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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO DE DESENHO INDUSTRIAL TECNOLOGIA EM DESIGN GRÁFICO MILENA PREZEPIORSKI LEMOS NUVEM INVISÍVEL: COMO MOSTRAR AS FACES DA DEPRESSÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURITIBA 2017

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO DE DESENHO INDUSTRIAL TECNOLOGIA EM DESIGN GRÁFICO

MILENA PREZEPIORSKI LEMOS

NUVEM INVISÍVEL: COMO MOSTRAR AS FACES DA DEPRESSÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA 2017

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MILENA PREZEPIORSKI LEMOS

NUVEM INVISÍVEL: COMO MOSTRAR AS FACES DA DEPRESSÃO

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação, apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso Superior de Tecnologia ou Bacharelado em do Departamento Acadêmico de Desenho Industrial – DADIN – da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Design Gráfico.

Orientador: Profa. Esp. Priscila Zimermann

CURITIBA 2017

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TERMO DE APROVAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 048

NUVEM INVISÍVEL: COMO MOSTRAR AS FACES DA DEPRESSÃO

por

Milena Prezepiorski Lemos – 1655892

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no dia 30 de novembro de 2017 comorequisito parcial para a obtenção do título de TECNÓLOGO EM DESIGN GRÁFICO,do Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico, do Departamento Acadêmicode Desenho Industrial, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A aluna foiarguida pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo, que apósdeliberação, consideraram o trabalho aprovado.

Banca Examinadora: Profa. Dominique Leite Adam (MSc.)AvaliadoraDADIN – UTFPR

Profa. Waleska Chagas Sieczkowski Pacheco (MSc.)ConvidadaDADIN – UTFPR

Profa. Priscila Daienny Zimermann Nardon (Esp.)OrientadoraDADIN – UTFPR

Prof. André de Souza Lucca (Dr.)Professor Responsável pelo TCC DADIN – UTFPR

“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”.

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁPR

Ministério da EducaçãoUniversidade Tecnológica Federal do ParanáCâmpus CuritibaDiretoria de Graduação e Educação ProfissionalDepartamento Acadêmico de Desenho Industrial

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha mãe, Eliane Prezepiorski, e também à minha irmã, Alessandra

Prezepiorski Lemos, que mesmo após tanto conflito conseguiram enxergar a

necessidade de buscar a ajuda necessária para tratar minha depressão. Seu apoio

foi indispensável na minha jornada.

Agradeço a Noor Wobbes, minha amiga holandesa por estar presente na hora mais

sombria da minha vida e ter me incentivado a buscar uma saída.

Sou grata às minhas amigas que conheci na faculdade de jornalismo, Thaís

Scuissiatto, Rafaela Sinderski e Dayane Saleh, que sempre estiveram presentes na

minha vida nos últimos cinco anos, me ajudando com meus problemas e me

apoiando nas minhas decisões, além de serem consultadas diversas vezes durante

a realização deste trabalho.

Agradeço aos meus amigos de São Paulo: Matheus Marchetti, Laura Condini e Alice

Tassara, por me ajudarem a superar a depressão e a ansiedade, além de me

incentivarem a ir atrás dos meus sonhos.

Por fim agradeço também à minha orientadora, Priscila Zimermann, pela paciência

que teve comigo durante este processo.

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RESUMO

LEMOS, Milena Prezepiorski. Nuvem Invisível: como mostrar as faces da

depressão. Trabalho de Conclusão de Curso. Tecnologia em Design Gráfico.

Departamento de Desenho Industrial. Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Curitiba, 2017.

O presente trabalho se propõe a estudar a depressão com o objetivo de desenvolver

um material gráfico que incentive pessoas que sofrem da doença a buscarem ajuda,

mostrando a possibilidade de melhora da saúde mental. Para este projeto, além do

estudo sobre a depressão, seus sintomas e como lidar com ela, foram feitas

pesquisas sobre conceitos de design editorial, ilustração, fotografia, tipografia e

teoria da cor. Por fim, se chegou na diagramação de um livro que combina textos e

fotografias para ilustrar a depressão; seu conteúdo é dividido em quatro partes nas

quais são retratadas tanto as dificuldades geradas pela doença como a

possibilidade de se conseguir lidar com ela.

Palavras-chave: Design Editorial. Fotografia. Depressão. Ilustração.

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ABSTRACT

The present work aims to study depression with the goal of developing a graphic

material that encourages people who suffer from the disease to seek help, showing

the possibility of improvement of mental health. For this project, aside the study

about depression, its symptoms and how to deal with it, researches were made

about the concepts of editorial design, illustration, photography, typography and color

theory. Therefore, it was reached the diagramation of a book that combines texts and

photographs to illustrate depression, the content is divided in four parts in which are

portrayed the difficulties of the disease as well as the possibility of dealing with it.

Keywords: Editorial Design. Photography. Depression. Illustration.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - GAROTA VODU 23

FIGURA 2 - O PORCO 24

FIGURA 3 - THE BLIND. AT HOME 26

FIGURA 4 - FOTO ANTIGA DE MENINA LEVITANDO 27

FIGURA 5 - RAPAZ NO NINHO 28

FIGURA 6 - WALLFLOWER 29

FIGURA 7 - MÃO NO LENÇOL COM ESTAMPA DO CÉU 30

FIGURA 8 - CARACTERES DA FONTE GARAMOND 34

FIGURA 9 - PRIMEIRA ALTERNATIVA PARA GRID 35

FIGURA 10 - SEGUNDA ALTERNATIVA PARA GRID 35

FIGURA 11 - GRID FINAL 36

FIGURA 12 - PALETA DE OUTONO 38

FIGURA 13 - PALETA DE INVERNO 39

FIGURA 14 - PALETA DE PRIMAVERA 40

FIGURA 15 - PALETA DE VERÃO 40

FIGURA 16 - GAROTA COM A CABEÇA ENCOSTADA NO VIDRO 42

FIGURA 17 - GAROTA OLHA PARA O TÚNEL 43

FIGURA 18 - GAROTA OLHANDO PARA A JANELA 44

FIGURA 19 - GAROTA ABRAÇANDO AS PERNAS 45

FIGURA 20 - DIAGRAMAÇÃO DA FOTO DA GAROTA OLHANDO PARA ÁGUA 45

FIGURA 21 - ALFABETO DA FONTE TRACKS 46

FIGURA 22 - TIPOGRAFIA ARCON 47

FIGURA 23 - CAPA DO LIVRO COM TONS DE MARROM 47

FIGURA 24 - CAPA DO LIVRO “NUVEM INVISÍVEL” 48

FIGURA 25 - MODELO DE DIVISÃO PARA LIVRO 49

FIGURA 26 - TABELA DE APROVEITAMENTO DE PAPEL (64 X 88) 50

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - PRINCIPAIS CAUSAS DE INCAPACITAÇÃO NO MUNDO 16

GRÁFICO 2 - PREVALÊNCIA DE DEPRESSÃO POR PAÍS 17

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - METODOLOGIA DO DESIGN THINKING 18

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LISTA DE SIGLAS

APA American Psychiatric Association

OMS Organização Mundial da Saúde

ONUBR Nações Unidas no Brasil

PAHO Organização Pan-Americana da Saúde

TEDx Tecnology, Entertainment and Design

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SUMÁRIO

1. PREFÁCIO 10

2. INTRODUÇÃO 13

2. 1 CONTEXTUALIZAÇÃO 13

2.2 PROBLEMA 14

2.3. OBJETIVO GERAL 15

2.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 15

2.5 JUSTIFICATIVA 16

2.6 METODOLOGIA 18

3. DEPRESSÃO 19

4. SOBRE DESIGN EDITORIAL PARA ILUSTRAÇÃO 21

5. FOTOGRAFIA 24

5.1 FOTOGRAFIA COMO NARRATIVA VISUAL DA DEPRESSÃO 27

6. CONCEITUAÇÃO DO PROJETO 29

6.1 TEXTOS 30

6.2 TEMÁTICA 30

7. DESENVOLVIMENTO 31

7.1 FORMA DO CONTEÚDO 31

7.2 TIPOGRAFIA 32

7.3 ESTRUTURA DE GRID 33

7.3.1 Geração de alternativas 34

7.3.2 Grid Final 35

7.4 COR 36

7.4.1 Outono 37

7.4.2 Inverno 37

7.4.3 Primavera 38

7.4.4 Verão 39

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7.5 ENQUADRAMENTO DAS FOTOGRAFIAS 40

7.5.1 Plano Médio de Cintura 41

7.5.2 Primeiro Plano 42

7.5.3 Plano Inteiro 43

7.6 DIAGRAMAÇÃO 44

7.7 CAPA 45

7.7.1 Tipografias da Capa 45

7.7.2 Alternativas 46

7.8 DIVISÕES DO LIVRO 48

8. IMPRESSÃO 48

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS 49

REFERÊNCIAS 50

APÊNDICE A - TEXTOS DO FOTOLIVRO “A NUVEM INVISÍVEL” 54

APÊNDICE B - APLICAÇÃO DA DIAGRAMAÇÃO 61

APÊNDICE C - CONVERSA COM MIKE ALEGADO 73

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1 PREFÁCIO

Como Andrew Solomon (2015, p. 20) diz em “O demônio do meio-dia”, as pessoas

procuram a causa que as levou a ter depressão como se isso fosse

necessariamente levar à cura, mas acho impossível não se perguntar quando as

coisas começaram a dar errado, quando sua mente deixa de funcionar

normalmente.

Penso que os vestígios de depressão talvez estivessem ali desde da minha infância,

quando sofri bullying na escola ou quando não aguentava mais as constantes brigas

de meus pais. Porém, a doença chamada depressão de fato me atingiu no final de

2012. Não precisa haver um motivo para uma pessoa adquirir depressão, mas no

meu caso penso que uma série de fatores contribuiu para isso.

Eu estava cursando Jornalismo na UFPR contra a vontade da minha família, foi o

curso que na maturidade dos meus 16 anos tinha escolhido cursar e achava que

seria o certo, todos os testes vocacionais apontavam para ele, mas eu errei e foi

devastador. Por mais que eu amasse meus colegas e o espaço da faculdade em si,

não conseguia me encontrar no curso. Houve ainda várias outras frustrações no

final daquele ano e minha rotina se havia se tornado sufocante.

Os sentimentos negativos foram se apossando de mim, assim como a vontade de

fazer nada. Não queria sair da cama, não queria conversar, não fazia meus

trabalhos de faculdade mesmo sabendo que eu poderia reprovar. Se eu tinha algum

propósito na vida, eu o havia falhado terrivelmente. Me sentia inútil e, pior, me sentia

ingrata.

O que havia de errado comigo? Por que não conseguia ser feliz? “Você tem tudo,

por que sofre tanto? ” ou “Muitas pessoas sofrem com fome ou câncer, você não

sabe o que é tristeza de verdade”, ouvi muitas variações dessas frases, e digo que

elas não ajudam em nada, só aumentam o sentimento de culpa de qualquer

depressivo e me faziam sentir menos merecedora de viver.

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Me lembro das várias brigas que tive com a minha mãe e com a minha irmã. Fui

chamada de ingrata, egoísta, covarde e fraca; tratada como uma menina mimada

que não sabia dar valor ao que tinha. Não encontrei apoio na minha família até

2015, quando perceberam que de fato o que eu tinha era uma doença e precisava

de tratamento. Também foram poucos os amigos que ficaram do meu lado, a

depressão acabou por afastar muita gente da minha vida.

Eu já não sabia mais quem eu era, nem conseguia olhar para o espelho porque eu

não gostava da pessoa que me encarava de volta; era como se em algum lugar eu

tivesse me perdido de mim mesma. Eu não tinha conhecimento que tinha depressão

na época, não achava que estava doente, apenas acreditava que eu era uma

pessoa muito ruim e inútil que só fazia os que estavam à minha volta sofrerem.

Quando estava completamente mal lá no começo de 2013, acabei encontrando

refúgio na internet e virando usuária do Tumblr, rede social onde vi vários posts

sobre depressão; acabei conversando com muitas pessoas que tinham a doença e

percebi que a minha situação era parecida com a delas. Pesquisei e muito, fiz vários

testes e tudo apontava que o que eu estava passando se chamava depressão.

Entender que eu tinha uma doença e receber apoio desses novos amigos que

conheci me levou a buscar a ajuda que eu precisava, caminho este que não é fácil e

que eu continuo e continuarei trilhando até o fim da minha vida.

Foram trocas e mais trocas de remédios, terapias e médicos até que eu finalmente

achasse o que funcionava ou não para mim. Aprendi com as inúmeras crises de

choro que tive. Como muitas pessoas depressivas, acabei também desenvolvendo

ansiedade. Por causa disso, já perdi esperanças inúmeras vezes e deixei de ver

uma saída para meus problemas. Encontrar pessoas que sofriam do jeito que eu

sofria, conversar sobre que eu sentia, saber que meus sentimentos eram válidos e

receber apoio de pessoas que eu amo foi o que me ajudou a lutar cotidianamente

para contra as minhas doenças emocionais.

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Assim como os novos amigos que fiz me ajudaram a lidar com a minha doença, eu

sempre tento ajudar quem precisa. Gosto de escutar e trocar experiências com

quem sofre de depressão, porque sei o quanto o diálogo ajuda. Fingir que a

depressão não existe não vai fazer ela ir embora. É preciso entender o que se passa

dentro de nós para ser possível aprender a lidar com essas emoções.

Mais do que uma cura, quem sofre de transtornos de depressão busca

compreensão.

2. INTRODUÇÃO

2. 1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Segundo o doutor Drauzio Varella (2013), a depressão é uma doença caracterizada

por tristeza profunda, alteração no peso, problemas no sono, falta de energia,

constante sentimento de culpa e a sensação de que está sendo punido por algo que

fez, entre outros sintomas. O fato de ser uma doença mental não a torna menos

real. Destaca-se que a depressão é uma das causas responsáveis pelo número

crescente de pessoas incapacitadas, assim como é um fator que aumenta as

chances de desenvolvimento de outras doenças físicas. (BIERNATH, 2016).

De acordo com Solomon (2014), há dificuldade das pessoas com depressão

receberem o tratamento adequado, mesmo aquelas que buscam ajuda podem não a

receber. Também existe o problema de medicação e psicoterapia insuficientes ou

por tempo menor que o necessário para o paciente se recuperar.

Não existe um método certo para curar depressão, apesar de geralmente se tratá-la

com medicamentos e terapia. Cada caso será particular e único, e caberá à pessoa

e aos especialistas que a acompanham perceber o que funciona ou não

(SOLOMON, 2014, p. 22). O tratamento de doenças mentais é uma equação

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matemática com diversas variáveis, e o que pode funcionar bem em uma pessoa

pode ter consequência nenhuma em outra.

2.2 PROBLEMA

Apesar de ser uma pauta que ganha cada vez mais notoriedade, a depressão ainda

é algo considerado tabu. Mesmo a OMS (Organização Mundial da Saúde) fazendo

campanhas para combater o estigma da doença, ainda há uma necessidade de

facilitar o diálogo sobre a depressão.

Há diversos sites e aplicativos que se propõem a ajudar pessoas depressivas como

o Centro de Valorização da Vida. No entanto, esses sites tem caráter informacional;

faltam materiais poéticos que tratem da possibilidade de melhora da depressão

através da conexão visual com quem sofre da doença. É necessário a produção de

materiais gráficos, como fotolivros, que incentivem as pessoas a buscarem ajuda.

Adolescentes possuem a tendência de serem mais impulsivos, o que aliado a

depressão pode levar a comportamentos autodestrutivos como auto mutilação,

abuso de substâncias alcoólicas e entorpecentes e até mesmo o suicídio

(VARELLA, 2011). Portanto há uma demanda de informação sobre depressão para

pessoas jovens, a fim de se incentivar o debate sobre o tema e a busca por ajuda o

quanto antes para garantir uma vida adulta melhor.

O design tem a função de resolver um problema ou trabalhar algo de forma a facilitar

a vida das pessoas, ele pode dar voz a assuntos sérios como depressão. Mesmo

através de uma perspectiva mais pessoal, o design deve organizar informações de

forma visualmente estimulante criando conexão com seu público-alvo.

Design é umas das forças mais poderosas em nossas vidas, estejamos

cientes disso ou não, e também pode ser inspirador, empoderador e

elucidativo.

(RAWSTHORN, 2014 apud HELLER, 2014)

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Validar os sentimentos de pessoas com depressão é mais eficaz que dar conselhos

de como melhorar (SMITH et al, 2017). O design pode trazer essa validação através

de recursos visuais como a fotografia, ilustrando os sentimentos experienciados por

aqueles que têm a doença.

Como produzir um material gráfico que ilustre o que é depressão e ao mesmo tempo

crie identificação com quem a sofre?

2.3. OBJETIVO GERAL

Produzir um livro fotográfico que represente a depressão através de uma narrativa

sob um olhar artístico, de forma a se conectar com as pessoas que sofrem da

doença. Tal narrativa é pensada de forma a mostrar tanto o sofrimento da doença

quanto a possibilidade de melhora através da experiência pessoal da autora, assim

procurando incentivar que pessoas que sofrem de depressão busquem ajuda. A

meta deste projeto é que as fotos, produzidas por um olhar pessoal sobre

depressão, promovam empatia para quem as visualizar, facilitando o diálogo sobre a

doença.

2.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Pesquisar sobre depressão.

● Procurar respostas de como a fotografia pode funcionar como

ilustração.

● Analisar ensaios fotográficos sobre depressão e exemplos de

fotolivros.

● Escrever textos sobre a depressão através da experiência pessoal da

autora.

● Realizar fotografias que ilustram o que é a depressão.

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● Desenvolver um material gráfico (fotolivro) adequado para organizar as

fotografias.

2.5 JUSTIFICATIVA

A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que 322 milhões de pessoas no

mundo sofrem de algum tipo de depressão e que menos da metade recebe algum

tipo de tratamento (em algumas localidades o número está abaixo de 10%)

(ONUBR, 2017). O número é preocupante tendo em vista que a depressão é uma

das principais causas de incapacitação na população mundial. De acordo com o

gráfico 1 a seguir, feito pelo jornal Correio 24 horas, 13% dos casos de

incapacitação do mundo são em decorrência da depressão.

Gráfico 1 - Principais causas de incapacitação no mundo

Fonte: Correio 24 horas, 2015

De acordo com o site Nexo (2017), no Brasil estima-se que quase 6% da população

sofre de depressão (11,5 milhões), sendo que a porcentagem de casos em território

brasileiro chega ser a quinta maior do mundo de acordo de acordo com o gráfico 2.

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Gráfico 2 - Prevalência de depressão por país

Fonte: Ostetti; Almeida (2017)

As taxas altas de depressão no Brasil mostram a relevância da discussão sobre o

tema. Apesar do significativo número de pessoas que sofrem de depressão, a

maioria se sente só e envergonhada de falar sobre o que tem; depressão cria um

senso de isolamento para quem a sofre, e o estigma que acompanha a doença

torna difícil aqueles que a têm buscar ajuda ou até mesmo falar sobre o que sente; é

necessário promover iniciativas que busquem validar os sentimentos de quem sofre

de depressão além de facilitar a identificação com os sintomas, para que essas

pessoas se sintam mais confortáveis a irem atrás da ajuda que precisam (SMITH et

al. 2017).

Esse trabalho de conclusão de curso pretende (através de um livro composto por

versos e fotografias) esboçar um relato pessoal sobre depressão, combinando

linguagem visual e textual na diagramação para transformar dor em processo

criativo que gere identificação com quem sofre de depressão, a fim dessas pessoas

perceberem que não estão sozinhas no que sentem.

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Por quê a escolha do livro como material gráfico a ser desenvolvido? O livro

funciona como um registro e organização de determinado contexto cultural,

funcionando como vetor para repassar ideias, funcionando com um canal para

transmissão das ideias do autor para os leitores que irão interpretá-las (RIZZI,

2016).

2.6 METODOLOGIA

Para o melhor desenvolvimento desse projeto, a metodologia será baseada na

metodologia do Design Thinking apresentado no livro “Design Thinking” (2011) dos

autores Gavin Ambrose e Paul Harris. Essa é uma abordagem na qual se utiliza a

empatia com o público alvo como norteador das escolhas feitas no design do projeto

que se deseja desenvolver, nessa metodologia é utilizada observação da vida das

pessoas para que se quer comunicar. O Design Thinking é dividido em cinco etapas:

Imersão, Análise e Síntese, Ideação, Prototipação e Validação.

A Imersão é a etapa de levantamento de informações e que demanda a empatia do

designer. Análise e Síntese é a fase de organização dos dados coletados. A etapa

de Ideação consiste na geração de ideias para resolver o problema. Já a

Prototipação é a tirar as ideias do papel e fazer um protótipo. E por último temos a

Validação na qual é consultado o público-alvo do projeto desenvolvido.

O Design Thinking é um processo dinâmico e não existe uma ordem ou método

certo para se seguir as etapas desta abordagem. Este trabalho de conclusão de

curso não pretende executar todas as etapas desta abordagem, como a validação.

DESIGN THINKING

O que será feito? Método

Imersão Pesquisar sobre depressão. Obs: A empatia se dá pela

Levantamento de literatura.

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experiência pessoal da autora que sofre da doença e conhece pessoas com o mesmo problema.

Análise e Síntese Analisar como se dá a construção da narrativa através da combinação das linguagens verbal e visual.

Levantamento de literatura.

Ideação Criar um material gráfico que seja capaz de gerar identificação com o público-alvo.

Levantamento da literatura. Aplicação de conceitos de teoria da cor, fotografia, tipografia e grid.

Prototipação Imprimir livro com as fotos e textos desenvolvidos.

Impressão.

Tabela 1 - Metodologia do Design Thinking

Fonte: autoria própria

3. DEPRESSÃO

De acordo com a APA (2013), uma depressão grave pode ser definida através da

presença de cinco ou mais sintomas num período de pelos menos duas semanas ou

mais, que estão listados a seguir:

1. Humor deprimido.

2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas

as atividades.

3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta ou redução

ou aumento do apetite.

4. Insônia ou hipersonia.

5. Agitação ou retardo psicomotor.

6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias.

7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada.

8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão.

9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer).

(AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013, p. 161).

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Por meio da lista é perceptível que os sintomas podem ser tanto psicológicos quanto

físicos. Porém não há como fazer exames de sangue num laboratório e esperar que

os resultados mostrem se há ou não depressão. O fato da depressão ser uma

doença mental torna difícil o diagnóstico, ele só pode ocorrer através dos sintomas

relatados pela própria pessoa, e ainda assim, doenças emocionais são experiências

muito pessoais para quem as têm e sempre serão vividas de modo diferente. Tudo

isso dificulta tanto o acesso à tratamentos quanto a sua eficácia. (SOLOMON, 2014)

Muitas vezes pessoas com quadro depressivo se utilizam de metáforas para tentar

descrever o que se passa com elas (SOLOMON, 2014). É a maneira que as

pessoas encontram de tornar mais tangível aquilo que estão vivenciando. Dar vida

às metáforas, dando cor para essa nuvem invisível que é a depressão ajuda a trazer

luz sobre o assunto, incentiva a busca por tratamentos.

A depressão é um estado quase inimaginável para alguém que não a

conhece. Uma sequência de metáforas – trepadeiras, árvores, penhascos

etc. – é a única maneira de falar sobre a experiência. Não é um diagnóstico

fácil porque depende de metáforas, e as escolhidas por um paciente são

diferentes das escolhidas por outro.

(SOLOMON, 2014, p. 28)

O tema é amplamente discutido na atualidade. A OMS escolheu a Depressão como

tema do Dia Mundial da Saúde deste ano de 2017 no dia 7 de abril, lançando a

campanha “Vamos conversar”, visto que de acordo com a própria organização a

depressão está se tornando a maior causa de incapacitação do mundo (PAHO,

2017)

Mas por que é preciso haver materiais que ilustrem a depressão? Criar identificação

através de materiais gráficos pode contribuir para que pessoas com depressão

busquem ajuda, gerando discussão sobre o tema. Além disso, eles ajudam a

combater o estigma associado à doença, que muitas vezes impede que as pessoas

busquem o tratamento adequado por vergonha (WOLPERT, 2001, p.221-224).

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A depressão afeta a todos nós. Não discrimina por idade, raça ou história

pessoal. Isso pode prejudicar os relacionamentos, interferir na capacidade

das pessoas de ganhar a vida e diminuir seu senso de autoestima, mesmo

a depressão mais grave pode ser superada com o tratamento adequado. E

o primeiro passo para obter tratamento é conversar.

(ETIENNE, 2017 apud PAHO, 2017)

Colette Stearns (2015), em sua fala durante um evento da TED (2015) em Ann Arbor

no estado de Michigan nos Estados Unidos, fala que muito do sofrimento causado

pela depressão vêm do fato das pessoas não saberem que têm a doença e

tampouco como lidar com o que estão sentindo, a estudante ainda comenta que um

debate mais amplo sobre o tema poderia acabar com concepções erradas. O

discurso de Stearns ressalta a importância de facilitar identificação dos sintomas de

depressão, e que as pessoas devem procurar o tratamento necessário.

A comunidade científica no geral concorda que a depressão deve ser tratada com

uso de medicação antidepressiva e terapia com um psicólogo. O tratamento pode

levar meses ou durar a vida toda, neste último caso é como uma manutenção que

mantém a doença sob controle. Também deve-se atentar para o fato de que não se

pode simplesmente abandonar o tratamento da depressão, pois há grandes chances

de reincidência e que a doença volte ainda mais grave que anteriormente como

atenta o psiquiatra Fernando Fernandes (2016 apud. BIERNARTH, 2016).

4. SOBRE DESIGN EDITORIAL PARA ILUSTRAÇÃO

O papel do designer na elaboração de um livro não é somente o de elaborar

o layout das páginas, mas também o de garantir que a informação fornecida

pelo autor seja apresentada da maneira mais adequada possível ao leitor.

(Haslam, 2007, p 110 apud SOARES, 2011, p.82)

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A diagramação de um livro além de ser o modo de se veicular uma mensagem, deve

ser responsável por garantir que a interpretação esteja de acordo com aquela

desejada pelo autor e ao mesmo tempo seja capaz de ser entendida pelo receptor

desta mensagem. Neste contexto, a ilustração pode ser uma aliada, facilitando a

transmissão da mensagem. (Haslam, 2007, p 110 apud SOARES, 2011, p.82)

A ilustração é um método de transmitir a informação através da linguagem visual,

contribuindo para o entendimento do texto; quando se opta por inserir imagens em

um livro, a intenção é de gerar significado visual ao texto, apresentando um ponto

de vista e fazendo com que as pessoas que observam a imagem reflitam. (Zeegen e

Crush, 2009, p. 35 apud SOARES, 2011, p. 81)

O papel da ilustração seria o de transformar palavras em linhas, formas,

cores, personagens, lugares, objetos, etc, ou seja, traduzir o texto para

linguagem visual.

(CAMARGO, 2010 apud SOARES, 2011, p 62)

No livro “O Triste Fim do Pequeno Menino Ostra e Outras Histórias” com ilustrações

e textos de Tim Burton (1997), é possível identificar exemplos de como texto e

imagem podem juntos compor uma narrativa. Na Figura 1, o olhar primeiro se

concentra na ilustração da boneca vodu, que é o primeiro pedaço da informação que

nos é transmitido, depois nos dirigimos ao poema de Tim Burton (1997) que, então,

nos explica os poderes da boneca. O modo como diagramação foi formulada

fornece peso igual para as duas linguagens.

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Figura 1 - Garota Vodu

Fonte: Burton (2010)

A relação entre texto e ilustração pode ser chamada de coerência intersemiótica,

que segundo Camargo (1999) é “convergência ou não-contradição entre os

significados denotativos e conotativos da ilustração e do texto”. A ilustração tem a

função de acompanhar o texto e não substituí-lo ou traduzir o que está escrito nele,

contudo ela não tem fim em si mesma, sua função só existe se acompanhada do

texto (CAMARGO, 1999).

Ainda sobre o papel desempenhado pela ilustração, existe nele o propósito de

promover diálogo do leitor com o texto (MANGUEL, 2001 apud AVISA LÁ, 2004)

Imagens são a primeira coisa que vemos numa página. São rápidas,

emocionais, instintivas e despertam curiosidade. Elas introduzem o

observador na informação. Devem ser usadas com um propósito

estratégico, não apenas para dividir o texto ou deixar a página menos sem

graça. Não são elementos subordinados, portanto não devem ser tratadas

como tal. Publicações são uma mescla - uma parceria - entre o visual e o

verbal.

(WHITE, 2005, p. 143)

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Como Jan White (2005) explica, imagem e texto podem se complementarem para

melhor transmitir uma informação, sem que uma tenha mais importância que a

outra. Contudo a imagem será a responsável por inserir o leitor no contexto da

publicação.

Camargo (2010) explica que ilustrações não são apenas desenhos, mas também

podem ser pinturas, gravuras, fotografias, etc. A artista Sophie Calle é um grande

exemplo da utilização de livros ilustrados por fotografias, como “Histórias Reais”

(2009), em que textos são ilustrados por fotografias como podemos ver na Figura 2

a seguir:

Figura 2: O porco

Fonte: Calle (2009, p. 31)

Na Figura 2 é possível identificar uma foto de mãos segurando talheres e uma foto

da própria Sophie Calle usando um nariz de porco. Essas fotos são utilizadas para

ilustrar um um episódio de sua vida, no qual Calle conheceu um homem que lhe

disse que ela comia como um porco.

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5. FOTOGRAFIA

Fotografias são narrativas visuais: elas registram contextos culturais, transmitindo

informações para facilitar a compreensão destes. Assim, o fotógrafo compõe uma

história através de elementos significativos que devem ser decompostos por quem

observa a fotografia. (NOBRE, 2009)

A fotografia é uma forma de auto expressão artística. Para muitos

fotógrafos, é o lugar em que o sujeito começa e termina. Seu objetivo,

qualquer que seja o tema, é aperfeiçoar uma visão pessoal, ou seja, criar a

imagem mais bonita, com mais movimento, ou mais comunicativa possível.

(PRAKEL, 2012, p. 7)

Um dos maiores exemplos da utilização da fotografia como narrativa visual é o da

artista francesa Sophie Calle. Em boa parte de seus trabalhos ela faz associação da

palavra escrita com as fotografias, como aconteceu em “ Les Aveugles”; Calle

perguntava para cegos de nascença o que era beleza para eles e através do que

eles lhe relataram ela realizava suas fotografias. Na Figura 3 a seguir encontram-se

exemplos de fotografias suas que buscam captar a intimidade e construir uma

narrativa visual através do relato.

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Figura 3 - The Blind. At Home

Fonte: Calle, 1986 (apud. ARTSY, 20-)

Na Figura 3 temos as fotos da pessoa entrevistada e do seu apartamento, que seria

o seu imaginário de beleza. Na imagem há um texto onde a mulher fotografada por

Calle conta como se orgulha de ter decorado seu apartamento sozinha e que a

única coisa que pediu ajuda foi a escolha das cores.

Outro exemplo de utilização da fotografia como ilustração de texto é o livro “O

Orfanato da Srta. Peregrine” de Ransom Riggs (2015), no entanto o caminho é o

reverso do de Sophie Calle. O texto de Riggs (2015) é construído através das

fotografias antigas dos acervos de dez colecionadores que as adquiriram em

brechós, feiras de antiguidade e vendas de garagens.

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Figura 4 - Foto antiga de menina levitando

Fonte: Riggs (2015, p.15)

Na Figura 4, é possível identificar uma fotografia antiga que foi produzida de forma a

parecer que a menina levita, o que foi base para Riggs criar a personagem Olive em

seu livro “O Orfanato da Srta. Peregrine” (2015) que tem a habilidade de ser mais

leve que o próprio ar.

5.1 FOTOGRAFIA COMO NARRATIVA VISUAL DA DEPRESSÃO

Há uma infinidade de temas que podem ser trabalhados numa composição

fotográfica, como citado anteriormente o exemplo de Sophie Calle que opta por

retratar o cotidiano e a intimidade. Este trabalho de conclusão de curso, no entanto,

foca em como a depressão pode ter sua narrativa construída em fotos.

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Diversos fotógrafos compuseram imagens que retratam sua depressão, seja como

método de lidar com seus próprios sentimentos ou ajudar as pessoas que as olham.

Como exemplos temos as fotos de Christian Hopkins, Edward Honaker e Mike

Alegado.

Christian Hopkins (2013) retrata a sensação de um ninho na Figura 5, em que o

sujeito retratado se encontra em um ninho, completamente isolado e a posição fetal

mostra que ele está tentando se confortar da dor que sente. Os tons da fotografia

são escuros e buscam criar uma atmosfera sombria e triste, remetendo a sensação

de estar com depressão.

Figura 5 - Rapaz no ninho

Fonte: Hopkins, 2013 (apud. BARBOSA, 2013)

A fotografia de Honaker (Figura 6) retrata um homem com uma camisa com

estampa floral. Seu rosto está coberto por um lençol com estampa semelhante a

de sua camisa e o fundo da foto também apresenta um padrão parecido no papel

de parede. O sujeito está camuflado; a imagem retrata a sensação de ser

invisível, sentimento expresso em inglês na palavra wallflower, cujo o significado

literal é papel de parede.

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Figura 6 - Wallflower 1

Fonte: HONAKER, 2015 (apud. DOVAS, 2015)

A Figura 7 parte da série de fotos que Mike Allegado fez para expressar a

depressão através das suas mãos, essa foto em questão mostra a tensão na mão

ao se segurar com força o lençol com estampa de céu. Ele a princípio produziu as

fotografias para poder expressar em imagens o que sentia, porém ao enxergar o

potencial do que estava criando ele viu a possibilidade de ajudar outros e chamar

atenção para a causa. A autora desse trabalha teve a oportunidade de conversar

com o fotográfo via a caixa de mensagens do Instagram e pode lhe perguntar sobre

seu objetivo ao produzir as fotos, Allegado respondeu “Quando as pessoas olham

essas imagens eu quero que elas inconscientemente se coloquem dentro das

imagens e imaginem como deve ser estar dentro daquela situação. Eu quero que

eles sintam o que eu e outras pessoas que sofrem de depressão sentem quando

estão vivendo ela.” (APÊNDICE C).

1 Expressão popular da língua inglesa: Pessoa tímida, que está com medo de se envolver em atividades sociais e não atrai muita interesse ou atenção (Cambrigde Dictionary)

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Figura 7 - Mão no lençol com estampa do céu

Fonte: Alegado, 2016

6. CONCEITUAÇÃO DO PROJETO

Após esclarecimentos sobre o que é a depressão e como ela afeta pessoas pelo

mundo todo, este tópico irá abordar o conteúdo e a temática dos textos que serão

utilizados para a realização do livro de fotografias sobre depressão.

6.1 TEXTOS

Os textos utilizados foram escritos pela autora deste trabalho de conclusão de curso

com base em suas próprias experiências pessoais com a depressão (APÊNDICE -

A) e com o que foi relatado no livro “O Demônio do Meio-Dia” de Andrew Solomon

(2015).

Inicia-se com versos que tratam dos primeiros sintomas de depressão, para depois

retratar uma depressão grave, e então mostrar que há tratamento para doença, e

por fim que é a melhora é possível. A intenção está em validar o sentimento de

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quem sofre da doença, gerando identificação com o conteúdo, porém apontando

que há formas de lidar com o sofrimento imposto pela depressão.

6.2 TEMÁTICA

O grande enfoque dos textos é entender a depressão e a necessidade de se buscar

ajuda. A maior dificuldade de se conseguir tratamento para a doença está no

estigma e falta de conhecimento sobre o assunto. Como explica a psicóloga Sílvia

Ivancko (2006): “O maior problema com a depressão é o desconhecimento. O

indivíduo deprimido está doente, sofre muito, mas sua falta de interesse pela vida

costuma ser vista como preguiça ou falta de caráter”.

A temática a ser abordada está relacionada a pessoas jovens (15 - 30 anos) que

sofrem de depressão. Jovens adultos sofrem pressões sociais para encontrar a

independência e assumir diversas responsabilidades, são criadas expectativas

sobre suas vidas que nem sempre eles são capazes de corresponder. (SIMAS,

2012)

O drama de conseguir lidar com as pressões do futuro e ainda descobrir sua

identidade é retratado no filme “Se Enlouquecer Não se Apaixone” (2011), no qual o

jovem Craig se interna numa clínica psiquiátrica por estar depressivo e com

tendências suicidas. Apesar da temática da depressão e do suicídio, o filme

apresenta um tom leve, no qual acompanhamos a melhora do protagonista com o

passar do filme e temos uma visão positiva de que pessoas podem se recuperar de

doenças mentais.

Maneiras de lidar com a depressão também são abordadas em vídeos do canal do

Youtube da OMS (Organização Mundial da Saúde). Um dos vídeos é “Living with a

black dog”, onde é exposto que conhecimento é poder e validação é um passo

importante para tratar a doença. Em outro vídeo da OMS “I had a black dog and his

name was depression” são expostos o sintomas da doença, como reconhecer ela,

que é possível lidar com ela e tê-la sob controle.

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A depressão, como vários temas de ampla discussão na atualidade, se faz presente

em filmes, vídeos, artigos e livros. Cada vez mais há produção de material sobre a

doença, podendo ser de caráter informacional ou através da construção de uma

narrativa.

7. DESENVOLVIMENTO

Uma vez que estabelecido o contexto dos textos a serem usados no livro de

fotografias, inicia-se o processo de desenvolvimento do projeto gráfico. Neste tópico

serão tratadas decisões referentes ao livro e o por quê delas.

7.1 FORMA DO CONTEÚDO

A escolha para o formato dos textos do livro fotográfico sobre depressão foram

versos livres e brancos (sem métrica e sem rima) no estilo de crônica poética. A

autora ao escrever os textos baseou-se no seu próprio cotidiano e experiências

passadas, relatando-as de forma cronológica e assumindo uma perspectiva pessoal

sobre o assunto, tal como são feitos nas crônicas, porém se baseando no estilo de

união de poesia e prosa utilizado por Manuel Bandeira (ARRADI, 2014).

Nova poética

Vou lançar a teoria do poeta sórdido.

Poeta sórdido:

Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.

Vai um sujeito,

Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e

[na primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe

[o paletó ou a calça de uma nódoa de lama:

É a vida.

O poema deve ser como a nódoa no brim:

Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.

Sei que a poesia é também orvalho.

Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento

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e

[as amadas que envelheceram sem

maldade.

(BANDEIRA, 1974 apud. ARRADI, 2014)

A divisão do texto escrito pela autora deste trabalho ocorre em quatro partes, cada

uma tem um nome de uma estação do ano: outono, inverno, primavera e verão.

Cada estação está associada com uma fase do desenvolvimento da depressão na

vida da autora; o outono é relacionado ao aparecimento dos sintomas da depressão,

o inverno é a parte onde a doença se manifestou de forma mais intensa, a

primavera é a busca pela melhora, e o verão trata de como se faz para conviver com

a depressão. Por exemplo: “Você é nada. Você merece nada. Não existe nada lá

fora destinado a você.”, aqui é retratado os sentimentos da autora no que seria o

inverno da depressão.

7.2 TIPOGRAFIA

A função de qualquer tipografia é a comunicação [disponibilizando os meios

que lhe são próprios]. A comunicação deve aparecer na forma mais breve,

simples e incisiva possível.

(TSCHICHOLD, 1925 apud. HEITLINGER, 2007)

Para melhor compreensão dos textos do livro, priorizou-se o conceito de legibilidade,

para tanto é preciso escolher uma fonte simples e direta (PETTERSSON, 2012,

p.71). Por isso foi escolhida a fonte Garamond, seus caracteres estão retratados na

Figura 8, por ser uma fonte clássica, de estilo romano e muito usada em impressos

no mundo todo; a presença de serifas na fonte facilita a leitura (PETTERSSON,

2012, p.72). No livro a fonte foi aplicada em tamanho 14, por serem textos curtos,

com entrelinha de 1,5. O texto foi alinhado à esquerda.

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Figura 8: Caracteres da fonte Garamond

Fonte: Wikipedia, 2007

7.3 ESTRUTURA DE GRID

Grids trabalham para organizar e dar clareza à informação (SAMARA, 2012, p. 21).

Utilizando esse conceito e retomando o tópico de design editorial para ilustração,

neste trabalho optou-se por um grid voltado para material impresso onde texto e

ilustração tivessem o mesmo peso na diagramação, mantendo uma unidade na

diagramação do livro inteiro.

7.3.1 Geração de alternativas

O livro terá formato A5, assim foram pensadas alternativas que dessem espaço para

texto e figuras terem boa visualização. A Figura 9 mostra a ideia inicial de grid com

margens internas de 2 cm, contudo essa distância poderia comprometer a

visualização da foto, além de deixar pouco espaço de respiro entre a foto e o texto.

Ainda, como os textos utilizados são curtos e em versos não há necessidade da

margem interna ser tão pequena.

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Figura 9 - Primeira alternativa para grid

Fonte: autoria própria

A segunda alternativa, a Figura 10, mostra um grid com margem interna de 4 cm

para a página da direita onde ficarão os textos, aumentando assim 2 cm em relação

a Figura 9. O aumento da área de respiro na página do texto dá mais equilíbrio a

composição. Contudo a imagem pode perder detalhes por estar tão próxima da

margem interna.

Figura 10 - Segunda alternativa para grid

Fonte: autoria própria

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7.3.2 Grid Final

Para a decisão final sobre o grid, optou-se pela priorização das áreas de respiro,

dando leveza na composição entre texto e imagem. Na Figura 11 vemos um

aumento significativo do espaço branco quando comparamos com as Figuras 9 e

10. Este grid utiliza uma estrutura retangular com interferências de grid de colunas

para as páginas de textos (SAMARA, 2012, p. 34 - 35), assim dando equilíbrio para

textos e fotos, para que um esteja acompanhando o outro em peso de igualdade.

Figura 11 - Grid final

Fonte: autoria própria

Foram utilizadas uma coluna para cada página, visto que a composição é formada

por uma foto na página da esquerda e um texto curto em versos na página da

direita.

As páginas destinadas para fotos possuem grid retangular, que é definido por:

margem interna de 3 cm, margem superior de 3 cm, margem externa de 2 cm e

margem inferior de 3,5 cm, o módulo dessa página respeita a proporção de 2 : 3 das

fotografias. Já as páginas que contém textos possuem margem direita de 2 cm,

margem superior de 5 cm, margem interna de 4 cm e margem externa de 4 cm; a

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interferência de uma margem interna mais larga e uso de flowlines , que está a 3 cm 2

abaixo da margem superior, geram o misto de grid retangular com o de colunas,

valorizando os espaços brancos e criando uma estrutura calma (SAMARA, 2012, p.

35).

Os tamanhos das margens internas foram decididos de forma a garantir a

visualização da fotografia e valorizar a distância entre texto e ilustração, de forma a

equilibrar a composição.

7.4 COR

Não existe cor destituída de significado. A impressão causada por cada cor

é determinada por seu contexto, ou seja, pelo entrelaçamento de

significados em que a percebemos.

(HELLER, 2016, p.18)

Os textos estão divididos em quatro partes; para distinguir bem uma da outra

optou-se por criar uma paleta de cores para cada parte baseando-se em conceitos

de teoria da cor. A cor que está presente em todas as fotos é o preto, a

representação da depressão; essa presença constante se dá porque a depressão

não vai embora de forma total mas é possível aprender a lidar com ela, como é

possível ver no vídeo “I had a black dog, his name was depression” da OMS (2012).

A divisão por estações foi um recurso utilizado pela autora para ilustrar fases da sua

depressão: aparecimento (outono), a doença no seu grau mais intenso (inverno),

busca por melhora (primavera) e a melhora onde se aprende a conviver com a

depressão (verão).

2 “São alinhamentos que quebram o espaço em faixas horizontais.” (SAMARA, 2012, p. 25)

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7.4.1 Outono

O livro começa no outono, que é a estação da troca de folhas e quando as noites

progressivamente vão se tornando mais longas que os dias. Esta estação foi

associada com os primeiros sintomas de depressão, quando começa a acontecer

pequenas mudanças no comportamento da pessoa e aos poucos ela vai ficando

com o humor mais desanimado e triste.

Figura 12 - Paleta de Outono

Fonte: autoria própria

Para esta estação foi definida uma paleta com prevalência de tons de marrom.

O marrom é a cor mais frequentemente rejeitada. Ele pode representar aquilo que

está definhando e murchando. “No marrom todas as cores luminosas desaparecem,

desaparece toda a paixão” (HELLER, 2016, p. 256).

7.4.2 Inverno

Durante o inverno as noites são mais longas que os dias. Os tons frios foram

escolhidos para caracterizar essa estação, com exceção do vermelho, cor quente

cuja presença aqui tem o intuito de mostrar que ainda existe vida (HELLER, 2016, p.

55), mesmo de que uma forma mais apagada. Essa paleta tem cores menos

vibrantes se comparadas às do outono.

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Figura 13 - Paleta de Inverno

Fonte: autoria própria

Há a predominância do azul e do preto nas fotos dessa estação. O azul é a mais fria

de todas as cores (HELLER, 2016, p. 55) e funciona bem como representação do

inverno. Em inglês existe a expressão popular to feel blue que significa que uma 3

pessoa está triste ou decepcionada.

O preto é a ausência de luz, o que na depressão remete a ausência de sentido que

a pessoa sente. É a cor da dor (HELLER, 2016, p. 129).

“Como um nada sem possibilidades, como um nada morto, após a extinção

do sol, como um eterno calar, sem futuro e sem esperança: assim soa

interiormente o preto.”

(KANDINSKY apud HELLER, 2016, p. 129)

A fala do pintor Kandinsky (19-) demonstra o significado emocional que o preto pode

adquirir, remetendo a um estado de espírito depressivo.

7.4.3 Primavera

A Primavera é caracterizada pelos dias que vão ficando progressivamente mais

longos que as noites, e pela florescimento das flores. Para esta estação,

procurou-se a sensação de calmaria nas cores sem excesso de vibratilidade.

3 Se sentir azul

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Figura 14 - Paleta de Primavera

Fonte: autoria própria

Os tons esverdeados são a expressão da esperança e da renovação, o verde está

fortemente associado a Primavera. Em relação aos textos da primavera, os tons de

verde realçam a esperança de melhora e da renovação da vida. (HELLER, 2016, p.

111).

7.4.4 Verão

O verão possui dias mais longos, havendo maior incidência dos raios solares. Esta

estação está associada ao calor e cores vibrantes, por isso, grande parte da paleta

é composta por tons quentes.

Figura 15 - Paleta de Verão

Fonte: autoria própria

Anteriormente foi explicado o efeito desagradável que o marrom pode gerar,

contudo, quando combinado com o amarelo ou o laranja, a cor torna-se agradável,

gerando a sensação de aconchego (HELLER, 2016, p. 257).

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Acho que um médico pode ser útil para mim se o cachorro negro voltar. Ele

parece estar distante agora, o que é um alívio. Todas as cores voltam à

vida.

(CHURCHILL apud. Biernath, 2016)

Quando há alívio em relação a depressão, as coisas voltam a parecer ser mais vivas

e a terem mais cor. A utilização do amarelo aqui se dá pelo caráter de leveza, luz,

energia e alegria (HELLER, 2012, p. 85 - 86), tais sensações podem retornar a vida

de pessoas com depressão quando elas recebem a ajuda necessária. Já os tons de

laranja representam a transformação, que é o maior intuito da parte que encerra o

livro, mostrar como é possível passar de um estado de completa depressão para

algo positivo que consegue ter controle sobre a doença. (HELLER, 2016, p. 188)

7.5 ENQUADRAMENTO DAS FOTOGRAFIAS

Os enquadramento fotográficos funcionam para decidir onde estará o enfoque da

narrativa da foto, é como a fotografia vai se comunicar com quem a observa. A

escolha do enquadramento se dará a partir da percepção do fotográfo. (DUARTE,

2012).

Neste trabalho houve a preferência pela utilização de Plano Médio, Plano Inteiro e

Primeiro Plano. O Plano Médio e o Plano Inteiro dão ênfase nas ações das pessoas

retratadas, exercendo função narrativa das intenções de quem está na foto e ainda

consegue capturar a expressão facial. O Primeiro Plano privilegia ainda mais a

expressão facial do sujeito retratado, capturando seus pensamentos e retratando um

momento interior da pessoa, é um recurso dramático (DUARTE, 2012).

A escolha por esses planos se deu pelo enfoque deste trabalho de conclusão de

curso ser em como a depressão pode afetar as pessoas. As fotos são focadas nos

sentimentos que podem se manifestar em uma pessoa depressiva; todas retratam

apenas uma pessoa por vez, de forma centralizada, por conta do sentimento de

isolamento que acompanha a doença.

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7.5.1 Plano Médio de Cintura

Mostra pessoas da cintura para cima, focando no sujeito fotografado, criando a

sensação de intimidade (BLOIS, 2014). A Figura 16 mostra uma foto (pertencente a

parte do inverno que foca na sensação de cansaço e pensamentos negativos que

fazem a cabeça pesar, sentimentos expressos na linguagem corporal de se apoiar a

testa no vidro.

A Figura 16 ilustra o texto: “Me sinto o ser mais inútil do mundo. Não consigo fazer

nada certo. Qual é meu propósito? Por que eu existo? Se a vida é um dom, por que

a sinto como maldição?”.

Figura 16 - Garota com a cabeça encostada no vidro

Fonte: autoria própria

Já na Figura 17 vemos a utilização desse plano foca na ação do olhar da pessoa

retratada. Mesmo não podendo enxergar o rosto da pessoa retratada, sabemos que

ela olha para dentro de túnel aberto e composto por pilares de metal, sua cabeça

encostada no pilar indica pensamentos sobre o caminho a sua frente.

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A Figura 17 ilustra a seguinte passagem da estação verão do livro: “ Não é um

caminho fácil sair. Você está num labirinto. E vai ter que testar várias rotas até achar

a que funciona melhor. São altos e baixos. Conquistas e decepções. É como

reaprender a andar”.

Figura 17 - Garota olha para o túnel

Fonte: autoria própria

7.5.2 Primeiro Plano

Enquadramento do ombro para cima, sugerindo elevada intimidade, captando

sentimentos, além de efeito mais dramático (BLOIS, 2014).

Na Figura 18 o foco está na expressão facial da pessoa retratada. Um leve sorriso,

que indica a sensação de bem estar e melhora da depressão. Esta figura é a que

encerra o livro na estação verão e ela ilustra o seguinte texto: “Não sei se há cura

para depressão. De certa forma, ela sempre vai ser parte de mim. A nuvem ainda

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vai estar lá, mesmo que não tão perceptível como antes. Mas você aprende a lidar

com ela. E você volta a viver”.

Figura 18 - Garota olhando para janela

Fonte: autoria própria

7.5.3 Plano Inteiro

Neste tipo de plano há uma valorização da linguagem corporal do sujeito,

aproveitando o uso dos elementos ao redor para compor a foto. (BLOIS, 2014)

A pessoa retratada na Figura 19 mostra linguagem de autopreservação abraçando

suas pernas. O posição encolhida indica sofrimento, e as molduras vazias acima da

cabeça contribuem para compor a sensação de vazio.

A Figura 19 ilustra o texto: “Para de chorar. Mas e a minha dor? Para de chorar. Não

consigo. Para de chorar. Me ajuda! Para de chorar. Não dá….”.

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Figura 19 - Garota abraçando as pernas

Fonte: autoria própria

7.6 DIAGRAMAÇÃO

A diagramação foi realizada de forma a gerar destaque igual tanto para texto como

para imagem, reservando uma página para cada (APÊNDICE - B). Na figura 20 é

possível identificar na página esquerda a foto de uma pessoa olha para água

ilustrando o texto da página à direita.

Figura 20 - Diagramação da foto da garota olhando para água.

Fonte: autoria própria

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7.7 CAPA

Para confecção da capa do livro optou-se pela não utilização das fotos do livro e a

valorização do título através de algo que ilustrasse a ideia de nuvem. Optou-se pela

capa de cor preta pelo seu significado de ausência de luz (HELLER, 2016, p. 129),

remetendo a ausência de propósito de vida nas pessoas que sofrem de depressão.

7.7.1 Tipografias da Capa

Para uso no título e na autoria foi escolhida a tipografia Tracks, desenhada por

Gumpita Rahayu. O design dessa tipografia é baseado em trilhos de trem e

apresentando apenas letras em caixa alta como aparece na Figura 21

(FONTFABRIC, 2013), o que colabora com a narrativa do livro de um caminho

trilhado por alguém com depressão. Títulos devem chamar atenção do leitor, nesse

caso o uso de recursos como caixa alta e tipografias não tão conhecidas ajudam

nessa intenção (PETTERSON, 2012, p. 141).

Figura 21: Alfabeto da fonte Tracks

Fonte: Rahayu, 2013 (apud. FONTFABRIC, 2013)

Já para o subtítulo foi escolhida a fonte de caráter geométrico Arcon, desenhada por

Martin Zarth. Seu design foi baseado nas fontes Futura e Kabel (ZARTH, s.d.).

Como podemos ver na Figura 22, a Arcon é uma tipografia de peso uniforme e sem

serifas, o que é indicado para títulos e subtítulos (PETTERSON, 2012, p. 72).

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Figura 22: Tipografia Arcon

Fonte: Zarthwork, 2015. (apud. FONTSQUIRREL, 2015)

7.7.2 Alternativas

Na figura 23, é possível observar traços que formam um círculo são utilizados como

representação de nuvem sem ser literal. Pelo título ser “Nuvem Invisível”, a capa

utiliza poucos elementos para que o leitor não consiga entender o que é essa nuvem

(a autora se refere a depressão em diversas partes como uma nuvem) até abrir o

livro, onde essa nuvem finalmente tomará forma através de textos e fotos.

Primeiro, pensou-se na utilização de tons de marrom nos traços que circulam o

título, visto associação desta cor com aquilo que murcha ou definha (HELLER, 2016,

p. 256). Contudo os tons de marrom mostram pouco contraste com o preto, havendo

pouca visualização da ideia de nuvem que os traços circulares representam.

Figura 23: Capa de livro com tons de marrom

Fonte: autoria própria

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Para a opção final da capa, priorizou-se o contraste pela utilização do branco tanto

no uso das fontes quando no elemento gráfico circular que representa a nuvem,

garantindo seu destaque em meio ao preto, como se pode constatar na Figura 24.

Figura 24: Capa do livro “Nuvem Invisível”

Fonte: autoria própria

7.8 DIVISÕES DO LIVRO

A narrativa do livro é divida em quatro partes (outono, inverno, primavera e verão)

como foi explicado anteriormente. Para essas divisões utilizou-se os traços

circulares que representavam a nuvem na capa de forma a envolver o nome de

cada estação, que está na metade da altura da página direita e à 1,3 cm da margem

externa, procurando mostrar a relação entre a estação e o conteúdo que vai seguir

essa divisão.

Como o restante do livro foi utilizada a fonte Garamond para escrever os títulos das

divisões, contudo aqui sua utilização se dá em caixa alta e no estilo bold.

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Figura 25 - Modelo de divisão para o livro

Fonte: autoria própria

8. IMPRESSÃO

O miolo do livro conta com 56 páginas, impresso em papel offset 90 g/m². A

lombada do livro é quadrada de 3 mm e seu processo de encadernação foi por cola.

A capa foi impressa em papel couchet fosco de 170 g/m².

O livro foi pensado num formato A5, que é um dos formatos mais comuns na

impressão de livros. A decisão do papel offset foi feita com base nos custos da

impressão e na falta de brilho do papel, garantindo que reflexos não atrapalhem a

visualização do material. A escolha da gramatura de 90 g/m² foi baseada em livros

com ilustrações como “Histórias Reais” de Sophie Calle (2009) e “O Triste Fim do

Pequeno Menino Ostra e Outras Histórias” de Tim Burton (2016) que utilizaram essa

gramatura para sua impressão.

8.1 APROVEITAMENTO DE PAPEL Considerando o formato A5 (14,8 cm x 21 cm), a necessidade de sangrias de 5 mm

para cada lado da folha e a Tabela de Aproveitamento ilustrada na Figura 26, o

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recomendável é que o tamanho de folha a ser utilizado na impressão da gráfica seja

de 64 cm x 88 cm, o qual rende 14 folhas de 17,6 cm x 23,2 cm.

Figura 26 - Tabela de Aproveitamento de Papel (64 X 88)

Fonte: De Carvalho (2010)

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após extensa pesquisa, percebe-se o impacto que a depressão pode ter na vida de

quem tem essa doença, e como a sensação de isolamento e o estigma podem

impedir a busca pelo tratamento necessário.

A importância deste trabalho de conclusão de curso se encontrou em tentar validar

os sentimentos de quem tem depressão, utilizando-se de processos narrativos e

ilustrativos para criar um material gráfico que oferecesse um viés empático sobre a

doença, no qual pessoas possam se identificar e também se sentirem menos sós. O

fotolivro desenvolvido procura incentivar a busca por ajuda através de uma narrativa

que mostra tanto o lado doloroso e sombrio da depressão, quanto a possibilidade de

melhora e uma vida normal (mesmo que convivendo com a doença).

O processo de desenvolvimento deste projeto foi um aprendizado como um todo,

seja tanto na aplicação de conhecimentos obtidos em sala de aula como o

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descobrimento de novos conceitos que foram úteis para produção deste livro. Esse

trabalho foi em grande parte auxiliado pelas noções de design aprendidas nas aulas

de Teoria da Cor, Tipografia, Semiótica, Tratamento de Imagem, Produção Gráfica,

Projeto Gráfico Editorial e Fotografia, ministradas no curso de Tecnologia em Design

Gráfico da UTFPR.

Por fim, verifica-se a possibilidade da geração de conteúdos que facilitem a

identificação com a depressão como resposta ao isolamento que pessoas que

sofrem da doença sentem.

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APÊNDICE A - TEXTOS DO FOTOLIVRO “A NUVEM INVISÍVEL”

Prefácio

Este livro, resultado de um trabalho de conclusão de curso, é um reflexo das minhas

experiências pessoais com a depressão.

Tenho depressão desde os 18 anos de idade. No entanto, levou um tempo até

entender o que eu tinha. Eu não entendia que tudo que eu sentia eram sintomas de

uma doença, acreditava que havia algo errado comigo, e, na maior parte do tempo,

sentia que minha vida estava nublada, como se houvesse uma nuvem na minha

cabeça.

Foi a partir do contato pela internet com outras pessoas que tinham a doença que

eu comecei a entender o que se passava comigo. Quando entendi que estava

doente, eu passei a procurar a ajuda necessária para melhorar.

Buscar ajuda para lidar com a depressão não é um caminho fácil. Essa doença se

manifesta de uma forma muito individual para cada pessoa: os sintomas podem ser

diferentes, assim como os modos mais adequados para se tratar.

Foram diversas trocas de remédios antidepressivos e também de psicólogos. Foram

muitas as brigas que tive com pessoas queridas que não entendiam o que eu tinha.

Todo o processo de melhora da doença, para mim, consistiu em muita frustração,

muito choro, e diversas crises emocionais sobre se haveria um jeito de sair disso ou

se para sempre eu sentiria todo aquele desespero e falta de vontade de viver.

Porém, apesar de ter sido um processo cansativo e difícil, ele valeu muito a pena;

hoje enxergo propósito pela minha vida, e não sinto toda a incapacitação que a

depressão causava em mim. Foi uma longa jornada de autoconhecimento, mas hoje

sou uma pessoa funcional e feliz no que faço.

Assim como eu melhorei, eu desejo que quem sofre como eu sofri seja incentivado a

ir atrás da ajuda que precisa. Foi esse pensamento que me guiou para a construção

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deste livro: eu desejo ajudar de alguma forma as pessoas que têm depressão, assim

como eu fui ajudada.

Neste livro, eu ilustro minha depressão em quatro estações: outono, inverno,

primavera e verão. Cada qual corresponde a uma fase da doença em minha vida.

A narrativa começa com o surgimento dos primeiros sinais da depressão e passa

pelos sentimentos ruins produzidos por ela, para depois mostrar o processo de

melhora, que é o maior objetivo deste livro.

Eu consegui melhorar de uma depressão severa, mas não vou dizer que estou

curada, porque um pedaço da nuvem sempre vai estar comigo. No entanto, ela não

domina mais a minha vida.

Espero que as pessoas que sofrem de depressão consigam se identificar com meu

relato, e vejam que sim, existe a possibilidade de melhorar da doença, e é preciso ir

atrás de ajuda especializada para lidar com ela.

Outono

1. É difícil saber quando começa.

Não tem como saber em que ponto você começa a quebrar.

Mas em algum momento você começa a deixar de ser você.

2. Algo está errado.

Será?

Por que estaria?

Não tenho motivos pra sofrer.

Só que o que eu amo deixa de me interessar.

E o vazio dentro de mim só cresce.

3. Cada dia o ânimo diminui e o cansaço aumenta.

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Não importa quantas horas você dorme.

Nada é capaz de descansar uma mente inquieta.

4. Eu sou ruim?

Por que não quero existir?

Será ingratidão?

Minha cabeça pesa.

É como se tivesse uma nuvem sobre mim.

Inverno

5. Me sinto o ser mais inútil do mundo.

Não consigo fazer nada certo.

Qual é meu propósito?

Por que eu existo?

Se a vida é um dom, por que a sinto como maldição?

6. Sair da cama é uma tarefa extremamente árdua.

Não por causa do sono ou do cansaço,

mas porque no momento que você pisa fora dela,

você volta a fazer parte do mundo,

e deve agir como a pessoa funcional que você já não é.

O sono se torna a melhor escapatória.

Dormir é como pausar a vida.

7. Me sinto como uma xícara quebrada.

Por mais que se tente colar os pedaços,

quando se despeja chá tudo descola.

É como não conseguir servir ao propósito

que deveria ter.

8. Falar com alguém talvez ajude.

Mas quem?

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Tudo que ouço de retorno é:

“Você não tem motivos para estar assim”

“Muitas pessoas tem a vida pior que a sua”

“Tudo está na sua cabeça”

As pessoas acham que sofrimento pode ser medido

Se alguém sofrer mais que você,

seus sentimentos não serão válidos.

É como gritar para o nada….

9. Para de chorar.

Mas e a minha dor?

Para de chorar.

Não consigo.

Para de chorar.

Me ajuda!

Para de chorar.

Não dá….

10. Você é nada.

Você merece nada.

Não existe nada lá fora destinado a você.

11. Sua vida é sua prisão.

A existência se torna solitária.

É difícil manter um vínculo com outras pessoas.

Se nem você entende o que se passa dentro de você,

como os outros vão entender?

Sua companhia mais constante é essa nuvem

que te acompanha para todos os lados,

querendo ou não.

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Primavera

12. Depressão!

Isso tem nome

O que eu tenho é uma doença.

Depressão.

Saber o nome do demônio pode não matá-lo,

mas talvez agora tenha como enfrentar.

13. Quem sou eu?

O que é meu e o que é da doença?

Existe um eu fora da depressão?

É tão presente como uma parte minha

Se tirar ela, vai sobrar algo?

14. Não estou só, não sou a única assim.

Existem outros como eu, que lutam diariamente contra si mesmos.

E achar alguém para te dar a mão no meio da tormenta.

Torna mais fácil atravessar esse caminho de dor.

15. Existem remédios.

Mas não são pílulas mágicas da felicidade.

Existe terapia.

Mas ninguém vai te contar o segredo da vida.

Eles te guiam, te ajudam a voltar ser funcional.

E as coisas começam a ser um pouco mais leves.

E a nuvem começa a se dissipar.

Verão

16. Não é um caminho fácil sair.

Você está num labirinto.

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E vai ter que testar várias rotas até achar a que funciona melhor.

São altos e baixos.

Conquistas e decepções.

É como reaprender a andar.

17. Não sei se há cura para depressão.

De certa forma, ela sempre vai ser parte de mim.

A nuvem ainda vai estar lá, mesmo que não tão perceptível como antes.

Mas você aprende a lidar com ela.

E você volta a viver.

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APÊNDICE B - APLICAÇÃO DA DIAGRAMAÇÃO

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APÊNDICE C - CONVERSA COM MIKE ALEGADO