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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ RAFAEL NERONE SICURO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

RAFAEL NERONE SICURO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

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CURITIBA

2010

RAFAEL NERONE SICURO

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CLÍNICA ODONTOLÓGICA E ORTOPEDIA DE EQUINOS

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à Universidade Tuiuti do

Paraná como requisito parcial à obtenção

do título de Médico Veterinário.

Orientadora Acadêmica: Professora Msc

Beatriz Calderari Vianna

Orientador Profissional: Médico Veterinário

Alberto de Almeida Polasek

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CURITIBA

2010

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, por estar olhando sempre por mim, fazendo com

que tudo desse certo e que oportunidades únicas surgissem na minha vida, tendo

me colocado em comunhão com os animais, que gosto tanto, principalmente os

cavalos, que são meu modo de vida.

A meu pai Adelmar Sicuro Junior, por proporcionar condições necessárias

para a conclusão do curso e a minha mãe Eliane Nerone Sicuro, que sempre

respeitou minha decisão e me deu apoio nos momentos difíceis, acreditando no meu

potencial. A minha noiva Elizabeth Lemanski que esteve sempre ao meu lado

durante todos os períodos em que estive dedicado à minha graduação.

Aos mestres, pelos ensinamentos e dedicação durante todo curso, em

especial a Mestre Beatriz Calderari Vianna pela dedicação como professora, e pela

orientação neste trabalho que aqui segue.

Aos amigos que fiz em todo o período de estágio e faculdade, principalmente

ao meu orientador profissional o Médico Veterinário Alberto de Almeida Polasek, que

me deu o suporte para que concluísse de forma excelente minha formação

acadêmica, além da equipe da Clinihorse, profissionais de excelência, que com

muita paciência e compreensão me ajudaram em mais um tópico da minha

aprendizagem.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – JOCKEY CLUBE DO PARANÁ.............................................................10

FIGURA 2 – HIPÓDROMO (JOCKEY CLUBE DO PARANÁ)...................................11

FIGURA 3 – CLÍNICA DE MEDICINA EQUINA CLINIHORSE..................................11

FIGURA 4 – LABORATÓRIO DE RADIOLOGIA, MOSTRANDO NEGATOSCÓPIO E

LUPA.........................................................................................................................12

FIGURA 5 – LABORATÓRIO DE EXAMES HEMATOLÓGICOS MOSTRANDO

EQUIPAMENTOS ( CENTRÍFUGA, BANHO MARIA)...............................................12

FIGURA 6 – OSSOS DO TARSO E METATARSO...................................................15

FIGURA 7 – DLPM – MEMBRO POSTERIOR DIREITO IMAGEM RADIOGRÁFICA

DA ARTICULAÇÃO DO TARSO MOSTRANDO INÍCIO DE FUSIONAMENTO DO IIIº

OSSO TÁRSICO E CENTRAL DO TARSO ..............................................................21

FIGURA 8 – DLPM- MEMBRO POSTERIOR ESQUERDO IMAGEM

RADIOGRÁFICA DA ARTICULAÇÃO DO TARSO MOSTRANDO INÍCIO DE

FUSIONAMENTO DO IIIº OSSO TÁRSICO E CENTRAL DO TARSO.....................21

FIGURA 9 – LOCALIZAÇÃO REGIONAL DOS NERVOS A SEREM INFILTRADOS

MEMBRO POSTERIOR DIREITO.............................................................................22

FIGURA 10 – LOCALIZAÇÃO REGIONAL DOS NERVOS A SEREM INFILTRADOS

MEMBRO POSTERIOR ESQUERDO.......................................................................23

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FIGURA 11 – AGULHA POSICIONADA PARA UMA INJEÇÃO NA PROJEÇÃO

PLANTAR DA CÁPSULA ARTICULAR TARSOMETATÁRSICA ..............................23

FIGURA 12 – AGULHA “A” POSICIONADA NA ARTICULAÇÃO TARSOCRURAL .24

FIGURA 13 – APLICAÇÃO INTRARTICULAR NA REGIÃO TARSOCRURAL

MEMBRO POSTERIOR ESQUERDO.......................................................................24

FIGURA 14 – APLICAÇÃO INTRARTICULAR NA REGIÂO TARSOCRURAL

MEMBRO POSTERIOR DIREITO.............................................................................25

FIGURA 15 – OSSO METACÁRPICO EQUINO .......................................................27

FIGURA 16 – NEOFORMAÇÃO ÓSSEA E FRATURA.............................................31

FIGURA 17 – IMAGEM DA EXTRAÇÃO DO SOBREOSSO SEGUNDO

METACARPIANO DURANTE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO................................33

FIGURA 18 – FRAGMENTO ÓSSEO DO METACARPIANO ACESSÓRIO

RETIRADO MEMBRO ANTERIOR DIREITO............................................................33

FIGURA 19 – MEMBRO ANTERIOR DIREITO APÓS RETIRADA DOS

FRAGMENTOS DO METACARPO...........................................................................34

FIGURA 20 – IMAGEM DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO NO MOMENTO DA

EXTRAÇÃO DO OSSO METACARPIANO ACESSÓRIO FRATURADO, MEMBRO

TORÁCICO ESQUERDO..........................................................................................34

FIGURA 21 – FRAGMENTOS ÓSSEOS RETIRADOS DO METACARPO MEMBRO

TORÁCICO ESQUERDO..........................................................................................35

FIGURA 22 – INTRUMENTOS ODONTOLÓGICOS PARA EQUINOS ....................40

FIGURA 23 – IMAGEM MOSTRANDO O MOMENTO DA PRÁTICA DE SEDAÇÃO

INTRAVENOSA.........................................................................................................41

FIGURA 24 – ENXÁGUE DA CAVIDADE ORAL ......................................................42

FIGURA 25 – “ABRIDOR DE BOCA” E APOIO PARA CABEÇA..............................42

FIGURA 26 – EXTRAÇÃO DO “DENTE-DE-LOBO” .................................................43

FIGURA 27 – “BIT SIT” .............................................................................................43

FIGURA 28 – FERIMENTOS CORTO-CONTUSOS .................................................44

FIGURA 29 – ALINHAMENTO FINAL COM GROSA................................................44

FIGURA 30 – GROSA ODONTOLÓGICA.................................................................45

FIGURA 31 – BOTICÃO PARA EXTRAÇÃO DE INCISIVOS E “DENTE-DE-LOBO”45

FIGURA 32 – BOTICÃO PARA EXTRAÇÃO DE PRÉ-MOLARES E MOLARES......46

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO

OBRIGATÓRIO EM MEDICINA VETERINÁRIA, NA ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DE

EQUINOS..................................................................................................................13

TABELA 2 - DIAGNÓSTICOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS DURANTE A

REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO OBRIGATÓRIO EM MEDICINA VETERINÁRIA

DIVIDIDOS EM SEUS DIFERENTES SISTEMAS ORGÂNICOS. ............................13

TABELA 3 - DIAGNÓSTICOS ESTABELECIDOS NO SISTEMA

MUSCULOESQUELÉTICO, ACOMPANHADOS DURANTE A REALIZAÇÃO DO

ESTÁGIO OBRIGATÓRIO NA ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DE EQUINOS. ...........13

TABELA 4 - DIAGNÓSTICOS ESTABELECIDOS NO SISTEMA RESPIRATÓRIO,

ACOMPANHADOS DURANTE A REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO OBRIGATÓRIO NA

ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DE EQUINOS .............................................................14

TABELA 5 - DIAGNÓSTICOS ESTABELECIDOS NO SISTEMA TEGUMENTAR E

SEUS ANEXOS, ACOMPANHADOS DURANTE A REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO

OBRIGATÓRIO NA ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DE EQUINOS. ............................14

TABELA 6 - PROCEDIMENTOS AMBULATORIAIS REALIZADOS /

ACOMPANHADOS DURANTE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO NA ÁREA DE CLÍNICA

MÉDICA DE EQUINOS.............................................................................................14

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................8

2 APRESENTAÇÃO ..................................... ..............................................................9

3 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO .................... ...........................................10

4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE ESTÁGIO OBRIGATÓ RIO............13

5. OSTEOARTROSE DAS ARTICULAÇÕES DISTAIS DO TARSO/

OSTEOARTRITE (ESPARAVÃO ÓSSEO)..................... ..........................................15

5.1. Revisão Bibliográfica..........................................................................................15

5.2 Descrição do Caso Clínico ..................................................................................20

5.3 Discussão do Caso Clínico..................................................................................25

5.4 Conclusão ...........................................................................................................26

6 EXOSTOSE DO OSSO METACARPIANO ACESSÓRIO (SOBREOS SO)..........27

6.1 Revisão bibliográfica ...........................................................................................27

6.2 Descrição do Caso Clínico ..................................................................................30

6.3 Discussão do Caso Clínico..................................................................................36

7 ODONTOLOGIA EQUINA ............................... ......................................................38

7.1 Revisão Bibliográfica...........................................................................................38

7.2 Descrição do Caso Clínico ..................................................................................40

7.3 Discussão do Caso .............................................................................................46

7.4 Conclusão ...........................................................................................................47

8 CONCLUSÃO ........................................ ................................................................48

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9 LISTA DE FÁRMACOS ................................ .........................................................49

10 REFERÊNCIAS...................................................................................................50

RESUMO

O estágio curricular descrito foi realizado na Clínica de Medicina Eqüina Clinihorse, localizada na cidade de Curitiba, estado do Paraná, no período de 10 de fevereiro a 02 de junho, totalizando 420 horas tendo como Orientador Profissional o Médico Veterinário Alberto de Almeida Polasek e a Orientação Acadêmica pela Professora Msc Beatriz Calderari Vianna.

O objetivo geral da realização do Estágio Profissional foi aprimorar e praticar as técnicas que foram expostas no decorrer da realização do curso de Medicina Veterinária, conhecendo também novas técnicas dentro da profissão. Neste trabalho de conclusão de curso serão discutidos casos de ortopedia equina, tais como a Osteoartrite Társica e Intertársica, a Exostose do Osso Metacarpiano Acessório e o Tratamento Odontológico Equino.

Palavras chave: Esparavão Ósseo; Exostose; Tratamento Odontológico.

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ABSTRACT

This work was conducted in Equine Prachice Clinihorse, located in Curitiba, Parana, in the period from February 10 to June 2, totaling 420, having as supervisor the professional veterinarian Alberto de Almeida Polasek and academic advising by Professor Msc Beatriz Calderari Vianna.

The overall goal of completing the Professional Practice was to improve and practice the techniques that it have been exposed during the course of realization of Veterinary Medicine, knowing the new techniques within the profession.

In this work of completion will be reported cases of equine orthopedics, such as Tarsal and Intertarsal osteoarthritis, Exostoses of the metacarpal bone and Accessory Equine Dental.

Key words: Osteoarthritis; Exostosis; Accessory Equine Dentistry.

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1 INTRODUÇÃO

A convivência com o cavalo vem a cada dia aumentando e surpreendendo,

tornando este, que era tido como um esporte de nobres, o cotidiano de muitos e

tendo enorme relevância na economia brasileira e mundial.

Esportes vêm surgindo e se engrandecendo a cada dia dentro do mundo

equestre, tais como a vaquejada, que já domina norte e nordeste e vem tomando as

imediações do Brasil Central, e a prova do sul do brasileiro, o Freio de Ouro, que já

vai tomando conta de vários estados brasileiros. A prova de Rédeas praticada por

equinos de várias raças e principalmente pelas raças Quarto de Milha e Crioulo já se

tornou um esporte Olímpico e o cavalo de Rédeas tem importância no quadro de

esportes mundial. Provas mais tradicionais tais como o Salto e o Turfe nunca

perdem sua nobreza e acabam a cada dia trazendo mais adeptos dessas

modalidades que conquistam qualquer indivíduo que frequenta os hipódromos e

hípicas.

Com a busca pela excelente performance destes animais é indispensável a

procura pela melhor criação desde o nascimento até sua vida esportiva e futura vida

reprodutiva, fazendo com que o cavalo de esportes tenha e traga a alegria que

proprietários, treinadores, tratadores, dentre outras pessoas envolvidas neste

processo, almejam. Para que isso ocorra, o Médico Veterinário é indispensável

durante todo este processo.

Para isso o cavalo é uma figura que se torna indispensável na vida de

muitos e faz com que pessoas aficionadas vivam o cavalo em sua essência, como

hobby e paixão.

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2 APRESENTAÇÃO

O Trabalho de Conclusão de Curso é apresentado à Universidade Tuiuti do

Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de Médico Veterinário.

O Estágio Curricular Obrigatório descrito neste trabalho de conclusão de

curso foi realizado na Clínica de Medicina Equina Clinihorse, durante o período de

10 de fevereiro a 02 de junho de 2010, totalizando 420 horas.

Foi supervisionado pelo Orientador Profissional o Médico Veterinário Alberto

de Almeida Polasek e supervisionado pela Orientadora Acadêmica Professora MSc

Beatriz Calderari Vianna.

Dentre as atividades descritas neste trabalho, se encontram descritos casos

de ortopedia eqüina, como a Osteoartrite das Articulações do Tarso (Esparavão

Ósseo) e a Exostose do Osso Metacarpiano Acessório (Sobreosso), além da

descrição do aprendizado sobre a Odontologia Equina, que ocorreu neste período.

Nas imediações do Jockey Clube do Paraná outros casos clínicos foram

acompanhados, tais como problemas respiratórios, gástricos, entéricos, outros casos

clínicos de ortopedia, atividades ambulatoriais, além do acompanhamento do

cotidiano de profissionais da Medicina Veterinária, em atendimentos no Paraná,

Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

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10

3 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

O estágio obrigatório foi realizado na Clínica de Medicina Equina Clinihorse,

localizada na cidade de Curitiba, estado do Paraná, no período de 10 de fevereiro a

2 de junho de 2010. A orientação profissional realizada pelo Médico Veterinário

Alberto de Almeida Polasek e orientação acadêmica feita pela Professora MSc

Beatriz Calderari Vianna.

A clínica situa-se no interior do Jockey Clube do Paraná, localizado na

Avenida Victor Ferreira do Amaral, 2299, na cidade de Curitiba, estado do Paraná

(figuras 1 a 3).

FIGURA 1 – JOCKEY CLUBE DO PARANÁ FONTE: <WWW.JOCKEYPR.COM.BR>, 2010.

Possui 6 (seis) veterinários, cada um especializados em suas diferentes

áreas: reprodução, cirurgia, odontologia, ortopedia, fisioterapia, acupuntura e

exames diagnósticos laboratoriais e radiológicos.

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11

FIGURA 2 – HIPÓDROMO (JOCKEY CLUBE DO PARANÁ) FONTE: O AUTOR, 2010

FIGURA 3 – CLÍNICA DE MEDICINA EQUINA CLINIHORSE FONTE: O AUTOR, 2010

A mesma é constituída de 1 (um) ambulatório para atendimento clínico, 1

(uma) sala para realização de exames radiológicos (figura 4), ultrassonográficos e

endoscópicos, 1 (um) laboratório de exames hematológicos (figura 5), 1 (uma)

farmácia, 1 (um) laboratório de radiologia, 3 (três) salas para veterinários da clínica e

1 (uma) sala para estagiários

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FIGURA 4 – LABORATÓRIO DE RADIOLOGIA, MOSTRANDO NEGATOSCÓPIO E LUPA FONTE: O AUTOR, 2010

FIGURA 5 – LABORATÓRIO DE EXAMES HEMATOLÓGICOS MOSTRANDO EQUIPAMENTOS ( CENTRÍFUGA, BANHO MARIA) FONTE: O AUTOR, 2010.

Além do acompanhamento no hipódromo adjunto aos Médicos Veterinários,

foram visitados também Haras de criação de equinos de diferentes raças tais como

Puro Sangue Inglês, Quarto de Milha e Crioulo, onde foram realizados os

procedimentos descritos nos casos clínicos ao decorrer deste Trabalho de

Conclusão de Curso.

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13

4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE ESTÁGIO OBRIGATÓ RIO

O resumo das atividades desenvolvidas durante a realização do Estágio

Curricular Obrigatório realizado na Clínica de Medicina Equina Clinihorse no período

de 10 de fevereiro a 02 de junho de 2010 está mostrado nas tabelas 1 a 6.

TABELA 1 - ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO OBRIGATÓRIO EM MEDICINA VETERINÁRIA, NA ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DE EQUINOS. ATIVIDADE Nº DE CASOS % Endoscopias 108 51,18% Diagnóstico por imagem 64 30,33% Atendimentos ambulatoriais

32 15,16%

Cirurgias 07 3,31% TOTAL 211 100%

TABELA 2 - DIAGNÓSTICOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS DURANTE A REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO OBRIGATÓRIO EM MEDICINA VETERINÁRIA DIVIDIDOS EM SEUS DIFERENTES SISTEMAS ORGÂNICOS. SISTEMAS Nº DE CASOS % Músculo Esquelético 29 58% Respiratório 16 32% Tegumentar e seus anexos

05 10%

TOTAL 50 100% TABELA 3 - DIAGNÓSTICOS ESTABELECIDOS NO SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO, ACOMPANHADOS DURANTE A REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO OBRIGATÓRIO NA ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DE EQUINOS. ATIVIDADE Nº DE CASOS % Periostite 03 10,34% Tendinite 08 27,58% Sesamoidite Fratura Osteocondrite dissecante Esparavão ósseo Contrição do ligamento anular

01 03 01

12 01

3,44% 10,34% 3,44% 41,37% 3,44%

TOTAL 29 100%

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TABELA 4 - DIAGNÓSTICOS ESTABELECIDOS NO SISTEMA RESPIRATÓRIO, ACOMPANHADOS DURANTE A REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO OBRIGATÓRIO NA ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DE EQUINOS ATIVIDADE Nº DE CASOS % Hemiplegia de Laringe 04 26,66% Hemorragia Pulmonar Induzida pelo Esforço (HPIE)

08 53,33%

Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) Empiema Bolsa Gutural

02

01

13,33% 6,66%

TOTAL 15 100%

TABELA 5 - DIAGNÓSTICOS ESTABELECIDOS NO SISTEMA TEGUMENTAR E SEUS ANEXOS, ACOMPANHADOS DURANTE A REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO OBRIGATÓRIO NA ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DE EQUINOS. ATIVIDADE Nº DE CASOS % Sarcóide 02 40% Sutura de pele 03 60% TOTAL 05 100%

TABELA 6 – PROCEDIMENTOS AMBULATORIAIS REALIZADOS / ACOMPANHADOS DURANTE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO NA ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DE EQUINOS. PROCEDIMENTOS AMBULATORIAIS

Nº DE CASOS %

Coleta de Sangue 112 70% Administração de Fármacos

21

13,12%

Infiltrações Intrarticulares Termocauterização em Pontos Eutanásia

20

06

01

12,5% 3,75% 0,62%

TOTAL 160 100%

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5. OSTEOARTROSE DAS ARTICULAÇÕES DISTAIS DO TARSO/ OSTEOARTRITE (ESPARAVÃO ÓSSEO)

5.1. Revisão Bibliográfica

Na anatomia funcional do tarso (jarrete), incluem-se certos ossos, tais como,

o talo (tarsotibial), calcâneo (tarsofibular), osso central do tarso, primeiros e

segundos fundidos e terceiro e quarto ossos társicos (figura 6). Proximalmente, a

tróclea do talo articula-se com a superfície troclear da tíbia na articulação tarsocrural

(tibiotársica). Distalmente, a fileira distal de ossos társicos e os três ossos

metatársicos articulam-se na articulação tarsometatársca. Ligamentos colaterais

extensos prolongam-se sobre estas duas articulações e as articulações intertársicas.

Vasos sanguíneos, nervos e os tendões dos músculos digital e crural atravessam

e/ou prendem-se no tarso (STASHAK, 2006).

FIGURA 6 – OSSOS DO TARSO E METATARSO FONTE: <HTTP://EQUIPEVETERINARIAFV2010.BLOGSPOT.COM>

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O esparavão ósseo é uma osteoartrose com periostite que afeta a

articulação intertársica distal, tarsometatársica e ocasionalmente, a articulação

intertársica proximal (STASHAK, 2006).

É uma forma de artrite proliferativa e anquilosante caracterizada por

aumento de volume da articulação társica na sua face ânteromedial (THOMASSIAN,

2005).

A osteoartrite manifesta-se sobretudo por meio de uma leve claudicação

progressiva que pode ser unilateral ou bilateral. Contudo, em alguns casos, os

animais chegam a ter claudicação de grau moderado a severo (VEIGA, 2006).

A doença normalmente começa na superfície dorsomedial dessas

articulações distais do jarrete, mas as alterações destrutivas muitas vezes se

estendem dorsalmente até afetarem a superfície dorsal destas articulações

eventualmente. As primeiras alterações radiográficas incluem formações císticas

que afetam o osso subcondral adjacente. Conforme a lesão progride, uma atrofia

irregular do osso subcondral faz com que os espaços articulares pareçam mais

largos no exame radiográfico e uma reação periosteal local torne-se evidente. Após

vários meses, pode ocorrer uma anquilose completa. Em outros casos mesmo após

períodos prolongados, é observado apenas um desenvolvimento periosteal mínimo.

Se ocorrer a anquilose, a claudicação pode ser abolida (STASHAK, 2006).

A osteoartrite das articulações distais é considerada a causa mais comum de

claudicação clínica associada ao tarso (STASHAK, 2006).

O esparavão ósseo é observado com mais freqüência em cavalos adultos

que são forçados ao galope e meio galope, ou seja, cavalos usados na maioria das

práticas esportivas. A compressão e rotação repetidas dos ossos do tarso e a tensão

excessiva na inserção dos ligamentos dorsais maiores são preponderantes no

desenvolvimento desta doença (STASHAK, 2006).

As causas mais frequentes são: má conformação do tarso, como jarrete de

vaca, causando estiramento e enfraquecimento da face medial do tarso, distúrbios

nutricionais e osteodistrofias. Porém, o traumatismo, quer direto ou indireto, em

animais, principalmente de salto e pólo, constitui a causa mais importante, pois a

articulação, continuamente está sujeita a movimentos “anormais” exagerados que

causam intensa compressão sobre suas estruturas, notadamente as ósseas

(THOMASSIAN, 2005).

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17

Uma das etiologias envolvidas ao esparavão ósseo é a chamada Doença

Ósseo Metabólica, que responsabiliza-se por problemas de desenvolvimento e

adquiridos, trazendo desequilíbrios minerais, deficiências ou excessos protéicos,

desequilíbrios endócrinos podendo, desenvolver osteoartrite nas articulações distais

do tarso. Além destas, o hipotireoidismo dos potros traz colapso dos ossos central e

terceiro do tarso (STASHAK, 2006).

Os cavalos com esparavão ósseo normalmente apresentam um histórico de

claudicação de início gradual. Se o cavalo é submetido à esforços por vários dias, a

claudicação piora, melhorando com o repouso. Os cavalos apresentam relutância

em parar abruptamente, colocando a maior parte do peso no membro menos

afetado, além de se recusar ou apresentar reações ao pivotar para o lado afetado.

No trabalho em círculo para o lado afetado o animal pode realizar o galope na mão e

patas trocadas (STASHAK, 2006).

A claudicação de início gradual tende a ser mais grave no começo do

exercício, mas nos equinos com esparavão ósseo discreto há diminuição do grau da

claudicação após trabalhar por curto período de tempo (MELO et al., 2008).

O sinal clínico predominante é o aumento no volume que se observa na face

ânteromedial da articulação társica. Durante a locomoção, e devido à dor, o cavalo

tende a fletir espasmodicamente a articulação, reduzindo a amplitude do passo. O

casco pode mostrar desgaste anormal na face lateral devido ao tipo de apoio

adotado durante a locomoção. Na fase aguda, a claudicação manifesta-se a frio,

melhorando os sinais com o exercício. Por outro lado, na fase crônica, a claudicação

tende a agravar-se com a realização do exercício (THOMASSIAN, 2005)

A osteoartrite é uma doença articular caracterizada por sinais variáveis de

dor, sinovite, degeneração e erosão da cartilagem articular (McILWRAITH, 2002).

Quando o cavalo está em estação, pode flexionar o jarrete periodicamente,

de modo espasmódico (STASHAK, 2006).

Dentre os métodos diagnósticos para esparavão ósseo, estão a elevação da

pata reduzida, a menor flexão do jarrete, desgaste da pinça, teste da flexão do

jarrete, bloqueio do nervo tibial caudal e fibular profundo com anestésico local,

levando-se em consideração que outras regiões também serão bloqueadas, sendo

este um método não tão preciso. O aumento do volume da cabeça do segundo osso

metatársico pode causar edema semelhante, por isso deve-se diferenciar com a

palpação, pela localização e com o auxílio de radiografias (STASHAK, 2006).

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A prova do esparavão consiste em flexionar a articulação társica durante

aproximadamente um a dois minutos, de forma forçada, finda a qual, o cavalo

frequentemente intensifica a claudicação, e algumas vezes mal consegue apoiar o

membro afetado no solo. Entretanto, deve-se sempre estar atento a possibilidade de

se estar frente a claudicações com sede na articulação femorotíbio-patelar e,

eventualmente coxofemoral, pois estas podem apresentar respostas e sinais

semelhantes as claudicações das articulações tibiotársica e tarsometatársica

(THOMASSIAN, 2005).

Exames radiográficos são fundamentais para a confirmação do diagnóstico

da osteoartrite társica. Radiograficamente pode-se observar redução dos espaços

articulares intertársicos, osteítes rarefacientes ou periostites, e até mesmo em casos

mais avançados, anquilose do terceiro osso társico em sua face medial, do társico

central e da região proximal do terceiro osso metatársico, junto a sua face medial.

Raramente as lesões osteíticas atingem a superfície articular do calcâneo ou o

quarto tarciano (THOMASSIAN, 2005).

As projeções do exame radiográfico a serem feitas no tarso incluem a Dorso

plantar (ou ântero-posterior), dorso lateral plantaromedial obliqua, dorsomedial

plantarolateral obliqua, látero-medial flexionada e látero-medial.

Nestas projeções devem ser observadas, cuidadosamente, rarefações

cistiformes, osteófitos periarticulares, estreitamento do espaço articular, esclerose,

anquilose, colapso dos ossos central e terceiro do tarso e fraturas (STASHAK,

2006).

Embora existam modernas tecnologias como a tomografia computadorizada,

ressonância magnética, e a cintilografia, capazes de realizar diagnósticos precoces

de alguns tipos de lesões, principalmente no exame de regiões mais distais do

membro, o exame radiográfico ainda é a modalidade diagnóstica mais utilizada

nestes casos (ROSSETTI, 2005).

Apesar dos inúmeros tipos de terapia para o tratamento do esparavão

ósseo, muitos cavalos afetados permanecem claudicando e resistentes a todos os

métodos convencionais de terapia (STASHAK, 2006).

Em razão de sua evolução final para anquilose, o tratamento da osteoartrite

társica é paliativo e consiste em repouso e aplicação de antiinflamatórios intra-

articulares (esteróides), entretanto, somente sob estrita vigilância médico-veterinária,

devido aos inconvenientes do uso de corticóides nestas afecções e do retorno

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precoce dos sinais clínicos após a interrupção do tratamento medicamentoso.

Efetivamente, o tratamento cirúrgico apresenta os resultados mais satisfatórios

(THOMASSIAN, 2005).

A tenectomia cuneana, que consiste na remoção de uma ponte do tendão

cuneano do músculo tibial cranial, deve ser considerada como procedimento único

apenas quando o bloqueio da bolsa cuneana fornece bom alívio na claudicação.

Esta técnica faz com que se remova uma fonte de dor local, já que o tendão cruza a

região do esparavão (STASHAK, 2006).

As termocauterizações (pontas de fogo) estimulam a anquilose das

articulações, o que deixa as articulações intertársica distal e/ou tarsometatársica

sem dor presente. A ponta de fogo é aplicada diretamente nos ossos afetados pelo

esparavão. Tenta-se perfurar o tendão cuneano com a ponta, com a intenção de

cortá-lo. Também são utilizadas as pontas de fogo após a tenectomia cuneana, para

provocar a cura (STASHAK, 2006).

O ferrageamento corretivo consiste em forçar a pata do membro afetado a

dar a passada sobre a face medial da pinça. Outro método é elevar-se os talões da

ferradura e arredondar a pinça, o que auxilia o cavalo em sua locomoção

(STASHAK, 2006).

Pode-se ainda associar-se essas técnicas, a neurectomia do nervo tibial

posterior e nervo perôneo profundo (THOMASSIAN, 2005).

Outro método de terapia utilizado é a fisioterapia, que tem como objetivo a

restauração da função e promoção da cura tecidual auxiliando nos processos

fisiológicos normais (STASHAK, 2006).

O prognóstico para o esparavão é sempre reservado. Nos casos que

apresentam alterações ósseas nas articulações tibiotársica (tarsocrural), o

prognóstico é desfavorável (STASHAK, 2006).

O prognóstico deve ser sempre reservado até que se faça cirurgia ou se

utilizem outros métodos de tratamento. Não se deve esperar uma recuperação

completa, todavia o cavalo torna-se utilizável, e em alguns casos pode se apresentar

com leve claudicação até que se ocorra o aquecimento, especialmente em

temperaturas frias (STASHAK, 2006).

Os cavalos de competição de alto nível, que desempenham suas atividades

próximas ao limite, podem ter a sua performance afetada negativamente devido a

alterações no aparelho locomotor (CANTO et al, 2006).

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5.2 Descrição do Caso Clínico

Animal da espécie eqüina, da raça Crioula, com a idade de 10 anos, se

encontrava no centro de treinamento no interior do Haras que tem por finalidade

preparar animais para exposições da raça, participando de eventos que contém

credenciadoras e classificatórias que acabam por levar o animal à grande final do

Freio de Ouro que acontece em Esteio, Rio Grande de Sul, na Expointer.

Anamnese:

O responsável pelo animal relatou que o equino evitava cumprir alguns

exercícios que são exigidos pela prova, nos quais o cavalo procurava não apoiar

direito os posteriores para pivotar para um dos lados na volta sobre patas (“spinar”)

e ao estar em estação fazia movimentos espasmódicos.

Exame clínico/físico:

O Médico Veterinário responsável pelo animal foi chamado com

antecedência à prova, há cerca de dois meses, para que se fizesse o exame clínico

do animal, onde seriam observados todos os parâmetros para que ele pudesse

cumprir em perfeito estado todas as etapas das provas. Em meios a esses exames

se detectou a presença da possível osteoartrite intertársica. Dentro do exame clínico

se promoveu o teste de flexão, que consiste em segurar o jarrete flexionado de um a

dois minutos, que teve como resultado o aumento da claudicação. Observou-se as

andaduras do animal comprovando uma leve claudicação tanto no andar quanto no

trote. Com a palpação local se identificou leve edema na região das articulações do

tarso.

Diagnóstico:

O diagnóstico foi realizado a partir dos exames clínicos e foi confirmado ao

se fazer os exames radiográficos que apresentaram osteoartite intertársica e

tarsometatársica dos membros pélvicos direito e esquerdo. O esparavão ósseo pode

ser identificado nas posições oblíquas como a Dorsolateral Palmaromedial (DLPM),

como indicado na figura 07 e figura 08, e na posição Lateromedial (LM).

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FIGURA 7 – DLPM – MEMBRO POSTERIOR DIREITO IMAGEM RADIOGRÁFICA DA ARTICULAÇÃO DO TARSO MOSTRANDO INÍCIO DE FUSIONAMENTO DO IIIº OSSO TÁRSICO E CENTRAL DO TARSO FONTE: ACERVO DE RADIOGRAFIAS CLINIHORSE,2010.

FIGURA 8 – DLPM- MEMBRO POSTERIOR ESQUERDO IMAGEM RADIOGRÁFICA DA ARTICULAÇÃO DO TARSO MOSTRANDO INÍCIO DE FUSIONAMENTO DO IIIº OSSO TÁRSICO E CENTRAL DO TARSO FONTE: ACERVO DE RADIOGRAFIAS CLINIHORSE, 2010

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Tratamento:

Como o animal participava de uma campanha e sua prova estava próxima,

optou-se pelo tratamento com corticoesteóides intrarticulares, ácido hialurônico e

neurolítico, para que sua performance atlética fosse melhorada.

O protocolo usado foi, devido à gravidade da lesão, 5 ml do Neurolítico

Equipin1 (álcool benzílico 0,75%), que tem na composição solução de extração de

sarracenia purpúrea, que contém cloruto de amônia. Este fármaco funciona como

um contra-irritante local e promove ação no Nervo Tibial Caudal na superfície medial

do membro e no Nervo Perôneo Profundo (figuras 09 e 10).

FIGURA 9 – LOCALIZAÇÃO REGIONAL DOS NERVOS A SEREM INFILTRADOS MEMBRO POSTERIOR DIREITO FONTE: O AUTOR, 2010.

1 Equipin® - Laboratório Drag Pharma

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FIGURA 10 – LOCALIZAÇÃO REGIONAL DOS NERVOS A SEREM INFILTRADOS MEMBRO POSTERIOR ESQUERDO FONTE: O AUTOR, 2010.

Injeções Intrarticulares com Ácido Hialurônico e Antiinflamatório estão

representadas nas figuras 11 a 14, com as regiões infiltradas tarsometatársica e

tarsocrural.O antiinflamatório usado foi o Vetalog2 (suspensão aquosa estéril de

Acetonida de triancinolona).

FIGURA 11 – AGULHA POSICIONADA PARA UMA INJEÇÃO NA PROJEÇÃO PLANTAR DA CÁPSULA ARTICULAR TARSOMETATÁRSICA FONTE: STASHAK, 2006

2 Vetalog® - Laboratório Novartis

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FIGURA 12 – AGULHA “A” POSICIONADA NA ARTICULAÇÃO TARSOCRURAL FONTE: STASHAK, 2006

FIGURA 13 – APLICAÇÃO INTRARTICULAR NA REGIÃO TARSOCRURAL MEMBRO POSTERIOR ESQUERDO FONTE: O AUTOR

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FIGURA 14 – APLICAÇÃO INTRARTICULAR NA REGIÂO TARSOCRURAL MEMBRO POSTERIOR DIREITO FONTE: O AUTOR, 2010.

Após as infiltrações, em um período de dois dias o animal já retornou aos

treinamentos com grande eficiência em seus movimentos, provando assim que as

infiltrações promoveram um conforto ao animal, que apesar de estar em um bom

estado no momento, a infiltração funciona apenas como um método paliativo e o

animal deverá mais tarde passar pela cirurgia de Tenectomia Cuneana, que consiste

na remoção de uma ponte do tendão cuneano do músculo tibial cranial, para que o

animal possa voltar a trabalhar em perfeito estado sem o auxílio das infiltrações.

5.3 Discussão do Caso Clínico

As provas executadas pelo cavalo crioulo exigem muito preparo dos animais

que são testados morfologicamente e funcionalmente, em provas que devem

demonstrar habilidades de rédeas, trabalhos em cima dos anteriores e posteriores

corretos, o “giro sobre patas” (“spin”), além da prova com gado, que exigem muito do

cavaleiro e do cavalo, e acabam por forçar os membros e consequentemente as

articulações do tarso desses eqüinos. Os animais trabalham com exercícios

extrínsecos aos que são de sua alçada, fazendo assim uma grande sobrecarga

sobre os posteriores, que acabam por desenvolver determinadas lesões como a

osteoartrite das articulações do tarso.

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Animais que são forçados antes do seu completo crescimento e fechamento

das linhas fisárias são comuns em alguns estilos de esportes, por um mau

treinamento desde o princípio antes mesmo de estar na doma, tendo como

conseqüências uma perda precoce do animal em pistas de competições. Para que

isso não ocorra, proprietários e criadores devem buscar atendimento de um bom

clínico veterinário para que se possa promover um bom desenvolvimento do eqüino

atleta em toda a sua formação.

Ao se promover o tratamento com as infiltrações o médico veterinário auxilia

para que os animais cumpram devidamente as etapas da prova, com sucesso

alcançando o que o proprietário almeja.

A infiltração é, neste caso, o método de eleição, já que o animal deve

cumprir um determinado ciclo e não pode parar para que se possam ser feitos outros

tratamentos, porém é de enorme relevância que se sabe que o tratamento com

corticóides e o ácido hialurônico apenas funcionam como um método paliativo e que

o ideal seria trabalhar em cima de uma possível cirurgia, tal como a Tenectomia no

tendão cuneano, para que o animal possa sim ter uma vida competitiva e futura mais

saudável.

5.4 Conclusão

O prognóstico para o esparavão ósseo é sempre reservado, não podendo se

esperar uma recuperação completa, e muitas vezes o resultado é um cavalo

utilizável, sendo que a claudicação pode sumir após o animal fazer um aquecimento.

A lesão poderá evoluir para uma anquilose, diminuindo significantemente a dor

lesional.

Com o animal em perfeito estado após as infiltrações pode-se concluir que o

tratamento funciona de modo excelente e dá ao proprietário e treinador uma enorme

chance para que possam ser felizes em seu trabalho dentro das pistas.

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6 EXOSTOSE DO OSSO METACARPIANO ACESSÓRIO (SOBREOS SO)

6.1 Revisão bibliográfica

O metacarpo do eqüino consiste no grande osso metacárpico terceiro, no

segundo e quarto pequenos ossos metacárpicos e nas estruturas a eles (figura 15).

A haste de três faces, que é cada osso metacárpico pequeno, está unida a seu lado

áspero por um ligamento interósseo ao osso metacárpico grande. O córtex sob as

superfícies dorsais arredondadas dos ossos metacárpicos é mais espesso que o

córtex sob as superfícies dorsais arredondadas dos ossos metacárpicos é mais

espesso que o córtex sob as suas superfícies palmares côncavas. O comprimento e

a curvatura das hastes e a proeminência das extremidades distais livres (pontas)

dos ossos metacárpicos pequenos são variáveis. As extremidades proximais dos

ossos metacárpicos articulam-se com a fileira distal de ossos cárpicos, o segundo

metacárpico articula-se com o segundo e o terceiro cárpicos, o terceiro metacárpico

articula-se com o segundo, terceiro e quarto cárpicos e o quarto metacárpico com o

quarto osso cárpico (STASHAK, 2006).

FIGURA 15 – OSSO METACÁRPICO EQUINO FONTE: <HTTP://EQUIPEVETERINARIAFV2010.BLOGSPOT.COM>

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As periostites e exostoses são processos reacionais do periósteo,

membrana que envolve o osso, podendo ser consequência, principalmente de

traumas diretos sobre as estruturas atingidas, ou indiretos quando à distância

(THOMASSIAN, 2005).

O periósteo é composto por duas camadas que respondem de forma

diferente aos processos inflamatórios, sendo a segunda camada mais interna, cuja

função é osteogênica ou osteoblástica, a responsável pela formação óssea final

como resposta ao trauma recebido. A consequência pode ser uma proliferação,

inicialmente fibrosa, que tende à ossificação decorrente da deposição de cristais de

cálcio. Radiograficamente caracteriza-se proliferação óssea cuja base, isto é, a

extensão da superfície de contato com o osso propriamente dita, é maior em seu

eixo longitudinal e mostra irregularidade da superfície (THOMASSIAN, 2005).

A exostose, uma condição de animais jovens, acomete mais comumente o

aspecto medial proximal do membro entre os ossos metacárpico segundo e terceiro.

A condição é associada com o treinamento e a subsequente lesão entre os ossos

metacárpico/metatársicos acessórios e o osso da canela, resultando em inflamação

ou rompimento do ligamento interósseo. As anormalidades de conformação, tais

como canelas deslocadas lateralmente, cuidados impróprios com o casco e

desequilíbrios minerais podem exacerbar a condição (STASHAK, 2006).

Cada um dos ossos metacárpicos/metatársicos está fixado intimamente aos

respectivos ossos metacárpicos e metatársicos terceiro por um ligamento interósseo,

servindo, assim, como uma tala para o osso maior. Os metacarpianos acessórios se

articulam com a articulação carpometacárpica ou tarsometatársica e são expostos a

cargas durante a sustentação de peso. De início, a desmite inflamatória e a

periostite se desenvolvem. Subsequentemente, o novo osso é produzido, funde a

exostose ao osso da canela e estabiliza a fonte de irritação. O termo “exostose

cega” se refere a um processo inflamatório do ligamento interósseo; esse é difícil de

ser detectado ao exame físico porque o edema ocorre no lado axial (interno) do

osso, entre o osso metacárpico acessório e o ligamento suspensor. Ao exame

radiográfico, a osteólise entre os ossos metacárpicos segundo e terceiro pode ser

observada (STASHAK, 2006).

Tanto o rompimento do ligamento interósseo que liga o osso metacárpico

acessório ao grande osso metacárpico/metatársico como trauma externo ou

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cicatrização de uma fratura transversal ou longitudinal podem ser as causas. Se a

inflamação associada ao periósteo for suficiente, ela eventualmente resultará em

ossificação (exostose proliferativa) dos ossos metacarpianos acessórios. O tamanho

da exostose usualmente depende do grau de inflamação e do tamanho da superfície

envolvida. Em qualquer caso a exostose geralmente assume uma forma alongada,

repousando paralela ao osso metacárpico acessório (STASHAK, 2006).

A condição é mais comum em equinos de dois anos de idade que são

submetidos a treinamento pesado, mas, ocasionalmente ocorrem em animais de

mais de três anos de idade (STASHAK, 2006).

A manifestação principal é a claudicação discreta, sendo o processo

doloroso, quando se palpa principalmente a face cranial do terceiro metacárpico,

notadamente da sua região média para a distal, próxima ao boleto, no local em que

o tendão extensor digital comum possui relação, embora fraca, com o periósteo que

não resiste ao esforço exagerado (THOMASSIAN, 2005).

Se o membro afetado for examinado de forma cuidadosa, os sinais óbvios

irão levar ao diagnóstico. Aumento de temperatura, dor e edema sobre as regiões

mencionadas, mais a claudicação, são suficientes para se fazer o diagnóstico.

Porém, este deve ser confirmado com uma radiografia (STASHAK, 2006).

Outras técnicas para se alcançar o diagnóstico também são aplicadas, tais

como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, todavia, devido ao

tipo de lesão e o tecido envolvido, formado nesta enfermidade, o exame radiográfico

é o método de eleição (ROSSETTI, 2005).

Existem vários métodos recomendados para o tratamento das exostoses,

mas todos basicamente contam com o uso de antiinflamatórios e repouso na fase

aguda e, algumas vezes, cirurgia para os estágios mais crônicos. A contra-irritação

ainda é utilizada nas fases crônicas, mas é de significância desconhecida

(STASHAK, 2006).

Na fase aguda, a inflamação e o edema são indicadores dessa enfermidade.

A administração de fármacos antiinflamatórios não esteróides associada com a

aplicação de crioterapia e faixas de sustentação compressivas parece ser benéfica

para reduzir a temperatura, a dor e o edema. A crioterapia pode ser conseguida com

gelo, compressas de gelo e água ou botas de turbilhão. O gelo deve ser aplicado por

30 minutos, duas a três vezes por dia, pelo menos, dois a três dias. Alguns clínicos

recomendam massagem manual por 10 minutos após cada tratamento, após a qual

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uma bandagem de sustentação é colocada. Também é coerente a aplicação de

soluções com DMSO/esteróides. Após resolver a inflamação, um linimento leve pode

ser aplicado por baixo das faixas de sustentação. Equinos acometidos devem ser

confinados em baias por 30 a 45 dias e o passeio guiado por 15 a 20 minutos, duas

vezes por dia, deve ser iniciado após a resolução da inflamação (STASHAK, 2006).

Corticosteróides intralesionais podem reduzir a inflamação e ajudar a

prevenir o crescimento ósseo excessivo. A terapia com corticóide deve ser

acompanhada de bandagens compressivas. Nesse caso, o equino fica em repouso

por mais 30 dias e não deve treinar enquanto for usada a contra-irritação. Porém o

edema pode estar consideravelmente menor. É também verdade que um caso de

exostose cicatrizará sem terapia, se for fornecido repouso adequado (STASHAK,

2006).

A cirurgia para remover as exostoses por razões médicas ou cosméticas

resultou em êxito de moderado a bom (STASHAK, 2006).

O prognóstico é bom a excelente quanto à saúde, exceto para equinos nos

quais a exostose é grande e transpassa o ligamento suspensor ou a articulação

cárpica (STASHAK, 2006).

6.2 Descrição do Caso Clínico

O animal da espécie eqüina, macho, da raça Puro Sangue Inglês, com 3

anos de idade, se encontrava em treinamento dentro do jóquei clube do Paraná.

Anamnese:

O animal se apresentava com claudicação no membro torácico esquerdo e

dor a palpação na região dos ossos metacarpianos.

Exame clínico/físico:

Foram realizados os exames clínico e físico no animal, observando-se o

local da lesão com o animal em repouso, e logo após caminhando e posteriormente

ao trote, o que indicou a claudicação de um dos membros. Posteriormente se

realizou a palpação local o que indicava edema e dor da região dos metacarpianos.

Sinais clínicos:

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Apresentava como sinais clínicos o aumento de tamanho na região proximal

dos segundos metacarpianos dos membros anteriores direito e esquerdo, na face

medial do membros.

Diagnóstico:

Foi realizado o exame radiográfico, que demonstrou a presença de

neoformações ósseas (exostoses) e fratura na região proximal do segundo

metarcarpiano, como representado na figura 16, fazendo com que o Médico

Veterinário responsável optasse pela realização do procedimento de ostectomia

parcial.

FIGURA 16 – NEOFORMAÇÃO ÓSSEA E FRATURA FONTE: ACERVO DE RADIOGRAFIAS CLINIHORSE, 2010.

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Tratamento:

O animal foi então preparado para o procedimento cirúrgico. Jejum de

sólidos e líquidos por 12 horas.

Foram feitas as remoções dos pêlos da região dos metacarpos, antes do

animal ser conduzido à cirurgia.

Como medicação pré-anestésica administrado 0,05mg/kg de acepromazina3

intravenosa, encaminhado ao bloco cirúrgico, onde foi administrado 60g intravenosa

de EGG4 (éter gliceril guaiacol) diluídos em um litro de solução fisiológica.

Posteriormente realizada administração de propofol5 (7mg/kg, intravenoso) e

introdução do traqueotubo. A anestesia utilizada foi isoflurano.

Posicionado o paciente em decúbito lateral direito para que fosse realizada a

antissepsia utilizando iodo povidine degermante, iodo tópico e álcool.

Técnica cirúrgica:

Realizada a incisão na pele na região dos metacarpianos acessórios e a

estrutura óssea fraturada foi então extraída, seguida do procedimento de curetagem

da região. Para se fazer a extração do osso, como representado na figura 15, se

utiliza do martelo cirúrgico e o cinzel.

Após a retirada dos fragmentos, figuras 17, 18 e 19, foi realizada a sutura de

aproximação do subcutâneo, com fio de sutura Vicyil 2-0, visando reduzir o espaço

morto. Foram então colocados os drenos (estrutura estéril que não permite a

oclusão da ferida cirúrgica e evita formação de edema local) os quais permaneceram

no local por 10 dias, e realizada a sutura de pele com pontos isolados simples

utilizando fio mononylon nº0.

Após o término da cirurgia do membro direito, o animal foi reposicionado em

seu decúbito lateral esquerdo e sendo realizado o mesmo procedimento no membro

torácico esquerdo, que apresentava a estrutura óssea fraturada com maior volume

que a primeira, sendo extraída com sucesso, como mostrado nas figuras 20 e 21.

3 Acepran® - Laboratório Vetnil 4 EGG (Éter Gliceril Guaiacol®) – Laboratório Veterc Química Fina Ltda. 5 Propofol® - Laboratório Biosintética

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FIGURA 17 – IMAGEM DA EXTRAÇÃO DO SOBREOSSO SEGUNDO METACARPIANO DURANTE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO FONTE: O AUTOR , 2010.

FIGURA 18 – FRAGMENTO ÓSSEO DO METACARPIANO ACESSÓRIO RETIRADO MEMBRO ANTERIOR DIREITO FONTE: O AUTOR, 2010.

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FIGURA 19 – MEMBRO ANTERIOR DIREITO APÓS RETIRADA DOS FRAGMENTOS DO METACARPO FONTE: O AUTOR, 2010.

FIGURA 20 – IMAGEM DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO NO MOMENTO DA EXTRAÇÃO DO OSSO METACARPIANO ACESSÓRIO FRATURADO, MEMBRO TORÁCICO ESQUERDO FONTE: O AUTOR, 2010.

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FIGURA 21 – FRAGMENTOS ÓSSEOS RETIRADOS DO METACARPO MEMBRO TORÁCICO ESQUERDO FONTE: O AUTOR, 2010.

Pós operatório:

No pós-operatório foram administrados antiinflamatórios como Naquasone6

(triclorometiazida) e Azium7 (dexametasona 2 mg/kg, intramuscular, uma vez ao dia,

durante 3 dias), e Equipalazone8 (fenilbutasona 4,4 mg/kg, intravenoso, uma vez ao

dia durante 3 dias). Também foram administrados os antibióticos: Pencivet9 e

Streptomax10 (penicilina e estreptomicina 5mg/kg, intramuscular, uma vez ao dia

durante, 7 dias), e Gentatec11 (gentamicina 4,2mg/kg, IM, uma vez ao dia, durante 3

dias). Recomendado repouso de 60 dias.

6 Naquasone ® - Laboratório Shering-Plough Veterinária 7 Azium® - Laboratório Shering-Plough Veterinária 8 Equipalazone® - Laboratório Marcolab 9 Pencivet Plus® - Laboratório Shering-Plough Veterinária 10 Estreptomax® - Laboratório Ouro Fino 11 Gentatec® - Laboratório Chemitec Agro-Veterinária

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6.3 Discussão do Caso Clínico

Equinos atletas são predispostos ao desenvolvimento de claudicações,

oriundas de enfermidades e lesões tanto nos membros torácicos, quanto nos

membros pélvicos, sendo diferente, dependendo de qual exercício vem sendo

praticado pelos animais. A raça Puro Sangue Inglês, devido a sobrecarga efetuada a

cada galope, durante o treinamento e a própria corrida, desenvolvem a maioria das

lesões nos membros torácicos, já equinos de outras raças como o Crioulo são

observadas a maioria das lesões nos membros pélvicos, já que seus exercícios são

efetuados proporcionando mais sobrecarga nestes membros.

A periostite e o sobreosso são condições associadas com o treinamento e a

subsequente lesão entre os ossos metacárpico acessórios e o osso da canela,

resultando em inflamação ou rompimento do ligamento interósseo. As

anormalidades de conformação, tais como canelas deslocadas lateralmente,

cuidados impróprios com o casco, observando-se que o eqüino está constantemente

trabalhando ao trote e galope, podem exacerbar a condição.

Desequilíbrios nutricionais (principalmente de minerais), também fazem

parte da etiologia destas lesões, provando assim que o Médico Veterinário deve

estar constantemente relacionado ao animal desde sua criação até o momento em

que vai para as pistas, demonstrando qual o caminho correto para que se possa ter

um equino em perfeito estado de saúde durante toda sua vida esportiva.

Para que se possa ter o animal novamente de forma saudável em seus

treinamentos se propõe o tratamento cirúrgico, como descrito anteriormente.

Dentro dos métodos utilizados nas terapias de determinados tipos de lesões,

a fisioterapia funciona como um restaurador da função tecidual, como já descrito

anteriormente, e tratamentos tais como crioterapia, termoterapia, massagem, além

do exercício funcionando como um auxiliador na reabilitação, exercem importante

relevância para que se alcance a progressão da sanidade do animal.

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6.4 Conclusão

Com a cirurgia promovida de forma excelente, o animal pode retornar a

cumprir suas funções normais, não ocorrendo posteriores claudicações oriundas da

exostose dos ossos metacarpianos acessórios.

O prognóstico das exostoses sempre é favorável, exceto nos casos em que

o sobreosso é grande e atrapalha ligamentos regionais, tais como o ligamento

suspensório ou chega a atrapalhar a articulação carpo metacárpica do membro.

Eqüinos atletas estão predispostos a inúmeros tipos de lesões, o que faz

com que novas técnicas de tratamentos venham surgindo e inovando fazendo com

que o animal viva uma vida saudável, dentro de seu esporte. Dentro das cirurgias

feitas nos animais, a retirada do sobreosso que está atrapalhando seu ideal

desenvolvimento, é comum dentro do Hospital Veterinário do Jockey Clube do

Paraná, o que prova que os equinos da raça Puro Sangue Inglês podem estar

passando pelas condições que predispõe a tal enfermidade, tais como a deficiência

mineral, problemas de conformação, dentre outros que acabam por promover estas

lesões.

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7 ODONTOLOGIA EQUINA

7.1 Revisão Bibliográfica

A dentição do equino adapta-se de forma admirável a uma dieta herbívora,

composta de material espantosamente abrasivo. A área mastigatória aumenta com o

crescimento dos pré-molares e sua adaptação aos molares, com os quais

representam uma superfície trituradora contínua. A formação tardia das raízes

permite que os molares cresçam por mais alguns anos após terem entrado em uso

(DYCE, 2004).

A fórmula da dentição temporária é: 3 incisivos e 3 molares na parte superior

e inferior, enquanto que na permanente 3 incisivos, 1 canino, 3 ou 4 pré-molares, 3

molares na superior e 3 incisivos, 1 canino, 3 pré-molares e 3 molares na inferior. Os

dentes incisivos ficam enfileirados em conjunto, de modo a formar um arco contínuo

em cada mandíbula, e estão implantados de tal maneira que suas raízes convergem.

A medida que se desgastam os dentes superiores e inferiores encontram-se em um

ângulo cada vez mais pronunciado (DYCE, 2004).

Os dentes de leite são substituídos quando os permanentes começam a

empurrá- los, o suprimento sanguíneo é cortado e o dente vai sendo reabsorvido

pedaço por pedaço, até sobrar uma fina camada que cai com o atrito no caso dos

pré-molares e molares e os incisivos vão sendo empurrados e caem dando lugar ao

dente permanente (LYNNE, 2008).

O órgão dental do eqüino é semelhante ao dos carnívoros, possuindo as

quatro estruturas periodontais: gengiva, osso alveolar, cemento e ligamento

periodontal. O sulco gengival no eqüino varia de 1 a 4 mm (GIOSO, 2008).

A mecânica bucal através dos dentes tem a finalidade de reduzir

drasticamente o tamanho das partículas apreendidas pelos lábios e dentes,

umedecê-las e pré-digerí-las, para uma melhor digestão gástrica e intestinal

(THOMASSIAN, 2005)

Os dentes caninos não costumam irromper nas éguas. Nos machos são

cones baixos. Lateralmente compridos. O primeiro pré-molar, muitas vezes, não se

desenvolve e é vestigial, quase invariavelmente confinado à maxila. Embora não

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tenha significado funcional, é potencialmente prejudicial, pois pode desviar-se à

pressão da mordida e assim, irritar a gengiva (DYCE, 2004).

Os pré-molares restantes compõe uma fileira contínua com os molares. O

primeiro e o último dos seis molares são um tanto triangulares ao corte e os outros

retangulares. Os dentes superiores são muito mais largos, comparados aos

inferiores. Os movimentos mastigatórios incompletos ou irregulares podem causar

escape ou desgaste na margem labial da extremidade superior e lingual de

mandíbula. As protrusões restantes devem ser polidas para baixo a fim de evitar

lesão às bochechas e à língua (DYCE,2004).

É praticamente impossível a extração simples de um dente molar. Seu

cumprimento, curvatura e encaixe perfeito dificultariam qualquer tentativa de

tracionar um dente. Para isso, esses dentes devem ser removidos por expulsão, por

meio de uma broca introduzida para sustentar a raiz em uma intervenção cirúrgica

de certa gravidade e dificuldade que envolve abertura de uma janela através do osso

(DYCE,2004).

Os dentes decíduos em geral se assemelham aos dentes permanentes, mas

são muito menores e significativamente mais curtos com relação a largura. Os

incisivos decíduos são comprimidos no colo e muito mais brancos que seus

substitutos, sendo o esmalte semelhante a porcelana escurecido por uma

incrustação de cemento que confere aos dentes permanentes uma aparência

ligeiramente amarelada e porosa (DYCE,2004).

A área da odontologia equina na medicina veterinária pode ser ainda

considerada como nova e é uma especialidade que vem crescendo e tomando

espaço a cada dia, e com o avanço das técnicas de diagnóstico e materiais para o

tratamento, cada vez mais ela vem sendo destrinchada, aperfeiçoando-se assim as

técnicas utilizadas para diagnóstico e tratamento (GIOSO, 2008).

A boca dos equinos, até pouco tempo, era uma área muito negligenciada

pela maioria dos Médicos Veterinários, porém com o avanço da equideocultura e da

medicina esportiva eqüina, os profissionais e proprietários estão cada vez mais se

conscientizando da importância desta prática na medicina equina (LYNNE, 2008).

A rotina nos cuidados dos dentes é essencial para a saúde dos cavalos.

Exames periódicos e manutenção regular, são procedimentos extremamente

necessários devido à alteração na dieta e padrões alimentares dos cavalos que

ocorreram com o advento da domesticação e confinamento desses animais. Tudo

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isso somado, altera muito o desgaste e a manutenção natural dos dentes (SOUZA,

2005).

Cavalos confinados não desgastam seus dentes da mesma forma que os

animais criados extensivamente, pois apresentam uma alimentação mais macia

(grãos processados e fenos), requerendo menos mastigação, o que promove dentes

excessivamente longos e/ou gastos de forma desalinhada (SOUZA, 2005).

7.2 Descrição do Caso Clínico

Ao longo de todo o período de estágio foram acompanhadas 42 intervenções

odontológicas, sendo que alguns se mantiveram dentro do jóquei clube, com

equinos Puro Sangue Inglês, na rotina da Clínica Veterinária Clinihorse e outros em

propriedades que promovem os treinamentos de animais tanto da raça Crioula como

Quarto de Milha.

A figura 22 mostra alguns instrumentos utilizados para realização do

tratamento dentário.

FIGURA 22 – INTRUMENTOS ODONTOLÓGICOS PARA EQUINOS FONTE: O AUTOR, 2010.

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Procedimento odontológico:

Após se instalarem os equipamentos odontológicos, é realizada a sedação

do animal, utilizando o protocolo de 1ml (0,02mg/kg) de Cloridrato de Detomidina

(DormiunV12) e 2ml (0,17mg/kg) de Xilasina (sub dose que apenas provoca

sedação), por via intravenosa, podendo dependendo da reação do animal se

aumentar a dose (figura 23).

FIGURA 23 – IMAGEM MOSTRANDO O MOMENTO DA PRÁTICA DE SEDAÇÃO INTRAVENOSA FONTE: O AUTOR, 2010.

É realizado o enxágue da boca se utilizando de uma seringa especial,

contendo água e solução de clorexidine (figura 24).

12 DormiunV® - Laboratório Agener União Saúde Animal

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FIGURA 24 – ENXÁGUE DA CAVIDADE ORAL FONTE: O AUTOR,2010.

Coloca-se o “abridor de boca”, e levanta-se a cabeça com o apoio que dará

um maior conforto para se estabelecer o serviço, como está representado na figura

25, quando já está se verificando qual o procedimento que será feito no animal.

FIGURA 25 – “ABRIDOR DE BOCA” E APOIO PARA CABEÇA FONTE: O AUTOR, 2010.

Verifica-se se há a presença dos primeiros pré-molares, o vestigial “dente-

de-lobo”, figura 26, que por muitas vezes provoca má alimentação do equino ou mau

comportamento, sendo que ele fica geralmente instalado no local em que se é

utilizada a embocadura. No total de casos cerca de 80% dos cavalos submetidos ao

tratamento dentário tinham o “dente-de-lobo”. Este deve ser arrancado com o auxílio

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de uma ferramenta que ajuda a desinserir o dente para depois ser removido,

usualmente com facilidade.

FIGURA 26 – EXTRAÇÃO DO “DENTE-DE-LOBO” FONTE: O AUTOR,2010.

O “assentamento de bridão” ou do inglês o “bid sit” é feito nos segundos pré-

molares superior e inferior com a intenção de promover um conforto ao animal na

hora em que a embocadura é puxada, sendo que com isso ela não bate no dente

que fica em forma de rampa. Este procedimento é feito utilizando uma “caneta

odontológica”, que faz o desgaste do dente conforme figura 27.

FIGURA 27 – “BIT SIT” FONTE: O AUTOR, 2010.

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Com a mordida desalinhada por um crescimento errôneo dos dentes muitas

vezes a boca do animal está com lesões, conforme figura 28, que o prejudicam para

se alimentar, beber água e até trabalhar da forma correta já que os dentes podem

estar incomodando. Para isso é feito o desgaste da parte lateral e interna dos

molares e pré-molares, deixando a mordida correta, se retirando as pontas e

deixando os dentes alinhados.

FIGURA 28 – FERIMENTOS CORTO-CONTUSOS FONTE: O AUTOR, 2010.

Após se promover o desgaste correto dos dentes se utiliza de uma grosa

especial para dentes que faz o acabamento final do tratamento (figuras 29 e 30). É

realizada a inspeção para ver se há algum incisivo descíduo para ser retirado e

finalmente se faz o enxágue final da boca.

FIGURA 29 – ALINHAMENTO FINAL COM GROSA FONTE: O AUTOR, 2010.

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FIGURA 30 – GROSA ODONTOLÓGICA FONTE: O AUTOR, 2010.

Alguns animais durante o tratamento encontram-se em idade de troca de

dentes, por isso depara-se com dentes descíduos já amolecidos que com pouca

tração são extraídos. Nas figuras 31 e 32 estão respectivamente os instrumentos

utilizados para a retirada dos dentes incisivos e pré-molares. Após o nascimento dos

dentes definitivos o animal deve passar novamente pelo tratamento dentário, para

que se possa fazer o “assentamento de bridão” e o alinhamento da mastigação.

FIGURA 31 – BOTICÃO PARA EXTRAÇÃO DE INCISIVOS E “DENTE-DE-LOBO” FONTE: O AUTOR, 2010.

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FIGURA 32 – BOTICÃO PARA EXTRAÇÃO DE PRÉ-MOLARES E MOLARES FONTE: O AUTOR, 2010.

Ao se concluir o tratamento dentário o Médico Veterinário prescreve jejum,

devido à sedação, e solicita para que se acompanhe a recuperação e progressão

nos próximos dias.

7.3 Discussão do Caso

Com o aumento da busca pela melhor performance do cavalo atleta,

treinadores e proprietários se predispõe à técnicas que vêm inovando e

proporcionando o melhor resultado ao animal, que por estar com algum tipo de

deficiência acaba por não demonstrar toda a sua capacidade.

Problemas tais como a má alimentação, o animal não consegue ficar em sua

forma ideal, sempre com deficiência nutricional ou apenas se apresenta magro, a

indocilidade ao trabalho, evita que se trabalhe com a embocadura, promovendo

algumas reações, dentre outros fatores, são eliminados com o tratamento dentário

feito de forma correta com a ajuda de um especialista que tenha os equipamentos

necessários para o procedimento odontológico completo.

Com o assentamento de bridão, o animal passa também a não reagir

quando a embocadura é tracionada bruscamente, e com a retirada do dente de lobo,

o animal passa a se tornar mais dócil e cumprindo os fundamentos de seu trabalho

atlético corretamente, provando assim que se é indispensável, em certos casos, o

tratamento odontológico do equino. Acompanhar o animal desde sua primeira

dentição até o momento em que se começa a doma pode adiantar todo o processo

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de treinamento, não se perdendo tempo com alguns fatores que fazem com que o

animal muitas vezes possa ser desperdiçado e deixado de lado, pelo simples motivo

da falta do tratamento.

7.4 Conclusão

O animal, após passar pelo tratamento deve ser mantido em observação por

alguns dias, para que possa obter a informação de qual sua evolução com o

tratamento dentário.

Em alguns casos o animal pode nos primeiros dias não se alimentar de

forma adequada, já que as estruturas internas de sua boca estão pouco diferentes

ao que ele estava acostumado, todavia, a maioria se comporta de forma excelente e

já tem sua progressão imediata, o que prova rapidamente que o tratamento

odontológico foi fundamental para sua saúde.

Como o equino atleta tem sua evolução cada vez mais exacerbada, e a cada

dia novas provas e novos obstáculos são colocados pela seleção genética feita pelo

homem, é indispensável que Médicos Veterinários acompanhem o animal desde seu

nascimento até sua vida reprodutiva, utilizando das técnicas ideais para que o

animal viva sua vida da forma mais excelente possível.

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8 CONCLUSÃO

O objetivo geral da realização do Estágio Curricular Obrigatório foi aprimorar

e praticar as técnicas que me foram expostas no decorrer da realização do curso de

Medicina Veterinária, conhecendo também novas técnicas dentro da profissão.

Durante o estágio foi possível analisar a realidade fora da instituição de

ensino, os métodos terapêuticos, fármacos de eleição para determinados casos e

metodologia adotada pelos profissionais acompanhados. Avaliando também, se

minha formação teórica foi fundamentada de forma bem sucedida.

Ao acompanhar profissionais da Medicina Veterinária e as diferentes

especializações, dentro apenas de uma espécie animal, pode se observar o

tamanho do universo que se tem nesta maravilhosa profissão, que evolui em busca

do melhor atendimento aos seus pacientes, tratando como eles devidamente

merecem.

As técnicas acompanhadas dentro da Clínica Veterinária mostram que os

animais, que pela imposição da seleção humana, tornam-se dependentes dos

Médicos Veterinários, para conseguirem concluir sua vida esportiva normal.

O Estágio Curricular Obrigatório tem extrema importância para a formação

de Médico Veterinário, pois propicia participação ativa dentro da profissão, fazendo

com que se desenvolva uma correlação entre o aprendizado teórico e a prática da

clínica veterinária, podendo assim, criar meu senso crítico em relação às situações

vistas durante todo o curso e o estágio.

O acompanhamento dos serviços prestados na clínica médica de equinos

evidenciou a necessidade de um constante estudo, visando o acompanhamento de

novas técnicas empregadas para o diagnóstico e tratamento das enfermidades e

lesões que serão encontradas mais tarde durante a vida profissional.

Por mais que se tenha disponibilidade de variados exames complementares,

o diagnóstico mais preciso se dá a partir de uma boa anamnese e um exame clínico

geral detalhado, demonstrando com excelência que a experiência futura contará

para que a cada dia ocorra a evolução como Médico Veterinário.

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9 LISTA DE FÁRMACOS

- Vetalog® (acetonida de triancinolona) - Laboratório Novartis.

- Equipin® (álcool benzílico 0,75%) - Laboratório Drag Pharma.

- Acepran® (Acepromazina) - Laboratório Vetnil.

- EGG (Éter Gliceril Guaiacol®) – Laboratório Veterc Química Fina Ltda.

- Propofol® - Laboratório Biosintética.

- Naquasone® (triclorometiazida) - Laboratório Shering-Plough Veterinária.

- Azium® (Dexametazona) - Laboratório Shering-Plough Veterinária.

- Equipalazone® (Fenilbutasona) - Laboratório Marcolab

- Pencivet Plus® (Penicilina) - Laboratório Shering-Plough Veterinária.

- Estreptomax® (Estreptomicina) - Laboratório Ouro Fino.

- Gentatec® (Gentamicina) - Laboratório Chemitec Agro-Veterinária.

- DormiunV® (Cloridrato de Detomidina) - Laboratório Agener União Saúde Animal.

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10 REFERÊNCIAS

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VEIGA, A. C. R. Estudo retrospectivo de casuística, abrangendo meto dologia

diagnóstica da osteoartrite em eqüinos. Dissertação (Mestrado em Medicina

Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São

Paulo, São Paulo, 2006.