Upload
ngotuyen
View
221
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE TCNICA DE LISBOA
INSTITUTO SUPERIOR TCNICO
Electrlitos Polimricos para Sistemas Electroqumicos de Energia
Maria Joo Carrilho Plancha
(Licenciada)
Dissertao para obteno do Grau de Doutor em Engenharia Qumica
Orientador: Doutor Csar Augusto Correia de Sequeira
Co-Orientador: Doutora Carmen Mireya Rangel Archila
Jri
Presidente: Reitor da Universidade Tcnica de Lisboa
Vogais: Doutor Manuel Lopes da Cunha Belo Doutor Armando Jos Latourette de Oliveira Pombeiro
Doutora Carmen Mireya Rangel Archila
Doutora Vernica Cortes de Zea Bermudez Doutor Csar Augusto Correia de Sequeira
Doutor Antnio Jos Boavida Correia Diogo
Doutor Joo Carlos Salvador Santos Fernandes
Maio de 2008
_____
-i-
Resumo
Na primeira parte do trabalho so sintetizados filmes polimricos de poli(xido de
etileno) dopado com cloreto de zinco, iodeto de zinco, cloreto de nquel ou iodeto de nquel.
Os filmes, com espessuras na gama 50-100m, so caracterizados morfolgica e
microestruturalmente, procedendo-se tambm anlise do comportamento trmico dos
mesmos.
O estabelecimento de diagramas de equilbrio de fases permite prever
termodinamicamente a melhor relao estrutura/conduo inica. Esta propriedade estudada
na gama 20-155C, determinando-se a influncia da temperatura e da concentrao salina na
condutividade dos electrlitos.
A caracterizao electroqumica prossegue com a determinao dos nmeros de
transferncia catinica, que permitem identificar o tipo de transportadores de carga. Factores
como a possibilidade de existncia de associao inica nos electrlitos PEO-MX2, so
considerados nos estudos electroqumicos.
Os domnios de estabilidade electroqumica so analisados em funo da temperatura,
determinando-se tenses de decomposio e tenses de descargas catdica e andica.
Na ltima fase deste trabalho escolhido o electrlito polimrico que apresenta
melhores propriedades para incorporao numa bateria totalmente slida. As miniclulas, com
ctodos de insero baseados em Nb2O5 e o PEO4ZnCl2 como electrlito, so estudados a
55C. A capacidade de reteno de carga e o comportamento das baterias a ciclos de
descarga/carga so analisados.
Palavras-chave electrlitos polimricos; diagramas de equilbrio de fases; condutividade inica; nmeros de
transferncia catinica; estabilidade electroqumica; baterias polimricas de zinco
_____
-ii-
Abstract
Polymeric films based on the polymer, poly(ethylene oxide), doped with several
concentrations of zinc chloride, nickel chloride, zinc iodide or nickel iodide, are synthesized.
Morphology, microstructure and thermal behaviour studies of homogeneous thin films
with 50 to 100 m of thickness are done.
The equilibrium phase diagrams construction allows a thermodynamic evaluation of
the best relation structure/ionic conduction. This property is studied in the temperature range
20-155C and the influence of salt concentration on the electrolytes conductivity is also
analysed.
The electrochemical characterization proceeds with the estimation of cationic
transference numbers allowing the identification of charge carriers nature. Factors like the
possibility of ionic association existence on the PEO-MX2 electrolytes are considered in the
electrochemical studies.
The electrochemical stability windows with the determination of electrolytes
decomposition voltages and anodic and cathodic discharge voltages are analysed for some
selected temperatures.
In the last part of this study, the polymer electrolyte that presents the best properties
for its use in a completely solid state battery is chosen. The performance of mini-cells with
insertion cathodes based on niobium oxide, zinc anodes and PEO4ZnCl2 as the electrolyte is
studied at 55C. The lifetime and the behaviour of the batteries to charge/discharge cycles are
evaluated.
Keywords polymer electrolytes; phase diagrams; ionic conductivity; cationic transference numbers;
electrochemical stability; Zn polymer batteries
-iii-
__________AGRADECIMENTOS___________
Este trabalho foi elaborado com a contribuio de diversas pessoas e instituies s
quais manifesto o meu agradecimento, realando os seguintes:
Ao Professor Csar Sequeira, orientador da tese, pelo incentivo e orientao
cientfica prestados no decorrer do trabalho realizado.
Doutora Mireya Rangel, co-orientadora da tese por parte do INETI, pela
orientao e apoio sem o qual este trabalho no seria possvel.
Ao Professor M.J. Hudson da Universidade de Reading, Inglaterra, pela facilidade
concedida na realizao dos ensaios de Termogravimetria/Anlise Trmica Diferencial
aplicados ao estudo presente.
JNICT, pelo apoio financeiro que permitiu a realizao do estgio na Universidade
de Reading, Inglaterra e a participao nas Jornadas Journes d'Electrochimie 1993,
realizadas em Grenoble St. Martin D'Hres, Frana.
Aos tcnicos das Oficinas do DMTP, em particular Sal Oliveira, pela construo de
acessrios necessrios preparao das clulas electroqumicas utilizadas.
Aos tcnicos do Laboratrio de Caracterizao de Materiais do DMTP,
nomeadamente Augusto Geraldes e Lus Bellot da Microscopia Electrnica de Varrimento,
pelos trabalhos de operao deste equipamento e Teresa Magalhes da tcnica de Difraco
de Raios X que para alm de operar o equipamento de DRX, sempre se mostrou disponvel
na execuo de trabalhos de impresso de difractogramas e no fornecimento de ficheiros de
dados para anlise, sempre que lhe eram solicitados.
Enga Helena Carvalho do DMTP, pela disponibilizao do equipamento de
TGA/DTA que permitiram a realizao de anlises trmicas para estabelecimento final dos
diagramas de equilbrio de fases em construo.
Enga Teresa Marcelo do DMTP, pelo ensinamento prestado no manuseamento do
equipamento de TGA/DTA e do software associado realizao dos ensaios e obteno de
resultados.
Agradecimentos
-iv-
Ao Doutor Christopher Brett da Universidade de Coimbra e ao Doutor Joo Salvador
do IST, pela disponibilidade demonstrada na resoluo de um problema surgido no decorrer
do trabalho, ligado a perda de dados de Espectroscopia de Impedncia Electroqumica.
Ao Engo Jos Miguel Figueiredo, Director do DMTP do INETI, Doutora Manuela
Oliveira, presidente do Conselho Cientfico do INETI, Comisso de Trabalhadores do
INETI e tambm Doutora Mireya Rangel, responsvel pelo Laboratrio de Electroqumica
de Materiais do DMTP, pelo apoio prestado e realizao das diligncias necessrias
resoluo do problema financeiro das propinas devidas ao IST.
Ao INETI, por proporcionar as condies e meios necessrios realizao e
concluso do trabalho.
A todos os colegas da Unidade de Electroqumica de Materiais, pelo apoio e amizade
demonstrados ao longo da realizao deste trabalho.
D. Alzira Moreira, pelos trabalhos de apoio documental e administrativo que
proporcionaram poupana de tempo para tarefas mais ligadas ao trabalho de investigao.
M Antnia Travassos e Raquel Silva, pelo apoio e disponibilidade
demonstrados. Maria Pinho, pelo apoio documental efectuado e disponibilidade tambm
demonstrada.
Teresa Paiva, pela boa disposio e empenho na realizao de trabalhos de
operao do MEV e revelao de fotografias.
Ana S, pelas frutuosas discusses cientficas e encorajamento dispensado ao
longo do decorrer do trabalho.
Ao Paulo Luz, um agradecimento especial pelo constante interesse manifestado e
pela grande e valiosa ajuda prestada nas mais diversas reas.
Aos meus pais, pela aceitao das horas tardias de regresso a casa, aps longas
permanncias no laboratrio.
Ao Jorge, meu marido, pela compreenso por muitas vezes me ter faltado o tempo
para mais dedicao a ele e ao meu filho, Andr, em vrios perodos de realizao deste
trabalho. Aos dois, pelo incentivo para a realizao e concluso do mesmo.
_____
-v-
ndice _____________________
Resumo i
Abstract ii
Agradecimentos iii
ndice v
ndice de Figuras xi
ndice de Tabelas xxv
Captulo I: Electrlitos Polimricos Formao, Propriedades e Aplicaes
1. Introduo 1
2. Formao de Complexos Polimricos 6
2.1. Interaces io-polmero 8
2.2. Interaces io-io 10
2.3. Polmeros base
2.3.1. Poli(xido de etileno) 14
2.3.2. Outros polmeros 19
3. Estrutura e Propriedades dos Electrlitos Polimricos
3.1. Introduo. Estrutura cristalogrfica 27
3.2. Estrutura morfolgica / Cristalinidade 32
3.3. Comportamento trmico / Diagramas de fase 52
3.4. Transporte inico
3.4.1. Introduo 62
3.4.2. Condutividade 63
3.4.2.1. Mobilidade inica. Modelos 64
3.4.2.2. Influncia da concentrao salina 76
3.4.2.3. Influncia da presso 82
ndice
_____
-vi-
3.4.3. Nmeros de transferncia
3.4.3.1. Introduo 85
3.4.3.2. Mtodos de determinao 87
4. Aplicaes dos Electrlitos Polimricos
4.1. Baterias polimricas 100
4.2. Dispositivos electrocrmicos 105
4.3. Clulas fotoelectroqumicas 109
4.4. Outras aplicaes 111
Captulo II: Tcnicas Experimentais. Fundamentos Tericos
1. Espectroscopia de Impedncia Electroqumica
1.1. Introduo 115
1.2. Fundamentos 116
1.3. Comentrios 130
2. Voltametria Cclica e Voltametria Unidireccional 132
3. Anlise Termogravimtrica e Anlise Trmica Diferencial (TGA/DTA)
3.1. Introduo 135
3.2. Anlise termogravimtrica 136
3.3. Anlise trmica diferencial 140
3.4. Combinao simultnea TGA/DTA 146
4. Difraco de Raios X 147
5. Microscopia Electrnica de Varrimento 151
6. Cronoamperometria e Cronopotenciometria 153
Captulo III: Parte Experimental
1. Introduo
1.1. mbito do trabalho 157
ndice
_____
-vii-
1.2. Estudos e ensaios realizados 157
2. Procedimento Experimental
2.1. Sntese dos electrlitos polimricos 159
2.2. Preparao de ctodos de insero 162
2.3. Clulas electroqumicas e Elctrodos
2.3.1. Caracterizao electroqumica dos electrlitos
sintetizados 162
2.3.2. Caracterizao electroqumica das baterias 164
2.4. Montagens e Condies de ensaio 165
2.4.1. Medidas de condutividade do electrlito e de
nmeros de transferncia catinica por EIS 166
2.4.2. Medidas de nmeros de transferncia catinica
por mtodo ac/dc 167
2.4.3. Medidas de condutividade electrnica 168
2.4.4. Medidas de tenso de decomposio 168
2.4.5. Medidas de tenses limite de descarga 168
2.4.6. Ensaios de caracterizao morfolgica, microestrutural
e anlise trmica 169
Captulo IV: Resultados e Discusso
1. Sistema PEO-ZnCl2
1.1. Caracterizao morfolgica, microestrutural e propriedades
trmicas
1.1.1. Estrutura morfolgica 171
1.1.2. Cristalinidade 173
1.1.3. Comportamento trmico 174
1.1.3.1. Recristalizao 179
1.1.3.2. Estabilidade trmica 188
1.1.4. Equilbrio de fases 191
1.2. Caracterizao electroqumica
1.2.1. Condutividade do electrlito 197
1.2.1.1. Efeito da temperatura 200
1.2.1.2. Efeito da concentrao salina 207
1.2.2. Condutividade electrnica 219
1.2.3. Nmeros de transferncia catinica 221
ndice
_____
-viii-
1.2.4. Domnio de estabilidade electroqumica 232
1.2.4.1. Tenses de decomposio 232
1.2.4.2. Potenciais de descarga andica e de descarga
catdica 234
2. Sistema PEO-ZnI2
2.1. Caracterizao morfolgica, microestrutural e propriedades
trmicas
2.1.1. Estrutura morfolgica 239
2.1.2. Cristalinidade 240
2.1.3. Comportamento trmico 242
2.1.3.1. Recristalizao 245
2.1.3.2. Estabilidade trmica 246
2.1.4. Equilbrio de fases 247
2.2. Caracterizao electroqumica
2.2.1. Condutividade inica 251
2.2.1.1. Efeito da temperatura 252
2.2.1.2. Efeito da concentrao salina 256
2.2.2. Nmeros de transferncia catinica 260
2.2.3. Domnio de estabilidade electroqumica 262
2.2.3.1. Tenses de decomposio 263
2.2.3.2. Potenciais de descarga andica e de descarga
catdica 265
3. Sistemas PEO-NiCl2 e PEO-NiI2
3.1. Caracterizao morfolgica, microestrutural e propriedades
trmicas
3.1.1. Estrutura morfolgica 271
3.1.2. Cristalinidade 272
3.1.3. Comportamento trmico 274
3.1.3.1. Estabilidade trmica 281
3.2. Caracterizao electroqumica
3.2.1. Condutividade inica 283
3.2.2. Nmeros de transferncia catinica 288
4. Baterias de Electrlito Polimrico
4.1. Constituio da clula 293
4.2. Caractersticas da descarga 298
4.2.1. Nvel de insero e eficincia coulmbica 303
ndice
_____
-ix-
4.2.2. Eficincia energtica e energia especfica na descarga 307
4.2.3. Alteraes estruturais na descarga 308
4.3. Reversibilidade do processo de intercalao / Ciclos de
recarga da bateria 310
4.4. Estabilidade da bateria 325
Captulo V: Concluses e ideias para trabalhos futuros 327
Bibliografia 339
Anexo I 385
Sub-anexo I.1 387 Sub-anexo I.2 391 Sub-anexo I.3 395 Sub-anexo I.4 399
Anexo II 401
_____
-x-
-xi-
ndice de Figuras ______________________________
Figura 1 Esquema do ciclo termodinmico para a solvatao
catinica em poli(xido de etileno) com uma relao molar
oxignio:catio de 4:1.
9
Figura 2 Estrutura do PEO. (a) Plano paralelo ao eixo da hlice; (b)
Plano perpendicular ao eixo da hlice. Os crculos mais
escuros correspondem aos tomos de oxignio.
Reproduo da ref. [21].
15
Figura 3 Modelo para a dessolvatao interfacial na interface do
elctrodo. Reproduo da ref. [63].
19
Figura 4 Estruturas polimricas usadas na formao de electrlitos
polimricos. Alguns exemplos: (I) Poli(acrilato); (II)
Poli[bis(metoxietoxi)etoxi)fosfazeno] (MEEP); (III)
Copolmero ramificado baseado no poli(xido de etileno)
com cadeias laterais de tri(oxietileno), vulgarmente
chamado TEC.
20
Figura 5 Arquitecturas polimricas para reduo da cristalinidade
[82].
24
Figura 6 Representao de uma esferulite: (a) Aspecto geral; (b)
Pormenor de uma lamela; (c) Pormenor das cadeias
pregueadas que formam a lamela. Reproduo da ref.
[183].
33
Figura 7 Diagrama de fases esquemtico de um sistema polimrico
com um complexo cristalino temperatura ambiente. L-
lquido (fase amorfa); CC-complexo cristalino; PC-
polmero cristalino; xe-composio eutctica em fraco
molar; Te-temperatura eutctica.
53
ndice de Figuras
-xii-
Figura 8 Mecanismo esquemtico que mostra os caminhos
alternativos para a migrao de cargas num campo
elctrico.
80
Figura 9 Representao esquemtica do movimento de pares
inicos, resultante de alteraes de conformao, assistido
pelo movimento segmental do polmero.
81
Figura 10 Isotrmicas da condutividade inica vs. concentrao
salina de um determinado electrlito.
81
Figura 11 Representao esquemtica dos circuitos equivalentes
correspondentes s altas (a), mdias (b) e baixas
frequncias (c), de uma clula de electrlito polimrico,
simtrica, com elctrodos no bloqueantes relativamente
ao catio e respectiva resposta no plano complexo de
impedncias (d). Reproduo da ref. [436].
91
Figura 12 Circuito equivalente total de uma clula com elctrodos
reactivos. Reproduo da ref. [436].
92
Figura 13 Esquema do corte transversal de uma bateria laminar de
ltio, utilizando um electrlito polimrico.
101
Figura 14 Estrutura esquemtica de um dispositivo electrocrmico de
estado slido. Adaptado da ref. [481].
109
Figura 15 Diagrama esquemtico de uma clula fotoelectroqumica
tpica. Adaptado da ref. [485].
110
Figura 16 Representao sinusoidal do potencial e corrente
alternados [528].
116
Figura 17 Impedncia representada no plano complexo.
117
Figura 18 Espectros de impedncia no plano complexo e diagramas
de Bode para elementos elctricos puros. Nos diagramas
de Bode, m o declive da recta.
118
ndice de Figuras
-xiii-
Figura 19 Circuito RC (a) e sua impedncia representada no plano
complexo (b).
119
Figura 20 Circuito equivalente de Randles.
121
Figura 21 Representao no plano complexo da semicircunferncia
abatida por efeito da depresso de Cole-Cole [534].
124
Figura 22 Circuito equivalente (a) e espectro de impedncias no
plano complexo, previsto para o caso do uso de elctrodos
completamente bloqueantes numa clula electroqumica
com ausncia de adsoro especfica (b) [540].
126
Figura 23 Efeito da rugosidade superficial dos elctrodos na
impedncia dos electrlitos slidos. a- Elctrodos planos; b
e c- Elctrodos de superfcie rugosa (em c, mais rugosa
que em b) [540].
128
Figura 24 Perfis potencial-tempo usados em voltametria cclica.
133
Figura 25 Exemplos de curvas termogravimtricas.
138
Figura 26 Registo da temperatura da amostra (a) e da diferena de
temperaturas entre a amostra e a referncia (b), em funo
do tempo ou da temperatura do sistema.
141
Figura 27 Curva DTA esquemtica de um polmero tpico.
144
Figura 28 Comparao esquemtica do traado DTA com o diagrama
de fases.
145
Figura 29 Diagrama de fases de um sistema binrio AxB.
149
Figura 30 Espectros esquemticos da difraco de: (a)-lquidos ou
slidos amorfos; (b)-slidos cristalinos.
150
Figura 31 Perfil potencial-tempo (a) e resposta tpica no plano I-t (b),
para um ensaio potenciosttico de cronoamperometria.
154
ndice de Figuras
-xiv-
Figura 32 Curva tpica E-t obtida num ensaio de
cronopotenciometria.
155
Figura 33 Fotografias de alguns filmes sintetizados: (a) PEO8ZnCl2;
(b) PEO12ZnI2; (c) PEO20NiCl2.2H2O; (d) PEO4NiI2.4H2O.
Escala: 1:1.4.
161
Figura 34 Esquema das clulas de 3 elctrodos tipo sanduche usadas
nos ensaios de determinao das tenses de descargas
catdica e andica dos electrlitos polimricos em estudo.
163
Figura 35 Diagrama esquemtico da bateria de estado slido
estudada.
165
Figura 36 Esquema da instrumentao utilizada nas medidas de
impedncia electroqumica.
167
Figura 37 Micrografias obtidas por MEV dos electrlitos: (a)
PEO4ZnCl2; (b) PEO8ZnCl2; (c) PEO12ZnCl2; (d)
PEO16ZnCl2.
171
Figura 38 Espectros de difraco de raios X para o sistema PEO-
ZnCl2. Os picos mais caractersticos para cada fase
cristalina esto tambm assinalados: (*) PEO; (+)
complexo intermedirio, [P(EO4ZnCl2)].
173
Figura 39 Traados de TGA()/DTA() para o sistema PEO-ZnCl2. Esto indicadas as razes molares polmero:sal e a
escala de perda de peso em percentagem. Os registos de
DTA encontram-se normalizados para a massa da amostra.
175
Figura 40 Anlise trmica do electrlito PEO4ZnCl2. Curvas
TGA() /DTA() com A-1o aquecimento; B-2o aquecimento.
177
Figura 41 Traado de parte da curva DTA do 2o aquecimento do
electrlito PEO8ZnCl2, evidenciando um processo
endotrmico a temperaturas elevadas.
177
ndice de Figuras
-xv-
Figura 42 Curva TGA()/DTA() para o PEO16ZnCl2 com o ciclo: aquecimento-arrefecimento-aquecimento.
181
Figura 43 Grau de recristalizao do PEO obtido por ensaios de
difraco de raios X em funo do tempo de permanncia
temperatura ambiente, aps ciclo de
aquecimento/arrefecimento para os electrlitos PEOnZnCl2
de composies n=8, n=12 e n=16. As linhas traadas so
apenas ajustes aos pontos estimados.
183
Figura 44 Difractograma de raios X para os electrlitos com n=8 (a)
e n=16 (b) antes de qualquer aquecimento (A) e aps
aquecimento a 75C e arrefecimento (B e C):
(a) B - aps 5 minutos; C - aps 2 dias.
(b) B - aps 1 minuto; C - aps 2 dias.
185
Figura 45 Grau de recristalizao do complexo obtido por ensaios de
difraco de raios X em funo do tempo de permanncia
temperatura ambiente, aps ciclo de
aquecimento/arrefecimento para os electrlitos PEOnZnCl2
de composies n=4, n=8, n=12 e n=16. As linhas traadas
so apenas ajustes aos pontos estimados.
187
Figura 46 Difractograma de raios X para os electrlitos com n=4 (a)
e n=12 (b) antes de qualquer aquecimento (A) e aps ciclo
de aquecimento/arrefecimento (B e C):
(a) Aps aquecimento a 191C e arrefecimento - (B) aps 1
minuto; (C) aps 4 dias.
(b) Aps aquecimento a 146C e arrefecimento - (B) aps 6
minutos; (C) aps 12 dias.
188
Figura 47 Traado de TGA () / DTA() para o electrlito PEO12ZnCl2.
189
Figura 48 Mecanismo de degradao proposto nos electrlitos
baseados em PEO.
190
Figura 49 Traado TGA do PEO12ZnCl2 em ar. A tabela inserida
indica os valores dos pontos inicial (1) e final (2) do
ensaio, assinalados na curva.
191
ndice de Figuras
-xvi-
Figura 50 Diagrama de fases de equilbrio construdo para o sistema
polimrico PEOnZnCl2.
192
Figura 51 Traado DTA obtido por ensaio trmico efectuado ao
electrlito PEO64ZnCl2; (b) Difractograma obtido por
ensaio de difraco de raios X efectuado temperatura
ambiente ao mesmo electrlito.
193
Figura 52 Traado DTA do electrlito PEO12ZnCl2. 194
Figura 53 Espectros de impedncia no plano complexo da clula
Zn/PEO8ZnCl2/Zn, a 45C (a) e a 98C (b).
199
Figura 54 Dependncia da condutividade do electrlito com a
temperatura para o sistema PEOnZnCl2. (X) n=4; ( ) n=8;
() n=12; () n=16.
201
Figura 55 Representao VTF da condutividade do electrlito
PEO4ZnCl2 versus temperatura.
205
Figura 56 Variao da condutividade molar dos electrlitos do
sistema PEO-ZnCl2 com a concentrao salina molar, sob
a forma de isotrmicas. Junto aos pontos experimentais
encontram-se os valores da concentrao salina na fase
amorfa, nFA.
210
Figura 57 Variao da corrente com o tempo para vrios valores de
tenso aplicada clula Pt/PEO4ZnCl2/Pt em ensaios de
polarizao potenciosttica efectuados a: (a) 24C; (b)
70C.
219
Figura 58 Correlaes I vs. V a 2 temperaturas, para determinao
da condutividade electrnica do PEO4ZnCl2.
220
Figura 59 Espectros de impedncia no plano complexo para: (a)
Zn/PEO12ZnCl2/Zn a 76C; (b) Zn/PEO16ZnCl2/Zn a 64C.
( ) Dados experimentais; () Resultados do ajuste NLLS; (-----) Extrapolao da simulao (NLLS).
222
ndice de Figuras
-xvii-
Figura 60 Valores caractersticos de velocidade de permuta (s-1
) de
molculas de H2O de ies hidratados em soluo aquosa.
Adaptado da ref. [657], com dados adicionados de outras
fontes [658]. Linha tracejada: limite estimado para a
mobilidade catinica [7].
224
Figura 61 Variao da corrente com o tempo durante os ensaios de
polarizao potenciosttica clula Zn/PEO4ZnCl2/Zn a
20C, a vrias tenses aplicadas.
227
Figura 62 Variao da corrente com o tempo durante os ensaios de
polarizao potenciosttica clula Zn/PEO4ZnCl2/Zn a
55C, a vrias tenses aplicadas.
228
Figura 63 Corrente de estado estacionrio, I.(), em funo da tenso
aplicada, V, para a clula com o electrlito polimrico
PEO4ZnCl2, a 20C.
229
Figura 64 Corrente de estado estacionrio, I.(), em funo da tenso
aplicada, V, para a clula com o electrlito polimrico
PEO4ZnCl2, a 55C.
229
Figura 65 Voltametria unidireccional para o electrlito PEO4ZnCl2
entre elctrodos de platina para: (a) 20 e 55C; (b) 97C;
(c) 150C. Velocidade de varrimento, 5mVs-1
.
233
Figura 66 Voltamograma cclico obtido a 55C para o electrlito
PEO4ZnCl2 entre elctrodos de platina. Elctrodo de
referncia, Ni; Velocidade de varrimento, 5mVs-1
.
235
Figura 67 Resultados de ensaios de voltametria cclica efectuados
clula electroqumica com o electrlito PEO4ZnCl2 a
vrias temperaturas. (a) Ramos andicos obtidos a 20C,
55C, 97C e 150C; (b) Ramos catdicos obtidos a 20C e
55C; (c) Ramos catdicos obtidos a 97C e 150C.
236
Figura 68 Voltamograma cclico obtido a 150C para o electrlito
PEO4ZnCl2 entre elctrodos de platina. Elctrodo de
referncia-Ni; Velocidade de varrimento-5mVs-1
.
237
ndice de Figuras
-xviii-
Figura 69 Voltamograma cclico obtido a 97C para o electrlito
PEO4ZnCl2 entre elctrodos de platina. Elctrodo de
referncia-Ni; Velocidade de varrimento-5mVs-1
.
238
Figura 70 Micrografias obtidas por MEV dos electrlitos: (a)
PEO4ZnI2; (b) PEO8ZnI2; (c) PEO12ZnI2; (d) PEO16ZnI2.
239
Figura 71 Espectros de difraco de raios X para o sistema PEO-
ZnI2. Os picos mais caractersticos para cada fase cristalina
esto tambm assinalados: (*) PEO; (+) complexo C1; ()
complexo C2.
241
Figura 72 Traados de TGA (----) / DTA() para o sistema PEO-ZnI2. Esto indicadas as razes molares polmero:sal e a
escala de perda de peso em percentagem. Os registos de
DTA encontram-se normalizados para a massa da amostra.
243
Figura 73 Curvas DTA de ciclos trmicos com 2 aquecimentos a
1C/min para os electrlitos, PEO8ZnI2 (a) e PEO12ZnI2
(b).
245
Figura 74 Curvas TGA dos electrlitos PEOnZnI2 com composies
n=8, n=12 e n=16.
246
Figura 75 Diagrama de fases de equilbrio construdo para o sistema
polimrico PEOnZnI2. As temperaturas de transio foram
observadas por: DTA (nossos resultados) - ; DSC [191] -
.
248
Figura 76 Traado DTA obtido por ensaio trmico efectuado ao
electrlito PEO40ZnI2; (b) Difractograma obtido por ensaio
de difraco de raios X efectuado temperatura ambiente
ao mesmo electrlito.
249
Figura 77 Espectros de impedncia no plano complexo para a clula
Zn/PEOnZnI2/Zn. (a) n=8; T=58C, (b) n=12; T=96C. (+)
Dados experimentais; () Resultados do ajuste NLLS; (-----) Extrapolao da simulao (NLLS).
251
ndice de Figuras
-xix-
Figura 78 Dependncia da condutividade do electrlito com a
temperatura para o sistema PEOnZnI2. (X) n=4; ( ) n=8;
() n=12; () n=16.
252
Figura 79 Isotrmicas de log em funo da composio, xZnI2, para
o sistema PEOnZnI2.
256
Figura 80 Voltametria unidireccional para o electrlito PEO4ZnI2
entre elctrodos de platina para: (a) 20 e 55C; (b) 97C;
(c) 150C. Velocidade de varrimento, 5mVs-1
.
263
Figura 81 Voltamograma cclico obtido a 55C para o electrlito
PEO4ZnI2 entre elctrodos de Pt. Elctrodo de referncia,
Ni; Velocidade de varrimento, 5mVs-1
.
265
Figura 82 Ramos andicos obtidos nos ensaios de voltametria cclica
efectuados clula Pt/PEO4ZnI2/Pt a vrias temperaturas.
(a) 20C e 55C; (b) 97C e 150C. Elctrodo de referncia,
Ni; Velocidade de varrimento, 5mVs-1
.
267
Figura 83 Ramos catdicos obtidos nos ensaios de voltametria cclica
efectuados clula electroqumica Pt/PEO4ZnI2/Pt a vrias
temperaturas. (a) 20C e 55C; (b) 97C e 150C. Elctrodo
de referncia, Ni; Velocidade de varrimento, 5mVs-1
.
268
Figura 84 Voltamograma cclico obtido a 97C para o electrlito
PEO4ZnI2 entre elctrodos de platina. Elctrodo de
referncia-Ni; Velocidade de varrimento-5mVs-1
.
269
Figura 85 Micrografias obtidas por MEV dos electrlitos: (a)
PEO5NiCl2.2H2O; (b) PEO20NiCl2.2H2O; (c)
PEO4NiI2.4H2O; (d) PEO15NiI2.4H2O.
271
Figura 86 Espectros de difraco de raios X para os electrlitos
estudados do sistema PEOnNiCl2.2H2O, para o PEO puro e
para o sal NiCl2.2H2O.
273
ndice de Figuras
-xx-
Figura 87 Traados de (a) DTA e (b) TGA, para o electrlito
PEO10NiCl2.2H2O. A curva a cinzento em ambas as
figuras representa o andamento da temperatura ao longo do
ensaio de aquecimento, arrefecimento e 2o aquecimento
efectuados. A escala do tempo no grfico inserido (curva
TGA) a mesma que na curva DTA.
275
Figura 88 Traado da curva DTA de uma amostra de PEO-NiCl2
com composio n=15, obtido 4 dias aps o aquecimento
do electrlito a 161C durante 20h.
278
Figura 89 Curvas TGA(-----)/DTA() da anlise trmica do electrlito PEO4NiI2.4H2O.
279
Figura 90 Traados TGA(-----)/DTA () obtidos no arrefecimento e 2
o aquecimento do electrlito PEO4NiI2.
281
Figura 91 Traado TGA()/DTA() do electrlito inicial PEO10NiI2.4H2O.
282
Figura 92 Espectros de impedncia no plano complexo obtidos para a
clula Ni/PEO5NiCl2.2H2O/Ni a trs temperaturas
diferentes.
284
Figura 93 Variao do logartmo da condutividade inica com o
inverso da temperatura para os electrlitos dos sistemas:
(a) PEOnNiCl2.xH2O (x=1 para T>130C-140C e x=2 para
as temperaturas inferiores); (b) PEOnNiI2.4H2O.
285
Figura 94 Espectros de impedncia no plano complexo a 66C para:
(a) Ni/PEO4NiI2.4H2O/Ni; (b) Ni/PEO15NiI2.4H2O/Ni. (+)
Dados experimentais; () Resultados do ajuste NLLS; (-----) Extrapolao da simulao (NLLS).
288
Figura 95 Variao da corrente com o tempo durante o ensaio de
polarizao potenciosttica, com aplicao de uma tenso
de cerca de 33mV clula Ni/PEO10NiI2.4H2O/Ni, a 56C.
291
ndice de Figuras
-xxi-
Figura 96 Corrente de estado estacionrio, I.(), em funo da tenso
aplicada, V, para a clula com o electrlito polimrico
PEO10NiI2.4H2O, a 56C.
292
Figura 97 Representao esquemtica do funcionamento da clula
electroqumica Zn/PEO4ZnCl2/Nb2O5.comp. durante a
descarga.
294
Figura 98 Representao esquemtica da clula
Zn/PEO4ZnCl2/Nb2O5.comp., mostrando-se as partculas
activas do material de insero Nb2O5 e as partculas de
grafite, com o electrlito polimrico, PEO4ZnCl2, na sua
interligao.
295
Figura 99 Variao do potencial da clula durante a descarga de uma
bateria Zn/PEO4ZnCl2/Nb2O5.comp. a 55C, atravs da
aplicao de uma carga de 100k. O Nb2O5.comp. foi
composto por: 80% de Nb2O5, 10% de grafite e 10% de
PEO4ZnCl2.
297
Figura 100 Capacidades de descarga da clula Zn/Nb2O5.comp. a
vrias densidades de corrente; (b) Tenso da clula em
funo do tempo para a parte inicial da descarga a:
3Acm-2
-a; 10Acm-2
-b; 50Acm-2
-c; 100Acm-2
-d;
200Acm-2
-e.
299
Figura 101 Tempo de descarga vs. densidade de corrente para a clula
Zn/PEO4ZnCl2/Nb2O5 a 55C. A linha contnua indica uma
relao do tipo exponencial.
301
Figura 102 Relao entre a carga limite de descarga e a densidade de
corrente, para uma bateria de Zn/Nb2O5.
301
Figura 103 Tenso aos terminais e potenciais de elctrodo durante a
descarga a 10Acm-2
, at 0.2V, de uma bateria
Zn/PEO4ZnCl2/Nb2O5.
302
Figura 104 Nvel de insero e capacidade especfica prtica ao longo
da descarga galvanosttica a 10Acm-2
de uma bateria de
Zn/Nb2O5.
305
ndice de Figuras
-xxii-
Figura 105 Difractogramas do ctodo compsito de Nb2O5: (a)-antes
de qualquer descarga; (b)-aps descarga completa a
10Acm-2
. G, grafite; EP, electrlito polimrico,
PEO4ZnCl2.
309
Figura 106 Variao da tenso da clula Zn/PEO4ZnCl2/Nb2O5 a
55C, durante a descarga, o perodo de repouso em circuito
aberto e a carga com uma densidade de corrente de
10Acm-2
. As linhas descontnuas separam os vrios
estados representados.
311
Figura 107 Ciclo de descarga e recarga e 2a descarga (grfico inserido)
da bateria Zn/Nb2O5, com i=10Acm-2
.
312
Figura 108 Ensaios de polarizao galvanosttica (i=100Acm-2
)
bateria de Zn/Nb2O5 a 55C. D1 e C1: 1a descarga e
recarga, respectivamente; D2: 2a descarga (grfico inserido
as unidades dos eixos so as mesmas que as do grfico
com o 1o ciclo); Vca: tenso em circuito aberto. As setas
representadas indicam a sequncia dos ensaios e da
variao da tenso de clula, Ecl..
313
Figura 109 (a)-Curvas galvanostticas da descarga inicial (D1) e da
descarga aps recarga (D2) a 10Acm-2
da bateria de
Zn/Nb2O5. (b)-Perfis da tenso da clula e da corrente ao
longo do tempo da recarga potenciosttica da mesma
amostra, a 1.2V.
315
Figura 110 Curvas de descarga (inicial-D1 e aps recarga a 1.2V
durante 30 minutos-D2) da bateria de Zn/Nb2O5, a
20Acm-2
.
315
Figura 111 Comportamento a ciclos no profundos de descarga/carga
da clula Zn/PEO4ZnCl2/Nb2O5 a 55C. D1 a D6
representam as descargas galvanostticas, a 10Acm-2
dos
ciclos 1 a 6, C1 a C6, as respectivas cargas potenciostticas
a 1.2V dos mesmos ciclos e D7, a 7a descarga aps os 6
ciclos. A curva a azul diz respeito descarga contnua at
0.2V de uma outra amostra da mesma clula.
316
ndice de Figuras
-xxiii-
Figura 112 Descargas obtidas em onze ciclos de descarga/carga de
uma bateria de Zn/Nb2O5 com condies de profundidade
de descarga de cerca de 2.5%. Carga a 1.2V (30 minutos) e
descargas a 10Acm-2
. As curvas D1 a D11 representam as
descargas dos ciclos 1 a 11.
318
Figura 113 Capacidades, Q, postas em jogo, em: Bateria A 12a
descarga at 0.2V aps 11 descargas com 2.5% de
profundidade e recargas (curva A (D12)); Bateria B
descarga inicial at 0.2V (curva B (D1)). A curva A (D12)
inicia-se no valor de Qacumulado, aps os 11 ciclos de
descarga/carga.
319
Figura 114 Capacidade de descarga de uma bateria Zn/Nb2O5 em
funo do nmero do ciclo respectivo. Ciclos com
descargas galvanostticas a 50Acm-2
(profundidade de
descarga de 7.5%) e cargas potenciostticas a 1.2V durante
30 minutos.
321
Figura 115 Tenso em circuito aberto de uma bateria Zn/Nb2O5 a 55C
em funo do tempo.
325
Figura 116 Representao de uma estrutura cristalina do Nb2O5 [725].
401
Figura 117 Difractograma do Nb2O5 na forma de p, utilizado no
ctodo compsito para o estudo das baterias de Zn/Nb2O5
e riscas das fichas de difraco de raios X standard [726-
729] de trs modificaes estruturais do xido e do
Nb16.8O42. Ficha no32-711: M- Nb2O5; Ficha n
o37-1468:
H-Nb2O5; Ficha no27-1003: T-Nb2O5; Ficha n
o01-71-336:
Nb16.8O42.
402
Figura 118 Estrutura cristalogrfica em corte do H-Nb2O5. Os
octaedros sombreados esto ao mesmo nvel. Os crculos a
cheio representam tomos de nibio tetraedricamente
coordenados [680].
404
Figura119 Representao dos cinco tipos de cavidades existentes no
H-Nb2O5 (I a V) e nmero de cada um por clula unitria
do H-Nb2O5. Adaptado da referncia [680].
404
-xxiv-
-xxv-
ndice de Tabelas ______________________________
Tabela I Solubilidade de sais em polmeros coordenantes,
essencialmente em poli(xido de etileno), PEO.
Reproduo da ref. [82].
16
Tabela II Propriedades electroqumicas (a 25C e assumindo-se um
condutor inico mltiplo) e propriedades mecnicas
desejadas, de um electrlito polimrico para aplicao
em baterias secundrias de ltio [9].
103
Tabela III Resultados de anlise trmica diferencial para as vrias
composies do sistema polimrico PEOnZnCl2.
176
Tabela IV Grau de recristalizao do PEO obtido por difraco de
raios X aps ciclos de aquecimento/arrefecimento, para
os electrlitos PEO8ZnCl2, PEO12ZnCl2 e PEO16ZnCl2.
Os picos P1 e P2 referem-se aos picos caractersticos de maior intensidade, do polmero puro.
182
Tabela V Grau de recristalizao do complexo intemedirio,
[P(EO4ZnCl2)] obtido por difraco de raios X aps
ciclos de aquecimento/arrefecimento para os electrlitos
PEOnZnCl2 com n=4, 8, 12 e 16.
186
Tabela VI Valores de energia de activao, Ea, obtidos acima e
abaixo da temperatura de transio, Tt, para os
electrlitos PEOnZnCl2, com n=8, 12 e 16.
203
Tabela VII Parmetros da equao VTF aplicada ao comportamento
da condutividade com a temperatura para o electrlito
PEO4ZnCl2.
205
Tabela VIII Parmetros da equao VTF aplicada ao comportamento
da condutividade com a temperatura para o electrlito
PEO16ZnCl2, entre 64C e 150C.
206
ndice de Tabelas
-xxvi-
Tabela IX Valores de concentrao salina efectiva na fase amorfa,
nFA, dos electrlitos PEOnZnCl2 com n=8, 12 e 16, para
valores de temperatura abaixo e acima da temperatura de
fuso do eutctico (Tt). Consideraram-se 2 valores de
quantidade relativa de fase amorfa inicial existente
abaixo de Tt (FA).
207
Tabela X Valores de densidade, , e concentraes salinas molares,
c, nos electrlitos do sistema PEO-ZnCl2 para cada valor
de razo O/Zn efectivo na fase amorfa (nFA).
209
Tabela XI Nmeros de transferncia catinica dos electrlitos PEO-
ZnCl2 sintetizados.
222
Tabela XII Parmetros obtidos nos ensaios ac e dc da clula
Zn/PEO4ZnCl2/Zn a 55C, e nmero de transferncia
catinica, T+, calculado.
231
Tabela XIII Tenses de decomposio do electrlito PEO4ZnCl2 para
quatro temperaturas de trabalho.
234
Tabela XIV Potenciais de descarga para o electrlito PEO4ZnCl2 para
quatro temperaturas diferentes.
236
Tabela XV Resultados do ramo do 1o aquecimento das anlises
TGA/DTA efectuadas aos vrios electrlitos do sistema
polimrico PEOnZnI2.
244
Tabela XVI Valores de energia de activao, Ea, obtidos acima e
abaixo da temperatura de transio, Tt, para os
electrlitos do sistema PEOnZnI2.
253
Tabela XVII Parmetros T0 e A, obtidos aps ajuste da equao VTF
aos dados de condutividade inica dos electrlitos
PEOnZnI2, para a regio de temperaturas T>Tt.
254
Tabela XVIII Nmeros de transferncia catinica dos electrlitos
PEOnZnI2, obtidos pelo mtodo ac de Srensen e
Jacobsen [436].
261
ndice de Tabelas
-xxvii-
Tabela XIX Tenses de decomposio do electrlito PEO4ZnI2 para
quatro temperaturas de trabalho.
264
Tabela XX Potenciais de descargas andica e catdica para o
electrlito PEO4ZnI2, a quatro temperaturas diferentes.
266
Tabela XXI Resultados de anlise trmica diferencial e
termogravimetria acoplada para as vrias composies
do sistema polimrico inicial PEOnNiCl2.2H2O.
277
Tabela XXII Resultados de anlise trmica diferencial e
termogravimetria acoplada para as vrias composies
do sistema polimrico inicial PEOnNiI2.4H2O.
280
Tabela XXIII Valores de Td para cada uma das composies dos
electrlitos do sistema PEO-NiI2.
282
Tabela XXIV Valores de energia de activao, Ea, obtidos acima e
abaixo da temperatura de transio, Tt, para os
electrlitos dos sistemas PEOnNiCl2.xH2O (x=1 para
T>130C-140C e x=2 para as temperaturas inferiores) e
PEOnNiI2.4H2O.
286
Tabela XXV Estimativas dos nmeros de transferncia catinica em
funo da temperatura, para amostras de electrlitos dos
sistemas PEO-NiCl2 e PEO-NiI2. Os nmeros de
molculas de H2O de hidratao, x, para os electrlitos
com cloreto de nquel so: x=1 para T>130C (n=15, 20)
e para T>140C (n=5, 10), e x=2 para as temperaturas
inferiores.
289
Tabela XXVI Resultados das descargas efectuadas a clulas
Zn/Nb2O5.comp. a 55C, com composies do
Nb2O5.comp. diferentes, mantendo-se 10% de
PEO4ZnCl2 adicionado em cada um dos ctodos.
296
ndice de Tabelas
-xxviii-
Tabela XXVII Resultados de ciclos de descarga galvanosttica a vrias
densidades de corrente e carga potenciosttica a 1.2V
durante 30 minutos, efectuados a diferentes clulas de
Zn/Nb2O5, com vrios nveis de profundidade de
descarga inicial. QD1 a capacidade obtida na 1a descarga
e ED1 e ED2, so respectivamente, as tenses mdias de
descarga observadas nas 1a e 2
a descargas dos ciclos. (a)
descarga a 10cm-2
; (b) descarga a 20Acm-2
; (c)
descarga a 50Acm-2
; (d) descarga a 100Acm-2
.
320
-1-
Captulo I
Electrlitos Polimricos Formao, Propriedades e Aplicaes __________________________________________________________________________
1. Introduo
Os electrlitos polimricos so definidos como condutores inicos slidos, formados
pela dissoluo de sais em polmeros polares de elevado peso molecular.
O interesse destes materiais, surgiu principalmente devido s aplicaes tecnolgicas
como electrlitos slidos, em baterias de elevada energia especfica e outros dispositivos
electroqumicos, postas em evidncia pela primeira vez por Armand e colaboradores [1].
Para alm das vantagens associadas aos electrlitos slidos em geral, relativamente aos
electrlitos lquidos tradicionais, como sejam a eliminao dos problemas de vazamento
quando se usam componentes lquidos em geradores electroqumicos, dando origem a perda
de electrlito e possivelmente de corroso, o alargamento do domnio de electroactividade e
a reduo de distncias interpolares implicando uma diminuio de massa e consequente
ganho de energia mssica, os polmeros orgnicos tm propriedades mecnicas tais, que
permitem a realizao de filmes finos, diminuindo desse modo a resistncia interna dos
geradores. Sobretudo devido sua elasticidade e deformabilidade, podem suportar as
variaes de volume dos elctrodos no curso dos ciclos de carga/descarga ao assegurar-se
um bom contacto permanente. Este aspecto particularmente importante nas baterias
recarregveis que usam ctodos baseados num composto de insero, como sejam o TiS2 ou
o V6O13 [2]. Outra vantagem a estabilidade dimensional, dando origem por um lado, a uma
capacidade para a miniaturizao das baterias e por outro lado, possibilidade de fabrico de
pilhas em srie, configuraes necessrias para aplicaes de larga escala como os veculos
elctricos. Outra caracterstica importante tem a ver com o fabrico das baterias: todos os
elementos, elctrodos e electrlito, podem ser laminados automaticamente atravs da
tecnologia de revestimento, bem desenvolvida [3]. A construo de uma bateria de estado
slido com electrlito polimrico mais tolerante ao choque, vibrao e deformao
mecnica. Para alm disso, uma vez que no contm qualquer lquido, as clulas podem ser
acondicionadas num pacote de plstico fino, sob vcuo, em vez do usual contentor rgido
metlico que no previne a corroso. Esta caracterstica nica elimina a possibilidade de
Captulo I
-2-
exploso, devido inexistncia de presses internas [4]. A baixa toxicidade e o baixo custo
de fabrico e elevado desempenho, so outras caractersticas que reforam a importncia
destes materiais, quer a nvel tecnolgico, quer a nvel fundamental [5, 6].
O electrlito polimrico tem numa bateria de estado slido duas funes principais:
o material separador dos elctrodos e o meio atravs do qual, os ies so transportados
entre o nodo e o ctodo. Este facto implica que os electrlitos polimricos devem ter
condutibilidade (ou condutividade) inica elevada e ao mesmo tempo devem possuir boa
resistncia mecnica e inexistncia de condutividade electrnica. A maioria dos esforos tm
sido efectuados no sentido de sintetizar materiais com cada vez melhores propriedades
mecnicas, qumicas e elctricas, procurando-se a todo o momento, combinaes de novos
polmeros e novos sais. Tambm a compreenso das interaces envolvidas na formao de
electrlitos polimricos e o desenvolvimento de modelos para a descrio do mecanismo de
transporte inico, tm sido, desde o incio, reas de investigao [6-8]. Estudos de clulas
electroqumicas baseadas nos electrlitos polimricos, bem como desenvolvimento de
dispositivos prticos, tm sido tambm efectuados [9-11].
Embora a existncia destes compostos tenha sido dada a conhecer em 1966 [12],
apenas nos anos setenta foi reconhecida a sua natureza inica [13, 14].
A sua facilidade de preparao, permitiu o rpido aparecimento de complexos
baseados normalmente no poli(xido de etileno) de peso molecular elevado, (poly(ethylene
oxide), PEO, em ingls), utilizando vrios sais em concentraes diversas. O critrio para a
formao destes electrlitos estava claramente dependente da carga deslocalizada do anio,
uma condio relacionada com a energia de rede do sal correspondente [15].
Um dos passos mais importantes que contriburam para o avano na compreenso
das propriedades dos electrlitos polimricos foi o reconhecimento que embora exista a
formao de fases cristalinas estequiomtricas, a conduo inica depende
significativamente da existncia de uma regio elastmera [16]. Mais tarde, usando a tcnica
de ressonncia magntica nuclear, foi evidenciado que na fase cristalina no existe
movimento inico [17].
Devido existncia de vrios tipos de reticulao entre as cadeias polimricas,
polmeros amorfos acima da sua temperatura de transio vtrea podem exibir propriedades
mecnicas, similares em vrios aspectos a verdadeiros slidos. No entanto, ao nvel
microscpico, processos de relaxao local podem produzir graus de liberdade que em
alguns aspectos no so significativamente diferentes dos observados em lquidos comuns
[18]. Atravs da observao da igual dependncia com a temperatura e presso, da
condutividade inica e da relaxao (ou a), que o processo associado transio vtrea,
de um elevado nmero de sistemas de sais numa gama de polmeros solvatantes, foi
Electrlitos polimricos
-3-
evidenciado que a mobilidade inica nos electrlitos polimricos est associada de perto
com relaxaes estruturais locais. No entanto, em contraste com a situao existente com a
conduo inica nas solues lquidas, no pode ser relacionada com a viscosidade
macroscpica do polmero amorfo.
A condutividade de um electrlito, sendo afectada pelos movimentos das cadeias
polimricas [19], determinada por dois parmetros: mobilidade dos transportadores de
carga inica e sua concentrao. Tanto as interaces catio-anio, como as interaces io-
polmero, afectam as mobilidades, esperando-se tambm que as primeiras contribuam para a
determinao do nmero efectivo de transportadores de carga. A extenso com que os pares
inicos so dissociados, contribuindo este processo para aumentar o transporte de carga,
determinada pela constante dielctrica do polmero. Sendo esta relativamente baixa nos
polmeros estudados, a existncia daquelas espcies imveis bastante plausvel. Para fases
com baixas concentraes de sal, a formao de pares inicos ocorre com grande extenso,
enquanto para concentraes mais elevadas, formam-se provavelmente aglomerados inicos
maiores, a maioria dos quais com carga. Os mecanismos de conduo devem ter em conta a
possibilidade quer do movimento de aglomerados inicos com carga, quer da troca dos
caties e anies entre pares inicos e aglomerados maiores. A dependncia da condutividade
dos electrlitos polimricos com a concentrao muito mais difcil de interpretar que em
sistemas convencionais, pois para alm das interaces io-io, as interaces io-polmero,
que se manifestam sob a forma de alteraes nas conformaes das cadeias polimricas, tm
um efeito directo na conduo inica devido s suas aces na reduo da mobilidade do
polmero atravs da formao de ligaes cruzadas transientes. A mobilidade dos
transportadores inicos aumenta com os movimentos segmentais rpidos das cadeias do
polmero, por expanso do volume livre local e por diminuio da viscosidade local volta
dos ies transportadores de carga [20].
Atravs do estudo de clulas polarizadas, tornou-se evidente que tanto os anies
como os caties so mveis embora o possam ser com extenses diferentes. Esta
caracterstica importante est novamente relacionada com as propriedades de
comportamento lquido dos electrlitos polimricos. Os processos de solvatao nestes
electrlitos so regulados por alteraes entlpicas. A dissoluo do sal s tem lugar se as
interaces io-polmero exotrmicas compensam a energia de rede. A solvatao aninica
provm como resultado de ligaes de hidrognio enquanto que a solvatao de caties
principalmente resultado de interaces electrostticas. Uma vez que a maioria dos
polmeros solvatantes nos electrlitos polimricos no tm capacidades para a formao de
ligaes de hidrognio, a entalpia de solvatao est principalmente relacionada com
interaces electrostticas entre a carga positiva do catio e a partilha parcial de um par de
Captulo I
-4-
electres do tomo coordenante do polmero (o oxignio no PEO, p.e.), levando formao
de uma ligao de coordenao [21]. A mobilidade dos anies influenciada principalmente
por efeitos estereoqumicos, enquanto que a do catio est fortemente relacionada com o
carcter da ligao. De facto, quanto maior a capacidade do catio formar ligaes de
coordenao com o polmero, mais baixa ser a sua mobilidade. Deste modo, caties
altamente polarizveis como o Mg2+
ou o Ca2+
, so essencialmente imveis em complexos
com PEO como polmero solvatante. Caties como Li+ ou Na
+, que reagem fracamente com
os tomos de oxignio etreos duros, tm uma mobilidade muito maior [22].
Ao contrrio do que estava estabelecido at recentemente, Gadjourava e seus
colaboradores, ao conseguirem fazer uma comparao directa da conduo inica nos
electrlitos polimricos, PEO6LiSbF6 totalmente cristalino e PEO6LiSbF6 totalmente
amorfo, chegaram concluso que na fase cristalina a conduo inica era maior do que na
fase amorfa (valores de condutividade mais elevados, de mais de uma ordem de grandeza
para as temperaturas menores) [23]. Mais tarde, mostrou-se que os electrlitos cristalinos
PEO6LiPF6 e PEO6LiAsF6 conduziam tambm melhor que as respectivas fases amorfas [24]
e mais recentemente, os electrlitos polimricos cristalinos PEO6LiN(SO2CF3)2 e
PEO6Li2SiF6 apresentaram tambm valores superiores para esta propriedade [25]. Um meio
esttico, onde existam stios de coordenao permanentes para a migrao inica ocorrer,
como o do electrlito cristalino, conduz a valores de condutividade inica mais elevados, do
que um meio dinmico, como o do electrlito amorfo, com movimentos lentos de
pequenos segmentos de cadeia polimrica, que criam ao acaso, stios de coordenao
adjacentes aos ies, para onde eles saltam. Deste modo, acentuada a importncia da
obteno de novos electrlitos polimricos cristalinos, com estruturas organizadas, contendo
stios de coordenao que podero estar j parcialmente ocupados por potenciais ies mveis
[23, 24]. Estes electrlitos polimricos cristalinos representam uma nova classe de
electrlitos slidos, distintos no seu mecanismo de conduo, dos electrlitos polimricos
amorfos convencionais e distintos nas suas propriedades mecnicas, dos cermicos
cristalinos com conduo inica.
Para descrever o comportamento dos electrlitos polimricos onde tanto os caties
como os anies so mveis como j se referiu, no suficiente conhecer a sua
condutividade. Outro parmetro necessrio, o nmero de transporte catinico, propriedade
crtica para as baterias baseadas nos electrlitos polimricos [26]. Este parmetro tem sido
no entanto, de difcil determinao correcta e h poucos mtodos de caracterizao
disponveis. Para alm disso, encontram-se significativas variaes nas propriedades de
transporte para electrlitos polimricos similares, especialmente para o nmero de transporte
Electrlitos polimricos
-5-
catinico. Este parmetro, na realidade o nmero de transferncia catinica para sais
parcialmente associados.
As propriedades de transporte para electrlitos polimricos baseados no PEO,
mostram grandes variaes com a concentrao salina [27-30], pelo que se devem utilizar
mtodos de avaliao que tenham em conta estas variaes durante os ensaios. O uso de
modelos numricos permite resolver problemas como a relao sinal/rudo que acontece com
o uso de pequenas perturbaes nos ensaios, de modo a considerar as propriedades de
transporte constantes, durante esses mesmos ensaios [8]. Tanto os resultados de estado
estacionrio, como transitrios, podem ser modulados em ensaios de cronoamperometria
p.e., e avaliadas situaes com grandes diferenas de concentrao, como as clulas de
concentrao. Para alm disso, esta metodologia permite testar diferentes casos tericos:
propriedades constantes versus dependentes da concentrao e comportamento do
electrlito ideal versus no ideal [8].
A maior parte dos estudos nos electrlitos polimricos tm sido baseados no uso do
PEO comercial facilmente disponvel e manusevel como polmero solvatante para os sais.
Este polmero altamente cristalino at ca. 60C e forma complexos cristalinos de elevada
temperatura de fuso com muitos sais. Os electrlitos formados usando PEO so geralmente
sistemas multifsicos, constitudos por fases cristalinas ricas em sal, fases cristalinas de
polmero puro e fases amorfas com os sais dissolvidos. A condutividade assim
frequentemente afectada por factores como cristalizao lenta e processos de redistribuio
salina entre as fases, resultando em valores dependentes da histria trmica, mtodos de
preparao, etc. O efeito da cristalizao do PEO na conduo inica (devido por exemplo a
uma reduo na temperatura), complexa. Para alm da tortuosidade para a migrao inica
aumentar, o que faz diminuir a condutividade uma vez que o PEO cristalino por natureza
esferultico, muitas das cadeias polimricas na regio amorfa junto ao polmero que est a
cristalizar ficam imobilizadas, com a reduo consequente do movimento segmental. O
aumento da concentrao do sal na regio que permanece amorfa devido sua excluso dos
cristais de PEO, aumenta portanto a densidade de transportadores de carga inica na regio.
No entanto, a temperatura de transio vtrea efectiva aumenta, pelo que a mobilidade inica
reduzida.
Segundo o que ainda est presentemente aceite pela quase totalidade dos cientistas, a
formao de fases cristalinas de qualquer tipo d origem a uma reduo do poder de
conduo inica tornando o electrlito menos adequado para aplicaes prticas. A maioria
dos estudos mais recentes concentraram-se assim em tcnicas sintticas para a produo de
Captulo I
-6-
copolmeros e estruturas com pontos de reticulao as quais tm cristalinidade reduzida, mas
mantm propriedades mecnicas aceitveis numa escala macroscpica.
Mtodos recentes envolvendo polimerizao iniciada por plasma tm sido usados
para obteno de electrlitos polimricos ultrafinos com melhores propriedades elctricas
[31].
O uso de criptandos inicialmente utilizados para encapsular o catio salino, de modo
a aumentar a conduo aninica [32], tem sido recentemente tambm aplicado como um
meio de aumentar a parte amorfa dos materiais semicristalinos [33].
Tm tambm sido feitos esforos para formar polmeros com diferentes grupos de
coordenao para que as interaces io-polmero variem com consequentes alteraes na
condutncia e nmeros de transporte. Uma das estratgias mais recentes para formar
electrlitos polimricos com apenas um dos ies condutor, nomeadamente o catio, para o
melhoramento do desempenho das baterias de ltio, a imobilizao do anio atravs, quer
da adio de agentes neutros complexantes de anies aos sistemas polimricos [34-44], quer
da utilizao de sais polimricos altamente dissociveis, constitudos por polianies [45-55].
Uma outra possibilidade para reduzir a mobilidade aninica e aumentar a contribuio do
catio no transporte de carga a utilizao de electrlitos onde o anio se encontra ligado
covalentemente cadeia polimrica [56, 57].
Para alm dos sistemas slidos secos, que usam o polmero como um solvente
slido e no incluem qualquer lquido orgnico, o campo dos electrlitos polimricos passou
por mais dois estdios: os polmero-gel, que contm lquidos orgnicos como
plastificantes, os quais com um sal de ltio permanecem encapsulados na matriz polimrica e
os polmeros compsitos ou porosos, que incluem slidos inorgnicos de elevada rea
superficial em proporo com os sistemas de electrlito polimrico seco ou polmero-
gel [31, 58].
2. Formao de Complexos Polimricos
Se as variaes de entalpia e entropia associadas transferncia dos ies constituintes
de um sal da sua rede cristalina para as posies de equilbrio no meio solvatante,
produzirem uma reduo na energia livre do sistema, o sal dissolve-se no solvente. Assim, as
interaces exotrmicas io-solvente devem compensar as interaces catio-anio do sal, as
quais determinam a sua energia reticular.
A variao total de entropia determinada no s pelo ganho de entropia proveniente
da destruio da rede cristalina, mas tambm pelas alteraes de determinadas estruturas que
Electrlitos polimricos
-7-
possam existir no solvente e por interaces especficas de curto alcance as quais podem
provocar um ordenamento do solvente pelos ies. Nos sistemas polimricos, a perda de
entropia translaccional do solvente causada pela solvatao inica muito menor que para
solventes de baixo peso molecular, principalmente se o io for solvatado por grupos
coordenantes ou stios da mesma cadeia polimrica. A entropia da soluo assim
provavelmente positiva nestes sistemas e no deve variar grandemente de sal para sal [21]. A
extenso deste ganho entrpico diminui no entanto, medida que se aumenta a concentrao
em sal, uma vez que o nmero de interaces electrostticas aumenta.
Pelo contrrio, a entalpia do processo depende muito do sistema e para a avaliao da
termodinmica de formao dos electrlitos polimricos devem ser considerados os
seguintes termos:
(a) energia de formao da cavidade no solvente, a qual ser relativamente baixa
para os polmeros com baixa densidade de energia coesiva (polmeros com temperaturas de
transio vtrea e de fuso baixas);
(b) interaces especficas de curto alcance entre os ies e os grupos solvatantes,
como seja a formao de ligaes de coordenao;
(c) foras electrostticas de longo alcance, em particular as energias de interaco
catio-anio as quais contribuem provavelmente de um modo substancial para a
compensao da energia de rede do sal.
Fazendo a aproximao de que para a formao dos vrios complexos polmero-sal,
os factores entrpicos, as energias de reorganizao do polmero e as energias coulmbicas
catio-anio residuais so constantes para um dado politer e um dado catio, Shriver e
colaboradores mostraram a existncia de uma correlao entre a formao de complexos e as
energias de rede dos sais de metal alcalino, sendo os sais constitudos pelos anies de grande
dimenso, I-, ClO4
-, SO3CF3
-, os de menores energia de rede e com maior tendncia para a
formao de complexos [59].
A preparao de complexos polimricos em geral muito simples. O mtodo usual
a formao de uma forma intermediria do complexo no qual haja uma grande mobilidade
dos ies, atravs da mistura fsica do polmero e do sal, por aquecimento ou adio de um
co-solvente. Conforme o mtodo utilizado, a forma desejada obtida por arrefecimento do
estado fundido [60] ou por evaporao do co-solvente da soluo lquida [61]. Enquanto que
o mtodo de fuso tem a desvantagem da possibilidade de decomposio trmica, os
mtodos com a utilizao de um co-solvente tendem a introduzir impurezas, a menos que o
solvente seja muito puro. A remoo do co-solvente efectuada durante a formao do
electrlito num filme fino (ca. 100m).
Captulo I
-8-
A composio de um dado electrlito polimrico baseado p.e. no polmero PEO e no
sal genericamente representado por MXy (M+-catio metlico e X
--anio) pode ser exprimida
atravs da frmula PEOnMXy onde o ndice n, representa a proporo entre o nmero de
moles do monmero, (-CH2CH2-O), e o nmero de moles de sal, MXy, existentes. Do
mesmo modo, a razo entre o nmero de tomos de oxignio e o nmero de caties
metlicos presentes no electrlito dado por este ndice.
2.1. Interaces io-polmero
Uma vez que a maioria dos polmeros solvatantes envolvidos nos electrlitos
polimricos no tm capacidades para a ligao por pontes de hidrognio, no existe a
solvatao do anio e a entalpia de solvatao principalmente resultado da interaco
electrosttica entre a carga positiva do catio e a carga negativa dos grupos dipolares das
extremidades pertencentes ao polmero, ou a partilha parcial de um par de electres de um
tomo de coordenao do polmero, levando formao de uma ligao de coordenao.
Segundo o Princpio que classifica os cidos e bases em duros e macios [62],
molculas como os teres e certas aminas que tm tomos dadores com elevada
electronegatividade mas baixa polarizabilidade, so consideradas bases duras. Por outro
lado, os tioteres so exemplos de bases macias, pois retm os seus electres menos
firmemente e so altamente polarizveis. Os caties caracterizados como cidos duros so
pequenos, no tm pares electrnicos no emparelhados na camada de valncia e tm em
geral baixa polarizabilidade. Pelo contrrio, os caties de dimenso elevada, polarizveis e
com pares electrnicos no emparelhados, actuam como cidos macios. Os complexos
mais estveis so os formados quer por cidos e bases duros, quer por cidos e bases
macios.
Dos complexos mais estudados, os caties constituintes podem ser grosseiramente
ordenados dos cidos mais duros para os mais macios do seguinte modo:
Mg2+, Ca2+> Li+, Na+> Ni2+, Cu2+, Zn2+> Cd2+, Ag+, Hg2+
Considerando-se o poli(xido de etileno), PEO, como uma molcula polibsica
dura, de esperar que o io Mg2+ forme complexos muito fortes com este polmero,
enquanto que o Hg2+ deve apenas interactuar fracamente com os tomos de oxignio etreos
duros.
Quando os grupos solvatantes fazem parte de uma macromolcula, necessrio
considerar-se, para alm dos factores associados aos solventes de baixo peso molecular,
Electrlitos polimricos
-9-
)3(
)6(
)5(
outros, como sejam a distncia entre os grupos coordenantes sequenciais e os efeitos
estereoqumicos que introduzem tenses na conformao do polmero devido s rotaes da
cadeia principal requeridas para optimizar as posies de coordenao volta do io.
Assim, nem o poli(xido de metileno), (CH2-O)n, nem o poli(xido de trimetileno),
(CH2-CH2-CH2-O)n, tendem a formar electrlitos polimricos devido ao espaamento
existente entre os heterotomos, o que d origem a uma incapacidade destes polmeros para
adoptar conformaes de baixa energia onde coordenaes mltiplas intrapolmero-io
pudessem ocorrer [63]. Tambm o poli(xido de propileno), (PPO, em ingls), com a
frmula qumica geral, (-CH2CH(CH3)O-)n, apesar da caracterstica doadora mais elevada
dos seus tomos de oxignio, tem um poder solvatante menor que o PEO, devido ao
impedimento estereoqumico dos grupos metilo. J outro polmero, o
poli[bis(metoxietoxi)etoxi)fosfazeno] (MEEP), [NP(OCH2CH2OCH2CH2OCH3)2]n com seis
tomos de oxignio por unidade de repetio, apresenta um elevado poder de coordenao e
solvatao para os caties, o que facilita a separao dos pares inicos, maximizando a
quantidade de sal que pode ser dissolvida no polmero [64].
Com vista obteno de uma estimativa da energia de interaco oxignio-metal, foi
proposto por Papke e colaboradores, um ciclo termodinmico de solvatao catinica em
PEO, assumindo-se um nmero de coordenao oxignio:catio de 4:1 [15]. Este ciclo
apresenta-se de seguida no esquema da figura 1, estando a reaco tpica para a formao de
complexos politer-sal representada na equao inferior, ou seja, a solvatao inicial dos
slidos e a secagem final da soluo passando pelo passo (6).
[M+
(g) + X-(g)] + (CH2CH2O)4 (g) M(CH2CH2O)4
+ (g)
+ X
-(g)
(1)L (2) (4)
MX(c) + (CH2CH2O)4.(s) M(CH2CH2O)4+
X-(s)
solvente solvente secagem
M+
(sol.) + X-(sol.) + (CH2CH2O)4 (sol.) M(CH2CH2O)4
+ (sol.)
+ X
-(sol.)
Fig.1: Esquema do ciclo termodinmico para a solvatao catinica em
poli(xido de etileno) com uma relao molar oxignio:catio de 4:1.
(5)
Captulo I
-10-
Uma vez que o complexo livre de solvente termodinamicamente estvel, a variao de
energia livre de Gibbs, G, para o passo (5) dever ser negativa.
Verificou-se que as energias coulmbicas catio-anio deveriam contribuir
grandemente para a entalpia total observada, uma vez que a energia de interaco mdia
O--Na+
(o estudo foi feito com electrlitos polimricos contendo sais deste catio) era
substancialmente menor que a energia reticular que era necessrio vencer para a formao do
complexo polmero-sal de sdio. O processo de solvatao do anio pelo PEO por outro
lado pouco importante uma vez que os tomos de oxignio etreos esto coordenados ao
catio, deixando o anio a interactuar apenas com os segmentos tipo hidrocarboneto da
cadeia. Estes autores mostraram que a maior parte da energia de rede do sal se perde na
formao do complexo e que dever haver um termo de entropia substancialmente positivo
no passo (5), o que esperado, comparando com a variao da entropia largamente positiva
que existe na solvatao de muitos sais comuns em gua [15].
2.2. Interaces io-io
Para alm das interaces io-polmero, tambm as interaces entre ies afectam o
mecanismo de mobilidade inica nos electrlitos polimricos.
Em solues inicas convencionais, existe uma competio entre a aco das foras
trmicas que provocam a distribuio aleatria dos ies e a aco das foras electrostticas
que do origem a uma distribuio ordenada de energia potencial mnima. A relativa
importncia das interaces electrostticas io-io depende grandemente da natureza do
solvente e da concentrao dos ies.
A interaco entre cargas inicas tem sido tratada com frequncia com base no
conceito de que a constante dielctrica ou permitividade relativa macroscpica d uma
medida da capacidade do solvente resistir aos efeitos de um campo elctrico exterior.
Para solues diludas num solvente com permitividade relativa , a transferncia de
uma mole de caties univalente e uma mole de anies univalente do infinito para formarem
pares inicos isolados com uma separao r, d origem a uma queda de potencial, U, dada
por [21, 65]:
U=NAe2/4or (1)
onde o a permitividade do vcuo, e, a carga electrnica e NA, o nmero de Avogadro.
Nestas solues, a distncia mdia entre os ies to elevada que o efeito das foras
Electrlitos polimricos
-11-
electrostticas pequeno, mas medida que as distncias so reduzidas, as atraces e
repulses tornam-se mais significativas. Quando a distncia de separao atinge um valor
mnimo, rmn, abaixo do qual a estabilizao electrosttica mtua entre dois ies de carga
oposta superior energia de colises trmicas que tende a afast-los, forma-se um par
inico. Esta formao ocorre a concentraes inicas mais baixas em solventes com valores
baixos de permitividade relativa.
A formao de pares inicos pode ser avaliada atravs do clculo de constantes de
equilbrio, KA, para o processo de associao inica [65]:
dyye)kT
ezz(
1000
N4K
4b
2
y3
2
0AA
+
= (2)
onde y=2rmn/r, rmn=z+z-e02/(2kT), b=z+z-e0
2/akT e a a distncia mnima de aproximao
entre os ies (soma dos raios dos ies positivo e negativo).
Assim a formao de pares inicos privilegiada pelos factores que fazem aumentar
KA, ou seja, solventes com baixa permitividade relativa, ies com raio inico pequeno
(baixo valor de a) e valores elevados de z+ e z-.
Para solventes com valores de permitividade relativa muito baixos, como sejam os
politeres, polmeros mais frequentemente usados nos electrlitos polimricos, medida que
a concentrao do sal aumenta, aglomerados maiores de 3, 4 ou mais ies tornam-se
estveis. Resultados de estudos sobre a condutividade de sais, efectuados em PEO de baixo
peso molecular no estado lquido, foram interpretados em termos de formao de pares e
tripletos inicos [66]. Verificaram que em solues de LiCF3SO3 numa gama baixa de
concentraes, aparentemente cerca de 80% dos ies se encontravam presentes como pares
inicos no condutores. Quando se aumentava a concentrao do sal, a condutividade
aumentava tambm como era previsto, havendo formao de agregados inicos mveis. Esta
explicao para o aumento da condutividade pode ser tambm vlida para electrlitos
polimricos numa gama de baixas concentraes (razes de oxignio/sal..50:1 [18]) onde as
separaes interinicas mdias so ainda relativamente elevadas.
Para concentraes mais elevadas, formam-se grandes agregados inicos mltiplos
(os quais no devem ser mveis, especialmente em solventes polimricos de elevado peso
molecular). Nazri e colaboradores mostraram, por aplicao de espectroscopia de
infravermelhos efectuada a electrlitos PEO-LiClO4 com diferentes concentraes de sal de
ltio, que a partir de uma razo molar O:Li de aproximadamente 16:1, a concentrao de ies
isolados comeava a decrescer aumentando progressivamente a concentrao de pares
Captulo I
-12-
inicos surgindo a formao de agregados salinos maiores para concentraes O:Li
Electrlitos polimricos
-13-
Embora no seja satisfatrio o uso de parmetros macroscpicos caractersticos de
um meio quando se tratam fenmenos a uma escala atmica, a utilizao de um valor de 5-6
para a permitividade relativa do PEO parece ser adequada [21]. Papke e colaboradores
chegaram assim ao resultado de que 90% da energia de rede do sal ser perdida na formao
do complexo [15]. No entanto, se os ies no estiverem uniformemente distribudos e
houver um nmero significativo de pares inicos ou agregados maiores, a estabilizao
coulmbica relativa pode ser significativamente aumentada.
Atravs de estudos espectroscpicos e medidas de condutividade em complexos de
NaBF4 e NaBH4 com poli(xido de etileno), postulou-se a existncia de formao de pares
inicos apenas no complexo com NaBH4, de modo a interpretar os resultados obtidos [69,
70]. Enquanto que o anio BF4- mostrou uma estrutura de bandas vibracionais
correspondente a uma simetria tetradrica, indicando portanto que no houve perturbao no
ambiente local circundante volta do anio, o anio BH4- mostrou ter uma simetria menor e
houve um desdobramento de modos vibracionais degenerados, o que foi interpretado como
uma evidncia forte da existncia de interaces catio-anio. Assumiu-se que as interaces
io-polmero so neste caso muito fracas pelo que a diminuio da simetria do anio foi
apenas provocada pelas interaces catio-anio. Por outro lado, ao contrrio do PEO-
NaBF4, o electrlito PEO-NaBH4 com estequiometria 4.5:1, mostrou uma condutividade
inica muito menor (por um factor de ca. 100) na mesma gama de temperaturas
relativamente a outros complexos semicristalinos com sais de Na com a mesma
estequiometria, sugerindo os autores que este facto poderia ser simplesmente justificado pela
imobilizao dos caties mveis devido formao de pares inicos [1].
Estudos espectroscpicos semelhantes provaram a existncia de pares inicos noutros
complexos como PEO-LiNO3 [71] ou PPO-NaSCN [72]. Tambm Catlow e colaboradores
atravs de um estudo por EXAFS (Extended X-Ray Absorption Fine-Structure, em ingls) da
estrutura local de complexos PEO-sais de Rb, mostraram a existncia de pares inicos RbI
com distncias de 3.7 entre os dois ies, soma dos correspondentes raios inicos [73].
Clculos computacionais baseados nas geometrias espaciais das molculas e suas
orbitais, tm sido utilizados para obter as foras relativas de interaco de um io ltio com
anies adequados [37, 74, 75] para incorporao nos electrlitos polimricos [74]. So assim
sugeridos sistemas para sntese, nomeadamente de novos sais de ltio que contenham anies
fracamente coordenados aos ies Li+. O efeito de se adicionar uma molcula solvente ao
catio serve para modelar os pares inicos de um modo real, pois num electrlito polimrico,
as espcies, nomeadamente estes agregados, no esto isoladas num meio no interactivo.
Existem interaces io-polmero que no podem ser desprezadas.
Captulo I
-14-
A construo de complexos 1:1:1 anio-catio-polmero baseada no conhecimento
das geometrias de pares inicos estveis, tem permitido fazer estudos comparativos para
vrios anies, mantendo mais ou menos constante a unidade io ltio-etilenoglicol (molcula
modelo utilizada para um segmento de PEO) [75].
A existncia de interaces interinicas fortes, tem importantes implicaes no
comportamento de transporte inico. Se o sal est presente principalmente na forma de
agregados inicos, a condutividade devida no s ao movimento destas unidades com
carga (p.e. tripletos, no caso de sais com os dois ies de igual carga), como h tambm a
considerar os mecanismos com que os ies simples se deslocam de um aglomerado para
outro.
2.3. Polmeros base
2.3.1. Poli(xido de etileno)
A maioria dos electrlitos polimricos estudados baseiam-se no PEO, o politer mais
simples, quer isolado, quer como componente de uma estrutura mais complexa,
copolimrica ou em rede.
Os politeres so capazes de complexar os caties metlicos do mesmo modo que
certos lquidos e de os transportar sob a aco de um campo elctrico. Estes complexos
inicos comparam-se aos complexos coroa io-ter [76, 77] e aos criptatos [78, 79]. a
presena de pares electrnicos livres sobre os tomos de oxignio, combinada grande
flexibilidade e configurao das cadeias, que conferem aos politeres o seu grande poder
de solvatao, responsvel pela formao de complexos com os sais metlicos tanto no
estado lquido como no estado slido. O aumento da solvatao dos politeres relativamente
aos teres simples deve-se ao seu carcter multidentado. De um ponto de vista entrpico, a
complexao ser mais eficiente quando os tomos de oxignio solvatantes pertencem
mesma molcula e no a molculas isoladas.
A unidade monomrica do PEO definida pela estrutura (-CH2-CH2-O-), sendo
obtido por polimerizao cataltica do xido de etileno. temperatura ambiente, o PEO de
peso molecular elevado, um polmero resistente, altamente cristalino e termoplstico,
caracterizando-se por uma elevada elongao e uma capacidade para se orientar quando sob
tenso [80]. um polmero linear e estereoregular e dissolve-se temperatura ambiente em
H2O, CHCl3 e CH3CN. O ponto de fuso do PEO depende do seu peso molecular mdio e da
distribuio de pesos moleculares da amostra, sendo reportados usualmente valores na gama
de 60C para pesos moleculares de 4x103, at 66C para pesos moleculares de 1x10
5 [21].
Electrlitos polimricos
-15-
Devido natureza semicristalina deste polmero, a avaliao da temperatura de
transio vtrea, Tg, tem sido difcil, tendo havido discrepncia geral de resultados
provavelmente devido s quantidades variveis de fase cristalina [80]. Para polmeros de
peso molecular acima de 2000, determinaram-se valores de Tg entre -65C e -60C,
dependendo da histria trmica da amostra. Estes valores indicam uma boa flexibilidade das
cadeias. Abaixo de Tg, as reorganizaes de cadeias a longa distncia tornam-se demasiado
lentas para permitir a recristalizao. fase amorfa quando TTg, elastmera (quase lquida). A transio vtrea visualizada pelas tcnicas de anlise
trmica, Calorimetria de Varrimento Diferencial ou Anlise Trmica Diferencial, atravs de
um desvio da linha de base, devido absoro de calor resultante da passagen do estado
slido rgido (estado vtreo da fase amorfa) para o estado lquido viscoso (estado elastmero
da fase amorfa) com o incio dos movimentos das cadeias polimricas.
A simplicidade da unidade monomrica favorece um elevado grau de cristalinidade
(da ordem de 80% temperatura ambiente para uma massa molecular de 900000 e densidade
1.1). A estrutura da fase cristalina foi determinada por Arlie e colaboradores [81].
constituda por esferulites de estrutura lamelar, frequentemente encontradas nos polmeros
cristalinos. O tamanho e forma destas esferulites dependem grandemente da histria trmica
da amostra. As cadeias tm uma configurao helicoidal que tambm frequentemente
encontrada nos polmeros estereoregulares. A estrutura cristalogrfica do PEO apresenta-se
na figura 2.
(a)
(b)
Fig.2: Estrutura do PEO. (a) Plano paralelo ao eixo da hlice; (b)
Plano perpendicular ao eixo da hlice. Os crculos mais escuros
correspondem aos tomos de oxignio. Reproduo da ref. [21].
(a)
(b)
Captulo I
-16-
O polmero PEO comercializado apresenta uma condutividade residual na ordem de
10-9
Scm-1
temperatura ambiente, a qual pode ser resultante da presena de impurezas,
particularmente dos resduos catalticos, Ca2+
e Mg2+
[82].
Como j foi referido, a presena de um par electrnico no envolvido numa ligao,
sobre cada tomo de oxignio ao longo da cadeia, assim como a sua configurao
estereoqumica, conferem a este polmero um forte poder de solvatao, responsvel pela
formao de numerosos complexos com sais metlicos, quer de metais alcalinos e alcalino-
terrosos, quer de metais de transio.
Na tabela I, encontra-se esquematizado a combinao de caties e anies que de um
modo geral formam sais solveis neste polmero.
Tabela I: Solubilidade de sais em polmeros coordenantes, essencialmente em
poli(xido de etileno), PEO. Reproduo da ref. [82].
a +, complexo conhecido ou com formao esperada; , sem solubilidade.
Verifica-se assim que sais de todos os metais alcalinos podem ser incorporados no
PEO, tendo sido feita a preparao de uma srie de electrlitos com estes sais por Armand e
seus colaboradores [1]. Sais contendo o catio amnio, NH4+, foram tambm incorporados
no PEO. A nica restrio formao dos complexos residia na escolha do anio, o qual
deveria ter um grande raio inico, com uma carga deslocalizada, facto relacionado com a
Electrlitos polimricos
-17-
energia de rede do sal respectivo, cujo valor aproximado acima do qual no h formao de
complexo ca. 720 Jmol-1 [83]. Assim, podem ser formados complexos cristalinos com NaI,
NaBF4 e NaBr, enquanto que sais como o NaF e o NaCl, separam-se do polmero, logo que
os ltimos traos do co-solvente utilizado (normalmente metanol ou acetonitrilo) so
removidos.
A existncia do complexo cristalino PEO-NaSCN foi confirmada por estudos de
espectroscopia de infravermelhos e de calorimetria de varrimento diferencial, tendo havido
tambm a confirmao da ausncia de sal livre neste sistema, atravs de anlise por
difraco de raios X [84].
Enquanto que tambm os tiocianatos de potssio e amnio formam complexos
cristalinos, Lundberg e seus colaboradores mostraram que os iodetos destes caties formam
elastmeros amorfos [12].
A existncia de formao de complexos entre o PEO e os sais de metal alcalino, no
implica que a conduo inica exista. Wong e colaboradores ao estudarem a resposta
frequncia dielctrica da condutividade do complexo PEO-NaBH4, verificaram um
comportamento semelhante a um isolante elctrico [85].
Tambm sais como o LiI, LiBF4, LiCF3SO3 e LiClO4 formam complexos cristalinos
estveis com o PEO, enquanto que os complexos de PEO-LiSCN so amorfos [83].
Uma vez que o principal interesse dos electrlitos polimricos esteve dirigido desde
o incio para a sua utilizao em sistemas de armazenamento de energia, grande parte dos
estudos realizados tm envolvido o uso de sais de ltio, pelo que no de estranhar o
aparecimento de muitos complexos PEO-LiX, sendo X-, tanto um anio comum como o I
-,
Br-, Cl
-, SCN
- e ClO4
-, como tambm um anio de grande dimenso mono ou divalente,
como por exemplo o io (C5H11C=C)4B- ou o io B10Cl10
2- [82]. Sais de Li com anies
contendo flor, como o CF3SO3- ou o (CF3SO2)2N
- [86-91] e o CnF2n+1SO3Li (com n=4, 8 e
10) foram tambm formados e estudados, para uso em clulas galvnicas de Li [92].
A capacidade do PEO dissolver sais de caties divalentes e anies monovalentes, foi
demonstrada pela primeira vez por Blumberg e colaboradores que sintetizaram e estudaram
solues PEO-sal formadas com HgCl2 e CdCl2 [93]. No entanto, foi apenas a partir de
meados dos anos oitenta, que estudos sobre complexos formados entre o PEO e sais to
diversos como Ca(SCN)2.4H2O e Ba(SCN)2.3H2O [94], PbBr2, PbCl2 e PbI2 [95], MgCl2
[96], Cu(ClO4)2, CuCl2, ZnCl2 e ZnI2 [97], Sr(ClO4)2.6H2O, Mg(SCN)2.4H2O [98], NiBr2
[99] e Cu(CF3SO3)2 [100] foram iniciados.
Enquanto que os resultados obtidos atravs de um estudo efectuado por EXAFS do
electrlito polimrico PEO4CaI2 possivelmente hidratado, indicaram a ausncia de pares
inicos entre as duas primeiras camadas vizinhas do catio [2], os electrlitos
Captulo I
-18-
PEOnM(CF3SO3)2 com M=Zn, Pb e n=9, 16 e 24, apresentaram a formao de pares inicos
e agregados maiores, com uma maior extenso para as amostras mais concentradas, num
estudo efectuado por FTIR [101]. Tambm o sistema PEOnZnX2 (com X=I, Br) anidro
apresentou evidncias para a formao de pares inicos [102]. Electrlitos como o PEO-
Hg(ClO4)2 de composies at pelo menos 4:1 no mostraram evidncia para a formao de
qualquer complexo cristalino, sendo completamente amorfos e estveis temperatura
ambiente durante meses [103]. Tambm os complexos sintetizados por Atchia e
colaboradores envolvendo PEO e sais de M(CF3SO2-N-CF3SO2)2 com M=Pb, Ni e Cu,
mostraram ser de um modo geral completamente amorfos, para composies n12 e acima
da temperatura ambiente [104].
A amorfizao crescente com a concentrao salina dos complexos formados pela
adio de Ba(SCN)2 ao PEO, foi atribuda a um tipo de cruzamento fraco estabelecido entre
as cadeias polimricas atravs do io Ba2+
, resultando num aumento do grau de distoro do
esqueleto polimrico [105]. O mesmo resultado foi obtido para complexos formados entre o
PEO e o sal Fe(SCN)3.
Outros sais de metais trivalentes tm sido com sucesso incorporados no PEO, como
sejam p.e. os sais, La(ClO4)3 [106, 107], La(CF3SO3)3 [108], EuCl3 e EuBr3 [109-111],
Nd(CF3SO3)3 [112] e Tm(CF3SO3)3 [113].
Tm tambm sido estudados complexos condutores inicos com mistura de sais e
PEO. Alguns exemplos so os sistemas: PEO-CaBr2-CaI2 (30:1:1) [18], PEO-Na+/Hg
2+
[103] e PEO9KCuxI1+x com x=Cu/K1 [114]. Neste ltimo caso, o KI actua como electrlito
suporte, favorecendo a formao do complexo CuI2-, que transporta a carga dos caties Cu
+
atravs de um mecanismo veicular. Outro exemplo o sistema baseado no PEO onde so
dissolvidas misturas dos sais LiTFSI e sulfatos oligoetreos de ltio, que devido elevada
dissociao inica destes ltimos, tornam o electrlito polimrico mais condutor catinico,
relativamente ao electrlito apenas com LiTFSI [55].
Tambm cidos inorgnicos podem formar com o PEO, complexos estveis. O cido
fosfrico, H3PO4 [115] e o NH4HSO4 e cidos similares so alguns exemplos [18].
Em sntese, pode-se dizer que os electrlitos base de PEO no so anlogos aos
electrlitos slidos cristalinos, sendo antes electrlitos lquidos orgnicos altamente viscosos
que se comportam macroscopicamente como slidos mas so microscopicamente lquidos
[83]. O polmero assim um solvente e como outros solventes electrolticos, capaz de
dissolver elevadas concentraes de sais inicos devido s fortes interaces io-solvente
que se sobrepem s energias de rede dos sais. Tal como outros solventes aprticos, o PEO
Electrlitos polimricos
-19-
solvata os caties mais fortemente que os anies, atravs de associao catinica forte com
os tomos de oxignio etreos das cadeias polimricas. Se a solvatao catio-cadeia for
muito fraca, o electrlito no se forma.
Factores como o processo de formao do filme, histria trmica, resduos de gua e
solvente de baixo peso molecular so crticos e frequentemente difcil reproduzir as
condies de modo a que os resultados de morfologia e mobilidade inica sejam
directamente c