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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA LUIZ GUILHERME RASMUSSEN TORRI PROGRAMA DE COMPARTIMENTAÇÃO DA AVICULTURA BRASILEIRA Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a obtenção do grau de Médico Veterinário. Orientador Acadêmico: Prof. Dra. Anderlise Borsoi Orientador Profissional: Med. Vet. Guilherme Domingues CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

LUIZ GUILHERME RASMUSSEN TORRI

PROGRAMA DE COMPARTIMENTAÇÃO DA AVICULTURA BRASILEIRA

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso

de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti

do Paraná como requisito parcial para a

obtenção do grau de Médico Veterinário.

Orientador Acadêmico: Prof. Dra. Anderlise

Borsoi

Orientador Profissional: Med. Vet. Guilherme

Domingues

CURITIBA

2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

REITOR

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO

Carlos Eduardo Rangel Santos

PRÓ-REITORA ACADÊMICA

Prof. Dra. Carmen Luiza da Silva

DIRETOR DE GRADUAÇÃO

Prof. Dr. João Henrique Faryniuk

COORDENADOR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Prof. Dr. Welington Hartmann

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TERMO DE APROVAÇÃO

LUIZ GUILHERME RASMUSSEN TORRI

PROGRAMA DE COMPARTIMENTAÇÃO DA AVICULTURA BRASILEIRA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção

do título de Médico (a) Veterinário (a) pela Comissão Examinadora do Curso de

Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Comissão Examinadora:

Presidente: Professora Dra. Anderlise Borsoi

Professor Dr. Celso Grigoletti

Professor Dr. José Maurício França

Curitiba, 14 de novembro de 2016

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DEDICATÓRIA

Dedico em especial a minha família e a

todos que de alguma forma contribuíram

para que esta caminhada se concluísse.

Cada amparo, independente de sua

magnitude, foi essencial para a realização

desta conquista. Minha eterna gratidão a

todos!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a toda minha família, principalmente meus pais Antoninho e Vera,

minha irmã Indianara e meus sobrinhos Eduardo e Clara pelo o suporte durante toda

a graduação, sem vocês nada seria possível.

A minha orientadora acadêmica Professora Doutora Anderlise Borsoi, pelos

ensinamentos proporcionados, por sua inesgotável disposição em auxiliar, pela sua

atenção e paciência, pelas oportunidades oferecidas e principalmente pela amizade

e exemplo profissional a ser seguido.

A todos os mestres, sejam da Faculdade Evangélica do Paraná ou da

Universidade Tuiuti do Paraná, que se fizeram presentes ao longo desta caminhada,

por todo seu tempo e dedicação em transmitir com excelência seus conhecimentos

para formar seus futuros colegas de profissão. Em especial a Professora Gisele

Teserolli e o Professor Uriel Andrade que apesar dos percalços do destino sempre

se fizeram presente durante minha graduação, eternamente como mestres, mas,

sobretudo como exemplos e grandes amigos.

Ao meu orientador profissional Médico Veterinário Guilherme Domingues e

toda a equipe da empresa, pela paciência, pelos conhecimentos transmitidos, pela

amizade obtida e pela oportunidade oferecida.

Aos meus amigos, principalmente aos que fiz devido a Medicina Veterinária.

Eduardo, Juan, Leopoldo e Valdeir, por todos os bons momentos compartilhados,

pelas dificuldades superadas, pelos risos dados e auxílio mútuo quando era preciso.

Amizades que tenho certeza que permanecerão por toda a vida.

Um grande ciclo vai se encerrando para que outros tenham início, contudo, se

toda esta longa, árdua e prazerosa caminhada pudesse ser resumida em uma só

palavra, esta palavra seria gratidão.

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SUMÁRIO

LISTA DE GRÁFICOS.................................................................................................... 8

LISTA DE TABELAS...................................................................................................... 9

LISTA DE FIGURAS...................................................................................................... 10

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS........................................................................ 11

RESUMO........................................................................................................................ 13

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 14

2 DADOS SOBRE O ESTÁGIO........................................................................................ 17

2.1 ORIENTADOR ACADÊMICO......................................................................................... 17

2.2 ORIENTADOR PROFISSIONAL.................................................................................... 17

2.3 HORAS DE ESTÁGIO.................................................................................................... 17

2.4 DADOS SOBRE O LOCAL DE ESTÁGIO...................................................................... 17

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA……………………………………………………………….. 19

3.1 INFLUENZA AVIÁRIA......................................................................................... 19

3.2 DOENÇA DE NEWCASTLE..................................................................................... 23

3.3 POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS EM INFLUENZA AVIÁRIA E DOENÇA DE

NEWCASTLE..................................................................................................................

28

3.4 PROGRAMA DE COMPARTIMENTAÇÃO DA AVICULTURA....................................... 30

4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.................................................................................. 38

4.1 VISITAS TÉCNICAS....................................................................................................... 39

4.2 MONITORIA SANITÁRIA................................................................................................ 40

4.3 AUDITORIAS DE BIOSSEGURIDADE…………………………………….……………….. 43

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4.4 REGISTRO DE PROPRIEDADES………………………………………………………… 47

4.5 AVALIAÇÃO DE AVIÁRIOS DARK HOUSE………………………………................…… 48

4.6 TREINAMENTOS............................................................................................................ 50

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 51

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 53

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 PRODUÇÃO BRASILEIRA POR ESTADOS EM 2016.................... 14

GRÁFICO 2 PRINCIPAIS EXPORTADORES MUNDIAIS DE CARNE DE

FRANGO (MIL TONELADAS)............................................................

15

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 CARGA HORÁRIA DEDICADA EM RELAÇÃO A ATIVIDADE

DESENVOLVIDA DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO................

38

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 ESQUEMATIZAÇÃO DE UM COMPARTIMENTO......................... 31

FIGURA 2 TÉCNICA DE ESTÍMULO DE CONSUMO ATRAVÉS DE

ARRAÇOAMENTO EM PAPEL...................................................... 39

FIGURA 3 AVES AGLOMERADAS MIGRANDO DE UM PONTO AO

OUTRO DO AVIÁRIO DEVIDO A INSUFICIENTE DIVISÃO DO

MESMO........................................................................................... 40

FIGURA 4 AVE APRESENTANDO INTENSA CONTAMINAÇÃO

BACTERIANA................................................................................. 41

FIGURA 5 PORÇÃO DO INTESTINO DELGADO COM LESÕES

CARACTERÍSTICAS DE Eimeria Acervulina................................. 41

FIGURA 6 ARCO DE DESINFECÇÃO NA ENTRADA DA

PROPRIEDADE.............................................................................. 44

FIGURA 7 COMPOSTEIRA EM CONDIÇÕES ESTRUTURAIS IDEAIS......... 44

FIGURA 8 USO DE ROUPA DESCARTÁVEL DURANTE VISITA AO

AVIÁRIO.......................................................................................... 45

FIGURA 9 INTERIOR DE UM NÚCLEO EM CONDIÇÕES IDEAIS DE

LIMPEZA......................................................................................... 45

FIGURA 10 AVIÁRIO EM PERÍODO DE INTERVALO PASSANDO POR

PROCESSO DE FERMENTAÇÃO DE CAMA................................ 46

FIGURA 11 CAMA APRESENTANDO EMPASTAMENTO................................ 47

FIGURA 12 CAMA APRESENTANDO ALTO GRAU DE UMIDADE.................. 47

FIGURA 13 EXAUSTORES LATERAIS DE UM AVIÁRIO DARK HOUSE........ 49

FIGURA 14 MENSURAÇÃO DA VELOCIDADE DO AR E DA PRESSÃO

ESTÁTICA DE UM AVIÁRIO.......................................................... 50

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

% Porcentagem

°C Grau (s) Celsius

m/s Metro (s) por segundo (s)

US$ Dólares americanos

ABEF Associação Brasileira dos Exportadores de Frango

ABPA Associação Brasileira de Proteína Animal

ADAPAR Agência de Defesa Agropecuária do Paraná

APMV-1 Parainfluenzavirus Aviário Tipo 1

CIAS Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa

CIDASC Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa

Catarina

CRMV Conselho Regional de Medicina Veterinária

DN Doença de Newcastle

EGC Equipe de Gestão de Compartimento

EUA Estados Unidos da América

HA Hemaglutinina

HPAI Influenza Aviária de Altamente Patogênica

IA Influenza Aviária

IN Instrução Normativa

IPC International Poultry Council

IPIC Índice de Patogenicidade Intracerebral

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LPAI Influenza Aviária de Baixa Patogenicidade

MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Desenvolvimento

NA Neuraminidase

OIE Organização Mundial de Saúde Animal

pH Potencial Hidrogênico

PNSA Programa Nacional de Sanidade Avícola

POP Procedimento Operacional Padrão

ppm Partes por milhão

SDA Secretaria de Defesa Agropecuária

SIF Serviço de Inspeção Federal

SPF Specific-pathogen-free

SVE Serviço Veterinário Estadual

SVO Serviço Veterinário Oficial

UBA União Brasileira de Avicultura

UFA Unidade Funcional Associada

UTP Universidade Tuiuti do Paraná

UV Ultravioleta

VDN Vírus da Doença de Newcastle

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RESUMO

O presente trabalho apresenta as atividades desenvolvidas no Estágio

Curricular Obrigatório do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do

Paraná pelo acadêmico Luiz Guilherme Rasmussen Torri, sendo realizado na área

de fomento de frango de corte. O estágio curricular foi realizado em uma companhia

multinacional do segmento de proteína animal em uma unidade processadora de

aves, situada no sudeste paranaense, sob Orientação Acadêmica da Professora

Doutora Anderlise Borsoi e Orientação Profissional do Médico Veterinário Guilherme

Domingues. O trabalho aborda o Programa de Compartimentação da Avicultura e as

demais políticas públicas brasileiras em torno da Influenza Aviária e a Doença de

Newcastle além de relatar as atividades desenvolvidas durante o estágio curricular.

Palavras-Chaves: Compartimentação; Influenza Aviária; Doença de Newcastle;

biosseguridade.

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1 INTRODUÇÃO

No ano de 2015, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína

Animal) (2016), o Brasil ocupou o segundo lugar mundial em produção mundial de

carne de frango, atrás apenas dos Estados Unidos da América (EUA), produzindo no

total 13,14 milhões de toneladas de carne de frango, sendo os estados do sul do

país os maiores contribuintes para esta marca, estando o Estado do Paraná em

primeiro lugar da produção nacional, seguido por Santa Catarina e Rio Grande do

Sul (Gráfico 1).

GRÁFICO 1 – PRODUÇÃO BRASILEIRA POR ESTADOS EM 2016

FONTE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL (2016)

As exportações totalizaram 4.304,1 mil toneladas gerando uma receita de

7.167,8 milhões de dólares, fazendo o Brasil o maior exportador de carne de frango

do mundo (Gráfico 2), sendo o Oriente Médio o principal comprador de carne de

frango brasileira seguido pela Ásia e África (ABPA, 2016).

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GRÁFICO 2 – PRINCIPAIS EXPORTADORES MUNDIAIS DE CARNE DE FRANGO

(MIL TONELADAS)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

Brasil EUA União

Européia

Tailândia China

FONTE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÍNA ANIMAL (2016)

No ano de 2015, devido a um surto de influenza aviária (IA) nos Estados

Unidos da América, maior concorrente do Brasil no setor, fez com que as

exportações brasileiras de carne de frango aumentassem (AVISITE, 2015). Os EUA

possuíam um prazo para demonstrarem seis meses sem casos da doença para que

as vendas externas fossem retomadas, porém, no inicio de 2016, outro surto no país

foi notificado, dando continuidade ao embargo nas exportações estadunidenses e

contribuindo para o crescimento do mercado brasileiro (G1, 2016).

Segundo Santos Filho e Talamini (2015), apesar do registro do crescimento

em produção, exportação e consumo per capita, a avicultura brasileira no ano de

2015 observou também o aumento dos custos de produção devido, principalmente,

a alta do dólar, o que impactou nos valores internos de milho, soja e insumos

importados, além disso, fatores como o aumento do custo da energia elétrica e do

preço do combustível também contribuíram para elevar o custo de produção do

frango. No mês de setembro de 2016, o impacto da nutrição no custo total do frango

foi de 70,99% tendo um aumento de 11,17% nos últimos 12 meses segundo a CIAS

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(Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa) (CIAS, 2016). Dados que

demonstram a importância dos preços das matérias primas, utilizadas na nutrição

das aves, frente a todo o mercado avícola.

O objetivo final dos países produtores é sempre adquirir e manter o status de

país livre de uma determinada enfermidade em todo seu território tanto para garantir

o bem estar de toda a saúde pública como garantir a continuidade de suas

exportações. Porém, o estabelecimento e manutenção deste status pode ser um

grande desafio, principalmente quando se trata de doenças que facilmente podem

cruzar as fronteiras internacionais. Frente a isso, surgiu o conceito da

compartimentação, elaborado pela OIE (Organização Mundial de Saúde Animal),

para que se estabelecesse e mantivesse uma subpopulação animal com status

sanitário particular dentro das fronteiras de um país (OIE, 2016a).

O presente trabalho tem como objetivo relatar sobre as políticas públicas

brasileiras em torno da Influenza Aviária e a Doença de Newcastle, em especial o

Programa de Compartimentação da Avicultura através de uma revisão bibliográfica

além de descrever as atividades realizadas durante o estágio curricular obrigatório,

desenvolvido como requisito para obtenção do título de Médico Veterinário pela

Universidade Tuiuti do Paraná.

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2 DADOS SOBRE O ESTÁGIO

As atividades realizadas durante o estágio curricular abrangeram todo o setor

de fomento de frango de corte.

2.1 ORIENTADOR ACADÊMICO

A orientação acadêmica foi conduzida pela Professora Doutora Anderlise

Borsoi, Médica Veterinária, responsável pelas disciplinas de Inspeção de Carnes e

Derivados e Inspeção de Leite e Derivados do curso de Medicina Veterinária da

Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).

2.2 ORIENTADOR PROFISSIONAL

O estágio foi orientado pelo Médico Veterinário Guilherme Domingues,

extensionista do setor de frango de corte da unidade.

2.3 HORAS DE ESTÁGIO

O período de estágio na unidade foi do dia 18 de julho a 21 de outubro de

2016 compreendendo 40 horas semanais, totalizando 584 horas exercidas.

2.4 DADOS SOBRE O LOCAL DE ESTÁGIO

O estágio curricular foi realizado em uma companhia multinacional do

segmento de proteína animal em uma unidade processadora de aves, situada no

sudeste paranaense.

Fundada no estado de Goiás, a partir de uma casa de carnes com capacidade

de processar cinco cabeças de bovinos por dia, a companhia, é atualmente é uma

das maiores produtoras de proteína animal do mundo, incluindo aves, bovinos,

suínos, ovinos e couro.

A unidade comercial da companhia em que se desenvolveu o estágio engloba

os segmentos de aves, suínos e alimentos processados, conta com 33 unidades de

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processamento de aves e com um abate anual de 1.307,3 milhões de cabeças,

sendo uma das maiores empresas do Brasil no segmento.

Preocupada em atender as exigências do mercado externo além de manter a

qualidade e segurança dos alimentos produzidos, a empresa possui diversas

certificações, como a ISO 14001 que trata de requisitos para sistema de gestão

ambiental. Tais certificações garantem o início ou a manutenção de novas parcerias

com a empresa. O processo para a certificação ocorre através de auditorias

realizadas pelos próprios clientes ou empresas especializadas contratadas pelos

mesmos.

A relação entre empresa e produtor ocorre na forma de integração, onde o

fornecimento de pintainhos, ração e assistência técnica é garantido pela empresa,

enquanto o integrado fornece a estrutura e a mão de obra para a criação dos

animais. A unidade onde se realizou o estágio conta com 320 integrados ativos e

com o processamento de, aproximadamente, 190 mil cabeças de aves por dia. A

produção de pintainhos é provida pela própria unidade que conta com três núcleos

próprios de recria e 25 unidades integradas de matrizes produzindo,

aproximadamente, 5 milhões de ovos por mês direcionados ao incubatório próprio da

unidade. A demanda de ração, tanto para matrizes quanto para o frango de corte é

suprida pela fábrica de rações da unidade que conta com uma produção diária de,

aproximadamente, 750 toneladas de ração.

Com o objetivo de buscar excelência na qualidade, a empresa trabalha com

um corpo técnico multidisciplinar formado por profissionais atuantes em todas as

etapas da produção do alimento para que, aliado a tecnologia empregada no

processamento, o produto final tenha qualidade e segurança garantida para o

consumidor final.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 INFLUENZA AVIÁRIA

Até 1981, chamada de peste aviária e atualmente tratada como HPAI

(Influenza Aviária Altamente Patogênica), a comumente chamada influenza aviária,

distinguida de enfermidades bacterianas no ano de 1878, se trata de uma doença

com alta capacidade de causar mortalidade em aves, chegando a índices de até

100%.

Já relatada em inúmeros países de vários continentes como, por exemplo,

América do Norte, Europa e Ásia, trata-se de uma doença de etiologia viral causada

por vírus cujo genoma é constituído por RNA simples e pertencentes à família

Orthomyxoviridae. Os vírus da influenza são divididos em A, B e C, sendo que

somente os do tipo A estão sendo relatados como causa da enfermidade nas aves.

Há ainda outra divisão referente aos vírus de influenza tipo A, classificados de

acordo com as suas relações antigênicas nas glicoproteínas de superfície chamadas

de hemaglutininas (HA) e neuraminidase (NA). Atualmente são conhecidos 16

subtipos de HA (H1-H16) e nove de NA (N1-N9) podendo, aparentemente, cada

vírus possuir qualquer combinação possível entre os antígenos, sendo que a maioria

das combinações possíveis de antígenos dentro do subtipo de influenza A foram

isolados a partir de espécies aviárias. Foram demonstrados como causadores da

HPAI atualmente, somente os vírus de subtipos H5 e H7 em espécies suscetíveis,

porém, esses subtipos não são em sua totalidade virulentos.

Uma grande variedade de aves já demonstrou ter sido infectada por vírus da

influenza, entre elas as aves de vida livre, aves em cativeiro, patos domésticos,

galinhas, perus além de outras espécies de aves domésticas sendo que o primeiro

isolamento de vírus da influenza em aves selvagens ocorreu em 1961, na África do

Sul. Porém, somente a partir da década de 1970 foi iniciada uma pesquisa

sistemática de influenza em aves selvagens, o que levou ao conhecimento de

grandes grupos de influenza vírus presentes na população de aves silvestres.

Não há clara definição do mecanismo de transmissão da enfermidade.

Estudos demonstraram que o processo de transmissão é complexo e depende do

subtipo viral, espécie acometida além de fatores ambientais. Quando comparados

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com vírus de baixa patogenicidade, os subtipos de maior virulência tendem a

demonstrar pouca transmissibilidade de aves infectadas para as suscetíveis,

provavelmente devido ao fato desses vírus apresentarem maior potencial patogênico

e consequentemente levando a morte rápida das aves sem que ocorra grande

disseminação do agente infectante.

Grandes quantidades do vírus podem ser eliminadas pelas fezes, fato esse

que em um cenário silvestre pode levar a contaminação de lagos e lagoas a tal

ponto que o vírus pode ser isolado da água não tratada proveniente desses locais

onde se encontram grandes populações de aves aquáticas. O vírus da influenza

aviária pode permanecer na água de lagos, com potencial infectante, por mais de

quatro dias a 22°C e mais de 30 dias a 0°C. Demonstrando assim, que a ingestão de

fezes infectadas seja possivelmente o modo mais importante da transmissão da

doença, seja ela ingerida diretamente ou indiretamente.

A introdução primária da influenza aviária em aves domésticas já foi relatada

de diversas formas. Pode ocorrer através de outras aves domésticas que estejam

infectadas e próximas a lotes suscetíveis, a partir de aves de vida livre que tenham

contato com aves sadias e até mesmo através de outros animais, pois os vírus da

influenza são capazes de acometer uma grande variedade de espécies além das

aves, tornando mamíferos e outros animais potenciais reservatórios da doença para

as aves (ALEXANDER, 2009b).

Na ultima década, vários surtos vieram sendo isolados em mamíferos como

baleias e o próprio ser humano além de aves litorâneas como gaivotas, andorinhas e

pinguins. Este cenário de coabitação entre aves e mamíferos em que ocorra a

transmissão para as aves pode levar a graves consequências para a avicultura

mundial (MORAES; SALLE; CARON, 2009).

Contudo, é a disseminação secundária da influenza através da transferência

mecânica de fezes contaminadas a maior ameaça de propagação da enfermidade.

Presentes nas fezes infectantes podem estar concentrações de até 107 partículas

infecciosas por grama que podem continuar viáveis por mais de 44 dias. Para as

aves domésticas, o homem parece ser a principal via de contaminação através da

sua circulação nos núcleos de criação, sejam as pessoas donos ou funcionários do

local, motoristas, caminhões de transporte de rações ou de aves e até mesmo a

equipe técnica responsável pelo aviário.

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Em geral, a expressão inicial da doença nos lotes afetados é a alta

mortalidade dos animais que ocorre subitamente e pode se aproximar de 100% em

poucos dias. Com relação aos sinais clínicos relacionados com a alta mortalidade,

podem estar presentes: sinais de cunho respiratório, interrupção da postura de ovos,

estertores, lacrimejamento excessivo, sinusite, edema de cabeça e face, diarreia e

até mesmo sinais neurológicos.

As lesões apresentadas geralmente se relacionam com o sinal clinico

observado, são variadas e não confirmam o diagnostico da doença. Nos casos mais

agressivos, as aves podem apresentar lesões congestivas e hemorrágicas na pele,

fígado, baço, coração, rins e pulmões. Porém, nos casos de alta mortalidade

repentina há a ausência de lesões.

Estudos a nível histopatológico com o objetivo de pesquisar alguma lesão

patognomônica não obtiveram resultados positivos, apresentando resultados

variados em infecções por vírus de diferentes virulências. Em infeções por subtipos

altamente virulentos foram observados sinais como necrose do miocárdio e

miocardite. Foi observada também, necrose neuronal além de edema e hemorragia

no tecido nervoso (ALEXANDER, 2009b).

Contudo, os sinais clínicos apresentados pelas aves oferecem apenas um

diagnóstico presuntivo da doença pelo fato da possibilidade dos mesmos estarem

presentes em outras enfermidades. O diagnóstico definitivo deve ser realizado

através do isolamento e identificação do agente etiológico. Diagnósticos sorológicos

podem ser usados para o auxilio na definição do problema além de detectar casos

subclínicos da afecção (MORAES; SALLE; CARON, 2009).

O principal modo de prevenção contra a influenza aviária é impedir a

introdução do vírus nos planteis através de medidas de biossegurança. Isso se torna

um desafio quando é lembrado o fato de que a maioria dos países faz parte das

rotas de migração de aves já infectadas pelo vírus mesmo que pela forma mais

branda da enfermidade. Esse fato faz com que a prevenção tenha que ser realizada

de acordo com a realidade do local em que tal núcleo esteja situado, ou seja, em

nível de indústria ou até mesmo de granja.

Já em questão da prevenção da propagação secundária após um surto da

doença, um ponto muito importante em relação à prevenção da transmissão da

influenza está voltado a medidas de controle do pessoal e de equipamentos

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presentes no foco da infecção e do seu trânsito por áreas livres do surto. A

circulação dessas pessoas e equipamentos entre áreas livres e afetadas deve ser

restringido o máximo possível e ainda aliados a medidas sanitárias como a troca de

vestimenta, desinfecção de equipamentos e outras medidas de higiene

(ALEXANDER, 2009b).

A influenza aviária está classificada na lista A das doenças notificáveis pela

OIE, o que faz com que qualquer suspeita que haja sobre a ocorrência da doença

seja imediatamente comunicada ao Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento (MAPA) para que tome as medidas necessárias de contenção da

doença.

Até hoje o Brasil ainda não notificou a doença em seu território seja

diagnosticada clinicamente ou laboratorialmente. Esse fato pode ter relação com

condições de transmissão entre as aves silvestres aquáticas e as criações

industriais, especialmente de perus e patos. Pela característica da pequena

produção brasileira de perus e patos, praticamente não há o contato entre as aves

silvestres e as espécies de criação industrial, além da baixa resistência do vírus

frente a temperaturas elevadas características do clima brasileiro o que dificulta a

difusão do mesmo na avicultura industrial brasileira (MORAES; SALLE; CARON,

2009).

Em um estudo realizado entre o ano de 2004 e 2007 em 7017 aviários

produtores de frango de corte localizados em vários estados brasileiros, Mota et al

(2013) não obtiveram isolamento do vírus da influenza. Contudo, foi delimitado um

conglomerado epidemiológico envolvendo 24 municípios no estado de Rondônia

através da relação dos dados geográficos do local e devido aos resultados

sorológicos reagentes para o vírus. Nos estados de Pará e Pernambuco, foram

isolados vírus do subtipo H3 de aves migratórias além de subtipos H2, H3, e H4 a

partir de aves de subsistência nos estados de Amazonas, Pará, Pernambuco, Rio

Grande do Sul e Santa Catarina. Pelos resultados obtidos, concluíram que existe o

risco sanitário para LPAI (influenza aviária de baixa patogenicidade) devido às

populações de aves silvestres e de subsistência quando localizadas em áreas

próximas das criações intensivas industriais.

Devido a sua estrutura, os vírus da influenza possuem a capacidade de se

tornarem transmissíveis a seres humanos além das aves, processo chamado de

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shifts antigênicos (mudanças da estrutura viral), fato esse já relatado quatro vezes

na história, em 1918 (H1N1), 1957 (H2N2), 1968 (H3N2) e 1977 (H1N1) cada um

levando a uma pandemia. As pandemias geradas pela influenza podem ser

consideradas catastróficas, como a de 1918, denominada de Gripe Espanhola,

ocasionou a morte de mais de 50 milhões de pessoas, aproximadamente 25% da

população mundial, onde se caracterizou o potencial zoonótico da doença

(MORAES; SALLE; CARON, 2009). Surtos ocorrem ocasionalmente ao redor do

mundo causando alarde da população mundial. Estes fatos mostram que além do

caráter de saúde animal, a influenza aviária possui grande impacto na saúde

publica, tornando ainda mais importante o conhecimento da sua epidemiologia e a

prevenção da introdução dos vírus em plantéis suscetíveis que possam levar a

infecção de seres humanos (ALEXANDER, 2009b).

3.2 DOENÇA DE NEWCASTLE

A Doença de Newcastle (DN) ou Newcastle Disease, conhecida também por

pseudopeste aviária, pneumoencefalite aviária e desordem respiratória nervosa,

trata-se de uma infecção viral causada por um vírus do sorotipo Parainfluenzavirus

aviário tipo 1 (APMV-1) que apresente Índice de Patogenicidade Intracerebral (IPIC)

em pintos Gallus gallus SPF (Specific-Pathogen-Free) de um dia de idade maior do

que 0,7.

Os integrantes da família Paramyxoviridae são vírus RNA envelopados de fita

simples que possuem genoma não segmentado de polaridade negativa. Esta família

se divide em outras duas sub-famílias, a Pneumovirinae, formada por dois gêneros,

o Pneumovirus e Metapneumovirus além da sub-família Paramyxovirinae, composta

por cinco gêneros, porém, é no gênero Avulavirus que está incluído o vírus da

Doença de Newcastle além de outros parainfluenzavirus aviários pertencentes ao

gênero.

Devido a sua característica estrutural de possuir um envelope formado de

membrana celular modificada a partir do brotamento viral da célula do hospedeiro no

momento da multiplicação, o vírus da Doença de Newcastle possui um ambiente

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instável, onde a partir da ação da luz solar, luz UV, do aquecimento, oxidação, do pH

e a grande parte dos agentes químicos o vírus pode ser destruído.

As estirpes do VDN (Vírus da Doença de Newcastle) podem ser classificadas

em cinco patotipos de acordo com os sinais clínicos expressados pelas aves

infectadas. São eles o velogênico viscerotrópico, altamente patogênico, levando a

altos índices de mortalidade apresentando lesões hemorrágicas intestinais e

repiratórias, o velogênico neurotrópico, patotipo que apresenta alta mortalidade

associada a sinais nervosos e respiratórios, patotipo mesogênico, proporciona

brandos sinais respiratórios e ocasionalmente sintomatologia nervosa, com baixa

mortalidade, forma lentogênica ou vacinal, apresenta infecções respiratórias brandas

ou subclínicas e a forma entérica assintomática que consiste usualmente em uma

infecção entérica subclínica.

Contudo, estas classificações são raramente observadas em nível de campo,

pois foram definidas a partir da inoculação dos vírus em aves SPF (Specific-

Pathogen-Free) e os seus respectivos sinais clínicos (PAULILO; JÚNIOR, 2009).

Com relação aos hospedeiros da DN, além das aves, várias espécies podem

ser acometidas pela enfermidade, como os répteis, principalmente serpentes,

mamíferos e o homem. No que compreende as aves, o VDN tem a capacidade de

infectar mais de 241 espécies de aves, o que representa 27 das 50 ordens de aves

existentes (PAULILO; JÚNIOR, 2009). As cepas dos vírus já demonstraram infectar

todas as espécies de aves domésticas, porém, algumas espécies demonstrem

poucos sinais da doença quando infectadas com cepas de maior virulência para

galinhas (ALEXANDER, 2009a).

Pelo menos três grandes panzootias marcaram a história da Doença de

Newcastle, porém, não se pode especificar o local e nem quando a enfermidade

emergiu. A primeira teve início no ano de 1926 e se difundiu para a maioria dos

países e continentes do mundo, contudo a sua difusão foi bastante variada

ocorrendo casos gerados pela amostra até a década de 1950.

O segundo episódio de uma panzootia da DN, parece ter tido inicio no final de

1960 no Oriente Médio e atingiu todos os continentes até o ano de 1973. Esta

difusão mais agressiva foi associada ao comercio de espécies de psitacídeos,

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principalmente nos continentes da América do Sul, América Central e Sudeste da

Ásia.

No ano de 1970, no Oriente Médio, ocorreu a terceira panzootia, relatada

principalmente como uma doença neurotrópica que atingiu pombos de competição e

que se disseminou através da comercialização de pombos infectados. Foi

identificada a doença em mais de vinte países, europeus em sua maioria,

acometendo aves silvestres e também a avicultura industrial que na Inglaterra, por

exemplo, ocorreram vinte surtos da doença em frangos de corte devido à

contaminação da ração através de pombos infectados presentes na fábrica de

rações.

O primeiro surto no Brasil ocorreu em 1953 em Belém e Macapá, onde

aparentemente a importação de carcaças congeladas de aves dos Estados Unidos

da América levou a introdução do vírus no país. Em seguida foram identificados

surtos nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Após este surto na década de

50, apesar de endêmica, a DN se apresentou de forma esporádica acometendo

planteis de pequena expressão em que eram controlados de forma rápida os focos

através de vacinação e medidas profiláticas.

Até o ano de 1996, a maioria dos casos identificados e notificados da doença

ao Ministério da Agricultura tiveram seu diagnóstico baseado apenas nas suspeitas

clínicas e no isolamento viral sem a caracterização do agente etiológico, o que leva a

possibilidade da ausência do VDN em alguns dos surtos.

A transmissão do VDN ocorre, principalmente, através do contato com fômites

contaminados ou pela exposição a aerossóis de aves infectadas. Pela característica

do vírus de se replicar em células epiteliais do trato digestivo o mesmo pode ser

difundido, também, através de fezes contaminadas, seja pela ingestão direta ou

indireta, através de ração ou água contaminada, das mesmas.

Uma das formas mais importantes da disseminação da DN está no

movimento de pessoas e veículos entre núcleos com aves infectadas e núcleos com

aves suscetíveis. Animais que transitem entre locais contaminados e entre aves

suscetíveis igualmente representam um potencial risco para a difusão da

enfermidade.

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A alta resistência do vírus frente a baixas temperaturas faz com que o

comércio, seja ele de produtos ou subprodutos de aves contaminadas que venham a

ser abatidas durante surtos seja também uma fonte de disseminação do VDN.

Embora o período de incubação do VDN possa ser de até 15 dias, ele possui

uma média de dois a seis dias. Em casos severos, a doença pode proporcionar a

morte de 100% das aves em até 72 horas sem a presença de qualquer sinal clínico.

Os sinais clínicos expressados pelas aves afetadas pelo VDN são muito

semelhantes a outras doenças infecciosas como a bronquite infecciosa,

laringotraqueíte, coriza, entre outras. Doenças estas que levam tanto a complicações

respiratórias quanto digestivas, indistinguíveis da Doença de Newcastle, tornando

assim os sinais clínicos isolados uma ferramenta não confiável para o diagnóstico da

enfermidade. No caso de infecção por vírus velogênicos neurotrópicos há também a

presença de sinais neurológicos acompanhados de doença respiratória severa.

Em nível de necropsia, podem ser observados edema da cabeça, região do

pescoço, peritraqueal e entrada do tórax, hemorragias e ulcerações na laringe,

turvação dos sacos aéreos e inflamação da traqueia. Podem ser observadas

hemorragias no coração além do aumento de volume do saco pericárdico.

Hemorragias petequiais na mucosa do proventrículo e do intestino são

frenquentemente observadas. Na maioria dos casos é observada diarreia verde

brilhante ou sanguinolenta. Petéquias no peritônio associada à peritonite sero-

fibrinosa podem ser observadas. Dentre os sinais nervosos que podem ocorrer estão

torcicolos, tremores e paralisias das pernas e asas, ocorrem geralmente após outros

sinais clínicos já serem identificados e frequentemente culminam na morte da ave.

O único método seguro para o diagnóstico da DN é o isolamento viral e a

posterior caracterização do vírus.

A principal forma de controle da Doença de Newcastle é através da interdição

da propriedade com foco da doença aliada a destruição de todo e qualquer produto

infectado ou exposto ao vírus para que sejam removidas as formas mais ativas de

sua transmissão. A estratégia é seguida através da associação de uma quarentena

e controle do transito de animais, para que a disseminação do vírus seja contida,

descontaminação para que seja eliminado qualquer vírus remanescente e também

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pela vigilância para que seja determinada a extensão do surto (PAULILO; JÚNIOR,

2009).

Porém, antes que necessite ser controlada, a doença deve ser prevenida

através de medidas de biosseguridade aliadas ou não a programas de vacinação

dos planteis (PAULILO; JÚNIOR, 2009). A prevenção na maioria dos países está

atreladas a programas implantados através de uma legislação própria, que pode ser

muito variável pois depende da situação da doença, politicas de controle interno e do

estado da vacinação do país importador ou exportador (ALEXANDER, 2009a).

Vários países possuem uma politica de sacrifício das aves infectadas com o

descarte obrigatório das mesmas. Podem ser associadas restrições quanto ao

movimento das aves e na produção de áreas afetadas. Quanto a vacinação, o seu

critério também varia de acordo com a legislação do país, podendo ser profiláticas

de todas as aves ou sendo obrigatória a “vacinação por anel” posterior a algum

surto.

O vírus da Doença de Newcastle é um antígeno que pode afetar os seres

humanos, visto que na Grã-Bretanha é considerado um agente biológico que pode

causar doença nos seremos humanos além de oferecer risco para o pessoal, porém

com improvável propagação na comunidade, sendo classificado no grupo 2 de risco

do Comitê Conselheiro de Patógenos.

As infecções não representam ameaça a vida das pessoas, apresentando, em

sua maioria, sinais de infecção ocular com irritações unilaterais ou bilaterais,

lacrimejamento excessivo, edema das pálpebras, conjuntivites hemorragia

subconjuntival.

O contagio da doença nos seres humanos foram resultantes do contato direto

com o vírus, através de aves ou carcaças contaminadas. Apesar de não houver

relatos da propagação da enfermidade de seres humanos para seres humanos, a

propagação é provável. Os indivíduos acometidos eram, normalmente, os que

possuíam contato direto com a fonte de infecção em suas profissões, tornando a

doença de caráter ocupacional (ALEXANDER, 2009a).

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3.3 POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS EM INFLUENZA AVIÁRIA E DOENÇA

DE NEWCASTLE

No ano de 1994 é criado o Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA)

com a finalidade de definir ações que levassem a certificação sanitária da avicultura

brasileira e consequentemente garantir a produção de alimentos saudáveis tanto

para o mercado interno quanto para o externo, envolvendo medidas relacionadas a

Doença de Newcastle, Influenza aviária, salmoneloses e micoplasmoses (BORSOI,

2016).

Desde a sua implantação, no PNSA, a Influenza Aviária é uma prioridade do

programa, que foi pioneiro em relação à estruturação dos serviços veterinários

públicos e privados de apoio, seja na área de campo, laboratório ou inspeção.

Realizando o monitoramento seja da IN ou DN nos sítios de aves migratórias, na

soroepidemiologia dos plantéis e na vigilância ativa no abate. Fato que posicionou o

Brasil no mercado internacional de carne de aves. Desde 1994, o diagnóstico para

IN foi implantado no laboratório do Ministério da Agricultura em Campinas. No ano

de 1995 são determinadas as pertinências do Comitê Cientifico do PNSA, formado

pelos maiores especialistas da área (LYRA, 2016).

Em 2004 é criado pela União Brasileira de Avicultura (UBA) e pela Associação

Brasileira dos Exportadores de Frango (ABEF) o programa de regionalização,

objetivou a divisão do país em áreas geográficas de diferentes situações sanitárias

para que, otimizando o controle sanitário, outras regiões não fossem afetadas em

relação ao comércio internacional devido a uma possível ocorrência de alguma

doença infectocontagiosa (AVICULTURA INDUSTRIAL, 2004).

No domínio do Programa Nacional de Sanidade Avícola, em 2006, foi

aprovado o Plano Nacional de Prevenção da influenza Aviária e de Controle e

Prevenção da Doença de Newcastle onde foram determinadas as normas de

vigilância da Influenza Aviária para o diagnóstico clínico na ocasião de mortalidade

anormal acima de 10% acumulado ou em 72 horas em frango de corte e também

acima de 20% acumulado em matrizes e poedeiras. Notificação que deve ser feita

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imediatamente ao Ministério da Agricultura que inspecionará as granjas em questão

(LYRA, 2016).

Entra em vigor, em 2007, a Instrução Normativa (IN) 56 da Secretaria de

Defesa Agropecuária (SDA) do MAPA, implantando de forma compulsória, normas

mínimas de biosseguridade a serem seguidas para a obtenção do registro dos

estabelecimentos avícolas frente ao Serviço Veterinário Oficial (SVO) do estado

onde o mesmo se encontra. As medidas exigidas pela normativa englobam itens,

como, por exemplo, padrão de piso, tamanho de malha das telas de proteção e

dimensão das cercas de isolamento, itens esses para aperfeiçoar as barreiras de

proteção contra a introdução e disseminação de possíveis doenças

infectocontagiosas (UBABEF, 2012).

Era previsto para que em dois anos após a publicação da instrução normativa

os estabelecimentos estivessem adequados, contudo, em dezembro de 2009 a SDA

e o MAPA baixaram a Instrução Normativa 59 modificando alguns padrões da IN 56

e ainda estendendo o prazo de adequação para dezembro de 2012 atendendo aos

pedidos do setor avícola (AVICULTURA INDUSTRIAL, 2012). Antes, a IN 61 de 5 de

dezembro já havia alterado o prazo de registro, mas para estabelecimentos de

reprodução (BORSOI, 2016).

Ainda assim, próximo ao final do prazo estipulado através da IN 59, uma nova

instrução normativa é baixada. A IN 36, de 07 de dezembro de 2012, do MAPA

modificou alguns pontos da IN 56, porém, as principais modificações foram

referentes a não obrigatoriedade da instalação de telas de proteção em galpões do

tipo californiano de postura comercial e também em relação aos estabelecimentos

ainda não registrados, onde os mesmos passarão a ser considerados de maior

suscetibilidade à introdução e disseminação de agentes patogênicos, devendo

atender a um programa de gestão de risco diferenciado e mais rigoroso (AVISITE,

2012; AVICULTURA INDUSTRIAL, 2013; BORSOI, 2016).

Através da Portaria nº 253, o Ministério da Agricultura submeteu a consulta

pública o Projeto de Instrução Normativa para instaurar o Plano Nacional de

Prevenção e Vigilância da Influenza Aviária e da Doença de Newcastle. O projeto

estabelece medidas sanitárias de controle, novas e mais rigorosas, a serem

praticadas em um possível cenário de confirmação de foco (LYRA, 2016).

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3.4 PROGRAMA DE COMPARTIMENTAÇÃO DA AVICULTURA

No ano de 2008, no Brasil, iniciavam estudos para a implantação do

Programa de Compartimentação da Avicultura. Projeto elaborado pela OIE teve a

cadeia da avicultura brasileira escolhida para que fosse realizado o projeto piloto do

sistema, sob coordenação do Ministério da Agricultura e da Associação Brasileira de

Proteína Animal (ABPA, 2013).

O sistema consiste na esquematização da produção nacional em

compartimentos, criando subpopulações, com um status sanitário diferenciado para

uma ou mais doenças específicas, principalmente a Influenza Aviária e a Doença de

Newcastle, fazendo com que eventos epidemiológicos se tornem mais fáceis de

serem controlados através de normas de biossegurança mais rigorosas, auditorias

de risco periódicas, sistema de rastreabilidade e vigilância dos planteis e dos

animais domésticos próximos às unidades, assim, reduzindo impactos econômicos

provocados pelo bloqueio das exportações devido a possíveis surtos e garantindo

uma maior segurança sanitária à produção brasileira (ABPA, 2013; AVICULTURA

INDUSTRIAL, 2014a). A implantação do conceito trás uma garantia adicional de

segurança sanitária a outros processos de certificação já existentes (MAPA, 2014b).

O conceito de um compartimento amplia a aplicação de um limite de risco

além de uma questão apenas geográfica e considera todos os fatores

epidemiológicos que contribuem para a separação específica da doença entre as

subpopulações.

O compartimento pode se estabelecer com respeito à determinada

enfermidade ou até determinadas enfermidades. Este compartimento deve ser

definido claramente, indicando a localização de todos os seus componentes,

explorações incluídas e suas unidades funcionais relacionadas como fábricas de

rações e abatedouros e sua inter-relação e contribuição para uma separação

epidemiológica entre os animais em um compartimento (OIE, 2016a).

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FIGURA 1 – ESQUEMATIZAÇÃO DE UM COMPARTIMENTO

FONTE: MAPA (2014a)

Os procedimentos utilizados para estabelecer um programa de

compartimentação dependem diretamente da epidemiologia da enfermidade, da

presença e do papel de espécies suscetíveis presentes na fauna silvestre e os

fatores de meio ambiente.

Para que se defina um compartimento é necessário levar em consideração

certos fatores, como a aplicação de medidas para que se evite a entrada do agente

infeccioso além de sua rápida detecção de acordo com sua epidemiologia.

A compartimentação permite que uma subpopulação animal seja separada de

demais animais, sejam eles domésticos ou silvestres. Isso é viável graças a medidas

de biosseguridade que o conceito de regionalização não permitiria. No caso da

ocorrência de um surto de alguma doença, o sistema de compartimentação permite

ao país que o emprega o conceito de tirar proveito das relações epidemiológicas

entre os compartimentos e das medidas de biosseguridade para facilitar o controle

da doença e/ou a continuidade do comércio (OIE, 2016b).

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A gestão e medidas de biosseguridade são os pilares principais de um

compartimento, os fatores geográficos também possuem um papel importante na

separação adequada do compartimento e das populações animais circulantes e de

diferente situação sanitária (OIE, 2016a).

O plano de biosseguridade de um sistema de compartimentação irá descrever

as devidas funções tanto do setor privado quanto do Serviço Veterinário Oficial para

o andamento e a gestão ideal dos compartimentos. Também conterá as informações

sobre o controle do deslocamento dos animais, registros de produção dos lotes,

origem de rações, resultados provenientes da vigilância epidemiológica, natalidade e

mortalidade dos animais, visitantes, histórico de morbidade, medicações e

vacinações realizadas, documentação referente à formação do pessoal envolvido

com a produção dos animais e qualquer outro critério que se julgue necessário para

a avalição de redução de risco. As medidas para garantir a reavaliação periódica de

riscos e ajuste conceitos também estrão descritas no plano de biosseguridade.

É indispensável à existência de um sistema confiável de identificação e

rastreabilidade dos animais para validar a integridade sanitária do compartimento

Deve-se também ser levado em consideração fatores em torno do

compartimento que possam levar risco sanitário para o mesmo como, por exemplo, a

presença de animais domésticos e silvestres de diferente status sanitário, feiras e

exposições agrícolas, zoológicos e quaisquer pontos de concentração de animais

(OIE, 2016b).

Os fatores de infraestrutura dos núcleos de produção animal que compõem

um compartimento também possuem grande contribuição para a eficácia da

biosseguridade do mesmo (OIE, 2016a).

A responsabilidade do setor pecuário dentro do programa correspondem a

aplicação de medidas de biosseguridade, documentação e registro dos

deslocamento de pessoas e animais, sistemas de garantia de qualidade,

monitoramento da eficácia e das medidas aplicadas, aplicação de medidas

corretivas, vigilância dos compartimentos, comunicação rápida com os órgãos

públicos e fácil acessibilidade dos registros.

Já a os serviços veterinários oficiais tem como função a emissão de

certificados para o deslocamento dos animais, realização periódica de inspeção das

instalações de alojamento, das medidas de biosseguridade além dos registros e

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métodos de vigilância. Possuem também a responsabilidade da vigilância,

notificação e diagnóstico de um possível surto.

O estabelecimento e manutenção da diferença de status sanitário entre

compartimentos devem ser compatíveis com as características do compartimento

em questão, levando em consideração fatores sanitários, condição sanitária das

áreas limitantes, medidas de biosseguridade empregadas que englobam o controle

do trânsito dos animais, utilização de fronteiras naturais e artificiais, segregação

física dos animais, gestão comercial e os métodos de exploração, além da vigilância

constante da enfermidade (OIE, 2016b).

Caso seja observado o descumprimento das medidas de biosseguridade

determinadas, será suspensa a certificação de exportação do compartimento mesmo

que não haja um surto estabelecido. O status de compartimento livre da doença não

será concedido até que o compartimento tenha adotado as medidas necessárias

para o restabelecimento do nível da biosseguridade original e a sua situação

sanitária seja novamente aprovada por uma autoridade veterinária responsável.

Na ocasião de um compartimento considerado livre de certa enfermidade

esteja em risco devido a uma alteração da situação sanitária de uma região próxima,

ficará a cargo da autoridade veterinária avaliar imediatamente o status do

compartimento em questão e determinar se haverá necessidade de adoção de

medidas de biosseguridade adicionais para se preserve a integridade sanitária do

mesmo.

A autoridade veterinária que possui autonomia para conceder, suspender e

revogar o status de um compartimento deverá verificar continuamente o

cumprimento de todos os requisitos essenciais para que se mantenha o status do

compartimento e para assegurar que os países importadores tenham acesso a todas

as informações necessárias (OIE, 2016a).

No início do ano de 2014, o Ministério da Agricultura reuniu um corpo técnico

para que fosse desenvolvida uma normativa nacional que estabelecesse questões

operacionais referentes à certificação sanitária, auditorias e supervisões além dos

procedimentos de biosseguridade e vigilância epidemiológica para a prevenção de

casos de Influenza Aviária e Doença de Newcastle (MAPA, 2014b). Doenças essas

consideradas como emergenciais e com potencial de gerar grandes impactos

econômicos, devido às restrições comerciais consequentes aos surtos, e sanitários

tanto para a população humana quanto a população animal (MAPA, 2011).

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Segundo Martins (2012), o preparo do setor avícola de cada país para

enfrentar surtos de influenza Aviária é de extrema importância para diferir os

impactos e consequências socioeconômicas visto que em frente a um surto na Ásia,

o país do Vietnã teve uma estimativa nove vezes maior em perdas econômicas

quando comparado ao Japão, com um setor avícola considerado melhor preparado

do que o do país vietnamita. O autor ainda cita, em relação a investimentos para a

prevenção de surtos, que na década passada foi estimada a quantia de 247 milhões

de dólares para a melhora do sistema de controle da Influenza Aviária na América

Latina. Investimento esse que poderia prevenir custos de mais de US$ 1,2 bilhão

para que um possível surto fosse controlado, além de perdas entre 12 e 85 bilhões

de dólares caso uma pandemia se alastrasse pelos países latino-americanos.

Segundo Marques (2013), entre os anos de 2012 e 2013, o México, teve

aproximadamente uma perda de US$ 930 milhões devido a um surto de Influenza

Aviária inicialmente detectado em granjas produtoras de ovos e causado pelo vírus

A/H7N3.

Devido a um surto de IA ocorrido em 2004, a Tailândia teve sua produção

reduzida em mais de 50% e as suas exportações de produtos in natura proibidas em

todo o mundo. Somente em 2012 o país conseguiu equiparar seus números em

exportações com os mesmos de dez anos anteriores. Para esta recuperação, o país

tailandês lançou mão de vários investimentos principalmente na adequação das

plantas de processamento, que passaram a produzir um número muito maior de

produtos industrializados do que produtos in natura. Além disso, novas e mais

rigorosas medidas de biosseguridade foram estabelecidas, sejam elas em relação ao

trânsito de aves, período de vazio entre lotes nos aviários, auditorias anuais em todo

o sistema produtivo. Estima-se que somente nas propriedades produtoras foram

investidos aproximadamente 500 milhões de dólares pelas companhias

avícolas (BUTLAND, 2013).

Ainda no ano de 2014, o Brasil se torna o primeiro país a elaborar uma

legislação que regulamente o sistema de compartimentação na cadeia avícola. Tal

fato ocorreu através da publicação da Instrução Normativa nº 21, de 21 de outubro

de 2014 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, oficializando o

modelo produtivo e estabelecendo premissas a serem seguidas para que a empresa

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interessada a seguir o modelo de compartimentação seja certificada como tal

(AVICULTURA INDUSTRIAL, 2014b).

As normas estabelecidas pela Instrução Normativa são de caráter facultativo

e a mesma estabelece as normas técnicas de Certificação Sanitária da

Compartimentação da Cadeia Produtiva Avícola de granjas de reprodução, corte e

incubatórios, sejam de galinhas ou perus, para a infecção pelo vírus da Influenza

Aviária e Doença de Newcastle.

A certificação definida pela IN tem como objetivo reconhecer e atestar

subpopulações de aves com status sanitário diferenciado, por meio da implantação

de procedimentos complementares de biosseguridade, vigilância epidemiológica,

supervisões e auditorias.

Inicialmente, a IN trata das exigências para a certificação medida que engloba

a instituição de uma Equipe de Gestão de Compartimento (EGC), entrega da

documentação necessária para o Serviço Veterinário Oficial, registro de granjas e

incubatórios, instituição de POPs (Procedimentos Operacionais Padrão) para as

medidas de biosseguridade, promover registros auditáveis de todos os

procedimentos de biosseguridade, capacitação de todos os profissionais envolvidos

e a não realização da vacinação para DN em aves de corte. Além disso, os núcleos

e incubatórios devem manter registros quanto ao consumo de água e ração, ganho

de peso no caso da aptidão de corte, produção e aproveitamento de ovos, números

quanto a eclosão nos incubatórios e os medicamentos utilizados.

A certificação sanitária ocorrerá através de auditorias do SVO e terá validade

de dois anos devendo ser realizada a promoção de supervisões internas pela equipe

de gestão do compartimento a cada quatro meses nos núcleos de corte e a cada

três meses nos núcleos de reprodução, incubatórios e Unidades Funcionais

Associadas (UFA). O SVO ficará responsável por auditorias anuais amostrais.

Quanto às não conformidades, caso forem existentes deverão ser submetidas a

medidas corretivas imediatas ou implantando um plano de ação para resolução do

problema em até dois dias. A existência de não conformidades pode resultar desde

advertência formal até o cancelamento da certificação do compartimento. O

cancelamento imediato da certificação do compartimento pode ocorrer devido a

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entrada de aves, ovos, material para cama ou forração de ninho que não sejam

provenientes de compartimentos ou locais autorizados pela EGC ou pela ocorrência

de infecção por Influenza Aviária ou Doença de Newcastle.

O processo de vigilância epidemiológica incluirá a vigilância sorológica de

triagem das aves presentes nas unidades de produção e também das que estiverem

presentes no raio de um quilometro dos compartimentos, testes realizados por

laboratórios públicos credenciados. Avaliações clínicas por meio de necropsias

poderão ser realizadas. Granjas de reprodução deverão realizar vacinação contra a

Doença de Newcastle. Caso necessário, metodologias moleculares e de isolamento

serão utilizadas para fins confirmatórios por meio dos laboratórios oficiais. Os custos

provenientes dos exames laboratoriais serão arcados pela empresa voluntária.

Em caso de alerta sanitário, serão intensificadas as medidas de vigilância

clínico-epidemiológica e as coletas de amostras nas unidades de produção.

As medidas de biosseguridade determinadas pela Instrução Normativa giram

em torno do abastecimento de água, fornecimento de ração, proximidade de

espécies suscetíveis a IA e DN em relação ao núcleo de produção, acesso de

pessoas e veículos, entrada de materiais e equipamentos, uso de vacinas e

produtos biológicos, e, por fim, o controle de pragas sejam essas insetos ou

roedores (BRASIL, 2014).

A iniciativa para implantação do projeto contou com a contribuição de grandes

empresas produtoras da cadeia avícola brasileira, e no ano de 2014, uma das

companhias envolvidas teve a aprovação do seu projeto de compartimentação,

sendo a primeira do Brasil a conseguir tal feito. A companhia em questão

desenvolveu todo seu projeto seguindo estritamente as regras formuladas pela OIE.

Vários fatores foram avaliados durante o desenvolvimento do projeto, como o fluxo

de pessoas e veículos, qualidade da água, controle de pragas, localização e planta

das fazendas. Equipamentos, instalações de desinfecção, tratamento de resíduos,

vacinas e medicamentos e o movimento de animais de criação também foram

elementos avaliados.

Todo o levantamento realizado pela empresa foi para que em alguma possível

emergência sanitária as medidas para combatê-la possam ser feitas da maneira

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mais rápida possível. Além disso, a companhia promoveu treinamento para os

colaboradores para que os mesmos tenham capacidade de agir corretamente em

possíveis surtos (AVICULTURA INDUSTRIAL, 2014a).

Frente ao cenário de implantação do sistema, o IPC (International Poultry

Council), solicitou a OIE e seus países membros, no início do ano de 2015, o

reconhecimento do programa de compartimentação como uma ferramenta que

garanta o fluxo do comércio de carnes e material genético. Desta forma, países que

tenham o programa implantado não teriam suas exportações suspensas mesmo com

um caso de Influenza Aviária em seu território, porém, de produtos provenientes de

compartimentos que estejam em uma distância segura dos afetados pelo surto da

doença. Para que o reconhecimento aconteça é necessário que haja uma revisão

das regras definidas pelo OIE Terrestrial Animal Health Code, código da organização

que rege os sistemas de regionalização das produções (AVE WORLD, 2015),

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4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Durante o período de estágio curricular, as atividades desenvolvidas se

voltaram para a área de fomento do frango de corte da unidade. Incluíam as

atividades exercidas as visitas técnicas nos aviários integrados, monitorias de

sanidade e biosseguridade das granjas, registro das propriedades integradas

seguindo normas da IN-56 do MAPA frente ao órgão de defesa agropecuária do

Estado, avaliação de padrões técnicos de funcionamento de aviários sistema dark

house e treinamentos realizados para a equipe técnica. Na tabela 1 estão

discriminadas as atividades exercidas e a carga horária dedicada para cada uma.

TABELA 1 – CARGA HORÁRIA DEDICADA EM RELAÇÃO À ATIVIDADE

DESENVOLVIDA DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO.

Atividade Desenvolvida Carga horária ou frequência

Visitas técnicas 100 horas

Monitorias sanitárias e de

biosseguridade

76 horas

Registro de propriedades 240 horas

Avaliação de aviários Dark House 120 horas

Treinamentos 24 horas

Visita ao incubatório 8 horas

Visita ao abatedouro 8 horas

Visita a fábrica de rações 8 horas

Total 584 horas

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4.1 VISITAS TÉCNICAS

As visitas técnicas tinham seu escopo direcionado, principalmente, as

condições de manejo empregadas ao lote pelo integrado. Dentre os parâmetros

avaliados durante a visita estavam fatores como a temperatura do aviário, se a

mesma estava ideal para a faixa de idade do lote em produção, qualidade da água,

deveria estar fresca e apresentando no mínimo 3ppm (partes por milhão) de cloro,

regulagem de bebedouros e comedouros de acordo com o tamanho das aves,

qualidade do ar, livre de gases nocivos aos animais além da qualidade da cama do

aviário, deve se apresentar seca, macia e com boa capacidade de absorção.

Em especial nas fases pré-inicial e inicial, além dos parâmetros já

mencionados, era também foco da visita o tamanho do pinteiro e se o mesmo

atendia o número ideal de comedouros e bebedouros para um número pré-

estipulado de aves pela empresa, além disso, os critérios a respeito de ventilação

mínima, realizada para a renovação do ar no pinteiro e também o sistema de

circulação de ar, para homogeneizar a temperatura do mesmo eram pontos sempre

muito enfatizados nas visitas realizadas em lotes de fases iniciais. Também na fase

pré-inicial era exigido pela integradora o arraçoamento na superfície de faixas de

papel dispostos na cama do aviário para que fosse estimulado o consumo de ração

pelos pintainhos.

FIGURA 2 – TÉCNICA DE ESTÍMULO DE CONSUMO ATRAVÉS DE

ARRAÇOAMENTO EM PAPEL

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Caso estes fatores estivessem fora do padrão estabelecido pela empresa

aliado ao auxílio através da observação do comportamento dos animais frente a um

ambiente desfavorável, eram feitas as recomendações necessárias para a melhoria

das condições de manejo e criação do lote em respeito, ainda assim, as

recomendações eram deixadas em registro na ficha do lote em respeito.

FIGURA 3 – AVES AGLOMERADAS MIGRANDO DE UM PONTO AO OUTRO DO

AVIÁRIO DEVIDO A INSUFICIENTE DIVISÃO DO MESMO

O desempenho do lote era acompanhado através da ficha do mesmo, onde

eram registradas as pesagens realizadas aos 7, 14, 21, 28 e 35 dias, mortalidade

diária e consumo de água e ração. Além dos itens citados, a ficha do lote também

possuía dados de rastreio como linhagem, incubatório fornecedor dos pintainhos,

idade das matrizes, vacinas realizadas e quantidade de aves alojadas.

4.2 MONITORIA SANITÁRIA

A monitoria sanitária do lote era realizada através da necropsia de cinco aves

selecionadas aleatoriamente no aviário, eram feitas em lotes de 18 a 22 dias e

também de 28 a 32 dias. A classificação das lesões, caso houvessem, era realizada

com base em um manual padrão elaborado pela empresa onde havia padrões de

lesões já estabelecidos. Em sua maioria, as lesões eram qualificadas em

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pontuações de, por exemplo, 0 a 3 ou também na ausência ou presença de alguma

anormalidade.

FIGURA 4 – AVE APRESENTANDO INTENSA CONTAMINAÇÃO BACTERIANA

FIGURA 5 – PORÇÃO DO INTESTINO DELGADO COM LESÕES

CARACTERÍSTICAS DE Eimeria Acervulina

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Por exigência do Ministério da Agricultura através da IN 70 de 2003, todos os

lotes de estabelecimentos comerciais de frangos de corte devem passar por coletas

de amostras para pesquisa, isolamento e tipificação para Salmonella Enteritidis,

Salmonella Typhimurium, Salmonella Gallinarum e Salmonella Pullorum o mais

próximo possível possível da data de abate do lote, porém, com tempo hábil para

que o resultado seja conhecido antes do abate das aves.

Durante o período de estágio foi possível o acompanhamento de algumas

coletas de amostra para pesquisa de Salmonella. As coletas eram realizadas por

volta do 35° dia de alojamento do lote através de suabes de arrasto, previamente

transportados sob refrigeração em caixa térmica devidamente higienizada e

desinfetada, sobre a cama do aviário.

Nos aviários registrados no Serviço Veterinário Estadual (SVE), eram

coletados quatro suabes, agrupados em apenas um pool, sendo que cada dois

suabes representavam 50% da superfície total do aviário. Já nos núcleos que ainda

não haviam sido registrados no SVE a coleta era realizada através de quatro

suabes, porém divididos em dois pools com dois suabes em cada, sendo que a cada

dois suabes correspondiam a 50% da área do aviário.

Após a coleta, o suabe era imediatamente armazenado em saco plástico

identificado e transferido para uma caixa isotérmica com gelo para o transporte até a

unidade. Então, a amostra seguia através de transportadora para que fosse

realizada a análise em um laboratório credenciado.

No dia 25 de outubro de 2016, o MAPA, através da Instrução Normativa Nº

20, revogou a IN Nº 70 de 2003 (AVISITE, 2016).

A IN 20 estabelece o controle e monitoramento da Salmonella spp. nos

estabelecimentos avícolas comerciais de frangos e perus de corte e nos

estabelecimento de abate de frangos, galinhas, perus de corte e reprodução,

registrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF), com o objetivo de reduzir a

prevalência do agente e definir um nível adequado de proteção ao consumidor.

O controle e monitoramento será realizado através da verificação do status

sanitário dos lotes de galinhas e perus de reprodução destinados ao abate,

monitoramento e controle de Salmonella spp. nos estabelecimentos de abates de

aves registrados no SIF, adoção de medidas de controle específicas para

Salmonella Typhimurium e Salmonella Enteritidis pelo fato de serem patógenos de

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grande importância para a saúde públicam adoção de medidas de controle

específicas para Salmonella Pullorum e Salmonella Gallinarum por serem

patógenos de grande relevância para a saúde animal e através da gestão de risco

baseado no banco de dados dos sorovares de Salmonella spp. e através de uma

revisão periódica e sistemática das ações de monitoramento e controle (BRASIL,

2016).

Desde a sua data de publicação, a normativa concedeu um prazo de 120 dias

para as adequações necessárias as novas exigências por parte dos

estabelecimentos avícolas (AVISITE, 2016).

4.3 AUDITORIAS DE BIOSSEGURIDADE

A auditoria de biosseguridade era conduzida por meio de um check list pré-

existente estruturado em quatro critérios de avaliação: registros; área externa; área

interna; bem estar animal.

O primeiro item, voltado para os registros, avaliava se na propriedade em

questão eram mantidos atualizados registros referentes à entrada de visitantes

diretos e terceiros, uso de medicamentos que por ventura foram prescritos para o

lote em andamento, registro de aplicação de inseticidas estabelecido, controle de

roedores, análise microbiológica de água atualizada, presença de amostras de

rações de até seis meses para que fosse possível garantir a rastreabilidade da

mesma caso necessário e a avaliação do estado da ficha do lote em andamento, se

a mesma estava com informações atualizadas, sem rasuras e espaços não

preenchidos.

Na fase da avaliação que se tratava da área externa em relação ao aviário

eram levados em consideração os itens como a presença de sabonete, papel toalha

e álcool 70% para serem utilizados antes da entrada no aviário, disponibilidade de

roupas para uso da equipe técnica durante as visitas, identificação e bom estado de

conservação dos porta-iscas para controle de roedores, isolamento do aviário de

forma a impedir a entrada de pássaros ou outros tipos de animais fontes de

contaminação, pleno funcionamento do arco de desinfecção, limpeza da área ao

entorno do aviário, silos de ração devidamente fechados e em bom estado de

conservação, ausência de animais no interior da cerca de proteção, condição

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estrutural da composteira de forma que garanta seu isolamento e seja possível o seu

manejo de forma adequada, possibilidade da drenagem da água nos arredores do

aviário para que não ocorra acumulo de umidade em sua lateral, existência de um

único portão de entrada e saída do núcleo e por último a ausência de árvores

frutíferas no interior do núcleo ou próximo a portaria.

FIGURA 6 – ARCO DE DESINFECÇÃO NA ENTRADA DA PROPRIEDADE

FIGURA 7 – COMPOSTEIRA EM CONDIÇÕES ESTRUTURAIS IDEAIS

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FIGURA 8 – USO DE ROUPA DESCARTÁVEL DURANTE VISITA AO AVIÁRIO

FIGURA 9 – INTERIOR DE UM NÚCLEO EM CONDIÇÕES IDEAIS DE LIMPEZA

Já no item que tratava da área interna do aviário os pontos avaliados

consistiam na qualidade do manejo de intervalo de lotes em relação à fermentação

correta da cama, lavagem dos equipamentos, queima de penas e aplicação de cal

também era levado em consideração o nível de cloro na água dos bebedouros que

deveriam estar apresentando no mínimo 3 ppm de cloro, presença de aves em

decomposição no interior do aviário, acondicionamento adequado das aves mortas

em recipientes identificados antes de serem levadas à composteira, correta

higienização das mãos antes da entrada no aviário, presença de calçados para uso

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específico no interior do aviário além de pedilúvios contendo cal na entrada dos

mesmos, procedência idônea do substrato utilizado na cama, boas condições de uso

e conservação das lonas de fermentação e, por fim, era verificado se a propriedade

atendia conceitos básicos de organização, limpeza e autodisciplina.

FIGURA 10 – AVIÁRIO EM PERÍODO DE INTERVALO PASSANDO POR

PROCESSO DE FERMENTAÇÃO DE CAMA

O último tópico do check list, voltado ao bem estar animal, avaliava itens

como a condição da cama, se a mesma se apresentava macia, com boa capacidade

de absorção e ausência de empastamento e/ou materiais estranhos, ausência de

possíveis pontos em que as aves pudessem se lesionar, ausência de aves

lesionadas e caquéticas no lote, eliminação das aves por meio do deslocamento

cervical, controle e registro diário de mortalidade e acompanhamento da mesma pela

equipe técnica, operação correta dos equipamentos de ventilação (nebulizadores,

ventiladores e exaustores) para garantir conforto térmico para as aves além da

garantia da limpeza e fornecimento adequado de água e ração ofertados aos

animais.

Ao final da avaliação, com base no cumprimento ou não dos itens avaliados,

que possuíam um peso individual dentro de próprio check list, era determinada uma

nota final para a propriedade auditada.

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FIGURA 11 – CAMA APRESENTANDO EMPASTAMENTO

FIGURA 12 – CAMA APRESENTANDO ALTO GRAU DE UMIDADE

4.4 REGISTRO DE PROPRIEDADES

No ano de 2007, o MAPA, para a prevenção da entrada e disseminação de

doenças de risco tanto para a sanidade avícola quanto para a saúde publica,

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implantou a Instrução Normativa 56, que implanta medidas de biossegurança e

biosseguridade para estabelecimentos avícolas comerciais. As medidas também

levam a um melhoramento do controle sanitário do plantel nacional o que garantirá a

segurança do produto final tanto para o mercado interno quanto externo.

O processo de levantamento da documentação necessária para o registro dos

estabelecimentos avícolas é de responsabilidade da empresa integradora, sendo

assim, uma das atividades realizadas durante o estágio curricular foi voltada a essa

função. Após o levantamento da documentação, a mesma era direcionada para o

órgão estadual de defesa sanitária animal, no caso da unidade em que o estágio foi

realizado, esses órgãos se tratavam da ADAPAR (Agência de Defesa Agropecuária

do Paraná) e também da CIDASC (Companhia Integrada de Desenvolvimento

Agrícola de Santa Catarina).

Posteriormente a entrega da documentação no órgão oficial, o Medico

Veterinário do órgão em questão realizava uma auditoria na propriedade a ser

registrada pela Instrução Normativa 56. Essa auditoria era dividida em duas partes,

documental e estrutural.

A questão documental exigia o cadastro da propriedade no serviço veterinário

estadual, responsável técnico do aviário mediante declaração e cópia da carteira do

CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária), planta de localização e planta

baixa da propriedade além de um memorial descritivo da mesma. Na fase de

avaliação estrutural da propriedade os itens auditados eram as condições da cerca

de isolamento, quais os produtos utilizados para limpeza e desinfecção do local,

local para desinfecção de veículos, cumprimento das distâncias regulamentadas

pela Instrução Normativa, execução das boas práticas de produção, correto controle

de pragas na propriedade, análise microbiológica da água de trânsito de veículos e

pessoas e registro de manejo dos lotes.

4.5 AVALIAÇÃO DE AVIÁRIOS DARK HOUSE

Devido ao fato da integração da unidade ser relativamente antiga, composta

na sua maioria de aviários convencionais, estava em andamento um processo de

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substituição dos aviários convencionais antigos por aviários do tipo Dark House, com

sistema de ventilação artificial do tipo túnel por pressão negativa.

O princípio do funcionamento destes aviários é forçar a entrada de ar por uma

única abertura, guarnecida por uma placa evaporativa, que quando necessário é

umidificada através do funcionamento de bombas de água, situada em uma

extremidade do aviário, através do funcionamento de grupos de exaustores

localizados na extremidade oposta. O objetivo do sistema é criar um túnel artificial de

ar com velocidade constante de, aproximadamente 3 m/s, para garantir a renovação

do ar do aviário e o resfriamento do ambiente do mesmo quando necessário, sem

fazer com que a corrente de ar gerada atinja as aves no solo do galpão.

FIGURA 13 – EXAUSTORES LATERAIS DE UM AVIÁRIO DARK HOUSE

Porém, para o funcionamento eficiente dos aviários, é necessária uma

avaliação das condições dos mesmos quanto à sua velocidade do ar, pressão

estática, variável que influencia diretamente a velocidade do ar, vedação, para

garantir que exista somente uma entrada de ar e consequentemente melhor

distribuição do mesmo, funcionamento de equipamentos, como, por exemplo,

exaustores, placa evaporativa, sondas de pressão, temperatura e umidade além da

programação do controlador de ambiência, aparelho que realiza a automação de

várias funcionalidades do galpão. Avaliação esta, que era realizada pela equipe

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técnica da unidade e foi possível acompanha-las durante o período de estágio

curricular.

FIGURA 14 – MENSURAÇÃO DA VELOCIDADE DO AR E DA PRESSÃO

ESTÁTICA DE UM AVIÁRIO.

4.6 TREINAMENTOS

Frequentemente eram realizados treinamentos por parte da empresa para a

equipe técnica de fomento, durante o período de estágio foi possível participar

desses treinamentos realizados. Um deles, destinado aos médicos veterinários da

empresa, se tratou do uso de antimicrobianos na avicultura. Enquanto outros dois,

voltados à equipe técnica de fomento de frango de corte, incluindo médicos

veterinários e extensionistas visou a programação de controladores de ambiente

para aviários, cada treinamento para uma marca distinta de controlador.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o período de estágio foi possível colocar em prática diversos

conhecimentos obtidos durante a graduação, associando os mesmos com a

realidade vivenciada pelos profissionais da empresa, tanto em relação à produção

animal, englobando todo o processo da produção da carne de frango, do incubatório

ao abate, ou em relação ao o trabalho com pessoas sejam elas colegas de trabalho

ou produtores integrados. No caso do trabalho com os produtores, se demonstrou

com clareza a importância da extensão rural em um cenário de 320 produtores de

diferentes níveis sócio-culturais, levando o profissional em questão a agir de forma

diferente em cada propriedade no momento de transmitir orientações técnicas e

promover um trabalho de educação continuada com os produtores.

Devido ao grande porte e estruturação da empresa onde o estágio curricular

foi desenvolvido foi possível observar a grande importância em relação à gestão e

administração do negócio, fator crucial para o acompanhamento de resultados

obtidos ou metas definidas.

Em suma, ficou claro que o papel de um médico veterinário dentro de uma

grande companhia de produção de proteína animal envolve muitas questões além

do trabalho com animais propriamente dito.

O trabalho de sanitarista do médico veterinário no setor avícola é de extrema

importância, tendo em vista que as grandes perdas econômicas a cadeia produtiva

devido à ocorrência de patologias levando a diminuição da produção do lote ou ao

aumento da mortalidade do mesmo, além disso, e não menos importante está a

questão de saúde pública onde certas enfermidades que acometem as aves

possuem caráter zoonótico e consequentemente podem afetar o ser humano. Frente

a isto, é de responsabilidade do médico veterinário a prevenção através da

instituição de protocolos de vacinação e medidas de biosseguridade, a identificação

da doença por meio de sinais clínicos e necrópsias das aves e notificação ao Serviço

Veterinário Oficial caso necessário além do tratamento dos animais caso seja

possível e viável.

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A cadeia avícola brasileira cada vez mais se destaca no mercado mundial

graças as suas ações em biosseguridade tanto por parte da inciativa pública quanto

da iniciativa privada. O programa de compartimentação da cadeia avícola brasileira

vem para afirmar o status do país como um produtor de carne de frango de

excelência que garante um produto final de qualidade e certificada segurança

alimentar e também possibilitar o interesse de novos clientes para o produto

brasileiro e consequente contribuição para o crescimento da economia nacional.

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REFERÊNCIAS

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ALEXANDER, Dennis J. Influenza Aviária. In: REVOLLEDO, Liliana; FERREIRA, Antonio J. Piantino. Patologia Aviária. Barueri: Manole, 2009b. Cap. 25. p. 258-275.

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AVICULTURA INDUSTRIAL. Primeira empresa de aves no Brasil a obter aprovação de compartimentação pela OIE. 2014a. Disponível em:

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