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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
RITA DAS DORES MACHADO
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS COLETIVAS PRESENTES NO MUNICÍPIO
DE TIJUCAS DO SUL.
CURITIBA
2015
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
RITA DAS DORES MACHADO
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS COLETIVAS PRESENTES NO MUNICÍPIO
DE TIJUCAS DO SUL.
CURITIBA
2015
Trabalho apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito para a obtenção do título de Especialista em Educação do Campo. Orientadora: Profa. Dra. Maria Antônia de Souza.
3
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS COLETIVAS PRESENTES NO MUNICÍPIO DE
TIJUCAS DO SUL
MACHADO,Rita das Dores1
SOUZA, Maria Antônia de2
RESUMO: Este trabalho problematiza as influências das Organizações Sociais Coletivas presentes no município de Tijucas do Sul. O objetivo é investigar as Manifestações e Organizações Coletivas presentes em Tijucas do Sul e as influências que exercem nas comunidades rurais. A pesquisa qualitativa, etnográfica, foi desenvolvida por meio de entrevistas através da análise documental, entrevistas com vereadores, presidente sindicato rural e presidente de associação de moradores. As principais referências que contribuem para o estudo são: Gohn (2008); Arroyo (2004); Souza (2011); ao lado de documentos legais. Constata-se a necessidade de elaboração e encaminhamentos de legislações especificas e ações do governo que referendem e articulem as organizações coletivas, garantindo às suas atividades o suporte legal e organização necessária às suas atuações. Palavras-chave: Organizações Sociais. Tijucas do Sul. Ruralidade.
INTRODUÇÃO
Ao definir a proposta de trabalho de conclusão do Curso de Especialização
em Educação do Campo pela Universidade Tuiuti do Paraná, procurou-se analisar a
necessidade de investigar as organizações coletivas existentes no município de
Tijucas do Sul, sendo esse um objeto ainda não investigado e de extrema
importância para reflexão e valorização dos povos do campo.
As reflexões sobre as relações do homem do campo com a sociedade têm
tomado proporções significativas no município mencionado a partir da inserção do
grupo de pesquisa com estudos desenvolvidos no projeto vinculado ao Programa 1 Mestranda em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná (2014), Pedagogia pela Universidade
Tuiuti do Paraná (2013); Curso de Formação Superior de Professores pela PUC – Paraná (2002); Pós-Graduação em Pedagogia Escolar pelo IBPEX (2004); Pós-Graduação em Gestão Pública pela CIPEAD-UFPR (2013); Pós Graduação em Educação do Campo pela Universidade Tuiuti do Paraná (2014); integrante do grupo de pesquisa em Educação do Campo, Movimentos Sociais e Práticas Pedagógicas (NUPECAMP),bolsista do Observatório de Educação(CAPES) pela UTP-PR 2013.Email:[email protected]. 2Doutora em Educação, professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade
Tuiuti do Paraná (UTP) e da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). E-mail: [email protected]; [email protected].
4
Observatório da Educação, subsidiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP).
Antes de investigar e relacionar as organizações coletivas presentes no
município de Tijucas do Sul faz-se necessário explorar alguns conceitos e ideias que
fundamentam esta investigação. Assim, convêm definir, os conceitos de organização
e comunidades rurais (campesinos).
A presente pesquisa tem como objetivo investigar as organizações sociais,
comunidades rurais (campesinos), verificando as influências que essas exercem na
sociedade rural sendo que o paradoxo que menciono baseia-se também na citação
de Raymond Firth, que em seu artigo publicado no livro Homem e Sociedade,
organizado por Fernando Henrique Cardoso e Octavio Ianni, cita que a "organização
social implica algum grau de unificação, ou união de diversos elementos numa
relação comum” (IANNI, 1973, p. 41). A ideia de organização social está ligada ao
processo social, à ideia de mudança, de arranjo do comportamento dos indivíduos
na construção da vida social.
Daí a importância e relevância da presente pesquisa que vem trazer uma
contribuição à sociedade de Tijucas do Sul com registros de dados sobre as
organizações que servirão de embasamento para pesquisas posteriores.
Histórico de Organizações Sociais
Segundo Gohn (2011), os movimentos sociais sempre existiram porque
representam forças sociais organizadas, aglutinam as pessoas em atividades e
experimentação social que são fontes geradoras de criatividade e inovações
socioculturais.
As organizações sociais no Brasil voltadas à educação, política e cidadania
têm suas marcas históricas e surgimento no final do período de governo militar, e
vem como contestação às classes dominantes e pela autonomia perante as mais
diversas instituições. E assim com a Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998, que
dispõe sobre a qualificação de entidades como organizações sociais, a criação do
Programa Nacional de Publicização, a extinção dos órgãos e entidades que
menciona e a absorção de suas atividades por organizações sociais, e dá outras
providências. Temos a qualificação de como organizações sociais pessoas, jurídicas
5
de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à
pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do
meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos na própria
Lei.
Segundo o texto publicado no Caderno MARE3da Reforma do Estado, as
Organizações Sociais (OS) são um modelo de organização pública não-estatal
destinada a absorver atividades publicizáveis mediante qualificação específica.
Trata-se de uma forma de propriedade pública não-estatal, constituída pelas
associações civis sem fins lucrativos, que não são propriedade de nenhum indivíduo
ou grupo e estão orientadas diretamente para o atendimento do interesse público.
As OS são um modelo de parceria entre o Estado e a sociedade. O Estado
continuará a fomentar as atividades publicizadas e exercerá sobre elas um controle
estratégico:demandará resultados necessário ao atingimento dos objetivos das
políticas públicas. O contrato de gestão é o instrumento que regulará as ações das
OS.
Os processos de organização social no campo geralmente estão relacionados
a desafios e de lutas pela terra, reivindicação de crédito, assistência para a
produção, infraestrutura de estradas, lazer e garantia dos serviços básicos de
educação e saúde e trazem características diversas dependendo do período
histórico a que se trata como também pelos objetivos que regem determinadas
organizações. Alguns desses processos de organização que marcaram a história
desde as colônias de imigrantes no Sul do Brasil e os Quilombos.
Todos estes processos de organização social rural serviram como referência
para que formas de organizações mais atuais se constituíssem, tais como
Associações Rurais, Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais,
Cooperativas Rurais e os movimentos de luta pela terra, dentre eles o MST e as
Cooperativas Rurais.
Gohn (2014) em sua fala no Seminário Temático realizado na UTP-PR em
setembro de 2014 4 cita as relações e questões que envolvem a emoção e
subjetividade nas organizações sociais, traz em seus questionamentos a importância
de se definir categorias para destacar os impactos que causam nos sujeitos. Em
3 MARE - Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado.
4Seminário Temático OBEDUC, realizado dia 29 de setembro de 2014 na UTP-PR.
6
conversa 5 com a professora Gohn após palestra, perguntei porque a categoria
Emoção não aparece com frequência nas organizações sociais do tipo associação
de moradores.
A autora responde citanda a importância do trabalho que estou realizando e
sugere que a pesquisa se encaminhe as questões da categoria Trabalho e
Assistencialismo fazendo uma reflexão das conquistas que as organizações trazem
as comunidades rurais e impactos posteriores dessas ações, “o que vem depois? ”
pergunta a autora numa reflexão. Cita ainda a acolhida como um dos sentimentos
que é possível observar nesse tipo de organização, mesmo com tanta ênfase na
politização nos grupos e assistencialismo mais acentuados segundo a autora ainda
acolhesse nas organizações.
Caracterizando as comunidades rurais de Tijucas do Sul
Tijucas do Sul possui quase o dobro da área da capital paranaense, Curitiba .
Apesar do grande território, há poucos bairros6, são 41, mas vale lembrar que há
muitos lugares que não são considerados bairros, porém devido à história e a
ligação que seu morador tem com o lugar, continuam com denominação própria
segundo os relatos de entrevistados.
O Campesinato está muito presente na ruralidade de Tijucas do Sul onde
camponeses7 destacam-se pelo trabalho nas lavouras, haras, mineradoras, sítios e
chácaras.
Segundo Costa (2012):
Campesinato é o conjunto de famílias camponesas existentes em um território. As famílias camponesas existem em territórios, isto é, no contexto de relações sociais que se expressam em uso (instituições) das disponibilidades naturais biomas e ecossistemas)e culturais (capacidades difusas internalizadas nas pessoas e aparatos infraestruturas tangíveis e intangíveis)de um dado espaço geográfico politicamente delimitado (COSTA, In: Dicionário de Educação do Campo, 2010, p. 115).
5 Ver foto 8.
6 Ver Mapa 1.
7Camponesas segundo Costa, são aquelas famílias que, tendo acesso à terra e aos recursos naturais
que ela suporta, resolvem seus problemas reprodutivos – suas necessidades imediatas de consumo e o encaminhamento de projetos que permitam cumprir adequadamente um ciclo de vida da família – mediante a produção rural, desenvolvida de tal maneira que não se diferencia o universo dos que decidem sobre a locação do trabalho dos que se apropriam do resultado dessa alocação (COSTA, 2000, p. 116-130).
7
Görgen, cita sobre o campesinato:
As comunidades são marcadas pelo espaço das festas, do jogo, da religiosidade, do esporte, da organização, da solução dos conflitos, das expressões culturais, das datas significativas, do aprendizado comum, da troca de experiências, da expressão da diversidade, da política e da gestão do poder, da celebração da vida(aniversários) da convivência com a morte (ritualidade dos funerais). Tudo adquire significado e todos têm importância na comunidade camponesa. Nas comunidades camponesas as individualidades têm espaço. As que contrastam com o senso comum encontram meios de influir. Os discretos são notados. Não há anonimato na comunidade camponesa. Todos se conhecem. As relações de parentesco adquirem um papel determinante nas relações sociais do mundo camponês (GÖRGEN, 2009, p. 5).
Algumas dessas características estão presentes nas comunidades rurais de
Tijucas do Sul e foram relatadas através das pesquisas realizadas com os
professores do curso de Pós-Graduação e Especialização em Educação do Campo
de Tijucas do Sul, bem como moradores das comunidades que em relatos trazem
alguns dados relevantes. Sendo as comunidades:
Ambrósios: O bairro de Ambrósios é de fundamental importância para a
história tijuquense, deu nome por muitos anos a região de Tijucas do Sul, conhecida
como Vila de Ambrósios. Possui casas antigas, com design polonês e italiano.
Campina: Nesse bairro localiza-se o Portal da Cidade e o acesso à BR 376.
Campo Alto: No bairro, há haras, que ali se instalaram devido ao clima,
propício ao bom desenvolvimento de equinos, além do perfil plano dos terrenos,
condições que fazem com que os cavalos tijuquenses figurem entre os melhores do
país.
Centro: No Centro estão localizados a maioria dos órgãos públicos, como
Prefeitura, Secretarias Municipais. Há ainda o Hospital Nossa Senhora das Dores,
Posto de Saúde Central, a Igreja Matriz, o Colégio Estadual Francisco Camargo,
Escola Municipal Leovanil Camargo. Bem como o setor de serviços, como Correios,
Casa Lotérica e Banco do Brasil.
Flores: No bairro de Flores (conhecido também como Campo das Flores),
está situada a Igreja de Bom Jesus das Flores, que em agosto ocorre a maior festa
religiosa da cidade nesta igreja.
8
Ingá: Nesse ponto muito curioso vale a pena descrever, cerca de 50 anos
atrás, o bairro possuía mais de 150 habitantes, contando com escola, igreja,
armazém e até um moinho de fubá, porém houve um grande êxodo rural na região e
hoje tem poucas famílias habitando o lugarejo. O Ingá possui a maior reserva de
mata atlântica preservada do município, onde se destacam diversas madeiras de lei,
entre elas muitos pinheiros.
Lagoa: Bairro com grande população e onde está situada o Colégio Estadual
de Lagoa e a Escola Municipal Professor Francisco Sobrinho (maior colégio
municipal da cidade). Também nesse bairro situa-se a Secretaria de Educação, no
Centro Educacional Sergyus Erdelly, espaço que antes pertencia a PUC-PR e
atualmente foi adquirido pela prefeitura municipal. Dentro das dependências existe o
Museu, que conta com importante arquivo de obras do artista que dá nome ao
museu.
Lagoinha: O maior bairro em número de moradores é o da Lagoinha, onde
está também o maior colégio eleitoral do Município, devido a isso possui uma forte
vocação política, inclusive o atual prefeito reside nessa localidade.
Papanduva do Rio Negro: localidade considerada com melhores espaços
propícios a pesca no município acontecem muitas cavalgadas nessa localidade.
Pinhal dos Borges: O bairro de Pinhal do Borges está situado na região da
Serra do Araçatuba, devido a isso possui sempre um clima ameno, sem contar as
belas paisagens e o Rio do Pinhal.
Tabatinga: uma pesquisa foi realizada em 2013 por alunos de 9 a 11 anos da
Escola Rural Municipal Emiliano Perneta que entrevistaram seus pais e familiares.
Concluiu-se a partir dos dados coletados sobre as representações e símbolos da
comunidade que as palavras chaves que definem a comunidade seriam União e
Trabalho, as cores que representam são verdes e azuis.Como patrimônio natural é
citado o Rio Taboado, a vegetação predominante são os campos e na fauna é muito
comum os jacus e serelepes aparecerem nos quintais das residências. A
religiosidade e caracterizada pela grande diversidade de religiões, as igrejas
católicas e evangélicas são as que predominam, o símbolo católico é Nossa
Senhora do Rocio. Na economia destaca-se pela produção agrícola de milho e
verduras, mas a atividade econômica que predomina é o extrativismo mineral com
produção e exportação de argila pela Paraná mineração. Outra atividade comum na
região é a produção e beneficiamento de mel por pequenos produtores.
9
Na formação do povo predomina a origem italiana que influencia também na
gastronomia com a polenta como prato típico além do moinho de fubá que existia
nos anos 60. O artesanato é bem desenvolvido na comunidade com destaca para o
bordado, pintura de quadros e paisagens além do crochê em panos de prato. A
comunidade traz em sua história causos de visagem como da noiva do cemitério e
bradador, além da figura folclórica do espantador de cobras seu Hagaci, e as
benzedeiras da região como a Sra. Porfiria, procuradas por pessoas de longe. A
costela fogo de chão destaca a gastronomia local.A associação de moradores de
tabatinga e fazendinha atua desde 2005 na comunidade.
Postinho: Bairro serrano, onde localiza-se a serra do Quiriri, ponto de partida
para a trilha histórica do Caminho dos Ambrósios. Há também nesse bairro, muitas
cachoeiras, na região serrana do Rio Negro.
Saltinho: Bairro onde está localizada as Cataratas do Saltinho, ponto turístico
mais conhecido de Tijucas do Sul, é uma bela queda d’água do Rio da Várzea. No
local das Cataratas, existe uma boa estrutura com restaurante, estacionamento,
área para camping.
MAPA 1- Bairros do Município de Tijucas do Sul
FONTE: Plano diretor de Tijucas do Sul- 2011.
10
É possível observar diante da pesquisa a relevância das questões no que se
referem a ruralidade tão presente nos bairros e os aspectos dessa categoria no
desenvolvimento do município. A ruralidade segundo Verde (2004) estende-se além
do agrário, e envolve dimensões essenciais para sua compreensão como espacial,
ambiental, demográfica e cultural.
Assim a variável população considerada fundamental para discutir a
ruralidade segundo a autora, número de habitantes e densidade demográfica são
referências para analisar os aspectos que definem o rural e urbano do município
pesquisado sendo que se considera município rural os que possuem menos de 20
mil habitantes. A densidade demográfica define os espaços rurais no que se refere a
município com menos de 20 mil habitantes, porém, densamente habitados. Para
Verde (2004):
A dimensão demográfica deve ser considerada no reconhecimento dos espaços rurais, pois ela reflete uma realidade particular cuja determinações e encontra na natureza das atividades, na cultura e, fundamentalmente na relação diferenciada da natureza. (VERDE. 2004. P.14).
Assim verifica-se que Tijucas do Sul com seus 672,197 Km² de área, 14. 526
habitantes e densidade demográfica de 21,61 Hab./Km² possui características
acentuadas no que se refere a ruralidade, daí a necessidade de reconhecimento
para que na pratica a expressividade do espaço rural traga benefícios no que diz
respeito a ações e planos governamentais que contribuam para o desenvolvimento
do município nos mais variados aspectos desde econômico, social e cultural.
Organizações Sociais em Tijucas do Sul
Segundo Gohn (2011), neste novo milênio um panorama pode ser descrito
em torno de em 13 eixos temáticos, que envolvem as lutas e demandas, sendo eles:
Movimentos urbanos- pela moradia, segurança, serviços; Movimentos urbanos pela
moradia; Mobilizações participativas na gestão pública Conselhos, Orçamento
Participativo; Movimentos em torno da Saúde conferências, fóruns; Movimentos na
área de Direito humanos, culturais; Movimentos Sindicais Movimentos religiosos;
Mobilizações e movimentos rurais MST, articulações; Movimentos contra políticas
11
neoliberais- mobilizações contra reformas, atos públicos, denuncias; Grandes
Fóruns; Cooperativas ONGS; Movimentos Nacionais de moradores atingidos pela
exploração mineral, vegetal, das águas; Movimentos sociais nas comunicações.
Nesse contexto e possível analisar os tipos de movimentos encontrados no
município de Tijucas do Sul e suas características.
O incentivo á inovação e associativismo no município de Tijucas do Sul é
citado no art 1º da Lei Complementar Nº 02, de 16 de Junho de 2009, Aprovada pela
Câmara Municipal de Tijucas do Sul, Estado do Paraná, sancionada pela Prefeitura
Municipal que tem como autor o Poder Executivo e Institui o tratamento diferenciado
e favorecido a ser dispensado às microempresas e as empresas de pequeno porte
no âmbito do Município, na conformidade das normas gerais previstas no Estatuto
Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte instituído pela Lei
Complementar (Federal) nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que traz:
Art. 50 A Administração Pública Municipal, por si ou através de parcerias com entidades públicas ou privadas, estimulará a organização de empreendedores fomentando o associativismo, cooperativismo, consórcios e a constituição de Sociedade de Propósito Específica formada por microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional, em busca da competitividade e contribuindo para o desenvolvimento local integrado e sustentável. Art. 51 O Poder Executivo adotará mecanismos de incentivo às cooperativas e associações, para viabilizar a criação, a manutenção e o desenvolvimento do sistema associativo e cooperativo no Município entre os quais: I – estímulo à inclusão do estudo do cooperativismo e associativismo nas escolas do município, visando ao fortalecimento da cultura empreendedora como forma de organização de produção, do consumo e do trabalho; II – estímulo à forma cooperativa de organização social, econômica e cultural nos diversos ramos de atuação, com base nos princípios gerais do associativismo e na legislação vigente; III – estabelecimento de mecanismos de triagem e qualificação da informalidade, para implementação de associações e sociedades cooperativas de trabalho, visando à inclusão da população do município no mercado produtivo fomentando alternativas para a geração de trabalho e renda; IV – criação de instrumentos específicos de estímulo à atividade associativa e cooperativa destinadas à exportação; V – apoio aos funcionários públicos e aos empresários locais para organizarem-se em cooperativas de crédito e consumo; VI – cessão de bens e imóveis do município; VII – isenção do pagamento de Imposto Sobre Propriedade Territorial Urbana, sob a condição de que cumpram as exigências legais da legislação tributária do Município. Art. 52 A Administração Pública Municipal poderá aportar recursos complementares em igual valor aos recursos financeiros do Codefat – Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador, disponibilizados através da criação de programa específico para as cooperativas de crédito de cujos quadros de cooperados participem
12
microempreendedores,empreendedores de microempresa e empresa de pequeno porte, bem como suas empresas, na forma que regulamentar.
É possível observar nos artigos acima citados o incentivo aos trabalhadores
na formação de associações e cooperativas, bem como a necessidade de
legalização das associações nos registros oficiais da prefeitura municipal.
Apesar de a legislação vigente ser atual e recente, observa-se através da
pesquisa a falta de conhecimento da população em relação as leis e benefícios que
o poder público oferece, poucos dos representantes das associações que foram
pesquisadas reconhecem totalmente os direitos e dele fazem valer. Segundo o
vereador Claudemir não são todas as associações e organizações que são
registradas e declaradas como utilidade pública o que dificulta além do
reconhecimento a colaboração entre poder público e associações.
Associação de Pais, Mestres e Funcionários
Segundo o modelo de estatuto fornecido pela Secretaria de Estado da
Educação, em seu artigo 2º, a APMF (Associação de Pais, Mestres e Funcionários)
é:
Art. 2º A APMF, ou similares, pessoa jurídica de direito privado, é um órgão de representação dos Pais, Mestres e Funcionários do Estabelecimento de Ensino, não tendo caráter político-partidário, religioso, racial e nem fins lucrativos, não sendo remunerados os seus Dirigentes e Conselheiros, sendo constituído por prazo indeterminado.
QUADRO 01 - Associações de Pais e Mestres de Tijucas do Sul
CNPJ Nome da APMF Escola-Comunidade Responsável
00.781.454/0001-47 Professora Nair Lustosa Maoski
Escola Rural Municipal Francisco Camargo Sobrinho-
Lagoa
Diene de Fatima
Pivovar
00.685.106/0001-76 Vinicius De Moraes Escola Leovanil
Camargo- Centro Silvia Gabardo
75.645.069/0001-71 João Camargo
Colégio Estadual Professor Francisco
Manoel de Lima Camargo
Marli Aparecida Barbosa
03.230.262/0001-30 Irene Haluch Escola Rural
Municipal Presidente Médici- Colono
Mengalvio Carvalho
04.990.078/0001-51 Menino Jesus Escola Rural Rosimeri Biscaia
13
Municipal Manoel Ribas-Campina
01.587.281/0001-93 Basilio Maximo
Guimaraes
Escola Rural Municipal Tomé de Souza- Fagundes
Cristiane Borges
04.996.391/0001-05 Olavo Bilac Escola Rural
Municipal João Maria Claudino
Maria Tatiane Guisone
04.996.415/0001-18 Ildefonso Bastos
Morais
Escola Rural Municipal Emiliano
Perneta
Marina das Dores Camargo
11.943.884/0001-34 Renato Muhlstedt CMEI Branca de Neve Fernanda Castro
03.159.551/0001-90 Antonio Carlos
Borges
Escola Rural Municipal Leopoldo Jacomel-Matulão
Luciane Gonçalves Melo
05.077.985/0001-77 Unidos Pela Forca Escola Rural
Municipal Afonso Pena-Postinho
Maria InesKatzman
01.778.818/0001-00 Pedro Ferreira de
Melo Escola Rural Erminio Cardoso- Campestre
Eliobas de Jesus Leandro
02.828.669/0001-00
Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais de Tijucas do Sul
Escola Especializada Licão de Vida
Antonio Claudio Martins
11.824.740/0001-69 Joao Claudino
Machado Tio Jango Janise Rocha
FONTE: Trabalho de campo realizado pela autora, 2014
As APMF’s (Associações de Pais, Mestres e Funcionários) relacionadas no
quadro acima tem sua origem na década de 90 segundo entrevista realizada com o
Presidente da Câmara de Vereadores do município Sr. Claudemir Pereira da Rocha.
Todas são registradas legalmente e recebem verbas do governo federal através dos
Programas de Ministério de Educação como PDE (Programa de Desenvolvimento de
Educação), PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola), Mais Educação e Escola
Acessível.
Associações de Moradores
Segundo Gonh (2004) a democracia direta e participativa, exercitada de forma
autônoma, nos locais de moradia, trabalho, estudo etc...era tida como o modelo ideal
para a construção de uma contra hegemonia ao poder dominante. Participar das
práticas de organização da sociedade civil significava um ato de desobediência civil
e de resistência ao regime político predominante. Algumas considerações em
relação aos conceitos sobre a participação propriamente dita, os pressupostos
gerais que sustentam as afirmações da autora sobre a participação são:
14
a) Uma sociedade democrática só é possível via o caminho da participação dos indivíduos e grupos sociais organizados. b) Não se muda a sociedade apenas com a participação no plano local, micro, mas é a partir do plano micro que se dá o processo de mudança e transformação na sociedade c) É no plano local, especialmente num dado território, que se concentram as energias e forças sociais da comunidade, constituindo o poder local daquela região; no local onde ocorrem as experiências, ele é a fonte do verdadeiro capital social, aquele que nasce e se alimenta da solidariedade como valor humano. O local gera capital social quando gera autoconfiança nos indivíduos de uma localidade, para que superem suas dificuldades. Gera, junto com a solidariedade, coesão social, forças emancipatórias, fontes para mudanças e transformação social.d) é no território local que se localizam instituições importantes no cotidiano de vida da, como as escolas, os postos de saúde etc.,mas o poder local de uma comunidade não existe a priori, tem que ser organizado, adensado em função de objetivos que respeitem as culturas e diversidades locais, que criem laços de pertencimento e identidade sociocultural e política (GOHN, 2004, p.5).
Segundo Gohn (2004) a importância da participação da sociedade civil se faz
neste contexto não apenas para ocupar espaços antes dominados por
representantes de interesses econômicos, encravados no Estado e seus aparelhos.
Daí a importância de se democratizar a gestão da coisa pública, para inverter as
prioridades das administrações no sentido de políticas que atendam não apenas as
questões emergências, a partir do espólio recursos miseráveis destinados às áreas
sociais.
QUADRO 02- Associações de Moradores de Tijucas do Sul
Entidade Lei Representantes
Associação de Moradores da Campina
Lei 291 de 28/03/2012 Otilia Ferreira
Associação de Moradores de Campestre(ASSOCAMP)
____
Claudemir Pereira da Rocha
Associação de Moradores da Lagoinha, Lagoa e Gama
Lei 288 de 10/02/2012 Jonas Alves Machado
Associação de Moradores da Tabatinga
Lei 168 de 22/04/2009 Lirio Massola
Associação de Moradores do Córrego das Pedras, Rio do
Fojo e Pinhal dos Borges
Lei 176 de 16/06/2009 08.932.640/0001-41
Leonardo Rosario
Associação de Moradores e Amigos da Comunidade de Campo Alto (ASSOCAM)
Tramitando a parte burocrática). Início das
atividades em 2013
Mário Novack
Sindicato dos Trabalhadores Rurais
Marli (Representante da FETAEP)
Associação de Moradores Bosque da Saúde I e II
Cleber Camargo
Associação de moradores de Postinho
Rocio Peixer
Associação de Moradores e 00014.456.620/0001-44 Manuel Eugenio da Rocha
15
Produtores Rurais Comunidade Alerta-
Papanduva do Rio Negro
FONTE: Trabalho de campo realizado pela autora, 2014
Alguns dados não são destacados no quadro acima por falta de informações
precisas devido a falta de registros documentais das organizações, aí observamos a
necessidade de divulgação desses serviços.
O aparecimento das primeiras Associações de Moradores do município deu-
se nos meados dos anos 90 e a precursora na comunidade de Lagoinha cita em sua
entrevista o Presidente da Câmara de Vereadores do município Sr. Claudemir
Pereira da Rocha.
O vereador cita ainda a grande importância dessas organizações para a
comunidade rural e descreve as ações8 da Associação ASSOCAMP a qual faz parte
da diretoria, relata as atividades desenvolvidas pela associação durante os últimos
anos dando ênfase nas relações das conquistas realizadas em relação ao trabalho
do homem no campo, como as aquisições de produtos e maquinários realizadas
pela ASSOCAMP (Associação de Moradores do Campestre).
Outras organizações também estão presentes no município de Tijucas do Sul
dentre elas as citadas no quadro abaixo:
QUADRO 03- Outras Organizações Coletivas de Tijucas do Sul
Entidade Lei Representantes
UESTI – União Pública dos Estudantes Universitários de
Tijucas do Sul
Lei 400 de 19/04/2013 Andréia Silveira do Valle
ARECICLA – Associação dos Agentes Ambientais
Prestadores de serviço na coleta de materiais recicláveis
de Tijucas do Sul
Lei 257 de 01/07/2011 Marcos Rolt
Assopinho (Associação dos Pinhoeiros)
Lei 186 de 05/10/2009 Aleixo
Sindicato dos Professores Municipais e Estaduais
Rosicléia Rocha
Sindicato dos Trabalhadores Rurais
Marli (Representante da FETAEP)
AICELTS (Associação de Apoio a Cultura e Esporte de
Tijucas do sul)
Rosinalva dos Anjos Santana e José Antenor dos Santos
COOPERTIJUCAS-Associação de Produtores de
Eliobasde Jesus Leandro
8 Ver Anexo 1.
16
Cogumelo de Tijucas do Sul
Conselho da Merenda Escolar e da Agricultura Familiar
Luís Bonin
Associação Rural de Tijucas do Sul
76.752.021/0001-25
Associação de Montanhismo RVITALIZARA
Marcos
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Tijucas
do Sul - Apae
02.828.669/0001-00 Nelson Luiz Alves De Souza
Associação de Proteção á Maternidade e á Infância -
PROVOPAR
76.752.989/0001-51 Marilda Alves
Instituição Filantrópica SergiusErdely
76.752.518/0001-43
SergiusErdely
FONTE: Trabalho de campo realizado pela autora, 2014
Das organizações encontradas em Tijucas do Sul, citadas no quadro acima
observa-se que algumas estão em constante atividade, realizam reuniões, divulgam
seus trabalhos. Porém é possivel verificar também a disperssão dos grupos e falta
de participação e assiduidade dos associados nas atividades desenvolvidas
segundo relatos do entrevistado vereador Claudemir.
Sindicatos
Segundo Antunes (1986), o surgimento dos sindicatos no Brasil deu-se no
contexto histórico do século XIX vinculado ao processo de transformação da
economia, cujo centro agrário exportador cafeeiro ainda predominava e com a queda
da escravidão e início do trabalho assalariado surgem os movimentos de resistência
em 1906 data o Primeiro Congresso Operário Brasileiro que, lançou as bases para a
organização de sindicatos operários.
Em Tijucas do Sul, esse processo segundo entrevista com a Sr. Suelen Farias
Pivovar, tem início em 1986, com a criação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais
de Tijucas do Sul, precisamente dia 24 de fevereiro de 1986. Nessa assembléia
participaram 432 trabalhadores rurais, apesar de ter sido declarado segundo a
entrevistada pelo prefeito atual que existiam no município cerca de 1.345
trabalhadores rurais. José Algeo de Oliveira Machado foi um dos “encabeçadores”
responsáveis pela fundação do sindicato. Na assembléia de fundação foi criada uma
diretoria provisória onde o presidente eleito Sr. Isidoro Lexinoski. A primeira eleição
ocorreu em 1987 e como presidente eleito o Sr Miguel Pereira da Rocha que
17
permaneceu até o ano 2000 no cargo, quando a Sra. Marli Catarina Vieira Carvalho
da Rocha assumiu sendo eleita em 2003 ocupando o cargo até os dias atuais.
Dentre os atendimentos realizados pelo Sindicato segundo a entrevistada
destacam-se:assessoria jurídica, declaração do ITR, cadastro ambiental rural CAR,
agendamento de beneficio na Previdência Social, declaração de INCRA,
fornecimento da DAP para crédito agrícola, inscrição na Previdência Social, CNIS
segurado especial, declaração anual do segurado especial na Previdência Social,
homologação de rescisão de contrato de trabalho, emissão de declaração de
exercício de atividade rural, orientações trabalhistas, previdenciários,
encaminhamentos diversos, convênios com oftalmologistas, farmácias, terapeuta
naturalista, fisioterapias, cursos de artesanatos com dicas de saúde e bem estar
com apoio da terapeuta ocupacional9.
O quadro geral do sindicato atualmente é de 959 sócios, sendo 12 jovens de
(16 a 32 anos), 130 mulheres (32 a 55 anos), 285 terceiras idade (acima de 55
anos), 36 homens (32 a 55 anos).
A entrevistada finaliza citando a importância do Sindicato na sociedade rural e
os benefícios que o mesmo traz nesse contexto.
Associação de Montanhismo RevitalizARA (AMR).
Durante muitos anos, o Morro Araçatuba localizado em Tijucas do Sul/PR,
com seus 1.673 metros de altitude sofreu com grandes queimadas que alteraram
sua fauna e flora e consequentemente, a vida da população que vive em torno do
morro, pois, é do próprio morro que vem a água que abastece a vila. A Associação
de Montanhismo RevitalizARA (AMR), foi criada em 2007 pelo amor à natureza e
preocupação com o meio ambiente esse grupo de montanhistas voluntários, atua
com trabalhos de manutenção de trilhas, monitoramento e análise de pontos de
água potável, conscientização dos moradores locais sobre a importância de cuidar
da montanha e fazem alguns trabalhos sociais, principalmente com as crianças.
Atualmente, possuem como sede uma casa de apoio na base do morro, que serve
também para guardar equipamentos de combate a incêndios florestais. O terreno foi
cedido pelo Professor Milton, morador do Matulão (comunidade de Tijucas onde está
9 Ver fotos 9-10-11 em anexo.
18
situado o morro), que antes da AMR existir já realizava alguns trabalhos para
proteger a montanha e conscientizar os moradores locais.
A associação de produtores de cogumelo em Tijucas do Sul
Em julho de 2013 foi criada, pela prefeitura de Tijucas do Sul, a Emater e um
grupo de 21 agricultores a Cooperativa dos Produtores de Cogumelo e demais
produtos agropecuários, a Coopertijucas10, com o objetivo de ampliar a produção,
qualificar e ter um mercado garantido para a venda de produtos agrícola.
O cogumelo Champignon tem sido considerado o carro chefe para o início
das atividades da cooperativa. O que a prefeitura busca, porém, segundo o Jornal
Cidade de 5 de julho de 2013, é incrementar cada vez mais as culturas de
diversificação além de dialogar com os produtores por intermédio da Secretaria de
Agricultura e da Emater.
A prefeitura tem sede no espaço do centro comercial de um bairro chamado
Campina e vem desenvolvendo várias ações nas comunidades e contribuindo para a
melhoria na produção do produto no município.
Conselhos Municipais
Segundo Gohn (2002), os conselhos estão inscritos na Constituição de 1988
na qualidade de instrumentos de expressão, representação e participação da
população.
No município de Tijucas do Sul segundo dados pesquisados no Site da
Prefeitura verifica-se as expressões dos conselhos municipais nos meados dos anos
90 quando a gestão atual inicia a divulgação, orientação e implantação de conselhos
em diversos setores. Atualmente podem ser encontrados os seguintes conselhos
registrados legalmente:
Conselho Municipal de Assistência Social e Cidadania-
composto por Representantes dos Órgãos Não Governamentais –
Conselheiros Suplentes;
10
Ver foto 1.
19
Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável;
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente-
composto por Representantes dos Órgãos Não Governamentais –
Conselheiros Suplentes;
Conselho Municipal de Educação;
Conselho Municipal da Merenda Escolar;
Conselho Municipal de Segurança;
Conselho Municipal de Saúde;
Conselho Municipal de Turismo e Meio Ambiente;
Conselho Municipal de Sanidade Ambiental;
Conselho Tutelar;
Conselhos Escolares.
CONSIDERAÇÕES
Em face deste quadro diferenciado de organizações encontradas através da
pesquisa cabe pensar quais os elementos diferenciadores das atuações e atividades
dessas organizações. Após a pesquisa foi possível observar a influência11 positiva
das organizações nas comunidades rurais, mudanças que além de econômicas,
sociais e políticas, há também mudança nas relações sociais e principalmente na
vida dos trabalhadores do campo, o qual passa por uma transformação ideológica e
em sua forma de trabalhar. Mesmo com essas transformações as organizações
continuam sendo um mediador entre classes.
Gohn (2007) cita Boaventura Sousa Santos que articula a questão da
deliberação democrática aos movimentos sociais e a construção de uma teoria da
emancipação social e que também alerta que um novo conteúdo democrático só
será definido a partir de rupturas com o sistema político atual, com uma nova forma
política do Estado, que realize uma refundação democrática da administração
pública, assim como uma profunda democratização no terceiro setor de forma a
conciliar cidadania e comunidade.
11
Algumas dessas influências serão citadas através de fotos. Ver fotos 2 -3 – 4.
20
A partir das reflexões relatadas compreende-se à necessidade para que as
associações revejam suas trajetórias e sua importância na sociedade. E que
encontrem alternativas para mobilizar a classe trabalhadora, conquistando mais
filiados, tornando-se cada vez mais fortes. O trabalhador deve tomar consciência da
importância de seu papel e de seus direitos, e com isso o as associações revigoram,
ativam e fortalecem as ações do homem do campo.
Faz-se necessário relatar a importância da reflexão aqui apresentada sendo
que nessa perspectiva, o grupo do OBEDUC (Observatório de Educação),
NUPECAMP (Núcleo de Pesquisas em Educação do Campo, Movimentos Sociais e
Práticas Pedagógicas) da Universidade Tuiuti do Paraná realizou no ano dia17 de
julho de 2014 o I Encontro das Organizações Sociais de Tijucas do Sul12, momento
no qual a doutoranda Patrícia Marcoccia, Mestrandas Rita das Dores Machado e
Rosana Cruz, organizaram o encontro trazendo onde representantes de diversos
setores puderam discutir, relatar e registrar seus anseios, duvidas sugestões e
reivindicações de forma coletiva e democrática. Foi debatido nesse momento as
questões relacionadas à importância da coletividade, formação dos povos do campo
para o que o jovem permaneça e fixe no campo. Os representantes colocaram suas
opiniões relatando a necessidade de maior participação da comunidade nas ações
coletivas bem como a necessidade divulgar as associações no município e suas
ações. O presidente da câmara de vereadores Sr Claudemir Pereira da Rocha cita a
importância do trabalho do grupo de pesquisa e a necessidade de alertar as
organizações á cadastros legais e oficiais para benefícios das instituições.
Verificou-se através da entrevista com a Srta. C.B.C. assistente administrativo
do setor de receitas e tributos da prefeitura municipal de Tijucas do Sul, a grande
necessidade de conscientizar as organizações para que registrem suas instituições
na prefeitura municipal. E assim tenham benefícios que lhe são cabíveis e se tornem
de utilidade pública.
Observa-se que há muitos desafios a serem enfrentados. Como meta central
surgiu a necessidade a partir dos relatos dos entrevistados e de uma conversa com
o presidente da câmara de vereadores a ideia de sugerir ao legislativo a criação de
uma Federação Municipal de Associativismo, um órgão para registrar, organizar, e
apoiar as organizações sociais do município de Tijucas do Sul. Exemplo de ação
12
Ver fotos 6 – 7.
21
que já apresenta bons resultados no município de São Jose dos Pinhais com a
FEMAM (Federação Municipal Associação de Moradores De São Jose Dos Pinhais),
FEMUCLAM (Federação Comunitária das Associações de Moradores de Curitiba e
Região Metropolitana) e A FECAMPAR – Federação das Entidades Comunitárias e
Associações de Moradores do Paraná. Federações que representam as entidades
junto aos poderes públicos, lutando pelas condições sociais, econômicas e
assistenciais, promovendo o desenvolvimento humano, cultural, social, econômico e
bem-estar das comunidades. Colaborando para isso, com os poderes públicos,
conselhos e outras entidades existentes na comunidade, dando-lhe conhecimento
dos problemas e pleiteando as respectivas soluções.
A ideia será apresentada a câmara de vereadores através de oficio
documentado, após apresentação dos resultados da pesquisa em sessão na tribuna
popular.
Foi possível perceber também a influência desse processo de luta de classes
e organizações sociais nas escolas do campo das comunidades rurais do município
de Tijucas do Sul, onde a comunidade escolar sempre envolvida com as
manifestações, reuniões e eventos das associações procuram estabelecer
aproximação e participação nas decisões que se referem a comunidade onde estão
estabelecidas. Esse processo é destacado nas leituras realizadas na pesquisa que
se baseiam nos escritos de Caldart (2004) quando cita:
A identidade da escola do campo é definida pela sua vinculação às questões inerentes a sua realidade, ancorando-se na temporalidade e saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos movimentos sociais em defesa de projetos que associem as soluções exigidas por essas questões à qualidade social da vida coletiva no país (CALDART, 2004, p.35).
Essas colocações nos ajudam a perceber que não basta termos uma escola e
sim devemos garantir que essa escola contribua no processo de formação humana
e, nesse sempre tomando como ponto de partida para as ações o próprio campo e
sua identidade. Esse desafio nos leva a propor enquanto educadores
comprometidos com a formação humanizadora, capazes de construir um projeto
político pedagógico abrangente e que reflita as questões locais e globais a fim de
construir uma escola democrática, participativa e emancipadora.
22
As discussões sobre a valorização do homem do campo e sua permanência
nele vem de encontro com as reflexões aqui realizadas a partir dos movimentos que
essas organizações representam na escola e em sua organização. Características
de uma educação bancária são evidentes nas práticas pedagógicas das escolas
rurais, as relações de exploração e dominação que apesar de camufladas pelos
processos de lutas dos sujeitos do campo através dos movimentos sociais de
diversos segmentos representam um modelo social capitalista que continua forte nas
ações de um modelo pedagógico de escolas rurais que ainda continua permeada
por ideologias e práticas sociais da classe dominante. Uma educação vista como a
que exclui, nega e descrimina.
É necessário questionar aos processos educacionais as manifestações
sociais, sendo que ambos trazem em seus processos históricos sinais de exclusão e
opressão, injustiças e preconceitos, que resultaram em marcas de desigualdades
históricas profundas.
Assim sendo é inquestionável a necessidade de uma tomada de consciência
do sujeito em relação a sua condição, sua identidade, reconhecendo-se,
valorizando-se.
Conclui-se assim que a pesquisa que além de contribuir para sociedade
através do registro de dados levantados sobre as Organizações Sociais, serve como
mola propulsora para novas pesquisas e ações político-administrativas que
garantam o fortalecimento dos movimentos sociais e reforcem a cultura cidadã do
respeito aos direitos e deveres dos indivíduos e da das coletividades, com bases
democráticas organizadas que expressam um modelo de sociedade mais justa.
A luta do homem do campo por direitos deve ser vista antes de tudo, como a
participação do trabalhador do campo por uma sociedade mais justa.
23
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Ricardo. Uma breve radiografia das lutas sindicais no Brasil recente e alguns de seus principais desafios. In: INÁCIO, J.R. (Org.). Sindicalismo no Brasil: os primeiros 100 anos? Belo Horizonte: Crisálida, 2007. p. 288 – 306. ARROYO, Miguel Gonzalez. A educação básica e o movimento social do campo.In: ARROYO, Miguel G.; CALDART, Roseli S. MOLINA, Mônica C. (Orgs.). Por uma Educação do Campo. Petrópolis-RJ: Vozes, 2004.
BRASIL, Lei Nº 9.637, de 15 de maio de 1998.
BRASIL. Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado / Secretariada Reforma do Estado. Organizações Sociais./ Secretaria da Reforma do Estado. Brasília: Ministério da Administração e Reforma do Estado, 1997.
CALDART, Roseli Salete. Pedagogia do Movimento Sem-Terra.São Paulo: Expressão Popular. 2004.
CALDART, Roseli Salete. PEREIRA, Isabel Brasil, ALENTEJANO, Paulo. FRIGOTTO, Gaudêncio (orgs.).Dicionário de Educação do Campo. Rio de Janeiro. São Paulo. 2012.
Câmara Municipal de Vereadores de Tijucas do Sul. Plano Diretor. Lei Complementar (Federal) nº 123, de 14 de dezembro de 2006,no art 1º da Lei Complementar Nº 02, De 16 de Junho De 2009. Disponível em [email protected] emwww.Camaratijucasdosul.Blogspot. Acesso em 17 de agosto de 2014.
COSTA, Francisco de Assis. Formação agropecuária da Amazônia: os desafios do desenvolvimento sustentável. Belém: Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Universidade Federaldo Pará, 2000.
FIRTH, Raymond. Organização social e estrutura social.In: CARDOSO, F.H. & IANNI, O. (org.). Homem e Sociedade. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1971.
GOHN,Maria da Glória.Conselhos gestores na política social urbana e participação popular. Cadernos Metrópole n. 7, p. 9-31, 1º semestre. 2002.
GOHN, Maria da Glória. Empoderamento e participação da comunidade em políticas sociais. Saúde e Sociedade.v.13, n.2, p.20-31, maio-ago 2004. GOHN, Maria da Glória. Teoria(S) da Ação Social na Análise dos Movimentos Sociais. Seminário Temático: Teoria Social: A Atualidade Brasileira. 31º Encontro Anual da ANPOCS - Caxambú/MG. 22- 26 outubro de 2007. GOHN, Maria da Glória. O protagonismo da sociedade civil: movimentos sociais, ONGs e redes solidárias. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
24
GOHN, Maria da Glória. Movimentos sociais na contemporaneidade. Revista Brasileira de Educação, v. 16 n. 47 maio-agosto. 2011.
GÖRGEN, |Frei| S. Agricultura camponesa. Cadernos de Estudos Cooperfumos, Santa Cruz do Sul, ago. 2009. Disponível em http://tijucasdosul.blogspot.com.br/2011/05/agricultura-o-motor-que-impulsiona-o.html.Acesso em 17 de agosto de 2014.
MACHADO, Rita das Dores. Arquivo pessoal de fotos. 2013. MACHADO, Rita das Dores. Arquivo pessoal de fotos. 2014.
SOUZA, Maria Antonia de. A Educação é do campo no estado do Paraná? In: SOUZA, M. A. de (Org.) Práticas Educativas no/do Campo. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2011.
VERDE, Valéria Villa. Territórios, Ruralidade e Desenvolvimento. Curitiba: IPARDES,
2004.
27
ANEXO 2
FOTO 1- Reunião de criação da COPERTIJUCAS
FONTE: Jornal “O Regional” de 05 de julho de 2013.
FOTO 2- Associação de Moradores da comunidade rural de
Campestre firmaram um convênio para a contratação de dois técnicos
agrícolas.
FONTE: Jornal “O Regional” de 27 de abril de 2012.
28
FOTO 3- Associação de Moradores das Comunidades de Cangoera e
Papanduva- Parceria com SANEPAR
FONTE: Jornal “O Repórter”. Disponível em http://www.Oreporterpr.Com.Br/. Acesso em 28 de setembro de 2014.
FOTO 4 - Associação de Montanhismo RevitalizARA- monitoramento de
combate a incêndio na Serra do Araçatuba
FONTE: Disponível em http://projetorevitalizara.blogspot.com.br/. Acesso em 16 de novembro de 2014.
29
FOTO 5- Associação Comunitária de Cultura e de Radiodifusão do Tijucas do
Sul- aquisição de mamógrafo para o município
FONTE: Jornal “O Regional”. Disponível emhttp://oregionalpr.com.br/. Acesso em 28 de setembro de 2014.
FOTO 6- I Encontro das Organizações Sociais de Tijucas do Sul
FONTE: MACHADO, 2014.
30
FOTO7- I Encontro das Organizações Sociais de Tijucas do Sul- lista de
presenças
FONTE: MACHADO, 2014. Arquivo Pessoal.
31
FOTO 8 - Mestranda Rita Machado e professora Maria da Glória Gohn-2014
FONTE: MACHADO, 2014. Arquivo pessoal.
FOTO 9- Cursos ofertados pelo Sindicato de Tijucas do Sul
FONTE: Sindicato de Trabalhadores Rurais de Tijucas do Sul – 2014.
32
FOTO10- Cursos ofertados pelo Sindicato de Tijucas do Sul
FONTE: Sindicato de Trabalhadores Rurais de Tijucas do Sul – 2014.
FOTO 11- Participação de Mulheres do Sindicato de Tijucas do Sul
no evento Grito da Terra Brasília - 2013
FONTE: Sindicato de Trabalhadores Rurais de Tijucas do Sul – 2014.