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Edilso Pereira do Vale
Trabalho de Conclusão de Curso
Relatório de estágio apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário. Orientadora Acadêmica: Msc. Taís Marchand Rocha Moreira Orientador Profissional: Msc. Ricardo Maia
Curitiba 2008
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Reitor Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Pró-Reitoria Acadêmica Profa Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Profa Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini Secretário Geral Sr. Bruno Diniz Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Prof João Henrique Faryniuk Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária Profa Ana Laura Angeli Metodologia Científica Prof. Jair Mendes Marques CAMPUS BARIGUI Rua Sydnei A. Rangel Santos 238- Santo Inácio CEP 82.010-330- Curitiba – PR FONE: (41) 3331- 7700
6
TERMO DE APROVAÇÃO
Edilso Pereira do vale
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Este trabalho de Conclusão de Curso foi Julgado e aprovado para a obtenção
do título de Médico Veterinário por uma banca examinadora do curso de Medicina
Veterinária da Universidade Tuiuti do paraná.
Curitiba,12 de novembro de 2008
..........................................................................................................
Medicina Veterinária
Universidade Tuiuti do Paraná
Orientador: Profa MSc.Taís Marchand Rocha Moreira
Universidade Tuiti do Paraná
Residente M. V. Raquel de Araújo Cantarella
Universidade Tuiuti do paraná
Profa Dr. Ana Laura Angeli
Universidade Tuiuti do Paraná
7
Aos meus pais, Amilto e Wilze, irmãos Denise e Denilso
Pereira do Vale, à minha vózinha Maria da Gloria e
aos meus cães e pássaros.....
DEDICO!!!!!!!!!!!
8
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me conduzido conforme os seus
propósitos e permitido com que eu alcançasse esse objetivo. Juntamente, agradeço
aos meus familiares e amigos que me ajudaram muito nas horas difíceis.
Àos professores Taís M. Rocha Moreira, Ricardo Maia, Elza Ciffoni, Michele
Salmon Frehse e pela residente Raquel Cantarella pelo incentivo e ensinamento.
Àos meus vários animais de estimação que me deram muita alegria em todos
esses anos de convivência
9
APRESENTAÇÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao curso de
Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da
Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de
Médico Veterinário é composto de um Relatório de Estágio, no qual são descritas
as atividades realizadas por Edilso Pereira do Vale durante o período de 04/08 a
03/10/2008, no Hospital Veterinário da Universidade Tuiuti do Paraná, localizado na
cidade de Curitiba, cumprindo estágio curricular e também de uma Monografia que
versa sobre os temas Osteossarcoma, Doença Inflamatória do Trato Urinário Inferior
dos Felinos e Megaesôfago.
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Sumário
LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................11 LISTA DE FIGURAS..................................................................................................12 LISTA DE QUADRO..................................................................................................14 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................15 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO................................................................16 3 CASUÍSTICA...........................................................................................................23 4 OSTEOSSARCOMA...............................................................................................25 4.1 Caso Clínico.........................................................................................................31 4.1.1 Discussão..........................................................................................................38 4.2 DOENÇA INFLAMATÓRIA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR DOS FELINOS....................................................................................................................40 4.2.1 Caso Clínico......................................................................................................45 4.2.2 Discussão..........................................................................................................48 4.3 MEGAESÔFAGO EM CÃES...............................................................................50 4.3.1Caso Clínico.......................................................................................................56 4.3.2 discussão...........................................................................................................59 5 CONCLUSÃO.........................................................................................................61 6 REFERÊNCIAS......................................................................................................62
11
LISTA DE ABREVIATURAS
BID – duas vezes ao dia bpm – batimentos por minuto °C – graus célcius CI – cistite idiopática CIF – cistite idiopática felina DITUIF – doença inflamatória do trato urinário inferior dos felinos dl – decilitros FC – frequência cardíaca FR – frequência respiratória kg – quilograma mg – miligrama RM – ressonância magnética SID – uma vez ao dia SRD – sem raça definida TCC – trabalho de conclusão de curso TC – tomografia computadorizada TID – três vezes ao dia TPC – tempo de preenchimento capilar UTP – Universidade Tuiuti do Paraná
12
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ.....................................................................................................................16 FIGURA 2 – ENTRADA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ..............................................................................................................17 FIGURA 3 – SALA DE RECEPÇÃO DO HOSPITAL.................................................18 FIGURA 4 – SALA DE EMERGÊNCIA......................................................................19 FIGURA 5 – SALA DE ULTRA-SONOGRAFIA.........................................................19 FIGURA 6 – SALA DE RADIOGRAFIA.....................................................................20 FIGURA 7 – AMBULATÓRIO PARA DOENÇAS INFECCIOSAS.............................20 FIGURA 8 – LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS..........................................21 FIGURA 9 – SALA DE TÉCNICA OPERATÓRIA......................................................22 FIGURA 10 – CENTRO CIRÚRGICO.......................................................................22 FIGURA 11 – PACIENTE ATENDIDO NO HOSPITAL DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ.............................................................................................................32 FIGURA 12 – DIPYLIDIUM CANINUM ENCONTRADOS NA REGIÃO ANAL.........33 FIGURA 13 – AUMENTO DE VOLUME EM MEMBRO PÉLVICO DIREITO...........34 FIGURA 14 – AUMENTO DE VOLUME EM REGIÃO MEDIAL DO MEMBRO PÉLVICO DIREITO....................................................................................................34 FIGURA 15 – SEVERA REAÇÃO PERIOSTEAL DO TIPO SUNBURST E TRIÂNGULO DE CODMANN...................................................................................35 FIGURA 16 - NECRÓPSIA DO MEMBRO PÉLVICO AFETADO..............................36 FIGURA 17 – DISSECAÇÃO DO TUMOR ÓSSEO...................................................37 FIGURA 18 – AMOSTRA DA NEOPLASIA ÓSSEA..................................................37 FIGURA 19 – ANIMAL ATENDIDO NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ.....................................................................46 FIGURA 20 – URINA RETIRADA APÓS A SONDAGEM URETRAL........................47
13
FIGURA 21 – FIXAÇÃO DA SONDA URETRAL...............................................47 FIGURA 22 – ANIMAL ATENDIDO NO HOSPITAL DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ.....................................................................................................................57 FIGURA 23 – ANIMAL EM INTERNAMENTO NO HOSPITAL DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ..................................................................................................58
14
LISTA DE QUADRO
QUADRO 1 - CASOS ATENDIDOS NO PERÍODO DE 04/08/08 ATÉ 03/10/08, NO
HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ.......................23
15
1 INTRODUÇÃO
O presente relatório refere-se ao estágio realizado no Hospital Veterinário da
Universidade Tuiuti do Paraná, no período de 04 de agosto a 03 outubro de 2008. O
estágio foi realizado no setor de Clinica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais,
onde foi possível aplicar os conhecimentos adquiridos durante o curso de Medicina
Veterinária além de adquirir novos conhecimentos imprescindíveis para uma boa
conduta profissional.
O Hospital Veterinário da Universidade Tuiuti do Paraná se localiza no
campus do Barigui, e é composto por setores especificos para o atendimento de
pequenos animais, como sala de radiologia, ultra sonografia, farmácia, ambulatório
1, 2, 3 e 4, emergência, internamento, sala dos professores, sala da técnica
operatória e centro cirúrgico. As consultas de rotina são realizadas de segunda a
sexta-feira das 8:00 às 12:00 e das 14:00 às 18:00 horas.
No Hospital Veterinário da Universidade Tuiuti do Paraná o atendimento é
realizado primeiramente por estagiários com o acompanhamento de um Médico
Veterinário residente e sob a supervisão de Médicos Veterinários docentes.
Durante o estágio de caráter curricular obrigatório o discente recebeu
orientação profissional do professor Msc. Ricardo Maia e supervisão acadêmica da
professora Msc.Taís Marchand Rocha Moreira.
O acadêmico, durante o período de estágio, cumpriu um total de 360 horas,
no qual foi possível realizar atividades que desenvolveram prática da Medicina
Veterinária para um bom desempenho profissional. No presente relatório estão
descritas as atividades realizadas durante esse período.
16
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO O Hospital Veterinário (Figuras 1 e 2) da Universidade Tuiuti do Paraná está
localizado no campus Barigui da Universidade Tuiuti do Paraná, na cidade de
Curitiba.
FIGURA 1 - HOSPITAL VETERINÁRIO DA
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
17
FIGURA 2 - ENTRADA DO HOSPITAL
VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO
PARANÁ
A rotina de atendimentos de pequenos animais no Hospital Veterinário é
realizada por um médico veterinário residente e um docente, um médico veterinário
do setor de diagnóstico por imagem, um auxiliar administrativo, um enfermeiro para
auxílio durante as consultas, dois profissionais responsáveis pela limpeza dos
ambulatórios e locais de internamento.
O Hospital Veterinário da Universidade Tuiuti do Paraná conta com uma sala
de recepção (Figura 3) e um espaço de espera para o atendimento, recepcionando
os animais e os proprietários.
18
FIGURA 3 - SALA DE RECEPÇÃO DO HOSPITAL
VETERINÁRIO
As consultas são realizadas em um dos quatro ambulatórios disponiveis, os
quais contam com uma mesa de aço inoxidável para o atendimento, um armário
para medicamentos, seringas e agulhas, um caixa para descarte de materiais
pérfuro-cortantes e de materiais classificados como lixo hospitalar. O hospital
contém ainda uma sala de emergência para atender paciente que precisam de um
pronto atendimento rápido (Figura 4).
19
FIGURA 4- SALA DE EMERGÊNCIA
Para a realização de atendimentos complementares o hospital conta
com o setor de diagnóstico por imagem, onde são realizados exames de ultra-
sonografia (Figura 5) e radiologia (Figura 6).
FIGURA 5- SALA DE ULTRA-SONOGRAFIA
20
FIGURA 6- SALA DE RADIOGRAFIA
Os animais que necessitam de internamento são conduzidos até os
ambulatórios 1, 2 e 3 ou para o ambulatório 4, o qual é destinado para abrigar os
animais com doenças infecciosas (Figura 7).
FIGURA 7 - AMBULATÓRIO 4 PARA DOENÇA
INFECCIOSA
21
O Hospital dispõe de uma sala especial para o atendimento oftalmológico
(ambulatório 1), atendimento odontológico (ambulatório 3), copa, um laboratório de
análises clínicas (figura 8), bem como laboratórios de parasitologia e microbiologia.
FIGURA 8- LABORATÓRIA DE ANÁLISES
CLÍNICAS
O hospital veterinário da Universidade Tuiuti do Paraná é composto ainda de
uma sala de técnica pré-operatória, a qual possue algumas mesas, um circuito
completo de anestesia inalatória e uma janela de vidro (Figura 9), a qual permite a
visualização completa do centro cirúrgico.
22
FIGURA 9 – SALA DE TÉCNICA OPERATÓRIA
O centro cirúrgico (Figura 10) também possui um circuito completo de
anestesia inalatória, duas mesas cirúrgicas com iluminação especial e uma janela de
vidro que permite a visualização das cirurgias pelos estudantes.
FIGURA 10- CENTRO CIRÚRGICO
23
3 CASUÍSTICA
A rotina de Atendimento do Hospital veterinário da Universidade Tuiuti do
Paraná é sempre gerenciada e monitorada por um professor médico veterinário ou
pelo residente, e os casos observados nesse período (quadro 01) de estágio foram
interpretados, análisados e concluídos da seguinte forma:
QUADRO 01 - CASOS ATENDIDOS NO PERÍODO DE 04/08/08 ATÉ 03/10/08, NO
HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Especialidades NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM (%)
Infectologia 8 7
Pneumologia 5 4,5
Dermatologia 20 18
Oncologia 13 11,5
Ortopedia 18 16
Endocrinologia 5 4,5
Oftalmologia 20 18
Urologia e Teriogenologia 18 16
Cardiologia 5 4,5
TOTAL 112 100%
Resultando em 112 casos atendidos no período de 04/08/08 até 03/10/08 no
Hospital Veterinário da Universidade Tuiuti do Paraná, fazendo uma média de 2,5
casos atendidos por dia, em 45 dias de estágio; Dos quais foram descritos os casos
24
de Osteossarcoma, Doença inflamatória do Trato Urinário Inferior dos Felinos
(DITUIF) e Megaesôfago em cães.
25
4 OSTEOSSARCOMA
O osteossarcoma é uma neoplasia maligna de ocorrência freqüente na clínica
de pequenos animais. Esse tumor tem origem óssea primária, sua evolução é muito
rápida e pode ocorrer metástase em um curto período de tempo. Devido ao seu alto
grau de malignidade o prognóstico é desfavorável; e em casos de metástase para
órgãos vitais como pulmão, fígado e rins, não é recomendado fazer o tratamento
cirúrgico do paciente (CAVALCANT et al, 2004).
Epidemiologia
O osteossarcoma é considerado um tumor maligno mesenquimatoso produtor
da matriz óssea; afetando principalmente fêmeas e machos adultos, de raças puras
e o órgão de predileção para metástase dessa é o pulmão (CAVALCANT et al.,
2004).
Segundo Mendonça e colaboradores (2008), o osteossarcoma acomete
principalmente animais de grande porte, em uma faixa etária de 7 – 8 anos, sendo
que 75% dos casos, acometem o esqueleto apendicular e 25% afetam o esqueleto
axial. A região do rádio é uma área de predileção para a ocorrência do
osteossarcoma e quando associado à microlesões ou áreas de remodelamento
ósseo, o prognóstico se torna desfavorável, acometendo principalmente o esqueleto
apendicular. Os ossos mais comumente afetados são o úmero, rádio, ulna, fêmur e
tíbia.
No Brasil pesquisas demonstram que as raças mais acometidas pelo
osteossarcoma apendicular são os animais sem raça definida (SRD) com 35%,
26
pastore alemão com 15%, dogue alemão com 7,5% e fila brasileiro com 5% dos
casos registrados (MENDONÇA et al., 2008)
Etiologia e Patofisiologia
As causas do osteossarcoma ainda não foram totalmente esclarecidas, mas
estudos mostram que fatores genéticos, raciais e de idade estão diretamente ligados
a essa doença. Um fator muito determinante na ocorrência do osteossarcoma
fibroblástico são as metástases cutâneas, que caracterizam um fator muito
agravante no prognóstico (COSTA et al., 2001).
Ainda não existe uma explicação completa da origem do osteossarcoma,
sendo que a teoria mais aceita é que a causa é multifatorial, envolvendo fatores
genéticos e de genes dominantes. O risco de aparecimento dessas neoplasias é
cerca 65 a 185 vezes maior em cães acima de 36 Kg do que aqueles abaixo de 9
Kg. Desta forma consideramos que as raças maiores como o pastor alemão, dogue
alemão, fila, dobermann, são bernardo, rottweiler, setter irlandês e golden retriever
são mais predispostas a ter essa doença (MENDONÇA et al., 2008).
Os tumores ósseos são frequentemente diagnosticados na clínica de
pequenos animais, entre eles o osteossarcoma, o condrossarcoma e o
fibrossarcoma são os mais comuns. Sendo que o osteossarcoma corresponde a
95% dos casos, correspondendo ao tipo mais comum de tumor ósseo primário em
cães (KLEINER e SILVA, 2003).
O osteossarcoma vertebral é uma neoplasia rara em cães; cerca de 90% dos
casos apresentam metástase ou recidiva, principalmente em ossos adjacentes ao
tumor primário e nos pulmões (MENDONÇA et al., 2008).
27
Segundo Kleiner e Silva (2003), apesar do osteossarcoma ter predileção por
ossos, este pode acometer qualquer tecido do animal com um grau de malignidade
igual ou superior ao osteossarcoma de origem óssea exclusiva. Os osteossarcomas
que se originam da patela ou escápula também demonstram um alto grau de
malignidade; e quando existem lesões metástaticas em órgãos adjacentes temos um
prognóstico se torna ainda mais desfavorável.
Sinais Clínicos
Entre os sinais clínicos mais observados em animais com osteossarcoma se
apresentam, na maioria das vezes, claudicação, aumento de volume local, dor,
hipertermia ou hipotermia local devido à má circulação sanguínea (MENDONÇA et
al.,2008).
Segundo Kraegel (2004), alguns sinais sistêmicos como a apatia, fraqueza,
alterações na bioquímica sanguínea e anorexia ou hiporexia podem ocorrer com
freqüência.
Diagnóstico
Os animais SRD acometidos pelo osteossarcoma apendicular e axial, tem
uma resposta imunológica e um tempo de sobrevivência muito maior que aqueles
animais de raça pura. A melhor forma de diagnosticar o osteossarcoma é pelo
exame radiográfico; mas existe ainda a magnificação radiográfica computadorizada,
cintilografia, tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM), que
serve para observar neoplasias maiores e mais extensas; a TC e a RM podem
28
fornecer informações essenciais para estabelecer um adequado plano cirúrgico, já
que vai promover uma visualização desejada da extensão dos tecidos envolvidos no
processo neoplásico, diminuindo assim as chances de recidiva do problema.
Normalmente ocorre lise e proliferação óssea, podendo ocasionar fraturas desses
óssos. Porem essas fraturas são de ocorrências esporadicas e desta forma devemos
observar vários parâmetros como a lesão monostótica (afeta só um osso) ou
poliostótica (afeta vários óssos). Além da metastáse pulmonar, os outros órgãos de
predileção são os tecidos ósseos, pele, glândulas mamárias, músculos, trato
gastrintestinal, baço, fígado, rins, órgãos endógrinos e trato reprodutivo (KLEINER e
SILVA, 2003).
Os osteossarcomas extra-esqueléticos são neoplasias malignas que não
emergem do sistema osteoarticular, podendo atingir tecidos moles, vísceras e
glândulas, sendo raro em cães. O diagnóstico dessa enfermidade se baseia na
ausência de evidências físicas ou radiográficas de tumor ósseo primário e na
ausência de critérios histopatológicos próprios. O prognóstico dessa enfermidade é
considerado desfavorável devido ao curto período de sobrevida, pois na grande
maioria dos casos quando o diagnóstico é feito já se observa metástase para
diversos órgãos. A imunohistoquímica também pode ser utilizada como forma de
diagnóstico e na diferenciação de tumores com aparência histopatológica similar,
como o paracondroma, condroma e o condrossarcoma mixóide (SILVEIRA et al.,
2006).
Segundo Kleiner e Silva (2003) quando solicita-se um exame histopatológico,
as características raciais, local da lesão e idade do animal, são de extrema
importância para que o patologista conclua o diagnóstico e esclareça ao clínico o
grau de malignidade da neoplasia.
29
Segundo Kleiner e Silva (2003) o osteossarcoma causa alterações muito
severas, tais como a perda energética, diminuição da síntese de proteínas, perda
excessiva de nitrogênio na urina e um aumento do fluxo de glicose. Um fator muito
importante a ser observado na clínica de pequenos animais é a atividade da
fosfatase alcalina, com o objetivo de observar a agressividade da quimioterapia
adjuvante, já que os animais que tiverem uma atividade normal desta enzima têm
um prognóstico melhor do que os que estiverem com a enzima aumentada, sendo
que estes casos devem ser observados antes de estabelecer um protocolo
terapêutico. Em ambos, o osteossarcoma apresenta um comprometimento biológico
agressivo e uma frequência metastática que varia entre 60 a 85% em cães e um
tempo médio de 26 a 90 dias após a cirurgia, variando devido a sua localização.
Tratamento e prognóstico
Os tumores ósseos apendiculares possuem um padrão do líquido intersticial
aumentado e um fluxo sanguíneo diminuído, em relação aos tecidos aos moles; e,
devido a esses fatores, pode ocorrer interferência na ação da medicação, se
tornando uma informação muito importante para o clínico. Devido ao alto grau de
malignidade do osteossarcoma, ele pode gerar uma obstrução tecidual, impedindo a
drenagem linfática, ocasionando um aumento significativo do membro. Devido a
essa interferência na circulação sanguínea, aumento de volume e inflamação, o
osteossarcoma é o tipo de sarcoma mais comum associado à fratura simples de
membro. Essa fratura normalmente está associada à osteomielite e resulta em um
atraso na consolidação ou na não - união desse membro fraturado, e o implante
metalico ou de enxerto cortical pode induzir à presença do osteossarcoma. Em
30
alguns casos pode haver infecções oportunistas como a por Espirocerca lupi em
cães com osteossarcoma esofágico (KLEINER e SILVA,2003).
Assim como no homem, os animais não apresentam uma regressão no
desenvolvimento de tumores ósseos malignos espontânea sem um tratamento anti-
neoplásico específico. Apesar de existir casos de osteossarcoma induzido pela
radiação, a cirurgia e a quimioterapia podem prolongar signitivamente a sobrevida
dos pacientes. A cisplatina é um agente quimioterápico muito conhecido por ter uma
ação de aumentar os espaços de tempo entre um episódio da doença e outro, sendo
a droga de escolha para o tratamento quimioterápico de pequenos animais. A
doxorrubicina pode ser utilizada junto com a cisplatina a cada 2 semanas durante 6
sessões. A carboplatina é outro fármaco que também pode ser associada aos outros
medicamentos e apresenta resultados muito bons (KLEINER e SILVA, 2003).
Segundo Kraegel (2004), os principais efeitos colaterais da quimioterapia são
a anorexia, diarréia, vômito, infecção sanguínea e lesão renal ou cardíaca. A
amputação do membro sem a quimioterapia fornece apenas o alívio da dor e a
metástase continua progredindo até levar o animal à morte.
Em casos de osteossarcoma apendicular não metastático, tem sido feita a
resseção óssea com uso de enxertos homólogos, através de implantes de tecido
ósseo congelado, ao invés de fazer a amputação total do membro. Uma nova
técnica que vem sendo utilizada é a seção e pasteurização da área neoplásica
afetada, através da permanência do enxerto em uma caixa estéril impermeável em
meio de solução salina pré-aquecida a 65°C imersa em água por 40 minutos, a uma
temperatura de 65°C. Assim ocorre uma esterilização com morte de células
tumorais, proporcionando a este enxerto autólogo um comportamento similar a um
enxerto verdadeiro. Novas técnicas de tratamento estão sendo utilizadas com o
31
objetivo de propiciar uma melhor qualidade de vida para esses animais; podemos
citar o uso da quimioterapia e da imunoterapia, realizada por inalação ou pela via
intracavitária, nos casos de metástase pulmonar (KLEINER e SILVA, 2003).
O prognóstico dessa enfermidade é muito desfavorável, pois cerca de 90%
dos casos já apresentam metástase quando o clínico consegue concluir o
diagnóstico, sendo que o período médio de vida, mesmo depois de uma amputação
radical do membro é 90 – 120 dias em média (KRAEGEL, 2004).
4.1 CASO CLÍNICO
Nome: Bruce
Espécie: Canina
Raça: Fila Brasileiro
Sexo: Macho
Idade: 8 anos
Peso: 50 Kg
Anamnese
Relata-se o caso clínico de um animal da espécie canina, fila brasileiro,
macho, 8 anos de idade (Figura 11), que apresentou aumento de volume, dor e
claudicação em membro pélvico esquerdo há 2 semanas. O responsável relatou
ainda que outros membros familiares do animal já apresentaram neoplasia óssea.
32
FIGURA 11 - PACIENTE ATENDIDO NO
HOSPITAL DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO
PARANÁ
Exame físico
Ao exame físico o animal apresentou temperatura retal de 39,4°C; tempo de
preenchimento capilar (TPC) 2 segundos; freqüência cardíaca (FC) 80 bpm;
freqüência respiratória (FR) 20 bpm. O animal se apresentou normohidratado e as
suas mucosas estavam normocoradas; os linfonodos mandibulares, inguinais e
poplíteos apresentavam-se aumentados na palpação. No sistema tegumentar
verificou-se uma área alopécica na região lombar e foi observada a presença de
Dipylidium caninum (Figura 12) vivos na região anal.
33
FIGURA 12 – Dipylidium caninum
ENCONTRADOS NA REGIÃO PERIANAL
No membro pélvico direito foi observado um tumor de consistência firme
(Figura 13 e 14), com diâmetro de 21 centímetros e posição plantígrada no membro
pélvico esquerdo.
34
FIGURA 13 - AUMENTO DE VOLUME EM
MEMBRO PÉLVICO DIREITO
FIGURA 14 - AUMENTO DE VOLUME EM REGIÃO
MEDIAL DE MEMBRO PÉLVICO DIREITO
Diagnóstico
Os exames complementares solicitados foram o hemograma, bioquímica
sérica, urinálise, citologia aspirativa, radiografia e ultrassonografia.
35
No exame ultrassonográfico observou-se a próstata com parênquima
discretamente heterogêneo com áreas hiperecóicas irregulares e pouco delimitadas;
linfonodo sublombar aumentado com ecogenicidade preservada, bordos regulares e
parênquima homogêneo e os demais órgãos e estruturas sem alterações
significativas.
Na radiografia visibilizou-se a presença de uma área circular lítica, em terço
distal de diáfise tibial direita, com severa reação periosteal do tipo Sunburst e
Triângulo de Codmann (figura 15). Os ossos do tarso apresentavam alterações
sugestivas de neoplasia óssea. Assim, foi solicitada a citologia aspirativa a qual foi
inconclusiva e foi necessário a biópsia fragmentar para a conclusão diagnóstica.
Nesse período entre os exames complementares o animal foi medicado com
meloxican 0,2mg/kg/SID por 14 dias, tramadol 1mg/kg/BID por 10 dias e
ciprofloxacina 5mg/kg/BID por 7 dias.
FIGURA 15 – SEVERA REAÇÃO PERIOSTEAL
DO TIPO SUNBURST E TRIÂNGURO DE
CODMANN
36
A coleta de urina foi feita por cistocentese e na urinálise observou-se piúria. O
hemograma apresentou uma diminuição na quantidade de eritrócitos 5.17 milhões/ul
sugestivo de anemia (hemoglobina 11.9 g/dl e hematócrito 35%) e a bioquímica
sanguínea não demonstou alterações significativas.
O proprietário foi informado da suspeita clínica de osteossarcoma e ficou
ciente da gravidade do problema, já que ele conhecia e tinha acompanhado o caso
de alguns parentes do Bruce observando como essa doença é difícil de ser tratada.
E mesmo antes de concluir o diagnóstico, o proprietário junto com os médicos
veterinários responsáveis, optaram pela eutanásia.
A eutanásia foi realizada com o uso de xilazina 1mg/kg; tiopental 18mg/kg;
pancurônio 4mg e cloreto de potássio 10 ml (concentração de 19.3 %). Logo depois
da eutanásia foi feito a necrópsia do membro acometido (Figura 16 e 17), e enviado
para o laboratório uma amostra de fragmento ósseo (Figura 18), e foi confirmado o
diagnóstico de osteossarcoma.
FIGURA 16 – NECRÓPSIA DO MEMBRO PÉLVICO AFETADO
38
4.1.1 Discussão
O osteossarcoma é o tumor ósseo de maior ocorrência na clínica de
pequenos animais; tanto em cães como em gatos é uma das neoplasias mais
malignas, sendo que quando o clínico consegue concluir um diagnóstico,
aproximadamente 90% dos casos já apresentam metástase. O paciente não
apresentava metástase; porém pode ser que ele tivesse micro metástase, que não é
observado frequentemente nos exames complementares.
Estudos comprovam que os animais de grande porte e em uma faixa etária de
7- 8 anos são os mais acometidos. Esses dados são de muita importância, já que o
paciente descrito se encaixa nesses parâmetros. Outro dado importante é a
localização da neoplasia, a qual também estava em uma localização aonde
frequentemente é observado osteossarcoma.
Os principais sinais clínicos observados em animais acometidos com essa
doença são a claudicação, dor, aumento de volume na região afetada, hipertermia
ou hipotermia local (quando a circulação sanguínea do membro está afetada),
dificuldade de locomoção e apatia. O animal apresentava posição pantígrada em
membro pélvico esquerdo, devido à sobrecarga de peso que estava ocorrendo
nesse membro por causa da dor no membro direito afetado.
Um dos grandes desafios nos casos de osteossarcoma é concluir um
diagnóstico com rapidez. A citologia aspirativa foi feita com anestesia geral, pois o
paciente era agressivo e estava com bastante dor. Esse exame foi inconclusivo. A
radiografia não conclui o diagnóstico definitivo, porém ela é um exame muito
importante e bem sugestivo dessas doenças ósseas, porém para diferenciar o
osteossarcoma de um condrossarcoma ou de um fibrossarcoma, precisa-se da
biópsia ou de uma citologia do tumor.
39
O tratamento do osteossarcoma é a amputação proximal do membro e a
quimioterapia no pós-operatório. Porém o prognóstico é desfavorável, pois
pesquisas comprovam que mesmo após a amputação completa do membro, a
expectativa de vida dos animais é de 3 a 4 meses. Por isso é de muita importância
informar aos proprietários sobre os riscos cirúrgicos, da necessidade de
quimioterapia e do prognóstico que é muito reservado.
Devido ao alto grau de malignidade, ao prognóstico desfavorável e à perda da
qualidade de vida do animal, a eutanásia foi uma decisão tomada pelo proprietário
junto com os médicos veterinários.
40
4.2 DOENÇA INFLAMATÓRIA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR DOS FELINOS (DITUIF)
A DITUIF é a descrição de qualquer afecção que acomete o trato urinário
inferior envolvendo vesícula urinária e uretra. A DITUIF foi também conhecida como
síndrome urológica felina e corresponde a 4,5% dos atendimentos nas clínicas
veterinárias brasileiras e 7,5% dos atendimentos nas clínicas americanas,
acometendo cerca de 1% da população geral de felinos domésticos (DANIEL et al.,
2008).
Epidemiologia
Segundo Daniel e colaboradores (2008), os principais fatores de risco
associados à DITUIF são idade, aonde os mais acometidos são os animais que
estão entre 2 e 5 anos de idade. Tanto os machos quanto as fêmeas são igualmente
acometidos, sendo os animais castrados e sedentários mais predispostos. Os
fatores externos como barulho, poluição, estresse, restrição de espaços e ambiente
restrito de apartamento são fatores que influenciam no surgimento da DITUIF;
hereditariedade e fatores nutricionais (dieta imprópria) também pode gerar uma
predisposição a essa doença. Em algumas situações o controle nutricional é uma
das principais formas de prevenir a DITUIF.
Etiologia e patofisiologia
Segundo Dantas e colaboradores (2008), as DITUIF podem estar associadas
a um grupo amplo de manifestações clínicas, podendo estar associada a diferentes
etiologias e o trato urinário pode responder de maneira limitada e previsível. A
41
Capillaria pila e a Capillaria felis cati, podem ser a causa da DITUIF, sendo que elas
parasitam a bexiga urinária de carnívoros domésticos.
Em análise histopatológica e morfométrica com DITUIF em estado de
cronicidade, foi observado um espessamento das camadas mucosa e muscular da
bexiga, infiltrado inflamatório mononuclear acentuado na mucosa e muscular,
petéquias subepiteliais, hiperplasia epitelial, aumento no número de vasos
sanguíneos e infiltrado inflamatório perineural (RECHE e HAGIWARA, 2001).
Nas fêmeas as principais causas de DITUIF são cistite idiopática 30%,
urocistolitíase 8%, incontinência urinária 7%, cistite bacteriana 4%, obstrução uretral
3%, uretrólitos 2% e estenoses uretrais 1%. Nos machos, as principais causas são
obstruções uretrais 28%, cistite idiopática 22%, tampões uretrais 8%, urocistólitos
4%, incontinência urinária 3%, cistite bacteriana 3% e estenoses uretrais 2%
(OSBORNE et al., 2004).
Mesmo depois de muitos anos de estudo a DITUIF continua sendo um grande
desafio para o clínico veterinário, pois a sua etiologia ainda é desconhecida, apesar
de novas técnicas de diagnóstico. Tanto na medicina humana quanto na veterinária
os sinais de comprovação do caráter neurogênico da inflamação vesical, o papel do
estresse e exacerbação dos sinais clínicos da doença são semelhantes em humanos
e nos animais, nos principais achados cistoscópicos e histopatológicos (RECHE e
HAGIWARA, 2004).
Segundo Daniel e colaboradores (2008), a etiologia da DITUIF pode estar
relacionada a defeitos anatômicos em 1-2% dos casos; alterações comportamentais
em 10% dos casos observados; infecções bacterianas do trato urinário 3% de
ocorrência, podendo chegar a 22% dos casos em idosos e 50% nos animais com
doença renal crônica; as neoplasias acometem 1-2% dos casos; urolitíase de 15-
42
23% dos casos e a cistite idiopática felina pode esta relacionada a 55-64% dos
casos já registrados.
Devido à grande dificuldade de diagnosticar a causa da DITUIF com rapidez,
muitos animais vão à óbito e o clínico não consegue achar a causa principal que
provocou essa enfermidade. E quando a causa principal não é tratada, cerca de 40 –
50% dos animais apresentam recidiva em um período de 6 a 12 meses; existem
muitos estudos sobre esse fato, e alguns deles demonstram que após os gatos
serem domesticados, eles começam a ter uma vida muito sedentária, não
precisando mais caçar e nem ir procurar água, o que influencia muito no surgimento
da DITUIF. Devido ao fato desses animais ingerirem pouca água, ela sempre ficará
aparentemente limpa e alguns proprietários não têm o costume de trocar essa água
com freqüência, diminuindo ainda mais a ingestão hídrica desses animais (DANIEL
et al., 2008).
Sinais Clínicos
Os principais sinais clínicos da DITUIF são a hematúria, polaciúria, disúria e
estrangúria os quais são ocasionados pela obstrução parcial ou completa da uretra
(NELSON e COUTO, 2001). Os animais obstruídos apresentam normalmente
desconforto, ansiedade e inquietação, dor abdominal e fazem lambedura na região
genito-urinária; enquanto os não obstruídos apresentam principalmente polaciúria,
hematúria, estrangúria ou micção inapropriada (FOSSUM, 2005). Em alguns casos
os gatos podem não apresentar sinais clínicos, como no caso de capilariose urinária,
exceto quando a infecção é muito intensa e ocorre alteração como a disúria, cistite,
micção e dor a palpação (DANTAS et al.,2008).
43
Alguns animais que apresentam DITUIF idiopática sofrem de cistite idiopática
(CI) e apresentam alterações semelhantes às CI encontradas nos humanos; as
quais apresentam distúrbios inflamatórios não malignos com etiologia desconhecida,
e os principais sinais clínicos são disúria, dor, piúria, hematúria, glomerulações
observadas na cistoscopia, baixas concentrações urinárias de glicosaminoglicanos e
aumento na permeabilidade da bexiga (OSBORNE, et al. 2004).
Diagnóstico
Os exames complementares mais requisitados são a radiografia,
ultrassonografia e urocultura (NELSON e COUTO, 2001). Em casos de infecção
bacteriana a coleta urinária deve ser o mais segura e estéril possível para evitar um
falso diagnóstico. A idéia de associar a DITUIF com infeções bacterianas foi
reforçada a partir do momento em que as urinálises estavam caracterizando infecção
e o tratamento antimicrobiano começou a gerar efeitos muito benéficos aos animais.
Além das infecções bacterianas podemos citar, infecções virais, síndrome da
urolitíase felina por estruvita, cistite intersticial e divertículos vesicuoracais, podem
estar envolvidos diretamente ou indiretamente nos processos da DITUIF
(OSBORNE, et al. 2004).
44
Tratamento e Prognóstico
A primeira parte do tratamento é tentar restabelecer as funções vitais do
organismo, fazer a desobstrução da uretra (quando a causa se deve a obstrução
parcial ou completa da uretra), sendo considerado um ato emergêncial na maioria
dos casos; isso pode ser feito por meio da cateterização da uretra que pode ser
realizado com o paciente sedado ou sem nenhum tipo de anestésico quando estiver
severamente deprimido ou em choque. Em casos de cálculos de estruvita deve-se
acidificar a dieta; quando a etiologia se deve a oxalato de cálcio a dieta deve ter
restrição de cálcio, e quando se deve a infecções bacterianas deve ser feito
antibiótico terapia com base na etiologia dos microrganismos presentes (BOJRAB e
CONSTANTINESCU, 2005).
Uma das principais formas de tratamento é mudar a dieta dos felinos para a
(Prescription e Diet Feline), que é uma dieta pobre em magnésio, fazendo uma
acidificação da urina e desta forma reduzimos a formação de cristais de estruvita.
Deve-se ainda adicionar moderadamente sal no alimento, o que aumentará o
consumo hídrico e promoverá uma maior diurese e eliminação de bactérias
(BOJRAB e CONSTANTINESCU, 2005). Quando essas obstruções começam a ficar
muito frequentes é indicado fazer a uretrostomia perineal, que se caracteriza pela
castração e amputação peniana distal. A uretrostomia é a criação de uma fístula
permanente no interior da uretra e deve ser realizada em casos de estenose uretral
irreparável ou recorrente ou para evitar obstrução repetida (FOSSUM, 2005).
Segundo Daniel e colaboradores (2008), estudos mostram a preocupação
com urólitos relacionados à cistite idiopática felina (CIF); outras pesquisas
nutricionais observam a presença de estruvita e urólito; mais atualmente a grande
preocupação de todos estão relacionados a importância da ingestão hídrica na
45
redução da incidência da CIF; sendo devido a esse fato que está sendo uma rotina
na clínica veterinária recomendar os proprietários a aumentar o quantidade de
recipientes com água fresca e limpa pela casa, o que estimula muito a ingestão
hídrica.
4.2.1 Caso clínico
Nome: Fifi
Espécie: Felina
Raça: SRD
Sexo: Macho
Idade: 13 anos
Peso: 3,5 kg
Anamnese
O proprietário relata que o animal (Figura 19) estava com anorexia,
constipação, apatia e polaciúria há 4 dias e hematúria há 2 meses. Fez tratamento
prévio com enrofloxacina 5mg/kg/SID por 10 dias sem sucesso. Há 2 meses o
animal apresentava dificuldade de locomoção, ansiedade e dor à palpação
abdominal. Descreve-se que o felino nunca foi vacinado e desverminado.
46
FIGURA 19 – ANIMAL ATENDIDO NO HOSPITAL
VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO
PARANÁ
Exame Físico
Ao exame físico observamos a temperatura retal de 37,8°C; FC 196 bpm; FR
52 mpm; pulso fraco, TPC 3 segundos; grau de desidratação de 7%; mucosas
hipocoradas; linfonodos submandibulares e inguinais aumentados. O animal estava
agressivo; com dor à palpação abdominal; a bexiga urinária estava aumentada e o
animal debilitado.
Foi administrado oxigenioterapia com uma máscara. A desobstrução uretral
(Figura 20) foi realizada através da técnica de retrohidropropulsão e na fluidoterapia
após a desobstrução e da fixação da sonda uretral (Figura 21), foi utilizada solução
fisiológica e ringuer com lactato.
47
FIGURA 20 - URINA RETIRADA APÓS A
SONDAGEM URETRAL
Diagnóstico
Os exames complementares requisitados foram a bioquímica sanguínea, o
hemograma completo e a urinálise completa. No hemograma observamos uma
leucocitose com neutrófilos segmentados aumentados e uma linfopenia. A creatinina
resultou em 16.33 mg/dl; e na urinálise foram observadas proteinúria e a presença
de bactérias.
FIGURA 21 – FIXAÇÃO DA SONDA URETRAL
48
4.2.2 Discussão
A DITUIF é uma doença que acomete principalmente animais castrados, em
uma idade mais avançada entre 3–11 anos e pode ser ocasionada por bactérias,
cristais de estruvita e oxalato de cálcio; a idiopática é quando o animal já nasce com
o problema e ele normalmente é observado em uma idade mais precoce. Alguns
fatores podem predispor o animal a desenvolver a DITUIF, tais como o estresse, a
diminuição da ingestão de líquidos e a alimentação que pode conter algumas
substâncias como o cálcio em quantidades excessivas. O paciente descrito não se
encaixava nos padrões de casuísticas dos mais acometidos, pois ele não era
castrado e já tinha 13 anos, porém ele tinha acesso à rua e provavelmente o
estresse foi um dos principais fatores determinantes no surgimento dessa doença.
Os principais sinais clínicos observados na doença inflamatória do trato
urinário inferior dos felinos são a disúria, polaciúria, hematúria, periúria e estrangúria,
podendo ou não ocorrer obstrução uretral. O paciente apresentava os sinais clínicos
bem sugestivos de DITUIF, o que influenciou o diagnóstico inicial, bem como a tomar
as primeiras atitudes de como proceder neste caso.
O diagnóstico dessa enfermidade é através de sinais clínicos, urinálise, ultra-
sonografia e radiografia; muitas vezes o médico veterinário não pode esperar o
resultado dos exames e deve desobstruir o animal com emergência, pois a vida do
animal depende dessa e de outras intervenções médicas.
A primeira parte do tratamento realizado foi a oxigenioterapia, usando
oxigênio a 100%, porém devido ao animal não estar intubado a porcentagem de
oxigênio inalado por esse animal é de 20 – 30%, em seguida foi realizado a
49
desobstrução da uretra com uma sonda uretral e a fluidoterapia de reposição foi
outro ato emergencial. O animal se apresentava com uma anemia muito severa, e a
fluidoterapia também foi utilizada como tratamento de suporte para o animal, já que
ele precisava restabelecer as condições fisiológicas imediatamente. Devido à
hipotermia causada pela diminuição do fluxo sanguinea, desidratação e por causa
da hipovolemia o animal foi aquecido com um colchão térmico e cobertas de lã para
reverter a quadro de hipotermia.
Uma das formas de tratamento é a mudança na alimentação (rações
especiais), a colocação de mais vasilhas de água com o objetivo desse animal
ingerir mais líquidos diariamente e influencie em um melhor funcionamento renal e
em alguns casos a uretrostomia perineal com a castração e amputação distal do
pênis é a única forma de tratamento. No pós-operatório deve-se tomar cuidado em
relação à alimentação dos animais, pois os gatos que ficam períodos longos de
tempo sem se alimentar apresentam lipidose hepática e o quadro pode se agravar
muito se esses animais não forem tratados; por isso é de muita importância a
orientação do proprietário sobre o prognóstico da doença e das possíveis
complicações que podem ocorrer.
O animal não pôde ter o tratamento completo devido à não existência de um
internamento 24 horas, nas estruturas da Universidade Tuiuti do Paraná; devido a
esse fato o animal foi encaminhado ao outro profissional, o qual deu continuidade no
tratamento; porém o animal não resistiu e foi a óbito devido a falência multipla de
órgão e insuficiencia renal.
50
4.3 MEGAESÔFAGO EM CÃES
O megaesôfago é uma doença primária ou secundária a um problema
neurológico avançado ou em desenvolvimento ou a obstruções que impedem o fluxo
de alimento. Na maioria das vezes ocorre uma falha a comunicação neurológica com
a inervação esofágica, não transmitindo a mensagem de estímulo à contração,
ocasionando uma dilatação esofágica e um acúmulo de líquido e alimento nessa
região, o que influencia muito no aumento do espaço anatômico no esôfago
(CREMA et al., 2003).
Epidemiologia
As principais raças acometidas pelo megaesôfago são, o fox terrier de pêlo de
arame e schnauzer; existe uma predisposição para familiares das raças pastor
alemão, newfoundland, dinamarquês, setter irlandês, shar-pei, pug, greyhound,
labrador retriever e gatos siameses. Sendo que a forma congênita é observada logo
após o desmame e a forma adquirida é observada freqüentemente em jovens e
adultos (TILLEY e SMITH, 2008).
Etiologia e Patofisiologia
O megaesôfago se caracteriza pela dilatação e hipomotilidade esofágica, as
quais são devido a um distúrbios secundários à obstrução esofágica ou disfunção
neuromuscular. Outra forma de apresentação dessa enfermidade é o megaesôfago
adquirido (secundário), que pode estar presente em várias enfermidades que
acometam o sistema nervoso, como a miastenia grave, toxoplasmose, cinomose,
51
polineuropatia, lúpus eritematoso sistêmico, polimiosite, intoxicações (chumbo e
tálio), hipotireoidismo, hipoadrenocorticismo, paralisia por carrapato, botulismo,
gangliorradiculite, compostos anticolinesterásicos e polineurite (CREMA et al.,2003).
Entre as principais causas do megaesôfago adquirido secundário, estão a
neuropatia periférica e junção neuromuscular (miastenia grave, polineurite,
polirradiculoneurite, botulismo, disautonomia, tétano e lesão em nervo vagal
bilateral), doenças degenerativas do sistema nervoso central, obstrução esofágica
(corpo estranho esofágico, constipação, neoplasias, granuloma, anomalias do anel
vascular e compressão periesofágica) e outras doenças como a esofagite,
hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo e toxicose (TILLEY e SMITH, 2008).
Segundo Tilley e Smith (2008) a motilidade esofágica fica reduzida ou
ausente, resultando no acúmulo ou na retenção de alimento ou líquido no esôfago. A
motilidade esofágica reflexa começa quando o alimento estimula a vias aferentes
sensoriais na mucosa esofágica, a qual em seguida envia mensagens eferente para
o centro de deglutição do tronco cerebral, via nervo vago, para estimular a contração
da musculatura esofágica lisa e estriada. Alguma lesão ou qualquer interferência
nessa comunicação nervosa pode resultar na hipomotilidade e distensão esofágica.
Em humanos a Doença de Chagas representa a causa mais comum de
distúrbio motor por desnervação esofagiana. O megaesôfago chagásico afeta
aproximadamente 8 milhões de pessoas, acarretando um sério problema endêmico
de saúde. A característica mais importante é a aclasia do esfíncter inferior esofágico,
que promove uma variada sintomatologia na dependência da forma evolutiva (NETO
et al., 2000).
Em uma pesquisa recente, foram analisados os achados radiológicos e
manométricos de 43 pacientes, portadores de megaesôfago chagásico humano,
52
com sorologia positiva para doença de Chagas. Encontrou-se uma redução
significante dos valores da pressão máxima do corpo do esôfago, com relação ao
estádio da esofagopatia. Observou-se que cinco pacientes classificados como grau
III, do ponto de vista radiológico, apresentaram valores da pressão máxima do corpo
do esôfago inferiores a 20mmHg, sendo considerados portadores de megaesôfago
avançado, devendo ser tratados por esofagectomia subtotal com
esofagogastroplastia ao invés de cardiomiotomia com válvula anti-refluxo.
Constatou-se que o estudo manométrico é útil em pacientes portadores de
megaesôfago grau III para a escolha do melhor procedimento cirúrgico e para
estabelecer ao cirurgião as reais condições desse esôfago (CREMA et al., 2003).
O megaesôfago chagásico humano pode apresentar-se em diferentes
estádios evolutivos. A manifestação clínica inicial quase sempre é representada pela
disfagia, podendo associar-se a dor epigástrica ou retroesternal; regurgitação,
soluço, ptialismo e hipertrofia das glândulas salivares, notadamente das parótidas.
Tosse e sufocação noturna podem estar presentes, devido a bronco-aspiração de
alimentos regurgitados (NETO et al., 2000).
Sinais Clínicos
Os principais achados clínicos são a regurgitação, perda de peso, atraso no
crescimento e desenvolvimento físico do animal, hipersalivação, som de borbulhas à
deglutição, fraqueza, paresia ou paralisia, ataxia, ânsia de vômito, disfagia, dor e
depressão, tosse, corrimento nasal mucopurulento e dispnéia com pneumonia por
aspiração concomitante (TILLEY e SMITH.,2008).
53
Os principais sistemas acometidos são o gastrointestinal, aonde pode ocorrer
regurgitação, perda de peso e caquexia; pode ser resultado de uma doença vinda do
sistema neuromuscular e no sistema respiratório, aonde o maior achado clínico é a
pneumonia por aspiração (TILLEY e SMITH,2008).
Diagnóstico
Os diagnósticos diferenciais do megaesôfago são as doenças faríngeas
obstrutivas e distúrbios do palato, regurgitações esporádicas e disfagia. Os exames
complementares de hemograma, bioquímica sérica e urinálise não mostram algum
sinal especificamente claro de megaesôfago, porém ele pode revelar algumas
causas subjacentes como o hipoadrenocorticismo, a cinomose e distúrbios
musculares primários. O exame radiográfico é a melhor forma de diagnóstico dessa
enfermidade, sendo que nas radiografia torácicas simples observa - se o esôfago
dilatado com gás, fluido ou ingesta, e a traquéia deslocada ventralmente pelo
esôfago distendido. No esofagograma de contraste e fluoroscopia usando bário
liquido ou em pasta, permite a visualização do acúmulo de contraste, motilidade e
peristaltismo esofágico anormal. A endoscopia pode ser utilizada para verificar o
esôfago dilatado, corpos estranhos, neoplasias e esofagites (TILLEY e SMITH,
2008).
O diagnóstico é baseado no exame radiográfico, que vai revelar um esôfago
dilatado, contendo gás e ingesta. Pode ocorrer um deslocamento ventral da traquéia
e do coração devido ao aumento do órgão. Muitas vezes, o megaesôfago não é
observado em radiografias simples, sendo necessário um esofagograma contrastado
(exame realizado após administração de contraste). Pode-se evidenciar também
opacificação em campos pulmonares, compatível com pneumonia, neste caso por
54
aspiração, que é a complicação mais comum do megaesôfago. Há algumas
condições que podem produzir dilatação esofágica transitória, como por exemplo,
aerofagia, ansiedade, dispnéia, anestesia e vômito,e não deve ser confundida com a
patologia, avaliando as reais condições do estado fisico do animal (CREMA et
al.,2003).
Tanto em animais como em humanos, as diferentes formas de diferenciar o
grau de avaliação do esôfago é através da observação da dilatação do esôfago; o
qual temos o grupo I, aonde o esôfago possui um calibre aparentemente normal,
trânsito lento e pequena retenção de contraste. O grupo II se apresenta com o
esôfago com pequeno a moderado aumento de calibre; apreciável retenção de
contraste; presença frequente de ondas terciárias, asociadas ou não à hipertonia do
esôfago inferior. O grupo III, possui o esôfago com grande aumento de diâmetro,
atividade motora reduzida; hipotonia do esôfago inferior e grande retenção de
contraste (NETO et al.,2000).
Tratamento e Prognóstico
O tratamento do megaesôfago está baseado na mudança para uma dieta rica
em calorias; alimentar o animal em estação (ângulo de 45-90 graus °C com o piso) e
manter a posição por 10-15 minutos após a alimentação; em pacientes com
regurgitação grave podem necessitar de alimentação parenteral via sonda gastrica
(TILLEY e SMITH., 2008).
A cirurgia é necessária para remover corpos estranhos ou neoplasias
esofágicas ou corrigir anomalias do anel vascular. Não existe uma cirurgia que vai
corrigir anomalias do anel vascular e nenhum método cirúrgico vai melhorar a
motilidade esofágica; desta forma, o tratamento cirúrgico do megaesôfago não é
55
aconselhado. O tratamento medicamentoso isolado não basta para tratar essa
enfermidade e ele deve ser sintomático, sempre tentando pegar a causa adjacente
(TILLEY e SMITH, 2008).
O procedimento cirúrgico mais utilizado no tratamento do megaesôfago não
avançado é a esofagocardiomiotomia anterior, associada à gastrofundoplicatura
parcial. No entanto, muitos doentes submetidos ao tratamento cirúrgico do
megaesôfago recidivado ou da estenose péptica do esôfago não melhoram,
surgindo então divergências quanto à melhor conduta a ser tomada nesses casos.
Procedimentos de grande porte, tais como a interposição de segmento jejunal entre
o esôfago e o estômago e a resseccão trans-hiatal do esôfago, frente ao estado
deteriorado desses doentes, apresentam morbidade e mortalidade expressivas
(NETO et al., 2000).
A esofagogastrostomia foi muito utilizada na década de 40 para tratar o
megaesôfago, propiciando alívio da disfagia. Contudo, trabalhos experimentais e
clínicos com esta operação relataram elevada incidência de esofagite causada pela
destruição do mecanismo de contenção cardioesofágico, motivando seu abandono.
A técnica foi revivida, quando associada à gastrectomia subtotal; contudo, persistiu a
presença de esofagite pós-operatória em decorrência do refluxo duodenogástrico.
Em decorrencia a esses fatos, essa técnica operatória foi esquecida e a vagotomia e
alça exclusa em Y, tornando provavelmente inócuo o conteúdo do suco gástrico
refluído; se tornando a melhor opção para tratamento do megaesôfago em humanos
(NETO et al., 2000).
A ressecção gástrica parcial distal diminui a contratilidade do esfincter inferior
do esôfago, aumentando a ocorrência de refluxo gastroesofágico. Por isso, a maior
56
incidência de retorno do conteúdo gástrico resulta não só da esofagogastrostomia,
mas também da extirpação de dois terços distais do estômago (NETO et al., 2000).
O prognóstico depende da causa e da idade do início dos sintomas; quanto
mais cedo for identificada a patologia, maior a chance de sucesso no tratamento. Se
ocorrer megaesôfago grave, a recuperação completa é improvável. A pneumonia e
má nutrição limitam a longevidade dos animais e a morte pode ocorrer. No caso de
megaesôfago secundário, se a causa fundamental puder ser identificada e tratada
com êxito, a sintomatologia de megaesôfago pode desaparecer (TILLEY e SMITH.,
2008).
4.3.1 Caso Clínico
Nome: Bob
Espécie: Canina
Raça: Boxer
Sexo: Macho
Peso: 25 kg
Idade: 10 anos
57
Anamnese
Descreve-se o caso de um animal da espécie canina (Figuras 22 e 23), o qual
tinha um histórico de paralisia facial do lado esquerdo e o reaparecimento de uma
otite há 3 semanas. Já foi tratado por outro colega com dexametasona e
enrofloxacina. Há 1 semana relata secreção ocular purulenta em olho esquerdo e
apatia. O animal nunca apresentou doenças anteriores, exceto a otite e convive com
4 animais assintomáticos. A vacinado e desverminado
FIGURA 22 - ANIMAL ATENDIDO NO HOSPITAL
DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Exame Físico
No exame físico o animal apresentou temperatura retal de 39,0°C; FC 100
bpm; FR 40 bpm; se apresentava normohidratado e com as mucosas normocoradas.
58
Em sistema nervoso ele apresentou inclinação da cabeça para o lado esquerdo,
flacidez labial e não apresentando défit proprioceptivo.
FIGURA 23 – ANIMAL EM INTERNAMENTO NO
HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE
TUIUTI DO PARANÁ
Diagnóstico
Os exames complementares solicitados foram o hemograma completo e
bioquímica sanguínea, os quais observamos uma eritropenia, 4.22 milhões/ul,
eritrócitos com anisocitose e policromatofilia e linfopenia de 14%; e uma diminuição
da albumina sanguínea para 1.98g/dl. A análise de líquor foi outro exame
requisitado, e nele observamos uma eritrocitose. A radiografia craniana não
apresentou alterações significativas; e em um internamento na clínica de outro
profissional foi realizado uma radiografia de tórax, a qual foi diagnosticado o
megaesôfago.
59
Com esses exames foi fechado o diagnóstico de megaesôfago, como doença
secundaria a degeneração nervosa, resultando de uma doença neurológica não
esclarecida. O animal apresentava também uma pneumonia por aspiração, devido a
regurgitação e a falsa via, ocasionada pelo megaesôfago. No decorrer dos fatos e na
espera pelo resultado dos exames o animal foi medicado com prednisona 1mg/kg/
24-24horas por 15 dias e enrofloxacina 5mg/kg/SID por 7 dias; porém o animal não
suportou e foi a óbito alguns dias depois.
4.3.2 Discussão
O megaesôfago é uma doença muito freqüente na clínica de pequenos
animais; ele é uma doença caracterizada pela dilatação e hipomotilidade esofágica,
podendo ser um problema primário ou secundário à obstrução esofágica ou
disfunção neuromuscular. A motilidade esofágica fica reduzida ou ausente,
resultando no acúmulo ou na retenção de alimento e de liquido no esôfago.
O paciente era idoso e já apresentava um problema neurológico ha algum
tempo; o que fez nós suspeitarmos de cinomose do cão adulto e de lesão em coluna
vertebral; ao decorrer dos fatos e na espera para saber dos resultados dos exames
laboratoriais, o animal com o passar do tempo ficou muito debilitado e aí foi realizada
a radiografia do tórax, a qual diagnosticou o megaesôfago e a pneumonia por
aspiração.
Os sinais clínicos mais observados no megaesôfago são a regurgitação de
alimento e de água, perda de peso, caquexia, crescimento deficiente, sialorréia, som
de borbulhas na deglutição, fraqueza, paresia, paralesia, ataxia, ânsia de vômito,
60
disfagia, dor, apatia, tosse, corrimento nasal mucopurulento, pneumonia por
aspiração, halitose, taquipnéia e atrofia muscular.
O paciente começou então o tratamento da pneumonia por aspiração e do
megaesôfago, mais devido a gravidade do caso e a não resposta ao tratamento, ele
foi a óbito.
O tratamento dos animais com megaesôfago deve ser em domicilio e
hospitalar, principalmente quando esses animais apresentam pneumonia por
aspiração, megaesôfago obstruído, debilitação grave ou doença neurológica
avançada. Devemos mudar a alimentação desses animais para uma comida rica em
energia, administrar o alimento mais vezes ao dia, em menor quantidade; alimentar
esses animais em estação, com a vasilha de alimento suspensa e os principais
medicamentos usados no tratamento do megaesôfago são o sulcraofato,
bloqueadores de H2, omeprazol, metoclopramida, antibióticos de amplo aspecto,
egentes imunossupressores, prednisona e inibidores da acetilcolinesterase.
61
5 CONCLUSÃO
O acompanhamento do estágio no hospital escola da Universidade Tuiuti do
Paraná, foi de muita importância, pois adquiri alguns conhecimentos práticos não
observados anteriormente, e a monitoração freqüente dos professores me permitiu
uma chance de esclarecer as dúvidas na hora das consultas e das cirúrgias.
A grande importância e necessidade de chegar a um diagnóstico, foi
abordado o tempo todo no período de estágio, o que nos permite um melhor
conceito das coisas e das necessidades de primeiramente chegar a uma conclusão
do que o animal tem, para depois medica-lo.
O período de estágio curricular foi muito gratificante em termos de
aprendizado e de experiência profissional. Fazendo que o período inteiro de contato
com os animais, seus proprietários e os outros profissionais envolvidos na área
médica, objetivou me a seguir em frente com a certeza que escolhi a área certa de
trabalho e de realização profissional.
62
6 REFERÊNCIAS
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tratamento cirúrgico do megaesôfago chagástico humano. Disponível em www.
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