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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ JÉSSICA KELLY FERNANDES PSEUDOMICETOMA DERMATOFÍTICO INTRA-ABDOMINAL EM UM FELINO CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

JÉSSICA KELLY FERNANDES

PSEUDOMICETOMA DERMATOFÍTICO INTRA-ABDOMINAL EM UM FELINO

CURITIBA

2016

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JÉSSICA KELLY FERNANDES

PSEUDOMICETOMA DERMATOFÍTICO INTRA-ABDOMINAL EM UM FELINO

CURITIBA

2016

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de medicina veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de médica veterinária.

Professor orientador: Rogério Luizari Guedes

Orientador profissional: Edgar Franco Ramos de Carvalho

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“Chegará o dia em que os homens conhecerão o íntimo dos animais e nesse dia, um crime contra um animal será considerado um crime contra a Humanidade.”

Leonardo Da Vinci

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me fortalecer em todos os momentos e me mostrar que

é só ter fé, que no final tudo dá certo.

Aos meus pais amados, Roberto e Claudete, por estarem sempre ao meu lado

e por toda dedicação, me incentivando a sempre seguir em frente e nunca desistir.

Agradeço pelo amor, carinho e compreensão.

À minha querida irmã Jaqueline e namorado Andrés pela força, encorajamento

e auxílio quando mais precisei.

Ao meu orientador Rogério Luizari Guedes, por ter me ajudado e me guiado no

decorrer deste trabalho, me dando todo o suporte necessário.

Muito obrigada também ao meu orientador profissional, Edgar Franco Ramos

de Carvalho pela orientação e paciência em transmitir todo o seu conhecimento e

principalmente pela oportunidade de aprendizado proporcionado.

Um agradecimento especial as médicas veterinárias Ellen Luquetta e Ana

Cristina Figueiredo pela supervisão, apoio, incentivo, amizade e ensinamentos

passados durante o período de estágio curricular obrigatório.

À toda equipe do Centro integrado de Especialidades Veterinárias pela grande

experiência e principalmente pelas amizades conquistadas.

Aos meus amigos e colegas de faculdade, agradeço pelo companheirismo,

convívio, alegrias e tristezas compartilhadas nesses quase cinco anos.

À Faculdade Evangélica do Paraná e aos professores que dedicaram seu

tempo, paciência e difundiram seu conhecimento para minha formação.

À Universidade Tuiuti do Paraná e aos professores por terem me acolhido e

amparado em um momento de dificuldade.

Agradeço sobretudo aos meus animais, pela lição de vida, lealdade e amor

incondicional.

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RESUMO

No presente trabalho de conclusão de curso é apresentada a descrição da unidade concedente do estágio curricular, juntamente com as principais atividades desenvolvidas e a casuística acompanhada além do desenvolvimento de uma revisão de literatura embasada em um relato de caso de pseudomicetoma dermatofítco intra-abdominal em um felino. Pseudomicetoma dermatofítico é uma forma incomum da dermatofitose, infecção fúngica de ocorrência rara caracterizada pela presença de nódulos irregulares em tecidos mais profundos como o tecido subcutâneo, podendo adentrar cavidades intra-corpóreas através do sistema linfático ou da inoculação direta do agente patogênico por meio de traumas perfurantes ou lesões pré-existentes. Palavras-chave: dermatofitose, infecção fúngica profunda, pseudogrânulos.

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

CAAF Citologia aspirativa por agulha fina

BID Bis in die

CAM Concentração alveolar mínima

CIEV Centro Integrado de Especialidades Veterinárias

cm Centímetro

IHQ Imuno-histoquímica

IM Intramuscular

IV Intravenoso

kg Quilograma

mg Miligrama

ml Mililitro

mm Milímetro

MPA Medicamento pré-anestésico

RCP Ressuscitação cardiopulmonar

SC Subcutâneo

SID Semel in die

SRD Sem raça definida

TID Ter in die

TPC Tempo de preenchimento capilar

UTI

VO

Unidade de terapia intensiva

Via oral

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fachada do Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba,

2016 .......................................................................................................................... 13

Figura 2 - Recepção do Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba,

2016 .......................................................................................................................... 14

Figura 3 - Internamento do Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba,

2016 .......................................................................................................................... 15

Figura 4 - Internamento do Centro Integrado de Especialidades Veterinárias: berço

para monitorização intensiva/ Curitiba, 2016............................................................. 15

Figura 5 - Consultório do Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba,

2016 .......................................................................................................................... 17

Figura 6 - Sala de raio-x: Lumina Vet, no Centro Integrado de Especialidades

Veterinárias/ Curitiba, 2016 ....................................................................................... 18

Figura 7 - Sala de ultrassom: Lumina Vet, no Centro Integrado de Especialidades

Veterinárias/ Curitiba, 2016 ....................................................................................... 18

Figura 8 - Sala de avaliação de exames de imagem e confecção de laudos: Lumina

Vet, no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016 ................. 19

Figura 9 - Sala de odontologia do Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/

Curitiba, 2016 ............................................................................................................ 19

Figura 10 - Sala de cardiologia: Heart Care, no Centro Integrado de Especialidades

Veterinárias/ Curitiba, 2016 ....................................................................................... 20

Figura 11 - Laboratório de análises patológicas: Vet Análises, no Centro Integrado

de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016 ......................................................... 20

Figura 12 - Sala da oncologia: Oncovet, no Centro Integrado de Especialidades

Veterinárias/ Curitiba, 2016 ....................................................................................... 21

Figura 13 - Centro cirúrgico destinado a Oncovet para a realização de cirurgias

oncológicas, no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016 ... 21

Figura 14 - Centro cirúrgico destinado a procedimentos cirurgicos ortopédicos e de

tecidos moles, no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016 22

Figura 15 - Sala de fisioterapia: Physical Pet, no Centro Integrado de Especialidades

Veterinárias/ Curitiba, 2016 ....................................................................................... 22

Figura 16 - Imagem ultrassonográfica do ureter proximal esquerdo dilatado (setas

vermelhas): imagem realizada com transdutor linear de 10 mhz .............................. 30

Figura 17 - Imagem do rim esquerdo com hidronefrose, apresentando severa

dilatação pélvica (triângulo) e adelgaçamento da cortical (setas vermelhas): imagem

realizada com transdutor linear com 10 mhz ............................................................. 30

Figura 18 - Imagem evidenciando neoformação irregular heterogênea com margens

pouco definidas em região caudo dorsal a vesícula urinária (setas vermelhas): imagem

realizada com transdutor linear com 10 mhz ............................................................. 31

Figura 19 - Imagem ultrassonográfica do linfonodo inguinal esquerdo aumentado de

tamanho e heterogêneo (setas vermelhas): imagem realizada com transdutor linear

com 10 mhz ............................................................................................................... 31

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Figura 20 - Pseudomicetoma dermatofítico intra-abdominal localizado em região

inguinal, visto externamente (setas vermelhas) ........................................................ 33

Figura 21 - Presença de pseudogrânulos em omento (setas pretas) ....................... 34

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Caninos e felinos acompanhados durante o período de estágio (21/03/16-03/06/16) obrigatório no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016 .......................................................................................................................... 24 Gráfico 2 - Prevalência das raças caninas atendidas durante o período de estágio curricular obrigatório (21/03/16-03/06/16) no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016 ....................................................................................... 25 Gráfico 3 - Exames complementares acompanhados no período de estágio curricular (21/03/16-03/06/16) no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016 .......................................................................................................................... 28

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Número de animais acompanhados, dividido por espécie e sexo/ Curitiba,

2016 .......................................................................................................................... 24

Quadro 2 - Resultados dos valores hematológicos e bioquímicos do paciente ........ 32

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Atendimentos classificados por sistemas orgânicos e doenças oncológicas/

Curitiba, 2016 ............................................................................................................ 26

Tabela 2 - Atendimentos classificados por sistemas orgânicos/ Curitiba, 2016 ...... 27

Tabela 3 - Atendimentos classificados por sistemas orgânicos e doenças

infectocontagiosas/ Curitiba, 2016 ............................................................................ 27

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12

2. LOCAL DE ESTÁGIO ........................................................................................ 13

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ...................................................................... 23

4. CASUÍSTICA ...................................................................................................... 24

5. RELATO DE CASO ............................................................................................ 29

6. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 36

7. DISCUSSÃO ...................................................................................................... 40

8. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 44

9. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 45

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1. INTRODUÇÃO

O estágio curricular obrigatório foi realizado no Centro Integrado de

Especialidades Veterinárias - CIEV. As atividades realizadas foram desenvolvidas na

área de internamento e intensivismo, área que vem se desenvolvendo nos últimos

anos e está presente nos grandes centros veterinários, abrangendo o atendimento e

tratamento intensivo de pacientes urgências e emergenciais.

O estágio foi realizado no período de 21 de março a 03 de junho de 2016, com

carga horária diária de 8 horas, totalizando 440 horas, sob supervisão do médico

veterinário Edgar Franco Ramos de Carvalho responsável pela área do internamento

e orientada pelo prof. MSc Rogério Luizari Guedes encarregado pelas disciplinas de

técnica operatória e clínica cirúrgica de pequenos animais na Universidade Tuiuti do

Paraná.

Este trabalho tem por finalidade descrever a unidade concedente de estágio,

as atividades desenvolvidas e a casuística acompanhada, assim como o

desenvolvimento de uma revisão de literatura baseada em um relato de caso de

pseudomicetoma dermatofítico intra-abdominal em um felino, presenciado durante o

período de estágio para discussão.

O estágio teve como objetivo a aplicação dos conhecimentos teóricos e

práticos obtidos durante a graduação de medicina veterinária, bem como adquirir

novos conhecimentos através do convívio com profissionais da área, além do contato

direto com pacientes e proprietários, com isso a oportunidade de adquirir novas

experiências além de maior aptidão acadêmica.

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2. LOCAL DE ESTÁGIO

O CIEV está localizado na Rua André Zanetti, 144, no bairro Vista Alegre, na

cidade de Curitiba, estado do Paraná (Figura 1). Este centro é formado por várias

empresas que são compostas por profissionais especializados em diferentes

áreas/especialidades que prestam serviços terceirizados a outros médicos

veterinários, sendo que os serviços oferecidos são divididos nos seguintes setores:

cirurgia geral, ortopedia, oncologia, internamento e intensivismo, oftalmologia,

cardiologia, odontologia, fisioterapia, diagnóstico por imagem, patologia clínica e

anestesiologia e controle da dor.

Figura 1 - Fachada do Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016

A estrutura do CIEV é composta por sala de recepção que se encontra no

primeiro andar, onde é realizada a recepção dos clientes, transferência de ligações,

cadastro dos pacientes e pagamento de débitos (Figura 2), em seguida os

proprietários e pacientes são conduzidos a uma sala para espera de atendimento. Os

atendimentos de rotina são realizados de segunda à sexta-feira das 8:00 às 12:00 e

das 13:00 às 18:00 horas com horários previamente agendados diretamente com a

especialidade que condiz com a enfermidade, sendo necessária uma carta de

encaminhamento elaborada por outro veterinário, com exceção em casos de

emergências, onde os pacientes são atendidos imediatamente e se necessário,

direcionados ao internamento para posterior monitorização e cuidados intensivos.

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Figura 2 - Recepção do Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016

O internamento (Figura 3) possui assistência 24 horas, sob os cuidados de

nove médicos veterinários que trabalham em horários e dias alternados. Tem o

objetivo de proporcionar um tratamento eficaz para animais em estado grave que

necessitam de cuidados intensivos, além de possibilitar uma melhor recuperação do

paciente em pós-cirúrgico. Disponibiliza de mesa de ressuscitação cardiopulmonar

(RCP), berço para pacientes em estado grave que necessitam de monitorização

intensiva (Figura 4), monitor multiparamétrico, Doppler vascular, concentradores de

oxigênio, lactímetro, glicosímetro, bomba de infusão, refrigerador para

armazenamento de medicações perecíveis, medicações emergenciais, traqueotubos,

laringoscópio, soluções de fluidoterapia, cateteres, seringas, agulhas, sondas e

demais materiais utilizados em casos de procedimento padrão e emergências. Todos

os leitos possuem gaiolas em aço inoxidável e o chão é revestido em cerâmica, o que

garante uma higienização mais eficaz. Compõem ainda a estrutura do internamento,

um pequeno escritório equipado com mesa, computador, telefone, armários e livros,

além de um quarto com beliche e banheiro, dedicado ao descanso de médicos

veterinários e estagiários plantonistas. Em anexo, o internamento ainda conta com um

estoque para o armazenamento de medicamentos, seringas, agulhas, cateteres,

equipo, soluções de fluidoterapia, dentre outros aparatos utilizados na rotina.

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Figura 3 - Internamento do Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016

Figura 4 - Internamento do Centro Integrado de Especialidades Veterinárias: berço para monitorização intensiva/ Curitiba, 2016

O CIEV ainda dispõe de quatro consultórios equipados com computador,

mesa, armário, pia e materiais de consumo, espaço reservado para pequenos

procedimentos como curativos, além de consultas, diagnóstico, estabelecimento de

tratamentos e retorno (Figura 5). Possui um centro de imagem representado pela

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Lumina Vet, composto por sala de raio-x, sala de ultrassonografia e setor de avaliação,

confecção e impressão de laudos e exames (Figura 6, 7, e 8).

O serviço de odontologia (Figura 9) e oftalmologia - Pró Oftamo, tem ainda

separadamente, um ambiente específico para procedimentos odontológicos e

oftalmológicos, do mesmo modo que o serviço de Cardiologia - Heart Care (Figura 10)

possui uma sala exclusiva com equipamentos necessários para a execução de

eletrocardiograma e ecocardiograma. Há também dentro do Centro Integrado de

Especialidades, um laboratório de patologia clínica veterinária - Vet Análises (Figura

11), composto por sala com temperatura cuidadosamente diferenciada para a

preservação de amostras laboratoriais, conta com o auxilio de equipamentos e

utensílios como microscópio, centrifuga, estufa, geladeira, lâminas, pipetas, tubos e

ponteiras.

A área de oncologia é representada pela Oncovet (Figura 12), os serviços

ofertados incluem uma série de terapias para o câncer, como quimioterapia,

eletroquimioterapia, criocirurgia, cirurgia oncológica, além de tratamentos paliativos,

nutrição do paciente oncológico e manejo da dor para conforto do paciente.

Além de todos os serviços oferecidos citados anteriormente, o Centro

Integrado coloca à disposição o serviço de cirurgia a todos os estabelecimentos

veterinários e médicos veterinários autônomos. A área da cirurgia é dividida em

cirurgia de tecidos moles e ortopedia. Dentre os serviços cirúrgicos oferecidos estão:

cirurgias torácicas, otológicas, do sistema respiratório, digestivo, hepatobiliar,

endócrino, urinário, reprodutivo e nervoso, além de hérniorrafias e cirurgias

reconstrutivas. Ainda relacionado à cirurgia, o CIEV dispõe de dois centros cirúrgicos,

sendo um destinado a Oncovet, utilizado para cirurgias oncológicas (Figura 13) e outro

utilizado para cirurgias ortopédicas e de tecidos moles (Figura 14), ambos contêm foco

cirúrgico auxiliar digital de LED, mesa cirúrgica eletro-hidráulica, sistema de exaustão,

material cirúrgico para procedimentos de tecidos moles e ortopédicos, além de

estrutura para anestesias gerais e monitorização das mesmas. Os procedimentos

cirúrgicos podem ser agendados previamente em casos eletivos ou não emergenciais

ou àqueles que exigem atendimento emergencial, o CIEV tem a disposição três

cirurgiões, sendo um especialista em cirurgias oncológicas e reconstrutivas, um

especialista em cirurgias ortopédicas e outro dedicado a cirurgias de tecidos moles.

Entre os centros cirúrgicos há uma sala para esterilização dos instrumentais

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cirúrgicos. Há também um ambiente para a recuperação de animais anestesiados,

três vestiários e uma sala com lavatório para a antissepsia da equipe cirúrgica.

No CIEV há um pequeno auditório, destinado a apresentações de seminários,

reuniões e realizações de cursos profissionalizantes. No subsolo, está a garagem e

um espaço designado a Physical Pet - fisioterapia e reabilitação de pequenos animais

(Imagem 15) o qual fornece serviços de fisioterapia ortopédica e neurológica,

orientação nutricional ao combate da obesidade e condicionamento físico e tratamento

do paciente idoso através de estimulação da cognição, desenvolvimento de atividades

e recuperação da agilidade. Um nível abaixo da garagem encontra-se uma cozinha e

um banheiro para o uso de veterinários, estagiários e outros funcionários.

Externamente a clínica, próximo a cozinha, há uma lavanderia e uma área de

recreação, onde os animais são soltos em determinadas horas do dia.

Figura 5 - Consultório do Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016

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Figura 6 - Sala de raio-x: Lumina Vet, no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016

Figura 7 - Sala de ultrassom: Lumina Vet, no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016

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Figura 8 - Sala de avaliação de exames de imagem e confecção de laudos: Lumina Vet, no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016

Figura 9 - Sala de odontologia do Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016

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Figura 10 - Sala de cardiologia: Heart Care, no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016

Figura 11 - Laboratório de análises patológicas: Vet Análises, no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016

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Figura 12 - Sala da oncologia: Oncovet, no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016

Figura 13 - Centro cirúrgico destinado a Oncovet para a realização de cirurgias oncológicas, no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016

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Figura 14 - Centro cirúrgico destinado a procedimentos cirurgicos ortopédicos e de tecidos moles, no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016

Figura 15 - Sala de fisioterapia: Physical Pet, no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016

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3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Durante o período de estágio curricular no Centro Integrado de Especialidades

Veterinárias, pôde-se desenvolver atividades que melhorassem a capacidade de

triagem, avaliação, resolução de casos clínicos e indicação de protocolos

terapêuticos. As atividades realizadas no internamento incluíram o acompanhamento

de consultas emergências, contenção dos animais, realização de anamnese e exame

físico, administração de medicações, colocação de acessos venosos, manejo de

curativos, sondagens, remoção de pontos, confecção de pequenos pontos, coleta de

material para exames laboratoriais, preenchimento de requisições e cadastro de

pacientes, monitoração de pacientes em estado crítico, acompanhamento de

transfusões sanguíneas, reposição de materiais de insumo, e manter os animais

limpos, aquecidos e devidamente alimentados. Todos os casos eram discutidos

durante o dia e as atividades relatadas foram realizadas com supervisão e

consentimento dos médicos veterinários responsáveis.

Além do internamento, também foi possível acompanhar outras áreas, como

o diagnóstico por imagem, através da contenção de animais para execução de

exames radiográficos e ultrassonográficos, interpretação de laudos e revisão das

estruturas anatômicas juntamente com as particularidades de cada enfermidade. Na

cardiologia, por meio de assistência em exames de ecocardiograma e

eletrocardiograma. Excepcionalmente, havia acompanhamento de cirurgias, desde a

preparação dos pacientes até sua recuperação, além de procedimentos oncológicos,

como quimioterapia, crioterapia, eletroquimioterapia e cirurgias oncológicas.

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4. CASUÍSTICA

No período de 21 de março a 03 de junho de 2016, foram acompanhados 109

casos, sendo que 100 animais eram da espécie canina (92%) e nove eram da espécie

felina (8%). Ao todo, o número de cães foi maior que o de felinos, como mostra o

gráfico 1.

Gráfico 1 - Caninos e felinos acompanhados durante o período de estágio (21/03/16-

03/06/16) obrigatório no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016

Dentre o total de 109 animais acompanhados, 41,3% eram machos e 58,7%

fêmeas, sendo que a proporção de atendimentos a fêmeas caninas foi maior que os

atendimentos a cães machos, já em relação aos felinos, a quantidade de

atendimentos a machos foi superior comparado aos atendimentos de fêmeas felinas,

como mostra o quadro a seguir.

Quadro 1 - Número de animais acompanhados, dividido por espécie e sexo/ Curitiba, 2016

ESPÉCIE MACHOS FÊMEAS TOTAL DE ANIMAIS

CANINA 39 61 100

FELINA 6 3 9

% 41,3 58,7 100

CÃES92%

GATOS8%

CANINOS E FELINOS ACOMPANHADOS

CÃES GATOSn=109

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25

Notou-se que a grande maioria dos animais da espécie canina acompanhados

durante o estágio curricular supervisionado tinha idade entre dois meses e 16 anos.

Já os felinos, a idade variava de sete meses a 14 anos. Com relação às raças, dos

100 cães atendidos, a prevalência era de animais sem raça definida correspondendo

a 25 animais, consecutivamente, as raças mais acompanhadas foram York Shire e

Poodle, como mostra o gráfico 2. Animais sem raça definida também representavam

a grande maioria dos felinos (n=7) e apenas um Persa e um Siamês foram atendidos.

Gráfico 2 - Prevalência das raças caninas atendidas durante o período de estágio curricular obrigatório (21/03/16-03/06/16) no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/

Curitiba, 2016

.

25%

8%

7%

6%

6%

5%

5%

4%

4%

3%

3%

3%

3%

3%

3%

2%

1%

1%

1%

1%

1%

1%

1%

1%

1%

1%

SRD

YORK SHIRE

POODLE

LABRADOR

PIT BULL

MALTÊS

SHIH-TZU

COCKER

SCHNAUZER

LHASA APSO

BULLDOG FRANCES

PINSCHER

GOLDEN RETRIEVER

BEAGLE

BULLDOG INGLÊS

DACHSHUND

TERRIER BRASILEIRO

WEIMARANER

JACK RUSSEL

AKITA

SPITZ

BOXER

AMERICAN TERRIER

FOX PAULISTINHA

ROTTWEILER

CHIUAUA

RAÇAS DE CÃES ACOMPANHADOS

n=100

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A casuística acompanhada foi diversificada, as doenças oncológicas foram as

mais contempladas, correspondendo a 21% dos casos. Seguido por animais

atendidos com afecções em sistema digestório e esquelético, com 16% e 15%

respectivamente (Quadro 2).

Tabela 1 - Atendimentos classificados por sistemas orgânicos e doenças oncológicas/ Curitiba, 2016

O sistema reprodutivo representou 8% dos casos, consecutivamente vinham

os sistemas urinário apresentando 7%, oftalmológico 6%, cardiocirculatório e

respiratório ambos com 5% (Quadro 3).

SISTEMAS DIAGNÓSTICO n %

DOENÇAS ONCOLÓGICAS

Neoplasia hepática 5

21%

Neoplasia pulmonar 2

Mastocitoma 6

Melanoma 3

Linfoma 5

Sarcoma 2

Osteossarcoma 1

SISTEMA DIGESTÓRIO

Intoxicação 1

16%

Pancreatite 5

Gastrite 2

Gastroenterite 3

Corpo estranho 4

Torção vólvulo gástrica 1

Estenose de esôfago 1

Colicistite 2

SISTEMA ESQUELÉTICO

Fraturas 8

15%

Hemivértebra 2

Desvio angular 1

Luxação de patela 4

Displasia coxofemoral 1

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Tabela 2 - Atendimentos classificados por sistemas orgânicos/ Curitiba, 2016

SISTEMAS DIAGNÓSTICO n %

SISTEMA REPRODUTIVO

Piometra 7

8% Eclampsia 1

Hiperplasia prostática 1

SISTEMA URINÁRIO

Doença Renal Crônica 5

7% Obstrução uretral 1

Cistite 1

Prolapso uretral 1

SISTEMA OFTALMOLÓGICO

Entrópio 1

6% Obstrução de ducto lacrimal 1

Catarata 4

SISTEMA CARDIOCIRCULATÓRIO Insuficiência Cardiaca

Congestiva 5 5%

SISTEMA RESPIRATÓRIO

Pneumonia 1

5% Bronquite 2

Colapso de Traquéia 2

Os sistemas com menor número de afecções foram os sistemas endócrino,

muscular, neurológico e doenças infectocontagiosas com 4%. Seguido pelas afecções

do sistema hematopoiético as quais foram às menos observadas, com apenas 1% dos

casos (Quadro 4).

Tabela 3 - Atendimentos classificados por sistemas orgânicos e doenças infectocontagiosas/ Curitiba,

2016

SISTEMAS DIAGNÓSTICO n %

SISTEMA ENDÓCRINO

Diabetes Mellitus 2

4% Hipoadrenocorticismo 1

Hiperadrenocorticismo 1

SISTEMA MUSCULAR Hérnia Espúria 1

4% Hérnia Perineal 3

SISTEMA NEUROLÓGICO Epilepsia 4 4%

DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS

Cinomose 1

4% Leptospirose 1

Pseudomicetoma Dermatofítico 1

Parvovirose 1

SISTEMA HEMATOPOIÉTICO Doença de Von Willebrand 1 1%

Neste período, foram acompanhados 54 exames complementares, dentre

eles, exames cardiológicos como ecocardiograma e eletrocardiograma. Parte deles

eram realizados como requisitos pré-operatórios, além de exames de imagem,

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ultrassonografia e radiografia, e exames endoscópicos, como mostra o gráfico a

seguir.

Gráfico 3 - Exames complementares acompanhados no período de estágio curricular (21/03/16-03/06/16) no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias/ Curitiba, 2016

30%

13%

4%22%

31%

EXAMES

ECOCARDIOGRAMA

ELETROCARDIOGRAMA

ENDOSCOPIA

RADIOGRAFIA

ULTRASSONOGRAFIA

n=54

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5. RELATO DE CASO

Um felino, macho, SRD, 6 anos de idade, pesando 3,5kg e castrado foi

encaminhada por outra clínica a área de oncologia do CIEV, após a realização de

exame ultrassonográfico na clínica de origem, no qual foi observada a presença de

estruturas que condiziam com uma suposta neoplasia abdominal.

Foi relatado pela tutora responsável que o animal encontrava-se com apatia,

hiporexia e disquesia, apresentando fezes escassas e em formato de fita, indicando

tenesmo, além disso, o animal apresentava baixo débito urinário. Segundo a tutora, o

quadro clínico do paciente apresentava evolução de 15 dias e não havia sido realizado

nenhum tratamento anterior específico para a suposta condição. O felino não tinha

histórico de doenças antecedentes, com exceção do desenvolvimento de

dermatofitose a pelo menos oito meses antes do episódio atual.

Ao exame físico, o paciente apresentava um bom estado geral, hidratado,

alerta, normotérmico, não manifestava dor à palpação abdominal ou notada a

presença de alterações anatômicas, mucosas normocoradas e tempo de

preenchimento capilar (TPC) de dois segundos, além de frequência cardíaca,

respiratória e pressão arterial dentro dos parâmetros fisiológicos.

O animal foi então encaminhado para exame ultrassonográfico abdominal

dentro do próprio CIEV, tendo como diagnóstico de suspeita inicial, hiperplasia

prostática, neoplasia prostática ou linfonodo metastático. No ultrassom, a porção

proximal do ureter esquerdo encontrava-se dilatado (Figura 16); no rim esquerdo

observou-se dilatação pélvica dos cálices renais por conteúdo anecóico, além de

adelgaçamento da espessura cortical, apontando uma possível hidronefrose (Figura

17); outra alteração evidente, consistia em uma massa heterogênea com áreas de

mineralização, em região caudo dorsal, próximo a vesícula urinária medindo 3,15cm

X 2,6cm (Figura 18) e o linfonodo inguinal esquerdo apresentava-se aumentado e

heterogêneo, medindo 1,85cm x 0,98cm (Figura 19).

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Figura 16 - Imagem ultrassonográfica do ureter proximal esquerdo dilatado (setas vermelhas): imagem realizada com transdutor linear de 10 mhz

Fonte: Lumina Vet, 2016

Figura 17 - Imagem do rim esquerdo com hidronefrose, apresentando severa dilatação pélvica (triângulo) e adelgaçamento da cortical (setas vermelhas): imagem realizada com transdutor linear

com 10 mhz

Fonte: Lumina Vet, 2016

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Figura 18 - Imagem evidenciando neoformação irregular heterogênea com margens pouco definidas em região caudo dorsal a vesícula urinária (setas vermelhas): imagem realizada com transdutor linear

com 10 mhz

Fonte: Lumina Vet, 2016

Figura 19 - Imagem ultrassonográfica do linfonodo inguinal esquerdo aumentado de tamanho e

heterogêneo (setas vermelhas): imagem realizada com transdutor linear com 10 mhz

Fonte: Lumina Vet, 2016

Através do laudo ultrassonográfico, foi indicada a realização de citologia

aspirativa por agulha fina (CAAF), porém, escasso o material obtido na amostra,

suspeitando-se então de uma massa não descamativa. Adveio do aspirado, quatro

lâminas com preparação citológica (coloração tipo Romanowsky). Observou-se na

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citologia grande quantidade de neutrófilos, parte deles degenerados, além de

macrógafos contendo restos celulares, também a presença de alguns linfócitos e

plasmócitos, revelando um resultado compatível com reação inflamatória purulenta e

piogranulomatosa. Foi optado no mesmo dia pela realização de biópsia guiada por

ultrassom com agulha Tru-Cut, o que permitiu afirmar com segurança a natureza da

lesão. Foram obtidos a partir da biópsia, quatro fragmentos teciduais branco

amarelados, medindo entre 10x1x1 e 1x1x0,5 mm. Microscopicamente, a amostra

consistia de tecido colagenoso e infiltrado perivascular misto discreto, chamando à

atenção a presença de múltiplos agregados de hifas fúngicas, envoltos por infiltrado

inflamatório misto muito rico em neutrófilos e macrófagos (piogranulmatoso), não

evidenciando sinais de transformação ou infiltração neoplásica, e revelando como

diagnóstico: pseudomicetoma dermatofítico.

Os resultados dos exames complementares básicos requeridos para avaliar o

estado geral de saúde do animal e ver se o mesmo estava apto para passar por um

procedimento cirúrgico apresentavam-se com valores considerados normais em

relação aos valores de referência, com exceção da creatinina e proteína total, que se

mantinham com valores próximos ao limite máximo aceitável (Quadro 2).

Quadro 2 - Resultados dos valores hematológicos e bioquímicos do paciente

HEMOGRAMA Resultados Valores de Referência

ERITROGRAMA

Eritrócitos (milhões/uL) 8,97 5,0 a 10,0

Hematócrito (%) 37% 24 a 45

Hemoglobina (g/dL) 12 8 a 15

VGM (u3) 41,25 39 a 55

CHGM (%) 32,43 30 a 36

LEUCOGRAMA

Leucócitos (/uL) 5.860 5.500 a 19.500

Neut. Segmentados 2.696 2.500 a 12.500

Bastonetes 0 0 a 300

Linfócitos 3.047 1.500 a 7.000

Eosinófilos 0 0 a 1.500

Monócitos 117 0 a 850

Basófilos 0 0 a 200

PLAQUETAS 449 175 a 500

PROT. TOTAL (g/dL) 8 6 a 8

BIOQUÍMICA Resultados Valores de Referência

Creatinina (mg/dL) 1,6 0,6 a 1,8

Uréia (mg/dL) 39 10 a 56

Fonte: Vet Análises, 2016

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A partir do resultado histopatológico, além do hemograma e bioquímico, o

paciente foi encaminhado a procedimento de celiotomia exploratória para uma

possível exérese de pseudomicetoma. Durante a preparação do paciente observou-

se a presença de uma massa localizada em região inguinal (Figura 20), sendo possível

a visualização a palpação da mesma externamente.

Figura 20 - Pseudomicetoma dermatofítico intra-abdominal localizado em região inguinal, visto

externamente (setas vermelhas)

Para o início do procedimento, primeiramente o paciente foi submetido à MPA

com midazolam 0,3mg/kg associado a cloridrato de petidina 3mg/kg e cloridrato de

cetamina 4mg/kg (via intramuscular). Após o início da ação da MPA, foi realizada uma

ampla tricotomia da região do processo xifóide até a pré-púbica. O procedimento

anestésico seguiu com a indução com propofol 4mg/kg/IV. Foi realizada anestesia

regional por meio de epidural com cloridrato de lidocaína sem vasoconstritor a 2% na

dose de 5 mg/kg e morfina 0,1mg/kg. A manutenção seguiu com anestésico

inalatório, isoflurano a 2,5 CAM. A antissepsia foi instituída com clorexidine e álcool,

prosseguindo com a colocação dos campos cirúrgicos presos a pinças Backhaus. A

cirurgia começou com incisão cutânea pré-retro-umbilical, com o bisturi na linha média

ventral, com início próximo ao processo xifóide e estendendo-se caudalmente até o

pré-púbis, seguindo por incisão no tecido subcutâneo, exposição da fáscia externa do

músculo reto abdominal, identificação da linha alba e pinçamento da parede

abdominal com pinças Allis com subseqüente realização de incisão em estocada com

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o bisturi e ampliação da incisão com tesoura Metzenbaum em sentido cranial e

caudalmente, consecutivamente, acesso a cavidade.

Ao acessar a cavidade, percebeu-se que a massa observada externamente

em região inguinal originava do retroperitônio, alastrava-se envolvendo o ureter distal

esquerdo, aderindo-se dorsalmente à vesícula urinária, prosseguia comprimindo o

cólon descendente e expandia-se até o anel inguinal esquerdo, além disso, observou-

se também a presença de pseudogrânulos amarelo-esbranquiçados situados sobre o

omento (Figura 21).

Figura 21 - Presença de pseudogrânulos em omento (setas pretas)

Com isso, foi determinada a inviabilidade de exérese do pseudomicetoma,

devido à intensa disseminação fúngica e aderência em estruturas, sendo realizada

apenas uma enterotomia para remoção das fezes retidas no cólon, com o objetivo de

proporcionar conforto ao paciente. A enterotomia procedeu com tração da alça

intestinal exteriormente ao abdômen, isolamento da alça com compressas e aplicação

de pinças intestinais atraumáticas cranial e caudalmente ao local da incisão. Seguindo

com incisão longitudinal de 3 cm na parede intestinal, no lado anti-mesentérico, e

remoção do bolo fecal retido. Posteriormente, a fixação de sutura de ancoragem e

síntese da parede intestinal abrangendo todas as camadas, com sutura padrão

simples interrompido e fio absorvível poliglactina 910 - 3.0, adiante, lavagem da

cavidade com cloreto de sódio - NaCl 0,9%. A celiorrafia foi realizada plano a plano,

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iniciando com sutura da musculatura padrão reverdin e subcutâneo com sutura padrão

cushing, ambas com fio absorvível, poliglactina 910 - 3.0. A síntese da pele se deu

através de sutura interrompida, sultan, com fio inabsorvível nylon 3.0. O pós-

operatório imediato do paciente foi realizado no internamento pelo período de dois

dias. Durante este período foi instituída fluidoterapia com manutenção de 2,5

ml/kg/hora e terapia antibiótica com cefalotina 30mg/kg/TID/IV, com analgesia

estabelecida no primeiro dia com metadona 0,2mg/kg/TID/SC e no segundo dia o

substituindo por tramadol 2mg/kg/TID/IM, mantendo-se o antibiótico de escolha inicial.

Para administração em casa foi prescrito enrofloxacina 5mg/kg/SID/VO por 7 dias,

cetoprofeno 1 gota/kg/SID por 3 dias, dipirona 1gota/kg/TID/VO, lactulona

1ml/kg/BID/VO e óleo mineral 0,5ml/kg/BID/VO, além de ração pastosa.

Após dez dias, houve retorno do animal para retirada dos pontos, o animal

estava aparentemente bem e com o uso do óleo mineral, lactulona e dieta pastosa o

tenesmo foi sanado. Mediante uma recuperação favorável ao procedimento cirúrgico,

foi dado início ao tratamento sistêmico para o pseudomicetoma, sendo prescrito para

casa itraconazol 25mg/BID/VO, mantendo-se o óleo mineral, a lactulona e dieta

pastosa. Trinta dias após o início do tratamento antifúngico, apesar da presença do

pseudomicetoma o paciente apresenta-se estável e se mantêm ativo. O animal

permanece em tratamento com antifúngicos e laxativos até uma nova avaliação.

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6. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os fungos são onipresentes na natureza, podendo perdurar no solo, na água e

na vegetação, adaptam-se facilmente ao meio onde se encontram, por isso possuem

alta capacidade de contaminação e infecção (SCOTT et al., 2001). O reino Fungi é

um grupo de organismos eucariotas que inclui tanto as leveduras unicelulares quanto

os fungos filamentosos pluricelulares. Os filamentos dos fungos são conhecidos como

hifas, e o conjunto de hifas forma o micélio. A hifa sofre fragmentação no sentido

transversal, cada fragmento se solta e fica lado a lado, essas estruturas são

denominadas artroconídios ou esporos. Estes poderão originar novas hifas, processo

comum em fungos dermatófitos (RAVEN et al., 2001).

As infecções fúngicas podem ocorrer em três formas clínicas principais: 1)

infecção fúngica superfícial, limitadas às camadas mais externas da pele; 2) cutâneo,

que envolvem as camadas mais profundas da epiderme e seus tegumentos e

subcutâneo que envolve a derme, tecidos subcutâneos, músculo e fáscia; 3)

sistêmica, que acomete órgãos e sistemas internos (CHANDLER & WATTS, 1987).

Dermatofitoses ou dermatofitias são afecções cutâneas, geralmente

circunscritas que acometem a pele, pelo e unhas (SCOTT et al., 2001) do homem e

múltiplas espécies de animais domésticos e silvestres (MORAES et al., 2001). Tem

como agente etiológico uma ampla variedade de fungos ceratinofílicos que em

conjunto são denominados de dermatófitos (MORAES et al., 2001). Tais espécies

fúngicas distribuem-se em três gêneros: Microsporum, Trichophyton e

Epidermophyton, e podem ser divididos em três grupos com base no habitat natural,

geofílico, zoofílico e antropofílico (JUNIOR et al., 2000). Em geral, os gêneros

Microsporum canis, Microsporum gypseum e Trichophyton mentagrophytes são

agentes relevantes de infecções cutâneas em animais domésticos, consistindo o

Microsporum canis a maior e mais prevalente causa de micose em animais

domésticos e o segundo agente etiológico mais freqüente da dermatofitose no homem

(BIER et al., 2013), sendo que os felinos, apresentam-se como a espécie mais

freqüentemente envolvida nos surtos da doença (COSTA et al., 1999).

Os sinais clínicos observados são: alopecia circunscrita ou difusa, com áreas

de escamação, hiperpigmentação, eritema e nas margens das lesões os pelos

possuem aspecto quebradiço (PATEL & FORSYTHE, 2010). A doença pode ser

transmitida de um animal a outro, ou a humanos, por contato direto ou indireto (BLACK

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et al., 2001), através do contato com pêlos e escamas infectados por hifas fúngicas

no animal, ambiente e fômites, escovas, camas, caixas de transporte, além da

movimentação e manutenção do animal em casa, são consideradas fontes em

potencial para infecção e reinfecção (SCOTT et al., 2001). Alguns fatores podem

influenciar na origem e manifestação da doença, tais como: idade e raça do animal,

indivíduos imunossuprimidos por doenças virais, administração prolongada de

antibióticos, radiação, terapia por esteróides, terapia imunossupressiva, drogas

citotóxicas, câncer e deficiências imunes: deficiências em células T, hipoplasia tímica

e anergia (CARTER, 1988).

À medida que um animal é exposto a um esporo dermatofítico, a infecção

pode se estabelecer através da ruptura mecânica do extrato córneo. As hifas fúngicas

invadem os folículos pilosos, proliferam-se na superfície da haste folicular e migram

em direção ao bulbo capilar, onde produzem suas próprias enzimas ceratolíticas, as

ceratinases. Estas enzimas permitem a invasão da haste folicular, essa invasão

estende-se até a zona ceratinosa ou franja de Adamson. Nesse ponto o fungo

estabelece um equilíbrio com o crescimento do pelo até que este caia. (SCOTT et al.,

2001). A resolução espontânea ocorre quando os pelos infectados entram na fase

telógena ou se uma reação inflamatória for estimulada. O pelo telogênico apresenta

uma produção de ceratina progressivamente retardada, tendo em vista que o

dermatófito utiliza a ceratina como fonte de nutriente (SCOTT et al., 2001).

Apesar de raro, os dermatófitos podem produzir lesões em tecidos profundos

não ceratinizados (HAY et al., 1997). A presença de um dermatófito em tecido

subcutâneo provoca uma reação purulenta com formação de abscessos ou gera uma

reação granulomatosa, comumente do tipo nodular (PEREIRA., et al 2006). Nesse

tipo de dermatofitose profunda, os fungos, ao invadirem a derme, ao contrário de

preservar a forma de elementos hifais e artroconídios, dão origem a massas lobulares,

constituídas por conjuntos micelianos (AJELLO et al.,1980). Alguns autores

consideram os grânulos originados dos micetomas semelhantes a esse conjunto de

hifas agregadas, e nomearam a infecção de micetoma dermatofítico (MORAES, et al.,

2001). Entretanto, acredita-se que os agregados distinguem em vários aspectos dos

grãos observados nos micetomas verdadeiros, e propôs-se para eles o nome de

pseudogrânulos e para a infecção, o de pseudomicetoma dermatofítico (AJELLO, et

al., 1980).

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O termo micetoma implica em uma infecção microbiana nodular não contagiosa

do tecido subcutâneo causada por fungos (eumicetomas) ou bactérias

(actinomicetomas), sendo acarretada pela inoculação direta do agente por meio de

um trauma (RINALDI et al., 1983). A actinomicose é causada por bactérias do gênero

Actinomyces de diferentes espécies e o eumicetoma é causado por diversas espécies

de fungos, por exemplo, Madurella mycetomatis (RODRIGUES et al., 2010).

Diferentemente do pseudomicetoma, os micetomas apresentam três requisitos

essenciais ao diagnóstico: aumento de volume, presença de fistulas e eliminação de

grânulos (RINALDI et al., 1983).

Para distinguir microscopicamente os pseudogrânulos originados do

pseudomicetoma, dos grânulos verdadeiros do micetoma, foi sugerido um esquema

baseado em quatro pontos de diferença: 1) desenvolvimento dos agregados

micelianos nos tecidos, desde filamentos individuais ou pequenos grupos de hifas até

grandes agregados de micélio (pseudogrãos); 2) abundante material de Splendore-

Hoeppli, circundando os pseudogrãos em todas as fases evolutivas; 3) presença de

um maior número de hifas nos grânulos verdadeiros em comparação aos

pseudogrânulos, 4) ausência de qualquer substância cimentante nos pseudogrânulos

(AJELLO et al.,1980).

O pseudomicetoma dermatofítico é uma apresentação atípica da dermatofitose

(RASKIN & MEYER, 2012), infecção fúngica profunda de ocorrência rara, acarretada

pela invasão de dermatófitos para o interior da derme profunda e do tecido subcutâneo

provocando uma resposta aguda, com desenvolvimento de abscessos, que pode dar

lugar a um processo inflamatório granulomatoso do tipo corpo estranho o qual tem

sido relatado em gatos e no homem, mais recentemente em cães e cavalos

(PEREIRA., et al 2006). É considerada uma afecção contagiosa caracterizada pela

presença de nódulos irregulares, de consistência firme ou friável, simples ou

coalescentes, com prurido mínimo ou ausente e indolor, muitas vezes localizados na

região do dorso e base da cauda (MEDLEAU et al., 2001; GROSS et al., 2005). É

causado principalmente pelo agente zoofilico Microsporum canis, hospedeiro

encontrado naturalmente na pele e pêlos de cães e gatos (RASKIN & MEYER, 2012).

Porém o Trichophyton sp. já foi apontado em alguns casos, como por exemplo, o

caso de pseudomicetoma dermatofítico devido a Trichophyton tonsurans relatado por

Moraes et al em 2001. Não há predileção por sexo ou faixa etária, e apesar desta

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afecção ser considerada rara e poder acometer várias espécies ela tem sido

observada com maior freqüência em gatos da raça persa (RASKIN & MEYER, 2012).

A patogenia desta infecção micótica profunda ainda não está bem esclarecida,

alguns autores sustentam que o mecanismo do pseudomicetoma é similar ao do

chamado granuloma de Majocchi, condição na qual as hifas invadem um folículo

piloso, penetram no tecido adjacente, agregam-se e induzem uma reação imunológica

marcante (AJELLO et al.,1980; CHEN et al., 1993). Segundo Tuttle & Chandler

(1983), o pseudomicetoma pode ocorrer como seqüela de lesões cutâneas pré-

existentes. De acordo com Caretta et al., (1989), pode acontecer uma relação

simbiótica entre dermatófitos zoofílicos e pulgas, que são capazes de carrear o fungo

na superfície do seu corpo, e ao picarem a pele do animal, acabam por inocular o

dermatófito em áreas teciduais abaixo do extrato córneo. Fora de um contato direto

com a ceratina, os dermatófitos passariam a se desenvolver de forma aleatória,

podendo atingir os tecidos mais profundos. Moraes et al., (2001) defende que a

invasão de dermatófitos para tecidos mais profundos da pele ou até mesmo na

hipoderme se faça por meio de folículos infectados, por ruptura da parede folicular. A

ruptura ocorreria em conseqüência da ação de três fatores: pressão exercida pelo

crescimento miceliano dentro do folículo, distendendo a parede folicular; perfuração

da parede por fragmentos de pêlos parasitados que sofreram fratura; e reação

inflamatória intensa perifolicular, capaz de destruir o epitélio da parede (MORAES et

al., 2001).

A infecção sistêmica é a mais rara forma de infecção fúngica, podendo afetar

um ou mais órgãos internos e, por vezes, ser disseminada através do sistema linfático

ou sangue (FERRO, VASCONI & CASTAGNARO., 2008). As infecções fúngicas para

cavidades corporais podem resultar da implantação dos agentes causais por meio de

traumas perfurantes, deiscência de suturas, fraturas expostas e feridas abertas que

levam à inoculação de fungos e esporos, podendo a afecção desenvolver-se anos

após a inoculação inicial (HAJDU et al., 2009). Stanley, Fischett & Jensen (2008)

cogitam a hipótese de que a ingestão de material estranho infectado e a inoculação

de termometro retal contaminado, são possíveis formas de infecção.

O diagnóstico é baseado no histórico, sinais clínicos, citologia, análise

histopatológica, cultura micológica, bacteriológica (MEDLEAU & RAKICH, 1994) e

imuno-histoquimica (STANLEY et al., 2008). O exame citológico por aspiração por

agulha fina dos nódulos revela um processo piogranulomatoso com presença de hifas

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de forma e tamanho irregular e artroconídeos. Na histopatologia observam-se grandes

agregados compostos por estruturas semelhantes a hifas e esporos embebido em

material amorfo eosinofílico conhecido como reação de “Splendore-Hoeppli” na região

da derme profunda (TOSTES & GIUFFRIDA, 2003; ZIMMERMAN et al., 2003; BOND

et al., 2001; MORAES et al., 2001; MEDLEAU & RAKICH, 1994; RICHARD et al.,

1994; GROSS, 1992). A cultura fúngica é o meio de isolamento e identificação

específico do dermatófito (SCOTT et al., 1996). Através da cultura bacteriana, pode-

se avaliar e quantificar a presença bacteriana no material analisado, além de fornecer

as primeiras informações para a identificação de um agente bacteriano (BLOOD &

RADOSTITS, 1991). A técnica de imuno-histoquímica (IHQ) é frequentemente

utilizada para o estudo de doenças infecciosas e neoplásicas em animais (RAMOS-

VARA & BEISSENHERZ, 2000), e devido sua alta especificidade e sensibilidade, vem

sendo uma ferramenta auxiliar no diagnóstico dessas condições (RAMOS-VARA &

MILLER, 2014; EYZAGUIRRE & HAQUE, 2008; RAMOS-VARA et al., 2008).

Entretanto, também tem sido utilizada para detectar e identificar vários elementos

fúngicos em tecidos fixados em formol, promovendo uma identificação específica do

agente etiológico (EYZAGUIRRE & HAQUE 2008; JENSEN et al. 1996, VERWEIJ et

al. 1996). Além de todas essas técnicas diagnósticas, a ultrassonográfia é

considerada um método diagnóstico não invasivo na detecção de massas intra-

corpóreas como o caso do peseudomicetoma intra-cavitário (BLACK et al., 2001).

O diagnóstico diferencial de pseudomicetoma dermatofítico contempla

criptococose, esporotricose, histoplasmose, nocardiose, actinomicose, micobactérias,

infecções fúngicas oportunistas e neoplasias (BOND, 2001; GROSS, 1992). Na forma

intra-abdominal, inclui neoplasias de tecidos moles como carcinoma e sarcoma, além

de neoplasia do sistema linfático tal como o linfoma (STANLEY et al., 2008).

O prognóstico é reservado e o tratamento é baseado em remoção cirúrgica, se

possível, ou por terapia antifúngica sistêmica a longo prazo (MEDLEAU et al., 2001),

sendo preconizadas drogas como a griseofulvina, cetoconazol ou itraconazol

(RAMADILHA, 2010), podendo levar de 6 a 18 meses de tratamento, fazendo-se a

combinação de ambos os tratamentos, excisão cirúrgica e terapia antifúngica, mais

eficientes (MEDLEAU et al., 2001).

7. DISCUSSÃO

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O primeiro caso de pseudomicetoma foi descrito por Bourdin em 1975

(CORAZZA et al., 1998). Apesar da longa data, a penetração por dermatófitos em

tecidos mais profundos e cavidades intra corpóreas ainda são consideradas

extremamente raras, com isso, escassos os relatos de pseudomicetoma em literatura,

tanto em sua forma convencional quanto intra-abdominal (FERRO, VASCONI &

CASTAGNARO., 2008). Devido à raridade da doença, além de sub-diagnósticos e

sub-registros, erros de diagnóstico de casos semelhantes acabam tornando-se

frequentes, muitas vezes confundidos com abscessos ou lesões neoplásicas

(FERRO, VASCONI & CASTAGNARO., 2008).

O felino portador de pseudomicetoma descrito no presente relato não tinha

raça definida, entretanto, tal afecção fúngica mesmo em sua forma convencional,

subcutânea, é relatada quase que exclusivamente em gatos da raça Persa (ZAFRANY

et al., 2014). Atualmente, a literatura apresenta apenas cinco casos de

pseudomicetoma dermatofítico intra-cavitário, sendo que em apenas um dos casos o

tratamento foi efetivo, sendo preconizada a excisão cirúrgica completa do

pseudomicetoma, associada à terapia antifúngica com Itraconazol a 10mg/kg por seis

meses. Além disso, desses cinco casos, quatro foram relacionados a felinos da raça

Persa, embora não esteja bem esclarecida a predisposição dessa raça a esse tipo de

infecção fúngica (ZAFRANY et al., 2014). Entretanto, Moriello & Deboer (1995) são de

opiniões opostas, acreditam que o comprimento do pelo não predispõe a

dermatofitose. Mas dados na literatura indicam que os dermatófitos são isolados com

maior freqüência nas raças de pelos longos, especialmente persas (BALDA, 2001;

SCOTT et al., 2001; OLIVARES, 2003).

Mesmo com uma discrepância microscópica, a nomenclatura de granulomas

micóticas ainda é um desafio, variando entre 'micetomas' e 'pseudomicetomas', já que

ambas as reações são granulomatosas causadas por fungos (THIAN et al., 2008). O

fato dos sintomas se confundirem dificulta o diagnóstico precoce, critério essencial

para se obter uma resposta positiva no tratamento e impedir a disseminação da

doença (ABRAMO et al., 2001; TIRADO et al., 2012).

No presente caso descrito, não houve envio de amostras para isolamento e

identificação do dermatófito específico que originou o desenvolvimento da patologia,

sendo o mesmo considerado uma incógnita. Chandler & Ajello (1997) citam que o

agente causal do pseudomicetoma é melhor detectado através da caracterização do

organismo em cultura fúngica.

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O felino apresentava histórico de dermatofitose, com isso suspeita-se que o

pseudomicetoma dermatofítico intra-abdominal aqui relatado, decorreu da invasão

fúngica ao sistema vascular linfático, passando pelo linfonodo inguinal, vencendo o

sistema imune e disseminando-se sistemicamente. Outra hipótese, é que a

implantação do agente patogênico se estabeleceu através de lesão perfurante,

entretanto, o animal não possui histórico de traumas. Ferro, Vasconi & Castagnaro

(2008) presenciaram um caso de pseudomicetoma intra-abdominal em um felino,

fêmea, de aproximadamente 13 anos, onde também não foi possível assegurar o local

primário de invasão, mas pressupõe-se que a contaminação fúngica tenha se

instalado a partir de um trauma perfurante ou através de incisão cirúrgica proveniente

de procedimento de ovariosalpingohisterectomia, devido à localização da massa, que

tinha origem próximo a incisão cirúrgica, encontrando-se aderida a bexiga, intestino

delgado e parede abdominal.

No caso relatado no presente trabalho, não houve a possibilidade de excisão

cirúrgica do peseudomicetoma, procedendo o tratamento para remissão da massa

fúngica apenas com terapia antifúngica, sendo preconizado o Itraconazol. Zafrany et

al., (2014) suspeitam que pseudomicetomas que não são radicalmente extirpados ou

apenas excisados, não irá responder satisfatoriamente ao tratamento de suporte e

terapia antifúngica, já que os granulomas não são bem vascularizados, limitando a

penetração da droga no local alvo. Corazza et al., (1998), retrata que a excisão

cirúrgica não é suficiente para garantir uma cura completa, já que o tratamento

realizado isoladamente torna-se mais susceptível a recorrências freqüentes. Sendo

assim, o tratamento deve consistir na combinação de excisão cirúrgica completa e

terapia antifúngica prolongada (ZAFRANY et al., 2014).

Em relação à terapia antifúngica, a griseofulvina é uma droga muito utilizada

no tratamento da dermatofitose na forma "clássica", já que atua sobre todas as

espécies dos gêneros Microsporum, Trichophyton e Epidermophyton, por possuir

atividade seletiva para dermatófitos. Entretanto, não apresenta bons resultados para

pseudomicetoma dermatofítico uma vez que a droga se liga firmemente à queratina

nova, que se torna altamente resistente à invasão de fungos, porém não tem ação

contra dermatófitos já instalados (CORAZZA et al., 1998). A partir disso, a terapia

antifúngica preconizada ao paciente referido neste trabalho foi realizada com

itraconazol, já que a droga tem se mostrado um potente antifúngico oral, atua

sistemicamente, possui um amplo espectro de ação e efeitos tóxicos bastante

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reduzidos (CAUWENBERGH et al., 1988). Entretanto, o uso deste medicamento em

doses elevadas pode acarretar vômito e anorexia em felinos (MANCIANTI et al.,

1998). Já em cães pode levar a erupções cutâneas (PLOTNICK et al., 1997), além de

anorexia e aumento da concentração plasmática das enzimas fosfatase alcalina e

aminotransferase (LEGENDRE et al., 1996). Sendo assim, as doses indicadas da

droga antifúngica para ambas as espécies em casos de micoses subcutâneas e

profundas são de 10- 20mg/kg/dia (JAHAM et al., 2000).

O cetoconazol tem um amplo potencial terapêutico para o tratamento de

infecções micóticas superficiais e sistêmicas (NOBRE et al., 2002). A dosagem para

o tratamento das micoses sistêmicas de cães é de 10mg/kg de peso, três vezes ao

dia, ou 20mg/kg/dia em dose única ou fracionada; em gatos a dose é 20mg/kg de

peso, administrada duas vezes ao dia em dias alternados ou 10-15mg/kg de peso

administrados diariamente (NOBRE et al., 2002). Em todas as micoses sistêmicas, o

tratamento com cetoconazol deve ser prolongado pelo menos durante quatro

semanas após a cura clínica da enfermidade (NOXON et al.,1982; MORIELLO, 1986).

Em doses elevadas da droga, pode ocorrer hepatoxicidade, além de mudanças

hormonais significativas levando a alterações reprodutivas em cães e distúrbios

gastrintestinais em felinos (ARONSON & AUCOIN, 1992).

Ramadilha (2010) relata que os efeitos colaterais que podem transcorrer por

conta dos longos períodos de utilização das drogas antifúngicas, além dos elevados

custos das mesmas, associado com a dificuldade de administração por parte dos

tutores nos animais, têm tornado o tratamento e a erradicação da doença um desafio

na clínica de felinos (RAMADILHA, 2010).

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8. CONCLUSÃO

O estágio curricular obrigatório é uma experiência imprescindível, que liga o

estagiário as situações reais da rotina, preparando-o para o futuro como Médico

Veterinário. O estágio foi de eximia importância para a minha formação acadêmica,

principalmente pelo convívio com outros profissionais, pacientes e seus proprietários.

Diante do exposto é de grande importância que achados científicos tais como

a psedomicetoma dermatofítico intra-abdominal, seja relatado, no sentido de contribuir

para a formação de bancos de dados técnicos e científicos. Com isso, a oportunidade

de entender uma doença rara pouco difundida, onde suas causas e opções de

tratamento ainda não estão bem esclarecidas, além de minimizar diagnósticos

errôneos relacionados à patologia. O caso aqui relatado foi de grande valia para

ampliar meus conhecimentos não somente sobre o conteúdo exposto, como também

relacionado a diferentes assuntos semelhantes a ele.

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