Upload
vokiet
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
LUIZ GUILHERME RASMUSSEN TORRI
PROGRAMA DE COMPARTIMENTAÇÃO DA AVICULTURA BRASILEIRA
Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso
de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti
do Paraná como requisito parcial para a
obtenção do grau de Médico Veterinário.
Orientador Acadêmico: Prof. Dra. Anderlise
Borsoi
Orientador Profissional: Med. Vet. Guilherme
Domingues
CURITIBA
2016
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
REITOR
Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Carlos Eduardo Rangel Santos
PRÓ-REITORA ACADÊMICA
Prof. Dra. Carmen Luiza da Silva
DIRETOR DE GRADUAÇÃO
Prof. Dr. João Henrique Faryniuk
COORDENADOR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Prof. Dr. Welington Hartmann
TERMO DE APROVAÇÃO
LUIZ GUILHERME RASMUSSEN TORRI
PROGRAMA DE COMPARTIMENTAÇÃO DA AVICULTURA BRASILEIRA
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção
do título de Médico (a) Veterinário (a) pela Comissão Examinadora do Curso de
Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.
Comissão Examinadora:
Presidente: Professora Dra. Anderlise Borsoi
Professor Dr. Celso Grigoletti
Professor Dr. José Maurício França
Curitiba, 14 de novembro de 2016
DEDICATÓRIA
Dedico em especial a minha família e a
todos que de alguma forma contribuíram
para que esta caminhada se concluísse.
Cada amparo, independente de sua
magnitude, foi essencial para a realização
desta conquista. Minha eterna gratidão a
todos!
AGRADECIMENTOS
Agradeço a toda minha família, principalmente meus pais Antoninho e Vera,
minha irmã Indianara e meus sobrinhos Eduardo e Clara pelo o suporte durante toda
a graduação, sem vocês nada seria possível.
A minha orientadora acadêmica Professora Doutora Anderlise Borsoi, pelos
ensinamentos proporcionados, por sua inesgotável disposição em auxiliar, pela sua
atenção e paciência, pelas oportunidades oferecidas e principalmente pela amizade
e exemplo profissional a ser seguido.
A todos os mestres, sejam da Faculdade Evangélica do Paraná ou da
Universidade Tuiuti do Paraná, que se fizeram presentes ao longo desta caminhada,
por todo seu tempo e dedicação em transmitir com excelência seus conhecimentos
para formar seus futuros colegas de profissão. Em especial a Professora Gisele
Teserolli e o Professor Uriel Andrade que apesar dos percalços do destino sempre
se fizeram presente durante minha graduação, eternamente como mestres, mas,
sobretudo como exemplos e grandes amigos.
Ao meu orientador profissional Médico Veterinário Guilherme Domingues e
toda a equipe da empresa, pela paciência, pelos conhecimentos transmitidos, pela
amizade obtida e pela oportunidade oferecida.
Aos meus amigos, principalmente aos que fiz devido a Medicina Veterinária.
Eduardo, Juan, Leopoldo e Valdeir, por todos os bons momentos compartilhados,
pelas dificuldades superadas, pelos risos dados e auxílio mútuo quando era preciso.
Amizades que tenho certeza que permanecerão por toda a vida.
Um grande ciclo vai se encerrando para que outros tenham início, contudo, se
toda esta longa, árdua e prazerosa caminhada pudesse ser resumida em uma só
palavra, esta palavra seria gratidão.
SUMÁRIO
LISTA DE GRÁFICOS.................................................................................................... 8
LISTA DE TABELAS...................................................................................................... 9
LISTA DE FIGURAS...................................................................................................... 10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS........................................................................ 11
RESUMO........................................................................................................................ 13
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 14
2 DADOS SOBRE O ESTÁGIO........................................................................................ 17
2.1 ORIENTADOR ACADÊMICO......................................................................................... 17
2.2 ORIENTADOR PROFISSIONAL.................................................................................... 17
2.3 HORAS DE ESTÁGIO.................................................................................................... 17
2.4 DADOS SOBRE O LOCAL DE ESTÁGIO...................................................................... 17
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA……………………………………………………………….. 19
3.1 INFLUENZA AVIÁRIA......................................................................................... 19
3.2 DOENÇA DE NEWCASTLE..................................................................................... 23
3.3 POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS EM INFLUENZA AVIÁRIA E DOENÇA DE
NEWCASTLE..................................................................................................................
28
3.4 PROGRAMA DE COMPARTIMENTAÇÃO DA AVICULTURA....................................... 30
4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.................................................................................. 38
4.1 VISITAS TÉCNICAS....................................................................................................... 39
4.2 MONITORIA SANITÁRIA................................................................................................ 40
4.3 AUDITORIAS DE BIOSSEGURIDADE…………………………………….……………….. 43
4.4 REGISTRO DE PROPRIEDADES………………………………………………………… 47
4.5 AVALIAÇÃO DE AVIÁRIOS DARK HOUSE………………………………................…… 48
4.6 TREINAMENTOS............................................................................................................ 50
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 51
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 53
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 PRODUÇÃO BRASILEIRA POR ESTADOS EM 2016.................... 14
GRÁFICO 2 PRINCIPAIS EXPORTADORES MUNDIAIS DE CARNE DE
FRANGO (MIL TONELADAS)............................................................
15
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 CARGA HORÁRIA DEDICADA EM RELAÇÃO A ATIVIDADE
DESENVOLVIDA DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO................
38
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 ESQUEMATIZAÇÃO DE UM COMPARTIMENTO......................... 31
FIGURA 2 TÉCNICA DE ESTÍMULO DE CONSUMO ATRAVÉS DE
ARRAÇOAMENTO EM PAPEL...................................................... 39
FIGURA 3 AVES AGLOMERADAS MIGRANDO DE UM PONTO AO
OUTRO DO AVIÁRIO DEVIDO A INSUFICIENTE DIVISÃO DO
MESMO........................................................................................... 40
FIGURA 4 AVE APRESENTANDO INTENSA CONTAMINAÇÃO
BACTERIANA................................................................................. 41
FIGURA 5 PORÇÃO DO INTESTINO DELGADO COM LESÕES
CARACTERÍSTICAS DE Eimeria Acervulina................................. 41
FIGURA 6 ARCO DE DESINFECÇÃO NA ENTRADA DA
PROPRIEDADE.............................................................................. 44
FIGURA 7 COMPOSTEIRA EM CONDIÇÕES ESTRUTURAIS IDEAIS......... 44
FIGURA 8 USO DE ROUPA DESCARTÁVEL DURANTE VISITA AO
AVIÁRIO.......................................................................................... 45
FIGURA 9 INTERIOR DE UM NÚCLEO EM CONDIÇÕES IDEAIS DE
LIMPEZA......................................................................................... 45
FIGURA 10 AVIÁRIO EM PERÍODO DE INTERVALO PASSANDO POR
PROCESSO DE FERMENTAÇÃO DE CAMA................................ 46
FIGURA 11 CAMA APRESENTANDO EMPASTAMENTO................................ 47
FIGURA 12 CAMA APRESENTANDO ALTO GRAU DE UMIDADE.................. 47
FIGURA 13 EXAUSTORES LATERAIS DE UM AVIÁRIO DARK HOUSE........ 49
FIGURA 14 MENSURAÇÃO DA VELOCIDADE DO AR E DA PRESSÃO
ESTÁTICA DE UM AVIÁRIO.......................................................... 50
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
% Porcentagem
°C Grau (s) Celsius
m/s Metro (s) por segundo (s)
US$ Dólares americanos
ABEF Associação Brasileira dos Exportadores de Frango
ABPA Associação Brasileira de Proteína Animal
ADAPAR Agência de Defesa Agropecuária do Paraná
APMV-1 Parainfluenzavirus Aviário Tipo 1
CIAS Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa
CIDASC Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa
Catarina
CRMV Conselho Regional de Medicina Veterinária
DN Doença de Newcastle
EGC Equipe de Gestão de Compartimento
EUA Estados Unidos da América
HA Hemaglutinina
HPAI Influenza Aviária de Altamente Patogênica
IA Influenza Aviária
IN Instrução Normativa
IPC International Poultry Council
IPIC Índice de Patogenicidade Intracerebral
LPAI Influenza Aviária de Baixa Patogenicidade
MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Desenvolvimento
NA Neuraminidase
OIE Organização Mundial de Saúde Animal
pH Potencial Hidrogênico
PNSA Programa Nacional de Sanidade Avícola
POP Procedimento Operacional Padrão
ppm Partes por milhão
SDA Secretaria de Defesa Agropecuária
SIF Serviço de Inspeção Federal
SPF Specific-pathogen-free
SVE Serviço Veterinário Estadual
SVO Serviço Veterinário Oficial
UBA União Brasileira de Avicultura
UFA Unidade Funcional Associada
UTP Universidade Tuiuti do Paraná
UV Ultravioleta
VDN Vírus da Doença de Newcastle
RESUMO
O presente trabalho apresenta as atividades desenvolvidas no Estágio
Curricular Obrigatório do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do
Paraná pelo acadêmico Luiz Guilherme Rasmussen Torri, sendo realizado na área
de fomento de frango de corte. O estágio curricular foi realizado em uma companhia
multinacional do segmento de proteína animal em uma unidade processadora de
aves, situada no sudeste paranaense, sob Orientação Acadêmica da Professora
Doutora Anderlise Borsoi e Orientação Profissional do Médico Veterinário Guilherme
Domingues. O trabalho aborda o Programa de Compartimentação da Avicultura e as
demais políticas públicas brasileiras em torno da Influenza Aviária e a Doença de
Newcastle além de relatar as atividades desenvolvidas durante o estágio curricular.
Palavras-Chaves: Compartimentação; Influenza Aviária; Doença de Newcastle;
biosseguridade.
14
1 INTRODUÇÃO
No ano de 2015, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína
Animal) (2016), o Brasil ocupou o segundo lugar mundial em produção mundial de
carne de frango, atrás apenas dos Estados Unidos da América (EUA), produzindo no
total 13,14 milhões de toneladas de carne de frango, sendo os estados do sul do
país os maiores contribuintes para esta marca, estando o Estado do Paraná em
primeiro lugar da produção nacional, seguido por Santa Catarina e Rio Grande do
Sul (Gráfico 1).
GRÁFICO 1 – PRODUÇÃO BRASILEIRA POR ESTADOS EM 2016
FONTE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL (2016)
As exportações totalizaram 4.304,1 mil toneladas gerando uma receita de
7.167,8 milhões de dólares, fazendo o Brasil o maior exportador de carne de frango
do mundo (Gráfico 2), sendo o Oriente Médio o principal comprador de carne de
frango brasileira seguido pela Ásia e África (ABPA, 2016).
15
GRÁFICO 2 – PRINCIPAIS EXPORTADORES MUNDIAIS DE CARNE DE FRANGO
(MIL TONELADAS)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
Brasil EUA União
Européia
Tailândia China
FONTE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL (2016)
No ano de 2015, devido a um surto de influenza aviária (IA) nos Estados
Unidos da América, maior concorrente do Brasil no setor, fez com que as
exportações brasileiras de carne de frango aumentassem (AVISITE, 2015). Os EUA
possuíam um prazo para demonstrarem seis meses sem casos da doença para que
as vendas externas fossem retomadas, porém, no inicio de 2016, outro surto no país
foi notificado, dando continuidade ao embargo nas exportações estadunidenses e
contribuindo para o crescimento do mercado brasileiro (G1, 2016).
Segundo Santos Filho e Talamini (2015), apesar do registro do crescimento
em produção, exportação e consumo per capita, a avicultura brasileira no ano de
2015 observou também o aumento dos custos de produção devido, principalmente,
a alta do dólar, o que impactou nos valores internos de milho, soja e insumos
importados, além disso, fatores como o aumento do custo da energia elétrica e do
preço do combustível também contribuíram para elevar o custo de produção do
frango. No mês de setembro de 2016, o impacto da nutrição no custo total do frango
foi de 70,99% tendo um aumento de 11,17% nos últimos 12 meses segundo a CIAS
16
(Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa) (CIAS, 2016). Dados que
demonstram a importância dos preços das matérias primas, utilizadas na nutrição
das aves, frente a todo o mercado avícola.
O objetivo final dos países produtores é sempre adquirir e manter o status de
país livre de uma determinada enfermidade em todo seu território tanto para garantir
o bem estar de toda a saúde pública como garantir a continuidade de suas
exportações. Porém, o estabelecimento e manutenção deste status pode ser um
grande desafio, principalmente quando se trata de doenças que facilmente podem
cruzar as fronteiras internacionais. Frente a isso, surgiu o conceito da
compartimentação, elaborado pela OIE (Organização Mundial de Saúde Animal),
para que se estabelecesse e mantivesse uma subpopulação animal com status
sanitário particular dentro das fronteiras de um país (OIE, 2016a).
O presente trabalho tem como objetivo relatar sobre as políticas públicas
brasileiras em torno da Influenza Aviária e a Doença de Newcastle, em especial o
Programa de Compartimentação da Avicultura através de uma revisão bibliográfica
além de descrever as atividades realizadas durante o estágio curricular obrigatório,
desenvolvido como requisito para obtenção do título de Médico Veterinário pela
Universidade Tuiuti do Paraná.
17
2 DADOS SOBRE O ESTÁGIO
As atividades realizadas durante o estágio curricular abrangeram todo o setor
de fomento de frango de corte.
2.1 ORIENTADOR ACADÊMICO
A orientação acadêmica foi conduzida pela Professora Doutora Anderlise
Borsoi, Médica Veterinária, responsável pelas disciplinas de Inspeção de Carnes e
Derivados e Inspeção de Leite e Derivados do curso de Medicina Veterinária da
Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).
2.2 ORIENTADOR PROFISSIONAL
O estágio foi orientado pelo Médico Veterinário Guilherme Domingues,
extensionista do setor de frango de corte da unidade.
2.3 HORAS DE ESTÁGIO
O período de estágio na unidade foi do dia 18 de julho a 21 de outubro de
2016 compreendendo 40 horas semanais, totalizando 584 horas exercidas.
2.4 DADOS SOBRE O LOCAL DE ESTÁGIO
O estágio curricular foi realizado em uma companhia multinacional do
segmento de proteína animal em uma unidade processadora de aves, situada no
sudeste paranaense.
Fundada no estado de Goiás, a partir de uma casa de carnes com capacidade
de processar cinco cabeças de bovinos por dia, a companhia, é atualmente é uma
das maiores produtoras de proteína animal do mundo, incluindo aves, bovinos,
suínos, ovinos e couro.
A unidade comercial da companhia em que se desenvolveu o estágio engloba
os segmentos de aves, suínos e alimentos processados, conta com 33 unidades de
18
processamento de aves e com um abate anual de 1.307,3 milhões de cabeças,
sendo uma das maiores empresas do Brasil no segmento.
Preocupada em atender as exigências do mercado externo além de manter a
qualidade e segurança dos alimentos produzidos, a empresa possui diversas
certificações, como a ISO 14001 que trata de requisitos para sistema de gestão
ambiental. Tais certificações garantem o início ou a manutenção de novas parcerias
com a empresa. O processo para a certificação ocorre através de auditorias
realizadas pelos próprios clientes ou empresas especializadas contratadas pelos
mesmos.
A relação entre empresa e produtor ocorre na forma de integração, onde o
fornecimento de pintainhos, ração e assistência técnica é garantido pela empresa,
enquanto o integrado fornece a estrutura e a mão de obra para a criação dos
animais. A unidade onde se realizou o estágio conta com 320 integrados ativos e
com o processamento de, aproximadamente, 190 mil cabeças de aves por dia. A
produção de pintainhos é provida pela própria unidade que conta com três núcleos
próprios de recria e 25 unidades integradas de matrizes produzindo,
aproximadamente, 5 milhões de ovos por mês direcionados ao incubatório próprio da
unidade. A demanda de ração, tanto para matrizes quanto para o frango de corte é
suprida pela fábrica de rações da unidade que conta com uma produção diária de,
aproximadamente, 750 toneladas de ração.
Com o objetivo de buscar excelência na qualidade, a empresa trabalha com
um corpo técnico multidisciplinar formado por profissionais atuantes em todas as
etapas da produção do alimento para que, aliado a tecnologia empregada no
processamento, o produto final tenha qualidade e segurança garantida para o
consumidor final.
19
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 INFLUENZA AVIÁRIA
Até 1981, chamada de peste aviária e atualmente tratada como HPAI
(Influenza Aviária Altamente Patogênica), a comumente chamada influenza aviária,
distinguida de enfermidades bacterianas no ano de 1878, se trata de uma doença
com alta capacidade de causar mortalidade em aves, chegando a índices de até
100%.
Já relatada em inúmeros países de vários continentes como, por exemplo,
América do Norte, Europa e Ásia, trata-se de uma doença de etiologia viral causada
por vírus cujo genoma é constituído por RNA simples e pertencentes à família
Orthomyxoviridae. Os vírus da influenza são divididos em A, B e C, sendo que
somente os do tipo A estão sendo relatados como causa da enfermidade nas aves.
Há ainda outra divisão referente aos vírus de influenza tipo A, classificados de
acordo com as suas relações antigênicas nas glicoproteínas de superfície chamadas
de hemaglutininas (HA) e neuraminidase (NA). Atualmente são conhecidos 16
subtipos de HA (H1-H16) e nove de NA (N1-N9) podendo, aparentemente, cada
vírus possuir qualquer combinação possível entre os antígenos, sendo que a maioria
das combinações possíveis de antígenos dentro do subtipo de influenza A foram
isolados a partir de espécies aviárias. Foram demonstrados como causadores da
HPAI atualmente, somente os vírus de subtipos H5 e H7 em espécies suscetíveis,
porém, esses subtipos não são em sua totalidade virulentos.
Uma grande variedade de aves já demonstrou ter sido infectada por vírus da
influenza, entre elas as aves de vida livre, aves em cativeiro, patos domésticos,
galinhas, perus além de outras espécies de aves domésticas sendo que o primeiro
isolamento de vírus da influenza em aves selvagens ocorreu em 1961, na África do
Sul. Porém, somente a partir da década de 1970 foi iniciada uma pesquisa
sistemática de influenza em aves selvagens, o que levou ao conhecimento de
grandes grupos de influenza vírus presentes na população de aves silvestres.
Não há clara definição do mecanismo de transmissão da enfermidade.
Estudos demonstraram que o processo de transmissão é complexo e depende do
subtipo viral, espécie acometida além de fatores ambientais. Quando comparados
20
com vírus de baixa patogenicidade, os subtipos de maior virulência tendem a
demonstrar pouca transmissibilidade de aves infectadas para as suscetíveis,
provavelmente devido ao fato desses vírus apresentarem maior potencial patogênico
e consequentemente levando a morte rápida das aves sem que ocorra grande
disseminação do agente infectante.
Grandes quantidades do vírus podem ser eliminadas pelas fezes, fato esse
que em um cenário silvestre pode levar a contaminação de lagos e lagoas a tal
ponto que o vírus pode ser isolado da água não tratada proveniente desses locais
onde se encontram grandes populações de aves aquáticas. O vírus da influenza
aviária pode permanecer na água de lagos, com potencial infectante, por mais de
quatro dias a 22°C e mais de 30 dias a 0°C. Demonstrando assim, que a ingestão de
fezes infectadas seja possivelmente o modo mais importante da transmissão da
doença, seja ela ingerida diretamente ou indiretamente.
A introdução primária da influenza aviária em aves domésticas já foi relatada
de diversas formas. Pode ocorrer através de outras aves domésticas que estejam
infectadas e próximas a lotes suscetíveis, a partir de aves de vida livre que tenham
contato com aves sadias e até mesmo através de outros animais, pois os vírus da
influenza são capazes de acometer uma grande variedade de espécies além das
aves, tornando mamíferos e outros animais potenciais reservatórios da doença para
as aves (ALEXANDER, 2009b).
Na ultima década, vários surtos vieram sendo isolados em mamíferos como
baleias e o próprio ser humano além de aves litorâneas como gaivotas, andorinhas e
pinguins. Este cenário de coabitação entre aves e mamíferos em que ocorra a
transmissão para as aves pode levar a graves consequências para a avicultura
mundial (MORAES; SALLE; CARON, 2009).
Contudo, é a disseminação secundária da influenza através da transferência
mecânica de fezes contaminadas a maior ameaça de propagação da enfermidade.
Presentes nas fezes infectantes podem estar concentrações de até 107 partículas
infecciosas por grama que podem continuar viáveis por mais de 44 dias. Para as
aves domésticas, o homem parece ser a principal via de contaminação através da
sua circulação nos núcleos de criação, sejam as pessoas donos ou funcionários do
local, motoristas, caminhões de transporte de rações ou de aves e até mesmo a
equipe técnica responsável pelo aviário.
21
Em geral, a expressão inicial da doença nos lotes afetados é a alta
mortalidade dos animais que ocorre subitamente e pode se aproximar de 100% em
poucos dias. Com relação aos sinais clínicos relacionados com a alta mortalidade,
podem estar presentes: sinais de cunho respiratório, interrupção da postura de ovos,
estertores, lacrimejamento excessivo, sinusite, edema de cabeça e face, diarreia e
até mesmo sinais neurológicos.
As lesões apresentadas geralmente se relacionam com o sinal clinico
observado, são variadas e não confirmam o diagnostico da doença. Nos casos mais
agressivos, as aves podem apresentar lesões congestivas e hemorrágicas na pele,
fígado, baço, coração, rins e pulmões. Porém, nos casos de alta mortalidade
repentina há a ausência de lesões.
Estudos a nível histopatológico com o objetivo de pesquisar alguma lesão
patognomônica não obtiveram resultados positivos, apresentando resultados
variados em infecções por vírus de diferentes virulências. Em infeções por subtipos
altamente virulentos foram observados sinais como necrose do miocárdio e
miocardite. Foi observada também, necrose neuronal além de edema e hemorragia
no tecido nervoso (ALEXANDER, 2009b).
Contudo, os sinais clínicos apresentados pelas aves oferecem apenas um
diagnóstico presuntivo da doença pelo fato da possibilidade dos mesmos estarem
presentes em outras enfermidades. O diagnóstico definitivo deve ser realizado
através do isolamento e identificação do agente etiológico. Diagnósticos sorológicos
podem ser usados para o auxilio na definição do problema além de detectar casos
subclínicos da afecção (MORAES; SALLE; CARON, 2009).
O principal modo de prevenção contra a influenza aviária é impedir a
introdução do vírus nos planteis através de medidas de biossegurança. Isso se torna
um desafio quando é lembrado o fato de que a maioria dos países faz parte das
rotas de migração de aves já infectadas pelo vírus mesmo que pela forma mais
branda da enfermidade. Esse fato faz com que a prevenção tenha que ser realizada
de acordo com a realidade do local em que tal núcleo esteja situado, ou seja, em
nível de indústria ou até mesmo de granja.
Já em questão da prevenção da propagação secundária após um surto da
doença, um ponto muito importante em relação à prevenção da transmissão da
influenza está voltado a medidas de controle do pessoal e de equipamentos
22
presentes no foco da infecção e do seu trânsito por áreas livres do surto. A
circulação dessas pessoas e equipamentos entre áreas livres e afetadas deve ser
restringido o máximo possível e ainda aliados a medidas sanitárias como a troca de
vestimenta, desinfecção de equipamentos e outras medidas de higiene
(ALEXANDER, 2009b).
A influenza aviária está classificada na lista A das doenças notificáveis pela
OIE, o que faz com que qualquer suspeita que haja sobre a ocorrência da doença
seja imediatamente comunicada ao Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento (MAPA) para que tome as medidas necessárias de contenção da
doença.
Até hoje o Brasil ainda não notificou a doença em seu território seja
diagnosticada clinicamente ou laboratorialmente. Esse fato pode ter relação com
condições de transmissão entre as aves silvestres aquáticas e as criações
industriais, especialmente de perus e patos. Pela característica da pequena
produção brasileira de perus e patos, praticamente não há o contato entre as aves
silvestres e as espécies de criação industrial, além da baixa resistência do vírus
frente a temperaturas elevadas características do clima brasileiro o que dificulta a
difusão do mesmo na avicultura industrial brasileira (MORAES; SALLE; CARON,
2009).
Em um estudo realizado entre o ano de 2004 e 2007 em 7017 aviários
produtores de frango de corte localizados em vários estados brasileiros, Mota et al
(2013) não obtiveram isolamento do vírus da influenza. Contudo, foi delimitado um
conglomerado epidemiológico envolvendo 24 municípios no estado de Rondônia
através da relação dos dados geográficos do local e devido aos resultados
sorológicos reagentes para o vírus. Nos estados de Pará e Pernambuco, foram
isolados vírus do subtipo H3 de aves migratórias além de subtipos H2, H3, e H4 a
partir de aves de subsistência nos estados de Amazonas, Pará, Pernambuco, Rio
Grande do Sul e Santa Catarina. Pelos resultados obtidos, concluíram que existe o
risco sanitário para LPAI (influenza aviária de baixa patogenicidade) devido às
populações de aves silvestres e de subsistência quando localizadas em áreas
próximas das criações intensivas industriais.
Devido a sua estrutura, os vírus da influenza possuem a capacidade de se
tornarem transmissíveis a seres humanos além das aves, processo chamado de
23
shifts antigênicos (mudanças da estrutura viral), fato esse já relatado quatro vezes
na história, em 1918 (H1N1), 1957 (H2N2), 1968 (H3N2) e 1977 (H1N1) cada um
levando a uma pandemia. As pandemias geradas pela influenza podem ser
consideradas catastróficas, como a de 1918, denominada de Gripe Espanhola,
ocasionou a morte de mais de 50 milhões de pessoas, aproximadamente 25% da
população mundial, onde se caracterizou o potencial zoonótico da doença
(MORAES; SALLE; CARON, 2009). Surtos ocorrem ocasionalmente ao redor do
mundo causando alarde da população mundial. Estes fatos mostram que além do
caráter de saúde animal, a influenza aviária possui grande impacto na saúde
publica, tornando ainda mais importante o conhecimento da sua epidemiologia e a
prevenção da introdução dos vírus em plantéis suscetíveis que possam levar a
infecção de seres humanos (ALEXANDER, 2009b).
3.2 DOENÇA DE NEWCASTLE
A Doença de Newcastle (DN) ou Newcastle Disease, conhecida também por
pseudopeste aviária, pneumoencefalite aviária e desordem respiratória nervosa,
trata-se de uma infecção viral causada por um vírus do sorotipo Parainfluenzavirus
aviário tipo 1 (APMV-1) que apresente Índice de Patogenicidade Intracerebral (IPIC)
em pintos Gallus gallus SPF (Specific-Pathogen-Free) de um dia de idade maior do
que 0,7.
Os integrantes da família Paramyxoviridae são vírus RNA envelopados de fita
simples que possuem genoma não segmentado de polaridade negativa. Esta família
se divide em outras duas sub-famílias, a Pneumovirinae, formada por dois gêneros,
o Pneumovirus e Metapneumovirus além da sub-família Paramyxovirinae, composta
por cinco gêneros, porém, é no gênero Avulavirus que está incluído o vírus da
Doença de Newcastle além de outros parainfluenzavirus aviários pertencentes ao
gênero.
Devido a sua característica estrutural de possuir um envelope formado de
membrana celular modificada a partir do brotamento viral da célula do hospedeiro no
momento da multiplicação, o vírus da Doença de Newcastle possui um ambiente
24
instável, onde a partir da ação da luz solar, luz UV, do aquecimento, oxidação, do pH
e a grande parte dos agentes químicos o vírus pode ser destruído.
As estirpes do VDN (Vírus da Doença de Newcastle) podem ser classificadas
em cinco patotipos de acordo com os sinais clínicos expressados pelas aves
infectadas. São eles o velogênico viscerotrópico, altamente patogênico, levando a
altos índices de mortalidade apresentando lesões hemorrágicas intestinais e
repiratórias, o velogênico neurotrópico, patotipo que apresenta alta mortalidade
associada a sinais nervosos e respiratórios, patotipo mesogênico, proporciona
brandos sinais respiratórios e ocasionalmente sintomatologia nervosa, com baixa
mortalidade, forma lentogênica ou vacinal, apresenta infecções respiratórias brandas
ou subclínicas e a forma entérica assintomática que consiste usualmente em uma
infecção entérica subclínica.
Contudo, estas classificações são raramente observadas em nível de campo,
pois foram definidas a partir da inoculação dos vírus em aves SPF (Specific-
Pathogen-Free) e os seus respectivos sinais clínicos (PAULILO; JÚNIOR, 2009).
Com relação aos hospedeiros da DN, além das aves, várias espécies podem
ser acometidas pela enfermidade, como os répteis, principalmente serpentes,
mamíferos e o homem. No que compreende as aves, o VDN tem a capacidade de
infectar mais de 241 espécies de aves, o que representa 27 das 50 ordens de aves
existentes (PAULILO; JÚNIOR, 2009). As cepas dos vírus já demonstraram infectar
todas as espécies de aves domésticas, porém, algumas espécies demonstrem
poucos sinais da doença quando infectadas com cepas de maior virulência para
galinhas (ALEXANDER, 2009a).
Pelo menos três grandes panzootias marcaram a história da Doença de
Newcastle, porém, não se pode especificar o local e nem quando a enfermidade
emergiu. A primeira teve início no ano de 1926 e se difundiu para a maioria dos
países e continentes do mundo, contudo a sua difusão foi bastante variada
ocorrendo casos gerados pela amostra até a década de 1950.
O segundo episódio de uma panzootia da DN, parece ter tido inicio no final de
1960 no Oriente Médio e atingiu todos os continentes até o ano de 1973. Esta
difusão mais agressiva foi associada ao comercio de espécies de psitacídeos,
25
principalmente nos continentes da América do Sul, América Central e Sudeste da
Ásia.
No ano de 1970, no Oriente Médio, ocorreu a terceira panzootia, relatada
principalmente como uma doença neurotrópica que atingiu pombos de competição e
que se disseminou através da comercialização de pombos infectados. Foi
identificada a doença em mais de vinte países, europeus em sua maioria,
acometendo aves silvestres e também a avicultura industrial que na Inglaterra, por
exemplo, ocorreram vinte surtos da doença em frangos de corte devido à
contaminação da ração através de pombos infectados presentes na fábrica de
rações.
O primeiro surto no Brasil ocorreu em 1953 em Belém e Macapá, onde
aparentemente a importação de carcaças congeladas de aves dos Estados Unidos
da América levou a introdução do vírus no país. Em seguida foram identificados
surtos nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Após este surto na década de
50, apesar de endêmica, a DN se apresentou de forma esporádica acometendo
planteis de pequena expressão em que eram controlados de forma rápida os focos
através de vacinação e medidas profiláticas.
Até o ano de 1996, a maioria dos casos identificados e notificados da doença
ao Ministério da Agricultura tiveram seu diagnóstico baseado apenas nas suspeitas
clínicas e no isolamento viral sem a caracterização do agente etiológico, o que leva a
possibilidade da ausência do VDN em alguns dos surtos.
A transmissão do VDN ocorre, principalmente, através do contato com fômites
contaminados ou pela exposição a aerossóis de aves infectadas. Pela característica
do vírus de se replicar em células epiteliais do trato digestivo o mesmo pode ser
difundido, também, através de fezes contaminadas, seja pela ingestão direta ou
indireta, através de ração ou água contaminada, das mesmas.
Uma das formas mais importantes da disseminação da DN está no
movimento de pessoas e veículos entre núcleos com aves infectadas e núcleos com
aves suscetíveis. Animais que transitem entre locais contaminados e entre aves
suscetíveis igualmente representam um potencial risco para a difusão da
enfermidade.
26
A alta resistência do vírus frente a baixas temperaturas faz com que o
comércio, seja ele de produtos ou subprodutos de aves contaminadas que venham a
ser abatidas durante surtos seja também uma fonte de disseminação do VDN.
Embora o período de incubação do VDN possa ser de até 15 dias, ele possui
uma média de dois a seis dias. Em casos severos, a doença pode proporcionar a
morte de 100% das aves em até 72 horas sem a presença de qualquer sinal clínico.
Os sinais clínicos expressados pelas aves afetadas pelo VDN são muito
semelhantes a outras doenças infecciosas como a bronquite infecciosa,
laringotraqueíte, coriza, entre outras. Doenças estas que levam tanto a complicações
respiratórias quanto digestivas, indistinguíveis da Doença de Newcastle, tornando
assim os sinais clínicos isolados uma ferramenta não confiável para o diagnóstico da
enfermidade. No caso de infecção por vírus velogênicos neurotrópicos há também a
presença de sinais neurológicos acompanhados de doença respiratória severa.
Em nível de necropsia, podem ser observados edema da cabeça, região do
pescoço, peritraqueal e entrada do tórax, hemorragias e ulcerações na laringe,
turvação dos sacos aéreos e inflamação da traqueia. Podem ser observadas
hemorragias no coração além do aumento de volume do saco pericárdico.
Hemorragias petequiais na mucosa do proventrículo e do intestino são
frenquentemente observadas. Na maioria dos casos é observada diarreia verde
brilhante ou sanguinolenta. Petéquias no peritônio associada à peritonite sero-
fibrinosa podem ser observadas. Dentre os sinais nervosos que podem ocorrer estão
torcicolos, tremores e paralisias das pernas e asas, ocorrem geralmente após outros
sinais clínicos já serem identificados e frequentemente culminam na morte da ave.
O único método seguro para o diagnóstico da DN é o isolamento viral e a
posterior caracterização do vírus.
A principal forma de controle da Doença de Newcastle é através da interdição
da propriedade com foco da doença aliada a destruição de todo e qualquer produto
infectado ou exposto ao vírus para que sejam removidas as formas mais ativas de
sua transmissão. A estratégia é seguida através da associação de uma quarentena
e controle do transito de animais, para que a disseminação do vírus seja contida,
descontaminação para que seja eliminado qualquer vírus remanescente e também
27
pela vigilância para que seja determinada a extensão do surto (PAULILO; JÚNIOR,
2009).
Porém, antes que necessite ser controlada, a doença deve ser prevenida
através de medidas de biosseguridade aliadas ou não a programas de vacinação
dos planteis (PAULILO; JÚNIOR, 2009). A prevenção na maioria dos países está
atreladas a programas implantados através de uma legislação própria, que pode ser
muito variável pois depende da situação da doença, politicas de controle interno e do
estado da vacinação do país importador ou exportador (ALEXANDER, 2009a).
Vários países possuem uma politica de sacrifício das aves infectadas com o
descarte obrigatório das mesmas. Podem ser associadas restrições quanto ao
movimento das aves e na produção de áreas afetadas. Quanto a vacinação, o seu
critério também varia de acordo com a legislação do país, podendo ser profiláticas
de todas as aves ou sendo obrigatória a “vacinação por anel” posterior a algum
surto.
O vírus da Doença de Newcastle é um antígeno que pode afetar os seres
humanos, visto que na Grã-Bretanha é considerado um agente biológico que pode
causar doença nos seremos humanos além de oferecer risco para o pessoal, porém
com improvável propagação na comunidade, sendo classificado no grupo 2 de risco
do Comitê Conselheiro de Patógenos.
As infecções não representam ameaça a vida das pessoas, apresentando, em
sua maioria, sinais de infecção ocular com irritações unilaterais ou bilaterais,
lacrimejamento excessivo, edema das pálpebras, conjuntivites hemorragia
subconjuntival.
O contagio da doença nos seres humanos foram resultantes do contato direto
com o vírus, através de aves ou carcaças contaminadas. Apesar de não houver
relatos da propagação da enfermidade de seres humanos para seres humanos, a
propagação é provável. Os indivíduos acometidos eram, normalmente, os que
possuíam contato direto com a fonte de infecção em suas profissões, tornando a
doença de caráter ocupacional (ALEXANDER, 2009a).
28
3.3 POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS EM INFLUENZA AVIÁRIA E DOENÇA
DE NEWCASTLE
No ano de 1994 é criado o Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA)
com a finalidade de definir ações que levassem a certificação sanitária da avicultura
brasileira e consequentemente garantir a produção de alimentos saudáveis tanto
para o mercado interno quanto para o externo, envolvendo medidas relacionadas a
Doença de Newcastle, Influenza aviária, salmoneloses e micoplasmoses (BORSOI,
2016).
Desde a sua implantação, no PNSA, a Influenza Aviária é uma prioridade do
programa, que foi pioneiro em relação à estruturação dos serviços veterinários
públicos e privados de apoio, seja na área de campo, laboratório ou inspeção.
Realizando o monitoramento seja da IN ou DN nos sítios de aves migratórias, na
soroepidemiologia dos plantéis e na vigilância ativa no abate. Fato que posicionou o
Brasil no mercado internacional de carne de aves. Desde 1994, o diagnóstico para
IN foi implantado no laboratório do Ministério da Agricultura em Campinas. No ano
de 1995 são determinadas as pertinências do Comitê Cientifico do PNSA, formado
pelos maiores especialistas da área (LYRA, 2016).
Em 2004 é criado pela União Brasileira de Avicultura (UBA) e pela Associação
Brasileira dos Exportadores de Frango (ABEF) o programa de regionalização,
objetivou a divisão do país em áreas geográficas de diferentes situações sanitárias
para que, otimizando o controle sanitário, outras regiões não fossem afetadas em
relação ao comércio internacional devido a uma possível ocorrência de alguma
doença infectocontagiosa (AVICULTURA INDUSTRIAL, 2004).
No domínio do Programa Nacional de Sanidade Avícola, em 2006, foi
aprovado o Plano Nacional de Prevenção da influenza Aviária e de Controle e
Prevenção da Doença de Newcastle onde foram determinadas as normas de
vigilância da Influenza Aviária para o diagnóstico clínico na ocasião de mortalidade
anormal acima de 10% acumulado ou em 72 horas em frango de corte e também
acima de 20% acumulado em matrizes e poedeiras. Notificação que deve ser feita
29
imediatamente ao Ministério da Agricultura que inspecionará as granjas em questão
(LYRA, 2016).
Entra em vigor, em 2007, a Instrução Normativa (IN) 56 da Secretaria de
Defesa Agropecuária (SDA) do MAPA, implantando de forma compulsória, normas
mínimas de biosseguridade a serem seguidas para a obtenção do registro dos
estabelecimentos avícolas frente ao Serviço Veterinário Oficial (SVO) do estado
onde o mesmo se encontra. As medidas exigidas pela normativa englobam itens,
como, por exemplo, padrão de piso, tamanho de malha das telas de proteção e
dimensão das cercas de isolamento, itens esses para aperfeiçoar as barreiras de
proteção contra a introdução e disseminação de possíveis doenças
infectocontagiosas (UBABEF, 2012).
Era previsto para que em dois anos após a publicação da instrução normativa
os estabelecimentos estivessem adequados, contudo, em dezembro de 2009 a SDA
e o MAPA baixaram a Instrução Normativa 59 modificando alguns padrões da IN 56
e ainda estendendo o prazo de adequação para dezembro de 2012 atendendo aos
pedidos do setor avícola (AVICULTURA INDUSTRIAL, 2012). Antes, a IN 61 de 5 de
dezembro já havia alterado o prazo de registro, mas para estabelecimentos de
reprodução (BORSOI, 2016).
Ainda assim, próximo ao final do prazo estipulado através da IN 59, uma nova
instrução normativa é baixada. A IN 36, de 07 de dezembro de 2012, do MAPA
modificou alguns pontos da IN 56, porém, as principais modificações foram
referentes a não obrigatoriedade da instalação de telas de proteção em galpões do
tipo californiano de postura comercial e também em relação aos estabelecimentos
ainda não registrados, onde os mesmos passarão a ser considerados de maior
suscetibilidade à introdução e disseminação de agentes patogênicos, devendo
atender a um programa de gestão de risco diferenciado e mais rigoroso (AVISITE,
2012; AVICULTURA INDUSTRIAL, 2013; BORSOI, 2016).
Através da Portaria nº 253, o Ministério da Agricultura submeteu a consulta
pública o Projeto de Instrução Normativa para instaurar o Plano Nacional de
Prevenção e Vigilância da Influenza Aviária e da Doença de Newcastle. O projeto
estabelece medidas sanitárias de controle, novas e mais rigorosas, a serem
praticadas em um possível cenário de confirmação de foco (LYRA, 2016).
30
3.4 PROGRAMA DE COMPARTIMENTAÇÃO DA AVICULTURA
No ano de 2008, no Brasil, iniciavam estudos para a implantação do
Programa de Compartimentação da Avicultura. Projeto elaborado pela OIE teve a
cadeia da avicultura brasileira escolhida para que fosse realizado o projeto piloto do
sistema, sob coordenação do Ministério da Agricultura e da Associação Brasileira de
Proteína Animal (ABPA, 2013).
O sistema consiste na esquematização da produção nacional em
compartimentos, criando subpopulações, com um status sanitário diferenciado para
uma ou mais doenças específicas, principalmente a Influenza Aviária e a Doença de
Newcastle, fazendo com que eventos epidemiológicos se tornem mais fáceis de
serem controlados através de normas de biossegurança mais rigorosas, auditorias
de risco periódicas, sistema de rastreabilidade e vigilância dos planteis e dos
animais domésticos próximos às unidades, assim, reduzindo impactos econômicos
provocados pelo bloqueio das exportações devido a possíveis surtos e garantindo
uma maior segurança sanitária à produção brasileira (ABPA, 2013; AVICULTURA
INDUSTRIAL, 2014a). A implantação do conceito trás uma garantia adicional de
segurança sanitária a outros processos de certificação já existentes (MAPA, 2014b).
O conceito de um compartimento amplia a aplicação de um limite de risco
além de uma questão apenas geográfica e considera todos os fatores
epidemiológicos que contribuem para a separação específica da doença entre as
subpopulações.
O compartimento pode se estabelecer com respeito à determinada
enfermidade ou até determinadas enfermidades. Este compartimento deve ser
definido claramente, indicando a localização de todos os seus componentes,
explorações incluídas e suas unidades funcionais relacionadas como fábricas de
rações e abatedouros e sua inter-relação e contribuição para uma separação
epidemiológica entre os animais em um compartimento (OIE, 2016a).
31
FIGURA 1 – ESQUEMATIZAÇÃO DE UM COMPARTIMENTO
FONTE: MAPA (2014a)
Os procedimentos utilizados para estabelecer um programa de
compartimentação dependem diretamente da epidemiologia da enfermidade, da
presença e do papel de espécies suscetíveis presentes na fauna silvestre e os
fatores de meio ambiente.
Para que se defina um compartimento é necessário levar em consideração
certos fatores, como a aplicação de medidas para que se evite a entrada do agente
infeccioso além de sua rápida detecção de acordo com sua epidemiologia.
A compartimentação permite que uma subpopulação animal seja separada de
demais animais, sejam eles domésticos ou silvestres. Isso é viável graças a medidas
de biosseguridade que o conceito de regionalização não permitiria. No caso da
ocorrência de um surto de alguma doença, o sistema de compartimentação permite
ao país que o emprega o conceito de tirar proveito das relações epidemiológicas
entre os compartimentos e das medidas de biosseguridade para facilitar o controle
da doença e/ou a continuidade do comércio (OIE, 2016b).
32
A gestão e medidas de biosseguridade são os pilares principais de um
compartimento, os fatores geográficos também possuem um papel importante na
separação adequada do compartimento e das populações animais circulantes e de
diferente situação sanitária (OIE, 2016a).
O plano de biosseguridade de um sistema de compartimentação irá descrever
as devidas funções tanto do setor privado quanto do Serviço Veterinário Oficial para
o andamento e a gestão ideal dos compartimentos. Também conterá as informações
sobre o controle do deslocamento dos animais, registros de produção dos lotes,
origem de rações, resultados provenientes da vigilância epidemiológica, natalidade e
mortalidade dos animais, visitantes, histórico de morbidade, medicações e
vacinações realizadas, documentação referente à formação do pessoal envolvido
com a produção dos animais e qualquer outro critério que se julgue necessário para
a avalição de redução de risco. As medidas para garantir a reavaliação periódica de
riscos e ajuste conceitos também estrão descritas no plano de biosseguridade.
É indispensável à existência de um sistema confiável de identificação e
rastreabilidade dos animais para validar a integridade sanitária do compartimento
Deve-se também ser levado em consideração fatores em torno do
compartimento que possam levar risco sanitário para o mesmo como, por exemplo, a
presença de animais domésticos e silvestres de diferente status sanitário, feiras e
exposições agrícolas, zoológicos e quaisquer pontos de concentração de animais
(OIE, 2016b).
Os fatores de infraestrutura dos núcleos de produção animal que compõem
um compartimento também possuem grande contribuição para a eficácia da
biosseguridade do mesmo (OIE, 2016a).
A responsabilidade do setor pecuário dentro do programa correspondem a
aplicação de medidas de biosseguridade, documentação e registro dos
deslocamento de pessoas e animais, sistemas de garantia de qualidade,
monitoramento da eficácia e das medidas aplicadas, aplicação de medidas
corretivas, vigilância dos compartimentos, comunicação rápida com os órgãos
públicos e fácil acessibilidade dos registros.
Já a os serviços veterinários oficiais tem como função a emissão de
certificados para o deslocamento dos animais, realização periódica de inspeção das
instalações de alojamento, das medidas de biosseguridade além dos registros e
33
métodos de vigilância. Possuem também a responsabilidade da vigilância,
notificação e diagnóstico de um possível surto.
O estabelecimento e manutenção da diferença de status sanitário entre
compartimentos devem ser compatíveis com as características do compartimento
em questão, levando em consideração fatores sanitários, condição sanitária das
áreas limitantes, medidas de biosseguridade empregadas que englobam o controle
do trânsito dos animais, utilização de fronteiras naturais e artificiais, segregação
física dos animais, gestão comercial e os métodos de exploração, além da vigilância
constante da enfermidade (OIE, 2016b).
Caso seja observado o descumprimento das medidas de biosseguridade
determinadas, será suspensa a certificação de exportação do compartimento mesmo
que não haja um surto estabelecido. O status de compartimento livre da doença não
será concedido até que o compartimento tenha adotado as medidas necessárias
para o restabelecimento do nível da biosseguridade original e a sua situação
sanitária seja novamente aprovada por uma autoridade veterinária responsável.
Na ocasião de um compartimento considerado livre de certa enfermidade
esteja em risco devido a uma alteração da situação sanitária de uma região próxima,
ficará a cargo da autoridade veterinária avaliar imediatamente o status do
compartimento em questão e determinar se haverá necessidade de adoção de
medidas de biosseguridade adicionais para se preserve a integridade sanitária do
mesmo.
A autoridade veterinária que possui autonomia para conceder, suspender e
revogar o status de um compartimento deverá verificar continuamente o
cumprimento de todos os requisitos essenciais para que se mantenha o status do
compartimento e para assegurar que os países importadores tenham acesso a todas
as informações necessárias (OIE, 2016a).
No início do ano de 2014, o Ministério da Agricultura reuniu um corpo técnico
para que fosse desenvolvida uma normativa nacional que estabelecesse questões
operacionais referentes à certificação sanitária, auditorias e supervisões além dos
procedimentos de biosseguridade e vigilância epidemiológica para a prevenção de
casos de Influenza Aviária e Doença de Newcastle (MAPA, 2014b). Doenças essas
consideradas como emergenciais e com potencial de gerar grandes impactos
econômicos, devido às restrições comerciais consequentes aos surtos, e sanitários
tanto para a população humana quanto a população animal (MAPA, 2011).
34
Segundo Martins (2012), o preparo do setor avícola de cada país para
enfrentar surtos de influenza Aviária é de extrema importância para diferir os
impactos e consequências socioeconômicas visto que em frente a um surto na Ásia,
o país do Vietnã teve uma estimativa nove vezes maior em perdas econômicas
quando comparado ao Japão, com um setor avícola considerado melhor preparado
do que o do país vietnamita. O autor ainda cita, em relação a investimentos para a
prevenção de surtos, que na década passada foi estimada a quantia de 247 milhões
de dólares para a melhora do sistema de controle da Influenza Aviária na América
Latina. Investimento esse que poderia prevenir custos de mais de US$ 1,2 bilhão
para que um possível surto fosse controlado, além de perdas entre 12 e 85 bilhões
de dólares caso uma pandemia se alastrasse pelos países latino-americanos.
Segundo Marques (2013), entre os anos de 2012 e 2013, o México, teve
aproximadamente uma perda de US$ 930 milhões devido a um surto de Influenza
Aviária inicialmente detectado em granjas produtoras de ovos e causado pelo vírus
A/H7N3.
Devido a um surto de IA ocorrido em 2004, a Tailândia teve sua produção
reduzida em mais de 50% e as suas exportações de produtos in natura proibidas em
todo o mundo. Somente em 2012 o país conseguiu equiparar seus números em
exportações com os mesmos de dez anos anteriores. Para esta recuperação, o país
tailandês lançou mão de vários investimentos principalmente na adequação das
plantas de processamento, que passaram a produzir um número muito maior de
produtos industrializados do que produtos in natura. Além disso, novas e mais
rigorosas medidas de biosseguridade foram estabelecidas, sejam elas em relação ao
trânsito de aves, período de vazio entre lotes nos aviários, auditorias anuais em todo
o sistema produtivo. Estima-se que somente nas propriedades produtoras foram
investidos aproximadamente 500 milhões de dólares pelas companhias
avícolas (BUTLAND, 2013).
Ainda no ano de 2014, o Brasil se torna o primeiro país a elaborar uma
legislação que regulamente o sistema de compartimentação na cadeia avícola. Tal
fato ocorreu através da publicação da Instrução Normativa nº 21, de 21 de outubro
de 2014 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, oficializando o
modelo produtivo e estabelecendo premissas a serem seguidas para que a empresa
35
interessada a seguir o modelo de compartimentação seja certificada como tal
(AVICULTURA INDUSTRIAL, 2014b).
As normas estabelecidas pela Instrução Normativa são de caráter facultativo
e a mesma estabelece as normas técnicas de Certificação Sanitária da
Compartimentação da Cadeia Produtiva Avícola de granjas de reprodução, corte e
incubatórios, sejam de galinhas ou perus, para a infecção pelo vírus da Influenza
Aviária e Doença de Newcastle.
A certificação definida pela IN tem como objetivo reconhecer e atestar
subpopulações de aves com status sanitário diferenciado, por meio da implantação
de procedimentos complementares de biosseguridade, vigilância epidemiológica,
supervisões e auditorias.
Inicialmente, a IN trata das exigências para a certificação medida que engloba
a instituição de uma Equipe de Gestão de Compartimento (EGC), entrega da
documentação necessária para o Serviço Veterinário Oficial, registro de granjas e
incubatórios, instituição de POPs (Procedimentos Operacionais Padrão) para as
medidas de biosseguridade, promover registros auditáveis de todos os
procedimentos de biosseguridade, capacitação de todos os profissionais envolvidos
e a não realização da vacinação para DN em aves de corte. Além disso, os núcleos
e incubatórios devem manter registros quanto ao consumo de água e ração, ganho
de peso no caso da aptidão de corte, produção e aproveitamento de ovos, números
quanto a eclosão nos incubatórios e os medicamentos utilizados.
A certificação sanitária ocorrerá através de auditorias do SVO e terá validade
de dois anos devendo ser realizada a promoção de supervisões internas pela equipe
de gestão do compartimento a cada quatro meses nos núcleos de corte e a cada
três meses nos núcleos de reprodução, incubatórios e Unidades Funcionais
Associadas (UFA). O SVO ficará responsável por auditorias anuais amostrais.
Quanto às não conformidades, caso forem existentes deverão ser submetidas a
medidas corretivas imediatas ou implantando um plano de ação para resolução do
problema em até dois dias. A existência de não conformidades pode resultar desde
advertência formal até o cancelamento da certificação do compartimento. O
cancelamento imediato da certificação do compartimento pode ocorrer devido a
36
entrada de aves, ovos, material para cama ou forração de ninho que não sejam
provenientes de compartimentos ou locais autorizados pela EGC ou pela ocorrência
de infecção por Influenza Aviária ou Doença de Newcastle.
O processo de vigilância epidemiológica incluirá a vigilância sorológica de
triagem das aves presentes nas unidades de produção e também das que estiverem
presentes no raio de um quilometro dos compartimentos, testes realizados por
laboratórios públicos credenciados. Avaliações clínicas por meio de necropsias
poderão ser realizadas. Granjas de reprodução deverão realizar vacinação contra a
Doença de Newcastle. Caso necessário, metodologias moleculares e de isolamento
serão utilizadas para fins confirmatórios por meio dos laboratórios oficiais. Os custos
provenientes dos exames laboratoriais serão arcados pela empresa voluntária.
Em caso de alerta sanitário, serão intensificadas as medidas de vigilância
clínico-epidemiológica e as coletas de amostras nas unidades de produção.
As medidas de biosseguridade determinadas pela Instrução Normativa giram
em torno do abastecimento de água, fornecimento de ração, proximidade de
espécies suscetíveis a IA e DN em relação ao núcleo de produção, acesso de
pessoas e veículos, entrada de materiais e equipamentos, uso de vacinas e
produtos biológicos, e, por fim, o controle de pragas sejam essas insetos ou
roedores (BRASIL, 2014).
A iniciativa para implantação do projeto contou com a contribuição de grandes
empresas produtoras da cadeia avícola brasileira, e no ano de 2014, uma das
companhias envolvidas teve a aprovação do seu projeto de compartimentação,
sendo a primeira do Brasil a conseguir tal feito. A companhia em questão
desenvolveu todo seu projeto seguindo estritamente as regras formuladas pela OIE.
Vários fatores foram avaliados durante o desenvolvimento do projeto, como o fluxo
de pessoas e veículos, qualidade da água, controle de pragas, localização e planta
das fazendas. Equipamentos, instalações de desinfecção, tratamento de resíduos,
vacinas e medicamentos e o movimento de animais de criação também foram
elementos avaliados.
Todo o levantamento realizado pela empresa foi para que em alguma possível
emergência sanitária as medidas para combatê-la possam ser feitas da maneira
37
mais rápida possível. Além disso, a companhia promoveu treinamento para os
colaboradores para que os mesmos tenham capacidade de agir corretamente em
possíveis surtos (AVICULTURA INDUSTRIAL, 2014a).
Frente ao cenário de implantação do sistema, o IPC (International Poultry
Council), solicitou a OIE e seus países membros, no início do ano de 2015, o
reconhecimento do programa de compartimentação como uma ferramenta que
garanta o fluxo do comércio de carnes e material genético. Desta forma, países que
tenham o programa implantado não teriam suas exportações suspensas mesmo com
um caso de Influenza Aviária em seu território, porém, de produtos provenientes de
compartimentos que estejam em uma distância segura dos afetados pelo surto da
doença. Para que o reconhecimento aconteça é necessário que haja uma revisão
das regras definidas pelo OIE Terrestrial Animal Health Code, código da organização
que rege os sistemas de regionalização das produções (AVE WORLD, 2015),
38
4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Durante o período de estágio curricular, as atividades desenvolvidas se
voltaram para a área de fomento do frango de corte da unidade. Incluíam as
atividades exercidas as visitas técnicas nos aviários integrados, monitorias de
sanidade e biosseguridade das granjas, registro das propriedades integradas
seguindo normas da IN-56 do MAPA frente ao órgão de defesa agropecuária do
Estado, avaliação de padrões técnicos de funcionamento de aviários sistema dark
house e treinamentos realizados para a equipe técnica. Na tabela 1 estão
discriminadas as atividades exercidas e a carga horária dedicada para cada uma.
TABELA 1 – CARGA HORÁRIA DEDICADA EM RELAÇÃO À ATIVIDADE
DESENVOLVIDA DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO.
Atividade Desenvolvida Carga horária ou frequência
Visitas técnicas 100 horas
Monitorias sanitárias e de
biosseguridade
76 horas
Registro de propriedades 240 horas
Avaliação de aviários Dark House 120 horas
Treinamentos 24 horas
Visita ao incubatório 8 horas
Visita ao abatedouro 8 horas
Visita a fábrica de rações 8 horas
Total 584 horas
39
4.1 VISITAS TÉCNICAS
As visitas técnicas tinham seu escopo direcionado, principalmente, as
condições de manejo empregadas ao lote pelo integrado. Dentre os parâmetros
avaliados durante a visita estavam fatores como a temperatura do aviário, se a
mesma estava ideal para a faixa de idade do lote em produção, qualidade da água,
deveria estar fresca e apresentando no mínimo 3ppm (partes por milhão) de cloro,
regulagem de bebedouros e comedouros de acordo com o tamanho das aves,
qualidade do ar, livre de gases nocivos aos animais além da qualidade da cama do
aviário, deve se apresentar seca, macia e com boa capacidade de absorção.
Em especial nas fases pré-inicial e inicial, além dos parâmetros já
mencionados, era também foco da visita o tamanho do pinteiro e se o mesmo
atendia o número ideal de comedouros e bebedouros para um número pré-
estipulado de aves pela empresa, além disso, os critérios a respeito de ventilação
mínima, realizada para a renovação do ar no pinteiro e também o sistema de
circulação de ar, para homogeneizar a temperatura do mesmo eram pontos sempre
muito enfatizados nas visitas realizadas em lotes de fases iniciais. Também na fase
pré-inicial era exigido pela integradora o arraçoamento na superfície de faixas de
papel dispostos na cama do aviário para que fosse estimulado o consumo de ração
pelos pintainhos.
FIGURA 2 – TÉCNICA DE ESTÍMULO DE CONSUMO ATRAVÉS DE
ARRAÇOAMENTO EM PAPEL
40
Caso estes fatores estivessem fora do padrão estabelecido pela empresa
aliado ao auxílio através da observação do comportamento dos animais frente a um
ambiente desfavorável, eram feitas as recomendações necessárias para a melhoria
das condições de manejo e criação do lote em respeito, ainda assim, as
recomendações eram deixadas em registro na ficha do lote em respeito.
FIGURA 3 – AVES AGLOMERADAS MIGRANDO DE UM PONTO AO OUTRO DO
AVIÁRIO DEVIDO A INSUFICIENTE DIVISÃO DO MESMO
O desempenho do lote era acompanhado através da ficha do mesmo, onde
eram registradas as pesagens realizadas aos 7, 14, 21, 28 e 35 dias, mortalidade
diária e consumo de água e ração. Além dos itens citados, a ficha do lote também
possuía dados de rastreio como linhagem, incubatório fornecedor dos pintainhos,
idade das matrizes, vacinas realizadas e quantidade de aves alojadas.
4.2 MONITORIA SANITÁRIA
A monitoria sanitária do lote era realizada através da necropsia de cinco aves
selecionadas aleatoriamente no aviário, eram feitas em lotes de 18 a 22 dias e
também de 28 a 32 dias. A classificação das lesões, caso houvessem, era realizada
com base em um manual padrão elaborado pela empresa onde havia padrões de
lesões já estabelecidos. Em sua maioria, as lesões eram qualificadas em
41
pontuações de, por exemplo, 0 a 3 ou também na ausência ou presença de alguma
anormalidade.
FIGURA 4 – AVE APRESENTANDO INTENSA CONTAMINAÇÃO BACTERIANA
FIGURA 5 – PORÇÃO DO INTESTINO DELGADO COM LESÕES
CARACTERÍSTICAS DE Eimeria Acervulina
42
Por exigência do Ministério da Agricultura através da IN 70 de 2003, todos os
lotes de estabelecimentos comerciais de frangos de corte devem passar por coletas
de amostras para pesquisa, isolamento e tipificação para Salmonella Enteritidis,
Salmonella Typhimurium, Salmonella Gallinarum e Salmonella Pullorum o mais
próximo possível possível da data de abate do lote, porém, com tempo hábil para
que o resultado seja conhecido antes do abate das aves.
Durante o período de estágio foi possível o acompanhamento de algumas
coletas de amostra para pesquisa de Salmonella. As coletas eram realizadas por
volta do 35° dia de alojamento do lote através de suabes de arrasto, previamente
transportados sob refrigeração em caixa térmica devidamente higienizada e
desinfetada, sobre a cama do aviário.
Nos aviários registrados no Serviço Veterinário Estadual (SVE), eram
coletados quatro suabes, agrupados em apenas um pool, sendo que cada dois
suabes representavam 50% da superfície total do aviário. Já nos núcleos que ainda
não haviam sido registrados no SVE a coleta era realizada através de quatro
suabes, porém divididos em dois pools com dois suabes em cada, sendo que a cada
dois suabes correspondiam a 50% da área do aviário.
Após a coleta, o suabe era imediatamente armazenado em saco plástico
identificado e transferido para uma caixa isotérmica com gelo para o transporte até a
unidade. Então, a amostra seguia através de transportadora para que fosse
realizada a análise em um laboratório credenciado.
No dia 25 de outubro de 2016, o MAPA, através da Instrução Normativa Nº
20, revogou a IN Nº 70 de 2003 (AVISITE, 2016).
A IN 20 estabelece o controle e monitoramento da Salmonella spp. nos
estabelecimentos avícolas comerciais de frangos e perus de corte e nos
estabelecimento de abate de frangos, galinhas, perus de corte e reprodução,
registrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF), com o objetivo de reduzir a
prevalência do agente e definir um nível adequado de proteção ao consumidor.
O controle e monitoramento será realizado através da verificação do status
sanitário dos lotes de galinhas e perus de reprodução destinados ao abate,
monitoramento e controle de Salmonella spp. nos estabelecimentos de abates de
aves registrados no SIF, adoção de medidas de controle específicas para
Salmonella Typhimurium e Salmonella Enteritidis pelo fato de serem patógenos de
43
grande importância para a saúde públicam adoção de medidas de controle
específicas para Salmonella Pullorum e Salmonella Gallinarum por serem
patógenos de grande relevância para a saúde animal e através da gestão de risco
baseado no banco de dados dos sorovares de Salmonella spp. e através de uma
revisão periódica e sistemática das ações de monitoramento e controle (BRASIL,
2016).
Desde a sua data de publicação, a normativa concedeu um prazo de 120 dias
para as adequações necessárias as novas exigências por parte dos
estabelecimentos avícolas (AVISITE, 2016).
4.3 AUDITORIAS DE BIOSSEGURIDADE
A auditoria de biosseguridade era conduzida por meio de um check list pré-
existente estruturado em quatro critérios de avaliação: registros; área externa; área
interna; bem estar animal.
O primeiro item, voltado para os registros, avaliava se na propriedade em
questão eram mantidos atualizados registros referentes à entrada de visitantes
diretos e terceiros, uso de medicamentos que por ventura foram prescritos para o
lote em andamento, registro de aplicação de inseticidas estabelecido, controle de
roedores, análise microbiológica de água atualizada, presença de amostras de
rações de até seis meses para que fosse possível garantir a rastreabilidade da
mesma caso necessário e a avaliação do estado da ficha do lote em andamento, se
a mesma estava com informações atualizadas, sem rasuras e espaços não
preenchidos.
Na fase da avaliação que se tratava da área externa em relação ao aviário
eram levados em consideração os itens como a presença de sabonete, papel toalha
e álcool 70% para serem utilizados antes da entrada no aviário, disponibilidade de
roupas para uso da equipe técnica durante as visitas, identificação e bom estado de
conservação dos porta-iscas para controle de roedores, isolamento do aviário de
forma a impedir a entrada de pássaros ou outros tipos de animais fontes de
contaminação, pleno funcionamento do arco de desinfecção, limpeza da área ao
entorno do aviário, silos de ração devidamente fechados e em bom estado de
conservação, ausência de animais no interior da cerca de proteção, condição
44
estrutural da composteira de forma que garanta seu isolamento e seja possível o seu
manejo de forma adequada, possibilidade da drenagem da água nos arredores do
aviário para que não ocorra acumulo de umidade em sua lateral, existência de um
único portão de entrada e saída do núcleo e por último a ausência de árvores
frutíferas no interior do núcleo ou próximo a portaria.
FIGURA 6 – ARCO DE DESINFECÇÃO NA ENTRADA DA PROPRIEDADE
FIGURA 7 – COMPOSTEIRA EM CONDIÇÕES ESTRUTURAIS IDEAIS
45
FIGURA 8 – USO DE ROUPA DESCARTÁVEL DURANTE VISITA AO AVIÁRIO
FIGURA 9 – INTERIOR DE UM NÚCLEO EM CONDIÇÕES IDEAIS DE LIMPEZA
Já no item que tratava da área interna do aviário os pontos avaliados
consistiam na qualidade do manejo de intervalo de lotes em relação à fermentação
correta da cama, lavagem dos equipamentos, queima de penas e aplicação de cal
também era levado em consideração o nível de cloro na água dos bebedouros que
deveriam estar apresentando no mínimo 3 ppm de cloro, presença de aves em
decomposição no interior do aviário, acondicionamento adequado das aves mortas
em recipientes identificados antes de serem levadas à composteira, correta
higienização das mãos antes da entrada no aviário, presença de calçados para uso
46
específico no interior do aviário além de pedilúvios contendo cal na entrada dos
mesmos, procedência idônea do substrato utilizado na cama, boas condições de uso
e conservação das lonas de fermentação e, por fim, era verificado se a propriedade
atendia conceitos básicos de organização, limpeza e autodisciplina.
FIGURA 10 – AVIÁRIO EM PERÍODO DE INTERVALO PASSANDO POR
PROCESSO DE FERMENTAÇÃO DE CAMA
O último tópico do check list, voltado ao bem estar animal, avaliava itens
como a condição da cama, se a mesma se apresentava macia, com boa capacidade
de absorção e ausência de empastamento e/ou materiais estranhos, ausência de
possíveis pontos em que as aves pudessem se lesionar, ausência de aves
lesionadas e caquéticas no lote, eliminação das aves por meio do deslocamento
cervical, controle e registro diário de mortalidade e acompanhamento da mesma pela
equipe técnica, operação correta dos equipamentos de ventilação (nebulizadores,
ventiladores e exaustores) para garantir conforto térmico para as aves além da
garantia da limpeza e fornecimento adequado de água e ração ofertados aos
animais.
Ao final da avaliação, com base no cumprimento ou não dos itens avaliados,
que possuíam um peso individual dentro de próprio check list, era determinada uma
nota final para a propriedade auditada.
47
FIGURA 11 – CAMA APRESENTANDO EMPASTAMENTO
FIGURA 12 – CAMA APRESENTANDO ALTO GRAU DE UMIDADE
4.4 REGISTRO DE PROPRIEDADES
No ano de 2007, o MAPA, para a prevenção da entrada e disseminação de
doenças de risco tanto para a sanidade avícola quanto para a saúde publica,
48
implantou a Instrução Normativa 56, que implanta medidas de biossegurança e
biosseguridade para estabelecimentos avícolas comerciais. As medidas também
levam a um melhoramento do controle sanitário do plantel nacional o que garantirá a
segurança do produto final tanto para o mercado interno quanto externo.
O processo de levantamento da documentação necessária para o registro dos
estabelecimentos avícolas é de responsabilidade da empresa integradora, sendo
assim, uma das atividades realizadas durante o estágio curricular foi voltada a essa
função. Após o levantamento da documentação, a mesma era direcionada para o
órgão estadual de defesa sanitária animal, no caso da unidade em que o estágio foi
realizado, esses órgãos se tratavam da ADAPAR (Agência de Defesa Agropecuária
do Paraná) e também da CIDASC (Companhia Integrada de Desenvolvimento
Agrícola de Santa Catarina).
Posteriormente a entrega da documentação no órgão oficial, o Medico
Veterinário do órgão em questão realizava uma auditoria na propriedade a ser
registrada pela Instrução Normativa 56. Essa auditoria era dividida em duas partes,
documental e estrutural.
A questão documental exigia o cadastro da propriedade no serviço veterinário
estadual, responsável técnico do aviário mediante declaração e cópia da carteira do
CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária), planta de localização e planta
baixa da propriedade além de um memorial descritivo da mesma. Na fase de
avaliação estrutural da propriedade os itens auditados eram as condições da cerca
de isolamento, quais os produtos utilizados para limpeza e desinfecção do local,
local para desinfecção de veículos, cumprimento das distâncias regulamentadas
pela Instrução Normativa, execução das boas práticas de produção, correto controle
de pragas na propriedade, análise microbiológica da água de trânsito de veículos e
pessoas e registro de manejo dos lotes.
4.5 AVALIAÇÃO DE AVIÁRIOS DARK HOUSE
Devido ao fato da integração da unidade ser relativamente antiga, composta
na sua maioria de aviários convencionais, estava em andamento um processo de
49
substituição dos aviários convencionais antigos por aviários do tipo Dark House, com
sistema de ventilação artificial do tipo túnel por pressão negativa.
O princípio do funcionamento destes aviários é forçar a entrada de ar por uma
única abertura, guarnecida por uma placa evaporativa, que quando necessário é
umidificada através do funcionamento de bombas de água, situada em uma
extremidade do aviário, através do funcionamento de grupos de exaustores
localizados na extremidade oposta. O objetivo do sistema é criar um túnel artificial de
ar com velocidade constante de, aproximadamente 3 m/s, para garantir a renovação
do ar do aviário e o resfriamento do ambiente do mesmo quando necessário, sem
fazer com que a corrente de ar gerada atinja as aves no solo do galpão.
FIGURA 13 – EXAUSTORES LATERAIS DE UM AVIÁRIO DARK HOUSE
Porém, para o funcionamento eficiente dos aviários, é necessária uma
avaliação das condições dos mesmos quanto à sua velocidade do ar, pressão
estática, variável que influencia diretamente a velocidade do ar, vedação, para
garantir que exista somente uma entrada de ar e consequentemente melhor
distribuição do mesmo, funcionamento de equipamentos, como, por exemplo,
exaustores, placa evaporativa, sondas de pressão, temperatura e umidade além da
programação do controlador de ambiência, aparelho que realiza a automação de
várias funcionalidades do galpão. Avaliação esta, que era realizada pela equipe
50
técnica da unidade e foi possível acompanha-las durante o período de estágio
curricular.
FIGURA 14 – MENSURAÇÃO DA VELOCIDADE DO AR E DA PRESSÃO
ESTÁTICA DE UM AVIÁRIO.
4.6 TREINAMENTOS
Frequentemente eram realizados treinamentos por parte da empresa para a
equipe técnica de fomento, durante o período de estágio foi possível participar
desses treinamentos realizados. Um deles, destinado aos médicos veterinários da
empresa, se tratou do uso de antimicrobianos na avicultura. Enquanto outros dois,
voltados à equipe técnica de fomento de frango de corte, incluindo médicos
veterinários e extensionistas visou a programação de controladores de ambiente
para aviários, cada treinamento para uma marca distinta de controlador.
51
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o período de estágio foi possível colocar em prática diversos
conhecimentos obtidos durante a graduação, associando os mesmos com a
realidade vivenciada pelos profissionais da empresa, tanto em relação à produção
animal, englobando todo o processo da produção da carne de frango, do incubatório
ao abate, ou em relação ao o trabalho com pessoas sejam elas colegas de trabalho
ou produtores integrados. No caso do trabalho com os produtores, se demonstrou
com clareza a importância da extensão rural em um cenário de 320 produtores de
diferentes níveis sócio-culturais, levando o profissional em questão a agir de forma
diferente em cada propriedade no momento de transmitir orientações técnicas e
promover um trabalho de educação continuada com os produtores.
Devido ao grande porte e estruturação da empresa onde o estágio curricular
foi desenvolvido foi possível observar a grande importância em relação à gestão e
administração do negócio, fator crucial para o acompanhamento de resultados
obtidos ou metas definidas.
Em suma, ficou claro que o papel de um médico veterinário dentro de uma
grande companhia de produção de proteína animal envolve muitas questões além
do trabalho com animais propriamente dito.
O trabalho de sanitarista do médico veterinário no setor avícola é de extrema
importância, tendo em vista que as grandes perdas econômicas a cadeia produtiva
devido à ocorrência de patologias levando a diminuição da produção do lote ou ao
aumento da mortalidade do mesmo, além disso, e não menos importante está a
questão de saúde pública onde certas enfermidades que acometem as aves
possuem caráter zoonótico e consequentemente podem afetar o ser humano. Frente
a isto, é de responsabilidade do médico veterinário a prevenção através da
instituição de protocolos de vacinação e medidas de biosseguridade, a identificação
da doença por meio de sinais clínicos e necrópsias das aves e notificação ao Serviço
Veterinário Oficial caso necessário além do tratamento dos animais caso seja
possível e viável.
52
A cadeia avícola brasileira cada vez mais se destaca no mercado mundial
graças as suas ações em biosseguridade tanto por parte da inciativa pública quanto
da iniciativa privada. O programa de compartimentação da cadeia avícola brasileira
vem para afirmar o status do país como um produtor de carne de frango de
excelência que garante um produto final de qualidade e certificada segurança
alimentar e também possibilitar o interesse de novos clientes para o produto
brasileiro e consequente contribuição para o crescimento da economia nacional.
53
REFERÊNCIAS
ABPA. Diretor Geral da OIE recebe relatório final de implantação do Programa de Compartimentação da Avicultura. 2013. Disponível em: <http://abpa-br.com.br/noticia/diretor-geral-da-oie-recebe-relatorio-final-de-implantacao-do-programa-de-compartimentacao-da-avicultura-890>. Acesso em: 04 out. 2016.
ALEXANDER, Dennis J. Doença de Newcastle. In: REVOLLEDO, Liliana; FERREIRA, Antonio J. Piantino. Patologia Aviária. Barueri: Manole, 2009a. Cap. 21. p. 219-228.
ALEXANDER, Dennis J. Influenza Aviária. In: REVOLLEDO, Liliana; FERREIRA, Antonio J. Piantino. Patologia Aviária. Barueri: Manole, 2009b. Cap. 25. p. 258-275.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL. Relatório Anual 2016. São Paulo: Abpa, 2016.
AVE WORLD. IPC pede a OIE reconhecimento mundial sobre compartimentação avícola. 2015. Disponível em: <http://www.aveworld.com.br/noticia/ipc-pede-a-oie-reconhecimento-mundial-sobre-compartimentacao-avicola>. Acesso em: 11 out. 2016.
AVICULTURA INDUSTRIAL. Acav apoia novas normas de biosseguridade para avicultura. 2012. Disponível em: <http://www.aviculturaindustrial.com.br/imprensa/acav-apoia-novas-normas-de-biosseguridade-para-avicultura/20120224-153403-K910>. Acesso em: 18 out. 2016.
AVICULTURA INDUSTRIAL. Norma do Ministério da Agricultura alivia avicultores. 2013. Disponível em: <http://www.aviculturaindustrial.com.br/imprensa/norma-do-ministerio-da-agricultura-alivia-avicultores/20130108-105554-J273>. Acesso em: 18 out. 2016.
AVICULTURA INDUSTRIAL. Primeira empresa de aves no Brasil a obter aprovação de compartimentação pela OIE. 2014a. Disponível em:
54
<http://www.aviculturaindustrial.com.br/imprensa/primeira-empresa-de-aves-no-brasil-a-obter-aprovacao-de-compartimentacao-pela-oie/20140220-084643-U579>. Acesso em: 04 out. 2016.
AVICULTURA INDUSTRIAL. Compartimentação avícola ganha norma no Brasil. 2014b. Disponível em: <http://www.aviculturaindustrial.com.br/imprensa/compartimentacao-avicola-ganha-norma-no-brasil/20141021-165504-X642>. Acesso em: 04 out. 2016.
AVICULTURA INDUSTRIAL. Regionalização da avicultura brasileira. 2004. Disponível em: <http://www.aviculturaindustrial.com.br/imprensa/regionalizacao-da-avicultura-brasileira/20041126-102404-1756>. Acesso em: 15 out. 2016.
AVISITE. Exportações brasileiras de frango estão aquecidas em meio à gripe aviária nos EUA. 2015. Disponível em: <http://www.aviculturaindustrial.com.br/imprensa/exportacoes-brasileiras-de-frango-estao-aquecidas-em-meio-a-gripe-aviaria-nos/20150421-090151-r225>. Acesso em: 04 out. 2016.
AVISITE. MAPA altera Instrução Normativa nº 56 e introduz novas exigências. 2012. Disponível em: <http://www.avisite.com.br/noticias/index.php?codnoticia=13776>. Acesso em: 18 out. 2016.
AVISITE. MAPA estabelece novas regras para controle e monitoria de salmonelas. 2016. Disponível em: <http://www.avisite.com.br/noticias/?codnoticia=17424>. Acesso em: 27 out. 2016.
BRASIL. Instrução Normativa Nº 20. Brasília, 25 out. 2016. n. 205, Seção 1, p. 13-16. Disponível em: <http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=13&data=25/10/2016>. Acesso em: 27 out. 2016.
BRASIL. Instrução Normativa Nº 21. Brasília, 22 out. 2014. n. 204, Seção 1, p. 4-6. Disponível em: <http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=4&data=22/10/2014>. Acesso em: 04 out. 2016.
55
BORSOI, Anderlise. Segurança Alimentar: Legislação e novas portarias voltadas para a indústria avícola. Revista Avisite, Campinas, v. 9, n. 103, p.14-19, jun. 2016.
BUTLAND, Gordon. Tailândia Pós-Influenza Aviária. Avicultura Industrial, Itu, v. 105, n. 10, p.40-43, out. 2013. Disponível em: <https://www.magtab.com/reader/avicultura-industrial/6427>. Acesso em: 20 out. 2016.
CIAS, Central de Inteligência de Aves e Suínos. ICPFrango/Embrapa. Disponível em: <https://www.embrapa.br/suinos-e-aves/cias/custos/icpfrango>. Acesso em: 16 out. 2016.
G1. Surto de influenza aviária nos Estados Unidos atrai compradores ao Paraná. 2016. Disponível em: <http://g1.globo.com/pr/parana/caminhos-do-campo/noticia/2016/02/surto-de-influenza-aviaria-nos-estados-unidos-atrai-compradores-ao-parana.html>. Acesso em: 19 set. 2016.
LYRA, Tania Maria de Paula. A importância da planificação e execução das políticas públicas em Influenza Aviária. Revista Avisite, Campinas, v. 4, n. 106, p.50-56, set. 2016.
MAPA. Compartimentação para IA e DNC na Cadeia Produtiva Avícola do Brasil. 2014a. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/PNSA/Reunião PNSA_ _Sanidade Avícola-Fortaleza Nacional_/15 Dr_ Bruno - Compartimentação para IA e DNC na cadeia produtiva avícola do Brasil.pdf>. Acesso em: 4 out. 2016.
MAPA. Ministério discute projeto de compartimentação. 2014b. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/animal/noticias/2014/03/ministerio-discute-projeto-de-compartimentacao>. Acesso em: 04 out. 2016.
MAPA. Ministério encaminha projeto pioneiro em avicultura industrial. 2011. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2011/11/ministerio-encaminha-projeto-pioneiro-em-avicultura-industrial>. Acesso em: 16 out. 2016.
MARQUES, Humberto Luis. O impacto da Influenza Aviária no México. Avicultura Industrial, Itu, v. 105, n. 10, p.36-38, out. 2013. Disponível em:
56
<https://www.magtab.com/reader/avicultura-industrial/6427>. Acesso em: 20 out. 2016.
MARTINS, Paulo César. Impacto econômico da Influenza Aviária no setor avícola. 2012. Disponível em: <http://www.avisite.com.br/cet/img/20120210_iImpacto_economico_IA .pdf>. Acesso em: 18 out. 2016.
MORAES, Hamilton Luis de S.; SALLE, Carlos Tadeu Pippi; CARON, Luiz Felipe. Influenza aviária. In: BERCHIERI JÚNIOR, Angelo et al. Doenças das Aves. 2. ed. Campinas: Facta - Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas, 2009. Cap. 5. p. 611-630.
MOTA, M. A. et al. Ações de vigilância para influenza aviária desenvolvida no Brasil, no período de 2004 e 2007. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. Belo Horizonte, p. 1265-1273. mar. 2013.
OIE. Terrestrial Animal Health Code: Application of compartmentalisation. 2016a. Disponível em: <http://www.oie.int/index.php?id=169&L=0&htmfile=chapitre_application_compartment.htm>. Acesso em: 23 out. 2016.
OIE. Terrestrial Animal Health Code: Zoning and compartmentalisation. 2016b. Disponível em: <http://www.oie.int/index.php?id=169&L=0&htmfile=chapitre_zoning_compartment.htm>. Acesso em: 23 out. 2016.
PAULILO, Antonio Carlos; DORETTO JÚNIOR, Luciano. Doença de Newcastle. In: BERCHIERI JÚNIOR, Angelo et al. Doenças das Aves. 2. ed. Campinas: Facta - Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas, 2009. Cap. 5. p. 587-602.
SANTOS FILHO, Jonas Irineu dos; TALAMINI, Dirceu João Duarte. A avicultura de corte em 2015: Um ano que acaba sem ter começado. Anuário 2016 da Avicultura Industrial, Itu, v. 107, n. 11, p.22-28, nov. 2015.
57
UBABEF, União Brasileira de Avicultura -. Prevenção: base da qualidade e biosseguridade do plantel. Revista Avicultura Brasil, São Paulo, v. 1, n. 1, p.22-22, 2012.