, 2008).

Os pacientes acometidos por parkinsonismo primário são considerados com

diagnóstico da Doença de Parkinson propriamente dita, pois representam

aproximadamente 80% dos casos (Beitz, 2014). Com referência as formas

hereditárias, a etiologia genética mais comum está associada ao gene da

proteína parkin (PARK2) no cromossomo 6. Mutações desse gene levam a

uma DP autossômica recessiva e lentamente progressiva com início antes dos

40 anos de idade. Outro gene é o da α-sinucleína (PARK1), uma proteína do

cromossomo 4 cuja mutação induz DP autossômica dominante, e, finalmente, a

ubiquitina-C-hidrolase-L1 (PARK5). Pode-se identificar que 15% dos portadores

de DP têm histórico familiar da doença (Drozdzik, Bialecka, & Kurzawski,

2013). Enquanto a DP idiopática é associado a fatores de risco, incluindo

envelhecimento, história familiar, exposição a pesticidas e substâncias

químicas ambientais (Beitz, 2014). Entretanto, há de se considerar que a

maioria dos casos está associada ao envelhecimento, pois pode tratar-se de

uma doença neurodegenerativa resultante de uma perda fisiopatológica ou

degeneração dos neurônios dopaminérgicos da substância negra do

mesencéfalo e do desenvolvimento de corpos de Lewy neuronais (Samii, Nutt,

& Ransom, 2004) (Souza et al., 2011).

7

Além disso, o cérebro sintetiza uma proteína que pode ser encontrada

em nível periférico e que pode apresentar-se significativamente reduzida em

pacientes com DP, sendo esta proteína o Fator Neurotrófico Derivado do

Encéfalo (BDNF). Essa substância é uma neurotrofina capaz desempenhar um

papel na sobrevivência de neurônios dopaminérgicos e na regulação da

conectividade sináptica (Angelucci et al., 2015).

Com base nos fatores citados observa-se que uma determinada sequência

de eventos é capaz de aumentar a incidência da DP, principalmente quando

somados (Souza et al., 2011).

1.3.2 Epidemiologia

Entre os 50 e 80 anos de idade ocorre à perda das transmissões de

impulsos nervosos, onde estes dependem de neurotransmissores para sua

condução. Dados epidemiológicos dos EUA mostram que a doença de

Parkinson representa 80% dos casos de parkinsonismo, acometendo

preferencialmente pessoas acima de 50 anos, sendo a prevalência de

aproximadamente 160 casos por 100.000 habitantes por ano e a incidência é

de 20 casos por 100.000 habitantes por ano. Na idade de 70 anos, a

prevalência é de 550 por 100.000 habitantes e a incidência é de 120 casos por

100.000 habitantes por ano (Pringsheim, Jette, Frolkis, & Steeves, 2014).

A carência de levantamento epidemiológico da DP no Brasil não permite

que haja um panorama evidente da situação em que a mesma se encontra no

país em relação à epidemiologia descritiva deste agravo (prevalência,

incidência, morbidade, porcentagem por gênero e mediana de idade). Todos os

dados são levantados com base em estimativas, impossibilitando uma análise

completamente estatística da doença (Santos, 2015). No entanto, através dos

dados citados do IBGE-CENSO 2010, em que a prevalência em pessoas com

idade entre 60 e 69 anos é de 700/100.000, e entre 70 e 79 anos é de

1500/100.000, é possível estimar que a incidência no Brasil é quase quatro

vezes maior em pessoas com menos de 70 anos e quase três vezes maior com

pessoas a partir dos 70 anos. Além disso, estima-se que 36 mil novos casos

surgem por ano no Brasil (Souza et al., 2011).

8

1.3.3 Desenvolvimento da Doença

O estágio inicial da doença é frequentemente negligenciado e

incorretamente considerado como sendo um processo “normal” do

envelhecimento. Como o desenvolvimento da doença é gradual, não é fácil

identificar exatamente o seu início. Por baixa disponibilidade de dopamina nos

receptores dopaminérgicos, na DP ocorrem disfunção motoras, mas também

podem exibir déficits cognitivos leves que aumentam com a progressão da

doença (Jankovic, 2008) .

Sendo amplamente classificada como um distúrbio do movimento, no

entanto pode ser caracterizada por sintomas tanto motores como não-motores.

Os sintomas motores podem ser identificados em pacientes com DP como

sinais cardinais que são tremor de repouso, rigidez, bradicinesia, e flexão de

tronco, enquanto que, devido às disfunções monoaminérgicas múltiplas,

incluindo déficits dos sistemas dopaminérgicos, colinérgicos, serotoninérgicos e

noradrenérgicos, pode apresentar alterações do sono, de memória, depressão

e distúrbios do sistema nervoso autônomo, demonstrando associação com

distúrbios neurocomportamentais (como depressão e ansiedade), disfunção

cognitiva (demência), e disfunção autonômica (por exemplo, hipotensão

ortostática) (Goetz, 2011).

A diminuição da ação excitatória do tálamo sobre o córtex motor leva à

síndrome rígido-acinética, que não se apresenta de forma homogênea em sua

distribuição, afetando primeiramente os músculos proximais, especialmente

ombros e pescoço, progredindo para os músculos da face, membros superiores

e inferiores. Pode afetar inicialmente um lado do corpo e envolver todo o corpo

gradativamente, sendo que à medida que a doença progride se torna mais

grave e diminui a habilidade dos pacientes se moverem, com facilidade. Deste

modo, ocorrem alterações na marcha, que se torna em bloco com

características de festinada, que são passos curtos, rápidos e arrastados, sem

a participação dos movimentos dos braços. Entende-se que essa marcha é

decorrente da postura adotada, pois a cabeça anterioriza-se, ocorre um

aumento da cifose torácica com uma flexão de joelhos, onde o corpo adota

uma postura que favorece a anteriorização do centro de gravidade já que

também ocorre comprometimento de postura e equilíbrio. Os pacientes

9

assumem uma postura muito característica com a cabeça e o tronco fletidos,

assim a habilidade para manter uma postura estável pode não estar

comprometida em condições de equilíbrio sem perturbação e com atenção

plena, e à medida que a base de apoio se estreita ou as demandas de atenção

variam, a instabilidade postural aumenta e o paciente com DP tem muita

dificuldade de ajustar a postura quando se inclinam ou quando há súbitos

deslocamentos do corpo, o que favorece a ocorrência de quedas (Souza et al.,

2011).

1.3.4 Diagnóstico

Para o diagnóstico clínico são usados quatro sinais cardinais da DP. São

eles: tremor em repouso, mais comum e fácil de ser reconhecido; rigidez,

caracterizada pelo aumento da resistência muscular, podendo estar associada

com a dor, geralmente no ombro; bradicinesia, que é a lentidão do movimento

(ou até mesmo acinesia – ausência do movimento); e instabilidade postural, ou

marcha parkinsoniana, causada pela perda dos reflexos posturais, um dos

sintomas dos estágios finais da DP e uma das causas mais comuns de quedas.

Além disso, a postura flexionada, causada pela rigidez do pescoço e tronco, o

que resulta em deformidades posturais, com pescoço, cotovelos, joelhos e

tronco flexionados, condição frequentemente associado com a rigidez, mas que

só ocorre no final da doença (Jankovic, 2008).

Além dessas, tem se destacado o freezing (bloqueios motores), forma de

acinesia, que apesar de ser característico da doença não ocorre

universalmente, sendo mais frequente em homens e menos frequente em

pacientes que apresentam o tremor como principal sintoma, foram

considerados por alguns pesquisadores como novos sinais cardinais da

doença. Normalmente se manifesta como uma incapacidade súbita e

temporária de se mover, podendo incluir a hesitação de início ao andar ou uma

súbita incapacidade para mover os pés em situações específicas, se

apresentando como a causa comum de quedas; vêm sendo inclusas entre as

mais clássicas características do parkinsonismo, onde a DP é a forma mais

10

comum (Jankovic, 2008). Depressão, apatia, ansiedade, transtornos do impulso

e sintomas psíquicos são alguns dos sintomas secundários mais comuns

encontrados na doença de Parkinson. Os critérios atuais relacionados ao

diagnóstico da DP exigem a presença de ao menos dois dos sinais cardinais e

todas as causas que levam ao parkinsonismo secundário devem ser excluídas

(Beitz, 2014).

No diagnóstico diferencial é levado em consideração o histórico clínico,

exame físico do paciente, indícios laboratoriais e estudo de imagem. É

importante salientar que o diagnóstico definitivo de DP só é possível através de

necropsia (ou biópsia) (Azevedo, 2014).

1.3.5 Tratamento

O tratamento da DP atualmente é sintomático, sendo o alívio de

dificuldades motoras e cognitivas afim da preservação funcional do paciente,

principalmente o adiamento da internação, os objetivos primários da terapia.

Secundariamente, são prescritos medicamentos para o tratamento de sintomas

psiquiátricos e comportamentais que ocorrem como resultado da doença

(Drozdzik et al., 2013).

O objetivo do tratamento farmacológico é apenas controlar os sintomas.

A levodopa é o antiparkinsoniano mais usado e mais potente com capacidade

de reduzir todos os sintomas, e associado ao carbidopa reduz os efeitos

colaterais e possibilita o cruzamento de uma maior quantidade de levodopa na

barreira hematoencefálica, aumentando a disponibilidade de dopamina, dentre

outros mecanismos de fármacos agonistas dopaminérgicos direto ou indireto.

Ainda é possível a associação de anticolinérgicos, com ação antagonista à

disponibilidade excessiva de acetilcolina na placa motora dos músculos.

Entretanto, conforme a variação dos sintomas deve-se modificar tipo específico

de medicamento e posologia, pois a maioria das pessoas responde aos

medicamentos, entretanto a resposta ao tratamento varia de acordo com cada

indivíduo (Paulo, Picon, Inez, & Gadelha, 2010).

11

O tratamento físico (proporcionado por fisioterapeuta e educador físico)

tem grande importância, pois atua em todas as fases do Parkinson, para

melhorar a força muscular, coordenação motora e equilíbrio, influenciando na

marcha e até mesmo na eficiência da respiração, uma vez que se trata de

musculatura estriada esquelética e com modulação dopaminérgica (Hauser &

Josephson, 2015).

Existem diferentes métodos de tratamento com exercícios para DP

referidos na literatura, entretanto são limitados os estudos de qualidade sobre

programas de reabilitação motora. Existem limitações metodológicas e uso de

programas terapêuticos não específicos, que impedem uma boa avaliação dos

resultados obtidos (Herman, Giladi, & Hausdorff, 2009). Contudo, há uma

tendência ao treinamento com foco cardio-pulmonar, dentre estes o de esteira

merece enfâse (Schenkman et al., 2012; Shulman et al., 2013). Sendo que o

treinamento de marcha em esteira destaca-se por meio da melhora de

parâmetros biomecânicos da marcha em pacientes com DP (Herman et al.,

2009). As principais evidências são: estimulação sensorial contínua; ativação

de circuitos neurais geradores de padrão central para marcha; feedback visual;

velocidade constante e aprendizado motor, sendo que para a DP estes são

benefícios, pois o paciente utiliza a distancia do seu corpo até a parte da frente

da esteira como uma pista visual, o que auxi lia o posicionamento do corpo no

espaço e no reforço da atenção para a tarefa (Bello, Sanchez, & Fernandez-

del-Olmo, 2008).

Vale acrescentar que é comum a necessidade de acompanhamento

psicológico devido a todas as alterações psico-motoras (Paulo et al., 2010).

Nas últimas décadas, assistimos a uma proliferação de terapias

farmacológicas, clínicas e intervenções cirúrgicas inovadoras. No entanto, a

terapia modificadora da doença definitiva ainda está faltando. Terapias

experimentais estão sendo desenvolvidas e testadas com resultados limitados

(Beitz, 2014).

12

1.4 Plasticidade neuronal e Fator Neurotrófico Derivado do Encéfalo

(BDNF) na DP

A plasticidade neural pode ser definida como uma mudança adaptativa na

estrutura e nas funções do sistema nervoso, sabe-se que durante um processo

de aprendizagem ocorrerem mudanças plásticas em junções neuronais

apontando a hipótese de que exercícios realizados, por meio de treino mental,

podem causar maior crescimento de ramificações neurais (Rienzo et al., 2014).

Há de se dizer que o avanço da nossa compreensão das mudanças de

neuroplasticidade associados com deficiência motora e os mecanismos inatos

de reparação é fundamental. Tratamentos que aumentam neuroplasticidade

estão sendo explorados, como as terapias de reabilitação motora potenciais, a

exemplo a terapia com células-tronco que poderia recuperar o controle motor

(Dimyan & Cohen, 2011).

Os estudos de plasticidade neural analisam as mudanças morfofisiológicas

em circuitos neurais mediante alterações especificas, como na DP. As

questões relativas à plasticidade neural têm sido analisadas tanto ao nível

molecular, com ênfase em mecanismos e processos celulares, como também

ao nível de sistemas neurais e comportamentais (Rienzo et al., 2014). Todavia,

o objetivo da recuperação motora gira em torno da necessidade de qualidade

de vida para estes pacientes, propondo intervenções experimentais capazes

de melhorar a neuroplasticidade afim de melhorar a habilidade motora.

Entretanto, considerando a limitação desses processos seria muito produtivo

encontrar alternativas menos invasivas.

1.4.1 BDNF

Neurotrofinas são caracterizadas como fatores de desenvolvimento

neuronais. Encontradas no cérebro, em especial no hipocampo, e na periferia,

participam da sobrevivência neuronal e da neurogênese. São elas: o Fator

Neurotrófico Derivado do Encéfalo (BDNF), neurotrofina-3 (NT-3) e

neurotrofina-4/5 (NT-4/5).

13

Sobretudo, destaca-se a atuação da neurotrofina madura do BDNF que

após a clivagem interage com a proteína de membrana tirosina quinase B

ativando uma cascata de sinalização, capaz de promover a sobrevivência e

regulação da expressão de marcadores fenotípicos dopaminérgicos (T Foltynie

et al., 2009). Estudos apontam que o BDNF é capaz de impedir a morte

espontânea de neurónios dopaminérgicos em cultura celular do mesencéfalo

de ratos (Hyman et al., 1994) e exerce um efeito protetor na presença de

neurotoxinas (Hung & Lee, 1996).

O gene responsável pela codificação do BDNF encontra-se no cromossomo

11p13, a partir de sua transcrição é possível obter o RNA-m (Ácido

ribonucleico-mensageiro) que será traduzido pela leitura dos seus respectivos

códons, permitindo a síntese do BDNF. No entanto, um polimorfismo na região

codificadora (éxon) leva a permuta de aminoácidos, o que resulta numa

variação do BDNF. Estudos apontam correlação entre esse polimorfismo e a

menor secreção de BDNF. Embora esse polimorfismo não esteja diretamente

associado com DP, sabe-se que esse variante foi relacionada ao déficit na

habilidade cognitiva para planejamento da função motora nos indivíduos

acometidos por DP, levantando a hipótese de que a interações entre a

secreção de BDNF e degeneração dos neurônios dopaminérgicos Nigro-

estriatal possam resultar no desequilíbrio de dopamina (DA) da área pré-

frontal-estriatal (Thomas Foltynie et al., 2005). Estes indivíduos apresentam

níveis reduzidos periféricas e centrais desta neurotrofina, a perturbação do

funcionamento motor executivo pode ser, ao menos em parte, explicado pelo

efeito negativo da diminuição do BDNF e a disponibilidade nos caminhos da

dopamina, ligados a essas funções (Savitz, Solms, & Ramesar, 2006).

Podemos considerar o BDNF como um inibidor potente da morte celular

mediada por apoptose e a degeneração induzida pela neurotoxina de

neurônios dopaminérgicos. Existe uma crescente onda de evidências que

relaciona o BDNF na patogénese DP, sugerindo que possa, eventualmente, ser

utilizado no desenvolvimento de terapias neuroprotetoras para DP.

Funcionalmente o BDNF regula a plasticidade sináptica e desempenha um

papel crítico na manutenção normal da função do córtex pré-frontal (Savitz et

14

al., 2006) (Woo & Lu, 2006), desempenhando um papel relevante tanto na

promoção da sobrevivência dos neurônios estriatais dopaminérgicos quanto na

regulação da conexão sináptica (Gómez-Pinilla, Ying, Roy, Molteni, & Edgerton,

2002). Nos seres humanos, demonstrou-se que no cérebro e a nível periférico,

esta proteína pode ser significativamente reduzida em pacientes com DP, em

comparação a indivíduos saudáveis (Scalzo, Kümmer, Bretas, Cardoso, &

Teixeira, 2010), reforçando a teoria que associa o nível de BNDF à plasticidade

neuronal. Sabe-se ainda, que o tratamento com antiparkinsonianos pode

contribuir para o aumento desses níveis, no entanto com muitas limitações

(Gyárfás, Knuuttila, Lindholm, Rantamäki, & Castrén, 2010).

Em particular, tem sido demonstrado que o BDNF protege os neurônios de

dopamina in vitro: a partir da implantação de fibroblastos capazes de secretar

BDNF humana transgênica perto da substância negra de ratos, observa-se a

contrariedade na morte de neurônios dopaminérgicos, esperada devido a

efeitos neurotóxicos diante das substâncias utilizadas no experimento (Frim et

al., 1994). Em conjunto estes dados indicam que o BDNF não só é necessário

para a sobrevivência dos neurónios dopaminérgicos, mas pode também

potencializar a sua atividade nestas regiões (Angelucci et al., 2015). Pois dados

sugerem que os axônios remanescentes à lesão desenvolvem ramificações e

estabelecem novos contatos sinápticos, um dos processos que caracterizam a

plasticidade pós-lesão. Ou seja, após a lesão ocorre uma recuperação

comportamental correlacionada com mecanismos celulares e processos

fisiológicos relacionados com a formação de novas sinapses e alterações

funcionais daquelas sinapses remanescentes (Schwarting & Huston, 1996).

Esses dados convergem para a hipótese de intervenção na progressão da DP

através da plasticidade neuronal.

Todavia o avanço da nossa compreensão das mudanças de

neuroplasticidade associados com deficiência motora e os mecanismos inatos

de reparação é essencial. Tratamentos que aumentam neuroplasticidade estão

sendo explorados. No entanto, ainda pouco se sabe sobre o papel do BDNF

em efeitos relacionados com o exercício físico na doença de Parkinson (Real et

al., 2013). No trabalho de Scalzo et al (2010) o BDNF foi avaliado no soro de

47 pacientes com DP e de 23 indivíduos do grupo controle, e os níveis séricos

15

de BDNF foram significativamente menores nos pacientes com DP, quando

comparados com os controles (p = 0,046). Curiosamente, os autores também

observaram que o BDNF apresenta aumento diretamente proporcional com um

intervalo de tempo mais longo da doença, bem como com a gravidade dos

sintomas de DP e com fases mais avançadas da doença. Além disso, os níveis

de BDNF mais elevados também apresentaram correlação com falta de

equilíbrio, avaliada pela Escala de Equilíbrio de Berg, mais tempo gasto no Up

& Go teste cronometrado, redução na velocidade de marcha e menor distância

percorrida durante o teste de caminhada de seis minutos. A hipótese apontada

pelos autores é que os níveis mais baixos de BDNF em estágios iniciais da

doença podem estar associado a mecanismos patogênicos da DP, enquanto

que o aumento dos níveis de BDNF com a progressão da doença pode ser um

mecanismo compensatório em estágios mais avançados da DP. (Scalzo et al.,

2010)

1.5 Treinamento Físico e Imagética Motora (IM)

Sabe-se que os níveis séricos de BDNF em pacientes com DP pode mudar

depois de reabilitações, tais como treinamento motor intensivo (Frazzitta et al.,

2014). Há de se ressaltar que o BDNF está envolvido com a manutenção do

Sistema Nervoso a nivel central o que reflete na capacidade funcional motora.

Sendo a perda de massa muscular inerente ao processo de envelheciemento

(sarcopenia), quando nos referimos a idosos parkinsonianos, sabe-se que há

um agravo, pois além da sarcopenia há uma inatividade fisica maior pela

própria evolução da doença (Schestatsky et al., 2006).

Com fundamentação nos argumentos apresentados é possivel especular

que o descondicionamento físico pode agravar os sintomas, e uma estratégia

para minimizar ou até mesmo reverter esse agravo seria a prática de exercício

físico, visto que além dos benefícios para a capacidade física, estimula também

de modo geral o sistema nervoso. Estes apontamentos convergem, por

semelhança, na observação de modelos animais em que o aumento do BDNF

estriatal tem sido associado aos efeitos neuroprotetores do treinamento físico

16

(Tuon et al., 2012) e ao dano reduzido para o sistema dopaminérgico (Real et

al., 2013). Estes efeitos em modelos animais não se limitam a DP, mas

também a outras condições neuropatológicas tais como acidente vascular

cerebral (Dimyan & Cohen, 2011).

O exercício é o termo geral para a atividade física que é planejada,

estruturada e repetitiva com a finalidade de condicionar qualquer parte do

corpo. (Petzinger et al., 2013). É possível observar, a partir de artigos de

revisão, que ainda não há um consenso científico em relação ao modelo de

exercício mais eficiente para o aumento de BDNF (Coelho et al., 2013)

(Saltychev, Bärlund, Paltamaa, Katajapuu, & Laimi, 2016). Contudo, há uma

tendência que aponta os benefícios agudos de exercícios aeróbicos para o

aumento de BDNF sérico (Coelho et al., 2013).

O treinamento físico aplicado pode ser definido como um plano de

exercício destinado a diminuir as deficiências, visando a reabilitação, levando

em consideração a condição atual e definindo o tipo de exercício, intensidade,

duração e frequência. Entretanto, os estudos realizados previamente

concluíram que não há evidência suficiente para escolher um tipo de exercício

em sobreposição ao outro, pois mesmo diante de publicações, sempre há uma

predileção de um tipo de exercício e ou treinamento ao outro, somente em

relação a uma variável específica, o que nos oferece suporte a noção, de que

uma terapia isolada intensiva do exercício, não pode ser ótima. Já a terapia

ergométrica apresenta o potencial para melhorar muitos domínios clínicos da

DP (Uhrbrand, Stenager, Pedersen, & Dalgas, 2015), sendo o exercício aeróbio

definido como atividade física vigorosa e sustentada que leva ao aumento da

função cardiopulmonar, resultando em melhor consumo de oxigênio (absorção

máxima de oxigênio) e fluxo sanguíneo para o cérebro. Esta quantidade de

intensidade normalmente atinge uma meta de 60% a 85% da freqüência

cardíaca máxima (Petzinger et al., 2013).

Conforme revisão de Petzinger et al (2013), indivíduos com doença de

Parkinson tornam-se mais cognitivamente envolvidos com a prática e

aprendizagem de movimentos e habilidades que eram anteriormente

automático e inconsciente, pois o exercício aeróbio, considerado importante

17

para a melhoria do fluxo sanguíneo e facilitação da neuroplasticidade em

idosos, também pode ter um papel na melhoria da função motora em indivíduos

com DP, já que estes indivíduos necessitam lidar e sustentar uma carga

cognitiva maior para executar tarefas motoras ou cognitivas (por exemplo,

memória de trabalho). Sendo que exercícios que incorporam treinamento

baseado em objetivos e atividade aeróbia têm o potencial de melhorar

componentes cognitivos e automáticos do controle motor em indivíduos com

doença leve a moderada (grau II e III) através de neuroplasticidade dependente

da experiência (Kim et al., 2016; Koo et al., 2013).

Os seres humanos possuem a capacidade de gerar processos cognitivos de

percepção e ação na ausência de estímulos externos. Essa função é conhecida

como imagética (Jackson, Lafleur, Malouin, Richards, & Doyon, 2001).

Podendo ser executada em diferentes modalidades, tais como visual

(perspectiva externa), auditiva, tátil, cinestésica (perspectiva interna), olfativa,

gustativa ou uma combinação de todos estes sentidos. A imagética do

movimento refere-se ao processo de imaginar o movimento de um objeto ou de

uma pessoa. Quando o próprio corpo está envolvido, os pesquisadores

preferem usar o termo: imagética motora (IM), pois corresponde a um processo

ativo em que a representação de uma ação específica é reproduzida

mentalmente, porém sem haver execução de fato (Jeannerod & Decety, 1995),

pois os comandos neurais para contrações musculares são bloqueados em

algum nível do sistema motor por mecanismos inibitórios ativos (Rienzo et al.,

2014).

Há de considerar ainda que existem similaridades entre os movimentos

corporais fisicamente executados e imaginados, bem como nas estruturas

cerebrais envolvidas, observado através de técnicas de mapeamento cerebral

(Roth et al., 1996), ainda que haja um dano cerebral limitado, é possível

observar essa similaridade (Sirigu et al., 1995).

O estudo de Decety & Boisson (1990), favorece a idéia que imagética

motora é um processo dependente da integridade das estruturas cerebrais,

relacionadas com o planejamento e a execução do movimento. Sendo estas

estruturas cerebrais sugeridas como sendo a área motora suplementar (SMA),

18

o cerebelo, córtex pré-motor, giro do cíngulo, giro parietal superior e inferior e

córtex motor primário e secundário (Decety, 1990).

Com todas as contribuições de estudos na área, é notório que os agravos

neurofisiológicos resultam em específicas mudanças nas ativações cerebrais

durante IM, que levam às reorganizações estruturais e funcionais, por meio da

neuroplasticidade (Rienzo et al., 2014). Um estudo de Dickstein & Deutsch

(2007), aponta evidências que a IM acarreta uma diferenciação na ativação

cortical, de acordo com o grau de vivência real desta tarefa, sugerindo

preservação da capacidade funcional. No entanto, este resultado pode indicar

que a simulação de tarefas complexas, por indivíduos que não têm experiência

prévia em sua execução, demanda maior esforço cognitivo, acarretando a

ativação de regiões corticais do hemisfério direito para auxi liar o processo de

aprendizagem. Contudo, os resultados do estudo citado demonstram relação

da imagética motora com o processo de planejamento e memorização de

movimentos voluntários bem como a diferenciação na atividade neuronal

(Stecklow, Infantosi, & Cagy, 2007)(Dickstein & Deutsch, 2007).

1.6 Treinamento físico associado ao imaginado na DP

Para execução de um movimento é necessário um planejamento que ocorre

por meio da imagética motora (Saimpont, Malouin, Tousignant, & Jackson,

2013).

A locomoção, por exemplo, requer participação cognitiva, pois a

organização de padrões locomotores ocorre a partir de estímulos espaciais e

proprioceptivos, que são processados e integrados pelos dois hemisférios

cerebrais, em áreas corticais somatossensoriais e motoras bem como em

outras estruturas que compõem os sistemas motores (medula espinhal, tronco

encefálico, cerebelo, tálamo, núcleos da base). Toda essa integração neural

envolve uma modulação neuroquímica muito sutil com a ação de diferentes

neurotransmissores, dentre os quais a dopamina tem uma função primordial.

Há de se ressaltar que um conjunto importante de neurônios que sintetizam e

liberam a dopamina encontra-se na substância negra, uma estrutura localizada

19

no mesencefálo. Contudo, esses neurônios dopaminérgicos projetam-se para

os núcleos da base e seus axônios constituem o sistema dopaminérgico

nigroestriatal (Schwarting & Huston, 1996). Portanto, ocorre exocitose da

dopamina que inibe a excitabilidade decorrente da liberação de acetilcolina,

modulando a ação a acetilcolina na placa motora sobre a miofibrilas de actina e

miosina, responsáveis pela contração do músculo estriado esquelético. Para

que haja precisão nesse movimento é necessária a modulação

dopaminérgica(J. A. Morgan, Corrigan, & Baune, 2015) .

O sistema extra-piramidal funciona como um sistema que está

associado ao córtex cerebral e ao sistema corticoespinhal para informações de

padrões complexos de movimento. O sistema é formado pelos núcleos da base

(núcleo caudado, putâmem, globo pálido), subtálamo e substância negra.

Alterações em algum destes componentes prejudica a elaboração de

movimentos automáticos, e semi-automáticos, no tônus postural e na

coordenação dos movimentos voluntários (Kringelbach & Rolls, 2004).

Considerando que na DP há diminuição dos neurônios dopaminégicos,

ocorre hiperexcitabilidade da acetilcolina na placa motora levando aos tremores

que impedem o controle do movimento (Rienzo et al., 2014). Deste modo

estudos apontam que se houver lesão na substância negra em apenas um dos

hemisférios, ocorrerá um desequilíbrio inter-hemisférico na modulação

dopaminérgica da motricidade, resultando em dificuldades de locomoção e no

aparecimento de um comportamento rotacional em torno de si mesmo,

contínuo, estereotipado e assimétrico (S. Morgan, Nomikos, & Huston, 1991).

É possível concluir que na DP a morte desses neurônios pode ser

bilateral e gradativa, o que explicaria os sintomas progressivos. Sabemos ainda

que pesquisas em neuropsicobiologia do envelhecimento têm como objetivo

compreender e expor de que modo as variáveis cognitivas são afetadas pelo

processo natural de envelhecimento associado ou não à DP, todavia é possível

afirmar que na DP ocorre declínio das funções executivas, habilidade visuo-

construtiva, memória procedimental e velocidade de processamento, sendo

domínios que envolvem a imagética motora (Rienzo et al., 2014).

20

IM pode ser eficiente para estimular as vias cortico-motora e a

recuperação motora, apontando, assim, o papel específico do hemisfério direito

em aspectos de ordem superior de planejamento do movimento. Em

participantes com DP testados sem medicação, a facilitação corticoespinhal de

partes do corpo afetadas estava ausente durante IM, uma descoberta que

aponta para os efeitos de DP em funções motoras cerebrais (Dickstein &

Deutsch, 2007).

A aplicação prática de IM no tratamento da DP é uma nova abordagem no

tratamento para melhora da função motora, sendo que, em estudo, a maioria

dos sujeitos estudados do sexo masculino, com faixa etária de 47 a 67 anos

(Heremans et al., 2011). Em estudo comparativo do tratamento de um grupo

usando uma combinação da prática de treinamento físico e IM com tratamento

de outro grupo utilizando apenas prática física em indivíduos com DP (sendo a

maioria dos sujeitos estudados do sexo masculino, com idade média de 67.4 ±

9.7 anos), após a intervenção, apesar da melhora sobre a autonomia motora,

observou-se que o grupo de tratamento combinado apresenta desempenho

significativamente mais rápido de sequências de movimento que o grupo

controle (Tamir et al., 2007).

Embora, através de estudos reunidos numa revisão sistemática elaborada

por Rienzo et.al., os autores não afirmam que os benefícios da IM, superem os

da pratica física, mas admitem que sua combinação rendeu melhorias mais

fortes em aprendizagem motora e reabilitação Permitindo concluir que a

associação de treino físico e imaginado pode ser eficaz para o tratamento da

DP, (Rienzo et al., 2014), e a implementação deste regime de tratamento

combinado permite a extensão do tempo de prática com risco baixo e custo

reduzido (Tamir et al., 2007).

O movimento imaginado pode influenciar a capacidade motora em

pacientes com DP (Avanzino, Pelosin, Martino, & Abbruzzese, 2013). Pois

fases da atividade refletem a mobilização de recursos mentais durante IM,

particularmente vigilância e atenção (Dickstein & Deutsch, 2007). Estes dados

foram observados por métodos de neuroimagem, e possuem implicações

poderosas sobre a possibilidade de usar IM para favorecer a neuroplasticidade

21

associada com a recuperação motora através da prática mental, pois

importantes circuitos compensatórios podem ser alvo da neuroplasticidade de

adaptação. Foi observado um neurofeedback em pacientes com DP para

recrutar voluntariamente a área motora suplementar com intensidades

semelhantes como durante a prática física, de modo que ocorreram melhorias

motoras clinicamente significativas (por exemplo, aumento da velocidade de

movimento) após várias semanas de prática de IM. Sabe-se também, que os

níveis tônicos podem ser usados como um índice de fadiga mental e excitação

fisiológica durante sessões de prática mental. Estes aspecto tem de ser

cuidadosamente levado em consideração na concepção de protocolos de

reabilitação baseado na IM (Rienzo et al., 2014).

Sabe-se que o treino de imagética mostra-se mais eficiente através da

combinação de IM implícita e explícita (Tamir et al., 2007). A IM implícita

também é chamada de interna devido ao seu perfil cinestésico sendo melhor

para as tarefas que enfatizavam tempo ou a coordenação das mãos, enquanto

que a IM explícita também é chamada de externa devido ao seu perfil visual

sendo mais adequada para tarefas que enfatizavam forma e estabilidade

postural (Dickstein & Deutsch, 2007) (Rienzo et al., 2014).

Em relação a ganhos práticos, a IM visual mostrou-se mais eficaz

quando se referiu a espaço, ambiente, movimento refinado ou uma tarefa

gráfica, tais como escrita e desenho. Por outro lado, para uma tarefa que

envolve o desempenho de precisão e uso das mãos, a cinestésica foi mais

eficiente (Schack, Essig, Frank, & Koester, 2014).

Contudo se sugere que a IM, de modo geral, está baseada em processos

de simulação que recrutam representações motoras, e que a imaginação,

observação e execução dos movimentos compartilham uma parte importante

de seus circuitos neurais. Ocorre um esforço cognitivo que envolve a memória

de trabalho para que os esquemas sejam modificados com base no feedback.

No entanto, isto conduz a novos ajustes generalizados do programa motor

quando se pratica um movimento, a fim de alcançar o resultado desejado

subsequentemente, e que posteriormente será direcionado a memória de longo

prazo (Dickstein & Deutsch, 2007). Sendo assim, estas conclusões convergem

22

para a neuroplasticidade também através da IM. Deste modo, sustenta-se a

tese de nos casos em que a condição neurológica não permite que os

pacientes produzam movimentos mais complexos, a imagética motora auxilie a

manter o programa motor ativo (Lameira et al., 2008) convergindo à teoria de

manutenção da plasticidade neuronal (Rienzo et al., 2014).

1.7 Percepção da dimensão corporal e DP

Habilidades cognitivas têm sido relacionadas fundamentalmente com as

áreas lateralizadas no córtex parietal, refletindo em déficits visuoespaciais e de

atenção, que são frequentemente atribuídos a DP (Schendan, Amick, & Cronin-

Golomb, 2009). Contudo, um segundo componente perceptual possível nos

problemas motores da DP, investigada em um estudo, é uma perturbação da

representação do espaço externo, isto é consistente na constatação de que os

pacientes têm problemas com a imagética. Os autores de tal estudo

propuseram que a capacidade de manter a atenção para um alvo específico é

interrompida na DP. Parece provável que tais problemas de atenção também

afetem a organização de ações motoras mais complexas, como caminhar (Lee

et al., 2001).

Existem diferenças entre DP-esquerdo e do lado direito (EDP e DDP),

pois apesar de demonstrarem déficits de atenção, aparentemente relacionados

à DP, os pacientes EDP e DDP mostram padrões opostos de processamento

perceptual, sendo EDP com comprometimento perceptivo local, enquanto na

DDP observam-se sinais de comprometimento global (Schendan et al., 2009).

Contudo, pacientes com DP são altamente precisos, entretanto tendem a ser

geralmente mais lentos para responder a qualquer padrão visual, o que é

esperado por conta da desaceleração decorrente do tratamento referente à

disfunção dos núcleos da base. Sendo assim, sua velocidade de resposta

demonstra um padrão de disfunção processamento visuoespacial que varia

dependendo lado do início dos sintomas motores. Como previsto, EDP e os

pacientes DDP mostram um padrão de desempenho que se assemelha a

pacientes com lesões unilaterais tempoparietais à esquerda ou à direita,

respectivamente (Lee et al., 2001). Essas descobertas enfatizam que a futura

23

investigação sobre as habilidades funcionais de pacientes com DP deve

considerar o fator de lado do início dos sintomas motor.

As sensações são recebidas por vias aferentes sensoriais e multimodais,

que incluem os sistemas proprioceptivo, vestibular, somatossensorial e visual.

Essas informações são projetadas para as áreas primárias corticais e formam

uma representação gráfica chamada de somatotopia, seguindo para a área

cortical secundária (de associação) onde são interpretadas a dimensão e forma

corporal, e convergem para uma área cortical mais complexa que é a área

terciária (temporoparietal), informações são processadas e encaminhadas para

o córtex motor sendo fundamentais para a elaboração do movimento (Thurm,

Pereira, Fonseca, Cagno, & Gama, 2011) (B.E., Thurm; A., Matoso; A.C., Diaz;

C., Paschoalini; E., Neves; R., Tuunelis; H.D., Kiyomoto; E.F., 2013).

Considera-se que para desenvolver a IM, diversas áreas corticais necessitam

ser acionadas, de modo que, o indivíduo seja capaz de elaborar um movimento

imaginado. Caso um indivíduo não seja capaz de imaginar um movimento

pode-se pensar num comprometimento cortical em diversas áreas distintas:

córtex temporoparietal (percepção dimensional, postural e espacial do corpo);

área pré-motora (planejamento motor), giro pré-central (execução

motora)(Rienzo et al., 2014) (Gabbard & F, 2013).

A IM depende de uma percepção corporal apurada (Avanzino et al., 2013),

sendo possível que o indivíduo com DP esteja mais susceptível a dificuldades

para perceber a dimensão corporal devido ao comprometimento da modulação

dopaminérgica da substância negra sobre a via estriatal, que se apresenta

diminuído, interferindo nas funções corticais, em particular relacionadas ao

movimento.

2. HIPÓTESE

O treinamento físico e imaginado pode ser capaz de levar ao aumento

progressivo de neuroplasticidade, que pode ser observada na melhora das

atividades diárias devido a maior capacidade de planejamento motor e maior

acuidade da percepção corporal. Acredita-se que as aquisições, referentes ao

treinamento físico associado ao imaginado, depende de continuidade.

24

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Investigar os efeitos do treinamento físico e imaginado sobre parâmetros

bioquímico, perceptual e funcional relacionados à plasticidade neuronal em

idosos parkinsonianos.

3.2 Objetivos específicos

Mensurar o BDNF sérico em idosos Parkinsonianos;

Mensurar a capacidade funcional para as atividades de vida diária;

Mensurar a percepção da dimensão corporal;

Mensurar o tempo de reação para imagética;

* Todas as mensurações em idosos Parkinsonianos, nos momentos

antes, depois e após 20 semanas de treinamento físico associado ao

imaginado;

4. MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se uma pesquisa aplicada de base experimental quantitativa, através

de um estudo de caso, causa e efeito em seres humanos. Realizada nos

laboratórios de Reabilitação Cardiorrespiratória, Laboratório do Movimento

Humano e Laboratório de Percepção Corporal e Movimento da Universidade

São Judas Tadeu.

Para que seja possível a realização da pesquisa com seres humanos é

necessário atender às exigências éticas e científicas fundamentais. O estudo

está embasado em literatura científica, que fornece informações necessárias

sobre a segurança da tarefa para indivíduo nos testes e na intervenção,

conforme resolução 466/12 o que minimiza o risco da participação da pesquisa.

Portanto, o mesmo só teve início após aprovação do Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu. A presente pesquisa (CAAE

56852116.20000.0089) foi aprovada pelo comitê de Ética em Pesquisa (CEP)

sob o parecer de número 1.738.264 (ANEXO I).

25

4.1 Participantes

Seleção não probabilística intencional, composta de 13 sujeitos recrutados

da lista de espera dos pacientes da Clínica de Fisioterapia da USJT.

(APÊNDICE I).

Todos os sujeitos do estudo assinaram um Termo de Consentimento Livre

Esclarecido (APÊNDICE II) e responderam a um questionário para

determinação das características sociodemográficas (APÊNDICE III).

4.1.1 Critérios de inclusão

Foram selecionados portadores da doença de Parkinson; de ambos os

sexos; envelhecentes e idosos; para participarem do estudo os participantes

foram classificados pela escala de Hoehn e Yahr (1967) segundo o grau da

incapacidade determinada pela doença (Goulart & Pereira, 2005), sendo

incluídos apenas os participantes com grau II e III (conforme Tabela 1). Foi

aplicado o questionário de Mini Exame do Estado Mental (MEEM), composto

por seis grupos de perguntas (Folstein, Folstein, & McHugh, 1975), permitindo

rastrear perdas cognitivas por meio de pontuação, sendo que a pontuação

máxima corresponde a 30 pontos e existe uma pontuação de corte de acordo

com a escolaridade do sujeito (≥ 24 pontos) (APÊNDICE IV).

Tabela 1: Escala Hoehn & Yahr - estágios da Doença de Parkinson e sintomas

Estágio Sintomas 1 Apresenta sintomas unilaterais 2 Apresenta sintomas bilaterais, sem prejuízo ao equilíbrio 3 Comprometimento posturais: refletido na independência física

4 Incapacidade grave, mas ainda é capaz de caminhar ou ficar em pé sem

assistência

5 Cadeira de rodas ou acamado

Fonte: (Hoehn & Yahr, 1967)

26

4.1.2 Critérios de exclusão

Os participantes que tenham diagnóstico de outra demência, Doença

Encéfalo Vascular (DEV), Lesão de Medula Espinhal (LME), membro

amputado, hipertensão arterial ou diabetes mellitus não controlado, lesão

ortopédica que impossibilite a realização do experimento (instabilidade

articular, luxação, fraturas recentes, grave contratura em músculos dos

membros inferiores, e outros), afasia ou inabilidade de seguir dois comandos

ao mesmo tempo (déficit cognitivo grave avaliado pelo MEEM) foram excluídos

do experimento no momento da triagem. E posteriormente, se o sujeito

apresentou alguma indisposição significativa.

Os participantes da pesquisa, após satisfazerem os critérios acima

descritos, foram submetidos ao protocolo de intervenção, para que se inicie o

protocolo estabelecido por meio do delineamento deste estudo.

Os participantes realizaram treinamento físico, com ênfase na marcha, por

meio de exercícios aeróbicos funcionais, predominantemente em esteira,

acrescentado o treinamento de IM explícita (externa – visual) e IM implícita

(interna – cinestésica).

A devolutiva referente ao desempenho e a evolução de todos os

participantes foi realizada após as intervenções, para não influenciar na coleta

de dados. Não tivemos sujeitos sem treinamento, ou apenas com treinamento

imaginado por questões éticas a fim de não privar nenhum sujeito do

tratamento físico, bem como a formação de um grupo somente com

treinamento físico foi impossibilitada pelo número restrito de voluntários e

tempo hábil para realização da pesquisa, no entanto há aporte teórico na

literatura que já aponte os benefícios desse tipo de treinamento nessa

população (Ahlskog, 2011; Coelho et al., 2013; Frazzitta et al., 2014; Kim et al.,

2016; Knaepen, Goekint, Heyman, & Meeusen, 2010; Petzinger et al., 2013;

Schmolesky, Webb, & Hansen, 2013; Szuhany, Bugatti, & Otto, 2015; Tuon et

al., 2012; Yau, Gil-Mohapel, Christie, & So, 2014)

27

4.2 Delineamento do Estudo

O protocolo da pesquisa foi composto por quatro etapas: coleta antes,

intervenção, coleta depois e após 20 semanas, como descritas na figura1.

Figura 1: Esquematização do delineamento do estudo, mostrando inscrição e

participação dos sujeitos nas etapas.

Nota: Esquema elaborado pela própria autora baseado no formato de Clinical Trial.

28

4.2.1 Coleta Antes

4.2.1.1 Quantificação de BDNF sérica

Com o objetivo de avaliar os níveis de neuroplasticidade, amostras de

sangue venoso periférico foram coletadas (respeitando um período de 30 min

de repouso, para normalização dos níveis periféricos do BDNF circulante)

assepticamente em tubos Vacutainer (10 ml) com anticoagulante e mantidas a

4° C durante não mais do que 2 horas da coleta de sangue, e centrifugadas a

3000 rpm durante 15 minutos e armazenado a - 80 ° C até análise. Estes

plasmas foram obtidos em dois momentos apenas: antes do início e após as

intervenções. Os níveis de BDNF no soro foram determinados usando o

imunoensaio enzimático - o kit comercial disponível para BDNF (Human BDNF

Duo Set Elisa) pelo método Elisa.

Placas para microtitulação (96 poços fundo plano) foram revestidas por

24 horas com as amostras diluídas na proporção de 1:2 e a curva padrão na

faixa de 2.8 a 500 pg de BDNF. As placas foram lavadas quatro vezes com

tampão de lavagem, sendo adicionados os anticorpos anti-BDNF de coelho e

incubados por 2 horas à temperatura ambiente. Depois de lavadas, uma

segunda incubação com anticorpos anti-coelho conjugados com peroxidase por

2 hora a temperatura ambiente foi adicionada. Após a adição de estreptavidina,

substrato e solução preparada, a quantidade de BDNF foi determinada

(absorbância em 450nm). A curva padrão demonstra a relação direta entre a

densidade ótica (DO) e a concentração de BDNF: isto é, quanto maior a DO

maior a concentração de BDNF na amostra. Deste modo, os ensaios foram

realizados de acordo com as instruções do fabricante e todas as amostras

foram analisadas em duplicata em leitor de Elisa, obtendo os resultados a partir

da densidade óptica captada pelo leitor, proporcional à concentração de BDNF

presente na amostra.

Amostras de plasma coletadas de todos os indivíduos incluído no estudo

foram avaliadas por ELISA para detecção da concentração de BDNF antes e

depois a intervenção. Os valores de absorbância obtidos após leitura em

29

espectrofotômetro a 450 nm foram convertidos em pg/mL após elaboração da

curva padrão com concentrações conhecidas do BDNF (R= 0,99).

As amostras dos voluntários foram transportadas e preservadas em

recipiente isotérmico, quando requerido, higienizável, impermeável, garantindo

a sua estabilidade desde a coleta até a realização dos exames, identificado

com a simbologia de risco biológico. O descarte de resíduos e rejeitos foi

realizado em lixo apropriado para materiais considerados de risco biológico, e

foi recolhido por empresa especializada, em conformidade com a legislação

vigente. O profissional responsável pela coleta tinha habilitação para coleta de

material biológico.

4.2.1.2 Questionário de dependência para AVD’s

Com o objetivo de identificar diminuição de dependência nas atividades

diárias após a intervenção, foi aplicado um questionário. As atividades básicas

foram avaliadas com base no Índice de Katz (Katz, Ford, Moskowitz, Jackson,

& Jaffe, 1963) enquanto as atividades instrumentais foram mensuradas com

base na Escala de Lawton (Lawton & Brody, 1969). Optou-se por estes

instrumentos em função de sua ampla utilização em pesquisas e seu

reconhecimento para a avaliação funcional da pessoa idosa na atenção básica

em recente documento do Ministério da Saúde (Del Duca et al., 2009).

Propomos objetividade na aplicação dos questionários, de forma que

atenda a proposta deste estudo, evitando constrangimento aos idosos

parkinsonianos devido ao comprometimento de diversas funções. Desse modo,

investigamos seis atividades de autocuidado (alimentar-se, tomar banho, vestir-

se, ir ao banheiro, deitar e levantar da cama e/ou cadeira e controlar as

funções de urinar e/ou evacuar) e oito atividades instrumentais (usar o telefone,

arrumar a casa, lavar roupa, preparar a própria refeição, tomar medicamentos,

fazer compras, transporte/locomoção e cuidar do dinheiro). Nos casos em que

o entrevistado relatou que não realiza determinada atividade no seu cotidiano,

foi solicitado que pensasse em uma situação semelhantemente vivenciada, ou

se preferir que tentasse realizar a atividade sem ajuda de terceiros e

responderia posteriormente conforme o resultado. O resultado da capacidade

30

funcional para as atividades básicas e atividades instrumentais foram avaliados

conforme escala de graus de dependência baseada no Índice de Katz, onde a

pontuação soma o número de atividades em que o indivíduo é dependente,

numa escala de 0 a 6, onde 0=independente e 6=dependente em todas as

funções (APÊNDICE V); e no Índice de Lawton-Brody, onde a pontuação

utilizada é de 0 (dependente) até 8 (independente) para as mulheres e de 0-5

para os homens. Conforme maior pontuação obtida, maior é o grau de

dependência do sujeito para realizar as atividades diárias investigadas

(APÊNDICE VI).

4.2.1.3 Teste de Percepção da Dimensão Corporal

A percepção da dimensão corporal foi avaliada por meio do Image Marking

Procedure (IMP), para posteriormente relacionar com a lateralidade. A

percepção da dimensão corporal e a lateralidade (reconhecimento do lado

direito e esquerdo) são parâmetros relacionados à percepção corporal. Nesse

teste os indivíduos foram marcados com etiqueta nas seguintes regiões do

corpo: articulações acromioclavicular direita e esquerda, curvas da cintura

direita e esquerda e trocânteres maiores do fêmur direito e esquerdo. Esse

procedimento tem como objetivo garantir que sempre sejam tocados os

mesmos pontos em todos os testes. Os indivíduos ficam em posição ortostática

diante de uma parede branca de olhos vendados. A distância do sujeito até a

parede é determinada pelo comprimento do membro superior do sujeito

semifletido de forma que sua mão atinja a parede. Sendo orientados, com

instrução verbal, a imaginar que a parede é um espelho e refletindo sua própria

imagem nele. Para marcação da dimensão percebida, são tocados os pontos

marcados e os indivíduos apontam na parede diante de si, a projeção de cada

ponto tocado. Para determinar a medida real o avaliador posiciona o indivíduo

próximo à parede com a finalidade de marcar a posição real dos pontos

tocados com o uso de uma régua.

É aplicado o Índice de Percepção Corporal (IPC), em que as distâncias

medidas dos pontos marcados no sujeito, tanto no plano horizontal, que

representa a largura corporal, como no plano vertical, que representa a altura

entre o real e o percebido em termos de lateralidade, para verificar assimetrias.

31

Aplica-se a fórmula: tamanho percebido (média das 3 dimensões percebidas)

dividido pelo tamanho real multiplicado por 100 cujo resultado final é dado em

valores percentuais. A classificação é feita por meio do seguinte critério:

sujeitos que se percebem entre 99,4% e 112,3% são considerados com

percepção corporal adequada; valores abaixo de 99,4% são classificados como

subestimação (quando o sujeito se percebe menor do que realmente é) e os

acima de 112,3%, como superestimação (quando o sujeito se percebe maior do

que realmente é) (Segheto, Segheto, Silva, & Eliane F. Gama, 2011).

4.2.1.4 Teste de lateralidade

Para reconhecer a mão em diferentes posições o sujeito faz o

movimento mentalmente para identificar a mão apresentada (Ashton,

McFarland, Walsh, & White, 1978). O que nos permite inferir sobre a

capacidade de planejamento do movimento por meio da imagética motora.

Portanto, para avaliar a capacidade de reconhecimento das posições das mãos

foi aplicado um teste de lateralidade no Laboratório de Percepção Corporal e

Movimento da USJT, utilizado o software “E-Prime” versão Standart 2.0

desenvolvido por Cohen et al. (1993), versão para Windows (Psychology

software e tools, inc.), específico para mensurar o tempo gasto para

reconhecer se a mão apresentada em foto e em diferentes ângulos é a direita

ou a esquerda. O “E-Prime” estava programado para apresentar fotos

digitalizadas de mãos direitas e esquerdas em diferentes posições: a 0, 90º

lateral, 90º medial e 180º com a palma voltada para cima e para baixo

aleatoriamente. O participante deveria reconhecer qual mão está sendo

apresentada, se a direita ou a esquerda, pressionando um botão

correspondente, sendo “Q” quando a mão apresentada foi a Esquerda e “P”

quando a mão foi a Direta. O tempo gasto para reconhecer a lateralidade foi

registrado pelo software, e, somente as respostas corretas foram consideradas.

O parâmetro utilizado para análise da lateralidade foi o tempo gasto

(milissegundos) para o reconhecimento das mão (Crocetta & Andrade, 2013).

32

4.2.2 Intervenção

4.2.2.1 Submissão ao treinamento físico aeróbico

O treinamento foi realizado nos Laboratório de Reabilitação

Cardiorrespiratória e do Movimento Humano da Universidade São Judas Tadeu

que contam com os seguintes equipamentos:

Esteira ergométrica Johnson Jet3000®;

Frequencímetro da marca Polar® modelo RS 800 CXSD;

Frequencímetro da marca Polar® modelo FS II CXSD;

Eletrocardiograma Ecafix EG700.2® com software Cardio Control;

Aferidor de Pressão Arterial (PA) aprovado pelo INMETRO

A Frequência Cardíaca (FC) foi monitorada através do eletrocardiograma

durante os testes. A Pressão arterial (PA) foi aferida a cada incremento de

velocidade, para controle da intensidade do exercício. Os pacientes não

interromperam o uso de qualquer medicamento, além de que os teste

realizados com os pacientes foi em intensidade submáxima, ou seja, até que se

alcance 80% da freqüência cardíaca máxima predita ou apresente sinais de

cansaço excessivo.

Avaliação inicial que consistiu de teste espiroergométrico em esteira

para determinação da capacidade funcional.

Os sujeitos foram submetidos, após adaptação que incluiu o uso de

suporte anti-queda, a um período de treinamento físico por 8 semanas, com

frequência de 2 vezes por semana, composta de 40 minutos de treinamento

aeróbio em esteira. Não foram dadas orientações especificas sobre a marcha,

postura e afins, essas observações foram sugeridas durante o treinamento

imaginado após os sujeitos assistirem o vídeo do treino físico.

33

Treinamento Aeróbio, com ênfase na marcha:

Semana de adaptação: 5 minutos de aquecimento a 40% da FC

máxima, 30 minutos de exercício com uma intensidade de 50% da FC

máxima, e desaquecimento a 30% da FC máxima por 5 minutos;

1ª e 8ª semana: 5 minutos de aquecimento a 50% da FC máxima, 30

minutos de exercício com uma intensidade de 70% da FC máxima, e 5

minutos de desaquecimento a 50% da FC máxima.

O exercício aeróbico foi escolhido por ser reconhecido em estudos pela sua

capacidade de melhora na marcha e na neuroplasticidade (Ahlskog, 2011)

(Coelho et al., 2013; Gómez-Pinilla et al., 2002; Hirsch, Iyer, & Sanjak, 2016;

Knaepen et al., 2010; Petzinger et al., 2013), se adequado às condições do

treino realizados na instituição.

4.2.2.2 Submissão ao treinamento de IM

Foi realizado no Laboratório de Percepção Corporal e Movimento da

USJT. A prática de IM foi aplicada por profissional habilitado, em situação

confortável, sentado em poltrona com os olhos fechados, permitindo a

concentração necessária.

A sessão de treino sucedeu o treinamento físico, buscando otimizar o

desempenho na prática imaginada, pois o exercício físico real desencadeia

alterações na perfusão sanguínea regional favorecendo a oxigenação dos

circuitos motores subjacentes, o que pode contribuir para alterações na

conectividade cerebral relacionadas à sinaptogênese e circuitos (Petzinger et

al., 2013).

O tempo de duração total foi de 12 a 15 minutos, distribuídos:

(3 min) promoção da concentração inicial com música instrumental de

relaxamento ao fundo, o sujeito foi orientado verbalmente pelo

34

profissional a perceber suas articulações e membros de forma a

sensibilizá-lo aos seus respectivos envolvimentos em cada movimento

imaginado posteriormente;

(7 min) para prática imaginada, em que o sujeito foi orientado

verbalmente a imaginar-se praticando os movimentos envolvidos nas

atividades da vida diária trabalhadas (tabela 3). ;

(2 min) Devolutiva de imagens (projeção de vídeo) gravadas no treino

físico (real), referentes à marcha em esteira;

(2 min) e relaxamento para finalizar o treino (Tabela 2).

Tabela 2: Protocolo de treino de Imagética Motora.

Notas: Dados organizados pela autora.

Durante o treino foram dadas verbalmente as instruções dos exercícios

de IM de maneira detalhada e orientada, tanto para os aspectos visuais como

para os cinestésicos da tarefa (usando vídeos e atuações como ferramentas,

para complementar uma descrição oral), buscando usar descrições dos

movimentos a serem executados compatíveis ao movimento real.

Com a proposta de trabalhar funções motoras de tarefas diárias

familiares com finalidade funcional clara, de complexidade gradual ao longo do

curso da intervenção.

A duração de cada tarefa foi preferencialmente próxima a 30 s (a fim de

evitar efeitos deletérios sobre a sincronia do movimento), respeitando o grau de

dificuldade.

A cada sessão foram trabalhados grupos diferentes de atividades diárias

(exemplos a imaginar-se: caminhando, subindo escadas, bebendo água entre

outros, conforme descrição da Tabela 3).

Atividades programadas Tempo estimado

Concentração inicial 3 min

Prática imaginada 7 min

Devolutiva de imagens 2 min

Relaxamento para finalizar o treino 2 min

35

Tabela 3: Tarefas baseadas em atividades da vida diária a serem executadas

por meio de Imagética Motora.

Bloco Ordem Prática

Atividade da Vida Diária

I Alimentação

1 Beber água no copo

2 Levar alimento à boca e morder (pão)

3 Cortar alimento (carne)

4 Levar alimento à boca (com talher, sopa)

5 Mastigar

6 Engolir

II Básicas

1 Tomar comprimido (medicação)

2 Segurar um livro

3 Virar a página

4 Falar

5 Usar aparelhos ( TV , relógio e afins)

6 Telefonar (aparelho analógico com teclas)

III Higiene Pessoal

1 Pentear o cabelo

2 Lavar o rosto

3 Escovar os dentes

4 Banho: lavar cabelos

5 Banho: lavar o corpo

6 Secar-se

36

“Continuação”

Bloco Ordem Prática

Atividade da Vida Diária

IV Cuidados pessoais

1 Vestir uma blusa

2 Vestir uma calça

3 Vestir uma meia

4 Calçar um sapato

5 Colocar e ajustar óculos

6 Organizar/ pegar um documento na carteira

V Locomoção

1 Sentar-se na cadeira

2 Levantar-se da cadeira

3 Deitar-se na cama

4 Levantar-se da cama

5 Caminhar

6 correr

VI Cuidados com

o ambiente

1 Entrar em casa (com chave)

2 Arrumar a cama

3 Lavar um pano

4 Varrer a casa

5 Lavar louça

6 Estender roupa no varal

VII De

independência

1 Contar dinheiro

2 Escrever

3 Descer escadas

4 Subir escadas

5 Alcançar algo no alto

6 Agachamento para alcançar algo

37

“Conclusão”

Notas: Dados organizados pela autora.

Testes de congruência temporal foram usados para abordar a precisão do

IM (isto é, a exatidão do conteúdo IM). Os participantes foram orientados a

efetuar IM de uma tarefa motora sequencial (isto é, envolvendo vários

conjuntos de movimentos, ou repetições cíclicas da mesma ação). Eles foram

interrompidos, em algum ponto do processo controlado pelo treinador.

Finalmente, os participantes descrevem verbalmente o conteúdo IM no ponto

de interrupção. A exatidão em IM também foi avaliada após a conclusão das

ações imaginadas, por exemplo, os participantes escolhem entre um conjunto

de imagens exibidas, as que representam posições corporais correspondentes

à posição do corpo atingido durante o exercício de IM, ou descrevem, por via

oral, a posição corporal final imaginada. Pois se IM e prática física envolvem

estratégias de planejamento motor comum, o tempo necessário para completar

as duas tarefas devem ser semelhantes (Rienzo et al., 2014). Um fato

interessante relatado pelos sujeitos é que, em geral, ao realizar a IM não o

tremor característico da DP, exceto em situações mais complexas apoiando a

hipótese que relaciona a IM ao planejamento motor.

Os estudos não apresentam protocolo detalhado do treino com imagética

motora, entretanto compilamos os dados encontrados em estudos e revisões,

buscando congruência com nosso objetivo (Avanzino et al., 2013; Helmich,

Bloem, & Toni, 2012; Heremans et al., 2011; Schack et al., 2014; Tamir et al.,

2007).

Bloco Ordem Prática

Atividade da Vida Diária

VIII Complexas

1 Usar sanitário adaptado à deficiente (público)

2 Cortar as unhas

3 Levar um “pet” para passear

4 Subir no ônibus

5 Subir em escada rolante

6 Dançar

38

Os participantes foram encorajados a praticar o mesmo protocolo durante

seu tempo livre, para maior eficiência durante o treino supervisionado. E

sugerimos a prática de IM não supervisionada mesmo ao fim da intervenção,

ao menos até a avaliação após 20 semanas do fim da intervenção.

4.2.3 Coleta depois da intervenção e após 20 semanas.

Após o treinamento físico associado ao imaginado, os sujeitos foram

reavaliados sob os mesmo testes aplicados na coleta antes. Respeitando um

intervalo máximo de 7 dias para coleta depois e a última intervenção. E após

um período de 20 semanas do fim do treinamento, os sujeitos foram

submetidos a nova avaliação.

Os sujeitos foram questionados sobre alteração no tratamento

farmacológico e afins, durante todo o período do estudo, com o objetivo de

detectar variáveis capazes de influenciar a interpretação dos resultados.

Ao fim do treinamento supervisionado na semana 8, os sujeitos deram

continuidade a sua rotina e somente após 20 semanas foram reavaliados

(semana 28) somente 2 sujeitos, devido descontinuidade dos demais.

O sujeito AGO não deu continuidade à prática de IM, enquanto que o sujeito

ERB incluiu em sua rotina a IM.

4.3 Análise estatística

A análise foi feita com o uso do software estatístico SPSS (Statistical

Package forSocial Science) versão 21.0 e o nível de significância adotado foi

de p ≤ 0,05. Os dados descritivos foram apresentados com média e desvio

padrão da média, bem como a frequência relativa. Foi utilizado o teste de

Levene para verificar a igualdade de variância e ajuste da normalidade. A

análise entre os momentos antes e depois foi feita por meio de do teste t de

Student pareado. As múltiplas comparações entre momentos distintos (antes e

depois) foi feita utilizando ANOVA com medidas repetidas e as diferenças entre

os pares foi avaliada com o teste de Bonferroni, para avaliar as variáveis de

39

IPC e lateralidade (tempo de reconhecimento das mãos). A correlação entre

variáveis quantitativas foi avaliada por meio da correlação de Pearson para

verificar se havia uma correlação linear significativa entre os pares, não sendo

possível aplicar a regressão, afim de avaliar o quanto uma variável pode ser

explicada pela outra variável, pois não houve correlação relevante.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram avaliados inicialmente 13 sujeitos diagnosticados previamente

com DP, todos do sexo masculino. No entanto, por tratar-se a uma população

muito especifica e de difícil acessibilidade, apenas 8 sujeitos concluíram o

protocolo de intervenção, e somente 2 sujeitos realizaram todas as avaliações

após o período de 20 semanas.

5.1 Perfil dos sujeitos

Idosos do sexo masculino, com idade média de 60,63 anos (±14,45), sendo

a idade entre 40 e 87 anos. O tempo médio de diagnóstico da doença de 9,38

anos (±5,85), e o tempo médio de tratamento contínuo (sem modificação seja

na prescrição medicamentosa, seja em outras terapias) de 2,92 anos (±3,19).

Todos destros, com predomínio DP do lado esquerdo. Demais características

da população encontram-se na tabela 4.

Todos os sujeitos deram continuidade ao tratamento prescrito,

ressaltando em comum, apesar da posologia diferenciada, o uso da Levodopa

(fármaco antiparkinsoniano agonista da dopamina com ação no SNC). Os

participantes obtiveram pontuação média de 27,75 no MEEM, sendo que todos

obtiveram a pontuação necessária de acordo com o grau de escolaridade

(Anexos).

40

Tabela 4: Caracterização da população por meio de frequência absoluta e

relativa

Variável Frequência Absoluta

Frequência Relativa

Sexo Masculino 8 100%

Etnia Branco 8 100%

Estado Civil Casado 6 75% Separado 1 12,5% Viúvo 1 12,5%

Filhos 0 2 25% 2 4 50% 3 2 25%

Mora

Sozinho? sim 1 12,5% não 7 87,5%

Renda Familiar

2 a 4 salários mínimos

4 50%

> 4 salários mínimos

4 50%

Religião Católico 5 62,5% outros 3 37,5%

Escolaridade 5 a 8 anos 3 37,5% > 9 anos 5 62,5%

Dentre os 8 sujeitos avaliados antes e depois da intervenção, somente 2

(sujeito AGO e ERB) retornaram para serem reavaliados após 20 semanas.

Ambos foram questionados sobre a rotina das 20 semanas subsequentes ao

fim do treinamento imaginado associado a IM e revelaram ter mantido, em

geral, os hábitos anteriores a intervenção exceto pelo sujeito ERB que incluiu a

prática de IM em sua rotina e alegou sentir-se muito disposto e com menor

dificuldade para execução das tarefas diárias, enquanto que o sujeito AGO não

incluiu a prática de IM em sua rotina e alegou dificuldades que eram menores

do período da intervenção com IM associada ao treinamento físico. Essa

diferença, quanto á pratica de IM, pode levantar argumentos, discutidos

adiante, que expliquem em partes os resultados da avaliação final dos sujeitos

AGO e ERB.

41

5.2 BDNF

Os dados obtidos foram analisados quanto à normalidade de sua

distribuição e aplicou-se teste T pareado.

Os valores médios de BDNF antes da estimulação foram de

aproximadamente 8,66 pg/mL. Embora, níveis médios aumentados desse

marcador (11,68 pg/mL) tenham sido observados depois da intervenção, não

foram detectadas diferenças significativas na concentração plasmática de

BDNF para os portadores de Parkinson submetidos à intervenção (p=0,06,

t=2,15).

Figura 2: Gráfico dos níveis de BDNF antes e depois da intervenção, com os

pontos de cada sujeito e a mediana.

Contudo esse resultado é bastante positivo, pois há uma tendência ao

aumento médio desse marcador depois da intervenção (234,9%). Como fatores

limitantes temos a população reduzida, e foi identificado um outlyer que tinha

valores elevados antes da estimulação e que diminui depois. Deste modo

nossos resultados são bastante promissores e este aumento nos níveis de

BDNF merece ser discutido.

42

Pesquisas básicas em modelos animais da doença de Parkinson estão

começando a mostrar efeitos neuroplásticos induzidos pelo exercício no nível

de conexões sinápticas e circuitos (Nudo, Wise, SiFuentes, & Milliken, 1996) e

em humanos (Coelho et al., 2013; Hirsch et al., 2016; Pascual-Leone et al.,

1995; Petzinger et al., 2013), pois o ensaio de ações motoras através da

prática física e mental pode induzir alterações cerebrais (plasticidade)

associadas à aprendizagem de habilidades. Como bem demonstrado por

Pascual-Leone et al. (1995), as mudanças nos mapas de sensoriais cortical

após o treinamento mental são semelhantes às obtidas com o treinamento

físico. Uma vez que o treinamento mental tem efeitos preparatórios e aumenta

a eficiência do treinamento físico subsequente, espera-se que sua combinação

produza melhores resultados. Os mecanismos subjacentes aos efeitos do

exercício sobre os sujeitos classificados com grau intermediário de DP ainda

não foram elucidados, mas estudos em animais sugeriram uma teoria, uma vez

que grandes forças durante o exercício aumentam a ativação neuronal e a

disputa de dopamina nos núcleos da base. Para nosso conhecimento, apenas

um estudo humano (Frazzitta et al., 2014) incluiu uma medida direta sobre isso

e encontrou um aumento no fator neurotrófico derivado do cérebro após

fisioterapia de alto volume (acima da capacidade de 70%). (Uhrbrand et al.,

2015). Bem como, As neurotrofinas, como o BDNF, podem se tornar

marcadores úteis para a neuroplasticidade relacionada à DP ou resultados de

saúde induzidos pelo exercício (Hirsch et al., 2016).

Embora os modelos animais de exercício e DP tenham contribuído com

dados relevantes, poucos estudos abordaram a neuroplasticidade induzida pelo

exercício na DP humana. Foram encontrados apenas 8 estudos de DP humana

(publicados entre 2008 e 2015) com 144 adultos com DP de diferentes graus

de doença (Hoehn e Yahr, estágio 1 Ao estágio 3), usando várias intervenções

(por exemplo, ensaios controlados randomizados) e quase experimentais sobre

os efeitos da atividade cognitiva e física sobre a estrutura ou função do cérebro

na DP. Deste modo, um corpo emergente de evidências sugere que o exercício

desencadeia vários eventos relacionados à plasticidade no cérebro na PD

humana, incluindo excitação corticomotora, aumentos e diminuições no volume

de matéria cinzenta e alterações nos níveis de BDNF, e apoia a hipótese

43

central de que o exercício é importante na diminuição dos sintomas da DP

humana. (Hirsch et al., 2016)

Um provável mecanismo, envolve os efeitos específicos induzidos pelo

exercício que incluem a diminuição do transportador de dopamina estriatal e

transportador de monoamina vesicular (TDE & TMAV), o TDE é um mecanismo

primário para a depuração da dopamina a partir do espaço extracelular.Além

disso, TDE e TMAV são marcadores confiáveis para a integridade Dos

terminais dopaminérgicos estriatais e a quantidade de TDE correlaciona-se

com os níveis séricos de BDNF na DP humana em estudos apresentados em

revisão. Enquanto isso, evidências recentes indicam um possível papel para as

modificações, induzidas pelo treinamento de exercício, na metilação do DNA

humano entre genes e vias moleculares associadas à DP, incluindo a

regulação positiva, induzida pelo exercício, da neurogênese e a

neurotransmissão sináptica reprogramada. Embora as modificações na

metilação do DNA humano através do treinamento aeróbico tenham sido

encontradas em adultos jovens saudáveis, a hipótese de que o exercício

modifica os genes e as vias moleculares na DP oferece uma oportunidade

interessante para pesquisa futura no campo da indução Neuroplasticidade na

DP humana (Hirsch et al., 2016).

O Painel de Medicina Baseada em Evidências da Movement Disorder

Society (MDS) revisou a literatura sobre intervenções não-farmacológicas para

DP e recomendou que a fisioterapia e o exercício sejam provavelmente

eficientes como adjuvantes ao tratamento com levodopa ou ao controle de

sintomas de DP motora (Hirsch et al., 2016).

Analisamos com maior ênfase os sujeitos AGO e ERB, incluindo o

momento após 20 semanas da intervenção.

Tabela 5: Níveis séricos de BDNF, antes, depois da intervenção, e após 20

semanas

Sujeito Continuidade

IM

BDNF (pg/dl)

antes depois Após 20 semanas

AGO sem 32,37 36,98 47,26

ERB com 1,74 9,42 61,09

44

Figura 3: Gráfico com os níveis séricos de BDNF, antes, depois da

intervenção, e após 20 semanas

Após a intervenção observa-se um aumento nos níveis de BDNF em

ambos os casos, como encontrado na análise mediana dos sujeitos. O que nos

chama a atenção é ter valores absolutos próximos para ambos, porém com

valores relativamente altos para o sujeito ERB (sujeito AGO aumento

percentual de 14,2% e sujeito ERB com 441,4%) (conforme tabela 5 e gráfico

3). Estes achados são interessantes, pois sabemos que os níveis de BDNF

apresentam mínimos e máximo com grande amplitude, principalmente na DP

(Angelucci et al., 2015), e que há diferenças esperadas na resposta à

intervenção (Szuhany et al., 2015). Ainda assim, ambos os sujeitos se

beneficiaram por meio do aumento dos níveis de BDNF. Há de se ressaltar que

o sujeito ERB obteve benefício proporcionalmente superior ao AGO.

Essas diferenças são discutidas com resultados de alguns estudos

abordados em revisão que mostraram, apesar de um período de prática similar,

não houve melhora substancial na capacidade de andar. Uma possível

explicação para essa discrepância nos resultados de marcha obtidos nesses

estudos, por exemplo, pode ser diferenças de feedback e de engajamento

cognitivo durante a prática. Outro possível fator é a gravidade da doença, que

pode afetar a cognição. Já uma explicação para a transferência dos benefícios

do exercício pode estar relacionada aos efeitos de exercícios sobre a

0

10

20

30

40

50

60

70

0 8 28

Co

nce

ntr

ação

de

BD

NF

(pg/

mL)

Semanas

BDNF

sujeito AGO sujeito ERB

45

neuroproteção de neurônios dopaminérgicos ou efeitos mais globais sobre o

reparo ou fortalecimento de circuitos motores sobrepostos envolvidos em

componentes cognitivos e automáticos de movimentos motores, pois o

feedback desafia os pacientes para além dos níveis automáticos de capacidade

percebida, mantém a motivação e ajuda a envolver os indivíduos a tornarem-se

cognitivamente conscientes de movimentos que eram anteriormente

automáticos e inconscientes (Petzinger et al., 2013). Sendo assim, essas

variáveis explicam, em partes, as diferencias entre o sujeito AGO e ERB.

Sobre a discussão da significância de resultados temos em estudo

apresentado em revisão, a mudança de 2 cm/s na velocidade de marcha no

grupo de controle mostra que o treinamento físico sozinho não teve efeito

(Malouin, Jackson, & Richards, 2013), no entanto, um achado importante é que

as pequenas mudanças na velocidade de marcha desse grupo de treinamento

IM foram, contudo, grandes aumentos clinicamente significativos nas medidas

de desfecho secundário, tais como equilíbrio (escala de Berg), autoconfiança

(escala ABC), Dynamic Gait Index (DGI) e Timed Up and Go (TUG). As últimas

observações são surpreendentes e levam a questionar por que essas

mudanças significativas não foram associadas com aumentos maiores na

velocidade da marcha. (Malouin et al., 2013) Por isso, em estudos clínicos, a

comparação dos pacientes dos grupos de intervenção e controle em um estudo

ou entre os estudos é interessante para a interpretação dos resultados,

podendo ser necessárias análises de subgrupos para caracterizar os

respondedores de não respondedores a um determinado treinamento de IM,

como em nosso estudo de caso, que compara os sujeitos AGO e ERB, ou

mesmo nosso outlyer.

Mediante toda a discussão anterior, ao repetirmos a avaliação após 20

semanas ambos os sujeitos AGO e ERB aumentaram os níveis de BDNF

(tabela 5 e gráfico 3), podendo estar relacionado às aquisições a longo prazo

depois da intervenção. Contudo, o que nos chama a atenção é o aumento

superior do sujeito ERB em relação ao AGO.

Os resultados obtidos corroboram para os achados em estudos,

conforme discutido, pois é conhecida a capacidade da IM de recrutar áreas

46

corticais que podem ser ativadas por meio neurotrofinas como o BDNF, por

isso, acreditamos na diferença dos resultados obtidos entre o sujeito AGO e

ERB, que, respectivamente, não praticou IM e que incluiu IM em sua rotina ao

longo das 20 semanas, apesar do aumento inicial dos níveis séricos de BDNF

que ocorreu nos dois sujeitos (com variações fisiológicas) mediante o

treinamento físico associado ao imaginado.

A atividade do BDNF induzida pelo exercício, seja físico ou imaginado já

que existe similaridades nas zonas recrutadas, pode colocar o cérebro em

estado de prontidão para plasticidade. Considerando estes achados, há

evidências confiáveis de estudos em humanos indicando que cada episódio de

exercício resulta em uma "dose" de atividade de BDNF e que a magnitude

desta "dose" pode ser aumentada ao longo do tempo pelo exercício regular,

bem como de forma aguda (Szuhany et al., 2015). Deste modo, isso explicaria

o efeito cumulativo observado nos 2 sujeitos mesmo após 20 semanas da

intervenção, com destaque ao ERB que praticou a IM.

As similaridades do exercício físico e a IM podem ser sustentadas já que

os efeitos benéficos da IM em pacientes com DP foram obtidos apenas para

tarefas praticadas tanto mental quanto fisicamente (Tamir et al., 2007). Assim

como os resultados obtidos em estudo com ressonância funcional magnética,

os participantes poderiam precisar de mais tempo quando a precisão dos

movimentos imaginados aumentava, sugerindo que a equivalência funcional de

estados de ação é devida, principalmente, a estimativas internas do feedback

sensorial esperado tanto no controle motor quanto na IM (Lorey et al., 2010).

Temos, portanto, resultados promissores sobre a prática de IM em

idosos com DP. Contudo, mais pesquisas são necessárias para identificar

aqueles pacientes mais propensos a beneficiar do treinamento, a dose ideal e

os protocolos mais eficazes. Pois há de se ressaltar que existe uma grande

variabilidade no conteúdo do treinamento IM e no tempo dedicado ao ensaio

mental, de modo que, para a maioria dos estudos, é impossível estimar o

número de repetições mentais durante o período de treinamento (dose), uma

vez que raramente são contadas. Não há apenas muita variabilidade, tanto na

quantidade de tempo dedicado ao treinamento IM e no modo como ocorre a IM,

47

mas é interessante também ponderar se o ensaio mental foi feito corretamente.

Pois, as tendências baixas de ganhos relacionados inversamente proporcionais

à dose, levantam a questão da aderência do paciente a instruções para

durações mais longas (por exemplo, fadiga mental, tédio). Recomenda-se,

portanto, planejar essas verificações de manipulação, especialmente em

pessoas idosas. (Saimpont et al., 2013)

5.3 AVD

Nas atividades Básicas da vida diária (ABVD’s) avaliada pelo Índice de

Katz, que avalia as formas mais graves de dependências, como abordado no

método, os sujeitos foram classificados de acordo com o grau de dependência

(conforme a tabela 6), e com score médio de 5,25 ± 0,71, enquanto que após a

intervenção o score médio aumentou para 5,75 ± 0,46, representando diferença

estatística (p=0,033 teste de Bonferroni em Anova medidas repetidas para 2

momentos distintos).

Tabela 6: Distribuição dos sujeitos quanto à classificação pelo Índice de Katz

(ABVD’s) Antes e depois da intervenção

Classificação n (%)

Antes Depois

Média ± DP 5,25 ± 0,71 5,75 ± 0,46

Independência Total 4 (50,0) 6 (75,0)

Dependência Ligeira 3 (37,5) 2 (25,0)

Dependência moderada 1 (12,5) 0 (0)

Quanto ao escore de Lawton (AIVD’s) (Tabela 16), 100% dos idosos foram

classificados inicialmente como independentes, com score médio de 5,63 ±

0,91, enquanto que após a intervenção o score médio aumentou para 6,63 ±

0,91, também classificado como independente. Entretanto, apesar da

classificação ser a mesma, houve um aumento na pontuação média de

aproximadamente 17,76%, representando diferença estatística significativa

(p=0,018).

48

Deste modo temos diferença entre o score médio antes e depois da

intervenção tanto para ABVD’s quanto para AIVD’s ( tabela 7 e figura 4).

Tabela 7: Média e desvio padrão do score obtido nas ABVD's com o indice da

Lawton e nas AIVD's com o índice de Katz.

Testes de AVD’s M ± DP

p Antes Depois

Básicas - Katz 5,25 ± 0,71 5,75 ± 0,46 0,033

Instrumentais - Lawton 5,63 ± 0,91 6,63 ± 0,91 0,018

Figura 4: Gráfico com Score médio obtido pelos sujeitos na Avaliação das

Atividades da Vida Diária (AVD's), nos momentos antes e depois da

intervenção.

Quanto aos achados do estudo, podemos obsevar que houve aumento

significativo tanto para as ABVD’s quanto para as AIVD’s. Na avaliação antes,

acreditamos que uma classificação baixa de independência em relação às

ABVD’s estaria relacionada aos déficits motores, enquanto que a alta

classificação de independência para as AIVD’s esteja apoiada na preservação

cognitiva nos graus II e III da DP, da presente amostra, já que estas atividades

são afetadas em estágios mais avançados, revelando estados de demências,

quando surgem os déficits que comprometem de maneira mais global a

independência do paciente (Da Silva, Lopes, Araújo, & De Moraes, 2006).

5,25 5,75

5,63 6,63

0

2

4

6

8

10

12

14

Antes Depois

sco

re d

os

test

es

Avaliação

AIVD's - Lawton

ABVD's - Katz

49

Mesmo diante da evidência dos prejuízos que alterações cerebrais e

cognitivo-comportamentais acarretam para o idoso e sua família, surpreende a

ausência de estudos prévios relacionando estes referidos déficits com os

desfechos funcionais e estes com as alterações neuroquímicas. Deste modo, a

busca de uma perspectiva puramente bioquímica, não permite que se

compreenda o processo do envelhecimento como um todo, por isso a

importância das avaliações funcionais, pois apesar de aparentarem

subjetividade, são capazes de traduzir a própria percepção do sujeito. A

avaliação funcional se torna relevante, pois para tanto, há que se aprimore o

diagnóstico e acompanhamento da DP, em especial em seus estágios iniciais

uma vez que esta avaliação pode demarcar a fronteira entre a senilidade e a

senescência. Afinal, o declínio funcional é tido como preditor do

desenvolvimento de quadros demenciais, como a DP (FERREIRA, 2012).

Quando concentramos as análises no momento após 20semanas, no

sujeito ERB observamos a preservação das AIVD’s e melhora nas ABVD’s,

enquanto que no sujeito 6 AGO nas ABVD’s houve perda nos score, achado

que pode estar associado a não inclusão da prática de IM na rotina desse

indivíduo (tabela 8).

Tabela 8: Pontuação dos sujeitos AGO e ERB, obtida nas ABVD's com o indice

da Lawton e nas AIVD's com o índice de Katz

Sujeito ABVD AIVD

antes depois após antes depois após

AGO 5 6 5 5 5 5

ERB 5 5 6 6 6 6

Quanto ao Índice de Katz - ABVD, que avalia as formas mais graves de

dependências, como abordado no método, os sujeitos AGO e ERB foram

classificados conforme a tabela 8, inicialmente com dependência ligeira pelo

score 5. Entretanto, depois da intervenção o sujeito AGO conseguiu adquirir

independência total e o sujeito ERB manteve-se. Já no momento da avaliação

após 20 semanas sem o treinamento supervisionado, o sujeito AGO que não

50

deu continuidade a prática de IM regrediu, enquanto que o sujeito ERB que deu

continuidade a prática de IM, aumentou o score e adquiriu independência total.

Nas atividades instrumentais da vida diária avaliada pelo escore de

Lawton, os idosos foram classificados inicialmente como independentes, com

score de 5 e 6 (sujeitos AGO e ERB, respectivamente), depois da intervenção o

score foi o mesmo e se manteve classificado como independente. Bem como,

após 20 semanas sem treinamento supervisionado a classificação foi mantida.

Deste modo, nos leva a crer que a intervenção favoreceu não só a

preservação (AIVD’s), bem como, a melhora na capacidade funcional

(ABVD’s), isto tem grande significância, pois o aumento do score de 5 para 6,

representa a capacidade de se transferir/levantar de cadeira e cama (tarefa

bastante comprometida na DP) . Assim, a adição de treinamento IM a prática

física promove a melhora na performance motora da AVD’s e este desempenho

é ainda melhorado com mais prática física (Malouin et al., 2013).

Na prática, nossos resultados mostram que as reduções observadas nos

níveis de BDNF séricos se associam com a diminuição e disfunções nas

atividades da vida diária. Destaca-se, portanto, o potencial do BDNF e a

avaliação funcional, como marcadores importantes na avaliação de déficits

cognitivos-funcionais presentes na DP, justificando sua aplicação neste estudo.

5.4 Percepção corporal

A análise da percepção da percepção corporal geral por meio do teste t de

Student a partir do cálculo do IPC (tamanho percebido/tamanho real x100) não

mostrou diferença estatística quanto ao IPC em momentos distintos, o que

pode estar relacionado ao grande desvio padrão da média amostral . No

entanto, pode-se notar que o grupo apresentou um perfi l hiperesquemático

(IPC >112,4% de acordo com a classificação proposta por Segueto et al., 2010)

antes da intervenção e após a intervenção apresentou-se adequado (mais

próximo de 100%, conforme classificação) (gráfico 5 com linha de tendência e

tabela 9).

51

Figura 5: Gráfico com a média do IPC dos segmentos, nos momentos antes e

depois da intervenção.

Tabela 9: Média e desvio padrão de IPC (%) geral e dos segmentos.

Medidas ANTES (%) DEPOIS (%)

IPC geral 112,64 ± 18,15 104,32 ± 14,67

IPC Altura 96,60 ± 4,54 95,90 ± 3,27

IPC Largura Ombro 104,04 ± 24,55 103,77 ± 16,93

IPC Largura Cintura 120,18 ± 23,92 99,81 ± 20,76

IPC Largura Quadril 129,75 ± 33,80* 117,81 ± 28,13

*p<0,05 em relação à altura antes. Os valores são apresentados como média e desvio padrão.

A análise específica da altura da cabeça, baseada na aproximação a 100%

de aproximação do valor real x percebido, mostrou que os sujeitos apresentam

subestimação (nenhum sujeito foi superestimado), tendo provável relação com

a postura cifótica do indivíduo parkinsoniano, pois o individuo se percebe mais

baixo do que o real. Algo semelhante foi observado no estudo com sujeitos que

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

140,00

ALT LO LC LQ IPCGeral

IPC

(%)

Segmentos

IPC

Antes Depois Linear (Antes) Linear (Depois)

52

após período de pratica de dança de salão se percebiam mais baixos, a

hipótese sugerida pelos autores é que esse resultado esteja relacionado com a

observação dos próprios pés durante as aulas (Fonseca, 2008).

Observa-se que, após a intervenção, o grupo passou de Hiperesquemático

para Adequado, isso devido a uma melhora na percepção dimensional da

cintura e quadril. Entretanto, A ANOVA com medidas repetidas mostrou que

não há diferença significativa em relação à percepção dos segmentos corporais

(altura, ombros, cintura, quadril) em momentos distintos (antes e depois),

apenas há significância na percepção do quadril e da altura (p=0,0041), sendo

o quadril superestimado. Este achado corrobora com estudos que apontam

este segmento como o mais distorcido (Fonseca, 2008; Fonseca et al., 2012)

ALTURA DOS SEGMENTOS CORPORAIS

A análise quantitativa da simetria corporal, por meio do IPC, mostrou que

os participantes apresentaram percepção simétrica entre a altura do ombro,

cintura e quadril, direito e esquerdo, pois quando se compara o lado direito com

o esquerdo a análise estatística não apontou diferença significativa em nenhum

dos segmentos corporais (p>0,05). Contudo, é possível observar que após a

intervenção a percepção, que já era simétrica, ficou mais próxima de 100%, e

tornou-se mais homogênea, pois houve diminuição do desvio padrão (gráfico 6

e tabela 10). Deste modo os sujeitos tiveram a percepção dos segmentos mais

aproximada do real.

53

Figura 6: Análise da simetria entre lado direito e esquerdo em função do IPC

dos segmentos (largura dos ombros, cintura e quadril), nos momentos antes e

depois da intervenção.

Tabela 10: Análise da simetria entre lado direito e esquerdo em função dos

segmentos, nos momentos antes e depois da intervenção.

Segmentos Lados ANTES Lados DEPOIS

Direito Esquerdo Direito Esquerdo

Ombro 102,55 ± 5,02 103,78 ± 6,00 102,06 ± 3,83 100,33 ± 3,13

Cintura 104,23 ± 5,74 108,64 ± 6,22 103,13 ± 2,97 105,51 ± 1,82

Quadril 111,30 ± 6,98 113,71 ± 7,19 108,99 ± 3,44 108,82 ± 4,04

As intervenções de exercícios em indivíduos com doença de

Parkinson incorporam treinamento motor baseado em metas para se envolver

em circuitos cognitivos importantes na aprendizagem motora, como na IM. Com

esta abordagem de exercício é possível contribuir com a aprendizagem através

da instrução e feedback (reforço) e incentivo para realizar tarefas motoras

10

2,5

5

10

3,7

8

10

4,2

3

10

8,6

4

11

1,3

0

11

3,7

1

10

2,0

6

10

0,3

3

10

3,1

3

10

5,5

1

10

8,9

9

10

8,8

2

0

20

40

60

80

100

120

OD OE CD CE QD QE

IPC

(%)

Segmentos (Direito- Esquerdo)

Análise da Simetria

Antes Depois

54

adequadamente que envolvam a capacidade de auto-percepção (Petzinger et

al., 2013), apontando aquisições que refletiram no IPC.

Para uma análise qualitativa sobre a percepção dos 8 sujeitos antes

e depois da intervenção, partimos do teste de IMP (figura 7) usando o desenho

das dimensões percebidas e reais para comparação (figura 8).

Figura 7: Representação dos segmentos corporais tocados durante o teste de

marcação do esquema corporal e o resultado final da união dos pontos reais e

pontos percebidos. A linha de cor preta representa a medida real e a linha de

cor vermelha representa medida (Fonseca et al., 2012)

55

Figura 8: Ilustração do resultado do Teste de IMP. Contorno real (cor preta) e

percebido (cor vermelha). Comparação do desenho antes e depois.

56

Observamos que os sujeitos depois da intervenção apresentaram maior

centralização do corpo representando uma percepção dimensional mais

apurada. A descentralização do corpo pode implicar numa maior dificuldade em

passar por portas e corredores, relatada por indivíduos com DP. Porém a maior

acuidade na percepção corporal do individuo, pode facilitar a relação do corpo

percebido com os objetos ao redor (Avanzino et al., 2013).

Os resultados com ganho na percepção corporal apontam para o

desenvolvimento do equilíbrio, auto-eficácia, estratégia de movimento e

habilidades de navegação que são importantes para o desenvolvimento da

competência para caminhar. A IM pode estar relacionada ao efeito mais

duradouro na melhoria da função motora, da marcha e da qualidade de vida em

pacientes com DP em relação à prática física isolada. Os ganhos de

desempenho relacionados a IM estão associados a um maior recrutamento de

regiões motoras e de áreas de neurônios espelho fronto -parietal e controle de

atenção (Agosta et al., 2016)

Contudo, a análise mais valorizada concentra-se nos indivíduos AGO e

ERB. Por meio de análise quantitativa (gráficos 9 e tabela 11) e qualitativa

figura 10 e tabela 12).

Figura 9: Gráfico com o IPC geral dos sujeitos AGO e ERB nos momentos

antes, depois e após a intervenção.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 8 28

IPC

(%)

Semanas

IPC geral de acordo com as semanas

sujeito AGO

sujeito ERB

57

Tabela 11: IPC dos segmentos dos sujeitos AGO e ERB, nos momentos antes,

depois e após 20 semanas da intervenção.

Segmentos

Sujeitos

IPC(%) Antes IPC(%) Depois IPC(%) Após 20

semanas

AGO ERB AGO ERB AGO ERB

Altura 89,22 100,00 93,69 99,16 91,79 101,68

Largura-ombro 98,41 149,17 96,97 125,00 114,53 120,83

Largura-cintura 152,22 146,67 89,15 110,32 122,52 125,81

Largura-quadril 144,79 161,40 118,18 124,56 151,11 119,19

IPCgeral 121,16 139,31 99,50 114,76 119,99 116,88

Ombro Direito 93,54 105,11 99,05 106,75 102,04 108,23

Ombro Esquerdo 96,09 113,66 101,55 105,19 99,59 111,04

Cintura Direta 102,60 98,98 103,10 105,08 111,19 113,01

Cintura Esquerda 107,41 117,36 106,62 106,50 105,68 107,16

Quadril Direito 103,94 102,47 112,65 109,33 116,36 117,16

Quadril Esquerdo 112,46 116,36 113,58 108,67 108,56 108,67

Conforme maior detalhamento dos resultados, conclui-se que ambos os

sujeitos apresentaram maior adequação da percepção corporal (mais próximo

de 100%) depois do treinamento físico associado ao imaginado. Já no

momento após 20 semanas da intervenção, o sujeito ERB, que praticou IM

nesse período, preservou a percepção corporal, enquanto o sujeito AGO, que

não deu continuidade a IM, perdeu a percepção adquirida com a intervenção.

58

Figura 10: Ilustração do resultado do Teste de IMP. Contorno real (cor preta) e

percebido (cor vermelha). Comparação do desenho antes, depois e após 20

semanas dos sujeitos AGO (6) e ERB (7).

Tabela 12: Classificação da Percepção Corporal com base no IPC

Sujeitos ANTES DEPOIS Após 20 semanas

AGO Hiperesquematia Adequado Hiperesquematia

ERB Hiperesquematia Hiperesquematia Hiperesquematia

Com os resultados apresentados, nota-se que o sujeito ERB preservou a

percepção adquirida, enquanto que o sujeito AGO apresentou melhora depois

da intervenção, porém regrediu após 20 semanas sem IM. Este achado aponta

para importância da continuidade da IM na manutenção da percepção corporal.

59

5.5 Lateralidade

Comparando os tempos de reação para reconhecimento da mão direita e

esquerda, antes e depois da intervenção, não houve nenhuma diferença

estatística significativa entre os valores, contudo nota-se que a média de tempo

de reação para o reconhecimento da mão direita diminui 20,96% depois da

intervenção, enquanto que a média de tempo de reação para o reconhecimento

da mão esquerda diminui 21,37%, levando a diminuição de 21,17% na média

geral do tempo de reação depois da intervenção, bem como menor desvio

padrão em relação a media (tabela 13). Os resultados encontrados para os

tempos de reação para reconhecimento das mãos foram analisados antes e

depois, nos diferentes ângulos (90°L, 90°M, 180° e 0°) e posições (mão direita

com palma para cima, direita para baixo, esquerda para cima e esquerda para

baixo) foi utilizando o programa SPSS 21.0 aplicando o teste t Student

pareado, com nível de significância de 5%, sendo p=0,13 para o Tempo médio

de reconhecimento da mão direita nas diferentes posições antes e depois da

intervenção, p=0,17 para o Tempo médio de reconhecimento da mão esquerda

nas diferentes posições antes e depois da intervenção, e p=0,13 para o Tempo

médio de reconhecimento geral das mãos direita e esquerda nas diferentes

posições antes e depois da intervenção.

Tabela 13: Média e Desvio padrão do Tempo de reação (em milissegundos)

para o reconhecimento das mãos Antes e Depois da intervenção.

Mão Antes Depois Variação

Antes-Depois

t p

Direita 3188,08 ± 1235,76 2519,87 ± 758,55 - 20,96% 1,73 0,13

Esquerda 3441,65 ± 1445,01 2706,19 ± 778,22 -21,37% 1,52 0,17

Geral 3314,87 ± 1284,67 2613,03 ± 756,44 -21,17% 1,71 0,13

60

Para comparação dos resultados antes e depois separadamente foi

utilizado o mesmo programa SPSS versão 21.0 e aplicada análise por meio da

ANOVA com medidas repetidas e as diferenças entre os pares foram avaliadas

com o teste de Bonferroni. O nível de significância adotado também foi de 5%,

porém não encontramos diferença estatisticamente significativa entre as

posições com a mão a direita e esquerda. Entretanto, para representar os

resultados, em formato de gráfico, apresentamos a média do tempo de reação

para o reconhecimento das mãos de acordo com os ângulos (Imagens 11A,

11B, 11C e 11D).

Figura 11: Gráficos com Tempo médio de Reação Antes e Depois, de acordo

com os ângulos das posições da mão direita (A e B) e da mão esquerda (C e

D).

Observamos um menor tempo de reação geral depois da intervenção em

relação ao tempo geral antes da intervenção, o que pode ser entendido como

61

indicador de melhoria. Contudo ao analisarmos os ângulos separadamente,

mantêm-se essa tendência, exceto na posição 90°L da mão direita para cima

(figura 3A) e 180°L da mão esquerda para baixo (figura 3C). O ângulo de 0° foi

o que apresentou menor tempo médio de reação antes (1901,69 ± 578,95 ms)

e depois (1518,25 ± 388,38 ms) da intervenção, enquanto que o ângulo de 90°L

foi o que apresentou maior tempo médio de reação antes (5071,69 ± 4192,38

ms) e depois (5252,82 ± 3579,92 ms) da intervenção.

Sabemos que há relação entre o tempo de reação para reconhecimento

das mãos com a percepção corporal por meio da IM (Ionta, Fourkas, Fiorio, &

Aglioti, 2007), isto sustenta o achado da melhor acuidade da percepção

corporal e menor tempo de reação para o reconhecimento das mãos após a

intervenção com IM. Sabe-se ainda que o exercício promove a

neuroplasticidade no envelhecimento de indivíduos saudáveis e pode ajudar a

restaurar a automaticidade em indivíduos com DP (Automaticidade sendo

definida como a capacidade de realizar um movimento qualificado sem atenção

consciente). A restauração da neuroplasticidade no circuito estriatal-talâmico-

corticomotor responsável pela automaticidade, pode ser otimizada, por

exemplo, usando treinamento em esteira ergométrica, como demonstrada em

revisão sistemática (Petzinger et al., 2013). Esses achados podem estar

relacionados com a diminuição da média de tempo de reação depois da

intervenção, obtidos no teste de lateralidade por meio do reconhecimento das

mãos em diferentes posições.

Sabendo que o teste aplicado pelo e-prime mensura o tempo de reação

para o reconhecimento das mãos em milissegundos, apresentamos 4 ângulos

da mão direita para cima e para baixo, bem como a mão esquerda também

para cima e para baixo, portanto são 16 posições diferentes que foram

apresentadas 3 vezes cada, que somam 48 imagens. Cada uma das 16

imagens/posições que foi apresentada 3 vezes resultou na média do tempo de

reação para o reconhecimento correto da posição das mão, contudo quando o

sujeito erra, o e-prime não considera esse tempo, sendo excluído para o

cálculo da média.

62

Quanto aos erros de reconhecimento da mão direita, encontramos uma

diminuição no percentual da média dos sujeitos em relação ao antes e depois (-

0,52%) Já, em relação a mão esquerda, não houve diferença entre antes e

depois (figura 12). A hipótese mais coerente para justificar esse resultado, é

que o erro reduzido para o reconhecimento da mão direita seja explicado pelo

fato de todos os sujeitos serem destros e tem maior facilidade para reconhecer

a mão direita, enquanto que a não diminuição do erro percentual para a mão

esquerda, e consequentemente da média geral (apenas -0,26%), pode estar

relacionada ao lado de predomínio da DP, que em todos os sujeitos foi o lado

esquerdo, representando maior dificuldade de reconhecimento para a mão

direita (devido ao comprometimento da automaticidade). Contudo esse

resultado é positivo, pois a intervenção aumentou o reconhecimento da mão

direita (diminuição dos erros) e conservou o reconhecimento da mão esquerda,

o que há de se considerar já que a DP trata-se de uma doença

neurodegenerativa progressiva.

Figura 12: Gráfico com a média de erros antes e depois, em função da mão

Direita, Esquerda e Geral.

Em síntese não houve diferença estatística entre os tempos de reação

dos sujeitos antes e depois da intervenção. Esse resultado pode ser explicado

em parte pela grande variação dos valores encontrados nos tempo de reação,

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

Direita Esquerda Geral

dia

de

err

o (

%)

Mão

Erro médio percentual

Antes Depois

63

observada no desvio padrão alto, contudo essa variação é inerente a

mensuração do tempo de reação para o reconhecimento das mãos. Todavia,

ao incluirmos os resultados obtidos após 20 semanas nas análises dos sujeitos

AGO e ERB encontramos melhora com a intervenção (diminuição da média de

tempo geral para o reconhecimento das mãos e menor porcentagem de erros),

que foi preservada mesmo com ausência da prática de IM no sujeito AGO, e

para nossa surpresa foi perdida mesmo com a inclusão da IM na rotina no

sujeito ERB (Dados em gráfico 13 e 14).

Figura 13: Gráfico com a média de Tempo Geral de reação nos momentos

Antes, Depois e Após 20 semanas dos sujeitos AGO e ERB.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

0 8 28

Tem

po

de

re

ação

(m

s)

Semanas

Tempo Geral

sujeito AGO sujeito ERB

64

Figura 14: Gráfico com erro percentual para reconhecimento das mãos nos

momentos Antes, Depois e Após 20 semanas dos sujeitos AGO e ERB.

Entretanto, quando analisamos mais detalhadamente os sujeitos AGO e

ERB, encontramos que para a mão direita, o sujeito ERB, possui média de

tempo de reação semelhante com a palma para cima e para baixo, enquanto

que o sujeito AGO tem maior diferença nos tempos para cima e para baixo.

(gráfico 15). Isso nos chama a atenção, pois percebemos que apesar do menor

tempo de reação geral do sujeito AGO no momento após 20 semanas, com a

palma da mão direita para baixo ocorre um aumento do tempo, demonstrando

comportamento semelhante com o sujeito ERB.

0

5

10

15

20

0 8 28

Erro

(%)

Semanas

Erro percentual no reconhecimento das mãos

sujeito AGO sujeito ERB

65

Figura 15: Gráfico do tempo de reação da Mão direita (para cima e para baixo)

em função dos momentos antes, depois e após 20 semanas de intervenção.

Esse achado nos levanta a hipótese de que a melhora no teste de

lateralidade depois da intervenção é um fato, porém a preservação após 20

semanas possa não estar associada somente com a continuidade da prática de

IM, mas que para uma preservação efetiva seja necessário reprodução do

treinamento físico associado ao imaginado supervisionado.

A seguir, temos a análise do tempo médio de reação da mão direita para

baixo e para cima em cada ângulo (0º, 90ºL, 90ºM e 180º), nos momentos

antes, depois e após 20 semanas de intervenção (tabela 14 e 15).

0

1000

2000

3000

4000

5000

0 8 28

Tem

po

de

re

ação

Semanas

Mão Direita

para baixo - AGO para baixo - ERB

para cima - AGO para cima - ERB

66

Tabela 14: Tempo médio de reação da mão direita para baixo em cada ângulo

nos momentos Antes, Depois e Após 20 semanas de intervenção, dos sujeitos

AGO e ERB.

Mão direita para baixo

Antes

Depois

Pós

Sujeitos AGO ERB AGO ERB AGO ERB 0° 1491,00 1658,67 1642,00 1527,67 1315,67 1820,33

90°L 1885,00 2354,00 1330,00 1798,00 1804,00 2858,00 90°M 1460,67 2274,67 1306,33 2078,33 2045,67 1730,67 180° * 2434,00 * 3333,00 * 3646,00

Tempo geral 1612,22 2180,33 1426,11 2184,25 1721,78 2513,75 Nº de Erros 3 1 4 0 3 1

Posição dos erros

180° 180° 1 0° e 3

180°

180° 180°

*não houve erros

Tabela 15: Tempo médio de reação da mão direita para cima em cada ângulo

nos momentos Antes, Depois e Após 20 semanas de intervenção, dos sujeitos

AGO e ERB.

Mão direita para cima

Antes Depois Pós

Sujeitos AGO ERB AGO ERB AGO ERB 0° 4037,67 1950,00 2816,00 1883,00 3034,00 2669,67

90°L 5732,00 3615,67 10235,00 4244,33 6399,33 4678,67 90°M 2768,00 1584,67 1719,33 1871,67 2175,33 2297,00 180° * 2910,00 3489,00 1903,00 4145,00 3217,00

Tempo geral 4179,22 2515,08 4564,83 2475,50 3938,42 3215,58 Nº de Erros 4 1 2 0 1 0

Posição dos erros 1 90°L e 3

180° 180°

90°L e 180°

180°

*não houve erros

A maior importância da nossa análise se concentra nos momentos. Se

obsevarmos o comportamento dos ângulos isoladamente perderíamos o foco

do objetivo do trabalho e não seríamos capazes de discutir os resultados com

qualidade, pois não há publicações que abordem o comportamento da

lateralidade, com ênfase no tempo de reação para o reconhecimento das mãos

em idosos com DP. Por isso, os dados são apresentados com parte dos

resultados, porém sem discutirmos a fundo o comportamento dos ângulos

isoladamente.

67

Assim como discutido o resultado da mão direita dos sujeitos, encontramos

o mesmo comportamento da mão esquerda, e ainda, no sujeito AGO tanto a

palma da mão esquerda para cima como para baixo possuem maior média de

tempo de reação para o reconhecimento no momento após 20 semanas

(gráfico 16, tabelas 17 e 18), fortalecendo a hipótese de que a preservação

após 20 semanas no sujeito AGO possa ser apenas ao acaso, apoiando-se na

tese que existem diferenças individuais na capacidade para imagética que

influenciam na significativamente no tempo de reação (Ashton et al., 1978).

Figura 16: Gráfico do tempo de reação da Mão Esquerda (para cima e para

baixo) em função dos momentos antes, depois e após 20 semanas de

intervenção.

0

1000

2000

3000

4000

5000

0 8 28

Tem

po

de

re

ação

Semanas

Mão Esquerda

para baixo - AGO para baixo - ERB

para cima - AGO para cima - ERB

68

Tabela 16: Tempo médio de reação da mão esquerda para baixo em cada

ângulo nos momentos Antes, Depois e Após 20 semanas de intervenção, dos

sujeitos AGO e ERB.

Mão Esquerda para

baixo Antes Depois Pós

Sujeitos AGO ERB AGO ERB AGO ERB

0° 7069,00 2536,67 1904,67 1684,00 2156,50 2035,67

90°L 2565,00 2395,67 1771,00 2159,67 2842,00 2512,33

90°M 2515,67 1876,67 2270,33 2311,00 3228,00 2222,33

180° 5475,00 3575,7 7952,00 3064,00 6811,33 5351,67

Tempo geral 4406,17 2596,17 3474,50 2304,67 3759,46 3030,50

Nº de Erros 2 0 0 0 1 0

Posição dos erros 180° 0°

*não houve erros

Tabela 17: Tempo médio de reação da mão esquerda para cima em cada

ângulo nos momentos Antes, Depois e Após 20 semanas de intervenção, dos

sujeitos AGO e ERB.

Mão Esquerda para

cima Antes Depois Pós

Sujeitos AGO ERB AGO ERB AGO ERB

0° 4384,33 2323,00 1871,67 2511,67 2355,33 2914,67

90°L 3306,00 4372,33 2259,33 5892,67 2626,33 4961,33

90°M 2441,33 2026,67 2309,00 2809,00 2737,33 3260,00

180° 3460,00 4135,33 3676,67 2139,00 4214,33 3138,67

Tempo geral 3397,92 3214,33 2529,17 3338,08 2983,33 3568,67

Nº de Erros 0 1 0 0

Posição dos erros 0°

*não houve erros

Em síntese, quando comparamos os dois sujeitos (AGO sem

continuidade da IM e ERB com continuidade da IM durante as 20 semanas

após o fim do treinamento supervisionado) encontramos o tempo Geral de

reação do sujeito AGO menor depois da intervenção, que foi relativamente

preservado mesmo após 20 semanas sem IM, representando um ganho em

relação a evolução da DP, e o sujeito ERB preservou o tempo Geral de reação

antes e depois da intervenção, e apesar do aumento no tempo após as 20

69

semanas os demais indicadores (IPC, AVD’s e BDNF) apontam para possíveis

benefícios que a manutenção com IM durante 20 semanas após as 8 semanas

de intervenção, em relação a ganhos e preservação maiores que o sujeito AGO

sem a manutenção com IM durante 20 semanas após as 8 semanas de

intervenção. De maneira semelhante, se considera os erros dos dois sujeitos

no momento após 20 semanas, já que nos momentos antes e depois da

intervenção, os dois apresentam diminuição no tempo de reação. Estes dados

também são apresentados na tabela a seguir em forma de Delta percentual.

Tabela 18: Variação Percentual do tempo de reação e erros dos sujeitos AGO

e ERB, nos momentos antes, depois e 20 semanas após a intervenção.

Sujeito

Continuidade

IM

(período após

20 semanas)

Variação Percentual (%)

Tempo de Reação Erros

Antes x Depois Depois x Após Antes x

Depois

Depois x

Após

AGO sem -11,77 3,41 -6,25 2,08

ERB com -1,94 19,67 -6,25 -2,08

Sabemos que a alteração no sistema dopaminérgico pode acarretar

comprometimento da aprendizagem e do comportamento motor automático

(movimento que não envolve a premeditação consciente pelo sujeito).

Combinando aspectos do envolvimento cognitivo com o treinamento aeróbio.

Estes funcionam sinergicamente, observando-se alterações centrais como

mostrado pela destreza manual automática melhorada e aumento da

conectividade entre as regiões corticosubcorticais que sustentam a

automaticidade observada em estudos com ressonância magnética funcional

(Petzinger et al., 2013).

70

5.6 Limitações e perspectivas futuras

Estudo de caso com tamanho pequeno de amostra; intervenção de curto

prazo (≤ 12 semanas); falta de cegamento dos sujeitos e dos terapeutas (o que

é bastante complicado diante da intervenções com exercício; não formação de

grupos com uma variável controle para posterior comparação dos resultados

diante das intervenções; por falta de homogeneidade nem todos os pacientes

podem apresentar comprometimento significativo nos sintomas avaliados no

início do estudo, o que pode diluir os efeitos positivos reais; generalização

limitada devido à exclusão de doentes com comorbidades e inclusão

predominante de doentes numa fase de doença ligeira a moderada;

compreensão limitada dos mecanismos subjacentes que explicam ganhos

potenciais de exercício, conforme revisões consultadas.

A falta de significância estatística entre duas intervenções, no entanto,

nem sempre significa que não há efeitos de treinamento (Canon & Novelli,

2012). Por exemplo, em um estudo envolvendo pessoas com DP (Braun,

Beurskens, Kleynen, Schols, & Wade, 2011) não foram encontradas diferenças

estatísticas significativas nos ganhos de velocidade de marcha entre um grupo

treinado com IM e outro apenas com relaxamento , o que levou os autores a

concluir que o treinamento IM não teve efeito. No entanto, uma inspeção mais

detalhada dos dados revela que ambos os grupos obtiveram ganhos na

velocidade de marcha, indicando que ambas as intervenções produziram

ganhos clinicamente significativos. Este exemplo sublinha ainda a importância,

em primeiro lugar, de selecionar as medidas de resultado bem conhecidas e,

em segundo lugar, examinar a relevância clínica. Pois a escolha de uma

medida de resultado, como a velocidade de movimento, nem sempre é uma

medida válida ou ótima e variará de acordo com a tarefa a ser avaliada e o

objetivo da avaliação. Por isso, usar múltiplos testes simultaneamente.

Novamente, as propriedades psicométricas de um teste são úteis para avaliar a

importância da mudança não apenas estatisticamente, mas também

clinicamente.

71

5.7 Considerações finais e Conclusão

Embora a capacidade do exercício de afetar o desempenho motor

através de exercícios dirigidos por objetivos em indivíduos com doença de

Parkinson seja encorajadora, ainda há grandes lacunas na compreensão da

contribuição do envelhecimento, da deficiência cognitiva e da gravidade da

doença na restrição do desempenho do exercício (Petzinger et al., 2013)

Segundo a revisão crítica de Francine et. al 2013, a prática de IM é um

adjunto a prática física, pois a hipótese é de que os pacientes que recebem IM,

além de treinamento físico demonstra maiores ganhos em comparação com

grupo controle recebe apenas prática física. Sendo que, a IM oferece uma

oportunidade única para aumentar o número de repetições de forma segura e

autônoma sem fadiga física indevida, mas também permite o ensaio mental de

tarefas motoras quando e onde o paciente quiser ou for capaz de praticar.

Temos que IM é um estado de uma ação em seu ambiente específico

que usa as mesmas representações motoras internas que movimentos

executados, em um nível neural. Com relação aos atuais sítios de ativação,

que estão associados à previsão das conseqüências futuras de um movimento,

dos processos de estimação do estado e do planejamento motor, portanto,

sugere-se que o conceito de IM seja ampliado: o IM não é um mero ensaio de

um movimento experimentado No passado, mas uma previsão sensorial do

estado futuro do corpo e do ambiente. Ou como afirmou Stephan Marzi1: “O

futuro se origina pela imaginação (motora)”. (Lorey et al., 2010)

Assim, as medidas de desfecho secundário podem ser úteis para a

identificação de efeitos do treinamento de IM e para desvendar descobertas

positivas apesar de pequenos ganhos em resultados primários selecionados.

Isto nos leva a inferir que o treinamento físico associado ao imaginado

pode ser capaz de melhorar os níveis séricos de BDNF, as AVD’s, a percepção

corporal, bem como o tempo de reação para o reconhecimento das mãos,

contudo a preservação desses ganhos, parece estar associada à continuidade

da prática de IM, apontada pelos sujeitos AGO e ERB.

72

A partir das análises dos dados, os resultados obtidos indicam possível

aumento da plasticidade neuronal, corroborando com o resultado de estudos

que uti lizaram o BDNF ou a imagética motora, enquanto indicadores de

plasticidade neuronal. Almeja-se, todavia, agregar a inovação de conciliar todas

essas variáveis em um estudo singular, sendo admissíveis ganhos expressivos

na capacidade funcional desses idosos Parkinsonianos. Outrossim, os

resultados desse estudo abrem novas perspectivas para outros estudos que

abordem doenças neurodegenerativas em idosos.

73

REFERÊNCIAS

Agosta, F., Gatti, R., Sarasso, E., Volonté, M. A., Canu, E., Meani, A., … Filippi, M.

(2016). Brain plasticity in Parkinson’s disease with freezing of gait induced by

action observation training. Journal of Neurology, 1–14.

http://doi.org/10.1007/s00415-016-8309-7

Ahlskog, J. E. (2011). Does vigorous exercise have a neuroprotective effect in

Parkinson disease? Neurology. http://doi.org/10.1212/WNL.0b013e318225ab66

Angelucci, F., Peppe, A., Carlesimo, G. a., Serafini, F., Zabberoni, S., Barban, F., …

Costa, A. (2015). A pilot study on the effect of cognitive training on BDNF serum

levels in individuals with Parkinson’s disease. Frontiers in Human Neuroscience,

9(March), 1–11. http://doi.org/10.3389/fnhum.2015.00130

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83

APÊNDICE

Convite

84

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

85

86

87

Questionário de Caracterização do Sujeito de Pesquisa

88

Mine Exame de Estado Mental

89

90

Escala das Atividades Básicas da Vida Diária

91

92

Escala das Atividades Instrumentais da Vida Diária

93

94

ANEXOS

Aprovação do Projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa

95

96

97

Posições das mãos

98