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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA DIRCEU JUNIOR DA SILVA QUALIDADE DO LEITE E PRODUÇÃO DE DERIVADOS RELARÓRIO DE ESTÁGIO DOIS VIZINHOS 2013

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ · Análise para a Determinação de Antibióbico no leite ... em casos de acidez do leite, ... anotava em seu relatório que era medido

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA

DIRCEU JUNIOR DA SILVA

QUALIDADE DO LEITE E PRODUÇÃO DE DERIVADOS

RELARÓRIO DE ESTÁGIO

DOIS VIZINHOS

2013

DIRCEU JUNIOR DA SILVA

QUALIDADE DO LEITE E PRODUÇÃO DE DERIVADOS

Relatório de Estágio, apresentado ao

curso de Bacharelado em Zootecnia, na

Universidade Tecnológica Federal do

Paraná, câmpus Dois Vizinhos, como

requesito parcial para a conclusão da

disciplina de Estágio Obrigatório

Orientador: Prof. Dr. Wagner Paris

DOIS VIZINHOS

2013

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2

2. DESCRIÇÃO DA EMPRESA ................................................................................... 3

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ....................................................................... 5

3.1. Coleta de Leite para Análises ..................................................................................................... 5

3.2. Recepção do Leite ...................................................................................................................... 6

3.3. Laboratório Físico-Químico ....................................................................................................... 8

3.4. Análise para a Determinação de Antibióbico no leite ................................................................ 9

3.5. Teste do Álcool ........................................................................................................................ 11

3.6. Análise de Acidez Dornic .................................................................................................... 11

3.7. Teste de Densidade ................................................................................................................... 11

3.8. Crioscopia ................................................................................................................................ 12

3.9. Teste de Redutase ..................................................................................................................... 12

3.10. Determinação do Teor de Gordura do Leite ............................................................................. 13

3.11. Fases de Fabricação do Queijo ................................................................................................. 14

3.12. Visitas aos Produtores.................................................................................................................17

4. ANÁLISE CRÍTICAS DAS FACILIDADES E DIFICULDADES

ENCONTRADAS ................................................................................................................. 18

4.1. Facilidades encontradas ............................................................................................................ 18

4.2. Dificuldades encontradas ......................................................................................................... 19

5. ÁREA DE IDENTIFICAÇÃO COM O CURSO ............................................ 19

6. CONCLUSÕES ......................................................................................................... 20

7. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 20

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APRESENTAÇÃO

• Nome do Estagiário: Dirceu Junior da Silva

• Registo Acadêmico: 948888

• Instituição de Ensino: Universidade Tecnológica Federal do Paraná

• Curso: Bacharelado em Zootecnia Período: Diurno

• Título do Relatório: Qualidade do leite e Produção de Derivados

• Local de realização do estágio: Laticínio Santiago Ltda, Laboratório e Campo,

Saudade do Iguaçu-PR.

•Inicio do Estágio: 19/11/2012 Término do Estágio: 31/01/2013

• Duração (horas) total do período: 432 Horas

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1. INTRODUÇÃO

O presente relatório traz a vivência do estágio desenvolvido no setor de

laticínios em uma empresa que trabalha com sistema de fabricação de derivados lácteos

como queijos em geral, creme de leite e creme do soro do leite. Será descrito de forma

mais clara e objetiva possível todas as atividades desempenhadas no laticínio e na coleta

de amostras nas propriedades, assim como, as competências destinadas ao estagiário,

além de relatos sobre acontecimentos ocorridos durante o período do estágio que

decorreu de 19/11/2012 a 31/01/2013.

O Brasil está passando por uma fase determinante em que há a necessidade de

se estabelecer no cenário internacional como um forte concorrente na exportação no

setor de produtos lácteos. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Agência

Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Organização

das Cooperativas Brasileiras (OCB) firmaram convênio que prevê investimento de R$

2,3 milhões e meta de exportar até o final de 2014 mais de US$ 82 milhões em leite e

derivados. Desde 2008, o País deixou de ser exportador de leite e passou à condição de

importador. A expectativa do Governo é que, em uma década, a exportação de leite,

queijos, manteiga e demais derivados chegue a R$ 1 bilhão, superando os valores de

2008 (FOLHAPE, 2013).

A região sudoeste do Paraná vem assumindo um lugar de destaque perante o

cenário nacional concretizando-se como uma das mesorregiões que mais desenvolveu

sua atividade leiteira nos últimos anos e alcançando patamares semelhantes aos das

mesorregiões mais produtoras do país, com a quarta colocação em nível nacional de

crescimento (IBGE, 2007).

Um papel importante da bovinocultura leiteira na região Sudoeste é a garantia de

sustento para os pequenos produtores, por permitir a geração de renda mesmo em

pequenas áreas. Outra vantagem é a remuneração mensal, que não é possível conseguir

com outras atividades como a cultura do milho e da soja, por exemplo (IPARDES,

2009).

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2. DESCRIÇÃO DA EMPRESA

O Laticínio Santiago localiza-se na linha Tateto, município de Saudade do

Iguaçu – PR. Fundado em 01 de Setembro de 2004, a empresa possui 26 funcionários,

aproximadamente 600 produtores vinculados à empresa dos quais produzem em

conjunto aproximadamente de 50 mil litros de leite por dia.

Possui um barracão para recebimento e produção o qual em sua entrada

apresenta um pé dilúvio, lavador de botas e de mãos, restrita à somente à entrada de

funcionários devidamente uniformizados com bota de borracha, touca e máscaras para

os funcionários que trabalham diretamente com a produção.

O barracão é devidamente separado em sala de produção, de salmoura, de

embalagem, de armazenamento, e de expedição. Anexo ao barracão um depósito de

produtos como sal, coalho, etc. e ainda, um local apropriado para limpeza dos

caminhões.

Possui um laboratório devidamente equipado para realização de todas as

análises que a inspeção federal exige uma balança para descarga do leite onde mede-se a

temperatura do leite e quantidade de litros descarregada por minuto e litros por

caminhão.

Uma construção separada do barracão é utilizada como escritório e recepção de

produtores (Figura 1), possui 4 tanques para armazenagem de leite e soro, um tanque de

100 mil litros que é apenas usado para armazenagem de soro, e outros 3 tanques de 20,

30 e 50 mil litros que é para armazenagem do leite (Figura 2). Possui tratamento de

água, realizado a noite de acordo com a legislação sem poluir o meio ambiente onde é

realizado por um equipamento apropriado e apenas é liberada a água na lagoa de

tratamento quando ela está com pH próximo de 7 e sem nenhum outro resíduo.

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Figura 1: Escritório da Empresa

Figura 2: Tanques Reservatórios de Leite

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A empresa conta com uma frota de sete caminhões sendo dois caminhões

furgão para a entrega dos queijos, além de cinco caminhões tanque dos quais quatro são

responsáveis pela coleta do leite e um caminhão fica como reserva caso ocorra algum

imprevisto com um dos outros caminhões.

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

3.1. Coleta de Leite para Análises

Uma das atividades acompanhadas durante o estágio foi a coleta do leite para

as análises laboratoriais. Para esta coleta, o estagiário acompanhava as linhas dos

freteiros. Na chegada na propriedade é realizada a amostragem do leite diretamente no

resfriador, esta amostra é acondicionada em três recipientes de plástico, os quais são

identificados na tampa com o número de cada produtor (código), o que facilita o

monitoramento dificultando as possíveis fraudes, além de facilitar o trabalho dos

funcionários do laboratório. As três amostras de leite coletadas na propriedade são

mantidas e transportadas em caixas térmicas com gelo até o laboratório de análises. No

laboratório, a amostra do produtor (200 mL) é analisada individualmente no laboratório

físico-químico da empresa em Saudade do Iguaçu – PR.

Uma das amostras é utilizada para análise da composição química e contagem

de células somáticas (CCS) e a outra amostra para análise da contagem de bactérias

totais (CBT), sendo estas duas últimas amostras (ambas de 30 mL) encaminhadas para a

Associação Paranaense de Criadores da Raça Holandesa (APCRH), situado em Curitiba

– PR, sendo estas realizadas quinzenalmente.

Antes de realizar qualquer coleta o motorista do caminhão realiza o teste de

alizarol, que é uma ferramenta de grande importância para diagnósticos a campo quanto

à qualidade do leite. Este teste tem o objetivo de avaliar a resistência térmica do leite ou

verificar se o leite encontra-se ácido, em casos de acidez do leite, o mesmo não é

carregado.

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Observou-se que no momento das coletas, o motorista homogeneizava o leite

com auxílio de um agitador, coletando em seguida aproximadamente 200 mL de

amostra, o recomendado pela empresa. As amostras de CCS continham no frasco uma

“pílula conservante” (a base de bronopol) e, aproximadamente 20 minutos após a coleta

as amostras são agitadas até que se obtenha uma coloração salmão devido à cor da

“pílula”. Nas amostras de CBT são adicionadas três gotas do conservante “AZ” (a base

de azidiol), sendo logo em seguida realizados movimentos para homogeneização do

leite com o conservante. A concha coletora fica mergulhada em álcool etílico (70%),

como forma de higienização. Estas amostras são encaminhadas ao laboratório de

Curitiba, PR, em período inferior a 48 horas, para que não ocorreram alterações.

3.2. Recepção do Leite

Outra atividade acompanhada durante o estágio foi a recepção do leite na

indústria. O caminhão do leite sempre é, identificando com o nome do freteiro e a placa

do caminhão. Em seguida o caminhão posiciona-se na área de descarregamento, onde o

funcionário do laboratório físico-químico verifica a temperatura do leite no caminhão e

aguarda a estabilização do termômetro digital fazendo posteriormente a leitura (Figura

3). Em seguida, as amostras são coletadas para os testes e análises do leite. As amostras

são identificadas com o número do tanque do caminhão.

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Figura 3: Recebimento dos Caminhões de Leite

Após a confirmação dos resultados das análises de acidez, adulteração com

água e antibióticos, realizadas no laboratório físico-químico, o caminhão tem liberação

para ser descarregado. Então era zerada a balança que media a litragem de leite de cada

caminhão, para que depois pudesse calcular a falta ou sobra de leite que o motorista

anotava em seu relatório que era medido o leite em cada propriedade e em seguida

anotado no relatório, comparando este volume com o volume que ficava registrado na

balança de descaregamento digital. O leite considerado adequado é descarregado

normalmente no depósito do laticínio, já o leite considerado “ácido” é confirmado o

nível de acidez e através deste se determina se o leite poderá ser utilizado para a

produção de algum produto como por exemplo o creme de leite. Já o leite considerado

impróprio era depositado em um biodigestor. E na saída do caminhão, era anotado o

valor que ficava resgistrado na balança digital de descaregamento, para que fosse

possível controlar a produção diária.

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3.3. Laboratório Físico-Químico

Na empresa, acompanhou-se as atividades desenvolvidas no laboratório físico-

químico, em que o uso de uniforme branco, composto de calça branca ou jeans, guarda

pó, touca descartável e botas brancas são obrigatórios para todos os funcionários do

laboratório, inclusive para visitantes, sendo o acesso na indústria controlado, para fins

de prevenção contra possíveis contaminações (Figura 4). O uso de avental, luvas e

óculos também são obrigatórios, mas usados pelos funcionários somente quando

realizam alguma análise ou teste que represente perigo de fato para os mesmos.

Figura 4: Laboratório da Empresa

A cada recebimento das amostras do leite a granel (caminhões tanques) são

realizadas análise de acidez Dornic (Item 3.6), verificação da temperatura do leite, teste

de álcool, teste de densidade, crioscopia e pesquisa de antibiótico no leite. A cada 15

dias são realizados testes de redutase, de densidade, de crioscopia e determinação do

teor de gordura do leite individual produzido em cada propriedade, através dasamostras

coletadas pelo freteiro.

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O laticínio utiliza o teste de redutase como principal teste aferidor de qualidade

microbiológica do leite, repassando ao produtor determinado valor como bonificação

extra em “qualidade do leite”.

As análises realizadas em Curitiba para obtenção dos valores de CBT, CCS,

lactose, proteína, sólidos totais e gordura são realizados apenas para monitoramento da

“qualidade do leite”. O laticínio realiza todos estes testes e análises para saber se o

produtor esta ou não realizando o manejo sanitário e de ordenha adequado do rebanho.

O controle da carga microbiana do leite está diretamente ligado ao resfriamento

imediato do leite após a ordenha, com a boa higiene durante a ordenha, com a qualidade

de água utilizada na propriedade, com a lavagem e sanitização dos equipamentos e

utensílios da ordenha e a saúde da glândula mamária dos animais.

Os técnicos de campo repassam aos proprietários noções básicas para o manejo

higiênico na produção e quais são os cuidados de manejo em geral necessários para a

manutenção da saúde do rebanho. Além disso, os produtores são conscientizados sobre

a importância de respeitarem os novos limites de tolerância da IN-62, tentando assim

garantir a qualidade da matéria-prima, bem como uma bonificação pela qualidade do

seu produto.

3.4. Análise para a Determinação de Antibióbico no leite

A empresa efetua análises de todo o leite recebido diariamente dos produtores

para verificar se existe presença de resíduos de antibióticos ou outras substâncias

proibidas por lei. O kit utilizado pela empresa é o Kit Snap, que realiza a determinação

de antibiótico pelo método enzimático (Figura 5).

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Figura 5: Teste Snap

Utiliza-se uma pequena quantidade de leite para esta análise que tem duração

média de 10 minutos e fornece o resultado de presença ou não de antibiótico no leite.

Esta análise é realizada a cada recebimento de cargas do leite (caminhões tanques) e

caso ocorra a confirmação de antibiótico a empresa realiza o rastreamento, e o produtor

que recebe a confirmação de contaminação de antibiótico no leite é penalizado, pagando

toda a carga de leite do caminhão na primeira detecção, após a segunda detecção, ocorre

a suspensão da coleta do leite na propriedade por tempo indeterminado.

O leite com antibiótico ou adulterado com substâncias nocivas a saúde humana

é despejado em um biodigestor, no qual, o mesmo é tratado por meio de processo

biológico (ação de bactérias anaeróbias e aeróbicas) com tempo de retenção de 40 a 45

dias. Já o leite adulterado com água ou farinha (não nocivos à saúde humana), é

destinado à fabricação de subprodutos de segunda linha no laticínio, como manteigas ou

cremes. Dentre todas as drogas, a classe dos antibióticos é a que possui monitoramento

mais severo juntamente com o controle de inibidores de forma geral.

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3.5. Teste do Álcool

Este teste é realizado a cada recebimento de cargas do leite (caminhões

tanques), sendo uma prova rápida que permite medir a termoestabilidade do leite ao

calor, ou seja, saber se o leite resiste ao processo de pasteurização, evitando que ocorra

coagulação nas placas do pasteurizador. Este teste é similar à prova do alizarol que é

realizada pelos freteiros, porém sem indicador de cor.

Adicionam-se partes iguais (2,5 mL) de leite e álcool na placa de Petri e

homogeneíza-se bem a mistura, observando se há formação de coágulos. Caso haja, um

novo teste é feito com álcool de menor concentração (77%>76%>75%>74%>73%),

assim teremos uma graduação do leite conforme sua termoestabilidade, sendo a

concentração do álcool de 77% para leite normal; 76% para leite longa vida, leite tipo

“C” e derivados; 75% para leite tipo “C” e derivados; 74% para leite ácido utilizado

para a fabricação de derivados; e 73% para leite não recebido.

3.6. Análise de Acidez Dornic

As provas de alizarol e do álcool representam provas rápidas de plataformas e

dão uma idéia aproximada da acidez do leite. Porém, para se conhecer a acidez com

exatidão, usa-se a análise de acidez Dornic. Essa análise é realizada em cada carga

recebida do leite (caminhões tanques). O método de Dornic é o mais generalizado para a

pesquisa rápida e exata do grau de acidez do leite. Para a realização das análises são

coletadas 250 mL de amostras do tanque e conforme o resultado da análise, o produto é

destinado para fabricação dos derivados possíveis.

3.7. Teste de Densidade

Realiza-se este teste a cada recebimento de cargas do leite (caminhões

tanques). O mesmo verifica se há presença de água ou outro produto que altere as

características do leite. A determinação deste parâmetro serve para controlar, até certos

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limites, fraudes no leite, no que se refere à desnatação prévia ou adição de água no leite.

A densidade média do leite pode variar de 1,027 a 1,034 g/cm3, diminuindo à medida

que aumenta a quantidade de gordura, o que se dá quando se eleva a proporção de

proteína, lactose e sais minerais. Utiliza-se o termolactodensímetro que apresenta

graduação de 15 a 42°C e densidade de 1,015 a 1,042 (g/cm3).

A densidade a 15ºC é sempre corrigida usando-se a Tabela de Correção de

Densidade, que prevê temperaturas de 1 a 35ºC e densidade de 1,017 a 1,038, sendo a

densidade calculada em função da temperatura. Registra-se o valor obtido em uma

planilha. O critério aceito pelo laticínio é de 1,028 a 1,034 de densidade. Caso os

resultados fiquem fora desses valores, testes de crioscopia e outras pesquisas aplicáveis

são realizadas. Constatada a presença de antibiótico ou substância nociva no leite, o

mesmo é descartado.

3.8. Crioscopia

A crioscopia é realizada a cada recebimento de carga do leite (caminhões

tanques), com o objetivo de verificar se há ou não adição de água no leite. O Ponto

Crioscópico (PC) é definido como a temperatura em que o leite passa do estado líquido

para o estado sólido. Essa temperatura de congelamento é a mais constante das

características do leite, por isso a determinação da Depressão do Ponto de

Congelamento (DPC) é considerada uma prova de precisão.

Para esta análise usa-se 2,5 mL de leite em um tubo de ensaio específico para

medição no crioscópio eletrônico, após o alarme soar, anota-se o valor na planilha. A

empresa aceita padrões entre -0,530 a -0,560ºH. Valores acimadeste padrão

especificado de-0,560ºH são considerados como leite ácido e o responsável pelo

descarregamento deve ser comunicado para armazenar o leite no silo ou balão destinado

para este e os leite com valores inferiores a -0,530 já acusava que aquele leite tinha

acima de 1,9% de água o qual era descontado do produtor, aquela porcentagem.

3.9. Teste de Redutase

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Este teste era realizado a cada 15 dias, quando são realizadas baterias de análises

com as amostras individuais de cada propriedade. Este método mede indiretamente a

população bacteriana do leite em intervalos de tempos necessários para que, depois de

iniciada a incubação, uma mistura de leite corada com tonalidade azul, característica do

corante (azul de metileno), se torne branca. Na IN-62 o requisito mínimo para redutase

em relação ao leite tipo “C” é de 90 minutos, para o leite tipo “B” integral é de 3h e

30min e para o leite tipo “A” integral é de 5h.

De 30 em 30 minutos (aproximadamente) observa-se se há descoloração (ficando

branca) e registra-se o tempo decorrido na tabela de pontuação de redutase. Quanto

maior o tempo para a descoloração, melhor é a qualidade do leite. O ideal preconizado

pela empresa é de 2h e 30min. Como já citado anteriormente, este teste é usado apenas

para fins de pontuação e pagamento do produtor. A maior parte das amostras verificadas

durante o estágio tornou-se branca após 2h e 30 minutos.

3.10. Determinação do Teor de Gordura do Leite

Esta determinação é realizada a cada 15 dias quando são realizadas diversas

análises com as amostras individuais de cada propriedade. São utilizados dois tipos de

técnicas para essa determinação. O Ekomilk® (Figura 6), equipamento eletrônico mais

usado, e a técnica de Gerber, usada quando o Ekomilk® está em manutenção. O critério

de aceitação pelo laticínio é de 3,0 a 4,0% de gordura no leite. Todos os resultados são

registrados na planilha.

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Figura 6: Aparelho Ekomilk

O método de Gerber mede o volume de gordura separada e baseia-se no

tratamento de um determinado volume de leite misturado com ácido sulfúrico e álcool

amílico em butirômetro.

O álcool amílico diminui a tensão na interfase entre a gordura e a mistura

ácido-leite, facilitando a separação de gordura. Esta diminuição na interfase facilita

enormemente a ascensão dos glóbulos de gordura menores, durante a centrifugação. Por

ser menos densa que os outros componentes, a gordura tem a tendência de ocupar a

fração superior da amostra.

3.11. Fases de Fabricação do Queijo

Além das atividades laboratoriais o estagiário também desenvolveu outras

práticas relacionadas à produção de produtos lácteos, principalmente na fabricação de

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queijo mussarela, em que além de inspecionar todas as fases de produção coletando

amostras para análise de gordura e proteína para adequar a quantidade de fermento

biológico que deveria ser colocado para a fabricação do queijo (Figura 7).

Figura 7: Processo de Fabricação do Queijo

Ainda tinha a função de controlar a fase da salmoura, através da prepararação

da salmoura, isto é, medir o volume de água e também pesar o sal para que a salmoura

fique sempre com a mesma concentração e controlar o tempo que as peças de queijo

ficariam na salmoura (Figura 8 e 9).

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Figura 8: Preparação da Salga

Figura 9: Processo da Salga (Salmoura)

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Posterior ao processo de salga através da salmoura, é então, realizado o

processo de secagem, refrigeração e posterior embalagem dos queijos (Figura 10).

Figura 10: Processo de Embalagem do Queijo

3.12. Visitas aos Produtores

Foram realizadas varias visitas técnicas aos produtores, as quais, tinham a

finalidade de orientação dos mesmos sendo abordado assuntos como: higiene na

ordenha, controle da utilização de antibióticos, cuidados na armazenagem do leite, entre

outros fatores.

Uma visita técnica específica é realizada pelos técnicos da empresa quando

ocorre de alguma carga de leite barrada no laticínio por contaminação por antibióticos,

pois em cada produtor é coletado uma amostra, sendo que desta amostra é realizado o

rastreamento para descobrir qual produtor entregou o leite contaminado com antibiótico.

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Sendo descoberto o produtor, então, é procedido uma visita técnica na qual é

realizado o teste rápido de snap no leite da propriedade, em que se o resultado apresente

positivo é dever do produtor indenizar a empresa pela carga perdida, caso desse

negativo para presença de antibióticos a empresa arcava com os custos do descarte da

carga.

4. ANÁLISE CRÍTICAS DAS FACILIDADES E DIFICULDADES

ENCONTRADAS

4.1. Facilidades encontradas

Uma das facilidades encontradas foi o comprometimento por parte da empresa

no que se refere à orientação para execução dos serviços de forma correta,

principalmente na fase inicial do estágio em que se as condições eram novas e exigiam

uma fase de adaptação e também na disponibilidade de materiais para trabalhar, pois a

empresa oferecia tudo o que era necessário para fazer um monitoramento na qualidade

do leite, assim, sendo possível fazer todas as análises além da disponibilização de

transporte sempre que fosse necessário para visitar algum produtor.

O compreendimento por parte de alguns produtores também foi satisfatório,

buscando melhorar a qualidade do seu leite principalmente com cuidados em relação

aos antibióticos que poderiam ter carência, também a questão da acidez sempre

procurando melhorar para evitar possíveis punições e assim foi de grande valia os

conhecimentos adquiridos durante a graduação para repassar aos produtores todos os

cuidados com a qualidade do seu leite, os períodos de carência de alguns medicamentos

e também na aplicação das analises.

Também foi de grande valia a disponibilização de um livro (CASTANHEIRA,

2010), o qual continha todas especificações sobre técnicas que eram utilizadas no

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laboratório com seus procedimentos passo à passo de forma clara e objetiva o que

facilitou em muito a compreensão das atividades e elaboração das mesmas.

4.2. Dificuldades encontradas

A principal dificuldade encontrada foi nos momentos em que necessitava

proceder a visita técnica a algum produtor o qual havia sido identificado com leite

contaminado por antibiótico, sendo esta uma situação bem complicada pois não tem

como prever qual será a reação do produtor, se o leite dele estiver realmente

contaminado teria mais um inconveniente que era cobrar a carga de leite contaminada.

5. ÁREA DE IDENTIFICAÇÃO COM O CURSO

O estágio em si identifica-se totalmente com o curso, pois em todas as

categorias encontradas devemos ter uma noção prévia do que se trata como na parte

laboratorial, em que é necessário ter uma familiarização com as técnicas, saber para que

serve cada reagente o que vai interferir no procedimento, para que serve cada

procedimento além de entender a importância de cada análise.

Também na coleta das amostras nas propriedades, tomando todos os cuidados

de higiene na hora da coleta sempre agitando o leite, com utensílios limpos e

desinfetados para evitar possíveis contaminações, em cada propriedade era abordado

sobre o que o produtor poderia fazer para melhorar a qualidade do seu leite, explicando

todos os cuidados desde a hora da ordenha até a armazenagem e entrega.

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6. CONCLUSÕES

O período que compreendeu ao estágio contribuiu em muito para minha

formação acadêmica, em que após este período de vivência tornou-se mais claro o que é

atuar no mercado de trabalho, principalmente trabalhar em sua área de estudo, onde toda

sua base teórica da graduação ajuda a desempenhar o trabalho com maior facilidade.

Tudo o que foi visto na empresa foi de grande valia para melhorar meu

conhecimento, que assim pude apreender melhor como funcionam todas as análises, os

procedimentos de fabricação, e suas dificuldades, e também nas visitas técnicas

conhecer a realidade de cada propriedade com seus pontos positivos e negativos, sua

estrutura e sua forma de trabalho.

7. REFERÊNCIAS

CASTANHEIRA A. C. G. Manual Básico de Controle de Qualidade de Leite e

Derivados. Edição: Cap-Lab Indústria e Comércio Ltda. 2010.

FOLHAPE.COM.BR. Leite: Exportações Maiores até 2014. Publicado em:

25/02/2013, Disponível em:http://www.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/e

diçãoimpressa/arquivos/2013/02/25_02_2013/0013.html. Acesso em: 25/03/2013.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTASTÍSTICA (IBGE). Censo

agropecuário 2007. Disponível em: <www.sidra.gov.br>. Acesso em: 10 mar.

2012.

INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL

– IPARDES. Caracterização socioeconômica da atividade leiteira no Paraná:

sumário executivo. Curitiba: IPARDES, 2009, 29p.