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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ RITA DAS DORES MACHADO ORGANIZAÇÕES SOCIAIS COLETIVAS PRESENTES NO MUNICÍPIO DE TIJUCAS DO SUL. CURITIBA 2015

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ RITA DAS DORES …tcconline.utp.br/media/tcc/2015/10/ORGANIZACOES-SOCIAIS-COLETIVAS.pdf · As OS são um modelo de parceria entre o Estado e a sociedade

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

RITA DAS DORES MACHADO

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS COLETIVAS PRESENTES NO MUNICÍPIO

DE TIJUCAS DO SUL.

CURITIBA

2015

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

RITA DAS DORES MACHADO

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS COLETIVAS PRESENTES NO MUNICÍPIO

DE TIJUCAS DO SUL.

CURITIBA

2015

Trabalho apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito para a obtenção do título de Especialista em Educação do Campo. Orientadora: Profa. Dra. Maria Antônia de Souza.

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ORGANIZAÇÕES SOCIAIS COLETIVAS PRESENTES NO MUNICÍPIO DE

TIJUCAS DO SUL

MACHADO,Rita das Dores1

SOUZA, Maria Antônia de2

RESUMO: Este trabalho problematiza as influências das Organizações Sociais Coletivas presentes no município de Tijucas do Sul. O objetivo é investigar as Manifestações e Organizações Coletivas presentes em Tijucas do Sul e as influências que exercem nas comunidades rurais. A pesquisa qualitativa, etnográfica, foi desenvolvida por meio de entrevistas através da análise documental, entrevistas com vereadores, presidente sindicato rural e presidente de associação de moradores. As principais referências que contribuem para o estudo são: Gohn (2008); Arroyo (2004); Souza (2011); ao lado de documentos legais. Constata-se a necessidade de elaboração e encaminhamentos de legislações especificas e ações do governo que referendem e articulem as organizações coletivas, garantindo às suas atividades o suporte legal e organização necessária às suas atuações. Palavras-chave: Organizações Sociais. Tijucas do Sul. Ruralidade.

INTRODUÇÃO

Ao definir a proposta de trabalho de conclusão do Curso de Especialização

em Educação do Campo pela Universidade Tuiuti do Paraná, procurou-se analisar a

necessidade de investigar as organizações coletivas existentes no município de

Tijucas do Sul, sendo esse um objeto ainda não investigado e de extrema

importância para reflexão e valorização dos povos do campo.

As reflexões sobre as relações do homem do campo com a sociedade têm

tomado proporções significativas no município mencionado a partir da inserção do

grupo de pesquisa com estudos desenvolvidos no projeto vinculado ao Programa 1 Mestranda em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná (2014), Pedagogia pela Universidade

Tuiuti do Paraná (2013); Curso de Formação Superior de Professores pela PUC – Paraná (2002); Pós-Graduação em Pedagogia Escolar pelo IBPEX (2004); Pós-Graduação em Gestão Pública pela CIPEAD-UFPR (2013); Pós Graduação em Educação do Campo pela Universidade Tuiuti do Paraná (2014); integrante do grupo de pesquisa em Educação do Campo, Movimentos Sociais e Práticas Pedagógicas (NUPECAMP),bolsista do Observatório de Educação(CAPES) pela UTP-PR 2013.Email:[email protected]. 2Doutora em Educação, professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade

Tuiuti do Paraná (UTP) e da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). E-mail: [email protected]; [email protected].

4

Observatório da Educação, subsidiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

Antes de investigar e relacionar as organizações coletivas presentes no

município de Tijucas do Sul faz-se necessário explorar alguns conceitos e ideias que

fundamentam esta investigação. Assim, convêm definir, os conceitos de organização

e comunidades rurais (campesinos).

A presente pesquisa tem como objetivo investigar as organizações sociais,

comunidades rurais (campesinos), verificando as influências que essas exercem na

sociedade rural sendo que o paradoxo que menciono baseia-se também na citação

de Raymond Firth, que em seu artigo publicado no livro Homem e Sociedade,

organizado por Fernando Henrique Cardoso e Octavio Ianni, cita que a "organização

social implica algum grau de unificação, ou união de diversos elementos numa

relação comum” (IANNI, 1973, p. 41). A ideia de organização social está ligada ao

processo social, à ideia de mudança, de arranjo do comportamento dos indivíduos

na construção da vida social.

Daí a importância e relevância da presente pesquisa que vem trazer uma

contribuição à sociedade de Tijucas do Sul com registros de dados sobre as

organizações que servirão de embasamento para pesquisas posteriores.

Histórico de Organizações Sociais

Segundo Gohn (2011), os movimentos sociais sempre existiram porque

representam forças sociais organizadas, aglutinam as pessoas em atividades e

experimentação social que são fontes geradoras de criatividade e inovações

socioculturais.

As organizações sociais no Brasil voltadas à educação, política e cidadania

têm suas marcas históricas e surgimento no final do período de governo militar, e

vem como contestação às classes dominantes e pela autonomia perante as mais

diversas instituições. E assim com a Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998, que

dispõe sobre a qualificação de entidades como organizações sociais, a criação do

Programa Nacional de Publicização, a extinção dos órgãos e entidades que

menciona e a absorção de suas atividades por organizações sociais, e dá outras

providências. Temos a qualificação de como organizações sociais pessoas, jurídicas

5

de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à

pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do

meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos na própria

Lei.

Segundo o texto publicado no Caderno MARE3da Reforma do Estado, as

Organizações Sociais (OS) são um modelo de organização pública não-estatal

destinada a absorver atividades publicizáveis mediante qualificação específica.

Trata-se de uma forma de propriedade pública não-estatal, constituída pelas

associações civis sem fins lucrativos, que não são propriedade de nenhum indivíduo

ou grupo e estão orientadas diretamente para o atendimento do interesse público.

As OS são um modelo de parceria entre o Estado e a sociedade. O Estado

continuará a fomentar as atividades publicizadas e exercerá sobre elas um controle

estratégico:demandará resultados necessário ao atingimento dos objetivos das

políticas públicas. O contrato de gestão é o instrumento que regulará as ações das

OS.

Os processos de organização social no campo geralmente estão relacionados

a desafios e de lutas pela terra, reivindicação de crédito, assistência para a

produção, infraestrutura de estradas, lazer e garantia dos serviços básicos de

educação e saúde e trazem características diversas dependendo do período

histórico a que se trata como também pelos objetivos que regem determinadas

organizações. Alguns desses processos de organização que marcaram a história

desde as colônias de imigrantes no Sul do Brasil e os Quilombos.

Todos estes processos de organização social rural serviram como referência

para que formas de organizações mais atuais se constituíssem, tais como

Associações Rurais, Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais,

Cooperativas Rurais e os movimentos de luta pela terra, dentre eles o MST e as

Cooperativas Rurais.

Gohn (2014) em sua fala no Seminário Temático realizado na UTP-PR em

setembro de 2014 4 cita as relações e questões que envolvem a emoção e

subjetividade nas organizações sociais, traz em seus questionamentos a importância

de se definir categorias para destacar os impactos que causam nos sujeitos. Em

3 MARE - Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado.

4Seminário Temático OBEDUC, realizado dia 29 de setembro de 2014 na UTP-PR.

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conversa 5 com a professora Gohn após palestra, perguntei porque a categoria

Emoção não aparece com frequência nas organizações sociais do tipo associação

de moradores.

A autora responde citanda a importância do trabalho que estou realizando e

sugere que a pesquisa se encaminhe as questões da categoria Trabalho e

Assistencialismo fazendo uma reflexão das conquistas que as organizações trazem

as comunidades rurais e impactos posteriores dessas ações, “o que vem depois? ”

pergunta a autora numa reflexão. Cita ainda a acolhida como um dos sentimentos

que é possível observar nesse tipo de organização, mesmo com tanta ênfase na

politização nos grupos e assistencialismo mais acentuados segundo a autora ainda

acolhesse nas organizações.

Caracterizando as comunidades rurais de Tijucas do Sul

Tijucas do Sul possui quase o dobro da área da capital paranaense, Curitiba .

Apesar do grande território, há poucos bairros6, são 41, mas vale lembrar que há

muitos lugares que não são considerados bairros, porém devido à história e a

ligação que seu morador tem com o lugar, continuam com denominação própria

segundo os relatos de entrevistados.

O Campesinato está muito presente na ruralidade de Tijucas do Sul onde

camponeses7 destacam-se pelo trabalho nas lavouras, haras, mineradoras, sítios e

chácaras.

Segundo Costa (2012):

Campesinato é o conjunto de famílias camponesas existentes em um território. As famílias camponesas existem em territórios, isto é, no contexto de relações sociais que se expressam em uso (instituições) das disponibilidades naturais biomas e ecossistemas)e culturais (capacidades difusas internalizadas nas pessoas e aparatos infraestruturas tangíveis e intangíveis)de um dado espaço geográfico politicamente delimitado (COSTA, In: Dicionário de Educação do Campo, 2010, p. 115).

5 Ver foto 8.

6 Ver Mapa 1.

7Camponesas segundo Costa, são aquelas famílias que, tendo acesso à terra e aos recursos naturais

que ela suporta, resolvem seus problemas reprodutivos – suas necessidades imediatas de consumo e o encaminhamento de projetos que permitam cumprir adequadamente um ciclo de vida da família – mediante a produção rural, desenvolvida de tal maneira que não se diferencia o universo dos que decidem sobre a locação do trabalho dos que se apropriam do resultado dessa alocação (COSTA, 2000, p. 116-130).

7

Görgen, cita sobre o campesinato:

As comunidades são marcadas pelo espaço das festas, do jogo, da religiosidade, do esporte, da organização, da solução dos conflitos, das expressões culturais, das datas significativas, do aprendizado comum, da troca de experiências, da expressão da diversidade, da política e da gestão do poder, da celebração da vida(aniversários) da convivência com a morte (ritualidade dos funerais). Tudo adquire significado e todos têm importância na comunidade camponesa. Nas comunidades camponesas as individualidades têm espaço. As que contrastam com o senso comum encontram meios de influir. Os discretos são notados. Não há anonimato na comunidade camponesa. Todos se conhecem. As relações de parentesco adquirem um papel determinante nas relações sociais do mundo camponês (GÖRGEN, 2009, p. 5).

Algumas dessas características estão presentes nas comunidades rurais de

Tijucas do Sul e foram relatadas através das pesquisas realizadas com os

professores do curso de Pós-Graduação e Especialização em Educação do Campo

de Tijucas do Sul, bem como moradores das comunidades que em relatos trazem

alguns dados relevantes. Sendo as comunidades:

Ambrósios: O bairro de Ambrósios é de fundamental importância para a

história tijuquense, deu nome por muitos anos a região de Tijucas do Sul, conhecida

como Vila de Ambrósios. Possui casas antigas, com design polonês e italiano.

Campina: Nesse bairro localiza-se o Portal da Cidade e o acesso à BR 376.

Campo Alto: No bairro, há haras, que ali se instalaram devido ao clima,

propício ao bom desenvolvimento de equinos, além do perfil plano dos terrenos,

condições que fazem com que os cavalos tijuquenses figurem entre os melhores do

país.

Centro: No Centro estão localizados a maioria dos órgãos públicos, como

Prefeitura, Secretarias Municipais. Há ainda o Hospital Nossa Senhora das Dores,

Posto de Saúde Central, a Igreja Matriz, o Colégio Estadual Francisco Camargo,

Escola Municipal Leovanil Camargo. Bem como o setor de serviços, como Correios,

Casa Lotérica e Banco do Brasil.

Flores: No bairro de Flores (conhecido também como Campo das Flores),

está situada a Igreja de Bom Jesus das Flores, que em agosto ocorre a maior festa

religiosa da cidade nesta igreja.

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Ingá: Nesse ponto muito curioso vale a pena descrever, cerca de 50 anos

atrás, o bairro possuía mais de 150 habitantes, contando com escola, igreja,

armazém e até um moinho de fubá, porém houve um grande êxodo rural na região e

hoje tem poucas famílias habitando o lugarejo. O Ingá possui a maior reserva de

mata atlântica preservada do município, onde se destacam diversas madeiras de lei,

entre elas muitos pinheiros.

Lagoa: Bairro com grande população e onde está situada o Colégio Estadual

de Lagoa e a Escola Municipal Professor Francisco Sobrinho (maior colégio

municipal da cidade). Também nesse bairro situa-se a Secretaria de Educação, no

Centro Educacional Sergyus Erdelly, espaço que antes pertencia a PUC-PR e

atualmente foi adquirido pela prefeitura municipal. Dentro das dependências existe o

Museu, que conta com importante arquivo de obras do artista que dá nome ao

museu.

Lagoinha: O maior bairro em número de moradores é o da Lagoinha, onde

está também o maior colégio eleitoral do Município, devido a isso possui uma forte

vocação política, inclusive o atual prefeito reside nessa localidade.

Papanduva do Rio Negro: localidade considerada com melhores espaços

propícios a pesca no município acontecem muitas cavalgadas nessa localidade.

Pinhal dos Borges: O bairro de Pinhal do Borges está situado na região da

Serra do Araçatuba, devido a isso possui sempre um clima ameno, sem contar as

belas paisagens e o Rio do Pinhal.

Tabatinga: uma pesquisa foi realizada em 2013 por alunos de 9 a 11 anos da

Escola Rural Municipal Emiliano Perneta que entrevistaram seus pais e familiares.

Concluiu-se a partir dos dados coletados sobre as representações e símbolos da

comunidade que as palavras chaves que definem a comunidade seriam União e

Trabalho, as cores que representam são verdes e azuis.Como patrimônio natural é

citado o Rio Taboado, a vegetação predominante são os campos e na fauna é muito

comum os jacus e serelepes aparecerem nos quintais das residências. A

religiosidade e caracterizada pela grande diversidade de religiões, as igrejas

católicas e evangélicas são as que predominam, o símbolo católico é Nossa

Senhora do Rocio. Na economia destaca-se pela produção agrícola de milho e

verduras, mas a atividade econômica que predomina é o extrativismo mineral com

produção e exportação de argila pela Paraná mineração. Outra atividade comum na

região é a produção e beneficiamento de mel por pequenos produtores.

9

Na formação do povo predomina a origem italiana que influencia também na

gastronomia com a polenta como prato típico além do moinho de fubá que existia

nos anos 60. O artesanato é bem desenvolvido na comunidade com destaca para o

bordado, pintura de quadros e paisagens além do crochê em panos de prato. A

comunidade traz em sua história causos de visagem como da noiva do cemitério e

bradador, além da figura folclórica do espantador de cobras seu Hagaci, e as

benzedeiras da região como a Sra. Porfiria, procuradas por pessoas de longe. A

costela fogo de chão destaca a gastronomia local.A associação de moradores de

tabatinga e fazendinha atua desde 2005 na comunidade.

Postinho: Bairro serrano, onde localiza-se a serra do Quiriri, ponto de partida

para a trilha histórica do Caminho dos Ambrósios. Há também nesse bairro, muitas

cachoeiras, na região serrana do Rio Negro.

Saltinho: Bairro onde está localizada as Cataratas do Saltinho, ponto turístico

mais conhecido de Tijucas do Sul, é uma bela queda d’água do Rio da Várzea. No

local das Cataratas, existe uma boa estrutura com restaurante, estacionamento,

área para camping.

MAPA 1- Bairros do Município de Tijucas do Sul

FONTE: Plano diretor de Tijucas do Sul- 2011.

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É possível observar diante da pesquisa a relevância das questões no que se

referem a ruralidade tão presente nos bairros e os aspectos dessa categoria no

desenvolvimento do município. A ruralidade segundo Verde (2004) estende-se além

do agrário, e envolve dimensões essenciais para sua compreensão como espacial,

ambiental, demográfica e cultural.

Assim a variável população considerada fundamental para discutir a

ruralidade segundo a autora, número de habitantes e densidade demográfica são

referências para analisar os aspectos que definem o rural e urbano do município

pesquisado sendo que se considera município rural os que possuem menos de 20

mil habitantes. A densidade demográfica define os espaços rurais no que se refere a

município com menos de 20 mil habitantes, porém, densamente habitados. Para

Verde (2004):

A dimensão demográfica deve ser considerada no reconhecimento dos espaços rurais, pois ela reflete uma realidade particular cuja determinações e encontra na natureza das atividades, na cultura e, fundamentalmente na relação diferenciada da natureza. (VERDE. 2004. P.14).

Assim verifica-se que Tijucas do Sul com seus 672,197 Km² de área, 14. 526

habitantes e densidade demográfica de 21,61 Hab./Km² possui características

acentuadas no que se refere a ruralidade, daí a necessidade de reconhecimento

para que na pratica a expressividade do espaço rural traga benefícios no que diz

respeito a ações e planos governamentais que contribuam para o desenvolvimento

do município nos mais variados aspectos desde econômico, social e cultural.

Organizações Sociais em Tijucas do Sul

Segundo Gohn (2011), neste novo milênio um panorama pode ser descrito

em torno de em 13 eixos temáticos, que envolvem as lutas e demandas, sendo eles:

Movimentos urbanos- pela moradia, segurança, serviços; Movimentos urbanos pela

moradia; Mobilizações participativas na gestão pública Conselhos, Orçamento

Participativo; Movimentos em torno da Saúde conferências, fóruns; Movimentos na

área de Direito humanos, culturais; Movimentos Sindicais Movimentos religiosos;

Mobilizações e movimentos rurais MST, articulações; Movimentos contra políticas

11

neoliberais- mobilizações contra reformas, atos públicos, denuncias; Grandes

Fóruns; Cooperativas ONGS; Movimentos Nacionais de moradores atingidos pela

exploração mineral, vegetal, das águas; Movimentos sociais nas comunicações.

Nesse contexto e possível analisar os tipos de movimentos encontrados no

município de Tijucas do Sul e suas características.

O incentivo á inovação e associativismo no município de Tijucas do Sul é

citado no art 1º da Lei Complementar Nº 02, de 16 de Junho de 2009, Aprovada pela

Câmara Municipal de Tijucas do Sul, Estado do Paraná, sancionada pela Prefeitura

Municipal que tem como autor o Poder Executivo e Institui o tratamento diferenciado

e favorecido a ser dispensado às microempresas e as empresas de pequeno porte

no âmbito do Município, na conformidade das normas gerais previstas no Estatuto

Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte instituído pela Lei

Complementar (Federal) nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que traz:

Art. 50 A Administração Pública Municipal, por si ou através de parcerias com entidades públicas ou privadas, estimulará a organização de empreendedores fomentando o associativismo, cooperativismo, consórcios e a constituição de Sociedade de Propósito Específica formada por microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional, em busca da competitividade e contribuindo para o desenvolvimento local integrado e sustentável. Art. 51 O Poder Executivo adotará mecanismos de incentivo às cooperativas e associações, para viabilizar a criação, a manutenção e o desenvolvimento do sistema associativo e cooperativo no Município entre os quais: I – estímulo à inclusão do estudo do cooperativismo e associativismo nas escolas do município, visando ao fortalecimento da cultura empreendedora como forma de organização de produção, do consumo e do trabalho; II – estímulo à forma cooperativa de organização social, econômica e cultural nos diversos ramos de atuação, com base nos princípios gerais do associativismo e na legislação vigente; III – estabelecimento de mecanismos de triagem e qualificação da informalidade, para implementação de associações e sociedades cooperativas de trabalho, visando à inclusão da população do município no mercado produtivo fomentando alternativas para a geração de trabalho e renda; IV – criação de instrumentos específicos de estímulo à atividade associativa e cooperativa destinadas à exportação; V – apoio aos funcionários públicos e aos empresários locais para organizarem-se em cooperativas de crédito e consumo; VI – cessão de bens e imóveis do município; VII – isenção do pagamento de Imposto Sobre Propriedade Territorial Urbana, sob a condição de que cumpram as exigências legais da legislação tributária do Município. Art. 52 A Administração Pública Municipal poderá aportar recursos complementares em igual valor aos recursos financeiros do Codefat – Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador, disponibilizados através da criação de programa específico para as cooperativas de crédito de cujos quadros de cooperados participem

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microempreendedores,empreendedores de microempresa e empresa de pequeno porte, bem como suas empresas, na forma que regulamentar.

É possível observar nos artigos acima citados o incentivo aos trabalhadores

na formação de associações e cooperativas, bem como a necessidade de

legalização das associações nos registros oficiais da prefeitura municipal.

Apesar de a legislação vigente ser atual e recente, observa-se através da

pesquisa a falta de conhecimento da população em relação as leis e benefícios que

o poder público oferece, poucos dos representantes das associações que foram

pesquisadas reconhecem totalmente os direitos e dele fazem valer. Segundo o

vereador Claudemir não são todas as associações e organizações que são

registradas e declaradas como utilidade pública o que dificulta além do

reconhecimento a colaboração entre poder público e associações.

Associação de Pais, Mestres e Funcionários

Segundo o modelo de estatuto fornecido pela Secretaria de Estado da

Educação, em seu artigo 2º, a APMF (Associação de Pais, Mestres e Funcionários)

é:

Art. 2º A APMF, ou similares, pessoa jurídica de direito privado, é um órgão de representação dos Pais, Mestres e Funcionários do Estabelecimento de Ensino, não tendo caráter político-partidário, religioso, racial e nem fins lucrativos, não sendo remunerados os seus Dirigentes e Conselheiros, sendo constituído por prazo indeterminado.

QUADRO 01 - Associações de Pais e Mestres de Tijucas do Sul

CNPJ Nome da APMF Escola-Comunidade Responsável

00.781.454/0001-47 Professora Nair Lustosa Maoski

Escola Rural Municipal Francisco Camargo Sobrinho-

Lagoa

Diene de Fatima

Pivovar

00.685.106/0001-76 Vinicius De Moraes Escola Leovanil

Camargo- Centro Silvia Gabardo

75.645.069/0001-71 João Camargo

Colégio Estadual Professor Francisco

Manoel de Lima Camargo

Marli Aparecida Barbosa

03.230.262/0001-30 Irene Haluch Escola Rural

Municipal Presidente Médici- Colono

Mengalvio Carvalho

04.990.078/0001-51 Menino Jesus Escola Rural Rosimeri Biscaia

13

Municipal Manoel Ribas-Campina

01.587.281/0001-93 Basilio Maximo

Guimaraes

Escola Rural Municipal Tomé de Souza- Fagundes

Cristiane Borges

04.996.391/0001-05 Olavo Bilac Escola Rural

Municipal João Maria Claudino

Maria Tatiane Guisone

04.996.415/0001-18 Ildefonso Bastos

Morais

Escola Rural Municipal Emiliano

Perneta

Marina das Dores Camargo

11.943.884/0001-34 Renato Muhlstedt CMEI Branca de Neve Fernanda Castro

03.159.551/0001-90 Antonio Carlos

Borges

Escola Rural Municipal Leopoldo Jacomel-Matulão

Luciane Gonçalves Melo

05.077.985/0001-77 Unidos Pela Forca Escola Rural

Municipal Afonso Pena-Postinho

Maria InesKatzman

01.778.818/0001-00 Pedro Ferreira de

Melo Escola Rural Erminio Cardoso- Campestre

Eliobas de Jesus Leandro

02.828.669/0001-00

Associação de Pais e Amigos dos

Excepcionais de Tijucas do Sul

Escola Especializada Licão de Vida

Antonio Claudio Martins

11.824.740/0001-69 Joao Claudino

Machado Tio Jango Janise Rocha

FONTE: Trabalho de campo realizado pela autora, 2014

As APMF’s (Associações de Pais, Mestres e Funcionários) relacionadas no

quadro acima tem sua origem na década de 90 segundo entrevista realizada com o

Presidente da Câmara de Vereadores do município Sr. Claudemir Pereira da Rocha.

Todas são registradas legalmente e recebem verbas do governo federal através dos

Programas de Ministério de Educação como PDE (Programa de Desenvolvimento de

Educação), PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola), Mais Educação e Escola

Acessível.

Associações de Moradores

Segundo Gonh (2004) a democracia direta e participativa, exercitada de forma

autônoma, nos locais de moradia, trabalho, estudo etc...era tida como o modelo ideal

para a construção de uma contra hegemonia ao poder dominante. Participar das

práticas de organização da sociedade civil significava um ato de desobediência civil

e de resistência ao regime político predominante. Algumas considerações em

relação aos conceitos sobre a participação propriamente dita, os pressupostos

gerais que sustentam as afirmações da autora sobre a participação são:

14

a) Uma sociedade democrática só é possível via o caminho da participação dos indivíduos e grupos sociais organizados. b) Não se muda a sociedade apenas com a participação no plano local, micro, mas é a partir do plano micro que se dá o processo de mudança e transformação na sociedade c) É no plano local, especialmente num dado território, que se concentram as energias e forças sociais da comunidade, constituindo o poder local daquela região; no local onde ocorrem as experiências, ele é a fonte do verdadeiro capital social, aquele que nasce e se alimenta da solidariedade como valor humano. O local gera capital social quando gera autoconfiança nos indivíduos de uma localidade, para que superem suas dificuldades. Gera, junto com a solidariedade, coesão social, forças emancipatórias, fontes para mudanças e transformação social.d) é no território local que se localizam instituições importantes no cotidiano de vida da, como as escolas, os postos de saúde etc.,mas o poder local de uma comunidade não existe a priori, tem que ser organizado, adensado em função de objetivos que respeitem as culturas e diversidades locais, que criem laços de pertencimento e identidade sociocultural e política (GOHN, 2004, p.5).

Segundo Gohn (2004) a importância da participação da sociedade civil se faz

neste contexto não apenas para ocupar espaços antes dominados por

representantes de interesses econômicos, encravados no Estado e seus aparelhos.

Daí a importância de se democratizar a gestão da coisa pública, para inverter as

prioridades das administrações no sentido de políticas que atendam não apenas as

questões emergências, a partir do espólio recursos miseráveis destinados às áreas

sociais.

QUADRO 02- Associações de Moradores de Tijucas do Sul

Entidade Lei Representantes

Associação de Moradores da Campina

Lei 291 de 28/03/2012 Otilia Ferreira

Associação de Moradores de Campestre(ASSOCAMP)

____

Claudemir Pereira da Rocha

Associação de Moradores da Lagoinha, Lagoa e Gama

Lei 288 de 10/02/2012 Jonas Alves Machado

Associação de Moradores da Tabatinga

Lei 168 de 22/04/2009 Lirio Massola

Associação de Moradores do Córrego das Pedras, Rio do

Fojo e Pinhal dos Borges

Lei 176 de 16/06/2009 08.932.640/0001-41

Leonardo Rosario

Associação de Moradores e Amigos da Comunidade de Campo Alto (ASSOCAM)

Tramitando a parte burocrática). Início das

atividades em 2013

Mário Novack

Sindicato dos Trabalhadores Rurais

Marli (Representante da FETAEP)

Associação de Moradores Bosque da Saúde I e II

Cleber Camargo

Associação de moradores de Postinho

Rocio Peixer

Associação de Moradores e 00014.456.620/0001-44 Manuel Eugenio da Rocha

15

Produtores Rurais Comunidade Alerta-

Papanduva do Rio Negro

FONTE: Trabalho de campo realizado pela autora, 2014

Alguns dados não são destacados no quadro acima por falta de informações

precisas devido a falta de registros documentais das organizações, aí observamos a

necessidade de divulgação desses serviços.

O aparecimento das primeiras Associações de Moradores do município deu-

se nos meados dos anos 90 e a precursora na comunidade de Lagoinha cita em sua

entrevista o Presidente da Câmara de Vereadores do município Sr. Claudemir

Pereira da Rocha.

O vereador cita ainda a grande importância dessas organizações para a

comunidade rural e descreve as ações8 da Associação ASSOCAMP a qual faz parte

da diretoria, relata as atividades desenvolvidas pela associação durante os últimos

anos dando ênfase nas relações das conquistas realizadas em relação ao trabalho

do homem no campo, como as aquisições de produtos e maquinários realizadas

pela ASSOCAMP (Associação de Moradores do Campestre).

Outras organizações também estão presentes no município de Tijucas do Sul

dentre elas as citadas no quadro abaixo:

QUADRO 03- Outras Organizações Coletivas de Tijucas do Sul

Entidade Lei Representantes

UESTI – União Pública dos Estudantes Universitários de

Tijucas do Sul

Lei 400 de 19/04/2013 Andréia Silveira do Valle

ARECICLA – Associação dos Agentes Ambientais

Prestadores de serviço na coleta de materiais recicláveis

de Tijucas do Sul

Lei 257 de 01/07/2011 Marcos Rolt

Assopinho (Associação dos Pinhoeiros)

Lei 186 de 05/10/2009 Aleixo

Sindicato dos Professores Municipais e Estaduais

Rosicléia Rocha

Sindicato dos Trabalhadores Rurais

Marli (Representante da FETAEP)

AICELTS (Associação de Apoio a Cultura e Esporte de

Tijucas do sul)

Rosinalva dos Anjos Santana e José Antenor dos Santos

COOPERTIJUCAS-Associação de Produtores de

Eliobasde Jesus Leandro

8 Ver Anexo 1.

16

Cogumelo de Tijucas do Sul

Conselho da Merenda Escolar e da Agricultura Familiar

Luís Bonin

Associação Rural de Tijucas do Sul

76.752.021/0001-25

Associação de Montanhismo RVITALIZARA

Marcos

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Tijucas

do Sul - Apae

02.828.669/0001-00 Nelson Luiz Alves De Souza

Associação de Proteção á Maternidade e á Infância -

PROVOPAR

76.752.989/0001-51 Marilda Alves

Instituição Filantrópica SergiusErdely

76.752.518/0001-43

SergiusErdely

FONTE: Trabalho de campo realizado pela autora, 2014

Das organizações encontradas em Tijucas do Sul, citadas no quadro acima

observa-se que algumas estão em constante atividade, realizam reuniões, divulgam

seus trabalhos. Porém é possivel verificar também a disperssão dos grupos e falta

de participação e assiduidade dos associados nas atividades desenvolvidas

segundo relatos do entrevistado vereador Claudemir.

Sindicatos

Segundo Antunes (1986), o surgimento dos sindicatos no Brasil deu-se no

contexto histórico do século XIX vinculado ao processo de transformação da

economia, cujo centro agrário exportador cafeeiro ainda predominava e com a queda

da escravidão e início do trabalho assalariado surgem os movimentos de resistência

em 1906 data o Primeiro Congresso Operário Brasileiro que, lançou as bases para a

organização de sindicatos operários.

Em Tijucas do Sul, esse processo segundo entrevista com a Sr. Suelen Farias

Pivovar, tem início em 1986, com a criação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais

de Tijucas do Sul, precisamente dia 24 de fevereiro de 1986. Nessa assembléia

participaram 432 trabalhadores rurais, apesar de ter sido declarado segundo a

entrevistada pelo prefeito atual que existiam no município cerca de 1.345

trabalhadores rurais. José Algeo de Oliveira Machado foi um dos “encabeçadores”

responsáveis pela fundação do sindicato. Na assembléia de fundação foi criada uma

diretoria provisória onde o presidente eleito Sr. Isidoro Lexinoski. A primeira eleição

ocorreu em 1987 e como presidente eleito o Sr Miguel Pereira da Rocha que

17

permaneceu até o ano 2000 no cargo, quando a Sra. Marli Catarina Vieira Carvalho

da Rocha assumiu sendo eleita em 2003 ocupando o cargo até os dias atuais.

Dentre os atendimentos realizados pelo Sindicato segundo a entrevistada

destacam-se:assessoria jurídica, declaração do ITR, cadastro ambiental rural CAR,

agendamento de beneficio na Previdência Social, declaração de INCRA,

fornecimento da DAP para crédito agrícola, inscrição na Previdência Social, CNIS

segurado especial, declaração anual do segurado especial na Previdência Social,

homologação de rescisão de contrato de trabalho, emissão de declaração de

exercício de atividade rural, orientações trabalhistas, previdenciários,

encaminhamentos diversos, convênios com oftalmologistas, farmácias, terapeuta

naturalista, fisioterapias, cursos de artesanatos com dicas de saúde e bem estar

com apoio da terapeuta ocupacional9.

O quadro geral do sindicato atualmente é de 959 sócios, sendo 12 jovens de

(16 a 32 anos), 130 mulheres (32 a 55 anos), 285 terceiras idade (acima de 55

anos), 36 homens (32 a 55 anos).

A entrevistada finaliza citando a importância do Sindicato na sociedade rural e

os benefícios que o mesmo traz nesse contexto.

Associação de Montanhismo RevitalizARA (AMR).

Durante muitos anos, o Morro Araçatuba localizado em Tijucas do Sul/PR,

com seus 1.673 metros de altitude sofreu com grandes queimadas que alteraram

sua fauna e flora e consequentemente, a vida da população que vive em torno do

morro, pois, é do próprio morro que vem a água que abastece a vila. A Associação

de Montanhismo RevitalizARA (AMR), foi criada em 2007 pelo amor à natureza e

preocupação com o meio ambiente esse grupo de montanhistas voluntários, atua

com trabalhos de manutenção de trilhas, monitoramento e análise de pontos de

água potável, conscientização dos moradores locais sobre a importância de cuidar

da montanha e fazem alguns trabalhos sociais, principalmente com as crianças.

Atualmente, possuem como sede uma casa de apoio na base do morro, que serve

também para guardar equipamentos de combate a incêndios florestais. O terreno foi

cedido pelo Professor Milton, morador do Matulão (comunidade de Tijucas onde está

9 Ver fotos 9-10-11 em anexo.

18

situado o morro), que antes da AMR existir já realizava alguns trabalhos para

proteger a montanha e conscientizar os moradores locais.

A associação de produtores de cogumelo em Tijucas do Sul

Em julho de 2013 foi criada, pela prefeitura de Tijucas do Sul, a Emater e um

grupo de 21 agricultores a Cooperativa dos Produtores de Cogumelo e demais

produtos agropecuários, a Coopertijucas10, com o objetivo de ampliar a produção,

qualificar e ter um mercado garantido para a venda de produtos agrícola.

O cogumelo Champignon tem sido considerado o carro chefe para o início

das atividades da cooperativa. O que a prefeitura busca, porém, segundo o Jornal

Cidade de 5 de julho de 2013, é incrementar cada vez mais as culturas de

diversificação além de dialogar com os produtores por intermédio da Secretaria de

Agricultura e da Emater.

A prefeitura tem sede no espaço do centro comercial de um bairro chamado

Campina e vem desenvolvendo várias ações nas comunidades e contribuindo para a

melhoria na produção do produto no município.

Conselhos Municipais

Segundo Gohn (2002), os conselhos estão inscritos na Constituição de 1988

na qualidade de instrumentos de expressão, representação e participação da

população.

No município de Tijucas do Sul segundo dados pesquisados no Site da

Prefeitura verifica-se as expressões dos conselhos municipais nos meados dos anos

90 quando a gestão atual inicia a divulgação, orientação e implantação de conselhos

em diversos setores. Atualmente podem ser encontrados os seguintes conselhos

registrados legalmente:

Conselho Municipal de Assistência Social e Cidadania-

composto por Representantes dos Órgãos Não Governamentais –

Conselheiros Suplentes;

10

Ver foto 1.

19

Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável;

Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente-

composto por Representantes dos Órgãos Não Governamentais –

Conselheiros Suplentes;

Conselho Municipal de Educação;

Conselho Municipal da Merenda Escolar;

Conselho Municipal de Segurança;

Conselho Municipal de Saúde;

Conselho Municipal de Turismo e Meio Ambiente;

Conselho Municipal de Sanidade Ambiental;

Conselho Tutelar;

Conselhos Escolares.

CONSIDERAÇÕES

Em face deste quadro diferenciado de organizações encontradas através da

pesquisa cabe pensar quais os elementos diferenciadores das atuações e atividades

dessas organizações. Após a pesquisa foi possível observar a influência11 positiva

das organizações nas comunidades rurais, mudanças que além de econômicas,

sociais e políticas, há também mudança nas relações sociais e principalmente na

vida dos trabalhadores do campo, o qual passa por uma transformação ideológica e

em sua forma de trabalhar. Mesmo com essas transformações as organizações

continuam sendo um mediador entre classes.

Gohn (2007) cita Boaventura Sousa Santos que articula a questão da

deliberação democrática aos movimentos sociais e a construção de uma teoria da

emancipação social e que também alerta que um novo conteúdo democrático só

será definido a partir de rupturas com o sistema político atual, com uma nova forma

política do Estado, que realize uma refundação democrática da administração

pública, assim como uma profunda democratização no terceiro setor de forma a

conciliar cidadania e comunidade.

11

Algumas dessas influências serão citadas através de fotos. Ver fotos 2 -3 – 4.

20

A partir das reflexões relatadas compreende-se à necessidade para que as

associações revejam suas trajetórias e sua importância na sociedade. E que

encontrem alternativas para mobilizar a classe trabalhadora, conquistando mais

filiados, tornando-se cada vez mais fortes. O trabalhador deve tomar consciência da

importância de seu papel e de seus direitos, e com isso o as associações revigoram,

ativam e fortalecem as ações do homem do campo.

Faz-se necessário relatar a importância da reflexão aqui apresentada sendo

que nessa perspectiva, o grupo do OBEDUC (Observatório de Educação),

NUPECAMP (Núcleo de Pesquisas em Educação do Campo, Movimentos Sociais e

Práticas Pedagógicas) da Universidade Tuiuti do Paraná realizou no ano dia17 de

julho de 2014 o I Encontro das Organizações Sociais de Tijucas do Sul12, momento

no qual a doutoranda Patrícia Marcoccia, Mestrandas Rita das Dores Machado e

Rosana Cruz, organizaram o encontro trazendo onde representantes de diversos

setores puderam discutir, relatar e registrar seus anseios, duvidas sugestões e

reivindicações de forma coletiva e democrática. Foi debatido nesse momento as

questões relacionadas à importância da coletividade, formação dos povos do campo

para o que o jovem permaneça e fixe no campo. Os representantes colocaram suas

opiniões relatando a necessidade de maior participação da comunidade nas ações

coletivas bem como a necessidade divulgar as associações no município e suas

ações. O presidente da câmara de vereadores Sr Claudemir Pereira da Rocha cita a

importância do trabalho do grupo de pesquisa e a necessidade de alertar as

organizações á cadastros legais e oficiais para benefícios das instituições.

Verificou-se através da entrevista com a Srta. C.B.C. assistente administrativo

do setor de receitas e tributos da prefeitura municipal de Tijucas do Sul, a grande

necessidade de conscientizar as organizações para que registrem suas instituições

na prefeitura municipal. E assim tenham benefícios que lhe são cabíveis e se tornem

de utilidade pública.

Observa-se que há muitos desafios a serem enfrentados. Como meta central

surgiu a necessidade a partir dos relatos dos entrevistados e de uma conversa com

o presidente da câmara de vereadores a ideia de sugerir ao legislativo a criação de

uma Federação Municipal de Associativismo, um órgão para registrar, organizar, e

apoiar as organizações sociais do município de Tijucas do Sul. Exemplo de ação

12

Ver fotos 6 – 7.

21

que já apresenta bons resultados no município de São Jose dos Pinhais com a

FEMAM (Federação Municipal Associação de Moradores De São Jose Dos Pinhais),

FEMUCLAM (Federação Comunitária das Associações de Moradores de Curitiba e

Região Metropolitana) e A FECAMPAR – Federação das Entidades Comunitárias e

Associações de Moradores do Paraná. Federações que representam as entidades

junto aos poderes públicos, lutando pelas condições sociais, econômicas e

assistenciais, promovendo o desenvolvimento humano, cultural, social, econômico e

bem-estar das comunidades. Colaborando para isso, com os poderes públicos,

conselhos e outras entidades existentes na comunidade, dando-lhe conhecimento

dos problemas e pleiteando as respectivas soluções.

A ideia será apresentada a câmara de vereadores através de oficio

documentado, após apresentação dos resultados da pesquisa em sessão na tribuna

popular.

Foi possível perceber também a influência desse processo de luta de classes

e organizações sociais nas escolas do campo das comunidades rurais do município

de Tijucas do Sul, onde a comunidade escolar sempre envolvida com as

manifestações, reuniões e eventos das associações procuram estabelecer

aproximação e participação nas decisões que se referem a comunidade onde estão

estabelecidas. Esse processo é destacado nas leituras realizadas na pesquisa que

se baseiam nos escritos de Caldart (2004) quando cita:

A identidade da escola do campo é definida pela sua vinculação às questões inerentes a sua realidade, ancorando-se na temporalidade e saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos movimentos sociais em defesa de projetos que associem as soluções exigidas por essas questões à qualidade social da vida coletiva no país (CALDART, 2004, p.35).

Essas colocações nos ajudam a perceber que não basta termos uma escola e

sim devemos garantir que essa escola contribua no processo de formação humana

e, nesse sempre tomando como ponto de partida para as ações o próprio campo e

sua identidade. Esse desafio nos leva a propor enquanto educadores

comprometidos com a formação humanizadora, capazes de construir um projeto

político pedagógico abrangente e que reflita as questões locais e globais a fim de

construir uma escola democrática, participativa e emancipadora.

22

As discussões sobre a valorização do homem do campo e sua permanência

nele vem de encontro com as reflexões aqui realizadas a partir dos movimentos que

essas organizações representam na escola e em sua organização. Características

de uma educação bancária são evidentes nas práticas pedagógicas das escolas

rurais, as relações de exploração e dominação que apesar de camufladas pelos

processos de lutas dos sujeitos do campo através dos movimentos sociais de

diversos segmentos representam um modelo social capitalista que continua forte nas

ações de um modelo pedagógico de escolas rurais que ainda continua permeada

por ideologias e práticas sociais da classe dominante. Uma educação vista como a

que exclui, nega e descrimina.

É necessário questionar aos processos educacionais as manifestações

sociais, sendo que ambos trazem em seus processos históricos sinais de exclusão e

opressão, injustiças e preconceitos, que resultaram em marcas de desigualdades

históricas profundas.

Assim sendo é inquestionável a necessidade de uma tomada de consciência

do sujeito em relação a sua condição, sua identidade, reconhecendo-se,

valorizando-se.

Conclui-se assim que a pesquisa que além de contribuir para sociedade

através do registro de dados levantados sobre as Organizações Sociais, serve como

mola propulsora para novas pesquisas e ações político-administrativas que

garantam o fortalecimento dos movimentos sociais e reforcem a cultura cidadã do

respeito aos direitos e deveres dos indivíduos e da das coletividades, com bases

democráticas organizadas que expressam um modelo de sociedade mais justa.

A luta do homem do campo por direitos deve ser vista antes de tudo, como a

participação do trabalhador do campo por uma sociedade mais justa.

23

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Ricardo. Uma breve radiografia das lutas sindicais no Brasil recente e alguns de seus principais desafios. In: INÁCIO, J.R. (Org.). Sindicalismo no Brasil: os primeiros 100 anos? Belo Horizonte: Crisálida, 2007. p. 288 – 306. ARROYO, Miguel Gonzalez. A educação básica e o movimento social do campo.In: ARROYO, Miguel G.; CALDART, Roseli S. MOLINA, Mônica C. (Orgs.). Por uma Educação do Campo. Petrópolis-RJ: Vozes, 2004.

BRASIL, Lei Nº 9.637, de 15 de maio de 1998.

BRASIL. Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado / Secretariada Reforma do Estado. Organizações Sociais./ Secretaria da Reforma do Estado. Brasília: Ministério da Administração e Reforma do Estado, 1997.

CALDART, Roseli Salete. Pedagogia do Movimento Sem-Terra.São Paulo: Expressão Popular. 2004.

CALDART, Roseli Salete. PEREIRA, Isabel Brasil, ALENTEJANO, Paulo. FRIGOTTO, Gaudêncio (orgs.).Dicionário de Educação do Campo. Rio de Janeiro. São Paulo. 2012.

Câmara Municipal de Vereadores de Tijucas do Sul. Plano Diretor. Lei Complementar (Federal) nº 123, de 14 de dezembro de 2006,no art 1º da Lei Complementar Nº 02, De 16 de Junho De 2009. Disponível em [email protected] emwww.Camaratijucasdosul.Blogspot. Acesso em 17 de agosto de 2014.

COSTA, Francisco de Assis. Formação agropecuária da Amazônia: os desafios do desenvolvimento sustentável. Belém: Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Universidade Federaldo Pará, 2000.

FIRTH, Raymond. Organização social e estrutura social.In: CARDOSO, F.H. & IANNI, O. (org.). Homem e Sociedade. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1971.

GOHN,Maria da Glória.Conselhos gestores na política social urbana e participação popular. Cadernos Metrópole n. 7, p. 9-31, 1º semestre. 2002.

GOHN, Maria da Glória. Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais. Saúde e Sociedade.v.13, n.2, p.20-31, maio-ago 2004. GOHN, Maria da Glória. Teoria(S) da Ação Social na Análise dos Movimentos Sociais. Seminário Temático: Teoria Social: A Atualidade Brasileira. 31º Encontro Anual da ANPOCS - Caxambú/MG. 22- 26 outubro de 2007. GOHN, Maria da Glória. O protagonismo da sociedade civil: movimentos sociais, ONGs e redes solidárias. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

24

GOHN, Maria da Glória. Movimentos sociais na contemporaneidade. Revista Brasileira de Educação, v. 16 n. 47 maio-agosto. 2011.

GÖRGEN, |Frei| S. Agricultura camponesa. Cadernos de Estudos Cooperfumos, Santa Cruz do Sul, ago. 2009. Disponível em http://tijucasdosul.blogspot.com.br/2011/05/agricultura-o-motor-que-impulsiona-o.html.Acesso em 17 de agosto de 2014.

MACHADO, Rita das Dores. Arquivo pessoal de fotos. 2013. MACHADO, Rita das Dores. Arquivo pessoal de fotos. 2014.

SOUZA, Maria Antonia de. A Educação é do campo no estado do Paraná? In: SOUZA, M. A. de (Org.) Práticas Educativas no/do Campo. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2011.

VERDE, Valéria Villa. Territórios, Ruralidade e Desenvolvimento. Curitiba: IPARDES,

2004.

25

ANEXO 1

26

27

ANEXO 2

FOTO 1- Reunião de criação da COPERTIJUCAS

FONTE: Jornal “O Regional” de 05 de julho de 2013.

FOTO 2- Associação de Moradores da comunidade rural de

Campestre firmaram um convênio para a contratação de dois técnicos

agrícolas.

FONTE: Jornal “O Regional” de 27 de abril de 2012.

28

FOTO 3- Associação de Moradores das Comunidades de Cangoera e

Papanduva- Parceria com SANEPAR

FONTE: Jornal “O Repórter”. Disponível em http://www.Oreporterpr.Com.Br/. Acesso em 28 de setembro de 2014.

FOTO 4 - Associação de Montanhismo RevitalizARA- monitoramento de

combate a incêndio na Serra do Araçatuba

FONTE: Disponível em http://projetorevitalizara.blogspot.com.br/. Acesso em 16 de novembro de 2014.

29

FOTO 5- Associação Comunitária de Cultura e de Radiodifusão do Tijucas do

Sul- aquisição de mamógrafo para o município

FONTE: Jornal “O Regional”. Disponível emhttp://oregionalpr.com.br/. Acesso em 28 de setembro de 2014.

FOTO 6- I Encontro das Organizações Sociais de Tijucas do Sul

FONTE: MACHADO, 2014.

30

FOTO7- I Encontro das Organizações Sociais de Tijucas do Sul- lista de

presenças

FONTE: MACHADO, 2014. Arquivo Pessoal.

31

FOTO 8 - Mestranda Rita Machado e professora Maria da Glória Gohn-2014

FONTE: MACHADO, 2014. Arquivo pessoal.

FOTO 9- Cursos ofertados pelo Sindicato de Tijucas do Sul

FONTE: Sindicato de Trabalhadores Rurais de Tijucas do Sul – 2014.

32

FOTO10- Cursos ofertados pelo Sindicato de Tijucas do Sul

FONTE: Sindicato de Trabalhadores Rurais de Tijucas do Sul – 2014.

FOTO 11- Participação de Mulheres do Sindicato de Tijucas do Sul

no evento Grito da Terra Brasília - 2013

FONTE: Sindicato de Trabalhadores Rurais de Tijucas do Sul – 2014.