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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física Demilto Yamaguchi da Pureza MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA EM REPOUSO E DURANTE O EXERCÍCIO EM RATOS DIABÉTICOS: AVALIAÇÕES HEMODINÂMICAS E MORFOMÉTRICAS DE GÂNGLIOS PARASSIMPÁTICOS CARDÍACOS SÃO PAULO 2006

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física

Demilto Yamaguchi da Pureza

MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA EM REPOUSO E

DURANTE O EXERCÍCIO EM RATOS DIABÉTICOS: AVALIAÇÕES

HEMODINÂMICAS E MORFOMÉTRICAS DE GÂNGLIOS

PARASSIMPÁTICOS CARDÍACOS

SÃO PAULO

2006

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física

Demilto Yamaguchi da Pureza

MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA EM REPOUSO E

DURANTE O EXERCÍCIO EM RATOS DIABÉTICOS: AVALIAÇÕES

HEMODINÂMICAS E MORFOMÉTRICAS DE GÂNGLIOS

PARASSIMPÁTICOS CARDÍACOS

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu como requisito à obtenção do título de Mestre em Educação Física

Área de Concentração: Bases Biodinâmicas da Atividade Física.

Orientador: Prof. Dr. Romeu Rodrigues de Souza. Co-orientadora: Prof. Dra. Kátia De Angelis.

SÃO PAULO

2006

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Pureza, Demilto Yamaguchi da Modulação autonômica cardíaca em repouso e

durante o exercício em ratos diabéticos: avaliações hemodinâmicas e morfométricas de gânglios parassimpáticos cardíacos. / Demilto Yamaguchi da Pureza. - São Paulo, 2006.

Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2006.

Orientador: Dr. Romeu Rodrigues de Souza Co-orientadora: Dra. Kátia De Angelis.

Ficha catalográfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela oportunidade e força para enfrentar as dificuldades

encontradas na nova vida em São Paulo.

Meus pais, Francisco Lopes da Pureza e Sachie Yamaguchi da Pureza, e

meu irmão, Denilzo Yamaguchi da Pureza, pelo amor, carinho, compreensão e

pelo constante incentivo.

A minha noiva, Cynthia Cristina L. B. Frazão, pelo amor, compreensão e

apoio em todos os momentos.

Ao meu orientador, Romeu Rodrigues de Sousa, pelo incentivo, sempre

indicando o rumo a ser tomado nos momentos de grande dificuldade. Agradeço,

principalmente, pela confiança, em mim depositada, no meu trabalho de

dissertação.

A minha co-orientadora Kátia De Angelis que assim como meu

orientador, sempre me incentivou e depositou grande confiança e,

principalmente, por que nunca mediu esforços para prestar “socorro” nos

momentos em que eu precisei.

Aos amigos do “Recanto", Daniel Pires, Lucinar Flores e Arestides Jr, que

nestes dois anos, sempre estivemos juntos, em qualquer situação, apoiando uns

aos outros para seguir e concluir os nossos objetivos.

Aos amigos do Laboratório do Movimento Humano: Luciana Jorge, em

especial, que compartilhou muitos dos momentos da coleta de dados, Lucinar

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Flores, Iris Sanches, Diego Figueroa, Janaina Brito, Nathalia Bernardes e Kátia

Ponciano.

Aos amigos do Laboratório de Hipertensão Experimental-InCor,

comandados pela professora Maria Cláudia Irigoyen, esta que teve importante

contribuição em vários momentos de reflexões da dissertação.

Aos amigos da Veterinária-USP, sob responsabilidade do professor

Antônio Augusto, que me auxiliaram nas técnicas dos cortes histológicos.

A professora Sandra por ter se disponibilizado sempre quando precisei,

inclusive fazendo parte da banca.

A todos os professores do programa de mestrado e aos funcionários da

USJT que deram o suporte necessário.

A todos os amigos de São Paulo e da minha cidade, Belém, que sempre

me apoiaram e me apóiam até hoje.

OBRIGADO!

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. 4

RESUMO................................................................................................................................. 11

ABSTRACT ............................................................................................................................ 13

1- INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 17

1.1- Diabetes .............................................................................................................................................. 17

1.2- Efeitos do diabetes na inervação e modulação autonômica cardíaca............................................ 20

1.3- Efeitos do diabete experimental no controle autonômico da função cardiovascular................... 22

1.4- Efeitos do exercício no diabetes mellitus ......................................................................................... 23 1.4.1- Efeitos do treinamento físico no sistema cardiovascular: benefícios no diabetes mellitus .... 23 1.4.2- Efeitos do exercício agudo no sistema cardiovascular: benefícios no diabetes ..................... 25

2- OBJETIVOS....................................................................................................................... 30

2.1- Objetivo geral .................................................................................................................................... 30

2.2- Objetivos específicos.......................................................................................................................... 30

3- MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................................. 31

3.1- Animais e grupos ............................................................................................................................... 31

3.2- Indução do diabetes........................................................................................................................... 31

3.3- Protocolo experimental ..................................................................................................................... 32

3.4- Canulação dos animais para registro da pressão arterial e da freqüência cardíaca ................... 33

3.5- Registro da pressão arterial e da freqüência cardíaca ................................................................... 34

3.6- Protocolo de exercício agudo ............................................................................................................ 34

3.7- Medida da concentração de lactato sanguíneo e de glicemia plasmática durante o exercício .... 35

3.8- Avaliação do controle autonômico da freqüência cardíaca ........................................................... 36

3.9- Avaliações morfológica e morfométrica da inervação autonômica cardíaca ............................... 37

3.10- Análise estatística ............................................................................................................................ 38

4- RESULTADOS................................................................................................................... 39

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4.1- Avaliação do peso corporal............................................................................................................... 39

4.2- Avaliação da glicemia........................................................................................................................ 39

4.3- Avaliações hemodinâmicas sistêmicas no repouso.......................................................................... 40

4.4- Respostas pressórica e cronotrópica ao exercício agudo na situação basal.................................. 44

4.5- Respostas pressórica e cronotrópica ao exercício após o bloqueio do sistema nervoso parassimpático .......................................................................................................................................... 48

4.6- Respostas pressórica e cronotrópica ao exercício após bloqueio do sistema nervoso simpático. 51

4.7- Resposta pressórica e cronotrópica ao exercício após o duplo bloqueio farmacológico.............. 54

4.8- Tônus vagal (TV), tônus simpático (TS) e freqüência cardíaca intrínseca (FCI) no repouso, durante o exercício e no período pós-exercício....................................................................................... 58

4.9- Avaliações da glicemia plasmática e do lactato sangüíneo............................................................. 60 4.9.1- Glicemia plasmática............................................................................................................... 60 4.9.2- Lactato sangüíneo .................................................................................................................. 61

4.10- Análises morfológica e morfométrica dos gânglios parassimpáticos cardíacos ......................... 62 4.10.1- Aspectos morfológicos ........................................................................................................ 62 4.10.2 -Densidade de neurônios (número de neurônios/secção) ...................................................... 62 4.10.3- Tamanho dos neurônios ....................................................................................................... 63

5- SUMÁRIO DE RESULTADOS........................................................................................ 64

6- DISCUSSÃO....................................................................................................................... 65

6.1- Efeitos do diabetes ............................................................................................................................. 65

6.2- Efeitos do diabete nos parâmetros hemodinâmicos no estado basal ............................................. 65

6.3- Efeitos do exercício físico agudo nos parâmetros hemodinâmicos ................................................ 69

6.4 Avaliações metabólicas no repouso, durante o exercício e na recuperação ................................... 76

6.5 Morfologia e morfometria dos gânglios parassimpáticos cardíacos 79

7-CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 83

8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................84

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: GLICEMIA NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO (GC E GD)...........................................40

TABELA 2: AVALIAÇÕES HEMODINÂMICAS SISTÊMICAS EM REPOUSO NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO (GC E GD) NA SITUAÇÃO BASAL. .............................................................................. 40

TABELA 3: PARÂMETROS HEMODINÂMICOS SISTÊMICOS EM REPOUSO NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO (GC E GD) NA SITUAÇÃO BASAL E APÓS BLOQUEIO DO PARASSIMPÁTICO COM METILATROPINA........................................................................................ 41

TABELA 4: PARÂMETROS HEMODINÂMICOS EM REPOUSO NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO (GC E GD) NA SITUAÇÃO BASAL E APÓS BLOQUEIO SIMPÁTICO COM PROPRANOLOL. ....................................................................................................................................... 43

TABELA 5: PARÂMETROS HEMODINÂMICOS EM REPOUSO NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO (GC E GD) NA SITUAÇÃO BASAL E APÓS O DUPLO BLOQUEIO FARMACOLÓGICO......................................................................................................................................4 4

TABELA 6: PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA (PAS), DIASTÓLICA (PAD), MÉDIA (PAM) E FREQÜÊNCIA CARDÍACA (FC) EM REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO (GC E GD) NA SITUAÇÃO BASAL................................ 45

TABELA 7: PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA (PAS), DIASTÓLICA (PAD), MÉDIA (PAM) E FREQÜÊNCIA CARDÍACA (FC) DURANTE O EXERCÍCIO NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO (GC E GD) APÓS O BLOQUEIO PARASSIMPÁTICO.................................................................................................49

TABELA 8: PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA (PAS), DIASTÓLICA (PAD), MÉDIA (PAM) E FREQÜÊNCIA CARDÍACA (FC) NO REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO (GC E GD) APÓS O BLOQUEIO SIMPÁTICO............... 51

TABELA 9: PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA (PAS), DIASTÓLICA (PAD), MÉDIA (PAM) E FREQÜÊNCIA CARDÍACA (FC) NO REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO (GC E GD) APÓS O DUPLO BLOQUEIO FARMACOLÓGICO................................................................................................................................... 55

TABELA 10: TÔNUS VAGAL (TV) E SIMPÁTICO (TS) EM REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO (GC E GD) ........................................... 58

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: INJEÇÃO ENDOVENOSA DE ESTREPTOZOTOCINA NA VEIA DA CAUDA........................ 32

FIGURA 2: CANULAÇÃO DA ARTÉRIA CARÓTIDA E DA VEIA JULGULAR ......................................... 33

FIGURA 3: RATO NA ESTEIRA ERGOMÉTRICA COM CÂNULA ARTERIAL CONECTADA AO SISTEMA DE REGISTRO DE PRESSÃO ARTERIAL...................................................... 34

FIGURA 4: ESQUEMA DEMONSTRATIVO DO DUPLO BLOQUEIO FARMACOLÓGICO COM METILATROPINA (M) E ATENOLOL (A) PARA OBTENÇÃO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA INTRÍNSECA (FCI), TONO VAGAL (TV) E SIMPÁTICO (TS) CARDÍACO.......................................................................................................................................................... 36

FIGURA 5: COMPONETES DO GÂNGLIO EM FOTOMICROGRAFIAS ELETRÔNICAS OBTIDAS EM MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE TRANSMISSÃO. ..................................................................................... 38

FIGURA 6: PESO CORPORAL FINAL NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO..................................... 39

FIGURA 7: A. PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA E B. FREQÜÊNCIA CARDÍACA NO REPOUSO NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO (GC E GD) NA SITUAÇÃO BASAL.. ................................................ 41

FIGURA 8: PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA NO EXERCÍCIO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO (GC E GD) NA SITUAÇÃO BASAL ........... 46

FIGURA 9: PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA NO REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO (GC E GD) NA SITUAÇÃO BASAL ........... 46

FIGURA 10: PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA (PAM, MMHG) NO REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO (GC E GD) NA SITUAÇÃO BASAL............................................................................................................................................. 47

FIGURA 11: FREQÜÊNCIA CARDÍACA NO REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO (GC E GD) NA SITUAÇÃO BASAL ........... 48

FIGURA 12: PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA (PAS), DIASTÓLICA (PAD) E MÉDIA (PAM) APÓS O BLOQUEIO PARASSIMPÁTICO NO REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO ...... 50

FIGURA 13: FREQÜÊNCIA CARDÍACA (FC, BPM) NO REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO (GC E GD) APÓS O BLOQUEIO PARASSIMPÁTICO............................................................................................................................................. 50

FIGURA 14: PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA NO REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO APÓS O BLOQUEIO SIMPÁTICO....................................................................................... 52

FIGURA 15: PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA NO REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO APÓS O BLOQUEIO SIMPÁTICO. ...................................................................................... 53

FIGURA 16: PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA NO REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO APÓS O BLOQUEIO SIMPÁTICO....................................................................................... 53

FIGURA 17: FREQÜÊNCIA CARDÍACA NO REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO APÓS O BLOQUEIO SIMPÁTICO....................................................................................... 54

FIGURA 18: PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA NO REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO APÓS O BLOQUEIO SIMULTÂNEO DE METILATROPINA E PROPRANOLOL.......... 56

FIGURA 19: PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA NO REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO APÓS O BLOQUEIO SIMULTÂNEO DE METILATROPINA E PROPRANOLOL.......... 56

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FIGURA 20: PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA NO REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO APÓS O BLOQUEIO SIMULTÂNEO DE METILATROPINA E PROPRANOLOL.......... 57

FIGURA 21: FREQÜÊNCIA CARDÍACA NO REPOUSO, DURANTE O EXERCÍCIO E NA RECUPERAÇÃO APÓS O BLOQUEIO SIMULTÂNEO DE METILATROPINA E PROPRANOLOL.......... 58

FIGURA 23: A. TÔNUS VAGAL (TV) E B. TÔNUS SIMPÁTICO (TS) PRÉ E PÓS-EXERCÍCIO NO GRUPO DIABÉTICO........................................................................................................................................... 59

FIGURA 25: GLICEMIA NO PERÍODO PRÉ E PÓS-EXERCÍCIO NA SITUAÇÃO BASAL, APÓS O BLOQUEIO PARASSIMPÁTICO (METILATROPINA), BLOQUEIO SIMPÁTICO (PROPRANOLOL) E DUPLO BLOQUEIO FARMACOLÓGICO......................................................................................................... 60

FIGURA 26: LACTATO SANGÜÍNEO NO PERÍODO PRÉ E PÓS-EXERCÍCIO NA SITUAÇÃO BASAL, APÓS O BLOQUEIO PARASSIMPÁTICO (ATROPINA), BLOQUEIO SIMPÁTICO (PROPRANOLOL) E DUPLO BLOQUEIO FARMACOLÓGICO..................................................................... 61

FIGURA 27: FOTOMICROGRAFIA DE GÂNGLIOS E NEURÔNIOS DO GRUPO CONTROLE E DIABÉTICO ......................................................................................................................................................... 62

FIGURA 28: DENSIDADE DE NEURÔNIOS PARASSIMPÁTICOS CARDÍACOS NOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO................................................................................................................................ 62

FIGURA 29. TAMANHO DOS NEURÔNIOS CARDÍACOS DOS GRUPOS CONTROLE E DIABÉTICO...................................................................................................................................................... 63

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RESUMO: O diabetes está associado a diversas complicações, dentre elas, a neuropatia

diabética, que se caracteriza por lesões anatômicas e funcionais dos neurônios autonômicos e

somáticos periféricos. Estudos clínicos e experimentais demonstraram que a neuropatia

autonômica caracteriza-se, inicialmente, por disfunção do sistema nervoso parassimpático e,

posteriormente, do sistema nervoso simpático. O modelo experimental de diabetes mellitus

(DM) por estreptozotocina (STZ) tem sido muito utilizado no estudo da neuropatia diabética,

bem como suas repercussões sobre o sistema cardiovascular. Estudos demonstraram disfunção

autonômica a partir de 5 dias até 80 dias de indução do diabetes por STZ, todavia, poucos

estudos na literatura correlacionaram esses prejuízos hemodinâmicos com as alterações

morfométricas na inervação autonômica cardíaca no modelo experimental de diabetes.

Atualmente, o exercício físico regular, juntamente com a insulinoterapia e o planejamento

alimentar, tem sido considerado como uma das três principais abordagens no tratamento do

DM. Os benefícios metabólicos e cardiovasculares induzidos pelo treinamento físico em

animais e humanos diabéticos são bastante abordados na literatura. Todavia, os efeitos

hemodinâmicos de uma única sessão de exercício nesse modelo experimental de diabetes

permanece pouco esclarecido. Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o

controle autonômico da freqüência cardíaca (FC) em repouso e durante o exercício físico

agudo em ratos diabéticos induzidos por STZ, bem como investigar a morfometria de

gânglios parassimpáticos cardíacos. Foram utilizados 18 ratos machos Wistar, pesando entre

200 a 300g divididos em 2 grupos: controles (GC, n=9) e diabéticos (GD, n=9). O diabetes foi

induzido por uma única injeção de STZ (50 mg/kg, ev). Vinte e nove dias após a indução do

diabetes foi implantada uma cânula na artéria carótida em direção ao ventrículo esquerdo,

para registro da pressão arterial (PA) e de uma cânula na veia jugular para administração das

drogas. Vinte e quatro horas após a canulação a PA e a FC foram registradas e processadas

em um sistema de aquisição de dados (CODAS, 2KHz) no estado basal, após o bloqueio

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simpático (propranolol, 4mg/kg), após o bloqueio vagal (metilatropina, 3mg/kg) e após o

duplo bloqueio em repouso e durante uma sessão de exercício em esteira ergométrica com

velocidade progressiva (0.3, 0,6 e 0,9 km/h). No mínimo 24 horas após o exercício agudo os

animais de ambos os grupos foram anestesiados com hidrato de cloral e foram perfundidos

pelo ventrículo esquerdo com solução fisiológica, e depois com solução fixadora. A seguir, os

átrios desses animais foram isolados para análise morfométrica. Os resultados são

apresentados como média ± erro padrão das médias. O teste t de Student e o teste de análise

de variância (ANOVA) foram devidamente aplicados. Foram considerados significativos

valores de p< 0,05. No período de repouso: a) a FC foi menor no GD (297 ± 6 bpm) em

relação ao GC (350 ± 9 bpm); b) o diabetes induziu redução da resposta da FC à atropina (375

± 18 vs. 406 ± 10 bpm no GC); c) a resposta ao propranolol foi semelhante entre os grupos

estudados (293 ± 6 vs. 313 ± 5 bpm no GC); a FCI foi menor nos animais diabéticos (329 ± 6

vs. 370 ± 9 bpm no GC). Na situação basal a FC apresentada pelo GD (0,3 km/h: 362 ± 9 vs.

bpm no GC; 0,6 km/h: 395 ± 12 vs. 463 ±11 bpm no GC e 0,9 km/h: 433 ± 10 vs. 481 ± 12

bpm no GC) durante o exercício foi menor em todos os estágios em relação ao GC e no

período pós-exercício (328 ± 8 vs. 377 ± 11 bpm no GC). A modulação parassimpática da FC

mostrou-se prejudicado nos animais GD (0,3 km/h: 319 ± 5 bpm; 0,6 km/h: 330 ± 7 bpm) nas

duas primeiras cargas de exercício em relação aos animais GC (0,3 km/h: 357 ± 11 bpm; 0,6

km/h: 376 ± 7 bpm). Não foram encontradas diferenças na FC em vigência da modulação

simpática durante o exercício entre os grupos estudados. A FCI foi menor no GD (0,3 km/h:

349 ± 7 bpm; 0,6 km/h: 367 ± 8 bpm) nas velocidades de 0,3 e 0,6 km/h quando comparado

ao GC (0,3 km/h: 396 ± 6 bpm; 0,6 km/h: 401 ± 6 bpm). O tônus vagal (TV) foi reduzido no

GD em repouso (37 ± 3 bpm) em relação ao GC (61 ± 9 bpm), todavia, não foram observadas

diferenças entre estes grupos na execução do exercício. Vale ressaltar, que o TV foi

significantemente maior na recuperação no GD (49 ± 6 bpm) em relação ao seu estado de

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repouso (37 ± 3 bpm). Não foram observadas diferenças no tônus simpático (TS) entre os

grupos em nenhum momento do protocolo. O TS foi maior na última carga de exercício em

ambos os grupos. Em relação aos resultados morfométricos os animais diabéticos

apresentaram menor densidade neuronal (46 ± 7 vs 122 ± 7 neurônios no GC) e menor

tamanho de neurônios parassimpáticos cardíacos (208,6 ± 3,5 vs. 318,5 ± 4,5 µm no GC). Os

resultados indicam que o diabetes experimental induziu disfunção parassimpática na

modulação da FC evidenciada em repouso e pela reduzida retirada vagal durante o exercício.

Essas alterações funcionais estão provavelmente associadas à redução na densidade e no

tamanho dos neurônios dos gânglios parassimpáticos cardíacos. Esses achados confirmam a

neuropatia estrutural e funcional induzido pelo diabetes experimental por STZ. Por fim, vale

ressaltar, que uma única sessão de exercício atenuou a disfunção vagal, sugerindo um

benefício desta abordagem não-farmacológica no manejo do risco cardiovascular de

diabéticos.

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ABSTRACT: Diabetes is associated with diverse complications, amongst them, the diabetic

neuropathy, that is characterized for anatomical and functional injuries of autonomics and

somatic neurons. Clinical and experimental studies had demonstrated that autonomic

neuropathy is characterized, initially, by parasympathetic dysfunction and after by

sympathetic dysfunction. The experimental model of diabetes mellitus (DM) induced by

estreptozotocin (STZ) has been largely used in the study of diabetic neuropathy, as well as its

repercussions on the cardiovascular system. Studies had demonstrated autonomic dysfunction

from 5 until 80 days induced diabetes, however, few studies in literature correlated

hemodynamic damages with cardiac autonomic innervations morphometric changes in this

experimental model of diabetes. Currently, the regular physical exercise, together with insulin

therapy and alimentary planning, has been considered as one of the three main approach DM

in the treatment. Exercise training-induced metabolic and cardiovascular benefits in diabetic

animals and human beings are well studied. However, the hemodynamic effect of single

session of exercise in this experimental model of diabetes remain unknown. In this way, the

objective of the present study was to evaluate the autonomic control of the heart rate (HR) at

rest and during acute exercise in STZ-induced diabetic rats, as well as to investigate cardiac

parasympathetic ganglia morphometry. Male Wistar rats weighing between 200 300g, were

divided into 2 groups: controls (CG, n=9) and diabetic (DG, n=9). Diabetes was induced by a

single injection of STZ (50 mg/kg, ev). Twenty nine days after diabetes induction cannula

were implanted in the carotid artery in direction to the left ventricle, for arterial pressure (AP)

measurement and of a cannula in the vein jugular vein for drugs administration twenty four

hours after canulation AP and HR were registered and processed in a data acquisition system

(CODAS, 2KHz) in the basal state, after the sympathetic (propranolol, 4mg/kg) and vagal

blockade (metilatropine, 3mg/kg) and after the double blockade at rest and during a bout of

exercise with gradual speed (0.3, 0.6 and 0.9 km/h) on a treadmill. At least, 24 hours after

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acute exercise the animals of both groups were anesthetized with chloral hydrate and were

perfuzed by the left ventricle with a physiological solution, and after with a fixing solution.

Following, the atriums were isolated for morphometric analysis. The results are presented as

average ± averages standard errors. Student T test and the analysis variance (ANOVA) were

applied. Significance was established at P<0.05. In rest period: a) the HR was reduced in DG

(297 ± 6 bpm) in relation to GC (350 ± 9 bpm); b) diabetes induced reduction of atropine HR

response (375 ± 18 versus. 406 ± 10 bpm in CG); c) the response to propranolol was similar

between studied groups (293 versus. 313 ± 5 bpm in CG); the intrinsic heart rate (IHR) was

diminished in diabetic animals (329 ± 6 versus. 370 ± 9 bpm in CG). In the basal situation the

HR presented by DG during exercise was reduced in all loads of in relation to CG (0.3 km/h:

362 ± 9 versus bpm in CG; 0.6 km/h: 395 ± 12 versus. 463 ±11 bpm in CG and 0.9 km/h: 433

± 10 versus. 481 ± 12 bpm in CG) and in the post-exercise period (328 ± 8 versus. 377 ± 11

bpm in CG). The HR parasympathetic modulation was impaired DG animals (0.3 km/h: 319 ±

5 bpm; 0.6 km/h: 330 ± 7 bpm) in the two first exercise loads as compared CG animals (0.3

km/h: 357 ± 11 bpm; 0.6 km/h: 376 ± 7 bpm). Durind sympathetic modulation no differences

were observed in HR during the exercise between the studied groups. The IHR was

diminished in DG (0.3 km/h: 349 ± 7 bpm; 0.6 km/h: 367 ± 8 bpm) at 0.3 and 0.6 km/h when

compared with CG (0.3 km/h: 396 ± 6 bpm; 0.6 km/h: 401 ± 6 bpm). Vagal tonus (VT) was

reduced in DG at rest (37 ± 3 bpm) in relation to GC (61 ± 9 bpm), however, no differences

were observed between groups during exercise. Is important to emphases, that the VT was

significantly higher in the exercise recovery in DG (49 ± 6 bpm) in relation to its resting

values (37 ± 3 bpm). Sympathetic tonus (ST) was similar between group during the protocol.

ST was higher at the last load of exercise in both groups. Morphometric results showed that

diabetic animals presented reduced neuronal density (46 ± 7 versus 122 ± 7 neurons in CG)

and diminished cardiac parasympathetic neurons size(208.6 ± 3.5 versus. 318.5 ± 4.5 µm in

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CG). The results indicate that experimental diabetes induced parasympathetic dysfunction in

HR modulation evidenced at rest and by vagal withdrawal during exercise. These functional

alterations are probably associated to the reduction cardiac parasympathetic ganglia neurons

density and size. These findings confirm STZ-experimental diabetes induced structural and

functional neuropathy. Finally, is important emphased, that a single bout of exercise

attenuated the vagal dysfunction, suggesting a positive role of this no-pharmacological

approach in the management of cardiovascular risk in diabetics.

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1- INTRODUÇÃO

1.1- Diabetes

O diabetes mellitus (DM) é considerado um problema de saúde pública com alta

prevalência, com grande tendência a crescimento, e enorme custo social e econômico. Em

países em desenvolvimento, como o Brasil, estima-se aumento na prevalência de DM de

170% no período entre 1995 a 2025 (King et al., 1998; Narayan et al., 2000). Nos países

desenvolvidos, mesmo com os avanços científicos e o acesso fácil a cuidados de saúde, a

prevalência do diabetes está aumentando e as intervenções com a finalidade de prevenir tal

condição, como a atividade física e dieta, são subutilizadas (King et al., 1998).

No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde (censo de 1989), a prevalência de

diabetes situa-se ao redor de 7,6% da população urbana na faixa etária entre 30 e 69 anos. Na

cidade de São Paulo a taxa de prevalência é de 9,7% da população entre 30 e 69 anos. Em

termos mundiais, as projeções indicam que por volta do ano 2010 estaremos com pelo menos

220 milhões de diabéticos tipo 2, incluindo 20 milhões na América Latina. A previsão de

prevalência, para 2025, é de 7,2% da população (11,6 milhões de habitantes) no Brasil e 299,9

milhões de pessoas no mundo (King et al., 1998). Os diabetes tipo 1 e tipo 2 são os mais

freqüentes. Porém, o tipo 2 é o mais prevalente, compreendendo por volta de 90% dos casos

(The Expert Committee on the Diagnosis and Classification of :Diabetes Mellitus, 2003).

O DM é uma desordem que afeta indivíduos de todas as idades. O diabete tipo 1 afeta

crianças, adolescentes e adultos jovens, mas também, às vezes, acomete indivíduos mais

velhos. O diabete tipo 1 é a conseqüência da deficiência da insulina, resultando de um

processo auto-imune que destrói as células que produzem insulina (célula -pancreática). O

DM tipo 2 ocorre em adultos e em pessoas mais velhas (mas às vezes também em indivíduos

novos), e envolve uma predisposição genética, sendo favorecido pelo excesso de peso e pelo

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sedentarismo (Lefebvre, 2005). O diabete mellitus é uma doença crônica na qual fatores

genéticos e ambientais se sobrepõem, levando a alterações no metabolismo de carboidratos,

lípides e proteínas. É caracterizado por estado de hiperglicemia em jejum, advindo

principalmente da secreção deficiente ou ausente de insulina, associada a graus variados de

resistência dos tecidos periféricos a ação deste hormônio. Trata-se de uma doença etiológica e

clinicamente heterogênea que provoca complicações nos vasos capilares (nefropatia diabética

e retinopatia diabética), nos vasos arteriais (arteriosclerose e gangrena) e nas vias do sistema

nervoso (neuropatia diabética) (Yagihashi, 1995, Junod et al., 1967). Estas complicações

ocorrem tanto no diabetes do tipo I como no tipo II, embora com algumas diferenças, como,

por exemplo: a doença macrovascular é a maior causa de morbimortalidade no diabetes tipo

II, provavelmente pela idade de início e síndrome metabólica associada (Duncan, 1996). O

diabetes produz importantes alterações vasculares, que afetam a reatividade do músculo liso e

do endotélio, a permeabilidade da parede dos vasos para macromoléculas e a atividade do

sistema trombolítico (Tomlinson et al., 1992). O desenvolvimento de anormalidades

endoteliais e do músculo liso é prevenido pela insulina, entretanto, não está claro se os efeitos

benéficos da insulina sobre a função nervosa devem-se unicamente ao controle da glicemia,

ou se a sua ação direta como vasoativo tem função na circulação endoneural (Cameron &

Cotter, 1994).

Anormalidades têm sido descritas em vários órgãos e constituem a síndrome do DM

tardio. Geralmente essas anormalidades tem uma base estrutural ou ultra estrutural e são

considerados relacionados com a duração do diabetes, bem como com a severidade do

desarranjo metabólico durante anos. Junto com a clássica nefropatia, retinopatia e neuropatia

diabética, há a existência de uma doença específica cardíaca, denominada cardiopatia

diabética. Neste aspecto, complicações cardiocirculatórias representam a maior causa de

mortalidade e de morbidade entre os pacientes diabéticos. Estudos demonstram que o DM

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dobra o risco de desenvolvimento das doenças cardiocirculatória no homem e triplica nas

mulheres (Muir et al., 1992). O risco de incidência de doenças cardiovasculares em um

indivíduo diabético com apenas um fator de risco equivale ao risco de um indivíduo não

diabético possuidor de três fatores de risco (Abrahan, 2003).

As anormalidades vasculares que levam a nefropatia e retinopatia no DM são também

identificadas na circulação sistêmica. Sendo assim, é plausível que o desenvolvimento de

alterações funcionais precoces, que por sua vez conduzem à neuropatia diabética e à

disfunção autonômica, sejam em parte resultantes de anormalidades neurovasculares

(Cameron & Cotter, 1994). De fato, o sistema nervoso periférico está freqüentemente

comprometido em pacientes diabéticos (Pickup & Williams, 1994). A neuropatia diabética é

acompanhada por uma gama de anormalidades e envolve tanto o sistema nervoso autônomo

como o sistema somático, aumentando significativamente a morbidade e a mortalidade desses

pacientes.

Assim, uma complicação de grande prevalência é a neuropatia diabética, que se

caracteriza por lesões anatômicas e funcionais dos neurônios autonômicos e somáticos

periféricos (Hilsted et al., 1979; Nathan, 1993). Embora a neuropatia periférica seja bastante

comum, a neuropatia autonômica diabética apresenta-se em 20 a 40% dos diabéticos (Hilsted

et al., 1979), variando de 16% em diabéticos recém-diagnosticados a 70% naqueles de longa

duração (Levitt et al., 1996). Estudos clínicos e experimentais demonstram que a neuropatia

autonômica caracteriza-se, inicialmente, por disfunção do sistema nervoso parassimpático e,

posteriormente, do sistema nervoso simpático (Barron et al., 1994; Bottini at al., 1995). Estas

disfunções podem levar à diminuição da tolerância ao exercício (Ramires et al., 1993;

Tantucci et al., 1996), à hipoglicemia assintomática (Niakan et al., 1986), à diminuição da

resposta adrenérgica à hipoglicemia (Bottini et al., 1997), à taquicardia em repouso, à

presença de hipotensão postural (Nathan et al., 1996), ao infarto silencioso do miocárdio e a

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morte súbita (Hilsted et al.,1982; Niakan et al., 1986). Além disso, a neuropatia autonômica

diabética parece predispor ao aparecimento de outras complicações do diabete mellitus, como

a neuropatia somática periférica, a nefropatia e a retinopatia (Spallone e Mezinger, 1997). De

fato, a neuropatia autonômica diabética está altamente correlacionada a altas taxas de

morbidade e mortalidade nos diabéticos (Levitt et al., 1996).

1.2- Efeitos do diabetes na inervação parassimpática e modulação autonômica cardíaca

O coração recebe inervação motora do sistema nervoso autonômico, tanto simpático

como parassimpático. Os efeitos das ativações destes dois sistemas se fazem sentir sobre a

freqüência cardíaca, a condução atrioventricular e a força de contração. Estes efeitos são

também referidos como efeitos cronotrópico, dromotrópico e inotrópico, respectivamente. No

coração de mamíferos, a inervação parassimpática, é muito abundante na musculatura atrial e

nodos sinusal e atrioventricular, e escassa nos ventrículos. A ativação vagal libera acetilcolina

nas terminações pós-ganglionares, de modo que seus efeitos são mediados através da

interação deste neurotransmissor com receptores muscarínicos que, no caso do coração, são

do tipo M2. A ativação vagal produz efeitos importantes na ativação cardíaca, como a

bradicardia, diminuição da força de contração atrial e bloqueio de condução atrioventricular.

Já a inervação simpática distribui-se extensamente pelas quatro câmaras, sendo, tanto os

nodos quanto os tecidos especializados em condução e também o miocárdio de trabalho,

muito bem inervados. A ativação simpática leva à liberação de noradrenalina nas

varicosidades dos terminais nervosos em íntimo contato com todo o miocárdio. Também a

adrenalina circulante, liberada pela medula supra-renal, ao atingir o coração irá interagir com

receptores adrenérgicos aí presentes. Os principais efeitos da ativação simpática no coração

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normal são: taquicardia, facilitação de condução atrioventricular e aumento da força de

contração atrial e ventricular (Carvalho et al., 1999).

Em condições fisiológicas, os dois sistemas, simpático e parassimpático, atuam

simultaneamente, com predominância de um ou outro no sentido de adequar, a cada instante,

a atividade do coração à sua função primordial de bombear sangue para a adequada perfusão

de todos os tecidos (Carvalho et al., 1999).

A inervação autonômica do coração é proveniente de um conjunto de fibras e gânglios,

situados junto à base do coração, o plexo cardíaco. Este plexo contém pequenos gânglios,

pertencentes à divisão parassimpática do sistema nervoso autonômico, localizados no tecido

subepicárdico, na face externa dos átrios, próximo a entrada das veias pulmonares (King e

Coakley, 1958; Paxino et al., 1994; De Souza et al., 1996; Pauza et al., 1997; Pauza et al.,

2002). Não há simetria bilateral e o número de neurônios varia de 1000 a 4000 neurônios em

algumas espécies (Calaresu e St Louis, 1967; Pardini et al., 1987; De Souza et al., 1996;

Pauza et al., 1997; Pauza et al., 2002). A população neuronal é composta de neurônios

pequenos, médios e grandes (Akamatsu et al., 1999). Grupos de neurônios projetam fibras

para diferentes estruturas cardíacas: parede dos átrios, parede dos ventrículos, nodo sinuatrial

e vasos coronários (Pardini et al., 1987; Steele et al., 1996). Estes neurônios recebem

sinapses de fibras pré-ganglionares do nervo vago (Gabella, 1995).

Histologicamente, estes gânglios são constituídos por neurônios com forma ovalada,

ou arredondada, com núcleos grandes e nucléolos pequenos, redondos (Pardini et al., 1987;

Akamatsu et al., 1999). Os neurônios geralmente estão arranjados em grupos com número

variável. Cada gânglio é envolvido por uma cápsula de tecido conjuntivo e, no interior do

gânglio, nos espaços interneuronais, encontram-se fibras colágenas, entre feixes de fibras

nervosas (Akamatsu et al., 1999). Ultraestruturalmente observam-se as células nervosas com

seu aspecto típico: núcleo claro e citoplasma rico em mitocôndrias. Entre as células nervosas

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encontram-se fibroblastos, células da glia; células satélites e fibras colágenas, além de feixes

de fibras nervosas mielínicas e amielínicas (Ellison e Hibbs, 1976).

Essses gânglios cardíacos apresentam mudanças degenerativas em ratos diabéticos

induzidos por estreptozotocina e que estas parecem ser progressivas (Kamal et al. 1991).

Além disso, estudos têm demonstrado que estas mudanças ocorrem, preferencialmente, em

gânglios parassimpáticos cardíacos (Sanyal et al., 2002) o que pode prejudicar o controle

neural em diabéticos.

1.3- Efeitos do diabete experimental no controle autonômico da função cardiovascular

O modelo experimental de DM por estreptozotocina (STZ) tem sido utilizado no

estudo da neuropatia diabética, bem como suas repercussões sobre o sistema cardiovascular.

Ratos diabéticos por STZ apresentam muitas alterações semelhantes às observadas em

humanos, tais como hiperglicemia, hipoinsulinemia, glicosúria, poliúria, perda de peso,

neuropatia, nefropatia e cardiopatia (Junod et al., 1967; Schaan et al.,1997; Dall’Ago et

al.,1997; De Angelis et al., 2002). Em nosso grupo, temos utilizado este modelo na busca da

melhor compreensão das disfunções do controle autonômico do sistema cardiovascular (De

Angelis et al., 2002).

Estudos demonstraram em ratos com diferentes tempos pós-indução do diabetes por

STZ (5, 15, 30 e 90 dias) hipotensão e bradicardia basais. A bradicardia observada em ratos

diabéticos está associada à diminuição da freqüência cardíaca de marcapasso. Deve-se

destacar, ainda, o prejuízo no controle autonômico da freqüência cardíaca caracterizado por

uma acentuada redução do tônus vagal para o coração, indicando disfunção autonômica a

partir de 5 dias da indução do diabetes por STZ, além de prejuízo no quimirreflexo e no

barorreflexo (De Angelis et al., 2000; Dall’Ago et al., 1997; Maeda et al., 1995; Schaan et al.,

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1997). Todavia, existem poucos estudos na literatura correlacionando esses prejuízos

hemodinâmicos com as alterações morfométricas na inervação autonômica cardíaca no

modelo experimental de diabetes.

1.4- Efeitos do exercício no diabetes mellitus

Desde o século XVIII, médicos reconheceram a utilidade terapêutica do exercício no

tratamento do DM do tipo 2 (Rollo, 1978). Na edição de 1935 do The Treatment of Diabetes

Mellitus, exercícios diários eram recomendados no tratamento do DM (Joslin, 1935).

Atualmente, o exercício físico regular, juntamente com a insulinoterapia e o planejamento

alimentar, tem sido considerado como uma das três principais abordagens no tratamento do

DM.

Os benefícios cardiovasculares, metabólicos e autonômicos após o exercício físico

agudo e crônico têm levado muitos investigadores a sugerir o treinamento físico como uma

conduta não-farmacológica importante no tratamento de diferentes patologias entre os quais o

diabetes (Jennings et al., 1986, Wallberg et al., 1988, Tipton et al., 1991). Associado a estes

autores, estudos epidemiológicos tem demonstrado que o sedentarismo é um grande fator de

risco para o desenvolvimento do diabete não insulino dependente (NIDDM) (Hardmann,

1996).

1.4.1- Efeitos do treinamento físico no sistema cardiovascular: benefícios no diabetes mellitus

Treinamento físico em humanos e animais resulta em numerosas adaptações da

musculatura esquelética, incluindo aumento da expressão gênica do GLUT 4, o que contribui

para a melhor captação da glicose pelo músculo, mesmo com níveis insulinêmicos alterados,

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em indivíduos treinados. Esta alteração contribui para a diminuição da resistência periférica à

insulina, a intolerância à glicose e do diabete não insulino dependente (Goodyear e Kahn,

1998).

Além disso, o aumento da sensibilidade à insulina após o treinamento físico tem sido

observado em indivíduos resistentes à insulina (Perseghin et al., 1996). Perseghin et al. (1996)

observaram em indivíduos resistentes à insulina e filhos de diabéticos do tipo II, que o

treinamento físico aumentava a sensibilidade à insulina de forma semelhante àquela

observada em indivíduos saudáveis. Apesar disto, o treinamento não normalizou a

sensibilidade à insulina. Assim, em pacientes do tipo II que apresentam resistência à insulina

o treinamento físico pode auxiliar no tratamento dessa doença, mas não necessariamente

normalizar esse distúrbio metabólico.

Em diabéticos do tipo I, não existem evidências que sustentem os efeitos benéficos do

treinamento físico no controle glicêmico desses pacientes. Zinman et al (1984) observaram

que o treinamento aeróbio não modifica os níveis glicêmicos, a hemoglobina glicada ou a

dose de insulina em indivíduos diabéticos do tipo I. Em outro estudo, conduzido por Ramires

(1994) também não foi observado modificação da glicemia ou da hemoglobina glicada após 6

meses de treinamento físico, mas, ao contrário de Zinman et al (1984), foi verificado que o

exercício físico regular diminuía a necessidade diária de insulina exógena dos pacientes

diabéticos do tipo I.

O ganho de peso que acompanha por vezes o diabetes do tipo 2, a hipertensão e o

envelhecimento, é revertido e prevenido pela atividade física regular. Estudos têm

demonstrado que o acúmulo de gordura abdominal e a diminuição da massa muscular estão

altamente correlacionados com o desenvolvimento de resistência à insulina. O treinamento

físico resulta em perda de peso, preferencialmente em regiões centrais do corpo, e estimula o

desenvolvimento muscular (Ivy, 1997).

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O treinamento físico pode provocar alterações neurovegetativas e cardiovasculares

importantes. Bradicardia de repouso foi verificada em ratos normotensos jovens (Negrão et

al., 1992), ou velhos (De Angelis et al., 1997) e em humanos (Frick, 1967; Katona et al.,

1982). As razões da redução da FC ainda permanecem controversas. Estudos em jovens

demonstram diminuição do tônus vagal, diminuição da atividade simpática e alteração nas

células marca-passo (Negrão et al., 1992), mas em ratos velhos estas alterações não foram

evidenciadas, sendo sugeridos mecanismos como a diminuição do estresse oxidativo (De

Angelis et al., 1997) e a hipertrofia cardíaca (Sigvardsson et al., 1977) como possíveis

mecanismos responsáveis pela bradicardia. Experimentos recentes de nosso laboratório

evidenciaram que ratos diabéticos por STZ sedentários apresentam hipotensão (Dall´Ago et

al., 1997) e bradicardia de repouso que são revertidas após 10 semanas de treinamento físico

aeróbio, provavelmente devido a melhora na freqüência cardíaca intrínseca obtida após o

duplo bloqueio farmacológico. Além disso, estudo no coração isolado de ratos diabéticos

treinados, mostrou que o treinamento físico reverteu nesses animais, o aumento dos tempos de

contração e relaxamento cardíaco induzidos pela doença. (De Angelis et al., 2000).

1.4.2- Efeitos do exercício agudo no sistema cardiovascular: benefícios no diabetes

Existem fortes e consistentes evidências de que uma única sessão de exercício pode,

agudamente, reduzir triglicérides e aumentar o HDL, reduzir a pressão arterial, melhorar a

sensibilidade à insulina e a homeostase da glicose. Tais observações sugerem que ao menos

alguns dos efeitos do treinamento físico nos fatores de risco de doenças cardiovasculares

podem ser o resultado do exercício recente (Thompson et al., 2001).

Uma série complexa de ajustes acontece durante a execução da atividade física. Dentre

eles, é essencial a regulação da função cardíaca, promovida, principalmente, pelo sistema

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nervoso autônomo. Esse sistema regula o que chamamos de balanço simpático-vagal cardíaco,

organizando a função cardíaca de acordo com as demandas orgânicas e teciduais, obedecendo

às informações que partem dos centros superiores do sistema nervoso central e dos receptores

periféricos. Assim é de supor que essa regulação cardíaca ocorra batimento a batimento,

condição observada desde a situação de repouso, e ampliada durante a atividade física

(Paschoal, 1999).

Durante o exercício, o consumo de oxigênio (VO2) em todo o corpo aumenta em até

20 vezes, sendo que este aumento pode ser ainda maior nos músculos em atividade. Com o

objetivo de atender a demanda aumentada de energia da atividade física, o músculo

esquelético utiliza seus depósitos de glicogênio e triglicérides para re-síntese de ATP. Já está

bem estabelecido que exercício de alta intensidade (acima de 75% do VO2 máximo) utiliza

glicose como fonte energética primária, todavia atividades físicas moderadas ou leves (até

70% do VO2 máximo) utilizam predominantemente ácidos graxos livres, cuja utilização

torna-se cada vez mais predominante em relação à utilização de glicose à medida que o

exercício se prolonga. Apesar do grande aporte de glicose à musculatura em atividade, a

glicose sangüínea é mantida em níveis normais, pois ocorre redução da insulinemia e elevação

de hormônios contra-reguladores como o glucagon, cortisol, catecolaminas e hormônio do

crescimento (Galbo e Gollnick, 1984).

Em uma sessão de atividade, de forma similar à ação da insulina, o exercício aumenta

a sensibilidade e a captação de glicose pelo músculo esquelético, processo este que se deve,

provavelmente, a translocação dos transportadores de glicose (GLUT 4) para a membrana

plasmática muscular (Ivy, 1997).

De fato, durante o exercício o transporte de glicose na célula muscular aumenta, bem

como a sensibilidade da célula à ação da insulina. O transporte de glicose no músculo

esquelético durante o exercício ocorre primariamente por difusão facilitada, usando proteínas

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transportadoras (GLUTs) cujos principais mediadores de ativação são a insulina e o exercício,

ou seja, é possível haver translocação de GLUT4 para a membrana muscular durante o

exercício mesmo em ausência de insulina. Os mecanismos moleculares desencadeados pela

insulina no processo de translocação do GLUT4 são bem conhecidos. A ligação da insulina ao

seu receptor na membrana plasmática determina auto-fosforilação dos resíduos de tirosina do

receptor, fosforilação dos substratos do receptor de insulina IRS-1 e IRS-2, e ativação do

fosfatidilinositol 3-quinase. Isto causa a translocação do GLUT4 para a membrana celular,

com conseqüente aumento do transporte de glicose para o interior celular. Em contrapartida,

os mecanismos moleculares envolvidos na translocação do GLUT4 em decorrência do

exercício, e independente da ação da insulina, não estão bem estabelecidos. Evidências

parecem indicar que o cálcio liberado pelo retículo sarcoplasmático é um mediador deste

processo de translocação, iniciando ou facilitando a ativação de moléculas sinalizadoras

intracelulares ou cascatas de sinalização que levam aos efeitos imediatos e prolongados do

exercício sobre o transporte de glicose no músculo. A proteína quinase C é um exemplo

destas moléculas de ativação dependente de cálcio. Existem também evidências de

componentes autócrinos e parácrinos para ativação do transporte de glicose, tais como o óxido

nítrico, a calicreína e a adenosina. Mais recentemente, alguns estudos têm proposto que a

proteína quinase ativada AMP (AMPK) pode ser um potencial regulador da translocação do

GLUT4 em resposta a contração muscular, ativando a via da PI 3-quinase (Goodyear e Kahn,

1998).

Dessa forma, há possibilidade de indivíduos diabéticos transportarem glicose para a

musculatura durante o exercício independente da ação da insulina, contribuindo para maior

utilização destes substratos como fonte energética, favorecendo a redução da hiperglicemia e

a melhora do controle glicêmico. Corroborando esta hipótese, estudos em animais diabéticos

demonstram que durante o exercício físico a captação de glicose independente da insulina

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nesses animais aumenta de forma semelhante àquela descrita em ratos saudáveis (Wallberg et

al., 1988). Além disto, esse aumento no transporte de glicose e a melhora na sensibilidade à

insulina podem permanecer por períodos prolongados após a sessão de exercício dinâmico, o

que poderia ser benéfico no controle glicêmico de pacientes com DM.

Assim, para suprir esta nova demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas

ocorrem e, dentre elas, as relacionadas à função cardiovascular durante o exercício. Ao

iniciarmos uma atividade física, um dos efeitos mais precoces sobre o sistema cardiovascular

é o aumento da FC. Esse aumento ocorre de forma linear e proporcional ao aumento da

intensidade de exercício. Assim, durante a atividade submáxima de treinamento físico, a FC

aumenta até a intensidade-alvo e é mantido constante durante a execução do exercício. Já em

uma atividade física progressiva máxima, como a que ocorre durante o teste de esforço

máximo, a FC aumenta de forma linear e proporcional ao aumento da potência executada, até

a interrupção do esforço por exaustão do indivíduo. Basicamente, esse aumento na freqüência

cardíaca durante o exercício ocorre por dois mecanismos principais: 1) diminuição no tônus

vagal sobre o coração, o que por si só já provoca aumento da FC; e 2) ativação do

componente simpático sobre o coração. Essa intensificação simpática ocorre de forma

progressiva, proporcional à potência executada (Rondon et al., 2005).

Além do aumento da FC em resposta ao aumento da atividade nervosa simpática,

ocorre o aumento do volume sistólico e do débito cardíaco. Além disso, a produção de

metabólitos musculares ativa vasodilatação, gerando redução da resistência vascular

periférica. Dessa forma, durante os exercícios dinâmicos observa-se aumento da PAS e

manutenção ou redução da PAD (Forjaz et al., 1998). Essas respostas são tanto maiores

quanto maior for a intensidade do exercício, mas não se alteram com a duração do exercício,

caso ele seja realizado numa intensidade inferior ao limiar anaeróbio. Além disso, quanto

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maior a massa muscular exercitada de forma dinâmica, maior é o aumento da FC, mas, menor

é o aumento da PA (Forjaz et al., 2000).

Os benefícios metabólicos e cardiovasculares induzidos pelo treinamento físico em

animais e humanos diabéticos são bastante abordadas na literatura. Todavia, os efeitos

hemodinâmicos de uma sessão de exercício no modelo experimental diabético permanece

pouco esclarecido.

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2- OBJETIVOS

2.1- Objetivo geral

O objetivo geral do presente trabalho foi avaliar o controle autonômico da freqüência

cardíaca em repouso e durante o exercício físico agudo em ratos diabéticos induzidos por

estreptozotocina (STZ), bem como investigar a presença de alterações morfométricas em

gânglios parassimpáticos cardíacos desses animais.

2.2- Objetivos específicos

Os objetivos específicos deste trabalho foram investigar em ratos diabéticos por

estreptozotocina (STZ):

1 - o controle autonômico da freqüência cardíaca em repouso e durante o exercício agudo

através do registro da pressão arterial e freqüência cardíaca na situação basal e após o

bloqueio farmacológico do simpático e do parassimpático.

2 – a inervação autonômica cardíaca através da análise morfométrica e morfológica dos

gânglios parassimpáticos cardíacos.

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31

3- MATERIAIS E MÉTODOS

3.1- Animais e grupos

Para a realização dos experimentos foram utilizados ratos Wistar machos, com peso

corporal entre 200 e 300g provenientes do biotério da Universidade São Judas Tadeu de São

Paulo. Os ratos foram mantidos em caixas de polietileno, contendo no máximo quatro animais

por caixa, em local com temperatura ambiente controlada entre 22 - 24 C e com ciclo

claro/escuro de 12 horas. A ração e água foram administradas ”ad libitum”. Após os

procedimentos cirúrgicos, os animais foram mantidos em caixas individuais.

Os animais foram divididos aleatoriamente em dois grupos: controles (GC, n=9) e

diabéticos (GD, n=9).

3.2- Indução do diabetes

Após o jejum de 8 horas, os animais foram anestesiados com éter etílico e o diabetes

foi induzido (GD) por uma única injeção endovenosa de estreptozotocina (STZ, 50mg/Kg, ev,

Sigma Chemical Company, St. Louis, MO, EUA) na veia da cauda (Rerup, 1970) (figura 1).

A estreptozotocina foi dissolvida em tampão citrato (0,01M, pH 4,5) e injetada cerca de 5

minutos após a diluição.

Os animais do grupo controle (GC) foram submetidos ao jejum, mas receberam apenas

injeções de tampão citrato.

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32

Figura 1: Injeção endovenosa de estreptozotocina (STZ, 50mg/Kg) na veia da cauda.

Uma semana após a indução do diabetes, os animais foram novamente submetidos a

jejum de 8 horas para verificação da ação da estreptozotocina. A glicemia foi verificada pelo

hemoglicoteste, através de tiras Advantage (Advantage - Roche). Foram selecionados para os

grupos diabéticos apenas os animais que apresentaram glicemia acima de 250mg/dl.

Protocolo experimental

Vinte e nove dias após a administração da STZ, os animais foram submetidos a

seguinte seqüência experimental:

Dias Procedimentos

Dia 29 - Canulação da artéria carótida e da veia jugular.

Dia 30

- Registro da pressão arterial e da freqüência cardíaca em repouso (20

minutos) e durante o exercício (último minuto de cada estágio).

- Administração endovenosa de metilatropina e registro da freqüência cardíaca

durante o exercício.*

Dia 31

- Administração endovenosa de atenolol e registro da freqüência cardíaca

durante o exercício. *

- Administração endovenosa de metilatropina e registro da freqüência cardíaca

durante o exercício.

Dia 32 - Sacrifício dos animais e preparação dos tecidos para análises morfométricas.

A partir do

dia 33 Avaliações morfométricas.

* Seqüência randomizada, alguns animais receberam primeiro metilatropina e outros

propranolol.

STZ

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33

3.4- Canulação dos animais para registro da pressão arterial e da freqüência cardíaca

No dia anterior aos registros diretos de pressão arterial e de freqüência cardíaca, os

ratos foram anestesiados (i.p.) com cloridrato de ketamina (50mg/Kg, Ketalar, Parke-Davis) e

cloridrato de xilazina (12mg/Kg, Rompum, Bayer) e colocados em decúbito dorsal.

Foi realizada uma pequena incisão na região do pescoço (figura 2) para implantação de

uma cânula na artéria carótida em direção ao ventrículo esquerdo, para registro direto da

pressão arterial e de uma cânula na veia jugular para administração das drogas. Após a correta

e firme implantação das cânulas na artéria carótida e veia jugular, elas foram exteriorizadas no

dorso do animal na região cervical e fixadas com fio de algodão na pele.

As cânulas foram confeccionadas com tubos de Policloreto de Vinila (Abbott)

equivalente ao polietileno PE10 e PE50. Estes foram soldados por aquecimento e logo após,

as cânulas foram preenchidas com solução fisiológica e mantidas ocluídas com pinos de aço

inoxidável (Maeda et al., 1995, De Angelis et al.,1999,2000).

Figura 2: Ilustração da localização anatômica da artéria carótida e da veia jugular.

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34

3.5- Protocolo de exercício agudo

Uma semana antes do protocolo de exercício agudo, os animais foram adaptados na

esteira ergométrica (10 minutos na velocidade de 0,3 km/h).

Os animais foram submetidos a sessões agudas de exercício físico com aumento de

carga a cada 3 minutos (0,3; 0,6; 0,9 Km/h). A FC foi registrada no repouso (10 minutos),

último minuto de cada carga e 5 minutos após o término da atividade física (recuperação), nas

seguintes situações: basal (sem administração de droga), após o bloqueio parassimpático

(metilatropina, 4mg/Kg, Sigma- EUA), após o bloqueio simpático (propranolol, 4mg/Kg,

Sigma- EUA) e após o duplo bloqueio farmacológico (metilatropina e propranolol

simultaneamente), sendo posteriormente avaliada (Negrão et al., 1992) (Figura 3).

Figura 3: Rato na esteira ergométrica com cânula arterial conectada ao sistema de registro de

pressão arterial.

3.6- Registro da pressão arterial e da freqüência cardíaca

Vinte e quatro horas após a canulação e estando o animal acordado, a cânula arterial

foi conectada a uma extensão de 30 cm (PE-50), permitindo livre movimentação do animal na

caixa (repouso) e pela esteira (exercício), durante todo o período do experimento. Esta

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35

extensão foi conectada a um transdutor eletromagnético (Blood Pressure XDCR, Kent©

Scientific, Litchfield, CT, EUA) que, por sua vez, estará conectado a um pré-amplificador

(STEMTECH BPMT-2, Quintron Instrument© Inc, Milwaukee, EUA). O sinal analógico da

pressão arterial pulsátil foi convertido para digital e, em seguida, gravado em um computador

(Dell, pentiumIII 866MHz). A freqüência cardíaca e a pressão arterial foram analisadas

batimento a batimento no programa AT/CODAS numa freqüência de amostragem de 2 KHz

por canal. Este programa permite a detecção de máximos e mínimos da curva de pressão

batimento a batimento, fornecendo os valores de pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica

(PAD). A pressão arterial média (PAM) foi obtida a partir do cálculo da área sob a curva. A

freqüência cardíaca (FC) foi determinada a partir do intervalo entre dois picos sistólicos

(Maeda et al., 1995, De Angelis et al. 1999,2000).

3.7- Avaliação do controle autonômico da freqüência cardíaca

O controle autonômico da freqüência cardíaca no coração foi avaliado após o bloqueio

farmacológico do sistema nervoso parassimpático e simpático com drogas anti-colinérgicas e

beta-bloqueadoras (Maeda et al., 1995, Negrão et al., 1992, De Angelis et al.,1999,2000).

O bloqueio farmacológico do sistema nervoso parassimpático foi realizado com

administração endovenosa de um anti-colinérgico (MetilAtropina, 4mg/Kg, Sigma –EUA),

verificando-se a pressão arterial e freqüência cardíaca após 5 minutos no repouso (5 min), no

exercício e na recuperação do exercício.

O bloqueio farmacológico do sistema nervoso simpático foi realizado com

administração endovenosa de um beta-bloqueador (Propranolol, 4mg/Kg ou Atenolol

8mg/Kg, Sigma –EUA), verificando-se a pressão arterial e freqüência cardíaca após 5 minutos

no repouso (5 min), no exercício e na recuperação do exercício.

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O valor de freqüência cardíaca atingida por cada droga foi considerado a resposta

máxima de variação da freqüência cardíaca após a administração de cada droga. A freqüência

cardíaca intrínseca foi considerada como sendo a freqüência cardíaca obtidas após o duplo

bloqueio farmacológico. O tônus vagal foi considerado como sendo a diferença entre a

freqüência cardíaca intrínseca e a freqüência cardíaca mínima atingida após o bloqueio com

Propranolol. O tônus simpático foi considerado como sendo a diferença entre a freqüência

cardíaca máxima obtida após o bloqueio com Metilatropina e a freqüência cardíaca intrínseca

(figura 4).

Figura 4: Esquema demonstrativo do duplo bloqueio farmacológico com metilatropina (A) e

propranolol (P) para obtenção da frequência cardíaca intrínseca (FCI), tono vagal (TV) e

simpático (TS) cardíaco.

3.8- Medida da concentração de lactato sanguíneo e de glicemia plasmática durante o

exercício

A concentração de lactato sangüíneo e da glicemia plasmática foram medidas durante

o repouso e ao final do exercício, utilizando uma gota de sangue obtida a partir de um

pequeno corte na cauda do animal que foi colocada no lactímetro (Accutrend Lactate, Roche).

300

350

400

450

FCI A

A

P

FCR

TS

TV

300

350

400

450

FCI A

A

P

FCR

300

350

400

450

FCI A

A

P

FCR

TS

TV

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Esta medida foi realizada no basal, após o bloqueio parassimpático, após o bloqueio simpático

e após o duplo bloqueio farmacológico em animais do grupo diabético.

3.9- Avaliações morfológica e morfométrica da inervação autonômica cardíaca

Com um mínimo de 24 horas após o exercício agudo os animais de ambos os grupos

(controle e diabético) foram anestesiados com hidrato de cloral (0,5 ml de uma solução a 7%)

e perfundidos pelo ventrículo esquerdo com solução fisiológica, e depois com solução

fixadora (3% de glutaraldeído + 2% de paraformadeído) em 0,1 M de tampão cacodilato (Ph

7,2-7,4). Os átrios de 3 animais de cada grupo foram separados dos ventrículos, isolados e

imersos em solução fixadora durante a noite, a 4° C. A seguir, as aurículas foram retiradas,

permanecendo apenas parte dos átrios, que contém os gânglios cardíacos (Gabella, 1995).

Pela manhã, as peças foram reduzidas a três pequenos fragmentos, onde se concentram os

gânglios cardíacos. A seguir, foram colocados em solução de cacodilato contendo sucrose a

5%. As peças foram pós-fixadas em tetróxido de ósmio a 1% por duas horas a 4° C,

desidratadas em série ascendente de etanol e incluídas em Epon. Para a análise morfométrica,

foram utilizados, para cada peça, cortes semi-finos, não seriados, obtidos um corte a cada 100

cortes desprezados, de 1 micrometro de espessura, que foram corados com azul de toluidina

alcoólico (Fig. 5). No total, foram examinados cinco cortes de cada peça. A densidade de

neurônios (número de neurônios por secção) e a área do perfil celular dos neurônios foram

obtidas através da utilização do um sistema computadorizado, contendo um programa de

análise de imagens (Zeiss).

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38

Figura 5: Fotomicrografia de gânglio cardíaco observado à microscopia de luz (40 X).

3.10- Análise estatística

Os resultados estão apresentados como média erro padrão das médias (EPM). O

programa STATISCS versão 6.0 foi usado para as análises estatísticas. O Teste t de Student e

o teste de análise de variância (ANOVA TWO WAY) foram devidamente aplicados para

análise dos dados. Valores de P < 0,05 foram considerados significativos.

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39

4- RESULTADOS

4.1- Avaliação do peso corporal

No início do protocolo o peso corporal foi semelhante entre os grupos estudados (GC=

293 ± 2 vs GD= 297 ± 3 g). O GD (246 ± 12 g) apresentou menor peso corporal após 4

semanas da injeção de estreptozotocina em relação ao GC (303 ± 5 g) (Figura 6).

Figura 6: Peso corporal final (g) nos grupos controle e diabético (GC e GD). *p 0,05 vs GC

(Teste t Student).

4.2- Avaliação da glicemia

Na Tabela 1 estão representados os valores de glicemia (mg/dl) dos grupos estudados

no final do protocolo (4ª semana). Analisando a glicemia dos grupos GC e GD, observamos

que o grupo GD apresentou hiperglicemia em relação ao grupo GC.

GC GD GC GD

0

50

100

150

200

250

300

350

GC GD

*

0

50

100

150

200

250

300

350

GC GD

*

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40

Tabela 1: Glicemia (mg/dl) nos grupos controle e diabético (GC e GD).

Grupos Glicemia

GC GD

4ª semana 96 ± 12 364 ± 28*

Valores representam média ± erro padrão da média. *p 0,05 vs GC (Teste t Student).

4.3- Avaliações hemodinâmicas sistêmicas no repouso

Na Tabela 2 e Figura 7 estão representados os valores de PAS, PAD, PAM e FC na

situação basal nos grupos estudados. Os animais diabéticos apresentaram PAM, PAS, PAD e

FC reduzidas quando comparada com os animais controles.

Tabela 2: Avaliações hemodinâmicas sistêmicas em repouso nos grupos controle e diabético

(GC e GD) na situação basal.

Grupo Parâmetro

Hemodinâmico GC GD

PAS (mmHg) 126 ± 2 115 ± 2*

PAD (mmHg) 98 ± 2 89 ± 2*

PAM (mmHg) 113 ± 2 103 ± 2*

FC (bpm) 350 ± 9 297 ± 6*

Valores representam média ± erro padrão da média. Pressão arterial sistólica (PAS,

mmHg), pressão arterial diastólica (PAD, mmHg), pressão arterial média (PAM, mmHg),

freqüência cardíaca (FC, bpm). *p 0,05 vs GC (Teste t Student).

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41

Figura 7: A. Pressão arterial média (PAM, mmHg) e B. Freqüência cardíaca (FC, bpm) no

repouso nos grupos controle e diabético (GC e GD) na situação basal. *p 0,05 vs GC (Teste t

Student).

As respostas hemodinâmicas ao bloqueio do sistema nervoso parassimpático, com

metilatropina podem ser observadas na Tabela 3. A administração de metilatropina aumentou

a PAS, a PAD, a PAM e a FC de repouso em ambos os grupos quando comparadas aos seus

respectivos valores basais (sem droga). Não houve diferença entre os parâmetros

hemodinâmicos avaliados entre os grupos após o bloqueio com metilatropina.

0

20

40

60

80

100

120

140

GC GD

*

0

50

100

150

200

250

300

350

400

GC GD

*

A

B GC GD

0

20

40

60

80

100

120

140

GC GD

*

0

20

40

60

80

100

120

140

GC GD

*

0

50

100

150

200

250

300

350

400

GC GD

*

0

50

100

150

200

250

300

350

400

GC GD

*

A

B GC GD GC GD

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Tabela 3: Parâmetros hemodinâmicos sistêmicos em repouso nos grupos controle e diabético

(GC e GD) na situação basal e após bloqueio do parassimpático com metilatropina.

Grupo Parâmetro

Hemodinâmico GC GD

BASAL ATROPINA BASAL ATROPINA

PAS (mmHg) 126 ± 2 135 ± 3† 115 ± 2* 124 ± 3†

PAD (mmHg) 98 ± 2 109 ± 3† 89 ± 2* 102 ± 3†

PAM (mmHg) 113 ± 2 123 ± 3† 103 ± 2* 114 ± 3†

FC (bpm) 350 ± 9 406 ± 10† 297 ± 6* 375 ± 18†

Valores representam média ± erro padrão da média. Pressão arterial sistólica (PAS,

mmHg), pressão arterial diastólica (PAD, mmHg), pressão arterial média (PAM, mmHg),

freqüência cardíaca (FC, bpm). *p 0,05 vs GC. †p<0,05 vs. condição basal (ANOVA).

As respostas hemodinâmicas ao bloqueio do sistema nervoso simpático, com

propranolol, podem ser observadas na Tabela 4. Após o bloqueio do simpático o GC teve um

aumento da PAS, PAD e PAM quando comparada com a situação sem droga. Nesta situação,

a FC foi menor no grupo GC em relação à condição sem droga, todavia, tais alterações não

foram observadas no grupo GD. A PAS e a PAM foram menores no GD em relação ao GC

após o bloqueio simpático.

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Tabela 4: Parâmetros hemodinâmicos em repouso nos grupos controle e diabético (GC e GD)

na situação basal e após bloqueio simpático com propranolol.

Grupo Parâmetro

Hemodinâmico GC GD

BASAL PROPRANOLOL BASAL PROPRANOLOL

PAS (mmHg) 126 ± 2 137 ± 3† 115 ± 2* 117 ± 3*

PAD (mmHg) 98 ± 2 108 ± 2† 89 ± 2* 100 ± 3

PAM (mmHg) 113 ± 2 123 ± 3† 103 ± 2* 112 ± 3*

FC (bpm) 350 ± 9 313 ± 5† 297 ± 6* 293 ± 6

Valores representam média ± erro padrão da média. Pressão arterial sistólica (PAS,

mmHg), pressão arterial diastólica (PAD, mmHg), pressão arterial média (PAM, mmHg),

freqüência cardíaca (FC, bpm). *p 0,05 vs GC. †p<0,05 vs. condição basal (ANOVA).

As respostas hemodinâmicas após duplo bloqueio farmacológico, com metilatropina e

propranolol (e vice-versa), estão apresentadas na Tabela 5. Após o duplo bloqueio

farmacológico a PAM e a FC aumentaram nos dois grupos em relação às suas respectivas

situações basais e, a PAS e a PAD foram maiores no GC em relação ao basal. A FCI e a PA

obtidas após o duplo bloqueio farmacológico foram menores no GD em repouso quando

comparado ao GC.

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Tabela 5: Parâmetros hemodinâmicos em repouso nos grupos controle e diabético (GC e GD)

na situação basal e após o duplo bloqueio farmacológico.

Grupo Parâmetro

Hemodinâmico GC GD

BASAL DUPLO BLOQ. BASAL DUPLO BLOQ.

PAS (mmHg) 126 ± 2 137 ± 3† 115 ± 2* 121 ± 3*

PAD (mmHg) 98 ± 2 108 ± 2† 89 ± 2* 99 ± 3*

PAM (mmHg) 113 ± 2 124 ± 2† 103 ± 2* 115 ± 3*†

FC (bpm) 350 ± 9 370 ± 9† 297 ± 6* 329 ± 6*†

Valores representam média ± erro padrão da média. Pressão arterial sistólica (PAS, mmHg),

pressão arterial diastólica (PAD, mmHg), pressão arterial média (PAM, mmHg), freqüência

cardíaca (FC, bpm). *p 0,05 vs GC. †p<0,05 vs. condição basal (ANOVA).

4.4- Respostas pressórica e cronotrópica ao exercício agudo na situação basal

A Tabela 6 apresenta as repostas das PAS, PAD, PAM e FC dos GC e GD no repouso,

durante o protocolo de exercício e na recuperação na situação basal.

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Tabela 6: Pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD), média (PAM) e freqüência

cardíaca (FC) em repouso, durante o exercício e na recuperação nos grupos controle e

diabético (GC e GD) na situação basal.

GRUPO Repouso 0,3 (km/h) 0,6 (km/h) 0,9 (km/h) Recuperação

PAS GC 126 ± 2 134 ± 3 139 ± 3† 141 ± 3† 126 ± 2

mmHg GD 115 ± 2* 132 ± 3† 135 ± 3† 141 ± 2† 122 ± 3†

PAD GC 98 ± 2 104 ± 4 109 ± 3 110 ± 2 96 ± 2

mmHg GD 89 ± 2* 105 ± 2† 108 ±2† 113 ± 2† 95 ± 2

PAM GC 113 ± 2 119 ± 3 124 ± 3† 126 ± 3† 111 ± 2

mmHg GD 103 ± 2* 119 ± 2† 122 ± 2† 128 ± 2† 109 ± 3

FC GC 350 ± 9 402 ± 14† 463 ± 11† 481 ± 8† 377 ± 11

Bpm GD 297 ± 6*† 362 ± 9*† 395 ± 12*† 433 ± 10*† 328 ± 8*†

Valores representam média ± erro padrão da média. * p < 0,05 vs GC; † p < 0,05 vs repouso

(ANOVA TWO WAY).

Durante o exercício a PAS foi maior no grupo GC nas velocidades 0,6 e 0,9 km/h em

relação ao repouso. No GD a PAS aumentou em todas as velocidades (0,3; 0,6 e 0,9 km/h) e

na recuperação quando comparado com a situação inicial. Comparando-se os grupos com

relação a PAS, houve diferença estatisticamente significante apenas no estado de repouso,

apresentando-se menor no grupo GD (Tabela 6, Figura 8).

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Figura 8: Pressão arterial sistólica (PAS, mmHg) no exercício, durante o exercício e na

recuperação nos grupos controle e diabético (GC e GD) na situação basal. * p < 0,05 vs GC; †

p < 0,05 vs repouso (ANOVA TWO WAY).

A PAD não se alterou significantemente durante os estágios do exercício quando

comparados com a situação de repouso no GC. No GD a PAD foi maior em todas as

velocidades do protocolo quando comparada ao repouso do mesmo grupo. Ao compararmos

os grupos, a PAD foi menor no repouso no GD em relação ao GC e foi semelhante no

exercício e na recuperação entre os grupos (Tabela 6, Figura 9).

Figura 9: Pressão arterial diastólica (PAD, mmHg) no repouso, durante o exercício e na

recuperação nos grupos controle e diabético (GC e GD) na situação basal . * p < 0,05 vs GC;

† p < 0,05 vs repouso (ANOVA TWO WAY).

100

110

120

130

140

150

160

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD

† †

† † †

† *

100

110

120

130

140

150

160

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD GC GD

† †

† † †

† *

70

80

90

100

110

120

130

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD

† † †

*

70

80

90

100

110

120

130

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD GC GD

† † †

*

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A PAM foi maior no GC nos dois últimos estágios do exercício (0,6 e 0,9 km/h) em

relação à situação de repouso. No GD a resposta da PAM foi maior nos três estágios do

exercício e no período da recuperação quando comparados com seu estado de repouso. Ao

compararmos os grupos a PAM foi menor no GD em relação ao GC somente na situação de

repouso (Tabela 6, Figura 10).

Figura 10: Pressão arterial média (PAM, mmHg) no repouso, durante o exercício e na

recuperação nos grupos controle e diabético (GC e GD) na situação basal . * p < 0,05 vs GC;

† p < 0,05 vs repouso (ANOVA TWO WAY).

A FC foi significantemente maior nas velocidade 0,3, 0,6 e 0,9 km/h quando

comparado ao repouso tanto no GC quanto no GD, sendo que neste último a FC foi maior,

também, na recuperação em relação ao repouso. A FC foi menor no GD quando comparada ao

GC no repouso, em todas as velocidades do exercício e na recuperação (Tabela 6, Figura 11).

90

100

110

120

130

140

150

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD

† †

† † †

† *

90

100

110

120

130

140

150

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD GC GD

† †

† † †

† *

300

350

400

450

500

550

600 GC GD

*†

*† *†

300

350

400

450

500

550

600 GC GD GC GD

*†

*† *†

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48

Figura 11: Freqüência cardíaca (FC, bpm) no repouso, durante o exercício e na recuperação

nos grupos controle e diabético (GC e GD) na situação basal. * p < 0,05 vs GC; † p < 0,05 vs

repouso (ANOVA TWO WAY).

4.5- Respostas pressórica e cronotrópica ao exercício após o bloqueio do sistema nervoso

parassimpático

A Tabela 7 apresenta a PAS, a PAD, a PAM e a FC do GC e do GD no repouso,

durante o protocolo de exercício e na recuperação após o bloqueio parassimpático com

metilatropina.

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49

Tabela 7: Pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD), média (PAM) e freqüência

cardíaca (FC) durante o exercício nos grupos controle e diabético (GC e GD) após o bloqueio

parassimpático.

GRUPO Repouso 0,3 km/h 0,6 km/h 0,9 km/h Recuperação

PAS GC 135 ± 3 138 ± 5 137 ± 4 139 ± 3 131 ± 4

mmHg GD 124 ± 3 133 ± 3 135 ± 3 137 ± 2 123 ± 2

PAD GC 109 ± 3 112 ± 3 108 ± 3 110 ± 2 103 ± 3

mmHg GD 102 ± 3 109 ± 2 109 ± 2 110 ± 2 100 ± 3

PAM GC 123 ± 3 126 ± 4 123 ± 3 125 ± 3 118 ± 3

mmHg GD 114 ± 3 122 ± 2 123 ± 2 125 ± 2 112 ± 2

FC GC 406 ± 10 443 ± 12 469 ± 11† 498 ± 10† 418 ± 8

Bpm GD 375 ± 18* 422 ± 14† 439 ± 10† 459 ± 9† 382 ± 16*

Valores representam média ± erro padrão da média. * p < 0,05 vs GC; † p < 0,05 vs repouso

(ANOVA TWO WAY).

Após o bloqueio parassimpático a PAS, a PAD e a PAM foram semelhantes entre o

repouso e as diferentes intensidades de exercício, bem como entre o repouso e a recuperação

(Tabela 7, Figura 12) nos animais controles e diabéticos. Além disto, não foram observadas

diferenças na reposta pressórica entre os grupos estudados nesta situação (Tabela 7, Figura

12).

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50

Figura 12: Pressão arterial sistólica (PAS, mmHg), diastólica (PAD, mmHg) e média (PAM,

mmHg) após o bloqueio parassimpático no repouso, durante o exercício e na recuperação.

A FC foi maior nas velocidades de 0,6 e 0,9 km/h em relação ao repouso no GC e foi

maior em todas as velocidades do exercício agudo no GD. Ao compararmos os grupos

estudados a FC foi menor no repouso e na recuperação no GD quando comparada ao GC

(Tabela 7, Figura 13).

Figura 13: Freqüência cardíaca (FC, bpm) no repouso, durante o exercício e na recuperação

nos grupos controle e diabético (GC e GD) após o bloqueio parassimpático. * p < 0,05 vs GC;

† p < 0,05 vs repouso (ANOVA TWO WAY).

80

90

100

110

120

130

140

150

160

repouso 0,3 km/h 0,6 km/h 0,9 km/h recuperação

GC PAM

GD PAM

GC PAS

GD PAS

GC PAD

GD PAD

200

250

300

350

400

450

500

550

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD †

† † †

* *

200

250

300

350

400

450

500

550

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD †

† † †

200

250

300

350

400

450

500

550

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD GC GD †

† † †

* *

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51

4.6- Respostas pressórica e cronotrópica ao exercício após bloqueio do sistema nervoso

simpático

A Tabela 8 apresenta as repostas de PAS, PAD, PAM e FC do GC e do GD no

repouso, durante o protocolo de exercício e na recuperação após o bloqueio simpático com

propranolol.

Tabela 8: Pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD), média (PAM) e freqüência

cardíaca (FC) no repouso, durante o exercício e na recuperação nos grupos controle e

diabético (GC e GD) após o bloqueio simpático.

GRUPO Repouso 0,3 km/h 0,6 km/h 0,9 km/h Recuperação

PAS GC 137 ± 3 146± 3 152 ± 4 152 ± 4 140 ± 5

mmHg GD 117 ± 3* 132 ± 3† 138 ± 4† 144 ± 4† 121 ± 3*

PAD GC 108 ± 2 115 ± 3 119 ± 3 120 ± 2 109 ± 4

mmHg GD 100 ± 3* 108 ± 2† 113 ± 2† 117 ± 2† 98 ± 3

PAM GC 123 ± 3 131 ± 3 136 ± 3 136 ± 3 125 ± 4

mmHg GD 112 ± 3* 121 ± 2† 127 ± 3† 131 ± 3† 111 ± 3*

FC GC 313 ± 5 357 ± 11† 376 ± 7† 383 ± 9† 348 ± 9†

Bpm GD 293 ± 6* 319 ± 5* 330 ± 7*† 360 ± 8† 299 ± 5*

Valores representam média ± erro padrão da média. * p < 0,05 vs GC; † p < 0,05 vs repouso

(ANOVA TWO WAY).

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52

Durante o exercício a PAS foi semelhante à situação de repouso no GC. No GD a PAS

foi maior nas velocidades de 0,3, 0,6 e 0,9 km/h em relação ao repouso. No repouso e na

recuperação a PAS foi significativamente menor no GD em relação ao GC (Tabela 8, Figura

14).

Figura 14: Pressão arterial sistólica (PAS, mmHg) no repouso, durante o exercício e na

recuperação após o bloqueio simpático. * p < 0,05 vs GC; † p < 0,05 vs repouso (ANOVA

TWO WAY).

A PAD não apresentou diferenças em nenhuma das velocidades de corrida, bem como

na recuperação, quando comparada com o repouso no GC. Entretanto, no GD a PAD foi

maior em todos os estágios do protocolo de exercício agudo quando comparadas com o

repouso. Comparado os dois grupos estudados, a PAD foi significantemente menor no GD no

repouso em relação ao GC (Tabela 8, Figura 15).

100

110

120

130

140

150

160

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD

* *

† † †

100

110

120

130

140

150

160

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD GC GD

* *

† † †

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53

Figura 15: Pressão arterial diastólica (PAD, mmHg) no repouso, durante o exercício e na

recuperação após o bloqueio simpático. * p < 0,05 vs GC; † p < 0,05 vs repouso (ANOVA

TWO WAY).

No GC a PAM após o bloqueio simpático não apresentou diferenças entre o exercício

e seu estado de repouso. No GD a PAM foi maior nas velocidades de 0,3, 0,6 e 0,9 km/h

quando comparadas com o repouso. A PAM foi menor no repouso e durante a recuperação no

grupo GD em relação ao GC (Tabela 8, Figura 16).

Figura 16: Pressão arterial média (PAM, mmHg) no repouso, durante o exercício e na

recuperação após o bloqueio simpático. * p < 0,05 vs GC; † p < 0,05 vs repouso (ANOVA

TWO WAY).

70

80

90

100

110

120

130

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD

* †

† †

70

80

90

100

110

120

130

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD GC GD

* †

† †

90

100

110

120

130

140

150

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD

* *

† †

90

100

110

120

130

140

150

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD GC GD

* *

† †

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54

A FC foi maior nos três estágios do protocolo de exercício e na recuperação em

relação ao repouso no GC. A FC do GD foi maior nos últimos estágios de exercício (0,6 e 0,9

km/h) quando comparado ao repouso. Comparando-se os grupos, a FC foi significantemente

menor no GD em relação ao GC no repouso e nos dois primeiros estágios do exercício (0,3 e

0,6 km/h) e na recuperação (Tabela 8, Figura 17).

Figura 17: Freqüência cardíaca (FC, bpm) no repouso, durante o exercício e na recuperação

após o bloqueio simpático. * p < 0,05 vs GC; † p < 0,05 vs repouso (ANOVA TWO WAY).

4.7- Resposta pressórica e cronotrópica ao exercício após o duplo bloqueio

farmacológico

A Tabela 9 apresenta a PAS, a PAD, a PAM e a FC do GC e do GD no repouso,

durante o protocolo de exercício e na recuperação após o duplo bloqueio farmacológico.

200

250

300

350

400

450

500

550

600

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD

*† †

† † † †

* * * 200

250

300

350

400

450

500

550

600

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD

*† †

† † † †

* *

200

250

300

350

400

450

500

550

600

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD GC GD

*† †

† † † †

* * *

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55

Tabela 9: Pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD), média (PAM) e freqüência

cardíaca (FC) no repouso, durante o exercício e na recuperação nos grupos controle e

diabético (GC e GD) após o duplo bloqueio farmacológico.

GRUPO Repouso 0,3 km/h 0,6 km/h 0,9 km/h Recuperação

PAS GC 137 ± 3 141± 2 144 ± 2 149 ± 3† 137 ± 2

mmHg GD 121 ± 3* 129 ± 4*† 133 ± 4*† 139 ± 5† 121 ± 4*

PAD GC 108 ± 2 113 ± 2 115 ± 2 116 ± 2 107 ± 2

mmHg GD 99 ± 3* 106 ± 2† 109 ± 2† 114 ± 3 99 ± 2*

PAM GC 124 ± 2 128 ± 2 130 ± 2 133 ± 2† 123 ± 2

mmHg GD 115 ± 3* 122 ± 2† 126 ± 2† 131 ± 3† 114 ± 3*

FCI GC 373 ± 9 392 ± 6 401± 5† 410 ± 7† 381 ± 5

Bpm GD 333 ± 7* 353 ± 6* 370± 8*† 389 ± 5† 344 ± 4*

Valores representam média ± erro padrão da média. * p < 0,05 vs GC; † p < 0,05 vs repouso

(ANOVA TWO WAY).

As respostas da PAS obtidas após o bloqueio simultâneo com metilatropina e

propranolol durante o exercício foram maiores apenas no último estagio do exercício em

relação ao seu repouso no GC. Porém, durante todas as velocidades do protocolo de exercício

agudo a PAS foi mais elevada do que na situação de repouso no GD. Ao compararmos os dois

grupos, a PAS foi significativamente menor no GD no repouso, em 0,3 e 0,6 km/h e na

recuperação em relação ao GC (Tabela 9, Figura 18).

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56

Figura 18: Pressão arterial sistólica (PAS, mmHg) no repouso, durante o exercício e na

recuperação após o bloqueio simultâneo de metilatropina e propranolol. * p < 0,05 vs GC; † p

< 0,05 vs repouso (ANOVA TWO WAY).

A resposta da PAD após o duplo bloqueio farmacológico não apresentou diferenças

durante o exercício em relação ao repouso no GC. Entretanto, no GD a PAD durante o

exercício foi maior nos dois últimos estágios do protocolo de exercicio Quando comparados

os grupos a PAD foi significantemente menor no repouso e na recuperação no GD em relação

ao GC (Tabela 9, Figura 19).

Figura 19: Pressão arterial diastólica (PAD,mmHg) no repouso, durante o exercício e na

recuperação após o bloqueio simultâneo de metilatropina e propranolol. † p < 0,05 vs repouso

(ANOVA TWO WAY).

100

110

120

130

140

150

160

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD

* *†

*

*† †

100

110

120

130

140

150

160

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD GC GD

* *†

*

*† †

70

80

90

100

110

120

130

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

*

GC GD

*

† †

70

80

90

100

110

120

130

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

*

GC GD

*

70

80

90

100

110

120

130

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

*

GC GD GC GD

*

† †

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57

A PAM foi significativamente maior no último estágio do exercício agudo (0,9 km/h)

em relação ao repouso no GC. No GD a PAM foi significativamente maior em todos os

estágios do exercício em relação ao repouso. Comparando-se os dois grupos a PAM foi menor

no GD no repouso e na recuperação em relação ao GC (Tabela 9, Figura 20).

Figura 20: Pressão arterial média (PAM, mmHg) no repouso, durante o exercício e na

recuperação após o bloqueio simultâneo de metilatropina e propranolol. * p < 0,05 vs GC; † p

< 0,05 vs repouso (ANOVA TWO WAY).

A resposta da FC durante o protocolo de exercício agudo, após o duplo bloqueio

farmacológico, foi maior no GC e no GD nas velocidades de 0,6 e 0,9 km/h em relação ao

repouso. A FC foi menor no GD no repouso, nas duas primeiras velocidades do exercício e na

recuperação em relação ao GC (Tabela 9, Figura 21).

90

100

110

120

130

140

150

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD

* * †

† †

90

100

110

120

130

140

150

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD GC GD

* * †

† †

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58

Figura 21: Freqüência cardíaca (FC, bpm) no repouso, durante o exercício e na recuperação

após o bloqueio simultâneo de metilatropina e propranolol. * p < 0,05 vs GC; † p < 0,05 vs

repouso (ANOVA TWO WAY).

4.8- Tônus vagal (TV) e tônus simpático (TS) no repouso, durante o exercício e no

período pós-exercício

A Tabela 10 apresenta o tônus vagal (TV) e o tônus simpático (TS) nos grupos

estudados no estado de repouso, durante e após o protocolo de exercício.

Tabela 10: Tônus vagal (TV) e simpático (TS) em repouso, durante o exercício e na

recuperação nos grupos controle e diabético (GC e GD).

GRUPO Repouso 0,3 km/h 0,6 km/h 0,9 km/h Recuperação

TV GC 61 ± 9 47± 15 42 ± 9 37 ± 7† 54 ± 9

Bpm GD 37 ± 3* 34 ± 5 38 ± 6 34 ± 5 49 ± 6†

TS GC 45 ± 12 64 ± 7 71 ± 7 75 ± 10† 45 ± 8

Bpm GD 59 ± 9 68 ± 7 74 ± 6 77 ± 9† 51 ± 9

Valores representam média ± erro padrão da média. Tônus vagal (TV, bpm) e tônus simpático

(TS, bpm). *p 0,05 vs GC (ANOVA).

200

250

300

350

400

450

500

550

600

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD

* * * *†

200

250

300

350

400

450

500

550

600

repouso 0,3 Km/h 0,6 Km/h 0,9 Km/h recuperação

GC GD GC GD

* * * *†

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59

A Figura 22 representa os valores de TV (A) e TS (B) no repouso, durante e após o

protocolo de exercício físico agudo nos grupos estudados. No período de repouso, o GD

apresentou TV reduzido quando comparado ao GC e o TS foi semelhante entre os dois

grupos. Durante o exercício o TV foi significativamente menor no último estagio do exercício

no GC quando comparado ao seu repouso, porém no GD o TV foi semelhante durante todos

os estágios do protocolo em relação ao seu repouso. O TS foi maior nos dois grupos em

relação ao repouso apenas na última velocidade (0,9 km/h). Após uma única sessão de

exercício físico (recuperação) o GD apresentou um aumento do tônus vagal (TV), em relação

aos seus valores de repouso. Nesta situação o TV do GD foi semelhante ao GC, atenuando,

portanto, o prejuízo no TV do período de repouso.

Figura 22: A. Tônus vagal (TV) e B. tônus simpático (TS) pré e pós-exercício no grupo

diabético. * P< 0,05 (ANOVA TWO WAY).

0

20

40

60

80

100

Repouso 0,3 0,6 0,9 Recuperação

A

B GC GD

0

20

40

60

80

100

Repouso 0,3 0,6 0,9 Recuperação

*

† †

† †

0

20

40

60

80

100

Repouso 0,3 0,6 0,9 Recuperação

A

B GC GD GC GD

0

20

40

60

80

100

Repouso 0,3 0,6 0,9 Recuperação

*

† †

† †

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60

4.9- Avaliações da glicemia plasmática e do lactato sangüíneo

Com o objetivo de avaliar eventuais alterações glicêmicas e na concentração de lactato

ao longo do protocolo experimental, 5 animais do grupo diabético foram avaliados no

repouso, nas velocidades do exercício e na recuperação, no basal, em vigência de bloqueio

parassimpático, de bloqueio simpático e de duplo bloqueio farmacológico.

4.9.1- Glicemia plasmática

A glicemia foi semelhante nos animais diabéticos quando comparados às situações

pré-exercício com o período pós-exercício na situação basal, após administração de

metilatropina, de propranolol e após o duplo bloqueio farmacológico. A glicemia não

apresentou diferenças estatisticamente significantes quando comparadas as diferentes

situações (basal, bloqueio parassimpático, bloqueio simpático e duplo bloqueio

farmacológico) tanto no repouso quanto no período pós-exercício (Figura 23).

Figura 23: Glicemia no período pré e pós-exercício na situação basal, após o bloqueio

parassimpático (metilatropina), bloqueio simpático (propranolol) e duplo bloqueio

farmacológico.

0

100

200

300

400

500

basal atropina propranolol duplo bloqueio Pré Pós exercício Pré Pós exercício

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61

4.9.2- Lactato sangüíneo

O lactato sangüíneo foi semelhante no GD quando comparado à situação pré-exercício

com o período pós-exercício na situação basal, após a atropina, o propranolol e o duplo

bloqueio farmacológico. Ao compararmos as diferentes circunstâncias (basal, bloqueio

parassimpático, bloqueio simpático e duplo bloqueio farmacológico) tanto no pré quanto no

pós-exercício a concentração de lactato sangüíneo não apresentou diferenças estatisticamente

significantes (Figura 24).

Figura 24: Lactato sangüíneo no período pré e pós-exercício na situação basal, após o

bloqueio parassimpático (atropina), bloqueio simpático (propranolol) e duplo bloqueio

farmacológico.

4.10- Análises morfológica e morfométrica dos gânglios parassimpáticos cardíacos

Os resultados apresentados a seguir referem-se aos dados obtidos a partir da análise

dos átrios de 3 animais de cada grupo, através de cortes histológicos.

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

basal atropina propranolol duplo bloqueio Pré Pós exercício Pré Pós exercício

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62

4.10.1- Aspectos morfológicos

A Figura 25 mostra o aspecto dos gânglios e neurônios nos animais controle e

diabético. Observa-se que os gânglios do GD são menores, apresentando uma menor

densidade neuronal e/ou menor tamanho de neurônios quando comparados ao GC.

Figura 25: Fotomicrografia de gânglios e neurônios do grupo controle e diabético.

4.10.2 -Densidade de neurônios (número de neurônios/secção)

Na figura 26 estão representados os valores médios da densidade de neurônios

encontrada em cada grupo estudado. A observação dessa figura mostra que a densidade de

neurônios encontrada nos átrios dos ratos diabéticos (42 ± 7 neurônios) foi estatisticamente

menor quando comparada com os ratos controles (122 ± 7 neurônios).

Figura 26: Densidade de neurônios parassimpáticos cardíacos nos grupos controle e diabético.

p 0,05 vs GC (Teste t Student).

0

20

40

60

80

100

120

140

GC GD

*

0

20

40

60

80

100

120

140

GC GD

*

GC GD GC GD

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63

4.10.3- Tamanho dos neurônios

A análise dos resultados acerca do tamanho dos neurônios cardíacos mostrou tamanho

significativamente menor no GD (208,6 ± 3,5 m) em relação ao GC (318,15 ± 4,5 m)

(Figura 27).

Figura 27: Tamanho dos neurônios cardíacos dos grupos controle e diabético. *p 0,05 vs GC

(Teste t Student).

0

50

100

150

200

250

300

350

GC GD

*

0

50

100

150

200

250

300

350

GC GD

*

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64

5- SÚMARIO DE RESULTADOS

A seguir apresentamos uma síntese dos resultados obtidos no presente trabalho:

Os animais diabéticos (30 dias) apresentaram hiperglicemia e redução de peso corporal.

Além disso, apresentaram redução da PA, da FC, da FCI e do TV e manutenção do TS no

período do repouso;

Durante o exercício o grupo controle, na situação basal, apresentou aumento da PAS, da

PAM, da FC e do TS (0,9 km/h), redução do TV (0,9 km/h) e manutenção da PAD;

Os ratos diabéticos apresentaram, durante o exercício, na situação basal, aumento da PAS,

da PAD, da PAM e do TS (0,9 km/h) e manutenção do TV;

Não houve diferenças entre os grupos estudados na modulação simpática (bloqueio

parassimpático), no período de exercício;

Em vigência de modulação parassimpática (bloqueio simpático) os ratos diabéticos

apresentaram menor FC nos dois primeiros estágios (0,3 e 0,6 km/h), porém no último

estágio apresentou resposta de FC semelhante ao GC;

Após o duplo bloqueio farmacológico o GD apresentou menor resposta de FC nas

velocidades de 0,3 e 0,6 km/h, porém essa resposta foi semelhante entre os grupos no

último estagio do protocolo de exercício;

Após a execução do protocolo de exercício físico agudo os animais diabéticos

apresentaram aumento no período da recuperação do TV em relação à situação de

repouso;

Os animais diabéticos apresentaram menor densidade e menor tamanho de neurônios

parassimpáticos cardíacos em relação ao animais controles.

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6- DISCUSSÃO

6.1- Efeitos do diabetes

Conforme descrito na literatura, a estreptozotocina administrada em uma única injeção

intravenosa no presente estudo induziu hiperglicemia e redução de peso corporal no grupo

diabético (Dall´Ago et al., 1997; Maeda et al., 1995; De Angelis et al., 2000). A atividade

diabetogênica da estreptozotocina mostra que esta é um agente conveniente para a indução de

um estado severo de diabetes (Junod et al., 1967).

O diabetes experimental induzido por estreptozotocina tem sido usado por vários

investigadores, pois os ratos tratados com estreptozotocina apresentam alterações semelhantes

às observadas em humanos diabéticos, incluindo hiperglicemia, hipoinsulinemia, poliúria e

perda de peso.

Além disso, os resultados hemodinâmicos obtidos neste estudo demonstraram que o

diabetes experimental por estreptozotocina (30 dias) induziu: 1) redução da PA; 2) redução da

FC.

6.2- Efeitos do diabetes nos parâmetros hemodinâmicos no estado basal

Utilizando medidas diretas da pressão arterial batimento-a-batimento, demonstrou-se

redução na pressão arterial média, sistólica e diastólica no grupo de ratos diabéticos. De fato,

estudos do nosso laboratório, utilizando técnicas de medida direta (Maeda et al., 1995;

Dall’Ago et al., 1997; Schaan et al., 1997; De Angelis et al., 2000), têm demonstrado

repetidamente queda de PA basal em ratos diabéticos em diferentes tempos de diabetes

experimental.

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Entretanto, existem observações de aumento de PA nestes animais (Kawashima et al.,

1978.; Bunãg et al., 1982; Fein et al., 1991; Taked et al., 1991). Na maioria dos trabalhos que

demonstraram hipertensão basal, foram usadas técnicas indiretas de medida de PA, através de

pletismografia de cauda. Neste método, o aumento do tecido fibroso na cauda dificulta a

oclusão da artéria caudal induzindo erros sistemáticos na medida da PA. É provável, portanto,

que essa diferença nos níveis pressóricos basais deva-se aos diferentes métodos usados para a

medida de PA (Carrier e Aronstan, 1987).

Como explicar essa queda de PA observada nos animais diabéticos no presente

experimento? Reconhecendo que a pressão arterial sistólica reflete a capacidade de trabalho

cardíaco, como sugerido por Yu e McNeill (1992), poderíamos especular que o estado de

hipotensão observado no presente trabalho possa estar relacionado à redução no desempenho

ventricular. Reforçando essa possibilidade, encontramos na literatura estudos demonstrando

que as mudanças observadas na pressão arterial de animais diabéticos poderiam estar

relacionadas com alterações hemodinâmicas após o tratamento com estreptozotocina. É

possível que alterações no débito cardíaco, produzidas pela queda da freqüência cardíaca

(efeito cronotrópico negativo), bem como pela redução da contratilidade ventricular (efeito

inotrópico negativo) (De Angelis et al., 2000), pudessem contribuir para redução da pressão

arterial em animais diabéticos, uma vez que, a pressão arterial relaciona-se diretamente com o

débito cardíaco. Nesse enfoque, vale lembrar que a PA é resultante da combinação instantânea

entre o volume minuto cardíaco (ou débito cardíaco= freqüência cardíaca x volume sistólico)

e a resistência periférica. Dessa forma, considerando os determinantes do DC, tanto FC como

volume sistólico estão reduzidos, o que explicaria a redução do DC nesses animais e,

conseqüentemente a redução da PA, se não ocorrerem alterações significativas de resistência

periférica.

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Considerando que essa redução no DC ou no IC seja importante para a queda de PA,

mesmo após esse longo tempo de administração de STZ, poderíamos pensar que outras

alterações além das observadas no coração pudessem contribuir para isso. A redução de

volume associada à hiperglicemia e diurese osmótica, conforme sugerido por Jackson e

Carrier (1983) e Cohen et al. (1986) poderia ser uma dessas causas. De fato, é possível que

uma excessiva perda de volume pudesse explicar a redução do DC e conseqüentemente

redução de fluxo sangüíneo em outros territórios (Brands e Fitzgerald, 1998). Certamente a

diurese osmótica poderia levar a um estado de retração do volume extracelular nesses

indivíduos. No estado crônico, entretanto, a redução de volume deveria estar compensada pela

redução do continente vascular conforme proposto por Guyton et al. (1981), através do

mecanismo de auto-regulação total. Também o volume extracelular poderia estar sendo

mantido por fluxos provenientes do compartimento intracelular (Cowley et al., 1996). De fato,

Anwana e Garland (1991) mostraram que apesar de apresentarem desidratação intracelular,

ratos diabéticos não apresentavam o volume extracelular diferente de ratos normais, o que

indica um balanço entre perda urinária e retirada de volume das células para manutenção do

volume naquele compartimento. Considerando essas informações, vale lembrar que o livre

acesso à água, como realizado no presente estudo foi importante na manutenção de volume

em ratos diabéticos, o que parece ser confirmado pelos valores de hematócrito que não

mostraram diferença entre diabéticos e controles (Dall´Ago et al., 2002).

Estudos de nosso grupo têm demonstrado redução do tônus vagal e manutenção do

tônus simpático para o coração, avaliados pelo bloqueio farmacológico com propranolol e

atropina, respectivamente (Maeda et al., 1995; De Angelis et al., 2000), como previamente

demonstrado por Wegner et al. (1987), sugerindo a presença de neuropatia vagal cardíaca. A

bradiacardia de repouso observada em animais diabéticos desde os 5 até os 80 dias pós

administração de STZ tem sido atribuída a alterações no nodo sinoatrial com conseqüente

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redução da FCI (De Angelis et al., 2000,2002), embora alterações nos mecanismos

colinérgicos não possam ser excluídos com uma causa. De fato, os dados obtidos no presente

estudo corroboram estes achados anteriores de nosso grupo. Evidenciamos alterações nas

respostas da FC após a injeção de propranolol, o que demonstra que o sistema nervoso

parassimpático (atuante após o bloqueio simpático) estava prejudicado nos animais com 30

dias de diabetes. Esse prejuízo vagal se refletiu em reduzido tônus vagal (FCI - FC após o

propranolol). As respostas da FC após a injeção de metilatropina demonstrou que o sistema

nervoso simpático (atuante após o bloqueio parassimpático) estava preservado.

A resposta bradicárdica a injeção de metacolina mostrou-se aumentada em animais

diabéticos de 15 dias em comparação a animais controles (Dall´Ago et al., 1997), sugerindo

que o prejuízo no tônus vagal observado no diabetes por STZ possa induzir uma alteração

adaptativa dos receptores muscarínicos. Além disto, estudos demonstraram diminuição na

concentração de acetilcolina em aurículas isoladas de ratos diabéticos (Kuntscherova e Vlk,

1970), defeitos funcionais em nervos colinérgicos cardíacos de ratos diabéticos com disfunção

vagal (Tomlinson et al., 1981) e alteração no acoplamento receptor colinérgico-adenilato

ciclase após a administração de STZ (Nishio et al., 1988). Essas alterações funcionais não

excluem alterações morfológicas. De fato, trabalhos têm evidenciado mudanças degenerativas

em neurônios autonômicos (Monckton e Pehowich, 1980; Schimidt et al., 1983; Kniel et al.,

1986; Sharma e Thomas, 1987).

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6.3- Efeitos do exercício físico agudo nos parâmetros hemodinâmicos

Conforme demonstrado em outros estudos, no presente trabalho, os ratos controles

submetidos ao exercício agudo apresentaram aumento da PAS, PAM e FC e manutenção dos

valores de PAD. Durante o exercício o aumento da PAS deve-se ao aumento do débito

cardíaco, produto do aumento do volume sistólico e da freqüência cardíaca. O volume

sistólico aumenta em razão do aumento da bomba muscular, da bomba ventilatória e da

venoconstrição, além do aumento da contratilidade, decorrente da estimulação simpática

cardíaca e dos mecanismos de Frank-Starling. Já a FC aumenta devido a um aumento da

estimulação simpática e uma redução da estimulação vagal sobre o coração. Todavia, a PAD

no exercício tende a sofrer pequenas alterações (manutenção, redução ou pequeno aumento),

decorrentes das mudanças na pós-carga. Indivíduos saudáveis normalmente apresentam queda

da resistência vascular periférica (e conseqüentemente da pós-carga) durante o exercício

devido à vasodilatação muscular. Dessa forma, como a PAM é determinada pela PAS (que

aumenta) e pela PAD (que não se altera de forma tão expressiva) observamos um aumento

desta variável durante a realização do exercício agudo (Brum et al., 2004).

Além das respostas pressóricas observadas durante o exercício físico, vale ressaltar o

comportamento da pressão arterial após a atividade física. Diversos estudos têm demonstrado

uma redução da pressão arterial após a execução de uma única sessão de exercício físico, que

tem sido denominado de hipotensão pós-exercício (Bennet et al., 1984; Forjaz et al., 1998). A

hipotensão pós-exercício caracteriza-se pela redução da pressão arterial durante o período de

recuperação, fazendo com que os valores pressóricos observados pós-exercícios permaneçam

inferiores àqueles medidos antes do exercício ou mesmo aqueles medidos em um dia controle,

sem a execução de exercícios.

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No presente estudo, no período da recuperação, a pressão arterial do GC foi

semelhante quando comparada à situação de repouso. Estudo realizado em população

normotensa idosa (Rondon et al., 2002), foi observado que uma sessão de exercício não

promove redução da pressão arterial após sua execução. Por outro lado, em hipertensos, tanto

jovens (Santaella, 2003) quanto idosos (Rondon et al., 2002), a queda pressórica é mais

evidente que em normotensos. Um aspecto importante diz respeito às características do

exercício (tipo, intensidade e duração) que promovem maior queda pressórica após sua

execução (Forjaz et al., 2000a). Em relação ao exercício aeróbio, a influência da duração

desse exercício está bem demonstrada, apontando para o fato de que exercícios mais

prolongados possuem efeitos hipotensores maiores e mais duradouros (Forjaz et al., 1998a),

porém o efeito da intensidade do exercício ainda é controverso. Pelo fato de que os animais do

GC apresentaram pressões na faixa de normalidade, a hipotensão não tenha sido evidente,

bem como a intensidade e/ou duração não tenha sido suficiente para gerar tal resposta.

Um outro fator relevante quando se aborda a hipotensão pós-exercício é o mecanismo

responsável pela redução pressórica. Entretanto, esses mecanismos parecem diferir de acordo

com o tipo de exercício empregado e a população estudada. Assim, em indivíduos hipertensos

idosos (Rondon et al., 2002), verifica-se que a queda pressórica pós-exercício aeróbio se deve

à redução do débito cardíaco, em função da diminuição do volume sistólico. Por outro lado,

em jovens normotensos (Forjaz et al., 2004), o mecanismo responsável pela redução da

pressão arterial parece diferir entre os indivíduos, de modo que alguns respondem em função

da redução do débito cardíaco e outros, em função da redução da resistência vascular

periférica. Independentemente do mecanismo hemodinâmico sistêmico, a resistência vascular

muscular está reduzida após o exercício, o que se deve à vasodilatação muscular mantida após

o exercício (Forjaz et al., 1999). Um dos mecanismos responsáveis por essa vasodilatação é a

redução da atividade nervosa simpática, que pode ser medida de forma direta pela técnica da

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microneurografia (Forjaz et al., 1999). É interessante observar que, em todos estes estudos

(Forjaz et al., 1998, 1998a, 1999; Santaella, 2003; Rondon et al., 2002), inclusive no presente

estudo, apesar de estatisticamente não significante, a freqüência cardíaca permaneceu elevada

após o exercício, sugerindo um aumento da atividade nervosa simpática cardíaca e,

demonstrando, que a regulação simpática para o coração e a circulação periférica podem

sofrer adaptações diferentes após o exercício. Vale a pena ressaltar que além dos mecanismos

hemodinâmicos envolvidos na hipotensão pós-exercício, em trabalhos realizados com ratos

espontaneamente hipertensos (Silva et al., 1997) observou-se um aumento na sensibilidade

barorreflexa até 60 minutos após a execução de exercício realizado em 50% do VO2 pico

durante 30 minutos. Esses dados sugerem que alterações reflexas no controle da pressão

arterial também podem influenciar na resposta observada na fase de recuperação.

Os ratos diabéticos durante a sessão de exercício apresentaram aumento da PAS,

PAM, FC e, diferentemente dos animais controles, aumento da PAD, sugerindo que nesses

animais alterações da pós-carga (e provavelmente da vasodilatação muscular) possam estar

influenciando tal resposta. Outro fato a ser destacado, é que os valores pressóricos observados

durante o exercício e na recuperação foram semelhantes entre controles e diabéticos,

revertendo, portanto, a hipotensão evidenciada em repouso nos ratos diabéticos.

A FC foi menor nos animais diabéticos em relação aos controles no basal, nas

velocidades de 0,3, 0,6 e 0,9 Km/h e na recuperação, sugerindo que o diabetes induza prejuízo

na resposta cronotrópica ao exercício. Essas alterações podem estar associadas com disfunção

autonômica cardíaca e/ou mudanças no nodo sinoatrial. Vale ressaltar, porém, que apesar da

diferença observada no período de recuperação em relação ao repouso os ratos diabéticos

apresentaram FC semelhantes ao dos ratos controles no estado de repouso, revertendo,

portanto, a bradicardia de repouso nesses animais.

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Buscando a compreensão dos mecanismos envolvidos na modulação da resposta

cronotrópica ao exercício em animais diabéticos, realizamos sessões de exercício agudo após

o bloqueio parassimpático, simpático e o duplo bloqueio farmacológico.

O bloqueio parassimpático permitiu a avaliação da modulação simpática durante o

exercício. A pressão arterial aumentou após o bloqueio vagal em repouso, mantendo valores

elevados durante o exercício e na recuperação em ambos os grupos. Não foram observadas

diferenças nas respostas pressóricas entre os grupos nestes períodos. A FC, aumentada nos

dois grupos no repouso após a retirada vagal, foi maior nas velocidades de 0,6 e 0,9 km/h em

relação ao repouso nos animais controles e maiores em todas as velocidades do protocolo de

exercício agudo nos diabéticos, não sendo observada diferença entre os grupos durante o

período de exercício. Esses achados sugerem que a resposta cronotrópica ao exercício

induzida pela estimulação simpática estava preservada nos ratos diabéticos.

O bloqueio simpático possibilitou a avaliação da participação vagal nas respostas

hemodinâmicas ao exercício. A pressão arterial aumentou após o bloqueio simpático no

repouso no grupo controle, mantendo valores elevados durante o exercício e na recuperação.

Todavia, no GD observou-se aumento da PA durante todos os estágios do exercício e na

recuperação em relação à situação de repouso. A FC dos ratos controles, reduzida pelo

bloqueio simpático em repouso, foi maior durante o exercício (em todas as velocidades),

demonstrando a importância da modulação vagal (retirada vagal) para a resposta cronotrópica

ao exercício. Entretanto, a FC nos ratos diabéticos, que não reduziu de forma significativa

após bloqueio simpático em repouso, foi maior nas últimas cargas do exercício (0,6 e 0,9

km/h), sugerindo que o prejuízo parassimpático (reduzido tônus vagal) não permitiu uma

retirada vagal significativa durante o primeiro estágio de exercício. De fato, nas velocidades

de 0,3 e 0,6 km/h a FC foi menor no grupo diabético em relação ao grupo controle,

demonstrando que o prejuízo na modulação vagal é a responsável, pelo menos em parte, pela

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reduzida resposta cronotrópica ao exercício nos animais diabéticos. Vale ressaltar ainda, que a

retirada vagal parece ser fundamental para a resposta cronotrópica ao exercício desde o início

da atividade (0,3 km/h). Esta afirmativa se justifica pelas seguintes razões: 1) a FC não

aumentar na velocidade de 0,3 km/h no GC em vigência da modulação simpática (durante o

bloqueio vagal); 2) os animais controles apresentarem aumento da FC nesta velocidade em

vigência da modulação vagal (durante o bloqueio simpático) enquanto que os animais

diabéticos, com reduzido tônus vagal, não apresentam esse incremento nesta intensidade.

O duplo bloqueio farmacológico induziu aumento da PAS e da PAD nos controles em

repouso, durante o exercício a PAS foi significativamente maior na última velocidade em

relação ao seu repouso. Nos diabéticos, a PAM elevou-se no repouso após o duplo bloqueio, e

nas velocidades de 0,6 e 0,9 km/h foram observadas maiores valores pressóricos em relação

aos seus respectivos repousos. A FC, aumentada após a injeção dos bloqueadores simpático e

parassimpático, aumentou de forma significativa em relação ao repouso durante o exercício

nas duas últimas velocidades no grupo controle. De fato, em estudo realizado por Gava et al.

(1995) verificaram que ratos sedentários saudáveis apresentaram aumento da FCI durante o

exercício físico dinâmico progressivo. Nos ratos diabéticos, a FC, aumentada após o duplo

bloqueio farmacológico em repouso, foi maior na velocidade de 0,6 e 0,9 Km/h em relação ao

repouso. Além disto, a FCI, avaliada nesta condição, foi menor no repouso, na velocidade de

0,3; 0,6 km/h e na recuperação no GD em relação ao GC, o que sugere que em momento de

aumento da demanda metabólica (0,9 km/h) a atividade do nodo sinoatrial seja restabelecida.

Esse fato poderia estar correlacionado, por exemplo, devido ao aumento no transporte de

glicose (translocação de transportadores de glicose, GLUTs, independente da ação da

insulina) para fornecimento de energia para estas células marcapasso durante o exercício

(Richter et al.,2004). Todavia, a intensidade e/ou duração do exercício no presente estudo não

foram suficientes para manter a atividade do nodo sinoatrial aumentada no período pós-

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exercício, pois foram observadas diferenças na FCI entre GC e GD já 5 minutos após a sessão

de exercício. Além disto, vale ressaltar que estudos de nosso grupo demonstraram que o

treinamento físico atenua o prejuízo na atividade do nodo sinoatrial, provavelmente pelo

efeito somatório de várias sessões de exercício. Deve-se ressaltar que trabalhos da literatura

demonstraram melhora no transporte de glicose independente da ação da insulina após

períodos de treinamento físico (Richter et al., 2004).

Após o bloqueio do sistema nervoso parassimpático, simpático e duplo bloqueio

farmacológico, consideramos o valor da FC atingida por cada droga para o cálculo do tônus

vagal (TV) e tônus simpático (TS). O TV foi considerado como sendo a diferença entre a FCI

e a FC atingida após o bloqueio com propranol e o TS foi considerado como sendo a diferença

entre a FC máxima obtida após o bloqueio com atropina.

O tônus vagal (TV) no período de repouso foi significantemente menor no GD em

relação ao GC. De fato, estudos realizados por De Angelis et al. (2000) em ratos diabéticos

evidenciaram redução do TV em ratos diabéticos induzidos por STZ sedentários no período

de repouso. Além disso, a diminuição da atividade vagal foi verificada por outros autores.

Barron et al. (1994), pela análise espectral, e Takase et al. (1992), pelo Holter de 24 horas,

verificaram que indivíduos diabéticos apresentavam diminuição da variabilidade da

freqüência cardíaca, indicando uma disfunção vagal precoce. Todos estes trabalhos

evidenciaram, claramente, a deficiência na regulação autonômica nos diabéticos,

principalmente relacionada à atividade parassimpática. Entretanto, a variabilidade da

freqüência cardíaca apresenta uma correlação positiva com o grau de aptidão física (Boutcher

e Stein, 1995), o que levanta a hipótese de que o exercício físico pode ser benéfico para estes

pacientes, neste aspecto. Estudos têm demonstrado efeito benéfico do exercício físico em

relação à variabilidade da freqüência cardíaca em indivíduos saudáveis (Boutcher e Stein,

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1995) e em diabéticos com neuropatia precoce, mas não nos pacientes com neuropatia severa

(Howorka et al., 1997).

Durante o período de exercício o TV foi semelhante nas duas primeiras cargas do

exercício em ambos os grupos e foi reduzido na velocidade de 0,9 km/h no GC, entretanto não

foi encontrado diferenças entre os grupos nas diferentes velocidades. Gava et al. (1995)

estudando ratos espontaneamente hipertenso (SHR) treinados em baixa e alta intensidade

submetidos ao exercício físico agudo (0.5; 0,8 e 1,0 mph) verificaram que o TV foi

significantemente menor no último estágio do exercício nos grupos controle e SHR treinados

tanto em baixa quanto em alta intensidade. Em diabéticos o TV durante o exercício ainda não

havia sido esclarecido. Nesse aspecto, vale ressaltar, que a redução do TV em SHR é um bom

parâmetro, visto que esta resposta se refere a um animal em situação patológica submetido ao

exercício. Além disso, vale destacar que no período pós-exercício o TV foi semelhante entre

os grupos estudados atenuando, portanto, o reduzido TV encontrado no período pré-exercicio

no GD em relação ao GC. De fato, existem observações sugerindo que ao menos alguns dos

efeitos do treinamento físico nos fatores de risco de doenças cardiovasculares podem ser o

resultado do exercício recente (Thompson et al., 2001).

No presente estudo, o tônus simpático (TS), foi semelhante entre os grupos estudados

na situação de repouso. De fato, De Angelis et al. (2002) observaram que ratos diabéticos

sedentários induzidos por STZ apresentaram TS semelhante entre os grupos diabético e

controle. Durante o exercício o TS foi significantemente maior na última velocidade do

exercício tanto no GC quanto no GD, porém não foram encontradas diferenças entre os

mesmos durante este período. Esse aumento do TS durante o exercício físico dinâmico

progressivo tem sido observado por outros autores. Gava et al. (1995) ao estudar o efeito do

exercício em ratos SHR treinados verificaram que o TS foi maior na última velocidade (1.0

mph) do exercício em ratos controle e SHR em relação ao repouso.

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76

6.4- Avaliações metabólicas no repouso, durante o exercício e na recuperação

Através de medidas de glicemia plasmática verificou-se no presente estudo

manutenção da mesma após uma única sessão de exercício em relação ao estado de repouso.

No repouso, a musculatura esquelética utiliza predominantemente os ácidos graxos

livres da circulação para o fornecimento de energia (Ahlborg et al., 1974) e no exercício físico

as maiores fontes de energia para a musculatura são a glicose e os ácidos graxos livres, com

os aminoácidos e os corpos cetônicos ocupando papel secundário. Os substratos energéticos

podem ser encontrados em depósitos intramusculares ou na circulação, advindos do fígado e

do tecido adiposo. No entanto, a contribuição relativa de cada um deles para a demanda

energética da musculatura depende da intensidade e da duração do exercício, além do estado

nutricional e do nível de treinamento físico do paciente (Kemmer e Berger, 1983).

Durante o exercício, a necessidade energética é suprida, principalmente, pelo

metabolismo de carboidratos e lipídeos, de modo que, durante o exercício, ocorre aumento

expressivo da captação de glicose sanguínea pelo músculo ativo, que é mediado por duas vias:

1- aumento da captação da glicose dependente de insulina, ou seja, para uma mesma dose de

insulina, a captação de glicose é maior durante o exercício do que em repouso, caracterizando

aumento da sensibilidade à insulina durante o exercício, 2- aumento da captação de glicose

não-dependente de insulina, ou seja, a própria contração muscular favorece a entrada de

glicose na célula, mesmo na ausência de insulina, sendo esse suprimento posteriormente

modificado conforme a intensidade e a duração do exercício (Wasserman et al., 1991).

Durante o exercício físico leve (até 50% do consumo máximo de oxigênio- VO2) e

moderado (entre 50% e 70% do VO2 max), os principais substratos oxidados são os ácidos

graxos livres, cuja contribuição aumenta na medida em que o exercício se prolonga (Ahlborg

et al., 1974; Romin et al., 1993). Embora, na fase inicial do exercício, a contribuição de

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reservas intramusculares e sangüíneas seja semelhante, à medida que o exercício se prolonga

a contribuição sangüínea se torna mais importante para o suprimento energético (Romjin et

al., 1993). Quanto ao metabolismo da glicose, durante o exercício leve e moderado, sua

captação e oxidação estão aumentadas em relação ao repouso, mas ainda são menos

importantes que no exercício intenso (Romjin et al., 1993; Cooper et al., 1989). Durante o

exercício intenso (acima de 75% do VO2 max), a glicose sangüínea e, principalmente o

glicogênio muscular são as principais fontes de energia, sendo metabolizados tanto pela via

glicolítica como pela via oxidativa. A concentração de ácidos graxos livres na circulação

diminui nessa intensidade de exercício, o que demonstra a menor utilização de gordura como

substrato energético (Romjin et al., 1993).

Dessa forma, fica evidenciado que, durante o exercício, o aumento da captação e

utilização de glicose está diretamente relacionado à intensidade do exercício. Ao contrário,

durante o exercício leve a moderado, o metabolismo de ácidos graxos livres está diretamente

relacionado à duração do exercício, um dos motivos para a manutenção dos níveis

plasmáticos de glicose após a execução do protocolo do exercício físico agudo neste estudo.

Além disto, apesar da captação de glicose aumentar durante o exercício, em

indivíduos saudáveis, esse aumento não se reverte em queda da glicemia, pois este é

compensado pelo aumento da produção hepática de glicose (Cooper et al., 1989). Assim,

durante a execução de uma sessão de exercício, as alterações hormonais, como a diminuição

da secreção de insulina e o aumento da concentração dos hormônios contra-reguladores

(glucagon, epinefrina, cortisol, hormônio de crescimento) durante o exercício moderado ou

intenso (Galbo et al., 1984), o que pode explicar o aumento da glicogênese e gliconeogênese

hepática, aumentando a liberação de glicose pelo fígado e mantendo a glicemia normal.

Como a concentração plasmática de insulina está diminuída, o aumento da captação de

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glicose durante o exercício é explicado pelo aumento da captação de glicose independente de

insulina (Wasserman et al., 1991).

Após o término do exercício, em indivíduos saudáveis, a captação de glicose

independente de insulina é suprimida, porém a captação insulino-dependente permanece

elevada (Wasserman et al., 1991). De fato, tanto a sensibilidade como a responsividade do

organismo à insulina permanecem elevadas por até 48 horas (Mikines et al., 1988) após uma

sessão de exercício físico moderado. Esse aumento parece estar relacionado ao aumento do

número de sítios de agregação da insulina e do número e da atividade intrínseca dos

transportadores de glicose na membrana (Goodyear et al., 1990)

Em diabéticos do tipo I, durante e após o exercício físico, a captação de glicose

aumenta de forma semelhante àquela descrita em indivíduos saudáveis (Wallberg–Henriksson

e Holloszy, 1984). Wallberg–Henriksson e Holloszy observaram que mesmo na ausência total

de insulina, o músculo do rato diabético capta a mesma quantidade de glicose que o músculo

do rato saudável, durante a estimulação elétrica. Além disso, Richter et al. (1985.) verificaram

que, após o exercício, a sensibilidade à insulina aumentava de forma semelhante no rato

diabético sem insulina e no rato controle normal por 48 horas. Em indivíduos com diabetes

do tipo II controlados, a execução aguda de exercício pode levar a redução (Kang et al., 1999)

e, talvez, à normalização da glicemia.

Outra resposta metabólica analisada foi a concentração de lactato sangüíneo. Sabe-se

que em humanos, a concentração de lactato no sangue aumenta exponencialmente com a

intensidade do exercício. O ponto de quebra na curva de lactato sanguíneo versus carga do

exercício é conhecido como limiar anaeróbio (LA). O LA ocorre dentro de uma faixa de

variação submáxima de intensidade do exercício, entre 50 a 80% da carga máxima

(Wasserman et al., 1990). Um estudo realizado por Pilis et al. (1993) demonstrou que, mesmo

em ratos, na corrida em esteira com intensidade crescente, a concentração de lactato no

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sangue apresenta um padrão similar ao descrito em humanos. Sendo assim, através da curva

de lactato pode-se determinar a intensidade do exercício na qual a sua concentração começa a

aumentar rapidamente, sendo este ponto o LA. Considerando o consumo máximo de oxigênio

(VO2max) em ratos, verificado por outros autores, os autores concluíram em seu estudo que o

LA em ratos corresponde 55-65% do VO2max (Glesson e Boldwin, 1981). No presente estudo

o lactato sanguíneo tenderia a ter um aumento, o que não foi observado no presente estudo na

situação basal, porém, vale ressaltar, que o lactato sangüíneo teve uma tendência a aumento, o

que pode explicar a possibilidade de elevação a partir desta intensidade. Além disso, a

concentração de lactato não apresentou mudanças significativas em nenhuma das situações de

bloqueio (após o bloqueio parassimpático, após o bloqueio simpático e após o duplo bloqueio

farmacológico). Estas respostas da concentração de lactato sangüíneo durante o bloqueio

simpático, parassimpático e duplo bloqueio farmacológico em ratos diabéticos ainda não estão

totalmente esclarecidos.

Todavia, vale destacar, que o fato dos níveis de lactato e a glicemia encontrarem-se

inalterados antes de cada sessão de exercício demonstrou que os animais estavam em

condições metabólicas semelhantes na situação basal e durante os bloqueios farmacológicos.

6.5- Morfologia e morfometria dos gânglios parassimpáticos cardíacos

Estudos têm demonstrado que uma das complicações do diabetes é a neuropatia que

compromete os sistemas nervosos somático (sensitivo e motor) e autonômico (simpático e

parassimpático). No presente estudo, analisamos a inervação parassimpática cardíaca dos

ratos do grupo diabético e controle, visto que estudos clínicos e experimentais têm

demonstrado que a neuropatia autonômica diabética é caracterizada, inicialmente, por

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disfunção vagal (parassimpática) e posteriormente por disfunção no sistema nervoso

simpático (Barron et al., 1994; Nathan, 1993).

Ao analisar a morfologia a nível ultraestrutural, Kamal et al. (1991) observaram

mudanças nos gânglios cardíacos de ratos diabéticos induzidos por STZ. Na fase média (1 a 6

meses de diabetes) a degeneração das terminações axônicas, assim como dos axônios

mielinizados e não-mielinizados, foi consistentemente observada nesses animais.

A neuropatia autonômica dos nervos parassimpáticos é uma complicação do diabetes

mellitus. De fato, Thomlinson e Yusof (1983) demonstraram uma evidente neuropatia dos

nervos parassimpáticos cardíacos. Nos níveis ultraestruturais, eles observaram uma aparente

falta de terminais colinérgicos nervosos (em contraste a um grande número de terminais

adrenérgicos nervosos) no átrio de ratos diabéticos. Concluíram que, depois de 7 meses, o

diabetes induzido por aloxona, causou uma desnervação parassimpática nos átrios dos ratos

diabéticos, que os autores atribuíram aos distúrbios metabólicos inerentes desta patologia.

Na presente pesquisa, os ratos diabéticos apresentaram redução na densidade e no

tamanho dos neurônios em relação aos ratos do GC. Lund et al. (1991) analisando índices

bioquímicos (colina acetiltranferase) e morfológicos da inervação parassimpática do coração

de ratos induzidos com streptozotocina (STZ) verificaram que a atividade total da colina

acetiltransferase nos corações dos ratos diabéticos permaneceu inalterada depois uma a duas

semanas de indução do diabetes e foi reduzida significativamente após 4, 8, e 12 semanas. As

mudanças morfológicas na inervação parassimpática cardíaca foram avaliadas após 8

semanas, onde a atividade da acetiltransferase estava diminuída. Em diabéticos, havia uma

redução no tamanho e no número dos gânglios cardiacos. Em contraste, em ratos diabéticos

induzidos por STZ tratados com insulina, as células dos gânglios eram similares no tamanho e

no número àquelas do grupo controle. Estes achados demonstram que o diabetes está

associado com alterações na inervação parassimpática cardíaca em ratos diabéticos, e a

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insulina protege estes mudanças. Estas alterações parassimpáticas podem prejudicar o

controle neural em diabéticos.

Da mesma forma, Zanoni et al. (1997) ao analisar neurônios de um outro plexo, o

mientérico do ceco de ratos diabéticos induzidos por STZ, verificaram que o diabetes não

alterou a forma e a disposição do gânglio mientérico; porém provocou diminuição na

densidade neuronal.

Vale ressaltar, ainda, que outro estudo realizado por Sanyal et al. (2002) em ratos

espontaneamente diabéticos (Kob), que se assemelha ao diabetes insulino-dependente, em

humanos, mostrou que o componente simpático permaneceu intacto, visto que a resposta à

atropina ficou inalterada, mas ao propranolol foi suprimida. Isto sugere que a interação

simpato-vagal que regula a FC em ratos espontâneamente diabéticos foi danificada, ao menos,

no que se refere à parte do centro vasomotor na medula e do final efetor de potenciais no nó

sinusal. Estes achados foram obtidos pelas análises de variabilidade da freqüência cardíaca

(VFC) observadas não somente no estado de repouso, mas também pela administração

combinada de drogas anti-colinérgicas e beta-bloqueadora.

Está evidenciado em seres humanos e em ratos que o domínio espectral de alta

freqüência (AF) da VFC que reflete a atividade parassimpática e que a relação baixa/alta

freqüência (B/A) reflete o tônus simpático indireto para o coração (Hashimoto et al., 1999;

Yoshida et al., 1998). Estes autores (Hashimoto et al., 1999; Yoshida et al., 1998) observaram

redução no domínio de AF em ratos Kobs em relação aos ratos Wistar controle, indicando um

decréscimo na atividade parassimpática. Estas mudanças são sustentadas pela existência de

mudanças ultraestruturais e morfométricas nos nervos eferentes parassimpáticos em seres

humanos e em animais com diabetes a longo prazo (Yagihashi et al., 1986). Além disso, a

diferença na relação B/A na VFC entre os ratos Kob e Wistar não foram significantes,

sugerindo que no DM a atividade simpática cardíaca esta preservada por um tempo mais

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longo (Yagihashi ey al., 1986). Assim, parece que os nervos parassimpáticos cardíacos são

mais vulneráveis ao diabetes.

De fato, os resultados de nosso estudo demonstram alterações morfológicas e

morfométricas em gânglios parassimpáticos cardíacos que provavelmente são responsáveis,

pelo menos, em parte, pelo prejuízo na modulação vagal em repouso e durante o exercício nos

animais diabéticos.

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7- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados indicam que o diabetes experimental induziu disfunção parassimpática

na modulação da FC evidenciada em repouso e pela reduzida retirada vagal durante o

exercício. Essas alterações funcionais estão provavelmente associadas à redução na densidade

e no tamanho dos neurônios dos gânglios parassimpáticos cardíacos. Esses achados

confirmam a neuropatia estrutural e funcional induzido pelo diabetes experimental por STZ.

Por fim, vale ressaltar, que uma única sessão de exercício atenuou a disfunção vagal,

sugerindo um benefício desta abordagem não-farmacológica no manejo do risco

cardiovascular de diabéticos.

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