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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ LEILA COSTA SMYTHE DIREITO AMBIENTAL VERSUS PODER ECONÔMICO CURITIBA 2013

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ LEILA COSTA SMYTHEtcconline.utp.br/.../02/DIREITO-AMBIENTAL-VERSUS-PODER-ECONOMICO.pdf · À minha mãe Izolina e ao meu padrasto Araújo, ... este

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

LEILA COSTA SMYTHE

DIREITO AMBIENTAL VERSUS PODER ECONÔMICO

CURITIBA

2013

LEILA COSTA SMYTHE

DIREITO AMBIENTAL VERSUS PODER ECONÔMICO

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito. Orientador: Professor Vitório Sorotiuk

CURITIBA

2013

TERMO DE APROVAÇÃO

LEILA COSTA SMYTHE

DIREITO AMBIENTAL VERSUS PODER ECONÔMICO

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção de título de Bacharel em Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, ____________________________de 2013.

___________________________________

Prof. Eduardo de Oliveira Leite Curso de Direito

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Prof. Doutor Vitório Sorotiuk Faculdade de Ciências Jurídicas - Universidade Tuiuti do Paraná

Prof. Faculdade de Ciências Jurídicas - Universidade Tuiuti do Paraná

Prof. Faculdade de Ciências Jurídicas - Universidade Tuiuti do Paraná

AGRADECIMENTO

Agradeço ao meu esposo Sérgio, aos meus filhos Luís Felipe e André, pelo

amor, carinho e respeito a mim dedicados.

À minha mãe Izolina e ao meu padrasto Araújo, pelo incentivo,

compreensão e doçura.

E meu especial agradecimento ao meu orientador professor Vitório Sorotiuk,

pelo conhecimento transmitido, pelas orientações e pelo apoio para que este

trabalho fosse realizado.

Dedico o presente trabalho aos meus filhos

pelo exemplo de luta, dedicação e superação

que me concederam. Ao esposo pelo incentivo

e paciência nos momentos dos grandes

desafios. À minha mãe e meu padrasto pelo

carinho.

O homem não teria alcançado o possível se, repetidas vezes,

não tivesse tentado o impossível. (Max Weber)

RESUMO O presente trabalho versa sobre a fragilidade na relação entre poder

econômico e meio ambiente, e nas Leis que o protegem, onde o meio ambiente é

visto somente como fornecedor inexaurível de recursos para a manutenção das

necessidades, dos desejos e ambições do homem. Na relação entre poder

econômico e meio ambiente, este restará prejudicado em prol aos interesses

daquele. Analisa a relação entre poder econômico e meio ambiente, apurando

discrepâncias entre recursos naturais arrecadados e os de fato necessários e

aplicados, bem como os resultados oferecidos e possíveis danos causados.

Investiga a efetividade da aplicação das normas ambientais nas questões de

prevenção, precaução e reparação do dano, notadamente quando há envolvimento

de grandes grupos econômicos. O desenvolvimento do presente trabalho será

através de leitura sistemática de doutrinas, interpretação das diversas normas legais

ambientais e pesquisas jurisprudenciais, periódicos e da bibliografia.

Palavras chave: Direito Ambiental. Poder Econômico. Biodiversidade.

Sustentabilidade.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ART. – Artigo

CDB – Convenção sobre Diversidade Biológica

CF/88 – Constituição Federal de 1988

CNUMAD – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento

CONABIO – Comissão Nacional de Biodiversidade

COP – Conferência das Partes

EPANB – Estratégia Nacional para a Biodiversidade

IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas

MMA – Ministério do Meio Ambiente

ONGs – Organizações Não Governamentais

ONU – Organização das Nações Unidas

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

UINC – União Internacional para a Conservação da Natureza

UNESP – Universidade Estadual Paulista

WWF – World Wildlife Fund (Fundo Mundial da Natureza)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 10 

2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ............................................................................... 12 

2.1 HISTÓRICO ........................................................................................................ 12 

2.2 CONCEITO ......................................................................................................... 13 

2.3 OS REFLEXOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NO MEIO AMBIENTE ATUAL14 

2.4 EFEITO GLOBAL: O CHAMADO “EFEITO ESTUFA” – CO2 E METANO .......... 15 

2.5 CONCEITO DE MATRIZ ENERGÉTICA ............................................................. 16 

3 MEIO AMBIENTE: BIODIVERSIDADE E SUSTENTABILIDADE ...................... 17 

3.1 BIODIVERSIDADE .............................................................................................. 17 

3.2 SUSTENTABILIDADE OU DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ................... 18 

3.3 ARTIGO 225 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ..................................... 19 

3.4 ARTIGO 170, INCISO VI DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ................... 20 

3.5 A CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS DE 1992 – ECO 92 ........................ 20 

4 PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA

FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 ........................................................................ 22 

4.1 O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ................................ 22 

4.2 PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR ............................................................. 22 

4.3 PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO ............................................................................ 23 

4.4 PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO ............................................................................. 23 

4.5 LEI DOS RESÍDUOS SÓLIDOS .......................................................................... 24 

4.6 PRINCÍPIO DO PROTETOR-RECEBEDOR ....................................................... 24 

4.7 PRINCÍPIO DA ECOEFICIÊNCIA ....................................................................... 25 

4.8 LOGÍSTICA REVERSA ....................................................................................... 25 

4.9 CÓDIGO FLORESTAL, AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E A

RESERVA LEGAL ..................................................................................................... 26 

5 O PODER ECONÔMICO .................................................................................... 29 

5.1 CONCEITUAÇÃO DE PODER ECONÔMICO .................................................... 29 

5.2 O PODER ECONÔMICO E A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS ....... 30 

5.3 O PODER ECONÔMICO E A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS DE

FATO NECESSÁRIOS .............................................................................................. 30 

5.4 O PODER ECONÔMICO COMO PERTURBADOR DO MEIO AMBIENTE ........ 33 

5.5 O PODER ECONÔMICO COMO CORRUPTOR DO SISTEMA ......................... 35 

6 MEIO AMBIENTE E DIREITO AMBIENTAL ....................................................... 37 

6.1 CONCEITO JURÍDICO DE MEIO AMBIENTE .................................................... 37 

6.2 CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL ............................................................... 37 

6.3 O DIREITO AMBIENTAL NO BRASIL ................................................................. 38 

7 O BRASIL ATUAL E O MEIO AMBIENTE ......................................................... 39 

7.1 SITUAÇÃO ATUAL DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL ...................................... 39 

7.2 O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO BRASIL ......................................... 40 

7.3 O AGRONEGÓCIO ............................................................................................. 42 

8 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 43 

ANEXO 1................................................................................................................... 45 

ANEXO 2................................................................................................................... 49 

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51 

10

1 INTRODUÇÃO

Este estudo tem por objetivo avaliar a fragilidade da relação entre poder

econômico e meio ambiente, e das Leis que o protegem, onde o meio ambiente é

visto somente como fornecedor inexaurível de recursos para a manutenção dos

desejos e ambições do homem.

De um lado, a necessidade do homem de se alimentar, se vestir, se

deslocar, residir, se aquecer, etc., de outro, o meio em que vive e do qual vai extrair

os recursos para fazer frente às suas necessidades.

No início da humanidade, as necessidades eram pequenas, normalmente

relacionadas a conseguir alimento e combustível para se aquecer, mas hoje estas

necessidades são muito mais sofisticadas e incluem o bem-estar, o lazer, a

ostentação de poder e a segurança para manter aquilo que já conquistou.

Para dar conta de tudo isto, o homem necessita produzir bens, e para

produzi-los, precisa de energia. E tanto para produzir bens, quanto para produzir

energia o homem consome recursos do meio ambiente.

A grande preocupação reside no fato de que os recursos naturais são finitos

e, por menor que seja seu consumo, um dia vão se acabar. Sirvam eles para

produzir alimentos, nos aquecer ou proporcionar conforto, um dia vão acabar...

Não se pode negar que são estes mesmos recursos que nos têm

proporcionado melhoria na qualidade de vida, na saúde, e até de longevidade, mas

qual será o limite para este uso? O quanto estamos consumindo além de nossa

cota? Quando nos formos, teremos deixado algum recurso para nossos

descendentes?

Se este consumo de recursos fosse saudável ou “sustentável”, os problemas

seriam pequenos, mas o fato é que não o é, normalmente. Os recursos acabam

sempre por se exaurir e nesta busca sempre por novos recursos, quem pode mais,

não chora.

Na tentativa de equilibrar este conflito, o Estado, na condição de responsável

pela tutela do meio ambiente e pela sua regulamentação de uso, edita Leis que

buscam limitar condutas, atividades lesivas, ou abusos por parte de pessoas físicas

ou jurídicas, mas que normalmente se mostram ineficientes, até mesmo pelo fato de

a fiscalização ser insuficiente.

11

Assim, convivemos ainda com o desmatamento, com a poluição de rios e

mares, com as queimadas, com o excesso de poluição nas cidades, com o

lançamento de lixo tóxico em aterro sanitário, com a construção civil em áreas de

preservação, ou mesmo com a destruição destas, sem que, na maioria dos casos,

os responsáveis recebam a devida punição, e providenciem a reparação adequada.

Com base no acima exposto, pretende-se demonstrar que na relação entre

poder econômico e meio ambiente, este restará sempre prejudicado em prol aos

interesses daquele.

E a pergunta que resta é: E o que estamos fazendo para mudar isto?

12

2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

2.1 HISTÓRICO

Para chegarmos a até revolução industrial precisamos voltar ao primórdios

da história do ser humano.

Evolução do homem desde os hominídeos1. Os primeiros habitantes do

planeta terra, milhares e milhares de anos atrás, se alimentavam do que recolhiam

da natureza e se refugiavam em cavernas. Mais tarde, começaram a caçar

pequenos animais e, com a sua evolução, o homem passou a fabricar instrumentos

para facilitar a pesca e a caça. Para o fabrico destes instrumentos ele retira da

natureza a matéria prima como dentes de animais, ossos, chifres, madeira e

principalmente a pedra por ter uma resistência maior e assim maior durabilidade

para lacerar a carne dos animais. Outro instrumento igualmente importante para a

sua sobrevivência foi a descoberta do fogo, pois passou a se aquecer do frio, a

cozer os alimentos, tendo daí em diante, uma diminuição das mortes, quer seja por

maior resistência às doenças, devido ao preparo da alimentação, quer pelo abrigo

aquecido e iluminado. Resultou daí o crescimento populacional e com este os

relacionamentos entre eles, compelindo-os a plantar e domesticar animais para o

fornecimento de sua alimentação e dos demais.

Este crescimento continuou e também o desenvolvimento de novas técnicas

para facilitar o abastecimento dos produtos necessários à subsistência do homem

que também evoluiu, até chegarmos à Revolução Industrial.

Para o professor Flávio Beirutti2 a expressão “Revolução Industrial”

apareceu após as grandes mudanças ocorridas na Inglaterra no início do século XIX,

na forma de fabricação de produtos que passaram a ser produzidos em grandes

quantidades e a mão de obra, em sua grande maioria, era remunerada.

A produção atendia ao mercado interno e externo que continuava em

expansão.

1http://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%B5es_da_Antiguidade/As_primeiras_conquistas_do_Homem. 2Flávio Beirutti. Caminhos do homem: volume 2: história. Ensino médio: livro do professor. Curitiba. PR. Base Editorial, 2010. p. 64.

13

2.2 CONCEITO

Convenciona o professor Flávio Beirutti3 como conceito da Revolução

Industrial (...) “processo histórico iniciado na Inglaterra na década de 1780,

responsável pela consolidação da produção plenamente capitalista e que teve

profundas implicações na vida dos homens”.

Para o Professor Otávio4 do Instituto Estadual do Rio Branco, conceito da

Revolução Industrial é o (...) “Processo de transição de uma sociedade de base

economicamente agrícola artesanal / manufatureira para outra fase do processo

evolutivo da humanidade tornando-se predominantemente urbana e industrial em

série”.

Por volta da segunda metade de século XVIII e ao longo do século XIX a

revolução industrial se espalhou por quase toda a Europa e para América.

Com a invenção da máquina a vapor e a sua utilização na indústria, houve

uma grande alteração na forma de produção com novas técnicas de fabricação em

massa, exigindo maior consumo das matérias primas a serem retiradas do meio

ambiente sem que, à época, se tivesse noção da limitação deste recurso cedido pela

natureza.

Com as máquinas produzindo “à todo vapor”, há aí um excedente de

produção causado pelo grande aumento da produtividade, ultrapassando as

necessidades básicas do homem. Já com a visão capitalista, criam-se meios para

escoar o excesso de produtos. Em estudo apresentado por Bernard Rodrigues

Netto5, este evidencia dois aspectos para superar a dificuldade agora encontrada.

(...) “(1) criar na população o sentimento de dependência de bens aos quais nunca

dependeram antes e (2) abastecer a população com bens não duráveis”.

Mas a humanidade não fazia ideia de que toda essa transformação iria

exaurir os bens fornecidos pelo meio ambiente, como matéria prima ou energia, para

a produção das novas necessidades.

3Ibidem. 4http://ahistoriaagora.blogspot.com.br/2010/09/revolucao-industrial_08.html 5Bernard Rodrigues Netto. O consumidor para além do seu conceito jurídico: Contribuições da filosofia, sociologia e antropologia. Revista de Direito do Consumidor: Antropologia do Consumo, 2012.

14

2.3 OS REFLEXOS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NO MEIO AMBIENTE ATUAL

No entendimento das autoras de “O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO

E SEUS IMPACTOS NO MEIO AMBIENTE URBANO”6, são de tamanho

considerável as transformações ocorridas no meio ambiente desde a revolução

industrial, umas mais, outras em menor escala.

Por ocasião do fenômeno e até recentemente, a prática dos atos realizados

para o desenvolvimento industrial não tinham sido notados pelos fabricantes que o

meio ambiente estava sendo degradado e que os recursos necessários para a

industrialização tinham limites e se esgotariam.

As quantidades de indústrias aumentaram significativamente nos mais

diversos campos e em quantidade de fabricação dos produtos para atender ao

público consumidor.

A conscientização da escassez dos recursos disponíveis se dá pelos países

desenvolvidos, por volta da metade do século XX, já que eles haviam usufruído de

quase tudo que o meio ambiente ofertara. Considerou-se então a urgente

necessidade de analisar os processos de industrialização para corrigi-los e estudos

para a recuperação do meio ambiente já afetado.

No Brasil o impacto ambiental não foi diferente dos demais países, houve

também o desenvolvimento acelerado na industrialização e o crescimento urbano

expressivo, gerando grandes reflexos no meio ambiente atual.

A paisagem natural e verde vai gradativamente, pelo menos aos olhos da

população, se modificando, cedendo espaço a um meio ambiente diverso, blocos de

concreto, estradas, torres, cabos e conjuntos expressivos de seres humanos7.

Como consequências aparecem: poluição, excesso de resíduos depositados

nos chamados aterros sanitários, gases tóxicos lançados ao ar, barulhos em

exagero, baixa qualidade da água, rios poluídos por derramamento de combustíveis

por acidente ou proposital. Matas ciliares desaparecidas pelos alagamentos para dar

lugar às hidroelétricas para produção de energia, queima de óleos como combustível

para transportar produtos e também como fonte de energia em usinas termoelétricas

6Georla Cristina Souza de Gois Leal(n), Maria Sallydelandia Sobral de Farias(n) e Aline de Farias Araujo. 7http://www.coladaweb.com/biologia/ecologia/a-revolucao-industrial-e-a-poluicao

15

e extração de carvão para produção de energia. Todas fontes de energia para as

indústrias e para as necessidades, que hoje não são só as básicas.

2.4 EFEITO GLOBAL: O CHAMADO “EFEITO ESTUFA” – CO2 E METANO

Existe um processo natural que reflete de volta para o espaço a energia

solar que chega até o planeta. Uma parte dela, pois a outra parte é absorvida pela

superfície da terra e pelos oceanos, propiciando assim o aquecimento do planeta. O

que tem acontecido é o bloqueio causado pelos gases, provocando uma diminuição

na passagem do calor, fazendo com que este volte para a terra8, ocasionando o

aumento da temperatura em todo o planeta, o aquecimento global, havendo

alteração climática9.

A grande concentração de gases lançados na atmosfera são os

responsáveis pelo “efeito estufa”. A produção desses gases resulta das mais

diversas ações tanto do homem, como nas atividades por ele exercidas nos diversos

(...) setores da economia: na agricultura, por meio da preparação da terra para plantio e aplicação de fertilizantes; na pecuária, por meio do tratamento de dejetos animais e pela fermentação entérica do gado; no transporte, pelo uso de combustíveis fósseis, como gasolina e gás natural; no tratamento dos resíduos sólidos, pela forma como o lixo é tratado e disposto; nas florestas, pelo desmatamento e degradação de florestas; e nas indústrias, pelos processos de produção, como cimento, alumínio, ferro e aço, por exemplo10.

Não é só em termos de elevação de temperatura as consequências do

aquecimento global. Syukuro Manabe11, cientista reconhecido mundialmente na área

de modelagem do clima e da mudança climática observa (...) “Contudo, ele tem um

profundo impacto sobre a troca de umidade entre a superfície da Terra e a

atmosfera, por meio de evaporação e precipitação”12. Ocasionando também o

aumento de umidade absoluta do ar em determinadas regiões e a diminuição em

outras. 8http://www.mma.gov.br/clima/ciencia-da-mudanca-do-clima/efeito-estufa-e-aquecimento-global. 9http://educar.sc.usp.br/licenciatura/2003/ee/Aquecimentol1.html 10BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Efeito Estufa e Aquecimento Global. Disponível em:< http://www.mma.gov.br/clima/ciencia-da-mudanca-do-clima/efeito-estufa-e-aquecimento-global>. Acesso em: 20 abr. 2013. 11MANABE, Syukuro. Que impacto terá a mudança climática sobre a disponibilidade de água? Fazendo as pazes com a Terra: qual o futuro da espécie humana e do planeta?. Brasília: UNESCO, Editora Paulus, 2010. f. 69. 12Ibidem.

16

2.5 CONCEITO DE MATRIZ ENERGÉTICA

Matriz energética é toda energia disponibilizada para ser transformada, distribuída e consumida nos processos produtivos, é uma representação quantitativa da oferta de energia, ou seja, da quantidade de recursos energéticos oferecidos por um país ou por uma região.13

Nas mudanças do clima, tem um caráter essencial a observação detalhada

da matriz energética, pois vai orientar a produção de energia e sua aplicação.

No Brasil há um grande destaque em sua matriz energética por sua

sustentabilidade, em face aos outros países. Destacam-se as fontes de energias

renováveis como a biomassa e a hidroeletricidade.

Matriz energética brasileira – sustentabilidade – 46% da energia no Brasil é

renovável e no mundo é de 13% (2008, p.10). A produção de energia no Brasil se

destaca por ter uma menor perda. As hidroelétricas brasileiras fornecem 85% (2008,

p.14) da energia elétrica consumida14.

Nas palavras das autoras Georla Cristina Souza de Gois Leal15, Maria

Sallydelandia Sobral de Farias16 e Aline de Farias Araujo17 em “O PROCESSO DE

INDUSTRIALIZAÇÃO E SEUS IMPACTOS NO MEIO AMBIENTE URBANO, 2008,

p. 10”18, destaca-se:

A relação homem / ambiente é muito desfavorável para o meio ambiente.

Desde o surgimento da espécie humana, o homem está degradando,

primeiro através de queimadas, depois com a evolução, surgem novas

maneiras de agredir a natureza. Com o advento da revolução industrial e do

capitalismo a máquina que isso se tornou destrói a natureza, apesar do

homem depender da natureza para tudo. Ele a destrói.

13 http://www.significados.com.br/matriz-energetica/ 14CNI – matriz energética e emissão de gases de efeito estufa – Fatos sobre o Brasil. edição revisada. Brasília, 2008. 15Especialista em Gestão e Analise Ambiental 16Pesquisadora UFCG. Dra. em Engenharia Agrícola 17Aluna do curso de Direito.UFCG. 18http://revista.uepb.edu.br/index.php/qualitas/article/viewFile/128/101

17

3 MEIO AMBIENTE: BIODIVERSIDADE E SUSTENTABILIDADE

3.1 BIODIVERSIDADE

Segundo o entendimento de Ronaldo Weigand Jr, Danielle Calandino da

Silva e Daniela de Oliveira e Silva 19, o conceito de Biodiversidade é

(...) relativamente recente, mas que ganhou caráter oficial com a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada em 1992 no Rio de janeiro, quando as nações, reconhecendo a gravidade da crise ambiental e de que ela poderia também afetar os principais desafios de desenvolvimento do planeta, firmaram uma série de acordos, sendo os mais importantes a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). A CDB definiu que Diversidade biológica significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas (“Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB”, 1992).

Há, então, três níveis de biodiversidade: Diversidade de ecossistemas, representada pela diversidade de combinações únicas da diversidade de organismos e ambientes e suas relações que formam os diferentes ecossistemas. Diversidade de espécies, representada pela diversidade de espécies individuais. Diversidade genética, representada pela diversidade de genes dentro de cada espécie, e pela diversidade de suas combinações em cada espécie. A biodiversidade tem uma forte relação com a sociodiversidade, ou seja, com a diversidade de sociedades e culturas e suas formas únicas de interação e interdependência com os elementos da biodiversidade acima. Além de moldarem de forma determinante a biodiversidade, e serem moldados por ela, os seres humanos fazem parte dos processos evolutivos, especialmente dos organismos domesticados, criando a agrobiodiversidade. A biodiversidade, nos seus três níveis e na sua dimensão humana, é muito importante pelas seguintes razões, entre outras: 1. Na natureza, a diversidade biológica representa estabilidade e resiliência (a capacidade de recuperação depois de uma perturbação ou crise) dos ecossistemas, e é a base para a evolução da vida. 2. A biodiversidade dos ecossistemas desempenha uma série de funções socioeconômicas (ou produzem uma série de serviços ecossistêmicos)

19Metas de Aichi: Situação atual no Brasil. Ronaldo Weigand Jr; Danielle Calandino da Silva; Daniela de Oliveira e Silva. Brasília, DF: UICN, WWF-Brasi e IPÊ, 2011.

18

importantes para a economia, a saúde, a identidade, o lazer, enfim, para o bem estar humano. 3. A informação contida na biodiversidade ainda representa oportunidades de inspiração, inovação e solução de problemas que poderiam ser perdidas com a perda da biodiversidade e do conhecimento tradicional associado. 4. A biodiversidade encontrada atualmente na Terra é o fruto de milhares de anos de evolução. Portanto, além de seu valor ou potencial para prover serviços e produtos ao homem, a diversidade de espécies, ecossistemas e genética apresenta um valor intrínseco de existência, que deve ser respeitado e conservado.

3.2 SUSTENTABILIDADE OU DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Para a WWF - World Wildlife Fund (Fundo Mundial para a Natureza)20 o

conceito de desenvolvimento sustentável mais aceito é o que surgiu na Comissão

Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento:

A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação.

Para se alcançar o desenvolvimento sustentável há que se fazer

planejamento e se reconhecer que se esgotam os recursos naturais.

O desenvolvimento por vezes é confundido com o crescimento econômico

que vai de encontro com a sustentabilidade, fazendo com que se esvaziem os

recursos de maneira acelerada que o meio ambiente natural oferece que é tão

importante para a humanidade.

Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de recursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico. O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem.21

20http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/ 21Ibidem

19

3.3 ARTIGO 225 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

A Constituição de 1988 traz em seu Título VIII – “Da Ordem Social”, Capítulo

VI – Do Meio Ambiente, pela primeira vez o meio ambiente sob a tutela

constitucional de forma abrangente e atual. Dispõe o artigo em seu caput:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

José Afonso da Silva22 entende ser deficiente a análise isolada do referido

artigo, fazendo-se necessário considerar outros preceitos narrados na própria

Constituição de forma explicita ou implícita.

Para um aprofundamento maior nos dispositivos constitucionais, Celso

Antonio Pacheco Fiorillo23, faz uma divisão em quatro partes, sendo elas: direito de

todos; bem ambiental; sadia qualidade de vida; as futuras gerações.

A denominação “direito de todos” sem especificar ninguém, trata como um

bem difuso, respaldado no artigo 5º da CF/88, a garantia a brasileiros e estrangeiros

residentes no Brasil. Abrange também “toda e qualquer pessoa humana”, conforme

dispõe inciso III, do artigo 1º, CF/88. Para Celso Antonio Pacheco Fiorillo, o

entendimento do “direito de todos” estaria submetido tão somente ao artigo 5º da

Constituição brasileira.

O “bem ambiental” como de uso de todos do povo, que não pertencem aos

bens públicos e nem aos bens privados.

Uma “sadia qualidade de vida”, essencial qualidade amparada num mínimo

estabelecido, levando em conta a artigo 1º, inciso III, da dignidade da pessoa

humana e o artigo 6º onde estabelece qual este mínimo, que vai além da fisiologia.

“As futuras gerações”, o dever da tutela do meio ambiente cabe tanto ao

Poder Público como à Coletividade a garantia de um meio ambiente ecologicamente

equilibrado à população que ainda está por vir.

22José Afonso da Silva. Direito Ambiental Constitucional. 7.ª Edição. São Paulo: Malheiros, 2007. p. 46 e 47. 23Celso Antonio Pacheco Fiorillo. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 13.ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 63 a 68.

20

3.4 ARTIGO 170, INCISO VI DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

A Constituição Federal de 1988 vai tratar das questões econômicas no Título

VII – Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I – Dos Princípios Gerais Da

Atividade Econômica, dispondo:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003).

Trata a defesa do meio ambiente como princípio da ordem econômica, onde

não há um impedimento ao desenvolvimento econômico, mas que se observe

melhor gestão ao utilizar os recursos naturais, sem esgotá-los de maneira a se ter

um desenvolvimento sustentável. Conforme as palavras de Cristiane Derani24,

(...) direito do desenvolvimento sustentável, teria a preocupação primeira de garantir a manutenção das bases vitais da produção e reprodução do homem e de suas atividades, garantindo igualmente uma relação satisfatória entre os homens e destes com seu ambiente.

No entendimento do Celso Antonio Pacheco Fiorillo25 a idéia fundamental

(...) “é assegurar a existência digna, através de uma vida com qualidade”.

3.5 A CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS DE 1992 – ECO 9226

Foi na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e

Desenvolvimento, a ECO 92, que se adotou uma concepção de desenvolvimento

sustentável, assegurando o desenvolvimento econômico sem prejuízos à proteção

ambiental e à população.

Consagrou 27 princípios importantes para o desenvolvimento sustentável e

para a responsabilização por danos já causados e os que possam causar.

24Cristiane Derani. Direito Ambiental Econômico. 2.ª Edição. São Paulo: Max Limonad, 2001. p.174. 25Celso Antonio Pacheco Fiorillo. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 13.ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 95. 26http://revista.brasil.gov.br/especiais/rio20/entenda-a-rio20/rio-92

21

Durante a ECO 92 foram discutidos os problemas ambientais existentes e

suas possíveis consequências, além de ter sido feito uma análise dos progressos

realizados desde a primeira conferência realizada em Estocolmo. Na oportunidade

foram aprovadas duas convenções: uma sobre biodiversidade e outra sobre

mudanças climáticas.

Outro documento muito importante assinado durante o evento foi a Agenda

21, um plano de ação e metas com 2.500 recomendações sobre como atingir o

desenvolvimento sustentável. Segundo esse documento, o qual defende a ajuda dos

países desenvolvidos àqueles em desenvolvimento, a conservação ambiental do

planeta não pode ser alcançada sem a erradicação da pobreza e a diminuição das

desigualdades sociais.

Entre os objetivos da Agenda 21, destacam-se:

A universalização do saneamento básico e do ensino;

Maior participação das ONG’s, dos sindicatos e dos trabalhadores na

vida da sociedade;

O planejamento e o uso sustentado dos recursos do solo, das

formações vegetais e dos rios, lagos e oceanos;

A conservação da biodiversidade.

22

4 PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

4.1 O PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

No entendimento de Fiorillo27 o Princípio do Desenvolvimento Sustentável

está declarado no artigo 225 da Constituição Federal de 1988 quando expressa em

seu caput:

“(...) Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado..., impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. (grifo do autor).

Princípio este, que traz como objeto fundamental, o desenvolvimento das

atividades econômicas sem que se esgotem os recursos ambientais, buscando-se

com isso, um relacionamento harmônico entre o desenvolvimento econômico e o

meio ambiente.

4.2 PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,

de junho de 1992, traz em seu Princípio nº 16, a seguinte redação: “o poluidor deve,

em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse

público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais.”

Fiorillo28 chama a atenção: (...) “Não traz como indicativo “pagar para poder

poluir”, “poluir mediante pagamento” ou “pagar para evitar a contaminação” (grifo do

autor). Deixa claro que o fato de pagar pelo uso não dá o direito de poluir. O usuário

deve utilizar todos os meios necessários para a prevenção de eventual dano e, se

poluir, paga.

Vitorio Sorotiuk29 em sua Dissertação de Mestrado, defende a idéia de que o

(...) Princípio Poluidor-Pagador tem limites e alcance muito pouco eficazes, transformando-se na tentativa de internalização dos custos pelo poluidor e a manutenção da regra da socialização do prejuízo. Em um país como o Brasil advogar tal princípio é manter a desigualdade social... (grifos do autor).

27Celso Antonio Pacheco Fiorillo. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 13.ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 86-87. 28 Ibidem, f.96 29Vitório Sorotiuk. Os Princípios do Direito Ambiental Brasileiro. Dissertação de Mestrado. PUC. 2004.

23

4.3 PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO

O Princípio nº 15, da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente

e Desenvolvimento, de 1992, destaca: “Em havendo ameaça de danos graves ou

irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão

para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação

ambiental.”

Segundo Dr. José Roberto Goldim30, pesquisador da UFRGS, em seu artigo

sobre bioética, “O Princípio da Precaução é a garantia contra os riscos potenciais

que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda

identificados. Este Princípio afirma que na ausência da certeza científica formal, a

existência de um risco de um dano sério ou irreversível requer a implementação de

medidas que possam prever este dano.”

4.4 PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO

Para o entendimento do Professor Sorotiuk31, a fundamentação ao Princípio

da Reparação do Dano, quando ocorre dano ao meio ambiente, há a necessidade

de se reparar, podendo ser pela restauração, recuperação, compensação e a

indenização para que volte ao status quo ante e se elimine a causa que provocou o

dano.

A Constituição Federal prevê em seu artigo 225, § 3º a restauração do dano

e no § 1º, inciso I, a restauração dos processos ecológicos essenciais.

O Princípio nº 13 da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento, de 1992, trata da responsabilidade quanto à indenização das

vítimas de poluição e de outros danos ambientais.

Fiorillo32 apresenta duas formas de ressarcimento do dano ambiental:

reparação natural ou específica onde há o ressarcimento “in natura”, e indenização

em dinheiro. Isto não significa que a reparação possa ser feita de uma forma ou de

outra, pois inicialmente deve-se verificar a possibilidade do retorno ao statu quo ante

por meio da reparação específica, e só então, caso não seja possível, efetuar a

30http://www.bioetica.ufrgs.br/precau.htm 31Vitório Sorotiuk. Os Princípios do Direito Ambiental Brasileiro. Dissertação de Mestrado. PUC. 2004. 32Celso Antonio Pacheco Fiorillo. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 13.ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 103.

24

indenização em dinheiro, inclusive diante da dificuldade de se estabelecer o valor

pecuniário a ser ressarcido pelo responsável do dano causado.

4.5 LEI DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

A Constituição Federal de 1988, no uso de suas atribuições em legislar,

fundamentado em seu artigo 24, incisos VI e VII em face da (...) proteção do meio

ambiente e controle da poluição, e da responsabilidade por dano ao meio ambiente,

ao consumidor (Grifo nosso) institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos através

da Lei nº 12.305, de Agosto de 2010 que na visão do Paulo Affonso Leme

Machado33 traz reafirmação de princípios antigos e novos nos incisos do seu art. 6º.

Os princípios que a lei reafirma: Inciso I – a prevenção e a precaução; Inciso II – o

poluidor-pagador; Inciso IV – o desenvolvimento sustentável; e por último inciso X –

o direito da sociedade à informação e ao controle social.

A lei traz também o conceito de resíduos sólidos no artigo 3º:

(...) XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível;

Segundo o entendimento de Fiorillo, o lixo urbano tem a natureza jurídica de

poluente, e deverá ser submetido desde logo a um processo de tratamento34.

4.6 PRINCÍPIO DO PROTETOR-RECEBEDOR

Um princípio inovador e que no entendimento do Paulo Affonso Leme

Machado35, demonstra exclusivamente em sentido literal, que merece receber quem

protege o meio ambiente. Acredita o referido autor que este princípio vai exigir

exame mais minucioso,

33http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm 34Celso Antonio Pacheco Fiorillo. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 13.ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2012. p.366 35Paulo Affonso Leme Machado. Direito Ambiental Brasileiro. 20.ª Edição. São Paulo: Malheiros, 2012. p.637.

25

(...) pois se de um lado não se pode exigir que só uma parte da população proteja gratuitamente o meio ambiente, em favor de todos, também não se pode ir para outro extremo, e afirmar que quem não for pago, não é obrigado a proteger.

4.7 PRINCÍPIO DA ECOEFICIÊNCIA

Outro novo princípio inserido na Lei de Resíduos Sólidos, em seu artigo 6º,

inciso V é o da ecoeficiência que dispõe:

6º, V - a ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e tragam qualidade de vida, a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais a um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação estimada do planeta36.

Resumindo é a possibilidade de produzir produtos com qualidade, com

preços para competir no mercado e sem desrespeitar o meio ambiente.

Conceito: A eco-eficiência é uma filosofia de gestão que encoraja o mundo empresarial a procurar melhorias ambientais que potenciem, paralelamente, benefícios econômicos. Concentra-se em oportunidades de negócio e permite às empresas tornarem-se mais responsáveis do ponto de vista ambiental e mais lucrativas. Incentiva a inovação e, por conseguinte, o crescimento e a competitividade.

Texto na íntegra da página no site do Conselho Empresarial para o

Desenvolvimento Sustentável – BCSD Portugal37.

4.8 LOGÍSTICA REVERSA

É o caminho inverso que o produto deve fazer após não ser mais utilizado,

voltando do consumidor para o gerador (fabricante). A Lei de Resíduos Sólidos

expõe de forma expressa no Capítulo III – Das Responsabilidades dos Geradores e

do Poder Público – seção II – Da Responsabilidade Compartilhada, a

obrigatoriedade38:

36Odete Medauar organizadora. Coletânea de Legislação Ambiental – Constituição Federal. 11. ed. ver., ampl. e atual. São Paulo, RT, 2012. p 979 e 980. 37http://www.bcsdportugal.org/eco-eficiencia/102.htm. 38Odete Medauar organizadora. Coletânea de Legislação Ambiental – Constituição Federal. 11. ed. ver., ampl. e atual. São Paulo, RT, 2012. p 990 e 991.

26

Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas; II - pilhas e baterias; III - pneus; IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

Extrai-se o conceito da própria lei em seu artigo 3º, Capítulo II – Definições,

(...) XII - logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada39.

Para Paulo Machado, a logística reversa é uma ferramenta com a finalidade

do retorno do produto ou o que sobrou dele para o gerador, os quais são:

fabricantes, importadores, distribuidores e até mesmo os comerciantes, sem que vá

para o meio ambiente causando prejuízos a ele. A responsabilidade atinge produtos

que se lançados ao meio ambiente possuem um alto grau de destruição da natureza

e tem grande resistência e durabilidade40.

4.9 CÓDIGO FLORESTAL, AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E A

RESERVA LEGAL

O Código Florestal sofreu algumas alterações com a Lei nº 12.727 de 17 de

Outubro de 2012. Para o Código Florestal consideram-se Áreas de Preservação

Permanente (APP) e Reserva Legal o que traz expresso nos artigos 2º e 3º abaixo

descritos:

39Paulo Affonso Leme Machado. Direito Ambiental Brasileiro. 20.ª Edição. São Paulo: Malheiros, 2012. p.646. 40http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=7508

27

Art. 2º. As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação nativa, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem. Art. 3 º. Para os efeitos desta Lei, entende-se por: II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;

(...).As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação nativa, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem. (grifo nosso)41

Para Paulo Affonso Lema Machado42 (...) “O Código Florestal antecipou-se à

noção de interesse difuso, e foi precursor da Constituição Federal quando

conceituou meio ambiente como bem de uso comum do povo”. (grifo do autor).

Quando o legislador trata como uso comum do povo ele traz para o código o

interesse de todos da coletividade em tutelar as florestas e garantir o uso

apropriado, com limitações propostas também na lei. A supressão de vegetação

nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somente será autorizada em caso

de utilidade pública (texto legal), nas demais situações ficam vedadas as supressões

nas Áreas de Preservação Permanente.

A legislação dispõe o que se entende por utilidade pública nas alíneas do

inciso VIII, do art. 3o do Código Florestal: a) as atividades de segurança nacional e

proteção sanitária; b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos

serviços públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos

parcelamentos de solo urbano, aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de

resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à

realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem

como mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e

cascalho; c) atividades e obras de defesa civil; d) atividades que comprovadamente

proporcionem melhorias na proteção das funções ambientais referidas no inciso II

deste artigo; e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas 41http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12727.htm 42Paulo Affonso Leme Machado. Direito Ambiental Brasileiro. 20.ª Edição. São Paulo: Malheiros, 2012. p.862.

28

em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e

locacional ao empreendimento proposto, definidas em ato do Chefe do Poder

Executivo Federal43.

43http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651.htm

29

5 O PODER ECONÔMICO

5.1 CONCEITUAÇÃO DE PODER ECONÔMICO

No entendimento de Bruno Maggi há diversas maneiras de se conceituar

poder econômico, sob a perspectiva econômica ou jurídica. A definição de poder

econômico para Fábio Nusdeo44 (2001, p. 277 apud Bruno Maggi) é a “capacidade

de alguém – pessoa ou entidade – poder tomar decisões descondicionadas dos

padrões de um mercado concorrencial, decisões às quais alguns – poucos ou muitos

– terão de submeter-se”.

Descreve Sérgio Bruna45 (2001, p. 104 e 105 apud Bruno Maggi) o poder

econômico como “a capacidade de determinar comportamentos econômicos alheios,

em condições diversas daquilo que decorreria do sistema de mercado, se nele

vigorasse um sistema concorrencial puro”, O poder econômico acarreta a submissão

dos diversos participantes da cadeia comercial em relação a quem conserva o

poder, ou seja, é totalmente independente em suas ações, pois não leva em conta

os demais participantes. (Paula Forgioni46, 1998, apud Bruno Maggi).

Cabe aqui lembrar que poder econômico não está só nas mãos das

empresas privadas, mas está também nas mãos do Estado com previsão legal nos

artigos 173 a 177 da Constituição de 1988, para atuar como interventor quando da

necessidade de regular o mercado, com o monopólio em áreas de interesse coletivo

ou de segurança nacional47. O Estado ao desenvolver atividades econômicas é

passível de causar danos ambientais, fazer uso exagerado dos recursos e a até

mesmo quando, através de políticas públicas como a de redução de alíquotas nos

impostos incentivando o consumerismo. O exemplo bem recente foi quando adiou o

término da redução do imposto para o setor automotivo.

Brasília - O governo deve prorrogar até o fim de dezembro a redução das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis, para estimular as vendas no fim do ano e ajudar a reduzir os estoques do

44 Fabrio Nusdeo. (Curso de Economia – Introdução ao Direito Econômico, 3ª ed., São Paulo: RT, 2001, p. 277 apud Bruno Maggi). 45 Sérgio V. Bruna. O poder econômico e a conceituação do abuso de seu exercício, 1ª ed., São Paulo: RT, 2001 apud Bruno Maggi). 46 Paula A. Forgioni. Os fundamentos do antitruste, São Paulo: RT, 1998, p. 271. 47Bruno Oliveira Maggio. Poder econômico: Origem e legitimidade. Revista Eletrônica OAB Joinville. Disponível em: <http://revista.oabjoinville.org.br/artigos/Poder-economico---Bruno-Maggi---2011-04-07-v-final2.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2013.p. 9.

30

setor, informou uma fonte da equipe econômica à Reuters. (grifo do autor)48.

5.2 O PODER ECONÔMICO E A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS

Os recursos naturais são finitos, por menor que seja seu consumo. Sirvam

eles para produzir alimentos, nos aquecer ou propiciar conforto, um dia, vão acabar.

Não se pode negar que são estes mesmos recursos que têm proporcionado

a grande parcela da população uma melhoria na qualidade de vida, na saúde, e até

em sua longevidade, mas qual será o limite para este uso? O quanto se consome

além da cota que cabe a cada um? As gerações futuras usufruirão de algum

recurso?

Hoje as nações sofrem, frente ao abuso de grandes grupos econômicos, que

usam a opressão, a extorsão, o dinheiro, para continuar consumindo

desenfreadamente os recursos naturais em busca do lucro e, o que é pior, poluindo

fontes, ar, água e solo, desmatando e produzindo imensas quantidades de lixo.

Algumas soluções passam por reciclagem, fábricas verdes (que provocam

um mínimo aceitável de poluição) e até, e principalmente, pela educação – Há

necessidade de uma reeducação, no sentido de se viver com menos e a um menor

custo ambiental, mas com qualidade.

5.3 O PODER ECONÔMICO E A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS DE

FATO NECESSÁRIOS

As populações consomem mais do que precisam para sua subsistência, e as

empresas, no afã de produzir cada vez mais, com o objetivo de obter mais e maior

lucro, consomem mais recursos naturais do que devem e do que precisam.

O que pode ser feito para que se haja consumo somente do necessário, de

forma a que no futuro ainda reste recursos e se mantenha uma vida com conforto e

com qualidade de vida?

48GOVERNO deve prorrogar IPI para carros até fim de 2012. Exame.com. 22 out 2012. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/economia/noticias/governo-deve-prorrogar-ipi-para-carros-ate-fim-de-2012?page=2>. Acesso em 25 abr. 2013.

31

Há de chegar uma hora em que não mais se poderá tolerar e fazer parte

deste consumo desmedido. Não existem imunidades para os efeitos do consumo

total dos recursos naturais, da degradação e da poluição. Afinal todos vivem no

mesmo planeta.

Com os avanços tecnológicos, científicos e também na medicina diminuíram-

se consideravelmente as taxas de mortalidade, em especial a infantil, e houve o

aumento da expectativa de vida das pessoas e a erradicação de várias doenças

fatais.

Desde o início do século XX, o crescimento populacional quadriplicou,

causando grande pressão ao meio ambiente, haja vista o aumento da produção para

atender as necessidades básicas, como alimentação, água, vestuário, e

combustível, atividades estas que alteraram profundamente o ecossistema. Como se

não bastasse o crescimento da população houve também um incentivo ao consumo

desenfreado desses produtos e de outros em nome do desenvolvimento econômico,

um consumo excessivo e por vezes desnecessário. A população mundial continuou

e continuará crescendo e no Brasil não será diferente.

A estimativa é de que os ecossistemas estejam ameaçados em 60%49 e que

será esta estimativa ainda mais aumentada com o impacto do aquecimento global,

que embora algumas providências tenham sido tomadas, o risco é existente.

Ao se considerar o custo do desenvolvimento sustentável elevado, acredita-

se que a falta de uma ação ou o crescimento desorganizado, ao final será

excessivamente mais alto, trabalhoso e por vezes irreparável.

Se reconhece que não é só a questão do aquecimentos global que é

bastante preocupante, mas outros riscos surgiram como: a) perda da biodiversidade;

b) destruição nuclear; c) e o esgotamento dos recursos naturais que são de vital

importância para a existência dos seres vivos inclusive os seres humanos.

Com o desenvolvimento sustentável existe a possibilidade de se atender as

necessidades básicas do homem e ainda assim manter a natureza para as gerações

futuras. O desenvolvimento sustentável como meio de existência e não somente

como desenvolvimento econômico para o enriquecimento de uma classe minoritária.

Não há como se manter o meio ambiente equilibrado, deixando parte da população

49Javier Pérez de Cuéllar. Fazendo as pazes com a Terra: qual o futuro da espécie humana e do planeta?. Brasília: UNESCO, Editora Paulus, 2010. p. 18.

32

na pobreza, do mesmo modo garantir o desenvolvimento humano no decorrer dos

anos quando os recursos que o único planeta habitável possuía já se exauriram.

Javier Pérez de Cuéllar50, Ex-Secretário-geral da ONU, acredita que o

desenvolvimento sustentável “(...) pede uma parceria em duas dimensões: no

espaço entre os seres humanos que vivem atualmente na Terra, e no tempo, com as

gerações futuras”.

A garantia das futuras gerações usufruírem dos recursos naturais está nas

mãos da geração atual que deve basear seu desenvolvimento social em harmonia

com a luta contra a erradicação da pobreza, sem extrapolar a essencialidade.

Abrindo mão do supérfluo.

Acredita-se na necessidade de se estabilizar o crescimento populacional e o

consumo excessivo, além das necessidades da qualidade de vida, pois o planeta

Terra, comprovadamente, é o único habitável e seus recursos são finitos.

Sob a visão de Dennis Meadow51 o que realmente precisamos diminuir são

os fluxos de energia e os recursos. “(...) Eles são o resultado de três fatores: número

de pessoas, padrão de vida e a quantidade de energia e recursos necessária para

manter um padrão de vida”. Um ou mais desses fatores precisa ser reduzido para

trazer os fluxos de energia e recursos de volta aos limites de capacidade que o

planeta suporta.

Na maioria das culturas, a redução no crescimento populacional são

politicamente inaceitáveis. Quanto às reduções no padrão de vida, são os políticos

que não querem propor tal restrição. Restando então só o uso da energia e dos

recursos com eficácia através das mudanças tecnológicas.

Dominique Voynet52 expõe que deve haver limite para o crescimento, pois

não é mera especulação, mas sim a confirmação de apresentados, questionados e

examinados. Ela ilustra a situação como se o planeta tivesse um estoque de

recursos e que ao se praticar a economia de acumulação, houvesse o esvaziamento

desse repositório e atualmente utiliza-se o capital (crédito), na medida em que nos

servimos desmedidamente dos recursos não renováveis, deixando como legado

uma dívida ecológica.

50Javier Pérez de Cuéllar. Fazendo as pazes com a Terra: qual o futuro da espécie humana e do planeta?. Brasília: UNESCO, Editora Paulus, 2010. p. 19. 51Dennis Meadow. Fazendo as pazes com a Terra: qual o futuro da espécie humana e do planeta?. Brasília: UNESCO, Editora Paulus, 2010. p. 29. 52Dominique Voynet. Fazendo as pazes com a Terra: qual o futuro da espécie humana e do planeta?. Brasília: UNESCO, Editora Paulus, 2010. p.35

33

Hás uma crise mundial, onde existe uma busca acentuada para atender as

necessidades consumeristas, empregando recursos sejam eles matéria-prima

propriamente dita, energia para a industrialização ou até mesmo o combustível para

chegar às mãos do consumidor nas mais diversas formas de uso desmedido sem

cautela, sem levar em conta a geração presente que ainda não tem qualidade de

vida e a geração que está por vir.

Como exemplo, analisemos a ementa do o processo a seguir apresentado

do consumo exagerado – pesca predatória em grande escala.53

Processo: 8538003 PR 853800-3 (Acórdão) Relator(a): Valter Ressel Julgamento: 19/04/2012 Órgão Julgador: 2ª Câmara Criminal Ementa PENAL. APELAÇÃO. CRIME AMBIENTAL. PESCA PREDATÓRIA (ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO, II, DA LEI Nº 9.605/98). PRISÃO EM FLAGRANTE. SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DO REU PEDINDO ABSOLVIÇÃO SOB A ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE PROVA DE SUA PARTICIPAÇÃO E POR ATIPICIDADE. ALEGAÇÕES IMPROCEDENTES. PESCA EM LAGO DE USINA HIDRELÉTRICA COM USO DE 10 REDES NUM TOTAL DE 430 METROS. RÉU FLAGRADO RETIRANDO AS REDES COM PEIXES DO LAGO, FATO CONFIRMADO POR ELE E PELOS POLICIAIS QUE REALIZARAM A PRISÃO. REDES QUE CONFIGURAM "PETRECHOS" CUJO USO É PROIBIDO CONFORME SE VE DOS ARTIGOS 3º E 4º, DA PORTARIA 04/2009, DO IBAMA. CONDUTA TÍPICA. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Acordão ACORDAM os Julgadores da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, em composição fracionária, por unanimidade, em conhecer e negar provimento à apelação, nos termos do voto do Relator.

5.4 O PODER ECONÔMICO COMO PERTURBADOR DO MEIO AMBIENTE

Todos os dias observamos ou temos notícias, sobre descarte e acidentes

com produtos tóxicos, sobre poços de coleta de água que secaram, sobre rios cada

vez mais poluídos, sobre mortandade de peixes, sobre queimadas, enfim, sobre o

desmantelamento do equilíbrio do mundo em que vivemos.

53http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=ALEGA%C3%87%C3%83O+ATIPICIDADE+IMPROCEDENTE&s=jurisprudencia

34

Isto afeta a tudo e a todos, pois o meio em que vivemos é uno. A poluição

radioativa de Chernobil na Ucrânia ou de Fukushima no Japão afeta a todos nós,

direta ou indiretamente.

Sílvia Cappelli54 – Procuradora de Justiça, Presidente do Instituto O Direito

por um Planeta Verde, Coordenadora do Projeto-Piloto de Indicadores de Aplicação

e Cumprimento da Norma Ambiental no Brasil em seu trabalho publicado em 2007

com o tema acima citado, considera que o Brasil, já há algum tempo, possui uma

excelente legislação ambiental com mecanismos apropriados de acesso à justiça por

meio coletivo para o desempenho da tutela ao meio ambiente, tanto na esfera penal

quanto civil. Conta também, com Poder Judiciário qualificado na pessoa dos seus

magistrados, em matéria ambiental, para o funcionamento de Varas Federais e

Câmaras de Tribunais Estaduais Especializadas.

Entretanto, a incidência do Direito para mudar a realidade fática, seja para prevenir, recompor ou reprimir o dano ambiental, hodiernamente, só é avaliada a partir de dados quantitativos que expressam o número de autos de infrações, ações judiciais, compromissos de ajustamento, denúncias, sentenças e recursos, não servindo para determinar a contribuição do movimento da máquina estatal para fazer frente à degradação do meio ambiente. Em outras palavras, não há indicadores que revelem se as ações de prevenção, recomposição, reparação ou repressão do dano ambiental realizadas pelos órgãos ambientais do poder público, por ONGs, pelo Ministério Público e pela prestação jurisdicional são eficazes para manter ou melhorar a qualidade do meio ambiente degradado ou ameaçado de degradação.

Uma situação de grande relevância no que se refere a danos irreparáveis ao

meio ambiente, reside no fato de que não é só o consumo excessivo ou o mau uso,

que podem lhe dar origem, mas também os acidentes causados, quer por

negligencia ou não, mas que efetivamente ocorrem, tais como vazamentos de

produtos tóxicos, nas águas, nos solos, no ar, em fim no meio ambiente como um

todo, reduzindo significativamente os recursos da Terra.

Vivenciamos todos os dias situações como essas, repetidas vezes, essas

tragédias que serviram como embasamento inicial para a preocupação com o meio

ambiente. Atualmente são nominadas de acidentes ambientais, desastres ecológicos

ou ainda catástrofes ecológicas.

54INSTITUTO “O Direito por um Planeta Verde”. Sílvia Cappelli – Coordenadora Geral. Indicadores de aplicação e cumprimento da norma ambiental para ar, água e vegetação no Brasil. Publicação das Nações Unidas. Nações Unidas. Santiago, Chile, Nov. 2007. Disponível em: < http://www.mp.rs.gov.br/areas/atuacaomp/anexos_noticias/livrosilviacappelli.pdf >. Acesso em: 30 mar. 2013. p. 13

35

Um exemplo apresentado é a situação fática da Usina da Pedra que causou

a mortandade de toneladas de peixes, em função de vazamento acidental de

chorume, considerado na época como um dos maiores acidentes ecológicos

ocorridos no Estado de São Paulo, deixando os pescadores sem atividade laborativa

para a sua subsistência, como bem trata Fiorillo.55

5.5 O PODER ECONÔMICO COMO CORRUPTOR DO SISTEMA

Tão danosa quanto o consumo desmedido e a poluição do meio ambiente, é

a corrupção do sistema.

O poder econômico age como corruptor do sistema quando procura

mascarar os danos que provoca ao meio, utilizando recursos pecuniários de grande

monta para aliciar para si a opinião pública e o estado, prometendo empregos e

geração de renda, corrompendo fiscais, adulterando informações ou fornecendo

dados incorretos ou incompletos sobre seu negócio ou aos órgãos voltados à

proteção do meio ambiente.

Como exemplo, citado por Fiorillo, o caso da Empresa Tyres Do Brasil, que

alega que o valor da Multa é por demais elevado56:

(...) CERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA TURMA

Número Registro: 2008⁄0175834-3 REsp 1080613 ⁄ PR Números Origem: 200704000130560 200770000074624 PAUTA: 23⁄06⁄2009 JULGADO: 23⁄06⁄2009 Relatora Exma. Sra. Ministra DENISE ARRUDA Presidente da Sessão Exma. Sra. Ministra DENISE ARRUDA Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. CÉLIA REGINA SOUZA DELGADO Secretária Bela. MARIA DO SOCORRO MELO

AUTUAÇÃO

RECORRENTE: TYRES DO BRASIL PNEUS LTDA - MICROEMPRESA ADVOGADO: RICARDO ALÍPIO DA COSTA E OUTRO(S) RECORRIDO: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS

RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA

55Celso Antonio Pacheco Fiorillo. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 13.ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 151. 56Ibid. p. 150.

36

PROCURADOR: EDUARDO ALEXANDRE LANG E OUTRO(S) ASSUNTO: Administrativo - Ato - Multa - IBAMA

SUSTENTAÇÃO ORAL Dr. RICARDO ALÍPIO DA COSTA, pela parte RECORRENTE: TYRES DO BRASIL PNEUS LTDA.

CERTIDÃO Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso especial, ressalvada a utilização das vias ordinárias, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Luiz Fux e Teori Albino Zavascki votaram com a Sra. Ministra Relatora. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Francisco Falcão.

Brasília, 23 de junho de 2009 MARIA DO SOCORRO MELO

Secretária

Também aqui cabe o exemplo do item anterior, quando a Usina da Pedra

tenta reverter o pagamento da multa em atividade de restauração da flora do Rio

Pardo.

Também é o caso das usinas da região de Jaú quando tentam aliciar o

poder público no sentido de defender o emprego de trabalhadores rurais que sem o

corte manual de cana (que é queimada previamente), ficariam desempregados e

assim, conseguem adiamento no cumprimento do corte limpo da cana.

37

6 MEIO AMBIENTE E DIREITO AMBIENTAL

6.1 CONCEITO JURÍDICO DE MEIO AMBIENTE

As diversas definições de Meio Ambiente encontradas demonstram que o

conceito de meio ambiente é bastante amplo.

No Brasil, a Lei Federal nº 6.938/81, sobre a Política Nacional do Meio

Ambiente, define meio ambiente da seguinte forma:

“(...) o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,

química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.”

A definição legal, assim como a doutrinária é ampla, na medida em que

considera como meio ambiente tudo que “permite, abriga e rege a vida”. Isto coloca

no mesmo nível de importância da vida humana, todas as outras formas de vida

animal e vegetal, bem como tudo que permite que ela ocorra e para ela concorra.

O conceito jurídico nos permite distinguir uma visão estrita na qual o meio

ambiente é a expressão do patrimônio natural e suas relações com o ser vivo, e

outra mais ampla que entende como meio ambiente toda a natureza original mais a

natureza artificial criada pelo homem, formado pelas edificações, equipamentos e

assentamentos urbanísticos além, ainda, dos bens culturais e históricos.

Esta observação se faz importante, em função do regime de

responsabilidade civil e penal aplicável à proteção do meio ambiente que engloba,

além dos elementos do meio natural, o meio cultural e artificial urbano.

6.2 CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL

É um ramo do direito, que surgiu na metade do século XX, quando se

percebeu a necessidade de refrear e se organizar as atividades humanas com vistas

a suprimir ou limitar o impacto destas sobre os recursos ambientais ou sobre o meio

ambiente.

Constitui um conjunto de normas jurídicas que disciplinam as atividades

humanas, e tem o objetivo de garantir a proteção ao meio ambiente, desta forma,

permitindo a perpetuação do homem na Terra bem como as demais espécies.

O Direito Ambiental atua como um norteador das ações humanas, ora como

limitador, ora advertindo para os comportamentos, com o intuito de garantir que as

38

atividades não causem danos ao meio ambiente, estabelecendo penalidades aos

transgressores destas normas, responsabilizando-os.

6.3 O DIREITO AMBIENTAL NO BRASIL

Segundo Fiorillo57, para facilitar o entendimento do meio ambiente no Brasil

ele pode ser dividido em quatro aspectos significativos:

Meio ambiente Natural – composto pelas águas inclusive o mar territorial,

pela biosfera, pela fauna e flora, pelos solos, subsolos ai estão inclusos também os

minerais e pela atmosfera.

Meio ambiente Artificial – compreende-se por meio ambiente artificial o

espaço urbano construído que é constituído por conjunto de edificações denominado

de espaço urbano fechado e por equipamentos públicos, estes denominados

espaços urbanos abertos.

Meio ambiental Cultural – expresso na Constituição de 1988 em seu artigo

216, não há um rol taxativo, nem há restrições a qualquer modelo de bem, dispõe

que são bens materiais e imateriais, individuais ou coletivos.

Meio ambiente do Trabalho – local onde as pessoas desenvolvem suas

atividades laborais, no que se refere à saúde do trabalhador.

José Afonso da Silva58 aborda o meio ambiente do trabalho apartado, dando

um maior destaque, por considerar de grande relevância por se tratar do local onde

o trabalhador passa a maior parte da sua vida e a sua qualidade de vida está

diretamente relacionada com o ambiente laboral, o maquinário e ferramentas que

utiliza e agentes químicos59. Entre as varias proteções legais constitucionais

conferidas ao trabalhador no que diz respeito ao seu local de trabalho a Constituição

em seu art. 7º, inciso XXII, determina como direito a redução dos riscos inerentes ao

trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.

57Celso Antonio Pacheco Fiorillo. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 13.ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 77 58 José Afonso da Silva. Direito Ambiental Constitucional. 7.ª Edição. São Paulo: Malheiros, 2007. p. 23 e 24 . 59 Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. NR – 9.

39

7 O BRASIL ATUAL E O MEIO AMBIENTE

7.1 SITUAÇÃO ATUAL DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL

Em “Metas de Aichi: Situação Atual no Brasil”, de 2011, Ronaldo Weigand Jr,

Danielle Calandino da Silva e Daniela de Oliveira e Silva 60, traçam um retrato atual

da situação do meio ambiente no Brasil.

A publicação serve de “revisão e atualização da Estratégia e do Plano de

Ação Nacional de Biodiversidade coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente

(MMA), UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza, WWF-Brasil e

Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ).”

No documento encontramos de forma detalhada a situação atual do Brasil

em relação às 20 Metas do Plano Estratégico 2011-2020, veja ANEXO I, conhecidas

como Metas de Aichi, bem como aponta questões e caminhos para o seu alcance. A

Conferência das Partes (COP) 10 da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB)

foi realizada em Nagoya, Japão, em 2010.

Ainda, segundo o documento, o Brasil definiu, em 2006, 51 metas nacionais

de biodiversidade para 2010 relacionadas às metas globais da CDB, algumas das

quais mais ambiciosas que aquelas da Convenção. As metas nacionais foram

aprovadas pela Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio) em 2006, e

publicadas por meio da Resolução Conabio nº3. No geral, o alcance das metas

brasileiras também tiveram problemas, e muitas não foram alcançadas, apesar de

ter havido avanços muito significativos, como o aumento da área sob proteção de

unidades de conservação e a queda do desmatamento.

Das 51 metas nacionais para 2010, pelo menos 34 (67%) tiveram 25% ou

menos de êxito (BRASIL/MMA, 2010). Tivemos duas metas totalmente alcançadas:

redução de 25% dos focos de calor e disponibilização de listas de espécies em

bancos de dados permanentes.

O Brasil teve um papel importante na definição das Metas de Aichi,

ambiciosas, mas com preocupação com sua factibilidade. Agora, é importante que,

ao se discutir e planejar novas metas nacionais para 2020, a experiência frustrada

60Metas de Aichi: Situação atual no Brasil. Ronaldo Weigand Jr; Danielle Calandino da Silva; Daniela de Oliveira e Silva. Brasília, DF: UICN, WWF-Brasi e IPÊ, 2011.

40

das metas de 2010 sejam avaliadas e metas realistas sejam propostas, inclusive

com submetas para datas intermediárias e avaliações ao longo do caminho.

O Brasil é um dos poucos países da América Latina que adotaram

oficialmente uma Estratégia Nacional para a Biodiversidade, a qual é constituída, na

prática, por um conjunto de documentos. A CDB foi ratificada pelo Congresso

Nacional Brasileiro em 1994 (Decreto Legislativo 2/94), tornando-se posteriormente

uma lei de biodiversidade. Naquela época, o Brasil já contava com uma série de leis

sobre o tema, que se tornaram parte da EPANB nacional, tais como o Código

Florestal, a Lei da Fauna e outros instrumentos legislativos tradicionais. Estes foram

mais tarde complementados por novas leis temáticas, como o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação (SNUC, 2000); a Lei de Biossegurança; a Medida

Provisória de Acesso e Repartição de Benefícios de 2000 (o texto final da lei vem

sendo negociado desde 1995); a Lei de Concessões Florestais (2006); o

Zoneamento Agroecológico para a Produção de Etanol (2009); a Estratégia Nacional

para as Espécies Exóticas Invasoras (2009); e a Política Nacional sobre Mudança do

Clima (2009), entre muitas outras,

(...). A implementação da EPANB brasileira é ainda apoiada pelas Metas Nacionais de Biodiversidade para 2010 (Resolução No. 3 da CONABIO, de 21 de dezembro de 2006), definidas pela Comissão Nacional de Biodiversidade em 2006 (BRASIL/MMA, 2010).

7.2 O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO BRASIL

Segundo Júlio César Lázaro da Silva61, Mestre em Geografia Humana pela

Universidade Estadual Paulista – UNESP, nos últimos 50 anos, as chamadas

economias em desenvolvimento alcançaram níveis expressivos de industrialização e

urbanização, formando uma burguesia nacional e uma classe média de assalariados

com renda relativamente elevada. Esse momento pode ser compreendido através de

dois pressupostos: a participação do Estado como empresário e a atração de

empresas transnacionais.

Após a década de 1950, ocorreu no Brasil o processo de internacionalização

da economia, com grande participação do Estado como empresário e no

61http://www.brasilescola.com/geografia/resumo-historico-economico-brasil-internacionalizacao-economia.htm

41

desenvolvimento de infraestrutura (transportes, energia, portos) e políticas de

incentivos fiscais. Todos esses fatores, aliados à disponibilidade de mão-de-obra

barata, mercado consumidor emergente e acesso a matérias-primas e fontes de

energia, atraíram empresas transnacionais para o território brasileiro. Houve uma

grande ampliação do parque industrial, principalmente indústrias de bens de

consumo duráveis (automóveis e eletrodomésticos).

O país conheceu a sua industrialização tardia e adotou plenamente o

Fordismo, um sistema produtivo tradicional que considerava a capacidade de

produção e os grandes parques industriais como fundamentos para a atividade

industrial. Esse padrão concretizado com o governo de Juscelino Kubitschek (1956-

1961) foi ampliado pela ditadura militar (1964-1985). Os militares criaram obras

estruturais em diferentes regiões brasileiras, a destacar as usinas hidrelétricas e as

rodovias. Muitos municípios do interior do estado de São Paulo começaram a

desenvolver seus distritos industriais. Durante a década de 1970, ocorreu o “milagre

econômico brasileiro”, que elevou o país à posição de 8ª economia mundial no ano

de 1973, com taxas anuais de crescimento em torno de 10%.

No caso brasileiro, o modelo fordista trouxe crescimento econômico para o

país, mas não foi capaz de promover o desenvolvimento econômico regional. O

aumento de renda per capita de um país nem sempre representa avanços na

qualidade de vida. O crescimento que o Brasil obteve, principalmente durante o

período correspondente ao regime militar, construiu um arcabouço técnico e logístico

para o desenvolvimento, mas não o privilegiou.

A partir da década de 1980, ocorreu o esgotamento da capacidade do

Estado em promover o desenvolvimento industrial - fim do Estado empresário -

devido às políticas econômicas mal sucedidas que aumentaram a dívida externa e a

inflação. No plano externo, os países desenvolvidos começaram a adotar medidas

neoliberais, reduzindo o papel do Estado na sua participação em determinados

setores econômicos.

O Brasil iniciou a partir da década de 1990, um acelerado programa de

abertura econômica conduzido pelo governo Collor. Através da redução de alíquotas

de importações, desregulamentação do Estado, privatizações das empresas estatais

e diminuição de subsídios, mudanças profundas foram implementadas na estrutura

industrial do país. Apesar de estimular a competitividade, muitas pequenas e médias

empresas não tiveram suporte técnico e financeiro para se adaptarem a essas

42

transformações. Até os dias atuais, a principal dificuldade enfrentada pelos

pequenos e médios empreendedores no Brasil é que os investimentos em tecnologia

e o crédito necessário para a efetuação de qualquer base de estruturação produtiva

ainda dependem do resguardo estatal. Enfim, o país abraçou o neoliberalismo

econômico como política de Estado.

7.3 O AGRONEGÓCIO

(...) Agronegócio é toda relação comercial e industrial envolvendo a cadeia produtiva agrícola ou pecuária. No Brasil, o termo agropecuária é usado para definir o uso econômico do solo para o cultivo da terra associado com a criação de animais. A origem do conceito citado é da Wikipédia, a enciclopédia livre62.

Destaca Elvison Ramos, o produtor pode recuperar o solo, melhorar a

produtividades, adotando aplicando medidas sustentáveis63.

Para promover o desenvolvimento sustentável na agricultura do Brasil,

desde 2011 vem-se implantando o plano (ABC), Agricultura de Baixa Emissão de

Carbono que permite melhoria na conservação do solo de forma correta.

O ABC foi concebido e está sendo implementado em todo o território nacional e tem como base, nas tecnologias disponibilizadas (integração lavoura-pecuária-floresta, recuperação de pastagens degradadas, sistema plantio direto, entre outras) o uso e o manejo conservacionista dos recursos naturais, em destaque o de solo e da água, que oferecem inúmeros benefícios ambientais, sociais e econômicos64.

Nas sábias palavras do professor Vitório Sorotiuk65, “a economia há que se

render ao meio ambiente e não ao contrário”, ditas quando da orientação deste

trabalho.

62AGRONEGÓCIO. Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Agroneg%C3%B3cio>. Acesso em: 27 abr. 2013. 63 Elvison Ramos. coordenador-técnico de Implementação do Plano ABC. Disponível em : <http://agricultura.ruralbr.com.br/noticia/2013/04/conservacao-correta-do-solo-ganha-incentivo-com-plano-abc-4105747.html>. Acesso em 27 abr. 2013. 64 CONSERVAÇÃO correta do solo ganha incentivo com Plano ABC. Desenvolvimento Sustentável. rural br agricultura. 14 abr. 2013. Disponível em : <http://agricultura.ruralbr.com.br/noticia/2013/04/conservacao-correta-do-solo-ganha-incentivo-com-plano-abc-4105747.html>. Acesso em 27 abr. 2013. 65 Vitório Sorotiuk, mestre e professor da Universidade Tuiuti do Paraná. Disciplina: Direito Ambiental e Agrário I e II.

43

8 CONCLUSÃO

Nos últimos 200 anos, período pós-revolução industrial, o Brasil vem

explorando, de maneira cada vez mais significativa, seus recursos naturais e, após a

2ª Grande Guerra Mundial, o processo se acelerou.

Hoje temos um Brasil completamente integrado na economia mundial, e com

papel de destaque na produção de bens, e na extração e exportação de matérias

primas como o minério de ferro e a bauxita. Por um lado isto nos traz recursos

econômicos para aplicarmos em nosso bem-estar, por outro, consome nossas

riquezas.

No mundo todo este processo consumista é preocupante, e o Brasil, como

grande detentor de recursos naturais, deve preocupar-se ainda mais, notadamente

no aspecto de extinção dos seus recursos naturais, pois todos são finitos. Aqui cabe

abrirmos um parêntesis, para lembrarmos que o nosso país é um dos poucos, no

mundo, que possui em sua Matriz Energética, recursos renováveis.

No que diz respeito à grande ameaça do “Efeito Estufa”, ainda somos

privilegiados (não imunes), pela grande área verde que é a Floresta Amazônica, o

chamado “pulmão do mundo”, mas precisamos ficar atentos pelo desmatamento que

ainda ocorre de forma preocupante e acelerada, apesar dos vários esforços

contrários.

A CF/88, em seu Capítulo VI, trata Do Meio Ambiente de forma abrangente e

atual e, no Capítulo I, Dos Princípios Gerais da Atividade Econômica, estabelece em

seu Art.170, que a atividade econômica deve observar o “princípio da defesa do

meio ambiente”, ou seja, a CF/88 não impede o desenvolvimento econômico, mas

exige uma boa gestão dos recursos naturais, conceituando o que chamamos de

“desenvolvimento sustentável”.

Casos recentes e reincidentes como a continuada prática da queima da

palha de cana, a importação de lixo do exterior, o desmatamento, a poluição de rios

e mares, incluindo aí os vazamentos de óleo, ainda nos deixam apreensivos quanto

à efetiva responsabilização e reparação dos danos, pois ainda são de ocorrência

corriqueira e de difícil reparação no sentido de voltarmos ao status quo ante.

Percebe-se que no campo do Direito Ambiental, o Brasil conta com Leis que

aos poucos vão “pegando” e vão surtindo efeito, e apesar da frequência com que as

empresas tentam dar um “jeitinho” para fugir das responsabilidades, o cerco está

44

apertando. Prova disto são o “novo” Código Florestal, que depois de anos

“incubando” saiu do papel, e também a Lei dos Resíduos Sólidos.

Na questão “O que estamos fazendo para mudar isto?”, ainda resta-nos

esperança. O Brasil, apesar de tudo, encontra-se em situação privilegiada em

relação ao resto do mundo, pois notamos preocupação por parte do Governo

Brasileiro, e ação através do MMA que, como vimos, estabeleceu um Plano

Estratégico 2010-2020, com diversas metas sobre biodiversidade.

45

ANEXO 1

AS METAS DA CDB - Convenção sobre Diversidade Biológica

Metas são importantes instrumentos para avaliação de um compromisso. No caso da CDB, um primeiro conjunto de metas foi estabelecido para o período 2002-2010. Um plano estratégico foi criado para guiar a implementação da Convenção em nível nacional, regional e global com o propósito de parar a perda da biodiversidade e assegurar a continuidade de seus benefícios e sua repartição equitativa. Infelizmente, as avaliações apontam que o Plano Estratégico 2002-2010 não foi efetivo.

De acordo com o Panorama da Biodiversidade Global, a meta acordada pelos governos do mundo em 2002, “atingir até 2010 uma redução significativa da taxa atual de perda de biodiversidade em níveis global, regional e nacional como uma contribuição para a diminuição da pobreza e para o benefício de toda a vida na Terra” não foi alcançada (SECRETARIADO DA CONVENÇÃO SOBRE DIVERSIDADE BIOLÓGICA, 2010a, p. 8).

META 1 – CONSCIENTIZAR AS PESSOAS SOBRE O VALOR DA

BIODIVERSIDADE Até 2020, no mais tardar, as pessoas terão conhecimento dos valores da

biodiversidade e das medidas que poderão tomar para conservá-la e utilizá-la de forma sustentável.

META 2 – INTEGRAR OS VALORES DA BIODIVERSIDADE NO

DESENVOLVIMENTO Até 2020, no mais tardar, os valores da biodiversidade serão integrados em

estratégias nacionais e locais de desenvolvimento e redução de pobreza e em procedimentos de planejamento, sendo incorporados em contas nacionais, conforme

o caso, e sistemas de relatoria.

META 3 – ELIMINAR INCENTIVOS LESIVOS E IMPLEMENTAR INCENTIVOS POSITIVOS

Até 2020, no mais tardar, incentivos lesivos à biodiversidade, inclusive os chamados subsídios perversos, terão sido eliminados ou reformados, ou estarão em vias de

eliminação visando minimizar ou evitar impactos negativos. Incentivos positivos para a conservação e uso sustentável de biodiversidade terão sido elaborados e

aplicados, de forma consistente e em conformidade com a CDB e outros compromissos internacionais relevantes, levando em conta condições

socioeconômicas nacionais.

META 4 – PRODUÇÃO E CONSUMO SUSTENTÁVEIS Até 2020, no mais tardar, governos, setor privado e grupos de interesse em todos os

níveis terão adotado medidas ou implementado planos de produção e consumo sustentáveis e terão conseguido restringir os impactos da utilização de recursos

naturais dentro de limites ecológicos seguros.

46

META 5 – REDUZIR A PERDA DE HABITAT NATIVOS Até 2020, a taxa de perda de todos os habitat nativos, inclusive florestas, terá sido

reduzida em pelo menos a metade e, na medida do possível, levada a perto de zero, e a degradação e fragmentação terão sido reduzidas significativamente.

META 6 – PESCA SUSTENTÁVEL

Até 2020, o manejo e captura de quaisquer estoques de peixes, invertebrados e plantas aquáticas serão sustentáveis, legais e feitos com aplicação de abordagens ecossistêmicas, de modo a evitar a sobreexploração, colocar em prática planos e

medidas de recuperação para espécies exauridas, fazer com que a pesca não tenha impactos adversos significativos sobre espécies ameaçadas e ecossistemas

vulneráveis, e fazer com que os impactos da pesca sobre estoques, espécies e ecossistemas permaneçam dentro de limites ecológicos seguros.

META 7 – SUSTENTABILIDADE DA AGRICULTURA, PISCICULTURA E

SILVICULTURA Até 2020, áreas sob agricultura, piscicultura e silvicultura serão manejadas de forma

sustentável, assegurando a conservação da biodiversidade.

META 8 – CONTROLE DA POLUIÇÃO DAS ÁGUAS Até 2020, a poluição, inclusive resultante de excesso de nutrientes, terá sido reduzida a níveis não prejudiciais ao funcionamento de ecossistemas e da

biodiversidade.

META 9 – CONTROLE DE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS Até 2020, espécies exóticas invasoras e seus vetores terão sido identificados,

espécies prioritárias terão sido controladas ou erradicadas, e medidas de controle de vetores terão sido tomadas para impedir sua introdução e estabelecimento.

META 10 – REDUÇÃO DAS PRESSÕES SOBRE OS RECIFES DE CORAL

Até 2015, as múltiplas pressões antropogênicas sobre recifes de coral e demais ecossistemas impactados por mudanças de clima ou acidificação oceânica terão

sido minimizadas para que sua integridade e funcionamento sejam mantidos.

META 11 – EXPANDIR E IMPLEMENTAR SISTEMAS DE ÁREAS PROTEGIDAS Até 2020, pelo menos 17% de áreas terrestres e de águas continentais e 10% de

áreas marinhas e costeiras, especialmente áreas de especial importância para biodiversidade e serviços ecossistêmicos, terão sido conservados por meio de

sistemas de áreas protegidas, geridas de maneira efetiva e equitativa, ecologicamente representativas e satisfatoriamente interligadas e por outras medidas espaciais de conservação, e integradas em paisagens terrestres e

marinhas mais amplas.

META 12 – EVITAR AS EXTINÇÕES DAS ESPÉCIES Até 2020, a extinção de espécies ameaçadas terá sido evitada e sua situação de conservação, em especial daquelas sofrendo maior declínio, terá sido melhorada.

47

META 13 – CONSERVAÇÃO DA AGROBIODIVERSIDADE Até 2020, a diversidade genética de plantas cultivadas, de animais criados e

domesticados e de variedades silvestres, inclusive de espécies de valor socioeconômico e/ou cultural, terá sido mantida e estratégias terão sido elaboradas

e implementadas para minimizar a perda de variabilidade genética.

META 14 – RESTAURAÇÃO DE ECOSSISTEMAS PROVEDORES DE SERVIÇOS ESSENCIAIS

Até 2020, ecossistemas provedores de serviços essenciais, inclusive serviços relativos à água e que contribuem à saúde, meios de vida e bemestar, terão sido

restaurados e preservados, levando em conta as necessidades de mulheres, comunidades indígenas e locais, e de pobres e vulneráveis.

META 15 – RECUPERAÇÃO DOS ECOSSISTEMAS DEGRADADOS PARA

MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS Até 2020, a resiliência de ecossistemas e a contribuição da biodiversidade para

estoques de carbono terão sido aumentadas através de ações de conservação e recuperação, inclusive por meio da recuperação de pelo menos 15% dos

ecossistemas degradados, contribuindo para mitigação e adaptação à mudança climática e para o combate à desertificação.

META 16 – IMPLEMENTAÇÃO DO PROTOCOLO DE NAGOYA

Até 2015, o Protocolo de Nagoya sobre Acesso a Recursos Genéticos e a Repartição Justa e Equitativa dos Benefícios Derivados de sua Utilização terá

entrado em vigor e estará operacionalizado, em conformidade com a legislação nacional.

META 17 – ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA NACIONAL

DE BIODIVERSIDADE Até 2015, cada Parte terá elaborado, adotado como instrumento de política e

começado a implementar uma estratégia nacional de biodiversidade e um plano de ação efetivos, participativos e atualizados.

META 18 – RESPEITO ÀS POPULAÇÕES E CONHECIMENTOS TRADICIONAIS

Até 2020, os conhecimentos tradicionais, inovações e práticas de comunidades indígenas e locais relevantes à conservação e uso sustentável da biodiversidade, e

a utilização consuetudinária de recursos biológicos terão sido respeitados, de acordo com a legislação nacional e os compromissos internacionais relevantes, e

plenamente integrados e refletidos na implementação da CDB com a participação plena e efetiva de comunidades indígenas e locais em todos os níveis relevantes.

META 19 – CIÊNCIA E TECNOLOGIA PARA A BIODIVERSIDADE

Até 2020, o conhecimento, a base científica e tecnologias ligadas à biodiversidade, seus valores, funcionamento, situação e tendências, e as consequências de sua

perda terão sido melhorados, amplamente compartilhados, transferidos e aplicados.

48

META 20 – MOBILIZAÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS Até 2020, no mais tardar, a mobilização de recursos financeiros para a

implementação efetiva do Plano Estratégico da Biodiversidade 2011-2020, oriundos de todas as fontes e em conformidade com o processo consolidado e acordado na

Estratégia de Mobilização de Recursos, deverá ter aumentado substancialmente em relação aos níveis atuais. Essa meta estará sujeita a alterações decorrentes das

avaliações da necessidade de recursos a serem elaboradas e relatadas pelas partes.

Metas de Aichi: Situação atual no Brasil.

Ronaldo Weigand Jr; Danielle Calandino da Silva; Daniela de Oliveira e Silva. Brasília, DF

UICN, WWF-Brasi e IPÊ 2011.

49

ANEXO 2

Enquanto finalizávamos este trabalho divulga-se mais uma notícia sobre

poluição de ozônio no Brasil, mais especificamente em São Paulo. Gazeta do Povo

– Vida e Cidadania – no dia 23 de abril de 2013. Texto na integra conforme foi

publicado.

Poluição de ozônio é a pior da década na região metropolitana de São Paulo

Os dados são do relatório anual de qualidade do ar da Companhia

Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

A poluição por ozônio bateu recorde na Região Metropolitana de São Paulo

no ano passado. O paulistano ficou mais de três meses - ou exatos 98 dias -

respirando o poluente em níveis inadequados, acima do padrão diário de 150

microgramas por metro cúbico. É o pior índice dos últimos dez anos.

Os dados são do relatório anual de qualidade do ar da Companhia

Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Durante a maior parte do tempo do

ano passado (54,1%), a poluição por ozônio ficou entre regular, inadequada e má.

Entre as 19 estações de medição desse tipo de poluente, a do Ibirapuera, na zona

sul de São Paulo, e a de São Caetano do Sul, no ABC Paulista, foram as que

apresentaram mais dias em estado de atenção: 17 cada.

“Quem tem problemas como asma, rinite ou enfisema sofre mais. Mas a

poluição também pode desencadear inflamações graves a longo prazo”, afirma o

pneumologista Clystenes Soares, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

“E o ozônio é especialmente perigoso em dias ensolarados.” A Cetesb faz a

ressalva de que a rede de monitoramento cresceu ao longo dos anos - eram

apenas 12 estações em 2003.

A situação também piorou em cidades do interior como Jundiaí, onde o

ozônio ficou acima do limite aceitável por dez dias. Segundo a Cetesb, isso se deve

ao fato de a cidade ficar a apenas 50 km da capital e receber a poluição pelo vento.

Frota

Uma das justificativas para o aumento da poluição por ozônio é o aumento

da frota, que ultrapassa os 7 milhões de carros só na capital. Além disso, em 2012,

50

pouca chuva, temperaturas acima da média e maior radiação solar em alguns

meses criaram um ambiente propício à formação do ozônio.

“O ozônio está fora de controle”, diz o coordenador do Laboratório de

Poluição Atmosférica da USP, Paulo Saldiva. “Nem com os veículos mais

tecnológicos conseguimos reduzir os níveis de poluição por ozônio porque a

qualidade da gasolina e do diesel é ruim e a queima do etanol também polui.”

No padrão

Outros poluentes, como dióxido de enxofre e partículas inaláveis (MP10),

ficaram dentro dos padrões considerados aceitáveis. Não houve nenhum dia em

que a quantidade de monóxido de carbono no ar, por exemplo, tenha sido

inadequada.

51

REFERÊNCIAS

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