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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ André Rodrigo Lopes TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO PRÓTESE TOTAL DE ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL EM CÃES E GATOS CURITIBA 2011

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

André Rodrigo Lopes

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PRÓTESE TOTAL DE ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL EM CÃES E

GATOS

CURITIBA

2011

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PRÓTESE TOTAL DE ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL EM CÃES E

GATOS

CURITIBA

2011

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André Rodrigo Lopes

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PRÓTESE TOTAL DE ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL EM CÃES E

GATOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de

Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade

Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a

obtenção do título de Médico Veterinário.

Orientador: Prof. Milton Mikio Morishin Filho.

CURITIBA

2011

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Reitor

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró-Reitor Administrativo

Prof. Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró-Reitoria Acadêmica

Profª. Carmen Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento

Prof.Afonso Celso Rangel Santos

Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde

Prof. João Henrique Faryniuk

Coordenador do Curso de Medicina Veterinária

Profª. Ana Laura Angeli

Campus Prof Sydnei Lima Santos (Barigui)

Rua Sydnei Antonio Rangel Santos

CEP 82010-330 – Santo Inácio

Curitiba – PR

Fone (41) 3331-7700

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a toda a minha

família, especialmente à minha mãe

por todo o apoio dedicado a mim e

que me fez acreditar que era possível.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que me ilumina a cada dia de estudo e trabalho e que me

dá forças para acreditar e continuar.

Ao professor orientador Milton Mikio Morishin Filho pela orientação do meu

Trabalho de Conclusão de Curso, pelos conhecimentos compartilhados e confiança

demonstrada nas aulas, na monitoria e nos estágios curriculares.

Ao orientador profissional Dr. Marcelus Natal Sanson, exemplo profissional e

empreendedor, pela oportunidade de estagiar no Hospital Veterinário CLINIVET,

assim como a todos os Médicos Veterinários, em especial ao Dr. Andre Jayr

Casagrande pelas fontes sugeridas e fornecidas que enriqueceram este trabalho, ao Dr.

Thiago Sillas, ao Dr. Fernando Bach, à Dra. Rebeca Bacchi, ao Dr. Paulo Klaumann e

a Dra. Melody Kloss por dividirem seus conhecimentos e também aos enfermeiros e

demais funcionários.

À UNESP de Jaboticabal pela oportunidade de estagiar no Hospital Veterinário

Governador Laudo Natel, assim como a todos os funcionários, professores,

enfermeiros e residentes. Ao orientador profissional Bruno Watanabe Minto. Em

especial, à professora Camila de Castro Neves, exemplo de educadora, pelo seu tempo,

pelas suas palavras de incentivo, pela dedicação e ensinamentos passados.

Aos professores Manoel Lucas Javorouski, Lourenço Rolando Malucelli Neto,

Marúcia de Andrade Cruz, José Maurício França e aos demais docentes do curso de

Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná que contribuíram para a minha

formação.

Ao Dr. Marcelo Lima, a Dra. Priscila Matsunaga Joaquim, a Dra. Raquel

Cantarella, a Dra. Fabriele Tiepolo e a todos os Médicos Veterinários que conheci e

acreditaram em mim.

Ao Sr. Neivo Zanini por acreditar no meu trabalho e consequentemente

possibilitar este momento.

A minha namorada, pelo companheirismo, força e incentivo.

Principalmente a todos os animais que estiveram e estão presentes em minha

vida, Charlie, Jason, Gilda, Javier, Tom e Juanita e aqueles que na situação de paciente

ajudaram na minha formação.

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

AINES – Antiinflamatórios não esteroidais

COX-2 – Ciclo-oxigenase-2

DAD – Doença articular degenerativa

DCF – Displasia coxofemoral

kg - quilograma

mm - milímetros

OA - Osteoartrite

PMMA - Polimetilmetacrilato

PTC – Prótese total da articulação coxofemoral

THR – Substituição total do quadril

TPO – Osteotomia pélvica tripla

TTA – Avanço da Tuberosidade Tibial

UNESP – Universidade Estadual Paulista

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - VISTA FRONTAL DO HOSPITAL VETERINÁRIO CLINIVET..... 13

FIGURA 2 - ENTRADA 2 DO CAMPUS DA UNESP JABOTICABAL................ 14

FIGURA 3 - SETOR DE INTERNAMENTO I......................................................... 16

FIGURA 4 - APARELHO DE TOMOGRAFIA DISPONÍVEL NO HOSPITAL

CLINIVET............................................................................................ 17

FIGURA 5 - SALA CIRÚRGICA 1.......................................................................... 18

FIGURA 6 - SALA DE ESTERILIZAÇÃO COM VISTA PARA SALA

CIRÚRGICA 2...................................................................................... 18

FIGURA 7 - ALA DE PERÍODO PRÉ E PÓS-CIRÚRGICO DO CENTRO

CIRÚRGICO......................................................................................... 19

FIGURA 8 - AUDITÓRIO DO HOSPITAL CLINIVET.......................................... 21

FIGURA 9 - AMBULATÓRIO 1.............................................................................. 22

FIGURA 10 - AMBULATÓRIO 2.............................................................................. 23

FIGURA 11 - SALA DE PREPARO........................................................................... 23

FIGURA 12 - ENTRADA DO LABORATÓRIO....................................................... 25

FIGURA 13 - SETOR DE RADIOLOGIA.................................................................. 25

FIGURA 14 - CENTRO CIRÚRGICO........................................................................ 26

FIGURA 15 - SALA DE PARAMENTAÇÃO DO CENTRO CIRÚRGICO............. 26

FIGURA 16 - PRÓTESE DO SISTEMA MICRO-THR............................................. 34

FIGURA 17 - RADIOGRAFIA MOSTRANDO UM CÃO COM DISPLASIA

COXOFEMORAL................................................................................ 37

FIGURA 18 - RADIOGRAFIA MOSTRANDO UM CÃO COM LUXAÇÃO

COXOFEMORAL................................................................................ 38

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FIGURA 19 - RADIOGRAFIA MOSTRANDO UM CÃO COM NECROSE

AVASCULAR DA CABEÇA DO FÊMUR......................................... 39

FIGURA 20 - DISPLASIA COXOFEMORAL E DOENÇA ARTICULAR

DEGENERATIVA................................................................................ 41

FIGURA 21 - SISTEMA CONVENCIONAL DE PRÓTESE CIMENTADA........... 43

FIGURA 22 - RADIOGRAFIA DE PÓS-OPERATÓRIO MOSTRANDO OS

MODELOS: CIMENTADO CFXTM

(a) E NÃO CIMENTADO

BFXTM

(b) DA BIOMEDTRIX............................................................. 44

FIGURA 23 - RADIOGRAFIA EM PROJEÇÃO VENTRO-DORSAL APÓS

IMPLANTE DE PRÓTESE TOTAL DE QUADRIL DO TIPO

HÍBRIDA. COMPONENENTE ACETABULAR NÃO

CIMENTADO E HASTE FEMORAL CIMENTADA........................ 45

FIGURA 24 - COMPONENTES DO MODELO CIMENTADO CFXTM

DA

BIOMEDTRIX...................................................................................... 47

FIGURA 25 - COMPONENTES DO MODELO NÃO CIMENTADO BFXTM

DA

BIOMEDTRIX...................................................................................... 47

FIGURA 26 - APRESENTAÇÃO LATERAL DA PTC ZURICH CEMENTLESS

EM UM MODELO ÓSSEO PLÁSTICO.............................................. 48

FIGURA 27 - APRESENTAÇÃO SAGITAL DO MESMO MODELO

MOSTRANDO A CÚPULA COM DUPLA CAMADA DE

TITÂNIO............................................................................................... 48

FIGURA 28 - INCISÃO POR ABORDAGEM CRANIOLATERAL DA

ARTICULAÇÃO DO QUADRIL E DETALHE DO FÊMUR............ 50

FIGURA 29 - EXPOSIÇÃO DOS MÚSCULOS GLÚTEO SUPERFICIAL E

TENSOR DA FÁSCIA LATA.............................................................. 51

FIGURA 30 - INCISÃO DA CÁPSULA ARTICULAR E EXPOSIÇÃO DA

CABEÇA FEMORAL .......................................................................... 52

FIGURA 31 - RADIOGRAFIA PÓS-OPERATÓRIA MOSTRANDO POSIÇÃO

NEUTRA DO IMPLANTE................................................................... 54

FIGURA 32 - PROJEÇÕES VENTRO-DORSAIS MOSTRANDO

SUBLUXAÇÃO BILATERAL E PÓS-OPERATÓRIO COM

MICRO-THR EM UM CÃO DA RAÇA LHASA APSO COM 7KG

DE PESO CORPORAL........................................................................ 55

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FIGURA 33 - RADIOGRAFIAS APÓS A COLOCAÇÃO DOS IMPLANTES

MOSTRANDO POSIÇÃO VARUS DA HASTE FEMORAL E

LUXAÇÃO CAUDO-DORSAL DO IMPLANTE............................... 56

FIGURA 34 - RADIOGRAFIA PÓS-OPERATÓRIA MOSTRANDO O

POSICIONAMENTO CAUDAL DA PONTA DA HASTE DO

IMPLANTE........................................................................................... 57

FIGURA 35 - RADIOGRAFIA PÓS-OPERATÓRIA MOSTRANDO

COMPLICAÇÃO POR FRATURA DO FÊMUR. OCORREU

APÓS 7 DIAS DA SUBSTITUIÇÃO POR PRÓTESE NÃO

CIMENTADA....................................................................................... 58

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 CRONOGRAMA DOS SETORES - CLINIVET............................. 15

TABELA 2 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ACOMPANHADOS NO

HOSPITAL CLINIVET..................................................................... 20

TABELA 3 CRONOGRAMA DOS SETORES – UNESP................................... 22

TABELA 4 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ACOMPANHADOS NO

HOSPITAL DA UNESP.................................................................... 27

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO....................................................................................... 12

2. DESCRIÇÃO DOS LOCAIS E ATIVIDADES DO ESTÁGIO.................. 13

2.1. CLINIVET.................................................................................................... 14

2.2. UNESP.......................................................................................................... 21

2.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 29

3. REVISÃO - PRÓTESE TOTAL DA ARTICULAÇÃO

COXOFEMORAL EM CÃES E GATOS.................................................... 30

3.1. INTRODUÇÃO............................................................................................ 31

4. ARTROPLASTIA COXOFEMURAL TOTAL (ACT)............................... 32

5. INDICAÇÕES.............................................................................................. 35

5.1. AFECÇÕES ARTICULARES..................................................................... 35

5.1.1. Displasia coxofemoral (DCF)....................................................................... 35

5.1.2. Luxação coxofemoral................................................................................... 37

5.1.3. Necrose avascular da cabeça femoral (doença de Legg-Calve-Perthes)...... 38

5.1.4. Doença articular degenerativa (DAD).......................................................... 39

6. CONTRA INDICAÇÕES............................................................................. 41

7. TRATAMENTO........................................................................................... 42

8. PRÓTESES................................................................................................... 42

9. DESCRIÇÃO DA TÉCNICA....................................................................... 49

10. COMPLICAÇÕES........................................................................................ 55

11. PÓS-OPERATÓRIO.................................................................................... 59

12. CONCLUSÃO.............................................................................................. 60

13. REFERÊNCIAS............................................................................................ 61

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1. APRESENTAÇÃO

A Medicina Veterinária está em constante atualização, e o aperfeiçoamento

através de pesquisas e especializações, torna-se cada vez mais uma exigência para o

profissional desta área.

O fácil acesso a informações na atualidade, faz com que os proprietários exijam

que os Médicos Veterinários estejam bem preparados e capacitados para atendê-los.

Os desafios através de novas opções de tratamento e técnicas cirúrgicas buscam,

além de um melhor prognóstico para os pacientes, o reconhecimento e a devida

valorização de nossa profissão.

É visando essa realidade, que esse relatório de estágio curricular e revisão

bibliográfica são apresentados.

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2. DESCRIÇÃO DOS LOCAIS E ATIVIDADES DO ESTÁGIO

O estágio curricular abrangeu a rotina de dois hospitais veterinários diferenciados

quanto ao sistema de atividades propostas aos estagiários. O primeiro foi realizado no

Hospital Veterinário Clinivet, localizado na Rua Holanda, número 894, nesta cidade e

considerado referência no país, tanto no quesito infraestrutura quanto em qualidade de

serviços prestados aos seus clientes e a comunidade (FIGURA 1). O segundo foi efetuado no

Hospital Veterinário Governador Laudo Natel da Universidade Estadual Paulista (UNESP),

campus de Jaboticabal, também referenciado na situação de universidade, com professores

renomados e com alto nível de conhecimento (FIGURA 2).

FIGURA 1 - VISTA FRONTAL DO HOSPITAL VETERINÁRIO

CLINIVET

FONTE: http://www.clinivet.com.br, 2011.

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FIGURA 2 - ENTRADA 2 DO CAMPUS DA UNESP JABOTICABAL

2.1. CLINIVET

O estágio curricular foi realizado no período entre o dia 08 de agosto e 30 de

setembro deste ano, de segunda a sexta-feira, com um total de 8 horas diárias

totalizando 304 horas. Funcionou em um sistema de escala de rodízio, no qual em cada

semana acompanhou-se a rotina de um setor específico (TABELA 1).

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TABELA 1 - CRONOGRAMA DOS SETORES – CLINIVET

SEMANA SETOR

1ª SEMANA (08/08 a 12/08) INTERNAMENTO

2ª SEMANA (15/08 a 19/08) CLÍNICA MÉDICA

3ª SEMANA (22/08 a 26/08) INTERNAMENTO

4ª SEMANA (29/08 a 02/09) DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

5ª SEMANA (05/09 a 09/09) CLÍNICA MÉDICA

6ª SEMANA (12/09 a 16/09) NEUROLOGIA

7ª SEMANA (19/09 a 23/09) CIRURGIA

8ª SEMANA (26/09 a 30/09) ANESTESIOLOGIA

O setor de internamento possui quatro áreas: Internamento I (FIGURA 3),

Internamento II, Gatil e uma área para pacientes com moléstias infecciosas, além de

dois anexos (ala semi-intensiva e ala de emergência). Neste setor, foram

acompanhadas e realizadas as rotinas de fluidoterapia, coletas de sangue e urina,

passagem de sondas, preparo dos pacientes para cirurgia, administração de

medicações, monitoramento, acompanhamento pós-cirúrgico, tratamento intensivo,

aferimento de parâmetros e tratamento quimioterápico, juntamente com a equipe de

enfermeiros e estagiários, sob a supervisão do Médico Veterinário responsável.

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FIGURA 3 - SETOR DE INTERNAMENTO I

FONTE: http://www.clinivet.com.br, 2011.

Nas semanas de acompanhamento no setor de clínica médica, foi possível

acompanhar os atendimentos e retornos de pacientes com os clínicos gerais e

especialistas de diversas áreas. São dez consultórios, sendo um próprio para

atendimento de felinos, um para cardiologia e outro para oftalmologia. Os

procedimentos foram acompanhados sempre do início ao fim, sendo que após estes

serem finalizados, o Médico Veterinário responsável pelo atendimento sempre foi

muito esclarecedor sobre o caso em questão, sanando eventuais dúvidas.

No período que compreendeu o setor de diagnóstico por imagem, foi

acompanhada a rotina diária que abrangia a radiologia, a ultrassonografia, endoscopia

e a ecocardiografia, desde a parte técnica dos equipamentos até o diagnóstico

resultante desses serviços através da discussão entre os profissionais desta área com os

especialistas responsáveis pelos casos clínicos.

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Na semana seguinte, no serviço de neurologia, acompanhou-se o atendimento e

exames específicos desta especialidade. Foi nesta semana também, onde pode-se

observar os procedimentos de tomografia computadorizada de que o hospital dispõe

(FIGURA 4).

FIGURA 4 - APARELHO DE TOMOGRAFIA DISPONÍVEL NO HOSPITAL

CLINIVET

FONTE: http://www.clinivet.com.br, 2011.

Nas duas últimas semanas, o estágio foi realizado nas áreas de anestesiologia e

cirurgia. No período da manhã, os procedimentos cirúrgicos foram realizados no bloco

cirúrgico, que possui duas salas cirúrgicas (FIGURAS 5 e 6), além de uma ala para os

pacientes que recebem a medicação pré-anestésica e aguardam a cirurgia, e são

observados no período de retorno anestésico (FIGURA 7).

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FIGURA 5 - SALA CIRÚRGICA 1

FONTE: http://www.clinivet.com.br, 2011.

FIGURA 6 - SALA DE ESTERILIZAÇÃO COM VISTA PARA SALA

CIRÚRGICA 2

FONTE: http://www.clinivet.com.br, 2011.

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19

FIGURA 7 - ALA DE PERÍODO PRÉ E PÓS-CIRÚRGICO DO CENTRO

CIRÚRGICO

FONTE: http://www.clinivet.com.br, 2011.

Cirurgias eletivas e conservativas foram realizadas pelos cirurgiões gerais e das

diversas especialidades (oncologia, ortopedia, neurologia e oftalmologia). No período

da tarde, o acompanhamento se destinava ao setor de odontologia. As cirurgias

acompanhadas, assim como o número total de procedimentos da sétima semana, estão

descritas na TABELA 2.

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TABELA 2 - PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ACOMPANHADOS NO

HOSPITAL CLINIVET

Na última semana foi realizado o acompanhamento com os anestesistas no

centro cirúrgico, no setor de odontologia e no setor de imagem. Os protocolos e

critérios de todo o procedimento anestésico, bem como o monitoramento do paciente,

foram observados.

Uma vez por semana eram realizadas reuniões com a coordenadora de estágio e

apresentações de seminários pelos estagiários no auditório do hospital (FIGURA 8).

As apresentações eram feitas nas terças-feiras após o período de estágio do dia e o

tema era de livre escolha. Após a apresentação, os profissionais da área em questão e

de outras áreas, debatiam sobre o assunto juntamente com os estagiários. Na terça-feira

da última semana (dia 27 de setembro), foi apresentado por mim, um seminário sobre

fraturas mandibulares.

PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS Nº DE CASOS

NEUROLÓGICOS 3

ORTOPÉDICOS 5

OFTALMOLÓGICOS 2

ONCOLÓGICOS 5

ODONTOLÓGICOS 10

GASTRINTESTINAIS 1

GENITOURINÁRIOS 9

LAPAROTOMIAS EXPLORATÓRIAS 3

HÉRNIORRAFIA 1

AMPUTAÇÃO DE MEMBRO PÉLVICO 1

TOTAL 40

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FIGURA 8 – AUDITÓRIO DO HOSPITAL CLINIVET

FONTE: http://www.clinivet.com.br, 2011.

2.2. UNESP

O estágio que foi realizado na UNESP - campus Jaboticabal, compreendeu o

período de 13 de outubro a 23 de novembro, de segunda a sexta-feira, com 8 horas

diárias, totalizando 208 horas. Foi realizado no Hospital Veterinário de Pequenos

Animais com o intuito de aprimorar os conhecimentos teóricos e práticos adquiridos

na universidade na área de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais com ênfase em

ortopedia. Foi organizado em um sistema de rodízio, ou seja, a cada semana o

acompanhamento acontecia em um setor (TABELA 3).

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TABELA 3 - CRONOGRAMA DOS SETORES – UNESP

SEMANA SETOR

1ª SEMANA (13/10 e 14/10) AMBULATÓRIO

2ª SEMANA (17/10 a 21/10) CENTRO CIRÚRGICO

3ª SEMANA (24/10 a 28/10) AMBULATÓRIO

4ª SEMANA (31/10 a 04/11) CENTRO CIRÚRGICO

5ª SEMANA (07/11 a 11/11) AMBULATÓRIO

6ª SEMANA (14/11 a 18/11) CENTRO CIRÚRGICO

7ª SEMANA (21/11 a 23/11) AMBULATÓRIO

O Hospital Veterinário de Pequenos Animais da UNESP-Jaboticabal, no setor

de clínica cirúrgica, possui dois ambulatórios (FIGURAS 9 e 10) e uma sala de

preparo (FIGURA 11), além de duas alas no centro cirúrgico.

FIGURA 9 – AMBULATÓRIO 1

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FIGURA 10 - AMBULATÓRIO 2

FIGURA 11 – SALA DE PREPARO

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24

As atividades realizadas no setor de ambulatório foram: auxiliar os residentes

no atendimento aos responsáveis e pacientes nos ambulatórios ou na sala de preparo. O

residente passava o caso clínico (novo ou retorno) e eram realizadas anamnese e

exame físico geral (aferição da temperatura e das frequências cardíaca e respiratória,

turgor da pele, pulso, palpação abdominal e dos linfonodos, avaliação das mucosas e

tempo de preenchimento capilar). Nestas semanas foram atendidos 37 cães e 4 gatos.

As informações eram anotadas nos formulários específicos, sendo passadas para o

residente que realizava novamente o atendimento, solicitando ou não, exames

complementares (imagem e laboratório). Dos exames laboratoriais, apenas

hemograma, função hepática e renal foram realizados nos casos inicialmente

atendidos, sendo que a coleta de sangue foi realizada em 22 dos 41 pacientes

atendidos. Encaminhava-se o material até o laboratório (FIGURA 12) e assim que o

exame era realizado, eram passados os dados ao residente. Quando foram solicitados

exames de imagem, o responsável era acompanhado pelo estagiário até o setor de

radiologia (FIGURA 13), onde auxiliavam no posicionamento do paciente para as

projeções e em seguida o estagiário encaminhava as radiografias aos residentes. Nestas

semanas, os estagiários do setor ficavam responsáveis pelas administrações de

medicações, troca de curativos e passeios dos pacientes que eram acolhidos pelo

hospital. Essas atividades eram realizadas diariamente, sempre no final do período da

tarde.

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FIGURA 12 – ENTRADA DO LABORATÓRIO

FIGURA 13 - SETOR DE RADIOLOGIA

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26

Nas semanas de acompanhamento no centro cirúrgico (FIGURAS 14 e 15),

foram observadas 36 cirurgias (TABELA 4), sendo que em 9 destas, como auxiliar do

cirurgião. Os estagiários também preparavam as receitas, com o acompanhamento do

cirurgião responsável pelo procedimento, e estas eram explicadas ao responsável assim

que o paciente era liberado pelo anestesista.

FIGURA 14 - CENTRO CIRÚRGICO

FIGURA 15 - SALA DE PARAMENTAÇÃO DO

CENTRO CIRÚRGICO

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TABELA 4 - PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ACOMPANHADOS NO

HOSPITAL DA UNESP

CIRURGIA Nº DE CASOS

NODULECTOMIA 5

LAPAROTOMIA EXPLORATÓRIA 1

REDUÇÃO DE LUXAÇÃO PATELAR 2

RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL 2

LINFONODECTOMIA 1

ARTRODESE (LUXAÇÃO TARSO-METATÁRSICA) 1

REDUÇÃO DE OTOHEMATOMA 1

FIXAÇÃO SONDA GÁSTRICA 2

ABLAÇÃO DO CONDUTO AUDITIVO 1

HERNIORRAFIA 1

OSTEOSSÍNTESE DE TÍBIA 1

BIÓPSIA 3

OSTEOSSÍNTESE DE FÊMUR 3

OSTEOSSÍNTESE DE PELVE 1

COLOCEFALECTOMIA 2

OSTEOSSÍNTESE DE RÁDIO 2

AVANÇO DA TUBEROSIDADE TIBIAL 1

HEMILAMINECTOMIA 3

TOTAL 33

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Fui convidado a auxiliar e participar de uma aula prática no dia 24 de outubro

na disciplina de Técnica Cirúrgica pela professora Camila de Castro Neves, também

docente da disciplina de Clínica Cirúrgica e responsável pelo setor de Odontologia

Veterinária. A aula foi ministrada na sala de técnica cirúrgica, onde foi demonstrado

os instrumentais odontológicos, o equipamento de radiografia intra-oral e o

procedimento de revelação das radiografias no período da manhã. À tarde, foi

ensinado na prática em cadáveres, o módulo de exodontia, anteriormente apresentado

em sala de aula. Foi realizada a extração de um dente canino inferior com o uso de

instrumentais e equipo odontológico.

No dia 11 de novembro, foi observado um procedimento de exodontia e

profilaxia dentária em um cão. Primeiramente, foi radiografado o primeiro molar

superior direito, e em seguida, foi realizada a extração deste dente triradicular. No

final, limpeza e polimento de toda a arcada dentária foram praticados sob a supervisão

da professora responsável. Foi demonstrado e realizado na prática como fazer a

manutenção de todos os equipamentos, limpeza e lubrificação.

No dia 21, foi praticado outro tratamento periodontal em um paciente com o

auxílio e observação da professora. Neste dia foram realizadas a montagem e a

manutenção dos equipamentos, colocando em prática o que foi aprendido no

procedimento anterior.

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2.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estágios curriculares realizados tiveram grande importância na formação

acadêmica, pois através deles foi possível ampliar os conhecimentos já adquiridos

através de duas rotinas e realidades bem diferentes. Através do hospital Clinivet de

forma mais comercial e em contato constante com excelentes profissionais e do

hospital da UNESP com contatos diretos com os responsáveis dos animais e acesso a

professores de alta qualidade, foi possível adquirir grandes experiências na área de

clinica cirúrgica de pequenos animais.

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3. REVISÃO

PRÓTESE TOTAL DE ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL EM CÃES E

GATOS

André Rodrigo Lopes1, Milton Mikio Morishin Filho

2

1

Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Tuiuti do Paraná.

2 Professor da disciplina de Técnica Cirúrgica e Clínica Cirúrgica de Pequenos

Animais do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

RESUMO

A substituição total da articulação coxofemoral por próteses de quadril tem sido muito

utilizada nos Estados Unidos e Europa como opção no tratamento de diversas lesões e

enfermidades em cães e gatos proporcionando alívio da dor e retorno da função do

membro pélvico nestas espécies. Este procedimento consiste basicamente no implante

de próteses com uma cúpula acetabular e um componente com cabeça e haste femoral,

podendo ser do tipo cimentada, não cimentada ou híbrida. Esta técnica era restrita a

cães de porte grande a gigante, mas recentemente foi lançada no mercado uma prótese

com proporções menores para cães pequenos e gatos. Suas complicações são raras,

mas quando ocorrem são de difícil solução.

Palavras-chave: Substituição da articulação coxofemoral, artroplastia, pequenos

animais, displasia, luxação.

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ABSTRACT

The total replacement of the hip joint for hip prosthesis has been used in the United

States and Europe as an option in the treatment of several injuries and diseases in dogs

and cats providing pain relief and return of the pelvic limb function in these species.

This procedure basically consists in the implantation of the acetabular cup and a

component with a femoral head and stem, which can be cemented, uncemented or

hybrid. This technique was restricted to large and giant dog breeds, but recently a

smaller prosthesis for the use in small dog breeds and cats was available.

Complications are rare, but when they come they are difficult to resolve.

Key-words: Total hip replacement, arthroplasty, small animals, dysplasia, luxation.

3.1. INTRODUÇÃO

Lesões que afetam temporária ou permanentemente a articulação coxofemoral

em cães são frequentes. Os principais são: traumas, fraturas (acetabulares, de cabeça e

colo femorais), displasia coxofemoral (DCF), luxações de cabeça femoral (ARIAS et

al., 2004), necrose avascular da cabeça femoral (doença de Legg-Perthes), doença

articular degenerativa (DAD) e na falha da excisão da cabeça femoral (LACERDA et

al., 2004).

A substituição total da articulação coxofemoral por prótese visa preservar a

função do membro e restabelece mecanismos articulares sem dor (OLMSTEAD, 1987;

MINTO et al., 2008). A maioria dos cães retorna à função total em oito semanas após

a cirurgia, definida como total sustentação do peso e movimentação sem dor na

articulação (PIERMATTEI & FLO, 1999).

Em gatos, lesões e doenças do quadril são comuns e incluem fraturas com

prognóstico desfavorável, luxações coxofemorais que não podem ser reduzidas,

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necrose avascular da cabeça femoral, osteoartrite (OA) secundária a DCF ou má união

(da pelve ou fêmur) e trauma anterior. A prótese total coxofemoral (PTC) ou

artroplastia coxofemoral total (ACT) é realizada em gatos com quadris artríticos não

infectados para fornecer uma articulação sem dor e com função biomecânica normal

(LISKA et al., 2009).

Nos Estados Unidos e Europa é uma das técnicas mais indicadas para o

tratamento cirúrgico (OLMSTEAD, 1983; SCHULZ et al. 1998; MINTO et al., 2006).

No Brasil é pouco utilizada por falta de profissionais especializados, pela dificuldade

na importação dos componentes protéticos e pelo alto custo do procedimento (MINTO

et al., 2011).

Este trabalho tem como objetivo descrever a importância do uso da prótese total

de quadril em cães e gatos nos tratamentos acima descritos, bem como, sua técnica

cirúrgica, próteses disponíveis, indicações e contra-indicações, complicações, cuidados

no período pós-operatório e suas perspectivas.

4. ARTROPLASTIA COXOFEMURAL TOTAL (ACT)

A ACT resulta em uma substituição da articulação coxofemoral por uma cúpula

acetabular e por um componente femoral com cabeça, colo e haste femoral

(OLMSTEAD et al., 1983; OLMSTEAD, 1987; OLMSTEAD, 1995; MINTO et al.,

2008; MIRANDA, 2008).

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Este procedimento é considerado como a melhor opção cirúrgica (95% de

sucesso) em cães de raças gigantes clinicamente afetados e com osteoartrite avançada

(FARESE, 2006).

É feita em cães de porte médio a gigante, mas tem sido usada em pacientes

pequenos pesando 12 kg, pois, recentemente foi introduzido o sistema micro-THR

(FIGURA 16a) desenvolvido para cães de porte pequeno e gatos. O uso dessa técnica

em gatos com lesões ou doenças coxofemorais é recomendado, pois o tratamento

sintomático nessa espécie apresenta desafios específicos por causa da tendência em

desenvolver nefrotoxicidade provocada pelo uso de antiinflamatórios não esteroidais

(LISKA et al., 2009).

O menor cão que recebeu uma micro-THR foi um Maltês com 2,45 kg que

apresentava necrose avascular da cabeça do fêmur (FIGURAS 16b e 16c). Quatro

gatos com fratura de colo femoral também receberam este tipo de implante (FIGURA

16d) (LISKA, 2008). Mesmo que não traga a estrutura anatômica normal, a ACT

restabelece os mecanismos articulares e preserva a função do membro sem dor

(OLMSTEAD et al., 1983; OLMSTEAD, 1987).

Em gatos, é recomendado o confinamento durante a reabilitação no período

pós-operatório por 4 a 6 semanas. Resultados bem sucedidos têm sido vistos e

relatados em gatos após a substituição total do quadril, sendo assim, uma técnica

viável tornando-se superior a técnica da osteotomia da cabeça femoral baseado no

redesenvolvimento da massa muscular da coxa, da amplitude de movimento da

articulação do quadril, da marcha e da avaliação do proprietário após o procedimento

(LISKA et al., 2009).

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FIGURA 16 - PRÓTESE DO SISTEMA MICRO-THR. a - Implante

micro-THR. b - Necrose avascular da cabeça do fêmur em cão da raça

maltês. c - Pós-operatório do mesmo cão. d–Pós-operatório em um gato.

a b

c d

FONTE: LISKA, 2008.

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5. INDICAÇÕES

Os pacientes devem apresentar no mínimo 9 meses de idade para se assegurar

que o crescimento femoral longitudinal tenha se completado (OLMSTEAD, 1987;

OLMSTEAD, 1995; BARKOWSKI et al., 1997; MIRANDA, 2008). Não há limite

máximo de idade (OLMSTEAD, 1987; MIRANDA, 2008). Os pacientes jovens são os

mais indicados para os implantes não cimentados, porque possuem um maior

metabolismo ósseo, maior expectativa de vida e seus altos níveis de atividade podem

levar à lassidão asséptica das próteses cimentadas ao longo do tempo. Em idosos, os

implantes cimentados são usados com maior frequência, pois possuem baixa taxa de

crescimento ósseo e um maior risco de fraturas trans e pós-operatórias com os

implantes que não utilizam cimento ósseo (FOSSUM, 2008).

5.1. AFECÇÕES ARTICULARES

5.1.1. Displasia coxofemoral (DCF)

A displasia coxofemoral (FIGURA 17) é o desenvolvimento anormal da

articulação do quadril (FOSSUM, 2008), que afeta o acetábulo e a cabeça e colo

femorais (SOMMER, 1998; ROCHA et al., 2008). Caracteriza-se pela subluxação ou

luxação completa da cabeça do fêmur em pacientes jovens, e por uma DAD leve a

grave em pacientes idosos (FOSSUM, 2008). A DCF pode ser dividida em displasia

acetabular (caracterizada pela inclinação dorsal excessiva da borda acetabular dorsal) e

displasia femoral (que se apresenta radiograficamente com desvios valgo e anteversão)

(SOUZA & TUDURY, 2003). Ocorre comumente em cães e raramente em gatos

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(MCLAUGHLIN, 2004). A DCF canina pode acometer todas as raças, sendo mais

comum nas de grande porte (SOUZA & TUDURY, 2003).

Apresenta-se bilateralmente na maioria dos casos, mas, a prevalência de

apresentação unilateral pode variar entre 3% e 30% (GINJA et al., 2005; FERREIRA

et al., 2007; MIRANDA, 2008).

As forças anormais resultantes da articulação interferem no desenvolvimento

normal e causam sobrecarga na cartilagem articular. Com o tempo, a degeneração

(fibrose capsular, erosão articular, esclerose óssea subcondral, osteofitose) da

articulação ocorre. A disparidade no desenvolvimento dos tecidos ósseos e dos tecidos

moles de suporte altera a biomecânica da articulação (SOUZA & TUDURY, 2003). A

inflamação sinovial também elimina a estabilidade articular com o aumento da sinóvia

(FOSSUM, 2008).

Em cães com DCF, ocorrem alterações na cápsula articular e nas estruturas que

a envolvem entre o dia do nascimento e os 60 dias de idade (BOJRAB, 1996).

Como sinais clínicos, podem apresentar claudicação uni ou bilateral, dorso

arqueado, peso corporal deslocado em direção aos membros anteriores, com rotação

lateral desses membros e andar bamboleante (ROCHA et al., 2008)

É dolorosa pelo esgotamento da cartilagem articular que expõem as fibras da

dor do osso subcondral, e o afrouxamento leva a distensão dos tecidos moles. Com a

evolução da DAD, ocorre a atrofia dos músculos da coxa, a hipertrofia dos músculos

do ombro e crepitação e diminuição da mobilidade articular do quadril

(MCLAUGHLIN, 2004). Nos idosos, a dor é provocada pela osteoartrite (FOSSUM,

2008).

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FIGURA 17 - RADIOGRAFIA MOSTRANDO UM

CÃO COM DISPLASIA COXOFEMORAL

FONTE: http://www.clinivet.com.br/servicos/ortopedia, 2011.

5.1.2. Luxação coxofemoral

A luxação coxofemoral é o deslocamento traumático da cabeça do fêmur do

acetábulo, e geralmente o deslocamento é craniodorsal (FIGURA 18) (FOSSUM,

2008), mas pode ocorrer ventrocaudalmente ou caudodorsalmente com menos

frequência (BOJRAB, 1996). Na maioria das vezes, ocorre por decorrência de traumas

sucessivos. O ligamento redondo da cabeça do fêmur sempre se rompe completamente

e a cápsula articular fibrosa também deve ser rompida totalmente para permitir o

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deslocamento da cabeça femoral (FOSSUM, 2008). Em casos mais graves, também

pode romper parte da musculatura glútea (BOJRAB, 1996). Essa luxação deve ser

tratada rapidamente para evitar a lesão contínua dos tecidos moles da articulação do

quadril e a degeneração da cartilagem articular (FOSSUM, 2008).

FIGURA 18 - RADIOGRAFIA MOSTRANDO UM

CÃO COM LUXAÇÃO COXOFEMORAL

FONTE: http://www.lbah.com/canine/hip_subluxation.html, 2011.

5.1.3. Necrose avascular da cabeça femoral (doença de Legg-Calve-Perthes)

É uma necrose asséptica não inflamatória da cabeça e colo do fêmur e ocorre

mais comumente em cães jovens (entre 4 e 12 meses de idade), de pequeno porte e de

ambos os sexos (FIGURA 19). Resulta em uma deformidade na superfície articular e

clinicamente é caracterizada por dor, claudicação, atrofia por desuso dos tecidos moles

e diminuição da função articular (WARREN & DINGWALL, 1972). Ocorre um

colapso na epífise femoral pela interrupção do fluxo sanguíneo de origem não

totalmente conhecida, podendo ocorrer por interferência hormonal, fatores

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hereditários, conformação anatômica, pressão intracapsular e infarto da cabeça do

fêmur. Após a morte celular, acontece um processo de revascularização, onde o

conteúdo ósseo é enfraquecido e através das forças de sustentação de peso podem

causar colapso e fragmentação da epífise femoral levando a incongruência com o

acetábulo e resultando em DAD (FOSSUM, 2008).

FIGURA 19 - RADIOGRAFIA MOSTRANDO UM CÃO

COM NECROSE AVASCULAR DA CABEÇA DO

FÊMUR (SETA)

FONTE: http://www.vetsurgerycentral.com, 2011.

5.1.4. Doença articular degenerativa (DAD)

A osteoartrite é uma DAD não inflamatória e não infecciosa que é caracterizada

pela degeneração da cartilagem articular, hipertrofia óssea marginal, fibrose do tecido

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mole periarticular e alterações na membrana sinovial. Pode acometer cães e gatos de

qualquer idade ou raça. Pode ser classificada como primária pelo envelhecimento e

secundária (a mais comum), causada por instabilidade articular, sobrecarga anormal da

cartilagem articular ou outra afecção articular. A artroscopia permite o diagnóstico

precoce da osteoartrite mostrando graus variáveis de lesão cartilaginosa e proliferação

sinovial. Os achados radiográficos nas articulações incluem lesões ósseas

proliferativas ou erosivas, aumento do fluido articular e alterações nos tecidos moles

adjacentes. Ausência de alterações nos achados radiográficos não exclui a presença da

doença, pois esta pode estar em grau leve ou moderada. A tomografia

computadorizada é utilizada para avaliar alterações ósseas e ajuda na identificação de

incongruências e fragmentações nas articulações osteoartríticas. A ressonância

magnética é indicada para avaliar as estruturas de tecido mole que envolvem as

articulações doentes. A substituição de uma articulação artrítica por uma prótese

oferece melhores chances para a função normal do membro e um alívio da dor

(FOSSUM, 2008).

Podem ser realizados os seguintes procedimentos com os objetivos de prevenir

e retardar a DAD secundária a DCF (FIGURA 20): osteotomia pélvica tripla (TPO),

alongamento do colo femoral, osteotomia intertrocantérica e sinfisiodese púbica

juvenil (GINJA et al., 2005; MIRANDA, 2008). Também se pode optar pela excisão

artroplástica de cabeça e colo femorais (colocefalectomia), acetabuloplastia

extracapsular (ARIAS et al., 2004; FERREIRA et al., 2007; MIRANDA, 2008),

denervação acetabular (FERRIGNO et al., 2007; MIRANDA, 2008), excisão do

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músculo pectíneo (DENNY & BUTTERWORTH, 2006) e a PTC (ARIAS et al.,

2004).

FIGURA 20 - DISPLASIA COXOFEMORAL E DOENÇA

ARTICULAR DEGENERATIVA (SETAS)

FONTE: http://www.petcentermarginal.com.br - HOVET FMVZ/USP, 2011.

6. CONTRA INDICAÇÕES

A ACT não é indicada para animais com afecções neurológicas, neoplásicas ou

infecciosas (OLMSTEAD, 1987), e também com ruptura do ligamento cruzado,

síndrome da cauda eqüina, ausência de osso pélvico e luxação crônica (LACERDA et

al., 2004). Doenças sistêmicas devem ser tratadas antes do procedimento cirúrgico

(OLMSTEAD, 1987). Cães apresentando DCF com função locomotora normal e sem

dor não devem ser encaminhados para o procedimento de implante protético enquanto

não houver sinais clínicos que justifiquem a sua indicação (PRESTON et al., 1999;

OLMSTEAD et al., 1981; OLMSTEAD, 1987; MIRANDA, 2008).

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7. TRATAMENTO

A escolha pelo tratamento conservador ou cirúrgico dependerá da idade do

paciente, do grau de severidade dos sinais clínicos, dos achados radiográficos, da

presença de outras doenças e da disponibilidade financeira do responsável

(DASSLER, 2003; FOSSUM, 2005; MIRANDA, 2008).

O tratamento conservador ou medicamentoso é baseado na perda de peso, na

restrição de exercícios, no uso de agentes condroprotetores e de anti-inflamatórios não-

esteroidais (AINES) (KOWALESKI, 2007), sendo considerado o tratamento de

eleição para cães com sinais clínicos leves a moderados ou apresentando sinais iniciais

de claudicação (WALLACE & OLMSTEAD, 1995; MINTO et al., 2006). Os AINES

são bem tolerados e eficazes, especialmente a nova geração de inibidores COX-2.

Agentes condroprotetores podem ser úteis para reduzir a inflamação pela OA e pode

melhorar o processo de reparação óssea (KOWALESKI, 2007).

O tratamento cirúrgico é recomendado em pacientes idosos que receberam

tratamento conservador e este se mostrou ineficaz, ou em pacientes jovens quando se

deseja minimizar a progressão da DAD e promover uma boa função locomotora em

longo prazo (FOSSUM, 2005; MIRANDA, 2008).

8. PRÓTESES

O conjunto protético é constituído de uma cúpula acetabular de polietileno de

alta densidade e dos componentes femorais (cabeça, colo e haste) de liga metálica de

cromo-cobalto, aço inoxidável ou titânio. As cúpulas e as hastes estão disponíveis no

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mercado em cinco tamanhos diferentes e as cabeças e colos são disponibilizadas em

três tamanhos (OLMSTEAD et al., 1983; OLMSTEAD, 1995).

Nos Estados Unidos e Europa, estão disponíveis diversos modelos com

adaptações necessárias às variações relacionadas à anatomia articular das diversas

raças e portes dos animais (FIGURA 21) (JONES, 1994; WALLACE & OLMSTEAD,

1995; PIERMATTEI & FLO, 1999; MINTO et al., 2006).

FIGURA 21 - SISTEMA CONVENCIONAL DE PRÓTESE CIMENTADA.

Diferentes tamanhos do sistema modular (a) e prótese montada (b).

FONTE: http://www.acvs.org, 2011.

As próteses podem ser não cimentadas (FIGURA 22a), que apresentam

superfície porosa propiciando a sua integração com o tecido ósseo (MINTO et al.,

2008), cimentadas (FIGURA 22b) quando a haste e o colo são aderidos ao canal

femoral com cimento ósseo composto de polimetilmetacrilato (PMMA) (OLMSTEAD

et al., 1981; OLMSTEAD et al., 1983; OLMSTEAD, 1987.; OLMSTEAD, 1995;

DASSLER, 2003; MINTO et al., 2008; MIRANDA, 2008) e híbridas, que mesclam os

b a

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componentes cimentados e não cimentadas (FIGURA 23) (NELSON et al., 2007;

MINTO et al., 2008; MINTO, 2009).

FIGURA 22 - RADIOGRAFIA DE PÓS-OPERATÓRIO

MOSTRANDO OS MODELOS: CIMENTADO CFXTM

(a) E NÃO

CIMENTADO BFXTM

(b) DA BIOMEDTRIX.

FONTE: http://www.avah.on.ca/specialized-services/specialty-surgery/bone-and-

joint-surgery/total-hip-replacement.php, 2011.

a b

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FIGURA 23 - RADIOGRAFIA EM PROJEÇÃO

VENTRO-DORSAL APÓS IMPLANTE DE PRÓTESE

TOTAL DE QUADRIL DO TIPO HÍBRIDA.

COMPONENENTE ACETABULAR NÃO

CIMENTADO E HASTE FEMORAL CIMENTADA.

FONTE: MINTO et al., 2011.

As próteses cimentadas podem ser em sistema de cabeça fixa (FIGURA 24) ou

modular (OLMSTEAD, 1995; PRESTON et al., 1999; MIRANDA, 2008). As de

cabeça fixa não podem ser ajustadas com a geometria do paciente na cirurgia (ARIAS

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et al., 2004; MIRANDA, 2008). Já as de sistema modular possuem partes permutáveis,

permitindo o ajuste da cabeça e do comprimento do colo femoral no momento do

procedimento cirúrgico (OLMSTEAD, 1995; MINTO et al., 2006).

Basicamente, existem dois tipos de próteses não cimentadas sendo usadas na

veterinária. O primeiro, o BFXTM

da Biomedtrix (FIGURA 25), alcança a estabilidade

de curto prazo através do encaixe dos componentes femoral e acetabular em osso

preparado. O segundo, o Z-THR da Zurich Cementless (FIGURAS 26 e 27), é

caracterizado pela fixação da haste através de três a cinco parafusos no córtex medial

do fêmur (HUMMEL et al., 2010). A fixação inicial da cúpula acetabular é feita por

pressão e depois por um parafuso de fixação de titânio no centro do componente

acetabular (MONTAVON, 2010). A estabilidade de longo prazo ocorre por

crescimento ósseo na superfície metálica porosa dos componentes nos dois tipos

(HUMMEL et al., 2010). A cúpula é composta de polietileno de alta densidade dentro

de uma concha perfurada de titânio (MONTAVON, 2010).

Nas próteses cimentadas, a cúpula acetabular é disponibilizada apenas em

polietileno (FIGURA 24C). Nas próteses não cimentadas, estas possuem a cúpula

acetabular com um revestimento de metal onde a superfície do rolamento plástico é

encaixada (FIGURA 25C) (ROE, 2007).

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FIGURA 24 - COMPONENTES DO MODELO CIMENTADO CFXTM

DA

BIOMEDTRIXa – Haste femoral. b – Cabeça femoral. c – Cúpula acetabular

de polietileno de alta densidade.

a b c

FONTE: FOSSUM, 2008.

FIGURA 25 - COMPONENTES DO MODELO NÃO CIMENTADO

BFXTM

DA BIOMEDTRIX. a – Haste femoral. b – Cabeça femoral. c –

Cúpula acetabular.

a b c

FONTE: FOSSUM, 2008.

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FIGURA 26 - APRESENTAÇÃO LATERAL DA PTC ZURICH

CEMENTLESS EM UM MODELO ÓSSEO PLÁSTICO

FONTE: MONTAVON, 2010.

FIGURA 27 - APRESENTAÇÃO SAGITAL DO MESMO MODELO

MOSTRANDO A CÚPULA COM DUPLA CAMADA DE TITÂNIO

FONTE: MONTAVON, 2010.

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Na micro-THR, a cúpula acetabular e a haste foram redimensionadas em

versões menores dos componentes para cães de raças grandes e gigantes, sendo que a

cúpula está disponível em 12, 14 e 16 mm de diâmetro com 8 mm de diâmetro no

interior da superfície articular. Dois tamanhos de haste femoral estão disponíveis,

medindo 36 mm e 46 mm de comprimento, com 2,6 mm e 3,6 mm de diâmetro,

respectivamente (LISKA et al., 2009).

Os diferentes sistemas de PTC são igualmente eficazes em reduzir a dor

articular e restaurar a função. Como a maioria dos cães não chega a uma idade em que

o desgaste da prótese seja um problema, a revisão cirúrgica é justificada na falência do

implante e na infecção (THEYSE, 2008).

9. DESCRIÇÃO DA TÉCNICA

Cuidados com assepsia, preparação do paciente, cirurgiões experientes, e

velocidade na execução da cirurgia são requisitos necessários para diminuir possíveis

complicações com infecção (PIERMATTEI & FLO, 1999). O paciente deve ser

preparado com tricotomia a partir de um ponto acima da articulação tíbio-társica até a

linha média dorsal e ventral e, em seguida, deve-se realizar a antissepsia do membro.

O decúbito deve ser lateral (BOJRAB, 1996).

O acesso cirúrgico deve ser realizado por uma abordagem craniolateral da

articulação do quadril (FIGURA 28) (FOSSUM, 2008), a partir do terço proximal da

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diáfise femoral e seguindo proximalmente até ultrapassar o trocânter maior (BARROS,

2009).

FIGURA 28 - INCISÃO POR ABORDAGEM CRANIOLATERAL DA

ARTICULAÇÃO DO QUADRIL (a) E DETALHE DO FÊMUR (b).

a b FONTE: BARROS, 2009 FONTE: ASPINALL, 2005.

Essa abordagem pode ser modificada, incluindo a elevação das origens da

musculatura do vasto lateral para se obter uma maior exposição do colo femoral

(BOJRAB, 1996); proximalmente se curva caudalmente sobre o trocânter e em direção

a base da cauda (PIERMATTEI & JOHNSON, 2004).

A folha superficial da fáscia lata deve ser incisada ao longo da borda cranial do

músculo bíceps femoral, este deve ser afastado caudalmente e o músculo tensor da

fáscia lata cranialmente (FOSSUM, 2008), para exposição do músculo glúteo

Trocânter maior

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superficial e do músculo tensor da fáscia lata (FIGURA 29) (BARROS, 2009). O

músculo vasto lateral deve ser incisado e rebatido ventralmente (FOSSUM, 2008).

FIGURA 29 - EXPOSIÇÃO DOS MÚSCULOS GLÚTEO

SUPERFICIAL (a) E TENSOR DA FÁSCIA LATA (b)

FONTE: BARROS, 2009.

Uma pinça (Espanhola) para apreensão de osso é necessária para fixar o fêmur

proximal e permitir que ele seja rotacionado externamente para expor a cabeça e colo

femoral. A cápsula articular é incisada transversalmente e o ligamento redondo

seccionado para permitir a luxação da cabeça femoral (FIGURA 30). É utilizado um

a

b

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elevador periosteal para remover todas as inserções de tecidos moles do aspecto

cranial do colo femoral (DENNY & BUTTERWORTH, 2006).

FIGURA 30 - INCISÃO DA CÁPSULA ARTICULAR E EXPOSIÇÃO DA

CABEÇA FEMORAL

a b

FONTE: BARROS, 2009.

Uma serra oscilante é utilizada para realizar a osteotomia (DENNY &

BUTTERWORTH, 2006). A cabeça femoral é osteomizada, deixando a maior parte da

porção ventral do colo intacto.

Moldes ou a prótese femoral são posicionados acima do osso para assegurar o

ângulo correto. O acetábulo é escavado com cureta hemisférica para receber a cúpula

de polietileno. Com o acetábulo preparado, a inserção teste da prótese é feita para se

assegurar de que ela se encaixa. O canal femoral é alargado para o tamanho necessário

usando-se uma perfuratriz, que deve ser centralizada no canal e alinhada com o eixo

do osso para prevenir a penetração da cortical. Cureta afilada é utilizada para remover

o osso esponjoso do colo e borda. Grosa é usada para remover ainda mais o osso da

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superfície do endósteo. Um raspador, do tamanho da prótese femoral, é usado para

obter bom encaixe. Um espaço é necessário ao redor da prótese para que seja aplicado

o cimento ósseo. Uma prótese teste com cabeça femoral fixa é inserida e a articulação

coxofemoral é reduzida e testada para estabilidade, posicionamento dos componentes,

taxa de movimentação e frouxidão de translação ventral ou lateral. O componente

acetabular é cimentado em seu lugar, usando um posicionador para assegurar a

orientação adequada, assim como o componente femoral. A cabeça pode ser fixa antes

ou depois que o componente femoral for cimentado. O cimento ósseo, em sua fase

liquida, é introduzido dentro do canal femoral através de injeção, e a prótese, é

aplicada dentro do canal com cuidado para impedir a anteversão. Após o

endurecimento do tecido, as articulações são reduzidas, a cápsula articular é fechada

com vários pontos de sutura separados simples, e os tecidos restantes são fechados por

camadas (PIERMATTEI & FLO, 1999).

Na cirurgia com próteses cimentadas, os ossos são preparados, as cavidades

preenchidas com o líquido PMMA, e os implantes são posicionados e mantidos até que

o PMMA se consolide. O sucesso em longo prazo requer que as interfaces entre o

PMMA e os implantes, assim como entre o PMMA e o osso, estejam sólidas e estáveis

(FARESE, 2006).

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FIGURA 31 - RADIOGRAFIA PÓS-

OPERATÓRIA MOSTRANDO POSIÇÃO

NEUTRA DO IMPLANTE

FONTE: ARIAS, 2004.

No sistema modular, o leito ósseo é preparado com muito mais precisão. Os

implantes são martelados dentro do osso até estarem firmes. Após três ou quatro

semanas, o osso cresce na superfície porosa, criando uma sobreposição biológica

(FARESE, 2006).

A técnica cirúrgica em cães menores e gatos com a micro-THR é basicamente

igual à utilizada em cães maiores, exceto que os instrumentos, as próteses e os

pacientes são menores (LISKA, 2010).

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FIGURA 32 - PROJEÇÕES VENTRO-DORSAIS MOSTRANDO

SUBLUXAÇÃO BILATERAL (a) E PÓS-OPERATÓRIO COM MICRO-

THR EM UM CÃO DA RAÇA LHASA APSO COM 7KG DE PESO

CORPORAL (b).

a b

FONTE: LISKA, 2010.

10. COMPLICAÇÕES

Existe um baixo índice de complicações, e quando ocorrem são de difícil

resolução (MINTO et al., 2008), especialmente com o sistema cimentado (FARESE,

2006). A maioria das complicações ocorrem até o quarto mês de pós-operatório

(OLMSTEAD et al., 1983; ARIAS et al., 2004), diminuindo sua incidência após 18

meses (OLMSTEAD, 1987; ARIAS et al., 2004). As principais são: luxação

(FIGURA 33b) (OLMSTEAD et al., 1983; WALLACE & OLMSTEAD, 1995;

PRESTON et al., 1999; MINTO et al., 2008), afrouxamento asséptico do componente

protético acetabular (PIERMATTEI & FLO, 1999; MINTO et al., 2008) e a infecção

(DYCE & OLMSTEAD, 2002; MINTO et al., 2008). Segundo Kowaleski (2007), um

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relatório recente sobre esta técnica mostrou que dos animais que tiveram

complicações, 4,5% apresentaram luxação, 1,25% infecção e 2,25% afrouxamento

asséptico. A luxação pode ocorrer por exercício precoce, inadequada orientação dos

componentes protéticos e trauma externo (ARIAS et al., 2004). O posicionamento do

componente femoral está relacionado com o nível de osteotomia do colo femoral, a

remoção do bloco subtrocantérico, o direcionamento durante a inserção da haste

femoral e o diâmetro e tamanho desta (SCHULZ et al., 1998; SCHULZ, 2000;

ARIAS, 2004). Posicionamento varus (FIGURA 33a) e inclinação caudal da ponta do

implante (FIGURA 34) são as complicações mais freqüentes dentro das complicações

por afrouxamento (SCHULZ et al., 1998; ARIAS, 2004).

FIGURA 33 - RADIOGRAFIAS APÓS A COLOCAÇÃO DOS IMPLANTES

MOSTRANDO POSIÇÃO VARUS DA HASTE FEMORAL (a) E LUXAÇÃO

CAUDO-DORSAL DO IMPLANTE (b).

a b

FONTE: ARIAS, 2004.

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FIGURA 34 - RADIOGRAFIA PÓS-OPERATÓRIA

MOSTRANDO O POSICIONAMENTO CAUDAL DA

PONTA DA HASTE DO IMPLANTE

FONTE: ARIAS, 2004.

Outras complicações incluem fraturas por estresse (FIGURA 35), neuropraxia

do nervo ciático pelo calor do cimento, e localização imprópria das próteses. Uma

avaliação pré-cirúrgica completa, incluindo hemograma completo, bioquímico sérico e

urinálise (cultura), é realizada para revelar qualquer processo infeccioso. Se a pele

estiver com evidência de infecção, normalmente os implantes devem ser retirados e o

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paciente deve ser encaminhado para colocefalectomia. Em alguns casos, podem-se

cimentar novamente as próteses acetabulares (FARESE, 2006).

FIGURA 35 - RADIOGRAFIA PÓS-

OPERATÓRIA MOSTRANDO

COMPLICAÇÃO POR FRATURA DO

FÊMUR. OCORREU APÓS 7 DIAS DA

SUBSTITUIÇÃO POR PRÓTESE NÃO

CIMENTADA

FONTE: http://www.acvs.org, 2011.

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11. PÓS-OPERATÓRIO

Pacientes que foram submetidos à PTC necessitam de uma reabilitação

conservadora para prevenir complicações após a cirurgia. Programas de fisioterapia

são recomendados após 48 horas do procedimento cirúrgico, assim como o uso de uma

tipóia para evitar posicionamento não adequado do membro (FOSSUM, 2008) e

afrouxamento dos implantes (MILLIS, 2004).

Os programas de reabilitação são indicados antes e depois da cirurgia

principalmente em pacientes com osteoartrite (FOSSUM, 2008).

É importante lembrar que a musculatura pode estar atrofiada na maioria dos

casos e, consequentemente, o seu fortalecimento deve ser considerado (MILLIS,

2004).

O protocolo de reabilitação deve ser realizado duas vezes ao dia e inclui

massagem, estimulação elétrica, exercícios de equilíbrio, caminhadas controladas de 5

minutos e amplitude de movimentação passiva.

Após a cicatrização da incisão, recomendam-se exercícios controlados em

esteira subaquática. As sessões devem ser curtas por todo o período da recuperação

(FOSSUM, 2008).

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12. CONCLUSÃO

Com este trabalho foi possível concluir que a artroplastia total de quadril é um

procedimento que possui excelentes resultados com baixo índice de complicações para

nossos pacientes. A escolha do tipo de prótese a ser utilizada dependerá da idade, do

tamanho, do grau e do tipo de lesão ou doença existente. É uma técnica bem difundida

nos países desenvolvidos e seu uso no Brasil ainda é restrito a algumas regiões que

contam com profissionais preparados e mercado favorável. A tendência é cada vez

mais ser difundida através de especialistas da área de ortopedia veterinária e

disponibilizada em novos centros.

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