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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARAN
THAS LETCIA GONALVES
CO-CULPABILIDADE E SUA ANLISE NO DIREITO BRASILEIRO
CURITIBA
2016
THAS LETCIA GONALVES
CO-CULPABILIDADE E SUA ANLISE NO DIREITO BRASILEIRO
Monografia apresentada ao Curso de Direito da Faculdade de Cincias Jurdicas da Universidade Tuiuti do Paran, como requisito parcial para a obteno do grau de Bacharel em Direito.
Orientador: Prof. Me. Luiz Renato Skroch Andretta.
CURITIBA
2016
TERMO DE APROVAO
THAS LETCIA GONALVES
CO-CULPABILIDADE E SUA ANLISE NO DIREITO BRASILEIRO
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obteno do ttulo de Bacharel no Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paran
Curitiba, de de 2016
Prof. Dr. PhD Eduardo de Oliveira Leite Universidade TUIUTI do Paran
Curso de Direito
Orientador: Prof. Me. Luiz Renato Skroch Andretta Universidade TUIUTI do Paran Curso de Direito Professor: Universidade TUIUTI do Paran Curso de Direito
Professor: Universidade TUIUTI do Paran Curso de Direito
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, em especial a minha me Liz q m d apoio, incentivo ns horas
difceis, de desnimo cansao, aos amigos da faculdade e tambm agradeo ao
meu orientador, Professor Luiz Renato Skroch Andretta.
RESUMO
Regularmente, nota-se a prtica de diversas condutas insertas na lei penal incriminadora, que, certamente, causam repulsa sociedade e, portanto, necessria que seja repudiada pelo ordenamento jurdico ptrio. Contudo, h de se salientar que as condutas citadas no so praticadas apenas pela camada menos abastada da sociedade, eis que se denota, comumente, a prtica de crimes por indivduos que possuem elevado padro de vida. Partindo-se desta premissa, surge a seguinte indagao: seria possvel reprimir, da mesma forma, pela prtica do mesmo crime, indivduos que se encontram insertos em patamares econmicos diferentes? Analisando-se superficialmente a dita questo, podemos concluir que no se mostra razovel reprimir da mesma forma os indivduos que esto em patamares econmicos diferentes. Nessa perspectiva, faz-se necessrio, no decorrer do presente estudo, a compreenso da co-culpabilidade, de modo a demonstrar sua efetividade no ordenamento jurdico ptrio e, assim, verificar a possibilidade de minimizar a pena daquele indivduo com menos condies.
Palavras-chave: Co-culpabilidade. Dignidade. Igualdade. Circunstncia judicial.
SUMRIO
1 INTRODUO....................................................................................... 6
2 DOS PRINCPIOS FUNDAMENTAIS.................................................... 7
2.1 PRINCPIO DA LEGALIDADE................................................................ 7
2.2 PRINCPIO DA INTERVENO MNIMA.............................................. 8
2.3 PRINCPIO DA HUMANIZAO DA PENA........................................... 9
2.4 PRINCPIO DA CULPABILIDADE.......................................................... 10
2.5 PRINCPIO DA PROPORCIONALIDADE.............................................. 11
2.6 PRINCPIO DA IGUALDADE................................................................. 12
2.7 PRINCPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA............................ 13
3 ASPECTOS GERAIS ACERCA DA CO-CULPABILIDADE.................. 15
3.1 ORIGEM E EVOLUO HISTRICA DA CO-CULPABILIDADE.......... 15
3.2 CONCEITO DE CO-CULPABILIDADE................................................... 16
3.3 A CO-CULPABILIDADE NO DIREITO COMPARADO........................... 17
4 CO-CULPABILIDADE E SUA ANLISE NO DIREITO BRASILEIRO.. 19
4.1 DISCUSSES DOUTRINRIAS ACERCA DA APLICABILIDADE DO PRINCPIO DA CO-CULPABILIDADE NO DIREITO PENAL BRASILEIRO..........................................................................................
19
4.2 ANLISE JURISPRUDENCIAL ACERCA DA CO-CULPABILIDADE..... 21
5 CONCLUSO........................................................................................ 28
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS...................................................... 30
6
1 INTRODUO
Sem dvida, a desigualdade social uma questo que assola o contexto
social brasileiro, eis que inmeros indivduos no possuem condies de estudar, se
profissionalizar e, consequentemente, adentrar no mercado de trabalho de modo
satisfatrio, o que acaba ensejando a marginalizao da camada menos abastada
da sociedade.
As questes para isso demandaria um debate que inesgotvel, que no
convm discorrer neste trabalho.
Indaga-se, portanto, se as desigualdades sociais podem servir de aparato
para minimizar a pena imposta aos menos favorecidos, na medida em que,
induvidosamente, no poder sofrer a mesma reprovao estatal que o indivduo
inserido em um ambiente familiar que proporcione todos os elementos
imprescindveis para a sua manuteno e desenvolvimento.
Nessa toada, importante salientar que o meio social influencia,
sobremaneira, a prtica de crimes, eis que a carncia na educao, assim como a
marginalizao e a banalizao de determinadas condutas podem, efetivamente,
fazer parte do cotidiano de determinadas pessoas.
Assim sendo, o presente trabalho monogrfico tem o objetivo de trazer
aspectos que so inerentes ao instituto da co-culpabilidade, de modo a analisar, in
totum, se tal fenmeno encontra-se recepcionado pelo ordenamento jurdico ptrio.
Nesse diapaso, faz-se necessrio analisar, preliminarmente, os princpios
fundamentais aplicveis espcie, como, por exemplo, o princpio da legalidade, o
princpio da interveno mnima, o princpio da igualdade e, ainda, o princpio da
dignidade da pessoa humana.
Por conseguinte, passando a analisar de modo mais acurado o assunto em
comento, trar-se-, de modo superficial, seu contexto histrico, sua delimitao
conceitual, bem como de que forma o instituto da co-culpabilidade vem sendo
recepcionado em outros pases.
Derradeiramente, estudar-se- a possibilidade de se aplicar o aludido
instituto no Brasil, ocasio em que se utilizar como supedneo o entendimento
doutrinrio e jurisprudencial.
7
2 DOS PRINCPIOS FUNDAMENTAIS
2.1 PRINCPIO DA LEGALIDADE
Inicialmente, vale mencionar que o artigo 5., inciso XXXIX, da Constituio
Federal, dispe que "no h crime sem lei anterior que o define, nem pena sem
prvia cominao legal".
Por conseguinte, se conciliando com os moldes explicitados no diploma
constitucional, o artigo 1., do Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940,
estabelece que "No h crime sem lei anterior que o defina. No h pena sem prvia
cominao legal".
Nessa toada, extrai-se dos dispositivos acima colacionados o princpio da
legalidade, tambm intitulado como princpio da reserva legal, que, de acordo com
Luiz Regis Prado (2008), o surgimento de tipos incriminadores, assim como de suas
consequncias jurdicas, encontra-se intrinsecamente ligados existncia de uma lei
formal.
Seguindo esta linha de raciocnio, Fernando Capez (2015, p. 54) explica
que:
[...] trata-se de garantia constitucional fundamental do homem. O tipo exerce funo garantidora do primado da liberdade porque, a partir do momento em que somente se pune algum pela prtica de crime previamente definido em lei, os membros da coletividade passam a ficar protegidos contra toda e qualquer invaso arbitrria do Estado em seu direito de liberdade.
Ainda, Cezar Roberto Bitencourt (2012, p. 89/90) assevera que:
[...] a elaborao de normas incriminadoras funo exclusiva da lei, isto , nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrncia desse fato exista uma lei definindo-o como crime e cominando-lhe a sano correspondente.
Pontua-se, inclusive, que o princpio da legalidade encontra-se inserido no
rol de direitos fundamentais, perfazendo, assim, uma verdadeira clusula ptrea,
cujo ncleo imutvel, conforme mencionado por Andr Estefam e Victor Eduardo
Rios Gonalves (2012).
Derradeiramente, esclarece-se que o princpio da legalidade, de acordo com
Cleber Masson (2015, p. 82) "Preceitua, basicamente, a exclusividade da lei para a
8
criao de delitos (e contravenes penais) e cominao de penas, possuindo
indiscutvel dimenso democrtica, pois revela a aceitao pelo povo, representado
pelo Congresso Nacional (...)".
2.2 PRINCPIO DA INTERVENO MNIMA
O princpio da interveno mnima, tambm denominado como princpio da
subsidiariedade, dispe, nos moldes confirmados por Luiz Regis Prado (2008, p.
138) que "(...) o Direito Penal s deve atuar na defesa dos bens jurdicos
imprescindveis coexistncia pacfica dos homens e que no podem ser
eficazmente protegidos de forma menos gravosa".
Confirmando o entendimento acima articulado (2015, p. 69), Rogrio
Sanches Cunha (2015, p. 67):
O Direito Penal s deve ser aplicado quando estritamente necessrio, de modo que a sua interveno fica condicionada ao fracasso das demais esfer