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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alessandra Aparecida Chagas INTERDISCIPLINARIDADE: UMA PROPOSTA DE TRABALHO ENVOLVENDO ARTE E MEIO AMBIENTE. CURITIBA 2012

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alessandra Aparecida Chagas · atitude, que Ana Mae Barbosa, citando Fazenda (1994), definiu como sendo: Uma atitude frente a alternativas para conhecer

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alessandra Aparecida Chagas

INTERDISCIPLINARIDADE: UMA PROPOSTA DE TRABALHO ENVOLVENDO ARTE E MEIO AMBIENTE.

CURITIBA 2012

INTERDISCIPLINARIDADE: UMA PROPOSTA DE TRABALHO ENVOLVENDO ARTE E MEIO AMBIENTE.

CURITIBA 2012

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alessandra Aparecida Chagas

INTERDISCIPLINARIDADE: UMA PROPOSTA DE TRABALHO ENVOLVENDO ARTE E MEIO AMBIENTE.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado aocurso da Pós em Artes Visuais da Faculdade deCiências Humanas, Letras e Artes da UniversidadeTuiuti do Paraná. Como requisito parcial paraobtenção do título de licenciado em Artes Visuais. Orientador: Profº Ms. Renato Torres.

CURITIBA 2012

Universidade Tuiuti do Paraná Credenciada por Decreto Presidencial de 07 de julho de 1997 – D.O.U. Nº 128, de 08 de julho de 1997, Secção 1, Página 14295.

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

TERMO DE APROVAÇÃO Alessandra Aparecida Chagas

INTERDISCIPLINARIDADE: UMA PROPOSTA DE TRABALHO ENVOLVENDO ARTE E MEIO AMBIENTE.

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Especialização em Artes Visuais do Curso de Pós-Graduação latu sensu em

Ensino das Artes Visuais: Práticas Pedagógicas e Linguagens Contemporâneas da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 29 de Setembro de 2012.

Prof.º Ms. Renato Torres Coordenador de Curso de Pós-Graduação Ensino das Artes Visuais:

Práticas Pedagógicas e Linguagens Contemporâneas Universidade Tuiuti do Paraná

Prof.º MS. RENATO TORRES Universidade Tuiuti do Paraná

Curso de Pós-Graduação Ensino das Artes Visuais: Práticas Pedagógicas e Linguagens Contemporâneas

Prof.º HUGO FERREIRA DA SILVA

Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Pós-Graduação Ensino das Artes Visuais:

Práticas Pedagógicas e Linguagens Contemporâneas

AGRADECIMENTOS

Agradeço a compreensão de todas as pessoas do meu convívio que

acreditaram e contribuíram, para a conclusão deste curso.

A minha mãe, pelo amor demonstrado e pela paciência, ao cuidar do

meu filho.

Ao meu orientador Renato Torres, pelo empenho, paciência e

credibilidade, obrigado por tudo.

A estas agradeço de coração e prometo serei imensamente grato.

RESUMO O presente trabalho trata da pesquisa interdisciplinar a partir de relações entre o meio ambiente e arte. O interesse dessa pesquisa surgiu após ter assistido ao documentário Lixo Extraordinário (2009) de Vik Muniz. No primeiro capítulo será apresentado conceitos de interdisciplinaridade. Nessa busca encontrei os principais autores, aqueles que se dedicaram por pesquisar maneiras de organizar e desenvolver um projeto interdisciplinar. No segundo capitulo escrevo sobre as definições dos conceitos do consumo e meio ambiente que serviram para contribuir na estruturação de um projeto de arte no cotidiano escolar pesquisada em vários autores. No terceiro capítulo escrevo sobre ensino de artes e formas de trabalho por projetos, utilizo autores como Hernández que escrevem sobre a construção de projetos que estão interligados a conteúdo. E no último capítulo será apresentado sobre a bibliografia de Vik Muniz. Palavras-chave: Artes Visuais; Ensino da Arte; Consumo e Meio Ambiente; Interdisciplinaridade.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................... 08

2. INTERDISCIPLINARIDADE................................................................ 11

3. MEIO AMBIENTE E SEU CONSUMO ................................................ 17

4. ENSINO DAS ARTES.......................................................................... 22

5. VIK MUNIZ: LIXO EXTRAORDINÁRIO.............................................. 26

6. PROPOSTA DE TRABALHO POR PROJETO................................ 30

6.1 PRIMEIRA ETAPA.............................................................................. 31

6.2 SEGUNDA ETAPA.............................................................................. 31

6.3 TERCEIRA ETAPA............................................................................. 32

6.4 POSSÍVEL EXECUÇÃO DO PROJETO............................................ 33

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 35

8. REFERÊNCIAS....................................................................................... 36

8

1. INTRODUÇÃO

A presente monografia teve por objetivo pesquisar a interdisciplinariedade a

partir de relações entre o meio ambiente e arte. O interesse por essa pesquisa

surgiu após ter assistido ao documentário Lixo Extraordinário (Brasil/Inglaterra

– 2009), produzido pelos diretores brasileiros João Jardim e Karen Harley e

pela diretora britânica Lucy Walker com participação na produção-executiva do

diretor Fernando Meirelles.

O documentário trata do artista plástico brasileiro Vik Muniz com

catadores de material reciclável em um dos maiores aterros sanitários do

mundo, localizado no Jardim Gramacho, bairro periférico de Duque de Caxias,

Rio de Janeiro.

O documentário apresenta as histórias de vida dos catadores e a

transformação do lixo reciclável em obra de arte, o final do filme revela o poder

transformador de lixo em arte.

O ambiente escolar se apresenta com o objetivo de contribuir com a

solução da problemática social, cabendo aos professores trabalhar questões

através de orientações, informações e projetos educativos, de modo que

estimule o processo de ensino e aprendizagem aliado a reflexão, pois dessa

forma ajuda promover a conscientização de tema como: “consumo e meio

ambiente".

O consumo exagerado em nossa sociedade cria a mentalidade de que

temos necessidades não reais, para satisfazê-las. Esgotamos nossos recursos

naturais e o consumo desenfreado resulta em excesso incontável de lixo. Essa

9

reflexão surgiu da necessidade de despertar o interesse dos alunos pela

manutenção dos recursos naturais em seu cotidiano.

Trabalhar a interdisciplinaridade foi importante nesse trabalho pelo fato

de ser formada em Biologia e estar fazendo a pós em Artes Visuais. Assim

pude trabalhar as duas áreas: Ciências e Artes, possibilitando que o

pesquisador venha a intervir dentro de uma problemática social, como discutir a

conscientização sobre o meio ambiente através das obras de Vik Muniz, assim

analisando-a e anunciando seu objetivo de forma a mobilizar os alunos,

construindo novos saberes. Através dela o docente tem condições de refletir

criticamente sobre suas ações.

Esse trabalho propõe envolver os alunos de modo cooperativo. Para

tanto, partiu-se da seguinte questão: como discutir a conscientização sobre o

meio ambiente através das obras de Vik Muniz com os alunos do 7º ano do

ensino fundamental?

Trabalhar com o tema meio ambiente é uma oportunidade que se vale

da interdisciplinaridade no ensino fundamental, contribuindo para a formação

da pesquisadora.

No primeiro capítulo será apresentado o conceito de

Interdisciplinaridade. O procedimento interdisciplinar facilita e permite uma

maior compreensão do processo de construção do conhecimento. A

interdisciplinaridade é uma discussão emergente no meio educacional: uma

forma de se pensar no interior da Educação. Em seguida propor um projeto

interdisciplinar envolvendo principalmente as disciplinas Ciências e Artes.

No segundo capítulo será abordada a conscientização ecológica. Essa

mudança de pensamento se dá através da educação ambiental e educação

10

para o consumo, da informação e da mudança de pequenas atitudes, descritas

a seguir.

No terceiro capítulo, será apresentado o Ensino das Artes a partir da

cultura visual e a educação. Hernández discute as concepções práticas dos

docentes, analisa o porquê da arte ser considerada uma disciplina sem

importância e revela alguns caminhos para estimular a paixão dos alunos pelo

aprender. Em muitos momentos do texto, o autor mostra o valor da

compreensão no ensino e como é possível favorecê-la.

Como já coloquei, esse trabalho envolverá duas disciplinas em especial,

Ciências e Artes, entretanto o assunto é vasto e requer um conhecimento mais

abrangente.

11

2. INTERDISCIPLINARIDADE

Primeiramente, será apresentado o conceito de interdisciplinaridade,

através de autores que apontam características e possibilidades de

trabalhos por projetos.

A Professora Ivani Catarina Arantes Fazenda, é uma das principais

referências sobre Interdisciplinaridade no Brasil, sendo sempre citada em

diversos trabalhos sobre esse tema.

É impossível à construção de uma única, absoluta e geral teoria da interdisciplinaridade, mas é necessária a busca ou o desvelamento do percurso teórico pessoal de cada pesquisador que se aventurou a tratar as questões desse tema”. (FAZENDA 1995. p.13)

Sendo assim, Ivani Fazenda vai além da simples definição de

interdisciplinaridade em suas colocações, nos fala sobre uma mudança de

atitude, que Ana Mae Barbosa, citando Fazenda (1994), definiu como sendo:

Uma atitude frente a alternativas para conhecer mais e melhor; atitude de espera frente aos atos não consumados, atitude de reciprocidade que impele à troca, que impele ao diálogo, ao diálogo com pares anônimos ou consigo mesmo, atitude de humildade frente à limitação do próprio saber, atitude de perplexidade frente à possibilidade de desvendar novos saberes, atitude de desafio, frente ao novo, desafio em redimensionar o velho, atitude de envolvimento e comprometimento com os projetos e com as pessoas neles envolvidas, atitude, pois, de compromisso em construir sempre da melhor forma possível, atitude de responsabilidade, mas, sobretudo de alegria, de revelação, de encontro, enfim, de vida. (BARBOSA, 2003, p.106)

Para Barbosa (2003), a Interdisciplinaridade é um tema instigante e

dinâmico, pois seu entendimento e sua concepção podem ser ampliados

conforme as experiências e as possibilidades surgidas no contexto escolar,

não parecem ter uma definição estanque, a cada texto novo que leio, a cada

pesquisa que encontro, vislumbra um novo aspecto, uma nova definição.”

(2003, p. 105).

12

De um modo geral, é uma abordagem que muito tem contribuído

para que o processo de ensino-aprendizagem seja significativo e possa

proporcionar uma educação global, integradora, crítica e transformadora.

No entanto, ter uma definição precisa do seu significado pode

auxiliar na sua compreensão. Não é possível uma definição de uma única

teoria em relação à interdisciplinaridade, sendo assim, é fundamental

atender o movimento pelo qual os estudiosos e dessa temática tem

trabalhado nas três últimas décadas. (FAZENDA, 1995, p. 13)

Em meados da década 1960 surge esse movimento na Europa,

principalmente na França e na Itália, no momento de reivindicação

estudantil, sobre a universidade e a escola. Porém foi na década de 1970

que Ivani começa as suas pesquisas sobre o tema interdisciplinaridade.

(FAZENDA, 1995, p. 14)

Segundo Fazenda (2001) o termo Interdisciplinaridade vem do

Prefixo Latino “Inter”, posição ou ação intermediária. O fazer que se dê por

duas ou mais coisas ou pessoas, “interação”. “Dade”, sentido da ação ou

resultado da ação, qualidade, modo de ser. “Disciplina” funcionamento ou na

organização ou ainda um regime de ordem, imposta ou livremente.

(FAZENDA, 2001, p.23/24)

Para uma construção da didática a partir da prática dos professores,

Fazenda (1995, p.71), cita três questões para à didática. A primeira é o

“papel do autoconhecimento na analise das praticas individuais como ponto

de partida para um repensar o trabalho do docente” [...], a segunda, “a

natureza dessas praticas, que é sempre social” [...] e a terceira refletirem “a

necessidade de uma ação conjunta, integrada e interdisciplinar para a

13

melhoria da qualidade do trabalho educativo na escola.” (FAZENDA, 1995,

p. 71)

Barbosa (2003) ressalta:

A Arte na Educação como expressão pessoal e como cultura é um importante instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento individual. Por meio da Arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação, apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada. (BARBOSA, 2003, p.18)

Percebe-se que a Arte pode favorecer abordagens diversas da

cultura no processo educativo e uma relação criadora com outras disciplinas,

uma vez que a própria arte possui uma dimensão interdisciplinar. Através

dessas possibilidades, a música, como manifestação.

Podemos perceber, no entanto, que não basta compreendermos o

significado de interdisciplinaridade para que possamos trabalhar de forma

interdisciplinar, nossa postura diante dessa abordagem é fundamental e que

para que um projeto educacional interdisciplinar tenha resultados, ele se

desenvolve lentamente e gradualmente, contando-se com as

potencialidades dos envolvidos, aprimorando e cultivando a partir das

necessidades de se adquirir uma nova consciência reflexiva, mudanças e

novas visões de mundo.

A interdisciplinaridade tornou-se uma “ideia-força” que procura

engajar os professores numa prática conjunta, ela precisa ser

redimensionada quando se trata do saber teórico a ser construído e quando

se trata da prática.

A interdisciplinaridade é entendida também como a necessidade de

integrar, articular, trabalhar em conjunto. Os professores devem ser os

14

protagonistas na implantação de práticas interdisciplinares na escola. A

reforma deve se originar dos próprios educadores e não do exterior.

O conceito do consumo e Meio Ambiente foi escolhido por ser

entendido como um possível tema articulador no processo interdisciplinar.

A formação na educação à, pela e para a interdisciplinaridade se impõe e precisa ser concebida sob-bases específicas, apoiadas por trabalhos desenvolvidos na área, trabalhos esses referendados em diferentes ciências que pretendem contribuir desde as finalidades particulares da formação profissional até a atuação do professor. (FAZENDA, 2002, p. 14).

Ela não anula as disciplinas, mas pede que as mesmas dialoguem

entre si numa perspectiva educacional em busca de inovação.

A pesquisa e a didática interdisciplinar tratam do movimento (do dinâmico), porém aprendem a reconhecer o modelo (o estático); tratam do imprevisível (dinâmico), porém no possível (estático); tratam do caos (dinâmico), mas respeitam a ordem (estático). O objetivo da construção de uma didática e de uma pesquisa interdisciplinar é a explicitação do contorno ambíguo várias áreas do conhecimento além da educação, tais como a História da Ciência, Ciências Naturais, Arte entre outras. Fazenda (2002, p. 14),

Fazenda (1999) ainda comenta que: “a indefinição sobre

interdisciplinaridade origina-se ainda dos equívocos sobre o conceito de

disciplina”. A polêmica sobre disciplina e interdisciplinaridade possibilita uma

abordagem pragmática em que a ação passa a ser o ponto de convergência

entre o fazer e o pensar interdisciplinar. (FAZENDA, 1999, p. 66)

Uma interdisciplinaridade no ensino com vistas a novos

questionamentos e buscas supõe uma mudança de atitude no compreender

e entender o conhecimento, uma troca em que todos saem ganhando:

alunos, professores e a própria instituição. (FAZENDA, 2005, p. 26)

Na disciplina das Artes, Barbosa sugere interdisciplinarisar, as

pessoas com suas competências específicas que interagem com outras

pessoas de diferentes competências, assim como o próprio conceito da

15

interdisciplinariedade onde dizem que uni as disciplinas estabelecendo cada

um seus próprio limites ou simplesmente. (Barbosa, 2008, p. 2)

Barbosa (2008) comenta que na escola as Artes não só devem ter

seu espaço específico como disciplinas no currículo, embora ensinadas

através da experiência interdisciplinar, mas também lhes cabe transitar por

todo o currículo, enriquecendo a aprendizagem de outros conhecimentos,

das disciplinas e das atividades dos estudantes. (BARBOSA, 2008, p. 3)

Com isso Barbosa (2008) ao mesmo tempo em que destaca que a

interdisciplinariedade aponta que não existe uma definição, pois ela se dá de

diversas maneiras. A definição de interdisciplinaridade acontece de forma

mais fácil pelo processo de exclusão isto é dizendo-se o que ela não é.

“Compete ao professor planejar, mas não entregar as relações entre as artes

e outros saberes já definidos”. (BARBOSA, 2008, p.3)

Pressupõe-se, portanto, que "é impossível à construção de uma

única, absoluta e geral teoria da interdisciplinaridade" (FAZENDA, 1994, p.

13), principalmente pelo fato dessa interdisciplinaridade se constituir na

prática, ou seja, ser "mais processo do que produto" (FAZENDA, 1994, p.

25).

Fazenda (2002) aponta: “a possibilidade de um trabalho de natureza

interdisciplinar nas pesquisas sobre sala de aula anuncia-nos possibilidades

que antes não eram oferecidas”. Quando isso acontece, surge a

oportunidade de revitalizar as instituições e as pessoas que nelas trabalham.

O processo interdisciplinar desempenha papel decisivo para dar corpo ao

sonho de fundar uma obra de educação à luz da sabedoria, da coragem e da

humildade. (FAZENDA, 2002, p. 17/18)

16

Essa abordagem interdisciplinar só acontece quando os conteúdos

das disciplinas se relacionam para a ampla compreensão de um tema

estudado, a relação entre as matérias é à base de tudo. Ao utilizar os

conhecimentos de outras áreas que não são de seu domínio, você pode

encontrar dificuldades. Mas aprender com os colegas é uma das grandes

vantagens dessa prática, que estimula a pesquisa, a curiosidade e a vontade

de ir aos detalhes para entender que o mundo não é disciplinar.

Neste primeiro capítulo apresentei o conceito de

interdisciplinaridade, pontuando, seu surgimento e as questões que devem

ser pensadas ao propor um projeto interdisciplinar.

17

3. CONSUMO E MEIO AMBIENTE

Neste segundo capítulo será apresentado o conceito de consumo e

meio ambiente pesquisada em vários autores que abordam características e

possibilidades de trabalhos por projetos. As definições dos conceitos do

Consumo e Meio Ambiente serviram para contribuir na estruturação de um

projeto de arte no cotidiano escolar. A necessidade de abordar o tema,

enfatiza o papel fundamental do aluno como ser atuante no local onde vive,

seja por conscientização própria e de seus familiares ou pela

responsabilidade de cada individuo na conservação do meio em que vive.

As crianças devem aprender a “pensar globalmente enquanto agem

localmente”. (KURRIE, 1998, p. 13)

Segundo Dias (2000), o livro Primavera silenciosa da bióloga

Ranchel Carson, publicado em 1962 reunia uma série de narrativas sobre as

desgraças ambientais que estavam em várias partes do mundo, promovidas

pelo modelo de “desenvolvimento” econômico então adotado, e alertava a

comunidade internacional para o problema. (DIAS, 2000, p. 73/74)

Branco (2004), a questão voltada ao meio-ambiente surgiu de forma

explosiva há aproximadamente três décadas. A percepção dos efeitos

globais do consumo excessivo de recursos naturais, queima de

combustíveis, explosão demográfica começou a motivar a opinião pública,

particularmente, após a Reunião de Estocolmo, em 1972, apoiada pela

Organização das Nações Unidas pela Educação Ciência e Cultura

(UNESCO) e pelo ECO 92, realizada no Rio de Janeiro. Essa reunião com

fins de conscientização, a respeito das causas e efeitos do aquecimento

global, gerado pelo consumo excessivo e outros problemas relacionados

18

com o meio ambiente. Na grande maioria dos casos, a sociedade

contemporânea apresenta uma visão distorcida do chamado

“desenvolvimento”. (BRANCO, 2004, p. 9)

De acordo com Branco (2002) o consumo exagerado, afirma:

“somado ao aumento populacional no globo terrestre, faz com que existam

cada vez maiores indústrias”. Estas, por sua vez, consomem grande

quantidade de energia elétrica e matérias prima, gerando grandes

quantidades de lixo, causando enormes impactos ambientais. Além disto,

ocorre um esgotamento de recursos não renováveis, aqueles que uma vez

consumidos não podem ser repostos, como o petróleo e os minérios. O

crescimento populacional leva a um grande crescimento industrial e

consequentemente a um crescimento das cidades, acarretando poluição.

(BRANCO, 2002, p. 17/18)

A grande problemática diz respeito aos recursos naturais que são

utilizados como se fossem infinitos e a falta de preocupação com os

impactos ambientais que são gerados. Uma contribuição para a solução

desse problema pode ser encontrada na educação, na busca por mudar o

paradigma da sociedade atual por meio do conceito de desenvolvimento

sustentável, que será descrito posteriormente.

Branco (2004), diante desta problemática, sugere que o consumo

exagerado causa poluição dos rios, do solo e do ar. Ter um ecossistema

poluído é o mesmo que ter um ambiente alterado em sua composição e

estrutura por materiais incapazes de assimilar. (BRANCO, 2004, p. 39/40)

19

O consumo sustentável, portanto, recusa as formas de agressão ao

meio ambiente, pelas quais o consumidor também é responsável, em favor

do compromisso com o destino do planeta e as futuras gerações.

Sondré (1999) analisa os padrões de consumo na nossa sociedade

e o seu impacto no meio ambiente, sublinha a necessidade de um consumo

sustentável para a preservação do planeta.

A questão é de contextualizar o consumo, isto é, repensar a

produção a partir dos efeitos que os produtos e seus processos de

fabricação causam ao meio ambiente; discutir as reias necessidades dos

consumidores e as informações distorcidas que criam necessidades nem

sempre tão essenciais; questionar a produção de resíduos e o desperdício

que a cerca; analisar a globalização dos impactos com a internaciolização da

economia: refletir a respeito da causa das desigualdades sociais; e analisar

o papel que os consumidores podem ter na mudança do atual quadro de

degradação. (SONDRÉ, 1999, p. 8).

Segundo Gordimer (2002), o consumo descontrolado no mundo

desenvolvido erodiu os recursos renováveis, a exemplo dos combustíveis

fosseis, florestas e áreas de pesca polui o ambiente local e global e se

curvou a promoção da necessidade de exibir conspicuamente o que se tem,

em lugar das necessidades legitimas, da vitima. Enquanto os que fazem

dessas gerações de consumidores precisam consumir para mais de 1 bilhão

de pessoas, consumir mais é uma questão de vida ou morte e um direito

básico – o direito de li-bertar-se da carência. (GORDIMER - MEIO

AMBIENTE E CONSUMO, 2002, p. 8).

Na natureza, tudo se transforma nada é disperdiçado. A natureza não gera lixo. (GORDIMER - MEIO AMBIENTE E CONSUMO, 2002, p. 17).

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Em nossa sociedade não respeitamos o principio do circuito da

natureza: extraímos mais e mais matérias-primas transformamos em

produtos e ao consumir esses produtos fazemos crescer montanhas de lixo.

Cada um de nós gera diariamente cerca de 1 quilo de lixo, no qual se

misturam materiais aproveitáveis e não aproveitáveis. Como não

consideramos lixo um recurso reutilizável, ele se transforma em um

problema serio da nossa civilização.

É possível conquistar professores e alunos sobre a importância de

se preservar o meio ambiente, já que a questão é de interesse coletivo e

está nos noticiários. Em razão das necessidades de reflexão dos alunos

sobre sua inserção social, a intensão é propor uma reflexão crítica sobre a

educação ambiental, o consumo e meio ambiente.

O Brasil não tem uma politica educacional definida, muito menos

uma politica para a chamada Educação Ambiental, nesse contexto, torna-se

mais urgente. Precisamos oferecer mais formações. A educação ainda

“treina” a (o) estudante para ignorar as consequências ecológicas dos seus

atos. (DIAS, 2000, p.15)

Segundo Pedrini (2000), as atividades de educação ambiental

devem ser o centro do programa, portanto permitem, aos alunos,

oportunidades de desenvolver uma sensibilização a respeito dos seus

problemas ambientais e buscar formas alternativas de soluções, conduzindo

pesquisas no ambiente urbano, relacionando fatores psicossociais e

históricos com fatores políticos, éticos e estéticos. (PEDRINI, 2000, p. 217).

21

A estratégia de usar a educação ambiental no trabalho de projeto

ajuda a identificar e definir problemas ambientais, onde as informações que

são coletadas e organizadas possam gerar soluções alternativas.

Dias (2000) cita “A Carta de Belgrado”, da qual destaca-se:

Os recursos do mundo deveriam ser utilizados de um modo que beneficiasse toda a humanidade e proporcionasse a todos a possibilidde de aumento de qualidade de vida. É dentro desse contesto que devem ser lançads as fundações para um programa mundial de EA, que possa tornar possivel o desenvolvimento de movos conhecimentos e habilidades, valores e atitudes, visando à melhoria da qualidade ambiental e, enfetivamente, à elevação da qualidade de vida para as gerações presentes e futuras. (DIAS, 2000, p. 102 -103)

Nesse sentido o documentário Lixo Extraordinário mostra que é

possível fazer algo em prol do social, sugerindo que não dá mais para ficar

de “braços cruzados”, e que a população tem direito de se informar sobre os

riscos que o planeta está sofrendo.

O filme relata o trabalho do artista plástico brasileiro Vik Muniz com

catadores de material reciclável, em um dos maiores aterros sanitário do

mundo localizado no Jardim Gramacho, bairro periférico de Duque de

Caxias, Rio de Janeiro. O documentário mostra que é possível fazer a

diferença abraçando a causa ecológica através de ações simples e

conscientes.

22

4. ENSINO DE ARTES

Repensar a educação a partir da arte, da cultura visual, é fazê-lo, em

parte, da posição dos predadores, pois quase ninguém considera esses

conhecimentos valiosos para a formação e para bagagem dos cidadãos

mais jovens. (HERNÁNDEZ, 1994, p. 27)

A arte na educação para compreensão tem como finalidade

evidenciar a trajetória percorrida pelos olhares em torno das representações

visuais das diferentes culturas para confrontar criticamente os estudantes

com elas. (HERNÁNDEZ, 1994, p. 50)

Tratar-se de expor os estudantes não só ao conhecimento formal,

conceitual e prático em relação a Artes, mas também à sua consideração

como parte da cultura visual de diferentes povos e sociedades. Esse

enfoque compreensivo trata de favorecer neles e nelas uma atitude

reconstrutiva, ou seja, de autoconsciência de sua própria experiência em

relação às obras, aos artefatos, aos temas ou aos problemas que trabalham

na sala de aula (e fora dela). Para realizá-lo, torna-se necessário o

desenvolvimento de estratégias para a compreensão. (HERNÁNDEZ, 2000,

p. 50)

Para Hernández (2000), tal posição permite uma situação muito

comum nas escolas médias espanholas, em que os alunos estudam

"diferentes tipos de linhas e texturas como aprendizagens prioritárias para

responder e interpretar a atual cultura da imagem". E continua Hernández:

"Essa opção curricular, além de uma enorme falta de respeito intelectual aos

adolescentes, ainda que, em princípio, apresente o valor de superar a fase

anterior, a meio caminho entre o expressionismo e o desenho geométrico,

23

caracteriza-se por não olhar para o presente e virar a cabeça para outro

lado, não levando em conta a realidade polimórfica, especular e virtual em

que agora vivemos". HERNANDEZ, 2000, p. 64)

Esse enfoque faz com os docentes estejam atentos a como os

alunos levam adiante “compreensões” sobre o significado de determinadas

obras e representações visuais. Essas “compreensões poderiam girar em

torno de temas como diferentes noções de ‘estilo”, e os significados das

próprias produções, os critérios para avaliar os objetos, o contexto e sentido

das diferentes tradições da cultura visual. HERNÁNDEZ, 2000, p. 49)

Para ter uma compreensão no ensino da arte, Hernández completa

dizendo: uma arte na educação para compreensão assim proposta requer um

campo de conhecimento interdisciplinares que permita a aproximação às

diferentes culturas de outras épocas e lugares, para favorecer a

aprendizagem de estratégias de interpretação e a realização de produções

com diferentes meios e recursos no quais esse conhecimento se projete em

novas produções simbólicas. “A relação de esses saberes trata de favorecer

o desenvolvimento de conhecimento”. (HERNANDEZ, 2000, p. 41)

Segundo Hernández, (2000), a arte é uma forma de conhecer e

representar o mundo. A educação organiza o conhecimento privado em

relação às formas públicas de representar o mundo. Isso significa que, por

meio de arte na educação, pode ser possível aliar as duas formas de

representar o mundo, ou um conglomerado de representações complexas e

de difícil articulação. Implica, por isso, a necessidade de organizar uma

aproximação entre os nexos de educação e de arte. (HERNANDEZ, 2000, p.

129)

24

Quando falamos de projetos, ou fazemos pelo fato de imaginarmos

que possam ser um meio de ajudar-nos a repensar e refazer a escola. Entre

outros motivos, porque, por meios deles, estamos reorganizando a gestão

do espaço, do tempo, da relação entre os docentes e os alunos, e,

sobretudo, porque nos permite redefinir o discurso sobre o saber escolar

(aquilo que regula o que se vai ensinar e como deveremos fazê-lo).

(HERNANDEZ, 2000 p. 179)

Para Hernandez (2007), “como os termos” ‘críticos-critica’, em

educação, aparecem muitas vezes e com significados diferentes, é

importante dizer que a noção de ‘compreensão critica’ não se fundamenta

em valorações ou juízos individuais, mas na pluridade de perspectivas de

analise em relação aos objetos e sujeitos da cultura visual. Num trabalho por

projeto as imagens não são coisas comuns de serem vistas.

Para Hernández essa maneira de ensinar deve: “assumir uma

metodologia visual critica e performativa” indica algumas considerações: a

primeira implica “as imagens e as praticas de visualidade”, pensando e

respeitando na maneira de olhar e produzir olhares”, a segunda: “reflete

sobre as relações do poder que se estabelecem e articulam-se por meio de

imagens e que podem ser propiciadas pelas maneiras de ver, de imaginar e

de tecer representações” e a terceira: “considerar as representações da

cultura visual como discursos que refletem praticas culturais” (HERNÁNDEZ,

2007, p. 79).

Isso será valido na aplicação desse trabalho por projeto, onde ao ser

trabalho sobre o documentário Lixo Extraordinário, em mostra de imagens

que poderão ser discutidas pelos alunos. No ultimo capitulo, apresentei as

25

possibilidades de construção de um projeto através de algumas das ideias

defendidas por Hernández.

26

5 VIK MUNIZ: LIXO EXTRAORDINÁRIO

Nesse capitulo está falando sobre a bibliografia de Vik Muniz e seus

trabalhos com materiais usados no cotidiano, finalizando com o propósito de

Vik.

Vik Muniz (1961) é artista plástico brasileiro, conhecido por usar

materiais do cotidiano em suas obras. É radicado em Nova York. Nascido em

São Paulo, filho único de Vicente José de Oliveira Muniz. Passou parte de sua

infância morando na periferia da cidade. Depois de adulto, chegou a cursar

Publicidade e Propaganda e em 1983, passou a viver em Nova York. (LODDI,

2009, p. 31)

Os primeiros anos foram difíceis. Ele trabalhou em diversos empregos,

ao mesmo tempo em que estudava direção de teatro e cenografia. Sua

priemeira mostra aconteceu em 1989. Nela, ele expõe uma serie de esculturas

chamadas Relíquias – objets trouvés fabricados ou falsas descobertas

arqueológicas, como Máquina de Café Pré-Colombiana. Esses trabalhos já

fotografadas por um profissional, a titulo de registro, Vik teve o insight que

influenciou decisivamente seu trabalho: as reproduções fotográficas, e não o

original, seriam o objeto final de sua arte. A partir daí, ele passou a usar a

fotografia como suporte para desenvolver uma série de experimentações

usando geléia, diamantes e lixo, entre outros. Um dos artistas mais produtivos

de sua geração, as obras de Vik integram os acervos de alguns dos principais

museus do mundo – museus de Paris, Londres e Nova York. LODDI, p. 31)

SILVA (2009) comenta sobre algumas das séries de Vik onde faz do uso

de materiais inusitados, peças de informáticas, microscópios, seringas, papel

27

recortado, lixo e produtos alimentícios – como nas séries Crianças de Açúcar e

Imagens de sucatas – é o que o distingue em suas composições. Neste

“brincar” multifacetado, repleto de referencia artísticas e históricas, a critica

política e social se revela na arte contemporânea do paulista Vik Muniz, há 25

anos radicado em Nova Iorque. (SILVA, 2009, p. 01)

Em 2010, foi produzido um documentário intitulado Lixo Extraordinário,

sobre o trabalho de Vik Muniz com catadores de lixo de Duque de Caxias,

cidade localizada na área metropolitana do Rio de Janeiro. A filmagem recebeu

um prêmio no festival de Berlim na categoria Anistia Internacional e no Festival

de Sundance.(SILVA, 2009, p 27)

Sebastião, Suellen, Carlão,Magna, Zumbi e Isis são pessoas que vivem e trabalham no Jardim Gramacho, Rio de Janeiro, o maior depósito urbano de lixo do mundo”. Eles sobrevivem reciclando as coisas que catam. Decidi fazer seus retratos em situações alegóricas, auxiliado por eles e usando o material que eles reclicam. Esse é um projeto incrível, que está me possibilitando conhecer algumas das mais surpreendentes pessoas do mundo, que vivem nas piores condições que jamais encontrei em toda a minha vida e que vêm me colocando em contato com um lado da vida que eu imaginei que não existisse mais. (MUNIZ, 2009, p.27).

Muniz tem um jeito muito próprio dele em mostrar suas obras para o seu

público.

Como disse LODDI (2009), como que o lixo pode ser algo além de ser,

simplesmente, lixo? Pois bem, um artista brasileiro foi capaz de olhar essas

coisas cotidianas e, com elas, recriar possibilidades de apresentar e perceber o

mundo. A espinha dorsal da educação é o brincar. Não precisa muito para ser

um artista, basta olhar o mundo à sua volta e o reinventar. (LODDI, 2009, p. 09)

O mundo tem tantas coisas a oferecer, que é só prestar atenção e

brincar com sua imaginação.

28

Figura 1. A Morte de Marat - 1793, de Jacques-Louis David. Figura 2. Marat (Sebastião): Retratos do Lixo - 2008.

Figuras 4 e 5 - O catador de lixo e a lavadeira baiana

Segundo Duarte (2011), Vik Muniz explora, propositalmente, um caráter

híbrido e ambíguo da imagem, o que torna suas obras sedutoras. Enfatiza o

diálogo entre o material, os objetos simples que ele usa para fazer as

composições e a imagem. Sua obra faz com que o espectador questione a

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imagem pelas camadas de significados sempre feitos a partir de ícones,

estereótipos e arquétipos digeridos. (DUARTE, 2011, p 03)

30

6 PROPOSTA DE TRABALHO POR PROJETO

O presente trabalho por projeto em Arte é indicado para poder ser

desenvolvido em dezoito aulas consecutivas, organizadas em três etapas.

Além disso, as atividades foram direcionadas para serem trabalhadas

individualmente e em grupos.

Para que esse trabalho seja realizado, será necessário o trabalho

Interdisciplinar envolvendo duas disciplinas: a primeira é a Biologia/Ciência

que escolhi por ser graduada nessa área e a outra é Arte, que deve conectar

os conhecimentos adquiridos na Especialização em Ensino das Artes

Visuais.

O termo interdisciplinaridade pode ser usado para apontar o

cruzamento entre as disciplinas. O presente trabalho poderá envolver várias

disciplinas, pois o assunto é vasto e requer conhecimentos múltiplos.

Na área das ciências, os alunos serão estimulados a curiosidade do

assunto estudado em relação ao Consumo e a conscientização do Meio

ambiente e na área da Arte, os alunos verão slides na TV pen-drive sobre a

arte contemporânea, explicando a intervenção do artista contemporâneo

aqui citado – Vik Muniz - sobre os objetos do cotidiano.

Fazer com que os alunos raciocinem sobre essa questão os

ajudarão na interpretação das obras de artes de maneira crítica e

desafiadora. Esse trabalho por projeto foi direncionado a alunos do ensino

fundamental.

31

6.1 PRIMEIRA ETAPA

Acomodar os alunos em uma sala de video onde serão utilizados

recursos como o filme “Lixo Extraordinário” e imagens das obras do artista

plástico Vik Muniz juntamente com sua biografia. Alguns personagens do

documentário como a Suellen, Tião, Zumbi, Norma, Irmã entre outros, são

pessoas que vivem e trabalham no Jardim Gramacho no Rio de Janeiro, o

qual hoje não existe mais.

Os presentes citados sobrevivem da reciclagem do lixo. Vik Muniz

decidiu fazer seus retratos em situações alegóricas, partindo de clássicos

da historia da Arte e usando o proprio material que eles reclicam. Todo o

projeto foi documentado em video e chegou ao ponto de ganhar um premio

nos Estados Unidos.

Em seguida será discutido o projeto do artista com os alunos.

Comentar e enfatizar sobre a biografia do artista que é um artista cujas suas

obras são compostas por materiais inusitados, como por exemplos: lixo

reciclável ou até mesmo diamante. Após conversar com os alunos sobre Vik

Muniz, mostrar o depoimento do o próprio artista plástico.

Em seguida os alunos iriam compor um texto abordando a visão que

eles construiram sobre o documentario.

6.2 SEGUNDA ETAPA

Após ter uma aula discutindo sobre consumo exagerado, os alunos

iriam produzir cartazes sobre o meio ambiente e sobre a transformação de

lixo em arte.

32

Como no senso comum não se considera o lixo um recurso

reutilizável, ele se transforma em um problema. Sobre essa questão será

proposto trabalhar na tentativa de achar uma solução possível, mesmo

sendo uma discussão utópica.

Em seguida propõe se reunir os alunos na sala de informática e

solicitar que utilizem sites de buscas. Todos deverão pesquisar sobre

algumas das obras e a biografia do artista e responder algumas questões

levandadas pelos proprios alunos, assim registrando as respostas em forma

de texto.

• O que é arte?

• O que é o lixo?

• Como uma peça feita de lixo pode ser considerada arte e estar

em museus?

• O artista Vik Muniz organiza suas obras a partir do “lixo”, como

ele faz isso?

• Como o artista utiliza a linguagem da fotografia.

6.3 TERCEIRA ETAPA

Nesta última etapa, o professor deve produzir uma reflexão do

trabalho realizado por Vik Muniz. Sua capacidade de olhar as coisas

cotidianas e com elas desenvolver seu trabalho artistico. Na sequência,

para que os alunos olhem à sua volta e percebam que há um mundo com

objetos para os quais não são dadas a menor importância.

Em seguida mostrar slides no data show sobre a arte

contemporânea, explicando a intervenção dos artistas sobre os objetos do

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cotidiano. Talvez, surja ai uma pergunta interessante do tipo: O lixo pode ser

utilizado de maneira criativa? Pode gerar um novo significado? Como a arte

pode se valer dos materias para modificar a vida? O que é arte? Como uma

peça feita de lixo pode ser considerada arte? Fazendo com que os alunos

raciocinem sobre essas questões.

6.4 POSSÍVEL EXECUÇÃO DO PROJETO

Diante das possibilidades formais de produzir arte, percebemos a

necessidade de integrar este tema ao uso de diversas tecnologias.

Com o enfoque a ser trabalhado, nas obras de Vik Muniz,

estudaremos a temática: Consumo e meio ambiente. Os recuros a serem

utilizados serão: Filme, imagens da historia da Arte e materiais reciclaveis.

Nesse momento os alunos já assistiram ao curta metragem “Lixo

Extraordinário”. Em seguida os alunos se reunirão na sala de informática

para utilizem sites de buscas e pesquisar sobre obras e sobre a biografia do

artista.

A proposta é converter o lixo descartável trazido pelos próprios

alunos em obras de arte. Em Lixo Extraordinário, Vik Muniz utiliza um

equipamento especial para projetar a imagem da obra. A projeção ajuda o

artista a criar as imagens. Ele também contou com a ajuda dos catadores

que, além de servirem de modelo, ajudaram na elaboração das imagens. De

maneira semelhante os alunos poderão escolher uma imagem que se

identificam para ser retratada. Podem usar os recursos disponíveis (lixo) do

próprio colégio. Em uma sala grande usaremos o retroprojetor, colocaremos

em um lugar alto e tentaremos reproduzir as imagens para que possamos

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trabalhar sobre elas. Depois de prontas, as obras dos alunos serão

fotografadas por eles mesmos para a realização de uma pequena exposição

em sala de aula, com a presença de outros alunos e professores.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente monografia foi elaborada com ajuda de livros e buscas

na internet, que abordam temas sobre a interdisciplinariedade, consumo e

meio ambiente com objetivo de discussão através de trabalhos

interdisciplinares envolvendo Ciências e Artes, com a sugestão para outras

disciplinas como a Geografia.

O termo interdisciplinaridade pode ser usado para apontar o

cruzamento entre as disciplinas. O presente trabalho poderá envolver várias

disciplinas, pois o assunto é vasto e requer conhecimentos múltiplos. A

Interdisciplinaridade se realiza como uma forma de ver e sentir o mundo.

O fenômeno da interdisciplinaridade como instrumento de resgate do

ser humano com a síntese projeta-se no mundo todo. Mais importante que

conceituar é refletir a respeito de atitudes que se constituem como

interdisciplinares. Neste trabalho por projeto os autores apresentam visões

da interdisciplinaridade em várias áreas do conhecimento além da educação.

Através da pesquisa de autores como Fernando Hernandez, que

embora não utiliza o termo interdisciplinaridade, mas faz relações entre as

demais disciplinas escolares, contribuiu para estruturar o projeto.

36

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no ensino da Arte. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2003. p. 105-110.

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