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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Caio Vinicius Rezende CONTRATAÇÃO DIRETA SEM LICITAÇÃO: DISPENSA E INEXIGIBILIDADE CURITIBA 2010

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Caio Vinicius Rezende

CONTRATAÇÃO DIRETA SEM LICITAÇÃO:

DISPENSA E INEXIGIBILIDADE

CURITIBA

2010

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CONTRATAÇÃO DIRETA SEM LICITAÇÃO:

DISPENSA E INEXIGIBILIDADE

CURITIBA

2010

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Caio Vinicius Rezende

CONTRATAÇÃO DIRETA SEM LICITAÇÃO:

DISPENSA E INEXIGIBILIDADE

Monografia apresentada ao curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Direito.

Orientador: Luciano Elias Reis

CURITIBA

2010

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TERMO DE APROVAÇÃO

Caio Vinicius Rezende

CONTRATAÇÃO DIRETA SEM LICITAÇÃO:

DISPENSA E INEXIGIBILIDADE

Essa monografia foi julgada e aprovada para obtenção do título de Bacharel no curso de Direito, da Faculdade de Ciências Jurídicas, da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, de de 2010.

___________________________

Coordenador: Prof° Eduardo de Oliveira Leite Direito

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Prof° Luciano Elias Reis Universidade Tuiuti do Paraná

Prof° Universidade Tuiuti do Paraná

Prof° Universidade Tuiuti do Paraná

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DEDICATÓRIA

Desejo dedicar este trabalho ao meu avô Moacir Rezende, o qual, hoje

falecido, sempre acreditou em mim e tenho certeza que ficaria muito feliz de

estar na minha formatura.

Entretanto, a vida nos reserva algumas coisas, não erradas, mas diferente

daquilo que estamos esperando, então não temos a oportunidade de mostrar

algumas conquistas às pessoas que amamos, mas hoje tenho certeza, de que se

meu avô conseguir sentir o que está acontecendo aqui na vida terrena, ele estará

muito feliz pela minha vitória.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, pois é Ele quem me

concedeu a oportunidade de iniciar esta caminhada e me deu força para ir até o

final.

Agradeço minha família e amigos, em especial a meus pais, os quais

sempre estiveram torcendo por mim.

Também quero deixar meus especiais agradecimentos a minha esposa

Alessandra, a qual sempre me ajudou, com palavras de incentivo e força, e ainda,

pela paciência que sempre teve em meus momentos de nervosismo em virtude da

sobrecarga.

Deixo meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que de uma forma ou

outra um dia me ajudaram, que estavam dispostos a estender a mão quando eu

necessitava, bradando em meu coração uma eterna gratidão.

Obrigado.

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SUMÁRIO

RESUMO 07 1 INTRODUÇÃO................................................................................ 08 2 LICITAÇÃO..................................................................................... 10 2.1 CONCEITO..................................................................................... 10 2.2 FINALIDADE ................................................................................ 11 2.3 OBJETO.......................................................................................... 12 2.4 PRINCÍPIOS................................................................................... 13 2.4.1 Legalidade.................................................................................... 14 2.4.2 Impessoalidade............................................................................. 14 2.4.3 Moralidade................................................................................... 14 2.4.4 Igualdade...................................................................................... 15 2.4.5 Publicidade................................................................................... 15 2.4.6 Probidade Administrativa............................................................. 15 2.4.7 Da vinculação ao instrumento convocatório................................ 16 2.4.8 Julgamento objetivo..................................................................... 16 3 OBRIGATORIEDADE DE LICITAR........................................... 17 4 BREVE ANÁLISE DAS MODALIDADES DE LICITAÇÃO.... 19 4.1 CONCORRÊNCIA......................................................................... 20 4.2 TOMADA DE PREÇOS................................................................. 21 4.3 CONVITE....................................................................................... 22 4.4 CONCURSO................................................................................... 23 4.5 LEILÃO.......................................................................................... 23 4.6 PREGÃO......................................................................................... 24 5 CONTRATAÇÃO DIRETA SEM LICITAÇÃO.......................... 25 5.1 NOÇÕES GERAIS......................................................................... 25 5.2 DISPENSA...................................................................................... 27 5.3 INEXIGIBILIDADE....................................................................... 40 5.3.1 Sistematização de causas de inviabilidade de competição........... 41 5.3.1.1 Ausência de pluralidade de alternativas.................................... 41 5.3.1.2 Por ausência de “mercado concorrencial”................................. 41 5.3.1.3 Por impossibilidade de julgamento objetivo............................. 42 5.3.1.4 Por ausência da definição objetiva da prestação....................... 42 5.3.2 Legislação..................................................................................... 43 5.3.2.1 Inciso I....................................................................................... 44 5.3.2.2 Inciso II..................................................................................... 45 5.3.2.3 Inciso III.................................................................................... 46 5.3.3 Outras hipóteses de inexigibilidade............................................. 47 CONCLUSÃO............................................................................ 49 FONTES BIBLIOGRÁFICAS........................................... 51

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é verificar os casos de exceção à obrigatoriedade de licitar, que é a regra capitulada no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal. Ressalta-se que o mesmo dispositivo legal da carta magna que dispõe sobre a regra da licitação, prevê também, a possibilidade da existência de exceções por meio de legislação específica. Desta forma, a Lei n° 8.666/93 prevê hipóteses em que a Administração Pública poderá realizar a contratação direta, matéria, esta, que será escopo do presente estudo, em especial a dispensa e inexigibilidade de licitação. Palavras-chave: contratação direta sem licitação.

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1. INTRODUÇÃO

A presente monografia tem como escopo trazer uma base relativa ao

estudo da contratação direta sem licitação, em especial da dispensa e

inexigibilidade, temas que serão minuciosamente tratados e analisados no

decorrer deste estudo.

Preliminarmente será realizada uma distinção na forma de contratação

entre as empresas particulares e a Administração Pública, seja para prestação de

serviços, adquirir ou alienar produtos, e outros.

Verifica-se que aos particulares é dada total liberdade de contratação,

podendo para tanto, fazer pesquisa de mercado e ajustar com a empresa que

melhor lhe convier, possuindo a faculdade de escolha.

Entretanto, para que o ente governamental possa adquirir ou locar bens,

alienar, realizar obras ou serviços, entre outros, necessita obedecer a um

procedimento recheado de princípios, que é denominado de licitação.

Tal procedimento tem suas normas gerais elencadas na Lei Federal n°

8.666/93, possuindo seis modalidades, as quais faremos uma breve análise no

decorrer do estudo.

A licitação é um procedimento que precisa ser obedecido pela

Administração, quando a mesma for realizar as contratações acima descritas.

Todavia, esta regra possui algumas exceções, onde a pessoa governamental não

necessitará para contratar, passar por todo um procedimento licitatório.

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As exceções são intituladas de contratação direta que será o escopo do

presente estudo, portanto, será feita analise breve sobre o que vem a ser licitação,

verificando seus conceitos, finalidades, princípios, modalidades, e,

posteriormente, um exame minucioso no que se trata de contratação direta dentro

do procedimento licitatório, observando em especial os casos de dispensa e

inexigibilidade de licitação.

Desta forma, neste momento serão analisados separadamente cada ponto

ora citado.

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2. LICITAÇÃO

Preliminarmente, cabe fazer uma consideração quanto à distinção entre a

forma de contratação usada pelas empresas particulares e a Administração

Pública.

Verifica-se que os particulares possuem liberalidade na hora de contratar

com terceiros, podendo para tanto, fazer pesquisa de mercado e ajustar com a

empresa que melhor lhe convier, possuindo a faculdade de escolha.

Entretanto, para que o ente governamental possa adquirir ou locar bens,

alienar, realizar obras ou serviços, entre outros, necessita obedecer a um

procedimento recheado de princípios denominado licitação.

Observa-se que se faz necessário à realização do procedimento licitatório

para que a Administração Pública possa contratar, portanto neste momento se

passa a estudar tal fenômeno.

2.1. CONCEITO

Com já salientado no presente estudo para que a Administração Pública

possa adquirir, alienar, locar bens, contratar a execução de obras ou serviços,

precisa preliminarmente promover um procedimento denominado licitação, em

que se abre disputa entre interessados no objeto determinado, podendo o ente

governamental escolher a proposta mais vantajosa e conveniente ao interesse

público.

Celso Antonio Bandeira de Mello conceitua licitação como,

“Procedimento administrativo pelo qual uma pessoa governamental, pretendendo alienar, adquirir ou locar bens, realizar obras ou serviços, outorgar concessões, permissões de obra, serviço ou de exclusivo de

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bem público, segundo condições por ela estipuladas previamente, convoca interessados na apresentação de propostas, a fim de selecionar a que se revele mais conveniente em função de parâmetros antecipadamente estabelecidos e divulgados”( 2004, p. 485).

Hely Lopes Meireles define licitação como sendo “o procedimento

administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta

mais vantajosa para o contrato de seu interesse”. (2004 - p. 266).

Lúcia Valle Figueiredo, aduz que “licitação é o procedimento

administrativo formal, nominado, cuja finalidade é selecionar, o melhor

contratante para a Administração, contratante, este, que lhe deverá prestar

serviços, construir-lhe obras, fornecer-lhe ou adquirir-lhe bens” (2008, p. 472).

A licitação, na ótica de José Cretella Junior é “o processo geral, prévio e

impessoal empregado pela Administração para selecionar, entre várias propostas

apresentadas, as que mais atende ao interesse público” (2003, p. 302)

Portanto, verifica-se que o procedimento licitatório é o instrumento

utilizado pelo Poder Público para selecionar uma proposta mais vantajosa para

contratação de seu interesse.

2.2. FINALIDADE

No que concerne a finalidade do procedimento licitatório, se faz

necessário previamente fazer menção o art. 3° da Lei Federal n° 8666/93, em

especial sua primeira parte, conforme segue:

“Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.” (grifo nosso)

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Com a leitura do dispositivo legal supra citado, verifica-se a existência de

dois objetivos dentro da licitação.

Analisando na ordem disposta acima, vislumbra-se que o primeiro é a

observância do princípio constitucional da isonomia, ou seja, visa proporcionar a

todos administrados a possibilidade de disputar aquilo que a Administração

Pública for contratar com particulares.

A segunda finalidade da licitação visa que o ente governamental encontre

a proposta mais vantajosa para o objeto que se quer contratar, verificando entre

os interessados, qual possui a melhor oferta à Administração, devendo se

vislumbrar uma relação de custo benefício, ou seja, analisando a qualidade do

objeto licitável e seu valor, para se chegar à proposta mais vantajosa.

Os participantes e seus produtos deverão obedecer todas as condições

estabelecidas no instrumento convocatório, para que possam contratar com a

Administração.

2.3. OBJETO

Quanto ao objeto licitável é cabível citar o que dispõe o art. 2° da lei n°

8.666/93, que possui a seguinte redação:

“Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.”

Verifica-se no dispositivo legal uma relação exemplificativa dos objetos

que poderão ser licitados pela Administração, para que se busque através de

interessados a proposta mais vantajosa.

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Portanto, sempre que existir a necessidade do ente governamental

contratar algum negócio, se para este houver a pluralidade de ofertantes, será

considerado objeto licitável e deverá ser precedido pelo procedimento de

licitação para que seja contratado.

Por determinação do inciso I do art. 40 do mesmo diploma legal supra, o

objeto da licitação deverá ser descrito no instrumento convocatório de forma

sucinta e clara, in verbis:

“I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;”

Desta forma, a Administração deverá descrever o objeto licitável no edital, a

fim de que se encontre o maior número de interessados possíveis em oferecer o

mesmo, para que possa ser atingida a finalidade da licitação.

2.4. PRINCÍPIOS

Para melhor compreensão ao estudo dos princípios que regem a licitação,

se faz necessário a citação do art. 3° da Lei de licitações, em especial na sua

segunda parte, que dispõe com o seguinte texto:

”A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos”. (grifo nosso)

Com a disposição legal acima, segue neste momento a analise de cada

principio separadamente.

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2.4.1. Legalidade: este princípio obriga que a Administração pública

pratique todos seus atos em conformidade com a legislação, podendo para tanto,

qualquer interessado, participante ou não da licitação, acompanhar o

desenvolvimento do processo licitatório, conforme o art. 4° do mesmo codex, in

verbis:

“Todos quantos participem de licitação promovida pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm direito público subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização dos trabalhos”.

Portanto, qualquer cidadão poderá fiscalizar os atos praticados pelo ente

governamental, devendo este, praticá-los em observância da lei, desde que não

perturbe e nem impeça a realização dos trabalhos.

2.4.2. Impessoalidade

Uma forma do princípio da igualdade, objetiva trazer a neutralidade entre os

participantes, para que seja excluído qualquer tipo de favoritismo ou

discriminação, para um ou para outro.

2.4.3. Moralidade

Estão sujeitos a este princípio tanto os licitantes quanto a administração

pública, os quais deverão agir de forma a obedecerem aos padrões éticos, tendo

um comportamento correto, honesto, escorreito, de ambas as partes.

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2.4.4. Igualdade

Está ligado ao princípio da isonomia e objetiva dar a todos a oportunidade

de participarem da licitação, ou seja, abre um leque para que àqueles que se

interessarem em contratar com o ente governamental um determinado objeto

licitável, possam participar do certamente de forma em igualdade com todos os

outros.

2.4.5. Publicidade

Determina que todos os atos praticados no procedimento licitatório sejam

públicos, ou seja, expostos a todos os interessados.

Neste sentido trata o § 3°, do art. 3° da Lei 8.66/93, com a seguinte

redação:

“A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura”.

Portanto, todos os atos exercidos durante tal procedimento deverão estar

expostos para a consulta de interessados.

2.4.6. Probidade Administrativa

Impõe que a pessoa governamental deverá conduzir a licitação dentro dos

padrões estabelecidos no princípio da moralidade, o qual já foi tratado neste

estudo, e ainda, obedecerá às exigências de lealdade e boa-fé com os licitantes.

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2.4.7. Da vinculação ao instrumento convocatório

Este princípio obriga a Administração obedecer às condições estabelecidas

no edital de convocação, para a condução do certame, de acordo com o disposto

no art. 41 da Lei 8.666/93, como segue:

“A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada”.

Desta forma, todo o procedimento licitatório estará vinculado às condições

estabelecidas no edital.

2.4.8. Julgamento objetivo

Tem como objetivo aplicar o princípio da impessoalidade, no sentido de

não favorecer a nenhum dos licitantes, não decidindo de forma subjetiva, o que

poderia ocasionar grande parcialidade por parte dos julgadores.

Entretanto, este princípio só terá aplicação quando tratar de certames

decididos exclusivamente pelo preço, onde será sagrada vencedora a empresa que

ofertar o melhor valor à Administração.

Nos casos em que se fizer necessário à análise subjetiva da proposta, com

qualificação técnica e outras, ficará difícil atingir a objetividade na escolha da

melhor proposta, tornando-se praticamente impossível à aplicação de tal

princípio.

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3. OBRIGATORIEDADE DE LICITAR

Esta é uma determinação legal da nossa Constituição Federal, conforme

segue:

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:”. ... “XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.”

Com a menção do dispositivo legal supra citado, tem-se que se trata de um

imperativo constitucional, a obrigação de o ente governamental realizar o

procedimento licitatório toda vez que for realizar obras, serviços, compras

alienações, entre outros, exceto em alguns casos que serão analisados no decorrer

do estudo.

Neste mesmo sentido, no tocante da concessão e permissão de serviços

públicos, tem-se o art. 175 do mesmo diploma legal, que dispõe da seguinte

forma:

”Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”.

Com a disposição legal supra, verifica-se que também nos serviços

públicos sobre o regime de concessão ou permissão, há a obrigação de licitar.

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Quanto à obrigatoriedade de licitar, vislumbra-se ainda a determinação

legal da legislação específica, capitulada no art 2° da Lei Federal 8.666/93, com a

seguinte redação:

“ As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei”.(grifo nosso)

Neste tópico verifica-se a obrigatoriedade da realização do procedimento

licitatório, para contratação de determinados objetos junto a terceiros.

Entretanto, para que seja realizada a licitação, se faz necessário

preliminarmente identificar quais as pessoas obrigadas à realização do mesmo,

quando forem contratar com terceiros.

A relação das pessoas obrigadas a obedecerem tal procedimento encontra-

se elencada no parágrafo único, do art. 1° do mesmo diploma legal acima citado,

in verbis:

“Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios”.

Desta forma, por determinação da Carta Magna e legislações afins, o ente

governamental quando for contratar com terceiros, deverá realizar

preliminarmente o procedimento licitatório, obedecendo rigorosamente seus

princípios e buscando atingir sua finalidade, abrindo o direito à contratação a

todos os interessados e ao mesmo tempo objetivando encontrar a proposta mais

vantajosa para a Administração Pública.

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Entretanto, verifica-se que o próprio texto constitucional prevê que poderá

haver exceções a regra de licitar, as quais deverão ser trazidas por legislação

específica.

Neste sentido, Alexandre de Morais aduz:

“A exegese constitucional indica que havendo possibilidade de concorrência, sem prejuízo ao interesse público, deverá haver licitação e somente, excepcionalmente, a dispensa ou a inexigibilidade previstas na legislação ordinária deverão ser aplicadas” (2002, p. 168).

Desta forma, serão demonstradas no decorrer desta pesquisa estas

exceções, visto são o escopo do presente estudo, criados pela legislação

específica que propiciam as contratações diretas, previstas na Lei Federal

8.666/93.

4. BREVE ANÁLISE DAS MODALIDADES DE LICITAÇÃO

Inicialmente cabe esclarecer que a existência de diferentes modalidades de

licitação motiva-se pelo fato da diferença entre os objetos licitáveis a serem

contratados pela Administração. Portanto, verifica-se que para cada tipo de

objeto deverá ser observada a modalidade de licitação adequada a ser realizada.

Existem seis modalidades diferentes, sendo que a Lei 8.666/93 regula

cinco delas, senão vejamos:

“Art. 22. São modalidades de licitação: I - concorrência; II - tomada de preços; III - convite; IV - concurso; V - leilão.”

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A disposição legal acima nos mostra as cinco modalidades de licitação que

são reguladas pela lei 8.666/93, entretanto, verifica-se a existência de uma sexta

circunstância denominada de Pregão, que é regulada pela Lei n° 10.520/2002.

Porém antes da análise de cada uma, cabe ressaltar que as três primeiras

modalidades a serem analisadas possuem seus limites de valores inseridos no art.

23, incisos I e II e alíneas, da Lei 8.666/93, com a seguinte redação:

“Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação: I - para obras e serviços de engenharia: a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais); b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais); c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais); II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior: a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais); c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais).”

Feita a menção à denominação das seis modalidades de licitação, e a

distinção quanto à limitação de valores da concorrência, tomada de preços e

convite, passa-se neste momento ao exame de forma separada.

4.1. CONCORRÊNCIA

É definida pela lei de licitações em seu art. 22, § 1°, com a seguinte redação:

“Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.”

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Esta modalidade possui uma maior amplitude de participantes e possui maior

complexidade em seu procedimento. Pode ser realizada em qualquer tipo de

licitação, ou seja, menor preço, maior lance, melhor técnica ou técnica e preço.

Preliminarmente há a fase de habilitação e posteriormente a análise e o

julgamento das propostas.

O valor correspondente a esta circunstância é de R$ 1.500.000,00 (um

milhão e quinhentos mil reais) para obras e serviços de engenharia, e acima de

650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais) para os demais contratos de acordo

com o artigo 23 da lei 8.666/93, capitulação legal já citada.

.

4.2. TOMADA DE PREÇOS

Possui sua definição no § 2°, do mesmo dispositivo supra:

“Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.”

Analisando a disposição legal supracitada, verifica-se a existência de uma

peculiaridade, referente a participação na modalidade, onde cada licitante deverá

estar previamente inscrito em cadastro público, ou ainda, aos interessados que

reunirem as condições exigidas para cadastro até o terceiro dia anterior do

recebimento das propostas.

Esta peculiaridade possui a finalidade de simplificar o processo de

habilitação, tendo em vista que já se possui os requisitos de idoneidade e

capacitação daqueles que já são cadastrados, e os que ainda não possui tal

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cadastro, terão até três dias antes da apresentação do envelope para atenderem as

mesmas condições.

Os valores desta modalidade são de superior a R$ 150.000,00 (cento e

cinquenta mil reais) e inferior a R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil

reais) para obras e serviços de engenharia, e superior a R$ 80.000,00 (oitenta mil

reais) e inferior a R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais) para outros

tipos de contrato, conforme estabelecido no art. 23 da lei de licitações,

anteriormente já citado.

4.3. CONVITE

O § 3° da mesma capitulação legal, aduz:

“Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.”

Observa-se que está modalidade licitatória é mais simplificada, onde é

verificado o objeto, e convocados para disputa pelo menos três pessoas que

trabalham com o mesmo, estando ou não cadastrados, e ainda, juntamente com o

instrumento convocatório, estendendo o convite aos cadastrados que operam no

ramo do objeto licitável, tendo que manifestar seu interesse 24 (vinte e quatro)

horas antes da apresentação das propostas, para sua devida participação.

Quanto aos valores concernentes a esta modalidade, ressalta-se que a mesma

refere-se a licitações com valores menores do que as vistas anteriores, portanto

conforme estabelecido no art. 23 da lei 8.66/93, o valor corresponderá de até R$

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150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) para obras e serviços de engenharia e até

R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) para os demais contratos.

4.4. CONCURSO

Tem sua definição no § 4°, do mesmo dispositivo legal:

“Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.”

Nesta modalidade, não cabe realizar sua definição, uma vez que a disposição

legal supracitada já o faz muito bem.

Verifica-se, entretanto, que esta seleção para escolha de trabalho técnico,

científico ou artístico, pressupões o interesse da Administração para finalidade de

incentivo cultural ou para obtenção de resultado prático incentivo.

O maior índice de utilização desta modalidade licitatória é para a contratação

de pessoas para trabalharem na Administração Pública, vez que para se inserir na

administração necessita-se ser aprovado num concurso público e preencher as

condições exigidas no edital, salvo exceções de cargos que não necessitam de tal

aprovação, como os cargos de confiança.

4.5. LEILÃO

Cabe ressaltar o que diz o § 5º, in verbis:

“Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.”

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Com a simples leitura do dispositivo legal supra, vislumbra-se que esta

modalidade é destinada à venda dos bens estabelecidos na legislação, cujo

vencedor será aquele que oferecer o maior lance, igual ou superior da avaliação.

4.6. PREGÃO

A modalidade denominada Pregão é a sexta modalidade de licitação e foi

criada pela Lei 10.520/2002, sendo oposta ao leilão, posto que, esta, se refere ao

maior lance, já o pregão se reporta ao tipo menor preço.

O pregão será utilizado para a aquisição de bens e serviços comuns,

conforme exposto na legislação supra, in verbis:

“Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.”

“Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.”

No que concerne esta modalidade cabe esclarecer que ela se divide em

duas, uma sendo a presencial, realizada com a presença física dos interessados na

sessão pública, que é regulamentada no âmbito federal pelo Decreto n°

3.555/2000, e a outra a forma eletrônica, com a competição sendo realizada via

Internet, sendo regulamentada pelo Decreto Federal n° 5.420/2005.

Assim, realizada a breve análise sobre o procedimento licitatório, resta

neste momento a necessidade analisar as exceções à regra de licitar.

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5. CONTRATAÇÃO DIRETA SEM LICITAÇÃO

Até o presente instante realizou-se uma parte introdutória ao presente

estudo, onde foi feita uma breve análise sobre o procedimento licitatório,

referente aos seus conceitos, princípios, obrigatoriedade, modalidades, entre

outros, para que alcançar o tema desta monografia.

Verificou-se que é uma obrigatoriedade da nossa Constituição Federal, a

realização da licitação como forma de contratação da administração pública com

particulares, entretanto a carta magna também prevê a existência de exceções em

legislações específicas, ou seja, haverá momentos que o ente governamental

poderá contratar sem licitação, fenômeno este, que passaremos a analisar.

5.1. NOÇÕES GERAIS

Verifica-se que a Constituição Federal Brasileira, em seu art. 37, inciso

XXI, ao mesmo tempo em que coloca como regra geral a pratica do

procedimento licitatório quando a Administração for contratar com particulares,

abre também espaço para exceções, as quais bem coloca que deverão ser por

legislações especificas.

As exceções são denominadas de contratação direta e trazidas pela Lei

Federal n° 8.666/93, possuindo duas vertentes doutrinárias, onde a primeira

divide a matéria em dispensa e inexigibilidade de licitação, e a segunda em

licitação dispensada, dispensa e inexigibilidade.

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Observa-se na segunda corrente que alguns doutrinadores fazem uma

diferenciação quanto à licitação dispensada tratada no art. 17 e dispensa que é

mencionada no art. 24, ambas da lei de licitação.

Os que defendem tal idéia entendem que na contratação direta tratada no

art. 17 o próprio legislador dispensou o procedimento licitatório, e já as que

concernem ao art. 24 o legislador deixou ao administrador a faculdade de

dispensar para determinados objetos à licitação.

Entretanto, há uma segunda corrente que entende errônea tal distinção, e

ainda, sem utilidade, a qual adota-se no presente estudo.

Sobre o assunto Marçal Justen filho aduz:

“(...) não se afigura procedente a distinção, a nosso ver. Em ambos os casos, o legislador autoriza a contratação direta. Essa autorização legislativa não é vinculante para o administrador. Ou seja, cabe ao administrador escolher entre realizar ou não a licitação. Essa competência administrativa existe não apenas nos casos do art. 24. Aliás e se não fosse assim, o art. 17 conteria hipóteses de vedação de licitação. Significa reconhecer que é perfeitamente possível realizar a licitação nas hipóteses do art. 17, desde que o administrador repute presentes os requisitos para tanto.” (2002, p. 235)

Verifica-se, portanto, não ser necessária tal distinção, tendo em vista que

ambas tratam-se de dispensa de licitação.

Vele ressaltar que as matérias tratadas no art. 17 não são objeto especifico

do presente trabalho, mais sim os casos de dispensa tratados no art. 24 e os de

inexigibilidade expostos no art. 25, todos da lei 8.666/93.

Numa análise sintetizada temos que a inexigibilidade trata-se dos casos

em que a licitação não for viável a administração, posto a invibialidade de

competição no caso em concreto. Já os casos de dispensa, são aqueles que

embora viável a competição, sejam inconvenientes ao interesse público.

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No tocante da distinção entre dispensa e inexigibilidade, O ilustre

doutrinador Adilson Abreu Dallari aduz que “os casos de inexigibilidade são

aqueles em que, logicamente, não existe possibilidade de licitação. Os casos de

dispensa são aqueles em que, havendo a possibilidade de licitação, uma

circunstância relevante autoriza a discriminação” (2003, p. 46).

Doutrinariamente, seria correto a legislação tratar primeiro dos casos de

inexigibilidade, tendo em vista se faz necessário preliminarmente analisar se o

objeto possui exigibilidade de ser licitado.

Todavia, a legislação específica trata primeiramente dos casos de dispensa

e, posteriormente, dos casos de inexigibilidade.

5.2. DISPENSA

Com exposto acima, verifica-se que os casos de dispensa tratados pela

nossa legislação são os que, embora tendo viabilidade de competição, são

procedidos de forma direta, tendo em vista a conveniência ao interesse público.

Petrônio Braz expõe que “a dispensa ocorre quando se verificam situações

onde a licitação, embora possível em face da viabilidade de competição, não se

justifica, em presença do interesse público” (1999, p. 255).

José dos Santos Carvalho Filho aduz que “a dispensa de licitação

caracteriza-se pela circunstância de que, em tese, poderia o procedimento ser

realizado, mas que, pela particularidade do caso, decidiu o legislador não torná-lo

obrigatório” (2009, p. 238).

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Para uma melhor análise deste fenômeno ora tratado, neste momento

segue a citação da legislação específica, onde serão pontuados, alguns incisos e

expostos os entendimentos sobre estas hipóteses de contratação por dispensa de

licitação:

Art. 24. É dispensável a licitação:

I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;

II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;

Os dois primeiros incisos tratam dos casos em que o objeto a ser licitado é

de pequeno valor, onde são afrontados os princípios da licitação e da

economicidade para a Administração, prevalecendo o segundo, haja vista o

interesse público.

O primeiro caso estabelece que para obras e serviços de engenharia de

valor até R$ 15.000,00 (quinze mil reais), cuja este não se refira a parcelas de

uma mesma obra, será possível o administrador utilizar o fenômeno da

contratação direta por dispensa de licitação.

Para compreensão do que se enquadra nas obras e serviços de engenharia,

é de grande valia a definição de Jorge Ulisses Jacoby Fernandes:

“(...) são todos aqueles que a lei exige sejam assinados por engenheiro, dentre aqueles declarados privativos da profissão pela legislação regulamentadora respectiva; além do que sua execução

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deve estar voltada para bens imóveis, execução e/ou instalação incorporáveis ou inerentes ao imóvel;”(2003, p. 292)

O segundo inciso segue na mesma fundamentação do primeiro, alterando

apenas o objeto licitável, sendo neste caso para a contratação de outros serviços e

compras não englobados naquele. O valor máximo para ser possível a realização

da dispensa no presente caso é de R$ 8.000,00 (oito mil reais).

No que concerne a outros serviços e compras o doutrinador acima

mencionado define da seguinte forma:

“(...) são todos os serviços discriminados no próprio texto do dispositivo inquinado, com sua execução voltada precipuamente para os bens móveis, ainda que já instalados e incorporados a um bem imóvel, além de outros que, embora não descritos expressamente, possam suscitar alguma dúvida sobre seu efetivo enquadramento.” (2003, p. 292)

Portanto, os serviços não enquadrados no inciso I deverão obedecer aos

valores determinados pelo inciso II, para que possam ser procedidos pela

dispensa de licitação.

“III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem”;

O inciso ora citado refere-se a dois casos, primeiro quando houver a

caracterização do estado de guerra e o segundo com perturbação da ordem, onde

a doutrina entende que deverá ser equivalente a uma situação de guerra.

Nos dois casos há uma confusão dentro da Administração, tornando-se

anormal as atividades públicas, sendo necessário, portanto, em alguns casos os

procedimentos licitatórios serem simplificados, dependendo-se exclusivamente

do grau de urgência e gravidade que poderá ocorrer na segurança nacional,

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podendo, nestes casos, o ente governamental utilizar-se do mecanismo da

dispensa de licitação.

É importante ressaltar que para a devida caracterização do estado de

guerra, deve-se observar as medidas tomadas pelos Estado, capituladas nos

artigos 136 e 137 da Constituição Federal, senão vejamos:

Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:

Desta forma, verifica-se que não dependerá apenas da existência de

guerra, mas sim, também da decretação do Estado de Defesa e Estado de Sítio,

onde a dispensa de licitação deverá ser utilizada para proteger a segurança

nacional (JUSTEM FILHO, 2002).

IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;

Para melhor entendimento da matéria tratada no dispositivo acima, são de

grande valia os conceitos de emergência e calamidade pública de Hely Lopes

Meirelles:

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“A emergência caracteriza-se pela urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízos ou comprometer a incolumidade ou a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, exigindo rápidas providências da Administração para debelar ou minorar suas consequencias lesivas à coletividade.” (2004, p. 272, 273)

“ Calamidade pública é a situação de perigo e de anormalidade social decorrente de fatos da natureza, tais como inundações devastadoras, vendavais destruidores, epidemias letais, secas assoladoras e outros eventos físicos flagelantes que afetem profundamente a segurança ou a saúde pública em geral.” (2004, p. 273)

José Cretella Junior aduz que “calamidade pública é, portanto, a desgraça

que atinge, de repente, grande número de pessoas, como inundação, peste,

guerra, incêndio, terremoto, vendaval, devastação ciclônica” (1996, p. )

Verifica-se que a emergência e calamidade pública quando analisados no

caso concreto, e vislumbrar que se encontra em risco o interesse público, os

serviços, obras, entre outros objetos que servirão para atender ao interesse

colocado em risco, deverão se contratados por meio da dispensa de licitação, haja

vista que não suportaria passar por todo um procedimento licitatório.

No presente caso, para uma ilustração da hipótese de emergência,

podemos citar como exemplo, a troca de fiação de fiação elétrica deteriorada de

um prédio, que causa ameaça de incêndio ( RIGOLIN, BOTTINO, 2002).

V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas;

O caso apresentado no inciso acima para que possa ser realizado na forma

de dispensa, necessita que haja preliminarmente a existência de um processo

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licitatório, que não acuda interessados, resultando assim infrutífera a licitação pra

aquele objeto licitável, pela ausência de competitividade.

Além de ser precedido de uma licitação frustrada pela ausência de

interessados, ainda é necessário para que possa proceder tal contratação, que se

verifique no caso em concreto que um novo procedimento licitatório poderia

acarretar em prejuízos para a Administração (JUSTEM FILHO, 2002).

Preenchendo os três requisitos acima, ou seja, licitação anterior, ausência

de interessados e acarretamento de prejuízos à Administração em caso de uma

nova licitação, poderá o ente governamental proceder na forma de dispensa para

a contratação daquele objeto licitável, o qual deverá estar vinculado com o edital

da licitação frustrada, obedecendo às mesmas condições da anterior.

VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento;

Este é o caso em que a União intervirá no comércio para regular preços ou

normalizar o abastecimento, quando encontrar certa anormalidade nos mesmos.

Tem o intuito de influenciar no mercado de bens e serviços, podendo para

tanto, ofertar ou adquirir bens de serviços, buscando um equilíbrio do mercado.

Vale ressaltar que a forma apresentada no presente inciso de dispensa de

licitação, somente se aplica para a União.

VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços;

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Estes são os casos em que procedida à licitação pelo ente governamental,

os interessados ofertam valores superiores aos praticados no mercado nacional,

ou ainda, incompatível com o fixado pelo órgão oficial.

Neste caso, observando que todos os interessados ofertaram acima dos

valores, de uma forma até moralizante, a Administração fica autorizada a utilizar

o mecanismo da contratação direta com o escopo de encontrar interessados com

valores inferiores.

VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;

O inciso VIII autoriza a contratação direta por meio de dispensa, nos casos

em que determinado objeto licitável é prestado por pessoa jurídica de direito

interno, caso em que não será obrigatória a licitação, desde que o prestador tenha

seu preço compatível com o praticado no mercado.

IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional;

Marçal Justen filho entende que o assunto de segurança nacional “é aquele

que envolve interesses permanentes e superiores da sobrevivência do Estado

Brasileiro. A “segurança nacional” reporta-se exclusivamente ao relacionamento

do Estado Brasileiro perante a comunidade internacional” (2002, p. 251).

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Portanto, caberá contratação direta nos casos em que estabelecidos por

Decreto do Presidente da República, for verificado a possibilidade de

comprometimento da segurança nacional.

X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia;

Não se faz necessário muita menção ao presente inciso, visto que o mesmo

é auto-explicativo, desta forma, as locações de imóvel que atenderem as

necessidades da Administração e preencherem os requisitos do dispositivo,

poderão correr por dispensa de licitação.

XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;

Este inciso refere-se aos casos em que procedida normalmente à licitação,

e posteriormente a realização da contratação da empresa vencedora, a mesma

inicia a prestação do objeto licitado, todavia, em virtude de rescisão contratual o

serviço é interrompido.

Neste caso, identificando a paralisação por meio de rescisão contratual, a

Administração poderá convocar os demais licitantes, por ordem de classificação,

buscando aquele que aceite continuar com a prestação daquele objeto licitado,

dentro das condições estabelecidas com o licitante vencedor, com a correção

devida do valor.

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XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia;

Neste caso, há a necessidade de se proceder com a dispensa de licitação,

posto se tratar de produtos perecíveis, os quais não suportam estocagem sobre

pena de perecimento, não havendo, portanto, prazo para que corra o

procedimento licitatório normal.

Ainda se tratando dos produtos perecíveis, se faz necessário ressaltar que

o procedimento licitatório com o objeto perecível em produção tornaria mais

oneroso ao Estado, posto que não seria possível mensurar o preço futuro.

Desta forma, se permite a dispensa neste caso, para que se possa adquirir o

produto com o preço do dia, atendendo ao interesse público.

XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;

Para que o presente caso possa ser contratado por dispensa de licitação,

deverão estar preenchidos todas as formalidades e requisitos no presente

dispositivo.

Portanto, esta hipótese de dispensa de licitação poderá ser realizada pelo

ente governamental, quando este pretender contratar serviço de entidade

brasileira, não lucrativa, que tenha em seus atos constitutivos algum dos objetos

sociais descritos no texto, inclusive o “desenvolvimento institucional”

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mencionado, expressão, esta, que pode se referir a infinitos objetos, e também a

casuística recuperação social do preso (RIGOLIN, BOTTINO, 2002).

XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público;

XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade.

Quanto à aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos,

ressalta-se que se autoriza a dispensa porque a Constituição Federal em seu art.

216, § 1°, acode a proteção estatal ao patrimônio cultural brasileiro.

Para que tais procedimentos possam tramitar dessa forma, deverão ser

procedidos por órgão que contenham em suas atribuições essa proteção cultural,

portanto, os entes governamentais que não possuem a proteção cultural em suas

atribuições, não serão autorizados a proceder com a contratação de forma direta

para estes objetos.

Como título de exemplo, podemos citar as edificações e restaurações de

monumentos públicos.

XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;

O presente dispositivo traz a possibilidade de contratação direta, para os

serviços de impressos oficiais prestados por pessoa jurídica de direito público

interno, ou órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública e foram

criados para este fim.

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Este é o caso dos diários oficiais, cartilha, envelopes, entre outros, que

normalmente são impressos pelas Imprensas Oficiais dos Estados.

XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia;

O caso transcrito no inciso XVII poderá proceder por meio de dispensa,

devendo-se, para tanto, que o fornecedor do produto constitua manutenção de

garantia técnica.

XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do inciso II do art. 23 desta Lei:

Este dispositivo possui aplicação discreta, tendo em vista que tais objetos

estão abrigados por outros meios de contratação direta, tanto por inexigibilidade,

quanto por outras formas de dispensa.

XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto;

XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.

A contratação de associação de portadores de deficiência física possui

duas finalidades dentro da Administração Publica.

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A primeira é a necessidade do ente governamental da contratação, já a

outra é o cumprimento de uma função social, ao contratar essas pessoas que

possuem deficiência. Assim, o Estado incentiva determinadas entidades privadas

para que continue prestando estas atividades, cumprindo, desta forma, um

interesse comum.

XXI - Para a aquisição de bens destinados exclusivamente a pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos pela CAPES, FINEP, CNPq ou outras instituições de fomento a pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico. XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica;

Os doutrinadores Rigolin e Bottino têm tal dispositivo com trágico,

entendendo que não se trata de licitação dispensável, mas sim de contratação

direta por inexigibilidade, tendo em vista que se depara com um contratação onde

se verifica a inviabilidade de competição,de acordo com o art. 25 da Lei

8.666/93.

XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.

XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão.

XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida.

XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação.

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XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.

XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão.

XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da Força.

XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal.

Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas.

O parágrafo único faz menção às dispensas de licitação tratadas nos

incisos I e II, as quais já foram feitas exposições no presente trabalho.

A peculiaridade trazida por este dispositivo é de que quando as

contratações forem realizadas por consórcios públicos, sociedade de economia

mista, empresa pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei,

como agências Executivas, o percentual tratado nos incisos I e II de 10% (dez por

cento), passará para estas ser de 20% (vinte por cento).

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5.3. INEXIGIBILIDADE

Pela legislação específica sobre as licitações esta é a outra forma de

contratação direta sem licitação.

Verificou-se que na dispensa há competitividade, entretanto por motivos

de conveniência pública a legislação autoriza a contratação direta, já à

inexigibilidade deriva da inviabilidade de competição.

José Cretella Júnior entende que “inviabilidade de competição, “lato

sensu”, é o certame em que um dos contendores reúne qualidades tais que torna

único, exclusivo, su generis, a tal ponto que inibi os demais licitantes, sem

condições competitivas” (2004, p. 240).

Justen Filho aduz que a inviabilidade de competição é “uma consequência,

que pode ser produzida por várias causas, as quais consistem nas diversas

hipóteses de ausência de pressupostos necessários à licitação” (2002, p. 269).

O ilustre doutrinador Marçal Justen Filho, no intuito de melhor analisar o

fenômeno da inexigibilidade, utiliza-se de uma sistematização que traz as causas

que podem fazer uma contratação ter inviabilidade de competição, senão

vejamos:

Por ausência de pluralidade de alternativas

Inviabilidade de Por ausência de “mercado concorrencial”

Competição Por impossibilidade de julgamento objetivo

Por ausência de definição objetiva da prestação

(2008, p. 399)

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Apresentada a sistematização deste tipo de contratação direta, passa-se

neste momento a analisá-las de forma separada:

5.3.1. Sistematização de causas de inviabilidade de competição

5.3.1.1. Ausência de pluralidade de alternativas

Este primeiro caso se refere à ausência de pluralidade de alternativas,

trata-se daqueles casos que a Administração necessita contratar algo específico, o

qual é prestado por um único particular, tornando-se inviável o procedimento

licitatório (JUSTEM FILHO, 2008).

Neste sentido, se configura a singularidade do objeto, tendo em vista que

há apenas um objeto que atende à pretensão do ente governamental, resultando,

assim, na unidade de ofertantes (MELLO, 2004).

5.3.1.2. Por ausência de “mercado concorrencial”

O presente caso refere-se aqueles casos que a Administração Pública

precisa contratar um determinado serviço, o qual deverá ser prestado por um

especialista.

Verifica-se que em determinados campos, há grande número de

especialistas de renome que prestam o objeto que o ente governamental

necessita, entretanto, observa-se que esses especialistas não se sujeitam a

participarem de processos de licitação.

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Portanto, se a Administração precisar contratar com particulares

especializados em determinadas prestações, deverá ir diretamente contratar com

eles, desta forma, precisará contratar pelo meio da inexigibilidade de licitação.

5.3.1.3. Por impossibilidade de julgamento objetivo

Neste caso, a doutrina nos traz os casos em que a Administração fica

impossibilitada de realizar julgamento por critérios objetivos, ou seja, não poderá

selecionar pelo menor preço.

Ressalta-se que na normalidade dos processos licitatórios, julga-se como

vencedor aquele que atendendo as condições estabelecidas em no edital de

convocação, apresenta a melhor proposta, ou seja, o menor preço.

Entretanto, para determinados objetos licitáveis, não é possível o

administrador proceder com o julgamento com critérios objetivos, devendo,

portanto, utilizar-se de critérios subjetivos, para que o vencedor escolhido possa

atender a necessidade da Administração pública.

Isso decorre, porque o julgamento ora tratado deverá ser feito com

critérios subjetivos, devendo para tanto, serem avaliados fatores intelectuais,

artísticos, criativos, entre outros.

5.3.1.4. Por ausência da definição objetiva da prestação

O quarto caso trata-se daquelas contratações em que a Administração

deverá realizar de forma direta, tendo em vista que não se tem a dimensão exata

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do objeto licitável, ou seja, não possui um dos critérios da licitação, que é a

definição prévia do objeto no instrumento convocatório.

Para ilustrar este tipo de inexigibilidade, ressalta-se o exemplo de serviços

advocatícios, os quais cada decisão dependerá dos fatos ocorridos no momento,

ou seja, é impossível mensurar os serviços preliminarmente no edital.

Desta forma, entende-se que a inviabilidade fica constatada na ausência de

pressupostos da licitação, podendo ser caracterizada pela falta de interessados,

por falta de particulares que prestam determinado serviço, também pode ser

detectado naqueles produtos que são comercializados por uma única empresa,

entre outros.

5.3.2. Legislação

Quanto aos casos de inexigibilidades transcritos na legislação, temos o art.

25 da Lei 8.666/93, conforme segue:

É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial: I – para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feito Através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; II – para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidades para serviços de publicidade e divulgação; III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de

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desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato. § 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.

5.3.2.1. Inciso I

A situação apresentada no inciso I refere-se à ausência de pluralidade de

alternativas, a qual foi explanada anteriormente.

Esta hipótese surge naturalmente, por imposição do próprio objeto que

seria licitado, visto a sua unicidade, ocasionando impossibilidade lógica da

realização do procedimento licitatório, posto que seria impossível licitar coisas

únicas (BASTOS, 1994).

Verifica que se enquadra nos objetos específicos que a Administração

precisa contratar, entretanto o mesmo é prestado por um único particular, ou seja,

é exclusivo, inviabilizando, portanto, a realização de todo um procedimento

licitatório.

Observa-se, ainda, no dispositivo ora tratado, que o mesmo veda por parte

da Administração a escolha de marca, desta forma, o objeto licitável tem que

realmente ser exclusivo de um único prestador.

Quanto à exclusividade, a legislação traz um requisito para que tal

contratação possa proceder por meio da inexigibilidade, no tocante que exige por

parte da pessoa a ser contratada, a apresentação de documento que comprove a

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exclusividade naquela prestação, o qual se faz por meio de atestado emitido pelos

órgãos estabelecidos na legislação.

5.3.2.2. Inciso II

Este inciso refere-se ao caso já apresentado no presente estudo, que trata

da impossibilidade de julgamento objetivo, ou seja, não há que se falar de seleção

utilizando-se de critérios objetivos, tendo em vista que estes são os serviços

especializados, os quais são escolhidos por critérios de natureza subjetiva.

O art. 13, da lei 8.666/93 nos traz um rol exemplificativo destes serviços

especializados, senão vejamos:

Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a:. I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos; II - pareceres, perícias e avaliações em geral; III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico.

Estes casos referem-se aos serviços em que se mensura a capacidade física

ou intelectual do prestador, onde há uma atuação de caráter personalíssimo, tendo

em vista que aquele serviço reflete o potencial intelectual e a habilidade técnica

individual, sendo que se pode verificar a diferença em cada prestação, ficando

uma diferente da outra, posto estar naquele serviço o conhecimento do homem.

Verifica-se no presente caso, que a inviabilidade ainda decorre pela

ausência de “mercado concorrencial”, a qual já foi explanada neste trabalho, ou

seja, observa-se que estes profissionais com habilidades especializadas não se

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sujeitariam a participar de uma licitação, portanto se faz necessário à

Administração contratá-los por meio da inexigibilidade.

Quanto à questão da notória especialização, esta deriva do tipo de serviço

que a Administração necessita, o qual é de cunho singular, devendo ser prestados

por pessoa ou empresa que detenha os devidos conhecimentos e habilidades, os

quais enquadrem-se no disposto no § 1°, do art. 25, acima transcrito.

Ainda, na hipótese trazida pelo inciso II, além da notória especialidade

que possuem àqueles que desfrutam de prestígio e reconhecimento no campo de

sua atividade, se faz necessário o preenchimento de uma outra característica, que

é a necessidade do serviço ser de natureza singular, que são aqueles executados

segundo características próprias do executor (CARVALHO FILHO, 2009).

5.3.2.3. Inciso III

No inciso III que trata da contratação de profissional do setor artístico,

depara-se mais uma vez a inviabilidade de competição, com o critério de

impossibilidade de julgamento objetivo, tendo em vista que não há de se falar em

seleção de obra artística consistindo em critérios econômicos, sendo impossível

selecionar tal serviço pela proposta mais vantajosa.

No que concerne à contratação de artista, ressalta-se que a inviabilidade

não faz com que qualquer um possa ser contratado pela inexigibilidade, mas sim

aquele que reunir as condições necessárias para satisfazer o desejo da

Administração, o qual pela legislação deverá ser consagrado pela crítica

especializada ou pela opinião pública.

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No que concerne ao artista ser consagrado é de grande valia trazermos a

lição de Carvalho Filho:

“Entendemos que consagração é fato de extrema relatividade e varia no tempo e no espaço. Pode um artista ser reconhecido, por exemplo, apenas em certos locais, ou por determinado público ou críticos especializados. Nem por isso deverá ele ser alijado de eventual contratação. A nosso sentir, quis o legislador prestigiar a figura do artista e de seu talento pessoal, e, sendo assim, a arte a que se dedica acaba por ter prevalência sobre a consagração” (2009, p. 258).

Desta forma, para que um artista possa ser contratado por meio da

inexigibilidade, será necessário cumprir as condições estabelecidas na legislação

antes mencionada.

5.3.3. Outras hipóteses de inexigibilidade

Os três incisos apresentados acima trazem os casos de contratação por

inexigibilidade transcritos na legislação, porém ressalta-se que são

exemplificativos, podendo haver outras formas deste tipo de contratação.

Neste sentido Rigolin e Bottino, aduzem que “sempre que algum objeto

tenha sua licitação impossibilitada pela inviabilidade de competição, e apenas por

essa razão, ter-se-á caso de licitação inexigível, ainda que não constante a

hipótese do elenco de incisos, do art. 25” ( 2002, pg. 299).

Há de ressaltar, ainda, a idéia de alguns doutrinadores como Odete

Medaur, que defende o caráter apenas exemplificativo das hipóteses de

inexigibilidade elencadas na legislação, tendo em vista o texto do art. 25,

“caput”, da lei 8.666/93, em sua parte final, que diz “em especial”, dando a

entender que poderão existir outras formas de contratação direta por

inexigibilidade de licitação.

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Desta forma, poderá haver outras formas de hipóteses por inexigibilidade

não constantes no art. 25 da lei de licitações, as quais deverão observar os

requisitos trazidos pelos dispositivos já citados, e ainda, dispor de situações nas

quais estejam ausentes pressupostos jurídicos ou fáticos condicionadores dos

certames licitatórios (MELLO, 2004).

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CONCLUSÃO

No decorrer do presente estudo verificou-se a diferença quanto à forma de

contratação estabelecida entre as empresas privadas e a Administração Pública.

Vislumbrou-se que os particulares possuem total liberdade para contratar,

podendo ter a faculdade de escolhe da outra parte a contratar. Já o ente

governamental, para contratar com particulares deverá observar a um

procedimento denominado licitação.

A licitação é regulada pela Lei 8.666/93 e é o instrumento utilizado pela

Administração para adquirir ou locar bens, alienar, realizar obras ou serviços,

entre outros, no qual será obedecido uma série de princípios e regras.

Este procedimento deve ser respeitado pela pessoa governamental quando

for contratar com particulares, posto ser uma determinação da Constituição

Federal, estabelecida no art. 37, inciso XXI.

No entanto, o mesmo dispositivo da carta magna dispõe, ainda, que poderá

haver exceções, as quais serão reguladas pela lei específica.

Estas exceções foram o foco do presente estudo, referindo-se à contratação

direta sem licitação, onde foram analisados especificamente os casos de dispensa

e inexigibilidade.

Tem-se que os casos de dispensa são aqueles que possuem viabilidade de

competição, entretanto por conveniência do interesse público, se faz necessário

que se proceda pela forma de contratação direta, para que possam ser atendidas

as necessidades da Administração.

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Nos casos de inexigibilidade ressalta-se que possui algumas causas que

trazem a inviabilidade de competição, e, portanto, preenchendo os requisitos a

legislação autoriza a contratação de forma direta.

Desta forma, entende-se que a licitação é o meio pelo qual a

Administração contrata com terceiros, entretanto, está regra possui exceção,

momento no qual poderá ser realizada a contratação direta.

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