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Ricardo Luis Gutmann
ASSISTÊNCIA DOMICILIAR
Trabalho apresentado ao Curso de Pós- Graduação em Gestão e Auditoria em Saúde da Faculdade de Ciências Biológicas da Universidade Tuiuti do
Paraná, como requisito parcial para a Obtenção do título de Gestor e Auditor em Saúde. Orientador Ozana de Campos
CURITIBA 2010
4
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 5
1.1 OBJETIVO 6
2 ASSISTÊNCIADOMICILIAR 7
3 METODOLOGIA 13
3.1 HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO 14
3.2 RELATO DAS VISITAS 16
3.3 ANÁLISE DAS VISITAS 19
BIBLIOGRAFIA 21
ANEXO 25
5
1 INTRODUÇÃO
O conceito de "home care" surgiu nos Estados Unidos há mais de 60
anos, na época do pós-guerra. Mas foi na década de 1960 que a
desospitalização passou a ser levada a sério como solução para a falta de
leitos hospitalares e as grandes filas que se formavam diante dos ambulatórios
(SCHAHIN, 2010).
A Assistência Domiciliar (AD) é uma modalidade de atenção à saúde,
desenvolvida a partir da década de noventa no Brasil. O modelo de assistência,
baseado no modelo clínico e hospitalar, continuava a privilegiar o atendimento
do corpo doente, fracionado pelos diferentes profissionais que prestavam um
atendimento pontual e procedimental. O cuidado era delegado aos cuidadores
informais (familiares ou não) e aos profissionais de nível fundamental e/ou
médio (auxiliar e técnico de enfermagem), aparentemente limitando, assim, a
construção de uma prática que tem no enfoque multiprofissional, no
reconhecimento do contexto domiciliar e na compreensão da dinâmica familiar,
a complexidade de uma nova abordagem teórico-instrumental capaz de atribuir
um novo sentido a um modelo assistencial em validação (SANTOS, 2005).
A Organização Mundial da Saúde define Assistência Domiciliar como “a
provisão de serviços de saúde por prestadores formais e informais com o
objetivo de promover, restaurar e manter o conforto, funcão e saúde das
pessoas num nível máximo, incluindo cuidados para uma morte digna. Serviços
de assistência domiciliar podem ser classificados nas categorias de
preventivos, terapêuticos, reabilitadores, acompanhamento por longo tempo e
cuidados paliativos” (OMS, 2003).
As mudanças e potencialização da Atenção Primária à Saúde no Brasil,
a partir da implantação da Estratégia de Saúde da Família tem repercutido na
assistência domiciliar, que passou de uma assistência pontual com conotações
exclusivamente sanitárias, a ser parte de um processo de atenção continuado,
integral e multidisciplinar no qual se realizam funções e tarefas sanitárias,
assistenciais e sociais, dentro da lógica da vigilância à saúde (LOPES, 2003).
6
1.1 OBJETIVO
Conhecer o processo administrativo de um serviço de Assistência
Domiciliar em Curitiba.
7
2 ASSISTÊNCIA DOMICILIAR
A partir de 1997, no Brasil, essa modalidade está regulamentada no
Sistema Único de Saúde e o funcionamento dos serviços que prestam atenção
domiciliar a partir de janeiro de 2006, pela Resolução da Diretoria Colegiada -
RDC nº 11 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 1998).
Em seguida, o COFEN cria a Resolução nº 267/2001 que regulamenta
as atividades de enfermagem em domicílio, e a Resolução nº 270/2002 que
regulamenta as empresas que prestam serviços de enfermagem domiciliar –
home care, definindo a necessidade de ter enfermeira, como responsável
técnico pela coordenação das atividades de enfermagem e um(a) enfermeiro(a)
responsável por turno de trabalho (COFEN, 2010).
O crescimento deste mercado se deve, conforme Duarte e Diogo (2000,
p. 62): a transição demográfica, que demonstra um envelhecimento
populacional cada vez mais acentuado; a mudança no perfil epidemiológico da
população, no qual se evidencia um aumento das doenças crônico- não
transmissíveis; os custos do sistema hospitalar cada vez mais elevado; o
desenvolvimento de equipamentos tecnológicos, que têm possibilitado maior
taxa de sobrevida das pessoas; o aumento da procura por cuidados de saúde;
o interesse dos profissionais de saúde por novas áreas de atuação; a exigência
por maior privacidade, individualização e humanização da assistência à saúde,
além da necessidade de maior integração da equipe profissional com o cliente
e sua família.
Assim, Mendes (2001, p. 43) afirma que “é necessário ir construindo, na
prática social, os papéis do novo hospital, que tendem a limitar-se aos cuidados
agudos e intensivos e à atenção ambulatorial de maior densidade tecnológica”.
Então, para que existam mudanças na qualidade dos serviços prestados, serão
necessários novos processos de trabalho, abrindo caminho para a Assistência
Domiciliar.
O Ministério da Saúde preconiza a internação domiciliar como uma
diretriz para a equipe básica de saúde, destacando que a mesma não substitui
a internação hospitalar e que deve ser sempre utilizada no intuito de humanizar
e garantir maior conforto à população. Para tanto, deve ser realizada quando
as condições clínicas do usuário e a situação da família o permitirem (BRASIL,
1997).
8
Do ponto de vista das seguradoras e planos de saúde, o sistema é
capaz de reduzir custos de tratamento entre 20% e 60% (SCHAHIN, 2010).
Geralmente, as pessoas buscam serviços de saúde para fazer
diagnósticos, tratamentos, ou ainda para se prevenir de doenças. Buscam,
principalmente, uma forma de diminuir a dor e aumentar a qualidade de vida.
Há quem faça das visitas aos consultórios médicos uma espécie de apoio
psicológico ou uma atividade de rotina. Em contrapartida, também há quem
ignore todos os sinais de alerta do próprio corpo e busque tratamento quando
não se pode mais falar em cura. A utilização do sistema de saúde pode ser
coerente ou não, viável ou não, de boa qualidade ou não (SCHAHIN, 2010).
Desse modo, na última década, o atendimento em saúde passou por
tremendas mudanças. O sistema todo vem se beneficiando não apenas com as
inovações tecnológicas em termos de equipamentos, mas principalmente com
os avanços da indústria farmacêutica, com a acurácia dos diagnósticos e com
técnicas minimamente invasivas que abreviam sobremaneira a estada do
paciente no ambiente hospitalar. Procedimentos que antes exigiam algumas
semanas de convalescença agora requerem apenas alguns dias (SCHAHIN,
2010).
Se a internação domiciliar, identificada como um dos termos correlatos à
assistência domiciliar, significa para alguns autores oferecer ao usuário a
estrutura hospitalar adequada no domicílio, pode-se perguntar: o Sistema
Único de Saúde teria condições de disponibilizar recursos humanos,
equipamentos e materiais para a realização desta modalidade de atenção na
residência do usuário, seja ela vinculada ao hospital ou a atenção básica?
(Duarte & Diogo, 2000).
O desenvolvimento, na área privada, da AD no Brasil, ocorreu,
inicialmente, sem o suporte de um padrão de licenciamento que orientasse o
crescimento da modalidade Home Care, de uma forma uniforme e eficaz. A
própria definição deste tipo de serviço sofreu várias interpretações e a natureza
básica do mesmo foi, muitas vezes, mal representada. Por muito tempo havia
poucos profissionais com experiência nesta área no Brasil, e os estrangeiros
sofriam com a falta de compreensão da cultura e da realidade socio-econômica
brasileira. Porém, a realidade vem se transformando, em 26 de janeiro de
2006, a ANVISA lançou a RDC 11 que fornece as primeiras diretivas para a
9
prática da modalidade no Brasil. Hoje em dia, existem muitos talentos nacionais
e associações que estão se empenhando no desenvolvimento de uma
modalidade que promete se impor no futuro no sistema de saúde (LEME,
2009).
Para os hospitais, o sistema de internação domiciliar é um braço
operacional estratégico, otimizando a utilização dos leitos existentes - ou seja,
não necessitando de novos investimentos -, além de permitir direcionar melhor
as equipes para atendimento de casos agudos. Trata-se de um conceito que
deve ser cada vez mais adotado e aperfeiçoado, no sentido de se tornar uma
opção viável dentro da Saúde Suplementar (SCHAHIN, 2010).
Sendo trabalho dinâmico e flexível, a família exerce papel fundamental
na vigilância dos cuidados prestados pela equipe e como parceira na
continuidade dos mesmos. A comunicação e a postura profissional na relação
com a clientela são essenciais para a aceitação dos cuidadores (ALVES,
2005).
Entre os profissionais listados na área da Assistência Domiciliar,
encontram-se Enfermeiros, Fisioterapeutas, Médicos, Técnicos de
Enfermagem, Auxiliares de Enfermagem, Fonoaudiólogos, Nutricionistas,
Psicólogos e Terapeutas Ocupacionais (FLORIANI, 2004).
Desse modo, a AD é o ato de assistência ao paciente em que o
profissional provê os cuidados, tratamentos ou serviços, segundo um plano de
tratamento estruturado, que requeira o retorno programado do profissional,
para cumprir metas terapêuticas, curativas, reabilitatórias ou paliativas, cujas
tarefas necessárias não precisem de internamento hospitalar para ser
desenvolvidas (HIRSCHFELD, 2002).
Já o Internamento Domiciliar é o ato de assistência ao paciente em que
o profissional provê os cuidados, tratamentos ou serviços, segundo um plano
estruturado, cuja demanda requeira a presença contínua ou não do
profissional, e que venha em substituição ao internamento hospitalar
(MENDES, 2001).
Encontram-se, assistência domiciliar, dois tipos de cuidadores, o formal
e o informal. O Cuidador Formal provê cuidados de saúde ou serviços sociais
para outros, em função de sua profissão, e usa as habilidades, a competência
e a introspecção originadas em treinamentos específicos. O grau de instrução e
10
treinamento para se obter certificados em várias profissões é muito variado.
Pessoas que ocupam posições administrativas ou acadêmicas, e que têm sido
treinadas na profissão de cuidar de outras pessoas, são também denominadas
cuidadores formais, porque suas atividades têm um impacto significativo sobre
a saúde dos pacientes. Geralmente, os cuidadores formais recebem
compensação financeira pelos seus serviços, mas, algumas vezes não a
recebem quando na condição de voluntários de organizações, grupos ou
particulares. Os cuidadores formais atendem às necessidades de cuidados de
saúde pela provisão efetiva de serviços, competência e aconselhamento, bem
como apoio social (LEME, 2009).
O Cuidador Informal (leigo ou familiar) provê cuidados e assistência para
outros, mas sem remuneração. Geralmente, este serviço é prestado em um
contexto de relacionamento já em andamento. É uma expressão de amor e
carinho por um membro da família, amigo ou simplesmente por um outro ser
humano em necessidade. Cuidadores, no sistema informal, auxiliam a pessoa
que é parte ou totalmente dependente de auxílio em seu cotidiano, como: para
se vestir, se alimentar, se higienizar, dependa de transporte, administração de
medicamento, preparação de alimentos e gerenciamento de finanças (LEME,
2009).
Estudos revelaram que em 98% dos casos, o cuidador era alguém da
família e predominantemente do sexo feminino (92,9%). A maior parte era
formada por esposas (44,1%), seguida pelas filhas (31,3%); as noras e irmãs
não foram frequentes. O cuidador familiar revelou ser o ator social principal na
dinâmica dos cuidados pessoais necessários às AVD dos portadores de lesões
que lhe tiraram a independência. Contudo, 67% dos cuidadores entrevistados
prestavam esses cuidados sem nenhum tipo de ajuda. A faixa etária de 59%
dos cuidadores estava acima dos 50 anos e 41% tinham mais de 60 anos.
Dados dessa pesquisa demonstraram também, que 39% de cuidadores, entre
60 e 80 anos, cuidavam de 62,5% de pacientes da mesma faixa etária, o que
mostra que pessoas idosas estão cuidando de idosos. Além disso, as
condições físicas desses cuidadores levaram a inferir que os cuidadores são
doentes em potencial e que sua capacidade funcional está constantemente em
risco (KARSCH, 2003).
11
A Visita Domiciliar é considerado um instrumento da atenção domiciliar,
constituído de ações sistematizadas à viabilizar o cuidado a pessoas ou
realizar atividades dos programas de saúde. Para Mazza (1994, p.60), a visita
domiciliar constitui uma atividade de assistência à saúde exercida junto ao
indivíduo, à família e à comunidade. Tem por objetivo contribuir para a
efetivação das premissas de promoção de saúde definidas pela OMS, e
adotadas pelo SUS.
A atenção domiciliar à saúde, além de envolver as atividades
profissionais da internação, da visita ou do atendimento domiciliares, engloba
práticas de políticas de saúde, saneamento, habitação e educação, dentre
outras; dependendo de diferentes esferas de atuação para a saúde dos grupos
sociais (LACERDA, 2006).
Assim, uma outra base da Assistência Domiciliar é a importância de
termos conhecimentos acerca de economia, quando tem sido afirmado que o
nosso dia-a-dia , independentemente de sermos consumidores, trabalhadores,
produtores ou cidadãos, nos conduz nos a questões econômicas, seja no
âmbito nacional, regional ou local, sobre a formação de preços, o mercado de
trabalho, o papel do governo e assim por diante (MENDES, 2004).
O desempenho da equipe de enfermagem está diretamente relacionado
com a adequação do tempo de permanência do profissional de enfermagem no
domicílio, de acordo com as necessidades do paciente, seu perfil pessoal e
profissional; à viabilidade dos custos da assistência e à supervisão mantida
pela enfermeira (DAL BEM, 2000).
Para tanto, o Sistema de Classificação de Pacientes (SCP), entendido
como uma forma de determinar o grau de dependência de um paciente em
relação à equipe de enfermagem, objetiva estabelecer o tempo despendido no
cuidado direto e indireto, bem como o qualitativo de pessoal, para atender às
necessidades biopsicossocio-espirituais do paciente (GAIDZINSKI, et all,
2005).
É importante salientar que a internação domiciliar deve ter caráter
transitório e que a equipe de saúde que atende o paciente no domicílio esteja
dotada de meios tecnológicos necessários e que visitem regularmente a
residência do paciente para fazer o diagnóstico e prover o tratamento e os
cuidados (COTTA, 2001).
12
As tecnologias na área da saúde, interligadas e presentes no agir da
enfermagem, estão agrupadas em três categorias: DURA (representado pelo
material concreto como equipamentos); LEVE-DURA (incluindo os saberes
estruturados representados pelas disciplinas que operam a saúde); LEVE (que
se expressa como o processo de produção da comunicação, das relações, de
vínculos que conduzem ao encontro do usuário com necessidades de ações de
saúde). As tecnologias leves e leve-duras expressam-se nos processos
relacionados dos atos de saúde e nas práticas, nos processos de trabalho e em
sua capacidade de gerar novas modalidades de produção do cuidado, bem
como de governá-las (MERHY, 1997).
A tecnología aqui é utilizada de uma forma bem mais ampla e não pode
ser confundida como equipamento e máquina. São saberes construídos para a
produção de produtos singulares, seja para a organização das ações humanas
nos processos produtivos, seja na dimensão inter-humana (MERHY, 2002).
Sendo assim, a tecnologia é caracterizada como resultado de processos
concretizados a partir da experiência cotidiana e da pesquisa, para o
desenvolvimento de um conjunto de conhecimentos científicos para a
construção de produtos materiais, ou não, com a finalidade de provocar
intervenções sobre uma determinada situação prática. Todo esse processo
deve ser avaliado e controlado sistematicamente (NIETSCHE et al, 2005).
13
3 METODOLOGIA
Relato de experiência onde foi realizada visita técnica à uma instituição
em Curitiba – PR, especializada em Assistência Domiciliar. As visitas foram
realizadas no mês de Março de 2011 (DYNIEWICZ,2010).
14
3.1 HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO
Empresa 1, escritório em edifício , situada em região central, em avenida
de grande movimento de veículos, sendo sede alugada. Na entrada do
escritório, uma ante-sala com secretária, um computador e telefone fixo. Bem
ventilada com janelas opostas com persianas e porta grande para passagem
de cadeirantes. Tem boa iluminação interna.
Passando a ante-sala, encontra-se o corredor com mais 3 salas, todas
com as mesmas janelas e portas amplas. Luminárias internas fluorecentes de
reatores. Na primeira sala, encontram-se 4 computadores com suas
respectivas secretarias. Mesas e cadeiras anatômicas, cada qual com uma
linha telefônica, tanto fixo como celular. Na segunda sala encontra-se o
administrador da empresa. Com uma mesa repleta de papéis, um computador
e uma linha telefônica fixa, sendo o celular de uso particular. Em seu
computador, há um programa administrativo aberto, com algumas faturas a
receber, outras a pagar. E, na ultima sala, um dos diretores, também com uma
mesa central, computador ligado, muitos papéis, uma linha telefônica fixa e
sem muito tempo para “papo”.
No final do corredor encontra-se o banheiro, pouco arejado e para uso
interno dos funcionários ali presentes.
A primeira secretária, que encontra-se na ante-sala, após atender o
telefonema, repassa o mesmo ao devido setor. Provavelmente, tal telefonema
irá cair na primeira sala, onde encontram-se as outras 4 secretárias. Estas têm
a função de cadastrar novos clientes ou encaminhar a devida assistência ao
paciente. Nas outras duas salas, os telefonemas são confidenciais.
Após o atendimento telefônico na segunda sala, a secretária deverá
contatar o profissional mais próximo ao endereço fornecido e encaminhá-lo o
mais rápido possível. Conforme a necessidade do cliente/paciente.
A empresa conta com uma equipe multiprofissional com 5 Clínicos Gerais, 1
Neurologista, 7 Enfermeiros, 2 Dentistas, 2 Fonoaudiólogos, 2 Terapeutas
Ocupacionais, 2 Psicólogos, 44 Fisioterapeutas, 7 Assistentes Sociais, 5
Secretárias, 10 Técnicos em enfermagem, 5 Técnicos em Laboratório e 10
Motoristas. Além de 2 UTI’s móveis.
15
Possui uma central de atendimento 24 horas, logística para distribuição
de materiais e medicamentos, prontuário eletrônico e serviço de atendimento
ao cliente.
Empresa 2, sede própria em bairro próximo ao centro, rua de
médio/grande movimento. Casa de alvenaria com dois pavimentos. Na entrada,
com rampas, porta larga, encontra-se uma sala de 2 ambientes, o primeiro com
uma secretária/recepcionista. Em sua mesa um computador e uma linha
telefônica fixa. Janelas amplas e boa iluminação tanto interna quanto externa.
No segundo ambiente, encontram-se 3 secretárias, cada uma com sua mesa e
computador, recebendo as ligações passadas pela primeira secretária. Estas,
identificam o chamado, passando para o profissional adequado mais próximo
ou disponível do local de atendimento, além de fazer o cadastro de novos
clientes/pacientes. Ao fundo encontram-se o banheiro, pouco ventilado mas
bem iluminado , a cozinha, esta sim, bem iluminada e ventilada e uma dispença
para materiais de limpeza. Subindo uma escada estilo “caracol”, no segundo
piso, encontram-se mais 4 salas e um banheiro, este bem iluminado tanto
externa como internamente e ventilado. Na primeira sala, encontra-se a
primeira sócia e diretora administrativa, com uma mesa central grande, um
computador, uma linha telefônica fixa e dois celulares, sendo um da empresa e
outro particular. Tendo janela ampla e ventilação e iluminação adequadas. Na
segunda sala, encontra-se o segundo sócio e diretor médico, com uma sala
semelhente a primeira. Na terceira sala, encontra-se a diretora de enfermagem,
com uma sala também parecida às anteriores. Finalmente, na quarta sala,
encontram-se alguns profissionais, num total de 3 funcionários, cada qual
específico em sua área, uma enfermeira, uma fisioterapeuta e um clinico geral,
para eventuais casos de emergência.
A empresa conta com uma equipe multiprofissional cadastrada de 51
funcionários ate o momento. Sendo 15 fisioterapeutas, 5 enfermeiros, 10
técnicos de enfermagem, 3 clinicos gerais, 1 cirurgião dentista, 1
fonoaudiólogo, 2 terapeutas ocupacionais, 1 psicólogo, 6 assistentes sociais, 5
secretárias, 1 motorista e 1 funcionária da limpeza.
Encontram-se, na empresa, uma ambulância e central de atendimento
24 horas.
16
3.2 RELATO DAS VISITAS
Empresa 1
Em 1997, a Empresa 1 iniciou suas atividades através da união de
profissionais qualificados e treinados para oferecer o máximo de atenção,
conhecimento e tecnologia aos clientes assistidos por este sistema. A
administração da empresa está sob o controle de um administrador formado. A
empresa possui contrato com 2 planos de saúde, mas não possui contrato com
o SUS. Os funcionários, num total de 102, são contratados via CLT, sendo os
profissionais de fisioterapia os mais solicitados. A empresa tem baixa taxa de
rotatividade. A recuperação dos pacientes são avaliadas através de visitas pela
equipe multiprofissional. Alguns pacientes solicitam e recebem atendimento,
quanto a doença crônica, embora, em sua grande maioria, ainda prefiram o
atendimento hospitalar. A faixa etária que demanda mais cuidados fica acima
dos 60 anos, mas existem casos de pessoas com menos idade e ate
gestantes.
A rotina de atendimento se dá pela Solicitação de inscrição, visita de
triagem com a enfermagem e o serviço social, entrevista social, visita
multidisciplinar para avaliação, estudo do caso pela equipe com determinação
do tipo de assistência, podendo seguir ou para atendimento de apoio domiciliar,
ou para internação domiciliar, gerenciamento das visitas e encaminhamento
para exames, suporte nas internações e situações de emergências.
Um dos desafios do Home Care é integrá-lo no conjunto dos serviços
sociais e de saúde. Quanto a relação com o médico, este tem receio em perder
o paciente. Quanto aos custos, os materiais de uso diário são de fácil acesso,
já a mão de obra qualificada e os equipamentos tecnológicos despendem
muito. Na parte administrativa, são eminentemente financeiros e pontuais.
As barreiras vencidas, além do aspecto técnico, são os aspectos
psicossociais e financeiros.
17
Empresa 2
A Empresa 2 foi fundada em de 2001 por 3 sócios, sendo 2 médicos e
uma administradora de empresas. Esta, além de fundadora, administra a
empresa até os dias atuais. Não existe convenio, atende apenas no particular,
mas faz especulações sobre propostas, tendo em vista o crescimento do
mercado. No momento existem 51 profissionais atuantes, sendo contratados
via entrevista. Destes, os mais solicitados são os profissionais de fisioterapia.
Possui uma rotatividade relativamente baixa, tendo contratações a cada 2
anos, aproximadamente. Pacientes crônicos são atendidos, mas são poucos os
casos. Tais pacientes preferem a assistência hospitalar. A faixa etária dos
pacientes fica em torno dos 70 anos, com poucos casos abaixo da media.
A rotina de atendimento se dá, geralmente, pelo contato telefônico,
marcando dia e horário para a avaliação do paciente. Estando de acordo, é
feita a inscrição do mesmo no programa,ou para atendimento domiciliar ou
para internamento domiciliar.
Quanto aos desafios enfrentados pela empresa, é a satisfação
adequada das necessidades tanto do paciente quanto do cuidador, alem da
história do Home Care ser muito recente no Brasil. Quanto aos médicos, o
preconceito ainda é grande em relação ao vinculo empregatício. Já o desafio
pessoal está em tentar mudar esta imagem de alternativa à internação
hospitalar.
A barreira vencida foi submeter a deslocamentos físicos freqüentes para
atender os pacientes.
18
Quanto as empresas 3 e 4, estas disseram que só poderiam conceder
visita técnica após passar pelo comitê de ética da instituição de ensino.
19
3.3 ANÁLISE DAS VISITAS
A maioria das empresas de assistência domiciliar tem em seu quadro os
enfermeiros que coordenam a atividade da Assistência Domiciliar, aquele que
faz captação de clientes e internação domiciliar e os que supervisionam
diretamente os cuidados, e algumas empresas contam também com um
enfermeiro para realização da educação continuada. Cada qual com suas
devidas funções, porém com objetivos bem definidos a serem atingidos,
atentando para a qualidade desta assistência que deve ser prestada em forma
de cuidado como ação direta.
Administrar cuidados à distância pode ser mais complexo e complicado,
e, por isso, é preciso mencionar com clareza nas orientações quais são as
atividades realizadas pelo enfermeiro-coordenador da assistência domiciliar,
que, com um regime extenso de horas de trabalho, não poupa esforços para
cumprir seu papel, e informar que tais atividades requerem tempo e
disponibilidade, dedicação exclusiva e grande competência técnica e
administrativa. É importante destacar nos conteúdos de educação continuada
estas atividades, (a) administração dos recursos técnicos e de materiais que
são realizados através da organização e logística na distribuição dos mesmos;
(b) administração da logística no que se refere à entrega de medicamentos, o
que requer reposição e manutenção diária ou semanal; (c) saber administrar
conflitos, talvez a atividade mais desgastante de todo o processo e que requer
uma grande habilidade deste profissional. De uma maneira geral, o enfermeiro
coordenador deve administrar e resolver conflitos de naturezas diversas já
existentes ou que venham a surgir, de maneira que os prejuízos possam ser
diminuídos, tanto para a empresa quanto para o cliente (SCHUTZ et all, 2007).
Pode-se observar, nos dados anteriores, que o Fisioterapeuta ainda é o
profissional mais contratado pelas empresas de Home Care. Mas as outras
profissões estão procurando abrir caminho para tal atendimento. Logicamente,
encontram-se alguns empecilhos, como em sua maioria, o preconceito. Tanto
em trabalhar para terceiros, como “perder” o paciente. É este preconceito que
impede o desenvolvimento pleno da assistencia domiciliar.
20
As dificuldades financeiras também estão presentes nessas empresas. A
questão de materiais, salários, encargos. Tudo parece dificultar o trabalho
desenvolvido.
Mas, o que tem contribuido, e muito, para o desenvolvimento dos
serviços de Atendimento Domiciliar, é o envelhecimento da população
brasileira. Muitos idosos dependentes não podem, nem devem ser mantidos
em instituições hospitalares, principalmente quando não necessitam mais dos
cuidados médico-hospitalares específicos, apesar de ainda necessitarem de
cuidados especiais devido à dependencia. Com o aumento na expectativa de
vida da população, o serviço de Home Care cresceu muito no Brasil. O
envelhecimento e a qualidade de vida que se leva no país possibilitam uma
abertura de mercado para este segmento e um futuro promissor para a
atividade (DAL BEM, 2000).
21
4 REFERENCIAS ALVES, M. ARAUJO, M.T. SANTANA, D.M. VIEIRA, D.L. Trabalho do
Enfermeiro em uma Empresa de Home Care de Belo Horizote, Brasil.
Disponível em: http://www.scielo.unal.edu.co/scielo.php?pid=S0120-53072007
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Colegiada n. 11, de 26 de janeiro de 2006. Dispõe sobre o regulamento técnico
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da União, Brasilia 30 jan. 2006. Seção 1, p. 78
BRASIL. Portaria n. 1892, de 18 de dezembro de 1997. Dispõe sobre a
internação domiciliar no SUS e dá outras providências. Brasília (DF): Diário
Oficial da República Federativa do Brasil; 22 dez. 1997.
BRASIL. Portaria n. 2416, de 23 de março de 1998. Estabelece requisitos para
credenciamento de hospitais e critérios para realização de internação domiciliar
no SUS. Diário Oficial da União, Brasília, 26 mar. 1998. Seção 1, p. 106.
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22
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GAIDZINSKI, R.R. FUGULIN, F.M.T. CASTILHO, V. Dimensionamento de
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%C3%A7%C3%A3o+Prim%C3%A1ria+%C3%A0+Sa%C3%BAde+no+Brasil,+
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v8IppCG-iheXnCjlKdzTUI6KJD5U21HDDtmXgk7txaXXF-jpw45NXXhRgM27rc
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23
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MAZZA, M.M.P.R. A Visita Domiciliária como instrumento de assistência de
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MENDES, W. Home Care: uma modalidade de assistência à saúde. Rio de
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MERHY, E. E. Saúde : a cartografia do trabalho vivo. São Paulo: Hucitec, 2002.
NIETSCHE, E. A. et al. Tecnologias educacionais, assistenciais e gerenciais:
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SCHAHIN, G. Portal Home Care. Disponivel em: http://www.portalhomecare
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24
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SCHUTZ,V. LEITE, J.L. FIGUEIREDO, N.M.A. Como Administrar Cuidados
Domiciliares: o custo e o preço do preparo e do trabalho da Enfermagem – uma
experiência. Esc. Anna Nery R Enferm 2007 jun; 11 (2): 358 - 64.
25
ANEXO
LEGISLAÇÃO PARA ATENDIMENTO DOMICILIAR – HOME CARE
A assistência domiciliar (home care), como meio alternativo e
complementar de atendimento à saúde, tem progredido muito rumo a uma
regulamentação nacional, gerando normas e padrões técnicos que norteiem o
mercado da prestação de serviço. Confira as principais leis e medidas sobre o
assunto:
- Estudo da aplicabilidade em home care da portaria federal 802/98
(regulamentação técnica para distribuição de medicamentos).
- Consulta pública da ANVISA sobre reaproveitamento de materiais e
trocas de correlatos.
- Em março de 2004, a ABEMID reuniu-se com a presidência da Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para sugerir a criação de uma equipe
de trabalho. Esta deverá tratar da regulamentação da home care no nível da
saúde.
- Em 10 de outubro de 2003, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) publicou, em nível de consulta pública, regulamentação técnica para
serviços de home care.
- Em junho de 2003, o Conselho Federal de Medicina lançou a resolução
nº 1668, discorrendo sobre a prática e a prestação de serviços em domicílio.
- O Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da lei nº 10424, de 15 de
abril de 2002, incluiu no seu âmbito a assistência domiciliar.
Resolução RDC nº 11, de 26 de janeiro de 2006
Ementa: Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Funcionamento de
Serviços que prestam Atenção Domiciliar.
Publicação: Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 30 de janeiro de
2006.
Órgão emissor: ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº11, DE 26 DE JANEIRO
DE 2006. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Funcionamento de Serviços
que prestam Atenção Domiciliar.
26
A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no
uso da atribuição que lhe confere o art. 11, inciso IV, do Regulamento da
Anvisa aprovado pelo Decreto n° 3.029, de 16 de abr il de 1999, c/c o art. 111,
inciso I, alínea "b", § 1°, do Regimento Interno ap rovado pela Portaria n° 593,
de 25 de agosto de 2000, republicada no DOU de 22 de dezembro de 2000, em
reunião realizada em 23 de janeiro de 2006:
- considerando a necessidade de propor os requisitos mínimos de segurança
para o funcionamento de Serviços de Atenção Domiciliar nas modalidades de
Assistência e Internação Domiciliar;
- considerando que os serviços de saúde que oferecem esta modalidade de
atenção são responsáveis pelo gerenciamento da estrutura, dos processos e
dos resultados por eles obtidos, devendo atender às normas e exigências
legais, desde o momento da indicação até a alta ou óbito;
- considerando a necessidade de disponibilizar informações aos serviços de
saúde, assim como aos órgãos de vigilância sanitária, sobre as técnicas
adequadas de gerenciamento da atenção domiciliar e sua fiscalização; adota a
seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu, Diretor-Presidente, determino
a sua publicação:
Art. 1º Aprovar o Regulamento Técnico para o funcionamento dos
Serviços de Atenção Domiciliar, nas modalidades de Assistência e Internação
Domiciliar, constante do Anexo desta Resolução.
Art. 2º Determinar que nenhum Serviço de Atenção Domiciliar pode
funcionar sem estar licenciado pela autoridade sanitária local, atendendo aos
requisitos do Regulamento Técnico de que trata o Art. 1° desta RDC e demais
legislações pertinentes.
Art. 3º As Secretarias de Saúde Estaduais, Municipais e do Distrito
Federal, visando o cumprimento do Regulamento Técnico, poderão estabelecer
normas de caráter supletivo ou complementar, a fim de adequá-lo às
especificidades locais.
Art. 4º Todos os atos normativos mencionados neste regulamento,
quando substituídos ou atualizados por novos atos devem ter a referencia
automaticamente atualizada em relação ao ato de origem.
27
Art. 5º O descumprimento das determinações deste Regulamento
Técnico constitui infração de natureza sanitária sujeitando o infrator a processo
e penalidades previstas na Lei nº 6.437 de 20 de agosto de 1977, suas
atualizações, ou instrumento legal que venha a substituí-la, sem prejuízo das
responsabilidades penal e civil cabíveis.
Art. 6º Esta Resolução da Diretoria Colegiada entra em vigor na data de
sua publicação.
REGULAMENTO TÉCNICO PARA O FUNCIONAMENTO DE SERVIÇOS DE
ATENÇÃO DOMICILIAR
Objetivo:
Estabelecer os requisitos de funcionamento para os Serviços de Atenção
Domiciliar.
Abrangência do Regulamento:
Esta resolução é aplicável a todos os Serviços de Atenção Domiciliar,
públicos ou privados, que oferecem assistência e ou internação domiciliar.
Definições:
3.1 Admissão em Atenção domiciliar: processo que se caracteriza pelas
seguintes etapas: indicação, elaboração do Plano de Atenção Domiciliar e
início da prestação da assistência ou internação domiciliar.
3.2 Alta da Atenção domiciliar: ato que determina o encerramento da
prestação de serviços de atenção domiciliar em função de: internação
hospitalar, alcance da estabilidade clínica, cura, a pedido do paciente e/ou
responsável, óbito.
3.3 Atenção domiciliar: termo genérico que envolve ações de promoção
à saúde, prevenção, tratamento de doenças e reabilitação desenvolvidas em
domicílio.
3.4 Assistência domiciliar: conjunto de atividades de caráter
ambulatorial, programadas e continuadas desenvolvidas em domicílio.
3.5 Cuidador: pessoa com ou sem vínculo familiar capacitada para
auxiliar o paciente em suas necessidades e atividades da vida cotidiana.
3.6 Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar - EMAD: profissionais
que compõem a equipe técnica da atenção domiciliar, com a função de prestar
assistência clínico-terapêutica e psicossocial ao paciente em seu domicílio.
28
3.7 Internação Domiciliar: conjunto de atividades prestadas no domicílio,
caracterizadas pela atenção em tempo integral ao paciente com quadro clínico
mais complexo e com necessidade de tecnologia especializada.
3.8 Plano de Atenção Domiciliar - PAD: documento que contempla um
conjunto de medidas que orienta a atuação de todos os profissionais
envolvidos de maneira direta e ou indireta na assistência a cada paciente em
seu domicílio desde sua admissão até a alta.
3.9 Serviço de Atenção Domiciliar - SAD: instituição pública ou privada
responsável pelo gerenciamento e operacionalização de assistência e/ou
internação domiciliar.
3.10 Tempo de Permanência: período compreendido entre a data de
admissão e a data de alta ou óbito do paciente.
Condições Gerais:
O SAD deve possuir alvará expedido pelo órgão sanitário competente.
O SAD deve possuir como responsável técnico um profissional de nível
superior da área da saúde, habilitado junto ao respectivo conselho profissional.
O SAD deve estar inscrito no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Saúde - CNES.
O SAD deve possuir um regimento interno que defina o tipo de atenção
domiciliar prestada e as diretrizes básicas que norteiam seu funcionamento.
O SAD deve elaborar manual e normas técnicas de procedimentos para
a atenção domiciliar, de acordo com a especificidade da assistência a ser
prestada.
A atenção domiciliar deve ser indicada pelo profissional de saúde que
acompanha o paciente.
4.7 O profissional de saúde que acompanha o paciente deve encaminhar
ao SAD relatório detalhado sobre as condições de saúde e doença do paciente
contendo histórico, prescrições, exames e intercorrências.
4.8 A equipe do SAD deve elaborar um Plano de Atenção Domiciliar -
PAD.
4.9 O PAD deve contemplar:
4.9.1 A prescrição da assistência clínico-terapêutica e psicossocial para
o paciente;
29
4.9.2 Requisitos de infra-estrutura do domicílio do paciente, necessidade
de recursos humanos, materiais, medicamentos, equipamentos, retaguarda de
serviços de saúde, cronograma de atividades dos profissionais e logística de
atendimento;
4.9.3 O tempo estimado de permanência do paciente no SAD
considerando a evolução clínica, superação de déficits, independência de
cuidados técnicos e de medicamentos, equipamentos e materiais que
necessitem de manuseio continuado de profissionais;
4.9.4 A periodicidade dos relatórios de evolução e acompanhamento.
4.10 O PAD deve ser revisado de acordo com a evolução e
acompanhamento do paciente e a gravidade do caso.
4.10.1 A revisão do PAD deve conter data, assinatura do profissional de
saúde que acompanha o paciente e do responsável técnico do SAD.
4.11 O registro dos pacientes em atenção domiciliar e o PAD devem ser
mantidos pelo SAD .
4.12 O SAD deve manter um prontuário domiciliar com o registro de
todas as atividades realizadas durante a atenção direta ao paciente, desde a
indicação até a alta ou óbito do paciente.
4.12.1 O prontuário domiciliar deve conter identificação do paciente,
prescrição e evolução multiprofissional, resultados de exames, descrição do
fluxo de atendimento de Urgência e Emergência, telefones de contatos do SAD
e orientações para chamados.
4.12.2 O prontuário deve ser preenchido com letra legível e assinado por
todos os profissionais envolvidos diretamente na assistência ao paciente.
4.12.3 Após a alta ou óbito do paciente o prontuário deve ser arquivado
na sede do SAD, conforme legislação vigente.
4.12.4 O SAD deve garantir o fornecimento de cópia integral do
prontuário quando solicitado pelo paciente ou pelos responsáveis legais.
4.13 O SAD deve fornecer aos familiares dos pacientes e/ou cuidadores
orientações verbais e escritas, em linguagem clara, sobre a assistência a ser
prestada, desde a admissão até a alta.
4.14 O SAD deve prover por meio de recursos próprios ou terceirizados,
profissionais, equipamentos, materiais e medicamentos de acordo com a
modalidade de atenção prestada e o perfil clínico do paciente.
30
4.15 O SAD deve observar, como critério de inclusão para a internação
domiciliar, se o domicílio dos pacientes conta com suprimento de água potável,
fornecimento de energia elétrica, meio de comunicação de fácil acesso,
facilidade de acesso para veículos e ambiente com janela, específico para o
paciente, com dimensões mínimas para um leito e equipamentos.
4.16 O SAD deve controlar o abastecimento domiciliar de equipamentos,
materiais e medicamentos conforme prescrição e necessidade de cada
paciente, assim como meios para atendimento a solicitações emergenciais.
4.17 O SAD deve assegurar o suporte técnico e a capacitação dos
profissionais envolvidos na assistência ao paciente.
4.18 O SAD deve estabelecer contrato formal, quando utilizar serviços
terceirizados, sendo que estes devem ter obrigatoriamente Alvará Sanitário
atualizado.
4.19 O SAD deve elaborar e implementar um Programa de Prevenção e
Controle de Infecções e Eventos Adversos (PCPIEA) visando a redução da
incidência e da gravidade desses eventos.
4.20 O SAD deve possuir sistema de comunicação que garanta o
acionamento da equipe, serviços de retaguarda, apoio ou suporte logístico em
caso de urgência e emergência.
4.21 O SAD deve garantir aos pacientes que estão em regime de
internação domiciliar, a remoção ou retorno à internação hospitalar nos casos
de urgência e emergência.
5 Condições Específicas
5.1 O SAD deve assegurar os seguintes serviços básicos de retaguarda
de acordo com a necessidade de cada paciente e conforme estabelecido no
PAD:
5.1.1 Referência para atendimento de urgência e emergência e
internação hospitalar formalmente estabelecida;
5.1.2 Referência ambulatorial para avaliações especializadas, realização
de procedimentos específicos e acompanhamento pós alta.
5.2 O SAD deve assegurar os seguintes suportes diagnósticos e
terapêuticos de acordo com o PAD:
5.2.1 Exames laboratoriais, conforme RDC/ANVISA nº. 302 de 2005;
31
5.2.2 Exames radiológicos, conforme Portaria SVS/MS nº. 453 de 1998;
5.2.3 Exames por métodos gráficos;
5.2.4 Hemoterapia, conforme RDC/ANVISA nº. 153 de 2004;
5.2.5 Quimioterapia, conforme RDC/ANVISA nº. 220 de 2004;
5.2.6 Diálise, conforme RDC/ANVISA nº. 154, de 2004;
5.2.6.1 Na realização da hemodiálise o dialisador deve ser de uso único.
5.2.7 Assistência respiratória com oferta de equipamentos, materiais e
gases medicinais compreendendo procedimentos de diferentes graus de
complexidade;
5.2.7.1 A ventilação mecânica invasiva só é permitida na modalidade de
internação domiciliar com acompanhamento do profissional da Equipe
Multiprofissional de Atenção domiciliar - EMAD;
5.2.7.1.1 Caso o equipamento seja acionado por energia elétrica o
domicílio deve ser cadastrado na companhia de fornecimento de energia
elétrica local;
5.2.7.1.2 Deve haver sistema alternativo de energia elétrica ligado ao
equipamento com acionamento automático em no máximo 0,5 segundos;
5.2.7.2 Quando houver instalação de sistema de suprimento de gases
medicinais canalizada, esta deve estar de acordo com a NBR 12.188;
5.2.7.3 O enchimento dos cilindros de gases medicinais não deve ser
realizado no domicilio do paciente.
5.2.8 Nutrição Parenteral conforme Portaria SVS/MS nº. 272 de 1998;
5.2.8.1 Compete a EMAD verificar e orientar as condições de
conservação da nutrição seguindo as exigências do regulamento do item 5.2.8.
6. Recursos humanos
6.1 O SAD deve possuir EMAD que atenda ao seu perfil de demanda e
ser dimensionada para o atendimento de cada paciente conforme o PAD.
6.2 O SAD deve garantir educação permanente para a EMAD.
6.2.1 As capacitações devem ser registradas contendo nome do
responsável, especificação de conteúdo, lista de participantes assinada, data e
tempo de duração das atividades.
32
6.3 O SAD que mantiver em estoque medicamentos sujeitos ao controle
especial deve contar com farmacêutico habilitado, conforme Portaria SVS/MS
nº. 344 de 1998.
6.3.1 Caso o SAD esteja inserido em um serviço de saúde, pode contar
com o apoio do profissional da farmácia do mesmo.
6.4 O SAD deve garantir o fornecimento e orientar o uso de
Equipamento de Proteção Individual (EPI), conforme as atividades
desenvolvidas.
7. Infra-estrutura física
7.1. O domicilio do paciente deve possibilitar a realização dos
procedimentos prescritos no PAD.
7.2 Infra-estrutura da Sede do SAD
7.2.1 O SAD deve possuir infra-estrutura física conforme a RDC/ANVISA
nº. 50 de 2002; com os seguintes ambientes:
7.2.1.1 Recepção;
7.2.1.2 Área de trabalho para a equipe administrativa com arquivo;
7.2.1.3 Área de trabalho para a EMAD;
7.2.1.4 Almoxarifado;
7.2.1.5 Instalações de conforto e higiene;
7.2.2 O SAD que estiver inserido em um serviço de saúde pode
compartilhar os ambientes descritos no item 7.3.1.
8. Equipamentos, medicamentos e materiais
8.1. O SAD deve prover equipamentos, medicamentos e materiais
conforme definido no PAD.
8.2 Os equipamentos, medicamentos e materiais devem estar
regularizados junto à ANVISA/MS, conforme legislação vigente.
8.3 O SAD deve possuir um sistema de controle que permita a
rastreabilidade dos equipamentos, dos medicamentos e dos materiais.
8.4 O transporte de equipamentos, medicamentos e materiais deve ser
efetuado conforme orientação do fabricante, de forma a garantir sua
integridade.
33
8.5 Os equipamentos devem ser calibrados periodicamente, conforme
instruções do fabricante.
8.6 O SAD deve garantir a manutenção preventiva e corretiva dos
equipamentos e manter registros das mesmas.
8.7 Para a instalação dos equipamentos no domicílio, o SAD deve:
8.7.1 Verificar as condições de instalação conforme manual de operação
do fabricante;
8.7.2 Realizar os testes de funcionamento dos equipamentos;
8.7.3 Orientar o paciente, os familiares e cuidadores quanto ao
manuseio dos equipamentos e os riscos a eles associados.
8.8 O SAD deve substituir prontamente os equipamentos com problemas
de operação.
8.9 O SAD deve fornecer baterias dos equipamentos de suporte a vida.
9. Procedimentos de suporte técnico e logístico
9.1 O SAD deve garantir a implantação das normas e rotinas de limpeza
e desinfecção de artigos, superfícies e equipamentos utilizados diretamente na
assistência ao paciente, sob supervisão do responsável pelo PCPIEA.
9.2 O responsável técnico do SAD deve elaborar e implantar o plano de
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde - PGRSS, conforme
RDC/ANVISA nº. 306, de 2004.
10. Avaliação da assistência domiciliar
10.1 Compete ao SAD a realização continuada de avaliação do
desempenho e padrão de funcionamento global.
34
10.2 A avaliação referida no item 10.1 deve ser realizada levando em
conta os indicadores abaixo:
Nº. Indicador Fórmula e Unidade Freqüência de Produção
1 Taxa de mortalidade para a
modalidade internação
domiciliar
(Número de óbitos de
pacientes em internação
domiciliar no mês / Todos os
pacientes que receberam
atenção na modalidade
internação domiciliar no mês)
* 100 [%]
Mensal
2 Taxa de internação após
atenção domiciliar
(Número de pacientes em
atenção domiciliar que
necessitaram de internação
hospitalar no mês / Todos os
pacientes que receberam
atenção domiciliar no mês)
*100 [%]
Mensal
3 Taxa de infecção para a
modalidade internação
domiciliar
(Número de pacientes em
internação domiciliar com
episódios de infecção no mês
/ Todos os pacientes que
receberam atenção na
modalidade internação
domiciliar no mês) *100 [%]
Mensal
4 Taxa de alta da modalidade
assistência domiciliar
(Número de pacientes em
assistência domiciliar que
receberam alta no mês /
Todos os pacientes que
receberam atenção na
modalidade assistência
domiciliar no mês) * 100 [%]
Mensal
5 Taxa de alta da modalidade
internação domiciliar
(Número de pacientes em
internação domiciliar que
receberam alta no mês /
Todos os pacientes que
receberam atenção na
modalidade internação
domiciliar no mês) * 100 [%]
Mensal
1 - Pacientes que receberam atenção domiciliar no mês: considerar o número de pacientes do dia 15 de
cada mês.
35
10.3 O SAD deve encaminhar à Vigilância Sanitária local o consolidado
dos indicadores do semestre anterior em todos os meses de janeiro e julho.
10.4 O consolidado do município deverá ser encaminhado à Secretaria
Estadual de Saúde e o consolidado dos estados à ANVISA.
11. Disposições transitórias
11.1 O SAD já em funcionamento têm prazo máximo de 365 dias após a
publicação, para se adequar aos disposições deste regulamento.
11.2 Para o inicio ou reinicio das atividades os serviços devem atender
na íntegra as disposições deste regulamento.