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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS DE CURITIBA DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA E DE MATERIAIS – PPGEM LEANDRO LOURENÇO VIEIRA DA ROCHA MODELAGEM DO REINÍCIO DO ESCOAMENTO DE UM FLUIDO DE PERFURAÇÃO TIXOTRÓPICO CURITIBA AGOSTO – 2010

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ … · Poços de petróleo – Fluidos de perfuração. 2. Poços de petróleo – Perfuração. ... deixo de pensar, mergulho em profundo

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  • UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARANPR

    UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN

    CAMPUS DE CURITIBA

    DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PS-GRADUAO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA MECNICA

    E DE MATERIAIS PPGEM

    LEANDRO LOURENO VIEIRA DA ROCHA

    MODELAGEM DO REINCIO DO ESCOAMENTO DE

    UM FLUIDO DE PERFURAO TIXOTRPICO

    CURITIBA

    AGOSTO 2010

  • LEANDRO LOURENO VIEIRA DA ROCHA

    MODELAGEM DO REINCIO DO ESCOAMENTO DE

    UM FLUIDO DE PERFURAO TIXOTRPICO

    Dissertao apresentada como requisito parcial

    obteno do ttulo de Mestre em Engenharia,

    do Programa de Ps-Graduao em

    Engenharia Mecnica e de Materiais, rea de

    Concentrao em Engenharia Trmica, do

    Departamento de Pesquisa e Ps-Graduao,

    do Campus de Curitiba, da UTFPR.

    Orientador: Prof. Cezar O. R. Negro, PhD.

    Co-orientador: Prof. Admilson T. Franco, Dr.

    CURITIBA

    AGOSTO 2010

  • Dados Internacionais de Catalogao na Publicao R672 Rocha, Leandro Loureno Vieira da

    Modelagem do reincio do escoamento de um fluido de perfurao tixotrpico / Leandro Loureno Vieira da Rocha. 2010.

    176 f. : il. ; 30 cm

    Orientador: Cezar Otaviano Ribeiro Negro Co-orientador: Admilson Teixeira Franco Dissertao (Mestrado) Universidade Tecnolgica Federal do Paran. Programa de

    Ps-graduao em Engenharia Mecnica e de Materiais, Curitiba, 2010. Bibliografia: f. 157-163

    1. Poos de petrleo Fluidos de perfurao. 2. Poos de petrleo Perfurao. 3.

    Poos de petrleo Modelos matemticos. 4. Engenharia do petrleo. 5. Engenharia mecnica Dissertaes. I. Negro, Cezar Otaviano Ribeiro, orient. II. Franco, Admilson Teixeira, co-orient. III. Universidade Tecnolgica Federal do Paran. Programa de Ps-graduao em Engenharia Mecnica e de Materiais. III. Ttulo.

    CDD (22. ed.) 620.1

    Biblioteca Central da UTFPR, Campus Curitiba

  • TERMO DE APROVAO

    LEANDRO LOURENO VIEIRA DA ROCHA

    MODELAGEM DO REINCIO DO ESCOAMENTO DE

    UM FLUIDO DE PERFURAO TIXOTRPICO

    Esta Dissertao foi julgada para a obteno do ttulo de mestre em engenharia,

    rea de concentrao em engenharia de cincias trmicas, e aprovada em sua

    forma final pelo Programa de Ps-graduao em Engenharia Mecnica e de

    Materiais.

    _________________________________

    Prof. Giuseppe Pintade, D.Sc.

    Coordenador de Curso

    Banca Examinadora

    ______________________________ ______________________________

    Cezar Otaviano Ribeiro Negro, PhD. Francisco Ricardo Cunha, PhD.

    UTFPR UnB

    ______________________________ ______________________________

    Andr Leibsohn Martins, Dr. Rigoberto Eleazar M. Morales, Dr.

    CENPES/PETROBRAS UTFPR

    Curitiba, 26 de Agosto de 2010

  • Aos meus pais, Jazomar e Lucia Helena, que priorizam a

    competncia profissional e a sabedoria de seus filhos.

    Estas duas pessoas, com muita cautela, discernimento,

    bom senso e dedicao estiveram ao meu lado, me

    encorajando nas horas difceis e me aplaudindo nos

    momentos de glria. Obrigado por serem meus pais,

    profissionais corretos e competentes, fonte de inspirao,

    de apoio e de ensino dirio.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Cezar Otaviano Ribeiro Negro, Ph.D., orientador deste trabalho, pelo

    permanente acompanhamento, pelo apoio e pela amizade. Ao Prof. Admilson Teixeira

    Franco, D.Sc., co-orientador desta dissertao, pelas sugestes e crticas sempre construtivas.

    Aos colegas de mestrado pela valiosa participao que tiveram no desenvolvimento

    deste trabalho, fornecendo informaes e sugestes. A eles, que sempre me ajudaram na

    busca de uma melhor dissertao, meus sinceros agradecimentos. Em especial ao colega

    Gabriel Merhy de Oliveira que dedicou parte do seu tempo para me ajudar quando acessava

    seu computador remotamente para executar as simulaes.

    Aos membros do Laboratrio de Cincias Trmicas, comandados pelos orientadores

    e pelos Professores Luciano Fernando dos Santos Rossi, D.Sc., Raul Henrique Erthal, M.Sc.,

    Rigoberto Eleazar Melgarejo Morales, D.Sc., e Silvio Luiz de Mello Junqueira, D.Sc.

    A todas as pessoas da UTFPR que me apoiaram, sejam eles funcionrios, professores

    ou alunos, de graduao ou de mestrado. Agradeo pela amizade, suporte e constante

    incentivo.

    Ao Programa de Recursos Humanos PRH-10 da Agncia Nacional do Petrleo e

    PETROBRAS, que disponibilizaram os recursos financeiros e tcnicos.

    Ao Grupo de Reologia da PUC-RJ, o qual me acolheu por um ms e proporcionou a

    realizao dos testes experimentais, primordiais para a realizao do projeto. Ao coordenador

    Paulo Roberto de Souza Mendes, Ph.D. e ao membro do grupo Flvio Henrique Marchesini,

    M.Sc., meus sinceros agradecimentos.

    Aos membros do Centro de Pesquisas da PETROBRAS (CENPES), o Qumico de

    Petrleo Roni Abensur Gandelman, Eng., e o Consultor Snior Andr Leibsohn Martins,

    D.Sc., que ajudaram fornecendo relevantes informaes e amostras de fluido de perfurao

    para os testes experimentais.

    banca examinadora desta dissertao, disponibilizando seu precioso tempo na

    anlise prvia deste texto e na presena na defesa do presente trabalho.

    A todos os meus familiares, agradeo por todo o apoio e encorajamento, decisivos

    principalmente para a superao dos momentos mais difceis. Em especial minha nova

  • famlia, composta pela minha querida esposa Alina e meu doce filho Daniel, os quais, mais do

    que ningum, tiveram que conviver com um mestrando por vezes ausente e cheio de

    problemas a resolver. No poderia deixar de citar meu pai e professor Jazomar Vieira da

    Rocha que me auxiliou na elaborao deste trabalho.

    Por fim, agradeo a Deus, por todos os caminhos que pelas suas sbias mos foram

    abertos neste importante perodo de minha vida, assim como pela sua constante beno e

    proteo.

    Vrios so aqueles que colaboraram de algum modo, seja de forma direta ou indireta,

    para o desenvolvimento deste trabalho e que, acima no so nominalmente citados. A todos,

    meus sinceros agradecimentos.

  • Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de

    pensar, mergulho em profundo silncio, e eis que a

    verdade se revela.

    (Albert Einstein)

  • VIEIRA DA ROCHA, Leandro Loureno, MODELAGEM DO REINCIO DO

    ESCOAMENTO DE UM FLUIDO DE PERFURAO TIXOTRPICO, 2010

    Dissertao (Mestrado em Engenharia) - Programa de Ps-graduao em

    Engenharia Mecnica e de Materiais, Universidade Tecnolgica Federal do Paran,

    Curitiba, 154p.

    RESUMO

    O fluido de perfurao utilizado pela indstria petrolfera um fluido altamente complexo e

    desenvolvido para suprir determinadas caractersticas necessrias para que se tenha o controle na

    perfurao de um poo. Dentre essas caractersticas esto carrear os cascalhos provenientes da

    perfurao de formaes rochosas e sustent-los no momento de uma parada na perfurao. Para isto,

    o fluido de perfurao projetado para gelificar gradativamente quando no h cisalhamento aplicado

    sobre ele. A esta propriedade d-se o nome de tixotropia, a qual definida como um decrscimo

    contnuo da viscosidade com o tempo quando um escoamento aplicado a uma amostra que tenha

    estado previamente em repouso e a subseqente recuperao da viscosidade no tempo quando o

    escoamento descontinuado. Quando o escoamento ento reiniciado, o gel quebrado e picos de

    presso so observados, os quais podem ser suficientes para comprometer a estabilidade do poo ou

    at fraturar a formao nas imediaes do poo. Neste trabalho realizada uma reviso bibliogrfica

    sobre o fenmeno da tixotropia e sobre os modelos utilizados para prever o comportamento destes

    tipos de materiais. A partir deste estudo bibliogrfico, encontram-se possveis modelos candidatos para

    ajustar reologia de um fluido de perfurao sinttico fabricado pela PETROBRAS e, aps escolhido

    o modelo, modela-se os testes realizados com este fluido atravs de mtodos de ajuste. Em seguida,

    proposto um modelo matemtico do escoamento plenamente desenvolvido de um material tixotrpico

    com o intuito de analisar o comportamento deste fluido em um escoamento simplificado e realizar

    uma anlise de sensibilidade do problema para os casos em que se impe uma presso constante ou

    uma vazo constante na entrada de uma seo de tubulao preenchida totalmente com o fluido

    gelificado e em repouso. Aps isso, outro modelo mais complexo proposto, o qual engloba o reincio

    do escoamento do fluido de perfurao gelificado em um tubo e do qual so obtidos resultados e estes

    so analisados. Nestes resultados esto anlises de estabilidade numrica, comparaes com o

    escoamento de fluido newtoniano e de Bingham e, por ltimo, estudos de caso adicionais so

    estudados.

    Palavras-chave: Tixotropia, Fluido de Perfurao, Modelagem Matemtica

  • VIEIRA DA ROCHA, Leandro Loureno, MODELAGEM DO REINCIO DO

    ESCOAMENTO DE UM FLUIDO DE PERFURAO TIXOTRPICO, 2010

    Dissertao (Mestrado em Engenharia) - Programa de Ps-graduao em

    Engenharia Mecnica e de Materiais, Universidade Tecnolgica Federal do Paran,

    Curitiba, 154p.

    ABSTRACT

    The drilling fluid used by the oil industry is a highly complex fluid, developed to provide

    some characteristics necessary to control the well drilling. Carrying rock fragments originated from

    the drilled formation and supporting them during an operational break are two of many functions from

    these fluids. To accomplish these features, the drilling fluid is developed to gradually gelify when it is

    not subjected to shear stress. This property is named thixotropy, which is defined as a continuous

    decrease of viscosity with time when flow is applied to a sample that has been previously at rest and

    the subsequent recovery of viscosity in time when the flow is discontinued (Mewis & Wagner, 2009).

    When the flow is restarted, the gel is broken and a high pressure peak is observed, which may

    compromise the well stability and even fracture the rock formation around the well. In this sense, in

    this work it is carried out a bibliographical review concerning the thixotropy phenomenon and the

    models used to predict the behavior of this sort of materials. Subsequently, some models are chosen as

    candidates to adjust the rheology of a sintetic drilling fluid manufactured by PETROBRAS and, after

    judging the best model for this task, the tests performed with this fluid are modeled through adjust

    methods. Then, a mathematical model for the fully developed flow of a thixotropic fluid is proposed in

    order to analyze the behavior of this kind of fluid on a simplified flow and to perform sensibility

    analysis for two different cases: a suddenly step change in pressure at pipe inlet and a suddenly step

    change in velocity at the same position. On both cases the pipe is totally filled with gelified thixotropic

    fluid at rest. Finally, another more complex model is proposed to represent the gelified fluid flow

    restart in a pipe. Using this model, an analysis of numerical stability, a comparison with the flow of a

    Newtonian fluid and a Bingham fluid and additional cases are investigated.

    Keywords: Thixotropy, Drilling Fluid, Mathematical Modeling

  • SUMRIO

    Lista de Figuras ..................................................................................................................................................... 11

    Lista de Tabelas..................................................................................................................................................... 15

    Lista de Abrevisturas e Siglas ............................................................................................................................... 16

    Lista de Smbolos .................................................................................................................................................. 17

    1 Introduo.......................................................................................................................................... 22 1.1 A Perfurao de Poos de Petrleo.................................................................................................... 22

    1.1.1 O Fluido de Perfurao...................................................................................................................... 25 1.2 Tixotropia .......................................................................................................................................... 27 1.3 Problema............................................................................................................................................ 28 1.4 Objetivos............................................................................................................................................ 28 1.5 Estrutura do Trabalho ........................................................................................................................ 29

    2 Reviso Bibliogrfica ........................................................................................................................ 30 2.1 Reologia............................................................................................................................................. 30 2.2 Tixotropia .......................................................................................................................................... 34

    2.2.1 Evoluo do Conceito........................................................................................................................ 34

    2.2.2 Quantificao da Tixotropia .............................................................................................................. 36

    2.2.3 Modelagem ........................................................................................................................................ 40 2.3 Modelagem Numrica do Escoamento de Material Tixotrpico ....................................................... 51

    3 Resultados Experimentais: Escolha e Ajuste do Modelo de Tixotropia ............................................ 54 3.1 Resultados Experimentais.................................................................................................................. 54

    3.1.1 Especificao da Amostra.................................................................................................................. 56

    3.1.2 Influncia da Temperatura ................................................................................................................. 58

    3.1.3 Influncia do Tempo de Repouso ...................................................................................................... 60

    3.1.4 Influncia da Taxa de Cisalhamento.................................................................................................. 62 3.2 Escolha do Modelo de Tixotropia...................................................................................................... 64

    3.2.1 Modelo de Toorman (1997)............................................................................................................... 65

    3.2.2 Modelo de Houska (1980) apud Mewis & Wagner (2009) ............................................................... 66

    3.2.3 Modelo de Dullaert & Mewis (2006)................................................................................................. 68 3.3 Ajuste do Modelo de Tixotropia de Dullaert & Mewis (2006).......................................................... 70

    4 Escoamento Plenamente Desenvolvido de um Material Tixotrpico ................................................ 77 4.1 Formulao do Problema................................................................................................................... 77 4.2 Discretizao ..................................................................................................................................... 80 4.3 Anlise de Sensibilidade da Malha .................................................................................................... 83

  • 4.4 Anlise de Sensibilidade para o Gradiente de Presso Imposto na Tubulao .................................. 90 4.5 Anlise de Sensibilidade para a Vazo Imposta na Entrada da Tubulao........................................ 98 4.6 Consideraes Finais ....................................................................................................................... 101

    5 Modelagem Matemtica do Escoamento do Fluido Gelificado....................................................... 102 5.1 Modelo Matemtico......................................................................................................................... 102

    5.1.1 Condies Iniciais............................................................................................................................ 106

    5.1.2 Condies de Contorno.................................................................................................................... 108 5.2 Metodologia de Soluo .................................................................................................................. 109

    5.2.1 Discretizao das Equaes Governantes ........................................................................................ 109

    5.2.2 Fluxograma da Soluo Iterativa ..................................................................................................... 115

    6 Resultados........................................................................................................................................ 117 6.1 Formato de Apresentao dos Resultados ....................................................................................... 117 6.2 Escolha da Malha Espacial .............................................................................................................. 118 6.3 Comparao com o Escoamento de Fluido Newtoniano e de Bingham .......................................... 128 6.4 Estudos de Casos Adicionais ........................................................................................................... 139 6.5 Consideraes Finais ....................................................................................................................... 147

    7 Concluses e Sugestes para Trabalhos Futuros ............................................................................. 149

    Produo Cientfica no Perodo 2008 2010 ...................................................................................................... 153 Referncias ......................................................................................................................................................... 157

    Apndice A Anlise de Sensibilidade de Malha do Modelo de Dullaert & Mewis (2006) Discretizado ......... 164 Apndice B Cdigo em Fortran do Modelo Resolvido no Captulo 4.............................................................. 166 Apndice C Cdigo em Fortran do Modelo Proposto no Captulo 5................................................................ 168 Apndice D Soluo Analtica do Modelo Simplificado da Seo 6.3 ............................................................ 174

  • 11

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1 Esquema simplificado do sistema de circulao durante a perfurao de um poo terrestre. ........... 24

    Figura 2.1 Diferentes comportamentos de materiais no-newtonianos independentes do tempo sob

    cisalhamento. ............................................................................................................................................... 32

    Figura 2.2 Exemplo de loops de um teste de histerese feito em um material tixotrpico................................... 38

    Figura 2.3 Exemplo de resposta de um fluido tixotrpico gelificado em um experimento de inicializao. ..... 39

    Figura 3.1 Esquema dos testes de inicializao realizados................................................................................. 55

    Figura 3.2 Tenso de cisalhamento e viscosidade aparente do fluido de perfurao 25C, obtidos dos testes de

    equilbrio...................................................................................................................................................... 58

    Figura 3.3 Influncia da temperatura do material nas evolues temporais (a) da tenso de cisalhamento e (b)

    da viscosidade aparente para um tempo de repouso de 600s e uma taxa final de cisalhamento de 10s1. ... 59

    Figura 3.4 Relao entre os picos de tenso (adimensionalizados em funo do valor 25C) e a temperatura

    da amostra. ................................................................................................................................................... 60

    Figura 3.5 Influncia do tempo de repouso do material nas evolues temporais (a) da tenso de cisalhamento e

    (b) da viscosidade aparente para uma temperatura de 25C e uma taxa final de cisalhamento de 10s1. ..... 61

    Figura 3.6 Picos de tenso em funo do tempo de repouso da amostra. ........................................................... 62

    Figura 3.7 Influncia da taxa de cisalhamento imposta ao material nas evolues temporais (a) da tenso de

    cisalhamento e (b) da viscosidade aparente para uma temperatura de 25C e um tempo de repouso de 600s.

    ..................................................................................................................................................................... 63

    Figura 3.8 Relao (a) entre os picos de tenso (adimensionalizados em funo do valor a 10s1) e a taxa de

    cisalhamento, (b) entre os tempos de ocorrncia dos picos e a taxa de cisalhamento.................................. 64

    Figura 3.9 Influncia do parmetro a na evoluo temporal da tenso de cisalhamento a partir do modelo de

    Toorman (1997). y, = 1 = 10Pa, B = 0,1Pa.s, c = 0,1Pa.s e b/a = 0,1s. .................................................... 66

    Figura 3.10 Influncia do parmetro a na evoluo temporal da tenso de cisalhamento a partir do modelo de

    Houska (1980) apud Mewis & Wagner (2009). y,o = 1Pa, y,1 = 1Pa, = 1Pa.sn, = 10Pa.sn, n = 0,5 e

    b/a = 0,1s. .................................................................................................................................................... 68

    Figura 3.11 Influncia dos parmetros (a) (k4 = 1) e (a) k4 ( = 1) na evoluo temporal da tenso a partir do

    modelo de Dullaert & Mewis (2006). k1 = 0,1s, k2 = 0,1s

    0,5, k3 = 1,0s 1, st,0 = 0,5Pa.s, = 0,01Pa.s,

    e = 0,001 e Go = 3GPa. .............................................................................................................................. 70

    Figura 3.12 Exemplo de ajuste do modelo com o mtodo dos mnimos quadrados. .......................................... 74

    Figura 3.13 Ajustes do modelo para os experimentos (a) a 5s1, (b) a 10s1, (c) a 15s1, (d) a 20s1, (e) a 30s1 e

    (f) a 40s1. .................................................................................................................................................... 75

    Figura 3.14 Valores do parmetro em funo da taxa de cisalhamento. ......................................................... 76

  • 12

    Figura 4.1 Tubo horizontal completamente preenchido com material tixotrpico em repouso.......................... 78

    Figura 4.2 Gradiente de presso constante em um tubo preenchido com material tixotrpico e o perfil de

    velocidade com regio no-cisalhada........................................................................................................... 79

    Figura 4.3 Domnio discretizado em N volumes finitos igualmente espaados. ................................................ 81

    Figura 4.4 Evoluo temporal da tenso de cisalhamento na parede para diferentes critrios de convergncia.85

    Figura 4.5 Evoluo temporal da velocidade mdia para diferentes critrios de convergncia. ........................ 86

    Figura 4.6 Evoluo temporal da taxa de cisalhamento na parede para diferentes malhas espaciais. ................ 87

    Figura 4.7 Evoluo temporal da velocidade mdia do escoamento para diferentes malhas espaciais. ............. 87

    Figura 4.8 Perfis de velocidade em t = 1s para diferentes malhas espaciais na direo radial........................... 88

    Figura 4.9 Evoluo temporal da taxa de cisalhamento na parede para diferentes malhas temporais................ 89

    Figura 4.10 Evoluo temporal da velocidade mdia do escoamento na parede para diferentes malhas

    temporais...................................................................................................................................................... 89

    Figura 4.11 Evoluo temporal da taxa de cisalhamento na parede para diferentes tenses de cisalhamento

    impostas na parede do tubo.......................................................................................................................... 91

    Figura 4.12 Evoluo temporal da velocidade mdia para diferentes tenses de cisalhamento impostas na

    parede do tubo.............................................................................................................................................. 91

    Figura 4.13 Perfil de velocidade adimensional no regime permanente para diferentes tenses de cisalhamento

    impostas na parede do tubo.......................................................................................................................... 92

    Figura 4.14 Evoluo temporal do parmetro estrutural na parede para diferentes tenses de cisalhamento

    impostas na parede do tubo.......................................................................................................................... 93

    Figura 4.15 Evoluo temporal do parmetro estrutural na parede para diferentes valores de k1 e k2 = 0,16083:

    (a) valor absoluto; (b) valor adimensionalizado [Eq. (4.26)]. ...................................................................... 95

    Figura 4.16 Evoluo temporal do parmetro estrutural na parede para diferentes valores de k2 e k1 = 0,08279:

    (a) valor absoluto; (b) valor adimensionalizado [Eq. (4.26)]. ...................................................................... 95

    Figura 4.17 Evoluo temporal da velocidade mdia do escoamento para diferentes valores de k1 e k2 =

    0,16083. ....................................................................................................................................................... 96

    Figura 4.18 Evoluo temporal da taxa de cisalhamento na parede para diferentes valores de k1 e k2 = 0,16083.

    ..................................................................................................................................................................... 97

    Figura 4.19 Evoluo temporal da velocidade mdia do escoamento para diferentes valores de k2 e k1 =

    0,08279. ....................................................................................................................................................... 97

    Figura 4.20 Evoluo temporal da taxa de cisalhamento na parede para diferentes valores de k2 e k1 = 0,08279.

    ..................................................................................................................................................................... 98

    Figura 4.21 Perfis de velocidade no incio do escoamento (linha tracejada) e no regime permanente (linha

    cheia): (a) Qo = 0,001m3/s, (b) Qo = 0,005m

    3/s, (c) Qo = 0,01m3/s, (d) Qo = 0,05m

    3/s. ........................... 100

    Figura 4.22 Evoluo temporal da tenso adimensionalizada na parede em relao ao seu valor de regime

    permanente para as diversas vazes impostas na entrada do tubo. ............................................................ 101

  • 13

    Figura 5.1 Representao simplificada do fluxo de massa em um tubo inclinado a um ngulo em relao

    horizontal e completamente preenchido com fluido de perfurao............................................................ 103

    Figura 5.2 Representao simplificada do balano de foras na direo z de um tubo disposto a um ngulo

    em relao horizontal e completamente preenchido com fluido de perfurao. ..................................... 104

    Figura 5.3 Funo passo-unitrio. .................................................................................................................... 109

    Figura 5.4 Discretizao do domnio: malhas de massa especficas e presso deslocadas em relao malha de

    velocidade. ................................................................................................................................................. 110

    Figura 5.5 Fluxograma simplificado do algoritmo. .......................................................................................... 116

    Figura 6.1 Evoluo temporal da velocidade de entrada da tubulao para diferentes valores de CFL. .......... 121

    Figura 6.2 Evoluo temporal da velocidade no meio do tubo (z* = 0,5) para diferentes valores de CFL. ...... 122

    Figura 6.3 Evoluo temporal da velocidade na sada da tubulao para diferentes valores de CFL............... 122

    Figura 6.4 Evoluo temporal da presso em z* = 0,1 para diferentes valores de CFL. ................................... 123

    Figura 6.5 Evoluo temporal da presso em z* = 0,5 para diferentes valores de CFL. ................................... 124

    Figura 6.6 Evoluo temporal da presso em z* = 0,9 para diferentes valores de CFL. ................................... 124

    Figura 6.7 Evoluo temporal do parmetro estrutural em z* = 0,1 para diferentes valores de CFL................ 125

    Figura 6.8 Evoluo temporal do parmetro estrutural em z* = 0,5 para diferentes valores de CFL................ 126

    Figura 6.9 Evoluo temporal do parmetro estrutural em z* = 0,9 para diferentes valores de CFL................ 126

    Figura 6.10 Tempo computacional requerido para cada valor de CFL............................................................. 127

    Figura 6.11 Evoluo temporal da velocidade na entrada do tubo para os trs fluidos em anlise (Caso 1).... 129

    Figura 6.12 Evoluo temporal da velocidade no meio da tubulao para os trs fluidos em anlise (Caso 1).

    ................................................................................................................................................................... 130

    Figura 6.13 Evoluo temporal da velocidade na sada do tubo para os trs fluidos em anlise (Caso 1). ...... 131

    Figura 6.14 Evoluo temporal da presso em z* = 0,1 para os trs fluidos em anlise (Caso 1). ................... 132

    Figura 6.15 Evoluo temporal da presso em z* = 0,5 para os trs fluidos em anlise (Caso 1). ................... 132

    Figura 6.16 Evoluo temporal da presso em z* = 0,9 para os trs fluidos em anlise (Caso 1). ................... 133

    Figura 6.17 Evoluo temporal do parmetro estrutural do fluido tixotrpico em trs posies diferentes no

    tubo (Caso 1).............................................................................................................................................. 134

    Figura 6.18 Evoluo temporal da velocidade na entrada do tubo (Caso 2)..................................................... 135

    Figura 6.19 Evoluo temporal da velocidade no meio do tubo para os trs fluidos em anlise (Caso 2). ...... 136

    Figura 6.20 Evoluo temporal da velocidade no final do tubo para os trs fluidos em anlise (Caso 2)........ 136

    Figura 6.21 Evoluo temporal da presso em z* = 0,1 para os trs fluidos em anlise (Caso 2). ................... 137

    Figura 6.22 Evoluo temporal da presso em z* = 0,5 para os trs fluidos em anlise (Caso 2). ................... 138

    Figura 6.23 Evoluo temporal da presso em z* = 0,9 para os trs fluidos em anlise (Caso 2). ................... 138

    Figura 6.24 Evoluo temporal do parmetro estrutural do fluido tixotrpico em trs posies diferentes no

    tubo (Caso 2).............................................................................................................................................. 139

    Figura 6.25 Evoluo temporal da velocidade adimensional na entrada da tubulao para todos os casos

    analisados................................................................................................................................................... 141

  • 14

    Figura 6.26 Evoluo temporal da velocidade adimensional no meio da tubulao para todos os casos

    analisados................................................................................................................................................... 142

    Figura 6.27 Evoluo temporal da velocidade adimensional na sada da tubulao para todos os casos

    analisados................................................................................................................................................... 142

    Figura 6.28 Evoluo temporal da presso adimensional em z* = 0,1 para todos os casos analisados. ........... 144

    Figura 6.29 Evoluo temporal da presso adimensional em z* = 0,5 para todos os casos analisados ............ 144

    Figura 6.30 Evoluo temporal da presso adimensional em z* = 0,9 para todos os casos analisados ............ 145

    Figura 6.31 Evoluo temporal do parmetro estrutural em z* = 0,1 para todos os casos analisados. ............. 146

    Figura 6.32 Evoluo temporal do parmetro estrutural em z* = 0,5 para todos os casos analisados. ............. 146

    Figura 6.33 Evoluo temporal do parmetro estrutural em z* = 0,9 para todos os casos analisados. ............. 147

    Figura A1 Tipo de teste utilizado nas simulaes ............................................................................................ 143

    Figura A2 Evoluo temporal da tenso de cisalhamento para as diversas simulaes realizadas a

    diferentes malhas temporais....................................................................................................................... 143

  • 15

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1 Evoluo cronolgica do conceito de tixotropia............................................................................... 36

    Tabela 3.1 Classes de testes de inicializao realizados com o fluido de perfurao......................................... 56

    Tabela 3.2 Formulao do fluido de perfurao analisado ................................................................................. 57

    Tabela 3.3 Valores das constantes e coeficiente de correlao da Eq. (3.2)....................................................... 62

    Tabela 3.4 Parmetros ajustados a partir dos valores de tenso finais ............................................................... 71

    Tabela 3.5 Divergncias entre os valores medidos e calculados dos picos de tenso e de equilbrio para cada

    taxa de cisalhamento analisada .................................................................................................................... 76

    Tabela 4.1 Dados utilizados na soluo do problema de escoamento plenamente desenvolvido de um material

    tixotrpico.................................................................................................................................................... 84

    Tabela 4.2 Anlise de sensibilidade em relao ao gradiente de presso para os dados da Tabela 4.1 .............. 90

    Tabela 4.3 Anlise de sensibilidade em relao aos parmetros k1 e k2 ............................................................. 94

    Tabela 4.4 Anlise de Sensibilidade em relao vazo volumtrica imposta na entrada do tubo (Qo)............ 99

    Tabela 6.1 Parmetros fixos na anlise de sensibilidade do critrio de estabilidade CFL e da malha espacial 120

    Tabela 6.2 Parmetros utilizados para a comparao entre os escoamentos de um fluido tixotrpico, um fluido

    de Bingham e um fluido Newtoniano 1o Caso ........................................................................................ 128

    Tabela 6.3 Parmetros utilizados para a comparao entre os escoamentos de um fluido tixotrpico, um fluido

    de Bingham e um fluido Newtoniano 2o Caso ........................................................................................ 134

    Tabela 6.4 Parmetros utilizados para a anlise de sensibilidade do problema................................................ 140

    Tabela 6.5 Valores notveis de todos os casos analisados................................................................................ 143

    Tabela 6.6 Primeiros picos de presso em diferentes pontos da tubulao* ..................................................... 143

    Tabela 6.7 Comparao entre os parmetros estruturais no regime permanente para os casos i e ii ................ 147

    Tabela A1 Parmetros utilizados na anlise de sensibilidade de malha ........................................................... 142

  • 16

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    CENPES Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Amrico Miguez de Mello

    FNG Fluido Newtoniano Generalizado

    HB Herschel-Bulkley

    LACIT Laboratrio de Cincias Trmicas

    NR Newton-Raphson

    NaCl Cloreto de Sdio

    PETROBRAS Petrleo Brasileiro S.A.

    PUC-RJ Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro

    RP Regime Permanente

    UFCG Universidade Federal de Campina Grande

    UTFPR Universidade Tecnolgica Federal do Paran

  • 17

    LISTA DE SMBOLOS

    Smbolos Romanos

    a , b , c , d Expoentes da Eq. (2.14) [adim]

    lA rea de seo lateral do tubo [m]

    sA rea de seo transversal do tubo [m]

    e , f , g , h Expoentes da Eq. (2.19) [adim]

    c Velocidade de propagao da onda de presso [m/s]

    1C , 2C Constantes dos termos da Eq. (2.14) [adim]

    3C , 4C Constantes dos termos da Eq. (2.19) [adim]

    D Dimetro do tubo [m]

    G Mdulo de elasticidade [Pa]

    'G Parte elstica do mdulo de armazenamento [Pa]

    K ndice de consistncia do material [Pa.sn]

    L Comprimento da tubulao [m]

    m Massa [kg]

    M Nmero de dados experimentais coletados por teste [N/A]

    n ndice comportamental do material [adim]

    N Nmero de volumes de controle [N/A]

    P Presso [Pa]

    hidP Presso hidrosttica [Pa]

    oP Presso atmosfrica [Pa]

    Q Vazo volumtrica [m3/s]

    r Posio radial [m]

    pr Raio do plug no-cisalhvel [m]

    t Tempo [s]

    ost tempo de ocorrncia do pico de tenso em um teste de inicializao [s]

    Rt Tempo de repouso [s]

    R Resduo absoluto das equaes de conservao da massa [kg/m]

    *R Resduo relativo das equaes de conservao da massa [adim]

    S Funo-Soma do Mtodo dos Mnimos Quadrados [Pa]

  • 18

    T Temperatura [C]

    ( )us t Funo passo-unitrio [adim]

    V Velocidade [m/s]

    z Posio axial [m]

    Smbolos Gregos

    Compressibilidade [Pa-1]

    , ei i i

    Coeficientes da Eq. (5.30) [adim]

    , eI I I

    Coeficientes da Eq. (5.34) [adim]

    e Deformao elstica [adim]

    c Deformao crtica [adim]

    Taxa de cisalhamento [s-1]

    o Taxa de cisalhamento final e constante em um teste de inicializao [s-1]

    P L Gradiente constante de presso [Pa/m]

    t Incremento de tempo [s]

    r Incremento de espao na direo radial [m]

    z Incremento de espao na direo axial [m]

    c Critrio de convergncia [adim]

    ngulo de disposio do tubo em relao horizontal [o]

    Viscosidade [Pa.s]

    Parmetro estrutural [adim]

    RP Parmetro estrutural de equilbrio [adim]

    w Parmetro estrutural na parede do tubo [adim]

    ,0w Parmetro estrutural inicial na parede do tubo [adim]

    ,w RP Parmetro estrutural de regime permanente na parede do tubo [adim]

    B Viscosidade de Bingham [Pa.s]

    Nmero de pontos estruturais [N/A]

    o Nmero de pontos estruturais na estrutura virgem ou gelificada [N/A]

    Massa especfica [kg/m]

    o Massa especfica presso atmosfrica [kg/m]

    Tenso de cisalhamento [Pa]

    w Tenso de cisalhamento na parede do tubo [Pa]

  • 19

    y Tenso limite de escoamento [Pa]

    ,y el Tenso limite de escoamento dependente da deformao elstica [Pa]

    ,y RP Tenso limite de escoamento no equilbrio [Pa]

    Tenso de cisalhamento adimensionalizada em relao ao seu valor em regime permanente

    [Pa]

    os Pico de tenso ou tenso overshoot em um teste de inicializao [Pa]

    RP Tenso de equilbrio ou de regime permanente em um teste de inicializao [Pa]

    zF Resultante das foras atuantes em um volume de controle [N]

    Varivel qualquer [N/A]

    Smbolos Especficos dos Modelos Revisados:

    H Constante da Lei de Hooke

    ''k , c

    f , z Constantes arbitrrias Goodeve (1939)

    a , b Parmetros ajustados experimentalmente Moore (1959)

    ,y r Tenso limite de escoamento em repouso

    ,y s Tenso limite de escoamento dinmica

    Slibar & Paslay (1959)

    Constante obtida experimentalmente Worrall & Tuliani

    (1964)

    o Viscosidade a uma taxa de cisalhamento nula

    Viscosidade a uma taxa de cisalhamento infinita

    Parmetro de ajuste experimental

    Cross (1965)

    ,y o Tenso de escoamento independente da tixotropia

    ,1y Tenso de escoamento dependente da tixotropia

    K Consistncia do material dependente da tixotropia

    Houska (1980)

    apud Mewis &

    Wagner (2009)

    C Constante arbitrria

    0t = Viscosidade aparente inicial

    De Kee et al.

    (1983)

    , , Parmetros de ajuste do modelo

    ,y o Tenso limite de escoamento esttica inicial

    Suetsugu & White (1984)

    p Pontos estruturais inicial

    c Pontos estruturais mximos sem que haja escoamento

    1 2eC C Constantes arbitrrias

    yb Parmetro obtido por ajuste do experimento

    De Kee & Chan Man Fong (1994)

  • 20

    Viscosidade do material extrapolada para taxa de cisalhamento infinita

    a , b Parmetros obtidos numericamente

    Baravian & Quemada (1996)

    ( )f , j ,

    j ,

    EG

    Parmetros do modelo Phan-Thien et al.

    (1997)

    , 1y = Tenso limite de escoamento para 1 =

    a , b , c Parmetros obtidos numericamente Toorman (1997)

    constante relativa reologia do material gelificado

    est tenso limite esttica

    din tenso limite esttica dinmica

    Chang et al. (1999)

    ,0st Viscosidade hidrodinmica inicial

    oG Mdulo de elasticidade inicial

    Viscosidade a uma taxa de cisalhamento infinita

    c Deformao elstica crtica

    1k , 2k , 3k ,

    4k , Outros parmetros do modelo

    Dullaert & Mewis (2006)

    s d , a , b ,

    c , m , c

    t Parmetros do modelo Mendes (2009)

    Subscritos:

    1 e 2 ndices relativos ao intervalo de busca do Mtodo de Fibonacci

    b Bomba

    din Dinmico

    el Elstico

    ent Entrada da tubulao

    est Esttico

    exp Experimento

    i Denota a posio das fronteiras do volume de controle

    I Denota a posio do volume de controle

    j Denota o dado experimental

    max Mximo

    me Meio

  • 21

    mod Modelo

    o Grandeza em um estado de referncia

    os Pico (do ingls overshoot)

    p Plug

    RP Regime permanente ou equilbrio

    sai Sada da tubulao

    w Parede (do ingls wall)

    z Relativo direo axial

    Sobrescritos:

    ' Valor de uma propriedade na iterao anterior * Propriedade na forma adimensionalizada

    o Instante de tempo anterior

  • Captulo 1 Introduo 22

    1 INTRODUO

    A demanda contnua e crescente de energia de baixo custo e a disponibilidade ainda

    maior de recursos de hidrocarbonetos com a descoberta do pr-sal no litoral brasileiro mantm

    o petrleo como uma importante fonte no-renovvel de energia para as prximas dcadas do

    sculo XXI.

    Para atender o suprimento dessa fonte energtica para a sociedade, as empresas se

    dedicam explorao (descoberta de novos reservatrios) e explotao (produo do

    reservatrio descoberto da forma mais rpida e econmica possvel). O ambiente de guas

    profundas uma tendncia que se manifesta no somente no Brasil, mas em diversas zonas

    produtoras, principalmente nas regies fora do Golfo Prsico e, para produzir hidrocarbonetos

    dessas e das demais regies produtoras, a inovao tecnolgica de suma importncia na

    reduo das incertezas tanto na fase de explorao como na fase de produo de petrleo.

    Neste trabalho, ser dedicada ateno perfurao de poos de petrleo e, mais

    especificadamente, ao papel do fluido de perfurao nesta operao. A seguir so mostrados

    sucintamente como se desenvolve o processo de perfurao de poos de petrleo, a

    importncia do fluido de perfurao e de suas funes durante a perfurao.

    1.1 A Perfurao de Poos de Petrleo

    Sonda de perfurao a denominao da locao onde se localizam um conjunto de

    sistemas utilizados para a perfurao de poos de petrleo. Sabe-se que o petrleo acumula-se

    em bacias sedimentares que so localizadas em terra (onshore) ou no fundo do oceano

    (offshore). O papel da sonda basicamente construir um poo capaz de comunicar o petrleo

    acumulado nestas bacias com a superfcie.

    Quando as rochas da formao so perfuradas pela ao da rotao e peso aplicados

    a uma broca disposta na extremidade da coluna de perfurao, a sonda denominada sonda

    rotativa. O outro tipo de sonda a chamada sonda de percusso, com a qual se perfura um

    poo pela ao de golpes sucessivos da ferramenta percussora e a qual s foi utilizada no

    incio da perfurao de poos de petrleo (Thomas, 2001). Os sistemas existentes na sonda de

    perfurao so subdivididos em sistemas de superfcie e de subsuperfcie. Este ltimo a

  • Captulo 1 Introduo 23

    prpria coluna de perfurao, a qual composta, basicamente de comandos (elementos

    tubulares espiralados ou lisos que fornecem peso sobre a broca e promovem rigidez coluna)

    e de tubos de perfurao (tubos de ao de paredes finas tratados internamente com resinas

    contra desgaste e corroso).

    Podem ser citados como sistemas de superfcie o sistema de elevao de cargas, o

    sistema de rotao e o sistema de circulao. No sistema de circulao, o fluido de perfurao

    tem a funo bsica de transportar para a superfcie os cascalhos gerados pela perfurao. Este

    sistema composto por bombas, tanques, pelo prprio poo e pelos equipamentos de

    tratamento. As bombas so responsveis pelo fornecimento de energia ao fluido para sua

    circulao; os tanques armazenam o fluido na superfcie; o poo onde est inserida a coluna

    de perfurao; e o sistema de tratamento engloba uma peneira vibratria, desareiadores,

    dessiltadores* e centrfugas (Machado, 2002).

    A Figura 1.1 ilustra o sistema de circulao na perfurao terrestre (onshore). Este

    tipo de perfurao foi a primeira a ser desenvolvida, menos custosa e necessita de

    engenharia menos complexa em relao perfurao martima (tambm denominada

    submarina ou offshore).

    O sistema de circulao pode ser esquematizado da seguinte maneira: o fluido de

    perfurao que se encontra no tanque (denotado pela letra B na Figura 1.1) impulsionado

    pela bomba (A) para dentro do poo atravs da tubulao (C). O fluido ento conduzido

    para a coluna de perfurao (D) com uma broca (E) em sua extremidade. O fluido circula

    primeiramente pelo interior da coluna, passando pela broca e retornando pela regio anular

    entre a coluna e o poo (F). Os cascalhos originados na perfurao so ento transportados

    pelo fluido, atravs da regio anular, at a linha de retorno (G). Os cascalhos so na seqncia

    separados do fluido nos equipamentos de tratamento (H), e, em seguida, armazenados para

    descarte (I). O fluido tratado (com baixa concentrao de slidos) retorna ao tanque e o ciclo

    recomea com a suco do fluido pela bomba.

    A perfurao do poo ocorre em diversas fases, caracterizadas por diferentes

    dimetros perfurados. Aps a concluso de cada fase, esta revestida e cimentada. O

    revestimento uma srie de tubos de ao de alta resistncia que permanecem no poo durante

    toda sua vida til. A posterior cimentao feita com as funes de isolar as formaes j

  • Captulo 1 Introduo 24

    perfuradas do fluido de perfurao utilizado para a perfurao da prxima fase e de garantir a

    estabilidade mecnica do poo.

    A

    C

    DGH

    I

    Figura 1.1 Esquema simplificado do sistema de circulao durante a perfurao de

    um poo terrestre.

    Geralmente, cada nova fase possui um dimetro inferior fase anterior. A seqncia

    de dimetros de revestimento dependente das dimenses padronizadas disponveis no

    mercado. Os dimetros nominais de revestimento mais comumente utilizados na indstria so

    30" , 20" , 3813 " , 589 " e 7" . Um dos motivos de se utilizar diferentes fases e revesti-las

    garantir que a presso exercida pelo fluido de perfurao esteja entre a presso de poros e a

    presso de fratura da formao. Permanecer acima da presso de poros (presso que se

    encontra o fluido no interior dos poros da formao que se est perfurando) garantir que no

    haver influxo indesejado no poo durante a perfurao. A presso de fratura, por sua vez, a

    presso acima da qual a formao pode falhar por trao e deve-se garantir que o fluido no

    * Desareiadores e Dessiltadores so equipamentos que retiram as partes slidas, denominadas de finos, do fluido de perfurao que sai do poo. A diferena entre a areia e o silte o tamanho da partcula slida que cada um caracteriza, sendo que o ltimo corresponde a partculas menores que o primeiro.

  • Captulo 1 Introduo 25

    frature a formao para que a estabilidade do poo seja mantida. A partir da estimativa dos

    valores de presso de poros e de fratura, projeta-se o fluido de perfurao de tal forma que sua

    presso transmitida fique, portanto, entre estes valores em todas as profundidades de poo

    aberto, ou seja, parte do poo no revestida.

    Usualmente, na indstria do petrleo, identifica-se um valor de presso em uma

    determinada profundidade pela massa especfica de um fluido hipottico, como esta

    profundidade fosse a altura de uma coluna deste fluido. Por exemplo, uma presso de 10 MPa

    a uma profundidade de 1000m corresponde presso hidrosttica de um fluido de massa

    especfica 1000kg/m (admitindo a acelerao gravitacional de 10m/s). Desta forma, fica

    mais simples identificar qual deve ser a massa especfica do fluido de perfurao que fornea

    uma presso entre a presso de poros e a presso de fratura da formao, garantindo que no

    haver influxo de fluidos da formao rochosa permevel para o poo nem a fratura da

    formao perfurada. Esta notao, entretanto, no ser abordada neste trabalho, pois no ser

    feita nenhuma anlise de fratura nem de influxo de fluidos, sendo a informao relevante para

    trabalhos futuros.

    1.1.1 O Fluido de Perfurao

    Fluido de perfurao uma mistura de base lquida (gua, leo ou sinttica) ou

    gasosa utilizada para auxiliar a produo e a remoo de cascalhos gerados durante a

    perfurao de poos. Eles so especificados de forma a garantir principalmente uma

    perfurao segura. Lista-se a seguir as suas funes (Caenn & Chillingar, 1996):

    limpar os cascalhos presentes na base da broca e conduzi-los at a superfcie: os

    cascalhos so transportados por meio do fluido em circulao e este transporte

    depende da vazo e da viscosidade do fluido de perfurao;

    exercer presso hidrosttica sobre a formao maior que sua presso de poros: evitar

    o influxo de fluidos indesejveis (fenmeno denominado kick ou blowout quando o

    fluxo descontrolado) e estabilizar as paredes do poo;

    manter o poo aberto at que o revestimento possa ser descido e cimentado;

    formar um filme de baixa permeabilidade de fina espessura nas paredes do poo: este

    filme, denominado de reboco, previne o influxo do prprio fluido de perfurao na

  • Captulo 1 Introduo 26

    formao e impede o fenmeno indesejado do inchamento de argilas hidratveis da

    formao;

    resfriar e lubrificar a coluna de perfurao e a broca;

    reduzir o atrito entre a coluna de perfurao e o poo aberto ou revestido.

    Essas funes fazem com que os fluidos de perfurao sejam indispensveis

    indstria de petrleo, sendo um elemento muito importante na operao de perfurao (Darley

    & Gray, 1988). Alm disso, o fluido de perfurao no deve: reagir nocivamente formao

    perfurada; causar corroso do equipamento de perfurao e das tubulaes de sub-superfcie;

    e nem proporcionar danos ao meio ambiente e aos seres humanos. Para tal, os fluidos de

    perfurao so projetados como complexas disperses de slidos, lquidos e gases,

    usualmente constitudas de duas fases: uma dispersante (aquosa, orgnica ou sinttica) e outra

    dispersa, cuja complexidade depende da natureza dos produtos dispersos e das funes acima

    citadas.

    O fluido de perfurao projetado ainda para formar gel quando no submetido tenso

    de cisalhamento, ou seja, quando sua circulao interrompida por um motivo qualquer. Este

    motivo pode ser tanto a retirada da coluna do poo como a manuteno de qualquer

    equipamento do sistema de circulao. O objetivo dessa gelificao prevenir que os

    cascalhos precipitem durante esses perodos de parada de circulao do fluido, obstruindo a

    broca e podendo levar o sistema a um colapso. Devido aos efeitos tixotrpicos de muitos gis,

    a sua viscosidade se mantm elevada mesmo depois que a circulao se reinicia, sendo

    necessrias presses de partida muito elevadas (o conceito de tixotropia abordado na seo a

    seguir e no Captulo 2). Por isso, considera-se importante o conhecimento das presses

    geradas no gel, no reincio da circulao, para evitar fraturas nas paredes do poo.

    Outras caractersticas interessantes do fluido de perfurao so sua baixa viscosidade

    em altas vazes, o que reduz ao mximo as perdas de carga, e sua alta viscosidade em baixas

    vazes, para no prejudicar a capacidade de carregar os cascalhos nestas condies. Alm

    disso, o fluido classificado como tixotrpico. Este fenmeno ainda no plenamente

    compreendido pela comunidade cientfica, devido a sua alta complexidade. Deste modo,

    ateno especial ser dada ao assunto: a seguir o fenmeno definido na seo 1.2 e uma

    extensa reviso bibliogrfica ser realizada no Captulo 2.

  • Captulo 1 Introduo 27

    1.2 Tixotropia

    Mesmo a tixotropia sendo um dos fenmenos mais antigos dentro da cincia de

    colides*, a rea de pesquisas continua sendo atrativa, j que um problema desafiador no

    completamente compreendido pela comunidade cientfica. Devido a isso, diversos autores

    estudam o fenmeno e alguns at o definem de maneira errnea.

    O termo tixotropia foi introduzido por Freundlich (1923) apud Barnes (1997). O

    nome deriva da combinao das palavras gregas (thixis: agitao) e (trepo: desvio

    ou mudana) e originalmente se referia transio sol-gel induzida mecanicamente. Baseado

    em seu estudo sobre tintas, Pryce-Jones (1941) props, por sua vez, que tixotropia um

    aumento na viscosidade do material em repouso e uma diminuio da viscosidade do material

    submetido a uma tenso de cisalhamento constante. Esta definio especifica a viscosidade

    como parmetro caracterstico, mas, como na definio anterior, a dependncia temporal do

    fenmeno no mencionada.

    Em algumas literaturas tcnicas, equvocos so observados ao se definir tixotropia, a

    qual acaba sendo confundida com o fenmeno do shear-thinning. Um modelo reolgico geral

    que descreva completamente as diferentes caractersticas da tixotropia ainda no foi

    desenvolvido.

    Mewis & Wagner (2009) tiveram a preocupao em apresentar uma definio geral

    de tixotropia, a qual se baseia no decrscimo da viscosidade com o tempo, induzida pelo

    escoamento, e em sua reversibilidade. Tixotropia, segundo esta ltima reviso, um

    decrscimo contnuo da viscosidade com o tempo quando uma amostra que tenha estado

    previamente em repouso submetida ao escoamento e a subseqente recuperao da

    viscosidade no tempo quando o escoamento descontinuado. Deve-se salientar que esta

    definio no menciona a viscoelasticidade do material, podendo o material tixotrpico ser ou

    no viscoelstico. De fato, h materiais tixotrpicos que podem ser modelados como

    puramente dissipativos e h aqueles cujo modelo deve conter o termo elstico. Por isso, a

    ocultao da viscoelasticidade na definio.

    * Colides (ou tambm chamados de sistemas coloidais ou de disperses coloidais) so sistemas nos quais um ou mais componentes apresentam pelo menos uma de suas dimenses dentro do intervalo de 1 nm a 1 m. Os colides so classificados de acordo com a fase contnua e a fase dispersa: um aerosol consiste em um slido ou um lquido dissolvido em um gs; uma espuma consiste em um gs disperso em slido ou lquido; uma emulso so colides formados por lquido disperso em outro lquido ou slido; sol um tipo de colide formado pela disperso de um slido em um lquido; gel um material em que o meio disperso apresenta-se no estado lquido e a fase contnua, no estado slido. Fase na qual a estrutura se encontra completamente quebrada, ou seja, o oposto fase gel.

  • Captulo 1 Introduo 28

    1.3 Problema

    Mencionou-se anteriormente que os fluidos de perfurao so projetados para

    possurem a caracterstica tixotrpica, j que devem gelificar quando h uma parada em seu

    escoamento ou circulao. Isto porque os cascalhos provenientes da perfurao devem ser

    impedidos de precipitar durante tais paradas, o que levaria a uma obstruo da broca e o

    sistema a um colapso.

    Porm, quando o escoamento reiniciado, sua viscosidade decresce, induzida pelo

    escoamento, devido quebra de sua microestrutura ou de seu gel. Isto faz com que o atrito

    entre as camadas de fluido seja diminudo e uma menor potncia seja requerida pela bomba

    que movimenta a mistura do fluido de perfurao e com os cascalhos por ele suspensos.

    Como j salientado, a viscosidade dos fluidos de perfurao leva certo tempo para diminuir,

    sendo necessrias presses iniciais muito elevadas. Por isso, considera-se importante o

    conhecimento das presses geradas no gel, no reincio da circulao, para evitar fraturas nas

    paredes do poo.

    1.4 Objetivos

    O objetivo principal deste trabalho o desenvolvimento de um modelo matemtico

    para o estudo do reincio do escoamento de fluidos gelificados, considerando suas

    caractersticas tixotrpicas. Ateno maior dada previso dos picos de presso gerados

    durante a reinicializao. No modelo, o material escoa em um tubo de seo uniforme e de

    comprimento determinados e o escoamento considerado unidimensional, compressvel e

    transiente.

    Como objetivos especficos podem ser citados o entendimento do fenmeno da

    tixotropia a partir de extensa reviso bibliogrfica sobre o tema e o ajuste do comportamento

    do fluido de perfurao a um modelo de tixotropia existente na literatura.

    So utilizadas as equaes de conservao da massa e da quantidade de movimento

    na direo axial da tubulao, uma equao de estado para a massa especfica do material e

    uma equao constitutiva para a caracterstica tixotrpica do fluido como equaes

    governantes. Esta ltima escolhida dentre alguns modelos de tixotropia existentes na

    literatura. O modelo matemtico resolvido numericamente devido s equaes governantes

    serem no-lineares e no possurem soluo analtica.

  • Captulo 1 Introduo 29

    1.5 Estrutura do Trabalho

    No Captulo 1 (Introduo), o problema tratado e contextualizado e os objetivos so

    definidos;

    No Captulo 2 (Reviso Bibliogrfica), estuda-se o fenmeno da tixotropia a partir da

    reviso de livros sobre o tema e de artigos cientficos, revisam-se os estudos sobre a

    introduo de modelos matemticos para a anlise qualitativa e quantitativa dos efeitos

    tixotrpicos em escoamentos e so abordadas as modelagens de escoamento transiente

    de fluidos no-newtonianos;

    O Captulo 3 (Resultados Experimentais: Escolha e Ajuste do Modelo de Tixotropia)

    dedica-se busca do modelo tixotrpico que melhor se encaixa nos experimentos

    realizados com um dos fluidos sintticos atualmente utilizados pela PETROBRAS;

    No Captulo 4 (Escoamento Plenamente Desenvolvido de um Material Tixotrpico),

    analisada a evoluo temporal do perfil de velocidade de um material tixotrpico

    inicialmente em repouso em um tubo horizontal para os casos em que imposto um

    gradiente de presso constante e o caso em que se impe uma vazo constante na

    tubulao;

    O Captulo 5 (Modelagem Matemtica do Escoamento do Fluido Gelificado) se refere

    modelagem do reincio de escoamento do fluido de perfurao gelificado em uma

    tubulao de seo transversal constante;

    O Captulo 6 (Resultados) engloba a anlise de estabilidade numrica da soluo do

    modelo descrito no Captulo 5, a comparao do modelo matemtico desenvolvido no

    captulo anterior com os modelos de fluido newtoniano e de Bingham (este ltimo

    usualmente utilizado para prever o comportamento dos fluidos de perfurao) e a

    anlise de estudos de caso adicionais;

    No Captulo 7 (Concluses e Sugestes para Trabalhos Futuros), faz-se um apanhado

    geral do trabalho, discutem-se os resultados obtidos, avaliado se os objetivos iniciais

    foram alcanados e so sugeridas ideias para trabalhos futuros.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    30

    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    Neste captulo, apresentado o conceito de Reologia e aprofundado o conceito de

    tixotropia introduzido no captulo anterior. So mostrados e analisados os diversos modelos

    matemticos desenvolvidos para os diferentes materiais tixotrpicos e, para alguns deles, so

    apresentados os principais resultados obtidos por seus autores. Ao final do captulo, feita

    uma reviso sobre a modelagem do escoamento de materiais tixotrpicos.

    2.1 Reologia

    A cincia que investiga as propriedades mecnicas e o comportamento de materiais

    que sofrem deformaes denominada Reologia (Tanner & Walters, 1998). H dois

    comportamentos reolgicos extremos: o comportamento puramente elstico, referente

    habilidade de um material retornar sua forma original quando a fora externa deixa de atuar;

    e o comportamento puramente viscoso, cuja deformao cessa quando a fora externa

    removida (Akcelrud, 2007).

    Os materiais que apresentam comportamento intermedirio a esses dois extremos so

    chamados de viscoelsticos. razovel assumir que todos os materiais existentes sejam

    viscoelsticos, pois a resposta de uma amostra em um experimento depende da relao entre a

    escala de tempo do experimento e a escala de tempo natural do material. Em outras palavras,

    se o experimento relativamente lento, a amostra pode parecer viscosa e, caso contrrio, a

    amostra pode parecer elstica. Em escalas de tempo intermedirias, em geral o

    comportamento viscoelstico observado (Barnes et al., 1989).

    A viscosidade de um material ( ) representa a resistncia ao movimento relativo

    entre duas camadas de material adjacentes (Lee et al., 2009). Para os fluidos newtonianos, a

    tenso de cisalhamento ( ) e a taxa de cisalhamento ( ) so linearmente relacionadas, como

    indica a Eq. (2.1). A viscosidade pode variar principalmente com a temperatura (T ) e com a

    presso ( P ), mas no com o tempo nem com a taxa de cisalhamento.

    ( ),T P = (2.1)

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    31

    Os materiais no-newtonianos possuem respostas mais complexas ao cisalhamento.

    Como o prprio nome indica, h um desvio na relao linear (newtoniana) entre a tenso e a

    taxa de cisalhamento. A viscosidade dos materiais no-newtonianos varia de diferentes

    formas. Por isso, possvel dividir os materiais no-newtonianos em dois grandes grupos:

    materiais cujas propriedades so independentes do tempo e aqueles cujas propriedades so

    dependentes do tempo. No primeiro grupo, so encontrados os materiais puramente plsticos,

    os pseudoplsticos, os dilatantes e os materiais viscoelsticos. Subdivide-se o segundo grupo,

    por sua vez, nos materiais tixotrpicos e nos reopticos (ou antitixotrpicos).

    Os materiais no-newtonianos plsticos no escoam at que a tenso de cisalhamento

    alcance uma tenso limite de escoamento (y

    ). Estes materiais eram antigamente

    denominados de fluidos de Bingham (Lee et al., 2009). Entretanto, outros ajustes matemticos

    do comportamento da viscosidade foram desenvolvidos. Os mais comuns so o prprio

    ajustes de Bingham:

    se

    se0

    yy B

    y

    >= +

    =

    (2.2)

    o de Herschel-Bulkley:

    se

    se0

    nyy

    y

    K

    >= +

    =

    (2.3)

    e o de Casson:

    se

    se0

    yy

    y

    >= +

    =

    (2.4)

    Nas equaes acima, B a viscosidade de Bingham, obtida pela inclinao

    constante da curva de equilbrio* ajustada pelo modelo de Bingham, K a consistncia do

    material e n o ndice comportamental do material. Todos esses ajustes so casos especficos

    do modelo denominado Fluido Newtoniano Generalizado (FNG Bird et al., 1987) definido

    por:

    * Curva de equilbrio o grfico tenso de cisalhamento versus taxa de cisalhamento de um fluido em equilbrio, ou seja, sem suas propriedades mais variarem com o tempo.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    32

    ( ) = (2.5)

    Outro tipo de modelo de FNG o da Lei de Potncia. Os materiais no-newtonianos

    pseudo-plsticos e dilatantes so modelados a partir desta lei que tambm comumente

    chamada de sua traduo para o ingls Power Law. Este ajuste descrito por:

    nK = (2.6)

    Tanto para o modelo HB quanto para o Power Law, para o ndice de comportamento

    ( n ) menor que a unidade, os modelos prevem a caracterstica pseudo-plstica (diminuio

    reversvel e isotrmica da viscosidade com o aumento da taxa de cisalhamento). Estes tipos de

    materiais apresentam suas molculas desordenadas quando em repouso e, a partir da aplicao

    de uma tenso de cisalhamento, essas molculas tendem a se orientar na direo da tenso,

    diminuindo assim a viscosidade aparente. Para 1n > , a caracterstica dilatante, ou seja, a

    viscosidade aumenta reversvel e isotermicamente com o aumento da taxa de cisalhamento

    aplicada. Neste tipo de material, medida que a tenso de cisalhamento aplicada aumenta, h

    um maior contato entre as molculas, aumentando o atrito e fazendo a viscosidade aparente

    aumentar. Os termos pseudo-plstico e dilatante se referem, respectivamente, aos termos

    em ingls shear-thinning e shear-thickening (Barnes et al., 1989).

    dilatante (n > 1)

    newtoniano

    pseudoplstico

    (n = 1)

    (n < 1)

    H-B (n > 1)

    Bingham

    H-B (n < 1)

    Figura 2.1 Diferentes comportamentos de materiais no-newtonianos independentes

    do tempo sob cisalhamento.

    A Figura 2.1 mostra o aspecto de cada curva de equilbrio dos diferentes tipos de

    materiais no newtonianos independentes do tempo. Observa-se que o fluido de Bingham

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    33

    prev um comportamento linear entre a tenso e a taxa de cisalhamento a partir do momento

    em que a tenso aplicada excede a tenso limite de escoamento. O modelo de Casson prev

    uma diminuio da viscosidade aparente com o aumento da taxa de cisalhamento e o modelo

    HB, dependendo do valor de n na Eq. (2.3), prev tanto a diminuio quanto o aumento da

    viscosidade com a taxa de cisalhamento. O comportamento do fluido newtoniano tambm

    mostrado na Figura 2.1 a ttulo de comparao.

    Sabe-se que o material que apresenta comportamento intermedirio ao puramente

    viscoso e ao puramente elstico denominado viscoelstico. H diversos modelos na

    literatura com o objetivo de representar o comportamento viscoelstico. O modelo de

    Maxwell prope uma soma de ambos os comportamentos elstico e viscoso.

    G t

    + =

    (2.7)

    sendo G o mdulo de elasticidade do material. Observa-se neste modelo que, no regime

    permanente, a equao se simplifica equao de um fluido newtoniano (Eq. (2.1)).

    O modelo de Maxwell prev a Lei de Hooke (Eq. (2.7) com 0 = ) para pequenas

    deformaes. Entretanto, os materiais viscoelsticos so amplamente estudados e diversos

    outros modelos so propostos, inclusive os que consideram a viscoelasticidade no-linear.

    Se o comportamento reolgico das mudanas estruturais de um material reversvel

    e dependente do tempo, o material pode ser modelado tanto como tixotrpico (quando sua

    viscosidade diminui com o tempo a uma taxa de cisalhamento constante) quanto como

    reoptico (quando sua viscosidade aumenta com o tempo a uma taxa de cisalhamento

    constante).

    O entendimento do comportamento da estrutura e do escoamento dos materiais

    tixotrpicos representa significativa importncia em diversas aplicaes industriais. Exemplos

    de materiais tixotrpicos incluem suspenses concentradas (Courtland & Weeks, 2003),

    emulses (Hebraud et al.,1997), espumas (Cantat & Pitois, 2005), tintas (Buron et al. apud

    Joshi, 2009), derivados de petrleo ricos em parafina (Petersson et al., 2008), cimentos

    (Cristiani et al., 2005) e fluidos de perfurao (Lahalih & Dairanieh, 1989). Os materiais

    reopticos so mais raros e dificilmente encontrados em aplicaes industriais.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    34

    2.2 Tixotropia

    2.2.1 Evoluo do Conceito

    As revises publicadas sobre tixotropia (Bauer & Collings, 1967; Mewis, 1979;

    Barnes, 1997 e Mewis & Wagner, 2009) consideram que Schalek & Szegvari (1923)

    iniciaram o estudo do fenmeno, quando reportaram a observao de que alguns gis,

    consistindo de disperses aquosas de xido de ferro, poderiam se transformar, atravs da

    agitao, em lquido. O gel era novamente obtido quando as amostras eram deixadas em

    repouso, e a transformao lquido-gel poderia se repetir por diversas vezes, consistindo em

    um processo reversvel. Desta forma, eles demonstraram que a transio "lquido-gel" poderia

    no apenas ser induzida por mudanas na temperatura, como j era conhecido na poca, mas

    tambm por meio de agitao mecnica a uma temperatura constante.

    O termo tixotropia foi introduzido por Freundlich (1929) apud Barnes (1997)

    baseado em uma sugesto de Peterfi (1927) apud Barnes (1997), o qual constatou que o

    protoplasma (complexo colide organizado de matria orgnica e inorgnica que serve de

    matriz para todos os compartimentos de uma clula) se liquefaz por ao mecnica.

    Originalmente, o termo tixotropia se referia transio "lquido-gel" induzida

    mecanicamente, sem mencionar a dependncia do tempo.

    Freundlich (1935) continuou o estudo do fenmeno. Ele e sua equipe realizaram

    importantes contribuies, culminando no documento intitulado Tixotropia, o qual, embora

    enfatizasse a transio "lquido-gel", o tempo requerido para a gelificao era utilizado para

    quantificar o efeito. A seguir, foi descoberto que outros materiais apresentavam

    comportamento similar ao da disperso aquosa do xido de ferro. Tais materiais incluam os

    gis de hidrxido de alumnio e pentxido de vandio, bem como sistemas contendo gelatina

    ou amido (Scott-Blair, 1940). Mais tarde, produtos como ltex e tintas-leo foram adicionados

    lista (Green, 1949).

    Baseado em seu trabalho sobre tintas, Pryce-Jones (1934) apud Mewis & Wagner

    (2009) props a seguinte definio de tixotropia: um aumento na viscosidade do material em

    repouso e uma diminuio da viscosidade do material submetido a uma tenso de

    cisalhamento constante. Esta definio especificou a viscosidade como um parmetro

    caracterstico, mas a dependncia do fator tempo no foi mencionada. A proposta pode ter

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    35

    resultado em uma confuso entre a dependncia temporal e a dependncia da taxa de

    cisalhamento, como ilustrado pela definio de Goodeve (1939) para a tixotropia: uma

    diminuio reversvel e isotrmica da viscosidade com o aumento da taxa de cisalhamento.

    Isto se refere claramente ao que hoje se conhece por shear-thinning. O argumento por trs da

    definio de Goodeve (1939) que a mudana na viscosidade com a taxa de cisalhamento

    reflete uma mudana na estrutura que, ao menos a princpio, requereria um tempo finito para

    ocorrer. Mewis & Wagner (2009) afirmaram que, na realidade, as escalas de tempo do

    fenmeno shear-thinning so muito pequenas para serem significativas ou at mesmo

    mensurveis, e justamente isto que o diferencia do fenmeno da tixotropia.

    Em sua reviso, Bauer & Collings (1967), baseados em trabalhos anteriores,

    definiram tixotropia da seguinte maneira: O sistema considerado tixotrpico quando h

    uma reduo reversiva, isotrmica e dependente do tempo na magnitude de suas propriedades

    reolgicas (seu mdulo de elasticidade, sua tenso limite de escoamento e sua viscosidade) a

    partir da aplicao de um cisalhamento constante. Eles consideram arcaicos os termos

    utilizados por Freundlich (1929) apud Barnes (1997), tais como liquefao e re-solidificao.

    Tais termos foram substitudos pelo conceito de mudana na magnitude de propriedades

    reolgicas. Observa-se que os autores por eles revisados naquela poca no utilizaram

    apenas a variao da viscosidade para quantificar a tixotropia. Sabe-se, entretanto, que, por

    ser facilmente mensurvel, a viscosidade a propriedade mais utilizada para quantificar o

    fenmeno.

    Sendo assim, Barnes et al. (1989) definiram tixotropia como a diminuio temporal

    da viscosidade sob taxa ou tenso de cisalhamento constante, seguida por uma recuperao

    gradual quando o escoamento interrompido. Barnes (1997) afirmou, porm, que esta

    definio no abrange as mudanas reolgicas dependentes do tempo na microestrutura do

    material sob cisalhamento, concluindo que necessria uma definio mais completa e

    extensiva de tixotropia.

    Mewis & Wagner (2009) expem em sua reviso um acordo geral da comunidade

    cientfica que tixotropia pode ser definida como um decrscimo contnuo da viscosidade com

    o tempo quando uma amostra que tenha estado previamente em repouso submetida ao

    escoamento e a subseqente recuperao da viscosidade no tempo quando o escoamento

    descontinuado. Vrios dicionrios cientficos e enciclopdias ainda apresentam definies

    diferentes (Barnes, 1997; Mewis & Wagner, 2009). Entretanto, os elementos essenciais das

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    36

    definies empregadas hoje em dia so a utilizao da viscosidade como grandeza de medida,

    na qual h um decrscimo dependente do tempo induzido pelo cisalhamento e o efeito reverso

    quando o cisalhamento reduzido ou completamente interrompido.

    A Tabela 2.1 a seguir resume a evoluo cronolgica do conceito de tixotropia.

    Tabela 2.1 Evoluo cronolgica do conceito de tixotropia

    Ano Autor(es) Breve descrio

    1923 Schalek & Szegvari Observaram que alguns gis se transformam em lquido a partir da agitao. Antes s havia o conhecimento desta mudana a partir da variao da temperatura.

    1929 Freundlich Constatou que o protoplasma se liquefaz por ao mecnica.

    1934 Pryce-Jones apud Mewis & Wagner (2009)

    Define tixotropia como um aumento na viscosidade em um estado de repouso e uma diminuio da viscosidade quando submetido a uma tenso de cisalhamento constante.

    1935 Freundlich Indica a influncia do tempo de gelificao, utilizando-o para quantificar o fenmeno.

    1939 Goodeve

    Define tixotropia como uma diminuio reversvel e isotrmica da viscosidade com o aumento da taxa de cisalhamento (caracterstica de material pseudo-plstico).

    1967 Bauer & Collings

    Definem: O sistema considerado tixotrpico quando h uma reduo reversiva, isotrmica e dependente do tempo na magnitude de suas propriedades reolgicas (seu mdulo de elasticidade, sua tenso limite de escoamento e sua viscosidade) a partir da aplicao de um cisalhamento constante.

    1989 Barnes et al.

    Definem tixotropia como a diminuio temporal da viscosidade sob taxa ou tenso de cisalhamento constante, seguida por uma recuperao gradual quando o escoamento interrompido.

    2009 Mewis & Wagner

    Definem tixotropia como um decrscimo contnuo da viscosidade com o tempo quando uma amostra que tenha estado previamente em repouso submetida ao escoamento e a subseqente recuperao da viscosidade no tempo quando o escoamento descontinuado.

    2.2.2 Quantificao da Tixotropia

    Aps a interrupo do escoamento de um material tixotrpico ou quando se aplicam

    nveis de tenso abaixo da tenso limite de escoamento, sua estrutura tende vagarosamente a

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    37

    se reestruturar ou a envelhecer (do termo ingls aging). Tais mudanas so atribudas

    reorganizao estrutural que envolve a ruptura e a subseqente reformao das ligaes fracas

    (Cloitre et al., 2000). O envelhecimento pode envolver o movimento browniano (movimento

    aparentemente aleatrio de partculas suspensas em um fluido; Macosko, 1994) e as

    reorganizaes ativadas por tenses ou deformaes locais. Sabe-se que a resposta do material

    quando submetido a um posterior escoamento ir depender do tempo e do nvel de tenso

    previamente aplicado a ele.

    Pensando nisso, Freundlich (1929) apud Barnes (1997) utilizou o tempo requerido

    para a gelificao (total reestruturao) do material para quantificar seu grau de tixotropia.

    McMillen (1932) salienta a inadequao deste mtodo pelo tempo de gelificao ser arbitrrio

    e depender das dimenses do volume de material utilizado. Assim, fica impossvel definir o

    grau de tixotropia em dimenses absolutas.

    McMillen (1932) sugeriu, ento, que a medio da tixotropia seja dada atravs da

    medio de propriedades do sistema em vrios estgios e em funo de unidades

    fundamentais. Ele prope a fluidez do material, grandeza recproca da viscosidade, como

    parmetro de indicao da quebra completa do gel. Na condio de gel, a tenso limite de

    escoamento e o mdulo de elasticidade descreveriam, por sua vez, o grau de tixotropia do

    sistema. Outra propriedade necessria para quantificar a tixotropia, segundo o autor, a taxa

    de variao da elasticidade medida que o sistema se solidifica.

    Assim, ao invs de quantificar o grau de tixotropia com o tempo de gelificao,

    proposta a quantificao do fenmeno por trs parmetros:

    a mnima viscosidade (ou mxima fluidez) obtida por uma violenta agitao;

    a variao temporal da viscosidade (ou fluidez) aps a cesso da agitao (a partir de

    uma tenso de cisalhamento pequena e conhecida);

    taxa em que a solidez (tenso limite de escoamento) aumenta aps a cesso da

    agitao.

    Goodeve (1938) afirmou que as principais objees dos mtodos de quantificao da

    tixotropia da poca so que as grandezas a serem medidas dependem da experincia do

    observador e da preciso do instrumento utilizado. Ele d o exemplo do viscosmetro de

    cilndros concntricos, cujo movimento do cilindro em rotao depende de sua inrcia e do

    intervalo de tempo ps-cisalhamento. Aparentemente, na poca, os pesquisadores no davam

    a devida ateno ao tempo de repouso e sua influncia no grau de tixotropia. O autor sugere

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    38

    que uma taxa uniforme essencial pela viscosidade depender da taxa de cisalhamento. Esta

    condio, porm, no era estabelecida com o viscosmetro capilar. Goodeve (1938)

    desenvolveu, desta forma, um instrumento que proporciona taxa constante para medir a

    evoluo temporal da viscosidade em unidades absolutas.

    Ao observar outros artigos ao longo dos anos (Pryce-Jones, 1941; Cheng & Evans,

    1965; Greener & Connelly, 1986; Abu-Jdayil & Mohameed, 2002), nota-se que a observao

    da variao da viscosidade do repouso ao escoamento, a uma taxa de cisalhamento constante,

    so as medidas do grau de tixotropia mais utilizadas. Porm, outras formas de quantificar a

    tixotropia so utilizadas por outros autores. Uma delas atravs do teste de loop de histerese.

    Neste experimento, sugerido por Green & Weltmann (1943), varia-se a taxa de cisalhamento

    alternadamente entre dois valores predeterminados, medindo-se a tenso.

    1 loop

    1 2

    2 loop

    loop (equilbrio)

    Figura 2.2 Exemplo de loops de um teste de histerese feito em um material

    tixotrpico.

    Se o material tixotrpico, loops semelhantes aos da Figura 2.2 so observados.

    medida que o experimento evolui, as curvas de histerese tendem a um loop de equilbrio (na

    Figura 2.2 representado por loop RP, sigla que denota o regime permanente), cuja rea foi

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    39

    considerada como grau de tixotropia. Chega-se a um loop de equilbrio, pois a histerese

    depende da histria de cisalhamento do material, da taxa de variao do cisalhamento e de seu

    valor mximo.

    Quando o material viscoelstico, um loop de histerese pode tambm ser observado,

    mesmo que no haja tixotropia. Dependendo do grau de tixotropia e do tempo de resposta do

    instrumento em que se est medindo o loop, pode no ser possvel diferenciar um material

    tixotrpico de um viscoelstico. Desta forma, recomenda-se utilizar outras formas de medir a

    tixotropia e, se possvel, juntamente com este mtodo.

    Atualmente, as formas mais comuns de se mensurar a tixotropia so os testes de

    inicializao (do termo em ingls start-up tests), no qual a amostra, a partir do repouso,

    abruptamente submetida a uma taxa de cisalhamento (ou tenso de cisalhamento) constante. A

    aplicao de uma taxa de cisalhamento constante, o , resulta em um pico de tenso, os

    (autores utilizam com freqncia o termo em ingls overshoot), como esquematizado na

    Figura 2.3, seguido pelo gradual decaimento at um valor em regime permanente, RP .

    t

    t

    os

    RP

    o

    Figura 2.3 Exemplo de resposta de um fluido tixotrpico gelificado em um

    experimento de inicializao.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

    40

    Usualmente, uma alta taxa de cisalhamento aplicada inicialmente para eliminar os

    efeitos de cisalhamento anteriores. Aps este pr-cisalhamento, a amostra posta em repouso

    por um tempo estipulado e em seguida o teste executado. A tenso de pico ( os ) pode ento

    ser estudada como uma funo do tempo que a amostra permaneceu em repouso. A

    intensidade do pico de tenso em funo do tempo prvio de repouso fornece uma indicao

    da recuperao tixotrpica aps o cisalhamento (Mewis & Wagner, 2009). Uma desvantagem

    deste teste o fato de ele ser destrutivo, j que a estrutura recuperada destruda durante o

    incio do escoamento. Desta forma, todo o procedimento de pr-cisalhamento e repouso deve

    ser repetido para cada novo experimento.

    2.2.3 Modelagem

    H diversos modelos tixotrpicos, os quais so ajustes para o comportamento de

    diferentes tipos de materiais. Diferentes abordagens foram propostas para a incorporao da

    tixotropia nos modelos reolgicos. A abordagem fenomenolgica, por exemplo, utiliza-se

    basicamente da anlise do fenmeno e do ajuste direto da resposta do material ao

    cisalhamento. Uma classe de modelos fenomenolgicos baseada nos princpios gerais da

    mecnica do contnuo e os efeitos do tempo so descritos por meio de funes-memria.

    Uma segunda abordagem utiliza um parmetro interno ou estrutural para expressar

    o nvel estrutural do material. Esta abordagem denominada microestrutural indireta. Estes

    modelos associam uma resposta reolgica a um parmetro que representa quantitativamente a

    estrutura molecular e a dependncia temporal expressa por uma equao cintica deste

    parmetro, normalmente denominado de parmetro estrutural. Esta dependncia tambm pode

    ser escrita atravs de uma equao algbrica de evoluo do parmetro estrutural.

    Um terceiro grupo de modelos utiliza uma abordagem microestrutural direta, na qual

    associado o nmero de ligaes entre as partculas da estrutura do material com seu nvel

    estrutural. Considerando as complexas variaes estruturais envolvidas nos escoamentos dos

    materiais tixotrpicos, no surpreendente que hipteses simplificadoras significativas sejam

    necessrias e devam ser cautelosamente justificadas.

    Como discutido por Mewis (1979) em sua reviso, o objetivo de ambas as

    abordagens microestruturais juntar a cintica estrutural com a dinmica do fluido. Isto pode

    ser feito relacionando o parmetro estrutural (ou o nmero de ligaes ativas entre as

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica

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    partculas) com uma propriedade mensurvel do escoamento. A viscosidade tem sido a

    varivel escolhida por muitos autores j que ela pode ser facilmente medida. Entretanto,

    Mewis & de Bleyser (1975) afirmam que a utilizao de testes de inicializao destrem a

    estrutura do material tixotrpico e a sua reestruturao pode ser muito lenta. Devido a isto, os

    autores propem relacionar o parmetro estrutural com a parte elstica do mdulo de

    armazenamento ( 'G ), obtido por um teste no-destrutivo de escoamento oscilatrio. Tiu &

    Boger (1974) o relacionaram, por sua vez, com a tenso de cisalhamento e Nguyen & Boger

    (1985), com a tenso limite de escoamento. Todas as abordagens podem gerar tanto equaes

    constitutivas puramente viscosas (inelsticas) quanto equaes viscoelsticas. Cada

    abordagem e alguns modelos propostos para os mais diversos materiais tixotrpicos so

    descritos a seguir.

    A seleo dos modelos a seguir revisados levou em considerao a evoluo do

    conceito de tixotropia em cada abordagem e, em alguns casos, a sua possvel aplicao na

    modelagem do escoamento de um fluido de perfurao.

    Abordagem Fenomenolgica

    Slibar & Paslay (195