77
i UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Felder CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE GRANDES ANIMAIS CURITIBA 2011

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

  • Upload
    trantu

  • View
    219

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

i

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Alexander Felder

CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE GRANDES ANIMAIS

CURITIBA

2011

Page 2: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

ii

Alexander Felder

CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE GRANDES ANIMAIS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

curso de Medicina Veterinária da Faculdade de

Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade

Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para

obtenção do grau de Médico Veterinário.

Orientador Acadêmico: Prof. Dr. Welington

Hartmann

Orientador Profissional: Med. Vet. Dr. Edgar

Gheller

CURITIBA

2011

Page 3: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

iii

Reitor

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró-Reitor Administrativo

Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró-Reitoria Acadêmica

Profa. Carmen Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento

Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos

Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Prof. João Henrique Faryniuk

Pró-Reitor de Pós Graduação, Pesquisa e Extensão

Prof. Roberval Eloy Pereira

Secretário Geral

Prof. Bruno Carneiro Diniz

Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária

Profa. Ana Laura Angeli

Coordenadora de Estágio Curricular do Curso de Medicina

Veterinária

Profa. Ana Laura Angeli

CAMPUS BARIGUI

Rua Sidnei A. Rangel Santos, 238 – Santo Inácio

Cep. 82010-330 – Curitiba Paraná

Page 4: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

iv

TERMO DE APROVAÇÃO

Alexander Felder

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE GRANDES ANIMAIS

Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção de título

de Médico Veterinário por uma banca examinadora do Curso de Medicina

Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 28 de junho de 2011

______________________________

Curso de Medicina Veterinária

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Prof. Welington Hartmann

Universidade Tuiuti do Paraná

________________________________________

Membro: Profa. Elza Maria Galvão Ciffoni

Universidade Tuiuti do Paraná

________________________________________

Membro: Prof. Uriel Vinicius Cotarelli de Andrade

Universidade Tuiuti do Paraná

________________________________________

Page 5: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

v

À minha querida e amiga “mãe” Ana Maria Felder, à minha irmã Michelii, e a toda a

minha família pelo carinho e atenção.

DEDICO

Page 6: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

vi

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, por me dar forças para lutar e superar os

obstáculos do dia-dia, renovar minhas forças e esperanças para ir em busca dos

meus sonhos.

Agradeço ao Médico Veterinário Dr. Edgar Gheller, um grande conhecedor e

profissional da área de bovinocultura de leite. Com ele obtive um ensinamento e

adquiri uma experiência na área durante o tempo de estágio, que com certeza

aprendi muito com esse profissional. Aos colegas do departamento de fomento, à

Empresa Laticínios Tirol que me deu espaço para estagiar.

À minha mãe Ana Maria Felder, pelo amor, carinho, incentivo, apoio,

dedicação, a qual nunca mediu esforços para que eu atingisse meus objetivos, e

sempre estava ao meu lado, me dando forças, puxões de orelhas, me levantando a

cada tombo que eu levava. À minha irmã Michelli, por ser minha companheira em

quem sempre confiei; aos meus primos, Cris, Mari, Scheila, Rosane, Zoca, Helmuth,

Rute, Willy, meu priminho Vinicius, meu tio Luiz o “brabo” da família, meu tio Dalci,

tia Erica, pelo acolhimento em sua casa, onde sempre tive um conforto, e a

disponibilidade de sempre me ajudar, com suas generosidades e carinho.

Aos meus professores, Antonio Carlos, Cida, Ricardo Maia, Tais, João Ari,

Elza, Paulo Nocera, Ana Laura, Uriel, Milton, Lourenço, Bia, Simone e aos demais

professores muito obrigado.

Ao meu grande amigo, professor e orientador Welington Hartmann, que com

dedicação e paciência repassou seus conhecimentos.

Aos meus amigos que conquistei durante esses anos de faculdade, Marco

Salgado, Miguel, Jonathas, Marcelo, Grazi, Suelen, Jaqueline, Ugo, Rondônia,

Glauber, Ziza, Rogério Filus, Ricardo Possato, Mariana Scheraiber, Emely, Giovana,

Carol Manfré, Diego, Argentino, Orlando, Carlão e muitos outros amigos que

estiveram comigo nessa jornada de faculdade.

Enfim um grande agradecimento a todos que acreditaram e tiveram a

confiança para que eu pudesse conquistar e realizar meu grande sonho de tornar-

me um Médico Veterinário.

Page 7: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

vii

Determinação coragem e auto confiança, são

fatores decisivos para o sucesso.

Se estamos possuídos por uma inabalável

determinação conseguiremos superá-los.

Independentemente das circunstâncias, devemos

ser sempre humildes, recatados e despidos de

orgulho.

Dalai Lama

Page 8: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

viii

APRESENTAÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso consiste no relato das atividades

realizadas durante o Estágio Curricular durante o período de 15 de março a 18 de

maio de 2011. O estágio foi realizado na região do meio-oeste catarinense na cidade

de Treze Tílias - SC, totalizando 360 horas de atividades. Foram realizados

atendimentos clínicos, procedimentos cirúrgicos, exames laboratoriais, fisiopatologia

da reprodução e orientações técnicas.

FIGURA 1 – Empresa Lacticínios Tirol, local do estágio

FIGURA 2 – Cidade Treze Tílias onde foi feito o estágio

Page 9: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

ix

SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................... xii

LISTA DE TABELAS ............................................................................................... xiii

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ xiv

LISTA DE ABREVIATURAS ..................................................................................... xv

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

2 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO ............................................................... 3

3 REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO .................................................................................. 4

4 DESLOCAMENTO DO ABOMASO ......................................................................... 8

4.1 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 8

4.1.1 Exame clínico do abomaso .......................................................................... 8

4.2 DESLOCAMENTO DO ABOMASO A ESQUERDA DAE ................................... 9

4.2.1Etiologia ........................................................................................................ 9

4.2.2 Anatomia e fisiologia do abomaso ............................................................. 10

4.2.3 Epidemiologia ............................................................................................ 11

4.2.4 Fatores de risco alimentar ......................................................................... 11

4.2.5 Fatores de risco, idade e criação ............................................................... 13

4.2.6 Estação do ano .......................................................................................... 13

4.2.7 Final da prenhez ........................................................................................ 14

4.2.8 Doenças concomitantes ............................................................................. 14

4.2.9 Importância econômica .............................................................................. 15

4.2.10 Patogênese .............................................................................................. 15

4.2.11 Sinais Clínicos ......................................................................................... 16

4.2.12 Patologia clínica ....................................................................................... 18

4.2.13 Achados necroscópicos ........................................................................... 19

4.2.14 Diagnostico diferencial ............................................................................. 19

4.2.15 Tratamento .............................................................................................. 20

4.2.16 Técnicas cirúrgicas abertas ..................................................................... 20

4.2.17 Técnicas de sutura fechada ..................................................................... 21

4.2.18 Controle ................................................................................................... 21

Page 10: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

x

4.3 DESLOCAMENTO DE ABOMASO À DIREITA DAD ....................................... 22

4.3.1 Etiologia ..................................................................................................... 22

4.3.2 Epidemiologia ............................................................................................ 22

4.3.3 Fatores de risco ......................................................................................... 23

4.3.4 Patogênese ................................................................................................ 23

4.3.5 Fase do vôlvulo .......................................................................................... 24

4.3.6 Sinais clínicos ............................................................................................ 25

4.3.7 Patologia clínica ......................................................................................... 27

4.3.8 Achados necroscópicos ............................................................................. 27

4.3.9 Diagnóstico diferencial ............................................................................... 28

4.3.10 Tratamento .............................................................................................. 29

4.3.11 Controle ................................................................................................... 32

5. DESLOCAMENTO DE ABOMASO - Relato de Caso ......................................... 33

5.1 Histórico de casos clínicos ............................................................................... 33

5.2 Anamnese ........................................................................................................ 33

5.3 Exame clínico ................................................................................................... 33

5.4 Diagnóstico ...................................................................................................... 34

5.5 Tratamento ....................................................................................................... 34

5.5.1 Técnica cirúrgica ........................................................................................ 34

5.6 Discussão ........................................................................................................ 38

6. LAMINITE E AFECÇÕES PODAIS ...................................................................... 39

6.1 Introdução ........................................................................................................ 39

6.2 Principais afecções podais ............................................................................... 40

6.3 Etiologia ........................................................................................................... 41

6.5 Diagnóstico ...................................................................................................... 43

6.6 Tratamento ....................................................................................................... 44

6.7 Controle e conforto animal ............................................................................... 45

7. LAMINITE E AFECÇÕES PODAIS – Relato de caso ......................................... 46

7.1 Anamnese ........................................................................................................ 46

7.2 Exame clínico ................................................................................................... 46

7.3 Diagnóstico ...................................................................................................... 47

Page 11: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

xi

7.4 Tratamento ....................................................................................................... 47

7.5 Controle ........................................................................................................... 48

7.6 Discussão ........................................................................................................ 48

8. DISTOCIA NA VACA ............................................................................................ 50

8.1 Torção de útero ................................................................................................ 50

8.1.1 Incidência ................................................................................................... 50

8.2 Causas de distocia na vaca ............................................................................. 50

8.3 Torção de Útero ............................................................................................... 52

8.3.1 Torção do útero durante a gestação .......................................................... 52

8.3.2 Etiologia ..................................................................................................... 52

8.3.3 Sinais clínicos ............................................................................................ 52

8.3.4 Tratamento ................................................................................................ 53

8.4 Torção do útero como causa de distocia a termo ............................................ 53

8.4.1 Etiologia ..................................................................................................... 53

8.4.2 Sinais Clínicos ........................................................................................... 54

8.4.3 Prognóstico ................................................................................................ 54

8.4.4 Tratamento ................................................................................................ 55

8.4.5 Correção cirúrgica...................................................................................... 55

9. DISTOCIA NA VACA – Relato de caso ............................................................... 56

9.1 Cesariana com torção de útero ........................................................................ 56

9.2 Anamnese ........................................................................................................ 56

9.3 Exame clínico ................................................................................................... 57

9.4 Diagnóstico ...................................................................................................... 57

9.5 Tratamento ....................................................................................................... 57

9.5.1 Técnica cirúrgica ........................................................................................ 58

9.6 Discussão ........................................................................................................ 60

10. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 62

Page 12: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

xii

RESUMO

O estagio de Alexander Felder foi realizado na bacia leiteira de Treze Tílias-SC, no

período de 15 de março à 18 de maio de 2011, uma das mais importantes do Brasil,

com 16 mil produtores e um milhão e meio de litros de leite por dia. Foram atendidos

2.789 animais, com as principais enfermidades: deslocamento de abomaso, parto

distócico, babesiose/anaplasmose, afecções podais, mastite, metrite e outras. Os

casos cirúrgicos principais foram: cesariana, correção cirúrgica de deslocamento de

abomaso à esquerda e à direita e correção de terceira pálpebra. Na área reprodutiva

foram efetuados auxílios a trabalhos de parto, diagnósticos de gestação por

palpação retal e protocolos para inseminação artificial em tempo fixo.

Palavra chave: bovinos, manejo, produção de leite

Page 13: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

xiii

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Atividades realizadas no período de estágio de 15 de março

a 18 de maio – 2011.................................................................

5

TABELA 2

TABELA 3

Casos clínicos e cirúrgicos.......................................................

Causas de distocia e sua incidência (%) na vaca....................

6

51

Page 14: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

xiv

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- Empresa Lacticínios Tirol , local do estágio......................... viii

FIGURA 2- Cidade Treze Tílias onde foi feito o estágio.........................

viii

FIGURA 3- Foto do animal em estação após a tricotomia e a lavagem

do local a ser incisado, preparação da área

cirúrgica................................................................................

33

FIGURA 4-

Inicio da incisão no flanco esquerdo....................................

34

FIGURA 5-

Abomaso deslocado entre o rúmen e a parede abdominal

esquerda no final do arco costal...........................................

35

FIGURA 6-

Abomaso na parede abdominal ventral com ponto

captonado.............................................................................

36

FIGURA 7-

Sutura do flanco esquerdo...................................................

36

FIGURA 8 -

Mostrando o local da lesão, fistula na região da borda

coronária no lado abaxial do dígito lateral e outra fistula na

região interdigital..................................................................

47

FIGURA 9-

Após uma lavagem completa do casco........................

47

FIGURA 10-

Lavagem com a água e detergente neutro...........................

58

FIGURA 11-

Incisão vertical no flanco esquerdo de ± 25 cm na fossa

para-lombar..........................................................................

59

Page 15: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

xv

LISTA DE ABREVIATURAS

b.p.m – Batimentos por minuto

BID – Aplicações duas vezes ao dia

DA – Deslocamento de Abomaso

DAE – Deslocamento de abomaso à Esquerda

DAD – Deslocamento de abomaso à Direita

VA – Vôlvulo Abomasal

IA – Inseminação Artificial

IATF – Inseminação Artificial em Tempo Fixo

IV – Intravenoso

VO – Via Oral

IM – Intramuscular

pH – Potencial Hidrogeniônico

Page 16: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

1

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é o sexto maior produtor de leite do mundo e cresce a uma taxa

anual de 4%, superior a de todos os países que ocupam os primeiros lugares,

respondendo por 66% do volume total de leite produzido nos países que compõem o

MERCOSUL.

Pode-se avaliar a importância relativa do produto lácteo no contexto do

agronegócio nacional pelo faturamento de alguns produtos da indústria brasileira de

alimentos na última década, registrando 248% de aumento contra 78% de todos os

segmentos.

Destes, aproximadamente 38 bilhões de reais são de produtos pecuários,

tendo o leite posição de destaque, com o valor de 6,7 bilhões de reais, ou 17% do

Valor Bruto da Produção Pecuária, superado apenas pelo Valor da Produção da

carne bovina.

O leite está entre os seis primeiros produtos mais importantes da

agropecuária brasileira, ficando à frente de produtos tradicionais como café

beneficiado e arroz. O Agronegócio do Leite e seus derivados desempenham um

papel relevante no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para

a população. Para cada real de aumento na produção no sistema agroindustrial do

leite, há um crescimento de, aproximadamente, cinco reais no aumento do Produto

Interno Bruto – PIB, o que coloca o agronegócio do leite à frente de setores

importantes como o da siderurgia e o da indústria têxtil.

A clínica veterinária dos animais produtores de alimentos fornece serviços

principalmente aos proprietários de animais produtores de carne, leite, e fibras,

como os bovinos de corte e de leite (RADOSTITS et al., 2000).

Durante as últimas décadas, a atividade principal na clínica de animais

produtores de alimentos, e a maior fonte de renda dos veterinários, foi a oferta de

serviço de emergência veterinária para os proprietários de rebanhos ou de lotes nos

quais um único animal estivesse acometido por uma das doenças comuns.

O principal objetivo é resolver problemas de doenças acometidas nesses

animais de produção, corrigindo inúmeros casos de deslocamento de abomaso,

cesariana, laminite e afecções podais.

Page 17: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

2

Os Veterinários devem ser conhecedores e peritos no que se refere aos

princípios de epidemiologia, nutrição, clínica médica e clínica cirúrgica (RADOSTITS

et al., 2000).

O objetivo mais importante na clínica dos animais produtores de alimentos é o

melhoramento contínuo da eficiência da produção do rebanho pelo tratamento do

animal doente. Isso envolve diversas atividades e responsabilidades diferentes, mas

relacionadas, que incluem o seguinte:

Oferecer o método de diagnostico e o tratamento mais econômico, monitorar

a saúde e a produção, recomendar o controle de doenças específicas e programas

de prevenção, aconselhamentos sobre práticas de nutrição, cruzamentos e manejo

geral (RADOSTITS et al., 2000).

O médico veterinário que atua na área de produção animal deve estar sempre

atento, procurando identificar e resolver o problema o mais rápido possível e,

sobretudo, não esquecendo da adoção de um correto esquema de prevenção dos

problemas de saúde dos animais confinados.

Page 18: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

3

2 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO

No dia 26 de setembro de 1974, a Lacticínios Tirol Ltda, iniciou suas

atividades na industrialização de leite pasteurizado. Pouco depois, ampliou a

indústria e passou a produzir outros produtos lácteos na cidade de Treze Tílias,

região Meio-Oeste de Santa Catarina. Inicialmente a produção era de 200 litros de

leite/dia, captados somente no município. Com um forte trabalho de conscientização

e incentivo à pecuária de leite chegou-se a uma produção diária de 1.700.000 litros.

Para conseguir industrializar este expressivo volume de leite, a Tirol adquiriu uma

nova unidade localizada na cidade de Chapecó. Posteriormente, uma nova e

moderna unidade foi construída pela Tirol em Linha Caçador, em Treze Tílias.

Atualmente, o leite é captado nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e

Paraná. Por isso, a Tirol conta com 19 postos de captação, onde são realizadas a

análise e resfriamento do leite.

A Tirol oferece uma variada linha de produtos, como queijos, creme de leite,

requeijão, doce de leite, iogurte, leite pasteurizado, leite em pó, e o carro-chefe: o

leite longa vida, desenvolvido com equipamentos e tecnologia sueca, sendo

envasados aproximadamente 700 mil litros/dia na unidade de Treze Tílias.

Preocupada em acompanhar o desenvolvimento tecnológico e satisfazer as

necessidades de seus consumidores, a Tirol tem investido no aprimoramento da

qualidade e no desenvolvimento de novos produtos. Além de contar com uma

estrutura de logística que facilita a distribuição de seus produtos, hoje são 52

distribuidores nos estados de Santa Catarina e Paraná e 16 representantes entre os

estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.

O compromisso em oferecer produtos lácteos com alta qualidade faz da Tirol, um

dos maiores laticínios do país. A Tirol também conta com um laboratório para

exames de tuberculose e brucelose.

Page 19: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

4

3 REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO

Este trabalho tem por objetivo descrever as atividades realizadas por

Alexander Felder, durante o estágio técnico profissional de conclusão de curso em

Medicina Veterinária.

O estágio foi realizado na região de Treze Tílias / SC. Foram exploradas as

áreas de clinica médica, clinica cirúrgica, reprodução, exames de Brucelose e

Tuberculose, manejo em geral dos bovinos leiteiros.

O estágio foi realizado no departamento técnico da Lacticínios Tirol Ltda,

onde trabalham um Médico Veterinário, dois Engenheiros Agrônomos, três técnicos

agrícolas e um tecnólogo em lacticínios. Este departamento atende uma ampla

região, no meio oeste catarinense, desenvolvendo atendimentos clínicos

veterinários, trabalho de fomento aos produtores, onde desenvolvem atividades na

orientação de manejo em geral.

Essas atividades foram realizadas em várias propriedades do meio oeste

catarinense, somente em propriedades que são fornecedoras de leite para a

Lacticínios Tirol.

Acompanhando o Médico Veterinário Dr. Edgar Gheller, em tabelas estão

descritos os principais procedimentos feitos durante o período de estágio curricular

obrigatório.

Foram atendidos 2.789 animais, conforme apresentados na Tabela 1.

Page 20: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

5

TABELA 1: Atividades realizadas no período de estágio de 15 de março a 18 de

maio – 2011.

HISTÓRICO NÚMERO DE ANIMAIS PARTICIPAÇÃO

(%)

SANIDADE

Vacina contra Clostridiose 450 16,42

Vacina contra IBR/BVD 380 13,62

Vermífugo em Bovino 66 2,36

Vacina contra Mastite 895 32,09

EXAMES

Exames Tuberculose e

Brucelose

335

12,01

REPRODUÇÃO

Protocolos de IATF 16 0,57

Palpações retais 420 15,05

TOTAL 2562 100

Page 21: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

6

TABELA 2: Atividades realizadas no período de estágio.

HISTÓRICO NÚMERO DE ANIMAIS PARTICIPAÇÃO

(%)

Aborto 23 10,13

Afecções Podais 7 3,08

Casqueamento Corretivo 1 0,44

Cetose 2 0,88

Distocia 11 4,84

Deslocamento de Abomaso E 18 7,92

Deslocamento de Abomaso D 5 2,20

Deslocamento de Abomaso em

Touro DAD

1

0,44

Edema de Úbere 14 6,16

Fratura 1 0,44

Hipocalcemia Pós-Parto 12 5,28

Laceração de Úbere 3 1,32

Mastite 19 8,37

Tristeza Parasitária Bovina 66 29,07

Transfusão de Sangue 4 1,76

Torção de Útero 1 0,44

CASOS CIRÚRGICOS

Deslocamento de Abomaso E 18 7,92

Deslocamento de Abomaso D 5 2,20

Deslocamento de Abomaso em touro

DAD

1

0,44

Cesariana 8 3,52

Cesariana com Torção de Útero 1 0,44

Carcinoma Ocular 2 0,88

Prolapso de Terceira Pálpebra 2 0,88

Prolapso de Útero 2 0,88

TOTAL 227 100

Page 22: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

7

Dentre os atendimentos realizados no estágio, será relatado detalhadamente os

seguintes casos:

Deslocamento de Abomaso à esquerda DAE

Deslocamento de Abomaso à direita DAD

Laminite

Cesariana

Page 23: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

8

4 DESLOCAMENTO DO ABOMASO

4.1 REVISÃO DA LITERATURA

No gado leiteiro, é comum as doenças do abomaso serem associadas com

doenças metabólicas, estresse da lactação e insuficiência nutricional. As doenças do

abomaso mais freqüentes são:

deslocamento do abomaso a esquerda (DAD);

deslocamento do abomaso a direita (DAE);

torção do abomaso (vôlvulo);

impactação associada com indigestão vagal (RADOSTITS et al., 2000).

O deslocamento do abomaso (DA) é o distúrbio abomasal mais

ordinariamente detectado e representa a razão mais habitual para cirurgia abdominal

nos bovinos leiteiros (REBHUN, 2000).

O reconhecimento decorre, em parte, da melhora das técnicas diagnósticas e

do aumento no reconhecimento da sua ocorrência, mas talvez haja um aumento da

sua freqüência por causa da intensificação da produção bovina. O gado leiteiro

costuma ser selecionado para alta produção leiteira e assim são alimentados com

alta quantidade de grãos e concentrados, além de serem mantidos na maioria das

vezes confinados, assim sendo limitado o exercício de cada animal, tudo isso

podendo contribuir para atonia abomasal, a precursora dos deslocamentos

(RADOSTITS et al., 2000).

4.1.1 Exame clínico do abomaso

Por via de regra, o abomaso em estado normal, não pode ser examinado

pelas técnicas convencionais, exceto indiretamente por auscultação e paracentese.

No DAE, os sons timpânicos (pings), audíveis a auscultação e percussão entre o

terço médio a superior da 9ª e 13ª costelas, bem como a fossa paralombar

esquerda, são característicos da doença. No DAD, são características os sons

timpânicos (pings), audíveis a auscultação e percussão no terço inferior entre a 9ª e

13ª costelas que se estendem para a fossa paralombar direita, e os sons de

Page 24: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

9

chapinhar na água, audíveis durante a auscultação e baloteamento do terço médio

inferior direito do abdome. O abomaso aumentado pode ser palpado pelo exame

profundo retal no quadrante direito inferior do abdome, de acordo com o tamanho do

animal, o tamanho da distensão do abomaso, e não se encontrando o animal em

gestação adiantada. Depois do parto, o abomaso e mais facilmente detectável por

meio da palpação da parede abdominal ou por via retal (RADOSTITS et al., 2000).

O deslocamento pode ocorrer para a esquerda (DAE) ou para a direita (DAD)

com ou sem torção do abomaso (vôlvulo) (REBHUN, 2000).

4.2 DESLOCAMENTO DO ABOMASO A ESQUERDA DAE

4.2.1Etiologia

A causa do deslocamento do abomaso à esquerda (DAE) é multifatorial. O

pré-requisito para o deslocamento é a hipomotilidade e a distensão gasosa do

órgão, alimentação com altos níveis de concentrado para as vacas leiteiras resulta

na diminuição da motilidade do órgão e acúmulo de gás abomasal (RADOSTITS et

al., 2000).

Desconhece-se a causa exata do deslocamento abomasal. No entanto vários

outros fatores também podem contribuir para o desenvolvimento do DA:

produção excessiva de ácidos graxos voláteis, devido as dietas modernas se

constituírem de materiais alimentares ácidos (exemplo silagem de milho,

grãos fermentáveis com umidade alta);

doenças metabólicas e infecciosas causadas por estase gastrointestinal

(Cetose, hipocalcemia, retenção placentária, metrite, indigestão e mastite).

São fatores importantes no início do período pós-parto quando a estase

gastrointestinal, com ou sem endotoxemia, pode permitir estase abomasal e

produção de gás. Associando essas doenças, ocorre a redução do apetite,

conseqüentemente a redução do tamanho do rúmen e assim possibilitando a

ocorrência do DAE.

desde que a transferência de embriões se popularizou, algumas linhagens de

bovinos leiteiros parecem ter uma incidência maior de DA, pois a capacidade

Page 25: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

10

corporal mais profunda nas vacas leiteiras modernas podem permitir mais

espaço no abdômen para movimento do abomaso.

Uma combinação desses fatores pode envolver-se em qualquer caso, mas

quando ocorre alta incidência de DA em um rebanho, a investigação do regime

alimentar e do tratamento torna-se obrigatório. Por exemplo, tampões, pré-

alimentação com feno antes da alimentação fermentável, como silagem, ração

totalmente mista, podem ajudar a diminuir a freqüência do DA em rebanhos com alta

incidência (REBHUN, 2000).

4.2.2 Anatomia e fisiologia do abomaso

O abomaso é o quarto compartimento dos estômagos dos ruminantes. É

análogo ao estômago dos monogástricos. Consiste de uma região pilórica, fúndica e

corpo. Normalmente repousa ventralmente na linha média. Cranialmente, o

abomaso é relacionado ao omaso e retículo através de uma banda de músculo liso.

O abomaso é altamente irrigado recebendo o sangue arterial pelas artérias gástrica

esquerda e gastroepiplóica. Os troncos ventrais e dorsais lançam ramos nervosos

(parassimpático) para o abomaso enquanto os gânglios celíaco e mesentérico

cranial e plexos nervosos do mesentério servem de sítio para sinapse dos neurônios

pré-ganglionares do sistema nervoso simpático. A função do abomaso consiste em

posterior digestão do substrato degradado parcialmente pelo rúmen, retículo e

omaso. O abomaso é um produtor de ácido clorídrico e pepsinogênio e tem o pH

fisiológico de 3. Alguns fatores podem diminuir a motilidade abomasal: Distensão

anormal do rúmen, retículo ou omaso; úlceras; ostertagiose; baixo pH; tamanho de

partículas e conteúdo de fibra da dieta; conteúdo de aminoácidos, peptídeos e

gordura no líquido duodenal; alta concentração de ácidos graxos voláteis e produção

aumentada de histamina pelo rúmen. Outros fatores como endotoxemia,

hiperinsulinemia, hipocalemia, estresse, alcalose metabólica, hipocalcemia,

prostaglandinas, ausência de exercícios, altas concentrações de gastrina no sangue

e acetonemia (BREUKING, 1991).

Page 26: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

11

4.2.3 Epidemiologia

O deslocamento do abomaso à esquerda (DAE) ocorre, mais freqüentemente,

em vacas adultas de grande porte, altamente produtoras de leite e imediatamente

após o parto. Aproximadamente 90% dos casos verificam-se nas primeiras seis

semanas que seguem o parto. A doença é comum no Reino Unido e na América do

Norte, onde o gado leiteiro é alimentado com grãos, para obter uma alta produção

leiteira, e os animais são estabulados durante parte do ano, ou mantidos em

confinamento, (sem pastagens, soltos em estábulo). Na Austrália e Nova Zelândia

essa doença é menos comum, os animais são alimentados com muito menos

concentrados, e os animais ficam a maior parte do ano em pastagens. A importância

do exercício na etiologia do DAE não é bem explorada. Sua incidência é maior

durante os meses de inverno, que pode ser um reflexo ou da alta freqüência de

partos ou da inatividade (RADOSTITS et al., 2000).

A ocorrência máxima dos deslocamentos do abomaso se dá durante as

primeiras seis semanas de lactação, podendo acontecer esporadicamente, em

qualquer estágio da lactação ou da gestação. Também podem ser afetados touros e

bezerros de qualquer idade. Os deslocamentos do abomaso em bezerros, touros,

novilhas antes do primeiro parto, e vacas secas, pode ser crônico, por não

apresentar suspeita nesses grupos, como em fatores de manejo, onde tem uma

observação menos cuidadosa, quando comparados com vacas em ordenha

(REBHUN, 2000).

4.2.4 Fatores de risco alimentar

4.2.4.1 Nutrição e manejo pré-parto

Com base em observações no rebanho leiteiro, encontram-se associações

significativas entre o balanço energético negativo pré-parto, refletido como um

aumento na concentração dos ácidos graxos, não esterificados e a ocorrência do

DAE. Ótima condição corpórea, manejo alimentar subótimo, dietas pré-parto que

contem matéria seca, alto mérito genético e baixa parição constituem as condições

Page 27: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

12

tidas como fatores de risco significativos. Vacas alimentadas com dietas altamente

energéticas durante o período seco tornam-se obesas, fato que pode resultar no

declínio da ingestão de matéria seca antes do parto, o qual, se ocorrido durante os

meses quentes de verão, também diminui a ingestão de matéria seca, o que sugere

que uma lipidose hepática possa ser um importante fator de risco (RADOSTITS et

al., 2000).

A cetose, diagnosticada antes da ocorrência do DAE, e implicada como fator

de risco, sendo associada com a baixa ingestão de matéria seca, que pode reduzir o

enchimento ruminal e seu volume, diminuindo a motilidade do pré-estomago e,

potencialmente, a motilidade abomasal. O baixo volume ruminal também oferece

menos resistência ao DAE (RADOSTITS et al., 2000).

4.2.4.2 Altos níveis de alimentação com grãos

O DAD é uma disfunção da quantidade de material processado, porque se

relaciona a doenças associadas com alta produção leiteira e alimentação a base de

concentrados. O alto nível de alimentação com grãos aumenta o fluxo da ingestão

ruminal para o abomaso, causando um aumento na concentração dos ácidos graxos

voláteis (AGV), que pode inibir a motilidade do abomaso. O grande volume de

metano de dióxido de carbono, encontrado no abomaso depois de uma alimentação

com grãos, pode-se tornar uma armadilha, causando a sua distensão e

deslocamento (RADOSTITS et al., 2000).

4.2.4.3 Alimentação com fibra bruta

A concentração das fibras brutas, na alimentação das vacas leiteiras, menor

que 16-17% e considerada um fator de risco significativo para o aparecimento do

DAE. Alguns estudos epidemiológicos iniciais revelam que as vacas acometidas de

DAE são mais altamente produtoras que as suas companheiras, e que elas

pertencem a rebanhos mais produtores de leite que as sem DAE. As vacas

acometidas eram mais velhas e mais pesadas que as demais examinadas.Em

resumo, a alimentação a base de rações com alto teor de carboidratos, níveis

Page 28: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

13

inadequados de forragem e níveis de fibras brutas abaixo de 17%, durante as

ultimas semanas de prenhez, provavelmente é um importante fator alimentar de

risco (RADOSTITS et al., 2000).

4.2.5 Fatores de risco, idade e criação

A media de DAE, comparada com a VA, e de 7,4 para 1. O risco para as duas

doenças aumenta com a idade, situando-se o maior fator de risco entre os quatro e

sete anos de idade. O gado leiteiro possui um risco maior de desenvolver o DAE do

que o gado de corte, e também a fêmea tem um risco maior do que o macho em

desenvolver DAE (RADOSTITS et al., 2000).

4.2.6 Estação do ano

A probabilidade do aparecimento de ambas as doenças, VA e DAE, é variável

durante o ano, com um numero menor durante de casos no outono, sendo maior em

janeiro e março. A maior incidência da doença na primavera pode-se relacionar à

diminuição do suprimento de forragem nas fazendas no meio-oeste dos Estados

Unidos, em outras regiões do mundo, a doença ocorre durante todo o ano,

independentemente da incidência do parto (RADOSTITS et al., 2000).

4.2.6.1 Produção leiteira

Em relação entre a alta produção leiteira ou alto potencial de produção e o

DAE foi examinado em vários estudos, porém os resultados são inconclusivos, em

alguns casos, a grande incidência da doença ocorre em vacas de alta produção de

leite. No entanto, estudos posteriores não encontraram diferença na produção

leiteira entre rebanhos de alta e baixa produção. A correlação genética entre DAE e

a produção leiteira é muito escassa, podendo ser independente da seleção

(RADOSTITS et al., 2000).

Page 29: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

14

4.2.7 Final da prenhez

Devido ao fato de o parto aparecer como o fator precipitante mais comum, foi

postulado que durante a prenhez o rúmen é levantado do assoalho abdominal pela

expansão do útero, e o abomaso é puxado para a frente à esquerda sob o rúmen.

Depois do parto, o rúmen abaixa, aprisiona o abomaso, em especial se ele estiver

atônico ou distendido, com alimento, como provavelmente deve estar, se a vaca é

alimentada com grãos (RADOSTITS et al., 2000).

4.2.8 Doenças concomitantes

São presentes em 30% dos casos de VA e 54% de DAE. A grande incidência

de doenças concomitantes com DAE sugere que a inapetência e a anorexia

diminuam o volume ruminal, que pode predispor ao deslocamento. Doenças da

parede do abomaso (úlceras secundária), bem como cetose e fígado gorduroso são

doenças concomitantes comuns em vacas com DAE (RADOSTITS et al., 2000).

4.2.8.1 Cetose sub-clínica preexistente

A cetose é uma doença das complicações mais comuns do DAE, sendo,

porém fator de risco controvertido se a cetose sub-clínica preexistente é ou não um

fator de risco. Vacas com DAE são duas vezes mais prováveis de adquirir outras

doenças que as vacas sem o problema, a presença dessas doenças pode ser um

fator de risco para o aparecimento da cetose (RADOSTITS et al., 2000).

4.2.8.2 Hipocalcemia

É uma síndrome que ocorre comumente em vacas adultas na época do parto,

é um fator importante de risco no aparecimento do DAE, os níveis sanguíneos de

cálcio afetam a motilidade abomasal, diminuída num valor limiar de 1,2 mmol da

cálcio total/l (RADOSTITS et al., 2000).

Page 30: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

15

4.2.8.3 Predisposição genética

Tem-se sugerido uma predisposição genética e racial para o DAE, mas os

resultados são inconclusivos. No estudo em um hospital na America do Norte, as

probabilidades de DAE no gado Jersey foram maiores do que no gado holandês

(RADOSTITS et al., 2000).

4.2.8.4 Fatores diversos de risco dos animais

Atividades não comuns, com salto sobre outras vacas durante o estro, são

historias freqüentes em casos não-associados com o parto. Ocasionalmente, pode-

se encontrar o DAE em novilhas e touros, e em animais de corte é raro encontrar

essa doença. Num estudo retrospectivo, a doença foi associada com aumento dos

fatores periparturientes, como gêmeos, natimortos, retenção de placenta, metrite,

acidúria, cetonúria, e baixa produção leiteira na lactação anterior (RADOSTITS et al.,

2000).

4.2.9 Importância econômica

As perdas econômicas com a doença consistem na queda de produção láctea

durante o processo e no pós-operatório, alem do custo da cirurgia. Foram avaliadas

12.572 vacas. Do momento do parto até 60 dias depois do diagnóstico, as vacas

com DAE produziram em media, 557 kg de leite a menos que as vacas sem

problema, e 30% dessas perdas ocorreram antes do diagnóstico (RADOSTITS et al.,

2000).

4.2.10 Patogênese

A atonia abomasal com distensão gasosa é considerada a disfunção primaria

do DAE. A origem do excesso de gás é incerta, mas há evidencias de que o gás se

origina no rúmen. O abomaso atônico cheio de gás começa a se deslocar sob o

rúmen e para a frente ao longo da parede abdominal esquerda, via de regra

Page 31: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

16

lateralmente ao baço e ao saco dorsal do rúmen. Primeiramente começam a se

deslocar o fundo e a curvatura maior do abomaso, que causam o deslocamento do

piloro e duodeno. Com base nas observações epidemiológicas, construiu-se uma

hipótese de que o volume reduzido do rúmen no pós-parto imediato, dentro de um

abdome vazio, permite que esse deslocamento. O omaso, reticulo e fígado também

se deslocam em graus variados. Invariavelmente, o deslocamento resulta na ruptura

da ligação do omento maior com o abomaso (RADOSTITS et al., 2000).

Provavelmente devido à atonia abomasal, observa-se uma moderada alcalose

metabólica com hipocloremia e hipocalcemia, há ainda secreção de acido clorídrico

dentro do abomaso e deterioração do fluxo para o duodeno. Normalmente, os

bovinos acometidos desenvolvem cetose secundaria, que pode-se complicar nas

vacas obesas pelo desenvolvimento da síndrome do fígado gorduroso. Em casos

antigos, podem ocorrer ulceração abomasal e aderências (RADOSTITS et al., 2000).

4.2.11 Sinais Clínicos

São achados normalmente, em poucos dias ou na semana depois do parto.

Ocorre inapetência, algumas vezes quase anorexia, acentuada queda na produção

leiteira, e vários graus de cetose, não é incomum diagnosticar animal com DAE em

paciente tratado de cetose, que aumentou por alguns dias e depois regrediu.

(RADOSTITS et al., 2000).

Os bovinos leiteiros que desenvolvem um DAE ou um DAD geralmente

perdem seu apetite por alimentos ricos em energia e apresenta queda de 30-50% na

produção leiteira. Assim a principal queixa do proprietário, é que o animal não come

e caiu sua produção de leite. A inspeção pode revelar um animal com aparência

embotada e desidratação suave. A temperatura, freqüência de pulso e freqüência

respiratória permanecem normais. Encontram-se presentes contrações ruminais de

forca moderada, pode haver um gradil costal saliente no lado do deslocamento,

quando se inspeciona a vaca por trás, um gradil costal saliente pode ser mais fácil

de apreciar ao lado esquerdo, pois o rúmen não se encontra mais palpável na fossa

para lombar esquerda, porque o DA o empurra para a direita e a força contra o gradil

costal esquerdo. A auscultação e a percussão simultâneas revelarão uma área de

Page 32: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

17

ressonância timpânica de tom alto (parecido com sino) sob gradil costal no lado

esquerdo, isso correspondendo a localização do DA. É usual esse zunido se

localizar em uma linha da tuberosidade coxal ao cotovelo, mas pode ter um tamanho

variável, o zunido deve se estender cranialmente, pelo menos ate a 9ª costela, e

com freqüência até a 8ª costela, essa exigência é importante no caso DAD no qual

pode confundir uma distensão gasosa proximal ou cecal com um DAD (REBHUN,

2000).

Os sinais de febre e pneumoperitonio, em uma vaca com DA, devem alertar o

clinico para a possibilidade de perfuração abomasal, além do deslocamento. Tais

bovinos são encontrados com abomaso aderente ao peritônio parietal adjacente à

ulceração. Deve-se reservar um prognostico reservado, e o reparo cirúrgico é melhor

tentado a partir da abordagem direita (REBHUN, 2000).

4.2.11.1 Estado do rúmen reticulo e sons abomasais espontâneos

Os movimentos ruminais normalmente são presentes, porém diminuídos em

freqüência e intensidade, e algumas vezes são inaudíveis, mesmo quando os

movimentos da fossa paralombar esquerda indicam a motilidade do rúmen. Em

alguns casos o rúmen é palpável na fossa paralombar esquerda,e suas contrações e

sons podem ser detectados como de uma vaca normal. A ausência de sons ruminais

normais, nos espaços intercostais abdominais, sugere a presença de DAE. A

auscultação da área delimitada por uma linha imaginária que vai desde o centro da

fossa paralombar esquerda até a tuberosidade do rádio revela presença de sons

metálicos altos (RADOSTITS et al., 2000).

Outras características clínicas no exame retal, tem-se uma sensação de vazio

na porção superior direita do abdome, o rúmen é normalmente que o esperado, e

raramente o abomaso distendido é palpável no lado esquerdo do rúmen,

ocasionalmente, há um timpanismo ruminal crônico (RADOSTITS et al., 2000).

As vacas gordas ao parto normalmente apresentam grave cetose e a

síndrome do fígado gorduroso em decorrência do DAE. Normalmente, a doença não

é fatal, porém os animais acometidos costumam apresentar produção de leite

insatisfatória (RADOSTITS et al., 2000).

Page 33: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

18

O curso do DAE é altamente variável, casos não diagnosticados costumam

levar a certo nível de inanição, podendo permanecer em equilíbrio por várias

semanas ou mesmo, alguns meses. A produção leiteira diminui, e o animal torna-se

magro, com o abdome grandemente reduzido de tamanho (RADOSTITS et al.,

2000).

Casos não usuais DAE ocasionalmente ocorrem em casos em vacas

clinicamente normais em todos os outros aspectos, houve um caso de DAE em uma

vaca, confirmado a necropsia, que tinha o problema por um ano e meio, e durante

esse período pariu duas vezes, além de apresentar um produção leiteira normal

(RADOSTITS et al., 2000).

4.2.12 Patologia clínica

Não se verificam acentuadas alterações no hemograma, a menos que ocorra

uma doença intercorrente a reticulo peritonite traumática e a úlcera abomasal.

Encontra-se sempre uma cetonúria moderada a grave, mas os níveis de glicose

estão dentro da media normal, normalmente existe uma ligeira hemoconcentração,

evidenciada pela elevação do hamatócrito (RADOSTITS et al., 2000).

Os bovinos acometidos por DA, sem doenças intercorrentes, apresentam uma

alcalose metabólica hipocalêmica e hipoclorêmica característica. No caso do DA

simples, a alcalose metabólica é simples e moderada e raramente requer uma

correção eletrolítica intensiva. Nos casos do DA crônico ou dos bovinos com DA e

doenças associadas que contribuem para uma anorexia mais drástica, os distúrbios

ácidos básicos e eletrolíticos podem exigir esforços terapêuticos mais vigorosos

(REBHUN, 2000).

A cetose é a complicação mais comum do DAE, e os casos mais graves

normalmente são acompanhados de fígado gorduroso, os níveis de sanguíneos de

aspartato amitransferase (AST) e ß-hidroxibutirato podem ser medidos em vacas

leiteiras durante a primeira e segunda semanas depois do parto, como testes

indicativos de diagnostico de DAE. Os valores de AST entre 100-180 U/I e do ß-

hidroxibutirato entre 1.000 e 1600 µmol/I são associados a aumento de desigualdade

na relação do DAE, os testes dos corpos cetônicos no leite podem ser usados como

Page 34: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

19

previsores do DAE em vacas leiteiras com duas semanas de paridas (RADOSTITS

et al., 2000).

Quando disponíveis e indicados testes laboratoriais, os valores ácidos básicos

e eletrolíticos constituem os mais adequados para bovinos com DA, que parecem

excessivamente desidratados e fracos ou apresentam historias crônicas, os animais

severamente cetóticos e, portanto pode mostrar pH sanguíneo na variação ácida,

intervalo aniônico alto e valor de bicarbonatos mais baixo que o esperado nos

bovinos com DA. Sempre se indica uma avaliação dos corpos cetônicos presentes

na urina e esta ajuda explicar as variações inesperadas da alcalose metabólica

prevista, encontradas na maioria dos bovinos com DA simples (REBHUN, 2000).

A centese do abomaso deslocado através do 10º e 11º espaços intercostais,

no terço médio da parede abdominal, pode relevar a presença de liquido com

ausência de protozoários e pH 2, o liquido ruminal possui protozoários em pH 6 e 7,

o liquido não é sempre presente em apreciável quantidade no abomaso, por isso,

um resultado negativo na punção não pode ser interpretado como fator para eliminar

a possibilidade de abomaso deslocado (RADOSTITS et al., 2000).

4.2.13 Achados necroscópicos

A doença normalmente não é fatal, mas as carcaças de animais acometidos

são observados em abatedouros, o abomaso deslocado é aprisionado entre o rúmen

e o assoalho da parede abdominal, contendo quantidade grande de liquido e gás.

Em casos ocasionais, é fixado na posição por aderências que se originam de úlcera

abomasal. O fígado gorduroso é comum em vacas que morrem de complicações de

DAE poucos dias depois do parto (RADOSTITS et al., 2000).

4.2.14 Diagnostico diferencial

O DAE mais freqüentemente em vacas com poucos dias depois do parto

caracterizando-se por emagrecimento, um abdome esquerdo mais aplanado e

cetose secundária, os “pings” característicos podem ser evidenciados por

auscultação e percussão, a presença de cetose secundária na vaca imediatamente

Page 35: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

20

após o parto pode fazer surgir as suspeita da doença, a cetose primária

normalmente ocorre em vacas de alta produção duas a seis semanas depois do

parto (RADOSTITS et al., 2000).

Para detectar essa doença tem os diferenciais mais comuns, como:

Indigestão simples, que por via de regra ocorre a inapetência a anorexia, e histórico

na mudança da alimentação, e redução na produção de leite. Cetose primaria, é

caracterizada pela inapetência. Reticuloperitonite traumática, em sua forma aguda, é

caracterizada por estase ruminal, febre moderada, gemido na palpação. Indigestão

vagal, caracteriza-se pela distensão abdominal progressiva, devido ao grande

aumento do rúmen. Síndrome da vaca gorda ao parto é caracterizada por excessiva

condição corpórea, inapetência a anorexia, cetonúria, motilidade ruminorreticular

reduzida ou ausente, mas normalmente sem pings sobre o rúmen (RADOSTITS et

al., 2000).

4.2.15 Tratamento

Atualmente a correção cirúrgica costuma ser uma prática mais usada, e

diversas técnicas são descritas, com ênfase no ato de evitar recidiva do

deslocamento, também é usado uma técnica na terapia médica.

4.2.16 Técnicas cirúrgicas abertas

A abomasopexia paramediana direita e a omentopexia pela fossa paralombar

direita são maneiras mais amplamente usadas de corrigir o deslocamento do

abomaso à esquerda. A omentopexia pela fossa paralombar direita é mais popular,

porque o animal permanece de pé, e o cirurgião pode trabalhar sozinho, sem

assistente. Há necessidade de maior habilidade para realizar a abomasopexia

paramediana direita, a qual requer manos manipulação, porque o abomaso costuma

retornar à sua posição, quando a vaca é colocada em decúbito dorsal. A maior

desvantagem é o número de pessoas necessárias para manter o animal nessa

posição. Há uma pequena diferença no custo da abomasopexia paramediana a

Page 36: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

21

direita, quando comparada com a omentopexia pela fossaparalombar direita, da qual

a modificações da descrição original (RADOSTITS et al., 2000).

4.2.17 Técnicas de sutura fechada

Uma série de técnicas de sutura fechada para abomasopexia é recomendada,

com finalidade de serem mais rápidas e mais baratas, porém as complicações que

podem ocorrer ainda indicam que a laparotomia e a omentopexia são desejáveis, na

técnica de sutura fechada, o local preciso da inserção da sutura é desconhecido. As

complicações consistem em peritonites, celulites, deslocamento abomasal ou

evisceração, completa obstrução do pré-estomago e tromboflebite, da veia

subcutânea abdominal (RADOSTITS et al., 2000).

Rolamento da vaca produz resultados moderadamente bons para alguns

pesquisadores, porém a recidiva ocorre. A vaca é amarrada e colocada em decúbito

dorsal; depois rolada vigorosamente para a direita, sendo esse movimento

interrompido bruscamente, para que o abomaso liberte, sendo que a possibilidade

de sucesso são maiores nos estágios avançados, quando o rúmen tiver menor

tamanho, a restrição de alimentos durante dois dias antes desse procedimento pode

ser aconselhável (RADOSTITS et al., 2000).

4.2.18 Controle

Como se trata de uma doença multifatorial a prevenção deve ser feita através

da identificação, quando possível, dos fatores predisponentes. O fator principal a ser

considerado é o manejo nutricional do rebanho. Deve-se evitar animais obesos no

estágio final de gestação e garantir um manejo efetivo de cocho neste período.

Evitar os animais em balanço energético negativo proporcionando dieta adequada.

Garantir aos animais uma fonte de fibra efetiva para que o rúmen possa estar

sempre repleto tornando-se, portanto, em uma barreira física para o deslocamento

de abomaso. A dieta no período final de gestação deve conter no mínimo 17% de

fibra bruta evitando também uma acidose ruminal pelo incremento na ingestão de

grãos neste período. As dietas de transição devem ser adequadas reduzindo as

Page 37: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

22

chances de indigestão. Todas as doenças que ocorrem no período pós parto devem

ser imediatamente solucionadas (metrite, mastite, retenção de placenta, etc).

Qualquer fator que esteja levando a problemas de hipocalcemia deve ser corrigido

(REBHUN, 2000).

Segundo HARTMANN, recomenda-se como tratamento preventivo a

administração da dieta aniônica no período que compreende 21 dias antes do parto,

promovendo-se moderada acidose metabólica ruminal.

4.3 DESLOCAMENTO DE ABOMASO À DIREITA DAD

4.3.1 Etiologia

Etiologia do DAD ainda não é bem compreendida, mas ela é comparada ao

DAE, em questão pode-se acreditar que a atonia abomasal possa ser a precursora

da dilatação e o deslocamento, e, conseqüentemente, do vólvulo abomasal, a

dilatação pode ser o resultado da distensão primária do abomaso. Nos bovinos

adultos com DAD sem obstrução do piloro, parece que a causa mais provável é a

atonia do abomaso. Em bezerros, pode haver obstrução do piloro que resulta em

dilatação (RADOSTITS et al., 2000).

4.3.2 Epidemiologia

4.3.2.1 Vacas leiteiras em lactação

Dilatação, DAD e vôlvulo abomasal ocorrem principalmente em vacas leiteiras

adultas, normalmente de três a seis semanas após o parto, tem-se observado um

aumento na freqüência no seu aparecimento, sendo provavelmente devido a uma

melhora nas técnicas de diagnóstico ou, ainda, porque as vacas são intensamente

alimentadas, para melhorar a produção leiteira (RADOSTITS et al., 2000).

O vôlvulo abomasal (VA) ocorre em bezerros desde poucas semanas de vida

até seis meses, normalmente sem história prévia de doença, sugerindo que a causa

Page 38: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

23

possa ser acidental. O meteorismo abomasal verifica-se em bezerros sem causa

predisponente aparente, também ocorre o VA em touros adultos e vacas prenhes,

mas em grau menor (RADOSTITS et al., 2000).

4.3.3 Fatores de risco

Há poças informações disponíveis sobre a epidemiologia do deslocamento do

abomaso a direita, e do vólvulo abomasal. A maioria dos fatores de risco, descritos

para o DAE, é relevante para o DAD e O VA. A alimentação com altos níveis de

grãos para vacas leiteiras, no começo da lactação, é considerada um grande fator

de risco, entretanto, não existe dado confiável para suportar essa relação de causa e

efeito. Não se sabe ainda por que a doença ocorre em pequena porcentagem nas

vacas de alta produção de leite, alimentadas em grande de grãos (RADOSTITS et

al., 2000).

O risco do VA aumenta com a idade, e para as vacas leiteiras o maior risco

situa-se entre 4 e 7 anos de idade, o gado leiteiro tem muito mais risco de ter essa

doença do que o gado de corte. Aproximadamente 28% dos casos de VA ocorrem

nas primeiras duas semanas depois do parto. Os casos fatais relacionados em

hospitais, apresentam uma relação de VA e DAE de 23,5% e 5,6% respectivamente.

O VA também pode ocorrer após a tentativa de correção do DAE pelo método do

rolamento do animal (RADOSTITS et al., 2000).

4.3.4 Patogênese

No DAD, inicialmente ocorre atonia abomasal, resultando no acúmulo de

líquido e gás na víscera, o que leva a gradual distensão e deslocamento da direção

caudal do lado direito, durante a fase de dilatação, comumente prolongada por

vários dias, há secreção continua de ácido clorídrico, cloreto de sódio e potássio

para dentro do abomaso, que aos poucos se torna distendido e não elimina o seu

conteúdo para o duodeno, o que leva à desidratação e à alcalose metabólica com

hipocloremia e hipocalemia. Essas mudanças são típicas da obstrução funcional da

Page 39: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

24

porção superior do trato intestinal e ocorrem, o DAD e obstrução do duodeno em

bezerros (RADOSTITS et al., 2000).

Em uma vaca adulta em média de 450 kg pode acumular mais de 35 litros de

líquido no abomaso dilatado, sendo que ele tem o tamanho fisiológico em torno de 8

litros, resultando em desidratação, que pode variar de 5 a 12%do peso do animal.

Em caso simples, há somente ligeira hemoconcentração e pouca alteração no

eletrólitos, assim como no equilíbrio ácido-básico, com moderada distensão do

abdômen. Esses casos são reversíveis com hidroterapia, nos casos complicados, há

grave hemoconcentração, hipovolemia e desidratação, bem como acentuada

alcalose metabólica com grave distensão do abomaso. O grau de desidratação

constitui um auxiliar confiável no prognóstico pré-operatório. A hipovolemia,

compressão da veia cava caudal e estimulação do sistema nervoso simpático, em

resposta à distensão e torção do abomaso, resultam numa taquicardia, também um

auxílio confiável no prognóstico pré-operatório (RADOSTITS et al., 2000).

Em bovinos com um grave e prolongado VA, a acidose metabólica pode-se

desenvolver e se sobrepor à alcalose metabólica, levando uma pequena

concentração de bases no líquido extracelular, esses casos graves requerem

cirurgia e hidroterapia, sendo que, pode ocorrer uma acidúria paradoxal nos bovinos

acometidos de alcalose metabólica associada com doença abomasal, o que pode

ser decorrente da excreção do ácido pelo rim em resposta à grave depleção de

potássio ou excreção dos ácidos graxos metabólicos, como resultado da inanição,

desidratação e deterioração da função renal. (RADOSTITS et al., 2000).

4.3.5 Fase do vôlvulo

Depois da fase de dilatação e deslocamento, o abomaso distendido pode-se

torcer no sentido horário ou anti-horário (se observa pelo lado direito), num plano

vertical ao redor de um eixo horizontal que passa através do corpo, nas

proximidades do orifício omaso-abomasal. O vôlvulo costuma apresentar um giro de

180 – 270º, causando a síndrome da obstrução aguda com deterioração circulatória

local e necrose isquêmica do abomaso. Exames detalhados, feitos a necropsia, de

animais com vôlvulo do abomaso indicam que o deslocamento pode ocorrer em

Page 40: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

25

duplo sistema axial. Um sistema relata o deslocamento do abomaso em um modelo

de pêndulo, estando o ponto de suspensão situado na superfície visceral do fígado,

e consistindo os braços em partes do trato digestivo adjacentes ao abomaso, outro

sistema compreende eixos centrados no abomaso, que permitem ao órgão rodar,

sem alterar a sua posição no abdômen (RADOSTITS et al., 2000).

Em alguns casos, o abomaso e o omaso com uma distensão bem grande

formam uma alça com parte cranial do duodeno, essa alça pode estar torcida em

360º no sentido anti-horário, quando vista por trás ou do lado direito da vaca. O

retículo é puxado caudalmente para o lado direito do rúmen por sua ligação ao fundo

do abomaso, o provável modo de rotação encontra-se em um plano sagital

(RADOSTITS et al., 2000).

O VA, com envolvimento do abomaso e retículo, pode ocorrer, mas constitui

somente 5% dos casos, os danos causados pela pressão e tensão no tronco ventral

do nervo vago e nos vasos sanguíneos são, em parte, responsáveis pelo mau

prognóstico nos casos graves, mesmo depois de uma cirurgia bem sucedida de

correção. (RADOSTITS et al., 2000).

Com algumas evidências, há especulações de que os exercícios violentos e

transportes pesados possam ser fatores que contribuam na patogênese do VA

agudo, que se verifica, ocasionalmente, em vacas adultas e bezerros, sem história

prévia de doença associada à fase de dilatação (RADOSTITS et al., 2000).

4.3.6 Sinais clínicos

4.3.6.1 Dilatação e fase do deslocamento

Na dilatação e DAD, costuma haver uma história de parto nas últimas

semanas, com inapetência e diminuição na produção láctea, as fezes são anormais,

apresentando-se reduzidas na quantidade. A vaca pode ter sido tratada de alguma

disfunção digestiva nos últimos dias. A anorexia costuma ser completa, quando o

abomaso se encontra distendido. Normalmente, há depressão, desidratação, falta de

interesse para a comida, talvez aumento da sede e, algumas vezes, fraqueza

muscular. As vacas acometidas bebericam água continuamente. A temperatura

Page 41: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

26

geralmente está normal, a freqüência cardíaca varia de normal a mais de 100 b.p.m.,

e os movimentos respiratórios, via de regra, apresentam-se dentro de normalidade.

As mucosas costumam se apresentar secas e pálidas. O segmento rúmen-retículo

encontra-se atônico e o conteúdo ruminal é sentido como excessivamente pastoso.

À palpação, o abomaso distendido pode ser detectado como uma víscera tensa,

imediatamente atrás e baixo do arco costal direito. O baloteamento foi feito no terço

médio da parede abdominal lateral direita imediatamente atrás do arco costal,

simultaneamente com a auscultação, pode revelar sons de chapinhar na água,

sugerindo uma víscera cheio de liquido, a percussão auscultatória sobre a porção

média direita e terço superior do abdômen normalmente esclarecem as

características dos altos “pings” (RADOSTITS et al., 2000).

O VA costuma desenvolver-se alguns dias depois do aparecimento do DA,

mas geralmente não se consegue distinguir precisamente os estágios da doença,

entretanto no VA, os achados clínicos são muito mais graves que durante a fase de

dilatação. O abdômen é visivelmente distendido, há acentuada fraqueza e

depressão, a desidratação é obvia. A freqüência cardíaca encontra-se em 100 – 120

b.p.m., e os movimentos respiratórios estão aumentados. Pode ocorrer decúbito,

com um abdômen grandemente distendido e gemidos, constituem um mau

prognóstico, nesse estágio o exame retal é muito importante, no estágio de

dilatação, o abomaso parcialmente distendido pode ser palpável com a ponta dos

dedos no quadrante inferior direito do abdômen, mas em vacas muito grandes talvez

não possa ser palpável. Na fase de vôlvulo, a víscera distendida costuma ser

palpável no abdômen direito em qualquer parte do quadrante, superior ou inferior

(RADOSTITS et al., 2000).

As fezes normalmente são em volume menor, moles e escuras, não devem

ser confundidas com diarréia, como de costume é feita pelo proprietário do animal.

Os bovinos com VA ficam deitados depois de 24 horas do aparecimento do

problema, a morte geralmente ocorre em 48 – 96 horas devido ao choque de

desidratação, pode ocorrer em ruptura do abomaso que pode causar morte súbita

(RADOSTITS et al., 2000).

Page 42: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

27

4.3.7 Patologia clínica

4.3.7.1 Bioquímica sérica

Há vários graus de hemoconcentração (auemento do hamatócrito e da

proteína sérica total), alcalose metabólica, hipocloremia e hipocalcemia. A

intensidade do vôlvulo pode ser classificada, e o prognóstico avaliado de acordo

com a quantidade de líquido no abomaso, bem como a concentração de cloretos no

soro e q freqüência cardíaca:

Grupo 1 – abomaso distendido principalmente com gás;

Grupo 2 – abomaso distendido com gás e líquido, redução cirúrgica possível

sem remoção do líquido;

Grupo 3 – abomaso distendido com gás e líquido, 1 – 29 litros de líquido

removidos antes da redução do abomaso;

Grupo 4 – abomaso distendido com gás e liquido, mais de 30 litros de líquido

removidos antes da redução da torção.

Os níveis de cloreto no soro e a freqüência cardíaca antes da cirurgia também

auxiliam na avaliação do prognóstico. Vacas classificadas nos grupos 3 ou 4, ou as

que tenham níveis pré-cirúrgicos de cloreto iguais ou abaixo de 79 mEq/l ou pulso

igual ou maior de 100 b.p.m possuem um mau prognóstico. Na urinálise pode,

também, haver acidúria paradoxal (RADOSTITS et al., 2000).

A contagem total e diferencial dos leucócitos pode indicar a reação de

estresse nos primeiros estágios, e nos estágios mais avançados do vôlvulo pode

haver uma leucopenia com neutropenia e desvio degenerativo à esquerda devido à

necrose isquêmica do abomaso e peritonite inicial. A centese do abomaso distendido

pode produzir grande quantidade de líquido sem protozoários e pH entre 2 a 4. O

líquido pode ser serosanguinolento, quando há vôlvulo (RADOSTITS et al., 2000).

4.3.8 Achados necroscópicos

Na dilatação, o abomaso é bastante distendido com líquido e alguma

quantidade de gás, o rúmen pode conter uma quantidade excessiva de liquido. Em

Page 43: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

28

alguns casos, pode haver a impactação do piloro com partículas do solo ou areia,

podendo verificar-se um acompanhamento da úlcera-pilórica, no VA, o órgão é

bastante distendido com um liquido sanguinolento acastanhado, além de ser

normalmente torcido em sentido horário, (isso visto do lado direito), freqüentemente

com deslocamento do abomaso mostra-se bastante hemorrágico e gangrenoso,

podendo haver ruptura (RADOSTITS et al., 2000).

4.3.9 Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial da dilatação à direita, deslocamento e vôlvulo do

abomaso dependem da consideração da presença ou ausência de pings, no

abdômen direito, os achados do exame retal e de outros achados clínicos. A

detecção de um ping na percussão auscultatória do abdômen direito deve ser

acompanhada de um exame retal, para determinar a presença e a natureza do gás

que preenche a víscera responsável pelo ping (RADOSTITS et al., 2000).

As características da dilatação e DA são: parto recente, indigestão vagal

desde o parto, fezes moles e escassas, um ping sobre o abdômen direito e a

presença de uma víscera distendida e tensa na porção direita baixa do abdômen.

Deve-se diferenciar de impactação do abomaso associada com indigestão vagal,

ulceração abomasal subaguda com moderada dilatação do abomaso, torção cecal,

hidropsia fetal, reticuloperitonite traumática crônica ou subaguda do vôvulo

(RADOSTITS et al., 2000).

De acordo com RADOSTITS et al., 2000, as doenças que resultam em pings

no abdômen direito são a dilatação e distensão do abdômen, ceco, duodeno cranial,

partes do intestino delgado, cólon descendente do reto, bem com pneumoperitônio,

a avaliação dos pings depende do tamanho da área e localização do som obtido por

percussão auscultatória, as características clínicas comuns desses pings são o

seguintes:

Dilatação e DAD: os pings são normalmente audíveis entre a 9ª e 12ª

costelas, estendendo-se da junção costocondral das costelas até o seu terço

proximal, raramente, os pings estendem-se para fossa paralombar na

dilatação e DAD;

Page 44: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

29

Vôlvulo abomasal: a área do ping é maior que a do DA, estendendo-se mais

cranialmente e caudalmente, freqüentemente para a fossa paralombar direita,

mas não preenchendo completamente a fossa. Ainda a borda ventral da área

de ping no vôlvulo abomasal, é variada, com freqüência horizontal por causa

do nível do líquido dentro do abomaso;

Dilatação cecal: o ping costuma ser confinado à porção dorsal da fossa

paralombar e caudalmente a um ou dois espaços intercostais, na dilatação e

torção do ceco, o ping geralmente preenche a fossa paralombar;

Obstrução intestinal: a presença de áreas múltiplas e pequenas de pings, que

variam em altura e intensidade, é características da dilatação do jejuno, íleo,

causada por intussuscepção intestinal ou vôlvulo intestinal;

Dilatação do cólon descendente e reto: um ping na porção caudal direita do

abdômen junto a porção ventral do processo transverso das vértebras, indica

a dilatação do cólon descendente e reto, normalmente ouvido depois da

palpação retal;

Pneumoperitônio: os pings podem ser audíveis sobre ampla área,

bilateralmente, no terço dorsal do abdômen, num estudo, os valores de

sensibilidade e preditivos do abomaso como fonte de pings, foi de 98% e

96%, respectivamente, para o ceco e/ou cólon ascendente a sensibilidade e

preditividade foi de 87% ambos.

4.3.10 Tratamento

O prognóstico na dilatação à direita, deslocamento e vôlvulo será favorável,

se o diagnóstico for feito poucos dias do início dos sinais clínicos e antes que uma

grande quantidade de líquido se acumule no abomaso, o abate do animal, para

salvar o prejuízo, pode ser o melhor modo de ação para bovinos de valor comercial.

Vacas com considerável valor econômico podem ser tratadas conforme foi

apresentado aqui, nem todos os casos requerem correção cirúrgica, o tratamento

clínico é possível nos casos moderados (RADOSTITS et al., 2000).

Page 45: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

30

4.3.10.1 Tratamento clínico e casos mais moderados

Nesses casos moderados de dilatação e mínimo deslocamento, com um

moderado distúrbio sistêmico, o tratamento empírico com 500 ml de borogluconato

de cálcio a 25% IV pode produzir bons resultados, o motivo do uso do cálcio é

aumentar a motilidade abomasal. Para algumas vacas acometidas, deve-se

oferecer, feno de boa qualidade, nada de ração e concentrados, por durante três à

cinco dias, e devem ser monitoradas diariamente, a correção cirúrgica poderá não

ser necessária, se o apetite e os movimentos do trato alimentar voltarem à

normalidade em poucos dias. Os pings no abdômen direito pode, gradualmente,

tornar-se menor em dois a três dias, e eventualmente, desaparecer (RADOSTITS et

al., 2000).

Em casos moderados de dilatação, somente com leve hemoconcentração e

alcalose metabólica, o tratamento iniciado cedo com líquidos e eletrólitos IV e VO

costuma produzir bons resultados, a hidroterapia é essencial para restaurar a

motilidade do trato gastrintestinal, particularmente do abomaso distendido com

líquido e que precisa começar a evacuar seu conteúdo para o duodeno, a fim de que

absorção de eletrólitos possa ocorrer. Comumente, a vaca não recupera o seu

apetite, até que atonia abomasal tenha sido corrigida (RADOSTITS et al., 2000).

Antes da cirurgia corretiva, o gás pode ser eliminado do abomaso bastante

distendido como medida emergencial e prioritária por laparotomia. O animal é

colocado em decúbito dorsal, e o abdômen puncionado com uma agulha

hipodérmica 16x12 no ponto mais alto do abdômen distendido, entre o umbigo e

apófise xifóide. Depois que a distensão é aliviada e a hidroterapia iniciada, a

necessidade da laparotomia deve ser avaliada, e, se necessário, realizada

(RADOSTITS et al., 2000).

4.3.10.2 Correção cirúrgica

Nos casos mais avançados de dilatação, deslocamento ou vôlvulo, é

necessária a laparotomia para a drenagem do abomaso distendido de correção do

vôlvulo, se presente. Para corrigir a desidratação e a alcalose metabólica, bem como

Page 46: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

31

para restituir a motilidade normal ao abomaso, é preciso hidroterapia intensiva no

pré e pós-operatório, algumas vezes por muitos dias. Estudos eletromiográficos de

pós-operatório abomasal e motilidade duodenal revelam perda de motilidade,

alguma motilidade retrógrada e perda da atividade do pico. Os colinérgicos são

usados para restaurar a motilidade, não sendo, porém, seguros. O transplante de

conteúdo do rúmen, para restaurar a função ruminal e o apetite, promove um

estímulo mais eficaz para restaurar a motilidade do trato gastrointestinal

(RADOSTITS et al., 2000).

A composição do líquidos e soluções eletrolíticas indicam no deslocamento à

direita e vôlvulo abomasal é objeto de muita pesquisa. Há vários graus de

desidratação, alcalose metabólica, hipocloremia e hipocalcemia. Com auxilio do

laboratório, é possível monitorar a bioquímica sorológica durante a administração

dos líquidos e eletrólitos, corrigindo, assim, certas deficiências eletrolíticas pela

adição dos eletrólitos apropriados líquidos. Sem o laboratório, o veterinário não tem

escolha, mas deve usar soluções seguras e criteriosas. As soluções eletrolíticas

balanceadas que contém sódio, cloreto, potássio, cálcio e uma fonte de glicose

costumam ser suficientes (RADOSTITS et al., 2000).

As soluções isotônicas de cloreto de potássio e cloreto de amônio (KCI 108g,

NhчCl 80g, H2O 20 litros), promovem uma fonte de potássio e cloretos, podendo

corrigir a alcalose. Tal solução pode ser dada por via IV numa média de 20 litros em

4 horas, para vacas com 450 kg, de peso vivo, o que pode ser seguido pelo uso de

solução eletrolítica balanceada numa proporção de 100-150 ml/kg por um período de

24 horas (RADOSTITS et al., 2000).

A terapia eletrolítica oral pode ser recomendada, particularmente no período

pós-operatório após drenagem cirúrgica do abomaso distendido. Uma mistura de

cloreto de sódio (50-100g), cloreto de potássio (50g), e cloreto de amônio (50-100g)

pode ser administrada diariamente VO, juntamente com o tratamento parenteral, o

tratamento com cloreto de potássio (50g/dia) pode ser mantido diariamente, até que

o animal retorne ao seu apetite normal (RADOSTITS et al., 2000).

Page 47: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

32

4.3.11 Controle

Nesses casos de dilatação à direita, deslocamento e VA, não existe

informação segura sobre o controle. Devido ao fato do seu mecanismo de patogenia

ser semelhante ao DAE, parece racional recomendar os programas de alimentação

usados para controlar o DAE (RADOSTITS et al., 2000).

Page 48: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

33

5. DESLOCAMENTO DE ABOMASO - Relato de Caso

5.1 Histórico de casos clínicos

Durante o período de estágio na Lacticínios Tirol, foram atendidos 18 casos

de DAE, 5 DAD e 1 DAD em touro.

Numero do animal – Propriedade – 598

Cidasc – 728988

Espécie – Bovina

Raça – Holandesa

Idade – 4 anos

Peso – 540 kg

5.2 Anamnese

No dia 22 de março 2011, foi relatado pelo proprietário que a vaca

apresentava anorexia, teve uma redução na produção de leite, não acompanhava as

outras vacas. Estava no 10º dia do período pos-parto.

5.3 Exame clínico

Ao examinar a vaca, na auscultação associada a percussão, revelou-se um

som anormal, percutindo um som metálico, a freqüência cardíaca aumentada 110

b.p.m, temperatura 37,8ºC, freqüência ruminal reduzida, na palpação retal observou-

se poucas fezes e escuras com certa viscosidade, fétidas e brilhantes, alimento mal

digerido, odor cetonico. Apresentava um grau moderado de desidratação com as

mucosas pálidas e secas, o pêlo era arrepiado e opaco. Escore de condição

corporal: 2,5.

Page 49: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

34

5.4 Diagnóstico

Com o exame físico realizado, a suspeita de deslocamento de abomaso à

esquerda se confirmou. Tendo assim um prognóstico reservado.

5.5 Tratamento

Foi realizada a laparotomia exploratória pelo flanco esquerdo, assim foi

observado o abomaso deslocado, aparecendo entre o rúmen e a parede das

costelas. Foi realizado o posicionamento do abomaso e sua localização fisiológica.

5.5.1 Técnica cirúrgica

Inicialmente realizou-se uma lavagem com água e detergente neutro, em

seguida uma ampla tricotomia no flanco esquerdo onde foi feita a incisão, após a

tricotomia, mais uma vez lavado, e desinfecção do local, com solução de água e

iodo (Figura 3).

FIGURA 3 – Foto do animal em estação após a tricotomia e a lavagem do local a ser incisado,

preparação da área cirúrgica.

Page 50: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

35

O procedimento cirúrgico foi realizado com o animal em estação, com

aplicação de anestésico local na linha de incisão, utilizando dois frascos de cloridrato

de lidocaína 2% com vaso constritor (cada frasco de 50 ml). A cirurgia foi iniciada

através de uma incisão vertical no flanco esquerdo de ± 20 cm na fossa para-lombar

começando 5 cm ventralmente ao processo transverso da vértebra lombar. Incisou-

se a pele, músculo obliquo abdominal externo e interno, músculo abdominal

transverso e cuidadosamente o peritônio, para que não houvesse perfuração do

rúmen. Após a incisão completa, o abomaso foi visualizado (Figura 4).

FIGURA 4 – Inicio da incisão no flanco esquerdo.

Page 51: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

36

FIGURA 5 – Abomaso deslocado entre o rúmen e a parede abdominal esquerda no final do arco

costal.

Assim o cirurgião, explorando todo interior do animal, passando o braço

esquerdo em direção caudal em relação ao rúmen para palpar o abomaso distendido

com gás no lado esquerdo do rúmen, assim sendo, obteve uma confirmação

completa do DAE.

Em seguida utilizando uma agulha curva, com fio de algodão numero 1 (fio

urso) transfixando na curvatura maior do abomaso 3 pontos, em seguida com 2

agulhas em “S” com aproximadamente 40 cm de fio preso em cada agulha em S,

essas agulhas foram passadas pela parede ventral com aproximadamente 10 cm do

umbigo, cuidando para que não houvesse vasos calibrosos, as agulhas já passadas

pela parede, o cirurgião foi posicionando o abomaso com a palma da mão, e um

auxiliar vai puxando o fio com as duas agulhas tracionando o abomaso para seu

local fisiológico a ser fixado na parede ventral do abdômen na parte externa do

animal.

Page 52: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

37

FIGURA 6 – Abomaso na parede abdominal ventral com ponto captonado.

Após fixado o abomaso, sutura-se o peritônio, com fio catgut nº 2, com pontos

contínuos ancorados, seguido o músculo abdominal transverso, também com fio

catgut nº 2 continuo ancorado. A pele é suturada com fio de algodão nº1 (fio urso),

pontos continuo ancorados. Os pontos que fixam o abomaso e os pontos de pele

são retirados em torno de 15 dias após a cirurgia.

FIGURA 7 – Sutura do flanco esquerdo.

Page 53: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

38

Após a cirurgia, no local da incisão entre as camadas de sutura de pele e

músculos foi depositado o conteúdo de bisnaga de antibiótico para infusão intra-

mamaria, a base de cefaperazona sódica.

No pós operatório foi indicado apenas limpeza diária dos pontos e aplicação

de iodo.

Para uma boa evolução pós cirúrgica manter o animal em uma boa pastagem,

fornecendo pouca silagem e muita água fresca.

Após a cirurgia não era indicado uso de antibióticos, somente observação

diária do animal.

Após 15 dias, no retorno o proprietário relatou que logo no dia seguinte a

cirurgia de correção do deslocamento do abomaso o animal já voltou a pastar

normalmente.

5.6 Discussão

Na bovinocultura de leite a ocorrência de DA é de grande importância, pois

tem uma relevância muito grande nos prejuízos econômicos causados devido a essa

síndrome, tem uma grande perda na produção de leite, os custos são altos em

tratamentos.

Hoje um manejo preventivo tem um significado muito grande, principalmente

na parte nutricional, que vem sendo um ponto principal para uma prevenção desta e

de muitas outras doenças relacionadas ao gado de leite.

Page 54: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

39

6. LAMINITE E AFECÇÕES PODAIS

6.1 Introdução

Em nosso País onde a produção baseia-se em um plantel fundamentalmente

pastoril, a necessidade de deslocamentos dos animais por terrenos íngremes na

maioria das vezes devido ao aproveitamento das propriedades, exige uma perfeita

condição de saúde podal. Portanto as enfermidades do locomotor dos bovinos estão

adquirindo cada dia mais relevância, sobretudo com a ampliação da produção

animal e a constante intensificação do avanço genético, nutricional e de manejo. (AG

– A REVISTA DO CRIADOR, 2011).

É importante recordar que os animais com problemas podais andam menos,

do ponto de vista de manejo ficam sempre para trás, alimentam-se menos e se

mantém perto das aguadas, não evidenciam os sinais de cio e permanecem grande

parte do tempo em decúbito (AG – A REVISTA DO CRIADOR, 2011).

O Brasil possui um dos maiores rebanhos bovinos do mundo, atualmente com

207 milhões de cabeças. A bovinocultura possui importância econômica para o país,

participando grandemente da balança comercial e na economia interna do país (AG

– A REVISTA DO CRIADOR, 2011).

Atualmente, a pododermatite asséptica difusa, ou laminite, é considerada uma

das principais causas de claudicação na espécie bovina, pois se estima que mais de

60% das afecções podais estejam a ela associadas. Laminite é a inflamação dos

tecidos sensitivos ou lâminas do casco, estruturas que unem a parede do casco à

falange distal. Há uma tendência de aumento da ocorrência de enfermidades do

sistema locomotor de bovinos à medida que os animais se tornam mais

especializados. Desde meados do século XX, geneticistas e criadores intensificaram

os trabalhos de melhoramento de bovinos leiteiros. Progressos relevantes surgiram

quanto à capacidade digestiva e respiratória, maior desenvolvimento da glândula

mamária e, conseqüentemente, maior produção de leite. Entretanto, estes

resultados não foram acompanhados, na mesma velocidade, pelo melhoramento da

capacidade de sustentação do corpo pelas pernas e patas. Paralelamente,

atendendo a demanda de mercado, foram realizadas modificações nas instalações

Page 55: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

40

visando adequá-las às necessidades de intensificação dos sistemas de produção

dos rebanhos, de modo a torná-los mais produtivos. Esses fatores culminaram com

maior concentração de animais por área, resultando em maior volume de dejetos,

maior umidade, piora na condição de higiene e manejo mais complexo. Na busca de

soluções para estes problemas, iniciou-se um processo de impermeabilização dos

pisos das construções objetivando reduzir a umidade e facilitar a limpeza. Este

processo culminou com a construção dos sistemas loose-house, tie-stall e free stall,

em cujas instalações as vacas freqüentemente permanecem a maior parte do tempo

em pé sobre piso de concreto, em situações de desconforto por falta de cama

adequada que as estimulem ao descanso (AG – A REVISTA DO CRIADOR, 2011).

Segundo REBHUN, 2000 a laminite ou inflamação das lâminas e do córion

sensíveis é uma afecção subdiagnosticada nos bovinos leiteiros. Geralmente, todos

os quatro pés são afetados em um certo grau, mas alguns bovinos exibem uma

claudicação de apenas um membro, podendo variar entre os quatro membros, os

sinais de claudicação de crescimento excessivos dos cascos, anéis de crescimento

nos cascos e de hemorragia subsolar destacam a doença.

6.2 Principais afecções podais

O casco é um excelente indicativo do manejo utilizado no rebanho do gado

leiteiro, ele sinaliza através de suas lesões e pelo seu aspecto qual é o problema de

manejo que ocasionou o distúrbio. Mas para saber interpretar as informações que o

casco oferece, é importante que o casqueador saiba reconhecer as lesões podais.

As lesões podem ser classificadas de acordo com região acometida. As principais

lesões que acometem a sola do casco são, hematoma de sola, ulcera de sola,

abscesso de sola. Na maioria das vezes as lesões acometem a sola do casco estão

associadas às mudanças sistêmicas ocasionadas pela acidose ruminal e mudanças

do periparto.

Page 56: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

41

6.3 Etiologia

A laminite nos bovinos leiteiros é mais freqüentemente causada por uma

superalimentação com alimentos ricos em energia. Os bezerros e as novilhas com

laminite geralmente foram estimulados a crescer e alimentados com uma quantidade

excessiva de alimentos com uma quantidade excessiva de alimentos facilmente

fermentáveis, (exemplo, milho com muita umidade), ou rações leiteiras mistas totais

que sobraram das vacas lactantes. Em qualquer caso, a anamnese revela o

problema. As novilhas de primeira cria, em repouso de produção, a exposição pela

primeira vez a dietas de lactação ricas em energia junto com a liberação de

endotoxinas ou outros mediadores a partir de infecções, tais como metrite séptica,

mastite séptica ou pneumonia podem contribuir para uma laminite. As de primeira

cria conseqüentemente apresentam uma incidência mais alta de laminite aguda que

as vacas adultas. Como o caso dos eqüinos, as endotoxinas sozinhas

ocasionalmente podem causar uma laminite nos bovinos, mas a maioria das

laminites nos bovinos leiteiros se associa a uma alimentação com carboidratos

rapidamente fermentáveis (REBHUN, 2000).

A patogênese começa com uma ruminite causada pelos alimentos ricos em

energia que fermentam o suficiente para causar acidose ruminal de grau baixo com

uma subseqüente ruminite química (REBHUN, 2000).

As outras causas de laminite incluem exposição acidental a quantidades

excessivas de grãos e laminite térmica ou mecânica acarretada pelo uso exagerado

de um esmerilhador na sola durante o aparamento do casco (REBHUN, 2000).

Embora já comprovada a relação entre a ocorrência de laminite e acidose

ruminal e/ou sistêmica, várias pesquisas foram realizadas com o intuito de

estabelecer uma ligação entre laminite e outras afecções.

Outros fatores, como teores de proteína, energia, cálcio, fósforo, cobre,

manganês, selênio, zinco, molibdênio e vitaminas A, D e E também foram

incriminados na etiopatogenia da doença. Estes minerais e vitaminas são essenciais

na formação e manutenção da integridade do casco, na cicatrização e na imunidade

(AG – A REVISTA DO CRIADOR, 2011).

Page 57: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

42

6.4 Sinais clínicos

A laminite aguda aparece como uma claudicação tanto em membros

anteriores como nos posteriores. Os membros anteriores freqüentemente se

posicionam mais para frente que o normal para evitar uma sustentação de peso no

dedo. Os membros posteriores se mantêm mais sob o corpo do que o normal, pela

mesma razão. Os bovinos afetados relutam em se levantar ou andar. Alguns bovinos

podem se recusar a ficar de pé, devido a dor que sentem nos cascos acabam

repousando sobre seus joelhos, (carpianos), isso também enquanto comem e

bebem, assumindo assim uma posição ou atitude de “prece”. Quando são forçados a

se levantar, esses bovinos sapateiam nos membros afetados, descansando

alternativamente um e depois outro membro.

Quando a vaca anda, os pés afetados são colocados gentilmente no solo em

uma maneira de calcanhar para dedo. Quando muda de direção, a vaca demonstra

uma dor extrema, com os membros dianteiros estendidos na frente da sua posição

de sustentação de peso normal. A andadura fica rígida, e o animal geralmente

apresenta um dorso arqueado (REBHUN, 2000).

Os pés afetados ficam mais quentes que o normal e extremante sensíveis a

uma pressão solar em ambos os dedos, (mediais e laterais), com provadores de

casco. A falange distal tende a girar menos nos bovinos laminíticos que os eqüinos.

Isso se baseia tanto no exame radiográfico como na necropsia de muitos bovinos

laminíticos (REBHUN, 2000).

Os bovinos cronicamente afetados sofrem os efeitos do tempo excessivo

gasto em decúbito e apresentam uma perda de peso, feridas de decúbito e lesões

de pressão. A perda de peso se deve tanto a dor como a redução da capacidade de

procurar alimento (REBHUN, 2000).

A laminite crônica resulta em cascos excessivamente longos com um ângulo

mais baixo nos calcanhares, também se observa anéis de crescimento, e também

um crescimento muito rápido provoca uma rachadura subseqüente dos dedos e da

parede em uma equimose ou hemorragia de sola. A separação da linha branca

devida a um crescimento de parede rápido pode aumentar a incidência de

Page 58: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

43

abscessos subsolares e da doença de linha branca. A redução da produção,

eficiência reprodutiva e a perda de peso constituem seqüelas (REBHUN, 2000).

Em vacas leiteiras submetidas à exploração intensiva em sistema de

confinamento permanente prevalece a forma sub-clínica de laminite, de evolução

lenta e, portanto, insidiosa e crônica. Os sinais clínicos não são evidentes desde o

início e os produtores e técnicos só percebem a doença cerca de seis meses após a

exposição dos animais aos fatores de risco, quando começam a manifestar lesões

podais secundárias à laminite, como hemorragia e úlcera de sola, sola dupla, erosão

de talão, doença da linha branca, fissuras ou rachaduras e deformações no estojo

córneo. Na laminite crônica, a recuperação do animal é demorada e incerta (AG – A

REVISTA DO CRIADOR, 2011).

6.5 Diagnóstico

O diagnóstico da laminite aguda é feito através da observação da atitude e

da andadura do paciente, palpando-se os cascos, podemos avaliar o aquecimento

dos cascos, artérias digitais, aparando os cascos e usando-se os provadores de

casco para testar sua sensibilidade quando se aplica uma pressão no dedo e na

sola proximal. Geralmente, envolve-se mais de um pé e, tipicamente envolve-se

ambos os pés, ou mesmo todos os quatro pés. O diagnóstico diferencial da

equimose da sola, dos abscessos da sola e da fratura da falange distal é descartado

através de um aparamento dos pés e do número de dedos afetados. As radiografias

podem ser menos úteis nos casos de laminite aguda, pois ocorre menor rotação de

Fз nos bovinos do que nos eqüinos, devido as diferenças anatômicas nas lâminas e

no córion. No entanto, estudo radiográfico pode demonstrar uma redução de

densidade na região dorsal, na qual um edema e uma hemorragia separam as

lâminas sensíveis e córneas, e alguns casos ocasionais apresentam evidências sutis

de rotação de Fз. As vistas laterais com a chapa radiográfica inserida no espaço

interdigital para detalhar uma Fз única proporcionam os melhores detalhes

(REBHUN, 2000).

Sem duvida, as dietas ricas em concentrados e o excesso de energia podem

causar uma laminite tanto sub-clínica como clínica, e a laminite de grau baixo pode

Page 59: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

44

não ser tão óbvia quanto uma claudicação para os proprietários dos bovinos

afetados. Pode-se observar andadura lenta e arrastada, excesso de tempo gasto em

decúbito, redução da eficiência reprodutiva menor que a ideal (REBHUN, 2000).

Se os sinais clínicos de laminite se encontrarem ausentes não se deve forçar

o diagnóstico simplesmente com base na presença de uma hemorragia subsolar. Se

existir alguma dúvida significativa, pode-se acompanhar os bovinos descartados até

o abate e examinar seus pés para confirmar ou negar a presença de laminite

(REBHUN, 2000).

6.6 Tratamento

A laminite aguda é tratada através de agentes analgésicos, antiinflamatórios

tais como aspirina (12 a 24mg oralmente, b.i.d., para uma vaca adulta),

fenilbutazona (4,4mg/kg, a cada 48h, oralmente) ou flunixina-meglumina (0,55ª

1,1mg/kg, b.i.d.). alguns clínicos recomendam as anti-histaminas e os

corticosteróides, mas eu não uso essas preparações (REBHUN, 2000).

Os exercícios no solo macio ou embebimento dos pés afetados em agua fria

também ajudam. Embora os bovinos afetados relutem em se mover, deve-se

estimulá-los a andar sobre o solo macio após começar a terapia com analgésicos.

Manter o animal afetado em uma baia com uma cama boa, ou com um piso de areia

é muito mais desejável do que uma baia de confinamento com piso de concreto, pois

assim minimiza as chances de lesões secundarias. Também se tem usado o DMSO

intravenoso (1g/kg administrado intravenoso e lentamente após uma diluição com

volume equivalente de dextrose 5%) (REBHUN, 2000).

Além da terapia especifica para laminite, devem-se tratar as doenças

associadas predisponentes (tais como metrite, mastite e pneumonia), como

problemas primários para reduzir a produção de endotoxinas ou de outros

mediadores. Caso se suspeite de uma acidose ruminal ou de uma alimentação

excessiva com carboidratos, devem-se empregar laxantes, tampões e uma

alimentação, com fibras antes dos concentrados. Além disso, indica-se uma

avaliação nutricional completa caso se observem casos múltiplos nas novilhas de

primeira cria em uma única propriedade (REBHUN, 2000).

Page 60: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

45

Deve-se continuar os analgésicos, por um mínimo uma semana, e pode exigir

isso por um período muito mais longo. Deve-se avisar o proprietário que podem

desenvolver recidivas após superalimentação, enfermidades, gestação ou nos

partos futuros, quando se expõe novamente a vaca a dietas ricas em concentrados

(REBHUN, 2000).

A laminite crônica é tratada através do uso criterioso de analgésicos,

(conforme descritos em laminite aguda), e um aparamento de casco freqüente em

uma tentativa de restaurar um ângulo normal com os cascos afetados. O prognostico

é ruim nos animais jovens, pois eles são prováveis de recidivar quando alimentados

com dietas ricas em energia. O prognostico é reservado nos animais adultos porque

eles são propensos a outros problemas musculoesquelético e são prováveis de

apresentar má eficiência reprodutiva e níveis de produção menores que os ideais

(REBHUN, 2000).

6.7 Controle e conforto animal

O primeiro passo para o controle da claudicação é ter em mente uma frase

muito divulgada no meio científico, e também no meio dos consultores que

trabalham a campo. “As afecções podais são doenças do conforto animal”, o baixo

conforto animal esta associado com aumento da prevalência da claudicação. Atuar

sobre os fatores predisponentes irá minimizar a ocorrência de lesões, mas é

necessário ainda instituir um manejo preventivo, que irá garantir a manutenção da

saúde do casco. As medidas de prevenção ajudam a disseminação de lesões de

origem infecciosa(REBHUN, 2000).

Page 61: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

46

7. LAMINITE E AFECÇÕES PODAIS – Relato de caso

Numero do animal – Propriedade – 388

Cidasc – 541670

Espécie – Bovina

Raça – Holandesa

Idade – 3 anos

Peso – 490 kg

7.1 Anamnese

No dia 27 de abril de 2011 foi atendido um bovino da raça holandesa. O

proprietário relatou que a vaca apresentava anorexia, relutância em caminhar,

prostração e decúbito esternal, diminuição da produção de leite. Já vinha

apresentando claudicação ha 20 dias, e se agravou. A alimentação era constituída

por pasto, silagem e ração, sendo a mesma das outras vacas do rebanho. O local

onde o animal passava a maior parte do tempo era em piquetes de aveia, azevém e

tifton. O relevo do terreno era irregular, e o caminho por onde passavam para ir e vir

da pastagem para ordenha é cheio de pedras. O piso da sala de ordenha era

abrasivo.

7.2 Exame clínico

No exame clínico a paciente pesava 490Kg e apresentava parâmetros

fisiológicos dentro da normalidade. O animal manifestava intensa claudicação de

membro pélvico direito, mantendo-o sempre suspenso. Também foram observados

aumentos de volume e de temperatura local, além de intensa sensibilidade ao toque,

na parte distal.

Page 62: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

47

FIGURA 8 – Mostrando o local da lesão, fistula na região da borda coronária no lado abaxial do dígito

lateral e outra fistula na região interdigital

Fonte AG – A REVISTA DO CRIADOR

7.3 Diagnóstico

A análise do histórico de cronicidade, e os sinais clínicos, a presença e a

profundidade das fistulas drenando conteúdo purulento embasaram a conclusão do

diagnóstico de infecção da articulação interfalangeana distal.

7.4 Tratamento

A paciente foi contida quimicamente com xylasina, para realização de exame

físico específico do membro afetado. Após criteriosa limpeza com água e sabão e

retirada do tecido necrótico, foi observada uma fistula na região da borda coronária

no lado abaxial do dígito lateral e outra fistula na região interdigital do mesmo

membro, com drenagem de material purulento. Foi realizado um bloqueio anestésico

regional circular, no membro, por infiltração de lidocaína a 2% sem vaso constritor.

As fistulas foram curetadas e irrigadas com solução fisiológica e iodo povidona.

Protegeu-se a lesão com compressas impregnadas com tetraciclina em pó e

bandagem nos dígitos e espaço interdigital. A bandagem foi protegida por ungüento

Page 63: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

48

contendo alcatrão vegetal. E o tratamento consistia também no casqueamento, para

corrigir os aprumos para que o animal voltasse a andar corretamente.

FIGURA 9 – Foto após uma lavagem completa do casco

Fonte AG – A REVISTA DO CRIADOR

A troca da bandagem foi feita uma vez por dia, para o tratamento utilizou-se

flunixin meglumine, na dose de 1,1 mg/Kg e tetraciclina, na dose de 20 mg/kg/72

horas. Após uma semana de tratamento optou-se por ceftiofur, na dose de 2,2

mg/Kg/dia IM, por quinze dias. A partir de então a paciente foi mantida em piquete,

com locomoção restrita.

7.5 Controle

O controle dessas patologias baseia-se na prevenção fornecendo a esses

animais condições ambientais favoráveis, nutrição e manejo alimentar adequado.

7.6 Discussão

A infecção da articulação interfalangeana distal ocorre por progressão

ascendente de infecção no estojo córneo, muralha, sola, borda coronária, espaço

Page 64: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

49

interdigital e também por traumas penetrantes no dígito. Neste caso relatado foi uma

infecção interdigital.

As laminites que acometem esses animais tem seqüelas irreversíveis, mesmo

com todo o tratamento, o que determina um numero elevado de descartes, o que

causa um prejuízo econômico muito grande na bovinocultura de leite.

Page 65: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

50

8. DISTOCIA NA VACA

8.1 Torção de útero

8.1.1 Incidência

A incidência da distocia bovina varia muito e é influenciada por vários fatores.

A incidência total é de 3 a 10% dos partos, mas pode ser muito maior. Os fatores

seguintes, alguns dos quais são inter-relacionados tem demonstrado influenciar a

incidência da distocia em bovinos (JACKSON, 2004).

Fatores que influenciam na distocia:

Ambientais.

Dieta, animais que são pouco alimentados ou muito alimentados, alimentação

muito pesada, e mesmo a redução drástica da alimentação nas ultimas

semanas, e estão em condições ruins podem sofrer níveis acentuados de

distocia.

Supervisão do gado parturiente deve ser supervisionado intensamente por

pessoas experientes.

Doença como a hipocalcemia ao nascimento é uma causa de inércia uterina

primaria, algumas criações com doenças, tais como salmonela e brucelose,

podem observar uma incidência aumentada de distocia.

Indução ao nascimento embora isso possa reduzir a distocia causada feto

pélvica, a incidência de mau posicionamento fetal pode aumentar a distocia.

8.2 Causas de distocia na vaca

Vários estudos de casos de distocia bovina indicaram que a incidência de

várias causas é aproximadamente como a demonstrada na tabela abaixo.

Page 66: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

51

TABELA 3: Causas de distocia e sua incidência (%) na vaca

CAUSA (%)

Desproporção feto – pélvica 45

Má apresentação fetal 26

Falha da cérvice/vagina ao dilatar 9

Inércia uterina 5

Torção uterina 3

Outras anormalidades maternas 7

Outras anormalidades fetais 5

Fonte: JACKSON, 2004

Page 67: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

52

8.3 Torção de Útero

A torção de útero foi descoberta como a causa de mais de 7% de todas as

distocias bovinas em algumas pesquisas. O útero gestante rotaciona em seu próprio

eixo longo, com o ponto de torção sendo a vagina anterior imediatamente caudal à

cérvice. Na maioria dos casos, a torção é na direção anti-horaria com o obstetra

posicionado atrás da vaca. O grau de torção de 45 à 360º (JACKSON, 2004).

Durante o estagio foi relatado somente um caso de torção uterina.

8.3.1 Torção do útero durante a gestação

Essa é uma condição rara vista, muito menos freqüente como uma causa de

distocia a termo (JACKSON, 2004).

8.3.2 Etiologia

Desconhecida mas possivelmente associada com a instabilidade uterina e os

episódios de exercício estimulados (JACKSON, 2004).

8.3.3 Sinais clínicos

A condição é descrita em animais a partir da metade da gestação. Os animais

afetados podem mostrar sinais de desconforto, algumas contrações e a cauda pode

estar erguida. Pode ocorrer morte nos casos não tratados. A torção é palpável ao

exame retal como uma estrutura parecida com uma corda envolvendo a vagina

anterior, a cérvice e o corpo uterino. O útero pode ser percebido mais tenso do que o

normal (JACKSON, 2004).

Page 68: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

53

8.3.4 Tratamento

A correção cirúrgica é necessária na maioria dos casos. O útero é abordado

por meio de uma laparotomia pelo flanco esquerdo. O útero (o qual pode apresentar

um comprometimento vascular e estar frágil) é cuidadosamente destorcido, é

fornecido uma terapia com antibióticos e antiinflamatórios não esteróides, o feto e a

placenta podem ser monitorados após o tratamento com a ultra-sonografia. A

separação da placenta do endométrio e o aborto podem ser complicações

(JACKSON, 2004).

8.4 Torção do útero como causa de distocia a termo

8.4.1 Etiologia

O útero bovino é tido como basicamente instável por varias razões. Essas

incluem: (1) as partes caudais do útero são fixadas nas paredes laterais da pelve

pelo ligamento largo; (2) conforme a gestação avançada, as partes craniais dos

cornos uterinos repousam no assoalho abdominal sem aderências estáveis

ligamentosas; (3) uma gestação de um único bezerro ocupa principalmente um

corno do útero, tornando o órgão mais pesado e mais volumoso de um lado do que

do outro; (4) a instabilidade pode aumentar quando a vaca abaixar sua parte frontal

primeiro, ao se deitar. A torção ocorre quando a vaca ou o feto realiza um

movimento repentino, causando a rotação do útero instável em seu próprio eixo

(JACKSON, 2004).

Se o feto rotacionar em seu eixo longo ao final da gestação, o útero pode

rotacionar com ele. Exercícios reduzidos podem aumentar a incidência de torção

(JACKSON, 2004).

Page 69: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

54

8.4.2 Sinais Clínicos

Os primeiros sinais podem ser notados próximo do final do primeiro estágio

do trabalho de parto, o qual é prolongado, e a vaca pode mostrar sinais de leve

desconforto. A paciente pode adotar uma posição de “cavalo de balanço” de forma

que a superfície dorsal de sua espinha fique côncava e os membros anteriores e

posteriores se mantenham respectivamente mais para a frente e para trás do que o

normal. A torção do canal de parto Poe puxar um ou ambos os lábios vulvares para

dentro. O exame vaginal revela uma disposição anormal do canal do parto. A mão

não pode ser passada imediatamente na direção anterior da cérvice. A vagina se

estreita em forma de cone e as pregas da mucosa vaginal podem ser sentidas

formando um espiral oblíquo. A direção das pregas vaginais pode indicar a direção

da torção, tanto em sentido horário quanto anti-horário (JACKSON, 2004).

Se a torção for menor que 180º, a mão do obstetra pode passar através de

constrição para palpar o feto. Em tais casos deve ser tomado cuidado para evitar

confundir um feto morto com um vivo (JACKSON, 2004).

Quando palpado através da vagina anterior torcida, o feto pode parecer estar

flutuando longe da mão do obstetra, então retorna espontaneamente se estiver vivo.

A cérvice esta normalmente dilatada (JACKSON, 2004).

O exame retal irá confirmar o deslocamento, com os ligamentos largos sendo

anormalmente palpados como bandas esticadas no abdômen caudal (JACKSON,

2004).

8.4.3 Prognóstico

É muito bom nos casos em que são reconhecidos e tratados imediatamente.

Nos que foram tratados por algum tempo após a sua ocorrência, pode ocorrer

comprometimento grave do suprimento sanguíneo do útero. Em tais casos, o

bezerro pode morrer e a parede uterina pode ficar necrosada e friável. A ruptura

uterina pode ocorrer espontaneamente ou, na tentativa de tratamento pode por meio

de rolamento e peritonite, podem ocorrer toxemia e morte. A possibilidade de lesão

Page 70: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

55

uterina não percebida deve sempre ser lembrada nos casos em que o tratamento foi

tardio ou naqueles que não responderam bem a ele (JACKSON, 2004).

8.4.4 Tratamento

Vários métodos estão disponíveis: Rotação do feto e do útero pela vagina de

volta para sua posição correta. Isso é possível se a mão do obstetra puder passar

para dentro do útero e tocar o feto. O feto é agarrado por uma proeminência como

cotovelo, esterno ou coxa e é agitado de um lado par outro antes de ser empurrado

na direção oposta da torção (JACKSON, 2004).

Rolamento da vaca: o princípio desse método é rolar a vaca ao redor de seu

útero enquanto o órgão permanece na posição imóvel, é necessário três assistentes

para essa manobra. O bezerro deve ser sempre removido pelo obstetra assim que a

torção for corrigida (JACKSON, 2004).

A cérvice pode fechar dentro de 30 min após a resolução da torção, evitando

a saída fetal pela rota vaginal e tornando necessária a operação cesariana

(JACKSON, 2004).

8.4.5 Correção cirúrgica

Pode ser necessária se a rotação fetal for impossível e o rolamento da vaca

não for bem sucedida.

Uma laparotomia pelo flanco esquerdo é realizada com a vaca em estação

sob anestesia local. O útero é localizado e a direção da torção confirmada pela

palpação e pelo exame de região cervical. A parede uterina ou um membro fetal

dentro do útero é agarrado firmemente e uma tentativa é feita para rotacionar o útero

de volta para a sua posição correta (JACKSON, 2004).

Uma vez que o útero esteja corretamente no lugar, o bezerro pode ser

retirado pela vagina ou com operação cesariana. Se o útero não puder ser rodado, a

operação deve ser realizada com o útero em posição anormal. Uma vez que o feto

tenha sido removido, o útero pode ser normalmente rodado para sua posição correta

após o reparo da parede uterina. A condição desta deve ser checada

Page 71: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

56

cuidadosamente antes do fechamento, se o útero estiver descorado, seu suprimento

sanguíneo pode estar comprometido, caso não recupere sua cor normalmente, as

perspectivas de sobrevivência são ruins. O uso de antibióticos e antiinflamatórios

não esteróides, como flunixina, podem auxiliar na recuperação e fornecer analgesia

(JACKSON, 2004).

9. DISTOCIA NA VACA – Relato de caso

9.1 Cesariana com torção de útero

Durante o período de estágio foram realizados 9 cirurgias de cesariana, em

oito casos parturientes os fetos apresentavam-se relativamente grandes, mas todos

em posição norma, sendo que um era com torção de útero.

Numero do animal – Propriedade – 785

Cidasc – 493820

Espécie – Bovina

Raça – Holandesa

Idade – 6 anos

Peso – 450 kg

9.2 Anamnese

No dia 23 de abril de 2011, às 20:00 horas o veterinário recebeu a chamada

para atender uma vaca da raça holandesa que estava em trabalho de parto.

Chegando ao local, o proprietário relatou que a vaca já estava em trabalho de parto

desde às 6:00 horas da manhã, o animal ficou estabulado o dia todo em observação,

não comia, não bebia água, ao fim da tarde o proprietário tentou auxiliar no parto,

mas não teve sucesso.

Page 72: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

57

9.3 Exame clínico

O animal estava inquieto, apresentando muita dor, forcejando muito,

freqüência cárdica aumentada, 115 b.p.m, temperatura levemente aumentada

38,9ºC, na palpação intra-vaginal não se percebia o feto com facilidade para sair.

9.4 Diagnóstico

No estado que o animal se apresentava, não conseguindo parir, na palpação

intra-vaginal foi diagnosticado que o útero estava torcido, e assim não tendo a

certeza se o feto ainda estaria vivo.

9.5 Tratamento

Indicou-se fazer a cirurgia cesariana imediatamente explorando o flanco

esquerdo.

Page 73: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

58

9.5.1 Técnica cirúrgica

FIGURA 10 - Lavagem com a água e detergente neutro.

Inicialmente foi feita uma lavagem com a água e detergente neutro

abundantemente, em seguida uma ampla tricotomia no flanco esquerdo onde foi

feita a incisão, após a tricotomia, mais uma vez lavado, e desinfecção do local, com

solução de água e iodo.

O procedimento cirúrgico foi feito com o animal em estação, foi efetuada

anestesia local em linha, utilizando dois frascos de cloridrato de lidocaína 2% com

vaso constritor (cada frasco de 50 ml).

Após a tricotomia, desinfecção e anestesia, se iniciou a cirurgia com uma

incisão vertical no flanco esquerdo de ± 25 cm na fossa para-lombar começando 5

cm ventralmente ao processo transverso da vértebra lombar. Incisou-se pele,

músculo obliquo, abdominal externo e interno, músculo abdominal transverso e

cuidadosamente o peritônio, para que não houvesse perfuração do rúmen.

Page 74: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

59

FIGURA 11 - Incisão vertical no flanco esquerdo de ± 25 cm na fossa para-lombar.

Após a incisão completa foi explorada a cavidade interna do animal, palpando

o útero juntamente com o feto, para fazer a manobra anti-horária para desfazer a

torção, após feita esta manobra o útero foi tracionado e realizada uma incisão do

útero menos vascularizada. Realizada a incisão segurando o útero para fora da

cavidade, o feto foi retirado através de tração forçada juntamente com auxiliares.

Retirado o feto, e retirado o excesso de liquido acumulado no interior do útero,

em seguida o útero foi suturado com fio absorvível catgut nº 2, foi feito pontos

contínuos, sutura invaginantes. Em seguida colocou-se o útero novamente em sua

posição fisiológica. Antes de começar a sutura, administrou-se antibiótico (penicilina)

no interior da cavidade, para evitar aderências e outros problemas devido a

manipulação. Em seguida suturou-se o peritônio, com fio catgut nº 2, com pontos

contínuos ancorados, seguido o músculo abdominal transverso, também com fio

catgut nº 2 continuo ancorado. A pele foi suturada com fio de algodão nº1 (fio urso),

pontos continuo ancorados. Os pontos de pele foram retirados em torno de 15 dias

após a cirurgia.

E neste caso foi recomendado antibióticoterapia por 3 dias por via IM.

Page 75: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

60

9.6 Discussão

Na bovinocultura de leite a ocorrência de partos distócico é de grande

incidência, devido a genética entre uma vaca e outra, usando touros diferentes,

assim diferenciando as vacas melhoradas, mas tendo relevância na produção de

leite, com um bom tratamento a vaca em pouco tempo volta a sua produção de leite

ao normal, os custos são altos nos tratamentos, mas quando se tem uma cria do

sexo feminino, futuramente é compensatório.

Hoje um manejo nutricional e um melhoramento genético tem um significado

muito bom, relacionadas ao gado de leite.

Page 76: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

61

10. CONCLUSÃO

O estágio técnico profissionalizante é de extrema importância na vida do

acadêmico, pois permite aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos durante o

curso, isso sem duvida é adquirido com uma grande experiência.

Vivenciar as dificuldades da profissão, as expectativas e os anseios dos

produtores que futuramente poderão ser nossos clientes, assim puderam nos

mostrar em tão pouco tempo a dimensão real do que iremos enfrentar na vida

profissional que é ser um Médico Veterinário.

Neste período de estágio os orientadores acadêmico, e profissional, foram

sem dúvida muito importante. Com orientador profissional pude vivenciar momentos

importantes de como fazer um atendimento e procedimento, e maneiras para facilitar

o diagnóstico e o prognóstico.

Durante o estágio também ensina ao acadêmico que ser um Médico

Veterinário não é apenas para salvar a vida desses animais, mas também a

minimizar e aliviar o sofrimento deles, e pensar na qualidade de vida para cada

animal.

Ao término do estágio foi possível perceber a verdadeira dimensão e

importância de sua realização.

Page 77: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Alexander Feldertcconline.utp.br/.../CLINICA-MEDICA-E-CIRURGICA-DE-GRANDES-ANIMAIS.pdf · 8.2 Causas de distocia na vaca .....50 8.3 Torção de Útero

62

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDREWS, A.H.; BLOWEY, R.W.; BOYD, H.; EDDY, R.G.; Medicina bovina,

doenças e criação de bovinos; 2 ed, ROCA: São Paulo 2005.

BLOOD, D.C.; HENDERSON, J.A. Medicina veterinária. 4 ed. Rio de Janeiro :

Guanabara Koogan, 1978.

BREUKING, H.J.; Abomasal displacement and prevention. Bovine Prat. 26, 1991.

http://www6.ufrgs.br/favet/lacvet/restrito/pdf/deslocamento_abomaso.pdf

Acesso em: 18/06/2011

GREENOUGH, P.R.; VERMUNT, J.J.; McKINNON, J.J. Laminitis-like changes in the

claws of feedlot cattle. Canadian Veterinary Journal, Ottawa, v.31, n.3, 1990.

GREENOUGH, P.R. Observations on bovine laminitis. In Practice, Kent, v.12, n.4,

1990.

APOSTILA HARTMANN, W. Bovinocultura de leite. Curitiba, 2008.

JACKSON, PETER G.G.; Obstetrícia Veterinária. São Paulo; 2ª Roca, 2005.

RADOSTITS O.M.; GAY, C.C.; BLOOD, D.C.; HINCHCLIFF, K.W. Clínica

Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A.9ª Ed, 2000.

REBHUN, W.C. Doenças do Gado Leiteiro. São Paulo: Ed. Roca, 2000.

.RABELO, E. Importância da bovinocultura leiteira. 2005; Disponível em:

http://www.rehagro.com.br/siterehagro/interna/index_cursopres.jsp

Acesso em: 20/06/2011

TURNER, A.S.; McILWRAITH, C.W. Técnicas Cirúrgicas em animais de Grande

Porte. Editora ROCA Ltda, São Paulo, 1985.