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1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ OTÁVIO MACHADO DE ABREU NETO LAMINITE EQUINA E FERRAGEAMENTO CORRETIVO CURITIBA 2013

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

OTÁVIO MACHADO DE ABREU NETO

LAMINITE EQUINA E FERRAGEAMENTO CORRETIVO

CURITIBA

2013

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OTÁVIO MACHADO DE ABREU NETO

LAMINITE EQUINA E FERRAGEAMENTO CORRETIVO

CURITIBA

2013

Trabalho de conclusão de Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário.

Professor Orientador: Welington Hartmann

Orientador Profissional: Marcelo Miranda

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TERMO DE APROVAÇÃO

OTÁVIO MACHADO DE ABREU NETO

LAMINITE EQUINA E FERRAGEAMENTO CORRETIVO

Esse trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para a obtenção do título de Médico Veterinário da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, ___ de ________________, de 2013.

____________________________________

Medicina Veterinária

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: _________________________________

Prof.ª Welington Hartmann

Universidade Tuiuti do Paraná

_________________________________

Prof.ª Ana Laura Angeli

Universidade Tuiuti do Paraná

_________________________________

Prof.º Carlos Henrique Amaral

Universidade Tuiuti do Paraná

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DEDICATÓRIA

A

Otávio e Elizabete, meus pais

Eduardo e Vera, meus padrinhos

Camila, minha esposa

João Vitor, meu filho.

Dedico

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AGRADECIMENTOS

No processo de aprendizagem e aquisição do conhecimento são muitos os

agradecimentos, pela dimensão do alcance e da quantidade de pessoas envolvidas

no processo.

Primeiramente quero agradecer a Deus pela força, inexplicável, nos

momentos mais incertos.

Agradeço a minha esposa Camila e ao meu filho, pela paciência, dedicação,

apoio incondicional e principalmente por me lembrarem da razão de ser de tudo isso.

E a todos os mestres, pessoas especiais e iluminadas que tanto contribuíram

para a minha formação.

Agradecimento especial ao Dr. Marcelo Miranda e à toda equipe Eohippus por

oportunizar a vivência profissional fundamental para o exercício prático na

especialidade pretendida.

A todos o meu muito Obrigado!

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“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e

daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.

Guimarães Rosa

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RESUMO

A laminite é definida classicamente como um processo inflamatório que

atinge o tecido laminar do casco do cavalo, a problemática está na multiplicidade de

fatores que desencadeiam a dõena.O presente trabalho traz o estudo sobre laminite

e a progressão para rotação da terceira falange em eqüinos e a contribuição das

técnicas de ferrageamento no tratamento. A abordagem do tema surgiu da

necessidade de aprofundar os conhecimentos sobre a laminite em eqüinos e a real

contribuição das práticas do ferrageamento em cavalos acometidos pela

enfermidade em voga. Pretende-se verificar a melhor e mais eficiente aplicabilidade

da ferradura em formato de coração, tanto na escolha do material, confecção e

colocação da ferradura no animal, para a efetiva contribuição no tratamento da

laminite e na melhoria, considerável, na qualidade de vida dos equinos. Foram

acompanhadas duas éguas que por diferentes fatores etiológicos, desenvolveram o

quadro patológico de laminite, os estudos clínicos foram pautados em estudos

bibliográficos, disponibilizados por autores consagrados, e as considerações

posteriores a respeito da importância do ferrageamento ideal para a melhoria do

quadro clínico do animal.

A análise das respostas permitiu inferir que a prática do ferrageamento

somente pode ter caráter essencial e contributivo se feito com muita habilidade por

parte do profissional na confecção e principalmente na colocação da ferradura

atentando para inúmeros fatores elencados no transcorrer desse trabalho.

Palavras chave: Equinos, Laminite, Ferrageamento.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Anatomia do Casco .................................................................................... 15

Figura 2: Dissecação tridimensional da região coronária da parede do casco.......... 16

Figura 3: Vista dissecada das relações do casco com as regiões abaixo do cório ... 17

Figura 4: Topografia da superfície solear do casco ................................................... 17

Figura 5: Mecânica da rotação da falange distal ....................................................... 19

Figura 6: Casco com laminite .................................................................................... 20

Figura 7: Postura típica de cavalo com laminite ........................................................ 21

Figura 8: Mecânica de correção da terceira falange ................................................. 22

Figura 9: Rotação de terceira falange distal .............................................................. 23

Figura 10: Raio-x da perfuração na rotação de terceira falange distal ..................... 23

Figura 11:Rotação e osteíte da falange distal na laminite crônica ............................ 24

Figura 12:Perfuração da sola na rotação de terceira falange distal .......................... 25

Figura 13: Ferradura não-ajustável. .......................................................................... 28

Figura 14: Ferradura ajustável .................................................................................. 28

Figura 15:Ressecção da muralha do casco na laminite ............................................ 29

Figura 16:Palmilha de compressão da ranilha .......................................................... 31

Figura 17: Gessamento de apoio do casco .................. Erro! Indicador não definido.

Figura 19: Retirada das lâminas mortas com as técnicas de casqueamento ............ 35

Figura 20: Com ferradura .......................................................................................... 36

Figura 21: Enigma em tratamento ............................................................................. 37

Figura 22: Bota ortopédica ........................................................................................ 41

Figura 23: Enigma com a bota ortopédica ................................................................. 41

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SUMÁRIO

1-INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

2. LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO ............................................................ 14

3- ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR DOS EQUINOS ............................. 15

4. LAMINITE ............................................................................................................. 19

4.1 LAMINITE AGUDA ........................................................................................... 20

4.2 LAMINITE CRÔNICA ....................................................................................... 22

4.3 ETIOLOGIA ...................................................................................................... 25

4.4DIAGNÓSTICO ................................................................................................. 27

4.5 TRATAMENTO ................................................................................................ 27

5. FERRAGEAMENTO ............................................................................................. 28

6.CASO CLÍNICO 1 .................................................................................................. 32

7.CASO CLÍNICO 2 .................................................................................................. 37

8.CONCLUSÃO ........................................................................................................ 42

REFERÊNCIA ........................................................................................................... 42

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1-INTRODUÇÃO

A laminite em equinos é o tema do presente relatório, que ainda procura dar

ênfase à evolução na fase crônica, para a rotação de terceira falange no animal, e

as possíveis contribuições que o processo de ferrageamento corretivo poderá

auxiliar no tratamento dessa patologia.

A escolha do tema se deve à vivência com esse quadro patológico,

coincidentemente, nos locais de apoio acadêmico vivenciados como aluno do curso

de veterinária.

O fascínio despertado pelos eqüinos, a imponência, força, e demais adjetivos

referentes a este animal está, em sua expressiva maioria, conectados às habilidades

motoras, ao trabalho físico, e até mesmo atlético, dentro de um panorama

competitivo ou não.

A maior parte dos criadores tem como objetivo predominante estas práticas,

quase sempre com intuito de alavancar a renda associada a aquisição de um cavalo,

o que acaba por valorizar monetariamente o animal, com base na disposição física e

indubitavelmente, a capacidade motora impecável dos equinos.

Dentro desse contexto, pode-se credenciar a importância e relevância nos

cuidados dispensados a preservação das valências físicas do animal, como também,

da prevenção e cuidados com a saúde e integridade dos cavalos.

Este quadro provoca-nos ao aprofundamento de um tipo particular de

patologia: a laminite, isso se deve essencialmente pela multiplicidade de fatores que

podem impulsionar a essa situação patológica, e mais, o agravante se apóia no

desenvolvimento da doença que pode passar de um estado agudo para o crônico

sem que o primeiro tenha sido diagnosticado na fase mencionada.

Há séculos o homem tem-se utilizado dos equinos e a laminite acaba por

comprometer a efetividade dessa parceria produtiva.

A laminite, de uma forma geral, pode ser definida como uma falha na fixação

da terceira falange com a parede interna do casco, causando uma deformação

anatômica decorrente do desenvolvimento patológico da laminite.

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O relato mais antigo que se tem a respeito da laminite, refere-se à 350 a.C,

descrita por Aristóteles com o nome de “Doença da Cevada”, associada a ingestão

excessiva desses grãos (WAGNER & HEYMERING, 1999).

Séculos mais tarde o grego Apsyrtus, por ordem do imperador Constantino

escreveu um livro com o título: Hippiatrika – Medicina Equina – no século IV, que

descrevia inúmeros tratamentos veterinários e no caso específico da laminite,

consistia em sangramento moderado, exercício leve e restrição alimentar. Desses

tempos até o atual foram acrescidos múltiplos fatores, etiologias e muitos

tratamentos foram empregados (ALLEN, 2004).

Sob o aspecto clínico pode ser definida como uma doença vascular periférica

que se manifesta por uma diminuição na perfusão capilar no interior da pata,

quantidades significativas de desvios arteriovenosos, necrose isquêmica das

lâminas e dor. Resultando num grau de rotura da interdigitação das lâminas

primárias e secundárias epidérmicas e dérmicas, ocorrendo em consequência, se

esta lesão for suficientemente grave, propiciar a rotação e até mesmo o

afundamento da falange distal. A laminite é uma das patologias mais traumática para

o cavalo, pois indisponibiliza a independência do animal e os movimentos cotidianos,

pelo alto nível de dor e as consequências ainda mais traumáticas que surgem no

processo, caso o animal insista e aplicar o seu peso sobre os membros, em

especial, os anteriores. Responsável por inutilizar inúmeros cavalos, considerando

que 75% desses animais, dados dos Estados Unidos, não retomam a atividade

atlética, causando nos proprietários dos eqüinos enorme prejuízo emocional e

financeiro (HUNT, 1993).

Embora a definição pareça esclarecedora o bastante, na prática os médicos

veterinários, devido aos conhecimentos incompletos, propiciados essencialmente

pela multiplicidade de fatores desencadeadores do problema, acabam por dificultar

uma conexão referente à etiologia da laminite.

A abordagem citada pode ser visualizada na forma de recepção metabólica

ao tratamento, muitos animais respondem de forma positiva a um determinado

tratamento, e o mesmo não acontece em outro caso aparentemente similar.

Do ponto de vista da correlação factual entre a patologia e o tratamento,

acaba por favorecer a ocorrência de modelos deficientes, para uma formalização na

linha de raciocínio quanto ao melhor e mais eficiente procedimento clínico, chegando

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a causar uma sobrecarga de incerteza, referente ao acerto do método de tratamento

em cada diagnóstico de laminite.

Com base nessa explanação, vê-se que o tema pode ser complexo,

entretanto, salientar um ponto base para amenizar o sofrimento do animal e

possibilitar um ganho de tempo para a formulação do melhor tratamento, seria

focalizar o efeito, tido como mais próximo do padrão, ou seja, tem-se um impasse

quanto à especificação da causa, contudo, tem-se certa padronização quanto ao

efeito.

Diante de um quadro de degeneração laminar que impossibilita a marcha

saudável, propicia, em contra partida, o contato direto da terceira falange com o

casco, sem absorção de impacto e com deformação das estruturas, deformação da

falange e possibilidade iminente de perfuração do casco.

Levantado e exemplificado o impacto degenerativo da laminite, é relevante

mencionar a constante contribuição das técnicas de ferrageamento no tratamento,

informações que serão acrescidas no desenvolvimento do presente trabalho, pela

indubitável contribuição no processo e que há tempos tem sido imprescindível, sem

obscurecer os possíveis melhoramentos requeridos na evolução da prática em

questão.

No caso especial da laminite, foca-se na necessidade de aprofundar e

direcionar estudos, enfatizando a importância da habilidade dos ferreiros, paralela a

uma constante fuga do empirismo, para que a sensibilidade quanto ao olhar clínico,

venha habilitar mais profissionais para atuar de forma efetiva no tratamento dos

animais cometidos por essa patologia.

Esse enfoque se deve essencialmente, porque muitos autores descredenciam

a efetividade do ferrageamento em equinos com laminite, pelo fato de visualizarem

uma ausência de preparo e habilidade, de muitos, tanto na confecção quanto na

colocação da ferradura no animal.

Contudo, muito se tem utilizado a técnica e a ferradura de coração (ajustável

e não-ajustável), sem desprezar as ressalvas de profissionais que exigem um maior

comprometimento e efetividade quanto à pratica, instigando um contínuo

aperfeiçoamento e experiência, para a efetiva contribuição quanto ao cuidado,

preservação da integridade física e melhor qualidade de vida ao equino.

O motivo principal que instigou o tema em questão foi a vivência como

profissional envolvido com a atividade de ferrageamento em cavalos, e as possíveis

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adaptações, para que o tratamento fosse mais eficiente, diminuísse o sofrimento do

animal e por consequência obtivesse uma melhor qualidade de vida e boa resposta

ao tratamento.

Nesse trabalho de conclusão de curso se pretendeu fazer a junção dos

aspectos clínicos com os procedimentos contributivos da boa prática de ferrar,

adaptativamente, os cavalos acometidos por laminite, independentemente do

estágio que se encontre, enfatizando a eficiência dos métodos de implantação e da

escolha dos melhores e mais apropriados materiais para a confecção das

ferraduras.

Para iniciar, deu-se prioridade na exposição da organização anatômica do

aparelho locomotor funcional dos equinos, para que, considerando a funcionalidade

saudável, houvesse uma facilitação didática para um melhor entendimento do

quadro e melhor visualização das alterações propiciadas pela laminite.

Na sequência foi dada ênfase para a patologia em questão, seus estágios,

etiologia, tratamento; como também, melhor entendimento quanto a aplicação e

funcionalidade das técnicas de ferrageamento.

Para fechamento da revisão bibliográfica foram destacadas as considerações

de renomados autores, quanto aos seus posicionamentos referentes à plena

efetividade das práticas de ferrageamento no tratamento da laminite, ressaltando o

esforço dos profissionais para aprimorá-las e também, destacar o crescente

interesse dos médicos veterinários em entender e atuar nesse segmento como

complemente e garantia de efetividade no tratamento.

Houve extensa pesquisa bibliográfica, enfatizada com dois estudos clínicos,

para melhor visualização das referências bibliográficas no campo prático, através de

dois estudos de caso referentes a dois animais acometidos por laminite, por

diferentes causas e em graus distintos, sendo considerado para tal: o relato do

proprietário do animal, história pregressa, tratamento, exames e a contribuição das

técnicas de ferrageamento.

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2. LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO

O estágio foi realizado sob a supervisão do Dr. Marcelo Miranda, Médico

Veterinário – Especialista em Podiatria Equina, inventor e fabricante da palmilha

ESE®.

O escritório se localiza no centro de equitação Eohippus em Piraquara, PR.

A área de atuação compreendeu diversos municípios da região sul do estado

do Paraná, e o estágio foi desenvolvido no período de 04/03 a 07/05/2013

totalizando 360 horas.

Foram atendidos 165 equinos durante o estágio, sendo a maioria de raças de

hipismo. A relação dos casos atendidos está apresentada na Tabela 1.

TABELA 1: Relação dos casos clínicos atendidos durante o período de estágio de

04/03 a 07/05/2013.

PROCEDIMENTO

NÚMERO DE

CASOS

PARTICIPAÇÃO

Correção Achinelamento 27 16,3%

Correção Encastelamento 28 17%

Correção Cascos Rachados 15 9,1%

Correção de Laminite 6 3,6%

Cascos Normais 89 54%

TOTAL 165 100%

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3- ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR DOS EQUINOS

O local de maior percepção da laminite equina está na extremidade distal, por

isso, faz-se necessário uma maior visualização da estrutura anatômica funcional

para maior compreensão do processo de degeneração causada pela laminite.

Para Thomassian (2005), o pé constitui, no cavalo a estrutura anatômica e

funcional mais complexa do aparelho locomotor. Responsável pela sustentação do

corpo, base para a propulsão da locomoção nos membros posteriores e de recepção

nos membros anteriores, recebendo toda resultante física do trabalho muscular e

tendíneo sob a forma de força de tração e torção. Com relação a sua forma

estrutural é composto por: ossos, ligamentos, vasos sanguíneos, vasos linfáticos,

nervos e cascos (Figura 1).

Figura 1: Anatomia do Casco

Figura 1: 1- Falange proximal. 2 – extensor digital comum. 3- falange média.

4- coroa do casco. 5- apófise piramidal. 6- falange distal. 7- muralha do

casco. 8- lâmina córnea. 9- lâmina sensitiva. 10- junção da lâmina sensitiva

da sola e da lâmina sensitiva falângica do pé. 11- linha branca. 12- sola. 13-

sola sensitiva. 14- inserção do t. flexor digital profundo. 15- coxim digital.

16- osso navicular. 17- ligamento navicular. 18- flexor digital profundo. 19-

ligamento sesamóideo superficial. 20- flexor digital superficial. 21-

articulação metacarpofalângica. 22- terceiro o. metacárpico.

Fonte: STASHAK, 2006.

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A coroa do casco é uma intumescência muito sensível que forma a parte

superior do casco. Qualquer ferida ou defeito na coroa pode trazer graves

conseqüências as demais estruturas do casco devido a intensa atividade metabólica

de ceratogênese do estojo córneo. As partes que compõe o casco são a parede

externa ou muralha com suas placas córneas, a sola e a ranilha (Figura 2). A ranilha

é uma espécie de cunha formada de substância córnea elástica, que parte dos

talões e avança para o centro da sola formando o ápice (THOMASSIAN, 2005).

Figura 2: Dissecação tridimensional da região coronária da parede do casco

Segundo Stashak (2006), o casco continua com a epiderme da coroa , as

regiões do cório (Figura 3) correspondem às partes do casco sob as quais estão

localizadas: cório perióplico, cório coronário, cório laminar, cório da ranilha e cório

solear. Numa definição grosseira as partes do casco protegem as estruturas de

baixo da pata e iniciam a dissipação das forças de concussão quando o casco

golpeia o solo.

Figura 2: Dissecação tridimensional da região coronária da parede do casco.

Fonte: STASHAK, 2006.

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O denso tecido conjuntivo colagenoso altamente vascularizado é inervado do

cório coronário, se estende alongando, distalmente as papilas direcionadas. O cório

laminar forma uma série de lâminas que se interdigitam com as lâminas epidérmicas

do estrato interno da parede do casco. Papilas curtas se estendem dos córios

perióplico, solear e da ranilha (Figura 4). O cório fornece sensação, assim como

nutrição e fixação para o epitélio escamoso estratificado (STASHAK, 2006)

Figura 4: Topografia da superfície solear do casco.

Fonte: STASHAK, 2006.

Figura 3: Vista dissecada das relações do casco com as regiões abaixo do cório (derme).

Fonte: STASHAK, 2006.

.

Fonte: STASHAK, 2006.

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A extremidade distal dos equinos tem por bases ósseas a primeira, segunda e

terceira falanges e o osso sesamoideo distal também conhecido por osso navicular.

Além destas estruturas ósseas existem também as cartilagens do casco que

continuam os processos palmares da terceira falange. Os seus bordos proximais são

subcutâneos e palpáveis de cada lado da articulação interfalangiana proximal

(FERREIRA, 2008).

Associadas às estruturas ósseas existem duas importantes articulações, a

articulação interfalangiana proximal, entre a primeira e a segunda falange, e a

articulação interfalangiana distal, entre a segunda falange, a terceira falange e o

osso navicular. Existem três tendões muito importantes associados à extremidade

distal equina, dois deles com inserção na terceira falange. O tendão do músculo

extensor digital comum insere-se no processo extensor da terceira falange, na face

dorso proximal desta, e o tendão do músculo flexor digital profundo que se insere na

face palmar da terceira falange. Este último, antes da sua inserção, tem uma relação

muito próxima com o osso navicular. Existe a este nível uma bolsa sinovial

denominada bolsa do navicular que tem como função proteger o tendão do atrito e

de pressões excessivas (DYCE, 2004).

O tendão extensor da falange insere-se no processo extensor da falange

distal. Ligamentos colaterais curtos unem a porção distal da falange média e as

bordas mediais da falange distal. Os ligamentos sesamoideanos colaterais

estendem-se da porção distal da falange proximal e insere-se nas bordas distais do

sesamóide distal. Os ramos desses ligamentos também se inserem no processo

palmar da falange distal (FERREIRA, 2008).

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4. LAMINITE

Laminite está aquém de uma definição simplista, cuja característica possa ser

resumida como uma inflamação do casco, devido, essencialmente, ao processo

complexo que protagoniza, pelos sucessivos eventos que interligados propiciam

graus variáveis de patologia.

A expressividade da patologia se deve ao fato de ser muito debilitante,

extremamente dolorosa e potencialmente mortal, podendo em muitos casos,

encerrar com a carreira esportiva do animal. É ainda uma doença frustrante para os

médicos veterinários, decorrente dos estudos incompletos sobre a fisiopatologia, o

que impede um conhecimento mais consistente e um tratamento mais efetivo

(STOKE, 2004).

Segundo STASHAK (2006), laminite é, na realidade, uma doença vascular

periférica que se manifesta por uma diminuição na perfusão capilar no interior da

pata, quantidades significativas de desvios arteriovenosos, necrose isquêmica das

lâminas e dor. Resultando num grau de rotura da interdigitação das lâminas

primárias e secundárias epidérmicas e dérmicas, ocorrendo em consequência, se

esta lesão for suficientemente grave, propiciar a rotação e até mesmo o

afundamento da falange distal (Figura 5).

Figura 5: Mecânica da rotação da falange distal.

Fonte: THOMASSIAN, 2005.

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O principal sinal clínico da laminite (Figura 6) é a dor que essencialmente

pode afetar os quatro membros, entretanto, tem-se observado que na maioria dos

casos , afeta os membros anteriores, visto que esses suportam, em média, 60% do

peso do animal, ou até mesmo em um único membro, nesses casos, por

claudicação severa e sem apoio do membro contralateral (GARCIA, 2007)

Figura 6: Casco com laminite.

Sob uma visão histopatológica está confirmado que existe uma marcada

alteração ao nível das lâminas que leva a sua posterior desunião, e é a gravidade

dessas alterações que leva ao aparecimento de uma patologia mais ou menos grave

(CROSER, 2006).

4.1 LAMINITE AGUDA

Para Thomassian (2005), a forma aguda da laminite caracteriza-se pelo

aparecimento brusco dos sintomas, predominando a locomoção penosa e lenta em

decorrência da dor e do alto grau de sofrimento sentido pelo cavalo no aparecimento

brusco desses sintomas.

Stashak (2006) define como uma forma leve da patologia, com sinais clínicos

menos pronunciáveis, podem ser observadas em cavalos que trabalham com

frequência em superfícies duras, cavalos com cascos demasiadamente curtos ou

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expostos a madeira de nogueira. Os sinais resolvem-se rapidamente, sem lesão

laminar permanente e sem rotação de terceira falange.

Os autores complementam a definição dessa fase ao enfatizar que apesar

dos sinais clínicos ainda serem menos pronunciáveis os sintomas, principalmente a

dificuldade de efetuar a marcha natural já pode ser visualizada, contrastando com a

postura típica do cavalo (Figura 7).

Figura 7: Postura típica de cavalo com laminite.

Fonte: THOMASSIAN, 2005.

Para Thomassian (2005), os graus de manifestação locomotora da laminite aguda:

a) Grau 1 – o cavalo levanta os membros anteriores de forma intensa,

alternando o apoio em curtos intervalos, não sendo observável com nitidez

a manqueira, somente um encurtamento da primeira fase da locomoção

do trote.

b) Grau 2 – o encurtamento é ainda maior na primeira fase do apoio, nesse

grau ainda é possível erguer um dos membros anteriores do animal.

c) Grau 3 – o cavalo reluta em iniciar a locomoção e reage.

d) Grau 4 – o cavalo só inicia a locomoção quando forçado, ficando por

alguns momentos apoiado somente com os membros posteriores. Acima

desse grau o animal raramente consegue ficar em pé.

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22

4.2 LAMINITE CRÔNICA

A forma crônica da laminite decorre da falta de tratamento da patologia na

fase aguda.

A falange distal sofre a ação do tendão extensor digital comum, compressão

da sola no sentido ventre-dorsal, e tração do tensor flexor digital profundo, alterando

sua relação de paralelismo com a muralha do casco. Os fenômenos relacionados ao

rebaixamento e rotação da falange distal determinam um maior comprometimento

dos vasos circunflexos e da coroa do casco, levando a deformidades do estojo que

se caracterizam por convexidade da sola, crescimento dos talões, concavidade da

face cranial da muralha e formação de anéis transversais, devido às deformações no

sistema de túbulos do casco e alterações no metabolismo da ceratogênese.

(THOMASSIAN, 2005).

Visualizar mecânica de correção da rotação de terceira falange e raio-x da

rotação de terceira falange distal (Figura 8a), perfuração da sola na rotação de

terceira falange distal (Figura 8b) e rotação e osteíte da falange distal na laminite

crônica (Figura 8c).

Figura 8: Mecânica de correção da terceira falange.

Figura 8a: raio-x da rotação

de terceira falange distal

Figura 8b: perfuração da

rotação de terceira falange

distal

Figura 8c: rotação e

osteíte de terceira falange

distal na laminite crônica.

Fonte: THOMASSIAN, 2005.

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Para Thomassian (2005), nessas condições, e sob os fenômenos de necrose

isquêmica, agrava-se o rebaixamento e a rotação da falange distal (Figura 9 e 10),

que praticamente perde a relação de sustentação com o corium laminar.

Figura 9: Rotação de terceira falange distal.

Figura 10: Raio-x da perfuração na rotação de terceira falange distal.

Fonte: THOMASSIAN, 2005.

Fonte: THOMASSIAN, 2005.

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Os sinais clínicos nessa fase são bem mais devastadores para o animal, não

respondem facilmente ao tratamento e é provável que nesse estágio, inicie-se o

processo de rotação de terceira falange (STASHAK, 2006).

Para Thomassian (2005), os graus de manifestação locomotora da laminite

crônica:

a) Grau 1 – presença de dor sem evidência aparente de comprometimento

locomotor.

b) Grau 2 - redução da dor com evidência aparente de comprometimento

locomotor.

c) Grau 3 - presença de dor, comprometimento da locomoção, sem evidência

de infecção podal.

d) Grau 4 – comprometimento da locomoção e evidência de infecção podal,

sem manifestação aparente de dor.

e) Grau 5 – presença de dor, dificuldade de locomoção, infecção e decúbito

prolongado (Figura 11 e 12).

Figura 11:Rotação e osteíte da falange distal na laminite crônica.

Fonte: THOMASSIAN, 2005.

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Figura 12:Perfuração da sola na rotação de terceira falange distal.

4.3 ETIOLOGIA

Pelas múltiplas teorias formuladas com intuito de explicar a etiologia do

desenvolvimento da laminite, não tendo ainda uma explicação contundente. Os

autores levantam algumas causas prováveis para o aparecimento da laminite em

equinos.

Basicamente pode-se considerar que a grande maioria das alterações dos

pés pode ter como etiologia fatores traumáticos, funcionais, estruturais,

medicamentosos, microbianos e higiênicos (THOMASSIAN, 2005).

A alimentação é tida como um dos fatores que podem desencadear a

patologia, devido à excessiva ingestão de grãos, principalmente milho, aveia e trigo.

Com base no modelo experimental da laminite por ingestão excessiva de

carboidratos foram identificados fenômenos que promovem alterações no equilíbrio

dos microorganismos do ceco, resultando em aumento da população de bactérias

produtoras de ácido lático, como Streptococcus sp e Lactobacillus sp. O ácido lático

em altas concentrações no ceco, e a conseqüente redução do pH, desencadearia a

lise de bactérias gran-negativas, com a liberação de endotoxinas (THOMASSIAN,

2005).

Fonte: THOMASSIAN, 2005.

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26

É possível que a redução do pH permita a quebra de barreira da mucosa, o

que possibilita a absorção da toxina e o desencadeamento dos demais fenômenos

etiológicos.

A infecção também é tida como possibilidade, referente, principalmente, em

casos de retenção placentária em éguas, devido a endometrite, acabam por

desenvolver quadro de laminite bastante severa, o mesmo ocorrendo com animais

com pneumonia ou graves infecções sistêmicas.

Para Thomassian (2005), o fator mecânico também é fator relevante,

ocorrendo em animais com treinamento deficiente ou inadequados e que são

submetidos a esforço extremo.

O mesmo autor faz referência ao aumento da pressão tissular desencadeado

pela baixa perfusão sanguínea e pelo edema sendo responsáveis pelo: agravamento

do baixo fluxo sanguíneo, através da micro-circulação do pé, levando a lâmina

dermal à isquemia; proporcionar meio ambiente adequado para o desenvolvimento

de micro-tromboses; resultar em abertura de “shunts” ártero-venosos da coroa do

casco, agravando ainda mais os fenômenos circulatórios do pé do cavalo

(THOMASSIAN, 2005).

Para Ferreira (2008), alguns fatores preponderantes podem ser elencados

como desencadeadores: excesso de ingestão alimento rico em glúten ou fibras

rapidamente fermentáveis; doenças que tenham de toxemia / septicemia: alterações

gastrointestinais, retenção placentária/metrite, pleuropneumonias; apoio excessivo e

prolongado nesse membro, devido a claudicação sem o devido apoio do membro

contralateral; tempo frio; estresse, vacinação, transporte; exercício em terrenos

duros; entre outros.

Knottenbelt (2006), acrescenta que pode também ser pela indução de drogas,

principalmente corticosteróides, por vezes também desparasitantes, tais como o

praziquantel.

Para Kainer (1989), um fator preponderante e facilmente banalizado é a

ingestão de água fria. Pois, a ingestão de grandes quantidades de água fria,

estando o animal com o corpo em elevada temperatura, “corpo quente”, poder-se-á

da mesma forma ser causa ativa de desenvolver laminite, sendo recomendado que

após a prática de exercício físico continuado, o animal ingira pequenas quantidades

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de líquido para que haja tempo para o resfriamento do corpo até a temperatura

norma

Muitos outores citam a cólica equina como uma das principais

enfermidades,predisponente para o aparecimento desta enfermidade,laminite.l.

4.4DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da laminite baseia-se na anamnese, nos sinais clínicos e

radiográficos e em alguma ocasiões, na anestesia local.

Para Ferreira (2008) a anamnese é importante para o reconhecimento de

possíveis causas facilitadoras ao aparecimento de laminite.

O mesmo autor acrescenta que o diagnóstico da laminite aguda baseia-se

essencialmente nos sinais clínicos. Em caso de laminite subagudas, por ser mais

difícil o diagnóstico, poder-se-ia efetuar um bloqueio anestésico para confirmar o

diagnóstico. O exame radiográfico nessa fase é efetuado não tanto para diagnóstico,

mas para acompanhamento e melhor avaliação da progressão da patologia,

considerando-se que na fase aguda ainda não há rotação de terceira falange, não

ocorrendo alterações visíveis (FERREIRA, 2008).

4.5 TRATAMENTO

Segundo Barr (1999), um dos tratamentos indicados é a AINEs.

Durante o tratamento não esquecer que os AINEs têm de ser utilizados com

alguma prudência devido a sua toxidade renal e gastrointestinal (BELKNAP, 2007).

Pollitt (2007) acrescenta, que o animal deve estar em o boxe confinado e com

cama alta, evitando qualquer tipo de exercício.

Há nos últimos anos o levantamento de questionamentos que sugestionam o

tratamento em voga, que devido às complicações que podem ocorrer e a falta de

evidências histológicas de inflamação das lâminas afetadas.

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5. FERRAGEAMENTO

Segundo Stashak (2006), o ferrageamento tem um importante papel no

tratamento da laminite, sendo as ferraduras mais utilizadas as em formato de

coração, ou seja, as que apresentam apoio da ranilha, podendo ser não-ajustáveis

(Figura 13) e ajustáveis (Figura 14).

Figura 13: Ferradura não-ajustável.

Figura 14: Ferradura ajustável.

Fonte: THOMASSIAN, 2005.

Fonte: THOMASSIAN, 2005.

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A ferradura não-ajustável pode ser confeccionada com ferro ou alumínio, o

autor enfatiza a dificuldade tanto na confecção quanto na habilidade para a

instalação da ferradura no casco afetado. É denominada não- ajustável, pois, uma

vez colocadas no casco, não há como ajustar, uma vez que com o crescimento do

casco há um aumento da distância entre a ranilha e o suporte minimizando o efeito

da ferradura, exigindo um trabalho de ferrageamento constante.

É necessário conhecimento sobre o casqueamento, como apresentado na

figura 15.

Figura 15:Ressecção da muralha do casco na laminite.

Os estudos fazem a interação entre a laminite e o ferrageamento como forma

efetiva de tratamento, entretanto, ressaltam a importância em se ter habilidade na

instalação, como também, experiência no processo de confecção da ferradura para

que os efeitos contributivos aconteçam.

Para Garcia (2007), a ferradura de coração é basicamente uma ferradura com

uma barra atrás com uma extensão em V ao nível da ranilha, o desenho serve para

exercer pressão sobre a ranilha e assim dar apoio a falange distal. Para que se

possa aumentar a sua efetividade faz-se necessário estender dorsalmente de

maneira a apoiar os dois terços caudais da falange.

Fonte: THOMASSIAN, 2005.

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Nesse contexto, mais um autor fala sobre a dificuldade do processo de

fabricação e colocação, explicando as muitas correntes contrárias a real eficiência

da utilização dessas ferraduras nos casos de laminite.

Segundo Pollitt (2007), a ferradura de coração deve ter suporte de ranilha

paralelo a ferradura, sendo o suporte de 2 a 3 mm mais elevados, que farão uma

leve pressão na ranilha, facilitando o aumento do fluxo sanguíneo, ativando dessa

forma a via da artéria dorsal digital para a artéria circunflexa digital perto do talão,

conduzindo o sangue ao redor do casco por intermédio de um percurso alternativo.

Considerando que o fator preponderante dos efeitos degenerativos da

laminite se pauta na falta ou deficiência da irrigação sanguínea nos tecidos, a

técnica de ferrageamento possibilita o aumento do fornecimento de sangue para o

tecido lesionado.

Segundo Luz (2009), nesse caso, para que se tenha o real benefício da

prática, deve-se atentar para que não haja excesso de pressão, sendo produtivo o

monitoramento nas 24 horas seguintes à prática para averiguar a evolução do

quadro, observando qualquer tipo de piora, recomenda-se a retira imediata da

ferradura.

O mesmo autor esclarece que a função do suporte da ranilha é de distribuir o

peso da parede do casco onde há muita dor, em virtude do processo inflamatório

das lâminas, que podem apresentar também hematomas e abscessos.

A ferradura ajustável como a Equine Digit Support System (EDSS) são

reguláveis a altura do suporte da ranilha ao longo do crescimento do casco. Essa

ferradura é a variação da natural balance shoes, adicionada a uma palmilha para o

amortecimento e um triângulo no qual fará pressão na ranilha.

Mais uma ressalva feita pelos autores, desta vez intensificando o cuidado com

a pressão em demasia, pois essa pode induzir uma piora na claudicação e o

contrário, ou seja, uma pressão ineficiente pode abortar os benefícios pré-existentes

e agravar o quadro.

Em suma, a colocação da ferradura, seja qual dos modelos escolhidos, deve

ser feita com habilidade, experiência e precisão para que se possa colher os

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benefício da prática e mais, para que não haja uma piora no quadro patológico,

atentado também, para que o triângulo de apoio nunca seja maior que a ranilha,

para que essa não venha a comprimir os vasos, o que poderia causar uma isquemia

digital, sendo de grande utilidade no processo utilizar-se das radiografias para que

não haja uma compressão entre a sola entre a ferradura e a terceira falange, sendo

indicado que a ponta do triângulo fique de 1,5 a 2 cm atrás da projeção vertical do

bordo distal da falange.

Pollitt (2007) e Stashak (2006) sugerem a elevação da ferradura na parte dos

talões, para que diminua o efeito do TFDP, que atua tracionando a falange distal,

propicia maior rotação e por conseqüência eleva-se o nível de dor no animal. Para

os casos crônicos de laminite e que não apresenta rotação de terceira falange pode

ser utilizada palmilhas com apoio da ranilha (Figura 16), entre a ferradura e o casco,

podendo ser uma ferradura normal ou com borda oval.

Figura 16:Palmilha de compressão da ranilha.

Fonte: THOMASSIAN, 2005.

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CASO CLÍNICO 1

IDENTIFICAÇÃO DO ANIMAL

O primeiro encontro com a égua Aragana (Figura 17) da raça Crioula, fêmea,

com 10 anos de idade, 300 kg e com pelagem castanha, foi na data de 17 de março

de 2013.

Figura 17:Aragana – Primeiro dia de tratamento.

HISTÓRIA PREGRESSA

O animal era de um centro de reprodução, o objetivo da criação é reprodução

da raça Crioula, um animal criado a campo.

O proprietário relatou que o animal não apresentava sintoma adicional ou

problema de saúde, estava em gestação de 6 meses, com alimentação baseada em

pastagem e sal mineral à vontade, tendo tido outras gestações e não apresentando

quadro similar e nenhuma dessas.

O levantamento clínico teve início quando a égua foi encontrada caída no

pasto, havia abortado e com dificuldade de locomoção e com visível impossibilidade

de se colocar em pé. Com muita dificuldade foi colocado o animal em pé, com auxilio

de ajudantes, e foi levada à sede para iniciar os exames e posterior tratamento na

causa da situação descrita.

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Na cocheira, deixaram o animal sobre as serragens deitado para começar o

acompanhamento clínico.

EXAME CLÍNICO

Exame geral

TPC tempo de preenchimento capilar e tugor da pele, demonstrava

apresentação de desidratação moderada.

Teste de palpação – havia aumento da temperatura local.

Sensibilização do casco – através da pinça de casco, sensibilidade,

posicionada na parte inferior e superior do casco, observou-se grande sensibilidade

nos anteriores.

Frequência cardíaca: bpm – 48 (aumentada)

Frequência respiratória: 22 (normal)

Temperatura: 38,5º (normal)

Exame clínico

Através do diagnóstico por imagem, pode-se observar o casco em aspecto de

cenoura, ou seja, já fazia um certo tempo que se desenvolvia o problema, pois se

tratava de uma égua de campo que era verificada a cada 2 meses

aproximadamente.

DIAGNÓSTICO

A égua apresentava nos membros anteriores sinais clínicos compatíveis com

laminite crônica, sendo necessária maior averiguação, por intermédio de análise

radiológica.

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Apresentava alterações de conformação do casco com as linhas de

crescimentos irregulares e ângulo com o chão alterado, pulso digital alterado e o

halo vermelho na sola, típico de desvio de terceira falange.

Foram realizadas radiografias (Figura 18) e demais exame clínico detalhado,

visto que este havia sofrido um aborto, tendo associação com a laminite placentária.

Figura 18: Diagnóstico por Imagem

TRATAMENTO

Como o animal apresentava visível quadro de desidratação, foi realizado

como procedimento o uso de hidratação parental e vitamina B12.

Para que a dor diminuísse foi utilizado um analgésico1 e anti-inflamatório,

utilizado (oral ou intravenoso) 1,1mg/Kg a cada 12h ou 0,25 mg/Kg a cada 8h, no

período de 3 dias e tetraciclina de longa ação para o tratamento de metrite.

Terapia vasodilatadora: acepramazina2 intramuscular, 0,03 a 0,06 mg/Kg a

cada 6 a 8h, de 3 a 5 dias.

Terapia anticoagulante: ácido acetil salicílico3, 10 a 20 mg/Kg, via oral, em

dias alternados.

1 Analgésico/Anti-inflamatório: Flunexin neglumine.

2 Vaso dilatadora:Acepram.

3 Aspirina.

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Como tratamento foi utilizado também às técnicas de casqueamento e

ferrageamento.

Casqueamento mais agressivo (Figura 19 e 20) pois retira toda a pinça que já

estava com as laminas mortas para que fizesse com que o casco crescesse mais

rapidamente.

Em seguida foi colocada a ferradura em formato de coração não-ajustável,

logo após foi acoplada uma palminha de compressão da ranilha, como esse casco

ficou aberto, foi utilizado Povidine, e não iodo, pois esse último resseca em demasia,

depois de efetuado esse processo, o casco foi imerso em uma solução de cloreto de

sódio hipersaturada, e após Povidine, para encerrar foi colocado no local casqueado

uma atadura em todo o casco.

Figura 18: Retirada das lâminas mortas com as técnicas de casqueamento.

Foi recomendado fazer diariamente um curativo, utilizando-se de uma solução

de Povidine.

Concomitantemente, foi realizado o procedimento inicial das técnicas de

ferrageamento aplicada pelo ferreiro da propriedade. Com a confecção da ferradura

no formato de coração não-ajustável.

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Figura 19: Com ferradura.

RECOMENDAÇÕES

Utilizar maior conforto para o animal, colocando maior quantidade de

serragem na cocheira.

Curativo a cada 48 horas.

Durante o dia deixar o animal solto para melhor circulação do casco.

Trocar as ferraduras a cada 30 dias.

Observar para que o animal permaneça em piso seco.

EVOLUÇÃO

Após 20 dias, na reconsulta se observou um leve crescimento do casco, com

melhora na segurança do apoio.

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CASO CLÍNICO 2

IDENTIFICAÇÃO DO ANIMAL

O primeiro encontro com o cavalo Enigma (Figura 21) da raça Crioula, fêmea,

com 3 anos de idade, 360 kg e com pelagem rosilha, foi na data de 4 de março de

2013.

Figura 20: Enigma em tratamento.

HISTÓRIA PREGRESSA

O proprietário comprou o cavalo em um leilão transmitido pela televisão, o

animal foi entregue transportado por um caminhão, aproximadamente uma semana

após fechada a negociação, a viagem teve duração aproximada de 10 horas.

Quando o animal chegou na propriedade do atual dono, apresentava dores e

tremor muscular, observava-se dificuldade locomotora, claudicando, com visível

desconforto nos membros inferiores anteriores, o que impossibilitava que o mesmo

descesse do caminhão sem ajuda de terceiros.

A remoção do eqüino se deu por ajuda e indução dos tratadores e demais

componentes da equipe que presenciavam a chegada do animal em questão.

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O proprietário relatou que o objetivo era atividades esportivas e para fins de

reprodução, para isso, a princípio, necessitava de um animal que não apresentasse

quadro patológico, essencialmente, que não tivesse o aparelho locomotor

comprometido.

À primeira vista, pela ausência de informações do antigo proprietário, não se

sabia a causa daquela aparente indisposição do animal. Chegando a cogitar a

possibilidade de uma simples dor muscular.

EXAME CLÍNICO

Exame de Sensibilidade

Visto ser no aparelho locomotor o problema, foi realizado uma exame de

sensibilidade começando pelo casco, sendo automaticamente, verificado uma

elevada temperatura local.

Frequência cardíaca: bpm – 52 (taquicardia)

Frequência respiratória: 25 (normal)

Temperatura: 38º (normal)

Raio X

Após a verificação de que não se tratara de uma simples dor muscular, 7 dias

após a chegada do animal à propriedade, foi realizado o diagnóstico por imagem

para se ter a visualização do problema real.

DIAGNÓSTICO

Como se cogitava ser apenas uma dor muscular, após a chegada do animal,

foi iniciado um tratamento, pelo período de uma semana, objetivando minimizar dor

muscular, com intuito de aliviar os sintomas.

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Após uma semana, não foi diagnosticada nenhuma mudança positiva no

animal, ao contrário, foi visualizada uma considerável piora no quadro.

Através do diagnóstico por imagens foi detectada uma rotação de terceira

falange, com desvio de 11º no membro anterior esquerdo e 18º no membro anterior

direito. Com a parte da sola do casco com sensibilidade e com leve perfuração nos

dois membros anteriores.

Devido ao diagnóstico tardio pode se constatar que o animal chegou com

sinais clínicos de laminite e pelo retardo no tratamento específico, acabou por

desencadear uma progressão para rotação de terceira falange.

TRATAMENTO

Tratamento realizado pelo médico veterinário

Durante a primeira semana, considerando ser apenas uma dor muscular foi

realizado o tratamento com Fenilbutazona4 (oral ou intravenosa), 4,4 mg/Kg a cada

12h, por 4 dias.

Terapia vaso dilatadora: Acepramazina5 intramuscular 0,03 a 0,06 mg/Kg a

cada 6 a 8h, até 5 dias.

Terapia anticoagulante: Ácido acetil salicílico6 10 a 20 mg/Kg, via oral em dias

alternados.

Após esse período, não visualizando melhoras, com a ajuda do diagnóstico

por imagens, foi realizado o tratamento com anti-inflamatório, retirada a ferradura,

fazendo um casqueamento corretivo, onde foi retirada a pinça para aliviar a tensão

do tendão flexor profundo. Como o casco estava muito sensível foi confeccionada e

colocada uma bota ortopédica em cada membro lesionada com palmilha, utilizando

a tecnologia front line, com talões aumentados, aumentando o ângulo em 5º; antes

foi realizada Limpeza do local da perfuração com iodo, utilizava-se uma ducha com

4 Equipalazone.

5 Acepram.

6 Aspirina.

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água fria para diminuir a temperatura do casco seguida de massagem com

Calminex7 nos tendões.

Tratamento realizado pelo proprietário

Para controle local da temperatura, além da medicação diária, o proprietário

foi designado a realizar um esfriamento com uma ducha diária. Como também, soltar

o animal no pasto para que tal atividade viesse a facilitar e também induzir uma

melhor irrigação sanguínea nas laminas do casco.

Tratamento realizado pelo ferreiro

Após 25 dias de ininterrupta utilização da bota ortopédica, deu-se início às

técnicas de ferrageamento aplicada pelo ferreiro da propriedade. Com a confecção

da ferradura no formato de coração não-ajustável.

No processo foi colocado uma palmilha de silicone8 sob a ferradura, para que

se pudesse retirar a tensão aplicada entre a ferradura e o casco, zelando pela plena

habilidade de confecção e implantação da ferradura no animal.

RECOMENDAÇÕES

Utilizar maior conforto para o animal, colocando maior quantidade de

serragem na cocheira.

Sempre que o animal sair da cocheira retirar as botas ortopédicas. Ao colocar

novamente não colocar em membros úmidos e molhados.

Durante o dia deixar o animal solto para melhor circulação do casco.

Trocar as ferraduras a cada 30 dias.

7 Princípio ativo do Calminex: cânfora, óxido de zinco, taliscilato demila, bálsamo de peru, extrato de deladona.

8ESE®: Eliminador de Choque Equestre

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EVOLUÇÃO

Após o primeiro casqueamento realizado no mesmo dia da consulta, notou-se

que o animal começou a responder ao tratamento, em uma forma sutil visto que o

desconforto da dor ainda permanecia. Com a utilização da bota ortopédica (Figura

22 e 23), após 25 dias, foi retirada em seguida e colocada a ferradura, e nesse

momento o cavalo apresentou maior segurança no apoio dos membros.

Figura 21: Bota ortopédica.

Figura 22: Enigma com a bota ortopédica.

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CONCLUSÃO

Com o presente trabalho, pretendeu-se ampliar os conhecimentos referentes

a laminite e os seus estágios de evolução, podendo as boas técnicas de

ferrageamento, auxiliar e contribuir para o tratamento.

Os estudos clínicos mencionados nos dão a maior proximidade com os casos

relatados na literatura, que de antemão nos viabilizaram alicerces para o

desenvolvimento do diagnóstico, tratamento e estratégias para a melhoria do quadro

clínico, estagnação evolutiva da patologia e melhor resposta do animal ao

tratamento.

As técnicas adaptativas de ferrageamento possibilitaram aos animais

estudados uma adaptabilidade maior, com menos agressão ao quadro existente,

impedindo a evolução do caso clínico e maior rapidez de resposta ao tratamento

pelo animal.

É uma emergência médica!

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