41
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOS INVENTÁRIO E PARTILHA E OS BENEFÍCIOS TRAZIDOS PELA LEI N.º 11.441/2007 CURITIBA 2016 I

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

IVONETE DOS PASSOS

INVENTÁRIO E PARTILHA E OS BENEFÍCIOS TRAZIDOS PELA LEI N.º

11.441/2007

CURITIBA

2016

I

Page 2: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

IVONETE DOS PASSOS

INVENTÁRIO E PARTILHA E OS BENEFÍCIOS TRAZIDOS PELA LEI N.º

11.441/2007

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Eduardo de Oliveira Leite.

CURITIBA

2016

II

Page 3: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

TERMO DE APROVAÇÃO

IVONETE DOS PASSOS

INVENTÁRIO E PARTILHA E OS BENEFÍCIOS TRAZIDOS PELA LEI N.º

11.441/2007

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel no Curso de Direito

da Universidade Tuiuti do Paraná

Curitiba, de de 2016

Prof. Dr. PhD Eduardo de Oliveira Leite Universidade TUIUTI do Paraná Curso de Direito

Orientador: Prof. Eduardo de Oliveira Leite Universidade TUIUTI do Paraná Curso de Direito Professor: Universidade TUIUTI do Paraná Curso de Direito

Professor: Universidade TUIUTI do Paraná Curso de Direito

III

Page 4: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

EPÍGRAFE

“Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. Não sou tão feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor. Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos -- dor não é amargura. Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô. Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou”. (Adélia Prado , Bagagem. São Paulo: Siciliano. 1993. p. 11”.

IV

Page 5: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

AGRADECIMENTOS

Manifesto meu carinho e gratidão pelos professores que tive ao longo do curso, pela

persistência, pela dedicação pelo desempenho e pela certeza da contribuição árdua

desses profissionais para mudanças significativas, pois será o pilar onde edificaremos a

nossa jornada profissional.

A esta universidade, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje

vislumbro um horizonte superior, agraciada pela confiança no mérito e ética aqui

presente.

Ao meu orientador Eduardo De Oliveira Leite, pelo suporte no pouco tempo que lhe

coube, pelas suas correções e incentivos.

Em memória ao meu pai, agradecendo-lhe, por tudo que me ensinou e, sem dúvida que

seu exemplo, suas palavras, seus ensinamentos foram os melhores que alguém pode

receber. Por isso, meu pai, todos meus triunfos são seus também. Pois a saudade que

sinto de ti é maior que o infinito e tão inesgotável quanto o tempo.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito

obrigada.

V

Page 6: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

RESUMO

Hodiernamente, não pairam dúvidas de que o Poder Judiciário encontra-se abarrotado de demandas judiciais, cuja consequência é o prolongamento de diversas ações que, em muitas ocasiões, poderiam ser dirimidas de modo desburocratizado, extrajudicialmente. Sob este enfoque, com o escopo de criar mecanismos que visem acelerar o procedimento do inventário e da partilha e, por conseguinte, descongestionar a máquina judiciária, entrou em vigor a Lei n.º 11.441/2007. A aludida legislação traz em seu arcabouço normativo a possibilidade de inventariar e partilhar extrajudicialmente, desde que preenchidos determinados requisitos previstos na normatização regente, bem como na Resolução n.º 35/2007, do Conselho Nacional de Justiça. Diante disso, o presente Trabalho de Conclusão de Curso fará uma análise minuciosa acerca do inventário e da partilha, mormente sob a égide da Lei n.º 11.441/2007, trazendo à baila seus requisitos, procedimentos, competência, assim como os benefícios ensejadores do aludido regramento jurídico.

Palavras-chave: Inventário. Partilha. Extrajudicial. Instrumento Público.

VI

Page 7: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 1

2 ORIGEM E EVOLUÇÃO LEGISLATIVA ACERCA DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA....................................................................................

3

3 DELIMITAÇÃO CONCEITUAL.............................................................. 7

4 ANÁLISE DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 11.441/2007......................................................................................

10

4.1 REQUISITOS......................................................................................... 10

4.2 PROCEDIMENTOS APLICÁVEIS A ESPÉCIE...................................... 13

4.3 COMPETÊNCIA..................................................................................... 17

4.4 AS PRINCIPAIS INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI N.º 13.105/2015. 18

5 ANÁLISE JURISPRUDENCIAL ACERCA DO INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL................................................................

21

6 AS VANTAGENS TRAZIDAS PELA LEI N.º 11.441/2007.................... 26

7 CONCLUSÃO........................................................................................ 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................... 31

VII

Page 8: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

1

1 INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso tem por escopo analisar o inventário

e a partilha sob a égide da Lei n.º 11.441/2007, mormente as questões atinentes aos

requisitos e procedimentos, bem como a delimitação acerca da competência, sem

prejuízo de ponderar os benefícios trazidos pelo aludido ato normativo.

Induvidosamente, a questão da morosidade judicial é uma problemática que

assola o Brasil e, consequentemente, gera insegurança e descrédito no Poder Judiciário,

que, hodiernamente, encontra-se abarrotado de demandas, muitas supérfluas, mas

outras dotadas de complexidade, que devem ser dirimidas, necessariamente, pelo Poder

Público.

Diante disso, mostra-se necessário afastar da proteção do Poder Judiciário

questões que denotam menos complexidade e, principalmente, nos casos em que não

haja conflito de interesses, eis que prescindem de uma intervenção judicial e, portanto,

podem ser analisada de maneira mais rápida, sem qualquer confronto, de modo menos

oneroso.

Nestes casos, englobam-se o inventário e a partilha, que, uma vez cumpridos os

requisitos previstos na Legislação Regente, bem como na Resolução n.º 35/2007, do

Conselho Nacional de Justiça, mostra-se plenamente cabível sua instituição de maneira

extrajudicial.

O instituto do inventário e da partilha são instrumentos antigos, que sempre

foram utilizados pela sociedade, como meio de inventariar e partilhar os bens deixados

pelo de cujus. Com o passar dos anos, apenas foi se moldando com os anseios da

sociedade, de modo a não se deixar resumir em um mecanismo retrógrado, que não

interessasse mais as partes.

Nota-se que antes do advento da Lei n.º 11.441, de 4 de janeiro de 2007, o

procedimento de inventário e partilha era eminentemente judicial, eis que não havia uma

legislação que, veementemente, fizesse alusão a possibilidade do aludido ato se

formalizar extrajudicialmente.

Diante disso, com o escopo de trazer mecanismos mais céleres, visando a

desburocratização procedimental e, principalmente, o descongestionamento da máquina

Page 9: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

2

judiciário, houve a promulgação da Lei n.º 11.441, de 4 de janeiro de 2007, viabilizando a

possibilidade da instauração de inventário e partilha extrajudicial, desde que preenchidos

os requisitos constantes na Lei de Regência, consoante restará demonstrado no decorrer

do presente trabalho monográfico.

Page 10: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

3

2 ORIGEM E EVOLUÇÃO LEGISLATIVA ACERCA DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA

Inicialmente, é importante mencionar que a sociedade encontra-se em constante

transformação, vez que não é estática, e, portanto, faz-se necessário que o ordenamento

jurídico pátrio se coadune com a realidade fática vivenciada hodiernamente.

Tal premissa se entende, inclusive, a procedimentos menos burocráticos e

onerosos, mormente a questão do inventário e da partilha, objeto do presente Trabalho

de Conclusão de Curso.

Neste diapasão, antes do advento do Código Civil de 1916 era possível a

instauração do inventário de forma administrativa, ao passo que após a sua promulgação

passou a ser eminentemente judicial, assim como é no Código Civil de 2002, eis que

apenas com o surgimento da Lei n.º 11.441, de 4 de janeiro de 2007, restou possibilitada

a instauração do inventário e da partilha de maneira extrajudicial.

Corroborando tal entendimento, Carlos Roberto Gonçalves (2012, p. 352)

assevera que:

O inventário judicial constitui processo de caráter contencioso e deve ser instaurado no último domicílio do autor da herança (CPC, art. 96). Afastou-se o legislador da classificação do diploma processual de 1939, onde a matéria era considerada como de jurisdição voluntária. A regra, hoje, é a contenciosidade, em razão da possibilidade de haver litígio entre os interessados na herança, tanto na primeira fase, de declaração dos bens, quanto nas subsequentes, de habilitação dos herdeiros, avaliação dos bens e partilha dos quinhões, exigindo julgamento e não simples homologação judicial, malgrado possam as partes transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e capazes.

Sob a égide da Carta Republicana de 1988, restou possibilitado que os serviços

notariais fossem exercidos pelo particular, mediante ato de delegação do Poder Público,

conforme preceitua o artigo 236. Definiu, ainda, que incumbiria a legislação disciplinar a

questão da responsabilidade civil e criminal dos oficiais de registro, entre outras nuances

ali previstas.

Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. § 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.

Page 11: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

4

§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro. § 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.

Portanto, sendo equiparado ao ente estatal, deve observar, indiscutivelmente, o

contido no artigo 37, da Constituição Federal, que dispõe que a Administração Pública

Direta ou Indireta deverá observar “[...] os princípios da legalidade, impessoalidade,

moralidade, publicidade e eficiência [...]”.

Insta salientar que a Lei n.º 11.441, de 4 de janeiro de 2007, originou-se do

Projeto de Lei n.º 155/2004, cuja autoria emanou do Senador César Borges, o qual foi

eleito no Estado da Bahia.

A finalidade precípua da lei em comento era, basicamente, criar mecanismos que

visassem desburocratizar o procedimento do inventário e da partilha, mediante diversos

requisitos, como, por exemplo, a existência de um único bem a partilhar, a qual se daria

mediante escritura pública, nas serventias extrajudiciais, perante a autoridade

competente, qual seja: o tabelião.

Malgrado o esforço hercúleo na apresentação do Projeto de Lei n.º 155/2004,

posteriormente, o Deputado Federal Maurício Rands apresentou o Substitutivo sob n.º

6.416/2005, que, basicamente, abarcada a questão dos herdeiros civilmente capazes, os

quais deveriam estar de comum acordo quanto ao inventário e a partilha, além da

obrigatoriedade de serem auxiliados por advogados.

Com efeito, a Lei n.º 11.441, de 4 de janeiro de 2007 foi promulgada nos moldes

acima delimitados, que, sem sombra de dúvidas, perfez uma manifesta evolução jurídica,

eis que se coadunou com os anseios da sociedade, que, hodiernamente, busca uma

desburocratização e celeridade nos procedimentos.

Eduardo de Oliveira Leite (2013, p. 289), acertadamente, dispõe acerca do tema.

A apreciação dos objetivos desejados pela lei em questão é suficiente para determinar a extraordinária importância dos avanços notáveis que introduziu, principalmente no tocante ao direito sucessório tornando a prestação jurisdicional menos custosa e formalista, mais célere e efetiva.

Seguindo o mesmo enfoque, Sílvio de Salvo Venosa (2008, p. 201) salienta que:

Page 12: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

5

Entre nós, o inventário sempre fora um procedimento contencioso, embora nada obstasse que o legislador optasse pos solução diversa, permitindo o inventário extrajudicial, mormente se todos os interessados forem maiores e capazes. Finalmente, a Lei nº 11.441, de 4 de janeiro de 2007, atendeu nossos ingentes reclamos.

Para Orlando Gomes (2015, p. 293):

Inovou o legislador através da Lei n. 11.441, de 4 de janeiro de 2006, que deu nova redação ao artigo 983 do Código Civil, permitindo que o inventário e a partilha fossem feitos através de escritura pública, desde que estivessem presentes os seguintes requisitos: 1 - o autor da herança tenha falecido ab intestato; 2 - os herdeiros sejam maiores e capazes; 3 - os herdeiros estejam acordes quanto à divisão dos bens; e 4 - que as partes estejam assistidas por advogado.

Entretanto, a Lei n.º 11.441, de 4 de janeiro de 2007 não tratou de forma

minuciosa acerca do assunto e, consequentemente deixou diversas lacunas em seu bojo

legal, o que instigou o Conselho Nacional de Justiça a editar a Resolução n.º 35, de 24 de

abril de 2007, que, basicamente, traz em seu arcabouço normativo cinquenta e quatro

artigos que dispõem de modo mais acurado acerca do tema.

Acerca da grandiosidade normativa prevista na Resolução n.º 35, de 24 de abril

de 2007, Sílvio de Salvo Venosa (2013, p. 85) pontua que:

A Resolução nº 35 do Conselho Nacional de Justiça veio regulamentar essa Lei nº 11.441/07, que, de fato, deixava algumas dúvidas em aberto. Alguns dos tópicos regulamentados pareciam óbvios, outros, nem tanto. Foi boa a medida na tentativa de padronizar os procedimentos, aplicáveis às centenas de escrivanias do País. No entanto, essa regulamentação deveria ter partido do próprio Legislativo, que se mostra sempre um passo atrás das nossas necessidades sociais.

Para Francisco José Cahali (2012, p. 58):

A grande inovação legislativa então, refere-se à possibilidade de lavratura de escritura pública por notário para realizar o inventário e a partilha, independentemente de homologação judicial, quando os interessados forem capazes e não houver testamento

Derradeiramente, ressalta-se a grandiosidade dos direitos das sucessões no

ordenamento jurídico pátrio, na medida em que a Constituição Federal de 1988,

Page 13: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

6

mormente em seu artigo 5.º, inciso XXX, dispõe expressamente que "é garantido o direito

de herança". Portanto, é tão grandioso, que o ordenamento jurídico pátrio criou

mecanismos para deixar mais hábil tal procedimento, desde que preenchidos alguns

requisitos, que serão demonstrados no decorrer do estudo.

Page 14: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

7

3 DELIMITAÇÃO CONCEITUAL

Antes de partir para análise do inventário e da partilha, oportuno trazer o conceito

do instituto sucessório, que, de acordo com Maria Helena Diniz (2007, p. 13/14), possui

sentido amplo, que é aquela que se dá mediante a transmissão inter vivos, e sentido

estrito, que diz respeito transferência de bens, mediante a morte de alguém.

a) um sentido amplo, aplicando-se a todos os modos derivados de aquisição do domínio, de maneira que indicaria o ato pelo qual alguém sucede a outrem, investindo-se, no todo ou em parte, nos direitos que lhe pertenciam. Trata-se da sucessão inter vivos, pois o comprador sucede ao vendedor, o donatário ao doador, tomando uns o lugar dos outros em relação ao vem vendido ou doado; b) um sentido estrito, designando a transferência, total ou parcial, de herança, por morte de alguém, a um ou mais herdeiros. É a sucessão mortis causa que, no conceito subjetivo, vem a ser o direito em virtude do qual a herança é devolvida a alguém, ou, por outras palavras, é o conceito objetivo, indica a universalidade dos bens do de cujus que ficaram com seus encargos e direitos.

A nomenclatura "inventário", consiste, basicamente, no ato de descrever o que

foi encontrado, de modo que aquilo que pertencia ao de cujus, passe a englobar o

patrimônio de seus sucessores.

De acordo com Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero

(2015, p. 212), “O Código de Processo Civil autoriza ainda a realização de um

procedimento simplificado de inventário, a ocorrer de forma extrajudicial. Esse

procedimento é feito em cartório, independentemente do acompanhamento ou

homologação judicial”.

Sobre o tema, Carlos Roberto Gonçalves (2012, p. 351/352) explica que:

A palavra “inventário” deriva do latim inventarium, de invenire, que significa achar, encontrar, sendo empregada no sentido de relacionar, descrever, enumerar, catalogar o que “for encontrado”, pertencente ao morto, para ser atribuído aos seus sucessores. [...] Inventário, pois, no sentido restrito, é o rol de todos os haveres e responsabilidades patrimoniais de um indivíduo; na acepção ampla e comum no foro, ou seja, no sentido sucessório, é o processo no qual se descrevem e avaliam os bens de pessoa falecida, e partilham entre os seus sucessores o que sobra, depois de pagos os impostos, as despesas judiciais e as dívidas passivas reconhecidas pelos herdeiros.

Da mesma forma, Arnoldo Wald (2012, p. 95) dispõe acerca da delimitação

Page 15: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

8

conceitual acerca do aludido instituto, mencionando que "O inventário é o processo

judicial ou extrajudicial de levantamento e apuração dos bens pertencentes ao falecido,

que visa à realização do ativo e o pagamento do passivo, a fim de repartir o patrimônio do

de cujus entre os seus herdeiros".

Diante disso, não pairam dúvidas de que o inventário perfaz um procedimento

que visa regularizar a transmissibilidade dos bens do de cujus aos seus herdeiros,

fazendo um levantamento acerca do ativo e passivo, para, posteriormente, proceder à

repartição dos valores remanescentes.

Portanto, é um método de se proceder à liquidação da herança, eis que por meio

do inventário quitam-se às dívidas e os legados e, consequentemente, o patrimônio

remanescente, intitulado como herança líquida, resta distribuída aos respectivos

herdeiros.

Noutro giro, de acordo com as delimitações conceituais propostas por Euclides

de Oliveira e Sebastião Amorim (2012, p. 322), a partilha pode ser entendida como sendo

"[...] a divisão desses bens para a atribuição aos sucessores".

Neste diapasão, a partilha de bens consiste, basicamente, na divisão dos bens

da herança, pondo termo ao condomínio transitório e, consequentemente, reparte-se o

acervo de bens a cada herdeiro, que, finalmente, poderá registrá-lo em seu nome.

Sob este enfoque, Fernando Frederico de Almeida Júnior e Juliana Zacarias

Fabre Tebaldi (2012, p. 184) ensinam que:

A partilha é a divisão dos bens da herança. Com a abertura da sucessão, os herdeiros passam a ser proprietários dos bens, sem contudo ter suas porções destacadas do acervo. A partilha põe fim ao condomínio transitório, repartindo o quinhão de cada herdeiro. Após a partilha, os herdeiros poderão fazer o registro dos bens em seu próprio nome.

Acertadamente, Eduardo de Oliveira Leite (2012, p. 275) traz à baila a definição

acerca dos aludidos institutos, mencionando que "O inventário é feito para descrever e

avaliar os bens da herança, possibilitando a posterior divisão do acervo entre os

herdeiros", ao passo que na partilha "[...] passa-se de um estado de comunhão pro

indiviso ao estado de cotas completamente separadas, pro diviso".

Conforme pondera Carlos Roberto Gonçalves (2012, p. 351), "Embora os

Page 16: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

9

herdeiros adquiram a propriedade desde a abertura da sucessão, os seus nomes passam

a figurar no Registro de Imóveis somente após o registro do formal de partilha".

Para Orlando Gomes (2015), a partilha e o inventário extrajudicial inseridos no

Direito Brasileiro possuem amparo em diversos países que já aderiram a tal instituto,

excluindo do Poder Judiciário a apreciação de questões que estejam vinculadas a direitos

disponíveis e, ainda, esteja figurando pessoas maiores e capazes.

Page 17: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

10

4 ANÁLISE DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 11.441/2007

4.1 REQUISITOS

Conforme bem asseveram Euclides de Oliveira e Sebastião Amorim (2012, p.

217), "É pelo procedimento do inventário e partilha que se formaliza a transmissão dos

bens do de cujus aos seus sucessores".

Nesta toda, insta salientar que o artigo 610, parágrafo 1.º, da Lei n.º 13.105/2015,

é claro quando dispõe acerca dos requisitos imprescindíveis para a instituição do

inventário extrajudicial, que, dentre outras hipóteses ali elencadas, faz alusão acerca dos

herdeiros capazes, além da manifesta concordância das partes.

§ 1o Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser

feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras.

Neste diapasão, indubitavelmente, "É importante que se libere o Judiciário da

atual pletora de feitos de cunho administrativo e o inventário, bem como a partilha,

quando todos os interessados são capazes, podem muito bem ser excluídos, sem que se

exclua o advogado de sua atuação", consoante se depreende dos ensinamentos de

Sílvio de Salvo Venosa (2008, p. 203).

Além do mais, não se deve olvidar que a ausência do instituto testamentário

também perfaz um requisito de suma importância para a validade do inventário

extrajudicial, eis que, uma vez verificado que o de cujus confeccionou suas disposições

de última vontade, elide-se a possibilidade de instituí-lo. Isso porque, conforme explica

Francisco José Cahali (2012, p. 4) “[...] existindo o instrumento de testamento, a sua

verificação é de competência exclusiva do Poder Judiciário, inclusive com previsão

expressa relativa ao respectivo registro”.

Da mesma forma, o artigo 2.015, do Código Civil Brasileiro, traz à baila a questão

da partilha amigável, dispondo que "Se os herdeiros forem capazes, poderão fazer a

partilha amigável, por escritura pública, termo nos autos de inventário, ou escrito

particular, homologado pelo juiz". No entanto, ressalta-se que nos casos em que os

Page 18: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

11

herdeiros divergirem quanto à partilha, ou qualquer deles forem incapaz, far-se-á

necessário que se proceda à partilha judicial, consoante dispõe o artigo 2.016, do

diploma civilista.

Conforme bem pontuado por Euclides de Oliveira e Sebastião Amorim (2013, p.

324), nas partilhas amigáveis impera a vontade das partes. Veja-se:

As partilhas amigáveis post mortem ocorrem no curso do inventário ou do arrolamento, pela forma prevista no artigo 2.015 do Código Civil, desde que os herdeiros sejam capazes. Podem ser feitas por escritura pública, termo nos autos, ou escrito particular, homologado pelo juiz (arts. 1.029 e 1.031 do CPC). No inventário e partilha por escritura pública, impera a vontade das partes, despensando a homologação judicial).

Diante disso, no caso em espeque, o inventário e a partilha serão feitos mediante

escritura pública, que, induvidosamente, considerar-se-á título hábil para o respectivo

registro imobiliário e, consequentemente, o levantamento de eventuais valores que

tenham sido depositados nas instituições financeiras.

Neste diapasão, não pairam dúvidas de que é "[...] é possível a opção pela via

extrajudicial na hipótese de todos os herdeiros serem capazes e concordes, não havendo

qualquer interessado incapaz e desde que o falecido não tenha deixado testamento",

consoante pondera Arnoldo Wald (2012, p. 99).

Contudo, é importante ressaltar que "o tabelião somente lavrará a escritura

pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado ou por

defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial", conforme se

depreende do artigo 610, parágrafo 2.º, da Lei n.º 13.105/2015.

Nota-se, portanto, a indispensabilidade da figura do advogado no momento da

lavratura do instrumento público, que, sem sombra de dúvidas, perfaz uma figura

importante, na medida em que se minimizam eventuais fraudes e, assim, os interesses

de todos os indivíduos restam efetivamente resguardados. No entanto, dispensa-se que

o mesmo esteja portando o instrumento de procuração, eis que, conforme assevera Sílvio

de Salvo Venosa (2013, p. 85), "[...] a presença do profissional ao ato, junto com os

interessados, a torna desnecessária".

Sendo assim, diante de tudo o que foi exposto, Eduardo de Oliveira Leite (2012,

p. 277), sucintamente, descreve os requisitos imprescindíveis para a escritura de

Page 19: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

12

inventário e partilha extrajudicial.

Conforme disposto na nova legislação, somente se permite a celebração da escritura de inventário e partilha extrajudicial se: a) as partes forem todas maiores e capazes; b) houver acordo da partilha; c) presente advogado para assistir às partes; d) não houver testamento.

Resumidamente, Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel

Mitidiero (2015, p. 698) explicam que:

Atendidos os requisitos legais (arts. 610 CPC, e 2.015, CC), pode-se realizar o inventário extrajudicial mediante partilha amigável. Todas as partes devem ser concordes. O inventário extrajudicial realiza-se por escritura pública, a qual consistirá em título hábil para o registro civil, para o registro imobiliário, para a transferência de bens e direitos, bem como para a promoção de todos os atos necessários à materialização e notícia das transferências de bens e levantamentos de valores (arts. 610, CPC, e 3.º, Resolução 35, de 2007, do Conselho Nacional de Justiça). É da substância do ato que as partes estejam assistidas por advogado, dispensada procuração, ou defensor público (arts. 610, § 2.º, CPC, e 8.º, Resolução 35, de 2007, do Conselho Nacional de Justiça). É nula a partilha amigável realizada sem a partição de advogado ou defensor público, ainda que comum a todos os herdeiros. Os arts. 11 a 32, Resolução 35, de 2007, do Conselho Nacional de Justiça, disciplinam de um modo geral o inventário extrajudicial.

Além do mais, não se deve olvidar que o artigo 29, da Resolução n.º 35, de 24 de

abril de 2007, traz à baila outro requisito que se mostra inerente a instituição do inventário

e da partilha extrajudicial, vez que será possível apenas nos casos em que os bens

estejam situados no Brasil, eis que, nos moldes ali delimitados, "É vedada a lavratura de

escritura pública de inventário e partilha referente a bens localizados no exterior".

Neste diapasão, Aldo Safraider (2008, p. 41) ensina que:

Além dos requisitos básicos contidos na Lei 11.441/07, a Resolução 35, de 24 de abril de 2007, do Conselho Nacional de Justiça, que regulamentou a matéria, trouxe outros requisitos mais específicos. Um deles é que os bens a serem partilhados ou adjudicados estejam situados no país.

Diante de tudo o que foi exposto no presente tópico, Francisco José Cahali

(2012, p. 83) dispõe acerca da matéria, explicando que a legislação criou uma faculdade

para as partes interessadas, afastando do crivo do judiciário sua análise os inventários e

Page 20: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

13

partilhas que não sejam alvo de conflitos de interesses.

A lei cria uma faculdade para os interessados, que poderão estar todos assistidos pelo mesmo advogado, ou poderão comparecer cada um com um advogado para lhes assistir. A prerrogativa não apresenta problemas, pois para a prática do ato notarial os interessados devem necessariamente estar de acordo em todos os aspectos. De modo que, não havendo conflito de interesses, desnecessária se faz a presença de um advogado para cada interessado. O mesmo já acontecia na via judicial.

Para Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero (2015, p.

212), é um direito dos herdeiros, desde que preenchidos os requisitos previstos na

legislação, requererem o procedimento extrajudicial e, de modo a efetivá-los, se mostra

possível contemplar os reconhecidamente pobres, com a gratuidade.

Trata-se de direito dos herdeiros optar pelo procedimento extrajudicial, não podendo o Estado negar-se a oferecer a estrutura correspondente, sob pena de omissão inconstitucional. Ademais, àqueles que se disserem pobres, deve ser assegurada a gratuidade tanto da escritura como dos atos notariais referentes a esse procedimento. O Código de Processo Civil anterior era expresso nesse sentido, e, embora a regra não tenha sido repetida no Código atual, é fato que esse procedimento é essencial à vida civil das pessoas. Por isso, e tomando por paralelo as regras que estabelecem a assistência judiciária gratuita (especialmente, o art. 98, parágrafo 1.º, IX, do CPC), não há razão para se afastar a gratuidade desse procedimentos, sob pena de se impor ao pobre o ajuizamento de inventário judicial, para só aí ser beneficiário com a gratuidade do serviço estatal necessário a certificação da transmissão do patrimônio da pessoa falecida.

Derradeiramente, salienta-se que os interessados deverão mostrar-se concordes

quanto à partilha de bens, a qual deverá ser detalhada e documentada, de modo a

inviabilizar futuras discussões acerca de sua nulidade.

4.2 PROCEDIMENTOS APLICÁVEIS A ESPÉCIE

Oportuno mencionar que o processo de inventário, assim como o de partilha,

deverá ser instaurado no prazo de dois meses, cujo lapso temporal começará a contar a

partir do momento em que se proceder à abertura da sucessão. O aludido prazo poderá

ser prorrogado pelo magistrado, mediante requerimento das partes, ou de ofício.

O artigo 611, da Lei n.º 13.105, de 16 de março de 2015, corrobora as

Page 21: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

14

informações acima articuladas.

Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte.

É importante mencionar que o inventário e a partilha extrajudicial diferem do

procedimento previsto na via judicial, eis que perfazem um único ato, isto é, no momento

em que se proceder à lavratura da escritura pública, os dois atos ocorrerão,

simultaneamente.

O artigo 9.º, da Resolução n.º 35/2007, do Conselho Nacional de Justiça, dispõe

acerca da vedação do tabelião em indicar advogados às partes, eis que as mesmas

deverão comparecer no Cartório acompanhado por patrono de sua confiança.

Art. 9º É vedada ao tabelião a indicação de advogado às partes, que deverão comparecer para o ato notarial acompanhadas de profissional de sua confiança. Se as partes não dispuserem de condições econômicas para contratar advogado, o tabelião deverá recomendar-lhes a Defensoria Pública, onde houver, ou, na sua falta, a Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.

Entretanto, Sílvio de Salvo Venosa (2013, p. 86) tece algumas críticas a respeito

do tema, eis que, corriqueiramente, mostra-se difícil acompanhar as atividades dos

tabeliães. Inclusive, nos casos em que a parte carecer de recursos financeiros para

contratar advogado, caberá ao tabelião indicar a Defensoria Pública.

O art. 9º dessa Resolução dispõe que é vedada ao tabelião a indicação de advogados às partes, que deverão comparecer para o ato notarial, acompanhadas de profissional de sua confiança. difícil, nos casos concretos, impedir essa atividade antiética do tabelião, o qual, se incidir nessa prática, deve sofrer as devidas reprimendas administrativas. Acrescenta ainda esse artigo que se as partes não dispuserem de condições econômicas para contratar advogado, caberá ao tabelião recomendar-lhes a Defensoria Pública onde houver, ou, na sua falta, a Seccional da Ordem dos Advogados.

Além do mais, não se deve olvidar que o artigo 11, da Resolução n.º 35/2007, do

Conselho Nacional de Justiça, dispõe acerca da obrigatoriedade de se proceder à

nomeação de interessado, com o fito de representar o espólio.

Page 22: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

15

Art 11. É obrigatória a nomeação de interessado, na escritura pública de inventário e partilha, para representar o espólio, com poderes de inventariante, no cumprimento de obrigações ativas ou passivas pendentes, sem necessidade de seguir a ordem prevista no art. 990 do Código de Processo Civil.

Oportuno esclarecer que no inventário judicial caberá ao magistrado nomear o

inventariante. Contudo, tal não ocorre nos casos em que se der de maneira extrajudicial,

visto que os herdeiros poderão nomear livremente a pessoa que entender viável,

conforme ensina Orlando Gomes (2015, p. 294):

No inventário extrajudicial, em princípio, não haverá a figura do inventariante, cuja nomeação compete ao Juiz, nos termos do artigo 990 (art. 615 do CPC/2015) do CPC. Os herdeiros poderão eleger um dentre eles para representar o Espólio ativa ou passivamente nas ações propostas e, também, para dar cumprimento às obrigações deixadas pelo de cujus. A escritura servirá de título para provar, onde for necessário, a nomeação do representante.

Neste diapasão, Sílvio de Salvo Venosa (2013, p. 86) explica que "Como se trata

de ato negocial, cabe aos interessados indicar quem lhes aprouver. Sempre poderá

haver necessidades de o espólio ser representado ativa ou passivamente em juízo ou

mesmo em situações tributárias e administrativas".

Ademais, urge mencionar que as partes poderão ser representadas mediante

procuração específica, a qual deverá ser formalizada, obviamente, por instrumento

público. Entretanto, há de se mencionar que não se mostra possível acumular as funções

de mandatário e assistente.

Sucintamente, Arnoldo Wald (2012, p. 100) dispõe acerca do tema, asseverando

que "As partes poderão estar representadas por procuração formalizada por instrumento

público com poderes especiais. Contudo, é vedada a acumulação das funções de

mandatário das partes e de seu assistente".

Além do mais, não se deve olvidar que o inventário administrativo mostra-se

imprescindível, inclusive, nos casos em que haja apenas um herdeiro. Contudo, no

aludido ato não será feita à partilha, mas tão somente à adjudicação dos bens.

Sob este prisma, o artigo 26, da Resolução n.º 35/2007, do Conselho Nacional de

Justiça, dispõe que "Havendo um só herdeiro, maior e capaz, com direito à totalidade da

herança, não haverá partilha, lavrando-se a escritura de inventário e adjudicação dos

bens".

Page 23: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

16

Ademais, há de se mencionar que "[...] o recolhimento dos tributos incidentes

deve anteceder a lavratura da escritura", nos moldes delimitados por Arnoldo Wald

(2012, p. 100).

Por conseguinte, importante salientar que o procedimento inserto na Lei n.º

11.441/2007 carece de homologação judicial. No entanto, os tributos atinentes a

transmissão da herança deverão ser adimplidos antes do momento no qual se lavrar a

escritura, eis que conforme se depreende da leitura do artigo 15, da Resolução no

35/2007, do Conselho Nacional de Justiça, "O recolhimento dos tributos incidentes deve

anteceder a lavratura da escritura".

Ademais, mostra-se imprescindível que as partes, assim como seus cônjuges,

estejam devidamente nomeados e qualificados na escritura, na qual constará todas as

informações que lhes são inerentes.

O artigo 20, da Resolução n.º 35/2007, do Conselho Nacional de Justiça, dispõe

acerca do tema.

Art. 20. As partes e respectivos cônjuges devem estar, na escritura, nomeados e qualificados (nacionalidade; profissão; idade; estado civil; regime de bens; data do casamento; pacto antenupcial e seu registro imobiliário, se houver; número do documento de identidade; número de inscrição no CPF/MF; domicílio e residência).

Da mesma forma, no momento da lavratura da escritura deverão ser

apresentados diversos documentos, como, por exemplo, certidão de óbito do autor da

herança, documentos das partes, assim como do autor da herança, certidão de

propriedade de bens imóveis e, ainda, a certidão negativa de tributos.

O artigo 22, da Resolução n.º 35/2007, do Conselho Nacional de Justiça, traz à

baila, pontualmente, a documentação intrinsecamente necessária para a lavratura da

escritura.

Art. 22. Na lavratura da escritura deverão ser apresentados os seguintes documentos: a) certidão de óbito do autor da herança; b) documento de identidade oficial e CPF das partes e do autor da herança; c) certidão comprobatória do vínculo de parentesco dos herdeiros; d) certidão de casamento do cônjuge sobrevivente e dos herdeiros casados e pacto antenupcial, se houver; e) certidão de propriedade de bens imóveis e direitos a eles relativos; f) documentos necessários à comprovação da titularidade dos bens móveis e direitos, se houver; g) certidão negativa de tributos; e h) Certificado de Cadastro

Page 24: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

17

de Imóvel Rural - CCIR, se houver imóvel rural a ser partilhado.

Ademais, não se deve olvidar que "Com relação aos imóveis e demais bens

sujeitos a registro, como automóveis, a escritura constituirá título hábil para a

transferência junto ao órgão registral (cartório de imóveis, DETRAN etc.), consoante se

depreende dos ensinamentos de César Fiuza (2009, p. 1.081).

O autor Orlando Gomes (2015, p. 295) dispõe sobre o tema:

A escritura constitui título hábil para transferência dos imóveis perante o Registro Geral de Imóveis e, também, para transferência dos bens móveis, embora nesse caso a lei seja omissa. Não faz sentido proceder à escritura de inventário e partilha para bens imóveis e, simultaneamente, ter de fazer o inventário judicial para transferência dos bens móveis.

Isso porque, nos moldes delimitados pelo Código Civil Brasileiro, notadamente

em seu artigo 215, "A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento

dotado de fé pública, fazendo prova plena".

Sobre a escritura pública, Luiz Guilherme Loureiro (2014, p. 370/371) dispõe que

o mesmo pode ser entendido como sendo um documento escrito por tabelião, que tem o

condão de atestar que o negócio jurídico está de acordo com a lei.

Escritura pública é o documento público escrito por tabelião em seu livro de notas. Neste documento, o notário registra e autentica as declarações de vontade das partes e atesta a conformidade do ato ou negócio jurídico com a lei, assegurando sua validade, eficácia e autenticidade. Trata-se de um ato solene, que deve conter os requisitos citados no art. 215 do Código Civil: indicação do local e data de sua realização e atestação de capacidade de todos os partícipes do ato; qualificação das partes e comparecentes; teor da declaração da vontade; cumprimento das exigências legais e fiscais. A escritura deverá, ainda, ser lida na presença das partes e comparecentes e assinada por estes e pelo notário.

Frise-se que de acordo com Orlando Gomes (2015), nos casos em que se

vislumbrar qualquer erro na escritura, será necessário que haja sua rerratificação,

mediante a feitura de outra escritura pública, para que sejam feitas as devidas correções,

elidindo-se futuras arguições de nulidade.

4.3 COMPETÊNCIA

Page 25: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

18

Nos moldes delimitados pelo artigo 1.º, da Resolução n.º 35/2007, do Conselho

Nacional de Justiça "Para a lavratura dos atos notariais de que trata a Lei no 11.441107,

é livre a escolha do tabelião de notas, não se aplicando as regras de competência do

Código de Processo Civil".

Neste diapasão, oportuno trazer à tona os valiosos ensinamentos propostos por

Eduardo de Oliveira Leite (2012, p. 278).

Qual seria o foro competente para proceder aos inventários e partilhas extrajudiciais? Não mais se aplica o disposto no art. 96 do CPC, mas sim a norma do art. 8.º da Lei 8.935/1994 (Lei dos Cartórios), que garante aos herdeiros a liberdade de escolha do tabelião de notas, independente do domicílio das partes ou do lugar de situação dos bens objeto do ato ou do negócio.

De acordo com Luiz Guilherme Loureiro (2014, p. 371/373), o notário ou tabelião

possui diversas incumbências, como, por exemplo, dar forma escrita aquilo que foi

manifestado pela partes, aconselhar as partes, dando forma jurídica a suas pretensões,

veja-se:

O papel do notário ou tabelião, contudo, não se resume a dar forma escrita à manifestação de vontade das partes ou atestar a veracidade daquilo que ocorre na sua presença. Como profissional do direito, ele tem a obrigação de aconselhar as partes e dar forma jurídica à vontade por elas expressadas. O notário, tal como o juiz, é imparcial e independente: não pode agir em detrimento ou em favor de uma das partes, mas sim informar ambas sobre os direitos e deveres que resultam da celebração do pacto. [...] A escritura pública é lançada nas notas do tabelião. As partes recebem o traslado ou a certidão do ato notarial, que têm a mesma força probante da escritura e são considerados instrumentos públicos para todos os fins (art. 218, CC). O que é levado a registro, portanto, é o traslado ou a certidão da escritura pública, não sendo admissível o protocolo de cópias desses instrumentos públicos, ainda que autenticadas.

Sendo assim, não pairam dúvidas de que os legitimados poderão escolher

qualquer Tabelionato de Notas situado em território nacional, com o fito de que seja

realizado o inventário, pouco importando o local onde o de cujus domiciliava.

4.4 AS PRINCIPAIS INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI N.º 13.105/2015

Page 26: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

19

Insta salientar que a Lei n.º 11.441, de 4 de janeiro de 2007, alterou

sobremaneira os dispositivos insertos na Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código

de Processo Civil), como o escopo de instituir a realização do inventário e da partilha

extrajudicial.

Contudo, não se deve olvidar que a Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973,

promulgada há mais de quarenta anos, mostrava-se defasada, o que incentivou os

legisladores a reformarem seu arcabouço normativo, o que se deu com o advento da Lei

n.º 13.105, de 16 de março de 2015.

Com o escopo de demonstrar as alterações sofridas no instituto do inventário e

da partilha extrajudicial, mostra-se imperioso colacionar o quadro abaixo, de modo a

verificar de maneira mais pontual suas alterações:

LEI N.º 5.869, DE 11 DE JANEIRO DE 1973

LEI N.º 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015

Art. 982. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário. Parágrafo único. O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado comum ou advogados de cada uma delas, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.

Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial. § 1o Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras. § 2o O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.

Art. 983. O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 (sessenta) dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subseqüentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento de parte.

Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte.

Os artigos 610 e 982 apresentam muitas similitudes, eis que contemplam a

possibilidade do inventário extrajudicial nos casos em que os interessados sejam

Page 27: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

20

capazes e concordes, além de estarem devidamente assistidos por advogados. Inclusive,

os dispositivos supracitados albergaram a questão do inventário e da partilha extrajudicial

valer como título hábil para o registro imobiliário.

Contudo, o artigo 610 mostrou-se mais abrangente, na medida em que albergou

a figura do defensor público, além do inventário e da partilha extrajudicial não valer

apenas como título hábil para o registro imobiliário, mas também para o levantamento de

importâncias depositadas em instituições financeiras.

Por sua vez, o artigo 983 estabelecia, incisivamente, que o processo de

inventário e partilha deveria ser aberto no prazo de sessenta dias, contando-se o aludido

lapso temporal a partir da abertura da sucessão. No entanto, o artigo 611 passou a dispor

que o prazo será de dois meses, após a abertura da sucessão.

Page 28: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

21

5 ANÁLISE JURISPRUNDENCIAL ACERCA DO INVENTÁRIO E PARTILHA

EXTRAJUDICIAL

Neste particular, cumpre trazer à tona as discussões mais corriqueiras que

englobam o inventário e a partilha extrajudicial e, consequentemente, de que formas os

tribunais vêm se posicionando acerca do tema.

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, na hipótese abaixo elencada,

entendeu que a liberação de valores depositados em juízo, com o desiderato de

materializar a partilha extrajudicial, depende de autorização extrajudicial, eis que a

aludida situações não se encontra inserta no rol constante no artigo 3.º, da Resolução n.º

35/2007, do Conselho Nacional de Justiça.

EMENTA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL. LEVANTAMENTO DE DEPÓSITO JUDICIAL. ALVARÁ. CABIMENTO. A liberação de importância depositada em juízo por ordem judicial, para a materialização da partilha extrajudicial já efetivada, depende de autorização judicial porquanto a situação não se enquadra no art. 3º da Resolução nº 35/2007 do CNJ. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO, POR MONOCRÁTICA.

1

Sob outro enfoque, o Tribunal de Justiça de Pernambuco entendeu pela

possibilidade de se instituir o inventário extrajudicial, eis que havia apenas uma herdeira,

maior e capaz, o que, por si só, preenche os requisitos constantes na Lei de Regência.

EMENTA. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - INVENTÁRIO - HERDEIRA MAIOR E CAPAZ - INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL - POSSIBILIDADE - APELO - AUSÊNCIA DE PROVAS - RECURSO IMPROVIDO. - Inventário ajuizado pelo irmão do de cujus. - Reconhecimento de paternidade atestando ser a apelada única herdeira do inventariado. - Realização do inventário extrajudicial. Atendidos os requisitos exigidos pelo art. 982. Possibilidade. - Ausência de provas capazes de embasar as alegações do Apelante, aplicabilidade do art. 333, I do CPC. - Sentença embasada em conjunto probatório. Manutenção. - Negado provimento ao apelo.

2

1 JUSBRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Agravo de Instrumento n.º 70061371639.

Disponível em: <http://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/137156066/agravo-de-instrumento-ai-70061371639-rs>. Acesso em: 07 set. 2016. 2

JUSBRASIL. Tribunal de Justiça de Pernambuco. Apelação n.º 2944987. Disponível em: <http://tj-pe.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/158604250/apelacao-apl-2944987-pe>. Acesso em: 07 set.

Page 29: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

22

Por sua vez, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul indeferiu a

expedição de alvará para o levantamento dos valores depositados no Banco Banrisul,

posto que havia bens a partilhar e, portanto, incabível a concessão do aludido pleito.

EMENTA. ALVARÁ JUDICIAL. EXISTÊNCIA DE BENS A INVENTARIAR. INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL. Havendo bens em nome da de cujus a partilhar e proposto inventário extrajudicial, inviável a expedição de alvará judicial para liberação de valores aplicados em fundo de investimento no Banco Banrisul. Apelação desprovida, de plano.

3

O caso atrelado ao julgado abaixo colacionado envolve o direito de herdeiros que

foram preteridos no inventário extrajudicial. Na questão em comento, houve a venda do

bem, mas, contudo, entendeu o Tribunal de Justiça de Minas Gerais não ser o caso de

anulação, mas sim destinar ao herdeiro preterido o valor de cinquenta por cento da venda

do bem.

EMENTA. HERDEIROS. INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL. LESÃO A DIREITO DE AÇÃO DE HERDEIROS PRETERIDOS. VENDA POSTERIOR DO BEM. DIREITO A RECEBIMENTO DE 50% DO VALOR DA VENDA DO BEM. Feito o inventário extrajudicialmente com exclusão voluntária e ilegal de herdeiros concorrentes, não se anula a venda posterior do único bem adjudicado, mas reconhece-se o direito dos herdeiros preteridos no valor de 50% da venda sucessiva do bem inventariado.

4

Quanto ao levantamento de valores módicos, o Tribunal de Justiça do Rio

Grande do Sul entende ser possível, ainda que haja bens a inventariar.

EMENTA. APELAÇÃO CÍVEL. ALVARÁ JUDICIAL. LEVANTAMENTO DE VALOR MÓDICO EM CONTA BANCÁRIA. CABIMENTO, AINDA QUE EXISTAM BENS A INVENTARIAR. HERDEIROS MAIORES E CAPAZES. INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL. Prospera a pretensão da viúva, que conta com a concordância dos demais herdeiros, todos maiores e capazes, de sacar o valor módico deixado pelo falecido em conta bancária de sua titularidade, que sequer cobre as despesas

2016. 3 JUSBRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Agravo de Instrumento n.º 70052767225.

Disponível em: <http://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/112487680/agravo-de-instrumento-ai-70052767225-rs>. Acesso em: 07 set. 2016. 4 JUSBRASIL. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Apelação Cível n.º 10024110118445001. Disponível

em: <http://tj-mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/120559511/apelacao-civel-ac-10024110118445001-mg>. Acesso em: 07 set. 2016.

Page 30: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

23

funerárias, não se mostrando necessário, no caso concreto, o ajuizamento de ação de inventário, ainda que existam bens a inventariar, na medida em que os herdeiros podem ultimá-lo na via extrajudicial. Cabimento do levantamento da importância. APELO PROVIDO, POR MONOCRÁTICA.

5

Por sua vez, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal entendeu pela nulidade do

inventário e da partilha efetivada extrajudicialmente, posto que ausente herdeiro

necessário no momento em que o aludido ato restou celebrado.

EMENTA. AGRAVO DE INSTRUMENTO – NULIDADE DE INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL – ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. 1. Se o neto do autor da herança, herdeiro necessário por representação, não esteve presente no ato de celebração da escritura pública de inventário e partilha extrajudicial, na qual também restou reconhecida existência de união estável, o bloqueio dos valores da herança que lhe cabiam é medida necessária para assegurar a efetividade da ação de nulidade de partilha extrajudicial. 2. Deu-se provimento ao agravo.

6

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul entendeu que a inexistência da

relação jurídica de filiação elide a legitimidade da parte em postular a anulação de

escritura pública decorrente de inventário extrajudicial.

EMENTA. APELAÇÃO. ANULATÓRIA DE PARTILHA EXTRAJUDICIAL. ILEGITIMIDADE ATIVA. RECONHECIMENTO. Inexistente a relação jurídica de filiação, inexiste legitimidade para postular o direito sucessório como pretende através da anulatória de escritura pública de inventário extrajudicial. Caso em que o autor alega ser filho adotivo, pois criado pelo casal desde o primeiro ano de vida, porém, ausente declaratória de vínculo socioafetivo. NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME.

7

Já o Tribunal de Justiça de São Paulo corroborou o entendimento no qual o

inventário e a partilha extrajudicial não têm o condão de afastar a obrigação do

inventariante proceder à prestação de contas.

5 JUSBRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Apelação Cível n.º 70065055071. Disponível em:

<http://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/206863856/apelacao-civel-ac-70065055071-rs>. Acesso em: 07 set. 2016. 6 JUSBRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Agravo de Instrumento n.º 20140020168073.

Disponível em: <http://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/153211611/agravo-de-instrumento-agi-20140020168073>. Acesso em: 07 set. 2016. 7 JUSBRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Apelação Cível n.º 70060947835. Disponível em:

<http://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/140003107/apelacao-civel-ac-70060947835-rs>. Acesso em: 07 set. 2016.

Page 31: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

24

EMENTA. PRESTAÇÃO DE CONTAS. PRIMEIRA FASE. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. MANUTENÇÃO. INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL QUE NÃO AFASTAM A OBRIGAÇÃO DO INVENTARIANTE DE PRESTAR CONTAS RELATIVAS AO PERÍODO EM QUE FICOU NA ADMINISTRAÇÃO DOS BENS. APELAÇÃO DO RÉU NÃO PROVIDA. 1. Sentença que julgou procedente o pedido do autor/apelado, e condenou o réu a prestar as contas relativas aos bens do espólio, no período entre a nomeação como inventariante até a data da realização do inventário extrajudicial. Manutenção. 2. A opção pelo inventário e partilha extrajudicial não afasta o interesse de agir e o direito dos herdeiros de reclamar a prestação de contas em face do inventariante, ficando limitada a obrigação ao período em que o réu administrou os bens do espólio. 3. Apelação do réu não provida.

8

Por conseguinte, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal decidiu acerca da

possibilidade da quebra do sigilo fiscal do de cujus, com o escopo de comprovar a

preterição de herdeiro e, consequentemente, anular o inventário e partilha extrajudicial.

EMENTA. AGRAVO DE INSTRUMENTO – NULIDADE DE INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL – QUEBRA DE SIGILO FISCAL – RAZOABILIDADE DA MEDIDA. 1. A quebra de sigilo fiscal do de cujus pode ser deferida se a medida se mostrar razoável para instruir os autos de nulidade de inventário e provar as alegações de herdeiro supostamente preterido. 2. Deu-se provimento ao agravo.

9

Por sua vez, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul extinguiu os autos de

inventário, sem resolução de mérito, ante a perda superveniente do objeto, vez que a

matéria já havia sido discutida extrajudicialmente.

EMENTA. APELAÇÃO. INVENTÁRIO. PARTILHA EXTRAJUDICIAL JÁ REALIZADA. PERDA DO OBJETO. EXTINÇÃO SEM APRECIAÇÃO DE MÉRITO. A realização de inventário extrajudicial deixa o processo judicial de inventário sem objeto, o que torna correta e adequada a sua extinção, sem apreciação de mérito. Qualquer pretensão de nulificar a partilha feita de forma extrajudicial deve

8 JUSBRASIL. Tribunal de Justiça de São Paulo. Apelação Cível n.º 00135778520138260003. Disponível

em: <http://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/310818206/apelacao-apl-135778520138260003-sp-0013577-8520138260003>. Acesso em: 07 set. 2016. 9 JUSBRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Agravo de Instrumento n.º 20140020167737.

Disponível em: http://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/162920448/agravo-de-instrumento-agi-20140020167737-df-0016900-0420148070000. Acesso em: 07 set. 2016.

Page 32: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

25

ser deduzida em ação própria e específica para essa finalidade. NEGARAM PROVIMENTO.

10

Neste diapasão, extrai-se dos julgados acima colacionados que, basicamente, as

situações mais corriqueiras que envolvem o inventário e a partilha extrajudicial

encontram-se atreladas a anulação do aludido ato, normalmente nos casos em que se

vislumbram a constância de herdeiro preterido.

10

JUSBRASIL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Apelação Cível n.º 70048680243. Disponível em: <http://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/22607174/apelacao-civel-ac-70048680243-rs-tjrs>. Acesso em: 07 set. 2016.

Page 33: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

26

6 AS VANTAGENS TRAZIDAS PELA LEI N.º 11.441/2007

Indubitavelmente, o advento da Lei n.º 11.441/2007 trouxe à baila diversas

expectativas para os Operadores do Direito, eis que, basicamente, minimiza

sobremaneira as demandas judiciais, facilita o acesso à justiça e, ainda, encerra

procedimentos de modo mais célere e eficaz.

Conforme pondera Arnoldo Wald (2012, 99), "O escopo de referida norma foi

simplificar a realização de inventários, partilhas, separações judiciais e divórcios, além do

declarado intuito de se propiciar o desafogamento do Poder Judiciário".

Pontualmente, Eduardo de Oliveira Leite (2012, p. 276/277) traz à baila diversas

vantagens trazidas pela Lei em comento, como, por exemplo, a simplificação dos

procedimentos, celeridade, desafogamento do Poder Judiciário, desburocratização dos

procedimentos e, ainda, custas notariais mais acessíveis.

Com o advento da Lei 11.441, de 04.01.2007, simplificou-se o processo de inventário brasileiro, quase sempre longo, demorado e tormentoso. Conforme já informáramos nos Comentários ao Novo Código Civil, diversos são os objetivos perseguidos pelo legislador na nova lei: a) simplificação de procedimentos; b) via alternativa, quando os herdeiros são capazes e quando inexiste discordância quanto à partilha; c) maior racionalidade e celeridade; d) priorização da atividade consensual em detrimento da jurisdição contenciosa; e) desafogar o Poder Judiciário da sobrecarga de causas; f) facilitar a vida do cidadão via notarial (mais célere e menos burocrática); g) desonerar o cidadão com emolumentos notariais mais baratos.

Neste diapasão, não se deve olvidar que o Poder Judiciário, hodiernamente,

encontra-se abarrotado de casos a serem analisados, muitos dotados de complexidade,

merecendo uma resposta jurisdicional urgente. Neste passo, não se mostra plausível

congestionar a máquina judiciária com situações mais amenas, que, desde que

preenchidos os requisitos insertos na Lei de Regência, podem ser resolvidas com mais

facilidade, extrajudicialmente.

Chistiano Cassetari (2016, p. 9) discorre sobre o assunto em comento:

Dessa forma, abre-se uma possibilidade de duplo favorecimento para ambos os lados: o jurisdicionado ganha uma nova forma de realizar separação, divórcio e inventário muito mais ágil, e o Judiciário ganha mais tempo para se dedicar às

Page 34: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

27

questões complexas, com a redução da tramitação desses processos.

Salienta-se, inclusive, que o inventário e a partilha extrajudicial perfazem um

único ato, o que se verifica, desde logo, a desburocratização procedimental.

Sendo assim, conforme pondera Marlone Montalvão (2007, p. 1), "O processo

judicial brasileiro é ainda excessivamente burocrático e quanto mais se fizer

desnecessário a intervenção do Estado Jurisdicional sobre os atos de vontade, maior

avanço terá a sociedade".

Além do mais, há de se mencionar que o inventário e a partilha extrajudicial

mostram-se menos custosos, eis que muito embora seja necessário o pagamento de

emolumentos, decorrente da lavratura de escritura pública, elide-se o pagamento das

exacerbadas taxas judiciárias, além dos honorários advocatícios serem mais amenos,

posto que o advogado não precisará acompanhar uma ação judicial em um lapso

temporal demasiadamente grande.

Corroborando tal entendimento, Luiz Guilherme Loureiro (2010, p. 536) assevera

que:

Esta medida favorece a celeridade dos atos, sem prejuízo à sua segurança jurídica. Certamente também resulta em diminuição de custos, pois, embora haja necessidade de pagamento de emolumentos pela lavratura de escritura pública (salvo para as pessoas reconhecidamente pobres), os honorários advocatícios tenderão a ser menores (o advogado não precisará acompanhar uma ação por vários meses) e, não será paga a taxa judiciária e outras despesas decorrentes do processo judicial.

Seguindo o mesmo enfoque, Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald

(2010, p. 303/303) mencionam que "[...] o procedimento extrajudicial é muito menos

dispendioso para todos os envolvidos, qualquer que seja o montante patrimonial.

Evitam-se maiores desgastes, tendo em vista o rápido alcance das pretensões dos

envolvidos".

Inclusive, não se deve olvidar que a morosidade de tal procedimento enseja, em

muitas ocasiões, o abandono de imóveis urbanos e rurais, eis que os legitimados acabam

falecendo no decorrer do processo de inventário e partilha, o que dá azo para a disputa

entre outros herdeiros e legatários, que, diante de intermináveis discussões, o imóvel

acaba se deteriorando e, ao final, vende-se por um valor irrisório, abaixo das expectativas

Page 35: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

28

dos herdeiros, ante tamanha morosidade no procedimento judicial.

A imagem dos imóveis abandonados também polui visualmente os grandes

centros urbanos, que, em muitas hipóteses, perfaz um local propício para a prática de

crimes, além da acomodação de desabrigados e moradores de rua.

Nesta toada, Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2010, p. 20)

enfatizam a grandiosidade do procedimento extrajudicial:

O resultado da utilização da atividade tabelioa, desprovida de jurisdicionalização, mas efetiva na atividade estatal por meio de agente privado, é o alcance da tutela objetivada da forma mais célere, eficaz, segura e nada burocrática. A satisfação daqueles que se utilizam da esfera extrajudicial pode ser mensurada em cada ato praticado, causando ordinariamente, surpresa às partes com relação ao efetivo alcance da pretensão em tempo recorde e com segurança jurídica.

Diante disso, não pairam dúvidas de que a transição de procedimentos judiciais

para a esfera administrativa ensejou diversos benefícios para a sociedade, perfazendo,

efetivamente, um ganho qualitativo, eis que demonstrou diversas vantagens para

aqueles que zelam pela agilidade e eficiência na realização de seus atos negociais.

Page 36: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

29

7 CONCLUSÃO

Indubitavelmente, o surgimento da Lei n.º 11.441/2007 perfaz um instrumento

grandioso para a desburocratização dos atos atrelados ao inventário e a partilha, eis que

antes de seu advento o Código de Processo Civil não trazia em seu bojo uma

normatização farta e robusta que dispusesse acerca do tema. Frise-se que mesmo com

as alterações sofridas em 2015, o diploma processual civil manteve o inventário e a

partilha extrajudicial.

Neste diapasão, preenchidos os requisitos previstos na Lei de Regência, quais

sejam: ausência de disposição testamentária, herdeiros capazes e que manifestem

concordância com o aludido ato, sem prejuízo das partes estarem acompanhados de

advogado, que poderá ser uno para todos os interessados, poderão os legitimados

requerer o inventário e a partilha extrajudicial, que será mais célere, além de diminuir a

análise de atos sob o crivo do Poder Judiciário.

De modo a dar mais efetividade, e até mesmo incentivar a prática do aludido ato,

o Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução n.º 35/2007, trazendo em seu bojo

um arcabouço normativo que dispõe de maneira mais acurada acerca do procedimento

de inventário a partilha extrajudicial, o qual, indubitavelmente, deverá ser observado

pelas partes interessadas, assim como pelos tabeliães que procederem à lavratura da

escritura pública.

Diante deste cenário, não pairam dúvidas de que a Lei n.º 11.441/2007 foi

promulgada com o escopo de simplificar os procedimentos atinentes ao inventário e a

partilha, não elidindo, contudo, a incidência do processo judicial, nos casos em que as

partes, embora capazes e concordes, entendam pela sua viabilidade. Inclusive, como

possui caráter facultativo, poderá ser analisado sob a ótica do Poder Judiciário, ainda que

preencha os requisitos para se efetivar extrajudicialmente.

Além de perfazer um procedimento mais racional e célere, descongentiona a

máquina judiciária, que, induvidosamente, encontra-se abarrotada de questões

complexas a serem dirimidas. Atua, portanto, facilitando à vida dos interessados que

preencham os requisitos previstos na lei e, principalmente, manifestem suas vontades de

maneira uníssona.

Page 37: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

30

Atua como um verdadeiro instrumento facilitador na vida do cidadão, na medida

em que não precisa esperar durante anos por um pronunciamento judicial, além de

mostrar-se menos oneroso, eis que elide o pagamento de taxas judiciais e honorários

advocatícios vultuosos.

Page 38: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

31

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA JÚNIOR, Fernando Frederico de; TEBALDI, Juliana Zacarias Fabre. Direito civil: família e sucessões. São Paulo: Manole, 2012.

BARBOZA, Heloisa Helena; MORAES, Maria Celina Bodin de. Código Civil interpretado conforme a Constituição da República. São Paulo: Renovar, 2007.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 08 set. 2016.

_____. Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm>. Acesso em: 08 set. 2016.

_____. Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em: 07 set. 2016.

_____. Lei n.º 11.441, de 4 de janeiro de 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11441.htm>. Acesso em: 07 set. 2016.

_____. Lei n.º 13.105, de 16 de março de 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em: 07 set. 2016.

CAHALI, Francisco José. Escrituras Públicas: separação, divórcio, inventário e partilha consensuais: análise civil, processual civil, tributária e notarial. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.

CASSETTARI, Christiano. Elementos do direito civil. São Paulo: Saraiva, 2016.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Resolução n.º 35, de 24 de abril de 2007. Disponível em: <http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&sqi=2&ved=0ahUKEwiawPGAy_3OAhWCF5AKHQ9FAuMQFggcMAA&url=http%3A%2F%2Fwww.cnj.jus.br%2Fimages%2Fstories%2Fdocs_cnj%2Fresolucao%2Frescnj_35.pdf&usg=AFQjCNGc4LNeXLdzXCGzeJEJK51IaKRpeQ&sig2=rvUD7pKGBJk53s1S3B_YrQ&bvm=bv.131783435,d.Y2I>. Acesso em: 07 set. 2016.

FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: sucessões.

Page 39: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

32

Salvador: JusPodivm, 2010.

FIUZA, César. Direito civil: curso completo. 13. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2009.

GOMES, Orlando. Sucessões. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

JUSBRASIL. Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Apelação Cível n.º 10024110118445001. Disponível em: <http://tj-mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/120559511/apelacao-civel-ac-10024110118445001-mg>. Acesso em: 07 set. 2016.

_____. Tribunal de Justiça de Pernambuco. Apelação n.º 2944987. Disponível em: <http://tj-pe.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/158604250/apelacao-apl-2944987-pe>. Acesso em: 07 set. 2016.

_____. Tribunal de Justiça de São Paulo. Apelação Cível n.º 00135778520138260003. Disponível em: <http://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/310818206/apelacao-apl-135778520138260003-sp-0013577-8520138260003>. Acesso em: 07 set. 2016.

_____. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Apelação Cível n.º 70048680243. Disponível em: <http://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/22607174/apelacao-civel-ac-70048680243-rs-tjrs>. Acesso em: 07 set. 2016.

_____. Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Agravo de Instrumento n.º 20140020167737. Disponível em: http://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/162920448/agravo-de-instrumento-agi-20140020167737-df-0016900-0420148070000. Acesso em: 07 set. 2016.

_____. Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Agravo de Instrumento n.º 20140020168073. Disponível em: <http://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/153211611/agravo-de-instrumento-agi-20140020168073>. Acesso em: 07 set. 2016.

_____. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Agravo de Instrumento n.º 70052767225. Disponível em: <http://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/112487680/agravo-de-instrumento-ai-70052767225-rs>. Acesso em: 07 set. 2016.

Page 40: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

33

_____. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Apelação Cível n.º 70060947835. Disponível em: <http://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/140003107/apelacao-civel-ac-70060947835-rs>. Acesso em: 07 set. 2016.

_____. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Agravo de Instrumento n.º 70061371639. Disponível em: <http://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/137156066/agravo-de-instrumento-ai-70061371639-rs>. Acesso em: 07 set. 2016.

_____. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Apelação Cível n.º 70065055071. Disponível em: <http://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/206863856/apelacao-civel-ac-70065055071-rs>. Acesso em: 07 set. 2016.

LEITE, Eduardo de Oliveira. Direito civil aplicado: direito das sucessões. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.

_____. Direito civil aplicado: direito das sucessões. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.

LOUREIRO, Luiz Guilherme. Registros públicos: teoria e prática. Salvador: JusPodivm, 2010.

MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Curso de processo civil: tutela dos direitos mediante procedimentos diferenciados. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

_____. Novo código de processo civil comentado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

MONTALVÃO, Marlone. Resumo de direito civil: aspectos básicos do novo código civil. Salvador: JusPodivm, 2007.

OLIVEIRA, Euclides de; AMORIM, Euclides. Inventários e partilhas: direito das sucessões. 23. ed. São Paulo: Livraria e Editora Universitária de Direito, 2013.

RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Sucessões. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008.

SAFRAIDER, Aldo. Inventário, Partilha e Testamentos. 4. ed. Curitiba: Editora Juruá, 2008.

Page 41: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ IVONETE DOS PASSOStcconline.utp.br/media/tcc/2017/02/INVENTARIO-E-PARTILHA.pdf · transigir e realizar partilha amigável, desde que sejam maiores e

34

VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direito das sucessões. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

_____. Direito civil: direito das sucessões. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

WALD, Arnoldo. Direito civil: direito das sucessões. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.